Texto Fernanda Otoni
Texto Fernanda Otoni
Texto Fernanda Otoni
que acontece
próprio, suportando o desconforto da sua diviso. quando
fala em nome cada um
E desejável que
Seja assim!
o pensamento
Desde Freud, dispensamos singularidade do
Sinthoma de cada u m .
a
dos modos de viver gozo,
o
diversidade u m destino ao gozo,
se trata de dar
análise sabe que ali se confessa e
Quem faz coletivas.
além das soluções
sempre mais o discurso capitalista promete e
em escala universal,
Porém, hoje, u m a ordem de
A felicidade é anunciada c o m o
decreta para todos: Goze! Seja feliz!
e que não
admite exceções, formatando os pro-
ferro. Uma ordem "para todos hedonista,
desse universo
tocolos dagestão democrática. Por um lado, brotam,
sozinhos e vivem da vantagem
de não precisar
de Um(s) que falam
aglomerados bas-
nenhuma instituição o u ideal, sendo
de ninguém, de não ter que responder a
Cada qual "no seu
tante e suficiente a parceria objeto do gozo.
solitária com o
E agora, José?
2012
Fernanda Otoni de Barros-Brisset
Essa vinhcta de caso público nos adverte de que a causa não faz par,
Contudo, alcança-se o campo social; quando o gozo de cada um se esparrama
no tabuleiro público e o transtorna, cstamos diante de um fator de política, de
modo mais amplo. Aopiniäo pública se divide, os mecanismos de gestão da
desordem são acionados, c cada um responde
pelo impossivel de governar de
seu
gozo. Com Freud, digamos, são as vicissitudes da
pulsão. A história da
humanidade encontra aqui sua matéria indizível.
Para alcançar o seu fim, Freud afirma
que o objeto da pulsão pode ser
qualquer um. Isso só quer satisfazer-se, por todos os meios. Entra nas
extraindo satisfação de brechas,
pequenas e "pequetitas revoluções, a cada vez.
Ze não roubou, era um jovem de classe média e continua
dizem que não sendo,
enriqueceu na política. E pena que ele se tenha deixado iludir, que
nao tenha
encontrado outros meios que os ilícitos
para seguir com sua causa. E
pena. E a
pena. Zé, um jovem infrator.
sua
r e c u r s o s uma
dem incessante quc está na basc de seu fundamento. Com quais
não cessa?
sociedade pode contar para regular isso que
teremos oportunidade de discutir
Hoje e amanh , cm diversas mesas,
modos universais de tratamento das cscolhas forçadas
da pulsão,
e questionar os
de violéncia, a intoxicação generalizada, dro-
quando estão em questão os atos
as indisciplinas relativas às regras cscolares,
às agitações do
gas licitas e ilícitas,
diversos
espectros do autismo do ser, etc. Questionaremos o
corpo infantil, os
singulares da nossa clínica.
universal impossivel por meio das respostas
Cabe à psicanálise, por sua experiencia, esclarecer a política mais ampla
limpar das cidades as mar-
impossivel em jogo, quando se trata de
tentar
sobre o
se depreende da
rece ao mundo atual o que ela sabe sobre divisão. Aquilo que
experiència analítica a psicanálise oferece e põe à disposição, nos debates de
sociedade. A psicanálise, quando toca na divisão, faz política.
Os analistas sabem que o que divide é o gozo, mas, mesmo os não in1-
ciados na epistêmica lacaniana, também são esclarecidos. O povo sabe: as pai-
xões nos dividem. Eé frente a essa divisão que o sujeito toma a decisão que lhe
concerne, responsável por seu destino.
Nesta Jornada, procuramos criar as condições materiais para que a
força do controverso encontre o modo de sua expressão. Quando está em jogo
o império da dominação, isso acaba produzindo o sossego que faz dormir.
Desejamos vocés bem despertos, nesta Jornada.
Cuidamos de estruturar o programa para que cada um tenha as condi-
ções materiais para apresentar a força que advém de sua causa e de sua divisão
e
2013
fernanda 0toni de Barros-BriSset
Agradecimentos
jul-dez | 2012
MG n.35 | p.35-46
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