Flvio Alves L.

de Souza

O Imprio Bizantino

UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Flvio Alves L. de Souza

O Imprio Bizantino

Trabalho de pesquisa apresentado pelo aluno Flvio Alves L. de Souza como avaliao na disciplina de Histria Medieval I, ministrada pelo professor Antnio Alves, no curso de Histria na Universidade Federal de Pernambuco.

UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

SUMRIO

Economia Sociedade Cultura Poltica Arte e sua importncia

INTRODUO
Bizncio o antigo nome da cidade fundada por alguns gregos de Megara, em 667 a.C., e que se tornou a sede do Imprio Romano do Oriente, tambm chamado de Imprio Bizantino. Hoje chamada de Istambul, ainda guarda muitas lembranas deste imprio cuja queda, em 29 de maio de 1453, marcou o fim da Idade Mdia. A cidade que fez Constantino se apaixonar pela sua localizao, tornou-se palco da passagem de gregos, romanos, persas, turcos, otomanos... Mal imaginava ele que esta mesma cidade, renomeada por ele de Nova Roma, seria guardi do legado romano por mais de mil anos at o fim da Idade Mdia. E, que depois da sua morte ganhou o seu prprio nome, passando a se chamar de Constatinopla ( Ou Constatinpolis: Cidade de Constatino ). Sob Justiniano I, considerado o ltimo grande imperador romano, o imprio bizantino, albergava Cartago e reas nos atuais Marrocos, sul da pennsula Ibrica, sul da Frana, Itlia, bem como suas ilhas, pennsula Balcnica, Anatlia, Egito, Oriente Prximo e a Crimeia, no mar Negro. Era conhecido apenas como Imprio Romano do Oriente (devido diviso do Imprio feita pelo imperador romano Teodsio I, no sculo IV da Era Crist). O papel do "Imprio Bizantino" na histria da Europa no suficientemente compreendido pelo pblico educado de hoje. Constantinopla permaneceu no corao econmico, poltico e cultural da Europa desde a sua fundao at a devassa saque de Constantinopla pelos cruzados. A Nova Roma resistiu ao ataque de muitos atacantes, protegendo toda a Europa contra uma inundao de invases. O "Imprio Bizantino" floresceram na mesma poca que encontrou a Europa Ocidental ludibriadas pela pobreza e pela violncia. No se pode omitir o fato de Constantinopla acrescentou que ainda continua a ser a estrela-guia religiosa dos cristos ortodoxos: a f predominante da Rssia e outros pases baseada na experincia dos bizantinos. No nosso tempo, com as alteraes recentes na Rssia, suas razes bizantinas parecem mais relevantes do que nunca para o presente. Apesar de sua rica herana histrica e papel significativo, as conquistas da civilizao bizantina, muitas vezes foi dada pouca ateno e denegrido. O Imprio Bizantino sinnimo entre ns de O Imprio romano da decadncia, entretanto, seus onze sculos de histria foram decisivos tanto para o ocidente cristo, quanto para os mundos eslavo e muulmano. Conhecer suas estruturas

da sociedade bizantina fundamental para conhecer outras sociedades, inclusive a nossa presente.

CAPTULO I
1. O Surgimento da Nomenclatura Bizantina A designao do imprio como "bizantino" comeou na Europa Ocidental em 1557, quando o historiador alemo Hieronymus Wolf publicou sua obra Corpus Histori Byzantin, uma coleo de fontes bizantinas. Por muito tempo, os seus habitantes eram chamados de gregos e seus descendentes dentro do Imprio Otomano. Na, verdade os bizantinos consideravam-se a si mesmos como romanos, e continuaram usando o termo quando converteu-se em sinnimo de helenos. Preferiram chamar a si mesmos, em grego, romioi (quer dizer povo grego cristo com cidadania romana). Um substituto comum do termo "heleno" (que tinha conotaes pags) tanto como o de romioi, foi o termo graekos (grego). Este termo foi usado frequentemente pelos bizantinos (tanto como romioi) para sua auto-identificao tnica. Embora o imprio tivesse um carter mltitnico durante a maior parte de sua histria, e preservava as tradies romano-helensticas, era geralmente conhecido para a maioria dos seus contemporneos ocidentais e do norte como o Imprio dos Gregos devido ao crescente predomnio do elemento grego. Entretanto, isso implicava dizer que eles no eram herdeiros ou descendentes diretos do Imprio romano. Essa distino no existiu no mundo persa, islmico e eslavo, onde o imprio foi visto como uma continuao do Imprio Romano. No mundo islmico, foi conhecido principalmente como (Rm "Roma"). Pelo que percebemos, o nome bizantino foi uma nomeao dos historiadores para diferenciar o imprio da Idade Mdia com o da Antiga. A expresso "Imprio Bizantino" foi cunhado e popularizado por estudiosos franceses como Montesquieu, uma figura influente da vida intelectual do sculo dezoito. Montesquieu exaltava desmedidamente os gregos e romanos como mestres da poltica e da cultura. Seguindo uma tradio europia ocidental, que remontavam ao incio da Idade Mdia, Montesquieu considerava o Imprio em Constantinopla como corrupta e decadente. Embora ele tenha escrito uma longa histria do Imprio em Constantinopla, Montesquieu no pode se referir ao Imprio em Constantinopla com os nomes de "grego" ou "Romano". A partir do obsoleto nome "Bizncio", Montesquieu usou a palavra "bizantina". A palavra "bizantina" denotava ao imprio a dissimulao, desonestidade e decadncia. O estudioso Ingls Edward Gibbon em seu Declnio e

Queda do Imprio Romano, tratou o Imprio aps o sculo VI como um pico de degradao e corrupo. As pessoas que viviam no "Imprio Bizantino" nunca souberam nem usaram o termo "bizantino". O termo Imprio Bizantino inadequado, pois os gregos que ali habitavam tinham orgulho de se chamarem de romanos, enquanto Bizncio era um nome em desuso. Por isso, professores como Clifton R. Fox, Tomball College, no Texas, EUA, afirmam que o termo mais adequado seria Imprio de Constantinopla ou Imprio Romioi, pois os bizantinos se achavam os verdadeiros continuadores do mundo romano.

CAPTULO II
2. Economia

A economia bizantina estava entre as mais avanadas da Europa e do Mediterrneo durante muitos sculos. A Europa, em particular, foi incapaz de se igualar a economia bizantina at o final da Idade Mdia. Constantinopla foi o eixo principal em uma rede de comrcio que por diversas vezes estendia-se em quase toda a Eursia e norte da frica, em especial, sendo o principal terminal oeste da famosa Rota da Seda. Alguns estudiosos afirmam que, at a chegada dos rabes no sculo VII, o imprio tinha a economia mais poderosa do mundo. Bizncio era a capital do Mediterrneo. As conquistar rabes, no entanto, representariam uma reverso significativa da fortuna que contribuiu para um perodo de declnio e estagnao. Analisaremos tanto a economia comercial, principal fonte de riquezas, mas tambm a rural, a base de sustentao para a existncia das cidades. 2.1 A Economia Rural

As propriedades rurais O campo compreendia as aldeias, pequenos ncleos muito numerosos, domnios, fazendas e provncias. Com freqncia as aldeias estavam dentro de grandes fazendas, e sempre havia clara distino entre os funcionrios municipais que recebiam ordens do governador da provncia. Na sia menor eram logicamente muito apreciados os lugares que possuam gua corrente ou mananciais. O regime de propriedade me Bizncio jamais foi estvel em conseqncia dos confiscos, guerras e invases em que estavam expostas. Existiam doaes de terras voluntrias de pessoas distintas a outras famlias, mas principalmente Igreja e/ou monastrios que por sua vez, brigavam judicialmente pela diviso das terras doadas. Mas, bastava um descuido para acarretar processos judiciais por posse de terras. No sculo XIV reinava uma desordem completa nos governos em conseqncias das guerras civis.

Trabalhos agrcolas As fontes para conhecimento histrico sobre a agricultura, isto , antigos tratados compilados, pinturas e manuscritos nos apresentam uma agricultura milenar muito primitiva. As artes concernentes ao trabalho agrcola mostram o trabalho de, em primeiro lugar fazer um desmonte y rotura, derrubando rvores, enquanto outros abriam buracos e removia as razes. Sempre o trabalhador agrcola apresentado com um arado, principal instrumento de trabalho. A criao de gado ocupava um importante lugar na economia bizantina. Existiam cifras enormes de rebanhos de ovelhas. A apicultura era tambm muy produtiva. As pinturas mostram colmias em forma de pequenas cabanas, pintadas de amarelo. Usavam-se as corroas como principal meio de transporte. As ferramentas assim como o trabalho agrcola eram vistos como conseqncias do pecado de Ado e Eva, o que apresenta as artes bizantinas.

CAPTULO II
ECONOMIA Constantinopla foi, sem dvida, o grande centro urbano da Europa Medieval Hilrio Franco A economia bizantina estava entre as mais avanadas da Europa e do Mediterrneo durante muitos sculos. A Europa, em particular, foi incapaz de se igualar a economia bizantina at o final da Idade Mdia. Constantinopla foi o eixo principal em uma rede de comrcio que por diversas vezes estendia-se em quase toda a Eursia e frica do Norte, em especial, sendo o principal terminal oeste da famosa Rota da Seda. Era segundo Hilrio Franco, no apenas era apenas a capital romana do Oriente, mas a capital da comunidade mediterrnica, sua localizao geogrfica, ligao do mar negro ao mediterrneo, da sia a Europa, fizeram da cidade um entreposto comercial por onde passavam mercadorias oriundas de todos os lugares, como seu porto praticamente tornou-se para obrigatria, Constantinopla quase que no importava nada, e nem seus comerciantes pagavam impostos para transitarem pelos mares e portos de outros povos. Alguns estudiosos afirmam que, at a chegada dos rabes no sculo VII, o imprio tinha a economia mais poderosa do mundo. As conquistas rabes, no entanto, representariam uma reverso significativa da fortuna que contribuiu para um perodo de declnio e estagnao. A economia bizantina foi marcada por grande estabilizao, os artesos e os comerciantes estavam reunidos em corporaes rigidamente regulamentadas e supervisionadas, entretanto, mesmo com o comrcio extremamente importante, o Imprio teve como essncia de sua economia a agricultura, herana do Imprio Romano. A prosperidade do Imprio pode ser destacado, como j foi dito, pela sua posio geogrfica e tambm pela existncia de importantes portos da sia Menor em seu territrio. Uma das bases econmicas do imprio era o comrcio. Txteis devem ter sido de longo os itens mais importantes da exportao; sedas certamente foram importadas para o Egito, e apareceram tambm na Bulgria e no Ocidente. O declnio deste auspicioso comrcio s viria a partir do sculo XII, quando os latinos comeam paulatinamente controlar as rotas comerciais, primeiros os venezianos e depois os genoveses, que em suas lutas por disputa pelo comrcio, organizaram cruzadas que enfraqueceram o Imprio Bizantino, pois Bizncio trouxe para seu interior a rivalidade e as guerras destas duas cidades italianas.

Foi desta forma que o ao organizar a Quarta Cruzada. Veneza se aproveitando das divergncias poltico-religiosas entre o Ocidente e Constantinopla e querendo apossar-se definitivamente do comrcio bizantino, estabeleceu o Imprio Latino do Oriente (1204-1261), a partir da Gnova se props a ajudar na reconstituio do Imprio, em troca exigia o domnio total do comrcio, assim os genoveses seguiram os venezianos na hegemonia econmica e Constantinopla perdera o controle de seus territrios. Sobre a economia agrria, podem-se aferir trs perodos: at o sculo VII, manteve-se a estrutura romana, do sculo VII ao sculo X, houve uma maior preocupao com o pequeno produtor e nesse perodo foi alcanada a maior produtividade agrcola do Imprio e o ltimo perodo, encerrado no sculo XV com o fim do Imprio Bizantino, onde reapareceram grandes domnios tornando-se predominantes. O latifndio, que era a unidade produtiva bsica era constitudo basicamente de trs tipos: terras da Coroa, terras de Nobre e terras da Igreja e mosteiros. As terras que mais cresceram foram as dos nobres, que cada vez mais ganhando poder, levou desagregao do Imprio e junto com isso a desvalorizao da moeda, assim reuniram-se as foras que levariam o imprio dissoluo.

A conturbada existncia de onze sculos do Imprio Romano do Oriente acarretou inmeras peculiaridades e caractersticas que, em meio a elos comuns, elaboraram sua personalidade, o mundo bizantino possua uma multiplicidade de povos, raas, lnguas e credos que as vezes estavam em suas fronteiras e as vezes no, apesar de Constantinopla lograr para si o ttulo de Imprio Grego Cristo, a parcela de gregos em seu territrio era muito pequena.

Assim, ser bizantino no implica uma nacionalidade, misturavam-se eslavos, blgaros, georgianos, armnios, persas, russos, normandos, gregos, italianos, anglosaxes e outros que se confundiam em meio s variaes de fronteira do Imprio. certo que para ser considerado bizantino deveria passar por um processo de aculturao, isto , assimilar a cultura grega, a lngua grega e a religio crist ortodoxa, exceo dada a nao judaica que nunca se deixou submeter e por isso foi amplamente perseguida.

Estas so as caractersticas predominantes das estruturas bizantinas, onde a igreja esteve presente em todos os mbitos e o poder temporal era o grande regulador da vida do imprio, inclusive na cultura, que firmada sobre a cultura helenstica romana, sempre esteve condicionada pela Igreja e sempre a favor do Estado.

Deste modo, com o alto controle sobre o comrcio, o Imprio limitava a iniciativa privada, a aristocracia no investia nem no comrcio, por ser de alto risco e nem na produo industrial, onde o Estado intervm diretamente. Mesmo assim Constantinopla acumulou muitas riquezas, fato ajudado por sua moeda ser estvel de utilizao no comrcio internacional.As reformas de Constantino V (765) marcaram o incio de um renascimento que perdurou at 1204. A partir do sculo X at o final do sculo XII, o imprio bizantino projetou uma imagem de luxo, e os viajantes ficaram impressionados com a riqueza acumulada na capital. Tudo isso mudou com a chegada da Quarta Cruzada, que foi uma catstrofe econmica. Os Palelogos tentaram reanimar a economia, mas o Estado bizantino tardio no iria ganhar controle completo, quer dos estrangeiros ou da fora econmica domstica. Gradualmente, ele tambm perdeu a sua influncia sobre as modalidades do comrcio e os mecanismo de preo, e seu controle sobre a sada de metais preciosos e, de acordo com alguns estudiosos, at mesmo sobre a cunhagem de moeda. [164] O estado controlava rigorosamente tanto o mercado interno como o comrcio internacional, e manteve monoplio da emisso de moedas. O governo exercia um controle formal sobre as taxas de juros, e definia os parmetros para a atividade das guildas e corporaes, onde tinha um interesse pessoal. O imperador e seus oficiais intervieram em momentos de crise para garantir o abastecimento da capital, e para manter o baixo preo dos cereais. Finalmente, o governo muitas vezes coletava parte do excedente atravs de impostos, e colocava novamente em circulao, por meio de redistribuio sob a forma de salrios aos funcionrios do Estado, ou sob a forma de investimentos em obras pblicas.[165] Outros produtos comercializados eram: escravos, jias, perfumes, mbar, especiarias (cravo, pimenta-do-reino, mostarda), peles, porcelanas, armas, imagens religiosas, marfim, objetos de ouro, trigo, papiros, pedras preciosas, azeite, azeitonas, vinho e ornamentos.

BIBLIOGRAFIA http://www.romanity.org/htm/fox.01.en.what_if_anything_is_a_byzantine.01.htm FRANCO JUNIOR, Hilrio, 1948; ANDRADE FILHO, Ruy de Oliveira. O imprio bizantino. 5 ed. So Paulo: Brasiliense, 1995. 100 p.