01 - Introdução Do Dr. James Dubois À Versão Americana Da Obra "Teoria e Terapia Das Neuroses", de Viktor Emil Frankl.
01 - Introdução Do Dr. James Dubois À Versão Americana Da Obra "Teoria e Terapia Das Neuroses", de Viktor Emil Frankl.
01 - Introdução Do Dr. James Dubois À Versão Americana Da Obra "Teoria e Terapia Das Neuroses", de Viktor Emil Frankl.
Agradecimentos
1
Gordon Allport escreveu o prefácio de A Busca de Sentido (Frankl, 1962). Na ultima linha, ele chama a
logoterapia de “o movimento psicológico mais importante da atualidade”.
Viktor Frankl lhe permitiu conciliar estes dois mundos: os mundos da
experiência vivida e da ciência e prática médica.
Este livro, mais do que qualquer outro livro que ele escreveu,
apresenta Frankl como um filósofo-psiquiatra, um teórico imerso na prática
médica. Como o título sugere, apresenta sua teoria e terapia abrangentes
dos transtornos mentais. E, neste livro, vemos que os dois elementos da
teoria e terapia estão intimamente relacionados. Não importa qual
transtorno ou tratamento é discutido, a abordagem que Frankl desenvolve
em Teoria e terapia de Transtornos Mentais (TTTM) segue um caminho
consistente:
Teoria do Conhecimento
2
Como é comum na filosofia continental, Frankl usa o termo antropologia como filosofia da pessoa
humana.
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Frankl desenvolve sua metapsicologia principalmente nos seguintes trabalhos: The Unheard Cry for
Meaning (1978), Psicoterapia e Existencialismo (1985), Psicoterapia e Sentido da Vida (1986), A Vontade
de Sentido (1988), o livro de mesmo titulo com conteúdo diferente, Der Wille zum Sinn (1991) e Der
Leidende Mensch (1990), que inclui reedições de Homo Patiens e Der unbedingte Mensch.
psicoterapia nós temos não só o direito, mas o dever de afirmar nosso
viés, desde que estejamos conscientes disso (Frankl, 2000, p. 126).
5
Ao longo da introdução, falo frequentemente de “pacientes”. Isto é porque o foco de Frankl em TTTM
está no cuidado dos pacientes psiquiátricos. Naturalmente, o termo clientes ou simplesmente pessoas
seriam muito mais apropriados em certos contextos.
3. A possibilidade de aplicar a logoterapia, mesmo diante de doença
incurável – uma vez que valores de atitude podem sempre ser realizados.
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Isso inclui sobreposições com outros livros. Mesmo que o sistema de categorização e a maioria dos
casos em TTTM sejam exclusivos dele, aqueles familiares com seus livros em inglês irão reconhecer
algumas histórias, exemplos e comentários. Em parte, isso é porque alguns de seus livros em inglês,
como A Vontade do Sentido, não são meramente traduções, foram escritos em inglês. Então, é natural
que ele tenha incorporado eles algum material de obras não traduzidas.
categorização de transtornos mentais rapidamente se desvia de seu esquema
de eixo duplo anterior.
Frankl parece ter essa questão em mente quando ele observa que doenças
psicóticas são capazes de serem moldadas por muitas variáveis, incluindo
traços de personalidade, o Zeitgeist e as atitudes livres de uma pessoa. A
análise existencial, que é um aspecto da logoterapia, procura revelar a
pessoa que pode aparecer escondida atrás de sintomas psicóticos. Isso,
então, permite que a logoterapia ofereça terapia suplementar do tipo
descrito na parte II. Embora a depressão deva ser tratada
farmacologicamente, uma psicoterapia complementar pode ter três
finalidades:
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Esta interpretação está confirmada no apêndice de Lehrbuch der Logotherapie, 2ª edição, que fornece
equivalências no CID-10 para a maioria dos diagnósticos logoterapêuticos (Lukas, 2002, p245).
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Quando discursou sobre a teoria e terapia das neuroses na Universidade Internacional da Califórnia,
um aluno que havia lido o livro de Frankl em alemão perguntou se ele iria discutir as pseudoneuroses.
Frankl respondeu que fazer isso iria confundir a sala porque a terminologia e classificação usadas nos
EUA são muito diferentes da dele. Viktor Frankl, fita cassete, “Teoria e Terapia das Neuroses: série de
palestras na USIU California, Janeiro a Março de 1974”.
Neuroses reativas. Dois dos capítulos da parte I apresentam classes
de transtornos para os quais a logoterapia pode fornecer a terapia principal.
O capítulo 5 apresenta uma destas, a classe das chamadas neuroses reativas.
As neuroses reativas surgem da luta a favor ou contra alguma coisa.
9
Veja a nota 5
10
No final do capítulo 10, Frankl fala que a personalidade (Transtorno de personalidade), neurologia
(simpaticotonia) e funções endócrinas (hipertireoide) são elementos chave da constituição. Em outra
parte do livro ele deixa claro que a hereditariedade pode ter uma grande influência nestes três
elementos.
distinguir claramente o psicológico da dimensão de liberdade das pessoas, a
que ele chama de espiritual.
Esquema de categorização
Além disso, ele indica expressamente que o termo neurose pode ser
usado em um sentido estrito (como foi definido), bem como, num sentido
mais frouxo. No capítulo 8, ele escreve "Há crises existenciais de
maturação que procedem de acordo com o padrão clínico de uma neurose
sem ser neuroses no sentido estrito da palavra, ou seja, no sentido de uma
doença psicogênica".
Pelo menos uma das razões para Frankl apresentar uma classificação
ideal e, em seguida, desviar-se imediatamente dela pode ser encontrada no
fato de que ele trabalhou como psiquiatra em uma grande clínica. Entre
outras coisas, isso significava que ele precisava se comunicar com os
colegas e escrever prontuários11. Na Europa, a Classificação Internacional
da Organização Mundial da Saúde de Doenças (CID) é o manual de
diagnóstico padrão utilizado por psiquiatras, e sua linguagem influenciou
muito Frankl. A CID-9 foi a edição da CID usada entre 1979-1998,
11
Pode haver a argumentação de que não só sua divisão dos transtornos, como seu esquema de eixo
duplo são uma concessão para a abordagem diagnóstica padrão da psiquiatria porque ela deixa as
causas noogênicas de fora.
período durante o qual a maioria das edições do TTTM foi produzida12.
Uma olhada rápida na forma como a CID-9 define psicoses e neuroses
pode ser útil.
Mais uma vez, à luz da CID-9, entendemos por que Frankl falou de
neuroses noogênicas. Embora elas não sejam psicogênicas (um elemento
essencial da definição de Frankl de neuroses), elas aparecem como
neuroses como descrito na CID-9.
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Dito isso, a CID-9 alerta seus leitores que “vários termos populares têm significados diferentes no uso
atual” (Introdução à parte 5. Transtornos Mentais). Por exemplo, o uso do termo “reativo” pela CID-9 é
mais para se adequar ao termo “transtorno de adequação” usado pelo DSM do que os padrões reativos
de Frankl. Além disso, a CID-10 foi mais além da terminologia tradicional de Frankl. Elisabeth Lukas
(1997, 2002) explora como a categorização e vocabulário de Frankl se equivalem à CID-10. Ela descobriu
que a abordagem da CID é falha, mas contém equivalências que podem ser usadas. Minha própria
pesquisa aproveitou muito do trabalho dela.
Em segundo lugar, eu não listei todos os transtornos que Frankl
abordou em seus escritos, mas apenas os principais transtornos que ele
apresentou em TTTM.
Por fim, a tabela não pode ser entendida como verdade absoluta.
Diagnosticar é uma arte, e outros podem discordar sobre a melhor forma de
rotular o mesmo transtorno que Frankl discutiu.
1. A intenção paradoxal;
2. Derreflexão;
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Distinta não significa exclusiva. Como dito acima, Frankl parecia ter orgulho do fato de que vários
terapeutas comportamentais observaram como intenções paradoxais têm técnicas antecipatórias como
terapia implosiva, provocação de ansiedade e modificação de expectativas.
exemplo, o sono ou uma ereção). Lutar por um estado positivo cria
hiperreflexão. Isto se torna problemático quando a atenção da pessoa está
focada em algo que deve acontecer naturalmente como um efeito colateral.
O sono vem quando menos esperamos; respostas sexuais são respostas
naturais a um parceiro sexual. A derreflexão promove a autotranscedência,
ao ajudar o paciente a praticar o "autoesquecimento", a fim de permitir que
os processos naturais produzam o estado desejado.
Uma vez que seus alunos e colegas têm discutido essa técnica mais
sistematicamente, eles também têm discutido de forma mais explícita como
o terapeuta pode atingir um equilíbrio em não impor valores sobre os
pacientes ao mesmo tempo em que leva o paciente a atitudes mais
saudáveis e à descoberta do sentido. Num artigo intitulado, "Palavras-chave
como uma garantia contra a imposição de Valores pelo terapeuta", Lukas
(1999) lembra aos logoterapeutas que a voz da consciência do paciente (o
poder de discernir seu sentido) muitas vezes é ouvida nos diálogos. Apenas
o paciente pode resolver conflitos de valor ou encontrar sentido em uma
situação; ainda que muitas vezes achem isso difícil, muitas vezes eles não
ouvem a voz de sua própria consciência ou veem o que está na frente deles.
O terapeuta pode ajudá-los neste processo, procurando "pistas" ou
"palavras-chave" no discurso do paciente. Em outros casos mais
complicados em que os pacientes "pisoteiam tudo o que é valioso na sua
vida", Lukas sugere que o terapeuta pode se envolver em um diálogo
socrático mais amplo, investigando por que eles acreditam que seu
comportamento é justificado. Mais uma vez, o objetivo é o de permitir que
a consciência do paciente trabalhe.
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Obviamente, a analogia com Sócrates é apropriada e problemática. Sócrates viveu sua vida em busca
do conhecimento e o oráculo de Delphos proclamou que ele era o homem mais inteligente de Atenas.
Às vezes, Frankl lembra a figura de Sócrates ou de um sábio escritor da tradição judaica. Elisabeth Lukas
juntou seus “provérbios” em um artigo (1995) e recentemente publicou um livro (2001) intitulado
Sabedoria como Medicina: a Contribuição de Viktor Frankl para a Psicoterapia (em alemão). Sem dúvida,
achar a coisa certa para fazer no momento certo é terapêutico, mas, como Sócrates diria, pode ser isso
ensinado?
Por "logoterapia" ele parece querer designar precisamente a
utilização das três técnicas listadas acima, talvez mais especialmente a
técnica de diálogo socrático ou modificação de atitude.
Avaliação e Perspectivas
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Curiosamente, vinte destes institutos estão em países que falam alemão, outros vinte estão em países
latino-americanos: apenas um está em um país de língua inglesa.
17
O Fórum Internacional de Logoterapia, publicado pelo Instituto Viktor Frankl de Logoterapia, Abilene,
Texas.
campo da saúde mental, ela não possui a força ou influência que muitos
acreditam que deveria ter.
Você não pode voltar no tempo e você não vai conseguir uma
audiência a menos que tente satisfazer as preferências do pensamento
ocidental da atualidade, que é a orientação científica ou, para colocá-
lo em termos mais concretos, o nosso mentalidade estatística e
orientada a testes... É por isso que eu acolho toda pesquisa sóbria e
empiricamente consistente em logoterapia, mesmo que o resultado
não seja ideal (Fabry, 1978/1979, pp. 5-6).
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A filosofia de Frankl acerca da ação livre é desenvolvida no capítulo 2 de Um Sentido Para a Vida
(1978), “Determinismo e Humanismo: Crítica do Pan-determinismo”. Neste artigo, Frankl adota o
determinismo, o fato de que as pessoas são determinadas por causas biológicas entre outras, mas ele
rejeita o pan-determinismo, o ponto de vista que nega que pessoas possam ficar acima das variáveis que
condicionam seu comportamento, pelo menos para adotar uma atitude livre em relação a ele.
preferência para tal visão, a logoterapia não será capaz de satisfazê-la,
mesmo com uma extensa pesquisa empírica.
Existem, pelo menos, duas razões para acreditar que a logoterapia vai
continuar a crescer em popularidade entre os profissionais.
Na verdade, hoje vemos que muitos dos diretores dos institutos que
oferecem formação especializada em logoterapia (que é muito comum na
Alemanha e Áustria) têm sua titulação mais elevada em campos distintos
da psicologia ou da medicina, como teologia e filosofia.
Ele contou esta história em seu livro como uma brincadeira, mas ele
realmente acreditava que existia esse preconceito, e até hoje a maioria das
pessoas que leem suas obras não sabem que ele tinha um doutorado em
filosofia (comunicação pessoal). Meu ponto aqui é que Frankl reconheceu
que, mesmo quando não têm fundamento, preconceitos afetam as atitudes e
comportamentos das pessoas, e, pelo menos algumas vezes, devem ser
levados em consideração na maneira pela qual nos apresentamos.
20
Uma bibliografia documentando a literatura primária e secundária da logoterapia é publicada online
pelo Instituto Viktor Frankl, em Viena: www.viktorfrankl.org/e/bibE.html.
primeiramente, uma visão de mundo que pode ser adaptada a muitos
campos, incluindo estudos religiosos e à sempre crescente área da
autoajuda? Ou é principalmente uma abordagem para a psiquiatria ou
psicoterapia?