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Naisa Maria Da Silva Bernardes - Bom

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INSTITUTO BRASILIENSE DE DIREITO PÚBLICO - IDP

ESCOLA DE DIREITO E ADMINISTRAÇÃO DO IDP - EDAP


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

NAÍSA MARIA DA SILVA BERNARDES

CONFLITO DE GERAÇÕES NO SENADO FEDERAL: CONFIRMAÇÃO,


CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E GESTÃO

BRASÍLIA
NOVEMBRO 2019
NAÍSA MARIA DA SILVA BERNARDES

CONFLITO DE GERAÇÕES NO SENADO FEDERAL: CONFIRMAÇÃO,


CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E GESTÃO

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em


Administração Pública do Instituto Brasiliense de
Direito Público - IDP, como requisito parcial para
obtenção de título de Bacharel em Administração
Pública.
Orientador: Prof. MsC. Felipe Guimarães Côrtes

BRASÍLIA-DF

2019
NAÍSA MARIA DA SILVA BERNARDES

CONFLITO DE GERAÇÕES NO SENADO FEDERAL: CONFIRMAÇÃO,


CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E GESTÃO

Artigo apresentado ao Curso de


Graduação em Administração Pública do
Instituto Brasiliense de Direito Público -
IDP, como requisito parcial para
obtenção de título de Bacharel em
Administração Pública.

Brasília-DF, 06 de dezembro de 2019.

Prof. Ms. Felipe Guimarães Côrtes


Professor Orientador

Prof. Dr. Pedro Paulo Teófilo de


Hollanda
Membro

Prof. Ms. Diogo Ribeiro da Fonseca


Membro
Tudo tem seu tempo determinado, há tempo para
todo propósito debaixo do céu.
(Eclesiastes 3).
AGRADECIMENTOS

Quero, primeiramente, agradecer a Deus, porque sem ele nada disso seria
possível na minha vida. Nos momentos de angústia e desespero nessa trajetória
acadêmica sempre foi nele que busquei forças para continuar e seguir em frente,
embora por mil vezes chorei, briguei, lamentei e desisti, devido às inúmeras
barreiras encontradas pelo decorrer desses quatros anos, barreiras e limitações que
venci, quebrei paradigmas e por causa disso cresci. Sozinha, claro que não! Jamais
chegaria aonde cheguei se não fosse pelo cara mais incrível que já conheci, meu
esposo Jodair, pelo qual tenho muita admiração e imenso amor. Não posso nem
por um minuto esquecer do meu maior incentivador, meu esposo, foi aquele homem
que nunca me deixou desistir, sempre do meu lado, até mesmo assumindo o papel
das tarefas domésticas e cuidando das crianças para que o fardo acadêmico se
tornasse mais leve ao longo desses quatros anos.
Também quero ressaltar alguns colegas do início dessa trajetória, lembro-
me bem dos meus monstros, das matérias nas quais tive muita dificuldade (todas),
entretanto uma em especial me faz lembrar o Mário Mathias. Numa provinha de
estatística muito complicada, talvez ele não se lembre, mas por causa das palavras
de incentivo via WhatsApp, naquele dia, eu não desisti. Entre muitos outros, também
quero agradecer ao Lucas Ribeiro e às minhas meninas, Ana Carolina Neitzel e
Ludy Costa, que sempre estiveram do meu lado me ajudando, tirando seus
preciosos tempos de juventude para me ajudar a estudar. Tanto estiveram do meu
lado que a Ludy, de colega de sala, tornou-se filha e, não satisfeita, tornou-se nora.
Mas se a minha missão na faculdade foi trazer o príncipe dessa princesa, cumpri
com louvor e muita dor.
No decorrer final, em desespero novamente na árdua tarefa de conclusão,
Deus colocou em meu caminho mais anjos. Obrigada, meus amigos Adelayde
Costa, Allan Ribeiro e Dayane Brito. Nobres colegas de trabalho que não me
deixaram desanimar, sempre me apoiando no profissional para que nada desse
errado.
Aos meus filhos, Jonatam, Gabriel, Maria Eduarda e Luiz Augusto, obrigada
por entenderem e me perdoarem todas as vezes que fiquei estressada ou estive
ausente por causa da faculdade, pois para chegar até aqui foi preciso abdicar de
muitas coisas de mãe.
Ao meu pai, que, na sua simplicidade, sempre dizia que queria ter um filho
com diploma e se foi sem ter a honra de poder estar aqui hoje para ver seu sonho
realizado. Painho, deu certo!
À minha mãe guerreira, obrigada por ser meu espelho de valores,
persistência, garra e determinação. Nada no mundo é tão grandioso quanto essa
herança que carreguei comigo, nunca me esqueço das madrugadas de boia fria as
quais enfrentava e sempre deixava o dinheirinho do pão e do leite para irmos para
escola alimentados. Para quem me conhece sabe mais a fundo, sabe bem da frase
que me revela e agora porque ela me revela, e hora nenhuma me sinto uma coitada,
eu sou uma vitoriosa como mainha, meu maior orgulho, “sei de onde vim, porque
vim e onde quero chegar”.
Agradeço de coração ao meu orientador, Felipe Côrtes por toda a trajetória
de parceria, ensinamentos, disposição e paciência.
Obrigada às pessoas que sempre torceram por mim e todas aquelas que,
nas suas orações, não se esqueceram de mim.
RESUMO

A temática diversidade pode ser entendida como a coexistência de variados pontos


de vistas em um determinado ambiente. Parte dessa diversidade ocorre pelas
diferenças nas gerações dos indivíduos que compõem cada grupo de trabalho,
afinal a diferença entre as gerações e suas características são potenciais geradoras
de conflitos organizacionais, pois os valores, as crenças, a ética de trabalho, os
motivos para permanecer no emprego atual, as metas e os desejos profissionais
de cada indivíduo influenciam a estrutura da organização e as características
sociais. Portanto, o objetivo geral da pesquisa é descrever as possíveis relações e
dinâmicas entre gerações e conflitos Senado Federal. Dessa forma, os objetivos
específicos da pesquisa são: verificar se realmente existem conflitos de gerações
no Senado Federal; identificar possíveis percepções de fontes ensejadoras para a
ocorrência ou não desses conflitos; mapear percepção de iniciativas para evitar ou
minimizar a ocorrência desses conflitos; e mapear a consequências dos conflitos de
gerações. O método de pesquisa utilizado foi o de pesquisa de campo, a natureza
da pesquisa foi descritiva, a abordagem qualitativa, a amostragem não
probabilística e a análise de dados foi feita por meio da análise de conteúdo.
Contudo, os conflitos de geração nos setores do Senado Federal que os
participantes atuam foram identificados como uma das possíveis fontes de conflitos,
resultando de forma positiva e negativa na Casa, entretanto a gestão desta
organização já atua com ações para minimizar ou evitar, através da mediação e
treinamento desses conflitos entre os servidores efetivos da Casa. Relativamente
às limitações deste trabalho, vale ressaltar que o fato de ser um estudo de campo
realizado em uma única organização, limitando a aplicabilidade dos resultados para
outros órgãos públicos. Outra limitação foi em relação as pesquisas, como o horário
e o engessamento dos servidores em fornecer informações. Sugere-se que
pesquisas futuras realizem o estudo não apenas no Senado Federal, mas também
na Câmara dos Deputados, objetivando analisar o âmbito do legislativo federal com
maior número amostral de servidores efetivos das duas Casas Legislativas.

Palavras-chave: Conflito de Geração. Senado Federal. Valores. Consequências


ABSTRACT

The theme diversity can be understood as the coexistence of various points of view
in a given environment. Part of this diversity occurs by the differences in the
generations of individuals that make up each work group, after all the difference
between generations and their characteristics are potential generators of
organizational conflicts, because the values, beliefs, work ethics, the reasons to
remain in current employment, the goals and professional desires of each individual
influence the structure of the organization and social characteristics. Therefore, the
general objective of the research is to describe the possible relations and dynamics
between generations and conflicts in the Federal Senate. Thus, the specific
objectives of the research are: to verify if there are really conflicts of generations in
the Federal Senate; to identify possible perceptions of sources that give rise to the
occurrence or not of these conflicts; to map the perception of initiatives to avoid or
minimize the occurrence of these conflicts; and to map the consequences of the
conflicts of generations. The research method used was field research, the nature
of the research was descriptive, the qualitative approach, the non-probability
sampling and data analysis was done through content analysis. However, the
generation conflicts in the sectors of the Federal Senate that the participants act
were identified as one of the possible sources of conflicts, resulting in a positive and
negative in the House, however the management of this organization already acts
with actions to minimize or avoid, through the mediation and training of these
conflicts among the effective servants of the House. Regarding the limitations of this
work, it is worth noting that the fact of being a field study conducted in a single
organization, limiting the applicability of the results to other public bodies. Another
limitation was in relation to the surveys, such as the time and the plastering of servers
to provide information. It is suggested that future research carry out the study not
only in the Federal Senate, but also in the House of Representatives, aiming to
analyze the scope of the federal legislative with the largest sample number of
permanent employees of the two Legislative Houses.

Keywords: Generation conflict. Federal Senate. Values. Consequences.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Modelo de processo de conflito ….................…………………...............19


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Período de cada geração ………………………………......………….....16


Quadro 2 - Resultado do conflito ...........................................................................20
Quadro 3 - Descrição sucinta dos métodos e técnicas de pesquisa .....................25
Quadro 4 - Perfil sócio demográfico...................................................................... 27
Quadro 5 - Percepções de fontes ensejadoras dos conflitos.................................31
Quadro 6 – Percepções de iniciativas................................................................... 33
Quadro 7 - Consequências Positivas..................................................................... 34
Quadro 8 - Consequências Negativas....................................................................35
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 12
1.1 Problema de Pesquisa 12
1.2 Objetivo Geral e Objetivos Específicos 13
1.3 Justificativa 13
2. REFERENCIAL TEÓRICO 14
2.1 Cultura Organizacional 14
2.2 Valores 14
2.3 Diversidade nas organizações 15
2.4 Gerações 16
2.5 Conflitos 18
2.5.1 Conflitos de gerações 21
2.3.2 Conflitos de gerações no setor público 23
2.3.3 Conflitos de gerações no Senado Federal 23
3. MÉTODO 24
3.1 Caracterização do campo estudado 24
3.2 Descrição dos procedimentos metodológicos e amostra 25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 28
4.1 Conflitos de gerações no Senado Federal 28
4.2 Percepções de fontes ensejadoras para a ocorrência ou não desses
conflitos 30
4.3 Percepção de iniciativas para evitar ou minimizar a ocorrência dos
conflitos 32
4.4 Mapear a consequências dos conflitos de gerações 34
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 36
REFERÊNCIAS 38
Apêndice A: Roteiro de Entrevista 44
Apêndice B: Carta de Apresentação 46
Apêndice C: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 48
12

1. INTRODUÇÃO

A diversidade pode ser entendida como a coexistência de variados pontos de


vistas em um determinado ambiente. Nas organizações, a gestão da diversidade
busca a potencialização das vantagens enquanto minimiza as desvantagens.
Porém, os efeitos da diversidade no ambiente de trabalho não são tão claros, devido
à tarefa exercida, ao acompanhamento dos resultados, ao tempo de execução e às
particularidades de cada indivíduo (TORRES; PÉREZ-NEBRA, 2014).
Parte dessa diversidade ocorre pelas diferenças nas gerações dos indivíduos
que compõem cada grupo de trabalho, como afirmam Abreu, Fortunato e Bastos
(2016), que entendem ser esta uma das principais características das organizações
contemporâneas. Uma geração pode ser entendida como um grupo de pessoas que
compartilham experiências parecidas em ambientes sociais, econômicos ou
culturais (NASCIMENTO et al., 2016).
O conflito de gerações, para Chiuzi, Peixoto e Furasi (2011), é explicado a
partir da teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson (1902-1994), sendo
uma forma de prover embasamento na análise desses conflitos, ou seja, uma forma
de identificação de causa e efeito é aplicar o trabalho de Erikson no ciclo que está
inserido, tendo em vista as características inerentes a cada geração e a condição
de existência de cada indivíduo. Porém, a pesquisa não analisa as questões atuais
do ambiente de trabalho e não apresenta um foco no setor público.
Os conflitos organizacionais são evidentes na administração pública
brasileira, de acordo com Cardoso e Estrella (2018), já que tal contexto, por si só,
seria conflituoso, devido à competição por recursos, à utilização de variados meios
para o alcance dos objetivos organizacionais e à diferenciação entre as tarefas.

1.1 Problema de Pesquisa


A pesquisa de Babadopulos (2014) teve o objetivo de verificar a existência
de um embate de valores entre servidores antigos e novos no Senado Federal.
Conforme a análise demonstra, no Senado Federal 44,63% da amostra apresentou
abertura para mudança que abarca os tipos motivacionais estimulação e
hedonismo. Porém, 37,85% demonstrou conservação que está ligado aos tipos
motivacionais de conformidade, tradição e segurança. Entretanto, mesmo com a
oposição dos valores apresentados, os servidores novos apresentaram baixos
índices para mudança e conservação, em relação aos servidores mais antigos, ou
13

seja, demonstra a ideia de que os servidores mais jovens são menos abertos a
mudança e menos conservadores que os servidores mais antigos, algo que pode
estar direcionado aos conflitos de gerações, conforme a agenda de pesquisa
proposta pela autora.
Diante do exposto, torna-se necessário responder algumas questões: As
gerações presentes no ambiente organizacional do Senado Federal são
conflituosas? Quais são fatores interferentes nos conflitos entre as gerações no
Senado Federal? Quais as iniciativas dos gestores para a solução de conflitos de
geração no Senado Federal?

1.2 Objetivo Geral e Objetivos Específicos

O objetivo geral da pesquisa é descrever as possíveis relações e dinâmicas


entre gerações e conflitos Senado Federal. Dessa forma, os objetivos específicos
da pesquisa são:
 Verificar se realmente existem conflitos de gerações no Senado Federal;
 Identificar possíveis percepções de fontes ensejadoras para a ocorrência
ou não desses conflitos;
 Mapear percepção de iniciativas para evitar ou minimizar a ocorrência
desses conflitos;
 Mapear a consequências dos conflitos de gerações.

1.3 Justificativa

Do ponto de vista acadêmica, a pesquisa é relevante pois busca preencher


uma lacuna que Babadopulos (2014) identificou, sugerindo para estudos futuros de
caráter qualitativo uma análise do porquê dos novos servidores apresentarem-se
simultaneamente menos abertos a mudanças e menos conservadores. Devido à
contínua participação das diversas gerações no ambiente de trabalho, como
Comazzetto et al. (2016) afirmam, uma das grandes preocupações das
organizações é trabalhar as diversas gerações e o mercado de trabalho, ainda mais
com a inserção de tantos jovens nas empresas.
Além do exposto, sob um foco profissional, a pesquisa torna-se importante
pois poderá apresentar aos servidores e gestores do Senado Federal os possíveis
meios e impactos da resolução dos conflitos entre as gerações, pois os resultados
14

dos conflitos, no âmbito organizacional, se positivos, podem estimular o interesse e


a curiosidade, aumentar a coesão grupal, aumentar a motivação para a tarefa,
despertar a atenção para problemas, além de testar e reduzir diferenças de poder.
Porém, quando negativos, resultam na frustação, hostilidade e ansiedade, criam
pressão para a conformidade das pessoas, dispersão de energia, ações de bloqueio
e recusa à cooperação, além de gerar distorções perceptivas (NADLER;
HACKMAN; LAWLER III, 1983; CHIAVENATO, 2015).

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Esta seção abordará os seguintes temas: cultura organizacional, valores,


diversidade nas organizações, gerações e conflitos, que serão também
especificados para o setor público e o Senado Federal.

2.1 Cultura Organizacional


A cultura organizacional pode ser explicada como a identidade de uma
organização, algo que possibilita aos integrantes daquele grupo o sentido de
identidade, possuindo elementos que estão ligados ao funcionamento da
organização (LOURENÇO et al., 2017).
Portanto, atualmente, a cultura organizacional é importante para todos que
possuem interesse no entendimento das ações humanas no âmbito organizacional,
pois os valores básicos que são compartilhados acabam por influenciar a forma que
os membros das organizações sentem, pensam e agem (SILVA; ZANELLI, 2004).
Para Vale et al. (2018), a cultura organizacional está diretamente ligada aos
valores, devido às características sociais que o fenômeno apresenta, ou seja, ela
seria um conjunto de valores, crenças e comportamentos.

2.2 Valores
Segundo Tamayo (1996, p. 182), os valores organizacionais podem ser
definidos como "princípios ou crenças, organizados hierarquicamente, relativos a
metas e a comportamentos organizacionais desejáveis que orientam a vida da
empresa e estão a serviço de interesses individuais, coletivos ou mistos”.
Os valores são entendidos como elementos que integram e orientam o
comportamento, a estratégia, os objetivos e as interações sociais. Os valores são
individuais, inerentes a cada indivíduo e organização, e guiam as atividades e a
atuação dos mesmos (JUNIOR; RIBEIRO, 2018).
15

Para Miguel e Teixeira (2009), os valores organizacionais podem ser


entendidos como crenças que direcionam o comportamento organizacional e
influenciam as metas e motivações dos indivíduos. Já os valores pessoais, aqueles
intrínsecos a cada indivíduo, são esclarecidos por Sousa, Silva e Pinto (2018) como
comportamentos e atitudes de cada um, sendo a base desses valores a família, a
cultura e o círculo de convivência da pessoa.
Os valores organizacionais podem ser definidos como princípios e crenças
responsáveis por guiar funcionamento da empresa, baseando a cultura
organizacional para os indivíduos que compõem a organização (VIEIRA; GOMES,
2013). Portanto, os valores organizacionais juntam cultura organizacional da
empresa, setor de atividade ou de profissionais que compartilham da mesma forma
de estar, sentir e agir, ou seja, de fazer as coisas (BILHIM; CORREIA, 2016).
Todavia, os valores organizacionais são pontos que estão diretamente ligados à
diversidade dos indivíduos:

Indivíduos poderão apresentar diferentes congruências com diferentes


grupos e o mesmo pode ser afirmado sobre estes grupos em relação à
organização. Quanto maior a congruência dos valores dos indivíduos entre
si e destes com a organização, maior a percepção de similaridade e, por
conseguinte, maior a facilidade e clareza da comunicação, o que remove
a ambiguidade e o conflito, reforçando interações que vão resultar em
diferentes orientações para as ações organizacionais (SILVEIRA, 2006, p.
82).

Assim, os valores organizacionais podem afetar o modo como os indivíduos


enxergam e se comportam, logo pessoas que possuem hierarquias de valores mais
próximas tendem a compreender os objetos e eventos de forma parecida.
Entretanto, a falta de similaridade nos valores produzirá efeitos contrários de
percepção (SILVEIRA, 2006).

2.3 Diversidade nas organizações


A definição da palavra diversidade é variada, levando em consideração
pontos como características demográficas, sociais e culturais. Assim, o seu
conceito pode ser apresentado de duas formas: o primeiro com uma definição mais
abrangente, que trata as diferenças individuais, sendo uma pessoa diferente da
outra; e a segunda diz que as definições mais direcionadas, que se referem às
características de um grupo de indivíduos, como a cor da pele, gênero, etnia e faixa
etária (NÓBREGA; SANTOS; JESUS, 2014).
16

Assim, a diversidade nas organizações, para Saraiva e Irigaray (2009), diz


respeito à individualidade das pessoas, pois os indivíduos de identidades
minoritárias, como negros, pessoas com deficiência, obesos, cegos e
homossexuais podem ser marginalizados.
A diversidade expressa-se como um fenômeno múltiplo e variado, em que
os processos de comunicação participam como fator particular de cada indivíduo
(BAUER, 2016). Assim, a diversidade no ambiente de trabalho é vista nas
características inerentes a cada pessoa, como gênero, etnia, religião, orientação
sexual e idade (ALVES; GALEÃO-SILVA, 2004).
Nessa perspectiva, o estudo da diversidade nas organizações tem se
mostrado importante, pois as ações de contextualização das variadas análises
sobre a diversidade nas organizações aparecem como uma necessidade histórica,
permitindo a compreensão da maneira pela qual as pessoas veem, se assumem e
se colocam nas relações do dia a dia (ROSA, 2014).

2.4 Gerações
Uma geração pode ser definida como o conjunto de pessoas, nascidas em
períodos específicos, que compartilham semelhanças em termos de valores, visão
de mundo, visão de autoridade, crenças, prioridades e limites de comportamentos,
tudo isso resultante de determinado contexto histórico (CHIUZI, PEIXOTO, FURASI,
2011). Para exemplificar, serão descritas as gerações baby boomer, X, Y e Z,
marcadas pelos lapsos temporais apresentados no Quadro 1.

Quadro 1 - Período de cada geração

Geração Período
Baby boomers 1940 a 1960
X 1961 a 1980
Y 1981 a 1995
Z 1996 a 2010
Fonte: adaptado de Dot (2019).

Os pertencentes à geração baby boomer surgem após o surto de natalidade,


quando os soldados da Segunda Guerra Mundial retornaram para suas casas. O
fim dessa geração é marcado pelo lançamento da pílula anticoncepcional,
17

resultando na queda da taxa de natalidade (GRUBB, 2018). Além do exposto, essa


geração foi ensinada pelos pais a criarem uma carreira profissional para a vida toda,
com lealdade às grandes empresas (MATEWMANN, 2012).
Depois surge a Geração X, cujos integrantes têm a definição de sucesso
profissional ao longo de toda uma carreira, além de valorizarem também os rituais
de trabalho e a autoridade de maneira informal (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2016).
Os profissionais dessa geração tendem a buscam balancear a vida pessoal e
profissional, além de discordar em parte da geração anterior, em que a lealdade à
organização é muito importante (BORTOLI, 2013).
A terceira geração é a Y, que recebe outras denominações, como Millenials,
Generations N, Generation Me e Digital Generation (BERNADY et al., 2017). Seus
profissionais estão no mercado há um tempo e são conhecidos por serem
superconfiantes, desleais e volúveis (MATEWMANN, 2012). Os millenials teriam
diferenças significativas em relação às outras gerações e apresentariam
características que facilmente são confrontadas pelos perfis das gerações baby
boomers e X.
Já os pertencentes à geração Z ou centennials, seriam aqueles que não
conseguem viver sem a internet, pois já nasceram de frente a várias telas, além
disso, essa geração tenderia ao empreendedorismo (SCHAWBEL, 2014). Eles
possuiriam como pontos positivos a instantaneidade, velocidade e senso de
urgência, entretanto, como pontos negativos, a ausência de paciência (CORTELLA,
2014).
Desse modo, as organizações encaram o desafio de grupos diferentes, que
se formam em decorrência das diversas características inerentes a cada indivíduo,
como a idade, que gera comportamentos peculiares a cada faixa etária (VELOSO;
DUTRA; NAKATA, 2016).
Essas características variam entre os membros dessas gerações, pois os
valores, crenças e comportamentos, ou seja, a diversidade inerente a cada
indivíduo, proporciona uma diversificação entre os indivíduos (NÓBREGA;
SANTOS; JESUS, 2014; SARAIVA; IRIGARAY, 2009). Portanto, essa diferenciação
entre os indivíduos e seus grupos podem resultar em conflitos.
18

2.5 Conflitos
Conforme Duzert e Spinola (2018), os conflitos são divergências que existem
entre as pessoas ou grupos, que possuem como caracterização a tensão, emoção,
discordância e polarização, em que os laços são rompidos. De uma forma
simplificada, Rothmann e Cooper (2017) dizem que o conflito é quando uma parte
identifica que outra está lhe afetando negativamente ou afetará.
O conflito organizacional, pode ser conceituado como um confronto entre
pessoas ou grupos nas organizações, que leva certo tempo para desenvolver e não
ocorre em um instante e depois acaba. De forma simplificada, é aquele que ocorre
no âmbito organizacional, nas limitações das organizações e de suas questões
intrínsecas (SCHREIBER, 2018).
Portanto, Mc Shane e Von Glinow (2014) dizem que ocorre um conflito
quando umas das partes é interrompida na conquista de seus objetivos, ou apenas
se uma dessas partes perceber isso, ou seja, o conflito baseia-se em percepções,
mesmo que uma não seja verídica.
Para Ferreira (2010), a diversidade é um dos fatos geradores de conflitos nas
organizações. A grande diversidade de pessoas no mercado de trabalho pode
resultar em diferentes valores para cada indivíduo, pois existe a diversidade de cada
indivíduo no meio de todo o processo (TORRES; PÉREZ-NEBRA, 2014). A partir
desse ponto, podem desenvolver-se potenciais conflitos organizacionais, que
podem apresentar vantagens e desvantagens, conforme afirmação de Ferreira
(2010).
Além da questão da diversidade, os conflitos geralmente surgem por
diversos outros fatores, já que, para Berg (2012), a palavra conflito tem origem do
latim conflictus, que denota o choque entre duas coisas, embate de pessoas ou
grupo opostos, que lutam entre si, ou seja, é um embate entre duas forças
contrárias. Portanto, é necessário entender como ocorrem os conflitos nas
organizações e quais as suas causas, de acordo com o esquema representado pela
Figura 1.
19

Figura 1 - Modelo de processo de conflito

FONTES DE CONFLITOS
objetivos incompatíveis, diferenciação, interdependência,
recursos escassos, regras ambíguas e má comunicação.

PERCEPÇÕES E EMOÇÕES DO CONFLITO

Escalada Escalada
do Conflito do Conflito
CONFLITO MANIFESTO
 Estilo do conflito;
 Decisões;
 Comportamentos claros.

RESULTADOS DO CONFLITO
Positivos: decisões melhores, organização adaptável e coesão da equipe.
Negativos: estresse/moral, rotatividade, política, desempenho inferior e
informações distorcidas.

Fonte: adaptado de McShane e Von Glinow, 2014, p. 293.

Dessa forma, a Figura 1 mostra que o conflito pode ser causado por diversas
fontes, como objetivos incompatíveis, pois surgem diferenças de objetivos e valores
entre os colaboradores (SOUSA, 2016). A diferenciação é outro fator, pois as
pessoas possuem religiões, estruturas familiares diferentes, culturas e percepções
que variam de pessoa para pessoa e tendem para uma maior probabilidade de
desentendimentos (MCSHANE; VON GLINOW; 2014; SOUSA, 2016). A
interdependência também pode causar conflitos, pois a conclusão ou andamento
de uma tarefa que depende de outro setor pode gerar a insatisfação que evolui para
um conflito (MCSHANE; VON GLINOW; 2014; SOUSA, 2016).
O conflito organizacional também pode surgir devido aos recursos escassos
da organização, já que são limitados e compartilhados (JUNIOR, 2010). Além do
exposto, a organização deve ter atenção às regras que a regem, pois se forem
ambíguas, facilitará o desenvolvimento dos conflitos (MCSHANE; VON GLINOW,
2014). Todavia, a má comunicação também é um fator gerador de conflitos, sendo
20

que, para Levy et al. (2016), as falhas da comunicação organizacional são umas
das principais causas ou origens dos conflitos, pois podem gerar distorções,
provenientes de ruídos na comunicação.
Assim, levando os envolvidos às percepções e emoções do conflito, os
autores Robbins, Judge e Sobral (2010) afirmam que o conflito só é mensurado
quando percebido e afirmado, como representado nesse ponto, afinal, se ninguém
está ciente dele, então é consenso que não existe. Portanto, a partir da sua
percepção, por meio da escalada do conflito ocorre a manifestação de uma das
partes quanto ao conflito, através do seu estilo, das decisões dos conflitantes e da
organização, além dos comportamentos claros, podendo resultar em duas
perspectivas: a positiva e negativa, conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2 - Resultados do conflito


Positivos Negativos
Decisões melhores Estresse/moral
Organização adaptável Rotatividade
Coesão da equipe Desempenho inferior
Estímulo do interesse e da
Informações distorcidas
curiosidade
Motivação Política
Desperta a atenção para problemas Frustração, hostilidade e ansiedade
Pressão para a conformidade das
Testar e reduzir diferenças de poder pessoas
Dispersão de energia
Fonte: adaptado de Nadler, Hackman e Lawler III (1983), Mc Shane e Von Glinow (2014) e
Chiavenato (2015).

Desse modo, os conflitos, no âmbito organizacional, podem resultar


positivamente em decisões melhores, uma organização adaptável, estímulo do
interesse e da curiosidade, devido ao desafio que é apresentado (NADLER;
HACKMAN; LAWLER III, 1983; MC SHANE; VON GLINOW 2014). Podem aumentar
a coesão da equipe, pois a resolução do conflito apresentará os aspectos e os
objetivos em comum, bem como maior sinergia (NADLER; HACKMAN; LAWLER III,
1983; MC SHANE, VON GLINOW 2014). Ademais, há chance de aumentarem a
21

motivação para a tarefa, pois se o grupo ganha, seus membros se sentem mais
motivados no trabalho em equipe (CHIAVENATO, 2015). Ainda, podem despertar a
atenção para problemas, pois evidenciam e trazem à tona os problemas existentes
(NADLER; HACKMAN; LAWLER III, 1983; CHIAVENATO, 2015). Além de testarem
e reduzirem diferenças de poder, pois entre as partes envolvidas haverá ajustes
nesse sentido (CHIAVENATO, 2015).
Porém, sob um ponto de vista negativo, resultam no estresse/moral,
rotatividade, desempenho inferior, informações distorcidas e política, quando o
indivíduo gerenciar para ele próprio (MC SHANE; VON GLINOW 2014). Podem
resultar na frustração, hostilidade e ansiedade, pois as partes envolvidas podem
desgastar-se porque buscam ganhar no conflito, o que pode prejudicar o
desenvolvimento das tarefas, gerando um clima estressante (NADLER; HACKMAN;
LAWLER III, 1983; CHIAVENATO, 2015). Podem criar pressão para a
conformidade das pessoas, pois os esforços podem ser bloqueados durante a
busca para ganhar o conflito (CHIAVENATO, 2015). Os conflitos também podem
gerar uma dispersão de energia, já que os envolvidos gastam energia no conflito
enquanto poderiam investir na execução da tarefa (CHIAVENATO, 2015).
Além do mais, podem surgir ações de bloqueio e recusa à cooperação,
porque as partes tendem a bloquear a cooperação nas atividades que envolvem as
partes conflitantes, um bloqueio que não é benéfico para organização (NADLER;
HACKMAN; LAWLER III, 1983; CHIAVENATO, 2015). Além de distorções
perceptivas de que os objetivos e interesses da outra parte do conflito não são do
seu interesse e, assim, não deve cooperar (NADLER; HACKMAN; LAWLER III,
1983; CHIAVENATO, 2015).
Todavia, as diferenças de valores, objetivos, religiões, estruturas familiares,
culturas e percepções são citadas como a principal fonte de conflitos, e se percebe
que ambos têm relação direta com a questão das gerações e, consequentemente,
com seus possíveis conflitos (MCSHANE, VON GLINOW, 2014; SOUSA, 2016;
VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2016). Essas causas, portanto, podem surgir a partir
dos conflitos entre as gerações, logo, torna-se necessário entendê-los.

2.5.1 Conflitos de gerações


Em consonância com Chiuzi, Peixoto e Fusari (2011), destaca-se a
existência das diferenças e paridades entre as gerações, como a visão de mundo,
22

de autoridade, limites de comportamentos e valores, que afetam os indivíduos


diretamente e indiretamente, ou seja, há uma diversidade entre as gerações, que
detêm conjuntos diferentes de crenças, valores e prioridades.
Portanto, tais diferenças, somadas às respectivas desigualdes entre os
padrões de modelos mentais, são potenciais geradoras de conflitos
organizacionais, pois os valores, as crenças, a ética de trabalho, os motivos para
permanecer no emprego atual, as metas e os desejos profissionais para cada
indivíduo influenciam a estrutura da empresa e as características sociais, isso
devido às ações de cada indivíduo e à sua geração característica (COSTA et al.,
2014).
Já para Silva e Grosso (2014), as organizações precisam trabalhar a
singularidade e as conexões de cada geração, desde o processo seletivo,
treinamento, até comunicação, buscando a interação com as demais gerações que
estão no ambiente organizacional, de forma a reduzir a ocorrência dos conflitos.
Além disso, para Santos, Marrocos e Oliveira (2017), há mais similaridades entre
as gerações mais próximas do que entre as mais distantes, algo que diminui as
chances de conflito, devido a semelhança de valores entre eles.
Em uma perspectiva da geração Y, Comazzetto et al. (2016) afirmam que,
atualmente, os indivíduos da geração Y têm compartilhado o mesmo ambiente de
trabalho que as gerações baby boomers e X, assim, esse convívio tem gerado
conflitos de ideais e valores, elevando a rotatividade nas organizações. De acordo
com Dot (2019), o conflito entre as gerações é o principal desafio da gestão atual,
em que o gestor precisa compreender que cada geração possui sua forma de
aprender e lidar com os desafios e que essas diferenças entre elas precisam ser
respeitadas.
Segundo Costa et al. (2014) as ações de cada indivíduo, a diferença entre
gerações e suas características são potenciais geradoras de conflitos
organizacionais, pois os valores, as crenças, a ética de trabalho, os motivos para
permanecer no emprego atual, as metas e os desejos profissionais de cada
indivíduo influenciam a estrutura da organização e as características sociais. É
necessário analisar os conflitos de gerações na administração pública brasileira,
pois suas peculiaridades podem alterar a compreensão do processo de conflitos
entre as gerações.
23

2.3.2 Conflitos de gerações no setor público


Os conflitos de geração no setor público também são recorrentes. Por
exemplo, segundo Sousa e Gomes (2018), na Procuradoria Geral do Trabalho
(PGT), já ocorreram com 60% dos entrevistados, ou seja, eles afirmam que já
vivenciaram desentendimentos entre as gerações no seu atual ambiente de
trabalho. Os autores também constataram que os conflitos de gerações na PGT
ocorrem entre todas as gerações, porém a maior incidência ocorre quando da
chegada da geração Y com sua extrema empolgação.
Além do exposto, os autores identificaram como potenciais geradores desses
conflitos de gerações os fatores pessoais, como opiniões, visões, personalidades
diferentes, além da comunicação, como o modo de falar e a tecnologia. Todavia, a
solução, para eles, seria que os próprios indivíduos buscassem resolvê-los, pois
eles passam grande parte do tempo no ambiente de trabalho e, portanto, tentam
manter um clima harmonioso.

2.3.3 Conflitos de gerações no Senado Federal


O objetivo geral do estudo de Babadopulos (2014) foi verificar a existência
de um embate de valores entre servidores antigos e novos no Senado Federal. A
autora utilizou o procedimento metodológico de análise do Questionário de Perfis
de Valores de Schwartz aplicado para 177 servidores efetivos voluntários com 9
anos ou menos de Senado Federal e 20 anos ou mais de Senado Federal, entrantes
ou não por meio de concurso público.
No Senado Federal também há indícios de conflitos entre as gerações.
Conforme Babadopulos (2014), que propõe que diversos servidores de idades
variadas ingressam no serviço público, resultando em uma variação de faixas
etárias, verificando-se que parte deles trabalha a mudança. É demostrado que, no
Senado Federal, 44,63% da amostra apresentou abertura para mudança, mas,
37,85% demonstrou conservação. Portanto, Babadopulus (p. 34, 2014) diz que:

É curioso observar que, apesar de serem valores opostos, os servidores


novos apresentaram índices mais baixos que os antigos para ambos, o que
representaria a ideia contraditória de que aqueles estariam menos abertos
à mudança e seriam menos conservadores que estes.

Essa oposição dos valores apresentados, entre servidores novos


apresentaram baixos índices para mudança e conservação, em relação aos
24

servidores mais antigos, ou seja, demonstra a ideia de que os servidores mais


jovens são menos abertos a mudança e menos conservadores que os servidores
mais antigos, algo que pode estar direcionado aos conflitos de gerações no Senado
Federal.
Porém, Babadopulos (2014) não considerou a idade dos servidores como
variável em sua pesquisa, analisando o tempo de Casa e forma de ingresso,
entretanto, um novo servidor do Senado Federal não significa necessariamente que
seja uma pessoa jovem, tendo em vista que o Concurso Público recruta pessoas de
todas as idades.
Além do exposto, os resultados da autora indicaram que os servidores com
menos tempo de Senado Federal tem menor apego à tradição, à segurança e à
estimulação que os mais antigos (conservação), em comparação com os servidores
antigos que não fizeram concurso público apresentam índices mais altos em
estimulação e hedonismo/autodeterminação (abertura para mudança) que aqueles
que ingressaram por concurso.

3. MÉTODO

Esta seção abordara as técnicas de pesquisa e os métodos utilizados para o


alcance dos objetivos apresentados. A composição da sua estrutura é a seguinte:
caracterização do campo de estudo, descrição dos procedimentos metodológicos e
o detalhamento da amostra analisada.

3.1 Caracterização do campo estudado

O Senado Federal é parte do poder legislativo brasileiro, exercido pelo


Congresso Nacional, constituído pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal. Hoje, o Senado Federal é composto por 81 senadores, que representam
os 26 estados e o Distrito Federal, para mandatos de 8 anos (SENADO FEDERAL,
2019a).
As atribuições do Senado Federal são de legislar e fiscalizar, em que a função
legislar diz respeito a atos normativos primários, ou seja, aqueles cujo fundamento
provém da Constituição Federal, podendo instituir direitos ou criar obrigações.
Assim, podem ser reelaboradas emendas constitucionais, leis complementares, leis
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
Já a função de fiscalizar leva em consideração o art. 49, inciso X, da Constituição
25

Federal, em que consta a disposição de que o Congresso Nacional tem a


competência de fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo Federal (SENADO
FEDERAL, 2019b).
Portanto, “a estrutura administrativa do Senado Federal está dividida em três
áreas que compreendem os órgãos de assessoramento superior, órgão central de
controle e execução e órgão supervisionado” (SENADO FEDERAL, 2019c, p.1).
Atualmente, a Casa possui 2.002 servidores efetivos em exercício (SENADO
FEDERAL, 201d).

3.2 Descrição dos procedimentos metodológicos e amostra

Os métodos e as técnicas de pesquisa utilizados para o cumprimento dos


objetivos específicos propostos estão resumidamente expostos no Quadro 3.

Quadro 3 - Descrição sucinta dos métodos e técnicas de pesquisa


Objetivos
Abordagem Instrumento Amostragem Análise
específicos
Verificar se
realmente existem Roteiro semi-
Qualitativa Servidores Análise de
conflitos de estruturado
efetivos Conteúdo
gerações no de entrevista.
Senado Federal.
Identificar possíveis
Roteiro semi-
causas para a Servidores Análise de
Qualitativa estruturado
ocorrência ou não efetivos Conteúdo
de entrevista
desses conflitos.
Mapear iniciativas
para evitar ou Roteiro semi-
Qualitativa Servidores Análise de
minimizar a estruturado
efetivos Conteúdo
ocorrência desses de entrevista
conflitos.
Mapear a
Roteiro semi-
consequências dos Qualitativa Servidores Análise de
estruturado
conflitos de efetivos Conteúdo
de entrevista
gerações
Fonte: elaborado pela autora.

O estudo foi desenvolvido com base no método de procedimento de pesquisa


de campo, que possibilita uma melhor verificação dos conflitos entre as gerações
no Senado Federal tendo em vista que pode verificar no local do fenômeno e a
população envolvente as questões que causam ações conflitantes entre as
26

gerações, além de intermediar que os resultados sejam identificados. O método em


questão permitirá maior compreensão das causas dos conflitos entre as gerações
além de possibilitar uma resposta específica para o problema apresentado (GIL,
2002).
A natureza da pesquisa classifica-se como descritiva, porque buscou
descrever o fenômeno dos conflitos e suas relações com as gerações, de modo que
os dados coletados foram separados e analisados por meio da referência literária
sobre gerações tema (PRODANOV; FREITAS, 2013).
A abordagem foi classificada como qualitativa, porque possibilitou um
confronto entre a literatura apresentada, proveniente da pesquisa descritiva, com os
resultados da coleta de dados sobre os conflitos entre as gerações baby boomers,
x, y e z, além da coleta de informações em campo. Essa abordagem possibilitou
uma melhor compreensão do assunto, tendo em vista a proximidade da
pesquisadora com o assunto tratado (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Para a coleta de dados, foi utilizado como instrumento um roteiro de
entrevista semiestruturado (Apêndice A). O instrumento utilizado na coleta de dados
é composto por perguntas e tópicos que seguem o referencial teórico apresentado,
além da área de atuação do entrevistado no Senado Federal e as diferentes
gerações. A construção do roteiro de entrevista ocorreu a partir dos objetivos
específicos e do referencial teórico desta pesquisa.
A amostragem foi não probabilística por conveniência, sendo que a amostra
foi composta por servidores efetivos de diferentes idades e datas de ingresso, bem
como gestores. A mostra foi dividida em dois grupos, sendo o primeiro formado por
servidores efetivos de até 10 anos de Senado Federal, já o segundo grupos é
composto por servidores efetivos com mais 20 anos de Senado Federal. O objetivo
foi buscar uma diferenciação na fonte de coleta, buscando uma variação de
percepções entre as gerações e o período de ingresso dos entrevistados e, assim,
compreender melhor o fenômeno investigado (AZEVEDO et al., 2013).
A coleta de dados foi realizada no período de 07/10 até 17/10 de 2019. No
princípio, foi entregue uma carta de apresentação (Apêndice B) aos gestores da alta
administração, bem como aos responsáveis pelos setores dos possíveis
entrevistados.
Após autorização, as entrevistas aconteceram em salas reservadas no local
de trabalho de cada entrevistado no Senado Federal, para maior liberdade e para
27

uma melhor qualidade das gravações de áudio. Os horários para as entrevistas


foram acordados anteriormente com cada um dos entrevistados por meio de e-mail
e contato telefônico, de acordo com a disponibilidade deles. Ademais, no início da
entrevista foi lida, assinada e entregue uma cópia ao entrevistado do termo de
consentimento livre e esclarecido (Apêndice C).
Foram entrevistados 12 servidores do Senado Federal de diversas gerações,
sendo o servidor mais novo entrevistado com 31 anos, pertencente a Geração Y, já
o servidor de maior idade entrevistado possui 71 anos, pertencente a Geração Baby
Boomer, cujo perfil sócio demográfico é exibido no Quadro 4.

Quadro 4 – Perfil sócio demográfico


Forma de Tempo
Gênero Idade Geração Grupo
Ingresso de Casa
Baby
P1 Masculino 53 anos Concursados 27 anos 1
Boomer
Baby
P2 Masculino 55 anos Concursados 24 anos 1
Boomer
Baby
P3 Feminino 55 anos Concursados 26 anos 1
Boomer
P4 Feminino 35 anos Y Concursados 5 anos 2
P5 Masculino 48 anos X Concursados 27 anos 1
P6 Feminino 33 anos Y Concursados 5 anos 2
P7 Feminino 34 anos Y Concursados 5 anos 2
P8 Masculino 37 anos Y Concursados 10 anos 2
P9 Masculino 31 anos Y Concursados 5 anos 2
Baby
P10 Masculino 55 anos Concursados 9 anos 2
Boomer
Baby
P11 Masculino 55 anos Concursados 34 anos 1
Boomer
Baby
P12 Feminino 71 anos Concursados 23 anos 1
Boomer
Fonte: elaborada pela autora, com base em dados coletados.
28

Os servidores com mais de 20 anos de Casa, foram alocados no Grupo 1


(G1), já os servidores com até 10 anos de casa foram alocados no Grupo 2 (G2).
Entre os entrevistados, o servidor com maior tempo de serviço no Senado Federal
foi o Entrevistado 11 – G1, sendo 34 anos, já os servidores entrevistados com menor
tempo de serviço no Senado Federal foi o Entrevistado 4 – G2, Entrevistado 6 – G2,
Entrevistado 7 – G2 e Entrevistado 9 – G2, todos com 5 anos de Casa. A amostra
em questão, ingressou no Senado Federal através dos concursos públicos de 1996,
2002, 2008 e 2012, além do “trenzinho da alegria”, período anterior a era dos
concursos públicos.
Os dados obtidos na entrevista foram analisados por meio da técnica de
análise de conteúdo, composta por procedimentos técnicos e objetivos que
permitem maior esclarecimentos das informações coletadas, a análise de conteúdo
é uma metodologia voltada para ciências sociais que estuda o conteúdo de textos
e comunicações em uma abordagem qualitativa, por meio da análise em que a
ocorrência de determinados termos e referências de determinado dado aparece
(BARDIN, 2016). Assim, foi feita em duas partes: a primeira foi pré-categórica,
quando se analisou os dados face à literatura apresentada anteriormente; e a
segunda foi pós-categórica, com categorias criadas pela autora para melhor
representação dos resultados alcançados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta seção expõe os resultados alcançados a partir da análise de dados,
observando as percepções de indivíduos dos diferentes estratos, bem como as
diferenças entre as gerações dos participantes (baby boomer, X e Y), sendo que as
subdivisões guardam relação com os objetivos específicos deste estudo.

4.1 Conflitos de gerações no Senado Federal


Em síntese, foi possível verificar alguns dos conflitos no Senado Federal
podem ser ocasionados pelas diferenças entre as gerações dos servidores.
Um exemplo de fala sobre isso é: "[...] a pessoa mais antiga não quer ser
comandada pelo mais novo ou com menos instrução e vice e versa. Isso até hoje e
muito recorrente” (P1). Nesse sentido também é o alegado pelo P5: "[...] uma colega
e um colega, ela da minha idade e ele perto de aposentar, aí teve um conflito feio
29

por causa de diferente de ideias”. Além disso, para o P12, “[...] a diferença de idade,
ela sempre gera conflito, são comportamentos novos, até valores novos [...]”.
De maneira complementar, abaixo são apresentadas as respostas mais
significantes a respeito das diferentes gerações como causadoras de conflitos para
as pessoas que ingressaram há mais de 20 anos no Senado Federal:

[...] já não sei se por causa da geração, porque a gente vê tanta gente nova
se dando bem com pessoas mais velhas, mas eu já vi sim pessoas mais
velhas e mais novas em conflito (P6).

Já sofri preconceito sendo chamada de menina, garota, ela achava que


poderia passar por cima de mim, quem você pensa que é, você é só uma
menina (P7).

[...] a administração aceitava bem menos caos, hoje a gente é bem mais
flexível e entende que o caos faz parte da maioria dos processos, e na
minha cabeça era obvio que essa sensibilidade era possível, porque eu
estava com essa visão de todas as áreas e ela não, ela achava que eu
estava tentando me esquivar, que eu era folgado, que me justificava, a
gente teve um conflituzinho ali (P9).

Eu acho que uma desconfiança mútua assim, uma crença nos jovens de
que pessoas antigas são pessoas obsoletas e pessoas mais antigas
desconfiando de pessoas com boa bagagem acadêmica, com pouca
experiencia de vida (P10).

Me reportaram... teve um caso de uma servidora recém ingressada no


Senado, ela é muito difícil, muito... contraria a hierarquia e o nosso atual
chefe de gabinete ele era diretor de uma secretaria e o nome da secretaria
mudou e ela estacionou na vaga dele de como diretor, e então essa sigla
não existe mais, então manda trocar a placa e manda coloca o nome na
placa... Muito arrogante... (P10).

Já os servidores efetivos que ingressaram há 10 anos no Senado Federal


disseram o seguinte sobre os conflitos de gerações:

Pessoas mais velhas têm tendência a ser mais relutante a tecnologia com
dificuldades a manusear, a todo tempo usa o jargão na minha época, para
justificar a sua dificuldade de acompanhar o que está acontecendo,
principalmente na parte tecnológica (P1).

[...] tivemos momentos, logo no início, teve uma certa separação. Hoje
amenizou, mas no início os novos se destacavam, com grupos de
whatsapp só deles, até expulsando os mais velhos do setor, com setores
que só tem pessoas novas. Eles chegam, novos de idade e a nova geração
de trabalhadores, primeiro com preconceito, achando que eles podem
reinventar a roda (P2)

Além dos conflitos de gerações, os entrevistados citaram a existência de


conflitos de ideias, conflitos organizacionais e conflitos de valores. Para
Babadopulos (2014), servidores de idades variadas ingressam no Senado Federal,
30

resultando em uma variação de faixas etárias, entretanto não foi analisada em sua
pesquisa a idade dos servidores como variável, sugerindo que o fator de geração
possa ser uma das causas desses conflitos. Observou-se que os entrevistados
percebem o conflito entre os servidores do Senado Federal como sendo causado
parte pela diferença de gerações, mas com associação a outras diversas causas,
conforme será demonstrado na próxima subseção. Todavia, a percepção dos
entrevistados em relação a existência dos conflitos é a mesma, ou seja, eles
confirmam a existência dos conflitos de gerações no Senado Federal.
Portanto, analisando a literatura, em conformidade com Chiuzi, Peixoto e
Fusari (2011), o conjunto de crenças, valores e prioridades pode ser fator gerador
de conflitos entre as gerações. A diferença entre gerações e os respectivos padrões
de modelos mentais são potenciais geradores de conflitos organizacionais (COSTA
el al., 2014). Para Costa et al. (2014) as ações de cada indivíduo, a diferença entre
gerações e suas características também são potenciais geradores de conflitos
organizacionais. Entretanto, valeu ressaltar que Santos, Marrocos e Oliveira (2017),
as gerações mais próximas têm maior similaridade, o que diminui as chances de
conflito, devido à semelhança de valores entre eles.

4.2 Percepções de fontes ensejadoras para a ocorrência ou não desses


conflitos
Como apresentado no tópico anterior, as percepções de fontes ensejadoras
para os conflitos são diversas e o fator geração não é a única causa citada pelos
entrevistados. Constatou-se que os entrevistados não categorizam o conflito de
gerações unicamente pela diferença de gerações, mas sim pela diferença de
valores e variados outros fatores que somados à idade podem ocasionar um
embate. Portanto, no Quadro 5 são listadas as percepções de fontes ensejadoras
dos conflitos, a partir dos temas e das categorias criados na análise de conteúdo.

Quadro 5 - Percepções de fontes ensejadoras dos conflitos


31

Percepções de fontes ensejadoras dos conflitos


Execução das Valores
Suporte Material Gestão
Tarefas Individuais
Uso do ar
Empenho do Mudança de chefia
condicionado Preconceito (P8);
servidor (P2); (P11);
(P1);
Mudança do
Automação de Conquista de Desconfiança
layout da sala de
processos (P5); cargos (P6); mútua (P10);
trabalho (P5);
Relutância em
Apego às atividades Horário de trabalho
aceitar o novo
(P4); (P7);
(P1);

Modelos diferentes Empenho do


de gestão (P9); servidor (P6)
Material de
escritório e Questões políticas Diferença de
ferramentas (P8); objetivos (P5);
(P12). Regras gramaticais
(P11); Mudanças nas
normas (P1);
Diferença de idade
Diferença no tempo (P1, P2, P5, P6,
de trabalho no P7, P9, P10, P12);
Senado Federal
(P7);

Fonte: elaborado pela autora.

A categoria suporte material “[...] reflete a percepção do indivíduo sobre a


disponibilidade, adequação, suficiência e qualidade dos recursos materiais e
financeiros fornecidos pela organização para apoiar a execução eficaz das tarefas
(PASCHOAL; TORRES; PORTO, 2010). Retrata fontes de conflito ligadas ao
ambiente físico do Senado Federal que pode ser um gerador de conflito, como por
exemplo o uso do ar condicionado e o material de escritório.
A categoria de execução de tarefas retrata a forma como as tarefas são
desenvolvidas pelos servidores. São as variáveis pessoais conexas a execução da
tarefa em questão, como a competência específica do indivíduo que executa, assim,
o modo de execução varia de acordo com as experiências anteriores da pessoa e
características do momento de execução da tarefa (PASQUALI et al., 1981).
Uma definição para “gestão é lançar mão de todas as funções e
conhecimentos para través de pessoas atingir os objetivos de uma organização de
forma eficiente e eficaz” (DIAS, 2002, p. 11). Portanto, a categoria de gestão diz
32

sobre a forma que a administração lida com a equipe e pode resultar em conflito
para os servidores.
A última categoria diz sobre os valores individuais, que são aqueles inerentes
a cada indivíduo, responsáveis por guiar as atividades e a atuação (JUNIOR;
RIBEIRO, 2018). Podem resultar em conflitos a partir da percepção da diferença
desses valores e de objetivos.
Os entrevistados citaram diversos exemplos de conflitos interpessoais no
Senado Federal, entretanto poucos são ligados diretamente às gerações, ou seja,
os conflitos existem, mas as causas não são unicamente a diferença de geração. A
literatura, segundo McShane e Von-Glinow (2014), diz que objetivos incompatíveis,
diferenciação, interdependência, recursos escassos, regras ambíguas e má
comunicação são fontes de conflitos organizacionais, algo que pode ser em parte
visto no Senado Federal, principalmente na questão dos objetivos incompatíveis.

4.3 Percepção de iniciativas para evitar ou minimizar a ocorrência dos


conflitos

As percepção de iniciativas realizadas pelos gestores para evitar ou


minimizar os conflitos são: ouvir as partes envolvidas (G1; G2), mediação por parte
do gestor (G1), não alimentar o conflito (G2), ceder (G1; G2), entender a pessoa
(G1), conversar (G1), identificar a causa e trabalhar (G1) e feedback (G1). Em uma
análise da percepção de iniciativas realizadas para evitar ou minimizar a ocorrência
dos conflitos no Senado Federal, os entrevistados citaram diversas ações, que
podem ser divididas nos temas medição e treinamento, conforme destacadas no
Quadro 6.

Quadro 6 – Percepções de iniciativas


Percepções de Iniciativas

P11; P2; P6; P8; P9;


ção
Me
dia

Conversas;
P12.
33

Rodízio P9.

Conscientização (normas, conhecimento das leis); P2;


Atividades fora do Senado Federal; P5;
Programa de Formação Gerencial; P1;
Treinamento

Programa ‘Experiência do Convidado’; P9;


Profissionalização P12;
Atualização (tecnológica) P12;
Oficinas no Instituto Legislativo Brasileiro – ILB P10;
Programa de Formação Gerencial; P10.

Fonte: elaborado pela autora.

As categorias em questão são de mediação e treinamento. Portanto, “o


significado mais coerente de mediação vincula-se à ideia de intermediário”
(SIGNATES, 1998, p. 38). A categoria de mediação diz sobre as formas de lidar
com os problemas atuais da organização e problemas futuros que possam ocorrer,
por intermédio de um mediador.
A categoria de treinamento diz sobre formas de capacitar os servidores para
saber como evitar ou minimizar os conflitos de gerações na Casa. Portanto, o
“treinamento é um processo de assimilação cultural em curto prazo, que objetiva
repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionadas
diretamente à execução de tarefa ou à otimização no trabalho” (JUNIOR, 2002, p.
30).
As iniciativas apresentadas, buscam a redução dos conflitos a partir da sua
percepção, porém, vale salientar que diante de tantas causas não é possível prevê
que um conflito poderá surgir. Segundo o P11:

Assim, o conflito você não tem como prevê, começa a surgir e aí você
percebe que começou um conflito, então eu acho que ação preventiva é
difícil de tomar, a ação corretiva, pra minimizar o conflito sempre foi de
conversar, ouvir os pontos de um os pontos de outros e tentar um acordo
ali, até chegar num ponto de não resolver de tirar uma pessoa do setor,
mas foi o que fiz temporariamente, com todo cuidado para a pessoa não
se sentir preocupada, chateada.
34

Somente a partir da sua percepção e escalada por uma das partes que o
conflito é manifestado, como afirmado acima e reforçado na literatura por McShane
e Von-Glinow (2014).

4.4 Mapear a consequências dos conflitos de gerações

Assim, diante das percepções de iniciativas, os conflitos analisados no


Senado Federal resultaram na consequência positiva de comunicação, exposto no
Quadro 7.

Quadro 7 - Consequências Positivas

Consequências Positivas
Conversa P1; P4; P6; P7; P8; P9

Fonte: elaborado pela autora.

A consequência positiva, citada nas entrevistas, em parte, corrobora com o


pensamento encontrado na literatura e apresentado pelos autores Nadler,
Hackman, Lawler III (1983) Mc Shane e Von Glinow (2014) e Chiavenato (2015).
Desse modo, os conflitos, no âmbito organizacional, podem resultar
positivamente em decisões melhores, uma organização adaptável, estímulo do
interesse e da curiosidade, coesão da equipe, maior sinergia, aumento da
motivação, atenção para problemas, além de testarem e reduzirem diferenças de
poder (NADLER; HACKMAN; LAWLER III (1983), MC SHANE; VON GLINOW
(2014); CHIAVENATO, 2015).
Portanto, em uma outra perspectiva, as consequências negativas dos
conflitos de gerações no Senado Federal são apresentadas no Quadro 8, divididas
nos grupos de afastamento das partes, questões sentimentais e impactos
administrativos.

Quadro 8 - Consequências Negativas


Consequências
35

Demissão P1; P11

Afastamento das
Aposentadoria P8
partes Mudança de lotação forçada P2; P10; P11
Mudança de lotação a pedido P8
Resolveu ir embora por conta própria P8

Chateação P9
Negativo

psicológicos
Impactos

Esgotamento profissional P5

Postergar P5; P2

Desgaste P5
administrativos

Atestado P5
Impactos

Interferência em questões técnicas P8

Nota. Fonte: elaborada pela autora.

A categoria de afastamentos das partes retrata o modo negativo que ocorreu


a separação das partes conflituosas. Em uma perspectiva jurídica, o afastamento
das partes significa a ação imediata de distanciar as partes da administração do
conflito e sua sujeição aos procedimentos e atos processuais ditados (MELLO;
BAPTISTA, 2011).
A categoria de impacto psicológico retrata os impactos negativos para os
servidores, como por exemplo o esgotamento profissional, popularmente
conhecimento como a vontade de não comparecer ao trabalho, além da ação de
postergar, ou seja, deixar para depois. A última categoria, relaciona os impactos
administrativos para a administração pública.
Em relação às consequências negativas, é necessária muita atenção da
organização, tendo em vista que muitos fatores foram citados. Segundo a literatura
proposta por Nadler, Hackman e Lawler III (1983), Mc Shane e Von Glinow (2014)
e Chiavenato (2015) pode também ser citado como resultados negativos dos
conflitos o estresse/moral, rotatividade, desempenho inferior, informações
distorcidas, política, frustração, hostilidade e ansiedade, pressão para a
36

conformidade das pessoas e a dispersão de energia. Portanto, as iniciativas já


citadas pelos entrevistados podem ser uma forma de evitar ou minimizar as
consequências negativas dos conflitos de gerações no Senado Federal.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluída a seção de resultados e discussão, é plausível afirmar que os


objetivos definidos inicialmente para esta pesquisa foram alcançados de maneira
satisfatória. A pesquisa buscou responder as seguintes perguntas: As gerações
presentes no ambiente organizacional do Senado Federal são conflituosas? Quais
são fatores interferentes nos conflitos entre as gerações no Senado Federal? Desse
modo, foi possível identificar que o os conflitos entre gerações nos setores do
Senado Federal que os participantes atuam existem, mas estão associados a outras
causas, como conflitos de ideias, organizacionais e de valores, esses conflitos estão
ligados ao suporte material, execução das tarefas, gestão e valores individuais. Foi
realizada uma comparação dos pontos positivos e negativos resultantes dos
conflitos nos setores do Senado Federal que os participantes atuam.
Além do mais, para o questionamento sobre quais as iniciativas dos gestores
para a solução de conflitos de geração no Senado Federal, foi possível mapear
iniciativas para evitar ou minimizar a ocorrência desses conflitos, sendo elas:
reunião, diálogo, conversas, interação, reuniões, conversa, feedback, rodízio,
conscientização (normas, conhecimento das leis), atividades fora do senado
federal, programa de formação gerencial, programa ‘experiencia do convidado,
aulas, profissionalização, atualização (tecnológica), treinamentos, oficinas no
instituto legislativo brasileiro – ILB e o Programa de Formação Gerencial I,
mostrando que a Casa está desenvolvendo soluções presentes e futuras para os
conflitos.
A presente pesquisa pode contribuir para os setores do Senado Federal que
os participantes atuam, uma vez que os resultados obtidos podem auxiliar na
tomada de decisões dos diversos gestores do órgão, que podem implementar novas
ações corretivas para a minimizar ou evitar os conflitos, como sensibilização dos
servidores, qualidade de vida, projetos motivacionais, interação entre a equipe,
clima organizacional e outros.
Relativamente às limitações deste trabalho, vale ressaltar que o fato de ser um
estudo de campo realizado em uma única organização, limitando a aplicabilidade
37

dos resultados para outros órgãos públicos. Outra limitação foi em relação as
pesquisas, como o horário e o engessamento dos servidores em fornecer
informações.
Sugere-se que pesquisas futuras realizem o estudo não apenas no Senado
Federal, mas também na Câmara dos Deputados, objetivando analisar o âmbito do
legislativo federal com maior número amostral de servidores efetivos das duas
Casas Legislativas.
Por fim, os conflitos de geração nos setores do Senado Federal que os
participantes atuam foram identificados como uma das possíveis fontes de conflitos,
resultando de forma positiva e negativa na Casa, entretanto a gestão desta
organização já atua com ações para minimizar ou evitar, através da mediação e
treinamento desses conflitos entre os servidores efetivos da Casa.
38

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44

Apêndice A: Roteiro de Entrevista

O presente roteiro é uma ferramenta de auxílio à pesquisa para a coleta de dados


com vistas a compor o Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Naísa Maria da
Silva Bernardes, matrícula 1522792, sob a orientação do Prof. MSc. Felipe
Guimarães Côrtes da Escola de Administração de Brasília, do Instituto Brasiliense
de Direito Público (EAB/IDP). As informações coletadas por meio deste instrumento
serão utilizadas em caráter estritamente acadêmico. A solicitação de sigilo das
informações prestadas será respeitada.

Roteiro de Entrevista
1. Como você reage a situação de conflito interpessoais no ambiente de
trabalho?
2. Quais as causas dos últimos conflitos vivenciados por você aqui no Senado?
2.1. Fora as causas por você mencionadas, comente se e porque os fatores
abaixo já deram origem a algum conflito:
 Diferença de objetivos;
 Diferença de valores;
 Diferença de idades;
 Diferença de idade;
 Diferença no tempo de trabalho no Senado Federal;
 Mudanças.
3. Como você enxerga os servidores que ingressam no Senado Federal (nos
últimos 10 anos / há mais de 20 anos)?
4. Quais foram os resultados dos conflitos pelos quais passou?
5. Como o(s) gestor(es) lidou(ram) com esses conflitos?
6. Que iniciativas, com o intuito de minimizar a ocorrência desses conflitos você
já presenciou?
7. Você já presenciou algum conflito entre servidores de diferentes gerações?
7.1. Quais foram as causas?
45

7.2. Quais foram os resultados?


7.3. Como o gestor lidou com o conflito?
7.4. Que iniciativas você julgue pertinentes para evitar ocorrências similaridades?
46

Apêndice B: Carta de Apresentação

Ao Senhor [...]

Cumprimentando-o cordialmente, gostaria de me apresentar e expor a seguir a


pesquisa que estou realizando no âmbito do Poder Judiciário federal brasileiro.
1) Meu nome é Naísa Maria da Silva Bernardes, sou estudante do curso de
Graduação em Administração Pública do Instituto Brasiliense de Direito Público
(IDP), por meio da Escola de Administração Pública (EAB), matriculado pelo número
1522792.
2) Sou atualmente Estagiária do Senado Federal, lotada no Serviço de Policiamento
(SEPOL).
3) Sou integrante do Grupo de Pesquisa em Comportamento Organizacional e
Gestão de Pessoas no Setor Público (CNPQ) da Escola de Administração de
Brasília do Instituto Brasiliense de Direito Público (EAB/IDP), liderado por três
professores, dentre eles o meu orientador, o Professor MSc. Felipe Guimarães
Côrtes. O grupo é destinado aos alunos que tenham interesse em aprofundar os
estudos e a reflexão acerca da comportamento humano e da dinâmica da gestão
de pessoas no contexto de organizações públicas, com ênfase nos seus processos,
seus modelos estratégicos, a exemplo da gestão por competências, bem como de
sua interface com as relações de poder derivadas da política organizacional.
4) Neste semestre estou realizando o meu Trabalho de Conclusão de Curso,
intitulado: “Conflitos de Gerações no Senado Federal”.
5) A primeira etapa do trabalho será desenvolvida por meio de coleta presencial de
dados (entrevistas ou grupos focais) com servidores ativos do Senado Federal, com
duração aproximada de, no mínimo, 1 hora, e, no máximo, 2 horas com cada
participante.
6) Reitero que serão respeitadas todas as solicitações de sigilo de informações, não
se fazendo necessária a identificação das pessoas envolvidas. O assunto abordado
somente será discutido no âmbito do Grupo de Pesquisa e eventos científicos. De
47

forma alguma farei uso do material de maneira diferente do acordado ou que possa
comprometer a organização e os entrevistados.
Assim, uma vez apresentadas as motivações, caso seja de anuência de Vossa
Senhoria contribuir para essa pesquisa, solicito-lhe, por gentileza, indicar os dias e
horários que melhor se adequem às atividades de seu setor e dos possíveis
participantes, de forma que eu possa me apresentar para a coleta dos dados.
Para contatar-me, é possível utilizar o telefone (61) 98330-4504 ou o endereço
eletrônico naisamaria@bol.com.br Para contatar o meu orientador, é possível
utilizar o endereço eletrônico felipe.cortes@idp.edu.br.
Cumprimentando-o cordialmente, gostaria de me apresentar e expor a seguir a
pesquisa que estou pretendendo realizar no âmbito do Senado Federal.

Obrigado,

Atenciosamente,

Naísa Maria da Silva Bernardes


Acadêmica em Administração Pública

Ciente e de acordo,

Professor MSc. Felipe Guimarães Côrtes


Orientador
48

Apêndice C: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título do Projeto: Conflitos de Gerações no Senado Federal


Pesquisadora Responsável: Naísa Maria da Silva Bernardes
Orientador: Felipe Guimarães Côrtes
Telefone para contato: (61) 98330-4504

Convidamos Vossa Senhoria a participar da Pesquisa intitulada “Conflitos de


Gerações no Senado Federal: confirmação, causas, consequências e gestão”, sob
a responsabilidade da pesquisadora Naísa Maria da Silva Bernardes, a qual
pretende identificar os fatores interferentes nos conflitos de gerações de servidores
no Senado Federal.
A participação é voluntária e se dará por meio de entrevista, com a aplicação de um
roteiro semiestruturado, conduzida em seu próprio local de trabalho. Será obtidas
cópias gravadas do áudio produzido durante essas ocasiões de coleta de dados, de
forma a facilitar a transcrição e a análise posteriores.
Caso Vossa Senhoria aceite participar, estará contribuindo para a melhor
compreensão das práticas de gestão de pessoas, especialmente aquelas
relacionadas à avaliação de desempenho e sua evolução no âmbito do setor
público.
Após consentir em participar, caso Vossa Senhoria desistir de continuar
participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer
fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do
motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. A participação não gerará nenhuma
despesa e também não ensejará nenhuma remuneração. Os resultados da
pesquisa serão analisados e publicados, mas a identidade dos participantes não
será divulgada, sendo guardada em sigilo. Para qualquer outra informação, o
pesquisador e seu orientador estão à disposição por meio dos contatos informados.
Consentimento Pós–Informação
Eu,
__________________________________________________________________
, fui informado sobre as atividades que o pesquisador pretende conduzir e porque
precisa da minha colaboração, entendendo a explicação. Por isso, eu concordo em
participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando
quiser. Este documento é emitido em duas vias, que serão ambas assinadas por
mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.

Brasília, _____/_____/________

______________________________ ______________________________
Assinatura do participante Assinatura do pesquisador responsável

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