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Evaporação Liquida Reservatórios - Ana

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EVAPORAÇÃO

LÍQUIDA
DE RESERVATÓRIOS
ARTIFICIAIS NO BRASIL
Agência Nacional de Águas Universidade Federal
e Saneamento Básico do Paraná
República Federativa do Brasil

Jair Bolsonaro
MINISTÉRIO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Presidente da República
DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Ministério do Desenvolvimento Regional Ministério da Educação

Rogério Simonetti Marinho Milton Ribeiro


Ministro Ministro

Agência Nacional de Águas e Universidade Federal


Saneamento Básico do Paraná

Diretoria Colegiada
Christianne Dias Ferreira (Diretora-Presidente)
Reitoria
Ricardo Marcelo Fonseca (Reitor)
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA
Marcelo Cruz Graciela Bolzón de Muniz
(Vice-Reitora)
DE RESERVATÓRIOS ARTIFICIAIS
Oscar Cordeiro de Moraes Netto
Vitor Saback
NO BRASIL
Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho (interino)
Ricardo Medeiros de Andrade (até 6/7/21)

BRASÍLIA - DF
ANA
2021
© 2021, Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA.
Agência Nacional de Águas Universidade Federal
Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M, N, O e T.
e Saneamento Básico do Paraná
CEP: 70610-200, Brasília – DF.
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de Recursos Hídricos (SPR)

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Secretário-Executivo Colaboradores Nelson Luís da Costa Dias
Flávio Hadler Tröger
Rogério de Abreu Menescal Adalberto Meller
Gilson Bauer Schultz
Carlos Alberto Perdigão Pessoa Equipe de Apoio
As ilustrações, tabelas e gráficos sem indicação Fotografias Gonzalo Álvaro Vázquez Fernandez Luan Marcus dos Reis Silva
de fonte foram elaborados pela ANA.
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É permitida a reprodução de dados e de infor-
Projeto gráfico e Produção
mações contidos nesta publicação, desde que
citada a fonte. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico

Catalogação na fonte - CEDOC/Biblioteca

A265e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Brasil).


Evaporação líquida de reservatórios artificiais no Brasil /
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. --
Brasília: ANA, 2021.

92 p.: il.
ISBN: 978-65-88101-20-9

1. Reservatórios. 2. Evaporação. I. Título.

CDU 627.81

Elaborada por Fernanda Medeiros - CRB-1/1864


Coeficientes Técnicos de Uso da Água
para a Agricultura Irrigada

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO  7

1 CONTEXTO  9

2 MÉTODO E BASES DE DADOS  17

3 EVAPORAÇÃO LÍQUIDA NO BRASIL 53

4 EVAPORAÇÃO LÍQUIDA E
USOS CONSUNTIVOS SETORIAIS 73

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85

SUMÁRIO

Reservatório no bacia do rio Paranapanema


Raylton Alves / Banco de imagens ANA

5
Coeficientes Técnicos de Uso da Água APRESENTAÇÃO
para a Agricultura Irrigada

Os reservatórios artificiais são essenciais para o incremento da oferta hídrica


de uma bacia hidrográfica, sendo de fato parte da solução para situações de
escassez e melhoria do balanço hídrico (oferta vs. usos). Por outro lado, a ins-
talação de um reservatório também incrementa o uso da água na bacia tanto
por atrair usuários para o lago e para os trechos eventualmente beneficiados
pela regularização, quanto pelo efeito da evaporação líquida.

A evaporação líquida é dada pela diferença entre a evaporação real do reser-


vatório (evaporação bruta do lago) e a evapotranspiração real esperada para a
mesma área caso não existisse o reservatório. Contabiliza, portanto, o uso de
água adicional causado pelo reservatório, em função das condições ambien-
tais locais e das suas características de construção e operação.

A construção de reservatórios pressupõe que os benefícios à regularidade e


garantia da oferta de água superam impactos negativos sobre a vazão natural
e os usos. Assim, a evaporação potencial do lago é considerada desde a fase
de concepção e projeto. Após a construção, a evaporação permanece como
importante variável para a operação. A evaporação líquida representa uma ex-
tração de água - uma perda inerente que gera indisponibilidade para outros
usos, inclusive para o uso primário motivador da existência do reservatório.
Por isso, a estimativa de evaporação líquida já faz parte das ações de planeja-
mento e operação dos setores usuários, assim como da análise de viabilidade
individual dos projetos. Ou seja, a água evaporada é descontada para a geração
de energia na modelagem do setor elétrico e, ao mesmo tempo, é somada para
a reconstituição das séries de vazões naturais.

A incorporação mais explícita dessa componente na gestão de recursos hídri-


cos é relevante na medida em que a água evaporada não estará disponível para
outros usos e por permitir a análise na escala de bacias e sub-bacias, e não
apenas de empreendimentos individualmente, ampliando a capacidade de to-
mada de decisão no planejamento e na gestão. O conhecimento da evaporação
líquida colabora, em última instância, para a segurança hídrica dos usuários de
água e da população.

Dessa forma, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA e a


Universidade Federal do Paraná – UFPR trabalharam nos últimos dois anos no
desenvolvimento de métodos e bases de dados capazes de retratar a evapo-
ração líquida no território brasileiro. Os resultados aprimoram substancial-
mente os trabalhos pioneiros concluídos pelo Operador Nacional do Sistema
– ONS em 2003 e 2004; e atualizam parte do Manual de Usos Consuntivos

APRESENTAÇÃO da Água no Brasil, publicado pela ANA em 2019. Portanto, a ANA e a UFPR
apresentam o estudo Evaporação Líquida de Reservatórios Artificiais no Brasil
como uma importante contribuição à pesquisa, à segurança hídrica e ao pla-
nejamento e à gestão dos recursos hídricos e dos setores usuários no Brasil.

Aquicultura em reservatório no rio Grande em Guapé (MG)


Raylton Alves / Banco de imagens ANA
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7
Coeficientes Técnicos de Uso da Água CONTEXTO
para a Agricultura Irrigada

A evapotranspiração real corresponde à água transportada da superfície ter-


restre para a atmosfera por evaporação do solo e por transpiração das plan-
tas, em condições ambientais reais. Na água, ocorre apenas a evaporação. Por
transferir grandes volumes de água e energia para a atmosfera, a evapotrans-
piração, seja de superfícies líquidas ou de áreas cobertas por vegetação, é um
dos principais processos do ciclo hidrológico (Brutsaert, 1982). A evaporação
é considerada a maior perda de água dentro do balanço hídrico de massas
d’água continentais como lagos e reservatórios (Gianniou & Antonopoulos,
2007), com impactos na dinâmica hidroclimática local, regional e global.

Os reservatórios artificiais e barragens são intervenções hídricas que têm a


finalidade de acumulação de água e atendem diversos usos: consuntivos (que
extraem e consomem água), como a irrigação, o abastecimento público e a
dessedentação animal; não consuntivos, como a navegação, a pesca, o turismo
e o lazer; e para acumulação de rejeitos, como nos usos da mineração e da in-
dústria. Alguns grandes reservatórios de acumulação são criados com o objeti-
vo de armazenar água e regularizar intra e interanualmente a disponibilidade
hídrica para fins diversos, inclusive muitas vezes para outros reservatórios de
jusante, que se beneficiam e são construídos para operar a fio d’água. Muitos
outros reservatórios, em geral de pequeno porte, são construídos para criar
condições mais propícias à captação de água, geração de energia ou armaze-
namento de rejeitos, possuindo nenhuma ou limitada capacidade de regulari-
zação (diária, semanal).

Assim, construir um reservatório pressupõe benefícios à oferta de água a par-


tir de uma ampliação da segurança hídrica aos usuários diretos e beneficiários
difusos indiretos, mas essas intervenções hídricas causam relevante extração
de água do ambiente pela evaporação. Esse efeito deve ser considerado no ba-
lanço hídrico entre oferta e demandas adequadamente sob o risco de prejudi-
car a própria segurança hídrica que os reservatórios pretendem contribuir.

O Brasil possui cerca de 241 mil massas d’água naturais e artificiais inven-
tariadas pela ANA, que ocupam 174.000 km², equivalente a pouco menos que
a área do estado do Paraná. As massas naturais englobam feições como la-
gos, lagoas, áreas permanentemente alagadas e trechos de grandes rios, que
por seu porte e pela escala dos mapeamentos disponíveis, são representados
como polígonos. Com isso, as massas naturais ocupam área maior que as ar-

1 CONTEXTO tificiais (73,8%), embora em menor número (27,6%), sendo mais expressivas
na Região Amazônica, no Pantanal e nas proximidades da linha de costa (es-
tuários e lagoas costeiras). As massas artificiais ocupam 46 mil km² - a área
está concentrada em maiores reservatórios de abastecimento urbano do Se-

Reservatório em área rural em Altinópolis (SP)


Raylton Alves/ Banco de imagens ANA
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EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

miárido e reservatórios de usos múltiplos operados fícies livres de água, fatores climáticos como a tem-
Massas d’água inventariadas - naturais e artificiais
pelo setor elétrico; há também um relevante número peratura do ar, o vento e a pressão de vapor d'água
de pequenos reservatórios para consumo humano e, no ar interferem com mais intensidade no fenômeno
principalmente, atividades de mineração e agrope- de evaporação. Assim, geralmente, as características
cuárias (irrigação, aquicultura e abastecimento ani- climáticas locais afetam diretamente o comporta-
mal), que somados representam parcela expressiva mento da evaporação líquida, tendo em conta que a
da superfície alagada em muitas bacias hidrográficas evapotranspiração real é sempre limitada em algum
do País. grau pela umidade do solo, enquanto a evaporação
da superfície líquida não apresenta essa restrição,
Esses dados constam na base de dados nacional de dependendo apenas das condições meteorológicas
referência de massas d’água (ANA, 2020a), que bus- e da energia disponível.
ca cadastrar as feições mapeadas e incluir atributos
diversos – como a finalidade de uso, a capacidade Os volumes de água que fazem parte da fase evapo-
de armazenamento, a data de construção, o domínio rativa do ciclo hidrológico se tornam indisponíveis e
(estadual ou da União) e a própria origem (natural não podem ser recuperados para uso no curto pra-
ou artificial). Essa base é atualizada continuamente e zo. Assim, a evaporação líquida constitui-se em uso
subsidia ações de planejamento, gestão e regulação consuntivo múltiplo da água bastante significativo
dos recursos hídricos em escala nacional, integran- e é uma informação necessária, por exemplo, para
do a base de dados do Sistema Nacional de Informa- reconstituição das séries de vazões naturais nas ba-
ções sobre Recursos Hídricos (SNIRH), instrumento cias que abrigam esses reservatórios, além de ser
da Política Nacional de Recursos Hídricos. importante para a própria gestão da oferta hídrica
nmemp fonmemp dtreserv fodtreserv nuvolumhm3 em diversas escalas. Conceitualmente, são espera-
A evolução na identificação das massas d’água no das maiores evaporações líquidas em reservatórios
Brasil deve-se à digitalização de bases cartográficas onde a precipitação seja limitante na componente da
sistemáticas e, principalmente, ao desenvolvimento evapotranspiração real.
de geotecnologias aliadas à maior disponibilidade
de imagens de satélites, o que tem permitido avan- Assim, do ponto de vista da gestão dos recursos hí-
Quantitativo de ços sucessivos no inventário de pequenas massas dricos, os reservatórios artificiais consomem água,
Massas d'água (unidades) d’água – muitas vezes antigas, mas não captadas nas pois o barramento promove a sua acumulação, reti-
escalas de análise anteriormente disponíveis. Com rando-a de forma parcial e/ou temporariamente do
Natural
isso, o número de massas d’água identificadas vem sistema natural a jusante para permitir o desenvol-
66.372 crescendo expressivamente nos últimos anos, mas vimento de atividades diversas. O consumo é uma
27,6% Total não a área total coberta por esses espelhos, já que os perda inerente que se aplica a todos os usos setoriais
Massa d'água
fonmemp dtreserv fodtreserv nuvolumhm3 240.899 grandes reservatórios são conhecidos e compõem da água caracterizados como consuntivos (indústria,
Natural Artificial as bases de dados desde suas primeiras versões. O abastecimento público, irrigação etc.).
Artificial 174.527 início do enchimento de um novo grande reserva-
72,4% tório tende a impactar mais o inventário, em termos Com a criação de espelhos d’agua, tender a ocorrer
de área, do que a inclusão de centenas ou milhares um incremento positivo nos volumes evaporados na
de pequenos reservatórios – esses, por outro lado, bacia hidrográfica em relação ao que existiria natu-
possuem uma importância local e podem impactar ralmente. A água armazenada no reservatório pode
Quantitativo de Área Ocupada por
expressivamente a estimativa da superfície alagada ser parcialmente liberada para o canal fluvial a ju-
Massas d'água (unidades) Massas d'água (km²)
em bacias hidrográficas específicas. sante, caracterizando um retorno e que é realizado
Natural Natural de acordo com os critérios de operação, atendendo
66.372 128.165 A evaporação de uma superfície líquida é afetada por a interesses de disponibilidade de recursos hídricos
73,8% Total diversos fatores, mas depende fundamentalmente e manutenção de processos naturais. Dessa forma,
27,6% Total da energia disponível proveniente da irradiância (ou os reservatórios artificiais realizam as fases de reti-
240.899 173.750
Artificial radiação) solar (a mudança do estado líquido para o rada, consumo e retorno que caracterizam todos os
km² Artificial
gasoso consome L = 2,464 × 106  J kg-1 a 15°C, onde L usos consuntivos da água.
174.527 45.583 é o calor latente de evaporação da água). Em super-
72,4% 26,2%
Fonte: ANA (2020a)

10 Área Ocupada por 11


Massas d'água (km²)
Evaporação líquida e usos setoriais benef iciados por um reservatório

EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS


RIO

Principais fatores envolvidos no fenômeno da evaporação USO


MÚLTIPLO

EVAPORAÇÃO
LÍQUIDA

R IO
R ESERVATÓ

BARRAMENTO
USOS
SETORIAIS
GERAÇÃO
DE ENERGIA
NÃO CONSUNTIVO
CONSUNTIVO

Fonte: Fischmann (2016), a partir de Dingman


NAVEGAÇÃO ABASTECIMENTO IRRIGAÇÃO
(1994) e McMahon et al. (2013). URBANO

Regularização
Em síntese, a evaporação líquida é a diferença entre sitivo, é conceitualmente evidente que ocorre con- à jusante
a evaporação de água de um reservatório artificial sumo de água devido à existência do espelho d’água PESCA MINERAÇÃO ABASTECIMENTO
ANIMAL
(evaporação bruta ou do lago) e a evapotranspiração artificial.
real na área do espelho de água caso ele não tivesse
sido implantado. A evapotranspiração em terra ten- Mesmo os reservatórios construídos e operados por
de a ser inferior à evaporação de uma superfície livre um setor específico da economia geralmente bene-
de água no mesmo local e tempo. Assim, por defi- ficiam múltiplos usuários. Os usuários de um reser-
nição, a evaporação líquida só pode ser determina- vatório podem ser tanto aqueles que se beneficiam TURISMO INDÚSTRIA TERMELÉTRICA

da para reservatórios artificiais, os quais alteram as diretamente do volume armazenado, captando água

RIO
condições de evapotranspiração dos seus locais de ou utilizando-a para usos não consuntivos (pes-
formação; o conceito não é, portanto, aplicável para ca, lazer, turismo), como aqueles que dependem da
as massas d’água naturais. regularização do regime hídrico do curso d’água a
jusante do barramento para o desenvolvimento de
Cabe destacar que o resultado do balanço da eva- suas atividades. O controle de cheias, a diluição de
poração líquida é espacialmente heterogêneo e de- efluentes e a geração de energia no sistema inter- VAZÃO NATURAL
VAZÃO
pendente das condições climáticas locais, podendo ligado são outros usos importantes com benefícios REGULARIZADA

resultar até mesmo em valores negativos (evapo- difusos dos reservatórios. Por esses motivos, a eva-

VAZÃO

VAZÃO
ração do lago menor que a evapotranspiração real poração líquida de reservatórios artificiais pode ser
esperada), embora esse saldo só seja observado em definida como uso consuntivo múltiplo da água.
alguns locais específicos. Quando o resultado é po-
TEMPO
TEMPO
12 13
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Como os reservatórios artificiais configuram uma um grande desafio construir uma base de dados e
parte importante da infraestrutura hídrica que com- modelos de estimativa espacialmente representati-
põe a base de sustentação de diversas atividades vos. Para a estimativa da evaporação líquida dos re-
econômicas, é natural que as perdas por evapora- servatórios, foram agregadas informações adicionais
ção líquida a partir desses espelhos d’água artificiais ao inventário consolidado pela ANA, especialmen-
representem, em termos quantitativos, relevante te quanto à data de implantação e ao histórico de
consumo de água das bacias hidrográficas. Por ou- operação dos reservatórios de acumulação (aqueles
tro lado, não resta dúvida dos inúmeros benefícios que guardam grandes volumes de água e, portanto,
socioeconômicos oriundos da implantação de reser- apresentam oscilação relevante da área ocupada ao
vatórios artificiais, sendo que o consumo de água longo do tempo).
resultante desta intervenção deve ser associado aos
diversos setores beneficiados. O método desenvolvido no presente estudo para a
evaporação bruta do lago é baseado nas equações
Por óbvio, esse consumo é atribuído ao local do de transferência de massa e calor e de balanço de
espelho d’água, cuja barragem em geral possui um energia. O modelo requer informações sobre a tem-
proprietário ou operador; mas a atribuição do uso peratura superficial da água e dados meteorológicos
evaporação líquida aos setores não foi realizada. O como irradiância solar incidente, temperatura do ar,
rateio do consumo aos diferentes setores benefi- pressão de vapor d'água no ar e velocidade do vento.
Aquicultura no lago da UHE Chavantes - rio
ciados por um reservatório ainda é um desafio na Essas variáveis de cálculo, assim como a estimativa Itararé - entre Carlópolis (PR) e Fartura (SP)
literatura técnica e científica, pois os beneficiados da evapotranspiração real, foram avaliadas com pro- Raylton Alves / Banco de imagens ANA
podem variar em número e setor, ao longo do tem- dutos de sensoriamento remoto e calibradas com
po e do espaço. Pode ser objeto de estudos futuros, medições de campo disponíveis em todo o território
que integrem elementos econômicos e dos setores nacional, seja pelas estações meteorológicas ou pelo
beneficiados. balanço hídrico de longo prazo calculado nas princi-
pais estações fluviométricas.
O presente estudo buscou estimar a evaporação lí-
quida dos reservatórios artificiais no Brasil pela sua O método e as bases de dados serão detalhados no
relevância no balanço hídrico e, consequentemente, próximo Capítulo. O Capítulo 3 detalha os resulta-
no incremento da segurança hídrica – objetivo cen- dos alcançados e o Capítulo 4 apresenta uma dis-
tral da implementação da Política Nacional de Re- cussão integrada da evaporação líquida com os usos
cursos Hídricos. consuntivos setoriais. Na sequência, são apresenta-
das as Considerações Finais.
Dadas as dimensões continentais do Brasil, e con-
sequente heterogeneidade hidroclimática, torna-se

Reservatórios para irrigação próximos à Itaberá (SP)


Raylton Alves / Banco de imagens ANA
14 15
MÉTODO E BASES DE DADOS

Introdução

A modelagem dos componentes da evaporação líquida – a evaporação de lagos


e a evapotranspiração real – é um desafio considerável. Medidas de campo
são escassas em função da complexidade e da necessidade de investimen-
tos e esforços substanciais e de equipes bem treinadas, limitando ainda mais
a abrangência espacial e temporal. Alternativas vêm sendo testadas levando
em conta a relevância dos volumes de evaporação das superfícies líquidas na
gestão de recursos hídricos e nas modelagens meteorológicas e climáticas.

A evapotranspiração real (ER) pode ser medida diretamente por meio de lisí-
metros, torres de fluxo (eddy covariance e cintilômetros), ou indiretamente
por meio de tanques de evaporação e estações de razão de Bowen. Com o
desenvolvimento computacional e das geotecnologias, desde os anos 1970 di-
versas abordagens têm sido desenvolvidas para estimar ER com base em dados
de campo e de sensoriamento remoto (Li et al., 2009), visando cobrir grandes
áreas em curtos intervalos de tempo. Modelos mais complexos inspiram-se
no balanço de energia na superfície, onde a energia disponível da radiação de
ondas curtas e longas é equilibrada por fluxos do aquecimento da superfície e
mudanças de fase da água, como é o caso de ER (McShane et al., 2017). Assim,
ER é estimada pela solução total ou parcial do balanço de energia e pela apli-
cação de abordagens analíticas com base em modelos físicos.

Há atualmente um conjunto de ferramentas e produtos de ER que foram ana-


lisados nesse projeto a fim de se determinar qual iniciativa apresenta dados
mais consistentes para o propósito da estimativa da evapotranspiração real no
entorno dos lagos (proxy para a ER que ocorreria caso o lago não existisse na
área artificialmente alagada).

Para a evaporação de lago (EL), medições diretas envolvem métodos micro-


meteorológicos conhecidos, sendo os mais comuns o método do balanço de
energia e o método de medição de covariâncias turbulentas (Brutsaert, 1982;
USGS, 1954, 1958). A estimativa de evaporação por balanço hídrico é muito
mais difícil, em função da incerteza sobre os diversos termos que o compõem.
Estimativas por balanço hídrico de evaporação de longo prazo, entretanto, são
factíveis para alguns lagos (Harbeck, 1962; Morton, 1983a; 1983b).

De toda forma, em sua grande maioria, estudos in situ de evaporação em lago

2 MÉTODO E BASES baseiam-se nos métodos do balanço de energia (Anderson, 1954; USGS, 1958;
Sturrock et al., 1992; Sacks et al., 1994; Reis & Dias, 1998; Lenters et al., 2005);
ou no método de medição de covariâncias turbulentas (Stannard & Rosenber-

DE DADOS ry, 1991; Assouline & Mahrer, 1993; Armani et al., 2020; Dias & Malheiros, 2003;
Dias & Vissotto, 2017).

Apesar do razoável progresso proporcionado por esses estudos de campo es-


pecíficos, há uma grande escassez de métodos práticos para a estimativa da
evaporação em lago que não dependam de medições in situ para sua cali-

Reservatório e ponte da rodovia SP-334 no rio Grande em Rifaina (SP)


Raylton Alves / Banco de imagens ANA

17
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Representação gráfica dos modelos CRAE e CRLE


bração. Como quase sempre em hidrologia, estudos ER= 2ETWet- ETPot (2.1)
específicos resultam em grande variabilidade dos
coeficientes calibrados localmente ou permanecem onde:
dependentes de medições micrometeorológicas e ETWet é a evapotranspiração que ocorreria em condições de
limnológicas realizadas permanentemente dentro e ampla disponibilidade de água no solo e para as plantas;
sobre o corpo d’água. Tais medições são intrinseca-
ETPot é a evapotranspiração potencial aparente, que ocor-
mente caras e difíceis de serem mantidas por longos
reria se houvesse ampla disponibilidade de água no solo e
períodos, sendo impraticáveis no amplo conjunto
para as plantas e as condições meteorológicas fossem as
das massas d’água no país.
efetivamente observadas.

Para a estimativa de evaporação de lagos, também


Esse método para estimativa da altura da evapora-
uma ampla variedade de modelos empíricos ou for-
ção líquida é operacionalizado pelo modelo CRAE
mulados a partir de equações com base física foram
(Complementary Relationship Areal Evapotranspira-
propostos e aplicados em larga escala no mundo. Fonte: adaptado de McMahon et al. (2013).
tion) para a componente da evapotranspiração real;
Conceitualmente, os modelos existentes podem ser
e pelo modelo CRLE (Complementary Relationship
classificados em diversas categorias, incluindo: inconsistência nos resultados, com valores de eva- sentar adequadamente a variação sazonal da evapo-
Lake Evaporation) para a componente da evaporação
potranspiração real sistemática e expressivamente ração, também pode haver importantes distorções
do lago (Morton, 1983a; 1983b).
a) modelos baseados nos princípios do balanço superiores à precipitação média anual observada na em reservatórios de maior porte, em função do pe-
de energia onde a evaporação é estimada a partir região, o que não poderia ocorrer (ONS, 2003a). queno volume do tanque não representar adequa-
Nas últimas décadas, o setor elétrico realizou ava-
da energia residual no sistema disponível para damente a variação sazonal de calor armazenado no
liações sobre a evaporação líquida em reservatórios
o processo (por exemplo, o modelo de Penman Com isso, os 12 valores médios mensais de evapora- reservatório.
do Sistema Interligado Nacional (SIN). Os trabalhos
(1948) e seus derivados como as equações de ção líquida foram obtidos por meio de balanço hídri-
mais recentes coordenados pelo Operador Nacional
Kohler et al., (1958) e Priestley & Taylor (1972); co e evaporação em tanque: a) a evapotranspiração Com o objetivo de realizar um diagnóstico da evapo-
do Sistema (ONS) atualizaram estimativas elabora-
real foi estimada pelo método do balanço hídrico na ração líquida em 148 reservatórios integrados ao SIN
b) modelos baseados na relação complemen- das nos anos 1990 (GCOI, 1992) e foram concluídos
bacia do rio Tauá (no Ceará) e extrapolada para os – que ocupam uma área de 31.000 km2 - e em cerca
tar entre a evaporação potencial aparente e a em 2003 e 2004 nas bacias incluídas no projeto Es-
quatro aproveitamentos; e b) a evaporação do lago de 7.200 outros reservatórios de usos múltiplos –
evapotranspiração real em função da interação tudos de consistência e reconstituição de séries de va-
foi estimada com o evaporímetro da estação de Pe- em geral de pequeno porte e que ocupam uma área
entre a superfície evaporante e o ar circulante zões naturais nas principais bacias hidrográficas com
trolina (PE) com o coeficiente (CA) de 0,8 (para So- de 9.500 km² - a ANA apresentou resultados atua-
(Bouchet, 1963; Brutsaert, 2015; Brutsaert & Stri- aproveitamentos integrantes do Sistema Interligado
bradinho); ou com o evaporímetro da estação Paulo lizados no Manual de Usos Consuntivos de Água no
cker, 1979; Morton, 1983a); e Nacional – SIN.
Afonso (BA) e o coeficiente de 0,75 (para os demais Brasil (ANA, 2019a) - o estudo aborda séries de uso
c) equações baseadas no método de transferên- aproveitamentos) (ONS, 2003a; 2004). da água desde 1931 e projeções até 2030, abordando
cia de massa (Cancelli et al., 2012; Dias & Vissoto, A vazão de evaporação líquida nestes reservatórios
também os demais principais usos consuntivos (ir-
2017; Harbeck, 1962; Marciano & Harbeck, 1954; do SIN é historicamente calculada a partir de 12 va-
A evaporação do lago estimada por dados de evapo- rigação, abastecimento urbano, indústria e outros).
Singh & Xu, 1997), além de equações puramente lores médios mensais de altura de evaporação líqui-
ração em tanque classe A (EA) gera uma grande in- Os reservatórios do SIN encontram-se em posição
empíricas. da, gerados pelo programa SisEvapo (ONS, 2003b;
certeza nos valores assim obtidos. De fato, os coefi- privilegiada em termos de disponibilidade de dados
2004), combinados com a área média da superfície
cientes de tanque (CA) reportados em localidades em em comparação com o grande número de reservató-
Para as estimativas atuais, foi desenvolvido o Sistema do lago no dia ou mês considerado. Ou seja, o mé-
que existem medições simultâneas e confiáveis de EL rios que não dispõem de informações básicas, como
de Evaporação em Lago Embasada na Temperatura todo considera as características de operação do
e de EA possuem grande variabilidade, o que reduz a por exemplo, a data de implantação. Para os reserva-
da Superfície (SELET), cujas principais bases físicas reservatório e consequentemente a sua área super-
confiabilidade de estimar EL por meio de tórios que não pertencem ao SIN, a disponibilidade
são as equações de transferência de massa e calor e ficial, a qual varia bastante em importantes reser-
de dados é variável e muitas vezes limita-se à área
de balanço de energia. O modelo será detalhado ao vatórios operados pelo ONS. Por outro lado, utiliza
EL = CA EA . (2.2) mapeada do espelho.
longo do presente capítulo. valores médios mensais fixos de altura de evaporação
líquida oriundos das normais climatológicas 1931-
A determinação do coeficiente do tanque é proble- O estudo da ANA (2019a) também se baseou no mo-
1960 e 1961-1990 - não incorporando a variabilidade
mática, sendo por vezes motivada por hipóteses ou delo de relação complementar (2.1) adotado pelo
Histórico das estimativas no Brasil climática.
estatísticas que não representam a realidade do re- setor elétrico, mas com melhorias em relação ao
Os estudos sobre evaporação líquida em escala na- servatório em relação ao local do(s) tanque(s). Em SisEvapo. Esse método para estimativa de forma pa-
No caso de parte dos aproveitamentos do Nordeste
cional conduzidos pelo ONS (2005; 2006) e pela ANA algumas regiões, a determinação de um coeficiente dronizada das séries de evaporação líquida utiliza
no Semiárido (Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso-
(2019) basearam-se no modelo de relação comple- único no lugar de um coeficiente sazonal também dados climáticos das estações meteorológicas (va-
-Moxotó e Xingó), o ONS não adotou o método de
mentar (b). A relação complementar é definida como pode distorcer expressivamente as estimativas. Adi- riação mensal) e a área mapeada ou observada men-
Morton operacionalizado pelo SisEvapo devido à
(Morton, 1983a; 1983b): cionalmente, embora o tanque classe A possa repre- salmente dos espelhos de água.

18 19
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

lagos de Tucuruí/PA e Lajeado/TO, utilizando o mé- to remoto, e calibra coeficientes de transferência de


Os modelos CRAE e CRLE estão implementados no aplicação de modelos diversos para a estimativa lo-
todo de Penman (1948) como o padrão para compa- massa anuais para cada lago utilizando para isso um
programa de computador WREVAP (Morton et al., cal da evaporação de lagos.
ração - os métodos de Linacre (1993) e Bruin & Kei- balanço de energia anual. Desta forma, implemen-
1985) e suas atualizações mais recentes. O CRAE
jman (1979) apresentaram os melhores resultados em tou-se um modelo com forte base física que é capaz
necessita como dados de entrada: a altitude (m) e Reis & Dias (1998) realizaram medições de evapora-
escala mensal, sobretudo no período seco. de levar em conta efeitos locais e que utiliza de ma-
a latitude da estação meteorológica, a precipitação ção em lago para o pequeno reservatório de abas-
neira otimizada os dados atualmente disponíveis.
anual (mm) e séries mensais de temperatura média tecimento de água de Serra Azul/MG, utilizando o
Cabe observar que estudos de comparação entre
do ar (°C), umidade relativa (%) e insolação (h). Fo- método do balanço de energia, e as compararam
equações e métodos de evaporação como os cita- Neste sentido, a definição de um método para a es-
ram utilizadas 524 estações meteorológicas no país, com os resultados do modelo CRLE. Eles verifi-
dos acima são intrinsicamente limitados, porque timativa da evaporação da água em superfícies livres
sendo que o resultado foi interpolado até os locais caram que as estimativas mensais de evaporação
neles não se conhece um valor medido diretamente. demanda uma extensiva análise de dados meteoro-
dos reservatórios artificiais para obtenção das séries do CRLE sofrem uma significativa defasagem, que
Conclusões sobre o método “mais consistente” ou lógicos disponíveis, características físico-climáticas
dos 7.360 reservatórios mapeados, contemplando os pode ser atribuída a erros na estimativa feita pelo
“mais robusto” inevitavelmente envolvem julgamen- das regiões estudadas e coeficientes de calibração
reservatórios do SIN e outros com área superior a 20 modelo das variações de entalpia da água do lago.
tos subjetivos que, em última análise, não têm como locais, além da possibilidade de uso de produtos de
hectares, totalizando cerca de 40.000 km2 de área Kan & Dias (1999) utilizaram o método do balanço de
ser validados. Na ausência de medições diretas que sensoriamento remoto para incorporar, explicita-
inundada (ANA, 2019a). energia-razão de Bowen para estimar a evaporação
permitam calibrações para sítios específicos ou pelo mente, a temperatura da água nas estimativas.
no reservatório de Foz do Areia/PR e o método do
menos uma avaliação de métodos com menor erro,
Conceitualmente, o modelo adotado pelo ONS (ex- balanço hídrico sazonal para estimar a evapotrans-
deve-se dar preferência a métodos que utilizem da-
ceto para o Semiárido) e o modelo adotado pela ANA piração, indicando uma possível superestimativa da
dos mais facilmente observados e cujos parâmetros Método aplicado
baseiam-se no mesmo método: a relação comple- evaporação líquida pelos modelos CRAE e CRLE em
de calibração possuam menor incerteza. Dado o histórico de estudos, o projeto buscou avan-
mentar proposta por Bouchet (1963), e que tem sido base mensal. Em uma reavaliação das séries de da-
amplamente adaptada e utilizada desde então (Brut- dos para o mesmo reservatório, Dias & Kan (2008) çar na modelagem das estimativas em base física e
Muito embora diversos modelos tenham sido aplica- escala local, valendo-se de geotecnologias e produ-
saert, 2015; Brutsaert & Stricker, 1979; Kahler & Brut- observaram que resultados obtidos pelos métodos
dos a reservatórios individuais no país ou ainda em tos de sensoriamento remoto atualmente disponí-
saert, 2006; Morton, 1976, 1978, 1983a). Entretanto, de balanço de energia associado ao modelo hidro-
estudos de maior abrangência conduzidos pelo ONS veis.
os modelos foram operacionalizados em plataformas meteorológico de evapotranspiração HEM são bas-
e pela ANA, não foi possível chegar a um consenso a
(SisEvapo × WREVAP) e com bases de dados diferen- tante diferentes para o mesmo período de análise,
respeito do método mais indicado para a estimativa A evaporação líquida (EΔ ) é definida como sendo
tes, o que pode ocasionar diferenças expressivas nos em comparação com o CRLE e CRAE, realçando o
da evaporação líquida de lagos artificiais no Brasil. a simples diferença entre a evaporação real de um
resultados. No Manual de Usos Consuntivos (ANA, grau de incerteza envolvido nas estimativas da eva-
Em geral, estudos de evaporação em superfícies li- reservatório artificial e a evapotranspiração real no
2019a), foram adotados valores médios mensais ob- poração de lago com poucos dados disponíveis.
vres são limitados por incorporarem somente gran- local do espelho de água caso esse não tivesse sido
servados (um valor para cada mês e ano da série),
des reservatórios. No Brasil, cerca de 173 mil reser- implantado. O desafio concentra-se no cálculo des-
e não normais climatológicas como nos estudos do Pereira et al. (2009) aplicaram os modelos de Linacre
vatórios possuem área evaporante inferior a 1  km2, sas componentes. Portanto,
ONS (12 valores mensais fixos) - além de contar com (1993) e Kohler et al. (1958), ambos fundamentados
tornando-se imperativo o entendimento e a quanti-
um volume de dados superior e mais preciso, em na equação original de Kohler et al. (1958), e o CRLE
ficação da evaporação também sobre reservatórios EΔ = EL - ER (2.3)
função da ampliação da rede de estações automá- para estimar a evaporação líquida no reservatório de
onde dados são escassos.
ticas do INMET, sobretudo a partir de 2002, e dos Sobradinho visando avaliar os impactos da constru-
métodos de consistência dos dados. ção do reservatório no balanço hídrico. O modelo de onde:
Além disso, os modelos anteriormente aplicados,
Kohler et al. (1958) apresentou o melhor ajuste em EΔ é a evaporação líquida do lago;
tais como o CRLE, datam da década de 1980, utilizam
Em suma, na formulação dos modelos CRAE e CRLE, termos anuais. Vieira et al., (2016) utilizaram dados EL é a evaporação da superfície do lago; e
apenas dados meteorológicos (como visto, utilizan-
as estimativas de evaporação podem ser realizadas de estações meteorológicas para comparar diversos
do dados mensais ou mesmo somente normais cli- ER é a evapotranspiração real que ocorreria na mesma área
com dados meteorológicos rotineiros, reduzindo a modelos para estimar a evaporação dos reservató-
matológicas), ignorando por exemplo a possibilidade na ausência do lago.
necessidade de conhecimentos específicos sobre o rios de Sobradinho e Três Marias, localizados no rio
atual de obter a temperatura da superfície da água
lago e seu ambiente, o que, por outro lado, acres- São Francisco. Os autores observaram, por exemplo,
por sensoriamento remoto, e possuem coeficientes A evapotranspiração real (ER) no presente estudo foi
centa incertezas importantes na magnitude e na sa- que modelos como os de Kohler et al. (1958) e Thor-
empíricos calibrados com relativamente poucos es- estimada a partir do produto MOD16A do MODIS
zonalidade dos resultados gerados e sua aplicação nthwaite (1948) produzem valores de evaporação in-
tudos de caso. O modelo desenvolvido especifica- (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer),
na gestão dos recursos hídricos e de operação dos feriores aos do método de Penman (1948), enquanto
mente para este estudo, denominado SELET, incor- baseado na equação de Penman–Monteith (Mu et al.,
setores usuários. os resultados do modelo CRLE não diferem estatisti-
pora os avanços na quantidade e qualidade de dados 2011). O confronto do produto com o balanço hídrico
camente em comparação com o método de Penman
ambientais atualmente disponíveis, e força o fecha- de longo curso nas áreas de contribuição hidrográfi-
Em função da importância em termos de balan- em ambos os reservatórios.
mento do balanço de energia para cada lago indivi- ca de 1.088 estações fluviométricas no Brasil resultou
ço hídrico regional e a importância da evaporação
dualmente em escala anual. O SELET utiliza dados na aplicação de uma superfície de correção de viés.
na operação de reservatórios, alguns reservatórios Coelho et al. (2018) aplicaram quatro métodos dis-
meteorológicos diários juntamente com dados de A análise, a seleção e a correção do produto MOD16A
brasileiros foram amplamente estudados a partir da tintos para modelar a evaporação da superfície dos
temperatura da superfície da água por sensoriamen- serão detalhadas ao longo deste capítulo.

20 21
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Destaca-se a importância da temperatura da su- do histórico. Se Q1, Q2 e Q3 são o primeiro (25%),


Para a estimativa da componente evaporação do lago O fluxo de massa de vapor d’água do lago (E, em kg
perfície da água T0 como um dos parâmetros físicos segundo (50%, a mediana) e terceiro (75%) quar-
foi desenvolvido o Sistema de Evaporação em Lago m-2 s-1) está associado ao fluxo de calor latente (LE,
determinantes para boas estimativas de evaporação tis, os valores de D são modificados de maneira
Embasada na Temperatura da Superfície (SELET), em Wm-2), via o calor latente de evaporação da água
em lagos, o que é conhecido de longa data, prova- a respeitar, na escala diária, os limites mínimo e
capaz de lidar com a disponibilidade e a qualidade de (L = 2,464 × 106 Jkg-1 K-1). Para a obtenção da evapora-
velmente desde a proposição da equação empírica máximo estabelecidos em (2.11). Essencialmente,
dados em um país de dimensões como o Brasil; e de ção do lago em milímetros por dia (Eh) calcula-se:
de Dalton em 1802 (Brutsaert, 1982). Entretanto, a essa é uma técnica de remoção de valores espú-
forma individual para reservatórios com tamanhos e
dificuldade de obtenção desse parâmetro em esca- rios (outliers).
em condições geográficas diversas. EL = LE x 86400 (2.4)
L las espacial e temporal adequadas fez com que esse
O fluxo de massa de vapor d’água (E), o fluxo de calor fosse considerado apenas em avaliações pontuais, e Q1 - 1 (Q3 - Q1) ≤ D ≤ Q3 + 1 (Q3 - Q1) (2.11)
O modelo proposto é fundamentado em métodos 2 2
sensível médio para a atmosfera em W m-2 (H) e o não em âmbito regional ou nacional no Brasil.
consagrados na literatura científica e na proposição
fluxo de calor latente (LE) são calculados pelas equa- 3. os valores de LE e H são recalculados utili-
de novas alternativas para a modelagem utilizando
ções de transferência de massa e calor – amplamente A razão entre as equações de transferência (2.6- zando, em princípio, as equações do método do
apenas dados meteorológicos medidos em terra
utilizadas para estimativas de evaporação em lagos 2.7) produz uma equação explícita para a razão de balanço de energia-razão de Bowen (2.10 e 2.9),
(eventualmente, indiretamente, via bancos de dados
em função de sua simplicidade e razoável acurácia Bowen (Bo) (2.8), que é utilizada juntamente com a nesta ordem, em nível diário. Entretanto, esse
de reanálise) e dados de temperatura da superfície
(Valipour, 2017). Cabe ressaltar que, historicamen- equação do balanço de energia (2.9). Levando-se método possui limitações para aplicação da es-
da água obtidos por sensoriamento remoto.
te, a equação 2.5 é a lei de Dalton para evaporação (2.8) em (2.9), obtém-se a equação para a estimati- timativa de evaporação em algumas condições:
(Brutsaert, 1982), para a qual existe uma enorme va- va de LE pelo método do balanço de energia-razão de quando a razão de Bowen é muito “negativa”
O SELET garante, em cada lago, o fechamento do
riedade de configurações, incluindo: a forma para Bowen (2.10). (próxima de -1 ou ainda menor), o método produz
balanço de energia, possuindo aplicabilidade geral já
f(u) (em geral linear), os pontos de medição (em terra valores espúrios: ou os valores de evaporação são
que os únicos coeficientes envolvidos são calibrados H T -T
corrente acima do lago; sobre o lago; em terra cor- Bo = =γ 0 a (2.8) muito grandes porque o termo 1 + Bo se aproxi-
para cada lago de interesse utilizando o balanço de LE e*0 - ea
rente abaixo do lago) e as alturas de medição de u e ma de zero, ou mesmo eles se tornam não-físicos
energia de longo curso. O método mostrou-se ro-
ea. Portanto, em uma particular aplicação todos es- (evaporação negativa, quando Bo < -1). Por esse
busto inclusive em lagos profundos onde o termo Rn = H + LE + D (2.9)
ses elementos precisam ser claramente definidos. As motivo, quando Bo ≤ -0,9, utiliza-se diretamen-
problemático de armazenamento de entalpia é rele-
equações de transferência são te a equação de transferência de massa (2.7), em
vante para as estimativas. Em lagos rasos, onde esse
LE = 1 [Rn - D] (2.10) lugar de (2.10).
termo é pouco importante, o SELET produz resulta- 1 + Bo
0,622
dos similares a modelos e métodos encontrados na E = ρ (A + Bu) (e*0 - ea)≈(a + bu)(e*0 - ea) (2.5)
p 4. Mesmo com todas as consistências realizadas
literatura, tais como o método do balanço de ener- onde:
nos dados de entrada e em D, ainda ocorrem ca-
gia-razão de Bowen, o método de Penman utilizando H = ρcp (A + Bu)(T0 - Ta) ≈ γL (a + bu)(T0 - Ta) (2.6) Rn (W m-2 ) é a irradiância líquida média na superfície; e
sos de valores extremos em módulo de LE (em ge-
a equação de transferência sugerida por McJannet D (W m-2) é a taxa de variação de entalpia armazenada nas
ral, quando Ta > T0). Assim, o último passo do mo-
(2012) e o método de transferência de massa calibra- águas do lago (Dias & Reis, 1998; Dias & Rocha, 1999).
(e*0 - ea) (2.7) delo consiste em realizar uma censura de valores
do por balanço hídrico. LE = ρcp(A + Bu)
γ atípicos para os fluxos de calor latente (LE):
O SELET é implementado seguindo três passos prin-
As principais bases físicas para a realização de esti- onde: cipais: Q1 - 1(Q3 - Q1) ≤ LE ≤ Q3 + 1 (Q3 - Q1) (2.12)
mativas de evaporação em lagos do método propos- ρ é a densidade do ar (kg m ); −3 2 2
to são as equações de transferência de massa e calor 1. os coeficientes de transferência A e B são cali-
A possui dimensão de velocidade (m s-1) e B é adimensional; onde:
e de balanço de energia, aplicadas a um volume de brados para cada lago, substituindo-se as equa-
controle que contém a região de interesse.
u é a velocidade média do vento a 2 m de altura sobre a Q1, Q2 e Q3 são o primeiro,  segundo, e terceiro
ções de transferência para H (2.6) e LE (2.7) na
água (m s );
-1
quartis da distribuição empírica de probabilida-
equação do balanço de energia (2.9), e somando-
Para sua operacionalização, o SELET necessita de e0* é a pressão de saturação de vapor d’água à temperatura de dos valores diários de LE para todo o período
-se os valores diários para cada ano civil. Neste
um conjunto de séries de dados de entrada da massa T0 (Pa); de dados, adotando-se na escala diária os limites
caso, o valor acumulado de D torna-se desprezí-
d'água de interesse: a) temperatura da superfície da mínimo e máximo estabelecidos na equação 10.
ea é a pressão de vapor d’água no ar (Pa); vel, e A e B podem ser estimados (para cada ano
água (T0); b) variáveis meteorológicas: velocidade do cp é o calor específico a pressão constante do ar (J kg K-1); civil) com as equações (2.22) e (2.23) detalhadas
vento (u), temperatura do ar (Ta), pressão de vapor no É importante frisar que os valores finais de LE conti-
Ta é a temperatura do ar (K);
no Box.
ar (ea) e irradiância solar incidente na superfície (Rs); nuam a ser majoritariamente aqueles originalmente
c) grandezas astronômicas determinadas a partir da
T0 é a temperatura da superfície da água (K); estimados com as equações (2.6) e (2.7) e que os di-
2. de posse de A e B, calcula-se valores diários de
latitude e do dia do ano (albedo, número máximo de γ é a constante psicrométrica para a altitude local (Pa K-1); versos passos de censura de dados acima descritos
H e LE por meio de (2.6) e (2.7) e os valores diários
horas de sol - N, e irradiância solar extra-atmosfé- modificam uma porcentagem muito pequena da-
p é a pressão atmosférica média (em Pa) em uma estação de D por meio de (2.9), seguida de uma análise
rica - Rsea); e d) a altitude do reservatório em relação queles valores originais.
meteorológica em função da sua altitude Z (em m); e estatística de quartis para todos os valores de D
ao nível médio do mar. a + bu é o coeficiente de transferência de massa.

22 23
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS
Cálculo da irradiância líquida
N é o número máximo de horas de brilho do sol em horas, Em síntese, a operacionalização do SELET para eva- A definição de cada fonte de dados e o tratamento
Para a aplicação do SELET utilizou-se valores de Rs poração bruta do lago requer dados do inventário de inconsistências, vieses e eventuais falhas foi pre-
com aP = 0,25 e bP = 0,50 (Allen et al., 1998), sujeito à restri-
e de T0 medidos (obtidos, respectivamente, de esta- de massas d’água artificiais (geometria, data de im- cedida de análise pelas equipes técnicas da ANA e da
ção 0 ≤ n ≤1
ções meteorológicas e/ou de reanálise; e do produto N plantação, latitude e altitude); dados meteorológicos UFPR, englobando critérios de consistência, resolu-
MODIS). A irradiância líquida é dada por: oriundos de estações meteorológicas em terra ou de ção espacial e temporal, disponibilidade e acurácia.
Os valores de N, Rsea e a0 calculados apresentam va-
Rn = Rs (1 - a0) + ϵRa - ϵσT4
(2.13) riação de acordo com a latitude. As grandezas as- produto de reanálise; e dados de temperatura su- As figuras a seguir ilustram o fluxo metodológico e
0
tronômicas que entram em uma série de cálculos perficial da água, oriundos dos satélites Terra e Aqua um exemplo de aplicação do método de estimativa
onde: relacionados à energia disponível para a evaporação do MODIS. de evaporação líquida em um reservatório hipoté-
Rs é a irradiância solar incidente média diária (W m-2 s-1); na superfície são a declinação do sol δ, a distância tico.
a0 é o albedo da superfície; sol-terra em unidades astronômicas r' e o número Para a obtenção da altura de evaporação líquida (em
máximo de horas de brilho do sol N. mm = litro/m²), a evaporação bruta é descontada da As fontes de dados e os tratamentos realizados se-
Ra é a irradiância atmosférica incidente diária (W m-2 s-1);
evapotranspiração real observada em áreas vizinhas rão detalhados nos próximos tópicos, agrupados em:
ϵ é a absortividade/emissividade da superfície; inventário e características das massas d'água artifi-
ao reservatório, a partir do produto MOD16A após a
Cálculo dos coeficientes de transferência
σ = 5.670374419 × 10-8 W m-2 K-4 é a constante de Stefan- correção de viés. As variações de área do lago ou a ciais; temperatura superficial da água; meteorologia;
-Boltzmann; área mapeada fixa são então combinadas às alturas e evapotranspiração real.
A e B são coeficientes de transferência estimados
T0 (K) é a temperatura média da superfície, que precisa ser anualmente para cada lago. Isso traz significativas de evaporação para estimar as vazões de evaporação
corrigida (Zhao et al., 2020) em relação à temperatura ori- vantagens operacionais: além de ser um método líquida consumidas pelos reservatórios.
ginal em graus Celsius calculada a partir do MODIS (T): simples de calibração local, os valores de A ou B fi-
nais podem ser calculados a cada novo ano de dados. Síntese do método e das fontes de dados para cálculo da Evaporação Líquida
T0 = 1,0894T + 273,15
(2.14)
O cálculo considera a equação de balanço de energia
A irradiância atmosférica incidente Ra é calculada (2.9), substituindo H e LE com as equações de trans-
por meio de: ferência (2.6 e 2.7) em nível diário e com Nd = 365 ou
366 dias do ano: Massa
Meteorologia Bacia
e d’Água
ϵac = 0.625( Ta)0.131 (2.15) Hidrográfica
a Nd Nd Nd
Artificial
Rac = ϵac σT 4 ∑R - ∑D = ∑ [H + LE ]
ni i i i (2.20)
a (2.16) i=1 i=1 i=1
Nd Nd
n e*0i- eai
C=1-
N
(2.17) ∑R = ∑ni
[ρcp (A + Bui)(T0i - Tai) + ρcp (A + Bui) γ ] (2.21)
i=1 i=1

Ra = Rac (1 - C0.671) + 0.990C0.671 σTa 4


(2.18) Velocidade Média
Em (2.20), o termo de variação da entalpia armaze- Geometria e Data Balanço Hídrico de
de Implantação do Vento (u) Longo Prazo (c)
A equação (2.15) foi proposta por Brutsaert (1975) nada é desprezado para um ano completo (=0). Note
para a emissividade atmosférica de céu claro ϵac, e os que (2.21) é uma única equação, com duas incógnitas ANA ANA
coeficientes 0,625 e 0,131 utilizados neste trabalho A e B: uma restrição adicional precisa ser imposta, Irradiância Solar
foram otimizados por Duarte et al. (2006). A irradiân- considerando-se que as contribuições dos termos Incidente (Rs)

INMET e ERA5
Latitude e Evapotranspiração
cia atmosférica com céu claro é calculada por (2.16), envolvendo A e B sejam iguais. Isso nos leva a: Altitude Real (ER MODIS)
e finalmente a irradiância atmosférica incidente é Nd Pressão de Vapor
ANA e SRTM MODIS
calculada por (2.18) levando em consideração o au- ∑R ni no Ar (ea)
mento da irradiância atmosférica incidente devido à A= 1 Nd
i=1 (2.22)
2 e*0i- eai Temperatura Super- Evapotranspiração
nebulosidade C (Duarte et al., 2006). Em (2.15) a (2.18) ∑ ρc p
[(T0i - Tai) + γ ] ficial da Água (T0) Real Corrigida (ER)
Ta é dada em K e ea em Pa. i=1 Pressão de
Nd
Saturação à T0 (e0*) MODIS corrigido
O número de horas de brilho intenso de sol n, neces-
∑R ni
MODIS
ER = ER MODIS c
B= 1 i=1 (2.23)
sário para a estimativa da irradiância atmosférica in- 2 Nd
e* - e
cidente com céu parcialmente encoberto (2.17 e 2.18)
∑ ρcp ui [(T0i - Tai) + 0iγ ai ]
i=1
é estimado invertendo-se a equação de Prescott: Evaporação do Evaporação
Rs onde todas as variáveis acima são conhecidas na escala di- Lago (EL) Líquida - mm
-a ária, com Ta (temperatura do ar, em K), u (velocidade do Área do Espelho
n Rsea P EΔ = EL - ER
= (2.19) vento a 2 m, em m s-1) e ea (pressão de vapor d’água no ar, d’Água (A) Modelo SELET
N bP
onde: em (Pa) medidos em terra; e T0 (temperatura da superfície
ANA, SAR, ONS
da água, em K) obtida por sensoriamento remoto (MODIS). Evaporação
Rsea é a irradiância solar (média de 24 horas) extra-atmos- Líquida - vazão
férica;
EQ = EΔ x A

24 25
TEMPERATURA DA ÁGUA EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL

ILUSTRAÇÃO DA
ESTIMATIVA DE 30
150
EVAPORAÇÃO DIA
ORIGINAL

LÍQUIDA 125 CORRIGIDA

T0 25 MÉDIA ER
(°C) 100
(mm)
RESERVATÓRIO E
ANO HIPOTÉTICOS 75
NOITE
10 50
ÁREA MAPEADA:
JAN MAR MAI JUL SET NOV JAN MAR MAI JUL SET NOV
35 km²

MÉDIA DA
TEMPERATURA

MÉDIA DA
EVAPOTRANSPIRAÇÃO

DADOS METEOROLÓGICOS
média ponderada pela distância ao reservatório
TO
E LAGO
DADOS MÉDIA
METEOROLÓGICOS

1,2
3,0
1,0
ALTURA
2,5
0,8 150
VENTO 2,0 140
0,6 PRESSÃO DE VAPOR
(m/s) ATUAL DO AR
ea (kPa) 130
0,4 1,5
JAN MAR MAI JUL SET OUT NOV JAN MAR MAI JUL SET OUT NOV 120
mm
EL
110
30
20 100
28 90 ER
IRRADIÂNCIA SOLAR TEMPERATURA
15 26 80
INCIDENTE DO AR
Rs (MJ/m²) JAN MAR MAI JUL SET OUT NOV JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
JAN MAR MAI JUL SET OUT NOV
T (°C)
a
RESULTADO
EΔ EVAPORAÇÃO
LÍQUIDA

VAZÃO MENSAL DE EVAPORAÇÃO LÍQUIDA (EQ)


VARIAÇÃO DE ÁREA OBSERVADA (A) 300 ÁREA

25
CAPACIDADE TOTAL
DO RESERVATÓRIO 200
20
ÁREA
(LITROS
(KM²)
/SEG.)

15
100
CAPACIDADE MÍNIMA
10 DO RESERVATÓRIO
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Distribuição de frequência das massas d’água artificiais em classes de área


Bases de Dados

Número de Massas D'Água Artificiais (log)


159.952
Inventário e características das (91,65%)
sendo, portanto, importantes para o balanço hídri-
massas d'água artificiais co local. Os pequenos barramentos atendem prin-
100.000
13.217
cipalmente ao consumo humano, à mineração, à in- (7,57%)
10.000
O Brasil possui cerca de 175 mil massas d’água arti- dústria, à aquicultura, aos rebanhos e à agricultura 1.120
ficiais inventariadas pela ANA, que ocupam 46 mil irrigada. (0,64%)
1.000 181
km², equivalente à área do estado do Espírito Santo.
(0,1%)
90% desses reservatórios possuem área superficial A evolução da reservação de água no país foi inten- 40
100 (0,02%) 17
inferior a 10 ha (ou 0,1 km²) e apenas 57 reserva- sificada a partir de 1950, com destaque, novamen- (0,01%)
tórios, cuja área superficial individual é superior a te, para a grande representatividade do volume dos 10
10.000 ha (ou 100 km²), correspondem a aproxima- reservatórios construídos pelo setor elétrico em
damente 70% da área total das massas d’água artifi- relação à capacidade total de armazenamento. Em 1
ciais no País. termos de volumes armazenados, cerca de 3.600 0-10 10-100 100-1.000 1.000-10.000 10.000-50.000 >50.000

reservatórios do país possuem informação de ca- Área / Superfície evaporante mapeada (ha)
As massas artificiais atendem a diversos propósitos. pacidade total de armazenamento, totalizando 630
A maior parte da superfície de água, entretanto, está bilhões de m3 em 2020. Em termos de volume útil
concentrada nos maiores reservatórios de abasteci- Proporção entre massas d'água naturais e artificiais nas Regiões Hidrográficas
destinado à geração de energia elétrica nos reser-
mento urbano e naqueles de usos múltiplos opera- vatórios integrantes do Sistema Interligado Nacio-
Natural Artificial ÁREA TOTAL
dos pelo setor elétrico. Embora menos expressivas nal (SIN), a maior capacidade de armazenamento de AMAZÔNICA
no total nacional, determinadas bacias possuem mi- água encontra-se nas regiões hidrográficas do Para- 83.390 km²
lhares de pequenos reservatórios que somam uma ná, Tocantins-Araguaia e São Francisco, totalizando
ATLÂNTICO LESTE
superfície equivalente à de grandes reservatórios, mais de 266 bilhões de m3 (ANA, 2020a).
2.865 km²

ATLÂNTICO NORDESTE OCIDENTAL


Evolução da capacidade de armazenamento de água do Brasil
7.949 km²

ATLÂNTICO NORDESTE ORIENTAL


5.175 km²

ATLÂNTICO SUDESTE
2.438 km²

ATLÂNTICO SUL
18.872 km²

PARAGUAI
4.838 km²
bilhões de m³

PARANÁ
18.534 km²

PARNAÍBA
1.326 km²

SÃO FRANCISCO
8.560 km²

TOCANTINS-ARAGUAIA
16.454 km²

URUGUAI
2.799 km²

0% 20% 40% 60% 80% 100%

28 29
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Atribuição de data de construção e/ou de enchimento dos reservatórios


Ao inventário de massas artificiais disponibilizado seguida pela persistência de "água" dentro do po-
pela ANA, foram agregadas informações adicionais lígono mapeado.
para fins de estimativas de vazões de evaporação lí- Número
45,9% 43,7% 9,9%
quida, sobre: a data de início (informação limitada Essa implementação automatizada, por outro lado, (175 mil)
nas fontes do inventário), a variação de área dos re- não é simples, principalmente por variações nos es-
0,4%
servatórios ao longo do tempo (que reflete a ope- pelhos tanto por motivos físicos (variações reais do
ração e a disponibilidade hídrica) e a altitude (para nível da água) quanto por problemas relacionados à
Área
determinação de variáveis do método). amostragem das imagens Landsat (cobertura de nu- (46 mil 9,1% 19,7% 70,6%
vens ou falhas). km²)
Um dos desafios do inventário de massas d’água 0,5%
refere-se à data de construção e/ou de enchimento Para análise de consistência e correção dos resul-
dos reservatórios, ou seja, da sua data de implanta- tados iniciais, foram utilizados dois filtros numéri- Data obtida - igual ou anterior a 1984 Data obtida ou atualizada entre 1984 e 2018
ção que, por consequência, ocasiona consumo por cos. O primeiro foi aplicado na envoltória superior Data do inventário - ANA/ANEEL/ONS Sem informação
evaporação líquida. No inventário atual, apenas 1.483 dos dados observando uma janela móvel centrada
reservatórios (0,85% do total) possuem essa infor- de dados com intervalo de cinco meses. O segun- Os métodos de obtenção da evaporação líquida e do ONS (72% da superfície) são mais abrangentes e
mação, compilada pela ANA por diversas fontes de do é uma regressão local para filtrar variações es- de suas componentes (evaporação do lago e evapo- consistentes, enquanto nos demais casos há situa-
informação (ANA, 2020). Por outro lado, por se tratar púrias remanescentes nos dados e foi implementado transpiração real) resultam em valores por unidade ções heterogêneas (como grandes períodos de falhas
dos maiores reservatórios, 82% da superfície evapo- pelo algoritmo LOWESS (Locally Weighted Estimated de área (mm ou L/m²), sendo necessário conhecer a nos dados).
rante mapeada possui essa informação. Scatterplot Smoothing). O LOWESS é um método não área do lago para obter o volume total de água con-
paramétrico que estima curvas e superfícies utili- sumido. Em todos os casos, como o monitoramento é autode-
A escassez destas informações é limitante para as zando combinações de regressões múltiplas (Cleve- claratório, foram realizados passos de consistência e
estimativas de séries longas de evaporação líquida. land, 1979). Para a maior parte dos lagos de menor porte, que de preenchimento de dados como, por exemplo, a
A tarefa de compilar as datas a partir da documen- totalizam porção menos relevante da área total, a exclusão de cotas superiores à máxima ou inferiores
tação histórica é onerosa, sobretudo em uma grande Os dados que já constavam nas massas inventariadas variação de área é inexpressiva ou desconhecida, à mínima do reservatório, e níveis de tolerância para
extensão espacial como o Brasil, além de introduzir foram utilizados para calibrar os parâmetros de pro- restando a adoção de áreas mapeadas fixas cons- oscilações bruscas nos dados.
critérios heterogêneos de obtenção da informação. cessamento, ou seja, para definir critérios objetivos tantes dos inventários. Já os maiores reservatórios,
Além do passivo de massas d’água já existentes, cons- que permitam identificar o enchimento de reserva- especialmente os de acumulação, guardam grandes Além destes, outros reservatórios que constam na
tantemente são construídos novos reservatórios. tórios na série do produto GSW. volumes de água e, portanto, apresentam oscilação base do SAR dispõem de dados de cota medidos em
relevante da área ocupada ao longo do tempo, sendo escala diária, porém, sem a curva cota-área-volume
Para superar essa limitação, o inventário atual de Como resultado, foi possível obter as datas de enchi- essencial conhecer o seu histórico de operação. (CAV) definida. Ou seja, apesar de existir o registro
datas de implantação dos reservatórios foi comple- mento para 155.676 reservatórios que não possuíam das cotas, não há informação da área corresponden-
mentado a partir da análise do produto Global Sur- essa informação (89% do número e 17,4% da área ma- Os reservatórios que integram o Sistema Interligado te. De forma complementar, diversos métodos são
face Water (GSW), desenvolvido inicialmente por peada) que, somados com os dados que já existiam Nacional – SIN possuem monitoramento diário de aplicados e validados para a delimitação e descrição
Pekel et al. (2016), em base mensal, para o período de em inventário, totalizam 90,1% do número e 99,5% cota disponibilizado pelo ONS, que pode então ser da sazonalidade de massas d'água a partir do uso
1984 a 2015 utilizando o catálogo de imagens Landsat da área de reservatórios no Brasil. Adicionalmente, convertido em área. Em 2014, a ANA lançou o Sis- de conjuntos de imagens de satélite de média e alta
processado no Google Earth Engine. O Joint Research o cruzamento e a análise dos resultados permitiu tema de Acompanhamento de Reservatórios (SAR) resolução espacial integrados com bases de inven-
Centre (JRC) tem disponibilizado atualizações siste- identificar prováveis erros de datas em 11,5% da su- - uma plataforma web que permite o acompanha- tários e registros históricos, tornando possível uma
máticas dessa base de dados (http://global-surface- perfície inventariada originalmente (de 82%). mento da operação dos principais reservatórios do estimativa da relação cota – área a partir de dados
-water.appspot.com/). Brasil - além de utilizar os dados do SIN/ONS, o SAR de áreas obtidos indiretamente.
Como números finais dessa avaliação, 70,6% da su- estabeleceu parcerias com outros operadores para
A partir do GSW, foi implementada uma rotina para perfície de reservatórios (0,4% do número) perma- disponibilizar dados de reservatórios do Nordeste e Considerando a existência de 125 reservatórios
a varredura dos dados, analisando, mês a mês, a res- neceu com datas originais ou atualizadas dos inven- Semiárido e daqueles que atendem o Distrito Fede- com pelo menos 36 registros de leituras de co-
posta espectral de todas as imagens disponíveis no tários da ANA, da ANEEL e do ONS. A metodologia ral, São Paulo (sistema Cantareira) e Belo Horizonte tas na base SAR (áreas entre 0,01 km² e 64 km²), foi
período de março de 1984 a dezembro de 2018 nos aplicada permitiu obter ou atualizar as datas de iní- (sistema Paraopeba). implementada uma rotina no Google Earth Engi-
píxeis inseridos nos polígonos mapeados dos reser- cio ou enchimento para 28,9% da superfície e 89,6% ne para a extração da série de áreas inundadas do
vatórios no Brasil. A hipótese principal é que o mês/ do número de reservatórios. Para apenas 0,5% da Com isso, cerca de 450 reservatórios que cobrem conjunto de imagens do GSW, em resolução men-
ano de enchimento pode ser encontrado entre a área cadastrada de lagos não foi possível estimar 80% da superfície evaporante possuem algum mo- sal (03/1984 - 12/2019). Para efeitos práticos, con-
persistência de indicação de “não água” no tempo, uma data de implantação. nitoramento de variação da área. Os dados oriundos siderou-se um buffer de 5 km no entorno de cada

30 31
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Temperatura Superficial da Água

reservatório, a partir da geometria disponibilizada consolidar uma base de polinômios de 4º grau, ajus- A temperatura da superfície da água (T0) é um dos resolução espacial (como Landsat e ASTER) (Becker
em ANA (2020a) para extração dos píxeis "de água" tados para a descrição da variação das áreas de 26 parâmetros físicos determinantes para boas estima- & Daw, 2005; Kay et al., 2005; Vanhellemont, 2020),
dentro da área correspondente a cada massa d'água. reservatórios (112 km² de área inundada). tivas de evaporação em lagos. O monitoramento da quanto para sensores com maior resolução temporal
Dada a existência de diversas falhas e inconsistência temperatura é dispendioso e, tratando-se de gran- (como MODIS e AVHRR) (Bussières et al., 2002; Liu et
nas séries brutas de áreas do GSW (p.ex. percentuais O modelo SELET aplicado também requer a altitude des massas d'água, há elevada probabilidade de su- al., 2015; Sima et al., 2013).
de dados válidos entre 11% a 79% para os 125 reser- média dos reservatórios em relação ao nível médio do bamostragem espaço-temporal.
vatórios devido à imagens com elevados percentuais mar. Para tanto, realizou-se um cruzamento espacial Os produtos mais utilizados (MODIS e Landsat) se
de ausência de dados relacionados à cobertura de entre o centroide geométrico das feições mapeadas A utilização de satélites para o monitoramento da contrapõem na medida em que o MODIS oferece
nuvens), buscou-se realizar o ajuste de um modelo e o modelo digital de elevação (MDE) produzido pelo temperatura da superfície da água iniciou-se nos dados subdiários, mas com menor resolução espa-
cota-área a partir dos dados de leitura de cotas da Shuttle Radar Topography Mission - SRTM (produto oceanos, destacando-se os sensores do Advanced cial. Já os sensores dos satélites Landsat apresen-
série histórica com apoio da série de áreas extraída SRTMv3, conforme detalhado em Farr et al., 2007). O Very High Resolution Radiometer – AVHRR, operado tam maior resolução espacial, mas com frequência
do GSW. SRTM foi projetado para coletar medidas tridimen- desde 1981 pela NOAA (National Oceanic and Atmos- de revisita de 16 dias e alto percentual de falhas em
sionais da superfície do planeta através de técnicas pheric Administration) e pela NASA (National Aero- regiões com maior cobertura de nuvens.
Apesar de limitações observadas devido à disponi- de interferometria com o SIR-C/X-SAR. O produto nautics and Space Administration).
bilidade de pares de leituras de cotas (em escala di- adotado tem resolução espacial de aproximadamen- Após uma avaliação das fontes de dados disponíveis,
ária, sendo convertidas para médias mensais) e da te 30 metros e foi acessado no repositório de dados Mais recentemente, a partir da década de 2000, o os produtos MOD11A1 e MYD11A1 do MODIS foram
informação correspondente à área inundada para do Google Earth Engine. Cabe ressaltar que o produ- imageamento por satélite tem sido utilizado como selecionados por conta da extensa validação pela
o referido mês, foi possível a obtenção das curvas to resulta de um esforço colaborativo entre diversas fonte de dados de temperatura da superfície de comunidade científica e da regularidade de dados
cota-área para 45 reservatórios (150 km²). Após um agências e institutos de pesquisas internacionais - massas d’água continentais. A maior parte dos estu- subdiários (4 passagens: 2 durante o dia e 2 durante a
processo de verificação e validação dos polinômios a disponibilização é feita pela National Aeronautics dos tem utilizado dados de sensores do MODIS e dos noite) – essencial para a obtenção de séries contínu-
ajustados, bem como uma análise de consistência and Space Administration Jet Propulsion Laboratory satélites Landsat ou uma combinação de diferentes as e representativas de temperatura e, consequente-
das séries de cotas para ajuste dos limites inferiores (NASA JPL). produtos. A acurácia satisfatória das estimativas de mente, de evaporação dos lagos.
e superiores de validade dos modelos, foi possível T0 é comprovada tanto para os sensores com maior

Reservatório da UHE Igarapava no rio Grande entre Igarapava (SP ) e Delta (MG) Sensores orbitais utilizados para monitoramento da temperatura da
Raylton Alves / Banco de imagens ANA superfície de massas d'água continentais

Resolução Resolução
Satélite Sensor Agência Espacial Temporal Operação
(m) (dias)

Terra/Aqua MODIS NASA 1.000 1a2 2000 em diante

Terra ASTER NASA/JAXA 90 16 2000 em diante

Sentinel-3 SLSTR ESA 1000 ~1 2018 em diante

Envisat AATSR ESA 1.000 35 2002-2012

LANDSAT 4 TM NASA 120 16 1982-1993

LANDSAT 5 TM NASA 120 16 1984-2013

LANDSAT 7 ETM+ NASA 60 16 1999 em diante

LANDSAT 8 TIRS NASA 100 16 2013 em diante

Sensores: MODIS – Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer; ASTER – Advanced Spaceborne Thermal
Emission and Reflection Radiometer; SLSTR – Sea and Land Surface Temperature Radiometer; AATSR – Advanced
Along Track Scanning Radiometer; TM – Thematic Mapper; ETM+ – Enhanced Thematic Mapper Plus; e TIRS –
Thermal Infrared Sensor. Agências: NASA – National Aeronautics and Space Administration; JAXA – Japan Aeros-
pace Exploration Agency; e ESA – European Space Agency.

32 33
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

partir das dispersões dos pares {T0Dia;T0 média} e {T0Noi- análoga ao cálculo de uma média móvel para uma
Síntese das etapas de trabalho para obtenção da temperatura da água
te
;T0 média} foram definidos polinômios de 3º grau para série temporal. Este procedimento fornece um ajus-
os preenchimentos subdiários (Eq. 2.24). te robusto dos dados e previne que valores espúrios
influenciem o resultado e evita a interpolação de va-
Temperatura Após o preenchimento subdiário ainda houve ca- lores distantes do dado real observado (Cleveland,
Superficial da Reservatórios sos de reservatórios artificiais com falhas ou com 1979; Cleveland & Devlin, 1988).
água outliers na série de dados diários. O LOESS (Locally
Produtos ANA Estimated Scatterplot Smoothing) foi adotado para O LOESS foi testado com diversas opções de tama-
remover valores extremos de temperatura e interpo- nho de janela móvel de ajuste. Após inspeção de um
lar períodos com falhas. O LOESS é um método de conjunto grande de dados optou-se pela adoção de
Preenchimento regressão com peso local que calcula valores para uma janela n = 14 dias, a qual se mostrou compatível
Downscale de T Filtragem de T0 e
Pixels de T com preenchimento de cada intervalo k da abscissa ajustando uma função com a variabilidade temporal e os padrões de falhas
Classificação (situação mista)
MODIS Tdia ou Tnoite falhas das variáveis independentes localmente e de forma de leitura nos dados diários.
MD11A1, MYD11A1, MOD44W Polinômio Regressão Linear LOESS

Coeficientes para preenchimento subdiário de T0 T0 = b +m1x+ m2 x2 + m3 x3 (2.24)


Pixels mistos (Ti e pW)
Situação

Dado diário de temperatura


Pixels
Mista

média (ou temperatura mediana


molhados (T0) do dia ou da noite) para o Píxeis x b m1 m2 m3
Pixels secos (Tr) conjunto molhado ou para o
conjunto misto/seco (situação Série Final de
mista) do reservatório Temperatura
Reservatórios com pixels Reservatórios sem pixels T0 dia -3,544805824 1,182935414 -0,011879119 8,24204E-05
100% água (75% da área) 100% água (25% da área)
superficial T0 secos
pW = 0 T0 noite 3,000122190 0,911208735 0,009300321 3,84510E-05

T0 dia -1,772700087 1,102692704 -0,007316181 1,79400E-05


mistos
A qualidade das estimativas de T0 é diretamente afe- todos os reservatórios. O preenchimento dos dados 0 < pW < 1 T0 noite 1,741292455 0,913896482 0,004226682 1,58848E-04
tada tanto pelo efeito de borda nas massas d’água ocorreu em nível subdiário para quando há falhas
(Schaeffer et al., 2018) quanto pela presença de di- nas leituras do dia ou da noite; ou para o nível diário, T0 dia 0,000000000 1,016772902 -0,002599753 -4,76434E-05
ferentes tipos de coberturas da superfície dentro de molhados
para quando não houver qualquer leitura no dia.
pW = 1
um mesmo pixel (Martí-Cardona et al., 2019). Para T0 noite 0,000000000 0,963145494 0,004596711 8,43496E-05
obter dados em nível de detalhe, quando um reser-
Preenchimento subdiário e diário Nota: a) pW é a proporção de água no pixel MODIS; b) Tomando como exemplo o caso de um pixel molhado, para um
vatório não possui um pixel inteiro apenas com água valor de T0 Dia de 40°C a média diária de T0 será 33,5°C. Para um valor de T0 Noite de 30ºC a média diária de T0 será 35,3ºC
(pixel "molhado”), podem ser aplicadas técnicas de Os valores de T0 medidos durante a noite (T0Noite) e
downscaling (Yuan et al., 2020; Zhan et al., 2012), que o dia (T0Dia) podem apresentar diferenças significati-
vas e que não são constantes ao longo do ano. Neste Relação entre os valores diários
pWi = 0%de T0 - média do dia, da pWi
noite
= 50%e(Misto)
diária
objetivam refinar a resolução espacial de uma infor- pWi = 0% (Seco) pWi = 50% (Misto) pWi = 100% (Água) (Seco) p
mação com boa resolução temporal a partir de vari- aspecto, a irradiância incidente exerce grande influ-
áveis preditoras com melhor resolução espacial. ência
50 na variação sazonal da amplitude entre 50 T0Noite 50 50 50 50

e T0Dia (Liu et al., 2015). Médias diárias, portanto, não


Para lidar com esses e outros desafios, inicialmente podem ser calculadas de forma consistente com lei-

Temperatura Média (°C)

Temperatura Média (°C)


Temperatura Média (°C)

Temperatura Média (°C)


Temperatura Média (°C)

Temperatura Média (°C)


foi realizada a seleção de píxeis representativos do turas
30 apenas do dia ou apenas da noite, o 30 que exigiu 30 30 30 30

MODIS para as geometrias de massas d’água mape- o preenchimento de falhas subdiárias.


adas. Reservatórios maiores tendem a ter diversos
píxeis puros de água, enquanto massas menores po- Uma10alternativa seria somente considerar10válidas as 10 10 10 10
dem ter apenas píxeis mistos (água e terra) repre- médias diárias de T0 nos dias em que se dispõe ao
sentativos. Nesses casos, o valor de T0 deve ser ajus- menos de uma leitura do dia e uma da noite. Toda-
tado em função da relação com os píxeis secos do via, esta opção reduziria significativamente os da-
-10 -10 -10 -10 -10 -10
entorno e da proporção de área molhada/de terra dos utilizáveis.
-10 Por
10 outro lado, 30 é possível
50 analisar
-10 as 10 30 50 -10 10 30 50 -10 10 30 50 -10 10 30 50 -10
em cada pixel misto. tendências entre os valores
Temperatura - Dia ou Noite (°C) médios e os valores do
Temperatura - Dia ou Noite (°C) Temperatura - Dia ou Noite (°C) Temperatura - Dia ou Noite (°C) Temperatura - Dia ou Noite (°C) T
dia ou da noite de T0, estabelecendo relações dire-
Píxeis de água Píxeis secos Píxeis mistos
Análises e critérios de preenchimento foram defi- tas (Oesch et al., 2008). Essa opção permite estimar
nidos para equacionar falhas/inconsistências, per- valoresT0 médios
𝑇𝑇𝑇Dia diários
T0𝑇𝑇𝑇Noite de T0 𝑇𝑇𝑇
consistentes,
= 𝑓𝑓 𝑇𝑇𝑇𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
μT0=f(T0Dia) mesmo
μT0=f(T0Noite)
𝑇𝑇𝑇 = 𝑓𝑓 𝑇𝑇𝑇𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 Linha 1:1
Nota: os círculos verdes representam a T0 Noite
T0
e os vermelhos
𝑇𝑇𝑇Dia T0𝑇𝑇𝑇Noite
a T0 Dia.𝑇𝑇𝑇
Os = quadrados
𝑓𝑓 𝑇𝑇𝑇𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
μT0=f(T0Dia)
verdes representam o poli-
μT0=f(T0Noite)
𝑇𝑇𝑇 = 𝑓𝑓 𝑇𝑇𝑇𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 Linha 1:1
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁
mitindo a obtenção de séries diárias completas para quando se dispõe apenas de T0Noite ou T0Dia . Assim, a nômio que descreve a relação entre T0 e T0 Noite, enquanto os quadrados vermelhos representam o polinômio que
descreve a relação entre T0 e T0 Dia.
50 50
45 45
Pixels Secos - Dia Pixels Secos - Noite Pixels Secos - Dia Pixels Secos - Noite

34 Pixels Mistos - Dia


Pixels Molhados - Dia
Pixels Mistos - Noite
Pixels Molhados - Noite
40 Pixels Mistos - Dia
Pixels Molhados - Dia
Pixels Mistos - Noite
Pixels Molhados - Noite
40
35
35 35
(°C)

(°C)
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS
Validação

As estimativas obtidas de T0 foram comparadas com (MODIS com 4 leituras diárias x estação com uma
medições in situ distribuídas pelo país e foram ana- leitura, em geral); e da profundidade (MODIS refere-
Desagregação de píxeis mistos
lisadas com relação à sazonalidade. Foram selecio- -se a uma camada de 0 a 100 μm da superfície, en-
Grande parte da área ocupada por massas d’água ar- e a maior ocorrência de píxeis molhados. Após agre- nadas 1.008 medições de temperatura entre 2000 e quanto as medições não dispõem de padronização
tificiais no Brasil (75%) é representada por 161 reser- gação diária e filtragem, obteve-se 6.630 conjuntos 2020 constantes nas bases de dados da ANA (Hidro/ – um termômetro mergulhado, por exemplo, não é
vatórios cujas geometrias englobam, no mínimo, um simultâneos de valores de T0, pW, Tr e Ti. Em sequên- Conjuntura) coincidentes com 38 píxeis molhados diretamente comparável com o MODIS).
pixel MODIS totalmente em água (pixel molhado). cia foi realizada uma análise de regressão linear múl- (100% de água) do MODIS.
Para 25% da área, e para a maior parte do número tipla relacionando T0 com as três variáveis preditoras Apesar das limitações, as estimativas de T0 prove-
de reservatórios (174.365), as geometrias das massas (pW, Tr e Ti). A figura abaixo apresenta a compara- Destaca-se que há limitações nesse comparativo, nientes dos produtos MOD11A1 e MYD11A1 apre-
d’água englobam apenas píxeis mistos (com água e ção entre os valores medidos de T0 pelos produtos especialmente por conta da resolução espacial (o pi- sentaram boa acurácia quando comparadas com as
com terra) - quando é aplicado um passo adicional MOD11A1 e MYD11A1 com os valores estimados de T0 xel MODIS representa uma média de 1 km², enquan- medições in situ (R² = 99,2%) e representam adequa-
de desagregação dos dados de temperatura de píxeis pela regressão linear. Apresenta ainda a distribuição to a medição local é pontual); da resolução temporal damente as variações sazonais no Brasil.
mistos para a obtenção da T0. espacial das massas d'água utilizadas na análise.

Inicialmente, foram testados índices de vegetação Regressão linear múltipla e coeficientes adotados Ilustração de reservatório com píxeis molhados e de outro com apenas mistos
como preditores para a desagregação, os quais não para estimativa de T0 em píxeis mistos
se mostraram satisfatórios. Em novos testes, utili- Reservatório do Rio VerdeReservatório do Rio Verde
Polígono do reservatório
Polígono do reservatório UHE Sobradinho
UHE Sobradinho
zou-se a máscara de superfícies com água do pró- T0 = b + j1 pW + j2 Ti + j3 Tr (2.25) Pixels secos Pixels secos

prio MODIS (produto MOD44W) e procedeu-se uma b = 3,054582416 Pixels molhados Pixels molhados

análise multiescalar da correlação linear da variável Pixels mistos (percentual de água)


j1 = 0,902078544 Pixels mistos 0 - 10
preditora com a temperatura da superfície da água. j2 = 1,125886828 0 - 10 10 - 20
Assim, construiu-se uma matriz relacionando a tem- j3 = -0,281645158 10 - 20 20 - 30
peratura da superfície da água nos píxeis molhados
30 - 40
(T0) com as seguintes variáveis preditoras: i) fração 20 - 30
onde: 40 - 50
da superfície ocupada por água nos píxeis mistos 30 - 40
50 - 60
T0 é a temperatura diária da água;
(pW); ii) temperatura média da superfície nos píxeis 40 - 50 60 - 70
secos (Tr); e iii) temperatura média da superfície dos pW é a proporção de água no pixel MODIS;
50 - 60 70 - 80
píxeis mistos (Ti). Tr é a temperatura de referência do pixel seco; e 80 - 100
60 - 70
Ti é a temperatura do pixel misto.
70 - 80
Para este procedimento foram selecionados três re-
servatórios de cada zona climática brasileira, repre- 80 - 100
sentando os reservatórios com a menor, a mediana

Sobradinho - com área alagada de cerca de 4.200 km², englo-


Correlação de valores de T0 MODIS com os estimados pela regressão linear Reservatório do Rio Verde ba 2.792 píxeis 100%do
Polígono emreservatório
água. As séries diárias de tempera-
tura representam a média entre as medianas das leituras do
e localização dos reservatórios adotados na análise Pixels secos
dia e da noite.
Pixels molhados
35 40 Entre 2002 e 2019 (6.362 dias), 85,9% das estimativas diárias
35
Pixels
foram mistos
obtidas diretamente, 11,4% necessitaram de preenchi-
30 mento subdiário
0 - 10 (ausência da leitura do dia ou da noite) e 2,7%
25 necessitaram
10 - de
20 preenchimento diário (ausência de ambas as
T0 (°C)

20
25 leituras, em todos os píxeis).
15 20 - 30
T0 estimada (°C)

10
5 Rio Verde:30 - 40 seja um lago de médio porte (5,6 km²), não
embora
0 possui nenhum
40 - 50pixel com 100% de água. A temperatura é
0 5 10 15 20 25 30 35 40
15 obtida a partir dos 27 píxeis mistos, que possuem diferentes
Ti (°C) 50 - 60
proporções de água, e dos 29 píxeis secos do entorno.
R² = 0,930 Reservatórios analisados
60 - 70
n = 6.630 Climas Zonais
Equatorial Entre 2002 e 2019 (6.362 dias), 46,9% das estimativas diárias
15 massas d'água 70 - 80
Temperado
Tropical Brasil Central
Dados medidos Dados estimados foram obtidas diretamente, 29,5% necessitaram de preen-
5
5 15 25 35
Tropical Nordeste Oriental
Tropical Zona Equatorial
chimento80subdiário
- 100 (ausência da leitura do dia ou da noite)
e 23,6% necessitaram de preenchimento diário (ausência de
T0 MODIS (°C) Coeficientes
ambas as leituras, em todos os píxeis).
Interseção 3,054582416
pW 0,902078544
Ti 1,125886828

36 Reservatórios analisados Tr -0,281645158


37
Climas Zonais
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Meteorologia
Correlação de valores medidos de temperatura da água com os estimados pelo
O método de estimativa de evaporação do lago ado- gerado interesse cada vez maior ao combinar uma
MODIS e localização dos pontos de monitoramento adotados tado requer informações de velocidade do vento (u), ampla variedade de dados observados em superfície
temperatura do ar (Ta), pressão de vapor no ar (ea) e ou detectados remotamente dentro de um modelo
40 irradiância solar incidente na superfície (Rs). A rede numérico dinâmico de base física (Tarek et al., 2020).
meteorológica nacional operada pelo Instituto Na- Com isso, as reanálises fornecem séries consistentes
± 20% cional de Meteorologia - INMET é a principal fonte das variáveis climáticas essenciais (essential climate
± 20%
desses dados. variables - ECVs) e buscam garantir a consistência e
30 coerência na representação dos principais ciclos do
T0 MODIS (°C)

Os dados da rede devem ser cautelosamente anali- sistema terrestre (como água e energia) (Hersbach
sados para lidar com inconsistências, descontinui- et al., 2020). Por outro lado, esses produtos preci-
dades e falhas nos dados. Deve-se considerar ainda sam passar por análises de consistência para even-
20
a variação da densidade de estações (no território e tual correção de viés introduzido pelos modelos de
R² = 0,992
ao longo do tempo). Mesmo em regiões com melhor representação do sistema terrestre e de assimilação
Estações amostrais
n = 1.008 Climas zonais
Equatorial
38 pontos de Temperado densidade e poucas falhas, a interpolação espacial e previsão do tempo.
monitoramento Tropical Brasil Central
10 Tropical Nordeste Oriental simples de dados entre estações pode introduzir er-
Tropical Zona Equatorial
10 20 30 40 ros relevantes por não captar características locais, Dentre as fontes disponíveis, ou seja, as estações
Temperatura da água medida (°C)
como relevo e altitude. meteorológicas (INMET) e os produtos de reanálise,
Amostras Linha 1:1 ± 20% buscou-se o máximo aproveitamento de dados con-
Estações amostrais Em complementação às redes meteorológicas e sistentes. Inicialmente, foi feita uma avaliação de
Climas zonais com objetivo de disponibilizar séries temporais con- cobertura espacial e temporal das estações, consi-
Equatorial sistentes, os produtos de reanálises climáticas têm derando as variáveis de interesse (u, Ta, ea e Rs). Pos-
Temperado
Tropical Brasil Central
Convencional
Tropical Nordeste Oriental Rede INMET em 2000
E

Automática
Rede INMET em 2020
Tropical Zona Equatorial D

E Convencional
D Automática

2000 2020
366 Convencionais 201 Convencionais
05 Automáticas 588 Automáticas

Nota: A rede meteorológica brasileira tem passado por um processo de atualização a partir da desativação de estações con-
vencionais e substituição por equipamentos que realizam a coleta automática. 133 locais de monitoramento já operaram (e
79 ainda operam) com estações convencionais e automáticas que registraram dados de modo simultâneo com diferenças
metodológicas nas formas de aquisição, frequência de leitura e equipamentos utilizados.
Confluência do rio Paranapanema, a jusante da UHE Canoas I, com o
rio das Cinzas- entre Santa Mariana (PR) e Cândido Mota (SP)
Raylton Alves / Banco de imagens ANA

38 39
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Síntese das etapas de trabalho para obtenção de dados meteorológicos


Características dos produtos de reanálise avaliados

ERA5 GLDAS 2.1 MERRA-2


Dados
Produtos de Interpolação
Meteoroló-
Fornecedor ECMWF NASA GES DISC NASA GMAO Reanálises Espacial
gicos
Período'
1979 - presente 2000 - presente 1980 – presente INMET ERA5, GLDAS 2.1, MERRA 2 Reservatórios (ANA)
disponível

Componentes u’ e v (10m)
Componentes
para cálculo da velocidade
Velocidade do vento u’ e v (2m) Consistência e Séries meteorológicas
Variáveis do vento, ea obtida a partir Acurácia, tendência
(10m) e temperatura para cálculo da processamento e sazonalidade do Reservatório
analisadas da temperatura do ponto de

Variáveis
média do ar velocidade do (ea , u, Ta , Rs)
orvalho, temperatura média do
vento
ar e irradiância solar incidente
Séries
Resolução meteorológicas
1h 3h 3h Correção de Viés
Temporal (~2000-presente)(EA)
Resolução Estação Automática f = INMET / ERA5
0,25° x 0,25° 0,25° x 0,25° 0,5° x 0.625°
Espacial
Beaudoing e Rodell, - Pressão de vapor no ar (ea) Séries
Referência CCCS, 2017 Gelaro et al., 2017 - Velocidade média do vento (u) meteorológicas
2020
- Temperatura do ar (Ta) (EAvirtual)
- Irradiância solar incidente (Rs)
Nota: u’ é a componente zonal do vento (longitudinal) e v é a componente meridional (latitudinal). Estação Virtual
Siglas: ERA5 (CCCS, 2017), fornecido pela European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF) Coper-
nicus Climate Change Service (CCCS), Global Land Data Assimilation System 2.1 (GLDAS 2.1) (BEAUDOING e RO-
DELL, 2020), fornecido pela Goddard Earth Sciences Data and Information Services Center (GES DISC) da National tomático, as séries foram preenchidas e estendidas de do vento a 10 m para 2 m foi adotada a equação
Aeronautics and Space Administration (NASA), Modern-ERA Retrospective Analysis for Research and Applications a partir da combinação dos dados observados dispo- proposta em Allen et al. (1998) a partir de um ajuste
(MERRA-2) (GELARO et al., 2017), fornecido pelo Global Modeling and Assimilation Office (GMAO) da NASA. níveis e os produtos do ERA5. logarítmico do gradiente de vento em altura e uti-
lizando como fator de correção um coeficiente de
Consistência da rede meteorológica A aplicação automática deste conjunto de regras im- rugosidade para uma superfície de grama curta:
plementadas e o preenchimento de falhas realizado
4.87
teriormente, os dados consistidos de estações foram Os dados da rede INMET são disponibilizados sem em escala diária elimina grande parte das inconsis- u2 = uz 
ln (67.8 z)-5.42
utilizados para avaliar a acurácia dos produtos de re- consistência (dados brutos). As estações convencio- tências detectadas nas séries (como valores espúrios (2.27)
análise (ERA 5, GLDAS 2.1 e MERRA-2), adotando-se nais adquirem dados de variáveis meteorológicas devido a falha de equipamentos) e contorna muitos 4.87
u2 = u10  ln (67.8×10) -5.42)
base diária no período comum de dados – 2000 a três vezes ao dia (00:00, 12:00 e 18:00 UTC), enquan- problemas decorrentes de falhas de observação de
2018. to as estações automáticas disponibilizam dados variáveis específicas. = 0.74795u10
integralizados em resolução horária. Para a análise
realizada, todos os dados foram convertidos em va- onde:
Como conclusão das análises, o método adota da- Cabe ressaltar que para o cálculo da pressão de va-
dos pós-processados das 615 estações automáticas lores médios diários. por d'água no ar (ea) para as estações, utilizou-se a u2 é a velocidade do vento a 2 m da superfície (m s-1);
do INMET, quando há dados consistidos. Para pre- equação recomendada em FAO (2012), sendo obtida z é a altura base da medição (z = 10 m).
enchimento de falhas diárias e para o período an- As séries meteorológicas monitoradas em estações a partir da temperatura de ponto de orvalho (Tdew)
terior à operação, criou-se uma estação virtual no automáticas do INMET foram consistidas aplicando em ºC, conforme a equação: Como forma de avaliação da similaridade entre os
mesmo local da estação automática, cujos dados são limites mínimos e máximos para os dados de veloci- dados das estações meteorológicas automáticas e
dade do vento, pressão de vapor no ar, temperatura 17,27 Tdew
oriundos do ERA5 corrigidos pelo viés observado
entre estação automática e séries brutas do ERA5 do ar e irradiância solar incidente, além de outros
ea = e°(Tdew ) = 0,6108 exp
[T dew
]
+ 237,3
(2.26) convencionais, realizou-se uma análise estatística
comparativa das séries de dados das variáveis me-
no período comum de dados. Com as séries diárias critérios de consistência implementados para de- Onde: teorológicas (u, Ta , ea e Rs) em escala diária para os
completas por estação entre 1979 e 2019 (automática tectar e corrigir erros sistemáticos frequentes iden- locais monitorados de maneira síncrona, totalizando
ea = é a pressão de vapor atual (kPa);
+ virtual), procede-se à interpolação espacial para os tificados no processo de avaliação e análise de con- 266 estações (133 locais de registros simultâneo em
e° é a pressão de saturação de vapor na temperatura do
locais dos reservatórios. Os itens a seguir detalham sistência das séries. estações automáticas e convencionais), para todo o
ponto de orvalho (Tdew ) (kPa).
as principais análises realizadas. período comum de dados entre 2000 e 2019. Das 266
Como forma de ampliação da disponibilidade tem- estações analisadas, 158 estações, ou seja, 79 locais
Para a conversão dos dados observados de velocida-
poral de dados nos locais com monitoramento au-

40 41
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Acurácia dos produtos de reanálises

Para análise de acurácia, foram utilizadas as séries valores entre -1 e 1, onde 1 indica o ajuste perfeito,
de monitoramento, encontravam-se em operação no ar (ea) obtidas pelas convencionais e automáti- disponíveis em 261 estações automáticas com pelo sendo que, em geral, para uma relação linear positiva
simultânea até 2019. Utilizou-se para comparação cas. menos 48 meses de dados em escala diária entre adota-se r < 0,5 como ajuste fraco, moderado entre
das séries os valores mínimos, médios, máximos, in-
Dadas as diferenças observadas entre as séries e de- 2000 e 2018. A análise foi realizada frente aos prin- 0,5 e 0,7 e forte para valores de r > 0,7.
tervalo de medição e desvio-padrão, além dos parâ-
vido ao processo paulatino de substituição das es- cipais produtos de reanálise atualmente disponí-
metros de ajuste obtidos por meio de uma regressão
tações convencionais pelas estações automáticas, veis: ERA5, GLDAS 2.1 e MERRA-2. Outros produtos O Viés (Bias) avalia a tendência que a média dos va-
linear entre os pares de estações, visando identificar
visando uma homogeneidade das séries para esti- considerados inicialmente (TerraClimate, GWA 3.0, lores dos produtos de reanálise possuem em relação
possíveis tendências, ajustes e/ou discordâncias en-
mativas futuras e a coerência em termos de método FLDAS, JRA-55, GLS, R1, dentre outros) foram des- aos dados observados - zero indica o ajuste ótimo.
tre as séries obtidas nas estações convencionais e
de coleta, registro e pré-processamento de dados cartados principalmente pela resolução temporal e
automáticas.
brutos (por exemplo, o método de integralização das espacial limitadas; e pela extensão das séries incom- Considerando os valores de velocidade do vento a 2
médias diárias), optou-se por descartar a utilização patíveis com a aplicação aqui proposta. m (u), o ERA5 apresenta uma melhor performance ao
De maneira geral, as estações convencionais apre- representar as séries observadas com os melhores
da rede convencional para o cálculo da evaporação
sentam valores de u e ea médios superiores aos das A performance dos dados obtidos nos três produtos ajustes dado os valores médios de MAE, NRMSE, R
de lago, mantendo, portanto, apenas a rede de esta-
estações automáticas. Além disso, há diferenças sig- de reanálise teve o objetivo de indicar se os dados e Viés em comparação ao GLDAS 2.1 e ao MERRA-2,
ções automáticas. A densidade de estações/dados é
nificativas entre as séries de pressão de vapor d'água são consistentes com relação aos dados observa- descartando-se o último das análises subsequentes
compatível com o período analisado (2001-2019).
dos a partir dos seguintes critérios de qualidade do devido ao fraco desempenho.
ajuste: erro médio absoluto (MAE), raiz do erro qua-
Médias das séries meteorológicas para estações drático médio normalizada (NRMSE), coeficiente de Considerando a temperatura média do ar (Tair), ERA5
convencionais e automáticas no mesmo local (266) correlação de Pearson (r) e Viés (Bias): e GLDAS 2.1 performaram razoavelmente bem. Para
ambos os produtos, os desvios médios ficaram pró-
Temperatura do ar Velocidade do vento O MAE indica a diferença média absoluta entre os ximos ao zero, sendo positivo para o ERA5 (2%) e ne-
4 4 dois conjuntos de dados, sendo que o valor é dado gativo para o GLDAS (-3%).
na mesma unidade dos conjuntos avaliados. O NMR-
Vel. Vento (m/s) - Automáticas

SE, isto é, o RMSE normalizado pela diferença entre Considerando o desempenho nas primeiras variá-
ea (kPa) - Automáticas

3 3
os valores máximos e mínimos do conjunto de dados veis, disponibilidade de dados e o maior período de
observados, é mais apropriado para representação cobertura temporal do ERA5 (desde 1979) em relação
2 2 da performance de modelos do que o MAE pois atri- ao GLDAS (2000), procedeu-se à análise apenas do
bui um maior peso para desvios maiores. O valor é ERA5 para a pressão de vapor no ar (ea) e irradiân-
sempre positivo e um valor igual a zero indica o ajus- cia solar incidente (Rs). Os resultados mostram boa
1 1 te perfeito. aderência no primeiro caso (ea), com distribuição do
viés próxima a 0; e ajuste moderado no caso de Rs.
O coeficiente de correlação de Pearson (r) indica o
0 0
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 grau de correlação entre os dois conjuntos de dados Dessa forma, o ERA5 demonstrou ser o melhor pro-
ea (kPa) - Convencionais Vel. Vento (m/s) - Convencionais avaliando a capacidade do modelo de simular a vari- duto para preenchimento de falhas no local das esta-
ância dos dados observados sendo representado por ções automáticas, assim como para obter uma série
Pressão de vapor no ar Irradiância solar incidente
30 30
Violin-plot dos índices de qualidade entre dados observados e
produtos de reanálises - velocidade do vento
Rs (MJ/m².d) - Automáticas
Tair (°C) - Automáticas

25 25

20 20

15 15

10 10
10 15 20 25 30 10 15 20 25 30
Tair (°C) - Convencionais Rs (MJ/m².d) - Convencionais

42 43
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

A interpolação espacial é necessária tanto para co-


de dados anterior ao início da operação da estação. μm é a média diária da série observada, em escala diária (w x + w2 x2 + w3 x3 +... wn xn) 1 brir lacunas de monitoramento próximo ao reserva-
x* = 1 1 e wI = P
(w1 + w2 + w3 + wn) dix* tório (para 60% da área de reservatórios a estação
Por outro lado, para lidar com as limitações obser- (d);
vadas e compatibilizar as séries, procedeu-se com a (2.29) (2.30) mais próxima está a mais de 10 km), quanto para mi-
rc é a indicação da série do produto de reanálise;
correção linear de viés (Teutschbein & Seibert, 2012) nimizar incertezas nos maiores reservatórios – pois
obs é a indicação da série observada. onde:
nas séries do ERA5, realizada para cada estação (au- mesmo quando há mais de uma estação próxima, es-
x* é o valor de uma determinada variável a ser determi- sas podem não representar as características médias
tomática/virtual) e variável.
Os mapas sintetizam a correção aplicada aos dados nado; de toda a superfície evaporante (com centenas a mi-
do ERA5, por variável, em cada estação virtual (que
O método é relativamente simples e prevê a corre- w é o peso; lhares de km²). O IDW aumenta o peso de estações
corresponde a uma estação automática).
ção dos valores de uma determinada variável a partir x é o valor conhecido desta variável; próximas e minimiza o peso das mais distantes no
das diferenças entre os valores observados e os si- cálculo dos valores médios. A busca é limitada a 100
d é a distância métrica entre os pontos considerados;
Interpolação para os reservatórios km quando existem pelo menos duas estações nesse
mulados. As séries simuladas corrigidas terão con- P é a variável que indica a potência adotada (P = 2).
cordância em termos de viés e médias mensais com raio. Caso contrário, adota-se um raio de 250 km, o
Fator de correção
Com as séries diárias (1979-2019) completas nos
0,2 a 0,75 que só se aplica a poucos reservatórios.
as séries observadas, sendo definido um único fator
!

pontos das estações automáticas/virtuais, os valo- ! 0,75 s 0,98


(f) para cada uma das 615 estações automáticas no res médios das quatro variáveis foram determina- ! 0,98 a 1,02 (+- 2%)
período de dados em comum com a reanálise, con- dos a partir da menor distância entre as estações 1,02 a 1,25
Fatores de correção de viés das séries do ERA5 nas estações virtuais
!

forme a equação e a borda do lago utilizando-se o Inverse Distance


> 1,25 !

Weighting (IDW). De maneira simplificada, o IDW é


Z*rc (d) = Zrc (d)[(μμ (Z(Z
m obs
(d))
(d))
] (2.28) um interpolador espacial determinístico que visa es-
m rc
timar um valor desconhecido em um ponto qualquer
onde: (x*) a partir de valores conhecidos (xn) e ponderados
Z é a variável meteorológica em análise; de acordo com a distância, conforme as equações:
*
é a série da variável Z com a correção de viés;

Violin-plot dos índices de qualidade entre Violin-plot dos índices de qualidade entre
dados observados e produtos de reanálises - dados observados e ERA5 - pressão de Temperatura Velocidade
do ar do vento
temperatura do ar vapor no ar e irradiância solar incidente
Fator de correção
! 0,2 a 0,75
! 0,75 s 0,98
! 0,98 a 1,02 (+- 2%)
! 1,02 a 1,25
! > 1,25

Pressão de
Irradiância solar
vapor no ar
incidente

44 45
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

O modelo SSEBop (Operational Simplified Surface perfície para estimar o fluxo de calor sensível (H),
Evapotranspiração Real Energy Balance) utiliza uma versão simplificada da supondo que no pixel quente não há fluxo de calor
equação do balanço de energia para estimativa de ER latente (ER = 0) e no pixel frio o valor de ER atinge seu
A evapotranspiração compreende tanto a evapora- produtos e técnicas de estimativas de evapotrans- (Senay et al., 2013), mantendo as principais premis- máximo (ER próxima à evapotranspiração potencial).
ção da água contida na superfície do solo e da ve- piração real. sas descritas nos modelos SEBAL - Surface Energy O SSEBop Global analisado utiliza o produto de tem-
getação quanto a transpiração das plantas, ou seja, Balance Algorithm for Land (Bastiaanssen et al., 1998) peratura superficial do MODIS e pode ser acessado
representa o total de água transferida da superfície Nesse contexto, destaca-se a potencialidade do e METRIC - Mapping Evapotranspiration at high Re- em https://earlywarning.usgs.gov/ssebop.
terrestre para a atmosfera. Devido ao estado gasoso emprego das estimativas de ER que utilizam dados solution with Internalized Calibration (Allen et al.,
da água, a evapotranspiração é difícil de ser estimada de sensores orbitais, por permitirem a obtenção de 2007). Tanto o SEBAL quanto o METRIC assumem O produto MOD16A do MODIS (Moderate Resolution
e até mesmo de ser medida em campo, permanecen- séries espacialmente distribuídas. Foram avaliados que a diferença de temperatura entre a superfície Imaging Spectroradiometer) é a estimativa realizada
do como um dos grandes desafios em hidrologia. quatro produtos de evapotranspiração real que uti- da terra e o ar (diferença de temperatura próximo à pelo algoritmo de Mu et al. (2011), baseado na equa-
lizam dados provenientes de sensores orbitais e que superfície) varia linearmente conforme a tempera- ção de Penman–Monteith (Monteith, 1965; Penman,
Para a estimativa da evaporação líquida, a evapo- apresentam resultados de forma espacialmente dis- tura de superfície da terra. Ambos os modelos esta- 1948) e que utiliza entradas de sensoriamento remo-
transpiração real (ER) é aquela que ocorreria na área tribuída em grades que abrangem todo o território belecem essa relação ancorados no conceito de pixel to derivadas do MODIS incluindo a classificação de
da massa d’água artificial caso ela não existisse. As- brasileiro: GLEAM v3.3a, GLEAM v3.3b, SSEBop Glo- quente e pixel frio, sendo o quente amostrado em cobertura da terra, índice de área foliar, fração de
sim, é indispensável que a evapotranspiração seja bal e MODIS (MOD16A2GF). uma superfície de solo nu e seco e o frio em área bem radiação fotossinteticamente ativa e albedo. Os da-
estimada para as mesmas condições locais presentes vegetada e úmida. Assim, tais métodos baseiam-se dos meteorológicos utilizados são a irradiância inci-
nas proximidades do reservatório. No Brasil, medi- O GLEAM (Global Land Evaporation Amsterdam Mo- na relação linear entre a diferença de temperatura dente de ondas curtas, temperatura do ar e umidade
ções diretas locais desta natureza ainda são raras. del) é a estimativa desenvolvida por Mirales et al. do ar próxima à superfície e a temperatura da su- específica provenientes do Modern-ERA Retrospec-
(2011) e Martens et al. (2017). São disponibilizados
O método atual adotado nos programas SisEvapo/ dois conjuntos de dados. O v3a usa dados de saté-
ONS e WREVAP/ANA baseia-se na relação de com- lite para umidade do solo e umidade da vegetação; Síntese das etapas de trabalho para obtenção da evapotranspiração real
plementaridade do modelo CRAE (Complementary dados meteorológicos de irradiância e temperatura
Relationship Areal Evapotranspiration) (Morton, são de produtos de reanálise, enquanto a precipita-
1983a), onde a evapotranspiração real é estimada in- ção é um produto híbrido (MSWEP - Multi-Source Balanço
Produtos de
diretamente pela relação complementar entre a eva- Weighted-Ensemble Precipitation). O v3b utiliza so- Hídrico
Evapotranspi- Sazonalidade
potranspiração que ocorreria em condições meteo- mente dados de sensores orbitais para a alimenta- ração de Longo
rológicas em que o solo/superfície esteja saturado ção do modelo. O GLEAM utiliza o método de Pries- (ER) Período
(ETWet) e a evapotranspiração potencial que ocorreria tley e Taylor (1972) no cálculo da Evapotranspiração
sobre as condições meteorológicas predominantes Potencial (ETpot) e calcula e evapotranspiração real
se apenas a energia disponível fosse o fator limitante como a soma da transpiração do dossel, evaporação
(ETPot). Apesar das incertezas associadas, esse méto- do solo e em corpos hídricos, perda de intercepta- GLEAM v3.3 b
GLEAM v3.3 a Chuva Escoamento
do foi aplicado em condições de ausência de dados, ção e sublimação. Dados são disponibilizados em (Q) BHS/HEM*
SSEBop (P)
mas não se justifica com a disponibilidade atual de www.gleam.eu.
MODIS CHIRPS Hidro/ANA
MOD16A

Características dos produtos de evapotranspiração avaliados Análise de consistência com:

Viés Evapotranspiração BHS – Balanço Hídrico Sazonal; e


Real (ER BH) HEM – modelo Hidrometeorológico
c = ER BH / ER Produto
RESOLUÇÃO DISPONIBILIDADE de Evapotranspiracão Mensal
ETrBH = P - Q
PRODUTO ATUALIZAÇÃO
Espacial Temporal Início Fim

SSEBop (USGS) 1000 m decendial 2003 fev/21 12 dias Produto Adotado Superfície de
ER MODIS (MOD16A) Correção (c)

MODIS (MOD16A2GF) 500 m 8 dias 2000 dez/2019 Anual

GLEAM v3.3 a 25 km diário 1980 dez/18 Anual Evapotranspiração


Real Corrigida (ER)
GLEAM v3.3 b 25 km diário 2003 dez/18 Anual ER = ER MODIS c

46 47
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

se destacaram por apresentar escala espacial (500


Componentes do balanço hídrico de longo quando os dados de déficit de pressão de vapor e
m e 1 km, respectivamente) que permite identificar irradiância líquida estavam indisponíveis. Para per-
período - média anual 2003-2015 tive Analysis for Research and Applications (MERRA).
Diferentemente do modelo SSEBop, o MOD16A con- maior variabilidade entre as bacias hidrográficas, re- mitir uma comparação entre a distribuição sazonal
sidera de forma separada a evaporação da super- presentando de forma mais efetiva a heterogeneida- da ER dos produtos e a estimada pelo HEM sem o
fície do solo e das plantas por meio de balanço de de da ER no entorno de massas d’água. Com correção efeito do viés entre as diferentes séries, realizou-se
energia distinto. A versão MOD16A2GF é o produto do viés, ambos os modelos se mostram capazes de a correção dos valores de ER pela média de (P – Q).
disponibilizado anualmente em que todas as falhas retratar adequadamente a magnitude da ER.
provenientes de erros ou baixa qualidade nos dados ER i = c0+c1 (P - Q) + c2 (es - ea ) + c3 (Rl) (2.32)
de entrada são preenchidas. Dados e documentação A distribuição mensal da ER foi analisada pela com-
paração dos quatro produtos com resultados de 10 ER i=c0 + c1 (P - Q) + c2 (Rs) (2.33)
estão disponíveis em https://lpdaac.usgs.gov/pro-
ducts/mod16a2gfv006/. bacias aplicando o método do Balanço Hídrico Sazo- onde:
nal (BHS) ajustado pelo modelo Hidrometeorológico es é a pressão de vapor do ar saturado;
Precipitação (mm) Os quatro produtos foram avaliados quanto à reso- de Evapotranspiração Mensal (HEM), ambos desen-
ea é a pressão de vapor do ar;
<750 lução espacial e temporal e quanto à capacidade de volvidos por Dias e Kan (1999).
Rl é a irradiância líquida;
750 - 1.000 reproduzir a evapotranspiração (anual e mensal). As
1000 - 1.500 etapas de análise são detalhadas a seguir. O BHS (2.31) foi utilizado para a estimativa inicial de Rs é a irradiância solar;

1.500 - 2.000 ER ao longo do período entre recessões nas séries c0, c1, c2 e c3 são os coeficientes determinados pela regres-
2.000 - 2.500 Para análise da evapotranspiração média anual foi diárias de vazão. Essa estimativa foi então distribuí- são linear; e
>2.500 adotado o período comum de disponibilidade dos da de forma mensal e ajustada, com apoio de dados a barra ( ¯ ) representa a média mensal das variáveis.
produtos (2003-2015) com a evapotranspiração real meteorológicos, no modelo HEM (2.32), para obter a
calculada por balanço hídrico em 1.088 áreas de con- série mensal de ER.
Todos os valores de P, Q e ER utilizados na avaliação
tribuição hidrográfica (ER BH = P - Q), que correspon- sazonal são apresentados em mm dia −1, incluindo
dem aos exutórios de estações fluviométricas com ER i= P - Q - (QfTr - QiTr) / ∆t) (2.31)
as médias mensais que são equivalentes aos valores
pelo menos três anos consecutivos de dados, sem onde: diários, ou seja, o total de ER do mês dividido pelo
falhas. Os dados de vazão (Q) são oriundos do Hi- número de dias.
Tr é a constante de recessão;
droweb/ANA e foram consistidos pela ANA. Os dados
Qi e Qf são as vazões inicial e final do período Δt.
de precipitação (P) foram derivados do Climate Ha- De forma geral, os quatro produtos apresentaram
zards Infrared Precipitation with Stations – CHIRPS distribuição sazonal semelhante entre si e seguem
Vazão (mm) 2.0 (Funk et al., 2015) por apresentar o melhor de- O HEM é altamente dependente da disponibilidade a tendência geral da evapotranspiração do balanço
< 250 sempenho dentre 10 produtos de chuva avaliados no e qualidade dos dados meteorológicos. Portanto, a hídrico estimada pelo HEM. O SSEBop Global re-
250 - 500 Brasil para o Atlas Irrigação (ANA, 2021). Foram utili- equação (2.33) foi aplicada apenas como alternativa presentou menor sazonalidade em algumas bacias,
500 - 750 zadas médias anuais de longo período, permitindo a
750 - 1.000 desconsideração da variação no armazenamento na
Avaliação sazonal da ER com o HEM - estações fluviométricas selecionadas
1.000 - 1.500 bacia hidrográfica (∆S = 0).
74270000
> 1.500
Como resultado das análises, os produtos GLEAM
5
apresentaram, de forma geral, tendência de supe-
restimar a evapotranspiração, sobretudo na bacia 4
amazônica e no litoral do Brasil. Além disso, apre-

ETr (mm dia-1)


sentam valores quase homogêneos para grande nú- 3
mero de bacias – possivelmente como influência da
menor resolução espacial (25 km) e consequente in- 2
capacidade de representar variações distribuídas no
entorno de reservatórios, individualmente. 1

Evapotranspiração
(mm) Os produtos MODIS e SSEBop Global apresentaram 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
< 500 regiões com dispersões importantes nos valores de
500 - 750 ER média anual em relação ao balanço hídrico, mas HEM MOD16A2

750 - 1.000 exemplo SSEBop GLEAM v3.3 a


GLEAM v3.3 b
1.000 - 1.250
Nota: os pontos representam os exutórios
1.250 - 1.500
de áreas de contribuição hidrográfica de
> 1.500 1.088 estações fluviométricas
48 49
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS
Evapotranspiração média anual estimada pelo produto MODIS
MOD16A2GF - antes (a) e depois (c) da correção de viés (b)

discordando do HEM e dos demais modelos. De fato, a superfície do solo ou da vegetação esteja coberta (a)
esse tipo de modelo tem dificuldade de lidar com as de água. Com esses elementos, o algoritmo repre- Evapotranspiração
estimativas em períodos de restrição de água no solo senta a complexidade dos processos de transferên- Original
(seca contínua ou seca sazonal). O MODIS apresen- cia da água da terra para a atmosfera melhor que os
tou boa concordância com a sazonalidade obtida por demais produtos analisados, considerando a hetero- Superfície de correção
balanço hídrico em todos os casos. geneidade espacial e a variabilidade temporal. com base no balanço
hídrico de longo período
Com base nas análises de magnitude (ER média anual) Os resultados também indicaram a necessidade de
e sazonalidade (distribuição mensal) concluiu-se que aplicar uma superfície de correção de viés da ER pro-
o produto do MODIS apresentou melhor desempenho veniente do MODIS. A correção é derivada do ba-
em relação aos demais para reproduzir a evapotrans- lanço hídrico de longo período (P – Q) nas áreas in-
piração real no entorno dos reservatórios, sendo o crementais às estações fluviométricas. Ou seja, em
melhor indicador da ER na ausência do lago. qualquer escala temporal, a evapotranspiração real
final corresponde à evapotranspiração oriunda do (b)
Cabe destacar que o produto MOD16A é formulado produto MOD16A2GF multiplicada pela superfície
com base na equação de Penman–Monteith para de correção (c).
cada componente principal da evapotranspiração: a
evaporação da precipitação interceptada pela vege- A correção de viés (c) foi empregada a fim de garantir
tação, a transpiração da vegetação e a evaporação da a compatibilidade entre os valores de evapotranspi-
superfície do solo – o resultado final corresponde à ração utilizados para as massas d’água e as demais
soma dessas componentes em cada pixel. No pro- variáveis do balanço hídrico. A criação da superfície Correção (c)

cesso de alocação de energia disponível por tipo de de correção foi realizada por krigagem, o que permi- 0,6
superfície, é identificada a fração coberta por vege- tiu o ajuste aos dados sem criar picos isolados, ca- 0,6 - 0,8
tação e a presença de condições de umidade em que racterizando a tendência regional do viés.
0,8 - 1,0
1,0 - 1,2
(c)
Evapotranspiração estimada por balanço hídrico e pelo produto MODIS 1,2 - 1,4
MOD16A2GF - antes (a) e depois (b) da correção de viés - em 1.088 estações Evapotranspiração
1,4 - 1,5 Corrigida

2.000 2.000
ETr MODIS - Corrigido (mm)

1.500 1.500
ETr MODIS (mm)

1.000 1.000

ETr MODIS (mm)


500 500
Média anual 2003-2015
y = 0,4307x + 625,49 y = 0,82x + 177,56
R² = 0,1939 R² = 0,81 < 500
0 0
0 500 1.000 1.500 2.000 0 500 1.000 1.500 2.000 500 a 750
ETr - Balanço Hídrico (mm) ETr - Balanço Hídrico (mm) 750 a 1.000
(a) (b) 1.000 a 1.250
1.250 a 1.500
> 1.500

50 51
Coeficientes Técnicos de Uso da Água EVAPORAÇÃO LÍQUIDA NO BRASIL
para a Agricultura Irrigada

Introdução

Inicialmente, cabe destacar que embora o Brasil conte atualmente com cerca
de 175 mil reservatórios artificiais inventariados pela ANA (2020a), a superfície
de água está concentrada em um número pequeno de reservatórios de maior
porte. Os 30 maiores lagos brasileiros (maiores que 300 km²) concentram 58%
da área (26,5 mil km²), e os 10 maiores 38% (17,3 mil km²).

Neste capítulo são adotados alguns recortes para a organização dos resul-
tados. O Grupo A refere-se às massas d'água dos reservatórios do Sistema
Interligado Nacional (SIN), com os maiores reservatórios e outros de menor
porte interligados ao sistema operado pelo ONS (157 lagos que totalizam 72%
da área média). Ou seja, os reservatórios inventariados não interligados ao SIN
totalizam 28% da área.

O Grupo B de análise soma ao Grupo A cerca de 21 mil reservatórios que, em


conjunto, totalizam 95% da superfície média evaporante – o que permite me-
lhor análise e visualização dos resultados em ilustrações. Resultados totais,
anuais e mensais, para o Brasil ou em recortes regionais, estarão sempre con-
siderando 100% da superfície e todos os reservatórios inventariados.

O recorte temporal das análises vai de 2001 a 2019 – período com disponi-
bilidade de medidas de temperatura do lago por produtos de sensoriamento
remoto. Estimativas anteriores a 2001, necessárias, por exemplo, para os pro-
cessos de reconstituição de vazões naturais, poderão ser obtidas a partir do
processamento das séries mais recentes, que estarão detalhadas para os prin-
cipais reservatórios do Brasil no portal do Sistema Nacional de Informações
sobre Recursos Hídricos – SNIRH.

O capítulo está organizado em dois blocos principais de análise - o primeiro


sobre os resultados específicos (alturas) de evaporação líquida e de suas com-
ponentes (evaporação do lago e evapotranspiração real esperada no local). Os
dados estão expressos em milímetros (1 mm corresponde a um litro por m²),
médios anuais ou mensais. No segundo bloco, que aborda as vazões de eva-
poração líquida, são agregadas as informações sobre as áreas ocupadas e sua
variação, com resultados expressos em m³/s com (1 m³ = 1.000 litros), também
em escala média mensal ou anual.

3 EVAPORAÇÃO LÍQUIDA Cabe ressaltar que percentuais ou relações de área referem-se àquelas mé-
dias ou mapeadas nos inventários, mas para a estimativa de vazão de evapora-

NO BRASIL
ção líquida são adotadas as variações médias mensais observadas para a maior
parte da superfície, conforme abordado no Capítulo 2.

Barragem da Usina Hidrelétrica Jaguara, no rio Grande, na divisa entre Rifaina (SP) e Sacramento (MG).
Raylton Alves / Banco de imagens ANA
52
53
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Valor médio anual das componentes e da evaporação líquida


2.500 nos reservatórios do SIN - 2001-2019 2.500

real (mm/ano)
2.500 2.500

(mm/ano)
2.000
Agrupamentos de análise dos resultados de evaporação líquida 2.000 UHE Porto UHE Serra da Mesa

real (mm/ano)
Primavera (1184 km²) UHE Tucuruí
UHE Ilha Solteira

(mm/ano)
(2105 km²) (2784 km²) 2.000
2.000 UHE Porto (1172 km²) UHE Serra da Mesa
Primavera (1184 km²)
1.500
UHE Tucuruí
Grupo A 1.500 UHE Ilha Solteira

líquida
Demais maiores Demais menores (2105 km²) (2784 km²) UH
(1172 km²)

Evapotranspiração
Vinculados ao SIN 1.500 (13
23% da área 5% da área 1.000
1.500

líquida
72% da área ~21.000 reservatórios ~154.000 reservatórios UH

Evaporação
Evapotranspiração
(13
157 reservatórios 1.000
1.000
UHE Balbina (2730 km²) 500

Evaporação
1.000
Área Média

TOTAL 500 UHE Balbina (2730 km²) 500


SIN não-SIN ~175.000
UHE Itaipu
(1338 km²)
UHE Furnas
UHE Três Marias
UHE Sobradinho (3135 km²) 0

500 (1234 km²)


reservatórios UHE Itaipu
(855 km²)
UHE UHE
Sobradinho (3135 km²)
Luiz Gonzaga (736 km²) 0
UHE Furnas
0 (1338 km²) UHE Três Marias -500
(1234 km²)
-30 -25 -20 (855 km²)-15 -10 -5 UHE Luiz Gonzaga
0 (736 km²) 5 -30
0 Latitude (°) -500
Grupo B - SIN e maiores Demais -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 -30
95% da área e ~21.200 reservatórios Latitude (°)

3.000
Alturas de evaporação líquida
3.000 UHE Sobradinho UHE Luiz Gonzaga (736
(3135 km²) km²)

lago (mm/ano)
Os reservatórios integrantes do Grupo A (SIN) pos- a 500 mm/ano, consequentemente apresentando 2.500 UHE Porto Primavera UHE Sobradinho UHE Luiz Gonzaga (736
(3135 km²) km²)
suem um longo histórico de estudos hidrológicos e valores elevados de evaporação líquida. (2105 km²)

do (mm/ano)
UHE Tucuruí
UHE Porto Primavera UHE Três (2784 km²)
uma base de dados comparativamente mais conso- 2.500
(2105 km²) Marias
UHE Itaipu UHE Tucuruí
lidada que o conjunto dos demais reservatórios do A diversidade climática brasileira também é refletida (1338 km²)
(855 km²)
UHE Três (2784 km²)
2.000
Marias
País, sendo que séries de evaporação líquida são de nos distintos padrões sazonais (valores médios men-

do lago
UHE Itaipu (855 km²)

Evaporação
(1338 km²)
uso rotineiro no planejamento e gestão desses reser- sais) de evaporação de lago. Nesse aspecto, merece 2.000

vatórios. Considerando esse histórico e também a destaque a grande amplitude interanual dos valores

Evaporação
1.500
distribuição espacial representativa da diversidade mensais, podendo em alguns casos a variação para
climática brasileira, os resultados obtidos são apre- um mesmo mês ser superior a 100 mm ao longo do 1.500 UHE Ilha
UHE Serra da UHE Balbina
Solteira (1172
UHE Furnas
sentados inicialmente para esse conjunto de reser- histórico recente (2001-2019). Essa amplitude dos (1234 km²)
km²)
UHE Ilha
Mesa (1184 km²) (2730 km²)
1.000 UHE Serra da
vatórios. valores históricos para um mesmo mês pode ser in- -30
Solteira (1172
-25 UHE Furnas -20 km²) -15
Mesa (1184 km²) -10 -5 0
UHE Balbina
(2730 km²) 5
(1234 km²)
clusive superior à própria sazonalidade mensal in- 1.000 Latitude (°)
Devido às dimensões continentais e consequente tranual, reforçando a importância de estimativas ba- -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5
2.500 2.500 Latitude (°)
diversidade climática do Brasil, os valores de eva- seadas nas séries históricas de dados observados no UHE Sobradinho UHE Luiz
Gonzaga
poração de lago e de evapotranspiração real apre-
Evapotranspiração real (mm/ano)

lugar de valores médios mensais históricos. (3135 km²)


(736 km²)

Evaporação líquida (mm/ano)


2.000
sentam um comportamento parcialmente explicado
2.000 UHE Porto
Primavera
UHE Serra da Mesa
(1184 km²) UHE Porto
UHE Tucuruí
UHE Três Marias
pela variação de latitude. A evaporação de lago e a A sazonalidade da evaporação líquida é bem
(2105 km²) UHE Ilha Solteira mais(2784 km²) Primavera
(855 km²)
(1172 km²) 1.500 (2105 km²)
evapotranspiração real tendem a apresentar valores acentuada que a da própria evaporação de lago.
1.500 UHE Itaipu UHE Tucuruí
mais elevados próximos ao equador, refletindo ba- Esse comportamento de maior variabilidade tempo- (1338 km²) (2784 km²)
1.000
sicamente a maior quantidade de energia disponível ral é esperado, pois a evaporação líquida é afetada
para ocorrência desses processos, que diminui1.000 em igualmente pela evapotranspiração real, que depen-
500
direção às latitudes mais baixas ou mais altas. de, além das condições atmosféricas a exemplo da UHE Balbina (2730 km²)

500
evaporação do lago, também e principalmente das
UHE Sobradinho (3135 km²) 0
No entanto, nota-se em determinadas latitudes umaUHE Itaipucondições de disponibilidade hídrica local. Ou seja, a
UHE Furnas UHE Furnas
UHE Ilha UHE Serra
(1338 km²) UHE Três Marias Solteira (1172
(1234 km²) da Mesa UHE Balbina
amplitude expressiva nos valores obtidos, refletindo evaporação líquida reflete, além das condições am-
(855 km²)
UHE Luiz Gonzaga (736 km²)
(1234 km²) km²) (1184 km²) (2730 km²)
a diversidade climática encontrada no País. Desta-
0 bientais que controlam o processo de evaporação, -500
-30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5
ca-se nesse aspecto o Semiárido (~10º de latitude também a dinâmica do regime pluviométrico e da
Latitude (°) Latitude (°)
sul) com valores de evaporação de lago superiores a capacidade de retenção de água no solo.
Nota: as esferas variam proporcionalmente à área média do reservatório - os 10 maiores estão destacados.
2.000 mm/ano, de evapotranspiração real inferiores Os dados referem-se ao período 2001-2019, a partir da existência do lago (a média refletirá um período
menor caso o lago tenha sido formado após 2001)
3.000

UHE Sobradinho UHE Luiz Gonzaga (736

54 55
(3135 km²) km²)
/ano)

2.500 UHE Porto Primavera


(2105 km²)
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS UHE Sobradinho
UHE Balbina
280
30
240

Elíquida (mm)

Elíquida (mm)
200
Em comparação aos valores adotados atualmente Para um conjunto maior de reservatórios, os resulta- com valores médios estimados pela ANA 160 sistemati- taram os comparativos mais0 discrepantes, com dife-
pelo setor elétrico, os resultados de evaporação lí- dos atuais apresentam magnitude superior em ter- camente superiores. Dentre os fatores, a metodolo-
120 rença de cerca de 1.200 mm/ano entre a estimativa
-30
quida encontrados apresentam, em termos de to- mos médios anuais, com valores adotados pelo setor gia atual retrata melhor tanto a sazonalidade
80 (com atual e a adotada pelo setor elétrico. Neste caso es-
40
tais médios anuais, ordem de grandeza similar para elétrico concentrados na faixa entre 200 e 600 mm/ maiores consumos no período de estiagem noJ Cer- F M A M Jpecífico,
J A S destaca-se
O N D que os
-60 resultados atuais - com
J F M A M J J A S O N D
alguns reservatórios e maiores discrepâncias em ano, enquanto para este mesmo conjunto de lagos os rado) quanto os aspectos locais em relação às com- evaporação do lago de cerca de 1.700
Amplitude (ANA) mm/ano e
Amplitude mensal (ANA)
outros. O paralelo entre os resultados é ilustrativo, valores concentram-se entre 300 e 1.000 mm/ano ponentes regionais (que possuem maior peso nos evapotranspiração real em torno de 1.100 mm/ano,
dadas as diferenças metodológicas e de período de no presente estudo. Lagos na bacia do rio Paraná métodos anteriores). UHE Serra daresultando
Mesa em evaporação líquida daUHEordem de 600
Ilha Solteira

dados entreUHE
as fontes.
Sobradinho destacam-se nesse quesito, notadamente os maio- 180 mm/ano - são consistentes regionalmente para um
180
UHE Itaipu 140
res (Porto Primavera, Itaipu, Furnas, Ilha Solteira),
UHE Tucuruí Os reservatórios de Santo Antônio e Jirau UHE Sobradinho grande conjunto de lagos avaliados.
apresen- 140

Elíquida (mm)

Elíquida (mm)
100 UHE Balbina
260 260 100
260
280 60
220 220 30 60
220 240 20
Elago (mm)

Elago (mm) Elíquida (mm)


UHE Sobradinho 20 UHE Sobradinho
Elago (mm)

Elíquida (mm)
180

Elago (mm)
180 200 -20
180 UHE Itaipu
140 Representação da amplitude e média
140 mensal da 260 140 260
Representação da amplitude
160
-60 e média mensal da
UHE Tucuruí 0
280 -20
260
100
evaporação do lago nos 10 maiores
100 reservatórios evaporação líquida nos 10
120 maiores
-100
J F Mreservatórios
240 -60

Elíquida (mm)
220 100 220 A M J J A S O N D -30 J F M A M J J A S O N D
220

Elago (mm)
60 200
J A S (2001-2019) (2001-2019)
80

Elago (mm)
J F M A M J O N D 60 180 180 Amplitude mensal (ANA) Amplitude mensal (ANA)
60 180
J F M A M J J A S O N D 40 160
Amplitude mensal Média mensal 140 J F M A M J J A S O N D -60
140 J F M A M J J A S O N D
Amplitude mensal Média mensal UHE Sobradinho 140 120 J F M A M J J A S O N D
100 Amplitude mensal Média mensal UHE Balbina UHE Itaipu
UHE Tucuruí UHE Três Marias
UHE Itaipu 100 Amplitude (ANA) 80
UHE Tucuruí 100 180 Amplitude mensal (ANA)
UHE SobradinhoUHE Balbina 60 280 UHE Sobradinho UHE Itaipu
260 UHE ItaipuUHE Serra da Mesa J F M A M 60 30 120 120 UHE Balbina 40
260
UHE Sobradinho
260 UHEJ Tucuruí
240
J A S O N D
UHE Três Marias 60
J140F M A M J J A S O N D

Elíquida (mm)
260 J
280 F M A M J J A S O N D 90
J F M ASerra
M daJ Mesa
J A S O N D

Elíquida (mm)
260

Elíquida (mm)

Elíquida (mm)
Elíquida (mm)
260220
220 220
UHE Itaipu Amplitude mensal
260 UHE
200
260
Média mensal
Tucuruí 30 80 UHE 120 UHE Ilha Solteira
Amplitude mensal Média mensal Amplitude (ANA)
UHE Luiz
UHEGonzaga
Luiz Gonzaga 240 0 UHE Itaipu 60 mensal
Amplitude Média mensal 100

Elíquida (mm)
260 220
Elago (mm)

220180
260 220 90
UHE Itaipu 260 UHE Luiz Gonzaga
Elago (mm)

Elíquida (mm)
220

Elíquida (mm)
Elago (mm)

160 180
Elago (mm)

180 180 220 180


UHE Balbina 200 40 30
Elago (mm)
Elago (mm)

180 220 180 320Gonzaga220 60 60 140 0


220 UHE Luiz

Elago (mm)
180
140 UHE Serra daUHE
180Mesa Itaipu 120 320
140

Elago (mm)
140
Elago (mm)

140 260 0

Elíquida (mm)

(mm)(mm)
140 140 UHE Itaipu 260 180 160 -30 UHE Serra da Mesa
120 0 UHE Três Marias
Elago (mm)

280

Elíquida (mm)
140
180 140 100 30
280

Elago (mm)
120 180
140 80 260 100 100 20
Elíquida (mm)

100
100 100 UHE Luiz Gonzaga 320 220 180140
140 UHE Itaipu
120 -30
100 80 60
260

(mm)
100 240 220 140 -30 180240
0
Elíquida (mm)

140

Elíquida
80 140
100 100 40 120 220 80 60 60
280

Elíquida (mm)
60 180 140100 -60 20 -40 -60 200 -20
60 60
(mm)
60
100 320 60 200 180 100 J F M A M J J A 100 S O N D 40 220 140
-30
J F 40M A M J J A S O N D 140 80 20 J F M A M J J A S O N D J F J M F A M M A J M J J A J S A O S N O D N D 20 J F M A M J J A S O N D

Elíquida (mm)
Elago
F 60M A M 240

Elago (mm)
100 J J J A S O N D 160
Elíquida (mm)

F M 20A MJ JF JM AA S M OJ NJ D A S O N D 60 140 100 180 40 -20

Elíquida
J
280 J F M A MJ JF JM AA SM OJ NJ DA S 160 60 120 60 0 100

Elíquida (mm)
-60

Elago (mm)
60 O N D 140 60 Amplitude (ANA) 180-60
0 100
Elago
Amplitude mensal Média mensal
Amplitude mensal 200 Média mensal J F M A M J J A S O N D 40 J F -20 M A M J Amplitude J A Smensal O N(ANA) D -60 Amplitude Amplitudemensal mensal
(ANA) (ANA) 120
-20 Amplitude mensal (ANA)
J Amplitude
F M -20 M Amplitude
A mensalJ J A mensal
Média
S mensal
O N D Média mensal 60 120 100 J F 80 M A M J J A S O20 N D 140 -40 J F M A M J J A S O N D 60 J F M A M J J A S O N D
240 60
Elíquida (mm)

-40 J Amplitude
F M A mensal M Amplitude
J J 160 A mensal
Média S mensal
O N D Média mensal 100 60 J A 0 -60Amplitude (ANA)UHE Sobradinho -100
140 80
-60
60 J Amplitude
F M A mensal
M J Média
S mensal
O N D 20 Amplitude mensal UHE
(ANA)Itaipu
Amplitude-60mensal Média mensal 200 80 40
Amplitude mensal Média mensal
-20 100 J F UHEM A M J J
Amplitude mensalUHE (ANA)Balbina 40 J F M
UHE Serra da Mesa 120 J F M A M J J20UHE
A SSerra O da N Mesa
D Ilha Solteira JA F M S A O M J NJ A D S O N D A M J J A S O N D
UHE Balbina
J F M A M J J AAmplitudeS mensal O TrêsNMarias Média D mensal 60 -40 100 UHE Porto Primavera -20
UHE Itaipu 160 UHE 40 Amplitude mensal 0 Média mensal -60 280 0
260 UHE Ilha
UHE Sobradinho Solteira UHE Serra da Mesa UHE Porto Primavera
UHE Tucuruí 60 Legenda Amplitude mensal (ANA) Amplitude
80 F M UHE
J Amplitude A MSobradinho
mensal J -20 J Média
A Smensal
O N D 30 -60 J F M 120 A M Jmensal J A(ANA)
S O N D
A260 Legenda
260
F M
UHE Balbina
M J J A S O 120N
260
D UHE260
! UHE Itaipu
! 0 180
UHE Três Marias
-40 J JF F M M UHE
A180 AMSerra
UHE
240 J MJda AMesa
Itaipu J S O J N DA S O 60N D
180UHE Ilha!!Solteira UHE Porto Primavera
260 260 UHE Tucuruí UHE Tucuruí

Elíquida (mm)
220 260 Serra da Mesa 40 Amplitude mensal -60 UHE
Média Furnas
mensal -100 90
J F M A M J J A S O N D J F M A M J ! J A S O N D

Elíquida (mm)
Elíquida (mm)
260 80220 !! 140 140200Amplitude Amplitude mensal (ANA)
O(ANA) DMédia mensal (ANA)180 Média mensal (ONS)
220 260
! 260 UHE Três Marias M 260180J Amplitude mensal S Média mensal J F M A M J J A S O N D
Elíquida (mm)

Elíquida (mm)
260 220 Amplitude (ANA) ( Média 260 260260 J F M A J A N 260 !
(
!

Elíquida (mm)
220 Média mensal (ANA)
260
220 mensal
220 220(ONS) 0 140UHE 0 Tucuruí 60UHE Três Marias
Elago (mm)

180 100 Amplitude mensal Média mensal 180


40
Elago (mm)

260 Amplitude mensal (ANA) 100160


Elago (mm)

220
180 !
J F M A M J J 220
A S O N D 140 !
Elago (mm)

220 180 220 ! 220 220 140 ! 180 Amplitude mensal (ANA)
Elago (mm)

Elago (mm)

Amplitude (ANA) Média mensal (ANA) Média mensal (ONS)


Elago (mm)

180 22060
Elago (mm)

220 100 30

(mm)

Elíquida (mm)
Elago (mm)

180 180 220


(mm)

220
180 180

(mm)(mm)
Amplitude
140 (ANA) Média mensal (ANA) Média mensal (ONS) 0 !
(!
UHE Ilha Solteira UHE Porto60120Primavera 120 !
(! 140
Elago (mm)

100
Elago(mm)
Elago (mm)

Elago (mm)
180
140 180 220
180
180 20 100
Elago (mm)

140 J 180

Elago (mm)
Amplitude mensal (ANA) 180 -30 140 0
140 F M A M J J A S O N D
Elago (mm)

Elago (mm)

140 180 140 140 180 180 180 60


140 260 Amplitude (ANA) Média260
mensal
60 (ANA) 20 80Média mensal (ONS) 100

Elíquida (mm)
100 UHE Furnas
Elago (mm)

UHE Tucuruí

Elíquida
140 140 -20 80 60

Elíquida
140
100 ! 180
140 !
-30
Elago

100 100 140 !


140
20
!
100 140
100 Amplitude
100 100 mensal (ANA) 140140 -20 140 20 100
60 100 ! ! 220 -60 220 40 260 ! ! 60
100
! !!
140100 ! 20 !
-60
! -60
100

Elíquida
60 60 ! 100 ! -20
100 J F M A M J J A S O N40D 100 ! 120
J F M 6060 A M J J A S O N D (
!
-100
100 -60 (! J ! (
!
Elago (mm)

Elago (mm)
D 10060 !60 60 ! !
(! !!
180 100 180 220-20 -20 !! J F M! A M J ! A!!
S O N D20 60 J F M A M J J A S O N
J F 60 M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D 60
J F F MM A A MM J J J J A A S S O O N N D D J F M A M J J A S O N D -60
!
60 A J S A OS NO DN 100 60 J F M A M J J A S O N D

Elíquida (mm)
Amplitude
J JM
F mensalA M MédiaJ J mensal
A S O N D J ! F 60 M A MJ JF J JMF AAM S MA OJM NJ J D D J F M60A M J J A S O N D 60 Amplitude (ANA)
! J F M A M J J A S O N D
60 80

Elago (mm)
J Amplitude mensal
F M A M JAmplitude Média
J A mensal mensal
S O N D Média mensal 60 Amplitude
J F mensal
M A !
!
M Média
J J mensal
A S! O N D 140 J F M A M J 60 J A S O N D -100 J F M A M J J A S O N D
140 0
180-60 !Amplitude mensal (ANA)
! 20
-20 Amplitude mensal (ANA)
Amplitude
mensalmensal Média mensal
Média mensal J Amplitude
F M A mensal M Amplitude JAmplitudemensal
! Média mensal
S mensal MédiaMédia
mensal
mensal 60 J JF FM MAAmplitude J Jmensal
AM MJmensal JA AS(ANA)
SO ON ND D Amplitude mensal (ANA) J F M A M J J! A S O N(ANA) !
D
Amplitude J (! A
! O N D Amplitude mensal Média J F M A M J J A S O N D J !F M ! A M J Amplitude (!J A Smensal
! O N D J F M A M J J A S O N D
Amplitude mensal Média mensal !
! !
Amplitude mensal Média mensal 100 J Amplitude
F M A mensal M J J A Média
S mensal
O N D 100 Amplitude mensal Média mensal 140 !
40-20
UHE Porto Primavera Amplitude mensal Média mensal -40 Amplitude mensal Média mensal
Amplitude mensal ! Média
! mensal UHE
Amplitude Sobradinho
mensal Média mensal Amplitude mensalUHEBalbina
Serra da Mesa
(ANA) Amplitude
UHE ! UHE
mensal
UHE
Sobradinho Ilha
(ANA)
Itaipu Solteira Amplitude UHE
mensal Porto Primavera
(ANA)
UHE
!
UHE Ilha Solteira UHE Serra da Mesa UHE Porto
!
Amplitude mensal Média mensal J F M A M J J !A S O N D J F M UHE Balbina A S O N D
A M J J
UHEPrimavera UHE Balbina UHE Tucuruí
! ! ! !
260 UHE Balbina !
Furnas !
! ! UHE Três Marias
! 60 60 UHE Três Marias 100 !
! ! UHE Furnas
! !
0
260220
260
260260 UHE
!!! ! !!
! Serra
! ! da
!
( Mesa ! J F M280 A M J J A S O N D J F M UHE
A 180
180 Serra
M J daJMesa
A S O N D 280 120 180
Amplitude mensal!!!
! ! ! ! !
!!! (ANA) !
( ! Amplitude mensal (ANA)
260UHE Ilha Solteira UHE Porto 260 Primavera
!
! !
!! !! 260 UHE FurnasUHE Três Marias 30 60 UHEUHE Três
!
!
Marias
! !! 180
260
! (! !
! !!!
240120 260 Amplitude mensal140UHE Tucuruí ! Três(! ! Marias
! !
!! 30 UHE Furnas
220 ! ! ! ! !! !! ! !!
! Amplitude mensal Média mensal Média mensal 240J F M 120 A 140 M J ! !J ! A ! !!!! S O! ! !!
! N D -40
Elíquida (mm)

260 260 90

(mm)

Elíquida (mm)
Elago (mm)

!
260 140

(mm) (mm)
220180 220220 UHE Furnas 180

Elíquida (mm)
260

Elíquida (mm)
Elíquida (mm)
220 220!
!! !
( !!! 220 260 !! !
( ! 140

(mm)(mm)
! !
100 ! !! !! !
J F M A M J J A S O N D
Elíquida (mm)

(mm)

Elíquida (mm)
220
( ! !! !
200 !
( ! !
Elago (mm)

180 ! !! ! ! !! 80 220
120 200Amplitude 100 ! ! !!!! !Média
mensal mensal
! !!
Elago (mm)

Elago (mm)

!! !!
0 60 1200
Elago (mm)

(mm)

! !
220
180140 220
180180 !!
! !! ! 260
220 !
!!
Elago (mm)

Elago (mm)

180 180 !
!
!!! ! !! !! 180 220 100 60 220
140 80 60
!
!!! ! !! !! 100
160 Amplitude mensal (ANA)

Elíquida

Elíquida
!!! !
Elago (mm)

(mm)
! ! !
!
160 !
!
Elago(mm)
!
180 180 30

Elíquida
Elago (mm)

Elago (mm)

Elíquida
140 !
(!
20
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!
(
(mm)

Elago (mm)

Elago (mm)
180
140100 140 180
140140 ! 220
180
140 18012040 80 180 !
!!! !!!!!
60
Elago

140!!!!! 60 100
120 20 !
!!
!
140 140 -30 -20 0 80
100
!
-30
Elago (mm)

140 140 !! ! 180 40 !! !


Elíquida

Elíquida

Elíquida
100 60 100 100100 ! 140
100 14080 0 140
!
Elago

! !!! 40 ! !!!!
20
!! 100 !
! -60
20 80 -30
60 -20
!!
!
J F M 60 A M J J A S O N D 100 ! !
! !! 100 ! !
! !!
D100
60 10060 60
!
! 140
100 40 !!
60 60 60 100 -60 -100 100 40 -60 -60 40 -20
J F M A M J J A S O N D 0 -60
J FAmplitude
M J A F mensal
M M J A J M A Média
J S J O A N S DO N D
mensal J JF 60 FM MA AM JMJ FJJ MJA AAS MSO JON JND AD S O N D J F M-40 A J M F J M J A A M S J O J N AD S O N D 60 -20
J F JM F A MM A J M J J A J S A O S N O D N D
20 J F J0M F A MJM AFJ MMJ J AA JMS AJO S JN OAD NS DO N D J FJ M
60
Amplitude mensal Média mensal
60 J F M A M J J A S O N D
100 60 60 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J F J M A A S M O J N J D A S O N D 60 J F M A M J J A S O N D J F M A M J AA M S JO JN AD S O N
J Amplitude mensal
F M AAmplitudeM J mensal
J A MédiaS mensal
O Média
N D mensal J Amplitude
M A mensal
F Amplitude M mensalJAmplitude
J A Média S mensal
Média
mensal Omensal
N D Média mensal J Amplitude F M M J Amplitude
F M J Amensal A J S(ANA)
A J MMédia J O A N S DO N D
mensal -40 Amplitude
Amplitude mensalmensal
(ANA)(ANA) -20 J F M Amplitude A M Amplitude J AAmplitude
J (ANA) S O (ANA)
mensal mensal
N D (ANA) 0 Amplitude mensal (ANA)
Amplitude mensal Média mensal 60 Amplitude mensal (ANA) Amplitude mensal Amplitude mensal (ANA) Amplitude mensal (ANA) Amplitude mensal (ANA)
Amplitude mensal Média mensal Amplitude mensal Média mensal J Amplitude
F M A mensal M J J A Média
S mensal
O N D J F M A M J JMédia A mensal
S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Amplitude mensal Média mensal Amplitude mensal Média mensal
UHE Porto Primavera
UHE Sobradinho Amplitude mensal UHE Serra
Média da Mesa AmplitudeUHE
mensal
Ilha(ANA)
UHE Tucuruí
Solteira Amplitude mensal (ANA)
UHE Três Marias Amplitude mensal (ANA)
UHE Furnas
UHE Porto PrimaveraUHE Itaipu
UHE Itaipu mensal UHEda
UHE Serra Porto
MesaPrimavera UHE Ilha Solteira
260 UHE Ilha Solteira UHE Porto Primavera
UHE Furnas
UHE Tucuruí UHE Ilha Solteira UHE Balbina
180
260 260 260 280 260 180 260 180
220 260260
30
UHE Furnas 120
120 180 180 UHE Furnas 180 120
240 140 140
220 140
(mm)

220 220 220 260 220 140


260
(mm)

Elíquida (mm)

Elíquida (mm)
Elíquida (mm)

220 220 140


(mm) (mm)

Elíquida (mm)

180 90

Elíquida (mm)
140
Elíquida(mm)
Elíquida (mm)

Elíquida (mm)

Elíquida (mm)
100 80
200 100
(mm)

100
Elago (mm)

Elago (mm)

Elago (mm)

Elago (mm)

100 80
Elago (mm)

180 180 180 180 220 180 220 100


Elago (mm)

140 180 180 0 60


Elago

60 60 100
160
Elíquida

60 40
Elíquida

Elago (mm)
140 140 140 140 180 140 30 180 60 60
Elago

100 140 140 20 20


120 20 60 40
100 -20 -30 0
0 20
100 100 100 140 100 -20
140 20
Elago

60 100
10080
-60 -30 -20 20 -20
D 60 J F M A M J J A S O N D -60
D 60 60 60 100 60 100
60
6040 -100 -60 -40 -20
-20 0
J F M J Amplitude
F M
A M JAmensal
M
J AJ SJ A N
O S mensal
O N
D D J F M J A M JA A
J MAJ JSJ O N D N N F M A-60M J F M -60 -100 -60
Média JFJ F
MF MM MA M J JAJ ASA SOS OO DN DD J J F M
J A S O N D J A MJ J F J M A A S MO J N J D A S O N D 60 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N
60 J AF M
M JA JM AJ SJ OA NS DO N D J F J MF AM MA J M J J A J S A O S N O D N D J F MJ AF MM J A JM A J S J OA N S DO N D J F M A
M J J A S O N D
Amplitude
Amplitude mensal mensalMédia mensal
Média mensal Amplitude mensal Média mensal Amplitude
J mensal
F M A MMédia J mensal
J A S O N D Amplitude mensal Média mensal J F M A M J J AAmplitude
S O N D
Amplitude
Amplitude mensal
mensal Média
Média mensal
mensal Amplitude mensal
Amplitude (ANA) Amplitude mensal (ANA)
Amplitude mensal (ANA) Amplitude mensal
Amplitude (ANA)(ANA)
mensal (ANA) Amplitude
Amplitude
mensal
mensal (ANA)
mensal (ANA)
(ANA) Amplitude mensal (ANA)
Amplitude mensal (ANA)
Amplitude mensal Média mensal Amplitude mensal Média mensal
UHE Serra da Mesa
UHE Serra
UHE Três Marias
da Mesa UHE Tucuruí
UHE Ilha Solteira UHE Três Marias UHE Furnas
260 UHE Porto Primavera UHE Tucuruí UHE Três Marias
260 180 180
220 180 120 180
56 57
180 120 120
220 140
140 140
o (mm)

140
a (mm)

a (mm)

a (mm)
180
(mm)

(mm)

(mm)

(mm)
(mm)

80 140
(mm)

100
180 100 80
100 80 100
140
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Regiões hidrográficas
Com relação à sazonalidade, os resultados apre- Estes resultados evidenciam um controle local no
sentam diferenças ainda mais importantes entre os processo de evaporação de lago, além das próprias ca-
estudos, tendo comportamentos distintos ao longo racterísticas climáticas e meteorológicas regionais.
Atlântico do ano para a maioria dos reservatórios avaliados, Pelas características do método proposto, a evapo-
Nordeste demonstrando diferenças conceitualmente rele- ração de lago total anual é decorrente do balanço de
Ocidental vantes entre o método desenvolvido e os utilizados energia, sendo afetada pelas variáveis e parâmetros
Atlântico
Nordeste pelo setor elétrico para a maioria dos reservatórios locais, notadamente na estimativa da irradiância lí-
Amazônica do SIN. Por outro lado, o comportamento sazonal da quida utilizada no processo de evaporação. Portan-
Oriental
Parnaíba evaporação líquida obtido é compatível em reserva- to, a distribuição espacial dos valores médios anu-
tórios onde o ONS relata limitações do SisEvapo e 3000
ais de evaporação de lago reflete aproximadamente 2600
São
utiliza método alternativo para estimativa da evapo- a heterogeneidade espacial da irradiância líquida,
Tocantins- Francisco
Araguaia
ração líquida, com dados de tanque para estimativa a qual apresenta, por um lado, uma certa homoge- 2400
de evaporação do lago e balanço hídrico para evapo- 2500 neidade espacial dada pela irradiância global; e, por
Atlântico
Leste transpiração real, como no caso de Sobradinho. outro lado, incorpora a heterogeneidade das carac- 2200
Paraguai terísticas climáticas locais que afetam o balanço de
2000
No Grupo B (21.200 reservatórios e 95% da super- irradiância de um local específico. 2000
Atlântico

Elago (mm)

Elago (mm)
Paraná
Sudeste fície evaporante), agrupado por Regiões Hidrográfi-
1500 1800
cas - RH, os resultados de evaporação de lago (média De maneira geral, os resultados de evapotranspira-
anual 2001-2019) mostram que o Atlântico Nordes- ção real - ER apresentam um comportamento com-
1600
Uruguai plementar à evaporação de lago, com valores baixos
te Ocidental (2.057 ± 166 mm, n= 272 reservatórios), 1000

Atlântico o Atlântico Nordeste Oriental (1.906 ± 120 mm, n= de ER onde a Elago é alta. Por exemplo, esta premissa é 1400
Sul 7.825) e o Parnaíba (1.883 ± 132 mm, n= 830) possu- válida para as RHs Parnaíba (802 ± 265 mm, n= 830),
500
íram as maiores lâminas evaporadas. Em contraste, Atlântico Leste (743 ± 273 mm), São Francisco (672 1200
ETr vs Elago
as menores lâminas médias evaporadas estão em ± 235 mm, n= 1.699) e Atlântico Nordeste Oriental
Linha 1:1
Comparativo de resultados de evaporação líquida (média anual 2001-2019) reservatórios sob influência de clima temperado, ou 0 1000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
com valores adotados pelo setor elétrico - Grupo A (SIN) seja, nas regiões hidrográficas Paraná (1.455 ± 130 Correlação
ETr evaporação
(mm) do lago e
mm, n= 2.680 reservatórios), Atlântico Sul (1.299 mm
2.250
Região Hidrográfica Sobradinho
irradiância líquida - média anual
± 71, n= 1.788) e Uruguai (1.321 ± 74 mm, n= 3.194).
2.000 Paraná 2001-2019 - Grupo A (SIN)
Evaporação Líquida Setor Elétrico (mm/ano)

Tocantins-Araguaia
Valores máximos de altura de evaporação de lago 2.600
1.750
Amazônica encontram-se nas RHs Atlântico Nordeste Ociden-
2.400
1.500 São Francisco tal e Oriental (da ordem de 2.800 mm/ano). Para as
Uruguai RHs Amazônica, São Francisco, Atlântico Leste, To-
1.250 2.200
Outras* cantins-Araguaia, Parnaíba, Atlântico Leste e Paraná
os maiores valores estimados são da ordem de 2.000
1.000 2.000
Ilha Solteira a 2.500 mm. Por outro lado, as RHs Uruguai, Paraná

Elago (mm)
Serra da Mesa Boa Esperança
750 e Atlântico Sul possuem reservatórios com valores 1.800
Três Marias máximos inferiores a 1.000 mm/ano.
500
1.600
As maiores amplitudes intrarregionais de evapo-
250
ração do lago ocorrem nas RHs Atlântico Nordeste 1.400

0 Porto Primavera Oriental e Amazônica. Na primeira, a média anual


Itaipu Furnas 1.200
está compreendida no intervalo entre 1.375 e 2.957
Balbina
-250 mm, enquanto na RH Amazônica a amplitude entre R² = 0,9227
Tucuruí
1.000
mínimo e máximo varia entre 1.162 e e 2.576 mm. 100 120 140 160 180 200
-500
Jirau Santo Antônio
Radiação líquida (W/m²)
-750
-250 0 250 500 750 1.000 1.250 1.500 1.750 2.000 2.250

Evaporação Líquida ANA (mm/ano)

Nota: as esferas variam proporcionalmente à área média dos reservatórios.

58 2500 59
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Violin-plot das componentes e da evaporação líquida


médial anual (2003-2019) por região hidrográfica - Grupo B*

(653 ± 142 mm). Ainda em termos das características Dado que a evaporação líquida é a diferença entre a
Evaporação do lago
regionais da ER média anual, as RHs Atlântico Nor- evaporação do lago e a evapotranspiração que ocor-
deste Ocidental (1.193 ± 194 mm), Amazônica (1.159 ± re naturalmente no seu entorno, os seus resultados
232 mm) e Tocantins-Araguaia (1.099 ± 177 mm) apre- podem ser compreendidos como complementares
sentaram as maiores alturas médias para o período à discussão colocada anteriormente. Há um com-
analisado. ponente regional explícito na distribuição espacial
das lâminas de evaporação líquida no Brasil. Por
A variabilidade climática regional em termos da ir- exemplo, os maiores valores estão concentrados no
radiância e da diferença de pressão de vapor d'água Nordeste, sobretudo nas regiões do submédio e do
entre a superfície da água e o ar - associadas a efei- baixo rio São Francisco e em sua porção litorânea.
tos locais relacionados à vegetação e ao solo - in- Em contraste, na região Sul do país, observam-se os
fluem para uma ampla variabilidade da evapotrans- menores valores de evaporação líquida, notadamen-
piração. Os maiores intervalos (mínimo - máximo) de te na porção sudoeste da RH Uruguai e na RH Atlân-
ER média anual, em torno de 1.500 mm, foram ob- tico Sul. Adicionalmente, os reservatórios da região
servados nos lagos das RHs São Francisco (193 mm Amazônica também são caracterizados por uma bai-
- 1.778 mm), Atlântico Leste (246 mm - 1.749 mm) e xa evaporação líquida em termos regionais.
Amazônica (412 mm - 1.850 mm). Por outro lado, as
RHs Uruguai e Atlântico Sudeste apresentaram as Em termos das lâminas anuais de evaporação líqui- Evapotranspiração
menores amplitudes em termos de mínimas e máxi- da, três RHs possuem valores médios superiores a Real
mas (< 800 mm/ano). 1.000 mm, a saber: Atlântico Nordeste Oriental (1.253
± 132 mm), Parnaíba (1.081 ± 196 mm) e São Francisco
Os menores valores mínimos de evapotranspiração (1.062 ± 353 mm), coincidindo com as regiões com as
são observados nas RHs Atlântico Nordeste Oriental menores evapotranspirações médias anuais. As me-
(286 mm), Atlântico Leste (245 mm) e São Francisco nores evaporações líquidas médias no país, inferio-
(193 mm), com largas extensões no Semiárido onde res a 550 mm, foram observadas nas RHs Atlântico
o processo é limitado pela deficiência hídrica. Já os Sul, Paraná, Paraguai, Amazônica e Uruguai.
valores máximos foram obtidos para reservatórios
nas regiões Amazônica (1.850 mm), Tocantins-A-
raguaia (1.842 mm) e Atlântico Nordeste Ocidental
(1.825 mm).

Evaporação líquida
Violin plots
Os violin plots são uma forma de plotar dados numéricos que, de maneira
simplificada, combinam um gráfico do tipo box plot, que permite compre-
ender a variabilidade dos dados, junto com a função de densidade de pro-
babilidade, que permite compreender a forma de distribuição dos dados.
São úteis quando se pretende realizar uma comparação da distribuição dos
dados entre diversos grupos a partir da análise das caudas e dos picos da
distribuição, além da forma geral da curva estimada.
Assim como os box plots, os violin plots incluem a média dos dados (triân-
gulo vermelho) e a caixa apresentando a mediana do conjunto de dados, os
quartis (1º e 3º) e seus limites inferiores e superiores. Adicionalmente, com
a visualização dos violin plots, pode-se interpretar também a frequência
aproximada dos pontos de dados em cada região do intervalo numérico da
variável em análise a partir da largura de cada curva. A área formada em
torno do box plot representa a distribuição dos dados. Em intervalos numé- Nota: o Grupo B de análise corresponde a cerca de 22 mil reservatórios que
ricos com as maiores áreas, existe uma grande concentração de dados, por respondem por 95% da superfície de reservatórios artificiais no Brasil
sua vez em locais de menor área existe uma menor concentração.

60 61
1.300 a 1.600 750 a 1.000

1.600 a 1.900 1.000 a 1.250

1.900 a 2.100 1.250 a 1.500


EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS
>2.100 >1.500

Evaporação do lago média anual (2001-2019) Evapotranspiração real média anual (2001-2019)

Evap. do Lago - mm (l/m²) Evapotransp. Real - mm (l/m²)


<1.000 <500
1.000 a 1.300 500 a 750
1.300 a 1.600 750 a 1.000
1.600 a 1.900 1.000 a 1.250
1.900 a 2.100 1.250 a 1.500
>2.100 >1.500

Nota: valor médio por microbacia, Nota: valor médio por microbacia,
calculado no centróide dos 175 mil calculado no centróide dos 175 mil
reservatórios artificiais do Brasil. reservatórios artificiais do Brasil.

Cabe destacar que para todas as RHs, considerando Amazônica (1.407 mm), Paraná (1.180 mm), Atlântico máticas em particular. Via de regra, valores mais ele- em condições particulares de ausência de vegetação
o conjunto de reservatórios analisados, a variabilida- Sudeste (1.158 mm) e Tocantins-Araguaia (1.069 mm). vados de evaporação líquida ocorrem de forma con- no entorno (limitação climática ou antrópica), que
de da evaporação líquida foi superior a 1.000 mm en- As demais RHs possuem reservatórios com as maio- centrada em regiões com alta evaporação de lago resulta em valores extremamente baixos de evapo-
tre valores mínimos e máximos. Além de condições res evaporações líquidas inferiores a 1.000 mm/ano, e valores reduzidos de evapotranspiração real. Por transpiração real. No sentido oposto, situações lo-
regionais e da grande extensão territorial das RHs, com destaque para a RH Uruguai (máximo de 805 outro lado, valores reduzidos de evaporação líquida cais de evaporação líquida negativa decorrem basi-
há uma série de aspectos locais que influenciam a mm/ano). decorrem de uma maior variedade de situações am- camente de valores elevados de evapotranspiração
evaporação do lago e a evapotranspiração real, o que bientais, onde as características locais resultam em real no entorno desses lagos, em função da presença
justifica essa amplitude. Valores negativos de evaporação líquida são espe- valores próximos entre a evaporação da superfície de vegetação exuberante e condições favoráveis de
rados quando ER > EL. No total, 42 reservatórios (< líquida e a evapotranspiração da bacia. umidade no solo. Cabe destacar que o método de
Em termos de limites superiores de evaporação lí- 0,5% do total de reservatórios do Grupo B), em qua- estimativa de evapotranspiração real também possui
quida, São Francisco e Atlântico Nordeste Oriental se todas as RHs, enquadram-se nesta situação. Valores extremos de evaporação líquida ocorrem em forte vinculação com condições locais, especialmen-
alcançam valores da ordem de 2.000 mm/ano. Na muitas regiões também em função de situações am- te da dinâmica da resposta espectral do entorno do
sequência, Parnaíba, Atlântico Leste e Nordeste Oci- A distribuição espacial dos valores médios totais bientais locais específicas. Valores mais altos estão reservatório.
dental possuem evaporações líquidas da ordem de anuais de evaporação líquida apresenta aderência às restritos a elevada evaporação de lago e localizados
1.600 mm/ano, superiores às observadas nas RHs características regionais ambientais em geral e cli-

62 63
250 a 500 (40%)

500 a 750 (29%)

750 a 1.150 (8%)


EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS
1.150 a 1.500 (9%)

>1.500 (3%)
Evaporação líquida média anual (2001-2019) Vazões de evaporação líquida

A vazão de evaporação líquida (m³/s) resulta da mul- Em 2019, 114 reservatórios apresentaram evaporação
tiplicação da lâmina ou altura de evaporação líqui- líquida superior a 500 litros por segundo (0,5 m³/s)
da (mm) pela área da superfície evaporante (área do e somaram vazão média anual de 666 m³/s (75% do
lago - km²), considerando-se a devida conversão de total nacional) - 32 deles não estão interligados ao
unidades e intervalo de tempo considerado. Desta- SIN; 73 reservatórios (12 não interligados ao SIN)
ca-se que, assim como a altura de evaporação, a área possuem valores acima de 1 m³/s e totalizam vazão
da superfície do lago também pode variar no tempo, de 637 m³/s (72% do total).
dependendo do regime de operação do reservató-
rio. Os 14 reservatórios com vazões acima de 10 m³/s em
2019, destacados no mapa e no infográfico a seguir,
Climas observados de seca mais severa que as mé- foram responsáveis por 51% do total de vazão consu-
dias históricas tendem a aumentar a capacidade da mida via evaporação líquida e 38% da área. As cinco
atmosfera de retirar água dos lagos, além de dimi- maiores vazões concentraram 32% do uso nacional
nuir a evapotranspiração real (aumento da restrição - são eles: Sobradinho (167,1 m³/s) e Luiz Gonzaga
hídrica no solo) - um saldo que tende a aumentar (45,3 m³/s) na RH São Francisco; Porto Primavera
as taxas de evaporação líquida. Por outro lado, os (48,8 m³/s) e Ilha Solteira (26 m³/s) na RH Paraná;
Evap. Líquida - mm (l/m²) e Tucuruí (27,1 m³/s) na RH Tocantins-Araguaia.
reservatórios de acumulação podem ter o seu volu-
<250 (11%) me significativamente deplecionados em relação ao
250 a 500 (40%) regime normal de operação, pelos mesmos efeitos Considerando a consolidação dos resultados para a
negativos do clima seco sobre a oferta de água e so- base de reservatórios inventariada, os reservatórios
500 a 750 (29%)
bre os demais usos na bacia hidrográfica (aumento do Sistema Interligado Nacional - SIN totalizaram
750 a 1.150 (8%)
da necessidade de irrigação, por exemplo). em 2019 uma vazão média anual proporcional à área
1.150 a 1.500 (9%) média que ocupam (72%). Esse saldo varia anual-
>1.500 (3%) A vazão média de evaporação líquida em 2019 no Bra- mente de acordo com a área efetivamente ocupada
sil foi de 885 m³/s em uma superfície média de 39,95 e as alturas de evaporação/evapotranspiração.
Nota: valor médio por microbacia, mil km². A vazão equivale a 885 mil litros a cada se-
calculado no centróide dos 175 mil gundo e a um volume anual consumido de 27,9 tri- Em termos regionais, destacam-se as regiões hidro-
reservatórios artificiais do Brasil. lhões de litros. gráficas Paraná e São Francisco (com valores de 303

Vazão média anual de evaporação líquida de reservatórios - Brasil


Vazão x Área
Vazão anual Área anual
1.200 50.000

1.000
45.000

Vazão média (m³/s)

Área média (km²)


800
40.000
600
35.000
400

30.000
200

0 25.000

Reservatórios e usina sucroenergética em Jaboticabal (SP)


Raylton Alves / Banco de imagens ANA

64 65
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

e 266 m³/s, em 2019, respectivamente), seguidas das observados em 2009 e 2015 (20 L/s.km²) e o maior
RHs Atlântico Nordeste Oriental e Tocantins-Ara- em 2002 (29 L/s.km²).
guaia (102 e 74 m³/s, respectivamente). Essas quatro
Maiores vazões de evaporação líquida em 2019 regiões são responsáveis por 84% da evaporação lí- É interessante notar que a evaporação líquida apre-
(maior que 0,5 m³/s) quida e 73% da superfície de reservatórios do País. senta amplitudes sazonais expressivas e seu com-
portamento é altamente influenciado pelas con-
As regiões hidrográficas Parnaíba, Atlântico Leste e dições hidrometeorológicas intra e interanuais. As
Uruguai apresentaram totais entre 21 e 29 m³/s em maiores evaporações líquidas mensais tendem a
2019. O uso continua sendo relevante, podendo su- ocorrer no auge do período mais seco onde concen-
perar na região ou em suas sub-bacias os valores de tra-se boa parcela da superfície de reservatórios no
usos setoriais da água (indústria, irrigação, abasteci- Brasil (agosto a outubro). Em 2019, agosto, setembro
mento rural, dentre outros). e outubro registraram evaporações líquidas em um
patamar próximo ao dobro da vazão média anual
UHE Tucuruí Os resultados reforçam a importância da conside- (885 m³/s), com médias mensais entre 1.600 e 1.970
ração das vazões evaporadas no processo de gestão m³/s. Em abril de 2019, por outro lado, a média men-
setorial e de recursos hídricos, dada a magnitude na sal de evaporação líquida foi negativa no Brasil.
UHE Estreito
escala da bacia hidrográfica e seus reflexos no ba-
lanço entre disponibilidades e demandas hídricas. Como indicador, o balanço mensal entre as compo-
UHE Luiz nentes da evaporação líquida resultou, em 2019, em
Gonzaga
No período 2001-2019, as maiores vazões anuais uma taxa média de apenas 4 L/s.km² entre janeiro e
UHE de evaporação líquida no Brasil, superiores a 1.000 maio, que salta para 40 L/s.km² entre julho e outu-
Sobradinho
m³/s foram verificadas em 2002 (1.028 m³/s), 2005 bro (10 vezes maior).
(1.056 m³/s), 2007 (1.072 m³/s) e 2012 (1.070 m³/s).
UHE Serra da Mesa Já as vazões específicas oscilaram entre 20 e 29 li- Um conjunto grande e importante de reservatórios
tros por segundo por km² de superfície (média anual), apresenta tendência de valores negativos entre de-
Evaporação Líquida - 2019 (m³/s)
UHE Ilha Solteira
UHE UHE
com média de 24 L/s.km² e com os menores valores zembro ou janeiro e março (a depender das condi-
São Simão Três Marias
! 0,5 a 1 UHE Água Vermelha

1 a 10
UHE Três Irmãos
UHE Área média e evaporação líquida média (altura e vazão)
10 a 25
UHE Porto
Furnas
para o lago de Sobradinho - 2001-2019
Primavera
4.000 250
25 a 50

Vazão de evaporação líquida (m³/s)


UHE UHE Promissão 3.500
Itaipu 200

Evaporação líquida (mm)


3.000

Área do lago (Km²)


> 50
150

2.500

100
2.000

50
1.500

1.000 0
Nota: os 114 reservatórios em destaque no mapa concentram 75% da vazão de evaporação líquida no Brasil, em 2019. 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Os 14 maiores consumidores (51% da vazão) encontram-se com o nome em destaque.
Evaporação líquida (mm) Área do lago (Km²) Evaporação líquida (m³/s)

A ilustração mostra a dinâmica para o reservatório de Sobradinho em termos médios anuais. Nota-se a vazão
de evaporação
4.000 líquida com comportamento muito próximo à variação da área, mas respondendo
250 também às
variações de altura de evaporação líquida entre os anos considerados. A cada 12 mm de altura de evaporação
total anual,
3.500 considerando-se a mesma área superficial do lago de Sobradinho, há um acréscimo de vazão de

oração líquida (m³/s)


200
evaporação líquida de 1 m³/s, por exemplo.
ão líquida (mm)

3.000
o lago (Km²)

150

66 67
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Precipitação e evaporação líquida nas Regiões Hidrográficas


Média mensal em 2019
Precipitação, evaporação líquida e área de reservatórios
Precipitação RH São Francisco RH Paraná
500 0 800 0

Precipitação (mm)
Precipitação (mm)
2.500 65.000
0

Precipitação (mm)
400 100 600 100

Vazão média (m³/s)


Vazão média (m³/s)
50
60.000
2.000 100 300 200 400 200

55.000
150 200 300 200 300
Vazão média (m³/s)

1.500 200
50.000 100 400 0 400

mês mês
1.000 45.000 0 500 -200 500
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D

Área média (km²)


40.000
500 RH Tocantins-Araguaia
RH Atlântico Nordeste Oriental
35.000 300 0 400 0

Precipitação (mm)
Precipitação (mm)
0 RH Tocantins-Araguaia
300
30.000 100 100

Vazão média (m³/s)


Vazão média (m³/s)
200 400 0
300 100
200 200
mês 100 200 200 200
-500 25.000

Precipitação (mm)
0 300
J F M A M J J A S O N D 100 100 400
-100
-200 300 500 300
J F M A M J J 0 A S O N D

Vazão média (m³/s)


Vazão média mensal Vazão média anual 0
400 400
-100
Área média mensal Precipitação mês mês
-100 500 -200 500
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
2.500 65.000
0

Precipitação (mm)
ções observadas em um
linha média anualano específico em relação média anual negativa no período 2001-2019. Esses 50
60.000 Precipitação Vazão média anual Vazão média mensal
às médias). outro chuva
2.000e específico casos concentram-se na região Amazônica e em pe- 100
UGRH x vazão explicação UGRHs quenos reservatórios cercados de florestas ou silvi- 55.000 Nota: quatro das doze regiões hidrográficas (em destaque na figura) representam cerca de 85% da vazão
150 mês
colocar nnesses meses ocorrem especial- cultura, ou seja, em condições locais específicas de de evaporação líquida nacional. As RHs Paraná e São Francisco representam 64% da vazão total.
Valores negativos
Vazão média (m³/s)

1.500 200
mente em reservatórios no bioma Amazônia - onde alta evapotranspiração. 50.000
há equilíbrio constante entre a evaporação do lago e
1.000 45.000
a evapotranspiração real do entorno, com maiores Como exemplo adicional, podemos destacar as cin-
Unidades de Gestão de Recursos Hídricos - UGRHs

Área média (km²)


diferenças em alguns meses, podendo ocorrer até co menores vazões de evaporação líquida em abril 40.000
mesmo evaporação 500
líquida negativa na média anual de 2019, que oscilaram entre -10 e -22 m³/s (média
em determinados anos e reservatórios. mensal) - Tucuruí, Lajeado, Serra da Mesa, Balbina e 35.000
As 12 regiões hidrográficas (RHs) foram estabelecidas pela
0 Peixe Angical. Tucuruí e Balbina, que estão na Ama-
30.000 Resolução CNRH nº 32, de 15 de outubro de 2003, repre-
Também ocorrem valores negativos no bioma Cer- zônia, apresentaram taxas de evaporação líquida da sentando o maior nível de agregação de bacias no território
rado nesses meses de chuvas concentradas, quando ordem de -0,5 mm/dia para abril de 2019, ocasio-
mês brasileiro. Com o avanço da gestão e da implementação da
-500 25.000
a umidade do solo exerce pouca
J ouF nenhuma
M restri-
A M nando
J vazões
J negativas
A altas
S pelaOgrande N área ocu-
D Política Nacional de Recursos Hídricos, surge a necessidade
ção à evapotranspiração, com essa superando com pada. Lajeado, Serra da Mesa, Balbina e Peixe Angi- de se trabalhar com novos recortes, compatíveis, por exem-
frequência a evaporação do lago. No período Vazãoseco,
média mensal Vazão média
cal - localizados no Cerrado entre oanual
norte de Goiás plo, com as dimensões territoriais e com a presença ou às
demandas por gestão (Comitê de Bacia, Plano de Recursos
concentrado entre julho e outubro, a relaçãoÁrease e Tocantins - apresentaram taxas da ordem de -2,5
in- mensal
média Hídricos, mobilização social etc.).
verte significativamente, com baixas evapotrans- mm/dia em abril de 2019, mas em meses secos essas
taxas se alteram para valores positivos entre 5 e 6 Nesse contexto, foram estabelecidas 64 Unidades de Ges-
pirações reais e altas taxas de evaporação do lago.
tão de Recursos Hídricos - UGRHs, sendo 47 de domínio da
Com isso, as vazões positivas do período seco su- mm/dia.
linha média anual União e 17 de domínio dos Estados. Essas unidades repre-
peram as negativas do período úmido, não havendo sentam uma evolução de unidades similares estabelecidas
outro chuva e específico
ocorrência de valores negativos médios anuais. Os resultados reforçam que a sazonalidade intra- anteriormente e serão a base para o Plano Nacional de Re-
UGRH x vazão explicação UGRHs
anual da vazão é menos controlada por oscilações cursos Hídricos - PNRH 2022-2040.
colocar n
Portanto, embora seja comum verificar evaporações de área e mais controlada pelas condições atmosféri- As RHs Parnaíba, Uruguai, Tocantins-Araguaia e Paraguai
líquidas negativas em determinados meses do ano cas e de energia disponível para a evaporação, assim mantêm-se com os mesmos limites como UGRHs, enquan-
para muitos reservatórios (podendo superar o nú- como da precipitação (e a consequente umidade do to as demais são subdivididas. A RH São Francisco se man-
mero de positivos), apenas cerca de 2 mil reserva- solo) como importante limitador da evapotranspira- tém exceto pelo destaque da bacia do Verde-Grande. A RH
Paraná é dividida nas UGRHs Paranaíba, Grande, PCJ, Pa-
tórios (1,1% do total) apresentam evaporação líquida ção real.
ranapanema, Iguaçu e Paraná (essa formada pelas demais
Para mais informações, acesse:
bacias afluentes estaduais como a do Tietê).
https://metadados.snirh.gov.br/
68 69
Evaporação Líquida de reservatórios no Brasil Nota: embora o consumo seja estimado para cerca de 175.000 reservatórios no Brasil,
os 14 lagos em destaque no infográfico apresentaram as maiores evaporações líquidas
2019 em 2019, totalizando 51% do consumo nacional.

5 ILHA SOLTEIRA | GO - MS - MG - SP 6 TRÊS MARIAS | MG

%UGRH 20,4% %UGRH 8,7%

%Brasil 3,0% %Brasil 2,6%

26,2 1.143 23 22,9 835 27


m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2 (L/s.km²)
RANKING - UGRH - 2019 BRASIL - 2019

São Francisco
(%)

29,9%
(m³/s)

264,3 885
7 ITAIPU | MS - PR 8 TRÊS IRMĂOS | SP

Paraná 14,5% 128,5


m³/s %UGRH 17,5% %UGRH 14,8%

%Brasil 2,5% %Brasil 2,1%


Tocantins-Araguaia 8,4% 74,1

Paranaíba 6,5% 57,6 39.950


km² 22,5 1.350 17 19,0 720 26
Grande 6,3% 55,5 m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2 (L/s.km²)
Bacias Litorâneas Estaduais (CE) 6,0% 53,0

Paranapanema 5,8% 51,1 22


Piancó-Piranhas-Açu 2,8% 24,9
L/s.km²
9 FURNAS | MG 10 ESTREITO | MA - TO

Uruguai 2,8% 24,5


%UGRH 26,1% %UGRH 16,2%
Parnaíba 2,4% 21,1
%Brasil 1,6% %Brasil 1,4%
Demais 54 UGRHs 14,7% 129,9

14,5 907 16 12,0 590 20


m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2 (L/s.km²)
RANKING - MAIORES VAZÕES - MÉDIA ANUAL 2019

1 SOBRADINHO | BA 2 PORTO
PRIMAVERA | MS - SP 11 ÁGUA VERMELHA | MG - SP 12 SERRA DA MESA | GO

%UGRH 62,4% %UGRH 38,4% %UGRH 21,4% %UGRH 16,1%


%Brasil 18,6% %Brasil 5,6% %Brasil 1,3% %Brasil 1,3%

164,9 2.430 68 49,3 1.929 26 11,9 704 17


m3/s km2 (L/s.km²) 11,9 485 25 (l/s/km²)
m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2

3 LUIZ GONZAGA | BA - PE 4 TUCURUÍ | PA 13 PROMISSĂO | SP 14 SĂO SIMĂO | GO - MG

%UGRH 16,9% %UGRH 37,0% %UGRH 9,2% %UGRH 20,0%

%Brasil 5,0% %Brasil 3,1% %Brasil 1,3% %Brasil 1,3%

44,6 687 65 27,4 2.459 11 11,8 508 23 11,5 543 21


m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2 (L/s.km²) m3/s km2 (L/s.km²)

LEGENDA

evaporação Bacias Litorâneas Total


Área Taxa São Francisco Paraná Tocantins-Araguaia Paranaíba Grande Paranapanema Piancó-Piranhas-Açu Uruguai Parnaíba Outros
líquida Estaduais (CE) Brasil
Coeficientes Técnicos de Uso da Água
para a Agricultura Irrigada
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA E
USOS CONSUNTIVOS SETORIAIS

Síntese
As literaturas nacional e internacional convergem para a definição da evapo-
ração dos reservatórios artificiais como um uso consuntivo múltiplo da água.
Afinal, a água armazenada em um reservatório é parcialmente consumida,
tornando-se indisponível para outros usos/usuários naquela localidade e tem-
poralidade. Raciocínio análogo aplica-se a usos setoriais como a irrigação (a
maior parte do consumo ocorre via evapotranspiração das culturas) ou à in-
dústria (parte relevante do consumo ocorre pela evaporação nos sistemas de
resfriamento).

Agências governamentais e organismos internacionais como a UNESCO (2021)


(United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), a FAO (Food
and Agriculture Organization of the United Nations), o IPCC (Intergovernmen-
tal Panel on Climate Change) e a EEA (European Environmental Agency ) re-
conhecem esse uso e destacam cada vez mais a sua importância em seus re-
latórios e iniciativas, como no padrão dos Sistemas Internacionais de Contas
Econômicas e Ambientais, estabelecido por Nações Unidas, Banco Mundial,
Comissão Europeia, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-
nômico e Fundo Monetário Internacional. Cabe destacar ainda a norma da
International Organization for Standardization - ISO número 14.046:2014, que
trata da avaliação da pegada hídrica de produtos diversos, e considera que a
mudança na evaporação causada por mudança de uso da terra é considerada
consumo da água.

Cientistas e organismos internacionais concentram-se em dois principais de-


safios relacionados ao consumo por evaporação líquida de reservatórios: I) os
métodos de estimativa do consumo de água; e II) a atribuição do consumo por
evaporação líquida a setores específicos.

O primeiro desafio foi extensamente explorado pela ANA e pela UFPR nesse
estudo, o que permitiu estabelecer uma metodologia robusta, valendo-se de
produtos de sensoriamento remoto, dados medidos em terra e ferramentas
computacionais avançadas, capaz de retratar a variabilidade espaço-temporal
da evaporação líquida no extenso e diverso território brasileiro.

4 EVAPORAÇÃO LÍQUIDA Dentre trabalhos recentes com abordagens de consumo de água pela evapo-
ração de reservatórios, pode-se destacar aqueles: com uso de bases de di-

E USOS CONSUNTIVOS
versos países (Hogeboom et al., 2018); com foco nos maiores reservatórios da
China (Liu et al., 2015; Xie et al., 2019) e dos Estados Unidos da América (Lee
et al., 2018; Grubert, 2016); e em reservatórios únicos ou pequenos conjuntos

SETORIAIS de reservatórios (Bakken et al., 2016; Coelho et al., 2017). Na maioria dos estu-
dos publicados, por simplificação ou limitações metodológicas, a evaporação
bruta do reservatório é utilizada como o consumo de água (sem descontar a
evapotranspiração real que ocorreria naturalmente no local). Em estudos mais
recentes a evaporação líquida aparece como o método mais adequado para
estimativa do consumo de água em reservatórios.

PCH Retiro no rio Sapucaí próxima a Guará (SP)


Raylton Alves / Banco de imagens ANA
72
73
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

Retirada global de água (1900-2010) Retirada de água no Brasil - 2019

Irrigação
49,8%
-
Humano Urbano
24,3%
Evaporação
RETIRADA (km³/ano)

≈ 27,9 trilhões Indústria


Líquida 9,7%
de litros por usos múltiplos
Usos setoriais ≈ 65 trilhões
ao ano
(30%) da água de litros Uso Animal
(70%) ao ano 8,4%

Termelétricas
4,5%
Total Brasil
≈ 92,9 trilhões de litros ao ano Mineração
1,7%

Humano Rural
1,6%

trabalhos associam todo o consumo de água ao ope- projetos de pesquisa futuros poderão se debruçar so-
ANO rador ou responsável pela construção do barramen- bre o desafio de atribuição e benefícios aos diversos
to, superestimando e penalizando a pegada hídrica setores.
Reservatórios1 Abastecimento Indústrias Agricultura de determinados setores, especialmente o de gera-
dos Municípios ção de energia. Informações quantitativas de evaporação e/ou eva-
Nota: evaporação de lagos artificiais.
1
Fonte: adaptado de UN-UNESCO (2021). potranspiração, que constituem importante fase do
Critérios mais equitativos de atribuição do consu- ciclo hidrológico, são utilizadas na resolução de nu-
Considerando o uso consuntivo múltiplo por evapo- rados por um setor específico da economia, como mo incluem a proporção da evaporação líquida à merosos problemas que envolvem o manejo d’água
ração líquida de reservatórios e os usos consuntivos os de geração de energia, em geral beneficiam múl- vazão retirada pelos setores/usuários (Bakken et (ONS, 2004). Conforme destacado pelo ONS em seu
setoriais da água, a demanda de água no Brasil al- tiplos usuários tanto no local do reservatório quanto al., 2016), o que muitas vezes esbarra em desafios de relatório sobre Evaporações Líquidas em Usinas Hi-
cançou o patamar de 2.946 m³/s em 2019 (equiva- em trechos influenciados pela sua operação na bacia monitoramento do uso efetivo de água e de defini- drelétricas, os dados de evaporação são utilizados de
lente a 92,9 trilhões de litros no ano), dos quais 30% hidrográfica. Os usuários beneficiados podem ser ção da área de influência do reservatório (o lago e duas formas principais nos estudos de planejamento
são por evaporação líquida e 70% são atribuídos aos tantos os consuntivos, como uma indústria, quanto todos os trechos beneficiados). Outros estudos bus- da operação e da expansão energética: na simulação
usos setoriais da água. os não consuntivos, como a navegação, o turismo e o caram ponderar a evaporação líquida de acordo com de operação de reservatórios e na obtenção das sé-
lazer. O controle de cheias, a diluição de efluentes e o benefício econômico aferido pelos setores (como ries de vazões naturais nos locais de aproveitamen-
Dentre os demais usos da água, a agricultura irri- a própria geração de energia em cascata no sistema em Lee et al., 2018; e Liu et al., 2015); ou de acordo tos hidrelétricos. O montante perdido ou consumido
gada, o abastecimento urbano e a indústria são os interligado (extrapolando a bacia) são outros usos com a prioridade no uso da água e o número total se traduz de forma linear em perda energética nas
principais usos setoriais da água no Brasil e no mun- importantes beneficiados por reservatórios. de usuários de cada reservatório (como em Xie et al., usinas hidrelétricas (ONS, 2004).
do. Já a evaporação líquida de reservatórios é mais 2019).
relevante no Brasil em relação à média global, es- Assim, atribuir o consumo por evaporação líquida A magnitude do volume consumido por evaporação
pecialmente devido à grande rede de reservatórios permanece como um desafio na fronteira do conhe- A atribuição do consumo de água por evaporação lí- líquida e a perspectiva aberta no presente estudo de
construídos com o propósito primário de geração de cimento técnico-científico. Em algumas situações, a quida aos usuários que captam água do reservatório sua estimativa não apenas para os empreendimen-
energia hidrelétrica, enquanto muitos países pos- atribuição precisa do consumo por evaporação aos ou que dele se beneficiam é um procedimento ainda tos interligados ao SIN, mas para toda a superfície
suem matrizes com maior participação de geração setores é intangível – especialmente para grandes pouco utilizado e carece de métodos consistentes e de reservatórios em uma bacia hidrográfica, abre um
não renovável (termelétrica e nuclear). reservatórios multiusuários que regularizam exten- padronizados. vasto campo para o aprimoramento do balanço hí-
sos trechos de rios a jusante e colaboram com a ge- drico superficial (relação oferta - demanda hídrica) e
Resta claro que, diferente de outros usos consunti- ração de energia em cascata para um sistema inter- O presente estudo não se debruçou sobre a atribui- dos mecanismos de alocação de água, notadamente
vos que podem ser atribuídos a setores econômicos ligado que extrapola os limites da bacia. ção de consumo, entendendo a evaporação líquida no Semiárido. Isso beneficiará a gestão e o plane-
específicos (como a irrigação e a indústria), a eva- como um uso múltiplo da água e concentrando-se jamento dos recursos hídricos e o desenvolvimento
poração líquida de reservatórios é um uso múltiplo. Na literatura recente (abordada no Box a seguir), por nos métodos, bases de dados e ferramentas mais sustentável dos setores usuários.
Mesmo reservatórios artificiais construídos e ope- simplificação ou limitação metodológica, diversos adequadas para retratar esse uso no Brasil. Estudos e

74 75
Bacia Hidrográfica Evaporação Líquida e
EVAPORAÇÃO
LÍQUIDA Demais Usos da água
Os reservatórios artificiais aumentam a segurança hídrica da população e das atividades econômicas. Os
benefícios aos diversos usos superam o uso adicional de água ocasionado pela evaporação líquida, que deve
ser sempre considerada no processo de operação e planejamento dos recursos hídricos.
A evaporação líquida é um uso múltiplo e não pode ser atribuído diretamente a um setor específico, pois um
reservatório beneficia diversos usuários no próprio lago e nos trechos sob sua influência operativa.

Abastecimento
Humano Urbano
Constituído por sistemas de captação e
Regularização tratamento de água. Os mananciais podem
Tratamento de água ser rios, lagos, reservatórios ou aquíferos

Geração de energia
A principal fonte de geração é a hidroenergia. Já as
termelétricas são operadas como fonte complementar Tratamento Lançamento de Efluentes
de esgotos
Devem prever o tratamento
adequado à qualidade
requerida no corpo hídrico
REÚSO NÃO de forma a não comprometer
POTÁVEL DIRETO
(efluente sanitário) os usos da água a jusante
Termoelétricas
Indústria
A água pode ser utilizada como
Turismo e Lazer matéria-prima, reagentes, solventes,
A água também é utilizada lavagem, dentre outras formas
em atividades recreativas
do ser humano Pesca e
Aquicultura
Corpos d’água também
são utilizados para a
pesca e a criação de
Mineração organismos aquáticos
Retira a matéria-prima da
natureza para ser utilizada
em outras indústrias Abastecimento
Animal
Está relacionado às
necessidades dos animais

Irrigação Navegação
Geralmente é sazonal e ocorre
Poço Abastecimento nos meses de menor chuva Em áreas fluviais, a água é utilizada
como meio de transporte de
Humano Rural passageiros e de mercadorias
Na maioria das vezes, vem
de fontes subterrâneas
com utilização de poços
artesianos

Águas Subterrâneas Anderson Araujo/www.uxanderson.com


(adaptado)
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

reservatórios artificiais de todo o mundo e atribuir das pelo AQUASTAT está a base mundial georrefe-
o consumo de água aos setores beneficiados pelos renciada de barragens. O inventário conta com a lo-
Evaporação de reservatórios no ração de energia hidrelétrica e termelétrica nos Es-
tados Unidos. Definem o consumo da água, em ter- reservatórios. Consideram a evaporação bruta como calização, altura, capacidade, área e finalidade para
meio técnico-científico o uso consuntivo do reservatório e utilizam o valor mais de 14 mil reservatórios no mundo.
mos gerais, como a quantidade de água que se torna
indisponível para outros usos da água em uma mes- econômico como fator de ponderação para divisão
Publicações científicas do consumo entre usuários. No AQUASTAT, o consumo da água por massas
ma região. No caso do uso da água em hidrelétricas,
os autores ponderam que a vazão de água que passa d’água artificiais é destacado considerando que
Em Bakken et al. (2016) o consumo de água dos re-
pelas turbinas não é considerada consumo porque No Brasil, Coelho et al., (2017) estimaram o consumo nos reservatórios artificiais a evaporação da água é
servatórios foi estimado pela evaporação total do re-
pode ser utilizada a jusante enquanto a água dos de água de dois reservatórios do estado do Tocan- maior do que na superfície natural que havia no lo-
servatório na fase de operação. Uma das principais
reservatórios, armazenada com a função de gerar tins (Tucuruí e Lajeado). Os autores utilizaram, de cal. Essa diferença ocasiona o uso consuntivo. Nesse
limitações metodológicas destacadas é a ausência
energia, é parcialmente consumida pela evaporação forma comparativa, a evaporação bruta, líquida e o contexto, a FAO realizou a estimativa de evaporação
de orientações precisas sobre a atribuição do con-
e continua disponível para outros usos na mesma balanço hídrico como forma de aproximação ao con- para todos os reservatórios presentes na base mun-
sumo de água em reservatórios multiusuários. Os
região. Para a estimativa do consumo de água dos sumo efetivo de água. Concluem que a evaporação dial de barragens do AQUASTAT. Kohli & Frenken
autores propõem um método de atribuição do con-
reservatórios os autores adotaram a evaporação lí- líquida é mais adequada para caracterizar o consu- (2015) destacam que o estudo é um primeiro es-
sumo proporcional ao volume de água demandado
quida e em reservatórios com múltiplos usos atribu- mo de água da atividade dependente do reservatório forço de estimar o uso consuntivo de reservatórios
por cada setor usuário do reservatório e destacam
íram o volume consumido utilizando como critérios por caracterizar o efeito específico da alteração da artificiais em nível global. O método utilizado con-
que a definição da abrangência espacial do sistema e
de ponderação o benefício econômico de cada setor disponibilidade hídrica. Os autores associam todo siderou diversas estimativas secundárias de dados
a consequente determinação das atividades benefi-
usuário do reservatório. o consumo de água à geração de energia, que é a dos reservatórios, pois nem todos dispunham das
ciadas pelo reservatório é determinante na qualida-
função principal dos reservatórios analisados, mas informações necessárias para o cálculo da evapora-
de dos resultados. Em muitos casos o reservatório
Liu et al., (2015) estimaram o consumo da água em reconhecem que a alocação do consumo para os ção. Os autores apontam que essa indisponibilidade
regulariza a vazão e assegura a disponibilidade de
875 reservatórios na China, sendo 209 com uso re- demais usuários dos reservatórios seria necessária de dados básicos dos reservatórios, como a área da
água ao longo do ano proporcionando vazão regu-
lacionado à geração hidrelétrica. Conceituam o con- para melhor caracterizar o uso da água em reserva- massa d’água, resultam em incertezas nos valores de
larizada para áreas a muitos quilômetros a jusante
sumo da água como a parcela da água usada que tórios que possuem multiusuários. evaporação estimados. Portanto, o trabalho repre-
da barragem. Nesses casos apenas parte do uso da
evapora ou é incorporada em produtos e conside- sentou uma aproximação da ordem de magnitude do
água se dá pela retirada direta do reservatório. As-
ram que para reservatórios o consumo é dado pela consumo por evaporação.
sim, os limites espaciais de identificação de usuários Agências governamentais e
e atribuição do consumo de água, devem considerar evaporação bruta. Os autores reconheceram a ne-
internacionais O IPCC lançou em 2011 um relatório especial inti-
o reservatório e todas as áreas a jusante que dele se cessidade de atribuir o consumo da água para múl-
tiplos setores e utilizam o benefício econômico dos tulado Renewable Energy Sources and Climate Mi-
beneficiam. Os trabalhos desenvolvidos por órgãos internacio-
usuários de cada reservatório como critério para di- tigation. O documento listou potenciais fontes de
nais apresentam em geral escala global, regional ou
visão do consumo dos reservatórios. energia alternativas ao uso de combustíveis fósseis e
Em estudo sobre o uso da água em usinas hidrelétri- de países. Enquanto órgãos como a FAO e o IPCC
comparou os impactos de cada tecnologia. O docu-
cas, Grubert (2016) afirma que o consumo de água é tendem a abordar problemas globais, há institui-
Estudo também realizado na China por Xie et al. mento destaca que mesmo os reservatórios que são
associado às perdas por evaporação e a percolação. ções que focam em problemas de planejamento de
(2019) abordou o consumo de água por 300 usinas operados por usinas hidrelétricas frequentemente
Considera-se, portanto, que a evaporação líquida é a recursos hídricos de países específicos, tal como o
hidrelétricas. Os autores afirmam que na geração de estão relacionados a múltiplos usuários da água e,
forma mais apropriada de se estimar o uso da água NREL (National Renewable Energy Laboratory - U.S.
energia hidrelétrica o consumo da água ocorre pela assim, beneficiam o abastecimento humano, a irri-
pelos reservatórios. Para apoiar essa afirmação a au- Department of Energy Laboratory).
evaporação do reservatório e é definido pela evapo- gação, o controle de cheias e secas e a navegação,
tora cita a norma da International Organization for
ração líquida. A alocação do consumo para usuários além do seu propósito de geração de energia.
Standardization (ISO) número 14.046:2014, que trata Essas instituições consideram que em geral existe
da avaliação da pegada hídrica de produtos diversos, de reservatórios multiusuário foi realizada com base
consumo da água pelos reservatórios e destacam o
na ordem de prioridade e no número total de usuá- A comparação dos dados disponíveis analisados pelo
e considera que a mudança na evaporação causada fato de haver múltiplos usuários associados a essas
rios de cada reservatório. IPCC (2011) indica que o consumo de água por eva-
por mudança de uso da terra é considerada consu- estruturas. No entanto, citam que a disponibilidade
poração em reservatórios hidrelétricos supera as
mo da água. Nesse sentido considera que, embora a de dados sobre reservatórios é frequentemente um
Com uma abordagem ligeiramente diferente e fo- taxas de outras tecnologias como energia nuclear
evaporação real seja importante para análises regio- fator limitante na aplicação dos métodos, afetando a
cada no setor elétrico, Bakken et al (2017) apresen- e termelétricas (carvão, gás e biomassa). Por outro
nais de balanço hídrico, a evaporação líquida reflete confiabilidade dos resultados.
ta uma revisão e avaliação de resultados obtidos na lado, ressalta que os dados de consumo de água na
de forma mais adequada a apropriação da água pelos
literatura internacional. Os autores afirmam que o geração da energia hidrelétrica são provenientes de
usos relacionados aos reservatórios. O trabalho es- A FAO mantém um programa com informações glo-
consumo da água pelo setor hidrelétrico pode ser poucos estudos e que foram estimados a partir da
timou a evaporação líquida para reservatórios com bais sobre água e agricultura. Este sistema foi de-
calculado pelos volumes de evaporação anual di- evaporação bruta.
uso predominante para a atividade hidrelétrica e nominado AQUASTAT (FAO, 2019) e compila, analisa
atribuiu todo o uso consuntivo considerando o uso vididos pela geração de energia anual. Por outro
e distribui informações setorizadas destinadas ao
lado, partindo de uma visão mais ampla da função O NREL analisou comparativamente o consumo de
principal do reservatório. desenvolvimento sustentável da agricultura irrigada.
do reservatório, Hogeboom et al., (2018) realizaram água por evaporação na geração de energia por usi-
Dentre as informações organizadas e disponibiliza-
Lee et al. (2018) avaliaram o consumo de água na ge- um estudo para estimar a pegada hídrica de 2.235

78 79
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

nas termelétricas e hidrelétricas nos EUA. O prin- Internacional, formalizado na publicação intitulada (UN, 2012) em função da contabilização do uso da ambiente e a economia. A perda de água dos reser-
cipal consumo de água de termelétricas ocorre por System of National Accounts. água estar na interface entre a economia e o meio vatórios via processos evaporativos ou retiradas de-
evaporação no processo de resfriamento e esse ambiente. A princípio, os fluxos de entrada e saída veria ser contabilizada como um fluxo da economia
setor é muito mais expressivo nos EUA do que no Recentemente, a ANA, o IBGE e a Secretaria de Re- de água de reservatórios são contabilizados como para o meio ambiente (Nagy et al., 2009). Perspectiva
Brasil. No caso das usinas hidrelétricas, o volume de cursos Hídricos e Qualidade Ambiental do Ministé- estoques naturais, porém, cita-se que a água arma- semelhante é recomendada em WCD (2000), devi-
água que gera energia passando pelas turbinas não é rio do Meio Ambiente (SRHQ/MMA) apresentaram zenada nos reservatórios artificiais é resultado de do ao seu significativo volume, comparando com as
considerado consumo, enquanto o aumento da área as séries históricas das Contas Econômicas Ambien- uma demanda produtiva, isto é, a partir do momento retiradas para diversos usos de água, a evaporação
superficial do reservatório, quando comparado com tais da Água (CEAA) no Brasil, cobrindo o período em que o barramento é construído, tem-se início um líquida também pode ser considerada como um uso
a condição natural anterior, resulta na evaporação de 2013 a 2015 (ANA, 2019b) e de 2013 a 2017 (ANA & processo de operação e gestão com o objetivo de re- consuntivo de água.
adicional da água da superfície. Portanto, a evapo- IBGE, 2020). As Contas da Água reiteram a relevância gulação de sua dinâmica para um determinado uso.
ração em reservatórios hidrelétricos é considerada e atualidade desta agenda no contexto de gestão de A partir do entendimento básico adotado no SEEA- A Water Accounting Plus (WA+) possui como objetivo
uso consuntivo (Torcellini et al., 2003). Os autores recursos hídricos dada a interface entre economia e -Water (UN, 2012), compreende-se ainda que a água fornecer informações espaciais sobre o uso de água
estimaram a diferença entre a evaporação na con- meio ambiente. passa a ser contabilizada como parte da economia a em bacias hidrográficas. Configura-se como uma
dição natural dos rios e na condição atual para dois partir da sua abstração do meio ambiente. metodologia para contabilização de fluxos e esto-
grandes reservatórios: Hoover e Glen Canyon. Os re- O Sistema de Contas Econômicas e Ambientais é um ques de água na paisagem a partir de produtos de
sultados demonstraram que a evaporação estimada sistema satélite do SCN, onde a partir de metodolo- A respeito desta complexidade conceitual sobre a sensoriamento remoto, onde a evaporação líquida
para a condição natural, com os rios, representaria gias padronizadas busca-se contabilizar os recursos definição do uso da água em reservatórios artificiais de reservatórios é contabilizada como parte das re-
apenas 3,2% da evaporação estimada para a condi- naturais (i.e. água, floresta, ecossistemas) e asso- e processos hidrológicos associados, Nagy et al., tiradas totais de água do meio ambiente, seguindo
ção atual com reservatórios. ciá-los às atividades econômicas em uma estrutu- (2009) publicaram as principais conclusões obtidas a lógica de retiradas dos diversos setores usuários
ra única que permita a análise integrada de dados no 14th Meeting of the London Group on Environmen- (Karimi et al., 2013).
Torcellini et al. (2003) destacam que a regularização ambientais e econômicos. Especificamente para as tal Accounting (2009). Esse grupo de discussão reú-
de vazão propiciada pelos reservatórios de hidrelé- Contas de Água, diversos são os modelos e métodos ne especialistas de agências nacionais de estatística De maneira geral, as metodologias para contabili-
tricas permitiu, dentre outros, o desenvolvimento disponibilizados por organismos internacionais que e organizações internacionais para o compartilha- zação dos recursos naturais de um país, como nas
e a ampliação da rede de usinas termelétricas que podem ser aplicados, dentre os quais se destacam mento de experiências no desenvolvimento e imple- Contas de Água, constituem uma ferramenta com
demandam vazão constante para resfriamento, evi- o System of Environmental Economic Accounting for mentação de Contas Ambientais. potencial para melhorar o gerenciamento dos re-
denciando o benefício difuso dos reservatórios. No Water (SEEA-Water) (UN, 2012) – modelo utilizado cursos hídricos, fornecendo informações básicas e
entanto, o trabalho não se propôs a alocar o con- para a elaboração das Contas da Água do Brasil - e o Como resultado das discussões sobre a contabiliza- definições padronizadas para a derivação de muitos
sumo da água entre os usuários dos reservatórios, Water Accounting Plus (WA+) (do International Water ção dos usos de água em reservatórios artificiais, o indicadores relacionados à água e um banco de da-
ressaltando a dificuldade metodológica dessa esti- Management Institute - IWMI). documento técnico intitulado Water in artificial re- dos estruturado para informações econômicas e hi-
mativa. servoir - a produced asset? afirma que as alterações drológicas.
As definições de reservatórios artificiais adotadas no no ciclo hidrológico causadas pelos reservatórios e
A importância do desenvolvimento de metodologias SEEA-Water (UN, 2012) e WA+ (Karimi et al., 2013) a sua contabilização como parte "natural" da intera- Dentro da perspectiva do conjunto de indicadores
para contabilização de recursos hídricos na interfa- consideram a proposta da World Commission on ção entre recursos hídricos interiores e a atmosfera recomendados para estimativa a partir das metodo-
ce entre economia e meio ambiente levou a diversos Dams - WCD (2000), onde define-se como qualquer pode levar a distorções com relação à situação real logias de Contas da Água abordadas acima e da for-
organismos internacionais (United Nations Statistics área que possua alguma forma de armazenamento e podem ter implicações significativas na gestão de ma de contabilização dos processos relacionados à
Division - UNSD, Food and Agriculture Organization, de água, regulação ou controle de nível da água, te- recursos hídricos, como por exemplo: alocação de operação de reservatórios artificiais, a European En-
International Water Management Institute, dentre nha sido construída pelo ser humano e seja destina- água, cálculo de indicadores associados a produtivi- vironmental Agency - EEA (2013) indica que a evapo-
outros) e órgãos governamentais de gestão de re- da a um determinado uso que, em geral, é oriundo dade hídrica e consumo efetivo de água na operação ração líquida de reservatórios naturais deve ser con-
cursos hídricos a desenvolverem modelos conceitu- de uma atividade econômica (i.e. irrigação, abaste- de reservatórios (Nagy et al., 2009). tabilizada como uso da água. Assim, considerando a
ais padronizados de referência e aplicação na lógi- cimento, geração de energia, contenção de cheias, relação com o uso de água, estes volumes devem ser
ca dos Sistemas de Contas Nacionais (SCN). O SCN entre outros). Nesta perspectiva, os processos associados ao en- contabilizados para o cálculo de indicadores asso-
apresenta informações sobre a geração, a distribui- chimento e gestão de reservatórios artificiais deve- ciados ao estresse hídrico e à avaliação da pressão
ção e o uso da renda no País e permite uma avaliação Por convenção, a UNSD (2012) recomenda que re- riam ser considerados como processos produtivos, da economia sobre os recursos hídricos, como por
global das atividades econômicas. servatórios artificiais e canais artificiais podem ser não sendo considerados como parte do meio am- exemplo o Water Explotation Index (WEI) que indica
considerados como parte de recursos hídricos inte- biente. Os autores ainda especificam que, dentro da uma forma de monitoramento do uso da água como
No Brasil, o IBGE é o responsável pela publicação riores (i.e. meio ambiente) ao invés de ter sua dinâ- lógica dos Sistemas de Contas Ambientais, os fluxos percentual do total de recursos hídricos renováveis
dos resultados dentro do padrão internacional es- mica contabilizada como um ativo econômico. Por estabelecidos entre os reservatórios artificiais e ou- (i.e., águas superficiais e subterrâneas) em um deter-
tabelecido por Nações Unidas, Banco Mundial, Co- outro lado, a própria UNSD (2012) indica que reser- tros recursos naturais (p.ex. precipitação incidente) minado tempo e espaço.
missão Europeia, Organização para a Cooperação vatórios artificiais representam um caso particular devem ser contabilizados como fluxos entre o meio
e Desenvolvimento Econômico e Fundo Monetário dentro da lógica de modelos como o SEEA-Water

80 81
Coeficientes Técnicos de Uso da Água CONSIDERAÇÕES FINAIS
para a Agricultura Irrigada

A água armazenada em um reservatório é parcialmente consumida pela eva-


poração, tornando-se indisponível para outros usos/usuários no mesmo local
e tempo. Dada pela diferença entre a evaporação real e a evapotranspiração
que ocorreria naturalmente no mesmo local, a evaporação líquida constitui-se
em importante uso consuntivo múltiplo da água. É uma informação crucial
para o planejamento e a gestão da água – tanto no âmbito do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) quanto nos setores da
economia onde a água é insumo essencial.

O controle de demandas hídricas, a operação da infraestrutura existente e o


planejamento da infraestrutura complementar (verde e cinza) requerem esti-
mativas cada vez mais precisas sobre os diversos usos, especialmente em cená-
rios momentâneos de escassez hídrica e crise energética ou em cenários mais
persistentes de mudanças do clima. A avaliação dos usos torna-se ainda mais
relevante em bacias hidrográficas ou sistemas hídricos onde o volume de água
para atendimento aos diversos usos é próximo à disponibilidade hídrica.

Historicamente, a evaporação líquida é considerada no dimensionamento de


reservatórios e no planejamento e na operação do setor elétrico – por exem-
plo, na reconstituição das séries de vazões naturais. O Sistema para Cálculo da
Evaporação Líquida para os Reservatórios do Sistema Elétrico Brasileiro (SisE-
vapo) tem sido uma importante referência nas últimas décadas. A metodologia
vigente no setor considera seus reservatórios e taxas fixas de evaporação, ba-
seadas em normais ou médias climatológicas, aplicando-as às áreas observa-
das diária ou mensalmente; além disso, considera métodos diferentes para o
subsistema Nordeste em relação aos demais aproveitamentos do País.

Na esfera dos recursos hídricos, por outro lado, a evaporação líquida ainda é
pouco incorporada explicitamente, o que se deve, em boa medida, à dificul-
dade de quantificação em um país de dimensões continentais como o Brasil,
com uma grande quantidade de reservatórios artificiais que ocupam uma área
considerável. A heterogeneidade hidroclimática, a consistência de dados me-
teorológicos, a escala cartográfica e a qualidade dos mapeamentos de massas
d´água são alguns dos aspectos desafiadores para estimativas robustas.

5 CONSIDERAÇÕES Cientes desse desafio das estimativas da evaporação líquida como uma lacuna
de conhecimento para a segurança hídrica dos setores econômicos e do abas-

FINAIS tecimento humano, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA


e a Universidade Federal do Paraná – UFPR uniram esforços em um projeto de
pesquisa, que apresenta resultados inéditos para um conjunto de cerca de 175

Ilha no lago da UHE Chavantes - rio Paranapanema -


entre Carlópolis (PR) e Fartura (SP)
Raylton Alves / Banco de imagens ANA

82
83
EVAPORAÇÃO LÍQUIDA DE RESERVATÓRIOS

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mil reservatórios no território nacional, atualizando
e aprimorando expressivamente os estudos do setor
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2022-2040) - este um instrumento-chave do novo
ALLEN, R.G., PEREIRA, L.S., RAES, D., SMITH, M. BAKKEN, T. H.; KILLINGTVEIT, A.; ALFREDSEN, K.
O método desenvolvido possui base física e é capaz ciclo de implementação da Política de Recursos Hí-
Crop evapotranspiration — guidelines for computing The Water Footprint of Hydropower Production -
de lidar com a disponibilidade e a qualidade de dados dricos. Parcerias e arranjos institucionais poderão
crop water requirements. FAO Irrigation and drai- State of the Art and Methodological Challenges. Glo-
no território nacional, incorporando dados de sen- ser fortalecidos no aprimoramento das estimativas e
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soriamento remoto processados em larga escala – a na sua disponibilização aos decisores.
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temperatura da água no lago, por exemplo, é obtida BAKKEN, T. H.; MODALH, I. S. RAADAL, H. L.; BUS-
diariamente e para cada reservatório. Grande esfor- As recentes Resoluções ANA nº 92 e 93, de 2021, apro- ALLEN, R. G., TASUMI, M., MORSE, A., TREZZA, R., TOS, A. A.; ARNOY, S. Allocation of water consump-
ço foi aplicado na consistência, no preenchimento e varam, respectivamente, as séries históricas e as WRIGHT, J. L., BASTIAANSSEN, W., ROBISON, C. W. tion in multipurpose reservoirs. Water Policy, n. 18,
no tratamento das bases de dados que subsidiam o projeções futuras de vazões para usos consuntivos a Satellite-based energy balance for mapping evapo- p. 932-947, 2016.
modelo de evaporação em lago, denominado SELET montante de 545 aproveitamentos hidrelétricos (em transpiration with internalized calibration (METRIC)
– Sistema de Evaporação em Lago Embasada na Tem- operação ou em estudo). Trata-se de informação es- - Applications. Journal of Irrigation and Drainage BASTIAANSSEN, W. G., MENENTI, M., FEDDES, R. A.,
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sumiu 885.000 litros de água a cada segundo em 2019 cluíram mecanismos de atualização periódica para Usos Consuntivos da Água no Brasil. Brasília: ANA,
(ou um volume anual de 27,9 trilhões de litros), em incorporar aprimoramentos nas bases de dados e 2019a. BEAUDOING, H.; RODELL, M. GLDAS Noah Land
uma superfície média de 39.950 km² - uma taxa mé- novos anos às séries ou projeções. Os novos dados Surface Model L4 3 hourly 0.25 x 0.25 degree V2.1,.
dia de 22 litros por segundo por km² de superfície. de evaporação líquida são, assim, um subsídio adi- ________. Contas Econômicas Ambientais da Greenbelt, Maryland, USA, Goddard Earth Sciences
Neste ano, 114 reservatórios apresentaram evapo- cional às mesmas aplicações. Água (CEAA) no Brasil 2013-2015. Brasília: ANA, Data and Information Services Center (GES DISC),
ração líquida superior a 500 litros por segundo (0,5 2019b. 2020.
m³/s) e somaram vazão média anual de 666 m³/s Também em 2021 - apenas dois anos após o lança-
(75% do total nacional). mento do Manual de Usos Consuntivos da Água no ________. Atualização da Base de Dados Nacio- BECKER, M. W.; DAW, A. Influence of lake morpholo-
Brasil - a ANA atualiza de forma expressiva a base nal de Referência de Massas d’Água. [s.l.] ABrasília: gy and clarity on water surface temperature as me-
Os resultados atualmente produzidos, portanto, re- técnica dos três maiores usos da água no Brasil, cujos ANA, 2020a. asured by EOS ASTER. Remote Sensing of Environ-
presentam importante desenvolvimento em termos resultados foram divulgados por meio do Atlas Irri- ment, v. 99, n. 3, p. 288–294, 30 nov. 2005.
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mento das geotecnologias e de novos produtos de – 2017, 2020b. BRUIN, H. A. R. DE; KEIJMAN, J. The Priestley-Taylor
sensoriamento remoto. A ANA continuará investindo esforços na atualização evaporation model applied to a large shallow lake in
e melhoria da base técnica sobre os diversos usos da ANDERSON, E. R. Energy-budget studies. In: Water- the Netherlands. Journal of Applied Meteorology., v.
O trabalho e suas futuras atualizações também con- água, alinhada com sua atribuição de manter atuali- -loss investigations: Lake hefner studies, Technical 18, p. 898–903, 1979.
tribuem para o aprimoramento da base nacional de zado o diagnóstico sobre os diversos usos da água e Report, p. 71–119. 1954.
massas d'água mantida pela ANA que, além de ma- com sua missão de garantir a segurança hídrica para BRUTSAERT, W.; STRICKER, H. An Advection-Aridity
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tar com maior nível de preenchimento de atributos, variance CO2 fluxes over Itaipu Lake, Southern Bra- piration. Water Resources Research, v. 15, n. 2, p.
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servatórios e indicadores de variação de área. ração líquida no Brasil e sobre os diversos estudos 2020.
e bases de dados da ANA podem ser acessados no BRUTSAERT, W. On a derivable formula for long-wa-
A incorporação da evaporação líquida será valiosa portal do Sistema Nacional de Informações sobre Re- ASSOULINE, S., MAHRER, Y. Evaporation from lake ve radiation from clear skies. Water Resources Re-
em instrumentos de planejamento como o Plano Na- cursos Hídricos - SNIRH (http://snirh.gov.br/). Kineret 1. Eddy correlation system measurements search, 11, 742–744, 1975.
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