Descobrindo o at - Bill T.arnold & Bryan E.beyer
Descobrindo o at - Bill T.arnold & Bryan E.beyer
Descobrindo o at - Bill T.arnold & Bryan E.beyer
Antigo Testamento
Para Susan eYvo nn e
Com amor
Provérbios 31.10
€
Copyright © 1999 Bill T. Arnold Crédito de ilustrações
e Bryan E. Beyer Alan Parry: pp. 121, 145, 151, 227, 306,330, 389
Projeto gráfico © Angus Hudson Ltd /
Tim Dowley & Peter Wyart como Créditos de fotos
Three’s Company 1998; Bible Scene Slide Tours: pp. 132, 135
e Baker Book House Company. British Museum: 25, 55, 81, 159, 163, 241, 244,
Publicado em inglês por
245, 246, 255, 258, 264, 284, 338, 343, 349,
Baker Books, uma divisão da
371,399, 429, 457
Baker Books House Company
PO Box 6287, Tim Dowley: pp. 39, 50, 65, 95, 118, 136, 142,
Grand Rapids MI 49516^6287 USA 162, 168, 170, 174, 189, 198, 201, 204, 211,
217, 223, 225, 271, 295, 232, 239, 253, 271,
Publicado em português pela Editora Cultura 295, 305, 309, 320, 328, 332, 401, 413, 419,
Cristã © 2001. Todos os direitos são reservados. 443, 452, 467, 469
Nenhuma parte desta publicação poderá ser Jamie Simson: pp. 67, 90, 252, 254, 281,345,433
reproduzida, armazenada ou transmitida de Peter Wyart: pp. 3, 26, 27, 62, 97, 105, 155,
qualquer forma, por qualquer meio que seja — 156, 177, 182, 183, 185, 187, 197, 203, 243,
por exemplo, meio eletrônico, fotocópia, 257, 269, 279, 283, 290, 293, 294, 297, 314,
gravação — sem o consentimento prévio da 327, 337, 355, 361, 377, 387, 397, 408, 413
editora. As únicas exceções são citações breves
para efeitos de crítica. Zev Radovan: pp. 373, 459
PA RTE 3
D e s c o b r in d o o s L iv r o s P o é tic o s
19. Introdução aos Livros Poéticos:
A literatura do povo de D eus 281
5
Conteúdo
Prefácio do Edito r 12 2. Onde e q uan do ocorreram • Salvação
Sobre o livro 13 os a co n te cim e n to s do • Santidade
Ao p ro fesso r 16 A ntigo Testam ento? 35 Q uem escreveu o
Ao aluno 17 Esboço Pentateuco?
A breviaçõ es 18 Objetivos • Autoria e consenso
Onde ocorreram os tradicional
A g radecim ento s 19
acontecim entos do • Visões críticas modernas
Antigo Testamento? Sumário
1. O q u e é o A n tig o
• As três regiões do antigo Termos-chave
T e stam e n to e p o r q u e
Oriente Próximo Pessoas-chave
e stu d á -lo ? 21
• As quatro sub-regiões de Questões para estudo
Esboço Leituras complementares
Israel
Objetivos
• As estradas do antigo Oriente
Cânon: O que é a Bíblia? Próximo 4. G ê n e sis 1-11:
• Definição de Cânon O p re lú d io d e Israel 77
Q uando ocorreram os
• Testes de canonicidade Esboço
acontecim entos do
• A formação do Cânon Objetivos
Antigo Testamento?
• Seqüência de livros em H istória primeva e sua
• Os ancestrais de Israel:
hebraico e português natureza
os patriarcas
Inspiração: Com o a Bíblia Conteúdo de Gênesis 1-11
• O início de Israel:
foi escrita? • Esboço
Moisés e Josué
• Teoria neo- ortodoxa • A criação e sua natureza (1,2)
• O Estado de Israel:
• Teoria do ditado • O pecado e sua natureza (3—11)
Davi e sua dinastia
• Teoria da inspiração limitada Sumário
• O exílio e restauração de
• Teoria da inspiração verbal- Termos-chave
Israel: Esdras e Neemias
plenária Lugar-chave
Sumário
Transm issão textual: Com o Questões para estudo
Termos-chave
a Bíblia chegou até nós? Pessoas/Lugares -chave Leituras complementares
• O cuidado dos escribas com Questões para estudo
os textos do Antigo Leituras complementares 5. G ê n e sis 12-50:
Testamento Os p a tria rc a s: A n ce stra is
• A transmissão nas línguas d a fé isra e lita 89
originais PA R TE 1 Esboço
• A transmissão em outras D e s c o b r in d o o Objetivos
línguas Pano de fundo das
Pe n t a t e u c o
H erm enêutica: Com o deve narrativas patriarcais
mos interpretar a Bíblia? A história dos patriarcas
3. In tro d u çã o ao
• Use o método gramático- • Esboço
Pentateuco:
histórico • Abraão e Isaque (12—25)
O n a scim e n to do
• Compreenda o contexto • Jacó e seus doze filhos (25.19—
povo de D eus 63
• Determine o tipo de literatura 36.43)
• Interprete a linguagem Esboço
• José (37.1-50.26)
figurativa Objetivos Teologia das narrativas
• Deixe que as Escrituras O que é o Pentateuco? patriarcais
interpretem as Escrituras Sobre o que fala o • Eleição
• Descubra a aplicação para a Pentateuco? • Promessa
vida moderna Q uais são os principais • Aliança
Sumário temas do Pentateuco? Sumário
Termos-chave • Soberania de Deus Termos-chave
Pessoas/Lugares-chave • História Pessoas/Lugares -chave
Questões para estudo • A condição da humanidade Questões para estudo
Leituras complementares decaída Leituras complementares
6
Conteúdo
7
Conteúdo
E sb o ç o • Esboço Esboço
Pano de fundo de 1 Sam uel • Visão geral Objetivos
• Cenário Tem as dos livros de R eis O que são os Livros
• Autoria e data Sumário P oéticos?
• Temas de 1 Samuel Termos-chave C aracterísticas com uns da
A m ensagem de 1 Sam uel Pessoas/Lugares -chave p o esia hebraica
• O período de transição (1—15) Questões para estudo • Métrica
• A ascensão de Davi e o Leituras complementares • Paralelismo
declínio de Saul (16—31) • Quiasmo
Sumário 17. 1 e 2 C rô n ic a s:
• Acrósticos
Lugares-chave U m a re tro s p e c tiv a 251
Paralelos ugaríticos
Questões para estudo Esboço
O s Livros Poéticos
Leituras complementares Objetivos
Sumário
O autor e seu propósito
Termos-chave
14. 2 S a m u e l: C rônicas e o Cânon Lugares-chave
O re in a d o d e D avi 209 • Posição no Cânon Questões para estudo
Esboço • Relação com Samuel e Reis Leituras complementares
Objetivos C onteúdo de 1 e 2 Crônicas
E sb o ço • Esboço 20. Jó: Um h o m e m à
Pano de fundo de 2 Sam uel • Visão geral
p ro cu ra d e ju s tiç a 289
• Cenário Tem as dos livros de C rônicas
Esboço
• Autoria e data • Davi e sua dinastia
Objetivos
• Temas de 2 Samuel • O templo e a adoração a Deus
Introdução à literatura de
A m ensagem de 2 Sam uel Sumário
sab ed o ria
• A ascensão de Davi ao poder Termos-chave
Questões para estudo • Literatura do antigo Oriente
(1^4)
• O reinado de Davi sobre toda Leituras complementares Próximo
Israel (5-24) • Literatura de sabedoria do
Sumário 18. E s d r a s , N e e m ia s e Antigo Testamento
Termos-chave E s te r. Tem p o d e Conteúdo do livro de Jó
Pessoas íLugares -chave re c o n s tru ir 263 • Esboço
Questões para estudo Esboço • Visão geral
Leituras complementares Objetivos O autor e seus tem pos
O s livros de Esdras e Tem as teológicos
15. 1 R eis: N eem ias Sumário
A g ló ria d e S a lo m ã o e • Conteúdo Termos-chave
o p rin c íp io d o fim 221 • Problemas de interpretação Pessoas/Lugares -chave
Esboco O livro de Ester Questões para estudo
Objetivos • Conteúdo Leituras complementares
O autor e seus m étodos T em as teológicos
• Teologia da retribuição • Esdras^Neemias 21. S a lm o s:
• Fórmula do reinado e fontes • Ester O liv ro d e c â n tic o s do
• Perspectiva histórica do exílio Sumário a n tig o Isra e l 303
Conteúdo de 1 R eis Termos-chave Esboço
• Esboço Questões para estudo Objetivos
• Visão geral • Esdras-Neemias Pano de fundo do livro de
Sumário • Ester Salm os
Termos-chave Leituras complementares • O nome “Salmos”
Pessoas/Lugares- chave • Autoria de Salmos
Questões para estudo PARTE 3 • O lugar singular do livro de
Leituras complementares Salmos na Palavra de Deus
D e s c o b r in d o o s L iv r o s A divisão de Salm os
16. 2 R eis: O fim d e Isra el p o é t ic o s • Organização básica
co m o n a ç ã o 237 • Teorias sobre a organização de
Esboço 19. In tro d u ç ã o a o s Liv ro s Salmos
Objetivos P o é tico s: A lite ra tu ra do T ítulos de Salm os
Conteúdo de 2 R eis p o v o d e D eu s 281 C lassificação de Salm os
8
Conteúdo
9
Conteúdo
11
Prefácio do editor
A saúde e a vitalidade da igreja cristã em tamento é uma excelente contribuição da
toda a sua história sempre estiveram atreladas Editora Cultura Cristã no sentido de oferecer
ao seu relacionamento com a Escritura. Na à igreja ferramentas para o estudo da Escritu
verdade, ao longo da História, o Senhor foi ra. Texto, contexto, cultura, história, caracte
glorificado por meio de um povo que, seguin rísticas, problemas, personagens e temas do
do os seus preceitos, o adorava e obedecia. minantes mas, principalmente, a mensagem
Isso não pode ser diferente, hoje. A Igreja dos livros bíblicos, são apresentados de modo
precisa praticar a mesma obediência e, por vivido, dinâmico, atraente, facilitando a pes
uma vida de temor de Deus, glorificar ao seu quisa do estudante da Bíblia.
Senhor também hoje. Daí a necessidade dos Mas o estudo dos preceitos do Senhor não
cristãos se voltarem para a Bíblia, amando-a e pode ser feito de modo mecânico. N ão foi
estudando-a para pô-la em prática. Num a assim que estes livros foram preparados e, cer
época para a qual todas as idéias religiosas são tamente, não deverão ser assim utilizados.
igualmente válidas, o forte testemunho de Temor de Deus e oração deverão marcar a
crentes fiéis haverá de estabelecer a diferen busca da iluminação do Espírito que nos ca
ça e atrair pessoas para o Senhor Jesus Cristo. pacitará, acima de qualquer ajuda humana,
A publicação dos títulos Descobrindo a a nos aprofundarmos na Palavra de Deus.
Antigo Testamento e Descobrindo o Novo Tes
Cláudio M arra
Editor em Português
Apresentação
Livros de introdução bíblica devem ser con 5. Ele deve ser realista sobre o nível de co
siderados parte fundamental do currículo dos nhecimento bíblico da maioria dos crentes.
institutos bíblicos e seminários evangélicos. A 6. Ele deve buscar atrair o aluno, em parte
Bíblia constitui a base tanto para a nossa vida enfocando o ensino bíblico em relação a dou
espiritual quanto intelectual — na verdade, trinas fundamentais e questões éticas.
para a nossa vida como um todo. Se essas ins
tituições são essenciais para a educação cristã O b jetivo s
e para a form ação de educadores cristãos, Os objetivos de Descobrindo o Antigo Testa
então os livros usados para essas matérias não mento e Descobrindo o Novo Testamento encai
poderiam ser mais necessários. xam-se em duas categorias: intelectual e de
A Editora Cultura Cristã está lançando dois atitude. Os objetivos intelectuais são: (1) apre
volumes separados, porém relacionados, com sentar o conteúdo conceituai de cada livro do
material apropriado para aulas de introdução Antigo Testamento, (2) introduzir o pano de
bíblica. N essas duas obras, textos introdutó fundo histórico, geográfico e cultural, (3) deli
rios e de teologia bíblica voltados para o nível near os princípios básicos de hermenêutica, (4)
superior e para estudantes avançados que não tratar de assuntos críticos (como, por exemplo,
freqüentam um curso bíblico regular foram por que algumas pessoas interpretam a Bíblia
planejados expressamente com esse propósito. de maneiras diferentes) e (5) nutrir a fé cristã.
Além do benefício óbvio para pastores e semi Também há cinco objetivos relacionados à
naristas, eles trarão grande ajuda também para atitude: (1) tornar a Bíblia uma parte da vida
professores de escola dominical e pregadores dos alunos, (2) incutir nos alunos amor pelas
leigos. São livros com forte ênfase pedagógi Escrituras, (3) fazê-los pessoas melhores, (4)
ca, o que facilita o seu aproveitamento. aumentar sua devoção e (5) estimular o seu
amor por Deus. Em resumo, os autores e edi
P rin cíp io s n o rte a d o re s tores se sentirão recompensados se os textos
Como parte do processo de desenvolvimen puderem construir uma base para toda uma
to deste livro Descobrindo o Antigo Testamen vida de estudo da Bíblia.
to, bem como do que o acompanha, Desco
P rin cip ais te m a s
brindo o N ovo Testamento , os editores, seus
autores e a editora, estabeleceram os seguin Elá três temas teológicos que orientam os
tes princípios para esses textos básicos: escritos de Descobrindo o Antigo Testamento e
Descobrindo o Novo Testamento: Deus, as pes
1. Esses livros devem refletir o que há de soas e a forma como o evangelho relaciona-se
melhor nos estudos evangélicos de nossos dias. com os indivíduos. A idéia de que Deus é um
2. Deveriam ser escritos em um nível que ser em três pessoas — um ser transcendente e
possibilitasse o entendim ento por parte da imanente — aparece entretecida ao longo da
maioria dos estudantes da Bíblia. A o mesmo obra. Além do mais, esse Deus criou seres à
tempo em que esse parâmetro não deve nive sua imagem que são caídos, mas que ainda
lar os alunos por baixo, deve estar ao alcance são objeto de seu amor redentor. O evangelho
da maioria dos estudantes. é o meio, o poder pessoal ativo que Deus usa
3. Ele deve ser pedagogicamente correto. para resgatar as pessoas da escuridão e da
Isso se aplica não apenas aos pontos tradicio morte. Mas o evangelho faz mais do que res
nais como questões para estudo em cada ca gatar — ele restaura. Ele dá a pecadores an
pítulo, mas também à ordem e à maneira como tes desesperados a determinação e as forças
o material é apresentado. para terem uma vida agradável a Deus, pois
4- Ele deve levar em consideração que a podem andar no amor que vem de Deus.
maior parte dos alunos aprende mais visual
que verbalmente e, portanto, deve procurar C a ra c te rístic a s
tirar proveito desse fato e apresentar, sempre A o publicar este material, a meta é ofere
que possível fotos, mapas, quadros e gráficos. cer um recurso que, se por um lado é excep
13
Sobre o livro
cionalmente singular, por outro, não é apenas primárias, incluindo textos bíblicos e
parte de um modismo. Fica por conta de ou- extrabíblicos.
tros avaliar se alcançamos ou não essa meta. • Esboço do capítulo e objetivos apresen
De qualquer forma, algumas das caraterísticas tados na abertura de cada capítulo.
particulares que esperamos ser úteis para o • Questões para estudo, bibliografia ano
professor e servir de inspiração para o aluno tada e sumário do capítulo no final de
incluem: cada capítulo.
• Grande número de ilustrações, fotogra Estamos convencidos de que o livro-texto
fias, figuras, tabelas e quadros — todos deve ser o mais pedagógico possível e que deve
coloridos. refletir a mais alta visão da psicologia educa
• Tarjas que oferecem dois tipos de mate cional. A consultora educacional Dra. Janet
rial. As amarelas exploram de maneira Merrill, contribuiu com seus conhecimentos
sucinta questões éticas e teológicas de para melhorar significativamente esse proje
interesse e que dizem respeito ao quoti to. Agradecemos à Dra. Merrill que tão habil
diano moderno do estudante cristão. As mente preparou os testes, os objetivos e os su
de cor azul oferecem material de fontes mários dos capítulos.
14
Acreditamos ser essencial receber a maior quantidade
possível de informações de professores que ensinam
cursos de Antigo Testamento em faculdades de todo o
país. Portanto, fizemos um levantamento junto a
professores de aproximadamente cinqüenta faculda
des. Os resultados desse levantamento foram compila
dos e usados continuamente ao longo do processo de
planejar, escrever e produzir esse livro.
Mark D. McLean
Evangel College
Para o professor
Sabemos que muitos dos que virão a usar Os esboços para cada livro do Antigo Testa
este livro são já experientes na Escritura, en mento foram tirados (com algumas modifica
quanto outros estão apenas iniciando. Esta ções) do Evangelical Commentary on the Bible,
obra contém material que satisfará os dois gru organizado por Walter Elwell (Grand Rapids:
pos. Também incluímos um glossário que es Baker, 1989).
clarece termos difíceis com os quais o leitor Os leitores que desejarem um comentário
pode não estar familiarizado. As questões para versículo por versículo que não é oferecido
estudo no final de cada capítulo orientam o neste material podem usar o volume mencio
leitor e concentram-se nos pontos-chave do nado acima para estudos complementares, ou
capítulo. Por fim, uma lista de livros para “Lei outro publicado em nossa língua, o que inclui
turas Complementares” no final de cada ca os comentários da Editora Cultura Cristã.
pítulo apresenta sugestões para o aluno que A Baker Books contribuiu para produzir uma
quiser mais informações sobre qualquer um obra ricamente ilustrada. O material de ilustra
dos tópicos abordados. Esperamos expandir a ção, como quadros, mapas e gráficos, compõe
maneira de pensar de todos os alunos, inde aproximadamente vinte por cento de todo o
pendente de sua formação e estágio de de volume. O formato colorido torna o livro mais
senvolvimento cristão. agradável ao usuário que é parte de uma gera
O tom principal do livro é evangélico. Acre ção que já experimentou muito do que há em
ditamos que as Escrituras não falaram apenas termos de avanços tecnológicos. Queremos dar
ao seu público original, como continuam a aos alunos a sensação de “estarem lá” o máximo
nos falar nos dias de boje. Ao mesmo tempo, possível para ajudá-los a visualizar as imagens
sabemos que pessoas de diferentes denomi que a Bíblia descreve tão cuidadosamente.
nações cristãs irão utilizar esta obra. Em fun Também ressaltamos a relevância do Antigo
ção disso, quando discutimos questões sobre Testamento ao colocar “tarjas” estratégicas den
as quais não há um consenso entre os evangé tro do texto. Essas tarjas aplicam o texto direta
licos, muitas vezes escolhemos apresentar a mente a questões pertinentes aos nossos dias.
interpretação básica e deixar que o pesquisa Elas ajudam o leitor a compreender que a Bíblia
dor aprofunde-se mais e escolha a abordagem não falou só no passado, mas que continua a
mais apropriada. falar ainda hoje. Com essa finalidade, também
O material apresentado segue a ordem incorporamos ao texto material de aplicação prá
canônica de nossa Bíblia. Descobrimos ao lon tica sempre que apropriado.
go de nossa pesquisa que essa é uma prefe Esperamos e oramos para que esse livro o
rência da maioria dos professores. A divisão ajude a adquirir mais amor e apreciação pela
de capítulos, entretanto, facilita o uso de uma mensagem que tem um impacto sobre cada
visão tanto canônica quanto cronológica. um de nós — a mensagem da Bíblia.
Para o aluno
Assuntos éticos
e teológicos
Material de
fontes primárias O primeiro encontro sistemático com o Sum ário
Antigo Testamento é uma experiência emo'
No final de cada capítulo pode ser encon
cionante. Também pode ser um pouco assus
trado um quadro com frases que o resumem.
tadora, pois há muito a se aprender. Você pre
Sugestão para estudo: use o quadro de sumário
cisa aprender não apenas o conteúdo do A n
para fazer uma revisão imediata do que você
tigo Testamento, mas também um bocado so
Destaque:
acabou de ler.
bre o mundo do Oriente Médio.
assuntos-chave
O propósito deste livro é fazer com que Term os-chave e glossário
e aplicações
relevantes esse encontro seja menos intimidante. A fim
Os termos-chave aparecem identificados
de tomar isso possível, alguns recursos didáti
em negrito ao longo do texto. Isso servirá para
cos foram incorporados ao texto. Sugerimos
chamar sua atenção para palavras ou frases
que você se familiarize com esse livro-texto
importantes com as quais você pode não estar
lendo o seguinte material introdutório que
familiarizado. Uma definição dessas palavras
Termos, pessoas
explica os recursos didáticos oferecidos.
pode ser encontrada no glossário no final do
e lugares-chave livro. Sugestão para estudo: quando você vir
Q uadros am arelos
um termo-chave dentro do texto, pare e leia a
O material dentro dos quadros amarelos
definição dele antes de continuar a leitura do
destaca questões contemporâneas e mostra
capítulo.
como o Antigo Testamento trata ética e teo
logicamente desses importantes assuntos. A l Pessoas e lugares-chave
guns desses quadros contêm citações de vá
Durante o estudo do Antigo Testamento,
Questões para rios autores, sejam eles antigos ou modernos,
você verá muitos nomes e lugares. Aqueles
estudo cujos pensamentos esclarecem o material do
que são especialmente significativos apare
Antigo Testamento que está sendo discutido.
cem escritos em letras maiúsculas. Sugestão
Esboços dos capítulos para estudo: quando estiver estudando um
texto, faça uma leitura rápida, parando a cada
No início de cada capítulo aparece um breve
palavra escrita com letras maiúsculas para ver
esboço do conteúdo do capítulo. Sugestão para
se você sabe a importância daquele termo no
Leituras estudo: antes de ler o capítulo, empregue alguns
complementares Antigo Testamento.
minutos lendo o esboço. Pense nele como um
mapa e lembre-se de que é mais fácil alcançar
Q uestões para estudo
o seu destino se você sabe aonde está indo.
No final de cada capítulo, são apresenta
O bjetivos dos capítulos das algumas questões para discussão e elas
Uma breve lista de objetivos encontra-se podem servir como revisão para provas. Suges
no começo de cada capítulo. Ela apresenta as tão para estudo: ao preparar-se para provas,
tarefas que você deve ser capaz de realizar escreva as respostas certas para as questões.
depois de ter estudado o capítulo. Sugestão
Leituras com plem entares
para estudo: leia os objetivos com cuidado antes
de começar a leitura do texto. Ao ler, tenha Uma curta bibliografia para leituras com
em mente esses objetivos e tome notas que plementares é apresentada na conclusão de
ajudarão você a se lembrar do que leu. D e cada capítulo. Sugestão para estudo: use as lei
pois de ler o capítulo, volte para os objetivos e turas sugeridas para explorar áreas de maior
veja se é capaz de realizar as tarefas. interesse.
17
Ao aluno
Recursos visuais
Uma série de ilustrações na forma de foto de tomar o texto esteticamente mais agradá
grafias, mapas e quadros foi incluída neste vel como também mais fácil de ser entendido.
livro-texto. Cada ilustração foi cuidadosamen Que o seu encontro com o Antigo Testa
te selecionada e tem a intenção não apenas mento possa ser uma aventura emocionante!
18
Agradecim entos
Pode ser interessante saber com o os textos encorajador, e som os gratos pelo seu profissio
deste livro foram distribuídos e qual autor es nalism o e ânimo. G ostaríam os de agradecer
creveu quais capítulos. A m aioria dos capítu especialm ente a Jim W eaver e M aria denBoer.
los foi distribuída de acordo com publicações Tam bém gostaríam os de agradecer nosso edi
anteriores e interesses de cada autor. O Dr. tor, Dr. Eugene Merrill. A preciam os sua assis
A rnold escreveu o capítulo introdutório sobre tência acadêm ica.
história e geografia (capítulo 2), todos os capí Tam bém tem os um a grande dívida para
tulos do Pentateuco (capítulos 3—9) e os Li com as m uitas pessoas que ajudaram a prepa
vros H istóricos, exceto Josué e os livros de S a rar os m anuscritos. A m bos fom os beneficia
m uel (capítulos 10,12 e 15—18). Ele tam bém dos de m aneira especial pela ajuda de alunos
foi responsável pelos capítulos sobre Jó, Pro ou secretárias que nos auxiliaram de diversas
vérbios, E clesiastes, C ân tico dos C ân tico s, m aneiras. O s assistentes do Dr. A rnold foram
D aniel e o epílogo (capítulos 20,22,23 e 31). Joel R . Soza, M ichael K. W est e R obert W.
O Dr. Beyer escreveu o capítulo introdutório W ilcher; os do Dr. Beyer foram Cheryl Bran-
sobre a origem e inspiração do A ntigo T esta nan, C h an d ra Briggm an e Judy Peinado.
m ento (capítulo 1) e os capítulos sobre Josué e Finalm ente, querem os agradecer nossas es
os livros de Sam u el (capítulos 11,13 e 14). posas, Su san Arnold e Yvonne Beyer, que nos
A lém da introdução aos Livros Poéticos (ca am aram e apoiaram fielm ente a ca d a passo.
pítulo 19), ele escreveu sobre Salm os (capítu C o m as palavras de Provérbios 31.10-31 so
lo 21) e todos os capítulos sobre os profetas, ando em nossos ouvidos, dedicam os a elas
exceto D aniel (capítulos 24—30 c 32—34). este livro.
A o longo da produção deste livro, o pes
soal da B aker B ook H ouse foi prestativo e
19
O que é o Antigo Testamento
e por que estudá-lo?
Esboço
• C a n o n : O q u e é a B íb lia ?
Definição de Cânon
Testes de canonicidade
A formação do Cânon
Seqüência de livros em hebraico e português Objetivos
• In s p ir a ç ã o : C o m o a B íb lia fo i e s c r it a ?
Teoria neo-ortodoxa D e p o is d e le r e s t e c a p ít u lo ,
v o cê d e v e se r ca p a z de:
Teoria do ditado
Teoria da inspiração limitada • Comparar os testes de canonicidade.
21
Descobrindo o Antigo Testamento
Q u a d r o d a s e q ü ê n c ia d e liv r o s d o A n t ig o T e s t a m e n t o
O rg a n iz a çã o e O rg a n iz a çã o e
N o m es h e b ra ic o s c la s s ific a ç ã o no c la s s ific a ç ã o em D atas
p a ra o s liv ro s h eb raico p o rtu g u ê s a p ro x im a d as
vros pertenciam e quais não pertenciam ao fluência da comunidade depois que Jerusalém
Antigo Testamento. A inda assim, existia al foi derrubada pelos romanos no ano 70 d.C.
guma confusão entre o povo. Em certas oca Os estudiosos discutem o que exatam ente
siões, os líderes judeus encontraram-se para aconteceu em Jâmnia, mas concordam que o
tratar deste e de outros assuntos. U m a dessas concilio não determinou quais livros perten^
reuniões parece ter ocorrido em JÂMNIA no ciam ao Antigo Testamento. N a verdade, o
final do primeiro século d.C. concilio parece ter confirmado oficialmente
livros que a maioria vinha reconhecendo há
O Concilio de Jâm nia várias gerações. Em outras palavras, o concilio
Jâm nia (atualmente chamada de Yavneh) deu o endosso oficial a certos livros, apenas
está localizada na costa sudoeste de Israel. A confirmando o que eles criam ter sido sempre
cidade tomou-se um importante centro de in verdade.2
23
Descobrindo o Antigo Testamento
Relevo de leões
e leoas —
Nínive, por volta
de 645 a.C. As
palavras de
Jesus em
Mateus 1 2.41
deixam implícito
que o livro de
Jonas é mais
que simples
mente uma
oarábola.
inspiração
Teoria da insp iração lim itada Teoria da in sp iração
verbal- Sumário verbal-plenária
plenária A teoria da inspiração limitada afirma que Sumário
Deus inspirou os pensamentos dos autores bíbli Como as outras teorias, a teoria da inspi
cos, mas não necessariamente as palavras que ração verbal-plenária afirma que o Espírito
eles escolheram usar.4 Deus guiou os escritores à Santo interagiu com os autores humanos a
medida que eles escreviam, mas deu-lhes liber fim de produzir o texto bíblico. As palavras
dade de expressar os pensamentos divinos à sua “verbal” e “plenária” descrevem o significado
própria maneira. Por causa dessa liberdade, os específico que essa teoria dá à inspiração.5
detalhes históricos contidos nos escritos podem “Verbal” refere-se às palavras das Escritu
conter erros. Entretanto, o Espírito Santo prote ras. Inspiração verbal significa que a inspira
geu do erro as porções doutrinárias das Escritu ção de Deus estende-se a cada palavra esco
ras, guardando a mensagem divina da salvação. lhida pelo autor. Mas não é o mesmo que a
teoria do ditado. Os autores poderiam ter es
Avaliação colhido outras palavras e, com freqüência,
A teoria da inspiração limitada reconhece Deus permitiu que eles expressassem sua pró
que as Escrituras contêm certas afirmações que pria personalidade enquanto escreviam. Mas
são difíceis de conciliar. Mas será que admitir o Espírito Santo guiou o processo dc modo
que há erros é a melhor solução? A Bíblia dá que o produto final transmitisse fielmente o
grande ênfase a detalhes históricos. A argu significado desejado por Deus.
mentação de Paulo em Romanos 5.12-21, por “Plenária” significa “cheia” ou “completa”.
exemplo, tem como pré-requisito a crença na A inspiração plenária afirma que a inspiração
figura histórica de Adão. As palavras de Jesus de Deus estende-se por todas as Escrituras, de
em Mateus 12.41 deixam subentendido que o Gênesis a Apocalipse. Deus guiou os autores
livro de Jonas não é simplesmente uma parábo tanto quando eles registravam detalhes histó
la, mas sim que um profeta real chamado Jonas ricos quanto nas ocasiões em que discutiam
pregou para o povo de Nínive. Além disso, acha questões doutrinárias.
dos arqueológicos muitas vezes já resolveram A inspiração verbal-plenária, portanto, afir
certos problemas encontrados nos registros bí ma que Deus inspirou toda a Bíblia. Essa ins
blicos. Enquanto esperamos por mais eviden piração estendeu-se até às palavras que os
cias que esclareçam essas dificuldades, parece autores escolheram, mas Deus também deu
melhor, portanto, afirmar que a Bíblia como aos autores uma certa liberdade para que es
um todo é absolutamente confiável. crevessem dc acordo com seu estilo e perso
25
Descobrindo o Antigo Testamento
nalidade. Ao mesmo tempo, ele orientou o dos dias de hoje. Em primeiro lugar, significa
transmissão
processo de forma que o produto final refletis que a Bíblia é digna de confiança. Podemos
se com fidelidade a mensagem divina. confiar nas suas informações. Ela oferece
muitas idéias sobre a história do povo de Deus
Avaliação e também descreve o plano de Deus para o
A teoria da inspiração verbal-plenária é a mundo e para nossas vidas. Ela revela o sig
que parece lidar melhor com as evidências bí nificado mais elevado da vida e nos mostra
blicas. Ela reconhece o elemento humano nas como nos tornarmos tudo o que Deus quer
Escrituras e admite que diferentes autores es que sejamos. Podemos confiar em tudo o que
creveram de diferentes formas. Mas ela tam ela afirma.
bém afirma que o Espírito Santo é, na verdade, Em segundo lugar, a inspiração verbal-ple
o autor final da Bíblia. O Espírito impulsionou nária significa que a Bíblia tem autoridade.
os autores humanos a comunicarem a mensa Por ser a Palavra de Deus, ela fala com a auto
gem divina de amor e salvação para um mun ridade de Deus. Ela nos chama a lê-la, com
do que precisava desesperadamente dela. preender suas implicações e sujeitarmo-nos a
elas. E ela continua sendo a verdade de Deus,
Manuscritos Implicações da inspiração
antigos da Bíblia quer escolhamos obedecê-la ou não. A Bíblia
verbal-plenária coloca diante de nós duas opções: obedecer a
eram escritos
em rolos como A doutrina da inspiração verbal-plenária Deus ou nos opormos a ele. Moisés, o servo de
este. tem importantes implicações para os cristãos Deus, disse que a palavra de Deus é a própria
vida (Dt 32.47). Do que você vai chamá-la?
Transmissão textual:
como a Bíblia chegou
até nós?
E graças ao trabalho de muitos indivíduos
fiéis ao longo de várias gerações que podemos
ler a Bíblia hoje. Esses indivíduos, chamados
de escribas, copiavam à mão a palavra de
Deus, tomando grande cuidado para manter
sua exatidão.
26
O que é o Antigo Testamento e por que estudá-lo?
Em 1947, um
jovem pastor
descobriu os
primeiros Papi
ros do Mar
Morto nos
penhascos sobre
Qumran, próxi
mo ao Mar
Morto. Depois
disso, arqueólo
gos exploraram
outras cavernas
nas proximida
des e encontra
ram mais
papiros.
m assora
Os Massoretas ou copiadora, mas os massoretas tinham que
Os massoretas (500-1000 d.C.) trabalha- fazer tudo isso à mão!
ram para preservar textos do Antigo Testa A palavra hebraica usada para “escriba”
Torá significa “contador” e os massoretas contavam
mento que haviam recebido.7 Eles queriam
assegurar um entendimento correto dos tex tudo no texto. Eles sabiam, por exemplo, que
aram aico tos, bem como sua transmissão com fidelida o Torá — os primeiros cinco livros do Antigo
de para as gerações futuras. Eles receberam Testamento — continha 400.945 palavras. Eles
esse nome por causa do massora, um sistema sabiam que a palavra que ficava exatamente
acádio
complexo de símbolos que desenvolveram para no meio do Torá era a palavra “buscava” em
alcançar seu objetivo. Levítico 10.16. Eles sabiam que a letra que
am orita ficava exatamente no meio do Torá estava na
Os massoretas seguiram três passos para ga
rantir a precisão textual. Primeiro, desenvol palavra traduzida para o hebraico como “ab
fenício veram um sistema para escrever vogais. Até dômen” em Levítico 11.42. Apesar desse tipo
aquela época, o hebraico escrito continha de conhecimento parecer trivial para nós, os
apenas consoantes, apesar de algumas dessas massoretas sabiam que essas informações eram
ugarítico
consoantes serem usadas para indicar certas vitais para a preservação cuidadosa da pala
vogais. Os massoretas desenvolveram esse sis vra de Deus. Devemos ser gratos pelo seu tra
am onita balho diligente.
tema de vogais para preservar na escrita as
tradições orais que haviam recebido de gera
m oabita A tran sm issão nas
ções anteriores.
Em segundo lugar, os massoretas desenvol línguas originais
árabe veram um sistema de acentuação para o tex A maior parte do texto do Antigo Testa
to hebraico. Esses acentos ajudavam o leitor a mento foi escrita originalmente em hebraico,
pronunciar o texto, mas também mostravam apesar de algumas porções (Gn 31.47b; Ed
a relação entre várias palavras e frases de uma 4.8-6.18; 7.12-26; Jr 10.11b; Dt 2.4b-7.28) te
sentença. Dessa forma, ajudaram a esclare rem sido escritas em aramaico. Tanto o he
cer diversas passagens difíceis. braico quanto o aramaico são línguas semíti-
Em terceiro lugar, os massoretas desenvol cas, da mesma família de línguas que o acádio
veram um sistema de anotações detalhadas (a língua dos assírios e babilônios), o amorita,
do texto. Essas anotações ofereciam um meio o fenício, o ugarítico, o amonita, o moabita
pelo qual era possível verificar a precisão do e o árabe.
texto copiado. Nos dias de hoje, podemos pro Várias cópias em hebraico do Antigo Tes
duzir manuscritos idênticos em computador tamento chegaram até nós.8 Três delas são de
27
Descobrindo o Antigo Testamento
Texto massorético Texto hebraico mais Por volta de 100 d.C. Por volta de 1000 d.C.
confiável
Pentateuco samaritano Testemunho antigo do 200-100 a.C. Por volta de 1100 d.C.
Pentateuco, mas com
influência samaritana
Papiros do Mar Morto Partes de todos os livros do 200-100 a.C. 200-100 a.C.
(Qumran) Antigo Testamento, exceto
Ester; importante para
confirmara confiabilidade
de outros manuscritos como
os textos massoréticos e a
Septuaginta
Targuns Uma tradução/paráfrase A maior parte, 500-1000 As partes mais antigas por
aramaica e comentário do d.C., mas algumas partes volta de 150 d.C.
texto do Antigo Testamen são dos primeiros séculos
to; não tão confiável para a.C.
determinar a precisão de
textos do Antigo Testa
mento
29
Descobrindo o Antigo Testamento
va. Falamos do sol se levantando, ou de estar o conselho de pessoas ímpias. Podemos acabar
morrendo de fome, ou de calçar os sapatos do dando interpretações estranhas se não levar
outro. Não queremos dizer nenhuma dessas mos em consideração o uso da linguagem fi
coisas literalmente; na realidade, essas “figu gurativa na Bíblia.
ras de linguagem” comunicam certas verda
des de uma forma simbólica. Deixe que as Escrituras
A Bíblia também contém linguagem figu interpretem as Escrituras
rativa. O profeta Isaías a usou quando escre Algumas vezes, encontramos na Bíblia pas
veu: e todas as árvores do campo baterão sagens que continuam sendo difíceis de en
palmas.” Na verdade, o que ele queria dizer tender mesmo depois que aplicamos os prin
era que Deus faria toda a natureza florescer. cípios da hermenêutica. Talvez a passagem
O salmista (1.1) usou esse tipo de linguagem tenha dois sentidos possíveis ou pareça con
quando escreveu: “Bem-aventurado o ho tradizer uma outra passagem da Bíblia.
mem que não anda no conselho dos ímpios”. Como devemos entender, por exemplo, o
Andar no conselho dos ímpios significa ouvir texto de Tiago 2.24? O versículo diz: “Verificais
Sumário
31
Descobrindo o Antigo Testamento
1. O que q uerem os d izer com o term o 3 . Descreva o processo pelo qual recebe
"C â n o n "? C om o era decidido quais li m os as Escrituras daqueles que a co p i
vros deveriam ser incluídos na Bíblia? aram . Dê o nom e e descreva breve
m ente o significado do m aior co n ju n
2 . Id entifiq u e as d iferen tes teorias de
to de m anuscritos que tem os.
inspiração. O que significa para os
evangélicos o term o "insp iração ver- 4 . O que os intérpretes da Bíblia querem
b al-p len ária"? Q uais as im plicações da dizer com a expressão "interp retação
in sp iração verb a l-p len á ria ? g ra m á tico -h istó rica "? Por que é im
portante usar boas regras de inter
pretação? Q uantas dessas regras você
pode citar?
que uma pessoa é justificada por obras e não Aplicando esse princípio, descobrimos
por fé somente”. Mas Romanos 3.28 diz: “Con outras passagens bíblicas que ensinam cla
cluímos, pois, que o homem é justificado pela ramente que a salvação é obtida pela graça
fé, independentemente das obras da lei”. Es e somente pela fé (G13.1-6; Ef 2.8,9). Con
sas duas passagens entram em contradição, seqüentemente, devemos reexaminar as pa
ou haveria uma outra explicação? lavras de Tiago em seu contexto e descobrir
Em tais casos, devemos deixar que as Es se Tiago não quis dizer alguma outra coisa
crituras interpretem as Escrituras. Ou seja, de quando usou a expressão “justificada por
vemos encontrar um outro texto bíblico que obras”. De fato, uma leitura cuidadosa mos
apresente ensinamentos claros sobre o assun tra que Tiago queria dizer que Abraão e
to em questão e interpretar a passagem difícil Raabe provaram que sua fé era genuína ao
à luz daquela que é mais clara. Podemos fazer realizarem boas obras, um conceito que não
isso pois a palavra de Deus não se contradiz. contradiz os ensinamentos de Paulo.
Leituras complementares
Berkhof, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. São Costa, Hermisten Maia Pereira da. A Inspiração e
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000. Um manual prá Inerrância da Escritura. São Paulo: Editora Cultura
tico para orientação no estudo individual das Escritu Cristã, 1998. A visão Reformada das Escrituras Sa
ras e para uso em seminários e institutos bíblicos. gradas apresentada com profundidade e clareza.
Brotzman, Ellis R. Old Testament Textual Criticism: A MacArthur Jr., John. Como Obter o Máximo da Palavra
Praticai Introduction. Grand Rapids: Baker, 1994. de Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999.
Uma boa exposição das questões relacionadas à críti Um guia para enriquecer o estudo bíblico. Esclarece
ca textual, fácil de ser entendida pelo principiante. o sentido da Escritura.
Bruggen, Jakob van. Para Ler a Bíblia. São Paulo: Editora MacArthur Jr., John; Sproul, RC; e outros. Sola
Cultura Cristã, 1998. Respostas às perguntas mais Scriptura. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000.
importantes feitas pelo estudante da Bíblia. Uma análise da importância das Escrituras para a
atualidade
32
0 que é o Antigo Testamento e por que estudá-lo?
33
Ondeequando
ocorreram os eventos
do Antigo Testamento?
Esboço
• O n d e o c o r r e r a m o s e v e n to s d o
A n t ig o T e s t a m e n t o ?
As três regiões do antigo Oriente Próximo
As quatro sub-regiões de Israel Objetivos
As estradas do antigo Oriente Próximo
D e p o is d e le r e s t e c a p ítu lo ,
• Q u an d o o co rre ra m os e v e n to s do v o c ê d e v e s e r c a p a z de:
A n t ig o T e s t a m e n t o ?
• Identificar em um mapa as três regiões
Os ancestrais de Israel: os patriarcas geográficas do antigo Oriente Próximo.
O início de Israel: Moisés e Josué • Comparar o desenvolvimento das culturas da
O Estado de Israel: Davi e sua dinastia Mesopotâmia, do Egito e da Síria-Palestina.
O exílio e a restauração de Israel: Esdras e • Discutir os aspectos geográficos-chave das
Neemias quatros sub-regiões de Israel.
• Indicar os principais pontos da história de
Israel e do antigo Oriente Próximo durante o
Período Neolítico, Idade do Cobre, Antiga
Idade do Bronze, Média Idade do Bronze,
Nova Idade do Bronze, Primeira Idade do
Ferro e Segunda Idade do Ferro.
• Relacionar os diferentes povos que tiveram
influência significativa sobre a história de
Israel.
35
Descobrindo o Antigo Testamento
Lemos no Novo Testamento que Deus se trangeiras chegaram até a Israel da antigüi
encarnaçao
revelou à humanidade por meio da encar dade. Durante toda a sua história, Israel foi
nação, ou seja, na pessoa de Jesus de Nazaré, exposta a um grande intercâmbio cultural e
Crescente Deus tomou a forma humana. Isto significa comercial.
Fértil que a revelação de Deus ocorreu em um
tempo e lugar específicos. Assim, para en Três regiões do antigo
tendermos a mensagem do Novo Testamen Oriente Próximo
to, precisamos estudar os acontecimentos da O antigo Oriente Próximo contém três sub-
vida de Jesus e da igreja primitiva. A história regiões geográficas unidas por um arco de ter
e a geografia do mundo palestino durante o ra fértil conhecido como o “Crescente Fér
primeiro século apresentam um pano de fun til” (observe que a área mais escura do mapa
do importante para a leitura cristã do Novo abaixo tem o formato de uma crescente). A
Testamento. maior parte do terreno do mundo antigo era
A verdade de Deus também foi revelada irregular e inóspita à vida humana. As terras
no Antigo Testamento de modo encarnacio- férteis fazem fronteira com montanhas quase
nal. Ele se revelou em tempos e lugares espe intransponíveis ao norte e vastos desertos ao
cíficos para um grupo específico de pessoas, os
israelitas. Portanto, é importante que os cris
tãos compreendam a época em que o antigo
Israel existiu.
Onde ocorreram os
eventos do Antigo
Testamento?
O Israel da antigüidade ocupava uma pe
quena parte de uma área maior conhecida
como o antigo Oriente Próximo. Esse termo
refere-se basicamente ao que hoje é conheci
do como o Oriente Médio. Ele vai das MON
TANHAS ZAGROS a leste até o Mar Mediter
râneo a oeste. A o norte, os limites do antigo
Oriente Próximo vão até o MAR CÁSPIO e
MAR NEGRO, tendo entre eles as MONTA
NHAS DO CÁUCASO. A o sul, o antigo Oriente
IVIAR M E D IT E R R Â N E O
Próximo faz divisa com o DESERTO ÁRABE e
dois grandes corpos de água (GOLFO PÉRSICO
e M a r V e r m e l h o ).
Apesar de Israel ser geograficamente me
nor que muitos dos seus vizinhos no antigo
Oriente Próximo, sua localização tornou-a
estrategicamente importante ao longo da his
tória antiga. Esse pequeno pedaço de terra
forma uma ponte entre três continentes: Ásia,
África e Europa.1 O fato de Israel estar nessa
encruzilhada teve duas conseqüências impor
tantes. Em primeiro lugar, ao longo da Histó
ria, muitas nações e impérios quiseram con
trolar ou pelo menos ter acesso a Israel por
causa de propósitos ligados ao comércio e trans
porte para outras partes do mundo antigo. Em
segundo lugar, muitas influências culturais es
36
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
sul. Mas, dentro da crescente, terras planas e Zagros. Nos dias de hoje, todo o Iraque e par
abundância de água fizeram desse local o tes do IRÃ, da SÍRIA e do LÍBANO compõem
berço da civilização humana. a área conhecida como Mesopotâmia.
As três sub-regiões geográficas do antigo O terreno da Mesopotâmia é bastante va
Oriente Próximo eram; MESOPOTÂMIA, riado — das montanhosas regiões do norte às
Síria-Palestina e Egito. Essas três regiões eram areias do deserto na região sudoeste. O clima
marcadas na antigüidade por importantes é imprevisível e as águas dos rios-gêmeos são
culturas ligadas aos rios. cheias de caprichos. As inundações eram um
risco permanente para os mesopotâmios da
Mesopotâmia antigüidade, assim como era a seca. Em de
O termo grego “Mesopotâmia” (“entre corrência disso, a região, especialmente ao sul,
rios”) refere-se à grande extensão de terra variava sempre entre um terreno desértico ou
entre o RIO EUFRATES e o RIO TIGRE.2 Essa pantanoso. Também não havia qualquer de
região estende-se da boca do Golfo Pérsico, a fesa natural contra os invasores inimigos.
noroeste, ao longo da curva do Eufrates e, a Apesar de todos os perigos, a Mesopotâ
leste, alcança o Tigre aos pés das Montanhas mia era capaz de proporcionar uma vida
ARABIA
Escala
Crescente Fértil o 50 100 mi
\— h 1 i
0 100 200 km
37
Descobrindo o Antigo Testamento
38
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
Sem dúvida, o
Nilo é a
característica
geográfica
dominante do
Egito e teve um
oapel
importante em
sua história.
Esse grande rio
criava um forte
contraste entre
os campos à sua
beira e o
deserto de
ambos os lados.
portância vital para a continuação da pros quanto à segurança dos egípcios eram os in
peridade no Egito, pois as águas traziam ca vasores da Àsia, do outro lado da extensão de
madas ricas em sedimentos que renovavam água que hoje chamamos de CANAL DE
o solo, tornando a “terra preta” do Egito um SUEZ. Com raras exceções, entretanto, os egíp
dos solos mais férteis do mundo.7 cios foram capazes de conter tais ameaças sim
Mas o longo e estreito vale do rio também plesmente com ações políticas. Comparado à
tinha a tendência de causar fortes contrastes Mesopotâmia, o Egito estava relativamente
entre o norte e o sul do Egito antigo. O sul livre de invasões. Como resultado, não en
incluía e era distinguido pelo comprimento controu um grande número de infiltrações
do Nilo e chamado de Alto Egito (já que, no étnicas e culturais como as que pontilharam a
sentido da correnteza, a região sul fica rio aci história da Mesopotâmia.
ma. O Baixo Egito consistia do delta criado Portanto, a história do Egito não tem cons
onde o Nilo se abre e desemboca no Mar tantes mudanças de poder, mas sim a ascen
Mediterrâneo. Esse contraste resultou em di são e queda das dinastias naturais do próprio
ferenças pronunciadas de linguagem, diale Egito. Algumas dessas dinastias viram o Egito
tos, cultura e maneira de ver a vida. Geogra desenvolver grandes impérios de relevância
ficamente isolado, o Alto Egito dependia da internacional para a história do antigo Orien
criação de gado e era provinciano e conserva te Próximo. Esses períodos de força imperial
dor. Já o Baixo Egito interessava-se pelo co são divididos em Antigo Império (dinastias 3-
mércio devido ao seu acesso a portos da Euro 6, 2700-2200 a.C.), Médio Império (dinastias
pa e Ásia. Tinha uma característica interna 11-13, 2000-1700 a.C.) e Novo Império (di
cional e cosmopolita.8 A unificação política nastias 18-20,1550-1100 a.C.). Assim, o Egi
foi a primeira tarefa do faraó e, obviamente, a to do tempo dos patriarcas provavelmente es
localização estratégica de Mênfis foi de gran tava no Médio Império e o Egito de Moisés e
de importância nesse processo. do Exodo, no Novo Império. Quando da união
Ao contrário da Mesopotâmia, o Egito go monárquica de Israel, o Egito já havia perdi
zava de uma certa reclusão do mundo exte do sua posição de superpotência internacio
rior. As grandes fronteiras com o deserto e o nal apesar de continuar a ser de grande in
Mar Mediterrâneo ao norte ofereciam barrei fluência cultural.
ras geográficas naturais, o que significa que o
Egito teve menos incidentes de agressão es Síria-Palestina
trangeira ao longo de sua história. Havia ame A Síria-Palestina é a área que vai, ao nor
aças ocasionais da LÍBIA, a oeste, ou invasões te, da curva do Eufrates e estende-se ao longo
pelo mar. Mas a preocupação mais comum da costa do Mediterrâneo até o sul, no deser
39
Descobrindo o Antigo Testamento
to de Sinai. Israel era a região mais ao sul da zona das cadeias centrais de montanhas, a
Síria-Palestina. As grandes culturas de rios da zona da fenda do Jordão e a zona das TER
Mesopotâmia e do Egito só foram possíveis gra RAS A l t a s T r a n s j o r d a n i a n a s .10
ças às características geográficas que levaram
As planícies costeiras
à organização e unificação das regiões.
Os rios eram grandes o suficiente para ofe Conforme pode-se ver no mapa da p. 41,
recer comércio acessível, tornando viável o essas planícies são estreitas ao norte, mas vão
crescimento econômico. Foram as caracterís gradualmente tornando-se mais largas ao sul,
ticas geográficas da Mesopotâmia e do Egito à medida que a costa inclina-se para o oeste.
que tornaram possível a unificação nacional Essa região era uma das mais ricas de Israel na
em cada uma dessas regiões. antigüidade por causa de seu solo fértil e acesso
A Síria-Palestina, por outro lado, caracte fácil à água (diversas fontes e lençóis de água
riza-se pela segmentação. Pequenos rios (Jor próximos à superfície).
dão e Orontes, ver mapa p. 37) e vastas dife A característica mais marcante da costa
renças topográficas dividiram a área em sub- de Israel, comparada ao resto do Levante, é a
regiões e territórios menores. Durante a histó falta de portos naturais. A cidade de ACCO,
ria antiga, a Síria-Palestina não era uma re na BAÍA DE HAIFA era o único porto impor
gião de civilizações avançadas e impérios na tante de Israel no tempo do Antigo Testa
cionais. Ao invés disso, sua maior importância mento. Por outro lado, o trecho de costa entre
geopolítica estava em seu papel de ponte no o Mar Mediterrâneo e as montanhas do Líba
Crescente Fértil. Ao longo da história antiga, no ao norte de Israel tinha muitos portos na
os impérios das grandes culturas de rios, Egito turais por causa do terreno irregular que se
e Mesopotâmia, buscaram controlar o acesso erguia do mar. Os fenícios, que ocuparam essa
à Síria-Palestina por motivos econômicos, mi parte da costa durante a maior parte do perío
litares e políticos. do do Antigo Testamento, tiraram grande pro
Além de formar uma ponte de terra entre veito desses portos, tornando-se marinheiros
três continentes, essa área é marcada por duas experientes e mercadores marítimos. Os israe
outras características topográficas. Primeiro, litas, porém, nunca aprenderam a confiar com
pletamente no mar e, com freqüência, paga
a costa leste do Mar Mediterrâneo constitui
vam pela tecnologia fenícia quando tinham
o limite oeste dessa área. A costa (conheci
que ir ao mar (lRs 9.26,27).
da como “Levante”) estende-se por mais de
A zona costeira está divida longitudinal
oitocentos quilômetros e tornou-se a impor
mente em seis sub-regiões: a Planície de Acco,
tante encruzilhada de todo o comércio e vi
o VALE DE JEZREEL, a PLANÍCIE DE SARON,
agem do mundo antigo. A segunda caracte
a COSTA FlLISTÉIA, o SEFELÁ ( o u “colinas
rística importante na topografia da Síria-Pa
baixas”) e o NEGUEBE a oeste ou deserto do
lestina é conhecida como “fenda”. A FEN
sul (ver mapa p. 41). O vale de Jezreel é a
DA DO JORDÃO é uma grande fissura na
única exceção quanto ao sentido longitudi
superfície da terra que vai, ao norte, do Mar
nal das sub-regiões pois interrompe as terras
da Galiléia ao longo do vale do Jordão e Mar
altas centrais e liga as planícies costeiras a oes
Morto até a costa do Mar Vermelho. Ao nor
te com a fenda do Jordão a leste. Por causa do
te, essa fenda é emoldurada pelas cadeias
solo rico do vale e de sua localização como
de montanha do Líbano e Antilíbano (ver
intersecção das grandes estradas da região
mapa, p, 41). A altitude diminui continua
(ver mapa p. 41), os maiores poderes militares
mente à medida que se vai para o sul, no
do período bíblico passaram por lá e tentaram
sentido do Mar Morto, e sua superfície fica controlar aquela área.
405 metros abaixo do nível do mar, o ponto Durante a maior parte do período do An
mais baixo na terra.9 tigo Testamento, a planície costeira do sul
foi o lar dos grandes inimigos de Israel, os
As quatro sub-regiões de Israel filisteus. A maior concentração de filisteus e
A fenda do Jordão, a característica topo suas cinco cidades mais importantes ocupa
gráfica proeminente de toda a Síria-Palesti vam essa planície. Do tempo dos juizes até a
na, também tem um papel no sentido longitu ascensão de Davi ao trono, os filisteus luta
dinal de Israel. O país é dividido longitudinal ram intermitentemente com os israelitas nas
mente em quatro zonas: a zona costeira, a terras altas centrais.
40
Descobrindo o Antigo Testamento
Parte da região
oeste do
Neguebe ou
deserto do sul.
como Via M aris que, mais tarde, foi o termo cidade de Megido, eram locais estratégicos
usado para designar toda a rede de estradas para todo o comércio e viagem do mundo
que ia do Egito, atravessava a Síria-Palestina antigo.
e ia até a Mesopotâmia.
Na planície costeira do sul, a Via Maris ia A estrada do rei
no sentido norte, dividia-se em um entron A segunda importante rota internacional
camento, do lado oeste continuava ao longo era a “estrada do rei” (de acordo com Nm
da costa e do lado leste passava pelo Vale de 20.17; 21.22). Essa estrada estendia-se do
Jezreel até Megido e de lá para Azor e D a GOLFO De ÁCABA na direção de Elate pe
masco entrando, então, na Mesopotâmia. Os las terras altas transjordanianas até Damas
vários braços dessa grande estrada interna co. Por causa dos quatro leitos profundos dos
cional convergiam em Megido, na entrada rios nas terras altas transjordanianas, a estra
do vale de Jezreel. O vale e, especialmente a da seguia um caminho de trinta e sete a qua
43
Descobrindo o Antigo Testamento
renta e cinco quilômetros a leste de Arabá 1200 a.C. as pessoas descobriram os maiores
até a beira do deserto. benefícios de se usar o ferro.
Essa era uma rota secundária entre Da- O período entre 3300 a 2000 a.C. é co
masco e o Egito, e competia com a Via M aris. nhecido como a Antiga Idade do Bronze.
Era mais usada pelas caravanas de nômades Esse período testemunhou a invenção da es
que transportavam seus produtos comerciais crita e o início da história da humanidade.
para trocá-los por produtos agrícolas. Durante Na Mesopotâmia, os sumérios começaram a
a monarquia israelita, a “estrada do rei” al usar extensivamente a escrita cuneiforme;
cançou importância especial por causa do au no Egito, é certo que os hieróglifos já eram
mento do comércio com a Arábia. usados durante o período do Antigo Impé
Idade do rio. Na Mesopotâmia e na Síria-Palestina, as
Bronze cidades-estado começaram a crescer e, com
Idade do
Quais os elas, a necessidade de comunicação, viagens
e comércio. Na Mesopotâmia, uma série de
Ferro acontecimentos cidades-estado mais fortes tinha ganho do-
minância durante os Períodos das Antigas
Antiga Idade
descritos pelo
do Bronze Antigo Testamento?
Tarso
Os detalhes da história do Novo Testa
mento ocorrem em apenas um século. A his
tória do Antigo Testamento, por outro lado,
estende-se durante quase dois milênios. U g a rité ^ /
Durante esse tempo, os israelitas tiveram
contato com muitos povos e nações diferen
tes. O Antigo Testamento menciona com fre
qüência os assírios, babilônios, egípcios,
arameus e muitos outros povos importantes.
Biblos
Essa seção dá uma visão geral da história de
Israel e também introduz os mais importan M A R M E D IT E R R Â N E O
tes povos. 14
44
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
Dinastias sumerianas. Mais para o final da neira mais ampla, durante a Média Idade do
M édia Idade
Antiga Idade do Bronze, o primeiro império Bronze (2000-1550 a.C.).17 Esse período da
do Bronze
semítico adquiriu o controle de toda a re história do antigo Oriente Próximo é marca
gião sul da Mesopotâmia, tendo como base a do pelo movimento de grupos étnicos e novos
cidade de Acade (2334-2193 a.C.)-15 No impérios tomando o lugar de antigos poderes
Egito, a Antiga Idade do Bronze foi marca do Início da Idade do Bronze. N a Mesopotâ
da pelo florescimento do Período do Antigo mia, depois de uma breve renascença da cul
Império, que foi a era das grandes pirâmides tura sumeriana (Dinastia de Ur III, 2112—
e o ápice da cultura egípcia.16 No encerra 2004 a.C.), a nação passou a ser controlada
mento da Antiga Idade do Bronze, todas as por um novo grupo semítico, os amoritas. Logo
principais características da civilização e cul no começo da Média Idade do Bronze, os
tura humanas já haviam surgido tanto no amoritas dominaram a Mesopotâmia a partir
Egito quanto na Mpsopotâmia. de várias cidades-estado fortes em um deli
Apesar de ser impossível determinar as da cado equilíbrio de poder. Foi então que um
tas dos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó) com único indivíduo da cidade da Babilônia con
precisão, elas podem ser localizadas, de ma seguiu consolidar sua força e estabelecer um
45
P e r ío d o s a r q u e o ló g ic o s
d a h is tó ria d o a n t ig o O rie n te P ró x im o 1
Datas
Aproximadas Período
(a.C.) arqueológico Israel A ntig o O riente Próximo
1200-930 Primeira Idade do Período dos juizes; Invasão dos povos do mar e
Ferro monarquia unificada: declínio das potências.
Saul, Davi e Salomão Surgimento de novos grupos
étnicos, incluindo arameus e
israelitas. Surgimento da Assíria
1 Philip J. King, American Archaeology in the M ideast: A History o f the American Schools o f Oriental Research
(Filadélfia: ASOR, 1983), 282; e Keith N. Schoville, Biblical Archaeology in Focus
(Grand Rapids: Baker, 1978), 8,9.
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
império por toda a Mesopotâmia. HAMURA- tar. Depois de muitos anos, de maneira mira
aliança
BI chegou ao poder em 1792 a.C. e estabele culosa, Sara — a esposa de Abraão — deu à
ceu o Antigo Império da Babilônia, que du luz Isaque quando ela estava com noventa
N ova Idade rou até 1595 a.C.18 Hamurabi é mais conheci anos de idade e Abraão tinha cem anos.
do Bronze do por seu código de leis, muitas das quais Rebeca, a esposa de Isaque, teve filhos gê
têm grande semelhança com as leis de Moisés meos — Jacó e Esaú. Apesar de Esaú ser o
Novo no Pentateuco. primogênito, Jacó tornou-se o filho das pro
Im pério No Egito, depois de um período de escuri messas patriarcais. Jacó, cujo nome foi muda
dão e confusão chamado de Primeiro Período do para Israel, teve doze filhos. Seu filho favo
Intermediário (2200-2000 a.C.), o país voltou rito, José, foi traído por seus irmãos, vendido
a florescer durante o Período do Médio Impé como escravo e depois levado para o Egito.
rio (2000-1700 a.C.). O Médio Império foi Enquanto estava no Egito, José foi abençoado
um tempo de paz e estabilidade e uma época por Deus e, de forma miraculosa, chegou a
em que o Egito fez comércio com o Levante, um alto cargo político naquela terra estran
resultando na aquisição de considerável ri geira. Durante uma grande seca, os filhos de
queza. Mas próximo ao fim da Média Idade Israel viajaram para o Egito à procura de co
do Bronze, o Egito também sucumbiu ao do mida para a família que haviam deixado em
mínio dos semitas, uma ocorrência comum à Canaã. Para sua surpresa, foram confronta
toda a região do Crescente Fértil nesse perío dos pelo irmão que haviam traído e, agora,
do. Os egípcios perderam o controle de sua suas vidas estavam nas mãos dele. Mas José
nação quando os HlCSOS, povo semita pro providenciou comida para eles e os salvou.
vavelmente vindo da Síria-Palestina, assumi Israel e todos os seus filhos se mudaram de
ram o controle do Delta ao norte. Não se sabe Canaã para Gósen, na região nordeste do
se os hicsos invadiram a região e tomaram o Delta do Egito.
poder ou se eles já vinham aumentando sua Não podemos datar esses acontecimen
força gradualmente. Eles governaram o Egito tos com precisão, mas apenas dizer que acon
por aproximadamente 150 anos durante o que teceram em alguma época durante a Média
foi chamado de Segundo Período Interme Idade do Bronze (2000-1550 a.C.). O domí
diário (1700-1540 a.C.). Pela primeira vez na nio dos hicsos sobre o Egito (1700-1550 a.C.)
história do Egito, o país foi conquistado e do pode muito bem ter sido o período no qual os
minado por estrangeiros. filhos de Israel viveram no Egito e lá multi-
O mundo na Média Idade do Bronze, no plicaram-se rapidamente. Mas uma vez que
qual viveu Abraão, era um mundo em que os os hicsos foram expulsos, “se levantou novo
povos estavam sempre se deslocando. Tam rei sobre o Egito, que não conhecera a José”
bém na Síria-Palestina os povos semíticos es (Ex 1.8). A expressão “novo rei” provavel
tavam se estabelecendo. Durante o terceiro mente refere-se a um rei de outra dinastia.
milênio, os cananitas já estavam fundando Durante os vários séculos seguintes, os israe
cidades-estado nas planícies costeiras e nos litas foram escravizados pelos egípcios e for
vales. E possível que esses povos fossem da çados a construir para eles cidades e susten
mesma origem amorita que aqueles que ha tar sua economia.
via se estabelecido na Mesopotâmia.19
Abraão saiu de Ur dos caldeus ao sul da O início de Israel:
Mesopotâmia e, com toda a sua família, via Moisés e Josué
jou para HARÃ, próximo ao Eufrates, na re A Nova Idade de Bronze foi um tempo
gião noroeste da Mesopotâmia. Seu pai, Terá, de comércio internacional e equilíbrio entre
faleceu em Harã e Abrão (cujo nome foi mais as potências mundiais, incluindo a Síria-Pa
tarde mudado para Abraão) foi chamado a lestina. Os egípcios conseguiram dar um fim à
viajar pela fé para terras desconhecidas.20 subjugação pelos hicsos e entraram em seu
Quando Abraão chegou em Canaã, Deus fez período de maior força política, o Novo Im
uma aliança com ele e prometeu lhe dar um pério (dinastias 18-20, 1550-1100 a.C.).
grande número de descendentes e a terra de Enquanto o Egito gozou de hegemonia
Canaã por herança. Essas promessas tinham durante esse período, a Mesopotâmia passou
um caráter único para um amorita migrante, por um tempo de fraqueza política. Depois
em trânsito, à procura de terra para se assen da queda do Antigo Império Babilônico de
47
Descobrindo o Antigo Testamento
0 Mosteiro de
Santa Catarina,
no Sinai. Deus
usou Moisés
para livrar Israel
do Egito e
conduzir o povo
até a Península
do Sinai para
fazer uma
aliança com eles.
Entre as muitas mudanças que ocorreram a.C.) começou com a invasão dos povos do
Idade do
com a chegada dos povos do mar no antigo mar e a mudança do poder político por todo o
Ferro
Oriente Próximo, há dois elementos que são antigo Oriente Próximo. Mais para o final da
de especial significado para nós. Em primei- Nova Idade do Bronze, Josué e os israelitas
ro lugar, durante um século depois de sua tomaram Canaã e assentaram-se nas terras
chegada, a ordem política que havia existi altas centrais. Pelo menos por dois séculos de
do durante mais de trezentos anos foi com pois da conquista israelita, Israel governou-se
pletamente dissolvida, deixando um vazio no mediante uma confederação informal de doze
poder. Em vez das campanhas militares in tribos, uma para cada um dos filhos de Jacó.
ternacionais de povos como os hititas e egíp Durante esse tempo, os líderes surgiam entre
cios, começaram a surgir brigas locais e cres pessoas comuns do povo e governavam de for
ceram os conflitos regionais. Novos grupos ma temporária apenas em determinadas situ
étnicos preencheriam o vazio no poder, for ações. Os “juizes” eram capacitados e orde
mando seus pequenos impérios, como os nados por Deus para consolidar forças e re
arameus de Damasco e os israelitas das ter cursos das tribos durante os tempos de crise
ras altas da Palestina. nacional ou regional. As ameaças militares
O segundo resultado da chegada dos po vinham dos vizinhos ao redor, especialmente
vos do mar foi a difusão de novas tecnologias dos filisteus a sudoeste. Apesar de um gover
para trabalhar os metais, especialmente o uso no centralizado não ser necessário, os israeli
do ferro para confeccionar armas. Apesar de tas cansaram-se das constantes ameaças ini
não estar claro qual grupo exatamente inven migas que os cercavam. Começaram, então,
tou a tecnologia do ferro e utilizou-a para fa a querer um rei permanente, que tivesse uma
zer armas, fica evidente que os filisteus tinham corte real para manter um exército que asse
a dianteira nas batalhas com os israelitas por gurasse a paz no futuro.
causa da superioridade tecnológica no uso de A monarquia israelita desenvolveu-se por
metais e o monopólio do ferro (ISm 13.19- causa das constantes ameaças de invasões
22). Aos poucos, a tecnologia do ferro foi subs militares e também devido às pressões cultu
tituindo o uso do bronze e os arqueólogos re rais para tornarem-se semelhantes a outras
ferem-se ao período seguinte como a Idade nações: “...teremos um rei sobre nós. Para que
do Ferro. sejamos também como todas as nações; o nos
Portanto, o período conhecido como Pri so rei poderá governar-nos, sair adiante de nós
meira Idade do Ferro (em torno de 1200—930 e fazer as nossas guerras” (ISm 8.19b,20). Sa-
O palácio do
norte em
Megido.
Salomão
expandiu as
fronteiras de
Israel e reinou
durante o único
período da
história em que
Israel podia ser
considerada um
império.
50
Descobrindp o Antigo Testamento
muel foi o profeta e juiz que liderou Israel em Jeroboão I, tentou usar a religião para fins po
Iaveísmo
um tempo de transição dos juizes para os reis. líticos e comprometeu as práticas do Iaveísmo
M osaico
Com a bênção de Deus, Samuel ungiu a Saul antigo herdado de Moisés. Mas um outro rei
como o primeiro rei de Israel. Mas Saul não do norte foi ainda mais longe. Onri e seu filho
Baalism o manteve seu relacionamento com Deus e A cabe propositadam ente m isturaram o
Cananita acabou sendo rejeitado como rei de Israel. A Iaveísmo Mosaico com o Baalismo Cana
vida de Saul ilustra a importância de manter- nita em uma tentativa de ganhar maior con
mos nosso relacionamento com Deus, e essa é trole político. O reino do norte também sofria
a nossa tarefa mais importante. Depois do fra- com a instabilidade política. Durante duzen
casso de Saul, o Senhor instruiu Samuel para tos anos de sua história (931-722 a.C.), Israel
que ungisse um homem segundo o coração teve dezenove reis, de nove diferentes dinas
do próprio Deus para ser o próximo rei de Is-- tias. Em 722 a.C., a capital do reino do norte,
rael (ISm 13.14), ou seja, o jovem Davi. Samaria, foi conquistada pelos assírios.
Sob a forte liderança de Davi, Israel fi Por outro lado, Judá, o reino do sul, conti
nalmente derrotou os filisteus e atingiu um nuou a ter uma família real da dinastia de
certo grau de paz e segurança na Síria-Pa Davi durante quase 350 anos (931-587 a.C.).
lestina. O reinado de Davi trouxe um perío Apesar de Judá ter mantido a estabilidade
do de estabilidade que acabaria por tornar-
se a era dourada de Israel. Ele unificou as
tribos e ofereceu liberdade econômica e po O Império Assírio
lítica. Apesar de continuar a haver diversas
lutas internas durante seu reinado, ele foi dos Séculos
capaz de deixar um reino unificado para seu
filho Salomão. Esse foi o início da sucessão
dinástica na antiga Israel.
8o e 7o a.C.
Salomão expandiu as fronteiras até o Eu
frates, ao norte, e até o Egito, ao sul. Ele go
vernou durante o único período da história
de Israel que pode ser chamado de império.
Por intermédio do comércio internacional, ele
trouxe grande riqueza e prosperidade para a
nação. Deus deu a Salomão sabedoria sobre
todas as questões, incluindo sua capacidade
de governar o povo. A corte real cresceu e
passou a envolver-se mais com os assuntos de
estado. A fama de Salom ão como líder
motivador espalhou-se por todo o mundo e o
contato internacional tomou-se comum. Sa
lomão também teve o privilégio de construir o
templo de Deus em Jerusalém. Os reinados
M A R M E D IT E R R Â N E O
de Davi e Salomão ou a “monarquia unifica
da” serão sempre lembrados como tempos ide
ais de paz e prosperidade (lRs 4.25).
Mas o sucesso da monarquia unificada não
durou muito tempo. Assim como Saul, Salo
mão deixou que seu coração se afastasse de Jeruí
Deus: “... e o seu coração não era de todo fiel
para com o Senhor, seu Deus, como fora o de
Davi, seu pai” (lRs 11.4). Logo depois da
morte de Salomão, o reino foi dividido em
duas nações mais fracas: Israel, ao norte, e
Judá, ao sul; tornando-se a chamada monar
quia dividida.
O norte ou Israel caiu rapidamente em
apostasia religiosa. O primeiro rei do norte,
52
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
política, o reino também caiu em apostasia dinastia), o Egito nunca mais ficou entre as
religiosa, e isso ocorreu de maneira mais gra grandes nações do mundo antigo. Os aconte
dual que na região norte. Muitos dos reis de cimentos mais marcantes da Segunda Idade
Judá eram fiéis ao Senhor, especialmente nos do Ferro foram a ascensão e queda de novos
primeiros anos do reino do sul. O último sécu impérios na Mesopotâmia.
lo da história de Judá é marcado por uma Ao longo das margens do rio Tigre, na re
alternância de reis bons e maus. Infelizmen gião norte da Mesopotâmia, uma nova força
te, a capital de Judá — Jerusalém — foi to emergiu durante a Idade do Ferro, uma po
mada pelos babilônios em 587 a.C. tência que iria dominar a história do antigo
A época em que os arqueólogos chamam Oriente Próximo durante dois séculos. O im
de Segunda Idade do Ferro (aproximadamen perialismo assírio surgiu na metade do século
te 930-539 a.C.) inclui os reinos divididos: o 99 e começou a ter impacto sobre a política da
norte de Israel e Judá, ao sul. Nessa época, em Síria-Palestina. Apesar disso, a Assíria passou
outras partes do antigo Oriente Próximo, o por um período de fragilidade interna duran
Egito procurava se reafirmar como potência te a primeira metade do século 89. Isso permi
mundial. Mas exceto por um breve momento tiu um longo e próspero reinado para Jeroboão
na virada do século 6- a.C. (vigésima sexta II em Israel (793-753 a.C.) e para Uzias em
MÉDIA
Darrfasco
m
Salmaneser
am aria
Tiglate-pileser
Raba-bene-
amom
DESERTO DA ARABIA
Esar-hadom
Escala
50 100 mi
A ssurbanipal J________ I
100 km
53
Descobrindo o Antigo Testamento
Judá (792-740 a.C.). Mas o sucesso não é ne tributos aos assírios e rebeliões contra eles. Fi
cessariamente um sinal da aprovação de Deus. nalmente, SALMANESER V, filho de Tiglate-
Apesar dos dois reinos terem prosperado du Pileser, montou um cerco em torno de Sama-
rante essa metade do século, as injustiças so ria, a capital de Israel em 725 a.C. Três anos
ciais e a decomposição moral começaram a depois (em 722 a.C.), o reino do norte caiu e
consumir a alma de Israel e Judá. Esse foi o transformou-se em uma província do imenso
pano de fundo para os primeiros profetas clás império assírio.
sicos: Amos, Oséias, Isaías e Miquéias. Deus Durante o século seguinte, Judá também
levantou seus servos para alertar esses reinos tentou de várias formas lidar com a ameaça
sobre a destruição que estava por vir e para assíria. O rei Ezequias de Judá, por exemplo,
chamá-las ao arrependimento. era anti-assírio, mas seu filho Manassés ado
A fraqueza da Assíria foi apenas uma pau tou uma política pró-assíria. Durante o século
sa temporária em sua busca ávida pelo poder; 7g, a Assíria chegou ao ápice de seu poder
o começo do século 8g foi a calmaria antes da imperial e tornou-se, de fato, o primeiro impé
tempestade. Quando TlGLATE-PlLESER III rio mundial, bem como o primeiro de uma
restaurou à Assíria sua força original em 745 série de outros impérios a ter por base a Meso
a.C., a nação estava mais forte que nunca e potâmia (Assíria, Babilônia e Pérsia) antes que
pronta para ser usada como o instrumento de o poder mudasse para o oeste (Grécia e Roma).
destruição de Deus contra o rebelde reino do Sob o domínio dos reis do início do século 7Q
norte de Israel. Durante as próximas duas dé (SENAQUERIBE, ESAR-HADOM e ASSURBA-
cadas, Israel oscilou entre o pagamento de NIPAL), os assírios foram capazes de derrotar
z '*4
Oa
W A '' í
Sard es
X i
Me . o* % •P.
^ a ra b ia %
O
—
S*
A
toéc
M ênfis» • Babilônia
m ) SUSA
C\
kW Persépolis
%
\L
\r.
A
54
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
Relevo de
Tiglate-Pileser III
da Assíria em
Calá. Quando
Tiglate-Pileser III
restaurou à
Assíria sua força
total, em 745
a.C., a nação
estava pronta
para ser usada
por Deus como
instrumento de
destruição do
reino de Israel,
ao norte.
Sumário
56
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
1. De que forma Deus se revela encarna 6. Discuta o clima social e político inter
do no Antigo Testamento? nacional durante os tempos de Moi
sés e Josué.
2. Por que a localização de Israel era es
tratégica nos tempos antigos? 7. Qual era o clima político do antigo
Oriente Próximo por volta de 1200
3. Localize em um mapa as regiões geo
a.C.? Que efeitos ele teve sobre os
gráficas do antigo Oriente Próximo e
israelitas?
discuta suas principais características.
8. Quais as mudanças políticas que ocor
4. Localize em um mapa as quatro sub-
reram com a Segunda Idade do Ferro
regiões de Israel e discuta suas princi
no antigo Oriente Próximo? Quais fo
pais características.
ram as implicações dessas mudanças
5. Discuta o clima social e político inter para Israel?
nacional durante a época patriarcal
na história de Israel.
57
Descobrindo o Antigo Testamento
Leituras complementares
Aharoni, Yohanan. The Land o fth e Bible: A Histórica! Roux, Georges. Ancient Iraq. 2- ed. Baitimore: Penguin,
Geography. 2- ed. Trad. Anson F. Rainey. Londres: 1980. Introdução informativa e de fácil leitura sobre
Burns & Oatesr 1979. Melhor geografia histórica a antiga Mesopotâmia.
disponível. Saggs, H. W. F. The Greatness That Was Babylon: A
Baly, Denis. The Geography o f the Bible: A Study in His Sketch o f the Ancient Civilization o f the Tigris-
tórica! Geography. Nova York: Harper & Row, 1957. Euphrates Valley. Nova York: Hawthorn, 1962. Um
Bright, John. A History o f Israel. 3- ed. Filadélfia: West- extenso tratado escrito por um renomado acadêmico.
minster, 1981. Um clássico que apresenta uma pers . The Might That Was Assyria. Londres: Sidgwich &
pectiva moderada. Jackson, 1984. Volume relacionado a The Greatness
Hallo, William W., William Kelly Simpson. TheAncient That Was Babylon.
Near East: A History. Nova York: Flarcourt Brace Shanks, Hershel, ed. Ancient Israel: A Short History
Jovanovich, 1971. Um ponto de partida bem escrito from Abraham to the Roman Destruction o f the
para o estudo de todo o antigo Oriente Próximo. Temple. Englewood Cliffs, NJ./Washington, D.C.:
Hoerth, Aflred J., Gerald L. Mattingly, Edwin M. Prentice Hall/Biblical Archeology Society, 1988.
Yamauchi, org. Peoples o f the Old Testament Soden, Wolfram von. The Ancient Orient: An Introduc-
World. Grand Rapids: Baker, 1994. Boa introdução tion to the Study o f the Ancient Near East. Trad.
para cada um dos principais povos mencionados no Donald G. Schely. Grand Rapids: Eerdmans, 1994.
Antigo Testamento. Introdução útil sobre a Mesopotâmia escrita por um
Merrill, Eugene H. Kingdom o f Priests: A History o f Old renomado estudioso dos acádios.
Testament Israel. Grand Rapids: Baker, 1987. Melhor Wilson, John A. The Culture o f Ancient Egypt. Chicago:
história de Israel de uma perspectiva conservadora. University of Chicago Press, 1951. Uma introdução
Page, Charles R. II, Carl A. Voz. The Land and the Book: padrão.
An Introduction to the World o f the Bible.
Nashville: Abingdon, 1993. Uma visão geral concisa
dos principais sítios arqueológicos nas terras bíblicas.
Ciro estabeleceu uma nova política em salém para reconstruir e recomeçar.25 O pri
relação aos povos subjugados e suas divinda meiro grupo chegou sob a liderança política
des. Ao contrário dos assírios e babilônios, de Zorobabel e religiosa do sumo sacerdote
Ciro desejava agradar o maior número possí Jesua (Ed 1-6). O povo que retornou tentou
vel de deuses. Ele achava que poderia go reconstruir o templo, mas teve que lutar con
vernar e manter melhor o seu vasto império tra a oposição, o desânimo e a falta de recur
com uma política de tolerância e benevolên sos. Foi só após o ministério dos profetas Ageu
cia, em vez de crueldade e brutalidade. O e Zacarias que o segundo templo finalmente
exílio dos judeus terminou oficialmente quan foi terminado em 515 a.C.
do Ciro declarou que os povos cativos da Esdras, o sacerdote e escriba, liderou a se
Babilônia estavam livres para voltar para sua gunda expedição da Babilônia em 458 a.C.,
terra natal e estabelecer um certo grau de (Ed 7-10). A tarefa de Esdras não era de re
governo próprio. O Antigo Testamento in construir o país materialmente, como os pri
terpreta esse acontecimento como sendo o meiros a chegar haviam feito. Ele estava pre
cumprimento da profecia de Jeremias (2Cr ocupado com o bem-estar social e espiritual
36.22,23; Ed 1.1-4). do povo.
Durante o século seguinte, três grupos dis Neemias liderou o terceiro grupo a retor
tintos de exilados judeus voltaram para Jeru nar para Jerusalém em 445 a.C. (Ne 1—13).
58
Onde e quando ocorreram os eventos do Antigo Testamento?
Neemias era um exilado judeu que havia plo reconstruído para a devida adoração a
chegado a um alto cargo na corte real da Deus. Porém, fica claro que esse não era um
Pérsia. Ele via como sua principal tarefa a “reino de Deus”, com um filho de Davi no
reconstrução dos muros de Jerusalém, po- trono de um império de significado mundial.
dendo oferecer mais defesa para seus habi A promessa da aliança sagrada de Deus com
tantes. Depois de o muro estar completo, seu povo ainda teria que esperar por uma ou
Neemias ficou em Jerusalém como governa tra época e um outro lugar. O Antigo Testa
dor da província persa. mento termina com expectativa e fé. Deus
O Antigo Testamento termina com o povo ainda iria cumprir os seus propósitos a seu tem
de Deus de volta à sua terra e um novo tem po e a sua maneira.
59
Parte
Descobrindo
o Pentateuco
Introdução ao Pentateuco
O nascimento do povo de Deus
Esboço
• O que é o Pentateuco?
• Do que trata o Pentateuco?
• Quais são os principais tem as do
Pentateuco?
Soberania de Deus
História
A condição da humanidade decaída
Salvação Objetivos
Santidade
Depois de ler este capítulo,
•Quem escreveu o Pentateuco? você deve ser capaz de:
Autoria e consenso tradicional • Definir o termo "Pentateuco".
Visões críticas modernas • Tirar conclusões sobre qual era o propósito
do Pentateuco.
• Identificar a mensagem-chave de cada um
dos cinco livros do Pentateuco.
• Comparar os temas do Pentateuco.
• Aplicar técnicas modernas de crítica à
questão de autoria do Pentateuco.
• Identificar os estudiosos mais importantes
que definiram a hipótese documentária.
• Avaliar a contribuição dos estudiosos
evangélicos no estudo do Pentateuco.
63
Descobrindo o Pentateuco
Na conclusão
do livro de
Gênesis, Deus
livrou seu povo
da fome de
forma
miraculosa e eles
estão vivendo
pacificamente
no Egito. Mas
muitos anos
depois, os
egípcios
oprimiram toda
a população
sraelita e os
forçaram à
escravidão.
havia sido feita a aliança. Mas então, o livro Além disso, o Deus dos israelitas criou todo
soberania
descreve acontecimentos nos quais o povo o universo sem a ajuda de ninguém (um con
escolhe desobedecer a Deus. A desobediên- ceito singular na literatura antiga). Ele o criou
creatio ex cia de Israel lhes custa caro, tendo em vista sem usar matéria preexistente e o fez sem
nihilo que Deus não permite que eles entrem ime- esforço, por meio do poder de sua palavra
diatamente na terra prometida. Números re falada. Séculos atrás, a igreja primitiva já per
fiat lata como o povo de Deus vagou tragicamen cebia a importância da idéia de “criação a
te pelo deserto durante quarenta anos, inca partir do nada” (creatio ex nihilo) e criação
paz de conseguir alcançar o que estava reser por decreto divino (fiat). Estas sempre fo
m itos
vado para eles. ram doutrinas centrais da fé cristã. Assim, o
Deuteronômio, o último livro do Penta estilo simples de Gênesis 1 estabelece de for
teuco, é uma série de discursos de despedi ma poderosa a soberania de Deus sobre sua
da feitos por Moisés. Nas planícies de Moabe, criação. As histórias seguintes do dilúvio (Gn
separado da terra prometida apenas pelo rio 6-9) e da Torre de Babel (Gn 11) só refor
Jordão, Moisés fala ao povo de Deus prepa çam esse conceito.
rando-o para o futuro. Ele reafirma a lei da O Pentateuco dá outras demonstrações do
aliança (“Deuteronômio” significa “segun domínio supremo de Deus mostrando como
da lei”) e os adverte sobre afastar-se de Deus ele lidou com indivíduos como Abraão,
para adorar outras divindades. O livro tem Isaque, Jacó, José e Moisés. Ao longo de sua
por objetivo restabelecer a aliança entre Deus vida, para onde quer que eles fossem em todo
e o seu povo. o antigo Oriente Próximo, Deus os assegura
Podemos traçar um sumário do Pentateu va de sua presença, proteção e orientação. O
co como se segue. Gênesis é o livro das ori escopo universal desse domínio contrasta de
gens. Ele descreve os começos do universo e as forma gritante com as outras divindades do
origens do povo de Deus. Exodo fala da salva antigo Oriente Próximo cuja jurisdição tinha
ção desse povo, que não pode salvar a si mes limites geográficos definidos.
mo. Levítico é um chamado à santidade como Deus mostrou de forma dramática o seu
único modo de vida natural para os israelitas domínio soberano sobre o Egito. Ele chamou
e a única resposta possível à graça de Deus. Abraão para deixar Ur na Mesopotâmia, ou
Números é o livro em que o povo está vagan seja, na extremidade leste do mundo antigo.
do, sofrendo as conseqüências de sua incre Ele o protegeu e guiou até a Palestina, o futu
dulidade. Mas a história termina em um tom ro lar de seu povo. Mas será que Moisés e os
positivo, quando Deuteronômio apresenta o israelitas poderiam confiar na ajuda de Deus
caminho para a renovação. contra os egípcios, a nação mais avançada e
sofisticada daquele tempo? As pragas foram
demonstrações espetaculares de que Deus era
Quais são os Senhor sobre o Egito e, de fato, sobre toda a
terra. A aparição dramática de Deus no mon
principais temas te Sinai (Ex 19) e seu domínio sobre Israel
enquanto vagavam pelo deserto serviu para
do Pentateuco? reforçar o conceito de que sua soberania não
Diversos temas importantes são desenvol tinha limites, quer fossem geográficos ou de
vidos ao longo do Pentateuco. O primeiro de outra natureza.
les é fundamental para o restante.
História
Soberania de Deus Um segundo tema predominante no Pen
O Pentateuco se inicia dando ênfase à so tateuco é a importância da História. Ao con
berania de Deus. A história da criação israe trário dos escritos de certas religiões (Confu-
lita (Gn 1,2) é diferente das histórias da cria cionismo, Budismo, etc.), a religião do Anti
ção de outras culturas do antigo Oriente Pró go Testamento atribuiu significado especial à
ximo. Enquanto outros povos especulavam História desde o princípio. Outras religiões do
sobre a origem das divindades, Gênesis parte antigo Oriente expressavam sua teologia em
do pressuposto de que Deus sempre existiu e termos de mitos, nos quais os acontecimen
é eterno. tos importantes ocorriam além do tempo e do
66
Introdução ao Pentateuco
Próximo a Ur
dos Caldeus, Sul
do Iraque. Deus
chamou Abraão
de Ur da
Mesopotâmia, a
extremidade
oriental do
mundo antigo,
protegeu-o e o
guiou à
Palestina, o
futuro lar do
seu povo.
67
Descobrindo o Pentateuco
nha necessidades específicas que só podem sim, a lei tem por finalidade não limitar a vida,
ser supridas por Deus. mas sim instruir o povo de Deus nos “cami
nhos da retidão”. A lei tem um papel domi
Salvação nante no Pentateuco, mas de forma alguma
O quarto tema principal do Pentateuco é a serve como um instrumento de escravidão do
salvação. Ela não é apenas uma doutrina do povo de Deus. Pelo contrário, a lei os protege
Novo Testamento. O Pentateuco relata a sal de suas próprias atitudes autodestrutivas e,
vação de Deus na forma de História. O amor como meio de graça, os torna mais semelhan
e a graça de Deus o levaram a tomar determi tes a ele.
nados passos para remediar o dilema huma O Pentateuco conta a história do povo de
no. Os acontecimentos mais importantes des Deus. Mas há muito mais que apenas um re
sa história (o chamado de Abraão, o chama lato de como Deus relacionou-se com esse
do de Moisés, as pragas do Egito, a aliança, povo da antigüidade. Há muito tempo, a igre
etc.) demonstram seu amor e graça e a re ja reconhece que esses textos são parte das
denção é o que amarra todos esses aconteci Escrituras Sagradas. Como acontece com toda
mentos formando uma unidade. a Escritura, Deus quer que essa história — a
Tendo em vista os outros pontos principais história de sua graça salvífica oferecida gra
discutidos acima, especialmente a soberania tuitamente aos homens necessitados — tor
de Deus e a natureza decaída da humanida ne-se também a nossa história. Pois, de fato,
de, esse tema chama a atenção de modo par essa é a história de todos aqueles que seguem
ticular. Deus não foi forçado por outra pessoa a Cristo.
ou por circunstâncias externas a estender sua Para os cristãos, a salvação pessoal é muito
mão à humanidade. Sua soberania significa semelhante à história do Pentateuco. Deus, o
que ele não tem necessidades, incluindo a Soberano do universo, entra em nossa história
necessidade do amor e da adoração de suas pessoal e nos dá a solução para nossa natureza
criaturas. O único fator que motiva sua ação destruída. Por causa de sua graça e seu amor
redentora pode ser encontrado em sua natu ele oferece salvação por meio de sua própria
reza amorosa e compassiva (Jo 3.16). Esse fato, revelação na História (encarnação). Deus nos
juntamente à percepção de que o homem dá profetas e mestres para interpretar seus atos
encontra-se em uma situação desesperadora, históricos e nos ajuda a manter nosso relacio
nos ajuda a compreender quão grande é a namento com ele. O resto da história é sobre o
sua salvação (Hb 2.1-4). crescimento na graça e a imitação de nosso
Salvador. Portanto, o evangelho de Jesus Cris
Santidade to também foi o evangelho dos israelitas.
A ênfase do Pentateuco sobre a graça so
berana de Deus na redenção nos leva natu
ralmente ao quinto tema principal. A única Quem escreveu o
resposta apropriada do ser humano para a gra
ça e o amor de Deus é a santidade pessoal. Pentateuco?
Assim, o Pentateuco enfatiza fortemente o
conceito de santidade. O Deus soberano é Autoria e consenso tradicional
supremo em seu caráter moral. Quando ele O Pentateuco contém várias citações so
traz o seu povo para perto de si, ele os convida bre a composição de algumas de suas partes.
a imitar o seu caráter (Lv 11.44). Ele tirou Há duas referências claras a Moisés como
Israel do Egito e os fez seu próprio povo. Mas sendo o autor de Exodo 20-23, que é conhe
ele esperava que seu novo relacionamento cido como “Livro da Aliança” (Êx 24.4,7). O
com ele trouxesse mudanças de conduta para texto também afirma que Moisés escreveu
sempre. A santidade é a apropriação humana os Dez Mandamentos sob a orientação do
da graça de Deus. Senhor (Ex 34.27). Diz-se ainda que pelo
No Pentateuco, bem como em outras par menos dois outros incidentes foram preser
tes da Bíblia, a graça de Deus é seguida da lei. vados pela escrita de Moisés (Ex 17.14; Nm
Deus não se satisfaz ao relacionar-se com seu 33.2). Há também referências claras de que
povo se este não está fazendo nenhum esfor Moisés é o autor de partes do livro de Deutc-
ço no sentido de imitar o caráter divino. A s ronômio (D t31.9,19,22,24).1
68
Introdução ao Pentateuco
69
Descobrindo o Pentateuco
Crítica à forma
Desde a histórica síntese da Hipótese Do
cumentária de Wellhausen, os estudos do An
tigo Testamento tiveram várias mudanças. Mas
nenhuma delas ficou muito longe da hipóte
se original de Wellhausen. A crítica da reda
ção tentava explicar cientificamente como
essas quatro fontes separadas haviam sido
editadas para formar um todo, mas esse ponto
Por volta do ano 400 a.C., esses dois últi de vista não foi aceito com muita concordân
m onoteísm o
mos documentos (JED e P) foram combina cia entre os estudiosos. A crítica da forma
dos de modo a formar o JEDIJ um conjunto tornou-se um ponto de vista bastante comum
crítica da de material que compõe o Pentateuco como logo depois do desenvolvimento da teoria da
redação conhecemos hoje. Wellhausen acreditava que fonte, por Wellhausen.
o monoteísmo e as instruções sobre o culto O estudioso pioneiro da crítica da forma
crítica da foram desenvolvimentos mais recentes da his foi HERMAN GUNKEL, que estabeleceu os
forma tória israelita. Qualquer referência a um san paradigmas básicos desse ponto de vista por
tuário central em Jerusalém dedicado exclu volta da virada do século. Ele começou acei
sivamente ao culto a Deus tinha de ser poste tando a hipótese do documento JEDP Mas
gêneros
rior ao ano 622 a.C., quando foram sanciona ele não era cético como os críticos da fonte
das as reformas de Josias e o documento D foi tinham sido sobre o valor histórico do Penta
S itz im Leben escrito. Foi feita a leitura de material religioso teuco. Em vez disso, a crítica da forma analisa
do final do período de exílio para trás, até a os vários tipos literários (gêneros) encontra
história mais antiga de Israel. Não havia, as dos na Bíblia, isolando-os em unidades meno
sim, quase nenhuma veracidade histórica no res. Ao enfatizar a “situação de vida” (ou Sitz
Pentateuco. As reconstruções de Wellhausen im Leben) de cada unidade menor, os críti
eram dominadas pelo anti-supernaturalismo cos à forma procuram descobrir a “essência
e o pensamento filosófico-evolutivo. Sua te histórica” de cada gênero literário. De acordo
oria não concedia espaço para a intervenção com Gunkel e outros, essas unidades meno
divina na história ou para qualquer revela res foram mais tarde juntadas nas quatro fon
ção divina. tes do Pentateuco.
70
H ipótese d o cu m en tária: alg u n s dos p rin cip ais n o m e s1
BENEDICT SPINOZA: Filósofo judeu do século 17 K. H. GRAF: Em 1865, Graf concordava com Vatke
que rejeitou a autoria mosaica do Pentateuco que o Pentateuco havia sido escrito mais tarde.
e, aparentemente, deu a Esdras o crédito por Ele defendia a existência de um documento
esses livros fundamental que dizia respeito, basicamente,
JEAN ASTRUC: Em 1753, esse professor francês de aos interesses sacerdotais. Ele datou esse
Medicina publicou um trabalho sobre Gênesis documento como sendo posterior a Deuteronô
que marcou o começo da crítica da fonte do mio, que De Wette tinha estabelecido que era
Pentateuco. Astruc acreditava que Moisés tinha de 622 a.C. Ele associou o chamado documen
se baseado em fontes do período dos to sacerdotal com a época de Esdras. Ao
patriarcas. Ele usou os termos lavé e Elohim mesmo tempo, outros já haviam passado a
para dividir Gênesis em duas fontes distintas considerar a fonte E1de Hupfeld como sendo o
(que mais tarde ficaram conhecidas como E e documento sacerdotal usando, portanto, o
J) que acreditava serem as fontes mais símbolo P (do inglês "priestly"). Ao tentar datar
próximas usadas por Moisés. cada um dos documentos, Graf foi além dos
críticos das fontes e expandiu a discussão para
J. S. VATER: Em 1805, ele argumentou que o
uma crítica histórica. Isso abriu caminho para
Pentateuco era composto de até quarenta
que Wellhausen formulasse a Hipótese
fontes fragmentárias. Sua hipótese ficou
Documentária, que às vezes também é
conhecida como hipótese fragmentária.
chamada de Hipótese de Graf-Wellhausen.
W. M. L. DE WETTE: Em 1807, De Wette colocou
JULIUS WELLHAUSEN: Os estudiosos alemães
a essência legal como sendo o centro de
estavam divididos em relação às datas e
Deuteronômio uma vez que o "livro da Lei" foi
seqüência de fontes. Deveria ser PEJD ou
descoberto no templo sob a orientação do rei
JEDP? Wellhausen publicou livros em 1877 e
Josias (2Rs 22). Esse foi o critério mais
1883 nos quais ele deu fim ao debate e
importante usado para datar o documento D
apresentou a expressão clássica da Hipótese
como sendo de até 622 a.C.
Documentária. Ele começou pela aceitação das
H. EWALD: Em 1823, Ewald propôs um documen análises de fontes de outros estudiosos,
to básico, a fonte E. Esse teria sido especialmente Graf. Sua maior contribuição foi
complementado por material do documento J, adotar conceitos evolucionários do século 19 e
e tudo teria sido juntado por um editor que aplicá-los à história de Israel. Dessa form a, ele
usava o termo lavé. Sua proposta ficou sendo explicou como as fontes se expandiram e como
conhecida como a teoria complementar. elas estavam associadas aos estágios
WILHELM VATKE: Em 1835, Vatke sugeriu que sucessivos da história israelita. Suas explica
muitas das partes do Pentateuco tinham sido ções sobre as fontes e sobre como elas foram
escritas na época do exílio, em vez de muito criadas ganharam grande aceitação em um
antes, como o texto afirm a. Ele se antecipou curto período de tempo.
aos estudos de Wellhausen ao crer que o FRANZ DELITZSCH: Em seu comentário sobre
Pentateuco tinha sido produzido mais tarde na Gênesis em 1887, Delitzsch atacava as
história de Israel e não logo no início, como hipóteses da forma como haviam sido
constituição religiosa para a nação. desenvolvidas por Wellhausen. Ele argumenta
V. HUPFELD: Em 1853, Hupfeld argumentou que, va que todas as partes do texto atribuídas a
na verdade, havia dois escritos que usavam o Moisés eram, de fato, autênticas.
termo Elohim. Ele propôs que Deuteronômio S. R. DRIVER: O estudioso mais influente da Grã-
era um documento separado, documento D. Bretanha naquela época. Driver publicou uma
Havia, portanto, quatro documentos: J (que era importante Introdução em 1891. Ele modificou
o dominante entre os quatro), E1, E2 e D. apenas ligeiramente a hipótese da forma como
Hupfeld também enfatizou o papel de um havia sido definida por Wellhausen e
editor anônimo que foi responsável por estabeleceu a teoria como uma visão
amarrar os documentos juntos. Essa idéia do padronizada para os estudiosos de língua
editor tornou-se popular entre os estudiosos inglesa.
daquele tempo que a usaram convenientemen
JAMES ORR: Em 1906, Orr atacou a hipótese de
te para explicar inconsistências na teoria
Wellhausen tanto em suas bases teológicas
documentária.
quanto filosóficas. Ele expôs os pontos fracos
E. W. HENGSTENBERG: Hengstenberg foi um dos da crítica das fontes e da crítica histórica e de
primeiros oponentes à teoria das fontes. Em suas tentativas de reconstruir a história e
vários escritos durante as décadas de 1830 e literatura israelita. Suas críticas nunca foram
1840 ele desafiou firmemente aqueles que respondidas.
negavam a autoria mosaica. Hengstenberg
inspirou uma geração de estudiosos mais 1 Leitura complementar: R.K. Harrison,
ortodoxos que se opuseram à Hipótese Introduction to the Old Testament
Documentária. (Grand Rapids: Eerdmans, 1969), 9-32.
Descobrindo o Pentateuco
vadores têm dado sua maior contribuição no Segundo, alguns estudiosos conservadores
estudo do Antigo Testamento — mediante o datam a forma final do Pentateuco cm alguma
uso de materiais comparativos do antigo época entre Josué e Salomão (até 930 a.C.).
Oriente Próximo que servem como forma dc Acreditam que a maior parte do Pentateuco é
verificar e equilibrar os métodos usados pala a mosaica, mas que uma quantidade razoável
pesquisa do Antigo Testamento. de material pós-mosaico também foi incluída.
Ao responderem a questão sobre a autoria Terceiro, outros estudiosos conservadores
do Pentateuco, estudiosos conservadores nor acreditam que o Pentateuco adquiriu sua for
malmente encaixam-se em uma de três posi ma atual relativamente tarde na história is
ções.10 Primeiro, alguns datam o Pentateuco raelita (séculos 9--5- a.C.). Esses estudiosos
como sendo da era mosaica, permitindo po reconhecem muitos elementos antigos nos li
rém a inclusão de materiais dc tempos pós- vros, mas crêem que o Pentateuco desenvol
mosaicos. A estrutura básica do Pentateuco veu-se como resultado de adaptações feitas
foi estabelecida por Moisés ou sob a sua super por gerações posteriores que usaram material
visão. Alterações e adições posteriores ocorre mosaico em importantes momentos de crise
ram dc acordo com as linhas dc procedimen na história de Israel.
to da literatura do antigo Oriente Próximo. Baseando-nos nas evidências encontra
Mudanças pequenas, tais como grafia e revi das dentro do próprio Pentateuco e na uni
sões editoriais continuaram a ocorrer até por dade das tradições judaicas e cristãs, é pru
volta do tempo de Samuel (aproximadamen dente supor que as origens básicas para a
te 1050 a.C.). maior parte do Pentateuco são mosaicas. As
73
Descobrindo o Pentateuco
Sumário
Leituras complementares
Clines, David J. A. Theme of the Pentateuch. Journal for Harrison, R. K. Introduction to the Old Testament.
the Study o f the Old Testament — Supplement Grand Rapids: Eerdmans, 1969. Exposição em forma
Series 10. Sheffield: JSOT, 1978. Um importante vo de enciclopédia escrita por um evangélico.
lume sobre o tema da aliança nas narrativas do Pen Hayes, John H. An Introduction to Old Testament Stu-
tateuco. dy. Nashville: Abingdon, 1979. Exposição de ques
Dillard, Raymond B., Tremper Longman III. An Introduc- tões críticas mais complexas.
tion to the Old Testament. Grand Rapids: Zonder- Livingston, G. Herbert, The Pentateuch in Its Cultural
van, 1994. Contém um texto útil e uma avaliação de Environment. 2- ed. Grand Rapids: Baker, 1987. Vali
questões críticas mais complexas. osa exposição do pano de fundo histórico e cultural.
Hamilton, Victor P. Handbook on the Pentateuch: Ge- Wolf, Herbert M. An Introduction to the Old Testa
nesis, Exodus, Leviticus, Numbers, Deuteronomy. ment Pentateuch. Chicago: Moody, 1991.
Grand Rapids: Baker, 1982. Uma introdução comple
ta ao conteúdo do Pentateuco.
74
Introdução ao Pentateuco
evidências claramente dão crédito a Moisés Moisés foi a fonte. A autoria mosaica tem
pela substância desses livros. Ele é a fonte, o uma função teológica importante nos estu
ponto de origem, o que autorizou. Porém, dos do Antigo Testamento, assim como a
termos como “autor” e “autoria” não são apro- autoria apostólica é importante para os livros
priados quando nos referimos a produtos da do Novo Testamento.
literatura do antigo Oriente Próximo, tendo Apesar dos estudiosos conservadores dife
em vista que as implicações que essas pala rirem nas datas da forma final do Pentateuco,
vras têm nos tempos modernos não estavam eles concordam que esses livros de Moisés são
presentes na antigüidade. inspirados, historicamente confiáveis e conti
Em alguns casos, Moisés pode ter iniciado nuam a falar com autoridade. Quer a data
uma tradição literária a qual, mais tarde, ele final da composição tenha sido mais cedo ou
apenas supervisionou. Em Deuteronômio 31.9 mais tarde, a mensagem começou com Moi
ele escreveu o documento básico e depois sés e foi aplicável a todos os períodos da histó
confiou o cuidado do mesmo aos sacerdotes ria de Israel. Assim, nos dias de hoje, o Penta
(ver também Dt 24.8). Os sacerdotes podem teuco continua a desafiar a igreja com a pala
ter preservado e expandido o material, mas vra de autoridade vinda de Deus.
75
Gênesis 1-11
4 Oprelúdio de Israel
Esboço
• História primeva e sua natureza
• Conteúdo de Gênesis 1-11
Esboço
A criação e sua natureza (1-2)
0 pecado e sua natureza (3-11)
Objetivos
Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
• Comparar a narrativa da criação em
Gênesis com a narrativa mesopotâmica.
• Relacionar as narrativas da criação no
antigo Oriente Próximo.
• Delinear o conteúdo principal
de Gênesis 1-11.
• Identificar os fatos em Gênesis 1 que
apoiam a doutrina de que, no princípio,
Deus estava só.
• Indicar a simetria dos dias da criação.
• Descrever o conteúdo dos capítulos 3-11
que apoia o tema principal — o fracasso
moral da humanidade.
• Comparar a narrativa do dilúvio em
Gênesis com o Épico de Gilgamés.
77
Descobrindo o Pentateuco
Quando Marduque tem notícia dos deuses, "Farei massa de sangue e ossos.
Seu coração (o) leva a elaborar artimanhas. Estabelecerei um selvagem e seu nome será 'homem'.
Ao abrir sua boca, ele se dirige aos deuses Em verdade, criarei o homem-selvagem.
Para dividir com eles o plano que elaborou Ele receberá o serviço dos deuses
em seu coração: Para que estes possam descansar! "
politeístas
Tabela 4.1
im ago D ei Sim etria narrativa dos dias de G ênesis 1
ve a natureza do caos primitivo antes que Deus trução introduz cada dia da semana da cria
continuasse com seu trabalho criador. O resto ção: “E disse Deus: Haja...” e uma outra cons
do capítulo (vs. 3'31) explica como Deus criou trução conclui cada dia: “Houve tarde e ma
os céus e a terra. Essa interpretação parte do nhã, o [segundo etc.] dia.” Além disso, a si
pressuposto de que foi uma criação original metria da narrativa significa que cada dia
que não pode ser datada. O versículo 2 des corresponde a um outro dia (ver tabela 4.1).5
creve o caráter dessa matéria improdutiva e A criação da luz (primeiro dia) corresponde à
vazia antes que Deus falasse no versículo 3.4 criação do sol; lua e estrelas para governar o
A visão tradicional do versículo 1 como uso da luz (quarto dia). A criação do céu
sendo uma sentença independente é apoia (segundo dia) prepara os leitores para o quin
da por todas as versões antigas. A gramática, to dia, no qual Deus cria os pássaros. A estru
o vocabulário e o estilo literário da passagem tura narrativa realça os terceiro e sexto dias
deixam-na aberta para uma grande varieda em que Deus cria a terra seca e depois cria os
de de interpretações. Mas teologicamente animais e a humanidade para nela habitar.
apenas a visão tradicional é possível. Em ou A correspondência dos terceiro e sexto
tras referências à criação, a Bíblia é sempre dias revela o clímax literário da passagem.
clara no sentido de que Deus criou o universo Deus avalia cada estágio da criação (com
a partir do nada e o fez sem diminuir seu po exceção do segundo dia): “E viu Deus que
der ou energia (SI 33.6,9; Hb 11.3). isso era bom.” Mas os terceiro e sexto dias
O resto de Gênesis 1 também apoia a anti contêm essa avaliação duas vezes. A repeti
ga doutrina cristã de que, no princípio, Deus ção de cada construção segue em um cres
estava só e criou o universo do nada (creatio cendo até o sexto dia, no qual Deus diz: “Fa
ex nihilo ) . Ele não precisou de nenhuma subs çamos o homem à nossa imagem, conforme
tância preexistente. Ao criar a luz e a escuri a nossa semelhança” (v. 26).
dão (vs. 3-5) e ao fazer aparecer a porção seca E impossível esgotar todo o significado teo
e separá-la das águas (vs. 9,10) Deus, na ver lógico de sermos criados à imagem de Deus
dade, criou o tempo e o espaço. (imago Dei). O mínimo que podemos dizer é
No princípio, só Deus existia. Somente ele que, como resultado de carregar a imagem
é o único Todo-poderoso capaz de ordenar de Deus, a humanidade deveria ter domínio
que o universo viesse a existir sem ajuda ou sobre toda a criação. Adão e Eva eram os re
assistência. Essa poderosa verdade era nova presentantes visíveis de Deus na criação. Mas
para o mundo antigo e representava um ata o fato de termos sido criados para carregar a
que direto às doutrinas chamadas de poli* imagem divina também significa que os seres
teístas. Da mesma forma, nos dias de hoje, as humanos foram feitos especificamente para
primeiras palavras de Gênesis, “No princípio, se relacionar com Deus. Diferente do resto
criou Deus...”, nos dão uma perspectiva cor da criação, a vida humana não é um fim em
reta de quem ele é e tornam possível para nós si. Ela vem com o privilégio de relacionar-se
aceitar o resto da mensagem da Bíblia. Essa com Deus.6
primeira verdade é fundamental para tudo o A dignidade da humanidade e sua posi
que segue. ção singular na criação têm a marca da ima
A repetição e simetria literária caracteri gem de Deus. Mais uma vez, a verdade bíbli
zam o resto do capítulo 1. Uma mesma cons ca atacava de maneira agressiva as doutrinas
80
Gênesis 1-11
E quanto à evolução?
Alguns crêem na evolução teísta (ou criacio- criação de Deus e totalmente dentro de sua obra
nismo progressivo) que afirma que Deus criou a soberana.
humanidade por meio da evolução. De acordo Apesar de visões como a evolução teísta e cria-
com esse ponto de vista, os seres humanos se de cionismo progressivo serem possíveis, devemos
senvolveram sobrenaturalmente a partir de uma levar a sério a ênfase bíblica quanto à unidade
espécie antropóide (semelhante ao homem). Os das origens do ser humano (Rm 5.12-19) e a na
cristãos que acreditam nisso não aceitam a idéia tureza histórica do primeiro casal, Adão e Eva.
da evolução aleatória e sem propósito. Eles ne Além disso, o criacionismo cristão oferece a única
gam que a humanidade seja meramente o pro resposta satisfatória para a questão da origem da
duto da evolução natural, como se Deus não ti vida. A ciência constantemente revisa e muda
vesse nenhuma participação no processo e usam suas teorias sobre o começo do universo e da
a evolução apenas para explicar como aconteceu vida humana. Mas por causa das limitações bási
a criação. Por ser uma lei secundária da biologia e cas da investigação científica, ela nunca é capaz
não uma doutrina de criação, esse ponto de vista de responder essas perguntas finais.
não contradiz a crença em um Deus Criador. As
sim, os teístas crêem que a evolução foi parte da
a humanidade. Esses capítulos também pre- trecho é uma sinfonia cuidadosamente coor
m on oteism o
param a cena para o drama ao descrever a denada e com um único tema: o fracasso
criação de Deus. Essa introdução mostra moral da humanidade.
muito do caráter de Deus e da natureza de O capítulo 3 apresenta as mudanças cata
seu universo. Os capítulos de abertura par- clísmicas que ocorreram no cenário ideal dos
tem do ponto de vista do monoteísmo e da capítulos 1 e 2. Um novo personagem é intro
natureza soberana e onipotente de Deus. duzido: a serpente (Satanás, Ap 12.9). Sua
Esses eram conceitos chocantes para os lei natureza e seus propósitos cheios de revolta
tores da antigüidade. Seu trabalho de cria ficam evidentes em seu papel como grande
ção é lindo e agrada tanto a ele quanto à Enganador, que desafia diretamente a bon
humanidade. A cada estágio da criação, ele dade de Deus. Adão e Eva não são vítimas
declarou que seu trabalho era “bom” (tôb). desamparadas de uma força persuasiva, mas
E essencial ter isso em mente durante a lei sim, colaboradores no mal.
tura do restante da Bíblia. Depois do primeiro pecado no capítulo 3, a
Mas esse trecho também nos prepara para humanidade mudou de várias maneiras. Em
o que acontece em seguida. Nos capítulos 1 e primeiro lugar, Adão e Eva perderam sua ino
2, o caráter da humanidade é retratado como cência original. Seus olhos abertos e a percep
sendo perfeito. Adão e Eva não tinham peca ção da nudez demonstram sua vergonha e
do e seu caráter, assim como seu corpo, não culpa (v. 7). Antes do pecado eles não conhe
tinha as manchas da doença e da morte. Eles ciam a culpa, quer no seu relacionamento um
estavam livres da dor e do sofrimento. Goza com o outro, quer no relacionamento com
vam acesso ilimitado à maravilhosa presença Deus. Em segundo lugar, eles imediatamente
de Deus. Mas isto estava para mudar. Dife perderam o fácil acesso à presença de Deus.
rente do Deus constante e imutável, a huma Em vez de encontrarem-se com Deus no fres
nidade iria cair do seu estado de graça. cor do dia, eles esconderam-se dele ao perce
berem o rompimento no relacionamento (vs.
O pecado e sua natureza (3-11) 8-10). Eles não se sentiam mais à vontade na
À primeira vista, os capítulos 3—11 pare sua presença santa. Em terceiro lugar, eles
cem conter uma série de histórias estranhas e perderam a paz do paraíso e a liberdade do
não-relacionadas entre si. Mas na verdade esse jardim do Éden quando Deus os expulsou de
82
Gênesis 1-11
A origem do mal1
0 problema do porquê o mal existe no mun humanos são responsáveis pelo pecado e pelo
do pode ser resumido da seguinte forma: ou mal e não Deus.
Deus é onipotente, mas não é completamente Assim, Deus permite que o mal continue algu
bom, tendo em vista que ele permite*que o mal mas vezes como julgamento ou punição pelo pe
continue, ou ele é bom, porém incapaz de conter cado. Mas nem todo o mal é resultante do peca
o mal, e nesse caso ele não é onipotente. Não há do humano. O fato de algumas pessoas sofrerem
respostas fáceis para esse problema e, no final, injustamente é um problema de teodisia (ver ca
só Deus compreende porque o mal existe no pítulo 20). Apesar de não podermos compreen
mundo. Os capítulos de abertura de Gênesis lan der completamente o problema do mal, sabemos
çam alguma luz sobre essa questão. que Deus resolveu essa questão para nós em Je
Devemos nos lembrar de que na criação Deus sus Cristo. Deus, de fato, não exige que compre
fez Adão e Eva perfeitos. Ele não os criou como endamos, apenas que confiemos nele como os
seres malignos. Porém, ele lhes deu um certo filhos confiam em seus pais. A criança doente
grau de responsabilidade sobre seu próprio com pode não entender por que precisa ir ao médico,
portamento. Eles precisavam escolher obedecer mas ela deve aprender a confiar no entendimen
ou desobedecer a Deus. Até certo ponto, o mal é to de seus pais.
inerente ao livre-arbítrio. Nesse sentido, os seres 1Paul E. Little, Know Why You Believe
(Dowrters Grove: InterVarsity, 1974), 80-89
jstraçãodeuma
torre-templo ou
zigurate de Ur.
lá (v. 23). Assim, eles perderam sua imunida- no. Só Deus podia compreender completa
de à dor, doença c morte. mente o perigo da desobediência. Ele sempre
Comer uma fruta pode parecer absoluta sabe o que c melhor para nós.
mente inocente! Mas o ato em si tinha sob a Mediante esse acontecimento, a humani
superfície algo de imoral: a rebelião contra o dade libertou um poder maligno sobre o mun
mandamento de Deus (2.17). A tentação sem do. Nos capítulos 4-11, os acontecimentos
pre traz consigo o desafio à palavra de Deus ocorrem com crescente pecaminosidade para
(3.1,4,5), que tem em mente o nosso bem eter ilustrar o desespero total da condição huma-
83
Descobrindo o Pentateuco
A sexualidade humana
0 sexo era parte da criação boa e perfeita de ver o sexo como um presente especial de casa
Deus. Foi o seu selo de aprovação da intimida mento dado por Deus.
de entre Adão e Eva antes do pecado (Gn Mas assim como qualquer um dos presentes
2.24,25). Mas assim como o pecado maculou o de Deus, a sexualidade pode ser corrompida se
resto da criação, da mesma forma também o for mal usada. As diretrizes que a Bíblia traz so
pecado e o mal desfiguraram o uso dessa dádi bre sexo têm a finalidade de nos proteger de usar
va de Deus (3.7). mal esse dom de Deus e de abusar uns dos ou
Nos dias de hoje, Deus quer que os cristãos tros. O sexo antes e fora do casamento fere e dá
gozem a dádiva do sexo dentro do casamento. O continuidade ao efeito do pecado em nossas vi
sexo continua sendo parte da criação de Deus, das. A graça de Deus pode nos perdoar e curar,
uma bênção para aqueles que vivem dentro de mas as conseqüências do pecado sexual podem
um relacionamento fiel e monogâmico. Podemos durar por toda uma vida.
na. De fato, o pecado está à espreita e “o seu e as filhas da humanidade (vs. 1-8). Â luz da
Epico de
desejo será contra ti” (4.7, um versículo-tema ênfase que esse trecho dá sobre o contraste
Gilgamés
dessa passagem). No capítulo 4, o assassinato entre a rebelião e a fidelidade humana, esses
de um irmão mostra como o pecado moveu- versículos provavelmente rcferem-se à união
se rapidamente desde o comer do fruto proi imoral entre os fiéis da linhagem de Sete e os
bido até tirar uma vida humana. A humani decadentes da linhagem de Caim. Entretan
dade começou a reverter o trabalho criador to, podem também ser uma afirmação velada
que Deus desenvòlveu nos capítulos 1-2. sobre o fracasso do reinado humano. Nessa
As genealogias dos capítulos 5 e 10 têm fun interpretação, os filhos de Deus seriam os go
ção importante em meio a tanto pecado. O vernantes ou príncipes que estaria injustamen
capítulo 5 delineia dez gerações de fiéis da li te tomando para si as filhas de pobres cida
nhagem de Adão, à partir de Sete até Noé. A dãos comuns contra a vontade deles.9
vida longa desses primeiros seres humanos pode A razão do dilúvio (6.9-9.29) fica clara no
ser atribuída ao desenvolvimento mais lento capítulo 6.5-8. Deus concluiu que o pecado e
dos efeitos degenerativos do pecado no mun a maldade haviam chegado a um ponto tal
do. Depois do dilúvio, a vida dos descendentes que a criação precisava ser destruída. O versí
de Noé tornou-se gradualmente mais curta. culo 5 é o que dá mais ênfase a avaliação feita
O capítulo 6 começa com a história pertur por Deus da condição humana: “... a malda
badora do casamento entre os filhos de Deus de do homem se havia multiplicado na terra e
... era continuamente mau todo desígnio do
seu coração”.
Termos-chave Há diversos pontos de comparação entre a
história de Noé e a história da antiga Mesopo
História primeva tâmia conhecida como o Épico de Gilgamés
Cosmogonia (ANET 72-99; 503-507). Esta é uma narrati
Enuma Elish va tocante de como Gilgamés, provavelmen
Épico de Atrahasis
te uma figura histórica que era rei de Uruk
Lugar-chave Politeísmo
em torno de 2600 a.C., rebelou-se contra a
Imago Dei
Mesopotâmia morte depois de perder um amigo. Gilgamés
Gênese/gerações
Monoteísmo então encontra-se com Utnapishtim, que já
Épico de Gilgamés foi chamado de “Noé da Babilônia”. Utna
Quadro das Nações pishtim relata como ele obteve a imortalidade
Zigurate quando foi avisado de um plano divino para
inundar o mundo. Ele sobreviveu ao dilúvio
dentro de um grande barco de junco, com
sua família e pares de animais. Mas esse acon
tecimento não podia ser repetido, o que dá a
84
Gênesis 1-11
Estudiosos cristãos diferem em suas opiniões 7.21,23). Alguns argumentam que essas expres
quanto à abrangência do dilúvio. As águas do sões são simbólicas.
dilúvio cobriram todo o mundo ou só a parte do "E um problema de interpretação e não de
mundo que era habitada pelo homem? inspiração".2 Apesar de ficarmos imaginando
E impossível tirar conclusões por meio das evi qual teria sido a abrangência e a natureza do di
dências geológicas. Muitos geólogos negam que lúvio de Noé, os registros bíblicos não deixam
catástrofes globais tenham qualquer papel na te dúvidas de que foi um evento histórico real e que
oria geológica. Outros geólogos acreditam que cobriu, no mínimo, todo o mundo habitado.
algumas das formações rochosas da terra foram TSteven A. Austin e Donald C. Boardman,
causadas por uma súbita e universal inundação "Did Noah's Flood Cover the Entire World?"
que durou aproximadamente um ano. in The Genesis Debate, org. Ronald F. Youngblood
(Nashville: Thomas Nelson, 1986), 210-29.
Por outro lado, a linguagem da narrativa acer 2Bernard L. Ramm, The Christian View o f Science and Scripture
ca do dilúvio parece clara. Deus afirmou que seu (Grand Rapids: Eerdmans, 1954), 240.
propósito era eliminar todos os seres viventes
"da superfície da terra" (Gn 7.4). O texto relata
que as águas cobriram "todos os altos montes
que havia debaixo do céu" (7.19; ver também
O Épico de Gilgamés 1
No sétimo dia o navio estava completo. Tudo o que tinha de seres vivos coloquei dentro
Foi muito difícil colocá-lo na água, dele.
Então eles tiveram que mover as tábuas da parte Toda a minha família e parentes fiz entrar
de cima e de baixo, no navio.
Até que dois terços da estrutura estivessem As feras do campo, as cria:uras selvagens,
dentro da água. Todos os artesãos eu fiz entrar no barco.
Coloquei dentro do barco tudo o que tinha; Utnapishtim faia a Gilgamés
Coloquei tudo o que tinha de prata; Épico do óilgamós XI, 76-85 (ANET, 94).
Coloquei tudo o que tinha de ouro;
Sumário
malmente tinham uma torre com vários ter Com uma única língua internacional
zigurate
raços (zigurate) dispostos em três a sete “de e avançada tecnologia de construção, a
graus”. E possível que essas construções esti hum anidade unificou-se em sua rebe
vessem ligadas à idéia de que os deuses vivi lião.12 Mas a unificação e a paz não são os
am nas montanhas e que o zigurate servia como maiores bens da sociedade, pois elas po
um substituto. Perto da base dessa torre ficava dem resultar em orgulho e rebelião. A res
o templo pagão propriamente dito. O nome posta de Deus ensina, mais uma vez, que
da cidade mais importante da Mesopotâmia aquele que criou o universo continua a
era Babilônia, que, de acordo com a etimolo governar de forma soberana sobre toda a
gia popular, veio a significar “Portal de Deus”.11 humanidade.
Mas a narrativa em Gênesis sobre a Torre de A genealogia no final do capítulo 11
Babel refuta esse título arrogante. A poderosa (vs. 10-32) traz para dentro da história pri
cidade representava a rebelião unificada da mitiva uma nota sutil de esperança. Des
humanidade contra Deus e, portanto, foi mar de o capítulo 3, a ênfase tem sido na trá
cada pela confusão (balai do hebraico, 11.9). gica avalanche de pecado que arruinou a
Assim, Gênesis transforma o “portal para o criação perfeita de Deus e a própria hu
céu” dos rebeldes em confusão de linguagem manidade. A situação universal não pas
e dispersão da humanidade. Em uma coinci sa de desespero. Mas aqui, a linhagem de
dência interessante, o jogo de palavras ainda Sem (10.21-32) continua a se estreitar até
funciona no inglês, em que o termo “babble” uma única família — a de Terá, pai de
significa “fazer sons incoerentes”. Abraão.
86
Gênesis 1-11
Leituras complementares
Hamilton, Victor P. The Book o f Genesis: Chapters 7- Guides. Sheffield. JSOT, 1991.
77. New International Commentary on the Old Tes Ross, Allen P. Creation and Blessing: A Guide to the
tament. Grand Rapids: Eerdmans, 1990. Uma expo Study and Exposition o f the Book o f Genesis. Grand
sição completa escrita por um evangélico. Rapids: Baker, 1988. Estudo evangélico de grande
Kidner, Derek. Genesis: An Introduction and Commen ajuda para tratar do aspecto literário do texto.
tary. Tyndale Old Testament Commentary. Downers Wenham, Gordon, J. Genesis 1-15. Word Biblical Com
Grove: InterVarsity, 1967. Uma visão teológica. mentary 1. Waco, Tex.: Word, 1987. A exposição
Vathews, Kenneth A. Genesis 7-7 7. New American mais completa disponível, incluindo material relacio
Commentary 1A. Nashville: Broadman, 1996. nado ao antigo Oriente Próximo.
- dderbos, N. H. Is There a Conflict Between Genesis 7 Youngblood, Ronald F., org. The Genesis Debate.
and Natural Science? Trad. John Vriend. Grand Rapids: Nashville: Thomas Nelson, 1986. Apresenta as dife
Eerdmans, 1957. Trabalho clássico que trata particular rentes posições sobre as questões mais difíceis de
mente da natureza da palavra "dia" em Gênesis 1. Gênesis.
ogersom , John W. Genesis 1-11. Old Testament
87
Gênesis 12-50
Os patriarcas:
ancestrais da fé israelita
Esboço
• Pano de fundo
das narrativas patriarcais
• A história dos patriarcas
Esboço
Abraão e Isaque (12—25)
Jacó e seus doze filhos (25.19-36.43) Objetivos
José (37.1-50.26) Depois de ler este capítulo,
• Teologia das narrativas você deve ser capaz de:
patriarcais • Determinar a diferença de ênfase em
Eleição Gênesis 1-11 e Gênesis 12-50.
Promessa • Identificar os três personagens principais
de Gênesis.
Aliança
• Descrever a aliança que Deus fez com
Abraão.
• Explicar como Abraão ilustra a doutrina da
conversão.
• Comparar o relacionamento de Jacó e José
com a narrativa patriarcal.
• Ilustrar os conceitos teológicos da eleição,
promessa e aliança encontrados em
Gênesis.
89
Descobrindo o Pentateuco
* O que e um patriarca ? Esse termo refe- emprestado temas comuns a todas as culturas
patriarca . i. . i ~ r 1
re-se a indivíduos que estao nos fundamentos do antigo Oriente, adaptando-os de forma a
da nossa fé: Abraão, Isaque e Jacó. Eles, suas expressar a revelação divina. Em segundo lu
esposas e suas famílias são os pioneiros da fé gar, Gênesis 1-11 pintou um quadro terrivel
que abriram caminho para a Israel da antigüi mente pessimista do fracasso moral da huma
dade. Eles também têm uma posição de hon nidade. Uma vez que o pecado entrou no
ra no Novo Testamento. Os patriarcas são os mundo, ele se espalhou rapidamente e foi im
ancestrais da nossa fé. possível contê-lo.
Gênesis 12-50 começa a tratar do proble
ma do pecado. A história primeva estava cer
ta em sua avaliação da condição humana.
Pano de fundo da Apesar de haver uma linhagem fiel (a de
narrativa patriarcal Sete), até mesmo usando o dilúvio para des
truir toda a humanidade, menos os daquela
Gênesis 12 dá início a uma nova unida linhagem, não foi possível resolver o problema
de literária. As diferenças em relação a do pecado. Finalmente, Deus dispersou a hu
Gênesis 1-11 são evidentes. A unidade li manidade e tornou confusas as línguas. Co
terária de abertura de Gênesis tratava de meçando pelo chamado de Abraão em Gê
temas amplos e universais em termos seme nesis 12.1-3, a Bíblia introduz a solução para o
lhantes a outras obras da literatura da anti dilema pecaminoso do mundo. A obediência
güidade. Mas essas narrativas patriarcais fiel de um único indivíduo torna-se um ins
têm uma abrangência mais limitada e são trumento poderoso nas mãos de Deus.
singulares no mundo antigo. Elas dizem res Essa unidade descreve acontecimentos
peito aos membros de uma única família e que ocorreram durante um período de sécu
sua jornada de fé, em contraste com o tre los. Algumas vezes os acontecimentos são se
cho anterior que se preocupava em narrar a parados entre si por muitos anos e o texto dei
criação do mundo. xa de lado detalhes intermediários. Essa uni
Conforme vimos no capítulo anterior, Gê dade também tem poucas referências dos
nesis 1-11 tinha um propósito duplo. Primei acontecimentos históricos de outras nações
ro, esses escritos iam contra os outros sistemas do antigo Oriente Próximo que poderiam dar
de crença do antigo Oriente Próximo, ata ao leitor moderno uma âncora histórica. Além
cando-os em seu próprio território. Tomaram disso, tendo em vista que os patriarcas vive-
Pântanos
próximos à Ur
bíblica na
Mesopotâmia.
90
Gênesis 12-50
91
Descobrindo o Pentateuco
Viagens de Abraão
Mari
• D am asco
M A R M E D IT E R R Â N E O
Rio Jordão
D ESERTO DA A R Á
Mar M orto
Om
Nofe
EGITO
92
4
Gênesis 12-50
Abrao era um homem rico e bem-sucedi Mas seu pai, Terá, tinha se assentado em HARÃ
do. Mas uma área de sua vida estava cheia de na Síria moderna, talvez quando Abrão ain
dor e sonhos não realizados. Como Deus mui da era muito jovem.4 Depois da morte de seu
tas vezes faz conosco, ele tratou de Abrão a pai, Abrão tinha sua mulher, seu sobrinho e
partir desse ponto doloroso. A questão era a outros membros da família. Mas ele não tinha
falta de filhos de Abrão e os problemas que filhos. Esta era a pior situação possível para
isso representava naquela cultura antiga. Des um indivíduo daquela época e da idade dele.
de o início da história, a palavra de Deus a Durante a narrativa de seu chamado em
Abrão foi clara: ele faria a família de Abrão Gênesis 12, Deus pede a Abrão que deixe
crescer e tornar-se uma grande nação que para trás todas as possíveis fontes de seguran
seria uma bênção para a humanidade. O cha ça. Ele chama Abrão para tomar um passo de
mado de Abrão continha duas grandes pro fé, sair de Harã, viajar para uma terra desco
messas que eram de importância fundamen nhecida e começar de novo. Abrão viajou por
tal para um homem da antigüidade: terras e MORÉ, Betei e pelo NEGUEBE (sul da Palesti
descendentes. na). O objetivo da narrativa é mostrar a fide
A família de Abrão era originária de Ur lidade de Abrão ao longo do caminho — de
dos caldeus, que é provavelmente a cidade Ur para Harã até Moré.
famosa com esse nome no sul da Babilônia.3 O resto da unidade mostra como as gran
des promessas do chamado de Abrão são
cumpridas em sua vida. Há muitos altos e
baixos e muitas questões sobre a vida de
Abrão, suas decisões e a fidelidade de Deus.
Mas durante o suspense e o drama, a mensa
gem é clara: Deus estabeleceu um relacio
namento singular com esse homem e sua fa
mília. De alguma forma, ele iria cumprir suas
promessas a Abrão.
Durante uma grande parte da história,
Abrão parece falhar em suas tentativas. Já
no começo, ele teve que sobreviver à fome e
a um exílio temporário no Egito (Gn 12), a
uma disputa com seu sobrinho (Gn 13) e a
uma guerra regional (Gn 14). Mas Deus in
terveio para lembrar Abrão de suas promes
sas e assegurá-lo de que, no final, ele teria
sucesso (Gn 15).
Tendo em vista todas essas dificuldades,
não é de surpreender que Abrão tenha ques
tionamentos sobre o futuro. Gênesis 15 é uma
daquelas passagens importantes da Bíblia que
requerem uma leitura cuidadosa. Deus con
fortou Abrão e lhe assegurou das promessas
de seu chamado (v. 1). Abrão respondeu que
ele não tinha nenhuma evidência de que
aquelas promessas seriam um dia cumpridas
(v. 2). Pelo fato de continuar sem filhos du
rante todo aquele tempo, ele tomou outras
providências. Ele havia adotado Eliezer de
DAMASCO, supostamente um escravo, para
Escala herdar sua riqueza. Exemplos da Mesopotâ
mia mostram que um homem sem filhos po
0 50 100 mi
dia adotar seu próprio escravo.5 Mas Deus
I— r h— H garantiu a Abrão que um dia ele teria um
0 50 100 150 km
filho biológico que seria o filho da promessa.
Ele o levou para fora e pediu que Abrão olhas-
93
Descobrindo o Pentateuco
1.UMA CARTA DE MARI (Século 18 a.C.): 2 .UM TRATADO ENTRE ASURNINARI V, REI DA AS
Fui para Ashlakka e eles me trouxeram um cão SÍRIA E UM GOVERNANTE ARAMEU DA SÍRIA,
jovem e uma cabra a fim de que concluísse a MATEI LU DE ARPAD (Século 8Qa.C.):
aliança (literalmente, "matasse um filhote de ju Este cordeiro... foi trazido para sancionar o trata
mento") entre os aneus e a terra de Idamaras. do entre Asurninari e MatEilu... A cabeça não é a
Mas, em deferência ao meu senhor, eu não per cabeça de um cordeiro, mas sim a cabeça de
miti o uso do cão jovem e da cabra, mas em vez MatEilu, é a cabeça de seus filhos, seus oficiais e
disso, tomei o filhote de jumento, matei-o e as do povo de sua terra. Se MatEilu quebrar este tra
sim estabeleci a reconciliação entre os aneus e a tado, assim como a cabeça desse cordeiro será
terra de Idamaras. arrancada, que seja feito com a cabeça de
MatEilu... Estes ombros não são os ombros de
- Moshe Held, Notas filológicas sobre os rituais de aliança de Mari. um carneiro, mas sim os ombros de MatEilu, são
os ombros de seus filhos, seus oficiais, e do povo
de sua terra. Se MatEilu quebrar este tratado, as
sim como os ombros desse carneiro serão arran
cados, que seja feito com os ombros de MatEilu,
de seus filhos, de seus oficias e do povo de sua
terra.
AN ET, 532.
se para o alto e tentasse contar as estrelas do de pensar bíblico. Deus queria assegurar
aliança
céu. Assim seria o número da descendência Abrão de suas promessas e comprometer-se
de Abrão! com ele em um relacionamento íntimo e per
Em um dos mais importantes versículos da manente. N a misteriosa cerimônia descrita
Bíblia (v. 6), o autor simplesmente afirma que nessa passagem, um fogarciro representando
Abrão creu no Senhor, mesmo que ele fosse a presença de Deus passou por entre carca
idoso e sua esposa continuasse estéril. De al ças de vários animais enquanto Abrão dor
guma forma, Deus iria cumprir sua palavra, mia. O antigo costume determinava que os
mesmo que naquele momento Abrão não parceiros na ALIANÇA caminhassem por
pudesse ver como. Deus levou em conta a entre as metades de animais sacrificiais en
aceitação e confiança em sua palavra, consi- quanto estas ainda estivessem sangrando (Jr
derando-o um homem justo. Mediante essa 34.18). N a verdade, eles estavam prometen
fé, Abrão tornou-se o pai de “todos os que do não quebrar a promessa e, caso isso acon
crêem” (Rm 4.11). tecesse, eles se tornariam como aqueles ani
O apóstolo Paulo definiu a doutrina da jus mais mortos.6
tificação pela fé explicando como uma pessoa Apesar desses costumes serem distantes e
torna-se cristã (Rm 3.21-31). Para ilustrar essa estranhos para nós, fica claro que Deus esta
doutrina, ele escolheu Abrão como o exem va se comprometendo com Abrão em um re
plo perfeito da fé salvadora (Rm 4). Apesar lacionamento memorável. Deus estava, na
de Abrão ser de idade avançada e Sarai con verdade, invocando uma maldição sobre si
tinuar estéril, ele permanecia “...sem enfra caso não cumprisse sua aliança com Abrão.
quecer na fé...” “estando plenamente con Essa aliança, um relacionamento íntimo e
victo de que ele era poderoso para cumprir o duradouro entre Deus e Abrão, é uma entre
que prometera” (Rm 4.19-21). Esse é, verda várias na Bíblia. Podemos ver essa aliança com
deiramente, o tipo de fé que Deus está procu Abrão de forma modificada e adaptada, acon
rando em todos nós. tecendo com Moisés, Davi, Esdras e, mais tar
Da mesma forma, o restante de Gênesis de, Jesus Cristo. Lembre-se de que o Novo
15 é importante para a compreensão do modo Testamento é, de fato, uma nova “aliança”.
94
Gênesis 12-50
A caverna de
Vacpela em
-ebrom é, por
■.'adição, o lugar
onde os
oatriarcas
Abraão, Isaque
e Jacó foram
enterrados.
Em Gênesis 16 Abrão procurou uma solu Abrão pode ter imaginado que essa era a
ção alternativa. Sarai, sua esposa, ainda não maneira pela qual Deus lhe daria um herdei-
tinha dado à luz nenhum filho. Por causa de ro biológico, cumprindo suas promessas. Sarai
sua idade avançada, ela ofereceu a Abrão e Abrão estavam tentando fazer com que as
sua escrava egípcia Hagar, como uma espécie promessas de Deus acontecessem por meio
de mãe substituta. Mais uma vez, apesar des de suas próprias forças. Ismael, o filho de
se costume nos ser estranho, o antigo Oriente Hagar, não seria o filho da promessa.
Próximo tem outros exemplos de que essa era Deus oficialmente estabeleceu uma aliam
uma prática aceitável naquela cultura.7 ça com Abrão no capítulo 15. Mas as mu-
95
Descobrindo o Pentateuco
danças de vida conseqüentes desse relacio- pio, ele deixou Harã rumo a um destino des
namento com Deus só são descritas no capí- conhecido, Abraão deve ter suposto que Ló
tulo 17. O versículo de abertura deixa claro: seria seu herdeiro, pois Abraão já estava com
Deus é reto e ele esperava que Abrão levas setenta e cinco anos de idade. Então, quando
se uma vida de retidão (“anda na minha pre Ló se distanciou de Abraão, este adotou
sença e sê perfeito”, v. 1). No capítulo 15, Eliézer para ser o seu herdeiro (capítulo 15).
versículo 6, Deus considerou Abrão como Depois que Deus informou Abraão de que
sendo um homem justo por causa da sua fé. seu herdeiro seria seu filho biológico, Abraão
Essa justiça no Antigo Testamento, é o amor supôs que Ismael, filho da escrava de Sara,
e a confiança plenos da pessoa como um todo seria o próximo a assumir os seus bens. Mas
(Dt 6.5), como Abrão exemplificou. Ela re Deus queria dizer exatamente o que havia
sulta no caráter e nas ações corretas que falado. O filho da aliança não era Ló, nem
Deus procura em seus servos. Essa forma de Eliézer e nem Ismael, mas sim, Isaque!
viver é uma extensão da retidão santa e pró O capítulo 22 traz à história uma reviravol
pria de Deus. O Senhor informa a Abrão: ta surpreendente. Tudo na vida de Abraão
que aqueles que vivem em um relaciona tinha girado em torno de Isaque, o único filho
mento de aliança com Deus devem refletir com sua amada Sara. Isaque simbolizava o
essa retidão. cumprimento das promessas da aliança de
Estudos recentes isolaram essa unidade terra e descendentes (12.1-4). Isaque era a
(17.1-5) como sendo o ponto central do con esperança de Abraão para o futuro.
teúdo sobre Abrão.8 E nesse centro que con A ordem que veio de Deus era clara e in
vergem todos os aspectos importantes da vida confundível (22.2). A ordem é colocada de
de Abrão. Deus aparece para ele quando está forma cuidadosa para que não haja dúvidas.
com noventa e nove anos de idade e muda o O sacrifício no alto da montanha terá que ser
seu nome e o de Sarai. Desse ponto da narra Isaque. O único filho de Abraão com Sara, o
tiva em diante, eles passam a ser chamados filho que ele ama! Isso dificilmente seria um
de Abraão e Sara. — “Pai de muitos” e “Prin teste legítimo imposto à nossa fé, mas ele deve
cesa”. Aqui, como em outras partes da Bíblia, ter tocado o mais profundo da alma de Abraão.
a mudança de nomes simboliza uma nova rea Outras divindades do mundo antigo requeri
lidade, uma mudança na posição da pessoa am o sacrifício de criança; talvez esse fosse
diante de Deus (Saulo para Paulo, Simão para um aspecto sobre Deus que ele ainda não
Pedro etc.). Além disso, Deus introduz a cir conhecia.
cuncisão como um sinal físico da aliança. O capítulo começou com a informação de
Deus também informa Abraão e Sara, sua es que este seria um teste de fé para Abraão. Ele
posa de oitenta e nove anos, que eles vão con iria passar no teste? Ele obedeceria a Deus e
ceber e ter um filho dentro de um ano. levaria adiante esse terrível pedido? O versí
Este certamente é um ponto de mudança culo 3 nos dá uma resposta. Com grande de
na vida de Abraão. O fato singular que mar cisão e pouca hesitação, Abraão começa a
ca essa mudança é sua aliança (berit) com obedecer a ordem. Que luta deve ter sido!
Deus. Esse termo aparece treze vezes em vin Isaque era o filho da promessa; disso Abraão
te c dois versículos. Deus com freqüência se tinha certeza. Entretanto, agora, o Deus no
refere a ela como “minha aliança” que ele qual Abraão tinha aprendido a confiar estava
mostra por meio da mudança de nomes e o pedindo a vida de Isaque. Se Deus havia dado
sinal físico da circuncisão. Fica claro, portan a vida de Isaque de forma miraculosa, talvez
to, que Deus estabeleceu um relacionamen ele fosse trazê-lo de volta dos mortos (Hb
to de compromisso singular e permanente com 11.19). Essa passagem tem algo de estranha
Abraão. Assim, Abraão, o pai da nossa fé, ilus mente familiar. A ordem em si e a resposta dc
tra a doutrina cristã da conversão. Nosso rela Abraão tem paralelos diretos com o capítulo
cionamento com Deus por intermédio de Cris 12. Cada instrução divina (12.1; 22.2) pede
to nos marca para sempre e causa mudanças que Abraão tome uma atitude radical que
radicais em nossa vida. requer total dependência de Deus. Primeiro
Deus cumpriu sua promessa a Abraão e ele viajou para uma terra desconhecida; en
Sara de forma miraculosa. Isaque nasceu tão ele levou seu filho para ser sacrificado em
quando Sara tinha noventa anos de idade e uma montanha desconhecida. No primeiro
Abraão cem (17.17; 21.5). Quando, a princí caso, o comando foi imediatamente seguido
96
Gênesis 12-50
Um carvalho
marca o lugar
tradicional onde
Abraão armou
sua tenda em
Yanre.
de uma promessa (“...e te farei uma grande A questão presente nas histórias de Jacó
nação...” 12.2,3). Mas aqui não há promessa é: “O que será feito das promessas de Deus
nenhuma para aliviar o golpe. na aliança?” Jacó teve que fugir para sobre
Em ambas as passagens Abraão rápida e viver depois de sua disputa com Esaú (27.41-
calmamente obedece a palavra de Deus. Não 43). Agora, o filho da promessa está fugindo
há argumentação ou discussão. Tudo o que para longe da terra prometida. Além disso,
lemos mostra obediência, submissão humilde suas qualidades certamente não são aquelas
à vontade de Deus (12.4; 22.3). No capítulo de Abraão. Ele parece mais interessado em
12, Deus chamou Abraão a abrir mão de seu usar o momento para seus propósitos egoístas
passado e confiar nele. Agora, no capítulo 22, que obedecer o Deus de Abraão. Seu nome,
ele desafia Abraão a confiar a ele o seu futu que significa “Enganador”, é merecido! E
ro. Assim como antes, Abraão aceitou o desa agora a história depende desse novo perso
fio. Esse acontecimento é o clímax da jornada nagem. O que será feito da aliança e das
espiritual de Abraão. Ele provou ser fiel a Deus promessas?
de Ur para Harã até Moré e o Neguebe e O capítulo 28 responde de forma dramáti
agora em MORIÁ. ca. Enquanto fugia para sua terra natal pa
triarcal (Harã) para começar uma nova vida,
Jacó e seus doze filhos Jacó teve um sonho (vs. 10-22). No sonho,
(25.19-36.43) Deus confirmou que Jacó deveria dar conti
Apesar de Isaque ser o filho da aliança, ele nuidade à aliança patriarcal (vs. 13-15). Deus
logo deixa a posição de personagem principal reafirmou seu comprometimento com Abraão
quando nascem os seus filhos gêmeos (25.24- ao prometer dar a terra a Jacó e fazer dele o
26). Esaú é o primogênito e, mais uma vez, pai de uma multidão. Sua resposta é nobre,
supostamente o herdeiro das promessas da mas um tanto indiferente (vs. 18-22). O leitor
aliança. Mas os direitos de nascença têm pou pode não estar ainda muito certo do caráter e
co a ver com o favor de Deus. Jacó tomou o das intenções de Jacó, mas o caráter e as in
lugar do primogênito, uma ocorrência comum tenções de Deus são claros.
no Antigo Testamento (Efraim e Manassés, O resto da narrativa sobre Jacó descreve
Moisés e Arão, Davi e seus irmãos, etc.). O seu casamento com Lia e Raquel em Harã,
privilégio do status em função do nascimento seu relacionamento com Labão e o nascimento
não tem relação com a nossa posição diante de seus doze filhos. As promessas da aliança
de Deus. finalmente começaram a ser cumpridas por
97
Descobrindo o Pentateuco
meio da família cada vez maior de Jacó. Esses de Abraão, Isaque e Jacó, José não está dire
M essias
doze filhos, mais tarde, tomaram-se as doze tamente na linhagem das promessas da alian
tribos de Israel como nação. ça. O Messias veio por intermédio da tribo
Quando Jacó voltou para a Palestina, ele de Judá. Nesse sentido, José é um persona
procurou e encontrou a reconciliação com seu gem periférico no drama da história redento
irmão Esaú. Então, em uma passagem memo ra retratada na Bíblia. Mas a Bíblia também
rável (Gn 32), Jacó lutou com Deus (prova tem interesse em personagens secundários, es
velmente com um anjo, Oséias 12.4) e Deus pecialmente quando eles são exemplo do tipo
mudou seu nome para Israel. Assim como com de vida moral que Deus deseja.
seu avô Abraão, a mudança de nome de Jacó Assim, a narrativa sobre José é incluída
significou que houve uma mudança de cará em Gênesis por duas razões. Em primeiro lu
ter em função do seu relacionamento com gar, a vida de José é digna de ser imitada.
Deus. Jacó não era mais o “enganador”. Ele Sob as piores circunstâncias e as mais fortes
havia se tomado aquele que “luta com Deus”. tentações, José foi fiel a Deus. Sua história
Como sempre, o crescimento na graça signifi demonstra como Deus pode usar a obediên
ca uma mudança no estilo de vida. cia para atingir seus objetivos divinos e bene
Agora, com Jacó, as promessas patriarcais volentes, mesmo diante da dura perseguição
são parcialmente cumpridas. A promessa so e oposição dos homens (Gn 50.20). Em se
bre a terra terá que esperar por uma ocasião gundo lugar, a narrativa sobre José explica
futura, mas os descendentes de Abraão estão como o povo de Deus veio a se estabelecer
crescendo em número. Ao ler-se a narrativa no Egito em vez de ir para a Palestina. A
sobre Jacó, percebe-se que mais cedo ou mais ascensão de José ao poder no Egito e a mu
tarde ele alcançaria o sucesso na posição de dança de Jacó e sua família para lá significa
herdeiro das promessas da aliança, mas isso só vam que o povo das promessas da aliança de
depois de muito suspense. Deus estava vivendo longe da terra prometi
da. Mas o livro termina com uma visão do
José (37.1-50.26) futuro (“Certamente Deus vos visitará...”
A narrativa sobre José é singular entre as 50.25), antecipando o dia em que Deus iria
outras narrativas dos patriarcas. Ao contrário cumprir sua promessa ao seu povo.
Sumário
98
Gênesis 12-50
Eleição
I M
Pessoas/ Uma das idéias mais importantes é a da
eleição. O chamado de Abraão também
lugares-chave contém o propósito para o futuro de Israel:
Hamurabi “ ...de ti farei uma grande nação... em ti se-
Ur rão benditas todas as fam ílias da terra”
Termos-chave Harã (12.2,3)* Deus criou a nação de Israel com
Moré um propósito: servir de instrumento de sal
Patriarca Betei vação para o mundo. Muitas vezes, essa na
Narrativas patriarcais Neguebe ção tomou a eleição como sendo apenas um
Média Idade do Bronze Damasco privilégio e esqueceu-se de que ele também
Promessa Mari trazia responsabilidades.
Aliança Nuzi As circunstâncias incomuns em torno do
Messias Moriá nascimento de Isaque e Jacó ilustram mais
Eleição
claramente o princípio da eleição. A eleição
de Isaque em vez de Ismael e de Jacó em vez
de Esaú não foi por causa de seu caráter ou
suas ações. Ele os elegeu para dar continuida
WÊÊÊÊKKÊÊÊÊÊHÊÊÊÊÊHÊÊÊÊÊÊKÊmÊMÊÊKHÊÊÊÊÊÊKÊÊÊÊÊmÊÊHÊÊÊKÊm
de às promessas da aliança antes mesmo que
eles tivessem nascido. Eles não ba viam feito
Teologia das narrativas nada de bom para receber o seu favor. Eles
patriarcais foram escolhidos para estar na linhagem das
promessas da aliança, “não por obras, mas por
As narrativas patriarcais contêm muitos dos aquele que chama” (Rm 9.11).
fundamentos para o resto do pensamento e A eleição divina dos patriarcas concen-
da teologia cristã em geral. tra-se mais em seus planos para eles como
99
Descobrindo o Pentateuco
Leituras complementares
Baldwin, Joyce G. The Message o f Genesis 12-50. The Moberly, R. W. L. Genesis 12-50. Old Testament
Bible Speaks Today. Downers Grove/Leicester: lnter- Guides. Sheffield: JSOT, 1992.
Varsity, 1986. Ross Allen P. Creation and Blessing: A Guide to the Stu-
Clines, David J. A. The Theme o f the Pentateuch. dy and Exposition o f Genesis. Grand Rapids: Baker,
Suplement Series 10, Sheffield: JSOT, 1978. Impor 1988. Estudo evangélico de grande ajuda sobre os
tante volume que trata do tema da aliança nas nar aspectos literários do texto.
rativas do Pentateuco. Wenham, Gordon J. Genesis 16-50, Word Biblical
Kidner, Derek. Genesis: An Introduction and Commen Commentary 2. Dallas: Word, 1994. A exposição
tary. Tyndale Old Testament Commentary. Downers mais completa disponível, incluindo todos os mate
Grove: InterVarsity, 1967. Um comentário teológico. riais relacionados ao antigo Oriente Próximo.
Millard, A. R., Donald J. Wiseman, eds. Essays on the
Patriarchal Narratives. Winona Lake, Ind.:
Eisenbrauns, 1983. Uma excelente coleção de artigos
escritos por estudiosos de renome.
ensinou aos crentes patriarcais o que era es Nós nos apegamos às promessas de Deus. Mas
perado deles em seu relacionamento com devemos também compreender que conhecê-
Deus: “Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda lo e amá-lo significa seguir os seus caminhos
na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1). (Jo 14.15).
101
Êxodo
A fugamiraculosa
t.x a ü S B S ís---,'j *&ws sü iw *íéí. u-.~-"-$/-
Esboço
• Conteúdo do livro de Êxodo
Esboço
Os acontecimentos de Êxodo
a Problemas históricos do êxodo
Historicidade do êxodo
Objetivos
Data do êxodo
Rota do êxodo Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
* Significado teológico do êxodo
• Mostrar o contraste entre os começos em
Livramento
Êxodo e os começos em Gênesis.
Aliança
• Traçar o conteúdo básico de Êxodo.
Presença de Deus
• Dar exemplos de como Deus salvou Israel.
• Definir a lei casuística de acordo com
Êxodo.
• Explicar o propósito da aliança.
• Identificar os três maiores problemas
históricos do êxodo.
• Discutir o significado teológico do êxodo.
103
Descobrindo o Pentateuco
O livro de Êxodo fala sobre uma fuga auda A. Do Mar até Elim (15.22-27)
ciosa. Até mesmo o significado da palavra B. De Elim até o Deserto de Sim
“êxodo” é “uma partida rápida”.1 Pela graça e (16.1-36)
misericórdia de Deus, ele resgatou Israel de C. De Sim até Refidim (17.1-16)
uma vida de escravidão no Egito. Mas o livro D. A família de Moisés (18.1-27)
também trata do relacionamento de Israel com E. De Refidim até o Sinai (19.1,2)
Deus depois da saída do Egito. Êxodo descreve
esses dois principais acontecimentos: a partida III. A aliança no Sinai (19.3-24.18)
de Israel do Egito (resgate) e sua nova aliança A. Preparativos (19.3-25)
estabelecida com Deus (relacionamento). B. A aliança (20.1-23.33)
C. A cerimônia da aliança (24.D 18)
104
Êxodo
deixamos na conclusão de Gênesis. Mas pas- Deus havia se comprometido a resgatar o seu
hebreus
saram-se séculos. O número de pessoas do povo povo do Egito por causa de sua aliança com os
cresceu significativamente, o suficiente para patriarcas (v. 24). Por causa de Abraão, os is
tornar-se uma ameaça à população egípcia raelitas precisavam ser libertados do Egito.
(1.10). Com a finalidade de controlar essa Moisés pode ter esquecido, mas Deus não!
ameaça, os egípcios escravizaram os hebreus Os caminhos de Moisés e de Deus esta
e tentaram controlar sua taxa de natalidade vam para se cruzar. Deus havia decidido que
(capítulo 1). Moisés deveria salvar os israelitas; Moisés es
O nascimento de Moisés é a resposta de tava determinado a esquecê-los. O famoso
Deus a essa terrível provação. Exodo 2 relata chamado de Moisés próximo à sarça ardente
como o bebê foi poupado e educado na corte (Ex 3,4) é onde os dois se encontram. O resul
egípcia, o que lhe deu acesso à melhor edu tado é uma discussão clássica e poderosa. Deus
cação possível (At 7.22). Já adulto, Moisés chamou Moisés para voltar ao Egito e liderar o
tentou resolver as coisas à sua maneira, em povo para longe da escravidão. Moisés colo
uma tentativa patética de responder ao seu cou quatro objeções e Deus respondeu a to
chamado (Ex 2.11-15a). Como resultado dis das elas. Por fim, Moisés simplesmente se re
so, teve que fugir do Egito. Moisés foi parar cusou a ir: “Envia aquele que hás de enviar,
em Midiã, onde recomeçou sua vida. Ele de- menos a mim” (4.13).
dicou-se a uma outra ocupação, a uma nova Deus assegurou Moisés de sua presença no
família, em um novo lar na esperança de es Egito e de sua vitória no final. Com a ajuda de
quecer a terrível situação dos hebreus (vs. seu irmão, Arão, Moisés iria se tornar o liber
^ntura em uma 15b-22). tador de seu povo. Ele voltou ao Egito e alertou
: arede no Egito Mas Deus não esqueceu e nem abando o faraó sobre o desastre que estava prestes a
ostra um nou seu povo. Em um importante parágrafo cair sobre o Egito caso seu governante não
3 £cri ba fazendo
na conclusão do capítulo 2 (vs. 23-25) somos obedecesse ao comando de Deus de deixar o
3 contagem de
gansos em uma informados de que Deus sabia da lamentável povo ir. As dez pragas tinham o objetivo não
:'opriedade condição do povo. Ele ouviu, se lembrou, viu, apenas de forçar os egípcios a obedecer, como
ciai egípcia. tinha consciência dos gemidos dos israelitas. também de ensinar aos egípcios e aos israeli-
1 05
Descobrindo o Pentateuco
1 .Se um cidadão é acusado por outro e é posta 5.Se um cidadão quebrou um osso de outro ci
sobre ele a acusação de assassinato, mas não é dadão, ele deve ter um de seus ossos quebrado
possível prová-la, seu acusador deve ser morto (comparar com Êx 21.23-25).
(comparar com Êx 23.1 -3). 6 .Se, quando um boi estava andando na rua, ele
2 .Se um cidadão roubou o filho jovem de outro matou um cidadão a chifradas, essa morte não
cidadão, aquele que roubou deve ser morto pode ser cobrada. Se, porém, um cidadão tem
(comparar com Êx 21.16). um boi que chifra, foi avisado disso, não revestiu
3 .Se um cidadão foi cobrado de uma dívida e os chifres de seu animal ou o manteve amarrado
vendeu sua esposa, seu filho, sua filha ou a si em casa e esse animal matou um membro da
mesmo como escravo, eles devem trabalhar para aristocracia, ele deve pagar meia mina de prata
o credor por três anos, sendo a liberdade (comparar com Êx 21.28-36).
restabelecida no quarto ano (comparar com
Êx 21.2-11). - Selecionado do Código de Leis de Hamurabi, Leis 1, 14, 117,
4 .Se um filho bateu no pai, deve ter sua mão cor 195, 197 e 250-251, ANET (adaptado) 166-176
tas sobre o caráter soberano do Deus de Israel. No capítulo 19, os israelitas chegaram ao
lei casuística Monte Sinai. O resto do livro descreve os acon
Os egípcios criam que o seu rei-deus, o faraó,
era responsável por manter a fonte de vida, tecimentos que ali ocorreram. De uma forma
que era o rio Nilo, e fazer o sol se levantar dramática, Deus encontrou-se com a nação
todas as manhãs. Mas as pragas mostraram (vs. 16-25). Então, ele começou a transformar
que Iavé, o Deus de Israel, é que estava no um grupo de humildes ex-escravos em uma
controle da ordem cósmica.2 nação devotada a ele, “propriedade peculiar
Na noite da libertação dos israelitas, Deus dentre os povos” (v. 5). Assim como ele usou
estabeleceu uma data permanente para come' uma aliança para estabelecer um relaciona
morar o acontecimento, ou seja, a Páscoa (ca mento com os patriarcas, naquele momento
pítulo 12). As próximas gerações jamais deve- ele estava usando uma aliança com Israel.
riam se esquecer do grande e poderoso ato de A aliança do Sinai estava fundamentada
salvação de Deus. Exodo 14.30,31 serve de re- nos Dez Mandamentos (20.1-17). A Bíblia os
sumo teológico de todo o êxodo, um aconteci chama de “escrituras” (Dt 10.4) ao invés de
mento que se tornaria central para o futuro do mandamentos, porque são mais como dez prin
pensamento israelita. Naquele dia, o Senhor cípios para o viver que como leis. O resto das
salvou Israel e eles viram os egípcios morrerem leis baseou-se nessas escrituras. Os capítulos
à beira do mar. Essa visão tornou-se o sinal con 21-23 são chamados de “Livro da Aliança”
creto de que Deus havia realizado o ato salva (Ex 24.7). Esses capítulos fazem uma lista de
dor e dado nova vida ao povo de Israel.3 casos específicos em que os princípios da alian
A segunda unidade principal do livro nar ça se aplicam à vida. Esse tipo de lei (conheci
ra a estranha odisséia de Israel através do de do como lei casuística) era amplamente usa
serto. Como podia Israel questionar a Deus e do no antigo Oriente Próximo. Há diversos
reclamar em uma situação daquelas? Eles não paralelos da Mesopotâmia que ilustram como
tinham acabado de testemunhar um dos maio a Bíblia freqüentemente usou os estilos de
res milagres da História? Será que eles ainda redação e costumes da época para expressar a
não tinham entendido o que Deus havia fei revelação de Deus.
to por eles? Muitas vezes, o pecado e a rebe Depois que Deus entregou a lei à Israel,
lião vão contra o mais óbvio dos fatos. Se ao Moisés liderou a nação em uma cerimônia
menos nos lembrássemos de quem é Deus e solene e sagrada de aliança, unindo Deus e
do que ele fez por nós, iríamos obedecer sua a nação (24.3-8). Moisés aspergiu sangue
palavra mais que depressa. sacrificial sobre o altar, que representava
106
Êxodo
Deus (v. 6). Então, leu o Livro da Aliança aliança, derramado em favor de muitos, para
para o povo e aspergiu sangue sobre eles tam- remissão de pecados” (Mt 26.28).
bém (vs. 7,8). Moisés chamou esse sangue O propósito do tabernáculo no deserto era
de “sangue da aliança”, pois a cerimônia sim- bem claro desde o princípio (25.8). Não era
bolizava o tipo de aliança que havia sido fei- como nossas igrejas, estádios ou ginásios de
ta entre Deus e Abraão em Gênesis 15, usan esporte, onde grandes grupos de pessoas con-
do os animais divididos. Assim como Deus centram-se por diferentes motivos. Era a ma
uniu-se a Abraão, ele estava naquele ins neira como Deus poderia viver no meio do
tante unindo-se a Israel. Esse fato certamen povo. Antes disso, Deus havia demonstrado
te deve estar por trás das palavras de Jesus: sua presença com eles por meio das colunas
“isto é o meu sangue, o sangue da [nova] de fogo e de nuvem durante suas viagens pelo
deserto (13.21,22). Essa grande tenda, porém,
seria o lugar onde Deus habitaria. A glória de
Planta do tabernáculo no sua presença, que havia providenciado tanto
proteção quanto conforto para o povo, passa
deserto ria a residir no centro do acampamento israe
^ -------------------------- 50 cô vad os ---------------------------- ► lita. A própria palavra “tabernáculo” (mièkãn)
significa “lugar de habitação”.
A parte do livro que se refere ao taberná
culo usa o recurso da repetição. Sete capítu
los (25-31) dão instruções detalhadas de
como construir o tabernáculo e toda a sua
mobília e acessórios. Então, cinco capítulos
(35-39) relatam como Moisés e os israelitas
obedeceram as instruções em cada detalhe.
Apesar disso ser atípico para a literatura mo
derna à qual estamos acostumados, a inten
ção deve ficar clara. O povo foi obediente a
Deus, em cada detalhe do tabernáculo, das
cortinas aos colchetes.
O que está entre os dois trechos sobre o
tabernáculo, entretanto, é um exemplo de de
sobediência em massa (capítulos 32-34). En
quanto Moisés estava no Monte Sinai rece
bendo a lei de Deus, os filhos de Israel vira-
ram-se contra o Deus que havia acabado de
libertá-los da escravidão e miséria do Egito de
maneira rápida e estrondosa. Ao que parece,
cies queriam um Deus que se parecesse com
os deuses que estavam acostumados a ver no
Egito e em Canaã. Assim, enquanto Iavé cri
ava uma nação que iria refletir sua semelhan
ça moral, os israelitas estavam tentando criar
um deus à sua própria imagem.
O capítulo 40 é um clímax triunfante no
livro de Exodo. A frase repetitiva deixa claro
que Moisés e os israelitas fizeram o trabalho
de construção do tabernáculo “segundo o
Senhor tinha ordenado a Moisés”. Quando
tudo estava pronto da forma como havia sido
ordenado, a glória maravilhosa de Deus en
cheu o tabernáculo (v. 34). A presença de
Deus que liderou os israelitas na forma de
coluna de nuvem ou de fogo e que foi ao
encontro deles de forma tão dramática no
107
Descobrindo o Pentateuco
Monte Sinai, a partir de então, ficaria no taber ponto de serem reconhecidos por um faraó
náculo. Eles precisavam deixar para trás o Mon egípcio. Isso também serve de apoio para a
te Sinai, mas a presença de Deus iria com eles. data mais antiga.
Porém, outros argumentam que as evidên
aM M H W M a i a M a B a i M M i i — i cias arqueológicas da Palestina contradizem
a data mais antiga e sugerem, em vez disso,
Problemas uma data no século 13 a.C. Os 480 anos men
históricos do êxodo cionados em 1 Reis 6.1, nesse caso, são um
número idealizado. Esse número pode ser,
Assim como as narrativas patriarcais, o Li por exemplo, a soma total das 12 tribos de
vro de Êxodo faz poucas referências históricas Israel multiplicada por uma geração ideal de
a outras épocas e lugares do antigo Oriente 40 anos. O tempo real entre o êxodo e o tem
Próximo. Conseqüentemente, ficamos dian plo seria, então, de aproximadamente 300
te de diversas perguntas sem resposta quanto anos e não 480.
ao acontecimento que foi o êxodo. Êxodo 1.11 afirma que os israelitas traba
lharam na construção da cidade de Ramsés e
Historicidade do êxodo acredita-se que essa cidade foi construída pelo
A primeira dessas questões é acerca de faraó Ramsés II (1279-1213 a.C.). Assim, o
sua historicidade. A falta de fortes evidên êxodo não pode ter acontecido antes de 1279
cias extrabíblicas leva alguns a negar que o a.C., quando Ramsés começou a governar.
êxodo de fato ocorreu. Mas o êxodo é um Além disso, recentemente foram publicados
acontecimento tão central à teologia e ao relevos encontrados em Karnak que combi
pensamento dos israelitas que vieram depois nam com as inscrições da “Stela de Israel” e
dele que é inconcebível que esse evento não confirmam a data mais recente. Tendo em
tenha base em nenhum acontecimento his vista que a inscrição refere-se a Israel como
tórico nacional. Além disso, parece pouco “povo” e não como terra ou país, supõe-se que
provável que Israel iria incluir em seu passa Israel havia acabado de chegar e o povo ain
do episódios de servidão e sofrimento se isso da não estava completamente assentado. A s
não fosse verdade. Aqueles que questionam sim, o êxodo e a conquista foram aconteci
a historicidade do êxodo ignoram muitas mentos do século 13 a.C.
outras questões pertinentes. A reavaliação de evidências arqueológi
cas mostra que a arqueologia não tem como
A data do êxodo responder essa pergunta. A arqueologia pode,
O segundo problema está relacionado à de fato, ser usada para argumentar a favor da
data precisa em que o êxodo ocorreu. Basica data mais antiga.4 É impossível determinar
mente, há duas opções, apesar de haver mui uma única data para o êxodo devido à falta
tas variações de cada uma delas. O êxodo de informações mais completas. É claro que,
pode ter ocorrido em tomo de 1446 a.C. ou ainda assim, podemos afirmar a realidade do
1275 a.C. acontecimento mesmo sem saber exatamen
O primeiro livro de Reis 6.1 data o êxodo te quando ele ocorreu.
em 480 anos antes de Salomão construir o
templo em 966 a.C. Pela simples adição, che A rota do êxodo
gamos à data do êxodo no século 15 a.C. — O terceiro problema que se apresenta para
1446 a.C. Juizes 11.26 fala de trezentos anos aqueles que estudam o êxodo é identificar o
entre os tempos de Jefté (por volta de 1100 caminho que os israelitas percorreram depois
a.C.) e a conquista, o que aparentemente su de deixar o Egito, viajando através do deserto
geriria a data mais antiga. e até a terra prometida. Ramsés e Sucote (Êx
Uma inscrição egípcia conhecida como a 12.37) podem ser identificados com um certo
“Stela de Israel” registra o hino de vitória do grau de certeza. Mas os outros nomes de luga
faraó Merneptah com a data de 1209 a.C. res egípcios que são mencionados no relato
Essa inscrição relata a vitória do faraó sobre não são claramente identificáveis.5
vários povos da Palestina, inclusive o “povo de O mar que é conhecido como Mar Verme
Israel” (ANET, 378). lho desde os dias da Septuaginta, era na ver
Alguns podem afirmar que os israelitas dade o “Mar de Juncos” em hebraico. Supõe-
deviam estar naquela terra há muito tempo, a se que a extensão de água que o povo de
108
Êxodo
Israel cruzou miraculosamente é um dos la filisteus (Ex 13.17). Essa teria sido a rota mais
gos de água doce do D elta do Nilo, onde direta, porém não a mais fácil. A arqueologia
pode-se en con trar a presen ça do ju n co: confirma certas inscrições egípcias que falam
Menzaleh, Balá, Timsah ou os Lagos Am ar da forte presença militar egípcia ao longo des
gos (alguns acrescentariam ainda o lago se caminho, indo do Delta do Nilo até Gaza.
Sirbonis a essa lista).6 Provavelmente deve-se Os israelitas, guiados por Deus, evitaram esse
descartar o Golfo de Suez, no Mar Vermelho, caminho e foram rodear “pelo caminho do
bem como o GOLFO DE ÁCABA, já que esses deserto perto do Mar Vermelho” (Ex 13.18).
corpos de água salgada não têm a vegetação Podemos supor que esse caminho ficava mais
de junco necessária para qualificá-los como ao sul e foi tomado para não entrar em confli
um “Mar de Juncos”.7 to militar com os egípcios. Infelizmente, não
Uma vez do outro lado do mar e fora do podemos dizer exatamente qual era esse “ca
Egito, havia três opções de caminhos para os minho que rodeava”. A localização dos luga
israelitas tomarem até a península do Sinai: res importantes mencionadas ao longo das
as rotas do norte, do centro e do sul. narrativas do deserto ainda é incerta, até
A rota do norte acompanhava o “Cam i mesmo quanto à localização do Monte Sinai.
nho do Mar”, uma estrada internacional que A hipótese da rota central posiciona o
ia do Egito a Canaã acompanhando a costa Monte Sinai em algum lugar a noroeste da
do Mediterrâneo. A Bíblia refere-se a essa es A rábia Saudita, além do Golfo de Á caba.
trada como sendo o caminho das terras dos Alguns dos que defendem essa rota acredi
D e te rm in a n d o a d a ta do êxo d o
1) 1 Reis 6.1 — 480 anos Os números são levados a Os 480 anos são um número
desde o êxodo até o templo sério e são literais. idealizado e figurativo.
de Salomão
3) Juizes 11.26 — Jefté Jefté está aproximadamente Jefté não tinha registros
refere-se aos 300 anos entre o correto, localizando a históricos e estava fazendo
seu tempo (por volta de 1100 conquista transjordaniana uma generalização bastante
a.C.) e a conquista da Terra por volta de 1400 a.C. ampla.
Prometida.
4) A Stela de Menerptah — O Uma vez que o faraó os Outros grupos são designados
faraó do século 13 menciona mencionou pelo nome, os nas inscrições como cidades-
"o povo de Israel" como israelitas deviam estar lá há estado territoriais. Só Israel é
sendo habitantes da Palestina. um longo período de referido como povo. Isso
tempo. A visão que significa que eles provavel
considera o século 13 não mente haviam se estabelecido
permite tempo suficiente na região há pouco tempo. A
para que Israel fosse data do século 1 5 dá tempo
reconhecida pelo Egito. demais.
109
Descobrindo o Pentateuco
Vista de Jebel tam que as referências bíblicas à teofania Os defensores da rota do sul normalmente
Musa (Monte descrevem um vulcão ativo (Ex 19.18; 24.17, aceitam a identificação do Monte Sinai com
de Moisés),
etc.). Evidências geológicas apontam para a Jebel Musa (Monte de Moisés), onde hoje fica
identificado
com freqüência
existência de áreas com vulcões ativos na o mosteiro e a Basílica de Santa Catarina. A
como sendo o Arábia durante aquela época, enquanto as identificação de Jebel Musa com o Monte
Monte Sinai. montanhas da Península do Sinai não esta-- Sinai vem do começo da tradição cristã, du
vam ativas. Também, a terra de Midiã locali rante o século 4Q d.C. Porém, as irregulares
zava-se a leste do Golfo de Âcaba. Assim, montanhas de granito da Península do Sinai
quando Moisés fugiu do Egito e assentou-se oferecem várias outras possibilidades para a
teofania em Midiã, ele deve ter encontrado com Deus montanha de Deus: Ras Safsaf, Jebel Serbal,
no Monte Sinai (Ex 3.1), sendo este localiza Jebel Katarina ou Jebel Sin Bisher.
do, portanto, no noroeste da Arábia. Com freqüência, os israelitas davam no
Entretanto, a descrição dada pela Bíblia mes para lugares no deserto à medida que
da aparição de Deus no Sinai não requer um passavam pela região. Mas sem ter uma popu
vulcão ativo. Muitas teofanias do Antigo Tes lação contínua na região para manter tradi
tamento descrevem fenômenos extraordiná ção dos nomes, não é possível identificar essas
rios e Exodo 19.18 tem outras explicações mais localidades com precisão. Além disso, os is
plausíveis. Além do mais, a ligação entre Moi raelitas viveram um estilo de vida nômade
sés e os midianitas não nos permite tirar con durante esses anos no deserto. Suas tendas,
clusões. A Bíblia fala deles como sendo uma roupas de peles de animais e utensílios eram
sub-tribo, os qucnitas. O clã dos midianitas levados com eles, deixando para trás pouco
não estava assentado sobre uma única área, material para ser descoberto pelos arqueólo
mas sim, era um grupo de nômades que algu gos modernos. Como resultado disso, não te
mas vezes aparecia na Península do Sinai.8 mos informações específicas quanto à rota e
Nos dias de hoje, poucos insistiriam que a rota dificilmente haverá esclarecimentos em um
central foi a escolhida pelos israelitas. futuro próximo. Porém, a tradicional rota do
1 10
Êxodo
sul responde a mais perguntas que as outras. teologia cristã. A soberania de Deus resgatou
Esta é nossa melhor estimativa quanto à dire seu povo de uma vida de cativeiro unindo-os
ção tomada pelo povo de Israel logo após sua a ele em um relacionamento de aliança. O
libertação quando rumaram para a terra pro papel de Deus tornou-se central para o resto
metida por Deus. do Antigo Testamento. O êxodo, um aconte
cimento salvífico, foi o início formativo de Is
rael como nação tanto do ponto de vista his
tórico quanto teológico. Da mesma forma, a
Significado teológico vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo como
do êxodo um acontecimento paralelo de salvação foi o
início formativo da Igreja. Jesus falou de sua
O livro de Exodo e os acontecimento nele “partida” (exodos em grego) que seria consu
descritos são de importância primordial para a mada na cruz (Lc 9.31).
Possível Rota
,• A sd o d e
do Êxodo
M A R M E D IT E R R Â N E O
BAIXO EGITO
A . Jebel Helal
Cades-Barnéia
D ESERTO
ndes Aguas Amargas
D E 5U R
uenas Águas Amargas
SINAI
40 mi
111
Descobrindo o Pentateuco
Sumario
112
Êxodo
Mosteiro de
Santa Catarina,
localizado
próximo a Jebel
Musa (Monte
de Moisés).
natural do relacionamento entre Deus e os prova que as leis de Deus são verdadeiras e
israelitas. Os termos da aliança eram resulta justas (Sl. 19.7-10). Por outro lado, a obediên
do da graça de Deus e do amor pelo seu povo. cia às leis é a resposta correta à graça de Deus;
Ele deu as leis para a nação depois de tê-los não um meio para a salvação, mas uma con
redimido e estabelecido um relacionamento seqüência da salvação.
íntimo de união com eles. A lei serviu de selo
para esse relacionamento. Ao longo do Anti A presença de Deus
go Testamento, a lei é uma expressão positiva Livramento e aliança — estes são os temas
da vontade de Deus para o seu povo. das duas partes principais de Exodo (capítulos
As leis são uma parte da vida, quer sejam 1-18 e 19-40). Mas ao longo de todo o livro,
elas as leis naturais do universo ou as leis divi está presente a ênfase na presença de Deus.
nas recebidas de Deus. Não devemos que O propósito do êxodo para fora do Egito e da
brar as leis de Deus assim como não devemos aliança no Sinai, com a Lei e o tabernáculo,
tentar ir contra as leis da natureza. Tentar pode ser resumido da seguinte forma: Deus
quebrar a lei da gravidade pulando de um estava preparando Israel para que pudesse ir
penhasco, por exemplo, apenas prova que a viver no meio deles.
lei é verdadeira e acaba quebrando a pessoa A aliança patriarcal havia contido a pro
que tentou desrespeitá-la. Assim também é messa de descendentes e terras. Um elemen
com as leis de Deus. Quebrá-las só traz dor e to daquela promessa de terras em Gênesis era
viver na presença de Iavé. Quando a promes
sa foi confirmada aos filhos de Abraão, Deus
Termos-chave lhes assegurou “...serei contigo” (Gn 26.3 para
Isaque; Gn 28.15 para Jacó). A vida de José
Hebreus ilustra o princípio de se viver na presença de
Leis casuística
Deus (Gn 39.2).
Teofania
Mas no começo de Exodo, a terra ainda não
Aliança
Lugares-chave Torá
era uma realidade e os descendentes de Jacó
corriam o risco de extinção. Pior ainda, o povo
Monte Sinai era incapaz de herdar a terra da promessa de
Golfo de Ácaba Deus, pois eles não estavam preparados para
viver naquela terra. A vida na terra prometida
também significava vida na presença de Deus,
113
Descobrindo o Pentateuco
Os israelitas não estavam prontos para a O êxodo, de fato, marcou lavé para sem
vida na presença de Deus porque ainda não pre como sendo o Deus que está presente com
haviam aprendido sobre seu grande caráter. Israel para livrá-los. A afirmação de que os
Essa foi uma das lições das pragas. Eles esta patriarcas não conheciam Deus como lavé
vam despreparados para viver sob o seu se (Ex 6.3) não significa que o nome era com
nhorio, conforme demonstrado em Exodo 32 pletamente estranho para eles (ver Gn 22.14,
e como também podemos ver no livro de Nú onde Abraão usou o termo “lavé”). Mas de
meros. Conseqüentemente, eles também es pois de Moisés e dos israelitas, o nome é asso
tavam despreparados para herdar a terra pro ciado ao êxodo e à aliança do Sinai. Ele é o
metida. que estava com seu povo para redimi-los e
A ênfase que o livro dá à presença de Deus marcá-los com sua presença santa.
está relacionada à importante referência em Deus desejava um “reino sacerdotal e uma
Exodo 3.14. O significado do nome pessoal e nação santa” em meio à qual ele pudesse habi
íntimo de Deus, lavé, é de que Deus estava tar. O propósito do êxodo do Egito era que Deus
presente para Moisés e para os israelitas. Moi pudesse habitar no meio de seu povo. A vinda
sés perguntou para Deus o que dizer se os da presença gloriosa de Deus sobre o tabemá-
relutantes israelitas perguntassem quem o culo recém-construído constitui o clímax do
havia enviado ao Egito para libertá-los. Esse livro de Exodo (40.34). Assim, o tabernáculo
pedido por um nome era uma forma de eles era parte do cumprimento da promessa patriar
perguntarem “Exatamente que tipo de Deus cal de que Deus estaria com os descendentes
é o Deus de nossos ancestrais?” (v. 13). Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Mais tarde, o templo
respondeu para Moisés que ele deveria dizer em Jerusalém substituiria o tabernáculo como
“Eu Sou (o Deus que está presente com lugar de habitação da glória de Deus. Da mes
vocês)”. Seria uma longa jornada. Mas Moi ma forma, Cristo veio para “tabernacular” em
sés e os israelitas aprenderam por meio das nosso meio (Jo 1.14; Hb 1.1-9.15). Agora, o
pragas e do êxodo que tipo de Deus era (e Espírito Santo habita dentro da Igreja e cum
ainda é) lavé. Ele era o Deus que estava pre priu, portanto, o propósito maior tanto do taber
sente com eles em sua hora de sofrimento e náculo quanto do templo.
necessidade. Ele estava com eles para livrá- Na conclusão de Exodo, as promessas pa
los de forma poderosa. triarcais de Deus foram parcialmente cum-
114
Êxodo
Leituras complementares
Bimson, John J. Redating the Exodus and Conquest. Grove: InterVarsity, 1973. Introdução evangélica de
Journal for the Study of the Old Testament — Sup- ajuda sobre todas as questões de Êxodo.
plement Series 5. Sheffield: JSOT, 1981. Childs, Brevard S. The Book o f Exodus: A Criticai Theo-
Cassuto, Umberto. A Commentary on the Book os logical Commentary. Old Testament Library. Filadél
Exodus. Trad. Israel Abrams. Jerusalém: Magnes, fia: Westminster, 1974. Uma importante introdução
1967. Um excelente texto mostrando o ponto de teológica e literária ao livro de Êxodo.
vista judeu. Durham, John I. Exodus. Word Biblical Commentary 3.
Cole, R. Alan. Exodus: An Introduction and Commenta Waco, Tex.: Word, 1987.
ry. Tyndale Old Testament Commentary. Downers
pridas. Os descendentes de Abraão estão li tamento. Assim também, a aliança no Sinai
vres e em um relacionamento de aliança com tornou-se o principal símbolo de um rela
Deus. Eles ainda não estão vivendo na terra cionamento duradouro com Deus. Juntos,
prometida, mas têm a promessa e, no final do o êxodo e a aliança no Sinai constituem os
livro, recebem a presença de Deus. Exodo fala atos centrais de redenção no Antigo Testa
da salvação e da preparação dos israelitas para mento. Aqui, as promessas de Deus encon-
a vida na terra prometida. A dádiva da pre traram-se com as ações de Deus para salvar
sença de Deus é uma realidade do pré-cum- seu povo do cativeiro. O êxodo e o Sinai são
primento da promessa. acontecimentos tão centrais para o Antigo
O milagre do Mar de Juncos tornou-se o Testamento quanto o é a cruz para o Novo
principal símbolo da salvação no Antigo Tes Testamento.
115
7 Levítico
Instruções para se viver em santidade
Esboço
• P an o d e fu n d o
d o liv ro d e L e v ítico
• C o n t e ú d o d e L e v ític o
Esboço
Visão geral
Objetivos
• T em as d e L e v ític o
D e p o is d e le r e ste c a p ítu lo , v o c ê
Lei
d e v e s e r c a p a z d e:
Sacrifício
• Comparar as maneiras como os sacrifícios
Santidade eram usados em Israel e em outras culturas
da Mesopotâmia.
• Determinar as diferenças na ênfase de
culto em Levítico e em Êxodo.
• Traçar em linhas gerais o conteúdo básico
do livro de Levítico.
• Relacionar os tipos de sacrifício do Antigo
Testamento, explicando como eram
usados.
• Identificar os três temas básicos de
Levítico.
• Descrever de que forma o Cristianismo
moderno se relaciona com a lei do Antigo
Testamento.
117
Descobrindo o Pentateuco
Levítico é um dos livros mais negligencia fluxo de pensamento do Pentateuco. Ele teve
dos da Bíblia. Isto acontece por duas razoes. grande significado para os israelitas e ainda é
Primeiro, o livro parece um tanto estranho para pertinente para os cristãos modernos.
os leitores dos dias de hoje. A adoração
sacrificial nele descrita está tão distante dos
crentes de nossos tempos a ponto dessa pouca
familiaridade nos fazer evitar a sua leitura.
Pano de fundo do
Em segundo lugar, à primeira vista, Levítico livro de Levítico
parece interromper o fluxo de acontecimen
tos históricos do povo de Israel. Precisamos Todas as nações vizinhas de Israel e que
esperar até o quarto livro do Pentateuco, Nú faziam parte do antigo Oriente Próximo prati
meros, para ler sobre a jornada do Monte Sinai cavam a adoração sacrificial. O sacrifício de
até a beira da terra prometida. animais era comum na antiga Mesopotâmia e
Porém, Levítico tem um papel essencial semelhante ao de Israel. Até mesmo os ter
na palavra de Deus e oferece uma contribui mos usados em Israel para os diferentes tipos
ção vital para nossa compreensão do relacio de sacrifício eram os mesmos que os termos
namento de Deus com a humanidade. E pre usados por seus vizinhos mais próximos em
ciso que façamos um esforço a mais que é Canaã.1 Os sacrifícios no antigo Oriente Pró
requerido para entender essa mensagem. ximo, assim como em Israel, eram elaborados
Devemos todos procurar entender a antiga para oferecer comunhão com as divindades,
prática do sacrifício e seu significado para o para aplacar os deuses e assegurar a continui
Antigo Testamento. dade de seus favores.
De certa forma, Levítico realmente inter Mas existem certas diferenças entre o sis
rompe a narrativa do Pentateuco. A história tema de sacrifício em Israel e o de outras par
flui naturalmente do final de Exodo para tes do antigo Oriente Próximo. As diferenças
Números 10. Levítico e Números 1-10 cons superficiais são óbvias como, por exemplo, a
tituem uma intromissão de material legal. Mas ausência de holocaustos na Mesopotâmia, ao
essa observação demonstra a importância do contrário do que era praticado em Israel.2
livro. Os israelitas não teriam inserido Levíti Entretanto, há diferenças mais fundamentais
co em sua literatura sagrada se ele não fosse que tornam Israel singular.
relevante para sua história. Sua ênfase na san Em primeiro lugar, os mesopotâmios com
tidade pessoal, sacerdotal e nacional é parte freqüência usavam o animal sacrificado como
integral e necessária dessa história. meio de clarividência, a fim de discernir as
Apesar da estranheza e aparente desloca- futuras ações dos deuses. Especialistas em sa
lização, Levítico tem um papel importante no cerdócio acreditam que eles podiam decifrar
Um altar
redondo de
pedra de
aproximada
mente 2500
a.C. em Megido,
no vale de
Jezreel.
118
Levítico
o futuro por meio de estudos e “leituras” das história de Êxodo. Os israelitas tinham uma
levitas
entranhas dos animais mortos. Tais práticas nova relação de aliança com Deus e o Senhor
não existiam em Israel. mandou que Moisés se apresentasse diante
Septuaginta Em segundo lugar, o aspecto mais distinti do povo para dar instruções sobre as formas
vo do sistema sacrificial de Israel era o modo apropriadas de adoração (1.1,2). Tendo em
Código de como ele estava ligado à relação de aliança vista que o livro foi escrito para toda a nação
Santidade com Deus.3 Deus havia dado instruções para de Israel (como vemos em 1.2), devemos nos
os sacrifícios de Israel durante o último mês e lembrar de que ele ainda é Palavra de Deus
meio em que o povo estava no Monte Sinai, para os que o lêem nos dias de hoje.
entre a construção do tabernáculo (Ex 40.17) Enquanto Exodo termina com a ênfase
e a partida de lá (Nm 10.11). Os sacrifícios sobre onde adorar (o tabernáculo), Levítico
eram o ingrediente principal da união de ali trata da questão de como adorar a Deus.4
ança entre Israel e Deus. Não há nada com Depois de fazer uma relação de regulamen
parável nas outras nações do antigo Oriente tos para os vários tipos de sacrifício que pode
Próximo. riam ser oferecidos a ele, Levítico trata do sa
Uma terceira característica singular do cerdócio, das questões de pureza e santidade.
uso de sacrifícios em Israel é o conceito de
santidade. A definição israelita para o termo Esboço
“santo” (q ã d ô s , no hebraico) era baseada
I* As ofertas (1.1-7.38)
na elevada natureza moral e ética de Deus.
A. Leis gerais (1.1-6.7)
Por essa idéia ser tão central à aliança com
B. Leis sacerdotais (6.8-7.38)
Iavé (Ex 19.6), ela também teve impacto so
bre o uso israelita do sistema sacrificial para a II. O sacerdócio (8.1-10.20)
adoração de Iavé. Os vizinhos de Israel não A. Consagração (8.1-36)
tinham tal conceito. B. Instalação (9.1-24)
Apesar do sistema sacrificial parecer tão C. Conseqüências da desobe
estranho para nós, ele era parte do ambiente diência (10.1-20)
cultural de Israel. Não devemos nos surpre
ender que eles se sentiam à vontade para usar III. Pureza e impureza (11.1-16.34)
o sacrifício de animais como parte de sua ado A. Leis (11.1-15.33)
ração a Iavé. Mas também devemos nos lem B. O dia da expiação (16.1-34)
brar que existem diferenças gritantes entre a
maneira como Israel e os seus vizinhos prati IV. O Código de Santidade
cavam os sacrifícios. (17.1-26.46)
A. A santidade do sangue (17.1-16)
B. As leis morais (18.1-20.27)
C. Leis sacerdotais (21.1-22.33)
Conteúdo de Levítico D. Calendário de festas solenes
Quem eram os levitas? Por que o nome (23.1-44)
desse livro está relacionado a eles? Os levitas E. Azeite, pão e blasfêmia (24.1-23)
eram descendentes de Levi, um dos doze fi F. O ano sabático e o jubileu
lhos de Jacó (Gn 29.34). Arão c sua família (25.1-55)
foram escolhidos dessa tribo para servir de sa G. Recompensas e castigos (26.1-46)
cerdotes e oferecer os sacrifícios. Deus apon H. Votos e dízimos (27.1-34)
tou o resto dos levitas para servir no taberná
culo, auxiliando os sacerdotes no santuário
Visão geral
de adoração (Nm 3.5-10). As seções de abertura do livro tratam da
A Septuaginta deu ao livro o nome de Le forma correta de adoração dentro do taber
vítico porque partes dele falam de suas instru náculo (e mais tarde no templo permanen
ções sobre as ofertas para Deus. Essas partes te) : os cinco tipos aceitáveis de sacrifício (ca
servem de manual de instrução para o sacer pítulos 1-7) e as condições para o sacerdócio
dócio do Antigo Testamento. Mas o título representativo (capítulos 8-10) e para os ado
hebraico do livro é tirado da primeira palavra radores aceitáveis (capítulos 11-16). O resto
(;w ayy iq rã \ “chamou o Senhor”) , o que en do livro (capítulos 17-27, o chamado Código
fatiza que Levítico é uma continuação da de Santidade) é dedicado à vida correta fora
119
Descobrindo o Pentateuco
do tabernáculo. Assim, Levítico preocupasse Senhor” (1.9; 13,17; 2.2,9, etc.). Esses três sa
com a adoração e o viver corretos, como tor- crifícios reforçam o resultado das ofertas do
nar-se e permanecer santo. A Bíblia com fre- ponto de vista de Deus.
qüência liga a adoração correta dentro da igre- As seções que apresentam os outros dois
ja com ò viver correto fora da igreja. Qual sacrifícios (de pecado e culpa) têm organiza
quer adoração que tolere e permita compor ção e função diferentes. Eles estão menos pre
tamento errado, não é adoração cristã. ocupados com o valor do animal apresentado
Os sete primeiros capítulos servem como e mais com o tipo de pecado cometido (inten
um Manual de Ofertas para Todos os Israeli cional ou inadvertido) e a condição do peca
tas (ver o sumário em 7.38,39). Esses capítulos dor. Cada seção que trata desses dois sacrifí
descrevem cinco tipos diferentes de sacrifíci cios é marcada por variações da expressão “e
os. Os primeiros três sacrifícios (queimados, o sacerdote por eles fará expiação, e eles serão
cereais e pacíficos) são os mais comuns no perdoados” (4.20,26,31,35; 5.6,10, etc.).
Antigo Testamento. Cada descrição dessas Os capítulos 8-10 descrevem a ordena
ofertas conclui com uma variação da expres ção e instalação do sacerdócio e mostram as
são “oferta queimada, de aroma agradável ao conseqüências de atividades sacerdotais
Tipos de sacrifícios
Havia muitos tipos de sacrifícios no Antigo Testamento e diversas variações dos tipos
básicos aqui relacionados. Essa lista inclui apenas aqueles sacrifícios prescritos em
Levítico 1-7:
1 20
Levítico
Um artista impróprias. Não sabemos exatamente os de- em um clima quente, a carne era um grande
imagina talhes sobre o “fogo estranho” ou sobre risco à saúde.
sacerdotes
Nadabe e Abiú (10.1). Mas o contexto enfa Mas pode ter havido muitas razões teológi
fazendo um
sacrifício tiza a santidade de Iavé e a necessidade de cas para a proibição de certos tipos de comi
queimado em aproximar-se dele apenas da forma como ele das. Talvez algumas delas estivessem intima
frente ao prescreveu (10.3). mente associadas à práticas de adoração pa-
tabernáculo. Os capítulos 11-16 tratam da distinção en gãs. Outras eram proibidas porque a idéia de
tre a pureza e a impureza. Eles lidam com sangue e de vida eram sinônimas (Lv 17.11).
questões práticas do dia-a-dia: comida (capí Era esperado dos israelitas que eles demons
tulo 11), nascimento de uma criança (capítu trassem o mais alto respeito pela vida, de for
lo 12), pele e doenças causadas por fungos ma que até de animais comestíveis o sangue
(capítulos 13,14) e as excreções do corpo (ca devia ser totalmente drenado (17.13,14). O
pítulo 15). As restrições quanto à comida no povo só podia comer animais que tivessem se
capítulo 11 são um complemento das regras alimentado de vários tipos de grama, e todos
sobre a ingestão de carne. N a criação, os seres os predadores carnívoros eram uma parte proi
humanos tinham sido feitos para serem vege bida da dieta.
tarianos (Gn 1.29,30). Mas depois do dilúvio Por fim, temos que concluir que esses capí
Deus deu a Noé e sua família o direito de tulos sobre a distinção entre puro e impuro são
comer carne desde que o sangue fosse ade lições objetivas acerca de realidades ocultas.
quadamente drenado (Gn 9.3,4). Levítico 11 Os capítulos 11—15 são uma antecipação e
expande as restrições, baseando-se na distin um preparo para o dia da expiação. Eles des
ção entre animais puros e impuros. crevem o significado de impureza para que
Não sabemos explicar em todos os casos ela seja absolvida no dia da expiação (16.16).
porque comer certas comidas ou realizar cer Assim como os capítulos 1—7 descrevem os
tas atividades físicas causava a impureza. A l sacrifícios oferecidos e a instalação dos sa
gumas comidas eram impuras porque carre cerdotes (8-10), os capítulos 11-15 definem
gavam doenças. Nas sociedades antigas, onde as impurezas que fazem necessário o dia da
não era possível nenhum tipo de refrigeração expiação.5
121
Descobrindo o Pentateuco
O dia da expiação era um dos mais sagra- santidade para todos os israelitas. Ele abrange
leis tópicos que vão da pureza sexual, observân
dos do calendário do Antigo Testamento (ver
casuísticas
também Lv 23.26-32, em que ele é relacio- cia das festas sagradas até o tratamento justo
nado entre as “festas religiosas” ou “dias so- dos pobres. Esse apelo a uma vida santificada
Ienes”). Ao contrário de outros feriados im está baseado no caráter santo de Deus: “San
portantes de Israel, esse dia não comemora tos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus,
um dos grandes e poderosos feitos de Deus sou santo” (19.2).
no passado e nem celebra a sua bondade na
colheita. No dia da expiação, Deus provia
uma ocasião anual para a purificação de to
dos os pecados e impurezas que não foram Temas de Levítico
expiados durante o ano. Esse dia oferecia Levítico estabelece vários temas básicos
expiação para o sumo sacerdote, o taberná para o restante do pensamento bíblico. Auto
culo e o povo, para que todos pudessem estar res da Bíblia partiam do pressuposto de que
“purificados de todos os vossos pecados, pe
seus leitores compreendiam certos conceitos
rante o Senhor” (16.30).
como sacrifício, expiação, perdão e santida
Nesse único dia, a cada ano, era permitido
de. Levítico dá as definições fundamentais
ao sumo sacerdote entrar no Santo dos San
desses conceitos.
tos, o lugar mais recluso do tabernáculo (vs. 2,
3; ver planta do tabernáculo no capítulo an Lei
terior). Para lá, ele levava o sangue de um
Conforme vimos no capítulo anterior, o li
animal sacrificado para a sua própria expia
vro de Exodo esclareceu o conceito de lei con
ção e para a de todo o povo (vs. 14,15). Para o
forme ela era usada no relacionamento de
cristão, um novo Sumo Sacerdote acabou com
aliança entre Deus e os israelitas. Levítico,
a necessidade do dia da expiação. Cristo en
por sua vez, delineia uma grande quantidade
trou no Santo dos Santos de “uma vez por
todas” para fazer a expiação, não com o san de material legal. Um versículo quase no fi
gue de animais, mas com o seu próprio sangue nal de Levítico liga o livro todo à aliança do
(Hb 9.11,12). Sinai: “São estes os estatutos, juízos e leis que
O sangue do animal sacrificado era ape deu o Senhor entre si e os filhos de Israel, no
nas uma parte da cerimônia. Um elemento monte Sinai, pela mão de Moisés” (26.46).
singular dessa ocasião era o uso de um bode Mas a natureza da lei em Levítico é um
expiatório (ou “Azazel”, vs. 8-10, 20-22). O tanto diferente de sua natureza em Exodo.
significado exato de “Azazel” não está claro. Exodo delineava os Dez Mandamentos e ex
Alguns acreditam que ele se refere a um lu plicava de que forma eles se aplicavam à vida
gar maligno específico ou a um demônio do em aliança da antiga Israel. Levítico preocu-
deserto. Mas a palavra hebraica, conforme era pa-se com as leis para uma adoração correta
compreendida pelas traduções antigas, pro dentro da aliança, bem como com a pureza
vavelmente referia-se ao bode em si. Em am ritual. Para o cristão moderno a pergunta é:
bos os casos, a função do bode nessa parte da De que forma essas leis sobre ritos sacrificiais
cerimônia era clara. Ele simbolizava fisicamen e purificação ritual estão relacionadas a nós?
te a remoção do pecado do povo. Arão colo A mesma pergunta pode ser feita acerca das
cava suas mãos sobre a cabeça do bode, con leis casuísticas de Exodo 21-23.
fessava as culpas de Israel e depois mandava o Muitos cristãos fazem distinção entre as leis
bode para o deserto. Significativamente, as morais, civis e cerimoniais no Antigo Testamen
idéias de “levar” , carregar as iniqüidades para to. Os Dez Mandamentos são a lei moral. Leis
o deserto e “perdoar” são expressas pelo mes específicas da sociedade do Antigo Testamen
mo verbo em hebraico (n ã é ã \ v. 22). to são leis civis, enquanto leis que tratam de
Os capítulos 17-27 (algumas vezes apenas sacrifícios e ritos de purificação são leis cerimo
os capítulos 18—26) são conhecidos como o niais. Tendo em vista que Jesus restabeleceu e
código de santidade.6 A repetição do termo reafirmou os Dez Mandamentos (Mt 5), as leis
“santo” nessa seção significa que ele é o prin morais ainda se aplicam aos dias de hoje. Con
cípio unificador. Esse termo e seus derivativos tudo, muitos cristãos descartam o resto das leis
aparecem oitenta e cinco vezes nesses onze do Pentateuco como sendo retrógradas já que
capítulos. Esse trecho prescreve o caminho da tratam dos aspectos civis e cerimoniais.
122
Levítico
A sexualidade em Levítico
(Levítico 18)
Israel estava cercada de perversão sexual. Deus Seu relacionamento com Deus tornava os israeli
advertiu os israelitas para não viverem como os tas singulares no mundo antigo. Eles deveriam
egípcios que haviam deixado para trás e nem refletir o seu caráter santo, permitindo que ele
como os cananitas que estavam adiante (v. 3). Os tocasse todos os aspectos de sua vida. Permitir
vizinhos de Israel estavam se corrompendo com que Deus determinasse os padrões para a mora
todo tipo de comportamento antinatural: incesto lidade sexual também afetava a sua definição de
(vs. 6-18), adultério (v. 20), homossexualidade (v. família e de fidelidade dentro dos relaciona
22) e bestialidade (v. 23). Por isso Deus os havia mentos.
rejeitado e expulsado de suas terras (vs. 24,25). Assim também os cristãos são marcados por
Levítico 18 é uma advertência para os israeli seu relacionamento com Deus. Ceder e confor
tas guardarem-se dos pecados sexuais. Não dar mar-se — viver como os "cananitas" ao nosso re
ouvidos a esse aviso resultaria em expulsão da dor — é autodestrutivo (vs. 25 e 28). A maneira
terra prometida, como foi feito com os como lidamos com nossa sexualidade com fre
cananitas (v. 28). Em vez de cederem, eles deve qüência reflete quão seriamente submetemos to
riam ouvir a palavra de Deus; em vez de se con das as áreas de nossa vida ao controle de Deus.
formarem com os padrões do mundo, eles deve
riam se submeter aos padrões de Deus (vs. 3-5).
Mas essa divisão em leis morais, civis e ce tância moral de todos esses mandamentos
expiaçao
rimoniais não existia nos tempos de Jesus. A l continua a falar à Igreja dos dias de hoje. Je
gumas leis são tanto civis quanto morais, como sus resumiu a lei como sendo o amor a Deus e
as leis em relação ao adultério, roubo, falso o amor por toda a humanidade (Mt 22.36-
testemunho e assim por diante. Outras, são 40). Se perguntarmos, “Certo, mas como essa
tanto morais quanto cerimoniais, com a lei lei se aplica a mim?” a Bíblia nos convida a
contra a idolatria e o desrespeito ao sábado. examinar a antiga Israel como modelo e exem
Todas essas leis contêm uma dimensão moral, plo. Ao comparar nossa situação à deles, acei
tornando a divisão em categorias um tanto tamos a lei do Antigo Testamento como ten
arbitrária.7 Além do mais, essa visão das leis do sido confirmada por Cristo e, com a ajuda
do Antigo Testamento leva alguns cristãos a do Espírito Santo e lições aprendidas por meio
não considerar muito seriamente a afirmação da história da Igreja, os detalhes sobre como
de Paulo de que “Toda a Escritura é... útil devemos amar a Deus e ao próximo, devem
para o ensino, para a repreensão, para a corre tornar-se mais claros.8
ção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16).
Em vez de distinção moral, civil e cerimo Sacrifício
nial, é melhor que aceitemos algumas das Levítico é a fonte primária das regras do
leis do Antigo Testamento como sendo abran Antigo Testamento acerca de sacrifícios e de
gentes e voltadas para todas as sociedades. como oferecê-los a Deus de maneira apropri
Outras eram específicas para a cultura e so ada. Porém, o livro raramente declara qual é
ciedade israelita e não podem ser aplicadas a teologia por trás de tais sacrifícios (17.11 é
aos dias de hoje em nossa sociedade ociden uma exceção). De um modo geral, esses sa
tal moderna. Por outro lado, uma grande par crifícios (queimados, cereais e pacíficos) po
te do mundo de hoje pode estar mais ligada diam ser apresentados conforme o adorador
à antiga Israel do que imaginamos. Para a desejasse. Os últimos dois (sacrifícios de pe
maior parte da população do mundo, a apli cado e culpa) eram usados para oferecer a
cação específica de leis civis não está tão lon expiação dos pecados. A expiação é a elimi
ge da antiga Israel. nação da impureza causada pelo pecado. Ela
A lei do Antigo Testamento continua a ser resulta na remoção da culpa, na concessão de
a Palavra de Deus para nós, apesar de poder perdão e na restauração do relacionamento
mos aplicá-la em diferentes contextos. A subs entre o pecador e Deus.9
123
Descobrindo o Pentateuco
Sumário
124
Levítico
1. Por que Levítico é um dos livros mais 5. Faça a distinção entre as duas princi
negligenciados da Bíblia? pais categorias de sacrifício.
2. Quais são as principais diferenças entre o 6. Qual era a função e o ritual do dia da
sistema sacrificial dos israelitas e o de ou expiação?
tras nações do antigo Oriente Próximo?
7. Quais são os três principais temas de
3. Quem eram os levitas? Por que o livro Levítico?
tem seu nome relacionado a eles?
8. Em que se baseia o chamado de Deus
4. Quais são as quatro principais divisões para que Israel tenha uma vida santa?
do livro?
Leituras complementares
□
Harrison, R. K. Leviticus: An Introduction and Com formações do cenário das instituições religiosas do
mentary. Tyndale Old Testament Commentary. antigo Oriente Próximo.
Downers Grove: InterVarsity, 1980. Uma introdução Wenham, Gordon J. The Book o f Leviticus. New Inter
completa. national Commentary on the Old Testament. Grand
Hartley, John E. Leviticus. Word Biblical Commentary 4. Rapids: Eerdmans, 1979. A exposição mais completa
Dallas: Word, 1992. de todas as questões.
Ringgrem, Helmer. Religions o f the Ancient Near East.
Trad. John Sturdy. Filadélfia: Westminster, 1973. In
125
Números
rrH T T rrn r~ ’
O fracasso no deserto
rTPHiyinTTír^rriTiTiítT^iii iT"~iirnifinTT'T'iir7i~Tn" rT^Tiiijv^TiiiiiiPiiPinr'!"^... m |lyiiwiniiu............
Esboço
* Conteúdo do livro de Números
Estrutura literária
0 uso de núm eros no livro
Esboço
Visão geral
Objetivos
• O uso do livro de Números no
Novo Testamento Depois de ler este capítulo,
1 Coríntios 10 você deve ser capaz de:
Hebreus • Explicar a aparente desorganização do livro
de Números.
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Núm eros.
• Descrever as dificuldades da jornada do
M onte Sinai para o deserto de Parã.
• Relacionar os atos de rebelião de Israel e as
conseqüências desses atos.
• Dar exemplos da falta de fé da hum anidade
tirados de Números.
• Descrever os acontecim entos-chave que
ocorreram nas planícies de M oabe.
127
Descobrindo o Pentateuco
Israel tinha tudo a seu favor. Deus havia referências geográficas e cronológicas são ape
Septuaginta
realizado um milagre espetacular ao redimir o nas uma estrutura histórica que apóia diver
povo do Egito. A nação tinha um relaciona- sos materiais. Mesmo o padrão geral sendo cla
mento singular com Deus. A aliança do Sinai ro, o livro mistura seções legais, narrativas his
tornou-se completa com o tabernáculo, ins tóricas e registros de um censo, tudo feito de
truções para adoração e um complexo siste uma forma que parece quase arbitrária. A
ma legal — os novos planos traçados para o combinação de diferentes tipos de materiais
futuro de Israel. Diferente de qualquer outra (especialmente históricos e de leis) de manei
nação na História antes ou depois de Israel, o ra aparentemente aleatória leva alguns estu
povo israelita tinha tudo de que precisava para diosos a ver o livro como perdidamente desor
alcançar o sucesso completo. Mas a história ganizado.
de Israel não é de sucesso, pelo menos não de Mas quando estamos lidando com livros
sucesso imediato. O livro de Números relata bíblicos antigos, não devemos definir o aspec
suas lutas em relação à obediência e às conse to artístico literário de acordo com nossos cri
qüências da desobediência do povo. térios ocidentais modernos. A falta de um pla
nejamento e regularidade ao longo do livro
não quer dizer que ele seja confuso ou que
não tenha uma mensagem distinguível. Ali
Conteúdo do livro ás, materiais que parecem deslocalizados ou
de Números desorganizados em Números contribuem de
forma significativa para os temas principais. E
O livro contém os relatórios do censo regis no florescer da vara de Arão (17.1-13) e nas
trado por Moisés e pelos israelitas enquanto profecias de Balaão (capítulos 22-24) que po
estavam no deserto (capítulos 1-4,26). Os tra demos discernir mais claramente a mão de
dutores da Septuaginta chamaram o livro de Deus e seus propósitos.
arithmoi, “números”, que é usado pelas Bíblias Além do mais, apesar da diversidade lite
modernas. Mas o título hebraico bèm idbar , “no rária, é possível discernir um consistente pro
deserto”, reflete com mais precisão o conteú pósito temático em Números. BREVARD
do do livro. Números descreve acontecimen CHILDS demonstrou que o livro contém uma
tos que ocorreram durante os quase quarenta interpretação unificada da vontade de Deus
anos em que Israel vagou entre o Monte Sinai para o povo por meio do contraste do sagrado
e as PLANÍCIES DE MOABE. e do profano. O livro de Números retrata o
santo como “a presença de Deus, a bênção
Estrutura literária dos números, as leis de pureza, o serviço dos
O livro de Números está claramente orga levitas, a expiação de Arão e a herança de
nizado geográfica e cronologicamente em três uma terra pura”. Por outro lado, “o profano
partes. Primeiro, os israelitas estavam acam consiste de todo o tipo de imundície e os re
pados no Monte Sinai, em seguida eles vaga sultados da ira de Deus, suas pragas e julga
ram pelo deserto e, finalmente, eles estavam mentos, a perda da herança de um povo que
nas planícies de Moabe. estava morrendo e a poluição da terra”.1
Números 1.1-10.10 contém várias instru A certeza com a qual alguns estudiosos
ções e preparativos para a jornada do Sinai modernos criticam a estrutura literária de
até a terra prometida. Deus deu essas instru Números é infundada. E possível ver o livro
ções para os israelitas enquanto eles ainda es como um “diário de viagem”, organizado por
tavam no monte Sinai. Números 10.11—20.21 um editor algum tempo depois da morte de
relata a falta de confiança dos israelitas em Moisés.2 A aparente falta de unidade literária
Deus enquanto eles vagavam pela península de Números pode ser usada para argumentar
do Sinai, mais especificamente em CADES- que o livro foi composto em tempos muito
BARNÉIA, no deserto de PARÃ. Por fim, de antigos. A combinação de narrativa histórica,
pois de quarenta anos vagando, os capítulos instruções de cultos e uma variedade de ou
20.22—36.13 descrevem seus preparativos para tros materiais, tendo como pano de fundo a
entrar na terra prometida enquanto estão nas vida no deserto, iria, naturalmente, resultar
planícies de Moabe. Apesar da organização em uma organização literária incomum. Ten
geográfica e cronológica ser clara, o livro de do em vista essas circunstâncias, seria até
Números apresenta um problema literário. As mesmo surpreendente se encontrássemos uma
128
Números
A disposição das
tribos no
acampamento
N afta li
B e n ja m im Ju d á
E fra im Z e b u lo m
R úben
129
Descobrindo o Pentateuco
130
Números
Desobediência no deserto
( 1 0 . 11 - 2 0 . 2 1 )
131
Descobrindo o Pentateuco
O deserto de Há algo de irônico sobre os israelitas esta Quando os israelitas saíram de Hazerote e fo
Pa rã, a oeste da rem reclamando de sua alimentação no de ram mais para dentro do deserto de Parã
fronteira atual
serto e sentindo falta da variedade de comi (12.16), ficou evidente que eles não estavam
do Egito
moderno com a das do Egito. Será que eles haviam se esque dispostos a obedecer o Senhor. Seu destino
fronteira de cido de que eram escravos no Egito? Seria era a terra santa. Mas será que eles eram ca
Israel. possível que eles também tivessem rapidamen pazes de seguir a promessa?
te se esquecido de como Deus os havia salvo O maior fracasso de Israel foi recusar-se a
da dor e do sofrimento? Como podiam refutar entrar na terra santa quando Deus a ofere
sua orientação? Suas reclamações eram bem ceu a eles (capítulos 13,14). Números 13 rela
mais sérias que simples murmuração sobre a ta a famosa história dos doze espias israelitas,
comida. Os israelitas tinham uma atitude in entre eles Josué e Calebe. Quando Deus or
terior de rebelião que exerce um papel impor denou que Moisés mandasse espias à terra
tante no livro de Números. Eles estavam pro prometida, sua intenção era de que aquela
pensos a rejeitar a provisão de Deus e a lide fosse uma missão de reconhecimento, prepa-
rança dele em suas vidas, mesmo depois dos rando Israel para conquistar a terra (“Envia
milagres e livramento do Egito e a forma como homens que espiem a terra de Canaã, que eu
ele supriu todas as suas necessidades ao longo hei de dar aos filhos de Israel”, 13.2). Deus já
do caminho. estava no processo de “dar” a terra ao seu povo.
O capítulo 12 dá continuidade a esse tema Mas os espias voltaram com diferentes re
ao relatar a oposição de Arão e Miriã à lide latórios (13.25-33). Os cananitas estavam bem
rança de Moisés e, portanto, a Deus. A pró fortificados na terra e eram enormes em esta
pria família de Moisés estava com inveja por tura, fazendo os espias de Israel se parecerem
causa de sua posição singular diante do povo com gafanhotos (13.33). O trabalho seria tão
como único porta-voz de Deus. Deus afirmou enorme que, na opinião da maioria, a tarefa
de forma dramática que Moisés era o líder era impossível (ao que parece, Josué e Calebe
que ele havia escolhido. Mas agora, tanto a foram os únicos a colocar objeções, 14.6-8).
liderança quanto a população de um modo Quando ouviram os relatos, os israelitas ina
geral estavam discordantes e descontentes. creditavelmente se lamentaram de ter deixa
A nação toda parecia propensa a se rebelar. do o Egito: “Tomara tivéssemos morrido na
132
Viagem de Israel no Deserto Cf
M A R DA
G A L I L E IA
Edrei
Planfcií
9 de J s i t i m
Jerico
M oabe
M A R M E D IT E R R Â N E O j q
Q M o/ií íPisga
Jahaz
Horma •
M onte Hor
0 Caminho do Rei
\
SINAI
\*o \
%
D ESERTO
D E S IM
Vi
40 mi
40 km
Descobrindo o Pentateuco
terra do Egito ou mesmo no deserto!” (14.2) decer a orientação de Deus para que entras
Mais que depressa eles haviam decidido subs- sem e ocupassem a terra. Eles iriam morrer no
tituir Moisés por um novo líder que os levasse deserto. Mas Deus havia dado essas leis para a
de volta ao Egito (14.4). adoração e os filhos daquela geração precisa
Um desastre foi evitado por pouco quando vam aprendê-las antecipando o dia em que
Deus apareceu sobre o tabernáculo em toda a eles fossem viver em Canaã — um dia que
sua glória (14.10) e Moisés intercedeu pelo certamente chegaria.7
povo. Como castigo por sua desconfiança e A rebelião de Coré, Datã e Abirão (16.1)
desobediência, Deus declarou que todos ameaçou seriamente a liderança de Israel,
aqueles que tivessem vinte anos ou mais iri- especialmente a linhagem sacerdotal de Arão.
am morrer no deserto. Eles jamais veriam a Mas um terremoto matou os rebeldes e fogo
terra prometida! Só os seus filhos, depois de consumiu seus seguidores (16.31-43). Para
uma espera de quarenta anos, seriam permiti confirmar que a família de Arão era legitima
dos entrar na terra e dela tomar posse. mente de linhagem sacerdotal, Arão interce
Para piorar a situação, os israelitas tenta deu pelo povo com sucesso (16.44-50). Ainda
ram reverter o julgamento divino. Ao ouvi como defesa de Arão, Deus fez sua vara flo
rem as terríveis notícias, o povo decidiu que, rescer e dar amêndoas, em um teste para pro
no final das contas, era capaz de conquistar a var quem, de fato, havia sido escolhido por
terra de Canaã. Moisés os advertiu que era Deus (capítulo 17).
tarde demais e que eles estavam partindo por Os capítulos 18 e 19 contêm mais leis para
conta própria, sem a bênção de Deus. Mas proteger os israelitas da impureza. Os sacer
eles obstinadamente persistiram e logo em se dotes e levitas eram encarregados de evitar
guida perderam uma grande batalha para os que ocorresse julgamento divino por causa
amalequitas e cananitas em Horma (14.39- de qualquer impureza em relação ao taber
45, ver mapa). O capítulo 14 constitui o clí náculo (capítulo 18). O capítulo 19 diz res
max literário dessa unidade sobre a desobe peito especialmente aos rituais de impureza
diência de Israel. Eles persistentemente recu- causada pela contaminação devido ao con
saram-se a ouvir a palavra de Deus por meio tato com mortos. Mais uma vez, as leis levam
de Moisés e colocaram-sc cm perigo. em consideração a vida em Canaã. Nova
Os capítulos 15-20 relatam como, depois mente o autor coloca instruções para a vida
disso, o povo vagou no deserto durante quase futura na terra prometida logo após o relato
quarenta anos. Eles supostamente ficaram de uma rebelião e fracasso. O plano de Deus
próximos a CADES, no deserto de Parã (13.26), não seria alterado.
apesar do deserto de ZlM também ser men O pecado de Moisés em Cades serve para
cionado (20.1, ver mapa). Mas, curiosamen lembrar que nenhum líder humano, nem
te, esses capítulos nos contam pouco sobre os mesmo o próprio Moisés, está isento das con
acontecimentos desses anos. Eles não relatam seqüências da incredulidade (20.2-12). Ele
a rota percorrida pelos israelitas e nem perío dirigiu-se ao povo e não à pedra (20.10,11),
dos de tempo dessas viagens, como o autor faz refletindo assim a falta de fé na ordem dada
no resto do livro. Em vez disso, os capítulos por Deus. O Antigo Testamento não faz dis
contêm leis que os israelitas deveriam obede tinção entre fé e obediência. Fé é a resposta
cer assim que chegassem em Canaã e tam correta à Palavra de Deus, quer ela seja de
bém algumas histórias selecionadas sobre fra promessa ou de comando.8 Assim, os atos de
cassos e desobediência. Moisés foram comparados à rebelião do povo
E curioso o lugar onde encontram-se as leis quando eles se recusaram a entrar na terra
sobre ofertas a serem observadas em Canaã prometida no tempo de Deus. O seu destino
(capítulo 15). A transição dos capítulos ante foi o mesmo que o deles. Não lhe seria permi
riores até essas leis de cultos e rituais parece tido entrar na terra de Canaã (20.12).
um tanto abrupta e estudiosos se perguntam O livro de Números não relata os aconte
por que elas estão em Números e não em Le cimentos que ocorreram durante os mais de
vítico. Mas como vêm logo depois da revolta trinta e sete anos em que o povo vagou pelo
da Cades, essas leis podem ter a finalidade de deserto. Números não é uma história de Is
declarar veemente que os propósitos de Deus rael, mas sim uma dissertação acerca das con
iriam continuar com ou sem a geração mosai seqüências da desobediência. As leis nos ca
ca de israelitas. Eles haviam se recusado a obe pítulos 15-20 têm em vista o futuro da terra
1 34
Números
_____
vale do prometida e deixam implícito que nem mes um outro lugar, um lugar melhor que Deus
rdão e o local mo a rebelião de toda uma geração pôde im havia prometido para eles.
Jericó vistos
pedir Deus de cumprir suas promessas aos pa Além dos exércitos de Edom e dos amoritas
Monte Pisga.
triarcas. Os relatos da rebelião de Coré e do de Moabe e Basã, a jornada foi interrompida
pecado de Moisés em Cades indicam que as por mais reclamações dos israelitas. Números
promessas cie Deus iriam cumprir-se apesar 21.4-9 relata um episódio no qual serpentes
do fracasso na liderança de Israel. A geração “abrasadoras” (ou venenosas) atacaram o povo
de Moisés foi forçada a marcar tempo no de por causa de sua rebeldia. Quando o povo
serto, mas Deus não foi detido. Ele manteve- arrependeu-se de seu pecado, Deus instruiu
se fiel às suas promessas a Abraão mesmo quan Moisés a fazer uma serpente de bronze e
do os israelitas não tiveram fé. colocá-la em uma haste. Cada vez que uma
serpente mordesse um israelita, todo mordido
Preparativos nas planícies de Moabe que a mirasse viveria (v. 9). Esse aconteci
(20.22-36.13) mento foi uma antecipação da simplicidade e
O resto do livro de Números descreve os disponibilidade da salvação para nós. Assim
eventos nas planícies de Moabe (ver mapa como os antigos israelitas podiam ser salvos
8.1). A jornada para Moabe foi cheia de acon simplesmente por olhar para a serpente de
tecimentos (20.14-21.35). Moisés e os israeli bronze erguida no meio do deserto, da mes
tas enfrentaram vários exércitos de amoritas e ma forma nós podemos ser salvos ao olhar com
cananitas durante a marcha para a terra pro fé para Cristo erguido na cruz (Jo 3.14,15).
metida. A estratégia era evitar confrontos Números 22-24 apresenta o primeiro de
sempre que possível, tendo em vista que a uma série de acontecimentos que ocorreram
nação israelita não estava interessada em apo aos israelitas enquanto estavam acampados
derar-se dessas regiões transjordanianas nas planícies de Moabe. Balaque, o governan
(20.17; 21.22). Eles estavam a caminho de te de Moabe, estava preocupado, e com ra-
135
Descobrindo o Pentateuco
0 vale do
Jordão, as
planícies de
Moabe e o local
de Jericó vistos
do oeste.
zão, com a nação israelita acampada em seu que o grande vidente da Mesopotâmia, que,
“quintal”. Eles tinham demonstrado uma ca no final das contas, não era nem um pouco
pacidade surpreendente de subjugar qualquer brilhante. Ao perceber a presença do anjo de
inimigo que tentasse atravessar o seu cami Deus no caminho, o animal salvou a vida de
nho. Como forma de assegurar uma vitória Balaão (v. 33). O anjo confrontou Balaão e o
militar contra Israel, Balaque contratou os preparou para proferir uma bênção sobre o
serviços de um mago profissional para amaldi povo de Israel ao invés da maldição.
çoar o povo de Israel. Ele chamou Balaão do O resto da unidade (capítulos 23,24) con
norte da Mesopotâmia para que ele montasse tém as quatro bênçãos que Balaão proferiu
sua jumenta e voltasse com a delegação ofici sobre o campo de israelitas sem que eles sou
al de Moabe a fim de proferir a maldição. bessem. Para a decepção de Balaque, Balaão
O relato do que acontece em seguida é ao proferiu exatamente o oposto daquilo que
-mesmo tempo cheio de humor e extremamen Balaque o havia pago para dizer. Mas a ju
te sério (22.22-30) .9 A jumenta de Balaão pro menta falante não foi o elemento mais
vou ter mais astúcia espiritual e bom senso do miraculoso desse episódio. O Espírito de Deus
veio sobre Balaão (24.2) e reverteu a maldi
ção que ele havia planejado. Esse é o grande
j# Termo-chave milagre da passagem e deve ter surpreendido
até o próprio mago e, mais ainda, o rei moabita.
W Septuaginta
Durante esse episódio, Deus estava cumprin
do suas promessas da aliança, mesmo enquan
to Israel espalhava-se passivamente lá embai
Pessoas/ xo no vale.
Esse acampamento israelita em Moabe foi
lugares-chave a última parada antes de cruzarem o rio Jor
Brevard Childs dão e entrarem na terra prometida sob a lide
Planícies de Moabe rança de Josué. Nos dois campos provisórios
Pa rã anteriores (no Monte Sinai e em Cades), os
Hazerote israelitas haviam arriscado seu relacionamen
Cades to de aliança com Deus por meio da apostasia.
Zim O bezerro dourado de Arão no Monte Sinai
(Ex 32) e a série de rebeliões em Cades (Nm
136
Números
11-14) ameaçaram a existência de Israel. In registra um outro censo realizado para dar a
felizmente, o comportamento de Israel nas pla informação estatística necessária para dividir
nícies de Moabe não foi diferente. a terra prometida entre as diversas tribos. A s
Enquanto estavam acampados, separados sim, enquanto o pecado e a apostasia religiosa
de Jericó apenas pelo rio Jordão, os israelitas de Israel pareciam colocar em perigo o plano
entregaram-se à adoração do deus cananita da aliança para o futuro, Deus continuava a
Baal, um problema que esteve presente du insistir de maneira paciente e amorosa que
rante toda a sua história (Nm 25). Em Moabe, eles iriam entrar na terra.
a manifestação do baalismo cananita (Baal O resto do livro (capítulos 27-36) conta
de Peor) incluía a imoralidade sexual. Sob a dos preparativos finais para Israel antes que o
influência de Balaão (Nm 31.16; Ap 2.14) os povo deixasse as planícies de Moabe e entras
israelitas rapidamente começaram a se casar se na terra prometida. Essa mistura de Lei e
com as mulheres de Moabe e a adorar os seus narrativa histórica é uma forma implícita de
deuses (Nm 25.1-3). O desprazer de Deus tor reassegurar que as promessas da aliança em
nou-se evidente em uma grande praga (25.9) breve seriam cumpridas. O capítulo 27 apre
que quase pôs fim à nação. senta instruções para a adoração em ocasiões
Mas assim como em outras passagens em especiais do calendário religioso uma vez que
que o pecado e o castigo de Deus ameaçaram os israelitas estivessem em seu novo lar. Então,
acabar com o povo de Deus, a unidade se Josué é designado como o substituto de Moi
guinte apresenta material legal sobre adora sés e lidera o povo para a terra prometida
ção na terra prometida e instruções para a (27.12-23). Os capítulos 28-36 contêm ins
vida no novo cenário de Canaã. Números 26 truções sobre a divisão de lotes de terra, men-
137
Descobrindo o Pentateuco
ção de outras guerras contra adversários da seu novo relacionamento com Deus. Mesmo
região e leis de justiça e adoração que deve depois de Israel ter experimentado o êxodo e
riam ser implantadas em Canaã. o milagre de água e pão no deserto, eles se
rebelaram contra aquele que os salvou.
Paulo usou o fracasso dos israelitas relatado
0 uso do livro de no livro de Números para advertir os coríntios.
Os israelitas caíram em imoralidade sexual no
Números no Novo deserto (v. 8; Nm 25.1-9), rejeição rebelde de
autoridade (v. 9; Nm 21.5) e murmuração (v.
Testamento 10; Nm 14.2). O resultado foi um período de
quarenta anos vagando no deserto e depois a
1 Coríntios 10 morte. Os cristãos de Corinto corriam o risco
Paulo deixou claro que os pecados dos co de falhar nas mesmas situações. Paulo afirmou
ríntios não eram novidade (vs. 1-13). Como que o livro de Números tinha sido escrito como
novos cristãos, os coríntios deveriam cuidar advertência para eles e para nós (vs. 6,11). Ele
para que não voltassem aos antigos caminhos concluiu: “Aquele, pois, que pensa estar em pé
que os haviam escravizado. Paulo lembrou veja que não caia” (v. 12).
seus leitores de que os israelitas tambcm ti
nham começado uma nova vida de liberdade Hebreus
na graça de Deus. Ele usou os acontecimen O autor da carta aos Hebreus refere-se ao
tos de Exodo e Números para ilustrar que o relato dos espias e da recusa do povo em en
povo de Deus pode, algumas vezes, falhar em trar na terra prometida como sendo adver-
138
Números
Leituras complementares
Ashley, Timothy R, The Book o f Numbers. New Interna Maarsingh, B. Numbers: A Practical Commentary. Trad.
tional Commentary on the Old Testament, Grand John Vriend. Grand Rapids: Eerdmans, 1987.
Rapids: Eerdmans, 1993. Exposição e bibliografias. Wenham, Gordon J. Numbers: An Introduction and
Budd, Philip J. Numbers. Word Biblical Commentary 5. Commentary. Tyndale Old Testament Commentary.
Waco, Tex.: Word, 1984. Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1981. Co
Harrison, R. K. Numbers: An Exegetical Commentary. mentário mais informativo e de mais fácil leitura dis
Grand Rapids: Baker, 1992 (1990). ponível.
tências aos leitores cristãos (3.7-4.13). Essa Novas tinham chegado até os cristãos da mes
carta adverte os cristãos hebreus para terem ma forma como havia ocorrido com os israe
cuidado para que “jamais aconteça haver em litas (4-2) e, para nós, resta o “repouso do
qualquer de vós perverso coração de incre sábado” (4.9). Usando o fracasso dos israeli
dulidade que vos afaste cio Deus vivo” como tas como advertência, o autor encoraja seus
os antigos israelitas (3.12). Sua desobediência leitores: “Esforcemo-nos, pois, por entrar na
e incredulidade impediram que os israelitas quele descanso, a fim de que ninguém caia,
já cansados do deserto gozassem o descanso e segundo o mesmo exemplo de desobediên
a paz na terra prometida. Mas agora as Boas cia” (4.11).
139
Deuteronômio
9 A restauração da aliança
Esboço
• Conteúdo do livro
de Deuteronômio
Estrutura literária
Esboço
Visão geral
• Paralelos do mundo antigo Objetivos
Paralelos com os hititas Depois de ler este capítulo,
Estrutura de tratado em Deuteronômio você deve ser capaz de:
• A importância de Deuteronômio • Explicar a estrutura quiásmica dos discursos
para o pensamento bíblico de Moisés.
Papel de Deuteronômio no Pentateuco • Delinear o conteúdo básico do livro de
Deuteronômio.
Deuteronômio e os Livros Históricos
• Identificar os principais temas de cada um
dos três discursos de Moisés.
• Explicar o propósito do discurso de Moisés
sobre a lei.
• Demonstrar de que forma as leis discutidas
nos capítulos 12-26 são baseadas nos Dez
Mandamentos.
• Relacionar as razões pelas quais Deutero
nômio é, primariamente, um documento
da aliança.
• Comparar as similaridades estruturais entre
Deuteronômio e os tratados de suserania
do antigo Oriente Próximo.
• Avaliar o lugar de Deuteronômio entre os
nove primeiros livros do Antigo Testamento.
141
Descobrindo o Pentateuco
As coisas não aconteceram exatamente ginta ( Deuteronomion, “segunda lei”) não co
Septuaginta
como o planejado para Israel. Apesar de Deus munica de forma clara essa importante idéia,
ter libertado o povo do Egito de maneira ma- pois o livro é mais que uma simples reafirma
ravilhosa e de ter miraculosamente suprido ção da lei.1
suas necessidades no deserto, Israel falhou por
não obedecer a Deus. Eles recusaram-se a en
trar na terra prometida e rebelaram-se contra
a liderança de Deus. Como resultado, em vez Conteúdo do livro de
de alguns meses, a viagem do Egito até Ca- Deuteronômio
naã levou quase quarenta anos. Agora, uma
geração depois, o povo estava finalmente nas Deuteronômio continua a mostrar os israe
planícies de Moabe pronto para cruzar o rio litas a partir de onde termina a narrativa de
Jordão e apropriar-se das promessas de Deus. Números, “nas campinas de Moabe, junto ao
Mas não foi permitido a Moiscs entrar na Jordão, na altura dc Jcricó” (Nm 36.13). A
terra com o povo. Ele agiu com raiva em ocasião em que Deuteronômio foi escrito foi
Meribá (Nm 20) e teve que passar a lideran a importante renovação da aliança em Moabe,
ça para uma outra pessoa. Além do mais, pouco antes do momento em que o povo de
essa geração precisava apropriar-se da alian Deus estava para entrar na terra da promessa
ça e de suas promessas por si mesma. Era hora patriarcal. Em vez de relatar os detalhes da
0 fértil oásis de da aliança do Sinai tornar-se também a alian cerimônia da aliança em si, o livro apresenta
Jericó localiza-se ça de Moabe (Dt 29.1). O livro de Deutero os discursos de despedida de Moisés naquela
do lado oposto
do Rio Jordão às
nômio relata o restabelecimento da aliança ocasião. O livro contém três longos discursos
planícies de com Israel, incluindo as leis da aliança. O de Moisés que têm por finalidade exortar os
Moabe. nome “Deuteronômio”, do título da Septua israelitas a manter fielmente a aliança. Esses
discursos fazem um levantamento dos atos
salvíficos de Deus durante a geração anterior
e resumem as leis da aliança a fim de preparar
a nova geração de israelitas para o futuro.
Estrutura literária
O primeiro discurso de Moisés (1.1-4-43)
relata os atos poderosos de Deus em favor de
Israel desde o tempo da aliança no Sinai até
aquela cerimônia de renovação em Moabe.
Moisés queria ensinar sobre a natureza de
Deus como salvador e protetor para motivar
os israelitas a manterem a aliança (4.35-40).
O segundo discurso (4-44—26.19) reafirma as
leis da aliança que foram inicialmente apre
sentadas em Exodo 20—23. Os Dez Manda
mentos precisavam ser aplicados especifica
mente à nova vida do povo na terra prometi
da em vez da vida no deserto. O terceiro dis
curso (27.1—31,30) é o discurso final de Moi
sés para a nação. Ele começa mencionando
os castigos e bênçãos dependendo da obediên
cia à aliança, pede à nação que seja fiel no
futuro e formalmente comissiona Josué para
ser seu sucessor. O livro se encerra com três
apêndices: o “Cântico de Moisés” (capítulo 32),
a “Bênção de Moisés” (capítulo 33) e a morte e
o sepultamento de Moisés (capítulo 34) -
Estudos recentes também detectaram um
padrão de cinco partes concêntricas conheci-
142
Deuteronômio
r r ~ — ' do como quiasmo. Assim, os discursos de Moi- E. A liderança e a lei (31.1 -30)
Q uiasm o , i - i
ses podem ser descritos da seguinte maneira:
V. Apêndices (32.1-34.12)
A A ESTR U TU R A EXTERNA: A. O cântico de Moisés (32.1-47)
Uma retrospectiva B. O testamento de Moisés (32.48-
(capítulos 1-3) 33.29)
B A E ST R U T U R A IN T E R N A : C. A morte de Moisés (34.1-12)
Sumário da aliança
Visão geral
(capítulos 4-11)
C O N Ú C LEO C E N T R A L O livro começa com uma introdução de
Estipulações da aliança cinco versículos que estabelece a base teoló
(capítulos 12-26) gica e geográfica para o resto do livro. “São
B ’ A E S T R U T U R A IN T E R N A : estas as palavras que Moisés falou a todo o
A cerimônia da aliança Israel” nas planícies de Moabe, quarenta anos
(capítulos 27-30) depois do êxodo (v. 1). O versículo 2 sutil-
A A ESTR U TU R A EXTERNA: mente lembra o leitor das conseqüências do
Uma visão do futuro pecado e rebelião ao declarar que a viagem
(capítulos 31-34) do Monte Sinai até Cades-Barnéia era uma
jornada de apenas onze dias. Mas Moisés co
As duas partes da estrutura externa po- meça seus discursos finais quarenta anos de
dem ser lidas juntas como um todo contínuo, pois do êxodo (v. 3). A introdução encerra-
da mesma forma também podem ser lidas as se com a afirmação de que naquela ocasião
duas partes da estrutura interna. Esse tipo de “encarregou-se Moisés de explicar esta lei”
organização enfatiza o centro, que em Dem (v. 5). Deuteronômio é mais que uma reafir
teronômio é o conjunto de instruções legais mação da aliança e das leis de Exodo e N ú
para a antiga Israel.2 meros, apesar de muitas dessas leis encon
trarem aqui uma nova expressão. Deutero
Esboço nômio é, na verdade, uma exposição da alian
ça nesse novo cenário. O parágrafo também
L Prólogo (1.1-5) enfatiza o discurso de Moisés (“Moisés fa
lou”, vs. 1 e 3). Uma das principais afirma
II. A fidelidade do Grande Rei (1.6—
ções de Deuteronômio é de que Moisés fa
4.43)
lou aquilo que lavé lhe “mandara” (v. 3). O
A. Do Sinai até Cades-Barnéia
próximo parágrafo começa com a declara
(1.6- 2. 1)
ção enfática de que lavé, nosso Deus “fa
B. De Edom para as planícies de
lou” (a mesma palavra usada para o discurso
Moabe (2.2-3.29)
de Moisés nos vs. 1 e 3, dibber) aos israelitas
C. Exortação à obediência (4.1-40)
por meio de Moisés. Que não haja enganos
D. Cidades de refúgio (4.41-43)
quanto a esse ponto: Deuteronômio afirma
III. O modo de vida da aliança (4 44- ser palavra do próprio Deus.
26.19) O primeiro discurso: a fidelidade do
A. Introdução (4-44-49)
Grande Rei (1.6-4.43)
B. O grande mandamento (5.1-
11.32) O primeiro discurso apresenta uma teolo
C. Estipulações auxiliares (12.1— gia da História. Ao recapitular o passado re
26.19) cente, Moisés buscava preparar a nação para
obedecer a Deus no futuro. Deus comecou o
IV. Sanções da aliança (27.1-31.30) com a ordem para que o povo deixasse o
A. Cerimônia de promulgação Monte Sinai e entrasse em Canaã, que era a
(27.1-26) terra que ele havia prometido a Israel como
B. Bênçãos e castigos (28.1-68) cumprimento de suas promessas aos patriar
C. O juramento da aliança cas (1.6-8). Assim, a aliança já promulgada
(29.1-30.14) no Sinai era um cumprimento parcial da pro
D. O chamado para uma decisão messa de Deus aos patriarcas. Tendo em vis-
(30.15-20) ta que a promessa era eterna como o próprio
143
Descobrindo o Pentateuco
3.2) Ao agir sob o comando de Deus e obede mas mesmo um indivíduo como Moisés po
m onoteísmo
cer estritamente suas instruções, Israel apren dia cair em desobediência.
deu que a vitória é dada por Deus: “E o Se Tais ilustrações de obediência e desobe
Shema nhor, nosso Deus, no-lo entregou, e o derrota diência preparam o leitor para o capítulo 4.
mos” (2.33, ver 3.3). Nesse capítulo Moisés deixa de relembrar o
Depois de sobreviver a tantas vitórias, passado e exorta a nação sobre o presente e o
Moisés lembra Israel que as bênçãos de Deus futuro. Ele repetidamente adverte sobre “es
estão freqüentemente ligadas de forma di quecer” a aliança (vs. 9, 23). Moisés sabe
reta à submissão à sua vontade. Deuteronô que quando se trata de manter o compro
mio 3.23-29 explica que ate mesmo Moisés metimento com a aliança, o povo de Deus
teve que sofrer as conseqüências de suas tem memória curta.
Um artista ações pecaminosas. Ele não teria permissão
magina um para entrar na terra prometida por causa de Segundo discurso: o modo de vida
sumo sacerdote seu pecado em Meribá (Nm 20). Essa passa da aliança (4.44-26.19)
sraelita. Arão, o
gem oferece um contraste por estar localiza O sermão de Moisés sobre a aliança no ca
"mão de
Moisés, foi o da imediatamente após a descrição dos su pítulo 4 é uma preparação adequada para seu
primeiro sumo cessos de Israel. A nação alcançava o suces segundo discurso. Aqui, Moisés recapitula as
sacerdote. so quando se submetia à vontade de Deus, estipulações da aliança e as estabelece como
norma para um modo de vida para os israeli
tas depois de entrar na terra prometida. Essa
unidade é introduzida como: “a lei que Moi
sés propôs aos filhos de Israel” (4.44). Depois
de uma introdução editorial no capítulo 4.44-
49, Moisés começa seu discurso explicando
que estes são os “decretos e leis” da aliança do
Sinai agora aplicados à sua futura vida em
Canaã (5.1-3).
Deuteronômio 5-26 tem duas seções. Os
capítulos 5—11 compreendem uma declara
ção geral sobre a lei da aliança. Este é seguido
pela aplicação específica dessa lei à futura
sociedade e cultura israelita (capítulos 12-26).
A seção geral começa repetindo os Dez Man
damentos como um conveniente sumário dos
princípios do viver da aliança. Moisés enfatiza
que esses princípios de vida da aliança não
eram apenas para os seus ancestrais no Monte
Sinai. Essa nova geração de israelitas devia
aceitar as leis como sendo suas próprias (5.2,3).
Conforme vimos nos capítulos de Exodo e
Levítico, a lei significa instrução para um vi
ver de retidão. Na apresentação geral dessa
instrução, Moisés deu a expressão mais impor
tante do conceito israelita de monoteísmo:
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único
Senhor” (6.4). Esse versículo famoso é conhe
cido como Shema, que é a primeira palavra
em hebraico da frase (sè m a , “ouve”). A for
ma singular como Moisés declara essa grande
verdade é mais que uma simples expressão
filosófica da idéia de que o Deus israelita, Iavé,
é o único Deus existente. Esse é o seu signifi
cado. Mas também é enfatizada a constância
de Deus.3 Ele nunca muda; não há duplici-
145
Descobrindo o Pentateuco
dade em seu caráter. Nos dias de hoje, ele les que estivessem vivendo na terra prometi
politeísmo
atua da mesma forma como fazia no passado. da deveriam demonstrar obediência em to
Esse era um conceito novo para o antigo das as áreas da vida. A fidelidade à aliança
Decálogo Oriente Próximo, pois diferentes reações por não é apenas uma observância religiosa abs
parte da divindade implicariam diferentes trata, mas sim uma vivência diária.
divindades e, portanto, politeísmo. Mas Iavé Essa unidade contém uma desorientadora
é sempre o mesmo, ele nunca muda ou deixa série de leis. Estudiosos tendem a ver a dis
dúvidas sobre sua natureza. A declaração de posição dos capítulos 12—26 como totalmen
monoteísmo de Moisés não responde só a per te desordenada e irremediavelmente impos
gunta “quantos deuses há?”. Ela responde a sível de ser analisada de forma sistemática.
questão “Que tipo de Deus é o nosso Iavé?”. Mas estudos literários recentes discerniram
Ela afirma que ele é constante quanto a si um padrão no qual as leis dessas unidades
mesmo e quanto ao seu relacionamento com são baseadas nos Dez Mandamentos no ca
a humanidade. Ele é o mesmo para essa nova pítulo 5. STEPHEN A. KAUFMAN descreveu
geração nas planícies de Moabe que havia essa unidade como sendo um “DECÁLOGO
sido para os seus ancestrais no Sinai e como ampliado”.6 As leis dos capítulos 12-26 estão
ele é para qualquer geração de crentes. Por ordenadas em quatro questões principais que
causa disso, a declaração de Moisés sobre a são tratadas pelo Decálogo — os Dez Man
unicidade de Deus flui para a síntese das leis damentos.
de Deus: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, Essa observação parece ter resolvido o pro
de todo o teu coração, de toda a tua alma e blema estrutural das leis nos capítulos 12-26 e
de toda tua força” (Dt 6.5; Mt 22.35-37). Deus também do segundo discurso de um modo
pode e deve ser amado de todo o coração por geral nos capítulos 5—26.7
causa do seu caráter.
O propósito desse discurso sobre a lei não é
0 terceiro discurso: sanções da
primeiramente de informar os israelitas, mas aliança (27.1-31.30)
sim de formar sua espiritualidade. Os capítu O discurso final de Moisés é, na verdade,
los 5-11 têm por finalidade motivar a nação a uma combinação de discursos relacionados à
manter a aliança e obedecer as leis da aliança aliança e à transferência da liderança de
com Deus. Conceitos importantes relaciona Moisés para Josué. Os capítulos 27 e 28 pode
dos à continuidade da aliança são “amor” e riam muito bem ser considerados a conclusão
“temor”, e Moisés usa essas duas palavras re do segundo discurso, deixando os capítulos
petidamente nos capítulos 6-11 Ç ãh ab e 29 e 30 como o discurso final de Moisés.8
y ã r è \ respectivamente).4 Nessa unidade, No capítulo 27, Moisés dá instruções para
Moisés pede aos israelitas que amem e temam a cerimônia de renovação da aliança a ser
a Deus. Essas duas idéias não são incompatí realizada depois que os israelitas tivessem to
veis. N a verdade, uma complementa a outra. mado posse da terra prometida. N a antiga ci
O amor sem temor torna-se um sentimenta- dade de Siquém, no coração da terra prome
lismo meloso e não resulta em obediência, que tida, eles deveriam construir um altar e er
é o objetivo final dos capítulos 5-26.5 Da mes guer uma pedra memorial para aquela oca
ma forma, temor sem amor transforma-se em sião. A cidade ficava entre o MONTE EBAL
terror e afasta a pessoa de um relacionamento (v. 4) e o MONTE GERIZIM ( v . 12 ) . Moisés os
íntimo com Deus. Juntos, amor e temor pro instruiu para dividir as tribos, metade em uma
duzem um relacionamento sadio com ele e montanha e metade na outra. Nesse cenário
resultam em obediência à sua vontade. Nos dramático e impressionante, os israelitas de
capítulos 5-11, os mandamentos, estatutos e veriam comprometer-se novamente com a
ordenanças de Deus estão envolvidos nos con aliança de Deus. Os levitas deveriam entoar
ceitos de amor e temor por ele. a advertência sobre a quebra da aliança e o
Os capítulos 12-26 apresentam aplicações povo deveria responder por meio de antifonia.
específicas das obrigações da aliança, dando Em uma das cenas mais comoventes da histó
atenção especial à maneira como a lei aplica- ria de Israel, a cerimônia de renovação da
se à nova realidade em Canaã. As leis relaci aliança é realizada sob a liderança de Josué
onadas ao ritual de adoração (como aquelas Os 8.30-35).
em Levítico) estão mescladas com as leis que O capítulo 28 faz para os israelitas uma lis
dizem respeito a questões civis e sociais. Aque- ta das bênçãos e castigos da aliança. Em uma
146
Deuteronômio
teologia
deuteroncv As leis dos capítulos 12-267
m ica
doutrina simples de retribuição (freqüente - naquele instante como seria o seu comporta
mente chamada de teologia deuteronômi- mento futuro. A Bíblia adverte que não po
ca), Moisés explica que a fidelidade à aliança demos nos dar ao luxo de esperar até o mo
resultará em bênçãos no futuro enquanto a mento da tentação para decidir qual será nossa
desobediência resultará em castigos. Confor- resposta.
me veremos mais tarde, essa é a teologia bási Na parte final dos discursos, Moisés toma
ca por trás dos Livros Históricos. as providências necessárias para o futuro do
Apesar da doutrina de retribuição de Deu povo (capítulo 31). Ele começa passando o
teronômio certamente ser verdadeira, ela não poder para o seu sucessor escolhido: “Josué
é tudo, pois lida com o futuro próximo. Israel passará adiante de ti, como o Senhor tem dito”
só teria sucesso na terra prometida se fosse fiel (v. 3). Mais tarde, ele aparece com Josué no
à aliança. Por outro lado, se desobedecesse a tabernáculo para que a nação possa testemu
Deus, iria perder a terra. O resto da revelação nhar a transferência de poder (vs. 14-23). O
bíblica amplia o escopo ao ensinar que é o povo todo pôde ver que era o Senhor quem
caráter de cada um que, no final, determina havia comissionado Josué e não apenas Moi
seu destino eterno. As circunstâncias dessa sés (v. 23).
vida podem ter pouca relação com o caráter O capítulo 31 também garante o futuro da
de uma pessoa. Alguém que tenha nascido palavra escrita. Moisés escreveu “esta lei” (su
cego não pode ser acusado de ter essa defici postamente os discursos de Deuteronômio) e
ência por causa de pecado (Jo 9.1-3); pessoas deu ao povo instruções para lê-las publicamen
que morrem tragicamente em acidentes não te a cada sete anos (vs. 9-13). Ele deixou uma
se encontraram com a morte por causa de cópia das leis escritas com os levitas que deve
pecado (Lc 13.4,5). riam mantê-las na arca da aliança (vs. 24-29).
N a parte seguinte do discurso de Moisés
ao povo (29.1-30.14), ele recapitula as vitóri Apêndices (32.1-34.12)
as recentes de Israel sobre nações inimigas e Em obediência à ordem de Deus para que
prediz sua futura desobediência, exílio e re resumisse a aliança em forma de cântico
torno à terra prometida. Moisés os desafia a (31.19), Moisés compôs uma longa poesia
tomar uma decisão consciente quanto a ser contando a história de Israel (32.1-47). O
fiel ao seu comprometimento com Deus cântico tem o formato de um documento
(30.15-20). Ele coloca diante deles bênçãos e legal e fala do passado recente do povo, olha
castigos, uma escolha entre a vida e a morte. adiante para futuras rebeliões e exílio, e pre
Moisés conclama os israelitas a tomarem uma diz o perdão e a restauração de Deus. A in
decisão bastante antecipada, a decidirem tenção do cântico era motivar a nação a
147
Descobrindo o Pentateuco
firma aquela aliança nacional com a nova rança de Josué (Js 24) também têm essa es
suserania
geração de israelitas nas planícies de Moabe. trutura literária.
No meio dos anos cinqüenta, as origens
políticas e sociais da aliança do Sinai foram Paralelos com os hititas
descobertas em tratados do antigo Oriente Essa estrutura de tratado foi usada por di
Próximo. Apesar de alguns estudiosos de hoje ferentes nações durante muitos séculos da
discordarem, o consenso é de que Deutero história do antigo Oriente Próximo. Mas para
nômio compartilha da mesma organização nossos propósitos, os melhores exemplos po
estrutural que os tratados internacionais fei dem ser encontrados em documentos hititas
tos entre duas nações. Os tratados de suse da metade do segundo milênio (séculos 14 e
rania eram alianças políticas entre parceiros 13 a.C.). Essas alianças hititas de suserania
desiguais. O suserano (ou senhor) concor quase sempre seguiam seis elementos, ape
dava em entrar em um relacionamento de sar de haver consideráveis variações na se
união com seu vassalo (nação-súdita). Em qüência e nas palavras usadas nesses ele
tal acordo, o rei suserano oferecia proteção mentos.11
para o vassalo, mas a nação-súdita precisava 1. Preâmbulo — Essa introdução normal
pagar seus tributos fielmente e ser leal so mente identificava o rei-suserano, dando os
mente ao suserano. Muitos estudiosos acre seus títulos e atributos.
ditam que a aliança do Sinai (Ex 20-24) e a 2. O prólogo histórico — A segunda intro
renovação da aliança em Siquém, sob a lide dução descrevia as relações históricas entre
149
Descobrindo o Pentateuco
150
Deuteronômio
Um artista
imagina a tenda
de uma família
nos tempos do
Antigo
Testamento.
Durante os anos
em que
vagaram pelo
deserto, os
israelitas viveram
como nômades.
do em vista que tratados com essa estrutura teronômio também está voltado para a frente.
também eram usados durante o primeiro mi- Ele prepara os israelitas para sua futura vida
lênio. Ele demonstra, entretanto, a unidade com Deus na terra prometida e estabelece os
essencial do livro. Todo o livro de Deuteronô- alicerces teológicos para os Livros Históricos.
mio (com a possível exceção dos capítulos 33 Deuteronômio é um livro essencial para o
e 34) é parte dessa estrutura de tratado. Cânon do Antigo Testamento. Os nove pri
meiros livros da Bíblia (Gênesis a 2 Reis) po
mmmmmmmmmmssmmmsmmsBÊÊÊmÊÊÊKÊBmmmmimmÊmm dem ser cbamados de História Primária.13 Deu
A importância de teronômio está literalmente no centro dessa
história, servindo como uma “dobradiça” teo
Deuteronômio para o lógica sobre a qual todo o resto gira.
pensamento bíblico
Papel de D euteronôm io
O livro de Deuteronômio é importante por no Pentateuco
causa, da maneira com que ele conecta aqui
lo que o precede com o que vem depois dele. Deuteronômio é a expressão culminante da
Do ponto de vista histórico, a aliança nas pla aliança mosaica. Como nos livros anteriores do
nícies de Moabe uniu a aliança do Sinai com Pentateuco, Deuteronômio está extremamen
a vida na terra santa. Da mesma forma, Deu te preocupado com a lei. Aqui, mais do que
teronômio também faz uma ponte literária em qualquer outra parte do Pentateuco, o prin
entre o Pentateuco e os Livros Históricos. Ele cípio por trás da lei é o amor que caracteriza o
faz uma retrospectiva e ao mesmo tempo tem relacionamento entre Deus e o seu povo. Os
uma visão do futuro. Como recristalização da imperativos bem definidos dos Dez Manda
lei da aliança, o livro é um sumário do Penta mentos exemplificam esse princípio quando
teuco e dá a essa primeira e monumental par recebem aplicações mais específicas por meio
te da Bíblia o desfecho merecido. Mas Deu daquilo que é estipulado nos capítulos 12-26.
151
Descobrindo o Pentateuco
Sumário
1. Na forma dos três discursos de Moi 7. Em seu terceiro discurso, Moisés dis
sés, o livro de Deuteronômio apresen cute as sanções da aliança.
ta uma exortação para que Israel
8. Antes de sua morte, Moisés profere
mantenha a aliança.
uma bênção sobre cada tribo.
2. O livro de Deuteronômio é organizado
9. A organização do livro de Deuteronô
em um padrão concêntrico de cinco
mio é semelhante à de um tratado de
partes conhecido como quiasmo.
suserania, que era uma forma co
3. A fidelidade de Deus é o assunto do mum de acordo político no antigo
primeiro discurso de Moisés. Oriente Próximo.
4. O assunto do segundo discurso de 10. As seis partes de um tratado hitita de
Moisés é a revisão da aliança, que es suserania eram: preâmbulo, prólogo
tipula que a terra prometida pertence histórico, estipulações, depósito em
aos israelitas. templo e leitura periódica, lista de
deuses e testemunhas e bênçãos e
5. Moisés apresenta uma visão
castigos.
monoteísta para os israelitas que con
trasta com o politeísmo do antigo 11. Deuteronômio é o centro da história
Oriente Próximo. primária do Antigo Testamento.
6. A organização da lei nos capítulos 12. Deuteronômio é a base para a cha
12-26 segue os principais tópicos do mada História Deuteronômica.
Decálogo.
152
Deuteronômio
153
Descobrindo o Pentateuco
Leituras complementares
Christensen, Duane L. Deuteronomy 1-11. Word Bíblica! Craigie, Peter C. The Book of Deuteronomy. New Inter
Commentary 6a ed. Dailas: Word, 1991. Uma visão national Commentary on the Old Testament. Grand
singular com alguns insights úteis. Rapids: Eerdmans, 1976. Um dos melhores comen
, org. Song of Power and the Power of Song: tários disponíveis em inglês.
Essays on the Book of Deuteronomy. Sources for Thompson, J. A. Deuteronomy: An Introduction and
Biblical and Theological Study 3. Winona Lake, Ind.: Commentary. Tyndale Old Testament Commentary.
Eisenbrauns, 1993. Uma ótima introdução às princi Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1974.
pais questões e o ponto de vista acadêmico de Deu
teronômio.
154
Parte
Descobrindo
os Livros Históricos
Introdução aos
Livros Históricos
A História de Israel como nação
Esboço
• Conteúdo dos Livros Históricos
• O papel da História na Bíblia
Heródoto, o pai da História?
0 Cânon judaico e o Cânon cristão
História e Teologia
• Autoria dos Livros Históricos
Objetivos
A História Deuteronômica Depois de ler este capítulo,
Crônicas e Esdras-Neemias você deve ser capaz de:
Rute e Ester • Identificar o propósito de cada um dos
Livros Históricos.
• Explicar como a Bíblia é mais que um livro
de História.
• Discutir o papel da historicidade na fé
bíblica.
• Avaliar a visão Noth-Cross de autoria dos
Livros Históricos.
157
Descobrindo os Livros Históricos
159
Descobrindo os Livros Históricos
c baseada na historicidade de certos aconte Uma questão central sobre a autoria dos
Hexatcuco
cimentos passados. Historicidade é um ingre Livros Históricos é: “De que forma esses livros
diente necessário para a fé bíblica, apesar dc, estão relacionados uns com os outros e com o
Tetrateuco por si só, não ser uma base correta para a fé. Pentateuco?" Muitos estudiosos dão ênfase
No Antigo Testamento, a fé é definida em ter excessiva à relação entre Deuteronômio e
H istófia mos de acontecimentos passados, assim como Josué. Josué é o cumprimento da promessa
Deuteronô- também o é no Novo Testamento, onde a fé é aos patriarcas, c muito que fica pressuposto
mica baseada na ressurreição (ICo 15.12-19). no Pentateuco torna-se realidade em Josué.
Moisés, por exemplo, preparou a nação para a
cerimônia da renovação da aliança nos mon
tes Ebal e Gerizim, cerimônia esta realizada
Autoria dos Livros por Josué (Dt 27.5,6; Js 8.30-35). Além disso,
Históricos muitos estudiosos argumentam que as mes
mas fontes literárias que eles crêem terem sido
Todos os Livros Históricos são anônimos usadas para compilar o Pentateuco (JEDP)
(apesar das memórias pessoais de Esdras e também foram usadas em Josué. Ao invés de
Neemias terem sido usadas para compilar es Pentateuco, esses estudiosos argumentam em
ses livros). Outras referências bíblicas a esses favor de um Hexateuco, preferindo ver Gê
livros não ajudam a determinar a autoria. Os nesis-Josué como uma unidade literária.5
títulos indicam o assunto de um determinado Outros estudiosos enfatizam excessivamen
livro e normalmente não têm ligação com o te a relação entre Deuteronômio e as quatro
autor. Josué pode ter sido a fonte dc muito histórias contidas em Josué, Juizes, Samuel e
O monte que esta contido no livro com o seu nome, Reis. Supondo que Deuteronômio foi escrito
Gerizim visto do
mas a morte de Samuel está registrada em 1 em uma data mais recente (século 7e), essa
Monte Ebal.
Moisés Samuel 25. E pouco provável que ele tivesse teoria visualiza uma obra histórica autônoma
preparou os se envolvido de forma significativa na com editada durante o exílio. De acordo com esse
israelitas para a posição de 1 e 2 Samuel, apesar da tradição ponto de vista, Deuteronômio serviu como
cerimônia de judaica.4 Os livros de Samuel parecem ter re introdução para esse trabalho histórico, que
renovação da
cebido esse nome como forma de honrá-lo, se estendeu até 2 Reis (menos Rute). O resul
aliança realizada
por Josué nos
pois ele é a figura central das primeiras partes tado seria um Pentateuco truncado, com ape
montes Gerizim da obra e por causa de seu importante papel nas quatro livros. Esses estudiosos referem-se
e Ebal. na unção de Saul c Davi. a ele como Tetrateuco, contendo Gcnesis,
Exodo, Levítico e Números e uma História
Deuteronômica que vai dc Deuteronômio
até 2 Reis (com exceção de Rute).
A História Deuteronômica
A expressão clássica dessa hipótese foi
publicada em 1943 por MARTIN NOTH.6 A
hipótese afirma que um editor anônimo (cha
mado de “Deuteronomista” e abreviado como
Dtr) combinou diversas fontes em um único
e longo documento detalhando teologicamen
te a História de Israel. Depois da queda de
Jerusalém em 587 a.C., Dtr procurou inter
pretar a tragédia bem como explicar a queda
de Israel, ao norte, cm 722 a.C. Ele traçou a
punição divina dos reinos israelitas até o seu
pecado persistente e sua idolatria. Sua tarefa
era essencialmente negativa. Ele procurou
responder a pergunta: “O que deu errado?”
Essa hipótese tem ganho considerável apro
vação dc estudiosos. Ela já foi modificada de
diversas maneiras, mas a mais significante c a
161
Descobrindo os Livros Históricos
162
Introdução aos Livros Históricos
Assírios atacam
uma cidade,
conforme
mostra um
relevo daquela
época.
Estudiosos
acreditam que
os Livros
Históricos foram
escritos durante
o exílio.
nômio e ignora os paralelos com os tratados de mundo em comum, uma visão de mundo
hititas de suserania no antigo Oriente Próxi- deuteronômica. Mas eles também são bastan
mo, que deixam claro que Deuteronômio, in- te distintos de muitas outras maneiras.
cluindo sua introdução, encaixasse perfeita- Por fim, podemos acrescentar que todo o
mente em um contexto do segundo milênio. A ntigo Testam ento contém influências
Um outro problema é a forma como mui “deuteronômicas”. Fica claro que a doutri
tos estudiosos separam Deuteronômio do na da retribuição teve um papel especialmen
Pentateuco, criando um tetrateuco. Isso faz te dominante nesses Livros Históricos. Mas
com que os quatro primeiros livros da Bíblia isso não sugere que os patriarcas não conhe
tenham uma relação estranha entre si e que ciam tal doutrina, ou que Crônicas não esta
nunca pôde ser completamente justificada. va ciente dela. Outras partes do Antigo Tes
Quando definida dessa forma, a teoria força tamento têm diferentes papéis a cumprir, e a
uma quebra artificial ente Gênesis-Núme- influência deuteronômica seria menos perti
ros (que vem antes da conquista) e o livro nente para esses papéis que no caso desses
de Josué. Tal divisão também nega a função quatro livros.
canônica de Deuteronômio pela autoridade Assim, podemos nos referir de modo geral
de sua reinterpretação dos quatro primeiros a uma História Deuteronômica para falar des
livros.9 se relato unificado da História de Israel sem
Além disso, a teoria não justifica a enorme ter que aceitar todos os aspectos da teoria de
variedade de Livros Históricos. A História Noth-Cross. Os quatro primeiros Livros Histó
Deuteronômica, conforme foi definida por ricos (com exceção de Rute) certamente es
Noth, demonstra uma estrutura geral menos tão relacionados à teologia de Deuteronômio.
coerente que ele admitia. Esses quatro Livros A edição final de Reis foi completada depois
Históricos Qosué, Juizes, Samuel e Reis) são de 561 a.C., tendo em vista que esta é a data
livros autônomos. Eles são bastante diferentes do último acontecimento registrado nesses li
uns dos outros, de modo que não requerem vros (2Rs 25.27-30). Não há menção dos persas
um editor ou autor em comum. Juizes e Reis e de sua libertação dos judeus em 539 a.C.
usam a repetição concentrada para estruturar Podemos concluir, portanto, que Reis foi com
seu conteúdo, enquanto Josué e Samuel se pletado durante os últimos vinte e dois anos
guem princípios diferentes de organização. Es de exílio. E impossível determinar até que
ses quatro livros também têm consideráveis ponto o autor anônimo de Reis teve influên
diferenças de estilo e em seu propósito geral. cia na compilação de Josué, Juizes e Samuel.
Eles sem dúvida compartilham de uma visão Mas ele concebeu seu trabalho com sendo
163
Descobrindo os Livros Históricos
Sumário
164
Introdução aos Livros Históricos
Leituras complementares
-c.vard, David M., Jr. An Introduction to the Old Testa- Millard, A. R., James K. Hoffmeier, David W. Baker, org.
ment Historical Books. Chicago: Moody, 1993. Me Faith, Traditions and History: Old Testament
nor volume de introdução. Historiography in Its Near Eastern Context. Winona
ig, V. Philips. The Art o f Biblical History. Grand Ra- Lake, Ind.: Eisenbrauns, 1994. Um importante ponto
o;ds: Zondervan, 1994. Uma importante discussão de vista acadêmico sobre muitas das questões relaci
:eológica de todas as questões. onadas aos Livros Históricos.
165
11 Josué
Conquista e divisão
Esboço
• Esboço
• Pano de fundo
do livro de Josué
Josué, o homem
Data e autoria Objetivos
A arqueologia e o livro de Josué Depois de ler este capítulo, você
Temas de Josué deve ser capaz de:
• Mensagem do livro de Josué • Delinear o conteúdo básico
Israel conquista a terra prometida do livro de Josué.
(capítulos 1-12) • Relacionar os acontecimentos que Deus
Israel divide a terra prometida usou para preparar Josué para seu
papel de líder.
(capítulos 13-21)
• Identificar os três temas de Josué.
Israel começa a se assentar na terra
prometida (capítulos 22-24) • Discutir as razões pelas quais Israel foi
autorizada a conquistar Canaã.
• Relacionar os três desafios que Deus deu a
Josué depois da morte de Moisés.
• Explicar o significado dos acontecimentos
da investida central nos capítulos 6-9.
• Avaliar o desafio final que Josué deixou
para Israel.
167
Descobrindo os Livros Históricos
mHÊÊmÊMÊÊÊKÊHÊÊÊÈÊmÊKÈBÊKÊmÈKMHÊKÊÊHKÊÊÊÊÈÊÊÊÈHÊÊÊÈUÊÊm
Pano de fundo do
livro de Josué
O livro de Josué dá continuidade à história
do Pentateuco. Deuteronômio termina com
um relato da morte de Moisés e Josué começa
com as palavras: “Sucedeu, depois da morte
de Moisés...”. Os propósitos de Deus para Is
rael seriam levados adiante por Josué,
Josué, o homem
Josué aparece pela primeira vez no registro
bíblico em Exodo 17.9-14, onde a Bíblia relata
que ele liderou o exército de Israel na vitória
contra os amalequitas. Também o encontra
mos ao pé do Monte Sinai quando Moisés re
cebe a lei (Ex 24-13) c perto da congregação
enquanto Moisés encontra-se face a face com
Deus (Ex 33.11). O Senhor usou Moisés para
preparar Josué para liderar Israel.
Mais tarde, Josué foi um dos doze homens
que Moisés mandou para Canaã como espias
(Nm 13.18). Josué, com Calebe, pediu ao povo
que tomasse a terra pela fé, mas o relatório
negativo da maioria dos espias prevaleceu
168
Josué
0 livro de Josué registra a conquista de Canaã por Israel. Deus menos para essa parte do livro.
ordenou que seu povo destruísse os cidadãos de Canaã, sem • A frase comum “até ao dia de hoje”
poupar ninguém. De que maneira os cristãos podem tratar de (4.9; 5.9; 7.26 etc.) sugere que passou-
passagens da Escritura como essa? Será que a Bíblia nos enco se um certo período de tempo entre os
raja a praticar a "guerra santa"? acontecimentos e seu relato, mesmo
Quanto à conquista de Canaã por Israel, é preciso nos lem que não seja necessariamente um
brarmos dos seguintes pontos: período muito longo.
• A menção dos jebuseus em Jerusalém
1. Os povos de Canaã eram extremamente perversos e (15.63) sugere uma data anterior a
seus costumes sociais e religiosos iravam o Senhor (Lv 1000 a.C., quando Davi conquistou
18.24-30). Jerusalém e os expulsou (2Sm 5.6-10).
2. Deus havia dado a eles tempo para se arrependerem, • A referência aos cananitas em Gezer
mas eles não haviam mudado. (16.10) implica uma data anterior a
3. Deus usou os israelitas como seus instrumentos de julga 970 a.C. aproximadamente, quando o
mento contra os povos de Canaã (Js 11.18-20), assim rei do Egito conquistou Gezer e a
como, mais tarde, ele usou os assírios e babilônios para ofereceu para Salomão (1 Rs 3.1; 9.16).
julgar Israel e Judá (2Rs 17.6,7; 24.20-25.7).
4. "Guerras santas" (ou a prática de herem) aconteceram Ao revisarmos essas evidências, parece ra
apenas em determinadas épocas da história de Israel zoável concluir que a maior parte do livro é
(1 Sm 15.1-3; 2Cr 20.15-23) e não devem ser vistas resultado de narrativas feitas por testemunhas
como um padrão para gerações futuras. oculares, talvez escritas pelo próprio punho de
Josué. Além disso, as referências históricas
| A destruição dos cananitas por Israel demonstra como Deus sugerem que o livro já estava em sua presente
leva a sério o pecado. Ele governa as nações e pode muito bem forma antes do tempo de Salomão.
julgar aquelas que se opõem a ele. Os cristãos devem dar ouvi
dos a essa advertência e buscar promover a justiça e retidão A arqueologia e o livro de Josué
em sua nação. Não nos atrevamos a supor que Deus irá tolerar Arqueólogos escavaram muitos locais que,
a perversidade para sempre. de acordo com a Bíblia, foram conquistados
pelos israelitas. Evidências de Jerico, infeliz
mente, mostraram-se inconclusivas, mas es
(Nm 14.1-10). O julgamento dc Deus caiu cavações em Laquis, Debir e Hazor revela
sobre eles e Israel teve que vagar pelo deserto ram enormes camadas de destruição relativas
até que a geração incrédula morresse, mas o ao século 13 a.C. aproximadamente. Em fun
Senhor separou Josué e Calebe por causa de ção dessas evidências, alguns estudiosos ar
sua fé. Depois de levar o povo até a beira do gumentam em favor de uma data mais re
Jordão, Moisés faleceu; Josué então liderou o cente para o êxodo.2
povo para dentro da terra prometida. Outros estudiosos, porém, sugerem que as
evidências arqueológicas favorecem uma data
Data e autoria mais antiga.3 A Bíblia dá os nomes de apenas
Os acontecimentos do livro de Josué com três cidades que os israelitas queimaram:
preendem um período de tempo de aproxi Jerico, Ai e Hazor. Além do mais, evidência
madamente vinte anos. Se adotarmos uma de migração de outros povos da Palestina por
data mais antiga para o êxodo do Egito, o mi volta de 1200 a.C. sugere que esses povos — e
nistério de Josué cobriu um período entre 1405 não os israelitas — podem ter destruído mui
a.C. e 1385 a.C. aproximadamente. Se datar tas cidades e vilas.
mos o êxodo no século 13, a morte de Josué foi A arqueologia oferece muitos benefícios
pouco antes de 1200 a.C. aos estudantes da Bíblia, mas também tem
Quem escreveu o livro de Josué e quando? muitas limitações. Tendo em vista a discor
Aqui estão as evidências relevantes:1 dância sobre os dados arqueológicos, parece
169
Descobrindo os Livros Históricos
As ruínas de
Jericó (Js 6) nos
dias de hoje. O
Senhor deu a .
Israel instruções
peculiares para
conquistar a
aparentemente
impenetrável
cidade murada.
mais prudente que esperemos por outras evi truísse completamente uma certa nação que
herem
dências. Ainda assim podemos afirmar a his- se opusesse a ele. O herem, ou espólio de guer
toricidade dos acontecimentos do livro de ra — fosse ele pessoas, animais ou bens —
Josué, mesmo que não tenhamos como saber pertencia ao Senhor que podia dispor dele
precisamente quando eles ocorreram. como bem entendesse.
Depois de Israel ter ganho o controle sobre
Temas de Josué Canaã, as tribos dividiram a terra entre si.
Deus prometeu ajudar as tribos a expulsar de
A transição do poder de
lá quaisquer povos que ainda estivessem nas
Moisés para Josué
terras (Js 13.6), mas o povo de Deus não teve
Antes da morte de Moisés, ele comissionou fé para fazer isso. Essa falha levou a conse
Josué para ser seu sucessor (Dt 31.3,7,8,14,23). qüências graves, como veremos mais tarde.
O livro de Josué traça o desenvolvimento do
novo líder de Israel e mostra a aprovação de Fidelidade de Deus a suas promessas
Deus para com ele. Josué tornou-se, de fato, o A Bíblia enfatiza que a conquista e a divi
novo Moisés, pois o mesmo Deus que agiu são de Canaã por Israel, não aconteceu devi
mediante Moisés estava agindo por meio dele do o tamanho ou a força de seu exército. Pelo
Os 1.5; 3.7). contrário, aconteceu devido à fidelidade de
Deus (Js 21.43-45). O Senhor manteve sua
A conquista e a divisão de Canaã
promessa a Israel, assim como mantém suas
O livro de Josué contém duas seções prin promessas aos cristãos de hoje (2Co 1.20).
cipais. Os capítulos 1-12 descrevem como Is
rael conquistou a terra prometida; os capítu ■MH WÊBMSMãM,
los 13-24 mostram a divisão e o assentamento
de Israel nas terras conquistadas.
A mensagem do
O Senhor havia prometido aquela região livro de Josué
para Abraão centenas de anos antes (Gn 12.7).
Ele havia, então, ordenado que Israel destru Israel conquista a Terra
ísse os habitantes daquela terra e tomasse pos (capítulos 1-12)
se dela para si. A conquista de Canaã servia a
dois propósitos: lançar o julgamento de Deus Preparativos para a conquista
sobre os povos de lá (Lv 18.24,25; Js 11.21) e (capítulos 1-5)
trazer sua bênção para Israel. Deus apareceu a Josué depois de termina
A palavra hebraica herem tem um impor dos os trinta dias de luto por Moisés (Dt 34.8).
tante papel na compreensão dessas batalhas. O Senhor desafiou seu novo líder três vezes
Deus algumas vezes ordenava que Israel des para que ele fosse forte e corajoso (Js 1.6,7,9).
170
Josué
Estratégia • Sidom
Damasco
Básica de Israel
na Conquista
da Terra
Hazor
M A R DA
G A L IL É IA
Campanha do Norte
Siquém
Cam panha
Central Escala
Jericó 0 10 20 mi
j ______ i
h
20 km
•H eb ro m
Campanha do
A ra d e
Berseb a
Exército Israelita
pelos espias. Raabe tornou-se parte de Israel, GlBEÁ, uma das principais cidades do ter
mas o evangelho de Mateus nos conta algo ritório central de Canaã, rapidamente tomou
ainda mais admirável: Raabe tornou-se uma providências para evitar um confronto com
ancestral de Jesus Cristo (1.5). A graça de Israel (9.1-27). Fingindo vir de uma terra dis
Deus alcançou Raabe e não só a fez parte da tan te, uma d elegação gibeonita foi até
família como também a usou para trazer ao GlLGAL c pediu aos israelitas que fizessem
mundo o seu Salvador. A vida de Raabe mos aliança com eles. Depois de terem feito alian
tra que a graça de Deus pode alcançar a to ça, os israelitas descobriram que os gibeoni-
dos os que se humilharem diante dele e colo tas viviam em Canaã. Deus havia ordenado
carem sobre ele a sua confiança. que seu povo destruísse todos os habitantes,
Deixando Jerico para trás, os israelitas pro mas agora o povo havia concordado em li
vavelmente passaram a supor que ninguém vrar os gibeonitas. Josué e os líderes decidi
poderia atravessar o seu caminho. Em vez dis ram que, em vez de eliminá-los, eles fariam
so, Israel sofreu uma derrota humilhante na deles seus escravos.
batalha de Ai (Js 7.1-8.35). Josué questionou
o Senhor e descobriu que Israel havia pecado A investida do sul (capítulo 10)
— alguém havia ficado com parte do tesouro O tratado dos israelitas com Gibeá signifi
para si! Deus revelou que o culpado era Acã, cava que eles haviam conseguido controlar
que morreu por seu ato de rebelião. A família toda região central de Canaã. Quando os reis
de Acã também morreu; talvez eles tivessem do sul de Canaã souberam do tratado, eles
participado de seu crime, ajudando-o a es resolveram atacar Gibeá. Israel foi salvar Gibeá
conder os espólios. e Deus usou essa ocasião para que esses reis
Após o julgamento da família de Acã, Is fossem derrotados e para entregar o sul de
rael investiu mais uma vez contra Ai. Por meio Canaã a Israel. O Senhor fez chover grandes
de um grupo de emboscada, Israel foi vitorio pedras de granizo sobre os inimigos de Israel e
sa sobre Ai e sobre a vizinha Betei, que tentou também prolongou a luz do sol para ajudar
ajudar Ai. Josué a derrotar a coalizão.
173
Descobrindo os Livros Históricos
Parte do
impressionante
sistema hídrico
subterrâneo de
Hazor, na região
norte de Israel.
Jabim, rei de
Hazor, uniu-se a
outros reis
contra o
exército de
Josué.
174
Divisão Tribal
e Cidades de
Refúgio
MANASSES
O Golã
/
Ramote-Gileade Q
#
#
G eraza
Sucote# o Manaim
GADE
Rabá-bene-amom
Hesbom * OBezer
® M edeba
RÚBEN
Escala
10 20 mi
_L
I T-1
0 10 20 30 km
SIM tA O
O Cidade de Refúgio
Descobrindo os Livros Históricos
177
Descobrindo os Livros Históricos
Sumário
1 78
Josué
1. Quais são os principais temas do livro 3. Qual era o significado das cidades-re-
de Josué? fúgio e das cidades levíticas?
2. Que estratégia básica Israel usou para 4. Você acredita que Josué teve sucesso
conquistar a terra? Descreva as três em cumprir o plano de Deus para a
maiores iniciativas militares de Josué. vida dele? Justifique.
Hess, Richard S. Joshua: An Introduction and Com- Merril, Eugene H. Kingdom o f Priests: A History o f Old
mentary. Downers Grove: InterVarsity, 1996. Testament Israel. Grand Rapids: Baker, 1987. Uma
Um sólido comentário evangélico para o aluno história de Israel apresentada em nível de seminário
universitário. que combina bom estudo e leitura fácil.
Howard, David M., Jr. An Introduction to the Old Testa- Woudstra, Marten H. The Book o f Joshua. New Inter
ment Historical Books. Chicago: Moody, 1993. Uma national Commentary on the Old Testament. Grand
excelente exposição dos Livros Históricos que faz Rapids: Eerdmans, 1981. Para o aluno sério. Contém
bom uso dos estudos disponíveis atualmente. extensas notas de rodapé e referências.
179
Juizes e Rute
A crise moral de Israel
Objetivos
Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
• Descrever quem são os juizes no livro
que leva o seu nome.
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Juizes.
• Explicar as razões pelas quais Israel
falhou em completar a conquista.
• Documentar o ciclo usado para
introduzir os juizes.
• Dar o nome dos juizes maiores e
menores.
• Identificar os personagens centrais de
Rute.
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Rute.
• Ilustrar o papel do resgatador.
• Explicar a lei de casamento de levirato.
• Ilustrar a soberania de Deus no livro
de Rute.
181
Descobrindo os Livros Históricos
Vista de Jezreel
do Monte
Tabor. Baraque e
suas tropas se
reuniram nessas
encostas
íngremes antes
de atacar os
cananitas sob a
liderança de
Sísera.
governar em um sentido amplo. Esses doze (17.1-21.25), detalhando episódios que ocor
juizes foram heróis regionais ou nacionais que reram durante o período dos juizes, mas que
se tornaram governantes militares, recebem não estão relacionados a um juiz específico.
do o Espírito de Deus para liderar a nação em
Introdução (1.1-2.5)
vitórias contra uma determinada nação ini
miga. Passada a ameaça militar, os juizes nor O livro abre com a frase: “Depois da morte
malmente continuavam no papel de lideran de Josué”, que tem uma importante função
ça, apesar de nenhum deles ter estabelecido histórica e teológica. Essa abertura marca tan
uma dinastia real (exceto pela tentativa de to o fim do período anterior de sucesso sob a
Abimcleque). liderança de Josué quanto o começo de uma
nova era na história de Israel.2 Ao contrário
Esboço da conquista e ocupação da terra prometida,
esse novo período dos juizes é um tempo de
I* A conquista incompleta
desobediência e fracasso.
(1.1-2.5)
Esse capítulo introdutório complementa o
II. Desobediência à aliança e ao livro de Josué e dá mais detalhes sobre a natu
julgamento (2.6-16.31) reza da conquista. Josué enfatizava uma Is
A. O padrão de desobediência (2.6- rael unificada invadindo e conquistando a
3.6) terra prometida. Isso era apropriado para o pro
B. O padrão é ilustrado: a história pósito daquele livro. Mas Josué também se
dos juizes (3.7-16.31) refere com freqüência à necessidade de cada
tribo completar individualmente o que eles
III. O colapso da sociedade (17-21) haviam começado em conjunto (Js 13.1-13;
A . A quebra da vida religiosa: o 16.10; 17.12,13; 16-18; 18.2-4). Josué apresen
ídolo de Mica (17,18) ta um quadro de grandes vitórias militares,
B. O colapso da justiça e da ordem mas é uma conquista incompleta.
civil: guerra civil (19-21) Juizes 1.1-2.5, descreve o sucesso limitado
de cada uma das tribos. Judá e Simeão tive
V isão geral ram sucesso relativo a princípio, mas não fo
O centro do livro (2.6—16.31) é uma cole ram capazes de expulsar os habitantes dos ter
ção de histórias sobre os juizes que governa ritórios confiados a eles (1.19). Várias ou
ram Israel da morte de Josué até a ascensão tras tribos também não conseguiram alcançar
de Samuel. Uma introdução está ligada a essa vitória sobre os habitantes cananitas. Essa uni
parte (1.1-2.5), bem como dois apêndices dade nos prepara para o resto do livro de Juizes
O local de Silo, o
lugar onde
ficava a arca da
aliança durante
o período dos
juizes.
183
Descobrindo os Livros Históricos
ao nos informar que os israelitas viviam lado a • Guerra como julgamento — “O Senhor
lado com os cananitas, o que inevitavelmen os entregou nas mãos de X (nação
te trouxe influências religiosas e culturais para inimiga) durante X anos”.
o povo de Deus. • Arrependimento — “Mas clamaram ao
O parágrafo de conclusão (2.1-5) confir Senhor os filhos de Israel...”
ma que Israel havia sido desobediente. As tri • Livramento — “O Senhor lhes suscitou
bos individuais entraram em acordo com os um libertador X (nome do juiz) que os
habitantes de suas terras e, portanto, a con libertou”.
quista ficou incompleta. Os cananitas que
sobraram na terra seriam o seu sofrimento no Essa seqüência normalmente é seguida de
futuro (2.2,3). uma declaração de que a terra ficou em paz
durante X anos, enquanto o juiz estava vivo.
Corpo principal das histórias Apesar do autor usar diversas variações
(2.6-1 6.31) desse ciclo, ele repete esse padrão em seis oca
O fracasso de Israel em completar a con siões: em 3.6-16.31 para ressaltar seis juizes
quista foi resultado de sua desobediência à em particular: Otoniel (3.7-11), Eúde (3.12-
aliança e falta de fé (2.2,3). A parte central do 30), Débora (4.1-5.31), Gideão (6.1-8.28),
livro continua, demonstrando que essa quebra Jefté (10.6-12.7) eSansâo (13.1-15.20). Além
da aliança não foi um acontecimento único ou desses seis juizes maiores, o autor dá uns pou
isolado. Infelizmente, a desobediência à alian cos detalhes sobre a carreira de seis juizes
ça tomou-se o modo de vida de Israel. menores: Sangar (3.31), Tola (10.1,2), Jair
Essa parte central tem sua própria introdu (10.3-5), Ibsã (12.8-10), Elom (12.11,12) e
ção. O autor prepara os leitores para os juizes Abdom (12.13-15).
ao apresentar três fatos básicos e gerais (2.6- De maneira alguma os juizes são retrata
3.6). Primeiro, a geração de Josué havia mor dos como indivíduos santos e exemplares. Eles
rido e a nova geração de israelitas havia rejei eram líderes temporários levantados por Deus
tado Iavé (2.6-15). Essa nova geração adora para libertar o seu povo. Alguns eram dignos
va os deuses cananitas em vez do Senhor que de imitação (Otoniel e Débora). Mas Jefté
os havia tirado do Egito. Assim, o Senhor irou- aparentemente fazia pouca idéia dos requisi
se e permitiu que as nações inimigas afligis tos de Iavé e são bastante conhecidas as fa
sem Israel (2.13,14). Segundo, sempre que o lhas de Sansão. Como regra, esses juizes ilus
povo se arrependia, o Senhor levantava den tram a graça e a misericórdia de Deus para
tre eles juizes para livrá-los (2.16-23). Mas com seu povo. Eles não são necessariamente
depois que o juiz morria, Israel voltava a cair exemplos de devoção a Deus.
em pecado e idolatria, adorando outros deu
Apêndices (capítulos 17-21)
ses (2.19). Terceiro, por causa de seu fracasso
em conquistar completamente a terra prome Os cinco últimos capítulos de Juizes retra
tida, os israelitas estavam vivendo entre ou tam uma época de anarquia geral e falta de
tras nações naquelas terras (3.1-6). Essas na leis. Eles narram dois acontecimentos horrí
ções eram uma ameaça militar. Mas ainda veis que ilustram um dos períodos mais som
mais importante que isso, elas eram uma amea brios da história nacional de Israel: Mica e a
ça religiosa por causa da propensão de Israel migração de Dã (17,18) e o estupro da con
em aceitar as crenças pagãs. cubina do levita e a subseqüente guerra entre
As características históricas desse período as tribos (19—21). Nesse trecho, lemos sobre
(descritas em 2.6-3.6) tornaram-se o padrão idolatria, conspiração, violência sem sentido
literário geral para o resto da unidade central e degeneração sexual.
do livro: Israel peca contra o Senhor, o Se Esses capítulos não apresentam uma histó
nhor os entrega a uma nação inimiga, depois, ria cronológica do período. Em vez disso, mos
o Senhor lhes dá um juiz para libertá-los, mas tram como era a vida durante o tempo dos
a nação volta a cair em pecado. O autor do juizes, antes que houvesse um rei em Israel. A
livro usou o seguinte ciclo para apresentar repetição da frase “Naqueles dias, não havia
certos juizes: rei em Israel” (17.6; 18.1; 19.1;21.25), deixa im
plícito que o autor acreditava que aquela si
• Pecado — “Os filhos de Israel fizeram o tuação do povo era devido à falta de uma
que era mau perante o Senhor”. firme liderança monárquica. Ele obviamente
184
Juizes e Rute
Portão da
cidade
reconstruído em
Dã, na região
norte de Israel.
Essa cidade foi
capturada pelos
danitas quando
eles migraram
para o norte.
apoiava a monarquia e acreditava que ela era com Deus. A introdução faz uma retrospecti
o instrumento de Deus para prover segurança va c compara o período dos juizes com o perío
e paz naquela terra. Muitos estudiosos supõem do anterior de sucesso sob a liderança de Josué.
que o autor viveu nos tempos de Davi ou Sa- Essas narrativas olham adiante com ansieda
lomão e era um defensor convicto do reinado de, esperando pela monarquia, quando a li
de Davi. nhagem de Davi traria paz e segurança. O
Assim como na introdução (1.1-2.5), es- autor tem um ponto de vista monárquico no
ses capítulos mostram como Israel falhou em que diz respeito ao período de caos e crise
viver dentro do relacionamento de aliança moral resultantes da falta de um rei. O cia-
0 livro de Juizes nos adverte sobre o relativis na Suprema Corte dos Estados Unidos, mudou
mo moral, ou seja, o comportamento baseado esse padrão social.
nas opiniões humanas. A Bíblia nos ensina que Mas o que foi, de fato, que mudou? Será que
os padrões para o comportamento humano são um ato errado e pecaminoso tornou-se subita
dados por Deus. Sozinhos, os seres humanos vão mente aceitável só porque um grupo poderoso
sempre falhar em viver dentro desses padrões. assim decidiu? Será que as verdades universais
Mas com a ajuda de Deus e a sua graça podemos que antes tornavam o aborto ilegal mudaram de
descobrir qual é a sua vontade para que ande repente? Não. Na verdade, foi a sociedade ameri
mos de forma reta (SI 1.1,2). cana que mudou!
Ao contrário da Bíblia, a cultura moderna com Os padrões morais de Deus nunca se alteram.
freqüência estabelece os padrões sociais para o Apesar das culturas humanas inevitavelmente se
comportamento tomando por base a opinião da desenvolverem, os requisitos de Deus para a reti
maioria. 0 certo e o errado são determinados por dão e santidade não mudam. Cada geração de
aquilo que a maioria considera certo ou errado. cristãos deve cuidadosamente repensar qual é a
Mas tal moralidade é instável. Antes de 1973, aplicação específica desses requisitos. Mas está
por exemplo, o aborto era ilegal nos Estados Uni claro que Deus estabeleceu e revelou um padrão
dos, o que deixava implícito que era moralmente absoluto de santidade que os cristãos devem res
incorreto e prejudicial à moral norte-americana. peitar mais que ao relativismo humano.
Naquele ano, a famosa decisão Roe versus Wade,
185
Descobrindo os Livros Históricos
mor dessa seção: “Não havia rei em Israel” uma região específica durante um período li
adverte para a anarquia resultante quando mitado de tempo. Só uma área relativamente
não há uma liderança firme. pequena estava em perigo quando havia emer
Essas narrativas são diferentes da parte cen gências militares. Eúde, por exemplo, impe
tral do livro, pois o problema vem de uma fon diu a invasão limitada de Moabe, que afetava
te diferente. Nos capítulos 2.6-16.31 Israel apenas as áreas de Benjamim e Efraim, e as
estava sendo afligida por inimigos externos guerras de Gideão contra os midianitas afeta
que os oprimiam militarmente. Mas nos capí vam apenas a tribo de Manassés. O livro pare
tulos 17-21, os problemas eram internos. Is ce sugerir que os juizes governavam diferen
rael era sua própria e pior inimiga. tes áreas de Israel simultaneamente.
O autor de Juizes salienta o fato de que o Esse ponto está ligado à questão da data
povo “fazia o que achava reto” — e que nor do êxodo e da conquista (ver capítulo 6). O
malmente era errado aos olhos de Deus! A fim desse período pode ser datado com mais
repetição dessa afirmação (17.6; 21.25) mos precisão como sendo o início do reinado de
tra o reconhecimento da necessidade de or Saul (provavelmente por volta de 1050 a.C.).
dem absoluta na sociedade. Moralidade não Se a data do século 15 está correta para o
é algo relativo à própria experiência. Deve êxodo, então é possível ter havido um período
haver um padrão externo que determine o de 390 anos com os juizes. Mas os anos de
que é certo e errado na ética do ser humano. opressão e de paz devem ser somados àqueles
Para o autor de Juizes, esse padrão externo do governo de cada juiz, levantando certas
para a sociedade israelita seria mantido por questões sobre a data mais antiga.
um rei israelita. Para o cristão, o absoluto ex Entretanto, o livro de Juizes não requer esse
terno ainda é necessário pois os seres huma período de tempo, tendo em vista que alguns
nos não são capazes de estabelecer seus pró juizes governaram concomitantemente. Con
prios padrões morais. Nos dias de hoje, os pa cluímos, portanto, que o livro apresenta ape
drões externos ainda são estabelecidos e man nas uma cronologia relativa, em vez de uma
tidos pelo Rei celeste (Jo 14-15). cronologia absoluta do período dos juizes. O
período mais curto ficaria em torno de 150
mMÊÈÊÊfflmimÊfflMMmM t h n iiiim f í 'i i iwim r" i^ iw irriin w rir i anos, supondo que o êxodo ocorreu no século
13 e contando até os tempos de Saul (aproxi
Problemas históricos madamente 1200-1050 a.C.). O período mais
em Juizes longo ficaria em torno de 350 anos, supondo
que o êxodo ocorreu no século 15 (aproxima
O livro de Juizes está mais preocupado damente 1400-1050 a.C.).4
com a fidelidade à aliança (ou a falta dela)
do que com os detalhes históricos. Isto nos Estrutura política
deixa importantes questões sobre a história Qual era exatamente a natureza da orga
desse período. nização política de Israel durante o período
dos juizes? Essa é uma outra questão levanta
Cronologia da pela falta de detalhes históricos no livro de
Tendo em vista que o número de anos Juizes.
durante os quais cada juiz governou é dado Os israelitas eram um grupo sem-terra de
nos relatos, é possível somar o número total de ex-escravos, organizados em uma forma tribal
anos e chegar a um número preciso sobre o de sociedade relacionada a seus laços fami
tempo coberto por esse livro. Tal cálculo tem liares com Jacó. Sua estrutura tribal foi ade
como resultado um período de 390 anos.3 Para quada durante os anos que passaram vagan
isso parte-se do pressuposto de que os juizes do pelo deserto. Mas o livro de Juizes mostra
governavam consecutivamente, cada um go que a vida sedentária na terra prometida es
vernando sobre uma Israel nacionalmente tava ameaçada, em parte, por causa dessa or
unificada. ganização política.
Mas isto é supor demais. Os juizes parecem Os estudiosos modernos procuram esclare
ter sido governantes locais ou regionais. Um cer essa organização tribal, traçando paralelos
dos problemas de Israel durante o período dos com a Grécia antiga. Martin Noth sugeriu em
juizes é a falta de uma autoridade governan 1930 que o sistema de doze tribos de Israel era
te central. Os juizes traziam paz e segurança a sociologicamente análogo à anfictionia de
186
Juizes e Rute
Belém vista de
montes nas suas
proximidades.
Noemi deixou
sua terra natal
— Belém —
para escapar da
fome; quando
ela voltou, era
começo da
colheita.
Delfos, na Grécia, por volta do ano 600 a.C.5 A transição viria a ser crítica para Israel, pois acon
idília
anfictionia era uma associação de doze mem teceu sob a forte influência da religião cananita
bros centrados ao redor do templo de Delfos. da fertilidade. A forma como o povo reagiu a
Os doze membros tinham o compromisso de essa pressão e abriu mão de sua fé foi um mo
promover uma coexistência pacífica e com a mento de definição para Israel como nação.
defesa unificada contra agressores estrangei
ros. O santuário era o local de antigos festivais hhhm wammm n mm m hnhkh
religiosos e oferecia um centro unificador im
portante para esses grupos que, de outro modo, O livro de Rute
seriam completamente separados.
Mesmo durante os períodos de crise moral,
Os paralelos com a antiga Israel eram, apa
Deus está à procura de servos fiéis para aben
rentemente, óbvios. O tabernáculo era o tem
çoar. O livro de Rute é sobre a obra soberana
plo central (localizado primeiro em Siquém e
de Deus na vida dos seres humanos despre
depois em Silo), as cerimônias periódicas de
tensiosos e humildes durante o período dos
aliança e os esforços militares unificados pa
juizes. Essa história admirável fala de uma fa
reciam todos apoiar a idéia de que Israel ti
mília fiel de Belém que viveu durante um
nha uma estrutura anfictiônica. A princípio,
período de completo caos e confusão moral.
essa visão foi amplamente aceita.
Deus abençoou essa família de maneira sur
Mas em décadas mais recentes, os estudio
preendente.
sos vêm criticando as comparações entre a
Grécia antiga e Israel. Os Livros Históricos não
fazem nenhuma menção desse tipo específi
co de princípio de organização. Aliás, o livro Conteúdo
de Juizes parccc deixar implícito que tal es
trutura formal era justamente o que estava O livro de Rute é uma obra-prima literária.
faltando à antiga Israel. Os laços religiosos e Ele pode ser classificado como uma idília, ou
éticos eram provavelmente os mais importan simplesmente uma descrição da vida rústica.
tes fatores de unificação durante o período A ação gira em torno de três personagens prin
dos juizes, mais até do que a devoção comum cipais: Noemi, Rute e Boaz. Noemi e sua fa
em um determinado templo. Nos dias de hoje, mília foram forçados a deixar o seu lar em
o termo “anfictionia” só pode ser aplicado a Belém por causa dc uma grande fome. Du
Israel em seu sentido mais geral. rante sua estadia em Moabe, o marido e os
O que fica claro é que esse período foi uma filhos de Noemi faleceram, deixando-a sozi
fase de transição na antiga Israel. Foi o perío nha com suas noras. Uma delas, Rute, voltou
do entre Josué e os reis do reino unido, quan para Belém com Noemi para começar uma
do os juizes ofereceram liderança. O livro de nova vida. Mas a menos que alguém intervi-
Juizes descreve esse período entre os nôma esse para ajudar as duas pobres viúvas deses
des trihais e a monarquia estabelecida. Essa peradas, elas só tinham diante de si uma vida
187
Descobrindo os Livros Históricos
Uma mulher
colhendo grãos
em Israel nos
dias de hoje.
Rute foi até os
campos do
parente de seu
marido e colheu
grãos deixados
para trás pelos
trabalhadores.
Rute nobremente se oferece para ir até os pessoa podia vender as terras temporariamen
campos e juntar o que conseguisse (v. 2). No te (como uma espécie de arrendamento). O
Antigo Testamento, provia-se para os pobres resgatador era responsável por redimir a pro
ao exigir que, quando das colheitas, os fazen priedade e devolvê-la à família proprietária.
deiros deixassem para trás alguns feixes para Era possível que Noemi já tivesse esperanças
esses necessitados (Lv 19.9; 23.22). O versí de que Boaz fosse a resposta para seus proble
culo 3 deixa claro que ela não estava ciente mas (“O Senhor, que ainda não tem deixado
do encontro “acidental” descrito nesse capí a sua benevolência nem para com os vivos e
tulo. Por um acaso (por casualidade, confor nem para com os mortos”, v. 20).
me algumas versões), naquele dia Rute esta
va juntando grãos nos campos de Boaz. Deus
O pedido de Rute para Boaz
estava trabalhando por trás de acontecimen (capítulo 3)
tos aparentemente insignificantes e de ma Até então, a história havia sido sobre pes
neiras que os personagens jamais poderiam soas comuns e seus altos e baixos ao longo da
ter previsto. complexidade de suas vidas e a maneira exem
Quando Boaz foi para a cidade inspecio plar com que encararam os fatos. Boaz, o fa
nar os seus trabalhadores, ele notou a jovem e zendeiro local, a desolada Noemi, a nora que
esforçada mulher rebuscando espigas em seu acabara de vir de Moabe — todos esses perso
campo (vs. 4-7). Ele tomou providências para nagens agem de uma forma digna de imita
lhe oferecer segurança e bem-estar durante ção. Mas o capítulo 3 está cheio de suspense.
aquele dia de trabalho. Esse gesto de bonda A pergunta é: Será que os três continuariam
de foi a primeira coisa alegre relatada no livro. a agir de maneira reta mesmo em meio a cir
Depois da viuvez e miséria de Rute, esse deve cunstâncias questionáveis?
ter sido um ponto de mudança em sua vida. Esse capítulo contém um antigo costume
Quando Rute voltou para casa, Noemi fi que pode parecer estranho para nós e seu sig
cou agradavelmente surpresa pela colheita nificado mais completo é desconhecido. O
inesperada (vs. 18-23). Quando soube que que está claro é que Boaz compreendeu a
Boaz era o responsável, ela começou a louvar atitude admirável de Rute como uma propos
Iavé, que em todo tempo foi a força motriz ta de casamento, e que se tornar marido de
dos acontecimentos da história. Rute era uma das funções do seu papel de
Boaz era o “resgatador” da família (gõ eZ, resgatador (vs. 10-13).
v. 20). Na sociedade israelita, toda a proprie O capítulo cresce gradativamente em sus
dade na verdade pertencia a Iavé. Não era pense e antecipação. O pedido de Rute era hon
possível comprar legalmente as terras de uma roso e não havia nada de natureza ilícita nele.
outra família. Nos tempos de dificuldade, uma Mas ela havia se colocado em uma situação
189
Descobrindo os Livros Históricos
190
Juizes e Rute
3. Quem são as figuras centrais do livro 10. Qual era a situação política de Israel
de Juizes? O que implicavam as suas melhor descrita durante esse período?
funções?
Rute
4. A que se atribui o fracasso de Israel
em completar a conquista da terra 1. Qual é o tema básico do livro de
prometida? Rute?
qualquer cidade israelita, o portão da cidade. to de levirato exigia que o parente mais pró
casamento
Esse era o lugar onde eram realizadas impor ximo de um falecido se casasse com a viúva
de levirato
tantes assembléias e o único lugar apropriado (Dt 25.5,6). As crianças que nascessem des
para se fazer negócios legais. N a claridade do sa nova união levariam o nome e a herança
sol da manhã, à vista de todos os que se inte do primeiro marido.
ressassem, os problemas do capítulo 1 foram A aquisição das terras teria sido uma ex
rapidamente resolvidos. pansão significativa para a propriedade da
Nesse trecho, ficamos sabendo de uma pro quele parente mais próximo. Casar-se com
priedade rural pertencente a Noemi (v. 3). A Noemi não seria problema, tendo em vista
lei do Antigo Testamento deixa claro que as que ela já havia passado de seus anos de fer
terras de uma família eram inalienáveis (lRs tilidade e, portanto, sua propriedade não se
21.3). Por causa da pobreza de Noemi, a terra ria dividida com outros herdeiros além de
seria vendida, mas um resgatador deveria seus próprios filhos. Mas quando Boaz colo
redimi-la para que não saísse da família. cou Rute no lugar de Noemi, cumprindo o
Depois do outro resgatador não identifi espírito da lei, o parente mais próximo não
cado declarar sua intenção de redimir a pro quis exercer o papel de resgatador (4.6). Mais
priedade de Noemi, Boaz acrescentou uma uma esposa que ainda pudesse lhe dar filhos
condição para a transação: o casamento com significaria a fragmentação de suas proprie
Rute. Ao que parece, o costume popular ha dades e colocaria em risco sua própria famí
via associado o casamento de levirato às lia. Devemos supor que ele não era um ho
obrigações do resgatador.6 A lei do casamen mem extremamente rico.
191
Descobrindo os Livros Históricos
Leituras compüementares
Arnold, Biil T. "Ruth". In Asbury Bible Commentary. Lilley, J. P. U. "A Literary Appreciation of the Book of
Org. Eugene E. Carpenter e Wayne McCown. Grand Judges", Tyndale Bulletin 18 (1967), 94-102.
Rapids: Zondervan, 1992, 347-357. Sasson, Jack M. Ruth: A New Translation with a
Campbell, Edward F. Ruth: A New Translation with Philological Commentary and a Formalist-Folklorist
Introduction, Notes and Commentary. Anchor Bible Interpretation. 2- ed. Sheffield: JSOT, 1989. Uma
7. Garden City, NY.: Doubleday, 1975. excelente visão sociológica com uma forma original
Cundall, Arthur E., Leon Morris. Judges and Ruth: An de pensar.
Introduction and Commentary. Tyndale Old Testa Webb, Barry G. The Book o f Judges: An Integrated
ment Commentary; Downers Grove: InterVarsity, Reading. Journal for the Study of the Old Testament
1968. — Supplement Series 46. Sheffield: JSOT, 1987.
Howard, David M., Jr. An Introduction to the Old Testa
ment HistóricaI Books. Chicago: Moody, 1993.
Hubbard, Robert L , Jr. The Book o f Ruth. New Interna
tional Commentary on the Old Testament. Grand Ra
pids: Eerdmans, 1988. O mais abrangente e comple
to comentário evangélico disponível.
Quando o parente mais próximo saiu de por meio da vida de indivíduos comuns, mas
cena, o caminho estava livre para Boaz e Rute fiéis. Uma vida comprometida com Deus não
se casarem. Em um breve versículo (4.13), tem mudanças insignificantes. A vida toda
todos os problemas do capítulo 1 encontram a torna-se sagrada.
solução: Rute casa-se novamente, Iavé lhe
concede rápida concepção e ela tem um fi mÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊmÊÊÊÊÊÊÊÊKÊÊÊÊÊKÊÊÊmmÊÊÊÊmmÊÊÊKÊÊmHÊÊÊmÊm
lho. Mas depois desse versículo, Boaz deixa o
centro do palco. Rute também não é mais a
A soberania de Deus e
figura central. Subitamente, Noemi volta a o viver de fidelidade
ser a personagem principal. Ela toma em seus
braços o pequeno menino, como se fosse sua Essa narrativa de um casamento incrível e
mãe. O autor nos leva do ponto em que Noemi de um bebê miraculoso fala, na verdade, da
estava desesperada por causa de seus dois fi soberania de Deus. Apesar do livro ter o nome
lhos e nos leva até o ponto em que ela segura de Rute, é Noemi que declara os problemas
o recém-nascido, o filho de Rute e Boaz. mencionados no livro (1.20,21) e que, no fi
Todos os problemas do capítulo 1 foram so nal, brilha mais que sua nora, Mas de uma
lucionados e chegamos a um final feliz. Mas certa forma, nenhuma das duas é a persona
antes da genealogia, a história termina com gem central. Ao longo de toda a narrativa,
uma surpresa. As amigas de Noemi dão à Deus cuida de Noemi, Rute e Boaz a fim de
criança o nome de Obede, que foi ninguém fazer o que é melhor para eles, de acordo com
menos que o pai de Jessé, pai de Davi (4.17). os seus propósitos. O livro é, antes de mais
Um filho nascido em circunstâncias tão pou nada, sobre Deus e a maneira fiel com que
co prováveis para uma mulher estrangeira tor- ele lida com a vida de seu povo.
nou-se o avô do maior rei de Israel. E claro A soberania de Deus é trabalhada ao lon
que Mateus não deixou de reconhecer o sig go do livro mediante a fidelidade dos perso
nificado de Rute na linhagem do Messias nagens principais. Noemi, Rute e Boaz fa
(1.5). O propósito do Senhor foi alcançado ziam um contraste gritante com os protago
192
Juizes e Rute
nistas de outros acontecimentos do período de sua fidelidade para com Deus e uns para
dos juizes. O posicionamento desse livro, logo com os outros que Deus pôde oferecer ao
depois do livro de Juizes no Cânon cristão e mundo o Messias.
as palavras de abertura: “Nos dias em que Por fim, o livro de Rute mostra que os be
julgavam os juizes”, ressaltam as diferenças nefícios da aliança com Deus não têm limites
entre a vida de fidelidade dessas pessoas sim- nacionais, raciais ou de gênero. Rute é cons
pies quando comparadas com os atos sórdi tantemente chamada de “moabita”. Sua ori
dos dos personagens de Juizes. Durante uma gem étnica e nacional não é esquecida du
época em que muitas pessoas faziam o que rante o livro, o que nos ensina que até mesmo
parecia correto a seus próprios olhos, havia uma mulher moabita pôde viver em aliança
pelo menos três pessoas que fizeram o que com Iavé e ser beneficiada por um relaciona
era correto aos olhos de Deus. Foi por meio mento de fidelidade com ele.
193
1 Samuel
Deus concede um rei
Esboço
• Esb o ço
• P a n o d e fu n d o d e 1 S a m u e l
Cenário
Autoria e data
Temas de 1 Samuel
• A m e n sa g e m d e 1 S a m u e l
Objetivos
0 período de transição (capítulos 1-15) D e p o is d e le r e s te c a p ítu lo ,
A ascensão de Davi e o declínio de Saul v o c ê d e v e s e r c a p a z d e:
(capítulos 16-31) • Delinear o conteúdo de 1 Samuel.
• Relacionar os três temas de 1 Samuel.
• Traçar os eventos em torno da arca da
aliança conforme 1 Samuel.
• Explicar as razões para que Israel tivesse
um rei.
• Delinear o discurso final de Samuel
para Israel.
• Identificar três erros que Saul cometeu
e que revelaram o seu coração.
• Comparar e contrastar Davi e Saul.
• Discutir os eventos-chave na luta de
Davi contra Saul.
195
Descobrindo os Livros Históricos
Você já se perguntou “Quem sou eu?” É sentavam uma ameaça real para Israel. Os
uma questão interessante para se ponderar. vizinhos de Israel, porém, eram sempre um
Afinal de contas, quem sou eu e para onde problema em potencial. Foi então que che
estou indo? O que Deus quer que eu faça garam os filisteus, um povo de origem indo-
aqui? Perguntas como estas são mais que in- européia que se assentou ao longo da costa
teressantes — elas são essenciais. As respos- da Judéia.1
tas corretas a essas perguntas nos dão o se Enquanto o povo de Deus batalhava con
gredo para viver o tipo de vida que Deus tra os filisteus e outros povos, eles também lu
espera de nós. tavam com uma questão importante. De que
Em 1 Samuel, encontramos a nação de Is forma poderiam apresentar-se como uma fren
rael debatendo-se com esse tipo de questão. te unida contra seus inimigos? O livro de 1
0 período dos juizes foi de muita confusão e Samuel relata como os israelitas resolveram o
anarquia. O povo desejava um líder que con problema: eles coroaram um rei.
seguisse juntar o reino e dar a eles um senso
de orgulho e identidade nacional. A u t o r ia e d a t a
Os livros de 1 e 2 Samuel a princípio for
wmÊÈÈeÊagÊMÊmMmmggÊmgBmÈÊmÈamÊMÊmÊÊmssgsmgSM mavam uma obra unificada na Bíblia hebrai
ca.2 O nome de Samuel aparece no título,
Esboço mas o livro não revela o nome do autor. Talvez
I* U m período de transição (1-15)
tradições antigas tenham ligado o nome de
A. O nascimento e o chamado de Samuel com a obra por causa de sua grande
Samuel (1.1—3.21) influência durante esse período da história
B. A narrativa sobre a arca bíblica. Simplesmente não sabemos quem es
creveu esse livro.
(4.1-7.17)
Também não sabemos exatamente a data
C. Saul torna-se o primeiro rei de
em que 1 Samuel adquiriu seu presente for
Israel (8-12)
D. Saul revela o seu coração (13-15) mato. 1 Samuel 27.6, ao referir-se à cidade de
ZlCLAGUE, diz: “Ziclague pertence aos reis
I I . A ascensão de D avi e o declínio de Judá, até ao dia de hoje”. Essa afirmação
de Saul (16-31) sugere que algum tempo havia se passado
A. A unção de Davi e sua apresen desde a divisão do reino em 930 a.C. Podemos
tação à corte (16) supor que o autor inspirado de 1 Samuel ti
B. A vitória de Davi sobre Golias nha acesso a informações detalhadas em re
(17) lação ao período coberto por 1 Samuel. Mui
C. As lutas entre Davi e Saul tas das histórias parecem ter sido escritas por
(18-27) testemunhas oculares.
D. A batalha final de Saul (28-31)
Tem as de 1 Sam u el
Uma réplica
moderna da
arca da aliança
feita com base
na descrição do
Antigo
Testamento.
197
Descobrindo os Livros Históricos
^ m M Ê Ê m M s m m Ê
Deus sobre a casa de Eli: tanto Hofni quanto
A mensagem de 1 Finéias iriam morrer no mesmo dia e Deus iria
levantar um sacerdote fiel que obedeceria aos
Samuel comandos de Deus (2.27-36).
O Senhor então tomou providências para
Um período de transição levantar esse sacerdote fiel. Ele chamou Sa
(capítulos 1-15) muel enquanto o menino estava se preparan
do para dormir. A princípio, o jovem pensou
0 nascimento e o chamado de
que era Eli que o chamava, mas Eli logo per
Samuel (1.1-3.21)
cebeu que o chamado devia estar vindo de
A história de 1 Samuel começa em Siló, Deus. A resposta de Samuel ao Senhor: “Fala,
uma cidade na região montanhosa de Efraim. porque o teu servo ouve” (3.10) é um modelo
Lá, Israel havia dividido as terras nos tempos para a vida cristã. Devemos estar sempre pron
de Josué (Js 18.1-6) e estabelecido o tabemá- tos para ouvir e obedecer a palavra de Deus
culo. O texto descreve duas famílias: a famí para nós.
lia de Elcana e a família de Eli. Toda Israel logo reconheceu Samuel como
Elcana, um levita da região montanhosa sendo o profeta de Deus (3.20). A falha de Eli
de Efraim,3 tinha duas mulheres — Penina e em disciplinar os seus filhos Fiofni e Finéias
Ana. Penina tinha filhos, mas Ana não, e esse não havia mudado os propósitos de Deus para
fato era fonte de amarga rivalidade entre as Israel. Deus estava, ao mesmo tempo, julgando
duas mulheres. Durante uma visita a Siló, Ana a casa de Eli e levantando um sucessor de Eli.
orou pedindo um filho e fez votos de dedicá-
lo ao Senhor como nazireu (1.10,11; ver tam A narrativa sobre a arca (4.1-7.17)
bém Nm 6.1-21). Deus respondeu sua oração Os filisteus haviam se estabelecido ao longo
e ela concebeu e deu à luz Samuel (1.19,20). da costa de Judá. Eles controlavam a estrada
A situação de Ana ilustra como podemos sem costeira internacional que passava por Israel e
pre levar ao Senhor nossos mais profundos pro conectava a Mesopotâmia e a Síria com o Egi
blemas. Ele pediu que orássemos e prometeu to. Os filisteus acamparam em Afeca, amea
nos ouvir. çando avançar para o leste, para dentro de Is
Depois de Ana ter desmamado Samuel, rael e cortar a terra em duas partes. Os israelitas
ela o levou para Eli. Samuel cresceu sob os reagiram rapidamente para detê-los, reunindo
cuidados de Eli; logo Deus iria revelar seu seu exército em Ebenézer, aproximadamente
propósito para esse jovem. a quatro quilômetros de Afeca (4.1).
Enquanto isso, os filhos de Eli continua Os israelitas perderam a primeira batalha e
vam a pecar. Um homem de Deus e cujo determinaram uma nova estratégia para a vi
nome não é dado anunciou o julgamento de tória. Eles levariam a arca da aliança com eles
198
1 Samuel
para a batalha. Mas o seu plano basicamente qualquer outra coisa acontecesse, os filisteus
implicava tratar a arca como um ídolo e Deus iriam concluir que o mal havia acontecido
não aprovou isso. Os filisteus venceram mais por acaso. Mas Deus deixou um testemunho
uma vez, capturando a arca e matando Hofni muito claro para os filisteus: as vacas foram
e Finéias (4.10,11). A batalha também cau direto para Bete-Semes (6.12-16) causando
sou duas vítimas indiretas. Quando Eli ouviu muitas comemorações com sua chegada.
o resultado da batalha, ele caiu de sua cadei Infelizmente, o povo de Bete-Semes não
ra, quebrou o pescoço e morreu. A esposa de mostrou o devido respeito para com a arca e
Finéias morreu durante o parto, que foi indu Deus mandou uma praga sobre aquela cida
zido pelas notícias traumáticas. de. Finalmente, a arca foi parar em Quiriate-
Os filisteus levaram seu novo troféu para Jearim, onde ficou por aproximadamente vinte
Asdode e o colocaram no templo de Dagom. anos (6.19-21).
Mas a presença da arca trouxe problemas para Samuel clamou para que o povo deixasse
eles. Primeiro, Deus fez com que o deus os seus ídolos e se voltasse de todo o coração
Dagom caísse e “adorasse” a arca (5.3,4). para o Senhor. Quando Israel assim o fez, o
Depois, Deus mandou uma praga de tumores Senhor mais uma vez os salvou dos filisteus e
e ratos contra o povo de Asdode e seus territó Israel recuperou o território que havia perdi
rios (5.6; 6.4,5). O julgamento de Deus durou do anteriormente (7.7" 14). A fidelidade a
sete meses, e os tumores e ratos seguiam a Deus trouxe bênçãos, assim como acontece
arca para onde quer que os filisteus a man nos dias hoje.
dassem (5.8-12).
Por fim, os filisteus decidiram devolver a arca Saul torna-se o primeiro rei de Israel
para Israel. Porém, antes disso eles elaboraram (capítulos 8-12)
um plano para fazer parecer que as pragas eram Samuel julgou Israel fielmente, mas seus fi
uma simples coincidência. Eles colocaram a lhos não seguiram seu exemplo. Quando Sa
arca em um carro e atrelaram a ele duas va muel ficou velho, o povo foi até ele em RAMÁ
cas que haviam dado cria e nunca tinham e pediu que ele indicasse um rei (8.4,5).
puxado um carro. Essas duas vacas tinham Samuel hesitou em atender o pedido do
seus bezerros na estrebaria. Se elas fossem di povo, pois acreditava que eles deveriam con
reto pela estrada para a cidade israelita de fiar apenas no Senhor e não em um rei huma
BETE-SEMES — o que era pouco provável no. Mas o Senhor pediu que Samuel indicas
naquelas circunstâncias — então o Senhor se um rei e o assegurou “pois não te rejeitou a
de Israel era responsável pela calamidade. Se ti, mas a mim, para eu não reinar sobre eles”
1 99
Descobrindo os Livros Históricos
Jumentos perto
de Samaria.
Quando Saul foi
à procura dos
jumentos
fugidos de seu
pai, ele foi
guiado para o
profeta Samuel
A
e para a
descoberta de
que Deus o
havia escolhido
para ser o
primeiro rei de
Israel.
201
Descobrindo os Livros Históricos
\ Vitória de Davi
Contra Golias
\ / V
A zeca
\ \ \ • //
TV
CAMPO
FILISTEU
'" 'L c ^ n A
a ^ CAMPO
Filisteus ISRAELITA
1 2 mi
^ Israelitas
3 km
É provável que possamos entender a ex- Foi então que Golias, um gigante filisteu.
pressão “espírito maligno da parte do Senhor” propôs um desafio para o exército de Israel.
de duas maneiras. Primeiro, o Senhor pode Ele lutaria até a morte com qualquer israelita
ter colocado o espírito maligno sobre Saul que eles enviassem. Se o israelita vencesse, os
como forma de julgamento por sua rebelião. filisteus serviriam a Israel. Se Golias vencesse.
Deus algumas vezes disciplina os seus filhos e Israel serviria os filisteus. Durante quarenta
esse espírito pode ter sido a disciplina de Saul. dias, Golias continuou a desafiá-los, mas nin
Em segundo lugar, a intenção de Deus com guém em Israel ousava aceitar o desafio.
esse espírito maligno pode ter sido de redimir. Certo dia, assim que Davi chegou no acam
Se o espírito fizesse com que Saul percebesse pamento de Israel para ver seus irmãos, Golias
seu desamparo ao liderar Israel sem o Espírito estava mais uma vez lançando o seu desafio.
capacitador de Deus, talvez o rei se voltaria O coração de Davi queimou de ira: aquele
para o Senhor. filisteu estava insultando os exércitos do Deus
De qualquer forma, Deus usou o espírito vivo! A honra de Deus estava em jogo! Davi
maligno para um outro propósito — apre disse a Saul que lutaria contra Golias.
sentar Davi à corte real. Os servos de Saul Primeiro, Saul tentou fazer Davi mudar
sugeriram que o rei contratasse um músico de idéia sobre lutar contra Golias, então, su
para a corte para tocar música que acalmas geriu que o rapaz usasse a armadura do rei.
se a sua mente quando o espírito maligno o Mas Davi recusou-se, preferindo sua própria
perturbasse. Davi já havia formado uma re arma — uma funda.
putação como músico talentoso (v. 18) e Quando Golias viu Davi chegando, ele o
assim foi indicado para a função. Dessa for amaldiçoou pelos seus deuses pagãos, mas
ma, os propósitos de Deus continuavam a Davi e o seu Deus tiveram a última palavra.
ser cumpridos. Com uma pedra bem lançada, Davi levou c
filisteu ao chão e, então, correu até ele e cor
A vitória de Davi sobre Golias
tou sua cabeça. Quando os filisteus viram que
(capítulo 17)
Golias estava morto, fugiram em pânico e os
Os filisteus haviam se movido no sentido israelitas os perseguiram até Ecrom e Gate.
leste, de Ecrom e Gate, para uma área entre A história de Davi e Golias ilustra três prin
Azeca e Socó, bem na divisa do território is cípios espirituais importantes:
raelita. Os israelitas precisavam impedi-los logo
para que eles não tomassem o controle das • Devemos nos preocupar mais com a
duas maiores estradas que cortavam a região honra de Deus que com nossa própria
de Judá de leste a oeste. O exército de Israel honra. Davi estava preocupado com a
foi para oeste, para uma montanha à beira do honra de Deus (vs. 26,36,46,47). Ele
vale dc Elá (ver mapa 12.1). não estava disposto a deixar Golias
202
1 Samuel
A seca região da
Judéia. Por esses
montes Saul
perseguiu Davi.
escapar depois de ter insultado os As lutas entre Davi e Saul incluem cinco
exércitos do Deus vivo. acontecimentos mais importantes.
• A fidelidade de Deus em nossa vida Primeiro, Jônatas — o filho de Saul — e
no passado deve nos encorajar a tomar Davi tornaram-se bons amigos. Essa amizade
mais passos de fé. Davi teve a coragem começou logo depois que Davi matou Golias
de lutar contra Golias porque o Senhor (18.1) e durou até a morte de Jônatas.
já o havia ajudado a matar um leão e Jônatas tem um papel trágico durante a nar
um urso (vs. 34-37). rativa de 1 Samuel. Ele amava muito Davi,
• Quando estamos diante de batalhas mas também amava seu pai. O esforço cons
que parecem impossíveis, precisamos tante de Jônatas para reconciliar Saul e Davi
nos lembrar de que a batalha pertence só trouxe a ira de seu pai sobre ele (20.2434).
ao Senhor. Davi lutou contra Golias, No final, Jônatas morreu lutando contra os fi
mas ele foi simplesmente um instru listeus ao lado de Saul no Monte Gilboa (31.2).
mento de Deus. A batalha na verdade Em segundo lugar, Saul tornou-se fanático
era entre Golias e o Senhor (v. 47). em sua determinação a matar Davi. Sua ações
eram as de um homem desesperado que via o
Talvez o mais importante é que a história reino escapar por entre seus dedos. Ele jogou
de Davi e Golias mostra o coração de Davi. sua lança sobre Davi quando o rapaz estava
Deus havia dito que escolheria o próximo rei sentado tocando para ele. Em outra ocasião,
de Israel pelo seu coração (13.14; 16.7). E as mensageiros foram até a casa de Davi para
sim ele havia feito. prendê-lo (19.9-11). Saul reagia com rapidez,
sempre que alguém o informava de onde Davi
As lutas entre Davi e Saul
estava (23.7,8,19-23; 24.1,2; 26.1,2).
(capítulos 18-27) Saul também demonstrava a mesma ira
Depois da vitória sobre Golias, Davi tor- fanática contra os defensores de Davi. Ele
nou-se um dos principais soldados de Saul. O atacou Jônatas com sua lança quando Jônatas
povo, assim como os homens de Saul, o ama tomou partido de Davi (20.32,33). Saul tam
va. Infelizmente, Saul tornou-se invejoso pois bém destruiu a cidade inteira de N O B E quan
o povo elogiava mais a Davi que a ele. Ele do descobriu que o sacerdote daquela cidade
começou a ver Davi mais como uma ameaça havia dado suprimentos aos homens de Davi
que como um servo fiel (18.6-9) e esses senti (21.1-9; 22.7-19).
mentos de suspeita levaram a lutas dramáti Em terceiro lugar, Davi fez todo o possível
cas entre Saul e seu sucessor. para demonstrar sua lealdade para com Saul.
2 03
Descobrindo os Livros Históricos
As cinco maiores
cidades da Palestina
Siquém •
Siló #
/ Gaza Hebrom »
• Berseba
mulher
chamasse dos
mortos o
espírito de M on te Gilboa Bete-Seã
Samuel.
Exército Israelita
0 5 mi Fuga de Saul
I— ---- 1---- 1 • • • • • Batalha Ja b es-G ile ad e
0 5 km d e G ib eá s •
Exército Filisteu
tual (capítulo 28). Ele consultou ao Senhor, Nesse meio tempo, os príncipes filisteus re
mas o Senhor não respondeu. Saul ficou de- solveram que não confiavam em Davi e não
sespcrado. Colocou um disfarce e furtivamente permitiram que ele se juntasse aos outros na
dirigiu-se a En-Dor, onde vivia uma médium. batalha contra Saul (capítulo 29). Eles lem-
Saul pediu que a mulher chamasse Samuel braram-se das palavras da canção hebraica
dos mortos para ele. A passagem chama a fi — “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os
gura de Samuel e ele teria falado com a auto seus dez milhares” — e de que aqueles nú
ridade de Samuel. Não está claro se a mulher meros referiam-se a filisteus! Apesar dos pro
havia falado com espíritos de mortos antes, testos de Davi e suas declarações de lealda
mas é mais provável que tenha se tratado de de, Aquis o dispensou.
um espírito maligno. Essa dispensa foi certamente uma bênção
“Samuel” anunciou o julgamento final — para Davi. Se ele tivesse lutado contra Saul,
Saul morreria no dia seguinte, na batalha con muitos israelitas jamais o teriam perdoado. Em
tra os filisteus. Mas apesar da clara advertên vez disso, Davi tornou-se um observador ino
cia e mesmo estando alarmado, Saul conti cente da batalha que tirou a vida de Saul.
nuou com os planos para a batalha — planos Davi voltou para Ziclague e descobriu que
estes que lhe custariam a vida. os amalequitas haviam saqueado a cidade e
levado as mulheres e crianças (capítulo 30).
Sob a orientação de Deus, Davi perseguiu os
Nobe
amalequitas, derrotou-os e salvou os prisionei
En-Dor
Vale de Elá ros. Quanto aos espólios, Davi os enviou para
Monte Gilboa os anciãos de Judá, um gesto que certamente
Siló aumentou sua popularidade entre o povo de
sua própria tribo.
Lugares-chave E possível que, no exato instante em que
Davi estava derrotando os amalequitas em
Ziclague
Judá, Saul estava perdendo a batalha contra
Bete-Semes
os filisteus no Monte Gilboa. Três dos filhos
Ramá
de Saul, incluindo Jônatas, morreram na ba
Mispa
Jabes-Gileade talha e os arqueiros filisteus feriram Saul. Te
Neguebe mendo que os seus inimigos o capturassem e
torturassem, ele caiu sobre sua própria espada
e morreu.
205
Descobrindo os Livros Históricos
Os filisteus encontraram o corpo de Saul e ta Samuel havia ungido Davi para ser o próxi
seus filhos prenderam os cadáveres ao portão mo rei de Israel. No começo, Saul indicava
de Bete-Seã.7 Mas os homens de Jabes-Gilea- que seria um bom rei, mas não foi. Poderia ser
de, provavelmente por causa dos laços de san diferente com Davi, que não parecia prestes
gue com Saul e de sua fidelidade para com a ser um grande rei. E por que motivo isso viria
eles (capítulo 11), tiraram os corpos de lá e os a acontecer?
sepultaram corretamente. As lutas de Israel entre a teocracia e mo
E assim, a vida do primeiro rei de Israel narquia também levantam uma outra ques
chegou a um fim trágico. Ao nos aproximar tão para nós. Cada um de nós deve escolher
mos da conclusão de 1 Samuel, o texto levan submeter-se à maior de todas as autoridades,
ta uma questão. Saul havia morrido e o profe o Senhor. Quem é o rei de sua vida?
Sumário
206
1 Samuel
1. Descreva a situação histórica de Israel rael. Por que o povo queria um rei e
no começo do livro de 1 Samuel. Co por que Saul foi escolhido? De um
mo o povo estava organizado e quem modo geral, você acha que Saul foi
estava no comando? Quais eram as uma boa escolha? Justifique.
ameaças que eles enfrentavam?
5. Descreva a ascensão de Davi à proe-
2. Quais são os principais temas de 1 Sa minência. Por que Saul suspeitava
muel? dele? Na sua opinião, essas suspeitas
de Saul eram justificadas?
3. De que forma a vida de Samuel mu
dou a história de Israel?
4. Descreva as razões que estavam por
trás do começo da monarquia em Is
Leituras complementares
Baldwin, Joyce G. 7 Samuel: An Introduction and Com história de Israel em nível de seminário que combina
mentary. Tyndale Old Testament Commentary. bom estudo e leitura fácil.
Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1988. Um Wood, Leon J. IsraeTs United Monarchy. Grand Rapids:
bom comentário em nível universitário. Baker, 1979. Um estudo do período de Saul, Davi e
Bruggemann, Walter. First and Second Samuel. Salomão. Contém várias aplicações espirituais.
Louisville: John Knox, 1990. Rico em exposições e
aplicações teológicas.
Merrill, Eugene H. Kingdom o f Priests: A History o f Old
Testament Israel. Grand Rapids: Baker, 1987. Uma
207
2 Samuel
14 O reinado de Davi
mgmmm
Esboço
• Esboço
• Pano de fundo de 2 Samuel
Cenário
Autoria e data
Temas de 2 Samuel
Objetivos
• A mensagem de 2 Samuel
A ascensão de Davi ao poder em Judá Depois de ler este capítulo,
(capítulos 1-4) você deve ser capaz de:
0 reinado de Davi sobre toda Israel • Delinear o conteúdo de 2 Samuel.
(capítulos 5-24) • Expressar os quatro temas de 2 Samuel.
• Explicar os diferentes detalhes da morte
de Saul em 1 Samuel 31 e 2 Samuel 1.
• Demonstrar de que maneira o comporta
mento de Davi na situação com Is-Bosete
o ajudou a ganhar a confiança do povo.
• Identificar as razões pelas quais Davi
escolheu Jerusalém como a capital.
• Relacionar as bênçãos de Deus em sua
aliança com Davi.
• Aplicar à vida contemporânea os resulta
dos do pecado de Davi com Bate-Seba.
• Relatar os episódios de descontentamen
to no reino de Davi.
• Relatar os resultados para a história de
Israel do censo ordenado por Davi.
Descobrindo os Livros Históricos
Você já imaginou como seria liderar um tra os filisteus. Davi, que foi ungido por Sa
país? Você teria uma agenda lotada todos os muel para ser o sucessor de Saul, está em
dias. Muitas responsabilidades importantes Ziclague depois de ter salvo a cidade do ata
estariam sobre os seus ombros. E, algumas ve que amalequita. O livro de 2 Samuel relata
zes, você teria que tomar decisões que não como Davi tornou-se rei de Israel e ressalta
seriam bem aceitas por todos — decisões que, certos detalhes sobre seu reinado.
em sua opinião — seriam para o bem de todo Alguns estudiosos sugerem que o escritor
o país. de 2 Samuel organizou o material de acordo
2 Samuel registra como Davi tornou-se rei com tópicos e não em uma ordem cronológi
de Israel aos trinta anos de idade (5.4). O ca.1 2 Samuel 1-10 descreve como Deus
texto ressalta as diversas formas como Deus abençoou Israel quando o rei seguiu os cami
usou Davi para abençoar Israel. Ele também nhos do Senhor; 2 Samuel descreve como
descreve as tristezas e tragédias que vieram Deus julgou Israel, quando o rei saiu dos ca
sobre Davi e Israel quando o líder escolhido minhos do Senhor.
por Deus não seguiu os caminhos do Senhor.
Autoria e data
2 Samuel é uma obra anônima. Confor
me dissemos no capítulo 13, o ministério de
Esboço Samuel foi o que criou as condições para a
monarquia em Israel. Esse fato pode ser a
I. A ascensão de Davi ao poder em
razão da tradição ter ligado o seu nome a l e
Judá (1-4)
2 Samuel.
A. Davi pranteia a morte de
Também não sabemos exatamente quan
Saul (1)
do o livro foi escrito. Os relatos refletem um
B. Davi luta contra Is-Bosete
conhecimento completo dos acontecimentos,
(2-4)
baseando-se por vezes em antigas fontes es
II. O reinado de Davi sobre Israel critas (1.18).
(5-24)
A. Davi protege as fronteiras
Temas de 2 Samuel
(5, 8 e 10) A ascensão de Davi ao
B. Davi toma Jerusalém (5 e 6) reinado de Israel
C. Deus faz uma aliança com
Quando o povo pediu um rei, Deus lhes
Davi (7)
deu Saul. Sua aparência era nobre, mas ele
D. Davi peca com Bate-Seba
provou ser um péssimo rei, pois seu coração
(11 e 12)
não seguia fielmente ao Senhor.
E. Davi sente o descontenta
No início do reinado de Saul, Deus esco
mento com seu reinado
lheu Davi para ser o próximo rei (ISm 16.1-
(capítulos 13—20)
13). Saul teve inveja da popularidade de Davi
1. Amnom estupra Tamar (13 e 14)
e procurou matá-lo, fazendo com que Davi
2. Absalão lidera uma revolta (15-19)
tivesse que passar vários anos vivendo como
3. Seba lidera uma revolta (20)
F. Davi conclui o seu reinado um fugitivo. Mas a morte de Saul no MONTE
GlLBOA abriu caminho para que Deus pu
(21-24)
desse continuar com seu plano. Logo Davi
ocuparia o trono de Israel.
As ruínas de Jerusalém foi a capital de Israel até o final do Davi se arrependeu, Deus o perdoou, mas
Bete-Seã, Israel. do reinado de Salomão. Depois que o reino se as conseqüências desse pecado atormentaram
Os filisteus
dividiu, ela continuou sendo a capital de Judá, o rei para o resto de sua vida. O adultério de
tomaram o
corpo de Saul e até cair sob Nabucodonosor e os babilônios Davi e Bate-Seba é, de fato, uma virada im
Jônatas e o em 587 a.C. portante da narrativa de 2 Samuel.
pregaram nas
muralhas. A aliança de Deus com Davi
Davi queria construir um templo para
Deus, uma “casa” onde Deus pudesse habitar
A mensagem de
(capítulo 7). Em vez disso, Deus prometeu 2 Samuel
que construiria para Davi uma “casa de des-
cendentes”. O Senhor afirmou que o filho de A ascensão de Davi ao poder
Davi construiria o templo e que o favor divino em Judá (capítulos 1-4)
estaria sempre com a linhagem de Davi. Deus
estabeleceria o trono de Davi para sempre. Davi pranteia a morte de Saul
Essa maravilhosa promessa de Deus para (capítulo 1)
Davi tem um papel importante no plano de No terceiro dia depois do triunfante retor
Deus para a salvação. Ele culmina em Jesus no de Davi a Ziclague, ele recebeu a notícia
Cristo, o descendente de Davi, que um dia da derrota de Israel e da morte de Saul no
voltará para reinar para sempre (Lc 1.32,33). Monte Gilboa. Um amalequita do acampa
mento de Saul foi até Ziclague e deu as no
0 pecado de Davi traz sérias
tícias a Davi. Esse homem também contou
conseqüências que ele havia encontrado Saul gravemente
A falta de capacidade de Davi de contro- ferido e que, a pedido de Saul, ele o havia
lar suas paixões o levou ao adultério com BATE- matado para acabar com seu sofrimento.
SEBA e, mais tarde, ao assassinato de URIAS, A reação de Davi teve dois momentos. Em
o marido de Bate-Seba (capítulo 11). Quan um primeiro momento, ele e toda a sua compa
211
Descobrindo os Livros Históricos
As Campanhas de Davi
/
Sidom
D am asco
Tiro ®
Hazor •
M AR DA
G A L IL É IA
# Helão
#
£
• Gaza
NEGUEBE
Davi derrota os Filisteus
costa. Mais tarde, os filisteus acabaram subme Alguns reinos conquistados, por vezes, uni
tributo
tendo-se ao controle de Davi. Eles haviam der am forças contra Davi e tentavam reaver sua
rotado Saul, mas não iriam derrotar o rei Davi. independência. A Síria e Amom uniram-se
O Senhor também deu a Davi vitórias so contra Israel (capítulo 10), mas Joabe dividiu
bre outros reinos vizinhos — MOABE e EDOM o exército de Israel contra eles e os venceu.
a sudoeste, AMOM a leste e SÍRIA ao norte As fronteiras de Israel estavam seguras.
(8.1). Davi colocou guarnições em DAMAS
CO e aceitou tributos de muitas outras cida- Davi toma Jerusalém (capítulos 5 e 6)
des-estado da Síria. Ele também fez uma alian Durante os primeiros sete anos e meio de
ça com Hirão, rei de Tiro, que construiu para seus quarenta anos e meio de reinado, Davi
ele um palácio em Jerusalém quando Davi governou a partir de Hebrom. Mas a locali
mudou a capital para lá. zação da cidade — no extremo sul — a torna-
213
Descobrindo os Livros Históricos
Os jebusitas
controlavam
Jerusalém nos
tempos de Davi,
mas o exército
de Davi entrou
na cidade
através de seu
túnel de água e
a conquistou
(2Sm 6.6-8).
va pouco apropriada para uma capital. Davi e eles haviam se submetido a ele. Seu reino
tem plo
resolveu mudar a capital para aproximada- gozava de paz e segurança. Davi com certeza
mente trinta e cinco quilômetros a norte em sabia de uma coisa — Deus estava, de fato,
aliança Jerusalém.4 abençoando-o!
Jerusalém estava dentro do território de Mas Davi também percebeu uma outra
Benjamim, um fato que Davi pode ter levado coisa. Hirão, o rei de Tiro bavia construído
em consideração ao escolher aquele local. Saul, para Davi um palácio impressionante. Mas
que era benjamita, havia governado a partir de onde estava o palácio de Deus? Não havia
Gibeá, alguns quilômetros ao norte de Jerusa um palácio para ele! A arca da aliança estava
lém. Talvez Davi achasse que restaurando a em uma tenda enquanto Davi vivia em meio
capital à região de Benjamim poderiam dimi ao luxo. Davi sentiu que o Senhor merecia
nuir as tensões políticas nas terras. Além disso, um lugar melhor para o seu nome.
a FONTE DE GlOM dava a Jerusalém um abun Natã, o profeta, supôs que Deus gostaria
dante abastecimento de água. que Davi construísse um tem plo, mas Deus
Os jebusitas, parte da população cananita tinha outros planos. Ele não havia pedido
que habitava a terra durante os dias de Josué um templo. Além disso, Davi era um guer
(Js 24-11), controlavam Jerusalém no tempo de reiro que havia derramado muito sangue;
Davi. Sua cidade fortificada, no alto de um Deus escolheria um homem de paz para
monte, dava-lhes uma sensação de invencibi construir o templo (lC r 22.8,9). Davi preci
lidade, mas Davi entrou na cidade através de sava submeter seu zelo ao tempo e à vonta
seu túnel de água e a conquistou (2Sm 5.6-8). de de Deus.
Jerusalém tornou-se a Cidade de Davi. Ainda assim, Deus recompensou a atitude
Davi trouxe, então, a arca da aliança de de Davi. O rei queria construir um templo por
Baalá de Judá (também conhecida como causa de sua gratidão por todas as bênçãos de
Quiriate-Jearim, ISm 7.1,2). A arca entrou Deus. Mesmo que aquela não fosse a solução
em Jerusalém em meio a muita celebração e certa, sua atitude foi louvável.
os levitas a colocaram na tenda que Davi ba Davi queria construir uma casa para o Se
via preparado para ela. Jerusalém tornava-se nhor, mas Deus disse que construiria uma casa
o centro espiritual e político de Israel. para Davi — uma casa de descendentes. O
texto não usa o termo “aliança”, mas textos
Deus faz uma aliança com Davi bíblicos mais adiante referem-se a esse acon
(capítulo 7) tecimento como uma aliança (2Cr 21.7; SI
Davi bavia se estabelecido como rei sobre 89.3). A aliança especial de Deus com Davi
toda Israel. Ele havia derrotado seus inimigos incluía as seguintes bênçãos:
214
Reino Unido
sob Davi
» D am asco
Vassalo de Davi
-
£
M egido
ílfSfllÉi
# B ete-Seã Ram ote-Gileade
/
$ ISRAEL
i
$ Siquém
Jope Sitó
• Rabá-bene-
Am om
G ezer
Q ueriate-Jearim
• A sd o d e Jeru salém
A scalom
JUDÁ AMOM
Hebrom £
I
MOABE
• B e rseb a
Escala
EDOM 10 2 0 mi
I------1— 1—I----- 1
0 10 2 0 km
Descobrindo os Livros Históricos
• Deus daria a Israel um lugar para O interesse de Davi por Bate-Seba deveria
habitar em segurança para sempre (vs. ter se encerrado quando descobriu que ela
10 , 11). era casada. Em vez disso, ele a chamou para o
• Deus levantaria um filho de Davi que palácio e teve relações sexuais com ela. Quan
construiria o templo (vs. 12,13). do, mais tarde, Bate-Seba informou Davi de
• Deus estabeleceria a linhagem que ela estava grávida, Davi se viu diante de
dinástica de Davi para sempre (v. 13). um verdadeiro problema. Urias, o marido de
• Deus estabeleceria um relacionamento Bate-Seba, estava fora há muito tempo, lu
de pai e filho com os descendentes de tando contra os amonitas. Logo ficaria óbvio
Davi (v. 14). que ele não era o pai do bebê que sua mulher
• A misericórdia e o amor de Deus estava esperando!
estariam presentes com a linhagem Em duas ocasiões, Davi tentou fazer pare
dinástica de Davi como antes havia cer que Urias era o pai da criança. Mas quan
acontecido com Saul (vs. 14,15). do as duas tentativas falharam, ele tomou
medidas drásticas. Pelas mãos do próprio Urias
Davi respondeu com gratidão e espanto ele enviou ordens para que Joabe o colocasse
imensuráveis. Quem era ele para que Deus no meio da luta mais acirrada e então o dei
fizesse essa grande obra por meio dele? A ati- xasse sozinho. O plano funcionou e Urias
tude de Davi serve de modelo para todos os morreu na batalha. Depois do período de luto
cristãos. A Bíblia declara uma verdade admi de Bate-Seba, Davi casou-se com ela e Bate-
rável — Deus escolheu pessoas simples para Seba deu à luz um filho. O rei achou que
cumprir seus grandes propósitos! Nossa res havia escapado de seu pecado, mas ele se es
posta não deve ser de orgulho, mas sim de queceu de uma coisa: o Senhor tinha visto
gratidão. todo aquele episódio pecaminoso!
Davi também compreendeu que parte das Natã, o profeta, foi até Davi e contou-lhe
bênçãos de Deus dependia da fé dos seus des uma história. Um homem rico, que tinha
cendentes (lRs 2.4). Mas o cumprimento fi muitas ovelhas e gado, estava recebendo um
nal da aliança de Deus com Davi encontra- convidado. Em vez de pegar um animal den
se na pessoa de Jesus Cristo, o filho de Davi tre os seus muitos para preparar para o convi
(Mt 1.1). Davi governou como rei de Israel, dado, ele pegou a única ovelha de um ho
mas Jesus voltará para reinar como Rei dos mem pobre, uma ovelha que era o animal de
reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16). Até estimação da família e a preparou para seu
esse dia, devemos permitir que ele reine com convidado.
liberdade em nossos corações. Quando o fa A ira de Davi se acendeu — aquele ho
zemos, seu Espírito Santo nos transforma na mem deveria morrer por sua falta de compai
pessoa que ele quer que sejamos. xão! Mas a resposta de Natã o deixou parali
sado: “Tu és o homem!” (12.7). Deus havia
Davi peca com Bate-Seba
abençoado Davi abundantemente. Ele havia
(capítulos 11 e 12) salvo Davi das mãos de Saul e dado a ele o
O pecado de Davi com Bate-Seba teve reino com todas as suas honras e privilégios.
conseqüências desastrosas. Tanta coisa havia Urias, por outro lado, só tinha a Bate-Seba, e
dado certo para ele, mas quando Davi deixou Davi havia tomado a mulher dele. Daquele
os caminhos de Deus, tanta coisa deu errado. dia em diante, a espada estaria sempre sobre a
Essa história é uma clara advertência para os casa de Davi — sua família passaria por cons
cristãos de hoje. Mesmo depois de perdoado, tante tumulto e tragédia.
o pecado pode trazer conseqüências para o Davi sentiu o golpe das palavras de Natã e
resto da vida. confessou o seu pecado. Natã o assegurou do
O pecado de Davi ocorreu depois que ele perdão de Deus, mas prometeu que haveria
enviou Joabe e o exército para lutar contra sérias conseqüências. A criança deveria mor
Amom. Enquanto isto, em Jerusalém, Davi rer, pois o pecado de Davi tinha feito os inimi
estava andando no alto de seu palácio quan gos de Deus blasfemarem. Precisamos pedir
do olhou para baixo e viu uma mulher ba- que Deus nos proteja das tentações. Os des
nhando-se. Ele a desejou e perguntou quem crentes estão sempre nos observando e qual
era ela. Seus servos lhe informaram que aquela quer pecado que eles possam ver em nós dá a
era Bate-Seba, esposa de Urias, o hitita. eles uma desculpa para zombar de Deus.
216
2 Samuel
0 vale Cedrom,
nas cercanias de
Jerusalém.
Quando Absalão
tentou tomar o
reino, seu pai,
Davi, fugiu da
capital através
do vale Kidron.
Os relatos das guerras de Davi com os filis- quanto outros têm apenas os seus nomes men
teus (21.15-22) ressaltam ainda mais as lutas cionados. Esses homens demonstraram tre
de Israel contra esse povo. Os filisteus quase menda lealdade e bravura enquanto cumpri
mataram Davi e alguns de seus guerreiros am seu dever. Talvez eles tenham lutado com
eram bem maiores em estatura que os israeli tanta valentia, pois reconheceram a mão de
tas. Ainda assim, o Senhor deu vitória a Israel Deus sobre Davi. E, é claro que Deus tam
e Davi conseguiu dominar os filisteus. bém lhes deu poder para que cumprissem os
Davi sabia que tudo o que ele era devia ao seus propósitos.
Senhor e expressou seu louvor em 2 Samuel Em uma outra ocasião, Davi determinou
22. Davi louvou a Deus pois ele era a rocha, o que faria um censo (capítulo 24), uma deci
refúgio, o escudo, o salvador e muito mais. são que mostrava mais fé nos números que
Deus demonstrou seus poderes nos céus e, em Deus. 2 Samuel 24.1 diz que Deus ficou
ainda assim, escolheu alguém como Davi para irado com Israel e ele incitou Davi a levantar
liderar Israel. E o mesmo poder que capacitou o censo. 1 Crônicas esclarece que Deus per
Davi para governar o povo de Deus pode nos mitiu que Satanás incitasse Davi a tomar tal
capacitar a ter a vida que Deus quer para nós decisão. Quando Joabe completou o censo,
nos dias de hoje. Deus trouxe julgamento sobre Israel e milha
As histórias dos homens valentes de Davi res morreram.
retratam a dedicação dos soldados enquanto O profeta Gade deu a Davi a escolha de
lutavam por Davi e por Israel. Essas histórias qual seria o castigo. Davi escolheria passar por
ressaltam a carreira de alguns homens, en uma grande fome, fugir dos inimigos ou sofrer
Sumário
1. Os temas de 2 Samuel são sobre Davi 6. Deus fez uma aliança com Davi que
e sua ascensão ao reinado, sua esco incluía a promessa de que ele sempre
lha de uma capital, a aliança de Deus providenciaria um lugar para Israel
com ele, seu grande pecado e suas habitar; que o filho de Davi construi
conseqüências. ria o templo; que Deus estabeleceria a
linha dinástica de Davi para sempre;
2. Davi foi ungido rei pelos homens de
que Deus estabeleceria um relaciona
Judá em Hebrom, mas Abner coroou
mento de pai e filho com os descen
rei de Israel o filho de Saul, Is-Bosete.
dentes de Davi e que o amor e a mi
3. 0 reinado de Davi foi o começo do sericórdia de Deus jamais se apartari
Império Israelita. am da linhagem de Davi.
4. Davi mudou a capital para Jerusalém, 7. Do adultério com Bate-Seba, Davi
pois estava mais bem localizada, iria aprendeu que todo pecado tem con
acalmar um problema político porque seqüências, mas que a graça de Deus
ficava no território de Benjamim e ti é suficiente para cobrir tudo quando
nha um bom abastecimento de água. o pecador se apresenta diante de
Deus com genuíno arrependimento.
5. Quando Jerusalém tornou-se o centro
político de Israel, Davi também a fez 8. Três acontecimentos importantes aju
o centro espiritual ao tirar a arca da daram a fazer crescer o descontenta
aliança de Queriate-Jearim e levá-la mento com o reinado de Davi: o estu
para uma tenda em Jerusalém. pro de Tamar por Amnom, a rebelião
de Absalão e a rebelião de Seba.
219
Descobrindo os Livros Históricos
Leituras complementares
Baldwin, Joyce. 7 and 2 Samuel: An Introduction and história de Israel para seminaristas que combina bom
Commentary. Tyndale Old Testament Commentary. estudo e leitura fácil.
Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1988. Um Wood, Leon J. IsraeTs United Monarchy. Grand Rapids:
bom comentário em nível universitário. Baker, 1979. Um estudo do período de Saul, Davi e
Merrill, Eugene H. Kingdom o f Priests: A History o f Old Salomão. Contém várias aplicações espirituais.
Testament Israel. Grand Rapids: Baker, 1987. Uma
pestilência? Davi escolheu deixar o julgamen O livro de Samuel registra como Deus co
to nas mãos de Deus. Ele não podia esperar locou Davi no trono de Israel. O coração de
compaixão de seus inimigos, mas sabia que, Davi era reto diante de Deus e o Senhor fez
com Deus, sempre tinha esperança. uma aliança especial com ele. Davi pecou
A praga cessou na eira de Á R A Ú N A , o grandemente, mas confessou seus pecados
jebusita, e o profeta Gade instruiu Davi para quando os viu e quis acertar sua vida perante
que construísse ali um altar. Araúna ofereceu Deus. No mais profundo de seu ser, Davi sem
doar tudo o que Davi precisasse, mas Davi pre queria fazer o que era certo.
recusou dizendo: “...não oferecerei ao Senhor, Davi recebeu o perdão de Deus, mas seu
meu Deus, holocaustos que não me custem pecado teve conseqüências terríveis. Ele viu
nada” (24.24). arruinada a vida de três de seus filhos, e mais
Mais uma vez, Davi revelou o seu coração. tarde, quando estava à beira da morte (lRs
Deus o havia abençoado abundantemente e 1), mais dois filhos brigaram pelo trono. A his
Davi não mostraria sua gratidão com uma oferta tória de Davi nos adverte para que resistamos
que não lhe tivesse custado nada. Ele pagou o ao pecado ou vivamos em arrependimento. O
que era devido a Araúna, ofereceu os sacrifíci poder de Deus pode nos dar vitória contra a
os e clamou pelo nome do Senhor. O Senhor tentação (IC o 10.13) e nos ajudar a viver
ouviu a oração de Davi e pôs fim à praga. Mais como Deus quer (Fp 2.13).
tarde, a eira de Araúna tornou-se o local onde
foi construído o templo do Senhor (2Cr 3.1).
220
1 Reis
A glória de Salomão
e o princípio do fim
Esboço
* O autor e seus métodos
Teologia da retribuição
Fórmula do reinado e fontes
Perspectiva histórica do Exílio
• Conteúdo de 1 Reis
Esboço Objetivos
Visão geral Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
• Discutir as questões de autoria de 1 Reis.
• Analisar os métodos usados pelo autor
de 1 Reis.
• Aplicar a fórmula do reinado a 1 Reis.
• Delinear o conteúdo de 1 Reis.
• Relacionar os reis do reino dividido.
• Indicar de que maneira se desenvolveu o
ofício de profeta.
221
Descobrindo os Livros Históricos
Exem plos de
fó rm u la s reais
para 1 e 2 Reis
1. Introdução
a) Sincronização
c) Referência materna
2. Avaliação
"Andou em todos os pecados
que seu pai havia cometido
antes dele; e seu coração não
foi perfeito para com o Senhor,
seu Deus, como o coração de
Davi, seu pai." (1 Rs 15.3)
3. Referência às Crônicas
"Quanto aos mais atos de
Degraus no Depois da morte de Salomão no capítulo Abias e a tudo quanto fez,
portão norte de l l , o autor apresenta os governantes de Israel porventura, não estão escritos
Megido. no livro da História dos Reis de
e Judá em retrospectiva. Ele data cada rei sim
Arqueólogos Judá?" (1 Rs 15.7)
escavaram os cronizando a ascensão de cada um com o rei
muros e portões nado do monarca do outro reino. O autor al 4. Morte, sepultamento
de Megido, terna reis de Israel e Judá, mas não necessa e sucessor
Hazor e Gezer, riamente na ordem cronológica, o que resulta
cidades do "Abias descansou com seus
em uma seqüência, histórica nada comum.
tempo de pais, e o sepultaram na
Salomão. Ele discute, por exemplo, as guerras de fron
teiras de Baasa contra Asa antes mesmo de Cidade de Davi; e Asa, seu
filho, reinou em seu lugar."
apresentar Baasa formalmente (15.16-33).
(1 Rs 15.8)
O autor usou três fontes primárias. O “livro
dos anais de Salomão” (11.41) parece ter con
tido os anais reais típicos de um reinado do
antigo Oriente Próximo. O “livro dos anais do
reino de Israel” (14.19; 15.31, etc.) e o “livro Mediante comparações feitas com inúmeros
dos anais do reino de Judá” (14.29; 15.7, etc.) documentos desse tipo encontrados em ar
anais reais aparentemente eram listas das atividades po quivos reais ou em templos de nações do anti
líticas de cada rei bem como registros oficiais go Oriente Próximo, podemos dizer que esses
arquivos de estado preservados nos arquivos reais. documentos incluíam listas de reis, anais e
223
Descobrindo os Livros Históricos
NMHMMHHI mmm.
crônicas, inscrições reais, épicos históricos
crônicas
e dados biográficos.4 Conteúdo
Comparações com outros arquivos reais do
epicos antigo Oriente Próximo mostram que o autor de 1 Reis
históricos de Reis usou fontes contemporâneas seme A narrativa que se desenrola durante 1 e 2
lhantes às inscrições reais de outros países, es Reis tem três partes. A primeira unidade co
pecialmente dos vizinhos ESTADOS ARA- bre o rei Salomão (lRs 1-11). Esses capítulos
MEUS na Síria.5 O autor de Reis parece ter descrevem sua dramática ascensão ao poder
tido diante dele documentos reais dos arqui (capítulos 1,2), seus grandes feitos (capítulos
vos da antiga Israel e Judá. O fato dessas ins 3-10) e seu fim trágico (capítulo 11). A se
crições reais hebraicas originais ainda não te gunda unidade trata da história do reino divi
rem sido encontradas é uma questão para a dido e revela o relacionamento entre Israel e
arqueologia moderna. Judá (lRs 12-2Rs 17). Algumas vezes o rela
cionamento era pacífico, outras vezes não. A
Perspectiva terceira e última unidade (2Rs 18-25) narra
histórica do exílio os últimos anos de reinado em Judá, ao sul,
O autor desses livros testemunhou a que depois da queda do reino do norte para os
da do reino do sul e o fracasso de Israel em assírios em 722.
manter seu relacionamento singular com
Deus. Os livros de Reis foram completados Esboço
depois de 561 a.C., pois esta é a data do últi
mo acontecimento registrado (2Rs 25.27-30). L O reino unido de Salomão
O autor não faz nenhuma referência a CIRO, (1.1-11.43)
DA PÉRSIA, e seu édito de liberação de 539, A. O início do reinado de Salomão
que terminou oficialmente com o exílio (2Cr (1.1-2.46)
36.22,23). Podemos supor que a obra foi com B. A glória do reinado de Salomão
pletada em algum momento durante esses (3.1-10.29)
últimos vinte e dois anos de exílio babilônico. C. O fim trágico do reinado de
De seu ponto de vista no exílio, o autor foi Salomão (11.1-43)
capaz de rever tanto os reis de Israel quanto
II. O reino dividido (12.1-22.53)
de Judá. Do ponto de vista da História da
A. Inimizade entre Israel e Judá
humanidade, foi um período de impérios
(12.1-16.28)
mundiais. Depois do impressionante reinado
B. Paz e amizade entre Israel e
de Salomão, os assírios e babilônios impuse
Judá (16.29-22.53)
ram sua força sobre o mundo antigo. Israel
cresceu e tornou-se poderosa novamente Visão geral
apenas quando os grandes poderes da Meso
potâm ia entraram tem porariam ente em A glória de Salomão
declínio. (capítulos 1-11)
Essa é uma explicação possível. Esses mes Esses capítulos descrevem o auge do poder
mos acontecimentos foram interpretados pelo militar e político de Israel. Foi só durante o
autor de Reis durante o exílio, com uma pers reinado de Salomão que Israel ganhou desta
pectiva diferente, uma perspectiva dada por que na arena política internacional. Mas o
Deus. Ele fez uma retrospectiva da história da breve período de força e prestígio de Israel foi
monarquia israelita e explicou os aconteci arruinado pela apostasia religiosa de Salomão.
mentos teologicamente. Os impérios mundi A infidelidade de Salomão à aliança apagou
ais tinham sido instrumentos nas mãos de Deus todos os grandes feitos de seu reinado. Pouco
para punir o seu povo. Os assírios e os babilô depois de sua morte, o período de glória de
nios, na verdade, eram capazes de fazer ape Israel estava encerrado. Apesar de ter sido o
nas aquilo que Deus permitia a seu próprio maior momento político do povo, ele é lem
tempo e, também, de acordo com sua vonta brado na Bíblia como um dos mais trágicos.
de. O autor ligou os fracassos políticos e mili Essa uma história de oportunidades perdidas.
tares dos reis israelitas à falta de lealdade à Salomão não era o príncipe coroado e nem
aliança. o filho mais velho de Davi. Ele não tinha ne
224
1 Reis
0 Domo da
Rocha foi
construído
sobre o local
onde Salomão
ergueu o
templo. Um dos
grandes
momentos da
história de Israel
foi a
consagração do
templo de
Salomão.
w m /m m m m m m a,
nhum direito legítimo à sucessão de Davi, mão qualquer coisa que ele pedisse (v. 5). Em
teofania
Assim, a narrativa começa contando como vez dc pedir riquezas, uma vida longa ou vitó
Salomão tornou-se rei (capítulos 1 e 2). ria sobre seus inimigos, Salomão pediu sabe
Adonias, o quarto filho de Davi e o mais ve doria. Deus ficou tão satisfeito com esse pedi
lho ainda vivo, estava na linha de sucessão ao do que ainda lhe deu riquezas, vida longa e
trono do seu pai. Mas como Amnom e Absalão, vitória sobre seus inimigos além da sabedoria
os outros filhos de Davi que supostamente (vs. 12,13). Todas essas bênçãos, entretanto,
eram herdemos do seu trono, Adonias não es estavam condicionadas à continuidade de
tava disposto a esperar pelo tempo de Deus. sua obediência (v. 14). Esse último lembrete
Ele tentou tomar o reino com suas próprias foi uma fatal advertência.
forças e contra a vontade de Deus. Assim que Salomão voltou para Jerusalém,
A unidade seguinte de 1 Reis descreve o duas prostitutas em uma disputa legal deram
magnífico reinado de Salomão (capítulos 3- a cie a oportunidade de demonstrar sua sabe
11). Com exceção do capítulo 11, essa unida doria (vs. 16-28). As mulheres viviam na mes
de relata o lado glorioso do reinado de Salo ma casa c cada uma tinha um filho recém-
mão. A unidade é marcada por suas constru nascido, com três dias de diferença um para o
ções c duas aparições de Deus para Salomão. outro. Durante a noite, um bebê morreu tra
A primeira fase de seu reinado foi marcada gicamente, A mãe do bebê que havia morri
pelo amor e obediência: “Salomão amava ao do trocou os bebês antes que a outra mulher
Senhor, andando nos preceitos de Davi, seu acordasse. Agora, cada uma afirmava que a
pai; porém sacrificava ainda nos altos e quei criança viva lhe pertencia c não havia modo
mava incenso” (3.3). Essa única falha pôde de refutar o que elas diziam. Em uma decisão
ser retificada quando ele construiu o novo conhecida, Salomão deu ordem para que o
templo em Jerusalém. bebê vivo fosse cortado em dois e que uma
A Bíblia afinna claramente por que o rei metade fosse ciada para cada mulher. Enquan
no de Salomão era tão glorioso. Israel flores to a mãe verdadeira implorou para que dei
ceu durante seu reinado, não por causa da xassem a criança viver, a mulher que estava
genialidade ou dos talentos de Salomão, mas mentindo falou para matarem a criança. En
por causa da sabedoria que ele havia recebi tão, Salomão declarou que a criança não de
do dc Deus. A primeira aparição de Deus (ou veria ser morta, mas devolvida para sua ver
teofania) a Salomão foi em Gibeão (capítulo dadeira mãe, a que se revelara claramente
3). Deus havia prometido conceder a Salo por meio de seu clamor desesperado. A notí
2 25
Descobrindo os Livros Históricos
cia desse veredito e da sabedoria que Salo- Um dos grandes momentos da história de
mão recebeu de Deus confirmou rapidamen Israel foi a dedicação do templo por Salomão
te que Salomão era, de fato, o escolhido por (capítulo 8). Durante a cerimônia de mudan
Deus para ser rei de Israel (v. 28). ça, a glória do Senhor encheu o novo templo.
As habilidades administrativas de Salomão Deus honrou a obediência de Salomão ao ofe
refletiam sua grande sabedoria (capítulo 4). recer sua presença santa (8.10,11), assim como
A organização de seu gabinete (vs. 1-6), seus havia honrado Moisés por sua fidelidade quan
distritos regionais (vs. 7-19) e a extensão de do Moisés construiu o tabernáculo (Ex 40.34) -
suas provisões (vs. 20-28) ilustram o esplendor Em uma das grandes orações da Bíblia, Salo
de seu reinado. Essa foi uma das poucas vezes mão representou a nação em seus louvores a
na história de Israel em que toda a terra pro Deus (8.23,24) e rogou a Deus para que cum
metida na aliança de Abraão estava de fato prisse sua promessa a Davi (vs. 25,26).
sob o controle do povo de Deus (v. 21; ver Gn N a segunda teofania, semelhante à de
15.18). A combinação de paz e fartura que Gibeão, Deus apareceu para Salomão e o as
Salomão ofereceu a cada israelita (v. 25) tor- segurou de que havia respondido a oração do
nou-se um símbolo da era messiânica (Zc 3.10). rei (9.2). Ele consagrou (“tornou sagrado”,
A sabedoria de Salomão era insuperável (4.29- h iq d ã è ) o templo de Salomão e colocou seu
34). Assim como a lei foi dada a Moisés e os nome lá para sempre (9.3). Mas as promessas
Salmos vieram de Davi, a sabedoria foi a con de Deus não garantiam o sucesso de uma Is
tribuição de Salomão para a religião israelita. rael rebelde (“Se andares perante mim como
As extensas atividades de construção de andou Davi, teu pai, com integridade de co
Salomão também demonstravam a sabedoria ração e com sinceridade... então, confirmarei
dada por Deus (5.1-8.66). Sua diplomacia com o trono de teu reino” 9.4,5). Sua promessa
Hirão rei de Tiro (capítulo 5) tornou possível soberana nunca deixou de lado a responsabi
o acesso a artesãos e materiais para seus ambi lidade humana.
ciosos projetos. A prosperidade e a paz do rei Os feitos espetaculares de Salomão cha
nado de Salomão também possibilitaram a maram a atenção internacional. A visita da
construção do tempo do Senhor, do palácio rainha de Sabá, ao que parece, foi uma mis
real e dos móveis e artefatos do templo (6,7). são de comércio (10.10,13). Mas o relato no
Apesar do texto bíblico dar várias das especi capítulo 10 também mostra como a sabedoria
ficações e dimensões do templo, seria impossí e riqueza de Salomão eram vistas pelas na
vel reconstrui-lo nos dias de hoje e represen ções ao redor. A promessa de Deus para Salo
tar sua aparência exata.6 mão quando ele estava em Gibeão (3.13) ha
226
1 Reis
Um artista via se cumprido (10.23). Mas a Bíblia deixa políticos de Salomão pareciam, ser uma forma
retrata o templo claro que nem bênçãos materiais e nem mes inocente de fortalecer suas alianças estran
de Salomão,
mo bênçãos espirituais são garantia do favor geiras (11.3). Mas o Senhor havia especifica
tendo à frente o
vaso dourado eterno de Deus; Deus requer fidelidade à mente proibido o casamento de israelitas com
das abluções aliança por parte de todos os seus filhos. O outros povos (11.2; Dt.7.4; 17.17). Na velhice
sacerdotais. capítulo 11 inclui a narrativa de Salomão ao de Salomão, a apostasia religiosa que suas es
relatar o seu fracasso pessoal. Apesar de Deus posas estrangeiras trouxeram para dentro da
ter lhe dado tudo para que ele alcançasse su corte afetaram adversamente sua fé. De ma
cesso e o tivesse abençoado com todas as bên neira lenta e gradual ele deixou o monoteís-
çãos imagináveis, o pecado pessoal de Salo mo exclusivo e começou a incorporar o culto
mão acabou levando à divisão do grande im a outros deuses (11.14). Essa transigência reli
pério em dois reinos mais fracos. giosa quase nunca é rápida e óbvia, mas acon
No começo do reinado de Salomão, ele tece gradualmente à medida que ocorre o
entrou em aliança política com o Egito, o que distanciamento de Deus.
implicou um casamento real com a filha do O fracasso moral pessoal de Salomão re
Faraó (3.1). Isto já foi um sinal de futuros pro sultou em uma tragédia nacional. Deus não
blemas. Grandes haréns reais eram comuns iria permitir que o reino permanecesse unifi
monoteísmo naquele tempo. Os numerosos casamentos cado depois da morte de Salomão, mas daria
227
Descobrindo os Livros Históricos
apenas uma pequena porção ao filho de Sa ções religiosas que ameaçaram a natureza
fórm ula do
lomão (11.9-13). Por Salomão ter falhado em autêntica do laveísmo (12.25-33). Seus be
reinado
manter a aliança, Deus levantou adversários zerros de ouro em Betei e Dã podem ter sido
para afligi-lo ao sul (Hadade, o edomita, vs. vistos como pedestais sobre os quais o Iavé
laveísm o 14-22), ao norte (Rezim, de Damasco, vs. invisível andava vitorioso. Mas essa prática
23-25) e internamente (Jeroboão, oefraimita, ainda era proibida por Deus e aproximou-se
vs. 26-40). No começo de seu reinado, Salo perigosamente de idolatria pura como a que
mão tinha ficado livre de qualquer ameaça era praticada nas nações ao redor.
militar. Agora estava tendo problemas inter O autor descreve dois profetas que foram
nos e externos. mandados por Deus para exortar Jeroboão de
O capítulo 11 é um ponto central dos li sua apostasia religiosa. O primeiro foi um “ho
vros de Reis. Tudo havia corrido bem para mem de Deus”, cujo nome não é menciona
Salomão, que parecia ter cumprido as pro do e que foi enviado de Judá pelo Senhor
messas dos patriarcas e conseguido realizar o para condenar Jeroboão (13.1) J As novas prá
que Deus queria para o seu povo. Mas desse ticas religiosas do rei do norte eram uma rejei
ponto em diante, a narrativa de 1 e 2 Reis é ção evidente da palavra do Senhor (13.4-10).
uma trágica história de destruição e perda. O segundo pronunciamento profético foi fei
A tragédia da vida de Salomão foi ele não to por um profeta chamado Aías (14.1-18). O
ter permanecido fiel a Deus, apesar do Se profeta anunciou que Jeroboão havia feito
nhor ter evidentemente providenciado tudo mais mal que todos que tinham vindo antes
para o seu reino. Em vez de Salomão, Davi é dele e que havia rejeitado o próprio Deus (v.
o rei ideal da Bíblia, mesmo que ele não ti 9). As gerações futuras viriam a medir o mal
vesse alcançado o ápice político igual ao de por intermédio da comparação com Jeroboão
seu filho. A palavra de Deus está mais inte e seu grande pecado. Aías predisse que a di
ressada na fidelidade à aliança que no pres nastia de Jeroboão seria curta, entre várias
tígio político. outras conseqüências horríveis do pecado do
rei (vs. 10,11).
O começo do reino dividido Na unidade seguinte, o autor faz um su
(capítulos 12-22) mário das histórias de reinados individuais de
A segunda unidade principal de 1 Reis con Israel e de Judá (14.21-16.28). N a avaliação
tinua até 2 Reis 17.41. Essa seção começa com do reinado de Roboão, a preocupação do au
a narrativa da divisão do império de Salomão tor é com o pecado de Judá que se espalhou
em dois reinos menores, Israel ao norte e Judá desde os tempos de Salomão (14-22-24). As
ao sul. A princípio, a relação entre os dois era sim como em Gênesis 3—11, o autor está cien
de hostilidade (1 Rs 12.1-16.28). Esse período te de que o pecado encoberto é penetrante e,
foi seguido por outro de paz entre as duas na como uma doença, causa a degeneração.
ções (lR s 16.29-2Rs 8.29). Novas hostilida O tema constante dessa unidade é a ini
des dominaram o relacionamento entre os dois mizade e guerra entre Israel e Judá durante
reinos antes da queda do reino do norte (2Rs esse tempo. Abias, de Judá, e Jeroboão, de
9-17). Israel, continuaram a guerrear (15.7) assim
O autor conclui a história da vida e do como Asa, de Judá, e Baasa, de Israel (15.16).
reino de Salomão com a fórmula do reinado Asa e Baasa envolveram-se em uma disputa
(lR s 11.41-43). A partir dessa unidade, o au relacionada ao distrito de Benjamim (15.17-
tor considera cada governante do reino divi 22). Sob o governo de Baasa, Israel fez pressão
dido, usando a fórmula do reinado como ins para o sul e tomou posse de Ramá, que ficava
trumento de estruturação. a apenas oito quilômetros de Jerusalém. Baasa
O começo do reino dividido tem uma his fortificou Ramá por causa de sua localização
tória de conflito entre Jeroboão ao norte e estratégica em uma estrada que ligava o nor
Roboão ao sul (capítulos 12-14). A narrativa te ao sul. Desse ponto privilegiado, Baasa po
relata as intrigas e traições políticas envolvi dia guardar sua nova fronteira e proibir os is
das (capítulo 12). Mas como já vimos, o autor raelitas do norte de adorar em Jerusalém.
está mais interessado em traçar as conseqüên Asa reagiu convencendo Ben-Hadade, rei
cias da infidelidade religiosa e o papel dos pro de Damasco, a invadir Israel pelo nordeste, o
fetas. Jeroboão, em uma tentativa de consoli que diminuiria a pressão militar sobre Jerusa
dar seu novo reino ao norte, introduziu inova lém no sul. Quando Baasa retrocedeu para
228
Sidom
O Reino
Dividido
Dá
£
SIRIA (ARÃ)
f
Hazor
M A R DA
G A L IL É IA
Megido
I S R A E L
*
#
S am aria
Siquém
! AMOM
.0
0?
Siló
Betei
Jericó
Jeru salém
Belém
A scalom
Hebrom s
/ i
<1:
I
J U D A
MOABE
B erseb a
Escala
0 5 10 mi
i—
0 10 20 km
Descobrindo os Livros Históricos
Inscrição de
M essa 1 Os reis da m onarquia dividida1
Israel Judá
1Edwin R. Thiele, The M ysterious Numbers o f the Hebrew Kings: A Reconstruction o f the Chronology o f |
the Kingdoms o f Israel and Judah, ed. rev. (Grand Rapids: Eerdmans, 1965), e Eugene H. Merrill,
■
:< Kingdom o f Priests: A History o f Old Testament Israel (Gra nd Rapids: Baker, 1987), 320. As datas variam |;l
em outras fontes dependendo do sistema cronológico empregado. Para um resumo dessa questão, ver
Donald J. Wiseman, 1 and 2 Kings: An Introduction and Commentary, (Tyndale Old Testament Commen- i'i
tary; Downers Grove: InterVarsity Press, 1993), 26-35. fj
planejar sua defesa contra Ben-Hadade, Asa Apesar de Onri ter sido uma importante
destruiu as fortificações israelitas em Ramá e força política, esse parágrafo curto menciona
usou o material para fortificar Geba e Mispa, a forma pouco usual com que ele chegou ao
mais próximas à fronteira norte de Benjamim. reinado, a aquisição de Samaria como nova
Não houve mudanças significativas em suas capital e sua maldade sem precedentes. Sua
fronteiras até que o reino do norte caiu em mudança para Samaria pode ter ocorrido
722 a.C com a finalidade de coagir seus súditos a
Essa unidade sobre a história de governan adorar outras divindades além de Iavé.8 Essa
tes individuais culmina com um breve relato apostasia religiosa foi mais relevante para o
sobre Onri (16.21-28). Onri de Israel (885— autor de 1 Reis que seus feitos políticos signb
874 a.C.) criou um reino tão impressionante ficativos. A aliança de Onri com o rei de
que documentos assírios um século mais tar Sidom resultou no casamento de Acabe, fi-
de ainda se referiam ao norte de Israel como lho de Onri com Jezebel, a princesa de Sidom.
“a casa de Onri” (ibit hum rí). Ele estendeu Esse casamento não foi muito diferente dos
as fronteiras de Israel a leste para dentro do vários casamentos de Salomão, tanto na
território moabita, conforme testifica a famo motivação política quanto em suas conse
sa Inscrição de Messa. qüências espirituais.
230
1 Reis
No meio do século 9o a.C., Messa, rei de Moa ra. Quando seu filho o sucedeu ele também disse
be celebrou os sucessos do seu reino em um do "Eu subjugarei Moabe". Mas eu triunfei sobre ele
cumento contendo trinta linhas de texto. O texto e sobre sua casa, enquanto Israel pereceu para
foi escrito na linguagem moabita em um bloco sempre! Onri ocupou Medeba, em Moabe e mo
de basalto com um metro de altura e mais de rou lá durante todo o seu reinado e metade do
meio metro de largura. reinado de seu filho, quarenta anos; mas
Quemos ali habitou durante o meu reinado.
Eu sou Messa, rei de Moabe. O deus Quemos
me salvou dentre todos os reis e me fez triunfar 1Extraído e adaptado da Insçríção Messa,
(ANET, 320-321)
sobre todos os meus adversários. Quanto a Onri,
rei de Israel, ele subjugou Moabe durante muitos
anos porque Quemos estava irado com nossa ter
Ruínas israelitas
em Samaria, a
cidade escolhida
por Onri por
motivos
estratégicos
para ser a
capital. Acabe
também teve
aqui o seu
palácio.
exatamente o que ele precisava: descanso, As duas batalhas entre Acabe e Ben-Ha-
comida (19.5-8) e uma nova perspectiva da dade II de Damasco (filho de Ben-Hadade
majestade divina do Senhor, demonstrada sob do capítulo 15.18) deram a Acabe a última
medida para o estresse emocional de Elias oportunidade de ouvir as palavras de Iavé por
(19.9-18).Não é contrário ao caráter de Deus meio do profeta (20.1-43). Apesar de um cer
aparecer no vento forte, no terremoto ou no to grau de sucesso, Acabe não tomou para si a
fogo (19.11,12). Mas naquele dia, Iavé apare - palavra profética do Senhor (20.42,43). Esses
ceu a Elias “num sussurro tranqüilo”. Depois episódios são um preparo para a morte de Aca
de seu retiro a sós com Deus, Elias estava pre be, registrada no capítulo final do livro.
parado para voltar à batalha e ungir o seu su O famoso episódio da vinha de Nabote (ca
cessor, Eliseu. Deus é rápido em persuadir seus pítulo 21) ilustra a extensão do pecado de
servos de maneira amorosa e por intermédio Acabe e sela o seu destino. Nabote era um
dos meios necessários. cidadão cuja propriedade era vizinha ao palá-
232
1 Reis
Sumário
2 33
Descobrindo os Livros Históricos
Leituras c©suplementares
DeVries, Simon J. 1 Kings. Word Biblical Commentary Walton, John H. Ancient Israelite Literature in Its Cul
12. Waco, Tex.: Word, 1985. tural Context: A Survey o f Parallels Between Biblical
Gray, John. I & II Kings: A Commentary. 2- ed. Old Tes and Ancient Near Eastern Texts. Capítulo 5: "Histori
tament Library. Filadélfia: Westminster, 1970. Uma cal Literature", 111-134. Grand Rapids: Zondervan,
leitura útil, porém técnica e difícil. 1989.
Howard, David M., Jr. An Introduction to the Old Testa Wiseman, Donald J. 1 and 2 Kings: An Introduction and
ment Histórica! Books. Capítulo 6: "1 & 2 Kings", Commentary. Tyndale Old Testament Commentary.
169-204, e Capítulo 7 "Historical and Cultural Con- Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1993. O me
text for 1 & 2 Kings", 205-229. Chicago: Moody, lhor comentário evangélico disponível.
1993.
Long, Burke O. 1 Kings: With an Introduction to Histo
rical Literature. Grand Rapids: Eerdmans, 1984.
Long, V. Phillips. The Art o f Biblical History. Grand Ra
pids: Zondervan, 1994. Uma importante discussão
teológica de todas as questões.
234
1 Reis
espécie de magia, pela qual o profeta mani O profeta tornava conhecida para os homens
pulava a Deus. Os profetas profissionais sim a vontade de Deus, independente dos dese
plesmente repetiam os desejos do rei em for jos do rei (v. 8). A morte de Acabe fez justiça
ma de profecia, cm uma tentativa de assegu a Micaías, o verdadeiro profeta do Senhor, e
rar o resultado desejado. Mas para Josafá o provou que os profetas profissionais eram fal
profeta era um condutor das palavras de Deus. sos e estavam errados.
235
16 2 Reis
0 fim de Israel como nação
ISIlfSiSjS
Esboço
• Conteúdo de 2 Reis
Esboço
Visão geral
• Temas dos livros de Reis
Objetivos
Depois de ler este capítulo, você
deve ser capaz de:
• Delinear o conteúdo básico do livro de 2
Reis.
• Comparar o ministério de Eliseu com o
de Elias.
• Relacionar pelo menos dez episódios da
vida de Eliseu.
• Apresentar o propósito do autor ao
escrever 2 Reis.
• Fazer uma lista das figuras-chave em
Judá e Israel.
• Indicar a causa da queda de Israel.
• Diferenciar os bons reis dos maus em
Judá.
• Demonstrar de que modo profecias
foram cumpridas em 2 Reis.
2 37
Descobrindo os Livros Históricos
Trecho do rio
Jordão próximo
à Galiléia. Elias
dividiu as águas
do Jordão (2.8)
como Moisés
dividiu as águas
do mar.
vez que Elias recebeu garantias sobre sua se- em que o primogênito recebia duas porções
gurança, ele foi até Acazias e anunciou que, da propriedade (Dt 21.17).
de fato, o ferimento seria fatal, de acordo com Eliseu estava pedindo para tornar-se o su
a palavra de Iavé. Acazias havia rejeitado o cessor de Elias. Depois que Elias se foi, Eliseu
Único que poderia restituir sua saúde. usou o manto de seu predecessor para dividir
O capítulo 2 é uma passagem tradicional. as águas do Jordão assim como Elias havia fei
Ele encerra a narrativa de Elias e abre a apre to. Eliseu havia se transformado no Josué de
sentação feita pelo autor do conteúdo sobre Elias, continuando o trabalho iniciado pelo
Eliseu. Elias é um dos dois personagens do segundo Moisés.
Antigo Testamento que foi levado ao céu Tendo em vista que 1 Reis terminou falan
sem experimentar a morte física (ver tam do do ministério de Elias, 2 Reis contém uma
bém Enoque, Gn 5.22-24). Por esse motivo, unidade logo no início dedicada ao ministé
esses dois homens são vistos como especial rio de seu sucessor, Eliseu. Os capítulos 2-8
mente queridos por Deus. Esta também é a contêm grupos de histórias que falam do pro
semente no Antigo Testamento da idéia de feta Eliseu, entretecendo-as com aconteci
que estar fora do corpo é estar com o Senhor mentos relativos a Jorão, filho de Acabe, rei
(Fp 1.21-24). de Israel. A princípio, o ministério de Elias
Essa passagem retrata Elias como um se havia tratado principalmente de assuntos li
gundo Moisés. Quando Elias dividiu as águas gados ao rei e tinha um tom político e nacio
do rio Jordão (2.8) assim como Moisés havia nal. Enquanto o ministério de Eliseu também
dividido as águas do mar, ele deu início a um teve uma dimensão nacional, os acontecimen
novo estágio na história de Israel. Elias mar tos dessas narrativas cobrem uma grande va
ca o começo de um novo papel para os profe riedade dc tópicos, envolvendo à nação, gru
tas na antiga Israel. O manto que ele usou pos religiosos e indivíduos. Os episódios da vida
para ferir as águas representava seu poder e de Eliseu incluem:2
personalidade.
Antes da ascensão de Elias ao céu, foi con • Eliseu recebe um chamado — 1 Reis
cedido um pedido a seu assistente, Eliseu 19.19-21.
(2.9). Quando Eliseu pede “uma porção do • Eliseu sucede Elias — 2 Reis 2.1-18.
brada” do espírito de Elias, ele está se referin • Eliseu torna saudáveis as águas —
do às leis de herança do Antigo Testamento 2 Reis 2.19-22.
239
Descobrindo os Livros Históricos
■
• Eliseu profetiza acerca de Moabe — rava o que havia de pior na religião cananita
cidades-
2 Reis 3.1-27. à política oficial nacional.
estado
• Eliseu faz um milagre para uma viúva O motivo dessas narrativas sobre Elias e
pobre — 2 Reis 4.1-7. Eliseu, portanto, é de mostrar que o reino teve
• Eliseu faz um milagre para a mulher sucesso quando seguiu a liderança dos profe
sunamita — 2 Reis 4.8-37. tas. O fracasso e a destruição foram o resulta
• Eliseu ministra em Gilgal — 2 Reis do quando os reis rejeitaram a Palavra de Deus
4.38-44. oferecida por meio dos profetas. Essas narrati
• Eliseu cura Naamã — 2 Reis 5.1-27. vas sobre Elias e Eliseu falam sobre muitas vi
• Eliseu faz flutuar um machado — tórias para os profetas de Iavé. Mas não foi
2 Reis 6.1-7. fácil acalmar a maré de apostasia religiosa.
• Eliseu roga uma praga contra o Infelizmente, o livro continua com as histó
exército sírio — 2 Reis 6.8-23. rias de ruína de ambos os reinos.
• Eliseu livra a nação — 2 Reis 6.24- A purificação sangrenta executada por Jeú
7.20. sobre a casa de Onri foi o julgamento de Deus
• Eliseu preserva a família da mulher contra o baalismo cananita (capítulos 9 e 10).
sunamita — 2 Reis 8.1-6. Eliseu enviou um profeta cujo nome não é
• Eliseu trata de questões de estado — mencionado para ungir Jeú, comandante do
2 Reis 8.7-15; 9.1-13; 13.14-19. exército de Israel, para destruir a casa de Aca
• Eliseu morre e ocorre um milagre em be e vingar o sangue dos profetas de Iavé mor
seguida — 2 Reis 13.20,21. tos por Jezabel. Jeú conseguiu exterminar a di
nastia de Acabe (conforme profetizado por
O ministério de Eliseu foi de grande im Elias, 1 Reis 21.21), mas não conseguiu se recu
portância para a destruição da dinastia de perar militarmente. Hazael, da Síria, tomou gran
Onri, o pai de Acabe, em Israel (9.1—10.28) e de parte do seu território (10.32,33). Salmane-
para a rainha Atalia, filha de Acabe, em Judá ser III da Assíria o obrigou a pagar tributos, ironi
(11.1-20). Os acontecimentos relacionados a camente chamando-o de “Jeú, filho de Onri”.3
Eliseu recebem uma atenção desproporcional O rei Jorão de Judá havia se casado com
(aproximadamente dois quintos do livro), es Atalia, filha de Acabe, de Israel, como forma
pecialmente tendo em vista que Eliseu não é de selar a aliança política entre o norte e o sul
um rei em um livro dedicado à história da (2Rs 8.18). O filho de Jorão, Acazias, havia
monarquia de Israel. A grande quantidade sido afetado pelas políticas religiosas da dinas
de conteúdo relativo a Eliseu é justificada pelo tia de Acabe, provavelmente por causa da
propósito do autor. Ele não queria fazer uma influência de sua perversa mãe (8.26,27, ver
relação de eventos, mas sim, explicar a des também 2Cr 22.3-5). Como parte da purifica
truição de ambos os reinos. Nos livros de Reis, ção da casa de Acabe ao norte, Jeú também
a grande e única verdadeira causa do fracas matou Acazias de Judá por causa de seu com
so de Israel foi a política dos reis e sua falta de prometimento com as filosofias políticas e reli
obediência à palavra profética. Em 2 Reis, o giosas de Acabe (9.27).
autor elogia apenas a Ezequias e Josias, por Quando a perversa rainha-mãe, Atalia,
causa de sua grande preocupação com a Pa descobriu que Jeú havia matado o seu filho,
lavra de Deus. Todos os outros reis foram, no ela tentou exterminar a linhagem de Davi
mínimo, negligentes quando não totalmente em Jerusalém, como vingança pelo massacre
perversos. de sua família no reino do norte (capítulo 11).
Essa longa seção sobre Eliseu, portanto, ilus Ela quase obteve sucesso. Mas um dos filhos
tra as principais preocupações do autor. Por do rei, o pequeno Joás (contração de Jeoás),
causa do ministério do profeta e da coopera de apenas um ano de idade foi escondido por
ção mínima de Jeú, rei de Israel, o conflito sua tia no templo do Senhor. Durante seis anos
ideológico em relação ao baalismo cananita Atalia governou Judá enquanto os que apoi
começou com Acabe. O ministério de Elias e avam a linhagem de Davi mantinham Joás
Eliseu inspirou uma revolução contra o gover escondido. No sétimo ano, Joiada, o sumo sa
no de Onri e sua política de amizade com cerdote, arquitetou uma revolta. Ele matou
cidades-estado cananitas tais como Tiro e Atalia e colocou Joás, agora com sete anos, no
Sidom. Acabe, seu filho, havia dado conti trono, liderando a nação em uma cerimônia
nuidade a essa política, que também incorpo de renovação da aliança (11.4-21).
240
2 Reis
Jeú de Israel
paga tributo a
Salmaneser III
da Assíria:
detalhe do
Obelisco Negro.
Enquanto o jovem rei Joás tinha o podero mente teria sido contrário a essa política. O
so Joiada para guiá-lo e aconselhá-lo, ele foi uso do arco e das flechas não era um tipo de
fiel à aliança (12.2). Joás resolveu até mesmo magia, mas um ato simbólico como outros re
restaurar o templo do Senhor pois o povo ain lacionados a guerras na Bíblia (ver Js 8.18).
da usava templos pagãos em lugares altos para O capítulo 14 dá continuidade à história
adorar, mesmo depois que a adoração a Baal com o reinado de Amazias de Judá. Apesar
havia sido extinta em Jerusalém (12.3-5). In de ele ter sido um rei relativamente bom (v.
felizmente, depois da morte de Joiada, sua 3), ele provocou a guerra com Jeoás de Israel
boa influência sobre Joás foi logo esquecida e (vs. 8-14). Jeoás invadiu Jerusalém, saqueou
a nação voltou a cair em grande apostasia o templo e fez muitos reféns.
novamente (2Cr 24.17-25). O capítulo 14 se encerra com um breve
Com a ascensão de Jeú e sua dinastia ao sumário do reinado de Jeroboão II de Israel
norte (capítulos 9 e 10), o tempo de paz entre (vs. 23-29). Ele foi o quarto rei da dinastia de
Israel e Judá havia terminado. Os capítulos Jeú e reinou quarenta anos (793-753 a.C.),
seguintes dessa unidade (13-17) alternam um período mais longo que o reinado de qual
entre os reis das duas nações, culminando com quer outro rei antes dele. Por causa do enfra
a queda do reino do norte. quecimento da Síria durante esse período e
O capítulo 13 faz um resumo dos reinados da preocupação da Assíria com outros inimi
do norte, dos sucessores que vieram logo de gos do norte, Jeroboão gozou de um longo e
pois de Jeú: Jeoás e Joás. Ele também relata a próspero governo. Ele restaurou as fronteiras
profecia final de Eliseu e sua morte (vs. 14' de Israel ao que eram durante o reinado de
20). Em prova da fé de Jeoás, Eliseu instruiu o Davi (14.25,28).
rei para que atirasse uma flecha para o leste, Porém, prosperidade e sucesso nem sem
em direção à Síria, e para ferir o solo com as pre significam que Deus aprova o caráter
outras flechas. Eliseu profetizou que Israel se moral e ético da pessoa. A Israel de Jeroboão
ria vitoriosa sobre a Síria, mas não completa abusava tanto do poder quanto da riqueza.
mente, pois o rei não atirou ao chão todas as Os escritos mais antigos dos profetas conde
flechas que tinha. Jeoás talvez quisesse man nam a opressão dos pobres e a exploração dos
ter a Síria enfraquecida como forma de con privilégios reais por parte do rei de Israel. De
ter o crescente poder da Assíria. Eliseu certa fato, o aumento da decadência e cobiça no
241
Descobrindo os Livros Históricos
A ascensão da profecôa
Moisés foi o primeiro profeta do povo. Ele é procuradores da aliança. Pode-se usar a metáfora
chamado de profeta por causa da maneira direta de um rio para descrever a ascensão da profecia
como o Senhor falava com ele (Dt 34.10). Ele ini no Antigo Testamento. Moisés foi a fonte, Sa
ciou uma grande tradição e a profecia está muel a correnteza do riacho profético e Elias o
enraizada na revelação mosaica. Ainda assim, não curso do rio dos profetas clássicos.
foi mediante Moisés que a profecia tornou-se um A função da profecia em Israel era singular en
elemento permanente da sociedade israelita. tre as nações do antigo Oriente Próximo. Outros
O papel do profeta mudou com a ascensão da povos também tinham profetas, mas eles eram
monarquia. Quando a nação pediu um rei, Sa videntes que deveriam manipular as divindades.
muel tornou-se o guardião da teocracia, para as Os profetas de Israel eram mensageiros de Deus
segurar que Deus ainda era o verdadeiro Rei. Os que confrontavam os reis e toda a sociedade com
monarcas humanos eram simplesmente seus re a palavra sagrada. Em nenhum outro lugar do
presentantes. Samuel definiu o papel futuro do mundo um monarca tinha responsabilidade
profeta como um mensageiro de Deus que orien diante de tal voz profética.
tava o rei. De Samuel a Saul e daí por diante, mui
tos reis israelitas tiveram seus profetas: Davi e 1Willem A. VanGemeren, Interpreting the Prophetic Word,
Grand Rapids: Zondervan, 1990, 27-39.
Natã, Acabe e Elias, Ezequias e Isaías.
Elias teve um papel importante no desenvolvi
mento da profecia israelita por causa de seus ata
ques à apostasia de Israel. Ele definiu as futuras
gerações de profetas de Israel como sendo os
reino do norte durante a primeira metade do “PUR (vs. 19,20) é o outro nome de TlGLA-
século 82 resultou em um turbilhão de ativi TE-PILESERIII da Assíria (745-727 a.C.). Esse
dade profética -e todas as profecias conde assírio cheio de energia reavivou o poder de
navam a nação. sua nação e expandiu o império para o norte.
O capítulo 15 começa com a história de Menaém só pôde detê-lo mediante pagamen
Azarias, de Judá (vs. 1-7). Azarias também é to de enormes tributos, que foram extraídos
conhecido pelo nome de Uzias em Reis e das classes mais ricas de Israel. Mas essa foi
especialmente em Crônicas e nos Profetas. uma medida provisória. Durante o reinado de
Podemos supor que um desses nomes era o Peca, Tiglate-Pileser começou a tomar territó
nome que ele recebeu quando nasceu e o rios israelitas e a deportar os cidadãos (v. 29). A
outro foi o seu nome de coroação. Incluindo nova presença assíria na Síria-Palestina aca
co-regências no início e no final de seu rei baria levando à destruição de Israel.
nado, Azarias/Uzias governou durante cin Mas antes de descrever a queda de Israel,
qüenta e dois anos. Em Judá, ele gozou da o autor volta para Acaz de Judá (capítulo 16).
paz e prosperidade que Jeroboão II desfru De maneira incrível, Acaz conseguiu levar a
tou em Israel (2Cr 26.1-23). apostasia de Israel a níveis ainda maiores de
Depois de uma rápida visão geral sobre perversão, justamente quando Israel estava
Azarias/U zias, o capítulo 15 muda para al ameaçada de ser destruída por seus pecados.
guns dos últimos reis de Israel (Zacarias, Sa- Pela primeira vez na história de Judá, um rei de
lum, Menaém, Pecaías e Peca), antes de co Jerusalém imitava os pecados de Israel (v. 3).
meçar a falar de Jotão em Judá (vs. 32-38). A Enquanto Acaz cra rei em Jerusalém, o
instabilidade do reino do norte torna-se óbvia último rei da Síria (Rezim) e Peca, de Israel,
por meio da rápida sucessão de reis, do número tentaram forçá-lo a juntar-se a eles e desafiar
de assassinatos e da brevidade dos reinados. O Tiglate-Pileser da Assíria. Acaz teve que es
autor dá um tom fatal ao futuro do reino em colher entre duas alianças políticas com esses
sua discussão sobre o reinado de Menaém. reis fracos do norte ou a submissão aos assírios.
242
2 Reis
Relevo assírio Essa situação levou a um dos confrontos clás O propósito do autor ao delinear a tragédia
mostrando a sicos entre um profeta e um rei (ler Is 7 com de Israel pode ser notado no capítulo 17.7-23.
deportação
essa unidade). Isaías forçou Acaz a tomar uma Aqui, o autor declara explicitamente a causa
durante
investida de decisão completamente diferente. Sua esco da destruição de Israel em termos puramente
Tiglate-Pileser III. lha, na verdade, era entre confiar em Deus teológicos. A nação não caiu simplesmente
Acaz escolheu ou confiar em sua habilidade de fazer jogos porque tinha um exército menor. Israel que
confiar em de poder na política internacional. brou os estatutos e mandamentos do Senhor
Tiglate-Pileser
Acaz escolheu confiar em Tiglate-Pileser (vs. 15,16). Eles “ ...seguiram os ídolos, e se tor
em vez de Deus.
em vez de Deus (note a expressão “Eu sou teu naram vãos” (v. 15). N a verdade, Iavé foi o res
servo e teu filho”, v. 7). Como vassalo da ponsável pela queda de Israel (vs. 18, 20, 23).
Assíria, ele esperava receber proteção de ata Os assírios controlavam as nações conquis
ques inimigos. Mas essa proteção custou caro. tadas deportando grande parte de seus cida
O palácio e o templo foram esvaziados a fim dãos e substituindo-os por habitantes de outras
de enviar um “suborno” que Tiglate-Pileser áreas conquistadas. A conclusão do capítulo
aceitou como tributo (v. 8). Desse dia em dian 17 (vs. 24-41) descreve o assentamento de es
te, Judá jamais seria completamente livre. O trangeiros nessa área. A combinação de cren
poder político da Mesopotâmia dominaria o ças religiosas estrangeiras com as práticas já
resto de sua história. heréticas do norte de Israel resultaram em
O capítulo 17 abre com um rápido resumo apostasia na Samaria (v. 29). A mistura de po
sobre Oséias, o último rei de Israel (vs. 1-6). vos resultou nos samaritanos, que se tornariam
Ao que parece, ele procurou fazer uma alian inimigos de Judá. Os samaritanos e sua religião
ça com o Egito para receber proteção contra continuaram até os tempos do Novo Testamen
os assírios. Mas esse gesto foi visto como trai to Qo 4.9,19,20) e ainda permanecem nos dias
ção pelo sucessor de Tiglate-Pileser, Salma- de hoje com um pequeno bando de seguidores.
neser V (727-722 a.C.). Depois de três anos
de cerco, o rei assírio capturou Samaria, a ca Apenas o reino de Judá (18-25)
pital de Israel e deportou muitos de seus cida A unidade final narra os infortúnios de
dãos (vs. 5,6).4 Judá depois da queda de Israel. A liderança
243
Descobrindo os Livros Históricos
Um artista
retrata o cerco
de Senaqueribe
a Laquis,
fortificada por
Roboão.
l§813f f*J
real em Jerusalém oscilou entre uma reforma 19.37. Quando parecia que a derrota de Judá
religiosa autêntica (Ezequias e Josias) e a mais era inevitável, Ezequias foi até o templo e fez
absoluta apostasia (Manassés e Jeoás). Sabe- uma das maiores orações encontradas na Bí
mos mais sobre esse período de Israel que qual blia (19.15-19). Ele buscava o bem do reino
quer outro por causa da quantidade de mate de Deus e pedia o livramento pelo amor de
rial tanto bíblico quanto extra-bíblico disponí Deus. O Senhor prometeu livramento por
vel. Essa unidade deve ser lida com trechos meio do profeta Isaías (19.20-34). Em três bre
paralelos em 2 Crônicas 29-32 e Isaías 36-39. ves versículos (19.35-37), o narrador relata que
Os registros assírios também corroboraram com o grande exército de Senaqueribe foi arrasa
os acontecimentos, relatando-os de um outro do por um milagre de Deus; Senaqueribe vol
ponto de vista. tou para a Assíria e foi assassinado. Os assírios
A ameaça assíria não desapareceu depois subestimaram o Deus de Ezequias.
da destruição de Israel em 722 a.C. O suces O capítulo 20 relata dois outros episódios
sor de SALMANESER continuou a política mi da vida de Ezequias. Suá recuperação mira
litar agressiva e SENAQUERIBE (705-681) in culosa de uma doença mostra que Ezequias
vadiu Judá em 701, durante o reinado de Eze foi recipiente do favor divino (vs. 1-11). Mas
quias (18.13-19.37). Mas na virada do século Isaías condenou a sua recepção cordial dos
seguinte, o império assírio foi substituído por enviados da Babilônia (vs. 12-19). Ezequias
um outro império igualmente brutal: a Babi normalmente orava a respeito de suas gran
lônia. O livro de 2 Reis termina com a destrui des preocupações (ver 19.15 e 20.2), mas nes
ção de Jerusalém e o começo do exílio na sa ocasião ele parece ter agido por conta pró
Babilônia nas mãos de Nabucodonosor. pria, mostrando com orgulho os sinais de po
A maior unidade dessa seção é dedicada der e prestígio como se ele mesmo os tivesse
ao bom rei Ezequias (capítulos 18-20). Eze adquirido.
quias liderou uma reforma religiosa sem para O filho e o neto de Ezequias estavam entre
lelos (18.4-6); revoltou-se contra a Assíria, os reis mais perversos de Judá (Manassés, 21.8-
revertendo assim a política de Acaz (18.7) e 18; Amom, 21.19-26). Manassés teve o reina
reconquistou a Filístia (18.8). do mais longo de todos os reis de Israel e Judá
O comprometimento de Ezequiel com a (696-642). Mas isto não significa que Manas
aliança do Senhor significava que ele se re sés contava com o favor de Deus, tendo em
cusava a participar dos jogos de poder que vista que o seu reino foi um dos períodos mais
eram tão comuns na política internacional tristes da história de Judá. O relato paralelo
daquela época. Sua rebelião contra a Assíria em Crônicas (2Cr 33.1-20) confirma o qua
parecia suicida. A ameaça de Senaqueribe dro descrito por 2 Reis. A Judá de Manassés
contra Jerusalém é relatada em 2 Reis 18.13- era mais pecaminosa que as nações pagãs
244
2 Reis
A investida militar de Senaqueribe contra Judá quistei por meio de rampas e estacas usadas con
em 701 a .C está devidamente documentada em tra os muros, juntamente ao ataque de soldados
fontes assírias. Seu próprio relato do aconteci a pé. Expulsei dessas cidades e vilas 200.150 pes
mento, aqui adaptado dos anais oficiais assírios, soas, jovens e velhos, homens e mulheres, mulas,
concorda de maneira admirável com o relato bí jumentos, camelos e incontáveis cabeças de gado
blico. 0 registro assírio, é claro, omite a derrota pequeno e grande. Quanto a ele, fi-lo prisioneiro
miraculosa de seu exército (2Rs 19.35). A declara em sua residência real em Jerusalém, como um
ção de que Senaqueribe aprisionou Ezequias em pássaro em uma gaiola... Assim eu reduzi seu
Jerusalém "como um pássaro em uma gaiola" é país e ainda aumentei os tributos que me eram
uma silenciosa admissão de que os assírios não devidos como senhor que sou e tudo isso impus
foram capazes de conquistar Jerusalém. sobre ele mais tarde.
Quanto a Ezequias, o judeu, ele não se sub Transcrito e adaptado do Prisma de Senaqueribe — University
of Chicago Orientai institute (ANT, 288).
meteu ao meu jugo. Eu fiz cerco em torno de 46
de suas cidades fortificadas e ao redor de
incontáveis vilarejos na sua vizinhança e os con
245
Descobrindo os Livros Históricos
Um relevo
mostra soldados
assírios
carregando
espólios de
Laquis.
Judá. O Faraó Neco II do Egito apoiou os aliança de Deus com seu povo ainda era váli
assírios na esperança de evitar que a Babilô da. Na primavera de 561 a.C., o filho de Na-
nia obtivesse o controle absoluto sobre a Me bucodonosor, que o sucedeu como rei da Ba
sopotâmia e sucedesse a Assíria como grande bilônia, libertou Jeoaquim do cativeiro. O li
império mundial. Quando ele foi para o norte vro de Reis termina com a afirmação esperan
em 609 a.C. para ajudar ao assírios, Josias os çosa de que um filho de Davi ainda estava
encontrou em MEGIDO para então intervir. vivo e bem. Quaisquer que fossem as motiva
Mas Josias perdeu sua vida nessa tentativa e ções por trás da libertação de Jeoaquim, o de
esse trágico acontecimento é o que encerra o creto de Deus era de que a família de Davi,
livro com a última esperança de Judá de ter apesar de severamente castigada, não seria
uma genuína reforma (23.29,30). exterminada (Mt 1.1 -16). Apesar dos homens
Josias foi seguido por uma sucessão de reis quebrarem sua aliança, Deus cumpre suas
fracos, e nenhum deles foi capaz de desacele promessas.
rar o rápido passo de Judá em direção à des
truição (23.31-25.21). O autor conclui a tris
te história com um rápido resumo dos quatro
últimos reis: Jeoás (23.31-35), Jeoaquim
Os temas dos
(23.36-24.7), Joaquim (24.8-17) e Zedequias livros de Reis
(24.18-25.21). O relato do reinado de Zede
quias inclui detalhes da queda de Jerusalém Iremos ressaltar apenas dois dos muitos im
e da destruição nas mãos dos babilônios (25.1 - portantes temas teológicos de Reis.5 Em pri
21). Os profetas, especialmente Jeremias e meiro lugar, toda a História Deuteronômica,
Habacuque, esclarecem um pouco mais esse especialmente os livros de Reis, apresenta a
trágico acontecimento e suas conseqüências. história de Israel do ponto de vista da aliança
O autor incluiu dois apêndices para con mosaica. Durante o exílio, o autor de Reis pôde
cluir a narrativa. A história de Judá sob Geda- refletir sobre o que havia ocorrido ao longo de
lias, o governante manipulado pelos babilô quatro séculos de História. Os livros partem do
nios, serviria para atualizar os leitores no exílio pressuposto de que os desastres de 722 e 587
(25.22-26). Mais informações sobre esse pe foram conseqüência do povo não ter mantido
ríodo podem ser encontradas em Jeremias a aliança que havia estabelecido com Deus
40.7-41.9. no Monte Sinai. Esse ponto dc vista baseia-sc
O segundo apêndice (25.27-30) indica na chamada teologia de retribuição de Deu
que mesmo* naqueles tempos desesperados, a teronômio (ver discussão no capítulo 10).
246
2 Reis
Sumário
Deuteronômio afirmava claramente que futuros castigos (Dt 27,28). Essa idéia tor
Torá
Israel iria prosperar na terra prometida so nou-se a “Bíblia” dos autores dos Livros His
mente se ela se mantivesse fiel à aliança. A tóricos. Ela ofereceu a explicação teológica
desobediência significava que eles perderi para a queda e para a perda da terra prome
am a terra prometida. Em uma simples dou tida. Israel fracassou por causa dos crimes de
trina de retribuição, Moisés ligou a fidelida Jeroboão I e Judá, por causa do reinado per
de à aliança a bênçãos e a desobediência a verso de Manassés (lR s 14.15,16; 2Rs 17.22,
23; 21.11-15; 24.2-4).
Essa teologia de retribuição tornou-se a base
Pessoas/ para o autor avaliar cada um dos reis de Israel
lugares-chave como sendo bons ou maus. Cada rei era per
verso como seus pais (especialmente Jeroboão
"Pul"
I) ou bom como Davi. O autor de Reis assu
Tiglate-Pileser III
miu a autoridade do Torá escrito de Deus,
Termos-chave SalmaneserV
que tornou-se documento fundamental para
Senaqueribe
Baal-Zebube Faraó Neco II essa avaliação de cada rei.6 As bênçãos e cas
Cidades-estado Nínive tigos da lei Mosaica (Dt 27,28) transforma-
Livro da Lei Megido ram-se na estrutura de autoridade para que o
Restante autor interpretasse a história de Israel. Cada
Torá rei era obediente e, portanto, abençoado ou
desobediente e, dessa forma, castigado. Esse
ponto de vista partiu do pressuposto de que a
aliança mosaica era a Palavra de Deus com
247
Descobrindo os Livros Históricos
Leituras complementares
Cogan, Mordechai, Hayim Tadmor. II Kings: A New Trans Walton, John H. Ancient Israelita Literatura in Its Cul
lation with Introduction and Commentary. Anchor tural Context: A Survey o f Parallels Between
Bible 11. Garden City, NY: Doubleday, 1988. Extrema Biblical and Ancient Near Eastern Texts. Capítulo 5.
mente útil para informações sobre o contexto históri "Historical Literature", 111-134. Grand Rapids:
co e cultural. Zondervan, 1989.
Gray, John. I & II Kings. Word Biblical Commentary 13. Wiseman, Donald J. 7 and 2 Kings: An Introduction
Waco, Tex.: Word, 1985. and Commentary. Tyndale Old Testament Com
Howard, David M., Jr. An Introduction to the Old Testa mentary. Downers Grove/Leicester: InterVarsity,
ment Historical Books. Capítulo 6: "1 & 2 Kings", 169- 1993. Melhor comentário evangélico disponível.
204 e capítulo 7: "Historical and Cultural Context for 1
& 2 Kings", 205-229. Chicago: Moody, 1993.
248
2 Reis
Síria três vezes (2Rs 13.19). N a fórmula de sido devidamente advertidos por “servos, os
encerramento do reinado de Jeoás de Israel, o profetas” (2Rs 17.23; 24.2). Mas as nações
autor deixa bem claro que Jeoás derrotou a persistiram em seu pecado, rejeitando a men
Síria “três vezes”, tornando óbvio o cumpri sagem profética. A Palavra de Deus estava tra
mento da promessa (2Rs 13.25). Essa ilustra balhando nesses países para dar-lhes um fim,
ção poderia ser repetida muitas outras vezes. assim como estava operando para trazer-lhes a
A perspectiva profética fica mais clara na salvação. O livro de Reis ensina a importância
explicação teológica que o autor oferece para de ouvir e obedecer a Palavra de Deus.
a queda de ambos os reinos. Ambos haviam
249
1 e 2 Crônicas
Uma retrospectiva
Esboço
• O a u to r e se u p ro p ó s ito
• C rô n ic a s e o C â n o n
Posição no Cânon
Relação com Samuel e Reis
• C o n te ú d o d e 1 e 2 C rô n ic a s
Esboço
Objetivos
Visão geral D e p o is d e le r e s te c a p ítu lo ,
• T e m as d o s liv ro s d e C rô n ic a s v o c ê d e v e s e r c a p a z d e:
251
Descobrindo os Livros Históricos
Um século ou mais depois que os livros de texto em si, entretanto, não faz nenhuma
Reis foram escritos, as circunstâncias tinham declaração específica quanto à autoria.
melhorado um pouco para o povo de Deus. E Estudos mais recentes vêem Crônicas como
verdade que o exílio havia terminado e mui- a obra de algum outro autor.3 Essa visão é apoi
tos judeus fiéis saíram da Babilônia e de ou- ada pela localização de Crônicas no Cânon
tras partes do mundo e voltaram para Jerusa judaico, depois de Esdras-Neemias (ver abai
lém. Mas o Messias não tinha vindo como xo). Pela ordem cronológica, Crônicas deve
eles esperavam. A pequena população em ria vir antes de Esdras-Neemias. Podemos su
Jerusalém sentia-se desencorajada e perdi por que um único autor agrupou as duas obras
da. Será que Deus tinha abandonado o seu e as colocou em seqüência. Um outro proble
povo? Teriam as promessas feitas a Davi fa ma interessante é o material em comum que
lhado? O autor de Crônicas faz uma retros liga as duas obras (2Cr 36.22,23 e Ed 1.1-3).
pectiva de séculos da história de Israel para Alguns crêem que isto indica que Crônicas e
identificar as promessas de Deus na aliança Esdras-Neemias foram escritos juntos e que o
por meio das circunstâncias tumultuadas de decreto foi repetido quando os dois documen
uma nação derrotada até os seus próprios tos foram separados. Mas o contrário também
dias. Seu olhar no passado tem por finalida pode ser verdade. A repetição do decreto po
de transmitir uma mensagem de segurança deria muito bem mostrar um esforço intenci
e esperança que é relevante para todas as onal para juntar dois documentos separados e
gerações de crentes. originalmente independentes.4 Estudiosos
contemporâneos consideram Crônicas a obra
de um autor anônimo do período pós-exílio,
outro que não o autor de Esdras-Neemias (ver
O autor e seu discussão no capítulo 10).
propósito Tomando por base as genealogias, pode
Um castelo mos supor que o autor escreveu esses livros
árabe em A antiga tradição judaica indicava Esdras durante a segunda ou terceira geração depois
Palmira, Síria.
como o autor desses livros.1 Estudiosos con do final do exílio. Muitos estudiosos datam
Salomão
fortificou cordaram durante muitos anos que o autor Crônicas entre 450 e 400 a.C. Essa data é apoi
especialmente de Esdras-Neemias, provavelmente o próprio ada pela posição de Crônicas como último li
essa cidade. Esdras, teria escrito os livros de Crônicas.2 O vro do Cânon hebraico.
252
1 e 2 Crônicas
253
Descobrindo os Livros Históricos
254
1 e 2 Crônicas
Um relevo
assírio mostra os
israelitas
trazendo
tributos para a
Assíria.
256
1 e 2 Crônicas
257
Descobrindo os Livros Históricos
2 58
1 e 2 Crônicas
Sumário
259
Descobrindo os Livros Históricos
Mas o templo era mais que uma ligação A avaliação dos reis subseqüentes da di
com o período de Davi e Salomão. Ele repre nastia de Davi (2Cr 10—36) foi, de um modo
sentava a presença de Deus no meio de seu geral, baseada em sua fidelidade e dedica
povo em seu modo mais fundamental. Como ção ao templo e às formas corretas de prática
tal, o templo também dava continuidade ao religiosa. Assim, a ênfase que o cronista dá
período mosaico e ao Pentateuco. Assim ao templo amarra todos esses temas. A cen-
como o tabernáculo tinha sido o lugar onde tralidade de Davi e Salomão está ligada à
Deus havia habitado no meio das tribos no construção do templo e ao estabelecimento
deserto, mais uma vez Deus habitava no meio de formas aceitáveis de adoração a Iavé. O
de seu povo. sucesso da dinastia de Davi era dependente
Leituras complementares
Braun, Roddy. 1 Chronicles. Word Biblical Commentary Selman, Martin J. 1 Chronicles: An Introduction and
14. Waco, Tex.: Word, 1986. Discute a contribuição Commentary. Tyndale Old Testament Commentary.
teológica de Crônicas. Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1994. Uma
Dillard, Raymond B. 2 Chronicles. Word Biblical Com introdução de ajuda, rica em insights teológicos.
mentary 15. Waco, Tex.: 1987. . 2 Chronicles: An Introduction and Commenta
Howard, David M., Jr. An Introduction to the Old Testa ry. Tyndale Old Testament Commentary. Downers
ment Historical Books. Capítulo 8: "1 and 2 Chroni Grove/Leicester: InterVarsity, 1994. Uma introdução
cles", 231-272. Chicago: Moody, 1993. de ajuda, rica em insights teológicos.
Japhet, Sara. I and II Chronicles: A Commentary. Old Williamson, H. G. M. 1 and 2 Chronicles. New Century
Testament Library. Louisville: Westminster/John Knox, Bible Commentary. Grand Rapids/ Londres: Eerd-
1993. Um comentário completo e detalhado, porém mans/Marshall, Morgan & Scott, 1982. Juntamente
não uma leitura leve. Japhet, constrói um novo consenso sobre a autoria.
2 60
1 e 2 Crônicas
da continuidade no cuidado e na atenção dade para com a aliança. Dessa forma, o cro
dedicados ao templo e à adoração correta de nista está exatamente no centro do pensa
Deus. Para o cronista, a autoridade real era mento bíblico.
dada por Deus, mas condicionada à fideli
261
1 Esdras, Neemias
e Ester
Tempo de reconstruir
Esboco
• Os livros de Esdras e Neemias
Conteúdo
Problemas de interpretação O bjetivos
• O livro de Ester
Depois de ler este capítulo,
Conteúdo você deve ser capaz de:
• Temas teológicos • Explicar as vantagens de se estudar
Esdras e Neemias Esdras, Neemias e Ester juntos.
Ester • Delinear o conteúdo básico do livro de
Esdras.
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Neemias.
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Ester.
• Comparar os estilos literários usados em
Esdras, Neemias e Ester.
• Discutir a questão de autoria de Esdras,
Neemias e Ester.
• Explicar a cronologia de Esdras e Neemias
• Identificar os temas teológicos de Esdras,
Neemias e Ester.
263
Descobrindo os Livros Históricos
Relevo assírio
mostra
embaixadores
de um estado
estrangeiro.
264
Esdras, Neemias e Ester
Esdras (458 a.C.) até suas atividades de re- IV. Os exilados (7.1-73)
construção e reforma religiosa no meio do sé-
culo 5Q, liderados tanto por Esdras como N ee V. Renovação espiritual
mias. (8.1-10.39)
A. A lei (8.1-9)
Esbo ço B. Celebração (8.10-18)
C. Confissão (9.1-37)
E sd r a s
D. Renovação da aliança
(9.38-10.39)
I. Primeira emigração (1.1-2.70)
A. A proclamação de Ciro (1.1-4) VI. Residentes, sacerdotes e levitas
B . Tesouros para o templo (1.5-11) (11.1-12.26)
C. A emigrantes (2.1-70) A. Os novos residentes de Jerusalém
(11.1-36)
II. Restauração do templo
B. Sacerdotes e levitas (12.1-26)
(3.1-6.22)
A . Reconstrução do altar (3.1-6) VII. Consagração do muro (12.27-47)
B. Reconstrução do templo (3.7-13)
C. Oposição (4.1- 5) VIII. Reformas finais (13.1-31)
D. Oposição posterior (4.6-24)
E. O encorajamento de Deus V isão geral
(5.1,2) O livro de Esdras abre com seis capítulos
F. Inquérito oficial (5.3-17) que contam em detalhes o retorno do primei
G. Término e consagração do ro grupo de exilados depois do decreto de Ciro
templo (6.1-22) em 538 a.C. Zorobabel, neto do rei Jeoaquim,
foi responsável pela liderança política duran
III. Segunda emigração (7.1-8.36) te esse tempo e os profetas Ageu e Zacarias
A. Esdras (7.1-10) ofereceram a inspiração espiritual. Esdras 7—
B. Reconhecimento oficial 10 descreve o retorno de Esdras a Jerusalém, a
(7.11-26) eficiência de seu ministério e seu confronto
C. O louvor de Esdras (7.27,28) com aqueles que se casaram com descrentes.
D. A emigração (8.1-14) O livro de Neemias começa com seis capí
E. À procura dos levitas (8.15-20) tulos baseados nas memórias do próprio N ee
F. A jornada (8.21-36) mias. Depois de apresentar Neemias ao leitor,
IV. Casamentos mistos (9.1-15) essa unidade relata a jornada saindo da Pérsia
até Jerusalém e o sucesso na reconstrução dos
V. Confissão e separação (10.1-44) muros de Jerusalém apesar de todas as difi
A. A confissão (10.1-7) culdades. O resto de Neemias (capítulos 7—
B. Os culpados de casamento 13) trata das reformas sociais e religiosas de
misto (10.18-44) Esdras e Neemias.
265
Descobrindo os Livros Históricos
çÕes do templo. Em uma data posterior desco mais detalhes um conflito que aconteceu cin
nhecida, Zorobabel o substituiu como gover qüenta anos depois, quando os samaritanos
nador e concluiu o trabalho de reconstrução.2 impediram os judeus de continuar trabalhan
A simples presença de Zorobabel dava es do nos muros de Jerusalém. Ao mencionar
perança a esse primeiro grupo de judeus que sua oposição à construção do templo, o autor
retornava. Por ser da linhagem direta do rei lembrou-se de um problema semelhante que
Davi e por ter sido colocado em uma posição aconteceu mais tarde. Ele inseriu o capítulo
de liderança pelos persas, ele era objeto das 4-6-23 como um parênteses, a fim de apresen
esperanças messiânicas (Ag 2.23; Zc 4.14). tar o quadro todo do conflito entre judeus e
Como tal, Zorobabel teve um papel importan samaritanos durante esse período geral de tem
te no início do período de restauração. Mas po. O versículo 24 traz o leitor de volta para as
por razões que os autores bíblicos explicam, dificuldades de se reconstruir o templo, o as
ele simplesmente desapareceu dos registros sunto que havia sido introduzido em 4.1-5.4
depois que o templo havia sido reconstruído. O autor incluiu os relatos de oposição sama-
Sob a liderança de Zorobabel e de Jesua ritana no capítulo 4 de um modo literário e
(outra forma de escrever Josué), o povo logo não cronológico.
começou a restaurar Jerusalém. Primeiro eles Os capítulos 5 e 6 concluem a narrativa da
se dedicaram a restabelecer as formas de ado reconstrução do templo. Depois de colocar os
ração dadas por Deus (3.1-6). Depois, come alicerces em 536 a.C., os judeus não conse
çaram a reconstruir o templo, o elemento mais guiram terminar o projeto devido a oposições
importante da identidade nacional (3.7-6.22). e dificuldades. Dezesseis anos mais tarde, o
Eles terminaram de colocar os alicerces com Espírito de Deus moveu os profetas Ageu c
grande pompa e cerimônia (3.10,11). Mas mui Zacarias para inspirar o povo (ver capítulo 34) •
tos tinham idade suficiente para lembrarem- Ageu pediu aos judeus que dessem tanta aten
se do antigo templo de Salomão. Eles podiam ção à casa do Senhor quanto davam à sua
ver que essa nova estrutura seria bem mais própria casa. Zacarias encorajou o povo com
simples. Muitos choraram de desânimo du suas visões e seus sermões sobre bênçãos futu
rante a cerimônia de louvor. O clamor de lou ras reservadas para eles se obedecessem a von
vor e ação de graças misturou-se ao choro de tade de Deus. O ministério desses dois ho
decepção e perda (3.12,13). O trabalho de mens motivou Zorobabel, Jesua e outros a con
Deus requer de nós tudo o que temos, e algu tinuarem trabalhando. Apesar da contínua
mas vezes nos desafia a ir além daquilo que oposição de seus vizinhos, os judeus comple
achamos ser capazes. Mas no final a vida a taram o templo em 516 a.C. c restabeleceram
seu serviço é desafiadora e plena. os sacerdotes com alegre celebração (6.14-18).
Os judeus não conseguiram terminar o
templo. Seus recursos eram insuficientes e o
O segundo grupo retorna sob a
trabalho era duro. Além disso, eles tiveram liderança de Esdras (Ed 7-10)
forte oposição de todos os lados. Os samarita- A segunda unidade do livro de Esdras con
nos, ao norte, eram descendentes de casa ta de sua volta a Jerusalém e de seu ministério
mentos mistos entre israelitas e vários grupos lá. O autor pulou aproximadamente cinqüen
que haviam sido colocados em Samaria pelos ta e oito anos desde a construção do segundo
assírios depois da queda de Israel em 722 a.C. templo até o retorno de Esdras em 458 a.C.
(2Rs 17.24). A princípio eles se ofereceram Não sabemos quase nada sobre a comunida
para ajudar. Mas Zorobabel, Jesua e os judeus de da restauração durante esse intervalo de
provavelmente sentiram alguns motivos sub tempo. Apesar do autor estar extremamente
versivos por trás daquela oferta. Eles usaram o interessado na História, sua maior preocupa
decreto de Ciro (1.2-4) como desculpa para ção não era escrever uma história completa
excluir os samaritanos de participar do traba da comunidade pós-exílio, mas sim de traçar
lho. Sentindo-se esnobados e rejeitados, os sa as importantes idéias religiosas e teológicas que
maritanos mostraram ser verdadeiros “adver moldaram essa comunidade.
sários de Judá e Benjamim”, oferecendo opo Esdras era a figura proeminente da comu
sição ao trabalho dos judeus (4.1-5).3 nidade da restauração. Sua genealogia o co
O relato da oposição dos samaritanos em locava na linhagem de Arão, irmão de Moisés
relação aos judeus no capítulo 4.6-23 está fora e primeiro sumo sacerdote (7.1-5). Uma he
de ordem cronológica. Essa seção narra em rança tão impressionante dava a Esdras o di
266
Esdras, Neemias e Ester
reito de ser escriba (7.6), o que significa que que crescemos na compreensão da palavra
ele era um estudioso e professor da lei, e não de Deus, devemos também crescer em obe
somente um copista. Ele era guardião do tô r â diência e, como Esdras, ensinar a outros por
de Moisés, significando que ele dava conti meio de palavras e exemplos.
nuidade às tradições do Pentateuco, a Lei de Em 458 a.C., Esdras liderou um segundo
Deus. A “boa mão do Senhor, seu Deus... es grupo de judeus que voltavam do exílio da
tava sobre ele... (7.6,9) porque Esdras tinha Babilônia, aproximadamente oitenta anos
disposto o coração para buscar a lei do Se depois do primeiro grupo, liderado por Zoro
nhor” (7.10). Ele foi um estudioso abençoado babel (Ed 7,8). Mais uma vez, a mão do Se
porque buscava fazer mais que estudar. Esdras nhor estava sobre aqueles que retornavam,
lutava para viver e ensinar os caminhos do para que eles fizessem a viagem rapidamente
Senhor (7.10). Da mesma forma, à medida e em segurança (8.31,32).
O Império Persa
e o Retorno a Jerusalém
;
£ A lepo
D am asco
Su sã
Nipur
P ersép o iis
Im pério Persa
MAR
fE R M E L H O
267
Descobrindo os Livros Históricos
A questão mais importante para a comu tegoricamente proibido por lei e nem era sim
sm cretism o
nidade da restauração durante esse período plesmente uma prescrição contra uniões
era como manter uma identidade definida inter-raciais. Era, na verdade, um problema
em um mundo em transformação. Com a per religioso.5 A história de Israel ilustra de ma
da do reinado da linhagem de Davi e tam neira clara como a religião israelita se deteri
bém de sua independência como nação, os orou por causa de casamentos com pessoas
judeus haviam perdido todos os sinais tangí de outras religiões (exemplos podem ser en
veis das bênçãos de Deus. De que forma a contrados em Jz 3.5,6 e nos casamentos reais
pequena Judá poderia manter uma identida de Salomão e de Acabe). Esdras liderou o
de nacional como povo de Deus no vasto Im povo em uma oração pública de arrependi
pério Persa? mento (9.5-15). Os casamentos mistos não
Além disso, o principal ideal teológico que eram simplesmente uma questão de pureza
permeava o Império Persa era o sincretismo racial e nem de legalismo. Eles eram “peca
religioso, ou seja, a mistura de diversas cren dos” que resultavam em “culpa” (9.6). A ora
ças religiosas formando um único sistema. O ção de Esdras deixa claro que tais casamen
mundo todo parecia crer que todos os cami tos estavam fadados a repetir os grandes pe
nhos levavam ao céu e que nenhum grupo cados de seus ancestrais. Esses casamentos
individual tinha o direito de se considerar teriam que parar ou o exílio jamais teria fim.
dono exclusivo da verdade. Porém, por defi Os judeus da comunidade da restauração
nição, o antigo laveísmo israelita era exclusi corriam o risco de se fundir com o Império
vista. E as Escrituras Sagradas dos israelitas Persa. Cruzar os braços teria significado o fim
afirmavam que Deus havia se revelado de do povo de Deus (9.14).
maneira singular a Israel. Esta, como nação, Movidos pela profunda contrição de Esdras,
havia fracassado por não estar disposta a ado o povo concordou em tomar medidas radicais
rar somente a Iavé. Conseguiria a nova Judá (10.1-4). Esdras não havia exercido sua auto
resistir aos mesmos impulsos e suportar as pres ridade legal para anular casamentos sem o
sões universais para transigir em sua fé e per consentimento do povo, pois esta era muito
der sua distinção religiosa? mais que uma questão legal. Esses casamen
Este é o pano de fundo para o desânimo de tos colocavam em perigo a comunidade da
Esdras diante da notícia de que muitos em aliança e a revelação do próprio Deus. Medi
Judá, incluindo a liderança, estavam entran das extremas e drásticas precisavam ser toma
do em casamentos mistos com povos vizinhos das para impedir que o laveísmo se dissolvesse
que praticavam religiões pagãs (9.1-4). O ca e misturasse com o amálgama das práticas re
samento com estrangeiros não tinha sido ca ligiosas do período persa. Durante um período
268
Esdras, Neemias e Ester
causavam grandes dificuldades para o povo. Moisés (8.1-12), o povo ouviu mais uma vez
Neemias foi, de diversas maneiras, um exem- do grande amor e com prom etim ento de
pio de servo cristão. De acordo com a lei, ele Deus para com eles.
podia receber o pagamento de governador, O ministério da Palavra de Deus exercido
mas não era justo. Quanto mais nos aproxi por Esdras teve diversos efeitos profundos so
mamos de Deus, menos perguntamos o que é bre o povo. Eles responderam rapidamente,
permitido (“o que eu posso fazer e ainda ser em reverência e verdadeira adoração (8.6;
considerado cristão?”) e mais nós pensamos 9.3). Eles reviveram antigos costumes na ce
em agradá-lo. lebração da Festa dos Tabernáculos (8.13-18).
Em Neemias 6, os adversários externos do Os levitas lideraram o povo na confissão de
trabalho de Neemias tentaram uma nova tá sua culpa como nação (capítulo 9). E a alian
tica. No capítulo 4, eles começaram a zombar ça de Deus com Israel foi restabelecida, con
e desprezar os planos de reconstrução dos forme estava prescrito no Pentateuco (9.38—
muros (vs. 2,3). Então, tentaram intimidar os 10.39). Todos os reavivamentos autênticos da
construtores (vs. 7,8). Eles chegam a atacar História estão enraizados em uma renovação
Neemias pessoalmente. Mas a determinação do interesse pela Palavra de Deus.
e devoção de Neemias prevaleceram, e os O resto do livro conta das outras medidas
muros foram completados em apenas cin tomadas por Neemias para fortalecer o povo
qüenta e dois dias (6.15). de Jerusalém. A cidade restaurada já podia
ter uma população maior. Neemias 11 des
As reformas de Esdras e
creve como mais cidadãos foram trazidos para
Neemias (Ne 7-13) morar lá e dá uma lista da população expan
Depois da reconstrução dos muros da ci dida da cidade. A lista de sacerdotes (12.1-
dade, esta ultima unidade de Neemias relata 26) ressalta a continuidade com o passado,
em detalhes as reformas sociais e religiosas que era vital para o bem-estar psicológico do
realizadas por Esdras e Neemias. E possível, povo. Neemias 12.27-47 é o clímax da car
de fato, vê-la como a segunda e última seção reira de Neemias. Com grande júbilo e cele
de um volume com duas partes. A parte 1 bração, o povo consagra os muros restaura
narra os três grandes retornos liderados por dos de Jerusalém. Essa grande consagração
Zorobabel, Esdras e Neemias (Ed e Ne 1-6). (h â n u k k â , 12.27) é paralela à consagração
A parte 2 relata a renovação e transformação do templo em Esdras 6.17. Neemias 13 en
da congregação.8 cerra com outras reformas sociais e religiosas
Quase cem anos depois do primeiro grupo lideradas por Neemias.
que chegou com Zorobabel, a população de
Jerusalém ainda era pequena (Ne 7.4). Para Problem as de interpretação
encorajá-los, Neemias sentiu-se inspirado a Os livros de Esdras e Neemias levantam
registrar o povo em genealogias (7.5). Ape diversas questões que já foram respondidas
sar da leitura do capítulo 7 parecer tediosa de várias maneiras ao longo dos anos. Destas,
nos dias de hoje, essas listas foram uma im a autoria e cronologia são as mais prementes.
portante fonte de consolo naqueles dias. Elas
ampliavam a relação anterior feita por Esdras Autoria
(Ed 2) e demonstravam uma continuidade Durante muitos anos, o consenso entre es
com o passado. Quando tudo parecia perdi tudiosos era que o mesmo autor havia sido res
do e sem esperanças, esses detalhes prova ponsável pela elaboração de Crônicas e Esdras-
ram que as bênçãos de Deus se estendiam Neemias, e que esse único autor provavelmen
ao longo dos séculos. te era o próprio Esdras. Mas como já dissemos,
Com a ajuda de Deus, o povo havia re esse consenso ruiu (capítulo 10, e especial
construído o templo e os muros de Jerusa mente capítulo 17, nota 3). Durante as últi
lém. Os líderes políticos e espirituais (Esdras mas décadas, os estudiosos encontraram evi
e Neemias) reconheciam que era chegada a dências impressionantes em favor de autores
hora de renovar a aliança. A unidade que separados para Crônicas e Esdras-Neemias.9
compreende Neemias 8-10 registra o minis Ao contrário de muitas narrativas do A n
tério da palavra de Esdras e dá detalhes de tigo Testamento, esses livros usam com fre
uma das mais vividas cerimônias da Bíblia. qüência a primeira pessoa, permitindo um vis
Em uma dramática leitura bíblica da Lei de lumbre do material original. O uso de primei
270
Esdras, Neemias e Ester
m senta nao sao insuperáveis. É muito melhor O livro de Ester mostra como o povo de Deus
monoteísmo , . ^ r i
aceitar a cronologia tradicional contorme ela deve reagir diante de uma sociedade pluralista
é apresentada nos próprios livros.11 e multi-religiosa. Mesmo nas piores circunstân
cias, Deus está procurando pessoas que confi
em nele e somente nele. O livro conta a histó
0 livro de Ester ria de uma linda mulher e seu tio que arrisca
ram a vida para salvar os judeus da destrui
Os Livros Históricos do Antigo Testament ção. E uma história cheia de perigo, intriga e
to encerram-se com um drama romântico, suspcnse. O livro também explica as origens
escrito na forma de conto, mas com todas as históricas da festa de Purim (ver adiante).
características de um romance completo. Os
acontecimentos descritos no livro de Ester têm Esboço
início em 483 a.C. (1.3), o que significa que
I. A recusa de Vasti (1.1-22)
esses fatos ocorreram entre o retorno de Zoro
babel (538 a.C.) e o segundo retorno com II. A ascensão de Ester (2.1-18)
Esdras (458 a.C.). A história se passa em Susã
e suas cercanias, na capital do Império Persa III. O serviço de Mordecai (2.19-23)
(ver mapa).
Em nenhum momento, o autor se refere a
IV. A trama de Hamã (3.1-15)
Deus nesse livro e também não menciona
V. O pedido de Mordecai (4.1-17)
Abraão, a aliança, oração ou o reinado de
Davi. O livro de Ester não é citado no Novo VI. O pedido de Ester (5.1-14)
Testamento e é o único livro do Antigo Testa
mento que não está representado nos papiros VII. A recompensa de Mordecai
do Mar Morto. Ao longo dos anos, muitos têm (6.1-14)
dispensado o livro como sendo completamen
te secular, perguntando-se como ele foi inclu
VIII. O castigo de Hamã (7.1-10)
ído no Cânon. Entretanto, o poder da mensa IX. O edito do rei (8.1-17)
gem desse livro está, em parte, em sua sutile
za. Aliás, o autor parece atrair o leitor para X. O triunfo dos judeus (9.1-10.3)
uma teia de sutilezas irônicas e entre tecidas
demais para ser verdadeira. Um poder maior Visão geral
estava em ação naquelas circunstâncias e, no O autor estruturou o livro de Ester em um
contexto, torna-se claro que Deus é o perso formato problema-solução. Depois de dois
nagem principal da obra. O autor quer de capítulos introdutórios que dão o pano de fun
monstrar que, mesmo quando a presença de do histórico necessário, o problema — a tra
Deus não é aparente, ele está trabalhando ma perversa de Hamã — é introduzido no
em favor do seu povo. capítulo 3. O resto do livro apresenta a solu
ção de maneira gradual.
Conteúdo
Conforme vimos na discussão de Esdras e Ester torna-se rainha (capítulos 1,2)
Neemias, a questão da distinção dos judeus e Os dois primeiros capítulos de abertura apre
sua adoração exclusiva de Iavé era crítica para sentam aos leitores os personagens principais:
o povo de Deus em Jerusalém durante o go Ester e Mordecai, e explicam como eles che
verno do Império Persa. Aqueles judeus que garam a uma situação na qual ocupavam po
ainda viviam no exílio, como Ester c Morde - sições tão elevadas no Império Persa. Quando
cai, lutavam com as mesmas questões. A ado a rainha Vasti recusou-se a atender a um pe
ração de Iavé jamais poderia ser simplesmen dido estranho e fútil do rei Assuero (Xerxes I,
te uma religião entre muitas, como os persas 486-465 a.C.) ele imediatamente a depôs (ca
insistiam em afirmar. O monoteísmo exclu pítulo 1). A fim de encontrar uma substituta
sivo não era compatível com o pluralismo adequada para a rainha, os representantes do
persa. Para os persas, que valorizavam a inclu rei procuraram por todo o reino pelas virgens
são, os judeus pareciam irracionalmente into mais bonitas dentre as quais o rei escolheria a
lerantes, o que levava a hostilidades. nova rainha (2.1-4).
272
Esdras, Neemias e Ester
mpressão
artística de um
grifo baseada
no relevo de um
bloco vitrificado
em Susã, capital
do Império
Persa.
Dentre essas jovens, uma destacava-se do ambições pessoais. A o lançar o purim, ou sor
resto. Ester era a sobrinha de Mordecai, o tear, eles determinaram que todos os judeus
judeu (os pais de Ester haviam morrido, Et fossem aniquilados no décimo-terceiro dia do
2.7). Todos no palácio que conheciam a bela mês Adar (3.7,13). Como decreto persa ofici
Ester gostavam dela. O rei amou Ester mais al, a ordem era irrevogável (1.19; 8.8; ver tam
que todas as outras candidatas e fez dela sua bém Dt 6.8,12,15).
nova rainha (2.17). Todo esse tempo, seguin
Mordecai e Ester entram em ação para
do as instruções de Mordecai, Ester resolveu
não revelar sua identidade judia, a fim de salvar os judeus (capítulos 4-10)
não levantar suspeitas de deslealdade ao Apenas uma esperança restava para salvar
império. Esse último fato encontra-se no ca o povo judeu. Apenas Ester poderia usar sua
pítulo 2.10 e novamente em 2.20, para criar influência pessoal junto ao rei para impedir
suspense e drama. que aquela tragédia se tornasse realidade.
No final da introdução, o autor inclui um Mordecai pediu a Ester que revelasse sua iden
pouco mais de pano de fundo que vai ser im tidade judia e intercedesse pela vida de seu
portante mais tarde. Mordecai ficou sabendo povo (capítulo 4) • Mas ninguém podia se apro
secretamente de uma conspiração para assas ximar do rei sem ser chamado, sob o risco de
sinar o rei Assuero (2.21-23). Ele contou a execução (4.11). Finalmente, Ester foi con
Ester, que advertiu o rei e impediu o golpe de vencida a arriscar sua vida para salvar a dc
acontecer. Os conspiradores foram mortos e o seu povo por meio da pergunta penetrante de
ato de Mordecai foi registrado nos documen Mordecai e que é o tema do livro: “... e quem
tos oficiais persas. sabe se para conjuntura como esta é que foste
elevada a rainha.7” (4.14). O favor de Deus
A trama perversa de Hamã para não é concedido para ser desperdiçado em
destruir os judeus (capítulo 3) egoísmo. Alcançar o propósito de Deus para
Algum tempo depois, a devoção de Mor nossa existência é mais importante que nosso
decai como judeu causou problemas. O s ofi bem-estar pessoal. Ester concordou em arris
ciais do palácio do primeiro ministro, Hamã, car sua vida na tentativa de interceder. Mas
observaram que Mordecai recusava-se a pros antes, ela instruiu todos os judeus de Susã a
trar-se diante de Hamã, como todos os ofi jejuar durante três dias. Sua decisão ecoou
ciais reais tinham que fazer. Mordecai recu- nas palavras: “se perecer, pereci” (4.16). Três
sava-se a realizar qualquer tipo de adoração dias depois, Ester foi até o rei Assuero que,
humana e adorava apenas a Deus. Irado, felizmente, a recebeu sem hesitar. Seu pedi
Hamã convenceu o rei a escrever um edito do, entretanto, foi surpreendente — ela o
oficial persa ordenando a morte de todos os convidou, com Hamã, para um jantar parti
judeus, que eram um obstáculo para suas cular naquela noite. Durante o jantar, ela
273
Descobrindo os Livros Históricos
Sumário
pediu que eles se encontrassem novamente raiva, ele ordenou a construção de uma forca
na noite seguinte. A alegria de Hamã por ser de vinte e cinco metros do lado de fora da sua
incluído nesses jantares particulares com o casa, onde ele pretendia executar Mordecai
casal real logo se transformou em fúria quan (5.14).
do ele viu que Mordecai, mais uma vez, recu De uma forma que só pode ser explicada
sava prostrar-se diante dele (5.9). Cheio de por meio da soberana providência de Deus,
naquela noite, o rei não conseguiu dormir
(6.1). Ele pediu que lessem para ele o livro dos
feitos memoráveis. Mediante essa leitura, ele
foi lembrado de que Mordecai havia salvo sua
vida em certa ocasião. Quando soube que
Mordecai não havia sido recompensado, cha
mou Hamã, que havia acabado de chegar.
Sem lhe dizer o que tinha em mente, o rei
perguntou a Hamã quais as recompensas es
peciais que deveriam ser dadas a um homem
que ele quisesse honrar. Hamã, que não con
seguia pensar em ninguém que merecesse
essas recompensas mais que ele, pensou que o
rei estava querendo honrá-lo. Ele sugeriu aqui
lo que considerava ser uma recompensa ra
zoável. O rei deveria dar àquele homem um
274
Esdras, Neemias e Ester
manto real, um cavalo e um príncipe nobre rei também fez de Mordecai o sucessor de
para marchar diante dele pela cidade claman Hamã (8.1,2).
do: “Assim se faz ao homem a quem o rei Mas a questão do decreto de Hamã ainda
deseja honrar” (6.7-9). O rei Assuero aceitou era um problema. Ele não podia ser revogado,
a sugestão. Mordecai recebeu a recompensa porém o rei permitiu que Mordecai emitisse
e, ironicamente, Hamã foi o nobre príncipe a um outro decreto para neutralizar seus efei
escoltá-lo pela cidade (6.11). tos. O segundo decreto dizia que os judeus de
Depois de uma experiência tão humilhan todas as cidades do Império Persa poderiam se
te, Hamã talvez esperasse que alguma coisa defender de qualquer ataque no décimo ter
boa resultaria do jantar com o rei e a rainha ceiro dia de Adar (8.3-17). No dia fatídico, os
naquela noite. Mas no jantar, Ester revelou as judeus se defenderam dc seus inimigos com
intenções perversas de Hamã e implorou por sucesso (9.1-19). O dia seguinte, dia quator
misericórdia para o seu povo (7.3-6). Choca ze, tornou-se um grande dia de celebração,
do com o comportamento de Hamã, o rei or exceto em Susã, onde ocorreram mais bata
denou que ele fosse enforcado na mesma for lhas. Os judeus de Susã celebraram sua vitó
ca que havia construído para M ordecai ria no décimo quinto dia de Adar (9.20-28).
(7.9,10). Mas ainda há mais ironia. O rei deu O feriado foi chamado de purim por causa de
as propriedades de Hamã para Mordecai. O pur ou sorteio que Hamã fez para determinar
275
Descobrindo os Livros Históricos
Leituras complementares
Baldwin, Joyce G. Esther: An Introduction and Com McConville, J. Gordon. Ezra, Neemiah, and Esther. Daily
mentary. Tyndale Old Testament Commentary. Study Bible. Filadélfia: Westminster, 1985.
Downers Grove: InterVarsity, 1984. Baldwin é sem Moore, Carey A. Esther: Introduction, Translation, and
pre uma leitura útil. Notes. Anchor Bible 7B. Garden City, NY.: Double-
Clines, David J. A. Esdras, Neemias, Ester. New Century day, 1971 .Comentário excelente, porém crítico,
Bible Commentary. Grand Rapids/Londres: Eerd- Williamson, H. G. M. Ezra, Nehemiah. Word Biblical
mans/Marshall, Morgan & Scott, 1984. Escrito com Commentary 16. Waco, Tex.: Word, 1985. Esclareci
cuidado, contém muitos insights de ajuda. do e original, este é, sem dúvida, o melhor comentá
Fensham, F. Charles. The Books o f Ezra and Neemiah. rio disponível.
New International Commentary on the Old Testa _ . Ezra and Nehemiah. Old Testament Guides.
ment. Grand Rapids: Eerdmans, 1982. De ajuda e Sheffield: JSOT, 1987.
completamente evangélico.
Howard, David M., Jr. An Introduction to the Old Testa
ment Historical Books. Chicago: Moody, 1993.
Kidner, Derek. Ezra and Neemiah: An Introduction and
Commentary. Tyndale Old Testament Commentary.
Downers Grove: InterVarsity, 1979.
o dia que el£ iria propor para o extermínio dos cutir o que aconteceu durante as décadas de
judeus. Esses dois dias do mês de Adar torna" intervalo (Ed 6,7). O tema geral que amarra
ram-se lembrança permanente de como suas todos esses acontecimentos históricos juntos é
tristezas foram transformadas em alegria e a suposição do autor de que eles são “passos
seu pranto em celebração (9.22). O livro en- divinamente relacionados que podem ser con
cerra-se com uma nota curta sobre os suces siderados apropriadamente como a história da
sos do rei Assuero e o seu braço direito, Mor salvação”.12 A intervenção direta de Deus é
decai (10.1-3). menos visível aqui do que no êxodo e nas
narrativas das conquistas que são comumen-
te chamadas de histórias da salvação. Esdras
e Neemias são obviamente devedores daque
Temas teológicos la ênfase anterior à “Lei do Senhor” ou “Lei
de Moisés” (Ed 7.10; Ne 8.1, etc.). O autor
Esdras e Neemias também faz referência a outras partes das Es
Os livros de Esdras e Neemias partem do crituras sagradas como Jeremias (Ed 1.1) e
pressuposto de que muitos elementos da anti Salmos (Ed 3.11). O Antigo Testamento dava
ga fé israelita são verdadeiros. Eles constroem especial significado à Palavra de Deus desde
sobre os grandes princípios da teologia do o princípio. Mas com Esdras e Neemias, as
Antigo Testamento instituídos em livros an Escrituras são elevadas a um novo nível de
teriores. Como outros autores antes dele, este autoridade e poder. Esse papel dominante das
dá lugar de destaque para a história antiga da Escrituras continua tanto no Judaísmo quan
religião israelita. O autor agrupa literariamente to no Cristianismo.
histórias sobre a oposição em Esdras 4, apesar
desses eventos terem ocorrido com uma dife Ester
rença de cinco décadas. Ou move-se com Alguns podem sugerir que é inútil falar
facilidade da construção do templo (516 a.C.) das idéias teológicas do livro de Ester, tendo
para a chegada de Esdras (458 a.C.), sem dis em vista que Deus nem é mencionado. Mas a
276
Esdras, Neemias e Ester
história contém uma série admirável de “co do povo de Deus. Os reis persas e oficiais reais
incidências” . Ester por acaso foi escolhida também movem-se e agem sob a mão do gran-
como sucessora de Vasti; Mordecai por acaso de e Soberano Senhor. Apesar de Deus não
descobriu a conspiração para assassinar o rei; ser mencionado, ele é o personagem princi
Assuero por acaso teve insônia na noite em pal do livro, mais até que Ester ou Mordecai.
que Hamã planejava matar Mordecai; naque E isto que faz o livro de Ester extremamente
la noite, as crônicas reais por acaso continham relevante para os nossos dias, pois Deus ain
o registro da boa ação de Mordecai. Essas “co da é o soberano que trabalha para salvar o
incidências” não estão limitadas ao universo seu povo.
277
Parte
3
Descobrindo
os Livros Poéticos
Introdução
aos Livros Poéticos
A literatura do povo de Deus
Esb oco
• O que são os Livros Poéticos?
• C aracterísticas com uns da
poesia hebraica
Métrica
Paralelismo
Quiasmo
Acrósticos
• Paralelos ugaríticos O bjetivos
• Os Livros Poéticos
Depois de ler este capítulo, você
deve ser capaz de:
• Citar o nome dos Livros Poéticos do Antigo
Testamento.
• Ilustrar as quatro características comuns da
poesia hebraica.
• Definir os tipos de paralelismo.
• Dar um exemplo de quiasmo.
• Explicar de que maneira um acróstico é
usado como recurso literário na poesia.
• Explicar de que maneira a descoberta da
língua ugarítica aumentou nossa compreen
são da poesia hebraica.
• Citar as contribuições básicas de cada Livro
Poético.
281
Descobrindo os Livros Poéticos
mmêMmmmÊMÊmfflÊMmÈmÊÊÊÊÊÊmmMÊm
“ONde CANta o sabiÁ”, “as Aves que aQUI
metnca
0 que são os Livros gorJEIam”. A segunda e a quarta linhas tam
bém têm as últimas palavras que rimam
rima Poéticos? (“sabiá” e “lá”).
A poesia hebraica baseia-se muito mais na
Quando usamos a expressão Livros Poéti
paralelismo métrica do que na rima, apesar desta última
cos estamos nos referindo aos livros de Jó, Sal
ocorrer algumas vezes. Alguns comentaristas
mos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos
sugerem que os escritores da antigüidade usa
paralelismo Cânticos. A poesia também aparece em mui
vam padrões métricos para expressar certos
sinônimo tos outros livros do Antigo Testamento, mas
estados de espírito ou idéias.2 Esses estudiosos
esses cinco livros contêm longos trechos poé
não concordam entre si completamente, mas
paralelismo ticos. Além disso, em cada um dos Livros Po
todos aceitam que a poesia hebraica usava
antitético éticos, com exceção de Eclesiastes, a poesia
uma variedade de estilos métricos.
oferece a forma literária predominante. Mes
mo assim, Eclesiastes foi associado aos Livros Paralelism o
paralelismo
Poéticos desde tempos muito antigos, prova
sintético O paralelismo é a característica mais im
velmente por sua afinidade com a literatura
portante da poesia hebraica.3 Quando usa
hebraica de sabedoria.
mos esse termo, queremos dizer que há pelo
Este capítulo ressalta algumas das caracte
rísticas básicas da poesia hebraica e também a menos duas linhas paralelas por verso, ou seja,
compara com a de seus vizinhos do antigo cada uma complementa a(s) outra (s) de al
Oriente Próximo. Ao fazê-lo, poderemos es guma forma. Tipicamente, as linhas apre
clarecer a contribuição especial dos Livros sentam paralelismo nas idéias e não na rima
Poéticos para a Bíblia e para a fé cristã. ou som. Três tipos básicos de paralelismo ocor
rem na poesia hebraica: paralelismo sinô
nimo, paralelismo antitético e paralelis
wmmmmÊÊmÊÊmÊSÊKÊmÊÊÊmtgmsmÊmmÊÊKgmKBÊammÊÊÊÊm
mo sintético.
Características
Paralelismo sinônimo
comuns da poesia O paralelismo sinônimo envolve a repeti
hebraica ção do mesmo pensamento ou pensamento
similar. As duas partes refletem basicamente
Estudiosos do hebraico discordam sobre o a mesma idéia. Tomemos, por exemplo, o Sal
que exatamente constitui a poesia hebraica.1 mo 19.1:
De qualquer forma, eles concordam que ela
apresenta tipicamente certas características. Os céus proclamam a glória de Deus, e o
As mais comuns serão discutidas abaixo. firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Os salmos,
algumas vezes,
eram
acompanhados
de instrumentos
musicais como
estes.
Mais uma vez, uma linha complementa a Pois o Senhor conhece o caminho dos jus
outra, refletindo a mesma idéia. Cada uma tos, mas o caminho dos ímpios perecerá.
apresenta uma pergunta e “tabernáculo” é
paralelo de “santo monte”, o lugar do santuá- O salmista contrasta o cuidado providen
rio de Deus. cial do Senhor para com seu povo com a des
Algumas vezes, no paralelismo sinônimo, a truição que os ímpios um dia experimentarão.
segunda linha não será totalmente paralela Os elementos paralelos, da mesma forma, são
em relação à primeira. O Salmo 24.1 é um contrastantes entre si. “Caminho dos justos”
bom exemplo: contrasta com “caminho dos ímpios” e “co
nhece” contrasta com “perecerá”.
Ao Senhor pertence a terra O livro de Provérbios também oferece
e tudo o que nela se contém, muitos bons exemplos de paralelismo antitéti
o mundo e os que nele habitam. co. Note como, em alguns dos exemplos abai
xo, a primeira e a segunda linhas expressam
A expressão “ ao Senhor” não aparece na idéias opostas:
segunda linha, mas o leitor compreende cla
ramente o pensamento da linha anterior. Pro Os tesouros da impiedade de nada aprovei
vérbios 19.29 nos dá um outro exemplo: tam, mas a justiça livra da morte. (10.2)
Preparados estão os juízos para os escar- O que trabalha com mão remissa empobre
necedores e os açoites, para as costas dos ce, mas a mão dos diligentes vem a enrique
insensatos. cer-se. (10.4)
Um relevo
assírio
mostrando
músicos cativos.
O seguinte trecho de um épico de Baai de suas cabeças até os joelhos em seus tronos de
Ugarite o ajudará a entender Baal e o seu poder príncipes? Vejo que os deuses estão intimidados
em meio ao panteão cananita: de terror dos mensageiros de Yamm, dos envia
dos do Juiz Nahar. Levantem suas cabeças, Ó deu
"Agora os deuses estão assentados para co ses, levantem-nas de seus joelhos, de seus tronos
mer, os santos para se alimentar, Baal atentando de príncipes, e eu responderei aos mensageiros
para El. Assim que os deus os vêem, vêem os de Yamm, aos enviados do Juiz Nahar!"
mensageiros de Yamm, os enviados do Juiz
Nahar, os deuses colocam suas cabeças sobre os Tradução adaptada de James B. Pritchard, org. Ancient Near
Bastem Texts to the Old Testament, 3- edição, Princeton NJ: Prince-
joelhos em seus tronos de príncipes. Baal os re ton Urriversity Press, 1969, 130.
preende: "Por que, Ó deuses, vocês abaixaram
285
Descobrindo os Livros Poéticos
Sumário
1. Os Livros Poéticos são Jó, Salmos, Pro 7. O ugarítico contribui para uma me
vérbios, Eclesiastes e Cântico dos lhor compreensão de textos hebrai
Cânticos. cos, pois ele dá clareza a palavras ra
ras do hebraico, usa o mesmo estilo
2. Métrica, paralelismo, quiasmo e acrós-
de paralelismo e oferece informações
tico têm seu papel na poesia hebraica.
relevantes sobre o politeísmo no tem
3. A poesia hebraica tem três tipos de pa po da antiga Israel.
ralelismo — paralelismo sinônimo, para
8. Jó é importante pois fala de pessoas
lelismo antitético e paralelismo sintético.
boas que algumas vezes sofrem.
4. Quiasmo é um recurso literário em
9. O livro de Salmos nos dá muitos
que o conteúdo de duas linhas para
cânticos da antiga Israel.
lelas de poesia é invertido.
10. Provérbios nos oferece diretrizes prá
5. Poesia acróstica é escrita com a pri
ticas para o viver.
meira palavra de cada linha em or
dem alfabética. 1 1 . 0 sentido da vida é explorado em
Eclesiastes.
6. A língua de escrita cuneiforme falada
na antiga Ugarite é chamada de uga 12. Cântico dos Cânticos concentra-se na
rítico. Ela é uma linguagem alfabética alegria do amor romântico.
com trinta e sete sinais.
286
Introdução aos Livros Poéticos
melhor os textos bíblicos de pelo menos três braica. O paralelismo, por exemplo, também
politeísta
maneiras. ocorre na poesia ugarítica. Os escritos bíbli
Em primeiro lugar, certas palavras raras em cos, portanto, usaram um estilo comum a ou
Baal hebraico ocorrem com mais freqüência em tros povos de sua época. Entretanto, enquanto
ugarítico, assim podemos estar mais certos do os povos de Ugarite usavam seu estilo poéti
Astarote significado da palavra bíblica. Talvez uma pa co para escrever histórias sobre seus deuses e
lavra hebraica rara apareça em um contexto deusas, os escritores bíblicos usavam-no para
difícil, mas em ugarítico ela aparece diversas louvar e adorar o único e verdadeiro Deus
vezes em contextos mais claros. Então, tenta do céu.
mos analisar o sentido da palavra ugarítica no Em terceiro lugar, a poesia ugarítica nos
lugar da palavra hebraica no texto bíblico para ajuda a entender o mundo politeísta que
ver se o significado da palavra ugarítica se cercava os hebreus. Os textos revelam muito
encaixa. Desse modo, textos ugaríticos mui sobre JBàal e sua consorte Astarote, cuja ado
tas vezes esclareceram o significado de pala ração os profetas denunciaram. Sabemos por
vras ou passagens hebraicas difíceis. intermédio do testemunho do povo que ado
Em segundo lugar, a poesia ugarítica tem rava Baal e Astarote de que maneira eles
várias semelhanças em relação à poesia he viam esses deuses.
Leituras Complementares
Alter, Robert. The Art o f Biblical Poetry. Nova York: básico para seminário. Trata também das questões
Basic, 1985. Explora os muitos aspectos usados pelos básicas de interpretação.
escritores bíblicos em seus trabalhos poéticos. Craigie, Peter C. Ugarit and the Old Testament. Grand
Berry, Donald K. An Introduction to Wisdom and Poetry Rapids: Eerdmans, 1983. Uma exposição clássica de
o f the Old Testament. Nashville: Broadman & informações sobre Ugarite que esclarece alguns pon
Holman, 1995. Uma discussão detalhada sobre a lite tos do Antigo Testamento.
ratura bíblica de sabedoria, seus paralelos com o Petersen, David L. e Kent Harold Richards. Interpreting
mundo bíblico e o seu uso por judeus e cristãos ao Hebrew Poetry. Guides to Biblical Scholarship.
longo dos séculos. Minneapolis: Fortress, 1992. Uma discussão mais
Bullock, C. Hassel. An Introduction to the O/d Testa breve e técnica.
ment Poetic Books. Ed. rev. Chicago: Moody, 1988.
Uma exposição de nível universitário avançado ou
287
Descobrindo os Livros Poéticos
288
A J ó
Esboço
• Introdução à literatura de
sabedoria
Literatura de sabedoria do antigo
Oriente Próximo
Objetivos
Literatura de sabedoria do Antigo
Testamento Depois de ler este capítulo,
* Conteúdo do livro de Jó você deve ser capaz de:
Esboço • Identificar as duas principais classificações
da literatura de sabedoria do antigo
Visão geral
Oriente Próximo.
’ O autor e seus tempos • Descrever as principais características da
a Temas teológicos literatura de sabedoria do Egito.
• Contrastar a literatura de sabedoria do
Egito, da Mesopotâmia e do Antigo
Testamento.
• Dar exemplos das metodologias usadas
pelos amigos de Jó para ajudá-lo.
• Definir teodicidade.
• Avaliar todos os discursos feitos em Jó.
• Comparar o ponto de vista de Jó e daque
les que falam com ele sobre a retribuição
com o ponto de vista de Deus.
289
Descobrindo os Livros Poéticos
O livro de Jó é um dos três livros da coleção Isaías, etc.) e os ensinamentos de Jesus têm
literatura de
do Antigo Testamento conhecidos como lite muitos exemplos do conceito de sabedoria.
sabedoria
ratura de sabedoria. Depois de uma breve
discussão sobre o sentido desse termo, volta Literatura de sabedoria no
discursos de remos nossa atenção para os detalhes dessa antigo Oriente Próximo
sabedoria obra fascinante. A literatura de sabedoria do Antigo Testa
mento tem um pano de fundo internacional.
O autor de 1 Reis compara Salomão — o ho
Introdução à literatura mem mais sábio entre os homens de Israel —
com os sábios da Mesopotâmia, Canaã e Egi
de sabedoria to, o mundo conhecido daquele tempo (lRs
A expressão “literatura de sabedoria” não 4.29-34). Ao que parece, cada nação tinha
aparece no Antigo Testamento. Este é um mestres de sabedoria que refletiam suas pró
termo que estudiosos modernos usam para os prias tradições nacionais de sabedoria. Arque
três livros que compartilham dessas caracte ólogos descobriram exemplos de literatura de
rísticas de “sabedoria”: Jó, Provérbios e Ecle sabedoria em todas as partes do antigo Orien
siastes. Além desses três, alguns Salmos tam te Próximo.
bém fazem parte dessa coleção (SI 1,37,49,73, A literatura de sabedoria do antigo Orien
etc.) e Cântico dos Cânticos também é seme te Próximo pode ser dividida em dois grupos
lhante à literatura de sabedoria por sua fun gerais. Primeiro, os provérbios curtos sobre a
ção didática e literária. Assim, todos os livros vida em geral. Estes tendem a ser de natureza
incluídos na seção do Cânon chamada de didática ou instrutiva e normalmente têm uma
“poética” estão relacionados à literatura de visão otimista da vida. Em segundo lugar, os
sabedoria (capítulo 19). Mas as idéias de sa discursos de sabedoria do antigo Oriente
bedoria vão além dos Livros Poéticos da Bí Próximo que resultavam em documentos
blia. Diversos profetas usaram ditados de sa contendo longos discursos ou ensaios lidan
bedoria ou parábolas em seus sermões (Oséias, do com os problemas mais difíceis da vida.
A literatura de
sabedoria toca
em assuntos
que exploram o
sentido da vida.
290
Jó
291
Descobrindo os Livros Poéticos
,0 era um ■NM H H H U H H M K
C. Segundo ciclo de discursos
nomem rico até
que perdeu suas Conteúdo do livro de Jó (15.1-21.34)
ovelhas, D. Terceiro ciclo de discursos (22.1-
jumentos e O livro abre com uma introdução em for 27.33)
camelos. ma de prosa com dois capítulos, dando ao lei
tor o pano de fundo necessário para o que III. Hino de sabedoria (28.1-28)
vem a seguir (capítulos 1 e 2). O corpo princi
pal do livro é apresentado em forma de poesia IV. O discurso de Jó (29.1-31.40)
e contém os discursos de Jó, de seus conse A. Como era antes (29.1-25)
lheiros e, finalmente, de Deus (3.1-42.6). O B. Como é agora (30.1-31)
livro encerra com um breve epílogo, mais uma C. Jó afirma sua inocência (31.1-40)
vez em prosa (42.7-17). O PRÓLOGO e epílo
V. Os discursos de Eliú (32.1—37.24)
go em prosa criam uma moldura literária para
A. Introdução (32.1-5)
os discursos poéticos.
B. Primeiro discurso (32.6-33.33)
Esboco C. Segundo discurso (34.T37)
D. Terceiro discurso (35.1-16)
I. Prólogo (1.1-2.13) E. Quarto discurso (36.1-37.24)
A . Jó como herói (1.1-5)
B. O primeiro encontro do conselho V I. Os discursos do Senhor (38.1—
divino (1.6-12) 42.6)
C . Os primeiros desastres (1.13-19) A. Primeiro discurso (38.1-39.30)
D. A reação de Jó (1.20-22) B. Segundo discurso (40.1-42.6)
E. O segundo encontro do conselho
V II. Epílogo (42.7-17)
divino (2.1-5)
F. A enfermidade de Jó (2.6-8) Visão geral
G. A reação de Jó (2.9,10)
H. Os consoladores (2.11-13) O livro de Jó foi escrito como uma peça, e
os personagens principais são apresentados no
II. Diálogo (3.1-27.23) prólogo (capítulos 1 e 2). O autor desse prólo
A. A declaração de abertura de Jó go toma um ponto de vista onisciente, ou seja,
(3.1-26) ele parece saber de tudo. Ele pode avaliar os
B. Primeiro ciclo de discursos pensamentos que se passam dentro de Jó e
(4.1-14.22) relatar o diálogo entre Deus e Satanás.
293
Descobrindo os Livros Poéticos
294
Jó
0 sopé do
monte
Hermom, norte
de Israel. Elifaz
pergunta "Onde
estavas quando
Deus fez as
montanhas?"
(15.7).
295
Descobrindo os Livros Poéticos
mou de “parolas” (11.3). Ele resumiu a atitu de seus três amigos era sem valor e que suas
de de Jó na citação: “A minha doutrina é respostas não eram verdadeiras (21.34).
pura, e sou limpo aos teus olhos [de D eus]” Elifaz abriu o segundo ciclo ao tentar iden
(11.4). Mas Zofar advertiu que, na verdade, tificar os pecados específicos que Jó teria co
era o contrário. O castigo de Deus era, na metido, sendo a maioria deles pecados de
realidade, menor que Jó merecia por toda a omissão (22.4-7). Ele suplicou a Jó que colo
sua culpa (11.6b). Assim, Zofar concluiu que casse de lado sua iniqüidade e se voltasse para
Jó deveria “lançar para longe” (11.14) sua Deus (22.23). Jó, entretanto, estava certo de
iniqüidade e perversidade e então certamen sua inocência e, mais uma vez, desejava de
te, sua vida seria “mais clara que o meio-dia” fender-se diante de Deus (23.4,10-12). A
(11.17). Jó concluiu o primeiro ciclo de dis maior alegação de Jó era de ser inocente de
cursos afirmando que sua compreensão não qualquer maldade e de que seu castigo e so
era inferior à de seus três amigos (12.3; 13.2). frimento excediam em muito a sua culpa.
Todo o universo, incluindo feras, pássaros, O discurso breve de Bildade no capítulo
plantas e peixes, sabe que Deus está no con 25 enfatizou a impossibilidade de se viver uma
trole de tudo o que acontece (12.7-10). Tudo existência de retidão perante Deus. Jó insistiu
o que Jó desejava era a oportunidade de de em sua integridade e inocência (27.1-6), e
fender-se pessoalmente perante Deus (13; 13- expressou sua exasperação com a aplicação
19). Em vez disso, Deus insistia em perseguir incorreta que seus amigos estavam fazendo
Jó (13.24-27). Mais uma vez, Jó desejava do princípio de retribuição naquela situação.
morrer (14.13).
Elifaz começou o segundo ciclo de discur Os discursos de resumo de Jó
sos acusando Jó de ter abandonado a oração e (capítulos 28-31)
o temor de Deus com seu discurso como o Os capítulos 28—31 são constituídos de dis
vento (15.2-4). Ele lembrou Jó de que seus cursos variados de Jó em que ele louva as
três amigos também tinham grande sabedoria virtudes da sabedoria (28), medita sobre sua
(15.7,8) e que eles firmavam-se na antiga tra vida antes dos acontecimentos trágicos do
dição quando insistiam que era o pecado se prólogo (29), lamenta sobre a sua presente
vero que estava causando todo aquele sofri condição miserável (30), e nega ser culpado
mento na vida de Jó (15.17-35). Jó respondeu de luxúria, cobiça, adultério, maus tratos de
que já havia ouvido toda aquela conversa escravos, confiança nas riquezas, idolatria ou
antes (16.3,4). No lugar disso, ele queria uma prática de negócios ilícitos (31). Finalmen
testemunha no céu que lhe servisse de medi te, Jó assina embaixo (31.35) c espera que
ador perante Deus (16.19). justiça seja feita.
Bildade ofendeu-se ao ser considerado “es A mensagem central do livro fica implícita
túpido” aos olhos de Jó e apresentou um qua no hino de sabedoria (capítulo 28). A sabedo
dro sombrio dos perversos (18.3), deixando im ria pertence a Deus (vs. 20-28) e todas as ten
plícita a seriedade do pecado de Jó. Mas Jó tativas humanas de comprá-la ou contê-la
rejeitou um pronunciamento de tamanha as estão destinadas ao fracasso. Esta foi a confis
pereza e injustiça. Com uma advertência para são de Jó e, no final das contas, a sua salvação.
os seus consoladores, Jó vislumbrou o futuro Em vez de assumir falsa culpa e viver uma
em que ele seria justificado diante de Deus mentira, Jó esperou a justificação do Senhor.
(19.25-27).
Em seguida, Zofar usou de linguagem for Eliú entra no diálogo
te para condenar os ricos que, supostamente, (capítulos 32-37)
adquiriam suas posses por meio da cobiça e da N a unidade seguinte do livro, um novo
opressão do pobre (20.19). Depois de descre personagem é apresentado. Eliú era um jo
ver de forma bastante vivida o castigo para vem que havia se cansado de ouvir Jó justifi-
tais indivíduos, Zofar afirmou que esta é a cando-se a si mesmo em vez de justificar a
porção que Deus dá ao homem perverso, su Deus (32.2). Mas ele também estava pertur
gerindo que a cobiça era o problema de Jó bado com os amigos de Jó pois eles não ti
(20.29). Mas em sua resposta, Jó mostrou como nham conseguido encontrar uma resposta e
os ímpios continuavam prosperando e iam para ainda assim condenavam Jó (32.3). E verda
o túmulo satisfeitos e em pleno vigor (21.23- de que a situação de Jó não havia melhorado.
26). Desesperado, ele concluiu que o consolo Deus parecia ter se tornado o seu inimigo sem
296
Jó
Cena de uma
pintura na
parede da
tumba egípcia
de Nebamun. 0
antigo Egito
criou a maior
parte dos
exemplos de
sabedoria
instrutiva.
salta sua força, resistência e natureza aparen são ainda mais vagos. Muitas das circunstânci
temente indestrutível (40.15-41.34). Jó ime as parecem patriarcais: Jó oferece sacrifícios
diatamente reconheceu a onipotência de sem a presença de um sacerdote, sua riqueza
Deus (“Bem sei que tudo podes”, 42.2) e sua é medida em termos de rebanhos e servos e
própria ignorância (“Na verdade, falei do que sua longevidade (140 anos) são aspectos que
não entendia”, 42.3). Os discursos do Senhor o colocam em algum lugar nos tempos de
tiraram de Jó todo o seu orgulho e auto-sufici Gênesis. Por causa dessas observações, muitos
ência, e tudo o que restou foi a necessidade supõem que o livro tem origens pré-mosaicas.
completa de arrependimento. Jó concluiu: “Eu A evidência lingüística de Jó não permite que
te conhecia só de ouvir, mas agora os meus tiremos qualquer conclusão. O livro contém
olhos te vêem. Por isso, me abomino e me ar tanto termos de hebraico relativamente anti
rependo no pó e na cinza” (42.5,6). go quanto recente. Isto indica que Jó teve
uma longa história de transmissão, sendo co
O epílogo (42.7-17)
piado e recopiado muitas vezes. Além disso, é
O epílogo consiste de dois acontecimentos possível até mesmo que o personagem princi
de conclusão. No primeiro, Deus repreendeu pal do livro não tenha sido israelita. Além da
os três amigos de Jó por não falarem correta referência geográfica de Edom, o livro não
mente em favor dele. No segundo, ele restau contém nenhuma referência à lei mosaica e
rou as riquezas de Jó a ponto de que seu últi Deus raramente é identificado como Iavé. O
mo estado foi mais abençoado que o primeiro leitor é forçado a aceitar esse livro como sen
(v. 12). Assim, foi justificada a fidelidade de do a narrativa de acontecimentos “sobre a vida
Jó e demonstrada a fidelidade de Deus. de um homem conhecido que viveu a muito
tempo atrás em uma terra distante”.
ywiWBwimff ■■ mm b wm- mm m O debate entre estudiosos sobre a época
O autor e seus tempos da composição resulta em datas que vão des
de o começo do século 89 a.C. (contemporâ
As origens de Jó são envoltas em mistério. neo a Isaías) até o século 39 a.C. (época do
O autor do livro é anônimo. O livro também segundo templo em Judá). Comparações lite
não indica com precisão quando ou onde ocor rárias mais recentes entre Jó e Isaías levam
reram os acontecimentos descritos. O lar de alguns a crer que a data do século 8Qé a épo
Jó na terra de Uz provavelmente ficava entre ca mais provável para a data em que o livro de
EDOM e o norte da Arábia e seus amigos vi Jófoi escrito.12
nham dos arredores de Edom.11 Detalhes so
bre quando esses acontecimentos ocorreram
Temas teológicos
Termos-chave O livro de Jó dá uma importante contribui
ção à coleção de idéias teológicas do Antigo
Literatura de sabedoria Testamento. A aliança do Sinai entre Iavé e
Discurso de sabedoria Israel estabeleceu um dos conceitos teológi
Diálogo cos mais duradouros — a teologia de retribui
M onólogo ção. As maldições e as bênçãos de Deutero
Pessoas/ Retribuição
nômio (Dt 28) tornaram-se o ponto de parti
lugares-chave Período cassita
da para grande parte da teologia bíblica. Em
Teodicidade
outras palavras, você colhe o que você planta
Ptahhotep M onoteísta
(G1 6.7; lPe 3.12). E assim que Deus governa
Uz Prólogo
Edom Racionalista o mundo. O próprio caráter bom de se fazer o
Beemote que é certo leva a bênçãos enquanto o cará
Leviatã ter malévolo de se fazer o que é errado leva
naturalmente ao desastre.13
Mas essa doutrina de retribuição é um prin
cípio moral geral de como Deus administra a
justiça, não uma regra rígida, inflexível e que
pode ser aplicada a todos os casos. O caso de
298
Jó
Sumário
299
Descobrindo os Livros Poéticos
1. Que livros bíblicos são considerados 'li 5. De que maneira Eliú caracteriza o
teratura de sabedoria" pelos estudiosos problema de Jó? A que ele atribui o
modernos? Indique as diferenças entre silêncio de Deus? O que ele vê como
o material discursivo da Mesopotâmia e sendo a chave para aliviar o sofri
a literatura de sabedoria israelita. De mento de Jó?
que forma os israelitas interagiam com
6. Como o Senhor repreende a Jó nos
a literatura e visão de mundo de sua re
capítulos 38.1-42.6? Qual é a rea
gião do antigo Oriente Próximo? Qual é
ção de Jó?
a fundação de sabedoria do Antigo Tes
tamento? Que tópico é explorado na li 7. O que se sabe sobre a elaboração do
teratura de sabedoria? livro de Jó e a localização geográfica
da obra?
2. Quais são as questões difíceis da vida
tratadas em Jó? Quais aspectos do ca 8. De que forma Jó contribui para a
ráter de Deus são desafiados pela pre compreensão da teologia de retri
sença do mal no mundo? buição? Como o livro responde o
problema da teodicidade?
3. Qual é a mensagem central do livro?
4. Descreva os pontos de vista de Elifaz,
Bildade e Zofar. Onde eles colocavam a
culpa pelo sofrimento de Jó? Qual foi a
resposta de Jó?
Leituras complementares
Andersen, Francis I. Job: An Introduction and Commen Eerdmans, 1988. Um dos melhores comentários
tary. Tyndaie Old Testament Commentary. Downers recentes disponíveis.
Grove/Leicester: InterVarsity, 1976. Uma exposição Pope, Marvin H. Job: Introduction, Translation and
com insights do ponto de vista evangélico. Notes. 3. ed. Anchor Bible 15. Garden City, NY.:
Bullock, C. Hassel. An Introduction to the Old Testament Doubleday, 1973. Uma excelente fonte de informa
Poetic Books. Ed. rev. Chicago: Moody, 1988. Uma ções de pano de fundo escrita por um renomado
introdução de ajuda sobre todos os Livros Poéticos. estudioso do Oriente Próximo.
Clines, David A .Job 1-20. Word Biblical Commentary 17. Rad, Gerhard von. Wisdom in Israel. Trad. James D.
Dallas: Word, 1989. Martin. Valley Forge, Pa.: Trinity Press International,
Dhorme, Édouard. A Commentary on the Book of Job. 1993 (1972). Uma introdução intelectualmente es
Trad. Harold Knight. Nashville: Thomas Nelson, 1984. timulante.
300
Jó
O Novo Testamento também trata do pro- dade”.15 Como Jó, esperamos e desejamos por
blema do sofrimento não merecido. Quando esse dia enquanto permanecemos fiéis à Voz.
perguntaram a Jesus: “Quem pecou, este ou Jó oferece respostas bíblicas para o problema
seus pais, para que nascesse cego?” sua res- da teodicidade. Deus pode trabalhar em meio
posta foi surpreendente: “Nem ele pecou, nem a todas as coisas — até mesmo coisas más —
seus pais; mas foi para que se manifestem nele para o nosso bem (Rm 8.28), e todos aqueles
as obras de Deus” (Jo 9.2,3). Em resumo, nin que são fiéis a ele, no final, serão beneficiados
guém pecou. Há uma grande área de miséria por meio do mal que tiverem que sofrer. Mas a
e sofrimento humano que não é nem puniti resposta em Jó fica incompleta sem o resto da
va e nem redentora. E simplesmente sem sen revelação bíblica. Pois é em Jesus Cristo que o
tido. Assim como Jó, o crente que sofre deve maior mal que o mundo pode oferecer — trai
perceber que “nada além da voz de Deus no ção e crucificação — encontra-se com o maior
redemoinho pode ir de encontro à sua necessi bem de todos — perdão e purificação.
301
Salmos
O livro de cânticos do antigo Israel
Esboço
• Pano de fundo do livro de
Salmos
O nome ''Salmos”
Autoria de Salmos
0 lugar singular do livro de Salmos na
Palavra de Deus Objetivos
• A divisão de Salmos Depois de ler este capítulo,
A organização básica você deve ser capaz de:
Teorias sobre a organização de Salmos • Definir a palavra "salmo".
• Títulos de Salmos • Dar os nomes dos escritores dos salmos.
• Classificação de Salmos • Explicar por que os salmos têm uma
Hinos contribuição singular para Bíblia.
303
Descobrindo os Livros Poéticos
De que maneira as pessoas louvam a Deus çam com a expressão “Salmo de Davi”. Algu
por meio da música em sua igreja? Elas usam mas pessoas sugerem que Davi pode não ter
um hinário? A congregação lê as palavras escrito todos os setenta e três salmos. Talvez
projetadas por um retroprojetor em uma tela? alguns tenham sido escritos para Davi ou em
Talvez cantem com o acompanhamento de sua homenagem; de fato, o hebraico poderia
um piano ou órgão, ou talvez com outros ins ser interpretado dessa forma. Em geral, deve
trumentos. Algumas congregações cantam mos provavelmente supor que Davi escreveu
sem instrumentos. Uma coisa é certa — os todos ou a maioria dos salmos com esse título.
cristãos usam muitos estilos diferentes de Davi escreveu diversos tipos diferentes de
música para louvar ao Senhor! salmos — louvores, lamentações, salmos de
Mas não importa qual o estilo de adoração, penitência, salmos imprecatórios, salmos
você provavelmente usa salmos como parte reais, salmos messiânicos. (Discutiremos cada
do louvor. O livro de Salmos tem contribuído um desses tipos de salmo mais adiante.) O
com as palavras de muitos dos nossos hinos e primeiro livro de Samuel, capítulo 16, fala
cânticos prediletos. Até mesmo diversas can do talento musical de Davi quando ele to
ções e corinhos modernos têm letras tiradas cava perante o rei Saul. 1 Crônicas 15,16 tam
dos salmos. Ao estudarmos o livro de cânticos bém descreve o grande interesse de Davi em
de Israel, poderemos entender mais sobre al estabelecer a música para a adoração públi
gumas das grandes verdades nas quais o povo ca. E, como rei, é provável que ele tivesse o
de Deus acreditava e como eles as expressa tempo livre necessário para refletir e compor
vam em sua adoração. Também vamos ver suas músicas, sendo a maior parte delas de
como muitos desses cânticos antigos molda dicada a Deus.
ram a adoração cristã de nossos dias. Muitos dos salmos de Davi descrevem pe
ríodos específicos de sua vida. Ele escreveu o
Salmo 3 quando fugia de seu filho, Absalão.
O Salmo 51 foi escrito depois que Natã o
Pano de fundo do livro confrontou com o seu pecado com Bate-
de Salmos Seba. Ele escreveu o Salmo 57 enquanto se
escondia de Saul em uma caverna. Momen
O nom e "Salm os" tos decisivos na vida de Davi o levaram a
escrever esses salmos que têm falado a tan
A palavra “salmo” vem do grego psalmos
tas gerações.
que quer dizer um cântico ou um hino. A
palavra hebraica para o livro é têh illim e sig Asafe
nifica “louvores”. O livro contém uma cole Asafe teve um papel importante na adora
ção de cento e cinqüenta cânticos da vida ção pública estabelecida por Davi em Jerusa
religiosa e da adoração hebraicas — cânticos lém (lC r 15,16). Aliás, Davi nomeou Asafe
do coração do povo e que refletem suas expe para ser o mestre de canto (lC r 15.17). Os
riências pessoais. Pode-se dizer que os salmos Salmos 50 e 73—83 são atribuídos a ele. Como
representam o antigo hinário do povo de Deus. Davi, Asafe escreveu vários tipos de salmos.
O título em
hebraico do
Salmo 23,
provavelmente
um do salmos
prediletos, diz
que ele foi
escrito pelo rei
Davi que um dia
cuidou das
ovelhas de seu
pai nos montes
em volta de
Belém.
Certos salmos atribuídos aos filhos de Coré eram feitos para todos os crentes. A congre
refletem os tempos do exílio na Babilônia ou gação certamente usava, por exemplo, o Sal
depois (SI 44,85). Outros podem ter sido com mo 136 como forma de leitura responsiva. Os
postos em tempos mais antigos. líderes desse louvor liam uma linha e o povo
respondia “porque a sua misericórdia dura
Outros autores
para sempre”.
Quem mais contribuiu para o livro de Sal Outros salmos estão mais ligados às experi
mos? O Salmo 90 leva o nome de Moisés, que ências do indivíduo. O Salmo 3 descreve os
liderou o povo de Deus da escravidão do Egi sentimentos intensos de Davi enquanto ele
to para a liberdade da terra prometida. Os fugia de seu filho, Absalão. Davi sentia como
Salmos 72 e 127 são creditados a Salomão. A se todos os seus amigos o tivessem desertado,
Bíblia nos diz que Salomão escreveu muitos mas ele se apegava à sua fé no Senhor. Muitos
outros provérbios e cânticos (lRs 4.32), mas ao outros salmos também revelam experiências
que parece, apenas dois deles acabaram no li pessoais de adoração.
vro de Salmos. Aproximadamente cinqüenta Em segundo lugar, os salmos lidam com
Salmos não têm título ou cabeçalho e sua au todos os aspectos da vida hebraica. O povo
toria continua sendo um mistério. Talvez al louvava a Deus por seus grandes feitos e por
guns dos autores já mencionados os escreve bênçãos especiais. Eles também agradeciam
ram, mas não podemos afirmar com certeza. pelo perdão dos pecados. Algumas vezes, la
mentavam as circunstâncias difíceis da vida
O lugar singular de Salm os na ou imploravam para que Deus amaldiçoasse
Palavra de Deus os seus inimigos da fé. Os salmos tocam prati
Os salmos têm um lugar singular na Pala camente em todas as áreas da vida.
vra de Deus. Primeiro, eles nos dão uma visão Por causa da preocupação dos salmos com
de como era a adoração em Israel. Quais eram quase todos os aspectos da vida, muitos en
os cânticos que o povo entoava? Do que eles contram neles material valioso para o aconse
gostavam? Quais temas eram mais comuns lhamento. Muitas pessoas acharam empatia
quando eles louvavam a Deus? Podemos es nas palavras desse livro, pois podem ver como
tudar o livro de Salmos e começar a encon os autores das Escrituras passaram pelas mes
trar as respostas a essas perguntas. mas lutas que elas estão enfrentando. Não
Os salmos descrevem a adoração congre- importa a situação na qual nos encontramos,
gacional e pessoal em Israel. Certos salmos provavelmente há pelo menos um salmo que
305
Descobrindo os Livros Poéticos
Teorias sobre a
organização de Salm os
Ao que parece, esses cinco livros circula
vam separadamente e ao mesmo tempo. Mas
como e quando alguém os compilou no livro
que conhecemos como Salmos? E, antes de
mais nada, quais critérios resultaram nessa
divisão em cinco livros?
Intérpretes da Bíblia não chegaram a ne
nhuma conclusão específica ao tratarem des
sas questões.2 Alguns sugerem a autoria como
um dos fatores possíveis, mas isso parece pou
co provável. Os salmos de Davi, por exemplo,
estão espalhados pelos cinco livros. Outros su
gerem que os salmos podem ser agrupados de
acordo com certo (s) nom e(s) de D eus
usado (s) pelo autor. Essa visão merece algum
mérito, tendo em vista que diferentes livros
parecem preferir este ou aquele nome, mas
existem muitas exceções. Aparentemente, as
respostas finais em relação à organização de
Salmos estão destinadas a continuar sendo
um mistério.
HMMBM
Títulos de salmos
Um artista fala do assunto em questão. Os salmos decla Muitos salmos têm títulos. Alguns desses
imagina um ram as verdades de Deus em um estilo cheio títulos são tao simples quanto a frase “Salmo
músico israelita
de beleza que fala tanto às nossa mentes quan de X”, em que X representa o nome de uma
tocando um
nebel, um to aos nossos corações. pessoa (SI 15). Normalmente, essa pessoa é o
instrumento autor do salmo, apesar de ainda haver a possi
com até dez bilidade de outra pessoa ter escrito o salmo
cordas
(SI 71.22). A divisão dos salmos para homenageá-la. Algumas vezes os títulos
e cabeçalhos descrevem a situação em que o
O livro de Salmos é dividido em cinco ou autor escreveu o salmo (SI 3) ou têm algum
tros livros. Ao que parece, essa divisão reflete tipo de dedicatória (SI 4).
uma tradição antiga, mas ninguém sabe ao Os títulos dos salmos têm uma origem anti
certo por que os salmos foram divididos dessa ga e podem ser parte dos manuscritos originais.
maneira. A seção abaixo apresenta alguns Todas as cópias antigas dos salmos contêm es
pensamentos sobre esse assunto. ses cabeçalhos, portanto, devemos considerá-
los confiáveis a menos que evidências revelem
A organização básica que eles foram acrescentados posteriormente.
As cinco divisões básicas do livros de Sal Os títulos de salmos algumas vezes tam
mos são Salmos 1-41,42-72, 73-89,90-106 e bém têm notações musicais. Não sabemos o
306
Salmos
Confissão do arrependi
mento pelo pecado,
salmos de súplica pela graça e
penitência Classificação dos salmos perdão de Deus.
vor, perdoa-me”. Assim como no caso dos hi jou que a vida fosse. Eles normalmente des
salmos de
nos, os salmos de penitência também podem crevem Deus e nosso relacionamento com ele
sabedoria
refletir o arrependimento de um indivíduo ou em mais de uma das suas facetas (ver capítu
da congregação de adoradores. Eles confes lo 20 sobre a literatura de sabedoria em geral).
salmos da sam sua tristeza diante do pecado e pedem
realeza Exemplos de salmos de sabedoria
que a graça de Deus os restaure.
O Salmo 1 é um bom exemplo de salmo
Exemplos de salmos de penitência de sabedoria — observações diretas e objeti
O Salmo 38 é um exemplo de salmo de vas sobre a vida. Bem-aventurados os que
penitência. Nesse salmo, Davi descreve a cul evitam o pecado em todas as suas formas e
pa que se apoderou dele quando encarou o deleitam-se na Palavra do Senhor! Eles se
seu pecado. Ele sofreu grandemente e seus rão como árvores plantadas junto a riachos
amigos e companheiros o desertaram. Suas de água vivificante; eles cumprem os mais
dores nunca o deixavam. Enquanto lutava, altos propósitos de Deus para eles. Mas os
Davi pedia ao Senhor que ficasse perto dele e perversos não encontram tal favor. Eles bus
o chamava de Salvador. cam o mal e fogem da Palavra de Deus. Por
O Salmo 51 nos oferece aquele que talvez tanto, o dia do julgamento de Deus será so
seja o exemplo mais famoso de um salmo de bre eles e perecerão. Mas Deus conhece os
penitência. O cabeçalho nos dá o contexto caminhos daqueles que verdadeiramente de
histórico: “Salmo de Davi quando o profeta sejam segui-lo.
Natã veio ter com ele depois de haver ele O Salmo 14 é um outro exemplo. Davi
possuído Bate-Seba”. Davi cometeu adulté descreve' o insensato que diz em seu coração
rio com Bate-Seba; ela ficou grávida de seu que Deus não existe. Aqueles que seguem o
filho; Davi providenciou para que Urias, o insensato também seguem o mal. Eles vivem
marido de Bate-Seba, morresse durante uma imoralmente pois não acreditam que um dia
batalha; Natã, o profeta, o confrontou com o o julgamento de Deus virá. Mas Davi assegu
seu pecado e Davi derramou o seu coração ra seus leitores de que um dia Deus irá restau
cheio de arrependimento diante do Senhor rar a sorte do reto. Viver para Deus é um es
nas palavras do Salmo 51. forço que vale a pena!
Davi começou implorando para que Deus Asafe, um dos músicos de Davi, escreveu
o perdoasse. Ele não merecia o favor de Deus, o Salmo 73. Nesse salmo, ele ofereceu o seu
pois o seu pecado o envolvia por completo. Ele testemunho pessoal. Asafe sentiu-se desen
concordou com a acusação do Senhor — pre corajado, pois apesar de seguir fielmente ao
cisava ser limpo da sua iniqüidade. Precisava Senhor, ele sofria, enquanto os perversos pra
que Deus purificasse o seu coração. Se Deus ticavam o mal e viviam melhor que ele. Asafe
pudesse perdoá-lo e restaurá-lo, talvez Deus testemunhou que ele quase decidiu que se
pudesse usar Davi outra vez para os seus pro guir ao Senhor era inútil! Mas um dia, quan
pósitos. As pessoas hoje em dia muitas vezes do estava no templo do Senhor, deu-se conta
sentem que Deus jamais pode vir a usá-las de da sua inestimável herança. Deus era sua por
maneira eficaz por causa de seu passado, mas ção para sempre e nada na terra importava.
as palavras desse salmo oferecem esperança. Asafe encorajou seus ouvintes a aprender do
A graça de Deus pode cobrir o mais terrível seu exemplo.
dos pecados!
Salm os da realeza
Salm os de sabedoria
Características básicas dos
Características básicas dos salmos da realeza
salmos de sabedoria Os salmos da realeza concentram-se no rei
Os salmos de sabedoria representam um de Israel. Eles normalmente o descrevem como
terceiro tipo de salmo. Eles relatam observa o representante de Deus para governar Israel.
ções gerais sobre a vida. Normalmente, os Deus cumpriria seus propósitos mediante seu
autores não fazem muito esforço para defen servo ungido. Eles algumas vezes também re
der as verdades que estão expondo. Em vez tratam o rei como aquele que é herdeiro da
disso, eles simplesmente apresentam-nas como aliança de Deus com Davi (2Sm 7). Sua fide
descrições claras da forma como Deus plane lidade traria as bênçãos de Deus para sempre.
308
Salmos
A cidade velha
de Jerusalém
vista do alto do
monte das
Oliveiras. Muitos
salmos foram
escritos por
peregrinos
chegando na
cidade santa de
Jerusalém.
o abandonaria. Aliás, ele podia ter esperan Mediante a soberana orientação do Espíri
salmos
ça mesmo depois da morte. Em Atos 2.24-34, to Santo, o sofrimento psicológico e emocio
imprecatórios
Pedro proclama como Jesus, o descendente nal de Davi prenunciou o sofrimento físico de
de Davi, terminou por cumprir essas pala Cristo. O Salmo 22 descreve a agonia do Se
vras de Davi. O corpo de Davi ainda estava nhor na cruz enquanto ele morria como ofer
em seu túmulo em Jerusalém, mas Jesus es ta perfeita de Deus pelo pecado.
tava sentado à direita de seu Pai! O Salmo Outros salmos também se encaixam nessa
16, portanto, descreve o Messias como res- categoria de salmos messiânicos. O Salmo 45
surreto e glorificado. descreve o reinado de Cristo (Hb 1.8), enquan
A Salmo 22 é outro salmo messiânico. Ele to o Salmo 110 demonstra a o papel de Cristo
começa com as palavras que Jesus disse na como Senhor de Davi e nosso Sumo Sacerdo
cruz — “Deus meu, Deus meu, por que me te (Mt 22.41-46; Hb 5.6). O livro de Salmos,
desamparaste?” (Mt 27.46). Davi, inicialmen portanto, retrata claramente Jesus como Fi
te, falou essas palavras em profundo deses lho de Deus, sacrifício pelo pecado, nosso
pero. Ele sentiu que Deus o havia abando Sumo Sacerdote, ressurreto dentre os mortos,
nado. Aliás, ele descreve sua situação deso- Rei dos reis e Senhor dos senhores. E tudo isso
ladora nos versículos 14-18. Mas o Espírito foi escritos séculos antes do seu nascimento!
Santo guiou suas palavras nesses versículos
de tal maneira que, mil anos depois, elas fo Salmos imprecatórios
ram retratadas vividamente enquanto Jesus
Características básicas dos
estava na cruz.
salmos imprecatórios
Os salmos imprecatórios pedem o julga
mento de Deus sobre os inimigos do salmista.
Questões para estudo
Como vários outros tipos de salmos, eles po
dem ser de natureza individual ou congrega-
cional. Um indivíduo pode pedir que Deus
julgue os seus inimigos, ou o salmo pode des
crever os sentimentos de toda Israel quando o
1. Dê o nome dos maiores contribuintes para povo clama a Deus para que ele derrame sua
o livro de Salmos. 0 que torna esse livro ira sobre uma nação que os esteja oprimindo.
tão singular na palavra de Deus? Por causa de seu conteúdo irado, os salmos
imprecatórios já causaram muitas discussões
2. Identifique os vários tipos de salmos e des
teológicas. Como tais palavras vieram a fazer
creva suas características gerais. Quais ex parte das Escrituras?
pressões você esperaria encontrar em cada
tipo? Procure citar um salmo que se encai Exemplos de salmos imprecatórios
xe em cada estilo. Os Salmos 35 e 69 nos oferecem dois exem
plos de salmos imprecatórios escritos por Davi.
Neles, Davi pedia a Deus que tomasse o seu
partido contra aqueles que contendiam com
ele. Eles tramavam contra ele e planejavam
Termos-chave sua queda. Davi pedia ao Senhor que intervi-
Doxologia esse e os julgasse. Ele pedia pelo julgamento
Gêneros de Deus não apenas para salvá-lo, mas para
Hino salvar o seu povo. Como os inimigos de Deus
Salmos de penitência se atreviam a atacar a nação escolhida por
Pessoa-chave Salmos de sabedoria Deus? Eles pagariam caro se Deus respondes
Salmos reais se a oração de Davi!
Hermann Gunkel
Messias O Salmo 137 é um salmo de forte conteú
Salmos messiânicos do emocional. Ele vem de tempos logo depois
Salmos imprecatórios do exílio na Babilônia. Nele, o escritor, ele
Salmos de lamento próprio um cativo, pedia a Deus que vingasse
o seu povo. Os babilônios riam deles e os
edomitas haviam tornado-se traidores no últi
310
Salmos
Sumário
311
Descobrindo os Livros Poéticos
Leituras complementares
Kidner, Derek. Psalms 1-72: An Introduction and Com Grove: InterVarsity, 1975. Um bom comentário para
mentary. Tyndale Old Testament Commentary. universitários.
Downers Grove: InterVarsity, 1973. Um bom co Longman, Tremper III. How to Read the Psalms.
mentário em nível universitário. Downers Grove: InterVarsity, 1988. Um bom mate
_. Psalms 73-150: AN Introduction and Commen rial em nível universitário que trata dos diversos tipos
tary. Tyndale Old Testament Commentary. Downers de salmos e como interpretá-los.
escreveu enquanto fugia de seu filho Absalão. o livrasse. Mas mesmo em meio ao seu sofri
Durante esse período de luta pessoal e deses mento, ele coloca sua confiança totalmente
pero, Davi clamou para o seu Deus. no Senhor. No final, ele pode dormir em paz
Davi começou lamentando sua situação (4.8) porque o Senhor lhe dá toda a seguran
— “Senhor, como tem crescido o número dos ça de que precisa. Deus ouviu a oração de
meus adversários!” Muitos acreditavam até Davi e o livrou de seus inimigos.
que Deus o havia abandonado! Ainda assim,
Davi afirmou sua confiança no Senhor. O
Senhor era como um escudo ao seu redor. Ele
havia respondido a oração de Davi em outras
Os salmos e o cristão
ocasiões e o faria novamente. Os salmos continuam sendo um tesouro de
Quando Davi chegou no final do salmo, auxílio espiritual para os cristãos. Suas palavras
ele estava louvando ao Senhor — “Do Se falam ao nosso coração assim como certamen
nhor é a salvação, e sobre o teu povo, a tua te falaram ao coração de outros desde os dias
bênção”. Levar nossas mais profundas preo em que foram escritos. Seja qual for o nosso
cupações para o Senhor e confiá-las a ele estado de espírito, seja qual for nossa situação,
muitas vezes resulta nesse tipo de mudança as vozes antigas nos convidam a ouvi-las. Elas
de atitude. De repente, os problemas já não também já passaram por alegria, tristeza, luto,
parecem mais tão grandes! pecado, ira, confissão, perdão e outras experi
Outros salmos de lamento incluem os Sal ências que tocam tão profundamente em nos
mos 4 e 6. Em cada um deles, Davi expressa sas vidas. Elas nos chamam a aprender delas
para o Senhor a sua angústia e pergunta quan enquanto o Espírito Santo usa essas palavras
to tempo ainda teria que esperar até que Deus para nos trazer para mais perto do Senhor.
31 2
Provérbios
Conselhos sobre como viver
no mundo de Deus
Esboço
• O que é um provérbio?
• Conteúdo do livro de Provérbios
Esboço
Visão geral
• Autoria Objetivos
• Temas teológicos
Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
• Definir o termo "provérbio".
• Relacionar os dois tipos de literatura de
sabedoria.
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Provérbios.
• Apresentar o propósito de Provérbios.
• Identificar os provérbios de cada conjunto
de ditados.
• Discutir os temas teológicos do livro de
Provérbios e sua importância para um viver
de sucesso.
313
Descobrindo os Livros Poéticos
Um jovem em
seu bar mitzvah
no Muro
Oriental de
Jerusalém.
Provérbios é
uma coleção de
ditados realistas
criada para
ensinara
sabedoria
prática. Muitos
dos conselhos
são dirigidos aos
jovens.
314
Provérbios
315
Descobrindo os Livros Poéticos
zer sexual é a dádiva de Deus para o casal primeiro erro é ir ao lugar errado na hora
distichs
unido pelo matrimônio. A fidelidade à esposa errada, onde ele parece estar indefeso con
é fonte de alegria e satisfação. Mas a quebra tra os avanços da tentadora (vs. 8,9). Quan
dos votos matrimoniais é calamitosa. do entrega-se a ela, ele a segue como “boi
6. 8.1-36. O louvor à sabedoria vem emque vai ao matadouro” (v. 22). O parágrafo
um crescendo até esse ponto. Provérbios 8 é o de conclusão suplica ao leitor que olhe além
ponto mais alto da visão bíblica da sabedoria e de sua beleza e veja o monte de corpos que
tem um contraste impressionante em relação são suas vítimas (vs. 24-27).
aos trechos anteriores que advertem sobre a
Provérbios de Salomão
infidelidade sexual, especialmente o capítulo
7. A sabedoria é personificada como uma (10.1-22.16)
mulher que deve ser apreciada, adorada e Depois do discurso paternal da primeira
honrada.6 Assim, o contraste entre a Dama unidade, o jovem agora está pronto para os
da Sabedoria e a adúltera do capítulo 7 é pro muitos provérbios específicos dessa unidade
fundo e dá ao jovem uma escolha clara entre mais longa. O título (“Provérbios de Salomão”,
uma vida de sabedoria e uma vida de pecado. 10.1) separa a coleção de discursos anteriores
A Dama da Sabedoria foi estabelecida dessa unidade de provérbios individuais. A
desde o início da eternidade e estava ao lado unidade consiste, em grande parte, de uma
de Deus quando ele criou o universo (vs. 22- coleção de ditados proverbiais em forma de
31). Mas pela graça de Deus, ela também poesia com duas linhas cada (distichs). O pa
está presente no mercado, para oferecer vida ralelismo é quase sempre antitético, como
e entendimento para os mais simples e faltos aparece no primeiro aforismo: “O filho sábio
de senso (vs. 1-21). Como a tentadora do alegra o seu pai, mas o filho insensato é a tris
capítulo 7, a Dama da Sabedoria também teza de sua mãe” (10.1).
quer ser encontrada pela humanidade. Mas Esses provérbios tratam de tópicos tão di
ao contrário da adúltera, aqueles que en versos e abrangentes quanto a própria vida:
contram a sabedoria encontram a própria pobreza e riqueza, calúnia e difamação, au-
vida (vs. 35,36). todisciplina, fala e silêncio, trabalho e pre
Provérbios 1.8-9.18 contêm vários trechos guiça, promessas apressadas, disciplina na
que advertem sobre o adultério e os perigos educação, doenças e tristeza, velhice e mui
da mulher imoral. to mais.7 Não parece haver um princípio de
1. 5.1-14- Esse parágrafo tem dois discur organização ou estrutura dentro dessa cole
sos que advertem contra o pecado sexual. Não ção. A aparente desordem desses provérbios
importa quão sedutora é a mulher adúltera, reflete a maneira aleatória com a qual nós
sua beleza só cobre a decomposição e ruína lidamos com as questões de vida que são tra
no centro dos seus motivos (vs. 3-5), O segun tadas nessas passagens.8
do discurso relaciona as sombrias conseqüên
cias da impureza sexual (vs. 7-14). Ditados dos homens sábios
2. 6.20-35. Os efeitos do pecado sexual são (22.17-24.34)
tão grandes que destroem qualquer um que se Essa coleção separada é marcada pelo pa
submeta a eles. “Tomará alguém fogo no seio rágrafo de abertura (22.17-21). Estes são “pre
sem que suas vestes se incendeiem?” (v. 27). ceitos e admoestações” que o estudante deve
3. 7.1-27. Este é o trecho mais forte sobre fixar em seu coração e aos quais deve prestar
os perigos da impureza sexual. O parágrafo grande atenção. A observância cuidadosa
de abertura (vs. 1-5) ilustra a importância de desses ditados resultará em confiança no Se
se tomar decisões com cuidado. Advertên nhor e em uma sólida fundação na verdade.
cias sobre o pecado sexual devem estar plan Esses “trinta ditados” (22.20) têm muito
tadas no coração antes do momento da ten em comum com o documento egípcio conhe
tação. O melhor conselho possível para um cido com a Instrução de AMENEMOPE, que
jovem, conforme é apresentado aqui na sa tem um prólogo de trinta capítulos de “instru
bedoria de Deus, é de guardar essas palavras ções para o bem viver” (ver introdução no
e mandamentos como as pupilas (“meninas”) capítulo 20). A relação entre os provérbios
dos olhos. O resto do capítulo descreve o que egípcios e essa seção do livro bíblico (especial
acontece quando o jovem simples, carente mente 22.17-23.14) é muita próxima para ser
de juízo, cede às tentações (vs. 6-27). Seu considerada uma coincidência. Alguns estu-
318
Provérbios
Um comerciante
no mercado de
Belém pesa os
seus produtos.
O Senhor
adverte para
que pesos e
medidas sejam
honestos (11.1).
320
Provérbios
Sumário
321
Descobrindo os Livros Poéticos
1. Qual é o foco desse livro de ditados 5. Qual é a unidade que pode ter se ba
curtos? Defina um “ provérbio". De seado em um texto egípcio?
que forma um provérbio difere de
6. Por que os ditados dos capítulos
uma promessa ou mandamento?
25.1-29.27 teriam sido de interesse
2. De que maneira a “sabedoria" de para Ezequias?
Provérbios é diferente daquela apre
7. O que se sabe sobre as origens dos di
sentada no livro de Jó? Quais são as
tados de Agur (30.1-33)?
duas coisas contrastadas no livro de
Provérbios? 8. Por que a unidade sobre encontrar-se
uma esposa virtuosa (31.10-31) é um
3. Qual é o objetivo do livro? Quem é o
final apropriado para o livro de Pro
público-alvo? Qual é o primeiro e
vérbios?
controlador princípio da sabedoria?
9. Qual era o lugar de Provérbios na
4. De que maneira a primeira coleção de
educação israelita? De que maneira os
ditados (1.1-9.18) é diferente da maior
israelitas viam a fé e o conhecimento?
parte das outras coleções do livro?
Qual é a essência por trás do conheci
Onde pode-se encontrar o ponto alto
mento ou sabedoria conforme apre
da visão que a Bíblia tem da sabedoria?
sentado em Provérbios?
Qual é a unidade mais forte sobre os
perigos da impureza sexual?
uma separação da fé em relação a outros as- dades de Deus. Mas suas verdades nos levam
pectos da vida como faz o homem moderno. a um comprometimento de vida. Sem esse
Para eles, havia apenas um universo de expe comprometimento, perdemos a verdadeira
riências, no qual as percepções racionais e sabedoria, que brota do nosso relacionamen
religiosas não eram diferenciadas.13 Experiên to com ele.
cias com Iavé eram experiências com o mun Esse conhecimento relacionai tem um im
do, tendo em vista que os israelitas não procu pacto nos relacionamentos entre as pessoas.
ravam separar o conhecimento da fé. Assim, O livro de Provérbios tem muito a dizer sobre
“o temor do Senhor é o princípio do saber” nossos relacionamentos com pais, cônjuges e
(1.7; 9.10). famílias. Um elemento-chave da sabedoria é
O conhecimento (pelo menos esse tipo de o relacionamento sexual, um importante as
conhecimento) é, antes de mais nada, relacio sunto desse livro. Provérbios reconhece o po
nai e não baseado em proposições. Em outras der do sexo em nossos relacionamentos. Esse
palavras, há muito mais envolvido em se apren poder traduz-se em potencial para o relacio
der a verdade que simplesmente se conhecer namento mais pleno o possível, a beleza do
quais são as suas proposições, as suas declara amor dentro do casamento. Por outro lado, o
ções devidamente comprovadas. As pessoas poder do sexo também apresenta uma perigo
mais brilhantes podem adquirir uma visão pro sa abertura para o desastre. Aqueles que abu
funda do mundo e até mesmo de Deus e, ain sam dessa dádiva poderosa e preciosa de Deus
da assim, não conhecê-lo. A sabedoria ofereci fora da sua vontade estão certamente se en
da no livro de Provérbios é sabedoria enraizada caminhando para uma tragédia.
no conhecimento pessoal de Deus. Como vimos no capítulo 20, a teologia de
Esse tipo de sabedoria está mais relaciona retribuição do Pentateuco tem um importan
do ao caráter que ao intelecto. E claro que o te papel na literatura de sabedoria. O livro de
intelecto é importante para se captar as ver Provérbios ilustra o princípio de retribuição ao
322
Provérbios
Leituras complementares
Alden, Robert L. Proverbs: A Commentary on an An- mentary 15A. Dallas: Word, 1989. Uma exposição
cient Book o f Timeless Advice. Grand Rapids: Baker, útil mais acadêmica que a maior parte dos comentá
1983. Uma exposição do livro em forma de comen rios da mesma série.
tário e de fácil leitura. Kidner, Derek. The Proverbs: An Introduction and Com
Bullock, C. Hassel. An Introduction to the Old Testa mentary. Tyndale Old Testament Commentary.
ment Poetic Books. Ed. rev. Chicago: Moody, 1988. Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1994. Idéias
Uma introdução útil sobre todos os Livros Poéticos. importantes, porém concisas. Inclui uma breve dis
Garret, Duane A. Proverbs, Ecclesiastes, Song o f Songs. cussão dos tópicos mais importantes: casamento,
New American Commentary 14. Nashville: Broad- família, filhos, etc. Excelente para principiantes.
man, 1993. O melhor e mais abrangente comentário Mouser, William E., Jr. Walking in Wisdom: Studying the
disponível. Contém uma apresentação acadêmica Proverbs o f Solomon. Downers Grove: InterVarsity,
completa, mas também preocupa-se com as ques 1983. Introdução aos aspectos literários singulares
tões teológicas. de Provérbios. De ajuda na discussão de poesia.
Hubbards, David A. Proverbs. CommunicatoCs Com
enfatizar as duas formas de se viver entre as Deus e buscar aprender mais de sua forma
quais todos nós devemos escolher: o camb de agir no mundo. O caminho da loucura
nho da sabedoria ou o caminho da loucura. vive sem admitir a presença e a instrução de
O caminho da sabedoria é um caminho que Deus. Escolher a segunda alternativa é des-
implica viver em um relacionamento com truir-se a si mesmo.
323
Eclesiastes
e Cântico dos Cânticos
A fé israelita na vida diária
Esboço
• O liv ro d e E c le s ia s te s
Conteúdo
Autoria
• O liv ro d e C â n tic o d o s C â n tic o s
Objetivos
Conteúdo D e p o is d e le r e s t e c a p ítu lo ,
Autoria vo cê deve ser cap az de:
Eclesiastes e Cântico dos Cânticos encer (1.2; 12.8). O termo hebraico hebel, traduzido
Vulgata
ram a seção do Cânon chamada de “Livros como “vaidade” tem muitas conotações: ab
Poéticos”. Eles retratam aspectos importantes surdo, frustração, futilidade, ausência de sen
Septuaginta da vida na antiga Israel que estão relaciona tido, vazio e vapor. O termo pode referir-se a
dos a experiências universais do ser humano. um vapor passageiro, enfatizando sua nature
Qualquer pessoa ao redor do mundo pode za insubstancial e transitória. Qohelet adver
identificar-se com as lutas da fé em Eclesias te contra uma vida gasta na busca dos praze-
tes e a necessidade de amor em Cântico dos res absurdos e vazios, que não tem valor dura
Cânticos. Eclesiastes demonstra de que for douro.2 A vida sem Deus no centro não tem
ma a fé pode vencer a dúvida; Cântico dos nenhum sentido.
Cânticos celebra o amor compartilhado entre
marido e mulher. Esboço
I. Título e tema (1.1-11)
A. Título (1.1)
O livro de Eclesiastes B. Tema (1.2-11)
327
Descobrindo os Livros Poéticos
Um judeu
ortodoxo idoso
ora no muro
oriental de
Jerusalém. O
capítulo 12 de
Eclesiastes
contém um
poema tocante
sobre a velhice
(vs. 1-8).
que “comamos e bebamos e encontremos sa- fia de vida do Pregador, dando uma ponta de
tisfação” em nosso trabalho (v. 13). Devemos esperança em seu livro que, de outro modo, é
simplesmente gozar a maravilhosa criação de tão sombrio. Depois de concluir que não há
Deus e entender que tudo o que ele fez foi justiça nessa vida, ele declara que não há nada
com a intenção de que o reverenciássemos e melhor debaixo do sol que “comer, beber e
servíssemos (v. 14). alegrar-se” (8.15).
A perspectiva da morte também é inegá- O futuro não tem garantias e é inútil espe
vel. Nesse sentido, não somos superiores aos rar pelo melhor. A criança que nasce morta
animais; todos respiram o mesmo ar e todos está melhor que alguém que vive uma exis
podem esperar morrer um dia (3.19,20). Mais tência de decepções (6.3-6), e o dia da morte
uma vez, o único consolo é gozar o nosso tra é melhor que o dia do nascimento (7.1). A
balho (3.22). sabedoria é útil para quem a tem, mas a reti
O Pregador considerou todas as opressões dão não salva ninguém (7.5-14). O Pregador
“debaixo do sol” e perdeu as esperanças. Ele viu um homem justo perecer em sua retidão e
concluiu que aqueles que já morreram estão um homem perverso viver uma vida longa em
em situação melhor que os que ainda vivem. sua perversidade (7.5). O poder humano é
Mais felizes ainda são os que nem nasceram arbitrário e imprevisível, assim, aqueles que
(4.2,3). Conquistas, riquezas, companheiris servem à corte real devem aprender a convi
mo e a glória de erguer-se da pobreza e che ver com o inevitável abuso do poder (8.2-8).
gar ao reinado — é tudo “vaidade e correr O tema dos capítulos 8.9—9.10 é resumido
atrás do vento” (4-4,6,7,16). no capítulo 9.2: “Tudo sucede igualmente a
todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso;
Admoestações e observações ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que
(5.1-12.8) sacrifica como ao que não sacrifica”. Em ou
O Pregador continua sua avaliação das ati tras passagens, o Pregador lamenta que a morte
vidades que ele vê como sendo todas sem sen é inevitável e que todos nós temos que en
tido. Religião (5.1-7) e riqueza (5.8-17) não frentar esse fato. Tudo o que podemos fazer é
dão significado à vida. O melhor conselho que gozar a vida que Deus nos deu apesar das
o Pregador pode oferecer é comer, beber e perguntas não respondidas (9.7-10).
estar satisfeito com o trabalho “durante os A unidade seguinte (9.11-12.8) começa
poucos dias da vida que Deus lhe deu” (5.18). com uma afirmação sobre as incertezas da
Este foi um tema que apareceu pela primeira vida: “Não é dos ligeiros o prêmio, nem dos
vez no capítulo 2.24,25 e volta como a filoso valentes, a vitória... porém tudo depende do
328
Eclesiastes e Cântico dos Cânticos
Um artista A frase “filho de Davi, rei em Jerusalém” e de sabedoria (Pv 1.1; 10.1) e assim tornou-se
imagina uma certas passagens como 1.16,17 têm a clara in a fonte, o modelo para toda a literatura de
festa de
tenção de lembrar o leitor de Salomão: “Disse sabedoria de Israel.6
casamento no
antigo oriente, comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei
com o noivo e a em sabedoria a todos os que antes de mim mm —
noiva sob uma
cobertura
existiram em Jerusalém; com efeito, o meu
coração tem tido larga experiência da sabe
Cântico dos Cânticos
especial.
doria e do conhecimento. Apliquei o coração Como o lema de Qohelet “vaidade de vai-
a conhecer a sabedoria...” Esse orgulho de ter dades” é um superlativo que significa que “tudo
superado todos os que vieram antes dele no é absolutamente sem sentido”, assim também
trono não tem muito valor se o único prede- acontece com a expressão “Cântico dos Cân
cessor foi seu pai Davi. Como o livro não diz ticos”, usada para se referir ao livro de Cânti
em lugar nenhum que Salomão é seu autor, é co dos Cânticos. Este é o mais belo de todos os
preferível deixar essa questão em aberto. cânticos, o melhor, o número um. Esse cântico
Ainda assim, o livro tem claramente algu é o primeiro na parada de sucessos!
ma ligação com Salomão. Ele foi um estímulo
para muita da literatura de sabedoria de acor Conteúdo
do com a Bíblia e certamente é possível que A estrutura do livro já foi debatida acalo
exista algum tipo de ligação histórica entre o radamente pelos estudiosos do Antigo Testa
rei Salomão e o livro de Eclesiastes. Ele foi, de mento. A evidente falta de unidade levou
fato, o autor de algum material da literatura muitos estudiosos a concluir que o livro não é
3 30
Eclesiastes e Cântico dos Cânticos
Parte do Jardim
do Getsêmani
em Jerusalém. O
escritor de
Cântico dos
Cânticos usa a
imagem do
jardim em seu
cântico sobre o
desejo.
4.2 São os teus dentes como o rebanho e o aroma dos teus ungüentos
das ovelhas recém-tosquiadas, do que toda sorte de especiarias!
que sobem do lavadouro, 4.11 Os teus lábios, noiva minha,
e das quais todas produzem gêmeos, destilam mel.
e nenhuma delas há sem crias. Mel e leite se acham debaixo
4.3 Os teus lábios são como um fio de da tua língua,
escarlata, e tua boca é formosa; e a fragrância dos teus vestidos
as tuas faces, como romã partida, é como a do Líbano.
brilham através do véu.
4-4 O teu pescoço é como a torre Vez por outra, a ordem toda é invertida.
de Davi, edificada para arsenal; No capítulo 1.2, o desejo é expressado primei
mil escudos pendem dela, ro, seguido das declarações descritivas. Note
todos broquéis de soldados nesse exemplo que os pronomes vão da ter
valorosos. ceira pessoa na expressão do desejo (1.2a) para
4.5 Os teus dois seios são como duas crias, a segunda pessoa nas descrições (1.2b).12
gêmeas de uma gazela,
Autoria
que se apascentam entre os lírios.
4.6 Antes que refresque o dia, A referência de abertura no livro é “Cânti
e fujam as sombras, co dos Cânticos de Salomão” (1.1). Mas essa
irei ao monte da mirra linguagem não está necessariamente referin-
e ao outeiro do incenso. do-se à autoria. As palavras em si podem indi
car que o cântico foi escrito sobre Salomão, foi
Algumas vezes, o trecho descritivo de uma dedicado a Salomão ou foi colocado em uma
unidade aparece sozinho e o desejo pelo amor coleção de cânticos semelhantes aos de Salo
é apenas sugerido. mão.13 Muitas das referências a Salomão estão
em terceira pessoa e é mais provável que o com
4.9 Arrebataste-me o coração, pilador de Cântico dos Cânticos tenha sido um
minha irmã, noiva minha; admirador dos sucessos do grande rei e que apoi
arrebataste-me o coração com um só asse as tradições da literatura de sabedoria.
dos teus olhares, A conclusão mais lógica é de que Cântico
com uma só pérola do teu colar. dos Cânticos é a expressão de dois jovens
4.10 Que belo é o te u amor, ó minha irmã, amantes alegrando-se no esplendor de sua
noiva minha! ocasião “real”. Parte dessa expressão pode ter
Quanto melhor é o teu amor sido escrita originalmente em homenagem a
que o vinho, um dos casamentos do rei Salomão, e mais
3 33
Descobrindo os Livros Poéticos
334
Eclesiastes e Cântico dos Cânticos
Leituras complementares
Bullock, C. Hassel. An Introduction to the Old Testa Keel, Othmar. The Song o f Songs: A Continental
ment Poetic Books. Ed. rev. Chicago: Moody, 1988. Contemporary. Trad. FrederickJ. Gaiser. Minnea-
Uma exposição em nível universitário avançado ou polis: Fortress, 1994. Uma excelente exposição
básico para seminário. Trata também das questões ricamente ilustrada com fontes do antigo Oriente
básicas de interpretação. Próximo.
Carr, G. Iloyd. The Song o f Solomon: An Introduction and Kidner, Derek. A Time to Mourn, and a Time to Dance:
Commentary. Tyndale Old Testament Commentary. Ecclesiastes and the Way o f the World. The Bible
Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1984. Speaks Today. Downers Grove: InterVarsity, 1976.
Garret, Duane A. Proverbs, Ecclesiastes, Song o f Songs. Murphy, Roland E. Ecclesiastes. Word Biblical Commen
New American Commentary 14. Nashville: Broad- tary 23A. Dallas: Word, 1992.
man, 1993. O melhor e mais abrangente comentário Scott, R. B. Y. Proverbs, Ecclesiastes: Introduction,
disponível. Contém uma apresentação acadêmica Translation, and Notes. Anchor Bible 18; Garden
completa, porém sensível às questões teológicas. City, NY.: Doubleday, 1965.
sem confiança em Deus torna-se, de fato, sem maioria está contente com isto! No relaciona
sentido. Nossa tarefa é aproveitar a vida como mento humano mais íntimo, de alguma for
ele a oferece para nós e continuar confiando ma, refletimos a imagem de Deus (Gn 1.27).
naquele que dá sentido à nossa existência. Além disso, o laço do casamento oferece a
maior unidade possível nas relações humanas
Cântico dos Cânticos (Gn 2.24) e não há vergonha ou desgraça nis
Nosso mundo de hoje está apaixonado pelo so (Gn 2.25). Nesse sentido, Cântico dos
prazer sexual. A cultura moderna tenta colo Cânticos nos leva de volta ao relacionamento
car esse tipo de prazer em um compartimento matrimonial antes da queda no Jardim do
e desassociar nossa sexualidade da nossa fé Éden, onde marido e mulher deleitam-se um
em Deus. Mas este que é o melhor de todos os com o outro sem inibições.
cânticos nos dá um ponto de contato entre a Cântico dos Cânticos testifica a comple
sexualidade humana e a fé bíblica.15 Os israe mentaridade mútua entre homem e mulher.
litas reconheciam o lado sensual da natureza Ele afirma a santidade do casamento e apro
humana como parte da maravilhosa criação va o amor erótico e heterossexual dentro dos
de Deus. Deus nos fez “homem e mulher” e a laços do casamento.
335
Parte
24 Os Profetas
Vozes dos servos de Deus
Esboço
• A tradição bíblica da profecia
De que forma a profecia se encaixa no cumpri
mento dos propósitos de Deus?
Quem foram os "pioneiros" da profecia?
• A natureza da profecia
0 termo hebraico para "Profeta"
Objetivos
Quais são algumas idéias erradas mais comuns Depois de ler este capítulo,
sobre os profetas? você deve ser capaz de:
Quais as semelhanças entre os profetas? • Explicar as circunstâncias envolvidas na
Outras nações tinham profetas? divisão de Israel em um reino ao norte e
outro ao sul.
Todos os profetas escreviam as suas mensagens?
• Traçar o desenvolvimento da nação
Como a profecia chegou até nós?
hebraica do cativeiro no Egito até o tempo
Quais são alguns temas comuns nos escritos dos dos profetas.
profetas?
• Resumir o conteúdo básico da mensagem
• O contexto histórico dos profetas dos profetas clássicos.
clássicos • Dizer o que eram e o que não eram os
Os assírios profetas.
Os babilônios • Comparar o trabalho dos profetas
Os persas hebraicos com atividades semelhantes em
outras nações do Oriente Próximo.
• Explicar de que modo a mensagem dos
profetas foi registrada.
• Relacionar os temas mais freqüentes dos
profetas.
• Identificar os profetas que profetizaram
durante a dominação dos assírios.
• Identificar os profetas que profetizaram
durante a dominação dos babilônios.
• Identificar os profetas que profetizaram
durante a dominação dos persas.
339
Descobrindo os Profetas
O que lhe vem à mente quando você pensa Mas apesar do fato de Israel controlar a
nos profetas? Você pensa em fanáticos vestidos terra, os problemas estavam longe de ter aca
com roupas estranhas? Você pode vê-los usan bado. Os vizinhos de Israel freqüentemente
do uma bola de cristal para prever o futuro? atacavam suas fronteiras. Dentro de Israel,
Você vê os profetas como um grupo de indiví grupos de povos estrangeiros ainda lutavam
duos um tanto bizarros que serviam a Deus de por sua independência. Depois de muitos anos
maneiras que não compreendemos muito bem? guerreando com esses inimigos, os israelitas
Nenhuma dessas imagens se encaixa com decidiram que queriam um rei.
as evidências bíblicas. A Bíblia afirma que Sob o comando de Saul, o primeiro rei de
Deus preparou os seus profetas para ministéri Israel, eles venceram algumas batalhas e for
os específicos. Eles levaram a palavra divina tificaram sua posição na terra prometida. Mas
para um povo que precisava desesperadamen Saul não seguiu ao Senhor de todo o seu co
te ouvi-la. As vozes dos profetas soavam com ração e acabou morrendo em uma batalha
autoridade que ainda ecoa nos dias de hoje contra os filisteus. Davi, o sucessor de Saul, foi
se estivermos dispostos a ouvir. um dos maiores reis de Israel, conquistando
povos vizinhos e protegendo as fronteiras do
país. Aquilo que Davi conquistou, seu filho e
sucessor Salomão explorou economicamente.
A tradição da Depois da morte de Salomão, o reino divi
diu-se em dois, uma parte ao norte e outra ao
profecia bíblica sul — Israel e Judá, respectivamente. Tanto
Israel qúanto Judá enfrentaram sérios desa
De que form a a profecia se
fios espirituais. A idolatria e outras práticas de
encaixa no cum prim ento dos
religiões estrangeiras foram incorporando-se
propósitos de Deus? à fé do povo de Deus. Muitas dessas tentações
Antes de discutirmos os profetas e sua con já haviam aparecido antes na história dos he
tribuição para a história bíblica, faremos uma breus, durante o tempo no deserto e no período
breve revisão da história de Israel. Ao fazê-la, dos juizes e, agora, o povo de Deus estava pa
temos uma estrutura a partir da qual pode gando o preço espiritual por suas falhas.
mos estudar a vida e as palavras dos profetas. A transigência religiosa aumentou à me
O Pentateuco descreve como Deus começou dida que religiões pagãs tiveram a sanção real.
a modelar um povo que levasse o seu nome, o Salomão atendeu aos desejos de suas esposas
povo que viria a ser a nação de Israel. Deus estrangeiras de adorar seus próprios deuses e,
estabeleceu uma aliança com Abraão, o le aos poucos, ele também começou a seguir
vou até a terra de Canaã e lhe deu Isaque, outros deuses. Jeroboão, o primeiro governan
pelo qual as bênçãos da aliança continuaram. te do reino do norte, tomou providências para
Isaque foi pai de Jacó e Esaú e Deus escolheu garantir que Israel fosse diferente de sua vizi
Jacó para dar continuidade aos propósitos da nha, Judá. Ele mudou as datas dos festivais
aliança. Jacó teve doze filhos que foram os hebraicos, escolheu seus próprios sacerdotes e
ancestrais das doze tribos de Israel. estabeleceu outros locais de culto em vez de
A família patriarcal acabou assentando-se Jerusalém. Algumas gerações mais tarde, no
no Egito e tornando-se um povo numeroso. reinado de Acabe, Israel chegou ao ponto mais
Os egípcios os escravizaram, mas depois que o baixo de sua espiritualidade. Apesar de Judá
povo passou 430 anos em cativeiro, Deus en ter se saído melhor de um modo geral, o sul
viou Moisés para libertá-los. O Senhor condu também sofreu espiritualmente durante os
ziu o seu povo para fora do Egito até o pé do reinados de seus muitos governantes.
monte Sinai, onde ele deu-lhes suas leis e ins Em 750 a.C., grandes forças estrangeiras
truções para um viver de santidade. começaram a emergir no antigo Oriente Pró
A persistência dos hebreus em rebelarem- ximo. Essas potências constituíam uma amea
se contra o Senhor fez com que eles vagassem ça para as nações menores como Israel, Judá e
pelo deserto durante quarenta anos, mas Deus seus vizinhos. Durante os dois séculos seguin
os protegeu durante todo o tempo. Por fim, tes, assírios, babilônios e persas todos tiveram
depois que Moisés morreu e Josué tornou-se o sua chance de avançar para dentro da Síria-
novo líder, o povo conquistou a terra que Deus Palestina. No final, eles causaram a queda de
havia prometido aos seus ancestrais. Israel e Judá.
340
Os Profetas
Em meio a todos esses fatos, uma questão pois o rei não estava acima da lei (ISm 13.8-
profetas
clássicos crucial surgiu no horizonte: será que Israel e 14; 15.10-31). A vida de Samuel foi de reti
Judá voltariam para o seu Deus e sua tradição dão; no fim dos seus dias, toda Israel reconhe
espiritual ou continuariam a aceitar as práti- ceu sua integridade pessoal (ISm 12.1-5).
profecia cas das falsas religiões? Nesse ponto crítico da Por volta de 870-860 a.C., o profeta Elias
clássica história de Israel e Judá, Deus mandou seus surgiu em Israel e começou o seu ministério
servos, os profetas. (lRs 17.1). Ele desafiou Israel a deixar Baal e
voltar para o Senhor. A maior oposição contra
Quem foram os Elias veio da casa real de Israel — de Acabe e
"pioneiros" da profecia? sua rainha Jezabel. Quando Elias tentou in
Quando dizemos “os profetas” normalmen terferir nos planos de Jezabel para adorar Baal
te nos referimos àqueles indivíduos que vive em Israel, ela tomou providências para matá-
ram por volta de 800 a 450 a.C. e serviram lo. O primeiro livro de Reis, capítulo 18, regis
como mensageiros especiais de Deus para o tra o dramático impasse entre Elias e os profe
seu povo por meio do poder do Espírito Santo. tas de Baal no MONTE CARMELO, uma oca
Estudiosos da Bíblia muitas vezes referem-se sião em que Deus demonstrou que ele, e não
a esses profetas como profetas clássicos e aos Baal, era o Senhor em Israel.
seus escritos como profecias clássicas, pois Moisés, Samuel e Elias, portanto, ajuda
suas mensagens tendem a apresentar certas ram a preparar o caminho para os profetas clás
características semelhantes. Como regra ge sicos. Enquanto eles serviram fielmente ao
ral, os profetas clássicos dirigem-se ao povo, Senhor naquilo que ele pedia que fizessem, o
informam-no da ira de Deus contra o seu pe Senhor usou esses três servos para criar as fun
cado, advertem-no do julgamento que se apro dações de sua futura obra profética.1
xima, chamam-no ao arrependimento e pro
clamam a salvação de Deus para aqueles que ■■II
se voltarem para ele. Os livros de Isaías a Ma-
laquias, no Antigo Testamento, encaixam-se A natureza
na categoria de profecias clássicas.
Muito da profecia clássica surgiu em Israel
da profecia
e Judá, porém, Deus já havia chamado outros
Os term os hebraicos
para o ministério profético. Três homens em
para "profeta"
especial ajudaram a lançar os alicerces da pro
fecia clássica: Moisés, Samuel e Elias. A língua hebraica usava três palavras dife
Como já vimos, Moisés, o filho de escravos rentes para se referir a um profeta: hõzèh,
hebreus, cresceu na corte real do Egito, mas rõ'eh e n ãb i'. Apesar dos escritores bíblicos
depois fugiu de lá quando matou um egípcio. usarem os três termos como sinônimos,2 as pa
Usando Moisés como seu instrumento, Deus lavras parecem indicar diferentes aspectos do
tirou os hebreus do Egito e os conduziu à terra ofício profético. Os dois primeiros termos vêm
que ele havia prometido aos seus ancestrais. de raízes verbais que significam “ver, olhar
Deus falou face a face com Moisés (Ex 33.11; para, enxergar”. Essas palavras, portanto, su
Nm 12.8) e, no Monte Sinai, Moisés recebeu gerem que o hõzèh ou rõ'eh era alguém que
a lei de Deus, a revelação fundamental sobre enxergava as coisas de Deus: ele possuía uma
a qual os profetas mais tarde construíram. visão especial (e normalmente uma mensa
Moisés sabia que Deus mandaria outros gem especial) que Deus havia dado direta
profetas depois dele (Dt 18.15). Os profetas mente a ele. Muitas traduções usam a palavra
clássicos edificaram sobre os alicerces que “vidente” para esses dois termos.
Moisés lançou, apelando com freqüência para O termo nãbVotoxxt com mais freqüência
a lei mosaica e chamando o povo a obedecer no Antigo Testamento hebraico — mais de
os seus mandamentos. trezentas vezes! Uma interpretação comum
Por volta de 1100 a.C. Samuel começou o dessa palavra a relaciona com o verbo do acá-
seu ministério profético-sacerdotal em Israel. dio n ãb ü “chamar”. E possível que o termo
Ele viajou de cidade em cidade proclamando n ã b i'st referisse a “aquele que é chamado”,
a Palavra de Deus para o povo c julgando seus alguém que Deus havia chamado para levar
casos importantes. Quando o rei de Israel vio a mensagem divina ao seu povo. De fato, os
lou as ordens de Deus, Samuel o confrontou, profetas certamente possuíam um chamado.
341
Descobrindo os Profetas
342
Os Profetas
Relevo de um
acampamento
assírio. As
invasões e
guerras foram o
pano de fundo
do ministério de
muitos profetas.
Deus pudesse, de alguma forma, vir a perce- to contra o povo e a nação. O povo não conse
emissários
ber o que Deus esperava deles, eles talvez se guia entender que aqueles discursos vinham
arrependessem de seus pecados e voltassem de Deus, que eram dele as palavras que os
prenuncia^ para ele. profetas proferiam.
dores Em segundo lugar, os profetas possuíam um Em quarto lugar, os profetas eram emissá
forte senso de chamado. Eles não haviam es- rios que levavam adiante as verdades de Deus
colhido o papel profético para si mesmos; na para sua própria geração. Eles apontavam para
verdade, Deus os havia chamado para esse os males de seu tempo e chamavam o povo ao
ministério e os comissionado para o seu servi- arrependimento. Advertiam o povo que, en
ço. Saber que haviam sido chamados por quanto a aliança trazia vários privilégios, ela
Deus e que haviam recebido poder dele para também implicava muitas responsabilidades,
cumprir suas tarefas, dava aos profetas forças incluindo justiça, retidão e santidade. Con
para continuar mesmo diante das mais graves centravam-se, antes de mais nada, em sua
oposições. Algumas vezes, o chamado de Deus própria geração, apesar de suas mensagens
veio logo no início da vida do profeta (Jr 1.4,5). conterem princípios perenes.
Outras vezes, o Senhor tirou seu servos de Em quinto lugar, os profetas eram prenun
profissões estabelecidas (Am 7.14,15). Mas ciadores. Deus revelava a eles o futuro —
cada profeta sabia que aquele ministério não algumas vezes o futuro próximo, outras vezes
lhe pertencia. Ele deveria viver a vida para a o futuro distante — e os profetas o declara
qual Deus o havia chamado. vam para sua própria geração. Eles falavam
Em terceiro lugar, os profetas eram mensa de julgamento e restauração, de más notícias
geiros. As expressões “veio a palavra do Se e boas novas. Eles o faziam, antes de mais nada,
nhor dizendo...” e “assim diz o Senhor...” apa para motivar o povo de Deus a ter uma vida
recem mais de 350 vezes nos livros proféticos. fiel no presente.
Os profetas não estavam tentando vender suas Em sexto lugar, os profetas eram indivíduos
próprias idéias. Estavam, sim, passando adian criativos que usavam uma variedade de téc
te mensagens — mensagens urgentes — que nicas de comunicação literária c oral para
Deus havia revelado a eles. Algumas vezes, passar adiante suas mensagens. Alguns usa
Israel ou Judá perseguia os profetas porque vam parábolas, enquanto outros entoavam
eles tinham palavras muito sérias de julgamen cânticos ou lamentos nos quais denunciavam
343
Descobrindo os Profetas
o triste estado espiritual do povo. Por vezes, de dilúvio. Em cada caso, vimos como os rela
textos de
eles empregavam perguntas retóricas para tos bíblicos, apesar de terem semelhanças em
presságio
desafiar seus ouvintes a refletir e apelavam alguns aspectos, mostram uma perspectiva
para a história e para a aliança com Deus. Por teológica diferente.
profecia de meio de todos esses recursos, os profetas cha E quanto à profecia? Outras civilizações
M ari mavam o povo de volta para suas tradições e do mundo bíblico tinham profetas que fala
herança espiritual. vam em nome dos seus deuses? Tinham pes
profecias soas que previam o futuro? Se tinham, qual a
acádias Outras nações tinham profetas? relação delas com os profetas bíblicos? Os he
Como já observamos anteriormente, os he breus adquiriram o conceito de profecia dos
breus tinham diversos vizinhos no mundo anti seus vizinhos? Para responder a essas pergun
go e essas nações e povos tinham muito em tas, precisamos observar evidências do antigo
comum com os hebreus. Vários desses povos Oriente Próximo. Existem três categorias bá
compartilhavam de uma origem lingüística em sicas de evidências: textos de presságio, pro
comum com os hebreus e, portanto, falavam fecia de Mari e profecias acádias.
línguas relacionadas ao hebraico. Muitos paí Durante o começo do segundo milênio
ses tinham leis semelhantes sobre como as pes a.C., em um período que os historiadores cha
soas deveriam tratar umas às outras. mam de PERÍODO BABILÔNICO, (2000-1595
Em nosso estudo de Gênesis, vimos como a.C.), os babilônios começaram a compilar o
outros povos antigos tinham suas próprias idéias que agora chamamos de textos de presságio.
sobre a criação. Também comparamos a his Os babilônios provavelmente viam esses tex
tória hebraica do dilúvio com outras histórias tos como ciência, mesmo que não pareçam
muito científicos para nós nos dias de hoje.
De acordo com esse povo antigo, o mundo
Jesus Cristo era uma complexa teia de relações de causa e
efeito. Certos acontecimentos ocorriam por
e os profetas que outros acontecimentos os haviam causa
do. Além disso, muitas vezes uma intenção
sobrenatural estava por trás de um aconteci
Ao estudarmos as características dos profetas do mento. Eles acreditavam que os deuses usa
Antigo Testamento, podemos entender porque o Novo vam estranhas ocorrências para revelar sua
Testamento refere-se a Jesus Cristo como profeta, pois vontade. Aqueles que estavam familiariza
ele apresentava essas mesmas qualidades. dos com essas ocorrências podiam interpretá-
las e prever o futuro. Assim, os textos de pres
• Jesus tinha seu coração dedicado a Deus e sempre
ságio preservaram um registro escrito desses
buscava fazer a vontade do Pai (Jo 5.30).
acontecimentos e suas conseqüências; se cer
• Jesus mostrava um forte senso de chamado; Deus o
tos eventos ocorressem novamente, isso signi
havia enviado com um propósito específico (Mt
ficava que os deuses estavam prestes a fazer a
16.21-23).
mesma coisa que haviam feito antes.
• Jesus era um mensageiro, trazendo a vontade de
Deus para a terra (Hb 1.1,2).
Os babilônios examinavam todo o tipo de
• Jesus era um emissário, desafiando seu contempo acontecimentos e registravam suas observa
râneos a arrependerem-se e, pela fé, viverem sua ções nos textos de presságio. Se, por exem
vida da maneira como Deus esperava que eles fizes plo, um certo pássaro aparecia durante um
sem em vez de confiar em tradições mortas (Mt certo mês, isso poderia ser indicação de que
15.1-7; 23.16-28). uma grande fome estava por vir. Se um ani
• Jesus eram um prenunciador e previu o futuro em mal sacrificial tinha uma mancha vermelha
várias ocasiões (Mc 13.3-27; Lc 23.34,54-62). em seu fígado, isso poderia indicar uma vitó
• Jesus usava diversas técnicas de comunicação em ria militar para o rei. Alguns desses textos de
suas mensagens, incluindo parábolas (Lc 15.3- presságios tratavam de medicina, enquanto
16.31), citações do Antigo Testamento (Mt 5.17- outros falavam de economia, guerra e vida
19; 12.7; 26.31,32), ilustrações (Mc 9.36,37) e ou cotidiana.
tros atos proféticos significativos (Mt 21.1-5; Mc Mesmo uma leitura superficial dos textos
11.15-17). de presságio revela que eles têm pouco em
comum com a profecia bíblica. Os textos de
presságios não têm nenhuma base moral. Os
344
Os Profetas
Uma besta
mitológica
retratada em
azulejos
vitrificados da
Babilônia. Os
babilônios
analisavam
muitos eventos
e registravam
suas
observações nos
textos de
presságio.
H llffWIliffiiilIlIllIMWIITiiirif
deuses simplesmente revelavam sua vontade seus inimigos ou encorajá-los a servir uma di
extáticos
mediante acontecimentos naturais relaciona vindade com mais fidelidade.
dos entre si. Os profetas, por outro lado, apoi Apesar de haver semelhanças entre a pro
avam-se em Deus, em sua Palavra e na alian fecia Mari e a profecia bíblica, diferenças gri
ça que ele havia feito com o seu povo. Eles tantes aparecem quando olhamos os textos
conclamavam o povo a entregar sua vida a mais de perto. Os profetas do Antigo Testa
Deus e aos seus caminhos. Eles estabeleciam mento afirmavam que a aliança de Deus com
exigências morais para os seus ouvintes pois seu povo tinha implicações na vida diária. Um
qualidades tais como santidade, retidão e jus relacionamento apropriado com Deus deve
tiça refletiam a natureza de Deus e Deus es ria resultar em um tratamento justo e ético
perava que seus filhos demonstrassem as mes das outras pessoas. Certas ações e crenças eram
mas qualidades. verdadeiras e corretas porque Deus as havia
A antiga cidade de MARI, localizada à ordenado. Além disso, os profetas falavam para
beira do rio Eufrates, era uma importante ci toda a sociedade e não apenas para a casa
dade dos tempos da antiga Babilônia e ela nos real. Essas diferenças distinguem claramente
apresenta um segundo possível paralelo com os profetas bíblicos dos m u h h ü em Mari.
a profecia bíblica. Sob o governo de seu rei, Certos textos acádios do primeiro milênio
ZIMRI-LIM, Mari tornou-se uma cidade im a.C. nos dão um terceiro possível paralelo com
portante, que dominava grande parte da a profecia bíblica. Esses textos são simplesmen
alta Mesopotâmia até que o rei babilônio te listas de vários acontecimentos políticos de
Hamurabi (1792-1750 a.C.) conquistasse um determinado período histórico. O texto abai
Mari e a acrescentasse ao seu próprio territó xo é um trecho extraído de uma dessas listas:
rio. Povos conhecidos como extáticos (muhhü
Um governante se levantará e governará
em acádio) residiam ao redor de Mari, e mui
durante treze anos. Haverá um ataque de
tos estudiosos notaram paralelos entre os
Elão contra Acade e a pilhagem de Acade
m uhhü e os profetas bíblicos. Os m uhhü trans
será levada embora. Os templos dos gran
mitiam mensagens que recebiam por inter
des deuses serão destruídos, a derrota de
médio de sonhos, visões ou transes. Os m uhhü
Acade será decretada (pelos deuses)...
podiam ser tanto homens quanto mulheres e
Um governante se levantará, seus dia serão
cada um servia a um determinado deus ou
poucos, e ele governará sobre a terra.4
deusa. Em suas declarações, os m u h h ü po
diam avisar os reis sobre rebeliões, aconselhá- Os textos apresentam-se um tanto vagos e
los sobre expedições, prometer vitória sobre os os estudiosos não chegaram a um acordo so
3 45
Descobrindo os Profetas
bre o que eles são exatamente. Alguns dizem forma escrita. Mas nem todos os profetas do
vaticinium ex
que são exemplos de vaticinium ex eventu Antigo Testamento registravam suas palavras
eventu
ou “profecia escrita depois do evento”. Eles dessa maneira. O Antigo Testamento men
sugerem que os autores escreveram esses tex- ciona profetas que Deus chamou para a pro
literatura tos de modo que se parecessem com profe fecia, mas que nunca escreveram suas men
apocalíptica cias. Esse ponto de vista parece provável, ape sagens. Sabemos sobre os seus ministérios ape
mmmfflÊBMMMam sar de outros estudiosos terem sugerido que os nas por intermédio dos relatos a seu respeito
profetas não- textos estão mais relacionados à literatura apo nos Livros Históricos do Antigo Testamento.
literários calíptica ou textos de presságio. Fica claro Chamamos esses profetas de “profetas não-
que as profecias acádias diferem significati literários”.
vamente das profecias clássicas da Bíblia. Já observamos o papel significativo do pro
Assim, podemos concluir que, apesar da feta Elias como predecessor da profecia clássi
profecia bíblica apresentar algumas caracte ca. Eliseu, o sucessor de Elias, continuou o
rísticas semelhantes a outros tipos de literatu ministério profético que seu mestre havia co
ra do antigo Oriente Próximo, ela continua meçado (2Rs 1.1-13.21). Ele fez muitos mila
sendo singular em pelo menos quatro aspec gres para o povo à medida que Deus o usava
tos. Em primeiro lugar, a profecia bíblica dis para fortalecer a fé dos israelitas. Com o poder
tingue-se por ser dirigida a toda a nação e não de Deus, Eliseu purificou um cozido envene
apenas aos governantes. Os profetas falam para nado, fez um machado levitar, curou lepra e
os jovens e velhos, ricos e pobres, pessoas co até mesmo ressuscitou dos mortos o filho de
muns e sacerdotes, reis e príncipes. Toda pes uma viúva.
soa tem a responsabilidade de submeter-se à Tanto Elias quanto Eliseu tiveram cha
Palavra de Deus. mados muito importantes, mas ao que pare
Em segundo lugar, a profecia bíblica con ce, nenhum deles colocou seu ministério em
centra-se nas atitudes das pessoas e não ape palavras escritas. Além desses dois homens,
nas em seus rituais. Se o coração do povo de muitos outros profetas não escreveram suas
Deus não mudasse, Deus veria todos os seus palavras. Profetas cujos nomes não são men
sacrifícios como sendo sem valor. Os profetas cionados aparecem na época de Saul (ISm
buscavam uma mudança moral do coração e 10.10-12; 19.20,21) e mais tarde no reino di
não simplesmente o cumprimento do sistema vidido (lRs 13). Aías profetizou que Deus
sacrificial. Os sacrifícios tinham valor somen iria tirar o reino de Salomão (lRs 11.29,30).
te quando estavam ligados ao arrependimen Micaías profetizou para Acabe e Josafá an
to verdadeiro e à fé. tes que Acabe morresse nas mãos dos sírios
Em terceiro lugar, a profecia bíblica con (lRs 22.7-28). Um homem chamado apenas
tém um imperativo moral. Os profetas não de “homem de Deus” proferiu palavras de
chamavam o povo a fazer sacrifícios, mas sim, julgamento a Jeroboão I quando o rei come
a ser santo, pois Deus é santo (Mq 6.6-8). O çou a afastar Israel de Deus (lRs 13.1-10). E
povo de Deus deveria viver de maneira que uma mulher chamada Ulda profetizou para
refletisse o seu Pai. Josias, ajudando-o em suas reformas religio
Em quarto lugar, a profecia bíblica vê as sas (2Rs 22.14-20).
implicações abrangentes das ações do povo e
não apenas os aspectos imediatos. Os profetas Como a profecia
olhavam para o presente, mas também olha chegou até nós?
vam para o futuro. Deus estava guiando a A princípio, os profetas comunicavam suas
história e os profetas sabiam que os atos da mensagens oralmente e não na forma escrita.
geração presente afetariam as gerações se Isaías e Jeremias, por exemplo, algumas vezes
guintes. Por isso eles conclamavam o povo a falavam diretamente aos reis de Judá (Is 7.1-
viver dc maneira agradável a Deus, não ape 14; Jr 37.17-20). Outras vezes, os profetas fala
nas por si mesmos, mas por amor àqueles que vam para o povo de um modo geral (Jn 3.4; Jr
ainda estavam por vir depois deles.5 7.1-15). Esses fatos levantam uma importante
questão. Qual é a relação entre a palavra fala
Todos os profetas escreviam da e a palavra escrita? Ou seja, quem escreveu
as suas m ensagens? as mensagens dos profetas e quando?
Quando estudamos os profetas, estamos li Três respostas são possíveis e, provavelmen
dando com material que chegou até nós de te, as três têm sua medida de verdade. Pri
346
Os Profetas
meiro, alguns profetas escreveram suas pró O tema das obrigações da aliança tem di
escatológico
prias palavras. Um profeta talvez tivesse fala versas facetas. Em primeiro lugar, as obriga
do em público antes de registrá-las, ou talvez ções da aliança incluíam um chamado para
ela as tivesse escrito primeiro e depois procla voltar-se para Deus e suas palavras. O mundo
mado para o povo, como faziam os arautos. de Israel e de Judá tinha muitas tentações
Algumas vezes, Deus instruía um profeta a para transigir espiritual e moralmente, assim
escrever sua mensagem como um testemu como o nosso mundo tem nos dias de hoje.
nho, assim, quando o dia do julgamento che No Sinai, o povo havia reafirmado a aliança
gasse, as pessoas saberiam que haviam sido com Deus, mas as gerações que vieram de
avisadas por Deus por meio do seu profeta pois haviam mudado sua atitude. Eles lenta
(ver exemplos em Is 8.16; Jr 36.2; Dn 12.4). mente haviam se afastado do Deus que os
Segundo, alguns profetas usavam escribas havia criado como eram e foram se tornando
para registrar suas palavras. Baruque, o escriba cada vez menos parecidos com aquilo que
de Jeremias, registrava as palavras do profeta Deus queria que eles fossem. Os profetas cha
e algumas vezes até mesmo as transmitia por maram o povo de Deus para que eles voltas
ele (Jr 36.4-6). E possível que outros profetas sem às. suas origens, origens enraizadas em
também tivessem assistentes que copiavam Deus e em sua palavra.
cuidadosamente as suas palavras. A prática Em segundo lugar, as obrigações da alian
de se usar um escriba também aparece no ça continham um chamado à santidade pes
Novo Testamento (Rm 16.22; lPe5.12). soal. Deus havia agido sobre a história para
Terceiro, é possível que alguns profetas ti redimir o seu povo, mas ele queria mais que
vessem discípulos que colecionaram suas men redenção para eles. Deus queria que seu povo
sagens e as organizaram nos livros que temos experimentasse a santidade — não apenas a
hoje. Essa sugestão é na verdade uma combi ausência de pecado, mas uma bondade e re
nação das duas primeiras. Um profeta pode tidão que brilhariam como uma luz para aque
ter escrito ele próprio as suas palavras ou usa les ao seu redor que ainda estivessem em tre
do um escriba, mas nunca tê-las organizado vas espirituais. No Jardim do Éden, homem e
na forma de um livro. No fim de sua vida, mulher haviam perdido a santidade que Deus
seus discípulos ou seguidores mais próximos havia lhes dado. Agora, por meio de suas leis
podem ter escrito outras de suas mensagens e seus profetas, Deus mostrava o pecado ao
e/ou organizado-as em coleções. Dessa for povo e continuava sua obra no sentido de res
ma, o ministério do profeta poderia continuar taurar a santidade da humanidade.
mesmo depois de sua morte. Em terceiro lugar, as obrigações da aliança
chamavam o povo de Deus a estar em paz uns
Quais são alguns tem as com uns com os outros. A palavra hebraica shalom
nos escritos dos profetas? ( s a lõ m , freqüentemente traduzida como
Como já mencionamos, os profetas varia “paz”) literalmente significa “estar completo”
vam bastante em termos de origem, público e ou “plenitude”. Deus queria que suas quali
estilo. Ainda assim, os escritos proféticos têm dades divinas como amor, misericórdia, com
um impulso em direção a um alvo em comum. paixão, santidade e justiça também fossem
Os profetas enfatizavam repetidamente de expressadas mediante a vida de seu povo. Â
terminados temas. Um tema comum dos tex medida que os hebreus, pela fé, estivessem
tos proféticos são as obrigações da aliança. Os em conformidade com as leis do Torá, todos os
profetas chamavam os hebreus a lembrarem- aspectos de sua sociedade se alinhariam com a
se de que algo muito significativo havia acon perfeita vontade de Deus. Então, o povo expe
tecido no Monte Sinai. Deus havia revelado rimentaria o verdadeiro shalom em sua nação.
o seu Torá, seu manual para o viver em fide Um segundo tema profético freqüente é o
lidade. Ele havia confirmado sua aliança, Dia do Senhor. Muitas vezes, o conceito refe-
uma aliança com implicações abrangentes. re-se a um tempo imediato de julgamento,
A verdadeira adoração a Deus afetava to enquanto em outras passagens refere-se ao
dos os aspectos da vida. Quaisquer que fos julgamento escatológico de Deus no fim dos
sem os papéis da pessoa — pai, mãe, filho, tempos. O Dia do Senhor inclui três aspectos:
filha, empregado, senhor, vizinho — ela de o julgamento de Deus para com os descren
veria exercer esses papéis à luz de seu rela tes, a limpeza e purificação do povo de Deus e
cionamento com Deus. a salvação do povo de Deus. Os profetas ad
347
Descobrindo os Profetas
vertiam que Deus iria julgar todo pecado onde Os profetas viam a mão de Deus em ação
quer que ele o encontrasse, na vida dos des nesses acontecimentos históricos. Eles explica
crentes bem como na vida dos crentes. Mas vam que ele estava erguendo e humilhando os
ele também desejava que seu povo estivesse reinos da terra de acordo com os seus propósi
em conformidade com sua imagem e prome tos mais elevados. Ele podia e iria julgar uma
teu lapidar suas vidas nem que, para isso, ti nação — mesmo Israel ou Judá! — por meio
vesse que fazer uso de medidas extremas. de outra nação. Os profetas proclamavam que
Quanto àqueles que estavam seguindo fiel a única esperança de Israel e Judá era voltar às
mente a Deus, o Senhor os assegurava de que suas origens espirituais. Eles chamavam o povo
não se esqueceria deles. O Dia do Senhor de Deus ao arrependimento de seus pecados e
viria, mas para os fiéis seria, na verdade, um a uma vida de fidelidade sob a aliança de Deus.
dia abençoado. Três grandes potências afetaram de ma
O terceiro e importante tema profético é o neira mais direta a história de Israel e de Judá:
conceito de Messias. O termo “Messias” vem a Assíria, a Babilônia e a Pérsia. Um rápido
da palavra hebraica m asíah, que quer dizer resumo da história desses impérios irá nos aju
“ungido”. (No Novo Testamento, o equiva dar a entender o que os profetas tinham dian
lente grego para essa palavra é Christos, “Cris te de si quando pregavam sua mensagem para
to”.) Ungir alguém com óleo simbolizava o o seu povo.
fato de Deus ter separado aquela pessoa para
servi-lo de uma forma específica e de ter colo Os assírios
cado sobre ela o seu Espírito, capacitando-a Arqueólogos descobriram evidências de
para executar o serviço. que os assírios estavam presentes no antigo
As Escrituras testificam que reis, sacerdotes Oriente Próximo desde aproximadamente
e profetas podem ter sido ungidos. No Antigo 2000 a.C.6 A maior parte dessas evidências
Testamento, o termo m a sia h normalmente antigas vem da Ásia Menor, mas um rei,
refere-se a reis, que eram os “ungidos” do Se SAMSHI-ADDU (1815-1782 a.C.) avançou
nhor (ver exemplos em ISm 24.6; 2Sm 1.14). para leste e controlou grande parte da alta
Mas no tempo do Novo Testamento, o termo Mesopotâmia, inclusive a cidade Mari, da qual
já havia ganho um novo significado. O Mes falamos anteriormente.
sias era o instrumento escolhido por Deus que Durante o resto do segundo milênio, os
viria um dia para estabelecer o reino de Deus assírios continuaram sendo um povo separado
e governar em poder e glória. O Senhor havia na alta Mesopotâmia, lutando contra outras
ungido outros para seu serviço, mas este seria potências do mundo antigo. Com o início do
maior que todos eles. Os profetas nem sempre primeiro milênio, entretanto, os reis assírios
usam o termo “Messias” quando falam da começaram a avançar para oeste sobre a Síria.
quele que estava por vir, mas falam dele e Um dos reis mais conhecidos foi SALMANE-
indicam ansiedade pela sua vinda. O Novo SER III (859-824 a.C.) que, em 853 a.C. na
Testamento declara que nós vimos sua vinda cidade de QARQAR, batalhou contra uma
na pessoa de Jesus Cristo e que um dia o vere coalisão de pequenas nações cujos líderes in
mos vindo novamente em poder e glória. cluíam Ben-Hadade II de Damasco e Acabe
de Israel. Apesar de Salmaneser não ter ven
cido em Qarqar, outras batalhas lhe deram o
controle de várias dessas nações, incluindo
0 contexto histórico Israel, cujo rei Jeú prometeu-lhe fidelidade.
dos profetas clássicos A ascensão de TlGLATE-PlLESER III (745-
727 a.C.) ao trono da Assíria marcou o come
Os livros proféticos do Antigo Testamento ço de um período de expansão desse povo. A
refletem o ministério de indivíduos que pro oeste, Israel e Judá estavam no fim de um
fetizaram em alguma época durante o perío longo período de prosperidade sob os reinados
do entre 800 e 450 a.C. Esse período testemu de Jeroboão II (793-753 a.C.) e Azarias/Uzias
nhou grandes mudanças de poder no antigo (792-740 a.C.), respectivamente. A degene-
Oriente Próximo. Quando grandes reis e po ração espiritual havia lentamente tomado
tências começaram a entrar em cena, muitas conta à medida que o povo cada vez mais
nações menores tiveram que decidir entre a misturava as práticas religiosas cananitas aos
submissão ou a destruição. padrões de adoração que Moisés os havia dado
348
Os Profetas
Relevo de
Tiglate-Pileser III mm
(745-727 a.C).
A ascensão
desse monarca
ao trono
marcou o
começo de um
período de
expansão assíria.
WÊÊÊmÈím
nas leis. Revoltas e inquietações na Síria e na 732 a.C., enquanto Israel e Judá tornaram-se
Palestina levaram às investidas de Tiglate- estados-vassalos. Quando Oséias, o último rei
Pileser a oeste; Damasco acabou caindo em de Israel se revoltou, Salmaneser V (726-722
a.C.) e seu sucessor SARGÃO II (722-705 a.C.)
conquistaram Samaria e levaram Israel para o
exílio. Mais tarde, um outro rei chamado Se-
Pessoas/ naqueribe (705-681 a.C.) lutou contra Eze
lugares-chave quias, rei de Judá, mas a intervenção de Deus
f impediu que a Assíria fosse vitoriosa.
Zimri-Lim
Guerras constantes durante o século 7Q,
Salmaneser III
especialmente contra a Babilônia, levaram ao
Termos-chave Samshi-Addu
declínio da Assíria. Em 626 a.C., Nabopolasar
Tiglate-Pileser III
Profetas clássicos Sargão II assumiu o controle da Babilônia e em 612 a.C.,
Profecia clássica Merodaque-Badalã com a ajuda de medos e outros povos, e to
Emissários Nabopolasar mou Nínive, a capital da Assíria. Dentro de
Prenunciadores Nabucodonosor II uns poucos anos, toda a resistência da Assíria
Textos de presságio Asyages havia acabado.7
Profecia de Mari Artaxerxes Os profetas que pressagiaram durante o pe
Profecias acádias Cambises ríodo de dominação assíria incluem Isaías,
Estáticos Dá rio Oséias, Amós, Jonas, Miquéias, Naum e So
Vaticinium ex eventu Xerxes fonias. Jonas, Miquéias e Amós falaram a uma
Literatura apocalíptica Alexandre, 0 Grande geração que começava a sentir a renovação
Profetas não-literários Monte Carmelo das forças da Assíria. Isaías e Miquéias dirigi
Escatológico Mari ram-se a uma geração que havia visto a ex
Qarqar pansão assíria para oeste e o começo de seu
Armênia domínio sobre a Palestina. Sofonias e Naum
Capadócia profetizaram em uma época em que o Impé
rio da Assíria estava ruindo diante do domí
nio da Babilônia e seus aliados.
349
Descobrindo os Profetas
Sumário
350
Os Profetas
351
Descobrindo os Profetas
Leituras complementares
Bullock, C. Hassell. An Introduction to the Old Testa VanGemeren, Willem A. Interpreting the Prophetic
ment Prophetic Books. Rev. ed. Chicago: Moody, Word. Grand Rapids: Zondervan, 1990. Um volume
1988. Uma exposição em nível universitário. Oferece rico, com excelentes idéias para o aluno mais sério.
uma boa discussão das questões pertinentes, boa Walton, John H. Ancient Israelite Literature in Its Cul
documentação e rica bibliografia. tural Context: A Survey o f Parallels between Biblical
Smith, Gary V. The Prophets as Preachers: An Intro- and Ancient Near Eastern Texts. Grand Rapids: Zon
duction to the Hebrew Prophets. Nashville: Broad- dervan, 1989. Faz um levantamento e analisa os pa
man & Holman, 1994. Um estudo avançado dos ralelos literários de textos bíblicos e do antigo Orien
profetas, sua maneira de pregar e o seu valor para o te Próximo. De grande valor para estudantes e tam
pregador cristão de hoje. bém para professores.
(464-423 a.C.), reconstruindo os muros de (335-331 a.C.) em 331 a.C., dando fim ao
Israel e fazendo reformas religiosas. Muitos Império Persa.9
judeus, entretanto, ficaram na Babilônia, con Os profetas que ministraram durante o
tinuando a ser parte da sociedade babilônia. período de dominação persa incluem Joel,
Sob CAMBISES (530-522 a.C.), o segun Ageu, Zacarias e Malaquias. Ageu e Zacarias
do governante da Pérsia, os persas estende conclamaram o povo a completar a constru
ram sua influência até o Egito e DARIO e ção do templo e olhar para frente, para aquilo
XERXES (486-464 a.C. — o “Assuero” do li que Deus ainda ia fazer pelo seu povo. Mala
vro de Ester) lutaram extensivamente con quias desafiou o povo a dar a Deus o melhor
tra a Grécia. A vitória persa sobre a Grécia, de todas as coisas e Joel usou uma praga de
porém, não durou muito tempo, pois ALE gafanhotos nos seus dias para avisar o povo do
XANDRE, O GRANDE, derrotou DARIO III Dia do Senhor.
352
Isaías 1-39
Profeta da corte real de Judá
Esboço
• Esboço
• Pano de fundo do livro de Isaías
isaías, o homem
Os tempos de Isaías
Autoria e data
Objetivos
Temas do livro de Isaías
• Mensagem do livro de Isaías Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
Palavras de abertura para Judá (1.1-31)
• Delinear o conteúdo dos capítulos
O julgamento de Deus é revelado
1-39 de Isaías.
(2.1-5.30)
• Explicar os temas dos capítulos 1-39 de
O chamado de Isaías (6.1-13)
Isaías.
O sinal de Emanuel (7.1-17)
• Relacionar as principais características
A iminente invasão assíria (7.18-8.22) do reino de Deus.
Descrição da era messiânica (9.1-7) • Apresentar os elementos do chamado
Julgamento contra Israel e Assíria de Isaías.
(9.8-10.34) • Discutir as possíveis interpretações do
Mais descrições sobre a era messiânica sinal que Isaías ofereceu a Acaz.
( 1 1 . 1- 1 2 . 6 ) • Demonstrar o cumprimento da profecia
Profecias contra as nações (13.1-23.18) de Isaías sobre a era messiânica.
O "pequeno apocalipse" (24.1-27.13) • Mostrar como as profecias de Isaías
Profecias dos ais (28.1-33.24) ilustram que Deus é Senhor de tudo.
353
Descobrindo os Profetas
A guarita de um
vigia nos
campos
próximos a
Siquém. Isaías
disse que o
povo de Israel
havia se
rebelado e que
Jerusalém seria
deixada sem
defesas como
uma guarita
para um vigia
em uma vinha
( 1 . 8 ).
Isaías tinha dois filhos — Shear-Jashub (7.3), Quando Isaías iniciou seu ministério, a
remanescente
cujo nome significa “o remanescente volve - Assíria começava a demonstrar suas forças sob
rá” e Maher-shala-hash-baz (8.3) que quer a liderança de TIGLATE-PILESER III (745—
dizer “rápido despojo presa segura”. Ao dar 727 a.C.). Reinos menores como Judá certa
esses nomes aos seus filhos, Isaías estava mos mente devem ter visto o perigo em potencial
trando sua fé no plano de Deus para o futuro no horizonte. Ainda assim, Deus havia pro
de Israel. O nome “Shear-Jashub” referia-se à metido ao seu povo que o protegeriá de qual
forma como Deus preservaria o resto do povo quer coisa e de qualquer um desde que eles
que permanecesse fiel. O nome “Maher- permanecessem firmes em sua fé. O Senhor
shala-hash-baz” anunciava o rápido julgamen mandou o profeta Isaías para encorajá-los a
to de Deus contra os inimigos de Judá. seguirem esse caminho.
Isaías serviu como profeta na corte real de
Judá. Portanto, ele profetizava principalmen Autoria e data
te para Judá, apesar de ter palavras dirigidas a O próprio livro dá o nome de Isaías como
Israel e outras nações. O livro de Isaías relata sendo o profeta por trás de sua mensagem (1.1;
os muitos contatos que ele teve com os reis de 2.1; 7.3; 20.2; 37.2,21; 38.1,4; 39.3). Podemos
Judá, especialmente Acaz e Ezequias. Acaz supor que Isaías registrou suas palavras ou as
deu pouca importância às palavras de Isaías confiou a outros — talvez seus discípulos.
(7.3-13), mas Ezequias punha grande fé no Muitos estudiosos evangélicos datam o livro
profeta (37.2-7,21-35; 31.1-8; 39.3-8). Ao es de Isaías no começo do século 7Qa.C.
tudarmos as palavras de Isaías veremos que Outros estudiosos (inclusive alguns evan
elas também têm muito a nos ensinar. gélicos) acreditam que o profeta Isaías foi res
ponsável pelo material apenas de Isaías 1-39.
Os tem pos de Isaías
Eles citam certas diferenças entre os capítulos
A maior parte dos estudiosos situa o mi 1—39 e os capítulos 40-66 que sugerem que
nistério de Isaías em torno de 740 a 690 a.C. uma outra pessoa escreveu a segunda parte
Quando Isaías respondeu ao chamado de do livro. Trataremos dessa questão em nossa
Deus, restavam menos de vinte anos para discussão sobre Isaías 40—66.
que o reino do norte, Israel, caísse para a
Assíria. Enquanto isso, o reino de Judá ao sul Temas do livro de Isaías
enfrentava um importante teste. Judá iria
aprender com o exemplo trágico de Israel ou
Os remanescentes
iria seguir o mesmo caminho perverso de seu Isaías descreve um grupo de remanescen
vizinho do norte? tes que Deus havia preservado (1.9). Aliás,
355
Descobrindo os Profetas
ele deu um nome relacionado a esse fato a em trevas espirituais (9.1,2). Ciro pode ter
um de seus filhos “o remanescente volverá” recebido o título de “messias” (45.1), mas ele
(Shear-Jashub, 7.3). O exílio poderia vir, mas nunca cumpriria o propósito de Deus como
Deus um dia guiaria esse remanescente de Jesus, o Filho de Deus faria. O Messias viria
volta para casa (10.20,21). Essas pessoas tinham um dia para reinar em glória, mas primeiro
um relacionamento profundo de fé com o ele iria mostrar-se digno por meio do sofri
Senhor que as distinguia dos outros israelitas. mento (53.10-12).
Muitos eram descendentes dos doze filhos de
Jacó, mas esses remanescentes eram fiéis à
aliança que Deus havia estabelecido com Jacó
e outros patriarcas.
Mensagem do
A soberania de Deus livro de Isaías
A visão que Isaías tinha da soberania de
P a la v r a s d e a b e r t u r a
Deus moldou o seu ministério de forma dra
p a ra J u d á (1 .1 -3 1 )
mática. Ele sabia que Deus controlava as na
ções e, portanto, ele profetizava com intrepi As palavras de abertura de Isaías para Judá
dez que Deus iria tratar daquelas nações (ca introduzem muitas idéias que o profeta irá
pítulos 13-23). Deus tinha o direito de gover desenvolver ao longo do livro. O capítulo 1,
nar sobre sua criação da forma como fazia. portanto, coloca a fundação para os outros
Isaías 40—66 desenvolve ainda mais a idéia de sessenta e cinco capítulos.
que Deus já havia provado sua soberania, pri Deus trouxe um julgamento severo sobre o
meiro ao enviar seu povo para o exílio e depois seu povo (vs. 2-15). Eles agiram como crian
ao livrá-lo do cativeiro. ças rebeldes! O julgamento inicial de Deus
havia surtido pouco efeito, aliás, o seu com
Servo portamento o lembrava de Sodoma e Gomor-
O tema do servo aparece em várias partes ra (v. 10). Seus sacrifícios eram feitos por mo
de Isaías e o servo tem diversas identidades. tivos impuros e suas mãos realizavam atos de
A palavra “servo” pode denotar um indivíduo injustiça social. O Senhor não honraria mais
israelita (22.20), a nação de Israel (41.8), o as suas orações (v. 15).
grupo remanescente (49.3) ou o Messias Isaías chamou o povo ao arrependimento,
(52.13). O servo trabalha diligentemente para perdão e bênçãos (vs. 16-20). Deus poderia e
cumprir os propósitos de Deus apesar dos inú iria limpar o seu povo de todo o pecado. Mas a
meros desafios e dificuldades. maldade estava por toda a sociedade, come
çando pela liderança e indo até suas bases
O Santo de Israel (vs. 21-23). De maneira muito clara, Isaías
Isaías usou a expressão “O Santo de Israel” colocou a escolha diante de Judá: Deus iria
trinta e nove vezes para descrever o Senhor; o redimir aqueles que se arrependessem, mas
termo aparece apenas outras sete vezes no os que persistissem em sua rebelião morreriam
resto do Antigo Testamento. Isaías esteve dian (vs. 27-31).
te da santidade de Deus quando o Senhor o
chamou para o ministério profético (6.1-8), e O ju lg a m e n t o d e D e u s é
nunca se esqueceu dessa experiência. O povo r e v e la d o (2 .1 - 5 .3 0 )
tinha abandonado o Santo de Israel que os
A bênção por vir (2.1-4)
havia corrigido (1.4). Mas o Santo de Israel
podia atacar qualquer nação inimiga que O futuro reino de Deus inclui três elemen
desafiasse o seu povo (37.23)! Ele iria agir em tos — o povo de Deus, o. templo de Deus e a
santidade para julgar o pecado onde quer que paz de Deus. O povo de Deus iria abranger
ele o encontrasse. povos de todas as nações. Eles viriam de toda
a parte para Jerusalém, o lugar do templo e o
Messias centro do propósito de Deus. A instrução que
Isaías descreve o Messias, o ungido de o povo receberia da Palavra de Deus resulta
Deus que viria para redimir o seu povo. Seu ria em paz eterna em todo lugar. A maior par
reino glorioso traria bênçãos a toda a terra te dos intérpretes acredita que Jesus Cristo irá
(11.1-16) e luz a todos aqueles que viviam cumprir essa profecia quando voltar.
356
Isaías 1-39
o mal de bem (v. 20). Eles assim procediam iriam lidar com a iminente expansão dos
sinal
para justificar o seu pecado, para que pudes assírios em direção a oeste sob o comando de
sem continuar pecando sem sentir culpa. Tiglate-Pileser III.
Em quinto lugar, Isaías pronunciou um ai Os personagens principais incluem Rezim,
contra os que exaltavam a si mesmos (v. 21). rei da Síria, Peca, rei de Israel e Acaz, rei de
Eles criam ser sábios, mas os outros tinham Judá. Rezim e Peca desejavam unir forças com
uma opinião bem diferentes sobre eles! Deus Acaz para impedir os assírios de avançarem,
certamente iria humilhá-los. mas quando Acaz recusou juntar-se à alian
Em sexto lugar, Isaías proferiu uma admo- ça, Rezim e Peca marcharam contra ele
estação contra os oportunistas imorais (vs. (7.1,2). Isaías encorajou Acaz a confiar no
22,23). Essas pessoas reuniam-se e tiravam os Senhor (7.4-9), pois Deus iria proteger a li
direitos dos indefesos. Eles aceitavam subor nhagem de Davi se os descendentes de Davi
no e rejeitavam os padrões de Deus. colocassem sua confiança no Senhor.
Nesses seis grupos, ninguém importava-se
O sinal oferecido, recusado e dado
com o seu comportamento, mas Deus tinha
(7.10-17)
visto todas essas coisas. Em sua ira ele iria le
vantar uma outra nação para consumi-los e Isaías ofereceu a Acaz um sinal de Deus
levá-los embora. para fortalecer sua fé. Acaz mascarou sua fal
ta de fé com falsa piedade (7.10-12), pois ele
O cham ado de Isaías (6.1-13) já havia decidido confiar na Assíria (2Rs
16.7,8). Isaías o condenou por sua falta de fé e
A visão (6.1-8)
disse-lhe que o próprio Deus lhe daria um si
A referência que Isaías faz à morte do rei nal. Uma virgem iria conceber e dar à luz um
Uzias situa o seu chamado profético aproxi filho e chamá-lo de Emanuel, que significa
madamente no ano de 739 a.C. Isaías rece “Deus conosco” (7.14). Antes que a criança
beu uma visão poderosa de Deus. Mais que pudesse escolher entre o bem e o mal, os reis
tudo, ele viu duas coisas: a majestade plena da Síria e de Israel já não existiriam.
de Deus e sua própria pecaminosidade.
O toque do serafim sobre a boca de Isaías Possíveis interpretações
representou simbolicamente a purificação que Ao tratarmos dessa profecia, precisamos de
Deus estava lhe concedendo de todo o peca terminar a relação entre Isaías 7.14 e Mateus
do. Isaías agora estava puro diante do seu san 1.23, que diz que o nascimento de Jesus de
to Deus. Assim, quando Deus o chamou, ele uma virgem cumpriu a profecia de Isaías.
respondeu prontamente (v. 8) — “Eis-me aqui, Abaixo estão duas interpretações mais fre
envia-me a mim”. qüentes que os estudiosos têm oferecido:
A profecia (6.9-13) • O sinal que Isaías ofereceu foi o nascimen
A mensagem inicial que Deus transmitiu to de Cristo de uma virgem. O profeta com
por meio de Isaías proclamava a falta de com preendeu o que estava prometendo e a pro
preensão do povo. Eles iriam persistir em seu fecia se cumpriu. Quando Jesus já podia
pecado, sem ser capazes de ver, ouvir ou en distinguir o certo do errado, os reis da Síria
tender o propósito de Deus para eles. A pro e de Israel não existiam mais. Isaías capítulo
clamação dessa palavra de Deus só faria com 8 registra um incidente não relacionado.1
que o povo se endurecesse contra ele. Ainda Muitos cristãos ao longo dos séculos têm
assim, Deus prometeu levantar um remanes compreendido a profecia dessa forma. Al
cente depois de seu julgamento. Seus propó guns, porém, sugerem que o longo período
sitos para o seu povo iriam continuar. de tempo entre as palavras de Isaías e o nas
cimento de Jesus enfraquecem o significa
O sinal de Em anuel (7.1-17) do desse sinal.2
• As profecias de Emanuel e Maher-shalal-
O contexto histórico (7.1-9) hash-baz descrevem o mesmo nascimento.
Os anos de 7 3 5a732a.C . testemunharam A mulher, esposa de Isaías (a “profetiza”,
aquilo que os historiadores chamam de Guer 8.3), era uma virgem até então, mas Isaías
ra Sírio-Efraimita. A questão central era como casou-se com ela e ela concebeu da manei
países pequenos como a Síria, Israel e Judá ra usual. O sinal no tempo de Isaías foi ela
358
Escala
10 20 mi
i _l_ r __ I
10 20 km
Descobrindo os Profetas
ter dado à criança o nome de “Deus é co espíritas. No mundo de hoje, muitos procuram
vassalo
nosco” quando todos os acontecimentos substitutos para a Palavra de Deus, mas é so
indicavam que Deus estava longe de seu mente na Bíblia que encontramos as respostas
povo. O nascimento de Jesus, portanto, para as perguntas mais profundas da vida.
cumpriu as palavras de Isaías em um nível
ainda mais elevado. O texto registra em re Descrição da era m essiânica
lação a José e Maria que: “não a conheceu, (9.1-7)
enquanto ela não deu à luz um filho” (Mt Isaías deu aos seus ouvintes a possibilidade
1.24,25).3 Mas alguns estudiosos têm difi de vislumbrar como seria a era messiânica.
culdades com essa interpretação, pois os fi Essas palavras proféticas também têm o seu
lhos têm nomes diferentes e existem dife cumprimento em Jesus Cristo.
rentes critérios para quando os reis iriam Isaías descreveu como os territórios das tri
deixar de existir.4 bos do norte de Zebulom c Naftali, que antes
Ambas as interpretações tentam fazer jus haviam sido lugares de densas trevas espiri
tiça ao texto de Isaías e ambas mantêm a di tuais, veriam grande luz. Jesus deu a essas re
vindade de Jesus. O nascimento a partir de giões grande luz espiritual, pois foi lá que ele
uma virgem continua sendo o ponto principal exerceu boa parte do seu ministério na terra
dessa origem sobrenatural e divina em qual (Mt 4.15,16).
quer um dos casos.5 Isaías também descreveu os poderosos no
mes do Messias — “Maravilhoso, Conselhei
A im inente invasão assíria (7.18- ro, “Deus Forte”, “Pai da Eternidade” e “Prín
8 .2 2 ) cipe da Paz”. Tais nomes só podem descrever
Acaz escolheu confiar na Assíria. Ele man alguém muito mais que humano! O profeta
dou um grande presente para Tiglate-Pileser falou ainda do ministério do Messias. Ele iria
e pediu sua ajuda (2Rs 16.7,8). O rei assírio assumir o trono de seu pai, Davi, e reinar com
respondeu prontamente, movendo-se para o retidão para sempre. Observe como Isaías jun
oeste, conquistando Damasco em 732 a.C. e tou a primeira e a segunda vinda de Jesus em
matando Rezim (2Rs 16.9). Ele também pas dois versículos adjacentes. O versículo 6 des
sou sobre Israel e permitiu que Oséias, que creve a primeira vinda de Jesus enquanto o
havia matado Peca, continuasse a governar versículo 7 descreve a segunda vinda. Os pro
como vassalo (2Rs 15.29,30). O povo de Deus fetas algumas vezes escreviam dessa forma
pagou um preço incrivelmente alto por Acaz quando falavam dos planos de Deus para um
não confiar em Deus. futuro distante.6
Isaías advertiu o povo sobre o grande poder
Assírio (7.18-25). A terra passaria por devasta Julgam ento contra Israel e
ção e as áreas férteis tornar-se-iam desoladas, Assíria (9.8-10.34)
próprias apenas para os espinhos e abrolhos. Israel endureceu-se diante do julgamento
A Guerra Sírio-Effaimita foi o contexto para de Deus (9.8-10.4). O povo ignorou a disci
a profecia do capítulo 8.1-4. Nessa profecia, plina de Deus e continuou em seus caminhos
Isaías teve um filho chamado Maher-shalal- maus. A expressão “não se aparta a sua ira e a
hash-baz. Isaías previu o nascimento da crian mão dele continua estendida” (9.12,17,21;
ça na presença de testemunhas. Ele afirmou 10.4) revela que Deus repetidamente casti
que antes que a criança pudesse dizer “Ma gou o seu povo sem ver qualquer sinal de ar
mãe! Papai!” a Síria e Israel não seriam mais rependimento. O que mais irava o Senhor era
uma ameaça para Judá (já discutimos acima a liderança inepta e o orgulho de Israel.
a possível ligação dessa profecia com o capítu A Assíria também recebeu seu julgamen
lo 7.14). to (10.5-34). Deus usou a Assíria como instru
Isaías continuou descrevendo o julgamen mento de correção contra o seu povo iníqüo
to que estava prestes a cair sobre Judá (8.5- (10.5). Mas os assírios jamais se deram conta
22). O povo havia rejeitado a contínua e gen do papel que tiveram nesse propósito maior.
til proteção de Deus e, em vez disso, se volta Em vez disso, tornaram-se orgulhosos e arro
do para o rei da Assíria, que encheria suas gantes. O Senhor prometeu julgar a Assíria e
terras de fúria. Sua falta de luz espiritual os conduzir um grupo de fiéis remanescentes do
levou a negar a lei e confiar em médiuns e povo de Deus de volta a Israel (10.12,13).
360
Isaías 1-39
Um judeu
ortodoxo com
uma trombeta
feita de chifre
de carneiro
(shofar), no
muro oriental
de Jerusalém.
Isaías disse que
uma trombeta
iria chamar o
povo do exílio
(capítulo 27).
361
Descobrindo os Profetas
nações do mundo antigo. Essas profecias ilus quando o Senhor cumpriu essa profecia. Tan
tram uma importante verdade da qual deve to o rei assírio Sargão II (721-705 a.C.) quan
mos nos lembrar: Deus é Senhor sobre todas to SENAQUERIBE (704-681 a.C.) declararam-
as nações e todos os povos. se vitoriosos sobre Moabe.7
As Nações em Isaías
13-23
A) . ..
A R A B IA
M AR
V E R M E LH O
Isaías apresentou dois futuros líderes — gulho da cidade e dar suas posses a outros. No
Pequeno
Sebna (vs. 15-19) e Eliaquim (vs. 20-25). Sebna final, Tiro se submeteria aos propósitos sobe
Apocalipse
usaria o seu governo para ganho desonesto; ranos de Deus.
Deus o arrasaria. Mas Eliaquim serviria o povo
literatura como um pai. Infelizmente, Eliaquim foi um O "Pequeno A pocalipse"
apocalíptica dos poucos exemplos de boa liderança em sua (24.1-27.13)
geração. Muitos intérpretes deram a Isaías 24-27 o
nome de “Pequeno Apocalipse”, pois esses
Tiro (23.1-18) três capítulos têm um texto que é equivalen
Tiro, uma cidade portuária da Fenícia, te a uma miniatura do livro de Apocalipse
usava sua localização estratégica para acu (ver a discussão sobre “literatura apocalípti
mular riquezas. Mas Tiro logo iria passar pela ca” no capítulo 31). Eles são a grande conclu
tragédia da falência. Deus iria destruir o or são das profecias de Isaías nos capítulos 13-
363
Descobrindo os Profetas
23. Na seção anterior, o profeta mostrou como sião em que Deus destruirá o mal de uma
Deus era Senhor sobre os diferentes reinos. E, vez por todas.8
ao governar essas nações e povos, ele contro- Deus queria que o seu julgamento levasse
lava o mundo todo. Isaías 24-27 anuncia o o povo a voltar-se para ele. Ele estava ansioso
julgamento final de Deus sobre o mundo e a para cuidar ternamente dos seus (vs. 2-6)
salvação de seu povo. quando percebessem seu desamparo e pedis
sem perdão (v. 9). Ele prometeu reuni-los to
A destruição da terra (24.1-23)
dos um dia (vs. 12,13).
Isaías usou de uma linguagem forte para
anunciar a destruição da terra (vs. 1-6). O Profecias dos ais
Senhor não seria parcial em seu julgamento. (28,1-33.24)
A posição social não importaria. Isaías 28—33 contém cinco profecias dos
Mas em meio ao caos violento que traria o ais. Essas profecias falavam do fim de vários
fim da História, o povo de Deus louvava ao povos e nações. Isaías 34,35 dá um clímax
Senhor de qualquer forma. Eles lhe davam para os capítulos 28-33, assim como os capí
glórias, pois o tempo da salvação se aproxima tulos 24-27 (o “Pequeno Apocalipse”) são o
va (vs. 1446). Seu povo o veria em todo o seu clímax para os capítulos 13-23 (“Profecias
esplendor (v. 23). contra as nações”).
A vitória de Deus sobre os seus Ai de Efraim (28.1-29)
inimigos (25.1-12) Isaías denunciou o orgulho e a arrogância
O povo de Deus cantava para ele — ele de Efraim. O povo pensava ter encontrado
havia dado a vitória! Isaías prenunciou um uma forma de enganar a morte e escapar do
grande banquete que o Senhor iria preparar julgamento de Deus (v. 15). Em vez disso, sua
(vs. 6-9). Ele aboliria a morte para sempre e liderança imatura tornou-os incapazes de
estabeleceria uma comunhão pessoal e ínti compreender os ensinamentos de Deus (vs.
ma com aqueles que ele ama. Nos dias de 9-13). Eles não se davam conta da situação
hoje, Deus oferece a todos nós um relaciona desesperadora na qual se encontravam!
mento pessoal com ele mediante a fé em Je Deus prometeu trazer justiça e retidão so
sus cristo (Rm 3.21,22). Aqueles que confiam bre aquela terra (vs. 16-22). Sua “pedra an
nele têm a promessa de que um dia o verão gular aprovada” seria a parte-chave dos novos
face a face (ljo 3.1-3). alicerces de Sião. O Novo Testamento reve
lou que Jesus Cristo é essa pedra angular (Rm
0 canto de livramento de Judá
9.33). Jesus é o alicerce da Igreja, a estrutura
(26.1-21)
que ele está construindo com os cristãos que
O povo de Deus iria entoar um outro são as “pedras vivas” (lPe 2.6).
cântico celebrando o livramento de Deus. O
Senhor havia dado a vitória e era digno de Ai de Ariel (29.1-24)
confiança (vs. 6-9). Enquanto Isaías medita O termo “Ariel” refere-se a Jerusalém (v.
va sobre esse grande dia ele fez uma oração 1). Muitos estudiosos sugerem que ele signifi
ao Senhor (vs. 11-18). O povo de Deus estava ca “Lareira de Deus”, uma descrição que se
indefeso diante de seus inimigos. Eles tinham encaixaria no contexto.9 O povo de Jerusa
alguma esperança? Deus respondeu com um lém pensava ser o centro da adoração do úni
alto e claro siml Ele prometeu livrá-los de seus co verdadeiro Deus. Mas Deus não se agra
inimigos a seu tempo perfeito. dava deles. Isaías proclamou o julgamento
contra a cidade e o seu povo. Deus prometeu
A salvação iminente de Israel arrasá-los até o pó (v. 4).
(27.1-13) Isaías descreveu o entorpecimento que
Os intérpretes da Bíblia debatem-se com havia tomado conta do povo (vs. 9-16). Eles
a identidade de Leviatã (v. 1). Alguns ten falavam como se conhecessem o Senhor, mas
taram relacionar Leviatã a uma determina haviam fechado os seus corações para segui-
da divindade cananita. Mas tais tentativas lo. Imaginavam que ninguém soubesse sobre
apresentam alguns problemas. Provavelmen o seu pecado, mas Deus tudo via. Ainda as
te, devemos entender que Isaías está usando sim, o Senhor prometeu restauração (vs. 17-
a imagem de Leviatã para descrever a oca 24). O povo ainda iria voltar para ele.
364
Isaías 1-39
Sumário
1. Isaías foi o profeta que serviu na cor Messias, descreviam o Messias me
te real de Judá, mas ele também fa diante diferentes nomes, falavam do
lou para Israel e para outras nações. ministério do Messias e descreviam a
primeira e a segunda vinda do Messias.
2. Os principais temas dos capítulos 1-
39 incluem o remanescente, a sobe 6. Nas “ Profecias contra as nações" de
rania de Deus, o Santo de Israel e o Isaías, o julgamento de Deus foi decla
Messias. rado sobre a Babilônia, Assíria, Filístia,
Moabe, Damasco, Israel, Etiópia,
3. O chamado profético de Isaías veio
Edom, Arábia, Jerusalém e Tiro.
em 739 a.C., quando ele teve uma vi
são na qual vislumbrou a majestade 7. Os capítulos 24-27 são chamados por
de Deus bem como a sua própria pe- muitos estudiosos de "Pequeno Apo
caminosidade. calipse".
4. Isaías ofereceu a Acaz um sinal de 8. As profecias dos ais nos capítulos
Deus, mas Acaz não aceitou, pois ele 28-33 incluem ais contra alianças
confiava mais no poder da Assíria que estrangeiras.
em Deus.
9. Ezequias demonstrou sua tolice ao
5. As profecias de Isaías sobre a era mostrar à delegação da Babilônia to
messiânica falavam de como as tribos dos os tesouros de sua nação.
do norte seriam influenciadas pelo
366
•Isaías 1-39
Interlúdio histórico: pontos messa, enviando seu anjo para dizimar o exér
altos e baixos do reinado de cito assírio.
Ezequias (36.1-39.8) Do ponto de vista humano, a batalha ter
Quatro capítulos ligam a primeira parte do minou e Senaqueribe voltou para casa com
livro de Isaías (capítulos 1-39) à segunda par aquilo que já havia tomado de Ezequias. Mas
te (capítulos 40-66). Estudiosos observaram do ponto de vista teológico, Deus havia salvo
que os acontecimentos dos capítulos 38,39 Jerusalém de forma dramática, poupando-a
precedem cronologicamente os acontecimen da destruição e livrando seu povo do exílio!
tos dos capítulos 36,37. Mas Isaías não estava Ele havia defendido a cidade por amor a Davi
fazendo um relato cronológico. Os capítulos (37.35).
36,37 tratam da Assíria e servem como um E interessante observar que arqueólogos en
encerramento da primeira parte do livro, du contraram os registros reais de Senaqueribe
rante a qual a Assíria apareceu como a força quando escavaram Nínive. Os registros des
dominante do mundo antigo. Os capítulos crevem com orgulho o cerco de Jerusalém, mas
38,39 concentram-se na Babilônia, cujo im não mencionam nenhuma conquista.
pério é o pano de fundo para Isaías 40-60.11 A doença e a cura de Ezequias
A ameaça de Senaqueribe e o (38.1-22)
livramento de Deus (36.1-37.38) Por volta de 711 a.C.,13 Ezequias foi aco
Senaqueribe (704-681 a.C.), rei da Assí metido de uma doença fatal. Quando Isaías o
ria, atacou Ezequias (727-698 a.C.), rei de advertiu que ele não iria se recuperar, Eze
Judá, quando Ezequias recusou-se a pagar tri quias chorou amargamente e pediu a miseri
butos (2Rs 18.7). Estudiosos ainda discutem córdia de Deus. O Senhor respondeu, conce
se Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C. ou dendo ao rei mais quinze anos de vida. Ele deu
714 a.C., pois não sabemos exatamente quan até mesmo um sinal para fortalecer a fé do rei
do Ezequias reinou.12 Depois de Senaqueribe — a sombra na escadaria do rei retrocedeu!
ter derrotado as cidades fortificadas de Judá, Três anos depois, o rei teve um filho —
Ezequias ofereceu entregar-se e pagar qual Manassés — que acabou sucedendo-o no tro
quer penalidade que Senaqueribe impusesse no (2Rs 21.11). O nascimento de Manassés
(2Rs 18.13-16). Mas Senaqueribe decidiu que foi uma bênção, mas também teve suas impli
continuaria avançando até tomar Jerusalém. cações. Por um lado, o rei tinha um herdeiro.
Cheios de desprezo, os representantes de Por outro lado, Manassés (698-642 a.C.) tor
Senaqueribe escarneciam do povo de Judá e nou-se um dos reis mais perversos de Judá e
ordenavam que se entregassem (Is 36.4-20; acabou desfazendo todas as reformas que seu
37.8-13). Mas Ezequias buscou o Senhor que pai havia estabelecido. Sua maldade levou a
mandou Isaías com uma mensagem de livra um declínio espiritual do qual Judá nunca se
mento (37.14-29). E Deus cumpriu sua pro recuperou (Jr 15.4).
1. O que sabemos sobre Isaías a partir dos que ele falou de cada uma individual
detalhes contidos em seu livro? Que te mente?
mas são mais importantes para ele?
4. Identifique os principais detalhes dos
2. Se você tivesse apenas Isaías 1-12, o capítulos 36-39. Qual a função desses
que poderia aprender sobre o Messias? capítulos no livro de Isaías?
3. Contra quais nações Isaías pronunciou
julgamento nos capítulos 13-23? Por
367
Descobrindo os Profetas
Leituras complementares
Machen, J. Gresham. The Virgin Birth o f Christ. 2- ed. com pleta, com m uitas notas de rodapé e docu
Nova York: Harper, 1932. Um tratamento clássico à m entação.
questão do nascimento virginal e suas implicações W ebb, Barry G. The Message o f Isaiah: On Eagle's
para a fé cristã. Wings. Downers Grove: InterVarsity, 1996. Uma ex
Motyer, J. Alec. The Prophecy o f Isaiah: An Introduc- posição curta, porém rica em aplicações.
tion and Commentary. Downers Grove: InterVarsity, W olf, Herbert M. Interpreting Isaiah: The Suffering and
1993. Um comentário completo para o estudante Glory o f the Messiah. Grand Rapids: Zondervan,
avançado. 1985. Um livro texto em nível universitário que com
O sw alt, John N. The Book o f Isaiah: Chapters 1-39. bina estudo com leitura fácil.
New International Com m entary on the Old Testa Youngblood, Ronald F. The Book o f Isaiah: An
m ent. Grand Rapids: Eerdm ans, 1986. Um co Introductory Commentary. 2- ed. Grand Rapids:
m entário para o aluno que deseja uma pesquisa Baker, 1993. Uma exposição mais curta.
368
Isaías 40-66
Grandes dias estão por vir!
M W
• Esboço
• Quem escreveu Isaías 40-66?
Ponto de vista de múltiplos autores
Ponto de vista de um único autor
• As passagens sobre o servo em Objetivos
Isaías 40-66
• A mensagem de Isaías continua Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
Consolai, consolai o meu povo (40.1-31)
• Descrever o conteúdo e os principais
A redenção p orvir (41.1-29) temas de Isaías 40-66.
0 papel do servo do Senhor (42.1-25) • Avaliar o ponto de vista da autoria
A redenção de Israel da Babilônia múltipla do livro de Isaías.
(4 3 .1 -4 5 .2 5 ) • Comparar as três interpretações das
Julgamento contra a Babilônia (46.1-47.15) passagens sobre o Servo Sofredor nos
A libertação e exaltação de Israel capítulos 52 e 53.
(4 8 .1 -5 2 .1 2 ) • Resumir o que Isaías profetizou sobre o
0 Servo Sofredor (52.13-53.12) retorno de Israel do exílio na Babilônia.
Celebração do retorno (54.1-59.21)
O clímax da restauração de Deus
(6 0 .1 -6 6 .2 4 )
369
Descobrindo os Profetas
Um relevo Outros estudiosos sugerem uma outra di centram-se na Babilônia. Os capítulos 1-39 tra
assírio mostra visão dentro dos capítulos 40-66. Eles acredi tam, basicamente, da geração de Isaías, en
oficiais pesando
tam que Deutero-Isaías escreveu Isaías 40- quanto os capítulos 40-66 têm uma visão do
tributos em
uma balança. 55 enquanto uma outra pessoa ou escola de futuro. O julgamento de Deus constitui o tema
discípulos (Trito-Isaías, o “terceiro Isaías”) es principal dos capítulos 1-39, mas a redenção e
creveu Isaías 56-66. Alguns argumentam que a salvação é que estão em evidência nos capí
essa seção foi composta por vários autores, tal tulos 40-66. Tais diferenças tão claras sugerem
Tri to-Isaías vez por uma escola de discípulos de Isaías.3 o envolvimento de mais de um autor.
Aqueles que acreditam que mais de uma
pessoa escreveu o livro de Isaías normalmente
Diferença de vocabulário e estilo
argumentam dentro de quatro linhas: perío entre 1-39 e 40-66
do de tempo, diferenças de assuntos entre os Esse ponto é uma seqüência natural do
capítulos 1-39 e os capítulos 40-66, diferente anterior, tendo em vista que diferentes assun
vocabulário entre 1—39 e 40-66 e a menção tos requerem vocabulário diferente. Mas os
do nome do rei Ciro. defensores da autoria múltipla também enfa
tizam como o diferente estilo poético dos ca
Período de tempo dentro do livro pítulos 40-66 sugere que eles vieram de um
Alguns dos que sustentam o ponto de vista outro autor e não de Isaías. Eles citam a poesia
de autoria múltipla sugerem que o período de como estando entre as melhores de todo o
tempo do livro descarta a possibilidade de um Antigo Testamento, o que contrasta com o
único autor. Eles não vêem de que maneira estilo poético dos capítulos 1-39.
Isaías poderia saber sobre as circunstâncias dos
capítulos 40-66. Isaías profetizou de 740 a 690 A menção direta do nome do rei Ciro
a.C., mas muito que está escrito em Isaías 40- Isaías 44.28 e 45.1 mencionam o rei Ciro, o
66 descreve o período de retorno do exílio na primeiro rei do Império Persa, pelo nome. Os
Babilônia que começou por volta de 538 a.C. defensores da teoria de autoria múltipla citam
esses versículos como exemplo de informações
Diferenças de assuntos entre os específicas que só alguém vivendo naquela
capítulos 1-39 e 40-66 época saberia. Tendo em vista que o ministério
Os proponentes da autoria múltipla desta de Isaías encerrou-se muito antes do tempo de
cam a diferença de assuntos nas duas partes do Ciro, eles argumentam que alguma outra pes
livro de Isaías. Os capítulos 1-39 concentram- soa deve ter escrito as referências a Ciro bem
se na Assíria, enquanto os capítulos 40-66 con como o resto do material adjacente.
371
Descobrindo os Profetas
A mensagem de
-•* ';• Isaías continua
V^ f <Á; r$
Consolai, consolai o meu
;*b r povo (40.1-31)
Os versículos 1-31 servem de prólogo para
sT ‘ os capítulos 40-66, lançando a fundação para
o restante do livro. Isaías anunciou a glória
vindoura de Deus, contrastando-a com a de
bilidade do povo. Mas o profeta encorajou aos
desanimados — eles podiam contar com a
promessa de Deus! O Senhor os consolaria e
cuidaria deles como um pastor cuida de suas
ovelhas.
O resto da capítulo 40 responde a pergun
ta “Deus pode mesmo fazer tudo o que ele
diz?” O Senhor marcou os céus com suas mãos
e os estendeu como uma cortina. Levantou
governantes e os reduziu a pó. Ele até mesmo
chamou as estrelas pelo nome! À luz de sua
majestade, como o povo de Deus pôde pensar
que ele havia se esquecido deles? Ele certa
mente iria cumprir os seus propósitos para eles
Parte do papiro
e renovar suas forças dia após dia. As palavras
de Isaías, o mais
longo e antigo
As passagens sobre o de Isaías também nos oferecem conforto e se
de todos os
papiros do Mar
servo em Isaías 40-66 gurança quando enfrentamos desafios difíceis.
Morto em
O tema do servo aparece em vários lugares O livram ento p o rv ir (41.1-29)
Qumran. No
papiro, não há em Isaías e o servo recebe diversas identida Isaías 41 introduz um tema dividido em
nenhuma divi des. A palavra “servo” pode ser relativa a um três partes e que está presente ao longo dos
são entre os ca indivíduo israelita (22.20), a nação de Israel capítulos 40-66. Em primeiro lugar, o povo de
pítulos 39 e 40. (41.8), ao remanescente (49.3) e até mesmo Deus foi feito cativo por causa de seus peca
ao Messias (52.13). O servo trabalha diligen dos. Em segundo lugar, o cativeiro prova que
temente para cumprir os propósitos de Deus Deus é Deus, pois só ele pôde prever que isso
mesmo diante de inúmeros desafios e dificul aconteceria. Em terceiro lugar, ele agora vai
dades. Isaías 40—66 tem quatro passagens nas restaurá-los e redimi-los.
3 73
Descobrindo os Profetas
pecados de toda a nação. A Bíblia afirma cla- humanidade pecadora. Leia novamente. Peça
ramente que Israel e Judá pagaram pelos seus a Deus que grave as imagens em seu coração.
próprios pecados (2Rs 17.7^23; Is 42.23-25). Você começa a compreender o amor de Deus
Talvez o remanescente tenha sofrido injusta por você?
mente por causa do pecado dos ímpios, mas
ele não sofreu no lugar desses ímpios. Celebração do retom o
Em terceiro lugar, alguns intérpretes argu (54.1-59.21)
mentam que o servo representa Jesus Cristo. O retorno de Judá do exílio foi certamen
Eles sugerem que as evidências do Novo Tes te algo a ser celebrado. Ao examinarmos esse
tamento tornam possível apenas a interpreta trecho de Isaías 40-66, vemos as palavras do
ção messiânica. Jesus cresceu como um ho profeta realçando vários aspectos dessa cele
mem comum em Israel e depois começou a bração.
proclamar o reino de Deus. Muitos o despre
zaram, rejeitaram e finalmente o mataram. O renascimento de Jerusalém
Em sua morte, Jesus sofreu pelo pecado de (54.1-17)
outros. Ele passou pela crucificação entre dois O renascimento de Jerusalém apresenta
ladrões e foi enterrado no túmulo de um ofi ria dois aspectos — terra fértil e povo numero
cial. E Deus planejou tudo isso para dar vida so. Nas terras desérticas brotaria a vegetação.
eterna a todos os que respondessem com fé à O deserto se tornaria verdejante. E a popula
sua oferta de perdão e salvação. ção se multiplicaria para além das fronteiras.
Isaías 52.13—53.12 retrata de maneira bela As pessoas teriam que se esforçar para arran
a profundidade do sacrifício de Cristo pela jar espaço para todos. Deus deixaria para trás
Isaías 5 2 .1 3 -5 3 .1 2 (m uitas vezes cham ado sim plesm ente de Isaías 53) constitui um a das
profecias m ais m arcantes do A ntigo Testam ento em relação a Jesus Cristo. 0 quadro abaixo
resum e as palavras de Isaías e com o Jesus as cum priu.
| 5 3 .1 0 Foi a vo ntade de Deus esm agá-lo; Deus o preparou com o o ferta pelo
ele verá sua posteridade pecado (Rm 5.9)
| 5 3 .1 2 Recebeu grande recom pensa pois Recebeu grande recom pensa por ter
deu sua vida por outros dado sua vida (Fp 2 .9 -1 1 ; Hb 1 .3 ,4 )
376
Isaías 40-66
A movimentada
entrada do
portão de
Damasco na
antiga cidade de
Jerusalém. Isaías
descreve os
portões de
Jerusalém.
Muitos
intérpretes
afirmam que
essa descrição
refere-se a um
tempo futuro,
pois o retorno
de Judá do exílio
nunca exibiu
tanto esplendor.
a vergonha do seu povo. Ele os havia corrigido Deus. Ele os chamou ao arrependimento en
eunucos
na ira contra o seu pecado, mas agora plane - quanto ainda havia tempo, e pediu que con
java reuni-los com sua compaixão. fiassem nos caminhos de Deus. Se aceitassem
Torá Isaías também descreveu os portões de Je a palavra de Deus, ela alcançaria os seus pro
rusalém. Muitos intérpretes argumentam que pósitos na vida do povo e lhes traria grande
esse retrato tão belo refere-se a um tempo fu alegria.
turo, pois o retorno de Judá do exílio nunca
Estrangeiros juntam-se à família de
teve todo esse esplendor.
Deus (55.1-8)
Chamado à confiança em Deus Estrangeiros e eunucos preocupavam-se
(55.1-13) por achar que não receberiam uma parte das
Isaías chamou o povo a confiar em Deus bênçãos de Deus que ainda estavam por vir.
tendo em vista as suas bênçãos abundantes. De fato, certas passagens do Torá pareciam
Eles deveriam parar de gastar o seu dinheiro dar preferência para os nativos israelitas (Dt
em coisas que não trazem satisfação duradou 23.3,4). Mas Deus prometeu ricas bênçãos a
ra e investir suas vidas no relacionamento com ambos os grupos. Ele daria aos eunucos um
377
Descobrindo os Profetas
nome melhor que aquele de filhos e filhas. E salvação! Ele prometeu trazer o seu Espírito e
ele também acolheria os estrangeiros em sua reavivar o seu povo. Aqueles que temiam o
família. A fidelidade a Deus contava mais seu nome receberiam bênçãos, mas os seus
que a linhagem de sangue. inimigos sofreriam um julgamento rápido.
Essa passagem previu o anúncio de Paulo Paulo aplicou Isaías 59.20,21 à segunda vinda
de que crentes de todas as nações iriam tor de Cristo, quando o Senhor restaurará a justi
nar-se membros da família de Jesus Cristo (G1 ça e a santidade para sempre (Rm 11.26,27).
3.28,29). Talvez o eunuco etíope tenha sido um
prenuncio do cumprimento dessa profecia. O clím ax da restauração de Deus
(60.1-66.24)
Resumo dos pecados de Israel (56.9-
Nos capítulos restantes, as palavras do pro
57.21)
feta tornam-se mais emocionantes. Ele olhou
Isaías resumiu os pecados passados de Is adiante, para o dia em que o clímax da histó
rael. Cegueira espiritual, injustiça e idolatria ria redentora de Deus traria a vitória final para
haviam caracterizado a vida do povo. Mas ain o seu povo e a sua própria glória.
da outra vez, o profeta lhes deu esperança.
Não havia pecado que não pudesse ser purifi A glorificação de Sião (60.1-22)
cado pela graça de Deus. Mas aqueles que Isaías chamou a Sião redimida a levantar-
persistissem em sua iniqüidade jamais experi se e preparar-se para servir como instrumento
mentariam dessa graça. da bênção de Deus. Nações envoltas em tre
vas espirituais veriam a imensa luz espiritual e
Chamado à verdadeira retidão
iriam buscá-la em grande número, trazendo
(58.1-14) com elas suas riquezas. O Senhor proveria se
O povo se perguntava se Deus não havia gurança eterna para o seu povo e eles jamais
notado os seus jejuns. Deus respondeu que precisariam fechar os seus portões. Sua des
eles haviam jejuado por motivos impuros. Eles crição das nações unindo-se em adoração ao
haviam forçado seus empregados a continuar verdadeiro Deus prenuncia Apocalipse 7.9-
trabalhando excessivamente e ainda achavam 14, em que povos de todas as nações e tribos
que o mero jejum iria ganhar a aprovação de irão reunir-se ao redor do trono do Senhor e
Deus. Mas o Senhor desejava um jejum que adorá-lo.
tocasse no coração do povo e não apenas no
Ainda mais restauração do Senhor
estômago. Ele queria que eles se humilhas
sem perante ele e mostrassem seu arrependi (62.1-12)
mento por meio de atos de bondade e graça Os versículos 1-3 apresentam um outro re
para com o próximo. Então ele responderia ao trato de servo a quem Deus havia ungido e
seu jejum. sobre o qual estava o Espírito de Deus. O ser
Isaías também chamou o povo a honrar o vo tinha o ministério de anunciar as boas novas
sábado. Eles tratavam esse dia como qualquer e o consolo aos oprimidos. Ele proclamava que
outro, mas Deus os chamou a deixar de lado o o tempo de favor do Senhor estava próximo.
trabalho, descansar e meditar sobre ele. Mes Lucas 4.16-30 registra o cumprimento des
mo nos dias de hoje, Deus pede que separe sas palavras em Jesus. Quando ele estava na
mos um dia da nossa rotina normal para honrá- sinagoga em Nazaré, Jesus tomou um rolo do
lo e adorá-lo. livro de Isaías e leu as palavras que hoje cha
mamos de Isaías 61.1-3. Então, ele anunciou:
0 pecado de Israel e o livramento de “Hoje se cumpriu a escritura que acabais de
Deus (59.1-21) ouvir” (Lc 4.21). Muitos ficaram confusos so
Isaías descreveu a situação de Israel. O Se bre o que Jesus havia dito e outros ficaram
nhor era mais que capaz de salvá-los, mas seus bastante irados com ele. Mas de fato, as pala
pecados os haviam separado de Deus. Eles con vras haviam se cumprido. O dia da visitação
taminaram suas mãos com sangue e mentiram de Deus havia chegado ao mundo que vivia
enquanto seus pés iam rapidamente pelo ca cativo em pecado e Jesus tinha vindo para
minho da iniqüidade. Como resultado, a justi proclamar liberdade desse poder (Jo 10.10).
ça e a retidão haviam deixado aquela terra. Isaías também prometeu que o povo de
Deus respondeu a essa descrição da con Deus veria restauradas as suas ruínas antigas
dição desesperada do povo. Ele iria trazer a (61.4-11). Mais uma vez, os estrangeiros par-
378
Isaías 40-66
•yv • .'. ■
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento volve um coração humilde que resulta em um
mencionam o jejum. As pessoas algumas vezes se viver de santidade (Is 58.5-7).
abstêm da comida para buscar o favor de Deus Jejuar não garante que Deus vai responder
(2Sm 12.21), prantear os mortos (1Sm 31.13) ou nossas orações da forma como desejamos. O
marcar um dia trágico (Zc 7.5). Elas podem jejuar jejum nos ajuda, sim, a nos concentrarmos
individualmente (1 Rs 21.17) ou em grupos (Jn mais completamente nele.
3.5). Jesus falou sobre o jejum (Mt 6.16-18) e a O jejum não faz que ninguém amadureça es
; igreja primitiva o praticava (At 13.3). piritualmente. Não devemos fazer do jejum
O cristão de hoje deve jejuar? Se deve, quan um teste de maturidade espiritual ou menos
do e como? Eis algumas sugestões de diretrizes: prezar aqueles que decidem não jejuar.
Os cristãos que jejuam devem fazê-lo com pri
• As Escrituras não ordenam que o cristão jejue. vacidade e não para impressionar os outros
Entretanto, os cristãos podem decidir fazê-lo a (Mt 6.16-18).
fim de concentrarem-se completamente em
Deus por meio da oração e adoração.
• Jejuar é mais que ficar sem comer. O jejum en
ticipariam do processo de restauração. Isaías significa “Minha Delícia” e Beulah quer dizer
descreveu a bênção especial para Israel entre “Desposada”. Esses nomes podem não pare
as outras nações. Louvores e justiça brotariam cer muito bonitos para nós, mas o significado
perante todas as nações. deles certamente o é. O Senhor alegrou-se no
seu povo como o noivo alegra-se na sua noiva.
As bodas de Sião com Deus
Que retrato maravilhoso do amor de Deus!
( 6 2 . 1 - 12 )
Julgamento das nações
Isaías previu um grande casamento entre
o Senhor Deus e Sião, sua noiva. Sua profecia (63.1-6)
oferece um bonito quadro do amor de Deus Antes da salvação final, viria o julgamento
por seu povo, prenunciando as bodas de Deus de Deus. Ele iria tratar do pecado onde quer
com a Igreja (Ap 19.7-9). que o encontrasse. Sua vinda de Edom pode
Nos dias de hoje, a noiva normalmente indicar que Edom era um problema especial
adota o nome de seu marido. A mudança de para o povo de Deus naquele tempo. O povo
nome marca o começo de um novo relacio ouviria a profecia de Isaías e saberia que Deus
namento especial. Deus também tem nomes iria lidar com todos os seus inimigos.
escolhidos para a sua noiva (Is 62.4). Hephzibah Oração pela intervenção de Deus
(63.7-64.21)
A oração de Isaías pela intervenção de
Eunucos
Deus enfatizou a total e absoluta dependên
Torá
Premilenismo cia no Senhor por parte do povo. Quando ora
mos, confessamos a necessidade de que Deus
estenda sua mão sobre nossa vida e toque-a
de alguma forma. O profeta estava ciente de
Termos-chave que o povo de Deus havia falhado em relação
ao Senhor de muitas maneiras. Ainda assim,
Deutero-lsaías
sabia que a esperança de perdão estava ao
Trito-lsaías
seu alcance se eles se arrependessem. Ele im
Festival Akitu
plorou que Deus os restaurasse. Você ora com
freqüência pelo povo de Deus?
379
Descobrindo os Profetas
Sumário
Bênçãos para os servos de Deus seu pecado, ele daria a eles o castigo mereci
(65.1-25) do. Mas Deus iria criar novos céus e nova ter
Isaías 65 descreve mais bênçãos que o ser ra para os que fossem fiéis (vs. 17-25). Ale
vo do Senhor iria receber no reino vindouro gria, vida longa e segurança prevaleceriam
de Deus. Muitos ofenderam o Senhor com nesse novo mundo.
Quais são os argumentos oferecidos por 3. De que maneira Isaías 40-66 desenvolve
alguns intérpretes em favor do ponto de o tema do servo do Senhor? Quais são as
vista da múltipla autoria do livro de Isaías? características que melhor descrevem esse
Que evidências são usadas por outros servo?
para defender a visão da autoria única? 4. As palavras de Isaías referentes a gentios
De que forma os conceitos dos capítulos entrando para a família de Deus sugerem
40 e 42 são a fundação para o resto do que Deus tinha a intenção de que Israel
livro? Quais são as idéias-chave desses levasse a luz espiritual para eles. Quais res
capítulos? ponsabilidades você tem pessoalmente no
plano de Deus para alcançar o mundo?
380
Isaías 40-66
Leituras complementares
Oswalt, John N. The Book of tsaiah: Chapters 1-39. Webb, Barry G. The Message of Isaiah: On Eagle's
New International Commentary on the Old Testa Wings. Downers Grove: InterVarsity, 1996. Uma ex
ment. Grand Rapids: Eerdmans, 1986. Um comentá posição curta, porém rica em aplicações.
rio completo para o estudante avançado. Wolf, Herbert M. Interpreting Isaiah: The Suffering and
. The Book of Isaiah: Chapters 40-66. New Inter Glory of the Messiah. Grand Rapids: Zondervan,
national Commentary on the Old Testament. Grand 1985. Um livro texto em nível universitário que com
Rapids: Eerdmans, 1998. Um bom e completo co bina com estudo leitura fácil.
mentário evangélico para o estudante avançado. Youngblood, Ronald F. The Book of Isaiah: An
Motyer, J. Alec. The Prophecy of Isaiah: An Introduc- Introductory Commentary. 2- ed. Grand Rapids:
tion and Commentary. Downers Grove: InterVarsity, Baker, 1993. Uma exposição mais curta.
1993. Para o estudante avançado.
Alguns intérpretes sugerem que essa pas renascimento de Jerusalém que estava por vir.
premile-
sagem refere-se ao reino de Cristo aqui na Em um instante o Senhor traria a salvação!
nismo
terra depois que ele voltar (premilenismo). Mais uma vez, a restauração incluiria pessoas
Outros acreditam que devemos entender essa de todas as nações que se sujeitassem a Deus.
passagem como uma referência à vida eterna A idéia de gentios tornando-se parte do povo
no céu. Independente da forma como inter de Deus provavelmente pareceu estranha
pretamos esses versículos, podemos ver que para muitos judeus, mas Deus cumpriu a sua
Deus tem planejado um futuro maravilhoso palavra com o evangelho de Cristo que che
para os seus filhos (1 Co 2.9). gou até os gentios (Ef 2.11-18).
O livro de Isaías termina com um aviso
A conclusão final (66.1 -24) muito sério. Deus tem preparada uma con
O capítulo 66 amarra todas as profecias de clusão maravilhosa para a História, mas só
Isaías em uma grandiosa conclusão. O profe aqueles que pertencem a Cristo pela fé pode
ta começou descrevendo Deus como um so rão gozá-la. O resto sofrerá a ira de Deus. A
berano em busca de servos (vs. 1,2). Mesmo advertência de Isaías nos faz lembrar que o
tendo criado o universo, ele estendeu sua mão Santo de Israel nos chama a viver em santida
amorosamente àqueles que se humilharam de. Tal estilo de vida só vem mediante a obra
diante dele. Isaías descreveu o maravilhoso do Senhor em nossa vida.
381
Jeremias 1-20
Em conflito com o chamado
de Deus
Esboço
• Esboço
• Pano de fundo de Jeremias
• A mensagem de Jeremias
Deus chama Jeremias para servi-lo (1.1-19)
Jeremias descreve o triste estado de Judá Objetivos
(2.1-10.25)
Jeremias em conflito com o povo e com Deus Depois de ler este capítulo,
(11.1-20.18) você deve ser capaz de:
• Delinear o conteúdo de Jeremias 1-20.
• Discutir o pano de fundo de Jeremias.
• Resumir os detalhes do chamado de Jeremias
para o ministério.
• Descrever o estado em que Jeremias encon
trou Jerusalém.
• Comparar os ídolos com Deus da mesma
forma como Jeremias os comparou.
383
Descobrindo os Profetas
se desviado daquela devoção inicial a ele! Seus sastre. O pecado do povo havia corrompido o
ancestrais logo esqueceram-se do Senhor e seu coração. A sua rebelião traria o julgamen
seguiram a outros deuses. Os líderes de Israel to de Deus.
— sacerdotes, profetas e governantes — par  medida que Jeremias foi descrevendo o
ticiparam da rebelião espiritual e ignoraram a julgamento de Judá, ele sentiu a angústia de
graça de Deus. Deus (4.19-22). O profeta amava seu povo e
A geração de Jeremias havia seguido o seu país e não queria ver a calamidade. Ainda
péssimo exemplo deixado por seus ancestrais. assim, ele admitia que seu povo não tinha ne
Eles haviam feito dois grandes males (2.13). nhum entendimento espiritual. Ele estreme
Primeiro, haviam afastado-se de Deus, a fon ceu ao ponderar sobre a grande ira de Deus.
te de tudo o que eles tinham, “sua fonte de Deus desafiou Jeremias a encontrar uma
água viva”. Em segundo lugar, eles haviam única pessoa justa em Jerusalém (5.1). O povo
substituído seu relacionamento com Deus pela professava sua fé em Deus, mas não vivia de
adoração a ídolos. Jeremias comparou seus acordo com os seus caminhos. Tanto líderes
ídolos a cisternas quebradas que não segura quanto pessoas comuns transgrediam suas leis
vam a água. O Senhor havia libertado o seu e adoravam ídolos. O coração obstinado da
povo para servi-lo, mas eles insistiam em ado quele povo os havia convencido de que Deus
rar os deuses de outras nações. jamais iria julgá-los. Deus advertiu o seu povo
Jeremias também comparou a idolatria do que ele traria uma nação estrangeira para jul
povo à prostituição. Judá era a esposa infiel de gar o seu pecado (5.18,19). Eles haviam ado
Deus, que se desonrava com outros amantes. rado os deuses de outras nações e, logo, eles
Ela afastou-se do Senhor — seu verdadeiro serviriam esses deuses em terra estrangeirai
marido — para seguir Baal. Ela possuía tantos Jeremias expressou sua frustração — nin
deuses quanto cidades (2.28)! guém queria dar ouvidos às suas advertências
O povo queria ter a liberdade de pecar e (6.9-15)! A corrupção estava por toda a parte
ainda gozar as bênçãos de Deus. Eles ignora na sociedade. Os líderes garantiam ao povo
vam a disciplina do Senhor e continuavam a que tudo estava bem, mas isso não era verda
buscar outros deuses. Deus segurou a chuva e de. O povo se recusava a seguir os manda
lançou outras nações contra Judá, mas eles mentos de Deus ou ouvir os profetas do Se
persistiram em sua rebelião. O povo rejeitava nhor. Judá estava em uma encruzilhada espi
a Lei de Deus e oprimia os pobres e inocentes. ritual. Eles escolheriam o caminho da vida ou
da morte?
Uma história de duas irmãs
(3.6-4.4) Adoração pública sem valor
Jeremias comparou Israel e Judá a duas ir (7.1-8.3)
mãs. Israel tinha agido de maneira perversa e Os estudiosos da Bíblia acreditam, de um
por isso o Senhor a havia enviado para o exí modo geral, que Jeremias pregou essa mensa
lio. Mas Judá, a irmã de Israel, não tinha apren gem em 609 a.C. por causa de sua ligação
dido nada com isso, mostrando ser ainda mais próxima com 26.1-24.3 Diante dos portões do
infiel que sua desafortunada irmã! templo, Jeremias viu muitas pessoas passando.
Apesar dessas palavras severas, Deus pro Elas acreditavam que suas palavras vazias iri
meteu bênçãos se o povo se arrependesse. Ele am salvá-los — “Templo do Senhor, templo
ordenou que eles abandonassem os seus ído do Senhor, templo do Senhor é este!” (7.4).
los e se comprometessem totalmente com ele. Em 2 Samuel 7, Deus havia feito uma alian
O arrependimento teria que vir do mais pro ça com Davi e prometido estabelecer o trono
fundo do seu coração. Nos dias de hoje, Deus de Davi para sempre. Davi compreendeu que
ainda espera comprometimento sincero com Deus ainda exigia fidelidade dele e de seus
seus filhos. Arrependimento e fé parciais não filhos (lR s 2.3,4), mas as gerações que vieram
têm lugar no serviço do Senhor. depois não levaram isso em consideração. O
povo supunha que os descendentes de Davi
Problemas vindos do norte iriam governar para sempre e que as bênçãos
(4.5-6.30) de Deus estariam sobre Jerusalém e o templo,
Jeremias intensificou suas palavras de jul não importando a forma como Judá vivesse.
gamento. Os líderes de Judá entrariam em Eles enfatizavam demais a aliança com Davi
pânico e não seriam capazes de impedir o de e negligenciavam por completo as exigências
386
Jeremias 1-20
As ruínas de
Siló. Jeremias
desafiou o povo
a pensar no que
havia
acontecido em
Siló, a cidade
que um dia
tinha sido a sede
do tabernáculo.
da aliança mosaica. Deus devia abençoá-los, te ou trabalham para sua igreja. Mas Jeremias
não devia? Afinal de contas, estavam em Je adverte que, sem fé, até as atividades mais
rusalém, adorando no templol importantes da igreja são rituais vazios. Deve
Jeremias confrontou essas falsas esperan mos colocar toda a nossa confiança no Se
ças do povo. Como podiam roubar, matar, co nhor e nunca em pessoas ou coisas.
meter adultério, fazer falsos juramentos e pra
ticar a idolatria e depois ir ao templo do Se Traição, problemas e lágrimas
nhor, dizer algumas “palavras mágicas” e es ( 8 .4 - 1 0 .2 5 )
perar receber suas bênçãos? Eles não podiam! O Senhor se espantava com a perversida
Palavras vazias não iriam salvar Jerusalém! de de Judá. Os animais observavam as leis
Jeremias desafiou o povo a mostrar sua fé por que Deus havia lhes dado, mas não o povo de
meio da obediência aos mandamentos de Deus. Em vez disso, agiam como se nunca
Deus. Quando Deus visse a mudança no co tivessem nem ouvido falar das leis de Deus!
ração do povo, então ele voltaria a abençoar Os profetas e sacerdotes buscavam o seu pró
aquela nação. prio benefício enquanto diziam ao povo que a
Jeremias desafiou o povo a considerar o paz e a prosperidade iriam durar para sempre.
destino de Siló, a cidade onde, um dia, tinha Jeremias compartilhava da agonia do Se
ficado o tabernáculo. O Senhor trouxe julga nhor pela falta de entendimento do povo. O
mento sobre Siló por causa de sua iniqüidade que mais o Senhor poderia fazer? O que seria
(7.12), e poderia fazer o mesmo com Jerusa preciso para curar Sião? Será que ninguém
lém. Deus não precisava ter sua casa de ado percebia o motivo para toda a calamidade de
ração em uma determinada cidade. Judá? Mais uma vez, o profeta proclamou a
Deus instruiu Jeremias a parar de orar pelo verdade — o povo havia transgredido a Lei
povo. Sua perversidade havia se tornado im de Deus e, portanto, estava passando por ad-
pensável — eles estavam sacrificando os seus versidades na forma de secas e grandes fo-
filhos aos deuses! O Senhor prometeu man mes. Se eles não se voltassem para Deus, ele
dar um julgamento tão terrível quanto os seus iria espalhá-los entre as nações. Jeremias cha
pecados. Ele iria transformar seus santuários mou Judá a apegar-se à sabedoria de Deus,
pagãos em lugares de matança e dar suas car pois só então a nação teria motivos para se
cassas para as feras do campo. orgulhar.
Muitas pessoas hoje em dia confiam em Jeremias fez fortes comparações entre os
seus rituais para sentir segurança. Elas acham ídolos de Judá e o Senhor Deus. Os ídolos
que Deus vai aceitá-las porque são batizadas, eram obras das mãos do povo. Trabalhadores
freqüentam uma igreja, dão ofertas fielmen haviam derrubado árvores e entalhado nelas
387
Descobrindo os Profetas
as devidas formas. Eles apoiavam os ídolos de vez por todas! Mas o Senhor assegurou Jere
modo que se mantivessem de pé. Artesãos mias de que iria cuidar daquela situação. Os
haviam decorado os ídolos com prata, ouro e inimigos do profeta não prevaleceriam.
pedras preciosas. Mas os ídolos não tinham Jeremias também meditou sobre a justiça
poder para fazer nada. Contrastando com clcs, de Deus — por que os ímpios prosperam? Eles
o Senhor Deus governava como Rei das na não honraram a Deus de forma alguma e ain
ções. Ele havia criado o mundo e o sustenta da assim têm uma vida cheia de regalias. Je
do com sua sabedoria e poder. Um dia, os ído remias pediu a Deus que punisse os ímpios
los iriam se desintegrar, mas Deus reinaria severamente, mas Deus o alertou para que
para sempre. ele não ficasse cansado ou desencorajado, pois
Jeremias pranteou o triste estado espiritual seu ministério estava apenas começando!
de Judá (10.17-25). Ninguém poderia curar
Três sinais de julgamento
as feridas de Judá. Um inimigo logo tornaria a
(13.1-27)
nação em uma terra desolada.
Deus muitas vezes ordenou que seus pro
Jeremias em conflito com o fetas realizassem certos atos simbólicos que
povo e com Deus (11.1-20.18) tinham uma aplicação espiritual para o povo.
Jeremias 11-20 contém o que muitos in Ele instruiu Jeremias a comprar um cinto de
térpretes chamam de “confissões de Jeremias”. linho e escondê-lo no meio de algumas pe
dras do rio. O hebraico pode estar referindo-
Muitas das orações pessoais e queixas do pro
se ao Eufrates, há centenas de quilômetros de
feta para Deus estão nestes capítulos (11.18-
distância ou ao FARÁ, um lugar a poucos qui
20; 12.1-6; 15.10-21; 17.14-18; 18.18-23; 20.7-
lômetros de Anatote (Js 18.23).4 Depois de
18). Jeremias muitas vezes lutava com o povo
algum tempo, Deus ordenou que Jeremias
que não queria ouvir suas palavras e por isso
fosse buscar o cinto. Quando o profeta o en
ele era escarnecido e perseguido, mas algu
controu, o cinto estava arruinado por ter fica
mas vezes, Jeremias também entrava em con
do enterrado.
flito com Deus. Será que o Senhor não via a
O Senhor disse que seu povo era como
sua dor? Por que Jeremias tinha que sofrer
aquele cinto. Ele havia ficado perto deles,
tanto para alcançar tão poucos resultados po
mas eles haviam se distanciado dele e segui
sitivos? Jeremias 11-20 destaca muitos dos
do a outros deuses. Eles haviam exposto suas
conflitos de Jeremias enquanto ele procurava
vidas às influências pagãs e essas influências
entender qual era o seu lugar nos propósitos
tinham feito com que eles perdessem seu
de Deus.
valor espiritual.
Lidando com conspirações Nos dias de hoje, muitas pessoas professam
(11.1-12.17) conhecer a Cristo, mas suas vidas refletem
idéias ou práticas que são contrárias ao Cristi
Deus havia confirmado sua aliança com anismo. Se permitirmos que tais atitudes e
Israel quando ele conduziu o povo para fora comportamentos entrem em nossas vidas, nos
do Egito, através do deserto e até a terra que sa fé cristã irá sofrer. O Senhor nos chama a
ele havia prometido aos seus ancestrais. Mas o submeter nossa vida toda a ele e dar atenção
povo de Deus freqüentemente se rebelava às coisas que o agradam (Fp 4.8; Cl 3.1-3).
contra a sua autoridade. O Senhor já havia Jeremias, então, ordenou que o povo en
suportado diversas gerações de desobediên chesse seus jarros de vinho. Assim como o vi
cia. Ele advertiu que não iria tolerar muito nho pode levar à embriaguez, assim o Senhor
mais, porém Judá deu continuidade aos pe estava colocando uma embriaguez espiritual
cados das gerações anteriores. Mais uma vez, sobre Judá. Deus não teria compaixão de seu
Deus instruiu Jeremias para que não orasse povo quando eles sofressem as conseqüências
pelo povo. Ele os perdoaria apenas se eles ver do pecado.
dadeiramente se arrependessem. Jeremias implorou para que o povo ouvisse
Jeremias então ficou sabendo que seus ini o aviso de Deus. Todos seriam humilhados —
migos estavam conspirando contra ele (11.18- até mesmo os governantes. Mas o pecado ha
23). O povo de Anatote, sua cidade natal, via endurecido o coração do povo. Eles não
havia ordenado que ele não mais profetizas queriam e não iriam mudar sua condição pe
se. Agora, estavam tentando calá-lo de uma caminosa.
Jeremias 1-20
mmm
O pluralismo e o cristão
Judá fazia fronteira com diversos outros rei Devemos tentar ganhar outros para Cristo e
nos, e cada um tinha suas próprias idéias religi ajudá-los a crescer em sua fé. Também devemos
osas. Judá logo adotou muitas das práticas des procurar promover os princípios cristãos de justi
ses reinos e começou a adorar os seus deuses. ça social para que, tanto quanto possível, nossa
Judá tornou-se uma sociedade pluralista, com sociedade reflita uma perspectiva cristã.
pontos de vista religiosos conflitantes conviven Em segundo lugar, os cristãos devem evitar a
do lado a lado. transigência espiritual em relação à outras cren
O mundo de hoje tem muitas semelhanças ças. Devemos respeitar o direito de outros de
com a antiga Judá. Existem muitas crenças não- acreditar no que desejarem, mas não devemos
cristãs e alguns desses grupos nos encorajam a nos atrever a "diluir" a nossa fé cristã.
participar de suas atividades. Qual deve ser nossa Israel começou a aceitar a idolatria e logo o
reação diante de tal pluralismo? povo também a estava praticando. Os crentes de
Em primeiro lugar, os cristãos devem buscar vem lutar para causar um impacto para Cristo no
ter um impacto na sociedade para Jesus Cristo. mundo e, ao mesmo tempo, evitar comprometer
Jesus disse que devemos ser luz para o mundo e a verdade do evangelho.
brilhar levando adiante a verdade (Mt 5.14-16).
Sumário
390
Jeremias 1-20
wKÊÊiHÊÊmiKÊÊÊtÊKiÊÊÊÊÊÊÊmÊKÊmmÊiÊÊmÊÊmÊKmmmmmmÊÊmtmmÊÊÊÊmÊÊÊÊÊÊÊiÊÊÊÊÊÊÊmmmmmmm
1. 0 que o livro de Jeremias revela sobre 3. Você acha que Jeremias tinha o direito
o próprio profeta? Mesmo quando de reclamar tanto para Deus? De que
Jeremias sofreu oposição ele conti maneira você acha que Deus usou as
nuou dentro da vontade de Deus reclamações na vida do profeta?
para sua vida? Deus algumas vezes
4. Que lições Jeremias tirou da casa do
ainda chama pessoas nos dias de hoje
oleiro?
para sofrer por sua causa?
5. Jeremias reclamava, mas também
2. De que forma o povo defendeu suas
confiava. Quando você abre o seu
atitudes durante os últimos dias de
coração para Deus, você irá confiar
Judá? Por que foi tão difícil para Jere
nele da mesma forma quando ele
mias convencê-los de seu pecado?
responder?
Leitoras compEementares
Brueggmann, Walter. To Pluck Up, To Tear Down: A Commentary. Downers Grove: InterVarsity, 1973.
Commentary on the Book of Jeremiah 1-25. Inter Um comentário em nível universitário médio.
national Theological Commentary. Grand Rapids/ Thompson, J. A. The Book of Jeremiah. New Internatio
Edimburgo: Eerdmans/Handsel, 1988. Uma exposi nal Commentary on the Old Testament. Grand Ra
ção e aplicação teologicamente rica. pids: Eerdmans, 1980. Para o estudante mais sério.
Harrison, R. K. Jeremiah and Lamentations: An Intro-
duction and Commentary. Tyndale Old Testament
391
Descobrindo os Profetas
• Esboço
• A mensagem de Jeremias
continua (21.1-52.34)
Jeremias desafia governantes e profetas
(2 1 .1 -2 9 .3 2 )
O Livro do Consolo (30.1 -3 3 .2 6 )
Objetivos
O fracasso da liderança de Jerusalém Depois de ler este capítulo,
(3 4 .1 -3 9 .1 8 ) você deve ser capaz de:
Jerusalém depois da queda (4 0.1 -4 5.5 ) • Delinear os capítulos 21-52 de Jeremias.
Profecias sobre as nações (46 .1 -5 1 .6 4) • Descrever como Jeremia desafiou os
A queda de Jerusalém é revista (52.1-34) governantes e profetas.
393
Descobrindo os Profetas
antes que o Faraó Neco o depusesse e levasse pecado onde quer que o encontrasse! Beber
cativo para o Egito (2Rs 23.31-34). O profeta do cálice de Deus simbolizava receber a ira
então denunciou a Jeoaquim, o sucessor de de Deus (Ob 16; Mt 26.39,42). As nações
Salume outro filho de Josias (22.13-23). Josias receberiam o castigo completo por sua per
havia servido ao Senhor fielmente, mas Jeoa versidade.
quim não tinha seguido o exemplo justo de Oito anos depois dessa profecia — em 597
seu pai! Jeremias declarou que Jeoaquim te a.C. — Nabucodonosor levou o rei Jeoaquim
ria uma morte desgraçada e receberia o en e muitos outros oficiais judeus para as prisões
terro de um jumento (22.19). da Babilônia. Ele também colocou Zedequias,
Jeconias, o filho de Jeoaquim, em breve um outro filho de Josias, no trono e deu a
sofreria por causa da perversidade do seu pai Judá mais uma chance de se submeter ao
(22.24-30). Nabucodonosor o levou para a Ba governo da Babilônia. O Senhor usou essa
bilônia, onde ele passou trinta e sete anos na ocasião para dar a Jeremias uma outra men
prisão (2Rs 24.10-15; 25.27-30). sagem profética.
Os outros líderes de Judá só se preocupa Deus mostrou a Jeremias dois cestos de fi
vam consigo mesmos, mas Deus prometeu que gos — um bom e outro ruim. Os figos bons
um dia levantaria um líder que iria estabelecer representavam os exilados na Babilônia, os
justiça na terra (23.5,6). Jesus Cristo começou quais Deus iria proteger, abençoar e, um dia,
a estabelecer esse reinado em sua primeira vin restaurar. Mas os figos ruins simbolizavam
da e irá completar a obra quando voltar. Zedequias e aqueles que haviam permaneci
do em Jerusalém. Esse grupo de infiéis morre
Jeremias repreende os profetas e ria pela espada, fome ou doença.
seus ouvintes (23.9-40)
Jeremias lutou com freqüência contra fal
Jeremias confronta o povo (26.1-24)
sos profetas. Esses homens garantiam ao povo Enquanto Jeremias estava do lado de fora
que Deus iria abençoar Judá para sempre, mas do templo, ele desafiava os que por ali passa
suas palavras não vinham do Senhor. Alguns vam a mudar seus caminhos. Como Deus po
chegavam a falar em nome de Baal e encora deria declarar de maneira mais clara a sua
javam os perversos a continuar pecando (vs. preocupação? Deus havia destruído Siló, a
13,14). Mesmo nos dias de hoje, muitos tole antiga cidade do tabernáculo, como forma
ram todo o tipo de perversidade em vez de de julgamento pela perversidade de Israel. Je
mudar o seu estilo de vida. remias advertiu que Jerusalém logo teria o
Os sacerdotes também agiam corrupta mesmo destino.
mente e desgraçavam o templo. Eles afirma As palavras ásperas de Jeremias deixaram
vam falar em nome do Senhor, mas na reali os ouvintes irados e muitos gritaram pedindo
dade proferiam mentiras. Jeremias implorou sua morte. Como ele se atrevia a falar contra
para que o povo não desse ouvidos aos falsos Jerusalém e o templo? Mas Jeremias mante
sacerdotes e profetas que pervertiam a pala ve-se firme, avisando o povo que, se eles o
vra de Deus. O Senhor iria punir aqueles que matassem, teriam sangue inocente em suas
se atrevessem a falar falsamente em seu nome! mãos.
Outros defenderam Jeremias. Ele estava
Jeremias descreve a ira de Deus
apenas proclamando a mensagem de Deus
(2 4 .1 -25 .38 ) — exatamente como era esperado de um pro
Em 605 a.C., Nabucodonosor tomou-se rei feta! Lembraram-se de Miquéias, o profeta
da Babilônia. N o mesmo ano, Jeremias mais que havia proferido palavras fortes contra Je
uma vez advertiu o povo sobre os problemas rusalém um século antes, mas ninguém o ha
que estavam por vir (25.1-14). O Senhor ha via castigado. Aliás, suas palavras tinham leva
via preparado o seu instrumento — Nabuco do o rei Ezequias e o povo ao arrependimento.
donosor! Os judeus passariam por setenta anos Se Miquéias não havia cometido nenhum cri
de exílio e, só então, eles poderiam esperar por me, como o povo podia acusar Jeremias?
livramento. Deus revelou pela primeira vez
quanto tempo o povo teria que sofrer no exílio Jeremias usa um jugo (27.1-28.17)
por causa de seu pecado. N o começo do reinado de Zedequias, Deus
Deus também não havia se esquecido das instruiu Jeremias para que usasse um jugo para
outras nações (25.15-38). Ele iria tratar do simbolizar a futura sujeição de Judá à Babilô
395
Descobrindo os Profetas
nia. Deus colocaria todas as nações sob o jugo Israel volta para a terra e para Deus
de Nabucodonosor; qualquer nação que re ( 3 0 .1 - 3 1 .4 0 )
sistisse, pereceria.
Deus prometeu restaurar o seu povo do ca
Jeremias continuou a confrontar os falsos
tiveiro. Ele mandou que Jeremias escrevesse
profetas, que insistiam que nenhum desastre
a profecia como forma de testemunho. Ou
viria. Ele implorou ao rei e seus oficiais que
tros profetas também escreveram palavras de
não dessem ouvidos a eles. A sujeição à Babi
Deus para que as futuras gerações pudessem
lônia iria salvar vidas, mas se o povo resistisse,
ver a sua fidelidade (Hb 2.2,3).
Nabucodonosor destruiria Jerusalém.
O povo de Deus ainda teria dias terríveis
Hananias era um desses falsos profetas. Em
pela frente. Se não fosse pela intervenção di
594 a.C. ele declarou que Deus logo livraria
vina, eles jamais se recuperariam do seu peca
as nações do jugo da Babilônia (28.1-4). Jeoa
do. Os deuses estrangeiros nos quais eles ti
quim e todos os exilados voltariam em dois
nham confiado haviam se mostrado sem va
anos. De maneira dramática, Hananias to
lor. Tratados com outras nações também não
mou o jugo que Jeremias estava usando e o
trouxeram nada além de problemas.
quebrou, simbolizando como Deus iria que
Ainda assim, Deus amava o seu povo e
brar o poder da Babilônia.
prometeu salvá-los. Ele iria saquear as nações
Mas Hananias falava apenas daquilo que
que os saqueassem e levantaria seu povo a
ele esperava que acontecesse, e não a verda
novos patamares de bênçãos. Ele também pro
de de Deus. Ele convenceu muitas pessoas a
confiarem em uma mentira, uma mentira meteu restaurar a linhagem de Davi (30.9),
muito séria e pela qual ele pagaria com sua uma promessa que espera pelo seu cumpri
vida. Dois meses depois, esse falso profeta es mento final em Jesus Cristo (Lc 1.32,33). Deus
tava morto. julgou a Assíria, Babilônia e outras nações que
oprimiram o seu povo, mas a Bíblia adverte
Jeremias escreve para os exilados sobre o dia em que Deus irá julgar os seus
(2 9 .1 -3 2 ) inimigos para sempre (Ap 20.11 -15).
Pouco depois do exílio de Jeoaquim, Jere Deus estava decidido a honrar sua aliança
mias mandou uma carta para os judeus na com o povo (31.3). Ele transformaria o seu
Babilônia. Falsos profetas estavam, de fato, pranto em alegria e celebração. Quando en
assegurando o povo de que o exílio logo esta frentamos situações difíceis — fases que nos
ria terminado! Mas Jeremias pediu ao povo levam ao desespero e à tristeza — precisamos
que construísse casas, plantasse jardins, crias nos lembrar de que Deus conhece a nossa
se famílias e orasse pelo bem da Babilônia, dor. Devemos levar nossas preocupações a ele
pois eles não voltariam tão logo. Ele reafirmou em oração, pois ele prometeu trabalhar na vida
o prazo que Deus havia lhe revelado (25.12) de seus filhos de acordo com os seus grandes
— setenta anos! propósitos (Rm 8.28; Fp 2.13).
Jeremias citou o nome de vários falsos pro A nação sentiu a agonia do exílio — ela
fetas que estavam levando o povo pelo cami havia perdido seus filhos para o conquistador
nho do erro enquanto falavam em nome de inimigo (31.15) Mas o amor obstinado de Deus
Deus. A sentença de morte que o Senhor por seu povo iria triunfar sobre a tragédia! Deus
colocou sobre eles acabaria provando que havia escolhido Jeremias para proclamar pa
eram falsos profetas. lavras de julgamento e bênção (1.10), mas até
então, o profeta havia falado principalmente
O Livro do Consolo (30.1-33.26) de julgamento.
Estudiosos da Bíblia referem-se a Jeremias Jeremias também relatou que Deus estava
30-33 como o “Livro do Consolo” ou o “Livro fazendo uma nova aliança com seu povo
da Consolação”.1 As profecias de Jeremias (31.31-34). Depois que Deus conduziu o seu
muitas vezes continham palavras fortes con povo para fora do Egito até o Sinai, ele confir
tra o povo de Deus que vivia em pecado; pa mou a aliança com eles, prometendo abençoá-
recia que Deus havia desistido de Judá. Mas los e guiá-los enquanto vivessem em fiel obe
o Livro do Consolo proclamava uma mensa diência a ele. Mas nos séculos seguintes, Is
gem emocionante — Deus não havia aban rael quebrou a aliança muitas vezes apesar da
donado o seu povo. Um glorioso futuro viria fidelidade de Deus. Jeremias prometeu que
após o seu julgamento. essa nova aliança seria diferente.
396
Jeremias 21-52 e Lamentações
Um pequeno
campo próximo
a Jerusalém.
Durante o cerco
de Jerusalém, o
Senhor instruiu
Jeremias a
comprar um
campo que
Hananel, primo
do profeta,
estava
vendendo.
Parte de um
relevo assírio. As
forças assírias
avançam em
Laquis.
Zedequias era entregar-se, mas o rei temia Nabucodonosor permitiu que os pobres da
represálias de seus próprios cidadãos. Conse terra ficassem lá, tendo em vista que os pobres
qüentemente, Zedequias não fez nada e Je ofereciam pouca ameaça de revolta. Jeremias
remias continuou prisioneiro do rei até a que recebeu sua liberdade e escolheu ficar em
da de Jerusalém. Judá entre os pobres. Imaginem como o profe
Quando compartilhamos nossa fé, também ta se sentiu quando viu suas palavras proféti
vamos encontrar aqueles que, como Zede cas tornarem-se realidade. Ele havia adverti
quias, estão dispostos a ouvir, mas hesitam em do o povo de Deus durante quarenta anos;
pôr as palavras em prática. Outros, como Jeoa agora era tarde demais.
quim, podem ser ostensivamente contrários a
nós. Em tais situações, não podemos mudar a Jerusalém depois da queda
verdade, mas apenas permanecer pacientes. (40.1-45.5)
Em vez de discutir e argumentar, devemos Problemas internos (40.1-41.18)
orar ao Senhor para que ele conduza essas
Nabucodonosor apontou Gedalias, filho de
pessoas ao arrependimento.
um oficial judeu (26.24; 40.5) para governar
Jerusalém paga um trágico preço Judá. Gedalias suplicou ao povo para que fi
(39.1-18) casse na terra e servisse fielmente à Babilônia.
Oficiais de Judá advertiram Gedalias de
A terrível hora sobre a qual Jeremias havia
que inimigos estavam ameaçando sua vida,
profetizado tinha finalmente chegado. Os ba
mas Gedalias não acreditou nos avisos. Não
bilônios conseguiram passar pelos muros de
demorou para que ele pagasse com sua vida.
Jerusalém e capturaram a cidade. Zedequias Ismael, um filho da casa real, o matou e ele e
e seus oficiais tentaram fugir, mas as forças da seus homens fugiram para Amom, levando
Babilônia os capturaram e levaram o rei de com eles muitos cativos. As forças de Judá
Judá para encarar o seu conquistador. resgataram os cativos, mas Ismael escapou.
Nabucodonosor não teve piedade e pren
deu o rei, conduzindo-o em correntes até a Problemas no Egito (42.1-43.13)
Babilônia. A última coisa que Zedequias viu Ao ver que estava diante de problemas sérios
foi a morte de seus filhos. Nebuzaradã, o capi com a Babilônia, o povo buscou o conselho de
tão da guarda, supervisionou a destruição de Jeremias. Eles chegaram a prometer que fari
Israel. Tudo aquilo em que o povo de Deus am tudo o que o Senhor ordenasse. Mas quan
havia confiado transformava-se em ruínas do Jeremias lhes disse que Deus queria que
chamuscadas. eles ficassem na terra, eles rejeitaram o seu
399
Descobrindo os Profetas
conselho! Apesar dos avisos de Jeremias de acabaria com as esperanças daqueles que con
que Deus iria julgá-los por sua desobediência, fiavam no Faraó e nos deuses do Egito. As
um grupo grande fugiu para o Egito, levando Crônicas da Babilônia, um antigo registro his
Jeremias e Baruque com eles. Mesmo no Egi tórico, relatam que Nabucodonosor invadiu
to, Jeremias continuou a profetizar. Deus usa o Egito em 601 a.C.2 Ambos os lados sofreram
ria a Babilônia para julgar o Egito também e, muitas perdas.
quando ele o fizesse, os judeus que estives
sem vivendo no Egito iriam passar pelos horro Filístia (47.1-7)
res da conquista novamente. Os filisteus também sentiram a ira de Deus.
As palavras de Jeremias sobre Gaza podem
0 povo não aprende com a História referir-se à investida de Neco sobre Judá em
(44.1-45.5) 609 a.C. quando ele matou Josias (2Rs
Jeremias desafiou o povo a aprender com o 23.29,30), à sua investida de 601 a.C. a cami
passado. Durante gerações, Deus havia su nho de se encontrar com Nabucodonosor ou,
portado sua idolatria e rebelião e, finalmente, talvez, a um ataque posterior comandado por
tinha os enviado para o exílio. Jeremias adver Hofra (588-568 a.C.) aproximadamente na
tiu seus ouvintes de que a idolatria do Egito mesma época da queda de Jerusalém (Jr 37.5) .3
traria as mesmas conseqüências amargas. Talvez Deus tenha usado tanto forças da Ba
Nabucodonosor iria visitar o Egito assim como bilônia quanto do Egito para julgar a Filístia.
havia feito com Judá!
Moabe (48.1-47)
Mas os ouvintes de Jeremias interpretaram
as evidências históricas de maneira diferente. Os moabitas eram descendentes de Ló,
Eles acreditavam que o fato de terem dado sobrinho de Abraão (Gn 19.36,37) e viviam a
ouvidos a Jeremias é que havia lhes causado leste do Mar Morto. O orgulho era o cerne dos
problemas e prometeram continuar fazendo problemas de Moabe, talvez porque o país ti
sacrifícios para os seus ídolos do Egito. Mesmo vesse encarado pouca hostilidade por parte
nos dias de hoje, muitas pessoas negam a ver das grandes potências (48.7,11,29,30). Nabu
dade de Deus e continuam em sua rebelião. codonosor conquistou Moabe e sua vizinha
Amom algum tempo depois da queda de Je
Profecias sobre as nações (46,1- rusalém. Josefo, o historiador judeu, sugere o
51.64) ano de 582 a.C.4
Como muitos outros profetas, Jeremias1fa A lista detalhada que Jeremias faz das ci
lou de profecias sobre outras nações. O poder dades de Moabe dá a entender que o julga
de Deus não se limitava às fronteiras de Judá. mento seria extenso. Até mesmo Quemos,
Ele controlava todas as nações e também iria principal deus dos moabitas, foi para o exílio
julgá-las pelo seu pecado. com aqueles que o adoravam. Ainda assim, o
Senhor ofereceu alguma esperança para a
Egito (46.1-28) restauração de Moabe (48.47), talvez durante
Em 605 a.C., quando o exército babilônio a era messiânica.
avançava para o oeste, o Egito foi para o nor
te, para dentro da Síria, em tentativa de parar Amom (49.1-6)
o invasor. Em Carquemis, as forças de Nabu Os amonitas também eram descendentes
codonosor alcançaram uma vitória decisiva e de Ló (Gn 19.36,38) e viviam a leste do Jor
estabeleceram-se como potência dominante dão. Lutavam com freqüência contra o povo
do mundo antigo. Jeremias usou a ocasião para de Deus e tratavam-no com crueldade (ISm
anunciar o julgamento do Egito. O Egito so 11.1,2; 2Sm 10.1-4; Am 1.13). Deus anun
breviveria, mas somente depois de sentir a ira ciou que também arrasaria com seu orgulho,
de Deus. apesar de Jeremias ter indicado alguma espe
Deus prometeu usar Nabucodonosor para rança de restauração.
atacar o Egito. Durante séculos, a localização
do Egito havia lhe oferecido uma certa segu Edom (49.7-22)
rança natural. Os exércitos da Mesopotâmia Os edomitas eram descendentes de Esaú, o
tinham que atravessar longas distâncias e lu irmão de Jacó (Gn 36.1) e tornaram-se gran
tar muitas batalhas antes de chegar lá. Mas des inimigos (Am 1.11,12; Ob 10-14). Usando
dessa vez, o Egito não escaparia. O Senhor palavras como as do profeta Obadias, (ver Jr
400
Jeremias 21-52-e Lamentações
A esfinge, no
Cairo. Como
outros profetas.
Jeremias
profetizou
sobre outras
nações,
incluindo o
: : :
Egito.
401
Descobrindo os Profetas
Sumáro©
Pano de fundo de Lam entações com beth, a segunda letra e assim por diante
acrosticos
Estudiosos diferem em suas opiniões sobre ao longo de todo o capítulo. Os capítulos 1, 2
o autor de Lamentações.9 O título “Lamen e 4 seguem esse padrão. O capítulo 3 tem ses
tações de Jeremias” aparece em muitas Bí senta e seis versos — vinte e dois grupos de
blias, refletindo as antigas tradições judaicas três. Nesse capítulos, cada letra dá início a
e cristãs. Além disso, sabemos que Jeremias três versos. Apesar de ter vinte e dois versícu
escreveu outros lamentos (2Cr 35.25) e que los, o capítulo 5 não é um acróstico.
Quem quer que tenha escrito Lamenta
ele testemunhou a queda de Jerusalém. Os
ções, provavelmente escreveu a obra pouco
livros de Lamentações e Jeremias também
contêm muitos temas semelhantes e o con depois de 587 a.C. O livro reflete a tristeza de
junto desses fatos aponta para Jeremias como alguém que ainda estava angustiado com as
cenas nítidas da queda de Jerusalém.
o autor.
Alguns estudiosos, porém, sugerem que A m ensagem de
Jeremias não escreveu o livro. Eles acredi Lam entações
tam que os estilos literários de Lamentações
e Jeremias são diferentes demais. Além dis O lamento de Jerusalém (1.1-22)
so, o livro não especifica que Jeremias é seu Três contrastes descrevem a tristeza de Je
autor. rusalém. Primeiro, a cidade que um dia este
O livro de Lamentações contém uma série ve cheia de pessoas agora está deserta. Se
de acrósticos ou poemas alfabéticos. O alfa gundo, a comunidade que antes havia goza
beto hebraico tem vinte e duas letras, e cada do sua grandeza agora sentia a dor de uma
letra começa um novo verso. Lamentações viúva. Terceiro, a princesa das cidades havia
1.1 começa com aleph, a primeira letra do al tornado-se uma escrava. Jerusalém chorava
fabeto hebraico. Lamentações 1.2 começa amargamente, mas ninguém a consolava.
403
Descobrindo os Profetas
mmmMmmmmmmmmmmmmmMmmmmMmmÊmmÊMwmmmi mmm mm
Leituras complementares
CvSís 'SMãMMíBMM
Brueggmann, Waiter. To Build, To Plant: A Commentary Huey, F. B., Jr. Jeremiah, Lamentations. New American
on Jeremiah 26-52. International Theological Com Commentary 16. Nashville: Broadman, 1993. Um
mentary. Grand Rapids/Edimburgo: Eerdmans/ bom comentário rico em exegese e exposição bíblica.
Handsel, 1991. Uma exposição e aplicação teologica Kaiser, Walter C., Jr. A Biblical Approach to Personal
mente rica. Suffering. Chicago: Moody, 1982. Uma exposição
Harrison, R. K. Jeremiah and Lamentations: An Intro- curta com muitos pensamentos devocionais.
duction and Commentary. Tyndale Old Testament Thompson, J. A. The Book of Jeremiah. New Interna
Commentary. Downers Grove: InterVarsity, 1973. tional Commentary on the Old Testament. Grand
Um comentário em nível médio universitário. Rapids: Eerdmans, 1980. Para o estudante mais
interessado.
404
Jeremias 21-52 e Lamentações
405
Ezequiel 1-24
Dias difíceis estão por vir!
íiSSl^g
Esboço
• Esboço
• Pano de fundo de Ezequiel
• A mensagem de Ezequiel
Profecias e acontecimentos relacionados ao
chamado de Ezequiel (1.1-5.17)
Objetivos
0 dia do Senhor (6.1-7.27)
A glória de Deus se vai (8.1-11.25) Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
Julgamento contra Jerusalém (12.1-24.27)
• Delinear o conteúdo básico
de Ezequiel 1-24.
• Aplicar os acontecimentos da vocação de
Ezequiel a sua vida.
• Descrever os quatro atos simbólicos de
Ezequiel que mostraram o quanto Deus
leva o pecado a sério.
• Relacionar os atos pecaminosos que
Deus mostrou a Ezequiel.
• Descrever os acontecimentos que
precederam a queda de Jerusalém.
407
Descobrindo os Profetas
WÊÊmÊÊÊÊÊÊÊÊKKÊÊÊÊKÊKKmÊÊÊÊÊÊÊKÊÊÊmmm h b m h h m í
Esboço
L Profecias e acontecimentos
relacionados ao chamado de
Ezequiel (1.1-5.17)
A. Contexto (1.1-3)
B. A glória de Deus aparece (1.4-28)
C. A vocação de Ezequiel (2.1-3.27)
D. Q uatro atos simbólicos (4.1—5.17)
408
Ezequiel 1-24
se não tivesse sido levado ao exílio pelos babi se como as criaturas. Muitos comentaristas já
lônios. Ele foi para o cativeiro em 597 a.C. tentaram explicar o que Ezequiel viu. N ão
como parte do grupo deportado com Jeoaquim. sabemos exatamente o que as rodas represen
(Essa foi a segunda deportação de judeus para tavam, mas uma coisa é certa — elas real
a Babilônia. A primeira ocorreu em 605 a.C.; mente impressionaram Ezequiel!
ver Dn 1.1.) Ele era casado e sua esposa fazia Enquanto Ezequiel observa as criaturas e ro
parte de um sinal para o povo (Ez 24.15-27). das movendo-se, ele ouviu uma voz. Ao som da
Ele ministrava principalmente aos judeus na voz, as criaturas baixaram suas asas, como que
Babilônia, mas também se correspondia com em um gesto de submissão. Então Ezequiel viu
aqueles em Jerusalém. um trono e nele um ser radiante. O profeta caiu
N o tempo da deportação de Ezequiel, a com o rosto em terra quando percebeu que es
Babilônia estava fortalecida sob o governo de tava na presença da glória de Deus.
Nabucodonosor. Por demorar a acreditar nas
profecias sobre o julgamento, Jerusalém só teve A vocação de Ezequiel (2 .1 -3 .2 7 )
mais dez anos antes da invasão final de Nabu Deus chamou Ezequiel para o seu ministé
codonosor que levaria à destruição da cidade. rio profético (2.1-10). Ele prometeu mandar
Ezequiel advertiu os judeus de Jerusalém que, Ezequiel a uma casa obstinada e rebelde. Ali
se eles não se arrependessem, logo estariam jun ás, os termos “obstinado e rebelde” aparecem
to a seus irmãos e irmãs na Babilônia. várias vezes nesses versículos. Deus disse ao
Muitos intérpretes discutem a unidade do jovem profeta que o ministério seria difícil e
livro de Ezequiel. O fluxo contínuo do livro, seu que o povo não iria querer ouvi-lo. Quando
estilo completamente autobiográfico e outros fa servimos ao Senhor, também podemos nos ver
tores sugerem que o texto de Ezequiel veio todo diante de grandes desafios e pessoas que não
de um só autor.1As profecias do livro vão até 571 querem ouvir. Nossa tarefa, como a de Eze
a.C. (29.17). Supondo que os escritos tenham quiel, é de nos mantermos fiéis e deixar que
vindo de Ezequiel, podemos presumir que ele Deus cuide dos resultados.
completou o livro por volta de 550 a.C. N a última parte da vocação inicial do pro
feta — provavelmente a parte em que Eze
quiel teve a visão — Deus ordenou que ele
Mensagem de Ezequiel comesse um rolo (3.1-15). O rolo continha
uma lista dos pecados do povo — eram tantos
P ro fecias e aco n tecim e n to s que Deus precisou usar os dois lados para
relacio n a d o s ao ch am ad o de relacioná-los. Ezequiel provavelmente pensou
Ezequiel (1.1-5.17) que o rolo teria um sabor amargo, mas ao
comê-lo descobriu que era doce. Talvez essa
Contexto (1.1-3) experiência tivesse ensinado a Ezequiel que
Ezequiel teve sua primeira visão em 592 as palavras de Deus seriam doces para ele,
a.C. à beira do rio Quebar, um grande canal quer trouxessem bênçãos ou julgamento.
de irrigação que corria a sudoeste da Babilô Ezequiel foi então visitar os exilados em TEL-
nia.2 A maioria dos intérpretes considera que ABIBE, um assentam ento ao longo do rio
a expressão “no trigésimo ano” se refere à vida Quebar, próximo à Babilônia. O nome “Tel-
de Ezequiel. De acordo com a Lei de Moisés, Abibe” significa “monte de ruínas”, aparente
Ezequiel normalmente teria entrado para o mente referindo-se à cidade abandonada onde
sacerdócio com essa idade. os Babilônios assentaram a comunidade exila
da de Judá.3 A visita de Ezequiel aos exilados
A glória de Deus aparece (1.4-28) durou sete dias, os quais, ao que parece, ele
Ezequiel viu quatro seres cheios de esplen passou apenas olhando e observando-os. Sua
dor. O profeta os descreveu como se tivessem presença causou consternação no meio do povo
uma certa semelhança com criaturas que ele — o que exatamente ele estava fazendo lá?
conhecia, mas eles também possuíam carac Deus chamou Ezequiel para servir como
terísticas diferentes de qualquer coisa que ele seu mensageiro (3.16-21). Ele colocou sobre o
já tivesse visto. Essas criaturas moviam-se sob profeta a responsabilidade de relatar com pre
a orientação do Espírito Santo. cisão as suas mensagens para o povo. Ele não o
Ezequiel também viu quatro rodas no céu. responsabilizou pela reação do povo. Deus
A s rodas também eram brilhantes e moviam- também nos dá a responsabilidade de usar fi
409
Descobrindo os Profetas
sério, seria tarde demais. Ainda assim, as ad- prantear sua morte.5 Tamuz voltava à vida na
Tamuz
vertências de Ezequiel davam ao povo a opor- primavera, quando as plantações se rejuvenes
tunidade de se arrepender. ciam e os botões de flores apareciam nas árvo
Ishtar res. Mais uma vez, Deus advertiu Ezequiel que
O fim (7.1-27)
ainda haveria pecados maiores pela frente.
Ezequiel descreveu as condições horríveis
que acompanhariam a queda de Jerusalém. Adoração ao sol (8.16-18)
Todas as mãos estariam enfraquecidas e a ver Em seguida, Ezequiel viu o povo curvando-
gonha cobriria o rosto de todos. Eles jogariam às se para o sol entre o pórtico do templo e o altar
ruas o ouro e a prata que tanto prezavam, pois dos holocaustos. O povo escolheu um lugar san
nada disso os salvaria dos babilônios. Mais uma to para adorar, mas desonravam a Deus ao esco
vez, Deus prometeu — “Então eles saberão”. lher o seu templo como local de adoração a ou
tros deuses! Deus prometeu limpar a terra de tal
A glória de Deus se vai (8.1-11.25) idolatria. Ele não iria mais tolerar essas ofensas
Contexto (8.1-6) impertinentes ao seu caráter de santidade. O
seu povo deveria adorar somente a ele.
Ezequiel 8-11 apresenta uma das mais trá
gicas visões do livro de Ezequiel. Era 591 a.C., Convocação dos executores (9.1-11)
quatorze meses depois da primeira visão de A visão de Ezequiel continuou com Deus
Ezequiel. Ele recebeu essa outra visão quan convocando seis executores e um escriba para
do estava sentado em uma casa na Babilônia realizar o julgamento de Jerusalém. Ele orde
junto a alguns anciãos de Judá. nou que as pessoas que verdadeiramente ti
O Espírito de Deus deu a Ezequiel uma vi vessem se arrependido e que estivessem ago
são de Jerusalém. A primeira coisa que o profe nizando por causa da terrível situação espiri
ta viu foi um ídolo de ciúmes colocado na área tual de Jerusalém fossem marcadas. Ele sabia
do pátio do templo. Este provavelmente repre quem o seguia e ele iria protegê-las.
sentava Astarote, a esposa do deus pagão Baal. Em segundo lugar, Deus ordenou que os exe
Ezequiel, um homem de linhagem sacerdotal, cutores não tivessem misericórdia do restante.
sem dúvida se revoltava com a presença de Eles começaram a matar a todos enquanto o
qualquer ídolo em qualquer lugar, quanto mais Senhor gritava “enchei de mortos os átrios!” (9.7).
na área do templo! Mas Deus lhe disse que Ezequiel ficou horrorizado com essa parte da
ainda haveria coisas piores em sua visão. visão — seria o povo de Deus tão corrupto e
A idolatria liderada pelos anciãos merecedor desse julgamento? Deus lhe assegu
rou que sim. O Senhor via o seu pecado em toda
(8.7-13)
a sua feiura e prometeu julgar completamente.
Deus levou Ezequiel da entrada do pátio
para a câmara secreta, perto do santo dos san A glória apronta-se para partir (10.1-22)
tos na área do templo. Ali, setenta anciãos A glória do Senhor encheu o pátio do tem
praticavam a idolatria, bem no templo! Eles plo. Ela subiu aos céus sobre a área do templo,
pensavam que Deus não estava vendo o seu acompanhada de um querubim e das rodas
pecado, mas cie podia ver tudo. que Ezequiel tinha visto da outra vez. A presen
Enquanto Deus fazia um “tour” da cidade ça de Deus preparava-se para deixar Jerusalém.
de Jerusalém com Ezequiel, o profeta prova Alguém se importava que ele estava partindo?
velmente não podia acreditar em quão horrí Aparentemente poucos se importavam.
vel tudo havia se tornado. Mesmo assim, a
cada passo, Deus lhe falava de abominações
Repreensão aos anciãos (11.1-21)
terríveis que ainda estavam por vir. Ezequiel repreendeu os anciãos que se sen
tavam próximo ao portão leste da casa do Se
Adoração a Tamuz (8.14,1 5) nhor por causa de sua atitude fatalista. Eles
O Senhor levou Ezequiel para o portão do acreditavam que nada que fizessem iria mu
templo, no pátio externo, onde Ezequiel viu dar alguma coisa para Deus a essa altura. Mas
mulheres chorando por Tamuz. Tamuz era um Ezequiel mostrou uma pequena ponta de es
deus mesopotâmio da agricultura, marido da perança. Talvez fosse tarde demais para sal
deusa Ishtar. Seus seguidores acreditavam que, var a cidade ou até mesmo a nação, mas indi
a cada ano, no tempo da colheita, Tamuz mor víduos ainda poderiam voltar-se para o Se
ria e essas mulheres juntavam-se a Ishtar para nhor. Eles possivelmente sofreriam o exílio, mas
411
Descobrindo os Profetas
escapariam com vida e talvez se tornariam tempo como sepulcros caiados— bonitos do lado
parte dos poucos e fiéis remanescentes pelos de fora e cheios de corrupção e ossos de mortos
quais Deus renovaria os seus propósitos. do lado de dentro (Mt 23.27,28). Essa descrição
também serve para os dias de Ezequiel. Aqueles
A glória se vai (1 1.22-25) que prometeram livramento seriam os primeiros
A visão teve um final triste. Os querubins a sentir o terrível julgamento de Deus.
ergueram suas asas com as rodas ao seu lado e
a glória de Deus pairou sobre eles. A glória de A idolatria é denunciada (14.1-11)
Deus saiu do meio da cidade e posicionou-se O primeiro mandamento ordenava que o
sobre o Monte das Oliveiras, a leste da cida povo não tivesse nenhum outro deus que ri
de, o mesmo monte sobre o qual Jesus descre valizasse com o Senhor (Ex 20.3). Ele queria
veria o fim dos tempos (Mt 24.3). Deus parou sua lealdade absoluta, mas os ídolos estavam
para lançar um último e doloroso olhar sobre a por toda a parte. Falsos profetas toleravam e
cidade rebelde. E então, em um instante, a até encorajavam o povo a adorar diversos deu
glória desapareceu. Deus havia aberto o ca ses. Ezequiel disse que tanto os profetas quan
minho para que começasse o julgamento. to os idólatras eram culpados. Muitas pessoas
hoje em dia continuam não querendo ter um
Julgam ento contra Jerusalém compromisso total de seguir a Deus.
(12.1-24.27)
A retidão é inadequada para salvar
Ezequiel prepara-se para o exílio os perversos (14.12-23)
( 12 . 1- 20 )
Ezequiel descreveu o grau de perversida
Deus disse a Ezequiel que arrumasse os de do povo. Mesmo se Noé, Daniel e Jó vives
seus pertences como se estivesse preparando- sem entre esse povo e orassem por ele, prova
se para o exílio. O profeta obedeceu e come velmente só os três sobreviveriam por sua reti
çou a cavar perto do muro da cidade. Quan dão! A graça de Deus havia preservado um
do o povo perguntou o que ele estava fazen remanescente, mas poucos seguiam o Senhor
do, ele respondeu: “Estou me preparando para com sinceridade.
ir para o exílio”. Seu ato simbólico representa O profeta Daniel era um contemporâneo
va aquilo que logo aconteceria com Jerusa de Ezequiel. No tempo dessa profecia, ele pro
lém. Algumas pessoas, como Ezequiel, já vivi vavelmente não tinha mais que trinta anos
am no exílio. Outras logo se juntariam a elas. de idade. As Escrituras nos encorajam a viver
fielmente como exemplos para Cristo indepen
Revelação cumprida (12.21-28)
dente de quão jovens sejamos (lTm 4.12).
O povo compreendeu mal a paciência de
Deus para com eles. Eles acreditavam que as Três analogias (15.1-17.24)
visões proféticas estavam falhando, pois não Nos capítulos 15-17 Ezequiel usou três
viam essas previsões tornando-se realidade. analogias para descrever o povo de Deus. Na
Mas Deus os assegurou que não haveria mais primeira ele o descreveu como uma videira
espera. Ele cumpriria seus propósitos em bre (15.1-8). Na segunda ele o comparou a uma
ve, a seu tempo perfeito. esposa infiel (16.1-63). E na terceira ele disse
que se pareciam com águias (17.1-24).
Falsos profetas são denunciados
Ezequiel descreveu a videira que é quei
(13.1-23) mada. Alguém até poderia apoiar-se em uma
Os falsos profetas do tempo de Ezequiel videira, mas nunca em uma videira queima
continuavam a seguir o seu próprio espírito. da! Da mesma forma, o povo estava pondo
Ao que parece, eles esperavam que Deus fos sua confiança em Jerusalém, mas Jerusalém
se apenas repreendê-los brandamente e deixá- não lhes serviria de apoio. O povo achava que
los voltar para casa, Mas não era isto que esta sua amada cidade os sustentaria para sempre,
va para acontecer. pois a bênção de Deus estava sobre eles. Em
O Senhor prometeu remover toda a cal. Uma vez disso, Jerusalém havia sido queimada pela
parede podre coberta com uma camada de tin decadência espiritual.
ta ou cal pode até parecer bonita, mas ela não Em seguida Ezequiel comparou o povo de
serve de sustentação para alguém que se apoie Deus a uma esposa infiel. Deus a tomou desde a
nela! Jesus descreveu os líderes religiosos de seu infância (desde os tempos de Abraão) e a criou.
412
Ezequiel 1-24
Os judeus
choram depois
da queda de
Jerusalém; de
um relevo em
um menorá
(castiçal) na
cidade moderna
de Jerusalém.
Ele assim o fez de acordo com sua graça. Nada O primeiro representava os cativos do grupo
sobre o povo de Deus o tomava digno da atem de Jeoaquim, que já estavam no exílio. O se
ção e do favor de Deus. Quando Israel atingiu a gundo vinhedo representava Zedequias, o rei
maturidade, Deus a tomou como noiva. covarde que ouvia o que Jeremias lhe falava,
Mas Israel desprezou o amor de Deus e mas não tinha coragem de obedecer os seus
tornou-se uma prostituta para todas as nações. conselhos (Jr 38.17-23).
Ela adotou os costumes pagãos e práticas de Ezequiel contou a seguinte história. A pri
adoração dos povos ao seu redor. Muitas des- meira águia escolheu um vinhedo e o trans
sas nações possuíam rituais religiosos que in plantou. Nabucodonosor, a primeira águia, le
cluíam a promiscuidade sexual, portanto a lin vou cativos para a Babilônia membros daquele
guagem de Ezequiel foi bastante apropriada. primeiro grupo em que Ezequiel se encontrava.
Suas palavras eram extremamente explícitas, Zedequias, o segundo vinhedo, ficou para trás,
tendo em vista que estavam sendo proferidas em Jerusalém. Mas esse vinhedo voltou-se ra
em um contexto social e cultural muito mais pidamente para o Egito, a segunda águia, pe
conservador que nos dias de hoje! Porém, mais dindo ajuda quando ela apareceu e ignorando
uma vez Ezequiel estava usando uma lingua o poder que a Babilônia já havia mostrado.
gem desesperada para tempos desesperados. A profecia parece vir dos últimos dias de
Suas palavras provavelmente chocaram mui Jerusalém. Zedequias rebelou-se contando
tas pessoas, mas ele estava determinado a vol com o apoio do Egito que nunca chegou. N a
tar sua atenção para a depravação em que se bucodonosor marchou para dentro de Jerusa
encontravam. lém, conquistou a cidade, cegou Zedequias e
Ezequiel disse aos seus ouvintes que eles levou o povo para o cativeiro.
haviam tornado-se piores que Sodoma e Sa
Declaração da responsabilidade
maria. Que coisa mais horrível o povo de Deus
ter ficado dessa maneira! Apenas o arrepen individual (18.1-32)
dimento profundo e o toque da graça de Deus Em meio a toda a calamidade do exílio,
poderiam salvá-los da destruição. No capítulo muitas pessoas começaram a murmurar. Aquela
17, Ezequiel descreveu duas águias. A pri situação não era culpa delas! Eles citavam o
meira águia era a Babilônia e a segunda águia provérbio que dizia que estavam sofrendo por
o Egito. Ele também falou de dois vinhedos. causa do pecado de seus antepassados e não
413
Descobrindo os Profetas
em função dos seus próprios pecados. Mesmo gui-los. Ezequiel se recusou a conceder-lhes
nos dias de hoje, muitos tentam justificar os uma audiência. O Senhor não daria a eles
seus pecados colocando a culpa nos seus pais, mais nenhuma revelação até que estivessem
nas suas origens ou em outros fatores. prontos para recebê-la.
Mas Ezequiel declarou que a responsabili- Ezequiel lembrou os anciãos da triste his
dade era individual. Deus iria punir o povo tória espiritual do povo. Israel mal havia dei
pelos seus próprios pecados e não pelos pecados xado o Egito quando o povo começou a recla
de outros. O Senhor também afirmou que ele mar. Apesar de todos os milagres que eles ti
não tinha nenhum prazer na morte do perver nham visto, faltava-lhes fé e confiança de que
so (18.23,32). Seu caráter reto e santo exigia Deus iria suprir suas necessidades. Durante
que ele castigasse o pecado, mas ele não sentiu quase mil anos eles mantiveram essa atitude
nenhuma alegria ao ter que julgar o seu povo. de rebeldia e aprenderam muito pouco sobre
Ele preferia que eles se voltassem para ele o relacionamento com Deus. Deus, na sua
arrependidos e vivessem. Hoje, Deus ainda pre graça, havia segurado o seu julgamento, mas
fere que todos voltem-se para ele em vez de agora, não podia mais adiá-lo.
persistirem na sua iniqüidade (2Pe 3.9).
Julgamento contra Judá (20.45-21.32)
Lamento pelos líderes (19.1-14) O povo disse que Ezequiel falava somente
Ezequiel comparou Judá a uma leoa com em parábolas. Eles achavam que suas mensa
dois filhotes. O primeiro filhote era Jeoacaz e gens eram apenas histórias criadas para
o segundo filhote, Jeoaquim. Jeoacaz era o enfatizar a tragédia daquela experiência pela
filho mais velho de Josias e foi o último rei qual eles estavam passando. Mas a mensa
bom de Judá. Seu reinado durou apenas três gem de Ezequiel refletia mais que palavras.
meses depois da morte de seu pai. O Faraó Ela descrevia com precisão as condições em
Neco o capturou e o levou para o Egito onde que o povo se encontrava — eles estavam
ele morreu (2Rs 23.31-34). Nabucodonosor correndo de encontro ao julgamento. Infeliz
capturou Jeoaquim, o segundo filhote e o le mente, as advertências do profeta não eram
vou para a Babilônia. ouvidas. O povo gostava de escutá-lo pregar,
Ezequiel lamentou porque Judá não tinha mas não levava suas palavras a sério.
mais um governante — ou pelo menos não um
governante de verdade. Zedequias não tinha a
Três profecias (22.1-31)
coragem e a convicção necessárias para liderar Para chamar a atenção do povo, Ezequiel
o povo e, logo, a nação cairia no esquecimento. proferiu três profecias. Primeiro, ele declarou
que Israel havia tornado-se uma escória san
Lições da História (20.1-44) guinária e impura. O termo “sanguinário” pode
O povo de Deus havia aprendido alguma referir-se tanto a assassinato quanto a injusti
coisa com a História? Na verdade, não. Em ça. Ezequiel não estava descrevendo a pena
591 a.C., os anciãos buscaram o conselho do capital, mas sim as injustiças sociais espalha
Senhor. Mas Ezequiel sentiu um problema em das por toda a terra. À medida que se afasta
sua sinceridade. Eles gostavam de ouvir seus va gradualmente do Senhor, o povo estava
conselhos, mas não tinham a intenção de se- cada vez mais propenso à idolatria. Além de
Deus e de suas leis, eles adotaram outros pa
drões — de injustiça e imoralidade.
Termos-chave Em segundo lugar, Ezequiel descreveu Is
rael como a nação da escória. O termo “escó
Dia do Senhor ria” é relativo às impurezas que ficam sobre o
Tamuz metal derretido e que são jogadas fora. O pro
Ishtar cesso de aquecer o metal separa as impurezas
do metal puro. As impurezas são mais leves
Lugares-chave que o metal e por isso elas sobem. O refinador
Rio Quebar removia a escória de cima do metal e a des
Tel-Abibe cartava, pois não tinha nenhum valor.
Ezequiel disse que o povo de Deus havia
transformado-se em escória por causa do seu
pecado. Ao refinar o povo, Deus encontrou
414
Ezequiel 1-24
sujeira demais em suas vidas. Ele iria removê- Oolá e Oolibá (23.1-49)
la por meio do fogo e do julgamento. Deus
Ezequiel descreveu duas irmãs — Oòlá e
ainda quer retirar a sujeira de nossas vidas nos
Oolibá. Apesar de sabermos o que os seus no
dias de hoje para que possamos servi-lo plena
mes significam literalmente (“Sua tenda” e
mente (Rm 13.14).
“minha tenda está nela”, respectivamente),
Em terceiro lugar, Ezequiel retratou o povo
estudiosos propõem diferentes pontos de vista
de Deus como sendo uma nação de impure
sobre o significado exato que esses nomes ti
za. Ele condenou tanto profetas quanto sa
cerdotes por levarem o povo pelos maus cami nham.6 Oolá representava Samaria, a capital
nhos. O pecado do povo ficava cada vez pior. do norte e Oolibá simbolizava Jerusalém, a
Mas Deus não conseguiu achar ninguém no capital do sul. As duas irmãs eram terrivel
meio da liderança que pudesse falar em nome mente perversas, mas Deus as tomou para si e
de Israel e implorar pelo perdão de Deus. casou-se com elas de qualquer forma.
Quando estava falando desse problema, Oolá cometeu um grande mal então Deus
Ezequiel usou a ilustração de se tapar uma a entregou nas mãos dos assírios em 722 a.C.
brecha no muro da cidade. Quando o inimi Mas sua irmã Oolibá — que viu esse julga
go está diante de uma cidade murada, preci mento — não aprendeu absolutamente nada.
sa encontrar uma forma de penetrar aqueles Ou seja, Judá viu o que havia acontecido a
muros. Se um exército consegue fazê-lo, aque Israel por causa de seu pecado mas ainda as
les que estão defendendo a cidade devem sim continuou a praticar a iniqüidade. Por isso
parar de avançar para que a cidade não seja ela seria julgada com mais severidade.
tomada. Os homens corajosos devem respon
A panela enferrujada (24.1-14)
der ao chamado para fechar essas brechas.
Mas Deus não achou ninguém —- profeta, Em 588 a.C., começou o cerco babilônio
sacerdote ou príncipe — que defendesse Je ao redor de Jerusalém. Em julho de 587 a.C.,
rusalém do seu julgamento. a cidade finalmente foi tomado pelas forças
Sumário
415
Descobrindo os Profetas
1. Qual foi o contexto histórico do mi 4. Descreva a visão de Ezequiel dos capí
nistério profético de Ezequiel? tulos 8-11. Qual era o significado da
glória de Deus deixando Jerusalém?
2. O que sabemos sobre o profeta e seu
livro? 5. De que forma você caracterizaria a
atitude geral de Ezequiel em relação
3. Faça uma lista dos diversos atos sim
aos seus ouvintes? Qual parece ter
bólicos realizados para o povo por
sido o ponto de vista das pessoas que
Ezequiel. Em geral, como você acha
ficaram para trás em Jerusalém de
que o povo reagiu a esses atos?
pois da segunda deportação?
Leituras complementares
Block, Daniel I. The B o o k o f Ezekiel: C hapters 1-24. Uma exegese e exposição completa do texto de Eze
New International Commentary on the Old Testa quiel.
ment. Grand Rapids: Eerdmans, 1997. Um comentá Cragie, Peter C. Ezekiel. Daily Study Bible. Filadélfia:
rio detalhado para o estudante universitário avança Westminster, 1983. Para o leitor em geral.
do ou para o estudante de pós-graduação. Rico em
Taylor, John B. Ezekiel: A n Introduction a n d C om m en
exegese e notas de rodapé.
tary. Tyndale Old Testament Commentary. Downers
Cooper, Lamar Eugene, Sr. Ezekiel. New American Com Grove: InterVarsity, 1969. Um bom comentário em
mentary 17. Nashville: Broadman & Holman, 1994. nível universitário.
417
Descobrindo os Profetas
Você conhece pessoas que têm sempre uma roso exército de Nabucodonosor iria esmagar
atitude negativa? Não importa a circunstân esses dois reinos assim como havia feito com
cia, elas sempre vêem o pior em tudo. Esse os outros.
tipo de gente deixa qualquer um de mau Ezequiel separou Edom e lhe deu atenção
humor e estraga o seu dia. especial, pois os edomitas haviam desempe
Talvez você tenha sentido como se estives nhado um papel significativo na destruição
se conversando com uma dessas pessoas ao ler de Jerusalém (Ob 10-14). Eles interceptaram
Ezequiel 1-24. A mensagem de Ezequiel con- os judeus que tentaram fugir e os entregaram
centrou-se na insatisfação de Deus com a si aos babilônios, vendendo-os como escravos.
tuação espiritual de seu povo. O profeta ten Deus prometeu acabar com Edom e suas ci
tou muitas táticas diferentes, mas todas elas dades. Quando ele o fizesse, eles saberiam que
tinham o propósito de mostrar que Deus iria ele era o Senhor.
julgar o pecado do seu povo.
Filístia (25.15-17)
Nos capítulos 25-48, o tom das mensagens
de Ezequiel começa a mudar. O profeta des Os filisteus, antigos inimigos do povo de
creve como Deus vai julgar aqueles que se Deus, também estavam prestes a cair. Eles se
opuseram ao seu povo, quer eles vivessem em alegraram com a queda de Judá, mas Deus
meio ao povo ou em outras nações. Ele tam iria julgá-los. Eles também sentiriam a sua ira.
bém olha mais adiante, para um dia glorioso
Tiro (26.1-28.19)
em que Deus irá derrotar o pecado de uma
vez por todas, restaurar o seu povo e habitar Ezequiel profetizou sobre Tiro em 587 a.C.,
com eles para sempre. O ministério de Eze por volta da época da queda de Jerusalém.
quiel continha muitos desafios difíceis, mas Tiro, uma cidade portuária fenícia, também
ainda assim ele encerra o livro de forma posi estaria, em breve, sob a ira do Senhor.
tiva — Deus estava planejando um futuro Tiro regozijou-se com a queda de Jerusa
emocionante! lém, pois teria lucros com sua ruína. Afinal, a
queda de Jerusalém significava um concor
W BÊOKÊmKmmKmÊMÊKmm m r u mmm
rente a menos no mundo do comércio! Mas
Ezequiel prometeu que Tiro seria espólio para
A mensagem de as nações e passaria por total desolação e de
Ezequiel continua vastação.
Com freqüência, Tiro havia conseguido
(25.1-48.35) comprar a paz com os inimigos que a ameaça
vam. Os reis que queriam atacar a cidade
Profecias contra as nações saíam carregados de riquezas e Tiro prometia
(25.1-32.32) mandar mais todos os anos.
Já vimos como Isaías e Jeremias profetiza Ezequiel mencionou a situação entre Tiro
ram contra as nações (Is 13-23; Jr 46-51). Era e a Babilônia. A Babilônia recebia muito di
a vez de Ezequiel retratar o destino final des nheiro de Tiro e em troca, não podia destruir
ses reinos. Deus mostra sua soberania sobre a cidade. Alexandre, o Grande, finalmente
todos eles. acabou arrasando Tiro em 332 a.C. A desola
ção total que Ezequiel havia profetizado aca
Amom (25.1-7) bou vindo. Todas as nações iriam lamentar,
Ezequiel declarou que a Babilônia iria con pois a queda de Tiro também significava pro
quistar Amom. Os amonitas se alegraram com blemas financeiros para muitos comerciantes
a queda de Jerusalém, mas Deus iria julgá-los estrangeiros.
também. Quando ele o fizesse, eles saberiam O povo de Tiro também lamentou por seu
que ele era Deus. líder. Note o orgulho do seu líder no capítulo
28.2 — ele afirmou ser um deus! Ele possuía
Moabe e Edom (25.8-14) muitas riquezas e sabedoria, mas Deus tam
Moabe e Edom acreditavam que Judá era bém o arrasaria.
igual a todas as outras nações. Apenas por Alguns intérpretes bíblicos observaram os
causa de alguma virada do destino é que o paralelos entre Isaías 14 e Ezequiel 28. Isaías
povo de Deus havia ganho proeminência na 14 descreve a estrela da manhã, o filho do
quelas terras. Ezequiel advertiu que o pode alvorecer, cujo orgulho Deus iria humilhar.
418
Ezequiel 25-48
Um pastor cuida
de seu rebanho
nos montes da
Judéia. Os
pastores de
Israel não
cuidaram do seu
rebanho — o
povo de Deus
— por isso Deus
prometeu que
ele mesmo seria
o seu pastor
(capítulo 34).
Esse governante orgulhoso, assim como o go apoio egípcio.2 Mas quando as grandes potên
Sheol
vernante de Ezequiel 28, também havia pro cias vinham contra esses pequenos reinos, o
ferido palavras arrogantes e cheias de pompa, Egito não fazia nada para ajudar e seus vizi
elevando-se ao nível de Deus. nhos infelizes sofriam as terríveis conseqüên
Assim como Isaías 14, Ezequiel 28 é uma cias. Deus prometeu que, quando o Dia do
das passagens que muitos evangélicos acredi Senhor chegasse para o Egito, eles saberiam
tam fazer referência a Satanás, pois a lingua quem era Deus.
gem vai bem além daquilo que seria esperado Ezequiel começou essas profecias em 587
de um governante humano. Porém, o versí a.C., um pouco antes da queda de Jerusalém.
culo 12 refere-se especificamente ao rei de O profeta usou a Assíria como um exemplo
Tiro como sendo o objeto das palavras de Eze de orgulho que levou a uma grande queda.
quiel. Também, devemos considerar que o Deus havia tornado os assírios poderosos, mas
Novo Testamento não cita esses versículos a Assíria louvou a si mesma em vez de dar a
quando faz referência a Satanás. Provavel ele o devido crédito.
mente, a linguagem rebuscada de Ezequiel Ezequiel prometeu que Deus iria tratar o
referia-se às grandes bênçãos materiais que Egito da mesma forma como havia tratado a
Deus havia dado ao governante de Tiro. Assíria apenas vinte e cinco anos antes. Nínive
Outros intérpretes entendem que as palavras havia caído em 621 a.C.; o Egito logo cairia
de Ezequiel têm um cumprimento secundá também. Seu orgulho é que o levaria à queda.
rio em Satanás.1 Em 585 a.C., Ezequiel entoou um lamento
pelo Faraó, o rei do Egito. Ele comparou o
Sidom (28.20-26) Faraó a um feroz monstro marinho presos às
Sidom era uma outra importante cidade correntes do cativeiro. Deus usaria a Babilô
da Fenícia. Deus disse que traria glória sobre nia para domar esse monstro. A queda do
si ao julgar Sidom. Nem Sidom e nem Tiro Egito traria grande temor por causa da posi
seriam mais um estorvo para Israel. ção elevada que possuía naquele tempo.
Quando outros reinos vissem a derrota do
Egito (29.1-32.32) Egito, eles estariam olhando para o seu pró
Ezequiel encerrou suas profecias contra as prio futuro.
nações com quatro capítulos contra o Egito. Em uma linguagem amedrontadora, Eze
Naquele tempo, o Egito era um dos piores ini quiel descreveu Deus levando o Egito para
migos de Judá, principalmente por causa da Sheol. Lá o Egito encontrou um comitê de
quilo que ele deixou de fazer. Era típico o boas-vindas — Assíria, Elão e Edom. Essas
Egito encorajar reinos menores da Palestina a nações também haviam confiado em seu pró
revoltarem-se contando com a promessa dc prio poder e esplendor, mas Deus havia posto
419
Descobrindo os Profetas
um fim em seu domínio. Ezequiel advertiu os Era 587 a.C. e Jerusalém havia caído para
egípcios dizendo que eles iriam tornar-se como os babilônios. Durante o cerco de Jerusalém,
todas as outras nações que haviam desafiado Deus não havia dado palavras proféticas a
o poder de Deus. Ezequiel, mas logo depois ele abriu a boca do
As palavras do profeta são um aviso muito profeta para levar uma mensagem ao povo.
sério para qualquer nação que seja tentada Os exilados protestavam dizendo que a si
pelo orgulho. Um dia, todos nós vamos enca tuação toda era injusta. “Era nossa terra”, eles
rar a morte. Como podemos nos preparar? Os diziam, “não foi justo eles a tomarem de nós”.
escritores do Novo Testamento dizem que A resposta de Deus mostrou que a terra per
devemos estar em paz com Deus por meio de tencia a ele e não ao povo. Eles haviam igno
Jesus Cristo. Se fizermos isso, o poder da mor rado os seus mandamentos e mostrado-se inep
te sobre nossas vidas será quebrado. E nosso tos para possuírem a terra e, portanto, Deus os
país, irá aprender essa lição? E nós? havia enviado para o exílio.
Mas mesmo durante esses tempos de de
A restauração de Israel sespero, o povo recusou-se a dar ouvidos a
(33.1-39.29) Ezequiel. Eles escutavam as palavras, mas não
Até essa altura do livro de Ezequiel, vimos permitiam que elas alcançassem o seu cora
muitas coisas desanimadoras. Ezequiel reali ção. “Que pregador maravilhoso”, eles prova
zou atos simbólicos pelos quais advertiu o povo velmente diziam um para o outro. Mas ao vol
de Deus sobre o julgamento que estava por tarem para casa depois de suas mensagens,
vir. Nos capítulos 33-39, ele começou a des eles o faziam sem demonstrar qualquer mu
crever as maravilhosas bênçãos que Deus es dança de vida.
tava guardando para o seu povo fiel. Hoje em dia, muitas vezes as pessoas gos
tam de ouvir um bom sermão. Escutam o pre
0 chamado ao arrependimento
gador que sabe transmitir uma mensagem de
(33.1-33) qualidade e gostam das suas habilidades em
No capítulo 33, Deus apontou o profeta oratória. Mas elas não aplicam as verdades
como atalaia da cidade (ver também 3.17). que ouvem em sua vida. Os ouvintes de Eze
Um atalaia ficava vigiando, procurando si quiel faziam a mesma coisa. Deus os advertiu
nais do inimigo e avisava o povo sobre qual que, um dia, iriam compreender que Ezequiel
quer ameaça ou ataque. Ezequiel era respon era, de fato, um profeta de Deus. Mas quan
sável por avisar o povo sobre seu pecado antes do finalmente percebessem, Jerusalém já es
que Deus os julgasse. Ele serviu de atalaia taria em ruínas e eles, no cativeiro babilônio.
espiritual para o povo de Deus.
O povo ficou desencorajado ao ouvir todas 0 rebanho de Deus (34.1-31)
essas profecias melancólicas. (Talvez você tam Ezequiel comparou os líderes de Israel a
bém sinta-se assim ao ler Ezequiel!) Ezequiel pastores que cuidavam do seu rebanho (o
apresentou a mensagem de Deus usando de povo). Ele os advertiu que deveriam alimen
uma variedade de técnicas e métodos criati tar o rebanho e não a si mesmos. Deveriam
vos. Mas a essência era sempre a mesma — usar sua posição de autoridade para servir o
Deus iria julgar o povo pelo seu pecado se eles povo, mas em vez disso, usavam o seu poder
não se arrependessem. Muitos do povo de para obter ganhos desonestos ou simplesmen
Deus acharam que a situação já não tinha mais te satisfazer suas próprias necessidades. Mes
jeito. Aquela altura, nada poderia salvá-los! mo nos dias de hoje, muitos líderes cristãos
Ezequiel garantiu que a situação não era não conseguem compreender completamen
desesperadora. Deus ainda estava oferecen te que liderar significa servir.
do a esperança do arrependimento e julgaria Ezequiel disse a eles que eram responsá
o povo de acordo com os seus próprios cami veis por Deus estar dispersando o seu reba
nhos. Mesmo quando a nação estivesse a ca nho. Por quê? Pois aqueles pastores só cuida
minho do exílio, pessoas ainda podiam voltar- vam de si mesmos. Eles só se preocupavam
se para Deus e, pela fé, ter um relacionamen com as ovelhas à medida que elas traziam
to correto com ele. E mesmo nos últimos dias bênçãos para eles. A igreja de hoje precisa
de Jerusalém, se toda a nação se arrependes desesperadamente de líderes que se preocu
se, quem sabe quanta misericórdia Deus não pem do fundo do coração com o povo que
poderia mostrar? Deus lhes deu para liderar.
420
Ezequiel 25-48
Qual é a solução apresentada por Eze ro, os ossos secos recebiam carne sobre eles.
quiel? O próprio Deus cuidaria deles! Deus Depois, eles ganhavam vida!
prometeu ajuntar o seu povo e cuidar deles Os ossos secos simbolizavam a morte da es
pessoalmente e até mesmo restabelecer o rei perança do povo, que estava seco, sem espe
nado de Davi sobre eles. Muitos intérpretes ranças e sem poder! Mas o Espírito de Deus
G rande entendem que essa passagem refere-se ao sopraria vida para dentro deles novamente. O
tribulacão reino messiânico.3 Quando Jesus Cristo vol Senhor podia fazer com que se reunissem em
tar, vai estabelecer o seu povo e cuidar dele uma nação sob sua liderança. Deus deu ao
pessoalmente. povo um segundo sinal. Ele mandou que Eze
quiel pegasse dois gravetos e escrevesse “Judá”
Julgamento sobre Edom
em um deles e “José” no outro. Os dois gravetos
(35.1-15) representavam Judá e Israel, respectivamen
Mencionamos anteriormente nesse capí te. Assim como os dois gravetos ficaram pre
tulo como Edom estava ao lado da Babilônia sos como se fossem um na mão de Ezequiel,
contra o povo de Deus quando Nabucodono Deus iria juntar a nação quebrada e fazer dela
sor conquistou Judá e Jerusalém. Talvez por uma só novamente.
isso Ezequiel separou Edom para lhe dar mais
atenção nesse ponto do livro. Deus iria humi Gogue e Magogue: o triunfo final
lhar os edomitas por causa de sua hostilidade (38.1-39.20)
e arrogância. Quando o fizesse, eles saberiam Nos capítulos 38,39 Ezequiel olhou adian
que ele era o Senhor. te, para um futuro distante para ver algumas
das coisas que Deus iria fazer algum dia. Até
Bênçãos para Israel
esse ponto Ezequiel havia concentrado-se nos
(3 6 .1-37.28) acontecimentos de sua própria geração. As
Deus prometeu restaurar Israel e restabe- palavras que ele falou em seguida têm signifi
lecê-la como seu povo novamente. Essa res cado para nós nos dias de hoje, pois desafiam
tauração incluía dois aspectos — restauração seus ouvintes a viver fielmente à luz do gran
física e espiritual. de reino que Deus estabelecerá um dia.
Primeiro, Deus prometeu trazer o povo de Os estudiosos da Bíblia discordam sobre o
volta para a terra prometida e renová-lo. Ele significado de G ogu e e M agogue.4 O termo
pediria à natureza que voltasse a viver e ela parece descrever o inimigo final do povo de
responderia em sua plenitude. O Senhor faria Deus. Apocalipse 20.8 também os menciona
a vegetação brotar e dar frutos novamente em um contexto igualmente difícil. Podemos
como havia feito nos dias da bênção de Deus. dizer que, seja lá quem eles forem, o poder de
Em segundo lugar, Deus prometeu desper Deus irá sobrepujá-los. Enquanto estiverem
tar o povo espiritualmente. Deus havia julga reunindo-se contra o povo de Deus, o Senhor
do o seu povo para proteger o seu caráter de trará a vitória finai.
santidade. Precisava castigar todo o pecado A descrição que Ezequiel faz dessa bata
onde quer que o encontrasse! A paciência de lha é paralela ao livro de Apocalipse. Deus
Deus era temperada por sua justiça e o dia da chamando os pássaros para comer os corpos
justiça tinha chegado. Deus estava agindo em (39.17) se parece com o chamado que acom
favor de si mesmo e, quando ele trouxe o jul panhará a volta de Cristo (Ap 19.17). Assim,
gamento, eles finalmente compreenderam muitos intérpretes bíblicos ligam Ezequiel
que Deus era Juiz. 38,39 ao tempo da Grande Tribulacão, o pe
Como parte da recriação espiritual, Israel ríodo final da História antes da volta do Se
receberia um coração de carne. Deus não iria nhor, que traz vitória e estabelece o seu rei
devolvê-los à terra para que voltasse à idola no.5 Gogue e Magogue são derrotados e Deus
tria e rebelião novamente. Ele iria restaurá-los garante a vitória absoluta.
para servi-lo fielmente. Mas eles só poderiam O triunfo de Deus é o triunfo de Israel. O
fazer isso se um poder transformador tocasse povo de Deus vence porque Deus vence. Mais
seu coração. O Novo Testamento chama essa importante ainda, há um transbordar espiri
experiência de “nascer de novo” (Jo 3.3,5). tual. Multidões voltam-se para o Senhor ao
Deus confirmou suas palavras ao dar a Eze perceber que somente ele é Deus. Naquele
quiel a famosa visão dos ossos secos. A visão dia, o Senhor será o seu Deus e eles serão o
descrevia dois estágios da ressurreição. Primei seu povo.
421
Descobrindo os Profetas
422
Ezequiel 25-48
Depósitos de sal
no Mar Morto,
Israel. O lago é
tão salgado que
nenhum peixe
pode sobreviver.
Na visão de
Ezequiel, a água
fluía do templo
para Jerusalém e
até ao Mar
Morto,
tornado-o doce
e cheio de vida.
que, na entrada triunfal de Jesus em Jerusa- Ezequiel disse que o príncipe irá suprir as
lém, ele provavelmente passou pelo portão les ofertas nacionais. Alguns evangélicos enten
te. Nos dias de hoje, o portão leste de Jerusa dem essas palavras do profeta como sendo uma
lém, localizado em algum lugar próximo onde referência a Jesus Cristo. Infelizmente, é im
seria o portão leste de Ezequiel, está fechado possível dizer com certeza, tendo em vista que
e selado, pois um rei muçulmano ouviu falar o Novo Testamento não cita essa passagem.
da profecia de Ezequiel e quis garantir (tarde
demais) que nenhum Messias passaria por 0 rio (47.1-12)
aquele portão. E um comentário interessante A descrição que Ezequiel faz do rio é bas
para a profecia de Ezequiel. tante parecida com Apocalipse 22. A maior
O profeta anunciou que a santidade de parte dos evangélicos acredita que Apocalipse
Deus estaria por toda a cidade. Ezequiel ti 22 descreve o céu e esse fato levanta questões
nha em seu coração um grande zelo pela san sobre a interpretação de Ezequiel 40-48. Eze
tidade, pois Deus havia chamado os sacerdo quiel descreveu um templo restaurado aqui na
tes para mediarem sua santidade ao povo. terra durante o curso da História ou algo que
Deus trabalhava por meio deles para mostrar vai ocorrer no céu, depois que Cristo voltar?
sua santidade ao povo. E, ao estar em um rela O rio flui do templo e oferece cura para
cionamento correto com ele pela fé, sua vida todas as nações (47.12). A mesma coisa acon
começaria a refletir esse caráter de santidade. tece em Apocalipse 22.2. Deus está preocu
Um povo santo vive como o seu Deus, e Deus pado em curar o seu povo para sempre.
usava os sacerdotes para tornar isso possível.
Os limites das tribos (47.13-48.29)
Regras sobre as ofertas (45.9- Os limites das tribos parecem semelhantes
46.24) àqueles do reinado de Davi e Salomão. O
Os profetas haviam condenado o povo com povo de Deus iria incluir os israelitas, mas tam
freqüência por causa do uso desonesto de pesos bém aqueles que se juntassem ao povo de
e medidas (Os 12.7; Am 8.5). No dia que Deus pela fé. Tais palavras proféticas são um
Ezequiel descreveu, todos iriam usar medidas belo prenuncio da afirmação no Novo Testa
honestas. Talvez sacerdotes como Ezequiel mento de que todas as nações farão parte do
entristeciam-se sinceramente por causa da corpo de Cristo, a Igreja (Ef 2.11-22).
forma como o povo abusava do sistema Ezequiel relacionou a divisão de lotes en
sacrificial e eram desonestos uns com os ou tre as tribos. Os sacerdotes e levitas ficariam
tros. Isso não aconteceria mais quando o Se ao redor do santuário, o que era de se esperar
nhor fizesse a restauração. tendo em vista as suas obrigações contínuas
423
Descobrindo os Profetas
Sumário
1. Nos capítulos 25-32, Ezequiel conti 5. Deus guiou Ezequiel para uma mon
nua sua mensagem ao fazer profecias tanha alta. Lá, ele mostrou uma visão
contra as nações de Amom, Moabe, que revelava a descrição de um novo
Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito. templo e Deus o instruiu a escrever
tudo o que visse.
2. Em Ezequiel 33-39, o profeta descre
ve as bênçãos da restauração. 6. Cada uma das doze portas de Jerusa
lém era designada para uma das doze
3. Mesmo nos piores dias, o povo re
tribos.
cusou-se a ouvir o profeta Ezequiel
e aplicar as mensagens à sua pró 7. Intérpretes da Bíblia têm diversas in
pria situação. terpretações possíveis para Ezequiel
40-48.
4. A restauração que Deus faria de Israel
seria tanto física quanto espiritual.
424
Ezequiel 25-48
1. Quais eram as implicações de Ezequiel cia sutil para os cristãos de hoje en
profetizar contra outras nações (capí contrada em Ezequiel 33.30-33?
tulos 25-37)? De que forma Deus
4. No livro de Ezequiel, Deus prometeu
ainda mostra o seu poder sobre todas
que iria julgar o mal e restaurar o seu
as nações?
povo. Que diferença essa promessa
2. Descreva a função do atalaia no livro deve fazer na vida do povo de Deus
de Ezequiel. Em que sentido o cristão nos dias de hoje?
dos dias de hoje têm esse papel?
Descreva as várias formas como os
3. Avalie a seguinte afirmação: "Os ou cristãos têm interpretado Ezequiel
vintes de Ezequiel escutavam o que 40-48. Você tem preferência por al
ele estava dizendo para eles, mas não gum desses pontos de vista? Se sim,
o ouviam de fato". Qual é a advertên- por quê?
Leituras corrapSementares
Cooper, Lamar Eugene, Sr. Ezekiel. New American Com Taylor, John B. Ezekiel: An Introduction and Commen
mentary 17. Nashville: Broadman & Holman, 1994. tary. Tyndale Old Testament Commentary. Downers
Forte em exegese e exposição. Grove: InterVarsity, 1969. Um bom comentário em
Cragie, Peter C. Ezekiel. Daily Study Bible. Filadélfia: nível universitário.
Westminster, 1983. Para o leitor em geral.
como forma de relembrar o sacrifício de Cris põe que as palavras de Ezequiel foram parci
to pelos pecados do mundo. De acordo com almente cumpridas no período do segundo
essa visão, então o reino de Cristo teria carac templo. O resto se cumpriria por completo na
terísticas judaicas. era da igreja ou no reinado do milênio.
Um terceiro ponto de vista entende que Um quinto ponto de vista sugere que de
esses capítulos referem-se de maneira proféti vemos entender a linguagem de Ezequiel
ca à Igreja. Os proponentes dessa visão po como sendo um exemplo de literatura simbó
dem encarar os acontecimentos descritos por lica e apocalíptica.9 Ezequiel expressou algu
Ezequiel como sendo profecias que estão se mas importantes verdades espirituais sobre
cumprindo nos dias de hoje de forma espiri Deus e o seu reino em termos palpáveis que
tual. Outros acreditam que elas se referem à seus leitores poderiam compreender.
vida no reino celestial de Deus. Eles citam as Ao longo dos capítulos 40-48, ele retratou
palavras de Jesus sobre o seu cumprimento da o plano perfeito de Deus para o seu povo, a
Lei e dos Profetas (Mt 5.17,18) e sugerem que presença eterna de Deus com o seu povo e as
a Igreja tomou o lugar de Israel nos planos de bênçãos e responsabilidades da vida no reino
redenção de Deus (G1 3.28,29). vindouro de Deus.
Um quarto ponto de vista é uma combina Seja qual for a visão de Ezequiel 40—48
ção da primeira e da terceira visão.8 Ele pro que decidirmos adotar, ela deve criar expec
425
Descobrindo os Profetas
tativa dentro de nós. Deus está planejando seus olhos. Os cristãos devem reconhecer que
um futuro emocionante! Ele irá restaurar o o Senhor tem a liberdade dc cumprir as pala
seu povo e juntá-lo perto de si. Ele será o Deus vras de Ezequiel da forma como ele achar
deles e eles serão o seu povo. Ele irá mostrar melhor. Qualquer que seja o seu plano, certa
sua glória e seu cuidado para com eles eterna mente será indescritível!
mente. E ele enxugará todas as lágrimas de
426
""li®
...- • " :
....
Daniel
Oreino de -
Esboço
• O livro de Daniel como literatura
apocalíptica
A singularidade da literatura apocalíptica
Características da literatura apocalíptica
Objetivos
0 apocalíptico "bíblico"
• Conteúdo do livro de Daniel Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
Conteúdo
• Descrever a distinção do livro de Daniel
Visão geral
comparado-o com o resto do Antigo
• Os temas teológicos de Daniel Testamento.
A soberania de Deus • Fazer o esboço do livro de Daniel.
0 orgulho da humanidade • Mostrar como Daniel e seus três amigos
A vitória final dos santos de Deus foram fiéis a Deus.
• Problemas de interpretação • Descrever as visões de Daniel.
Material bilingüe • Identificar os três temas predominantes
do livro de Daniel.
Identificação dos quatro reinos
• Dizer como Daniel aborda as nações de
Visão das "setenta semanas"
forma diferente dos outros profetas do
Questões históricas Antigo Testamento.
Data de composição • Explicar por que há problemas de
interpretação do livro de Daniel.
• Responder às acusações de que o livro
de Daniel é repleto de erros.
• Avaliar as duas diferentes posições sobre
a data do livro de Daniel.
427
Descobrindo os Profetas
Daniel é um dos livros mais controversos e vros afirmam que seus autores são venerados
Cânon
debatidos da Bíblia. Ainda assim, sua mensa heróis da fé israelita (tais como Enoque,
gem é clara e indiscutível. Enquanto estudio Abraão, Isaías ou Esdras) que viveram sécu
literatura sos da Bíblia ainda lidam com questões como los antes dos livros terem sido escritos.
apocalíptica datas e precisão histórica, o livro de Daniel pede Esses escritos apocalípticos também com
continuamente por fé entre aqueles que são partilham de um conteúdo semelhante. Eles
apocalípticos do povo de Deus de qualquer geração. O livro preocupam-se com o futuro e, com freqüên
intertesta- relata episódios e visões de Daniel, um crente cia, revelam um julgamento escatológico. Eles
mentais tentando permanecer fiel enquanto vivia em normalmente dividem a História em períodos
uma terra estrangeira e hostil à sua fé. distintos de tempo (como, por exemplo, qua
pseudônimo tro reinos e setenta semanas dos anos). O ápi
ce da História é o julgamento final que re
compensa os bons e castiga os maus em uma
escatológico 0 livro de Daniel vida além da morte.
como literatura Essa literatura é sensível à distinção entre
vaticinium ex o mundo espiritual e o mundo físico. Algu
eventu apocalíptica mas vezes, anjos ou demônios representam o
mundo sobrenatural. Outras vezes, o recipi
Um dos motivos para debate é a distinção ente da visão é levado para o outro mundo
período de Daniel quando comparado com os outros
intertesta- para uma jornada celestial. Assim, a literatu
livros do Antigo Testamento. O Cânon cris ra apocalíptica envolve tanto o temporal (tem
mental
tão incluiu Daniel entre os profetas, mas o po escatológico) quanto o espacial (verdade
Cânon hebraico o coloca entre obras chama celestial).
apocalípticos das de “Os Escritos” (ver discussão no capítu Muitos desses escritos usam uma técnica
bíblicos lo 1). De fato, uma leitura rápida revela que na qual um acontecimento bastante conhe
Daniel é diferente dos outros profetas do cido do passado é relatado de forma a pare-
Antigo Testamento tanto em conteúdo quan cer-se com uma previsão para o futuro. O au
to em estilo. O que é diferente e por quê? tor toma a posição de um profeta predizendo
e fala do acontecimento como se ainda esti
A singularidade da literatura
vesse por vir. Se os leitores acreditassem em
apocalíptica
tal profecia (conhecida como vaticinium ex
Daniel é singular porque contém material eventu , “previsão depois do fato”) como sen
que os estudiosos modernos chamam de lite do verdadeira, dariam mais crédito ao livro.
ratura apocalíptica. Esse tipo de literatura é Alguns estudiosos acreditam que o livro de
definido pelo livro de Apocalipse, no Novo Daniel lançou mão dessa técnica (ver abaixo).
Testamento, que é o documento mais antigo
com o título de “apocalipse” ou “revelação”. O apocalíptico "bíblico"
O termo refere-se a um conjunto de docu O Antigo Testamento contém algumas pas
mentos contendo uma singular forma de esti sagens que mostram certas características como
lo e comunicação e tendo em comum o mes as descritas acima e que normalmente são de
mo conteúdo básico.1A literatura apocalípti natureza apocalíptica (J13; Is 24-27 e partes de
ca era amplamente divulgada no Judaísmo Ezequiel e Zacarias). Apesar dessas passagens
nos tempos de Cristo e teve uma influência e do livro de Daniel mostrarem características
profunda no Cristianismo primitivo. claramente apocalípticas, eles também possu
em diferenças significativas em relação ao li
Características da literatura vros apocalípticos escritos mais tarde, no perío
apocalíptica do intertestamental. Devemos, provavelmen
Os livros apocalípticos intertestamentais te, ver esses trechos, bem como o livro de Apo
têm diversas características em comum. Eles calipse no Novo Testamento, como sendo cons
sempre contêm algum tipo de visão. A revela tituintes de uma outra categoria literária cha
ção inicial normalmente é simbólica e miste mada de “apocalípticos bíblicos”. Essa sub-
riosa e requer a interpretação por parte de um categoria começa com materiais históricos e,
intermediário celestial. O nome do autor, de forma gradual, move-se para um material
quando é dado, de um modo geral é um pseu de características mais apocalípticas (especial
dônimo ou nome literário. Muitos desses li mente em Zacarias e Apocalipse).
428
Daniel
Um relevo Daniel tem muito em comum com outras de relatam os acontecimentos da vida de
assírio mostra passagens apocalípticas do Antigo Testamen Daniel e seu ministério nas cortes estrangei
um leão sendo
to. Mesmo assim, quando comparamos o livro ras da Babilônia e Pérsia. As visões da segun
solto de sua
jaula. Os reis de Daniel com os outros profetas do Antigo da metade são relatos pessoais de Daniel de
assírios tinham Testamento de um modo geral, vemos que uma época posterior de sua vida.3
leões para caçar. esse livro é completamente único. Outras pas
Daniel foi sagens vêem o futuro da perspectiva de Israel Esboço
sentenciado a e das promessas da aliança de Deus com o seu
ser colocado em I. A preparação de Daniel e seus
povo. Mas o ponto de vista de Daniel é dife
uma cova de amigos (1.1-21)
leões. rente. Ele considera os impérios mundiais se
culares à luz dos propósitos finais de Deus e II. O sonho de Nabucodonosor
descreve o reino vindouro de Deus.2 Quando e a interpretação de Daniel
descreve o futuro, Daniel usa um panorama (2.1-49)
universal.
O propósito do livro de Daniel também é III. A fornalha de fogo (3.1-10)
singular. Esse livro não chama os leitores a ar-
repcnderem-se e buscarem uma nova vida, IV. O sonho de Nabucodonosor e a
como é o caso de muitos dos outros profetas. interpretação de Daniel (4.1-37)
O livro de Daniel chama o povo a ser fiel e
V. A escritura na parede (5.1-31)
obediente durante os tempos de dificuldade.
Esse propósito faz parte de sua natureza como V I. A cova dos leões (6.1-28)
literatura apocalíptica.
V IL Visão das quatro bestas (7.1-28)
429
Descobrindo os Profetas
modo geral (4.27). Mas há três temas predo- tam como os servos de Deus (Daniel e seus
minantes no livro: a soberania de Deus, o or amigos) foram capazes de superar as mais po
gulho autodestrutivo da humanidade e a vi derosas forças humanas na terra, enquanto
tória final do reino de Deus. procuravam manter-se fiéis a Deus. A primei
ra visão (capítulo 7) retrata três bestas assus
A soberania de Deus tadoras e um monstro grotesco que ameaça
Outros profetas do Antigo Testamento sa exterminar o povo de Deus. Mas o Ancião de
biam que Iavé, o Deus de Israel, era soberano Dias prevalece e estabelece um reino eterno
sobre o mundo todo, incluindo as outras na para os seus santos. Mesmo na perseguição e
ções (por exemplo, Am 1,2). Mas Daniel ilus na morte, o Senhor soberano irá oferecer res
trou esse fato de maneiras novas e claras. surreição (12.1-3). Nas histórias, Deus era so
Daniel demonstrou o senhorio de Deus sobre berano sobre todos os seus inimigos passados.
todo o mundo e não apenas sobre Jerusalém e As visões revelam como essa soberania vai
os israelitas. Essa verdade tinha a intenção de desenrolar-se ao longo da história humana.
ser uma fonte de grande consolo para os israe A ênfase na soberania de Deus leva natu
litas exilados que estavam vivendo em um ralmente aos outros dois temas predominan
contexto estrangeiro. tes no livro. O orgulho humano e a rebelião
Esse tema que permeia todo o livro torna- são autodestrutivos, pois não reconhecem o
se evidente desde o capítulo 1. O primeiro soberano Senhor do universo; o povo de Deus
versículo afirma que Nabucodonosor foi até será vitorioso no final, pois com ele não há
Jerusalém e a sitiou. O leitor pode supor que o possibilidade de fracasso.
rei da Babilônia fez isso com sua própria e in
crível força e de acordo com sua própria inspi O orgulho da hum anidade
ração. Mas o versículo seguinte deixa claro Uma segunda ênfase do livro de Daniel é
que Nabucodonosor estava agindo de acordo o orgulho e a arrogância da humanidade e
com a vontade de Iavé: “O Senhor lhe entre como Deus condena totalmente o egoísmo.
gou nas mãos a Jeoaquim...” (1.2 — o hebrai Nas histórias dos capítulos 1—6, o orgulho re
co n ã ta n , “entregar/dar” é a palavra-chave belde é a questão por trás dos problemas intro
desse capítulo). duzidos a cada capítulo. Nas visões dos capí
Depois que Daniel decidiu resistir às pres tulos 7-12, a arrogância obstinada dos futuros
sões culturais para ceder em sua fé, Deus lhe líderes mundiais é a inimiga de Deus e de seu
“entregou/deu” (n ãtan) favor perante o chefe povo. No final, em todos os casos Deus agiu,
dos eunucos de Nabucodonosor. Mais tarde, ou irá agir de maneira a transformar o orgulho
Deus “entregou/deu” (n ãtan ) aos quatro ju c a arrogância do ser humano em vergonha e
deus conhecimento e discernimento que ex desgraça.
cediam os de outros e a Daniel, um dom Nabucodonosor (capítulo 4) e Belsazar
para compreender visões e sonhos (1.17). As (capítulo 5) são exemplos específicos do orgu
sim, esse capítulo enfatiza a soberania de Deus lho humano (esses capítulos constituem a por
sobre os assuntos de Estado (Babilônia e Is ção central dos capítulos 1-6, ver acima). Em
rael, 1.2), bem como sobre indivíduos (Daniel ambos os casos, seu orgulho os reduziu a um
e seus três companheiros, 1.17). estado patético de completo desamparo e ri
No que diz respeito especificamente às na dículo. Depois que Deus agiu, mal podia-se
ções, Daniel acrescentou uma nova perspecti reconhecer esses homens como reis da gran
va profética. A maior parte dos outros profetas de e poderosa Babilônia (4.33; 5.6,20).
tem profecias contra as nações inimigas de Is O orgulho dos impérios mundiais é o tema
rael (Is 13-23; Jr 46-51, etc.). Mas Daniel vê central dos capítulos 7-12. Os capítulos 7 e 8
os principais impérios em uma ordem mostram uma sucessão de líderes mundiais
seqüencial de quatro, seguidos por um quinto orgulhosos até chegar a um clímax de orgu
e eterno reino. Em vez de pregar sermões con lho imperial com o pequeno chifre com uma
tra os vizinhos mais próximos de Israel, Daniel grande boca (7.8). Mas um novo reino celes
têm visões de futuros impérios que se opõem a tial liderado pelo Ancião de Dias e o Filho do
Deus e oprimem o seu povo em toda a parte. Homem substituirá esses reinos humanos chei
Tanto as histórias quanto as visões mostram os de orgulho. Nos capítulos 10-12, as forças
uma luta entre governantes sucessivos do sobrenaturais do céu irão mobilizar-se para
mundo e o reino de Deus. As histórias rela esmagar o último governante anticristo do
432
Daniel
mundo, que ergueu-se arrogantemente sobre supremo nos céus e na terra e aqueles que se
todos os deuses (11.36-45). aliarem a ele irão compartilhar do seu triunfo.
O livro de Daniel é especialmente rele Não importa quão severa é a perseguição, os
vante para todas as gerações de cristãos, pois inimigos de Deus não podem acabar com sua
ele confronta o orgulho como sendo o proble comunidade de crentes. A natureza apoca
ma crucial. O pecado e a rebelião estão sem líptica singular de Daniel nos ensina que sem
pre enraizados no orgulho e no egocentrismo. pre foi assim (capítulos 1-6) e sempre será
Assim, a salvação deve envolver confissão, (capítulos 7-12). Mesmo na morte, o povo de
rejeição da auto-suficiência orgulhosa, depen Deus é vitorioso (12.1-3).
Uma réplica do dência de Deus (Mc 8.34), e todos esses com O que prevalece nesse livro é a idéia dos
portão de portamentos são magnificamente demonstra quatro grandes reinos que serão seguidos por
Ishtar, antiga dos por Daniel, seus três companheiros e, mais um quinto reino (capítulos 2 e 7). Tradicio
Babilônia. A
primeira metade
tarde, o serão pelos Santos do Altíssimo. nalmente, os intérpretes consideram que es
do livro de ses reinos se referem à Babilônia, MEDO-
Daniel relata
A vitória final dos santos PERSA, GRÉCIA e ROMA, respectivamente.
acontecimentos de Deus Mas a identidade exata desses reinos é am
da vida e Daniel também fez muitas revelações so plamente discutida até mesmo entre os evan
ministério de
bre o reino de Deus. A mensagem fundamen gélicos.6 Apesar de haver dúvidas quanto aos
Daniel nas
cortes da tal de Daniel é de que, mediante qualquer detalhes exatos, a mensagem é clara e irrefu
Babilônia e da circunstância, é possível viver uma vida de fé tável. Todos os reinos da terra são efêmeros,
Pérsia. e vitória com a ajuda de Deus. Deus reina não importando o quão impressionantes eles
possam parecer no momento. No final, o Fi
lho do homem irá trazer o reino eterno do
Ancião de dias (7.14).
Apesar da promessa ser garantida, o resto
do livro descreve uma espera pela chegada
do reino eterno de Deus. Durante esse perío
do, o povo sofrerá duras provações e persegui
ções nas mãos dos líderes mundiais orgulho
sos e incrédulos. As setenta semanas dos anos
(9.24-27) e a promessa de ressurreição (12.1-
3) pressupõem que os santos de Deus terão
que suportar as provações durante um perío
do de tempo limitado. Mas aqueles que pas
sarem por isso fielmente e esperarem o tempo
de Deus irão participar de sua vitória final.
Daniel é a fonte primária da escatologia do
Antigo Testamento. Junto ao livro de Apoca
lipse no Novo Testamento, ele oferece muitos
dos dados que temos para as interpretações do
fim dos tempos. Mesmo que os cristãos discor
dem entre si em relação a questões como a
volta de Cristo e os detalhes do seu reinado, a
questão mais importante é se a igreja nos dias
de hoje está vivendo de forma digna das suas
bênçãos e aceitação quando ele vier outra vez.
Em outras palavras, os detalhes da escato
logia não são tão cruciais quanto a ética
escatológica: ter um comportamento imita
dor de Cristo agora e neste mundo e viver
antecipando a sua volta. Daniel ensina que o
povo de Deus pode e deve ter uma vida santa
e reta mesmo sofrendo as injustiças dessa vida.
Somos encorajados afazê-lo, pois um dia Deus
nos trará a vitória final.
433
Descobrindo os Profetas
IIIIIIIIMillllll i l I l I l l ll ll l M
a.C. (comentaremos mais sobre isto adiante).
Problemas de Essa posição nega a possibilidade de profecias
de previsão que sejam detalhadas e precisas.
abominação interpretação Agora, entretanto, alguns evangélicos acei
de desolação tam a possibilidade de que o quarto império
Material bilingüe tenha sido a Grécia, mesmo mantendo o sé
E interessante observar que, além de culo seis como a época em que o livro foi es
Esdras,2 Daniel é o único livro bilingüe na Bí crito.11 O ponto de vista tradicional, que iden
blia. O livro contém tanto hebraico quanto tifica o quarto reino como sendo Roma, ainda
aramaico, uma língua da mesma família do tem muito que conta a seu favor.
hebraico e que, aos poucos, foi substituindo-o
como língua nativa dos exilados judeus. O Visão das “setenta semanas"
aspecto mais surpreendente do uso dessas duas A visão que Daniel teve das “setenta se
línguas é que a mudança de uma para a outra manas” ou setenta períodos de tempo tam
não acontece na divisão de unidades do livro. bém é difícil de ser interpretada (9.24-27).
Em vez dos capítulos 1-6 serem em uma lín Muitos intérpretes de hoje supõem que ela é
gua e os capítulos 7—12 serem em outra, o uma profecia ex eventu, ou seja, que foi escrita
livro é em hebraico de 1.1—2.4a, em aramaico depois que os acontecimentos supostamente
de 2.4b—7.28 e em hebraico novamente nos previstos já haviam ocorrido no século 2Qa.C.
capítulos 8-12. A interrupção do sistema sacrificial e a “abo
Estudiosos sugerem muitas explicações cri minação de desolação” normalmente são da
ativas para Daniel ter usado as duas línguas.8 tados de 167 a 166 a.C.12 De acordo com esse
A idéia mais aceita diz que o livro todo foi ponto de vista, a passagem não é uma verda
originalmente composto em aramaico. O co deira profecia de previsão, mas sim um olhar
meço (l.l-2.4a) e o fim (8-12) foram tradu retrospectivo sobre acontecimentos que já
zidos para o hebraico para assegurar a aceita haviam ocorrido.
ção do livro no Canon.9 Todas as tentativas Mas muitos estudiosos evangélicos argu
de se explicar a natureza bilingüe do livro de mentam que esses versículos são, de fato, pro
Daniel são altamente especulativas. Talvez o fecia de previsão futurista e que essas profe
autor tivesse usado o aramaico de propósito cias serão perfeita e completamente cumpri
como um recurso literário para colocar as his das em Jesus Cristo, apesar de não haver mui
tórias que se passaram na Babilônia e na Pérsia to acordo em qual seria a interpretação espe
em uma perspectiva diferente das visões dos cífica. Daniel viu os detalhes da vinda de
capítulos 8-12.10 Cristo de maneira vaga, como se estivesse
olhando para várias cadeias de montanhas.
Identificação dos quatro reinos As montanhas mais distantes só são visíveis
Há muitas questões de difícil interpreta pelo seu contorno e é impossível para o obser
ção no livro de Daniel. Mencionamos anteri vador determinar a sua distância exata por
ormente, por exemplo, que muitos estudiosos causa das outras montanhas e vales que estão
discordam sobre quais são os quatro reinos dos na frente. Não há dúvidas de que os judeus
capítulos 2 e 7. Muitos restringem o debate a do século 2Qsentiram que essa profecia havia
uma discussão entre evangélicos e não-evan se cumprido nos seus dias. E é possível que isto
gélicos. A posição dos evangélicos seria supor tenha ocorrido parcialmente, tendo em vista
que os quatro reinos de Daniel 2 e 7 são Babi que eles estavam em uma cadeia de monta
lônia, Medo-Persa, Grécia e Roma. Dessa for nhas intermediária. “Mas guiado pelo Espírito
ma, o reino dos céus estaria identificado cla Santo, [Daniel] estava na verdade apontan
ramente com a vinda de Cristo e o nascimen do para a vinda de Jesus Cristo, mais de um
to do Cristianismo durante o período romano. século e meio mais tarde”.13
Por outro lado, o ponto de vista não-evan
gélico, que normalmente data o livro de Da Questões históricas
niel como sendo do segundo século, supõe O livro de Daniel, portanto, contém certas
que os impérios são Babilônia, Média, Pérsia e passagens que são controversas e apresentam
Grécia. Assim, o reino dos céus sucedendo o mais de um sentido possível. Mas além disso,
período grego seria o estado judeu estabeleci alguns estudiosos modernos afirmam que o
do pelos Macabeus durante o segundo século livro é cheio de imprecisões históricas. Nor
434
Daniel
malmente, eles argumentam que o autor iden nosor como sendo seu pai, enquanto sabemos
tificou incorretamente figuras históricas e con que Belsazar era filho de Nabonido, que pos
fundiu certas datas dentro do livro. A seguir sivelmente não tinha nenhuma relação de
vamos discutir alguns desses problemas. parentesco com Nabucodonosor. Mas é de
conhecimento geral que os termos “pai” e “fi
A loucura de Nabucodonosor lho” no hebraico e no aramaico são mais am
Muitos estudiosos encaram com ceticismo plos que em nossa própria língua e podem ser
a loucura de Nabucodonosor (4.32,33). A l usados para designar o ancestral real ou sim
guns chegam a afirmar que “não há sombra plesmente aquele que precedeu alguém no
de dúvida” que o autor confundiu Nabuco trono. Além disso, é possível que Nabonido
donosor com uma tradição sobre o pai de fosse, na verdade, genro de Nabucodonosor.20
Belsazar, NABONIDO (mencionado nos papi
ros do Mar M orto).14 Mas evidências docu Dario, o Medo
mentais dos últimos anos dentre os quarenta Outro comentário histórico em Daniel que
e três de reinado de Nabucodonosor são pou os estudiosos supõem ser impreciso é a refe
cas e as antigas referências mencionam ape rência a DARIO, O MEDO, em 5.31. Fontes
nas uma doença grave antes de sua morte.15 cuneiformes da Babilônia comprovam que a
cidade da Babilônia caiu em outubro de 539
0 "rei" Belsazar
а.C., para o mais conhecido e famoso Ciro, da
O rei Belsazar tem um papel importante Pérsia. Muitos acreditam que Dario, o medo,
no livro de Daniel e três capítulos são datados é absolutamente não-histórico.
como sendo do período do seu reinado (5, 7 e Em vez de supormos erros por parte do au
8). Porém, tanto quanto sabemos, ele nunca tor antigo, há várias indicações que o mal
assumiu o título de “rei” (apenas “filho do rei”) entendido é de nossa parte devido à falta de
nos registros da Babilônia.16 De fato, seu nome informações detalhadas. Um estudioso suge
era tão pouco conhecido pelos historiadores riu que Dario, o medo, possa ser identificado
antes de ser decifrada a literatura cuneifor- com Gubaru um certo governador de uma
me na metade do século 19 que alguns consi província da Babilônia.21 Ou Dario, o medo
deravam-no puramente uma invenção do au pode ter sido um outro indivíduo também co
tor de Daniel.17 Alguns estudiosos que anali nhecido como Gubaru, que serviu não como
sam o livro de Daniel supõem que o autor governador de província, mas foi um dos con
confundiu-se ou estava mal-informado sobre quistadores da Babilônia.22
a história da Neobabilônia, tendo em vista que Uma explicação completamente diferen
o livro com freqüência refere-se a Belsazar te é de que o nome “Dario, o medo” é o nome
como “rei” e “filho” de Nabucodonosor. de trono dado a Ciro, da Pérsia, e que ambos
Entretanto, sabemos que Belsazar foi esta são, de fato, o mesmo indivíduo.25 Há evidên
belecido como co-regente ao lado de Nabo- cias lingüísticas para a idéia de que Daniel
nido, seu pai, durante dez anos e exerceu б.28 deve ser traduzido como: “Daniel, pois,
autoridade real nesse período.18 O autor de prosperou no reinado de Dario, ou seja, no
Daniel relatou uma situação em que Belsazar reinado de Ciro, da Pérsia”. A palavra ara
era o rei em exercício, e não o co-regente ofi maica para “e” (traduzida aqui como “ou seja”)
cial do Estado.19 A palavra aramaica para “rei” algumas vezes serve para esclarecer aquilo que
é mais ampla que seu significado em nossa a precede e, nesse caso, explica que os dois
língua. Era apropriado que o autor de Daniel nomes pertencem à mesma pessoa.24
se referisse a Belsazar como rei, tendo em vis Independente de qual dessas explicações
ta que Nabonido aparentemente estava fora parece mais atraente, não devemos partir do
do cenário político naquela época. N a verda pressuposto de que o livro de Daniel contém
de, o autor estava bem informado sobre a his erros históricos. Antes da descoberta de do
tória da Neobabilônia, pois ele sabia que Bel cumentos babilônios relevantes, muitos estu
sazar era apenas o segundo no reino e podia diosos supunham que Belsazar era completa
oferecer fazer de Daniel o terceiro no reino mente fictício. Mas agora fica claro que o autor
(5.7,16,29). estava mais próximo da precisão histórica que
Muitos também supõem que o autor se con se pensava antigamente. Apesar de ainda
fundiu em relação ao pai de Belsazar. O capí haver diversas dificuldades históricas no li
tulo 5 menciona com freqüência Nabucodo vro, o autor de Daniel não estava confuso
435
Descobrindo os Profetas
quanto aos acontecimentos históricos como A segunda opção afirma que o livro em
vaticinium ex
sugerem os estudiosos modernos. Devemos seu atual formato vem do século 2Qa.C. Mui
eventu
dar crédito ao autor e supor que qualquer tos estudiosos acreditam que a parte em ara
inconsistência seja resultante da nossa pró' maico (2.4b-7.28) foi composta em alguma
pria falta de dados disponíveis. Cabe àqueles época do século 3Qa.C. e depois incorporada
que querem desacreditar as Escrituras apre na disposição atual durante a crise dos
sentar as provas. macabeus. Quanto Antíoco IV Epifânio ame
açou destruir o Judaísmo em alguma época
Data da composição de 160 a.C., um autor vivendo na Judéia es
Todas essas questões difíceis estão de uma creveu uma introdução em hebraico e as vi
forma ou de outra ligadas ao problema mais sões dos capítulos 8-12 para fechar o livro. O
controverso: quando o livro foi escrito? Há, autor queria encorajar os judeus a continua
basicamente, duas opções: ou ele vem do fi rem sendo fiéis durante a crise e confiar no
nal do século 6- a.C. ou ele foi escrito durante livramento de Deus.
o 2Qséculo a.C.25 A primeira opção enfatiza O segundo ponto de vista supõe que Da
as diferenças entre Daniel e o resto da litera niel tem muito em comum com o resto da
tura apocalíptica. A segunda opção ressalta literatura apocalíptica. Supõe também que o
as semelhanças. autor usou um pseudônimo, escrevendo com
Nossa primeira opção é aceitar que Daniel o nome de um Daniel mitológico, que era
é uma composição do final do século 6- a.C., vagamente conhecido em um outro lugar.26
e nesse caso ela deve ser uma profecia de pre Nessa visão as profecias do livro são feitas de
visão autêntica e não apenas uma profecia pois que os acontecimentos já ocorreram. O
depois do acontecimento (vaticinium ex autor as apresentou na forma futurista para
eventu , ver acima). Nesse caso, não é neces encorajar os leitores a permanecerem fiéis a
sário presumir que o livro foi escrito sob um Deus.27 Esse ponto de vista parte do pressu
pseudônimo como outros livros apocalípticos. posto de que o livro é um ataque à política
Portanto, os relatos em primeira pessoa das vi antijudaísmo de Antíoco.
sões nos capítulos 7—12 são referentes ao Da Uma das grandes dificuldades com essa se
niel histórico. Essa visão parte do pressuposto gunda opção é o fato de ela supor que obras
de que o livro é aquilo que diz ser: um livro com pseudônimos foram aceitas no Cânon.
sobre o exilado Daniel, suas experiências nas Não temos nenhuma evidência conclusiva de
cortes da Babilônia e Pérsia e suas visões. que qualquer livro escrito por um autor com
um nome fictício foi aceito no Cânon.26 Mas se
esse fosse o caso, a comunidade cristã teria aceito
um documento desse tipo como parte das Es
Termos-chave crituras durante um período bastante curto de
Cânon tempo (supostamente dois ou três séculos).
Literatura apocalíptica Além disso, obras com pseudônimos normal
Apocalíptico intertestamental mente usavam nomes de heróis venerados no
Pseudônimo passado: Enoque, Abraão, Moisés, Esdras, e
Pessoas/ Escatológico assim por diante. Mas Daniel é praticamente
Vaticinium ex eventu
lugares-chave Período intertestamental
desconhecido fora do livro de Daniel.
Além do mais, a data do 2Q século falha
Antíoco IV Epifânio Apocalíptico bíblico em explicar a grande influência que o livro
Nabonido Quiasmo teve na comunidade de QUMRAN como fica
Dario, o medo Ancião de Dias claro nos papiros do Mar Morto. O grande
Belsazar Filho do homem número de fragmentos e cópias de Daniel
Medo-Persa Setenta setes entre os papiros demonstra a popularidade do
Grécia Santos do Altíssimo livro em Qumran. Não teria havido tempo
Roma Macabeus
suficiente para o livro de Daniel (composto
Qumran Abominação de desolação
recentemente) ter exercido uma influência
tão profunda na comunidade de Qumran.29
Concluindo, devemos considerar Daniel
como sendo uma obra “apocalíptica bíblica”,
uma subcategoria da literatura apocalíptica.
436
Daniel
Sumário
1. O livro de Daniel é classificado como uma 6. Daniel é a fonte primária para a escatolo-
obra de literatura apocalíptica e, em vá gia do Antigo Testamento.
rios sentidos, é singular.
7. Há problemas de interpretação com o li
2. As características da literatura apocalíptica vro de Daniel tendo em vista que ele foi
intertestamental são: presença de uma escrito em duas línguas diferentes e tam
visão e necessidade de interpretação por bém porque a interpretação de cada um
meio de um mediador celestial, autor usa dos quatro reinos é difícil, bem como a
um pseudônimo, tem conteúdo similar visão das “setenta semanas".
no sentido de que divide a História em 8. Estudiosos evangélicos e não-evangélicos
períodos e a História termina com um jul
discordam sobre a identidade dos quatro
gamento final, envolve aspectos tempo reinos.
rais e espaciais e com freqüência usa um
evento ocorrido no passado e o escreve 9. Muitos estudiosos modernos usam a lou
na forma de uma previsão para o futuro. cura de Nabucodonosor e os fatos sobre
Belsazar e Dario, o medo, como argu
3. A literatura apocalíptica do Antigo Testa mentos para concluir que o livro de Da
mento não tem todas as características da niel é cheio de erros.
literatura apocalíptica intertesta mental.
10. Os dois pontos de vista para a data de Da
4. Há duas partes em Daniel: a história nar
niel apontam, um para o século 2g a.C. e
rativa (capítulos 1-6) e as visões (capítulos outro para o final do século 6Q a.C.
7-12).
11. Um dos maiores problemas na teoria de
5. Os temas predominantes do livro de Da que Daniel foi escrito no século 2Q é que
niel são a soberania de Deus, o orgulho ela supõe que uma obra escrita com
autodestrutivo da humanidade e a vitória pseudônimo foi aceita no Cânon.
final do reino de Deus.
4. De que maneira os temas de fidelidade e 7. Discuta alguns dos principais temas teoló
lealdade a Deus e o livramento de Deus gicos do livro de Daniel.
são trabalhados no livro de Daniel? 8. Discuta os problemas de interpretação de
Daniel.
437
Descobrindo os Profetas
Leituras complementares
Baldwin, Joyce G. Daniel: An Introduction and Com Russel, D. S. Daniel, An Active Volcano: Reflections on
mentary. Tyndale Old Testament Commentary. the Book o f Daniel. Louisville: Westminster/John
Downers Grove: InterVarsity, 1978. Uma exposição Knox, 1989. Observação teológica de ajuda com
excelente, porém breve. muitas aplicações contemporâneas.
Collins, John J. Daniel: A Commentary on the Book of Wenham, Gordon J. "Daniel: The Basic Issues", Theme-
Daniel. Hermenia. Minneapolis: Fortress, 1993. A lios 2, n°2 (1977): 49-52.
melhor e mais completa apresentação dos estudos Wiseman, Donald J., org. Notes on Some Problems in
mais tradicionais. the Book o f Daniel. Londres: Tyndale, 1965. Uma
Goldingay, John E. Daniel. Word Biblical Commentary 30. avaliação acadêmica das questões difíceis do livro de
Dallas: Word, 1989. Informativo e completo, porém Daniel a partir de um ponto de vista evangélico.
limitado em sua utilidade por causa do dogmatismo Young, E. J. The Prophecy o f Daniel. Grand Rapids:
sobre a data mais recente de composição. Eerdmans, 1949.
Ela é apocalíptica em sua natureza (espe Os capítulos 7-12 devem ter sua origem em
cialmente os capítulos 7-12), apesar de dife Daniel, pois as histórias dos capítulos 1-6 são
rir significativamente da literatura apocalíp historicamente confiáveis. São convincen
tica intertestamental. A forma apocalíptica tes as evidências de que o livro contém pre
bíblica foi, assim, a predecessora desse tipo visões verdadeiras e não retrospectivas e a
de literatura judaica em períodos mais re data do século 69 não deve ser descartada
centes, bem como no Cristianismo primitivo. precipitadamente.00
438
Oséias, Joel e Amós
Um chamado para o arrependimento
e uma promessa de bênção
Esboço
• Oséias: Compartilhando o sofri
mento de Deus
Esboço
0 homem
Seus tempos
Objetivos
Principais temas do iivro
Conteúdo do livro Depois de ler este capítulo,
você deve ser capaz de:
Oséias e o Novo Testamento
• Delinear o conteúdo básico de Oséias.
• Joel: O dia do Senhor
• Descrever o período de tempo do ministé
Esboço
rio de Oséias.
Pano de fundo de Joel
• Relacionar os temas de Oséias.
A mensagem de Joel
• Delinear o conteúdo básico de Joel.
• Amós: Um pastor pela justiça social • Delinear o conteúdo básico de Amós.
Esboço
• Identificar as oito nações contra as quais
Pano de fundo de Amós Amós profetizou.
A mensagem de Amós • Relacionar as cinco visões de julgamento
sobre as quais Amós profetizou.
439
Descobrindo os Profetas
440
Oséias, Joel e Amós
tuição sagrada tornou-se parte da religião de Oséias desafiou o povo de Israel a conhe
Israel. Gradualmente, o povo convenceu-se de cer a Deus. O povo vivia uma vida que se
que Baal, e não o Senhor Deus, é que havia opunha completamente a Deus pois não o
oferecido a eles uma vida repleta de bênçãos. conhecia (4.1-3). Rejeitavam sua Lei e seus
A maior parte dos estudiosos situa o início profetas. Deus lamentou: “O meu povo está
do ministério de Oséias no final do reinado dc sendo destruído porque lhe falta o conheci
Jeroboão. Nessa época, a Assíria era uma po mento” (4.6). Oséias pediu a Israel que se es
tência em ascensão e iria estabelecer-se como forçasse para conhecer plenamente o Senhor
império mundial sob TIGLATE-PILESER III. pois, só então, poderia viver como ele espera
Muitos em Israel viam essa nação como uma va (6.3).
possível aliada, mas Oséias os advertiu sobre
confiar na Assíria (5.13; 7.11). A História iria
O amor frustrado de Deus
provar de maneira trágica que as preocupações Quando Oséias experimentou a infideli
de Oséias tinham fundamento. Como o profeta dade de Gômer, aprendeu mais sobre a dor e
não descreve especificamente a queda de Sa a frustração que Deus estava sentindo por
maria, muitos intérpretes situam a data em que causa de Israel. A frustração de Deus apare
o livro foi escrito pouco antes de 722 a.C. ce sempre de novo nas palavras de Oséias.
Deus amava o seu povo profundamente e ver
Principais tem as do livro o seu adultério verdadeiramente o entriste
cia. Ele sabia que teria que julgar o seu peca
Adultério espiritual
do e ainda assim, comp poderia mandar o seu
Deus criou o casamento para o bem da povo — sua própria noiva — para o exílio?
humanidade. Ele ordenou que um homem e O amor de Deus prevaleceria no final.
uma mulher se comprometessem a amar um Mesmo que Israel o tivesse magoado, Deus
ao outro para o resto da vida. O adultério vio expressou o seu amor especial pela nação no
lava a relação do casamento e desonrava essa capítulo de encerramento de Oséias. Se ela
instituição básica que Deus havia estabeleci se arrependesse e confiasse nele, Deus a per
do para o bem-estar da humanidade. doaria e a sararia. Faria dela aquilo que ele
Oséias declarou que, espiritualmente, Deus havia planejado desde o princípio — sua pró
e Israel eram marido e mulher. Israel havia se pria e bela noiva.
esquecido dos seus laços de matrimônio com
o Senhor e juntado-sc com Baal e outros aman Conteúdo do livro
tes. Ela havia escarnecido daquele amor divi
A família de Oséias/a família de Deus
no que havia feito dela um povo. Ela havia
tomado os presentes de Deus e usado-os para (1.1-3.5)
adorar ídolos (2.8). Israel estava praticando Deus ordenou que Oséias se casasse com
nada menos que adultério espiritual. Gômer, uma mulher que provou scr infiel ao
A infidelidade de Gômer retratou em ní profeta. Estudiosos já debateram a natureza
vel humano o adultério que Israel estava co dessa ordem. O Senhor mandou que Oséias
metendo. Gômer desonrou a si mesma e ma se casasse com uma mulher que já era sexual
goou o seu marido; Israel desonrou a si mes mente imoral ou Gômer tornou-se infiel de
mo e entristeceu a Deus. pois de seu casamento com Oséias?
A linguagem explícita de Oséias (por exem Alguns estudiosos encontram dificuldade
plo, 2.2,3,10) mostrava quão fundo Israel ha em aceitar a idéia de que Deus mandaria um
via caído quando Deus chamou sua noiva de profeta seu casar-se com uma prostituta. Eles
volta para si. argumentam que Gômer tornou-se infiel de
pois de Oséias ter se casado com ela e que
Conhecimento de Deus esse ponto de vista se encaixa melhor com a
A vida cristã é um relacionamento com o analogia de Deus e Israel (2.15). Nessa inter
Senhor vivo. Deus chama as pessoas para pretação de texto, a expressão “esposa adúlte
conhecê-lo e crescer nesse conhecimento. A ra” refere-se ao que Gômer se tornou depois
oração freqüente, o estudo da Bíblia e o en de seu casamento com Oséias.
contro com outros crentes são algumas for Outros estudiosos concentraram-se na ex
mas que Deus usa para nos ajudar a conhecê- pressão hebraica traduzida como “esposa adúl
lo melhor. tera” (NVI). As palavras significam literalmen
441
Descobrindo os Profetas
Parte do vale de Deus que tanto os amava. As mensagens dos gelho, afirmou em 2.15 que Deus havia cum
Jezreel, perto profetas, entretanto, não foram ouvidas. Is prido a profecia de Oséias 11.1 outra vez —
do Monte
rael não seguiu o exemplo de Jacó e não deu “Do Egito chamei o meu Filho”. Quando os
Tabor. O vale
contém as atenção às palavras dos profetas. inimigos de Jesus o desafiaram porque ele as-
ruínas de Deus advertiu Israel que seu julgamento sociava-se com pecadores, Jesus mandou que
Megido, da qual seria rápido. Ele iria tirar o seu rei, no qual ela aprendessem o significado de Oséias 6.6 —
é derivado o confiava plenamente. Deus iria mostrar que “Pois misericórdia quero e não sacrifício” (Mt
nome
o rei era fraco diante da ira e do poder divino. 9.13). Por fim, o apóstolo Paulo citou Oséias
"Armaaedom"
Samaria, a capital do norte, iria cair — c seria 1.10,11 e 2.23 em Romanos 9.25,26. Paulo
CJI 2).
terrível! explicou que Deus estava criando para si um
povo que iria incluir judeus e gentios. Gen
A possibilidade de restauração
tios que jamais haviam ouvido falar do Se
(14.1-9) nhor se tornariam seus filhos mediante a fé
Apesar da acusação rigorosa dos pecados em Jesus Cristo.
de Israel que Oséias havia proferido, ele tam
bém mostrou à nação que havia esperança
para ela e seus cidadãos. Ele chamou-os ao
arrependimento e ao reconhecimento de que
Joel: o Dia do Senhor
somente Deus poderia suprir suas necessida
Esboço
des. Em troca, Deus prometeu cura e bênçãos.
Oséias usou termos da agricultura para des
I. A praga de gafanhotos (1.1-20)
crever a futura restauração de Israel. Israel
iria florescer como a vide e como o lírio, criar II. O D ia do Senhor (2.1-17)
raízes como as árvores do Líbano e tornar-se
tudo aquilo que Deus queria que ela fosse. III. A resposta do Senhor
(2.18-3.21)
Oséias e o Novo Testam ento
O Novo Testamento cita Oséias diversas Pano de fundo de Joel
vezes. Quando José e Maria trouxeram o me Nos tempos de Joel, uma praga de gafa
nino Jesus do Egito, Mateus, o escritor do evan nhotos como o povo jamais havia visto desceu
443
Descobrindo os Profetas
sobre a terra. Joel descreveu essa praga como ranças de que o Senhor teria compaixão de
sendo o “Dia do Senhor” (1.15; 2.1,11,31) e les e os restauraria.
chamou a nação ao arrependimento. Ele tam
A resposta do Senhor (2.18-3.21)
bém advertiu que um dia ainda mais terrível
de julgamento estava por vir, um dia para o A resposta do Senhor para o seu povo foi
qual o povo precisava se preparar. composta de quatro partes. Primeiro, a terra
Sabemos muito pouco sobre as origens de seria restaurada. O Senhor teria compaixão
Joel além de que ele era filho de Petuel. O de seu povo e renovaria a natureza para que
nome “Joel” aparece em outras partes da Bí- as plantações crescessem em abundância. O
blia, mas não temos nenhuma evidência que Senhor iria remover os opressores e mostrar
ligue o profeta a qualquer outra pessoa com o sua glória e o povo de Deus se alegraria nele.
mesmo nome. Seu nome significa “O Senhor Em segundo lugar, o povo passaria por um
é Deus”. Estudiosos discordam sobre o perío- despertar espiritual. Joel declarou que um dia
do de ministério de Joel e sugerem datas que o Senhor iria derramar o seu Espírito sobre
vão de 900 a.C. a 400 a.C. Nós propomos uma pessoas de todas as camadas da sociedade —
data que fica entre 500 a 450 a.C. por três homens e mulheres, jovens e velhos, escravos
motivos. Em primeiro lugar, o capítulo 3.1-3 e pessoas livres. Acontecimentos cataclísmicos
parece fazer referência ao exílio na Babilônia. acompanhariam esse derramamento e aque
Em segundo lugar, Joel menciona sacerdotes le que chamasse pelo nome do Senhor rece
e anciãos (1.13,14), mas não fala de nenhum beria a salvação (2.28-32). No dia de Pente -
rei, o que pode sugerir que Judá não tinha um costes, o apóstolo Pedro anunciou que o Se
rei naquele determinado período. Tendo em nhor havia cumprido as palavras de Joel. O
vista que o profeta chamou toda a nação ao Espírito Santo havia sido derramado e estava
arrependimento, seria estranho se ele deixas habitando em todos os crentes, capacitando-
se de lado a casa real. Em terceiro lugar, Joel os para que se tornassem como Jesus Cristo,
não menciona qualquer oposição por parte seu Senhor (At 2.14-21).
dos cultos pagãos, o que reflete as condições Em terceiro lugar, Deus iria julgar as na
do período pós-exílio.7 ções que não se arrependessem. Ele iria ajun-
tar todos os que tivessem pecado contra ele e
A m ensagem de Joel seu povo e iria pagá-los de acordo com sua
iniqüidade. Naquele dia, o mundo todo co
A praga de gafanhotos (1.1-20) nheceria a soberania de Deus!
Joel retratou a praga de gafanhotos como Em quarto lugar, Judá receberia uma bên
sendo de uma severidade incomum. Gera ção especial bem como proeminência. Joel
ções anteriores não haviam testemunhado algo usou linguagem figurativa para descrever os
tão terrível e as últimas gerações certamente benefícios agrícolas, políticos, sociais e espiri
se lembrariam. Joel comparou os gafanhotos tuais que estariam por vir. A natureza iria flo
com um poderoso exército que destruía a ter rescer quando Deus removesse os inimigos de
ra, deixando-a nua. Todas as partes da socie Judá e o povo iria viver em harmonia, pois o
dade sentiram os efeitos da praga. Joel cha seu Deus estaria hahitando no meio deles.
mou o povo a humilhar-se e suplicar ao Se
nhor, pois somente ele poderia salvá-los.
IV* Cinco visões de julgamento tulo 1.1 não ajuda a precisar o início da profe
(7.1-9.10) cia de Amós, pois não sabemos ao certo quan
do esse desastre ocorreu.11 U m a referência
V* Promessas de restauração e tão precisa, entretanto, pode indicar que o
bênção (9.11-15) ministério do profeta foi relativamente curto.
Pano de fu n d o d e A m ó s A m en sag em de A m ó s
A m ós trabalhava entre os pastores de
Tecoa, uma pequena cidade em Judá, apro Israel não é melhor que as outras
ximadamente quinze quilômetros ao sul de nações (1.3-2.1 6)
Jerusalém (1.1). A palavra hebraica traduzida Amós começou falando contra oito nações
como “pastor” (n õqêd ) não é o termo comum que Deus havia separado para seu julgamen
usado para o “pastor de ovelhas”. Ele só apare to. Cada um dos oito discursos de julgamento
ce outra vez em 2 Reis 3.4 em que se refere a contém um anúncio do julgamento de Deus,
Messa, rei de Moabe. Por causa desse fato, a razão para o julgamento e a natureza do
alguns estudiosos sugerem que Amós era um julgamento. A maior parte dos pecados que
pastor abastado. Porém, esse argumento é ba Amós menciona aparece somente aqui e não
seado em apenas duas ocorrências da palavra sabemos exatamente quando cada nação co
n õ q ê d . Além do mais, o próprio Amós parece meteu seu crime.
enfatizar suas origens humildes (7.14). Amós Expressões numéricas tais como “Por três
também trabalhava cuidando de sicômoros. pecados... mesmo por quatro” ocorrem em
Certos tipos de sicômoros da Palestina produ outras partes do Antigo Testamento (Jó 5.19-
ziam figos. O produtor de figo ajuda a fruta a 27; 33.14; SI 62.11,12; Pv 6.16-19; 30.15b,
amadurecer fazendo nela uma pequena per 16,18-20,21-23,29-31; Mq 5.5). Ao recorrer a
furação antes da colheita.8 essas expressões, Amós estava indicando que
Amós cresceu cm Judá, mas Deus o en Deus não usaria mais de sua graça para com
viou para profetizar em Israel. Certam ente essas nações. Havia chegado o tempo de pa
muitos israelitas olhavam para Amós com des garem pelos seus pecados.
confiança (7.10-13). Ainda assim, Amós rea Amós iniciou sua profecia com Damasco e
lizou fielmente o seu ministério profético. Ele a Filístia, dois reinos contra os quais Israel ha
chamou Israel a se arrepender do seu pecado via sempre lutado. Damasco havia brutalizado
e estabelecer a justiça como lei daquela terra. os habitantes de Gileade, enquanto os filis
Deus queria que seu povo o amasse e refletis teus haviam deportado cativos israelitas para
se esse amor em relação ao próximo. Edom a fim de vendê-los como escravos. En
Como Oséias, Amós profetizou durante o tão, Amós pregou contra Tiro, um reino que
reinado de Jeroboão II (793—753 a.C.) e Uzias gozou de boas relações com Israel durante os
(Azarias) de Judá (792-739 a.C .).9 A prospe reinados de Davi e Salomão (2Sm 5.11; lR s
ridade econômica e a estabilidade política le 5.1-12). Tiro, uma cidade mercantil, havia
varam à degeneração espiritual de Israel. Essa vendido israelitas como escravos para Edom.
degeneração espiritual tomava a forma de Depois de proferir o julgamento contra D a
injustiça social. Os ricos exploravam os pobres; masco, Filístia e Tiro, Amós profetizou contra
os poderosos dominavam os fracos. A morali Edom, Amom e Moabe, três parentes de san
dade significava pouco ou nada. gue de Israel (Gn 19.36-38; 36.1). Edom, o
O livro de Amós não menciona a Assíria parente mais próximo, havia continuamente
especificamente. Essa omissão pode indicar feito guerra contra Israel e não havia mostra
que a Assíria ainda não era uma grande po do nenhuma compaixão por seus irmãos. M oa
tência no antigo Oriente Próximo. Também, be havia profanado os ossos do rei de Edom,
tanto Jeroboão quanto Uzias governaram enquanto Amom havia assassinado fetos de
como co-regentes durante parte de seus rei Gileade ao arrancá-los da barriga de suas mães.
nados. O fato de Amós só mencionar Jero Amós voltou-se então para Judá, seu pró
boão ou Uzias pode indicar que ele profetizou prio povo. A o contrário dos crimes de outras
durante o tempo em que esses reis governa nações, o crime de Judá era de natureza espi
vam sozinhos. Se esse for o caso, podemos si ritual. Judá havia abandonado a lei mosaica
tuar as profecias de Amós entre 767 a.C. e para seguir falsos deuses. Cada geração afun
753 a.C .10 A referência ao terremoto no capí dava mais em pecado. Amós anunciou que
445
Descobrindo os Profetas
Sumário
De que forma o casamento e o pano gem? Até que ponto sua mensagem
de fundo familiar de Oséias molda se aplica à geração dele e até que
ram o ministério profético dele? De ponto teve aplicação no futuro?
que forma as suas origens afetam sua
Descreva as origens e o chamado de
percepção da vida?
Amós.
Oséias descreveu o adultério espiritual
Quais são. alguns exemplos de injusti
do povo. Por que a idolatria e a pros
ças sociais contra as quais Amós pro
tituição ocorriam juntas em Israel?
fetizou? De que forma nossa fé em
Qual o grande acontecimento nos Deus está relacionada com nossas
dias de Joel que moldou sua mensa ações em relação a outras pessoas?
Muitos em Israel não gostaram da prega sucesso. Amós respondeu afirmando o seu
ção do profeta. Eles reagiram à palavra de chamado profético. Deus o havia chamado
Deus rejeitando o seu mensageiro. Amazias, para profetizar e o havia equipado para com
sacerdote de Betei, chegou a acusar Amós de pletar a tarefa (7.10-17).
traição e ordenou que ele voltasse para Judá A quarta visão que Deus mostrou a Amós
onde suas mensagens contra Israel fariam mais foi um cesto de frutas de verão, que significa-
448
Oséias, Joel e Amós
Leituras complementares
Allen, Leslie C. The Books o f Joel, Obadiah, Jonah and Downers Grove/Leicester: InterVarsity, 1989. Bom
Micah. New International Commentary on the Old para alunos em nível universitário.
Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1976. Um co McComiskey, Thomas E., org. The M inor Prophets: An
mentário mais avançado para o estudante sério. Exegetical and Expository Commentary. 3 vols.
Hubbard, David A. Hosea: An Introduction and Com Grand Rapids: Baker, 1992-1998. Para o estudante
mentary. Tyndale Old Testament Commentary. sério em busca de estudos avançados. Rico em análi
se textual e exposição.
vam que Israel estava madura para o julgamen Promessas de restauração e bênção
to (8.1-3). Muitos no tempo de Amós mal po (9.11-15)
diam esperar para o sábado acabar a fim de que
pudessem reabrir suas lojas e voltar a trapacear Amós encerrou o seu livro com uma men
o povo com pesos e medidas desonestos (8.4- sagem de esperança. Apesar de todo o peca
14). Amós advertiu o povo que Deus não se do de Israel, Deus ainda a amava. Um dia,
esqueceria daquilo que eles estavam fazendo. ele iria criar um mundo no qual a linhagem
A quinta e última visão (9.1-6) apontou de Davi voltaria à proeminência. Amós tam
para a absoluta certeza do julgamento de bém falou de outras nações que iriam levar o
Deus. Ninguém iria escapar das mãos do Se nome de Deus e gozar das bênçãos de Deus
nhor soberano. Ironicamente, aqueles que junto a Israel. Na vinda de Jesus Cristo e na
corressem para o Senhor (com arrependimen fundação da sua Igreja vemos, pelo menos
to e fé) seriam justamente os que encontra em parte, o cumprimento da profecia de
riam perdão e livramento. Amós (Lc 1.32,33; A t 15.13-18).
449
Obadias, Jonas, Miquéias,
Naum, Habacuque
e Sofonias
wmãmMÈmm
O plano de Deus para as nações
Esboço
* Obadias: Edom cairá!
A mensagem de Obadias
• Jonas: Fugindo de Deus
Esboço Objetivos
Pano de fundo de Jonas
Depois de ler este capítulo,
A mensagem de Jonas
você deve ser capaz de:
• Miquéias: Um zelote a favor da vida
• Delinear o conteúdo básico do livro de
coerente com a aliança
Obadias.
Esboço
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Pano de fundo de Miquéias
Jonas.
A mensagem de Miquéias
• Comparar as opiniões sobre as datas de
• Naum: Nínive cairá! Jonas.
Esboço • Contrastar a compaixão de Deus com a
Pano de fundo de Naum atitude de Jonas em relação a Nínive.
A mensagem de Naum • Delinear o conteúdo básico do livro de
Miquéias.
• Habacuque: Senhor, o que está
acontecendo? • Identificar os temas da mensagem de
Miquéias.
Esboço
• Delinear o conteúdo básico do livro de
Pano de fundo de Habacuque
Naum.
A mensagem de Habacuque • Explicar as causas da queda de Nínive.
• Sofonias: Deus irá julgar toda a terra! • Delinear o conteúdo básico do livro Habacu
Esboço que.
Pano de fundo de Sofonias • Delinear o conteúdo básico do livro de
A mensagem de Sofonias Sofonias.
451
Descobrindo os Profetas
gância de Edom (lb-4) > a humilhação imi III. Jonas prega para Nínive (3.1-10)
aram aism os
nente de Edom (5-9) e a violência de Edom
contra Judá (10-14). Selá, a capital de Edom, IV. Jonas murmura sobre Nínive
alegoria ficava sobre uma pedra bem alta, o que torna (4.1-11)
va fácil defendê-la. Assim, a cidade desen
Pano de fundo de Jonas
volveu uma confiança arrogante que é ex
pressada no versículo 3 — “Quem me deitará Jonas 1.1 só nos diz que ele era filho de
por terra?” Amitai. O segundo livro de Reis 14.25 revela
Obadias advertiu os edomitas que o Se que Jonas vivia em GATE-HHFER, uma cida
nhor daria a eles a mais completa humilha de no território tribal de Zebulom (Js 19.13).
ção. Ladrões e assaltantes só levavam aquilo Ele profetizou durante o reinado de Jeroboão
que eles podiam usar, mas Deus não deixaria II, rei de Israel (793-753 a.C.) que deu certa
nada em Edom. estabilidade política. Espiritualmente, porém,
Edom havia cometido terrível violência o reino estava sofrendo.
contra seu irmão Jacó (Judá). Quando Jeru Se Jonas registrou a sua própria história,
salém foi tomada, os edomitas capturaram os então seu livro é do 8Q século a.C. Alguns
judeus fugitivos e os mataram ou então os estudiosos estabeleceram uma data vários sé
entregaram para os babilônios. Eles se alegra culos mais recente para o livro por causa de
ram com a derrota de Jerusalém. Judá não se supostas imprecisões e aramaismos. Porém,
esqueceria tão cedo da perversidade de Edom nenhum desses argumentos é conclusivo e
(SI 137.7). uma data pré-exílio parece ser mais provável.3
Outros estudiosos sugerem que o livro é uma
O Dia do Senhor (15-21) parábola ou alegoria e não deve ser entendi
Obadias profetizou que o Dia do Senhor do literalmente. Mas o livro em si não dá ne
traria consigo tanto julgamento quanto salva nhuma indicação de que era essa a intenção
ção. Edom e outras nações iriam beber do cá do autor. Além do mais, Jesus afirmou que
lice da ira de Deus por causa de seus pecados, Jonas pregou para Nínive (Mt 12.41).
mas Deus iria restaurar o seu povo a uma po
sição de proeminência. Eles iriam possuir a A m ensagem de Jonas
terra e viver em paz para sempre.
Jonas quer as coisas do seu jeito
(1.1-15)
m h ü ü ■ ü h mm u M Èm m m m M m ü w m
A ordem de Deus para Jonas foi clara —
Jonas: fugindo de Deus “Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e
clama contra ela, porque a sua malícia subiu
Hoje em dia, as pessoas tentam fugir de
até mim” (1.2). Jonas, porém, decidiu que uma
Deus de muitas maneiras. Alguns tentam
viagem para leste, para Nínive, não fazia ne
evitar Deus e as suas palavras em geral para
nhum sentido (4.2) e tentou fugir para oeste
que não se sintam culpadas pela maneira como
pegando um navio para Társis.
vivem. Outros evitam Deus enchendo a vida
O profeta rebelde subestimou a determi
com a busca pelo poder e sucesso. Algumas
nação de Deus em mandá-lo para Nínive. O
vezes, até mesmo cristãos fogem de Deus se
Senhor fez cair uma grande tempestade so
ele os chama para fazer algo que não querem.
bre o mar, aterrorizando os marinheiros. En
Jonas fugiu do Senhor porque ele não que
quanto isso, Jonas, a pessoa responsável por
ria fazer a vontade de Deus. Ele se conven
aquele perigo, dormia sono pesado na parte
ceu de que sabia o que era melhor, mas no
de baixo do navio!
final, o profeta de Deus percebeu que ainda
Depois que o capitão o despertou, Jonas jun
tinha muito o que aprender.
tou-se aos outros que estavam tentando deter
Esboço minar por que aquela tempestade estava cain
do sobre eles. Quando Jonas explicou que ele
I. Jonas quer as coisas do seu jeito estava fugindo de Deus, eles ficaram mais ate
(1.1-16) morizados ainda e tentaram desesperadamen
te controlar o navio. Finalmente, eles aceita
II. Jonas decide aceitar o jeito de ram a solução de Jonas e o lançaram para fora
Deus (1.17-2.10) do barco. A tempestade cessou imediatamente.
453
Descobrindo os Profetas
ça, misericórdia e um caminhar ao lado de nossos pecados nas profundezas do mar (7.19).
Deus. O Senhor desejava fidelidade que re- Podemos confiar que ele vai trabalhar em to
sultasse em um viver de santidade. E é isso das as coisas para o bem da vida de seus filhos
que Deus ainda quer de seus filhos nos dias (Rm8.28).
de hoje.
Infelizmente, ao olhar para a geração de — 1— IK— W — i — MM— — 1
Miquéias, Deus declarou ver poucas vidas
assim. Em vez disso, ele via a prática de negó
Naum:
cios desonestos, violência e engano (6.11,12). Nínive cairá!
O povo seguia os caminhos de Onri e Acabe,
dois reis perversos do passado de Israel (6.16). Esboço
Deus advertiu o seu povo: ele não permitiria
que esse pecado continuasse! I. O zelo e o poder de Deus
Miquéias terminou o seu livro com um la (1.1-2.2)
mento pessoal (7.1-20). Ao procurar por toda
a nação, ele não conseguiu achar pessoas re II. O cerco e a destruição de Nínive
tas. A injustiça era abundante e as pessoas (2.3-13)
buscavam apenas o seu próprio lucro. A lide
III. A causa e a certeza da queda de
rança dava um mau exemplo ao aceitar su
Nínive (3.1-19)
bornos. Miquéias lamentou que até mesmo
dentro da família, a instituição fundamental Pano de fundo de Naum
da sociedade, não se podia achar segurança
— “Os inimigos do homem são os da sua pró Sabemos muito pouco sobre o profeta Naum
pria casa” (7.6). fora do livro que leva o seu nome. Naum 1.1o
Ainda assim, Miquéias encontrou esperan chama de “eleosita”, mas estudiosos não têm
ça em meio à tragédia. Ele ainda poderia ter a um consenso sobre a localização de Elcós,6 Al-
salvação pessoal e talvez outros também. Ele guns sugerem que Elcós era na Galiléia, ao
estava disposto a suportar a perseguição dos norte, enquanto outros sugeriram Judá como
inimigos de Deus, pois sabia que, um dia, Deus sua localização. Ainda outros apresentam a
iria lhe fazer justiça. O julgamento certamente idéia de que Elcós era próximo a Nínive, cida
viria sobre aqueles que se opunham ao Senhor. de contra a qual Naum profetizou.
Miquéias encerrou seu lamento (e o livro) Podemos situar a data de Naum, pois ele
da mesma forma como muitos salmistas en faz alusão a acontecimentos cujas datas são
cerraram os seus lamentos — com uma ora conhecidas. Naum menciona a queda de
ção (7.14-20). Ele orou para que Deus fosse o TEBAS (3.8), um fato que ocorreu em 663
pastor do seu povo como ele havia sido quan a.C. O profeta também fala da queda de N í
do o trouxera para a terra prometida. Ele pe nive, que ocorreu em 612, como ainda sendo
diu que o Senhor mais uma vez mostrasse o algo no futuro. Conseqüentemente, podemos
seu poder miraculoso, pois isso inspiraria o seu situar o ministério profético de Naum entre
povo e aterrorizaria seus inimigos. Miquéias 663 a.C. e 612 a.C. O livro de Naum, assim
também admitiu a completa singularidade de como o livro de Obadias, lida prioritariamen
Deus. Não havia outro Deus compassivo o te com um reino estrangeiro. Durante o final
suficiente para perdoar o pecado de seu povo do século 7Qa.C., surgiu uma luta pelo poder
para sempre. Miquéias afirmou que, em dias no Oriente Próximo quando a Assíria come
vindouros, Deus mais uma vez mostraria a sua çou a entrar em declínio. Em 626, NABOPO-
fidelidade em todas as coisas. Ele confirmaria LASAR fundou uma dinastia caldéia indepen
o seu relacionamento eterno com o seu povo dente na Babilônia e logo, com a ajuda dos
por causa da promessa que havia feito aos pa medos, destruiu o império assírio. Não demo
triarcas de Israel mil anos antes. rou para que Nabucodonosor levasse a Babi
Podemos enfrentar circunstâncias difíceis lônia a alturas que não eram alcançadas des
nos dias de hoje e sofrer pela nossa fé em Cris de os dias de Hamurabi (1792-1750 a.C.).
to. O mal pode nos cercar e, então, nos per Ao olhar para esse mundo, Naum viu a mão
guntamos por que Deus permite que ele con de Deus movendo-se mais uma vez contra a
tinue. Nesses momentos, nossa esperança pre Assíria. O profeta anunciou que Nínive, a
cisa estar sobre Deus que pode lançar fora os capital da Assíria, logo cairia para sempre.
456
Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias
desejo insaciável por poder. Muitos na socie provável que o ministério de Habacuque te
Babilônia
dade assíria também praticavam magia e adi nha começado antes de 605, mas continua
vinhação. Porém, qualquer coisa na qual Ní do até um pouco antes da queda de Jerusa
nive confiasse iria falhar, pois Deus iria lém em 587.
envergonhá-la diante das nações e amontoar
desgraças sobre ela. A m ensagem de Habacuque
Naum instruiu Nínive a preparar-se para a
Habacuque em conflito com os
sua ruína final (vs. 8-19). Tebas, o orgulho do
propósitos de Deus (1.1-2.20)
Egito, havia caído e agora o mesmo acontece
ria com Nínive. Não haveria por onde esca Habacuque começa o seu conflito teológi
par, só destruição inevitável. O resto do mun co com um clamor de confusão (1.2): “Até
do, que havia sofrido sob o jugo de opressão quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me
da Assíria, receberia as notícias da queda de escutarás?” Habacuque sabia que Deus ama
Nínive com estrondoso aplauso. va a justiça e detestava a injustiça, então, por
que Deus permitia que a injustiça continuas
se em Judá? Habacuque levou suas preocu
pações direto para o Deus soberano. Deus nos
Habacuque: Senhor, o convida para que também levemos a ele nos
que está acontecendo? sos conflitos e preocupações
Deus respondeu (1.5) que tinha grandes
Você alguma vez já sentiu que o modo de planos que iriam deixar Habacuque boquia
agir de Deus não fazia nenhum sentido? Se berto — ele estava levantando o exército da
você já se sentiu assim, então não está sozi Babilônia. Deus iria usar essa nação poderosa
nho. O profeta Habacuque lutou com essa para julgar Judá.
mesma questão. Ele não podia entender por Habacuque ficou totalm ente confuso
que Deus ia trabalhar de determinada ma (1.12-2.1). Como Deus podia usar um povo
neira. Ao lermos Habacuque, veremos que o perverso como os babilônios para julgar Judá?
profeta aprendeu uma importante lição: tal Certamente Judá merecia o julgamento de
vez nem sempre ele entenderia os caminhos Deus, mas é claro que não nas mãos dos babi
de Deus, mas ele podia sempre confiar no lônios! De que maneira Deus poderia usar
Senhor, independente das circunstâncias. uma nação ainda mais perversa que Judá
como seu instrumento de julgamento contra
Esboço
o seu povo?
I. Habacuque em conflito com os Mas é claro que Deus tinha uma resposta
propósitos de Deus (1.1-2.20) (2.2-5). Ele disse a Habacuque para escrever
A. O primeiro conflito de Habacu a visão, pois o julgamento aconteceria muito
que (1.1-11) em breve, exatamente como Deus havia dito.
B. O segundo conflito de Habacu Havia duas reações possíveis diante de tal
que (1.12-2.20) calamidade. Uma era continuar arrogante e
orgulhoso como os babilônios. A outra era vi
II. Habacuque submete-se aos ver pela fé, sabendo que Deus ainda estava
propósitos de Deus (3.1-19) no controle.
Habacuque 2.4 — “O justo viverá pela sua
Pano de fundo de Habacuque fé” — aparece três vezes no Novo Testamen
O nome de Habacuque aparece apenas to (Rm 1.17; G1 3.11; Hb 10.38). Pela fé em
em seu livro (1.1). Fora isso, não sabemos muito Jesus Cristo recebemos a retidão de Deus. O
mais sobre ele. Espírito Santo nos capacita para que vivamos
Habacuque viveu durante os últimos dias pela fé e com justiça. Essa afirmação de Ha
de Judá. A maior parte dos estudiosos situa o bacuque é o cerne da teologia cristã. Deus
seu ministério antes de 605 a.C., quando a nos chamou para sermos salvos pela fé e para
Babilônia, sob o governo de Nabucodono vivermos por ela.
sor, tornou-se uma potência mundial (1.5).7 Habacuque começou então uma série de
As palavras de Habacuque contra a Babilô ais contra os babilônios (2.6-20). Os babilônios
nia (2.6-20) deixam implícito que ela já ha tinham ido longe demais e logo pagariam por
via transformado-se em uma nação forte. E isso. Eles haviam lucrado às custas dos outros,
458
Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias
0 Rolo do
Templo, dos
Papiros do Mar
Morto.
■ ,L iiiX .4 #/«*■ p n i‘f «K *
Arqueólogos
ç«Wv » v - ws rm>-và>
descobriram aC áfr -rtírwI--ns* A- rw*
este e muitos
outros rolos no
antigo povoado tWís»
'' -Víè-Wws* $>#»vc***' ■
de Qumran * * * } umVW** Mi <53,,
perto do Mar x r n nv-,í ya* **$»
Morto. Textos .fM ->•-w w í y m v» •
como esse nos ' t ^
ajudam a
compreender .«.fel íM t p
melhor como os
escribas da *** ^ 1-im
antigüidade *»»*>> W * W* -At M ífiM ü M - sV
passavam
mst» yt&êf »*■>
adiante cópias
das Escrituras
ao longo dos
séculos.
459
Descobrindo os Profetas
A mensagem de Sofonias
Pessoas/ Julgamento contra Judá
Jw lugares-chave (1 .1 - 2 .3 )
Depois de uma declaração referente ao jul
} Nabopolasar
Gate-hefer gamento geral de Deus sobre a criação, Sofo
Moresete nias concentrou-se em Judá. Muitos adora
Termos-chave Tebas vam Baal, Milcom e o exército do céu (1.4,5),
Aramaísmos Edom enquanto outros adotavam uma visão estag
Alegoria Nínive nada de Deus — “O Senhor não faz bem,
Belém nem faz mal” (1.12). O Dia do Senhor traria o
castigo para todos os cantos rebeldes de Jeru
salém. Sofonias advertiu Judá para preparar-
se para aquele dia. Aqueles que se humilhas
sem diante do Senhor poderiam escapar do
Sofonias situa o seu ministério no reino de desastre que estava por vir (2.1-3).
Josias (640-609 a.C.)* No décimo oitavo ano
do reinado de Josias o Livro da Lei foi desco-
Julqamento contra as nações
berto no templo e essa descoberta levou a um (2.4-15)
período de reavivamento espiritual em Judá Assim como outros profetas, Sofonias afir
(2Rs 22.3-23.7). Tendo em vista esse fato, mou a soberania de Deus sobre todas as na
muitos propõem que Sofonias profetizou no ções e não somente Israel e Judá. Os países
início do reinado de Josias, antes que ocorres vizinhos como a Filístia, Moabe e Amom pa
se o reavivamento.9 Já que Sofonias 2.13 men gariam o preço pela sua iniqüidade (vs. 4-11).
ciona a queda de Nínive como um aconteci Um dia, eles iriam cair e os fiéis a Deus iria
mento futuro, ao que parece o seu ministério tomar deles todas as suas posses. As nações
terminou antes de 612 a.C. mais distantes também não escapariam. Os
Sumário
1. A mensagem que Deus deu ao profe disse que o rei de Deus nasceria em
ta Obadias concentrava-se no julga Belém.
mento de Edom por causa de sua vio 6. Naum inclui três ciclos que descrevem
lência contra Judá. vingança sobre Nínive e compaixão
2. Jonas queria fazer as coisas do seu jeito para com Judá.
em vez de fazê-las do jeito de Deus e 7. O livro de Habacuque nos conta tudo
por isso foi engolido pelo grande peixe. o que se sabe sobre o profeta Haba
3. Jonas ficou irado com Deus porque o cuque.
Senhor não destruiu Nínive depois 8. Habacuque questionou o que Deus
que o profeta havia feito uma viagem estava fazendo, mas estava determi
de tão longe para aquela cidade. nado a ter fé independente do que
4. A profecia de Miquéias estava viesse acontecer.
centrada nos temas da injustiça social, 9. Sofonias profetizou julgamento contra
verdadeira adoração e falsa segurança. Judá e as nações, mas também previu
5. Miquéias ofereceu palavras de enco bênçãos futuras para as nações.
rajamento para o povo de Deus e
460
Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias
Leituras complementares
Allen, Leslie C. The Books of Joel, Obadiah, Jonah and McComiskey, Thomas E., ed. The Minor Prophets: An
Micah. New International Commentary on the Old Exegetical and Expository Commentary. 3 vols.
Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1976. Um co Grand Rapids: Baker, 1992-1998. Para o aluno sério
mentário mais avançado para o aluno sério. em busca de estudos avançados. Rico em análise tex
Baker, David W., T. Desmond Alexander e Bruce K. tual e exposição.
Waltke. Obadiah, Jonah, Micah. Tyndale Old Testa Robertson, O. Palmer. The Books of Nahum, Habakkuk,
ment Commentary. Downers Grove/Leicester: Inter- and Zephaniah. New International Commentary on
Varsity, 1988. Bom texto em nível universitário. the Old Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1990.
Baker, David W. Nahum. Habakkuk, Zephaniah: An Intro- Para o aluno sério. Contém amplas notas de rodapé
duction and Commentary. Tyndale Old Testament para estudos complementares.
Commentary. Downers Grove/Leicester: InterVarsity,
1988. Boa leitura básica para nível universitário.
ETIOPES (cuxitas) morreriam pela espada (v. Sofonias prometeu que o Senhor traria justi
12) e a Assíria, inimiga de longa data de Israel ça verdadeira sobre todas as nações no dia da
e Judá, receberia a devida recompensa por sua ira (v. 8).
sua arrogância (vs. 13-15).
Restauração de Israel e das nações
Julgamento contra Judá e as nações (3.9-20)
(3.1-8) Sofonias encerrou o seu livro com uma
Jerusalém não escaparia da correção de mensagem de esperança. O dia do julga
Deus. A liderança corrupta estava presente mento de Deus também traria a cura e res
em todos os níveis — realeza, juizes, profetas tauração de Deus. O Senhor iria purificar
e sacerdotes. Esses líderes não confiavam no os lábios do seu povo para que eles pudes
Senhor e nem davam ouvidos à sua palavra. sem servi-lo com fidelidade. Ele removeria
461
os orgulhosos e exaltaria os humildes e da O profeta permitiu que o povo pudesse es
ria ao seu povo segurança em sua terra. Tais piar o que o futuro traria a fim de motivá-los a
bênçãos normalmente fariam com que o viver uma vida agradável a Deus. Nós tam
povo se regozijasse sobre o Senhor, mas So bém devemos entregar nossa vida ao Senhor
fonias afirmou que Deus se regozijaria so diariamente, em atitude de gratidão por tudo
bre eles! o que ele fez, tem feito e irá fazer por nós.
34 Ageu, Zacarias
e Malaquias
Reconstruindo um Povo
Esboço
• Ageu: Lidando com pessoas
que não se importam
Esboço
Pano de fundo de Ageu
As mensagens de Ageu
Objetivos
• Zacarias: Preparem-se para o
reino de Deus! Depois de ler este capítulo,
Esboço
você deve ser capaz de:
Pano de fundo de Zacarias • Delinear o conteúdo básico do livro de
Ageu.
A mensagem de Zacarias
• Delinear o conteúdo básico do livro de
• Malaquias: Ofereça a Deus o Zacarias.
melhor de si!
• Discutir os problemas de autoria de
Esboço Zacarias.
A mensagem de Malaquias • Delinear o conteúdo básico do livro de
Malaquias.
• Identificar as preocupações de Deus
encontradas na profecia de Malaquias.
463
Descobrindo os Profetas
A queda da Babilônia para Ciro, da Pérsia, não podemos saber ao certo. Esdras 5.1 men
em 539 a.C., deu início a uma época emocio- ciona Ageu, mas não temos muitas outras
nante para o povo de Deus. Ciro prontamen informações sobre ele.
te emitiu um decreto dizendo que qualquer Ageu tinha grande zelo pelo templo do
judeu que desejasse poderia voltar para Judá Senhor — ele queria que o povo terminasse a
e reconstruir o templo (Ez 1.1-3). Um grupo construção do jeito certo! Mas muitos dentre
de quase cinqüenta mil voltou para Judá e o povo de Deus estavam apáticos. Eles não se
começou o processo de reconstrução (Ez importavam tanto com o templo como eles se
2.64,65). Tragicamente, a oposição logo fez importavam com o seu próprio conforto. Deus
com que o trabalho no templo fosse suspenso usou Ageu para tocar no coração do povo de
(Ez 4.1-5). modo que compreendessem o que era impor
Ageu e Zacarias profetizaram no tempo em tante para Deus
que o povo de Deus precisava de um novo
desafio para terminar o templo. Ageu con- As m ensagens de Ageu
centrou-se na apatia espiritual do povo en Primeira mensagem:
quanto Zacarias declarou as grandes coisas um chamado para agir (1.1-15)
que Deus faria no futuro. Malaquias, que
ministrou aproximadamente dezesseis anos Ageu desafiou seus ouvintes com uma per
depois, encorajou a nação a dar a Deus o gunta — “Acaso, é tempo de habitardes vós
melhor de si. em casas apaineladas, enquanto esta casa
permanece em ruínas?” (v. 4). O povo tinha
tempo de sobra para cuidar dos seus interes
ses, mas não tinha tempo para terminar o tem
Ageu: lidando com plo de Deus!
Ageu os confrontou com a situação em
pessoas que não se que se encontravam naquele momento. Seus
importam campos produziam colheitas minguadas. Sua
bebida e comida não satisfaziam. Suas roupas
Esboço não os mantinham aquecidos e seus salários
desapareciam rápido demais. Por quê? Por
I* Primeira mensagem: um chama que o povo tinha deixado que a casa de Deus
do para agir (1.1-15) continuasse em ruínas enquanto eles faziam
uma coisa aqui e outra ali, buscando suas pró
II. Segunda mensagem: uma palavra
prias ambições!
de encorajamento (2.1-9)
O desafio inicial de Ageu mobilizou o
III. Terceira mensagem: confirmação povo. Ainda naquele mês, o trabalho no tem
da bênção (2.10-19) plo havia sido retomado, com Ageu ali pre
sente, assegurando-os que o Senhor iria
IV. Quarta mensagem: a restauração ajudá-los.
do reino da linhagem de Davi
Segunda mensagem:
(2.20-23)
uma palavra de encorajamento
Pano de fundo de Ageu (2.1-9)
Ageu começou a profetizar no outono de Aproximadamente um mês depois que o
520 a.C. ( l .l ) .1 O trabalho no templo do Se- trabalho no templo havia recomeçado, Ageu
nhor havia parado aproximadamente quin apresentou um outro desafio. Ele pediu aos
ze anos antes por causa da oposição dos vizi anciãos de Judá que comparassem o templo
nhos de Judá. DARIO I (521-486 a.C.), o em seu estado atual com a aparência que ele
terceiro rei da Pérsia, era quem governava o possuía antes do exílio. E claro que a glória
império naquela época. Zorobabel, que ha presente não se equiparava com a glória de
via ajudado o povo a estabelecer-se em Judá outros tempos. Mas Ageu encorajou o povo a
(Ed 2.2; 3.2), era o governador enquanto continuar trabalhando. O Espírito de Deus
Josue (Ed 2.2; 3.2) servia na posição de sumo estava com cies! O Senhor faria com que a
sacerdote. Alguns estudiosos sugerem que glória do novo templo fosse maior que a do
Ageu era um homem idoso (Ag 2.3), mas primeiro.2
464
Ageu, Zacarias e Malaquias
Esse
monumento em
forma de
menorá foi
presenteado a
Israel pelo
Parlamento
Britânico. Na
quinta visão de
Zacarias, ele viu
um menorá (um
candelabro).
nos fala de Jesus Cristo, que morreu para ti- na cabeça de Josué, o sumo sacerdote. Então,
rar o nosso pecado. Deus interpretou o gesto. O servo de Deus
A sétima visão do profeta mostrava uma chamado de “Renovo” iria construir o tem
mulher e um cesto de efa (5.5-11). A mulher plo, governar como sacerdote em seu trono e
representava a iniqüidade. O mensageiro ce trazer paz entre os ofícios de rei e sacerdote.
leste a jogou dentro do cesto e selou com uma Alguns estudiosos sugerem que o texto
cobertura de chumbo. Então, mensageiros ala pode originalmente ter dado a entender a
dos tomaram o cesto e voaram com ele para a unidade de Zorobabel e Josué — liderança
Babilônia. Esse gesto significava que Deus iria política e espiritual trabalhando juntas em
remover o pecado do seu povo. Ele os libertou harmonia com o propósito em comum. Mas
do pecado para que pudessem servi-lo fiel essencialmente, o texto aponta para Cristo,
mente, da mesma forma como ele faz com os no qual os ofícios de rei e sacerdote encontra
seus filhos nos dias de hoje (Rm 6.17,18). rão perfeita unidade. Jesus construiu o tem
Na oitava visão de Zacarias, o profeta viu plo de Deus, a Igreja (Mt 16.18; ICo 3.16), e
quatro carruagens vindo entre duas monta intercede pelos crentes como nosso Sumo Sa
nhas de bronze (6.1-8). As carruagens repre cerdote (Hb 7.24-28). Ele também é o sucessor
sentavam espíritos do céu que patrulhavam a do trono de Davi (Lc 1.32,33), e governará
terra sob o comando de Deus. Alguns intér para sempre como Rei dos reis (Ap 19.11-16).
pretes acreditam que essa passagem refere-se
ao julgamento de Deus sobre o Egito, Assíria
A observância dos jejuns (7.1-8.23)
e Babilônia, mas a passagem não menciona Em 581 a.C., uma delegação de Betei foi
nomes específicos de países. A visão provavel fazer uma pergunta aos sacerdotes e profetas.
mente descreve a soberania geral de Deus Durante o exílio, o povo jejuava durante o
sobre todas as nações. Os espíritos relataram quinto mês para prantear a destruição do tem
que o Espírito de Deus agora estava no norte. plo (2Rs 25.8). Eles também jejuavam no quar
Deus havia lidado com seus inimigos e agora to, sétimo e décimo meses (Zc 8.19). O jejum
podia continuar a restaurar o seu povo. do quarto mês provavelmente lembrava a bre
cha no muro de Jerusalém (Jr 39.2), o jejum
A coroação de Josué (6.9-1 5) do sétimo mês era em memória do Dia da
O Senhor deu a Zacarias uma ordem inco- Expiação (Lv 16) ou do assassinato de Geda-
mum. Ele deveria fazer uma coroa e colocá-la lias (Jr 41.2) e o jejum do décimo mês era para
467
Descobrindo os Profetas
o cerco de Jerusalém (Jr 39.1). Agora que o ram que Jesus iria cumprir a profecia por com
exílio havia terminado e o templo estava qua pleto, tornando-se rei dos judeus, destruindo
se pronto, o povo se perguntava se deveria o poder dos romanos e estabelecendo o reino
continuar a jejuar no quinto mês. de Deus na terra.
A resposta do Senhor continha dois pon Mas o cumprimento total da profecia teria
tos-chave. Em primeiro lugar, o povo deveria que esperar. Naquele dia, Jesus entrou mon
lembrar-se do passado. Deus havia advertido tado em Jèrusalém para se preparar para sua
seus ancestrais que ele esperava que vives morte. Em uma semana, o grande propósito
sem em fiel obediência a ele. O exílio tinha redentor de Deus chegaria ao seu clímax —
vindo como seu julgamento final contra a re Jesus morreu na cruz, mas ressuscitou no ter
beldia persistente do povo. O Senhor encora ceiro dia. Ele assegurou a salvação para todos
jou o povo a aprender com os seus pecados do aqueles que colocarem nele a sua fé. Mas
passado para que não os repetisse. quando Jesus voltar, ele irá cumprir o resto
Em segundo lugar, jejuar como forma de das palavras de Zacarias. Seu reino durará
autopiedade não tem valor nenhum. Deus para sempre.
havia julgado o seu povo por causa de seu Parte da restauração que Deus queria fa
pecado. Ele os havia chamado ao arrependi zer em seu povo incluía tirar os maus líderes
mento, mas eles haviam se recusado a ouvir. (10.2—11.17). Zacarias descreveu os líderes
Portanto, quando eles pediram ajuda em sua como sendo pastores inúteis que pouco se
hora de dificuldade, ele se recusou a ouvir. O importavam com suas ovelhas. Eles estavam
jejum oferecia ao povo de Deus uma forma interessados em seu benefício próprio. Sob o
de humilharem-se perante o Senhor, mas a comando de Deus, Zacarias assumiu a posi
verdadeira humildade e o arrependimento de ção de líder, mas o povo rejeitou a sua boa
veriam resultar em retidão. Se o povo só jeju- liderança. Ao que parece, eles não queriam
ava para sentir pena de si mesmo, estava per que seus pecados fossem expostos. O profeta
dendo tempo. advertiu o povo que um outro líder insensato
De qualquer forma, a resposta do Senhor viria antes do líder final de Deus.
continha uma mensagem da graça. Ele iria Estudiosos da Bíblia já tentaram identifi
ajuntar o seu povo e restabelecer o seu nome car os três pastores mencionados por Zacarias
em Jerusalém. Iria restaurar o seu relaciona (11.8), bem como o futuro pastor insensato
mento com seus filhos. Traria paz e bênçãos (11.16). Alguns sugerem que os pastores eram
duradouras e Israel tornaria-se uma luz para os sacerdotes dos tempos de Zacarias, enquanto
as outras nações. Outros povos veriam a bên outros propõem que os três representavam três
ção do Senhor e a buscariam para si. Deus iria grupos — os profetas, os sacerdotes e os gover
transformar os jejuns de Israel em tempos de nantes. Sejam quem for, Zacarias garantiu que
bênção; ele estava no controle. o Senhor os removeria.
Zacarias 12—14 revela diversos aspectos do
A vinda do Messias (9.1-14.21) reino vindouro do Senhor. Primeiro, Deus trará
Zacarias afirmou que o Senhor iria remo a vitória (12.1-9). Jerusalém será o instrumen
ver os inimigos de Israel da Síria, FENÍCIA e to de Deus, mas o triunfo será dele. Ele irá
Filístia (9.1-8). Ele também iria formar um destruir as nações que se juntaram contra o
remanescente dentre esses povos! Essa profe seu povo.
cia ilustra como Deus estava preparando o Em segundo lugar, a nação irá apegar-se
caminho para que o evangelho se espalhasse ao Senhor (12 .1 0 -1 3 .6 ). À m edida que
pelo mundo. Um dia, todos os povos de todas Deus derramar seu Espírito, o povo olhará
as nações seriam parte da família de Deus. para aquele a quem eles feriram e pranteará
Então, o profeta anunciou um outro moti por ele como alguém que chora a morte do
vo de regozijo — o rei de Israel estava a cami único filho. O apóstolo João ligou essa profe
nho, montado em um jumento (9.9-17)! Ele cia à crucificação de Jesus (Jo 19.37; Ap 1.7).
traria paz duradoura e seu domínio se esten Nos últimos dois mil anos, o povo judeu como
deria até os confins da terra. um todo não reconhece Jesus como sendo o
Jesus cumpriu parcialmente as palavras de seu Messias. Zacarias proclamou que um dia,
Zacarias na sua entrada triunfal em Jerusa no tempo perfeito de Deus, eles irão reco-
lém (Mt 21.1-11). Multidões aplaudiram sua nhecê-lo (ver também Rm 11.25-27). Quan
chegada. Muitos regozijaram-se porque acha do isso acontecer, irão chorar amargamente
468
Ageu, Zacarias e Malaquias
por causa dos anos de incredulidade. O pe- ve o reinado pessoal de Cristo na terra (milê
milênio
cado e a impureza desaparecerão e a falsa nio) . Outros crêem que denota o reinado eter
profecia cessará. no de Cristo no céu. Ainda outros sugerem
Em terceiro lugar, o pastor de Deus será que se refere tanto ao reino da terra quanto
ferido (13.7-9). Em Zacarias 13.7, Deus orde do céu.
nou “fere o pastor e as ovelhas ficarão disper- Quando Zacarias escreveu sobre a vinda
sas”. Por esse processo, o Senhor iria preparar do Messias, não fez uma distinção clara entre
um remanescente especial para cumprir os seus a primeira e a segunda vinda. Para ele, assim
propósitos. Ele iria estabelecer um relaciona como para muitos outros profetas, a vinda do
mento pessoal com eles. Em sua última refei Messias seria um único e glorioso futuro. Nós
ção com os discípulos, Jesus os alertou para a que vivemos depois da primeira vinda de Cris
sua prisão (Mt 26.31). Ele lhes disse que iriam to podemos olhar para trás com gratidão pela
cumprir sua palavra profética e eles cumpri sua vitória sobre o pecado. Também podemos
ram. Enquanto os inimigos de Jesus o leva olhar adiante com expectativa pelo reino que
vam embora, seus discípulos fugiram assusta ele irá estabelecer quando vier novamente.
O Portão dos, sem perceber que o alvorecer da sua res
Dourado de surreição estava logo adiante (Mt 26.56).
Jerusalém.
WÈÈÊÊÊÊK
Em quarto lugar, o Senhor irá voltar para
Alguns
acreditam que salvar o seu povo (14.1-21). Zacarias prenun Malaquias:
esse portão não
será aberto até
ciou o dia em que todas as nações se unirão
contra Jerusalém. No último minuto, o Se
ofereça a Deus o
que o Messias
venha em glória.
nhor irá intervir, livrar seu povo e estabelecer melhor de si!
o rei reino eterno. Ele destruirá os seus inimi
Zacarias
escreveu sobre a gos e todas as nações irão adorar o único e Esboco
5
vinda do verdadeiro Deus. Alguns intérpretes da Bí
Messias. blia acreditam que o capítulo 14.6-21 descre I. Introdução (1.1)
469
Descobrindo os Profetas
471
Descobrindo os Profetas
Sumário
que sejamos casados por toda a nossa vida. feita de Deus iria prevalecer. Deus enviaria
Algumas vezes, o pecado cria condições para ao seu povo um mensageiro especial e então o
as quais o divórcio parece ser a melhor solm próprio Deus viria (3.1). Ele julgaria o pecado
ção, mas o ideal de Deus ainda é o compn> onde quer que o encontrasse — mesmo no
metimento duradouro. meio de seu povo — e traria ao mundo a juS'
tiça final.
A justiça e a paciência de Deus
O Senhor cumpriu sua palavra a Malaquias
(2.17-3.6) por meio de João Batista e Jesus Cristo. João
Muitos sentiam que Deus não se importa' Batista veio primeiro para anunciar a vinda
va com a iniqüidade do povo. Os perversos de Jesus (Lc 7.27). A morte e a ressurreição
pareciam escapar sem que ninguém notasse. de Jesus derrotaram o pecado e o Espírito Santo
Malaquias assegurou o povo que a justiça per' capacita os cristãos a viverem como Deus de-
Leituras complementares
4 72
Ageu, Zacarias e Malaquias
seja (Rm 8-3,4). E quando Jesus voltar, ele irá pecando contra o Senhor e escapando ilesos.
destruir o pecado para sempre. Mas Malaquias disse que o Senhor se lembra
ria da vida fiel de seus servos. Quando Deus
A preocupação de Deus com os
julgasse o mundo, ele iria preservar seu povo
dízimos e ofertas (3.7-12) para si. Ele iria celebrar com aqueles que ver
Malaquias apresentou uma séria acusa dadeiramente o temiam.
ção contra o povo — eles estavam roubando
de Deus! A Lei de Moisés requeria que o Conclusão (4.4-6)
povo desse o dízimo, dez por cento de seu Malaquias encerrou o seu livro com uma
salário, para o Senhor. O dízimo fazia o povo ordem e uma promessa. Primeiro, ele orde
lembrar que cra Deus quem lhes havia dado nou que o povo de Deus se lembrasse da Lei
tudo. O dízimo também era uma provisão de Moisés. A Lei tinha os fundamentos para a
para os levitas. A negligência em dar o dízimo vida e aqueles que vivessem de acordo com
era roubar de Deus. Mesmo nos dias de hoje, ela iriam experimentar a vida que Deus pre
as pessoas roubam de Deus ao lhe dar menos tendia para eles. Hoje, aqueles que vivem pela
que deveriam. Palavra de Deus também experimentam essa
Deus desafiou seu povo a prová-lo. Se eles vida abençoada.
trouxessem fielmente suas ofertas, Deus iria Em segundo lugar, Malaquias prometeu ao
cobri-los de bênçãos. Outras nações reconhe povo que o julgamento de Deus estava che
ceriam que o Senhor havia abençoado Israel gando. O Senhor enviaria a Elias antes da
abundantemente e então eles também iriam quele dia para chamar o seu povo ao arrepen
louvá-lo. dimento. Jesus afirmou que João Batista de
sempenhou o papel de Elias (Mt 11.13,14;
0 amor de Deus pelo remanescente
17.10-13). João anunciou a vinda do Messias,
(3.13-4.3) que traria ao mundo salvação e julgamento.
Alguns dos seguidores fiéis de Deus se per Jesus garantiu a salvação eterna em sua pri
guntavam se Deus realmente os amava. Eles meira vinda e, em sua segunda vinda ele irá
sentiam que o serviam em vão. Viam outros julgar o mundo (Hb 9.28).
473
Epílogo
Uma palavra final
“vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus tra-se no futuro. A vinda do Messias e o reino
Heilsgeschi"
enviou seu Filho...” de Deus são acontecimentos que ainda estão
chte
Gálatas4-4 por vir.
O Cristianismo, por outro lado, deixou cla
Chegamos, agora, ao final do assunto. Ou
ro desde seu início que o Novo Testamento
será que não? O Antigo Testamento não tem
cumpre e complementa o Antigo. As genea
uma resolução ou conclusão claramente de-
logias de Jesus apresentadas pelos escritores
finida. Em vez disso, o Antigo Testamento
dos evangelhos (Mt 1.1-16; Lc 3.23-28) afir
termina com uma expectativa, a espera de
mam explicitamente que o Messias havia che
uma revelação mais completa que traria o
gado e que ele era a culminação das profecias
novo reino e seu Messias. As muitas e varia-
do Antigo Testamento. Ao longo do Novo
das profecias do Antigo Testamento sobre a
Testamento, os escritores enfatizam repetida
vinda do Filho de Davi e sua nova era apon mente essa ligação íntima entre os aconteci
tavam para um tempo futuro. Ainda assim, mentos dos seus dias e o Antigo Testamento
não se pode dizer de qualquer pessoa do An
por meio de citações como: “Ora, tudo isto
tigo Testamento que ela foi esse Messias e aconteceu para que se cumprisse o que fora
certamente não houve nenhum período na dito pelo Senhor por intermédio do profeta”
história de Israel que trouxesse consigo uma (Mt 1.22; ver também Lc 24.4-47). E a igreja
era messiânica. primitiva reconhecia claramente e afirmava
Nesse sentido, cada leitor do Antigo Tes a importância do Antigo Testamento para a
tamento é confrontado com uma importante fé cristã.2A organização do Antigo Testamento
questão: “Tendo em vista que o Antigo Tes no Cânon cristão (ver capítulo 1) proposita
tamento afirma que Deus revelou-se na anti damente amarra o Antigo Testamento ao
ga Israel e que irá se revelar ainda mais no Novo. Ao concluir com os profetas, a coleção
futuro, o que dizer dessas afirmações teológi do Antigo Testamento se encerra com uma
cas?” Ou, em outras palavras, “De que forma previsão final do dia em que aquele maior
as afirmações feitas no Antigo Testamento que Davi iria vir (Ml 3.1).
foram resolvidas ao longo da História?” O Mas isso levanta uma das questões mais
Antigo Testamento apresenta claramente complicadas sobre a leitura da Bíblia: de que
uma história de redenção e promessa, uma maneira o Antigo e o Novo Testamentos es
“história da salvação” (Heilsgeschichte ) . Mas tão relacionados entre si? Alguns podem di
como um estudioso observou, c uma história zer que o Antigo Testamento não tem rela
de salvação que nunca chega de fato à salva ção com a cultura moderna; aliás, muitos cris
ção. E essa história não está totalmente com tãos o deixam de fora de suas leituras bíblicas,
pleta pois nunca chegou ao um ponto final.1 quer intencionalmente ou por negligência.
N a história da religião, existem apenas duas Mas assim como ps cristãos primitivos, deve
respostas possíveis para essa questão — uma mos afirmar que o Antigo Testamento é a
apresentada pelo Judaísmo e a outra ofereci Palavra de Deus para os nossos tempos. A
da pelo Cristianismo. O Judaísmo crê que as questão não é se devemos ler ambos os Testa
verdades declaradas no Antigo Testamento mentos, mas sim como devemos lê-los juntos.
foram preservadas nas tradições farisaicas do Exatamente de que maneira eles se relacio
Mishna (aproximadamente 200 d.C.) e, final nam entre si? Devemos definir esse relacio
mente, no Talmud (um comentário sobre o namento como algo que vai além da ligação
Mishna escrito na Palestina e Babilônia). Sob promessa-cumprimento, tendo em vista que
esse ponto de vista, o ápice das esperanças e uma boa parte do Antigo Testamento trata
expectativas do Antigo Testamento encon de outras coisas além dessa promessa. Da
475
Epílogo
476
m Ê M Ê M fflm ■ i m sm a m m — g f l o i i u n i « w « m a s as » n m i iiii m
realizados festivais religiosos anuais e
oferecia um importante fator de unifi
que anjos ou demônios algumas vezes tado, incluindo as listas de reis, livros tas e armas. O período calcolítico vêm
representam o mundo sobrenatural ou dos anais ou crônicas que supostamen imediatamente antes do neolítico,
então aquele que está tendo a visão é te listavam as atividades políticas de quando surgiram as primeiras culturas
transportado por meio de uma jornada cada rei, inscrições reais, épicos histó sedentárias no início da História da
celestial. Muitos desses escritos utili ricos e dados biográficos. humanidade.
zam uma técnica que talvez tenha sido
usada por Daniel em que um acontecia Astarote — Deusa cananita do mar e Canon — Palavra grega (kanon) que
mento conhecido do passado é proje consorte de Baal, deus da agricultura e significa regra. Nos estudos da Bíblia, o
tado para o futuro como que em uma fertilidade. Os israelitas começaram a termo conota uma coleção de livros
previsão. Apesar do livro de Daniel e adorar essas duas divindades, constru aceitos como regra de fé e prática e,
outras passagens proféticas do Antigo indo santuários para elas e adotando os portanto, providos de autoridade. Para
Testamento terem muitas característi ritos sexuais de fertilidade que acom uma discussão sobre esse termo, ver
cas apocalípticas, eles apresentam uma panhavam sua adoração, incluindo a capítulo 1.
grande diferença em relação aos livros prostituição sagrada.
Cartas de Am am a — Quase quatro
do período intertestamental e, portan Baal — O mais importante deus do centas cartas do século 14 a.C. encon
to, são classificados em uma subcate- panteão cananita, seu nome significa tradas em El Amarna, no Egito, entre
goria chamada de literatura bíblica apo “mestre”. Baal era o deus da fertilidade Mênfis e Tebas. A maior parte das car
calíptica. e era adorado extensivamente na parte tas está em acádio e foi escrita por reis
Apócrifo — Termo relacionado espe ocidental da Âsia, da Babilônia até o ou governantes que eram vassalos na
cificamente aos livros adicionais que Egito. Síria-Palestina para Amenotepe IV
estão fora do Cânon tradicional de ses (Akenaton) e seu pai Amenotepe III.
Baalismo cananita — Religião cana
senta e seis livros. Eles foram incluídos nita de adoração a Baal, com a qual a fé Casamento de levirato — Lei do An
na Bíblia católica; em geral, o termo hebraica experimentou conflitos ideo tigo Testamento que garante filhos para
significa “oculto”, “escondido” e refere- lógicos significativos durante o reina o membro falecido de uma família (Dt
se a qualquer escritura extracanônica. do de Acabe, pois a apostasia religiosa 25.5,6). Quando um homem israelita
de Acabe o levou a confundir Baal, o morria sem ter deixado filhos do sexo
Árabe — Língua da mesma família do
deus cananita da fertilidade, com Iavé masculino, seu parente mais próximo
hebraico e aramaico.
e, assim, profanar a aliança entre Iavé e deveria casar-se com a viúva e dar con
A ramaico — Língua semita bastante Israel. tinuidade à família mediante o filho pri
parecida com o hebraico em seu voca mogênito do novo casamento, que de
BaaUZebube — Divindade que era
bulário e morfologia básica, na qual veria levar o nome e a herança do pri
uma forma de Baal adorada pelos filis
foram escritas algumas partes do Anti meiro marido.
teus cm Ecrom. Acazias, que foi culpa
go Testamento (Gn 31.47b; Ed 4.8—
do de continuar tanto a religião cana Cidades* estado — Estados soberanos
6.18; 7.12-26; Jr 10.11b; Dn 2.4b- nita da fertilidade quanto a adoração que consistiam em uma cidade autô
7.28). O termo “aramaico” é originá idólatra do bezerro de Jeroboão I, te noma e suas dependências. Exemplos
rio do nome pré-helenístico da Síria— meu que um ferimento que ele havia do Antigo Testamento incluem as ci-
Arã. Apesar dos arameus nunca terem recebido seria fatal (2Rs 1) e, por isso, dades-estado cananitas de Tiro e Sidom.
formado um império poderoso, sua lín mandou mensageiros para a Filístia a
gua teve impacto sobre todo o Oriente fim de perguntar a Baal-Zebube sobre Código de santidade — Nome dado a
Próximo, em parte porque usava um sua saúde — o que resultou na Levítico 17-27, uma porção da Lei de
sistema de escrita alfabético ao contrá intercepção do mensageiro por Deus e dicada ao viver correto fora do taber
rio do mais trabalhoso sistema cunei- na advertência de Elias. náculo.
forme. O aramaico acabou transforman
do-se na língua comum do Judaísmo Beemote — Em Jó 40, provavelmente Creatio ex Nihilo — Frase em latim
pós-bíblico, como podemos observar refere-se ao hipopótamo como um sím que significa “criação a partir do nada”.
no Mishnah, Midrash e Talmud. bolo de força, resistência e natureza apa A igreja primitiva confrontou certas
rentemente indestrutível que Deus usou heresias que ensinavam que Deus ha
Aramaísmos — Palavras ou expres para contrastar o seu grande poder com via criado o mundo como matéria
sões no texto hebraico do Antigo Tes a ignorância do ser humano. preexistente não criada e que ele usou
tamento que sugeriam que a linguagem como matéria-prima. Mas as evidên
havia sido influenciada pelo aramaico. Calcolítico — Termo usado por ar cias bíblicas levaram à convicção de
queólogos e historiadores para a últi que Deus havia criado o universo a
Arquivos — Lugares onde registros pú ma das idades da pedra no Oriente partir do nada (SI 33.6,9; Hb 11.3).
blicos ou outros documentos históri Médio, por volta de 4200 a 3300 a.C.
cos eram mantidos e preservados. No Durante o período calcolítico, a pe Crescente fértil — Área de solo fértil
antigo Oriente Próximo, os arquivos dra foi substituída pelo cobre como que junta as três sub-regiões geográfi
continham os registros oficiais do Es material predominante em ferramen cas do Oriente Próximo (Mesopotâ-
478
Glossário
mia, Síria-Palestina e Egito). A maior fundida por Martin Noth, que acredi Crônicas — Anais que, no antigo
parte do terreno do mundo antigo era tava que a escrita veio bem tarde no Oriente Próximo, relacionavam as ati
irregular e imprópria para a vida hu desenvolvimento das fontes literárias vidades políticas de cada rei; eram re
mana; até mesmo as terras férteis eram do Antigo Testamento e que os tipos gistros oficias de Estado mantidos nos
cercadas de cadeias de montanhas qua literários refletem uma longa tradição arquivos reais.
se intransponíveis ao norte e vastos de de transmissão oral, de forma que as
sertos ao sul. As terras planas da Cres fontes do Pentateuco desenvolveram- Cuneiforme — Sistema de escrita in
cente e uma abundância de água fizeram se ao longo de muitos séculos antes que ventado pelos sumérios por volta de
dessa área o berço da civilização. fossem escritas. A crítica da tradição é 3100 a.C. Formatos semelhantes à cu
mais subjetiva que as outras visões e nhas eram inscritos em placas de argila
Crítica da fonte — Visão crítica do não leva em consideração evidências molhada, em pedra ou metal para re
estudo bíblico chamada com freqüên de outras partes do antigo Oriente Pró presentar palavras.
cia de Hipótese Documentária, que ximo, que podem servir como dados
busca a resposta para a questão: “Quem Decálogo — Nome grego dado aos Dez
de controle para os estudiosos do An
escreveu o Pentateuco?” e afirma que o Mandamentos (Ex 20; Dt 5).
tigo Testamento, independente do mé
Pentateuco foi compilado a partir de todo que estejam utilizando. Tais estu Deutero-Isaías — Termo que significa
quatro fontes separadas; seu protago dos extrabíblicos sugerem, por exem simplesmente o “segundo Isaías”, é usa
nista de maior destaque foi Julius plo, que a tradição literária do antigo do pelos estudiosos que defendem uma
Wellhausen e suas reconstruções eram Oriente Próximo era freqüentemente visão de múltipla autoria do livro de
dominadas pelo supernaturalismo e registrada de forma escrita logo depois Isaías para referirem-se ao autor dos
pelo pensamento filosófico-evolutivos, da ocorrência dos acontecimentos re capítulos 40-66 (ver também Visão da
negando praticamente qualquer vera latados e não séculos mais tarde. múltipla autoria).
cidade histórica dentro do Pentateuco
e não dando espaço para a intervenção Crítica do Cânon — Visão crítica do Dia do Senhor — Conceito que ocor
divina na História e nem para a singu Antigo Testamento desenvolvida na se re com freqüência tanto nos escritos
lar revelação de Deus. gunda metade do século 20 e que pro dos profetas quanto no Novo Testa
curou estudar a forma como o Antigo mento. Inclui três elementos: o julga
Crítica da forma — Uma visão bastan Testamento foi recebido e expor sua mento de Deus contra o pecado, a lim
te difundida do estudo crítico do Pen mensagem teológica. Apesar de não peza e purificação do povo de Deus e a
tateuco, iniciado por Hermann Gunkel rejeitar totalmente o que foi encontra salvação do povo de Deus.
aproximadamente na virada do século do nas visões documentárias, os estu
passado, tendo surgido pouco depois diosos usando a crítica do Cânon bus Diálogos — Obras literárias em forma
que Wellhausen desenvolveu a teoria cam estudar a forma final da Bíblia, ten de conversação entre duas ou mais pes
das fontes. Ela analisa os vários tipos do em vista que é ela que tem autori soas. Diálogos foram encontrados com
ou gêneros literários encontrados na dade para a comunidade religiosa; eles freqüência na literatura de sabedoria
Bíblia, isolando-os em unidades meno estão menos preocupados em saber discursiva da antiga Mesopotâmia, ou
res. Ao enfatizar o “contexto de vida” como o texto chegou a essa forma do seja, em documentos produzidos por
dessas unidades menores, a crítica da que em encontrar a mensagem interna sábios do Oriente Próximo contendo
forma procura descobrir o “cerne his do Cânon. Essa visão oferece uma cor longos discursos ou argumentos tratan
tórico” de cada gênero literário. De acor reção útil às tendências detalhistas de do dos problemas mais difíceis da vida.
do com Gunkel e outros, essas unidades seus predecessores críticos.
menores podem, mais tarde, ser junta Distichs — Unidades formadas por
Crítica literária — Visão crítica para o provérbios individuais compostas em
das nas quatro fontes do Pentateuco.
estudo do Antigo Testamento que se grande parte por uma coleção de dita
Crítica da redação — Visão crítica do desenvolveu durante a segunda meta dos proverbiais em versos poéticos de
estudo do Pentateuco originária da hi de do século 20 e, como teorias prede- duas linhas cada (duplos), normalmen
pótese documentária de Wellhausen e cessoras, trata de amplas questões lite te formando frases completas (por
que procura explicar cientificamente de rárias, apesar de seus proponentes se exemplo, Pv 10.1-22.16); o paralelis
que forma as quatro fontes separadas rem contrários às críticas, da forma e mo é quase sempre antitético.
(JEPD) foram editadas em conjunto; do Cânon para o Pentateuco. A crítica
esse ponto de vista não encontrou literária enfatiza mais fortemente uma Doxologia — Versículos de encerra
muito consenso entre os estudiosos. análise centrada no texto ou no leitor, mento do último salmo de cada uma
ao contrário da visão tradicional de es das cinco coleções ou divisões do livro
Crítica da tradição — Ramificação da tudiosos anteriores que é centrada no de Salmos (1-41; 42-72; 73-89; 90-
crítica da forma, desenvolvida na pri autor. Aqueles que adotam esse ponto 106; 107—150) que “amarram” aquela
meira metade do século 20 e que se de vista já produziram resultados diver parte do livro com palavras de louvor
dedicou à tradição oral, ou seja, à his sos, mas a crítica literária mais recente ao Senhor. O grande salmo de louvor,
tória oral, pré-literária de vários tipos parece bastante promissora por suas Salmo 150, encerra de maneira apro
literários. Essa visão foi bastante di novas visões da interpretação bíblica. priada a coleção como um todo.
479
Glossário
Eleição — A escolha incondicional de Épico de Atrahasis — Documento me Escatologia— Termo usado para a área
Deus para que o povo de Israel fosse o sopotâmio que tem paralelos diretos da teologia que lida com a doutrina do
seu povo, conforme ele estabeleceu em com o relato bíblico da criação. Esse final das coisas. A escatologia preocu-
sua aliança com Abraão, ao tirar o povo épico é a mais antiga história dos pri pa-se, portanto, com questões como
do Egito e abençoar Israel mais que a mórdios encontrada no antigo Oriente morte, julgamento, céu, inferno, res
todas as outras nações como forma de Próximo de forma quase completa (iní surreição, segunda vinda de Jesus e as
testemunho para o mundo. O profeta cio do segundo milênio), apresentando sim por diante.
Amós, nos capítulos 3.1-6.14, lem- uma seqüência histórica, e esta é seme
brou Israel que essa eleição trazia com lhante à de Gênesis tanto na história Escatológico — Relacionado à esca
sigo certas responsabilidades — que da criação quanto da quase extinção tologia.
esse grande privilégio também tornava no dilúvio. O épico de Atrahasis con
Eunucos — Normalmente, eram ho
Israel ainda mais responsável por seus firma que a história básica apresentada
mens castrados, especialmente aqueles
pecados e que ela sofreria o julgamento em Gênesis 1-11 era bem conhecida
que antes eram empregados como ser-
por ter violado os estatutos de Deus. por todo o antigo Oriente.
viçais em haréns, ou oficiais de Estado.
Emissários — Profetas que levavam Épico de Gilgamés — História da Me O termo aplica-se a homens do Egito
adiante a verdade de Deus sobre sua sopotâmia escrita sob forma poética em (Gn 40.2), Assíria (2Rs 20.18), Babi
própria geração; os profetas mostravam doze placas e que tem significado para lônia (Daniel), Pérsia (Ester) e Israel.
os males de seus dias e chamavam o lelo à história de Noé. Gilgamés, pro
vavelmente uma figura histórica que Evangelicalismo — Posição teológica
povo ao arrependimento, advertindo- que afirma a autoridade da inspiração e
os que a aliança trazia muitos privilégio foi o rei Uruk por volta de 2600 a.C.,
rebelou-se contra a morte depois de infalibilidade da revelação de Deus
os, mas também responsabilidades que como guia para a fé e prática. De modo
incluíam justiça, retidão e santidade. ter perdido seu amigo. Gilgamés en
contra-se com Utnapishtim (o “Noé mais específico, é um movimento do
Encarnação — Doutrina cristã que afir da Babilônia”) que relata como ele al Cristianismo moderno, que transcen
ma que Deus tomou a forma de ho cançou a imortalidade quando prenun de os limites denominacionais e que
mem em Jesus Cristo. Mediante um ciou o plano divino de inundar o mun enfatiza a conformidade com as doutri
ato de graça, o Filho de Deus assumiu do. Utnapishtim havia sobrevivido ao nas básicas da fé cristã bem como o
um corpo humano e uma natureza hu dilúvio em um grande barco de junco, auxílio missionário de compaixão e
mana. A doutrina ensina que Jesus é o juntamente a sua família e pares de to urgência.
Filho eterno de Deus e o Messias aqui dos os animais. Infelizmente, porém,
Expiação — Resultado de um sacrifí
na terra, uma pessoa com duas nature aquele era um acontecimento que não
cio determinado por Deus com a in
zas, que é plenamente humana e plena voltaria a se repetir, o que dava a
tenção de livrar o pecador do castigo
mente divina. A revelação no Antigo Gilgamés poucas esperanças de encon
por aquele pecado.
Testamento aponta para essa doutrina trar a imortalidade. Depois de falhar
cristã, pois Deus sempre revelou-se por em três testes pelos quais ele poderia Extáticos — Pessoas que residiam na
meio de forma encarnacional, ou seja, ter recebido a imortalidade, derrota antiga cidade de Mari e ao seu redor.
real no tempo e no espaço. do, Gilgamés entrega-se ao fato de que Os estudiosos encontraram diversos pa
a morte é inevitável e consola-se com ralelos entre essas pessoas e os profetas
Enuma Elish — Título acádio que sig aquilo que conseguiu alcançar. Não há bíblicos. Esses indivíduos transmitiam
nifica “Quando no alto”. Enuma Elish é como indicar qualquer relação entre o mensagens que haviam recebido por
o relato mesopotâmio mais completo relato bíblico do dilúvio de Noé e o
da criação e possui muitas similaridades meio de sonhos, visões ou transes; cada
Épico de Gilgamés. Uma outra passa um servia um determinado deus ou
interessantes com o registro bíblico. A gem dessa obra é paralela a Eclesiastes
história descreve um conflito cósmico deusa. Em suas declarações, eles por
9.7-9, quando as palavras depreciati vezes advertiam reis sobre rebeliões,
entre as principais divindades. O jovem vas de Siduri fazem Gilgamés lembrar-
e ousado Marduque mata a monstruosa davam conselhos sobre expedições,
se de que todos nós devemos enfrentar prometiam vitória sobre o inimigo ou
Tiamate, deusa mãe que personifica os a morte e que devemos aprender a apro
primórdios dos oceanos. Usando a encorajavam a servir determinada di
veitar essa vida tão breve da melhor vindade mais fielmente.
carcassa dividida de Tiamate, Marduque maneira possível.
cria o céu e a terra; e do sangue de seu Faraó — Rei-deus dos antigos egípci
conspirador auxiliar, ele e seu pai criam Épicos históricos — Registros oficiais os, que davam a ele o crédito pelas chei
a humanidade para fazer todo o traba e documentos preservados e encontra as anuais do Nilo.
lho pesado do universo, liberando as di dos em arquivos reais ou de templos de
vindades de todas essas tarefas braçais. nações no antigo Oriente Próximo e Fenda — Grande fissura na superfície
Como forma de expressar gratidão a que, aparentemente, foram usados da terra. A fenda do Jordão, que se
Marduque por salvá-los da perversa como referência pelo autor dos livros estende do norte do mar da Galiléia ao
Tiamate, os deuses constroem para ele a de Reis em seus escritos dos arquivos longo do vale do Jordão e do Mar Mor
grande cidade e capital — Babilônia. da antiga Israel e Judá. to até o Mar Vermelho, é uma impor
480
Glossário
tante característica topográfica da Síria- conclusão do relato sobre a vida e o Habiru. Porém, o seu uso mais tarde
Palestina, reinado de Salomão. não tem um significado étnico e abriga
um sentido bem mais amplo.
F enício — Língua da família do he Gêneros — Termo usado pelos estudi
braico e aramaico, usada pelos fenícios, osos da Bíblia para fazer referência às Heilsgeschichte — Palavra alemã com
um povo próspero que habitava o ter formas ou aos tipos literários (termo posta (das palavras para “salvação” e
ritório no leste da costa do Mediterrâ original do francês “forma, sorte, tipo”). “história”) por diversos equivalentes em
neo. No tempo do Antigo Testamen Os críticos da forma agrupam textos nossa língua: história redentora, histó
to, esse território era chamado pelos de acordo com um mesmo gênero se ria da salvação, história sagrada e ou
hebreus de Canaã. eles têm características semelhantes. tros termos semelhantes. Denota um
princípio teológico que interpreta a
Festival Akitu — Festival anual cele Gerações — Recurso estrutural literá
Bíblia como uma descrição dos atos
brado pelos babilônios durante o qual rio do livro de Gênesis que se refere salvíficos de Deus na História. Os acon
desfilavam estátuas de seus deuses pela aos descendentes ou à história (Gn 2.4). tecimentos da história da salvação são
Babilônia. Isaías predisse a queda da Também é usado para introduzir uma
revelações divinas sobrenaturais no
Babilônia para a Pérsia, descrevendo o genealogia ou história pessoal (como,
tempo e no espaço e foram registrados
conflito entre Deus e os deuses da Babi por exemplo, Adão, Gn 5.1; Noé, Gn
nas Escrituras para promover a fé.
lônia (46.1-13); nessa ocasião, os ído 6.9, etc.). A expressão aparece onze
los cobertos de vergonha, incapazes de vezes em Gênesis — em cada ocorrên Herem — Relacionado às “guenas san
salvar a Babilônia. A nação arrogante, cia ela provavelmente introduz uma tas” de Israel na conquista de Canaã, o
que havia usado para descrever a si mes nova unidade literária do livro. No ca termo herem refere-se ao espólio de guer
ma termos referentes somente a Deus pítulo 2, pelo fato do termo não ser ra, incluindo pessoas, animais ou bens
— “Eu só, e além de mim não há outra” seguido por um nome de pessoa, ele materiais — todos pertenciam ao Se
(45.5,6; 47.8) — seria envergonhada e parece servir de ligação, introduzindo nhor para que ele fizesse com eles como
humilhada por Deus, destronada de seu 2.4b-25 c resumindo 1.1-2.3. lhe aprouvesse.
domínio mundial e condenada a um ter
Gogue — Um dos inimigos finais do Hermenêutica — Ciência de interpre
rível julgamento.
povo de Deus, Gogue é o governante tação da Bíblia. A hermenêutica inclui
Fiat — Termo do latim que significa de Magogue e príncipe de Meshech c a aplicação de princípios tradicionais
“faça-se” (haja) e que se refere ao mé Tubal. Gogue e Magogue representam que extraem do texto bíblico a mensa
todo de criação de Deus por meio de simbolicamente as nações sem deus de gem pretendida.
ordens em Gênesis 1. Nos seis dias su todo o mundo que virão dos confins da
cessivos de criação, Deus criou por in terra para lutar contra o povo de Deus. Hexatêuco — Nome que significa “seis
termédio de ordens divinas ou coman rolos”, dado para os seis primeiros li
Golpe — Um jogo inesperado de po vros da Bíblia — Gênesis, Exodo, Le
dos “Haja luz”, “Haja firmamento no der, como no caso em que Absalão ten
meio das águas” e assim por diante. vítico, Números, Deuteronômio e
tou tomar o reino de seu pai, Davi, Josué — como uma unidade literária.
Filho do Homem — Em Ezequiel 2.1- lutando para conseguir o apoio popu Alguns estudiosos argumentam que essa
3 e em cinqüenta e sete outras vezes lar e declarar-se rei em um momento
unidade foi editada como uma única
em sua profecia, uma clara designação estratégico (2Sm 5.3).
obra.
do filho de Adão; no Salmo 8.4, uma Grande tribulação — Período históri
frase aplica-se tanto ao homem mortal Hieróglifo, hieroglífico — Termo que
co de muitos perigos e tormentas antes
quanto a Jesus Cristo em sua forma en identifica o primeiro sistema de escrita
do Senhor voltar trazendo vitória e es
carnada, em sua identificação em for no Egito (do grego hieros, “sagrado” e
tabelecendo o seu reino.
ma de homem com toda a humanidade glyphe, “entalhe”). Era pictográfico e
e, de maneira semelhante, sugere a fi Hebreus — Termos usado pela Bíblia baseava-se na representação de obje
gura messiânica em Daniel 7.13. No para descrever Abraão e seus descen tos comuns c símbolos geométricos.
Novo Testamento, Jesus usa o termo dentes mediante Isaque e Jacó. Não se
Hino — Salmo ou cântico de louvor
com freqüência para referir-se a si mes sabe a origem do termo. Uma possibi
no qual o escrito louvava a Deus, dan
mo, fazendo uso, conforme acreditam lidade é de que os hebreus do Antigo
Testamento possam ser identificados, do-lhe graças por quem ele era c o que
alguns estudiosos, do termo encontra havia feito (por exemplo, Salmos 8,
do em Ezequiel para enfatizar seu ca pelo menos em parte, com o povo Ha-
biru que aparece em textos da Média e 136, 150). Tais hinos faziam parte do
ráter humano e sua dependência em louvor individual ou congregacional.
Deus como Pai. Nova Idade do Bronze do antigo Orien
te Próximo. E provável que esta fosse Hipótese documentária — Ver crítica
Fórmula do reinado — Fórmula usada uma designação para tribos scmíticas da fonte.
em 1 Reis 11.41-43 como recurso dc seminômades. Em algumas das referên
estruturação nas considerações sobre cias antigas, pode ser que o uso do ter História da salvação — Ver HeiLs-
cada governante do reino dividido na mo hebreu significasse alguém da tribo geschichte.
481
Glossário
História Deuteronômica — Nome (1200-930 a.C.), Idade do Ferro II Inscrição M essa — Inscrição que
dado à unidade do Antigo Testamento (930-539 a.C.) e Idade do Ferro III testifica a expansão das fronteiras de
composta por Deuteronômio, Josué, (539-332 a.C.). Esse foi o período da Israel a leste até o território moabita
Juizes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. Uma monarquia em Israel, do exílio e da res feita por Onri de Israel (885-874 a.C.;
teoria predominante argumenta que tauração. lRs 16.21-28); ele criou um reino tão
um autor anônimo (chamado de “Deu- impressionante que documentos
teronomista” e abreviado por Dtr) Idade Mesolítica — Termo usado por assírios cem anos mais tarde ainda se
combinou diversas fontes em um úni arqueólogos e historiadores para a referiam a Israel, o reino do norte, como
co e longo documento detalhando a Média Idade da Pedra, por volta de a “casa de Onri”. Nesse parágrafo cur
história teológica de Israel Depois da 14000 a 8000 a.C. A Idade Mesolítica to, Messa, o rei de Moabe, durante a
queda de Jerusalém em 586 a.C., Dtr foi testemunha das primeiras culturas metade do século 9~ a.C., menciona a
procurou interpretar a tragédia bem que viveram em cavernas. E possível extraordinária ascensão ao poder de
como explicar a queda do reino do que a mudança para a vida ao ar livre Onri e a aquisição da Samaria como
norte, Israel, em 722 a.C. Ele buscou tenha sido causada por alterações cli nova capital, bem como sua perversi
responder a pergunta “O que deu erra máticas. dade sem precedentes. A mudança de
do?”. Para uma discussão sobre esse Idade Neolítica — Termo usado por capital que Onri fez para a Samaria pode
assunto, ver capítulo 10. arqueólogos e historiadores para a Nova ter sido uma tentativa de coagir seus
Idade da Pedra no Oriente Médio, por súditos a adorar outras divindades além
História primeva — Pré-história ou as de Iavé; tal apostasia religiosa era uma
fases mais antigas da atividade humana volta de 8000 a 4200 a.C. A Idade
Neolítica testemunhou mudanças ra preocupação maior para o autor de 1
que ocorreram antes da História poder Reis do que foram os grandes feitos
ser registrada. E um termo técnico usa dicais na cultura humana, lançando as
bases para a civilização, mudanças sig políticos de Onri.
do para referir-se a Gênesis 1.1-11.
nificativas o suficiente para os historia Inspiração verbal plenária — Teoria
laveísmo — A adoração autêntica de dores falarem de uma Revolução sobre a inspiração bíblica que afirma
Israel a Iavé, o único e verdadeiro Deus, Neolítica. Durante esse período, os que o Espírito Santo interagiu com os
em obediência fiel às estipulações e aos caçadores nômades do início da Idade autores para produzir a Bíblia. “Plená
requisitos da aliança dados por Deus da Pedra começaram uma transição para ria” significa “cheia” ou “completa” e
na aliança mosaica. a vida em comunidades assentadas. indica que a inspiração de Deus esten-
Surgiram vilas com economia baseada de-se por todas as Escrituras, de Gênesis
laveísmo mosaico — Adoração a Iavé, na agricultura, o que foi possível por
o único e verdadeiro Deus que fez sua a Apocalipse, e Deus guiou os autores
meio da domesticação dc animais e do tanto nos detalhes históricos quanto
aliança com Israel. O laveísmo mosai- I cultivo de plantas. Mais para o final do
co é marcado pela obediência rígida à nas questões de doutrina. “Verbal” re
período, os habitantes das vilas fere-se às palavras das Escrituras — que
Lei dada a Moisés no Monte Sinai. neolíticas também começaram a pro
Durante os anos da monarquia dividi a inspiração de Deus estende-se até
duzir objetos em cerâmica, sobre as palavras que foram escolhidas
da, Onri de Israel e seu filho Acabe
misturaram o laveísmo mosaico com o Idade Paleolítica — Termo usado por pelos autores. Apesar dos escritores
baalismo cananita a fim de obter maior arqueólogos e historiadores para a an terem liberdade de escolher suas pró
controle político, tendo em vista que o tiga Idade da Pedra (antes de 14000 prias palavras e expressar sua persona
reino do norte sofria de instabilidade a.C.). Artefatos de lugares paleolíticos lidade singular e seu estilo enquanto
política. são ferramentas primitivas dc pedra fei escreviam, o Espírito Santo guiou o
tas por humanos. Durante esse perío processo para que as palavras escolhi
Idade do Bronze — Ver Antiga Idade do, as pessoas viviam em locais a céu das transmitissem com precisão o sig
do Bronze, Média Idade do Bronze e aberto e nos terraços de leitos de rios nificado que Deus desejava. Assim, esse
Nova Idade do Bronze. | antigos. A cultura paleolítica veio an ponto de vista sobre a inspiração afir
ma que Deus inspirou a Bíblia toda,
Idade do Ferro — Termo usado por tes da cultura das cavernas. mantendo a característica de cada au
arqueólogos e historiadores do antigo Idílico — Descrição curta de uma cena tor e ao mesmo tempo garantindo que
Oriente Próximo para definir o perío ou acontecimento simples ou agradá o produto final refletisse fielmente sua
do no qual o ferro substituiu o bronze vel, especialmente no campo ou relati mensagem. A inspiração verbal plená
como metal usado para ferramentas e vo à vida rústica, como é o caso do ria é a que parece lidar melhor com as
armas (por volta de 1200—332 a.C.). livro de Rute. evidências bíblicas — reconhecendo o
Esse período foi marcado pela ascen elemento humano nas Escrituras enquan
são dos primeiros impérios verdadeira Imago Dei — Expressão do latim para
to, ao mesmo tempo, afirmando que o
mente mundiais, todos a partir da Me a “imagem de Deus” referindo-se parti Espírito Santo é o Autor final da Bíblia.
sopotâmia: Assíria, Babilônia c Pcrsia. cularmente ao clímax da criação de Deus
A Idade do Ferro é muitas vezes divi quando ele fez a humanidade à sua “ima Ishtar — “Deusa do amor e heroína de
dida em três períodos: Idade do Ferro I gem” e “semelhança” (Gn 1.26,27). guerra” da Mesopotâmia, representa-
482
Glossário
da como uma meretriz. Parte do pan- rante o primeiro milênio a.C. o aramai lecionados também fazem parte da co
teão da Babilônia, Ishtar era esposa de co tornou-se a língua internacional. leção (SI 1,37,49, 73, etc.), e livro de
Tamuz, um deus da agricultura na Me Cântico dos Cânticos também tem se
sopotâmia, cujos seguidores acredita Lista das nações — Uma “lista” em
melhanças com a literatura de sabedo
vam que todo ano, na época da colhei Gênesis 10.1-32 que classifica as na ria em sua forma literária e função di
ta, Tamuz morria (Ez 8.14,15). ções do mundo conhecido sob os três dática. Apesar de todas essas obras fa
filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. Os zerem parte da seção de livros “poéti
JE P D — Muitos estudiosos acreditam descendentes de Jafé habitaram em gran cos” do Cânon, elas estão relacionadas
que foi a fonte literária usada para com de parte as ilhas mediterrâneas e Ásia com a literatura de sabedoria, sendo
pilar o Pentateuco bem como o livro de Menor e eram os mais distantes de Is que as idéias de sabedoria vão além dos
Josué, formando, assim, o hexatêuco. rael, enquanto a maior parte dos des Livros Poéticos da Bíblia. Vários pro
cendentes de Cam eram povos com os fetas usaram ditados de sabedoria e
Lei casuística — Uma classe de leis de
quais Israel tinha relacionamentos hos parábolas em seus sermões, assim como
casos que contrasta com as leis tis. Os descendentes de Sem foram dei
apodíticas ou de proibição absoluta. Jesus em muitos de seus ensinamentos.
xados por último por causa de sua im A literatura de sabedoria do Antigo
Tais leis começam com uma indicação portância na linhagem por meio da qual
de condicional (prótase — “Sc...”) na Testamento faz parte dc um cenário
Deus iria tratar do pecado na humani internacional, pois ao que parece, as
qual o caso é descrito e segue-se a pe dade — oferecendo um brilho dc espe
nalidade (apodose — “então...”). Por outras nações todas tinham professo
rança mediante a família de Terá, pai
exemplo, “Se um ladrão for achado ar res de sabedoria que refletiam as tradi
de Abraão. ções de sabedoria nacionais e particu
rombando uma casa e, sendo ferido,
morrer, [então] quem o feriu não será Literatura apocalíptica — Conjunto lares de seu povo, tendo em vista que
culpado do sangue” (Ex 22.2). de documentos simbólicos e que con arqueólogos encontraram exemplos de
tém revelações, apresentando forma e literatura de sabedoria de todas as par
Levante — Costa leste do mar Medi estilo de comunicação singulares e ten tes do antigo Oriente Próximo. En
terrâneo, que indica o fim, a oeste, da do em comum o seu conteúdo básico. quanto o termo “sabedoria” na litera
Síria-Palestina. O Levante estende-se A literatura apocalíptica era amplamente tura israelita quer dizer o temor de
ao longo de mais de setecentos quilô difundida no Judaísmo no tempo de Deus, em outras culturas refere-se a
metros e tornou-se a encruzilhada de habilidades na prática de magia e não
Cristo e teve influência profunda no
todo o comércio e viagem do mundo Cristianismo primitivo. O livro de Apo tem conteúdo moral. O conteúdo des
antigo. ses documentos convida, entretanto, a
calipse no Novo Testamento é o docu
mento mais antigo que toma para si o comparações com Jó, Eclesiastes e o
Leviatã — Em Jó 40, provavelmente
título de “apocalipse” ou “revelação”. livro de Provérbios que contém mais
refere-se ao crocodilo como uma ilus
paralelos com a literatura do antigo
tração de força, resistência e natureza
Literatura apocalíptica bíblica — Oriente Próximo que qualquer outro
aparentemente indestrutível que Deus
Uma subcategoria da literatura apoca livro da Bíblia. Assim, a literatura de
usa para contrastar o seu grande poder
líptica (como, por exemplo, o livro de sabedoria oferece um exemplo de co
com a fraqueza e a ignorância do ser
Daniel), que começa com material his municação de fé entre as culturas, à
humano.
tórico e vai gradualmente passando para medida que os israelitas interagiam com
Levitas — Descendentes de Levi, um um tipo de material mais apocalíptico a literatura e a visão de mundo de seus
dos doze filhos de Jacó (Gn 29.34) em (especialmente em Zacarias e Apoca vizinhos e sentiam-se livres para incor
função dos quais o livro de Levítico lipse) . Mesmo que o Antigo Testamento porar material de outras culturas uma
recebeu esse nome. Arão e sua família tenha algumas passagens que são, de vez eliminados os elementos politeístas.
foram escolhidos dessa tribo para ser um modo geral, apocalípticas em sua Algumas vezes, os israelitas adaptavam
vir como sacerdotes e oferecer sacrifí natureza (J13; Is 24-27; partes de Eze esse material fazendo pouca ou nenhu
cios, e Deus indicou o restante dos le quiel e Zacarias), essas passagens e o ma alteração, como é o caso de Pro
vitas para servirem no tabernáculo, aju livro de Daniel mostram diferenças sig vérbios e os escritos de sabedoria do
dando os sacerdotes nos cultos e no nificativas em relação a livros apoca Egito. Outras vezes, os autores usavam
santuário (Nm3.5-10). Partes do livro lípticos escritos mais tarde, no período literatura pagã fazendo modificações
de Levítico tinham a finalidade de ser intertestamental e, por isso, são classi teológicas.
vir como manual dc instruções para o ficadas — juntamente ao livro de Apo
sacerdócio do Antigo Testamento. calipse no Novo Testamento — como Livro da Lei — Durante o reinado do
literatura apocalíptica bíblica. jovem rei Josias, esse termo provavel
Língua Franca -—Qualquer idioma usa mente referia-se a uma parte ou a todo
do por pessoas de diferentes grupos de Literatura de sabedoria — Designa o livro de Deuteronômio que havia sido
línguas como meio de comunicação ou ção que estudiosos modernos usam para guardado no templo durante a consa
para o comércio. Durante a Nova Ida três livros que compartilham entre si gração de Salomão (lRs 8.1-4; Dt.
de do Bronze, o dialeto babilônio cha características de “sabedoria”: Jó, Pro 31.26). Essa cópia no templo ficou es
mado de acádio foi a língua usada. Du vérbios e Eclesiastes; alguns salmos se quecida durante os reinados de Ma-
483
Glossário
nassés e Amom e a descoberta do Li- í Messias — Literalmente significa “o havia começado e ofereciam normas
vro da Lei pelo sumo sacerdote de Josias I ungido”. O termo podia referir-se a pro para o comportamento humano. Como
no templo do Senhor (2Rs 22.8-10) fetas, sacerdotes ou reis, mas, de ma formas de expressão de convicções teo
afetou profundamente o jovem rei. neira mais específica, refere-se a Jesus lógicas, esses mitos antigos aconteciam
Mais do que depressa, ele acabou com Cristo, o ungido de Deus que cumpriu fora do tempo e do espaço e estavam
o culto pagão em todo o país e restabe o propósito redentor de Deus e um dia ligados à natureza da religião. A antiga
leceu a aliança de Israel com o Senhor, I voltará para estabelecer o seu reino. Israel, entretanto, dava à mitologia um
reinstituindo a festa da Páscoa que ha caráter histórico ao referir-se a um tem
via sido negligenciada desde o tempo Método gramático-histórico — Mé po que era não diferente daquele do mun
dos juizes. todo de interpretação bíblica que bus do em si, mas que se referia à história de
ca encontrar o significado mais simples Israel. O Deus israelita, Iavé, era o Cria
Macabeus — Família asmonéia que li de uma passagem da Bíblica aplicando dor e aquele que havia estabelecido as
derou a luta dos judeus pela liberdade as regras gerais dc gramática e sintaxe, normas para o comportamento humano
religiosa e independência política con buscando determinar o que o texto diz por meio de sua revelação à nação. A
tra o império selêucida em 168 a 160 gramaticalmente e qual é o significado História, e não o mito, tomava-se um
a.C. Depois de sua vitória, o sacerdote histórico. Ele procura descobrir a inten instrumento para expressar a teologia.
Matatias e seus três filhos governaram ção original do autor por meio do uso
como monarcas em Jerusalém (“a Di cuidadoso de contexto, gênero, lingua Monólogo — Uma palestra ou discur
nastia Asmonéia”) durante aproxima gem e relação com o resto da Bíblia. so longo feito por uma só pessoa ou
damente um século. Um dos filhos, qualquer composição como poema ou
Judas, foi chamado de macabeu, “o Métrica — Padrão de tonicidade em drama em que uma única pessoa ou
martelo” de onde é derivado o nome linhas ou versos rítmicos. A poesia he ator fala. Monólogos eram encontra
“macabeus”. braica baseia-se fortemente na métrica dos com freqüência na literatura
e alguns comentaristas sugerem que os discursiva de sabedoria da Mesopotâ
Magogue — “Nação” governada por escritores antigos usavam uma varie mia, ou seja, em documentos produzi
Gogue, uma das inimigas finais do povo dade de estilos e padrões métricos para dos por sábios do antigo Oriente Pró
de Deus e provavelmente localizada transmitir estados de espírito ou idéias. ximo contendo longos discursos ou ar
entre a Capadócia e a Média. Gogue gumentos que lidavam com os proble
com Magogue representam simbolica Milênio — De acordo com alguns evan mas mais complexos da vida.
mente as nações do mundo sem Deus gélicos, é literalmente o período de mil
que virão dos confins da terra para lu anos do reinado de Cristo na terra jun- M onoteísmo — Posição teológica e fi
tar contra Israel em umá batalha final, tamente a seus santos, logo depois da losófica de que há somente um Deus.
mas que sofrerão derrota devastadora segunda vinda (ver Premilenismo ) . Tal ponto de vista não era uma crença
por meio da intervenção de Deus nas Outros entendem esse termo como sen aceita por outros povos antigos, que
montanhas de Canaã. Esse conflito é do referente ao reinado espiritual de eram politeístas e henoteístas.
relatado em Ezequiel 38 e 39 e resumi Cristo no coração dos crentes no tem
do em Apocalipse 20.7-9. po presente (amilenismo). M onoteísta — Relacionado à crença
bíblica de que há um só Deus.
M assora — Palavra hebraica que sig | Mishnah — Registro das conversações
nifica “ligação” ou “corda”. No estudo | entre os rabis enquanto estes discutiam Narrativa histórica — Conteúdo pre
do Antigo Testamento, refere-se ao sis I a interpretação correta e as atitudes es dominante de 1 e 2 Reis, que é, discu
tema de pontos de vogais e acentos usa peradas dos judeus no que diz respeito tivelmente, a mais antiga historiografia
dos para esclarecer o texto hebraico. à lei mosaica. E, por assim dizer, um autêntica da literatura mundial pois,
comentário explicando o Torá de Moi pela primeira vez na História, uma na
Média Idade do Bronze — Termo usa sés, muitas vezes produzindo instruções ção produziu uma narrativa contínua
do por arqueólogos e historiadores para legais. O Mishnah aceitava a autoria organizando documentos em uma apre
o período das incursões amoritas pelo mosaica do Pentateuco. Ele é um ante sentação ordenada e com um único
antigo Oriente Médio, iniciando uma cedente do Talmude. propósito geral. O autor de Reis amar
nova era (aproximadamente 2000 a rou as narrativas históricas todas jun
1550 a.C.). Depois dc um período ini Mito, Mitologia — O significado mo tas com grandes convicções religiosas,
cial de declínio na Síria-Palestina, a derno do termo é algo que não é verda apresentando o passado de Israel sob
cultura amorita trouxe a volta do esti deiro, que é imaginário. Mas ao fazer um ponto de vista profético e teológi
lo de vida sedentário e o desenvolvi referência ao antigo Oriente Próximo, co — relacionando cuidadosa e siste
mento de novos centros urbanos. Du os estudiosos usam o termo em um sen- maticamente os reis de Israel, com o
rante esse período, os novos reinados I tido mais clássico, apesar dc não haver objetivo de fazer uma crítica sobre a
amoritas na Babilônia tiveram um pa | consenso em sua definição. O mito é o fidelidade dc cada um deles para com a
pel importante na história do antigo instrumento literário pelo qual os po aliança de Deus, traçando as conseqü
Oriente Próximo. Esse foi também o vos antigos ordenavam o seu mundo. ências do pecado em oposição aos be
período patriarcal em Israel. Os mitos explicavam como o mundo nefícios da obediência.
484
Glossário
Narrativas patriarcais — Narrativas Novo Reino— Termo referente ao Egi Paralelismo sintético — Característi
de Gênesis 12-50, refletindo uma uni to durante o tempo de Moisés e do ca literária comum da poesia hebraica
dade do livro e oferecendo relatos dos Exodo. na qual a segunda linha normalmente
patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó) que completa o pensamento que a primeira
são dc escopo mais restrito e também Ofício de profecia — Ofício que co linha deixou em aberto; as duas linhas
singulares no mundo antigo. Esses re meçou a surgir baseado no ministério possuem uma relação entre si, apesar
latos dizem respeito aos membros de de Elias e Eliseu, pelo qual o profeta dessa relação não ser claramente defi
uma única família e sua jornada de fé, tornou-se o instrumento de Deus para nida como no paralelismo sinônimo ou
ao contrário do foco da seção anterior advertir o rei e a nação sobre seu peca no antitético. Alguns intérpretes suge
que se preocupava em contar a história do e sua tragédia iminente. rem que esse termo é apenas uma cate
da criação do mundo. As narrativas Papiros do M ar Morto — Depois que goria em que são colocados todos os
encaixam-se bem na Média Idade do um jovem pastor de ovelhas descobriu versos que não se encaixam nas outras
Bronze (2000-1550 a.C.). acidentalmente os primeiros dentre vá duas formas de paralelismo (ver SI 1.3;
rios papiros em uma caverna dc Qumran 2.6; Ec 11.1).
Neo-ortodoxia — Filosofia nascida no
começo do século 20, em parte como em 1947, arqueólogos exploraram ou Patriarcas — Três indivíduos que se
uma reação ao liberalismo que desva tras cavernas vizinhas e acharam mais encontram na origem da fé: Abraão,
lorizava a autoridade divina; recebeu o papiros. Eles são de 100 a 200 a.C. Isaque e Jacó.
apoio significativo de Karl Barth e Emil aproximadamente e contêm pelo me
Brunner. A neo-ortodoxia defende que nos partes de todos os livros do Antigo Pentateuco — Termo usado para os
Deus é completamente transcendente, Testamento, exceto Ester. Eles também cinco primeiros livros da Bíblia, do gre
ou seja, diferente de nós e muito além são uma fonte valiosa de informações go pentateuchos, que significa uma obra
da nossa compreensão; só podemos vir sobre a comunidade essênia em com cinco livros. O Pentateuco tam
a saber alguma coisa sobre ele se ele se Qumran. Mais importante de tudo, bém é conhecido pela palavra hebraica
revelar, como ele fez por meio de Jesus porém, é que eles confirmam a confia Torá, que freqüentemente é traduzida
Cristo. A neo-ortodoxia também afir bilidade do texto massorético. como “lei”, mas que, na verdade, tem a
ma que a Bíblia é simplesmente uma conotação de “ensinar” ou “instruir”.
Paralelismo — Característica da poe
testemunha da palavra de Deus, ou que sia hebraica na qual pelo menos duas Pentateuco Samaritano — Texto do
ela contém a palavra de Deus, à medi linhas paralelas de versos complemen Antigo Testamento que contém ape
da que as pessoas dos tempos bíblicos tam-se entre si de alguma forma e, tipi nas de Gênesis a Deuteronômio, ori
tinham experiências com Deus e regis camente, mostram um paralelismo de ginário dos samaritanos que surgiram
travam essas experiências da melhor idéias em vez de rima ou som. Tais do casamento misto entre judeus e es
maneira que podiam. Sendo criaturas paralelismos podem ser sinônimos, trangeiros no território do reino do
finitas, porém, seus relatos algumas antitéticos ou sintéticos. norte depois da sua queda para a
vezes continham erros. Ainda assim, Assíria em 722 a.C. O manuscrito mais
suas descrições são de grande valor para Paralelismo antitético — Uma carac antigo desse texto é de aproximada
nos ajudar a entender melhor a Deus e, terística literária da poesia hebraica co mente 1100 d.C., apesar de muitos
à medida que outras pessoas têm novas mum e facilmente reconhecível na qual estudiosos acreditarem que ele é base
experiências com Deus, seus relatos duas linhas demonstram forte contras ado em um texto de 100 a 200 a.C.
mais uma vez tornam-se a palavra de te entre si (por exemplo, Salmo 1.6 Enquanto os judeus viam os samarita
Deus. Apesar da neo-ortodoxia ter alta “Pois o Senhor conhece o caminho dos nos com desprezo como mestiços com
consideração por Deus, ela não oferece justos, mas o caminho dos ímpios pe prometidos que negaram sua fé ao ca
uma explicação adequada das evidên recerá”)- O livro de Provérbios tam sarem-se com estrangeiros, os samari
cias bíblicas. bém usa o paralelismo com freqüência. tanos pensavam ter preservado uma
forma mais antiga e pura de fé, levan
Nova Idade do Bronze — Termo usa Paralelismo sinônimo — Característi
do a inevitáveis diferenças teológicas.
do por arqueólogos e historiadores para ca literária comum da poesia hebraica
Pelo fato do Pentateuco Samaritano
o período de relações internacionais e que envolve a repetição do mesmo
ser um tanto tendencioso por refletir
comunicação no antigo Oriente Próxi pensamento ou pensamento similar; as
essas diferenças, o texto é uma teste
mo, por volta de 1550 a 1200 a.C. O duas partes refletem basicamente a
munha bastante antiga de como os sa
final da Nova Idade do Bronze é mar mesma idéia, como acontece no Salmo
maritanos interpretavam o Pentateu
cado pelo poderoso Novo Império no 19.1 “Os céus proclamam a glória de
co, mas não é confiável para determi
Egito, que exerceu considerável in Deus, e o firmamento anuncia as obras nar o caráter original do texto.
fluência sobre as áreas costeiras da das suas mãos”, ou Provérbios 9.10
Síria-Palcstina. Esse foi o período du “O temor do Senhor é o princípio da Pequeno apocalipse— Nome dado por
rante o qual ocorreu o êxodo do Egi sabedoria, e o conhecimento do San muitos intérpretes a Isaías 24-27 pelo
to, a caminhada pelo deserto e a con to é prudência” (ver também Pv 16.18; fato de esses capítulos parecerem-se
quista de Canaã. 28; 18.6,7). com uma miniatura do livro de Apo
485
Glossário
calipse, servindo como uma grande Prenunciadores — Profetas para os 27), Filístia (14.28-32), Moabe (15.1-
conclusão para as profecias de Isaías quais Deus revelava o futuro — algu 16.14), Damasco e Israel (17.1-14),
nos capítulos 13-23 e anunciando o mas vezes o futuro próximo e algumas Etiópia e Egito (18.1-20.6), Babilô
julgamento final de Deus sobre o mun- vezes o futuro distante — e que então nia, Edom e Arábia (21.1 -17), Jerusa-
do e a salvação final de seu povo (ver pregavam para sua própria geração; os lém (22.1-25) e Tiro (23.1-18).
Literatura apocalíptica). profetas falavam de julgamento e res
tauração, dc más notícias e boas novas, Profecias dos ais — Discursos de jul
Período babilônio — Começo do se- principalmente com a finalidade de gamento que começam tipicamente
gundo milênio a.C. (2000-1595 a.C.), motivar o povo de Deus a ter uma vida com a palavra “ai”, que é uma excla
durante o qual os babilônios começa- de fidelidade no presente. mação de tristeza, aflição ou lamento.
ram a compilar aquilo que boje chama Isaías pronunciou seis profecias dos ais
mos de textos de presságio. Profecia — Palavra que o profeta re contra vários segmentos da população
cebeu de Deus e anunciou para o povo, de Judá em 5.8-30: (1) denunciando os
Período cassita — Período da história podendo concentrar-se em uma varie opressores que de forma egoísta aumen
da Mesopotâmia que vai do século 14 dade de tópicos. tavam suas propriedades às custas dos
ao século 12 a.C., durante o qual en outros, (2) condenando os beberrões
contramos exemplos de literatura Profecia clássica — Profecia normal que vivam em função da bebida e de
mesopotâmia de diálogo, como o tex mente dirigida para todo o povo, que o festas, (3) repreendendo aqueles que
to Ludlul bel nemequi (“Louvarei o informa da ira de Deus contra seu pe testavam a Deus, (4) falando contra
Senhor da sabedoria”), um longo mo cado, adverte-o sobre o julgamento aqueles de moral distorcida que cha
nólogo no qual um nobre da Babilônia vindouro, chama ao arrependimento e mavam o bem de mal e o mal de bem
conta como ele deparou-se com toda proclama a salvação de Deus para aque para justificar seus pecados, (5) pro
sorte de desastre antes que o deus les que se voltarem para ele. Tais profe nunciando um ai contra os que exalta
Marduque finalmente o restaurasse à cias foram escritas entre 800 a 450 a.C. vam a si mesmos e acreditavam serem
sua posição. Os cassitas eram um povo aproximadamente, por aqueles que ser sábios e (6) admoestando os oportu
“dos montes do leste” que aos poucos viam de mensageiros especiais de Deus nistas imorais. Em sua ira, Deus iria
tomaram conta da Babilônia e gover para o seu povo mediante o poder re julgar o pecado deles e chamar uma
naram por algum tempo. cebido do Espírito Santo. Os livros do outra nação para consumi-los e levá-
Antigo Testamento que vão de Isaías a los embora.
Período intertestamental — Período
Malaquias são bons exemplos de pro
da história entre o encerramento do Profecias Mari — Uma das categorias
fecia clássica.
Antigo Testamento (por volta de 400 básicas de evidências referentes à exis
a.C.) e o nascimento de Cristo. Profecias acádias — Textos acádios tência de profecias em outras civiliza
do primeiro milênio a.C. que simples ções do mundo bíblico e sua relação
Pôliteísmo — Crença em muitos deu
mente fazem uma lista dos diversos com os profetas da Bíblia. Apesar de
ses. O politeísmo está com freqüência
acontecimentos políticos de um deter haver semelhanças entre as profecias
ligado às religiões antigas de fertilidade
minado período histórico; sua inten Mari e as profecias bíblicas, diferenças
e da natureza.
ção é um tanto vaga. Ao que parece, os gritantes surgem quando é feita uma lei
Povos do mar — Povos estrangeiros autores escreviam esses textos de modo tura mais detalhada dos textos fazendo
que chegaram no antigo Oriente Pró que se parecessem com profecias, ape uma distinção bem definida entre os pro
ximo por volta de 1200 a.C. Suposta sar de alguns estudiosos sugerirem que fetas bíblicos e os extáticos da cidade de
mente, eles eram fugitivos da Grécia os textos estão relacionados mais de Mari. Os profetas do Antigo Testamen
que, depois da guerra de Tróia, dirigi perto com a literatura apocalíptica ou to afirmavam que a aliança de Deus com
ram-se para a costa do Mediterrâneo, com exemplos de profecia escrita de o seu povo tinha implicações no viver
desequilibrando as grandes potências pois do acontecimento. Essas profecias diário. Um relacionamento correto com
daquela época, ou seja, o Egito e os diferem significativamente das profe Deus deveria resultar em um tratamento
hititas. Um desses povos do mar eram cias clássicas da Bíblia. justo e ético de outras pessoas, certas
os filisteus que se assentaram na costa ações e crenças eram verdadeiras e cor
Profecias contra as nações — Comu
sudoeste da Síria-Palestina e tiveram retas porque Deus as havia ordenado.
nicação divina ou revelação dada por
um papel importante nos tempos do Além do mais, os profetas falavam para
Deus ao profeta Isaías que descrevia os
Antigo Testamento. toda a sociedade, não só para a casa
planos de Deus para tratar das outras
real (ver também Extáticos).
Premilenismo — Posição evangélica nações do mundo antigo e não somen
que afirma que Jesus voltará à terra para te Israel. Sua profecia de julgamento Profetas anteriores — Termo usado no
literalmente estabelecer um reino aqui, começou com a Babilônia (13.1- Cânon hebraico para designar Josué,
governando com seus santos durante 14-23) que, depois de governar o mun Juizes, Samuel c Reis; tal designação é
mil anos. Depois desse período, virá o do, iria ser destruída pelos medos. Em apropriada por causa da forma como
julgamento dos descrentes e o estabe seguida, Isaías falou do futuro julga esses livros estão relacionados ao iní
lecimento do céu. mento de Deus sobre a Assíria (14-24- cio da história da profecia e apresen
486
Glossário
tam a história nacional à luz de interes Quiasmo — Termo baseado na letra po da Saul, que morreu por causa de
ses teológicos e proféticos. grega X (chi) , denota uma seqüência sua infidelidade ao Senhor. Para o cro
invertida ou cruzada de palavras, frases nista, Davi cumpriu o papel de salva
Profetas clássicos — Ver Profecia ou conceitos paralelos em uma senten dor. Assim, ele descreve como Davi
clássica.
ça ou unidade literária mais ampla. O tornou-se rei, suas investidas militares
Profetas nãoAiterários — Profetas a quiasmo é comum na poesia hebraica: e seus preparativos para a construção
quem Deus chamou para profetizar, mas do templo. Tendo em vista que para o
A Compadece-te de mim, ó Deus, autor o templo é elemento central do
que nunca escreveram suas mensagens, B segundo a tua benignidade;
deixando para outros a tarefa de regis plano de salvação de Deus, esse plane
B’ e segundo a multidão das tuas jamento elaborado do templo revelou
trar suas palavras e atos: sabemos so misericórdias,
bre o ministério desses profetas somen o verdadeiro caráter de Davi como lí
A apaga as minhas transgressões. der da fé para Israel.
te por intermédio de relatos sobre eles (SI 51.1)
nos Livros Históricos do Antigo Tes Retribuição — Doutrina que afirma
tamento. Os profetas não-literários de Racionalista -— Indivíduo que aceita que a bondade resulta em prosperida
um modo geral tinham a tendência de a razão como sendo a autoridade máxi de e a perversidade leva ao sofrimento.
concentrar-se no rei e em sua corte, ma sobre a opinião, crença ou condu Escritos sob forma de diálogo na Meso
aconselhando o rei sobre diversos as ta, afirmando que a razão humana, sem potâmia, aceitavam a doutrina da retri
suntos e algumas vezes advertindo-o o auxílio de revelação divina, é ade buição apresentada em Jó e Eclesiastes.
sobre as conseqüências de seu pecado. quada como guia único para toda a
Exemplos desse tipo de profeta incluem verdade religiosa alcançável. Zofar, um Rima — Característica literária da po
EliaseEliseu (2Rs 1.1—13.21),profetas dos amigos de Jó, considerava-se um esia hebraica que descreve a concor
cujos nomes não são citados e que apa racionalista, arrazoando que o castigo dância nos sons finais das linhas, versos
recem nos tempos dc Saul (ISm 10.10- que Jó estava rccehendo era mais que ou palavras poéticas. A poesia hebrai
12; 19.20,21) e mais tarde no reino esperado e concluindo que Jó deveria ca apoia-se muito mais na métrica que
dividido (lRs 13), Aías (lRs 11.29- lançar para longe sua iniqüidade e per na rima, apesar da rima ocorrer algu
39), Micaías (1Rs 22.7-28, um homem versidade (11.14). mas vezes.
chamado apenas de “homem de Deus”
que proferiu palavras de julgamento a Reconciliar, reconciliação — Ver tam Sábios — Homens de renome por sua
Jeroboão I (1Rs 13.1-10) c uma mulher bém Expiação — termo bíblico que sabedoria que, no antigo Oriente Pró
chamada Hulda (2Rs 22.14-20). descreve a remoção do pecado ou pro ximo, escreviam documentos conten
fanação. O hebraico kipper normalmen do longos discursos ou argumentos que
Prólogo — Prefácio ou parte introdu te denota “expiar oferecendo um subs tratavam dos problemas mais difíceis
tória de um discurso, poema ou roman tituto”. Quer o termo se referisse a um da vida.
ce. Em Jó, o prólogo em prosa ajuda a ato de expiação voltado para Deus
criar a estrutura literária para os dis (propiciação) ou para a ofensa cometi Salm os da realeza — Salmos ou
cursos poéticos. da (expiação), ele ilustra a teologia bí cânticos sobre o rei de Israel, normal
blica da reconciliação. mente descrevendo-o como o repre
Promessa — A palavra de Deus a sentante especial de Deus para gover
Abraão em Gênesis 12, em que Deus Remanescente — Literalmente, “um nar Israel. Os Salmos 2, 45 c 110 são
promete a ele tanto terras quanto des resto”. Termo técnico que se refere a bons exemplos de salmos reais.
cendentes — fazer da família de Abraão um grupo do povo de Deus que per
uma grande nação que seria uma bên manece fiel ao Senhor e pelo qual o Salm os de lamento — Salmos ou
ção para a humanidade. Senhor determina que irá continuar os cânticos contendo tipicamente três ele
seus propósitos redentores. mentos que podem ou não aparecer na
Provérbio — Ditado sucinto e persua- seguinte ordem: (1) o lamento por cau
sivo referindo-se a vários tópicos rela Renovo — Descrição profética encon sa de uma situação, (2) afirmação da
cionados a Deus, a seu mundo e à vida. trada em Isaías 4.2 sobre o Messias que confiança do salmista de que Deus, de
Os provérbios são declarações de ver estava por vir como um renovo da li alguma forma, irá ajudá-lo a passar por
dades gerais e não promessas inquebrá nhagem de Jessé, o pai de Davi, e que suas provações e (3) algum tipo de lou
veis ou mandamentos que se aplicam a receberia o poder do Espírito do Se vor por Deus ter ouvido sua oração e
todas as situações. nhor para liderar as nações e trazer paz, porque, a seu tempo, irá intervir (por
bondade e salvação de Deus àqueles exemplo, Salmos 3, 4 e 6).
Pseudônimo — Termo usado para des que colocassem nele a sua fé.
crever o costume de atribuir um escrito Salmos de sabedoria — Salmos ou
a alguém com um outro nome diferente Restauração — Tema de 1 Crônicas, cânticos que relatam observações ge
daquele do autor. Na literatura apoca no qual o autor olha para a futura espe rais sobre a vida, dentre as quais o au
líptica intertestamental, esses “nomes rança de salvação e equilibra sua repe tor tipicamente faz pouco esforço para
artísticos” eram usados para dar o crédi tida ênfase na situação de exílio de Is defender as verdades que estão sendo
to dos escritos a algum antigo herói da fé. rael usando como ilustração o arquéti expostas; em vez disso, ele as apresenta
487
Glossário
como descrições evidentes da forma Shalom — Palavra hebraica que signi prova de autenticidade. Isaías, por
como Deus pretende que a vida seja, fica “paz”. Mais do que a ausência de exemplo, ofereceu a Acaz um sinal de
normalmente descrevendo o nosso re conflito, ela refere-se a uma vida em Deus para fortalecer a fé do rei. Acaz,
lacionamento com Deus em uma ou que está presente a plenitude e o bem- porém, mascarou sua falta de fé com
mais de suas facetas (por exemplo, Sal estar. A paz shalom é retratada de ma falsa piedade (Is 7.10-12), e já estava
mos 1,14,73). neira perfeita no Jardim do Éden antes pensando em confiar na Assíria em vez
da queda; lá, a humanidade estava em de Deus (2Rs 16.7,8). Isaías condenou
Salmos imprecatórios — Salmos ou paz com Deus e com a criação que os Acaz por sua falta de fé, declarando que
cânticos que pedem o julgamento de cercava — tendo acesso direto à pre o próprio Deus iria providenciar um si
Deus sobre os inimigos do salmista (por sença de Deus e gozando do seu favor, nal, ou seja, que uma virgem iria conce
exemplo, Salmos 35,69,137); eles po eram capazes também de gozar a pleni ber um filho c dar-lhe o nome de
dem ser dc natureza individual ou con- tude rica e perfeita da criação. Emanuel que quer dizer “Deus conosco”
gregacional. Apesar desses salmos pro (Is 7.14); antes que a criança pudesse
vocarem muitas discussões teológicas Shema — Nome da importante passa escolher entre o bem o mal, os reis da
por causa de seu conteúdo repleto de gem de Deuteronômio 6.4-9, que é a Síria e de Israel não mais existiriam.
ira, devemos entender que, nesses ver expressão clássica do conceito israelita
sículos, os salmistas nos ajudam a ver o de monoteísmo e que, mais tarde, tor Sincretismo — Tentativa de unir ou
lado humano das Escrituras; ao clama nou-se uma oração central do Judaís reconciliar duas crenças ou práticas. Os
rem em meio à sua ira, frustração e dor, mo. O nome em si é a primeira palavra proponentes de uma religião algumas
eles percebiam sua própria fraqueza — em hebraico do imperativo “Ouve, Is vezes adaptam-se ou identificam suas
tendo em vista que eram incapazes de rael, o Senhor, nosso Deus, é o único divindades ou credos com aqueles de
mudar as circunstâncias terríveis. Os Senhor”. uma outra religião a fim de ganhar fiéis.
salmistas também deixavam o julga
Sheol — Palavra hebraica usada com Sitz im Leben — Expressão em ale
mento nas mãos de Deus, pedindo que
Deus julgasse, mas reconhecendo tam mais freqüência para se fazer referência mão (que significa “situação de vida”)
ao lugar onde acreditava-se que os mor que denota o cenário histórico e social
bém que só Deus sabia o que era abso
tos habitavam, um lugar de escuridão no qual um gênero literário tomou for
lutamente correto.
(Jó 10.21,22; SI 143.3), silêncio (Si ma pela primeira vez.
Salmos messiânicos — Salmos ou 94.17; 115.17), cujos habitantes eram
incapazes de louvar a Deus (SI 6.5; Soberania — Ensinamento bíblico de
cânticos que descrevem o Messias, o
88.10-12) c nada sabiam (Jó 14.21; Ec que Deus está no controle absoluto de
ungido de Deus.
9.5), e que eram meras sombras do que toda a criação e não está subordinado a
Santos do Altíssimo — Indivíduos da haviam sido um dia. Sheol estava ao nada. O Pentateuco inicia-se enfatizan
visão registrada em Daniel 7 que com alcance de Deus, como fica entendido do a soberania de Deus por meio do
põem o quinto e último reino eterno pelo Salmo 139.8 e por Jó 26.6. Há relato da criação que parte do pressu
estabelecido pelo Ancião de Dias e dúvidas sobre a verdadeira localização posto da existência eterna de Deus, que
por aquele que é como o “Filho do de Sheol e o quão intimamente ele está criou todo o universo sem a ajuda de
Homem”. ligado com a sepultura do ponto de ninguém, sem usar matéria preexistente
vista literal; também há desacordo se e sem esforço, unicamente pelo poder
Septuaginta — Tradução do Antigo de sua palavra falada. Assim como
os crentes do Antigo Testamento iam
Testamento para o grego de aproxima primeiro para esse lugar de sombras ou Gênesis estabelece tão fortemente des
damente 300 a 200 a.C. e que vem da diretamente para o céu. Ezequiel, em de o início a soberania de Deus sobre
cidade egípcia de Alexandria. Seu nome uma linguagem profética assustadora, sua criação, as histórias subseqüentes
e abreviação (LXX) vem do fato de o descreve Deus levando o Egito para do dilúvio (Gn 6-9) e da Torre de Babel
trabalho de tradução ter sido realizado Sheol, onde o Egito encontra o “comi (Gn 11) reforçam ainda mais esse con
por um grupo de setenta e dois estu tê de boas-vindas” formado pela ceito bem como o relacionamento de
diosos. A Septuaginta é um importan Assíria, Elam e Edom — nações que, Deus com indivíduos como Abraão,
te testemunho antigo do texto do An dc maneira semelhante, haviam confi Isaque c Jacó demonstram o domínio
tigo Testamento. ado em seu próprio poder e esplendor supremo dele. Em contraste gritante
até que Deus deu um fim ao seu domí com os deuses do antigo Oriente Pró
Setenta setes — Refere-se à passagem
nio; Ezequiel advertiu o Egito que eles ximo, cuja jurisdição tinha limites geo
profética e escatológica de Daniel 9.24'
iriam tornar-se como todas as outras gráficos definidos, o escopo do domí
27 sobre as “setenta semanas de anos”,
nações que haviam desafiado a autori nio de Deus é universal.
ou setenta períodos de tempo; essas se
dade de Deus (29.1-32.32).
tenta semanas de anos eqüivalem a qua Talmude — Coleção de leis judaicas
trocentos e noventa anos, apesar dos Sinal — Algo que dá evidência de um rabínicas, leis de decisão e comentários
intérpretes discordarem em relação às acontecimento passado, presente ou fu sobre as leis de Moisés; refere-se aos
datas e acontecimentos relativos a esse turo, que serve de advertência para coi primeiros cinco livros da Bíblia como
período. sas que ainda estão por vir ou como “os Livros de Moisés”.
488
Glossário
Tamuz — Deus da agricultura da Me- 18; 28), chamado de Moisés (Êx 3), to do Antigo Testamento, usando um
sopotâmia, marido da deusa Ishtar, cujos aliança no Sinai (Êx 19) e outras. complexo sistema de marcações cha
seguidores acreditavam que todos os mado de massora. As cópias mais anti
anos, no tempo da colheita, Tamuz Teologia da retribuição — Obediên
gas desse texto são de pouco antes de
morria; as mulheres que Ezequiel viu cia aos mandamentos de Deus traz bên 1000 d.C., apesar de alguns estudiosos
chorando no templo de Jerusalém em çãos enquanto a desobediência provo acreditarem que essas cópias refletem
sua visão (Ez 8.14,15) estavam prante- ca o fracasso. Essa é a tônica dos livros textos do ano 100 d.C. O texto masso-
ando Tamuz junto a Ishtar. Tamuz vol de Reis, que se baseiam na aliança do térico é o texto hebraico mais confiável
tava à vida na primavera, quando as Sinai, especialmente da forma como ela que temos à nossa disposição.
plantações se reavivavam e as árvores é expressa em Deuteronômio, em que
começavam a florescer. o discurso final de Moisés (Dt 28) faz Textos de presságio — Coleção de tex
uma lista das bênçãos e castigos da tos que começou a ser compilada du
Targuns — Coleção de escritos aramai- aliança. Para o autor de Reis, a história rante o período da antiga babilônia
cos baseados no texto do Antigo Testa é a fundação sobre a qual a teologia é (2000-1595 a.C.). Provavelmente con
mento e que são do começo da era cris provada e ele avalia cada rei tomando siderados científicos na sua época,
tã, apesar de algumas partes terem sido por base a lealdade desse monarca Iavé esses textos refletiam a crença desses
escritas antes. Surgiram durante uma adorado em Jerusalém e ilustrando os povos antigos de que o mundo era uma
época em que muitas pessoas entendi dois caminhos entre os quais o homem complexa teia de relações de causa e
am o aramaico melhor que o hebraico e precisa escolher —- a busca interna e efeito muitas vezes com uma intenção
ofereciam uma interpretação comum ao externa de Deus ou a desobediência e a sobrenatural por trás dos acontecimen
texto hebraico. Em algumas partes, os falta de devoção que no final leva à tos. Assim, os textos de presságio pre
Targuns refletem uma tradução relati autodestruição. servavam um registro escrito de certos
vamente literal do hebraico, enquanto, acontecimentos e suas conseqüências
em outras partes, são adicionados co Teologia deuteronômica — Doutrina e, se certos acontecimentos voltavam
mentários e histórias para esclarecer o de retribuição que a Bíblia usa com fre a ocorrer, isso significava que os deuses
significado do texto; portanto, de um qüência para explicar que a fidelidade iriam repetir o seu modo de agir. Se,
modo geral, eles não servem como tes à aliança resultará em bênçãos futuras por exemplo, um certo pássaro apare
temunha confiável do Antigo Testamen enquanto a desobediência resultará em cia durante um certo mês, isso poderia
to, apesar de nos ajudarem a entender as castigos. Esta é a teologia por trás dos indicar a vinda de uma grande fome;
antigas interpretações judaicas. Livros Históricos e é comum dizer-se ou, se um animal sacrificado tivesse
que ela é característica da história deu uma mancha vermelha no fígado, isso
Templo — Falando de um modo geral, teronômica. poderia indicar uma vitória militar para
um lugar dedicado ao culto ou à adora o rei. Esses textos têm pouco em co
ção de uma divindade ou várias divin Teoria do ditado — Teoria que sugere
mum com a profecia bíblica, faltando a
dades; no Antigo Testamento, refere- que Deus simplesmente ditou a Bíblia
eles qualquer base moral. Enquanto os
se qualquer uma de três construções para escribas humanos, escolhendo cer
deuses simplesmente revelavam sua
sucessivas ou a grupos de construções tos indivíduos para registrarem suas pa
vontade por meio de acontecimentos
em Jerusalém que eram dedicadas à lavras e dando-lhes as palavras exatas
inter-relacionados, os profetas basca-
adoração de Iavé. que ele queria usar. Essa teoria explica
vam-se em Deus, na sua palavra e na
algumas das evidências bíblicas, mas
Teodicidade — Tentativa de conciliar sua aliança com o povo.
não todas.
a justiça e a santidade de Deus à luz da Torá — Palavra hebraica que significa
existência do mal no mundo. Se Deus Tetratêuco — Nome (que significa
literalmente “ensinamento” ou “instru
é Todo-poderoso e também amoroso, “quatro rolos”) dado aos quatro pri
ção”, apesar de algumas vezes ser
como a Bíblia afirma em várias partes, meiros livros da Bíblia — Gênesis,
traduzida como “lei”. O termo refere-
então de que forma o mal pode conti Êxodo, Levítico e Números — como
se aos primeiros cinco livros da Bíblia
nuar a existir no mundo? Como os sendo uma unidade literária. Alguns es
— Gênesis, Êxodo, Levítico, Núme
ímpios podem prosperar se Deus é jus tudiosos discutem se essa unidade foi
ros e Deuteronômio.
to? Por que pessoas boas sofrem e como editada como uma única obra que con
Deus pode permitir que isso aconteça? sistia das fontes JEP De acordo com Transcendente — Além da compreen
O livro de Jó é uma resposta a essas esse ponto de vista, Deuteronômio foi são, do entendimento e da explicação.
questões. acrescentado bem mais tarde. Teólogos usam esse termo para descre
ver o fato de que Deus está totalmente
Teofania — Termo grego usado para a Texto massorético — Cópia hebraica
além dc qualquer coisa em nossa expe
manifestação de Deus. Essas aparições do Antigo Testamento que foi passada riência humana.
súbitas e inesperadas de Deus ocorrem para nós por meio dos massoretas —
de forma perceptível (audíveis ou visí um dos grupos mais importantes e pre Transmissão — Comunicação fiel das
veis) em pontos decisivos da história cisos de escribas que, entre 500 a 1000 Escrituras à medida que foi passada adi
de Israel: promessas patriarcais (Gn 17; d.C., trabalharam para preservar o tex ante e entregue de uma geração para
489
Glossário
outra. No mundo antigo, era responsa- Vassalo — Parte subordinada em um Visão da múltipla autoria — Ponto de
bilidade absoluta dos escribas que la tratado de suserania. O vassalo jurava vista referente à autoria do livro de Isaías
boriosamente copiavam os textos bí lealdade e pagamento regular de tri que afirma que o profeta escreveu o
blicos, crendo que estavam copiando butos ao seu senhor que, em troca, material encontrado nos capítulos 1-
as palavras do próprio Deus e, portan prometia proteger o vassalo de seus 39, enquanto outro autor ou autores
to, tomando grande cuidado para pre inimigos. (“Deutero-Isaías” ou “segundo Isaías”),
servar as cópias que haviam recebido. talvez os discípulos de Isaías, escreve
Vaticinium ex eventu — Frase em la ram a outra metade do livro. Essa vi
Tratado de suserania — Tratado polí tim que significa “profecia a partir do são também pode incluir uma terceira
tico do antigo Oriente Próximo entre fato” ou “profecia dc um resultado”. divisão dentro dos capítulos 40-66,
duas partes de níveis desiguais, o Refere-se à técnica literária usada nos i alegando que Deutero-Isaías escreveu
suserano (ou senhor) e o vassalo (ou escritos da literatura apocalíptica in os capítulos 40—55, uma terceira pes
nação súdita). A forma literária da tertestamental, em que um aconteci soa ou escola dc discípulos (“Trito-Isa
aliança no Sinai em Exodo 20-24 e em mento conhecido do passado é proje ías” ou “terceiro Isaías”) teriam escrito
Deuteronômio tem grande semelhan tado em forma de previsão, usando lin os capítulos 56-66 algum tempo mais
ça com esses tratados, especialmente guagem futurista. O autor fala de acon tarde; alguns argumentam que essa ter
com os tratados de suserania hititas dos tecimentos que já passaram como se ceira seção veio de muitos autores, tal
arquivos reais de Bogbazkõy, na Tur- ! ainda não tivessem ocorrido. Ele toma vez um grupo de discípulos de Isaías.
quia. Esses tratados hititas são, em sua a posição de profeta de previsões e fala Os proponentes desse ponto de vista
maioria, da Nova Idade do Bronze e do acontecimento como se ainda esti geralmente argumentam dentro de três
parecem confirmar a data tradicional vesse no futuro. linhas: o período de tempo coberto
dos textos bíblicos, ainda que alguns
questionem essa evidência. Via Maris — Termo em latim que sig pelo livro; a diferença de assuntos, vo
nifica “o caminho do mar”, que vem cabulário e estilo entre as duas divi
Tributo — Uma soma determinada ou de Isaías 9.1 e refere-se à estrada in sões e a menção do nome de Ciro em
alguma outra coisa de valor paga por ternacional que passava ao longo do 44.28 e 45.1.
um soberano ou estado a outro como Levante costeiro. Essa estrada foi usa Vulgata — Tradução da Bíblia para o
forma de reconhecimento da submis da durante os tempos bíblicos c loca- latim feita por Jerônimo por volta de
são ou do preço da paz, segurança e | lizava-se próximo a algumas das cida- 400 d.C. A tradução inclui os apócrifos,
proteção. Davi aceitou tais tributos de | des mais importantes da antigüidade, a estimada coleção de livros judaicos
muitas cidades-estado da Síria que Is j A Vulgata traduziu a frase de Isaías
que não se encontra no Antigo Testa
rael venceu sob o seu comando. como Via Maris, termo que mais tarde mento e não é aceita pelos judeus ou
foi usado para designar todo um com cristãos protestantes.
Trito-Isaías — Significa simplesmente
plexo de estradas do Egito, pela Síria-
o “terceiro-Isaías”. Esse termo é usado
Palestina e até a Mesopotâmia. No Zigurate — Uma torre com degraus
por aqueles estudiosos que acreditam
sul da planície costeira, a Via Maris construída com três a sete estágios que
em uma autoria múltipla do livro de
vai em direção ao norte e divide-se era característica dos complexos de
Isaías para referirem-se ao autor dos
em duas ramificações, a oeste que con templo da antiga Mesopotâmia. Pró
capítulos 56-66. (Ver também Visão
de múltipla autoria.)
tinua ao longo da costa e a leste que ximo à base da torre ficava o templo
passa pelo vale de Jezreel para Megido pagão propriamente dito. Conceito
Ugarítico — Linguagem da mesma fa e de lá para Hazor e Damasco até a possivelmente ligado à idéia de que os
mília do hebraico e aramaico e lingua Mesopotâmia; as várias ramificações ] deuses viviam nas montanhas, sendo o
gem do Ugarite — um importante cen dessa grande estrada internacional zigurate, portanto, um substituto. A
tro de comércio próximo à costa do convergem todas em Megido, na en Torre de Babel, em Gênesis 11 era um
Mediterrâneo. Os escribas de Ugarite trada do vale de Jezreel — uma locali zigurate que representava o orgulho e a
criaram uma escrita alfabética dc trinta zação estratégica para o comércio e a rebeldia arrogante da cidade da Babi
sinais cuneiformes. viagem no mundo antigo. lônia e da humanidade em geral.
490
1 J 5 . . A í / ' ’ Z WÊMÊÊÊ& I J 'L .i 41*11 yV c / // /' v...r .......... (Baltimore: Penguin, 1980), 19-33; H.
491
Notas
of the Old Testament World, ed, Alfred Moisés de maneira menos direta: Ex raelita Literature in Its Cultural Context:
J. Hoc-rth, Gerald L. Mattingly e Edwin 25.16, 21,22; Dt 28.58; 29.20, 21, 27, A Survey of Parallels between Biblical
M. Yamauchi (Grand Rapids: Baker, 29; 30.10, 11. Além disso, estudiosos and Ancient Near Eastem Texts (Grand
1994), 27-36. procuraram fora do Pentateuco para en Rapids: Zondervan, 1989), 19-42.
16. Wilson, Culture of Ancient contrar evidências de autoria: Js 8.32; 3. Allen P Ross, Creation and Bles
Egypt, 69-103; e James K. Hoffmeier, lRs 2.3; 2Rs 14*6; 21.8; Ed 6.18; Ne sing: A Guide to Study and Exposition of
“Egyptians”, in Peoples of the Old Tes 13.1; Dn 9.11-13; Ml 4.4; Mt 19.8; the Book of Genesis (Grand Rapids:
tament World, org. Alfred J. Hoertli, Mc 12.26; Jo 5.46,47; 7.19; At 3.22; Baker, 1988), 718-723.
Gerald L. Mattingly, e Edwin M. Rm 10.5, etc. 4. Para detalhes de lingüística c mais
Yamauchi (Grand Rapids: Baker, 1994), 2. Sanhedrin, 21b-22a; e ver tam discussões ver Bill T Amold, New Inter
255-264. bém Baba Bathra 14b. national Dictionary of Old Testament
17. Bright, History, 83-87. Alguns 3. Aboth 1.1 e Antiquities 4.8.48, Theology and Exegesis, org. Willem A.
preferem uma data um pouco mais an respectivamente. Van Gemeren, 5 vols. (Grand Rapids:
tiga; ver Merrill, Kingdom of Priests, 4. Para uma pesquisa sobre as dú Zondervan, 1997), 3: 1025-1026.
78-79. vidas mais antigas de judeus e cristãos 5. Wenham, Genesis 6-7; e Ross,
18. Roux, Ancient Iraq 184-207; e sobre a autoria mosaica, ver R. K. Har- Creation and Blessing, 104-
Bill Tl. Arnold, “Babylonians”, in rison, Introduction to the Old Testa 6. Gerald Bray, “The Significance
Peoples ofthe Old Testament World, org. ment (Grand Rapids: Eerdmans, 1969), of God’s Image in Man”, Tyndale
Aalfred Hoerth, Gerald L. Mattingly, 497,498. Bulletin 42, nQ2 (1191): 224-225.
e Edwin M. Yamauchi (Grand Rapids: 5. Seu livro mais importante foi Die 7. A frase normalmente traduzida
Baker, 1994), 47-50. Composition des Hexateuchs. como “sem forma c vazia” expressa uma
19. KeithN. Schoville, “Canaanites 6. Kenneth A. Kitche, Ancient mesma idéia por meio de duas palavras
and Amorites”, in Peoples of the Old Orient and the Old Testament (Downers (tohu wabohu). Mas qual é a idéia única
Testament World, org. Alfred Hoerth, Grove: InterVarsity, 1966), 15-34- pretendida aqui? Diz-se com freqüência
Gerald L. Mattingly, e Edwin M. 7. James A. Sanders. Canon and que a frase denota um universo caótico
Yamauchi (Grand Rapids: Baker, 1994), Community: A Guide to Canonical em seu estado de criação. Mas estudos
162-167. Criticism (Filadélfia: Fortrcss, 1984). lingüísticos comparativos recentes re
20. Não se sabe ao certo o período 8. Tremper Longman III, Literary velam que a expressão descreve uma
exato de tempo entre a genealogia de Approaches to Biblical Interpretation terra “limpa” ou “vazia”, um lugar desa
Gn 11.27-32 e o chamado de Abraão (Grand Rapids: Zondervan, 1987). bitado que agora está para ser populado
em 12.1-3. Ver Victor P Hamilton 9. Carl E. Armending, The Old Tes e habitado pela humanidade. Ver David
The Book of Genesis, Chapters 1-17 tament and Criticism (Grand Rapids: Toshio Tsumura, The Earth and the
(NICOT; Grand Rapids: Eerdmans, Eerdmans, 1983). Waters in Genesis 1 and 2: A Linguistic
1990), 366-368, e Alie R Ross, Creation 10. Para essa avaliação veja Eugene Investigation, Journal for the Study of
and Blessing (Grand Rapids: Baker, Carpenter, “Pcntateuch”, in Interna the Old Testament— Supplement Series
1988), 258. tional Standard Bible Encyclopedia, org. 83 (Sheffield: JSOT, 1989), 17-43.
21. Hoffmeir, “Egyptians”, 273. Geoffrey W. Bromiley, 4 vol. (Grand 8. Victor P Hamilton, The Book of
22. Harry A. Hoffner Jr., “Hittites”, Rapids: Eerdmans, 1979-1988), 3: Genesis: Chapters 1-17, New Interna
in Peoples of the Old Testament World, 752,753. tional Commentary on the Old Testa
org. Aalfred Hoerth, Gerald L. Mat ment (Grand Rapids: Eerdmans, 1990),
tingly, e Edwin M. Yamauchi (Grand Capítulo 4: Gênesis 1-11 — O prelú 2-11; e David W. Baker, “Diversity and
Rapids: Baker, 1994), 130. dio de Israel
Unity in the Literary Structure of Ge
23. Hoffmeir, “Egyptians”, 287-288. 1. W. G. Lambert e A. R. Millard, nesis”, in Essays on the Patriarchal Nar-
24. David M. Howard Jr., “Philisti- Atrahasis The Babylonian Story of the ratives, org. A. R. Millard e Donald J.
nes”, in Peoples of the Old 1estament Flood (Oxford: Clarendon, 1969); Isaac Wiseman (Winona Lake, Ind.: Eisen-
World, org. Aalfred Hoerth, Gerald L. M. Kikawada e Arthur Quinn, Before brauns, 1983), 208.
Mattingly, e Edwin M. Yamauchi Abraham Was: The Unity of Genesis 1— 9. F. B. Huey Jr., E. H. Walton, “Are
(Grand Rapids: Baker, 1994), 233-236. i 11 (Nashville: Abingdon, 1985), 41-48. the ‘Sons of God’ in Genesis 6 Angels?”
25. Edwin R Yamauchi, “Persians”, Esse enredo básico também está presen in The Genesis Debate, org. Ronald
in Peoples of the Old Testament World, te na versão suméria (ThorkildJacobscn, Youngblood (Nashville: Thomas Nel
org. Alfred Hoerth, Gerald L. Mattin “The Eridu Genesis”, Journal of Biblical son, 1986), 184-209. Alguns (tais como
gly, e Edwin M. Yamauchi (Grand Ra Literature 100 [1981]: 513-529). Huey) argumentam que a passagem re
pids: Baker, 1994), 107-124. 2. Para uma excelente pesquisa so- fere-se literalmente a anjos coabitando
I bre os paralelos, ver Gordon J. Wen- com seres humanos.
Capítulo 3: Introdução ao Pentateu ham, Genesis 1-15, Word Biblical Com 10. Victor P Hamilton, “Genesis”,
co — O nascimento do povo de Deus
mentary 1 (Waco, Tex: Word, 1987), in Evangelical Commentary on the
1. Além dessas referências explíci xlvi-1 e o restante do comentário. Ver Bible”, org. Walter A. Elwell (Grand
tas, há outras que ligam o Pentateuco a também John H. Walton, Ancient Is Rapids: Baker, 1989), 18,19.
492
Notas
11. Bill T. Arnold, “Babylonians”, Paternoster, 1994), 55-65. tionary, org. N. Hillyer, 3 vols. (Whea-
in People of the Old Testament World, 7. Selman, “Comparative Cus ton, III./Leicestcr: Tyndale; InterVar-
org. Alfred J. Hoerth, Gerald L. Mar toms”, 119,137 e ver comentário na sity, 1980), 3: 1324.
ti ngly e Edwin M. Yamauchi (Grand tarja. Apesar dos paralelos não serem 8. Barry Beitzel, The Moody Atlas of
Rapids: Baker, 1994), 43-45. exatos, eles são claros o suficiente para Bible Lands (Chicago: Moody, 1985),
12. Derek Kidner, Genesis: An Intro- oferecer um pano de fundo para um 90,91.
duetion and Commentary, Tyndale Old costume que, de outra maneira, não
Testament Commentary (Downers ficaria claro para o leitor ocidental. Capítulo 7: Levítico — Instruções
Grove: InterVarsity, 1967), 110. (John H. Walton, Ancient Israelile Li- para se viver em santidade
terature m Its Cidtural Context: A 1. Helmer Ringgren, Religions ofthe
Capítulo 5: Gênesis 12-50 — Os pa Survey ofParallels between Biblical and Ancient Near East, trad. John Sturdy
triarcas: ancestrais da fé israelita Ancient Near Eastern Texts [Grand (Filadélfia: Westminster, 1973), 161.
1. Ver, por exemplo, E Kylc M o Rapids: Zondervan, 1989]), 54,55. 2. Ibid., 82; e A. Leo Oppenhcim,
Carter Jr., “The Patriarchal Age: Abra- 8. Gary A. Rendsburg, The Redac- Ancient Mesopotâmia: Portrait ofa Dead
ham, Isaac, and Jacob”, in Ancient Is tion of Genesis (Winona Lake: Eisen Civilization (Chicago: University of
rael: A Short History from Abraham to brauns, 1986), 46,47. Chicago Press, 1964), 192.
the Roman Destruction of the Temple, org. 9. Gn 25.36, apesar do significado 3. R. K. Harrison, Introduction to
Hersehl Shanks (Englewood Cliffs, N.J./ exato do seu nome ainda ser incerto. the Old Testament (Grand Rapids: Eerd
Washington, D.C.: Prenticc Hall/Biblical 10. David J. A. Clincs descreve o mans, 1969), 601.
Archeology Society, 1988), 20-29. tema do Pentateuco como o cumpri 4- Victor P Hamilton, Handbook on
2. A. R. Millard, “Methods of mento parcial das promessas aos pa the Pentateuch: Genesis, Exodus, Levi-
Studying the Patriarchal Narra tives as triarcas. (The Theme ofthe Pentateuch, ticus, Numbers, Deuteronomy (Grand
Ancient Texts”, in Essay on the Patriar Journal for the Study ofthe Old Testa Rapids: Baker, 1982), 246.
chal Narratives, org. A. R. Millard e ment— Supplement Series 10 [Shef- 5. Gordon J. Wenham, The Book of
Donald J. Wiseman (Winona Lake, Ind.: field: JSOT, 1978]). Leviticus, New International Commen
Eisenbrauns, 1983) ,35-51. Ver também tary on the Old Testament (Grand
um outro artigo nesse excelente volu Capítulo 6: Exodo — A fuga mira Rapids: Eerdmans, 1979), 161.
culosa
me sobre as narrativas patriarcais. 6. John E. Hartley, Leviticus, Word
3. Sugere-se algumas vezes que po 1. “Exodus” vem da tradução grega Biblical Commentary 4 (Dallas: Word,
deria também ser uma outra Ur, situa de 19.1, que quer dizer “partida”. 1992), 247-260.
da perto de Haran, a tradicional terra 2. James K. Hoffmeier, “Egypt, 7. John Bright, The Authority ofthe
natal da família de patriarcas. Barry J. Plagues in” in Anchor Bible Dictionary, Old Testament (Nashville: Abingdon,
Bcitzel, The Moody Atlas ofBihle Lands org. David Noel Freedman, 6vols. (Nova 1967), 53-55,148,149.
(Chicago: Moody, 1985), 80. York: Doubleday, 1992), 2: 374-378. 8. Christopher J. H. Wright, God’s
4. O discurso de Estevão em Atos 3. R. Alan Cole, Exodus: An Intro- People in God’s Land: Family, Land and
7.2-4 contraria essa seqüência crono duetion and Commentary, Tyndale Old Property in the Old Testament (Grand
lógica. Para possíveis soluções, ver Testament Commentary (Downers Rapids/Exeter, Inglaterra: Eerdmans/
Victor P Hamilton, The Book of Gene Grove: InterVarsity, 1973), 122. Paternoster, 1990), 260-265.
sis, Chapters 1-17 (NICOT; Grand 4. John J. Bimson, Redating the Exodus 9. Hartley, Leviticus, LXVIII-LXIX.
Rapids: Eerdmans, 1990), 366-368 e and Conquest, Journal for the Study of
Allen P Ross, Creation and Blessing the Old Testament— Supplement Series Capítulo 8: Números — O fracasso
(Grand Rapids: Baker, 1988), 258. 5 (Sheffielldd: JSOT, 1981). no deserto
5. Martin J. Selman, “Comparative 5. Kenncth A. Kitche, “Exodus, 1. Brevard, S. Childs, Introduction
Customs and the Patriarchal Age”, in The”, in Anchor Bible Dictionary, org. to the Old Testament as Scripture (Fila
Essays on the Patriarchal Narratives, org. David Noel Freedman, 6 vols. (Nova délfia, Fortress, 1979), 199.
A. R. Millard c Donald J. Wiseman York: Doubleday, 1992), 2: 703. 2. R. K. Harrison, Introduction to
(Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns 6. Para detalhes sobre os diversos the Old Testament (Grand Rapids: Eerd
1983), 114, 136. lagos na região leste do Delta, ver John mans, 1969), 618-622.
6. Apesar de Gênesis 15 talvez não R. Huddlestun, “Red Sea” in Anchor 3. Ibid., 621,622.
conter um elemento substitutivo. Ver Bible Dictionary, org. David Noel 4. Para mais informações sobre es
Richard S. Hess, “The Slaughter of the Freedman, 6 vols. (Nova York: Dou tes e outros problemas com os núme
Animais in Genesis 15: Genesis 15.8- bleday, 1992), 5: 639. ros, ver Timothy R. Ashley, The Book
21 and Its Ancient Near Easter Con- 7. Porém, um significado geográfico of Numbers, New International Com
text” in He Swore an Oath: Biblical mais amplo é possível para o nome he mentary on the Old Testament (Grand
Themes from Genesis 12-50 , org. Ri braico yam sup (“Mar dc Juncos”) como Rapids: Eerdmans, 1993), 60,61.
chard S. Hess, Philip E. Satterthwaite em 1Rs 9.26 em que se refere ao Golfo 5. John Bright, A History of Israel,
c Gordon J. Wenham, 2- ed. (Grand de Acaba. Ver Kenneth A. Kitchen, 3-ed. (Filadélfia: Westminster, 1981),
Rapids/Carlisle, England: Baker/ “Red Sea” in The Illustrated Bible Dic- 134.
493
Notas
6. John W. Wenham, “Large Num- | Honor ofJohn L. McKenzie, org. J ames 6. Martin Noth, The Deuteronomis-
bers in the Old Testament”, Tyndale W Flanagan e Anita Weisbrod Robin- tic History, 2- ed., Journal for the Study
Bulletin 18 (1967): .30-32. Por outro son (Misoula, Mont: Scholars, 1975), of the Old Testament — Supplement
lado, talvez devamos ver o uso dos 64-65. Series 15 (Shcffield: JSOT, 1991). Para
números no Antigo Testamento como 10. Cecil Francês Alexander, “The um sumário conveniente ver David M.
uma hipérbole, sobre a qual ver David Burial of Moses” in Poems with Power Howard Jr., An Introduction to the Old
M. Fouts “A Defense of the Hyperbolic to Strengthen the Soul, org. James Testament Historical Books (Chicago:
Interpretation of Large Numbers in Mudge (Abingdon, 1907), 36. Moody, 1993), 179-182.
the Old Testament” JETS 40 (1997): 11. Para essa discussão, ver George 7. Frank Moore Cross, Canaanite
377-387. E. Mendehall, Law and Covenant in Myth and Hebrew Epic: Essays in the
7. Gordon J, Wenham, Number: An Israel and the Ancient Near East (Pit- History of the Religion of Israel (Cam-
Introduction and Commentary, Tyndale tsburgh: Biblical Coloquium, 1955), bridge, Mass.: Harvard University
Old Testament Commentary (Downers 32-34.^ Press, 1973), 274-289.
Grove/Leicester: InterVarsity, 1981), | 12. Êx 20-25 e Js 24. Para uma dis 8. Duane L. Christensen, “Deute
126-127). cussão e introdução à extensa biblio ronomy in Modern Research: Approa-
8. Wenham, Numbers, 150. grafia sobre esse tópico ver John H. ches and Issues”, in A Song of Power
9. Ibid., 164. Walton, Ancient Israelite Literature in and the Power of Song: Essays on the
Its C ultural C ontext: A Survey of Paral Book of Deuteronomy, org. Duane L.
Capítulo 9: Deuteronômio — A res ieis between Biblical and Ancient Near Christensen para Biblical and Theo-
tauração da aliança Eastern Texts (Grand Rapids: Zonder logical Study 3 (Winona Lake, Ind.:
1. A Septuaginta traduziu incorre van, 1989), 94-109. Eisenbrauns, 1993), 16.
tamente a frase “cópia desta lei” em Dt 13. Ou seja, os nove primeiros li 9. Childs, Introduction, 231-233.
17.18 como to deuteronómin touto, “esta vros do Cânon hebraico, omitindo Rute 10. Talmude, Baba Bathra 15a.
segunda lei”. e contando Samuel e Reis como um 11. Sara Japhet, I and II Chronicles:
2. Duane L. Christensen, Deutero livro cada (Gênesis, Exodo, Levítico, A Commentary, Old Testament Library
nomy 1-11, Word Biblical Commenta Números, Deuteronômio, Josué, Juizes, (Louisville: Westminster/John Knox,
ry 6A (Dallas: Word, 1991), XLI. 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis). David Noel 1993), 3-5; H. G. Williamson, I and2
3. Victor E Hamilton, Handbook on Freedman, The Unity of the Hebrew Chronicles. New Century Bible Com
the Pentateuch: Genesis, Exodus, Levi Bible (Ann Arbor: University of Mi- mentary (Grand Rapids/Londres: Eerd-
ticus, Numbers, Deuteronomy (Grand chigan Press, 1991), 15. mans/Marshall, Morgan &. Scott,
Rapids: Baker, 1982), 406-408. 1982), 5-11.
Capítulo 10: Introdução aos Livros 12. Talmude, Baba Bathra 14b.
4. Essas palavras aparecem em uma
Históricos— A história de Israel como 13. Talmude, Baba Bathra 15a; Jo-
forma ou outra em 5.29; 6.2,5,13, 24;
nação sephus, Antiquities, 6.6.1.
7.9; 8.6; 10.12, 20; 11.1, 13,22.
5. No contexto da aliança, o amor 1. Talmude, Baba Bathra 14b e 15a.
Capítulo 11: Josué — Conquista e
sempre estava ligado ao comprometimen 2. Gordon J. Wenham, “History and
to à obediência, WilliamL. Moran, “The the Old Testament”, in History, divisão
Ancient Near Eastcr Background of the Criticism and Faith: Four Exploratory 1. Marten H. Woudstra, The Book
Love of God in Deuteronomy”, Catholic Studies, org. Colin Brown (Downer ofJosué, New International Commen
Biblical Quarterly 25 (1963): 77-87. Grove/Leicester: InterVarsity, 1976), tary on the Old Testament (Grand
6. Stephen A. Kaufman, “The 13-75; V. Philips Long, The Art of Rapids: Eerdmans, 1981), 5-13, apre
Structure of the Deuteronomic Law”, Biblical History (Grand Rapids: Zon senta um sumário completo das ques
Maarav 1, n2 2 (1978-79): 147. dervan, 1994), 88-119. tões de autoria e data.
7. Para esse desenvolvimento da ob 3. Elmcr A. Martens, “The Oscilla- 2. William F. Albright, “Archeology
servação de Kaufman, ver John H. ting Fortunes of ‘History’ within the and the Date of the Hebrew Conquest
Walton, “Deuteronomy: An Exposition Old Testament Theology”, in Faith, of Palestine”, Bulletin ofthe American
of the Spirit of the Law”, Grace Theo- Tradition, and History: Old Testament Schools of Oriental Research 58 (1935):
logical Journal 8, n2 2 (1987): 213-225. Historyography in Its Near Eastem Con- 10-18; Keneth A. Kitchen, Ancient
8. Para as várias maneiras em que text, org. A. R. Millard, James K. Orient and Old Testament (Downers
Dt 27-34 pode ser delineado, ver J. A. Hoffmeier, and Davis W. Baker Grove: InterVarsity, 1966), 57-75.
Thompson, Deuteronomy: An Intro- (Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns, 3. Ver exemplo em Eugene H.
duetion and Commentary, Tyndale Old ; 1994), 313-340. Merrill, Kingdom of Priests: A History
Testament Commentary (Downers 4. O Talmude atribui a autoria de of Old Testament Israel (Grand Rapids:
Grove/Leicester: InterVarsity, 1974), Juizes e Samuel a Samuel (Baba Bathra Baker, 1987), 64-65.
14-21. I 14b). 4. As palavras de Calebe para Josué
9. George E. Mendenhall, “Sa- 5. Brevard, S. Childs, Introduction to (Js 14-7, 10) indicam um período de
muel’s Broken Rib; Deuteronomy 32” the Old Testament as Scripture, (Filadél , quarenta e cinco anos entre Moiscs ter
in No Famine in the Land: Studies in I fia: Fortress, 1979), 230-231. I mandado espias para Canaã (Nm 13-
494
Notas
14) e a situação atual de Calebe. Israel 4. Eugene H. Merrill, Kingdom of Ancient Near Eastern Texts (Grand
passou quarenta anos no deserto, mais Priests: A History of Old Testament Is Rapids: Zondervan, 1989), 119; e Si-
um ou dois desses anos foi no Monte rael (Grand Rapids: Baker, 1987), 181. mon J. DeVries, I Kings, Word Bihli-
Sinai, recebendo a Lei de Deus (Nm 5.Dt 17.1440 previu o dia em que cal Commentary 12 (Waco. Tex.: Word,
10. 11, 12). um rei iria governar Israel; ver Merrill, 1985), XXIX-XXXIII.
Kingdom and Priests, 189-190. 3. Mordechai Cogan e Hayim
Capítulo 12: Juizes e Rute — A crise 6. Leon J. Wood, IsraeVs United Tadmor, II Kings: A New Translation
moral de Israel Monarchy (Grand Rapids: Baker, with Introduction and Commentary,
1. R. K. Harrison, Introduction to 1979), 167;Joyce G. Baldwin, 1 and 2 Anchor Bible 11 (Garden City, N.Y.:
the Old Testament (Grand Rapids: Eerd Samuel: An Introduction and Commen Doubleday, 1988), 3.
mans, 1969), 680-681. tary, Tyndale Old Testament Commen 4. Ver Donald J. Wiseman, 1 and 2
2. Brevard S. Chiids, Introduction to tary (Downers Grove/Leicester: Inter- Kings: An Introduction and Commenta
the Old Testament as Scripture (Filadél Varsity, 1988), 159-160; Bem F. ry, Tyndale Old Testament Commen
fia: Fortress, 1979), 258-259. Philbeck Jr., “1 — 2 Samuel”, in Broad- tary (Downers Grove/Leicester: Inter-
3. Artur E. Cundall e Leon Morris, man Bible Commentary, org. Clifton Varsity, 1993), 40-43.
Judges and Ruth, An Introduction and Broadman, 1970,3: 81-82. 5. A. R. Millard, “Israelite and Ara-
Commentary, Tyndale Old Testament 7. Evidências arqueológicas mos mean History in the Light of Inscrip-
Commentary (Downers Grove: Inter- tram que Bete-Sã era uma cidade im tions”, Tyndale Bulletin, 41, n22 (1990):
Varsity, 1968), 30. portante muito antes dos tempos Bí 261-275.
4. Para mais informações sobre esse blicos; ver “Beth-Shean” em Holman 6. Eugene H. Merrill, Kingdom of
problema ver Cundall e Morris, Judges Bible Dictionary, org. Trent C., Butler Priests: A History of Old Testament Is
and Ruth, 30-33. (Nashville: Holman, 1991), 174475. rael (Grand Rapids: Baker, 1987), 294-
5. Martin Noth, The History of Is 7. “Homem de Deus” é o sinônimo
Capítulo 14: 2 Samuel — O reinado
rael, trad. Stanley Gidman, 2- ed. (Nova predileto desse autor para “profeta”.
de Davi
York: Harper &Row, 1960), 85-97; e Ele ressalta a autoridade divina do pro
ver David M. Howard Jr., An Introduc- 1. Para uma boa cronologia sugerida feta, cujas palavras sabia-se que eram
tion to the Old Testament Histórica1Books do reinado de Davi ver Eugene H. verdade. Esse autor usou o termo com
(Chicago: Moody, 1993), 108,109. Merril, Kingdom of Priests: A History of freqüência para Elias e Eliseu (Wise
6. Recentemente, estudiosos têm Old Testament Israel (Grand Rapids: man, Kins, 142-143).
questionado se era realmente um caso Baker, 1987), 243-248. 8. Herbert Donner, “The Separa te
de casamento de levirato. Nossa com 2. Bill T. Arnold, “The Amalekite’s States of Israel and Judah”, in Israelite
preensão legal dessa passagem está lon Report of SauTs Death: Political Intri andJudean History, org. John H. Hayes
ge de ser completa. Para discussão dos gue or Incompatible Sources V\ Journal e J. Maxwell Miller (Filadélfia: West
problemas ver Robert L. Hubbard Jr., of the Evangelical Theological Society minster, 1977), 401-405.
The Book of Ruth, New International 32 (1989): 289-298. 9. John Gray, I & II Kings: A Com
Commentary on the Old Testament 3. Merril, Kingdom of Priests, 237. mentary, 2- ed. Old Testament Library
(Grand Rapids: Eerdmans, 1988), 48-62. 4. Leon J. Wood, IsraePs United (Filadélfia: Westminster, 1970), 395,396.
Monarchy (Grand Rapids: Baker,
Capítulo 13: 1 Samuel — Deus con 1979), 229-230, discute a provável Capítulo 16: 2 Reis — O fim de Is
cede um rei estratégia de Davi naquela situação; ver rael como nação
1. Para uma boa discussão sobre também Merril, Kingdom of Priests, 234. 1. Donald J. Wiseman, 1 and 2 Kings:
essas pessoas ver David M. Howard 5. Muitos acreditam que Quileabe An Introduction and Commentary,
Jr., “The Philistines”, in People of the (2Sm 3.3), o segundo filho de Davi, Tyndale Old Testament Commentary
Old Testament World, org. Alfred J. morreu ainda jovem, pois não ouvi (Downers Grove/Leicester: InterVar-
Hoerth, Gerald Mattingly e Edwin M. mos mais falar dele no desenrolar da sity, 1993), 193-194.
Yamauchi (Grand Rapids: Baker, 1994), narrativa. 2. R. K. Harrison, Introduction to
231-220. 6. Merril, Kingdom of Priests, 253 the Old Testament (Grand Rapids: Eerd
2. Carl Frederich Keil e Franz Delit- sugere que esse acontecimento ocorreu mans, 1969), 727-728.
zsch, Commentary on the Old Testament, por volta da metade da década 990 a.C. 3. James B. Pritchard, org., Ancient
10 vols. (Grand Rapids: Eerdmans, 7. Ibid., 254. Near Easter Texts Relating to the Old
1978), 3: 1; Ralph W. Klein, 1 Samuel, Testament, 3-ed. (Princeton, N.J.: Prin-
Capítulo 15: 1 Reis — A glória de
Word Biblical Commentary 10 (Waco, ceton University Press, 1969), 281.
Salomão e o princípio do fim
Tex.: Word, 1983), XXV; sugere algu 4. Sargão dizia com orgulho que
mas explicações sobre os livros serem 1. Talmude, Baba Bathra, 15a. havia acabado com tudo e deportado a
divididos como são. 2. John H. Walton, Ancient Israelite população (Pritchard, 284).
3. ICo 6.33,34 determina a ligação Literature in Its Cultural Context: A 5. Para mais informações, ver Wise
levítica. Survey of Parallels between Biblical and man, Kings, 18-26; e David M. Howard
495
Notas
Jr., An Introduction to the Old Testa 2 vols (Nova York: Harper &. Row, | Nehemiah, Esther, 9-10; e Freedman,
ment Historical Books (Chicago: Moody, 1962-1965), 1: 349; ver também Ezra and Nehemiah, 1-4.
1993), 197-203. Dillard, 2 Chronicles; Williamson, I and 10. Williamson, Ezra, Nehemiah,
2 Chronicles, 31-33.
6. Brevard S. Childs, Introduction to XXXV.
the Old Testament as Scripture (Filadél 11. Howard, Introduction, 256-260. 11. Para um sumário dos argumen
fia: Fortress, 1979), 291-292. 12. Williamson, I and 2 Chronicles, tos, ver Eugene H. Merrill, Kingdom of
7. Gerhard von Rad, Old Testament 132-134. Priests: A History of Old Testament Is
Theology, trad. D. M. G. Stalker, 2 vols. 13. Ibid., 26-27. rael (Grand Rapids: Baker, 1987), 503-
(Nova York: Harper & Row, 1962' 14. Roddy Braun, 1 Chronicles, 506; e David M. Howa rds J r., An Intro -
1965), 1: 340-343. Word Biblical Commentary 14 (Waco, duetión to the Old Testament Historical
Tex.: Word, 1986), XXIX-XXXXI; e Books (Chicago: Moody, 1993), 281-283.
Capítulo 17: 1 e 2 Crônicas — Uma Howard, Introduction, 261-263. 12. H.G.M. Williamson, Ezra and
retrospectiva Nehemiah. Old Testament Guides
Capítulo 18: Esdras, Neemias e Ester I (Sheffielldd:JSOX 1987), 81.
1. Talmude. Baba Bathra, 15a.
— Tempo de reconstruir
2. Para um sumário e uma revisão
Capítulo 19: Introdução aos Livros
desse ponto de vista tradicional, ver J. 1. David J. A. Clines, Ezra,
Poéticos — A literatura do povo de
Barton Paync, “ 1, 2 Chronicles”, in Nehemiah, Esther, New Century Bible
Deus
Expositors Bible Commentary, org. Frank Commentary (Grand Rapids/Londres:
E. Gaebelein, 12 vols (Grand Rapids: Eerdmans/Marshall, Morgan & Scott, 1. David L. Peterson e Kent Harold
Zondervan, 1979'1992), 4: 304-306. 1984), VII. Richards, Interpreting Hebreiv Poetry,
3. David Noel Freedman, “The 2. Bryan E. Byer, “Zerubbabel”, in Guides to Biblical Scholarship
ChroniclePs Purpose”, Catholic Biblical Anchor Bible Dictionary, org. David (Minneapolis: Fortress, 1992), 2-6; R.
Quarterly 23 (1961): 436-442; Sara Noel Freedman, 6 vols. (Nova York: K. Harrison, “Hebrew Poetry”, in Zon
Japhet, “The Supposed Common Doubleday, 1992), 6: 1085; e H. G. dervan Pictorial Encyclopedia of te Bible,
Authorship of Chronicles and Ezra- M. Williamson, Ezra, Nehemiah, Word ! org. Merrill C. Tenney, 5 vols. (Grand
Nhemiah Investigated Anew”, Vetus Biblical Commentary 16 (Waco, Tex.: Rapids: Zondervan, 1976), 3: 76-87.
Testamentum 18 (1968): 330-371 e 1 Word, 1985), 17,32-33. 2. Para um sumário conciso da ques
& II Chronicles, Old Testament Library 3. Williamson, Ezra, Nehemiah, tão, ver Harrison, “Hebrew Poetry”,
(Louisville: Westminstcr/John Knox, 49-50. 80-81.
1993), 3-5; Frank Moore Cross, “A 4. Um recurso literário conhecido 3. Robert Alter, The Art of Biblical
Reconstruction of the Judean Restora' como “continuação repetitiva” que Poetry (NovaYork: Basic, 1985), 3-26;
tion”, Journal of Biblical Literature 94 volta para o fluxo de narrativa que foi ; Robert Lowth, Lectures on the Sacred
(1974): 4-18; H. G. M. Williamson, quebrado por uma inserção ou digres | Poetry ofthe Hebrews, trad. G. Gregory
Israel in the Books of Chronicles (Nova são, nesse caso, 4: 623. Williamson, (Boston/Nova York: Crocker &
York/Cambridge: Cambridge Univer- Ezra, Nehemiah, 57; e F. Charles Fen- Brewster/J. Leavitt, 1829 [1787]).
sity Press, 1977), 5-70 e I and 2 Chro sham, The Books ofEzra and Nehemiah. 4. C. Hassel Bullock, An Introduction
nicles, New Century Bible Commen New International Commentary on the to the Old Testament Poetic Books, Ed.
tary (Grand Rapids/Londres: Eerd- Old Testament (Grand Rapids: Eerd rev. (Chicago: Moody, 1988), 45-46.
mans/Marshall, Morgan & Scott, mans, 1982), 69-70. 5. Robert L. Alden, Psalms: Songs
1982), 5-11. 5. Clines, Ezra, Nehemiah, Esther, ofDevotion (Chicago: Moody, 1974), 24.
4. Raymond B. Dillard e Tremper 116-118. 6. Para uma boa pesquisa sobre os
Longman III, An Introduction to the Old 6. Williamson, Ezra, Nehemiah, 172; estudos ugaríticos, ver Peter C. Craigie,
Testament (Grand Rapids: Zondervan, e Joseph Blenkinsopp, Ezra-Nehemiah: Ugarit and the Old Testament (Grand
1994), 171-172. A Commentary, Old Testament Library Rapids: Eerdmans, 1983).
5. David M. Howard Jr., An Intro- (Filadélfia: Westminster, 1988), 204-
duetion to the Old Testament Historical 207. Capítulo 20: Jó — Um homem à pro
Books (Chicago: Moody, 1993), 234. 7. Fensham, Ezra and Nehemiah, \ cura de justiça
6. Williamson, 1 and 2 Chronicles, 171-172. 1. Para uma bibliografia e discussão
23. 8. Mark A. Throntveit, Ezra- extensa, ver John H. Walton, Ancient
7. Ibid., 92-95. Nehemiah, Interpretation (Louisville: Israelite Literature in Its Cultural Con-
8. Ibid., 225-226. Westminster/dohn Knox, 1992), 92. text: A Survey of Parallels between
9. Esse versículo é um tipo de “es 9. Sara Japhet, “The Supposed Biblical and Ancient Near Eastern Texts
critura” para o resto da história de Is Common Authorship of Chronicles and (Grand Rapids: Zondervan, 1989),
rael (Raymond B. Dillard, 2 Chroni Ezra-Nehemiah Investigated Anew”, 169-197.
cles, Word Biblical Commentary 15 Vetus Testamentuml8 (1968): 330-371; 2. Ibid., 178.
(Waco, Tex.: Word, 1987), 77-78. e Williamson, Ezra, Neliemiah, XXXIII- 3. W. G. Lambert, Babylonian
10. Gerhard von Rad, Old Testa XXXVI. Entretanto, essa posição não Wisdom Literature (Oxford: Clarendon,
ment Theology, trad. D. M. G. Stalker, é amplamente aceita. Org. Clines, Ezra, 1960), 1.
496
Notas
4. Walton., Israclite Literature, 183-185. 2. Kidner, Psalms, 4-7; John Dur- Introduction, Translation, and Notes,
5. Lambert, Babylonian Wisdom Li ham, “Psalms”, in Broadman Bible Com Anchor Bible 18 (Garden City, N.Y.:
terature, 21-91. mentary, org. CliftonJ. Allen, 11 vols. Doubleday, 1965), 130-131.
6. Para uma discussão sobre os pa (Nashville: Broadman, 1970), 4: 153- 8. Robert L. Alden, Proverbs, A
ralelos, ver Walton, Israelite Literatu 154; Carl Friederich Keil e Franz Commentary on an Ancient Book of
re, 175-197. Delizsch, Commentary on the Old Tes Timeless Advice (Grand Rapids: Baker,
7. John E. Goldingay e Christopher tament, 10 vols. (Grand Rapids: Eerd 1983), 10, e Garrett, Proverbs, 46-48.
J. H. Wright, “‘Yahweh Our God mans, 1978), 5: 14-19. 9. Kidner, Proverbs, 23, 149-150.
Yahweh is One’: The Oneness of God 3. Kidner, Psalms, 36-43; Kraus, 10. J. Ruffle, “The Teaching of Ame-
in the Old Testament”, in One God, Psalms, 21-32. nemope and Its Connection with the
One Lord: Christianity in a World of 4. Herman Gunkel, The Psalms: A Book of Proverbs”, Tyndale Bulletin 28
Religious Pluralism, org. Andrew D. Form-Criticai Introduction, trad. Tho- (1977): 33,34.
Clark e Bruce W. Winter, 2- ed. (Grand mas M. Horner (Filadélfia: Fortress, 11. Garret, Proverbs, 46.
Rapids; Carlisle, England: Baker/ 1967). 12. Kenneth A. Kitchen, “Proverbs
Paternoster, 1992), 44-45. 5. Para uma rápida visão geral, ver and Wisdom Books of the Ancient
8. Glendon, E. Bryce, A Legacy of Gene M. Tucker, Form Criticism of the Near East: The Factual History of a
Wisdom: The Egyptiam Contribution to Old Testament, Guides to Biblical Literary Form”, Tyndale Bulletin 28
the Wisdom of Israel (Lewisburg, Pa; Scholarship (Filadélfia: Fortress, 1971). (1977): 69-114; e Garret, Proverbs, 39-
Londres: Bucknell University Press/ A série de comentários Forms of the 46, 52.
Associated University Presses, 1979). Old Testament Literature (Grand Ra 13. Gerhard von Rad, Wisdom in
9. Francis I. AndersenJob: Anlntro- pids: Eerdmans) usa esse método no Israel, trad. James D. Martin (Valley
duction and Commentary, Tyndale Old Antigo Testamento. Forge, Pa.: Trinity Press International,
Testament Commentary (Downers 1993 [1972]), 61-64.
Grove/Leicester: InterVarsity, 1976), 94- Capítulo 22: Provérbios — Conselhos
10. John E. Hartley, The Book of sobre como viver no mundo de Deus Capítulo 23: Eclesiastes e Cântico
Job, New International Commentary on 1. Gordon Fee e Douglas Stuart, dos Cânticos — A fé israelita na vida
the Old Testament (Grand Rapids: diária
How to Read the Bible for A 11Its Worth,
Eerdmans, 1988), 85. ed. rev. (Grand Rapids: Zondervan, 1. R. K. Harrison, Introduction to
11. R. K. Harrison, Introduction to 1993), 218. the Old Testament (Grand Rapids: Eerd
the Old Testament (Grand Rapids: Eerd 2. Há cinco verbos em hebraico na mans, 1969), 1072; R. B. Y. Scott, Pro
mans, 1969), 1027. forma infinitiva traduzidos com fre verbs, Ecclesiastes: Introduction, Trans
12. Hartle, Job, 15-20. qüência usando-se “para” nas traduções lation and Notes, Anchor Bible 18 (Gar
13. Andersen, Job, 67. mais antigas. Por exemplo, “para en den City, N.Y.: Doubleday, 1965), 196.
14. M atittiahu Tsevat, “The tender as palavras de inteligência; para 2. Duane A. Garret, Proverbs, Ec
Meaning of the Book of Job”, in The obter o ensino do bom proceder...”. clesiastes, Song of Songs. New Ameri
Meaning of the Book of Job and Other 3. Derek Kidner, The Proverbs: An can Commentary 14 (Nashville: Broad
Biblical Studies: Essays on the Literatu Introduction and Commentary, Tyndale man, 1993), 282,283.
re and Religion of the Hebrew Bible Old Testament Commentary (Downers 3. Ibid., 344.
(Nova York/Dallas: Ktav/Institute for Grove/Leivester: InterVarsity, 1964), 59. 4. Já foi sugerido que o livro era
Jewish Studies, 1980), 36-27. 4. E possível isolar ate quinze dis originalmente em aramaico e depois foi
15. Andersen, Job, 71. cursos separados em 1.8-9.18; C. traduzido, ou que foi escrito sob forte
Hassel Bullock, An Introduction to the influência lingüística fenícia-cananita
Capítulo 21: Salmos — O livro de Old Testament Poetic Books, ed. rev.
(Ibid., 254-255,258-261; e Scott, Pro
cânticos da antiga Israel
(Chicago: Moody, 1988), 165-71. verbs, Ecclesiastes, 192).
1. Aqueles que acreditam que o ter 5. Duane A. Garrett, Proverbs, Ec- 5. Daniel C. Fredericks, QoheleFs
mo refere-se ao rei Coré de Nm 16,17 clesiastes, Song of Songs, New Ameri Language: Re-evaluating Its Nature and
incluem Derek Kidner, Psalms 1—72: can Commentary 14 (Nashville: Broad Date (Lewiston, N.Y.: Mellen, 1988),
An Introduction and Commentary, man, 1993), 88. ver especialmente 266-278.
Tyndale Old Testament Commentary 6. O hebraico tem apenas dois gê 6. Garrett acredita que o livro mos
(Downers Grove: InterVarsity, 1973), neros, masculino e feminino (não há tra um desenvolvimento gradual de
35; outros pontos de vista incluem um gênero neutro como no inglês “it”). Salomão distanciando-sc de seu papel
Hans-Joachim Kraus, Psalms 1-59: A Substantivos para conceitos abstratos como monarca e assumindo o papel de
Commentary1, trad. Hilton C. Oswald tais como retidão, amor e lei são femi mestre. O título “Qohelet” permite que
(Minneapolis: Augsburg, 1988), 438, ninos. Sabedoria é um substantivo fe ele fale não como o monarca absoluto,
439; e Artur Weiser, The Psalms: A minino (hokma), portanto é personifi mas como um professor que “já foi” rei
Commentary, trad. Herbert Hartwell, cada aqui como uma mulher. (Garrett, Proverbs, 264).
Old Testament Library (Filadélfia: 7. Para classificação por tópicos, ver 7. Ibid., 374-376; e Othmar Keel,
Westminster, 1962), 97,98. R. B. Y. Scott, Proverbs, Ecclesiastes: The Song of Songs: A Continental Com-
497
Notas
mentary, trad. Frederick J. Gaiser tural Context: A Survey of Parallels clássico do nascimento de Cristo e suas
(Minncapolis: Fortress, 1994), 15-17. between Biblical and Ancient Near implicações.
8. Ver Garrett, Proverbs, 352-366 Eastern Texts (Grand Rapids: Zonder 6. J. Robertson McQuilkin, Unders-
para um sumário dos diferentes pontos van, 1989), 201-216. tanding and Applying the Bible, ed. rev.
de vista. 6. Os assírios eram semitas, assim (Chicago: Moody, 1992), 267-270.
9. Ibid., 376; e William H. Shea, como os hebreus; Gn 10.10-12 coloca 7. James B. Pritchard, org., Ancient
“The Classic Structure of the Song of os assírios na genealogia de Abraão. Near Eastern Texts Relating to the Old
Songs”, Zeischriftfür die alttestamentli- 7. Para uma boa discussão sobre os Testament, 3-ed. (Princeton, N.J.: Prin
che Wissenschaft 92 (1980): 378-396. assírios, ver William C. Gwaltnwy Jr., ceton University Press, 1969), 287.
10. Keel, Song of Songs, 17. “Assyrians”, in People ofthe Old Testa 8. Oswalt, Isaiah, 490-491, oferece
11. Ibid., 19. ment World, org. Alfrcd J. Hoerth, uma discussão breve, porém completa
12. Esse pronome não é incomum Gerald L. Mattingly e Edwin M. sobre a questão. Ver também Ap 12.9
nos cânticos de amor egípcios; ver Yamauchi (Grand Rapids: Baker, 1994), e 20.2, onde Satanás é descrito como
Papyrus Chester Beatty I, grupo A, nQ 77-106: e William W. Hallo, “From uma serpente e um dragão.
32: “Ele não sabe o meu desejo de Qarqar to Carchemish: Assyria and Is 9. Oswalt, Isaiah, 526.
abraçá-lo... O irmão, eu fui separada rael in the Light of New Discoveries”, 10. Dennis J. McCarthy, Treaty and
para ti pelo Ser Dourado, venha até Biblical Archeologist 23 (1060): 34-61. Covenant: A Study in Form in the An
aqui para que eu possa ver tua beleza!” 8. Para mais leituras sobre os babi cient Oriental Documents and in the Old
(Michaei V. Fox, The Song of Songs lônios, ver Joan Oates, Babylon, cd. rev. Testament, 2- ed. (Rome: Biblical Ins-
and the Ancient Egyptian Love Songs (Londres: Thames &Hudson, 1986); titute Press, 1978), oferece um estudo
[Madison, University of Wisconsin e Bill T. Arnold, “Babylonians”, in de toda a questão de alianças no mun
Press, 1985],52-53). Peoples ofthe Old Testament World org. do antigo,
13. Tom Gledhill, The Message ofthe Alfred J. Hoerth, Gerald L. Mattingly | 11. Wolf, Interpreting Isaiah, 171;
Song of Songs: The Lyrics ofLove, The e Edwin M. Yamauchi (Grand Rapids: John H. Walton, “New Observations
Bihle Speaks Today (Downers Grove/ Baker, 1994), 43-75. on the Date of Isaiah”, Journal of the
Leivester: InterVarsity, 1994), 91-92. 9. Para uma discussão sobre os persas, Evangelical Theology Society 28 (1985):
14. Ibid., 23. ver Edwin M. Yamuchi, “Persian” in 129-132.
15. C. Hassell Bullock, An Intro- Peoples of the Old Testament World org. 12. Oswalt, Isaiah, 631, dá um bre
duetion to the Old Testament Poetic Books Alfred J. Hoerth, Gerald L. Mattingly e ve sumário da questão; ver também
rev. org. (Chicago: Moody, 1988), 207; Edwin M. Yamauchi (Grand Rapids: Edwin R. Theiel, The Mysterious Num-
c Raymond B. Dillard e Tremper Baker, 1994), 107-124; ou a obra mais bers of the Hebrew Kings: A Recons-
Longman III, An Introduction to the Old completa de Yamauchi Persia and the truetion of the Chronology of the King-
Testament (Grand Rapids: Zondervan, Bible (Grand Rapids: Baker, 1990). doms of Israel and Judah, ed. rev. (Grand
1994), 264-265. Rapids: Eerdmans, 1965), 119-123,
Capítulo 25: Isaías 1-39 — Profeta I 132-136, 182-191.
Capítulo 24: Os profetas — Vozes dos da corte real de Judá 13. Oswalt, Isaiah, 674. O assunto
servos de Deus 1. Alfred Martin e John A. Martin, é relacionado com a discussão dos ca
1. Para uma discussão detalhada Isaiah: The Glory of the Messiah (Chi pítulos 36-39.
sobre o papel de Moisés, Samuel e Elias cago: Moody, 1983), 56-57; Franz 14- “Merodach-baladan”, in Zonder
no desenvolvimento do ofício proféti Delitzsch, Commentary on the Old Tes van Pictorial Encyclopedia of the Bible,
co, ver Willem A. VanGemeren, Inter- tament, 10 vols. (Grand Rapids: Eerd org. Merrill C. Tenney, 5 vols. (Grand
preting the Prophetic Word (Grand mans, 1978), 7: 226-228. Rapids: Zondervan, 1976), 4:191-192.
Rapids: Zondervan, 1990), 27-40. 2. John N. Oswalt, The Bookof Isaiah:
Capítulo 26: Isaías 40-66 — Gran
2. Ver exemplo em ISm 9.9; Am Chapters 1-39, New International Com
7.12, 14. mentary on the Old Testament (Grand des dias estão por vir!
3. Os estudiosos medievais judeus Rapids: Eerdmans, 1986), 208; Herbert 1. John N. Oswalt, The Book of Isaiah:
Rashi e David Kimchi sugeriram isso M. Wolf, Interpreting Isaiah: The Suffe- Chapters 1—39, New International Com
em seus comentários hebraicos sobre ring and Glory of the Messiah (Grand mentary on the Old Testament (Grand
Isaías, mas a tradição não tem nada que Rapids: Zondervan, 1985), 91-92. Rapids: Eerdmans, 1986), 17-28, ofe
apoie. 3. Wolf, Interpreting Isaiah, 90-92; rece um sumário detalhado da questão.
4. James B. Pritchard, ed., Ancient Ronald F. Youngblood, The Book of 2. S. R. Driver, Introduction to the
Near Eastern Texts Relating to the Old Isaiah: An Introductory Commentary, 2. Literature of the Old Testament, 9- ed.
Testament, 3âed. (Princeton, N.J.: Prin- org. (Grand Rapids: Baker, 1993), 47- (Edimburgo: T. &T. Clark, 1913), 238-
ceton University Press, 1969), 608. 49: Oswalt, Isaiah, 209-213. 240, oferece um sumário das questões
5. Para uma comparação mais com 4. Martin e Martin, Isaiah, 56. críticas relativas a Isaías 40-66.
pleta de materiais bíblicos e do antigo 5. J. Gresham Machen, The Virgin 3. Claus Wcstcrmann, Isaiah 40-66,
Oriente Próximo, ver John H. Walton, Birth of Christ, 2-cd. (Nova York: Har- ttad. D. M. G. Stalker (Londres: SCM,
Ancient Israelite Literature in Its Cul per, 1932), oferece um ponto de vista 1969), 296.
498
Notas
4. Oswalt, Isaiah, 25-28; Herbert 8. James B. Pritchard, org., Ancient 6. C. Hassell Bullock, An Introduc-
M. Wolf, Interpreting Isaiah: The Suffe- Near Eastern Texts Relating to the Old tion to the Old Testament Prophetic Books
ring and Glory of the Messiah (Grand Testament, 3â ed. (Princeton, N.J.: Prin- (Chicago: Moody, 1986), 248,249;
Rapids: Zondervan, 1985), 31-36. ceton University Press, 1969), 308. Taylor, Ezekiel, 251-254-
9. Ver Bullock, Prophetic Books, 7. Feinberg, Ezekiel, 223-239.
Capítulo 27: Jeremias 1-20 — Em 270-271 e Harrison, Jeremiah and La 8. Willem A. Van Gemeren, Inter-
conflito com o chamado de Deus mentations, 197,198 para um sumário preting the Prophetic Word (Grand Ra
1. J. A. Thompson, The Book of dessas questões-chave. pids: Zondervan, 1990), 334-338.
Jeremiah, New International Commen 9. Taylor, Ezekiel, 253-254.
Capítulo 29: Ezequiel 1-24 — Dias
tary on the Old Testament (Grand
difíceis estão por vir! Capítulo 31: Daniel — O reino de
Rapids: Eerdmans, 1980), 51,52.
2. Thompson, 43; R. K. Harrison, 1. John B. Taylor, Ezekiel: An Intro- Deus — Agora e para sempre
Jeremiah and Lamentations: An Intro- duction and Commentary, Tyndale Old 1. Para mais do que se segue aqui,
duction and Commentary, Tyndale Old Testament Commentary (Downers ver John J. Collins, Daniel: Withanlntro-
Testament Commentary (Downers Grove: InterVarsity, 1969), 14-16. duetion to Apocalyptic Literature, Forms
Grove: InterVarsity, 1973), 31,32. 2. Walter Eichrodt, Ezekiel: A Com of the Old Testament Literature 20
3. Harrison, Jeremiah and Lamenta mentary, trad. Cosslet Quin, Old Tes (Grand Rapids: Eerdmans, 1984), 1-24.
tions, 85; Walter Brueggemann, To tament Library (Filadélfia, Westminster, Não há uma lista definitiva para os cha
Pluck Up, To tear Doivn: A Commenta 1970), 52. mados escritos apocalípticos. D. S.
ry on the Book ofJeremiah 1—25 , Inter 3. Walter Zimmerli, Ezekiel 1: A Russell listou dezessete livros que se en
national Theological Commentary Commentary on the Book ofthe Prophet caixam nessa categoria e que vão desde
(Grand Rapids/Edimburgo: Eerdmans/ Ezekiel, Chapters 1-24, trad. Ronald a metade do 2- século a.C. até o 2Qsécu
Handsel, 1988), 74. E. Clements, Hermenia (Filadélfia: lo d.C., além de muitos outros textos
4. Harrison, Jeremiah and Lamenta Fortress, 1979), 139. dos papiros do Mar Morto (The Method
tions, 99; Thompson, Jeremiah, 364; 4. Eichrodt, Ezekiel, 84,85; Taylor, and Message ofjeivish Apocalyptic [Fila
Brueggemann, To Pluck Up, 121. Ezekiel, 78-81; Charles L. Feinberg, The délfia: Westminster, 1964], 37,38).
Prophecy of Ezekiel: The Glory of the 2. Joyce G. Baldwin, Daniel: An
Capítulo 28: Jeremias 21 -52 e Lamen Lord (Chicago: Moody, 1969), 33,34. Introduction and Commentary, Tyndale
tações — Lidando com o desastre 5. Feinberg, Ezekiel, 51,52; Taylor, Old Testament Commentary (Downers
1. J. A. Thompson, The Book of Ezekiel, 99. Grove: InterVarsity, 1978), 53-59.
Jeremiah, New International Commen 6. Taylor, Ezekiel, 171; Eichrodt, 3. As datas aproximadas das visões
tary on the Old Testament (Grand Ra Ezekiel, 321,322; Zimmerli, Ezekiel, são as seguintes: capítulo 7 cm 553 a.C.;
pids: Eerdmans, 1980), 551; Walter 483,484. capítulo 8 em 551 a.C.; capítulo 9 em
Brueggemann, To Build, To Plant: A 539 a.C. e capítulos 10-12 em 536 a.C.
Capítulo 30: Ezequiel 2 5 -4 8 — Essas datas se sobrepõem com os acon
Commentary on Jeremiah 26-52, Inter
Deus está planejando um futuro tecimentos dos capítulos 1—6, portanto
national Theological Commentary
emocionante! o livro tem uma organização literária
(Grand Rapids/Edimburgo: Eerdmans/
Hansel, 1991), 39; R. K. Harrison, 1. Charles L. Feinberg, The Prophe (narrativas e visões) e não-cronológica.
Jeremiah and Lamentations: An Intro- cy of Ezekiel: The Glory of the Lord 4. Bill T. Arnold, “Wordplay and
duction and Commentary, Tyndale Old (Chicago: Moody, 1969), 161-164. Narrative Techniques in Daniel 5 and
Testament Commentary (Downers 2. John B. Taylor, Ezekiel: An Intro- 6” in Journal of Biblical Literature 112
Grove: InterVarsity, 1973), 133; e duction and Commentary, Tyndale Old (1993): 479-485.
Hassell Bullock, An Introduction to the Testament Commentary (Downers 5. John E. Goldingay, Daniel, Word
Old Testament Prophetic Books (Chica Grove: InterVarsity, 1969), 199; Fein Biblical Commentary 30 (Dallas: Word,
go: Moody, 1986), 213 limitam a de berg, Ezekiel, 168-169. 1989), 158 e Baldwin, Daniel, 59,60.
signação aos capítulos 30-31. 3. Feinberg, Ezekiel, 197; Taylor, 6. Ernst C. Lucas, “The Origins of
2. Harrison, Jeremiah and Lamenta Ezekiel, 220,221; Walter Eichrodt, DaniePs Four Empires Scheme Re-
tions, 170. Ezekiel: A Commeíitary, trad. Cosslet Examined”, Tyndale Bulletin 40, n- 2
3. Thompson, Jeremiah, 696-697. Quin, Old Testament Library (Filadél (1989): 185-202, especialmente 192-
4- Josephus, Antiquities 10.9.7. fia: Westminster, 1970), 475-479. 194; Robert M. Gurney, “The Four
5. Estudiosos discordam sobre qual 4. Eichrodt, Ezekiel, 522,523; Tay Kingdoms of Daniel 2 and 7”, Theme-
profeta emprestou de quem. Alguns até lor, Ezekiel, 244; Feinberg, Ezekiel, 219- lios 2, nQ2 (1977): 39-45; e John H.
sugerem que Jeremias e Obadias usa 221; Walter Zimmerli, Ezekiel 1: A Walton, “DanieFs Four Kingdoms”,
ram uma fonte profética em comum. Commentary on the Book ofthe Prophet Journal of Evangelical Theological So-
6. Thompson, Jeremiah, 723-724. Ezekiel, Chapters 25-48, trad. James ciety 29 (1986): 25-36.
7. Não devemos confundir esta D. Martin. Hermeneia (Filadélfia: 7 .0 aramaico é encontrado cm Gn
Hazor com a Hazor do norte da Gali- Fortress, 1983), 304-305. 31:47 (apenas duas palavras), Ed 4.8-
léia; Thompson, Jeremiah, 726-727. 5. Taylor, Ezekiel, 242-243. 6.18; 7.12-26, Jr 10.11 e Dn 2.4b-7.28.
499
Notas
8. Daniel C. Snell, “Why Is There 25. Para um breve sumário ver 6. A Lei dc Moisés dizia para não
Aramaic in the Biblel”Journal for the Stu Gordon J. Wenham, “Daniel: the Basic atar a boca do boi quando ele estava
dy ofthe Old Testament 18 (1980): 32-51. Issues”, Themolios 2, n92 (1977): 49-52. trilhando; dessa forma o animal pode
9. H. L. Ginsberg, “The Composi- 26. Ez 14.14,20 e na mitologia da ria compartilhar a colheita (Dt 25.4).
tion of the Book of Daniel”, Vetus antiga cidade de Ugarite. 7. Para uma discussão completa des
Testamentum 4 (1954): 246-275. 27. Especialmente aquelas profecias se assunto, ver Leslie C. Allen, The
10. Bill T. Arnold, “The Use of tratando de reinos (capítulos 2,7 e 8). As Books ofjoel, Obadiah, Jonah and Micah,
Aramaic in the Hebrew Bible: Another profecias das setenta semanas (9.24-27) New International Commentary on the
Look at Bilingualism in Ezra and Da e o rei que se exalta acima de Deus (11.36- Old Testament (Grand Rapids: Eerd
niel”, Journal of Northwest Semitic 45) são tidos como referências apenas a mans, 1976), 19-25.
Languages 22, nQ2 (1996): 1-16. Antioco, sem outro cumprimento. 8. Para uma interessante discussão
11. Lucas, “Four Empires Scheme”, 28. Joyce G. Baldwin argumenta desse procedimento e mais detalhes
194; Gurney, “Four Kingdoms”, 39. que “não há provas claras de uso de sobre os sicômoros, ver W. E. Shewell-
12. Collins, Daniel, 92. pseudônimos no Antigo Testamento e Cooper, Plants, Flowers and Herbs of
13. Robert ]. M. Gurney, “The há diversas evidências contra essa hi the Bible (New Canaan, Conn.: Keats,
Seventy Weeks of Daniel 9: 24-27”, pótese” (“Is There Pseudonimity in the 1977), 156,157.
Evangélica! Quarterly 53 (1981): 36. Old Testament?” Themelios 4, nQ 1 9. Ver o pano de fundo de Oséias
14. Collins, Daniel, 65. [1978]: 12). para mais informações.
15. Baldwin, Daniel, 108,109. 29. R. K. Harrison, Introduction to 10. Edwin R. Thiele, The Myste-
16. Paul-Alain Beaulieu, The Reign the Old Testament (Grand Rapids: Eerd rious Numbers ofthe Hebrew Kings, 3.
of Nabonidus, King of Babylon, (New mans, 1969), 1127. org. (Grand Rapids: Zondervan, 1983),
Haven, Conn.: Yale University Press, 30. Há vozes dissidentes nos meios 107, 111, 119-120.
1989), 186-188. evangélicos. Goldingay aceita o livro 11. Hans Walter Wolff, Joel and
17. Raymong, E Dougherty, Nabo como sendo recente e usando pseudô Amos: A Commentary on the Books of
nidus and Beshazzar: A Study of the nimo (Daniel). the Prophets Joel and Amos, org. S. Dean
Closing Events on the Neo-Babylonian McBride Jr., trad. Waldemar Janzen, S.
Empire, (New Haven, Conn.: Yale Uni Capítulo 32; Oséias, Joel e Amós — Dean McBride Jr., e Charles -,
versity Press, 1929), 13. Um chamado para o arrependimento Muenchow, Hcrmenia (Filadélfia:
e uma promessa de bênção Fortress, 1977), 124, faz uso de evi
18. E possível que Belsazar tivesse
sido o verdadeiro poder por trás do 1. J udá aparece sete vezes em Oséias dências arqueológicas de Hazor para
trono enquanto Nabonidas era rei (4.15; 5.5, 10; 6.4, 11; 10.11; 12.3). sugerir a data de 760 a.C. Esse terre
(Beaulieu Nabonidus, 90-98). 2. As outras referências são: Gn moto deve ter sido bastante grave; Zc
19. E. ]. Young, The Prophecy of 38.24; 2Rs 9.22; Ez 23.11, 29; Os 2.2, 14-5 também o menciona.
Daniel (Grand Rapids: Eerdmans, 4; 4.12; 5.4; Na 3.4 (2 vezes). 12. Essa expressão hebraica “La
1949), 115-118. 3. E. J. Young, Introduction to the mentar-se” também aparece em Jere
20. A. R. Millard, “Daniel 1-6 and Old Testament (Grand Rapids: Eerd mias e Ezequiel (Jr 7.29; 9.10; Ez 19.1;
History”, Evangelical Quarterly 49 mans, 1949), 245-246 sugere que o 26.17; 27.2, 32; 28.12; 32.2).
(1977): 71,72. casamento e o nascimento de filhos fo 13. Jeroboão I (931-909 a.C.) es
21. John C. Whitcomb, Darius the ram apenas simbólicos e nunca aconte tabeleceu os locais de adoração em Dã
Mede: A Study in Historical Identifica ceram de fato, mas o texto não dá ne e Betei (lRs 12.25-29), e o povo con
tion (Grand Rapids: Eerdmans, 1959). nhuma indicação de que devemos com tinuava usando esses lugares no tempo
Para mais detalhes na discussão que se preender dessa maneira. de Amós. Alguns israelitas também iam
segue, ver Edwin M. Yamauchi, Persia 4. Não se sabe como Gômer perdeu até Berseba, em Judá, aparentemente
and the Bible (Grand Rapids: Baker, sua liberdade. Alguns estudiosos suge por causa de sua ligação com Isaque
1990), 58,59. rem que a mulher que Oséias comprou (Gn 26.23-35; Am 7.9, 16).
22. Esse ponto de vista é uma ligei 3.1-5 era uma outra mulher, tendo em
ra modificação da teoria “Gubaru”; vista que o texto não especifica o seu Capítulo 33: Obadias, Jonas, Miquéi
William H. Shea, “Darius the Mede: nome. Porém, se Oséias se casasse com as, Naum, Habacuque e Sofonias —
An Update”, Andrews University Semi- uma outra mulher isso estragaria a ana O plano de Deus para as nações
nary Studies 20 (1982): 229-248. logia; Deus não ia se casar com outra 1. Jeffrey J. Niehaus, “Obadiah”, in
23. Donald J. Wiseman, “Some His nação, mas sim, restaurar Israel. The Minor Prophets: An Exegetical and
torical Problems in the Book of Daniel”, 5. De acordo com a Lei de Moisés, Expository Commentary, org. Thomas
in Notes on Some Problems in the Book of o sacerdote recebia uma porção da E. McComiskcy, 3 vols (Grand Rapids:
Daniel, Org. Donald J. Wiseman, et al. maior parte dos sacrifícios para si (Lv Baker, 1992-1998), 2: 496-502; Carl
(Londres: Tyndale, 1965), 12-16. 6.14-7.38). Ao que parece, os sacer Friedrich Keil e Franz Delitzsch, Com
24. David W. Baker, “Further dotes estavam mais preocupados com mentary on the Old Testament, 10 vols
Examples of Waw Explicativum”, Vetus o próprio estômago que com a situa (Grand Rapids: Eerdmans, 1978), 10:
Testamentum 30 (1980): 134. ção espiritual das pessoas! 339-349.
500
Notas
2. Robert B. Chisholm, Interpreting E. McComiskey, 3 vols. (Grand Ra' Rapids: Zondervan, 1979'1992), 7:
the Minor Prophets (Grand Rapids: pids: Baker, 1992), 2 : 165-166, ofere' 596,597, resume as questões relevam
Zondervan, 1990), 109410; C. Hassell cem bons sumários dessa questão. tes assim como C. Hassell Bullock, An
Bullock, An Introduction to the Old 7. Armerding, “Obadiah”, 493; Introduction to the Old Testament Pro
Testament Prophetic Books (Chicago: Bullock, Prophetic Books, 181 - 183; J. J. phetic Books (Chicago: Moody, 1986),
Moody, 1986); Carl E. Armerding, M. Roberts, Nahum, Habakkuk and 314417.
“Obadiah”, in Expositor s Bible Com Zephaniah, Old Testament Library 4. Baldwin, Haggai, Zecharaiah,
mentary, org. Frank E. Gaebelein, 12 (Louisville: Westminster/John Knox, Malachi, 211 -2 12; Alden, “Haggai”,
vols. (Grand Rapids: Zondervan, 1979' 1991), 82-84. 102-103', Walter C. Kaiser Jr., Malachi:
1992), 7: 337. 8. Keil e Delitzsch, Commentary, God’s Unchanging Love (Grand Ra'
3. Para uma excelente discussão das 117; Chisholm, Interpretmg, 201. pids: Baker, 1984), 1345.
evidências para situar a data do livro 9. Chisholm, Interpreting, 201; 5. Baldwin, Haggai, Zecharaiah,
de Jonas, ver John H. Walton in Bryan Bullock, Prophetic Books, 168469. Malachi, 213; Bullock, Prophetic Books,
E. Beyer e John H. Walton, Obadiah 338439. Kaiser, Malachi, 17, e Robert
and Jonah, Bible Study Commentary Capítulo 34: Ageu, Zacarias e M ala B. Chisholm, Interpreting the Minor
(Grand Rapids: Zondervan, 1988), 65' quias — Reconstruindo um Povo Prophets (Grand Rapids: Zondervan,
72. Walton aponta corretamente que 1. Joyce G. Baldwin, Haggai, 1990), 278, situam a data de Mala'
se os estudiosos pudessem provar que Zechariah, Malachi: An Introduction and quias em 433 a.C e 450 a.C., respecti-
Jonas foi escrito séculos mais tarde, isso Commentary, Tyndale Old Testament vãmente.
não eliminaria a precisão do livro. Commentary (Downers Grove: Inter-
4- O título “rei de Nínive” c umVarsity, 1972), 29; Robert L. Alden, Epílogo
tanto estranho aqui, tento em vista que “Haggai”, in Expositors Bible Commen 1. John Bright, A History of Israel, 3.
Nínive não era a capital da Assíria na' tary, org. Frank E. Gabelein, 12 vols. org. (Filadélfia: Westminster, 1981),460.
quela época. Talvez o título seja uma (Grand Rapids: Zondervan, 1979' 2. Desde o segundo século d.C. há
referência ao governante local de Nínive. 1992), 7: 572. vozes dissidentes, mas elas foram siste'
5. Edwin R. Thiele, The Mysterious 2. Poderíamos traduzir 2.9 como “A maticamente silenciadas pela igreja. Ver
Numbers of the Hebrew Kings, 3- ed. glória de sua casa futura” ou “A futura Walter C. Kaiser Jr., Toward Rediscove-
(Grand Rapids: Zondervan, 1983), glória de sua casa”. Entretanto, a se' ring the Old Testament (Grand Rapids:
217. gunda interpretação parece encaixar' Zondervan, 1987), 1942.
6. Bullock, Prophetic Books, 216 e se melhor no contexto. 3. Roger Nicole, “Old Testament
Tremper Longman III, “Nahum”, in 3. Kenneth L. Barker, “Zechariah”, Quotations in the New Testament”, in
The Minor Prophets: An Exegetical and in Expositor’s Bible Commentary, org. Bernard L. Ramm et al., Hermeneutics
Expository Commentary, org. Thomas Frank E. Gabelein, 12 vols. (Grand (Grand Rapids: Baker, 1971), 41,42.
501
Alta Galiléia, 42
Altar, 106, 118, 146, 177, 226
502
índice por assunto
Caminhada pelo deserto, 46, 48, 66, Para a pureza, 65,317,318,378,414 Conversão, 96, 98
104, 106408, 109, 110, 128- Para a renovação/arrependimento, Coração transformado, 421, 444
138, 142, 144, 151, 169, 172, 341, 343, 348 , 370, 376, 377, Cosmogonia, 78, 84
340, 388, 414 388, 394, 408, 413, 440, 443, Cova dos leões, 429, 430
Caminho do Mar [Ver Via Maris] 444, 445, 449, 466, 473 Creatio ex nihilo, 66, 72, 80 [Ver tam
Canaã/cananita, 47 Para a santidade, 68, 119, 124, 125, bém Criação; Fiat, criação por;
Baalismo, 57,118, 137, 176, 182, 347, 389, 465 [Ver Santidade] Soberania de Deus]
184, 187, 231,238, 240, 241, Para Abrão, 67, 68, 90, 91, 92-93 Crescente fértil, 36-40, 47, 56, 57
285, 348449, 51, 364, 440 Para Amós, 342 Criação de ovelhas, 42, 448
Conquista de, 50, 130, 132, 134, Para Eliseu, 239 Criação, 67, 79-82, 297, 454
135, 168, 169, 170471, 182, Para Ezequiel, 408, 409-410 Dias da, 80
183 Para Isaías, 354, 355, 358 Relatos antigos sobre, 78, 79, 86
Geografia de, 142, 144 Para Samuel, 196 Criacionismo, 82
Povos de, 47, 184, 290, 299 Para seu serviço, 341-342,343,344, Criança (s)
Religião em, 52, 240 374 Comportamento das, 314,317,321
Cânon, 22-28, 72,151,160,164, 252, Chamado, profeta como aquele que é, Sacrifício de, 96, 387, 390, 392
253-254, 428, 434, 436, 437, 341 Criança/filho, tratamento como, 443,
475 Cidades de refúgio, 143, 168, 176 448
Cânticos Cidades-estado, 44, 45, 47, 109, 213, Crítica à forma, 70, 72
De Israel, 286, 288, 304412 240, 247, 401 Crítica à redação [Ver Crítica à fonte]
De Moisés, 142, 143, 148 Cilindro de Ciro, 258, 268 Crítica à tradição, 69-72
Capadócia, 349, 351 Címbalos, 307 Crítica ao Cânon, 72
Carmelo, Monte, 231, 341, 349 Cinto de linho, 388 Crítica às fontes, 69-72
Carquemis, 400 Circuncisão, 91, 96, 172 Crítica bíblica, 69-74
Carruagens, 467 Código dc Hamurabi, 47, 95, 350 Crocodilo, 297
Cartas de Amarna, 48, 57 Comentário das Escrituras, primeiro, Crônicas reais hititas, 224
Carvalho de Mamre, 97 158, 253 Cronologia bíblica [Ver Datas]
Casa do oleiro, 384, 389, 390492 Comida impura, 121, 416 Crucificação [Ver Morte de Cristo]
Casamento, 84, 227, 230, 268, 317, Compaixão de Deus, 217, 454 Cruzar
318, 320421, 322, 330, 333, Compreensão do plano de Deus, 458 O Jordão, 142, 168,172
334, 335, 379 [Ver também Di- Concubinas, 95 O Mar Vermelho, 104, 108-109,
vórcioj Confissão 129-130
Aliança, 471 De pecado, 216,219,265,307-308, Cuidado providencial, 121,131, 142,
Com Deus, 378479, 384, 385- 311, 320, 433 274, 283
386, 412, 415, 440, 441 Nacional, 270 Culpa [Ver Pecado]
Costumes, 189491 Confucionismo, 66 Cuneiforme, 38, 44, 46, 56, 57, 286,
De Ester, 272 Conquista de Canaã, 46, 48, 64, 108, 402, 435
De levirato, 190-191 109, 130, 132, 134, 144, 135, Cush, 354, 362, 366, 460, 461
De Oséias de Gômer, 440,441-442 137, 158, 163, 168-176, 178, Dã
Misto, 226, 230, 265, 268, 269, 182, 183, 245 Tribo de, 184, 185
470, 471 Conquistas Damasco, 43, 44, 48, 50, 93, 99, 213,
Casas dos caldeus, 350-351 De Davi, 212-214, 218 218, 227, 231, 232, 234
Cáspio, Mar, 36, 57 De Onri, 230, 232 Portão de, 377
Cassita (s), 46, 48, 57 Consagração Profecias sobre, 354,360,362,366,
Período, 292, 298 De Josué, 146, 147 394, 401, 403, 445
Castigo capital [Vkr Castigos sob a lei] Dos sacerdotes, 140, 119 Queda de, 348-349, 360, 362
Castigos [Ver Bênçãos e castigos] Do templo, 225, 245, 255, 265 Datas
Catástrife, 85 Conseqüências do pecado, 64-66, 84, Ageu, 464
Censo, 65, 128, 129, 130, 131, 137, 119, 143, 145, 169, 173, 184, Amós, 445
218, 219 200, 211, 212, 216-217, 219, Bíblicas, 46-58, 73, 108-110, 128,
Cercos, 54, 243, 244, 245, 247, 367, 220, 222, 227, 228, 242, 254, 163, 169
392, 397, 398, 405, 410, 415- 389-392, 394, 410-413 Crônicas, 252
416, 420, 457, 468, Consolação [Ver Livro da Consolação] Daniel, 436
Cerimônia de tratado, 94, 104, 106, Constelações, 297 Esdras-Neemias, 271
107, 122, 142, 143, 146, 161, Contexto das Escrituras, 29-30, 31 Jó, 298
187, 240 Contexto histórico [Ver Contexto das Joel, 444
Céu, descrição de Ezequiel do, 423 Escrituras] Jonas, 453
Chamado de Deus, 466 Contexto remoto [Ver Contexto das Juizes, 186
Para a adoração, 390 Escrituras] Obadias, 452
504
índice por assunto
Oséias, 440-441 Senhorio de, 375, 421, 470 Ecrom, 202, 238, 365
Profetas, 348 Soberania de, 66, 68, 72, 82, 106, Éden, 67, 81, 82, 335, 347
Salmos, coleção de, 304 111, 158, 159, 164, 187, 192, Edom/edomitas, 57, 130, 146, 218,
Samuel, 196 226, 258, 294-298, 356, 385, 310, 366, 470
Zacarias, 465, 466 388, 389, 391, 432, 437, 444, Oposição à Israel, 135, 144, 200,
Debir, 169 446, 449, 457, 458, 467 213, 227, 379
Decálogo [Vbr Dez mandamentos] Transcendência dc, 24, 30, 69 Profecias sobre, 365,394,400,401,
Declaração da verdade, 253, 258 Unidade de 145-146 403, 418, 419, 421, 424, 445,
Delfos, 186, 187 Deuses [Ver também Asherah; Baal; deu 452-453
Delta, 38-39, 47, 109 ses da Mesopotâmia; politeísmo] Região de, 42, 298
Derramamento do Espírito, 444, 468 Da fertilidade, 411, 415, 440 Educação israelita, 317, 321, 322
Deserto, 36-44, 107-110, 366 Do sol, 411,415 Eduméia/edumeus, 401
Desobediência a Deus [Ver Obediên Deutero-Isaías, 370-71, 379 Efraim, 42, 57, 97, 129, 176, 178, 186,
cia, a Deus; rebeldia] Deuteronomista 198, 228, 354, 364
Despedida História, 152-153, 161, 162, 163, Egeu, mar, 48, 56
De Josué, 178 164, 165, 182, 190, 222, 246, Egito/egípcio, 44, 45, 50, 55, 91, 92,
De Moisés, 66, 142, 143-48 258 366, 446, 458
Destino eterno, 147 Teoria do editor, 161-164 Antigo Império, 39, 44, 45, 46
Deus [Ver também Julgamento de Deus; Dez mandamentos, 64, 68, 106, 112, Escribas do, 105
Iavé] 122-123, 146, 152, 153 Êxodo do, 66, 67, 68, 104-110,
Atos poderosos de, 64,66, 68, 106, Dia (s) 111-112, 113-114, 128, 132-
111-112, 114, 115, 122, 130, Da criação, 80 134, 137, 142, 169, 172, 184,
354, 364, 367, 373 De expiação, 467 388, 396, 442
Bênção de, 214, 216 De festas, 119, 120, 122, 172, 245, Israel no, 47, 48, 64, 65, 98, 105,
Caráter de, 68 270, 272, 274, 275 [Ver também 107, 112, 305, 340, 341
Chamado de, 65, 341-344, 348, pelo nome] Literatura do, 290, 291, 292, 299,
394, 408, 413, 440, 443, 449, Do Senhor, 347-348,352,408,410, 316, 319, 321
466, 473 414, 415, 439, 443, 444, 447, Médio Império, 39, 46, 47
Compaixão de, 68, 456 452-453, 460 Moderno, 132
Fidelidade de, 143, 144, 152, 170, Diálogos de sabedoria, 290-293 Novo Império, 39, 46, 47, 48, 352,
226-227, 405 Dilúvio, 66, 78, 79, 81, 84, 85, 86, 90 365
Glória de, 107, 114, 134, 226, 408, Dinastia (s) Profecias sobre, 354,362,394,400,
409, 411-412, 422 Egípcias, 39, 47, 48, 53 403, 413, 419, 424, 443, 467
Graça de, 64, 65, 66, 67, 68, 91, Sumérias, 45 Região do, 37, 38-39, 43, 49, 56,
98, 112, 138, 160, 173, 184, Dinastia de Davi, 49-56,158,162,185, 198
212, 217, 257, 318, 354, 370, 219, 256-260, 266,268, 390, Relações com o reino de Israel, 227,
374-375, 386, 412, 413, 414, 472 243, 394-395, 399, 414
445, 454 Aliança e a, 94,97, 100, 211, 214- Sabedoria do, 290, 291, 297, 299,
Imutabilidade de, 158 216, 219-220, 226, 246, 252, 315, 316, 319
Ira dc, 418, 457, 549 255, 257, 258-259, 358, 367, El-Amarna, 48, 57
Justiça de, 295, 296, 297, 298,470, 386, 455 Eleição, 99-100,441,446 [Ver também
471-472 Messias na, 211, 310, 357, 360- salvação; Soberania de Deus]
Natureza ética de, 119, 124-126 361, 398, 467, 475,476 Elim, 104
Nomes de, 69 Restauração da, 396,398,420,421, Elohim como um nome para Deus, 69,
Onipotência de, 297, 299 449, 464, 465 71
Pastoreio de, 456, 468-469 Tentativa de destruir a, 240 Encarnação, 36, 68
Plano de, 26, 3084, 99, 134, 148, Discursos En-Dor, 205-206
197, 200, 201, 211, 256, 355, De julgamento, 357, 445 Endurecimento do coração, 358, 360,
360, 361, 362, 374, 375, 376, No livro de Jó, 293-298 388
422, 452, 465, 466, 470 Distich, 318, 320 Enuma Elish, 78-79, 81, 84
Presença de, 107,112,113-15,128, Divórcio, 470, 471, 472 Épico de Atrahasis, 78, 81, 84
131, 134, 226, 259, 260, 411- Dízimo, 119, 470, 473 Épico de Gilgamés, 81, 84435, 86, 329,
12, 453 Doenças [Ver Julgamento de Deus, por 334
Proteção de, 430 pragas] Epílogo de Jó, 293, 298
Provisão de, 385, 429, 453-454, Domingo de Palmas, 422 Escatologia, 347, 354, 365, 379, 428-
455 Domo da Rocha, 225 429, 432, 433-434, 436
Revelação de, 22, 24, 26, 31, 134, Doxologia, 306, 307, 310 Escravidão
143, 198, 454, 475, 476 Ebenézer, 198 De Jerusalém, 403
Santidade de, 122, 125, 128, 423 Ebla, 46 I Leis acerca da, 93, 94-95, 296, 398
505
índice por assunto
No Egito, 47, 48, 64, 65, 105, 107, Perspectiva do, 224, 246-47, 253, Filistia/filisteu 40, 446
112 254-255, 408, 409, 412, 430 Costa da, 40-42, 109, 452
Por dívida, 106, 269, 398 Profecias do, 361 Israel e a, 196, 197, 198, 199, 200,
Escribas, 24, 26, 27, 38, 58, 266, 267, Salmos e o, 304, 305 202-206, 210-212, 213, 218,
319, 372, 459 Salvação por meio do, 430 244, 340, 440, 452
Assistentes de profetas, 347, 385, Êxodo, 132-134, 142 Origens, 46, 49-50
398 Acontecimentos do, 104'110, 129 Profecias sobre, 354,362,366,400,
Egípcios, 105 Data, 39, 46, 48, 108, 109, 169 403, 418, 424, 445, 460, 468
Escritos, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 30, Exílio no Egito, 98, 305, 340, 341, Religião da, 238
428 442 Filosofia da literatura de sabedoria,
Escrituras [Ver Bíblia; Bíblico] Historicidade do, 108,112,129-130 291, 298
EsperançaEm Crônicas, 253, 255 Rota do, 108-110, 112, 133, 172 Flauta, 307
Em Deus, 296, 301, 326, 327 Significado teológico do, 65-66, Fogo, 107, 131, 134, 281, 318, 392,
Messiânica, 309, 319, 468 111-115 398,410,415, 429, 430, 447
Na aliança, 420-421 Expiação, 120, 122, 123, 124, 128, Estranho, 121
Para o futuro, 374, 397, 405, 424- 424, 425, 467, 476 Fome, 319, 344, 389, 404, 405, 446
425,428,449,458-59,461,462 De Arão, 128 Julgamento por meio da, 218, 387,
Espias em Canaã, 132, 139, 168-169, Dia da, 119, 121, 122, 124, 467 395, 398, 410, 447
171, 173, 176, 177 Sacrifício de, 120,121,122,123,124 Fórmula do reino em Reis, 222-223,
Espiritismo, 134, 205, 206 Extáticos, 345, 349, 350 228, 230, 233, 234
Espírito Santo Ezion-géber, 254 Futilidade da vida, 295, 326
Capacitando os crentes, 444, 458, Falso profeta, 342, 394, 395-96, 398, Gade, 129, 171, 177-178, 219
464, 466 403-404, 408, 412, 415, 455 Gafanhotos, 132, 352, 443, 444, 447
Derramamento do, 444 Falso testemunho, 123 Galiléia, 40, 42, 57, 239, 456
Na inspiração, 24-50,123-124,310, Faraó, 38, 39, 48, 57, 104, 105, 106, Gate, 202, 204
312, 434 108, 109, 227, 246, 247, 414, Gate-Hefer, 453, 460
Na mudança de corações, 397, 446 419 Gaza, 109, 365, 400
Na profecia, 22 Fé Geba, 212, 218, 228
Esposa de Ezequiel, 409, 416 De Abraão, 32, 65, 66, 90, 91, 92- Genealogia (s), 81, 84, 96, 92, 104,
Estilo autobiográfico de Ezequiel, 415 97, 428, 436 255, 256, 252, 258, 260, 266,
EstipulaçÕes dos tratados de suserania, De Raabe, 32, 172 270, 459
149, 150, 152 Historicidade bíblica e a, 160 Messiânica, 173, 358, 475
Estrada do rei, 43-44, 56 Parcial, 386 Mosaica, 104
Estradas Ver Viagens Perspectiva de Crônicas, 158-159 Gênero bíblico, 30, 31, 70, 72
Estrangeiros, livro dirigido aos, 456 Salvação pela, 364 Gentis, bênçãos para os, 377, 380-81
Estrutura Fenícia/fenícios, 27, 30, 40, 48, 363, Geologia, 85
De Josué, 163 418-419, 468, 471 [Ver também Gerizim, Monte, 146, 153, 161, 176
De Juizes, 163 Línguas] Gesur, 217
De Reis, 163 Ferramentas, 44, 46 Gezer, 169, 212, 218, 223
De Samuel, 163 Fiat, criação por, 66 Gibeão, 178, 218, 225, 226, 234
Estupro, 91, 184, 210, 217, 219, 378 Fidelidade Gilboa, Monte, 203, 205, 210, 211,
Etiópia [Ver Cush] À aliança, 146, 186, 222, 226-228, 218
Eunucos, 377, 379 233, 248, 348 Gileade, 42, 57, 200, 332, 445
Europa, 36, 39 A Deus, 199, 264, 362, 365, 378, Gilgal, 172, 173, 176, 178, 200, 201,
Evangelho 437 240
Aqueles que não ouviram o, 454 Conjugal, 317, 318, 441, 442 Giom, Fonte de, 214, 218
Do Antigo Testamento, 354 De Deus, 93, 143, 152, 170, 177- Glória
Evangelicalismo, 24, 30, 72-73 178, 203, 206, 226, 298, 307, De Deus, 107, 114, 134, 226,373,
Evolução, 82 396, 405, 456, 459 408, 409, 411-12, 422, 459
Ex eventu, 434, 436, 346, 349 Modelos de, 429 De Sião, 378
Exílio No casamento, 331 Golfo Pérsico, 37, 57, 350
Arquétipo de, 257, 258 Para com Deus, 193, 201, 222 Gomorra, 91, 356, 362, 401
Como julgamento, 389, 400 Filho Gósen, 47
Egípcio, 305, 340, 341, 442 De Davi, 211, 216, 219, 258, 475 Graça de Deus, [Ver também Deus]
Libertação do, 265, 266 Do Homem, 431,432,436 Em Isaías, 354, 375, 378
Na Babilônia, 56-58,159,224, 244, Da alvorada, profecia, 481-419 Em Juizes, 184
245, 247, 257, 310, 351, 371, Filho de Jacó/Israel, 47, 50, 89, 97-98, Em Salmos, 308
396, 408-409, 429, 430, 431, 107,122,132,145,184,340,356 No Pentateuco, 64, 65, 66, 67, 68,
435 Filhos de Coré, 304-305 91, 104, 113, 112
506
índice por assunto
Para suspender o julgamento, 217, Historicidade das Escrituras, 160 Imutabilidade de Deus, 82, 146
413, 414 Histórico/a (s) Incenso, altar de, 107, 226
Obstinada, 370, 374 Épicos, 224-225 Incesto, 123
Grande sinagoga, 165 Fundação do Antigo Testamento, Injustiça, sofrer 433
Granizo, 173 476 Inscrição Messa, 230, 232, 234
Gratidão a Deus, 214, 216, 220, 462, Livros, 23, 24, 147, 151-152, 158- Inscrições, 108, 109, 224
469 159, 161-165, 182, 187, 256, Inspiração das Escrituras, 24, 26
Grécia/grego, 49,54,56,160,186-187, 264, 346 Inspiração Verbal Plenária [Ver Teoria
352, 431, 434, 436, 465, 466 Narrativa, 222, 234 da inspiração verbal plenária]
[Ver também Línguas] Prólogo, tratado de suserania, 149- Instrução
Grifo, 273 150, 152 De Amenemope, 291-292,318,319
Guerra Hitita, Império/hititas, 46, 48, 49, 50, De Ptahhotep, 291
Armamento, 50 149-150, 151, 152, 163, 216 Em Provérbios, 316
Civil, 177, 184, 212, 228 Holocausto, 107, 118, 120, 124, 220, Instrumentos musicais, 283, 304, 306,
Como julgamento, 184, 349 411, 422 307
Santa, 169, 170, 178, 200 Homens fortes de Davi, 218-219 Intercessão de Cristo, 398, 467
Trombetas de, 1*31 Homossexualidade, 123, 357 Interpretação
Guerra civil Honestidade, 196, 334, 423 Das Escrituras, 28-32, 72
Na monarquia dividida, 223, 241, Honra de Deus, 202, 470, 471 De sonhos, 429, 430
228 Hula, Vale, 42, 57 Introdução a Esdras, 270, 271
No início da monarquia, 212 Humildade perante Deus, 297-298 Investida central de Josué, 172
Guerra Sírio-efraimita, 358-59, 360 laveísmo, 52, 57, 228, 231, 234, 268 Investida norte de Josué, 174
Hagiografia Ver Escritos Idade Calcolítica, 44, 46, 57 Investida sul de Josué, 173
Hamate, 440 Idade de Cobre e Pedra Ver Idade Irã, 37, 57
Hamurabi, 47, 48, 57, 345, 350, 456 Calcolítica Iraque, 37, 67
Código de, [Ver Código de Ha Idade do Bronze Irmãs, história das duas, 386
murabi] Antiga, 44-45, 46, 57 Irrigação, 38, 409
Harã, 47, 57, 93, 96, 97, 99 Média, 45-47, 57, 91 Israel [Ver também Abraão; Egito;
Harpa, 307 Nova, 46, 47-49, 50, 57 Isaque; Israel, reino do norte;
Hatti, 196 Idade do Ferro, 44, 50, 53, 56, 57 Jacó; Judá/reino do sul; Moisés;
Hazerote, 131, 132, 136 I, 46, 50-52 Sinai, Monte]
Hazor, 169, 174, 223, 253, 401, 403 II, 46, 52, 53, 57 Antes dos reis, 168, 170, 172-177,
Hebraico Ver Línguas III, 46, 56 182-193, 198-199
Heilsgeschichte Ver História da salvação Idade Mesolítica, 44, 46, 57 Figurativa, 380
Herança, 47, 128, 148, 159, 171, 176, Idade Neolítica, 35, 38, 44, 46, 57 Linha do tempo para, 46-59, 73,
253, 308, 344 Idade Paleolítica, 44, 46, 57 108-110
Herem Ver Guerra santa Idade Persa Ver Idade do Ferro III Moderna, 132, 423
Hermenêutica. Ver Bíblia, interpreta Identidade de Dario, 435 Nação de, 48, 52, 340, 372, 414,
ção da. Idília, 187, 190 421, 449
Hermom, Monte, 42, 295 Idolatria, 123,161,199,227,228, 238, No deserto, 48, 66, 106-108, 110,
Hesbom, 144 268, 296, 377, 386-387, 389, 128-138, 144, 414
Hexatêuco, 161, 162, 164 403, 411, 412, 414, 440, 442, Pós-exílio, 253, 255, 264, 265,266,
Hieróglifos, 38, 44, 57 470 [Ver também Asherah; Baal, 267, 268, 351, 352, 374-375,
Hinom, Vale, 391, 392 Bezerros de ouro de Jeroboão; 402, 408, 420, 421, 464-465,
Hinos, 108, 285, 296, 304, 307, 310, Henoteísmo; Deuses da Meso 466, 470
311, 314, 332 potâmia] Povo escolhido de, 96,99-100,112-
Hipopótamo, 297 De Israel/Judá, 184, 340, 400, 460, 113, 143-147, 211, 224, 252,
Hipótese documentária, 69-72 471 255, 446
História De Nínive, 457 Reino unido de, 158,197, 199-206,
Conclusão da, 381 Impotência da, 374 210,211-220, 222-228, 254-260
Deus na, 159, 248, 249 Igreja como templo, 465, 467 Terra de, 36, 40-42, 175, 215, 229,
De Israel, 70,71,73, 75, 134-135, Imagem do jardim em Cântico dos 456
146-148, 158, 161-163, 177, Cânticos, 332 Israel Stela, 108
178, 182, 183, 184, 197, 239, Imago dei, 80, 84 Israel, reino do norte, 224, 234, 247,
246-247, 254, 257, 340, 455, Imoralidade [Ver homossexualidade; 255, 257, 358, 366, 440, 441-
475 honestidade; imoralidade sexual; 43, 446-49
Primordial, 78, 84, 86, 90 pecado] Apostasia de, 52, 158, 222, 228,
Visão bíblica da, 66-67, 159-161, Impostos, 269 230-31,240,243,340-341,343,
433-434 Impureza Ver Leis de pureza 347, 415, 440-441
507
índice por assunto
Para suspender o julgamento, 217, Historicidade das Escrituras, 160 Imutabilidade de Deus, 82, 146
413, 414 Histórico/a (s) Incenso, altar de, 107, 226
Obstinada, 370, 374 Épicos, 224-225 Incesto, 123
Grande sinagoga, 165 Fundação do Antigo Testamento, Injustiça, sofrer 433
Granizo, 173 476 Inscrição Messa, 230, 232, 234
Gratidão a Deus, 214, 216, 220, 462, Livros, 23, 24, 147, 151-152, 158- Inscrições, 108, 109, 224
469 159, 161-165, 182, 187, 256, Inspiração das Escrituras, 24, 26
Grécia/grego, 49,54,56,160,186-187, 264, 346 Inspiração Verbal Plenária [Ver Teoria
352, 431, 434, 436, 465, 466 Narrativa, 222, 234 da inspiração verbal plenária]
[Ver também Línguas] Prólogo, tratado de suserania, 149- Instrução
Grifo, 273 150, 152 De Amenemope, 291-292,318,319
Guerra Hitita, Império/hititas, 46, 48, 49, 50, De Ptahhotep, 291
Armamento, 50 149-150, 151, 152, 163, 216 Em Provérbios, 316
Civil, 177, 184, 212, 228 Holocausto, 107, 118, 120, 124, 220, Instrumentos musicais, 283, 304, 306,
Como julgamento, 184, 349 411, 422 307
Santa, 169, 170, 178, 200 Homens fortes de Davi, 218-219 Intercessão de Cristo, 398, 467
Trombetas de, 131 Homossexualidade, 123, 357 Interpretação
Guerra civil Honestidade, 196, 334, 423 Das Escrituras, 28-32, 72
Na monarquia dividida, 223, 241, Honra de Deus, 202, 470, 471 De sonhos, 429, 430
228 Hula, Vale, 42, 57 Introdução a Esdras, 270, 271
No início da monarquia, 212 Humildade perante Deus, 297-298 Investida central de Josué, 172
Guerra Sírio-efraimita, 358-59, 360 Iaveísmo, 52, 57, 228, 231, 234, 268 Investida norte de Josué, 174
Hagiografia Ver Escritos Idade Calcolítica, 44, 46, 57 Investida sul de Josué, 173
Hamate, 440 Idade de Cobre e Pedra Ver Idade Irã, 37, 57
Hamurabi, 47, 48, 57, 345, 350, 456 Calcolítica Iraque, 37, 67
Código de, [Ver Código de Ha Idade do Bronze Irmãs, história das duas, 386
murabi] Antiga, 44-45, 46, 57 Irrigação, 38, 409
Harã, 47, 57, 93, 96, 97, 99 Média, 45-47, 57, 91 Israel [Ver também Abraão; Egito;
Harpa, 307 Nova, 46, 47-49, 50, 57 Isaque; Israel, reino do norte;
Hatti, 196 Idade do Ferro, 44, 50, 53, 56, 57 Jacó; Judá/reino do sul; Moisés;
Hazerote, 131, 132, 136 I, 46, 50-52 Sinai, Monte]
Hazor, 169, 174, 223, 253, 401, 403 II, 46, 52, 53, 57 Antes dos reis, 168, 170, 172-177,
Hebraico Ver Línguas III, 46, 56 182-193, 198-199
Heilsgeschichte Ver História da salvação Idade Mesolítica, 44, 46, 57 Figurativa, 380
Herança, 47, 128, 148, 159, 171, 176, Idade Neolítica, 35, 38, 44, 46, 57 Linha do tempo para, 46-59, 73,
253, 308, 344 Idade Paleolítica, 44, 46, 57 108-110
HeremVer Guerra santa Idade Persa Ver Idade do Ferro III Moderna, 132, 423
Hermenêutica. Ver Bíblia, interpreta Identidade de Dario, 435 Nação de, 48, 52, 340, 372, 414,
ção da. Idília, 187, 190 421, 449
Hermom, Monte, 42, 295 Idolatria, 123,161,199,227,228,238, No deserto, 48, 66, 106-108, 110,
Hesbom, 144 268, 296, 377, 386-387, 389, 128-138, 144, 414
Hexatêuco, 161, 162, 164 403, 411, 412, 414, 440, 442, Pós-exílio, 253,255, 264,265,266,
Hieróglifos, 38, 44, 57 470 [Ver também Asherah; Baal, 267, 268, 351, 352, 374-375,
Hinom, Vale, 391, 392 Bezerros de ouro de Jeroboão; 402, 408, 420, 421, 464-465,
Hinos, 108, 285, 296, 304, 307, 310, Henoteísmo; Deuses da Meso 466, 470
311, 314, 332 potâmia] Povo escolhido de, 96,99-100,112-
Hipopótamo, 297 De Israel/Judá, 184, 340, 400, 460, 113, 143-147, 211, 224, 252,
Hipótese documentária, 69-72 471 255, 446
História De Nínive, 457 Reino unido de, 158, 197,199-206,
Conclusão da, 381 Impotência da, 374 210,211-220,222-228,254-260
Deus na, 159, 248, 249 Igreja como templo, 465, 467 Terra de, 36, 40-42, 175, 215, 229,
De Israel, 70, 71, 73, 75, 134-135, Imagem do jardim em Cântico dos 456
146-148, 158, 161-163, 177, Cânticos, 332 | Israel Stela, 108
178, 182, 183, 184, 197, 239, Imago dei, 80, 84 Israel, reino do norte, 224, 234, 247,
246-247, 254, 257, 340, 455, Imoralidade [Ver homossexualidade; 255, 257, 358, 366, 440, 441-
475 honestidade; imoralidade sexual; 43, 446-49
Primordial, 78, 84, 86, 90 pecado] Apostasia de, 52, 158, 222, 228,
Visão bíblica da, 66-67, 159-161, Impostos, 269 230-31,240,243,340-341,343,
433-434 Impureza Ver Leis de pureza 347, 415, 440-441
507
índice por assunto
Divisão de Judá, 53,158, 223, 228- Tribo de, 42, 176, 183, 204, 205- Civil, 123, 146
233, 238, 243, 340 206, 211-212, 224, 255, 356, Da aliança, 145, 341, 386, 387,
Queda para a Assíria, 54, 161-162, 398 446, 473
243-244, 255, 360, 362 Judaísmo moderno, 475 Da Mesopotâmia, 106
Jabes-Gileade, 200, 205, 206, 212 Judéia Ver Judá, província de Da pureza, 119,121-122,123,128,
Jaboque, 42, 57 Judeia, costa da, 196, 198 134, 464-465
Jafa Ver Jope Judeus, montes, 42, 419 Desafio a obedecer a, 177
Jâmnia/Iavé, Conselho de, 23, 30 Jugo, em Jeremias, 394, 395-396, 403 Do rei/profeta, 162
Jardim do Éden Ver Éden Juizes, 50, 52, 340 Importância da, 276
Jarmuque, 42, 57 Papel de liderança, 182, 183 Jó e a, 298
Jebel Musa, 110. 113 Período dos, 158 Leitura pública da, 270
Jebel Serbal, 110 Julgamento de Deus [Ver também Deus; Livros da, 23, 24, 48, 64-71, 161,
Jebel Sin Bisher, 110 Justiça; Profecias contra as na 176, 245, 247, 267, 384, 460
Jebusitas, 169, 210, 214, 220 ções; Pragas] Mestre da, 266-67
JEDÉ teorias [Ver Hipótese docu Advertências proféticas sobre, 341, Moral, 122, 123
mentária] 343, 346, 347-348, 354, 410- Natural, 113
Jejum, 378, 379, 467-468 411,413,414,415 Propósito da, 68, 113, 122-123
Jericó, 135, 136, 137, 142, 168, 169, Chamado por, 310 Lei cúltica Ver Lei cerimoniai
170, 171-173 Em Isaías, 357 Leis de pureza, 119,121-122,128,134,
Jerusalém, 42, 57, 162, 216, 218, 259, Escatológico, 347,364,428,459-461 410, 415, 465
445 [Ver tambémJebusitas; Sião] Executores do, 411 Leoa em Ezequiel, 414, 415
Capital nacional, 210,213-14, 245, No deserto, 134, 169 Levante, 40, 42, 47, 57
256, 398, 440, 455 Pela fome, 447 Levi/levitas, 48, 65, 119, 124, 125,
Moderna, 314, 327, 361, 377, 397 Pelo fogo, 447 128, 130, 146, 147, 176-77,
Nova, 423 Por cerco, 390-392, 398, 403-404, 178, 198, 214, 270, 384, 423,
Pós-reinado, 58, 252, 255, 266- 405, 410, 457 471, 473
269, 270, 413, 422, 424, 466 Por desastres naturais, 134, 389, Lcviatã, 297, 298, 364
Profecias sobre, 354,362-363,364, 447 Líbano, 37, 57, 333, 443
375, 376-377, 380-381, 391, Por doenças, 199, 219 Montanhas do, 40
392, 395, 409, 410, 468, 469 Por gafanhotos, 443, 444, 447 Líbia, 39, 57
Queda de, 53,55-56,158,161,210, Sobre as nações, 354, 362, 364, Língua franca, 48, 57
244, 351, 368, 394, 399, 400, 370, 374, 379, 401, 418-420, Linguagem figurativa, 30-31
402-405, 410, 411, 412, 432, 432, 445, 447, 452-453, 454, Línguas
452-453, 458, 467-468 457, 460, 461, 467 Acádio, 27, 30, 48, 78, 286, 345
Templo, 52, 257, 265-266 Sobre Israel/Judá, 54,183,184, 243, Amonita, 27, 30
Jezreel, Vale de, 40, 43, 50, 57, 118, 364, 385-386, 395, 410, 411, Amorita, 27, 30
182, 223, 246, 247, 442, 443, 412, 414, 458-459, 460, 461 Árabe, 27, 30
446 Sobre os reis, 202, 430 Aramaico, 27, 28, 29, 30, 31, 315,
Jopc/Jafa/Yafo, 452 Sobre os soldados dc Acazias, 238 329, 434, 435-436
Jordão Sobre Saul, 202, 256 Aramaismos, 453, 460
Fenda do, 40, 42, 57 Jumenta de Balaão, 136 Assírio, 27
Rio, 40,42,66,137,142,148,168, Juntar grãos, 189 Em Daniel, 434, 437
169, 171, 172, 176, 218, 239, Justiça social, 269, 320, 356,378-379, Fenício, 27, 30
401, 452 389, 405, 414, 444-447, 455, Grego, 28, 31, 37, 326, 348
Vale do, 40, 42, 57, 135, 136 458, 460 Hebraico, 23-24, 27, 28, 29, 31,
Jubileu, 119 Justiça, 295-299, 328, 472 79, 285, 287, 320, 329, 341,
Judá Kinerete, 42, 57 344, 388, 403, 434
Apostasia de, [Ver Apostasia] Lagos Amargos, 109 Moabita, 27, 30, 232
Divisão de Israel, 52, 53, 54, 158, Lamento Ugarítico, 27, 30, 286, 287
223, 228-234, 238-244, 340 Do Oriente Próximo, 402 Linha do tempo bíblica Ver Datas
Filho de Israel, 92 Profético, 343, 402-405, 408, 414, Literário (a)
Província de, 204, 255, 265, 266 456 Crítica, 72
Queda para a Babilônia, 55-56,158, Salmos de, 307, 310, 311-12 Pano de fundo bíblico, 292, 476
162, 224, 246, 257, 351, 362, Lâmpada Ver Menorá Literatura apocalíptica, 346,349,363,
398-400, 402-405, 409, 410, Laquis, 169, 244, 246, 338, 399 366, 425, 428-429, 426-436
419, 421, 452-453, 458-459 Lei Literatura de sabedoria, 23, 159, 290-
Reino do sul, 52, 54, 210, 234, 256, Antiga, 122-124 301, 330, 333
257, 259, 342, 349, 355, 358, Casuística, 106, 122 De Salomão, 290, 292,314-23,330
364-365,366,414,440,444,446 Cerimonial, 122, 123 Egípcia, 290, 291, 297, 316, 319
5 08
Indice por assunto
Em Jó, 290, 292 Costa, 49, 109, 286, 452 Geografia de, 42, 452
Em Salmos, 290, 308, 310 Ilhas do, 85 Israel e, 186, 213, 230, 232
Literatura dramática, 188, 293, 299, Mar, 36, 38, 39, 40, 42, 447 Na caminhada do Êxodo, 48, 128,
332 Medo-Persa, 348, 402, 434, 435, 436 130, 135-137, 142, 143, 144,
Livramento Guerras da, 160, 349, 362, 402 146, 148, 149, 151
Do julgamento, 449 Império, 46, 54, 56, 59, 159, 255, Profecias sobre, 239-240,354,362,
Do remanescente, 375 269, 272-273, 350, 351-352, 366, 394, 400, 403, 418, 424,
Dos assírios, 244 371, 429, 433, 434, 436, 464 445, 460
Em Êxodo, 112'113 Libertação do exílio, 224,257, 264- Religião de, 136, 137
Por Deus, 364, 367, 373, 378 66, 268 Rute e, 187, 188, 189, 193
Por juizes, 182, 184 Megido Ver Vale de Jezrcel Moisés e os profetas, 69
Livro Memoriais, 172 Monarquia Ver Reino
Da aliança/das Leis de Moisés Ver Pedras, 146, 172, 177 Monólogos na literatura de sabedoria,
Lei/Pentateuco Mênfis, 39 290-291, 298
Da Consolação, 396 Menorá, 413, 467 Monoteísmo, 70, 72, 82, 84, 145, 150,
Dos anais dos Reis de Israel/Judá, Mensageiro, o profeta como, 341, 344 152, 153, 228, 234, 272, 274,
223 Mensagem de Ezequiel, 409,410, 418, 294, 295
Livros Proféticos, 22 420 Montanhas Antilíbano, 40
Anteriores, 23, 160 Menzaleh, 108 Montanhas Cáucaso, 36, 57
Criatividade nos, 343 Meretrício, 441, 442 Montanhas, profecia para as, 410
Na Bíblia hebraica, 23, 24 Meribá, 142, 145, 148 Monte das Oliveiras, 412, 422
Loucura de Nabucodonosor, 435 Mesopotâmia, 44, 46, 47-48, 57, 78 Monte de Moisés Ver, Jebel Musa
Loucura, 316, 317, 323 Cultura da, 45, 53, 56, 78, 93, 118, Monte Pisgá, 135
Louvor, 200, 219, 304 290, 291, 292, 299, 316, 411 Moralidade distorcida, 357
Em Salmos, 307, 309, 311 Deuses da, 408, 411 Moré, 93, 97, 99
No sofrimento, 311 Literatura da, 291, 292, 299 Moresete-Gate, 455, 460
Ludlul beml nemmeqi, 292 Região geográfica da, 37-40,43,66, Moriá, 97
Macabeus, 18, 434, 436 86, 246, 345, 348, 350, 351, Morte
Macpela, 62, 95 400, 401, 452 Dc Cristo, 375-376, 446, 468
Mal/Mau Viagem/comércio na, 43, 44, 198 De Elias, 239
Ao redor, 456 Messiânico (a) De Josué, 169, 183
Da Assíria, 457 Era, 354, 360, 466, 475 De Moisés, 142, 148, 168, 170
Espírito... em Saul, 201-202 Esperança, 255, 258,309,348,356, De Saul, 205-206, 210, 211-212
Pastor, 468 358, 364, 449, 465, 475, 476 Do servo sofredor, 375
Problema do, 83, 294, 298-301 Linhagem, 173, 211, 361 Escolha de, 386
Maná, 131, 172 Nomes, 360 Universalidade da, 328, 329
Manassés, 171, 176, 177, 178, 186 Ofício, 216, 472, 475-476 Mulheres em Provérbios, 317, 320-
Manre, 97 Reinado, 468, 469 321
Manto de Elias, 239 Reino, 421 Muro Oriental, 314, 328, 361
Manuscritos, 26, 27, 29 Salmos, 307, 309-311 Muros, reconstrução em Jerusalém, 46,
Mar da Galiléia Ver Kinercte Messias/Cristo, 98,309-310,348,356, 59, 265,266,269-270, 274,352
Mar de Juncos, 108-09, 112, 115,482 373, 468-469, 475, 476 Música, 284, 304
Ver também Mar Vermelho Em Isaías, 375-376 Instrumentos de, 283, 306, 307,
Mar Morto, 40, 42, 57, 212, 400, 423, Julgamento do, 473 361
440, 452 Vinda do, 100, 423, 434, 465, 473 Nação de escória, 414
Mar Negro, 36, 57 Método histórico-gramatical, 29-31 Nações Ver também Profecias contra as
Mar Vermelho, 36, 40, 57, 64, 108- Métrica poética, 282, 286 nações
109, 129 Micenas, 49 Cura para as, 423
Masada, 212 Midiã, 105, 110 Evangelho para as, 449
Mask.il, 307 Milagres Julgamento sobre as, 460, 461
Masoreta, 26-28, 31, 481 De confirmação, 344 Lista das, 84, 85
Medeba, 232 De Eliseu, 240 Naftali, 360
Média Idade do Bronze Ver Idade do Milênio, 424, 425, 469 Narrativas em primeira pessoa, 270-
Bronze Mishna, 69, 72, 475 271
Media Ver Medo-Pérsia Miskal, 306 Natureza caída da humanidade, 68, 79,
Mediador da aliança, 397 Mispa, 42, 57, 200, 205, 228 82, 84
Medidas honestas, 320, 423 Mito, 66, 72, 159, 164 Nazaré, 378
Médio Império. Ver Egito Moabe/moabitas, 27, 30, 57, 218, 445 Nazireu, voto, 131
Mediterrâneo (a) [Ver também Línguas] Nebo, Monte, 148, 153
5 09
índice por assunto
Neguebe, Deserto do, 40, 42, 43, 57, Palestina Ver Síria-Palestina Pelesete Ver Palestina
93, 97, 99, 204 Palmira, 252 Pentateuco samaritano, 28, 29
Nínive, 38, 57, 365, 367 Panela em Jeremias, 385 Pentateuco, 23, 24, 28, 47, 63-75, 78,
Profecias sobre, 453-454, 456-458, Panela enferrujada, 415 158, 260, 267, 322, 340, 476
460 Pão, 119 [Ver também Pentateuco samari
Queda de, 245,349,350,419,459, Papiros do Mar Morto, 27, 28, 29, 30, tano]
460 31, 272, 372-73, 435, 436, 459 Autoria do, 68-75
Nobe, 205 Pará, 388, 391 Ênfase do, 66-69
Noiva, Israel como, 413, 440, 441 Parã, Deserto de, 131, 132, 134, 136 Estrutura do, 73
Nome, mudança de, 96, 97-98 Parábolas, 290, 344 Pentecostes, dia de, 444
Nova Jerusalém, 423 Paralelismo antitético, 282-83, 286, Pequeno Apocalipse, 353, 354, 363-
Novo Império [Ver Egito, Novo Impé 318 364
rio] Paralelismo literário, 85 Perdão
Novo Testamento, relação com o An Paralelismo na poesia hebraica, 282, Do pecado, 216,217,220,301,376,
tigo, 475, 476 287, 318 377, 379, 397
Núbia, 48, 57 Paralelismo sinônimo, 282-83, 286 Nacional 147, 431
Números usados na Bíblia, 108, 129, Paralelismo sintético,282,283-84,286 Peregrinação, 309
130, 320 Paralelos, literários/culturais, 91, 292, Período intertestamental, 428
Nuvem da presença divina, 107, 130, 316, 331, 345 Período neobabilônio Ver Babilônia,
131 Páscoa, 106, 130, 172 novo império
Nuzi, 95, 99 Pastor, Deus como, 456 Período pós-exílio, 69-70, 158, 252,
Obediência Pátio do tabernáculo, 104 253, 254, 255, 256, 264, 266,
A Deus, 106,112, 144, 145, 146-147, Patriarcas, 44-46,48,90-100,143-148 329
222, 225, 249, 329 Aliança com, 356 Perseguição
Ao governo, 431 Genealogia dos, 255 Do povo dc Deus, 272-275, 429-
Obelisco Negro, 241 Teologia da retribuição e os, 163 431, 433
Obras, salvação por, 454 Paz/shalom, 347 Dos profetas, 388-392, 410
Obrigações da aliança, 261, 347, 386, Em Isaías, 356 Pérsia Ver Medo-Persa
387 No reino messiânico, 361, 468 Perversos, 395, 308, 455-456
Oferta de cereais, 120, 123 Ofertas de, 120 Planalto Central de Benjamim, 212
Oferta de culpa, 120, 122, 123, 124 Pecado Ver também Retribuição, Teo Plano de Deus, 26, 30, 84, 99, 134,
Ofertas Ver Sacrifícios logia da 148, 197, 200, 201, 211, 256,
Oleo no ritual sacerdotal, 104, 119, Condenação profética do, 231, 232 355, 360, 361, 362, 374, 375,
348 Confissão do, 216, 219-220, 270, 376, 422, 452, 465, 466, 470
Oliveiras, 466 307-308 Pluralidade Ver Casamento misto; Re-
Onipotência, 297, 298 Conseqüências do, 64-65,147,216- lativismo
Opressão dos pobres Ver Injustiça so 17, 219, 220, 254, 295-296, Poesia
cial 391, 394, 413 Livros de, 24
Oração, 297, 379, 397 De Acã, 162, 173, 182 Hebraica, 282, 284
De Ezequias, 367 De Davi, 162, 211-212, 216-217, Ugarítica, 284, 286-287
De intercessão, 386-387, 388 219, 220, 253, 308 Politeísmo, 80, 146, 287, 292, 319
De queixa, 387-88 Desculpas para, 358, 414 Portão de Ishtar, Babilônia, 433
Em Daniel, 431 Destruição final do, 472, 473 Portão leste de Jerusalém, 422
Pelos perdidos, 398-399 Escravidão ao, 138 Portão/portões/porta/portas
Por intervenção, 379 Expiação do, 124, 466, 467 Da Nova Jerusalém, 422, 423
Por julgamento, 310 Libertação do, 375 De Jerusalém, 265, 377, 469
Organização Nacional, 270, 378, 388-389, 409 Povo de Deus, 347,356,364,373,378-
De Deuteronômio, 142, 143 Oferta por 120, 124 379, 455, 464, 466, 468
De Esdras-Neemias, 265 Original, 82-84, 86 Povo escolhido, 99,182,259,260,378-
De Samuel, 210 Perdão do, 122, 456 379, 446, 466
Dos Salmos, 306 Purificação do, 347, 358 Povos do mar, 46, 49-50, 57 [Ver tam
Orgulho, 432-433 Sacrifício pelo, 120-121, 122, 123, bém Filistia/filisteus]
Origens de Jó, 298 124 Pragas do Egito, 48, 66, 67, 68, 104,
Ossos secos, visão dos, 421 Sexual, 137, 138, 184, 196, 216, 105-06, 112 [Ver também julga
Ouro 318, 322-323 mento de Deus]
Bezerro de, 136 Sob juizes, 184 Preâmbulo de tratado de suserania,
Bezerros de... de Jeroboão, 238 Tentação, 318 149, 150, 152
Portão de„, de Jerusalém, 469 Tristeza pelo, 307-08 Premilenialismo, 379
Pai/mãe na literatura de sabedoria, 291 Peixe, Jonas e o, 454, 460 Prenunciar Ver profecia de previsão
510
índice por assunto
Presença de Deus, 107, 134, 171,226, Profetas anteriores Ver Profetas De Jeroboão, 222
259,260, 411412 Profetas Maiores, 23, 24 Dc Saul, 200-201, 202, 205, 206
Em Êxodo, 107, 108, 113415 Profetas Menores, 23, 24 De Zedequias, 413
Em Números, 128, 130, 131 Profetas não-literários, 346, 350 Em Israel/Judá, 147-48, 400
Primogênito, 47, 97, 104, 239 Prólogo de Jó, 293, 294, 298 Final, 432
Princípios para os pais, 314, 317 Propósito de Deus, 388, 429,452-454, No deserto 131-135, 137, 388
Profecia (s) 455 Recabe/recabitas, 212, 398
Contra as nações, 354, 360, 363, Propósito de Redenção/livramento Ver também Sal
394, 400, 402, 418420, 432, Cântico dos Cânticos, 286, 288 vação
445, 447, 448, 452453, 460 Crônicas, 252, 253, 254-255 Da Babilônia, 370, 374
De Ezequiel, 18-20, 414416 Eclesiastes, 286, 288, 327 Do Egito, 112
Profecia clássica/profetas, 341, 348- Esdras, 266 Refains, Vale dos, 212-218
349, 350 Jó, 286, 288, 301 Reformas, 222, 270
Profecia da estrela da manha, 418-19 Provérbios, 286, 288, 313-322 Sob Ezequias, 222, 240, 241, 244
Profecia de previsão, 342, 344, 371, Reis, 240 Sob Josias, 240, 244, 246, 351,
373, 380, 397, 428 Salmos, 286, 288 384-85, 459
Profecias dos ais, 354, 357-358, 364- Proteção de Deus, 430 Regência de Belsazar, 432, 433, 435
365, 366 Proteger o muro, 415 Registros antigos, 223-224, 244, 400,
Profecias sobre Provérbios de Salomão, 316-321 402, 435, 459
A Babilônia, 354, 362, 367, 394, Provérbios, 313 Regras sobre carne, 121
401-402, 403, 411, 458 Pseudônimos, livros bíblicos com, 428, Rei (s), 184-185, 435, 467
Damasco, 354, 360, 362, 366,394, 436 Lista de, 223, 230, 233
401, 403, 445 Pureza, chamado a, 65, 317,318, 322, Salmos para o, 307, 308
Edom, 394, 400, 403, 418, 419, 378, 412-413 Reino dividido, 46, 52-55, 56, 158,
424, 445, 452-453 Purificação dos pecados, 347-348 222, 223, 224, 227, 228-238,
Egito, 354, 362, 394, 400, 403, Purim, 272, 273, 275 245-249, 257, 340, 346
413, 419, 424, 443, 467 Qarqarm 348 Durante o reinado de Davi, 212,
Jerusalém, 354,362-363,366,375- Quebar, Rio, 409 217, 218, 225
377, 380-381, 391, 395, 409, Queda Ver também Lamento sobre Je Reino sacerdotal, 114
468, 469 rusalém Reino unido de Israel, 52, 158, 196,
Nova Jerusalém, 423, 424 Da Babilônia, 418, 457, 464 197, 199-200, 210, 211-220,
Sobre o Messias 354,358,360,366, De Judá/Jerusalém, 53, 55-56,158, 222,224-228,254-257,258-260
374,375-76,380,381,396,423, 162, 224, 238, 244, 246, 247, Reino/reinado Ver também Reino divi
443, 455, 465, 468-469 254-255, 351, 360, 362, 368, dido; reino unido
Profetas 375, 394, 398-400, 402-405, Começo do, 196-206, 210, 256-
Anteriores, 160, 164 408-412, 415, 416, 418-419, 257, 258-260, 340
Atos simbólicos feitos por, 388,397, 421, 452-453, 458-459, 467 De Davi, 46, 52, 158, 185, 209,
398, 415 De Nínive, 456, 457, 460 210-220, 254, 255, 256, 258-
Cristo entre, 344 De Samaria, 54,161-162,243-244, 259, 423, 440, 445
Elias entre, 231-234, 238-239 254-255, 349, 360, 362, 375, De Deus, 59, 259, 284, 348, 356,
Eliseu entre, 239-40, 241 415, 441, 442 357, 365, 374, 380, 424-425,
Falsos, 342, 389, 395-396, 398, Quedar, 394, 401, 403 429, 431, 432, 433, 455, 464,
403, 404, 405, 408, 412, 455 Queixa contra Deus, 387-88, 389 465-466, 468, 469, 475
Jeremias entre, 385-391,394,400-403 Quenitas, 110 De Salomão, 224-228, 253, 259,
Juizes entre, 158, 161, 196 Querubim, 411, 412 327
Julgamento pelos, 391 Quiasmo, 142-143, 284-285, 430 Sacerdotal, 114
Milagres feitos por, 240, 243-244 Quiriate-Jearim/Baalá-Judá, 198,199, Reinos, visão de Daniel dos, 429, 430,
Moisés entre os, 148, 242 214, 219 431, 432, 433, 434
Não-literários, 346 Qumran, 27, 28,30, 372-73,436-438, Relativismo moral Ver Relativismo
Nas culturas pagãs, 344, 350 459 Relativismo, 185, 268, 357
Ofício de, 231, 233, 234, 240, 266, Racionalismo, 295, 298 Remanescente
341-342, 343, 344, 350, 409- Ramá, 199, 205, 228 Fiel, 355, 356, 360, 373, 375, 410,
420, 455 Rapto, 106 412, 468, 469, 470, 473
Perseguição contra, 388, 389 Ras Safsaf, 110 Teologia do, 355,356,365,370,376
Pós-exílio, 159 Ras Shamra Ver Ugarit Renovação da aliança, 144, 265, 270,
Samuel entre, 198, 242 Realeza 341, 351
Tradição dos, 242 Salmo (s) da, 307, 308-309 Renovo messiânico, 357, 361, 397,
Videntes, 341, 342, 350 Rebelião contra Deus, 138, 142, 238, 398, 467
Vigias, 420 355, 356, 385, 386 Resgatador, 189, 190, 191
511
índice por assunto
512
índice por assunto
Síria-Palestina, 37, 39, 40, 42, 43, 44, Saqueado por Jeoás, 241 Tribos de José, 421
46, 47, 48, 49, 52, 53, 56, 98, Segundo, 46, 265, 266, 424 Tribulação, grande, 421, 424
242, 332, 340, 349 Tesouros do, 265 Tributo de vassalos, 213,218,240, 242,
Moderna, 93, 286 Tenda da congregação, 104 243, 245
Sitz im Leben, 70, 72 Teocracia, 206 Tristeza
Soberania de Deus, 68, 72, 82, 105- Teodicidade, 83, 292, 294, 298 Pelo pecado, 307-308
106, 111, 148, 158, 159, 164, Teofania, 110,113, 225, 226, 227, 234 Jejum por, 379
187, 192, 258, 294-298, 356, Teologia deuteronômica Ver Retribui Trito-Isaías, 371, 379
374, 375, 385, 418, 432, 437, ção, teologia de Tróia, 49
444, 449, 457, 458, 459, 467 Teologia neo-ortodoxa, 24. 30, 31 Trombeta de chifre de carneiro Ver Shofar
Sodoma, 91, 356, 362, 401, 413 Teoria da inspiração limitada, 25 Trombeta Ver Shofar
Sofrimento, 294-299 Teoria da inspiração verbal plenária, 25- Túnel de Ezequias, 257
De Jeremias, 391-392 26, 30, 31 Ver também Bíblia; Ugarite/Ras Shamra, 285, 286
Pela fé, 456 Inspiração das Escrituras Ugarítico Ver Línguas
Problema do, 291-92 Teoria do ditado, 24, 30, 31 Unção
Sol, adoração do, 408, 411, 415 Terra Chamado de Deus, 348
Sonhos, 345,429,430 Ver tarnbém Visões Compra por Jeremias, 394, 397 Óleo de, 104
Suez, Canal de Ver Suez, Golfo de Divisão de, 137, 423 Unidade de Deus, 145-146
Suez, Golfo de, 39, 57, 109 Propriedade de Deus, 420 Ur, 47, 66, 83, 93, 97, 99, 402
Sumer/sumérios, 38, 44, 45, 46 Terra prometida, 65-66, 100,108,113, Povo de, 54
Sumo sacerdote, 58, 122, 145, 198, 114, 115, 123, 128, 144 Uruk, 84
266, 466, 467 Conquista da, 48, 64, 72,130,131, Uvas estragadas, Israel como, 442,448
Cristo como, 310, 398 134, 136, 137, 158, 168-172, Vacas de Basã, 447
Sunamita, 240 176, 177, 178, 182, 183, 340 -Vale do Elate, 43, 57, 254
Susã, 272, 273, 275 Entrada na, 138, 142 Vassalo, 360
Tabernáculo, 104, 113, 114, 119, 121, Falha em entrar, 132, 137 Vaticinium ex eventu, 346, 428, 436
128, 131, 147 Vida na, 151 Vento, correr atrás do, 328
Construção do, 104, 119 Terras altas da, 40, 42, 43, 57 Vestes sacerdotais, 104
Em Silo, 196, 387 Planalto da, 43 Via Maris, 42-43, 44, 48, 56, 57
No tempo dos juizes, 187, 190 Terremoto, 134, 445 Viagem, 56
Presença de Deus no, 134 Testamento de Moisés, 143 Mar, 254
Propósito do, 107-108 Testemunha Rodovias, 42-44
Tabernáculos, Festa dos, 270 Ás nações, 455 Vida, 317, 334
Tabor, Monte, 182, 443 De Deus, 390 Em Salmos, 305
Tábuas da lei, 104 Escrituras, 24, 372 Futilidade da, 295, 326
Talmud, 69, 72, 475 Tetratêuco, 162, 163, 164 Vidente, profeta como, 340, 349
Targuns, 28, 29, 30 Texto (s) Vinhedo de Israel, 357, 412, 413, 415,
Tarsis, 453 Acádios, 345 442, 443
Tebas, 48, 57, 458, 460 Dc presságio, 344, 346, 349, 350 Vinho, símbolo em Jeremias, 388
Tel Abibe, 409 Mari, 344, 345, 348, 349, 350 Violência, 378
Tel Aviv, 452 Ver também Jope Massorético, 28, 29, 30 Virgem, Sinal de uma, 358-60
Tema de preparação Timnate-Sera, 176 Visões, 266, 345 Ver também, Sonhos
Em Números, 130 Tiro, 213, 214, 226, 240, 354, 363, Apocalípticas, 428
Temor do Senhor, 146, 292, 316, 322, 366, 418-419, 424, 445 De Amós, 447-449
326, 327, 329 Títulos de Salmos, 306 Dc Daniel, 428,429,430,431,432,
Templo, 52, 257, 265-266, 356 Topografia do antigo Oriente Próximo, 434, 489
Adoração no, 119, 386 36-44 De Ezequiel, 409,411,421,422
Construção do, 226, 253 Torá, 23, 27, 30, 64, 72, 112, 267, 379 Noturnas, 465, 466
Destruição do, 56 Autoridade do, 247 Viúvas, 187, 446
Espiritual, 422-424, 464, 467 Bênçãos para os gentios, 377 Volta de Cristo, 433
Falha do, 404-405 Obediência ao, 347 Vulcões, 110
Glória de Deus no, 411 Transcendência de Deus, 24,30, 69, 72 Vulgata, 42, 326, 334
Novo, 422, 424 Transjordânia, 135, 174, 178 Yafo Ver Jope
Primeiro, 211, 214, 218, 219, 225, Transmissão de texto, 26-28, 30 Zagros, Montanhas, 36, 37, 48, 57
226, 227, 255, 256, 259-261 Tratado de suserania, 149-150,153,163 Zebulom, 360, 453
Profecia contra, 395 Tribos de Israel, 52 Zerede, 42, 57
Reconstrução do, 159,241,255,265, Divisão de terras entre as, 170, 175, Ziclague, 196, 204, 205, 210, 211
266, 269, 351, 422, 464-466 176-177, 178 Zigurate, 83, 84, 86
Rolo, do 459 Espirituais, 423 Zim, Deserto de, 134, 136
513
39.1-23 92 13.21,22 107
39.2 113 14.30,31 106
514
índice por passagens bíblicas
16.1848.22 147 32.48-33.29 143 17.12.13 176, 183 12.8-10 184 5.8-12 199
17.14-20 162 32.48-52 148 17.16-18 183 13.1-15.20 184 6.12-16 199
17.17 227 32 142, 148, 162 18.1-6 198 17.1-21.25 183 6.19-21 199
18.1549 148 33.1-29 148 18.1 196 17.6 182, 184, 186 6.4.5 199
18.15 341 33 142, 150 18.2-4 183 17-18 183, 184 7.1.2 214
18.15 355 34.1-12 143, 148 18.23 388 17-21 183, 184, 7.7-14 199
18.21.22 342 34.10 148,242 19.13 453 186 8 . 10-22 200
18.9-22 162 34.4 148 20.1-9 176 18.1 182, 184 8.19b,20 50
19.1-24.7 147 34.8 170 20-21 168, 176 19.1 182, 184 8.4.5 199
21.17 239 34 142, 150 21.18 384 19-21 183,184 8.6.7 197
21-26 153 21.43-45 170, 177 21.25 182, 184, 8.7 200
23.3.4 377 Josué 21 176 186, 196 8-12 196, 199
24.17-26.15 147 1.16-18 177 22-24 167, 168, 10.10-12 346
24.3-8 149 1.5 170 177 Rute 10.10 342
24.8-16 147 1.6,7,9 170 22 168 1.1-5 188 10.1 200
24.8 75 1.8 64 22 177 1.11 188 10.17-26 200
24-26 150 1-12 167,168,170 23.1-24.27 168,177 1.16-17 188 11.1.2 400
25.5.6 191 1-5 168, 170, 173 23.1-6 177 1.19 188 11.14,15 200
27.1-26 143 2.1-24 171 23.12.13 471 1.20,21 192 11 200, 206
27.1-31.30 142, 3.1-5.15 172 23 162 12.1-5 341
1.5 192
143, 146, 153 3.7 170 24.1-28 177 1.6-22 188 12.17.18 197
27.12 146 3-4 172 24.11 214 1 188, 191 12.20-25 200
27.4 146 4.9 169 24.15 177 12.3-5 200
2.1-23 188
27.5.6 161 5.10-12 130 24.26 169 12.8-18 200
2.1 188
27-28 146, 247 5.9 169 24.28-33 168, 178 12 162
2.18-23 189
27-30 143 5 172 24.29-31 169 13.14 52, 200, 203
2.2.3 189
27 146 6-9 167, 168, 172 24.31 178 13.19-22 50
2.20 189
28.1-68 143 6 170 24 149 13.8-14 197, 200,
2.4-7 189
28 69, 147, 150, 7.1-8.35 173 3.1-18 188 341
162, 222, 298 7.26 169 Juizes 13-15 196, 200
3.10-13 189
29.1-30.14 143, 7 162, 182 1.1-2.5 183, 185 3.10 190 14.19-23 200
147, 153 8,24 156 1.19 183 3.12.13 190 14.24-46 200
29.1 142 8.18 241 1.8 210
4.1-17 188 14.47 200
29.20 397 8.30-35 146, 161, 2.1-5 184 15.1-31 197
4.13 192
29.31 177 177 2.13,14 184 15.1-3 169
4.17 192
29-30 146 9.1-27 173 2.16-23 184 15.10-31 341
4.18-22 188
30.15-20 143, 147 9 218 2.16 182 15.15 201
4.3 191
30.19 150, 152 10 168, 173 2.19 184 15.20.21 201
4.6 191
31.1-30 143 11.1-15 168, 174 2.2,3 184 15.23 201
4 188, 190
31.14-23 147 11.15 174 2.6-15 184 15.24.25 201
22 188
31.14 170 11.16-12.24 168, 2.6-16.31 183,184, 15.24.25 201
23 189,190
31.19-22 150 174 186 15 200
31.19 147 11.18-20 169 2.6-3.6 183, 184 16.1-13 197, 201,
1 Samuel
31.23 147, 170 11.20 176 3.1-6 184 210
31.24-29 147 11.21 170 3.12-30 184 1.1-3.21 196, 198 16.1 197
31.26 245 13.1-13 183 3.31 184 1.10.11 198 16.14-23 197,201
31.3.7.8.14.23 170 13.6 170 3.5,6 268 1.19.20 198 16.18 202
31.3 147, 170 13-21 67, 168 3.6-16.31 183, 184 1-15 196 16.7 203
31.7.8 170 13-24 170 3.7-11 184 2.12-17 196 16-31 196,201
31.9,19,22,24 68 13 168, 176 4.1-5.31 184 2.22-25 196 16 196, 201, 304
31.9-13 147, 150 14.6-15 176 6.1-8.28 184 2.27-36 198 17.1-18.5 197
31.9 75 14.8 176 6 186 2-3 201 17.26.36.46.47 202
31-34 143 14-19 168, 176 10.1,2 184 3.10 198 17-34-37 203
31 147, 153 14 177 10.3-5 184 3.20 198 17.47 203
32.1-32.47 147 15.63 169, 176 10.6-12.7 184 4.1-7.17 196,198 17 196,202
32.1-34.12 143,147 15-19 176 10 182 4.10.11 199 18.1 203
32.1-47 143, 147 16.10 169,176,183 11.26 108, 109 4.1 198 18.6-9 203
32.1 150 16-17 176 12.11,12 184 5.3,4 199 18-27 196,203
32.47 26 16-18 183 12.13-15 184 5.6 199 19.20.21 346
516
índice por passagens bíblicas
19.23,24 342 11-12 210-216 6-7 226 16.21-28 228 4.1-7 240
19.9'11 203 11 211,253 8.1-4 245 16.21-28 230 4.38-44 240
20.24-34 203 12.21 379 8.10-11 226 16.25,26 222 4.8-37 240
20.32,33 203 12.7 216 8.23,24 226 16.29-18.29 228 5.1-27 240
21.1-9 203 13.4 217 8.25,26 226 16.29-22.53 224, 6.1-7 240
22.7-19 203 13-14 210, 217 8 226 230 6.24-7.20 240
23.29-23 203 13-20 210,217 9.16 169 16.29-33 222 6.8-23 240
23.7,8 203 13 210 9.2 226 16.29-34 230 8.1-6 240
24.1,2 203 15-19 210,217 9.26,27 40 16.31-33 231 8.18 240
24.16-22 204 16.23 218 9.26 483 17.1 231,341 8.26,27 240
24.3-6 204 19.41,43 218 9.3 226 17.17 227 8.7-15 240
24.6 348 20 210,217 9.4,5 226 17-19 231 9.1-10.28 240
25 161,204 21.1-14 218 10.10,13 226 18.1 231 9.1-13 240
26.1,2 203 21.15-22 218,219 10.23 226 18.19 231 9.22-26 234
26.21 204 21-24 210,218 10 222,226 18.21 231 9.22 490
26.6-16 204 22.1-23.7 218 11.1-43 224 18.36-38 231 9.27 240
27.1-3 204 22 219 11.14-22 227 18 341 9.30-37 234
27.6 196 23.8-39 218 11.14 227 19.11,12 231 9-10 240, 241
28-31 196,204 24.1 219 11.2 227 19.19-21 239 9-17 228
28 204 24.24 220 11.23-25 227 19.2 231 10.1-17.41 238
29 204,205 24 218,219 11.26-40 228 19.3,4 231 10.32,33 240
30 205 11.29-30 346 19.5-8 231 11.1-20 240
31.11,13 212 1 Reis 11.3 227 19.9-18 231 11.4-21 240
31.13 379 1.1-11.43 224 11.41-43 228 19 162 11 240
31.2 203 1.1-2.46 224 11.41 223 20.1-43 232 12.2 241
31 212 1.5-2.24 253 11.4 52 20.42,43 232 12.3-5 241
1-11 224,256 11.9-13 227,253 21.17-24 234 13.14-19 240
2 Samuel 1-2 224,225 21.20 234
11 223,224,227, 13.14-20 241
1.14 348 1 220 228 21.21 240 13.19 249
1.18 210 2.26,27 384 12.1-16.28 224,228 21.25 234 13.20,21 240
1-10 210 2.3,4 386 12.1-22.53 224 21.27 379 13.25 249
1-4 210,211 2.3 482 12.1 238 21.3 191,232 13-17 241
1 210, 211,212 2.4 216 12.25-33 228 21.4 232 13 241
2-4 210,212 3.1-10.29 224 12-14 228 21 231,232 14.23-29 241
3.2 217 3.1 169,227 12-22 228 22.2-4 234 14.25,28 241
3.3 217 3.12,13 225 12 228 22.39,40 230 14.25 440,453
5,8,10 210,212 3.13 226 13.1-10 346 22.52 238 14.3 241
5.11 445 3.14 225 13.1 228 22.7-28 346 14.6 64
5.17-25 212 3.16-28 225 13.2 372 22.8 234 14.8-14 241
5.3 218 3.28 226 13.4-10 228 22 234 14 241
5.4 210 3.3 225 13 346 15.1-7 242
5.5-9 210 3.5 225 14.1-18 228 2 Reis 15.19,20 242
5.6-10 169 3-10 224 14.10,11 228 1.1-13.21 346 15.29,30 360
5-24 210,212 3-11 225 14.15,16 247 1.1-17.41 238 15.29 242
5-6 210,213 3-4 256 14.19 223 1.1-9.37 238 15.32-38 242
6.1-19 210 3 225 14.21-16.28 228 1.3 238 15.8-31 242
6.6-8 214 4.1-6 226 14.22-24 228 1-17 238 15 247
7.10,11 216 4.20-28 226 14.29 223 1-17 238 16.3 242
7.12,13 216 4.21 226 14.9 228 1 231,238 16.7,8 358,360
7.13 216,217 4.25 52,226 15.1 223 2.1-18 239 16.7 243
7.14,15 216 4.29-34 226, 290, 15.16-33 223 2.13,14 239 16.8 243
7.14 216 321 15.17-22 228 2.19-22 239 16.9 360
7 100, 210, 211, 4.32 305 15.18 232 2.23-25 239 16 242
214, 258, 308, 4.7-19 226 15.2 223 2.8 239 17.1-6 243,362
386 4 226 15.31 223 2.9 239 17.13-23 238
8.1 213 5.1-12 445 15.3 223 2-8 239 17.15,16 243
9 218 5.1-8.66 226 15.33,34 222 2 239 17.15 243
10.1-4 400 5 226 15.7 223,228 3.1-27 240 17.18,20,23 243
10 213 6.1 108, 109 15.8 223 3.4 445 17.22,23 247
51 7
índice por passagens bíblicas
17.23 249 24.8-17 238,246 29-32 244 8.1-14 265 8.10-18 265
17.2441 243 25.1-21 246 29-36 256 8.15-20 265 8.1 276
17.24 266 25.22-26 246 32 257 8.21-32 267 8.13-18 270
17.29 243 25.27-30 163,224, 33.1-20 244 8.21-36 265 8.6 270
17.41 228,238 238, 246, 395, 35.25 403 9.1-15 265 8-10 270
17.5,6 243 402 36.22,23 58, 224, 9.1-4 268 9.1-37 265
17.6,7 169 25.8 467 252, 254, 257, 9.14 268 9.3 270
17.7-23 243,376 258 9.5-15 268 9.38-10.39 265
17 243 1 Crônicas 9.6 268 9.38-10.39 270
18.1-20.21 238 1.1-2.2 255 Esdras 9-10 471 9 270
18.1-25.30 238 1-9 255,256 1.1-2.70 265 10.1-17 265 11.1-12.26 265
18.1346 367 2.3-4.23 255 1.1-4 58,265 10.1-4 268 11.1-36 265
18.1349.37 244 4.24-8.40 255 1.1 276 10.1-44 265 11 270
18.4-6 244 8 256 1.2,3 257 10.12-44 269 12.1-26 265,270
18.4 257 9 255 1.2-4 258,265,266 10.18-44 265 12.27-47 265,270
18.7 244,367 10.1-11.3 256 1.5-11 265 12.27 270
18.8 244 10.13,14 256,257 1.8 265 SMeemias 12-13 271
18-20 244 10-20 256 1-6 58,265,271 1.1-11 265 13.1-31 265
18-25 224, 238, 10-29 255,256 2.1-70 265 1.1-11 265 13.1 482
243 10-36 256,257 2.2 265 1.1-3 252,265 13.23-29 471
19.1549 244 10 255 2.2 464 1.1-3 265 13 270
19.15 244 11-12 255 2 270 1.11 269
19.20-34 244 13-22 255 3.1-6.22 265 1.1 164 Ester
19.35-37 244 15.17 304 3.1-6 265,266 1.3 269 1.19 273
19.35 245 15.4,5 304 3.10,11 266 1.4-11 265 1.2-22 272
20.1-11 244 15-16 304 3.11 276 1-13 58 1.3 272
20.12-19 244 17.13 258 3.12,13 266 1-6 269 1-2 272
20.2 244 17.7-14 255 3.2 464 1-7 270 1 272
20 244 17 257,258 3.7-13 265 2.1-10 265 2.1-18 272
21.1-18 238,244 21.1 219 3.7-6.22 266 2.10,19 269 2.1-4 272
21.10-16 238 21-29 256 4.1-5 265,266 2.17,18 269 2.10 273
21.11-15 245,247 22.1-5 253 4.23,24 265,269 2.8 269 2.17 272
21.11 367 22.8,9 214 4.24 266 3.1-32 265 2.19-23 272
21.1 367 23.1-29.20 255 4.6-23 266 3.1-7.3 265 2.20 273
21.19-26 238,244 28.9 258 4.6-24 265 3 269 2.21-23 273
21.8-18 244 29.21-30 255 4.8-6.18 27 4.1-23 265 2.7 273
21.8 482 4 266,276 4.1-6.19 269 3.1-15 272
21.9 245 2 Crônicas 5,6 266 4.15 269 3.7,13 273
22.1-23.30 238,245 1-9 255,256 5.1,2 265 4.16 269 3 273
22.14-20 346 1 255 5.3-17 265 4.2,3 270 4.1-17 272
22.14-20 346 2-7 255 6.1-22 265 4.7,8 270 4.11 273
22.19 245 3.1 220 6.14,15 255 4.7 269 4.14 273
22.3-23.7 460 7.14 257 6.14-18 266 4.9 269 4.16 273
22.8-10 245 8-9 256 6.17 270 4 270 4-10 273
22.8 384 10-13 256 6-7 276 5.1-19 265 5.1-14 272
22 71 10-36 256, 260 7.1-10 265 5.14-19 269 5.14 274
23.22 245 13.8 259 7.1-5 266 5 269 5.9 273
23.26 257 14.1-21.3 256 7.1-8.36 265 6.1-14 265 6.1-14 272
23.29,30 246,400 20.15-23 169 7.10 265, 267, 276 6.15-19 165 6.11 274,275
23.31-25.21 246 20.19 304 7.11-26 265 6.15 270 6.1 274
23.31-34 295,414 21.4-22.12 256 7.12-26 6 270 6.7-9 274,275
23.31-35 238,246 21.7 214 7.27,28 265 7.1-73 265 7.1-10 272
23.36-24.7 238,246 22.3-5 240 7.28 271 7.4 270 7.3-6 274,275
24.10-15 395 23-27 256 7.6,9 267 7.5 270 7.9,10 275
24.18-25.21 246 24.17-25 241 7.6 266,267 7-13 265,270 8.1,2 275
24.18-25.26 238 26.1-23 242 7.7,8 271 7 269 8.1-17 272
24.2-4 245,247 26.6-15 440 7-10 58, 266, 271 8.1-10.39 265 8.3-17 275
24.20-25.7 169 28 256 7-13 265 8.1-12 270 8.8 273
24.2 249 29-31 257,319 7-8 267 8.1-9 265 9.1-10.3 272
518
índice por passagens bíblicas
519
índice por passagens bíblicas
520
índice por passagens bíblicas
39.1-8 354,368 53.10 376 6.22,23 401 25.21 401 46-51 418,432
39.1 350 53.12 376 6.9-15 386 25.9 401 47.1-7 394,400
39.3-8 342,355 53.3 376 7.1-15 346 26.1-24 386,394, 48.1-47 394,400
39.3 355 53.4-6 375,376 7.1-8.3 384, 386 395 48.11 400
39-40 372,373 53.7-9 375 7.12 387 26.2 24 48.29,30 400
40.1-11 373 53.7 376 7.4 386 26.24 399 48.47 400
40.1-31 370373 53.8 376 8.4'10.25 384,387 27.1-28.17 394,395 48.7 400
40.42 380 53.9 376 10.11 27 28.1-17 384 49.1-6 394,400
40-55 371 53 476 10.17-25 388 28.1-32 394,396 49.14-16 401
40-60 367 54.1-17 370,376 11.1-12.17 384,388 28.1-4 396 49.23-27 394,401
40-66 355, 356, 54.1-59.21 370,376 11.1-20.18 384,388 29.11 402 49.28-33 394,401
367, 369, 370, 55.1-13 370,377 11.18-20 388 29.8.9 384 49.34-39 394,401
371, 372, 373, 55.12 376 11.18-23 388 30.1-31.40 394,396 49.7-22 394,400
379, 380 56.1-8 370,377 11-20 388 30.1-33.26 394,396 49.9 401
41.1-29 370,373 56.9-57.21 370,378 12.1-6 388 30.9 396 50.1-51.64 394,401
41.8 356,373 56-66 371 13.1-27 384,388 30-33 396 50.29 401
42.1-25 370,374 58.1-14 370,378 14.1-17.27 384,389 31.15 396 50.34 401
42.1-4 372,374 58.5-7 379 14.13-16 388,389 31.31-34 396 50.40 401
42.1-9 373 58.6,7 446 14.17-22 388,389 31.3 396 50.41,42 401
42.18-25 374 59.1-21 370,378 15.10-21 388 31.34 397 51.11 402
42.23-25 376 59.20-21 378 15.10 384,389 31.35-37 397 52.1-34 394,402
43.1-44.8 374 60.1-22 370,378 15.1 389 32.1-44 394,397
43.1-45.25 370,374 60.1-66.24 370,378 15.15-18 384,389 32.17 397 Lam entações
44.24-45.25 374 61.1-11 370 15.19-21 389 32.27 397
61.1-3 378 1,2,4 403
44.28 371,374 15.4 367 32.7 397 1.1-22 402,403
44.9-23 374 61.4-11 378 16.1-4 384 33.1-26 394,397 1.1 403
45.1 356,371,374 62.1-12 370, 378, 16.1-9 389 33.15,16 398 1.2 403
45.23 374 379 17.1-18 389 33.17.18 398
62.4 379 2.1-22 402,404
45.5,6 374 17.14-18 388 33.2.3 397 3.1-66 402,405
46.1-13 374 63.1-6 370,379 17.19-27 390 34.1-22 394,398
63.7-64.12 370,379 3 320,403
47.1-15 374 18.1-12 389,390 34.1-39.18 394,398
65.1-25 370,380 4.1-22 402,405
47.1-47.15 370,374 18.1-19.15 384,390 34.18 94
65.17-25 380 5.1-22 402,405
47.8 374 18.18-23 388 35.1-19 394,398
66.1,2 381 5 403
48.1-22 370,374 19.1.2 392 36.1-32 394,398
48.1-52.12 370,374 66.1-24 370,379 20.1-18 384,392 36.21-23 384
66.20 378 Ezequiel
49.1-7 370, 373, 20.1-6 384 36.2 347
374 20.14-18 384,392 36.26 384 1.1-3 408,409,464
49.14-16 375 Jerem ias 20.7-10 384 36.4-21 385 1.1-5.17 408,409
49.3 356, 373, 375 1.1-19 384,385 20.7-13 392 36.4-6 347 1.3 408
49.5 375 1.1-3 385 20.7-18 388 37.1-38.28 394,398 1.4-28 408,409
49.6 374 1.10 396 21.1.2 394 37.17-20 346 1-24 407,418
49.8-26 370,375 1.1 342,384 21.1-23.8 394 37.17 384 1 422
50.1-11 370,375 1.17-19 389 21.1-29.32 394 37.5 400 2.1-10 409
50.4-11 373,375 1.4.5 343 21.1-52.34 394 38.14-23 384 2.1-3.27 408,409
50.6 375 1.5 385 21.8,9 394 38.17-23 413 2.5 408,409
51.1-16 370,375 1.6 384 21-52 393 39.1-18 394,399 2.64,65 464
51.17-52.12 370, 1.9-19 385 22.10-12 394 39.1 468 3.1-15 409
375 1-20 383 22.13-23 395 39.2 467 3.16-21 409
52.13-15 370,372, 2.1-10.25 384,385 22.18-19 398 39 402 3.17 420
373, 375, 376 2.1-3.5 384,385 22.19 395 40.1-41.18 394,399 3.22-27 410
52.13-53.12 370, 2.13 386 22.2-5 394 40.1-45.5 394,399 4.1-3 410
372, 373, 375, 2.28 386 22.24-30 395 40.5 399 4.1-5.17 408,410
376 3.6-4.4 384, 386 23.13,14 395 40.7-41.9 246 4.1-5 464
52.13 356, 372, 4.19-22 386 23.5,6 395,398 41.2 467 4.4-8 410
373, 375, 376 4 5^6.30 384, 386 23.9-40 394,395 42.1-43.13 394,399 4.9-17 410
52.14 376 5.1 386 24.1-25.38 394,395 43.4-7 384 5.1-17 410
52.15 376 5.18,19 386 25.1-14 395 44.1-45.5 394,400 6.1-14 408,410
53.1-3 375 6.13,14 384 25.12 396 46.1-28 394,400 6.1-7.27 408,410
53.10-12 356 6.13 466 25.15-38 395 46.1-51.64 394,400 7.1-27 408,411
521
Indice por passagens bíblicas
8.1-11.25 408,411 34 419 5 430, 431, 432, 6.1-11.1 442 8.4-14 449
8.1-6 408,411 35.1-15 421 435 6.11 490 8.5 423
8.14,15 408,411 36.1-37.28 421 6.1-28 429 6.3 441 9.1-6 449
8.16-18 408,411 38.1-39.20 421 6.12 273 6.4 490 9.11-15 445
8.7-13 408,411 38-39 421 6.15 273 6.6 443
8-11 411 39.17 421 6.28 435 7.11 441 Obadias
9.1-11 408,411 39.18 447 6.8 273 9.10-11.11 442 1.1-4 453
9.7 411 40.1-4 422 6 430 10.11 490 1.1-5 400
10.1-22 408,411 40.1-48.35 422 7.1-28 429 11.12-13.16 440, 1.10-14 400,418,
11.1-21 408,411 40.48-41.26 422 7.14 433 442 453
11.22-25 408,412 40.5-47 422 7.8 434 11.1 443 1.11-14 452
11 422 40-48 422, 423, 7-12 429,431,432, 12.3 490 1.15-21 452,453
12.1-20 408,412 424, 425 434, 435, 465 12.4 98 1.16 395
12.1-24.27 408,412 42.1-14 422 7 430, 431,432, 12.7 423,442 1.3 453
12.21-28 408,412 42.15-20 422 433, 434, 436, 14.1-9 440,443 1.5-9 452,453
13.1-23 408,412 43.1-12 422 437, 438,
Jo e l 1 452
14.1-11 408,412 43.13-27 422 8.1-27 429
14.12-23 408 43 422 8-12 434,436 1.1-20 443,444 Jo n as
14.12-23 412 44.1-45.8 422 8 431,432,435 1.13,14 444
44.2 422 9.1-27 429 1.1-16 453
15.1-17.24 408,412 1.15 444
45.9-46.24 423 9.11-13 482 1.1 453
15.1-8 412 2.1-17 443,444
47.1-12 423 9.20-23 431 1.17-2.10 453,454
15-17 412 2.11 444
47.12 423 9.24-27 431,433, 1.2 453
16.1-63 412 2.12.13 444
47.13-48.29 423 434 3.1-10 453,454
17.1-24 412 2.1 444
48.30-35 424 9.3 431 3.3 454
17 413 2.18-3.21 442,443,
9 431 3.4 346,454
18.1-32 408,413 444
Daniel 10.1-11.45 429, 3.5 379
18.23 414 2.28-32 444
433, 439, 490 2.31 444 4.1-11 453,454
18.32 414 1.1-2.4a 434
10-12 431,432 2 443 4.2 453
19.1-14 408,414 1.1-21 429
11.36-45 433 3.1-3 444 4.7-26 446
19.1 490 1.1 409
20.1-44 408,414 1.17 430,432 12.1-13 429 3 428
12.1-3 431, 432, Miquéias
20.45-21.32 408, 1.2 432
414 1.8 430 433 Amós 1.1-3.12 455
22.1-31 408,414 1.9 430,432 12.4 347 1.1,2 444 1.1-5.15 454,455
23.1-49 408,415 1-6 429, 430, 432, 1.11,12 400 1.1 455
24.1-14 408,415 433, 434, 437, Oséias 1.13 400 1.8-16 455
24.15-27 408,409, 438, 465 1.1-3.5 440,441 1.1 444,445 3.1-3 455
416 1-7 430 1.10,11 442,443 1.3-2.16 444,445 3.11 455,466
25.1-32.32 418 1 430,432 1.1 440 1-2 432,447 4.1-5.15 455
25.1-48.35 418 2.1-49 429 1.2 442 2.6.7 446 4.1-8 455
25.1-7 418 2.18 431 2.10 441 3.1-6.14 444,446 4.9-13 455
25.15-17 418 2.19 430 2.15 441,443 3.3-6 446 5.2 445
25.8-14 418 2.4b-7.28 434,436 2.2.3 441 3.7 372 5.5 455
25-32 424 2 430, 433, 434 2.23 443 3.9-15 446 6.1-16 455
25-37 425 3.1-10 429 2.6-23 442 4.1-3 447 6.1-5 455
25-48 417,418 3 430 2.8 441 4.4,5 447 6.1-7.20 455
26.1-28.19 418 4.1-37 429 3.1-5 442 4.6-11 447 6.11,12 456
28.12 419 4.27 432 4.1-3 441 5.1-3 447 6.16 456
28.20-26 419 4.32.33 435 4.1-5.15 440,442, 5.1 447 6.3 455
28.2 418 4.33 432 455 5.18-24 447 6.6,7 455
28 418,419 4 430,431,432 4.12 490 5.4-17 447 6.6-8 346
29.1-32.32 419 5.1-31 429 4.1 442 6.1-14 447 7.1-20 455,456
29.17 409 5.16 435 4.15 490 7.1-9.10 444,447 7.14-20 456
33.1-33 420 5.20 435 4.6 441 7.1-9 447 7.19 456
33.1-39.29 420 5.29 435 5.10 490 7.10-13 445 7.6 456
33.30-33 425 5.31 435 5.13 441 7.10-17 448
33.33 408 5.6-20 432 5.4 490 7.14.15 343 Naum
33-39 420,424 5.6 430,432 5.5 490 7.14 342,445 1.1-2.2 456,457
34.1-31 420 5.7 435 6.1-11.11 440 8.1-3 449 1.14,15 457
522
Indice por passagens bíblicas
1.1 456 1.7-17 466 1.24,25 360 13.26 431 Rom anos
1.2-8 457 1.7-6.8 465, 466 1.5 173, 192 13.3-27 344
1.17 458
1.943 457 1-8 465,472 1.6 217 14.60,61 376
1.18-23 454
1.94.2 457 2.1-13 466 2.15 443 15.27,28 376
2.11,12 454
2.1.2 457 3.1-10 466 2.4-6 455 15.43-46 376
2.14,15 454
2.343 456,457 3.10 226 3.3 372
3.21,22 364
3.149 456,457 4.1-14 466 4.15,16 360 Lucas
3.21-24 397
3.4.5 457 4.1-21 469 5.11,12 391 1.32,33 211,396, 3.21-31 94
3.849 458 4.14 266 5.13 431 398, 449, 465, 3.28 32
3.8 456 4.6-21 269 5.14-16 390,431 467 4.11 94
4.6 466 5.17,18 425 2.1-7 455 4.19-21 94
Habacuque 5.1-4 466 5.17-19 344 3.23-28 475 4 94
1.141 458 5.5-11 467 5.43-47 391 3.23-38 256 5.1,2 397
1.14.20 458 6.1-8 467 5.48 125 4.16-30 378 5.12-19 82
1.124.1 458 6.9-15 465, 466, 5 122 4.21 378 5.12-21 25
1.124.20 458 467 6.16-18 379 4.25 231 5.9 376
1.1 458 7.1-8.23 465,467 6.33 470
7.27 472 6.17,18 467
1.2 458 7.5 379 9.13 443
9.31 111 8.28 301,396,456
1.5 458 8.19 467 11.13,14 473 12.15 457 8.29 446
2.2.3 396 9.1-14.21 465,468 12.18-21 374
13.4,5 147 8.3,4 397,473
2.2-5 458 9.1-8 468 12.41 25,453
15.3-16.31 344 9.11 99
2.4 458. 461 9.13 465 12.7 344
17.11-19 446 9.25,26 443
2.6-20 458 9.9-17 468 15.1-7 344
22.20 100,397 9.27-29 372
3.1-19 458,459 9-14 466,472 16.18 467
23.34 344 9.33 364
3.16-19 459 10.2-11.17 468 16.21-23 344
23.54-62 344 10.16,20 352
3.19 459 11.16 468 16.27 431
24.27,44 69 11.25-27 468
11.2 446 17.10-13 473
3.2 459 24.4-47 475 11.26,27 378
11.8 468 19.3-9 471
3.3-15 459 13.13,14 217
12.1-9 468 19.8 482 João 13.14 415
Sofonias 12.10-13.6 468 21.1-11 468
1.14 114 16.22 347
12.16 465 21.1-5 344
1.1-2.3 460 12-14 468 22.35-37 146 3.14,15 135
1.4.5 460 3.16 68 1 Coríntios
13.7-9 469 22.35-40 152
1.12 460 13.7 469 22.36-40 123 3.3 421 2.14 374
2.1-3 460 14.1-21 469 22.41-46 310 3.36 454 2.9 381
2.441 460 14.5 490 23.16-28 344 3.5 421 3.16 465,467
2.445 459,460 14.6-21 469 23.27,28 412 4.7-26 446 6.19,20 465
2.12 461 24.30 431 4.9,19,20 244 10.1-13 138
2.13 460 M alaquias 24.3 412 5.30 344 10.10 138
2.13-15 461 1.1 469,470 26.28 107 9.1-3 147 10.12 138
3.1-8 459,461 1.2-5 469,470 26.31,32 344 9.2,3 301 10.13 220
3.8 461 1.3 401 26.31 469 10.10 378 10.6,11 138
3.9-20 459,461 1.6-2.9 470 26.39 395 11.47-50 376 10.8 138
2.10-16 470,471 26.42 395 14.15 101,152,186 10.9 138
Ageu 26.44 431 14.6 397,454 10 138
2.14 471
1.1-15 464 2.16 471 26.56 469 19.37 468 12.3 454
1.1 464,466 2.17-3.6 470,472 26.64 431 15.12-19 161
1.4 464 3.13-4.3 470,473 26.67,68 375 Atos 15.3 376
2.1-9 464 3.1 472,475 26.67 376 2.14-21 444
2.10-19 464,465 3.7-12 470,473 27.26 375 2.24-34 310 2 Coríntios
2.14 465 4.4-6 470,473 27.46 310 4.12 454 1.20 170
2.20-23 464,465 7.2-4 483 4.4 374
2.23 266 M ateus Marcos 7.22 48, 105 5.14,15 376
2.3 464 1.1,12 465 7.24-30 446 11.27-30 446
1.1-16 246,475 8.34 433 13.33 309 Gálatas
Zacarias 1.1-17 256 8.38 431 13.3 379 1.6 24
1.1-6 465,466 1.1 216 9.36,37 344 13.47 375 2.21 454
1.1 465,466 1.22 475 11.15-17 344 15.13-18 449 3.1-6 32
1.18-21 466 1.23 358 12.26 482 28.25 372 3.11 458
5 23
índice por passagens bíblicas
524
f
Reconstrução do templo, 265, 266,
351-353
Indice por nomes Restauração de Israel, 56-58, 224,
254, 258, 265, 271, 274
Coré
Antagonistas de Moisés, 134, 135
Abdom, 184 Amoz, 354 Salmista, 304, 305, 311
Abede-Nego, 430, 431 Ana, 198 Cristo. Ver Jesus Cristo
Abel, 79 Antíoco IV Epifânio, 431, 436 Cross, Frank Moore, 162, 164
Abias, 223, 228, 230, 256, 259 Anu, 402 Dagom, 199
Abiatar, 384 Aoliabe, 104 Daniel, 269, 350, 351, 412, 428-435,
Abigail, 204 Arão, 97, 104, 105, 119, 122, 128, 436, 437, 438
Abimeleque, 91, 183 130, 131, 132, 134, 136, 145, Dario
Abirão, 134 177, 178, 266, 304 Dario I, o Medo, 349, 351, 352,
Abisai, 204 Ariel, Jerusalém como, 354, 364 430, 435, 436, 437, 464, 471
Abiú, 121,130 Arinna, 149 III, 352
Abner, 212, 218, 219 Artaxerxes Datã, 134
Abraão/Abrão, 45, 47, 64, 86, 91, 92, I, 269, 271, 349 Davi, 49,52, 228, 233, 242, 247, 260,
105, 135, 177, 178, 272, 362, II, 271 304, 342, 440
400, 412 Asa, 223, 228, 230, 256, 257 Ascensão de, 40, 196, 197, 201 -
Aliança com, 98,100, 104,107,112, Asafe, 304, 308,311 206, 210, 211, 232, 254, 256
113,114415,148,168,170,226, Ashlakka, 94 Aliança com, 94,97,100,211,214,
258, 272, 340 Asurnirari V, 94 226, 252, 255, 257, 258, 309,
Chamado de, 67, 68, 90, 91, 99- Assuero/Xerxes I, 272-275, 276, 277, 358, 367, 386, 455
100 349, 352 Conquistas dc, 169, 210-214, 340
Fé, 32, 65, 66, 90,91,92-97, 428, Assurbanipal, 54, 57 Linhagem/Dinastia de, 49-56,162,
436 Astruc, Jean, 71, 72 185, 192, 225, 240, 246, 256,
Absalão, 223 Atalia, 230, 240, 256 257, 258-259, 260, 266, 268,
Aton, 48 326, 330, 357, 358, 360, 361,
Absalão, filho de Davi, 210, 217-18,
Azarias. Ver Uzias 396-398, 449, 464, 465, 467,
219, 225, 304, 305, 312
Azazel, 122 472, 475-476
Acã, 162, 173, 182
Baaná, 212 Pecado de, 211, 216-217, 253, 308
Acabe, 52,222,230-35,238,239,240,
Baasa, 223, 228, 230 Reinado de, 46, 52, 56, 158, 185,
242, 268, 340, 341, 346, 348,
Balaão, 128, 136, 137 197, 200-206, 215, 217, 218-
456
Balaque, 135, 136 220, 241, 254, 255, 256, 258,
Acaz, 222, 230, 242, 243, 244, 256,
Balá, 109 272, 421, 423, 440, 445
355, 358, 360, 362, 366, 455
Baraque, 182 Salmos de, 30, 304, 305, 306, 307-
Acazias, 230, 238, 239, 240, 256 Barth, Karl, 24 312
Adão, 25, 64, 67, 80, 81, 82, 83, 84, Baruque, 347, 385, 398-400 De Wetter, W. M. L., 71, 72
256 Belsazar, 430, 432, 435, 436, 437 Diná, 91
Adonias, 225, 253 Bate-Seba, 210, 211, 216, 217, 218, Driver, S. R., 71, 72
Ageu, 58, 255, 259, 265-66, 350,351- 219, 253, 304, 308 Duppi-Tessub, 149
52, 464-65,466, 470, 471,472 Beeri, 440 Ebal, 153, 161, 176
Agur, 316, 320,321,322 Ben-Hadade II, 228, 232, 348 El, 285
Ahiqar, 315 Bezalel, 104 Elcana, 198
Aías, 228, 346 Bildade, 294-296, 300 Elcós, 456
Aitofel, 218 Boaz, 187-192 Eleazar, 177, 178
Akenaton. Ver Amenotep IV Brunner, Emil, 24 Eli, 196, 198, 199, 201, 384
Alexandre, o Grande, 56-57,349,352, Caim, 79, 84 Eliaquim, 363
418 Calebe, 132, 168, 169, 176, 177 Elias, 162, 231-234, 237-239, 240,
Allis, Oswald, 70, 72 Cam, 85 242, 247, 341, 346, 389, 473
Amazias, 230, 241, 448 Cambises, 268, 349, 352 Eliezer de Damasco, 93, 96
Amenemope, 291, 292, 319, 320, 321 Quemos, 232, 400 Elifaz, 294-96
Amenotep Childs, Brevard, 128, 136 Elimeleque, 188
II, 48 Ciro, 57, 58, 234, 257, 268, 356, 371- Eliseu, 231, 237, 239-241, 247, 248,
IV/Akenaton, 48, 57 374, 380 346
Amnom, 210, 217, 218, 219, 225 Derrota da Babilônia para, 46, 56- Eliú, 296-297
Amom, 230, 238, 244, 245 58, 265, 274, 351, 362, 402, Elom, 184
Amós, 54, 342, 349, 350, 440, 444-449 435, 464 Emanuel, 354, 358
525
índice por nomes
Enlil, 402 193, 197, 228,230, 231, 232, Sacerdote, 58, 266, 464, 465, 466,
Enoque, 239, 428, 436 239, 240, 243,248, 260, 268, 467, 471
Esar-haddon, 54, 57 272, 298, 316,317, 319, 322, Sucessor de Moisés, 48, 73, 137,
Esaú, 47, 91, 92, 97, 98, 99, 340, 400, 331, 432 142, 146, 147, 149, 161, 162,
452, 470 Ibsã, 184 170, 185, 198, 214, 340
Esdras, 56, 58, 94, 158, 159, 164, 274, Idamaras, 94 Jesus Cristo, 309-310, 354, 395, 423-
276, 351,428, 436, 470, 471 Ido, 465 424, 434, 458, 473
Escritos de, 71,161,164, 252, 263, Inlá, 234 Aliança e, 94, 107
270471 Isaías, 31, 54, 243, 354-355, 428, 440 Importância de, 111,124,125,301,
Restauração do templo, 46, 264' Assírios e, 54, 349, 350 356, 397, 420, 454, 458, 473
268, 424 Autoria de, 370-373 Encarnação de, 36, 358, 467
Ester, 158, 159, 164, 169, 264, 269, Mensagem de, 244, 354-366, 370, Linhagem de, 173, 211, 217, 358
272-275, 276, 277, 352 373-381 Ofício messiânico de, 216,348,471-
Eúde, 184, 186 Missão de, 242 472, 475-476
Eva, 64, 67, 79, 80, 81, 82, 83, 84 Isaque/Israel, 47, 66, 96. Ver também Profetas e, 344,358,360,361,366,
Evil-Merodaque, 402 Israel 374, 375-376, 380, 396, 403,
Ewald, H., 71 Descendentes de, 47, 97, 98, 99, 423, 443, 453, 455, 465, 468-
Ezequias, 245,257,316,319420,321, 100, 148, 340 469
322, 366, 395 Patriarca, 45, 90, 91, 95 Sacrifício de, 301, 467, 468, 470
Reformas de, 222, 244, 257 Is-bosete, 210, 212, 218, 219 Jeú, 222, 230, 240, 241, 348
Reinado de, 54, 230,238, 242,244, Ishtar, 149, 411, 414, 433, 457 Jezebcl, 230-231, 232, 241
245, 349, 353, 354, 355, 365, Ismael Jezreel, 442
367468, 455, 459 Filho de Abraão, 91, 95, 96 Jó, 282, 286, 288, 290, 292, 293-299,
Túnel de, 257 Assassino de Gedalias, 399 301,316, 319, 321, 412
Ezequiel, 56, 244, 350, 351, 408-25 Israel. Ver Abraaão; Isaque; Jacó; Moisés Joabc, 212, 213, 216, 217, 218, 219
Finéias, 177, 196, 198-199 Izezi, 291 Joacaz/Jeoacaz, 230, 394, 414, 415
Gedalias, 246, 399, 467 Jabim, 174 João Batista, 472-473
Gibil, 402 Jacó/Israel, 340, 356, 400, 442, 443 Joaquim/Jeconias, 230, 238, 246, 351,
Gideão, 184, 186 Como Israel, 45,47, 50, 66, 90,91, 395
Gilgamés, 81, 84, 85, 86, 329, 334 92, 95, 97, 98, 99, 100, 113, Joás/Jeoás, 230, 238, 240, 241, 244,
Gilimninu, 95 114,119, 148, 186 246, 249, 256
Gogue/Magogue, 421, 424 Descendentes de, 470 Joel, 350, 352, 440, 443-444, 448
Golias, 196, 197, 2024, 206 Figurativo, 453 Joiada, 240, 241
Gômer, 44042, 448 Jafé, 85 Jonadabe, 398
Graf, K. H., 71, 72 Jair, 184 Jonas, 25, 349, 452, 453-454, 460
Gunkerl, Hermann, 70, 72, 307, 310 Jaque, 320 Jônatas, 200, 203, 205, 211, 212, 218
Habacuque, 55, 246, 350, 351, 458- Jeconias. Ver Joaquim/Jeconias Jorão, 230, 234, 239, 240
59, 460, 461 Jefté, 108, 109, 184 Josafá, 230, 234, 254, 256, 257, 346
Hadade, 227 Jeoaquim, 55, 56, 230, 238, 246, 265, José, 47, 66, 91-92, 98, 176
Hagar, 91, 95 351, 384, 395, 396, 398, 402, Josefo, 69, 72, 164, 165, 400
Hamã, 272477 409, 413, 414, 415, 432 Josias, 230, 238, 240, 257, 351, 385,
Hamurabi, 47,48,57,95,99,345,350, Jeorão, 230, 256 394, 395, 400, 414
456 Jeremias, 55,56,58,342,347,350,351, Reformas sob, 69, 70, 71, 162, 222,
Hananel, 397 357, 384-385, 403, 408, 413 244, 245-246, 346
Hananias, 396 Escritos de, 160, 222,347,401-402 Josué. Ver Jesua
Hattushili III, 48 Mensagem de, 55, 246, 386-91, Jotão, 230, 242, 256, 455
Hazael, 240 394-402 Kaufman, Stephen A., 146, 153
Hengstenberg, E. W. , 70, 71, 72 Jeroboão Labão, 91, 97
Heródoto, 159-60, 164 I,52,162,222, 223,227, 230, 231, Lemuel, 316, 320, 321
Hilquias, 384, 390 238, 247, 340, 346, 447 Levi, 48, 119, 124, 65
Hirão, 213, 214, 226 II, 53,222,230,241,242,348,440, Lia, 91, 97
Hofni, 196, 198, 199 441, 445, 446, 453 Ló, 91, 96, 362, 400
Hofra, 400 Jeroboão, 228 Lo-ammi, 442, 446
Horma, 134 Jessé, 192, 201, 361 Lo-ruhamah, 442, 446
Hupfeld, V., 71 Jesua/Josué, 354, 440. Ver também Je Maaca, 217, 223
Husai, 218 sus Cristo Magogue. Ver Gogue
Iavé, 48,69, 71, 106, 107, 112, 113, Na conquista de Canaã, 48,50,132, Magor-Missabib, 392
114, 119, 121, 143, 145, 146, 136,158,168-78,182,183,196, Maher-shala-hash-baz, 355, 358, 360
150, 158, 160, 184, 189, 192, 340, 384 Malaquias, 350, 352, 464, 469-473
526
índice por nomes
Manassés Noé, 79, 81, 84, 85, 86, 412 210-114, 216, 218, 219, 242,
Filho de José, 97 Noemi, 187-92 254-158, 304, 340, 342, 346
Rei, 54, 162, 222, 230, 238, 244- Noth, Martin, 72, 162, 163, 186 Seba, 210, 211, 216, 217, 218, 219
45, 247, 257, 351,367, 389 Obadias, 350,351,356,365,400,452- Sebna, 363
Marduque, 78-79, 268, 292, 401 453, 460 Sem, 85, 86
Mefibosetc, 218 Obede, 192 Senaqueribe, 54, 57, 244, 245, 247,
Menaém, 230, 242 Onri, 222, 228, 230, 231-232, 240, 315, 349, 354, 365-367
Merneptah, 108 247, 456 Seom, 144
Merodaque-Baladã II, 349, 350, 354, Oolá/Oolibá, 408, 415 Seraías, 402
366, 368 Orr, James, 70, 71, 72 Sesbazar, 265
Mesaque, 430, 431 Oséias, 54,98,349,350,440-443,445, Sete, 84, 90
Messa, 230, 231, 232, 445 448 Salmaneser
Mica, 183, 184 Oséias, filho de Elá, 230, 243, 349,360 III, 240, 241, 348
Miquéias, 349,350,395, 454-456,460 Otoniel, 184 V, 54, 57, 243, 247, 349
Miriã, 132 Padi, 365 Salmaneser, 244
Mitinti, 365 Pasur, 392 Samshi-Addu, 348, 349
Moisés Paulo, 22, 24, 25, 32, 94, 123, 138, Shear-Jashub, 355, 356
Aliança com, 47, 94, 106-07, 114, 315, 357, 375, 378, 443 Shennima, 95
161, 248, 397 Peca, 230, 242, 358, 360 Sillibel, 365
Chamado de 65, 68, 105, 174 Pecaías, 230, 242 Sísera, 182
Discursos de, 66, 142,143-48, 226, Pedro, 96, 125, 310, 444 Sofonias, 349-351, 459-461
247, 305 Penina, 198 Spinoza, Benedict, 71
E a lei, 226, 247, 270, 341, 349 Petucl, 444 Talmai, 17
Livros dc, 64, 68-75, 150, 270 Potifar, 92 Tamar, 92, 210, 217, 218, 219
Morte de, 128, 143, 148, 168, 169, Ptahhotep, 291, 298 Tamuz, 411, 414
170 Pul. Ver Tiglate-Pileser III Terá, 47, 86, 93
Vida de, 39, 46, 48, 68, 105, 110, Qoeleth, 326, 329 Tiamate, 78-79
112, 132, 134, 148, 341 Raabe, 32, 171-72, 173 Tiglate-Pileser III/Pul, 54,55, 57, 242-
Mordecai, 159, 164, 166, 272-77 Ramsés II, 48, 57, 108, 109 243, 247, 348-349, 355, 358,
Mursilis, 149 Raquel, 91, 97 360, 362, 366, 441
Naamã, 240 Rebeca, 47, 91, 442 Timsah, 109
Nabal, 204 Rezim, 227, 242, 358, 360 Tola, 184
Nabonido, 268, 435, 436 Roboão, 228, 230, 244, 256, 257 Tutmose III, 48, 57
Nabopolasar, 57, 349, 350-351, 385, Rúben, 171, 177, 178 Ulda, 34
391, 456, 460 Rute, 158, 161, 163, 164, 165, Utnapishtim, 84
Nabote, 232, 234 182,187-193 Uzias/Azarias, 54, 222, 230, 242, 342,
Nabu, 268 Sadraque, 430-431 358, 440, 445
Nabucodonosor II, 57, 246, 349, 402, Salomão, 46, 50, 51, 52, 56, 73, 108, Vasti, 272, 277
403 109, 158, 164, 169, 211, 217, Vater, J. S., 71, 72
Cativeiro sob, 244, 368, 395, 399, 222-228, 230, 233, 238, 245, Wellhausen, Julius, 69-70, 71, 72
402, 413, 414, 422 252, 253, 255-260, 266, 268, Xerxes. Ver Assuero
Destruição de Jerusalém, 158, 211, 290, 299, 305, 311, 316, 318, Yamm, 285
394, 396, 397, 398, 409, 416, 319, 321, 327, 330, 332-333, Young, E. J., 70, 72
418, 452 340, 346, 423, 445 Zacarias, 58, 230, 242, 255, 259, 265-
Império babilônio sob, 46, 55, 351, Salum, 230, 242, 394, 395 266, 350-352, 357, 428, 464,
385, 400, 401, 430, 432, 435, Sambalá, 269 465-469, 472
437, 456 Sangar, 184 Zedequias, 55,230,238,246,351,384,
Nadabe, 121, 130, 230 Sansão, 184 394, 395, 398-399, 413, 414
Nahar, 285 Samuel, 52, 73, 152, 158, 160, 161, Zimri, 230
Natã, 214, 216, 217, 242, 304, 308 162, 163, 164, 165, 182, 183, Zimri-Lim, 345, 349
Naum, 349,350,351,456-457,458,460 196, 197, 198-205, 206, 210, Zofar, 294, 295, 296
Nebamun, 297 211-220, 242, 253, 254, 258, Zorobabel, 56, 58, 266-267, 270, 271,
Nebuzaradã, 399 259, 304, 341, 342, 386 424, 464-467, 471
Neco II, 246, 247, 395, 400, 414 Consagrando reis, 199-201
Neemias, 46, 56,58, 59,158, 159, 161, Sarai/Sara, 47, 91, 94-95, 96
164, 259, 264, 265, 269- Sargão II, 349, 362
271,272, 274, 276, 351, 424, Satanás, 219, 293-294, 419, 466
465, 470, 476 Saul, 46, 52, 158, 161, 162, 186, 196-
Nerias, 385 197,199,200,201,202,203-206,
527
■ I escobríndo b Antigo Testamento é um envolvente e exclusivo estudo do
I / Antigo Testamento, fácil de ser usado, tanto quanto rico e informati-
J — vo. Além de conteúdo de alto nível este recurso apresenta fotografias
coloridas dealta qualidade e de grande valor, bem como inúmeros recursos
pedagógicos.
Para alunos que estão realmente descobrindo a Bíblia este livrotexto produzido
com bom gosto apresenta uma orientação clara e útil quanto ao mundo e
literatura do Antigo Testamento. As fotos coloridas e os mapas, bem como as
tabelas, os quadros amarelos e as ajudas para recapitulação combinam de modo
a atrair todós os que abrirem este livro para lêdo imediatamente — uma grande
melhora cm termos de livros-texto!
» Richard Schultz, Whcaton College
Os autores são recomendados por apresentarem aos seus leitores uma lúcida
pesquisa no Antigo Testamento. As ilustrações, os quadros amarelos, o
glossário e as questões para estudo destacam a relevância do texto bíblico tanto
em seu contexto antigo como em nossos dias. Um volume muito útil.
» Willem A. Van Gemeren, Trinity International University
Estudo bíblico