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O Movimento Feminista No Brasil

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O movimento feminista no Brasil

O movimento feminista é um movimento social e político que luta pela garantia


de direitos das mulheres, especialmente pela igualdade de direitos entre
mulheres e homens.
As pautas do movimento feminista no Brasil são muito diversas e englobam
desde a proteção de direitos até conscientização da importância da mudança
de pensamentos e comportamentos sociais que influenciam na vida das
mulheres.

Quando surgiu o movimento


feminista no Brasil?
O surgimento do movimento feminista no Brasil aconteceu durante o final do
século XIX. Desde esse período, ainda que o movimento não fosse chamado
de feminista nessa época, algumas mulheres começaram a perceber e
questionar certas regras sociais e de comportamento que eram impostas a
elas.

Assim, passaram a questionar seus papéis sociais, principalmente o fato de


que sua função na sociedade fosse resumida ao cuidado com a casa, com o
marido e com os filhos. A partir desta percepção inicial algumas mulheres
entenderam que era preciso lutar para obter igualdade de direitos com os
homens, como ter direito de votar, de ir às universidades e de conseguir
oportunidades no mercado de trabalho.

A partir dos anos 60, e com influência de movimentos europeus, o movimento


feminista começou a ganhar mais espaço no país. Nesta época passou-se a
compreender que os problemas enfrentados pelas mulheres diziam
respeito a toda sociedade e não somente a elas. A partir dessa percepção o
movimento feminista foi crescendo, ganhando novas adeptas e tornando-se
mais organizado.

As mulheres tiveram um papel muito importante como movimento de


resistência durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Foram várias as
amostras da força da união das mulheres como movimento político. Por todo
país grupos de mulheres se organizaram, protestaram, fundaram associações
e lutaram contra o governo ditatorial.
Ondas feministas
A história do movimento feminista é dividida em três diferentes períodos
chamados de ondas, sendo cada um deles marcados por diferentes
características.

A primeira onda feminista aconteceu entre o final do século XIX e o início do


século XX e foi marcada principalmente pela luta das mulheres para
a conquista de espaço na política e pelo direito de votar. O movimento de
luta pelos direitos políticos ficou conhecido como sufragismo. Assim, as
sufragistas eram as mulheres que integravam este movimento.

Na primeira onda as mulheres também começaram a questionar a falta de


reconhecimento de direitos trabalhistas e a luta pela igualdade de direitos em
relação ao trabalho também se tornou importante.

Na segunda onda feminista, período marcado entre as décadas de 1960 e


1990, a principal demanda do movimento feminista era a liberdade e a
igualdade de direitos. O surgimento do senso de coletividade e de força da
união das mulheres como movimento transformador na sociedade também foi
muito importante na segunda onda do feminismo.

Neste período também foram intensificados os debates a respeito da liberdade


sexual da mulher e sobre o papel social da maternidade.

Foi durante essa época que o movimento começou a se tornar mais forte,
organizado e mais amplo. A chegada das mulheres negras e das lésbicas ao
movimento trouxe novas questões e novas pautas para o feminismo brasileiro.

Já a terceira onda feminista começou na década de 1990 e tem entre suas


pautas a conquista de liberdade total para as mulheres. Esta liberdade se
refere a todos os aspectos da vida de uma mulher: suas decisões sobre modo
de vida, escolhas profissionais, sexualidade, maternidade e entendimento
sobre as questões de gênero.

Na terceira onda a luta contra os efeitos da sociedade patriarcal, que privilegia


os interesses dos homens, se intensificou e as mulheres vêm questionando
questões que são socialmente aceitas e que ainda as oprimem de alguma
forma.

Foi também nesta fase mais recente do movimento feminista que surgiu a ideia
do feminismo interseccional, ou seja, o feminismo que agrega todos os tipos
de mulheres, com seus variados modos de vida e suas questões específicas.
As conquistas das mulheres no
Brasil
Desde o começo do movimento feminista no país alguns acontecimentos foram
marcantes para a vida das mulheres. Veja algumas das conquistas mais
importantes ao longo do tempo.

A permissão para que as mulheres brasileiras frequentassem escolas só que


aconteceu no ano de 1827. Já a permissão para que frequentassem
universidades só foi acontecer ainda mais tarde, em 1879.

Em 1832, foi publicado o livro "Direitos das mulheres e injustiças dos homens",
escrito por Nísia Floresta. A obra é considerada a primeira publicação feminista
do país.

Em relação aos direitos trabalhistas das mulheres, a primeira conquista


aconteceu em 1919. Neste ano a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
aprovou uma medida que previa a igualdade salarial para homens e mulheres.

Na política destaca-se a eleição da primeira mulher no ano de 1928. Luísa


Alzira Soriano foi eleita prefeita da cidade de Lajes, no estado do Rio Grande
do Norte.

Já a partir da década de 1930 o movimento começou a crescer e a ganhar


força e visibilidade. O crescimento do movimento nesta época aconteceu em
razão da luta das mulheres para conquistar o direito ao voto, que até então era
permitido somente aos homens. Em 1934 as mulheres finalmente conquistaram
o direito ao voto no país.

Em 1962 foi publicada a lei nº 4.212/62, conhecida como o Estatuto da Mulher


Casada. Dentre outras medidas, a lei deu às mulheres o direito à guarda dos
filhos em caso de separação, além de garantir o direito ao trabalho sem a
necessidade de autorização do marido, o que acontecia até a data da
publicação do Estatuto.

Em 1977 foi publicada outra lei que garantiu mais direitos às mulheres. A lei
6.515/77, Lei do Divórcio, garantiu a liberdade de não permanecer em
casamentos que não desejavam pois, até a publicação da lei, esta
possibilidade não existia.

Em 1985 aconteceu outra conquista importante para a proteção das mulheres


vítimas de violência: a criação da DEAM, a primeira Delegacia de Atendimento
Especializado à Mulher.
Em 1996 as mulheres conseguiram outra conquista em relação à participação
na política. A partir desse ano passou a existir um sistema de cotas que obriga
que as chapas eleitorais possuam entre seus nomes pelo menos 20% de
mulheres.

Em 2006 foi criada a Lei Maria da Penha (lei nº 11.340/06), que protege
mulheres em situação de fragilidade ou perigo em função de casos de violência
doméstica. A lei protege a mulher em todos as ocorrências de violência: física,
sexual, psicológica, moral ou patrimonial.

Já em 2015 as mulheres brasileiras obtiveram mais um avanço em relação à


violência, com a publicação da lei nº 13.104/15. A lei alterou o Código Penal e
classificou o feminicídio como crime. De acordo com a lei o feminicídio é um
homicídio qualificado, pois a mulher é vítima do crime justamente por ser
mulher.

Mulheres importantes para o


feminismo no Brasil
Celina Guimarães Viana (1890-1972)
Celina tem seu nome ligado à história do feminismo pois foi a primeira mulher
a fazer o alistamento eleitoral no país, em 1928. O fato é relevante por si só,
mas ainda mais marcante pois ocorreu antes da permissão para que as
mulheres pudessem votar, que só aconteceu em 1934.

Para fazer o cadastro como eleitora Celina, que vivia no Rio Grande do Norte,
recorreu a uma "falha" que existia no Constituição de 1891. A Constituição não
fazia nenhuma menção ao voto feminino, ou seja, não proibia expressamente
este direito.

Com base neste entendimento Celina solicitou e conseguiu finalizar seu


registro como eleitora, chegando a votar nas eleições de 1928. O voto de
Celina, e de outras mulheres que também obtiveram o registro, não foi
computado nas eleições. Mesmo assim o fato foi determinante para que as
discussões sobre o voto da mulher ganhassem mais força.

Bertha Lutz (1894-1976)


Bertha também é considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil. Foi
ativista pelos direitos políticos das mulheres, tendo representado o país em um
encontro internacional da Liga das Mulheres Eleitoras nos Estados Unidos.

Criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher e a Federação


Brasileira para o Progresso Feminino. Também fundou, com outras mulheres, a
União Universitária Feminina, grupo que defendia o direito das mulheres de
ingressar no ensino superior.

Bertha foi a única mulher a participar da conferência internacional que deu


origem à União das Nações Unidas (ONU). Sua participação no evento foi
fundamental para que a cláusula da igualdade de direitos entre mulheres e
homens fosse incluída no documento de criação do órgão.

Assumiu o cargo de deputada federal em 1936 e durante o mandato defendeu


os direitos das mulheres, especialmente a regulamentação dos direitos
trabalhistas, como a diminuição da jornada de trabalho e o direito à licença
maternidade.

Maria da Penha (1945)


Maria da Penha é uma brasileira que foi vítima de violência doméstica durante
seu casamento. Em uma das violentas agressões sofridas, Maria foi baleada
pelo ex-companheiro, tornando-se paraplégica.

A partir desse acontecimento ela travou uma longa batalha judicial para ver seu
ex-marido condenado. O caso chegou até a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Comitê
Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM). Em razão de
sua trajetória Maria da Penha se tornou um símbolo da luta das mulheres
brasileiras contra a violência doméstica.

Em 2006 foi aprovada a lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha.
A norma prevê diversas medidas protetivas que devem ser aplicadas em casos
de violência doméstica ou familiar, além de penas para os crimes que têm a
mulher como vítima.

O movimento feminista
atualmente
Apesar das inúmeras conquistas das últimas décadas ainda há muito a realizar.
O movimento feminista tem se tornado cada vez mais múltiplo, formado por
inúmeros tipos de mulheres, com as mais diferentes realidades e vivências. E é
justamente essa diversidade que faz com que a pauta do movimento se torne
mais ampla e mais capaz de promover grandes transformações sociais.

Além da busca pela total igualdade de direitos e de oportunidades, dentro do


movimento feminista existem pautas e lutas específicas referentes a diferentes
grupos de mulheres, como: negras, lésbicas, transsexuais, deficientes,
indígenas, entre muitas outras.
Assim, questões como a obrigatoriedade da maternidade, crimes sexuais,
direito ao aborto, violência doméstica, diversidade de gêneros e de
sexualidades são questões muito atuais dentro do movimento feminista.

Além disso, o movimento tem como uma de suas principais bandeiras a luta
para fazer uma transformação social ampla em relação à mentalidade
coletiva e ao papel social ainda designado às mulheres. Estes exemplos, assim
como outros, são comportamentos que ainda hoje são considerados naturais
na sociedade, mas que são responsáveis por diversas violências sofridas pelas
mulheres.

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