Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

A Mente Vencendo o Humor

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 18

ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS

Estabelecer objetivos (mudanças em estados de humor ou na vida/como você


espera ser diferente?) ajuda a saber para onde está indo e acompanhar o
progresso. É necessário descrever objetivos em termos que possam ser
observados ou medidos.
Por exemplo, “melhorar meus relacionamentos” é um bom objetivo (geral), mas
“ter conversas positivas e agradáveis com meus filhos com mais frequência” é
ainda melhor (específico). Caso o paciente fale objetivos mais amplos, você
considerará isso como um objetivo geral, mas precisa procurar objetivos
específicos que sejam mensuráveis ou observáveis.
Objetivo Geral Objetivo específico
Ser um marido melhor (muito amplo) - Gritar menos.
- Não bater nas coisas
- Voltar para casa na hora
Ser mais feliz - Sair mais com meus filhos para se
divertir
- Fazer os trabalhos da faculdade no
prazo
- Me encontrar mais com os amigos

Os objetivos destacados em azul descrevem uma interrupção de


comportamento. Pode ser difícil interromper um comportamento sem substituir
ele por outro. Então é interessante descrever novos comportamentos que
deseja desenvolver para substituir os indesejáveis: discutir os problemas com
Júlia em um volume de voz normal; fazer uma pausa quando minha voz
aumentar o volume)

VANTAGENS E DESVANTAGENS DE ATINGIR OS OBJETIVOS


Pesquisas mostram que perguntar sobre prós e contras de atingir a mudança
pode aumentar a persistência e o compromisso com o objetivo. Mas... Para
pessoas que ainda não se comprometeram com um objetivo particular,
examinar as vantagens e desvantagens da mudança pode diminuir a disposição
para mudança.
Se o paciente estiver ambivalente sobre a mudança, explorar apenas as razões
positivas para mudar é mais efetivo do que perguntar sobre os aspectos
positivos e negativos. Só use vantagens e desvantagens para os objetivos que
claramente e definitivamente o paciente quer atingir.
IDENTIFICAR PONTOS QUE PODEM AJUDAR A ATINGIR O OBJETIVO
As pessoas apoiadoras em sua vida, suas qualidades pessoais, experiências
passadas, seus valores, pontos fortes e motivação para aprender novas
habilidades, fornecem uma boa expectativa de que o paciente atingirá seus
objetivos. Pedir para o paciente refletir sobre esses pontos pode encorajá-los a
ver que a mudança é possível.
Para isso, o paciente pode fazer uma lista com esses pontos fortes (passar um
tempo pensando sobre. Pode ser um exercício para casa). Se o paciente achar
difícil identificar algumas coisas, orienta que todos nós apresentamos pontos
fortes quando fazemos algo que estamos motivados a fazer.
PROGRAMAR PARA IDENTIFICAR SINAIS DE MELHORA
Quando o paciente começa a identificar pequenos sinais de melhora no
caminho, pode aumentar a motivação. Pode ser interessante fazer um checklist
de algumas melhoras para observar ativamente quando acontecerem no
percurso da terapia. Não é uma lista para preencher e esquecer. Você vai
retornar a essa lista a cada x semanas/meses para verificar se algum sinal que
colocaram na lista ocorreu. Isso mostra que o paciente fez algum progresso em
direção ao objetivo.
Perguntas que podem ajudar a elaborar esses sinais:
- Que pequenos passos mostrariam que você está avançando em direção ao seu
objetivo?
- Qual o primeiro sinal de que você está fazendo progresso?
- Existem uma ou duas mudanças menores que fariam você se sentir melhor e
lhe informariam de que está no caminho certo?

DEFININDO OBJETIVOS PARA MUDANÇA EMOCIONAL

Alguns pacientes chegam com o objetivo geral de “se sentir menos deprimido”.
Examinar a intensidade dos estados de humor e as experiências que despertam
essas reações pode informar suas escolhas para objetivos mensuráveis
específicos e sinalizações de mudança.

Usar os inventários de humor facilita para estabelecer um escore inicial e


monitoramento das mudanças a cada sessão (pode ser um bom sinalizador de
mudança). Se, por exemplo, alguma habilidade/combinado (p.ex. ativação
comportamental) coincidiu com um decréscimo no escore, você pode discutir se
a mudança no comportamento está ligada a uma diminuição na depressão.

Ao discutir benefícios específicos da prática de habilidades, você encoraja o


paciente a incorporar essa mudança na vida deles.

PRIORIZAR OBJETIVOS E ACOMPANHAR O PROGRESSO

Decidir o que trabalhar primeiro. Trabalhar em tudo ao mesmo tempo pode – e


é provável – fazer com que não consiga atingir nenhum.
É necessário ter em vista:
- Qual objetivo precisa atingir mais rápido?
- Qual provocaria uma melhora mais imediata?
- Um deles depende de outro?
- Qual é o mais significativo ou importante para o paciente?
- Qual o mais fácil?

Se o paciente se sente sobrecarregado, talvez seja mais interessante começar


pelo mais fácil. Isso pode aumentar a esperança dele.

ARMADILHAS NA DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS

Existem 3 armadilhas comuns:


1. Os objetivos são vagos ou o cliente não consegue descrever bem:
“Quero ser uma mãe melhor”. Mas o que é necessário mudar? O que quer dizer
com ser uma mãe melhor? Se uma amiga quisesse ser uma mãe melhor, você
aconselharia ela a fazer o que? Especificar o objetivo pode demandar tempo,
mas é mais fácil atingir objetivos específicos do que vagos.
2. Mudança constante de objetivos
Mudar de objetivos com frequência não é terapêutico. Pode não ter progresso
em nenhum objetivo. Nesse caso, você pode expressar preocupação para o
paciente sobre essa mudança constante e descrever os riscos de ficar trocando
a cada semana. [Exemplo na página 56]
3. Objetivos são desadaptativos
O paciente pode escolher objetivos que podem não atingir por meio dos
próprios esforços: mudanças no comportamento de outras pessoas ou na vida
que não está sob o controle dela (a não ser que a outra pessoa em questão
resolve entrar para a terapia de casal, por exemplo). Mas “o marido ser sóbrio”
não depende apenas dela. Nesses casos você pode perguntar:
- Esse objetivo envolve mudar algo em você? (não temos como controlar o
comportamento do outro)
- Esse objetivo envolve mudar coisas que estão no seu controle (uma promoção
no trabalho não está no controle direto. Mas pode pensar em comportamentos
que aumente a probabilidade)
- O objetivo é realista no espaço de tempo que tem? (nunca se sentir nervoso,
juntar x na poupança sendo que tem diversas contas para pagar)

O paciente também pode escolher objetivos que reformulam ou mantém as


dificuldades: encontrar um parceiro que esteja disponível 24 por dia 7 dias da
semana. O ideal seria descobrir o que esse objetivo traria e transformar em um
objetivo mais terapêutico [exemplo nas paginas 59-61]
SITUAÇÕES, PENSAMENTOS E EMOÇÕES

Situações: Algumas vezes, uma situação está em grande parte ocorrendo dentro
da cabeça. Nesse caso, é aceitável escrever na coluna de situações o tema geral
dos pensamentos. Por exemplo: Eu estava deitado pensando nas contas (os
pensamentos específicos sobre isso serão descritos na coluna de pensamento,
ex: “jamais vou conseguir pagar todas estas contas”).

Instrua seus clientes a escolherem situações em que o estado de humor


principal é ativado em um nível intenso. Alguém que está trabalhando a
depressão, pode se sentir sempre deprimido, no entanto... um registro será
mais útil para uma situação em que a depressão e classificada em níveis mais
altos (de 0 a 100). E o progresso é maior quando esses registros estão
relacionados ao humor primário.

Estados de humor: Tenha em mente que as pessoas tipicamente experimentam


mais de um estado de humor em determinada situação. Encoraje-os a
identificar e avaliar todos os estados de humor que experimentam em x
situação.

O estado de humor é descrito em uma palavra. Se ele descreve em mais,


provavelmente está falando um P.A. Você pode usar uma lista de estados
emocionais para auxiliar o paciente a identificar emoções.

Embora experimentem vários, geralmente é útil que se concentrem em apenas


um quando identificam os pensamentos/imagens. (foque no que está mais
ligado ao objetivo do tratamento).
Nos estados de humor, você também pode acrescentar experiencias
físicas/impulsos (mãos suando, dor, fissura por droga).
Pensamentos: São pensamentos, crenças, imagens, lembranças e significados.
Isso porque os pensamentos mais importantes nem sempre ocorrem na forma
de palavras.

SITUAÇÕES, PENSAMENTOS E EMOÇÕES – PARTE 2

É muito importante identificar situações específicas. Isso facilita a identificação


dos pensamentos. Se você não for específico existe uma grande chance de
quanto você perguntar sobre os pensamentos, o paciente responder “não sei”.

Mas, se mesmo sendo específico, o paciente tem dificuldade, usem a


imaginação para recriar vividamente as situações e depois – geralmente – é
muito mais fácil acessar os pensamentos.

Especificidade cognitiva: Certos tipos de pensamentos automáticos estão


ligados a estados de humor particulares. A depressão é caracterizada por 3 tipos
principais de pensamentos: negativos sobre si (autocrítica), sobre o mundo
(pessimismo) e sobre o futuro (desesperança).

A ansiedade é caracterizada por temas de perigo/ameaça e na incapacidade de


enfrenta-los. A raiva também é caracterizada por temas de ameaça (luta na
reação de luta/fuga) e por pensamentos de que os outros estão sendo injustos,
quebrando regras, nos magoando ou sendo desrespeitosos.

Culpa e vergonha envolvem temas similares a raiva, mas, apontamos para nós
mesmos o dedo de “transgressor”. Quebrando regras e valores importantes
para nós. Se acreditarmos que isso nos tornam pessoas más e/ou que os outros
nos rejeitariam, surge a vergonha.

Sabendo disso, se os pensamentos do paciente não “combinam” com o humor,


você saberá que ou o paciente não identificou o pensamento corretamente ou
não está associando com o humor correto.

Identificando pensamentos: Em geral, costuma ser mais proveitoso começar


por perguntas mais gerais “O que estava passando em sua mente instantes
antes de você começar a se sentir assim?” “Que imagens ou lembranças você
teve nessa situação?” (se identificar imagens/lembranças, busque obter
detalhes específicos). Depois você pode realizar perguntas para humores
específicos:

Depressão: O que isso sugere/diria/significa sobre você? Sobre sua vida? Sobre
seu futuro?

Ansiedade: “O que você teme que aconteça? Qual a pior coisa que poderia
acontecer? Qual a pior coisa que você consegue imaginar que aconteceria?”
Essas perguntas captam os aspectos de perigo/ameaça. Sobre a percepção de
não conseguir lidar com esse perigo você pode perguntar: “E se isso
acontecesse, como você se imagina enfrentando a situação?”

Tente obter detalhes de alguma imagem. Provavelmente incluirá exageros de


perigo ou subestimação da habilidade de enfrentamento.

Raiva: Geralmente foca em outra pessoa.


“O que isso sugere sobre como a outra pessoa se sente/pensa sobre você?”
“O que isso sugere sobre a outra pessoa em geral?”
“Que imagens ou lembranças você teve nessa situação” (muito importante
identificar)

Culpa e vergonha: As perguntas iniciais são as mesmas para ambas


“Você rompeu as regras, magoou outras pessoas ou não fez alguma coisa que
deveria ter feito?”
“O que você pensa sobre si mesmo por ter feito isso ou por acreditar ter feito
isso?”

Respostas a primeira revelam situações e pensamentos que desencadearam


sentimento de culpa. A segunda ajuda a diferenciar entre culpa e vergonha. A
culpa tem maior probabilidade de se julgarem situacionalmente (e fazer algo
para corrigir). Na vergonha as pessoas geralmente se descrevem em termos de
traços estáveis: “Claramente sou uma pessoa ruim”.

Para a vergonha, uma pergunta adicional investiga sobre as opiniões de outras


pessoas: “O que isso sugere sobre como as outras pessoas sentiriam/pensariam
sobre você [se soubessem que fez isso?]”. Esses pensamentos tem forte
impacto na profundidade da vergonha sentida.
IDENTIFICANDO PENSAMENTOS QUENTES

É bastante comum as pessoas identificarem pensamentos que não explicam


completamente a intensidade das suas reações. Considere essa pergunta “Esses
pensamentos explicam a intensidade do humor relatado?”. Em caso negativo, é
provável que seu cliente ainda não tenha identificado o pensamento quente
conectado ao estado de humor na situação. Nesse caso, você pode continuar
perguntando: “O que nesse pensamento foi estressante para você?” “O que
significaria para você?”

Quando vocês conseguem chegar ao pensamento quente, é interessante pedir


que ele reflita sobre como conseguiram, que perguntas fizeram.

Você vai saber que chegou ao pensamento quente quando esses critérios
estiverem presentes:

1. Quando o pensamento for suficientemente grave para explicar de forma mais


clara a reação do paciente.

2. O pensamento está relacionado a situação: Algumas vezes as pessoas não


associam muito bem o pensamento com a situação. Exemplo:
Paciente passou sobre um prego e furou o pneu >> ficou com raiva 90% >>
pensamento relatado foi: “as pessoas são capazes de sair do seu caminho para
machucar outras”
Não está tão claro como isso está associado a situação nem explica o nível de
raiva. “Como esse pensamento se relaciona ao prego furar seu pneu?”
- “Alguém claramente colocou o prego ali esperando causar problemas para
outra pessoa e eu fui o otário que passou” [agora sim]

3. O pensamento não pode ser um fato. “Rafael me deixou” é um fato! As


pessoas poderiam ter diversas reações além de tristeza, por exemplo. Nesse
caso, pergunte sobre o significado do evento. “Qual a parte mais deprimente no
fato dele ter te deixado?” “o que significa para você e para seu futuro?” “tem
alguma imagem ou lembrança associada a esses pensamentos?”

REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA – BUSCA DE EVIDENCIAS


O exame de evidencias pode ajudar a reduzir a intensidade de estados de
humor. As melhores evidencias estão baseadas em fatos, não em opiniões ou
interpretações. As pessoas geralmente tem dificuldade em diferenciar um fato e
uma interpretação. Fatos são observações com as quais quase todas as pessoas,
vendo uma situação, provavelmente irão concordar.

Evidencias que apoiam o pensamento

Ao expressar um pensamento quente, demonstre empatia e então faça uma


investigação aberta. Exemplo:
“Essa ideia é muito angustiante, me conte as experiências que você teve que o
levaram a essa conclusão”

É essencial que o terapeuta não caia na armadilha de presumir que todo


pensamento angustiante é um pouco distorcido. É importante saber o que
acontecer que a levou a essa conclusão.

Recordar e anotar experiências de vida congruentes com o humor em um RPD


pode intensificar um estado de humor atual. É muito mais produtivo pedir-lhes
que anotem apenas evidencias obtidas da situação específica:
“Eu quero que testemos esse pensamento nessa situação x”
“Você fez algo que parecesse ser menos merecedor de respeito?”

Um registro é para testar o pensamento em determinada situação e não para


testar se um pensamento pode ser verdadeiro em outras situações. Reunir
evidencias de uma situação específica é benéfico porque as pessoas podem
detectar as distorções mais facilmente e gerar visões alternativas.

Só registramos evidencias de vida quando a situação for “sentada em uma


cadeira pensando na vida” e mesmo assim, há mais benefícios em examinar
experiencias mais recentes na vida do que as mais distantes.

As 4 primeiras colunas podem acontecer em um flash. Isso requer que


examinemos atentamente essas respostas rápidas, descrevendo-as em
detalhes. Isso por si só já pode ser terapêutico.

Evidencias que não apoiam o pensamento

As 3 colunas restantes requerem que as pessoas se envolvam em processos de


pensamento ainda mais lentos para gerar respostas que não surjam tão
automaticamente. A maioria das pessoas precisam de ajuda para encontrar
evidencias que não apoiem seus pensamentos. [dicas uteis pág. 76 paciente
fornece uma variedade de perguntas] mudar a perspectiva é a chave. A
perspectiva natural é analisar o que combina com esse estado de humor.

• Tive alguma experiência ou existe alguma informação que sugira que este
pensamento não é completamente verdadeiro o tempo todo?
• Se meu melhor amigo ou alguém que amo tivesse este pensamento, o que eu
diria para essa pessoa?
• Se meu melhor amigo ou alguém que se importa comigo soubesse que eu
estava tendo este pensamento, o que ele me diria? Que evidências factuais
(informações ou experiências) ele apontaria que sugerem que meu pensamento
“quente” não é 100% verdadeiro?
• Existem pequenas informações que contradizem meu pensamento “quente” e
que eu possa estar ignorando ou não considerando importante?
• Existem alguns pontos fortes ou qualidades em mim que estou ignorando?
Quais são eles? Como eles poderiam me ajudar nesta situação?
• Existe algum aspecto positivo nesta situação que estou ignorando? Existe
alguma informação que sugira que pode haver um resultado positivo nesta
situação?
• Já me encontrei neste tipo de situação antes? O que aconteceu? Existe alguma
diferença entre esta situação e as anteriores? O que aprendi com experiências
anteriores que poderia me ajudar a compreender esta situação sob um ângulo
diferente?
• Quando não estou me sentindo deste modo, penso sobre este tipo de
situação de forma diferente? Como? Em que informações factuais devo me
concentrar?
• Daqui a cinco anos, se eu olhar para trás em relação a esta situação, irei
encará-la de forma diferente? Irei me concentrar em alguma parte diferente de
minha experiência?
• Estou tirando conclusões apressadas nas colunas 3 e 4 que não são
completamente justificadas pelos fatos?
• Estou me culpando por algo sobre o qual não tenho controle total? Que fatos
posso escrever que refletem uma visão mais justa, compassiva ou gentil de
minha responsabilidade?

Fazer uma variedade de perguntas é recomendável. Quando as informações que


não apoiam um pensamento se originam de várias perspectivas diferentes, a
pessoa tem maior probabilidade de se sentir confiante de que um ponto de
vista é válido. Os passos indicados são:

1. Registrar as evidencias que apoiam antes das que não apoiam


2. Postura colaborativa e curiosa. Não busque erros no pensamento
3. Buscar evidencias que não apoiam [pode demorar um pouco]
4. Reúna essas evidencias oralmente e só depois solicite para o paciente
registrar. Anote todas e depois deixe o paciente escolher qual quer
registrar. Se mantenha curioso sobre o que eles decidem não escrever.
5. Procure uma variedade de evidencias [sobre o paciente, a situação, as
pessoas, fatores invisíveis – álcool, hora, fadiga, etc]
6. Não relate com exagero as evidencias positivas. Exagerar pode fazer o
paciente desconsiderar ela.

Evidencias quando pensamento é uma imagem

Podem ser usadas as mesmas estratégias já citadas e outras 3 comuns:


1 – Se a imagem está relacionada com uma coisa que não ocorreu: criar uma
imagem alternativa que mantenha alguns dos elementos, mas inclua aspectos
suficientemente mudados para que a imagem já não seja perturbadora
2 – Testar o significado de uma imagem e reunir evidencias para testar a crença
3 – Se uma imagem é uma representação distorcida do evento: trabalhar para
modificar e alinhar com o que realmente aconteceu. Procure evidencias de
quais partes da imagem estão relacionadas ao evento e quais estão distorcidas.
Testar as imagens não será tão efetivo se você usar métodos puramente
verbais. Entre na imagem!! [o que ele viu, sentiu, descrever a imagem]
“Já imaginou coisas que não estavam relacionada ao que estava acontecendo
ou aconteceria na sua vida? [ex: gritando com o chefe]”
“imaginar torna mais provável que aconteça?”
“Porque você acha que o nosso cérebro faz isso?” “tem algum benefício?”

PENSAMENTO ALTERNATIVO OU COMPENSATÓRIO

As evidencias vão determinar se será registrado um pensamento alternativo ou


compensatório. Quando as evidências levam a uma conclusão diferente do
pensamento original, você registra um pensamento alternativo. Quando
existem evidencias que apoiam e outras que não apoiam, registra um
pensamento compensatório. Esse compensatório deve reunir os dois lados [que
apoia e que não apoia]. Você e o cliente decide se vai unir os dois com “e” ou
“no entanto”.

O “e” faz o peso dos dois lados parecerem iguais. O “no entanto” faz a segunda
se tornar mais importante. Quando há mais evidencias na coluna que não apoia,
encoraje o seu paciente a relacionar com “no entanto” para captar esse
desequilíbrio entre as evidencias. Não existe um pensamento alternativo ou
compensatório “certo”. Existe o que parece mais justo e razoável para o
paciente.

[Sugestões para gerar esses pensamentos na pág. 99 do paciente]

É importante que as pessoas acreditem no pensamento


alternativo/compensatório – pelo menos mais de 50%. Quando o nível da
crença é muito baixo, é necessário reescrever esse PA alternativo para
considerarem mais plausíveis.

Se as pessoas consistentemente rejeitam a credibilidade de pensamentos


alternativos razoáveis, apesar das evidencias, é possível que fiquem estagnadas
em pensamentos extremos de tudo ou nada. Usar o continuum em vez de RPD
pode ajudar mais nesse caso.

Há 3 razões comuns para um RPD bem completado não levar a uma mudança
no estado de humor:
1. O pensamento é apoiado: nesse caso, é necessário um plano de ação:
descrever os passos que uma pessoa pode dar para melhorar as
circunstancias relacionadas a um pensamento.
2. Há outros pensamentos negativos associados
3. A pessoa não acredita nos pensamentos alternativos mesmo que eles
combinem com as evidencias [usar imaginação e continuum]

Se o pensamento quente for também uma crença nuclear, trate-o como


pensamento automático e busque evidencias na situação e não ao longo da
história de vida. Isso vai montar cenário para enfraquecer essa crença.

Se houver pouco engajamento ou impacto dos registros: use a imaginação


Usar a imaginação aumenta a probabilidade de despertar e envolver reações
emocionais intensas. Você pode perguntar sobre uma imagem geral, imagens
de um pior cenário, etc. Explore essas imagens pedindo detalhes, verificando se
é mais uma cena ou uma foto imóvel.

As imagens estão algumas vezes associadas as lembranças. Peça que o cliente


recorde vividamente e considere como elas estão relacionadas a situação atual.
Use a imaginação para ajudar no pensamento alternativo a se tornar mais “real
e atraente emocionalmente”. Você consegue isso pedindo para os pacientes
imaginarem vividamente experiências da vida real que combinam com o
pensamento alternativo. Além disso, pode pedir que imagine uma situação
futura – onde o PA negativo pode surgir – e praticar o enfrentamento com esse
novo pensamento.

Pensamentos alternativos podem ser mais fáceis de lembrar e aplicar em


situações futuras se forem capturados na forma de uma imagem, símbolo ou
metáfora.

Se um pensamento de tudo ou nada interferir, pare temporariamente o


registro e utilize o continuum para avaliar os pensamentos

NOVOS PENSAMENTOS, PLANOS DE AÇÃO E ACEITAÇÃO

Muitas pessoas dizem: “posso ver que isso combina com as evidências, mas não
parece verdadeiro para mim” [fortalecer novos pensamentos]. Outros estão
lidando com desafios sérios na vida, como desemprego, dor crônica [plano de
ação e/ou aceitação].

Fortalecendo novos pensamentos: Quando o pensamento não “parece


verdadeiro” mesmo combinando com as evidencias, será necessário um
trabalho adicional para fortalecer esses pensamentos. O uso da imaginação
[citado anteriormente] pode ser um bom aliado. Outra forma é incentivar o
paciente a prestar atenção a evidencias durante a semana que apoiem o novo
pensamento. [folha de exercícios 10.1, pag. 115]. Se o paciente, durante a
discussão das evidencias, desqualificar uma boa evidencia, você interfere mais
diretamente. Exemplo:

PAC: “Ele provavelmente só me convidou porque eu estava sentado ao lado dele


na reunião”
PSI: perguntar sobre outras pessoas na sala e questionar porque ele foi
convidado em vez de outra pessoa; perguntar sobre a conversa dos dois [o tom,
o quanto foi agradável, etc; depois de reunir isso, perguntar o quando isso se
adequa ao pensamento.

Planos para resolver problemas: Planos de ação podem ser usados para
resolver problemas ou para planejar mudanças que levarão a melhorias
[exercício pág. 121]. Requer que a pessoa defina um objetivo, identifique os
passos/possíveis problemas e como lidar com esses obstáculos.
A solução inicial pode ser insatisfatória a longo prazo, mas talvez necessária
para o curto prazo. Você pode colocar essas soluções como
“provisórias/temporárias” que vão ajudar ou favorecer soluções mais
permanentes e positivas. Exemplo:
Pode ser necessário trabalhar em um lugar que pague menos que o emprego
anterior e você perca algumas regalias e só tenha dinheiro para o básico. Isso
pode ser uma solução provisória para alguém que está próximo a ficar sem
dinheiro até para o básico. Dividir apartamento com alguém segue esse mesma
ideia.

Aceitação: Para problemas que não podem ser resolvidos ou que vão durar um
longo tempo [problemas de saúde, morte de alguém]. Existem 3 caminhos para
a aceitação:
1. Mindfullnes
2. Tomada de perspectiva do quadro geral [considerar benefícios da aceitação,
identificar pontos positivos na situação]
3. Focar em valores pessoais e em como eles podem ajudar a seguir em frente
apesar do sofrimento ou dos desafios.

[Exercício na pag 125]

Algumas vezes as pessoas interpretam erroneamente a aceitação como desistir


ou não fazer nada. Não é isso!! É aceitar o que está acontecendo e fazer o que
está sob o seu poder/controle para melhorar a situação.

Geralmente serão necessárias várias semanas de prática de aceitação antes que


seja obtido um impacto significativo.

PRESSUPOSTOS SUBJACENTES E EXPERIMENTOS COMPORTAMENTAIS

Todos nós operamos de acordo com regras abaixo da superfície (os


pressupostos subjacentes). Eles ajudam a explicar por que os mesmos tipos de
pensamentos automáticos aparecem repetidamente na terapia/registros. Nós
podemos identificar, testar e mudar essas regras. Esses pressupostos podem ser
vistos na forma de “se, então...” [Se eu decepcionar as pessoas de alguma
maneira, então elas irão me rejeitar]

No momento em que ocorre uma das circunstancias na parte “Se...”, são


desencadeados pensamentos relacionados a parte “Então...”. Sempre que seus
clientes são malsucedidos ao tentar mudar seus comportamentos, você
encontrará pressupostos que mantêm esses comportamentos. Esses
pressupostos também influenciam o comportamento prevendo o futuro (se eu
tentar alguma coisa nova, então vou fracassar).

O registro de pensamentos não são o melhor método de avaliação de


pressupostos. A melhor forma de testar é intensificar uma série de
experimentos para ver se suas previsões combinam com o que realmente
acontece na vida.

QUANDO TRABALHAR COM PRESSUPOSTOS SUBJACENTES

Os pressupostos podem ser abordados no começo ou no final da terapia.


Quando os objetivos do paciente estão relacionados a comportamentos
recorrentes ou problemas interpessoais [perfeccionismo, procrastinação,
evitação de conflito], os pressupostos são identificados e testados já nas sessões
iniciais. Quando a terapia está focada em estados de humor, os pressupostos
serão abordados no começo ou no fim, dependendo do estado de humor:
Depressão: Geralmente mais tarde na terapia. Começa com ativação, depois
identificar PA e modificar, etc.
Ansiedade: no início da terapia porque esse é o nível de pensamento mais
importante para entender a ansiedade
Raiva, culpa, vergonha e outros: Geralmente trabalhar primeiro com os PAs.
Mas, quando os pressupostos já se encontram na superfície e são centrais para
as dificuldades dos pacientes, aí faz sentindo começar por eles.
Mudança de comportamento e relações interpessoais: Hábitos e padrões de
interação são guiados por pressupostos. Então, pode trabalhar os pressupostos
já no início da terapia.

Identificando os pressupostos

É muito fácil identificar. Tudo o que precisa é identificar uma circunstância


“se...” relevante, e uma pessoa rapidamente irá deixar escapar o final “então...”
[atividade na pág. 137].

Pressupostos relacionados ao humor

Coloque uma situação ou circunstancia que desencadeia o humor na parte “Se”,


acrescente a palavra “então” e deixe o paciente preencher a lacuna.
[Se alguém me corrigir, então...]

Pressupostos relacionados ao comportamento


Coloque o comportamento frequente na primeira parte “se” e seguir com
P1: “então o que você espera que aconteça?”
Então, você pode colocar o comportamento desejado – que não está ocorrendo
– na parte do “se” e continuar com
P2: “então o que você teme que aconteça?”

Essas duas perguntas ajudam a identificar pressupostos que mantém o


comportamento atual e dificultam dar início a um novo.

P1: Se ficar em casa e não sair p/ conhecer pessoas, o que espera que aconteça?
“Espero que um dia eu realmente me sinta pronto p/ sair. É mais fácil sair e
conhecer pessoas se eu estiver em um estado mais confiante.”

P2: Se sair para conhecer pessoas quando não se sentir pronto, o que você teme
que aconteça?
“Estragar tudo e fazer alguma coisa esquisita e arruinar as minhas chances
naquele lugar”

EXPERIMENTOS COMPORTAMENTAIS

A intervenção principal para testar pressupostos são os experimentos


comportamentais. Há muitos tipos de experimentos: testes diretos (fazer o “se”
e ver se o “então” acontece), fazer observações de outras pessoas e ver se o
pressuposto se aplica a elas, etc.

O exercício da pag. 144 do paciente apresenta uma estrutura para ajudar a


elaborar e examinar experimentos comportamentais usando 6 passos

1. Anotar o pressuposto [o Oxford guide to behavioural experiments in


cognitive teraphy traz exemplos excelentes de pressupostos].
2. Planejar um experimento: Testes diretos [mas às vezes não é possível]; pedir
que o paciente verifique se as suas regras se aplicam a outras pessoas [pag. 139
experimento 2]; fazer o oposto do comportamento usual e ver o que acontece.
Planeje uma série de experimentos, mas quando o melhor experimento for
muito desafiador, divida em etapas. Algumas perguntas para encorajar a
participação e elaborar um bom experimento:
- Que tipos de informações ou experiências teriam a maior credibilidade no
teste da sua crença?
- Que problema você antecipa que poderia ter ao realizar este experimento?
- Como pode administrar esses problemas
- Que resultados poderiam ser particularmente difíceis de administrar?
[imaginar os piores resultados possíveis e ajuda-los a se preparar]
- Como lidar com esse resultado? [o que fazer?]
3. Faça previsões por escrito com antecedência: As pessoas podem mudar suas
previsões depois do experimento para adequá-las ao que realmente aconteceu.
Então anote antes de fazer o experimento. Essas previsões devem ser
específicas [4 em 10 vezes] e consistentes com a crença. As previsões precisam
permitir que uma crença seja apoiada ou contrariada.
4. Repita os experimentos um número de vezes suficiente: Uma vez não basta.
Não saberá se está obtendo o melhor resultado possível, o pior resultado
possível ou um resultado típico [p.ex. jogar uma moeda e dar cara ou coroa].
5. Registre os resultados dos experimentos: Pode utilizar a folha de exercícios
da pág. 144. A coluna 5 tem perguntas relevantes.
5. Compare os resultados reais com as previsões
- Quando não apoiam inteiramente as previsões: Construir um novo
pressuposto que seja consistente com os resultados
- Quando os resultados apoiam a crença original: considere características
desses experimentos que poderiam ser mudadas para explorar mais
significativamente se outros resultados mais desejáveis eram possíveis em
circunstâncias diferentes. Em outros casos os experimentos apoiam as
previsões, nesse caso, o paciente precisa fazer algum tipo de mudança
[exemplo: chamei 5 pessoas para sair e as 5 recusaram confirma a crença de
que: se eu chamar alguém para fazer algo, essa pessoa vai recusar]

Nesses casos, utilize o diálogo socrático para examinar o experimento e


encontrar um caminho para o paciente seguir.

DIÁLOGO SOCRÁTICO

Sejam quais forem os resultados, sua função é auxiliar os clientes a aprenderem


alguma coisa relevante com eles. Para isso, você utiliza o diálogo socrático.
Existem 4 estágios do diálogo:

1: Perguntas informacionais: Perguntas motivadas pela curiosidade geral, e não


por uma intenção de encontrar falhas nas conclusões de alguém.
- Quem, onde, quando, o que pensou, sentiu, fez, como reagiram, o que falaram

2: Escuta empática: Faça declarações empáticas, expressões faciais, sorrisos.


Porém, unicamente expressões repetidas de empatia podem com o tempo
intensificar as respostas emocionais. Acrescentar um componente de
ação/aprendizagem muda tudo: “Posso ver seu desespero. Lamento que você se
sinta assim. Vamos ver o que podemos elaborar juntos que possa ajudar a
aliviar a sua dor”

3: Resumo por escrito: Especialmente informações que podem ajuda-los a


encontrar um caminho. Você pode resumir reações, pensamentos, observações,
insights [usando as palavras e imagens EXATAS do paciente. Você não pode
anotar “me senti confuso” se o que o paciente falou foi “minha cabeça estava
girando”]

4: Perguntas analíticas ou sintetizadoras: O resumo é algo que o cliente pode


examinar quando refletir sobre as respostas às suas perguntas finais. As
perguntas sintetizadoras guiam para combinar as informações reunidas em seu
resumo com as questões que estão sendo discutidas na terapia.
- O que você pensa desse resumo? Em que aspectos se ajusta a sua crença
original? Isso afeta a sua certeza sobre a conclusão/previsão que havia feito?
As perguntas analíticas tem o objetivo de considerar como usar o que aprendeu
na sessão para desenvolver um plano para as próximas semanas.
- Como você pode usar essas ideias para se ajudar nessa semana? Que
experimentos podemos realizar que leve em conta essas novas ideias?

EXPERIMENTOS COMPORTAMENTAIS, DIÁLOGO SOCRÁTICO E NOSSAS “DUAS


MENTES”.

O processo de elaboração e condução dos experimentos, e o exame com o


diálogo socrático, facilitam a comunicação entre as “duas mentes” [uma
metáfora para teoria do processo dual da cognição]. Nós tomamos decisões
usando dois sistemas mentais: um sistema de pensamento experiencial rápido,
que está sujeito ao processamento emocional e um sistema de pensamento
racional, mais deliberado e mais lento que considera e pesa evidências.

O primeiro prevalecerá quando as duas mentes estiverem em “conflito”. Os


pressupostos apresentam características do experiencial [o rápido]. Há duas
maneiras de abordar a crença. Uma delas é discutir a situação e examinar as
evidências [no entanto, na próxima vez, provavelmente vai reagir de acordo
com o pressuposto original]. A segunda forma é elaborar uma série de
experimentos comportamentais que predizem o que acontecerá caso seu
pressuposto seja verdadeiro ou não seja.

Depois, você examina esses experimentos – usando a mente analítica [mais


lenta] – e com o tempo, se as experiencias não se ajustar a crença, o paciente
desenvolverá um novo pressuposto.

Você também pode gostar