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A Construção Do Tabernáculo

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A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO

ÊX 25.8-9; 31.1-11

Pr. José Antônio Corrêa

INTRODUÇÃO:

1. O projeto de Deus para a construção do Tabernáculo foi transmitido a Moisés, quando ele estava
conduzindo o povo de Israel à terra de Canaã, terra esta que fora prometida aos patriarcas Abraão,
Isaque, Jacó. Devemos lembrar que a palavra "tabernáculo", vem do termo hebraico "Nkvm" –
mishkan, que significa "lugar de moradia", "habitação". O tabernáculo nada mais era do que uma
tenda, construída de madeira, metais e cortinas. Seria um local de onde dali para a frente, Deus se faria
presente no meio de seu povo, para trazer-lhe as instruções e revelações de sua vontade.

2. O Tabernáculo é também chamado de "tenda da congregação" (dewm lha - 'ohel mow`ed), Êx


27.21; Êx 28.43. Quando olhamos um pouco mais atrás na história do êxodo, iremos observar que o
Senhor até então, esteve junto de seu povo numa coluna de nuvem e de fogo, Êx 13.21-22, "21 O
SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante
a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. 22 Nunca
se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite". Dali para
a frente, porém, o lugar da revelação de Deus ao seu povo, seria exclusivamente na tenda da
congregação. Seria neste local, que de agora em diante, o Todo-Poderoso falaria a Moisés e
consequentemente ao seu povo, transmitindo-lhes as leis e os princípios de obediência à sua vontade
soberana.

3. Quando Moisés subiu o Monte Sinai, dentre as instruções divinas dadas ali, estava a instrução para a
construção do Tabernáculo. O modelo dado a Moisés deveria obedecer em detalhes o projeto a ele
revelado no monte, Êx 25.8-9, "8 E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles. 9
Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus
móveis, assim mesmo o fareis". Podemos afirmar com toda certeza que o principal objetivo de Deus ao
ordenar a construção do Tabernáculo era fixar residência, morar junto ao seu povo.

4. Não devemos achar que esta construção foi por acaso! Ao olharmos atentamente para o tabernáculo,
juntamente com todos os seus compartimentos, móveis, utensílios, etc., certamente iremos observar
que além dele haver sido o local da presença constante de Deus no meio de seu povo, ele tem também
uma representação simbólica. Ele representa nosso corpo, que hoje é o "santuário de Deus", 2 Co 6.16,
"...Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu
serei o seu Deus e eles serão o meu povo". Representa também o Tabernáculo Eterno, a Nova
Jerusalém, que será a morada definitiva de Deus como o Seu povo, Ap 21.2-3, "2 E vi a santa cidade, a
nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu
noivo. 3 E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os
homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles". Citando
Machado:

"O Tabernáculo seria algo que homem algum jamais teria imaginado. Foi construído para que as
verdades fundamentais no Novo Testamento fossem compreendidas. Cada detalhe e objeto
falava da obra redentora de Jesus Cristo".(1)

5. Queremos iniciar hoje, um estudo sobre o Tabernáculo, seus compartimentos, os materiais usados,
os móveis, etc., e esperamos que os irmãos sejam edificados através deste estudo. Devido a extensão
do tema faremos o estudo por partes, obedecendo as disposições encontrada em Êx 25-27.

I. O TABERNÁCULO

1. Sabemos que o Tabernáculo era divido em três partes. O Átrio, o Lugar Santo, e o Lugar
Santíssimo. O Lugar Santo e o Lugar Santíssimo, eram separados por uma cortina dependurada por
colchetes, que em nossas versões é chamada de "véu" (tkrp - poreketh). Vejamos alguns detalhes
destas partes:

a) O Átrio. Neste local podiam ficar apenas os israelitas declarados cerimonialmente puros. Sabemos
que alguns judeus e principalmente os gentios eram considerados "impuros", "profanos" e por esta
razão não podiam participar das cerimônias religiosas. Já a mulheres, pela própria cultura dos hebreus
eram discriminadas e não podiam cultuar a Deus juntamente com os homens. Por esta razão ficavam
fora dos compartimentos sagrados. Todas estas barreiras foram derrubadas por Cristo, Gl 3.26-28, "26
Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. 27 Porque todos quantos fostes batizados em
Cristo vos revestistes de Cristo. 28 Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem
nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus". Era no Átrio que ficava a Pia e o Altar do
Holocausto. Todo ritual de sacrifício acontecia ali.

b) O Lugar Santo. Este lugar é local onde os sacerdotes oficiavam perante o Senhor. O Lugar Santo é
também chamado nas Escrituras de "Primeiro Tabernáculo", ou "Primeira Tenda" Hb 9.6, "Ora,
estando estas coisas assim preparadas, entram continuamente na primeira tenda os sacerdotes,
celebrando os serviços sagrados". "Dentro do Lugar Santo, havia a "Mesa com os Pães (por dentro no
topo); o Castiçal (por dentro no fundo); o Altar de Incenso (no meio); o Véu (no meio, ao lado
esquerdo do centro) separava o Lugar Santo da sala mais interna".(2)

b) Lugar Santíssimo, ou Santo dos Santos. Também chamado de "Segundo Tabernáculo", ou "Segunda
Tenda", Hb 9.7, "...mas na segunda só o sumo sacerdote, uma vez por ano, não sem sangue, o qual ele
oferece por si mesmo e pelos erros do povo". Correspondia à "sala interna, para o lado ocidental (o
lado esquerdo) era chamado o Santo dos Santos, aonde somente um homem (o sumo sacerdote) podia
entrar uma vez por ano; este era o lugar onde a glória e a presença de Deus residia sobre a Arca da
Aliança".(3)

2. Como já mencionamos, o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo, eram separados por uma cortina
divisória, o véu, Hb. 9.1-4, 1 Ora, também o primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e um
santuário terrestre. 2 Pois foi preparada uma tenda, a primeira, na qual estavam o candeeiro, e a mesa,
e os pães da proposição; a essa se chama o santo lugar; 3 mas depois do segundo véu estava a tenda
que se chama o santo dos santos, 4 que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de
ouro em redor; na qual estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha
brotado, e as tábuas do pacto". Observe o comentário de Sheed sobre esta cortina divisória:

"A cortina divisória (pãrõkheth, em nossa versão, ‘véu’, um termo usado para designar
exclusivamente essa cortina), era feita do mesmo material, com a mesma cor e com os mesmos
padrões das demais cortinas do tabernáculo, e ficava dependurada por meio de argolas de ouro,
sobre quatro colunas de madeira de acácia recobertas de ouro, postas de pé sobre soquetes de
prata. As colunas não tinham capitéis".(4)

3. Não podemos nos esquecer que esta cortina (véu), rasgou-se de alto a baixo no momento em que
Jesus "rendeu o espírito", Mc 15.37-38, "37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. 38 Então o
véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo". Tal fato nos mostra que na morte de Cristo
ocorreu o rompimento das leis e tradições judaicas, onde todos os sacrifícios foram extintos, também
ficando extinto o sacrifício de animais pelos pecados. Dali para a frente, somente um sacrifício seria
reconhecido por Deus, ou seja, o sacrifício de seu Filho Unigênito, Jesus Cristo.

II. SIMBOLISMOS

1. Quando olhamos para a estrutura do Tabernáculo que era composto de três compartimentos, o Átrio,
o Lugar Santo e o Santíssimo Lugar, tal fato nos faz lembrar de que como seres humanos, somos
também compostos de três partes importantes, ou seja, o corpo, a alma e o espírito. Queremos ver
quais os simbolismos que podem ser aplicados a partir desta comparação:

a) O Átrio - representa o nosso corpo. Trata-se da parte externa, onde a presença de Deus era menos
sentida e a ação do pecado consequentemente mais visível. Sabemos que nosso corpo atual, em virtude
de sua corrupção, não poderá herdar o Reino de Deus. Ele precisará ser transformado pelo Senhor, ou
por ocasião do Arrebatamento da Igreja, 1 Ts 4.17, ou na ressurreição dos justos quando levantaremos
do pó num corpo glorificado, 1 Ts 4.16. Paulo fala com clareza da transformação de nosso corpo
corruptível, num corpo incorruptível, veja 1 Co 15.51-53: "51 Eis aqui vos digo um mistério: Nem
todos dormiremos mas todos seremos transformados, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos,
ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e
nós seremos transformados. 53 Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da
incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade".

b) O Santo Lugar - representa nossa Alma. Sabemos que a alma é a sede do raciocínio, dos
pensamentos, da vontade. É em nossa alma, a parte intermediária entre o corpo e o espírito, que nossos
projetos humanos são tramados, elaborados, para serem postos em ação através do corpo! Porém
sabemos que nossa alma também está corrompida pelo pecado, e precisa ser restaurada pelo Senhor,
para pensarmos e agirmos de acordo com Sua vontade. Através da ação da Palavra de Deus em nós,
nossa alma é restaurada e ai sim, teremos pensamentos e ações que condizem com o propósito de Deus
para nós. O escritor da Carta aos Hebreus nos informa que "... a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração". Somente através da ação da
Palavra de Deus em nós, nos cortando, nos penetrando profundamente é que poderemos discernir
corretamente nossos "pensamentos" e "intenções" do coração, para desta maneira levarmos uma vida
cristã que agrade ao Senhor.

c) O Lugar Santíssimo - representa nosso espírito. O espírito é a parte mais interior do homem e é
através dele que podemos nos envolver com Deus e manter comunhão com Ele. "O ESPIRITO nos dá
consciência de Deus e é através dele que nos relacionamos com o Altíssimo".(5) Esta verdade é clara
quando Jesus disse à mulher samaritana, que a verdadeira adoração somente pode ser realizada,
quando ela ocorre através de um entrelaçamento entre o espírito do homem e o Espírito de Deus, Jo
4.23-24, "23 Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. 24 Deus é Espírito, e é necessário que os
que o adoram o adorem em espírito e em verdade". No Édem, para que o homem pudesse relacionar-se
de maneira completa com o Criador, Deus colocou dentro dele a Sua "imagem e semelhança", Gn
1.27, "Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou". Acreditamos que esta "imagem e semelhança", não poderia jamais ser na parte física do
homem, uma vez que Deus é Espírito e é somente em espírito que o homem poderia ser parecido com
Ele. Porém, assim como o corpo e a alma foram danificados e destruídos pelo pecado, assim também,
nosso espírito foi danificado e destruído pelo mesmo pecado. Agora ele também precisa ser restaurado
por Deus, para voltarmos a ter novamente comunhão com Ele. Em relação a esta restauração do
espírito humano, podemos citar os seguintes textos:

c.1. Restauração Profetizada, Ez 36.26-27, "26 Também vos darei um coração novo, e porei dentro de
vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. 27
Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas
ordenanças, e as observeis".

c.2. Restauração Pelo Novo Nascimento, Jo 3.5-6, "5 Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te
digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus 6 O que é
nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito".

c.3. Restauração Para Viver no Espírito, Jo 7.38-39, "38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, do
seu interior correrão rios de água viva. 39 Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de
receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido
glorificado".

 2. Um outro símbolo envolvido no Tabernáculo, e que não deve ser desprezado é o que se aplica à
Nova Jerusalém, da qual o Tabernáculo terreno, a Tenda da Congregação, foi apenas uma réplica, uma
sombra. Acreditamos que a Nova Jerusalém celestial, será o Tabernáculo perfeito e eterno, onde Deus
habitará para sempre com seu povo, Ap 21.3, "E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis
que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus
mesmo estará com eles". Alguns fatos importantes que podem nos servir de comparação ou contraste:
a) Enquanto que no Tabernáculo terreno a presença de Deus era apenas temporária, e se restringia
exclusivamente ao Lugar Santíssimo, na Jerusalém Celestial a presença de Deus inundará todos os
lugares e será permanente, para sempre, Ap 21.22-23, "22 Nela não vi santuário, porque o seu
santuário é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. 23 A cidade não necessita nem do sol, nem
da lua, para que nela resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua
lâmpada. Deus estará ocupando o "Trono", e não mais o Santo dos Santos, Ap 22.3, "Ali não haverá
jamais maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão".

b) Enquanto que o Tabernáculo servia como ponto de encontro do povo com Deus, que os recebia
mediante os sacrifícios de bodes, carneiros, rolinhas, etc., e isso através de um mediador – o sacerdote,
na Nova Jerusalém Celeste, teremos apenas um encontro com Deus e estaremos para sempre na Sua
presença, gozando eternamente a redenção completa, que foi realizada por um único sacrifício, o
sacrifício do Filho de Deus, que satisfez todas as exigências da lei, possibilitando a nossa morada
eterna com o Senhor, Hb 10.12, "...mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados,
assentou-se para sempre à direita de Deus".

3. Assim, chegamos ao final de nossas considerações sobre o Tabernáculo, bem como sua simbologia.
Esperamos que você aplique estas verdades em sua vida, para desfrutar de um melhor relacionamento
com Deus em Sua Palavra!

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "O Santuário do Tabernáculo". http://www.domini.org/tabern.


martyn@domini.org. Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner
(02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

MACHADO, Célio. Artigo "TABERNÁCULO E SUA TIPOLOGIA". http://www.biblia.8m.com.

SCOFIELD, C. I. Dr. A Bíblia Sagrada, com referências e anotações. Editor Responsável: Wilbur M.
Smith, D.D. Imprensa Batista Regular. 1983.

SHEED, Russel. Bíblia Vida Nova. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 143-154.

SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. III, págs. 1553-
1557.

SNELGROVE, Bernardo. Revista "Semeadura da Verdade". Ministério Verdade Viva. Belo


Horizonte-MG

  

NOTAS:

 
(1)
MACHADO, Célio. Artigo "TABERNÁCULO E SUA TIPOLOGIA". http://www.biblia.8m.com.
(2)
BARROW, Martyn Artigo "O Santuário do Tabernáculo". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.
Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

(3)
Id. Ibid.;

(4)
SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. III, pág. 1554.

(5)
SNELGROVE, Bernardo. Revista "Semeadura da Verdade". Ministério Verdade Viva. Belo Horizonte-MG.

O ALTAR DE HOLOCAUSTO

ÊX 27.1-21

Pr. José Antônio Corrêa

INTRODUÇÃO:

Pudemos ver no estudo anterior como o Tabernáculo com suas divisões (o Átrio, o Lugar Santo e o
Santíssimo Lugar), traz a nós figuras inigualáveis, e significados tão atuais que merecem de nós uma
acentuada investigação. Vimos como o Tabernáculo tem a ver conosco, uma vez que, hoje somos o
"santuário do Espírito Santo". Deus habitava no Santo dos Santos, assim como Ele habita hoje em nós
pelo seu Espírito. Assim como os oficiantes do Tabernáculo, os sacerdotes, precisavam manter em dia
os rituais de sacrifício, e era desta maneira que a presença de Deus se mantinha no Santuário, assim
também nós precisamos manter nosso corpo, mente e espírito irrepreensíveis (1 Ts 5.23), para que o
Espírito de Deus não seja extinto em nossas vidas, 1 Ts 5.19. Continuando nosso estudo, queremos ver
hoje o Altar do Holocausto.

I. O ALTAR DO HOLOCAUSTO

 
1. O Altar do Holocausto (hle xbzm – mizbeach `olah) ficava no Átrio, ou Pátio do Tabernáculo.
Quando pensamos no Átrio ou Pátio, nos lembramos que ele era um compartimento, formando um
grande retângulo envolvido por uma cortina de linho branco sustentado por colunas de madeira com
pés de bronze e testeiras de prata. "Dentro desse cercado de linho branco, chamado de Átrio ou Pátio
(media 50m de cumprimento por 25m de largura), podia-se ver em sua primeira metade o Altar de
Holocausto; mais à frente a Pia de Bronze cheia de água. Na segunda metade desse Pátio ficava uma
espécie de casa que seria exatamente a tenda".(1) Uma descrição um pouco mais pormenorizada do
Altar nos é dada por Shedd:

"O altar para as ofertas queimadas tinha a forma de uma caixa oca (8), de igual largura e
comprimento, mas sem fundo e sem topo (1). Provavelmente era cheia de terra, sobre a qual as
ofertas eram queimadas. Era de madeira de cetim recoberta de cobre (1,2). Em cada uma das
quatro esquinas superiores havia chifres ornamentais, formando uma só peça com o altar (2).(2)

2. Olhando para dentro do Átrio podia-se observar o Altar do Holocausto. Ele "...era o primeiro item
que podia ser visto ao se entrar pela Porta do Pátio Externo do Tabernáculo. Ele era impressionante em
sua construção, sendo feito de madeira de acácia e recoberto com bronze, tendo 1,4 metros de altura e
2,3 metros quadrados de largura".(3) Neste local ocorria todo ritual de sacrifícios. O sacerdote,
representante de Deus perante o povo, oferecia as ofertas e os sacrifícios pelo povo, mas algumas
vezes precisava oferecer ofertas e sacrifícios pelos seus próprios pecados, como ocorria com o sumo-
sacerdote, Hb 7.27, "...que não necessita, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo...". Veja o comentário de Hurtado:

"A finalidade essencial do Altar era a de ser o lugar onde se oferecia os sacrifícios e ali o sangue
era vertido. Ali no altar se fazia unicamente a expiação pelas almas (Levítico 17.11; ver também
Hebreus 9.22. "Sem derramamento de sangue não há remissão"). O altar nos falda de Cristo; os
sacrifícios nos falam de Cristo, o sacerdote nos fala de Cristo. O conjunto do que sucedia no
altar nos mostra a cruz. Duas verdades fundamentais saem do Altar de Bronze e dos sacrifícios
que nele eram oferecidos:

a) A necessidade de sangue para apagar o pecado. Esta verdade é posta em evidência de Gênesis
a Apocalipse: "O salário do pecado é a morte" (Romanos 6.23). O sangue derramado nos fala da
morte do culpado, ou de uma vítima oferecida em seu lugar. Não há outro meio para apagar o
pecado diante de Deus.

b) A doutrina essencial da substituição. Segundo o pensamento de Deus, uma vítima sem defeito
podia ser oferecida em lugar do culpado, assim como o carneiro foi oferecido em lugar de
Isaque, (Gênesis 22), o cordeiro da Páscoa que morreu em lugar do primogênito (Êxodo 12).
"Cristo padeceu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos" (1 Pedro 3.18); "aquele que
não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós".(4)

3. O principal objetivo do sacrifício era expiar o pecado, para o que ofertante pudesse receber o perdão
divino e consequentemente ser aceito diante de Deus, Lv 1.4, "Porá a sua mão sobre a cabeça do
holocausto, e este será aceito a favor dele, para a sua expiação". Citando novamente o comentário de
Barrow, temos:

"O alvo do holocausto era que, por ele, a pessoa poderia se tornar aceita diante de Deus e
perdoada (Levítico 1:4). Para o holocausto, um animal macho era sacrificado: um carneiro, um
bode, um boi ou uma rola (ou um pombinho) (Levítico 1:13-17). A oferta deveria ser sem
mancha ou defeito, a mais saudável e a melhor disponível".(5)

4. Observe que o sangue era derramado ao redor do altar, Lv 1.5, "Depois imolará o novilho perante o
Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre
o altar que está à porta da tenda da revelação". Este fato, pode nos trazer uma impressão ruim sob a
ótica do mundo de hoje. Mas, de acordo com os princípios divinos exarados na Sua Palavra, o pecado
do homem só pode ser expiado, coberto, através do sangue de uma vítima destinada ao sacrifício, Hb
9.22, "E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue
não há remissão".

5. Com estas considerações iniciais podemos agora falar sobre o simbolismo envolvendo o Átrio e o
Alta do Holocausto.

SIMBOLISMOS DO ALTAR DO HOLOCAUSTO

1. Como já vimos no primeiro estudo, o Átrio significa o nosso homem velho, o homem natural e que
precisa ser redimido pelo Senhor. Não é por acaso que é no Átrio que ficava o Altar do Holocausto,
instrumento usado para o sacrifício e consequentemente o local de perdão. Todo homem que quiser
aproximar-se de Deus precisa primeiro passar pelo Altar do Holocausto, onde deixará seus pecados
que ali são tratados pelo Senhor. É no Altar do Holocausto que nossos pecados são extirpados pelo
Senhor, e onde deve ocorrer o "novo nascimento", Jo 3.3, "Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em
verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus". É no Altar do
Holocausto que o nosso coração de pedra, o coração que ainda não foi trabalhado por Deus, é
substituído pelo coração de carne, um coração novo recebido pelo Senhor, Ez 36.26, "Também vos
darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de
pedra, e vos darei um coração de carne". A verdade do presente texto, é que Deus fala através da boca
de Ezequiel do novo nascimento, um nascimento espiritual, que ocorreria futuramente na vida de seu
povo. Este novo nascimento acontece na vida de todo aquele que tem um encontro com o Senhor.

2. Devemos notar que o Altar de Holocausto era feito de madeira de acácia e recoberto de bronze.
Temos aqui uma representação de Cristo e da natureza humana que deve ser trabalhada por Deus. Veja
o comentário de Barrow:

"A madeira de Acácia é muito resistente e de alta qualidade, representando o melhor da


humanidade, que é Cristo. O bronze na Bíblia fala do julgamento de Deus, particularmente Seu
julgamento sobre nossas palavras e pensamentos de rebeldia contra Ele (como em Números
16:29-40 e Judas 11). Visto que a madeira é recoberta com bronze, o Altar de Holocausto nos
faz lembrar do homem sob o julgamento de Deus, em virtude de nossas rebeliões contra Ele.
Sendo que a madeira é de acácia, isto fala de Jesus sofrendo julgamento de Deus na cruz, em
nosso lugar".(6)

Sobre o bronze utilizado para cobertura do Altar temos ainda o seguinte comentário:

 
"O Altar era feito de bronze, um metal não encontrado na natureza, que consistia de uma liga de
cobre e zinco feita pelo homem. Simbolicamente é mostrado que o pecado não estava previsto
em nosso esquema evolutivo, constituindo uma anomalia na natureza tanto quanto suas
conseqüências, isto é, a dor e a morte simbolizadas pelas vítimas sacrificadas. Enquanto o Altar
foi feito de um metal artificialmente composto, o fogo que ardia sempre sobre ele era de origem
divina e conservado aceso de ano para ano com o mais perfeito zelo. Nenhum outro fogo jamais
foi usado, e podemos mencionar, como exemplo, o caso de dois sacerdotes presunçosos e
rebeldes que ousaram desobedecer essas ordens usando um fogo estranho. Em conseqüência,
encontraram morte horrível e instantânea. Também para nós, uma vez que tenhamos feito o
juramento de aliança com o Mestre Místico, o Eu Superior, será extremamente perigoso
desprezar os preceitos que nos foram dados".(7)

2. Outro detalhe importante para pensarmos é que no Altar do Holocausto, ocorria o sacrifício das
vítimas, e o sangue era vertido, derramado. Este sangue tinha como objetivo a remissão de pecados.
Lembre-se que "sem derramamento de sangue não há remissão de pecados", Hb 9.22. A vítima com
seu sangue derramado em volta do Altar, representa Cristo, o Cordeiro que foi morto, derramando o
seu sangue pelos nossos pecados. Lembre-se da apresentação que João Batista fez de Jesus aos seus
discípulos: "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo", Jo 1.29. Certamente Jesus foi levado como cordeiro ao sacrifício, Is 53.7,
"Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e
como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca".

a) O sacrifício de Jesus por nós foi idealizado por Deus "antes da fundação do mundo", e foi
concretizado no Calvário, 1 Pe 1.18-20, "18 sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata
ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos
pais, 19 mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de
Cristo, 20 o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim
dos tempos por amor de vós".

b) Sabendo que o homem é pecador – "Não há justo, nem sequer um...", Rm 3.10, a grande verdade em
tudo isso é que nós é quem deveríamos ser sacrificados, mortos pelos nossos pecados, uma vez que "o
salário do pecado é a morte", Rm 6.23. Porém tanto no Velho Testamento, como no Novo Testamento,
Deus providenciou para o homem um substituto, alguém que morresse em seu lugar! No Velho
Testamento, a substituição acontecia através da morte dos animais; já no Novo Testamento, o nosso
substituto por excelência é o "cordeiro imaculado", que deu a sua vida por nós, 1 Pe 3.18, "Porque
também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo,
na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito".

3. Precisamos diariamente chegar no altar de Deus, pedindo perdão pelos nossos pecados e assim
sermos aceitos diante dEle. Conforme nos diz Barrow:

"Aprenda a vir a este altar todos os dias para confessar os seus pecados a Deus e para lembrar
(oferecendo a Deus sacrifícios de louvor, Hebreus 13:15) que o Senhor Jesus morreu em seu
lugar para te perdoar e te limpar de todos os seus pecados pelo Seu sangue (1 João 1:7-9;
Hebreus 8:12; 9:14), a fim de que você pudesse viver não mais para si mesmo, mas para Ele (2
Coríntios 5:15).(8)

4. Com o Altar do Holocausto aprendemos a necessidade de que nossos pecados precisam ser tratados
por Deus. Isto somente é possível através do sacrifício do Filho de Deus, que deu a Sua vida por nós
em oferta agradável a Deus, Ef 5.2, "... e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou
a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave".
 

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos Holocaustos". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.


Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

CHAGAS, Sheder. Artigo "Tabernáculo – Parte 2, "ÁTRIO OU PÁTIO". http://www.netgospel.com.br/.


http://www.adoracao.com.br/. 

HURTADO, Juan Anca. Artigo "El tabernáculo y sus utensilios (sus significados)".
www.monografias.com. jusahu@starmedia.com.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 143-154.

NOTAS:

 
(1)
CHAGAS, Sheder. Artigo "Tabernáculo – Parte 2, "ÁTRIO OU PÁTIO". http://www.netgospel.com.br/.
http://www.adoracao.com.br/. 

(2)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 145.

BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos Holocaustos". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução:
(3)

Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

HURTADO, Juan Anca. Artigo "El


(4)
tabernáculo y sus utensilios (sus significados)". www.monografias.com.
jusahu@starmedia.com.

(5)
BARROW, Martyn, op. cit.

(6)
BARROW, Martyn, op. cit.

(7
) Autoria desconhecida.
(8)
BARROW, Martyn, op. cit.

A PIA

ÊX 30.17-21

Pr. José Antônio Corrêa

 
 

INTRODUÇÃO:

No estudo anterior estivemos falando sobre o Altar dos Holocaustos, que era o lugar onde os
sacrifícios eram realizados. Era ali que o pecador, trazendo a vítima para o sacrifício comparecia e
mediante a intercessão do sacerdote, a oferenda era feita ao Senhor. Todos nós precisar chegar ao Altar
do Holocausto e isso somente pode ocorrer através do Filho de Deus - Jesus, o Messias, que deu a sua
vida por nós em sacrifício agradável a Deus. Ele ofereceu a sua vida por nós e espera uma resposta do
homem! Hoje queremos falar de mais uma peça do Tabernáculo, a Pia de Bronze, que também
apresenta simbolismos importantíssimos para os filhos de Deus da presente era.

I. A PIA DE BRONZE

1. A Pia de Bronze (tvxn rwyk - kiyowr nechosheth) ficava no Átrio do Tabernáculo entre o Altar e a
Tenda da Congregação. Era o local onde os filhos de Arão deveriam lavar as mãos e os pés para
adentrarem a Tenda. Embora possa haver uma discussão entre os estudiosos em relação ao material
utilizado na Pia, se cobre ou bronze, e isto em razão do termo hebraico tvxn, significar tanto cobre,
como bronze, parece ser coerente pensar que o mais correto seria traduzir o termo hebraico "tvxn" por
"cobre". Citando Cole: "Para sermos coerentes, deveríamos traduzir ‘cobre’. Era provavelmente bronze
(uma liga de cobre e estanho), mas o hebraico não dispunha de um termo especial para este material".(1)

2. Embora a Pia, não tenha suas dimensões claras descritas na Palavra de Deus, podemos dizer que
deveria ser um tanque pequeno, se formos levados a raciocinar que somente Arão, juntamente com
seus filhos deveriam banhar-se nele. Cole faz uma descrição e ao mesmo tempo uma comparação entre
a Pia de Bronze, e os tanques de lavagem cerimonial e ainda o "mar de bronze" do Templo de
Salomão:

"O tanque (cujas dimensões não são oferecidas) era provavelmente bem pequeno; se
considerarmos que apenas Arão e seus filhos o utilizavam, as dimensões de uma grande ‘bacia’
seriam inadequadas. Em contraste, Salomão tinha dez tanques de bronze no templo, além do
chamado ‘mar de bronze’, um recipiente de enormes proporções (ver 1 Rs 7). Esta é apenas uma
das muitas áreas em que o projeto do Templo diferia da planta do Tabernáculo Em 38:8 há
alguns detalhes intrigantes sobre a fonte de obtenção do metal para o tanque, que também
sugerem um tamanho pequeno, além da Fundição de um objeto sólido a partir do metal (sem
qualquer estrutura de madeira)".(2)

3. Um detalhe importante e que não podemos deixar de considerar é o fato de que a Pia deveria ficar,
como já vimos, no Átrio, após o Altar dos Sacrifícios. A utilização dela, bem como a lavagem
cerimonial deveria ocorrer antes que Arão e seus filhos penetrassem no interior do Templo
propriamente dito. Somente depois de se lavarem, é que os sacerdotes poderiam adorar a Deus através
do oferecimento do incenso. Outro detalhe importante é que esta lavagem deveria acontecer logo após
o oferecimento dos sacrifícios, os quais normalmente estavam envolvidos em muito sangue. Podemos
pensar que após estes sacrifícios, os filhos de Arão ficassem sujos fisicamente (já o eram
espiritualmente), o que caracterizava a lavagem purificativa na Pia de Bronze, para que eles pudessem
se apresentar diante do Senhor na ministração dos serviços sagrados.

4. Os sacerdotes deveriam obedecer à risca este cerimonial de lavagem, sob a pena de morrerem diante
do Senhor, v. 20, "quando entrarem na tenda da revelação lavar-se-ão com água, para que não morram,
ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para fazer oferta queimada ao Senhor". Tal fato nos
mostra a importância desta purificação. "A frase, duas vezes repetida, ‘para que não morram’ (20,21)
mostra que o lavar tinha certa significação cerimonial".(3)

5. Agora estamos prontos para ver os simbolismos em torno da Pia de Bronze.

II. SIMBOLISMOS

1. Nossa primeira observação sobre simbolismo, vem do fato de Arão e seus filhos serem obrigados a
se lavarem quando fossem se apresentar diante do Senhor, sob o risco de morrerem se assim não
fizessem. Devemos entender que todo homem precisa passar pela purificação, antes de aproximar-se
do Senhor para adorá-LO e servi-Lo. Esta limpeza acontece, quando a Palavra de Deus penetra em
nosso íntimo. É no interior do homem que a Palavra de Deus promove a necessária purificação e
limpeza, qualificando-o a estar na presença do Senhor. Jesus quer para si um povo limpo através da
Palavra, Ef 5.25-26, "...como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, 26 a fim
de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra". Observe ainda como este
conceito de purificação é claro nas palavras de Jesus aos seus discípulos em João 15.3, "Vós já estais
limpos pela palavra que vos tenho falado". Somente podemos nos tornar limpos através da ação da
Palavra de Deus em nós, tirando-nos toda sujeira e imundícia características do pecado!

2. Olhando para o Novo Testamento, podemos notar através de textos específicos, que a água nos é
apresentada como símbolo de duas verdades fundamentais: símbolo da Palavra de Deus e símbolo do
batismo. Veja a observação de Barrow:

"O Novo Testamento fala do "lavar" em dois sentidos:

1 - O Batismo (Atos 22:16), que deve ser ministrado apenas uma vez (quando Bíblico), e, logo
após a conversão. (Atos 16:31-33)

2 - O lavar da água pela Palavra (Efésios 5:26; João 13:8-10; 15:18), de acordo com o padrão de
Êxodo 29:39 pelo menos duas vezes ao dia (de manhã e de tarde)".(4)
 

3. É através da Palavra de Deus em nós que ocorre a nossa conversão, o nosso retorno para Deus. É
quando nascemos de novo, 1 Pe 1.23, "tendo renascido, não de semente corruptível, mas de
incorruptível, pela palavra de Deus, a qual vive e permanece". E é também através do batismo que
confirmamos nossa entrada para a Igreja de Cristo (obs. batismo não salva, mas é necessário após a
salvação), At 8.36-38, "36 E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o
eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? 37 E disse Felipe: é lícito, se crês de todo o
coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. 38 mandou parar o carro,
e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o batizou". Certamente estes dois
exemplos: a Palavra de Deus e o batismo, expressam o fato de que o homem precisa ser lavado,
purificado, tornando-se apto para entrar para o Reino de Deus. Dentro deste prisma comenta de
Barrow:

"Depois de crer no Senhor Jesus e ter experimentado de que Ele é a Porta através da qual nós
entramos no Reino de Deus, nós devemos ir a Ele diariamente de forma simples e sincera. Nós
necessitamos ler a Palavra de Deus pela Bíblia para que possamos viver por Ele (Mateus 4:4) e
confessar nossos pecados para Deus, pois Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar (I
João 1:7-9). Quando Deus perdoa, Ele esquece (Hebreus 8:12). Esta é a experiência combinada
da Pia e do Altar de Holocausto".(5)

3. Um fato interessante sobre a lavagem cerimonial nos é registrado por João no capítulo 13 de seu
Evangelho, quando Jesus praticou a cerimônia do "lava pés", junto aos seus discípulos, para ensinar-
lhes uma lição de humildade. Observe que Pedro pede ao Senhor que lave não somente os seus pés,
mas também suas mãos e sua cabeça, v. 9. Porém, veja você, a resposta que lhe foi dada pelo Senhor:
"... Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós
estais limpos, mas não todos", v. 10. Certamente a expressão de Jesus "...estais limpos", é uma
referência à limpeza que Sua Palavra havia produzido neles. Já a expressão "não todos", se refere com
toda clareza e certeza a Judas Iscariotes, que nunca passou pelo novo nascimento. Nos sabermos que
foi ele quem traiu ao Senhor, por trinta moedas de prata, Mt 26.14-16. Basta lembrarmos que numa
determinada ocasião Judas foi chamado pelo Senhor de "filho da perdição", exatamente porque ele não
havia sido limpo, purificado pela Palavra de Deus, Jo 17.12. Observe agora o comentário de Barrow:

"É importante ler a Bíblia, por que a Palavra de Deus "lava" nossas "mãos" e "pés",
especialmente da sujeira do mundo que nos rodeia. Ela nos dá a visão de Deus da nossa conduta
diante do mundo e dos pensamentos das nossas mentes e corações (Gênesis 6:5). Quando
Efésios 5:26 fala da lavagem da água, pela Palavra, a palavra no Grego para lavagem é "Pia".
Enquanto nós lemos Sua Palavra, o Senhor ilumina nossos corações e fala conosco,
principalmente em nossa consciência. De acordo com o que Deus nos mostra, nós precisaremos
confessar e pedir o perdão e purificação dEle. Somente assim estaremos qualificados para
aproximar ao Santuário.

O efeito da lavagem (Pia) na Palavra é limpar: "Com que purificará o jovem o seu caminho?
Observando-o conforme a Tua palavra" (Salmo 119:9). A leitura resulta em nós na
transformação da imagem de Cristo. Nós tornamos a ser separados para Deus. ‘Santo’ ou
‘Santificado’ quer dizer exatamente isto: separados para Deus. Estas pessoas santificados são
chamados de "santos" no Novo Testamento. Paulo escreve: "À igreja de Deus que está em
Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados (para ser) santos, com todos os que em todo
o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso" (I Coríntios 1:2)".
(6)

 
4. Devemos ainda, considerar o fato de que a não observância correta da purificação pelos sacerdotes,
implicava na morte dos transgressores. Isto nos fala do juízo de Deus, sobre aqueles que ousam
aproximar-se para servir a Deus sem os devidos cuidados. Tais pessoas certamente serão julgadas por
Deus. Um exemplo semelhante de como podemos afrontar a Deus e receber a justa punição, está na
observância da Ceia do Senhor. Paulo descreve que muitos crentes coríntios estavam doentes, fracos e
alguns que até já haviam falecido, por participarem de maneira indignamente da Mesa do Senhor, 1 Co
11.29-30, "29 Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o
corpo do Senhor. 30 Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem".
Observe o que nos diz Hurtado:

"Se descuidarmos do juízo diário a nós mesmos e participar da Ceia do Senhor neste estado,
ficamos expostos ao juízo do Senhor. Por esta razão muitos em Corinto estavam debilitados,
enfermos, inclusive dormiam, ou seja estavam mortos; podemos ver nesse exemplo um ensino
moral, pois se deixarmos de julgar a nós mesmos para tomarmos a Ceia do Senhor (abster-se,
talvez seja mais grave), estaremos espiritualmente debilitados, ou enfermos (uma ovelha
enferma que se aparta do rebanho), ou inclusive seremos vencidos por um sono espiritual
(Efésios 5.14). Se é este o caso, quão importante é despertar-se "levantar-se dos mortos" (VM)
para reencontrar a luz e a paz de Cristo".(7) 

4. Terminamos assim nossas observações sobre a Pia, instrumento que servia para a purificação e
limpeza dos sacerdotes, para que desta maneira eles pudessem ministrar diante do Senhor. Não
podemos nos esquecer que precisamos também ser "limpos" através da ação da Palavra de Deus em
nós, para podermos servir condignamente diante dEle.

  

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "A Pia". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução:


Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

HURTADO, Juan Anca. Artigo "El tabernáculo y sus utensilios (sus significados)". www.monografias.com.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 143-154.

NOTAS:

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág.
(1)

200.

(2)
Id. Ibid., pág. 200.
(3)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 148.

BARROW, Martyn. Artigo "A Pia". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução: Pastor Eduardo
(4)

Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

(5)
Id. Ibid.

(6)
Id. Ibid.

(7)
HURTADO, Juan Anca. Artigo "El tabernáculo y sus utensilios (sus significados)". www.monografias.com.

O LUGAR SANTO

A MESA E OS PÃES

ÊX 25.26-30

 Pr. José Antônio Corrêa

INTRODUÇÃO:

Como já vimos no primeiro estudo, o "Lugar Santo", ou "Primeiro Tabernáculo", era o local onde os
sacerdotes oficiavam na presença de Deus. Ali ofereciam os sacrifícios em prol do povo. Neste
primeiro Tabernáculo acontecia todo ritual de ofertas e sacrifícios, Hb 9.6, "Ora, estando estas coisas
assim preparadas, entram continuamente na primeira tenda os sacerdotes, celebrando os serviços
sagrados". No Lugar Santo, estavam os seguintes utensílios: a "Mesa com os Pães; o Castiçal; o Altar
de Incenso; o Véu que separava o Lugar Santo da sala mais interna". Vamos estudar agora a Mesa com
os Pães e sua simbologia para nós como filhos de Deus:

I. MESA

1. DESCRIÇÃO:
 

A Mesa - Nxlv (shulchan) com os Pães - Mxl (lechem) era colocada no lado direito da porta para
entrada no Lugar Santo. Sabemos que quase todos os santuários antigos possuíam uma mesa para
ofertas em seus utensílios. O santuário de Israel não seria exceção. A instrução para a confecção da
Mesa está em Êx 25.23, "Também farás uma mesa de madeira de acácia; o seu comprimento será de
dois côvados, a sua largura de um côvado e a sua altura de um côvado e meio". Observe que a madeira
seria a "acácia" (hjv - shittah), a mesma madeira também usada para a construção das paredes do
Tabernáculo.

a) Suas dimensões seriam: comprimento – dois côvados; largura – um côvado; altura – um côvado e
meio. Para calcularmos o tamanho exato devemos tomar a medida da distância entre o cotovelo e a
ponta dos dedos, ou seja cerca de 45 a 50 centímetros. Calculando em metros então teríamos:
comprimento, um metro; largura, meio metro; altura, 75 centímetros.

b) Quatro argolas deveriam ser colocadas nos quatro cantos da Mesa para facilitar o seu transporte por
meio dos varais, Êx 25.26-27, "26 Também lhe farás quatro argolas de ouro; e porás as argolas nos
quatro cantos, que estão nos seus quatro pés. 27 Perto da moldura estarão as argolas, como lugares
para os varais, para se levar a mesa". Observe que estas argolas, como também o revestimento da Mesa
eram de ouro.

c) Deveriam ainda construir dois varais, também de madeira de acácia, recobertos de ouro, que seriam
os instrumentos de transporte da Mesa. Os varais não poderiam ser retirados das argolas, Êx 25.13-15,
"13 Farás também varais de madeira de acácia e os cobrirás de ouro; 14 meterás os varais nas argolas
aos lados da arca, para se levar por meio deles a arca. 15 Os varais ficarão nas argolas da arca e não se
tirarão dela".

1. SIMBOLISMOS

1. Qual seria a tipologia envolvida na Mesa dos Pães? Temos inicialmente a observação de Barrow:

"Ela foi feita de madeira de acácia recoberta de ouro, similar às tábuas que formam as paredes
do Santuário, que fala das duas naturezas de Cristo, ou seja, Ele nasceu de Maria como genuíno
ser humano, mas foi concebido pelo Espírito Santo, sendo chamado Filho de Deus (Lucas 1:35).
Verdadeiramente homem, revestido de Deus.  

No Pátio externo tudo simbolizava lavagem, julgamento e morte, na Pia de bronze e no Altar de
Holocausto. Aqui no Lugar Santo, tudo simboliza vida, alimento, luz e incenso aromático.
Portanto, no Pátio Externo "Vemos ... aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os
anjos, por causa da paixão da morte", mas na Mesa dos Pães (e no Altar de Incenso) no Lugar
Santo, nós vemos Jesus "coroado de glória e de honra" (Hebreus 2:9)".(1)

2. É evidente que a colocação de Barrow é feita apenas em caráter tipológico, porém como já vimos
anteriormente nada do que foi ordenado pelo Senhor, o foi por acaso. O escritor da Carta aos Hebreus
nos fala que estas coisas eram sombras de verdades celestiais a serem reveladas futuramente, Hb 8.5,
"...os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente
instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de
acordo com o modelo que te foi mostrado no monte".
 

II. PÃES

1. DESCRIÇÃO

Em cima da Mesa eram colocados os Pães da Proposição, Êx 25.30, "Porás sobre a mesa os pães da
proposição diante de mim perpetuamente". Um detalhe importante é que estes pães deveriam ser em
número de doze, um para cada tribo de Israel. "Doze bolos achatados (como grandes bolachas),
dispostos em duas fileiras (Lv 24.6), eram ali colocados, frescos, a cada manhã, e removidos a cada
anoitecer, para serem comidos apenas pelos sacerdotes em circunstâncias normais (1 Sm 21.6)"(2), Lv
24.5-9, "5 Também tomarás flor de farinha, e dela cozerás doze pães; cada pão será de dois décimos de
efa. 6 E pô-los-ás perante o Senhor, em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa de ouro puro. 7
Sobre cada fileira porás incenso puro, para que seja sobre os pães como memorial, isto é, como oferta
queimada ao Senhor; 8 em cada dia de sábado, isso se porá em ordem perante o Senhor continuamente;
e, a favor dos filhos de Israel, um pacto perpétuo. 9 Pertencerão os pães a Arão e a seus filhos, que os
comerão em lugar santo, por serem coisa santíssima para eles, das ofertas queimadas ao Senhor por
estatuto perpétuo".

2. SIMBOLISMOS

1. O que significa estes pães? Teriam eles, algum simbolismo especial? Vejamos:

a) Na verdade, pão significa "suprimento", "alimentação". Devemos lembrar que "pão" no Velho
Testamento, sempre foi símbolo de suprimento alimentar, Gn 28.20, "Fez também Jacó um voto,
dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer
e vestes para vestir". Ver ainda Gn 47.12; Dt 8.9; Sl 132.15. Foi por esta razão que Jesus ordenou a
seus discípulos que orassem pedindo, não somente refeições diárias, mas o "pão-nosso" de cada dia,
Mt 6.11, "o pão nosso de cada dia nos dá hoje".

b) Outro detalhe envolvido nos pães está no fato de que eles precisavam ser continuamente frescos, ou
seja trocados freqüentemente, 1 Sm 21.6, "Então o sacerdote lhe deu o pão sagrado; porquanto não
havia ali outro pão senão os pães da proposição, que se haviam tirado de diante do Senhor no dia em
que se tiravam para se pôr ali pão quente". A expressão "pão quente", nos mostra como os pães da
cesta eram substituídos a cada dia na presença do Senhor. Barrow afirma que os pães eram trocados
apenas nos sábados: "Na Mesa dos Pães eram colocados doze pães sem fermento, um para cada dos
doze tribos de Israel. Estes eram repostos todos os sábados por outros pães frescos (Levítico 24:5-
9)"(3). Já Cole afirma que eram trocados a cada manhã: "... eram ali colocados, frescos, a cada manhã, e
removidos a cada anoitecer...".(4) Pelo texto de Levítico 24.5-9, nos parece que de fato Barrow tem
razão, e que os pães eram substituídos apenas aos sábados. Porém, deixando a polêmica de lado e as
divergências entre os estudiosos quanto à periodicidade em que os pães devessem ser trocados, algo
nos fica bem claro: eles em trocados! Este fato nos mostra que Deus não dá para os seus filhos
suprimentos velhos, deteriorados, ou em decomposição. O suprimento de hoje é "fresco", como
também será "fresco" o suprimento de amanhã, e assim sucessivamente. Deus tem o melhor para os
seus filhos e não pão amanhecido, duro!
c) Outro ponto de observação é que estes pães somente podiam ser comidos pelos sacerdotes e não por
quaisquer outras pessoas, Lv 24.9, "Pertencerão os pães a Arão e a seus filhos, que os comerão em
lugar santo...". Em todo o Velho Testamento há apenas uma exceção em que este princípio não foi
observado, 1 Sm 21.3-6, "3 Agora, pois, que tens à mão? Dá-me cinco pães, ou o que se achar. 4 Ao
que, respondendo o sacerdote a Davi, disse: Não tenho pão comum à mão; há, porém, pão sagrado, se
ao menos os mancebos se têm abstido das mulheres. 5 E respondeu Davi ao sacerdote, e lhe disse:
Sim, em boa fé, as mulheres se nos vedaram há três dias; quando eu saí, os vasos dos mancebos
também eram santos, embora fosse para uma viagem comum; quanto mais ainda hoje não serão santos
os seus vasos? 6 Então o sacerdote lhe deu o pão sagrado; porquanto não havia ali outro pão senão os
pães da proposição, que se haviam tirado de diante do Senhor no dia em que se tiravam para se pôr ali
pão quente". Devemos notar que esta exceção foi em caráter excepcionalíssimo, uma vez que nesta
ocasião nada havia para Davi se alimentar, recorrendo ele então aos pães da proposição, como último
recurso.

d) Os pães eram feitos sem fermento, o que os preservavam da deterioração rápida. Citando Sheed:

"A proibição acerca do fermento, como também acerca do mel (Lv 2:11) possivelmente foi feita
porque a fermentação implica em desintegração e corrupção, e para os hebreus qualquer coisa
em estado de decomposição sugeria imundícia. Os escritores rabínicos freqüentemente usavam o
fermento como símbolo do mal e da corrupção hereditária do homem"(5).

2. O que os Pães da Proposição podem significar para nós, povo de Deus do Novo Testamento? No
Velho Testamento "... talvez fosse um reconhecimento agradecido de que o pão cotidiano das doze
tribos vinha de Deus".(6) Para o Novo Testamento, vejamos alguns possíveis simbolismos:

a) Estes pães nos lembram Jesus dizendo: "Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem
a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede, Jo 6.35. Como "pão da vida",
Jesus é o nosso suprimento diário, o nosso tudo! Dependemos dEle para todas as nossas necessidades,
sejam elas físicas ou espirituais. É a ele que nos recorremos, é nEle que nos saciamos, matamos a
nossa fome! Citando Barrow: "Ele é o Pão vivo que desceu do céu para nos dar Sua vida, vida EM nós
(João 6:51, 53). Esta vida é produzida em nós, primeiramente, pelo Espírito que dá vida (João 6:63) e
depois pela palavra de vida eterna (João 6:68)".(7)

b) Não é por acaso que o Senhor ao instituir a sua Ceia, coloca como um dos elementos, o pão, que
simboliza o Seu corpo que foi partido na cruz, e que deve ser ingerido por todos aqueles que foram
regenerados pela sua graça, Mt 26.26, "Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o
partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo". Embora seja a Ceia uma
ordenança para manter a união e comunhão do povo de Deus, também nos fala de alimento espiritual!
É por esta razão que Jesus no Evangelho de João afirma que a sua carne é "comida" e seu sangue é
"bebida", "55 Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é
bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 Assim
como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá
por mim".

c) Os pães também nos lembram da Palavra de Deus agindo em nossas vidas. Observe que a Palavra
de Deus deve ser também ingerida pelos filhos de Deus, Jr 15.16, "Acharam-se as tuas palavras, e eu
as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó
Senhor Deus dos exércitos". Embora Jeremias nos mostre o gozo e a alegria do crente ao comer a
Palavra, muitas vezes esta Palavra pode ser amarga em nosso ventre, em virtude de seu poder
corretivo, Ap 10.10, "Tomei o livrinho da mão do anjo, e o comi; e na minha boca era doce como mel;
mas depois que o comi, o meu ventre ficou amargo". Observe o comentário de Lockyer:

"Várias vezes na Escritura, a palavra de Deus é comparada com alimento que deve ser
assimilado. Ezequiel, como João, experimentou uma profecia doce-amarga (Ezequiel 2:8; 3:1-
3). Da mesma forma, Jeremias teve de consumir a palavra divina (Jeremias 15:16). O primeiro
efeito da comunicação profética foi doce como o mel à boca, e trouxe deleite indizível a João ao
ver que as predições passadas estavam prestes a cumprir-se. Foi-lhe doce ao paladar
compreender que finalmente o domínio da terra passaria de Satanás para Cristo, e que uma era
perversa estava prestes a terminar e uma nova era a começar.

Mas então o apóstolo meditou no efeito do juízo sobre as multidões sem Deus, e pensou na ira
final sob as sete taças e nos terrores do Senhor que em breve sobreviriam aos ímpios. Ao
meditar no destino final dos perdidos, a angústia apertou-lhe o coração. O que lhe era doce ao
paladar teria um efeito amargo para os habitantes rebeldes da terra. Sua comissão foi renovada e
João teve de sair, profetizando para as multidões a respeito do juízo vindouro.

O mesmo princípio está em vigor, nesta era da graça, para todos os pregadores. Uma mensagem
dada por Deus deve ser recebida e absorvida em seu próprio ser. A verdade de segunda mão e
não experimentada nunca é dinâmica. Tanto a doçura como a amargura de um evangelho
revelado por Deus devem fazer parte do treinamento espiritual dos arautos. A verdade que eles
têm deleite em receber exige a morte da vida do ego e o sabor amargo das durezas e
desapontamentos de ser testemunhas verdadeiras".(8).

d) O pão sem fermento nos mostra que como filhos de Deus precisamos nos preservar das corrupções
do mundo, Tg 1.27, "27 A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os
órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo". O mundo está em
estado de decomposição e como filhos de Deus não devemos permitir que seu fermento corrompa,
deteriore, desintegre, nossa vida em Deus. "Guardar-se", no dizer de Tiago significa "manter-se
preservado", "segurar-se", "vigiar". Temos na língua original o termo grego "threw" – tereo.

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "A Mesa dos Pães". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.


Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

LOCKYER, Herbert, Sir. Apocalipse, o Drama dos Séculos. Tradução de João Barbosa Batista.
Editora Vida, pág. 131. 1982.

SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. II, págs. 613.

 
NOTAS:

BARROW, Martyn. Artigo "A Mesa dos Pães". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução: Pastor
(1)

Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág.
(2)

186.

(3)
BARROW, Martyn. Op. cit.

(4)
COLE, Alan, Ph.D. Op. cit., pág. 186.

(5)
id. ibid., pág. 186.

(6)
BARROW, Martyn. Op. cit.

LOCKYER, Herbert, Sir. Apocalipse, o Drama dos Séculos. Tradução de João Barbosa Batista. Editora Vida, pág. 111.
(7)

1982.

(8)
SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. II, pág. 613.

O CASTIÇAL

ÊX 25.31-40

  Pr. José Antônio Corrêa

INTRODUÇÃO:

Vimos no Estudo anterior o simbolismo que envolvia a Mesa e os Pães. Como pudemos observar o
Pão simboliza o nosso suprimento diário vindo de Deus. É o Senhor quem nos supre com o pão-nosso
de cada dia. No dizer de Davi, Deus jamais deixará que seus filhos mendiguem o pão: "Fui moço, e
agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão", Sl
37.25. Pelo contrário, "...ele supre aos seus amados enquanto dormem", Sl 127.2. É não Mesa dos Pães
que o suprimento chega aos filhos de Deus! É ali que saciamos nossa fome física, e também nossa
fome espiritual. Lembre-se que o maná descia dos céus para alimentar o povo de Deus no deserto (Nm
11.9; Dt 8.3). Hoje, Jesus é o Pão da Vida que desceu dos céus como alimento espiritual a cada um de
nós, filhos do Altíssimo! Queremos, no presente estudo enfocar o simbolismo que envolvia o Castiçal.
Certamente o castiçal também nos ensinará princípios que nos edificarão profundamente!

I. O CASTIÇAL

1. O Castiçal, "hrwnm" – menowrah – "suporte de luz", "abajur", "candeeiro", "candelabro", etc.. Era
uma peça única de ouro batido e ficava no lado esquerdo do Lugar Santo, ao sul. Era composto de seis
hastes e cálices em formato de amêndoas. Se o visualizarmos com nossas mentes, podemos vê-lo tendo
a aparência de uma árvore de ouro. Outro detalhe de considerada importância está relacionado ao
combustível que alimentava o fogo noite e dia, o azeite puro de oliveira. Veja a descrição feita por
Cole:

"Zacarias 4:2, numa visão, parece se referir a um candelabro que consistia de um único vaso de
azeite cuja borda possuía sete aberturas laterais de modo a receber sete pavios (segundo Davies,
W.F. Albright menciona a existência de tais lâmpadas encontradas em Mizpa). Todavia, se
compararmos a descrição aqui oferecida com a escultura no Arco de Tito, surgem algumas
diferenças. Trata-se neste caso de um candelabro de sete hastes, feito de ouro maciço (madeira
de acácia revestida de ouro não se podia usar aqui). O candelabro era profusamente decorado
com moldes e esculturas de amêndoas e flores de amendoeira, e sustentava sete pequenas
lâmpadas de pavio único".(1)

Veja ainda a descrição de Shedd:

"A representação do mesmo, no Arco de Tito, mostra que era formado de uma haste central
(chamada de ‘castiçal mesmo’, em versículo 34), com três projeções de cada lado, todas
encurvadas e chegando à mesma altura, assim formando sete lâmpadas todas na mesma altura
(22). As próprias lâmpadas tinham a forma de um lírio aberto segurando uma taça. Cada
projeção era enfeitada com ornamentos que consistiam de um botão de amêndoa, uma maçã
(botão, como o capitel de uma coluna), e uma flor de lírio, sendo que as projeções laterais
tinham três desses ornamentes enquanto que a haste central tinha quatro (33-35). Os ornamentos
não eram fixados externamente, mas formavam uma só peça com o todo (36).(2)

2. Era um aparto construído especialmente para trazer luz para o interior do Tabernáculo. Não
precisamos dizer que sem o Castiçal, o Santuário ficaria complemente imerso na escuridão! Por esta
razão entendemos que a principal e única função do Castiçal, era a iluminação do recinto sagrado, isto
não levando em conta ainda o simbolismo envolvido, o qual passamos a apreciar no ponto seguinte.

II. SIMBOLISMOS
 

1. Queremos ver agora quais são os simbolismos envolvidos no Castiçal, e suas aplicações para os
filhos de Deus atualmente.

a) Inicialmente, queremos entender que o seu significado estava ligado à nação de Israel, que fora
levantada por Deus para ser "luz para os gentios". Esta idéia é clara em Isaías 42.1, 6: "1 Eis aqui o
meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o
meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios. 6 Eu, o SENHOR, te chamei em justiça,
tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os gentios".
Na verdade Deus criou a nação de Israel com um propósito específico, ou seja levar o Seu nome a
todas as nações da terra. É desta maneira que entendemos a chamada de Abraão, e a promessa a ele de
ser bênção para as nações, "...e em ti serão benditas todas as famílias da terra", Gn 12.3b. Não é por
acaso que Deus usa uma expressão semelhante ao comissionar Paulo como pregador aos gentios:
"porque assim nos ordenou o Senhor: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação
até os confins da terra", At 13.47. Tal ponto de vista é citado com propriedade por Cole:

"Alguns pensam que o candelabro significava a missão de Israel como luz para os gentios (Is
60:3). Certamente o "sete’’ como sempre simbolizava perfeição, ao passo que o óleo, pelo
menos mais tarde, se tornaria um símbolo do Espírito de Deus (Zc 4:1-6). O simbolismo pode
ser o da luz que a presença de Deus traz ao Seu povo (Nm 6:25), se lembrarmos que luz, no
Velho Testamento, é também um símbolo da vida e de vitória (Sl 27:1)".(3)

b) Se o simbolismo acima está correto, e cremos que está, podemos dizer ele se aplica também a Jesus,
a Luz que veio ao mundo e a nós como propagadores da Luz.

b.1) Quando Jesus deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, Mateus, citando o profeta Isaías (9.2),
fala acerca da vida e ministério de Jesus, como sendo a chegada da luz divina àquela região: "o povo
que estava sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra
da morte, a estes a luz raiou", Mt 4.16.

b.2) Uma descrição não menos significativa está no começo do Evangelho de João onde o termo "luz",
aplicado ao Filho de Deus se repete por consecutivas vezes, "4 A vida estava nele e a vida era a luz dos
homens. 5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. 6 Houve um homem
enviado por Deus cujo nome era João. 7 Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da
luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse
da luz, 9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem", Jo 1.4-9. Observe a
incidência da palavra "luz" com referência a Jesus nos vs. 4, 5, 7, 8, 9, somando 6 vezes.

b.3) Indo um pouco mais adiante no mesmo Evangelho de João, encontramos Jesus fazendo referência
a sim mesmo como sendo a Luz vinda de Deus para iluminar a todo homem, Jo 8.12, "Então Jesus
tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas,
mas terá a luz da vida". Esta mesma aplicação se nota em Jo 9.5; 12.35-36, 46;

b.4) Uma outra aplicação importante envolve o crente, o filho de Deus, que por natureza tornou-se um
receptáculo da luz divina. Cabe a nós como testemunhas de Jesus e de Sua Palavra, ser luz para o
mundo pecador imerso em densas trevas! Se temos em nós a verdadeira Luz, esta Luz precisa brilhar
na salvação de vidas. É através de nosso comportamento irrepreensível, uma conduta honesta,
verdadeira, num mundo iníquo, que iremos iluminar aqueles com os quais convivemos e aos quais
precisamos testemunhar da Luz de Deus. Como luz, precisamos falar incansavelmente do Senhor e de
Sua Palavra. Note como Jesus orientou assim seus discípulos, Mt 5.14, "Vós sois a luz do mundo. Não
se pode esconder uma cidade situada sobre um monte". E Paulo escrevendo aos Filipenses, afirmou:
"... para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração
corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo", Fp 2.15. Podemos observar
aqui o comentário de Barrow:

"Nós não só necessitamos ver Sua luz, nós precisamos andar em Sua luz (I João 1:5-7; Efésios
1:18; 5:5-8). Isto incluirá o Senhor brilhando sobre muitas coisas que não O refletem. Nós
devemos confessar essas coisas que Ele ilumina na nossa consciência ao nosso Advogado nos
céus, Jesus Cristo o Justo, O qual se entregou a Si mesmo pelos nossos pecados (I João 1:9; 2:1-
2). Esta atuação em nosso interior é a função da luz da vida: o sacerdote preparava os pavios das
lâmpadas e enchia os cálices com óleo e a luz aumentava em intensidade novamente (compare
Apocalipse 1:12-13)"(4).

c) Devemos lembrar que os sacerdotes precisavam ficar atentos, alimentando diariamente o Candeeiro
com o azeite de oliveira, impedindo desta maneira que as lâmpadas viessem a apagar. Precisamos nós
também como filhos de Deus, cuidar para que a Luz de Deus não se apague em nós, ou venha ter o seu
brilho diminuído em nossas vidas. Lembre-se que o óleo é símbolo do Espírito Santo! Assim como o
Candeeiro precisava ser abastecido com óleo, precisamos nós também ser abastecidos com a unção do
Espírito Santo. Não é por menos que Paulo nos adverte a que não apaguemos o Espírito Santo em
nossas vidas, 1 Ts 5.19, "Não extingais o Espírito". Pelo contrário precisamos ser plenos dEle em
nossas vidas, Ef 5.18, "E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do
Espírito".

d) Outra observação não menos interessante é que o Castiçal foi construído a partir de uma barra
maciça de ouro batido, para formar as setes hastes, Êx 25.36, "Os seus cálices e os seus braços
formarão uma só peça com a haste; o todo será de obra batida de ouro puro". Podemos dizer que a
haste principal prefigura Jesus, sendo que demais hastes podem prefigurar a igreja (pessoas
convertidas). Sobre este simbolismo discorre Barrow:

"O castiçal era feito a partir de trabalhar sobre somente um bloco de ouro. Em primeiro lugar, a
haste central foi batida e formada. Depois, seis ramificações foram formadas da haste central.
Isso nos mostra Cristo e Seus membros em Seu corpo (I Coríntios 12:12). Quando Jesus veio,
Ele era a única Luz do Mundo. Então Pedro, Tiago e João foram "batidos" ou feitos em Cristo
(II Coríntios 1:21). Nós sabemos que as três lâmpadas de cada lado do castiçal eram acesas a
partir da lâmpada central, quando o castiçal era montado. Isto indica que Cristo "iluminou"
Pedro, Tiago, João e os outros primeiros discípulos e eles começaram a segui-lO, a Luz do
Mundo"(5).

e) Como os cálices do Castiçal tinham o formato de amêndoas, isso nos sugere mais um simbolismo,
Êx 25.33, "Em um braço haverá três copos a modo de flores de amêndoa, com cálice e corola; também
no outro braço três copos a modo de flores de amêndoa, com cálice e corola; assim se farão os seis
braços que saem do candelabro". Lembrando do episódio da vara de Arão que floresceu (Nm 17.8), as
flores de amêndoa parecem nos indicar o cuidado constante de Deus para com a nação de Israel e para
com o seu povo nos dias atuais. Dentro deste simbolismo nos escreve Cole:

"Se as referências à amendoeira forem encaradas literalmente como desenhos usados para
decoração (e esta parece ser a interpretação óbvia), isso nos lembra a vara de Arão, feita de
amendoeira, e que florescera (Nm 17:8), e também a visão de Jeremias (Jr 1:11,12). Jeremias
nos dá a entender que a amendoeira, sendo a primeira árvore a florescer na primavera, era um
símbolo apropriado do maravilhoso cuidado divino para com Seu povo, e do cumprimento de
Sua promessa feita aos antepassados de Israel. Tudo isso é mera especulação, todavia, e neste
terreno é melhor que se pise com cuidado(6).

2. Vimos que no Tabernáculo, a iluminação ocorria através do Castiçal, que por sua vez representava a
luz de Deus, tanto para a nação de Israel, como também para a Igreja de Cristo. Deus é a Luz de seu
povo! Um ponto que não podemos deixar de mencionar é que na Jerusalém Celeste, não haverá mais a
necessidade de um Castiçal, de uma luz produzida, pois sua iluminação virá pelo próprio Deus, Ap
22.5, "E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de luz de lâmpada nem de luz do sol, porque o
Senhor Deus os alumiará; e reinarão pelos séculos dos séculos". Certamente "... a Nova Jerusalém será
um enorme castiçal de ouro, não necessitando mais de nenhum cuidado contínuo. Não haverá mais
trevas para combater, simplesmente fluirá o rio da água da vida, com a árvore da vida, que procede do
trono de Deus e do Cordeiro (22:1-2)(7). Terminamos com Ap 21.22-24, "22 Nela não vi santuário,
porque o seu santuário é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. 23 A cidade não necessita nem
do sol, nem da lua, para que nela resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é
a sua lâmpada. 24 As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória".
Aleluia!!!

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "O Castiçal". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução:


Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 143-154.

SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. III, págs. 1553-
1557.

NOTAS:

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág.
(1)

186.

(2)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 14.

(3)
COLE, Alan, Ph.D. op. cit. pág. 187.

BARROW, Martyn. Artigo "O Castiçal". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução: Pastor Eduardo
(4)

Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.
(5)
Id. Ibid.

(6)
COLE, op. cit. pág. 187.

(7)
BARROW, op. cit.

O ALTAR DO INCENSO

ÊX 30.1-10

  Pr. José Antônio Corrêa

INTRODUÇÃO:

No estudo anterior pudemos ver o Castiçal, com toda simbologia inerente a ele. Através do Castiçal, o
instrumento utilizado para iluminar o interior do Tabernáculo, vislumbramos a verdadeira fonte de luz
– O Deus Todo-Poderoso, que é Luz em sua essência! "Deus é Luz e não há nEle trevas nenhumas", 1
Jo 1.1. Não somente Deus é Luz, mas Ele quer que seus filhos, os depositários da luz divina, sejam
"luzeiros" num mundo envolvido em densas trevas, debaixo do comando do príncipe das trevas, o
Diabo. No presente estudo, estaremos analisando o Altar do Incenso, bem como também a sua
simbologia.

I. O ALTAR DO INCENSO

1. O Altar do Incenso - "trjq xbzm" (mizbeach qetoreth) era construído de madeira e "... era de um tipo
e tamanho bem conhecidos no mundo antigo. Tinha o formato de uma pequena pilastra truncada, com
pequeninos chifres nos quatro cantos. Como os outros objetos no Tabernáculo, era feito de madeira de
acácia, revestido de ouro, e possuía argolas laterais através das quais, varais podiam ser colocados para
o seu transporte".(1) Em relação às suas dimensões: seu comprimento, um côvado; sua largura, um
côvado; e altura, dois côvados, Êx 30.2, "O seu comprimento será de um côvado, e a sua largura de um
côvado; será quadrado; e de dois côvados será a sua altura; as suas pontas formarão uma só peça com
ele". "Ele era quadrado: meio metro por meio metro de largura e um metro de altura".(2)

2. Ele ficava no "Santo Lugar" no interior do Tabernáculo, bem em frente da cortina que separava o
Santo dos Santos. Citando Shedd:

"O altar do incenso ficava diretamente defronte do véu que ocultava a arca, que estava dentro do
santo dos santos; aquele altar estava intimamente associado ao lugar santíssimo, pois a arca,
sobre a qual ficava o propiciatório, era o lugar onde Deus se encontrava com Seu povo (Êx
30.6), e, visto como o incenso representa oração (Sl 141:2), o altar do incenso era
apropriadamente colocado próximo da arca, ainda que do lado de fora do véu, pois o sacerdote
tinha de usá-lo diariamente. Conf. Heb. 9:4".(3)

3. O ritual sacerdotal incluía a queima do incenso tanto pela manhã, como também à tarde, como
estatuto perpétuo ao Senhor, Êx 30.7-8, "7 E Arão queimará sobre ele o incenso das especiarias; cada
manhã, quando puser em ordem as lâmpadas, o queimará. 8 Também quando acender as lâmpadas à
tardinha, o queimará; este será incenso perpétuo perante o Senhor pelas vossas gerações". "Duas vezes
por dia o incenso deveria ser oferecido pelo sacerdote sobre este altar em miniatura, quando viesse
verificar o pavio e o azeite das lâmpadas".(4) Assim escreve Mesquita:

"Cada tarde, ao acender do candeeiro, seria queimado incenso, enquanto o povo fora orava a
Deus, e cada manhã, ao serem apagadas as luzes, novamente era queimado o incenso. Era o
incenso da manhã e da tarde por todas as gerações". (5)

4. A composição do incenso sagrado é descrita nos vs. 34-38, "34 Disse mais o Senhor a Moisés:
Toma especiarias aromáticas: estoraque, onicha e gálbano, especiarias aromáticas com incenso puro;
de cada uma delas tomarás peso igual; 35 e disto farás incenso, um perfume segundo a arte do
perfumista, temperado com sal, puro e santo; 36 e uma parte dele reduzirás a pó e o porás diante do
testemunho, na tenda da revelação onde eu virei a ti; coisa santíssima vos será. 37 Ora, o incenso que
fareis conforme essa composição, não o fareis para vós mesmos; santo vos será para o Senhor. 38 O
homem que fizer tal como este para o cheirar, será extirpado do seu povo". Sobre a composição do
incenso nos escreve Mesquita:

"Estoraque, ônica, e gálbano, incenso puro, e sal puro e santo. A fórmula era propriedade divina
e ninguém podia usar dela em casa. O estoraque é uma resina comum da Arábia e que produz
grande fumaça ao ser queimada, tendo a propriedade de ser microbicida É usado em medicina. A
ônica não é muito conhecida, mas supõe-se ser a blatta bysantina, uma espécie de concha
marinha muito comum no Mar Vermelho e que desprende grande cheiro ao ser queimada, O
gálbano é muito conhecido dos perfumistas; quando queimado só, tem um cheiro desagradável;
mas, combinado com outras especiarias, tem um cheiro ativo e agradável e em conjunto
desenvolve as propriedades dos outros elementos com que entra em combinação.(6)

Note que havia um cuidado todo especial na preparação do incenso, com uma fórmula minuciosa dada
pelo Senhor, e que não podia ser alterada em hipótese alguma. Caso a fórmula do incenso fosse
adulterada, se tornava "incenso estranho" perante o Senhor, "isto é, não preparado da maneira
prescrita, ou então oferecido impropriamente"(7). A fórmula do incenso também não podia ser copiada
para uso pessoal, sob pena de excomunhão, ou seja quem assim o fizesse seria banido do meio do povo
de Deus.

5. Observe o texto de Números 16.17, "Tomou, pois, cada qual o seu incensário, e nele pôs fogo, e
nele deitou incenso; e se puseram à porta da tenda da revelação com Moisés e Arão". De acordo com
este texto, notamos que o incenso até poderia ser oferecido em outros lugares, fora do Altar do
Incenso, mas teria que ser queimado nos recipientes apropriados, e somente pelos sacerdotes. Note o
comentário de Cole:

"É claro que, como demonstrado em Números 16.17, o incenso poderia ser oferecido à parte de
qualquer altar, sendo queimado nos incensários; este altar específico, todavia, só poderia ser
usado para o incenso".(8)

6. Com essas considerações, queremos agora falar nos simbolismos que envolvem o Altar de Incenso.

II. SIMBOLISMOS

1. O principal simbolismo ligado ao incenso é a oração feita a Deus, "Suba a minha oração, como
incenso, diante de ti, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde!", Sl 141.2. O
perfume característico produzido pela queima do incenso subia às narinas de Deus, da mesma maneira
que sobem aos céus as orações do justo. É dentro deste contexto que temos a visão de João em
Apocalipse, quando ele vê o anjo com um incensário na mão com as orações dos santos para oferecer
sobre o Altar de ouro que está diante do Trono de Deus, "3 Veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar,
tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as orações de
todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. 4 E da mão do anjo subiu diante de Deus
a fumaça do incenso com as orações dos santos", Ap 8.3-4.

2. Não é por acaso também que o Altar do Incenso era colocado bem próximo da Arca. "Visto como o
incenso representa a oração (Sl 141.2), o Altar do Incenso era apropriadamente colocado próximo da
arca, ainda que do lado de fora do véu, pois o sacerdote tinha que usá-lo diariamente". (5) Como a Arca
ficava no Lugar Santíssimo, onde supostamente estava o Trono de Deus, podemos ver como nossas
orações representam papel importante em nosso relacionamento e comunhão com o Senhor. É através
da oração que podemos adentrar o Santíssimo Lugar, e desfrutar da gloriosa presença de Deus.
Observe o que nos diz o escritor da Carta aos Hebreus: "Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no
santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus", Hb 10.19. É evidente que a esta altura dos acontecimentos o
sacerdote já havia passado tanto pelo Atar dos Sacrifícios, como também pela Bacia de Bronze, onde
simbolicamente seus pecados haviam sido tratados. O mesmo aconteceu conosco, e agora estamos
aptos para adentrar o "santíssimo lugar". Pelo seu sangue vertido, Cristo nos deu o direito e ousadia
para entrar e permanecer ali, na presença de Deus. Uma pessoa que não nasceu de novo, ou seja, que
não passou pelo Altar do Holocausto e pela Bacia de Bronze, não ousará penetrar o Lugar Santíssimo.
Certamente será um intruso, como aquele homem que ousou entrar na festa das bodas sem estar
devidamente trajado, Mt 22.11-13, "11 Mas, quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um
homem que não trajava veste nupcial; 12 e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste
nupcial? Ele, porém, emudeceu. 13 Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-
o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes".
3. Devemos notar que assim como a Arca, o Altar de Incenso tinha uma coroa de ouro na sua parte
superior, "...e lhe farás uma moldura de ouro ao redor", Êx 30.3. Esta coroa simboliza Cristo, em sua
plenitude de glória e honra, Hb 2.9, "...vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os
anjos, Jesus, coroado de glória e honra por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus,
provasse a morte por todos". Um detalhe importante para lembrarmos é que o Senhor Jesus somente
recebeu a glória devida após à cruz! É isso que mostra Paulo em sua Carta aos Filipenses: "8 e, achado
na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; 10 para que
ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 e toda
língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai", Fp 2.8-11. Dentro desta ótica
escreve Barrow:

"Entretanto, por causa do Altar de Incenso ser o lugar de oração, a coroa e a oração juntas nos
dão a idéia de um sacerdócio Real. Este pensamento é desenvolvido no livro de Hebreus: o
Messias, Jesus Cristo se tornou sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Salmos 110:1,
Hebreus cap. 7). Ele pode se compadecer de nós como nosso grande Sumo Sacerdote (Hebreus
4:15) e pode nos conceder a Sua misericórdia e graça como Rei da justiça e Rei da paz (Hebreus
7:25; 7:2; 4:16; Gênesis 14:18)".(9).

4. Não podemos deixar destacar o valor da oração para o filho de Deus. É através dela que falamos
como Senhor para expressar nossos sentimentos, pedir, agradecer, louvar, etc. Se excluirmos a oração
na vida do crente, sua vida em Deus certamente se desmoronará, será vazia e perderá todo o seu
sentido. Seria como arrancarmos as muletas das mãos de um aleijado! Dependemos da oração para
mantermos nossa comunhão com Deus, assim como dependemos da água e do alimento diários para
nos mantermos com vida. A vida cristã sem oração será como toda certeza, desértica, fria, sem sentido.

5. Observe ainda, que o Tabernáculo foi construído como lugar de habitação de Deus no meio de seu
povo. Sua presença estaria ali continuamente! Não é menos importante pensarmos que o Tabernáculo,
a Casa de Deus, deve ser também chamada de "Casa de oração", Is 56.7, "sim, a esses os levarei ao
meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios
serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos".
Observe que Jesus fez referência à profecia de Isaías, quando expulsou os cambistas do Templo, Mt
21.13, "... e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis
covil de salteadores".

6. Falando ainda um pouco mais sobre incenso, observamos que ele possuía uma fórmula que produzia
um perfume característico, Êx 30.35, "...disto farás incenso, um perfume segundo a arte do
perfumista...". Este perfume certamente era agradável às narinas de Deus, assim como o são as nossas
orações feitas de acordo com a Sua vontade. Quando oramos assim, destituídos de nossos desejos
carnais (Tg 4.3), sem uma preocupação excessiva conosco mesmos, recebemos de Deus tudo o que
precisamos para o nosso viver diário. Deus sabe o que nós precisamos até mesmo antes de lhe
pedirmos, "...porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes", Mt 6.8. Com
toda certeza, Deus cuidará para que sejamos satisfeitos, completos, em nada deficientes. No dizer de
Paulo, Deus suprirá todas as nossas necessidades, Fp 4.19, "Meu Deus suprirá todas as vossas
necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus". Ainda, quando oramos a Deus
podemos contar com a promessa de Jesus: "...Em verdade, em verdade vos digo que tudo quanto
pedirdes ao Pai, ele vo-lo concederá em meu nome", Jo 16.23.

7. Outro detalhe importante, é que dentro da fórmula do incenso era colocada uma certa porção de sal,
Êx 30.35, "... e disto farás incenso, um perfume segundo a arte do perfumista, temperado com sal, puro
e santo". Sabemos que o sal possui duas características principais: dar sabor aos alimentos e evitar a
sua deterioração. Um alimento que não foi devidamente salgado se estragará e permitirá que "corpos
estranhos", "microorganismos", "germes", invadam sua massa e acelerem o processo de putrefação.
Sem sombra de dúvidas, ele se estragará bem mais rapidamente! Isso nos mostra que nossas orações
devem ser temperadas com sinceridade e humildade na presença de Deus. Não podemos permitir que
"corpos estranhos", como a hipocrisia, a falsidade, o fingimento, invadam o nosso ser e venham
desfigurar o teor de nossas orações a Deus. Com certeza, Deus não tolera o orgulho e hipocrisia,
quando estamos levantando nossas vozes aos céus. Foi por esta razão que Jesus condenou de forma
veemente os fariseus e escribas de seu tempo, Mt 23.14, "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior
condenação". Observe que os escribas e fariseus eram "craques" na retórica e imponência em suas
orações, mas elas estavam corrompidas pelo sangue das viúvas indefesas! Não precisamos dizer que
estes religiosos tinham uma doutrina correta para suas orações, porém o procedimento maligno deles,
os denunciavam na presença de Deus. Na verdade, estavam ofendendo e desagradando a Deus.

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "O Altar do Incenso". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.


Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia . Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora
Batista. Rio de Janeiro-RJ. 1971.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs.143-154.

NOTAS:

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág.
(1)

189.

BARROW, Martyn. Artigo "O Altar do Incenso". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução: Pastor
(2)

Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

(3)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 148.

(4)
COLE, Alan, Ph.D., op. cit., pág. 199.

MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia. Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora Batista. Rio de Janeiro-
(5)

RJ. 1971. Pág. 261.

(6)
MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia., op. cit., pág. 261

(7)
SHEDD Russel, op. cit., pág. 148.
(8)
COLE, Alan, Ph.D. op. cit., pág. 199.

(9)
BARROW, Martyn. op. cit.

O VÉU

ÊX 26.31-37

Pr. José Antônio Corrêa

INTRODUÇÃO:

Como vimos, no estudo anterior, o Altar do Incenso era o lugar onde o sacerdote queimava uma
especiaria aromática, cuja fórmula foi dada pelo Senhor, e somente podia ser usada para este fim
específico. Se alguém copiasse a fórmula para uso pessoal seria extirpado do meio do povo de Deus!
Se ainda alguém não credenciado queimasse o incenso, seria morto! Este serviço somente podia ser
realizado apenas pelos sacerdotes, devidamente instituídos através da casa de Arão. Isto nos mostra
que as coisas santas não podem ser misturadas com as mundanas. O que é separado para Deus, deve
ser usado somente para Ele. O incenso representa as orações dos filhos de Deus que sobem até Ele em
cheiro suave. Hoje queremos ver o Véu.

I. O VÉU

1. O Véu "tkrp - poreketh", foi construído para fazer a separação entre o Lugar Santo e o Lugar
Santíssimo, Hb 9.3, "mas depois do segundo véu estava a tenda que se chama o santo dos santos". "O
santuário interno, o lugar santíssimo (34), no qual estava colocada a arca, era separado do santuário
frontal, por uma cortina entrelaçada em uma só peca, semelhante à coberta mais interna do
tabernáculo".(1) Um comentário importante sobre o véu nos faz Cole:

 
"O véu separava um terço da área do Tabernáculo. A tenda era pequena (digamos 15 metros por
5 metros) comparada a qualquer templo moderno. Além disso, não possuía aberturas para
ventilação e era escura, a não ser pela luz do candelabro de ouro e a pouca luz que
acidentalmente ali penetrava quando o reposteiro que ficava sobre a porta da tenda era levantado
para permitir a entrada dos sacerdotes. O candelabro ficava no "santo lugar’’: o santo dos santos
ficava absolutamente às escuras, por detrás do espesso véu. Todavia, a escuridão e o frescor do
interior do Tabernáculo seriam um grande alívio depois do ofuscante calor do deserto (observe
quantas vezes a "sombra" de YHWH é mencionada como um símbolo de refrigério e salvação,
por exemplo, Sl 17:8) e sua extrema escuridão, a partir do Sinai, passou a ser um símbolo
apropriado para Deus (1 Rs 8:12).(2)

2. Esta cortina deveria confeccionada em linho fino torcido, nas cores azul, purpura e carmesim, v. 31,
"Farás também um véu de azul, púrpura, carmesim, e linho fino torcido; com querubins, obra de
artífice, se fará". Era sustentado por quatro colunas de madeira, apoiadas em bases de ouro. Era
prendido por colchetes também de ouro, com bases de prata, v. 32, "e o suspenderás sobre quatro
colunas de madeira de acácia, cobertas de ouro; seus colchetes serão de ouro, sobre quatro bases de
prata".

3. Em relação às dimensões desta cortina interior que dividia o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, não
podemos precisar com exatidão. É possível que "...no tabernáculo o Véu tinha apenas 4,6 metros de
altura".(3)

II. SIMBOLISMOS

1. Certamente o primeiro símbolo que podemos destacar aqui é o fato de Deus não pode conviver com
o pecado do homem. Observe que somente o sumo-sacerdote (um tipo de Cristo) podia romper para
além do Véu e adentrar o Lugar Santíssimo, e isso somente uma vez por ano, no dia da expiação
quando ele oferecia o sacrifício por si mesmo e pelos pecados do povo, Hb 9.7, "...mas na segunda só o
sumo sacerdote, uma vez por ano, não sem sangue, o qual ele oferece por si mesmo e pelos erros do
povo". Sobre isto comenta Barrow:

"A entrada era proibida para todos, exceto para um, o sumo sacerdote, e o seu acesso não era
livre, pois ele só poderia entrar uma vez por ano, no Dia da Expiação, quando ele trazia o sangue
do bode sacrificado para espargir sobre a tampa (o Propiciatório) da Arca da Aliança".(4)

Com certeza podemos afirmar que por causa do pecado, o homem comum não podia aproximar-se de
Deus, a não ser através de um intercessor devidamente credenciado e isto devido ao Seu caráter santo!

2. Como esta aproximação somente era possível através dos sacrifícios de animais e mediante um
intercessor, Deus instituiu o sacerdócio através da família de Arão. Os sacerdotes passaram a ser então,
os representantes do povo diante de Deus. Porém através do sacrifício de Cristo, os sacerdotes da velha
aliança, foram destituídos. Na Nova Aliança, mediante o sacrifício único do Filho de Deus, todo
homem nascido de novo, regenerado, pode adentrar o Lugar Santíssimo, Hb 10.19-20, "19 Tendo pois,
irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, 20 pelo caminho que ele nos
inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne". Veja o comentário de Barrow:
 

"O Véu nos faz lembrar de que estamos excluídos porque "todos pecarem e destituídos estão da
glória de Deus" (Romanos 3:23). Entretanto, como o Cordeiro Pascal foi morto para a redenção
dos filhos de Israel no Egito, e o bode era morto a fim de que seu sangue pudesse obter o perdão
de Deus para os Israelitas no Dia da Expiação, assim Jesus levou "em seu corpo os nossos
pecados sobre o madeiro" (1 Pedro 2:24). Enquanto Jesus foi estava pendurado na cruz, Deus
"fez cair sobre Ele as iniqüidades (os erros) de nós todos"(Isaías 53:6). O sofrimento final da
morte veio quando Jesus clamou: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus
27:46). Logo depois, "Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito" (Mateus
27:50). Ele disse "Está consumado!" (João 19:30). Ele morreu".(5)

3. Algo que nos chama a atenção é que por ocasião da morte de Cristo, ocorreram alguns fatos dignos
de nota: A terra tremeu, as pedras se fenderam, sepulcros foram abertos e pasmem! "...o véu se rompeu
de alto a baixo", Mt 27.51-53, "51 E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a
terra tremeu, as pedras se fenderam, 52 os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham
dormido foram ressuscitados; 53 e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na
cidade santa, e apareceram a muitos". Como ele foi rompido "de alto a baixo", isso nos sugere que foi
Deus quem o rompeu, e somente um poder miraculoso poderia ter atuado para que tal fato acontecesse.
Sobre o rompimento do véu nos lembra Champlin:

"Se confiamos em Deus e cremos em seu poder, por que haveríamos de duvidar de determinadas
ocorrências físicas, havidas quando da morte de Cristo? Ele era Filho de Deus em sentido todo
especial. A natureza protestou contra a iniqüidade dos homens, e esse protesto chegou até o
interior do próprio templo. O véu do templo era extremamente espesso e resistente. Tinha a
largura de uma mão de espessura, tecido com setenta e duas dobras torcidas, cada dobra feita
com vinte e dois fios. Media cerca de dezoito metros de altura por nove de largura. Seria mister
uma força poderosíssima para conseguir tal prodígio".(6)

4. A palavra de Deus nos mostra que junto à cruz do Senhor estava um centurião romano que pode
testemunhar a ruptura do Véu, Mt 27.54, "...ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo
o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era
filho de Deus". Tal fato nos sugere que agora também não somente o povo judeu tinha acesso à graça
de Deus, mas também os gentios, foram beneficiados. "Isto mostra que esse pecador gentio também
podia olhar diretamente no Santo dos Santos. Este quadro demonstra que agora é possível, baseado na
fé na morte de Jesus pelos nossos pecados, entrar na presença de Deus como pessoas justificadas e
perdoadas (Romanos 5:1-2)".(7) Como a maioria dos judeus rejeitou o Filho de Deus, tal fato alargou
ainda mais o porta para entrada dos gentios. No dizer de João, "11 Veio para o que era seu, e os seus
não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder
de se tornarem filhos de Deus", Jo 1.11-12. Diante da rejeição judaica, note o que apóstolo Paulo disse
certa ocasião em Corinto: "Como estes, porém, se opusessem e proferissem injúrias, sacudiu ele as
vestes e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora vou para
os gentios", At 18.6.

5. Finalmente, como já vimos, Hebreus 10.19-22 nos mostra que um novo caminho para Deus foi
aberto com ruptura do Véu. Não há mais distinção entre o sumo-sacerdote e os demais homens! Não
há mais intermediários! Todos agora, judeus, gentios, mulheres, etc., mediante o sangue derramado do
Filho de Deus, podem chegar à presença do Todo-Poderoso e chamá-Lo de "Pai", sem quaisquer
restrições. Pelo contrário o escritor da carta nos fala que podemos entrar na presença de Deus com
ousadia, v. 19. Observe o comentário de Mesquita:
 

"Separando o lugar santíssimo do lugar santo, estava o véu de grande espessura de modo a não
permitir que o sacerdote, oficiando durante o ano, olhasse para dentro do Santíssimo e morresse.
Deus não pode ser visto pelos homens; portanto, o lugar em que Ele declarou que moraria não
podia ser visto por ninguém. Era a sua casa. Foi este véu que se rasgou de alto a baixo quando
Jesus morreu. Agora todos podiam olhar para dentro do véu, porque o sumo sacerdote, Cristo,
tinha aberto o caminho e tornado possível o acesso a Deus para todos os pecadores".(8)

Ainda sobre esta ruptura do véu e o acesso direto à presença de Deus nos esclarece Barrow:

"Como Hebreus 10:19-22 mostra, o caminho para o Santo dos Santos foi aberto para nós através
do Véu da carne de Jesus sendo rasgado na cruz. Há um "novo" (literalmente "recém morto") e
"vivo" caminho pelo qual entrarmos. O Senhor Jesus Cristo não é apenas o nosso sacrifício
"recém morto"; Ele é também Aquele que vive (Lucas 24:5; Apocalipse 1:18), que ressuscitou
da morte e subiu ao céu, nosso Sumo Sacerdote, com os nossos nomes em Seu coração (o
Peitoral) e ombros (as Pedras nos ombros), entrando no Santo dos Santos onde a presença de
Deus está sobre a Arca da Aliança! Que encorajamento! Vamos nos aproximar a Deus no Santo
dos Santos, com um coração purificado e com plena certeza de fé! Vamos falar a outras pessoas
a respeito disso! (Hebreus 10:23)! Vamos nos estimular uns aos outros a amar o Senhor muito
mais! (Hebreus 10:24)! Vamos nos reunir com corações cheios de louvor e alegria (Hebreus
10:25), enquanto Ele nos dirige nos hinos de louvor a Deus Pai (Hebreus 2:12), Seu Pai e nosso
Pai! (João 20:17)".(9)

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "O Véu". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução:


Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado. A Sociedade Religiosa A VOZ


BÍBLICA. Guaratingetá-SP. Vol. I.

MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia. Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora
Batista. Rio de Janeiro-RJ. 1971.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 143-154.

SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. III, págs. 1553-
1557.

NOTAS:
 
(1)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 145.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág.
(2)

189.

BARROW, Martyn. Artigo "O Véu". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução: Pastor Eduardo
(3)

Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

(4)
Id. Ibid.

(5)
Id. Ibid.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado. A Sociedade Religiosa A VOZ BÍBLICA.
(6)

Guaratingetá-SP. Vol. I, pág. 638.

(7)
BARROW, Martyn. op. cit.

MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia. Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora Batista. Rio de Janeiro-
(8)

RJ. 1971. Págs. 260-261.

(9)
BARROW, op. cit

A ARCA DA ALIANÇA

ÊX 25.10-22

  Pr. José Antônio Corrêa

  

INTRODUÇÃO:

Pudemos ver no estudo anterior como o Véu desempenhava importante função no Tabernáculo. Era ele
que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, onde somente o Sumo-Sacerdote podia adentrar, e
isto uma só vez no ano, ou seja no Dia da Expiação (rpk Mwy - yowm kippur). Com a morte do Filho
de Deus, nos relatam as Escrituras que o Véu do Templo se rasgou de alto a baixo, tornando aquele
local, um local de livre acesso para todos! Agora tanto judeus, como gentios, mulheres, podiam olhar
para dentro do Santo dos Santos sem o risco de perder a vida. Isto nos quer dizer que daquele momento
em diante todos, sem exceção, temos acesso direto a Deus e não mais precisamos de representantes, ou
intercessores. Hoje queremos falar sobre a Arca da Aliança.

I. ARCA DA ALIANÇA

1. A Arca da Aliança (tyrb Nwra - 'arown beriyth) era um baú construído de madeira de acácia e media
cerca de 1,25 metros de comprimento; 0,75 metros de largura; 0,75 metros de altura (considerando que
o côvado eqüivalia a 45 ou 50 centímetros), Êx 25.10, "Também farão uma arca de madeira de acácia;
de dois côvados e meio será o seu comprimento, de um côvado e meio, a largura, e de um côvado e
meio, a altura". Era coberta de ouro puro por dentro e por fora com uma bordadura de ouro ao redor,
com quatro argolas de ouro nos cantos para ser carregada por meio de varais de madeira recobertos
com ouro, Êx 25.11-13, "11 De ouro puro a cobrirás; por dentro e por fora a cobrirás e farás sobre ela
uma bordadura de ouro ao redor 12 Fundirás para ela quatro argolas de ouro e as porás nos quatro
cantos da arca: duas argolas num lado dela e duas argolas noutro lado. 13 Farás também varais de
madeira de acácia e os cobrirás de ouro". Uma outra descrição semelhante nos é mostrada por
Mesquita:

"Esta peça era de madeira de acácia, toda forrada de ouro por dentro e por fora,
com uma bordadura em volta, também de curo. A arca tinha quatro argolas e
dois varais, que não poderiam ser retirados do lugar, e tudo revestido de ouro. O
metal mais precioso e incorruptível, bem como a madeira mais incorruptível
foram usados na construção da arca".(1)
 

2. A Arca era coberta com uma tampa chamada propiciatório (trpk - kapporeth) e adornada por dois
querubins, também feitos de ouro maciço, que ficavam frente-a-frente com as faces voltadas para o
centro da Arca. Dentro da Arca, ficavam as Tábuas da Lei, o Pote de Maná, e a Vara de Arão que
florescera, Hb 9.4, "que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de ouro em redor;
na qual estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha brotado, e as tábuas
do pacto". Cole nos fala sobre a Arca, sua tampa, ou o propiciatório, com as seguintes palavras:

"... sendo feita de madeira de acácia, revestida de ouro e lisa, à exceção da


"tampa" (chamada "propiciatório" no v. 17) da qual faziam parte dois pequenos
querubins também de ouro maciço, cujas faces estavam voltadas para o centro
da arca. Argolas de ouro eram colocadas nos cantos da arca e através delas eram
inseridos varais de madeira de acácia revestidos de ouro, com os quais a arca era
carregada. Essencialmente, a arca era uma caixa sagrada, facilmente carregada,
que continha as duas tábuas de pedra gravadas com a lei. A ‘cobertura’, sob a
sombra das asas dos querubins, também era considerada como o trono do Deus
invisível, que ali encontraria e falaria a Israel (v. 22)".(2)

Descrevendo propiciatório, nos relembra Cole:


 

"Trata-se aqui de interpretação, não de tradução, do termo hebraico kappôret.


Em seu sentido original pode significar ‘tampa’ ou ‘cobertura’ (embora este
sentido original não seja encontrado em nenhum outro lugar no Velho
Testamento) ou ‘aquilo que faz propiciação’, no sentido metafórico do verbo
‘cobrir’. Este sentido deve certamente estar incluído aqui, em vista de
expressões como o ‘dia da expiação’, palavra que vem da mesma raiz (Lv 23:27;
literalmente ‘dia da cobertura’). Tal expiação não era realizada normalmente
perante a arca, mas pelo sangue derramado sobre o altar Lv 17:11): a
transferência, contudo, é fácil e natural".(3)

Descrição não menos importante sobre os querubins também nos é dada por Cole:

"Estes eram, mais provavelmente, esfinges aladas com rostos humanos, a julgar
pelas visões de Ezequiel 1 e Apocalipse 4, bem como pelo uso do termo no
Egito (embora os querubins sejam mencionados em Gn 3:24, não são descritos).
Na Assíria, o karubu (mesma raiz semítica) tem a função de guarda de templo.
Em Israel, os querubins simbolizavam os espíritos que ministravam como servos
e mensageiros de Deus (Sl 104.3,4) e por isso suas imagens não eram uma
violação de (Êx) 20:4, já que ninguém os adorava. Figuras de querubins,
bordadas em cores vivas, eram encontradas por toda a volta da cortina interior
do Tabernáculo (36:35), de modo que sua presença sobre a arca não era uma
ocorrência isolada. O Templo de Salomão possuía dois enormes querubins de
oliveira, cobertos de ouro, de cinco metros de altura, os quais pairavam sobre a
arca (2 Cr 3:10). Este é apenas um dos muitos detalhes em que o Templo de
Salomão era mais elaborado do que os planos aqui esboçados para o
Tabernáculo".(4)

3. Sabemos ainda que a Arca era "... o item mais conhecido do Tabernáculo, famosa por seus
misteriosos poderes contra os inimigos de Israel (1 Samuel caps. 5 e 6)". (5) Um episódio interessante
envolvendo a Arca aconteceu nos dias do sacerdote Eli, quando numa guerra com os filisteus ela foi
levada para Asdote, uma cidade dos Filisteus, e colocada no templo de Dagon, o deus principal dos
filisteus. No dia seguinte a estátua de Dagon estava caída com o rosto em terra. Novamente a estátua
foi colocada em seu lugar e no outro dia não somente estava caída, mas também tinha os seus braços
cortados, 1 Sm 5.1-5. Veja como a situação dos moradores de Asdote se agrava, com a permanência da
Arca em seu meio, vs. 6-7: "6 Entretanto a mão do Senhor se agravou sobre os de Asdode, e os
assolou, e os feriu com tumores, a Asdode e aos seus termos. 7 O que tendo visto os homens de
Asdode, disseram: Não fique conosco a arca do Deus de Israel, pois a sua mão é dura sobre nós, e
sobre Dagom, nosso deus". Por causa disto, os filisteus despacharam a Arca do Senhor para Gate,
outra cidade filistéia, depois para Ecrom, sempre deixando ela atrás de si, um tremendo rastro de
destruição, vs. 8-12. Resultado: Os filisteus tiveram que devolvê-la a Israel (1 Sm 5). Queremos agora
falar sobre os simbolismos que envolviam a Arca da Aliança.

II. SIMBOLISMOS
 

1. Um primeiro ponto de simbolismo envolvendo a Arca da Aliança pode ser visto na disposição que
ela ocupava dentro do Tabernáculo, bem como as restrições em torno dela. Como já vimos
anteriormente, somente o Sumo-Sacerdote podia adentrar o Lugar Santíssimo onde permanecia a Arca,
e isto somente uma vez por ano, no dia da Expiação para oferecer o sacrifício anual por si mesmo e
pelo povo. Em razão disto, podemos afirmar que ela representava o Trono de Deus no interior do
Tabernáculo, que estava ali para julgar as ações de seu povo e também para transmitir-lhes os
princípios e ensinamentos de sua Palavra, Êx 25.22, "E ali virei a ti, e de cima do propiciatório, do
meio dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho, falarei contigo a respeito de tudo o que
eu te ordenar no tocante aos filhos de Israel". Sobre esta particularidade nos escreve Barrow:

"A Arca era o trono de Deus em Seu lugar de habitação no Tabernáculo. Muitas
pessoas, corretamente, associam a Arca da Aliança com o julgamento e a ira de
Deus. O dia em breve virá, quando Deus julgará os segredos dos homens
(Romanos 2:16) e "Do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e
injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça" (Romanos 1:18).
"Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho, não verá?"
(Salmo 94:9). Caso você não esteja certo disto, leia a respeito do grande trono
branco do julgamento de Deus em Apocalipse 20:11-15. Mas havia uma tampa
na Arca, conhecida como Assento de Misericórdia, ou Propiciatório. Era aqui
que o sangue do bode era aspergido pelo sumo sacerdote no dia da Expiação,
para aplacar a justa ira de Deus (propiciação) contra os pecados do povo de
Israel".(6)

2. Observe que os querubins, símbolo inegável da presença de Deus, estavam sobre a Arca e não
dentro dela. As Escrituras afirmam que Deus habita no meio dos querubins. Um texto que nos fala
sobre esta particularidade de Deus é 2 Sm 6.2: "Depois levantou-se Davi, e partiu para Baal-Judá com
todo o povo que tinha consigo, para trazerem dali para cima a arca de Deus, a qual é chamada pelo
Nome, o nome do Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins". Observe que este texto de
2 Samuel é uma referência ao transporte da Arca por Davi para Baal-Judá, quando ela foi transferida
da terra dos filisteus para a terra de Israel. Outro texto semelhante é Salmo 99.1: "O Senhor reina,
tremam os povos; ele está entronizado sobre os querubins, estremeça a terra". Cole nos fala da Arca
como símbolo da presença de Deus:

"A arca sempre foi considerada um símbolo visível da presença de Deus e,


como tal, ao tempo de Moisés, era saudada ao sair e ao entrar no Tabernáculo
(Nm 10:35,36). Ao tempo de Eli, era erroneamente considerada um ‘amuleto’
mágico capaz de assegurar proteção divina (1 Sm 4:4). Davi se recusou a
recorrer erroneamente à proteção divina como seus predecessores (2 Sm 15:25)
e Jeremias anteviu o dia em que tal símbolo se tornaria desnecessário (Jr 3:16).
(7)
.

3. Havia sobre a Arca uma "... coroa ou auréola de ouro se encontrava ao redor da Arca (Êxodo 25:11),
falando da excelsa glória de Cristo, e formando também como uma espécie de proteção contra toda
irreverência ante ao ministério de sua Pessoa (a mesma coroa se vê no Altar de Ouro e na Mesa de dos
Pães)".(8) Esta coroa de ouro ao redor da Arca, certamente é um símbolo perfeito de Cristo, que embora
se fez homem, humilhando-se através da morte na cruz, hoje está coroado de glória ao lado do Pai, Hb
2.9, "... vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e
honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos".

4. Já o propiciatório (trpk - kapporeth), um tipo de tampa, significa o lugar onde Deus está, e é ali que
o homem se encontra com Ele. Conforme nos diz Hurtado:

"O propiciatório era o lugar de encontro de Deus com o homem e tem um duplo
sentido: a) Aarão, o sacerdote, representando o povo diante de Deus, que o
socorria mediante o sangue. b) Moisés, o enviado de Deus, o apóstolo, recebia
ali as mensagens de Deus para o povo (êxodo 25.22). O Senhor Jesus em
Hebreus 3.1, reúne o duplo caráter de Moisés e de Aarão, quando é chamado de
"Apóstolo e Sumo Sacerdote de nossa confissão".(9)

5. Ainda dentro da simbologia do propiciatório, devemos considerar o significado da própria palavra


trpk – kapporeth cuja raiz significa "cobrir". É por esta razão que o Dia da Expiação, também podia ser
chamado de "Dia da Cobertura". Ou seja era o dia em que os pecados do povo eram cobertos,
perdoados, mediante o sangue derramado de uma vítima. É neste sentido que Jesus é a propiciação
pelos nossos pecados, 1 Jo 2.2, "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos
nossos, mas também pelos de todo o mundo". No grego temos "ilamov - hilasmos", também com a
idéia principal de "expiar", "cobrir". Mediante o sangue de Cristo, nossos pecados são cobertos,
perdoados, não levados em conta, "ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para
demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos",
Rm 3.25.

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "A Arca da Aliança". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.


Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia. Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora
Batista. Rio de Janeiro-RJ. 1971.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs.143-154.

HURTADO, Juan Anca. Artigo "El tabernáculo y sus utensilios (sus significados)". www.monografias.com

  
NOTAS:

MESQUITA, Antônio Neves de, Dr. em Teologia. Estudo do Livro de Êxodo. Casa Publicadora
(1)

Batista. Rio de Janeiro-RJ. 1971. Pág. 260.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
(2)

Paulo, 1963. Pág. 184.


(3)
Id. Ibid, pág. 185.
(4)
Id. Ibid, pág. 185.
(5)
BARROW, Martyn. Artigo "A Arca da Aliança". http://www.domini.org/tabern.
martyn@domini.org. Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner
(02/02). Calvin G. Gardner 03/02.
(6)
Id. Ibid.
(7)
COLE, Alan, Ph.D., op. cit. pág. 185
(8)
HURTADO, Juan Anca. Artigo "El tabernáculo y sus utensilios (sus significados)". www.monografias.com
(9)
Id. Ibid.

OS UTENSÍLIOS DO INTERIOR DA ARCA

HB 9.1-4

Pr. José Antônio Corrêa

INTRODUÇÃO:

 
No estudo anterior tivemos a oportunidade de estudar a Arca da Aliança em sua parte externa.
Devemos lembrar que a Arca era um baú de madeira, recoberto com ouro com uma tampa chamada
"propiciatório", e sobre esta tampa havia dois querubins de ouro maciço, ambos olhando para o centro
da Arca. Ela ficava no Lugar Santíssimo, ou seja a parte mais interior do Tabernáculo, onde somente o
Sumo-Sacerdote podia entrar uma vez por ano para oferecer sacrifício por si mesmo e pelos pecados
do povo. Como vimos, a palavra "propiciatório" vem de um termo hebraico que significa "cobrir",
"expiar", cuja idéia principal é que Deus, mediante o sacrifício, não levava em conta os pecados
cometidos. Isto nos recorda o fato de que Jesus ao derramar seu sangue no Calvário, fez "expiação"
pelos nossos pecados. No dizer de João, Ele é a propiciação pelos nossos pecados, 1 Jo 2.1. Hoje
queremos analisar a parte interna da Arca, onde estavam a Vara de Arão, o Pote de Maná, e as Tábuas
da Lei, bem como as aplicações e os simbolismos para o povo de Deus nos dias atuais.

I . AS TÁBUAS DA LEI – A PALAVRA DE DEUS

1. As tábuas da lei, também chamadas de "tábuas da aliança" (tyrb xwl - luwach beriyth)
correspondem às tábuas de pedra conferidas a Moisés no Monte Sinai. Elas continham os Dez
Mandamentos como preceitos divinos que deveriam ser observados pelo seu povo,  Êx 24.12, "Então,
disse o SENHOR a Moisés: Sobe a mim, ao monte, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os
mandamentos que escrevi, para os ensinares". Ver ainda Dt 9.9-11, "9 Subindo eu ao monte a receber
as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o SENHOR fizera convosco, fiquei no monte quarenta
dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água. 10 Deu-me o SENHOR as duas tábuas de pedra,
escritas com o dedo de Deus; e, nelas, estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado
convosco no monte, do meio do fogo, estando reunido todo o povo. 11 Ao fim dos quarenta dias e
quarenta noites, o SENHOR me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança". Estas tábuas
deveriam ficar dentro da Arca, no interior do Tabernáculo, como lembrança de que a lei fora
transmitida como estatuto perpétuo ao povo de Deus na Antiga Aliança. Um detalhe importante é que
estas "... tábuas de pedra também eram chamadas de tábuas do testemunho (Êxodo 31:18), pois nos
mostram os atributos de Deus como sendo: zeloso, cuidadoso, fiel e verdadeiro. Ele é santo e justo".(1)
Observe o comentário de Andrade:

"As tábuas da lei foram colocadas dentro da arca porque os mandamentos constituíam o
regulamento da aliança de Deus com Israel. A lei é a Palavra de Deus. Se já recebemos a Cristo
em nossos corações, nossa próxima providência deve ser a busca do conhecimento da Palavra de
Deus, a Bíblia Sagrada. Como escreveu Paulo: "A Palavra de Cristo habite abundantemente em
vossos corações. (Cl 3.16)(2)

2. É verdade que o povo de Deus na Velha Aliança foi incapaz de cumprir os preceitos divinos, em
virtude do pecado arraigado à natureza do homem pela queda de Adão, e ainda dada à própria natureza
da Lei. Porém a Lei do Sinai, era um "tipo", um "simbolismo" da lei interior prometida pelo Senhor e
que viria através do ministério do Filho de Deus em um tempo posterior. Consideremos aqui as
observações de Barrow:

"Os dez mandamentos nas duas tábuas de pedras são a base da aliança de Deus com os filhos de
Israel (Êxodo 19:5-7). Eles estipulam quais são os justos requerimentos da lei, sem ajudarem aos
filhos de Israel a obedecê-los.
Em razão de os filhos de Israel não cumprirem a parte deles neste concerto (visto que era
impossível, Romanos 8:3), Deus prometeu fazer uma nova aliança, "Não conforme a aliança que
fiz com seus pais, ... porque eles invalidaram a minha aliança, apesar de eu os haver desposado,
diz o SENHOR (Jeremias 31:32).

Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a
minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu
povo.

E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao
SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR;
porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados (Jeremias
31:33-34)".(3)

3. Nesta Nova Aliança precisamos aprender a valorizar a Palavra de Deus em nossas vidas. Certamente
a ação dela em nós irá determinar o tipo de vida cristã que levaremos. Ela certamente nos dará a
direção certa para vivermos a vida em Deus. Ela é viva e produz vida! Hb 4.12, "Porque a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de
alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração".
Quando valorizamos a Palavra, nossa comunhão com Deus cresce, nossa vida em Deus enriquece. Há
muitos textos nas Escrituras que nos mostram o supremo valor da Palavra de Deus na vida daquele que
é Seu servo:

a) Sl 1.1-3, "1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no
caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2 Antes, o seu prazer está na lei
do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3 Ele é como árvore plantada junto a corrente de
águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será
bem sucedido". Note que a expressão "o seu prazer está na lei do Senhor" que designa muito bem o
que o salmista achava da Palavra de Deus. É preciso trocar o prazer das companhias humanas e dos
valores passageiros, pelo prazer do contato diário com a Palavra. O homem que tem prazer em ler e
meditar na Palavra de Deus, certamente prosperará em seu caminho – "tudo quanto fizer prosperará".
Este foi o segredo de José, no Egito – "O SENHOR era com José, que veio a ser homem próspero; e
estava na casa de seu senhor egípcio", Gn 39.2.

b) Sl 119.105, "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos". Neste
exemplo, o salmista afirma que a única direção segura para a vida está na observância da Palavra de
Deus. Sabemos da importância da luz para iluminar as trevas. Com toda certeza, somente a Palavra de
Deus pode iluminar o nosso caminho, nos mostrando as armadilhas e artimanhas do diabo o Príncipe
das Trevas. Quando temos a Palavra de Deus como condutora em nosso caminho, ficaremos livres de
muitas decepções, enganos, erros, que certamente marcam a existência de muitas vidas que caminham
sem rumo!

4. Sim, precisamos beber da Palavra de Deus! Ela precisa "habitar ricamente em nós", para podermos
ser transformados à imagem de Cristo.

II. O MANÁ – PROVISÃO DE DEUS

1. O maná (Nm - man) foi o alimento dado por Deus durante a caminhada de quarenta anos de seu
povo pelo deserto, Êx 16.14-15, "14 E, quando se evaporou o orvalho que caíra, na superfície do
deserto restava uma coisa fina e semelhante a escamas, fina como a geada sobre a terra. 15 Vendo-a os
filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? Pois não sabiam o que era. Disse-lhes Moisés:
Isto é o pão que o SENHOR vos dá para vosso alimento". Dt 8.3, "Ele te humilhou, e te deixou ter
fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a
entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o
homem".

2. Sabemos que o alimento material, o pão nosso de cada dia, constitui-se uma das maiores
preocupações do homem. Esta preocupação é citada por Jesus quando o Senhor fala das ansiedades e
preocupações humanas: "Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis
de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
alimento, e o corpo, mais do que as vestes?, Mt 6.25. Calcula-se que pelo menos 30% da população
mundial vive em condições altamente precárias sofrendo os horrores da fome. Quando falamos de
maná, não estamos falando apenas de alimento material, embora ele tenha sido dado com esta função,
mas estamos falando também do alimento espiritual, da provisão de Deus para seus filhos. Veja as
observações de Barrow:

"Maná era o alimento que descia de Deus diariamente para sustento dos Israelitas no deserto
durante os quarenta anos da jornada para Canaã. A maneira que ele era enviado exigia da nação
de Israel o desenvolvimento de autodisciplina. O maná somente chegava de manha cedo com o
orvalho (Êxodo 16:13-14). Quando o sol surgiu, ele teria evaporado (Êxodo 16:21). O maná
tinha de ser colhida diariamente, qualquer sobra criava bichos e cheirava mal (Êxodo 16:20), e
eles deveriam colher uma porção dobrada no sexto dia, pois não seria enviado no sábado
(Êxodo16:22-27). Era chamado Maná, porque em Hebraico isto quer dizer: ‘o que é isso?’.
Parecia semente de coentro e seu sabor era como bolos de mel (Êxodo 16:31). O Senhor ordenou
a Moisés para que enchesse um ômer com Maná e o guardasse como memorial para as gerações
futuras, para que vissem como Deus alimentou os Israelitas no deserto (Êxodo 16:32-33). Este é
o Pote de Ouro com Maná "escondido", que ficava no Tabernáculo (Apoc. 2:17)".(4)

Note ainda o comentário de Andrade:

"Este foi o alimento que Deus enviou para o povo no deserto, ao qual chamavam de "pão do
céu". No evangelho de João, capítulo 6, o próprio Jesus se compara ao maná, dizendo: "Eu sou o
pão que desceu do céu." Para que a presença de Deus possa estar na vida de qualquer pessoa, o
primeiro passo é receber o Senhor Jesus como Salvador. Não existe outra maneira de se
estabelecer a aliança com Deus. Não há nada que alguém possa fazer para se aproximar de Deus,
a não ser por meio de Jesus Cristo. Assim como o maná sustentou o povo no deserto, Jesus é o
sustento para as nossas almas. Só nele a alma humana encontra sua plena satisfação".(5)

3. Quando Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, o tentador sabendo que o mestre estava sem comer
há quarenta dias, sugeriu que Ele transformasse pedras em pães: Mt 4.3, "Então, o tentador,
aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães".
Pela resposta do Senhor, percebemos que embora o pão seja essencial, o alimento mais importante
para o homem é a Palavra de Deus: "Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o
homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus", Mt 4.4.

4. O maná com toda certeza, é um tipo de Jesus: é o alimento que desceu e desce do céu para o
sustento do seu povo.
Jo 8.31-35, "31 Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do
céu. 32 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do
céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. 33 Porque o pão de Deus é o que desce do céu e
dá vida ao mundo. 34 Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. 35 Declarou-lhes, pois,
Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede".

a) Note que nesta passagem das Escrituras, o Senhor está fazendo uma comparação entre o "maná",
alimento dado para sustento do povo durante a caminhada pelo deserto, e Ele próprio, que é o pão que
desceu dos céus. Lembre-se que da mesma forma que o maná descia do céu, Jesus também desceu do
céu, como alimento espiritual daqueles que o recebem como Senhor de suas vidas.

b) Um fato importante a destacar é que o alimento material - "maná" supria a necessidade do povo
apenas por um dia e não podia ser guardado para o dia seguinte: Êx 16:20, "Eles, porém, não deram
ouvidos a Moisés, e alguns deixaram do maná para a manhã seguinte; porém deu bichos e cheirava
mal. E Moisés se indignou contra eles". Já o "Pão do Céu" – Jesus, nos alimenta para sempre:
"Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em
mim jamais terá sede", Vs. 35. Novamente temos Barow:

"A chave da resposta é o Pote de Ouro. O Pote de Ouro iria durar para sempre. Ele era redondo,
indicando a eternidade, e de ouro, indicando ser ‘de Deus, divino’. O Pote de Ouro indica vida
eterna. Nossa vida necessita estar ‘escondida com Cristo em Deus’ (Colossenses 3:3) e nós
necessitamos conhecer ‘Cristo, que é a nossa vida’, o ‘zoe’ (Grego) vida eterna (Colossenses
3:4). O Maná escondido foi um memorial de como Deus sustentou Seu povo em uma situação
impossível. Cristo é real, e disponível para todas as pessoas em qualquer idade ou em qualquer
circunstância. A questão é: o quanto Ele significa para nós? O que fazemos enquanto
desfrutamos de tempo e energia para servi-lo? Também quando nós passamos por apertos e Ele
nos socorre, experimentamos seu suprimento de vida nestas ocasiões, é bom termos um
memorial para as futuras situações. ‘E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.’ Jesus ora em João 17:3."(6)

5. Jesus é o nosso "maná" espiritual, nosso suprimento diário e eterno!

III . A VARA DE ARÃO – O PODER DE DEUS

1. A vara de Arão é uma referência à vara seca de amendoeira que floresceu milagrosamente pela ação
e poder de Deus na Tenda da Congregação, quando houve um conflito de liderança no meio do povo
de Israel, 1. Nm 17.1-10, "1 Disse o SENHOR a Moisés: 2 Fala aos filhos de Israel e recebe deles
bordões, uma pela casa de cada pai de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, isto é,
doze bordões; escreve o nome de cada um sobre o seu bordão. 3 Porém o nome de Arão escreverás
sobre o bordão de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá um bordão. 4 E as porás na tenda
da congregação, perante o Testemunho, onde eu vos encontrarei. 5 O bordão do homem que eu
escolher, esse florescerá; assim, farei cessar de sobre mim as murmurações que os filhos de Israel
proferem contra vós. 6 Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel, e todos os seus príncipes lhe deram
bordões; cada um lhe deu um, segundo as casas de seus pais: doze bordões; e, entre eles, o bordão de
Arão. 7 Moisés pôs estes bordões perante o SENHOR, na tenda do Testemunho. 8 No dia seguinte,
Moisés entrou na tenda do Testemunho, e eis que o bordão de Arão, pela casa de Levi, brotara, e,
tendo inchado os gomos, produzira flores, e dava amêndoas. 9 Então, Moisés trouxe todos os bordões
de diante do SENHOR a todos os filhos de Israel; e eles o viram, e tomou cada um o seu bordão. 10
Disse o SENHOR a Moisés: Torna a pôr o bordão de Arão perante o Testemunho, para que se guarde
por sinal para filhos rebeldes; assim farás acabar as suas murmurações contra mim, para que não
morram". Observe aqui o comentário Andrade:

"Essa vara era um pedaço de pau, galho da amendoeira, usado, provavelmente, para conduzir o
rebanho. Quando Deus quis dar um sinal ao povo, fez com que a vara de Aarão, aquela madeira
seca e velha, produzisse brotos, flores e frutos. Isso é extraordinário!

Qual o significado da vara de Aarão para nós? Poder de Deus, ação do Espírito Santo, de
maneira que o impossível acontece e maravilhas se realizam. É o poder da ressurreição. Aleluia!
O sinal da vara de Aarão nos mostra a ação de Deus quando já se pensa que é tarde demais.

Se já recebemos o Senhor Jesus e já temos adquirido o conhecimento da Palavra de Deus,


busquemos ainda ... o enchimento do Espírito Santo. Dessa forma, nossa vida cristã não se
resumirá em fé e palavras, mas em manifestação do poder de Deus" (Anísio Renato de
Andrade"(7)

Outro comentário importante nos vem de Champlin:

"Essa vara apresentou botões, floresceu e deu amêndoas, (Ver Num, 17:8). Esse objeto estava
associado à arca, e talvez tivesse sido guardado em seu interior, ou posto na frente da mesma,
como lembrete sagrado do poder divino sobre o mal. Alguns estudiosos pensam que serve de
tipo de Cristo, em seu ‘sacerdócio florescente’. Baal Hatturim. em Nm, 17:5, empresta ama idéia
sacerdotal a esse item, Cristo é a ‘raiz que saiu de terra seca’, que é idéia correlata àquela em
que uma vara evidentemente sem vida repentinamente voltou a dar fruto (ver Is 53:2). (Ver
também Nm 17.1-10 quanto à à história da vara que floresceu, e que determinou quais eram os
sacerdotes autênticos).(8)

3. Este exemplo da Vara de Arão que floresceu, nos mostra como Deus pode dar vida à morte! Em
Deus não somente a vida nasce da morte, mas esta "vida" gerada na "morte", se torna altamente
produtiva. Falando figurativamente sobre sua morte, que iria produzir vida em abundância, veja as
palavras de Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer,
fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto", Jo 12.24. Certamente, através de sua morte, Jesus
pode gerar muitos filhos de Deus, Hb 2.9-10, "9 vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido
feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra,
para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem. 10 Porque convinha que aquele, por
cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por
meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles".

4. Hoje, através da evolução científica, podemos ver o homem manipulando a vida a seu bel prazer,
através de enseminações artificiais, de bebês de proveta, dos trangênicos, dos clones, etc.. Porém não
temos ainda qualquer registro científico que nos mostre uma vara seca brotando, ou um morto de
quatro dias, como no exemplo de Lázaro, ressuscitando. A ciência não pode gerar vida a partir da
morte. O que é seco, continuará sendo seco; o que é morto, continuará sendo morto. A matéria sem
vida certamente se decomporá e desaparecerá da face da terra, ainda que esta decomposição possa
durar um milhão de anos! O único que pode produzir vida, é o Deus da Vida, o Todo-Poderoso! Nos é
importante aqui destacar o comentário de Barrow:

 
"Uma vara de cada uma das cabeças das doze tribos foi marcada com os respectivos nomes das
tribos e colocadas diante de Deus, perante a Arca do Testemunho (Números 17:4). Quando
Moisés retornou no dia seguinte, a vara de Aarão havia florescido, produzira flores e brotara
renovos e dera amêndoas maduras. Deus instruiu Moisés a colocar a vara de Aarão novamente
diante do testemunho, "para que se guarde por sinal para os filhos rebeldes"; a fim de prevenir
contra futuras murmurações e mortes (Números 17:10).

Isto é a história do Velho Testamento. A aplicação dela está em João capítulo 11. Lázaro, o
amigo de Jesus está seriamente enfermo. Jesus amava eles: Lázaro, Marta, e Maria, mas não foi
vê-lo imediatamente, esperou ainda dois dias. Isto causou muitos murmurações e discussões. Os
próprios discípulos eram os primeiros a murmurar e discutir, especialmente quando Jesus (sem
ter sido avisado por ninguém) anunciou que Lázaro adormecera (João 11:11, 14). Marta, Maria e
os enlutados eram os próximos a murmurar e discutir. Marta não podia esperar para dizer a Jesus
o que ela pensava, ao encontrar Jesus pelo caminho. Maria foi menos direta, mas ainda assim fez
a mesma observação que Marta: "Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido"
(João 11:21, 32)".(9)

4. Outro detalhe relacionado ao milagre produzido pelo Criador na vara de Arão nos aponta para os
impossíveis. Quando não há nenhuma possibilidade de qualquer ação do homem é que Deus entra e
age para demonstrar o seu grande poder realizador de milagres e prodígios. Podemos ver muitos
exemplos na Palavra de Deus quando "impossibilidades" tornaram-se "possibilidades". Porém
queremos destacar apenas dois deles:

a) A passagem pelo Mar Vermelho, Êx 14. 6-16, 21-22, "6 E aprontou Faraó o seu carro e tomou
consigo o seu povo; 7 e tomou também seiscentos carros escolhidos e todos os carros do Egito com
capitães sobre todos eles. 8 Porque o SENHOR endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que
perseguisse os filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram afoitamente. 9 Perseguiram-nos os
egípcios, todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavalarianos, e o seu exército e os alcançaram
acampados junto ao mar, perto de Pi-Hairote, defronte de Baal-Zefom. 10 E, chegando Faraó, os filhos
de Israel levantaram os olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então, os
filhos de Israel clamaram ao SENHOR. 11 Disseram a Moisés: Será, por não haver sepulcros no Egito,
que nos tiraste de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos sair do
Egito? 12 Não é isso o que te dissemos no Egito: deixa-nos, para que sirvamos os egípcios? Pois
melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto. 13 Moisés, porém, respondeu ao
povo: Não temais; aquietai-vos e vede o livramento do SENHOR que, hoje, vos fará; porque os
egípcios, que hoje vedes, nunca mais os tornareis a ver. 14 O SENHOR pelejará por vós, e vós vos
calareis. 15 Disse o SENHOR a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que
marchem. 16 E tu, levanta o teu bordão, estende a mão sobre o mar e divide-o, para que os filhos de
Israel passem pelo meio do mar em seco. 21 Então, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o SENHOR,
por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite, fez retirar-se o mar, que se tornou terra seca,
e as águas foram divididas. 22 Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes
foram qual muro à sua direita e à sua esquerda".

b) O cego de nascença, Jo 9.1-7, "1 Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. 2 E os seus
discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? 3 Respondeu
Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus. 4 É
necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém
pode trabalhar. 5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. 6 Dito isso, cuspiu na terra e, tendo
feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego, 7 dizendo-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé
(que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo".

5. Temos um Deus que age quando tudo está seco, sem vida! Ele é capaz de colocar vida em uma vara
seca! Ele pode dar um novo sabor à tua vida!

 
BIBLIOGRAFIA:

ANDRADE, Anísio Renato de. Artigo "A Arca da Aliança". anisiora@mg.trt.gov.br .

BARROW, Martyn. Artigo "A Arca da Aliança". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.


Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

CHAMPLIN, Russel Normam. "O Novo Testamento Interpretado". Sociedade Religiosa "A VOZ
BÍBLICA". Guaratinguetá-SP.

NOTAS:

 
(1)
ANDRADE, Anísio Renato de. Artigo "A Arca da Aliança". anisiora@mg.trt.gov.br .

BARROW, Martyn. Artigo "A Arca da Aliança". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução: Pastor
(2)

Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

(3)
BARROW, Martyn. Op cit.

(4)
BARROW, Martyn. Op cit.

(5)
ANDRADE, Anísio Renato de. Op. cit.

(6)
BARROW, Martyn.

(7)
ANDRADE, Anísio Renato de. Op cit.

CHAMPLIN, Russel Normam. "O Novo Testamento Interpretado". Sociedade Religiosa "A VOZ BÍBLICA".
(8)

Guaratinguetá-SP. Vol. V, pág. 578.

(9)
BARROW, Martyn. Op cit

OS QUERUBINS

ÊX 25.18-22

Pr. José Antônio Corrêa

 
 

INTRODUÇÃO:

Vimos no estudo anterior o simbolismo que envolvia os utensílios no interior da Arca – as tábuas da
lei, o pote do maná e a vara de Arão que floresceu. As tábuas da lei têm a ver com a Palavra e a
Revelação de Deus ao seu povo através dos tempos. Significa Deus dando ao homem mandamentos e
preceitos que se obedecidos trarão bênçãos e prosperidade; o pote do maná, simboliza o suprimento
material e espiritual que recebemos de Deus para vivermos dignamente neste mundo. Jesus é o Pão
que desceu do céu; a vara de Arão tem a ver com a demonstração do poder de Deus, que pode dar vida
mesmo em face da morte! Jesus é a Ressurreição e a Vida! Isto ficou demonstrado através de Seu
poder nas ressurreições ocorridas durante a sua caminhada terrena – a filha de Jairo, chefe da sinagoga;
o filho da viúva de Naim; e a ressurreição de Lázaro, já morto há quatro dias. Porém a maior
demonstração do poder de Jesus sobre a morte foi a sua própria ressurreição, quando Ele venceu a
morte. No presente estudo queremos falar sobre os Querubins, que eram um tipo de ornamento sobre a
tampa da Arca – o Propiciatório. Queremos ver a sua descrição e seus simbolismos.

I. OS QUERUBINS

1. Pela instrução divina, os querubins (bwrk - keruwb) deveriam ser construídos de ouro batido nas
duas extremidades do Propiciatório. Seriam construídos de uma só peça fundida, juntamente com o
Propiciatório; suas asas deveriam estar estendidas sobre o Propiciatório e suas faces voltadas um para
o outro e consequentemente voltadas também para o Propiciatório. A promessa de Deus é que Ele se
manifestaria e falaria ao seu povo entre os querubins. Não é por acaso que as Escrituras nos informam
que o Deus Todo-Poderoso está entronizado (habita) entre os querubins: "O Senhor reina, tremam os
povos; ele está entronizado sobre os querubins, estremeça a terra", Sl 99.1. Sobre esta particularidade
divina nos escreve Shedd:

"No propiciatório, onde Deus se mostrava propício e misericordioso, Deus aceitava o


representante do povo, o Sumo Sacerdote, quando este se aproximava mediante o sacrifício
expiatório, e ali respondia suas perguntas referentes à vontade de Deus para com eles. Visto que
esse encontro entre Deus e Seu povo era o objetivo supremo do tabernáculo inteiro, este é
chamado de ‘tenda da congregação’ (Êx 27:21)". (1)
 

2. Uma descrição detalhada sobre os querubins nos é fornecida por Cole:

"Estes eram, mais provavelmente, esfinges aladas com rostos humanos, a julgar pelas visões de
Ezequiel 1 e Apocalipse 4, bem como pelo uso do termo no Egito (embora os querubins sejam
mencionados em Gn 3.24, não são descritos). Na Assíria, o karubu (mesma raiz semítica) tem a
função de guarda de templo. Em Israel, os querubins simbolizavam os espíritos que ministravam
como servos e mensageiros de Deus (Sl 104.3,4) e por isso suas imagens não eram uma violação
de 20:4, já que ninguém os adorava. Figuras de querubins, bordadas em cores vivas, eram
encontradas por toda a volta da cortina interior do Tabernáculo (36.35), de modo que sua
presença sobre a arca não era uma ocorrência isolada. O Templo de Salomão possuía dois
enormes querubins de oliveira, cobertos de ouro, de cinco metros de altura, os quais pairavam
sobre a arca (2 Cr 3.10). Este é apenas um dos muitos detalhes em que o Templo de Salomão era
mais elaborado do que os planos aqui esboçados para o Tabernáculo".(2)

3. Pela descrição de Cole, e também pelo que entendemos os querubins serviam apenas como
"ornamentos", e nunca como instrumentos para adoração, uma vez que se assim fossem haveria uma
contradição bíblica, já que há inúmeras proibições na Palavra de Deus quanto à adoração de imagens
de escultura. Em Êx 20.4-5, temos: "4 Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que
há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás diante
delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais
nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam". Observe que não somente é
proibida a adoração de imagens, mas também a sua construção, sob o risco da maldição divina que "...
visitaria a iniquidade (iniquidade aqui é uma referência à construção ou adoração de ídolos) dos pais
nos filhos...", por várias gerações subsequentes. Outro texto que pode ser consultado é Is 42.8, onde o
Senhor não admite que a sua glória seja dividida com outros deuses ou com quaisquer imagens de
escultura: "Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu
louvor às imagens esculpidas".

II. SIMBOLISMOS

1. O SIMBOLISMO DA UNIDADE

1) Olhando para o Propiciatório, observamos que ele era confeccionado a partir de uma única barra de
ouro que foi forjada no fogo, "...de ouro batido os fez nas duas extremidades do propiciatório ... de
uma só peça com o propiciatório...", vs. 7-8. O trabalho de fundição deveria obedecer a instrução de
Deus, que a partir de apenas uma "única" barra de ouro, a peça contendo os dois querubins fosse
formada. Isto certamente nos sugere unidade, indivisibilidade, comunhão. Sobre esta construção e
disposição dos Querubins, bem como a sua simbologia nos escreve Luciano Subirá:

"A unidade ainda traz consigo outras virtudes. Podemos ver isto numa das figuras bíblicas do
Tabernáculo. O propiciatório da arca da aliança figura este princípio. O Senhor disse que ali Ele
viria para falar com Moisés. O propiciatório (ou tampa da arca) era o lugar onde a glória e a
presença de divina se manifestava. E nas instruções para a confecção desta peça, vemos o
simbolismo da unidade. Deus disse que os dois querubins deveriam ser uma só peça de ouro
batido; com isto falava simbolicamente de unidade entre seus adoradores (Ex.25:17-19)".(3)

2) Dentro dos propósitos do Senhor para sua Igreja, como algo de grande importância está a unidade
cristã. Orando pelos seus discípulos Jesus pediu ao Pai: "para que todos sejam um; assim como tu, ó
Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste", Jo 17.21. Jesus sabia que o inimigo iria semear entre seus seguidores desavenças, contendas,
desarmonias, etc. Por esta razão ora ao Pai no sentido de que a influência do inimigo não viesse
macular o relacionamento deles.

3. Como Igreja de Cristo devemos lutar para manter a unidade em nosso meio. Encontrarmos nas
Escrituras muitas advertências sobre este assunto. Queremos percorrer algumas delas:

a) Jo 17.23, "perfeição na unidade", "eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade,
a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a
mim".

b) 1 Co 1.10, unidade de pensamento, "Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que
sejais concordes no falar, e que não haja dissensões entre vós; antes sejais unidos no mesmo
pensamento e no mesmo parecer".

b.2) Ef 4.3, unidade do espírito, "procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo
da paz".

b.3) Ef 4.13, unidade da fé, "até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do
Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo".

b.4) Cl 2.2, unidade no amor, "para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e
enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus-Cristo".

3. Diante de todas estas citações bíblicos, podemos deduzir que a unidade é imprescindível na Igreja de
Cristo. Quando há unidade entre nós, há paz, alegria! Podemos afirmar como o salmista: "1 Oh! quão
bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! 2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, que
desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; 3 como o orvalho de
Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para
sempre", Sl 133.1-3.

2. O SIMBOLISMO DA COBERTURA

1) Os querubins com suas asas estendidas sobre o Propiciatório é um símbolo de cobertura que não
deve ser desprezado por nós. Sobre esta analogia, também podemos ver o comentário de Luciano
Subirá:

"Os querubins deviam estar com as asas estendidas um para o outro (Ex.25:20), o que fala de
cobertura recíproca. A falta de unidade nos leva a agir com o espírito de Caim que disse ao
Senhor: "Acaso sou eu guardador de meu irmão?" (Gn.4:9). Mas quando estamos em unidade
com alguém, cobrimos e protegemos esta pessoa! Esta é uma virtude que acompanha a unidade".
(4)

2) O princípio da cobertura é o princípio da proteção ao irmão. Se refere àquele cuidado que devemos
demonstrar em relação ao irmão mais fraco, que de certa maneira, depende de nós! A Igreja que não
tem um programa de cobertura, de proteção e cuidado aos seus membros, verá muitos deles
naufragarem em sua fé, além de ser vítima das seitas anticristãs, que fazem arrastão para "pegar" os
menos esclarecidos. O programa de cobertura traz ao crente novo, ao menos experiente, uma grande
segurança, pois este irmão saberá a quem recorrer quando for atingido pelas pressões e tribulações
deste mundo, muito comuns naqueles que estão dando os primeiros passos, Mt 13.21, "...e sobrevindo
a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza".

3) O cuidado e proteção ao irmão mais fraco, ao novo na fé, é recomendado de forma clara em todo o
Novo Testamento:

a) Devemos aprender a suportá-los, Rm 15.1, "Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as
fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos".

b) Não devemos ser para eles motivo de tropeço, 1 Co 8.9, "Mas, vede que essa liberdade vossa não
venha a ser motivo de tropeço para os fracos". No dizer de Jesus aquele que fizer tropeçar o irmão
mais frágil, receberá duro juízo – Mt 6.18, "Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que
crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se
submergisse na profundeza do mar".

c) Precisamos descer ao nível deles, para poder ajudá-los, 1 Co 9.22, "Fiz-me como fraco para os
fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns".

d) Devemos lembrar que os fracos também são necessários no corpo de cristo, 1 Co 12.22, "Antes, os
membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários".

e) Precisamos ampará-los com longanimidade, 1 Ts 5.14, "Exortamo-vos também, irmãos, a que


admoesteis os insubordinados, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para
com todos".

4) Certamente, se como Igreja de Cristo, elaborarmos um programa que dê cobertura, que proteja os
mais fracos, os menos experientes, os novos, só teremos a ganhar, pois os veremos crescer na fé e na
graça do Senhor.

3. O SIMBOLISMO DA TRANSPARÊNCIA

1) Devemos lembrar que os Querubins ao serem construídos, o foram numa disposição que os
colocavam frente-a-frente. Podemos dizer que um estava olhando no olho do outro. Como analogia,
devemos aplicar este princípio a nós que cremos no mesmo Deus, e desfrutamos de uma mesma fé
cristã. Não podemos adiar nossos desentendimentos, nossas pendências, sob o risco de espalhamos a
"raiz de amargura", e "cairmos na graça de Deus", "... tendo cuidado de que ninguém se prive da graça
de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem",
Hb 12.15. Observe o comentário de Luciano Subirá:
 

"A outra, é a transparência. Os querubins deveriam estar um de frente para o outro (Ex.25:20).
Isto fala alegoricamente de poder encarar outro adorador "olho no olho". Fala de não ter nada
escondido, de não ter pendências. Ninguém consegue olhar (espontaneamente) no olho de outra
pessoa quando as coisas não estão bem. Quando Jacó fala para sua família que as coisas já não
estavam bem entre ele e Labão, seu sogro, a expressão que ele usa é: "vejo que o semblante de
vosso pai já não é mais o mesmo para comigo" (Gn.31:5). Jesus disse que os olhos são a candeia
do corpo. Eles refletem o que está dentro de nós. E a unidade é a capacidade de olhar olho no
olho e estar bem. Particularmente, eu não posso concordar com casais que escondem coisas um
do outro, seja no que diz respeito à sua vida passada (erros e pecados) ou presente (como nas
questões financeiras, por exemplo)".

Acredito que a unidade verdadeira exige que haja remoção ou acerto de "pendências"
(Pv.28:13). Às vezes fingimos um comportamento só para agradar (ou não desagradar) ao outro,
o que diverge do ensino bíblico. Este teatro não produzirá unidade verdadeira. Temos que
aprender a ser francos, como está escrito: "Melhor é a repreensão franca do que o amor
encoberto" (Pv.27:5). Paulo censurou este tipo de comportamento dúbio quando escreveu aos
gálatas. Ele falou sobre como o apóstolo Pedro em certa ocasião agiu assim para ser
"diplomático" e que esta atitude conseguiu atrair até mesmo o próprio Barnabé, companheiro de
Paulo, e ele os censurou publicamente (Gl.2:11-14). Contudo, quero ressaltar que ser franco não
significa ser grosseiro, pois a Bíblia nos ensina a falar a verdade em amor. O conselho dado a
Timóteo na hora de corrigir os que opunham, foi o de usar de mansidão (2 Tm.2:25). A unidade
manifesta a verdade (dolorosa às vezes) de forma bem mansa".(5)

2) O princípio da transparência, é um princípio não menos importante do que os anteriores, embora


não seja não muito usado em nosso meio. Muitos filhos de Deus, ao invés de utilizarem a confrontação
em amor, agem às escondidas, na penumbra, atitudes que os assemelham aos filhos das trevas. Ao
invés de ficarmos resmungando às escondidas, por detrás das portas, falando mal daquele irmão - fruto
de nosso desentendimento, devemos agir como verdadeiros filhos de Deus, reabrindo o diálogo,
confrontando e resolvendo as pendências.

3) Este princípio da transparência, é o princípio que corrige nossas relações erradas, nossa maneira de
encarar o irmão. Não podemos dizer que tudo está bem, se há algo que fruste a minha vida comum
com meu irmão em Cristo. Não posso entender como muitos que se dizem filhos de Deus conseguem
viver por longos anos cultivando mágoas, ódios, ressentimos, etc., contra irmãos de fé. Não podemos
nos esquecer que o Senhor, não somente ordenou que amássemos nossos irmãos, como também nossos
próprios inimigos, Mt 5.44, "Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos
perseguem". Paulo aconselha a praticarmos o bem àqueles que nos odeiam e nos perseguem, Rm
12.20, "Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque,
fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça". Ora, se devemos tratar assim nossos
inimigos, quanto mais nossos irmãos em Cristo?

4) Há necessidade de transparência em nosso relacionamento cristão! Quando nos desentendemos


como outro irmão devemos procurá-lo para os devidos acertos, restaurando assim a comunhão entre
nós e com o Senhor. Não cabe em minha mente achar que crentes que se relacionam mal com outros
crentes possam desfrutar de um bom relacionamento com Deus. Pelo contrário, veja como o Senhor
nos orienta: "23 Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro
com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta", Mt 5.23-24. Nossa oferta não será aceita, até que
a pendência não for resolvida!

5) Para que uma pendência entres irmãos possa ser resolvida, devidamente tratada, também há
necessidade de que as partes estejam dispostas a exercitar o perdão, caso contrário dificilmente haverá
os acertos necessários. É isso que nos mostra Jesus: "Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão
pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe", Lc 17.3. Veja ainda a passagem paralela de
Mateus: "Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu
irmão", Mt 18.15. Em Lucas temos a expressão: "... se ele se arrepender, perdoa-lhe"; em Mateus: "..
se te ouvir, terás ganho teu irmão. Tanto uma expressão, como outra nos falam de reconciliação, de
acerto!

6) Vamos aprender a lidar com as dificuldades de relacionamento, procurando fazer os acertos


necessários, para vivermos uma vida em Deus abundante, vitoriosa!

BIBLIOGRAFIA:

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs.143-154.

SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. III, págs. 1553-
1557.

SUBIRÁ, Luciano. Artigo "A Unidade Entre o Casal". Site: www.manaedicoes.com.br.

NOTAS:

 
(1)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 144.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág.
(2)

185.

(3)
SUBIRÁ, Luciano. Artigo "A Unidade Entre o Casal". Site: www.manaedicoes.com.br.

(4)
Id. Ibid.

(5)
Id. Ibid.

O SUMO SACERDOTE

ÊX 28-29

Pr. José Antônio Corrêa

 
 

INTRODUÇÃO

No estudo anterior tivemos a oportunidade de falar sobre os querubins, uma figura que representava
uma espécie de ser celestial. Eles eram feitos de ouro, e formavam uma só peça com o Propiciatório.
Ficavam na parte superior do Propiciatório de frente um para o outro e olhando um para o outro.
Vimos que a principal simbologia envolvendo os querubins tem a ver com nossos relacionamentos
como filhos de Deus. Ao formarem uma só peça com o Propiciatório, os querubins nos trazem a idéia
de comunhão; suas asas cobrindo o Propiciatório tem a ver com a cobertura espiritual que devemos
dispensar ao irmão mais fraco; o fato de estarem eles com as faces voltadas um para o outro e olhando
um para o outro nos aponta para a transparência nos relacionamentos cristãos. Hoje queremos falar
sobre o Sacerdote, bem como a simbologia que envolvia sua indumentária, vestes, apetrechos usados,
etc..

I. O SUMO SACERDOTE

1. O primeiro Sumo-Sacerdote (Nhk lwdg - gadowl kohen) foi Arão. Ele, juntamente com seus filhos
foram escolhidos por Deus para ministrarem o ofício sacerdotal. Lendo os primeiros versículos do
capítulo 28, podemos ver que Arão era o sacerdote por excelência, sendo destacado de seus filhos
através de uma indumentária esplêndida, pujante, enquanto seus filhos usavam roupas e ornamentos
mais simples. Cole nos oferece uma boa descrição desta diferença marcante, significativa, entre Arão e
seus filhos:

Arão era o sacerdote por excelência, e a maior parte da passagem (Êx 28) descreve as
esplêndidas vestimentas para ele preparadas. Em contraste, seus "filhos" (quer literalmente, quer
como referência a uma "casta" sacerdotal) se vestiam de maneira relativamente simples. O
vestuário sacerdotal completo é bastante complexo, e o significado exato de algumas palavras já
não nos é tão claro quanto para os contemporâneos do escritor. Este presume estar tratando de
objetos bem conhecidos, e portanto não os descreve, embora concentre sua atenção nos detalhes:
isso torna a interpretação difícil. Felizmente, entretanto, o esboço principal é claro: as vestes são
santas, isto é, separadas de outras, e são também para glória e ornamento (v. 2). Fora isso,
nenhuma outra significância litúrgica é atribuída às peças do vestuário, individualmente. Estas
são feitas dos materiais mais finos (como as cortinas do Tabernáculo) entretecidos com fios de
ouro, para aumentar o seu esplendor (v. 5).(1)
 

2. Ao Sumo-Sacerdote cabiam funções específicas, bem como ser "...responsável pelo Tabernáculo,
suas ofertas e funções diárias, e também suas Festas regulares, três vezes por ano: a Páscoa, o
Pentecostes e o Yom Kippur, o Dia da Expiação (a qual era seguida pela semana de júbilo na Festa dos
Tabernáculos), como pode ser visto em Levítico capítulo 23"(2). Porém a sua função principal, era o
oferecimento do sacrifício anual pelos seus próprios pecados, e pelos pecados do povo, o que acontecia
no Dia da Expiação (Yon Kippur), quando deveria ele levar o sangue de um bode sacrificado no Lugar
Santíssimo, tendo em vista o perdão oferecido pelo Senhor.

3. Para a realização do ofício sacerdotal, era exigido do Sumo-Sacerdote santidade, e uma


indumentária toda especial – "vestes santas". Devemos observar que a expressão "vestes santas" tem a
ver com vestes diferenciadas do vestuário de uso comum. Seriam roupas utilizadas somente no ofício
do ministério sacerdotal, exclusivamente separadas para o serviço no Santuário. Barrow resume os
trajes do Sumo-Sacerdote da seguinte maneira:

"Esta maravilhosa responsabilidade requeria uma pessoa santificada (Êxodo 29), o sumo
sacerdote, vestido em seus "trajes santos". A parte superior da veste santa é parecido com um
avental, e é chamado o Éfode. Por cima do Éfode, em forma quadrada, o peitoral, com doze
pedras preciosas. Nos ombros havia mais duas pedras preciosas. A vestimenta azul era chamada
de manto, embaixo do qual o sumo sacerdote usava uma túnica branca de linho fino, de obra
tecida. Na sua cabeça está a mitra branca de linho fino. Ao redor da base da mitra está a lamina
de ouro, gravada com os dizeres: "SANTIDADE AO SENHOR".(3)

4. Vejamos quais eram as principais peças que compunham as roupas e ornamentos do Sumo-
Sacerdote:

a) A Estola Sacerdotal ou Éfode: Era uma peça parecida um avental, confeccionada nas cores "....azul,
púrpura, carmesim e o branco de linho fino retorcido..."(4), Êx 39.1-2, "1 Fizeram também de azul,
púrpura e carmesim as vestes, finamente tecidas, para ministrar no lugar santo, e fizeram as vestes
sagradas para Arão, como o Senhor ordenara a Moisés. 2 Assim se fez o éfode de ouro, azul, púrpura,
carmesim e linho fino torcido".

b) O Peitoral do Juízo: "Trata-se de uma placa de ouro, engastada com jóias presas. O peitoral era de
forma quadrada, e também bordado com fios de ouro. Fixados em ouro no peitoral estavam doze
pedras preciosas, uma para cada uma das doze tribos de Israel. Cada uma tinha o nome da respectiva
tribo gravado sobre ela"(5). É bom lembrar que Arão levava os nomes das doze tribos, para a presença
do Senhor, todas as vezes que adentrava o Tabernáculo. Era uma forma de identificar-se com o povo.
Observe aqui o comentário de Cole:

"Peitoral é pura especulação para o termo hebraico hõsen. Se a tradução for correta, Noth cita
um paralelo impressionante em Biblos, na Idade do Bronze. Trata-se de uma placa de ouro,
engastada com jóias, presa por uma corrente de ouro. Aparentemente servia de adorno para o
tórax de um rei local. Excetuando-se o fato de que o peitoral israelita era feito de pano, não de
metal, e era duplo (formando uma espécie de bolsa para as pedras com as quais se lançavam
sortes), a semelhança é notável. Basicamente, a idéia é bem simples: o sacerdote levava os
objetos preciosos (fossem eles o que fossem) numa pequena bolsa amarrada a seu pescoço: esta
bolsa, por sua vez, é apropriadamente adornada com os símbolos das tribos de Israel".(6)

 
Esta peça era chamada de "peitoral do juízo", porque ai ficavam as duas pedras - "Urim e Tumim",
através das quais o julgamento divino poderia ser manifesto, num tipo de "lançar sortes", como "sim" e
"não", uma prática usada pelos judeus em diversas ocasiões, Jó 6.27, Ml 4.24, Jo 19.24. Convém
observar o comentário de Cole com relação as pedras Urim e Tumim:

"Seus nomes significam ‘luzes e perfeição’, que se tomados literalmente, podem ser uma
referência à natureza do Deus cuja vontade elas revelavam. Podem, entretanto, ter sido usadas
no sentido de ‘alfa e ômega’, princípio e fim (Ap 1.8), já que os dois nomes começam
respectivamente com a primeira e a última letras do alfabeto hebraico. Estas ‘sortes’ sagradas
eram usadas para discernir a orientação divina, normalmente com respostas do tipo ‘sim’ e
‘não’: o exemplo mais claro é o caso da indagação de Saul (1 Sm 14.41). Sua natureza é bem
incerta: a sugestão mais provável é a de duas pedras preciosas, mas a maneira em que eram
usadas não é clara. A julgar de analogias mais recentes, uma das pedras era retirada (ou lançada
fora) do peitoral, e a resposta sim ou ‘não’ dependeria de qual pedra aparecesse".(7)

c) O Manto do Éfode: Era um tipo de manto confeccionado na cor azul (alguns estudiosos dizem
violeta) com uma abertura no meio para passar a cabeça. Esta abertura era arrematada com uma tira de
tecido mais forte, para evitar que se rasgasse com facilidade. Em volta de toda a barra do manto, havia
aplicações em forma de romãs, feitas de fios de lã azul, com sinos de ouro entre as romãs. Assim
descreve Shedd:

"... aquela parte imediatamente debaixo do éfode; uma veste que provavelmente atingia abaixo
dos joelhos, sem mangas, e com uma abertura somente no alto, provavelmente tecida sem
costura (Êx 28.32). Era completamente feito de material azul (Êx 28.31). Ao redor da fímbria
inferior havia romãs feitas de material vividamente colorido, alternando-se com campainhas de
ouro (Êx 28.33, 34)".(8)

d) As Campainhas de Ouro: A função principal das campainhas era marcar os movimentos do Sumo-
Sacerdote, principalmente quando ele oferecia as orações do povo no Altar do Incenso. Conforme nos
fala Cole:

"Essas campainhas tinham, presumivelmente, a função de indicar ao povo os movimentos do


sumo sacerdote, que ficava oculto aos olhos da multidão. Assim, saberiam se sua oferta havia
sido aceita, e que não fora fulminado".(9)

e) A Mitra e a Lâmina de Ouro: A mitra era uma cobertura para a cabeça do Sumo-Sacerdote, um tipo
de turbante. Amarrada à mitra havia uma lâmina de ouro gravada com frase "Santidade ao Senhor".
"Assim como o éfode servia principalmente para levar as jóias, igualmente, o principal propósito da
mitra era levar a lâmina de ouro sobre a testa de Arão (vs. 36, 37)".(10)

f) Os Calções de Linho: Era um tipo de "roupa de baixo", cujo objetivo principal era "cobrir a carne
nua", indo dos ombros até às coxas, Êx 28.43, "Faze-lhes também calções de linho, para cobrirem a
carne nua; estender-se-ão desde os lombos até as coxas". O não uso destes calções durante as
ministrações na tenda da revelação, ou no lugar santo, poderia provocar a morte fulminante do
sacerdote, v. 43.
 

II. SIMBOLOGIA

1. O Sumo-Sacerdote com toda a sua indumentária, representa Cristo, o Sumo-Sacerdote por


excelência. O Escritor da carta aos Hebreus, nos exorta a "considerar" Jesus nesse ofício sagrado,
"Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote
da nossa confissão, Jesus", Hb 3.1. Assim como o sacerdote representava o povo diante de Deus,
quando adentrava o Santo dos Santos para oferecer o sacrifício anual, pelos seus próprios pecados e
pelos pecados do povo, Jesus também nos representa diante do Pai, e pelo seu sacrifício abriu o
caminho de acesso direto a Deus, Hb 10.19-22, "19 Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no
santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, 20 pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo,
através do véu, isto é, da sua carne, 21 e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22
cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má
consciência, e o corpo lavado com água limpa". Hoje, graças ao Grande Sacerdote de nossa confissão,
não precisamos de qualquer intermediário que nos represente diante do Todo-Poderoso. O acesso é
livre através do sangue de Cristo! Temos hoje "... um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, homem", 1 Tm 2.5.

2. Outros simbolismos também significativos, podemos ver na indumentária utilizada pelo Sumo-
Sacerdote. Vejamos:

a) A Estola Sacerdotal, ou Éfode: Observe que a Estola Sacerdotal era confeccionada em quatro cores:
azul, púrpura, carmesim e o branco de linho fino retorcido. Estas cores "... são as mesmas cores que
podem ser vistas na Porta do Pátio externo, na Porta do Santuário e no Véu; elas referem a Cristo
quando Ele é revelado nos quatro evangelhos. Mas também há uma outra importante característica no
Éfode: os fios de ouro (cortados de uma barra de ouro) eram entrelaçados com as outras cores (Êxodo
39:3). Ouro não somente é precioso, como implica ser divino e celestial.(11) Não é por acaso que João
viu o Jesus ressuscitado à direita do Pai com vestes pujantes, "12 E voltei-me para ver quem falava
comigo. E, ao voltar-me, vi sete candeeiros de ouro, 13 e no meio dos candeeiros um semelhante a
filho de homem, vestido de uma roupa talar, e cingido à altura do peito com um cinto de ouro", Ap
1.12-13. Na visão de Daniel temos uma descrição semelhante: "levantei os meus olhos, e olhei, e eis
um homem vestido de linho e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz", Dn 10.5. Este "homem
vestido de linho", é uma figura de Cristo, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.

b) O Peitoral do Juízo: Temos aqui uma representação da orientação divina ao seu povo em situações
difíceis, onde decisões importantes precisavam ser tomadas. Lembre-se que era através das pedras
"Urim" e "Tumim" que a sorte era lançada e a questão era resolvida. O Peitoral do Juízo, portanto tem
ver com a direção de Deus! Precisamos ser guiados pelo Senhor, e pela sua Palavra, para trilharmos o
caminho seguro. É o Senhor, o Supremo Pastor de nossas almas, que nos guia a "águas tranqüilas", e
também nos guia "nas veredas da justiça por amor de seu nome", Sl 23.2, 3. Como nos diz Isaías:
"...com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante
de vós, e todas as árvores de campo baterão palmas". Quem anda na direção do Senhor, trilhará o
caminho da paz. Será uma pessoa bem-aventurada que esbanjará alegria, felicidade! Quantos filhos de
Deus sucumbem em sua vida cristã por não buscarem em Deus o Guia para seus caminhos. Precisamos
fazer da Palavra de Deus nossa direção! Devemos dizer como o salmista: "Lâmpada para os meus pés
é a tua palavra, e luz para o meu caminho", Sl 119.105. Desta forma seremos abençoados e prósperos!
c) O Manto do Éfode: Devemos lembrar que era no manto que as romãs e as campainhas eram
confeccionadas. As romãs teriam como significado a frutificação. "As romãs (símbolo da fertilidade)
ficavam como que ‘penduradas’ entre as campainhas, ou então, eram bordadas no tecido"(12), e as
campainhas de ouro "... proclamando que o Sumo-Sacerdote estava oferecendo as orações do povo no
altar do incenso (não quando ele penetrava no santíssimo lugar, pois ali entrava somente com as vestes
de linho, Lv 16.4). Ao ouvirem as campainhas, o povo, do lado de fora, podia ajuntar suas orações
àquelas feitas por seu representante, que se encontrava no interior do santuário".(13) Conforme podemos
ver, sobre o manto estava o simbolismo tanto da frutificação, como também a certeza de que as
orações dos israelitas estavam sendo ouvidas por Deus. Como povo de Deus, devemos ser frutíferos!
Uma das exigências de Jesus para seus discípulos é que eles produzam fruto e fruto em abundância, Jo
15.5, "Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer". Ver também Jo 15.16, "Vós não me escolhestes a mim mas eu
vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que
tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda".

d) A Mitra e a Lâmina de Ouro: Já vimos que o principal propósito da mitra era levar a lâmina de ouro
sobre a testa do Sumo-Sacerdote. "Coroando todas as outras peças do vestuário do sumo sacerdote, ela
proclamava que a santidade é a essência da natureza de Deus e que é o fim e o objetivo de toda
adoração do sacerdote e do povo".(14) Isto nos mostra que a santidade de Deus precisa ser lembrada e
proclamada pelo seu povo. Deus é Santo em toda essência de seu ser. Os serafins, na visão de Isaías
proclamavam : "... Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória", Is
6.3. Não somente Deus é Santo, mas exige também a santidade de seu povo, "15 mas, como é santo
aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; 16 porquanto está
escrito: Sereis santos, porque eu sou santo", 1 Pe 1.15-16. Sabemos que o conceito de santidade (vdq -
qodesh) é o de "separação". Assim como Deus "separava", "santificava" instrumentos para serem
usados exclusivamente no serviço do tabernáculo, assim também, ao sermos salvos pela graça de Deus
mediante o sangue de Cristo, fomos "separados", "santificados", para servirmos a Deus. É por esta
razão que freqüentemente Paulo usa a palavra "santos", para se referir aos filhos de Deus, quando
envia suas cartas às igrejas, Rm 1.7, "... a todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados
para serdes santos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo". Ver ainda
1 Co 1.2; 2 Co 1.1; Ef 1.1; Fp 1.1, etc..

e) Os Calções de Linho: Como já vimos os calções de linho tinham a propriedade de não permitir a
nudez do Sumo-Sacerdote quando estava oficiando diante do Senhor. Isto os distinguia dos sacerdotes
idólatras de outros povos. "Como em Êx 20.26 (a proibição de altares com degraus), trata-se aqui de
uma reação contra a nudez ritual em outras religiões"(15) Como filhos de Deus, nós hoje
desempenhamos a função de "sacerdotes" do Altíssimo, Ap 1.6, "... e nos fez reino, sacerdotes para
Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém". Que tristeza nos causa ao
vermos pessoas que se dizem "crentes", "filhos de Deus", promoverem a nudez nos meios de
comunicação, sob o slogan "o que é bonito deve ser mostrado", como no caso de algumas atrizes que
se "converteram", mas não mudaram de vida. Tais pessoas não obedecem ao Deus Vivo, estando mais
preocupadas com a auto-promoção, e desta forma ofendem à santidade de Deus. Nos convêm falar
aqui também de algumas "irmãs" que vêm para o culto na Casa de Deus, com vestimentas inadequadas
como mini-saias, frente única, corpo à mostra, etc.. Não queremos ser legalistas, mas a Palavra de
Deus fala da decência em nossos trajes como filhos do Altíssimo: "Quero, do mesmo modo, que as
mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro,
ou pérolas, ou vestidos custosos", 1 Tm 2.9. Lembre-se que o Sumo-Sacerdote poderia até mesmo
morrer, caso não se trajasse adequadamente para ministrar perante o Senhor. Muitas vidas também
estão morrendo espiritualmente por abusar de trajes indecorosos, e a prática de nudez na presença de
Deus. Deus exige santidade de seu povo!

BIBLIOGRAFIA:
 

BARROW, Martyn. Artigo "O Santuário do Tabernáculo". http://www.domini.org/tabern.


martyn@domini.org. Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner
(02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São
Paulo, 1963.

SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 143-154.

 SHEED, Russel. O Novo Dicionário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. III, págs. 1553-
1557.

NOTAS:

COLE, Alan, Ph.D. Êxodo, Introdução e Comentário. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo, 1963. Pág.
(1)

192.

(2)
BARROW, Martyn. Artigo "O Santuário do Tabernáculo". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.
Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

(3)
id. ibid.

(4)
id. ibid.

(5)
id. ibid.

(6)
COLE, Alan, Ph.D.. Op. cit. pág. 194.

(7)
id. ibid. pág. 194.

(8)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 146. 

(9)
COLE, Alan, Ph.D. Op. cit. pág. 195.

(10)
SHEED, Russel. Op. cit., pág. 146.

(11)
BARROW, Martyn. Op. cit.

(12)
COLE, Alan, Ph.D. Op. cit. pág. 195.

(13)
SHEED, Russel. Op. cit., pág. 146. 

(14)
id. ibid. pág. 146. 

(15)
COLE, Alan, Ph.D.. Op. cit. pág. 196

AS OFERTAS E OS SACRIFÍCIOS
LV 1-7

Pr. José Antônio Corrêa

  

INTRODUÇÃO:
 

Vimos no estudo anterior os simbolismos que envolviam o Sumo-Sacerdote, juntamente com suas
roupas e indumentária. Sabemos que o Sumo-Sacerdote da Antiga Aliança, era uma figura, um tipo de
Cristo o Grande Sacerdote instituído sobre a Casa de Deus. Assim como o Sumo-Sacerdote era o
representante, o mediador entre Deus e os filhos de Israel, Jesus é o representante, o mediador da Nova
Aliança em favor daqueles que hão de herdar a vida eterna! Porém há uma grande diferença entre o
Sumo-Sacerdote no Antigo Testamento e Jesus. Enquanto que o Sumo-Sacerdote precisava
primeiramente oferecer sacrifício pelos seus próprios pecados para depois oferecer sacrifícios pelos
pecados do povo, Jesus não precisou de quaisquer sacrifícios por si mesmo, uma vez que não tinha
pecados, 1 Pe 2.21-22, "21 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo
sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, 22 o qual não cometeu
pecado, nem dolo algum se achou em sua boca". Enquanto que o Sumo-Sacerdote oferecia sacrifícios
de animais para remissão de pecados, Jesus ofereceu-se a si mesmo pelos nossos pecados, Hb 9.28,
"...assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos...".
Por esta razão Jesus foi feito Sacerdote com um ministério muito mais excelente! Hoje queremos
descrever as ofertas do Tabernáculo e ver os simbolismos que estavam por detrás delas.

AS OFERTAS E OS SACRIFÍCIOS

Em nossa apreciação sobre este tema, estaremos fazendo alusão às principais ofertas e sacrifícios que
eram praticados diariamente no Tabernáculo. O povo comparecia perante seus representantes – os
sacerdotes, que eram os intermediários, os mediadores entre Deus e eles. Se o israelita levava a oferta,
ao sacerdote cabia oferecê-la ao Senhor que a aceitava como "cheiro agradável" em sua presença. Esta
era a tônica dos rituais ofertórios. Sobre estas ofertas e sacrifícios não podemos deixar de considerar a
palavra de Barrow:

"As Ofertas que Deus falou a Moisés a respeito, eram um meio de adoração, e também um
sacrifício para perdão e restauração pessoal diante de Deus. Muitas das ofertas estavam
relacionadas com o Altar de Holocausto.

Os sacerdotes sacrificavam várias ofertas à Deus, que eram oferecidas pelos seus próprios
pecados e também pelos pecados do povo (tanto pecados conhecidos como desconhecidos).
Algumas ofertas eram oferecidas regular e freqüentemente, enquanto outras eram oferecidas
apenas em certos casos de necessidade".(1)

Queremos destacar principalmente as cinco principais ofertas e sacrifícios que são: A Oferta do
Holocausto, A Oferta de Manjares, A Oferta Pelo Pecado, A Oferta Pelo Sacrilégio, O Sacrifício da
Paz.

I. A OFERTA DO HOLOCAUSTO

LV 1.3-17; 6.8-13

 
I.1 DESCRIÇÃO

1. Ao falarmos sobre a Oferta do Holocausto, precisamos entender que este tipo de sacrifício
corresponde a toda carne queimada sobre o altar do holocausto. A palavra holocausto vem do termo
hebraico "hle" - `olah, e tem como significado "queimado que sobe". No dizer de Shedd:

O termo original ‘olah de significado ‘aquilo que sobre’, tanto podia referir-se à oferta que subia
ao Senhor, como ao ‘cheiro suave’ (Lv 1.17), ou ainda ao animal inteiro, e não apenas parte
dele, que era oferecido, ou erguido sobre o altar. Embora não seja o mais importante, é no
entanto este sacrifício o que se menciona em primeiro lugar, talvez por ser o mais grandioso" (2)

2. Alguns detalhes importantes relacionados aos holocaustos:

a) Os holocaustos deveriam ser oferecidos a cada manhã e também ao cair da tarde. Nos dias comuns
deveria ser oferecido apenas um cordeiro com um ano de idade, sem defeito, mas aos sábados, dois
cordeiros deveriam ser oferecidos pela manhã e outros dois à tarde, Nm 28.9-10, "9 No dia de sábado,
oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de um efa de flor de farinha,
amassada com azeite, em oferta de manjares, e a sua libação; 10 é holocausto de cada sábado, além do
holocausto contínuo e a sua libação".

b) Em virtude da freqüência e regularidade em que ocorriam estes sacrifícios, eles eram também
chamados de "sacrifícios contínuos", Êx 29.42, "Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à
porta da tenda da revelação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo ali". Os
israelitas podiam somar aos holocaustos, ou sacrifícios contínuos as chamadas "ofertas queimadas".

c) O ofertante colocava as mãos sobre o animal destinado ao sacrifício, reconhecendo nele o seu
substituto. Um detalhe importante é que o próprio ofertante abatia o animal na presença dos
sacerdotes, os quais aspergiam o seu sangue sobre o altar, Lv 1.4-5, "4 E porá a mão sobre a cabeça do
holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. 5 Depois, imolará o novilho perante
o SENHOR; e os filhos de Arão, os sacerdotes, apresentarão o sangue e o aspergirão ao redor sobre o
altar que está diante da porta da tenda da congregação". O animal inteiro, com exceção do seu sangue
era, então, queimado e a fumaça subia representando a consagração do ofertante diante de Deus. Não
podemos nos esquecer que o holocausto seria sempre uma "... oferta queimada, de aroma agradável ao
SENHOR", Lv 1.9.

I.2 SIMBOLISMOS

a) No Holocausto, o animal sacrificado deveria ser entregue sobre o altar para ser queimado. Isto era
agradável a Deus, "cheiro suave": "Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto
para o Senhor; é cheiro suave, oferta queimada ao Senhor", Êx 29.18. Da mesma maneira, Cristo
entregou-se por nós em sacrifício a Deus, Ef 5.2, "... e andai em amor, como Cristo também vos amou,
e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em "cheiro suave". A expressão
"cheiro suave", vem dos termos gregos: "osmh" (osme) – cheiro, aroma e "euwdia" (euodia) – "cheiro
doce", "fragância", "perfume agradável". O sacrifício de Cristo pelos nossos pecados subiu a Deus
como uma fragância agradável a Deus. Falando sobre o sacrifício de Cristo nos escreve Mesquita:
 

"Jesus, nosso holocausto, foi entregue, nada reservando de sua santa personalidade, Seu sangue,
sua mente, sua vontade, sua alma, Ele entregou ao fogo da vida e da cruz. Não será repetição
dizer que o sacrifício de Cristo no Calvário reuniu todos os antigos sacrifícios numa forma
perfeita e infinita, Toda a vida de Jesus foi um holocausto, mas a morte foi o seu clímax. É certo
que ele não foi literalmente queimado, mas também nada lhe faltou para que fosse consumido
pelos sofrimentos da cruz. Ali, te se deu todo inteiro em substituição, em obediência ao Pai. Nós,
que agora vivemos e levamos o resto das aflições de Cristo, também oferecemos diariamente o
nosso sacrifício. Nisso não fazemos mais que imitar o Senhor".(3)

b) Assim como o animal era levado ao sacrifício sem oferecer qualquer resistência, Cristo também, no
dizer do profeta Isaías foi conduzido ao "matadouro", não demonstrando qualquer resistência aos seus
opressores e algozes, Is 53.7, "Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro
que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não
abriu a boca". Pelo contrário, as Escrituras nos dizem que Jesus entregou-se a si mesmo para o
sacrifício, Gl 2.20, "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo
por mim". Esta entrega foi motivada pelo verdadeiro amor! No dizer de Paulo: "Mas Deus dá prova do
seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós", Rm 5.8.

c) Um ponto importante a considerar é que nos sacrifícios, o animal era uma representação do pecador;
o sacerdote era representação da divindade. Homem e Deus estavam presentes ali! Em seu sacrifício,
Cristo cumpriu estas duas exigências legais. Ele foi o "Cordeiro" oferecido em holocausto – "... eis o
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", Jo 1.29. Mas, foi também ao mesmo tempo o
Sacerdote, que conduz o homem à presença de Deus. Como diz Mesquita:

"O sacerdote tinha de ser da própria natureza do pecador, para poder interceder por ele e sentir
todas as suas necessidades; tinha também de ser da natureza divina, para poder aproximar-se
dela. De sua identidade com a raça em geral e com o pecador em particular, nada se pode dizer
em contrário, porque ele era homem como os demais. Sua relação com a divindade era obtida
por meios cerimoniais, que por sua vez eram prototípicos. O sacerdote devia ser consagrado,
conforme veremos nos capítulos 8-10 de Levítico, e, por essa consagração, era inteiramente
separado, para fins religiosos, dos demais homens. Era uma pessoa que, não obstante ser
homem, era olhada como vivendo acima dos homens, partilhando dos privilégios da divindade
mesmo. Assim, de um lado, ele era aceitável ao pecador como pertencente à mesma raça; por
outro, era aceitável a Deus em virtude de sua consagração. Era, pois, para todos os efeitos, o
mediador entre o pecador e Deus. A temporalidade deste ofício é inquestionável, considerando-
se que ele não podia simpatizar em toda a extensão com a raça, nem podia partilhar
perfeitamente da natureza divina. Sua obra era, pois, para o tempo somente, e as lições dela, para
a eternidade".(4)

II. A OFERTA DE MANJARES

LV 2.1-16; 6.14-18

II.1 DESCRIÇÃO

 
1. As ofertas de manjares (hxnm Nbrq - qorban minchah), eram oferecimentos de cereais que os
israelitas faziam ao Senhor. Observe o comentário de Shedd sobre os componentes e os detalhes deste
tipo de oferta:

"... consistia na oferta dum cereal, em que entrasse sobretudo a flor de farinha, geralmente
misturada com azeite (Lv 7:10; 5:11), ou com azeite e incenso por cima (Lv 2.6). Cozida ou não,
o sacerdote tomaria um punhado dela e a colocaria sobre o altar, desde que contivesse todo o
incenso indispensável. Tomava então e nome de memorial (Lv 2.2), talvez por causa do incenso
sagrado (Êx 30:84) que oferecia no altar de ouro duas vezes por dia o sacerdote à hora da
oração, servindo para obter a aprovação do Senhor, ou antes para que o Senhor não se
esquecesse do oferente. Talvez es títulos dos Sl 88 e 70 indiquem que deviam ser recitados na
ocasião da oferta deste memorial".(5)

2. Detalhes relacionados à oferta de manjares:

a) Da mesma maneira que o holocausto, a oferta de manjares precisava ser voluntária. A expressão "...
Quando alguma pessoa fizer oferta de manjares ao SENHOR" (Lv 2.1), implica em disposição e
voluntariedade por parte do ofertante.

b) Era o único sacrifício em que as carnes não estavam envolvidas. Era oferecido apenas farinha de
trigo crua, grãos de cereais assados e bolos sem fermento. Todos os ingredientes eram oferecidos sobre
o fogo com sal, óleo e incenso. O que sobrava era dos sacerdotes.

c) Esta oferta era um tipo de "oferta de gratidão", uma vez que lembrava aos israelitas de sua passagem
pelo deserto, onde houve grande escassez de alimentos, dos quais foram eles supridos por Deus através
do maná, o pão que caia do céu. Era uma forma de gratidão a Deus.

II.2 SIMBOLISMOS

a) Inicialmente podemos dizer que a Oferta de Manjares, simboliza o nosso sustento e provisão diária.
Dependemos de Deus para ganhar o nosso pão-de-cada-dia. Foi por esta razão que Jesus, na oração do
Pai-Nosso, nos orientou a orar pelo "pão": "... o pão nosso de cada dia nos dá hoje", Mt 6.11. Como
filhos de Deus não precisamos conviver com a ansiedade e preocupação características dos homens
sem Deus. Como nos ensinou Jesus: "Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida,
pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis
de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?", Mt 6.25. Deus
certamente suprirá cada uma de nossas necessidades, incluindo a necessidade de pão, Fp 4.19, "Meu
Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus".
Queremos recorrer ao comentário de Mesquita:

"Antigamente, era o pão das Faces que significava a presença de Deus na mesa e no sustento dos
crentes. Era uma mostra material, objetiva, de acordo com a capacidade dos crentes de antanho.
Agora, com um novo santuário não feito por mãos, com novos moldes religiosos, novo
sacerdócio, as antigas verdades se hão de crer e propagar de um modo diverso. Assim é o fato
em Cristo Jesus.
Por todos os ensinos do Novo Testamento se encontram as promessas da presença real de Cristo
em nós. Somos o seu templo, o seu órgão de revelação aos perdidos, por meio do testemunho da
vida, somos as suas testemunhas. Vivendo de tal modo identificados nele, vivemos a vida dele.
Paulo chega a afirmar que não vivia mais o Paulo, mas Cristo vivia nele, pois que a vida que
agora vivia, vivia-a na fé do Filho de Deus (Gál. 2:20). Deste modo, Cristo é a nossa diária
oferta, é o nosso pão, e as manifestações religiosas da vida são outras tantas mostras dessa
verdade. Não vamos mais levar um punhado de farinha ao templo, mas vamos de outras
maneiras públicas declarar que Me nos tem sustentado e sustenta. Se um hebreu confiava na sua
provisão diária, muito mais nós, que vivemos mais diretamente ligados à divindade. Cristo é
nossa provisão diária".(6)

b) Considerando que as Ofertas de Manjares não poderiam conter qualquer tipo de fermento, ou mel,
isto porque estas substâncias alteram as características do produto ofertado, devemos entender que
temos aqui um símbolo da vida cristã que deve ser autêntica, transparente, sem qualquer hipocrisia.
Embora no Novo Testamento a figura do fermento foi usada para explicar o crescimento do reino (Mt
13.33), ele também é usado para ilustrar os efeitos devastadores do pecado que quando não tratado, se
espalha rapidamente e contamina com facilidade (1 Co 5.6). Sobre esta característica do fermento nos
fala Harrison:

"No Novo Testamento (Mt 13:33) o reino dos céus era assemelhado por Cristo ao fermento,
presumidamente numa tentativa de ilustrar os efeitos permeadores do evangelho enquanto
operava na sociedade para tomá-la cristã. Do outro lado, a natureza pervasiva do fermento era
assemelhada por Cristo ao caráter do ensino indesejável (Mt 16:6, 11-12; 12:1), e por Paulo à
propagação insidiosa do mal (1 Co 5:6; Gl 5:9). Estas referências tornam claro que o que há de
importante no fermento é seu efeito permeador. O próprio agente é moralmente neutro, mas os
resultados da sua atividade podem ser interpretados em termos de simbolismo positivo ou
negativo, dependendo das circunstâncias".(7)

c) Outro detalhe importante a lembrar é que as Ofertas de Manjares deveriam ser sempre temperadas
com sal. Embora o sal seja muito usado na antigüidade, seja para estabelecer alianças (Nm 18.19; 2 Cr
13.5), ou vínculos de amizade, o seu maior uso sempre foi como condimento alimentar. Note que são
duas as suas principais características: Alterar o sabor dos alimentos e impedir que se estraguem. É
dentro deste contexto que o Senhor Jesus disse que seus discípulos deveriam ser o "sal da terra", Mt
5.13. Como discípulos de Jesus precisamos "salgar", este mundo dando-lhe o sabor do Evangelho e
impedir a corrupção do homem sem Deus. Devemos, no dizer de Paulo apresentar ao mundo uma
palavra "temperada com sal", Cl 4.6. "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para
saberdes como deveis responder a cada um". Se a Palavra de Deus estiver presente em nossos lábios, o
mundo à nossa volta certamente será atingido pelo poder de Deus!

III. A OFERTA PELO PECADO

4.1-5.13; 6.24-30

III.1 DESCRIÇÃO

 
1. Pela sua própria natureza, o homem é pecador, condição esta herdada de Adão – "Todos pecaram e
estão destituídos da glória de Deus", "Não há um justo, nenhum sequer", Rm 3.23, 10. Não há como
livrar-se do pecado a não ser através de uma intervenção divina, que tinha como seu representante o
sacerdote, o responsável para oferecer o animal em sacrifício, para remissão dos pecados do ofertante.
Este tipo de oferta, era oferta obrigatória ao Senhor, diferentemente das ofertas voluntárias. Conforme
nos diz Shedd:

"As ofertas pelas culpas próprias ou alheias eram obrigatórias como expiação por certos
pecados, que podiam ser derivados à ignorância ou ao erro. Embora involuntariamente, cometia-
se um pecado, se se praticasse algo ‘do que não devia fazer" (vs. 2.13, 22, 27), sem poder
recorrer-se muitas vezes à desculpa da ignorância. Assim sucedia com os pecados mencionado
sem 5.1-4. Tal como é descrito, por exemplo 11.24-28 e 17.15 e segs., afastava-se a impureza
por meio de meras lavagens e ausência do culto no Santuário até o pôr do sol. Mas se alguém
contraísse tal impureza sem o saber (ainda que lhe fosse oculto – (2) e, portanto cumprir com a
lei da purificação (11:27 e segs.), pecava e era culpado (2). Quando o souber depois (4), faria a
sua oferta pelo pecado. Trata-se, evidentemente, do pecado por ignorância. Mas por outro lado a
falta de comparência para atestar um crime, quando eram citadas as testemunhas, pode ser
derivada a várias razões, como por exemplo no caso do "juramento, proferido temerariamente"
(4). Estes, sim, são pecados provenientes da fraqueza humana, exceto o pecado de teimosia (a
"alta mão"), para o qual não há remissão".(8)

2. Veja a principais particularidades da Oferta Pelo Pecado:

a) Era um tipo de oferta que era indicada para a condição geral do pecador diante de Deus, já que todos
os homens são pecadores, pois possuem uma natureza pecaminosa; e também para os chamados
"pecados não intencionais", ou seja aqueles pecados feitos de maneira involuntária.

b) Esta oferta deveria ser oferecida pelo Sumo-Sacerdote (8.12), pelo monarca (8.22-26), pela
congregação (8.13-21) e enfim, por qualquer membro do povo (8.27-35). A culpa pelo pecado seria
condizente com a posição daquele que o havia cometido.

c) Observando o capítulo 5.1-6, temos uma lista de pecados que careciam deste tipo de oferta: Recusar
ser testemunha, o contato com animal imundo, contato com imundícies humanas e o julgamento
precipitado.

III.2 SIMBOLISMOS

a) Enquanto que o sacerdote oferecia a Deus um sacrifício insatisfatório, insuficiente, uma vez que o
sangue de animais não podia remover definitivamente o pecado – Hb 10.4, "porque é impossível que o
sangue de touros e de bodes remova pecados", o sacrifício de Cristo foi completo e suficiente, tratando
definitivamente com o pecado do homem em sua profundidade – Hb 9.11-12, "11 Quando, porém,
veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo,
não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, 12 não por meio de sangue de bodes e de bezerros,
mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna
redenção". Nos diz Mesquita:

 
"Jesus, como sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, ofereceu um sacrifício pleno, cujo
conteúdo tinha valor e mérito suficientes para perdoar os pecados dos maiorais entre os povos e
os maiorais entre os pecadores. Sabemos que o sumo sacerdote tinha de oferecer primeiro
sacrifícios por si mesmo, para depois aceitar o sacrifício do príncipe ou do plebeu. Em Jesus,
porém, não é necessária esta exigência, porque ele era sacerdote sem defeito, sem pecado.
Portanto, o seu sacrifício tinha poder bastante para cobrir o maior pecado do maior pecador.
Uma das graças da religião cristã é sua gloriosa provisão para ricos e pobres. Não há distinção.
Um sacrifício só para todos".(9)

b) Enquanto que no Tabernáculo, o sangue do animal era trazido para o interior do Santuário, onde era
espargido por sete vezes na presença do véu, Cristo penetrou para dentro do véu e ali aspergiu o seu
próprio sangue, Hb 9.12, "... não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio
sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção". É através do
sangue de Cristo que nos tornamos vitoriosos contra o pecado, o mundo e satanás. Observe o que nos
diz Mesquita:

"... quando o sangue de Cristo vem ao nosso coração, temos força sobre o pecado e toda a vida
se renova e revigora pela abolição do pecado em nós, pois que ele não mais tem domínio sobre o
crente. Ainda mais: o sangue de Jesus derramado no madeiro da cruz é a realidade da sombra do
derramamento junto ao altar. Todo o sangue da vítima era ali derramado, assim como também
todo o sangue de Jesus foi derramado na cruz. Se alguém quiser ver a Jesus no Velho
Testamento, basta abrir o livro de Levítico e ler estes maravilhosos capítulos. Não era uma
brincadeira, todo este ritual. Era para os tempos de antanho a coisa mais séria que podia haver, e
não poderia deixar de ser assim, porque a obra futura de Jesus estava sendo profetizada ali".(10)

c) Enquanto que a confissão no Tabernáculo deveria ser realizada sobre a cabeça do animal, para assim
o pecador ser aceito diante de Deus, hoje devemos confessar nossos pecados diretamente a Jesus, se
quisermos receber o verdadeiro perdão, 1 Jo 1.9, "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". No Tabernáculo o sacerdote era o
intermediário da confissão; em Jesus não temos quaisquer intermediários, ou mediadores. Conforme
Mesquita:

"Nós devemos, hoje, colocar nossa mão sobre a cabeça do Cordeiro de Deus e confessar sobre
ele os nossos pecados, para que então sejamos aceitos, Que cerimônia tocante não seria aquela,
quando um homem chegasse à porta oriental do Tabernáculo e fosse ao encontro do sacerdote,
levando sua vítima substitucionária pela mão. Ali, na presença do representante de Deus, ele
colocaria a mão direita com força sobre a cabeça da vítima e confessaria o pecado que ele sabia
tinha cometido, e, ato contínuo, mataria ele mesmo a vítima como se fosse a si mesmo que se
estivesse imolando por suas culpas, apanhando então o sacerdote o sangue para ir fazer a
expiação diante do véu. Maior significação tem hoje o ato de um pecador jogar-se aos pés de
Jesus, confessar ali suas culpas e aceitar o sangue que foi derramado uma só vez e ser
incontinente perdoado. Que novas coisas surgem de tão singela cerimônia! Uma vida em
novidades, uma vida renascida!"(11)

d) O contato com coisas, animais e pessoas imundas, era um tipo de transgressão que exigia a Oferta
Pelo Pecado. Este tipo de pecado exigia do ofertante uma purificação; caso não observada, o infrator
poderia ser morto, Nm 19.20, "No entanto, quem estiver imundo e não se purificar, esse será eliminado
do meio da congregação, porquanto contaminou o santuário do SENHOR; água purificadora sobre ele
não foi aspergida; é imundo". Não podemos nos esquecer de que o pecado nos torna "imundos",
"impuros", e precisamos ser purificados, lavados não pela água, mas pelo "sangue de Cristo", Ap
22.14, "Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes
assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas". No dizer de João: "Se confessarmos
os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça", 1 Jo
1.9. A palavra "purificar" neste texto, vem do grego "kayarizw" – katharizo, e significa "limpar-se da
sujeira", "purificar-se". Em quase todas as purificações judaicas usava-se a água. Porém na Nova
Aliança, não precisamos da água para nossa purificação pessoal, e sim somos limpos através do sangue
de Cristo e pela Palavra de Deus, Jo 15.3, "Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado".

IV – A OFERTA PELA TRANSGRESSÃO, OU SACRILÉGIO

LV 5.14-6.7; 7.1-10

IV.1 DESCRIÇÃO

1. A Oferta Pela Transgressão ou Sacrilégio, era um tipo de sacrifício envolvendo certos pecados, onde
ficava patente que o dano causado carecia de uma retribuição. Ele é apresentado de duas maneiras: 1)
A transgressão envolvendo uma falta diante de Deus, na omissão em dar as "coisas santas ao Senhor",
aquilo que é do Senhor, como por exemplo, os dízimos, as ofertas, as primeiras coisas da colheita.
Quando estas exigências não eram cumpridas pelos israelitas, exigia-se a entrega ao sacerdote dos bens
retidos, ou o resgate; 2) A transgressão de mandamentos e princípios dados pelo Senhor. – Neste caso,
a defraudação era contra o semelhante. Antes do ofertante apresentar qualquer oferta ao Senhor,
deveria reparar o dano através de uma compensação do prejuízo. Shedd nos fala deste tipo de oferta:

"Este sacrifício refere-se ao pecado que exige uma restituição, mesmo antes da oferta, e
apresenta-se sob duas formas: uma, pela transgressão de faltar em dar as ‘coisas sagradas do
Senhor’ (5.15) isto é. nos dízimos, nas ofertas, nas primícias, etc., como pertencendo a Deus, e
exigindo a entrega ao sacerdote ou o resgate: outra, pela transgressão ‘contra os mandamentos
do Senhor’ (5.17). Já que as mesmas palavras se encontram várias vezes no cap. 4 (vs. 2, 13, 22
e 27), não há dúvida que o pecado em causa exigia uma restituição".(12)

2. Particularidades deste tipo de oferta:

a) O produto do roubo ou defraudação deveria ser compensado, antes mesmo do oferecimento de


qualquer oferta a Deus, Lv 6.4, "... se, pois, houver pecado e for culpado, restituirá o que roubou, ou o
que obteve pela opressão, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou".

b) Se o prejuízo fosse ocasionado por um juramento falso, além da restituição inteira do prejuízo,
deveria ser acrescentada a "quinta parte", que seria entregue àquele que sofreu o prejuízo, no dia do
oferecimento da oferta, "... ou qualquer coisa sobre que jurou falso; por inteiro o restituirá, e ainda a
isso acrescentará a quinta parte; a quem pertence, lho dará no dia em que trouxer a sua oferta pela
culpa", Lv 6.5.

c) A oferta exigia um carneiro "sem defeito", apresentado ao sacerdote que faria a expiação, Lv 6.6-7,
"6 E como a sua oferta pela culpa, trará ao Senhor um carneiro sem defeito, do rebanho; conforme a
tua avaliação para oferta pela culpa trá-lo-á ao sacerdote; 7 e o sacerdote fará expiação por ele diante
do Senhor, e ele será perdoado de todas as coisas que tiver feito, nas quais se tenha tornado culpado".

IV.2 SIMBOLISMOS

a) Um tipo de pecado dentre os pecados de transgressão, era o juízo temerário, um tipo de pecado que
atinge o nosso semelhante, o próximo. Temos aqui em pauta o pecado da língua, um dos piores
pecados. Certamente, o mau uso da língua pode destruir uma vida! Harrison faz a seguinte observação:

"O cristão é relembrado que a língua é um instrumento poderoso (Tg 3.5-6), e é especificamente
advertido no Sermão da Montanha contra o fazer juramentos (Mt 5.34-36) e nas repreensões de
Cristo dirigidas aos escribas e fariseus (Mt 23.16-22). Os servos do Senhor devem ser
completamente fidedignos e confiáveis como testemunhas dEle"(13)

b) Devemos lembrar aqui também daqueles pecados que fazemos diretamente contra Deus: a
defraudação nas ofertas, nos dízimos, a entrega dos primogênitos, das primícias, etc. Se defraudar o
homem é pecado, muito mais o será quando defraudamos a Deus, retendo o que é dEle. Muitos filhos
de Deus não são abençoados no mundo porque "seguram", para não dizer "roubam" o que pertence ao
Senhor. Basta lembrarmos que Malaquias chama a retenção do dízimo de roubo, Ml 3.8, "8 Roubará o
homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas".
Há ainda muitas outras coisas nas quais roubamos a Deus. Disto nos fala Mesquita:

"Não estamos, é certo, sujeitos às faltas a que estava sujeito o crente judaico, não satisfazendo às
exigências da entrega dos primogênitos, das primícias, da assistência a certas festividades etc., e
por isso não estaremos expostos a tantas falhas, mas, assim mesmo, há umas tantas coisas que
sabemos serem exigidas e que devemos praticar, e, se as não praticamos, incorremos nas
penalidades impostas aos hebreus. Digamos que o crente não foi à igreja, ainda que nada o
impedia disso; ficou preguiçosamente em casa. Transgrediu, roubando o culto do Senhor.
Deveria, neste caso, avaliar, se pudesse, o dano cometido, as despesas que teria feito e não fez
com o transporte e coletas e pagar tudo isto com um quinto de multa. Seria isto mesmo que Deus
exigiria? O autor não dogmatiza, mas não teme afirmar que, se transgredimos os preceitos da
vida cristã, seja em não cumprirmos nossos deveres, seja em não pagarmos nossos dízimos,
devíamos fazer restituição e pagar a multa. Os governos exigem pesadas multas dos
contribuintes que não pagam dentro do prazo legal; será que Deus nos trata de modo diferente?".
(14)

V. O SACRIFÍCIO DA PAZ, OU OFERTA PACÍFICA

LV 3.1-17. 7.11-34

V.1 DESCRIÇÃO

 
1. A oferta pacífica, ou sacrifício da paz deveria acontecer de forma voluntária, quando o ofertante
fosse movido pelo desejo de agradecer a Deus por algum motivo especial. Um animal macho ou fêmea
deveria ser oferecido, mas sem qualquer mancha. Esta oferta era também chamada de "oferta da
comunhão", já que inspirava por parte do ofertante um relacionamento de comunhão com o Senhor.
Barrow a descreve com alguns detalhes:

"O sangue da Oferta Pacífica era espargido sobre o Altar de Holocausto, a gordura e as partes
internas eram removidas e o restante era assado. A gordura e as partes internas eram queimadas;
para satisfazer a Deus como cheiro suave. Por Deus havido mostrado claramente o que lhe
agradava, a pessoa que oferecia tal oferta estava fazendo exatamente aquilo que agradava a
Deus, e desta maneira tendo comunhão com Ele.

Havia também a ocasião em que a carne da oferta era para o sacerdote e o oferente consumir,
comerem juntos, com bolos ázimos amassados com azeite, coscorões ázimos amassados com
azeite de flor de farinha, similar a Oferta de Alimentos.

A Oferta Pacífica era uma indicação de um bom, saudável e amoroso relacionamento entre o
oferente e Deus, e entre o oferente e o sacerdote. Havia paz com Deus e paz entre as pessoas em
geral".(15)

2. Como nas outras ofertas temos também algumas particularidades em relação às Ofertas Pacíficas:

a) Dentre as outras ofertas, a Oferta Pacífica era a que expressava uma grande alegria e júbilo por parte
do ofertante, já que ela era oferecida por aqueles que se julgavam estar em comunhão e paz com o
Senhor. A oferta se constituía, então, numa forma de gratidão a Deus.

b) Outro detalhe importante é que esta oferta era aquela que era observada em último lugar, o que nos
impulsiona a dizer que a paz certamente nos vem quando, como filhos de Deus, praticamos a
obediência incondicional ao Senhor e procuramos andar em seus princípios.

c) Esta oferta poderia ser oferecida publicamente ou privativamente. Um exemplo de Oferta Pacífica
pública está relacionado aos dois cordeiros que eram oferecidos por ocasião da Festa de Pentecoste, a
qual era considerada "santíssima". Normalmente estas ofertas públicas ocorriam durante grandes
manifestações nacionais, ou solenidades coletivas, onde havia muita alegria e regozijo.

d) As ofertas privadas vinham de:

- ações de graças, como reconhecimento do alcance de misericórdias, Lv 7.12, "Se fizer por ação de
graças, com a oferta de ação de graças trará bolos asmos amassados com azeite, obreias asmas untadas
com azeite e bolos de flor de farinha bem amassados com azeite".

- provenientes de votos, Lv 7.16, "E, se o sacrifício da sua oferta for voto ou oferta voluntária, no dia
em que oferecer o seu sacrifício, se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia seguinte".

- Através de ofertas voluntárias, Lv 7.16, "E, se o sacrifício da sua oferta for voto ou oferta voluntária,
no dia em que oferecer o seu sacrifício, se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia
seguinte".

e) As Ofertas Pacíficas normalmente eram acompanhadas com uma libação e uma oferta de cereais,
onde eram oferecidos um bolo feito de cereais ralados e de farinha de trigo misturada com azeite, além
de bolos asmos, que eram preparados de três formas diferentes, com azeite, Lv 7.11-14, "11 Esta é a lei
das ofertas pacíficas que alguém pode oferecer ao SENHOR. 12 Se fizer por ação de graças, com a
oferta de ação de graças trará bolos asmos amassados com azeite, obreias asmas untadas com azeite e
bolos de flor de farinha bem amassados com azeite. 13 Com os bolos trará, por sua oferta, pão
levedado, com o sacrifício de sua oferta pacífica por ação de graças. 14 E, de toda oferta, trará um bolo
por oferta ao SENHOR, que será do sacerdote que aspergir o sangue da oferta pacífica".

f) Era exigido do ofertante que colocasse suas mãos sobre o sacrifício, através de uma confissão de
pecados e ainda que fizesse ação de graças a Deus. Após o animal ser abatido pelo próprio ofertante, o
seu sangue era aspergido sobre o altar através do sacerdote; as entranhas e as gorduras eram queimadas
ao Senhor. Esta oferta culminava numa festa grandiosa e jubilosa, onde a carne do animal, juntamente
com os bolos asmos era comida pelos participantes.

g) Outro detalhe significativo desta oferta é que o ofertante, juntamente com seus amigos, os
sacerdotes reuniam-se num relacionamento de feliz comunhão com o Senhor, no átrio do tabernáculo,
Dt 12.17-18, "17 Nas tuas cidades, não poderás comer o dízimo do teu cereal, nem do teu vinho, nem
do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas, nem nenhuma das tuas
ofertas votivas, que houveres prometido, nem as tuas ofertas voluntárias, nem as ofertas das tuas mãos;
18 mas o comerás perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher, tu, e
teu filho, e tua filha, e teu servo, e tua serva, e o levita que mora na tua cidade; e perante o SENHOR,
teu Deus, te alegrarás em tudo o que fizeres". Essa refeição denotava a comunhão entre os adoradores
e Deus. E também simbolizava e prometia amizade e paz com Deus.

V.2 SIMBOLISMOS

a) Como o próprio nome nos diz, a Oferta Pacífica, tem a ver com "comunhão e paz", que somente
pode vir através de um íntimo relacionamento entre Deus e o ofertante. Através desta oferta, a
comunhão entre Deus e o pecador se tornava realidade. Nenhum homem poderia chegar ao Altar para
oferecer a Oferta Pacífica, sem antes haver passado pela Oferta da Expiação, ou seja, não poderia
haver qualquer comunhão do pecador com Deus, sem que antes, uma vítima substitutiva pelo pecado
fosse oferecida. Cumprindo esta exigência, o ofertante podia chegar para oferecer a Oferta Pacífica, e
gozar da paz oferecida pelo Senhor. Porém, a paz com Deus nos dias do Velho Pacto não era absoluta,
uma vez que havia necessidade de se fazer constantes oferendas. Já, na Nova Aliança, a paz é
permanente e foi conquistada através do Senhor Jesus em nosso favor, Rm 5.1. Conforme diz
Mesquita:

"Cristo ofereceu por nós o sacrifício de paz. Ele não nos salvou para ainda nos deixar no mesmo
estado de ansiedade e dúvida ou guerra com Deus. Certa vez Jesus disse que o Reino de Deus
estava dentro de nós, e o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas paz... Se há coisa que
um cristão deve gozar como resultado de sua salvação, é paz, e paz com Deus. Não há dúvida de
que ele terá muitas aflições, como Jesus mesmo adverte, mas Ele também diz que venceu o
mundo, e é certo que nos conforta, para que vençamos também nossas lutas. A paz é o principal
patrimônio do crente em Jesus. De tudo ele poderá ter pouco. Poderá ter pouco talento para
umas tantas coisas; poderá ter pouco conhecimento das coisas desta vida; poderá ter pouco de
tudo que há em todo sentido, mas poderá ser enriquecido de paz. É a única coisa em que todos
podemos ser iguais e viver por igual nesta vida — na paz conosco mesmos e com Deus. "Não se
turbe o vosso coração...". Se temos sido resgatados da maldição do pecado, tenhamos paz com
Deus e paz dentro de nós. Certo que corvejam sobre esta nossa riqueza espiritual milhares de
corvos. Sobre ela piam todas as corujas. Todavia, urge que não deixemos arrebatar tão preciosa
dádiva. Conservemos a paz".(16)

 
b) Outro simbolismo envolvida na Oferta pacífica é o fato de que podemos erguer nossa voz para dar
ações de graças a Deus. Devemos ter em mente que inúmeros dos sacrifícios que compunham as
Ofertas Pacíficas, eram sacrifícios que deveriam expressar por parte do ofertante uma gratidão ao
Senhor, "Se alguém o oferecer por oferta de ação de graças, com o sacrifício de ação de graças
oferecerá bolos ázimos amassados com azeite, e coscorões ázimos untados com azeite, e bolos
amassados com azeite, de flor de farinha, bem embebidos", Lv 7.12. Como filhos de Deus, temos
muitos motivos para agradecê-LO! Falando aos crentes de Corinto Paulo não somente reconhece que
devemos dar "graças a Deus", mas que esta prática seja também abundante, 2 Co 4.15, "Pois tudo é por
amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para
glória de Deus". Falando ainda aos efésios, afirma que devemos dar graças continuamente, Ef 5.20,
"sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo"

c) Outro ponto importante de simbolismo está em que a gratidão a Deus, sempre vem acompanhada
com a alegria. Sabemos que a alegria é outro fator que deve ocupar a vida do filho de Deus. Não se
pode admitir crente carrancudo, emburrado, mal humorado, pavio curto, etc., Em nós deve brilhar a
alegria da salvação! Quando Davi pecou, uma das coisas que ele lamenta ter perdido, foi o gozo da
salvação. Porém, Davi não deixou de reivindicar esta bênção, quando implorava pelo perdão e
restauração de seu pecado, Sl 51.12, "Restitui-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um
espírito voluntário". Como é bom servir a Deus e viver na alegria da Palavra. Segundo Mesquita:

"Já se disse que a vida do cristão é de festa. O que existe destoante deste postulado deve ser
levado à conta de notas desafinadas na sinfonia humana. Devemos viver em festa espiritual, e
assim vivem os que vivem verdadeiramente em Cristo. Há muitos cristãos tristes e chorosos,
como há muitos queixosos e descontentes, mas simplesmente porque não vivem a verdadeira
vida cristã. Pelo menos três vezes no ano deviam os crentes judeus comparecer a Jerusalém, a
sede do culto, para oferecerem seus sacrifícios e fazerem festa. A nação não podia deixar-se
matar de desânimo. Nós não podemos comparecer três vezes ao centro de nosso culto, porque
comparecemos todos os dias e todos os momentos, pois que já chegou o dia quando nem em
Jerusalém nem em Samaria se adora a Jeová, mas em qualquer parte da terra. Portanto, desta
comunhão deve resultar maior alegria. Mesmo as melhores partes do culto de domingo são
estragadas pelo espírito de amargura e angústia. Quantos crentes deixam a casa do Senhor em
pior condição do que quando lá entraram! Há coisas que não estão sendo feitas como
desejamos? Lembremo-nos de que tampouco as faríamos a contento de todos. O pregador não
pregou como gostaríamos? Lembremo-nos de que não pregaríamos melhor do que ele. Há um
mundo de coisas defeituosas e que não correm a nosso jeito, mas também nós somos um
amontoado de defeitos e imperfeições e, todavia, nosso Pai nos aceita. Só há uma coisa que deve
entristecer-nos: se andamos em pecado. Nenhuma outra coisa deve levar-nos a deixar de dar
graças ao Senhor e vivermos alegres".(17)

BIBLIOGRAFIA:

BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos Holocaustos". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org.


Tradução: Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.

BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01. 1999.

HARRISON, R. K., Ph. D., D. D., "Levítico, Introdução e Comentário". Editora Mundo Cristão. São
Paulo-sp, 1989.

LEA, LARRY. "Supremo Chamado", Editora Abba Press. São Paulo.


SHEED, Russel, PhD. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs.
157-163.

MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo do Livro de Levítico. Juerp (Junta de Educação Religiosa e
Publicações da Convenção Batista Brasileira). Rio de Janeiro-RJ. 1971.

  

NOTAS:

BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos Holocaustos". http://www.domini.org/tabern. martyn@domini.org. Tradução:
(1)

Pastor Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.

(2)
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 158.

MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo do Livro de Levítico. Juerp (Junta de Educação Religiosa e Publicações da
(3)

Convenção Batista Brasileira). Rio de Janeiro-RJ. 1971. Págs. 33-34.

(4)
Id. ibid. pág. 35.

(5)
SHEED, Russel. Op. cit., pág. 159

(6)
MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit. págs. 47-48.

HARRISON, R. K., Ph. D., D. D., "Levítico, Introdução e Comentário". Editora Mundo Cristão. São Paulo-sp, 1989.
(7)

Pág. 49.

(8)
SHEED, Russel. Op. cit. pág. 160.

(9)
MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit. pág. 71.

(10)
Id. ibid. pág. 72.

(11)
Id. ibid. pág. 73.

(12)
SHEED, Russel. Op. cit., pág. 161.

(13)
HARRISON, R. K., Ph. D., D. D. Op. cit. pág. 63.

(14)
MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit. pág. 83.

(15)
BARROW, Martyn. Op. cit.

(16)
MESQUITA, Antônio Neves de. Op. cit., págs. 61-62.

(17)
Id. ibid. pág. 64. 

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