Potencial Nutritivo de Polpas de Mangostão
Potencial Nutritivo de Polpas de Mangostão
Potencial Nutritivo de Polpas de Mangostão
Este trabalho objetivou determinar o conteúdo organomineral de polpas de mangostão oriundos da região
amazônica e nordeste brasileiro. Para caracterização dessa porção foram determinados os teores de umidade,
cinzas, acidez total titulável, ácido ascorbico, lipídeos, proteínas, carboidratos totais e minerais. As polpas de
mangostão das regiões estudadas contêm componentes de importância nutricional como açúcar e minerais,
sobretudo o sódio, potássio, cálcio, fósforo e magnésio. Embora esse fruto não apresente variação genética foi
notado variações nos componentes majoritários do fruto do mangostanzeiro nas diferentes regiões estudadas.
1 INTRODUÇÃO
1
Departamento de Tecnologia Rural e Animal, UESB, gomesa28@gmail.com
2
Departamento de Nutrição Básica e Experimental, UFRJ, sabaasrur@yahoo.com.br
3
Departamento de Tecnologia de alimentos, UFV, paulo.stringheta@pesquisador.cnpq.br
4
Departamento de Engenharia Bioquímica, UFRJ, antun@eq.ufrj.br
5
Departamento de Engenharia Bioquímica, UFRJ, gimenes@eq.ufrj.br
1
O seu fruto é conhecido como mangostão ou mangostini, sendo considerado o mais
saboroso do trópico Asiático. A casca é espessa, vermelho-púrpura e a polpa branca de gosto
agridoce, sabor e aroma inigualáveis. Normalmente é consumido in natura devido ao sabor e
aroma delicado que pode ser perdido durante o processamento e estocagem (SILVA et al.,
2007). A rainha Vitória da Inglaterra (1819-1901) ao saboreá-la, afirmou ser tão deliciosa,
que ficou conhecida como fruta da rainha (SACRAMENTO et al., 2007).
Por ser um fruto climatérico, pode ser colhido no estádio de maturação “de vez”,
quando a casca apresenta coloração rosa clara. Quando maduro, o pericarpo apresenta cor
vermelho-púrpuro, considerado o ponto ótimo de consumo. Essa porção proporciona
resistência mecânica ao fruto e se for manuseado adequadamente à temperatura de 10 a 13ºC,
mantém o padrão de qualidade da polpa por mais de 21 dias (SILVA et al., 2009;
PANKASEMSUK, 1996).
Devido à escassez de informações sobre potencial nutritivo de polpas de mangostão
cultivados no Brasil e o potencial socioeconômico desse fruto, este trabalho visou determinar
e avaliar as características químicas, físicas e físico-químicas de polpas de frutos oriundos da
Amazônia e do nordeste brasileiro, regiões que produzem em escala comercial.
2 MATERIAL E MÉTODOS
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A umidade foi mensurada pela remoção da água livre de amostras de polpa com
auxílio de estufa a vácua a 60°C até peso constante, conforme metodologia preconizada pelo
Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2005). O material remanescente foi utilizado para calcular o teor
de sólidos totais, sendo expresso em gramas/100 gramas de polpa.
O conteúdo de minerais totais (cinzas) foi determinado após queima de toda a matéria
orgânica de amostras de polpa com auxílio de mufla, previamente carbonizado em chapas
aquecidas e posteriormente submetidas à incineração a 550ºC (IAL, 2005).
Os macros e microminerais foram determinados por espectrofotometria de massa com
plasma indutivamente acoplado no modo semiquantitativo, utilizando o equipamento ELAN
6000 da Perkin Elmer-Sciex (AOAC, 1990).
O teor de nitrogênio total foi determinado pelo método micro-Kjeldhahl (AOAC,
1990). O conteúdo de nitrogênio encontrado foi multiplicado pelo fator de conversão de 5,75
(ANVISA, 2003) e forneceu o percentual de proteína bruta da polpa (AACC, 1995).
A fração de lipídeos foi determinada pela metodologia de Bligh & Dyer modificado
(IAL, 2005), sendo utilizado como solventes, clorofórmio, metanol e água, na proporção
2:1:0,8, respectivamente.
O teor de sólidos solúveis foi determinado em amostra de polpa previamente filtrada
para reduzir a interferência dos sólidos insolúveis. A leitura foi realizada a 20°C, e os
resultados, expressos em graus brix (°Brix) (IAL, 2005). Enquanto que a concentração de
sólidos insolúveis foi calculada pela diferença entre os teores de sólidos totais e sólidos
solúveis.
O pH foi determinado com auxilio de um potenciômetro dotado de sistema de ajuste
de temperatura e devidamente padronizado com soluções tampões pH 4, 7 e 10. A leitura foi
realizada diretamente na polpa homogeneizada (IAL, 2005).
O teor de ácidos orgânicos presentes na polpa foi determinado por titulação com
NaOH a 0,1 M, sendo utilizando fenolftaleína como indicador (IAL, 2005), enquanto a
concentração de ácido ascórbico foi determinada pelo método de Tillmans, tendo como
padrão, a solução de ácido ascórbico a 1% (IAL, 2005).
Os teores de monossacarídeos, dissacarídeos e amido foram determinados pelo método
de Somogyi adaptado por Nelson (NELSON, 1944), no qual foi adotado glicose anidra como
glicídio padrão. Já os teores de fibra alimentar total (FAT) foram determinados pelo método
gravimétrico não enzimático, segundo Li & Cardoso (1994), sendo os resultados expressos
em g de fibra solúvel ou insolúvel/100g de amostra.
3
As análises foram realizadas em duplicata, e os cálculos de média e desvio-padrão
foram realizados a partir do software Microsoft Excel, 2003.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Tabela 1 – Composição centesimal das polpas provenientes dos estados da Bahia (PBA) e Pará (PPA).
Resultados e D.P*
Determinações PBA** PPA**
Umidade (g/100g) 83,950 ± 0,068 83,850 ± 0,002
Cinzas (g/100g) 0,138 ± 0,034 0,134 ± 0,045
Proteína bruta (g/100g) 0,518 ± 0,044 0,427 ± 0,003
Extrato etéreo total (g/100g) 0,222 ± 0,010 0,393 ± 0,090
Carboidratos Totais (g/100g) 15,172 ± 0,156 15,196 ± 0,102
Valor Calórico Total (kcal) 67,106 ± 0,89 66,029 ± 1,23
* **
D.P: Desvio Padrão. Resultados referentes à safra do ano de 2008.
Na Tabela 2 pode ser observado que os valores de pH para amostras PPA oscilaram
entre 3,66 a 5,04, enquanto que para as da PBA não foram detectadas variações semelhantes,
possivelmente em função das condições edafoclimáticas do estado do Pará. Esses valores de
pH podem caracterizar essa polpa, como sendo pouco ácida, ácida ou de alta acidez, bem
como, não se caracteriza como fonte de vitamina C, já que não atende as necessidades basais
de um adulto, atualmente preconizado em 60 mg/dia (MAHAN e SCOTT-STUMP, 1998) e
os teores encontrados estão muito aquém daquelas polpas consideradas fontes dessa vitamina,
como a polpa de acerola (Malpighia emarginata) e camu-camu (Myrciaria dúbia McVough)
(MAEDA et al., 2006). No presente estudo a acidez foi expressa em g de NaOH/100g de
polpa, tendo em vista que não foi encontrado na literatura consultada e disponível o tipo de
ácido predominante . Entretanto, se esses resultados fossem expressos em g de ácido cítrico
anidro/100g de polpa, como normalmente é observado para as polpas de frutas cítricas, os
valores seriam de 0,624 g de ácido cítrico/100g e 0,593g de ácido cítrico/100g, para PBA e
PPA, respectivamente.
É uma fruta de sabor e aroma muito exótico, no entanto, a Tabela 3 evidencia que sua
maior porção nutritiva é devido à fração carboidrato e os valores de dissacarídeos e
monossacarídeos são maiores que aos encontrados em polpas de buriti (MANHÃES, 2007),
cupuaçu (MATOS, 2006) e PITANGÃO (VILAR et al., 2006) entre outras . Possui baixo
conteúdo de amido e em 100 g de polpa apresenta 1,6 a 1,9 g de fibras totais, correspondendo
de 8 a 9% do RDA para um adulto.
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Tabela 2 – Determinações físicas e químicas das polpas das frutas provenientes dos estados da
Bahia(PBA) e do Pará (PPA).
Resultado e D.P *
Determinações PBA** PPA**
pH 3,49±0,04 4,35 ± 0,69
SS (ºBrix) 16 ± 0,4351 16±0,2887
SI (g/100g) 0,050± 0,003 0,15±0,018
SST (g/100g) 16,05 ± 0,068 16,15± 0,002
Acidez (g de NaOH/100g) 0,390 ± 0,003 0,371±0,0155
Ácido ascórbico (mg/100g) 2,617 ± 0,001 2,6162± 0,001
* **
D.P: Desvio Padrão. Safra 2008
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Tabela 4 – Teores médios de micro e macrominerais, em mg/100g.
Amostra Na K Ca Al P Mg Ni Fe Zn
PBA 24,73 85,98 10,80 0,61 15,13 16,86 1,07 0,83 0,21
PPA 19,84 54,34 9,18 0,37 12,82 14,52 0,73 0,92 0,13
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
7
MANHÃES, L. R. T. Caracterização da polpa de buriti (Mauritia flexuosa, Mart.) com
vista sua utilização como alimento funcional. 2007. 90 f. Dissertação (Mestrado em
Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Instituto de Tecnologia, Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro, 2007.
PANKASEMSUK, T.; GARNER Jr., J. O.; MATTA, F. B.; SILVER, J. L. Translucent flesh
disorder of mangosteen fruit (Garcinia mangostana, L.). HortScience, v.31, p. 112-113,
1996.
8
VILAR, J. S.; SILVA, A. N. A.; COELHO, M. R.; SILVA, A. L. G.; SABAA-SRUR, A. U.
O. Potencial nutritivo de frutos de pitangão (Eugenia neotida SOBRAL). Rev. Bras. Frutic.,
v.28, n. 3, p 536-538.