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2019 A Importância Do Sacramento Do Matrimônio

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A IMPORTÂNCIA DO SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO

Quando nos foi apresentado esse tema, lembrei um momento em que


estava no Santíssimo, diante do Senhor, refletindo sobre o meu casamento.
Naquela época, estávamos passando por um momento difícil, de conflito, de
crise, em que eu sentia que meu esposo não me compreendia e que eu
também não o compreendia.

Estava em sofrimento, porque já servíamos como Coordenadores do


Ministério para as Famílias, e isso me fazia sentir impotente, já que achava que
não estava vivendo o meu sacramento da forma como Deus nos propunha, e,
portanto, era indigna de estar na missão que Deus me confiava.

Ali me sentia ferida, porque queria viver em plenitude o Evangelho da


Família, aquilo que pregamos, que somos chamados a anunciar, queria ser
testemunho vivo daquilo que o Senhor me leva a falar, então me sentia
péssima, por não estar vivendo a beleza de ser família cristã.

E nesse momento em resposta ao meu clamor, ao meu pedido de oração, em


que falava para Deus que desejava viver verdadeiramente o Sacramento do
Matrimônio, a resposta que Deus me deu foi:

“Minha filha, todos os problemas que vivem é porque vocês não estão
unidos. Aliás, porque você não se sente unida. Uma só carne, que ninguém
separa, pois o que Eu uni, o homem não é capaz de separar. Portanto, sois UM.
Não temas. Afaste o pecado de sua casa. As palavras de maldição, de
desistência. Assuma a condição de indissolubilidade do amor de vocês, que Eu
uni. Alimente o olhar de seu esposo para você. Não fale palavras duras. Sois
uma só carne e um só espírito. Portanto, quando você fere a ele, fere também
a você. O que você sente, ele sente. Então reforce o amor por ele, peça amor
para mim. Este amor dado por mim, te ensinará a amar e a agir. Você não
pode ser trocada, porque Eu te escolhi para ser a esposa do Carlos Eduardo.
Por isso, peça todos os dias esta unidade”
Naquele momento irmãos, fui invadida de uma compreensão que não
tinha. Que o fruto de todas as nossas dificuldades e, com certeza, de muitos
casais, encontra-se na raiz de que o casal não se une verdadeiramente, e não
compreende com profundidade o caráter unitivo e indissolúvel desta união
sacramentada por Cristo.

A PERGUNTA: Eu realmente entendo o verdadeiro significado do que é


SACRAMENTO? Não só com minha mente, mas com meu coração, com os olhos
da alma?
Se eu fosse definir o que é sacramento, de forma resumida, diria que
sacramento é o caminho que me leva a Cristo. E, no nosso caso, em que nossa
vocação é o matrimônio, nosso chamado é o matrimônio, o sacramento do
matrimônio é o meu caminho de Santidade.
Quando dissemos “sim” a este chamado estamos dizendo sim não
somente ao casamento, mas dizendo “sim” a casar-se com aquela pessoa
especifica, no meu caso, o meu “sim” foi a casar-me com o Carlos Eduardo.
Deus fez o Carlos Eduardo para mim.
Mas isto deve ser entendido sob o olhar de Deus, se a pessoa toma as
suas decisões fora do olhar de Deus, então ela jamais conseguirá ver o
matrimônio como uma vocação.
O casamento como contrato já existia muito antes da vinda de Jesus
entre nós, desde o início da humanidade em todas as culturas e religiões.
A Igreja Católica começou a considerar o matrimônio como um de seus
sacramentos somente no século XIII, por meio do teólogo Petrus Lombardus. E,
posteriormente, apenas no Concílio de Trento, no século XVI que a Igreja
definitivamente integrou o matrimônio no conjunto dos sete sacramentos
(batismo, eucaristia, confirmação, penitência, unção dos enfermos, ordem e
matrimônio). Apesar de que já naquela época o matrimônio era coberto de ritos
litúrgicos.
Mas JESUS apresentou o casamento sob uma nova perspectiva, como
aliança. Ele viu o matrimônio como um meio de santificação, estabelecendo os
fundamentos do que se tornaria sacramento, na sua presença. Em todos os
sacramentos temos a presença de Jesus, e através de sua presença Jesus
reconhece que estes são meios de santidade.
E por que o casamento na Igreja e não somente o casamento no
cartório? Exatamente em face do aspecto espiritual. O casamento no civil não é
ruim, é algo bom, mas o sacramento indica um compromisso que o casal
assume de se tornarem uma só carne, são chamados a se ajudarem
mutuamente, a curar um ao outro, não só física e psicologicamente, mas
também espiritual.
Exemplo, marido e esposa tem o papel de estimularem as práticas
religiosas, se comprometem a chegar na vida eterna. O casal no sacramento
ajuda-se mutuamente na jornada espiritual
Para ser aceito como matrimônio este precisa ser aceito livremente, ocorrer
entre homem e mulher e é preciso que ambos entrem com o intuito de
permanecerem juntos para a vida toda.

Vamos abrir a palavra em MT 19, 3-7


Como vemos, neste momento, Jesus institui o casamento como
Sacramento, como caminho de Santidade, respondendo a uma pergunta dos
fariseus, que queriam colocá-lo a prova. Eles estavam ali perseguindo Jesus,
aguardando a sua queda.
Aqui eu faço uma comparação com o que vemos nos dias de hoje. Nós
que estamos neste Ministério para as Famílias, a todo tempo somos provados e
tentados, onde? Na nossa família, no nosso matrimônio. O inimigo quer colocar
em nossos corações, por meio das brechas que deixamos, em nossas
fraquezas, pecados, mágoas, ressentimentos, toda a dificuldade de sermos
família, como se viver o sacramento fosse um peso.
Viver o sacramento hoje significa nadar contra a correnteza de uma
sociedade atual, que é abertamente contrária à unidade e a indissolubilidade do
matrimônio.
Quando Jesus responde os fariseus, na indagação se Ele estava
contrariando a lei de Moises que tinha autorizado o divórcio, Ele diz: no começo
não foi assim, foi por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia
tolerado o repúdio das mulheres.
Aqui Jesus deixa clara a indissolubilidade do casamento.
Este é um ponto importante para refletirmos o que dentro de nós que
nos afasta de vivermos a unidade matrimonial. A resposta de Jesus é a “dureza
de vosso coração”, e a dureza dos fariseus estava no egoísmo. Eles se sentiam
o centro.
Irmãos, o contrário do amor é o EGOÍSMO. Quando somos egoístas
dentro do nosso casamento, dentro do nosso matrimônio, nos nossos
relacionamentos com filhos, esposo ou esposa, não deixamos espaço para o
amor. Não existe espaço para amar quando eu penso somente em mim.
A família é o espaço onde o amor mais precisa ser exercitado. O egoísta
que se acha o centro da sua própria vida, que acha que também tem que ser o
centro da família, impede que o amor flua.
Enquanto sacramento, somos chamados a ser canal de amor para os
nossos cônjuges. Isso significa dizer que o amor de Deus para chegar no meu
esposo passa por mim e para o amor de Deus chegar a mim passa pelo meu
esposo. Quando eu ponho obstáculo para que esse amor chegue ao meu
esposo, não significa dizer que Deus não o ama, mas que meu esposo não
sente esse amor, porque está ligado a mim, como explica Frei Elias Vella, no
livro Escalando a Montanha do Casamento.
Então, irmãos, somente Deus pode ser o centro da nossa vida, do nosso
casamento, da nossa família. Deus é amor, e conforme Jesus nos ensinou,
amar é servir, portanto somente existe amor, unidade neste casamento, em
uma família, quando eu me coloco a serviço do meu cônjuge, da minha família,
quando eu amo.
Existe, portanto, um crescente perigo representado por um
individualismo exagerado, que desvirtua os laços familiares e acaba por
considerar a cada componente da família como uma ilha, fazendo prevalecer, a
ideia de um sujeito que se constrói segundo os seus próprios desejos
assumidos em caráter absoluto, gerando nas famílias brigas, intolerância e
agressividade.
Para aniquilar essa ilha, somente a ponte de amor é capaz de reconstruir
a relação. E Jesus é o próprio pontífice do amor, Ele é a ponte que nos une.
Portanto, o mistério de que somos uma só carne, somente se faz quando Cristo
me une ao meu cônjuge.
Vivemos também a cultura do descartável ou do provisório, como diz o
Papa Francisco, em Amoris Laetitia. Hoje as pessoas passam de uma relação
afetiva para outra com rapidez. Creem que o amor, como acontece nas redes
sociais, possa ser conectado e desconectado, ao gosto do consumidor, e até
bloqueado.
Os jovens também têm medo de assumir compromissos, na obsessão
pelo tempo livre, relações que medem custos e benefícios. E como tudo é
descartável, usa-se e joga fora. Mas se esquecem que quem usa o outro, mais
cedo ou mais tarde também será descartado.

Também vemos uma afetividade narcisista, instável, mutável que não


ajuda o sujeito a atingir uma maturidade, inclusive espiritual. A difusão da
pornografia e da comercialização do corpo, com o uso distorcido da internet,
faz com que surjam relação inseguras, indecisas, que não encontra a forma de
crescer. Muitos ficam no estágio primário da vida emocional e sexual, como se
o matrimônio se resumisse a esse estágio, e portanto, ficam na superfície, não
se aprofundam no amor de Deus pela família, não conseguem viver e
compreender o verdadeiro sentido do Evangelho da Família. Findando em
separações que trazem sérias consequências para os cônjuges e em especial
para os filhos.
As crises conjugais são enfrentadas de forma apressada e sem a
coragem e a paciência da averiguação e do perdão recíproco.
Em muitos países, avançou-se numa desconstrução jurídica da família,
como temos visto aqui no Brasil, que tende a adotar formas baseadas quase
que exclusivamente no paradigma da autonomia da vontade. Embora seja
legítimo e justo rejeitar velhas formas de família, caracterizadas pelo
autoritarismo, violência, machismo, isso não deveria levar ao desprezo do
matrimônio, mas sim a redescoberta do seu significado, sua renovação.
Diz o Papa Francisco “a força da família reside essencialmente na
sua capacidade de amar e de ensinar a amar. Por mais ferida que uma
família possa estar, ela pode sempre crescer a partir do amor ”. (Amoris
Laetitia)
Não existem famílias perfeitas, idílicas ou de novela, mas devemos lutar
para realizar a nossa vocação e continuar caminhando, embora caiamos muitas
vezes ao longo do caminho.
Papa Francisco diz que o ensinamento sobre o matrimônio e a família
não pode nunca deixar de se inspirar e transfigurar o querigma, ou seja, o
anúncio do amor e da ternura, se não quisermos tornar mera defesa de
doutrina. Portanto, só podemos compreender o verdadeiro sentido da família à
luz do Espírito Santo.
O Concilio Ecumênico Vaticano II ocupou-se, na Constituição pastoral
Gaudium et Spes, de definir que o “Matrimonio como comunidade de vida
e amor, colocando o amor no centro da família. O verdadeiro amor
entre marido e mulher implica a mútua doação de si mesmo, inclui e
integra a dimensão sexual e a afetividade, correspondendo ao
desígnio divino. Além disso, sublinha o enraizamento dos esposos em
Cristo. Os cônjuges edificam o Corpo de Cristo e constituem uma
igreja doméstica, de tal modo, que a própria igreja para compreender
o seu mistério olha para a família cristã.
Ler, o que São Paulo diz sobre o matrimônio: EFESIOS 5, 25 e ss
O sacramento do matrimônio não é uma coisa nem uma força, mas o
próprio Cristo, na realidade. Permanece com eles, concede-lhes a força de
segui-lo levando sua cruz e de levantar-se depois da queda, perdoar-se
mutuamente. O matrimônio cristão é uma sinal de quanto Cristo amou a Igreja
na aliança selada na cruz. Portanto, os esposos nunca estarão sozinhos,
poderão sempre invocar o Espirito Santo que consagrou a sua união para que
a graça recebida se manifeste sem cessar em cada nova situação.
Eu somente vou compreender meu esposo, e ele a mim, quando eu o
olhar com os olhos de Jesus. Ou seja, quando pela ação do espírito santo em
mim, que vai aumentando cada dia mais em que me deixo ser íntima de Deus,
em que rezo, faço jejum, adoro. Porque a partir disso conseguirei enxergar o
coração do meu esposo, com o olhar de Jesus, porque somente Deus nos
conhece por inteiro, nem nós mesmos nos conhecemos.
Com os olhos da razão ficamos contaminados pelo nosso egoísmo,
nossas razões, nossos sentimentos, nossos pensamentos, que com certeza não
são totalmente verdadeiros, porque estamos esquecendo de olhar com os olhos
de Jesus.
Jesus também diz como resposta: “Nunca lestes que o Criador, desde o
princípio, criou o homem e a mulher.” Aqui Jesus explica o casal “homem e
mulher” como a imagem de Deus. O mistério que São Paulo também reflete, o
homem amará sua esposa como Cristo amou a Igreja.
O casal que ama e gera a vida é a verdadeira escultura viva de Deus
criador e salvador.
Portanto, do encontro de um homem e uma mulher, cura-se a solidão,
GENESIS 2, 18 (“era necessário que o homem não ficasse só, mas que tivesse
um auxílio adequado”) surge a geração e a família.
Homem e mulher se unem não só na dimensão corpórea e sexual, mas
também na doação voluntária de amor, quer no abraço, na união de corações,
da vida, no filho que porventura nascer dos dois, e em si mesmo leva as duas
carnes, unindo-as genética e espiritualmente. Porque nossos filhos têm não só
uma herança genética, mas também espiritual.
Cristo pôs, sobretudo a lei do amor e do dom de si mesmo aos outros.
No horizonte do amor, essencial na experiência cristã do matrimônio e da
família, destaca-se outra virtude, um pouco ignorada, a ternura.
A família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra
de Deus, a comunhão eucarística para fazer crescer o amor e tornar-se cada
vez mais templo em que habita o Espírito Santo
Cada família tem diante de si o ícone da Família de Nazaré, com o seu
dia a dia feito de fadigas e até de pesadelos, como quando perseguidos por
Herodes, o nascimento na manjedoura.
Enfim, como conclui e define São João Paulo II: “O nosso Deus, no
seu mistério mais íntimo, não é solidão mais uma família, dado que
tem em Si mesmo paternidade, filiação e a essência da família, que é o
amor. E esse amor na família é o Espírito Santo”.
Que Deus abençoe todos vocês!!

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