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Administração Financeira

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1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 3

2 A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO . 4

2.1 As áreas de atuação ..................................................................... 6

2.2 Atribuições do administrador financeiro ........................................ 9

2.3 Funções do administrador financeiro nas empresas ................... 14

3 PLANO FINANCEIRO ....................................................................... 16

3.1 A importância do planejamento financeiro para a sobrevivência dos


negócios.......... .................................................................................................. 17

3.2 O papel dos orçamentos na preparação de demonstrativos pro


forma.................................................................................................................. 19

3.3 Como construir fluxo de caixa, balanço patrimonial e


demonstrativos de origens e aplicações de recursos pro forma ........................ 22

4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO ..................... 25

4.1 Operações financeiras de curto prazo ........................................ 26

4.2 Práticas de administração financeira de curto prazo ................... 30

4.3 Tipos de operações financeiras de curto prazo ........................... 38

4.4 Fontes de capital para operações de curto prazo ....................... 39

5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE LONGO PRAZO ..................... 43

5.1 Orçamento de capital .................................................................. 43

5.2 Estrutura de capital ..................................................................... 45

6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 47

2
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

3
2 A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO

A administração financeira é uma das áreas mais relevantes das


organizações, pois detém a tomada de decisão que conduz a empresa aos objetivos
de sustentabilidade financeira e competitividade no mercado em que atua. Essa
administração ocorre em empresas de todos os portes, ainda que o enfoque varie
de acordo com o segmento estabelecido, sempre buscando a otimização de
recursos para maximizar o lucro ao dono do negócio ou ao acionista.
Especialmente o contexto em que as organizações estão inseridas
influencia diretamente essa área, pois variáveis como inflação, economia,
mudanças de governo, taxas cambiais, globalização, aumento de riscos
empresariais afetam diretamente a gestão financeira (LEMES JÚNIOR; RIGO;
CHEROBIM, 2016). Tal situação exige que a área de finanças se adapte às
transformações dos últimos tempos.
Portanto, neste capítulo, você vai aprender sobre a administração financeira
e suas áreas de atuação, conhecendo as atribuições e funções do profissional
dessa área.

Fonte: https://www.ibccoaching.com.br

Segundo Assaf Neto e Silva (2002), a administração financeira traduz um


campo de estudo teórico e prático que almeja um processo empresarial mais

4
eficiente para a captação e a alocação de recursos de capital. Também é importante
mencionar que a administração financeira se apresenta como uma ferramenta
destinada a controlar a viabilidade de meios que resultem em obtenção de receitas
capazes de prover a realização de operações e atividades da empresa.
Destaca-se, além disso, que há relação direta entre a administração
financeira e a visão sistêmica, que representa a capacidade de deliberar
considerando o contexto, a conjuntura e a análise das partes em relação ao todo.
Para que sejam tomadas as melhores decisões, os gestores financeiros necessitam
obter informações dos ambientes interno e externo, além de analisar todas as áreas
da empresa em relação à necessidade de recursos e ao retorno esperado.
Ross (2015) menciona que a administração financeira existe porque trabalha
para a sobrevivência das empresas, pode evitar falência, bem como superar a
concorrência, além de maximizar as vendas ou a participação do mercado e
minimizar os custos e maximizar os ganhos para garantir o crescimento dos lucros.
Na Figura 1, a seguir, é possível observar que as informações internas da
empresa quanto ao seu planejamento bem como sobre o mercado em que atua são
entradas que processam as decisões da administração financeira quanto aos
recursos a serem utilizados, às decisões de investimentos e aplicações e aos fluxos
financeiros, de modo que haja a maximização do retorno.

5
2.1 As áreas de atuação

A administração financeira de uma empresa lida com a aplicação das


estratégias estabelecidas para incrementar a receita da organização e definir
orçamentos para as diferentes áreas da organização. Devido à sua importância, a
administração financeira pode ser dividida em áreas de atuação, conforme podemos
observar a seguir.

Análise financeira

Para que a empresa possa ter equilíbrio entre as suas despesas e receitas,
especialmente visando reservas para a sua sustentabilidade financeira, é
necessário que haja planejamento para avaliar a condição financeira da empresa.
Essa análise ocorre por meio de relatórios financeiros cujas informações contábeis
demonstrem os resultados. As informações devem munir os tomadores de decisão
para a análise estratégica sobre a sua capacidade de produção, o rumo a ser
seguido, sempre no intuito de buscar alavancar suas operações. Os relatórios
demonstrarão não apenas as contas de resultado do regime de competência, mas
a situação do fluxo de caixa. Diante desses dados, é possível desenvolver e
implementar ações com objetivo de crescimento para o retorno financeiro
necessário.

Tomada de decisão de investimentos

Conforme Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2016), investimento é toda


aplicação de capital em algum ativo tangível ou não cuja finalidade seja obter
retorno futuro. Nessa abordagem, as decisões de investimento envolvem a
elaboração, a avaliação e a seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas
com objetivo, normalmente, de médio e de longo prazo (ASSAF NETO; SILVA,
2002). Investir o capital de uma empresa requer que a devida avaliação no retorno

6
do investimento. Essa decisão está diretamente relacionada ao rumo e à saúde
financeira da empresa, especialmente porque a viabilidade dos investimentos deve
ser bem criteriosa, uma vez que o seu resultado pode ser fatal ao futuro da
organização.
Matias (2007) menciona que o nível estratégico da empresa deve tomar a
decisão do investimento a partir de técnicas quantitativas para amparar os
executivos na análise dos projetos. Dentre as técnicas existentes para avaliação de
investimentos, as mais utilizadas são o tempo de retorno do investimento (payback),
o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR).
O payback é uma das ferramentas mais utilizadas, pois define a expectativa
de tempo de retorno de um investimento. Ou seja, após a realização do
investimento, em quanto tempo ele já estaria pago e passaria a dar retorno à
empresa, dando a ideia do grau de risco do projeto. Se o prazo for muito grande, há
variáveis que podem afetar o processo e não garantir que haverá as entradas de
caixa que estão previstas, evidenciando alo risco.

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Finanças corporativas

É a área responsável por tomar decisões financeiras a respeito do negócio,


utilizando ferramentas e índices para as análises financeiras. O objetivo é maximizar
a valorização da empresa e evitar que ela adentre em riscos financeiros para
garantir competitividade. Essa área é crucial para a sobrevivência e o
posicionamento da organização. Os principais indicadores que compõem as
finanças corporativas são: a lucratividade, os custos fixos, o faturamento, o índice
de endividamento e, principalmente, o retorno sobre investimento, costumeiramente
chamado de ROI (Return On Investment). Diante das informações corporativas, é
possível tomar decisões financeiras acertadas. Tal situação não é exatamente fácil,
pois trata-se de escolhas que definem o futuro de uma empresa. Para tanto, muitas
variáveis devem ser consideradas, como taxas de juros, carga tributária, volume de
crédito de longo prazo e regras de mercado que podem ser alteradas
constantemente.

Financiamentos

A administração financeira da empresa também poderá ser dedicada às


decisões de financiamento de curto e de longo prazo e dependerá da necessidade
de recursos. Quando são empréstimos de curto prazo, para pagamento em até um
ano, existe a finalidade de atender temporariamente as necessidades
apresentadas. Essa captação de recursos ocorre por meio de intermediários
financeiros. Para avalizar um financiamento, a administração financeira leva em
consideração a combinação dos financiamentos a curto e longo prazos com a
estrutura de capital, ou seja, a empresa não deve ter mais capital emprestado do
que próprio, para que não haja dificuldades na capacidade de pagamento. É preciso
avaliar se há equilíbrio entre juros e formas de pagamento, bem como se a
instituição que concede os recursos é confiável.

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Instituições financeiras

As instituições financeiras são responsáveis por captar recursos financeiros,


conceder crédito e intermediar a compra e a venda de ações. Sua função é analisar
os negócios do mercado de capitais que se referem aos investimentos, aplicações
e empréstimos, determinando as melhores posições financeiras e indicando as
opções para as partes interessadas.

2.2 Atribuições do administrador financeiro

Os administradores financeiros podem exercer suas atribuições nas


empresas, instituições financeiras, corretoras de valores, agências que operam com
mercado de capitais ou até mesmo prestar consultoria externa às organizações. A
área financeira é vital em todas as empresas e o administrador financeiro tem como
principal atribuição analisar as movimentações econômicas do mercado para
apontar as melhores decisões a serem tomadas pelas empresas, influenciando seu
crescimento econômico.
O administrador financeiro precisa ter preparo para administrar os recursos
da empresa de tal forma que o retorno aos acionistas seja suficiente para mantê-los
como investidor. Além disso, precisam preocupar-se com a satisfação de seus
clientes, consumidores e fornecedores internos e externos, assim como conhecer
os espaços de debates no ambiente de produção e possuir visão sistêmica da
atividade, de modo a garantir que ela esteja sendo operada da forma mais eficiente
possível. É necessidade primordial, nesta função, o conhecimento do mercado
financeiro a fim de analisar, avaliar entre diversas propostas, o melhor investimento
a se fazer e quando fazer. Ser capaz de captar novos recursos também é essencial,
além de saber analisar, planejar e prever os riscos envolvidos nas tomadas de
decisão.
O principal foco do gestor financeiro é fazer o patrimônio líquido de uma
empresa aumentar, gerando lucro líquido.

9
Para que se possa entender como anda o desempenho da empresa dentro
de um cenário tão competitivo e turbulento, é necessário acompanhar o
seu fluxo e sua lucratividade líquida. Conforme Gitman (2004), o fluxo de
caixa é essencial para a empresa e deve ser a primeira preocupação do
administrador financeiro, tanto na gestão das finanças do dia a dia quanto
no planejamento e na tomada de decisões estratégicas (XAVIER, 2016, p.
11).

O administrador financeiro tem como principal objetivo aumentar o valor do


patrimônio líquido de uma companhia ao gerar lucro líquido por meio das atividades
operacionais da organização. Para isso, esse profissional deve contar com um
conjunto de informações gerenciais que possibilitem a devida análise da situação
financeira da empresa a fim de maximizar os resultados financeiros.
Os cenários de incerteza e alta competitividade que permeiam as
organizações exigem que haja um melhor entendimento sobre sua performance.
Para tanto, o gestor financeiro deve acompanhar esse andamento de custos,
despesas e receitas, prevendo diferentes possibilidades aos resultados da
empresa.
Frezatti (2009) ressalta que a sobrevivência das empresas depende de
controle financeiro e constante acompanhamento do fluxo de caixa. A partir dessa
forma de atuação é que os administradores financeiros podem acompanhar os
resultados e especialmente planejar e orientar o emprego de recursos. A ausência
desse trabalho resulta na morte das empresas já em seus primeiros anos,
exatamente devido à falta de acompanhamento do fluxo de caixa. Dessa forma,
falta-lhes a estratégia de aproveitar as oportunidades para se prepararem para os
diferentes cenários. O fluxo de caixa é uma ferramenta que busca o resultado entre
as entradas e saídas de recurso em um determinado período.
Por isso, o administrador financeiro recebe essa valiosa incumbência que
assegura o acompanhamento constante das finanças da empresa. Mas não se trata
de apenas atualizar diariamente o fluxo de caixa, e, sim, de garantir sua análise.
Deve-se, então, emitir pareceres com base em alguns aspectos como consistência,
comparação e otimização (FREZATTI, 2009).

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 Análise de consistência: trata de garantir que as projeções estão
considerando as informações adequadas.
 Análise comparativa: aborda a direção que o fluxo de caixa está
seguindo, se os resultados melhoram ou pioram em comparação aos
diferentes períodos, como mês anterior ou ano anterior.
 Análise de otimização: versa sobre a análise do fluxo operacional
utilizado, apresentando algumas simulações que avaliam os
resultados em detrimento dos riscos estudados.

Outras análises devem ser praticadas pelo administrador financeiro, como,


por exemplo, os indicadores que revelam o giro de caixa. Essa informação é obtida
pelo tempo que o ciclo financeiro de uma empresa se repete, ou seja, quanto tempo
é necessário para que tudo o que a empresa vendeu realmente seja convertido em
dinheiro em caixa. Se o ciclo financeiro é pequeno, o giro de caixa é considerado
grande, pois essas duas informações são inversamente proporcionais. O resultado
desejável é que o giro de caixa seja alto, de modo que não haja necessidade de
dinheiro entre o pagamento do fornecedor e a entrada de receita advinda dos
clientes.

11
Os balanços praticados pela empresa também são analisados pelos
administradores financeiros e a famosa DRE (demonstração do resultado do
exercício) é um dos elementos-chave para a explanação das conclusões
apresentadas.

12
A DRE indica os custos, receitas e despesas de um determinado período em
formato simplificado, como se observa na Figura 2, a seguir.

A receita bruta de vendas corresponde a todas as vendas realizadas pela


empresa, a tudo o que foi faturado naquele período. No entanto, o administrador
financeiro sabe que o faturamento não é a mesma coisa que lucro, pois trata-se de
um valor bruto que ainda não teve o abatimento dos descontos cabíveis, como as
devoluções, os descontos concedidos, impostos e o custo dos produtos vendidos.
Somente após essas deduções é que a DRE indica os resultados do lucro antes
das provisões do imposto de renda e da contribuição social. Depois de todas essas

13
informações é que há a indicação do valor que poderá ser lucro ou prejuízo da
empresa. Portanto, o administrador financeiro necessita ter o domínio dessas
informações para indicar o melhor caminho a ser seguido e a tomada de decisão
que deve ser realizada.

2.3 Funções do administrador financeiro nas empresas

O profissional ligado à administração financeira é chamado de


administrador financeiro, diretor financeiro ou supervisor financeiro. Esse
profissional é responsável pelo gerenciamento e pela aplicabilidade das técnicas da
administração, adaptando os conceitos teóricos à realidade da organização. Os
administradores financeiros apresentam diferentes funções no âmbito das
empresas, como o gerenciamento das contas da empresa, decisões de
investimento, elaboração de orçamentos, encaminhamento de relatórios,
planejamento de metas financeiras, como apresentado a seguir.

Fonte: https://www.nomus.com.br

14
Decisões de investimento: o administrador financeiro deve oferecer
suporte de decisão ao investimento para que os valores que forem obtidos pela
empresa se encaixem como excedente de caixa. Para tanto, ele precisa de
informações adequadas e devidamente atualizadas para o desenvolvimento de uma
carteira de investimentos, sempre de acordo com as políticas da empresa.
Normalmente o modelo de investimentos da gestão que o administrador realiza
baseia-se no conhecido CAPM (Capital Asset Pricing Model), que demonstra o
retorno que um investidor aceitaria por investir em uma empresa. Trata-se de uma
“[...] maneira de encontrar uma taxa de retorno exigido que leve em conta o risco
sistemático” (PRATES. 2016, documento on-line).

Administração das contas: o administrador financeiro gerencia “[...] os


recursos financeiros da organização para oferecer contribuições valiosas sobre a
liquidez, as dívidas e as projeções financeiras, que auxiliam na tomada de decisões
sobre investimentos” (ENTENDA..., [20--?], documento on-line). Dessa forma,
também é sua função garantir a entrada do dinheiro nas contas da empresa e
assegurar o pagamento das dívidas. Para tanto, antes de a dívida ser contraída pela
organização, o administrador financeiro é quem aprova ou não uma solicitação de
gastos realizado por qualquer outra área da empresa, como as decisões de
compras. A forma de acompanhar essas transações é a demonstração de fluxos
para acompanhar o caminho do dinheiro na empresa. Nesse caso, os
administradores consideram os efeitos de alterações na demanda, além de ofertas
e preços sobre o desempenho da empresa. O entendimento da natureza desses
fatores ajuda os administradores a tomarem as decisões operacionais mais
vantajosas. Igualmente, os administradores podem determinar o momento propício
de emitir ações, obrigações ou outros instrumentos financeiros (LIMA; OLIVEIRA,
2016).

Declarações financeiras: é responsabilidade do administrador financeiro


construir os relatórios financeiros mensais com detalhamento de entradas e saídas

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do dinheiro da empresa. Essas práticas asseguram a lisura das informações, bem
como deixam os documentos devidamente organizados para o caso de auditorias e
conferências necessárias pelos acionistas ou órgãos de governo.

Elaboração de orçamento: “[...] uma das principais funções do


administrador financeiro é elaborar o orçamento mensal da organização com base
nos requisitos do negócio” (ENTENDA..., [20--?], documento on-line). Como ele
gerencia o caixa da empresa, acaba por ter condições ideias para projetar o
orçamento e, ao desempenhar essa função, mantém contato com os gestores de
todas as áreas da organização para constantemente receber informações que
demonstrem a necessidade de caixa. Após preparar o orçamento, o administrador
financeiro aloca o dinheiro necessário a cada área (ENTENDA..., [20--?]).

O papel da gestão financeira envolve principalmente a análise, o


planejamento, o controle e as tomadas de decisões. O gestor analisa resultados de
diversos relatórios que demonstram a situação atual das finanças. Com base
nessas informações, o gestor financeiro irá tomar decisões importantes para a
saúde da empresa, como investimentos ou empréstimos. No vídeo do link a seguir,
entenda as principais responsabilidades do gestor financeiro e a importância que
ele terá para garantir o crescimento da empresa: https://qrgo.page.link/JLdMh

3 PLANO FINANCEIRO

O plano financeiro proporciona uma ideia dos seguintes aspectos sobre o


empreendimento: quantidade de recursos financeiros que estão entrando; o
momento em que entram; para onde estão indo; quanto está disponível; e qual é a
posição financeira projetada pela empresa. Esse plano vai servir de base de curto
prazo para o controle orçamentário e ajudá-lo a prevenir um dos problemas mais
comuns nos novos empreendimentos: a falta de dinheiro.

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3.1 A importância do planejamento financeiro para a sobrevivência dos
negócios

Com o planejamento financeiro, você esclarece e deixa transparente o


cumprimento das obrigações financeiras de seu novo empreendimento. Nele, você
deve informar inclusive como será obtido o retorno sobre o investimento (ROI).
Dentro da ideia de atrair e manter investidores, é prudente que seu plano
financeiro projete três anos de atividades.
Em seu plano financeiro, você deve incluir (ERLICH, 2021):
 os recursos financeiros que entram na empresa,
 quando eles entram na empresa;
 como é sua distribuição;
 quanto está disponível para as demandas internas e externas;
 qual é a posição da empresa em relação a esses valores.

O planejamento financeiro deve servir de base para o controle


orçamentário. Além disso, ele precisa prevenir possíveis faltas dos recursos
financeiros.
O planejamento financeiro vai ajudá-lo a atingir as metas de sua empresa,
pois ele organiza e dá visibilidade aos recursos financeiros disponíveis. Dessa
forma, esse planejamento é fundamental para suas tomadas de decisões sobre a
distribuição e alocação dos recursos financeiros no investimento em melhorias na
organização.
O planejamento financeiro torna-se ainda mais gerencial ao lhe dar uma boa
ideia, na projeção dos primeiros anos, se você terá lucro ou prejuízo (Figura 1). Com
esse planejamento, você pode estar no comando de tudo o que entra e sai,
utilizando controles de gestão.

17
Você precisa aprender a lidar com os recursos financeiros de seu
empreendimento, e o plano financeiro é a opção para isso. A falta dessa ferramenta
pode deixar sua gestão mais “amadora”, causando os seguintes problemas
(ERLICH, 2021):
 dificuldade de trabalhar a alocação dos recursos para o progresso da
organização;
 falta de conhecimento sobre quanto você paga e quanto recebe, por
não ter noção de seu fluxo de caixa;
 incapacidade de perceber se você tem lucro ou prejuízo;
 impossibilidade de planejar e executar controles, por não conhecer
os valores.

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3.2 O papel dos orçamentos na preparação de demonstrativos pro forma

Quando você elabora um plano de negócios, deve incluir também os


demonstrativos pro forma. Eles apresentam aos possíveis investidores um cenário
futuro sobre a saúde financeira da empresa (ERLICH, 2021).
O demonstrativo de resultados pro forma projeta, em primeiro lugar, as
vendas do mês. É o plano de marketing que as dirige, pois é importante considerar
questões como, por exemplo, sazonalidade (ou seja, aquilo que acontece sempre
na mesma época do ano) ou as próprias estratégias de marketing.
Nos primeiros meses, talvez as vendas provoquem alguns custos que as
projetem para uma maior proporção. Isso não deve assustá-lo; no início, isso pode
ser normal. Porém, com o planejamento financeiro, você vai entender a situação e
estar no comando, projetando um equilíbrio logo à frente.
Para os demonstrativos pro forma, você deve preparar orçamentos de
operação e de capital. A preparação dos orçamentos deve estar de acordo com a
constituição da empresa (ERLICH, 2021).
Caso você seja o único responsável pela gestão do empreendimento, você
vai decidir sobre a preparação dos orçamentos. Caso sua empresa seja no formato
de sociedade, funcionários específicos podem ficar responsáveis por orçar os
demonstrativos. Porém, quem decide e responde sobre a finalização é você, o
empreendedor.

Orçamento de vendas

O primeiro item que você deve considerar é o orçamento de vendas, que


deve conter (ERLICH, 2021):
 as vendas projetadas;
 o estoque final almejado;
 o disponível para venda;
 a produção total necessária.

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Descontando o disponível para venda do estoque inicial, você chegará à
produção total necessária. Veja um exemplo na Tabela 1.

Na Tabela 1, a partir do volume de venda projetada, você pode ter uma


noção, por exemplo, da projeção dos custos da produção interna necessários para
esta venda, bem como os da produção terceirizada. Outro fator que você pode
observar são os estoques necessários em função da demanda. Portanto, o próximo
passo é concentrar forças nos custos operacionais, elaborando uma lista de
despesas fixas.

Orçamento de operação

Seu próximo passo é concentrar forças nos custos operacionais, elaborando


uma lista de despesas fixas (ERLICH, 2021):
 aluguel;
 eletricidade;
 água;
 salários;

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 publicidade;
 depreciaçã o;
 e seguros.

Para chegar a esses valores, você pode usar sua própria experiência
pessoal, comparar os valores com os de outras empresas ou, ainda, contratar
consultores.
Na Tabela 2, veja um exemplo de como ficariam projetadas essas
possibilidades para três meses.

21
Orçamento de capital

A etapa seguinte é considerar o orçamento de capital. Ele é importante


porque indica a avaliação dos gastos que vão atingir a empresa em mais de um ano
e devem ser acompanhados por um contador. Os gastos projetados podem ser em
(ERLICH, 2021):
 equipamentos;
 veículos;
 computadores;
 novas instalaçõ es;
 decisões de fabricaçã o ou de compra;
 comparações entre leasing, compra de equipamentos usados ou
aquisição de novos equipamentos.

3.3 Como construir fluxo de caixa, balanço patrimonial e demonstrativos de


origens e aplicações de recursos pro forma

Fluxo de caixa pro forma

Nesta seção, você vai conhecer algumas ferramentas necessárias para


traçar e executar o plano financeiro. O fluxo de caixa é uma delas, e é importante
que você entenda que isso não é a mesma coisa que lucro.

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Quando realmente entra dinheiro no caixa, dizemos que o caixa flui. De outra
forma, se você fizer uma venda, mas o valor só for entrar no outro mês, você não
terá essa liquidez. Nesse caso, você não vai ter, de fato, o dinheiro em caixa.

Assim, se sua empresa fizer uma venda que não seja à vista, a venda não
vai ser considerada caixa. Se ela for parcelada ou no crédito em trinta dias, por
exemplo, não vai haver fluxo de caixa. Aqui, também, você pode fazer projeções. É
o que chamamos de “fluxo de caixa pro forma” (ERLICH, 2021).

Da mesma forma que você projeta lucros, pode projetar também o caixa a
cada mês. Esses valores vêm do demonstrativo de resultados pro forma. Caso haja
mais gastos do que receitas, você pode pedir um empréstimo. Outra alternativa é
guardar alguns recursos para essas ocasiões.

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Balanço patrimonial pro forma

Outra projeção que você deve fazer é do balanço patrimonial. Ele mostra as
condições da empresa ao fim do primeiro ano. Para fazer o balanço patrimonial,
você vai usar as informações dos demonstrativos de resultados e dos fluxos de
caixa pro forma.
O balanço patrimonial pro forma mostra a medida da solvência da empresa.

Dentro do balanço patrimonial você vai trabalhar com ativos, passivos e


patrimônio líquido (ERLICH, 2021). Veja, a seguir, o que esses termos significam.
 Ativos − bens que o empreendimento possui nas formas de caixa,
estoque, duplicatas e imobilizado.
 Passivo − dívidas do empreendimento, como contas a pagar e
empréstimos.
 Patrimônio líquido − valor que foi investido no empreendimento,
diferença entre os ativos e passivos, capital social, ações, etc.

Demonstrativo de origens e aplicações de recursos pro forma

O demonstrativo de origens e aplicações de recursos pro forma apresenta os


lucros que têm origem nas operações e financiamentos. Ele serve para mostrar
como esses recursos foram usados para aumentar os ativos ou saldar as dívidas.

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4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

Em tempos de grande competitividade, e nem sempre em cenários de


economia aquecida, as empresas precisam se reinventar para administrar suas
finanças. É importante que elas possam vender seus produtos e serviços em tempo
hábil, de forma que o capital fique disponível para realizar investimentos ou para
cobrir os custos de novas vendas.
Nem sempre, porém, há essa circulação de recursos em caixa, permitindo
garantir o equilíbrio entre bens e obrigações. Isso obriga as empresas a buscarem
alternativas para o seu giro de capital, com operações de curto prazo.

Fonte: https://www.abc71.com.br

25
4.1 Operações financeiras de curto prazo

Assaf Neto (2010) reforça que a administração financeira de curto prazo é


assim chamada porque se relaciona com a gestão do capital de giro. As operações
mais comuns nessa área de finanças se referem aos investimentos em créditos a
clientes, ao gerenciamento do caixa e à estrutura dos passivos correntes. Além
disso, Gitman (2010) destaca que é papel do administrador financeiro buscar o
equilíbrio entre rentabilidade e risco, avaliando as contas do ativo e passivo
circulantes com operações de curto prazo. Entende-se aqui como curto prazo as
operações que ocorrem em um ano ou menos.
Vieira (2008) aponta que administrar ativos e passivos consiste em gerir as
contas desses grupos no balanço patrimonial, conforme apresentado no Quadro 1.

Como se observa no Quadro 1, do lado esquerdo do balanço patrimonial


estão as contas do ativo circulante e do ativo não circulante. O primeiro representa

26
as contas cujos recursos circulam em tempo menor, dentro de um ano. Como
exemplo, temos a conta Disponível, que é a conta Caixa ou, mais especificamente,
onde se encontra o dinheiro em espécie da empresa, normalmente em alguma
conta bancária. Também se encontram nesse grupo as contas Aplicações
Financeiras e Contas a Receber, que se referem ao dinheiro disponível que entra e
circula nas operações financeiras da empresa, seja como rendimento de aplicações
ou como recebimento de produtos vendidos aos clientes.
No lado direito do balanço, estão as obrigações que circulam também em
curto prazo e se encontram no grupo do passivo circulante. Exemplos dessas contas
são: Fornecedores e Empréstimos e Financiamentos, que representam saídas de
caixa em curto prazo para que a empresa possa cumprir suas obrigações.
Diante dessa abordagem, é importante que se entenda que o capital de giro
se refere aos recursos que circulam ou que giram em determinado período. Esses
recursos correspondem a uma parcela dos ganhos da empresa, que é aplicada em
seu ciclo operacional. Podemos citar o exemplo de uma indústria que produz bens
para serem vendidos no mercado em que atua. Ao vender esses bens, nem sempre
seus clientes pagarão pelas mercadorias em tempo hábil para que entre o
faturamento necessário para aquisição de matéria-prima, para que a indústria possa
continuar a fabricação dos seus produtos em seus ciclos. Logo, a empresa precisa
de capital de giro para empregar em seus custos e despesas, até que novos valores
estejam disponíveis no caixa da empresa. No entanto, nem sempre ela possui esses
recursos à disposição, o que lhe exige buscar capital para ser pago em curto prazo
(até um ano).
Caciatori Jr e Iarozinski Neto (2006) destacam que as maiores causas de
falência das empresas, especialmente as pequenas e médias, referem-se à falta de
uma tomada de decisão assertiva na gestão financeira de curto prazo,
principalmente quanto ao capital de giro. De acordo com Vieira (2008), quanto maior
o prazo de uma operação, mais elevado tende a ser o seu risco, uma vez que o
investidor ou a instituição financeira ficarão mais tempo com seu dinheiro
comprometido com os destinos da organização.

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Nessa lógica, podemos mencionar que os ativos de longo prazo tendem a
oferecer retornos maiores do que os de curto prazo; e os passivos de longo prazo
tendem a possuir custos de capital mais elevados do que os de curto prazo (CAIXE,
2015). O gestor financeiro deve escolher com cuidado qual operação financeira
deve ser realizada. Se a tomada de decisão pender para ativos em prazos maiores,
pode haver incremento de rentabilidade, mas isso compromete a capacidade de
pagar as contas que a empresa possui, ou seja, a sua liquidez. Por isso, a utilização
de fontes de curto prazo é mais comum na busca de uma solução imediata para a
falta de liquidez.
As aplicações e as obrigações de curto prazo da empresa podem ser
classificadas em permanentes, quando são cíclicas, ou sazonais, quando são
flutuantes. As contas cíclicas estão relacionadas de forma direta com a atividade da
empresa. Ao contrário, as contas sazonais não estão vinculadas diretamente à
atividade empresa, sendo determinadas por variações temporárias que ocorrem nos
seus negócios (VIEIRA, 2008). Esse autor e demais pesquisadores sobre o tema
indicam três tipos de estratégias de curto prazo, descritas a seguir.

Aplicação agressiva: os recursos das empresas são financiados pelo


capital de terceiros. Essas aplicações envolvem baixo investimento de capital de
giro e elevado volume de financiamento e podem, portanto, levar à maior
rentabilidade; porém, os riscos de insolvência e de captação de recursos mais caros
também aparecem. Uma forma de analisar o quanto uma empresa utiliza as
estratégias de buscar recursos a curto prazo de forma agressiva é a relação entre
o ativo circulante (de curto prazo) com os ativos totais da empresa. Um volume
menor de ativos circulantes representa uma política agressiva de gestão do capital
de giro. Isso se explica porque o ativo não circulante é composto de máquinas,
equipamentos, marca, software e instalações e deveria ser de onde vêm os lucros
da empresa com o melhor uso. Quanto menos se investir no ativo circulante, menos
financiamentos, menos juros e maior a parcela para ser usada no ativo não
circulante; assim, mais máquinas podem ser compradas, ocorre maior expansão da

28
empresa, e há menos dívidas a serem pagas. Portanto, embora o crédito de curto
prazo seja geralmente mais arriscado do ponto de vista da empresa, ele pode ser
obtido mais rapidamente e pode apresentar acordos mais flexíveis e menos
onerosos. No entanto, em países como o Brasil, cuja taxa de juros é alta, o custo
dessas operações é alto, o que leva muitas empresas a terem dificuldades
financeiras (WESTON; BRIGHAM, 2000).

Aplicação conservadora: nesse caso, todos os ativos da empresa são


bancados por recursos de longo prazo. O resultado dessas estratégias é o contrário
da anterior: ela oferece o menor retorno e a maior liquidez para a empresa. Há baixo
volume de financiamentos, diminuindo consideravelmente o risco das operações.
Um volume maior de ativos circulantes em relação ao ativo total resultaria, portanto,
em uma política conservadora da gestão do capital de giro, o que significa que a
empresa financia suas operações com maior volume de recurso de longo prazo ou
capital próprio. O Brasil possui poucas opções de recursos de longo prazo
disponíveis, sendo as mais usuais o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social e a emissão de títulos de dívida, os chamados debêntures (DE
OLIVEIA et al.,2006). A escolha dessa estratégia de financiamento depende das
características da conjuntura econômica e do seu setor de mercado e dos objetivos
estabelecidos por sua gestão.

Aplicação moderada: nesse tipo de aplicação, apenas o ativo flutuante é


financiado por recursos de terceiros de curto prazo, sendo as demais aplicações
patrocinadas pelo patrimônio líquido e pelo passivo não circulante. Entendem-se
como flutuantes as contas de curtíssimo prazo do ativo circulante, como caixa,
bancos e aplicações financeiras de curto prazo.

29
4.2 Práticas de administração financeira de curto prazo

O objetivo da administração financeira de curto prazo é gerir o ativo e o


passivo circulante para o equilíbrio entre rentabilidade e risco, contribuindo
positivamente para a empresa. Para essa gestão, as organizações precisam
conhecer seu capital circulante líquido e ter boa gestão de estoques, de contas a
receber e do passivo circulante.
30
Capital circulante líquido

O capital circulante líquido (CCL), ou capital de giro líquido (CGL),


corresponde ao ativo circulante de uma companhia. De maneira geral, ele
representa o valor total de recursos demandados pela empresa na condução normal
de suas operações. Os passivos circulantes representam o fi nanciamento de curto
prazo, porque incluem todas as obrigações que vencerão em até um ano.
Para isso, é importante que a companhia tenha CCL à sua disposição. Ele
garante a folga financeira do negócio. Por meio do CCL, é possível ter dinheiro para
comprar matérias-primas e pagar impostos e salários, por exemplo. Geralmente, a
existência desse capital proporciona a negociação das vendas dos produtos a prazo
(FERREIRA, 2019).
O CGL ou CCL corresponde à diferença entre o ativo circulante e o passivo
circulante, conforme mostra a fórmula abaixo:

CCL = Ativo circulante – Passivo circulante

Quando o ativo circulante é maior do que o passivo circulante, a empresa


apresenta CCL positivo. Quando o ativo circulante é menor do que o passivo
circulante, a empresa apresenta CCL negativo (FERREIRA, 2019).

31
Nas empresas que comercializam produtos, é importante a conversão dos
estoques em contas a receber e transformá-las em caixa (dinheiro disponível), que
é a fonte utilizada para saldar seus passivos. As saídas de caixa para pagamento
desses passivos são previsíveis, pois, quando uma empresa assume uma
obrigação, sabe quando ela vencerá. De acordo com Gitman (2017), a maior
dificuldade é identificar quando ocorrerão as entradas de caixa.
Empresas que têm previsibilidade de entradas de caixa necessitarão menos
de CGL. Como a maioria das empresas não conseguem igualar entradas e saídas
de caixa com exatidão, é necessária a disponibilidade de maiores volumes de ativo
circulante do que de passivos circulantes, ou seja, maior CCL. Supõe-se que,
quanto maior o CGL, menor o risco de a empresa se tornar insolvente (ser incapaz
32
de pagar suas contas na data do vencimento), pois ela terá bens e direitos para
saldar seus compromissos financeiros.

Administração de estoques

Dentro das companhias, há distintos pontos de vista quanto aos níveis


apropriados de estoques entre as áreas de finanças, produção, marketing e
compras. Cada um deles considera esses níveis sob o ponto de vista de seus
objetivos (FERREIRA, 2019). Entretanto, é necessário medir o nível ideal, para que
não haja gastos com armazenagem e produtos parados em estoque (obsoletos).
De acordo com Gitman (2017), há diversas técnicas disponíveis para
administrar eficazmente o estoque de uma companhia. Entretanto, quatro são as
mais utilizadas pelo mercado: sistema ABC, modelo de lote econômico, sistema just
in time e sistema de planejamento de necessidades de materiais.

Sistema ABC: é o método que classifica e agrupa seus estoques de acordo


com sua importância. O estoque é dividido em três grupos, A, B e C. O grupo A
contém os itens que apresentam maior investimento monetário, o grupo B é
composto pelos itens com investimento intermediário e que são controlados
periodicamente, e o grupo C são os itens que possuem baixo investimento e, por
esse motivo, são monitorados com técnicas pouco sofisticadas (FERREIRA, 2019).

Modelo de lote econômico: consiste em um modelo matemático que auxilia


na determinação do tamanho ideal do pedido de compras, com o objetivo de
minimizar os custos totais da operação (FERREIRA, 2019).

Sistema just in time: as matérias-primas devem chegar à empresa quando


são necessárias à produção. Por esse motivo, é importante a coordenação entre os
fornecedores, as transportadoras e os funcionários, para garantir que os insumos

33
cheguem no momento certo de fabricação do produto. O objetivo desse sistema é
minimizar o investimento em estoques (FERREIRA, 2019).

Sistema de planejamento de necessidades de materiais (MRP): os


conceitos de lote econômico são aplicados para determinar o quanto de material
deve ser encomendado. Com o auxílio do computador, o MRP realiza a simulação
sobre as necessidades de materiais, a situação do estoque e o processo de
fabricação do produto acabado. Para o planejamento da produção, faz-se a
simulação, comparando as necessidades de produção ao estoque disponível.
Considerando o tempo que um produto em processo passa pelos diferentes
estágios de produção e o tempo de espera para receber os materiais, o sistema
MRP determina quando devem ser realizados os pedidos de diversos itens contidos
na lista de necessidades (FERREIRA, 2019).

Administração do contas a receber

Muitas companhias apresentam valores a receber consideráveis em seu


ativo circulante, o que influencia a sua rentabilidade. Assim, o nível desse montante
está relacionado às condições das vendas, à análise de crédito e à política de
cobrança. As condições das vendas consistem no prazo de concessão de crédito,
no desconto dado ao cliente por ter realizado a sua compra à vista e no tipo de
instrumento de crédito aplicado.
O prazo de concessão de crédito se refere ao tempo dado ao cliente para
saldar a sua obrigação junto à empresa. Esse prazo é influenciado pelo setor de
atividade da empresa. Se os prazos dados aos seus clientes forem mais restritivos
do que os de seus concorrentes, a empresa perderá vendas; caso contrário, tenderá
a atrair clientes de baixa qualidade. Portanto, é essencial que a empresa avalie e
pratique o melhor prazo de concessão de crédito, que esteja alinhado com a
qualidade de seus produtos e serviços (FERREIRA, 2019).

34
Gitman (2017) entende a análise de crédito como a aplicação de técnicas
que avaliem a capacidade ou não de os clientes saldarem suas dívidas. Esse
processo inclui a avaliação da qualidade do cliente sob o ponto de vista de risco de
crédito e sua comparação com os padrões de crédito da companhia (requisitos
mínimos para concessão de crédito a um cliente).
É importante ressaltar que a empresa poderá mudar os seus padrões de
crédito para incrementar sua rentabilidade e criar valor para os proprietários.
Quando a empresa decide afrouxar os padrões de crédito, espera-se um aumento
no volume de vendas e, provavelmente, um aumento no prazo médio de
recebimento. Em contrapartida, quando há uma restrição nos padrões de crédito, o
volume de vendas e os montantes a receber diminuem, conforme Gitman (2017).
As empresas podem definir diferentes políticas de cobrança com diferentes
critérios; entretanto, o objetivo sempre será o recebimento dos valores devidos
pelos clientes no vencimento. A maior preocupação da administração do contas a
receber é controlar de maneira eficiente o desempenho da sua carteira. Ele consiste
em apurar o nível de atraso e pontualidade do pagamento dos clientes e identificar
os motivos da variação na carteira de valores a receber, segundo Gitman (2017).

Gestão de passivos circulantes

O financiamento de curto prazo é representado no balanço patrimonial pelo


seu passivo circulante (espontâneo e não espontâneo). Os passivos espontâneos
são aqueles originários das atividades rotineiras da empresa, como fornecedores e
impostos a pagar. A gestão do contas a pagar constitui a principal fonte espontânea
de financiamento de curto prazo das empresas. Contas a pagar compreende as
operações de compra de insumos necessários à produção que ainda não foram
pagas. Quando essa compra é realizada, há acordo com fornecedor quanto ao
prazo de crédito (ou seja, quando será pago).
De acordo com Gitman (2017), o prazo de crédito concedido pelos
fornecedores permite que as empresas posterguem o prazo de pagamento de suas

35
compras. No entanto, esse alongamento da dívida contém um custo, que o
fornecedor inclui no preço de venda. Portanto, é importante analisar
cuidadosamente os prazos de crédito concedidos, para determinar se a empresa
quer ou não arcar com esse custo adicional.
Outra fonte espontânea corresponde às despesas a pagar, que consistem
em obrigações oriundas da compra de bens ou da prestação de serviços cujo
pagamento ainda não foi realizado, como salários a pagar e impostos. Os impostos
são pagos diretamente para o governo, e sua acumulação não pode ser manipulada
pela companhia. Contudo, o prazo de pagamento dos salários pode ser postergado
pela empresa. Dessa forma, ela consegue um empréstimo livre de juros dos
funcionários, que recebem seus pagamentos depois da sua prestação de serviço.
Além desses passivos de curto prazo, as empresas podem obter fontes de
empréstimo de curto prazo com e sem garantia, que constituem fontes não
espontâneas de financiamento. São originárias de atividades não rotineiras da
empresa e geram juros para a empresa.

O empréstimo de curto prazo é destinado a suprir as necessidades de capital


em virtude de picos sazonais da empresa, que geram acumulação de estoques e
de contas a receber. Dessa maneira, à medida que os estoques e o contas a receber
são convertidos em caixa, a empresa apresenta capital para liquidação dessa
obrigação, segundo Gitman (2017).

36
As instituições financeiras oferecem diversas linhas de crédito, que
consistem em um acordo em que se especifica o volume de empréstimos de curto
prazo concedido às empresas. Durante o acordo de linha de crédito, os bancos
podem impor restrições à empresa, que lhes dão o direito de cancelar a linha. Por
exemplo, a companhia pode ter apresentado alterações importantes na situação
financeira ou operacional que não eram esperadas pela instituição financeira, e ela
não acredita que a empresa possa saldar a dívida. Assim, ela desiste da cessão do
empréstimo. Pode acontecer também de o banco demandar informações sobre
mudanças nas posições administrativas ou nas operações antes que ocorram. Isso
porque tais alterações podem afetar o desempenho futuro e a capacidade de
pagamento das obrigações, alterando o nível de risco de crédito assumido pelo
banco.
As empresas devem procurar negociar linhas de crédito que apresentem
taxas de juros favoráveis, volume ótimo de fundos e mínimas restrições. O objetivo
do banco é obter o maior retorno financeiro com a maior segurança possível. Dessa
forma, as negociações entre banco e empresa devem produzir uma linha de crédito
satisfatória para ambas as partes.
Quando uma companhia não tiver mais fontes de empréstimo de curto prazo
sem garantia e, ainda assim, necessitar de fundos, a alternativa que ela buscará no
mercado será o empréstimo de curto prazo com garantias, conforme Gitman (2017).
Ele é concedido mediante alguns ativos específicos (pode ser um contas a receber
ou estoque, por exemplo) como garantia de dívida. O credor adquire direitos sobre
essa garantia por meio da execução de um acordo de garantia com o devedor,
especificando o ativo oferecido como garantia do empréstimo. Nos termos do
empréstimo, são especificadas as condições exigidas para a extinção do direito
sobre o ativo, a taxa de juros do empréstimo, as datas do pagamento dos juros e da
amortização e demais cláusulas.
A existência da garantia em um empréstimo pode minimizar as perdas em
caso de inadimplência do devedor, mas a presença dela não surte efeito sobre o
risco de inadimplência. Geralmente, os juros cobrados em empréstimos com

37
garantia costumam ser maiores do que aqueles praticados em empréstimos sem
garantia, uma vez que eles não apresentam menos riscos. Além disso, a negociação
e a administração dos empréstimos com garantia exigem mais esforço para os
credores. Portanto, o credor exige uma compensação adicional sob a forma de uma
comissão de serviço, uma alta taxa de juros ou ambas.

4.3 Tipos de operações financeiras de curto prazo

As operações financeiras de curto prazo, que acontecem para garantir a


liquidez da organização, ocorrem dentro do mercado monetário, onde acontecem
as transações de curto e curtíssimo prazo, envolvendo principalmente as
instituições financeiras. Quem regula esse segmento é o Banco Central do Brasil,
que realiza a política monetária principalmente por meio de redescontos, depósito
compulsório e operações no mercado aberto (SANTOS, 2001).
Ross et al. (2010) indicam que a liquidez de uma empresa pode crescer com
o aumento da venda de mercadorias à vista, o aumento do patrimônio líquido
(lançamento de ações) ou a busca por soluções imediatas de valores disponíveis
em caixa, por meio dos empréstimos de curto prazo.
A administração de curto prazo existe, portanto, para que haja dinheiro em
caixa para suprir a empresa de valores em seu ciclo de caixa. É importante destacar
que o ciclo de caixa é representado pelo tempo que a empresa leva entre pagar por
sua matéria-prima, pela compra de produtos e os profissionais de serviços até a
entrada de pagamento relativo às vendas de seus produtos ou seus serviços aos
clientes (GITMAN, 2010). Portanto, quanto maior é esse ciclo, mais recursos a
empresa precisa ter para continuar operando. Assim, para reduzir o tempo do ciclo
de caixa, a empresa precisa receber mais cedo e pagar mais tarde. Se a empresa
não consegue diminuir seus estoques e tampouco receber as contas de seus
clientes, deverá fazer uso de operações de curto prazo, como aplicações
financeiras, empréstimos bancários ou factoring.

38
4.4 Fontes de capital para operações de curto prazo

Assaf Neto (2010) destaca que as empresas precisam estabelecer que tipo
de riscos pode ser assumido em relação à solicitação de créditos, uma vez que,
dependendo da opção, poderão ocorrer danos à saúde financeira da empresa. É
comum que as empresas tenham financiamentos de curto prazo à sua disposição,
mas sempre serão avaliadas quanto ao seu histórico e ao número de vezes que
elas tomaram dinheiro de terceiros, podendo ser exigidas garantias, dependendo
do caso.
Na contabilidade, as contas do ativo são financiadas por contas do passivo:
origens e aplicações de recursos. No passivo, encontramos os recursos que
financiam a atividade empresarial: recursos próprios e recursos de terceiros. O
capital próprio é o recurso dos proprietários especificados na conta de Patrimônio
Líquido (RAIFUR et al., 2009).
A prática de buscar o capital de terceiros é universalmente utilizada, por
representar uma alternativa às empresas que não conseguem subsistir apenas com
seu capital próprio. Se o custo do capital de terceiros é menor, torna-se vantajoso
utilizá-lo, o que não exclui o endividamento que essa decisão proporciona. As fontes
de financiamento de curto prazo utilizado para financiar o capital de giro das
empresas estão divididas em duas categorias: o crédito comercial e o crédito
bancário. O crédito comercial é obtido espontaneamente, em decorrência das
vendas da empresa. Já o crédito bancário é o empréstimo bancário que se torna
uma fonte não espontânea de financiamento. Ele pode ser feito em bancos,
instituições financeiras ou administradoras de créditos. A seguir, elencamos as
principais modalidades de crédito bancário, apontadas por Lemes Junior et al.
(2002).

Factoring: é um tipo de financiamento em que a empresa vende as suas


contas a receber para terceiros. A empresa que compra esse ativo antecipa o
pagamento para a empresa. Ou seja, ela recebe por suas vendas antecipadamente

39
por meio dessa operação. Dessa forma, a empresa recebe em curto prazo um
dinheiro a que ela só teria acesso meses depois. Essas vendas possivelmente
foram realizadas a prazo, com pagamentos com cartão de crédito, entre outros. Na
operação, é descontada uma taxa de juros e de risco de crédito, proveniente do
risco de inadimplência. Para Soares (2010), a natureza jurídica do contrato de
factoring comporta ato civil e mercantil, bastando o endosso de títulos, sem garantia
aos títulos cedidos. Não há endosso para a responsabilização pelo não pagamento,
apenas pela seleção do crédito. Cabe ressaltar que não há, no factoring, operação
de crédito alguma, pois não envolve a confi ança entre as partes nem intervalo de
tempo entre o negócio e a contraprestação: trata-se de uma compra e venda de
direitos.

Vendor: é um financiamento da venda com cessão de crédito. É a operação


de crédito indicada para aquisição de bens de consumo duráveis. O fornecedor
vende a prazo e recebe à vista, porém, assume o risco do não pagamento junto à
instituição financeira que financia a operação. O público-alvo da operação de vendor
é a empresa que precisa de prazo para liquidar uma transição comercial; a outra
parte, o fornecedor, que é o banco, tem acesso a linhas de crédito com custos mais
reduzidos. Rosseti et al. (2008) apontam que o prazo da operação dura cerca de 30
a 90 dias, e a contratação ocorre por meio de uma promessa de financiamento junto
à equalização de taxas. Os autores alertam que, apesar do menor custo de
captação dessa operação, há uma desvantagem a ser avaliada: a possibilidade de
transferência da obrigação para a empresa fornecedora, de cuja conta o banco
debita o valor correspondente, no caso de a empresa cliente não o pagar.

Compror: o compror é uma operação semelhante à citada anteriormente,


mas, em vez de ser realizada pelo vendedor, é feita pelo comprador, que passa a
ser o fiador do contrato com o banco. O banco efetua o pagamento à vista ao
fornecedor, proporcionando a redução nos custos de produção e o melhor
planejamento do seu fluxo de caixa. Segundo a Federação Brasileira de Bancos, os

40
pagamentos podem ser efetuados por meio de crédito em conta, cheque
administrativo, documento de ordem de crédito (DOC), transferência eletrônica
disponível (TED), ordem de pagamento, pagamento com autenticação ou títulos de
cobrança. O público-alvo dessa operação são as empresas clientes, que, nas
compras à vista, conseguem descontos vantajosos de seu fornecedor. O prazo
mínimo do compror é de 30 dias, e a operação apresenta a vantagem de não
incidência de taxas de operações bancárias; porém, as taxas de juros são altas.

Desconto de títulos: é um adiantamento de recursos feito pelo banco aos


clientes, sobre valores referenciados em contas a pagar, antecipando, assim, o fluxo
de caixa do cliente. Essa operação resulta em uma negociação de um título
representativo de crédito, junto a um banco comercial, antes do seu vencimento.
Embora a propriedade dos títulos negociados seja transferida para a instituição, a
empresa é corresponsável pelo pagamento deles em caso de não liquidação pelo
devedor. Assim, o risco do não recebimento do título não é do banco, e sim da
empresa que efetuou o desconto. Lemes Júnior et al. (2002) destacam as seguintes
modalidades de desconto de títulos: desconto de duplicatas, desconto de notas
promissórias, empréstimo por contrato e antecipação por recebíveis.

Hot money: trata-se de outra forma de empréstimo por contrato. Os


empréstimos dessa modalidade são alternativas para o capital de giro de curtíssimo
prazo destinado a suprir necessidades momentâneas de caixa. Lemes Júnior et al.
(2002) destacam que os encargos financeiros desse tipo de operação são cobrados
pelo período do empréstimo, o que pode representar elevado custo financeiro.
Normalmente, as instituições financeiras costumam criar uma linha de hot como um
contrato que estabelece regras de empréstimo, o que facilita a disponibilização dos
recursos a serviço dos correntistas.

Contas garantidas: são uma alternativa para os momentos em que a conta


corrente da empresa tem saldo devedor; ela poderá contar com uma conta

41
vinculada, que faz saques automaticamente para que os débitos sejam supridos.
Para que essa solução seja efetivada, é necessário ajustar com o banco a
transferência da conta garantida para a conta corrente, que terá a incidência do
imposto sobre operações financeiras sobre esse saque. O sistema permite que os
juros devidos pelos excessos das contas correntes sejam cobrados mensalmente,
mas não é o mesmo que as transações de cheque especial. Nesse caso, a
negociação prevê garantias, como aval dos sócios, duplicatas, penhor mercantil e
alienação fiduciária. A contratação implica abertura do limite de crédito rotativo em
instituição financeira, contrato de limite de crédito e contrato de garantia (ROSSETI
et al., 2008).

Crédito rotativo: para Lemes Júnior et al. (2002), o crédito rotativo tem um
funcionamento semelhante a uma conta corrente, com limite de crédito e prazo
preestabelecido. A empresa pode efetuar saques a descoberto dentro desse limite
sem maiores burocracias. O crédito rotativo estipula um limite máximo sobre a
quantia que pode ser emprestada, e os encargos financeiros são, normalmente,
altos, mas são pagos somente pelo período que a conta permanece devedora. O
capital de giro na forma de crédito rotativo é flexível, porque os fundos podem ser
sacados quando necessário e pagos quando disponíveis durante o período do
contrato. Os autores mencionam que o crédito rotativo é pago à medida que a
empresa recupera gradualmente seu capital por meio de seu negócio. Outros
créditos rotativos, porém, podem durar anos, desde que tenham suficiente valor de
liquidação para assegurar a dívida.

Diante dos cenários de instabilidade econômica, a administração financeira


exerce um importante papel nas estratégias empresariais. As organizações
precisam ajustar muito bem seus fluxos de entrada e saída de recursos, para evitar
prejuízos à rentabilidade ou aumento de riscos. Decisões imediatas, como a
utilização de fontes de capital de curto prazo, podem ser opções para gerar recursos
disponíveis à empresa, mas apresentam alto custo, especialmente em um país com

42
altas taxas de juros, como o Brasil. Caberá ao gestor financeiro realizar a análise
sobre as fontes disponíveis para as operações de curto prazo e avaliar as melhores
alternativas, para oferecer segurança às finanças organizacionais.

5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE LONGO PRAZO

A administração financeira de longo prazo tem por base o orçamento de


capital, que avalia e seleciona os investimentos de uma empresa no longo prazo, e
a estrutura de capital, que identifica as fontes de recursos viáveis (terceiros ou
próprios) para investir em melhores projetos de investimento.

5.1 Orçamento de capital

Consiste em identificar oportunidades de investimentos no mercado que


possuem valor superior ao seu custo de aquisição. O gestor analisa o fluxo de caixa,
verificando os valores a receber, o prazo e a probabilidade de recebê-lo. De maneira
geral, as propostas de investimentos devem ser originárias de formulações
estratégicas da empresa, fazendo com que elas se antecipem no mercado. A
oportunidade de investimento deve ser tratada como uma decisão de longo prazo,
em que devem ser consideradas a competividade e a sua continuidade operacional.
Durante o processo de identificação das oportunidades de investimentos, as
empresas utilizam técnicas de avaliação, considerando o dinheiro no tempo, o risco
e o retorno e sua geração de riqueza. As técnicas mais comuns são: payback, valor
presente líquido e taxa interna de retorno.
O payback consiste no estudo do tempo necessário para que a empresa
recupere seu investimento inicial em um investimento. Embora seja um método
usado no mercado, ele é considerado uma técnica pouco sofisticada de orçamento
de capital, porque não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo.
O valor presente líquido consiste em uma técnica sofisticada de orçamento
de capital que considera o valor do dinheiro no tempo. O valor presente líquido é

43
obtido a partir da diferença entre o valor presente das entradas de caixa e o
investimento inicial do projeto. Quando o valor presente líquido é aplicado, as
entradas e saídas de caixa são medidas em termos de dinheiro presente. Por esse
motivo, exige-se a definição prévia da taxa de desconto a ser utilizada nos fluxos de
caixa (normalmente, é utilizada a taxa mínima de atratividade).
Quando o valor presente líquido é utilizado para a tomada de decisão de
projetos de investimento, a empresa deverá aceitar aquele que apresentar valor
maior ou igual a zero, pois será obtido maior retorno em relação ao seu custo de
capital. Assim, o valor de mercado da empresa aumentará, e os investidores terão
maior retorno. Consequentemente, deve-se rejeitar projetos com valor presente
líquido menor do que zero, conforme Gitman (2017).
A taxa interna de retorno (TIR) consiste na taxa de desconto que iguala as
entradas e saídas de caixa em um determinado momento. Assim, pode-se dizer que
é a taxa composta de retorno que a companhia obteria se concretizasse o projeto
de investimento, conforme Ross, Westerfield e Jaffe (2010). Basicamente, para a
avaliação das propostas do projeto de investimento, o cálculo da TIR demanda o
conhecimento dos valores dispendidos de capital e dos fluxos de caixa líquidos
incrementais gerados pela decisão.
A aceitação ou rejeição de um projeto de investimento é decidida por meio
de comparação da taxa interna de retorno obtida com a rentabilidade mínima
requerida pela empresa para os seus investimentos (taxa mínima de atratividade).
Dessa maneira, se a taxa interna de retorno for maior ou igual à taxa mínima
desejada, o projeto é considerado atrativo, devendo ser aceito. Caso contrário, a
empresa deverá rejeitar o projeto de investimento, segundo Ross, Westerfield e
Jaffe (2010).

44
5.2 Estrutura de capital

A estrutura de capital é uma das áreas mais complexas da tomada de decisão


financeira, devido à existência de diferentes variáveis de decisão em finanças,
segundo Gitman (2017). Uma tomada de decisão incorreta envolvendo a estrutura
de capital pode aumentar o custo de capital, reduzindo o valor presente líquido dos
investimentos e tornando vários deles inaceitáveis. Em contrapartida, boas tomadas
de decisão podem minimizar seu custo, resultando em valor presente líquido maior,
projetos mais aceitáveis e aumento de valor da empresa.
A estrutura de capital compreende a combinação entre os capitais de
terceiros e próprio que a empresa utiliza para financiar as suas atividades.
Normalmente, a empresa pode escolher entre muitas alternativas de estrutura de
capital e pode usar um volume grande ou pequeno de capital de terceiros.
As empresas se defrontam com novos projetos que necessitam de captação
de recursos financeiros. Elas podem utilizar várias fontes para o financiamento de
suas operações e as avaliam com base nas condições econômicas existentes, no
mercado financeiro, nas decisões operacionais e financeiras da empresa, bem
como no dimensionamento dos recursos a serem financiados e na escolha da
estrutura de capital ótima, conforme Xavier, Maia e Almeida (2015).

45
A característica mais importante do capital próprio é a permanência na
empresa por um período bastante longo, segundo Gitman (2017). O capital de
terceiros traz risco, pois o não cumprimento das obrigações pode resultar em
falência. Além disso, esse capital traz custos para a empresa (pagamento de juros).
Portanto, uma estrutura de capital ótima acarreta menor custo de capital e gera
aumento na rentabilidade dos acionistas ou quotistas.

46
6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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