Penal III - Resumo
Penal III - Resumo
Penal III - Resumo
Crimes culposos - não há intenção do agente em matar, ele não quer o resultado.
“ De acordo com o art. 18, II, do CP, diz-se culposo o crime “quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
Imprudência é quando o agente não observa um dever de cuidado objetivo e FAZ uma
conduta errada. Ex: excesso de velocidade no veículo automotor/ Ultrapassar em local
proibido.
Negligência é quando o agente NÃO FAZ UM CUIDADO ÓBVIO, que deveria ser feito.
Ex: mãe que esquece o bebê no carro
Imperícia é quando o agente não possui habilidade técnica para tal e erra. Ex: caso do
piloto do Salo, acreditou que tinha uma habilidade, não tinha e aconteceu o acidente,
matando diversas pessoas.
● Culpa inconsciente - O agente não quer o resultado e não o prevê. Ex: Mãe
esquece o bebê no carro e ele morre (nesse caso ela iria responder por
homicídio doloso)
Crimes dolosos : são aqueles em que há vontade do agente, ele quer / aceita o
resultado.
Dolo indireto - Agente não quer o resultado, mas o aceita. Aqui entra o dolo eventual
(Lei do foda-se)
MACETE DA BIA: Todo crime é doloso,a culpa é só na hipótese prevista
em LEI. DOLO É REGRA, A CULPA É A EXCEÇÃO. - Se a questão não diz
nada, dolo.
Crimes comissivos: São aqueles em que o agente FAZ uma ação que gera o resultado.
Ex: crime de homicídio, crime de instigação ao suícidio, crime de contaminação de
doença venérea.
Crimes omissivos: São aqueles em que o agente NÃO faz uma ação e esse não fazer
gera um crime. Ex: babá que deveria olhar a criança, não olha e ela se joga do último
andar e morre.
Crimes omissivos próprios: Aqui o agente é um qualquer que não faz alguma coisa e
responde apenas por omissão. A norma é mandamental, ou seja, traz um
comportamento, o agente deixa ele de lado e responde por ter deixado ele de lado. -
Ex: omissão de socorro.
Greco: “ Assim, nos crimes omissivos próprios, a norma contida nos tipos penais que
preveem essa modalidade de omissão será sempre mandamental. O tipo penal narrará
um comportamento que, se for deixado de lado, importará na responsabilidade penal
daquele que estava obrigado, pelo tipo penal, a fazer alguma coisa”
QUESTÃO: Um pai deixa o filho com uma menina na piscina e vai ao banheiro, durante
esse tempo a criança se afoga e a menina, flertando com o salva vidas, nada faz. Qual é a
conduta de cada um ??
Menina - responde por crime omissivo próprio (OAB entende que não teria função
garantidora)
Salva- vidas - crime omissivo impróprio (obrigação de salvar)
São crimes e circunstâncias que, por conta da sua gravidade e grau de crueldade,
foram punidas pelo legislador com maiores penas.
1.5.2) Crimes hediondos: São crimes de caráter mais grave previstos em lei (Lei
dos Crimes Hediondos)
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX);
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art.
129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou
morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
(Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de
1994)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos
ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho
de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum
(art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
- Crime comum : é aquele que pode ser praticado por qualquer sujeito, não
precisa de alguém específico. A vítima também pode ser qualquer um. Ex:
homicídio, instigação ao suicídio, exposição ao perigo, etc.
Crimes consumados - reúne TODOS os elementos da sua definição legal (art. 14,
inciso I). HÁ O RESULTADO.
Ex: Rose, querendo abortar, ingere uma vitamina que acredita ser capaz de matar o
feto. Mas, como é uma vitamina, ele nasceu lindo, gordo e saudável. Rose responde
por tentativa de aborto ??
- Pode ser:
- erro de tipo invencível : não pode ser evitado pelo agente e naquela
situação, qualquer pessoa faria o mesmo. Ex: no escuro, o caçador vê
um vulto, acredita ser um animal e atira - mas era uma pessoa e ela
morreu. Nesse caso, ele NÃO responde por homicídio (entende-se
que não há cuidado objetivo, não dava para prever)
Crimes monossubjetivos - em regra, só vai ser feito por uma pessoa. Ex:
instigação ao suícidio. (MAS E O JOGO DA BALEIA ?? Nessa hipótese
caberia concurso de pessoas e coautoria)
- Mas a lei pode admitir partícipe e coautor (concurso de pessoas).
- Ex: furto (art.155, tem uma qualificadora para quando ocorre
concurso de pessoas)
2) Crimes conexos
São aqueles que estão interligados, possuem uma relação na tipicidade. Ex:
Marcia bate em Tássio, após isso ele pega uma ambulância, a mesma capota
e ele morre. Marcia responderá por homicídio ou por lesão ??
- Recapitulando….
Sem susto ele já morreria, por conta disso. Lívia responde por conduta,
homicídio doloso
3) Concurso de crimes
Autor : é quem faz o crime, executa planeja.
Co-autor: é quem faz o crime junto com o autor, executa um micropedaço. AJUDA NA
EXECUÇÃO.
EX: Infanticídio - mãe, influenciada pela estado puerperal, mata o filho. Enfermeiro
ajuda na execução, cortando a criança - mãe é autora, enfermeiro coautor.
Ex: Homicídio por motivo torpe - João pede para Bia matar Ângela e como
recompensa ganhar o apartamento, Bia vai lá e dá o tiro. João responde por autor de
homicídio qualificado por motivo torpe, e Bia entra como co-autora.
EX: Infanticídio - mãe, influenciada pela estado puerperal, mata o filho. Enfermeiro
ajuda na execução, dando os elementos cortantes e ensinando a cortar- mãe é autora,
enfermeiro partícipe.
Ex: No exemplo anterior, Luiza dá a arma para Bia dar o tiro e as duas dividirem o
apartamento. - João é o autor do crime, Bia coautora, e Luiza partícipe.
PARTE II - CRIMES CONTRA A VIDA
1)Homicídio
Ex: A atira em B
- Sujeito passivo
- Para o homicídio ocorrer precisa de um sujeito passivo, uma vítima com
vida.
Obs 1 : vida extrauterina - pode ser durante ou logo após o parto. Ou seja, se
durante o parto o médico mata a criança ele responde por homicídio. Se for
antes do parto, responde por aborto.
- Pode ser:
- erro de tipo invencível : não pode ser evitado pelo agente e naquela
situação, qualquer pessoa faria o mesmo. Ex: no escuro, o caçador vê
um vulto, acredita ser um animal e atira - mas era uma pessoa e ela
morreu. Nesse caso, ele NÃO responde por homicídio (entende-se
que não há cuidado objetivo, não dava para prever)
- Sujeito ativo
- Para o homicídio ocorrer precisa de um ou mais sujeitos cometendo o
crime. (Além disso, também pode ser um crime unissubsistente ou
plurisubsistente - Concurso de pessoas)
Ex: Para matar Julia, Bia tranca a baia e a amarra na cadeira e Luiza
dá o tiro. - Ambas respondem por homicídio, Luiza como autora e Bia
como coautora (ajudou Luiza a realizar o crime, fazendo uma parte um
micropedaço)
Ex: Dirigindo o carro, Luiza ouve Bia dizer que quer matar Polidoro
quando chegar ao escritório. Quando chega ao escritório, Bia o mata -
Bia responde por homicídio e Luiza entra como partícipe no crime de
Bia.
- Consumação
OBS: O homicídio pode ser tentado - Ex: Luiza dá 3 tiros em Julia e após
acabar as balas, desiste. - responde por tentativa de homicídio.
- Tipo objetivo
-
- Tipo subjetivo
Podem ocorrer com dolo ou culpa.
OBS: Não existe homicídio culposo preterdoloso, pq se agiu com
culpa é pq não teve vontade.
- Homicídio culposo:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
OBS 1: Se ele estiver apenas influenciado por forte emoção, ele responde
pelo 65 inciso III (IMP: Esse inciso não precisa ser logo após o ato
injusto)
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(....)
Logo após injusta provocação da vítima: Além de estar sob domínio de forte
emoção, a vítima precisa incitar, provocar o ato injustamente. Esse ato, não
é qualquer ato, mas algo fora da lei, ilícito.
- Por conta disso, crimes premeditados ou por vingança não entram aqui.
● Por conta de ocorreram sob domínio de forte emoção, não podem ser
planejados ou por vingança.
● Também não podem admitir concurso de pessoas.
● Podem admitir dolo eventual: STJ -
1.3.3) Qualificado
a) Subjetivas
b) Objetivas
- Tortura
- Quando se fala de tortura e Direito Penal há duas hipóteses
- I - Tortura que resulta em morte - indivíduo responde pela lei da
tortura.
- Ideia de que é um crime preterdoloso, o objetivo da tortura era apenas
obter informações, e não matar. Há dolo na tortura e culpa na morte.
Por isso, responde Lei de tortura/ Lei 9455/07
- Traição
- Para matar, o indivíduo esconde as suas verdadeiras intenções, se faz de
amigo e depois é desleal, matando a pessoa.
- Ex: Henrique, querendo matar Luiza, se reaproxima e depois atira nela pelas
costas.
- OBS: Se tiver tempo da vítima fugir, NÃO entra aqui. Se ela pressentir a
intenção do agente também (se pressente, não há surpresa)
Aqui o autor pratica uma ação para assegurar a produção de um crime. Ex: Lupan,
querendo matar Hubert Pellegrini , começa a namorar Juliette para matá-lo e
ninguém desconfiar.
Feminicídio
Com a entrada da Lei nº 13.104, de 2015) - Lei do feminicídio, os crimes de
ódio a mulher, nos quais o homem mata apenas por razões de gênero,
passam a ser todos homicídios qualificados !! - Ideia: punir para diminuir a
violência contra a mulher ( o mesmo ocorreu na lesão corporal com a Lei
Maria da Penha)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
2)Instigação ao suicídio
Ex: A vê B olhando para baixo do topo da cobertura, e diz: - vai se joga aí,
você não serve para nada mesmo.
OBS 2 : A lei fala em prestar auxílio material para que o faça. Logo, se eu
dou a arma, sabendo que fulano vai se matar, eu respondo.
1.2) Características
OBS !!! Para matar Hércules, Mégara coage-o e o obriga a tomar um cálice
envenenado, se não, ela mataria seu pai. Mégara responde por instigação ao
suicídio ??
- Lesão corporal:
- § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019)
- Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos
Ex: Tatiana instiga Bia a auxiliar Luiza a se matar - Tatiana responde por
instigação ao suicídio e Bia como coautora.
2 corrente (Nelson Hungria) : Pode, desde que a omissão seja feita por
um agente garantidor e tenha o dever jurídico de impedir o suicídio. Ex:
pai que, propositalmente, deixa que o filho menor, acusado de fato desonroso,
ponha termo à vida (sabe do plano de se matar e não faz nada para impedir)
2) Casos importantes
Entra a proteção do art.122 para quem participou (Quem teve a ideia entra
como induzidor, os outros como instigadores.) Quem executa - entra como
homicida ou tentativa de homicídio (se fez algum ato da execução -
coautor)
EX: Helena, Virgílio e Laerte fazem um pacto de suicídio coletivo com gás. Laerte
executa o crime, fechando as janelas e colocando o gás. Mas uma janela fica aberta,
Laerte acaba não morrendo. Helena e Virgílio sim. Laerte cometeu crime ?
R: Sim, Laerte responde por homicídio, pois foi ele quem induziu e
EXECUTOU.
3)Infanticídio
1.1) Conceito: “ Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante
o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos.”- art. 123 do Código
Penal
Ex: Rose, não queria ter filhos, engravidou por acidente. Alterada no estado
puerperal mata a filha Kate. - responde por infanticídio.
1.2) Características
Precisa da figura da mãe para ocorrer, mas pode ter concurso de pessoas. A
mãe pode instigar terceiro a cometer infanticídio.
Ex: Mari querendo matar seu filho, coloca veneno na mamadeira e pede para
a enfermeira, que não sabia de nada, alimentar a criança.
2 corrente (Monismo): Entende que não faz sentido o tipo ser aplicável
apenas a mãe, pois não é um crime de mão-própria. Admite que a elementar
não tem caráter personalíssimo e adotando isso, a pena ficaria
desproporcional (quando o enfermeiro/pai ajuda a mãe, ele vê seu estado
puerperal e decide dividir o crime com ela) - ADOTA-SE O MONISMO, MÃE
RESPONDE COMO AUTORA E ENFERMEIRO COMO PARTÍCIPE POR
INFANTICÍDIO. - Tese mais aceita, inclusive em projeto de lei em
tramitação no Senado.
- Alex, médico, vê Rose, após ter o parto de Kate, alterada com o estado
puerperal. Convence-a a matar Kate. Alex executa o crime e Rose o
ajuda. Quem responderia pelo o que ??
4)Aborto
Ex: Rose engravida de Kate e vai em uma clínica clandestina tentar abortar.
1.2) Características
“ Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.”
Japiassu: “Discute-se a situação jurídica daquele que tem participação bifronte. Isso quer dizer, o
concorrente que, v.g., no mesmo contexto, induz tanto a mulher ao autoaborto e, em paralelo, o
terceiro a realizar o aborto com consentimento, responderá como partícipe por qual dos dois delitos?
Acerca da questão, há duas correntes. Para a primeira, quem participa do fato, ainda que com
participação bifronte, responderá sempre pelo art. 126, do CP, por se tratar de crime mais
grave, consoante o princípio da consunção ou absorção. Para a segunda corrente, deve-se
verificar a postura do participante, vale dizer, se ele se restringir a concorrer à ação da
gestante ou se também concorre com a ação do terceiro que efetuará o aborto. Conforme dito
por Damásio de Jesus, “se se limita a induzir/instigar a gestante a prestar seu consentimento
na provocação do aborto, responde pelo delito do art. 124, 2ª parte. Se, entretanto, emprestar
qualquer auxílio na provocação do aborto, será partícipe do fato descrito no art. 126.” - na
segunda só se ele fizer.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço,
se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevém a morte.
OBS: Aqui nesse artigo 127, admite-se a tentativa de aborto. Contudo, no 124 a
doutrina diverge em relação à hipótese de tentativa.