Davide 2022.1
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO....................................................................................................3
3.1. A liberdade e a Responsabilidade Social em Adela Cortina: uma reflexão ética sobre a liberdade
e a conduta humana na sociedade............................................................................................................6
4.1. Conclusão..................................................................................................................................11
5. Referencias ................................................................................................................................12
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Compreender o ser humano a partir de suas relações interpessoais não é uma tarefa simples,
porém, necessária, sobretudo para o campo da educação. Diante da complexidade do desafio,
considero como um bom ponto de partida a discussão realizada pela filósofa espanhola Cortina
(2008) que em sua obra "Aliança e contrato" apresenta um interessante cotejo entre a cultura
judaico-cristã e o Estado contratualista, trazendo à tona duas perspectivas diferentes de analisar
os laços que unem os seres humanos. O primeiro baseia-se na ideia do homem como “animal
político” e a segunda como “animal social”.
Para melhor diferenciar as respectivas categorias, a autora explica que como animal político o
homem "[...] cria instituições próprias da sociedade política, os Estados, os governos, os sistemas
políticos. Como animal social, cria as instituições próprias da sociedade civil", como por
exemplo, as unidades familiares, comunidades e as tradições morais (CORTINA, 2008, p.13).
Esses dois modos distintos de viver coletivamente são reveladores de duas histórias que aqui
serão abordadas. A primeira delas evidenciada neste trabalho, toma por base as considerações de
Cortina (2008) acerca da obra “Leviatã” de Thomas Hobbes, no qual se confere ao contrato a
função de sustentáculo da vida compartilhada.
Hobbes (2008) compreende, ao contrário de Aristóteles, que o homem não é por natureza um
“animal político”. Todavia, acredita que o surgimento, bem como a manutenção da “comunidade
política”, é viável por meio de um instrumento artificial: o contrato (CORTINA, 2008).
Pessimista quanto à natureza humana, Hobbes (2008) parte do princípio de que o homem é
naturalmente egoísta. Assim sendo, o desejo de preservar seus próprios interesses em detrimento
dos outros poderá ser contido tão somente por meio de um acordo (CORTINA, 2008).
1.1 Objectivos de estudo
1.1.1 Objectivo geral
Apresentar uma raciocínio (reflexão) ética sobre a liberdade e a conducta humana na
sociedade baseando-se da liberdade e a responsabilidade social em Adela Cortina.
11
Adela Cortina é Catedrática de Ética e Filosofia Política na Universidade de Valência e membro da Real
Academia de Ciências Morais e Políticas
CAPÍTULO II: METODOLOGIA
Para a concretização deste trabalho, a escolha dos métodos de pesquisa é crucial, uma vez que
estes indicam os passos a serem seguidos pela pesquisa, para o alcance dos objectivos
preconizados.
Partindo do princípio que um A ética ou a filosofia moral tem como objetivo explicar o
fenômeno moral, dar conta racionalmente da dimensão moral humana.
A ética é indiretamente normativa. A moral é um saber que oferece orientações para ações em
casos concretos, enquanto que a ética é normativa em sentido indireto, pois não tem uma
incidência direta na vida cotidiana, quer apenas esclarecer reflexivamente o campo da moral..
Esta mesma metodologia será descrita neste capítulo.
A palavra ética vem do grego ethos, originalmente tinha o sentido de “morada”, “lugar em que se
vive” e posteriormente significou “caráter”, “modo de ser” que se vai adquirindo durante a vida.
O termo moral procede do latim mores que originariamente significava “costume” e em seguida
passou a significar “modo de ser”, “caráter”. Portanto, as duas palavras têm um sentido quase
idêntico.
No obstante, no contexto acadêmico, o termo “ética” refere-se à filosofia moral, isto é, ao saber
que reflete sobre a dimensão da ação humana, enquanto que “moral” denota os diferentes
códigos morais concretos. A moral responde à pergunta “O que devemos fazer?” e a ética, “Por
que devemos?”
Os diferentes sistemas ou doutrinas morais oferecem uma orientação imediata e concreta para a
vida moral das pessoas. As teorias éticas não pretendem responder à pergunta “o que devemos
fazer?” ou “de que modo deveria organizar-se a sociedade“, mas refletem sobre “por que existe
moral?” “quais motivos justificam o uso de determinada concepção moral para orientar a vida?”.
As teorias éticas querem dar conta do fenômeno moral. Existem diferentes leituras do fenômeno
moral.
CAPÍTULO III: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. A liberdade e a Responsabilidade Social em Adela Cortina: uma reflexão ética sobre
a liberdade e a conduta humana na sociedade.
Para uma boa reflexo a respeito da Ética aplicada como hermenêutica crítica (Adela Cortina), e
desse ponto partir uma abordagem mais ampla a respeito da matéria, importa salientar que O
quadro deontológico (O momento kantiano) O modelo proposto por Adela Cortina não é
dedutivo nem indutivo, mas desfruta da circularidade hermenêutica. Portanto não se trata de
aplicar princípios universais nem de induzir máximas práticas, mas descobrir, nos diferentes
âmbitos da atividade, a modulação peculiar do princípio comum. Cada campo da atividade
humana tem a sua
especificidade ou melodia própria, obrigando a uma perspectiva interdisciplinar. Não existe mais
alguém com uma visão sistêmica do conjunto, que possa oferecer sozinho, a orientação. É
necessário consultar os especialistas de cada área para ver quais são os princípios de alcance
médio e quais são os valores correspondentes daquela atividade.
O princípio procedimental da ética do discurso é apenas uma orientação que precisa também ser
complementada com outras tradições éticas. Levar em consideração os diferentes modelos de
ética, tendo, como elemento coordenador, a ética do discurso, pois esta oferece o modo de
argumentar eticamente pela ação comunicativa.
Apesar de a tese maquiavélica ter defendido a suspensão da ética em matéria de política, quando
a política não é ética, ela “é ruim não como ética, mas como política; é má política. É importante
que se diga isso porque, do contrário, se dá a sensação de que os políticos podem ser éticos ou
não, que os empresários podem ser éticos ou não, e que isso depende de cada um deles; mas
não”, diz Adela Cortina à IHU On-Line, quando esteve em Porto Alegre, RS, a convite do Grupo
de Filosofia, Economia e Direito da UFRGS.
3.2. Reflexões sobre a ética
Adela Cortina, uma das principais autoras no âmbito da reflexão ética recente, em breve e
precisa síntese (Cortina, 1994:17-33) a respeito do que é a Ética, salienta que: “A ética é um tipo
de saber que orienta a ação (um tipo de saber prático)” e que “…é essencialmente um saber para
agir de um modo racional.”
Afirma que há dois modos de saber ético (modos de orientar racionalmente a ação):
i. aprender a tomar decisões prudentes, mediante a forja do caráter
ii. aprender a tomar decisões moralmente justas, com respeito aos direitos humanos desde
uma moral crítica.
Nos aponta além disso que os fundamentos da ética surgem do fato de que:
i. Os seres humanos são estruturalmente morais;
ii. Os seres humanos tendem necessariamente à felicidade;
iii. Todos os seres vivos buscam o prazer (hedonismo);
iv. Os seres humanos têm dignidade porque só eles são livres já que são autônomos;
v. Todos os seres humanos são interlocutores válidos (ética do diálogo).
Formula como características da ética cívica
i. Uma ética de mínimos;
ii. Uma ética de cidadãos, não de súditos;
iii. Um tipo de consciência moral baseada na autonomia.
Para Helvetius e outros deterministas, a liberdade seria uma espécie de ilusão, pois há um
aspecto biológico do qual não se pode escapar e, sobretudo, um aspecto jurídico. Veja o que ele
diz:
“Os homens não são maus, mas submissos aos seus interesses... Portanto,
não é da maldade dos homens que é preciso se queixar, mas da ignorância
dos legisladores que sempre colocam o interesse particular em oposição
ao geral. […] Até hoje, as mais belas máximas morais não conseguem
traduzir nenhuma mudança nos costumes das nações. Qual é a causa? É
que os vícios de um povo estão, se ouso falar, escondidos no fundo de sua
legislação.”2
Vamos analisar o que ele diz:
a) Ele diz que os homens buscam seus interesses, mas isso não significa que eles sejam
maus;
b) Para limitar os interesses humanos particulares, ou seja, aqueles que beneficiam apenas
um grupo pequeno ou muito restrito, é preciso haver leis que prefiram os interesses gerais.
2
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A sagrada família: ou a crítica da Crítica contra Bruno Bauer
c) Se isso Trad.
e consortes. não acontece, não haverá
Marcelo Backes. uma Boitempo,
São Paulo: mudança nos
2003,costumes,
p. 130. pois as leis continuarão a
permitir que os erros aconteçam.
Helvetius fala de “vício”, que também é uma noção importante para o estudo da ética. A noção
de vício opõe-se à noção de virtude, que deriva do latim virtus (força ou qualidade essencial).
Quando falamos de virtude ética, falamos de uma qualidade essencial: a prática constante do
bem. O bem, nesse sentido, pode ser entendido como ter responsabilidade pelas ações livres.
Quando a liberdade é usada pelo homem sem essa responsabilidade moral, falamos em vício.
Assim, se a fidelidade é uma virtude, a infidelidade é um vício. Sobre esse vício,
especificamente, Helvetius salienta:
“Na Nova Orleans, as princesas podem, quando elas se cansam de seus
maridos, repudiá-los para se casarem com outros. Neste lugar, não
encontramos mulheres falsas, porque elas não têm nenhum interesse em
ser falsas”.3
Para Helvetius, em vez de falarmos de virtude ou vício da pessoa individualmente, deveríamos
falar sobre a virtude ou vício da legislação.
Os pensadores que defendem que o ser humano é sempre livre sabem que existem determinações
externas e internas, fatores sociais e subjetivos, mas a liberdade de decidir sobre suas escolhas é
superior à força dessas determinações. Um exemplo que poderia ser dado para entendermos essa
noção seria a de dois irmãos que têm a mesma origem social, mas um se torna criminoso e o
outro não. Vejamos o que o filósofo francês Jean-Paul Sartre disse sobre isso:
“... Por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem
é liberdade. […] Não encontramos diante de nós valores ou imposições
que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós
nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou
desculpas. Estamos sós e sem desculpas”4.
É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não criou
a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo o que
fizer.
3
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 09
4.1. Conclusão
A palavra ética, como sabemos, procede do grego ethos, que quer dizer carácter e morada do
homem, ou seja, onde se mora. Entendo que a ética é esse tipo de saber que nos ajuda a formar
um caráter. Caráter quer dizer um conjunto de predisposições que nos levam a atuar melhor, e a
essas chamamos de virtudes, ou nos levam a agir mal, e a essas chamamos de vícios.
A ética continua se ocupando dessa formação do caráter para nos ensinar a agir bem e evitar agir
mal, como se dizia no mundo clássico. E nesse sentido penso que alcançar esse bem está
relacionado com dois valores: a justiça e a felicidade. Se perguntarem do que trata a ética, diria
que trata de muitas coisas, e uma delas muito importante é fazer a humanidade mais justa e mais
feliz.
Por isso, é importante, desde a infância, ensinar ética, o que não significa doutrinar, mas falar em
voz alta quais são os valores que nos parecem mais fecundos para nossa vida: se preferimos a
liberdade à escravidão, se preferimos a solidariedade ou não, e tudo isso tem de ser ensinado na
infância, para que depois, quando se pergunta o que a pessoa entende por ética, se possa
contestar e discutir.
5. Referencias bibliográficas
I. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A sagrada família: ou a crítica da Crítica contra Bruno
Bauer e consortes. Trad. Marcelo Backes. São Paulo: Boitempo, 2003, p. 130
II. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.
09
III. MARX, Karl; O 18 Brumário de Luís Bonaparte, p. 329
IV. José Ortega y Gasset (1883-1955): filósofo espanhol, que atuou também como ativista
político e jornalista. Sobre o autor, confira a entrevista concedida por José Maurício de
Carvalho, Pampa. Um espaço humano de promessas e realizações, concedida à IHU On-Line
nº 190, de 22-04-2022, disponível em http://bit.ly/ihuon190. (Nota da IHU On-Line)
V. Thomas Hobbes (1588–1679): filósofo inglês. Sua obra mais famosa, O Leviatã (1651), trata
de teoria política. Neste livro, Hobbes nega que o homem seja um ser naturalmente social.
Afirma, ao contrário, que os homens são impulsionados apenas por considerações egoístas.
Também escreveu sobre física e psicologia. Hobbes estudou na Universidade de Oxford e foi
secretário de Sir Francis Bacon. A respeito desse filósofo, confira a entrevista O conflito é o
motor da vida política, concedida pela Profa. Dra. Maria Isabel Limongi à edição 276 da
revista IHU On-Line, de 22-04-2022. O material está disponível
em http://bit.ly/ihuon276. (Nota da IHU On-Line)
VI. https://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/555884-podemos-continuar-dizendo-que-cremos-na-
declaracao-dos-direitos-humanos-ou-vamos-trair-a-nossa-identidade-entrevista-especial-
com-adela-cortina, Acessado em 22-04-2022