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Autismo

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UNIDADE II 

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
Professora Mestre Larissa Kühl Izidoro Pereira
 

Plano de Estudo: 
•A importância da presença de uma equipe multidisciplinar: Terapeuta
ocupacional, Psicólogo, Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Educador,
psicopedagogo.
• O diagnóstico e as intervenções necessárias.
• Compreender os profissionais da equipe multidisciplinar: Terapeuta
Ocupacional e fisioterapia: a importância da psicomotricidade
• Estabelecer a importância do psicólogo e do neuropsicólogo na intervenção
da criança com TEA

 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Compreender os tipos de ............................ 
• Estabelecer a importância da ............................ 
INTRODUÇÃO

Olá, tudo bem?


Você viu brevemente na unidade I sobre a equipe multidisciplinar na
intervenção do TEA, nesta unidade, vamos aprofundar esse assunto. Você irá
conhecer cada profissão que engloba a equipe multidisciplinar, que são: o
Terapeuta ocupacional, Psicólogo, Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Educador,
Psicopedagogo entre outros. Você vai perceber como o trabalho de cada
profissional é fundamental para o TEA. Para melhor compreensão das áreas
você irá estudar sobre os aspectos teóricos e práticos da avaliação diagnóstica
e multidisciplinar na educação.

Desejo a você um ótimo estudo!


1. A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DE UMA EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR: Terapeuta ocupacional, Psicólogo,
Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Educador, psicopedagogo.

IMAGEM: id 1457363870

Como você já sabe, o Transtorno do Espectro Autista possui uma complexa


natureza etiológica, e como explicado brevemente na unidade I, a equipe
multidisciplinar faz toda diferença na aprendizagem e desenvolvimento da
criança com TEA. As abordagens multidisciplinares precisam ser efetivadas,
visando não somente a questão educacional e da socialização, mas também a
questão médica e a tentativa de estabelecer quadros clínicos bem definidos,
com princípios precisos e abordagens terapêuticas eficazes. (JUNIOR;
PIMENTEL, 2000.)
Com maior precisão de diagnóstico, resultadas das pesquisas clínicas, um
“grande número de sub síndromes ligadas ao complexo “autismo” devem ser
identificadas nos próximos anos, de forma que os conhecimentos sobre a área
aumentem de modo significativo em um futuro próximo.” (JUNIOR; PIMENTEL.
p. 39. 2000.)
Os autores também reforçam sobre como o desenvolvimento dessas pesquisas
biológicas e cognitivas podem contribuir de forma efetiva para pouco a pouco o
autismo ser melhor compreendido e analisado. Enfatizando que apenas com
uma visão médica, a partir de modelos científicos claros é que “poderemos
contribuir para o estudo da questão, ao mesmo tempo em que nos dispomos a
pensar realisticamente o problema dessa população afetada.” (JUNIOR;
PIMENTEL. p. 39. 2000.)
Outro ponto à destacar é que as terapias sem objetivo bem definido trazem
pouco ou nenhum resultado. É fundamental que o tratamento seja feito em
conjunto, em que, médicos, família, escola e demais terapias necessárias para
o paciente com TEA estejam em plena sintonia.
Os autores SILVIA; GAIATO e REVELES (2012) apresentam alguns pontos
importantes para que a criança autista tenha um bom desenvolvimento. Eles
chamam de “10 mandamentos para o bom desenvolvimento da criança com
autismo” (p.106), apresentados no quadro abaixo.

1.Tratamento A criança com autismo necessita passar por uma


individualizado avaliação multidisciplinar e ter cada uma das suas
áreas de comprometimento investigada de maneira
criteriosa pelos profissionais. Somente a partir disso é
que o planejamento terapêutico será estabelecido. A
única maneira de se tratar uma criança com autismo é
com personalização das atividades e dos treinos.
Cada criança tem maior ou menor facilidade com
alguma área, por isso não precisamos perder tempo
com aquilo que ela já domina. Cada sessão da terapia
deve ser pensada e moldada especificamente para
aquela criança, sempre com foco em avanços para as
próximas etapas.
2.Currículo É importante que as crianças com autismo estejam na
adaptado escola e participem dela integralmente. Diversas
atividades podem ser adaptadas para que ela faça as
mesmas atividades dos colegas em sala de aula.
Assim, ela se sentirá melhor e mais estimulada.
Provavelmente a criança com autismo precisará de
outros recursos para aprender as mesmas coisas que
os demais alunos. A confecção de materiais concretos
e visuais personalizados pode garantir uma verdadeira
inclusão. Para personalizar as atividades escolares,
podemos lançar mão de variados recursos: dividi-las
em pequenas etapas, traduzi-las em figuras para
melhor compreensão do conteúdo escolar, dentre
outros.
3.Hiper O treino em comunicação é muito importante e, para
investimento em isso, é preciso empregar o maior número possível de
comunicação recursos, e agir com rapidez. O investimento nessa
área trará consequências sociais muito positivas, já
que a criança conseguirá interagir e entender melhor
seus pares. Mesmo que ela encontre dificuldades, a
estimulação na linguagem jamais deve ser
interrompida. Se a criança não conseguir desenvolver
uma linguagem falada, outras estratégias devem ser
traçadas para garantir que ela consiga se expressar,
como, por exemplo, comunicação por trocas de
figuras.
4.Ensino Na escola, a criança que possui menos dificuldades
sistematizado e que devem ser acompanhadas e amparadas, caso
estruturado precise de algum reforço. Porém, aquela com autismo
mais grave precisa de um ensino sistematizado, com
estruturação de suas atividades e de sua rotina, e
pautado em técnicas cientificamente comprovadas. Os
professores devem ser orientados e preparados tanto
pedagógica quanto psicologicamente.
5.Engajamento Estudos científicos têm mostrado que, além do período
(mínimo de 20 escolar, a criança com autismo deveria passar por
horas semanais) mais quatro a cinco horas por dia em terapias e
treinamentos. Estes podem ser realizados tanto por
profissionais especializados em cada área quanto
pelos pais, quando bem-orientados.
6.Práticas A utilização de todos os recursos disponíveis
adequadas para o relacionados a socialização, aquisição de linguagem e
desenvolvimento comunicação, e adequação de comportamentos deve
ser feita para garantir o bom desenvolvimento dessa
criança. Para isso, a família deve contar com uma rede
de apoio social de modo que consiga colocar em
prática as habilidades aprendidas.
7.Contato com A observação e a imitação são pré-requisitos sociais.
crianças "típicas" É importante que a criança tenha em seu ambiente
(sem autismo) modelos típicos para aprender e imitar. O contato com
crianças "típicas" propicia estimulações diferentes
daquelas obtidas em terapia.
8.Atividades A criança deve ter acesso irrestrito às práticas
físicas esportivas e de lazer, nas quais consiga desenvolver
sua motricidade e coordenação motora de maneira
adequada. Além disso, as práticas esportivas são um
bom caminho para ter acesso à socialização.
9.Envolvimento A criança com autismo só consegue se desenvolver se
familiar estiver verdadeiramente integrada no ambiente
familiar. A compreensão de suas dificuldades e a
tentativa de buscar estratégias para superá-las devem
ser o lema de toda a família
10.Psicoeducação A família deve estar bem-orientada pelos profissionais
familiar que atendem a criança e ser incentivada a buscar
conhecimentos sobre o tema por meio de livros, filmes
e grupos de apoio. Muitas vezes as famílias funcionam
como multiplicadores dos ganhos da criança e podem
ser um instrumento importante para potencializar o
tratamento, pois condutas adequadas propiciarão
melhor desenvolvimento dos comportamentos das
crianças.
Fonte: SILVIA, A. B. B.; GAIATO, M. B.; REVELES, L. T. Mundo singular, entenda o
autismo. Fortanar, p. 106-108. 2012.

Um ponto importante precisa ser considerado quando analisamos a tabela


acima, os autores usam como base para seus estudos a terapia
comportamental, visto que é a mais indicada com comprovações científicas
para crianças com transtorno do desenvolvimento. Nessa linha, as técnicas
utilizadas nesta abordagem psicoterápica é a Análise Aplicada do
Comportamento (ABA)1.
Independente da linha terapêutica, o fundamental para o desenvolvimento da
criança com TEA é o trabalho em equipe, onde cada um tenha em mente que
fazer a sua parte bem-feita é contribuir para o desempenho do trabalho do
outro. “Transpor as dificuldades do autismo é uma busca incessante em

1
É importante lembrar que você já estudou esse tipo de abordagem terapêutica na unidade I.
direção à superação de nossos próprios limites.” (SILVIA. GAIATO. REVELES.
p. 108. 2012.)
No próximo tópico vamos ver como cada terapia específica pode contribuir para
o desenvolvimento da criança com TEA, caso seja necessário para seu quadro.
Venha comigo!

1.2 O diagnóstico e as intervenções necessárias.

O conceito do espectro autista nos ajuda a compreender que empregamos


termos comuns para pessoas muito diferentes. O diagnóstico de autismo não
quer dizer que todas as crianças autistas possuem o mesmo comprometimento
ou necessidades, ao contrário, nos remete a um conjunto de diferentes
individualidades, com níveis evolutivos, necessidades educativas e
terapêuticas bem diferentes.

A ideia de considerar o autismo como um “contínuo”, mais do


que como uma categoria que defina um modo de “ser”, ajuda-
nos a compreender que, apesar das importantes diferenças
que existem entre diferentes pessoas, todas elas apresentam
alterações, em maior ou menor grau, em uma série de
aspectos ou “dimensões”, cuja afecção se produz sempre nos
casos de transtorno profundo do desenvolvimento. (ÁNGEL,
2007. p. 241)

A autora apresenta seis fatores principais que precisam ser analisados


individualmente na pessoa com TEA:

1. A associação ou não do autismo com atraso mental mais ou menos


grave.
2. A gravidade do transtorno que apresentam.
3. A idade – o momento evolutivo – da pessoa autista.
4. O sexo: o transtorno autista afeta com menos frequência, porém com
maior gravidade de alteração, as mulheres do que os homens.
5. A adequação e a eficiência dos tratamentos utilizados e das
experiências de aprendizagem.
6. O compromisso e o apoio da família.
Fonte: ÁNGEL, R. O autismo e os transtornos globais do desenvolvimento. In: COLL,
C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação:
transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2a ed.
Porto Alegre: Artmed; 2007. p.241.

De acordo com a autora os sintomas específicos que a pessoa com TEA


apresenta dependem desses seis fatores, alguns não são independentes entre
si, mas não podem ser reduzidos uns aos outros.
Os profissionais que trabalham com crianças com TEA precisam desenvolver
um planejamento que contemple as necessidades de cada paciente. A partir
daí é possível organizar a rotina das intervenções com objetivos, recursos e
estratégias para atender individualmente cada caso. (BLANCO, 2007.)
Para que isso ocorra de maneira efetiva, os profissionais precisam conhecer
todas as possibilidades de aprendizagem da criança com TEA, quais fatores
que podem favorecer a sua evolução e as demandas específicas daquela
criança. Por isso, só após entender a situação de cada um é que o profissional
irá conseguir colaborar com o processo de desenvolvimento e construção
pessoal de cada um desses indivíduos. (BLANCO, 2007.)
Conhecendo as capacidades e habilidades de cada criança com TEA, os
profissionais poderão assim trabalhar com segurança, reconhecendo as
demandas e traçando um planejamento pertinente para cada caso.
Os profissionais precisam identificar as possibilidades de adaptação ao
ambiente, o uso de recursos e estratégias frente à diversidade de habilidades e
necessidades da criança com TEA. Após o reconhecimento das necessidades
individuais apresentadas, é fundamental que os ambientes em que a criança
circule estejam preparados e que o ensino seja estruturado, com estratégias,
técnicas, adaptações que deem suporte as diferentes necessidades de cada
criança. Reforçar as habilidades por eles apresentadas é uma ótima estratégia
e ampliação da aprendizagem, já que a criança tem como desejo natural
explorar os ambientes. Essas estratégias devem ser planejadas pelos
profissionais que atendem a criança, sendo definidos, mais uma vez, de acordo
com as necessidades individuais (ROCHA, NARENE, CAPOIANCO,
APARECIDA, BRITO, SANTOS, 2018).
1.3 Compreender os profissionais da equipe multidisciplinar:
Terapeuta Ocupacional e fisioterapia, a importância da
psicomotricidade.

A história da psicomotricidade está relacionada com a história do estudo do


corpo humano e da busca pela compreensão de como se processam as
emoções, as sensações e a relação entre o corpo e a alma. A psicomotricidade
é um campo transdisciplinar que estuda as relações entre o psiquismo e a
motricidade, considerando as funções cognitivas, socioemocionais, simbólicas,
psicolinguísticas e motoras integradas, gerando a capacidade da pessoa agir
em um contexto psicossocial (LEITE, 2019).
A psicomotricidade está relacionada com o movimento organizado e integrado,
“de acordo com as experiências vividas pelo sujeito, considerando-se sua
individualidade, linguagem e socialização” (LEITE, p. 26, 2019).
Para o autor, a psicomotricidade é alcançada pelo amadurecimento e está
sustentada em três pilares: o movimento, o intelecto e o afeto, que são
complementares, integrados e indissociáveis, resultando em harmonia e
satisfação pessoal.
O movimento está relacionado com a descoberta da criança em conhecer as
funções de seu próprio corpo, primeiro por meio da observação e depois da
experiência, assim, ela vai descobrindo sentimentos e emoções. Além de que,
toda atividade motora está relacionada com o desenvolvimento intelectual,
social e moral da criança. (LEITE, p. 27, 2019)

IMAGEM: ID 1913586688

O pilar intelecto, para Leite (2019) está relacionado com a compreensão do


quanto a pessoa conhece em oposição àquilo que sente e deseja, é o
entendimento, a faculdade de pensar e adquirir conhecimento iniciando em
uma baixa complexidade até chegar na alta complexidade mental.

“A inteligência envolve a lógica, a abstração, a memorização, a


compreensão, o autoconhecimento, a comunicação, o
aprendizado, o controle emocional, planejamento e a resolução
de problemas.” (LEITE, p. 33, 2019)

Podemos dizer então, que a psicomotricidade está integrada as funções


cognitivas, socioemocionais, simbólicas, motoras e psicolinguísticas. Sem o
intelecto, esses processos não seriam possíveis.
Afeto deriva de um estado da alma, um sentimento, está relacionado a
afetividade e afetivo, compreendido na psicologia como a capacidade da
pessoa em experimentar o conjunto de fenômenos afetivos, emoções,
sentimentos. “A afetividade consiste na força exercida por esses fenômenos no
caráter de uma pessoa.” (LEITE, p.36, 2019)
O vinculo entre professor-aluno, terapeuta-criança é fundamental para o
processo de desenvolvimento e aprendizagem. É necessário que a criança seja
vista e atendida na sua forma integral, levando em consideração os aspectos
emocionais, motores, culturais e sociais.
A terapia precisa ser prazerosa para criança na maior parte do tempo, haverá
momentos em que a criança será resistente, principalmente quando novos
objetivos forem introduzidos, porém, um bom profissional, deve ser capaz de
tornar a terapia divertida e envolvente. O terapeuta precisa ser sensível às
necessidades e as preferências da criança (BERNIER; DAWSON; NIGG. p.
118, 2021).
Muitas crianças com TEA possuem aversão ou interesses sensoriais, inclusive
as sensibilidades sensoriais foram acrescentas no DSM-5 como um dos
critérios de diagnósticos. Em algumas situações, essas sensibilidades podem
se tornar problemáticas. É importante ressaltar, que, quando falamos em
sensibilidade sensórias, estamos abordando desde sensibilidade no paladar,
como ruídos, luzes, uso de roupas.
A terapia ocupacional também contribui para reduzir as aversões sensoriais.
Por exemplo, trabalhar o uso de fones de ouvidos para reduzir os sons do
ambiente, usar uma variedade de exposições táteis para a criança adaptar-se
as sensações.
É comum também que a criança com TEA apresente dificuldade na motricidade
fina e ampla, a criança pode ser desajeitada ou não muito coordenada, além
dos desafios com as habilidades motoras finas, como movimentos de pinça,
manusear lápis ou usar instrumentos como tesouras.
Fisioterapia e terapia ocupacional são abordagens de
tratamento bem apoiadas para abordar esses desafios. A
melhora nas habilidades motoras amplas ajuda seu filho a se
entrosar nas atividades rotineiras na escola ou na área de
recreação. Ser incapaz de correr, brincar de pega-pega ou
pular em uma casinha inflável com seus pares reduz suas
oportunidades de se envolver com eles, de praticar as
principais habilidades sociais trabalhadas na terapia e, por fim,
de construir a competência social que serve como o
fundamento para a aprendizagem. (BERNIER; DAWSON;
NIGG. p. 120, 2021)

Nesse sentido, garantir que a criança tenha habilidades motoras apropriadas


pode contribuir com a sua capacidade de se envolver com os outros, como
brincar, realizar atividades escolares, entre outras.

IMAGEM: ID 634636670

O fisioterapeuta, assim como o terapeuta ocupacional, possibilita melhorias


motoras e mentais, a partir de técnicas que estimulem a proximidade ao
paciente, diálogo, integração social e a independência da criança. Ele
consegue atuar na prevenção e melhorias de situações patológicas. Esse
trabalho acontece por avaliações musculoesqueléticas, relacionadas à
ergonomia, diagnósticos, aplicação de exames, prescrição e planejamento.
Atuando, assim, na promoção da qualidade de vida e reabilitação do paciente
(MAIA; MOURA; MADEIROS; CARVALHO; SILVA; SANTOS. 2015).
A fisioterapia é de fundamental importância para pessoas com TEA, no
tratamento dos acometimentos motores e na prevenção de agravos ao estado
da criança. Entre as estratégias existentes para tratar crianças com TEA, há a
sigla mnemônica SPECTRUM: Sequência práxica, Percepção, Equilíbrio,
Coordenação, Tônus, Resistência, Uniformidade, Marcos motores,
desenvolvido para facilitar a avaliação, o raciocínio clinico e as tomadas de
decisão sobre as abordagens terapêuticas das crianças com TEA. (DE
MENDONÇA, at al. 2015).
As intervenções da terapia ocupacional e da fisioterapia irão contribuir para
ingressão da criança com TEA ao convívio social, treinando habilidades de
concentração, melhorando ou excluindo movimentos anormais, contribuindo
para o autocontrole corporal, além das habilidades motoras, equilíbrio e
coordenação também serem trabalhadas.

1.4 Estabelecer a importância do psicólogo e do neuropsicólogo na


intervenção da criança com TEA

O psicólogo, com sua formação específica e definida, também faz parte da


equipe multidisciplinar necessária para contribuir no desenvolvimento da
pessoa com TEA. Seu conhecimento na área do desenvolvimento humano
possibilita condições para detectar as áreas defasadas e comprometidas, para
tanto, o relato e observações da família são fundamentais para o processo. É
importante que o psicólogo esteja atualizado com os trabalhos e pesquisas
recentes para orientar a família. “A sua sensibilidade diante da criança e do
nível de comprometimento desta é importante para que ele saiba adequar
propostas terapêuticas que realmente a beneficiem (Ellis, 1996).
A autora Amiralian (1986) apresenta importantes discussões sobre a
contribuição da psicologia para pessoas com deficiência, espectro ou
transtornos, independente dos níveis de desenvolvimento todas elas precisam
desenvolver seus sentimentos de autovalor e autoconfiança, assim como
confiar no outro, buscar sua independência. Mesmo com as limitações de cada
um, o dever do psicólogo, da equipe multidisciplinar, do educador, dos pais, é
ajudar essa pessoa a acreditar em si mesmo, a buscar o sentido de realização
e sentimentos de autovalor.

IMAGEM: ID  1831978678

A neuropsicologia é uma área interdisciplinar, composta por profissionais das


áreas da saúde e educação, com o intuito de investigar as bases cerebrais do
comportamento humano, contribuindo para o diagnóstico e intervenção em
problemas cognitivos, comportamentais e emocionais. (HAASE, 2014).
Essa ciência aplicada busca a interação existente entre a expressão
comportamental e as disfunções cerebrais, utilizando como método de
investigação a avaliação, observação e testes específicos para analisar o
comprometimento ou preservação das funções corticais, para assim, embasar
a equipe multidisciplinar tanto de maneira qualitativa como quantitativa.
(CZERMAINSKI, 2012).
Nesse sentido, a neuropsicologia tem como objeto principal o funcionamento
cognitivo, emocional, familiar, acadêmico e social de crianças e adolescentes
que apresentam lesões do cérebro (paralisia cerebral, meningoencefalite,
traumatismo crânio-encefálico etc.) ou transtornos do desenvolvimento
(deficiência intelectual, autismo, síndromes genéticas, TDAH, transtornos
específicos de aprendizagem etc.). (HAASE; OLIVEIRA; PINHEIRO;
ANDRADE; FERREIRA; DE FREITAS; TEODORO, 2016)
A avaliação neuropsicológica também é utilizada como um instrumento para
avaliar as funções executivas da criança, contribuindo para o desenvolvimento
e formulação de estratégias para alcançar os objetivos traçados pela equipe
multidisciplinar. Essa avaliação é realizada no primeiro encontro com o
paciente, através de observação comportamental com a criança e perguntas
estruturadas para os cuidadores. (SOUZA, at al. 2021)

Podemos observar mediante a fala das entrevistadas que o método inicial da avaliação
neuropsicológica é a observação, é através dela, que o psicólogo vai formular suas primeiras
hipóteses a respeito do diagnóstico. Para Neumann et al. (2017), a avaliação é um instrumento
fundamental para o diagnóstico do autismo, tendo em vista que, para uma identificação
complexa como a do TEA, ainda seja confirmado exclusivamente por meio da observação
clínica.

Benitez et al. (2020) enfatiza a importância de uma avaliação sistematizada para um apanhado
dos aspectos cognitivos e comportamentais, com o objetivo de obter um repertório inicial
(linha de base), para cada aspecto identificado. Além dos métodos mencionados pelas
entrevistas, Silva e Mulink (2009) mencionam que a Childhood Autism Rating Scale – CARS
(Escala de Avaliação de Autismo na Infância) é utilizada para avaliar o comportamento da
criança de acordo com a entrevista realizada com os pais. Vilar (2019) afirma que nos dias
atuais a avaliação neuropsicológica contribui significativamente nos mais diversos contextos
psicológicos, fornecendo importantes colaborações para o entendimento do funcionamento
cerebral e os processos cognitivos onde o neuropsicólogo tem a função de relacionar as
observações do comportamento do paciente com os critérios para fechar o diagnóstico, e
quanto mais rápidos o paciente for diagnosticado, melhor será o prognóstico para a
reabilitação.

Fonoaudiólogo, Educador, psicopedagogo.

2 Aspectos teóricos e práticos da avaliação diagnóstica e


multidisciplinar na educação.

file:///C:/Users/User/Downloads/silo.tips_the-autism-between-two-points.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/2425-Texto%20do%20artigo-9608-1-10-
20170310.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/3711-11848-1-PB.pdf

file:///C:/Users/User/Downloads/Desenvolvimento,%20psicologia%20e
%20educa%C3%A7%C3%A3o%20(3).pdf

https://www.scielo.br/j/jped/a/mzVV9hvRwDfDM7qVZVJ6ZDD/?
format=pdf&lang=pt

file:///C:/Users/User/Downloads/3495-13913-1-PB.pdf

https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0448.pdf

https://www.scielo.br/j/jped/a/mzVV9hvRwDfDM7qVZVJ6ZDD/?
lang=pt&format=pdf

http://pepsic.bvsalud.org/pdf/estic/v2n3/14.pdf

https://www.scielo.br/j/pfono/a/rsXMCcv7jFRXg4dBpqx5Zyq/?
format=pdf&lang=pt

file:///C:/Users/User/Downloads/silo.tips_the-autism-between-two-points.pdf
Conclusão

O trabalho do psicólogo e da equipe multidisciplinar, com a família, resulta em qualidade de


vida para a pessoa portadora da síndrome. Todos podem ajudar a construir esse caminho e,
em especial, o psicólogo, que poderá atuar diretamente com os sentimentos, expectativas e
desejos de uma vida menos dolorosa e mais suave.

Para Silva e Ruiz (2018), as dificuldades encontradas dentro de uma equipe multidisciplinar
mesmo com instrumentos adequados para o atendimento, é a inexperiência dos profissionais
em saber manejarem as crianças no dia a dia, pois é uma área que necessita de capacitação
devido à complexidade do transtorno. Entretanto, de acordo com as diretrizes do Sistema
Único de Saúde (SUS), compete ao SUS promover estratégias e orientar os familiares que
receberem o diagnóstico de TEA, encaminhando para locais especializados, onde profissionais
habilitados irão auxiliar os cuidadores para melhor manejo dessas crianças. (Ministério da
Saúde, 2013) (SOUZA, 2021)

Referências
AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. Psicologia do excepcional. São Paulo: EPU,
1986. (Temas básicos de psicologia).
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BERNIER, R. A.; DAWSON, G.; NIGG, J. T. O que a ciência nos diz sobre o
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Porto Alegre: Artmed, 2021. 322 p.
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currículo. In: COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Desenvolvimento
psicológico e educação: transtornos de desenvolvimento e necessidades
educativas especiais. 2a ed. Porto Alegre: Artmed; 2007. 290 – 308.
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