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Ametropias Oculares Unid 1

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Ametropias Oculares

Emetropias e Ametropias

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Natalí Eve

Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
Emetropias e Ametropias

• Introdução;
• Miopia;
• Hipermetropia;
• Astigmatismo;
• Presbiopia.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Apresentar a definição de Emetropias, o valor dióptrico de cada estrutura do olho e sobre a
disfunção visual causada por um erro refrativo no conjunto de dispositivos do globo ocular,
a chamada Ametropia;
• Entender os conceitos, fatores, classificações, definições, etiologias, condições ópticas, varia-
ções etárias, correções e prescrições das ametropias.
UNIDADE Emetropias e Ametropias

Introdução
Podemos perceber que algumas pessoas passam pela vida sem precisar de óculos,
enquanto outras não vivem sem esse auxílio, pois encontram dificuldades para enxergar.
Isso ocorre devido a problemas refrativos, os quais iremos conhecer ao longo desta uni-
dade. Para conhecer quais erros refrativos existem, primeiramente precisamos aprender
a definir e diferenciar os conceitos de Emetropia e Ametropia.

Figura 1 – Ametropias
Fonte: Adaptada de Getty Images

O estado de refração ocular refere-se à posição do ponto remoto do olho, ou seja,


o ponto conjugado da retina em um estado de acomodação mínima. Assim, um olho
normal, considerado emetrópico, é aquele em que não se encontra erro de refração e no
qual o ponto remoto está no infinito, dessa forma, os raios de luz daquele ponto no foco
infinito estão na retina. Um olho emetrópico, na ausência de patologia, tem excelente
acuidade visual (AV) em visão de longe e também em visão de perto se a amplitude de
acomodação for o suficiente.

Um olho é considerado amétrope quando os raios luminosos não são focalizados pre-
cisamente sobre a retina, e assim há um erro de refração. As ametropias monoculares
podem ser divididas em dois grandes grupos: ametropia esférica (miopia e hipermetro-
pia) e astigmatismo.

Em óptica, a ametropia esférica corresponde a um desfoque, positivo em miopia, e


negativo na hipermetropia. É causado um desfoque da imagem na retina, e daí a visão
turva. Essas ametropias borradas são chamadas de esféricas porque são corrigidas com
lentes de superfície esférica que colocam o foco na retina.

A outra ametropia mais comum é o astigmatismo, que consiste em uma variação do


poder de diferentes meridianos oculares. Na clínica, costuma-se falar em cilindro, já que
se corrige com lentes cilíndricas, especificando, além disso, o eixo (ou meridiano) com
o qual deve ser alinhado.

A ausência de emetropia (desfoque) pode ser devido a duas causas fundamentais:


a posição relativa das diferentes superfícies ópticas do olho em relação à retina, ou ao
poder refrativo das diferentes superfícies ópticas do olho em relação à retina.

Para entendermos melhor cada ametropia, vamos classificar os erros de refração que
podem ocorrer e quais suas características:
• Ametropia axial: na ametropia axial, o poder refrativo do olho e as curvaturas
da córnea e cristalino são normais. No entanto, o comprimento do eixo ântero-

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-posterior­é aumentado, no caso de miopia (olho maior que o normal), ou diminuí-
da, no caso de hipermetropia (olho menor do que o normal);
• Índice de ametropia: neste caso, a ametropia será produzida por uma variação do
índice de refração (n) da média ocular, um exemplo típico é o aparecimento de mio-
pia secundária. As variações no índice de refração representam um conceito mais
teórico do que o normal em clínico, por isso é raro encontrar índice de ametropia;
• Ametropia de curvatura: neste caso, a ametropia ocorre como consequência da
variação dos raios de curvatura das superfícies refrativas do globo ocular, principal-
mente da córnea e, em um grau muito menor, do cristalino;
• Posição da ametropia: teoricamente, depende da posição relativa do cristalino,
desse modo, ainda que todas as estruturas oculares separadamente podem ser nor-
mais, sua localização causa um erro refrativo ou uma ametropia.

Miopia
Um olho míope é maior do que o normal e tende a focalizar os feixes de raios de
luz antes da retina e, assim, a imagem que chega na retina está desfocada (Figura 2).
Uma lente côncava (negativa) em frente ao olho irá ajudar a divergir os raios de luz para
um foco na retina (como é representado na segunda imagem da Figura 2).

Figura 2 – Representação do Olho Míope


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Emetropias e Ametropias

O termo miopia vem do grego My + opía, quer dizer “fechar o olho”.

Os indivíduos com miopia apresentam baixa acuidade visual para longe e, para po-
derem compensar a deficiência, comprimem as pálpebras para melhorar a imagem bor-
rada, já sua visão para perto geralmente é boa em virtude do ponto remoto e o ponto
próximo estarem à frente do olho.

Dependendo da dioptria desse paciente, o ponto mais nítido será bem próximo, por
exemplo, um paciente que usa quatro dioptrias negativas (–4), seu ponto remoto está a
aproximadamente 25 centímetros do olho e nessa distância ele enxerga perfeitamente
sem o uso de correção visual e sem acomodar.

Causas e Tipos
Em geral, a miopia é causada pelo formato do olho, sendo maior que em seu compri-
mento, ou por uma curvatura de córnea mais acentuada, mas também pode ser adquiri-
da, por excesso de utilização da visão em distâncias próximas, ou, ainda, ser decorrente
do posicionamento do cristalino mais afastado da retina. Vejamos os tipos estruturais
na tabela abaixo:

Tabela 1 – Tipos estruturais


Miopia Ocorrência
O comprimento do eixo ântero-posterior do olho é maior do que
Axial o normal.
Refrativa Há aumento do índice de refração dos meios transparentes.
A criança nasce com a miopia e, consequentemente, atingirá uma
Congênita miopia acima de nove dioptrias.

Espasmódica, Transitória Aparece em indivíduos emétropes, após leituras prolongadas ou


como resultado de diabetes, com o uso de certos medicamentos.
ou Pseudomiopia Desaparece após eliminação das causas.
Surge por aberração da esfericidade, quando o olho está em mi-
Noturna dríase pupilar.
Espacial Ocorre quando não há objetos para fixar.
Aparece associada ao ceratocone (na córnea), à microfacia e ao len-
De Curvatura ticone (do cristalino).
Aparece quando há mudança de refração causada pela idade avan-
Senil çada e pela flacidez dos tecidos oculares.
Patológica,
Causada por distúrbios da tireoide e por sarampo, podendo provo-
Degenerativa ou car descolamento da retina.
Progressiva
Aparece com o uso de instrumentos ópticos como lensômetros,
Instrumental queratômetros, microscópios etc.
Fonte: Adaptada de DOME, 2008, p. 192

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A miopia na infância geralmente ocorre no sétimo ano de vida, aumentando na ado-
lescência devido à fase de crescimento, e irá estabilizar por volta dos 25 anos. Já na fase
adulta, ocorre entre 20 e 40 anos, sendo, em algumas regiões do mundo, até 32% na
quarta década de vida, depois desta idade costuma ocorrer por conta de alguma patologia.

Tabela 2 – Classificação poder dióptrico


Dioptrias Classificação
Até –1,00 D Muito baixa
–1,125 D até 3,00 D Baixa
–3,125 D até 6,00 D Média
–6,125 D até 9,00 D Alta
–9,125 D ou maior Muito alta
Fonte: Adaptada de DOME, 2008

Trocando Ideias...
Estudos indicam que até 2050, praticamente metade da população será míope devido
ao uso excessivo de tabletes e celulares. Com o aumento de pessoas míopes, estudos
começaram a ser realizados para verificar as causas, e foi possível perceber que os olhos
são prejudicados pela leitura contínua e uso excessivo das telas, causando uma fadi-
ga acomodativa. Para diminuir essa fadiga, é aconselhável introduzir pausas durante
o período de uso dos celulares e de leituras prolongadas. A regra 20-20-20, projetada
pelo optometrista californiano Jeffrey Anshel, serve como um lembrete fácil para fazer
pausas e evitar cansaço visual.

O que é regra 20-20-20? É uma regra simples, e que tem esse nome porque estabelece que a
cada 20 minutos o​​ lhando para uma tela, a pessoa deve desviar o olhar para algo a aproximada-
mente seis metros de distância e fixar a visão por 20 segundos.

Sintomas
Os principais sintomas apresentados por quem sofre de miopia são:
• Apresentar dificuldade para distinguir objetos distantes;
• Aproximar-se dos objetos, como, por exemplo, assistir à TV sentando-se bem pró-
ximo da tela;
• Diminuir, “apertar” as aberturas palpebrais, na tentativa de enxergar um objeto distante;
• Este esforço de “apertar”, geralmente resulta em dores de cabeça, por fadiga e irri-
tação das pálpebras.

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UNIDADE Emetropias e Ametropias

O míope costuma ser um paciente mais reservado, exigente e bem informado, pois
ele se sente à vontade com objetos próximos, sendo mais confortável o hábito da lei-
tura. Mas lembre-se, mesmo sendo privilegiado para a visão de perto (dependendo
da dioptria), o uso dos óculos evitará esforço visual e promoverá o reestabelecimento­
do padrão da função visual.

Correção
Para corrigir a miopia, é utilizada uma lente esférica divergente, cujo ponto focal
da imagem coincide com o ponto distante do olho. Uma lente divergente tem potência
negativa e compensará o excesso de potência no olho. Por exemplo, um olho com uma
potência excessiva de +0,50D será considerado míope de (menos) –0,50D, esta lente de
correção irá proporcionar ao míope uma visão normal.

Figura 3 – Visão do míope


Fonte: Getty Images

A sensação de um míope após a correção com óculos é que as imagens diminuem


(depende da dioptria e da sensibilidade de cada paciente), enquanto, antes da correção,
ou seja, sem o uso dos óculos, a percepção visual será de imagens maiores.

Com as lentes de contato (inclusive com lentes intraoculares implantadas após cirur­
gia de catarata), a imagem é preservada, ou seja, a percepção é que elas continuam
maiores. Por isso, míopes, inclusive com dioptrias maiores, preferem as lentes de contato
(HERRANZ; ANTOLÍNEZ, 2010; ALVES, 2014; ELDER’S, 1997; RÍO, 1972).

Em Síntese
O tratamento mais comum para a miopia é o uso de óculos ou lentes de contato, sendo
em alguns casos também indicada a cirurgia refrativa.

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Hipermetropia
Na hipermetropia com acomodação relaxada, os raios de luz do infinito incidem no
olho e formam a imagem atrás da retina (Figura 4). Normalmente, esta ametropia ocorre
em virtude de um achatamento no diâmetro ântero-posterior, mas pode ocorrer também
devido às superfícies ópticas terem um poder refrativo muito pequeno. Como na miopia,
pequenos graus de hipermetropia são devidos a pequenas distâncias axial e focal dentro
dos intervalos do olho emetrópico, enquanto as hipermetropias de mais de +4D são
causadas por pequenos comprimentos axiais do olho.

Figura 4 – Representação do olho Hipermétrope


Fonte: Getty Images

Você sabia?
O termo hipermetropia é derivado das palavras gregas hipér, metro e opía, que signifi-
cam “excesso da medida da visão”.

A hipermetropia tem recebido menos atenção do que a miopia porque durante toda
a história tem sido considerada causada por fatores genéticos ou hereditários, e não por
influências ambientais. Também deve ser levado em consideração que sua prevalência e
magnitude são mais baixas do que as da miopia. Dependendo da capacidade de acomo-
dação do indivíduo, um hipermétrope pode ter seu ponto remoto e seu ponto proximal
atrás da retina, portanto, nesses olhos a visão estaria sempre embaçada.

O ponto remoto para uma hipermetropia não corrigida é um ponto imaginário por
trás da retina. O ponto proximal pode ser um ponto real na frente do olho ou um imagi-
nário localizado atrás da retina. Se a amplitude de acomodação for menor que o grau de
hipermetropia, ambos os pontos proximais e remotos estão localizados atrás da retina,
de modo que não será possível obter visão clara, mesmo quando a acomodação máxima
é usada.

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UNIDADE Emetropias e Ametropias

Importante!
A hipermetropia pode ser confundida com presbiopia, pois ambas apresentam as mes-
mas características. O que diferencia uma da outra é que a hipermetropia geralmente
ocorre em função de uma alteração do globo ocular, já a presbiopia é decorrente da falta
de acomodação visual do cristalino.

Causas e Tipos
Em geral, a hipermetropia ocorre pelo fato de o olho ter um diâmetro axial curto em
relação ao seu poder refrativo, ainda assim, vamos ver e entender os tipos estruturais
da hipermetropia:

Tabela 3 – Causas da hipermetropia


Hipermetropia Ocorrência
O comprimento do eixo ântero-posterior do olho é menor que o
Axial normal, não havendo poder positivo suficiente para focar os raios
luminosos paralelos na retina.
De curvatura A córnea e o cristalino apresentam a face muito plana.
Diminuição do índice de refração dos meios transparentes, resul-
Refrativa tante da alteração de posição ou extração do cristalino.
Fonte: Adaptada de DOME, 2008

A grande maioria da população possui hipermetropia, porém, o hipermétrope utiliza-se


da acomodação para focalizar os raios luminosos sobre a retina e assim ter uma imagem
clara. Está ação é possível graças ao cristalino, que se torna mais esférico e aumenta
seu poder refringente. Com isso, não é comum o uso de correção (óculos ou lentes de
contato) para a maioria dos pacientes. Entretanto, na quarta década de vida, essa hiper-
metropia que estava latente se manifestará pela diminuição da amplitude de acomodação.
Alguns pacientes podem ter a visão ótima, mas apresentar sintomas, neste caso, a
recomendação é a prescrição de óculos, sendo importante explicar o motivo desta pres-
crição. Dessa forma, o indivíduo ficará ciente e usará os óculos em seu benefício.
É possível perceber que existem algumas diferenciações e recomendações, por isso
vamos conhecer na tabela a seguir quais os tipos de hipermetropia:

Tabela 4 – Tipos de Hipermetropia


Hipermetropia Descrição
É corrigida pelo tônus do músculo ciliar, geralmente não necessita
Latente de prescrição, pois o paciente não alcança o valor superior a três
dioptrias e tem uma boa visão. (Diminui com a idade).
• Facultativa: O indivíduo tem acuidade visual normal, tanto sem
óculos, como com as lentes corretoras;
Manifesta • Absoluta: O paciente necessitará de correção, pois o erro refra-
tivo do olho não é compensado pela acomodação, e a visão a
distância torna-se borrada.
Total Observa-se a paralisação da acomodação.
Fonte: Adaptada de NEHEMY; PASSOS, p. 77, 2015

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Dependendo da potência necessária para correção, classificamos-a da seguinte forma:
• Baixa: 0,00 a +3,00D;
• Média: +3,25D a +5,00D;
• Alta: Maior que +5,25D.

Sintomas
É muito importante conhecer os sintomas que caracterizam a hipermetropia para
saber identificar a ametropia no paciente. Vejamos quais são:
• Síndrome acomodativa;
• Cefaleia;
• Ardência nos olhos;
• Cansaço Visual;
• Coceira nos olhos;
• Pestanejamento excessivo;
• Blefarite;
• Conjuntivites crônicas;
• Estrabismo convergente acomodativo.
O embaçamento e a falta de visão para perto, após algum tempo de leitura, bem
como o desconforto e as dores de cabeça depois de algum esforço visual são alguns
dos sintomas comuns que ocorrem com o paciente hipermétrope, porém, quando não
há sintomas específicos, mas apenas a dor de cabeça, as pessoas demoram a procurar
correção óptica e acabam se automedicando com analgésicos.

Correção
Uma lente esférica convergente (positiva) em frente ao olho irá ajudar a convergir os
raios de luz para um foco na retina (Figura 5), amenizando o esforço acomodativo do
olho e assim eliminando os sintomas.

Figura 5 – Correção da hipermetropia


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Emetropias e Ametropias

Astigmatismo
O astigmatismo é uma ametropia que causa uma visão distorcida, em que os raios
luminosos não incidem no mesmo ponto da retina, sendo assim incapaz de formar uma
imagem nítida. Isso ocorre porque a potência do sistema óptico (refração) varia de um
meridiano para outro. Os meridianos principais são definidos como aqueles meridianos
com maior e menor potência refrativa.

Figura 6 – Olho afetado pelo astigmatismo


Fonte: Adaptada de Getty Images

O significado da palavra astigmatismo é doença do ponto, ou seja, não há ponto focal definido.

Diferente da miopia e hipermetropia, em que o foco não se processa na retina devido


o formato do globo ocular, no astigmatismo, o olho pode ter o seu formato normal, mas
o foco não chega na retina em razão das diferenças de refração, que são decorrentes das
curvaturas da córnea ou do cristalino. Assim, a imagem de um ponto de objeto não corres-
ponde a um ponto de imagem, mas sim a vários, definindo dois pontos focais principais,
perpendiculares entre si e separados por uma distância que irá depender da diferença de
potência entre os dois meridianos principais, ou seja, na magnitude do astigmatismo.

A distância de potência entre os dois meridianos principais é chamada de Conoide


de Sturm, e no seu meio, os dois pontos focais principais são chamados de o círculo de
menor difusão ou menor confusão, que é o ponto de dioptria médio dos dois principais
pontos focais. O astigmático não corrigido atinge sua máxima acuidade visual quando
coloca o círculo de menor confusão na retina (Figura 7).

Figura 7 – Conoide de Sturm


Fonte: Adaptada de FRIDMAN, p. 6, 2018

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Causas e Tipos
O astigmatismo pode ser causado pela diferença entre as curvaturas externas da cór-
nea, ou pela diferença nas curvaturas das superfícies do cristalino. Com isso, podemos
ter os seguintes tipos de astigmatismo:

Tabela 5 – Tipos de Astigmatismo


Astigmatismo Característica
A maioria das causas de astigmatismo estão localizadas na cór-
Astigmatismo Corneano nea. Geralmente são hereditárias, e ocorrem devido a alterações
da topografia corneana.
O mais comum é o astigmatismo residual de cristalino, pelo fato de
Astigmatismo Residual sua superfície ter variações de curvatura e alterações provenientes
da acomodação.
Constituído pela soma do astigmatismo de córnea com o astigma-
Astigmatismo Total tismo residual.
Causado pela correção errada, posição do eixo inadequada, ou até
Astigmatismo induzido mesmo óculos mal ajustados.
Resulta da irregularidade das superfícies corneana e cristaliniana, cau-
Astigmatismo irregular sadas por ceratocone, alterações congênitas ou opacidade cristalina.
Fonte: Adaptada de DOME, 2008

O astigmatismo pode ocorrer juntamente com outros fatores, sendo comum a exis-
tência simultânea da miopia ou hipermetropia, esses classificamos da seguinte forma:
• Miópico simples: O qual a luz emitida por um meridiano se foca sobre a retina, e
a do meridiano perpendicular se forma antes da retina;
• Miópico composto: A luz se foca antes da retina em dois meridianos perpendicu-
lares, ou seja, a luz se foca antes da retina em pontos diferentes;
• Hipermetrópico simples: É aquele no qual a luz emitida por um meridiano se foca
sobre a retina, e a do meridiano perpendicular se forma depois da retina;
• Hipermetrópico composto: A luz se foca após a retina em dois meridianos per-
pendiculares, ou seja, a luz se foca depois da retina em pontos diferentes;
• Astigmatismo misto: A luz emitida por um meridiano se foca antes da retina, e a
do meridiano perpendicular se foca após a retina, ou seja, o olho é míope e hiper-
métrope ao mesmo tempo.

De acordo com a curvatura e orientação de seus meridianos, o astigmatismo pode


ser classificado como:
• Esférico: todos os meridianos têm o mesmo raio de curvatura;
• Tórico: há dois meridianos de raios de curvatura diferentes.

Tabela 6 – Orientação dos meridianos


Astigmatismo Característica
A favor da regra O meridiano vertical (90º) tem raio menor.
Contra a regra O meridiano horizontal (180º) tem raio maior.

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UNIDADE Emetropias e Ametropias

Astigmatismo Característica
Estarão fora dos eixos a 90° ou 180°. Costuma estar entre 30° e 60°,
Oblíquo ou 120° a 160°. Não são comuns.
Irregular Não é possível identificar a posição dos meridianos principais.
Fonte: Adaptada de DOME, 2008

Os seguintes valores são aceitos como classificação do poder dióptrico do astigmatismo:


• Mínimo: menos de 0,75D;
• Baixo: entre 1,00 e 1,50D;
• Moderado: entre 1,75 e 2,50;
• Alto: maior que 2,50.

Sintomas
Para conseguir o ato de enxergar, haverá um esforço visual, e o sistema estará em
constante tensão para manter o foco na retina da melhor forma possível, o que irá gerar
sintomas como:
• Cefaleia (geralmente frontal);
• Cansaço visual;
• Fotofobia;
• Lacrimejamento;
• Blefarite;
• Irritabilidade;
• Vertigem e náuseas;
• Relata trocar letras (por exemplo, “C” pelo “O”);
• Troca as linhas de leitura;
• Torcicolo (comum em astigmatismos oblíquos).

Importante!
Os sintomas são mais intensos nos astigmatismos hipermetrópicos, por causa da acomodação.

Correção
Para a compensação do astigmatismo são necessárias lentes cilíndricas (côncava ou
convexa), ou seja, lentes que tenham potência diferente em seus dois meridianos princi-
pais. Dependendo de seu tipo, as lentes usadas para
​​ a correção do astigmatismo podem
variar para esférico-cilíndrico ou tórica.

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Figura 8 – Correção do Astigmatismo
Fonte: Getty Images

Nos casos de astigmatismos irregulares, não é possível fazer a correção com lentes
comuns (óculos), nesses casos, é recomendado o uso de lentes de contato, as quais ten-
dem a restabelecer a superfície esférica refringente sobre a córnea. Graus pequenos de
astigmatismo geralmente são fisiológicos e não necessitam de correção.

Indico a leitura do artigo Astigmatismo para aprofundar um pouco mais o assunto, disponí-
vel em: https://bit.ly/3dme0jq

Presbiopia
Diferentemente das ametropias que vimos anteriormente, a presbiopia não é um
defeito anatômico do olho, mas uma redução fisiológica da amplitude de acomodação,
resultante da perda de elasticidade natural do cristalino e do tônus do músculo ciliar, que
faz com que o ponto próximo se afaste do olho de uma forma lenta, normal, relacionada
à idade, a qual é o suficiente para causar sintomas de embaçamento e desconforto, ou
astenopia, para visão de perto.

A presbiopia também é conhecida como vista cansada ou “braço curto”, pois o indivi-
duo começa a sentir necessidade de afastar com os braços o objeto que deseja focalizar,
geralmente se apresenta clinicamente entre as idades de 40 e 45 anos, podendo consi-
derar que a partir dos 52 anos, toda a população tenha presbiopia.

Pode ocorrer a presbiopia junto com todos os tipos de ametropias, sendo que no
míope corrigido, aparece relativamente mais tarde do que no individuo emétrope de
mesma idade, enquanto no hipermétrope, os sinais de presbiopia aparecem mais cedo.

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UNIDADE Emetropias e Ametropias

A palavra Presbiopia vem do grego “presbis”, velho, “ops”, olho, o qual é um processo uni-
versal e irreversível.

Causas
Existem vários fatores biomecânicos, bioquímicos e fisiológicos que contribuem para
a perda de acomodação com a idade e a aparência clínica da presbiopia. Os três prin-
cipais fatores que são considerados responsáveis ​​pela maioria das mudanças que levam
a este estado são:
• O módulo de elasticidade da cápsula do cristalino diminui com a idade;
• O módulo de elasticidade da substância da lente aumenta com a idade, pois se torna
mais plástico e senil com o tempo;
• O tamanho e o volume da lente aumentam progressivamente com a idade.

Podemos também considerar que as fibras zonulares equatoriais diminuem em nú-


mero, são menos densas e parecem mais fragmentadas com a idade, o que obviamente
reduz a ação biomecânica, embora ocorra em idades muito avançadas. No entanto, ou-
tras características permanecem constantes (largura), aumento (área da porção circular)
e também encontramos uma redução no movimento para dentro e à frente do músculo
ciliar, pois, com a idade, se reduzirá o movimento do corpo ciliar, permitido produzir
mais mudanças na acomodação.

Sintomas
Geralmente, a pessoa começará a notar que precisa levar o material de leitura mais
afastado dos olhos para conseguir enxergar, e com esse esforço começam a surgir
­outros sintomas. As mais comuns queixas, referentes à falta de visão de perto, são:
• Visão turva para objetos de perto;
• Dificuldade de leitura à noite ou sob luz fraca;
• Fadiga ocular;
• Astenopia;
• Cefaleia.

Correção
A correção é feita por meio de lentes positivas com o poder dióptrico que compense
a perda de acomodação do cristalino, podendo haver outras ametropias (miopia, hiper-
metropia e/ou astigmatismo) relacionadas, neste caso, para melhor correção pode ser
feito o uso de lentes bifocais, trifocais ou progressivas.

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Existem várias possibilidades de correção óptica da presbiopia, cada uma com suas
vantagens e suas desvantagens, neste caso, o conselho profissional irá ajudar cada ­pessoa
a conhecer e escolher a melhor opção que se adapte e se ajuste às suas necessidades.
Em todas elas, é necessário um comprometimento e adaptação por parte do usuário.

A compensação para presbiopia dependerá principalmente dos seguintes fatores:


• A amplitude de acomodação da pessoa;
• Magnitude do erro de refração;
• Se está corrigido ou não corretamente;
• O método de correção (óculos ou lentes de contato) e a distância até o vértice
do óculos;
• A distância de trabalho e as necessidades visuais da pessoa (trabalho, lazer).

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UNIDADE Emetropias e Ametropias

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Ametropias, os defeitos da visão – Professor Albert e a Ciência da Natureza
https://youtu.be/GGLKch7JHXQ
O que é Astigmatismo?
https://youtu.be/J2SrGs-OjY8
Alternativas para correção da presbiopia ou vista cansada
https://youtu.be/viCSq5DIxIY

 Leitura
Hipermetropia
https://bit.ly/31yOvWs
Os cinco tipos de Astigmatismo
https://bit.ly/3cCzcCu
Fisiologia da acomodação e presbiopia
https://bit.ly/3sCKvQN

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Referências
ALVES, A. de A. Refração. 6. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2014.

DOME, E. F. Estudo do olho humano aplicado à Optometria. 4. ed. São Paulo: Ed-
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FRIEDMAN, N. J.; PETER, K. K.; TRATTER, W. B. Review of Ophthalmology.


3 ed. USA: Elsevier, 2018.

GUYTON, A. C. Tratado da Fisiologia Médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora


Guanabara­Koogan, 1997.

GROSVENOR, T. Optometría de Atención Primaria. Barcelona, España: Masson, 2004.

HERRANZ, R. M.; ANTOLÍNEZ, G. V.. Manual de optometria. Madrid: Editorial


­Médica Panamericana, 2010.

KANSKI, J. J. Oftalmologia clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2004.

MAIA, N. C. de F.. Fundamentos básicos da oftalmologia e suas aplicações. 1. ed.


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MICÓ, R. M. Optometría: principios básicos y aplicación clínica. Espanha: Elsevier, 2011.

VAUGHAN, D. et al. Oftalmologia Geral. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1997.

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