SABESP
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Aprendiz
MR037-19
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OBRA
Aprendiz
AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Matemática - Prof° Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
História - Prof° Luiz Daniel Vinha Absalão
Geografia - Profª Silvana Guimarães
PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Érica Duarte
Leandro Filho
Karina Fávaro
DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Danna Silva
CAPA
Joel Ferreira dos Santos
www.novaconcursos.com.br
sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Ortografia oficial........................................................................................................................................................................................................... 01
Acentuação gráfica...................................................................................................................................................................................................... 04
Flexão nominal e verbal............................................................................................................................................................................................. 06
Concordância nominal e verbal.............................................................................................................................................................................. 08
Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................................................ 14
Pronomes: emprego, colocação e formas de tratamento............................................................................................................................ 19
Emprego de tempos e modos verbais................................................................................................................................................................. 26
Vozes do verbo.............................................................................................................................................................................................................. 26
Emprego do sinal indicativo de crase................................................................................................................................................................... 39
Pontuação........................................................................................................................................................................................................................ 41
Sintaxe da oração e do período.............................................................................................................................................................................. 44
Redação............................................................................................................................................................................................................................ 53
Compreensão e interpretação de textos............................................................................................................................................................. 65
MATEMÁTICA
Números inteiros: operações e propriedades................................................................................................................................................... 01
Números racionais: representação fracionária e decimal: operações e propriedades...................................................................... 01
Razão e Proporção....................................................................................................................................................................................................... 23
Porcentagem.................................................................................................................................................................................................................. 26
Regra de três simples.................................................................................................................................................................................................. 29
Equação do 1º grau..................................................................................................................................................................................................... 31
Sistema métrico: medidas de tempo, comprimento, superfície e capacidade..................................................................................... 35
Relação entre grandezas: tabelas e gráficos...................................................................................................................................................... 40
Raciocínio lógico. ........................................................................................................................................................................................................ 59
Resolução de Situações-Problema........................................................................................................................................................................ 81
HISTÓRIA
A Expansão Marítima nos séculos XV e XVI e o “Achamento” da América e do Brasil...................................................................... 01
Sociedades indígenas na América: o encontro entre portugueses e povos indígenas.................................................................... 01
Brasil colônia: economia e sociedade; tráfico negreiro, escravismo e resistência à escravidão; o quilombo e os movimentos
nativistas. A ocupação holandesa no Brasil. Mineração e vida urbana no Brasil. .............................................................................. 04
A Revolução Francesa: a expansão napoleônica, a família real no Brasil e o processo de emancipação política brasileira.16
O Primeiro Reinado no Brasil. O Período Regencial no Brasil. Segundo Reinado do Brasil: política interna e externa....... 18
Economia cafeeira........................................................................................................................................................................................................ 20
Escravidão e abolicionismo: formas de resistência e o fim do tráfico e da escravidão.................................................................... 20
Industrialização, urbanização e imigração: as transformações econômicas, políticas e sociais no Brasil e a Proclamação da
República......................................................................................................................................................................................................................... 23
O Brasil durante a Primeira Guerra Mundial...................................................................................................................................................... 24
A Crise de 1929: o impacto da Grande Depressão no Brasil....................................................................................................................... 26
Segunda Guerra Mundial e o período Vargas................................................................................................................................................... 26
Guerra Fria: contextualização e consequências para o Brasil...................................................................................................................... 28
A Ditadura militar no Brasil....................................................................................................................................................................................... 29
A Redemocratização no Brasil................................................................................................................................................................................. 26
SUMÁRIO
GEOGRAFIA
Representação do espaço geográfico: Meios de orientação, localização;............................................................................................01
Noções de cartografia...............................................................................................................................................................................................01
O planeta Terra: Relevo; Hidrografia; Clima e Vegetação; Questões ambientais................................................................................02
O espaço mundial: A população mundial; A atividade industrial; A atividade agrícola; Países desenvolvidos,
subdesenvolvidos e emergentes...........................................................................................................................................................................08
O processo de globalização: Principais características; O Comércio Mundial; Blocos econômicos............................................15
O Brasil: Formação do território; Natureza brasileira....................................................................................................................................19
A população: crescimento, distribuição e mobilidade. A urbanização; O Processo de Industrialização; A agricultura;
Recursos Vegetais, Minerais e energéticos; Transporte e comércio. Regionalização........................................................................33
ÍNDICE
LÍNGUA PORTUGUESA
Ortografia oficial. ....................................................................................................................................................................................................................01
Acentuação gráfica. ...............................................................................................................................................................................................................04
Flexão nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................................................06
Concordância nominal e verbal. .......................................................................................................................................................................................08
Regência nominal e verbal. .................................................................................................................................................................................................14
Pronomes: emprego, colocação e formas de tratamento. .....................................................................................................................................19
Emprego de tempos e modos verbais. ..........................................................................................................................................................................26
Vozes do verbo. .......................................................................................................................................................................................................................26
Emprego do sinal indicativo de crase. ............................................................................................................................................................................39
Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................................41
Sintaxe da oração e do período........................................................................................................................................................................................44
Redação. .....................................................................................................................................................................................................................................53
Compreensão e interpretação de textos. ......................................................................................................................................................................65
Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
ORTOGRAFIA OFICIAL. tamorfose.
Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera,
quis, quiseste.
Nomes derivados de verbos com radicais termi-
Ortografia
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da corre- empreender - empresa / difundir – difusão.
ta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
grafados segundo acordos ortográficos. Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- Verbos derivados de nomes cujo radical termina
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras – pesquisar.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de São escritos com Z e não S
etimologia (origem da palavra). Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo –
1. Regras ortográficas beleza.
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori-
A) O fonema S gem não termine com s): final - finalizar / concreto
São escritas com S e não C/Ç – concretizar.
Palavras substantivadas derivadas de verbos com Consoante de ligação se o radical não terminar
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as- Exceção: lápis + inho – lapisinho.
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
submergir - submersão / divertir - diversão / impelir C) O fonema j
- impulsivo / compelir - compulsório / repelir - repul- São escritas com G e não J
sa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
- sensível / consentir – consensual. gesso.
Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
São escritos com SS e não C e Ç gim.
Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi- Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
nem em gred, ced, prim ou com verbos termina- poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
dos por tir ou - meter: agredir - agressivo / impri- bege, foge.
mir - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão Exceção: pajem.
/ exceder - excesso / percutir - percussão / regredir -
regressão / oprimir - opressão / comprometer - com- Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
promisso / submeter – submissão. litígio, relógio, refúgio.
Quando o prefixo termina com vogal que se junta Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé- gir, mugir.
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir. Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. surgir.
Exemplos: ficasse, falasse. Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
São escritos com C ou Ç e não S e SS minado com j: ágil, agente.
Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, São escritas com J e não G
Juçara, caçula, cachaça, cacique. Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car- jiboia, manjerona.
niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço. Palavras terminadas com aje: ultraje.
Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. D) O fonema ch
Após ditongos: foice, coice, traição. São escritas com X e não CH
Palavras derivadas de outras terminadas em -te, Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
to(r): marte - marciano / infrator - infração / absor-
LÍNGUA PORTUGUESA
caxi, xucro.
to – absorção.
Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
lagartixa.
B) O fonema z
Depois de ditongo: frouxo, feixe.
São escritos com S e não Z
Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
princesa.
1
São escritas com CH e não X ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS
Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal- 1. Por que / por quê / porquê / porque
sicha.
POR QUE (separado e sem acento)
E) As letras “e” e “i”
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. É usado em:
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. 1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar gação) = Por que você não veio ontem?
são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es- 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
-oer e -uir: trai, dói, possui, contribui. que faltara à aula ontem.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
FIQUE ATENTO!
Há palavras que mudam de sentido quan- POR QUÊ (separado e com acento)
do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
área (superfície), ária (melodia) / delatar Usos:
(denunciar), dilatar (expandir) / emergir 1. como pronome interrogativo, quando colocado no
(vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
estância, que anda a pé), pião (brinquedo). Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê?
nutos e trinta e quatro segundos). como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
O símbolo do real antecede o número sem espaço: mau elemento.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
ra vertical ($). Mal = pode ser usado como
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
mal na prova?
2
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático,
não compensa. geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hos-
pitalar, super-homem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa termina com a mesma vogal do segundo elemento:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-obser-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- vação, etc.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira #FicaDica
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002. Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mu-
SITE dança de linha), caso a última palavra a ser
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- escrita seja formada por hífen, repita-o na
tografia próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
4. Hífen Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para mação, pode ser que a repetição do hífen na
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- translineação não ocorra em meus conteú-
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos dos, mas saiba que a regra é esta!
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se-
B) Não se emprega o hífen:
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter-
mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes:
Ortográfica:
antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema,
1. Em palavras compostas por justaposição que for- minissaia, microrradiografia, etc.
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
que se unem para formam um novo significado: fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-co- com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
ronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, ar- cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico,
co-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abó- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” ini-
bora-menina, erva-doce, feijão-verde. cial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
recém-casado. coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas ção, coexistir, etc.
exceções continuam por já estarem consagradas pelo 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé- de composição: pontapé, girassol, paraquedas, para-
-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. quedista, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com- to, benquerer, benquerido, etc.
binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria,
Angola-Brasil, etc. Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
per- quando associados com outro termo que é ini- não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
LÍNGUA PORTUGUESA
3
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa cadas como:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
SITE papel
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
ortografia ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
EXERCÍCIOS COMENTADOS Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces- tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.
pe – 2013 – adaptada)
2 Os acentos
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
de comunicação, os quais são indispensáveis para que e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras
os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos representam as vogais tônicas de palavras como pá, caí,
acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicida-
exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus de, timbre aberto: herói – céu (ditongos abertos).
que a lei lhes impõe. B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações). “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguin- C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
tes. com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de- em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros:
manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon- mülleriano (de Müller)
tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez, E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
substituído por conheçam os atos havidos no transcurso vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
do acontecimento.
2.1 Regras fundamentais
( ) CERTO ( ) ERRADO
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu-
intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in- Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
a necessidade de avaliar a segunda substituição. guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
terminadas em:
i, is: táxi – lápis – júri
Acentuação. us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa- fórceps
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
Por isso, vamos às regras! não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Regras básicas
#FicaDica
A acentuação tônica está relacionada à intensida-
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se esta palavra apresenta as terminações das
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
com menos intensidade, são denominadas de átonas. (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
ficará mais fácil a memorização!
4
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando 2.4 Regra do Hiato
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto à
regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acen- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
tuadas, independentemente de sua terminação: árvore, da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
paralelepípedo, cárcere. acento: saída – faísca – baú – país – Luís
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
2.2 Regras especiais quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento verem seguidas do dígrafo nh:
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em ra-i-nha, ven-to-i-nha.
palavras paroxítonas. Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
FIQUE ATENTO! do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber- tonas):
tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
Antes Agora
tuados: dói, escarcéu.
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Antes Agora Sauípe Sauipe
assembléia assembleia
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
idéia ideia abolido:
geléia geleia
jibóia jiboia Antes Agora
apóia (verbo apoiar) apoia crêem creem
paranóico paranoico lêem leem
vôo voo
2.3 Acento Diferencial
enjôo enjoo
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala- #FicaDica
vras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per- verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do que não recebem mais acento como antes:
Indicativo do mesmo verbo). CRER, DAR, LER e VER.
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, Repare:
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
Os demais casos de acento diferencial não são mais Elza lê bem! / Todas leem bem!
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama- garotos deem o recado!
ticais são definidos pelo contexto. Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Polícia para o trânsito para que se realize a operação Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con- à tarde!
junção (com relação de finalidade). As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA
5
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes- Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = monos-
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos con- sílaba terminada em ditongo aberto “éu”.
ter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele
obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Flexão Nominal
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- 1. Flexão de número
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de modo geral, ad-
mitem a flexão de número: singular e plural: animal/animais.
SITE
I – Na maioria das vezes, acrescenta-se S: ponte/pontes;
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm
bonito/bonitos;
II – Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES: éter/
éteres; avestruz/avestruzes. O pronome qualquer faz o plural
EXERCÍCIOS COMENTADOS no meio: quaisquer;
III – Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se ES:
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe ananás/ananases. As paroxítonas e as proparoxítonas são in-
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em variáveis: o pires/os pires, o ônibus/os ônibus;
conformidade com a mesma regra ortográfica. IV – Palavras terminadas em IL: átono: trocam IL por EIS:
fóssil/fósseis;
( ) CERTO ( ) ERRADO tônico: trocam L por S: funil/funis.
V – Palavras terminadas em EL:
Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona átono: plural em EIS: nível/níveis.
terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa- tônico: plural em ÉIS: carretel/carretéis.
roxítona terminada em ditongo VI – Palavras terminadas em X são invariáveis: o clímax/
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona os clímax.
terminada em ditongo. Há palavras cuja sílaba tônica avança: júnior/juniores; ca-
Observação: nestes casos, admitem-se as separações ráter/caracteres. A palavra
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí- Caracteres é plural tanto de caractere quanto de caráter.
tonas. VII – Palavras terminadas em ão fazem o plural em ãos,
ães e ões.
2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012) Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões.
Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos. Os
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. paroxítonos, como os dois últimos, sempre fazem o plural
em ãos.
( ) CERTO ( ) ERRADO Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães.
Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos; verões/verãos;
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos
anões/anãos.
= proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma
Em ões ou ães: charlatões/charlatães; guardiões/guar-
regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).
diães; cirugiões/cirurgiães.
Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães; ermitões/
3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem ermitãos/ermitães.
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação VIII – Plural dos diminutivos com a letra z. Coloca-se a
gráfica. palavra no plural, corta-se o S e acrescenta-se zinhos (ou zi-
nhas): coraçãozinho/corações/corações/coraçõezinhos.
( ) CERTO ( ) ERRADO IX – Plural com metafonia (ô - ó). Algumas palavras, quan-
do vão ao plural, abrem o timbre da vogal “o”, outras não.
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada Com metafonia singular (ô) plural (ó): coro/coros; corvo/cor-
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton- vos; destroço/destroços. Sem metafonia singular (ô) plural
LÍNGUA PORTUGUESA
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- Só o primeiro elemento varia. Quando há prepo- de/freira; ilhéu/ilhoa; judeu/judia; marajá/marani; mon-
sição no composto, mesmo que oculta: pé-de-moleque ge/ monja; pigmeu/pigmeia; píton/pitonisa; sandeu/san-
− pés-de-moleque; cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou dia; sultão/sultana.
a vapor). Quando o segundo substantivo determina o Alguns substantivos são uniformes quanto ao gêne-
primeiro (fim ou semelhança): banana-maçã − bananas- ro, ou seja, possuem uma única forma para masculino e
-maçã (semelhante a maçã); navio-escola − navios-esco- feminino. Podem ser:
la (a finalidade é a escola). Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo de-
Alguns autores admitem a flexão dos dois elemen- signar os dois sexos: a pessoa, o cônjuge, a testemunha.
tos. É uma situação polêmica: mangas-espada (preferível) Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, po-
ou mangas-espadas. Quando dizemos (e isso vai ocorrer dendo então ser masculinos ou femininos: o estudante/a es-
outras vezes) que é uma situação polêmica, discutível, tudante; o cientista/a cientista; o patriota/a patriota.
convém ter em mente que a questão do concurso deve Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os
ser resolvida por eliminação, ou seja, analisando bem as animais: O jacaré, a cobra, o polvo;
outras opções. O feminino de elefante é elefanta e não elefoa. Aliá
XII – Apenas o último elemento varia. Quando os ele- é correto, mas designa apenas uma espécie de elefanta.
mentos são adjetivos: hispano-americano/hispano-ame- Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado
ricanos. A exceção é surdo-mudo, em que os dois ad- epiceno. É algo discutível.
jetivos se flexionam: surdos-mudos. Nos compostos em Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas
que aparecem os adjetivos grão, grã e bel: grão-duque/ costumam trocar: champanha aguardente, dó, alface,
grão-duques; grã-cruz/grã-cruzes; bel-prazer/bel-praze- eclipse, calformicida, cataplasma, grama (peso), grafite,
res. Quando o composto é formado por verbo ou qual- milhar libido, plasma, soprano, mousse, suéter, preá, te-
quer elemento invariável (advérbio, interjeição, prefixo lefonema.
etc.) mais substantivo ou adjetivo: arranha-céu/arranha- Existem substantivos que admitem os dois gêneros:
-céus; sempre-viva/sempre-vivas; super-homem/super- diabetes (ou diabete), laringe, usucapião etc.
-homens. Quando os elementos são repetidos ou ono-
matopaicos (representam sons): reco-reco/reco-recos; 3. Flexão de Grau
pingue-pongue/pingue-pongues; bem-te-vi/bem-te-vis.
Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver algu- Grau do substantivo
ma alteração nos elementos, ou seja, não serem iguais. I – Normal ou Positivo: sem nenhuma alteração.
II – Aumentativo: Sintético: chapelão.
Se forem verbos repetidos, admite-se também pôr os
Analítico: chapéu grande, chapéu enorme etc.
dois no plural: pisca-pisca/pisca-piscas ou piscas-piscas.
III – Diminutivo: Sintético: chapeuzinho. Analítico: cha-
XIII – Nenhum elemento varia. Quando há verbo mais
péu pequeno, chapéu reduzido etc. Um grau é sintético
palavra invariável: O cola-tudo/os cola-tudo. Quando há
quando formado por sufixo; analítico, por meio de outras
dois verbos de sentido oposto: o perde-ganha/os per-
palavras.
de-ganha. Nas frases substantivas (frases que se trans-
formam em substantivos): O maria-vai-com-as-outras/os Grau do adjetivo
maria-vai-com-as-outras. IV – Normal ou Positivo: João é forte.
São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha, V – Comparativo: de superioridade: João é mais forte
sem-teto e sem-terra: Os sem-terra apreciavam os arco-í- que André. (ou do que); de inferioridade: João é menos
ris. Admitem mais de um plural: pai-nosso/pais-nossos ou forte que André. (ou do que); de igualdade: João é tão
pai-nossos, padre-nosso/padres-nossos ou padre-nos- forte quanto André. (ou como)
sos; terra-nova/terras-novas ou terra-novas; salvo-con- VI – Superlativo: Absoluto: sintético: João é fortíssimo;
duto/salvos-condutos ou salvo-condutos; xeque-mate/ analítico: João é muito forte (bastante forte, forte demais etc.);
xeques-mates ou xeques-mate; fruta-pão/frutas-pães ou Relativo: de superioridade: João é o mais forte da tur-
frutas-pão; guarda-marinha/guardas-marinhas ou guar- ma; de inferioridade: João é o menos forte da turma.
das-marinha. Casos especiais: palavras que não se en-
caixam nas regras: o bem-me-quer/os bem-me-queres; O grau superlativo absoluto corresponde a um aumen-
o joão-ninguém/os joões-ninguém; o lugar-tenente/os to do adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssimo,
lugar-tenentes; o mapa-múndi/os mapas-múndi. érrimo ou imo) ou uma palavra de apoio, como muito,
bastante, demasiadamente, enorme etc. As palavras maior,
2. Flexão de Gênero menor, melhor, e pior constituem sempre graus de supe-
rioridade: O carro é menor que o ônibus; menor (mais pe-
Os substantivos e as palavras que o acompanham na queno): comparativo de superioridade. Ele é o pior do gru-
frase admitem a flexão de gênero: masculino e femini- po; pior (mais mau): superlativo relativo de superioridade.
LÍNGUA PORTUGUESA
no: Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário. Minha Alguns superlativos absolutos sintéticos que podem
amiga diretora recebeu a primeira prestação. A flexão de apresentar dúvidas. Acre/acérrimo, amargo/amaríssimo;
feminino pode ocorrer de duas maneiras. amigo/amicíssimo; antigo/antiquíssimo; cruel/crudelís-
I – Com a troca de O ou E por a: lobo – loba; mestre simo; doce/dulcíssimo; fácil/facílimo; feroz/ferocíssimo;
– mestra; fiel/fidelíssimo; geral/generalíssimo; humilde/humílimo;
II – Por meio de diferentes sufixos nominais de gê- magro/macérrimo; negro/nigérrimo; pobre/paupérrimo;
nero, muitas vezes com alterações do radical: ateu/ateia, sagrado/sacratíssimo; sério/seriíssimo; soberbo/super-
bispo/episcopisa, conde/condessa, duque/duquesa, fra- bíssimo.
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Flexão Verbal
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
As flexões verbais são expressas por meio dos tem-
pos, modo e pessoa da seguinte forma: O tempo indica
o momento em que ocorre o processo verbal; O modo Concordância Verbal e Nominal
indica a atitude do falante (dúvida, certeza, impossibili-
dade, pedido, imposição, etc.); A pessoa marca na forma Os concurseiros estão apreensivos.
do verbo a pessoa gramatical do sujeito. Concurseiros apreensivos.
Tempos: Há tempos do presente, do passado (preté-
rito) e do futuro. No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
4.1 Modo jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
Modo Indicativo: Indica uma certeza relativa do falan- e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
te com referência ao que o verbo exprime; pode ocorrer curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
no tempo presente, passado ou futuro: número e gênero se correspondem. A correspondência
Presente: Processo simultâneo ao ato da fala, fato de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
corriqueiro, habitual: Compro livros nesta livraria. Usa-se ser verbal ou nominal.
também o presente com o valor de passado, passado his-
tórico (nos contos, narrativas) 1. Concordância Verbal
Tempos do Pretérito (passado): Exprimem processos
anteriores ao ato da fala. São eles: É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
- Pretérito Imperfeito: Exprime um processo habitual, seu sujeito.
ou com duração no tempo: Naquela época eu cantava
como um pássaro. 1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
- Pretérito Perfeito: Exprime uma ação acabada: Paulo O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
quebrou meu violão de estimação. em número e pessoa. Veja os exemplos:
- Pretérito Mais-que-Perfeito: Exprime um processo
anterior a um processo acabado: Embora tivera deixado A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
a escola, ele nunca deixou de estudar. 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
Tempos do Futuro: Indicam processos que irão acon-
tecer: Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
- Futuro do Presente: Exprime um processo que ainda 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
não aconteceu: Farei essa viagem no fim do ano.
- Futuro do Pretérito: Exprime um processo posterior 1.1.1. Casos Particulares
a um processo que já passou: Eu faria essa viagem se não
tivesse comprado o carro. A) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
Modo Subjuntivo: Expressa incerteza, possibilidade titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade
ou dúvida em relação ao processo verbal e não está li- de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...)
gado com a noção de tempo. Há três tempos: presente, seguida de um substantivo ou pronome no plural, o
imperfeito e futuro. Quero que voltes para mim; Não verbo pode ficar no singular ou no plural.
pise na grama; É possível que ele seja honesto; Espero A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
que ele fique contente; Duvido que ele seja o culpado; Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
Procuro alguém que seja meu companheiro para sem- ram proposta.
pre; Ainda que ele queira, não lhe será concedida a vaga;
Se eu fosse bailarina, estaria na Rússia; Quando eu tiver Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dinheiro, irei para as praias do nordeste. dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
Modo Imperativo: Exprime atitude de ordem, pedido dalos destruiu / destruíram o monumento.
ou solicitação: Vai e não voltes mais.
Pessoa: A norma da língua portuguesa estabelece três Observação:
pessoas: Singular: eu, tu, ele, ela. Plural: nós, vós, eles, Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
elas. No português brasileiro é comum o uso do prono- unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
me de tratamento você (s) em lugar do tu e vós. aos elementos que formam esse conjunto.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Observação: F) O pronome “que” não interfere na concordância;
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: do singular.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- Fui eu que paguei a conta.
ram um ao outro) Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
C) Quando se trata de nomes que só existem no Sou eu quem faz a prova.
plural, a concordância deve ser feita levando-se Não serão eles quem será aprovado.
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as-
no plural, o verbo deve ficar o plural. sumir a forma plural.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
Estados Unidos possui grandes universidades. taram os poetas.
Alagoas impressiona pela beleza das praias. Este candidato é um dos que mais estudaram!
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou singular:
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou Nem uma das que me escreveram mora aqui.
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o Quando “um dos que” vem entremeada de subs-
pronome pessoal. tantivo, o verbo pode:
Quais de nós são / somos capazes? 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? sa o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- que faça o mesmo).
vadoras. 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma
Observação: condição).
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso Vossa Excelência está cansado?
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de Vossas Excelências renunciarão?
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
de acordo com o numeral.
ver no singular, o verbo ficará no singular.
Deu uma hora no relógio da sala.
Qual de nós é capaz?
Deram cinco horas no relógio da sala.
Algum de vós fez isso.
Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
que indica porcentagem seguida de substantivo, o
Observação:
verbo deve concordar com o substantivo.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
25% do orçamento do país será destinado à Educação. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
85% dos entrevistados não aprovam a administração O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
do prefeito. Soa quinze horas o relógio da matriz.
1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
Quando a expressão que indica porcentagem não gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
com o número. cam fenômenos da natureza. Exemplos:
25% querem a mudança. Havia muitas garotas na festa.
LÍNGUA PORTUGUESA
1% conhece o assunto. Faz dois meses que não vejo meu pai.
Chovia ontem à tarde.
Se o número percentual estiver determinado por
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
-á com eles:
Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados.
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1.2. Sujeito Composto Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi-
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, ção”. Já em:
a concordância se faz no plural: Juca ou Pedro será contratado.
Pai e filho conversavam longamente. Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.
Sujeito
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
Pais e filhos devem conversar com frequência. no singular.
Sujeito
Com as expressões “um ou outro” e “nem um
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra- nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma- Um ou outro compareceu à festa.
neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a Nem um nem outro saiu do colégio.
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
terceira (eles). Veja: Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão. ou no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
Segunda Pessoa do Plural (Vós) cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com”
tem sentido muito próximo ao de “e”.
Pais e filhos precisam respeitar-se. O pai com o filho montaram o brinquedo.
Terceira Pessoa do Plural (Eles) O governador com o secretariado traçaram os planos
para o próximo semestre.
Observação: O professor com o aluno questionaram as regras.
Quando o sujeito é composto, formado por um elemen-
to da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é possível Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
empregar o verbo na terceira pessoa do plural (eles): “Tu e a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em
O professor com o aluno questionou as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su-
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
jeito mais próximo.
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
Compareceram todos os candidatos e o banca. adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
Compareceu o banca e todos os candidatos. vesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân- “O governador traçou os planos para o próximo semes-
cia é feita no plural. Observe: tre com o secretariado.”
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O professor questionou as regras com o aluno.”
Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Casos em que se usa o verbo no singular:
1.2.1. Casos Particulares Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
Quando o sujeito composto é formado por nú-
cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no sin- Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
gular. pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
Descaso e desprezo marca seu comportamento. somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
A coragem e o destemor fez dele um herói. o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Quando o sujeito composto é formado por nú- Nordeste.
cleos dispostos em gradação, verbo no singular: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
LÍNGUA PORTUGUESA
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1.2.2 Outros Casos B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
O Verbo e a Palavra “SE” mente, com o que estiver no plural:
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há Os livros são minha paixão!
duas de particular interesse para a concordância verbal: Minha paixão são os livros!
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
B) quando é partícula apassivadora. Quando o verbo SER indicar
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos horas e distâncias, concordará com a expressão
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na numérica:
terceira pessoa do singular: É uma hora.
Precisa-se de funcionários. São quatro horas.
Confia-se em teses absurdas. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô-
metros.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indi- datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
retos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse estar expressa ou subentendida:
caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
Exemplos: Hoje é dia 26 de agosto.
Construiu-se um posto de saúde. Hoje são 26 de agosto.
Construíram-se novos postos de saúde.
Aqui não se cometem equívocos Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-
Alugam-se casas. de e for seguido de palavras ou expressões como
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
fica no singular:
#FicaDica Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
Duas semanas de férias é muito para mim.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
se construída for “compreensível”, estaremos
tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
diante de uma partícula apassivadora; se não, o
concordará o verbo.
“se” será índice de indeterminação. Veja:
No meu setor, eu sou a única mulher.
Precisa-se de funcionários qualificados.
Aqui os adultos somos nós.
Tentemos a voz passiva:
Funcionários qualificados são precisados (ou
Observação:
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
Agora:
o pronome sujeito.
Vendem-se casas.
Eu não sou ela.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
Ela não é eu.
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
Quando o sujeito for uma expressão de sentido
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
ça? Agora é só memorizar!)
ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.
O Verbo “Ser”
O Verbo “Parecer”
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo cias:
do sujeito. Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
LÍNGUA PORTUGUESA
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
SER concorda com a pessoa gramatical: tivo sofre flexão:
Ele é forte, mas não é dois. As crianças parece gostarem do desenho.
Fernando Pessoa era vários poetas. (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
A esperança dos pais são eles, os filhos. aas crianças)
11
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
FIQUE ATENTO!
vo não for acompanhado de nenhum modificador:
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER Água é bom para saúde.
fica no singular. Por exemplo: As paredes pa- O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
rece que têm ouvidos. (Parece que as paredes modificado por um artigo ou qualquer outro determina-
têm ouvidos = oração subordinada substantiva tivo: Esta água é boa para saúde.
subjetiva).
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
Concordância Nominal trou-as muito felizes.
A concordância nominal se baseia na relação entre E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de terioso.
um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno- F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
minal. função adjetiva e concorda normalmente com o
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as nome a que se refere:
seguintes regras gerais: Cristina saiu só.
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando Cristina e Débora saíram sós.
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
denunciavam o que sentia. Observação:
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
Eles só desejam ganhar presentes.
a concordância pode variar. Podemos sistematizar
essa flexão nos seguintes casos:
#FicaDica
Adjetivo anteposto aos substantivos:
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
O adjetivo concorda em gênero e número com o
a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se
substantivo mais próximo.
de advérbio, portanto, invariável; se houver
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
coerência com o segundo, função de adjetivo,
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
então varia:
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Ele está só descansando. (apenas descansando)
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
- advérbio
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula de-
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
pois de “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e des-
cansando)
Adjetivo posposto aos substantivos:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
ou com todos eles (assumindo a forma masculina G) Quando um único substantivo é modificado por
plural se houver substantivo feminino e masculi- dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
no). das as construções:
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. O substantivo permanece no singular e coloca-se
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. espanhola e a portuguesa.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
Observação: portuguesa.
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos 1. Casos Particulares
LÍNGUA PORTUGUESA
12
É proibido entrada de crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Em certos momentos, é necessário atenção. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
No verão, melancia é bom. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
É preciso cidadania. Paulo: Saraiva, 2010.
Não é permitido saída pelas portas laterais. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Quando o sujeito destas expressões estiver deter- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o verbo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças. SITE
Esta salada é ótima. http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.
13
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que 5. (Tribunal de Contas do Distrito Federal-df – Conhe-
não tenha a guerra como alternativa, somente quando cimentos BÁSICOS – ANALISTA DE ADMINISTRAÇÃO
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele Es- PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – cespe – 2014 – adapta-
tado, mas do mundo. da) (...) Há décadas, países como China e Índia têm envia-
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson do estudantes para países centrais, com resultados muito
Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adap- positivos.(...)
tações). A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída
por Fazem.
Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A2B-
BB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser subs- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tituídos, respectivamente, por
a) não existe e não têm. Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre-
b) não existe e inexiste. gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão.
c) inexiste e não há. Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas”
d) inexiste e não acontece.
e) não tem e não têm.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
Resposta: Letra C.
Busquemos o contexto:
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não há REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
democracia = poderíamos substituir por “não existe”, ine-
xiste (verbo “haver” empregado com o sentido de “existir”) Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
- sem democracia, não existem as condições mínimas que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis- (regência nominal) e seus complementos.
tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural, já 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
que devemos concordar com “as condições mínimas”.
A única “troca” adequada seria o verbo “haver” – que A regência verbal estuda a relação que se estabele-
pode ser utilizado com o sentido de “existir”. Teríamos: ce entre os verbos e os termos que os complementam
sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, ine- (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
xiste democracia; sem democracia, não há as condições juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
mínimas para a solução pacífica dos conflitos. regência, o que corresponde à diversidade de significa-
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
3. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér- contexto em que forem empregados.
cio Exterior – Analista Técnico Administrativo – cespe A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
– 2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita com os contentar.
resultados das negociações”, o adjetivo estará corretamen- A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
te empregado se dirigido a ministro de Estado do sexo agrado ou prazer”, satisfazer.
masculino, pois o termo “satisfeita” deve concordar com Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
a locução pronominal de tratamento “Vossa Excelência”. “agradar a alguém”.
A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramatical para jeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
o texto, ser flexionada no plural, para concordar com “veloci- direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
dade, persistência, relevância, precisão e flexibilidade” adverbial).
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
( ) CERTO ( ) ERRADO bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
Resposta: Errado. O verbo está concordando com o rentes formas em frases distintas.
termo “combinação”, por isso deve ficar no singular.
14
A) Verbos Intransitivos verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tô-
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos nicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. átonos lhe, lhes.
15
Na utilização de pronomes como complementos, veja Agradar
as construções: Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Sempre agrada o filho quando.
sobre eles) Aquele comerciante agrada os clientes.
cimento das diferentes regências desses verbos é um re- A torcida chamou ao jogador mercenário.
curso linguístico muito importante, pois além de permitir A torcida chamou o jogador de mercenário.
a correta interpretação de passagens escritas, oferece A torcida chamou ao jogador de mercenário.
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
os principais, estão: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
Custar
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Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Querer
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
duzida de infinitivo. Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Visar
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Custou-me (a mim) crer nisso. O homem visou o alvo.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- O gerente não quis visar o cheque.
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
A Gramática Normativa condena as construções que objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por O ensino deve sempre visar ao progresso social.
pessoa: Custei para entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-es-
= Forma correta: Custou-me entender o problema. tar público.
Você procede muito mal. A norma culta exige que os verbos e expressões que dão
ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu- Cláudia desceu ao segundo andar.
zido pela preposição “a”) é transitivo indireto. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
17
2 Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.
18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- PRONOMES: EMPREGO, COLOCAÇÃO E
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São FORMAS DE TRATAMENTO.
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. forma.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o
SITE homem destrói a natureza...
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61. Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
php superior à natureza, por isso ele a destrói...
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
mos (homem e natureza).
Grande parte dos pronomes não possuem significa-
EXERCÍCIO COMENTADO dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe referência exata daquilo que está sendo colocado por
– 2014 – adaptada) meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex-
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, sé- ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de-
ria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade mais pronomes têm por função principal apontar para as
das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
culturais de todos os Estados e sociedades. Suas con- -lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
sequências infligem considerável prejuízo às nações do dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam ma específica para cada pessoa do discurso.
por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
geográficos, afetando homens e mulheres de diferen- [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
tes grupos étnicos, independentemente de classe social Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevân- [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala]
cia na discussão dos efeitos adversos do uso indevido A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
dos crimes conexos — geralmente de caráter transna- se fala]
cional — com a criminalidade e a violência. Esses fato-
res ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
social e econômica interna, devendo o governo adotar variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
uma postura firme de combate ao tráfico de drogas, ar- ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
ticulando-se internamente e com a sociedade, de forma através do pronome seja coerente em termos de gênero
a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
cidadãos. Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>. nossa escola neste ano.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em cia adequada]
“com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência [neste: pronome que determina “ano” = concordância
do vocábulo “conexos”. adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
( ) CERTO ( ) ERRADO cordância inadequada]
Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos
crimes conexos — geralmente de caráter transnacional 1. Pronomes Pessoais
— com a criminalidade e a violência.
O termo está se referindo à associação – associação São aqueles que substituem os substantivos, indi-
LÍNGUA PORTUGUESA
do tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a crimi- cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
nalidade (2) (associação daquilo [1] com isso [2]) ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se
os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar
a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.
19
A) Pronome Reto FIQUE ATENTO!
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- Os pronomes o, os, a, as assumem formas es-
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos peciais depois de certas terminações verbais:
flores. 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o
Os pronomes retos apresentam flexão de número, pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl- mesmo tempo que a terminação verbal é su-
tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do primida. Por exemplo:
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é fiz + o = fi-lo
assim configurado: fazeis + o = fazei-lo
1.ª pessoa do singular: eu dizer + a = dizê-la
2.ª pessoa do singular: tu
3.ª pessoa do singular: ele, ela 2. Quando o verbo termina em som nasal, o
1.ª pessoa do plural: nós pronome assume as formas no, nos, na, nas.
2.ª pessoa do plural: vós Por exemplo:
3.ª pessoa do plural: eles, elas viram + o: viram-no
repõe + os = repõe-nos
Esses pronomes não costumam ser usados como retém + a: retém-na
complementos verbais na língua-padrão. Frases como tem + as = tem-nas
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua B.2 Pronome Oblíquo Tônico
formal, devem ser usados os pronomes oblíquos corres- Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
pondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trou- dos por preposições, em geral as preposições a, para, de
xeram-me até aqui”. e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua-
Frequentemente observamos a omissão do pronome
ção tônica forte.
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
prias formas verbais marcam, através de suas desinên-
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
cias, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Fizemos boa viagem. (Nós)
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
B) Pronome Oblíquo
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
sentença, exerce a função de complemento verbal
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob- Observe que as únicas formas próprias do pronome
jeto indireto) tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti).
As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso
Observação: reto.
O pronome oblíquo é uma forma variante do pro-
nome pessoal do caso reto. Essa variação indica a fun- As preposições essenciais introduzem sempre prono-
ção diversa que eles desempenham na oração: pronome mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
o complemento da oração. Os pronomes oblíquos so- língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
frem variação de acordo com a acentuação tônica que forma:
possuem, podendo ser átonos ou tônicos. Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
2. Pronome Oblíquo Átono Não há nenhuma acusação contra mim.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que Não vá sem mim.
não são precedidos de preposição. Possuem acentuação
tônica fraca: Ele me deu um presente. Há construções em que a preposição, apesar de surgir
Lista dos pronomes oblíquos átonos anteposta a um pronome, serve para introduzir uma ora-
1.ª pessoa do singular (eu): me ção cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo
2.ª pessoa do singular (tu): te pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um prono-
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe me, deverá ser do caso reto.
LÍNGUA PORTUGUESA
1.ª pessoa do plural (nós): nos Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
2.ª pessoa do plural (vós): vos Não vá sem eu mandar.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
para mim!
A combinação da preposição “com” e alguns prono-
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
20
go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos C) Pronomes de Tratamento
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
de companhia: Ele carregava o documento consigo. monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira
Ela veio até mim, mas nada falou. pessoa. Alguns exemplos:
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
prova, até eu! (= inclusive eu) Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
giosos em geral
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes- rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
soais são reforçados por palavras como outros, mesmos, professores de curso superior, ministros de Estado e de
próprios, todos, ambos ou algum numeral. Tribunais, governadores, secretários de Estado, presidente
Você terá de viajar com nós todos. da República (sempre por extenso)
Estávamos com vós outros quando chegaram as más Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
notícias. dades
Ele disse que iria com nós três. Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
3. Pronome Reflexivo até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun- de igual categoria
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe de direito
a ação expressa pelo verbo. Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
Lista dos pronomes reflexivos: cerimonioso
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
lembro disso.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em-
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
lherme já se preparou.
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em-
Ela deu a si um presente.
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a
Antônio conversou consigo mesmo.
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica,
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes ultraformal ou literária.
com esta conquista.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se Observações:
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es-
#FicaDica pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
encontro.
O pronome é reflexivo quando se refere à mes- 2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
me arrumei e saí. que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
É pronome recíproco quando indica recipro- ca, agiu com propriedade.
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo- 3. Os pronomes de tratamento representam uma for-
-nos calados. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo-
O “se” pode ser usado como palavra expletiva cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex-
ou partícula de realce, sem ser rigorosamente celência, por exemplo, estamos nos endereçando à
necessária e sem função sintática: Os explora- excelência que esse deputado supostamente tem
dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles para poder ocupar o cargo que ocupa.
se foram?
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª
pessoa, toda a concordância deve ser feita com
a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes pos-
LÍNGUA PORTUGUESA
21
mente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar 5. Pronomes Demonstrativos
alguém de “você”, não poderemos usar “te” ou “teu”.
O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa. São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
teus cabelos. (errado)
A) Em relação ao espaço:
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular pessoa que fala:
Este material é meu.
ou
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos pessoa com quem se fala:
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular Esse material em sua carteira é seu?
livros e anotações. lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais Paulo], aquele [Palmeiras])
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) ou
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
para que não ocorra redundância: Coloque tudo lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
nos respectivos lugares. Paulo], aquele [Palmeiras])
22
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Note que:
invariáveis, observe: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque- nomes indefinidos adjetivos:
la(s). algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
Invariáveis: isto, isso, aquilo. tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
Também aparecem como pronomes demonstrativos: nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
aquilo. vários, várias.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) Menos palavras e mais ações.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te Alguns se contentam pouco.
indiquei.)
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): riáveis e invariáveis. Observe:
variam em gênero quando têm caráter reforçativo: Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco,
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Eu mesma refiz os exercícios. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
Elas mesmas fizeram isso. quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
Eles próprios cozinharam. vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
Os próprios alunos resolveram o problema. todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan-
tas.
semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo,
tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria. nada, algo, cada.
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se refe-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
re à pessoa mencionada em último lugar; aquele, à
plural é feito em seu interior).
mencionada em primeiro lugar.
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste,
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que esta-
va vendo. (no = naquilo) Trabalho todo dia. (= todos os dias)
23
Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
encantado: o sítio ou minha tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)
“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
LÍNGUA PORTUGUESA
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.
24
8. Pronomes Interrogativos Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
São usados na formulação de perguntas, sejam elas devem ser observadas na linguagem escrita.
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im- Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e A próclise é usada:
variações), quanto (e variações).
Com quem andas? Quando o verbo estiver precedido de palavras
Qual seu nome? que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
Diz-me com quem andas, que te direi quem és. A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
jamais, etc.: Não se desespere!
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun- B) Advérbios: Agora se negam a depor.
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
oblíquo quando desempenha função de complemento. quem tudo!
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia esforçou.
lhe ajudar. E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” nidade.
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- Quem lhe disse isso?
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta Orações iniciadas por palavras exclamativas:
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não Quanto se ofendem!
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). Orações que exprimem desejo (orações optativas):
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou Que Deus o ajude.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi- nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o
dos de preposição. material amanhã. / Tu sabes cantar?
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
que eu estava fazendo. Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para verbo. A mesóclise é usada:
mim o que eu estava fazendo.
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- prol da paz no mundo.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
Paulo: Saraiva, 2010. lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. ria. Veja: Não se realizará...
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira nessa viagem.
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
São Paulo: Saraiva, 2002. clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
nharia nessa viagem).
SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
morf42.php A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
9. Colocação Pronominal Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
pronomes oblíquos átonos na frase. Não era minha intenção machucá-la.
LÍNGUA PORTUGUESA
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10. Colocação pronominal nas locuções verbais
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS.
Após verbo no particípio = pronome depois do VOZES DO VERBO.
verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
Eu me tenho deliciado com a leitura! Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
Não convém usar hífen nos tempos compostos e ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
nas locuções verbais: nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
Vamos nos unir! é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
Iremos nos manifestar. outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno
Quando há um fator para próclise nos tempos (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não 1. Estrutura das Formas Verbais
vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo-
cupar”). Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
os seguintes elementos:
Paulo: Saraiva, 2010. por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
SITE radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
-pronominal-.html
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3. Classificação dos Verbos 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
Classificam-se em: vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi- se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
cal inalterado durante a conjugação e desinências “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
idênticas às de todos os verbos regulares da mes- impessoal, empregado em sentido figurado, deixa
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver- de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá con-
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do jugação completa.
Modo Indicativo: Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
canto falo Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
cantas falas
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
canta falas tempo: Já passa das seis.
cantamos falamos
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
cantais falais “de”, indicando suficiência:
cantam falam Basta de tolices.
Chega de promessas.
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
#FicaDica Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
referência a sujeito expresso anteriormente (por
Observe que, retirando os radicais, as desi- exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
nências modo-temporal e número-pessoal classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
mantiveram-se idênticas. Tente fazer com tais verbos, pessoais.
outro verbo e perceberá que se repetirá o
fato (desde que o verbo seja da primeira 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
conjugação e regular!). Faça com o verbo de “ser possível”. Por exemplo:
“andar”, por exemplo. Substitua o radical Não deu para chegar mais cedo.
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo Dá para me arrumar uma apostila?
andar). Viu? Fácil!
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte- do plural. São unipessoais os verbos constar, convir,
rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam
fizesse. vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).
Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
Observação: bos pessoais na linguagem figurada:
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas Teu irmão amadureceu bastante.
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/ O que é que aquela garota está cacarejando?
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema Principais verbos unipessoais:
permanece inalterado.
Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, pare-
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con- cer, ser (preciso, necessário):
jugação completa. Os principais são adequar, pre- Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
caver, computar, reaver, abolir, falir. bastante)
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
normalmente, são usados na terceira pessoa do É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
singular. Os principais verbos impessoais são:
Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo,
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- seguidos da conjunção que.
zar-se ou fazer (em orações temporais).
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Europa)
Existiam)
LÍNGUA PORTUGUESA
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
vejo. (Sujeito: que não a vejo)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
mais formas equivalentes, geralmente no particípio,
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos na Europa. em que, além das formas regulares terminadas em
Era primavera quando o conheci. -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
Estava frio naquele dia. (particípio irregular).
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O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:
FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Observação:
LÍNGUA PORTUGUESA
28
4. Conjugação dos Verbos Auxiliares
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
29
4.5. ESTAR - Modo Indicativo
30
4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo
Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
LÍNGUA PORTUGUESA
Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia re-
flexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
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Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.
5. Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!
6. Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
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C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
(Ziraldo)
8. Tempos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.
FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
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Tabelas das Conjugações Verbais
1. Modo Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
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cantAVAM vendIAM partIAM
1.5. Futuro do Presente do Indicativo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).
1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
LÍNGUA PORTUGUESA
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1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número
e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM
C) Modo Imperativo
1. Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
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2. Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
3. Infinitivo Pessoal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
VOZES DO VERBO
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
LÍNGUA PORTUGUESA
vozes verbais:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
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B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.
#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)
Observações:
O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:
Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
38
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos refe-
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo rimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição
tempo. a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o
Os mestres têm constantemente aconselhado os alu- pronome demonstrativo aquela (àquela).
nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe- Observações importantes:
los mestres. Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
Eu o acompanharei. Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
Ele será acompanhado por mim. equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não crase está confirmada.
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Os dados foram solicitados à diretora.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. Os dados foram solicitados ao diretor.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, No caso de nomes próprios geográficos, substitui-
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- -se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente, na expressão “voltar da”, há a confirmação da crase.
paciente ou agente paciente. Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Não me esqueço da viagem a Roma.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- mais vividos.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Nas situações em que o nome geográfico se apresen-
tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está
Português: novas palavras: literatura, gramática, re-
confirmada.
dação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias.
SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
morf54.php
#FicaDica
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
CRASE. Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
Crase
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” rerá crase. Veja:
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
aos pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a Irei à Salvador de Jorge Amado.
qual (as quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se
demarcada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
àquilo, à qual, às quais. aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- regente exigir complemento regido da preposição “a”.
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal Entregamos a encomenda àquela menina.
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo (preposição + pronome demonstrativo)
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o Iremos àquela reunião.
termo regido é aquele que completa o sentido do termo (preposição + pronome demonstrativo)
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
LÍNGUA PORTUGUESA
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
contratada recentemente. criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
Após a junção da preposição com o artigo (destaca- (preposição + pronome demonstrativo)
dos entre parênteses), temos:
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contra- A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
grave:
39
locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às Diante de numerais ordinais femininos a crase está
pressas, à vontade... confirmada, visto que estes não podem ser empre-
locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro- gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
cura de... das à primeira aluna da classe.
locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que. Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem dos exaustos a casa.
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
Eu adoro a noite! adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer exaustos à casa de Marcela.
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
preposição. Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa-
Casos passíveis de nota: ram a terra, já era noite.
Contudo, se o termo estiver precedido por um de-
A crase é facultativa diante de nomes próprios fe- terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. Paulo viajou rumo à sua terra natal.
Também é facultativa diante de pronomes posses- O astronauta voltou à Terra.
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
empresa. Não ocorre crase antes de pronomes que reque-
Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja rem o uso do artigo.
ficará aberta até as (às) dezoito horas. Os livros foram entregues a mim.
Constata-se o uso da crase se as locuções prepo- Dei a ela a merecida recompensa.
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
moda de Luís XV) uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
Não se efetiva o uso da crase diante da locução de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
observamos a queima de fogos a distância.
Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza-
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
do em sentido genérico ou indeterminado:
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
Estamos sujeitos a críticas.
tre foi arremessado à distância de cem metros.
Refiro-me a conversas paralelas.
De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
-, faz-se necessário o emprego da crase.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ensino à distância.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Ensino a distância. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Em locuções adverbiais formadas por palavras re- Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
petidas, não há ocorrência da crase. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Ela ficou frente a frente com o agressor. Paulo: Saraiva, 2010.
Eu o seguirei passo a passo.
SITE
Casos em que não se admite o emprego da crase: http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
se-.html
Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Antes de verbos no infinitivo.
Ele estava a cantar. 1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
Começou a chover. – 2014 – adaptada) O acento indicativo de crase em “à
humanidade e à estabilidade” é de uso facultativo, razão
Antes de numeral. por que sua supressão não prejudicaria a correção gra-
LÍNGUA PORTUGUESA
40
O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já Resposta: Certo. Adequar o quê? – os objetivos (obje-
que os termos “humanidade” e “estabilidade” comple- to direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) neces-
mentam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?” sidades – objeto indireto. A explicação do enunciado
= a regência nominal pede preposição. está correta.
Programas e Projetos Educacionais – cespe – 2012) O lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
emprego do sinal indicativo de crase em “adequando os generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
objetivos às necessidades” justifica-se pela regência do ver- rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
bo adequar, que exige complemento regido pela preposi- Separa partes de frases que já estão separadas por
ção “a”, e pela presença de artigo definido feminino antes vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
de “necessidades”. tros, montanhas, frio e cobertor.
Separa itens de uma enumeração, exposição de
( ) CERTO ( ) ERRADO motivos, decreto de lei, etc.
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Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia;
Reunião com amigos.
F) Reticências (...)
Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis, canetas, cadernos...
Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este mal... pega doutor?
Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, depois, o coração falar...
G) Vírgula (,)
Usa-se a vírgula:
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de 1982.
42
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que- tada, não me deixavam esquecê-las.
remos comer pizza; e vocês, churrasco. Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas,
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co-
5. Para isolar: mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra- casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas
sileira, possui um trânsito caótico. mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen-
tavam à minha frente, os relatos se transformavam em
Observações: desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi-
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas.
são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre- ter conseguido manter a família. Sempre a culpa.
guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política, Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
futebol, lazer, etc. ça externa como se somente nós, juízes, promotores e
As perguntas que denotam surpresa podem ter com- advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
Você falou isso para ela?! violência invisível.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias
Temos, ainda, sinais distintivos: além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com
a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- adaptações).
ração de siglas (IOF/UPC); O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas tido de “nós”.
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
opção aos parênteses, principalmente na matemá- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tica;
o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che-
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para subs- gavam à Justiça buscando uma força externa como se
tituir um nome que não se quer mencionar. somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS termos entre vírgulas servem para exemplificar quem
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- são os “nós” citados pela autora ( juízes, promotores,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São advogados).
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa 2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária –
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Cespe – 2017 – adaptada)
da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos social mais anônimo, menos supervisionado.
sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à mi- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
nha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia. O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
Não havia outra solução a não ser escrever. Era preciso nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prola- necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
43
risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém 4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho –
não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre-
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as
dividir as tarefas de controle com organizações locais e mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso
com a comunidade. se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú-
blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da ( ) CERTO ( ) ERRADO
polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei-
ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que
No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O
introduzem Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
Os meninos, ansiosos (2), chegaram!
a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
b) resultados da “consolidação da cidadania”.
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO.
algo “amplo”.
d) uma generalização do termo “direitos”.
e) objetivos do “processo de redemocratização”. Frase, oração e período
gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio- estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
a melhora das expectativas. O termo em destaque não do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
está exercendo a função de vocativo, já que não é uti- de ligação):
lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo. O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente (predicado verbal)
executivo da CNI. A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
cleo é “fácil” (predicado nominal)
44
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
tido completo. O período pode ser simples ou composto. As crianças precisam de alimentos saudáveis.
Período simples é aquele constituído por apenas O sujeito composto é o sujeito determinado que
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta. apresenta mais de um núcleo.
Chove. Alimentos e roupas custam caro.
A existência é frágil. Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Período composto é aquele constituído por duas ou Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
mais orações: referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
Cantei, dancei e depois dormi. “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
Quero que você estude mais. do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
1.1. Termos da Oração Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
1.1.1 Termos essenciais Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
O sujeito e o predicado são considerados termos es- gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis pronomes não estejam explícitos.
para a formação das orações. No entanto, existem ora- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que de- to na desinência verbal “-mos”
fine a oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
que estabelece concordância com o verbo. sinência verbal “-ais”
O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados. Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
no singular: candidato = está).
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
A função do sujeito é basicamente desempenhada
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
por substantivos, o que a torna uma função substantiva
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer
nado de duas maneiras:
outras palavras substantivadas (derivação imprópria)
também podem exercer a função de sujeito.
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
tantivo) o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- te:
plo: substantivo) Bateram à porta;
Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- nistro.
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo
do sujeito. Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
Um sujeito é determinado quando é facilmente ou composto:
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi- Os meninos bateram à porta. (simples)
nado pode ser simples ou composto. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
possível identificar claramente a que se refere a concor- B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. ca dos verbos que não apresentam complemento
Estão gritando seu nome lá fora. direto:
LÍNGUA PORTUGUESA
45
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre- Os verbos acima são significativos, isto é, não servem ape-
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A nas para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
pais casos de orações sem sujeito com: O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
os verbos que indicam fenômenos da natureza: significativo um nome; este atribui uma qualidade ou es-
Amanheceu. tado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do su-
Está trovejando. jeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome
da oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
tempo em geral: dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do
Está tarde. sujeito: Os dados parecem corretos.
Já são dez horas. O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an-
Faz frio nesta época do ano. dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele-
Há muitos concursos com inscrições abertas. mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela-
cionadas.
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a A função de predicativo é exercida, normalmente, por
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas um adjetivo ou substantivo.
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao
sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
Chove muito nesta época do ano.
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre signi-
Houve problemas na reunião.
ficativo, indicando processos. É também sempre por in-
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
termo a que se refere.
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
O dia amanheceu ensolarado;
objeto direto.
As mulheres julgam os homens inconstantes.
As questões estavam fáceis!
Sujeito simples = as questões No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Predicado = estavam fáceis duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. verbal e outro nominal.
Sujeito = uma ideia estranha O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
Predicado = passou-me pelo pensamento
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
Para o estudo do predicado, é necessário verificar complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con- 1.2 Termos integrantes da oração
siderar também se as palavras que formam o predicado
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
oração. complemento nominal são chamados termos integrantes
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres da oração.
de opinião.
Predicado Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
O predicado acima apresenta apenas uma palavra Estes verbos podem se relacionar com seus complemen-
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se tos diretamente, sem a presença de preposição, ou indire-
ligam direta ou indiretamente ao verbo. tamente, por intermédio de preposição.
A cidade está deserta. O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- mente ao verbo.
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como Houve muita confusão na partida final.
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o Queremos sua ajuda.
LÍNGUA PORTUGUESA
46
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes O poeta português deixou uma obra originalíssima.
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero O poeta deixou-a.
cansar a Vossa Senhoria. (originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. adjunto adnominal)
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica O poeta português deixou uma obra inacabada.
a crise) O poeta deixou-a inacabada.
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição. do objeto)
Gosto de música popular brasileira.
Necessito de ajuda. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
1.2.1 Objeto Pleonástico relaciona apenas ao substantivo.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- gunda-feira passei o dia mal-humorado.
ves Dias) O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
objeto pleonástico A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
Ao traidor, nada lhe devemos. com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
O termo que integra o sentido de um nome chama-se coisas: amor, arte, ação.
complemento nominal, que se liga ao nome que com- C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
pleta por intermédio de preposição: nho, tudo forma o carnaval.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala- D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
vra “necessária” xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
Os termos acessórios recebem este nome por serem A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad- tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca- tantivadas esse papel na linguagem.
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da João, venha comigo!
oração. Traga-me doces, minha menina!
47
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. 1.4.2 Período Composto Por Subordinação
(Período Composto)
Podemos dizer: Quero que você seja aprovado!
1. Estou comprando um protetor solar. Oração principal oração subordinada
2. Irei à praia. Observe que na oração subordinada temos o verbo
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
Separando as duas, vemos que elas são independen- lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
tes. Tal período é classificado como Período Composto por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
por Coordenação. verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
Sindéticas. explícitas.
48
1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas Substantivas
Conforme a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:
FIQUE ATENTO!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.
Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
singular.
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:
Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
49
4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por pre-
posição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal
As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é ne-
cessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal:
o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo
ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma fun-
ção sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação”
é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).
FIQUE ATENTO!
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser substi-
tuído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as ora-
ções subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas redu-
zidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
50
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- A oração em destaque agrega uma circunstância de
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad-
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces-
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su- sórios que indicam uma circunstância referente, via de
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono- regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial
me relativo e seu verbo está no infinitivo. depende da exata compreensão da circunstância que ex-
prime.
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que carac- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar minha vida.
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- “senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
-se subordinadas adjetivas explicativas. tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Exemplo 1: possível reduzi-la, obtendo-se:
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
passava naquele momento. nha vida.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
No período acima, observe que a oração em destaque
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
-se de um homem específico, único. A oração limita o univer-
so de homens, isto é, não se refere a todos os homens, mas
Observação:
sim àquele que estava passando naquele momento.
A classificação das orações subordinadas adverbiais
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
Exemplo 2:
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
O homem, que se considera racional, muitas vezes oração.
age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa 2. Classificação das Orações Subordinadas Adver-
biais
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con- àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
ceito de “homem”. que se declara na oração principal. Principal conjunção
subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu-
Saiba que: ções causais: como (sempre introduzido na oração ante-
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, que, visto que.
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as forte.
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas Já que você não vai, eu também não vou.
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
C) Orações Subordinadas Adverbiais sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração princi- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
pal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, qual ela se subordina. Repare:
fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, 1. Faltei à aula porque estava doente.
LÍNGUA PORTUGUESA
vem introduzida por uma das conjunções subordinativas 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
(com exclusão das integrantes, que introduzem orações Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
subordinadas substantivas). Classifica-se de acordo com que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz (assim fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
como acontece com as coordenadas sindéticas). exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. pois seus olhos ficaram vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial
51
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- va: conforme. Outras conjunções conformativas:
cia, é efeito do que se declara na oração princi- como, consoante e segundo (todas com o mesmo
pal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: valor de conforme).
que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e Fiz o bolo conforme ensina a receita.
pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que direitos iguais.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
da de Infinitivo) finais: que, porque (= para que) e a locução con-
juntiva para que.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
como necessário para a realização ou não de um Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso principal. Principal locução conjuntiva subordinati-
na oração principal. va proporcional: à proporção que. Outras locuções
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan-
que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
menos...(menos).
certamente o melhor time será campeão.
À proporção que estudávamos mais questões acertávamos.
Caso você saia, convide-me.
À medida que lia mais culto ficava.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
da oração principal, isto é, admitem uma contradi-
expresso na oração principal, podendo exprimir
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
está diretamente ligada ao contraste, à quebra de rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
expectativa. Principal conjunção subordinativa con- poral: quando. Outras conjunções subordinativas
cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção: temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. depois que, sempre que, desde que, etc.
Só irei se ele for. Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
Compare agora com:
Irei mesmo que ele não vá. 3. Orações Reduzidas
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei As orações subordinadas podem vir expressas como
de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec-
cessiva. tivo subordinativo que as introduza.
Observe outros exemplos: É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
Embora fizesse calor, levei agasalho. É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- sença do conectivo)
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
“desenvolvidas” – como no exemplo acima.
E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais É preciso estudar = oração subordinada substantiva
comparativas estabelecem uma comparação com a subjetiva reduzida de infinitivo
ação indicada pelo verbo da oração principal. Prin- É preciso que se estude = oração subordinada subs-
cipal conjunção subordinativa comparativa: como. tantiva subjetiva
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
LÍNGUA PORTUGUESA
Você age como criança. (age como uma criança age) 4. Orações Intercaladas
52
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “ser-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa vir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indi-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. retos.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira ( ) CERTO ( ) ERRADO
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002. Resposta: Errado.
imagina uma literatura = transitivo direto
SITE atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ (transitivo direto e indireto)
frase-periodo-e-oracao pode servir de caminho = intransitivo
REDAÇÃO.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
permite, como compensação sorrateira, recuperar com formes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
a outra mão certa profundidade de significado e certo Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
acabamento de forma, que de repente podem fazer dela cações oficiais são necessariamente uniformes, pois há
uma inesperada, embora discreta, candidata à perfeição. sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão
adaptações). a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições
tratados de forma homogênea (o público).
53
Outros procedimentos rotineiros na redação de co- de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de
municações oficiais foram incorporados ao longo do jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial
tempo, como as formas de tratamento e de cortesia, deve ser isenta da interferência da individualidade que a
certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, elabora.
etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade
comunicações oficiais, regulados pela Portaria n.º 1 do de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais
Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937. contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se impessoalidade.
buscou fazer das características específicas da forma ofi-
cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que 2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
uma forma específica de linguagem administrativa, o que A necessidade de empregar determinado nível de lin-
coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês. guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um
Este é antes uma distorção do que deve ser a redação lado, do próprio caráter público desses atos e comuni-
oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês cações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui
do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção entendidos como atos de caráter normativo, ou estabe-
de frases. lecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam
A redação oficial não é, portanto, necessariamente o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcan-
árida e infensa à evolução da língua. É que sua finali- çado se em sua elaboração for empregada a linguagem
dade básica – comunicar com impessoalidade e máxima adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais,
clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto objetividade. As comunicações que partem dos órgãos
jornalístico, da correspondência particular, etc. públicos federais devem ser compreendidas por todo e
Apresentadas essas características fundamentais da qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há
redação oficial, passemos à análise pormenorizada de que evitar o uso de uma linguagem restrita a determina-
cada uma delas. dos grupos. Não há dúvida que um texto marcado por
expressões de circulação restrita, como a gíria, os regio-
1. A Impessoalidade nalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua com-
preensão dificultada.
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, Ressalte-se que há necessariamente uma distância
quer pela escrita. Para que haja comunicação, são neces- entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente
sários: a) alguém que comunique, b) algo a ser comuni- dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração
cado, e c) alguém que receba essa comunicação. No caso de costumes, e pode eventualmente contar com outros
da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço elementos que auxiliem a sua compreensão, como os
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Depar- gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns
tamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua
sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão escrita incorpora mais lentamente as transformações,
que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão públi- de si mesma para comunicar.
co, do Executivo ou dos outros Poderes da União. A língua escrita, como a falada, compreende diferen-
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que tes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica- exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer
ções oficiais decorre: de determinado padrão de linguagem que incorpore ex-
a) da ausência de impressões individuais de quem co- pressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um
munica: embora se trate, por exemplo, de um expediente parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do
assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há
nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Ob- um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz
tém-se, assim, uma desejável padronização, que permite da língua, a finalidade com que a empregamos.
que comunicações elaboradas em diferentes setores da O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu ca-
Administração guardem entre si certa uniformidade; ráter impessoal, por sua finalidade de informar com o
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do
ção, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão
cidadão, sempre concebido como público, ou a outro ór- culto é aquele em que a) se observam as regras da gra-
LÍNGUA PORTUGUESA
gão público. Nos dois casos, temos um destinatário con- mática formal, e b) se emprega um vocabulário comum
cebido de forma homogênea e impessoal; ao conjunto dos usuários do idioma. É importante res-
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se saltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na
o universo temático das comunicações oficiais se restrin- redação oficial decorre do fato de que ele está acima das
ge a questões que dizem respeito ao interesse público, é diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais,
natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísti-
Desta forma, não há lugar na redação oficial para im- cas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendi-
pressões pessoais, como as que, por exemplo, constam da compreensão por todos os cidadãos. Lembre-se de
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que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar
expressão, desde que não seja confundida com pobreza passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em
de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inú-
implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos con- teis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao
torcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios que já foi dito.
da língua literária. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente em todo texto de alguma complexidade: ideias funda-
um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do mentais e ideias secundárias. Estas últimas podem es-
padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que clarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, mas existem também ideias secundárias que não acres-
ou será obedecida certa tradição no emprego das formas centam informação alguma ao texto, nem têm maior re-
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se lação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dis-
consagre a utilização de uma forma de linguagem buro- pensadas.
crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada. oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos-
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em sibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a
situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis- clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende es-
criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo tritamente das demais características da redação oficial.
o vocabulário próprio à determinada área, são de difícil Para ela concorrem:
entendimento por quem não esteja com eles familiariza- a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter-
do. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em pretações que poderia decorrer de um tratamento
comunicações encaminhadas a outros órgãos da admi- personalista dado ao texto;
nistração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. b) o uso do padrão culto de linguagem, em princí-
pio, de entendimento geral e por definição avesso
3. Formalidade e Padronização a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e
o jargão;
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a
isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já imprescindível uniformidade dos textos;
mencionadas exigências de impessoalidade e uso do pa- d) a concisão, que faz desaparecer do texto os exces-
drão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa for- sos linguísticos que nada lhe acrescentam.
malidade de tratamento. Não se trata somente da eterna É pela correta observação dessas características que
dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável
pronome de tratamento para uma autoridade de certo; releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em tex-
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à tos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais
civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual provém, principalmente, da falta da releitura que torna
cuida a comunicação. possível sua correção.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda,
necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a ad- se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O
ministração federal é una, é natural que as comunicações que nos parece óbvio pode ser desconhecido por ter-
que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimen- ceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos
to desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que em decorrência de nossa experiência profissional muitas
se atente para todas as características da redação oficial e vezes faz com que os tomemos como de conhecimento
que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva,
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes esclareça, precise os termos técnicos, o significado das
para o texto definitivo e a correta diagramação do texto siglas e abreviações e os conceitos específicos que não
são indispensáveis para a padronização. possam ser dispensados.
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A
4. Concisão e Clareza pressa com que são elaboradas certas comunicações
quase sempre compromete sua clareza. Não se deve
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac- proceder à redação de um texto que não seja seguida
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos
transmitir um máximo de informações com um mínimo atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua
de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fun- indesejável repercussão no redigir.
damental que se tenha, além de conhecimento do assun-
LÍNGUA PORTUGUESA
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tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos a) do Poder Executivo;
à sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase Presidente da República;
todas as modalidades de comunicação oficial: o empre- Vice-Presidente da República;
go dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a Ministros de Estado;
identificação do signatário. Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Distrito Federal;
6. Pronomes de Tratamento Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
6.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu-
pantes de cargos de natureza especial;
O uso de pronomes e locuções pronominais de tra- Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
tamento tem larga tradição na língua portuguesa. De Prefeitos Municipais.
acordo com Said Ali, após serem incorporados ao por-
tuguês os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento
b) do Poder Legislativo:
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”,
Deputados Federais e Senadores;
passou-se a empregar, como expediente linguístico de
Ministros do Tribunal de Contas da União;
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue Deputados Estaduais e Distritais;
o autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
em fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qua- Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
lidade eminente da pessoa de categoria superior, e não
a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu c) do Poder Judiciário:
rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); Ministros dos Tribunais Superiores;
assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e Membros de Tribunais;
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, Juízes;
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” Auditores da Justiça Militar.
A partir do final do século XVI, esse modo de trata-
mento indireto já estava em voga também para os ocu- O vocativo a ser empregado em comunicações diri-
pantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu gidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, se-
para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono- guido do cargo respectivo:
me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
que provém o atual emprego de pronomes de tratamen- Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal
civis, militares e eclesiásticas. Federal.
6.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pes- Senhor Senador,
soa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto Senhor Juiz,
à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora Senhor Ministro,
se refiram a segunda pessoa gramatical (à pessoa com Senhor Governador,
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam
a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo con-
No envelope, o endereçamento das comunicações di-
corda com o substantivo que integra a locução como seu
rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá
núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”;
a seguinte forma:
“Vossa Excelência conhece o assunto”.
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a A Sua Excelência o Senhor
pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes- Fulano de Tal
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa Ministro de Estado da Justiça
... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pro- 70064-900 – Brasília. DF
nomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da
pessoa a que se refere, e não com o substantivo que com- A Sua Excelência o Senhor
põe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o Senador Fulano de Tal
correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria Senado Federal
LÍNGUA PORTUGUESA
deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está 70165-900 – Brasília. DF
atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
A Sua Excelência o Senhor
6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento Rua ABC, n.º 123
obedece a secular tradição. São de uso consagrado: 01010-000 – São Paulo. SP
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
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Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra- a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
tamento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na da República: Respeitosamente,
lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua rarquia inferior: Atenciosamente,
repetida evocação.
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações di-
Vossa Senhoria é empregado para as demais autori- rigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
dades e para particulares. O vocativo adequado é: tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual
Senhor Fulano de Tal, de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
(...)
No envelope, deve constar do endereçamento: 8. Identificação do Signatário
Ao Senhor
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presiden-
Fulano de Tal
te da República, todas as demais comunicações oficiais
Rua ABC, n.º 123
devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as
12345-000 – Curitiba. PR
expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da
identificação deve ser a seguinte:
Como se depreende do exemplo acima, fica dispen- (espaço para assinatura)
sado o emprego do superlativo ilustríssimo para as au- NOME
toridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
e para particulares. É suficiente o uso do pronome de (espaço para assinatura)
tratamento Senhor. NOME
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamen- Ministro de Estado da Justiça
to, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminada-
mente. Como regra geral, empregue-o apenas em co- Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a as-
municações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por sinatura em página isolada do expediente. Transfira para
terem concluído curso universitário de doutorado. É cos- essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
tume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, 9. O Padrão Ofício
o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às
comunicações. Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o
empregada, por força da tradição, em comunicações di- memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se ado-
rigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vo- tar uma diagramação única, que siga o que chamamos
cativo: Magnífico Reitor, (...) de padrão ofício.
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acor-
do com a hierarquia eclesiástica, são: 10. Partes do documento no Padrão Ofício
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao
Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, O aviso, o ofício e o memorando devem conter as se-
(...) guintes partes:
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendís- a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do
órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso
sima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe
123/2002-SG Of. 123/2002-MME
o vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminen-
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com
tíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...)
alinhamento à direita: Exemplo:
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em co- Brasília, 15 de março de 1991.
municações dirigidas a Arcebispos e Bispos;
Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reveren- c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos:
díssima para Monsenhores, Cônegos e superiores reli- Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
giosos. Assunto: Necessidade de aquisição de novos compu-
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clé- tadores.
rigos e demais religiosos. d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem
é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser in-
7. Fechos para Comunicações cluído também o endereço.
e) texto: nos casos em que não for de mero encami-
LÍNGUA PORTUGUESA
O fecho das comunicações oficiais possui, além da nhamento de documentos, o expediente deve conter a
finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o des- seguinte estrutura:
tinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo uti-
lizados foram regulados pela Portaria n.º 1 do Ministério – introdução, que se confunde com o parágrafo de
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual es- comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
tabelece o emprego de somente dois fechos diferentes “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empre-
para todas as modalidades de comunicação oficial: gue a forma direta;
57
– desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as
se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o
elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que editor de texto utilizado não comportar tal recurso,
confere maior clareza à exposição; de uma linha em branco;
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico,
reapresentada a posição recomendada sobre o assunto. sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra,
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto relevo, bordas ou qualquer outra forma de forma-
nos casos em que estes estejam organizados em itens ou tação que afete a elegância e a sobriedade do do-
títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encami- cumento;
nhamento de documentos a estrutura é a seguinte: j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta
– introdução: deve iniciar com referência ao expe- em papel branco. A impressão colorida deve ser
diente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do usada apenas para gráficos e ilustrações;
documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício
informação do motivo da comunicação, que é encami- devem ser impressos em papel de tamanho A-4,
nhar, indicando a seguir os dados completos do docu- ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
mento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo arquivo Rich Text nos documentos de texto;
encaminhado, segundo a seguinte fórmula: “Em resposta m) dentro do possível, todos os documentos elabora-
ao Aviso n.º 12, de 1.º de fevereiro de 1991, encaminho, dos devem ter o arquivo de texto preservado para
anexa, cópia do Ofício n.º 34, de 3 de abril de 1990, do consulta posterior ou aproveitamento de trechos
Departamento Geral de Administração, que trata da re- para casos análogos;
quisição do servidor Fulano de Tal.” Ou “Encaminho, para n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos
exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
12, de 1.º de fevereiro de 1991, do Presidente da Confe- documento + número do documento + palavras-
deração Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de -chaves do conteúdo. Ex.: “Of. 123 - relatório pro-
dutividade ano 2002”
modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
– desenvolvimento: se o autor da comunicação dese-
12. Aviso e Ofício
jar fazer algum comentário a respeito do documento que
encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvol-
12.1. Definição e Finalidade
vimento; em caso contrário, não há parágrafos de desen-
volvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
Aviso e ofício são modalidades de comunicação ofi-
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); cial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é
g) assinatura do autor da comunicação; e que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo
Signatário). que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades.
Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos
11. Forma de diagramação oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
no caso do ofício, também com particulares.
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à
seguinte forma de apresentação: 12.2. Forma e Estrutura
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman
de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
10 nas notas de rodapé; do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca
b) para símbolos não existentes na fonte Times New o destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido
Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e de vírgula. Exemplos:
Wingdings; Excelentíssimo Senhor Presidente da República
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o Senhora Ministra
número da página; Senhor Chefe de Gabinete
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão
ser impressos em ambas as faces do papel. Neste Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício
caso, as margens esquerda e direita terão as dis- as seguintes informações do remetente:
tâncias invertidas nas páginas pares (“margem es- – nome do órgão ou setor;
pelho”); – endereço postal;
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm – telefone e endereço de correio eletrônico.
LÍNGUA PORTUGUESA
58
níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de co- a) na introdução: o problema que está a reclamar a
municação eminentemente interna. Pode ter caráter me- adoção da medida ou do ato normativo proposto;
ramente administrativo, ou ser empregado para a expo- b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medi-
sição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados da ou aquele ato normativo o ideal para se solucio-
por determinado setor do serviço público. Sua caracterís- nar o problema, e eventuais alternativas existentes
tica principal é a agilidade. A tramitação do memorando para equacioná-lo;
em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser to-
simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar mada, ou qual ato normativo deve ser editado para
desnecessário aumento do número de comunicações, os solucionar o problema.
despachos ao memorando devem ser dados no próprio
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à ex-
continuação. Esse procedimento permite formar uma posição de motivos, devidamente preenchido, de acordo
espécie de processo simplificado, assegurando maior Com o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º 4.176,
transparência à tomada de decisões, e permitindo que se de 28 de março de 2002.
historie o andamento da matéria tratada no memorando. Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presen-
te que a atenção aos requisitos básicos da redação oficial
13.2. Forma e Estrutura (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padro-
nização e uso do padrão culto de linguagem) deve ser
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo redobrada.
do padrão ofício, com a diferença de que o seu destina- A exposição de motivos é a principal modalidade de
tário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exem- comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
plos: Ministros.
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou,
ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo
ou em parte.
14. Exposição de Motivos
15. Mensagem
14.1. Definição e Finalidade
15.1. Definição e Finalidade
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Pre-
sidente da República ou ao Vice-Presidente para:
É o instrumento de comunicação oficial entre os Che-
a) informá-lo de determinado assunto;
fes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens en-
b) propor alguma medida; ou
viadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo
c) submeter a sua consideração projeto de ato nor- para informar sobre fato da Administração Pública; expor
mativo. o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi- legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que
dente da República por um Ministro de Estado. Nos casos dependem de deliberação de suas Casas; apresentar veto;
em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto
a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os seja de interesse dos poderes públicos e da Nação.
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos
interministerial. Ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias
caberá a redação final.
14.2. Forma e Estrutura As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresen- a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, com-
tação do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). plementar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou
A exposição de motivos, de acordo com sua finalida- complementar são enviados em regime normal (Consti-
de, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para tuição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1.º
aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e a 4.º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminha-
outra para a que proponha alguma medida ou submeta do sob o regime normal e mais tarde ser objeto de nova
projeto de ato normativo. mensagem, com solicitação de urgência.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem-
simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com
LÍNGUA PORTUGUESA
Presidente da República, sua estrutura segue o mode- aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da República
lo antes referido para o padrão ofício. Já a exposição de ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
motivos que submeta à consideração do Presidente da que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64,
República a sugestão de alguma medida a ser adotada caput).
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embo- Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen-
ra sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
outros comentários julgados pertinentes por seu autor, tos anuais e créditos adicionais), as mensagens de en-
devem, obrigatoriamente, apontar: caminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso
59
Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao O Presidente da República tem o prazo de sessenta
Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao
art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual Congresso Nacional as contas referentes ao exercício an-
sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais preci- terior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer
samente, “na forma do regimento comum”. E à frente da da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166,
Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Sena- § 1.º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a
do Federal (Constituição, art. 57, § 5.º), que comanda as tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi-
sessões conjuntas. mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
As mensagens aqui tratadas coroam o processo de- g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
senvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre
minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financei- a situação do País e solicitação de providências que jul-
ro das matérias objeto das proposições por elas encami- gar necessárias (Constituição, art. 84, XI).
nhadas. O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
Tais exames materializam-se em pareceres dos di- Presidência da República. Esta mensagem difere das de-
versos órgãos interessados no assunto das proposições, mais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
entre eles o da Advocacia-Geral da União. Mas, na ori- Congressistas em forma de livro.
gem das propostas, as análises necessárias constam da h) comunicação de sanção (com restituição de autó-
exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. grafos).
Exposição de Motivos) – exposição que acompanhará, por Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congres-
cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congresso. so Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secre-
b) encaminhamento de medida provisória. tário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons- informa o número que tomou a lei e se restituem dois
tituição, o Presidente da República encaminha mensa- exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o
gem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso Presidente da República terá aposto o despacho de san-
para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando ção.
cópia da medida provisória, autenticada pela Coordena- i) comunicação de veto.
ção de Documentação da Presidência da República. Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constitui-
c) indicação de autoridades. ção, art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão
As mensagens que submetem ao Senado Federal a de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas,
indicação de pessoas para ocuparem determinados car- e as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra
gos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao
TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central, Procura- contrário das demais mensagens, cuja publicação se res-
dor-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, tringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.
etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, in- j) outras mensagens.
cisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional Também são remetidas ao Legislativo com regular
competência privativa para aprovar a indicação. frequência mensagens com:
O curriculum vitae do indicado, devidamente assina- – encaminhamento de atos internacionais que acarre-
do, acompanha a mensagem. tam encargos ou compromissos gravosos (Constituição,
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vi- art. 49, I);
ce-Presidente da República se ausentar do País por mais – pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
de 15 dias. às operações e prestações interestaduais e de exporta-
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. ção (Constituição, art. 155, § 2.º, IV);
49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa – proposta de fixação de limites globais para o mon-
do Congresso Nacional. tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cor- – pedido de autorização para operações financeiras
tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz externas (Constituição, art. 52, V); e outros.
uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando- Entre as mensagens menos comuns estão as de:
-lhes mensagens idênticas. – convocação extraordinária do Congresso Nacional
e) encaminhamento de atos de concessão e renova- (Constituição, art. 57, § 6.º);
ção de concessão de emissoras de rádio e TV. – pedido de autorização para exonerar o Procurador-
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do -Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º);
Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da – pedido de autorização para declarar guerra e decre-
Constituição. Somente produzirão efeitos legais a ou- tar mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
torga ou renovação da concessão após deliberação do – pedido de autorização ou referendo para celebrar a
LÍNGUA PORTUGUESA
Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3.º). Des- paz (Constituição, art. 84, XX);
cabe pedir na mensagem a urgência prevista no art. 64 – justificativa para decretação do estado de defesa ou
da Constituição, porquanto o § 1.º do art. 223 já define o de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º);
prazo da tramitação. – pedido de autorização para decretar o estado de
Além do ato de outorga ou renovação, acompanha sítio (Constituição, art. 137);
a mensagem o correspondente processo administrativo. – relato das medidas praticadas na vigência do estado
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
anterior. único);
60
– proposta de modificação de projetos de leis finan- to há premência, quando não há condições de envio do
ceiras (Constituição, art. 166, § 5.º); documento por meio eletrônico. Quando necessário o
– pedido de autorização para utilizar recursos que original, ele segue posteriormente pela via e na forma
ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de praxe.
de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamen- Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com
tária anual (Constituição, art. 166, § 8.º); cópia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel,
– pedido de autorização para alienar ou conceder ter- em certos modelos, deteriora-se rapidamente.
ras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição,
art. 188, § 1.º); etc. 17.2. Forma e Estrutura
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa-
é uma forma de comunicação que está sendo menos gem de correio eletrônico tenha valor documental, e para
usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utiliza- que possa ser aceito como documento original, é neces-
do para a transmissão de mensagens urgentes e para o sário existir certificação digital que ateste a identidade
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimen- do remetente, na forma estabelecida em lei.
61
Elementos de Ortografia e Gramática Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou
seja, as frases que possuem apenas um verbo conjuga-
1. Problemas de Construção de Frases do. Na construção de períodos, as várias funções podem
ocorrer em ordem inversa à mencionada, misturando-se
A clareza e a concisão na forma escrita são alcança- e confundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva
das, principalmente, pela construção adequada da frase, de todos os padrões existentes na língua portuguesa.
“a menor unidade autônoma da comunicação”, na defini- O que importa é fixar a ordem normal dos elementos
ção de Celso Pedro Luft. nesses seis padrões básicos. Acrescente-se que períodos
A função essencial da frase é desempenhada pelo mais complexos, compostos por duas ou mais orações,
predicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser en- em geral podem ser reduzidos aos padrões básicos (de
tendido como “a enunciação pura de um fato qualquer”. que derivam).
Sempre que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe Os problemas mais frequentemente encontrados na
o nome de período, que terá tantas orações quantos fo- construção de frases dizem respeito à má pontuação, à
rem os verbos não auxiliares que o constituem. ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis- paralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em
pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –, geral, do desconhecimento da ordem das palavras na
de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substan- frase. Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais
tivo. Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações comuns e recorrentes na construção de frases, registra-
substantivos (nomes ou pronomes) que desempenham a dos em documentos oficiais.
função de complementos (objetos direto e indireto, pre-
dicativo e complemento adverbial). Função acessória de- 2. Sujeito
sempenham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente
ao final da oração, mas que podem ser ou intercalados Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que
aos elementos que desempenham as outras funções, ou executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter com-
deslocados para o início da oração.
plemento, mas não ser complemento. Devem ser evita-
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos
das, portanto, construções como:
elementos que compõem uma oração (Observação: os
parênteses indicam os elementos que podem não ocor-
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda.
rer):
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adver-
bial).
Errado: Apesar das relações entre os países estarem
Podem ser identificados seis padrões básicos para as cortadas, (...).
orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portu- Certo: Apesar de as relações entre os países estarem
guesa (a função que vem entre parênteses é facultativa e cortadas, (...).
pode ocorrer em ordem diversa):
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial) Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
O Presidente - regressou - (ontem).
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
(adjunto adverbial)
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
manhã de terça-feira). Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento so Nacional. Depois de ser longamente debatido.
adverbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Bue- Nacional, depois de ser longamente debatido.
nos Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o progra-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) ma recebeu a aprovação do Congresso Nacional.
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad-
verbial)
O problema - será - resolvido - prontamente.
62
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades
metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consul- (Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibili-
tadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. dade de correção é transformá-la em duas frases simples,
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):
metido ao Presidente da República, que o aprovou, consulta- Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta
das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. última capital, encontrou-se com o Papa.
paralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equi- bas do que os Ministérios do Governo.
valente) a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao
se apresentar, de forma paralela, estruturas sintáticas No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
distintas: “demais”) acarretou imprecisão:
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
Papa. bas do que os outros Ministérios do Governo.
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
bas do que os demais Ministérios do Governo.
63
6. Ambiguidade
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da 3. (anp – Conhecimento Básico para todos os Cargos –
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: cespe – 2013) Na redação de uma ata, devem-se relatar
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o exaustivamente, com o máximo de detalhamento possí-
funcionário. vel, incluindo-se os aspectos subjetivos, as discussões, as
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, propostas, as resoluções e as deliberações ocorridas em
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. reuniões e eventos que exigem registro.
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este
indisciplinado. ( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma se- Resposta: Errado. Ata é um documento administrativo
nhora chamou o médico. que tem a finalidade de registrar de modo sucinto a
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi sequência de eventos de uma reunião ou assembleia de
chamado por uma senhora. pessoas com um fim específico. É característica da Ata
apresentar um resumo, cronologicamente disposto, de
SITE modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual- (Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
redpr2aed.pdf redacao_oficial_ata/)
64
4. (Tribunal de Justiça-se – Técnico Judiciário – cespe Interpretação de texto - o objetivo da interpretação
– 2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas direcio- de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par-
nadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso dos tir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamen-
fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acordo tações), as argumentações (ou explicações), que levam ao
com as hierarquias do destinatário e do remetente. esclarecimento das questões apresentadas na prova.
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento questão.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada
de seu contexto original e analisada separadamente, po- Observação:
derá ter um significado diferente daquele inicial. Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova
rências diretas ou indiretas a outros autores através de de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. que o autor diz e nada mais.
65
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que Nos enunciados, grife palavras como “correto”
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de na hora da resposta – o que vale não somente
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um para Interpretação de Texto, mas para todas as de-
pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o mais questões!
que se vai dizer e o que já foi dito. Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con-
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre clusão.
eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono- Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam- etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor tem a outros vocábulos do texto.
semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
tecedente. SITES
Os pronomes relativos são muito importantes na in- http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/por-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de tugues/como-interpretar-textos
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân- lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
cia, a saber: http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- ra-voce-interpretar-melhor-um.html
te, mas depende das condições da frase. http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
qual (neutro) idem ao anterior. tao-117-portugues.htm
quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. EXERCÍCIOS COMENTADOS
como (modo)
onde (lugar)
quando (tempo)
1. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Ces-
pe – 2017)
quanto (montante)
Exemplo:
Texto CG1A1AAA
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
A valorização do direito à vida digna preserva as duas
aparecer o demonstrativo O).
faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a
do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro
3. Dicas para melhorar a interpretação de textos em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se,
Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral singulariza-se em sua individualidade. O direito é o ins-
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos trumento da fraternização racional e rigorosa.
candidatos na disputa, portanto, quanto mais infor- O direito à vida é a substância em torno da qual todos os
mação você absorver com a leitura, mais chances direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que
terá de resolver as questões. o sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizá-
Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- vel de justiça social.
rompa a leitura. Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a re-
forem necessárias. velação da justiça. Quando os descaminhos não condu-
Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma zirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
conclusão). vida mais digna para que a convivência política seja mais
Volte ao texto quantas vezes precisar. fecunda e humana.
Não permita que prevaleçam suas ideias sobre Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º.
as do autor. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Hu-
Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- manos 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB,
lhor compreensão. Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1
Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado (com adaptações).
LÍNGUA PORTUGUESA
de cada questão.
O autor defende ideias e você deve percebê-las. Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano
Observe as relações interparágrafos. Um parágra- tem direito
fo geralmente mantém com outro uma relação de
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobre-
que muito bem essas relações. vivência das espécies.
Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
seja, a ideia mais importante. para defender seus interesses.
66
c) de demandar ao sistema judicial a concretização de 3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – SUPERIOR
seus direitos. – CESPE – 2017 – ADAPTADA) No texto CG1A1BBB, o
d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos vocábulo ‘emana’ foi empregado com o sentido de
direitos de outros.
e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na a) trata.
essência de todos os direitos. b) provém.
c) manifesta.
Resposta: Letra E. O ser humano tem direito a uma d) pertence.
vida digna, adequada, para que consiga gozar de seus e) cabe.
direitos – saúde, educação, segurança – e exercer seus
deveres plenamente, como prescrevem todos os di- Resposta: Letra B. Dentro do contexto, “emana” tem
reitos: (...) O direito à vida é a substância em torno da o sentido de “provém”.
qual todos os direitos se conjugam (...).
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
2. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Ces-
pe – 2017) A todo o momento nos deparamos com vários textos,
sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a pre-
Texto CG1A1BBB sença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência
daquilo que está sendo transmitido entre os interlocu-
Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição tores. Estes interlocutores são as peças principais em um
da República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana diálogo ou em um texto escrito.
do povo, que o exerce por meio de representantes elei- É de fundamental importância sabermos classificar os
tos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de
e gêneros textuais.
sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exer-
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
ce. Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
toda sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em
guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
nome do qual é pronunciada.
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do pro-
cesso. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com e Dissertação.
adaptações).
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, 1. As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
pectos de ordem linguística
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel
com fundamento no princípio da soberania popular. Os tipos textuais designam uma sequência definida
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo pela natureza linguística de sua composição. São obser-
voto popular, como ocorre com os representantes dos vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
demais poderes. ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
exercem o poder que lhes é conferido em nome de A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
seus nacionais. ação demarcados no tempo do universo narrado,
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magis- como também de advérbios, como é o caso de an-
tratura e o sistema democrático. tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
e) os magistrados brasileiros exercem o poder consti- carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
tucional que lhes é atribuído em nome do governo sa, resolveram...
federal. B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
descrevem características tanto físicas quanto psi-
Resposta: Letra A. A questão deve ser respondida se- cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
gundo o texto: (...) “Todo o poder emana do povo, que objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
o exerce por meio de representantes eleitos ou direta- no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
LÍNGUA PORTUGUESA
mente, nos termos desta Constituição.” Em virtude des- cabelos mais negros como a asa da graúna...”
se comando, afirma-se que o poder dos juízes emana C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
do povo e em seu nome é exercido (...). um assunto ou uma determinada situação que se
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
benefício.
67
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
uma modalidade na qual as ações são prescritas de
forma sequencial, utilizando-se de verbos expres- HORA DE PRATICAR!
sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador 1. (MAPA – Auditor Fiscal Federal Agropecuário – Mé-
até criar uma massa homogênea. dico Veterinário – Superior – ESAF – 2017) Assinale a
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- opção que apresenta desvio de grafia da palavra.
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chi-
tativos, revelados por uma carga ideológica cons- nesa que favorece a regularização dos processos fisiológi-
tituída de argumentos e contra-argumentos que cos do corpo, no sentido de promover ou recuperar o estado
justificam a posição assumida acerca de um deter- natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventiva-
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ- mente (1) para evitar o desenvolvimento de doenças, como
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou
no mercado de trabalho, o que significa que os gê- como método paliativo (2) em casos de doenças crônicas
neros estão em complementação, não em disputa. de difícil tratamento. Tem também uma ação importante
na medicina rejenerativa (3) e na reabilitação. O trata-
2. Gêneros Textuais mento de acupuntura consiste na introdução de agulhas
filiformes no corpo dos animais. Em geral são deixadas
São os textos materializados que encontramos em cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é
nosso cotidiano; tais textos apresentam características dolorosa para os animais e é possível observar durante os
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, tratamentos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: de que o tratamento está atingindo o efeito terapêutico
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, (5) desejado.
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
blog, etc. Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acu-
A escolha de um determinado gênero discursivo de- puntura-fitoterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em
pende, em grande parte, da situação de produção, ou 28/11/2017. (Com adaptações)
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- a) (1)
cular o texto, etc. b) (2)
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a c) (3)
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por d) (4)
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- e) (5)
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul-
gação científica são comuns gêneros como verbete de 2. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, Administrativa – Médio – FCC – 2017) Respeitando-se
seminário, conferência. as normas de redação do Manual da Presidência da Re-
pública, a frase correta é:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilida-
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – de de implementação de projeto de treinamento de
São Paulo: Saraiva, 2010. pessoal para operar os novos equipamentos gráficos a
Português – Literatura, Produção de Textos & Gra- serem instalados em seu setor.
mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli, b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em
Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. que Vossa Excelência pretende nomear vosso repre-
sentante na Comissão Organizadora.
SITE c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado,
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex- informar, que será organizado seminário, sobre o uso
tual.htm eficiente de recursos hídricos, em data ainda a ser de-
finida.
Observação: Não foram encontradas questões
abrangendo tal conteúdo. d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o de-
senvolvimento do setor em questão, informamos, por
meio deste Ofício, que será amplamente analisado por
LÍNGUA PORTUGUESA
especialistas.
e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vos-
sa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que
possam com- prometer vossa realização do projeto
mencionado.
68
3. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:
a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V.
4. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que todas
as palavras estão corretas:
5. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está
prestes a acontecer
69
7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO 11. (Estrada de Ferro Campos do Jordão-SP – Analista
– 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir. Ferroviário – Oficinas – Elétrica – IDERH – 2014) Leia
A macro-história da humanidade mostra que todos en- as orações a seguir:
caram os relatos pessoais como uma forma de se man- Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa-
terem vivos. Desde a idade do domínio do fogo até a era nhias. (mas/más)
das multicomunicações, os homens tem demonstrado que A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme.
querem pôr sua marca no mundo porque se sentem su- (cumprimento/comprimento)
periores. Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está
A palavra que NÃO está grafada corretamente é vazia. (despensa/dispensa).
70
15. (prodam-am – assistente – funcab – 2014 – adap- pese – 2014) Assinale a alternativa em que só palavras
tada) Assinale a opção em que o par de palavras foi paroxítonas estão apresentadas.
acentuado segundo a mesma regra.
a) facilitada, minha, canta, palmeiras
a) saúde-países b) maná, papá, sinhá, canção
b) Etíope-juízes c) cá, pé, a, exílio
c) olímpicas-automóvel d) terra, pontapé, murmúrio, aves
d) vocês-público e) saúde, primogênito, computador, devêssemos
e) espetáculo-mensurável
22. (Ministério do Desenvolvimento Agrário – Técni-
16. (Advocacia Geral da União – Técnico em Contabi- co em Agrimensura – funcab – 2014) A alternativa que
lidade – idecan – 2014) Os vocábulos “cinquentenário” apresenta palavra acentuada por regra diferente das de-
e “império” são acentuados devido à mesma justificativa. mais é:
O mesmo ocorre com o par de palavras apresentado em
a) dúvidas.
a) prêmio e órbita. b) muitíssimos.
b) rápida e tráfego c) fábrica.
c) satélite e ministério. d) mínimo.
d) pública e experiência. e) impossível.
e) sexagenário e próximo.
23. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab
17. (Rioprevidência – Especialista em Previdência So- – 2014) Assinale a alternativa em que todas as palavras
cial – ceperj – 2014) A palavra “conteúdo” recebe acen- foram acentuadas segundo a mesma regra.
tuação pela mesma razão de:
a) indivíduos - atraí(-las) - período
a) juízo b) saíram – veículo - construído
b) espírito c) análise – saudável - diálogo
c) jornalístico d) hotéis – critérios - através
d) mínimo e) econômica – após – propósitos
e) disponíveis
24. (Corpo de Bombeiros Militar-pi – Curso de Forma-
18. (Ministério do Meio Ambiente – icmbio – cespe – ção de Soldados – uespi – 2014) “O evento promove a
2014) A mesma regra de acentuação gráfica se aplica aos saúde de modo integral.” A regra que justifica o acento
vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”. gráfico no termo destacado é a mesma que justifica o
acento em:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) “remédio”.
19. (Prefeitura de Balneário Camboriú-sc – Guarda b) “cajú”.
Municipal – fepese – 2014 – adaptada) Assinale a alter- c) “rúbrica”.
nativa em que todas as palavras são oxítonas. d) “fráude”.
e) “baú”.
a) pé, lá, pasta
b) mesa, tábua, régua 25. (TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa
c) livro, prova, caderno – Médio – FGV – 2015)
d) parabéns, até, televisão Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no
e) óculos, parâmetros, título signo de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito
à sua vida profissional e projetos de carreira. Os próximos
dias serão ótimos para dar andamento a projetos que co-
20. (Advocacia Geral da União – Técnico em Comuni- meçaram há alguns dias ou semanas. Os resultados che-
cação Social – idecan – 2014) Assinale a alternativa em garão rapidamente”.
que a acentuação de todas as palavras está de acordo
com a mesma regra da palavra destacada: “Procuradorias O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a”
comprovam necessidade de rendimento satisfatório para com acento grave indicativo da crase – “diz respeito à sua
renovação do FIES”. vida profissional”. A frase abaixo em que o emprego do
LÍNGUA PORTUGUESA
71
26. (Prefeitura de Sertãozinho-SP – Farmacêutico – 30. (prefeitura de são Paulo-sp – técnico em saúde –
Superior – VUNESP – 2017) O sinal indicativo de crase laboratório – médio – vunesp – 2014) Reescrevendo-se
está empregado corretamente nas duas ocorrências na o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e a enfrentar o
alternativa: desconforto, ... –, de acordo com a regência e o acento
indicativo da crase, tem-se:
a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadverti-
damente, tristeza à depressão. a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do descon-
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento, forto, ...
por isso almejam à pílula da felicidade. b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do descon-
c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga, forto, ...
pode-se, à primeira vista, pensar em depressão. c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do descon-
d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios forto, ...
às pessoas antes da realização de exames acurados. d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do descon-
e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que exis- forto, ...
tem 121 milhões de pessoas à serem tratadas de de- e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do descon-
pressão. forto, ..
27. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área 31. (CONAB – Contabilidade – Superior – IADES –
Administrativa – Médio – FCC – 2017) É difícil planejar 2014 – adaptada) Considerando o trecho “atualizou os
uma cidade e resistir à tentação de formular um projeto dados relativos à produção de grãos no Brasil.” e conforme
de sociedade. a norma-padrão, assinale a alternativa correta.
O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o ver-
bo sublinhado acima seja substituído por: a) a crase foi empregada indevidamente no trecho.
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo
a) não acatar. de crase.
b) driblar. c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do
c) controlar. sinal indicativo de crase continuaria obrigatório.
d) superar. d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referen-
e) não sucumbir. tes, o uso do sinal indicativo de crase passaria a ser
facultativo.
28. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediata-
Administrativa – Médio – FCC – 2017) A frase em que mente antes de “produção”, o uso do sinal indicativo
há uso adequado do sinal indicativo de crase encontra-se de crase seria facultativo.
em:
32. (Sabesp-SP – atendente a clientes – Médio – fcc
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com – 2014 – adaptada) No trecho Refiro-me aos livros que
maior força na Hollywood do século 21. foram escritos e publicados, mas estão – talvez para sem-
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agre- pre – à espera de serem lidos, o uso do acento de crase
gou à máxima. obedece à mesma regra seguida em:
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem
em histórias já testadas e aprovadas. a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças evitá-la.
de teatro. b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos efeito.
em alguns estúdios. c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à no-
vela.
29. (Prefeitura de Marília-SP – Auxiliar de Escrita – d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
Médio – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que fórmula.
o sinal indicativo de crase está empregado corretamente. e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
rigidas.
a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o
amor de infância. 33. (TRT-AL – Analista Judiciário – Superior – FCC–
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta 2014) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chi-
uma nova remessa de cartas. nesas...
LÍNGUA PORTUGUESA
c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico- O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
lógico. plemento que o da frase acima está em:
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo
à diversas cartas. a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
novas amizades. Idade Média.
c) ... viajavam por cordilheiras...
d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
72
e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
34. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE – 38. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab –
UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Padre Vieira, 2014) O termo destacado em: “As pessoas estão sempre
“O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o pica- muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte função sintática:
ram a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o subs-
tantivo “espinhos” tem, respectivamente, função sintática a) objeto direto.
de, b) objeto indireto.
c) adjunto adverbial.
a) objeto direto/objeto direto. d) predicativo.
b) sujeito/objeto direto. e) adjunto adnominal.
c) objeto direto/sujeito.
d) objeto direto/objeto indireto. 39. (trt-13ª região-pb – Técnico Judiciário – Tecnolo-
e) sujeito/objeto indireto. gia da Informação – Médio – fcc – 2014) Ao mesmo
tempo, as elites renunciaram às ambições passadas...
35. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE – O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
UFAL – 2014) No texto, “Arranca o estatuário uma pedra plemento que o grifado acima está empregado em:
dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois
que desbastou o mais grosso, toma o maço e cinzel na a) Faltam-nos precedentes históricos para...
mão para começar a formar um homem, primeiro mem- b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro...
bro a membro e depois feição por feição.” c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si-
VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da Aca- tuação...
demia Brasileira de Letras d) As redes sociais eram atividades de difícil implemen-
A oração sublinhada exerce uma função de tação...
e) ... como se imitássemos o padrão de conforto...
a) causalidade.
b) conclusão. 40. (Cia de Serviços de Urbanização de Guarapuava-
c) oposição. -pr – Agente de Trânsito – consulplam – 2014) Quanto
d) concessão. à função que desempenha na sintaxe da oração, o trecho
e) finalidade. em destaque “Tenho uma dor que passa daqui pra lá e de
lá pra cá” corresponde a:
73
42. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio – 43. TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa –
VUNESP – 2015) Leia o texto, para responder às ques- Médio – FGV – 2015
tões.
O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço profundo
consegui-lo é a luta. Enquanto o direito estiver sujeito desde o programa Apollo, da década 1970, com o objetivo
às ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o de enviar astronautas a Marte até 2030 está sendo prepa-
mundo for mundo –, ele não poderá prescindir da luta. A rada pela Nasa (agência espacial norte-americana). O pri-
vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das meiro passo para a concretização desse desafio será dado
classes sociais, dos indivíduos. nesta sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula Orion,
Todos os direitos da humanidade foram conquistados da base da agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos
pela luta; seus princípios mais importantes tiveram de Estados Unidos. O lançamento estava previsto original-
enfrentar os ataques daqueles que a ele se opunham; mente para esta quinta-feira (4), mas devido a problemas
todo e qualquer direito, seja o direito de um povo, seja técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05 no horário
o direito do indivíduo, só se afirma por uma disposição de Brasília).”
ininterrupta para a luta. O direito não é uma simples (Ciência, Internet Explorer).
ideia, é uma força viva. Por isso a justiça sustenta numa
das mãos a balança com que pesa o direito, enquanto na “com o lançamento da cápsula Orion, da base da agência
outra segura a espada por meio da qual o defende. em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Unidos.”
A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a Os termos sublinhados se encarregam da localização do
espada, a impotência do direito. Uma completa a outra, lançamento da cápsula referida; o critério para essa loca-
e o verdadeiro estado de direito só pode existir quando lização também foi seguido no seguinte caso: Os protes-
a justiça sabe brandir a espada com a mesma habilidade tos contra as cotas raciais ocorreram:
com que manipula a balança.
O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Poder a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste;
Público, mas de toda a população. A vida do direito nos b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul;
oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo de c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão;
um esforço e de uma luta incessante, como o despendi- d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;
do na produção econômica e espiritual. Qualquer pessoa e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.
que se veja na contingência de ter de sustentar seu direi-
to participa dessa tarefa de âmbito nacional e contribui 44. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área
para a realização da ideia do direito. É verdade que nem Administrativa – Médio – FCC – 2017) Está plenamente
todos enfrentam o mesmo desafio. adequada a pontuação do seguinte período:
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tranqui-
lamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados pelo a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre
direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta, não bebeu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-
nos compreenderiam, pois só veem nele um estado de -se, independente das outras artes há mais de meio
paz e de ordem. século.
(Rudolf von Ihering, A luta pelo direito) b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre con-
siderou a literatura como fonte de inspiração, mas o
Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi em- cinema declarou-se independente das outras artes, há
pregada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como mais de meio século.
ocorre na passagem – A espada sem a balança é a força c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se inde-
bruta, a balança sem a espada, a impotência do direito. pendente das outras artes, embora a produção cine-
matográfica tenha sempre considerado a literatura
a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princí- como fonte de inspiração.
pios jurídicos manipulados pelo Estado. d) O cinema declarou-se independente, das outras ar-
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca tes, há mais de meio século; porém, sabe-se, que a
chegaria ao fim. produção cinematográfica sempre bebeu na fonte da
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o literatura.
interesse pecuniário. e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci-
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do nema, mas este, declarou-se independente das outras
direito está na ação. artes há mais de meio século − como é sabido.
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das
faces, aos demais, a outra.
LÍNGUA PORTUGUESA
74
45. (Correios – Técnico em Segurança do Trabalho Jú- 48. (Prefeitura de Paulista-PE – Recepcionista – UPE-
nior – Médio – IADES – 2017 – adaptada) Quanto às NET – 2014) Sobre os SINAIS DE PONTUAÇÃO, observe
regras de ortografia e de pontuação vigentes, considere os itens abaixo:
o período “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam em
seu rosto numa mistura de amor e saudade.” e assinale a I. “Calma, gente”.
alternativa correta. II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”?
III. “Sustentabilidade, paradigma de vida”
a) O uso da vírgula entre as orações é opcional. IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!”
b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...”
em seu rosto por que sentia um misto de amor e sauda-
de.” poderia substituir a original. Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA.
c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
acrescentado ao vocábulo “lia”. a) No item I, a vírgula isola um aposto.
d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da b) No item II, a interrogação indica uma mensagem in-
vírgula entre elas poderia ser dispensado. terrompida.
e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acen- c) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu
tuados graficamente rúbrica, filântropo e lúcida. antecedente.
d) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação
46. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) e a exclamação, indicam surpresa.
Verifique a pontuação nas frases abaixo e marque a as- e) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, ape-
sertiva correta: nas, por um ponto e vírgula após o termo “repente”.
a) são facultativas.
b) isolam apostos.
c) separam elementos de mesma função sintática.
d) a terceira é facultativa.
e) separam orações coordenadas assindéticas.
75
51. (Emplasa-Sp – Analista Jurídico – Direito – vunesp 54. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio –
– 2014) Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, VUNESP – 2017)
a pontuação está correta em: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua
a) Como há suspeita, por parte da família de que João equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes
Goulart tenha sido assassinado; a Comissão da Ver- e divisórias.
dade decidiu reabrir a investigação de sua morte, em Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele
maio deste ano, a pedido da viúva e dos filhos. queria que todos estivessem juntos, para se conectarem
b) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou o e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi-
pedido da família do ex-presidente João Goulart e rea- cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro.
briu a investigação da morte deste, visto que, para a Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove
viúva e para os filhos, Jango pode ter sido assassinado. empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
c) A investigação da morte de João Goulart, foi reaberta, chefe.
em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para
apuração da causa da morte do ex-presidente uma vez o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um
que, para a família, Jango pode ter sido assassinado. espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es-
d) A Comissão da Verdade, a pedido da família de João paço, com portas e tudo.
Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni-
descartada, pela viúva e filhos. dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
e) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João Gou- ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
lart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até
pediram a reabertura da investigação de sua morte, 15% da produtividade, desenvolver problemas graves
à Comissão da Verdade, esta, atendeu o pedido em de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
maio deste ano. doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
organização.
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele
52. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho – já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir
cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre- falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as gente concorda – simplesmente não aguentam o escri-
mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é
se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”. preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em
( ) CERTO ( ) ERRADO desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo
de Nagele e voltando aos espaços privados.
53. (Prefeitura de Arcoverde-PE – Administrador de Há uma boa razão que explica por que todos adoram um
Recursos Humanos – CONPASS – 2014) Leia o texto a espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
seguir: é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo
“Pagar por esse software não é um luxo, mas uma necessi- tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
dade”. O uso da vírgula justifica-se porque: por até 20 minutos.
Retemos mais informações quando nos sentamos em um
a) estabelece a relação entre uma coordenada assindéti- local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
ca e uma conclusiva. design de interiores.
b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad- (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos po-
versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está dem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<w-
subentendido. ww1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adapta-
c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um do)
luxo, mas uma necessidade”.
d) indica que dois termos da mesma função estão ligados Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando
por uma conjunção aditiva. nos sentamos em um local fixo... (último parágrafo) – com
e) isola o aposto na segunda oração. o termo Talvez, indicando condição, a sequência que
apresenta correlação dos verbos destacados de acordo
com a norma-padrão será:
LÍNGUA PORTUGUESA
76
42 E
GABARITO 43 A
44 C
1 C 45 D
2 A 46 C
3 D 47 E
4 A 48 C
5 C 49 C
6 A 50 B
7 C 51 B
8 D 52 CERTO
9 D 53 C
10 C 54 E
11 B
12 C
13 D
14 E
15 A
16 B
17 A
18 CERTO
19 D
20 C
21 A
22 E
23 E
24 E
25 C
26 C
27 E
28 D
29 B
30 A
31 E
32 D
33 E
34 C
35 E
36 C
LÍNGUA PORTUGUESA
37 A
38 D
39 A
40 A
41 D
77
ANOTAÇÕES
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ÍNDICE
MATEMÁTICA
Números inteiros: operações e propriedades. ............................................................................................................................................................01
Números racionais: representação fracionária e decimal: operações e propriedades. ...............................................................................01
Razão e Proporção. ................................................................................................................................................................................................................23
Porcentagem. ...........................................................................................................................................................................................................................26
Regra de três simples ............................................................................................................................................................................................................29
Equação do 1º grau. ..............................................................................................................................................................................................................31
Sistema métrico: medidas de tempo, comprimento, superfície e capacidade. ..............................................................................................35
Relação entre grandezas: tabelas e gráficos. ...............................................................................................................................................................40
Raciocínio lógico. ...................................................................................................................................................................................................................59
Resolução de Situações-Problema. .................................................................................................................................................................................81
NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E FIQUE ATENTO!
PROPRIEDADES. NÚMEROS RACIONAIS: O único número natural que não possui ante-
REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA E cessor é o 0 (zero) !
DECIMAL: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES.
1.1. Operações com Números Naturais
Números Naturais e suas operações fundamentais Agora que conhecemos os números naturais e temos
um sistema numérico, vamos iniciar o aprendizado das
1. Definição de Números Naturais
operações matemáticas que podemos fazer com eles.
Muito provavelmente, vocês devem ter ouvido falar das
Os números naturais como o próprio nome diz, são
quatro operações fundamentais da matemática: Adição,
os números que naturalmente aprendemos, quando esta-
Subtração, Multiplicação e Divisão. Vamos iniciar nossos
mos iniciando nossa alfabetização. Nesta fase da vida, não
estudos com elas:
estamos preocupados com o sinal de um número, mas
sim em encontrar um sistema de contagem para quantifi-
Adição: A primeira operação fundamental da Aritmé-
carmos as coisas. Assim, os números naturais são sempre
tica tem por finalidade reunir em um só número, todas
positivos e começando por zero e acrescentando sempre
as unidades de dois ou mais números. Antes de surgir
uma unidade, obtemos os seguintes elementos:
os algarismos indo-arábicos, as adições podiam ser rea-
ℕ = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, … . lizadas por meio de tábuas de calcular, com o auxílio de
pedras ou por meio de ábacos. Esse método é o mais
simples para se aprender o conceito de adição, veja a
Sabendo como se constrói os números naturais, po-
figura a seguir:
demos agora definir algumas relações importantes entre
eles:
mos que seu antecessor será sempre definido como gundo e o terceiro. Apresentando isso sob a forma
m-1. Para ficar claro, seguem alguns exemplos: de números, sejam A,B e C, três números naturais,
Ex: O antecessor de 2 é 1. temos que:
Ex: O antecessor de 56 é 55.
Ex: O antecessor de 10 é 9. 𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶)
1
c) Elemento neutro: Esta propriedade caracteriza-se pela existência de número que ao participar da operação de
adição, não altera o resultado final. Este número será o 0 (zero). Seja A, um número natural qualquer, temos que:
𝐴+0 = 𝐴
d) Comutativa: No conjunto dos números naturais, a adição é comutativa, pois a ordem das parcelas não altera a
soma, ou seja, somando a primeira parcela com a segunda parcela, teremos o mesmo resultado que se somando
a segunda parcela com a primeira parcela. Sejam dois números naturais A e B, temos que:
𝐴+𝐵 =𝐵 +𝐴
Subtração: É a operação contrária da adição. Ao invés de reunirmos as unidades de dois números naturais, vamos
retirar uma quantidade de um número. Voltando novamente ao exemplo das pedras:
Observando a historinha, veja que as unidades (pedras) que eu tinha foram separadas. Essa separação das pedras é
definida como subtração. Simbolicamente, a subtração é representada pelo símbolo “-” e assim a historinha fica da se-
guinte forma:
5 3 2
− =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜
a) Não fechada: A subtração de números naturais não é fechada, pois há um caso onde a subtração de dois núme-
ros naturais não resulta em um número natural. Sejam dois números naturais A,B onde A < B, temos que:
A−B< 0
Como os números naturais são positivos, A-B não é um número natural, portanto a subtração não é fechada.
b) Não Associativa: A subtração de números naturais também não é associativa, uma vez que a ordem de resolução é
importante, devemos sempre subtrair o maior do menor. Quando isto não ocorrer, o resultado não será um número
natural.
c) Elemento neutro: No caso do elemento neutro, a propriedade irá funcionar se o zero for o termo a ser subtraído
do número. Se a operação for inversa, o elemento neutro não vale para os números naturais:
d) Não comutativa: Vale a mesma explicação para a subtração de números naturais não ser associativa. Como a
ordem de resolução importa, não podemos trocar os números de posição
Multiplicação: É a operação que tem por finalidade adicionar o primeiro número denominado multiplicando ou
parcela, tantas vezes quantas são as unidades do segundo número denominadas multiplicador. Veja o exemplo:
Ex: Se eu economizar toda semana R$ 6,00, ao final de 5 semanas, quanto eu terei guardado?
Quando um mesmo número é somado por ele mesmo repetidas vezes, definimos essa operação como multiplica-
MATEMÁTICA
ção. O símbolo que indica a multiplicação é o “x” e assim a operação fica da seguinte forma:
6+6+6+6+6 6𝑥5
= = 30
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠
2
A multiplicação também possui propriedades, que são apresentadas a seguir:
a) Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto dos números naturais, pois realizando o produto de dois ou
mais números naturais, o resultado será um número natural.
b) Associativa: Na multiplicação, podemos associar três ou mais fatores de modos diferentes, pois se multiplicarmos o
primeiro fator com o segundo e depois multiplicarmos por um terceiro número natural, teremos o mesmo resultado
que multiplicar o terceiro pelo produto do primeiro pelo segundo. Sejam os números naturais m,n e p, temos que:
𝑚 𝑥 𝑛 𝑥 𝑝 = 𝑚 𝑥 (𝑛 𝑥 𝑝)
c) Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais também existe um elemento neutro para a multiplicação
mas ele não será o zero, pois se não repetirmos a multiplicação nenhuma vez, o resultado será 0. Assim, o elemento
neutro da multiplicação será o número 1. Qualquer que seja o número natural n, tem-se que:
𝑛𝑥1=𝑛
d) Comutativa: Quando multiplicamos dois números naturais quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto, ou
seja, multiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o mesmo resultado que multiplicando o
segundo elemento pelo primeiro elemento. Sejam os números naturais m e n, temos que:
𝑚𝑥𝑛 = 𝑛𝑥𝑚
e) Prioridade sobre a adição e subtração: Quando se depararem com expressões onde temos diferentes operações
matemática, temos que observar a ordem de resolução das mesmas. Observe o exemplo a seguir:
Ex: 2 + 4 𝑥 3
A multiplicação tem prioridade sobre a adição, portanto deve ser resolvida primeiro e assim a resposta correta é 14.
FIQUE ATENTO!
Caso haja parênteses na soma, ela tem prioridade sobre a multiplicação. Utilizando o exemplo,
temos que: . Nesse caso, realiza-se a soma primeiro, pois ela está dentro dos parênteses
f) Propriedade Distributiva: Uma outra forma de resolver o exemplo anterior quando se a soma está entre parênteses
é com a propriedade distributiva. Multiplicando um número natural pela soma de dois números naturais, é o mes-
mo que multiplicar o fator, por cada uma das parcelas e a seguir adicionar os resultados obtidos. Veja o exemplo:
2 + 4 x 3 = 2x3 + 4x3 = 6 + 12 = 18
Veja que a multiplicação foi distribuída para os dois números do parênteses e o resultado foi o mesmo que do item
anterior.
Divisão: Dados dois números naturais, às vezes necessitamos saber quantas vezes o segundo está contido no pri-
meiro. O primeiro número é denominado dividendo e o outro número é o divisor. O resultado da divisão é chamado de
quociente. Nem sempre teremos a quantidade exata de vezes que o divisor caberá no dividendo, podendo sobrar algum
valor. A esse valor, iremos dar o nome de resto. Vamos novamente ao exemplo das pedras:
MATEMÁTICA
3
No caso em particular, conseguimos dividir as 8 Números Inteiros e suas operações fundamentais
pedras para 4 amigos, ficando cada um deles como 2
unidades e não restando pedras. Quando a divisão não 1.1 Definição de Números Inteiros
possui resto, ela é definida como divisão exata. Caso con-
trário, se ocorrer resto na divisão, como por exemplo, se Definimos o conjunto dos números inteiros como a
ao invés de 4 fossem 3 amigos: união do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3,
4,..., n,...}, com o conjunto dos opostos dos números na-
turais, que são definidos como números negativos. Este
conjunto é denotado pela letra Z e é escrito da seguinte
forma:
ℤ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, … }
Sabendo da definição dos números inteiros, agora é
possível indiciar alguns subconjuntos notáveis:
4
1.3 Operações com Números Inteiros Após a definição de adição de números inteiros, va-
mos apresentar algumas de suas propriedades:
Adição: Diferentemente da adição de números natu-
rais, a adição de números inteiros pode gerar um pouco a) Fechamento: O conjunto Z é fechado para a adição,
de confusão ao leito. Para melhor entendimento desta isto é, a soma de dois números inteiros ainda é um número
operação, associaremos aos números inteiros positivos o inteiro.
conceito de “ganhar” e aos números inteiros negativos o
conceito de “perder”. Vejam os exemplos: b) Associativa: Para todos 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ ℤ :
Agora é o caso em que temos dois números negati- Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em
vos, usando o conceito de “ganhar” ou “perder”: Z, tal que
z + (–z) = 0
-3 = Perder 3 9 + (–9) = 0
-5 = Perder 5
Subtração de Números Inteiros
Logo: (Perder 3) + (Perder 5) = (Perder 8)
A subtração é empregada quando:
Neste caso, estamos somando duas perdas ou dois - Precisamos tirar uma quantidade de outra quanti-
prejuízos, assim o resultado deverá ser uma perda maior. dade;
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto
E se tivermos um número positivo e um negativo? Va- uma delas tem a mais que a outra;
mos ver os exemplos: - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
Ex: (+8) + (−5) = ? falta a uma delas para atingir a outra.
Neste caso, temos um ganho de 8 e uma perda de 5, A subtração é a operação inversa da adição.
que naturalmente sabemos que resultará em um ganho
de 3: Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9
+8 = Ganhar 8 diferença
-5 = Perder 5 subtraendo
5
Temos: Propriedades da multiplicação de números intei-
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3 ros: O conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3 multiplicação de dois números inteiros ainda é um número
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3 inteiro.
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros Associativa: Para todos a,b,c em Z:
é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do a x (b x c) = (a x b) x c
segundo. 2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7
6
1- Não existe divisão por zero. A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não a é a operação que resulta em outro número inteiro não
existe um número inteiro cujo produto por zero negativo que elevado ao quadrado coincide com o nú-
seja igual a –15. mero a.
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, dife-
rente de zero, é zero, pois o produto de qualquer Observação: Não existe a raiz quadrada de um nú-
número inteiro por zero é igual a zero. mero inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 /b) 0 : (+6) = 0 /c) 0 : (–1) =
0 Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas apare-
1.6. Potenciação de Números Inteiros cimento de:
(a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
- Toda potência de base negativa e expoente ím-
par é um número inteiro negativo. 3
−8
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125 (b) = –2, pois (–2)³ = -8.
(c)
3
27 = 3, pois 3³ = 27.
Propriedades da Potenciação:
(d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-
-se a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
= (–7)9 produto de números inteiros, concluímos que:
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de nú-
Quocientes de Potências com bases iguais: Conser- mero inteiro negativo.
va-se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6
= (+13)8 – 6 = (+13)2 (b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a
raiz de qualquer número inteiro.
Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli-
cam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
Multiplicidade e Divisibilidade
Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1
= +9 (–13)1 = –13 Um múltiplo de um número é o produto desse nú-
mero por um número natural qualquer. Já um divisor de
Potência de expoente zero e base diferente de um número é um número cujo resto da divisão do nú-
zero: É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1 mero pelo divisor é zero.
A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a Pode-se dizer então que:
é a operação que resulta em outro número inteiro não
negativo b que elevado à potência n fornece o número a. “30 é divisível por 6 porque existe um numero natural
O número n é o índice da raiz enquanto que o número a (5) que multiplicado por 6 dá como resultado 30.”
é o radicando (que fica sob o sinal do radical).
7
Um numero natural a é divisível por um numero na- Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3
tural b, não-nulo, se existir um número natural c, tal que quando a soma dos valores absolutos de seus algaris-
c.b=a. mos é divisível por 3.
Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 Divisibilidade por 7: Para verificar a divisibilidade
quando ele é par, ou seja, quando ele termina em 0, 2, por 7, deve-se fazer o seguinte procedimento.
4, 6 ou 8.
- Multiplicar o último algarismo por 2
MATEMÁTICA
8
É importante ressaltar que, em caso de números com Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11
vários algarismos, será necessário fazer o procedimento quando a diferença entre a soma dos algarismos de posi-
mais de uma vez. ção ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta
em um número divisível por 11.
Ex:
Analisando o número 1764 Exs:
Procedimento: a) 43813 é divisível por 11. Vejamos o porquê
- Último algarismo: 4. Multiplica-se por 2: 4×2=8 Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi- nas posições 1, 3 e 5. Ou seja, 4,8 e 3. A soma desses
mo algarismo: 176-8=168 algarismos é 4 + 8 + 3 = 15
- O resultado é múltiplo de 7? Para isso precisa verifi-
car se 168 é divisível por 7. Os algarismos de posição par são os algarismos nas
posições 2 e 4. Ou seja, 3 e 1. A soma desses algarismos
Aplica-se o procedimento novamente, agora para o é 3+1 = 4
número 168. 15 – 4 = 11→ A diferença divisível por 11. Logo 43813
- Último algarismo: 8. Multiplica-se por 2: 8×2=16 é divisível por 11.
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi-
mo algarismo: 16-16=0 b) 83415721 não é divisível por 11. Vejamos o porquê
- O resultado é múltiplo de 7? Sim, pois zero (0) é
múltiplo de qualquer número natural. Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
nas posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses
Portanto, conclui-se que 168 é múltiplo de 7. Se 168 é algarismos é
múltiplo de 7, então 1764 é divisível por 7. Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
nas posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses
Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 algarismos é 8+4+5+2 = 19
quando termina em 000 ou quando o número formado
pelos três últimos algarismos for divisível por 8. Os algarismos de posição par são os algarismos nas
Exs: posições 2, 4 e 6. Ou seja, 3, 1 e 7. A soma desses algaris-
a) 57000 é divisível por 8, pois termina em 000. mos é 3+1+7 = 11
b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos alga-
rismos formam o número 24, que é divisível por 8. 19 – 11 = 8→ A diferença não é divisível por 11. Logo
c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos
83415721 não é divisível por 11.
algarismos formam o número 125, que não é divi-
sível por 8.
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12
quando é divisível por 3 e por 4.
9
Exemplos:
𝑏𝑐 = 𝑏 × 𝑏 × ⋯ × 𝑏
a) 25 : 23 = 25-3=22
𝑐 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠
b) 39 : 36 = 39-6=33
c) 1512 : 154 = 1512-4 = 158
Por exemplo: 43=4×4×4=64, sendo a base igual a 4 e
o expoente igual a 3.
Esta operação não passa de uma multiplicação com FIQUE ATENTO!
fatores iguais, como por exemplo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8 → Dada uma potência xa , onde o núme-
53 = 5 × 5 × 5 = 125 ro real a é negativo, o resultado dessa potên-
1. Propriedades da Potenciação
cia é igual ao inverso de x elevado a a, isto é,
1
Propriedade 1: potenciação com base 1 𝑥𝑎 = se a<0.
𝑥𝑎 1
Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente na- Por exemplo, 2−3 =
1
, 5−1 = 1 .
tural é n, denotada por 1n, será sempre igual a 1. Em re- 23 5
sumo, 1n=1
Propriedade 7: potência de potência
Exemplos: Quando uma potência está elevado a outro expoente, o
a) 13 = 1×1×1 = 1 expoente resultante é obtido multiplicando-se os expoentes
b) 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1 Em resumo: (xa )b=xa×b
10
2. Múltiplos e Divisores
essa fração é escrever o numerador e denominador
dessa fração na mesma base como mostrado a seguir: Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro
natural b, se existe um número natural k tal que:
440 22 40 280
= = = 280−1 = 279
2 2 2 . 𝑎 = 𝑘. 𝑏
Note que para resolver esse exercício utilizamos as
propriedades 6 e 7. Ex. 15 é múltiplo de 5, pois 15=3 x 5
Números Primos, MDC e MMC Quando a=k.b, segue que a é múltiplo de b, mas tam-
bém, a é múltiplo de k, como é o caso do número 35 que
é múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 x 5.
O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo co-
Quando a = k.b, então a é múltiplo de b e se conhe-
mum são ferramentas extremamente importantes na
cemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, basta
matemática. Através deles, podemos resolver alguns
fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
problemas simples, além de utilizar seus conceitos em
outros temas, como frações, simplicação de fatoriais, etc.
Ex. Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
Porém, antes de iniciarmos a apresentar esta teoria, é da forma a = k x 2, k seria substituído por todos os nú-
importante conhecermos primeiramente uma classe de meros naturais possíveis.
números muito importante: Os números primos.
331, 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}.
401, 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463,
467, 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541 Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e
24: D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.
11
Observando os divisores comuns, podemos identifi- Decomposição isolada em fatores primos: Para ob-
car o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja: ter o MMC de dois ou mais números por esse processo,
MDC (18,24) = 6. procedemos da seguinte maneira:
Outra técnica para o cálculo do MDC: - Decompomos cada número dado em fatores pri-
mos.
Decomposição em fatores primos: Para obter o - O MMC é o produto dos fatores comuns e não-
MDC de dois ou mais números por esse processo, proce- -comuns, cada um deles elevado ao seu maior ex-
de-se da seguinte maneira: poente.
Ex. Achar o MMC entre 18 e 120.
Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada Fatorando os números:
um deles elevado ao seu menor expoente.
Temos que:
18 = 2 .32
120 = 23.3 .5
12
Números Racionais: Frações, Números Decimais e 1.2. Subtração de Números Racionais
suas Operações
A subtração de dois números racionais e é a própria
1. Números Racionais operação de adição do número com o oposto de q, isto
é:
Um número racional é o que pode ser escrito na for-
m
ma , onde m e n são números inteiros, sendo que n 1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racio-
n m nais
deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos
n
para significar a divisão de m por n . Como todo número racional é uma fração ou pode
Como podemos observar, números racionais podem ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros, de dois números racionais e , da mesma forma que o
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio- produto de frações, através de:
nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na
literatura a notação: O produto dos números racionais e também pode
Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero } ser indicado por , ou ainda sem nenhum sinal entre as
letras.
Para realizar a multiplicação de números racionais,
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjun- devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em
tos: toda a Matemática:
∗ (+1) × (+1) = (+1) – Positivo Positivo = Positivo
• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos; (+1) × (-1) = (-1) - Positivo Negativo = Negativo
• 𝑄+ = conjunto dos racionais não negativos; (-1) × (+1) = (-1) - Negativo Positivo = Negativo
∗
• 𝑄+ = conjunto dos racionais positivos; (-1) × (-1) = (+1) – Negativo Negativo = Positivo
• 𝑄− = conjunto dos racionais não positivos;
• 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.
Módulo de é . Indica-se
1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números
Números Opostos: Dizemos que e são números ra- Racionais
cionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto
do outro. As distâncias dos pontose ao ponto zero da O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
reta são iguais. o produto de dois números racionais resultaem um nú-
mero racional.
1.1. Soma (Adição) de Números Racionais
- Associativa: Para todos em :
Como todo número racional é uma fração ou pode - Comutativa: Para todos em :
ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição - Elemento neutro: Existe 1 em , que multiplicado
entre os números racionais e , da mesma forma que a por todo em , proporciona o próprio , isto é:
soma de frações, através de: - Elemento inverso: Para todo em , diferente de
zero, existe em : , ou seja,
1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racio- - Distributiva: Para todos em :
nais
1.4. Divisão de Números Racionais
O conjunto é fechado para a operação de adição,
isto é, a soma de dois números racionais resulta em um A divisão de dois números racionais p e q é a própria
número racional. operação de multiplicação do número p pelo inverso de
q, istoé: p ÷ q = p × q-1
- Associativa: Para todos em : De maneira prática costuma-se dizer que em uma di-
visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
- Comutativa: Para todos em :
multiplica-se pelo inverso da segunda:
- Elemento neutro: Existe em , que adicionado a
todo em , proporciona o próprio , isto é:
- Elemento oposto: Para todo em , existe em Q, tal #FicaDica
MATEMÁTICA
que
É possível encontrar divisão de frações da se-
guinte forma: . O procedimento de cálculo é o
mesmo.
13
1.5. Potenciação de Números Racionais
A potência do número racional é um produto de fatores iguais. O número é denominado a base e o número é
o expoente.
, (q aparece n vezes)
Exs:
. 2 . 2 =
3
a) 2 = 2
8
125
5 5 5 5
3
b) − 1 = − 1 . − 1 . − 1 = 1
−
2 2 2 2 8
c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25
3
−2
5 25 2
− = − =
5 3 9
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da base.
3
2 2 2 2 8
= . . =
3 3 3
273
14
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir um quociente de potências de mesma base a uma só potên-
cia, conservamos a base e subtraímos os expoentes.
3 3 3 3 3
5 . . . .
2 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
: = = =
2 2 3 3 2 2
.
2 2
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de potência a uma potência de um só expoente, conservamos a
base e multiplicamos os expoentes.
3
1 2 2 2
1 1 1
2
1
2+ 2+ 2
1
3+ 2
1
6
= . . = = =
2 2 2 2 2 2 2
Se um número representa um produto de dois ou mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do número.
Vejamos alguns exemplos:
Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz quadrada de 4. Indica-se 4 = 2.
Ex:
2
1 1 1 1 1 1 1 1
Representa o produto . ou .Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
9 3 3 3 3 9 9 3
Ex: 3
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 . Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .
FIQUE ATENTO!
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o número zero ou um número racional positivo.
Logo, os números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q.
100
O número − não tem raiz quadrada em Q, pois tanto − 10 como + 10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 .
9 3 3 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto dos números racionais se ele for um quadrado perfeito.
O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 3
MATEMÁTICA
Frações
x
Frações são representações de partes iguais de um todo. São expressas como um quociente de dois números ,
sendo x o numerador e y o denominador da fração, com y ≠ 0 . y
15
1. Frações Equivalentes encontramos as frações equivalentes com o novo deno-
minador:
São frações que, embora diferentes, representam a
mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
3 5 9 20
a outra quando pode ser obtida multiplicando o nume- mmc (8,6) = 24 = = =
rador e o denominador da primeira fração pelo mesmo 8 6 24 24
número.
24 ∶ 8 � 3 = 9
Ex: 3 e 6 .
5 10 24 ∶ 6 � 5 = 20
A segunda fração pode ser obtida multiplicando o
numerador e denominador de 3 por 2: Devemos proceder, agora, como no primeiro caso,
5
simplificando o resultado, quando possível:
3�2 6
=
5 � 2 10
9 20 29
+ =
Assim, diz-se que
6
é uma fração equivalente a 3 24 24 24
10 5
3 5 9 20 29
2. Operações com Frações Portanto: + = + =
8 6 24 24 24
2.1. Adição e Subtração
Outro Exemplo:
3 5 7 3+5−7 1
+ − = = Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.
2 2 2 2 2
Repare que o problema proposto consiste em calcular
2.1.2. Frações com denominadores diferentes: 2
o valor de de 4 que, de acordo com a figura, equivale
3 5 3 5
Calcular o valor de + Inicialmente, devemos a 8
do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2
MATEMÁTICA
8 6 15 3
2 4
reduzir as frações ao mesmo denominador comum. Para de 4 equivale a � . Assim sendo:
5 3 5
isso, encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) entre 2 4 8
� =
3 5 15
os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em seguida,
16
Ou seja:
2 de 4 2 4 2�4 8
= � 5 = 3�5 = 15
3 5 3
O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo numerador é o produto dos numeradores e cujo denominador é
o produto dos denominadores das frações dadas.
2 4 7 2�4�7 56
Outro exemplo: � � = =
3 5 9 3 � 5 � 9 135
#FicaDica
Sempre que possível, antes de efetuar a multiplicação, podemos simplificar as frações entre si, dividindo
os numeradores e os denominadores por um fator comum. Esse processo de simplificação recebe o nome
de cancelamento.
2.3. Divisão
Duas frações são inversas ou recíprocas quando o numerador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
Exemplo
2 é a fração inversa de 3
3 2
5 ou 5 é a fração inversa de 1
1 5
Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates contidos em uma caixa. Do total de chocolates recebidos, Lúcia deu a
terça parte para o seu namorado.5 Que fração dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado de Lúcia?
A solução do problema consiste em dividir o total de chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja, 4
:3
5
Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 desse algo.
3
4 1
Portanto: : 3 = de 4
5 3 5
1 4 1 4 4 1 4 4 3 4 1
Como de 5= 3 � 5 = 5 � 3 , resulta que : 3 = : = �
3 5 5 1 5 3
3 1
Observando que as frações e são frações inversas, podemos afirmar que:
1 3
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a primeira pelo inverso da segunda.
4 4 3 4 1 4
Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15
4
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu do total de chocolates contidos na caixa.
15
MATEMÁTICA
4 8 41 5 5
Outro exemplo: : = . =
3 5 3 82 6
17
Observação:
Portanto
Números Decimais
De maneira direta, números decimais são números que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587; 0,004; etc.
Na prática, a adição e a subtração de números decimais são obtidas de acordo com a seguinte regra:
Exemplo
Disposição prática:
2,3500
14,3000
+ 0,0075
5,0000
21,6575
1.2. Multiplicação
258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 100 1000
18
#FicaDica
Na prática, a multiplicação de números decimais é obtida de acordo com as seguintes regras:
- Multiplicamos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- No resultado, colocamos tantas casas decimais quantas forem as do primeiro fator somadas às do
segundo fator.
Exemplo:
Disposição prática:
652,2 1 casa decimal
1 304 4
1.3. Divisão
A vantagem de tal procedimento foi a de transformarmos em número natural o número decimal que aparecia na
divisão. Com isso, a divisão entre números decimais se transforma numa equivalente com números naturais.
#FicaDica
Na prática, a divisão entre números decimais é obtida de acordo com as seguintes regras:
- Igualamos o número de casas decimais do dividendo e do divisor.
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão como se os números fossem naturais.
Disposição prática:
MATEMÁTICA
19
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quociente é
exato.
Disposição prática:
Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada e o
quociente é aproximado.
Se quisermos continuar uma divisão aproximada, devemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividindo cada
número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto, colocamos uma
vírgula no quociente.
Ex: 0,14 ∶ 28
Ex: 2 ∶ 16
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
2
= 0,4
5
1
= 0,25
4
35
= 8,75
4
153
= 3,06
MATEMÁTICA
50
20
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodi-
camente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
= 0,333 …
3
1
= 0,04545 …
22
167
= 2,53030 …
66
FIQUE ATENTO!
Se após as vírgulas os algarismos não são periódicos, então esse número decimal não está contido no
conjunto dos números racionais.
Trata-se do problema inverso: estando o número racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma
de fração. Temos dois casos:
1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é
composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado:
9
0,9 =
10
57
5,7 =
10
76
0,76 =
100
348
3,48 =
100
5 1
0,005 = =
1000 200
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, vamos apresentar o procedimento através de alguns
exemplos:
Ex:
Seja a dízima 0,333...
10x = 0,333
21
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da segunda:
3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
9
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
Ex:
Seja a dízima 5,1717...
Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia consiste em deixar após a vírgula somente a parte periódica (que
se repete) de cada igualdade para, após a subtração membro a membro, ambas se cancelarem.
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, leu mais
2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:
a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480
Resposta: Letra D.
22
RAZÃO E PROPORÇÃO.
Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão
entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
dos números que expressam as medidas dessas grande-
Razão
zas numa mesma unidade.
Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de
Quando se utiliza a matemática na resolução de pro-
360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
blemas, os números precisam ser relacionados para se
distância percorrida em relação ao total?
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar Como os dois números são da mesma espécie (distân-
os números é através da razão. Sejam dois números reais cia) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a razão:
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa ordem) 240 𝑘𝑚 2
𝑎 𝑟= =
o quociente a ÷ b, ou . 360 𝑘𝑚 3
𝑏
A razão basicamente é uma fração, e como sabem, No caso de mesma espécie, porém em unidades di-
frações são números racionais. Entretanto, a leitura des- ferentes, deve-se escolher uma das unidades e converter
te número é diferente, justamente para diferenciarmos a outra.
quando estamos falando de fração ou de razão. Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km de
3
extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual a
a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de razão entre o que falta para percorrer em relação à ex-
tensão da prova?
fração, lê-se: “três quintos”. Veja que agora estamos tentando relacionar metros
3 com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das
b) Quando temos o número 5
e estamos tratando unidades, vamos utilizar “km”:
de razão, lê-se: “3 para 5”. 36000 m=36 km
O número 5 é consequente
20 2
#FicaDica
Ex. A razão entre 20 e 50 é = 5 já a razão entre 50
50 5
50
A razão entre um comprimento no desenho
e 20 é = . Ou seja, deve-se sempre indicar o antece- e o correspondente comprimento real, cha-
20 2
ma-se escala
dente e o consequente para sabermos qual a ordem de
montarmos a razão. Razão entre grandezas de espécies diferentes: É
possível também relacionar espécies diferentes e isto
Ex.Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 mo- está normalmente relacionado a unidades utilizadas na
ças. A razão entre o número de rapazes e o número de física:
moças é 15
, se simplificarmos, temos que a fração equi- Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo qui-
21
valente
5
, o que significa que para “cada 5 rapazes há 7 lômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilô-
7
metro 170. Qual a razão entre a distância percorrida e o
MATEMÁTICA
moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapa- tempo gasto no translado?
zes e o total de alunos é dada por 15 5
, o que equivale Para montarmos a razão, precisamos obter as infor-
=
36 12 mações:
a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”. Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h
23
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o Proporção
tempo gasto para isso:
A definição de proporção é muito simples, pois se tra-
ta apenas da igualdade de razões.
140 𝑘𝑚 70
𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ 3 6
2ℎ 1 Na proporção = (lê-se: “3 está para 5 assim
5 10
Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas como 6 está para 10”).
será uma espécie totalmente diferente das outras duas.
Observemos que o produto 3 x 10=30 é igual ao pro-
duto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade funda-
#FicaDica mental das proporções
A razão entre uma distância e uma medida
de tempo é chamada de velocidade. #FicaDica
Se multiplicarmos em cruz (ou em x), tere-
mos que os produtos entre o numeradores
Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, e os denominadores da outra razão serão
Rio de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de iguais.
927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o 2 6
Ex. Na igualdade = , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo,
ano de 1995. Qual a razão entre o número de habitantes 3 9
e a área total? temos uma proporção.
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte-
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2): Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se
a seguinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do “peso” da
66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏 criança. Se uma criança tem 15 kg, qual será a dosagem
𝑑= = 71,5 correta?
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
Como temos que seguir a receita, temos que atender
a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de
gotas a serem ministradas:
#FicaDica
A razão entre o número de habitantes e a
7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠
área deste local é denominada densidade =
demográfica. 3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔
Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L Logo, para atendermos a proporção, precisaremos
de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros per- encontrar qual o número que atenderá a proporção. Mul-
corridos pelo número de litros de combustível consumi- tiplicando em cruz, temos que:
dos, teremos o número de quilômetros que esse carro
percorre com um litro de gasolina: 3x=105
83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚 105
𝑐=
8𝑙
= 10,47
𝑙 𝑥=
3
x=35 gotas
#FicaDica
A razão entre a distância percorrida em rela- Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
ção a uma quantidade de combustível é de- 35 gotas do remédio, atendendo a proporção.
finida como “consumo médio”
MATEMÁTICA
24
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma
proporção é verdadeira quando realizamos a multiplica- dos antecedentes está para a soma dos consequentes as-
ção em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois pro- sim como cada antecedente está para o seu consequente:
dutos. Outra maneira de verificar a proporção é verificar
se a duas razões que estão sendo igualadas são frações 12 3 12 + 3 15 12 3
equivalentes. Lembra deste conceito? = → = = =
8 2 8+2 10 8 2
FIQUE ATENTO!
Uma fração é equivalente a outra quando d) Diferença dos antecedentes e consequentes:
podemos multiplicar (ou dividir) o nume- A soma dos antecedentes está para a soma dos conse-
rador e o denominador da fração por um quentes assim como cada antecedente está para o seu
mesmo número, chegando ao numerador e consequente:
denominador da outra fração.
12 3 12 − 3 9 12 3
= → = = =
8 2 8−2 6 8 2
4 12
Ex. e são frações equivalentes, pois:
3 9
FIQUE ATENTO!
4x=12 →x=3 Usamos razão para fazer comparação entre
3x=9 →x=3 duas grandezas. Assim, quando dividimos
4
uma grandeza pela outra estamos compa-
Ou seja, o numerador e o denominador de quan- rando a primeira com a segunda. Enquanto
3
proporção é a igualdade entre duas razões.
do multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao nu-
merador e denominador da outra fração, logo, elas são
equivalentes e consequentemente, proporcionais.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Agora vamos apresentar algumas propriedades da
proporção: 1. O estado de Tocantins ocupa uma área aproximada de
278.500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins
a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro- tinha uma população de aproximadamente 1.156.000 ha-
porcionais, podemos criar outra proporção somando os bitantes. Qual é a densidade demográfica do estado de
numeradores com os denominadores e dividindo pelos Tocantins?
numeradores (ou denominadores) das razões originais:
Resposta :
A densidade demográfica é definida como a razão en-
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14 tre o número de habitantes e a área ocupada:
= → = → =
2 4 5 10 5 10
1 156 000 hab.
d= = 4,15 ha b⁄k m²
ou 278 500 km²
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14 2. Se a área de um retângulo (A1 ) mede 300 cm² e a
= → = → =
2 4 2 4 2 4
área de um outro retângulo (A2 ) mede 100 cm², qual é o
b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, valor da razão entre as áreas (A1 ) e (A2 ) ?
temos também que se realizarmos a diferença entre os
termos, também chegaremos em outras proporções: Resposta : Ao fazermos a razão das áreas, temos:
A1 300
4 8 4−3 8−6 1 2 = =3
= → = → = A2 100
3 6 4 8 4 8
= → = → =
3 6 3 6 3 6
25
3.(CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE/2016) Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que
Dois amigos decidem fazer um investimento conjunto 67% de uma amostra assistem a certo programa de TV.
por um prazo determinado. Um investe R$ 9.000 e o ou- Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
tro R$ 16.000. Ao final do prazo estipulado obtêm um assistem ao tal programa?
lucro de R$ 2.222 e decidem dividir o lucro de maneira
proporcional ao investimento inicial de cada um. Portan- Aqui, queremos saber a “parte” da população que as-
to o amigo que investiu a menor quantia obtém com o siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e o
investimento um lucro: total, basta realizarmos a multiplicação:
Resposta : Letra D.
Ambos aplicaram R$ 9000,00+R$ 16000,00=R$ Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
25000,00 e o lucro de R$ 2222,00 foi sobre este valor. achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
Assim, constrói-se uma proporção entre o valor apli- lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
cado (neste caso, R$ 9000,00 , pois o exercício quer o
lucro de quem aplicou menos) e seu respectivo lucro: 𝑝 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
100 𝑉
9000 25000
= → 25x = 19998 → x = R$ 799,92
x 2222
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos.
Qual foi sua porcentagem de vitórias?
PORCENTAGEM. Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta-
gem de vitórias que esse time obteve, assim:
50
Deste modo, a fração ou qualquer uma equiva- Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.
100
lente a ela é uma porcentagem que podemos representar
por 50%. Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que 48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que: aprovado?
𝑝 Para sabermos se o candidato passou, é necessário
𝐴= .𝑉 calcular sua porcentagem de acertos:
100
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o
todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta- 𝐴 48
𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
gem se resumem a três tipos: 𝑉 80
𝑝
P% de V =A= 100 .V 𝑝 𝐴 𝐴
MATEMÁTICA
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
100 𝑉 𝑝
26
Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus Fatorando:
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros,
quantos tiros ele deu no total?
p
VD = (1 – ) .V
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale 100
o “todo”, assim:
p
Em que (1 – ) será definido como fator de descon-
100
𝐴 15
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠 to, que pode estar representado tanto na forma de fração
𝑝 75
ou decimal.
Forma Decimal: Outra forma de representação de
porcentagens é através de números decimais, pois to-
dos eles pertencem à mesma classe de números, que são Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de
os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
forma decimal seriam representados por 0,35. A conver- nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário
são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que deve admiti-lo?
está representada na forma de fração:
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
saber o valor de V, assim:
75
75% = = 0,75
100
p
VA = ( 1 + ).V
100
Aumento e desconto percentual
40
3500 = ( 1 + ).V
100
Outra classe de problemas bem comuns sobre por-
centagem está relacionada ao aumento e a redução per-
centual de um determinado valor. Usaremos as defini- 3500 =(1+0,4).V
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria
envolvida
3500 =1,4.V
Resp. R$ 2 500,00
p
VA = V + .V
100
Fatorando: Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar
em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um deles
p é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
VA = ( 1 + ) .V
100 Aqui, basta calcular o valor de VD :
VD = 200,00
p
VD = V – .V Resp. R$ 200,00
100
27
Como temos também uma expressão para , basta
FIQUE ATENTO! substituir:
Em alguns problemas de porcentagem são 𝑝1 𝑝2
necessários cálculos sucessivos de aumentos V2 = V .(1 – ) .(1 – )
100 100
ou descontos percentuais. Nesses casos é ne-
cessário ter atenção ao problema, pois erros
costumeiros ocorrem quando se calcula a por- Além disso, essa formulação também funciona para
centagens do valor inicial para obter todos os aumentos e descontos em sequência, bastando apenas
valores finais com descontos ou aumentos. Na a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V
verdade, esse cálculo só pode ser feito quando um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
o problema diz que TODOS os descontos ou aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
aumentos são dados a uma porcentagem do
valor inicial. Mas em geral, os cálculos são fei- Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
tos como mostrado no texto a seguir. 𝑝1
V1 = V .(1+ )
100
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos Sendo V2 o valor após o desconto, temos que:
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor 𝑝2
após o primeiro aumento, temos: V2 = V_1 .(1 – )
100
𝑝1
V1 = V .(1 + ) Como temos uma expressão para , basta substituir:
100
𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja, 100 100
após já ter aumentado uma vez, temos que:
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará
𝑝2 ao seu valor original.
V2 = V1 .(1 + )
100
( ) Certo ( ) Errado
Como temos também uma expressão para V1, basta
substituir: Este problema clássico tem como finalidade concei-
tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar
o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi-
𝑝1 𝑝2 nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
100 100 aprendemos, temos que:
𝑝1 𝑝2
V2 = V . 1+ . 1–
Assim, para cada aumento, temos um fator corres- 100 100
pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar 𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
ao resultado final.
20 20
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois
descontos sucessivos de p1% e p2%.
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )
𝑝2
V2 = V_1 .(1 – )
100
28
Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo
de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
EXERCÍCIOS COMENTADOS e litros de álcool são diretamente proporcionais. No
esquema que estamos montando, indicamos esse fato
1. (UNESP) Suponhamos que, para uma dada eleição, colocando uma flecha na coluna “distância” no mesmo
uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Suponhamos sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:
ainda que, para essa eleição, no caso de se verificar um
índice de abstenções de 6% entre os homens e de 9% en-
tre as mulheres, o número de votantes do sexo masculino
será exatamente igual ao número de votantes do sexo fe-
minino. Determine o número de eleitores de cada sexo.
F + M = 18500
�
0,94M = 0,91F
0,91
Da segunda equação, temos que M =
0,94
F . Agora, Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool.
Na coluna em que aparece a variável x (“litros de ál- Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo
MATEMÁTICA
cool”), vamos colocar uma flecha: fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas
velocidade e tempo são inversamente proporcionais.
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao
da flecha da coluna “tempo”:
29
2. Para se construir um muro de 17m² são necessários 3
trabalhadores. Quantos trabalhadores serão necessários
para construir um muro de 51m²?
Resposta: 9 trabalhadores.
17 � x = 51 � 3 → x = 9 trabalhadores
1 � x = 0,02 � 12 → x = R$ 0,24
30
Agora vamos montar a proporção, igualando a razão • Digitadores e horas são inversamente proporcio-
nais, pois se o número de horas trabalhadas au-
que contém o x, que é 4 , com o produto das outras ra- menta, então são necessários menos digitadores
x
para o serviço e, portanto, a quantidade de digi-
zões, obtidas segundo a orientação das flechas 6 160
� : tadores diminui.
8 300
40 2400 12 3
= � �
x 5616 18 2,5
40 86400
→ =
x 252720
→ 86500x = 10108800
→ x = 117 digitadores
Resposta: Em 10 dias.
2. Em uma fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20
FIQUE ATENTO! carrinhos em 5 dias. Quantos carrinhos serão montados
por 4 homens em 16 dias?
Repare que a regra de três composta, embo-
ra tenha formulação próxima à regra de três
Resposta:
simples, é conceitualmente distinta devido à
presença de mais de duas grandezas propor-
cionais. Homens Carrinhos Dias
8 20 5
4 x 16
Resposta: Letra B.
A tabela com os dados do enunciado fica: EQUAÇÃO DO 1º GRAU.
também aumenta.
• Digitadores e linhas são diretamente proporcio- ax + b = 0
nais, pois se a quantidade de digitadores aumenta,
o número de linhas que pode ser digitado também
Onde a e b são números reais.
aumenta.
31
2x
O “lado esquerdo” da equação é denominado 1º mem- Exemplo: Resolva a equação +2 x−4 = x+1
bro enquanto o “lado direito” é denominado 2º membro. 3
Aplicando a regra 1, eliminam-se os parênteses. Para
isso, aplica-se a distributiva no termo com parênteses:
#FicaDica
2x
Para resolver uma equação do primeiro grau, + 2x − 8 = x + 1
costuma-se concentrar todos os termos que 3
contenham incógnitas no 1º membro e to-
dos os termos que contenham somente nú- Aplicando a regra 2, igualam-se os denominadores de
meros no 2º membro. todos os termos. Nessa equação, o denominador comum
é “3”:
2x 6x 24 3x 3
FIQUE ATENTO! + − = +
3 3 3 3 3
Há diversas formas de equações do primeiro
grau e a seguir serão apresentados alguns
deles. Antes, há uma lista de “regras” para a Como há o mesmo denominador em todos os ter-
solução de equações do primeiro grau: mos, eles podem ser “cortados”:
2x + 6x − 24 = 3x + 3
Regra 1 – Eliminar os parênteses
Regra 2 – Igualar os denominadores de todos os Aplicando a regra 3, transfere-se o termo “3x” para o
termos caso haja frações 1º membro:
Regra 3 – Transferir todos os termos que conte-
nham incógnitas para o 1º membro 2x + 6x − 3x − 24 = 3
Regra 4 – Transferir todos os termos que conte-
nham somente números para o 2º membro Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “-24” para
Regra 5 – Simplificar as expressões em ambos os o 2º membro:
membros
Regra 5 – Isolar a incógnita no 1º membro 2x + 6x − 3x = 24 + 3
⟹ −3x − 5 + 5 = 25 + 5
3x 12 12 ⟹ −3x = 30
= →x= → x = 4 → S = {4�
3 3 3
−3x 30
⟹ = ⟹ x = −10
−3 −3
32
b) 1
2x –=3
2
1 1 1
⟹ 2x − + = 3 +
2 2 2
7 2x 7
⟹ 2x = ⟹ =
2 2 4
7
⟹x=
4
Resposta:
3x + 24 = −5x
⟹ 3x + 5x + 24 = 0 − 5x + 5x
⟹ 8x = −24
⟹ x = −3
Equação do 2º Grau
Equações do segundo grau são equações nas quais o maior expoente de é igual a 2. Sua forma geral é expressa por:
ax 2 + bx + c = 0
Onde e são números reais e . Os números a, b e c são chamados coeficientes da equação:
- a é sempre o coeficiente do termo em x².
- b é sempre o coeficiente do termo em x.
- c é sempre o coeficiente ou termo independente.
Exs:
2
5x – 8x + 3 = 0 é uma equação completa (a = 5, b = – 8, c = 3).
2
y + 12y + 20 = 0 é uma equação completa (a = 1, b = 12, c = 20).
Exs:
2
x – 81 = 0 é uma equação incompleta (a = 1, b = 0 e c = – 81).
2
10t + 2t = 0 é uma equação incompleta (a = 10, b = 2 e c = 0).
2
5y = 0 é uma equação incompleta (a = 5, b = 0 e c = 0).
ax 2 + bx + c = 0 , que é denominada forma normal ou forma reduzida de uma equação do 2º grau com uma
incógnita.
Há, porém, algumas equações do 2º grau que não estão escritas na forma ax 2 + bx + c = 0 ; por meio de trans-
formações convenientes, em que aplicamos o princípio aditivo para reduzi-las a essa forma.
Ex:
Dada a equação: 2x 2 – 7x + 4 = 1 – x 2 , vamos escrevê-la na forma normal ou reduzida.
MATEMÁTICA
2x 2 – 7x + 4 – 1 + x 2 = 0
2x 2 + x 2 – 7x + 4 – 1 = 0
3x 2 – 7x + 3 = 0
33
Resolução de Equações do 2º Grau: Fórmula de Bháskara
Para encontras as soluções de equações do segundo grau, é necessário conhecer seu discriminante, representado pela
letra grega Δ (delta).
Δ = b2 − 4 � a � c
FIQUE ATENTO!
O discriminante fornece importantes informações de uma equação do 2ª grau:
Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e distintas
Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e idênticas
Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais
A solução é dada pela Fórmula de Bháskara: −b ± Δ , válida para os casos onde Δ > 0 ou .
x= Δ=0
2a
#FicaDica
Para utilizar a Fórmula de Bháskara a equação deve estar obrigatoriamente no formato ax 2 + bx + c = 0
. Caso não esteja, é necessário colocar a equação nesse formato para, em seguida, aplicar a fórmula!
Como o discriminante não é negativo, aplica-se a regra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
Assim,
2
Exemplo: Resolva a equação x − x − 6 = 0
Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-1 e c=-6
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
Δ = b2 − 4 � a � c = −1 2
− 4 � 1 � −6 = 1 + 24 = 25
Como o discriminante não é negativo, aplica-se a regra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
Assim, S= {2}
Note que, como o discriminante é nulo, a equação possui duas raízes reais e idênticas iguais a 2.
34
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
Δ = b2 − 4 � a � c = 2 2 − 4 � 1 � 3 = 4 − 12 = −8
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta:
x ′ = 1 − 6 e x′′ = 1 + 6.
2
x − 2x − 5 = 0
Δ = −2 2 − 4 � −5 � 1 = 4 + 20 = 24
− −2 ± 24 2±2 6
x= 2�1
= 2 =1± 6
Assim, as raízes x′ e x′′ são:
x′ = 1 − 6 e x′′ = 1 + 6
x 2 − 2x + 5 = 0
O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser gigan-
tesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.
Medidas de Comprimento
A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir dimen-
sões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou dividir),
utiliza-se a regra do , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você andou para a
direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir exemplificam as
conversões:
MATEMÁTICA
35
Ex: Conversão de 2,3 metros para centímetros
As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o metro
quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se a re-
gra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica ou divide segue
a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
36
Ex: Conversão de 2 km² para m²
Medidas de Volume(Capacidade)
As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se a re-
gra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou divide segue
a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
37
Ex: Conversão de 3,7 m³ para cm³
Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores. A
diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por 10 (igual
para unidades de comprimento).
Medidas de Massa
As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g) e suas
seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:
MATEMÁTICA
kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)
38
Os passos para conversão de unidades segue o mes-
mo das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do ,
multiplicando se caminha para a direita e divide quando EXERCÍCIOS COMENTADOS
caminha para a esquerda.
1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o
curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e che-
FIQUE ATENTO! gou na hora da aula cuja duração é de uma hora e meia.
Outras unidades importantes: A que horas terminará a aula de inglês?
• Massa: A tonelada, sendo que 1 tonelada vale
1000 kg. a) 14h
• Volume : O litro (l) que vale 1 decímetro cúbi- b) 14h 30min
co (dm³) e o mililitro, que vale 1 cm³. c) 15h 15min
• Área: O hectare (ha) que vale 1 hectômetro d) 15h 30min
quadrado (ou 10000 m²) e o alqueire, (varia de e) 15h 45min
região para região e normalmente a conversão
desejada é dada na prova). Resposta: Letra D. Basta somarmos todos os valores
mencionados no enunciado do teste, ou seja:
13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min
Medidas de Tempo Logo, a questão correta é a letra D.
Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que 2. 348 mm3 equivalem a quantos decilitros?
mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s Resposta: “0, 00348 dl”. Como 1 cm3 equivale a 1 ml,
Para passar de uma unidade para a menor seguinte, é melhor dividirmos 348 mm3 por mil, para obtermos
multiplica-se por 60. o seu equivalente em centímetros cúbicos: 0,348 cm3.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 dé- Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se
cimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h equivalem.
= 18min. Neste ponto já convertemos de uma unidade de me-
Para medir ângulos, também temos um sistema não dida de volume, para uma unidade de medida de ca-
decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na as-
pacidade.
tronomia, na cartografia e na navegação são necessárias
Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quan-
medidas inferiores a 1º. Temos, então:
do então passaremos dois níveis à esquerda. Dividire-
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
mos então por 10 duas vezes:
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)
0,348ml:10:100,00348dl
Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é
Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
claro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo.
Há uma coincidência de nomes, mas até os símbolos que
os indicam são diferentes: 3. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados.
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante
do dia. Resposta: 0, 00005 hm². Para passarmos de decíme-
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. tros quadrados para hectômetros quadrados, passare-
mos três níveis à esquerda.
Dividiremos então por 100 três vezes:
#FicaDica 50dm2:100:100:100 ⟹ 0,00005hm2
Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a esquerda.
Por motivos óbvios, cálculos no sistema hora Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm².
– minuto – segundo são similares a cálculos 4. Passe 5.200 gramas para quilogramas.
no sistema grau – minuto – segundo,
embora esses sistemas correspondam a Resposta: 5,2 kg. Para passarmos 5.200 gra-
grandezas distintas. mas para quilogramas, devemos dividir (por-
que na tabela grama está à direita de quilogra-
ma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passarmos
de gramas para quilogramas saltamos três níveis à
esquerda.
Primeiro passamos de grama para decagrama, depois
de decagrama para hectograma e finalmente de hec-
tograma para quilograma:
MATEMÁTICA
5200g:10:10:10 ⟹ 5,2Kg
Isto equivale a passar a vírgula três casas para a esquer-
da.
Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg.
39
5. Converta 2,5 metros em centímetros.
Resposta: 250 cm. Para convertermos 2,5 metros em centímetros, devemos multiplicar (porque na tabela metro está
à esquerda de centímetro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para passarmos de metros para centímetros saltamos dois
níveis à direita.
Primeiro passamos de metros para decímetros e depois de decímetros para centímetros:
2,5m∙10∙10 ⟹ 250cm
Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a direita.
Logo, 2,5 m é igual a 250 cm.
Estatística
Definições Básicas
Estatística: ciência que tem como objetivo auxiliar na tomada de decisões por meio da obtenção, análise, organi-
zação e interpretação de dados.
População: conjunto de entidades (pessoas, objetos, cidades, países, classes de trabalhadores, etc.) que apresen-
tem no mínimo uma característica em comum. Exemplos: pessoas de uma determinada cidade, preços de um produto,
médicos de um hospital, estudantes que prestam determinado concurso, etc.
Amostra: É uma parte da população que será objeto do estudo. Como em muitos casos não é possível estudar a
população inteira, estuda-se uma amostra de tamanho significativo (há métodos para determinar isso) que retrate o
comportamento da população. Exemplo: pesquisa de intenção de votos de uma eleição. Algumas pessoas são entrevis-
tadas e a pesquisa retrata a intenção de votos da população.
Variável: é o dado a ser analisado. Aqui, será chamado de e cada valor desse dado será chamado de . Essa variável
pode ser quantitativa (assume valores) ou qualitativa (assume características ou propriedades).
São medidas que auxiliam na análise e interpretação de dados para a tomada de decisões. As três medidas de ten-
dência central são:
Média aritmética simples: razão entre a soma de todos os valores de uma mostra e o número de elementos da
amostra. Expressa por . Calculada por:
∑xi
x� =
n
Média aritmética ponderada: muito parecida com média aritmética simples, porém aqui cada variável tem um
peso diferente que é levado em conta no cálculo da média.
∑xi pi
x� =
∑pi
Mediana: valor que divide a amostra na metade. Em caso de número para de elementos, a mediana é a média entre
os elementos intermediários
1 + 3 + 1 + 2 + 5 + 7 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 1 + 3 + 2 55
x� = = = 3,92
14 14
40
Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente:
{1,1,1,2,2,3,3,4,5,5,6,7,7,8}
Como a amostra tem 14 valores (número par), os elementos intermediários são os 7º e 8º elementos. Nesse exem-
3+4 7
plo, são os números 3 e 4. Portanto, a mediana é a média entre eles: = 2 = 3,5
2
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 1 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: Dada a amostra {2,4,8,10,15,6,9,11,7,4,15,15,11,6,10} calcule a média, a mediana e a moda.
Solução:
Média:
2 + 4 + 8 + 10 + 15 + 6 + 9 + 11 + 7 + 4 + 15 + 15 + 11 + 6 + 10 133
x� = = = 8,867
15 14
Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente
{2,4,4,6,6,7,8,9,10,10,11,11,15,15,15}
Como a amostra tem 15 valores (número par), o elemento intermediário é o 8º elemento. Logo, a mediana é igual a 9.
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 15 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: A média de uma disciplina é calculada por meio da média ponderada de três provas. A primeira tem peso 3, a
segunda tem peso 4 e a terceira tem peso 5. Calcule a média de um aluno que obteve nota 8 na primeira prova, 5 na
segunda e 6 na terceira.
Solução:
Trata-se de um caso de média aritmética ponderada.
∑xi pi 3 ∙ 8 + 4 ∙ 5 + 5 ∙ 6 74
x� = = = = 6,167
∑pi 3+4+5 12
Tabelas e Gráficos
Tabelas
Tabelas podem ser utilizadas para expressar os mais diversos tipos de dados. O mais importante é saber interpretá-
-las e para isso é conveniente saber como uma tabela é estruturada. Toda tabela possui um título que indica sobre o
que se trata a tabela. Toda tabela é dividida em linhas e colunas onde, no começo de uma linha ou de uma coluna, está
indicado qual o tipo de dado que aquela linha/coluna exibe.
Ex:
Tabela 1 - Número de estudantes da Universidade ALFA divididos por curso
TOTAL 15300
Nesse caso, as colunas são: curso e número de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos da Universi-
dade com o respectivo número de alunos de cada curso.
41
Tabela 2 - Número de estudantes da Universidade ALFA divididos por curso e gênero
Nesse caso, as colunas são: curso, gênero e número de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos da
Universidade com o respectivo número de alunos de cada curso separados por gênero.
#FicaDica
Acima foram exibidas duas tabelas como exemplos. Há uma infinidade de tabelas cada uma com sua par-
ticularidade o que torna impossível exibir todos os tipos de tabelas aqui. Porém em todas será necessário
identificar linhas, colunas e o que cada valor exibido representa.
Gráficos
Tipos de frequência
Absoluta: mede a quantidade de repetições.
Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota possui freqüência absoluta:
fi = 4
42
Tipos de Gráficos Gráficos de linhas: gráficos nos quais são exibidas
séries históricas de dados e mostram a evolução dessas
Gráficos de coluna: gráficos que têm como objetivo séries ao longo do tempo.
atribuir quantidades a certos tipos de grupos. Na hori-
zontal são apresentados os grupos (dados qualitativos) Ex: A Universidade ALFA tem 10 anos de existências
dos quais deseja-se apresentar dados enquanto na verti- e seu reitor apresentou um gráfico mostrando o número
cal são apresentados os valores referentes a cada grupo de alunos da Universidade ao longo desses 10 anos.
(dados quantitativos ou frequências absolutas)
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo Estudantes da Universidade ALFA ao longo de 10 anos
todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade de
estudantes separados pelos seus continentes de origem: 2500
2000
400 0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
300
200
Gráficos em pizzas: gráficos nos quais são expressas
100 relações entre grandezas em relação a um todo. Nesse
0 gráfico é possível visualizar a relação de proporcionalida-
América do América do América Europa Ásia África Oceania de entre as grandezas. Recebe esse nome pois lembram
Norte Sul Central
uma pizza pelo formato redondo com seus pedaços (fre-
quências relativas).
Gráficos de barras: gráficos bastante similares aos de
colunas, porém, nesse tipo de gráfico, na horizontal são Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
apresentados os valores referentes a cada grupo (dados todo. A seguir há um gráfico que mostra a distribuição de
quantitativos) enquanto na vertical são apresentados os estudantes de acordo com seus continentes de origem
grupos (dados qualitativos)
150
Oceania
440
África
520
Ásia 150
Europa
América do Norte América do Sul América Central Europa Ásia África Oceania
América Central
43
Frequências absolutas: a) 0,33
b) 0,83
c) 0,65
d) 0,16
e) 0,21
a) 6,5
b) 7,2
c) 7,4
d) 7,8
e) 8,0
EXERCÍCIO COMENTADO x = 6 ∙ 5
x = 30
1. (SEGEP-MA - Técnico da Receita Estadual – Do mesmo modo, se a turma tem 25 meninas
FCC/2016) Três funcionários do Serviço de Atendimento (Me é a média aritmética de suas notas), o quociente
ao Cliente de uma loja foram avaliados pelos clientes que da soma das notas das meninas (y) e a quantidade de
atribuíram uma nota (1; 2; 3; 4; 5) para o atendimento meninas (25) deve ser igual a Me, isto é:
recebido. A tabela mostra as notas recebidas por esses (x + y)/(25+5) = 7
funcionários em um determinado dia. y = 25∙Me
Para calcular a média da turma, devemos somar as no-
tas dos meninos (30) às notas das meninas (y) e dividir
pela quantidade de alunos (25 + 5 = 30). O resultado
deverá ser 7. Sendo assim, temos:
x + y
= 7
25 + 5
Considerando a totalidade das 95 avaliações desse dia,
MATEMÁTICA
44
25 ∙ Me = 210 – 30 Intersecção de Eventos
Portanto, a média aritmética das notas das meninas n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B)
P(B/A) = = =
é 7,2. A alternativa correta é a letra b. n(A) n A + n(S) P(A)
Assim sendo:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
P E =
12
45
2. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Entre os cinco números 2, 3, 4, 5 e 6, dois deles são escolhidos ao acaso e
o produto deles dois é calculado. A probabilidade desse produto ser um número par é:
a) 60%
b) 75%
c) 80%
d) 85%
e) 90%
Resposta: Letra E. Para sabermos o tamanho do espaço amostral, basta calcularmos a combinação dos 5 elementos
tomados 2 a 2 (a ordem não importa, pois a ordem dos fatores não altera o produto): 5! 5 ∙ 4 .
C5,2 = = = 10
2! 3! 2
Para o produto ser par, os dois números escolhidos deverão ser par ou um deles é par. O único caso onde o produto
não dá par é quando os dois números são ímpares. Assim, apenas o produto 3 5 não pode ser escolhido. Logo, se
1/10 = 10% não terá produto par, os outros 90% terão.
GRÁFICOS E TABELAS
Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre dois dados relacionados entre si.
A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre vão depender do contexto, mas de uma maneira geral um
bom gráfico deve:
-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto possível.
-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar claro o contexto, o conteúdo e a mensagem.
-Complementar ou melhorar a visualização sobre aspectos descritos ou mostrados numericamente através de ta-
belas.
-Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos dados.
Tipos de gráficos
Barra vertical
Fonte: tecnologia.umcomo.com.br
MATEMÁTICA
46
Barra horizontal Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e
queremos demonstrar cada parte, separando cada peda-
ço como numa pizza.
Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br
47
Podem ser tabelas simples: 2. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO - VU-
NESP/2017) A tabela seguinte, incompleta, mostra a
Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa? distribuição, percentual e quantitativa, da frota de uma
empresa de ônibus urbanos, de acordo com o tempo de
aparelho quantidade uso destes.
televisão 3
celular 4
Geladeira 1
Resposta: Letra E. 13,7/7,2=1,90 O número médio de carros vendidos por dia nesse
Houve um aumento de 90%. período foi igual a
a) 10.
b) 9.
c) 8.
d) 7.
e) 6.
Resposta: Letra C.
MATEMÁTICA
48
4. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) Tendo como referência o gráfico precedente, que mostra
Uma professora elaborou um gráfico de setores para os valores, em bilhões de reais, relativos à arrecadação
representar a distribuição, em porcentagem, dos cinco de receitas e aos gastos com despesas do estado do Pa-
conceitos nos quais foram agrupadas as notas obtidas raná nos doze meses do ano de 2015, assinale a opção
pelos alunos de uma determinada classe em uma prova correta.
de matemática. Observe que, nesse gráfico, as porcenta-
gens referentes a cada conceito foram substituídas por x a) No ano considerado, o segundo trimestre caracteri-
ou por múltiplos e submúltiplos de x. zou-se por uma queda contínua na arrecadação de
receitas, situação que se repetiu no trimestre seguinte.
b) No primeiro quadrimestre de 2015, houve um período
de queda simultânea dos gastos com despesas e da
arrecadação de receitas e dois períodos de aumento
simultâneo de gastos e de arrecadação.
c) No último bimestre do ano de 2015, foram registrados
tanto o maior gasto com despesas quanto a maior ar-
recadação de receitas.
d) No ano em questão, janeiro e dezembro foram os úni-
cos meses em que a arrecadação de receitas foi ultra-
passada por gastos com despesas.
e) A menor arrecadação mensal de receitas e o menor gas-
to mensal com despesas foram verificados, respectiva-
mente, no primeiro e no segundo semestre do ano de
Analisando o gráfico, é correto afirmar que a medida do 2015.
ângulo interno correspondente ao setor circular que re-
presenta o conceito BOM é igual a
Resposta: Letra A.
X+0,5x+4x+3x+1,5x=360
10x=360
X=36
Como o conceito bom corresponde a 4x: 4x36=144°
MATEMÁTICA
49
6. (BRDE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FUN- 7. (TJ/SP – ESTATÍSTICO JUDICIÁRIO – VU-
DATEC/2015) Assinale a alternativa que representa a NESP/2015) A distribuição de salários de uma empresa
nomenclatura dos três gráficos abaixo, respectivamente. com 30 funcionários é dada na tabela seguinte.
50
Assinale a alternativa em que o histograma é o que melhor representa a distribuição de frequência da tabela.
a)
b)
c)
d)
e)
Resposta: Letra A. Colocando em ordem crescente: 30-35, 50-55, 45-50, 40-45, 35-40,
( ) CERTO ( ) ERRADO
51
Resposta: Certo
555----100%
x----55%
x=305,25
Está correta, pois a região sudeste tem 306 pessoas.
Estatística Descritiva
Teste de Hipóteses
Definição: Processo que usa estatísticas amostrais para testar a afirmação sobre o valor de um parâmetro popula-
cional.
Para testar um parâmetro populacional, você deve afirmar cuidadosamente um par de hipóteses – uma que repre-
sente a afirmação e outra, seu complemento. Quando uma é falsa, a outra é verdadeira.
Uma hipótese nula H0 é uma hipótese estatística que contém uma afirmação de igualdade, tal como ≤, =, ≥
A hipótese alternativa Ha é o complemento da hipótese nula. Se H0 for falsa, Ha deve ser verdadeira, e contém afir-
mação de desigualdade, como <, ≠, >.
Exemplo: Um fabricante de torneiras anuncia que o índice médio de fluxo de água de certo tipo de torneira é menor
que 2,5 galões por minuto.
Referências
Larson, Ron. Estatística Aplicada. 4ed – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
Frequências
A primeira fase de um estudo estatístico consiste em recolher, contar e classificar os dados pesquisados sobre uma
população estatística ou sobre uma amostra dessa população.
1. Frequência Absoluta
MATEMÁTICA
52
1.1. Frequência Relativa 2. Média aritmética
É o quociente entre a frequência absoluta e o número Média aritmética de um conjunto de números é o va-
de elementos da amostra. lor que se obtém dividindo a soma dos elementos pelo
Na tabela a seguir, temos exemplo dos dois tipos: número de elementos do conjunto.
Representemos a média aritmética por .
A média pode ser calculada apenas se a variável en-
volvida na pesquisa for quantitativa. Não faz sentido cal-
cular a média aritmética para variáveis quantitativas.
Na realização de uma mesma pesquisa estatística
entre diferentes grupos, se for possível calcular a média,
ficará mais fácil estabelecer uma comparação entre esses
grupos e perceber tendências.
Considerando uma equipe de basquete, a soma das
alturas dos jogadores é:
É a simples condensação dos dados conforme as re- Se dividirmos esse valor pelo número total de joga-
petições de seu valores. Para um ROL de tamanho ra- dores, obteremos a média aritmética das alturas:
zoável esta distribuição de frequência é inconveniente, já
que exige muito espaço. Veja exemplo abaixo:
Dados Frequência
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m.
41 3
42 2 2.1. Média Ponderada
43 1 A média dos elementos do conjunto numérico A re-
44 1 lativa à adição e na qual cada elemento tem um “deter-
minado peso” é chamada média aritmética ponderada.
45 1
46 2
50 2
51 1 2.2. Mediana (Md)
52 1
Sejam os valores escritos em rol:
54 1
57 1
58 2
Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo tal que
60 2 o número de termos da sequência que precedem é
Total 20 igual ao número de termos que o sucedem, isto é, é
termo médio da sequência ( ) em rol.
Distribuição de frequência com intervalos de classe: Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela
média aritmética entre os termos e , tais que o nú-
Quando o tamanho da amostra é elevado é mais ra-
cional efetuar o agrupamento dos valores em vários in- mero de termos que precedem é igual ao número de
tervalos de classe. termos que sucedem , isto é, a mediana é a média arit-
mética entre os termos centrais da sequência ( ) em rol.
Classes Frequências
Exemplo 1:
41 |------- 45 7
Determinar a mediana do conjunto de dados:
45 |------- 49 3 {12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}
49 |------- 53 4
MATEMÁTICA
Solução:
53 |------- 57 1 Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se:
57 |------- 61 5 (3, 7, 10, 12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio des-
se rol. Logo: Md=12
Total 20
Resposta: Md=12.
53
Exemplo 2:
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}.
Solução:
Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se:
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética entre os dois termos centrais do rol.
Logo:
Resposta: Md=15
3. Moda (Mo)
Num conjunto de números: , chama-se moda aquele valor que ocorre com maior frequência.
Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.
Exemplo 1:
O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8, isto é, Mo=8.
Exemplo 2:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.
4. Medidas de dispersão
Duas distribuições de frequência com medidas de tendência central semelhantes podem apresentar características
diversas. Necessita-se de outros índices numéricas que informem sobre o grau de dispersão ou variação dos dados em
torno da média ou de qualquer outro valor de concentração. Esses índices são chamados medidas de dispersão.
Variância
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um conjunto de números em relação à sua média aritmética,
e que é chamado de variância. Esse índice é assim definido:
Seja o conjunto de números , tal que é sua média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e
indica-se por , o número:
Isto é:
E para amostra
Exemplo 1:
Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o seguinte desempenho, descrito na tabela abaixo:
8 18
54
Solução:
b) A variância é:
Desvio médio
Definição
Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma sequência. Esta medida representa a média das distân-
cias entre cada elemento da amostra e seu valor médio.
Desvio padrão
Definição
Seja o conjunto de números , tal que é sua média aritmética. Chama-se desvio padrão desse con-
junto, e indica-se por , o número:
Isto é:
Exemplo:
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são: 2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular:
a) A estatura média desses jogadores.
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas.
Solução:
55
Resposta: Letra B.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
M=300
S+M=600000
V=250
S=420000
M=600000-420000=180000
b) 3,43
c) 3,32.
d) 3,25.
e) 3,19.
56
Resposta: Letra B. 6. (UFAL – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – COPE-
VE/2016) A tabela apresenta o número de empréstimos
de livros de uma biblioteca setorial de um Instituto Fede-
ral, no primeiro semestre de 2016.
Mës Empréstimos
Janeiro 15
Fevereiro 25
Março 22
3,36-3,15=0,21 Abril 30
Maio 28
5. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
Junho 15
UFES/2017) Considere n números x1, x2, … , xn, em que
x1 ≤ x2 ≤ ⋯ ≤ xn . A mediana desses números é igual a
x(n + 1)/2, se n for ímpar, e é igual à média aritmética Dadas as afirmativas,
de xn ⁄ 2 e x(n + 2)/2, se n for par. Uma prova composta I. A biblioteca emprestou, em média, 22,5 livros por mês.
por 5 questões foi aplicada a uma turma de 24 alunos. A II. A mediana da série de valores é igual a 26.
tabela seguinte relaciona o número de acertos obtidos III. A moda da série de valores é igual a 15.
na prova com o número de alunos que obtiveram esse Verifica-se que está(ão) correta(s)
número de acertos. a) II, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
Número de acertos Número de alunos
d) I e III, apenas.
0 4 e) I, II e III.
1 5
2 4 Resposta: Letra D.
3 3
4 5
5 3
Mediana
A penúltima linha da tabela acima, por exemplo, indica Vamos colocar os números em ordem crescente
que 5 alunos tiveram, cada um, um total de 4 acertos na
prova. A mediana dos números de acertos é igual a 15,15,22,25,28,30
a) 1,5
b) 2
c) 2,5 Moda é o número que mais aparece, no caso o 15.
d) 3
e) 3,5 7. (COSANPA - QUÍMICO – FADESP/2017) Algumas
Determinações do teor de sódio em água (em mg L-1)
Resposta: Letra B. Como 24 é um número par, deve- foram executadas (em triplicata) paralelamente por qua-
mos fazer a segunda regra: tro laboratórios e os resultados são mostrados na tabela
abaixo.
Replicatas Laboratório
1 2 3 4
1 30,3 30,9 30,3 30,5
2 30,4 30,8 30,7 30,4
3 30,0 30,6 30,4 30,7
Média 30,20 30,77 30,47 30,53
Desvio 0,20 0,15 0,21 0,15
MATEMÁTICA
Padrão
57
Utilize essa tabela para responder à questão. Y+0,1y=1,1y
(x+y+1,1y)/15=2013
O laboratório que apresenta o maior erro padrão é o de 25974+2,1y=15∙2013
número 2,1y=30195-25974
2,1y=4221
a) 1. Y=2010
b) 2.
c) 3. 10. (PREF. DE NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO –
d) 4. FGV/2015) Os 12 funcionários de uma repartição da
prefeitura foram submetidos a um teste de avaliação de
Resposta: Letra C. Como o desvio padrão é maior no conhecimentos de computação e a pontuação deles, em
3, o erro padrão é proporcional, portanto também é uma escala de 0 a 100, está no quadro abaixo.
maior em 3.
50 55 55 55 55 60
8. (ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO- 62 63 65 90 90 100
ESAF/2016) Os valores a seguir representam uma amos-
tra O número de funcionários com pontuação acima da mé-
dia é:
331546248
a) 3;
Então, a variância dessa amostra é igual a b) 4;
c) 5;
a) 4,0 d) 6;
b) 2,5. e) 7.
c) 4,5.
d) 5,5 Resposta: Letra A.
e) 3,0
Resposta: Letra C.
M=66,67
Apenas 3 funcionários estão acima da média.
a) R$ 2.002,00.
b) R$ 2.006,00.
c) R$ 2.010,00.
d) R$ 2.004,00.
e) R$ 2.008,00.
X=13.1998
X=25974
Vamos chamar de y o funcionário contratado com me-
nor valor e, portanto, 1,1y o com 10% de salário maior,
pois ele ganha y+10% de y
58
RACIOCÍNIO LÓGICO.
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos que exprimem um pensamento de sentido completo.
Nossa professora, bela definição!
Não entendi nada!
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas
também no sentido lógico.
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verdadeira
ou falsa.
Exemplos:
(A) A Terra é azul.
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é uma proposição.
(B) >2
Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
a proposição é falsa (F).
Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)=V essa é a simbologia para indicar que o valor lógico de p é verdadeira, ou
V(p)=F
Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou falso, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
lógico falso.
MATEMÁTICA
59
2. Classificação -Conjunção
-Bicondicional
Exemplo Extenso: se, e somente se, ...
p: Lívia é estudante. Símbolo: ↔
~p: Lívia não é estudante. p: Lucas vai ao cinema.
q: Pedro é loiro. q: Danilo vai ao cinema.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai
r: Érica lê muitos livros. ao cinema.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros.
s: Cecilia é dentista. Referências
¬s: É mentira que Cecilia é dentista. ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
MATEMÁTICA
60
Tabela-verdade - Conjunção
Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor eu tiver as duas coisas, certo?
lógico de proposições compostas facilmente, analisando Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
cada coluna. chocolate.
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
ou V(p)=F.
p p q p ∧q
V V V V
F V F F
F V F
Quando temos duas proposições, não basta colocar
só VF, será mais que duas linhas. F F F
-Disjunção
p q Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o
V V conectivo “ou”.
V F Eu comprei bala ou chocolate.
Eu comprei bala e também comprei a chocolate, está
F V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
F F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
forma se eu comprei apenas chocolate.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
E a segunda intercalou VFVF certo.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 pos- p q p ∨q
sibilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver
um padrão para se tornar mais fácil! V V V
As possibilidades serão 2n, V F V
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F
-Disjunção Exclusiva
p q r Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
V V V chocolate OU comprei bala.
V F V Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mes-
mo tempo.
V V F
V F F p q p ∨q
F V V V V F
F F V V F V
F V F F V V
F F F F F F
F V
61
p q p →q Resposta: Letra C. P: A empresa alegou ter pago suas
obrigações previdenciárias.
V V V Q: apresentou os comprovantes de pagamento.
V F F R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
F V V
Número de linhas: 2³=8
F F V
3.(SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCI-
-Bicondicional ÁRIA – CESPE – 2017) A partir das proposições simples
Ficarei em casa, se e somente se, chover. P: “Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q:
Estou em casa e está chovendo. “As lojas do centro comercial Bom Preço estavam reali-
A ideia era exatamente essa. (V) zando liquidação” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas
Estou em casa, mas não está chovendo. do Bom Preço” é possível formar a proposição composta
Você não fez certo, era só pra ficar em casa se cho- S: “Se Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço
vesse. (F) e se as lojas desse centro estavam realizando liquidação,
Eu sai e está chovendo. então Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço ou
Aiaiai não era pra sair se está chovendo (F) Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”. Con-
Não estou em casa e não está chovendo. siderando todas as possibilidades de as proposições P, Q
Sem chuva, você pode sair, ta?(V) e R serem verdadeiras (V) ou falsas (F), é possível cons-
truir a tabela-verdade da proposição S, que está iniciada
p q p ↔q na tabela mostrada a seguir.
V V V
V F F
F V F
F F V
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) 32. F V F F F V
b) 4. F F V F V V
c) 8.
F F F F F V
d) 16.
62
TAUTOLOGIA p∨~(p∧q)
Resposta: Errado
P Q p∨q p→p∨q
p: Cláudio pratica esportes.
V V V V q: Cláudio tem uma alimentação balanceada.
V F V V (p∨~p)∧~q
F V V V
P ~P Q ~q p∨~P (p∨∼p)∧∼q
F F F V
V F V F V F
A coluna inteira da proposição composta deu verda- V F F V V V
deiro, então é uma tautologia.
F V V F V F
MATEMÁTICA
Exemplo 2 F V F V V V
Com as mesmas proposições anteriores:
João é estudante ou não é verdade que João é estu-
dante e Mateus é professor.
63
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente q: Coelho é herbívoro.
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊN- p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é
TICAS. herbívoro.
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguin- ~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
te notação: bívoro
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..)
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção
Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, p∨~q
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas.
p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
Regra da Dupla negação
V V F F V V
~~p⇔p V F F V V V
p ~p ~~p F V V F F F
V F V F F V V V V
F V F
Equivalências fundamentais (Propriedades Fun-
São iguais, então ~~p⇔p damentais): a equivalência lógica entre as proposições
goza das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra de Clavius
1 – Simetria (equivalência por simetria)
~p→p⇔p
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p ~p ~p→p p q p∧q q∧p
V F V V V V V
F V F V F F F
F V F F
Regra de Absorção F F F F
p→p∧q⇔p→q
b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
p q p∨q q∨p
p q p∧q p→p∧q p→q
V V V V
V V V V V
V F V V
V F F F F
F V V V
F V F V V
F F F F
F F F V V
c) p ∨ q ⇔ q ∨ p
Condicional
p q p∨q q ∨ p
Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são
as mais pedidas nos concursos. V V F F
V F V V
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
F V V V
-verdades idênticas
F F F F
p ~p q p∧q p→q ~p∨q
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p
V F V V V V
V F F F F F p q p↔q q↔p
V V V V
MATEMÁTICA
F V V F V V
F V F F V V V F F F
F V F F
F F V V
64
Equivalências notáveis: b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
V F F V V V
F V V V F V
F F V F V F
65
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p) Proposições Associadas a uma Condicional (se, en-
tão)
p q ~q p → ~q ~p q → ~p
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro-
V V F F F F posições condicionadas que contêm p e q:
V F V V F V
– Proposições recíprocas: p → q: q → p
F V F V V V
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
F F V V V V – Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p
66
a) Se foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele é suspeito
também de ter cometido esses crimes.
b) Ele não é suspeito de outros dois esquartejamentos, já que não foram encontrados vídeos em que ele supostamente
aparece executando os crimes.
c) Se não foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele não
é suspeito desses crimes.
d) Como ele é suspeito de ter cometido também dois esquartejamentos, foram encontrados vídeos em que ele supos-
tamente aparece executando os crimes.
e) Foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, pois ele é tam-
bém suspeito de ter cometido esses crimes.
Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.
Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e
equivalente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase,
por exemplo.
Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
67
Negação de uma disjunção exclusiva
~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F
b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte
da condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2ª parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1ª vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2ª vez:
~(p ∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equiva-
lente à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, chora
menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por “Quem não pode mais, não chora menos”
MATEMÁTICA
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Negação de uma condicional: mantém a primeira e nega a segunda
68
2. (PC-PE – PERITO CRIMINAL – CESPE – 2016) Con-
sidere as seguintes proposições para responder a questão.
P1: Se há investigação ou o suspeito é flagrado cometen- EXERCÍCIOS COMENTADOS
do delito, então há punição de criminosos.
P2: Se há punição de criminosos, os níveis de violência 1. (IF-BA – ADMINISTRADOR – FUNRIO – 2016) Ou
não tendem a aumentar. João é culpado ou Antônio é culpado. Se Antônio é ino-
P3: Se os níveis de violência não tendem a aumentar, a cente então Carlos é inocente. João é culpado se e so-
população não faz justiça com as próprias mãos. mente se Pedro é inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo,
Assinale a opção que apresenta uma negação correta da a) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são cul-
proposição P1. pados.
b) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são
a) Se não há punição de criminosos, então não há investi- culpados.
gação ou o suspeito não é flagrado cometendo delito. c) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são cul-
b) Há punição de criminosos, mas não há investigação pados.
nem o suspeito é flagrado cometendo delito. d) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são
c) Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo culpados.
delito, mas não há punição de criminosos. e) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é culpado.
d) Se não há investigação ou o suspeito não é flagrado
cometendo delito, então não há punição de criminosos. Resposta: Letra E.
e) Se não há investigação e o suspeito não é flagrado co- Vamos começar de baixo pra cima.
metendo delito, então não há punição de criminosos.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
Resposta: Letra C Famoso MANE Se Antônio é inocente então Carlos é inocente.
Mantém a primeira e nega a segunda. João é culpado se e somente se Pedro é inocente.
Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo
Ora, Pedro é inocente.
delito e não há punição de criminosos.
(V)
No caso, a questão ao invés de “e”utilizou mas
Sabendo que Pedro é inocente,
João é culpado se e somente se Pedro é inocente.
ARGUMENTOS
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.
Um argumento é um conjunto finito de premissas (pro-
posições), sendo uma delas a consequência das demais.
Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou João é culpado se e somente se Pedro é inocente
consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um (V) (V)
argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q Ora, Pedro é inocente
OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ (V)
... ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela se- Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primei-
guinte forma: ra premissa.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva
só é verdadeira se apenas uma das proposições for.
ou mal construído), quando as verdades das premissas • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
são insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. • Quando Fernando está estudando, não chove.
Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências • Durante a noite, faz frio.
geradas pelas verdades de suas premissas, tem-se como
conclusão uma contradição (F).
69
Tendo como referência as proposições apresentadas, jul- Representação de uma proposição quantificada
gue o item subsecutivo.
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. (∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15)
Quantificador: ∀
( ) CERTO ( ) ERRADO Condição de existência da variável: x ∈ N.
Predicado: x + 3 > 15.
Resposta: Errado
• Durante a noite, faz frio. (∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
V Quantificador: ∃
Condição de existência da variável: não há.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”.
F F
Negações de proposições quantificadas ou funcionais
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. Seja uma sentença (∀x)(A(x)).
V V Negação: (∃x)(~A(x))
O quantificador universal
O quantificador universal, usado para transformar
sentenças (proposições) abertas em proposições fecha-
das, é indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer
que seja”, “para todo”, “para cada”.
70
Nenhum A é B. c) Todos os elementos de B estão em A
Algum A não é B.
Não conseguimos determinar, podendo ser verdadei-
ra ou falsa (contradiz com as figuras b e d)
Algum copo não é de vidro.
Como não sabemos se todos os copos são de vidros,
pode ser verdadeira.
Algum A não é B.
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B.
71
b) Todos os elementos de B estão em A. 2. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
UFES – 2017) Em um determinado grupo de pessoas,
• todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam natação,
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam
futebol,
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam na-
tação.
Resposta: Letra E.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
como ficam os valores lógicos das outras?
Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior.
Frase: Algum copo não é de vidro.
72
Sequências Numéricas
EXERCÍCIO COMENTADO
Definição
O diário do professor é composto pelos nomes de 1. (FCC-2016 – MODIFICADO) Determine o termo ge-
seus alunos e esses nomes obedecem a uma ordem (são
escritos em ordem alfabética). Essa lista de nomes (diá- 1 3 5 7
ral an da sequência numérica , , , , … , an
rio) pode ser considerada uma sequência. Os dias do mês 2 4 6 8
são dispostos no calendário obedecendo a certa ordem
que também é um tipo de sequência. Assim, sequências Resposta:
estão presentes no nosso dia a dia com mais frequência Mediante análise dos termos da sequência, nota-se
que você pode imaginar. que termo geral é
73
Onde an e ap são termos quaisquer da PA. Essa ex- Assim, com , a1 = 2, a5 = 10 e n = 5 , podemos
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
calcular a soma:
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
trar outro termo. 2 + 10 � 5 12 � 5 60
Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3, qual Sn = = = = 30
2 2 2
é o quinto termo?
Temos então a1 = 7 e r = 3 e queremos achar a5.
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = para acharmos a soma.
1 e n = 5. Assim:
Propriedades
an = ap + n − p � r
a5 = a1 + 5 − 1 � r
As progressões aritméticas possuem algumas pro-
priedades interessantes que podem ser exploradas em
a5 = 7 + 4 � 3
provas de concursos:
a5 = 19
P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo
Ou seja, o quinto termo desta PA é 19. médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter considerar três termos consecutivos de uma PA sendo
a razão da PA. an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula
Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será do termo geral que:
a razão da PA?
an = an−1 + r
Temos então a3 = 2 e a6 = −1 e queremos achar r. an = an+1 – r
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = Somando as duas expressões:
3 e n = 6. Assim:
an = ap + n − p � r 2an = an−1 + r + an +1 − r
a6 = a3 + 6 − 3 � r 2an = an−1 + an + 1
−1 = 2 + 3 � r
3r = −3 O que leva a:
r = −1
an−1 + an + 1
an =
Ou seja, a razão desta PA é -1.
2
Soma dos termos P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa se-
Outro ponto importante de uma progressão arit- quência finita, dizemos que dois termos são equidistan-
mética é a soma dos termos. Considerando uma PA tes dos extremos se a quantidade de termos que prece-
que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos: derem o primeiro deles for igual à quantidade de termos
S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to- que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão:
dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10
= 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei- (a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ),
ro e o quinto termo, ou seja: a1 = 2 e a5 = 10 e . − − −
a1 + an � n
Nota-se que sempre que dois termos são equidis-
MATEMÁTICA
Sn =
2 tantes dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao
valor de n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que,
se os termos e são equidistantes dos extremos, então:
p + k = n+1
74
a15 = 10 + (15 – 1). 7
FIQUE ATENTO! a15 = 10 + 14 . 7
a15 = 10 + 98
Com as considerações anteriores, temos
que numa PA com termos, a soma de dois ter- a15 = 108
mos equidistantes dos extremos é constante e
igual a soma do primeiro termo com o último O 15° termo da progressão é 108.
termo.
2. (CONED-2016) Em uma PA com 12 termos, a soma
dos três primeiros é 12 e a soma dos dois últimos é 65. A
Ex: Sejam, numa PA de termos, ap e ak termos equi- razão dessa PA é um número:
distantes dos extremos, teremos, então: a) Múltiplo de 5
b) Primo
ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r c) Com 3 divisores positivos
ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r d) Igual a média geométrica entre 9 e 4
e) Igual a 4!
75
Soma finita dos termos
FIQUE ATENTO! Seguindo o mesmo princípio da PA, temos na PG a so-
Atenção as definições de PG decrescen- matória dos “n” primeiros termos também. Uma fórmula
te e PG alternada, muitos alunos se confundem foi deduzida e está apresentada a seguir:
e dizem que PG decrescente ocorre quando ,
em uma analogia a PA. a1 � qn − 1
Sn =
q−1
Termo Geral
O ponto interessante desta fórmula é que ela depende
Dado esta lógica de formação das progressões geo- apenas da razão e do primeiro termo, sem a necessidade
métricas, podemos também definir a “expressão do ter- de obter o termo . Caso você tenha qualquer outro termo
mo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática que rela- e a razão q, você obtém primeiramente o primeiro termo
ciona dois termos de uma PG com a razão q: com a fórmula do termo geral e depois obtém a soma. O
exemplo a seguir ilustra isso:
Exemplo: Calcule a soma dos quatro primeiros temos
an = ap � qn−p , n ∈ ℕ∗ , q ∈ ℝ
de uma PG, com q = 3 e a2 = 12
Onde an e ap são termos quaisquer da PG. Essa ex- Resolução: Para aplicar a fórmula da soma, é necessá-
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas: rio obter o primeiro termo da PG. Usando o termo geral
(com n=2 e p=1):
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
trar outro termo. Exemplo: O primeiro termo da PG igual
a 5 e a razão é 2, qual é o quarto termo? an = ap � qn−p
a2 = a1 � q2−1
Resolução: Temos então a1 = 5 e q = 2 e quere-
12 = a1 � 31
mos achar a4 . Substituindo na fórmula do termo geral,
a1 = 4
temos que p = 1 e n = 4. Assim:
76
Lógica sentencial (ou proposicional)
#FicaDica As sequências lógicas aparecem com frequências nas
A fórmula é bem simples e como na fórmula da provas de concurso. São vários tipos: números, letras,
soma dos “n” primeiros termos, temos depen- figuras, baralhos, dominós e como é um assunto mui-
dência apenas do primeiro termo e da razão. to abrangente, e pode ser pedido de qualquer forma, o
que ajudará nos estudos serão as práticas de exercícios
e algumas dicas que darei. Em cada exemplo, darei al-
Exemplo: Calcule a soma infinita da seguinte PG: gumas dicas para toda vez que você visualizar esse tipo
de questão já ajude a analisar que tipo será. Vamos lá?
1 1 1 1 1
S = {1, , , , , ,…�
2 4 8 16 32 1. Sequência de Números
Resolução: Como se trata de uma PG decrescente Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
1 cação.
com a1 = 1 e q = , ela atende aos requisitos da soma Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA,
2
infinita: Substituindo na fórmula: ela vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão,
alguns serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se as-
a1 suste se achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será
S∞ = isso e ponto.
1−q
Vamos ver alguns tipos de sequências:
1 -Progressão Aritmética
S∞ =
1 2 5 8 11
1−2
77
-Quadrados Perfeitos Resposta: Letra A.
1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.
Galo=4
Exemplo 1 Pato=4
Carneiro=8
(UFPB – ADMINISTRADOR – IDECAN/2016) Consi- Cobra=4
dere a sequência numérica a seguir: Jacaré=6
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de Número de sílabas
formação a partir do terceiro termo, então o denomina- Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
dor do próximo termo da sequência é: Começadas com as letras dos meses?não...
Difícil...
a) 9. São animais, então:
b) 11. Galo e pato são aves
c) 26. Cobra e jacaré são répteis
d) 27. O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
procurar outro mamífero que no caso é o boi
Resposta: Letra D. Resposta: A.
Quando há uma sequência que não parece progres-
são aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para 2. (IBGE - TÉCNICO EM INFORMAÇÕES GEOGRÁ-
soma os dois anteriores, soma 1, e assim por diante. FICAS E ESTATÍSTICAS – FGV/2016) Considere a se-
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o quência infinita
terceiro: 3+6=9 IBGEGBIBGEGBIBGEG...
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respecti-
Vamos ver se ficará certo com o restante vamente:
6+3=9
9/3=3 a) BG;
3+2=5 b) GE;
5/3 c) EG;
Opa...parece que deu certo d) GB;
e) BI.
Então:
Resposta: Letra E.
É uma sequência com 6
Cada letra equivale a sequência
I=1
B=2
G=3
E=4
G=5
3. Sequência de Letras B=0
2016/6=336 resta 0
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difí- 2017/6=336 resta 1
cil de falar, pois podem ser de vários tipos.
Às vezes temos que substituir por números, outras Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva-
analisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns lente a última letra
exemplos? E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira
letra.
Exemplos
4. Sequência de Figuras
1. (AGERIO – ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO –
FDC/2015) Considerando a sequência de vocábulos: Do mesmo modo que a sequência de letras, é um
galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré tema abrangente, pois a banca pode pedir a figura que
A alternativa lógica que substitui X é: convém.
a) boi
MATEMÁTICA
b) siri
c) sapo
d) besouro
e) gaivota
78
Exemplo Resposta: Letra C.
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
1. (FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tec- Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
nologia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que con- 213+1=8193
tém a próxima figura da sequência.
02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITUTO
AOCP/2017) Uma máquina foi programada para distri-
buir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
(A) o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na
seguinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas infor-
mações mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª
senhas, respectivamente, são:
a) 69 e Z.
(B) b) 90 e Y.
c) T e 88.
d) 77 e Z.
e) Y e 100.
(C) Resposta: Letra D
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5, 8,...)
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocu-
pará na sequência. Portanto será a 26
A26=a1+25r
A26=2+25⋅3
(D) A26=2+75=77
Resposta: Letra B.
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D?
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de
todos.
Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados do
triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pre-
EXERCÍCIO COMENTADO
tos. Na etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados
dos triângulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os
01. ( TRE/RJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - OPERAÇÃO triângulos com vértices nesses pontos médios, obtendo-
DE COMPUTADORES – CONSULPLAN/2017) Os ter- -se um novo conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e
mos de uma determinada sequência foram sucessiva- as seguintes mantêm esse padrão de construção.
mente obtidos seguindo um determinado padrão: Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú-
(5, 9, 17, 33, 65, 129...) mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é
O décimo segundo termo da sequência anterior é um
número a) 729.
MATEMÁTICA
b) 1.024.
a) menor que 8.000. c) 2.187.
b) maior que 10.000. d) 4.096.
c) compreendido entre 8.100 e 9.000. e) 6.561.
d) compreendido entre 9.000 e 10.000.
79
Resposta: Letra C 07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217)
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3. círculos:
04. (SESAU/RO – ENFERMEIRO – FUNRIO/2017) Ob- Continuando a sequência de maneira a manter o mesmo
serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ... padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é:
O próximo termo é o:
a) 334.
a) 65.
b) 314.
b) 66.
c) 342.
c) 67.
d) 324.
d) 68.
e) 69. e) 316.
05. (TRT 24ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – 08. (CODEBA – GUARDA PORTUÁRIO – FGV/2016)
FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; Para passar o tempo, um candidato do concurso escre-
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- veu a sigla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a
mos e pelas letras outra, formando a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ...
a) EI. A 500ª letra que esse candidato escreveu foi:
b) UA.
c) OA. a) O
d) IO. b) D
e) AE. c) E
d) B
Resposta: Letra D. e) A
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
tanto: Resposta: Letra A.
12/5=2 e resta 2
É uma sequência com 6 letras:
Assim, será igual ao segundo termo, IO.
500/6=83 e resta 2
C=1
06. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
O=2
IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, %
, &, # , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que D=3
estará na 117ª posição será: E=4
B=5
a) @ A=0
b) % Como restaram 2, então será igual a O.
c) &
d) # 09. (MPE/SP – OFICIAL DE PROMOTORIA I – VU-
e) $ NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3,
5); ...) tem como termos sequências contendo apenas
Resposta: Letra A. os números 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da
117/4=29 e resta 1 sequência, cada termo, que também é uma sequência,
MATEMÁTICA
Portanto, é igual a figura 1 @ deve ter o menor número de elementos possível. Dessa
forma, o número de elementos contidos no décimo oi-
tavo termo é igual a:
80
a) 5.
b) 4.
c) 6. HORA DE PRATICAR!
d) 7.
1.(SAAE de Aimorés – MG) Em uma festa de aniversário,
e) 8.
cada pessoa ingere em média 5 copos de 250 ml de refri-
gerante. Suponha que em uma determinada festa, havia
Resposta: Letra A.
20 pessoas presentes. Quantos refrigerantes de 2 litros o
Vamos somar os números:
organizador da festa deveria comprar para alimentar as
3+5=8
20 pessoas?
3+3+3=9
5+5=10
a) 12
3+3+5=11
b) 13
c) 15
Observe que
d) 25
os termos formam uma PA de razão 1.
a18=?
2. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
a18=a1+17r
CORRETA:
a18=8+17
I) 3 𝑥 4 ∶ 2 = 6
a18=25
II) 3 + 4 𝑥 2 = 14
Para dar 25, com o menor número de elementos pos-
III) O resto da divisão de 18 por 5 é 3
síveis, devemos ter (5,5,5,5,5)
a) I somente
10. (CODAR – RECEPCIONISTA – EXATUS/2016) A
b) I e II somente
sequência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui
c) I e III somente
determinada lógica em sua formação. O número corres-
d) I, II e III
pondente ao décimo elemento dessa sequência é:
3. (Pref. de Timon – MA) O problema de divisão 648 : 2
a) 91
é equivalente à:
b) 88.
c) 87
a) 600: 2 𝑥 40: 2 𝑥 8: 2
d) 84
b) 6: 2 + 4: 2 + 8: 2
c) 600: 2 − 40: 2 − 8: 2
Resposta: Letra A.
d) 600: 2 + 40: 2 + 8: 2
A princípio, queremos ver a sequência com os termos
e) 6: 2𝑥4: 2𝑥8: 2
seguidos mesmo, o que seria:
99+4=103
4. (Pref. de São José do Cerrito – SC) Qual o valor da
103-7=96
expressão: 34 + 14.4⁄2 − 4 ?
96+4=100
100-7=93
a) 58
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi-
b) -31
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil.
c) 92
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam
d) -96
uma PA de razão r=-3
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão
5. (IF-ES) Um caminhão tem uma capacidade máxima de
também r=-3
700 kg de carga. Saulo precisa transportar 35 sacos de ci-
Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên-
mento de 50 kg cada um. Utilizando-se desse caminhão,
cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos
o número mínimo de viagens que serão necessárias para
tratando apenas dela, a10=a5
realizar o transporte de toda a carga é de:
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por
diante.
a) 4
A5=a1+4r
b) 5
A5=103-12
c) 2
A5=31
d) 6
e) 3
RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA.
MATEMÁTICA
81
6. (Pref. Teresina – PI) Roberto trabalha 6 horas por dia 12. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à
de expediente em um escritório. Para conseguir um dia primeira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o
extra de folga, ele fez um acordo com seu chefe de que que ocorrerá com o total?
trabalharia 20 minutos a mais por dia de expediente pelo
número de dias necessários para compensar as horas de a) -2
um dia do seu trabalho. O número de dias de expediente b) -1
que Roberto teve que trabalhar a mais para conseguir c) +1
seu dia de folga foi igual a Parte superior do formulário d) +2
e) +3
a) 16
b) 15 13. (Prefeitura de Chapecó – Engenheiro de Trânsito
c) 18 – IOBV/2016) A alternativa cujo valor não é divisor de
d) 13 18.414 é:
e) 12
a) 27
7.(ITAIPU BINACIONAL) O valor da expressão: b) 31
1 + 1 + 1 + 1𝑥7 + 1 + 1𝑥0 + 1 − 1 é c) 37
d) 22
a) 0
b) 11 14. Verifique se os números abaixo são divisíveis por 4.
c) 12
d) 29 a) 23418
e) 32 b) 65000
c) 38036
8. Qual a diferença prevista entre as temperaturas no d) 24004
Piauí e no Rio Grande do Sul, num determinado dia, se- e) 58617
gundo as informações? Tempo no Brasil: Instável a enso-
larado no Sul. Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul. 15. (ALGÁS – ASSISTENTE DE PROCESSOS ORGANI-
Máxima prevista 37° no Piauí. ZACIONAIS – COPEVE/2014)
a) 726 b) 30
b) 738 c) 28
c) 744 d) 26
d) 752
e) 770
82
17. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE ADMINIS- 22. (PREF. SANTA TERIZINHA DO PROGRESSO-SC
TRATIVO – IDHTEC/2016) O número 102 + 101 + 100 é – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CURSIVA/2018)
a representação de que número? Acerca dos números primos, analise.
I- O número 11 é um número primo;
a) 100 II- O número 71 não é um número primo;
b) 101 III- Os números 20 e 21 são primos entre si.
c) 010
d) 111 Dos itens acima:
e) 110
a) Apenas o item I está correto.
18. (TRF-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) O b) Apenas os itens I e II estão corretos.
resultado da expressão numérica 53 : 51 × 54 : 5 × 55 : 5 : c) Apenas os itens I e III estão corretos.
56 - 5 é igual a : d) Todos os itens estão corretos.
83
Está(ão) CORRETO(S):
a) II
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) Todos os itens
a) 20%.
b) 8%
c) 12,5%
d) 15%
e) 10,5%
a) 0,8.
b) 0,7.
c) 0,6.
d) 0,5.
e) 0,4.
84
30. Certo concreto é obtido misturando-se uma parte de 35. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
cimento, dois de areis e quatro de pedra. Qual será (em PE – 2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro-
m³) a quantidade de areia a ser empregada, se o volume vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos
a ser concretado é 378 m³? a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte
afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão
a) 108m3 será totalmente modificada.”
b) 100m3 Considerando a situação apresentada e a proposição
c) 80m3 correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
e) 60m3 A negação da proposição pode ser corretamente expres-
sa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a decisão
31. A herança de R$ 30.000,00 deve ser repartida entre não será totalmente modificada”.
Antonio, Bento e Carlos. Cada um deve receber em par-
tes diretamente proporcionais a 3, 5 e 6, respectivamen- ( ) CERTO ( ) ERRADO
te, e inversamente proporcionais às idades de cada um.
Sabendo-se que Antonio tem 12 anos, Bento tem 15 anos 36. (TRT 7ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
e Carlos 24 anos, qual será a parte recebida por Bento? PE – 2017) Texto CB1A5AAA
Proposição P: A empresa alegou ter pago suas obriga-
a) R$ 12.000,00. ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovan-
b) R$ 14.000,00. tes de pagamento; o juiz julgou, pois, procedente a ação
b) R$ 8.000,00. movida pelo ex-empregado.
c) R$ 24.000,00. Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovan-
32. (SAAE Aimorés- MG – Ajudante – MÁXIMA/2016) tes de pagamento.
Misturam-se 30 litros de álcool com 20 litros de gasolina. A proposição Q, anteriormente apresentada, está presen-
A porcentagem de gasolina na mistura é igual a: te na proposição P do texto CB1A5AAA.
A negação da proposição Q pode ser expressa por
a) 40%
b) 20% a) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
c) 30% videnciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
d) 10% mento.
b) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
33. (PREF. PIRAÚBA-MG – OFICIAL DE SERVIÇO PÚ- ciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
BLICO – MS CONCURSOS/2017) Certo estabelecimen- mento.
to de ensino possui em seu quadro de estudantes alunos c) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
de várias idades. A quantidade de alunos matriculados ciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
neste estabelecimento é de 1300. Sabendo que deste to- d) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
tal 20% são alunos maiores de idade, podemos concluir videnciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
que a quantidade de alunos menores de idade que estão gamento.
matriculados é:
37. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –
a) 160 CESPE – 2018) Como forma de melhorar a convivência,
b) 1040 as famílias Turing, Russell e Gödel disputaram, no parque
c) 1100 da cidade, em um domingo à tarde, partidas de futebol
d) 1300 e de vôlei. O quadro a seguir mostra os quantitativos de
membros de cada família presentes no parque, distribuí-
34. (PREF. JACUNDÁ-PA – AUXILIAR ADMINISTRA- dos por gênero.
TIVO – INAZ/2016) Das 300 dúzias de bananas que seu
José foi vender na feira, no 1° dia, ele vendeu 50% ao
Família Masculino Feminino
preço de R$ 3,00 cada dúzia; no 2° dia ele vendeu 30% da
quantidade que sobrou ao preço de R$ 2,00; e no 3° dia Turing 5 7
ele vendeu 20% do que restou da venda dos dias ante- Russel 6 5
riores ao preço de R$ 1,00. Quanto seu José apurou com
as vendas das bananas nos três dias? Gödel 5 9
a) R$ 700,00
b) R$ 540,00
c) R$ 111,00
d) R$ 450,00
MATEMÁTICA
e) R$ 561,00
85
A partir dessa tabela, julgue o item subsequente. a) 1/2.
Considere que, em eventual sorteio de brindes, um nome b) 9/16.
tenha sido retirado, ao acaso, do interior de uma urna que c) 27/128.
continha os nomes de todos os familiares presentes no d) 9/256.
evento. Nessa situação, sabendo-se que o sorteado não é
uma mulher da família Gödel, a probabilidade de ser uma 42.(SAAE de Aimorés – MG) Em uma festa de aniver-
mulher da família Russel será superior a 20%. sário, cada pessoa ingere em média 5 copos de 250 ml
de refrigerante. Suponha que em uma determinada festa,
( ) CERTO ( ) ERRADO havia 20 pessoas presentes. Quantos refrigerantes de 2
litros o organizador da festa deveria comprar para ali-
(PM-MA – 1º TENENTE – PM – CIRURGIÃO DENTIS- mentar as 20 pessoas?
TA – CESPE – 2017) Determinado laboratório de análises
clínicas está sendo investigado por emitir laudos falsos a) 12
de um exame constituído por 7 indicadores, correspon- b) 13
dentes à concentração de 4 compostos na corrente san- c) 15
guínea, obtidos da seguinte forma: uma medição da con- d) 25
centração de cada um dos compostos A, B, C e D, e 3
medições, por 3 diferentes técnicas, da concentração do 43. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
composto E. Os laudos verdadeiros de 7 pacientes (cha- CORRETA:
mados pacientes-fonte), com prenomes distintos, entre I) 3 𝑥 4 ∶ 2 = 6
eles Amanda, Bárbara, Carlos e Daniel, eram usados para II) 3 + 4 𝑥 2 = 14
compor laudos falsos para os demais pacientes. Para di- III) O resto da divisão de 18 por 5 é 3
ficultar a ação da autoridade policial, na montagem de
um laudo falso, o laboratório tomava o cuidado de, no a) I somente
conjunto de 7 medições que constituíam cada laudo falsi- b) I e II somente
ficado, usar apenas uma medição de cada paciente-fonte, c) I e III somente
ou seja, de nunca usar 2 ou mais medições de um mesmo d) I, II e III
paciente-fonte.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens 44. (Pref. de Timon – MA) O problema de divisão 648 :
seguintes. 2 é equivalente à:
86
47. (Pref. Teresina – PI) Roberto trabalha 6 horas por dia 53. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à
de expediente em um escritório. Para conseguir um dia primeira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o
extra de folga, ele fez um acordo com seu chefe de que que ocorrerá com o total?
trabalharia 20 minutos a mais por dia de expediente pelo
número de dias necessários para compensar as horas de a) -2
um dia do seu trabalho. O número de dias de expediente b) -1
que Roberto teve que trabalhar a mais para conseguir c) +1
seu dia de folga foi igual a Parte superior do formulário d) +2
e) +3
a) 16
b) 15 54. (Prefeitura de Chapecó – Engenheiro de Trânsito
c) 18 – IOBV/2016) A alternativa cujo valor não é divisor de
d) 13 18.414 é:
e) 12
a) 27
48.(ITAIPU BINACIONAL) O valor da expressão: b) 31
1 + 1 + 1 + 1𝑥7 + 1 + 1𝑥0 + 1 − 1 é c) 37
d) 22
a) 0
b) 11 55. Verifique se os números abaixo são divisíveis por 4.
c) 12
d) 29 a) 23418
e) 32 b) 65000
c) 38036
49. Qual a diferença prevista entre as temperaturas no d) 24004
Piauí e no Rio Grande do Sul, num determinado dia, se- e) 58617
gundo as informações? Tempo no Brasil: Instável a enso-
larado no Sul. Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul. 56. (ALGÁS – ASSISTENTE DE PROCESSOS ORGANI-
Máxima prevista 37° no Piauí. ZACIONAIS – COPEVE/2014)
a) 726 d) 26
b) 738
c) 744
d) 752
e) 770
87
58. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE ADMINIS-
23 D
TRATIVO – IDHTEC/2016) O número 102 + 101 + 100 é
a representação de que número? 24 D
25 A
a) 100
b) 101 26 C
c) 010
d) 111 27 B
e) 110 28 E
1 B 40 CERTO
2 C 41 C
3 D 42 B
4 A 43 C
5 E 44 D
6 C 45 A
7 B 46 E
8 D 47 C
9 A 48 B
10 C 49 D
11 B 50 A
12 E 51 C
13 C 52 B
14 B 53 E
15 C 54 C
16 B 55 B
17 D 56 C
18 A 57 B
19 B 58 D
20 D 59 A
MATEMÁTICA
21 C
22 C
88
ÍNDICE
HISTÓRIA
A Expansão Marítima nos séculos XV e XVI e o “Achamento” da América e do Brasil ................................................................................01
Sociedades indígenas na América: o encontro entre portugueses e povos indígenas ..............................................................................01
Brasil colônia: economia e sociedade; tráfico negreiro, escravismo e resistência à escravidão; o quilombo e os movimentos
nativistas. A ocupação holandesa no Brasil. Mineração e vida urbana no Brasil. ........................................................................................04
A Revolução Francesa: a expansão napoleônica, a família real no Brasil e o processo de emancipação política brasileira ........16
O Primeiro Reinado no Brasil. O Período Regencial no Brasil. Segundo Reinado do Brasil: política interna e externa .................18
Economia cafeeira ..................................................................................................................................................................................................................20
Escravidão e abolicionismo: formas de resistência e o fim do tráfico e da escravidão ..............................................................................20
Industrialização, urbanização e imigração: as transformações econômicas, políticas e sociais no Brasil e a Proclamação da Re-
pública.........................................................................................................................................................................................................................................23
O Brasil durante a Primeira Guerra Mundial. ...............................................................................................................................................................24
A Crise de 1929: o impacto da Grande Depressão no Brasil. ................................................................................................................................26
Segunda Guerra Mundial e o período Vargas. ............................................................................................................................................................26
Guerra Fria: contextualização e consequências para o Brasil. ...............................................................................................................................28
A Ditadura militar no Brasil. ................................................................................................................................................................................................29
A Redemocratização no Brasil. ..........................................................................................................................................................................................26
Os soberanos, à medida que obtinham recursos
A EXPANSÃO MARÍTIMA NOS SÉCULOS financeiros, em troca de privilégios, fortaleciam seus
XV E XVI E O “ACHAMENTO” DA AMÉRICA exércitos e submetiam os antigos feudos e as no-
E DO BRASIL. SOCIEDADES INDÍGENAS vas vilas e cidades à sua autoridade, incorporando
NA AMÉRICA: O ENCONTRO ENTRE esses territórios ao que viriam a ser seus reinos. Era o
embrião do futuro Estado nacional.
PORTUGUESES E POVOS INDÍGENAS.
Intensas lutas precederam e consolidaram o
Estado português. O primeiro grande embate foi
para a expulsão dos mouros da Península Ibérica em
Este capítulo trata das condicionantes, físicas e 1249 (os mouros, comandados pelo general Ta-
políticas, que levaram portugueses e espanhóis a se rik, invadiram a Península Ibérica no ano de 711), no
aventurar pelo mar, em busca de caminhos alternati- movimento denominado Reconquista, quando
vos para o comércio com as Índias. Vimos, no capítu- Portugal consolidou seu território e firmou-se como
lo anterior, o desenvolvimento da construção naval “o primeiro Estado europeu moderno”, segundo o
e dos instrumentos náuticos que permitiram tal feito. historiador Charles Boxer. Mas somente após a vi-
Agora, vamos conhecer um pouco os navegantes que tória sobre os Reinos de Leão e Castela, em 1385, na
se aventuraram e um pouco da história dos seus paí- Batalha de Aljubarrota, e a assinatura do tratado de
ses de origem, ou seja, Portugal e Espanha. paz e aliança perpétua com o Reino de Castela, em
O pioneirismo português, já no final do século XIV, foi 1411, a paz foi selada.
resultado de Portugal estar com suas fronteiras estabe- Portugal iniciou seu processo de expansão ul-
lecidas e ter um poder estatal em processo de centrali- tramarina conquistando aos mouros a cidade de
zação, possibilitando o incentivo, por parte do governo, Ceuta, no norte da África. A partir daí, virou-se para o
à expansão ultramarina. A primeira conquista portu- mar, onde se tornou dominante. Como não poderia
guesa no ultramar foi a cidade de Ceuta, no norte da deixar de ser, essa empreitada envolveu somas altíssi-
África. Na sequência, Diogo Cão explorou a costa africana mas e, para financiá-la, a coroa portuguesa se valeu
entre os anos de 1482 e 1485; depois foi a vez de Barto- do aumento de impostos e recorreu a empréstimos
lomeu Dias que, atingindo o sul do continente africano, financeiros de grandes comerciantes e banqueiros
passou pelo Cabo das Tormentas, em 1487, que passou (inclusive italianos).
a ser denominado Cabo da Boa Esperança.
Vasco da Gama, em 1498, chegou a Calicute, su- LUSITÂNIA
doeste da Índia, estabelecendo a rota entre Portu- Conhecida outrora pelo nome de Lusitânia, a
gal e o Oriente. Em 1500, a frota de Pedro Álvares Ca- região que hoje é Portugal foi originalmente habi-
bral chegou às terras do Brasil. Estava, assim, formado tada por populações iberas de origem indo-euro-
o império ultramarino português. péia. Mais tarde, foi ocupada, sucessivamente, por
Já os espanhóis se aventuraram em busca do ca- fenícios (século XII a.C.), gregos (século VII a.C.), car-
minho para as Índias na direção oeste. Cristóvão Co- tagineses (século III a.C.), romanos (século II a.C.) e,
lombo chegou à América em 1492, e Fernão de Ma-
posteriormente, pelos visigodos (povo germânico,
galhães, financiado pela Espanha, alcançou, em 1519,
convertido ao cristianismo no século VI), desde o ano
o extremo sul do continente sul-americano, ultra-
de 624.
passou o estreito que hoje leva seu nome e cruzou o
Em 711, a região foi conquistada pelos muçulma-
Oceano Pacífico, chegando às Filipinas em 1521.
nos, impulsionados por sua política de expansionis-
Tendo descoberto as terras que Portugal denomi-
mo, tendo como base uma coligação formada por
nou Brasil, foi necessário reconhecê-las e povoá-las.
Veremos, a partir daqui, quais as expedições que re- árabes, sírios, persas, egípcios e berberes, estes
conheceram o nosso litoral e as providências adota- em maioria, todos unidos pela fé islâmica e denomi-
das para povoá-lo. nados mouros.
Singremos, portanto, no reconhecimento da nova A resistência aos invasores só ganhou força a par-
terra. tir do século XI, após a formação dos reinos cristãos
ao norte, como Leão, Castela, Navarra e Aragão. A
FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO guerra deflagrada contra os mouros contou com
PORTUGUÊS E EXPANSÃO ULTRAMARINA o apoio de grande parte da aristocracia europeia,
A condição fundamental para o processo de for- atraída pelas terras que a conquista lhes proporcio-
mação das nações europeias foi a crise do feudalis- naria.
mo, que teve início em meados do século XIII. Essa crise A origem do próprio Estado português se deu
foi resultante da relativa paz em que vivia o continente com a formação do Condado Portucalense, sob o
europeu, que permitiu a criação dos burgos (fora dos domínio de Dom Henrique de Borgonha.
limites do senhor feudal, que lhes dava proteção em As vitórias alcançadas pelos exércitos de Dom
troca da vassalagem), que viriam a se transformar em Henrique mostraram à Santa Sé a importância que es-
vilas ou cidades com relativa autonomia. Isso provo- tes vinham adquirindo com o sucesso das lutas mili-
tares. Assim, os interesses do senhorio do condado e
HISTÓRIA
1
O Tratado de Zamora, firmado em 1143 entre o Poeta ou Rei Trovador, Dom Dinis foi monarca essen-
duque portucalense Dom Afonso Henriques (1128- cialmente administrador e não guerreiro. Envol-
1185), filho de Henrique de Borgonha, e Dom Afonso vendo-se em guerra contra Castela, em 1295, desistiu
VII, imperador de Leão, determinou o reconhecimen- dela em troca das Vilas de Serpa e Moura.
to, por parte deste último, da independência do an- Pelo Tratado de Alcanizes (1297) formou a paz com
tigo condado, agora Reino de Portugal. Castela, ocasião em que foram definidas as frontei-
ras atuais entre os países ibéricos.
ORDENS MILITARES E RELIGIOSAS Preocupado com a infraestrutura do país, orde-
Outro fator a ser ressaltado diz respeito às or- nou a exploração de cobre, estanho e ferro, fomen-
dens militares (ordens de cavalaria sujeitas a um es- tou as trocas comerciais com outros países, assinou o
tatuto religioso e que se propunham a lutar contra primeiro tratado comercial com a Inglaterra, em 1308,
os mulçumanos) no processo da Reconquista. Tais e instituiu a Marinha Real. Nomeou, então, o primeiro
ordens, fundadas com o intuito de auxiliar doentes almirante (de que se tem conhecimento) da Marinha
e peregrinos que iam à Terra Santa e, sobretudo, para portuguesa, Nuno Fernandes Cogominho, para
combater militarmenteos adeptos da fé mulçuma- cuja vaga foi contratado, em 1317, o genovês Pezag-
na, participaram das batalhas contra os mouros na no (ou Manuel Pessanha). Data dessa época a che-
Península Ibérica. gada dos portugueses às Ilhas Canárias.
Deve-se também à sua iniciativa a intensificação
O PAPEL DA NOBREZA da monocultura do pinheiro bravo (Pinhal de Leiria),
Além de setores diretamente ligados à Igreja, como reserva florestal para o fornecimento de madei-
assinala-se também intensa vinculação da nobreza ra destinada à construção naval e à exportação.
portucalense na formação do Estado nacional lusi- No reinado de Dom Fernando I (1367-1383), a
tano. Esse setor social, cujo poder se originava na pro- construção naval recebeu grande incentivo, me-
priedade da terra, também participou de forma deci- diante a isenção de impostos e a concessão de van-
siva nas guerras da Reconquista, apoiando o esforço tagens e garantias aos construtores navais. Como
militar da realeza. Esta, num primeiro momento, con- resulta do, incrementaram-se o comércio marítimo,
cedeu privilégios bastante amplos à nobreza. Mais a exportação de produtos da agricultura e a im-
tarde, contudo, pretendeu limitar tais privilégios, portação de tecidos e manufaturas. As rendas da
impondo medidas que beneficiavam a centralização Alfândega de Lisboa, considerado porto franco e
do poder. intensamente frequentado por estrangeiros, au-
mentaram significativamente.
A IMPORTÂNCIA DO MAR NA FORMAÇÃO DE O processo de centralização do poder foi o ele-
PORTUGAL mento essencial que permitiu ao reino português
Paralelamente aos problemas político-territo- lançar-se na expansão ultramarina porém, deve-se
riais apontados, é digno de destaque que, além da destacar que os limites da extração das rendas obti-
agricultura, o comércio marítimo e a pesca eram das das com a agricultura fizeram a coroa voltar seus olhos
mais importantes atividades praticadas em Portu- às atividades comerciais e marítimas.
gal, país de solo nem sempre fértil e produtivo. A ati- O monopólio exercido pelas cidades italianas de
vidade pesqueira destacou-se como fundamental Gênova e Veneza sobre as rotas de comércio com a
para complemento da alimentação de sua popu- Ásia levou os grupos mercantis portugueses a pro-
lação. curar outra alternativa para realização de seus ne-
Situado em posição geográfica estratégica, à gócios e, consequentemente, para obtenção de
beira do Oceano Atlântico e próximo ao Mediterrâ- lucros. A saída seria o contato direto com os comer-
neo, era de se esperar que desenvolvesse grande ciantes árabes, evitando o intermediário genovês
devotamento à navegação e, consequentemente, ou veneziano. Para isso muito contribuiu a estrutura
à construção naval. Natural, também, que a Marinha naval já existente no reino, cujo desenvolvimento foi
portuguesa fosse utilizada em caráter militar, o que estimulado pela coroa.
ocorreu a partir do século XII. A expansão marítima portuguesa caracterizou-se
No reinado de Dom Sancho II (1223-1245) podem por duas vertentes. A primeira, de aspecto imediatis-
ser assinaladas as primeiras tentativas de implanta- ta, realizada ao norte do continente africano, visa-
ção de uma frota naval pertencente ao Estado, or- va à obtenção de riquezas acumuladas naquelas
denando, inclusive, a construção de locais específicos regiões por meio da prática de pilhagens. A tomada
nas praias para reparo de embarcações. de Ceuta, no norte da África (Marrocos), em 1415, se-
ria um dos exemplos mais representativos desse tipo
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL de empreendimento e marca o início da expansão
Durante o reinado de Dom Dinis (1279-1325), sexto portuguesa rumo à África e à Ásia. Em menos de um
rei de Portugal (primeiro a assinar documentos com século, Portugal dominou as rotas comerciais do
nome completo e, presumidamente, primeiro rei Atlântico Sul, da África e da Ásia. Sua presença foi tão
não analfabeto daquele país), iniciativas bastante marcante nesses mercados que, nos séculos XVI e
HISTÓRIA
relevantes foram adotadas para o fomento da cul- XVII, a língua portuguesa era usada nos portos como
tura, da agricultura, do comércio e da navegação. língua franca– aquela que permite o entendimento
Denominado O Lavrador ou Rei Agricultor e ainda Rei entre marinheiros de diferentes nacionalidades.
2
Ordem de Cristo Os portugueses discordaram da proposta e no-
Na segunda vertente, o objetivo colocava-se vas negociações resultaram na assinatura do Trata-
mais a longo prazo, já que se buscava conquistar do de Tordesilhas (cidade espanhola), em 7 de junho
pontos estratégicos das rotas comerciais com o de 1494, que garantiu à coroa portuguesa as terras
Oriente, criando ali entrepostos (feitorias) controla- que viessem a ser descobertas até 370 léguas a oeste
dos pelos comerciantes lusos. Foi o caso da tomada do Arquipélago de Cabo Verde. As terras situadas
das cidades asiáticas. Tal modo de expansão tam- além desse limite pertenceriam à Espanha.
bém ficou marcado pelo aspecto religioso (cruza- Dom João II morreu em 1495 e coube ao seu su-
das), pois mantinha-se a ideia de luta cristã contra os cessor, Dom Manuel, dar continuidade ao projeto
muçulmanos. expansionista. Durante sua gestão aconteceu a via-
Cronologicamente e resumidamente, assim se gem de Vasco da Gama, que partiu do Rio Tejo em julho
deu o referido processo expansionista: de 1497, dobrou o Cabo da Boa Esperança e, em maio
Entre 1421 e 1434 os lusitanos chegaram aos de 1498, após quase um ano de viagem, chegou a
Arquipélagos da Madeira e dos Açores e avançaram Calicute, na Índia.
para além do Cabo Bojador. Até esse ponto, a nave- A façanha de Vasco da Gama colocou Portugal em
gação era basicamente costeira. contato direto com a região das especiarias, do ouro
Em 1444, atingiram a Ilha de Arguim, no Senegal, e das pedras preciosas, e, como consequência, pas-
onde instalaram a primeira feitoria em território africa- sou a ser o principal fornecedor de tais produtos na
no e iniciaram a comercialização de escravos, marfim Europa, abalando seriamente o comércio das re-
e ouro. públicas italianas.
Entre 1445 e 1461, descobriram o Arquipélago de
Cabo Verde, navegaram pelos Rios Senegal e Gâm- A DESCOBERTA DO BRASIL
bia e avançaram até Serra Leoa.
No período 1487/1488, Bartolomeu Dias atingiu o Vasco da Gama retornou a Portugal em julho de
Cabo das Tormentas, no extremo sul do continente 1499 sob clima de grande excitação, motivado pela des-
– que passou a ser chamado de Cabo da Boa Espe- coberta da nova rota para as Índias. Pouco depois, a
rança – e chegou ao Oceano Índico, conquistando o 9 de março de 1500, partiu em direção ao oriente uma
trecho mais difícil do caminho das Índias. portentosa frota de treze navios (dez provavelmente
Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na cos- eram naus e três navios menores, que seriam caravelas).
ta sudoeste da Índia, estabelecendo a rota entre De seu comandante, Pedro Álvares Cabral, sabe-
Portugal e o Oriente. -se que nasceu na vila de Belmonte, em 1467 ou
Durante o reinado de Dom João II, iniciado em 1468, segundo filho de Fernão Cabral, senhor de Bel-
1481, a expansão ultramarina atingiu o auge com monte, e de Dona Isabel de Gouveia. Na juventude teria
os feitos dos navegadores Diogo Cão e Bartolomeu prestado bons serviços à coroa nas guerras da África.
Dias. Abriram-se, desse modo, novas e extraordiná- De qualquer modo, sabe-se da dúvida de Dom Manuel
rias perspectivas para a nação portuguesa. O negó- na escolha do comandante da expedição, que no pri-
cio das especiarias do Oriente, levadas para a Ará- meiro momento recaiu sobre Vasco da Gama.
bia e o Egito pelos árabes e dali transportadas aos Cabral teria na época cerca de 30 anos e levava con-
países europeus, por intermédio de Veneza – que sigo marinheiros ilustres, como Bartolomeu Dias e Ni-
enriquecera com o tráfico –, vai se concentrar em no- colau Coelho, além de numerosa tripulação, perto de
vas rotas, deslocando o foco do comércio mundial do 1,5 mil homens e oito frades franciscanos, os primeiros
Mediterrâneo para o Oceano Atlântico. religiosos mandados por Portugal a tais lugares.
Foi justamente um genovês, Cristóvão Colom- Uma das recomendações feitas a Cabral era que
bo, quem abalou as pretensões de Dom João II na tivesse particular cuidado com o sistema de ventos
sua política expansionista, ao descobrir a América em nas proximidades da costa africana, fruto da experiên-
1492. No retorno de sua famosa viagem, Colombo cia de Vasco da Gama. Na manhã do dia 14 de março,
avistou-se com o rei de Portugal, comunicando-lhe a frota atingiu as Ilhas Canárias, fazendo 5.8 [nós] de
a descoberta. Anteriormente, o mesmo Colombo velocidade média. No dia 22, avistou São Nicolau, uma
já havia oferecido seus serviços ao soberano por- das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde.
tuguês, que recusou a oferta baseado em informa- Prosseguindo a navegação sempre em rumo su-
ções dadas pelos cosmógrafos do reino, levando o doeste, foram avistadas ervas marinhas, indicando
genovês a dirigir-se a Castela, onde obteve apoio terra próxima. No dia 22 de abril, foram avistadas as
financeiro para sua viagem. primeiras aves e, ao entardecer, avistaram terra. Ao
Abalado com as notícias trazidas por Colombo, longe, um monte alto e redondo foi denominado
Dom João II cogitou em mandar uma expedição em Pascoal, por ser semana da Páscoa. Na manhã se-
direção às terras recém-descobertas, convencido de guinte avançaram as caravelas, sondando o fundo, e
que lhe pertenciam por direito. Pouco de pois, a ques- [fundearam] a milha e meia da praia próxima à foz de
tão foi arbitrada por três [bulas] do Papa Alexandre um rio, mais tarde denominado Rio do Frade. Após
VI, que concederam à Espanha os direitos sobre as reunião com os comandantes, foi decidido enviar a
HISTÓRIA
terras achadas por seus navegadores a ocidente do terra um [batel], sob o comando de Nicolau Coelho,
meridiano traçado a cem léguas a oeste das Ilhas para fazer contato com os nativos, quando se deu o
dos Açores e de Cabo Verde. primeiro encontro entre portugueses e indígenas.
3
Durante a noite soprou vento forte, seguido de chuvarada, colocando em risco as embarcações. Consul-
tados os pilotos, decidiu Cabral sair em busca de local mais abrigado, chegando em Porto Seguro, hoje Baía
Cabrália. Alguns tripulantes desceram à terra, e não conseguiram entender os habitantes, nem por eles ser
entendidos, pois falavam uma língua desconhecida.
No dia 26 de abril de 1500, no litoral sul da Bahia, foi rezada a primeira missa – num domingo de Páscoa –,
onde foi decidido mandar ao reino, pela [naveta] de mantimentos, a notícia da descoberta. Nos dias poste-
riores, os marinheiros ocuparam-se em cortar lenha, lavar roupa e preparar [aguada], além de trocar presentes
com os habitantes do lugar. No dia 1o de maio, Pedro Álvares Cabral assinalou o lugar onde foi erigida uma cruz,
próximo ao que hoje conhecemos como Rio Mutari. Assentadas as armas reais e erigido o cruzeiro em lugar visí-
vel, foi erguido um altar, onde Frei Henrique de Coimbra celebrou a segunda missa.
No dia 2 de maio, a frota de onze navios levantou âncoras rumo a Calicute, deixando na praia dois [degreda-
dos], além de outros tantos [grumetes], se não mais, que desertaram de bordo. Antes de atingirem o Cabo da
Boa Esperança, quatro navios naufragaram e desgarrou-se a nau comandada por Diogo Dias, que percorreu
todo o litoral africano, reencontrando a frota na altura de Cabo Verde quando esta retornou.
Com seis navios, Cabral alcançou as Índias, em setembro de 1500. Em Calicute, as negociações foram difíceis,
surgindo desentendimentos com os indianos, quando portugueses foram mortos em terra (inclusive o escri-
vão da armada, Pero Vaz de Caminha) e o porto bombardeado. Em seguida, a Armada ancorou em Cochim e
Cananor, onde foi bem recebida, abastecendo-se de especiarias antes da viagem de retorno, iniciada no dia
16 de janeiro de
1501. Em 23 de junho, finalmente, a Armada adentrou o Rio Tejo, concluindo sua jornada.
Economia
Apesar de a “madeira de tingir”, que já era conhecida no Oriente, ter importância menor dentro do contexto da
expansão marítima portuguesa, são os portugueses que “antes de quaisquer outros irão se ocupar do assunto. Os espa-
nhóis, embora tivessem concorrido com eles nas primeiras viagens de exploração, abandonarão o campo em respeito
ao Tratado de Tordesilhas e à Bula Inter Coetera. O litoral brasileiro ficava na parte lusitana e os espanhóis respeitaram
seus direitos. O mesmo não se deu com os franceses, cujo rei (Francisco I) afirmaria desconhecer a cláusula do testa-
mento de Adão que reservara o mundo unicamente a portugueses e espanhóis. Assim eles virão também, e a concor-
rência só se resolveria pelas armas”. De início os habitantes nativos não sabiam diferenciar as nacionalidades europeias
rivais, apesar de que por volta de 1530 já tinham aprendido a fazê-lo. “Além dos portugueses marinheiros franceses e
mercadores da Normandia e de Rouen frequentavam a costa brasileira a fim de obter pau-brasil mediante trocas em
escala bastante grande e possivelmente em escala até maior do que os portugueses”.
Dessa forma, durante todo o período o contato português com o Brasil praticamente limitou-se a mercadores e
marinheiros de passagem que vinham trocar utensílios de ferro, bugigangas e ninharias originárias da Europa por pau-
-brasil, papagaio, macacos e a comida de que necessitavam durante a estadia - prática iniciada por um português de
renome, Tapinha. Tais atividades não acarretavam nenhuma fixação permanente, apesar de vários proscritos e deserto-
res terem “virado nativos” (como João Ramalho) e se tornado membros de grupos tribais ameríndios.
Era uma exploração rudimentar que não deixou traços apreciáveis, a não ser uma destruição impiedosa e em larga
escala das florestas nativas donde se extraía a preciosa madeira. (…) Os traficantes se aproximavam da costa, escolhen-
do um ponto abrigado e próximo das matas onde se encontrava a essência procurada, e ali embarcavam a mercadoria
que lhes era trazida pelos indígenas. (…) Para facilitar o serviço e apressar o trabalho, também se presenteavam os ín-
dios com ferramentas mais importantes e custosas: serras, machados. Assim mesmo a margem de lucros era considerá-
vel, pois a madeira alcançava grandes preços na Europa. O negócio, sem comparar-se embora com os que se realizavam
no Oriente, não era desprezível, e despertou bastante interesse.
A forma da exploração do pau-brasil, para os portugueses, era a concessão, pois toda atividade econômica ultra-
marina era considerada monopólio real, que cobrava direitos por sua exploração. A primeira concessão relativa ao pau-
-brasil data de 1501 e foi outorgada a Fernão de Noronha (que deixou seu nome a uma ilha do Atlântico pertencente
ao Brasil), associado a vários mercadores judeus. A concessão era exclusiva e durou até 1504. Os franceses, pelo fato de
o Rei também se sujeitar ao papa, tinham uma política mais liberal, uma vez que não podiam reclamar direito nenhum,
e às atividades eram de iniciativa e responsabilidade puramente individuais, que o Rei nunca endossara oficialmente.
Foi rápida a decadência da exploração do pau-brasil. Em alguns decênios esgotara-se o melhor das matas costeiras
que continham a preciosa árvore, e o negócio perdeu seu interesse. Assim mesmo continuar-se-á a explorar o produto,
HISTÓRIA
sempre sob o regime de monopólio real, realizando uma pequena exportação que durará até princípios do século XIX.
Mas não terá mais importância alguma apreciável, nem em termos absolutos, nem relativamente aos outros setores da
economia brasileira.
4
Legado do Período Os passos iniciais da colonização do Brasil foram da-
Indiretamente a concorrência entre franceses e por- dos a partir da criação de núcleos de colonização. Em de-
tugueses deixou marcas na costa brasileira. Foram cons- zembro de 1530, partiu de Lisboa uma grande expedição
truídas fortificações por ambas as facções nos trechos composta por 50 embarcações transportando homens,
mais ricos e proveitosos para servir de proteção em caso ferramentas, sementes e víveres. Comandada por Mar-
de ataque e para armazenamento do pau-brasil a es- tim Afonso de Souza, teve como objetivo estabelecer os
pera do embarque. As fortificações não duravam muito, primeiros núcleos de povoamento permanente no país.
apenas alguns meses, o necessário para que se juntasse
a madeira e se embarcasse. A exploração do pau-bra- São Vicente E Santo André
sil era uma atividade que tinha necessariamente de ser A expedição chegou ao litoral brasileiro em janeiro
nômade, pois a floresta era explorada intensivamente e de 1531. O primeiro núcleo de colonização, a vila de
rapidamente se esgotava, não dando origem a nenhum São Vicente, localizada no litoral, foi fundado em 1532.
núcleo de povoamento regular e estável. E é justamente Em seguida criou-se a vila de Santo André da Borda do
a instabilidade e a insegurança do domínio português
Campo, no planalto de Piratininga, região interiorana
sobre o Brasil que estão na origem direta da expedição
onde hoje se situa a Grande São Paulo. Nesses núcleos
de Martim Afonso de Sousa, nobre militar lusitano, e a
concediam-se aos colonos lotes de terra, denominados
posterior cessão dos direitos régios a doze donatários,
sob o sistema das capitanias hereditárias. Em 1530, D. sesmarias, para que iniciassem as plantações para pro-
João III mandou organizar a primeira expedição com ob- duzir os meios de subsistência e se fixarem na região.
jetivos de colonização. Esta tinha como objetivos: po- Também foram nomeados os primeiros administra-
voar o território brasileiro, expulsar os invasores e iniciar dores e criados os primeiros órgãos fiscais e judiciários.
o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil. A vila de São Vicente prosperou, estimulando a criação
de novos povoamentos em seu entorno; como Santos,
Monopólio real em 1536; que posteriormente veio a ser elevado à cate-
A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou goria de “vila” (1545).
seja, passou a ser um monopólio real, cabendo ao rei Apesar disso tudo, os primeiros esforços empreen-
conceder a permissão a alguém para explorar comercial- didos pelos portugueses para colonizar o Brasil revela-
mente a madeira. Mas, se o rei outorgava esse direito, ca- ram-se muito limitados. Os núcleos de colonização eram
bia ao arrendatário executar o negócio com seus próprios insuficientes para garantir a permanência dos colonos
meios, arcando com todos os riscos do empreendimento. que aqui chegavam e expandir os povoados. Para dar
O benefício que a Coroa obtinha com a concessão da prosseguimento ao povoamento da colônia de forma
exploração comercial do pau-brasil era uma parcela dos ordenada e eficiente, havia a necessidade de vultosos
lucros conseguidos pelo arrendatário. O primeiro nego- recursos econômicos, de que a Coroa portuguesa não
ciante a receber autorização régia para explorá-lo foi Fer- dispunha.
nando de Noronha, em 1502.
O ciclo de exploração do pau-brasil foi breve, já era Capitanias Hereditárias
que baseado numa extração predatória. Isto é, não havia Para prosseguir com o processo de colonização, Por-
a preocupação de repor as árvores derrubadas por meio tugal recorreu ao sistema de Capitanias hereditárias.
do replantio, o que resultou no rápido esgotamento des- Esse sistema já havia sido empregado com êxito em suas
se tipo madeira. Outros aspectos importantes a serem sa- possessões nos Açores, Madeira e Cabo Verde. Ele se
lientados é que a exploração de pau-brasil teve impacto baseava na doação de um extenso lote de terra a uma
praticamente nulo na ocupação do território brasileiro.
pessoa ilustre e influente do reino, geralmente um nobre
Limitando-se à área costeira, o extrativismo não che-
rico, que passava a ser o donatário e ficava encarregado
gou a gerar núcleos de povoamento permanentes. Além
de empreender a colonização da terra recebida, inves-
disso, foi a primeira atividade econômica em que os ne-
gociantes portugueses empregaram a mão-de-obra indí- tindo nela seus próprios recursos.
gena no corte e carregamento da madeira para os navios. Os donatários recebiam as terras não como proprietá-
rios, mas como administradores. Ainda assim, possuíam
Martim Afonso De Souza muitos direitos sobre elas, de modo que se tornassem
Após 1530, o comércio entre Portugal e as Índias um empreendimento favorável e atrativo aos interesses
entrou em decadência. Neste mesmo período, o litoral dos donatários. Podiam escravizar índios e vendê-los,
brasileiro passou a sofrer sistemáticas ameaças por parte fundar povoações, conceder sesmarias, estabelecer e ex-
de navegadores estrangeiros e mercenários que contra- trair uma parte dos impostos e tributos sobre produtos
bandeavam o pau-brasil. Portugal, então, precisou tomar e mercadorias produzidas para o consumo interno ou
medidas para guarnecer a costa brasileira e repelir os in- aquelas destinadas à exportação. Tinham também po-
vasores. der para julgar e condenar escravos e homens livres que
Expedições comandadas por Cristóvão Jacques, em estivessem nos limites de sua capitania.
1516 e 1519 e ainda em 1526 e 1528; tiveram por objetivo As Capitanias hereditárias foram criadas entre 1534
repelir os invasores, mas pouco puderam fazer em razão e 1536, a partir da divisão do litoral brasileiro em exten-
da enorme extensão do litoral brasileiro. Esses foram os sas faixas de terra que iam da costa para o Oeste, até o
HISTÓRIA
principais fatores que geraram preocupação com a situa- meridiano traçado por Tordesilhas. Ao todo foram cons-
ção das terras brasileiras, levando a Coroa portuguesa a tituídas 14 Capitanias que foram doadas a 12 donatários.
iniciar o processo de colonização.
5
Governo Geral
Entretanto, ao contrário do que ocorreu nos Açores, Invasão/ocupação Holandesa
Madeira e Cabo Verde, as Capitanias hereditárias no Bra- O Brasil foi invadido pelos holandeses por duas vezes.
sil não alcançaram os resultados esperados. Foram muitas No ano de 1624 ocorreu a posse de Salvador, que durou
as razões do fracasso. Entre elas, pode ser considerados a um ano, e em 1630 eles tomam Pernambuco, controlan-
falta de terras férteis, os conflitos com os povos indígenas, do quase todo o Nordeste por 24 anos, tendo como prin-
que ofereceram enorme resistência diante das invasões de cipal objetivo a comercialização do açúcar.
suas terras e das tentativas de escravização, e a má admi- De todas as regiões nordestinas, a mais abastada do
nistração. Sem falar no problema da necessidade de recur- mundo no cultivo de açúcar era Pernambuco, e como o
sos em maior escala, devido a enorme distância que sepa- objetivo dos holandeses era o controle deste produto na
rava a Metrópole, ou seja, Portugal, das terras brasileiras. Europa, Pernambuco foi um alvo importante durante as
As Capitanias que prosperaram foram justamente invasões holandesas.
aquelas em que os donatários possuíam grande fortuna Os holandeses pretendiam alcançar a região dos en-
ou acesso ao crédito bancário europeu, como Martim genhos, porém, eles foram obstruídos pelas Milícias dos
Afonso, com a capitania de São Vicente; e Duarte Coelho, Descalços – guerrilheiros que tinham o intuito de fazer
com a capitania de Pernambuco. oposição às invasões.
Tendo fracassado o sistema de Capitanias, Portugal No ano de 1637 chegou a Pernambuco, designado
recorreu à centralização do poder, estabelecendo na co- pela Companhia das Índias – empresa instituída pela Ho-
lônia um governo-geral. O governo-geral, porém, não landa para avalizar a comercialização do açúcar brasileiro
se destinava a substituir as Capitanias hereditárias. Seu -, o conde Maurício de Nassau, militar de nacionalidade
principal objetivo foi o de estabelecer uma autoridade alemã que para ali fora designado no intuito de consoli-
central no território colonial, a fim de coordenar a ad- dar o domínio holandês.
ministração das capitanias que estavam funcionando de Sua primeira ação prática consistiu em ampliar a área
forma autônoma, quase sempre contrariando os interes- já subjugada instituindo um fidedigno Brasil holandês.
ses da Coroa portuguesa. Entre suas iniciativas está o alargamento do limite sul da
Nova Holanda – nome que recebeu a região conquistada
Tomé De Sousa pelos holandeses – até as margens do Rio São Francisco,
Assim, em 17 de dezembro de 1548, o rei assinou o Re- e a criação do forte Maurício, próximo à vila de Penedo.
gimento que estipulava as orientações gerais necessárias
Maurício de Nassau foi o responsável por um grande
para o estabelecimento do governo-geral em território
progresso no Nordeste durante sua administração: cria-
brasileiro. Ele criava os cargos de Governador, Ouvidor-
ram-se muitos hospitais, asilos e várias ruas foram ladri-
-Mor, Provedor-Mor e Capitão-Mor. O primeiro Governa-
lhadas.
dor-Geral do Brasil foi Tomé de Souza, que se estabeleceu
Em 1640, ocorreu um abalo em Portugal que libertou
na Bahia e exerceu seu mandato entre 1549 a 1553. Seus
este do domínio Espanhol; no ano de 1641, Portugal, es-
sucessores foram Duarte da Costa, no período de 1553 a
1558; e Mem de Sá, entre 1558 a 1572. tando em desavença com a Espanha, opta por um armis-
Os governos-gerais asseguraram à ocupação e povoa- tício de dez anos com a Holanda, que em pouco tempo
mento das terras brasileiras estimulando à criação das pri- passa a valer também no Brasil.
meiras cidades, o estabelecimento de instituições religio- Não havendo mais tentativas de se tomar outras ter-
sas, a criação dos primeiros colégios e o incremento das ras, Nassau passou a dedicar-se inteiramente à adminis-
atividades econômicas, principalmente aquelas atividades tração do território brasileiro holandês.
voltadas para a agricultura e pecuária. Maurício de Nassau procurou obter a aceitação dos
O estabelecimento do governo-geral em território senhores de engenho e da população à ocupação holan-
brasileiro permitiu criar as condições mínimas necessárias desa, não se preocupou em gastar o dinheiro da Compa-
para levar adiante o empreendimento colonial que, nos nhia das Índias para realizar melhorias nas cidades, em
séculos seguintes, iria gerar importantes transformações folguedos para o povo e principalmente em comodatos
políticas, sociais e econômicas na colônia. aos proprietários rurais que tiveram suas lavouras da-
nificadas em virtude das lutas, estimulou as artes e as
Exportação No Brasil Pré-Colonial ciências e instituiu uma vida cultural totalmente nova e
1500/1530 período denominado de pré-colonial desconhecida até o momento pelo Brasil colonial.
Na Europa vigorava o Mercantilismo (o comércio do- Economicamente, tentou diferenciar a agricultura
minava a produção), por esse caráter essencial da empresa nordestina da pecuária do Rio Grande do Norte, no cam-
ultramarina, Portugal buscava no ultramar excedente de po político expandiu a participação das camadas geren-
produção para depois comercializa-lo na Europa, não ten- ciadoras, incluindo os judeus, portugueses e comercian-
do o Brasil esse excedente de produção, não representava tes, sendo que holandeses tornaram-se a metade dos
lucro para a Metrópole. representantes e a outra se constituía de luso-brasileiros.
Foram apenas enviadas quatro expedições para o Em 1640, chamou-se o primeiro Parlamento da Amé-
Brasil, sendo elas de reconhecimento e policiamento do rica do Sul para a instituição de uma legislação para o
Litoral. Brasil holandês.
Embora fosse uma atividade secundária, a única ri- Em 1644, se finda o governo de Maurício de Nassau,
HISTÓRIA
queza explorada no Brasil era o Pau-Brasil, que também sendo sua deposição aceita pela Companhia das Índias,
atraíam, numerosos corsários ao litoral do Brasil prati- com quem já vinha em conflito há algum tempo em vir-
cando o contrabando de madeira. tude de seus gastos considerados excessivos.
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Após a partida de Maurício de Nassau, intensificaram- Também os Campos Gerais, correspondendo ao in-
-se os conflitos entre os senhores de engenho e os co- terior de São Paulo e Paraná, foram outra região de pe-
merciantes holandeses, pois devido a várias intempéries cuária, com a produção de animais de tiro para a região
os senhores de engenhos não estavam conseguindo pa- mineradora. Nessa região predominava a mão de obra
gar os empréstimos efetuados para as plantações. livre, constituída pelos tropeiros.
A Companhia das Índias resolveu assumir as dívidas Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio
dos plantadores com os comerciantes, porém não o fez Grande do Sul, no século XVIII. Nesse caso específico, a
de graça, interveio nos engenhos confiscando a produ- pecuária promoveu não apenas a ocupação do território
ção. rio-grandense, mas, também, o seu povoamento. A ati-
Em 1645, após muitos confrontos, finalmente os co- vidade criatória gaúcha utilizava-se do trabalho livre, ha-
lonos portugueses - apoiados por Portugal e Inglaterra vendo, contudo, o emprego paralelo de escravos e dos
- conseguiram expulsar os holandeses do território bra- indígenas oriundos das missões. Voltada também para o
sileiro. abastecimento da região das Gerais, a pecuária gaúcha
Durante o tempo em que ficaram no Brasil, os holan- desenvolveu a indústria do charque e a criação de gado
deses deixaram como legado várias melhorias para o país, bovino, muar, equino e ovino.
como a implantação de uma sociedade urbana em Recife,
por exemplo; a luta contra os invasores contribuiu tam- A interiorização como estratégia de combate à pi-
bém para a concepção do sentimento nativista no povo. rataria.
Desde os primórdios da ocupação portuguesa do Bra-
A Presença Portuguesa No Sul sil, o combate à pirataria foi uma das primeiras motivações
Os portugueses sempre tiveram interesse na região que conduziram a interiorização do processo colonizador.
Sul, atraídos pela prata que escoava pelos rios da bacia O assédio de piratas a regiões costeiras não causava à
Platina e pelo rico comércio peruleiro (peruano). Desde época o pânico que se poderia supor, exatamente devido
cedo, portanto, alimentavam o sonho de criar um estabe- a uma estratégia colocada em prática pelos portugueses
lecimento na região. como parte de seu sistema de proteção contra ataques
Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo fundou a vindos do mar.
Colônia do Santíssimo Sacramento, à margem esquerda A imagem do pirata que atuava na América, hoje pre-
sente em nosso imaginário, não corresponde à concep-
do estuário do Prata - atual cidade uruguaia de Colônia,
ção da época.
garantindo a presença portuguesa em uma área impor-
Foi formada a partir da obra Piratas da América, im-
tante dentro do império colonial espanhol e, ao mesmo
pressa em Amsterdã em 1678, e da História dos Roubos e
tempo, abrindo espaço para o contrabando inglês na ba-
Assassínios dos Mais Notórios Piratas, impressa em Lon-
cia do Prata. A fundação de Sacramento abriu um período
dres em 1724. As quais forjaram, no século XVIII, o mito
de sucessivos conflitos e debates diplomáticos entre os
do pirata sanguinário, contraposto ao do aventureiro fo-
dois países, que se estenderam até o século XVIII. ragido da justiça, condenado injustamente em sua pátria.
A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina No século XVI e XVII, o senso comum tinha a pirataria
está inserida nesse processo. No caso do território gaú- na América como um negócio financiado por comercian-
cho, os ataques às missões foram os responsáveis pelo tes que esperavam obter lucro com seu investimento.
aparecimento de um rebanho de gado pelos campos su- Alguns prisioneiros eram inclusive melhor tratados
linos que, unido ao gado trazido da Europa, garantiram a pela maior parte dos piratas europeus do que por seus
sua ocupação durante o século XVIII. Ainda neste século, próprios compatriotas.
foram introduzidas milhares de famílias de colonos aço- Embora o mesmo não se aplique aos piratas asiáti-
rianos no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, cos, quando atrocidades foram registradas tanto em mar
possibilitando o aparecimento e a consolidação de im- como em terra.
portantes núcleos de povoamento, como Laguna, Floria- Seja como for, ordinariamente, os piratas costumavam
nópolis e Porto dos Casais, atual cidade de Porto Alegre. atacar a costa do Brasil de dezembro a março, justamente
devido ao regime de ventos e correntes marítimas que,
A Expansão Da Pecuária neste período, permitia o assalto às povoações costeiras.
Da sua introdução nos engenhos do litoral nordesti- A prática era seguida da fuga rápida para o local de
no, o gado se expandiu em direção ao sertão, no primei- origem ou base dos piratas no Caribe, conforme atesta
ro século e meio da colonização. Com isso, o Sertão do um documento não datado pertencente ao acervo do Ar-
Nordeste e o Vale do Rio São Francisco surgem como as quivo Histórico Ultramarino, cujos indícios apontam tra-
principais regiões pecuaristas da colônia, o que garantiu tar-se de documento do início do século XVII.
a ocupação de um grande território do interior brasileiro. No período citado do ano, as populações litorâneas,
Outra região que se voltaria também para a pecuá- sobretudo as mais desprotegidas, encarregavam-se de fi-
ria seria o sul de Minas Gerais, já no século XVIII. Ali, a car de prontidão, colocando homens de vigia e deixando
criação de gado envolvia certa técnica superior, fazendas exposta a menor quantidade de mercadorias possível.
com cercados, pastos bem cuidados e rações extras para Quando navios não identificados eram avistados, ha-
os animais; no manejo dos rebanhos era utilizada a mão vendo todo um cerimonial de baixar e levantar bandeiras
de obra escrava. O seu mercado era representado pelas por parte das embarcações lusitanas para fazerem-se no-
HISTÓRIA
zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma diver- tar como tal, soava-se os sinos da igreja local, ao passo
sificação da produção: gado bovino, muares, suínos, ca- que a população retirava-se para a mata levando consigo
prinos e equinos. o máximo de víveres e munição.
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Os portugueses ficavam a espreita em busca da opor- O intenso contrabando, praticado por ingleses, fran-
tunidade ideal de contra-atacar, realizando, em conjunto ceses e holandeses, por sua vez, incrementou a funda-
com os indígenas aliados, um cerco à cidade, vencendo ção de vilas e cidades lusitanas como meio de consolidar
os invasores pela fome e pela sede. a presença portuguesa e interditar o acesso através da
Neste sentido, ao contrário do que se imagina, em- navegação fluvial.
bora não tenham faltado pedidos de auxilio e mercê a Para combater o contrabando, em 1616, Francisco Cal-
Coroa por parte dos habitantes do Brasil quinhentista, deira Castelo Branco fundou, na foz do rio Amazonas, o
as cidades e vilas brasileiras, inversamente a situação ve- forte do Presépio, dando origem à atual cidade de Belém.
rificada no Oriente, eram praticamente autossuficientes Em 1637, partiu de Belém uma expedição comandada
quanto ao abastecimento de alimentos. por Pedro Teixeira.
Segundo D. Cristovão de Moura, a cidade de Sal- Durante dois anos a expedição subiu o rio Amazonas,
vador, em meados de 1570, por exemplo, era rica em chegando até Quito, no Equador.
plantações de “frutas” e “hortaliças”, possuindo muitas A partir de então, estando mapeado o acesso por via
“quintas”, espalhadas pelo interior, para garantir um far- fluvial até as drogas do sertão, sua extração das matas se
intensificou.
to abastecimento de “mantimentos”.
Foi quando os jesuítas incrementaram o estabeleci-
Os habitantes das zonas litorâneas, caso fosse neces-
mento de missões na região e passaram a coletar as dro-
sária à defesa contra piratas, retirarem-se para o interior,
gas, utilizando mão de obra indígena.
contando sempre com os “mantimentos naturais da ter-
Tempos depois, a coleta passou a ser feita também
ra”, com “muita caça” e “saborosos pescados”, podendo por colonos nas mesmas zonas, o que gerou conflitos
impor aos invasores um cerco prolongado. constantes com os jesuítas, provocados quase sempre
Mesmo em pontos da costa onde havia fortalezas, pela questão indígena.
em pleno no início do século XVII, era praxe colocar de Nas missões comandadas pelos jesuítas, os índios
dezembro a março alguns homens de “vigia” e, “quan- eram forçados a entrar na mata e extrair as drogas, a ri-
do havia ocasião de inimigos”, disparar “uma peça de gor, constituindo a escravização do gentil, isto pelo me-
rebate, que se ouvia muito bem na cidade”, para que nos sob a ótica do prisma da metrópole.
todos pudessem “conhecer por ela que havia inimigos O que conduziu a Coroa portuguesa a afastar a igreja
na barra”. da comercialização das especiarias, mero pretexto para
Ao que “outra peça de rebate, que se tinha na cida- que o Estado assumisse o monopólio da intermediação
de”, era disparada para que “os moradores de engenhos das drogas do sertão e iniciasse de fato, através de seus
que estavam a três, e a quatro léguas” viessem “acudir colonos, a escravização dos indígenas.
a cidade”. Os índios tentaram resistir ao trabalho forçado impos-
Caso os inimigos conseguissem chegar em terra, to- to pelos portugueses, mas conforme as drogas foram se
dos se recolhiam nos “arvoredos”, cercando os inimigos tornando conhecidas, despertando o interesse de outras
e voltando a atacar com “mosqueteria” e apoio da arti- nações europeias e passando a suprir, não apenas o mer-
lharia das fortalezas. cado interno, mas, constituindo também um rentável pro-
Procedimento adotado pelos os moradores da Paraí- duto de exportação, a mão de obra nativa passou a ser
ba, bem como de quase todas as localidades litorâneas largamente utilizada.
da Terra de Santa Cruz, desde o início da povoação do Destarte, a fundação de povoados na região norte, em
Brasil, quando tiveram que enfrentar ataques piratas em torno da extração das drogas do sertão, principalmente
terra. nas zonas cortadas por rios que serviam de via fluvial de
Assim, foram utilizadas táticas de guerrilha na defesa deslocamento e transporte; seria apenas o prelúdio da in-
da costa que incentivaram a interiorização da ocupação tensificação do povoamento do interior do Brasil.
A descoberta de ouro, diamantes e esmeraldas fa-
das terras, visando garantir, simultaneamente, a abun-
ria a população portuguesa presente no Brasil saltar de
dância de alimentos e bases avançadas na luta contra
“100.000 habitantes em 1600”, depois do crescimento ad-
invasores em potencial.
vindo com a diversificação da economia colonial que a
A despeito da introdução da pecuária, em certo sen- fez a demografia aumentar para “300.000 em 1700”, para
tido, decorrer desta prática, juntamente com a neces- atingir o extraordinário número de “3.250.000 em 1800”.
sidade de potencializar o aproveitamento do sertão e Testemunho estatístico do incremento intenso da in-
abastecer com víveres os engenhos de açúcar. teriorização do processo colonizador, sobretudo, a partir
do fomento propiciado pelos metais preciosos extraídos
As Drogas Do Sertão das Minas Gerais.
Drogas do sertão é um termo que se refere a deter-
minadas especiarias extraídas do chamado interior bra- Mineração
sileiro na época das entradas e das bandeiras. A época da mineração no período colonial abrangeu
Eram produtos nativos, não existentes na Europa e basicamente o século XVIII, com o seu apogeu entre 1750
que, por isso, atraíam o interesse dos portugueses, no- e 1770. Nessa fase da vida econômica da colônia que se
meando-as como novas especiarias. voltou quase que exclusivamente para o extrativismo mi-
Em busca de ervas aromáticas, plantas medicinais, neral, as principais regiões auríferas foram Minas Gerais,
HISTÓRIA
cacau, canela, baunilha, cravo, castanha e guaraná; gê- Mato Grosso e Goiás. Anteriormente, já haviam ocorrido
neros típicos da foz do rio Amazonas, europeus pene- as explorações do ouro de lavagem, em São Paulo, Para-
traram na região norte, alargando as fronteiras coloniais. ná e Bahia, mas, com resultados inexpressivos.
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Após sua extração, o ouro era levado para as Casas de cado interno, possibilitando a dinamização de todos os
Fundição. Ali, era quintado, fundido e transformado em quadrantes da colônia, que se organizaram para abaste-
barras, assegurando o controle dos lucros da exploração cer a região do ouro. A vida urbana e o próprio caráter da
aurífera pela coroa portuguesa. exploração aurífera geraram uma sociedade mais aberta
A mineração dos anos setecentos foi desenvolvida a e heterogênea, convivendo lado a lado o trabalho livre
partir do ouro de aluvião, tendo como características o e o trabalho escravo, embora este fosse predominante.
baixo nível técnico e o rápido esgotamento das jazidas. Como consequência, a concentração de renda foi me-
No extrativismo aurífero, as formas de exploração mais nor, enriquecendo, principalmente, os setores ligados ao
comuns encontradas eram as lavras e a faiscação. A pri- abastecimento.
meira representaria uma empresa em que era utilizada a Finalmente, a “corrida do ouro” promoveu a penetra-
mão de obra escrava e se aplicava uma técnica mais apu- ção e o povoamento do interior do Brasil, anulando em
rada. Já a faiscação era a extração individual, realizada definitivo a velha demarcação de Tordesilhas.
principalmente por homens livres.
Uma Cultura Mineira
A Exploração Dos Diamantes Todo o conjunto de consequências, anteriormente ci-
Por volta de 1729, Bernardo da Fonseca Lobo des- tadas, refletiu-se na vida cultural e intelectual da mine-
cobriu as primeiras jazidas diamantíferas no arraial do ração, marcada por um notável desenvolvimento artís-
Tijuco ou Serro Frio, hoje Diamantina. Teve início, assim, tico.
a exploração dos diamantes, que, como a do ouro, tam- Na literatura, destacaram-se os poetas intimamente
bém era considerada um monopólio régio. relacionados ao Arcadismo. Na arquitetura e na escul-
Em 1733, foi criado o Distrito Diamantino, única área tura, emergiram as figuras de Antônio Francisco Lisboa,
demarcada em que se podia explorar legalmente as ja- o Aleijadinho, e mestre Valentim, nomes importantes do
zidas. A exploração era livre, mediante o pagamento do barroco mineiro.
quinto e da capitação sobre o trabalhador escravo. Em Na música, além da disseminação de uma música po-
1739, a livre extração cedeu lugar ao sistema de contrato, pular - modinhas e lundus - sobressaíram-se os grandes
que deu origem aos ricos contratadores, como João Fer- mestres da música sacra - barroca, com as missas e ré-
nandes, estreitamente ligado à figura de Xica da Silva. quiens de Joaquim Emérico Lobo de Mesquita e do padre
Diante das irregularidades e do desvio dos impostos, José Maurício Nunes Garcia.
além do alto valor que alcançavam as pedras na Euro- Nesse contexto, a influência europeia, com os novos
pa, em 1771, foi decretada a régia extração, que contava princípios liberais disseminados pela Enciclopédia, ali-
com o trabalho de escravos alugados pela coroa. Poste- mentaria o primeiro movimento de caráter emancipacio-
riormente, com nova liberação da exploração, foi criado nista: a Inconfidência Mineira.
o Livro de Capa Verde, contendo o registro dos explora-
dores, e o Regimento dos Diamantes, procurando disci- Escravidão
plinar a extração. Contudo, o monopólio estatal sobre os O trabalho compulsório do indígena é usado em di-
diamantes vigorou até 1832. ferentes regiões do Brasil até meados do século XVIII. A
caça ao índio é um negócio local e os ganhos obtidos
As Consequências Da Mineração com sua venda permanecem nas mãos dos colonos, sem
A mineração foi responsável por importantes conse- lucros para Portugal. Por isso, a escravização do nativo
quências que se refletiram sobre a vida econômica, so- brasileiro é gradativamente desestimulada pela metró-
cial, política e administrativa da colônia. De saída, provo- pole e substituída pela escravidão negra. O tráfico ne-
cou uma grande migração portuguesa para a região das greiro é um dos mais vantajosos negócios do comércio
Gerais. Segundo alguns autores, no século XVIII, aproxi- colonial e seus lucros são canalizados para o reino.
madamente 800.000 portugueses transferiram-se para a Escravidão negra - A primeira leva de escravos ne-
colônia, o que corresponderia a 40% da população da gros que chega ao Brasil vem da Guiné, na expedição
metrópole. de Martim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559,
No Brasil, paralelamente a isto, ocorreu um desloca- o comércio negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa
mento do eixo econômico e demo gráfico do litoral para autoriza cada senhor de engenho a comprar até 120 es-
a região Centro-Leste, acompanhado da intensificação cravos por ano. Sudaneses são levados para a Bahia e
do tráfico negreiro e do remanejamento do contingente bantus espalham-se pelo Maranhão, Pará, Pernambuco,
interno de escravos. Com isso, a colônia conheceu uma Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
verdadeira explosão populacional, ultrapassando com Tráfico de escravos - O tráfico negreiro é oficializado
folga a casa de um milhão de habitantes, no século XVIII. em 1568 pelo governador-geral Salvador Correa de Sá.
O entorno da região mineradora, compreendendo o Em 1590, só em Pernambuco registra-se a entrada de 10
eixo Minas-Rio de Janeiro, passou a ser o novo centro mil escravos. Não há consenso entre os historiadores so-
de gravidade econômica, social e política da colônia; em bre o número de escravos trazidos para o Brasil. Alguns,
1763, um decreto do marquês de Pombal transferiu a ca- como Roberto Simonsen e Sérgio Buarque de Holanda,
pital de Salvador para o Rio de Janeiro. estimam esse número entre 3 milhões e 3,6 milhões. Caio
HISTÓRIA
Geradora de novas necessidades, a mineração condi- Prado Júnior supõe cerca de 6 milhões e Pandiá Calóge-
cionou um maior desenvolvimento do comércio, associa- ras chega aos 13,5 milhões.
do ao fenômeno da urbanização. Desenvolveu-se o mer-
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Cana-de-açúcar tempo pai, patriarca e chefe político. Essa é a estrutura
O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil familiar das regiões da monocultura tropical, escravista
por Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicen- e exportadora. Com ela convive a chamada família nu-
te. Seu apogeu ocorre entre 1570 e 1650, principalmente clear, bem menor, formada quase sempre pelo casal e por
em Pernambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso poucos filhos, quando não apenas por um dos pais e as
do empreendimento: experiência anterior dos portugue- crianças. Típica das regiões de produção pouco impor-
ses nos engenhos das ilhas do Atlântico, solo apropriado, tante para o mercado externo, essa organização familiar
principalmente no Nordeste, abundância de mão de obra predomina em São Paulo e áreas adjacentes à mineração.
escrava e expansão do mercado consumidor na Europa. Miscigenação - A sociedade colonial apresenta outra
A agroindústria açucareira exige grandes fazendas e en- característica, importante desde o início, mas que se in-
genhos e enormes investimentos em equipamentos e es- tensifica com o tempo: a miscigenação. Misturando raças
cravos. e culturas na convivência forçada pelo trabalho escravo
O engenho - Os chamados engenhos de açúcar são dos índios e dos negros africanos, a sociedade colonial
unidades de produção completas e, em geral, autossu- adquire um perfil mestiço, personificado pelo mulato
ficientes. Além da casa grande, moradia da família pro- (branco europeu e negro africano) e pelo caboclo (bran-
prietária, e da senzala, dos escravos, alguns têm capela e co e índio). Essa miscigenação condiciona as relações
escola, onde os filhos do senhor aprendem as primeiras sociais e culturais entre colonizadores e colonizados, ge-
letras. Junto aos canaviais, uma parcela de terras é re- rando um modelo de sociedade original na colônia, he-
servada para o gado e roças de subsistência. A “casa do terogêneo e multirracial, aparentemente harmônico, sem
engenho” possui toda a maquinaria e instalações funda- segregação interna. Na verdade, porém, ela não disfarça
mentais para a obtenção do açúcar. as desigualdades estruturais entre brancos e negros, es-
Economia açucareira - Estimativa do final do século cravos e livres, livres ricos e livres pobres, que não aca-
XVII indica a existência de 528 engenhos na colônia. Eles bam nem mesmo com a abolição da escravatura, no final
garantem a exportação anual de 37 mil caixas, cada uma do século XIX.
com 35 arrobas de açúcar. Dessa produção, Portugal con-
some apenas 3 mil caixas anuais e exporta o resto para a Conquista Sobre Os Indígenas
Europa. O monopólio português sobre o açúcar assegura O controle da Bahia pelos portugueses teve um papel
lucros consideráveis aos senhores de engenho e à Coroa. estratégico na luta contra os indígenas. Quando Tomé
Esse monopólio acaba quando os holandeses começam a de Sousa ali se instalou, em 1549, os Tupinambá já eram
produzir açúcar nas Antilhas, na segunda metade do sé- inimigos declarados dos portugueses. Porém, ao mesmo
culo XVII. A concorrência e os limites da capacidade de tempo, os Tupiniquim permaneciam em paz com os mo-
consumo na Europa provocam uma rápida queda de pre- radores.
ços no mercado. A estratégia de Tomé de Sousa foi submeter os indí-
genas amigos à sua autoridade e aniquilar os inimigos.
Sociedade Colonial Mas submeter os indígenas amigos e obrigá-los a traba-
Nos dois primeiros séculos de colonização, a popu- lhar para os povoadores era um problema. Os portugue-
lação brasileira é formada por colonos brancos, escravos ses precisavam dos indígenas para duas funções: como
negros, índios aculturados e mestiços. Aumentando len- mão de obra na produção de alimentos e como soldados
tamente, ela povoa uma estreita faixa litorânea, onde se na luta contra grupos inimigos.
concentram as grandes áreas produtoras de açúcar, algo- Na tentativa de resolver esse problema, o Estado por-
dão e tabaco. Com o desenvolvimento da mineração de tuguês determinou que as ações violentas ficassem ri-
ouro e diamante, a partir do século XVIII, a população se gorosamente limitadas aos indígenas inimigos, os únicos
expande nas regiões das minas em Minas Gerais, Goiás que podiam ser escravizados. Isso atendia às reclama-
e Mato Grosso e avança pelo interior, nas regiões da pe- ções dos moradores, pois assegurava o abastecimento
cuária. de mão de obra. Ao mesmo tempo, preservando a alian-
Baseada na agricultura voltada para o comércio exter- ça com os povos amigos, garantia-se a defesa da terra e
no, na grande propriedade e no trabalho escravo, a socie- também a futura expansão do povoamento.
dade colonial é agrária, escravista e patriarcal. Em quase Essa política se rompeu na época do segundo gover-
toda colônia, é em torno da grande propriedade rural que nador-geral, Duarte da Costa, quando cinquenta indíge-
se desenvolve a vida econômica e social. Os povoados nas de uma aldeia revoltaram-se atacando os engenhos,
e as vilas têm papel secundário, limitado a funções ad- numa reação contra os moradores que pretendiam to-
ministrativas e religiosas. Somente a partir da expansão mar suas terras.
das atividades de mineração é que a sociedade urbana se Comandada pelo filho do governador, Álvaro da
desenvolve na colônia, com algumas características tradi- Costa, uma tropa de setenta homens encarregou-se da
cionais, como a escravidão, e características novas, como repressão. A rebelião foi sufocada. Essa vitória espalhou o
o maior número de funcionários, comerciantes, pequenos medo entre as outras tribos e assegurou aos portugueses
proprietários, artesãos e homens livres pobres. maior controle sobre a Bahia; mas não significou que o
Casa-grande - A sede das grandes fazendas, ou do perigo estava totalmente afastado.
engenho, é o maior símbolo do poderio absoluto dos se- A vitória decisiva na luta contra os indígenas da Bahia
nhores de terras. A família da casa-grande é numerosa: ocorreu com Mem de Sá, que derrotou os temíveis Ta-
HISTÓRIA
são muitos filhos, tanto legítimos como ilegítimos, pa- puia de Paraguaçu. Esse fato teve um importante impac-
rentes, agregados, escravos e libertos. Todos respeitam to psicológico, pois, até então, acreditava-se ser impossí-
a autoridade doméstica e pública do senhor, ao mesmo vel derrotar os povos guerreiros do sertão.
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Assim, com Mem de Sá, a Bahia tornou-se efetiva- O Tráfico Negreiro
mente o polo central do poder, ajudando a consolidar o A partir da segunda metade do século XVI, come-
domínio de todo o litoral. O primeiro passo nesse senti- çaram a ser trazidos para a América os africanos como
do foi o auxílio enviado ao Espírito Santo na luta contra escravos em número expressivo para a exploração siste-
os Aimoré. mática de sua mão de obra.
Em 1560, no Rio de Janeiro, Mem de Sá enfrentou, A opção pelo africano se deu por algumas supostas
com sucesso, 120 franceses e cerca de mil índios Tamoio, vantagens: maior resistência física às epidemias e maio-
durante três dias, afastando as ameaças que pesavam res conhecimentos em trabalhos artesanais e agrícolas.
sobre São Vicente. Ordenado por Mem de Sá, seu so- A opção pelo escravo africano se deu também porque o
brinho, Estácio de Sá, iniciou o povoamento do Rio de tráfico dava lucros, era uma das atividades mais lucrati-
Janeiro, consolidando o controle territorial em linha con- vas do sistema colonial. Para facilitar, nem o Estado nem
tínua, de São Vicente a Pernambuco. a igreja católica condenavam a imposição da escravidão
No governo de Luís de Brito de Almeida (1573-1578), aos africanos.
a atenção dos portugueses voltou-se para os Potiguara Os portugueses transportavam os escravos em suas
do rio Paraíba. Contudo, as ofensivas na Paraíba só tive- caravelas vindas da África. Os holandeses também reali-
ram início no governo de Manuel Teles Barreto (1583- zavam o tráfico de escravos para o Brasil. O número de
1587). Aproveitando-se da inimizade entre os Tabajara escravos embarcados dependia da capacidade da em-
e os Potiguara, os portugueses conseguiram instalar seu barcação. Nas caravelas, os portugueses transportavam
domínio em 1586. até 500 cativos. Um pequeno navio podia transportar
Já nesse período, as autoridades coloniais haviam até 200 escravos, um navio grande até 700.
concluído que era necessário ampliar a conquista até o A bordo, todos os escravos eram marcados a ferro
Rio Grande do Norte, a fim de consolidar o domínio da no ombro ou na coxa. Embarcados, os cativos são acor-
região. Depois de muitos enfrentamentos com os indí- rentados até que se perca de vista a costa da África. Os
genas, ao longo dos anos seguintes, foi construído, em navios negreiros embarcavam mais homens do que mu-
1598, o forte dos Reis Magos, núcleo da futura cidade de lheres. O número de crianças era inferior, de 3% a 6%
Natal. O comando desse forte foi entregue a Jerônimo dos embarcados.
de Albuquerque, que era descendente de Tabajara pelo Angola (África Centro Ocidental) e a Costa da Mina
lado materno. A ela se deveu o estabelecimento da paz (todo o litoral do Golfo da Guiné) eram até o século XVIII
definitiva com os Potiguara em 1599. os principais fornecedores de escravos ao Brasil. Os prin-
Nessa data, os portugueses controlavam uma faixa cipais grupos étnicos africanos trazidos ao Brasil foram
litorânea compacta, que ia de São Vicente, no sul, até os bantos, oriundos de Angola, Golfo da Guiné e Congo;
o Rio Grande do Norte, com os indígenas postos total- os sudaneses, originários do Golfo da Guiné e do Sudão;
mente na defensiva. e os maleses, sudaneses islamizados.
Logo, começaram os conflitos, os indígenas em defe- Durante o século XVI e o XVII, os escravos eram
sa de suas terras e contra a escravidão. trazidos principalmente ao Nordeste para a atividade
Os índios não obedeciam aos mandos dos senhores açucareira, sobretudo, para fazendas na Bahia e em Per-
de engenho. Tinham sua própria religião, caçavam pra nambuco. Em menor número eram enviados ao Pará,
sobrevivem, conheciam as matas e não se sujeitavam a Maranhão e Rio de Janeiro. No final do século XVII, a
viver em cativeiro. descoberta do ouro na província de Minas Gerais eleva
Os indígenas viviam duplamente acuados: Os jesuítas o volume do tráfico, que passa a levar os cativos para a
almejavam convertê-los ao catolicismo e os brancos vi- região das minas. No século XVIII, o ouro sucede o açú-
savam utilizá-los como mão de obra escrava. car na demanda de escravos, o café substitui o ouro e o
A igreja católica, apresentada pelos jesuítas, proibiu açúcar no século XIX.
a escravidão indígena já que seu interesse era catequizar Entre a segunda metade do século XVI e 1850, data
os índios, difundindo, além da religião católica, um novo do fim do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queiroz), o nú-
modelo de organização social, econômica e politica. mero de escravos vindos para o Brasil é estimado entre
Entre 1530 e 1570, os maiores centros produtores de 3.500.000 e 3.900.000. O Brasil teria importado 38% dos
cana de açúcar, as capitanias de Pernambuco e Bahia, escravos trazidos da África para o Novo Mundo.
necessitavam cada vez mais de mão de obra nos cana- Os escravos a bordo estavam sujeitos a todos os ris-
viais, e a coroa portuguesa proibia a escravização dos cos. Sua alimentação era escassa. Não fazia exercícios
índios. físicos durante a viagem. A higiene a bordo era muito
Em 1554 e 1567, os índios Tupinambás lideraram uma medíocre. Havia ainda os maus-tratos a bordo e a super-
revolta, que ficou conhecida como a Confederação dos lotação dos porões insalubres e infectos.
tamoios Esse grupo se rebelou contra os colonizadores Trinta e cinco dias durava a viagem de Angola a Per-
portugueses, envolvendo também os índios Guaianazes nambuco, quarenta até a Bahia, cinquenta até o Rio de
e Aimorés. Janeiro. A mortalidade era alta a bordo. 20% dos escra-
Para compensar as perdas com escravos indígenas e vos morriam durante essa longa viagem.
apaziguar a briga com a Igreja Católica, o tráfico negrei-
HISTÓRIA
11
produtos industrializados. É aprovada na Inglaterra a lei pendência, ainda que somente da região dos revoltosos,
conhecida como Bill Aberdeen, que dava direito a Mari- pois a noção de um país reunindo todas as colônias por-
nha de Guerra britânica de prender navios negreiros no tuguesas na América era algo impensado. O mais conhe-
Atlântico e julgar seus tripulantes. cido em meio a estes movimentos é a Inconfidência Mi-
Sob pressão inglesa, o governo imperial brasileiro pro- neira de 1789, da qual surgiu o mártir da independência,
mulga a 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queiroz, Tiradentes.
que extinguia o tráfico de africanos para o Brasil. Com a
ilegalidade do tráfico, a alternativa foi a intensificação do Revolta Beckman
tráfico inter-regional e interprovincial de escravos. Assim, Liderada pelos grandes proprietários Tomás Beckman,
no século XIX, os cativos vinham principalmente das pro- Manuel Beckman e Serrão de Castro, a Revolta Beckman
víncias do Norte e Nordeste para suprir as necessidades (Maranhão - 1684) foi o resultado de um conflito entre
de mão de obra do Sudeste cafeeiro. os jesuítas e os colonos do antigo estado do Maranhão,
que compreendia a grande região que vai desde o atual
Movimentos Nativistas estado do Rio Grande do Norte até o Pará.
São chamados de movimentos nativistas dentro da A região era próspera: produziam algodão, drogas do
historiografia brasileira o conjunto de revoltas populares sertão e açúcar. Para isso, escravizavam os indígenas, pois
que tinham como objetivo o protesto em relação a uma a oferta de escravos negros era insuficiente. Estes eram
ou mais condições negativas da realidade da adminis- vendidos a preços maiores nas regiões açucareiras do
tração colonial portuguesa no Brasil. Em retrospectiva, Nordeste, que eram as mais ricas.
tais revoltas também foram importantes em um âmbito Como os jesuítas eram contra a escravidão indígena,
maior. Apesar de constituírem movimentos exclusiva- logo entraram em conflito com os colonos. Assim, os pa-
mente locais, que não visavam em um primeiro momento dres da Companhia de Jesus conseguiram o Alvará Régio
a separação política, o seu protesto contra algum abuso de 1655, que lhes davam o direito de ter os indígenas sob
do pacto colonial contribuiu para a construção do senti- sua autoridade exclusiva.
mento de nacionalidade em meio a tais comunidades. As Os colonos, no entanto, revidaram. Liderados pelas
principais revoltas ocorrem entre meados do século XVII Câmaras Municipais de São Luís e Belém, as principais
e começo do século XVIII, quando Portugal perdeu sua do antigo Maranhão, protestaram, prenderam os padres
influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da Coroa mais atuantes e expulsaram os demais. Devido a isso, os
na metrópole com a receita obtida do Brasil. A sempre jesuítas acabaram perdendo o monopólio sobre o contro-
crescente cobrança de impostos, a criação frequente de le indígena, dividindo-o com as outras ordens religiosas.
novos tributos e o abuso dos comerciantes portugueses Assumindo o trono após a morte de D. Afonso VI e in-
na fixação de preços começam a gerar insatisfação entre fluenciado pelos jesuítas, seus mestres, o regente D. Pedro
a elite agrária da colônia. II restabeleceu o monopólio dos jesuítas sobre o controle
Este é o ambiente propício para o nascimento dos dos indígenas.
chamados movimentos nativistas, onde surgem a con- A metrópole criou medidas para a solução do impas-
testação de aspectos do colonialismo e primeiros con- se: fundou a Companhia Geral do Comércio do Estado do
flitos de interesses entre os senhores do Brasil e os de Maranhão, que deveria: fornecer 10 mil escravos negros,
Portugal. Entre os movimentos de destaque estão a re- numa média de 500 por ano; abastecer a região com pro-
volta dos Beckman, no Maranhão (1684); a Guerra dos dutos importados, tais como bacalhau, sal azeite de oliva
Emboabas, em Minas Gerais (1708), a Guerra dos Mas- e vinho; comprar os produtos da região e incentivar ou-
cates, em Pernambuco (1710) e a Revolta de Felipe dos tras plantações, como cacau, baunilha e cravo. Teria, tam-
Santos em Minas Gerais (1720). bém, o monopólio da região por 20 anos.
Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se As medidas favoreciam ambas as partes. Contudo, a
localiza o marco inicial destes movimentos. Iniciada logo Companhia exagerava em seu monopólio: o fornecimen-
após a campanha pela expulsão dos invasores holande- to dos escravos era insuficiente e a um custo muito alto;
ses, e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais, os produtos importados, além de insuficientes, sempre
é ali que pela primeira vez que se registrou a divergên- chegavam estragados; os navios para a região eram irre-
cia entre os interesses dos colonos e os pretendidos pela gulares. Além disso, a Companhia fraudava pesos e medi-
Metrópole. Os habitantes de Pernambuco começaram a das, só aceitava panos e cravos como pagamento de seus
desenvolver a noção de que a própria colônia consegui- produtos. Os outros produtos da região eram vendidos
ria administrar seus próprios destinos, até por que eles a preços exorbitantes a agentes disfarçados da própria
conseguiram expulsar os invasores praticamente sozi- Companhia.
nhos, num esforço que reuniu negros escravos, brancos Indignados com tais procedências, os colonos, lidera-
e indígenas lutando juntos, com um punhado de oficiais dos pelos irmãos Beckman e Serrão de Castro iniciaram o
lusitanos nos altos postos de comando. movimento que ficou conhecido como Revolta Beckman.
A partir da segunda metade do século XVIII, com os Após reunirem-se na Câmara Municipal de São Luís, deci-
desdobramentos das revoltas na França e Estados Uni- diram expulsar os jesuítas, seus antigos inimigos e abolir
dos, e os conceitos do Iluminismo penetrando em meio o monopólio da Companhia. Tomás Beckman parte para
à sociedade brasileira, os descontentamentos vão se Lisboa, a fim de negociar com as autoridades portugue-
HISTÓRIA
avolumando e a metrópole portuguesa parece insensí- sas e lutar pelas reivindicações dos colonos. Queria, assim,
vel a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas afastar qualquer suspeita de revolta contra a coroa e o rei,
passarão a incorporar em seu ideal a busca pela inde- apenas apresentando a justeza da queixa dos colonos.
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A coroa decidiu atender a uma das exigências dos Expulsos das minas, os paulistas descobriram novas
colonos: aboliu o exclusivismo comercial da Companhia. jazidas em Goiás e Mato Grosso.
Contudo, nomeou Gomes Freire de Andrade, homem Nunes Viana foi obrigado pelo governador do Rio
enérgico e com grande habilidade política, como novo de Janeiro a deixar Minas e acabou se retirando para
governador do Maranhão, dando-lhe amplos poderes sua fazenda no rio São Francisco.
para resolver a situação. A simples extinção do mono- Como consequência dessa guerra, foi criada em
pólio desmobilizou os rebeldes, o que facilitou ao novo 1709, a capitania de São Paulo e Minas de Ouro (ex-ca-
governador debelar a rebelião. Alguns líderes foram pre- pitania de São Vicente, agora rebatizada). Em 1720, a
sos, uns obtiveram perdão, outros deportados. Porém capitania de Minas foi separada de São Paulo, formando
Manuel Beckman, considerado o “cabeça” da rebelião, foi duas capitanias diferentes: a de São Paulo e a de Minas
enforcado.
Gerais.
Guerra dos Emboabas
A partir de meados do século XVII, o açúcar (atividade Guerra dos Mascates
predominante da colônia) sofreu uma forte concorrência O chamado “Escravismo Colonial” era um sistema de
e isso fez com que a Coroa portuguesa estimulasse no- dominação que se caracterizava por dois tipos de ex-
vamente a descoberta de metais. ploração: a escravista (senhores de engenho sobre os
Os paulistas foram os principais exploradores e co- escravos) e a colonial (a colônia sobre metrópole).
nheciam bem o sertão, em 1674, Fernão Dias Pais, des- A maioria das rebeliões que ocorreram antes da In-
cobriu o caminho para o interior de Minas e alguns anos dependência, colocaram em xeque o regime colonial a
depois, Bartolomeu Bueno da Silva abriu passagem para que o Brasil estava submetido, poucas foram aquelas
Goiás e Mato Grosso. que contestaram a escravidão.
A corrida do ouro começou, de fato, em 1698 quan- A Revolta de Beckman, o Quilombo dos Palmares, a
do Antônio Dias de Oliveira descobriu as minas de Ouro revolta de Vila Rica e a Guerra dos Mascates (ocorrida
Preto. entre 1709 e 1711 em Pernambuco), tiveram por base as
A notícia correu o país inteiro fazendo com que mui- contradições entre a metrópole e a colônia e, no caso
tos aventureiros que buscavam um rápido enriquecimen- de Palmares; senhores e escravos.
to fossem para a região das minas, a boa-nova também A Guerra dos Mascates foi um conflito entre senho-
chegou a Portugal; e de lá, chegavam mais de 10 mil pes- res de engenho de Olinda (sede do poder público) e co-
soas a cada ano durante um período de 60 anos.
merciantes de Recife (chamados de “Mascates” e eram,
A população das minas era bastante heterogênea e
em sua maioria, portugueses).
dividida em dois grupos rivais: paulistas (que queriam o
direito de explorar as minas de ouro, pois descobriram o Em 1630, os holandeses chegaram em Pernambuco
lugar) e emboabas (forasteiros). e dominaram Recife e Olinda. Antes da chegada desses
O nome “Emboabas” significa em Tupi “Pássaro de Pés estrangeiros, Recife não era muito notável, Olinda era o
Emplumados”, e é uma ironia aos forasteiros que usavam principal núcleo urbano, ao qual Recife encontrava-se
botas; enquanto que os paulistas, andavam descalços. subordinada.
Nesse tempo, a população paulista era composta de Com a expulsão dos holandeses, Recife cresceu, tor-
mamelucos e índios que falavam mais a língua tupi do nou-se um centro comercial e, principalmente por causa
que o português propriamente dito. do seu excelente porto, começou a receber um grande
Alguns poucos emboabas controlavam o comér- número de comerciantes portugueses.
cio que abastecia as minas, e em razão disso, obtinham Os senhores de engenho (que controlavam Olinda)
muito lucro. Por causa da sua riqueza e a dada a impor- começavam a ficar incomodados com o progresso de
tância da atividade que exerciam, passaram a ter grande Recife (controlada pelos comerciantes).
influência. O português Manuel Nunes Viana era um des- Conforme Recife crescia, os mercadores começaram
ses ricos comerciantes e principal líder dos emboabas, a querer se libertar de Olinda e da autoridade de sua
além de ser também dono de fazendas de gado. Câmara Municipal.
A disputa pelas jazidas e vários outros desentendi- Em 1703, Recife conseguiu o direito de representa-
mentos deram origem a Guerra dos Emboabas.
ção na Câmara de Olinda; porém, as influências exerci-
Para combater o contrabando do ouro, a Coroa proi-
das pelos senhores de engenho fez com que esse direi-
biu o comércio (exceto o de gado) entre Bahia e Minas;
porém, ele continuou sob a liderança de Nunes Viana. to não saísse do papel.
Borba Gato (guarda-mor das minas, logo um represen- Em 1709, os recifenses ganharam sua própria Câma-
tante do poder real e líder dos paulistas) decidiu expul- ra e se libertaram definitivamente da autoridade política
sá-lo das minas, mas Nunes não foi embora e recebeu de Olinda. Recife passou de “povoado” à “vila”.
apoio dos emboabas. Inconformados, os senhores de engenho de Olinda
Após serem expulsos do lugar pelos emboabas, os se revoltaram e atacaram Recife. Somente após a inter-
paulistas (que constituíam a minoria) foram embora, venção das autoridades coloniais é que as lutas foram
mas um grupo deles (a maioria índios) foi cercado pelos suspensas e em 1711, Recife finalmente conseguiu sua
emboabas que prometeram deixá-los vivos caso entre- igualdade perante Olinda.
HISTÓRIA
gassem as armas. Os paulistas aceitaram o acordo, mas Assim estava encerrada a Guerra dos Mascates, com
foram enganados e massacrados em um local que ficou a vitória dos comerciantes.
conhecido como Capão da Traição.
13
Insurreição Pernambucana Estes impostos atrasados foram cobrados à força,
Levante que se sucedeu em Pernambuco em opo- com policiais, de qualquer cidadão mineiro. As contribui-
sição à autoridade que a Holanda pretensamente pre- ções eram feitas com base nos bens que cada indivíduo
tendia exercer sobre Pernambuco, tendo na posição de tinha, e era comum acontecerem casos de todos os bens
líder um rico senhor de engenho de nome João Fernan- de uma família serem tomados.
des Vieira, que contou com a colaboração de um índio Foi em meio a essa crise que surgiu a Conjuração
guerreiro chamado Antônio Felipe Camarão. Mineira (ou Inconfidência Mineira), uma revolta contra
A agitação política ocorreu no dia 13 de junho de a metrópole portuguesa. Os líderes dessa conspiração
1645, já com uma razão pré estabelecida. A Holanda eram ricos mineradores, pertencentes à elite, e também
estava enredada em combates na Europa e, endividada, pessoas ligadas ao setor militar, e da administração da
necessitava de uma fonte que lhe gerasse os recursos capitania. O único representante dos pobres era Tiraden-
financeiros para sanar estes débitos, assim resolveu co- tes, que mais tarde seria o mártir da revolta. A revolta foi
brar, por intermédio da Companhia das Índias Ociden- baseada nos ideais do Iluminismo, através do conheci-
tais – possuidora do monopólio do comércio holandês mento da independência dos Estados Unidos.
na América – os empréstimos que concedera às elites da Os objetivos que a conjuração tinha eram modestos,
nata rural pernambucana. pouco definidos. O principal era tornar Minas Gerais in-
Aquele que ousasse não cumprir com o pagamento dependente, proclamação de uma república, atrair inves-
das suas dívidas, teria seus domínios apreendidos pelos timentos estrangeiros para a instalaçao de fábricas, e a
holandeses. construção da Universidade de Vila Rica.
A colônia holandesa era gerida por Maurício de Nas- Os lideres da campanha não tinham uma ideia do que
sau, o qual detinha a aprovação e a solidariedade dos ocorreria com os escravos. Manter a escravidão era con-
senhores de terra pernambucanos. Contudo, por conta tra os ideais que pretendiam por em prática, porém, caso
deste clima de tensão, o mesmo abandonara o cargo e os libertassem, achavam que os negros tentariam assas-
voltara para a Europa no ano antecedente. sinar todos os brancos e tomar o poder da região, já que
O índio Felipe Camarão estava ausente de Pernambu- eram a maioria. Ao final da história, apenas os escravos
co quando deste infortúnio, porém tratou logo de retor- nascidos no Brasil foram libertados.
nar e veio acompanhado de um pequeno esquadrão de Logo o governador tomou conhecimento da revolta,
partidários. mandando suspender a cobrança da Derrama e prenden-
No dia 03 de agosto de 1645 houve o primeiro gran- do os líderes revoltosos.
de revés para os holandeses, que foram vencidos pelos As penas dos condenados foram muito fracas para
pernambucanos no Monte das Tabocas, local que atual- os padrões da época. Justamente porque os líderes da
mente abriga a cidade de Vitória de Santa Antão. conjuração eram ricos e militares - pessoas importantes.
As insurgências continuam a acontecer em outros
O único que não tinha qualquer importância, Tiradentes,
pontos da capitania, desta vez os insurrectos invadem
foi condenado à forca.
Recife, instituem o Arraial Novo e nomeiam João Fernan-
des Vieira governador, apoderam-se das vilas de Olinda
Missões Jesuíticas
e Itamaracá.
Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, na expedição
A Insurreição Pernambucana se estenderia até 1648,
de Tomé de Souza, tendo como Superior o Pe.Manuel
quando ocorreriam as Batalhas dos Guararapes, episó-
da Nobréga. Desembarcam na Bahia, onde ajudaram na
dios decisivos para a expulsão definitiva dos holandeses.
fundação da cidade de Salvador. Atendiam aos portu-
Elas foram frutos de uma resposta do povo – comandado
pela aristocracia açucareira – em repúdio à permanência gueses também fora da Bahia, percorrendo as Capitanias
dos holandeses no Brasil. próximas. Com o 2º Governador Geral Duarte da Cos-
Uma observação interessante a ser feita é que neste ta (1553), chega o jovem José de Anchieta. Em 1554, no
levante contou-se com a valorosa junção dos índios com dia da conversão de São Paulo, funda em Piratininga um
os negros, lutando lado a lado por um mesmo objetivo: Colégio, o qual sustentaria durante dez anos. Aprendeu
expulsar os holandeses do Brasil, além de ter sido o nos- logo a língua dos índios, da qual escreveu a primeira gra-
so primeiro movimento de insatisfação. mática, dicionário e doutrina.
O Governador Geral Mem de Sá, em 1560 e 1567 ex-
Inconfidência Mineira (Conjuração Mineira) pulsa os franceses do Rio de Janeiro e com seu sobrinho
No segunda metade do século XVIII, a exploração de Estácio de Sá funda definitivamente a cidade. Em todas
ouro em Minas Gerais começou a decair, afetando nega- essas empresas estavam presentes os jesuítas. Episódio
tivamente todas as camadas da população. heroico é o desterro de Iperuí (atual Ubatuba) em que
A cobrança de impostos que era feita sobre o ouro Nóbrega e Anchieta são feitos reféns de paz dos índios
foi mantida pela coroa portuguesa, mesmo sabendo que Tamoios. Nesta ocasião Anchieta escreveu seu célebre
os mineiros já não tinham como pagar o “quinto” (cerca Poema à Virgem Maria. Até o fim do séc. XVI, os jesuítas
de 100 arrobas de ouro por ano). Apesar da pressão fei- firmam sua ação através dos seus três maiores colégios:
ta, a coroa arrecadou uma média de 60 arrobas por ano Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco. Nesse tempo deram
seu sangue por Cristo o Irmão João de Souza e o es-
HISTÓRIA
14
tas perto das ilhas Canárias (1570). Outros 12 missioná- Papa Clemente XIII os recebeu com afeto e hospedou
rios jesuítas que vinham para o Brasil sofreram o mesmo em antigas casas romanas. Com a morte de D. José I em
martírio um ano depois (1571). No princípio do séc. XVII 1777 e a subida ao poder de Dona Maria I, o Marquês
os jesuítas chegam ao Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e daí de Pombal foi processado e condenado. Só escapou à
para toda a Amazônia. prisão e à morte por respeito à sua idade e achaques.
As duas casas, fundadas em São Luís (1622) e em Be-
lém (1626), transformaram-se com o tempo em gran- Restauração Da Companhia E Nova Vitalidade No
des colégios e em centros de expansão missionária para Brasil (1843- )
inúmeras aldeias indígenas espalhadas pelo Amazonas. O Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus em
Antônio Vieira, apesar de seus triunfos oratórios e polí- 1814. Alguma influência exerceu no ânimo do Papa a ami-
ticos, em defesa da liberdade dos indígenas, foi expulso zade de um jesuíta brasileiro, o Pe. José de Campos Lara,
pelos colonos do Pará, acusado e preso pela Inquisição. que profetizara sua eleição papal. Em 1842 os jesuítas
Em 1638, Pernambuco é tomada por holandeses espanhóis que trabalhavam na Argentina, começaram a
protestantes, liderados pelo conde Maurício de Nassau. ter dificuldades com o ditador Rosas. Em 1845, expulsos
A resistência se organiza numa aldeia jesuítica. Dos 33 da Argentina, abriram um colégio em Florianópolis, que
jesuítas de Pernambuco, mais de 20 foram capturados, prosperou rapidamente. Em 1847 abriram uma escola de
maltratados e levados para a Holanda; cerca de 10 fa- latim em Porto Alegre. Em 1849 constituíram residência
leceram em consequência dessa guerra. No séc. XVII, entre os índios Bugres, Coroados e Botocudos. Em 1858
quando da descoberta das minas e do povoamento do começaram a chegar jesuítas alemães em S. Leopoldo e
sertão, os jesuítas passavam periodicamente por esses outras vilas do interior gaúcho. Também vieram alguns
locais em missão volante. Quando Mariana (MG) foi padres jesuítas italianos. Em 1862 chega outro grupo de
elevada a diocese (1750), foram chamados para dirigir padres italianos e alemães. Em 1865 funda-se de novo
e ensinar no seminário. Em 1749 já estavam em Goiás, o colégio de Florianópolis, que, por diversas circuns-
fundando aldeias. tâncias, não vingou. Os religiosos se retiraram, pouco
No séc. XVIII, Paranaguá tornou-se centro de ativi- a pouco, para Nova Trento, terra habitada por colonos
dades sacerdotais e pedagógicas, através de uma resi- italianos. Em 1867 funda-se o Colégio S. Francisco Xavier
dência (1708) e do Colégio em 1755. Na ilha de Santa do Recife, fechado em 1873 por causa das perseguições
Catarina, visitada pelos jesuítas já desde 1635, se fundou da Maçonaria, pois os jesuítas apoiavam o bispo D. Vital,
a residência dos jesuítas (1749) e um colégio (1751). Em nas questões religiosas de então.
1635, os missionários chegaram à aldeia de Caibi, pró- Neste ínterim, o Pe. Razzini, considerado o restaura-
ximo à atual Porto Alegre. Quando voltaram em 1720, dor da Companhia de Jesus no Brasil, vencendo todas as
já então se tratava do tratado de permuta entre a Colô- oposições, começa o Colégio S. Luiz, na cidade de Itú,
nia do Sacramento e os territórios das missões jesuíticas onde se fixara o Pe. Campos Lara. A partir daí surgiram
espanholas sediadas no Rio Grande. Os jesuítas traba- o colégio Anchieta (Nova Friburgo/RJ) e o Santo Inácio
lharam na Colônia do Sacramento desde 1678 até 1758, do Rio de Janeiro. Mais tarde a missão dos japoneses
quando foram expulsos. Chegaram a ter uma residência com seu Colégio S. Francisco Xavier e a dos russos e
de ministérios apostólicos e um próspero colégio por lituanos em S. Paulo. Desde 1894 fundara-se o Novicia-
vários anos. do de Campanha em Minas. Ocupando o grande pré-
dio do Colégio Anchieta, fundava-se ao mesmo tempo
Supressão Da Companhia De Jesus No Brasil a Faculdade de Filosofia, mais tarde transferida para S.
(1760-1843) Paulo, Rio de Janeiro e ultimamente em Belo Horizonte
Aparece nesta altura da história dos jesuítas o Mar- (1981). Com a Missão Alemã no sul do Brasil surgiram
quês de Pombal. Ab-roga todo o poder temporal exer- diversos Colégios: Anchieta (1890) em Porto Alegre; Gi-
cido pelos missionários nas aldeias indígenas. Para es- násio Gonzaga (1895) de Pelotas; Sagrado Coração de
conder os fracassos da execução do Tratado de Limites Jesus na cidade do Rio Grande. O Ginásio Catarinense
da Colônia do Sacramento, culpou os jesuítas desenca- (1906), tornou-se centro de ensino e cultura científica.
deando contra eles uma propaganda terrível. No grande Mais tarde ainda vieram os Colégios Medianeira em
terremoto de Lisboa (1755), os jesuítas foram censura- Curitiba, Santo Inácio em Salvador do Sul e o Ginásio
dos por pregarem a penitência ao povo e ao governo. de Itapiranga. Novas gerações de jesuítas são formadas
Por ocasião do atentado (1757) contra D. José I, rei de na casa de formação de Pareci Novo e no Colégio Cristo
Portugal, os jesuítas foram acusados de alta traição. Em Rei (S. Leopoldo), onde brilhou a santidade do Pe. João
fim, o velho e santo missionário do Nordeste brasileiro, B. Réus. Merece especial atenção o apostolado social
o Pe. Gabriel Malagrida, foi condenado publicamente através de cooperativas, fundadas por toda parte, entre
pela Inquisição como herege, e queimado vivo em pra- os colonos alemães. Em 1911 os jesuítas portugueses
ça pública de Lisboa. Preparado o terreno, veio a lei de voltam ao território norte do Brasil, formando assim a
expulsão dos jesuítas dos domínios de Portugal. Foram Missão Portuguesa. Fundaram logo o Colégio Antônio
postos incomunicáveis, condenados e privados de todo Vieira (1911) em Salvador e o Instituto S. Luiz de Caite-
o direito de defesa. Do Pará e de outros portos, foram
HISTÓRIA
15
jesuítas construíram-se a Escola Apostólica e o Novicia-
do de Baturité no Ceará. Mais tarde fundou-se o Colégio A REVOLUÇÃO FRANCESA: A EXPANSÃO
Santo Inácio de Fortaleza. Salientemos ainda a tarefa da NAPOLEÔNICA, A FAMÍLIA REAL NO BRASIL
formação do Clero. E O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
Desde a fundação do Colégio Pio-Brasileiro em Roma BRASILEIRA
(1934) para a formação de sacerdotes, os jesuítas do
Brasil fornecem seus dirigentes, muitos professores e
auxiliares. Neste século, fundaram-se Casas de Exercícios
Espirituais, como a do Padre Anchieta no Rio; Vila Fáti- Revolução Francesa
ma, perto de Belo Horizonte; Vila Manresa (Porto Alegre);
Morro das Pedras, perto de Florianópolis; S. José (Olinda); Como a Revolução Francesa não teve apenas por
a de Baturité, no Ceará; a de Mar Grande na Bahia. Ou- objetivo mudar um governo antigo, mas abolir a forma
tras, são adaptações de antigas casas, como o Centro de antiga da sociedade, ela teve de ver-se a braços a um
Espiritualidade de Itaicí (SP) e o Centro de Espiritualidade só tempo com todos os poderes estabelecidos, arruinar
Cristo Rei, em S. Leopoldo. Dois movimentos religiosos todas as influências reconhecidas, apagar as tradições,
foram especialmente promovidos pelos jesuítas do Bra- renovar costumes e os usos e, de alguma maneira, esva-
sil: o Apostolado da Oração e a Congregação Mariana. ziar o espírito humano de todas as ideias sobre as quais
Quanto à obra das missões indígenas, uma das primeiras se tinham fundado até então o respeito e a obediência.
preocupações foi restaurar as missões do Rio Grande do As instituições feudais do Antigo Regime iam sendo
Sul (1848-52). Outra tentativa foi feita em Goiás com os superadas à medida que a burguesia, a partir do século
índios Apinagés (1888-91) e no Mato Grosso (1923). Mas XVIII, consolidava cada vez mais seu poder econômico.
a empresa que vingou foi a Missão de Diamantino em A sociedade francesa exigia que o país se moderni-
Mato Grosso (1927), hoje Diocese. Trabalharam aí cerca zasse, mas o entrave do absolutismo apagava essa ex-
de quarenta missionários, que conseguiram a pacificação pectativa.
paulatina de várias tribos. Distinguiu-se o Pe. João Bos- O descontentamento era geral, todos achavam que
co Penido Burnier, que sofreu o martírio em 1976. Outra essa situação não podia continuar. Entretanto, um mo-
missão, hoje também Diocese, foi a de Ponta de Pedras vimento iniciado há alguns anos, por um grupo de inte-
na ilha de Marajó, confiada aos jesuítas da Bahia. lectuais franceses, parecia ter a resposta. Esse movimen-
Os jesuítas se destacam também no apostolado in- to criticava e questionava o regime absolutista. Eram os
telectual, principalmente no ensino universitário. Diver- iluministas, que achavam que a única maneira possível
sas Universidades do país são dirigidas pelos jesuítas: a de a França se adiantar em relação à Inglaterra era pas-
PUC (RJ), a UNISINOS (S. Leopoldo) e a UNICAP (Recife). sar o poder político para as mãos da nova classe, isto é,
Alguns jesuítas trabalham também em Universidades do a burguesia (comerciantes, industriais, banqueiros). Era
Governo e em algumas Faculdades próprias ou de outras preciso destituir a nobreza que, representada pelo Rei ,
entidades. As três antigas Missões (Alemã, Italiana e Por- se mantinha no poder.
tuguesa) passaram a ser Vice-Províncias e posteriormen- A monarquia absoluta que, antes, tantos benefícios
te Províncias. Em 1952 os estados de Minas Gerais, Espí- havia trazido para o desenvolvimento do comércio e
rito Santo e Goiás constituíram a Vice-Província Goiano da burguesia francesa, agora era um empecilho. As leis
Mineira, confiada à Província espanhola de León. A Vi- mercantilistas impediam que se vendessem mercadorias
ce-Província do Norte tornou-se a Província do Nordes- livremente. Os grêmios de ofício impediam que se de-
te, cedendo os estados da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará, senvolvessem processos mais rápidos de fabricação de
Amazonas à Província da Bahia, constituída em grande mercadorias. Enfim, a monarquia absoluta era um obstá-
parte por jesuítas italianos da Província de Veneza. Por culo, impedindo a modernização da França. Esse obstá-
seu lado, a Província do Nordeste foi ajudada por jesuí- culo precisava ser removido. E o foi pela revolução.
tas do Canadá francês. Em 1973, tornaram-se a reunir as A Revolução Francesa significou o fim da monarquia
duas Províncias Central e Vice-Província Goiano-Mineira, absoluta na França. O fim do antigo regime significou,
formando a Província Centro-Leste. A Missão de Diaman- principalmente, a subida da burguesia ao poder político
tino, fundada pela Província Central foi atribuída à Pro- e também a preparação para a consolidação do capitalis-
víncia do Sul. Em 1995 foi criado o Distrito Missionário da mo. Mas a Revolução Francesa não ficou restrita à Fran-
Amazônia, desmembrando da Província da Bahia os esta- ça. suas ideias espalharam-se pela Europa, atravessaram
dos do Amazonas, Pará, Roraima, Amapá e Acre. Em 1999 o oceano e vieram para a América latina, contribuindo
foi criada a Região do Mato Grosso, desmembrando da para a elaboração de nossa independência política. Por
Província do Sul os estados do Mato Grosso e Rondônia. esse seu caráter ecumênico é que se convencionou ser
Atualmente os jesuítas no Brasil estão distribuídos em 4 a Revolução Francesa o marco da passagem para a Idade
Províncias, uma Região e um Distrito. Contemporânea.
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proibindo que qualquer país aliado ou ocupado pelas requisitadas, pregando-se nas portas o “P.R.”, que signi-
forças francesas comercializasse com a Inglaterra. O ob- ficava “Príncipe Regente”, mas que o povo logo tradu-
jetivo do bloqueio era arruinar a economia inglesa. Quem ziu como “Ponha-se na Rua”. Prédios públicos, quartéis,
não obedecesse, seria invadido pelo exército francês. igrejas e conventos também foram ocupados. A cidade
Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa época, passou por uma reforma geral: limpeza de ruas, pinturas
Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, nas fachadas dos prédios e apreensão de animais.
pois sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João As mudanças provocaram o aumento da população
não podia cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao na cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, so-
Bloqueio Continental, pois tinha longa relação comercial mava mais de 100 mil habitantes, entre os quais muitos
com a Inglaterra, por outro lado o governo português eram estrangeiros – portugueses comerciantes ingleses
temia o exército francês. corpos diplomáticos – ou mesmo resultado do desloca-
Sem alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, mento da população interna que procurava novas opor-
continuou comercializando com a Inglaterra. Ao desco- tunidades na capital.
brir a trama, Napoleão determinou a invasão de Portugal As construções passaram a seguir os padrões euro-
em novembro de 1807. Sem condições de resistir à inva- peus. Novos elementos foram incorporados ao mobiliá-
são francesa, D. João e toda a corte portuguesa fugiram rio; espelhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, qua-
para o Brasil, sob a proteção naval da marinha inglesa. dros, instrumentos musicais, relógios de parede.
A Inglaterra ofereceu escolta na travessia do Atlântico, Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de
mas em troca exigiu a abertura dos portos brasileiros aos Comércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) es-
navios ingleses. tabelecendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o
A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as comércio cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou
vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comiti- seu movimento que passou de 500 para 1200 embarca-
va vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota ções anuais.
Joaquina; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A
Isabel, D. Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pe- Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro
dro, o futuro imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil da Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias
pessoas entre nobres, militares, religiosos e funcionários e tabacarias. A novidade mais requintada era os chapéus,
da Coroa. Trazendo tudo o que era possível carregar; mó- luvas, leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes.
veis, objetos de arte, joias, louças, livros, arquivos e todo Para a elite, a presença da Corte e o número crescen-
o tesouro real imperial. te de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade
Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa che- com novos produtos e padrões de comportamento em
gou ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de moldes europeus. As mulheres seguindo o estilo fran-
1808. Lá foram recebidos com festas, onde permanece- cês; usavam vestidos leves e sem armações, com decotes
ram por mais de um mês. abertos, cintura alta, deixando aparecer os sapatos de
Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acor- saltos baixos. Enquanto os homens usavam casacas com
do com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às na- golas altas enfeitadas por lenços coloridos e gravatas de
ções amigas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o renda, calções até o joelho e meias. Embora apenas uma
monopólio comercial português, que obrigava o Brasil a pequena parte da população usufruísse desses luxos.
fazer comércio apenas com Portugal. Sem dúvida, a vinda de D. João deu um grande impulso
Mas o destino da Coroa portuguesa era a capital da à cultura no Brasil.
colônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que
desembarcaram em 8 de março de 1808 e onde foi insta- reunia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de
lada a sede do governo. obras públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi e, em setembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo
recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se vieram livros didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro
no porto e nas principais ruas para acompanhar a Fa- de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60 mil volumes
mília Real em procissão até a Catedral, onde, após uma trazidos de Lisboa.
missa em ação de graças, o rei concedeu o primeiro “bei- Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de
ja-mão”. Marinha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar
A transferência da corte portuguesa para o Rio de (1810) e a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência
Janeiro provocou uma grande transformação na cidade. também ganhou com a criação do Observatório Astro-
D. João teve que organizar a estrutura administrativa do nômico (1808), do Jardim Botânico (1810) e do Laborató-
governo. Nomeou ministros de Estado, colocaram em rio de Química (1818).
funcionamento diversas secretarias públicas, instalou tri- Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual
bunais de justiça e criou o Banco do Brasil (1808). João Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta
Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a de pintores, escultores, arquitetos e artesãos, chegaram
cidade digna de ser a nova sede do Império português. ao Rio de Janeiro para criar a Imperial Academia e Escola
O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu de Belas-Artes. Em 1820, foi a vez da Real Academia de
sua residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura civil.
HISTÓRIA
Paço, que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólo-
sua família e exigiu que os moradores das melhores casas gos, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que
da cidade fizessem o mesmo. Duas mil residências foram fizeram viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxe-
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ram informações sobre o que acontecia pelo mundo e Emancipação
também tornou este país conhecido, por meio dos livros e
artigos em jornais e revistas que aqueles profissionais pu- No dia primeiro de Agosto, José Bonifácio redigiu um
blicavam. Foi uma mudança profunda, mas que não alte- manifesto às varias províncias. Nesse manifesto, assinado
rou os costumes da grande maioria da população carioca, por D. Pedro, comunicava-se que a independência já era
composta de escravos e trabalhadores assalariados. realidade e conclamava-se a todos para lutarem por ela.
Com a vitória das nações europeias contra Napoleão Cinco dias depois, um novo manifesto foi enviado,
em 1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, desta vez às nações amigas. Novamente comunicava-se
pela França deveriam voltar a ocupar seus tronos. que o Brasil estava independente de Portugal e pedia-se
D. João e sua corte não queriam retornar ao empo- o apoio dessas nações, que poderiam ser beneficiadas
brecido Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria com privilégios comerciais.
de Reino Unido de Portugal e Algarves (uma região ao Finalmente, a sete de Setembro, ocorreu o famoso
sul de Portugal). O Brasil deixava de ser Colônia de Por- “Grito do Ipiranga”. Ali, na realidade, D. Pedro tornou pú-
tugal, adquiria autonomia administrativa. blico o seu rompimento com as Cortes, definindo que iria
Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do ficar no Brasil, como imperador.
Porto, terminando com o Absolutismo e iniciando a Mo- “o processo de emancipação política do Brasil configu-
narquia Constitucional. D. João deixava de ser monar- rou uma revolução, uma vez que rompeu com a domina-
ca absoluto e passava a seguir a Constituição do Reino. ção colonial, alterando a estrutura do poder político – com
Dessa forma, a Assembleia Portuguesa exigia o retorno a exclusão da metrópole portuguesa. Revolução, entretan-
do monarca. O novo governo português desejava reco- to, que levaria o Brasil do Antigo Sistema Colonial por-
lonizar o Brasil, retirando sua autonomia econômica. tuguês para um novo sistema mundial de dependências”.
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pres- Porém, a independência só se consolida com o reco-
sões, volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como nhecimento.
príncipe regente do Brasil. O primeiro país a reconhecer a independência do Bra-
Se o que define a condição de colônia é o monopólio sil foi os Estados Unidos, em 1824.
imposto pela metrópole, em 1808 com a abertura dos Em 1825, venceram os tratados que a Inglaterra havia
portos, o Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não assinado com Portugal em 1810, por meio dos quais os
mais existia. Rompia-se o pacto colonial e atendia-se as- seus pagavam menos impostos no Brasil. Querendo re-
sim, os interesses da elite agrária brasileira, acentuando novar esses tratados, a Inglaterra pressionou o governo
as relações com a Inglaterra, em detrimento das tradi- português que, finalmente, reconheceu a independência
cionais relações com Portugal. do Brasil apesar de ter feito algumas exigências para isso:
Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI - D. João VI teria o título de Imperador do Brasil.
- O Brasil não poderia comercializar com as colônias
no Brasil, é considerado a primeira medida formal em
portuguesas.
direção ao “sete de setembro”.
- O Brasil pagaria uma indemnização a Portugal (dois
Há muito Portugal dependia economicamente da In-
milhões de libras esterlinas).
glaterra. Essa dependência acentua-se com a vinda de
Assim, repetia-se no Brasil o que já ocorrera na Amé-
D. João VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser
rica espanhola: a independência fora realizada, mas sem
colônia de Portugal, para entrar na esfera do domínio
transformações na estrutura econômica e social do país.
britânico. Para Inglaterra industrializada, a independên-
A exclusão social continuava a ser uma triste realidade.
cia da América Latina era uma promissora oportunidade
“A descolonização é um processo lento, difícil e dolo-
de mercados, tanto fornecedores, como consumidores. roso, comparável à convalescença de uma longa e grave
Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e enfermidade”.
Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu de-
finitivamente o monopólio do comércio brasileiro e o
Brasil caiu diretamente na dependência do capitalismo O PRIMEIRO REINADO NO BRASIL. O
inglês.
PERÍODO REGENCIAL NO BRASIL. SEGUNDO
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou
REINADO DO BRASIL: POLÍTICA INTERNA E
fim ao absolutismo em Portugal com a Revolução do
Porto. Implantou-se uma monarquia constitucional, o EXTERNA.
que deu um caráter liberal ao movimento. Mas, ao mes-
mo tempo, por tratar-se de uma burguesia mercantil que
tomava o poder, essa revolução assume uma postura re- Primeiro Reinado
colonizadora sobre o Brasil. D. João VI retorna para Por- O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período mo-
tugal e seu filho aproxima-se ainda mais da aristocracia nárquico do Brasil após a independência. Esse período se
rural brasileira, que se sentia duplamente ameaçada em inicia com a declaração da independência por Dom Pe-
seus interesses: a intenção recolonizadora de Portugal dro I e se finda em 1831, com a abdicação do imperador.
e as guerras de independência na América Espanhola, Pintura de Pedro Américo (1888) retrata a declaração
responsáveis pela divisão da região em repúblicas. da independência do Brasil.
HISTÓRIA
18
português, ainda fiel à lógica colonial, resistiu o quanto Rio de Janeiro imediatamente respondem aos mineiros,
pôde, procurando resguardar os privilégios dados aos lu- se mobilizando em favor do imperador. As ruas do Rio de
sitanos em terras brasileiras. Janeiro testemunham momentos e atos de desordem e
A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra agitação pública.
essa resistência dão ao monarca um aumento considerá- Nesse momento, duas das mais importantes cate-
vel de prestígio e poder. gorias de sustentação do regime também retiram seu
Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro apoio. A Nobreza e o Exército abandonam o Imperador e
foi criar e promulgar uma nova Constituição para o país tornam a situação política insustentável.
para, ao mesmo tempo, aumentar e consolidar seu poder Pressionado e sem apoio político, D. Pedro I abdicou
político e frear iniciativas revolucionárias que já estavam do cargo de imperador em abril de 1831, deixando o Bra-
acontecendo no Brasil. sil sob comando da Regência enquanto seu filho Pedro
A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a de Alcântara, de 5 anos, atingia a maioridade.
primeira tentativa, invalidada pela falta de acordo e pela
incompatibilidade entre os deputados e a vontade do #FicaDica
Imperador. Numa nova tentativa, a Constituição é pro- Política externa no Primeiro Reinado – A
mulgada em 1824, a primeira do Brasil independente. aceitação da independência do Brasil foi
Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Im- gradual. Vale destacar o caso de Portugal,
perador o poder de dissolver a Câmara e os conselhos que só reconheceu a independência brasileira
provinciais, manobrando, portanto, o legislativo, além de após receber a indenização de 2 milhões de
eliminar cargos quando necessário, instituir ministros e libras esterlinas, paga através de empréstimo
senadores com poderes vitalícios e indicar presidentes concedido ao Brasil, pela Inglaterra. Ou seja, o
de comarcas. Essas medidas deixavam a maior parte do Brasil pagou pela independência que já havia
poder de decisão nas mãos do imperador e evidencia- conquistado, o que gerou grandes dívidas
vam um caráter despótico e autoritário de um governo externas com a Inglaterra.
que prometeu ser liberal.
Essa guinada autoritária do governo gerou novas re-
voltas e insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda
Período Regencial
ao país recém independente. Uma dessas revoltas foi a
Chamamos de período regencial o período entre a
Confederação do Equador. Liderados por Frei Caneca,
abdicação de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono
os pernambucanos revoltosos contra o governo foram
do Brasil, compreendendo os anos de 1831 a 1840.
reprimidos pelos militares, não sem antes mostrar sua in-
Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assu-
satisfação com os rumos do país.
miria o trono seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a
Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplati- idade de D. Pedro II, ainda criança à época não obedecia
na, que transformou essa antiga parte da colônia no in- as determinações de maioridade da Constituição. Nesse
dependente Uruguai em 1828. Essa guerra causa danos sentido, se tornou clara a necessidade da Regência, um
ao país, tanto políticos quanto econômicos. Com proble- governo de transição que administraria o país enquanto
mas com importações, baixa arrecadação de impostos, o imperador ainda não tivesse idade suficiente para go-
dificuldade na cobrança dos mesmos por causa da exten- vernas. A regência seria trina, a princípio, formada por
são do território e a produção agrícola em baixa, causada membros da Assembleia Geral (Senado e Câmara dos
por uma crise internacional, a economia brasileira tem deputados). Nesse sentido e diante da situação do país,
uma queda acentuada. a adoção da regência provisória era questão de urgência.
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um O período regencial foi dividido em duas partes: Re-
grande embate quanto a sucessão do trono português. gência Trina (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840).
Diante de reivindicações de brasileiros e portugueses, Naquele momento, a Assembleia possuía três grupos:
Dom Pedro abdica em favor da filha, D. Maria da Glória. Moderados (maioria, representavam a elite e era de-
No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá um golpe de Estado fensores da centralização), Restauradores (defendiam a
e usurpa o poder da irmã. restauração do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defen-
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras diam a descentralização do poder).
para solucionar o embate e restituir o poder à filha. Esse A Regência Trina provisória governa de abril a julho, sendo
fato irrita os brasileiros, uma vez que o Imperador está composta pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos,
novamente priorizando os assuntos de Portugal em de- representante da ala dos restauradores, Nicolau de Campos
trimento do Brasil. Essa “reaproximação’ entre Portugal e Vergueiro, representando os liberais moderados e o briga-
Brasil incomoda e gera temor de uma nova época de de- deiro Francisco de Lima e Silva que representava os setores
pendência. Com isso, o Imperador perde popularidade. mais conservadores dos militares, sobretudo no Exército.
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Re-
jornalista conhecido e desafeto do imperador. Natural- gência Trina Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831
mente, as suspeitas pelo atentado sofrido pelo jornalis- pela Assembleia Geral. Era composta pelo já integrante
ta recaem no governante luso-brasileiro. Esse episódio da Regência Provisória, Francisco de Lima e Silva, o de-
faz a aprovação do Imperador cair ainda mais junto da putado moderado José da Costa Carvalho e João Bráu-
HISTÓRIA
população. Um momento delicado acontece quando o lio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade da regência.
Imperador, em viagem a Minas Gerais, é hostilizado pe- Nesse governo, como ministro da Justiça é nomeado o
los mineiros por conta desse assassinato. Portugueses no padre Diogo Antônio Feijó.
19
No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda chegada ao poder. Dali em diante, ele passaria a ser a
enfrenta sérios problemas de governabilidade. A opo- mais importante figura política do país por praticamente
sição entre restauradores e exaltados de um lado e os cinco décadas.
regentes do outro torna o cenário político bastante deli- Para se manter tanto tempo no trono, o governo de
cado. Por segurança contra os excessos, Diogo Feijó cria Dom Pedro II teve habilidade suficiente para negociar
a Guarda Nacional, em 1831, arregimentando filhos de com as demandas políticas da época. De fato, tomando
aristocratas em sua formação. a mesma origem dos partidos da época, percebeu que
A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos inter- a divisão de poderes seria um meio eficiente para que
nos, muitos separatistas, eclodem pelo país. A Cabana- as antigas disputas fossem equilibradas. Não por acaso,
gem, no Pará dá início à onda. Seguem-se a Guerra dos uma das mais célebres frases de teor político dessa épo-
Farrapos no Rio Grande do Sul, a Sabinada e a Revolta ca concluía que nada poderia ser mais conservador do
dos Malês, na Bahia, e a Balaiada no Maranhão. que um liberal no poder.
No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cená- Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova
rio político. A assembleia passa a abrigar a disputa entre situação que a economia brasileira experimentou. O au-
progressistas defensores do diálogo com os revoltosos e mento do consumo do café no mercado externo transfor-
regressistas, adeptos da repressão às mesmas revoltas. mou a cafeicultura no sustentáculo fundamental da nossa
Um novo documento é assinado em 12 de agosto de economia. Mediante o fortalecimento da economia, ob-
1834. Por esse documento, denominado “Ato Adicional”, servamos que o café teve grande importância para o de-
conquista-se um “avanço liberal”, substituindo a Regên- senvolvimento dos centros urbanos e nos primeiros passos
cia Trina pela Regência Una. que a economia industrial trilhou em terras brasileiras.
Os candidatos favoritos para essa eleição eram An- Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime im-
tônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conser- perial entrou em declínio com o desenrolar de várias
vador) e padre Diogo Antônio Feijó (liberal). Este último transformações. O fim do tráfico negreiro, a introdução
venceu a disputa por apertada margem de votos. Feijó da mão de imigrante, as contendas com militares e re-
sobe ao poder em 1835, mas tem governo breve, deixan- ligiosos e a manutenção do escravismo foram questões
do o poder em 1837, ainda que eleito para o período de fundamentais no abalo da monarquia. Paulatinamente,
4 anos, motivado pelos problemas com separatistas, falta membros das elites econômicas e intelectuais passaram
de recursos e isolamento político. a compreender a república como um passo necessário
A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada para a modernização das instituições políticas nacionais.
por Pedro de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II
liberais e se elege Regente Uno em 19 de setembro de aconteceu no ano de 1888, quando a princesa Isabel au-
1837 – fortalecimento da centralização política. A disputa torizou a libertação de todos os escravos. A partir daí, o
com os liberais gera, entre outras medidas, a Lei Interpre- governo perdeu o favor dos escravocratas, último pilar
tativa do Ato Adicional de 1834, que é respondida com o que sustentava a existência do poder imperial. No ano
chamado “golpe da maioridade”. seguinte, o acirramento nas relações entre o Exército e
A contenda entre liberais e conservadores traz des- o Império foi suficiente para que um quase encoberto
confiança para a elite, que prefere centralizar o poder, golpe militar estabelecesse a proclamação do regime re-
apoiando a posse de D. Pedro II. Os Liberais criam o “Clu- publicano no Brasil.
be da Maioridade” e fazem propaganda pela maioridade
antecipada de D Pedro II.
A opinião pública, influenciada pelos liberais, contraria ECONOMIA CAFEEIRA
a Constituição e aprova a Declaração de Maioridade em
1840, quando D. Pedro II tem apenas 14 anos de idade.
Após a decisão, o jogo político tem como objetivo, A economia cafeeira brasileira enfrentou uma enorme
para conservadores e liberais, controlar D. Pedro II em crise, pois as grandes estocagens de café fizeram com
proveito próprio garantindo assim seus privilégios. que o preço do produto sofresse uma redução acentua-
da, o que ocasionou a maior crise financeira brasileira
Segundo Reinado durante a Primeira República.
O período nomeado de Segundo Reinado é segunda Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o po-
fase da história do Brasil monárquico, época em que o der após um golpe político que liderou juntamente com
país esteve sob a liderança de Dom Pedro II. os militares brasileiros. Os motivos do golpe foram as
Em virtude dos sucessivos entraves e dificuldades en- eleições manipuladas para presidência da República, as
frentadas por D. Pedro I para manter-se no trono do Bra- quais o candidato paulista Júlio Prestes havia ganhado,
sil recém independente e, ao mesmo tempo, garantir sua de forma obscura, em relação ao outro candidato, o gaú-
influência em Portugal, a responsabilidade de comandar cho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situação posta,
o Brasil recaiu sobre D. Pedro II, que assume o poder com efetivou o golpe político, acabando de vez com a Repú-
apenas 15 anos de idade. blica Oligárquica e com a supremacia política da oligar-
No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade, quia paulista e mineira.
Dom Pedro II foi lançado à condição de Imperador do
HISTÓRIA
20
A abolição aconteceu por conveniência circunstancial
ESCRAVIDÃO E ABOLICIONISMO: FORMAS do momento, não deixando de continuar a exploração
DE RESISTÊNCIA E O FIM DO TRÁFICO E DA dos negros de maneira geral. Mesmo depois desses lon-
ESCRAVIDÃO. gos anos de subordinação e crueldade, ainda existe o
preconceito. Não foi uma simples Lei Imperial que os
tornou iguais perante a sociedade. Este período deixou
marcas do racismo na sociedade, no qual “negro é ne-
A escravidão no Brasil durou muito tempo sem nenhu- gro” e “branco é branco” e a ideia de que “não há quem
ma piedade pela classe dominante, porque só queriam ex-
mude este estado de coisas”.
trair ao máximo possível o retorno sobre seu capital em-
Este tipo de pensamento ainda precisa ser banido de
pregado. Mas, internacionalmente, a utilização e o tráfico
nossa sociedade. Deve-se ficar claro que todos somos
de escravos já estavam sendo combatidos, desde 1462,
quando o Papa PIO II publicou a sua Bula de 7 de outubro seres humanos, com direitos iguais a uma vida digna e
deste mesmo ano. Toda trajetória de escravidão do negro justa, com nossas especificidades, diferenças e diversi-
já vinha sendo combatida de maneira muito intensa, mas dades.
ecoava pouco nos países ou colônias subdesenvolvidas. É
tanto que Portugal eliminou a escravidão em seu território FONTES:
e continuou praticando seu ato de selvageria em outros www.geledes.org.br
lugares que estavam sob seu domínio, como o Brasil. www.infoescola.com
Diante de tantos sofrimentos, a nação brasileira come- www.historiadobrasil.net
çava a dar os primeiros passos no sentido de abolir os es- www.brasilescola.uol.com.br
cravos brasileiros. Esse trabalho foi lento e acima de tudo, www.mundoeducacao.bol.uol.com.br
não obedecendo as Leis internacionais de abolição da es- www.hisdobrasil.blogspot.com
cravatura. Portugal declara extinta a escravidão negra nas www.historiadobrasil.net
ilhas de Madeira e dos Açores e, pela Lei de 16 de janeiro www.jchistorybrasil.webnode.com.br
de 1773, declaravam livres os recém-nascidos de mulher www.blogdoenem.com.br
escrava desta Nação – Lei do Ventre Livre. No Brasil, conti- www.historiabrasil.xpg.com.br
nua do mesmo jeito. Já na Inglaterra, em 1807, ficou proi- www.educabras.com
bido o tráfico de escravos com barcos ingleses e entrada www.historiaemfocoslsm.blogspot.com.br
de escravos nas possessões inglesas, mesmo havendo um www.educacao.uol.com.br
grupo denominado “Abolition Society” fundada em 1787 www.resumoescolar.com.br
que não podia avançar muito. www.remessaonline.com.br
No Brasil, a abolição foi implantada mesmo existin- www.eumed.net
do uma proibição internacional contra o tráfico negreiro,
como as normas de 19 de fevereiro de 1810, implementa-
da em 1815, com mais adições em 1817 e realmente pos-
ta em prática em 1826, quando foi criada uma Comissão EXERCÍCIOS COMENTADOS
internacional luso-inglesa, situada na África, na Serra Leoa
e no Brasil, para coibir o tráfico negreiro. Não foi desta vez
1. (PREFEITURA DE BETIM-MG – 2015) Considere o
que foi extinta a escravidão, mas a luta continuava empu-
nhada pelos abolicionistas que tanto se dedicaram pela texto:
causa do negro. Entretanto, foi em 13 de maio de 1888 A árvore de pau-brasil era frondosa, com folhas de um
que a escravidão foi eliminada no País. verde acinzentado quase metálico e belas flores ama-
A abolição dos escravos no Brasil não aconteceu por relas. Havia exemplares extraordinários, tão grossos
pura bondade da Princesa Isabel, mas em razão das difi- que três homens não poderiam abraçá-los. O tronco
culdades que atravessava o país. O momento internacio- vermelho ferruginoso chegava a ter, algumas vezes, 30
nal exigia uma mudança na estrutura produtiva predomi- metros (...) Eduardo Bueno. Náufragos, Degredados e
nante no Brasil, devido inovações que foram ocorrendo Traficantes.
e a necessidade do mercado internacional se abrir para a Em 1550, segundo o pastor francês Jean de Lery, em um
tecnologia. A forma de escravidão já não era lucrativa e a único depósito havia cem mil toras. Sobre essa riqueza,
substituição pelo assalariamento seria mais viável às con- neste período da História do Brasil, podemos afirmar:
dições patronais de rentabilidade. Sendo assim, o negro
não tinha condições de participar do processo produtivo a) O extrativismo foi rigidamente controlado para evitar
com custos compatíveis com a situação empresarial. o esgotamento da madeira.
A escravidão foi eliminada somente no aspecto de b) Provocou intenso povoamento e colonização, já que
compra e venda de escravos para o trabalho cotidiano na demandava muita mão-de-obra.
roça, nas casas particulares, ou em qualquer trabalho que c) Explorado com mão-de-obra indígena, através do es-
seus donos quisessem. A escravidão foi substituída pelo cambo, gerou feitorias ao longo da costa; seu intenso
assalariamento que não era muito, com diferença na for- extrativismo levou ao esgotamento da madeira.
ma de dependência, mas o processo de servidão mante- d) O litoral brasileiro não era ainda alvo de traficantes e
HISTÓRIA
ve-se o mesmo, miserável e impiedoso. A escravidão dei- corsários franceses e de outras nacionalidades, já que
xou de existir, entretanto, o negro traz consigo o peso da a madeira não tinha valor comercial.
discriminação, o estigma e o preconceito.
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Resposta: Letra C. Em “a”: Errado – Não houve, à
época, qualquer preocupação com a preservação da a) A independência do Brasil é um processo que se es-
espécie. O extrativismo foi feito de maneira desenfre- tende de 1821 a 1850 e fora marcado por não haver
ada e irresponsável, visando apenas levar o máximo da oposição alguma do Reino de Portugal;
madeira para a Europa. b) Oficialmente, a data comemorada para independência
Em “b”: Errado – Não houve, de imediato, intenso po- do Brasil é a de 07 de setembro de 1822 em que ocor-
voamento e colonização por parte de Portugal. reu o chamado “’grito do Ipiranga”, ato de proclama-
Em “d”: Errado – A madeira tinha alto valor comercial. ção feita por D. Pedro II, às margens do riacho Ipiranga
(atual cidade de São Paulo);
2. (MPE-GO – 2018) Analise as proposições listadas c) Entre as causas que fizeram eclodir o processo de in-
abaixo e aponte aquela que possui informação correta a dependência do Brasil estão: vontade de grande parte
respeito da Revolução de 1817: da elite política brasileira em conquistar a autonomia
política; desgaste do sistema de controle econômico
a) Conhecida como Revolução Pernambucana, foi marca- com restrições e altos impostos, exercido pela Coroa
da por um intenso descontentamento popular diante Portuguesa no Brasil e tentativa da Coroa Portuguesa
da desigualdade regional verificada após o retorno da em recolonizar o Brasil;
Coroa para o Brasil. Embora os relatos históricos apon- d) O chamado “dia do fico” foi um ato posterior à in-
tem a existência de pesados impostos neste período, dependência do Brasil em que D. Pedro não acatou
tal fator não contribuiu para a eclosão do movimento. as determinações feitas pela Coroa Portuguesa que
b) A revolução de 1817 não ficou restrita a Pernambuco, exigia seu retorno para Portugal. Em 09 de janeiro de
se expandindo para outras áreas do Nordeste. O des- 1822, D. Pedro negou o chamado e afirmou que ficaria
favorecimento regional, acompanhado de um intenso no Brasil;
antilusitanismo, foi o denominador comum desta es- e) Após a independência do Brasil D. Pedro I foi coroado
pécie de revolta geral. imperador do Brasil em dezembro de 1821, bem como
c) A revolução de 1817 abarcou as mais diversas cama- não houve registros de manifestações de portugueses
das da população, como militares, proprietários rurais, contrárias á independência do Brasil;
juízes, artesãos e comerciantes. Os sacerdotes, no
entanto, não participaram da Revolução, haja vista a Resposta: Letra C. Em “a”: Errado – O período em ques-
indissociável relação existente entre Igreja Católica e tão foi de 1821 a 1825.
Estado no aludido contexto histórico. Em “b”: Errado – O ato de proclamação foi feito por D.
d) Uma das suas características marcantes foi a unifor- Pedro I
midade de pretensões, uma vez que todos os grupos Em “d”: Errado – Esse ato foi anterior à proclamação da
lutavam pelos mesmos objetivos. independência.
e) Após a tomada de Recife pelos revolucionários houve Em “e”: Errado – A coroação ocorreu em 1822.
a implantação de um governo provisório baseado em
uma espécie de “lei orgânica”, que estabeleceu a tole- 4. (INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE – 2018) As dis-
rância religiosa e a igualdade de direitos, inclusive dos putas entre D. Pedro I e a Câmara dos Deputados mar-
escravos, o que representou importante avanço rumo caram o Primeiro Reinado e resultaram na abdicação do
à abolição da escravatura. imperador. Acerca do Primeiro Reinado e do período da
Regência, julgue (C ou E) o item subsequente.
Resposta: Letra B. Em “a”: Errado – Dentre as causas A Cabanagem destacou-se entre os movimentos de con-
da revolução temos: Insatisfação popular com a che- testação à Regência por sua duração (1835 a 1840), a
gada e funcionamento da corte portuguesa no Bra- despeito de ter se concentrado em um território muito
sil, desde o ano de 1808; Insatisfação com impostos restrito e com pequena participação popular.
e tributos criados no Brasil por D. João VI a partir da
chegada da corte portuguesa ao Brasil; Influência dos ( ) CERTO ( ) ERRADO
ideais iluministas; Significativa crise econômica que
abatia a região; Fome e miséria, que foram intensifica- Resposta: Errado. A cabanagem foi um movimento
das com a seca que atingiu a região em 1816. que eclodiu na província do Grão-Pará (Amazonas e
Em “c”: Errado – A revolta é também conhecida como Pará atuais), de 1833 a 1839. Começou com a resis-
a Revolta dos Padres devido ao número considerável tência oferecida pelo presidente do conselho da pro-
de padres que nela tomaram lugar - um dos mais co- víncia, que impediu o desembarque das autoridades
nhecidos foi Frei Caneca. nomeadas pela regência. Grande parte dos revoltosos
Em “d”: Errado – Grupos diversos participaram da re- era formada por mestiços e índios, chamados de ca-
volução. banos. Foi um movimento com grande participação
Em “e”: Errado – Os revolucionários ficaram no poder popular.
menos de três meses. A repressão ao movimento foi
sangrenta e, com isso, o governo lusitano preservava 5. (INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE – 2017) A Pri-
a sua hegemonia política através da força das armas. meira República caracterizou-se pelo regime oligárquico
HISTÓRIA
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ta contou com importante participação de oficiais tanto do movimento das “Diretas Já!”, foram realizadas em 1985
do Exército como da Marinha, tendo apontado os males as primeiras eleições diretas para a Presidência da Repú-
causados pelo poder excessivo da oligarquia e defendido blica, sendo vitoriosa a chapa encabeçada por Tancredo
a descentralização do poder político, além de uma políti- Neves e José Sarney.
ca econômica nacionalista. III – A Constituição de 1988 valorizou direitos políticos e
sociais, reconheceu a organização social indígena e alte-
( ) CERTO ( ) ERRADO rou o sistema tributário nacional, repassando aos estados
e municípios parte dos recursos anteriormente destina-
dos à União.
Resposta: Errado. Na década de 1920, surgiu no Bra- Quais estão corretas?
sil um movimento conhecido como Tenentismo, forma-
do, em geral, por militares de média e baixa patente, a a) Apenas I.
maior parte do Exército. b) Apenas II.
O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao proje- c) Apenas III.
to, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa d) Apenas I e II.
era pela implantação de um Estado forte e centralizado, e) Apenas II e III.
por meio do qual as necessidades do país poderiam fi-
car explícitas e resolvidas. Resposta: Letra C. Para responder a questão vamos
enumerar as afirmativas de I a III.
6. (CAMARA DE NATIVIDADE-RJ – IDECAN – 2017) So- Afirmativa I – Errado – Esse foi um período de grande
bre a história política do Brasil, marque V para as afirmati- instabilidade econômica monetária no país. A medida
vas verdadeiras e F para as falsas. adotada para controlar a inflação gerou consequên-
( ) A ditadura militar no Brasil teve uma duração de 21 cias negativas no mercado, pois, com o congelamento
anos, iniciando em 1964 e tendo seu término em 1985. dos preços, houve uma crise de abastecimento. Com
( ) “Diretas Já” foi um dos movimentos de maior participa- isso, o plano fracassou, subindo a inflação novamente.
ção popular da história do Brasil. Teve início em 1983, no Afirmativa II – Errado – Em 1985 não tivemos eleições
governo de João Batista Figueiredo, e propunha eleições diretas e sim indiretas.
diretas para o cargo de presidente da República. Afirmativa III – Certo – A afirmativa descreve aspectos
( ) José Sarney foi o primeiro presidente brasileiro eleito positivos que a CF trouxe.
por voto direto depois da ditadura militar. • Pré-História;
A sequência está correta em • Idade Antiga;
• Idade Média;
a) V, V, F. • Idade Moderna;
b) F, V, V.
c) F, V, F.
d) V, F, V. INDUSTRIALIZAÇÃO, URBANIZAÇÃO
E IMIGRAÇÃO: AS TRANSFORMAÇÕES
Resposta: Letra A. Para responder a questão vamos ECONÔMICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS NO
enumerar as afirmativas de I a III.
BRASIL E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA.
Afirmativa I – Verdadeiro – No dia 15 de janeiro de
1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancre-
do Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo
Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços colo-
presidente da República. Ele fazia parte da Aliança De-
niais às margens do rio Ipiranga. De fato, para entender-
mocrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e
mos como o Brasil se tornou uma nação independente,
pela Frente Liberal. Era o fim do regime militar.
devemos perceber como as transformações políticas,
Afirmativa II – Verdadeiro – Em 1984, políticos de opo-
econômicas e sociais inauguradas com a chegada da fa-
sição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasi-
mília da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a
leiros participam do movimento das Diretas Já. O movi-
mento era favorável à aprovação da Emenda Dante de possibilidade da independência.
Oliveira, que garantiria eleições diretas para presidente A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi
naquele ano. episódio de grande importância para que possamos ini-
Afirmativa III – Errado – Ele não foi eleito pelo voto dire- ciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em
to (primeiro presidente eleito por voto direto foi Collor), solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acor-
ele assumiu por ser vice na chapa de Tancredo Neves, dos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em
que ficou doente antes de assumir e acabou falecendo. defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a
Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo
7. (MPE-RS – 2015) Considere as seguintes afirmações, antes de chegar à capital da colônia, o rei português rea-
relativas à história recente do Brasil. lizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações
I – O período entre 1986 e 1990 foi marcado pela estabi- do mundo.
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser
HISTÓRIA
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medida, os grandes produtores agrícolas e comerciantes grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de
nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um um processo de independência conservador guiado pe-
tempo de prosperidade material nunca antes experimen- las mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom
tado em toda história colonial. A liberdade já era sentida Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma
no bolso de nossas elites. ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua
Para fora do campo da economia, podemos salientar autorização prévia.
como a reforma urbanística feita por Dom João VI pro- Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua re-
moveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então lação política com as Cortes praticamente insustentável.
nunca antes vivida na capital da colônia, que deixou de Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um
ser uma simples zona de exploração para ser elevada à novo documento para o Brasil exigindo o retorno do
categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar,
medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao
despertou a insatisfação dos portugueses que foram tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que
deixados à mercê da administração de Lorde Protetor do estava em viagem) declarou a independência do país no
exército inglês. dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga.1
Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimen-
taram um movimento de mudanças por parte das elites
lusitanas, que se viam abandonadas por sua antiga au- O BRASIL DURANTE A PRIMEIRA GUERRA
toridade política. Foi nesse contexto que uma revolução MUNDIAL
constitucionalista tomou conta dos quadros políticos
portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do
Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania po- No ano de 1914, as relações entre as principais
lítica portuguesa por meio de uma reforma liberal que nações europeias estavam tensas. Nos últimos 60
limitaria os poderes do rei e reconduziria o Brasil à con- anos havia ocorrido a Segunda Revolução Industrial e
dição de colônia. várias potências econômicas surgiram ameaçando
Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie a supremacia da Grã-Bretanha, com destaque para
de Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cor- Estados Unidos, Itália, Rússia, Alemanha e Japão. Isso
tes”. Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas significava que todos esses países tinham como pro-
exigiam que o rei Dom João VI retornasse à terra natal duzir, mas precisavam de matérias primas e de merca-
para que legitimasse as transformações políticas em an- dos para vender a sua produção.
damento. Temendo perder sua autoridade real, D. João Se na primeira Revolução Industrial o grande fato
saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, impulsionador foi a invenção do vapor, na segunda,
como príncipe regente do Brasil. a eletricidade foi o mecanismo que revolucionou os
A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos meios de produção. Outro grande fator de cresci-
cofres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas mento econômico foi o aumento da disponibilidade
condições financeiras. Em meio às conturbações políticas de ferro e aço. A mecanização da indústria se elevou,
que se viam contrárias às intenções políticas dos lusita- proporcionando o consequente aumento do nú-
nos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas em favor da mero de máquinas e motores menores, que viriam
população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o dotar os bens de consumo duráveis, os maiores sím-
príncipe regente baixou os impostos e equiparou as au- bolos da sociedade moderna.
toridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, Naquele ano de 1914 vigorava a Paz Armada, uma
tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal. situação em que todas as nações procuravam se
Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cor- armar para inibir o adversário de atacá-las. Duas
tes exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e grandes alianças político-militares predominavam:
entregasse o Brasil ao controle de uma junta administra- a Tríplice Aliança, formada pelo Império Austro-Hún-
tiva formada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal garo, Itália e Alemanha, e a Tríplice Entente, forma-
despertou a elite econômica brasileira para o risco que as da por França, Inglaterra e Rússia. Pequenas frentes
benesses econômicas conquistadas ao longo do período de luta surgiam nas áreas em disputa. Todos queriam
joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e se apossar de territórios. Um terrorista sérvio con-
comerciantes passaram a defender a ascensão política de seguiu assassinar o Arquiduque Francisco Ferdinan-
Dom Pedro I à líder da independência brasileira. do, herdeiro do trono austríaco, em um atentado
No final de 1821, quando as pressões das Cortes atin- em Sarajevo, na Bósnia. Essa morte imediatamente
giram sua força máxima, os defensores da independên- provocou a guerra entre a Áustria e a Sérvia; a Rússia,
cia organizaram um grande abaixo-assinado requerendo fiadora da Sérvia, iniciou um confronto com a Áustria,
a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração provocando a intervenção alemã e unindo a França e
de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de a Inglaterra. Aliados de um ou outro lado entraram na
1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhe- Guerra. Iniciava-se a Primeira Guerra Mundial.
cido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe De 1914 até o seu final, a guerra assumiu seu lado
regente assinalou qual era seu posicionamento político. mais cruel. Milhões de vidas foram ceifadas na chamada
HISTÓRIA
Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras guerra de trincheiras, quando as tropas limitavam-se
políticas pró-independência aos quadros administrati- a defender determinadas posições estratégicas.
vos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio,
1 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br – Por Rainer Souza
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Em 1917, os EUA entraram na guerra. No mesmo No mês de maio, o segundo navio brasileiro, o Ti-
ano, eclodiu a revolução socialista na Rússia e seus di- juca, foi torpedeado nas proximidades de Brest, na
rigentes assinaram, com a Alemanha, o Tratado de costa francesa. Seis dias depois seguiu-se o mercante
Brest-Litovsky, retirando-se da guerra. Lapa. Ele foi abordado por um submarino alemão,
Em 1918, o Brasil entrou no conflito quando a que mandou a tripulação deixar o vapor para depois
campanha submarina alemã atingiu seus navios mer- torpedeá-lo. Esses três ataques levaram o presiden-
cantes, afundados em razão do bloqueio alemão à te Wenceslau Braz a decretar o arresto de 45 na-
Grã-Bretanha. vios dos impérios centrais aportados no Brasil e a
O Brasil enviou, nesse mesmo ano, uma Divisão Na- revogação da neutralidade. Muitos deles encontra-
val para operar com a Marinha britânica entre Dakar e vam-se danificados por sabotagem dos próprios
Gibraltar. tripulantes. Isso não impediu que o Brasil utilizasse 15
A Alemanha, depois de uma fracassada ofensiva deles e repassasse 30 por afretamento para a Fran-
no teatro de operações ocidental, se viu exausta ça. Um fato curioso foi o arresto da Canhoneira alemã
com as perdas sofridas, vindo a assinar o Armistício Eber, surta no porto de Salvador. Tratava-se de navio
com os aliados no mês de novembro de 1918. militar e não de vapor mercante, como os 45 navios
arrestados. Antes de ser abordada por autoridades
O PREPARO DO BRASIL brasileiras, e percebendo essa medida, os tripulan-
A disposição do Brasil em manter-se neutro no tes queimaram esse vaso de guerra e conseguiram
conflito foi evidenciada desde o primeiro minuto dos se transferir para outro navio mercante que se evadiu
combates na Europa, em 1914. Naqueles dias con- dos portos nacionais com o armamento e os homens
turbados, prevalecia no País uma tendência natural especializados, que seriam ainda úteis à Marinha ale-
de simpatia em favor dos aliados, principalmente mã no conflito.
porque a elite nacional via na educação e na cultura Quatro meses se passaram até que novo navio
francesas seus principais paradigmas. A neutralidade brasileiro fosse atacado e afundado, dessa feita foi
foi a marca brasileira nos três primeiros anos de guer- o vapor Tupi, nas mediações do Cabo Finisterra. O
ra, mesmo quando Portugal foi a ela arrastada, em caso tornou-se grave porque o comandante e o
março de 1916. despenseiro foram aprisionados por um submarino
O bloqueio sem restrições, firmado pelo governo alemão e nunca mais se teve notícia de seus destinos.
alemão em 31 de janeiro de 1917, trouxe não só mal- Oito dias depois, 26 de outubro de 1917, o Brasil
-estar a todos os neutros, mas também preocupa- reconhecia e proclamava o estado de guerra com o
ção ao governo brasileiro, que dependia fundamen- Império Alemão.
talmente do mar para escoar a produção de café para Como estava o Brasil naquela oportunidade para
a Europa e os Estados Unidos, nossos principais com- enfrentar os germânicos?
pradores. Ademais, importávamos muitos produtos O governo brasileiro tinha consciência de que a
da Inglaterra, que naquela altura lutava desespera- grande ameaça seria o submarino alemão, ávido
damente nos campos franceses e enfrentava, com por atacar os nossos navios mercantes que manti-
preocupação, os ataques dos submarinos alemães nham comércio com outros países em pleno de-
a seu tráfego marítimo. senvolvimento. Além disso, naquela oportunidade,
O Brasil apresentou, inicialmente, seu protes- não existiam estradas ligando o Sul e Sudeste com o
to formal à Alemanha, sendo logo depois obri- Norte e Nordeste. Todas as comunicações entre es-
gado a romper relações comerciais com aquele sas regiões eram feitas por mar, daí nossa grande vul-
país, mantendo-se, contudo, ainda, na mais rigorosa nerabilidade estratégica. Tanto a Marinha Mercante
neutralidade. como a de Guerra seriam as grandes protagonistas
O que veio a modificar a atitude brasileira foi o brasileiras nesse confronto.
afundamento do navio mercante Paraná, ao largo de A Marinha Mercante brasileira era modesta, no
Barfleur, na França, apesar de ostentar a palavra Bra- entanto, desde os primeiros anos do século, os go-
sil pintada no costado e a Bandeira Nacional içada vernos que se sucederam procuraram aparelhá-la, o
no mastro. Naquela oportunidade, a população na que foi auspicioso, pois teríamos na guerra um teste
capital, Rio de Janeiro, atacou firmas comerciais ale- fundamental para a manutenção de nosso fluxo co-
mãs, criando grande desconforto para o governo mercial. No início do conflito – quando o Brasil ainda
de Wenceslau Braz. Seguiu-se então o rompimento mantinha irrestrita neutralidade –, diversos países
das relações diplomáticas com o governo alemão, envolvidos na guerra, ávidos para cobrir as perdas
em 11 de abril de 1917. Um fato importante, que influiu provocadas por afundamentos, ofereceram pro-
também na decisão de se romper relações com o postas de compras de muitos de nossos mercantes.
Império Alemão, foi a atitude de protesto dos Esta- Propostas de compras do Lloyd Brasileiro foram
dos Unidos contra o bloqueio irrestrito, tendo sofrido comuns. Entretanto, o governo nacional, premido
por isso o torpedeamento de dois de seus navios. Tais pela necessidade de manter o comércio com ou-
acontecimentos motivaram a declaração de guerra tros países e de escoar o nosso principal produto,
HISTÓRIA
norte-americana. Mantínhamos, até esse ponto, la- o café, principalmente para os Estados Unidos, im-
ços comerciais profundos com esse país e claras sim- pediu todas essas tentativas de arrendamento. Ao
patias com os aliados. final, essa ação veio a ser fundamental para o Brasil.
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Nossa Marinha de Guerra era centrada na chamada Desde o início do conflito, a participação da Mari-
Esquadra de 1910, com navios relativamente novos nha no confronto baseou-se no patrulhamento ma-
construídos na Inglaterra sob o Plano de Construção rítimo do litoral brasileiro com três divisões navais, como
Naval do Almirante Alexandrino Faria de Alencar, minis- já mencionado, distribuídas nos portos de Belém, Rio
tro da Marinha de então, como anteriormente men- de Janeiro e São Francisco do Sul. Esse serviço tinha
cionado. Eram ao todo dois encouraçados tipo dread por finalidade colocar a navegação nacional, a aliada
nought, o Minas Gerais e o São Paulo, dois cruzadores e a neutra ao abrigo de possíveis ataques de navios
tipo scouts, o Rio Grande do Sul e o Bahia, que viria a ser alemães, de qualquer natureza, nas nossas águas.
perdido tragicamente na Segunda Guerra Mundial, A Divisão Naval do Norte possuía os encouraça-
e dez contratorpedeiros de pequenas dimensões. dos guarda costas, Deodoro e Floriano, dois cruzado-
Esses meios eram todos movidos a vapor, queiman- res, Tiradentes e República, dois contratorpedeiros,
do carvão. três avisos e duas canhoneiras. Sua sede era Belém.
Desde o início da participação brasileira no confli- A Divisão Naval do Centro compunha-se dos en-
to, o governo nacional decidiu-se pelo envio de uma couraçados Minas Gerais e São Paulo e de seis contra-
divisão naval para operar em águas europeias, o que torpedeiros, com sede no Rio de janeiro.
representaria grande esforço para a Marinha sig- Por fim, a Divisão Naval do Sul possuía os cruzadores
nificativa foi a designação de treze oficiais aviadores, Barroso, Bahia e Rio Grande do Sul, um iate e dois contra-
sendo doze da Marinha e um do Exército, para se aper- torpedeiros, com sede em São Francisco do Sul.
feiçoarem como pilotos de caça da Royal Air Force no A Marinha possuía também três navios mineiros,
teatro europeu. Depois de árduo adestramento em uma flotilha de submersíveis, com um tênder, três
que dois pilotos se acidentaram, sendo um fatal, eles pequenos submarinos construí dos na Itália e uma
foram considerados qualificados para operações de torpedeira, as flotilhas do Mato Grosso, do Amazonas,
combate, tendo sido empregados no 16o Grupo da aviões de guerra e, por fim, navios soltos.
RAF, com sede em Plymouth, em missões de patrulha-
mento no Canal da Mancha.
No principal porto do País, o do Rio de Janeiro, A CRISE DE 1929: O IMPACTO DA GRANDE
centro econômico e político mais importante, insti- DEPRESSÃO NO BRASIL.
tuiu-se uma linha de minas submarinas, cobrindo 600
metros entre as Fortalezas da Laje e Santa Cruz. Duas
ilhas oceânicas preocupavam as autoridades navais As principais consequências da Crise de 1929 foram
devido à possibilidade de seu uso como pontos de o desemprego em massa, a falência de várias empresas,
refúgio de navios inimigos: as de Trindade e de Fer- tanto do setor industrial quanto do setor agrícola, e a
nando de Noronha. A primeira foi ocupada militar- pobreza, que assolou grande parte da população ameri-
mente, em maio de 1916, com um grupo de cerca de cana. Muitos países que estavam atrelados ao sistema de
50 militares. Uma estação radiotelegráfica mantinha crédito americano também sofreram uma grande reces-
as comunicações com o continente e, frequente- são em suas economias. O Brasil, por exemplo, teve que
mente, Trindade era visitada por navios de guerra queimar café, principal produto da época, para poder va-
para o seu reabastecimento. Quanto a Fernando de lorizar o seu preço.
Noronha, lá existia um presídio do estado de Per- As soluções para a crise foram aplicadas, principal-
nambuco. A Marinha, então, passou a assumir a de- mente, por F. Delano Roosevelt e sua política do New
fesa dessa ilha, destacando um grupo de militares Deal(Novo Acordo), que procurou replanejar a economia
para guarnecê-la. Não houve nenhuma tentativa de americana.
ocupação por parte dos alemães.
Com o estado de guerra declarado, os ataques
aos mercantes brasileiros continuaram. Em 2 de no- SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E O PERÍODO
vembro, nas proximidades da Ilha de São Vicente, na VARGAS. A REDEMOCRATIZAÇÃO NO BRASIL.
costa africana, foram torpedeados mais dois navios, o
Guaíba e o Acari. Depois de atingidos, seus coman-
dantes conseguiram encalhá-los, salvando-se a car- SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
ga, não impedindo, no entanto, que vidas brasileiras
fossem perdidas. Um conflito desta magnitude não começa sem im-
Outro ataque, já no ano de 1918, aconteceu portantes causas ou motivos. Podemos dizer que vários
ao mercante Taquari, da Companhia de Comércio e fatores influenciaram seu início, que começou na Europa
Navegação, na costa inglesa. Desta feita o navio foi e, rapidamente, espalhou-se pela África e Ásia.
atingido por tiros de canhão, tendo tempo de ar- Um dos mais importantes motivos foi o surgimento,
riar as baleeiras que, no entanto, foram metralhadas, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários
provocando a morte de oito tripulantes. com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na
Esses ataques insuflaram ainda mais a opinião pú- Alemanha surgiu o nazismo, liderado por Hitler e que
blica brasileira que, influenciada por campanhas jor- pretendia expandir o território Alemão, desrespeitando o
nalísticas e declarações de diversos homens públi- Tratado de Versalhes, inclusive reconquistando territórios
HISTÓRIA
cos, exigiu um comprometimento maior com a causa perdidos na Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo
aliada, com a participação efetiva no esforço bélico o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, que se
contra as Potências Centrais. tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites.
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Tanto a Itália quanto a Alemanha passavam por uma (1937-1945). Durante o Governo Provisório, o presidente
grave crise econômica no início da década de 1930, com Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização
milhões de cidadãos sem emprego. Uma das soluções do poder, eliminou os órgãos legislativos – federal, es-
tomadas pelos governos fascistas destes países foi a in- tadual e municipal –, designando representantes do go-
dustrialização, principalmente na criação de indústrias de verno para assumir o controle dos estados, e obstruiu o
armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, conjunto de leis que regiam a nação.
navios, tanques etc). Nesse momento temos a Revolução Constitucionalis-
Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de ta (1932), dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de
expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas julho de 1932, o Estado de São Paulo se rebelou contra
da região. Estes três países, com objetivos expansionis- a ditadura Vargas. Embora o movimento tenha nascido
tas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo com fortes de reivindicações da elite paulista, teve ampla participa-
características militares e com planos de conquistas ela- ção popular. Apesar da derrota – São Paulo lutou isolado
borados em comum acordo. contra as demais unidades da federação –, a resistência
O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o foi um marco nas lutas em favor da democracia no Brasil.
exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França A oposição às ambições centralizadoras de Vargas
e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo concentrou-se em São Paulo, que de forma violenta co-
com a política de alianças militares existentes na época, meçou uma agitação armada – este evento entrou para a
formaram-se dois grupos: Aliados (liderados por Ingla- história, exigindo a realização de eleições para a elabora-
terra, URSS, França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, ção de uma Assembleia Constituinte. Apesar do desbara-
Itália e Japão). tamento do movimento, o presidente convocou eleições
para a Constituinte e, em 1934, apresentou a nova Carta.
1. Desenvolvimento e Fatos Históricos Importantes A nova Constituição sancionou o voto secreto e o
voto feminino, além de conferir vários direitos aos traba-
O período de 1939 a 1941 foi marcado por vitórias lhadores, os quais vigoram até hoje.
do Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha, Durante o Governo Constitucional, a altercação políti-
que conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, ca se deu em volta de dois ideários primordiais: o fascista
Ucrânia, Noruega e territórios no norte da África. O Ja- – conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitá-
pão anexou a Manchúria, enquanto a Itália conquistava a rios introduzidos na Itália por Mussolini –, defendido pela
Albânia e territórios da Líbia.
Ação Integralista Brasileira, e o democrático, representa-
Em 1941 o Japão ataca a base militar norte-americana
do pela Aliança Nacional Libertadora, que contava com
de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí). Após este
indivíduos partidários das reformas profundas da socie-
fato, considerado uma traição pelos norte-americanos,
dade brasileira.
os estados Unidos entraram no conflito ao lado das for-
Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de
ças aliadas.
centralização do poder e, após a experiência frustrada
De 1941 a 1945 ocorreram as derrotas do Eixo, ini-
de golpe por parte da esquerda - a histórica Intento-
ciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso
inverno russo. Neste período, ocorre uma regressão das na Comunista -, ele suspendeu outra vez as liberdades
forças do Eixo que sofrem derrotas seguidas. Com a en- constitucionais, fundando um regime ditatorial em 1937.
trada dos EUA, os aliados ganharam força nas frentes de Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova Constituição,
batalhas. influenciada pelo arquétipo fascista, que afiançava vastos
O Brasil participa diretamente, enviando para a Itália poderes ao Presidente. A nova constituição acabava com
(região de Monte Cassino) os pracinhas da FEB, Força Ex- o Legislativo e determinava a sujeição do Judiciário ao
pedicionária Brasileira. Os cerca de 25 mil soldados bra- Executivo. Objetivando um domínio maior sobre o apa-
sileiros conquistam a região, somando uma importante relho de Estado, Vargas instituiu o Departamento Admi-
vitória ao lado dos Aliados. nistrativo do Serviço Público (DASP) e o Departamento
de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fiscalizar
2. Final e Consequências os meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem
positiva do governo e, especialmente, do Presidente.
Este importante e triste conflito terminou somente As polícias estaduais tiveram suas mordomias expan-
no ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália. O didas e, para apoderar-se do apoio da classe trabalhado-
Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda ra, Vargas concedeu-lhes direitos trabalhistas, tais como
sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que despe- a regulamentação do trabalho noturno, do emprego de
jou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e menores de idade e da mulher, fixou a jornada de traba-
Nagazaki. Uma ação desnecessária que provocou a mor- lho em oito horas diárias de serviço e ampliou o direito à
te de milhares de cidadãos japoneses inocentes, deixan- aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar
do um rastro de destruição nestas cidades. de conservar a atividade sindical nas mãos do governo
federal.
Era Vargas O Estado Novo implantou no Brasil a doutrina polí-
tica de intervenção estatal sobre a economia e, ao mes-
A Era Vargas, que teve início com a Revolução de 1930 mo tempo em que proporcionava estímulo à área rural,
HISTÓRIA
e expulsou do poder a oligarquia cafeeira, ramifica-se apadrinhava o crescimento industrial, ao aplicar fundos
em três momentos: o Governo Provisório (1930-1934), destinados à criação de infraestrutura industrial. Foram
o Governo Constitucional (1934-1937) e o Estado Novo instituídos, nesse espaço de tempo, o Ministério da Ae-
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ronáutica, o Conselho Nacional do Petróleo que, posteriormente, no ano de 1953, daria origem à Petrobrás, fundou-se
a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN –, a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco
e a Fábrica Nacional de Motores – FNM –, dentre outras. Publicou o Código Penal, o Código de Processo Penal e a
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT –, todos em vigor atualmente.
Getúlio Vargas foi responsável também pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário
mínimo, da estabilidade no emprego depois de dez anos de serviço – revogada em 1965 –, e pelo descanso semanal
remunerado. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo foi a brecha que surgiu para
o crescimento da oposição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização do país ganhou fôlego. O go-
verno foi forçado a indultar os presos políticos e os degredados, além de constituir eleições gerais, que foram vencidas
pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo governo, o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era Vargas, mas não o
fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.
#FicaDica
É comum vermos a expressão Quarta República, que são os seguintes fatos que aconteceram
neste período:
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas estava enfraquecido. Um golpe
comandado pelo general Eurico Gaspar Dutra o retirou do poder. Uma nova Constituição foi
adotada em 1946, garantindo a realização de eleições diretas para presidente da República
e para os governos dos estados. O Congresso Nacional voltou a funcionar e houve alternância
no poder.
Entretanto, foi um período de forte instabilidade política. As mudanças sociais decorrentes da
urbanização e da industrialização projetavam novas forças políticas que pretendiam aprofundar
o processo de modernização da sociedade e do Estado brasileiro, o que desagrava as elites
conservadoras. O período foi marcado por várias tentativas de golpe de Estado, levando
inclusive ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.
O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado desenvolvimento industrial em algumas
áreas, mas não pôde resolver o problema da exclusão social na cidade e no campo. Essas
medidas de mudança social iriam compor a base das propostas do Governo de João Goulart.
O estado brasileiro estava caminhando para resolver demandas há muito reprimidas, como a
reforma agrária. Frente ao perigo que representava aos seus interesses econômicos e políticos,
as classes dominantes mais uma vez orquestraram um golpe de Estado, com a deposição pelo
exército de João Goulart, em 1964.
A Guerra Fria, que teve seu início logo após a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991)
é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a
União Soviética, disputando a hegemonia política, econômica e militar no mundo.
Causas
A União Soviética buscava implantar o socialismo em outros países para que pudessem expandir a igualdade social,
baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Enquanto
os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de
mercado, sistema democrático e propriedade privada.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial o contraste entre o capitalismo e socialismo era predominante entre a polí-
tica, ideologia e sistemas militares. Apesar da rivalidade e tentativa de influenciar outros países, os Estados Unidos não
conflitou a União Soviética (e vice-versa) com armamentos, pois os dois países tinham em posse grande quantidade de
armamento nuclear, e um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, possivelmente, da vida em nosso
planeta. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã
Com o objetivo de reforçar o capitalismo, o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, lança o Plano Marshal,
que era um oferecimento de empréstimos com juros baixos e investimentos para que os países arrasados na Segunda
Guerra Mundial pudessem se recuperar economicamente. A partir desta estratégia a União Soviética criou, em 1949, o
Comecon, que era uma espécie de contestação ao Plano Marshall que impedia seus aliados socialistas de se interessar
ao favorecimento proposto pelo então inimigo político.
A Alemanha por sua vez, aderiu o Plano Marshall para se restabelecer, o que fez com que a União Soviética blo-
HISTÓRIA
queasse todas as rotas terrestres que davam acesso a Berlim. Desta forma, a Alemanha, apoiada pelos Estados Unidos,
abastecia sua parte de Berlim por vias aéreas provocando maior insatisfação soviética e o que provocou a divisão da
Alemanha em Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental.
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Em 1949, os Estados Unidos juntamente com seus
aliados criam a Otan (Organização do Tratado do Atlânti- A DITADURA MILITAR NO BRASIL.
co Norte) que tinha como objetivo manter alianças milita-
res para que estes pudessem se proteger em casos de ata-
que. Em contra partida, a União Soviética assina com seus Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o
aliados o Pacto de Varsóvia que também tinha como obje- período da política brasileira em que os militares gover-
tivo a união das forças militares de toda a Europa Oriental. naram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracte-
Entre os aliados da Otan destacam-se: Estados Unidos, rizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos
Canadá, Grécia, Bélgica, Itália, França, Alemanha Ocidental, constitucionais, censura, perseguição política e repressão
Holanda, Áustria, Dinamarca, Inglaterra, Suécia, Espanha. aos que eram contra o regime militar.
E os aliados do Pacto de Varsóvia destacam-se: União So-
viética, Polônia, Cuba, Alemanha Oriental, China, Coréia do O golpe militar de 1964
Norte, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Albânia, Romênia.
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jâ-
Origem do nome nio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart,
É chamada «fria» porque não houve uma guerra direta que assumiu a presidência num clima político adverso. O
entre as superpotências, dada a inviabilidade da vitória em governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela
uma batalha nuclear. abertura às organizações sociais. Estudantes, organiza-
ções populares e trabalhadores ganharam espaço, cau-
Envolvimentos Indiretos sando a preocupação das classes conservadoras como,
por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica,
Guerra da Coréia : Entre os anos de 1951 e 1953 a militares e classe média. Todos temiam uma guinada do
Coréia foi palco de um conflito armado de grandes pro- Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste pe-
porções. Após a Revolução Maoísta ocorrida na China, a ríodo, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
Coréia sofre pressões para adotar o sistema socialista em Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até
todo seu território. A região sul da Coréia resiste e, com o mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes
apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.
A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão Os partidos de oposição, como a União Democráti-
da Coréia no paralelo 38. A Coréia do Norte ficou sob in- ca Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD),
fluência soviética e com um sistema socialista, enquanto a acusavam Jango de estar planejando um golpe de es-
Coréia do Sul manteve o sistema capitalista. querda e de ser o responsável pela carestia e pelo desa-
bastecimento que o Brasil enfrentava.
Guerra do Vietnã : Este conflito ocorreu entre 1959 e No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza
1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro),
Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango
tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os solda- prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econô-
dos vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas mica e educacional do país.
tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e milita- Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores
res morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e organizam uma manifestação contra as intenções de
tiveram que abandonar o território vietnamita de forma João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Li-
vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista. berdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do
centro da cidade de São Paulo.
Fim da Guerra Fria O clima de crise política e as tensões sociais aumen-
A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas tavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de
repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do so- Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma
cialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai.
de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado
No começo da década de 1990, o então presidente o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato cassa man-
da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim datos políticos de opositores ao regime militar e tira a
do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas estabilidade de funcionários públicos.
econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o
sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Con-
vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países gresso Nacional presidente da República em 15 de abril
socialistas. de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a
Já o Brasil, como um país seguidor do sistema capita- democracia, porém ao começar seu governo, assume
lista e com laços comerciais com EUA e Europa Ocidental, uma posição autoritária.
ficou posicionado ao lado do bloco norte-americano. Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além
Quando no começo de 1964, o então presidente bra- de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares
sileiro (João Goulart) começou a adotar algumas medidas federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, ci-
HISTÓRIA
consideradas socialistas, ocorreu o golpe militar. Com os dadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais
militares no poder, o Brasil estreitou ainda mais as relações cancelados e os sindicatos receberam intervenção do
com os EUA. governo militar.
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Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só ce e uma severa política de censura é colocada em execu-
estava autorizado o funcionamento de dois partidos: Mo- ção. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músi-
vimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renova- cas e outras formas de expressão artística são censuradas.
dora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de opo- Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores
sição, de certa forma controlada, o segundo representava são investigados, presos, torturados ou exilados do país.
os militares. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como
nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo centro de investigação e repressão do governo militar.
ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmen-
regime militar e suas formas de atuação. te no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente re-
primida pelas forças militares.
GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da O Milagre Econômico
Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congres- Na área econômica o país crescia rapidamente. Este
so Nacional. Seu governo é marcado por protestos e ma- período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a
nifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a
país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação bei-
Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. rava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários do exterior, o país avançou e estruturou uma base de in-
paralisam fábricas em protesto ao regime militar. fraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas fa-
por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e se- raônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazô-
questram embaixadores para obterem fundos para o mo- nica e a Ponte Rio-Niterói.
vimento de oposição armada. Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssi-
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o mo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos
Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os
governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, padrões econômicos do Brasil.
acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a
repressão militar e policial. GOVERNO GEISEL (1974-1979)
Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Gei-
sel que começa um lento processo de transição rumo à
democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre
econômico e com a insatisfação popular em altas taxas.
A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na
economia brasileira, no momento em que os créditos e
empréstimos internacionais diminuem.
Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e se-
gura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas
eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o
Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefei-
Passeata contra a ditadura militar no Brasil tura da maioria das grandes cidades.
Os militares de linha dura, não contentes com os ca-
GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969- minhos do governo Geisel, começam a promover ataques
30/10/1969) clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jorna-
Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta mi- lista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do
litar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exér- DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário
cito), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante.
Melo (Aeronáutica). Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN seques- -corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
tram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilhei-
ros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a ace-
governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei de- lerar o processo de redemocratização. O general João
cretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o
psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”. direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e de-
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi mais brasileiros exilados e condenados por crimes políti-
morto pelas forças de repressão em São Paulo. cos. Os militares de linha dura continuam com a repressão
clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da
GOVERNO MÉDICI (1969-1974) imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um
HISTÓRIA
general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é consi- show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado
derado o mais duro e repressivo do período, conhecido fora provavelmente promovido por militares de linha dura,
como «anos de chumbo». A repressão à luta armada cres- embora até hoje nada tenha sido provado.
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Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluri- Náufragos, Degredados e Traficantes. Eduardo Bueno
partidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar den- Em 1550, segundo o pastor francês Jean de Lery, em um
tro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser único depósito havia cem mil toras. Sobre essa riqueza,
PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos neste período da História do Brasil, podemos afirmar:
são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Par-
tido Democrático Trabalhista (PDT). a) O extrativismo foi rigidamente controlado para evitar o
esgotamento da madeira.
A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas b) Provocou intenso povoamento e colonização, já que
Já demandava muita mão-de-obra.
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta c) Explorado com mão-de-obra indígena, através do es-
vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. cambo, gerou feitorias ao longo da costa; seu intenso-
Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimen- extrativismo levou ao esgotamento da madeira.
to de novos partidos e com o fortalecimento dos sindica- d) O litoral brasileiro não era ainda alvo de traficantes e
tos. corsários franceses e de outras nacionalidades, já que
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de a madeira não tinha valor comercial.
futebol e milhões de brasileiros participam do movimento
das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Resposta: Letra C. Em “a”, Errado – não houve, à épo-
Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas ca, qualquer preocupação com a preservação da es-
para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, pécie, o extrativismo foi feito de forma desenfreada e
a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados. irresponsável, visando apenas levar o máximo da ma-
É denominado “Nova República” na história do Bra- deira para a Europa.
sil, o período imediatamente posterior ao Regime Mili- Em “b”, Errado – não houve, de imediato, intenso po-
tar, época de exceção das liberdades fundamentais e de voamento e colonização por parte de Portugal.
perseguição a opositores do poder. É exatamente pela Em “d”, Errado – a madeira tinha alto valor comercial.
repressão do período anterior que afloram, de todos os
setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma
2. (MPE/GO – 2018 – MPE/GO) Acerca do processo de
nova fase do governo republicano no país, com eleições
independência do Brasil, é correto afirmar:
diretas, além de uma nova constituição que contemplasse
as aspirações de todos os cidadãos. Pode-se denominar
a) A independência do Brasil é um processo que se es-
tal período também como a Sexta República Brasileira.
tende de 1821 a 1850 e fora marcado por não haver
A Nova República inicia-se com o fim do mandato do
oposição alguma do Reino de Portugal;
presidente e general João Batista de Oliveira Figueiredo,
mas mesmo antes disto, o povo havia dado um notável b) Oficialmente, a data comemorada para independência
exemplo de união e de cidadania, ao sair às ruas de todo do Brasil é a de 07 de setembro de 1822 em que ocor-
país, pressionando o legislativo a aprovar a volta da elei- reu o chamado “’grito do Ipiranga”, ato de proclama-
ção direta para presidente, a Campanha das Diretas-Já, ção feita por D. Pedro II, às margens do riacho Ipiranga
que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de Oliveira, (atual cidade de São Paulo);
como ficou conhecida a proposta de voto direto, acabou c) Entre as causas que fizeram eclodir o processo de in-
não sendo aprovada. dependência do Brasil estão: vontade de grande parte
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral es- da elite política brasileira em conquistar a autonomia
colheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com política; desgaste do sistema de controle econômico
Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia com restrições e altos impostos, exercido pela Coroa
parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição for- Portuguesa no Brasil e tentativa da Coroa Portuguesa
mado pelo PMDB e pela Frente Liberal. em recolonizar o Brasil;
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica d) O chamado “dia do fico” foi um ato posterior à in-
doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vi- dependência do Brasil em que D. Pedro não acatou
ce-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova as determinações feitas pela Coroa Portuguesa que
constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou exigia seu retorno para Portugal. Em 09 de janeiro de
os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios de- 1822, D. Pedro negou o chamado e afirmou que ficaria
mocráticos no país.2 no Brasil;
e) Após a independência do Brasil D. Pedro I foi coroado
imperador do Brasil em dezembro de 1821, bem como
não houve registros de manifestações de portugueses
EXERCÍCIO COMENTADO contrárias á independência do Brasil;
1. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be- Resposta: Letra C. Em “a”, Errado – o período em
tim/MG) Considere o texto. questão foi de 1821 a 1825.
A árvore de pau-brasil era frondosa, com folhas de um Em “b”, Errado – o ato de proclamação foi feito por D.
verde acinzentado quase metálico e belas flores amarelas. Pedro I
Em “d”, Errado – esse ato foi anterior à proclamação da
HISTÓRIA
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3. (CESPE/2017 – INSTITUTO RIO BRANCO) A Primeira afirmações, relativas à história recente do Brasil.
República caracterizou-se pelo regime oligárquico e pela I. O período entre 1986 e 1990 foi marcado pela estabili-
economia agroexportadora. Com relação a esses assun- dade monetária, com a criação do plano cruzado, e pela
tos, julgue (CouE) o item a seguir. recuperação da economia após a crise do petróleo da
Na década de 20 do século XX, o movimento tenentis- década de 1970.
ta contou com importante participação de oficiais tanto II. Com ampla participação popular, mobilizada através
do Exército como da Marinha, tendo apontado os males do movimento das “Diretas Já!”, foram realizadas em
causados pelo poder excessivo da oligarquia e defendido 1985 as primeiras eleições diretas para a Presidência da
a descentralização do poder político, além de uma políti- República, sendo vitoriosa a chapa encabeçada por Tan-
ca econômica nacionalista. credo Neves e José Sarney.
III. A Constituição de 1988 valorizou direitos políticos e
( ) CERTO ( ) ERRADO sociais, reconheceu a organização social indígena e alte-
rou o sistema tributário nacional, repassando aos estados
Resposta: Errado. Na década de 1920 surgiu no Brasil e municípios parte dos recursos anteriormente destina-
um movimento conhecido como Tenentismo, forma- dos à União.
do em geral por militares de média e baixa patente, a
maior parte do Exercito. Quais estão corretas?
O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao pro-
jeto, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa a) Apenas I.
era pela implantação de um Estado forte e centraliza- b) Apenas II.
do, através do qual as necessidades do país poderiam c) Apenas III.
ficar explícitas e resolvidas. d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
4. (IDECAN/2017 – CAMARA DE NATIVIDADE/RJ) So-
bre a história política do Brasil, marque V para as afirma- Resposta: Letra C. Para responder a questão vamos
tivas verdadeiras e F para as falsas. enumerar as afirmativas de I a III.
( ) A ditadura militar no Brasil teve uma duração de 21 Em “I”, Errado – esse foi um período de grande insta-
anos, iniciando em 1964 e tendo seu término em 1985. bilidade econômica monetária no país. A medida ado-
( ) “Diretas Já” foi um dos movimentos de maior partici- tada para controlar a inflação gerou consequências
pação popular da história do Brasil. Teve início em 1983, negativas no mercado, pois, com o congelamento dos
no governo de João Batista Figueiredo, e propunha elei- preços, houve uma crise de abastecimento e, com isso,
ções diretas para o cargo de presidente da República. o plano fracassou, vindo a inflação a subir novamente.
( ) José Sarney foi o primeiro presidente brasileiro eleito Em “II”, Errado – Em 1985 não tivemos eleições diretas
por voto direto depois da ditadura militar. e sim indiretas.
Em “III”, Certo – a afirmativa descreve aspectos positi-
A sequência está correta em vos que a CF trouxe.
a) V, V, F.
b) F, V, V.
c) F, V, F.
d) V, F, V.
32
c) Maquiavel afirma, em O Príncipe, que os homens vi-
HORA DE PRATICAR viam inicialmente em estado natural, obedecendo
apenas a interesses individuais, sendo vítimas de da-
nos e invasões de uns contra os outros. Assim, me-
1. (FACELI – FUNCAB – 2015) “A postura que adotamos diante a adoção de um contrato social, abriram mão
com respeito ao passado, quais as relações entre pas- de todos os direitos em favor da autoridade ilimitada
sado, presente e futuro não são apenas questões de in- de um soberano
teresse vital para todos: são indispensáveis. É inevitável d) Em O Príncipe, Maquiavel expressava seu desprezo
fazer comparações entre o presente e o passado: essa pelo conceito medieval de uma lei moral limitando a
é a finalidade dos álbuns de fotos de famílias ou filmes autoridade do governante e argumentava que a su-
domésticos. Não podemos deixar de aprender com isso, prema obrigação do governante é manter o poder e
pois é o que a experiência significa. Podemos aprender a segurança do país que governa, adotando todos os
coisas erradas – e, positivamente, é o que fazemos com meios que o capacitem a realizar essa obrigação
frequência -, mas se não aprendermos, ou não temos ne- e) O Príncipe é a obra na qual Maquiavel expressa o de-
nhuma oportunidade de aprender, ou nos recusamos a ver de todo soberano de combater o obscurantismo
aprender de algum passado algo que é relevante ao nos- medieval representado pela Igreja; o rei absoluto deve
so propósito, somos, no limite, mentalmente anormais enfrentar, com mão de ferro, o poder temporal do cle-
[...]”. (Eric Hobsbawn. Sobre História, 2011.) ro católico, assumindo o seu lugar no comando dos
Para o historiador Eric Hobsbawn: corpos e das almas dos homens.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Retração das guerras, responsável pela diminuição do
afluxo de riquezas, crise do escravismo e da própria
5. (MPE-SP – VUNESP – 2016) A modernidade, do
produção
ponto de vista econômico, instalou o modelo liberal, a
b) Crise do comércio romano pelo Mediterrâneo, dado a
defesa do livre mercado, o incentivo à especialização, a
ocupação realizada pelos povos bárbaros
discussão sobre os ideais de liberdade e igualdade que
c) Adesão imperador Constantino ao cristianismo, dimi-
apontavam para uma sociedade em que se romperia com
nuindo a força do paganismo
as hierarquias de sangue e a soberania sacralizada, com
d) Guerra civil envolvendo patrícios e plebeus, determi- as tradições e os particularismos, em nome do universal,
nando a decadência da produção agrícola da razão e da revolução. Na modernidade, confirmou-
e) Édito do máximo, responsável pela ilimitação da pro- -se uma lógica, uma retórica e uma ideologia. Lógica no
dução agrícola e importação de escravos. campo sociológico, no filosófico e no político, que se
chamam, respectivamente:
3. (SEDUC-RJ – CEPERJ – 2013) O Absolutismo tem
origens remotas que remontam, pelo menos, à Idade a) socialismo, pragmatismo e imperialismo americano.
Média. Mas, nos séculos XVI e XVII, multiplicaram-se os b) comunismo, idealismo e imperialismo.
principais autores de doutrinas justificando o poder ab- c) capitalismo, positivismo e democracia formal para de-
soluto dos monarcas. Entre as justificativas filosóficas do fender a liberdade.
Absolutismo, podemos destacar aquelas ligadas à obra d) socialismo, idealismo e monarquia parlamentarista.
conhecida como O Príncipe, de Maquiavel. A alternativa e) capitalismo, iluminismo e monarquia.
que expressa possíveis justificativas do poder absoluto
dos reis presentes em O Príncipe é: 6. (INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE – 2016) Acer-
ca das repercussões da Primeira e da Segunda Guerras
a)No texto de O Príncipe, Maquiavel expõe a doutrina da Mundiais, em diferentes aspectos nas sociedades latino-
origem divina da autoridade do Rei, afirmando que o -americanas, julgue (C ou E) o item seguinte.
monarca tem o poder supremo sobre cidadãos e súdi- A Primeira Guerra Mundial teve efeitos econômicos po-
tos, sem restrições determinadas pela lei sitivos em vários países latino-americanos: o aumento da
b) Em O Príncipe, Maquiavel demonstra que não há po- demanda por matérias-primas e a produção de manufa-
der público sem a vontade de Deus; todo governo, turados antes importados.
HISTÓRIA
33
7. (INSTITUTO CIDADES – CONFERE – 2016) No ano c) Com o coronelismo, controlou-se o eleitorado no
de 1939, em meio à atmosfera de tensão política que de- campo, incorporado ao processo político pelo fim
sencadeou a sucessão de conflitos da Segunda Guerra do critério censitário, e garantiu-se a hegemonia das
Mundial, um acordo de não agressão foi firmado entre a oligarquias rurais regionais, interferindo no processo
Alemanha e a União Soviética, o Pacto Germano-Soviéti- eleitoral.
co. Esse pacto estabelecia que, se acaso a Alemanha en- d) Com a criação de um novo ator político - os gover-
trasse em conflito com a Inglaterra ou a França em razão nadores, eleitos a partir das máquinas estaduais -, os
de uma eventual investida da Alemanha contra a Polônia, estados aprofundaram o federalismo e combateram
a URSS, por sua vez, ficaria afastada, sem se manifestar o coronelismo, visto como sobrevivência arcaica da
militarmente. Tal pacto também pode ser chamado de: ordem imperial.
e) Com o pacto federativo, acirraram-se as hostilidades
a) Tratado de Moscou existentes entre Executivo e Legislativo, criando a dis-
b) Tratado de Versalhes puta entre São Paulo e Minas Gerais pela presidência
c) Pacto de Varsóvia da República.
d) Pacto Ribbentrop-Molotov
10. (MPE-GO – 2016) Em 1945 chega ao fim o Estado
8. (IF-MT – UFMT – 2015) Durante o período imperial
Novo implantado pelo presidente Getúlio Vargas. Entre
brasileiro, o liberalismo foi uma das correntes políticas
as causas tivemos a(s)
influentes na composição do nascente Estado indepen-
dente, tendo, em diferentes momentos, pautado seus
rumos. Há que se observar, no entanto, que, diferente- a) Revolução de 1945 realizada pelos sindicatos e apoia-
mente do modelo europeu, o liberalismo encontrado no do pelo Partido Trabalhista Brasileiro daquela época.
Brasil tinha suas idiossincrasias. A partir do exposto, mar- b) Atuação do movimento estudantil, liderado pela UNE,
que V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. que assumiu o poder apoiando o partido da União
( ) Os limites do liberalismo brasileiro estiveram marca- Democrática Nacional.
dos pela manutenção da escravidão e da estrutura arcai- c) Pressões norte-americanas obrigando Getúlio Vargas
ca de produção. a extinguir o Estado Novo e tornar o país uma demo-
( ) Os adeptos do liberalismo pertenciam às classes mé- cracia.
dias urbanas, agentes públicos e manumitidos ou liber- d) Adesão de Getúlio ao Fascismo, propiciando que ele
tos. implante no Brasil um regime semelhante após 1945.
( ) O liberalismo brasileiro mostrou seus limites durante e) Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado
a elaboração da Constituição de 1824. das democracias, criando uma situação interna con-
( ) A aproximação de D. Pedro I com os portugueses no traditória, pois o país vivia, até aquele ano, uma di-
Brasil ajudou a estruturar o pensamento liberal no pri- tadura.
meiro reinado.
Assinale a sequência correta. 11. (MPE-GO – 2016) Com relação à ditadura militar
brasileira, que teve início em 1964, e a redemocratização
a) F, V, F, V no Brasil pós - ditadura, identifique as afirmativas a se-
b) V, V, F, F guir como verdadeiras(V) ou falsas (F):
c) V, F, V, F ( ) A publicação dos atos institucionais foi uma forma de
d) F, F, V, V legitimar rapidamente as medidas do governo. Entre os
atos publicados no período, o AI-5 concedia ao presi-
9. (SME-SP – FGV – 2016) “Comecemos pela expressão dente da República plenos poderes, como o direito de
‘República Oligárquica’. Oligarquia é uma palavra grega
cassar mandados.
que significa governo de poucas pessoas, pertencentes a
( ) O período foi marcado por significativo desenvolvi-
uma classe ou família. De fato, embora a aparência de or-
mento econômico, que ficou conhecido como “milagre
ganização do país fosse liberal, na prática o poder foi con-
brasileiro”.
trolado por um reduzido grupo de políticos em cada Es-
tado.” (Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, ( ) Em meio a manifestações de artistas e estudantes con-
1995, p. 61.) trários ao regime, os operários conseguiram manter um
Assinale a opção que caracteriza corretamente um dos diálogo contínuo com o governo, devido à importância
mecanismos próprios da ordem oligárquica brasileira na dessa classe trabalhadora para a economia do país.
Primeira República. ( ) Uma das ações que marcou o processo de redemo-
cratização foi a campanha pelas eleições diretas para
a) Com a política dos governadores, o governo estadu- a presidência da República, que ficou conhecida como
al passou a sustentar os grupos dominantes em cada “Diretas já”.
estado, em troca de apoio eleitoral para o Executivo ( ) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-
federal. -ditadura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram
b) Com a aliança entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, os únicos partidos políticos autorizados a funcionar no
HISTÓRIA
34
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, 14. (INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE – 2017) Durante
de cima para baixo o Primeiro Reinado consolidou-se a independência na-
cional, construiu-se o arcabouço institucional do Império
a)V - F - V - V - F do Brasil e estabeleceram-se relações diplomáticas com
b)V - V - F - V - F diversos países. Acerca desse período da história do Bra-
c)F - F - V - F - V sil, julgue (C ou E) o item subsequente.
d)F - V - F - F - V Originalmente uma questão concernente apenas ao eixo
e)V - V - F - V - V das relações simétricas entre os Estados envolvidos, a
Guerra da Cisplatina encerrou-se com a interferência de
12. (PREFEITURA DE BETIM-MG – 2015) Sobre a eco- uma potência externa ao conflito.
nomia do Brasil colonial, assinale a alternativa CORRETA.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Com a descoberta do ouro, foi introduzida a mão de
obra escrava negra. 15. (MPE-GO – 2017) Acerca da história do Brasil, é in-
b) O ciclo do açúcar foi irrelevante e pouco rentável. correto afirmar:
c) A colônia podia desenvolver-se livremente sem nenhu-
ma interferência da metrópole. a) Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a Proclama-
d) A economia da colônia foi controlada e limitada pelas ção da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca
práticas mercantilistas. e teve início a República Velha, que só veio terminar
Parte inferior do formulário em 1930 com a chegada de Getúlio Vargas ao poder.
A partir daí, têm destaque na história brasileira a in-
13. (IFB – 2017) “A principal característica política da in- dustrialização do país; sua participação na Segunda
dependência brasileira foi a negociação entre a elite na- Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos; e o Gol-
cional, a coroa portuguesa e a Inglaterra, tendo como pe Militar de 1964, quando o general Castelo Branco
figura mediadora o príncipe D. Pedro” (José Murilo de assumiu a Presidência.
Carvalho. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 1. ed. b) A ditadura militar, a pretexto de combater a subver-
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 26). são e a corrupção, suprimiu direitos constitucionais,
Leia as afirmativas com relação ao processo de emanci- perseguiu e censurou os meios de comunicação, ex-
pação política do Brasil. tinguiu os partidos políticos e criou o bipartidarismo.
I) As tentativas das Cortes lusitanas em recolonizar o Após o fim do regime militar, os deputados federais e
Brasil uniram os luso-americanos em torno da ideia de senadores se reuniram no ano de 1988 em Assembleia
perpetuar os laços políticos que uniam, entre si, os lados Nacional Constituinte e promulgaram a nova Consti-
europeu e americano do Império Português. tuição, que amplia os direitos individuais. O país se re-
II) A escolha da monarquia em vez da república, como democratiza, avança economicamente e cada vez mais
alternativa política para o Brasil independente, derivou se insere no cenário internacional.
da convicção da elite brasileira de que só um monarca c) O período que vai de 1930 a 1945, a partir da derruba-
poderia manter a ordem social e a união territorial. da do presidente Washington Luís em 1930, até a volta
III) Desde o retorno do Rei D. João VI para Portugal, em do país à democracia em 1945, é chamado de Era Var-
1821, a elite brasileira percebeu a necessidade de uma gas, em razão do forte controle na pessoa do caudilho
solução política que implicasse a separação entre Brasil Getúlio Domeles Vargas, que assumiu o controle do
e Portugal. país, no período. Neste período está compreendido o
IV) O papel dos escravos e livres pobres foi decisivo para chamado Estado Novo (1937-1945).
a transição do Brasil de colônia para emancipado politi- d) Em 1967, o nome do país foi alterado para República
camente. Federativa do Brasil.
V) A independência do Brasil trouxe grandes limitações e) Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira eleição
dos direitos civis, uma vez que manteve a escravidão. direta para Presidente da República desde 1964. Seu
Assinale a alternativa que apresenta somente as afirma- governo perdurou até 1992, quando foi afastado pelo
tivas CORRETAS. Senado Federal devido a processo de “impugnação”
movido contra ele.
a) I, V
b) II, IV
c) II, V
d) I, IV
e) III, IV
HISTÓRIA
35
16. (MPE-GO – 2017) A volta democrática de Getúlio Na república populista, após o Estado Novo de Vargas,
Vargas ao poder, após ser eleito no ano de 1950, ficou persiste o mesmo padrão dominante da lógica liberal e
caracterizada pelo presidente: da práxis autoritária. A estruturação partidária de 1945
a 1966 foi dominada pela hegemonia dos partidos con-
a)ter se aproximado dos antigos líderes militares do Es- servadores. (Hélgio Trindade. Brasil em perspectiva: con-
tado Novo e ter dado um golpe de Estado em 1952. servadorismo liberal e democracia bloqueada. In: Carlos
b)ter exercido um governo de tendência populista e ter Guilherme Mota (Org.). Viagem incompleta: a experiência
se suicidado em 1954. brasileira (1500-2000) – A grande transação. São Paulo:
c)ter exercido um governo de tendência autoritária, com SENAC, 2000, p. 357-64. Adaptado.)
o apoio de Carlos Lacerda. A partir do texto acima, julgue os itens que se seguem,
d)ter exercido um governo de tendência populista que relativos à evolução histórica do Brasil republicano.
foi a base para sua reeleição em 1955. Nos estertores do regime monárquico, a abolição do tra-
e)não ter levado o governo adiante por motivos de saúde, balho escravo pela Lei Áurea, ainda que tenha desagra-
sendo substituído por seu vice, Café Filho, em 1951. dado a uma significativa parcel a da classe proprietária,
não foi capaz de promover a inclusão social dos negros
17. (NC-UFPR – UFPR – 2015) Sobre a redemocratiza- recém-libertados, reforçando um quadro de subalterni-
ção no Brasil pós - ditadura, assinale a alternativa correta. dade dos afrodescendentes ainda visível em pleno início
do século XXI
a) Uma das ações que marcou o processo de redemocra-
tização foi a campanha pelas eleições diretas para a ( ) CERTO ( ) ERRADO
presidência da República, que ficou conhecida como
“Diretas já”. 19. (PREFEITURA DE BETIM-MG – 2015) É alternativa
b) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós- verdadeira, correspondente às principais características
-ditadura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram do Feudalismo.
os únicos partidos políticos autorizados a funcionar no
período a) Economia e sociedade agrárias e cultura predominan-
c) O presidente Tancredo Neves foi o primeiro presidente temente laica.
eleito pelo voto popular após a ditadura militar. b) Trabalho assalariado, cultura teocêntrica e poder polí-
d) Devido às graves denúncias que ocorreram, o presi- tico centralizado nas mãos do rei.
dente José Sarney foi afastado da presidência da Re- c) As relações entre a nobreza feudal baseavam-se nos
pública. Esse processo ficou conhecido como impea- laços de suserania e vassalagem: tornava-se suserano
chment o nobre que doava um feudo a outro; e vassalo, o no-
e) Fernando Collor de Mello foi um dos presidentes elei- bre que recebia o feudo.
tos após a ditadura militar e ficou famoso pela criação d) Trabalho regulado pelas obrigações servis e sociedade
do Programa Bolsa-Família. com grande mobilidade.
18. (INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE – 2004) Com 20. (SEDUC-PI – NUCEPE – 2015) A Revolução France-
a queda da monarquia, em 1889, ainda que preservada sa influenciou muito a maneira como os seres humanos
a dominação oligárquica, o novo regime acaba benefi- passaram a pensar a si mesmos e a história.
ciando-se dos efeitos modernizadores, decorrentes da Sobre este evento e seus desdobramentos, é INCORRETO
abolição da escravatura (1888), sobre o desenvolvimento afirmar que
da economia cafeeira que se dinamiza com a introdução
do trabalho livre e de imigrantes europeus. Com a Pri- a)a Revolução Francesa alçou a burguesia ao controle
meira República, extingue-se o sistema censitário, mas os político, ao destituir o poder das monarquias absolu-
analfabetos são excluídos totalmente do direito de voto. tistas, embora no plano econômico tenha defendido
As primeiras pressões democratizantes buscando alterar os princípios do sistema feudal, mantidos sobretudo
a ordem liberal excludente se desencadeiam apenas na nas colônias francesas na América.
década de 20, quando se inicia a crise da República Ve- b)entre as ações tomadas durante o período da Conven-
lha, que, com a Revolução de 1930, submerge no centro ção, a França proclamou a República, após a Batalha
de suas próprias contradições. As insurreições sucessivas de Walmy, e adotou um novo calendário.
dos tenentes e a Coluna Prestes permitem, mais tarde, c) Napoleão Bonaparte apoiado pela burguesia e pelo
que a Aliança Liberal, com a Revolução de 1930, trans- exército, deflagrou o golpe de 18 Brumário, em 1799.
cenda à mera disputa regionalista e se transforme em d)o Congresso de Viena foi uma reação conservadora
um projeto nacional que busca legitimidade nas camadas contrária às ideias liberais e nacionalistas difundidas
médias urbanas, superando os limites ideológicos das pela Revolução Francesa, concluído após a derrota de
oligarquias dissidentes. Napoleão Bonaparte, na Batalha de Waterloo.
Essas aspirações crescentes do Brasil urbano serão, em e)a Santa Aliança consistiu em um pacto militar entre as
parte, frustradas, após 1930, pela conjugação de duas potências do Antigo Regime, que visava a repressão
tendências antiliberais - o estatismo crescente e o pen- aos movimentos liberais que punham em risco a polí-
HISTÓRIA
36
21. (IF-MT – 2014) Filas de rostos pálidos murmurando, 23. (DEPEN – CESPE – 2015) Na década de 90 do sé-
máscaras de medo. Eles deixam as trincheiras, subindo culo passado, pela primeira vez em dois séculos, faltava
pela borda. Enquanto o tempo bate vazio e apressado inteiramente ao mundo, qualquer sistema ou estrutura
nos pulsos, e a esperança, de olhos furtivos e punhos cer- internacional. O único Estado restante que teria sido re-
rados, naufraga na lama. Ó Jesus, fazei com que isso aca- conhecido como grande potência, eram os Estados Uni-
be! (Siegfried Sassoon citado por Eric Hobsbawan. A Era dos da América. O que isso significava na prática era bas-
dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.) tante obscuro. A Rússia fora reduzida ao tamanho que
A desesperada descrição refere-se às duras condições vi- tinha no século XII. A Grã-Bretanha e a França gozavam
vidas nos campos de batalha da I Guerra Mundial (1914- apenas de um status puramente regional. A Alemanha
1918), embate bélico que transformou radicalmente as e o Japão eram sem dúvida “grandes potências” econô-
sociedades europeias. Sobre esse primeiro conflito de micas, mas nenhum dos dois sentira a necessidade de
âmbito global e seus desdobramentos, assinale a afirma- apoiar seus enormes recursos econômicos com força mi-
tiva correta. litar. (Eric Hobsbawm. Era dos extremos. O breve século
XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 2006,
a) Os Estados Unidos abandonaram sua secular política p. 538. Adaptado.
de neutralidade e enviaram tropas para lutar na frente A partir das ideias apresentadas no texto, julgue o próxi-
oriental contra o exército russo. mo item, referentes à política internacional no século XX
b) A Revolução Russa em 1917 demarcou o ponto de vi- e à ordem mundial instaurada após o fim da Guerra Fria.
rada da guerra com o exército vermelho esmagando a A despeito da derrocada da antiga União Soviética em
resistência alemã. 1991, o contexto imediatamente posterior à Guerra Fria
c) Marcou o fim da chamada Belle Époque com o estan- não foi marcado pelo estabelecimento de um sistema in-
camento do avanço do capitalismo e do imperialismo ternacional organizado para reduzir conflitos e garantir o
neocolonial. equilíbrio entre os estados.
d) As indenizações de guerra, bastante pesadas e pe-
nosas para os derrotados, fortaleceram a democracia ( ) CERTO ( ) ERRADO
nesses países.
24. (PREFEITURA DE BETIM-MG – 2015) No período
22. (METROFOR-CE – UECE-CEV – 2017) Fidel Castro, chamado de Entre Guerras, um acontecimento norte-
governante de Cuba, por quase meio século (1959–2008), -americano alcançou repercussão mundial. Trata-se da
faleceu aos 90 anos de idade, em novembro de 2016. Já Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em outubro
havia se afastado da presidência do país em 2008, quan- de 1929. Foram causas dessa crise econômica:
do passou seu comando para
a)a intervenção do Estado na economia, contrariando o
a)Alejandro Castro-Soto. ideal do liberalismo, profundamente arraigado na cul-
b)Alexis Castro. tura norte-americana.
c)Jorge Castro. b)a retomada da produção europeia, aumento do preço
d)Raul Castro. do petróleo no mercado internacional e redução do
consumo interno.
c)a explosão do consumo, aumento das taxas de juros
e uma sequência de nacionalizações de empresas es-
trangeiras.
d)a superprodução agrícola e industrial, diminuição nos
níveis de exportação e queda nos preços no mercado
interno. HISTÓRIA
37
ANOTAÇÕES
GABARITO
1 A ________________________________________________
2 A _________________________________________________
3 D _________________________________________________
4 Errado
_________________________________________________
5 C
_________________________________________________
6 Certo
7 D _________________________________________________
8 C _________________________________________________
9 C
_________________________________________________
10 E
_________________________________________________
11 B
12 D _________________________________________________
13 C _________________________________________________
14 Certo _________________________________________________
15 E
_________________________________________________
16 B
_________________________________________________
17 A
18 Certo _________________________________________________
19 C _________________________________________________
20 A _________________________________________________
21 C
_________________________________________________
22 D
_________________________________________________
23 Certo
24 D _________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
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_________________________________________________
_________________________________________________
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HISTÓRIA
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_________________________________________________
38
ÍNDICE
GEOGRAFIA
Representação do espaço geográfico: Meios de orientação, localização; .......................................................................................................01
Noções de cartografia ..........................................................................................................................................................................................................01
O planeta Terra: Relevo; Hidrografia; Clima e Vegetação; Questões ambientais. ..........................................................................................02
O espaço mundial: A população mundial; A atividade industrial; A atividade agrícola; Países desenvolvidos, subdesenvolvidos e
emergentes. ..............................................................................................................................................................................................................................08
O processo de globalização: Principais características; O Comércio Mundial; Blocos econômicos .......................................................15
O Brasil: Formação do território; Natureza brasileira. ..............................................................................................................................................19
A população: crescimento, distribuição e mobilidade. A urbanização; O Processo de Industrialização; A agricultura; Recursos
Vegetais, Minerais e energéticos; Transporte e comércio. Regionalização. .....................................................................................................33
Alguns conceitos a destacar...
REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO: Os Mapas são desenhos que representam qualquer
MEIOS DE ORIENTAÇÃO, LOCALIZAÇÃO; região do planeta, de maneira reduzida, simplificada e em
NOÇÕES DE CARTOGRAFIA. superfície plana.
Os mapas são feitos por pessoas especializadas, os Car-
tógrafos. A Ciência que estuda os mapas e cuida de sua
A cartografia é a ciência da representação gráfica da confecção chama-se Cartografia. Vários mapas podem ser
superfície terrestre, tendo como produto final o mapa. agrupados em um livro, que recebe o nome de Atlas.
Ou seja, é a ciência que trata da concepção, produ-
ção, difusão, utilização e estudo dos mapas. 2. Elementos cartográficos
Na cartografia, as representações de área podem ser
acompanhadas de diversas informações, como símbolos, Todos os mapas possuem símbolos, que são chama-
cores, entre outros elementos. A cartografia é essencial dos de Convenções Cartográficas. Alguns são usados no
para o ensino da Geografia e tornou-se muito importan- mundo todo, em todos os países: são internacionais. Por
te na educação contemporânea, tanto para as pessoas isso, não podem ser modificados.
atenderem às necessidades do seu cotidiano quanto Os símbolos usados são colocados junto ao mapa e
para estudarem o ambiente em que vivem. constituem a sua Legenda. Normalmente, a legenda apa-
rece num dos cantos inferiores do mapa.
As Escalas indicam quantas vezes o tamanho real do
lugar representado foi reduzido. Essa indicação pode ser
feita de duas formas: por meio da escala numérica ou da
gráfica. As escalas geralmente aparecem num dos cantos
inferiores do mapa.
1
4. A Orientação
A orientação é sem dúvida um elemento fundamental, pois sem ela fica muito difícil de responder a pergunta
“onde?”, considerando que a carta, o mapa, a “planta” ou outro tipo de representação espacial, sob os preceitos
da Cartografia, é uma parcela de um sistema maior, o planeta Terra (se for esse o planeta trabalhado). E, em sendo
assim, é preciso estabelecer alguma referência para se saber onde se está localizado, na imensidão da superfície
deste planeta.
A orientação deve ser utilizada, de preferencia, de forma simultânea à apresentação das às coordenadas geográ-
ficas (meridianos e paralelos cruzados na forma de um sistema chamado de rede geográfica), no mapa, as quais tam-
bém servem para se marcar a posição de um determinado objeto ou fenômeno na superfície da Terra, de modo que
a direção norte aponte sempre para a parte de cima da representação (seguindo o sentido dos meridianos). E caso
a representação não contenha coordenadas geográficas é importante dotá-la de um norte, ou de uma convenção
que dê a direção norte da representação, geralmente na forma de seta ou da conhecida “rosa dos ventos” (presente
na figura 1).
Figura 1. Exemplo de carta contendo os elementos gerais da representação. Fonte: Elaborado pelo autor.
1. Geomorfologia
Geomorfologia corresponde a uma ciência que tem como objeto de estudo as irregularidades da superfície ter-
restre, ou simplesmente, as diversas formas do relevo. Seu profissional é chamado de geomorfologista. Essa ciência
tem ainda a incumbência de estudar todos os fenômenos que ocorrem e que interferem diretamente na formação
do relevo. Sua responsabilidade é disponibilizar informações para as causas da ocorrência de um determinado tipo
de relevo, levando em consideração os agentes (internos e externos) modeladores do relevo.
Para conceber tais informações, é preciso então analisar a interação entre a atmosfera, biosfera e a hidrosfera,
GEOGRAFIA
2
O homem, através do trabalho físico e intelectual, E por fim, Ayoade, 1996, ainda cita que a climatologia
tem transformado o espaço geográfico mundial ao longo possui algumas subdivisões como:
da história, alterando drasticamente o conjunto de paisa- • Climatologia regional – é a descrição dos climas
gens dispersas pelo planeta. Desse modo, o relevo, que é em áreas selecionadas da Terra.
um dos mais notados elementos da paisagem, também é • Climatologia sinótica – é o estudo do tempo e do
extremamente transformado. Um exemplo disso é a ocu- clima em uma área com relação ao padrão de circulação
pação dos morros da cidade do Rio de Janeiro, onde a ve- atmosférica predominante. Sendo assim uma nova abor-
getação foi substituída por moradias precárias. O homem dagem para a climatologia regional.
também constrói estradas em relevos acidentados, cava • Climatologia física – que envolve a investigação
túneis, retira morros, se necessário, ou até mesmo aterrara do comportamento dos elementos do tempo, dando-se
lugares de depressão; tudo para atender seu interesse. ênfase a energia global e aos regimes de balanço hídrico
O estudo do relevo pode prevenir um determinado lo- da Terra e da atmosfera.
cal de uma série de problemas provenientes das ações an- • Climatologia dinâmica – enfatiza os movimentos
trópicas (provocadas pelo homem). A geomorfologia pode atmosféricos em várias escalas, particularmente na circula-
contribuir para diminuir os impactos ambientais, um exem- ção geral da atmosfera.
plo claro é a construção de hidrelétricas e obras públicas • Climatologia aplicada – enfatiza a aplicação do
(estradas, túneis etc.), pois nesses casos é necessário ter conhecimento climatológico e dos princípios climatológi-
conhecimento da declividade e espessura do solo.1 cos nas soluções de problemas práticos que afetam a hu-
manidade.
2. Climatologia • Climatologia histórica – é o estudo do desenvolvi-
mento dos climas através dos tempos.
A climatologia nada mais é do que o estudo do clima,
sendo uma integração das condições de tempo num de- 3. Geografia Ambiental
terminado lugar e por um período de trinta anos.
As primeiras observações começaram na Grécia (VI a.C) A Geografia Ambiental é a área dos estudos geográfi-
e após no século V a.C quando Hipócrates escreveu o tra- cos que se preocupa em compreender a ação do homem
tado das “Águas, Ares e Lugares”. Porém esta ciência tem sobre a natureza, produzindo o seu meio de vivência e a
seu início mesmo com Aristóteles em outra obra intitulada sua transformação. Nesse sentido, também é objetivo des-
“Meteorologia”. se ramo do saber o conhecimento a respeito das conse-
É no Renascimento Cultural e Científico (séculos XVI e quências dessas ações antrópicas e dos efeitos da natureza
XVII) que temos o avanço para esta ciência, quando a teoria sobre as atividades socioespaciais.
do Geocentrismo, defendida pelo astrônomo grego Clau- A principal ênfase dos estudos ambientais na Geografia
dio Ptolomeu (78-161 d.C.) e pela Igreja Católica, colocava refere-se aos temas concernentes à degradação e aos im-
a Terra como o centro do Universo, e os demais astros gi- pactos ambientais, além do conjunto de medidas possíveis
ravam ao seu entorno, sendo apoiada pela Igreja por apre- para conservar os elementos da natureza, mantendo uma
sentar aspectos da bíblia. Porém, esta teoria foi contestada interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento,
por Nicolau Copérnico (1473-1543) que elaborou o Helio- como a Biologia, a Geologia, a Economia, a História e mui-
centrismo, onde o Sol se torna o centro do universo. tas outras.
Todas essas teorias se tornam base para o conhecimen- Nesse sentido, o principal cerne de estudos é o meio
to de aspectos climáticos do globo, tendo, portanto em ambiente e as suas formas de preservação. Entende-se por
1593, a criação do primeiro termômetro para análises das meio ambiente o espaço que reúne todas as coisas vivas e
alterações da atmosfera, por Galileu Galilei, seguido por não vivas, possuindo relações diretas com os ecossistemas
seu discípulo Torricelli em 1643, que descobriu o barôme- e também com as sociedades. Com isso, fala-se que existe
tro de mercúrio; e em 1832 o telégrafo possibilitou a reu- o ambiente natural, aquele constituído sem a intervenção
nião de todos os dados sobre o tempo. humana, e o ambiente antropizado, aquele que é gerido
A climatologia tradicional está pautada com as descri- no âmbito das práticas sociais.
ções dos padrões de distribuição temporal e espacial dos De um modo geral, é possível crer que o mundo e os
elementos do tempo, e se utiliza dos seguintes elementos: fenômenos que nele se manifestam são resultados do
temperatura, precipitação, ventos, nebulosidade, latitude, equilíbrio entre os mais diversos eventos. Desse modo, al-
altitude, relevo, maritimidade, continentalidade, correntes terar o equilíbrio pode trazer consequências severas para
marítimas quentes e frias, massas de ar, entre outros. o meio ambiente, de forma que se tornam preocupantes
Para compreender melhor é necessário entender as de- determinadas ações humanas, como o desmatamento, a
finições de clima e tempo, de Ayoade, 1996, que diz que poluição e a alteração da dinâmica dos ecossistemas.
“Por tempo (weather) nós entendemos o estado médio da
atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado 3.1. Vegetação
lugar. Por outro lado, clima é a síntese do tempo num dado
lugar durante um período de aproximadamente 30-35 anos. Nosso planeta apresenta diversos tipos de vegetações,
(...). O clima abrange um maior número de dados do que que variam de acordo com a região onde se localizam.
GEOGRAFIA
as condições médias do tempo numa determinada área. (...) A espécie de vegetação referente a cada uma des-
Desta forma, o clima apresenta uma generalização, enquan- sas regiões é definida por fatores como altitude, latitude,
to o tempo lida com eventos específicos.” pressão atmosférica, iluminação e forma de atuação das
massas de ar.
1 Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/Eduardo de Freitas
3
No caso de regiões de baixa latitude, encontram-se as Mata Atlântica: caracterizada como uma floresta lati-
florestas equatoriais, como por exemplo a floresta Amazô- foliada tropical e de clima tropical úmido, foi a vegetação
nica, no Brasil. que mais sofreu devastação no Brasil, restando apenas
7% de sua cobertura original. Era uma vegetação que se
estendia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul,
mas que foi intensamente degradada pelos portugueses
para a extração de madeira e plantio de cana-de-açúcar.
e vegetais, sendo de vital importância ao equilíbrio am- resolução de problemas ambientais e climáticos.
biental do planeta. Ela é classificada como uma formação
florestal Latifoliada, pois suas folhas são largas e agrupam-
-se densamente, geralmente atingindo grandes alturas.
4
5. Hidrografia
5
Dados de levantamento das Universidades de Brest muitos locais, o lixo é despejado nos chamados lixões,
(França) e Southampton (Inglaterra) apontam aumento locais sem estrutura para o tratamento dos resíduos. As
da temperatura no planeta entre 2018 e 2022. Não à toa, consequências são: odor, proliferação de doenças, conta-
o Verão nos últimos dois anos no Brasil e no mundo tem minação do solo e do lençol freático pelo chorume, etc.
sido marcado por altas temperaturas. O déficit nos serviços de saneamento básico contribui
Em relatório de 2018, a ONU (Organização das Nações para o cenário de degradação ambiental. A quantidade
Unidas) apontou seis questões ambientais que careciam de esgoto doméstico e industrial lançado nos rios sem
de cuidados urgentes naquele ano, porém, vale ressaltar o devido tratamento é imensa. Esse fenômeno reduz a
a importância desses temas, que merecem atenção ainda qualidade das águas, gerando a mortandade de espécies
hoje. As problemáticas e desafios a serem adotados fo- aquáticas e a redução do uso dessa água para o consumo
ram os seguintes: humano.
• As ameaças aos recifes de corais em todo o planeta; Nos grandes centros industrializados, os problemas
• Reduzir a quantidade de plásticos que poluem ambientais são mais alarmantes. Nesses locais, a emissão
o ambiente; de gases dos automóveis e das fábricas polui a atmosfera e
• Fomentar ações sustentáveis em competições retém calor, intensificando o efeito estufa. Com isso, vários
de mobilização internacional, como Copa do Mundo ou transtornos são gerados à população: doenças respirató-
Jogos Olímpicos, entre outras opções; rias, chuvas ácidas, inversão térmica, ilhas de calor, etc.
• Focar em ações para contornar os efeitos de de- A poluição sonora e a visual também geram trans-
gradação ambiental e mudanças no clima, entre os quais tornos para a população. Os ruídos ensurdecedores e o
têm aumentado o fluxo migratório e número de refugia- excesso de elementos destinados à comunicação visual
dos em todo o planeta; espalhados pelas cidades (cartazes, banners, placas, out-
• Políticas e ações para reduzir a poluição atmos- doors, fios elétricos, pichações, etc.) afetam a saúde dos
férica nas cidades; habitantes.
• Medidas para garantir a proteção de felinos Portanto, diante desse cenário de diferentes proble-
ameaçados em extinção. No século 20, cerca de 95% de mas ambientais urbanos, é urgente a necessidade de
populações de tigres foi extinta do planeta;
elaboração e aplicação de políticas ambientais eficazes,
além da conscientização da população. Entre as medidas
FIQUE ATENTO! a serem tomadas estão a redução da produção do lixo,
Questões climáticas abordadas em concursos a reciclagem, o tratamento adequado do lixo (incinera-
podem apontar as consequências dos impactos ção ou compostagem), o saneamento ambiental, o pla-
ambientais. E nesse sentido, um dos temas mais nejamento urbano, a educação ambiental, a redução da
atuais é o fluxo migratório influenciado por emissão de gases poluentes, entre outras.
mudanças climáticas e degradação ambiental.
OS CINCO MAIORES PROBLEMAS AMBIENTAIS
DO MUNDO E SUAS SOLUÇÕES
A urbanização se intensificou com a expansão das ati-
vidades industriais, fato que atraiu (e ainda atrai) milhões Poluição do ar, desmatamento, extinção de espé-
de pessoas para as cidades. Esse fenômeno provocou cies, degradação do solo e superpopulação representam
mudanças drásticas na natureza, desencadeando diver- grandes ameaças, que devem ser resolvidas para que o
sos problemas ambientais, como poluições, desmata- planeta continue sendo um lar para todas as espécies.
mento, redução da biodiversidade, mudanças climáticas,
produção de lixo e de esgoto, entre outros. 1. Poluição do ar e mudanças climáticas
A expansão da rede urbana sem o devido planeja- O problema: a atmosfera e os oceanos estão sobre-
mento ocasiona a ocupação de áreas inadequadas para a carregados de carbono. O CO2 atmosférico absorve e
moradia. Encostas de morros, áreas de preservação per- reemite radiação infravermelha, o que faz com que o ar,
manente, planícies de inundação e áreas próximas a rios os solos e as águas superficiais dos oceanos fiquem mais
são loteadas e ocupadas. Os resultados são catastróficos, quentes -em princípio, isso é bom: o planeta estaria con-
como o deslizamento de encostas, ocasionado a destrui- gelado se isso não acontecesse.
ção de casas e um grande número de vítimas fatais. Mas há muito carbono no ar. A queima de combus-
A compactação do solo e o asfaltamento, muito co- tíveis fósseis, o desmatamento para a agricultura e as
muns nas cidades, dificultam a infiltração da água, visto atividades industriais aumentaram as concentrações at-
que o solo está impermeabilizado. Sendo assim, o abas- mosféricas de CO2 de 280 partes por milhão (ppm), há
tecimento do lençol freático fica prejudicado, reduzindo 200 anos, para cerca de 400 ppm. Isso é um aumento
a quantidade de água subterrânea. Outro fator agravante sem precedentes, tanto em escala quanto em velocidade.
dessa medida é o aumento do escoamento superficial, po- O resultado: perturbações climáticas.
dendo gerar grandes alagamentos nas áreas mais baixas. O excesso de carbono é apenas uma forma de polui-
Outro problema ambiental urbano preocupante é o ção do ar causada pela queima de carvão, petróleo, gás e
GEOGRAFIA
lixo. O aumento populacional causa uma maior produ- lenha. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou
ção de lixo, especialmente no atual modelo de produção recentemente que uma em cada nove mortes em 2012
e consumo. A coleta, destino e tratamento do lixo são está relacionada com doenças causadas por agentes can-
questões a serem solucionadas por várias cidades. Em cerígenos e outros venenos presentes no ar.
6
Soluções: substituir os combustíveis fósseis por ener- Soluções: esforços conjuntos devem ser feitos para
gia renovável; reflorestamento; reduzir as emissões ori- evitar a diminuição da biodiversidade. Proteger e recu-
ginadas pela agricultura; alterar processos industriais. perar habitats é apenas um lado da questão - combater
A boa notícia é que a energia limpa é abundante - a caça e a pesca ilegais e o comércio de vidas selvagens
ela só precisa ser estimulada. Muitos afirmam que um é outro. Isso deve ser feito em parceria com populações
futuro com 100% de energia renovável é possível com a locais, para que a conservação da vida selvagem seja do
tecnologia já existente. seu interesse, tanto social como econômico.
Mas há uma má notícia: embora a infraestrutura de
energia renovável - painéis solares, turbinas eólicas e 4. Degradação do solo
sistemas de armazenamento e distribuição de energia - Problema: a exploração excessiva das pastagens, as
esteja se tornando cada vez mais comum, barata e mais monoculturas, a erosão, a compactação do solo, a expo-
eficiente, especialistas dizem que essas tecnologias não sição excessiva a poluentes, a conversão de terras - a lista
estão sendo utilizadas no ritmo necessário para evitar de maneiras como os solos estão sendo danificados é
uma ruptura climática catastrófica. Dificuldades políticas longa. Cerca de 12 milhões de hectares de terras agríco-
e financeiras ainda precisam ser superadas. las são degradados seriamente todos os anos, de acordo
com estimativas da ONU.
2. Desmatamento Soluções: há uma vasta gama de técnicas de conser-
O problema: florestas ricas em espécies estão sendo vação e restauração do solo, como plantio direto, rotação
destruídas, especialmente nos trópicos, para muitas ve- de culturas e a construção de “terraços” para controle da
zes abrir espaço para a criação de gado, plantações de erosão pluvial. Considerando que a segurança alimentar
soja ou de óleo de palma, ou para outras monoculturas depende da manutenção dos solos em boas condições,
agrícolas. é provável que este desafio seja solucionado no longo
Cerca de 30% da área terrestre do planeta é cober- prazo. Ainda é uma questão em aberto, porém, se isso
ta por florestas - isso é cerca de metade do que existia vai beneficiar igualmente todas as pessoas ao redor do
antes de o início da agricultura, 11 mil anos atrás. Cerca globo.
de 7,3 milhões de hectares de floresta são destruídos a
5. Superpopulação
cada ano, principalmente nos trópicos. Florestas tropi-
O problema: a população humana continua a crescer
cais costumavam cobrir cerca de 15% da área terrestre
rapidamente em todo o mundo. A humanidade começou
do planeta. Atualmente elas cobrem de 6% a 7%. Grande
o século 20 com 1,6 bilhão de pessoas. Hoje são cerca de
parte do que sobrou foi degradado pela derrubada de
7,5 bilhões. Estimativas indicam que a população mundial
árvores ou queimadas.
crescerá para quase 10 bilhões até 2050. A combinação
As florestas naturais não atuam apenas como re-
de crescimento populacional com ascensão social está
servas da biodiversidade, eles também são reservató-
pressionando cada vez mais os recursos naturais essen-
rios, que mantêm o carbono fora da atmosfera e dos ciais, como a água. Grande parte desse crescimento está
oceanos. ocorrendo no continente africano e no sul e leste da Ásia.
Soluções: conservar o que resta das florestas natu- Soluções: a experiência tem mostrado que quando as
rais e recuperar as áreas degradadas com o replantio de mulheres têm o poder de controlar a sua própria repro-
espécies arbóreas nativas. Isso exige um governo forte dução e ganhar acesso à educação e a serviços sociais
- só que muitos países tropicais ainda estão em desen- básicos, o número médio de nascimentos por mulher cai
volvimento, têm populações crescentes, carecem de um significativamente.
Estado de Direito e sofrem com nepotismo generalizado Se forem feitos corretamente, sistemas de assistência
e corrupção quando se trata do uso da terra. podem tirar mulheres da pobreza extrema, mesmo em
países onde a atuação do Estado permanece deficiente.2
3. Extinção de espécies
O problema: em terra, animais selvagens estão sendo
caçados até a extinção para a obtenção de carne, mar-
fim ou para a produção de produtos “medicinais”. No
mar, grandes barcos de pesca industrial, equipados com
redes de arrastão ou de cerco, estão dizimando popula-
ções inteiras de peixes. A perda e a destruição de habitat
também é um fator importante para a onda de extinção
- algo sem precedentes se for considerado que ela está
sendo causada por uma única espécie: os humanos. A
Lista Vermelha da União Internacional para a Conserva-
ção da Natureza (IUCN) de espécies ameaçadas continua
a crescer.
Espécies não apenas têm o direito de existir, elas
GEOGRAFIA
7
Já o toyotismo abrange a produção seguindo a de-
O ESPAÇO MUNDIAL: A POPULAÇÃO manda, a necessidade pelo produto. O foco pela qualida-
MUNDIAL, A ATIVIDADE INDUSTRIAL, de e melhor acabamento do produto, de fato, aumenta
A ATIVIDADE AGRÍCOLA, PAÍSES – já que o método busca mobilizar pessoas que possam
DESENVOLVIDOS, SUBDESENVOLVIDOS E garantir esses processos de qualidade.
EMERGENTES.
TAYLORISMO
Antes mesmo do fordismo ou toyotismo existia o tay-
lorismo, o conceito era focado em trabalhos e funções
População mundial é o número total de pessoas que bem divididas entre os trabalhadores e surgiu no início
existem no planeta. do século 20. Como consequência, tem-se aumento na
O número total da população do planeta atingiu 7 bi- produção, mais funções de trabalho e maior quantidade
lhões ou 7 mil de pessoas em 31 de outubro de 2011. De de profissionais subordinados, já que existe a fragmenta-
acordo com projeções populacionais, este valor continua ção de funções.
a crescer a um ritmo sem precedentes antes do século XX.
Entretanto, a taxa de crescimento vem caindo desde que
os índices de crescimento atingiram seu auge em 1963. A #FicaDica
população está em explosão demográfica desde a Revo-
lução Industrial que começou na Inglaterra em meados Não confundir os três conceitos como
do século XVIII. regras obrigatórias adotadas por todas as
Em 2002, a “Population Reference Bureau” (organiza- empresas, mas se tratam de sistemas de
ção sem fins lucrativos especializada em estudos demo- produção usados como referência quanto a
gráficos) publicou uma estimativa onde afirma que mais garantir resultados desejados.
de 106 bilhões de pessoas já viveram na Terra. A estimati-
va foi classificada pelo próprio autor como semi científica,
dada a falta de dados demográficos para SE LIGA!
99% do período desde o qual a espécie humana existe
no planeta. Previsões de Cientistas americanos dizem que O Frodismo E Taylorismo São Mais Seme-
o mundo terá 11 bilhões de pessoas em 2090. lhantes Por Focarem Mais No Aumento
A Ásia abriga mais de 60% da população mundial, Produtivo. O Toyotismo Já Foca Mais Na
com quase quatro mil milhões. A China e a Índia sozinhas Qualidade E É Mais Tecnológico.
têm 21% e 17% respectivamente. Essa marca é seguida
por África com 840 milhões de pessoas, 12,7% da popu-
lação mundial. Os 710 milhões de pessoas da Europa cor-
respondem a 10,8% da população mundial. A América do EXERCÍCIO COMENTADO
Norte tem uma população de 514 milhões (8%), a Amé-
rica do Sul, 371 milhões (5,6%) e a Oceania em torno de
60 milhões (0,9%). 1. (ENEM– 2017)
A conclusão tardia e perversa para o meio ambiente é o
ATIVIDADE INDUSTRIAL: verdadeiro desastre ecológico e econômico ocasionado
pelo plantio de café em terrenos declivosos. E o mais gra-
CONCEITOS BÁSICOS ve é que tal lavoura continua a ser praticada em moldes
O mundo capitalista apresenta diversos conceitos e não muito diferentes daqueles que arrasaram florestas,
métodos de produção. Um deles se trata do fordismo (em solos e águas no século XIX.
referência ao método da empresa Ford) surgido nos anos SOFIATTI, A. Destruição e proteção da Mata Atlântica no
20, além do toyotismo (relativo ao conceito de produção Rio de Janeiro: ensaio bibliográfico acerca da eco-histó-
da Toyota), nos anos 70. Os conceitos trouxeram novas ria. História, Ciências, Saúde, n. 2, jul.-out. 1997.
configurações nas cadeias produtivas industriais e rom-
peram paradigmas. A atividade agrícola mencionada no texto provocou im-
Em linhas gerais, no toyotismo, o operário pode exer- pactos ambientais ao longo do século XIX porque
cer várias funções e ainda conta com robótica. O sistema
começou nos anos 70. Já no fordismo, ocorre produção a) reforçava a ocupação extensiva.
em massa, redução de custos e gastos. b) utilizava o solo do tipo terra roxa.
c) necessitava de recursos hídricos.
PRINCIPAIS ASPECTOS d) estimulava investimentos estrangeiros.
Em relação às semelhanças, ambos os métodos estão e) empregava mão de obra desqualificada.
focados em métodos iniciais de produção, mas se diferem
na maneira como as atividades são executadas, com me- Resposta: letra A. Essas práticas contribuíram muito
nos ou mais aparatos tecnológicos. O fordismo, por exem- para os impactos ambientais citados.
GEOGRAFIA
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ATIVIDADE AGRÍCOLA era econômica em formação. O Muro de Berlim não ape-
nas separava uma cidade e um povo. Ele simbolizava o
População mundial é o número total de pessoas que mundo dividido pelos sistemas capitalista e socialista. A
existem no planeta. sua destruição, iniciada pelo povo de Berlim, na noite de 9
O número total da população do planeta atingiu 7 bi- de novembro de 1989, pôs abaixo não apenas o muro ma-
lhões ou 7 mil de pessoas em 31 de outubro de 2011. De terial; mais do que isso, rompeu com o mais significativo
acordo com projeções populacionais, este valor continua símbolo da Guerra Fria: a bipolaridade.
a crescer a um ritmo sem precedentes antes do século XX. Como foi possível a queda do Muro de Berlim, em ple-
Entretanto, a taxa de crescimento vem caindo desde que na Guerra Fria, num país sob forte hegemonia da União
os índices de crescimento atingiram seu auge em 1963. A Soviética? Estas coisas não acontecem, por assim dizer,
população está em explosão demográfica desde a Revolu- “como um raio em céu azul”. Uma série de fatores a tanto
ção Industrial que começou na Inglaterra em meados do conduzem, liderados pela Corrida Armamentista. Parale-
século XVIII. lamente ao abandono do Estado capitalista com gastos
Em 2002, a “Population Reference Bureau” (organiza- sociais, seguindo a orientação “neoliberal”, este passou a
ção sem fins lucrativos especializada em estudos demo- investir cada vez mais pesadamente em armamentos de
gráficos) publicou uma estimativa onde afirma que mais ponta, mandando a conta da “defesa do mundo livre” para
de 106 bilhões de pessoas já viveram na Terra. A estimati- os países subdesenvolvidos. A União Soviética e seus alia-
va foi classificada pelo próprio autor como semi científica, dos, sem terem “satélites” ou países a utilizar como fonte
dada a falta de dados demográficos para de recursos para esta finalidade – que contraria o princípio
99% do período desde o qual a espécie humana existe básico do socialismo, a Paz – passou a defender-se como
no planeta. Previsões de Cientistas americanos dizem que pode. De todo o modo, se o bloco capitalista, dispondo
o mundo terá 11 bilhões de pessoas em 2090. de seu potencial de exploração de praticamente todo o
A Ásia abriga mais de 60% da população mundial, com mundo subdesenvolvido e do aparato de propaganda que
quase quatro mil milhões. A China e a Índia sozinhas têm a isto se segue, criou armas cada vez mais sofisticadas e
21% e 17% respectivamente. Essa marca é seguida por inacreditáveis. Em fins da década de 80 falava-se no de-
África com 840 milhões de pessoas, 12,7% da população senvolvimento, por conglomerados anglo-estaduniden-
mundial. Os 710 milhões de pessoas da Europa correspon- ses, de um projeto de “Guerra Nas Estrelas”, uma espécie
dem a 10,8% da população mundial. A América do Norte de malha de satélites voltada a destruir armamento ini-
tem uma população de 514 milhões (8%), a América do migo em terra com canhões laser! Especulava-se ainda
Sul, 371 milhões (5,6%) e a Oceania em torno de 60 mi- acerca de uma arma (que, se efetivada jamais foi utilizada
lhões (0,9%). na prática, que se saiba, até os dias de hoje) chamada de
“Bomba de Nêutrons”, capaz de destruir completamente a
PAÍSES DESENVOLVIDOS vida sem afetar o patrimônio, um verdadeiro emblema do
ideal capitalista... Deslocando recursos da produção de ali-
Neoliberalismo: O que se convencionou chamar de mentos, medicamentos, educação e salários para a Defesa,
Neoliberalismo é uma prática político-econômica basea- as nações socialistas foram levadas a um crise econômica
da nas ideias dos pensadores monetaristas (representados sem precedentes históricos, este o cerne do problema.
principalmente por Milton Friedman, dos EUA, e Friedrich Em 1985, a eleição de Mikhail Gorbatchov para a lide-
August Von Hayek, da Grã Bretanha). Após a crise do pe- rança da União Soviética tinha por finalidade encontrar for-
tróleo de 1973, eles começaram a defender a ideia de que mas pacíficas de sobrevivência democrática entre regimes
o governo já não podia mais manter os pesados investi- econômicos antagônicos. Se os socialistas reafirmavam a
mentos que haviam realizado após a II Guerra Mundial, necessidade da intervenção estatal na economia, encontra-
pois agora tinham déficits públicos, balanças comerciais vam, na outra ponta a competitividade mercantil daqueles
negativas e inflação. Defendiam, portanto, uma redução que se nutriam da morte e da destruição, numa palavra: da
da ação do Estado na economia. Essas teorias ganharam competitividade. Abandonaram-se as metas cooperativistas
força depois que os conservadores foram vitoriosos nas e passou-se a pautar-se pela mais rapinante competitivida-
eleições de 1979 no Reino Unido (ungindo Margareth de. Reconhecendo que falta de transparência e democracia
Thatcher como primeira ministra) e, de 19880, nos Esta- na revelação dos fatos constituía um entrave ao desenvol-
dos Unidos (eleição de Ronald Reagan para a presidên- vimento do socialismo, Gorbatchov publicou seu clássico
cia daquele país). Desde então o Estado passou apenas Perestroika, novas ideias para o meu país e o mundo que,
a preservar a ordem política e econômica, deixando as contudo, foi mais utilizado pelos adversários do que pelos
empresas privadas livres para investirem como quisessem. amigos do social. Era sem dúvida a expressão de uma crise.
Além disso, os Estados passaram a desregulamentar e a Gorbatchov tentou ainda acordos com o ultradireitista
privatizar inúmeras atividades econômicas antes contro- Ronald Reagan, administrando mesmo o final do Tratado
ladas por eles. de Varsóvia e assinando com o presidente estadunidense
o famoso acordo START (Strategic Arms Reduction Treaty),
A Nova Ordem Mundial através do qual a OTAN e outras organizações filo-fascis-
Utilizamos como marco inicial para a assim chamada tóides dos Estados Unidos e aliados comprometiam-se a
GEOGRAFIA
“Nova Ordem Mundial” (ou “Nova Ordem Internacional”) diminuir seus arsenais e interromper a corrida armamen-
a queda do Muro de Berlim, com tudo o que simbolizou tista. Na prática, pouco foi feito a este respeito e é correto
em termos políticos, econômicos e ideológicos. Evidente- afirmar que as nações do Oeste (Estados Unidos e Ingla-
mente, muitos aspectos anteriores já indicavam uma nova terra à frente) venceram a Guerra Fria contra o socialismo.
9
Naturalmente, a última palavra a este respeito ainda • Mercado Comum: a terceira parte é a criação de
não está dada. Outrora um dos maiores problemas de um mercado comum, que implica numa integração maior
distribuição na URSS era representado pela filas: todos entre as economias e regras de comércio interno e exter-
tinham dinheiro para comprar os bens necessários, parti- no, além de englobar a passagem de mercadorias, pessoas
cularmente numa nação que foi capaz de manter o preço e capital entre esses países de forma livre.
do pão em três copeques durante mais de setenta anos! • União Econômica e Monetária: o estágio máxi-
Mas formavam-se filas imensas para esperar que produ- mo de ligação é o de união econômica e monetária, que
tos raros do ocidente chegassem às prateleiras dos super- é um mercado comunitário, mas com o diferencial de ter
mercados, delas desaparecendo rapidamente. Hoje, em uma moeda comum em circulação nos países que com-
Moscou, o que se vê é, além do retorno da prostituição, põem esse grupo.
da miséria, da mendicância e da violência, levando uma
nação que já foi uma superpotência a rivalizar com países Esses estágios são baseados nas fases ou categorias
subdesenvolvidos neste quesito, supermercados e lojas de vividas pelos blocos, mas há uma ordem obrigatória para
conveniência abarrotadas de bens para os quais ninguém sua criação. O bloco que seguiu todos os passos citados
mais tem dinheiro para comprar... O russo médio se per- foi a União Europeia, mas outros já formados não segui-
gunta se teria feito um bom negócio ao sair do socialismo ram necessariamente essa ordem.
para o capitalismo... O Mercosul, por exemplo, é classificado como união
Os blocos econômicos são associações criadas entre aduaneira; a União Europeia já atingiu o nível de união
os países, a fim de estabelecer relações econômicas entre econômica e monetária. Aliás, esses passos são baseados
si. Eles surgiram do reflexo da constante competição de na formação desse bloco.
economias que estão sempre buscando o crescimento.
Além disso, é um movimento cada vez mais comum no Principais Blocos Econômicos
mercado mundial para aguentar o ritmo acelerado dos
países. União Europeia
Essa união acontece por interesses mútuos e pela Na Europa existe a União Europeia que é um bloco forma-
do por 28 países. Ele surgiu pela necessidade dos países de se
possibilidade de crescimento em grupo. Esse crescimen-
unirem após a destruição causada pela 2ª Guerra Mundial. Ele
to passou a ser bem visto porque logo se percebeu que,
contém economias fortes que conseguiram resistir a diver-
por mais forte que fosse uma economia, ela não poderia
sas crises econômicas mundiais. Sua moeda comum é o Euro,
competir de igual para igual com grupos de economias
mas existem aqueles que não aderiram à moeda. Ainda que
unidas entre si.
a Grécia, Espanha e outros países tenham passado por sérias
dificuldades, o fato de estarem inclusos na União Europeia os
O que são Blocos Econômicos?
deu proteção e inclusive apoio financeiro quando foi preciso.
Bloco econômico é uma união de países com interes-
ses mútuos de crescimento econômico e, em alguns casos, CEI
se estende também à integração social. Tem como uma Há ainda na Europa, a Comunidade dos Estados Inde-
das ideias principais garantir uma maior integração entre pendentes (CEI), que foi criada em 1991. Ela é formada pe-
países e trazer a facilitação do comércio. Os blocos econô- los países Armênia, Cazaquistão, Belarus, Federação Russa,
micos começaram a surgir no fim da década de 40, após Moldávia, Quirquistão, Tadjiquistão, Ucrânia, Uzbequistão,
a 2ª Guerra Mundial. Nesse período, a Europa estava de- Azerbaidjão e Turcomenistão (membro associado).
vastada por causa da guerra e também era fortemente in-
fluenciada pelo mercado norte-americano, que estava em Mercosul
processo de crescimento econômico e, portanto, poderia O Mercosul é um bloco que foi criado em 1992, sendo
ameaçar as economias europeias. formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Ve-
O primeiro bloco econômico nasceu em 1944 com a nezuela entrou no bloco em 2012, mas existem outros em
criação da BENELUX formada por Bélgica, Holanda e Lu- processo de adesão e associados. O objetivo da Mercosul
xemburgo. Seu objetivo era ajudar os países-membros a é trazer uma integração política, econômica e social entre
se recuperarem da guerra. Após ele, principalmente de- os países participantes, auxiliar no aumento da qualidade
pois da Guerra Fria, outros foram criados. de vida e fortalecer o vínculo entre os cidadãos do bloco.
• União Aduaneira: numa segunda fase, de inte- A Comunidade Andina de Nações foi criada em 1969,
resses mais amplos, a união aduaneira apresenta a imple- formada pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Tem
mentação de condutas de comércio, além de regras para como foco a integração comercial e o acesso dos mer-
comércios com países que não fazem parte dessa união. cados. É um dos principais parceiros dos Estados Unidos.
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APEC OECO (Organização dos Estados do Caribe Oriental)
A Cooperaçao Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC) SAARC (Associação Sul- Asiática para a Cooperação
foi criada em 1993, na Conferência de Seattle, nos Estados Regional)
Unidos e é formada por países das Américas, da Oceania SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da Áfri-
e a Ásia. ca Austral)
UA (União Africana)
Globalização UAAA (União Aduaneira da África Austral)
Todo esse movimento de união de países, às vezes UE (União Europeia)
perto geograficamente outras vezes não, só é possível UEMOA (União Econômica e Monetária dos Oeste
pelas seguidas formas que o homem achou de aproximar Africano)
pessoas distantes. Os avanços no setor da comunicação UMA (União do Magrebe Árabe)
possibilitaram esse contato e fizeram com que os indiví- UNASUL (União de Nações Sul-Americanas)
duos conhecessem e vivessem culturas e costumes dife-
rentes de outras regiões que, antes desses avanços, eram Ao surgirem os modernos Estados territoriais já her-
improváveis de se conhecer. daram um espaço interior compartimentado, porquanto
Outro fator importante foram os avanços do setor de preexistia aos territórios nacionais uma divisão espacial
transportes. Aviões com capacidade e comodidade cada do trabalho e uma divisão política do território. Com o
vez maior deram a chance de mais e mais pessoas reali- desenvolvimento do capitalismo a divisão do mundo em
zarem viagens para lugares distintos, gastando um tempo territórios nacionais se sedimenta, e é com base nesta es-
menor do que anos anteriores. Isso é o chamado efeito da trutura que as sociedades politicamente se enquadram.
globalização que integra países e aproxima nações. Neste quadro as fronteiras têm o papel de limites demar-
cadores dos distintos projetos sociopolíticos.
Lista dos Blocos Econômicos no Mundo Hoje, em face à globalização, a compartimentação do
espaço mundial revela duas facetas contraditórias e so-
Países ACP (Associação de países da África, Caribe e lidárias. Por um lado, as fronteiras devem delimitar com
Pacífico) clareza o território nacional que consagra à sociedade
que nele vive seu abrigo, este é o princípio da soberania
ACP-EU (Acordo de Cotonou. Um acerto comercial
internacional, mas por outro lado a economia transnacio-
entre a União Europeia)
nalizada opera fluxos financeiros e normativos que atra-
AEC (Associação dos Estados do Caribe)
vessam as fronteiras, promovendo um enfraquecimento
AELC (Associação Europeia de Livre Comércio)
de suas funções destinadas à proteção. As oportunidades
ALADI (Associação Latino-Americana de Integração)
de fluidez oferecidas pelo meio técnico-científico e infor-
ALALCt (Associação Latino-Americana de Livre Co-
macional (Santos, 1996) – as revoluções nos transportes
mércio) e nas comunicações ilustram sobejamente esse processo
ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas) –, possibilitaram a unificação técnica do planeta, mas pa-
ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) radoxalmente, desde o seu surgimento, esse meio geo-
APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) gráfico testemunha sua maior compartimentação. Nesta
ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) Era da velocidade, de encurtamento das distâncias geo-
CEFTA (Acordo Centro-Europeu de Livre Comércio) métricas, os territórios nacionais padecem, em distintos
CAFTA-DR (Comunidade de Livre Comércio entre Es- graus, das influências de um mundo que efetivamente se
tados Unidos Central e República Dominicana) globaliza, mas é a partir deles que se efetivam as relações
CAN (Comunidade Andina de Nações) interestatais, é na sua estrutura que se fundam quadros
CAO (Comunidade da África Oriental) legais de legitimação do poder e reconhecimento das
CARICOM (Comunidade do Caribe) soberanias.
CARIFTAt (Associação de Livre Comércio do Caribe) Nesse contexto duas razões são confrontadas, uma
CEA (Comunidade Econômica Africana) global, representada pelas grandes corporações e orga-
CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da nismos transnacionais, e outra local (Santos, 1996). Or-
África Ocidental) dens e normas globais atingem os lugares reorganizando
CEEA (Comunidade Econômica Eurasiática) a vida de relações a partir de parâmetros sem referência
CEEAC (Comunidade Econômica dos Estados da África com o meio local. Mas, em seu processo de difusão, a
Central) dinâmica espacial da globalização não se reduz à inte-
CEI (Comunidade dos Estados Independentes) gração passiva das partes, pois os fluxos não são só fi-
CEMAC (Comunidade Econômica e Monetária da Áfri- nanceiros – tendentes à homogeneização –, mas também
ca Central) migratórios (inclusive turísticos), informacionais e cultu-
IBAS (Fórum de Diálogo Índia-Brasil - África do Sul) rais – tendentes à diferenciação –, o que promove a valo-
COMECOMt (Conselho para Assistência Econômica rização da diferença e a descoberta de que a organização
Mútua) interna das sociedades se revela decisiva nas dinâmicas
COMESA (Mercado Comum da África Oriental e Aus- globais.
tral) De fato, há lugares ameaçados de estandardização,
GEOGRAFIA
MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) de perda de substância, no entanto os efeitos das inte-
NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) rações são múltiplos e complexos, é por isso nenhum re-
OCDE (Organização para a Cooperação e desenvolvi- sultado é dado de antemão. As interações são enredadas
mento Econômico) em campos de forças fluidos, onde os atores interiores
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não são desprovidos de meios de ação e onde os atores fracos; legislações trabalhistas e fiscais mais dóceis; equi-
exteriores estão longe de ter pleno poder de manipula- pamentos públicos apropriados; boa infraestrutura de
ção de todas as variáveis em jogo. Além das hegemonias, circulação e de comunicação, etc. É assim que o capital
distinguíveis entre nações, organismos internacionais e se aproveita da contingência de um espaço já construí-
empresas (Ianni, 2004), a globalização representa a possi- do para aprofundar as desigualdades e as diferenciações
bilidade de começarmos a divisar com maior nitidez uma socioterritoriais, que por sua vez são o motor de novas
“chorodiversidade” mundial. compartimentações territoriais.
Essa “chorodiversidade”, nunca é demais repetir, é fru- Uma terceira variável, eminentemente política, tam-
to do trabalho vivo realizando-se sobre o trabalho morto. bém se impõe. É impossível para uma única autoridade
Mas, o trabalho morto que se impõe sobre o trabalho política administrar os territórios, sobretudo os de gran-
vivo, não é matéria inerte, uma vez que as infra-estrutu- de extensão. Raffestin (1993) lembra que sem partições
ras territoriais construídas sob a égide do Estado nacio- o poder não tem referência e estrutura, e dessa forma
nal são elementos ativos da produtividade dos lugares. não sabe como exercer suas coerções. No famoso axio-
Por isso, nosso argumento é o de que os compartimen- ma “dividir para reinar” encontra-se essa preocupação
tos políticos do espaço, com a relevância das fronteiras, com as partições do poder, não só com referência às
mantém-se, apesar de a globalização ter produzido uma suas estruturas sociais, mas também com referência às
história mundial única, como obstáculos à tendência de suas estruturas territoriais. O exercício do poder implica
homogeneização do espaço. sempre na manipulação da oposição entre continuidade
e descontinuidade. O guerrymandering, técnica que con-
Formas gerais da compartimentação do espaço siste em recortar circunscrições eleitorais em função de
As compartimentações do espaço estruturam-se a interesses circunstanciais, retrata o jogo do poder que,
partir das divisões sociais e territoriais do trabalho e das criando e recriando constantemente limites[4], sustenta
divisões políticas. Assim, argumentamos que as duas di- os jogos do poder.
visões (do trabalho e política), em conjunto e reciproca- Num país como o Brasil, onde os municípios também
mente, são elementos funcionais da expansão do capital, produzem leis, a manipulação dos recortes político-ad-
tanto nos territórios nacionais quanto no mundo. ministrativos é uma tentação constante para os grupos
De acordo com Smith (1988), três escalas são funcio- que pretendem acessar os instrumentos político-consti-
nalizadas pelo capital, ao mesmo tempo em que a ele tucionais do poder.
impõem restrições: a escala urbana, a escala do Estado- Uma quarta variável diz respeito às duas faces da mo-
-nação e a escala global. A escala global corresponde à bilidade, o transporte (de materialidades) e a circulação
universalização do trabalho assalariado, onde o capital (de informações). Como não há integridade territorial
exige as mesmas condições de exploração para que pos- sem circulação e transporte, a ação do Estado sobre seu
sa existir e se reproduzir. A escala do Estado-nação é o território orienta-se a partir de uma antiga concepção
refúgio e o fundamento da universalização do capital. geopolítica, a de que os grandes impérios econômicos
Quando o conjunto dos capitais nacionais é ameaçado ou políticos, em todos os tempos, traduziram-se e ex-
pela economia mundial, o Estado os defende com o uso pressaram-se por suas redes. Brunhes (1962[1956]) afir-
de barreiras alfandegárias, tributárias, sanitárias, em- ma que o poder sempre traça e constrói estradas quando
bargos comerciais e até o uso dos tanques de guerra. se instala em uma nova região e Ratzel (1987[1897]) de-
Já a escala urbana, origina-se da divisão entre cidade e clara que as estradas oxigenam o território. As questões
campo. Com o desenvolvimento da cidade capitalista, há estratégicas da mobilidade projetam sobre os territórios
uma diferenciação sistemática entre o local de trabalho e o poder do Estado. As redes de transporte são os vetores
o local de residência, entre a produção e a reprodução. A por onde as populações podem se estabelecer em loca-
escala global é a escala da “igualização”, enquanto que a lidades novas ou de difícil acesso e, portanto de delicado
escala urbana é a escala da “diferenciação”. É nesta escala controle político. É banal dizer que os Estados preocu-
que o capital tira vantagens com relação às diferenças de pam-se com os “vazios demográficos”.
salários, impostos, infraestruturas, legislações ambien- Assim, levar populações para locais de menor den-
tais, etc. Daí a diferenciação interna ao Estado-nação ser sidade traz consigo a necessidade de novas divisões no
necessária e funcional ao capital. território para a instituição de novos poderes locais, in-
Apesar de Smith (1988) não analisar o papel das fron- clusive para a administração da vida de relações que se
teiras internas na “diferenciação” do espaço, porque não estabelece. As autonomias locais também nascem desse
se constituem propriamente numa escala, é fundamental processo. Estes aspectos são próprios de uma política
destacar que num país de organização política federa- eminentemente estatal, geopolítica.
tiva como o Brasil, as diferentes legislações (tributárias, Mas, há mobilidades que não são promovidas pelo
fiscais, ambientais, etc) só existem porque as fronteiras Estado, não são geopolíticas, mas pelas empresas, tendo
internas circunscrevem espaços políticos com poder para portanto um fundamento mais geoeconômico. A realiza-
legiferar. ção de investimentos empresariais tem na localização da
Outro argumento refere-se à seletividade de expan- população um de seus trunfos, talvez o mais fundamen-
GEOGRAFIA
são do capital produtivo stricto senso. Como é de sua tal. Tendo interesse primordial em possuir mão-de-obra
lógica, o capital procura os lugares que proporcionam qualificada onde fazem os investimentos, as empresas
maiores lucros: força de trabalho mais barata; menores são responsáveis hoje por boa parte da distribuição po-
impostos; leis ambientais mais flexíveis; sindicatos mais pulacional.
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Segundo Raffestin (1993), boa parte das migrações in- Unificação técnica e compartimentação política
ternas nos países capitalistas ocidentais tem sua razão de do território
ser nos investimentos das empresas, ou melhor, nas estra- O caráter autônomo da informação se consolida no
tégias das empresas que determinam os movimentos. atual período. Antes do aparecimento da telegrafia, da
No caso do Brasil as estratégias empresariais contam radiotelegrafia, do telefone e, mais recentemente dos
com o apoio do Estado. É comum encontrarmos poderes satélites, eram os homens e os objetos que tinham a
locais e regionais que praticam a guerra fiscal, inclusive propriedade de transportar a informação, mas com o
fazendo propaganda de tal estratégia para atração das controle técnico e científico das ondas eletromagnéticas
empresas, todavia os mesmos poderes públicos que via- a informação adquiriu um novo status, o de ser transpor-
bilizam seu território para as empresas, protestam contra tada independentemente dos fluxos materiais.
o aumento populacional havido em função da presença A partir do final do século XIX e começo do século
da empresa. XX, as técnicas aplicadas à transmissão da informação
Uma quinta variável de nossa argumentação é guiada promoveram a dissociação entre a rede de circulação de
pela análise de Foucault (1993) sobre as redes de poder. homens e bens e a rede de transmissão de informações,
Para Foucault (idem) uma das lições que se tira do Livro ainda que homens e bens continuem a portar e transmi-
II de Marx é que não existe poder no singular, mas mui- tir informações (Raffestin, 1993).
tos poderes ou formas de dominação. São sempre formas A difusão dos tradicionais sistemas de comunicação
locais e regionais de poder. Possuem sua própria modali- já havia propiciado a autonomia da informação, mas ain-
dade de funcionamento e são todas formas heterogêneas da não era possível conectar qualquer ponto do planeta
de poder. em tempo real. No pós-guerra, mas mais especificamen-
Ou seja, o poder não se exerce territorialmente só de te a partir da década de 1970, as NTCI’s (Novas Tecnolo-
cima para baixo, dos altos escalões territoriais para baixo, gias da Comunicação e da Informação), apoiadas na tele-
mas a estrutura do poder baseia-se também no poder que mática (telecomunicações + informática) e capitaneadas
emana dos escalões inferiores. A configuração do poder em escala planetária pelos satélites, propiciaram tecnica-
na Confederação Helvética e na conformação da primeira mente a interconexão dos sistemas de telecomunicações.
federação do mundo, os EUA, obedeceram ao princípio O período que emerge dessa revolução informacio-
do poder que também emana de baixo para cima. nal[6] promove o encurtamento das distâncias físicas e
Por fim, destacamos uma posição menos empírica e o surgimento do “tempo real”. SANTOS (1996) considera
mais filosófica da imposição dos limites. Segundo Ortega
a “convergência dos momentos” como um dos atributos
y Gasset (1960), além dos limites e sua reprodução fa-
do atual período, ou seja, a possibilidade de uso ime-
zerem parte das atividades humanas, é constitutivo do
diato das informações em qualquer parte do planeta. Os
homem sentir-se em um mundo regionalizado, onde
eventos, antes restritos a pedaços do globo e difundidos
cada coisa e cada homem devem pertencem a distintas
num tempo lento, passam a capilarizar todo planeta num
regiões, a distintos “mundos”. Não se trata de interpreta-
mesmo momento, produzindo, pela primeira vez, uma
ções imaginárias com as quais a mente do homem reage
empiricização do tempo e uma história única.
em função de sua perspectiva e localização, mas trata-se
Os mesmos eventos que atuam como solventes de
de algo que é constitucional ao homem.
Toda relação depende da delimitação de um campo, antigas ordens, também são catalisadores de uma nova
onde se realizam as relações e onde elas se chocam com ordem (Barraclough, 1976). As variáveis explicativas das
os limites traçados do campo. Desde que o homem surgiu antigas ordens deixam de reinar neste “momento” de
defrontamo-nos cotidianamente com a noção de limite, transição, sem que as variáveis em ascensão tenham se
sem que nunca, apesar da sua evolução, a noção de limite mostrado em sua totalidade, daí a gestação neste pe-
tenha desaparecido. ríodo/crise, de discursos que, absolutizando as técnicas,
“Não há por que se admirar, pois o limite é um sinal pregam o fim das fronteiras. De fato, as fronteiras não
ou, mais exatamente, um sistema sêmico utilizado pelas são barreiras à unificação telecomunicacional do mun-
coletividades para marcar o território: o da ação imediata do, mas isto não significa a federação política do mundo,
ou o da ação diferenciada” (Raffestin, 1993:165). nem mesmo a coabitação solidária das diferentes partes
As fronteiras políticas são formas assumidas pelos li- de um território nacional. Velocidade e compartimentos
mites que, cristalizadas no território, são a expressão da políticos são dois caracteres distintivos do período atual.
relação que o homem mantém com os outros homens Em verdade, a circulação da informação também obe-
por meio do território. A fronteira política é um dos tipos dece a regras ditadas pelos compartimentos políticos. Em
de limites impostos às atividades humanas[5]. maio de 1999 o consórcio Europeu que administra o sa-
As compartimentações do espaço encontram sua ex- télite TV-Eutelsat (Grã-Bretanha, Itália, França, Alemanha
plicação em variáveis culturais, sociais, econômicas e es- e Iugoslávia representada pela República Federal Sérvia),
paciais, e, da fertilização cruzada destas variáveis, o que cortou as transmissões desse satélite para a Iugoslávia,
torna o tema bastante complexo. Neste texto, privilegia- criando um importante precedente em matéria de não-
mos a análise das compartimentações produzidas a partir -discriminação da informação obtida por esse meio. O
da divisão social e territorial do trabalho, promotora das principal meio de comunicação Sérvio foi destruído por
GEOGRAFIA
especializações produtivas com a fundação de quadros alguns países europeus (Virilio, 2000). No conflito militar
de referência regional, e da divisão política que impulsio- que se desenrolava, a OTAN (Organização do Tratado do
na a fundação de novos poderes político-administrativos. Atlântico Norte) possuía a desvantagem de desconhe-
cer a configuração territorial[7] Sérvia, um saber local[8]
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evidentemente dominada pelos sérvios, o que impedia memorizada, medida e é estabelecida por uma decisão
uma invasão militar imediata por terra. Assim, uma das política, enquanto que a zona é por essência indetermi-
estratégias da OTAN foi desmantelar o sistema de in- nada e não dependente de decisões políticas para sua
formações Sérvio, independentemente da natureza das existência.
mensagens que eram transmitidas por um satélite de TV. Tendencialmente, a zona de fronteira dá origem à li-
A interdependência global dos lugares é patente no nha de fronteira. Nesse sentido a fronteira como linha é
atual período, mas também o é a existência de centros de o produto de um movimento, sempre transitório, justa-
comando de redes de informação[9]. Antes da guerra, no mente porque é histórico. Para Ratzel (1987[1897]), toda
vigor do acordo de “não-discriminação” da informação, forma de vida que se propagou sobre a Terra, sempre
o território iugoslavo era banhado pelas comunicações tomou a forma de um domínio, dotado de uma posição,
necessárias à sua vida social. No momento da guerra a uma configuração e um tamanho, um espaço de propa-
fonte secou, os “velhos” Estados-territoriais fizeram valer gação, cujos pontos extremos podem ser demarcados
sua força. sobre uma linha que nomeamos de fronteira.
Portanto, além das fronteiras não terem perdido suas Considerando que um território faz fronteira com
funções político-militares, delimitadoras de campos de um ou mais territórios, Foucher (1991) assinala que as
forças[10], hoje elas ganham um novo atributo, que é fronteiras são formadas por díades, termo que designa a
o de também delimitarem campos informacionais, pois fronteira comum a dois Estados contíguos. Uma fronteira
apesar de os satélites não conhecerem fronteiras, todos internacional é formada por tantas díades quantos são os
os sistemas de recepção e decodificação das informações países limítrofes, ou em outras palavras, a díade refere-se
obedecem a critérios territoriais, senão não seria possível a segmentos de fronteira. A fragmentação de um territó-
a um único satélite, provedor de informações para cinco rio, dando origem a um novo Estado, produz fronteiras
países, interromper o sistema de comunicação para um internacionais e díades para aquele que se autonomizou,
só território, como ocorreu no caso da Iugoslávia. e novas díades para os territórios limítrofes. O século XX
A ideologia da união do mundo, que fundamenta o foi pródigo na criação de novos compartimentos: no iní-
discurso do fim das fronteiras, obnubila as novas hierar- cio do século o mundo possuía aproximadamente cin-
qüenta territórios nacionais, hoje esse número passa dos
quias da divisão internacional do trabalho. A criação de
duzentos. Assim, o surgimento de díades ou fronteiras
novas fronteiras políticas evidencia o oposto daquilo que
também é função do tempo.
é pregado pelo discurso da globalização econômica: de
A forma é sempre datada, incorporando novas fun-
um mundo aberto à circulação, às trocas; de um mundo
ções à medida que novas ações dotam a forma de no-
em que as novas tecnologias de transporte, especialmen-
vos conteúdos. As fronteiras não decorrem só do espaço,
te as de informação, eliminam as compartimentações
mas também do tempo: extensão e duração formam o
territoriais. O que se verifica é que quanto mais satélites
conceito de limite. É o tempo que dá significado à forma,
são colocados em órbita, mais fronteiras são produzidas
ou seja, mais importante que a forma das fronteiras é a
– ainda que para serem atravessadas –, ou seja, à medida sua formação. Sendo histórica, resulta de eleições, por
que aumenta a densidade técnica planetária, o mapa po- isso afirmamos a inexistência de fronteiras naturais. As
lítico do mundo fica mais sincopado. fronteiras, mesmo quando apoiadas em marcos naturais,
são o resultado de eleições sociais e não de imposições
Fronteira: zonas e linhas naturais. De fato, nos albores da história, os elementos
As formas podem ser materiais ou imateriais. Um rio naturais condicionavam os homens e suas atividades, im-
ou uma montanha quando usados como limites, são co- pondo-lhes barreiras físicas. Uma montanha, um deserto
mumente chamados de fronteiras naturais. Já o entre- ou uma floresta podiam significar limites (zonais) à cir-
cruzamento de latitudes e longitudes na delimitação dos culação, todavia o desenvolvimento técnico superou as
territórios, faz com que a forma confunda-se com seu barreiras naturais e, à medida que estas iam caindo uma
conteúdo técnico. Uma forma não elimina a outra, pois a uma, erigiam-se outras barreiras, agora não mais natu-
mesmo as fronteiras baseadas em marcos naturais, são rais, mas políticas[12]. Quanto mais limites naturais foram
alvo de demarcação tecnológica. Do ponto de vista for- rompidos e o mundo ecumenizado, mais limites políticos
mal (material ou imaterial) a fronteira pode ser uma zona foram produzidos. Para George (197_, p. 147), “os limites
ou uma linha, servindo a uma vasta tipologia[11]. naturais, quando autoritários, podem enquadrar diversas
A fronteira como linha é sempre mais absoluta, ser- ‘agitações’, mas, quanto mais progridem as técnicas, mais
vindo como marco onde os Estados nacionais, segundo propendem os limites imperiosos a ser transgredidos,
a intensidade de seus poderes, exercem a vigilância (sa- não surgindo, nesse caso, o obstáculo senão como limiar
nitária, demográfica, ideológica, policial ou militar). In- nas despesas de exploração ou circulação”.
ternamente as linhas delimitam as subunidades dos ter- Para Vidal de la Blache (apud Ancel, 1938), “a civili-
ritórios nacionais quando estes já têm todo seu espaço zação é a luta vitoriosa do homem contra os obstáculos
apropriado (Cataia, 2001). A linha é um limite facilmente que a natureza colocou diante dele; não há muralha nem
cartografável. Já a zona (menos a de guerra), é de difícil fosso que não possam ser vencidos”.
demarcação, flexível segundo os arranjos socioterritoriais Hoje, no mapa político do mundo, os obstáculos à
GEOGRAFIA
dos campos de forças opostos. livre circulação dos homens e das coisas são represen-
Para Ratzel (1987[1897]), linhas e zonas são limites. As tados pelas fronteiras políticas, que in-formam onde é o
zonas representam a coisa real, enquanto que as linhas dentro e o fora. A fronteira é uma das formas da infor-
representam sua abstração. A linha pode ser desenhada, mação.
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A fronteira como informação Ao lembrar as diversas funções das fronteiras, Raffes-
De acordo com Jameson (1985), o mecanismo opera- tin (1993) observa que a função legal nunca está ausente.
cional central da dialética, tanto hegeliana quanto mar- De fato, as funções são a expressão da informacionaliza-
xista, é a contradição entre uma forma e seu conteúdo. ção das fronteiras. A fronteira sempre estará ali, ali onde
Até Hegel o pensamento filosófico concebia o conteúdo pode a qualquer momento incorporar uma nova infor-
como matéria, material inerte, passivo. A mudança de mação e transmiti-la, expressando uma ordem: dentro e
matéria para conteúdo permitiu ver a dinâmica da rela- fora, comunhão e excomunhão.
ção sujeito-objeto, ou em outras palavras, da indissocia- Por isso as fronteiras não se enfraquecem. As frontei-
bilidade entre forma e conteúdo. ras podem ter deixado de expressar uma dada ordem,
A forma-conteúdo (Santos, 1996), torna transparente mas elas continuam ali, como um prático-inerte[13]
o caráter informacional das fronteiras. A fronteira é uma (Santos, 1996; Moraes, 2000). Continuam no seu lugar
concreção da vida social que se realiza por meio de sua esperando o momento adequado para expressar outras/
cristalização. Dizer que a fronteira é informação significa novas ordens
dizer que ela porta uma ação social e que justamente por
isso ela condiciona a sociedade que a criou. SUBDESENVOLVIDOS E EMERGENTES
A etimologia do vocábulo informação deriva da pa-
lavra informar, que significa colocar em forma, dar uma A terminologia para denominar países desenvolvidos
forma ou um aspecto, formar, criar. A informação pode e subdesenvolvidos varia bastante, o termo “pais emer-
ser compreendida como algo que é colocado em for- gente”, foi bastante utilizado na década de 1990, atual-
ma, colocado em ordem. A dispersão de letras sobre um mente este termo é usado para países subdesenvolvidos,
papel nada significa se as letras não obedecerem a um ou seja, aqueles que são menos industrializados.
sistema de classificação que dê sentido àquilo que está Como exemplo são os países asiáticos e africanos
sendo ordenado, portanto a informação implica no or-
denamento de elementos ou partes de um sistema mais
amplo. A informação expressa a organização das partes O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO: PRINCIPAIS
de um sistema. Para Zeman (1970), a informação é, ao CARACTERÍSTICAS, O COMÉRCIO MUNDIAL,
lado do espaço, do tempo e do movimento, outra forma BLOCOS ECONÔMICOS.
fundamental da existência da matéria.
Do ponto de vista da organização dos territórios, não
é a informação em si, medida em bits, que dá significado
Globalização:
aos elementos do sistema de limites, mas o seu efetivo
O termo globalização surgiu após a Guerra Fria tor-
uso político, interessando aos estrategistas seu conteúdo
nando-se o assunto do momento, aparecendo nos círcu-
e significado e não a quantidade de sinais. Para Morin
(1993[1977]), “La numeración en bits de las Tablas de la los intelectuais e nos meios de comunicação, tornando
Ley, del Código Civil, de los pensamientos de Pascal, del possível a união de países e povos, essa união nos dá a
Manifiesto Comunista no tiene sentido ni intrínseco ni impressão de que o planeta está ficando cada vez menor.
comparativo“. Um dos mais importantes fatores que contribui para a
Informações transmitidas por cabos ou por ondas união desses povos é, sem dúvida, a internet. É impossí-
eletromagnéticas não são do mesmo gênero daquelas vel falar de globalização sem falar da Internet, que a cada
que os homens portam, uma vez que cabos e ondas cir- minuto nos proporciona uma viagem pelo mundo sem
culam com mensagens carentes de significação afetiva e sair do lugar. Dentro da rede conhecemos novas culturas,
emocional. podemos fazer amizades com pessoas que moram horas
Para Raffestin (1993), a fronteira é uma informação de distância, trabalhamos e ainda podemos nos aperfei-
lato senso indispensável a qualquer ação. Como informa- çoar cada vez mais nos assuntos ligados a nossa área de
ção, constitui-se numa dimensão que nunca está ausen- interesse, através dela, milhões de negócios são fechados
te, participando de todo projeto econômico, político ou por dia.
social de um Estado. A globalização não é uma realização do presente, vem
A fronteira é informação porque são os homens, as de longa data. Tudo começou há muito tempo quando
sociedades que lhe atribuem essa função. Delega-se às povos primitivos passaram a explorar o ambiente em que
fronteiras o papel de informar – para controlar – ao con- viviam. No século XV os europeus viajavam pelos mares a
junto da sociedade o que pertence e o que não perten- fim de ligar Oriente e Ocidente; a Revolução Industrial foi
ce a um dado espaço. Autônomo ou soberano o espaço outro fator que permitiu o avanço de países industrializa-
político sempre possui margens. Em verdade, o território dos sobre o restante do mundo.
nasce das estratégias de controle necessário à vida social, No final dos anos 70, os economistas passaram a usar
o que é outra maneira de exprimir a soberania. A obser- o termo “globalização” fora das discussões econômicas
vação de Latour (1996, p. 160-161) com relação aos obs- facilitando as negociações entre os países. Nos anos
táculos de rua, utilizados para diminuir a velocidade dos 80, começaram a ser difundidas novas tecnologias que
automóveis, também é válida para as fronteiras políticas: uniam os avanços da ciência com a produção, por exem-
“Pode-se considerar que esse obstáculo age com plo: nas fábricas, robôs ligados aos computadores acele-
GEOGRAFIA
brutalidade /.../ acontece que o engenheiro das pontes ravam (e aceleram) a produção, ocasionando a redução
e calçadas, os prefeitos e os pais de alunos decidiram da mão-de-obra necessária, outro exemplo são as redes
usar a intermediação desses objetos técnicos para obter, de televisão que facilitam ainda mais a realização de ne-
justamente, comportamentos convenientes.” gócios, com as suas transmissões em tempo real.
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A globalização envolve países ricos, pobres, peque- tando dificuldades para controlar seu déficit orçamentá-
nos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade, rio ou estará proximamente elevando suas taxas de juros,
e por ser um fenômeno tão abrangente, ela exige no- os mercados financeiros intencionais tomam, com funda-
vos modos de pensar e enxergar a realidade. As coisas mento nestas notícias, decisões que poderão ter impacto
mudam muito rápido hoje em dia, o território mundial real no pais em questão.
ficou mais integrado, mais ligado. Por exemplo, na dé- Os países, seus líderes e as políticos por eles adota-
cada de 1950, uma viagem de avião cruzando o Oceano das estão sob vigilância próxima e constante da opinião
Atlântico durava 18 horas; hoje a mesma rota pode ser pública internacional. Qualquer medida julgada por estas
feita em menos de 5 horas. Em 1865, a notícia da morte entidades imateriais como passo em falso pode impor
de Abraham Lincoln levou 13 dias para chegar na Europa, penalidades. Ao contrário, decisões ou eventos interpre-
mas hoje, ficamos sabendo de tudo o que acontece no tados como positives solo recompensados. A opinião pú-
mundo em apenas alguns minutos. blica internacional e, sobretudo, os mercados tendem a
Não podemos negar que a globalização facilita a vida ser conservadores, a seguir certa ortodoxia em matéria
das pessoas, por exemplo o consumidor foi beneficiado, econômica. Estabelecem um padrão de conduta econô-
pois podemos contar com produtos importados mais ba- mica que praticamente não admite desvios num mundo
ratos e de melhor qualidade, porém ela também pode di- em que h;! imensa variedade de realidades nacionais. 0
ficultar. Uma das grandes desvantagens da globalização complexo processo de ajuste não deve ignorar tal diver-
é o desemprego. Muitas empresas aprenderam a produ- sidade.
zir mais com menos gente, e para tal feito elas usavam A globalização modificou o papel do Estado num ou-
novas tecnologias fazendo com que o trabalhador per- tro aspecto. Alterou radicalmente a ênfase da ação go-
desse espaço. vernamental, agora dirigida quase exclusivamente para
A necessidade de união causada pela Globalização tomar possível As economias nacionais desenvolverem
fez com que vários países que visavam uma integração e sustentarem condições estruturais de competitividade
econômica se unissem formando os chamados blocos em escala global.
econômicos (ALCA, NAFTA e Tigres Asiáticos, por exem-
Isto não significa necessariamente um Estado menor,
plo), o interesse dessa união seria o aumento do enrique-
muito embora este também seja um efeito colateral de-
cimento geral.
sejável da mudança de ênfase, mas certamente pede um
Não podemos esquecer também que, hoje em dia, é
Estado que intervenha menos e melhor; um Estado que
essencial o conhecimento da língua inglesa. O inglês, que
seja capaz de mobilizar seus recursos escassos para atin-
ao longo dos anos se tornou a segunda língua de quase
gir prioridades selecionadas, um Estado que possa cana-
todos nós, é exigido em quase todos os campos de tra-
lizar seus investimentos para as áreas vitais na melhoria
balho, desde os mais simples como um gerente de hotel
da posição competitiva do pais, tais como infraestrutura
até o mais complexo, como um grande empresário que
fecha grandes acordos com multinacionais. e serviços públicos básicos, entre os quais melhor edu-
Para encarar todas estas mudanças, o cidadão precisa cação e saúde; um Estado que esteja pronto a transferir
se manter atualizado e informado, pois estamos vivendo para mãos privadas empresas melhor administradas por
em um mundo em que a cada momento somos bombar- elas; um Estado, finalmente, no qual os funcionários pú-
deados de informações e descobertas novas em todos os blicos estejam à altura das demandas da coletividade por
setores, tanto na música, como na ciência, na medicina e melhores serviços.
na política. E tudo isso tem de ser feito num tempo em que os va-
Intimamente vinculada à questão da globalização lores democráticos e uma sociedade civil fortalecida tor-
econômica é a mudança no papel do Estado. A globa- nam ainda mais amplas as reivindicações de mudança. A
lização significa que as variáveis externas passaram a ter transformação do Estado tem também de ser conduzida
influência acrescida nas agendas domésticas, reduzindo num quadro econômico de disciplina fiscal e austeridade
o espaço disponível para as escolhas nacionais. Já men- no gasto público, em que o Estado conta com menos
cionei que os requisitos para a competitividade externa recursos financeiros. Não se trata de tarefa simples. Re-
levaram a uma maior homogeneidade nos aspectos ins- quer uma mudança substancial de atitude e determina-
titucionais e regulatórios dos Estados, que tais requisitos ção para combater interesses velados dentro do aparato
deixaram menor margem de manobra para estratégias estatal. Mas não há alternativa. No caso do Brasil, temos,
nacionais altamente diferenciadas em relação, entre ou- em suma, de reconstruir o Estado se quisermos ter qual-
tros, ao trabalho e à política macroeconômica. O equi- quer possibilidade de êxito na transição do modelo au-
líbrio fiscal, por exemplo, tornou-se um novo dogma, tárquico do passado para outro em que nossa economia
conforme bem ilustra o Tratado de Maastricht da União se integre plenamente nos fluxos mundiais de comércio
Europeia, que fixa parâmetros dentro dos quais devem e investimento. Pode parecer paradoxal que esta remo-
situar-se os números do equilíbrio orçamentário de seus delação do Estado de nenhuma forma conflite com ideais
países-membros. tradicionais da esquerda (e orgulho-me de ser fundador
Tanto a opinião pública internacional quanto o com- e membro do partido que representa a Social Democra-
portamento dos mercados também passaram a desem- cia no Brasil). Pois é justamente isto o que ocorre. Ao
GEOGRAFIA
penhar um papel que antes não tinham na redefinição realocar seus recursos e suas prioridades para educação
dos limites possíveis de ação para o Estado. A informação e saúde, num país com os grandes contrastes sociais do
movimenta-se livre e rapidamente. Se, por exemplo, cir- Brasil, o novo Estado estará contribuindo para a realiza-
cula a notícia de que um determinado país está enfren- ção de algo em que ele falhou no passado: promover
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maior igualdade de oportunidades numa época em que O mesmo acredito será válido para as chamadas eco-
a qualificação e a educação constituem pré-requisito não nomias em transição dos antigos países comunistas, que,
apenas para a conquista de um posto de trabalho, mas não obstante, estão pagando um preço alto pelo ajuste
também para aumentar o grau de mobilidade social no aos princípios da economia de mercado impostos pela
país. realidade atual.
Hoje, mais do que nunca, metas caras à esquerda Para os países menores e mais atrasados, prevalece,
podem ser alcançadas junto com e em virtude de nos- porém, um grande ponto de interrogação. Serão eles ca-
sos esforços para aumentarmos as capacidades nacio- pazes de algum dia poder superar os desafios da globa-
nais com vistas à participação competitiva na economia lização? Estão seus povos condenados por uma lógica
mundial. Além disso, este Estado remodelado precisa ser perversa a viver na pobreza absoluta, a ver suas institui-
ainda mais forte no desempenho de suas tarefas sociais ções ruírem e a depender da ajuda externa num mundo
e melhor preparado para regulamentar as atividades re- menos predisposto a oferecê-la e mal preparado para
centemente privatizadas. As dificuldades no processo de canalizá-la de modo eficiente? Reconheço que as dificul-
transição do papel do Estado são sentidas em toda parte dades a serem enfrentadas por esses países são enormes.
e não podem ser subestimadas. A reforma da Previdência No entanto, recuso-me a aceitar que seu destino esteja
Social na França e as difíceis negociações para a aprova- predeterminado ao fracasso, como se nada pudesse ser
ção do orçamento nos Estados Unidos são exemplos dos feito, como se a comunidade internacional pudesse con-
obstáculos a serem superados pelos Governos, basica- viver confortavelmente com a indiferença e a paralisia em
mente porque não há respostas imediatas e evidentes ao relação aos países mais pobres. A marginalização perver-
desafio da transição. Abandonar as práticas tradicionais te a boa consciência da humanidade. A marginalização,
do Estado do Bem-Estar não implica deixar de lado a ne- todavia, não está confinada unicamente aos países ainda
cessidade de melhores padrões de vida para os nossos não integrados na economia internacional. Ela também
povos. está crescendo-nos próprios países prósperos.
A globalização significa competição com base em
Globalização e a questão da inclusão e exclusão maiores níveis de produtividade, ou seja, maior produ-
Gostaria agora de passar ao exame de outra con- ção por unidade de trabalho. O desemprego resulta as-
sequência da globalização: a questão da exclusão e in- sim dos mesmos motivos que levam uma economia a
clusão social. E minha primeira observação é a de que ser competitiva. A situação é particularmente grave na
a globalização está dando origem a uma nova divisão Europa. Os que são demitidos nos países ricos podem
internacional. recorrer a mecanismos de proteção social de diferentes
Os pontos cardeais já não explicam de forma satisfa- tipos; alguns poderão ser treinados para um trabalho
tória o mundo. As divisões Leste-Oeste e Norte-Sul eram substituto. Mas pouco poderá fazer-se para aliviar a frus-
conceitos que minha geração empregou para lidar respec- tração dos jovens que querem ingressar no mercado de
tivamente com a realidade política da Guerra Fria e com trabalho e não conseguem. A falta de esperança, o con-
o desafio econômico do subdesenvolvimento. A situação sumo de drogas e álcool, o desmembramento da família
internacional desta metade da década de 90 é muito mais são alguns dos problemas trazidos pelo desemprego e
complexa. O mundo pode ser dividido entre as regiões pela consequente marginalização. Há um sentimento de
ou países que participam do processo de globalização e exclusão, de mal-estar em vastos segmentos das socie-
usufruem seus frutos e aqueles que não participam. Os dades ricas integradas na economia global, alimentan-
primeiros estão geralmente associados à ideia de progres- do a violência e, em alguns casos, atitudes de xenofobia.
so, riqueza, melhores condições de vida; os demais, à ex- Como lidar com a complexa questão do desemprego é
clusão, marginalização, miséria. É certo que a globalização um desafio com o qual se defrontam praticamente todos
produziu uma janela de oportunidades para que mais paí- os países que participam da economia global. A resposta
ses pudessem ingressar nas principais correntes da eco- a ele certamente não deve ser encontrada numa reação
nomia mundial. Os Tigres Asiáticos e mesmo o Japão são à globalização, seja mediante um fechamento da econo-
exemplos significativos. Estes países souberam aproveitar mia ao comércio com parceiros externos, o que apenas
as oportunidades dadas pela economia mundial através agrava a marginalização de um país, seja mediante o es-
da adoção de um conjunto de políticas que incluem, entre tabelecimento de regras muito rígidas nas relações de
outras, o desenvolvimento de uma força de trabalho bem trabalho, passo que corre o risco de, em vez de estimular,
treinada e qualificada, aumento substancial da taxa de dificultar a criação de empregos.
poupança doméstica, e implementação de modelos volta- Apesar de que dificilmente se poderia considerar a
dos para a exportação e baseados na intervenção estatal criação de empregos uma responsabilidade direta dos
seletiva em alguns setores. Governos, estes dispõem de uma ampla gama de pos-
Para outros países em desenvolvimento mais comple- sibilidades de ação para atacar o problema. A primeira e
xos, entre os quais o Brasil e a Índia, a integração na eco- talvez mais importante medida seja a promoção do cres-
nomia global está sendo feita à custa de maior esforço de cimento econômico sustentado, através da adoção de
ajuste interno e numa época de competição internacio- políticas corretas. A segunda seria promover programas
nal mais acirrada. Nossos avanços são conhecidos, e não dos órgãos oficiais e do setor privado que sejam destina-
GEOGRAFIA
tenho dúvidas de que nossos dois países estão tendo dos ao retreinamento dos trabalhadores dispensados por
êxito em gradualmente colher os frutos dos laços eco- setores nos quais já não conseguem encontrar um posto
nômicos mais profundos que estão estabelecendo com de trabalho. Um terceiro passo seria tornar mais flexível
o resto do mundo. o conjunto de regras relativas às relações de trabalho, de
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modo a preservar o número de empregos. Esta flexibi- -Expansão da dinâmica do capital, fato que se rela-
lização deveria possibilitar, por exemplo, que empresas ciona à ruptura de fronteiras, ou seja, o capital se dirige
e trabalhadores negociassem livremente um leque tão agora também à periferia do capitalismo, uma vez que
vasto quanto possível de tópicos, tais como o número as transnacionais compreenderam que a exploração (no
de horas de trabalho e de dias de férias, a forma de pa- sentido de explorar a força de trabalho diretamente) dos
gamento das horas extras, etc. Deveria também resultar países subdesenvolvidos promoveria grandes lucros
em menores custos para a contratação de trabalhadores. para estes.
Por fim, há alguns instrumentos à disposição do Governo Com o crescimento expressivo da atuação do capital
que podem ser atrelados à expansão da oferta de em- em nível mundial, chegou-se a questionar o papel do
pregos, tais como a concessão de créditos pelos bancos Estado, isto é, o Estado seria de fato um agente impor-
estatais e a inclusão de incentivos na legislação tribu- tante neste processo ou atuaria como um impeditivo
tária. Em países de grande população como o Brasil e para a livre circulação do capital, uma vez que poderia
a Índia, deve-se também ter sempre presentes, ao pen- criar regras ou leis que inviabilizariam a livre circulação
sar-se a questão da geração de empregos, as formas de do capital? Segundo este raciocínio, as transnacionais
funcionamento da chamada economia informal. Em que estariam comandando a dinâmica econômica mundial
medida a economia informal reduz empregos na econo- em detrimento dos Estados. Vale destacar que muitas
mia formal e em que medida oferece postos de trabalho empresas transnacionais passaram a desempenhar pa-
adicionais? Um melhor conhecimento destas questões é péis que antes eram oferecidos pelo Estado, como ser-
necessário para que possamos tirar as conclusões corre- viços ligados à infraestrutura básica (exemplo: transpor-
tas e adotar as medidas apropriadas. te e saneamento básico).
No entanto, as sucessivas crises geradas pelo capita-
BLOCOS ECONÔMICOS E COMÉRCIO MUNDIAL: lismo mostraram que o papel do Estado não se apagou,
As transformações econômicas mundiais ocorridas como pensavam alguns, pelo contrário, em momentos
nas últimas décadas, sobretudo no pós segunda guer- de crise financeira, o Estado é chamado a ajudar as em-
ra mundial, são fundamentais para entendermos as di- presas em dificuldade econômica. Portanto, o papel do
nâmicas de poder estabelecidas pelo grande capital e, Estado no contexto de globalização reestruturou-se,
também, pelas grandes corporações transnacionais. passando este a atuar como um salvador dos excessos
Além delas, não podemos deixar de mencionar a im- e econômicos promovidos pelas empresas nacionais
portância crescente das instituições supranacionais, que ou internacionais, controlando taxas de juros, câmbios,
atuam como verdadeiros agentes neste jogo de interes- manutenção de subsídios em setores estratégicos, bem
ses, como por exemplo, o Fundo Monetário Internacio- como fiscalizando, direta e indiretamente, os recursos
nal (FMI), o Banco Mundial, entre outros. energéticos.
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Além disso, o jogo de poder também está presente Nesse sentido, o conceito de território abrange mais
internamente aos blocos, ou seja, existem países líde- que o Estado-Nação. Qualquer espaço definido e deli-
res dentro do bloco, que acabam submetendo os outros mitado por e a partir de relações de poder se caracteriza
países do acordo aos seus interesses. Assim, nem sempre como território. Uma abordagem geopolítica, por exem-
a constituição de um bloco econômico é benéfica a to- plo, permite afirmar que um consulado ou uma embaixa-
dos os membros; por exemplo, a constituição do NAFTA da em diferentes países, seja considerado como parte de
(México, Canadá e EUA) fez com que a frágil economia um território de outra nação.
mexicana aumentasse ainda mais sua dependência em Portanto, o território não se restringe somente às
relação aos EUA, o Canadá, por sua vez, passou a ser con- fronteiras entre diferentes países, sendo caracterizado
siderado uma extensão dos EUA, dada sua subordinação pela ideia de posse, domínio e poder, correspondendo
à economia de seu vizinho.3 ao espaço geográfico socializado, apropriado para os
seus habitantes, independentemente da extensão terri-
torial.
EXERCÍCIO COMENTADO REGIÃO
Trata-se de conceito amplamente utilizado no senso
1. (CESPE/2015 – SEDU/ES) Com relação à geografia comum, sendo geralmente empregado em referência a
política mundial, julgue o item a seguir. uma área do espaço mais ou menos delimitada. Na Geo-
A formação de blocos econômicos em todos os conti- grafia, a região refere-se a uma porção superficial desig-
nentes mostra uma tendência à regionalização da eco- nada a partir de uma característica que lhe é marcante
nomia. ou que é escolhida por aquele que concebe a região em
questão. Assim, existem regiões naturais, regiões econô-
( ) CERTO ( ) ERRADO micas, regiões políticas, entre muitos outros tipos.
Dessa forma, a região não existe diretamente, mas
Resposta: “Certo” Os blocos econômicos trazem em é uma construção intelectual humana, em uma ideia
si a forma de regionalizar o espaço mundial, objeti- muito defendida pelo geógrafo estadunidense Richard
vando atender aos interesses de todos os envolvidos, Hartshorne (1899-1992) com base na filiação filosófica
isto é, tanto dos países que resistem à perda do poder de Immanuel Kant. No âmbito da Literatura, por sua vez,
político sobre seu território como daqueles que inten-
essa noção está vinculada ao conceito de regionalismo,
cionam a globalização,
que expressa o conjunto de costumes, expressões lin-
guísticas e outros valores que apresentam variação entre
O BRASIL: FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO; uma região e outra, dando uma identidade coletiva para
NATUREZA BRASILEIRA. os diferentes lugares.
Classificação da Geografia
TERRITÓRIO: A Geografia pode ser classificada em: Geografia Re-
A ciência geográfica apresenta, de acordo com as gional e Geografia Geral
diferentes correntes do pensamento, conceitos que são
elementares para a compreensão dessa disciplina. A ca-
tegoria território, juntamente com a paisagem, lugar, re- EXERCÍCIO COMENTADO
gião e espaço, é um dos principais focos de estudo da
Geografia.
Nesse sentido, o território é considerado pela maioria 01. (Excelência/2017 – Prefeitura de Camboriu/SC)
das correntes do pensamento geográfico, um conceito- O espaço geográfico é a natureza transformada pelo tra-
-chave da Geografia. Contudo, sua análise não é exclusi- balho dos seres humanos, um conjunto constituído por
va da Geografia, sendo, portanto, abordado por outras diferentes paisagens.
ciências, o que o torna um termo polissêmico. Ele pode ser grande ou pequeno, movimentado ou
Na análise do território, os aspectos geológicos, não apresentando elementos naturais ou culturais e ele-
geomorfológicos, hidrográficos e recursos naturais, por mentos invisíveis. O espaço é construído e reconstruído
exemplo, ficam em segundo plano, visto que sua abor- permanentemente pelo trabalho humano e pela nature-
dagem privilegia as relações de poder estabelecidas no za. A Geografia assim como outras ciências também pos-
espaço. sui conceitos que são fundamentais para o seu estudo
A concepção mais comum de território (na ciência sendo eles: paisagem, lugar, território e a região.
geográfica) é a de uma divisão administrativa. Através de Julgue as afirmativas apresentadas.
relações de poder, são criadas fronteiras entre países, re- I- Paisagem: No senso comum a palavra pode ter
giões, estados, municípios, bairros e até mesmo áreas de diferentes significados como onde estão as estrelas, às
influência de um determinado grupo. Para Friedrich Rat- distâncias de um lugar a outro, mas, para a geografia o
GEOGRAFIA
zel, o território representa uma porção do espaço terres- espaço estudado com maior ênfase é aquele onde ocor-
tre identificada pela posse, sendo uma área de domínio rem relações sociais, econômicas e políticas dentro de
de uma comunidade ou Estado. uma escala que varia do local para o global. É aquele que
3 Fonte: www.educacao.globo.com
apresenta alguma relação com as pessoas que o habitam.
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II- Lugar: O lugar é a parte do espaço onde as relações de Existe uma grande variação no que se refere aos limi-
proximidade e afetividade dos indivíduos se entrelaçam, tes regionais, isso faz com que os geógrafos em muitas
sobretudo as do cotidiano. É onde as pessoas constroem situações utilizem unidades administrativas para tenta-
referências quase que sentimental com aquele lugar, rem efetuar a sua síntese regional. O precursor da geo-
onde cada pessoa busca as referências pessoais e cons- grafia regional foi Vidal de la Blache (1845-1918), perten-
trói os seus sistemas de valores que fundamentam a vida cente à escola geográfica francesa.
em sociedade. Portanto, o conceito de lugar está rela- A geografia regional também é considerada uma
cionado à dimensão cultural e fortemente relacionado à abordagem do estudo das ciências geográficas (de for-
identidade e ao cotidiano. ma semelhante à geografia quantitativa ou às geogra-
III- Espaço: É tudo aquilo que vemos, e se constitui a fias críticas). Essa abordagem era prevalescente durante
partir da presença em diferentes escalas dos elementos a segunda metade do século XIX e a primeira metade
naturais e culturais sobre os quais a sociedade interage do século XX também conhecida como o período do pa-
e cuja percepção permite a leitura do espectador, onde radigma geográfico regional, quando a geografia regio-
encontramos elementos socioculturais resultante da for- nal tomou a posição central nas ciências geográficas. Foi
mação histórica, cultural, emocional, físico, resultante da posteriormente criticada por sua descritividade e a falta
dinâmica natural. de teoria (geografia regional como abordagem empírica
IV- Território: O território é temporário e modificável, de- das ciências geográficas). Um criticismo massivo foi le-
pende das relações e escalas temporais. É onde ocorre as vantado contra essa abordagem nos anos 50 e durante a
relações de poder e como os que o habitam o conhecem. revolução quantitativa. Os principais críticos foram Kim-
ble e Schaefer.
Está CORRETO somente o que está afirmado em: O paradigma da geografia regional teve impacto em
muitas das ciências geográficas (como a geografia eco-
a) I, II e IV. nômica regional ou a geomorfologia regional). A geogra-
b) I, III e IV. fia regional ainda é ensinada em algumas universidades
c) II e IV. como o estudo das principais regiões do mundo, como a
d) Nenhuma das alternativas. América do Norte e Latina, a Europa, a Ásia e seus países.
Além disso, a noção de uma abordagem de cidade-re-
Os conceitos de lugar e território abordado estão corre- gional ao estudo da geografia ganhou crédito no meio
tos, no entanto, os outros dois não, vejamos portanto o dos anos 90 depois dos trabalhos de pessoas como Sas-
que significa paisagem e região. kia Sassen, apesar de ser também criticada, por exemplo
Em “I”, Errado - trata-se de região. Vejamos o conceito: por Peter Storper.
Região: área do espaço com um mínimo de delimita-
ção. Na Geografia, a região refere-se a uma porção NATUREZA BRASILEIRA:
superficial designada a partir de uma característica
que lhe é marcante ou que é escolhida por aquele que Tempo e Clima
concebe a região em questão. Assim, existem regiões
naturais, regiões econômicas, regiões políticas, entre Elementos e fatores climáticos
muitos outros tipos O clima é uma rede intrincada de elementos e fatores
Em “III” – Errado - trata-se de paisagem. Vejamos o con- que o caracterizam. Por isso, o clima muda muito confor-
ceito: Paisagem: tudo aquilo que é perceptível através me a região.
de nossos sentidos. É formada por diferentes elemen- De todos os fatores, o mais importante é a radiação
tos que podem ser de domínio natural, humano, social, solar. O Sol é o motor que move o clima. A luz solar por
cultural ou econômico e que se articulam uns com os si própria não gera calor, mas é a absorção, dispersão e
outros. Passa por constantes processos de modificação, a reflexão dessa mesma luz que irá determinar o grau de
sendo adaptada conforme as atividades humanas. calor de cada região.
Resposta: “C” O balanço global do sistema Terra-atmosfera é po-
sitivo, ou seja, a relação entre a energia absorvida pela
A Geografia Regional estuda as regiões da Terra de atmosfera e pelos oceanos e terras é de 64% (47% pela
forma descritiva, a fim de entender as características e superfície terrestre e 17% pela atmosfera e pelas nuvens).
particularidades de cada uma delas.
Podemos designar como geografia regional aquela
que divide o mundo em regiões que se diferenciam por
aspectos físicos e não por fronteiras políticas.
A região pode definir-se como uma área homogénea
que pode resultar de diversos fatos. Por exemplo, podem
existir regiões de formação natural (geológicas, botâni-
GEOGRAFIA
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Esquema ilustrativo do funcionamento da radiação solar
Os elementos e os fatores climáticos determinam as condições climáticas de cada região. Ainda que estudados
separadamente, esses elementos e fatores atuam juntos, ao mesmo tempo.
#FicaDica
Tempo e Clima são conceitos distintos: Tempo é o estado da atmosfera de um lugar em um determinado
momento. Clima é a sucessão dos estados de tempo da atmosfera em determinado lugar.
• Choveu hoje. Tempo
• Chove sempre nessa época do ano. Clima
Temperatura
A temperatura é a quantidade de calor em uma região. A temperatura varia não apenas de um lugar para o outro,
mas também em um mesmo lugar no decorrer do tempo.
Entre os fatores responsáveis por sua variação ou distribuição, destacam-se a latitude, a altitude e a distribuição de
massas líquidas e solidas da Terra (maritimidade e continentalidade).
Temperatura e calor são dois conceitos bastante diferentes e que muitas pessoas acreditam se tratar da mesma coi-
sa. No entanto, o entendimento desses dois conceitos se faz necessário para o estudo da termologia. Também chamada
de termofísica, a termologia é um ramo da física que estuda as relações de troca de calor e manifestações de qualquer
tipo de energia que é capaz de produzir aquecimento, resfriamento ou mudanças de estado físico dos corpos, quando
esses ganham ou cedem calor.
Os átomos e moléculas que constituem a matéria nunca estão completamente imóveis. Mesmo que se esteja ob-
GEOGRAFIA
servando um material relativamente estático, parado. Ao contrário, essas partículas estão sempre animadas de um
movimento vibratório, cuja amplitude depende do estado físico da matéria.
Esse movimento vibratório constitui uma forma de energia cinética, denominada energia térmica. Quanto maior é a
agitação das partículas de um corpo, maior é a energia térmica desse corpo.
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A manifestação da energia térmica de um corpo pode Clima semiárido
ser percebida pelos órgãos sensoriais de nossa pele e O clima semiárido, presente nas regiões Nordeste e
nos dá a sensação de frio ou calor. Essa manifestação é Sudeste, apresenta longos períodos secos e chuvas oca-
popularmente chamada temperatura e, em física, recebe sionais concentradas em poucos meses do ano. As tem-
o nome de estado térmico do corpo. Quanto maior é o peraturas são altas o ano todo, ficando em torno de 26
grau de agitação das partículas de um corpo, maior é ºC. A vegetação típica desse tipo de clima é a caatinga.
sua temperatura, ou seja, mais elevado é o seu estado
térmico.
A energia térmica pode transferir-se de um corpo
para outro, mas sempre se transfere do corpo de maior
temperatura para o de menor temperatura. Para que a
transferência ocorra, é preciso que exista entre os dois
corpos uma diferença de temperatura. A energia trans-
ferida é chamada calor. Assim, a temperatura de um cor-
po, sua energia térmica e a agitação de suas partículas
alteram-se quando esse corpo recebe ou cede calor. A
transferência de calor somente termina quando os dois Clima equatorial úmido
corpos em contato atingem a mesma temperatura, um Este tipo de clima apresenta temperaturas altas o ano
estado denominado equilíbrio térmico. todo. As médias pluviométricas são altas, sendo as chu-
vas bem distribuídas nos 12 meses, e a estação seca é
Então: curta. Aliando esses fatores ao fenômeno da evapotrans-
Temperatura é a grandeza física associada ao estado piração, garante-se a umidade constante na região. É o
de movimento ou a energia cinética das partículas que clima predominante no complexo regional Amazônico.
compõem os corpos. A chama de uma vela pode estar
numa temperatura mais alta que a água do lago, mas o
lago tem mais energia térmica para ceder ao ambiente na
forma de calor. No cotidiano é muito comum as pessoas
medirem o grau de agitação dessas partículas através da
sensação de quente ou frio que se sente ao tocar outro
corpo. No entanto não podemos confiar na sensação tér-
mica. Para isso existem os termômetros, que são gradua-
dos para medir a temperatura dos corpos.
Calor é definido como sendo energia térmica em Clima equatorial semiúmido
trânsito e que flui de um corpo para outro em razão da Em uma pequena porção setentrional do país, existe o
diferença de temperatura existente entre eles, sempre clima equatorial semiúmido, que também é quente, mas
do corpo mais quente para o corpo mais frio. No verão, menos chuvoso. Isso ocorre devido ao relevo acidenta-
um lago pode armazenar energia térmica durante o dia e do (o planalto residual norte-amazônico) e às correntes
transferi-la ao ambiente à noite na forma de calor. de ar que levam as massas equatoriais para o sul, entre
os meses de setembro a novembro. Este tipo de clima
Tipos de clima no Brasil diferencia-se do equatorial úmido por essa média plu-
viométrica mais baixa e pela presença de duas estações
Clima subtropical definidas: a chuvosa, com maior duração, e a seca.
As regiões que possuem clima subtropical apresen-
tam grande variação de temperatura entre verão e inver-
no, não possuem uma estação seca e as chuvas são bem
distribuídas durante o ano.
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Clima tropical Outro tipo de vegetação é o cerrado (ou savana), en-
Presente na maior parte do território brasileiro, este contrado no centro-oeste brasileiro, em parte da Austrá-
tipo de clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As lia e do centro da África, e no litoral da Índia. Esse tipo
temperaturas médias de 18 °C ou superiores são registra- caracteriza-se por plantas rasteiras e pequenas árvores
das em todos os meses do ano. O clima tropical apresen- que perdem suas folhas no período da seca.
ta uma clara distinção entre a temporada seca (inverno) e Temos também os campos ou pradarias, tipo encon-
a chuvosa (verão). O índice pluviométrico é mais elevado trado em regiões de clima temperado continental, como
nas áreas litorâneas. ocorre no norte dos Estados Unidos, sul do Canadá, nor-
te da China, norte da Argentina etc. Essa vegetação nasce
onde há pouca umidade para o crescimento de árvores,
havendo somente um tapete herbáceo conhecido como
gramíneas.
Existem ainda as florestas temperadas, localizadas no
Canadá, Estados Unidos e norte da Europa, além das flo-
restas de coníferas, presentes em regiões subpolares, e a
tundra, vegetação que surge em solos gelados. Veremos
a seguir mais características dessas vegetações.
É comum encontrarmos esse tipo de vegetação em Cerrado: típica do Planalto Central brasileiro e de
lugares quentes e úmidos. Suas principais características clima tropical semiúmido, é a segunda maior formação
são a grande variedade de espécies e as folhas grandes, vegetal do Brasil. Apesar de sua paisagem ser composta
com um tom de verde bem definido. Existem também as por árvores baixas e retorcidas, é a vegetação com maior
GEOGRAFIA
florestas tropicais, localizadas na faixa intertropical lito- biodiversidade do planeta. Somente nos últimos anos
rânea, que possuem menor de variedades de espécies é que os ambientalistas vêm se preocupando com esse
vegetais, além de tipos de vidas que não existem em ou- ecossistema, que sofre vários danos ambientais causados
tros locais. pela plantação de soja e cana-de-açúcar e pela pecuária.
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Pantanal: localizada no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é considerada uma vegetação de transição, isto é, uma
formação vegetal heterogênea composta por diferentes ecossistemas. Em determinadas épocas do ano, algumas por-
ções de área são alagadas pelas cheias dos rios e é somente nas estiagens que a vegetação se desenvolve.
Campos sulinos: também conhecidos como “pampas” e característicos de clima subtropical, apresentam vegetação
rasteira com a predominância de capins e gramíneas.
Mata de Araucária: com a predominância de pinheiros e localizada no estado do Paraná, é uma vegetação típica
de clima subtropical. Sua cobertura original é quase inexistente em razão da intensa exploração de madeira para fabri-
cação de móveis.
Mangues: é um tipo de vegetação de formação litorânea, caracterizado principalmente por abranger diversas ve-
getações, ocorrendo em áreas baixas e, logo, sujeito à ação das marés.
Hidrografia
A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as águas do planeta, abrangendo portanto rios, mares, ocea-
nos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera.
Os hidrógrafos são os profissionais que estudam a hidrografia do planeta, analisam e catalogam as águas navegá-
veis de todo o mundo, elaborando cartas e mapas que mostram em detalhes a formação dos canais, a profundidade
das águas e a localização dos canais, bancos de areia, correntes marítimas, etc. Os hidrógrafos também são responsá-
veis por estudar a influência dos ventos no ritmo das águas e das marés.
A hidrosfera é a camada líquida da Terra. É formada por mais de 97% de água, concentrada principalmente em ocea-
nos e mares, porém compreende também a água dos rios, dos lagos e a água subterrânea. No total, a água contida no
planeta abrange um volume de aproximadamente 1.400.000.000 km³. Já as águas continentais representam pouco mais
de 2% da água do planeta, ficando com um volume em torno de 38.000.000 km³.
A água em estado líquido passa para a atmosfera em forma de vapor, em um processo chamado de evapotraspi-
ração. As baixas temperaturas da atmosfera fazem esse vapor se condensar, passando para seu estado líquido e, dessa
forma, se precipitar sobre a superfície.
GEOGRAFIA
Esquema evapotraspiração
24
Durante o ano, precipitam cerca de 119 mil km cúbicos sobre os continentes, sendo que apenas 47 mil km cúbicos
não voltam para a atmosfera, permanecendo nos oceanos, circulando como água doce.
Essa diferença entre precipitação e a evaporação é chamada de excedente hídrico e transforma-se em rios, lagos
ou lençóis de água subterrânea. O ciclo da água tem três trajetórias principais: precipitação, evapotranspiração e trans-
porte de vapor.
Os cursos de água doce, onde civilizações nasceram, desenvolveram e morreram, são vitais para quase todas as
ações humanas. No Brasil, a maior parte da energia elétrica que chega às casas e às indústrias, vem das hidrelétricas.
Fotografia aérea de Itaipu - usina hidrelétrica binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai
Os rios também são agentes erosivos do relevo, moldando-o ao seu bel prazer. Essas correntes líquidas, que resul-
tam da concentração de água em vales, podem se originar de várias fontes: fontes subterrâneas (que se formam com
a água das chuvas), transbordamento de lagos ou mesmo da fusão de neves e geleiras.
Hidrografia brasileira
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo no que se refere aos complexos hidrográficos, contando com um dos
mais complexos do planeta. Aqui no país, encontramos rios de grande extensão, largura e profundidade, que nascem,
em sua maioria, em regiões que são pouco elevadas, excluindo apenas o Rio Amazonas e alguns afluentes que nascem
na cordilheira dos Andes. De toda a água doce que está na superfície do planeta, 8% encontra-se no Brasil e, além disso,
a maior bacia fluvial do mundo também encontra-se no Brasil, e é a Amazônica.
Bacias hidrográficas
Chamamos de bacia hidrográfica uma área onde acontece a drenagem da água das chuvas para um determinado
curso de água que, normalmente, é um rio. O terreno em declive faz com que as águas acabem desaguando em um de-
GEOGRAFIA
terminado rio, o que forma uma bacia hidrográfica. Segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, exis-
tem nove bacias, que são a Bacia do Amazonas, que é a maior do mundo e encontra-se, mais de sua metade, no Brasil;
Bacia do Nordeste; Bacia do Tocantins-Araguaia (maior bacia hidrográfica totalmente situada em território brasileiro);
Bacia do Paraguai; Bacia do Paraná; Bacia do São Francisco; Bacia do Sudeste-Sul; Bacia do Uruguai; e Bacia do Leste.
25
Maiores oceanos e mares do mundo na incapacidade de consumir esse montante, vende o ex-
Oceano Pacífico 179.700.000 km² cedente para o Brasil. O Brasil também consome energia
Oceano Atlântico 106.100.000 km² produzida pelas hidrelétricas argentinas de Garabi e Ya-
Oceano Índico 73.556.000 km² ceritá.
Mar Glacial Ártico 14.090.000 km² A produção de energia elétrica no Brasil é realizada
Mar do Caribe 2.754.000 km² através de dois grandes sistemas estruturais integrados:
Mar Mediterrâneo 2.505.000 km² o sistema Sul-Sudeste-Centro-Oeste e o sistema Norte-
Mar da Noruega 1.547.000 km² -Nordeste, que correspondem, respectivamente, por 70%
Golfo do México 1.544.000 km² e 25% da produção de energia hidrelétrica no Brasil.
Baía de Hudson 1.230.000 km²
Mar do Norte 580.000 km² Principais usinas hidrelétricas do Brasil
Mar do Negro 413.000 km²
Mar Báltico 420.000 km² Usina Hidrelétrica de Itaipu
Mar da China Meridional 3.447.000 km³
Mar de Okhotsk 1.580.000 km² Estado: Paraná | Rio: Paraná | Capacidade: 14.000 MW
Mar de Bering 2.270.000 km²
Mar da China Oriental 752.000 km²
Mar Amarelo 417.000 km²
Mar do Japão 978.000 km²
Golfo de Bengala 2.172.000
Mar vermelho 440.000
Maiores rios
Amazonas 10.245 km²
Nilo 6.671 km²
Rio Yangtzé 5.800 km²
Mississippi-Missouri 5.620 km²
Obi 5.410 km² Usina Hidrelétrica de Belo Monte
Rio Amarelo 4.845 km²
Rio da Prata 4.700 km² Estado: Pará | Rio: Xingú | Capacidade: 11.233 MW
Mekong 4.500 km²
Amur 4.416 km²
Rio Lena 4.400 km²
Maiores lagos
Mar Cáspio 371.000 km²
Lago Superior 84.131 km²
Vitória 68.100 km²
Huron 61.797 km²
Michigan 58.016 km²
Mar de Aral 41.000 km²
Tanganica 32.893 km²
Grande Urso 31.792 km²
Baikal 31.500 km² Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós
Lago Niassa 30.800 km²
Estado: Pará | Rio: Tapajós | Capacidade: 8.381 MW
Usinas hidrelétricas do Brasil
As hidrelétricas no Brasil correspondem a 90% da
energia elétrica produzida no país.
A instalação de barragens para a construção de usinas
iniciou-se no Brasil a partir do final do século XIX, mas foi
após a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) que
a adoção de hidrelétricas passou a ser relevante na pro-
dução de energia brasileira.
Apesar de o Brasil representar o terceiro maior po-
tencial hidráulico do mundo (atrás apenas de Rússia e
China), o país importa parte da energia hidrelétrica que
consome. Isso ocorre em razão de que a maior hidrelétri-
GEOGRAFIA
26
Usina Hidrelétrica de Tucuruí Usina Hidrelétrica de Jirau
GEOGRAFIA
27
Usina Hidrelétrica Jatobá
Fenômenos naturais
Os fenômenos naturais são acontecimentos não arti-
ficiais, ou seja, que ocorrem sem a intervenção humana.
Na linguagem popular, entretanto, dado o sentido
comum do termo “fenômeno”, esta expressão refere-se,
em geral, aos fenômenos naturais perigosos, também
designados como “desastres naturais”.
Fenômenos naturais
Os fenômenos naturais são acontecimentos não arti-
ficiais, ou seja, que ocorrem sem a intervenção humana.
Na linguagem popular, entretanto, dado o sentido
comum do termo “fenômeno”, esta expressão refere-se, Ijen - vulcão com chamas azuis
em geral, aos fenômenos naturais perigosos, também
designados como “desastres naturais”.
A seguir, alguns dos mais interessantes fenômenos
naturais.
Lua vermelha
Deriva continental
GEOGRAFIA
28
Terremotos
Aurora boreal e austral
Nevascas
Avalanche
Tempestade de areia
Erupções vulcânicas
GEOGRAFIA
Tsunamis
29
Continentes tes, a exemplo dos Estados Unidos (Samoa Americana e
Os continentes são porções de terras emersas cer- várias outras ilhas), o Reino Unido (Ilhas Malvinas, Ilhas
cadas de água por todos os lados e que, diferentemente Cayman, Bermudas e muitos outras localidades), a França
das ilhas, possuem uma ampla extensão territorial. Por (Guiana Francesa) e a Holanda (Suriname), entre outros.
convenção geográfica, costuma-se dizer que um conti- Existe também uma cidade bicontinental: Istambul, a
nente é todo conjunto de terras cuja área é maior que cidade mais importante da Turquia e que é dividida ao
a da Austrália, o menor dos países com dimensões con- meio pelo Estreito de Bósforo, o mesmo canal que divide
tinentais. Os continentes também podem ser conside- a Ásia da Europa, os dois continentes aos quais pertence
rados como um agrupamento mais ou menos coeso de essa cidade.
diversas terras, incluindo arquipélagos próximos entre si,
como é o caso da Oceania. A seguir, alguns dados dos continentes da Terra:
As variações na conceituação de continente tam-
bém interferem em seu número na Terra. Em algumas Ásia
definições, só se pode considerar como continente uma Área: 44.579.000 km²
área que apresente ambientes propícios para a habita- População: 4,5 bilhões de habitantes
ção humana; em outras abordagens, esse critério não é Número de países: 50
colocado. Por isso, alguns autores afirmam que a Antár- Oceanos circundantes: Glacial Ártico ao norte, Pacífi-
tida não pode ser considerada como um dos continen- co a leste e Índico ao sul.
tes da Terra, enquanto, para outros autores, sim.
Em uma definição mais prática e usual, podemos América
considerar os continentes como uma divisão das dife- Área: 42.549.000 km²
rentes áreas da superfície terrestre. Eles seriam, por- População: 953,7 milhões de habitantes
tanto, uma forma de regionalização do nosso planeta. Número de países: 35
Nesse sentido, áreas contínuas que, em tese, deveriam Oceanos circundantes: Pacífico a oeste, Atlântico a
formar um único continente (Europa + Ásia = Eurásia) leste, Glacial Ártico ao norte e Glacial Antártico ao sul.
formam dois por divisões puramente políticas. Por essa
razão, os continentes da Terra são: América, Europa, África
Ásia, África, Oceania e Antártida. Área: 30.221.000 km²
E o Ártico (Polo Norte), não pode ser considerado População: 1,2 bilhão de habitantes
um continente? Número de países: 55
O Ártico não é formado por um conjunto de terras, Oceanos circundantes: Atlântico a oeste, Índico a les-
mas apenas por gelo, diferentemente da Antártida, que te e Glacial Antártico ao sul
é formada por uma superfície terrestre recoberta por
gelo. Europa
O maior continente da Terra é a Ásia, que possui uma Área: 10.180.000 km²
extensão territorial de 44,5 milhões de km², o equivalen- População: 742,5 milhões de habitantes
te a um terço de todas as terras emersas. A Ásia também Número de países: 49
detém a maior quantidade de habitantes e, ao mesmo Oceanos circundantes: Atlântico a oeste e Glacial Ár-
tempo, as maiores densidades demográficas, com os tico ao norte
chamados “formigueiros humanos em algumas áreas da
China, da Índia, do Paquistão e da Indochina. Essas loca- Oceania
lidades e suas regiões adjacentes abrigam mais pessoas Área: 8.526.000 km²
do que todo o restante do planeta. População: 37,1 milhões de habitantes
Se considerarmos a extensão norte-sul, o destaque Número de países: 14
irá para o continente americano, que ocupa uma área Oceanos circundantes: Pacífico a leste e a norte, Índi-
que vai desde o ponto extremo da Groenlândia, a cerca co a oeste e Glacial Antártico ao sul.
de 83ºN de latitude, até o sul do território do Chile, a
cerca de 56ºS de latitude. Antártida
O menor dos continentes da Terra é a Oceania – que Área: 14.000.000 km²
também é chamada de continente australiano pelo fato População: -
de a Austrália ser o único país desse continente que não Número de países: Atualmente, 26 países possuem
é considerado ilha. Sua extensão é de, aproximadamen- territórios nesse continente
te, 8,5 milhões de km². O segundo menor é a Europa, Oceanos circundantes: Glacial Antártico
com pouco mais de 10 milhões de km². Se considerar-
mos o território europeu sem a porção pertencente à BRASIL: Regiões
Rússia, a extensão desse continente ficaria menor do Localizado no continente americano, no subconti-
que a do território brasileiro. nente da América do Sul, o Brasil é o quinto maior país
A Rússia é, portanto, um país que se encontra em do mundo em extensão territorial, com uma área de
GEOGRAFIA
dois continentes (Ásia e Europa) da mesma forma que a 8.514.876 quilômetros quadrados. Seu território, que
Turquia (também Ásia e Europa) e o Egito (África e Ásia). ocupa cerca de 48% da América do Sul, possui fronteiras
Isso sem contar aqueles países que possuem algumas com todos os países dessa região, com exceção do Chile
dominações ou protetorados em outras regiões distan- e Equador.
30
O Brasil está localizado a oeste do meridiano de Essa região é formada por 7 Estados:
Greenwich, portanto ele integra o Hemisfério Ocidental. • Amazonas (AM): capital Manaus
O país é “cortado” pela linha do Equador, fazendo com • Pará (PA): capital Belém
que 7% de sua área pertença ao Hemisfério Setentrional • Acre (AC): capital Rio Branco
(Norte) e 93%, ao Hemisfério Meridional (Sul). • Rondônia (RO): capital Porto Velho
As Regiões do Brasil são as grandes divisões do terri- • Tocantins (TO): capital Palmas
tório do país. Elas reúnem as características físicas ou na- • Amapá (AP): capital Macapá
turais, do relevo, do clima, da vegetação, da hidrografia, • Roraima (RR): capital Boa Vista
como também das atividades econômicas.
Considerando que o território brasileiro possui di- Região Centro-Oeste
mensões continentais, com 8.515.767,049 km², o IBGE A Região Cento Oeste é a única região brasileira
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), dividiu o que não é banhada pelo mar. Ela ocupa uma área de
país em cinco grandes regiões: 1.606.399.509 km2,
• Região Nordeste Faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai e sua locali-
• Região Norte zação permite ligação de fronteira com todas as outras
• Região Centro-Oeste regiões brasileiras.
• Região Sudeste Essa região é formada por 3 Estados e o Distrito Fe-
• Região Sul deral:
• Mato Grosso (MT): capital Cuiabá
• Goiás (GO): capital Goiana
• Mato Grosso do Sul (MS): capital Campo Grande
• Distrito Federal (DF): capital Brasília
Região Sudeste
A Região Sudeste ocupa uma área de 924.620.678
km2 sendo a segunda menor região brasileira em exten-
são territorial e a mais desenvolvida economicamente.
Além disso, é considerada a mais populosa das re-
giões abrigando 44% da população brasileira.
Essa região é formada por 4 Estados:
• Minas Gerais (MG): capital Belo Horizonte
• Espírito Santo (ES): capital Vitória
• São Paulo (SP): capital São Paulo
• Rio de Janeiro (RJ): capital Rio de Janeiro
Região Sul
A Região Sul ocupa uma área de 576.744.310 km2
sendo considerada a menor região brasileira. Essa região
Região Nordeste faz fronteira com o Uruguai, Argentina e Paraguai e é for-
A Região Nordeste ocupa uma área de 1.554.291.607 mada por 3 Estados:
km2 sendo a região brasileira que possui a maior costa li- • Paraná (PR): capital Curitiba
torânea do país. • Santa Catarina (SC): capital Florianópolis
Essa região é formada por 9 Estados: • Rio Grande do Sul (RS): capital Porto Alegre
• Maranhão (MA): capital São Luís •
• Piauí (PI): capital Teresina
• Ceará (CE): capital Fortaleza
• Rio Grande do Norte (RN): capital Natal EXERCÍCIOS COMENTADOS
• Paraíba (PB): capital João Pessoa
• Pernambuco (PE): capital Recife 01. (NC/UFPR – 2015 - ITAIPU BINACIONAL) Sobre o
• Alagoas (AL): capital Maceió ciclo hidrológico, identifique como verdadeiras (V)
• Sergipe (SE): capital Aracaju ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
• Bahia (BA): capital Salvador ( ) O ciclo hidrológico é impulsionado pela energia solar.
Faz parte ainda dessa região, a Ilha de Fernando de ( ) O ciclo hidrológico é fechado na escala da bacia hi-
Noronha, que pertence ao estado de Pernambuco. Curio- drográfica.
so notar que a capital do Piauí, a cidade de Teresina, é a ( ) As ações humanas não interferem no ciclo hidrológico.
única capital que não está situada no litoral. ( ) A água pode se encontrar nos três estados físico no
ciclo hidrológico: gasoso, sólido e líquido.
Região Norte
GEOGRAFIA
31
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- 03. (Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) As-
reta, de cima para baixo. sinale, entre as alternativas abaixo, aquela que não
representa um elemento constitutivo ou participativo
a) F – V – V – V. da produção do espaço econômico:
b) V – F – F – V.
c) V – F – F – F. a) Urbanização
d) F – V – F – F. b) Industrialização
e) F – F – V – V. c) Mecanização do campo
d) Extrativismo mineral e vegetal
Questão fácil de responder considerando que os três e) Delimitação de Unidades de Conservação.
estados da água são gasoso, liquido e sólido e, que, é
inegável a influência das ações humanas no ciclo hi- A construção do espaço econômico envolve todo e
drológico. qualquer processo de transformação da natureza pelas
Diante disso a única alternativa que aceita essa sequen- atividades humanas, no sentido de atender aos seus
cia é a B. interesses para a constituição de suas sociedades. Essa
Resposta: “B” dinâmica envolve elementos como a urbanização, a
transformação do meio rural, a propalação de indús-
02. (Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) “No trias e a extração de elementos naturais. Dessa forma,
começo da história do homem, a configuração ter- apenas aqueles espaços conservados e não afetados
ritorial é simplesmente o conjunto dos complexos diretamente pela ação antrópica não se constituem
naturais. À medida que a história vai fazendo-se, a como instâncias participativas dessa categoria.
configuração territorial é dada pelas obras dos ho- Resposta: “E”
mens: estradas, plantações, casas, depósitos, portos,
fábricas, cidades etc; verdadeiras próteses. Cria-se 04. (UEMG - www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) A expan-
uma configuração territorial que é cada vez mais o são, em escala planetária, das atividades das multinacio-
nais fez crescer entre essas empresas a disputa por partes
resultado de uma produção histórica e tende a uma
cada vez maiores de um mercado consumidor atualmente
negação da natureza natural, substituindo-a por uma
integrado pelo processo de globalização. Assinale, a se-
natureza inteiramente humanizada”.
guir, a alternativa em que NÃO foram apresentados ele-
(SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e
mentos característicos das empresas multinacionais.
Tempo; Razão e Emoção. 4ª ed. São Paulo: EdUSP, 2006.
p.39.)
a) Diminuição do tamanho das unidades de produção,
Sobre a produção e transformação do espaço, assina-
com o uso de alta tecnologia.
le a alternativa correta: b) Otimização dos processos de produção, diminuindo,
por exemplo, os desperdícios com matérias-primas.
a) O espaço das sociedades é construído a partir de ele- c) Aumento dos investimentos em marketing e propa-
mentos da natureza em sua forma pura. ganda, divulgando informações a respeito de serviços
b) Os diferentes lugares e regiões no mundo capitalista e produtos.
não se diferem muito uns dos outros, pois a produção d) Concentração do processo produtivo e comercial em
do espaço é relativamente homogênea e igualitária. um único país.
c) Podemos dizer que “produção do espaço” significa a
construção pelo homem de seu próprio ambiente. As empresas multinacionais caracterizam-se por serem,
d) As técnicas de produção pouco interferem na forma- em geral, altamente tecnológicas, combinando uma sé-
ção do espaço das sociedades. rie de ações e técnicas para diminuir quantitativamente
e) O espaço geográfico social, atualmente, resume-se à as unidades de produção e o uso de matérias-primas e
construção das cidades e moradias. elevar qualitativamente a otimização do processo pro-
dutivo. Além disso, essas empresas descentralizam-se
Em “a”, Errado - é construído por elementos da natureza por várias partes do globo e organizam, por essa razão,
que, em maior parte, são organizados a partir da trans- grandes investimentos publicitários para alcançar o
formação destes em mercadorias e objetos técnicos. maior mercado consumidor possível.
Em “b”, Errado - a produção do espaço não pode ser Resposta: “D”
considerada homogênea e igualitária, visto que ela se
manifesta com diferenças no tempo, nas condições so- 05. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de
ciais e no desenvolvimento técnico. Betim/MG) Assinale a alternativa que NÃO apresenta
Em “d”, Errado - o uso das técnicas é um dos elementos um rio da região Amazônica:
primordiais na constituição do espaço geográfico.
Em “e”, Errado - o espaço geográfico vai além do meio a) Rio Negro.
urbano, estendendo-se também para o meio rural, onde b) Rio Xingu.
também se constituem formas e ações sociais. c) Rio Paraopeba.
GEOGRAFIA
32
06. (CURSIVA/2015 – CIS/AMOSC/SC) Marque a op- c) a expressão do capitalismo comercial organiza as
ção que completa a lacuna. ações produtivas para os campos dominantes da eco-
_____________________ também conhecido por diastrofismo, nomia global.
consiste em movimentos decorrentes de pressões vindas d) a industrialização manifesta-se apenas em zonas eco-
do interior da Terra, agindo na crosta terrestre. Quando nomicamente estáveis, sendo um indicativo do avanço
as pressões são verticais, os blocos continentais sofrem le- tecnológico regional ou nacional.
vantamentos, abaixamentos ou sofrem fraturas ou falhas.
A produção em escala mundial tem sua organização
a) O vulcanismo; baseada na Divisão Internacional do Trabalho (DIT),
b) O tectonismo; em que os países centrais produzem mercadorias in-
c) O intemperismo; dustriais e dominam tecnologias de ponta, enquanto os
d) O abalo císmico. países periféricos fornecem, em geral, matérias-primas
e produtos industriais com baixo valor tecnológico.
Em “a”, Errado - a atividade por meio da qual o material Resposta: “A”
magnético é expulso do interior da Terra para a super-
fície.. Vulcanismo e sismologia são áreas do conheci- Fonte e/ou texto adaptado de: www.geografia.
mento intimamente relacionadas com a tectônica. seed.pr.gov.br/www.brasilescola.com/geografia/www.
Em “c”, Errado - processo que altera física e quimica- todoestudo.com.br/www.sogeografia.com.br/www.geo-
mente as rochas e seus minerais, tendo principais fato- grafiaparatodos.com.br/www.educacao.uol.com.br/www.
res o clima e o relevo. O intemperismo também é co- estudopratico.com.br/www.brasilescola.uol.com.br/www.
nhecido como meteorização. obshistoricogeo.blogspot.com/www.infoescola.com/www.
Em “d”, Errado - Abalo sísmico ou terremoto é um tre- mundoeducacao.bol.uol.com.br/Eduardo de Freitas/Karen
mor da superfície terrestre produzido por forças natu- Degli Exposti/ Régis Rodrigues/Rodolfo Alves Pena/ Wag-
rais situadas no interior da crosta terrestre e a profun- ner de Cerqueira e Francisco/Michelle Nogueira
didades variáveis.
Resposta: “B”
A POPULAÇÃO: CRESCIMENTO,
07. (IBFC/2017 – EBSERH) Leia a afirmação a seguir DISTRIBUIÇÃO E MOBILIDADE. A
e assinale a alternativa que preenche corretamente URBANIZAÇÃO, O PROCESSO DE
a lacuna. ___________________ é a época do ano em que INDUSTRIALIZAÇÃO, A AGRICULTURA,
a trajetória aparente do sol corresponde ao percurso RECURSOS VEGETAIS, MINERAIS E
extremo solar.
ENERGÉTICOS, TRANSPORTE E COMÉRCIO,
a) Equinócio REGIONALIZAÇÃO.
b) Translação
c) Rotação
d) Solstício População.
e) Radiação A análise da dinâmica populacional é de fundamen-
tal importância para entendermos as transformações no
Em “a”, Errado - momento exato que marca o início espaço geográfico promovidas pelas relações homem-
da Primavera ou do Outono, em que o sol incide com -meio. Um dos elementos essenciais é o crescimento po-
maior intensidade sobre as regiões que estão localiza- pulacional registrado durante os séculos, fato que alte-
das próximo à linha do Equador. rou de forma significativa a natureza.
Em “b”, Errado - movimento que a Terra executa em Até a Primeira Revolução Industrial, no século XVIII,
torno do Sol de forma elíptica. o contingente populacional era inferior a 1 bilhão. Con-
Em “c”, Errado - movimento realizado pelo planeta Terra tudo, a população na Terra aumentou de forma muito
em torno do próprio eixo no sentido de oeste para leste. rápida e, conforme dados divulgados em 2010 pelo Fun-
Em “e”, Errado - significa a propagação de energia de do de População das Nações Unidas (Fnuap), atingiu a
um ponto a outro no espaço ou em um meio material, marca de aproximadamente 6,9 bilhões de habitantes.
com uma certa velocidade. Além do crescimento vegetativo, também chamado
Resposta: “D” de crescimento natural, outro fator que contribuiu para
o aumento populacional foi o desenvolvimento tecnoló-
08. (Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) A es- gico, proporcionando avanços na medicina (que prolon-
pacialização da produção industrial global configura- garam a expectativa de vida) e a intensificação da pro-
-se sobre uma lógica em que: dução de alimentos e técnicas de armazenamento e de
transporte.
a) os países subdesenvolvidos e emergentes fornecem Estimativas apontam que a Terra será habitada por
matérias-primas e produtos industriais, enquanto as 9 bilhões de pessoas até o ano de 2050, com taxa de
economias desenvolvidas especializam-se em merca- crescimento populacional de 0,33% ao ano, bem inferior
GEOGRAFIA
dorias e produções altamente tecnológicas. à taxa atual, que é de 1,2%. Os continentes africano e
b) os países centrais abandonam completamente a fa- asiático, além da América Latina, apresentarão as maiores
bricação de produtos secundários, destinando os seus taxas de crescimento; em contrapartida, a Europa poderá
esforços apenas ao setor terciário. ter crescimento vegetativo negativo.
33
- Migração/mobilidade O Brasil tem bastante destaque no cenário agrícola,
O termo migração corresponde à mobilidade espacial sendo o maior produtor de açúcar do planeta. O produto
da população. Migrar é trocar de país, de Estado, Região brasileiro segue para diversos mercados, desde Europa,
ou até de domicílio. Esse processo ocorre desde o início da Ásia, dentre outros. O café também tem grande desta-
história da humanidade. que, sendo maior produtor mundial, O produto é desti-
O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imi- nado ao mercado dos Estados Unidos, Japão e Europa.
grante. Emigrante é a pessoa que deixa (sai) um lugar de O setor agrícola ainda conta com modernização
origem com destino a outro lugar. O imigrante é o indi- tecnológica. No caso, o setor produtivo de açúcar, por
víduo que chega (entra) em um determinado lugar para exemplo, conta com mecanização de processos no culti-
nele viver. vo e plantio de cana, além de laboratórios que atestam a
Os fluxos migratórios podem ser desencadeados por qualidade do produto.
diversos fatores. Dentre os principais fatores que impul-
sionam as migrações podem ser citados os econômicos, AGRICULTURA FAMILIAR
políticos e culturais. Nesse panorama, verifica-se a agricultura familiar,
No Brasil, o fator que exerce maior influência nos flu- que implica no cultivo de produtos e atividades agríco-
xos migratórios é o de ordem econômica, pois o modelo las exercidas pelos membros de um núcleo familiar. Essas
econômico vigente força indivíduos a se deslocarem de modalidades têm simbologia sustentável e representam
um lugar para outro em busca de melhores condições de parte da produção de alimentos no Brasil.
vida e à procura de trabalho para suprir suas necessidades Porém, ainda existe bastante concentração fundiá-
básicas de sobrevivência. ria, reduzindo as chances da agricultura familiar. Um dos
Uma modalidade de migração comum no Brasil, prin- grandes desafios, porém, é buscar políticas públicas mais
cipalmente, na década de 1950, é o êxodo rural, que con- eficazes para fomentar a atividade.
siste no deslocamento da população rural com destino
para as cidades. O êxodo rural ocorre, principalmente, em
razão do processo de industrialização no campo, que pro- EXERCÍCIO COMENTADO
porciona a intensa mecanização das atividades agrícolas,
expulsando do campo os pequenos produtores. Além do
1. (ENEM– 2017) Na antiga Vila de São José del Rei, a
poder de atração que as cidades industrializadas propor-
atual cidade de Tiradentes (MG), na primeira metade do
cionam para a população rural, que migra para essas cida-
século XVIII, mais de cinco mil escravos trabalhavam na
des em busca de trabalho.
mineração aurífera. Construíram sua capela, dedicada a
Durante décadas, os principais fluxos migratórios no
Nossa Senhora do Rosário. Na fachada, colocaram um
território brasileiro se direcionavam para a Região Sudeste,
oratório com a imagem de São Benedito. A comunida-
isso ocorria devido ao intenso processo de industrializa- de do século XVIII era organizada mediante a cor, por
ção desenvolvido naquela Região. No entanto, as migra- isso cada grupo tinha sua irmandade: a dos brancos, dos
ções para o Sudeste diminuíram e, atualmente, a Região crioulos, dos mulatos, dos pardos. Em cada localidade se
Centro-Oeste tem exercido grande atração para os fluxos construía uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosá-
migratórios no Brasil, se tornando o principal destino. rio. Com a decadência da mineração, a população negra
foi levada para arraiais com atividades lucrativas diversas.
URBANIZAÇÃO Eles se foram e ficou a igreja. Mas, hoje, está sendo res-
Um território industrializado é o combustível para con- gatada a festa do Rosário e o Terno de Congado.
figurar a urbanização, esses dois elementos, de fato, dia- CRUZ, L. Fé e identidade cultural. Disponível em: www.
logam entre si. No Brasil, as cidades mais industrializadas revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 jul. 2012.
proveram parques industriais que alimentam a economia
nacional, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Na lógica analisada, as duas festividades retomadas re-
Fica estabelecida ainda uma sociedade de consumo centemente, na cidade mineira de Tiradentes, têm como
de produtos industrializados. Porém com a globalização, propósito
novas tecnologias e melhoria nos sistemas de transpor-
tes, cidades de todas as partes têm acesso aos produtos a) valorizar a cultura afrodescendente e suas tradições
da indústria. E justamente nesses centros industriais que a religiosas.
população busca melhores condições de vida, o que fo- b) retomar a veneração católica aos valores do passado
menta os processos migratórios. colonial.
c) reunir os elementos constitutivos da história econômi-
AGRICULTURA ca regional.
As produções agrícolas acompanham modernização d) combater o preconceito contra os adeptos do catoli-
e mecanização nas frentes de cultivo, com mudanças nas cismo popular.
configurações de trabalho. O agronegócio é hoje um mix e) produzir eventos turísticos voltados a religiões de ori-
de atividades agrárias, econômicas e de mercado. A agri- gem africana.
GEOGRAFIA
34
RECURSOS VEGETAIS: PANTANAL
Presente em parte do território dos Estados de Mato
CONCEITOS GERAIS Grosso e Mato Grosso do Sul, esse bioma também conta
O surgimento de vegetações em um território implica com pequeno território que se estende a Bolívia e Para-
no tipo de relevo e clima de uma determinada região. E guai. A vegetação que predomina é um tipo de savana.
por conta de sua diversidade natural e extensão territo-
rial, o Brasil possui vários tipos de vegetação.
Porém, vale ressaltar que a determinação do tipo de #FicaDica
vegetação originada conforme o clima se aplica apenas a
vegetações nativas. Não se pode ignorar, porém, outras Biomas e vegetação não compartilham
formações que podem surgir por influência do ser huma- o mesmo conceito, mas são termos que
no, com modificação da paisagem, ou seja, a vegetação se relacionam. Para entender melhor, a
pode ser alterada, com margem para surgimento de ou- vegetação é a cobertura de um determinado
tras características na paisagem. território desenvolvida com base no clima.
O bioma abriga essa vegetação, além
VEGETAÇÕES de organismo da flora, fauna e todo um
Com biomas complexos e ricos em fauna e flora, ecossistema.
o Brasil conta com oito tipo de vegetações: Floresta
Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Panta-
nal, Campos Sulinos, Mata de Araucária e Mangues. Das
oito vegetações brasileiras, a Floresta Amazônica é a que EXERCÍCIO COMENTADO
possui maior extensão territorial. A vegetação ainda ocu-
pa partes de países da América do Sul. 1. (ENEM– 2016)
BIOMAS
Além de contar com oito tipos de vegetação, dentro
desse panorama, é possível localizar ainda seis biomas:
Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e
Pampa. Os biomas são complexos, trazem biodiversidade
própria e ecossistemas. Confira abaixo mais informações
sobre cada um deles.
AMAZÔNIA
Dentre os biomas brasileiros, a Amazônia é um dos
destaques por se tratar da maior reserva de biodiversi-
dade do planeta. Sendo ainda, o maior bioma do Brasil,
ocupando quase metade do território nacional.
CERRADO
O Cerrado também se destaca e é considerado o se-
gundo maior bioma da América do Sul. A sua vegetação
cobre cerca de 22% do país. Ambientalistas, atualmente,
demonstram grande preocupação quanto a espécies de Inspirada em fantasias de Carnaval, a arte apresentada se
animais ameaçados de extinção dentro desse bioma. opunha à concepção de patrimônio vigente nas décadas
de 1960 e 1970 na medida em que
CAATINGA
Encontrada apenas no Brasil, a Caatinga é um tipo de a) se apropriava das expressões da cultura popular para
bioma degradado, foi bastante explorado desde a che- produzir uma arte efêmera destinada ao protesto.
gada dos portugueses ao Brasil. Esse tipo de vegetação é b) resgatava símbolos ameríndios e africanos para se
o menos conservado do país. adaptar a exposições em espaços públicos.
c) absorvia elementos gráficos da propaganda para criar
MATA ATLÂNTICA objetos comercializáveis pelas galerias.
Esse tipo de bioma contempla planícies e montanhas. d) valorizava elementos da arte popular para construir
Esse complexo de biodiversidade sofreu diversas altera- representações da identidade brasileira.
ções de paisagem ao longo dos anos e, assim como a e) incorporava elementos da cultura de massa para aten-
Caatinga, foi um dos espaços mais explorados pelos co- der às exigências dos museus.
lonizadores, o que transformou sua paisagem.
Resposta: letra A. A arte pode abraçar manifestação,
GEOGRAFIA
35
MINERAIS/ENERGÉTICOS Santo. O Nordeste contava agora com a Bahia e Sergipe.
Formações geológicas extremamente ancestrais, os Goiás era integrado ao Centro-Oeste. Já a atual configu-
crátons surgiram praticamente juntamente com a origem ração foi definida nos anos 90, com a integração de um
da Terra. São dos crátons que originaram minerais bas- novo Estado: Tocantins, inserido na região Norte.
tante preciosos para a humanidade, desde ouro e ferro.
DIVISÕES GEOECNÔMICAS
TRANSPORTE Essas divisões não priorizam a questão territorial, ou
Durante a greve dos caminhoneiros, em 2018, a polui- seja, a divisão entre os Estados, mas agrupa localida-
ção em São Paulo reduziu pela metade, segundo a Agên- des semelhantes quanto a aspectos geoeconômicos. As
cia Fapesp. Isso mostra o quanto a redução de veículos divisões são as seguintes: Amazônia (todos os Estados
nas ruas e estradas pode contribuir para amenizar os do Norte, além de uma porção do Mato Grosso e Ma-
efeitos de CO2 (Dióxido de Carbono) no planeta. ranhão), Nordeste (todos os Estados do Nordeste, mais
Foco no transporte público, a diminuição do uso do o Norte de Minas Gerais) e o Centro-Sul (Sudeste, Sul e
carro, adoção do etanol como combustível e até utili- Centro-Oeste, incluindo ainda porção sul do Tocantins).
zação de meios como a bicicleta são ações entendidas
como significativas para amenizar o cenário. Em cidades
europeias, que estão mais alinhadas às práticas sustentá-
veis, utilizar veículo em determinados locais requer auto-
EXERCÍCIO COMENTADO
rização do poder público e prevê multas para descumpri-
mento da ação, tudo isso para incentivar outras formas
de se locomover e reduzir a frota de carros nas ruas. 1. (ENEM– 2014)
O jovem espanhol Daniel se sente perdido. Seu diplo-
REGIONALIZAÇÃO ma de desenhista industrial e seu alto conhecimento de
inglês devem ajudá-lo a tomar um rumo. Mas a taxa de
desemprego, que supera 52% entre os que têm menos
TRATADO DE TORDESILHAS
de 25 anos, o desnorteia. Ele está convencido de que seu
Em 1494, antes do Descobrimento do Brasil, Portugal
futuro profissional não está na Espanha, como o de, pelo
e Espanha já celebravam o Tratado de Tordesilhas, que
menos, 120 mil conterrâneos que emigraram nos últimos
dividia as áreas já conquistadas e futuros territórios a
dois anos. O irmão dele, que é engenheiro-agrônomo,
serem conquistados por cada nação. Muitos teóricos já
conseguiu emprego no Chile. Atualmente, Daniel parti-
consideram esse fato como a primeira divisão territorial
cipa de uma “oficina de procura de emprego” em países
do Brasil. Em linhas gerais, a parte leste ficou sob domí-
como Brasil, Alemanha e China. A oficina é oferecida por
nio português e a porção oeste sob domínio espanhol.
uma universidade espanhola.
Em 1534, o Brasil que já era uma colônia da Coroa Portu- GUILAYN, P. Na Espanha, universidade ensina a emigrar.
guesa, seria dividido nas capitanias hereditárias, onde o O Globo, 17 fev. 2013 (adaptado)
domínio das regiões era passado de pai para filho.
A situação ilustra uma crise econômica que implica
DIVISÕES NO SÉCULO 20
Até chegar às atuais divisões regionais, o Brasil pas- a) valorização do trabalho fabril.
sou por outras versões desde a primeira década do sécu- b) expansão dos recursos tecnológicos.
lo 20. Parte dessas divisões tem buscado levar em conta c) exportação de mão de obra qualificada.
questões econômicas, sociais e culturais para a divisão d) diversificação dos mercados produtivos.
das regiões. e) intensificação dos intercâmbios estudantis.
As primeiras definições, em 1913, levaram em conta
aspectos como clima, vegetação e outros dados naturais. Resposta: Letra C. Esse cenário é bem comum nos
O Brasil já teve as seguintes divisões: Setentrional, Norte dias atuais. Em muitas situações, esses profissionais
Oriental, Oriental e Meridional. Isso na primeira década encontram situações vantajosas de oportunidades
do século 20. profissionais.
Em 1940, o país passaria por uma nova divisão, des-
sa vez, considerando dados socioeconômicos, com as
seguintes divisões: Norte (Amazonas, Pará, Maranhão e
Piauí e Acre), Centro (Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais),
Leste (Bahia, Sergipe e Espírito Santo), Nordeste (Ceará,
Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas) e
a região Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
São Paulo e Rio de Janeiro). Houve ainda mais duas mu-
danças, em 1945 e 1950.
GEOGRAFIA
ATUAIS DIVISÕES
Já em 1970, ocorreu a divisão mais próxima da atual
realidade, com a criação da região Sudeste, com os Es-
tados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito
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5. (IBGE – CESGRANRIO – 2016)
HORA DE PRATICAR
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A sequência dos questionamentos é:
a) F, F, V, V, F GABARITO
b) V, F, F, V, F
c) V, V, F, F, V 1 E
d) V, F, V, V, V
e) F, V, F, V, V 2 D
3 Certo
8. (MPOG – CESPE – 2015) A respeito de tempo e clima,
julgue os itens a seguir. 4 Certo
A afirmação “o aquecimento global deverá elevar a tem- 5 B
peratura média da superfície da Terra em até cinco graus
6 E
Celsius nos próximos anos” está relacionada ao conceito
de clima. 7 D
8 Certo
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 D
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