A Verdade Permanece
A Verdade Permanece
A Verdade Permanece
ISBN: 978-85-8132-087-8
Capa
Folha de Rosto
Dedicatória
Agradecimentos
Uma Vida de Sermões
1. Como brincar de igreja (9 de fevereiro de
1969)
2. O Evangelho Simples (26 de dezembro de
1976)
3. Qual é o caminho para o céu? (18 de maio
de 1980)
4. Uma exposição Rápida de Apocalipse (5 de
dezembro de 1982)
5. Como obter a vida eterna (29 de maio de
1983)
6. O propósito das provações (8 de junho de
1986)
7. Tornando fáceis decisões difíceis (20 de
julho de 1986)
8. A morte de Jesus nos mostra como viver: As
sete afirmações de Jesus na cruz (26 de março
de 1989
PHIL JOHNSON
DIRETOR EXECUTIVO GRACE TO YOU
1
O EVANGELHO SIMPLES
João 8.21-30
26 de dezembro de 1976
SEJA DA TERRA
SEJA INCRÉDULO
Jesus disse: “Por isso, eu vos disse que
morrereis nos vossos pecados; porque, se não
crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados”
(Jo 8.24). A terceira maneira de garantir que você
morrerá em seus pecados é ser incrédulo em relação
ao evangelho. Você não tem de matar alguém e ser
mau para ser condenado ao inferno, porque o
inferno não é apenas para criminosos, é para todos
que rejeitam a Cristo. Se você rejeitar a Cristo nesta
vida, Deus não o forçará a viver com ele na
eternidade, para sempre.
Você diz: “Em que eu deveria crer?” Lembro
uma canção que era popular, chamada “Eu creio”,
que repetia, diversas vezes, as palavras “Eu creio”.
Creio em quê? Outra canção é “Creio na música”.
Se isso é tudo em que você crê, você está em
problemas. Você acha o mesmo tipo de fé vaga ou
mal orientada quando pergunta às pessoas: “Você
crê em Cristo?” E elas respondem: “Sim, eu creio
em Cristo, ele viveu, etc., etc.”
Mas Jesus tinha algo mais definido em mente.
Observe o que ele disse: “Se não crerdes que EU
SOU”. Não basta crer que Jesus é o que você pensa
que ele é. Você tem de crer que ele é aquilo que
afirmou ser. Ele afirmou ser Deus, em declarações
como: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim
jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá
sede” (Jo 6.35); “Eu sou a luz do mundo” (8.12);
“Eu sou o bom pastor” (10.11); “Eu sou a porta”
(10.9); “Eu sou a ressurreição e a vida” (11.25);
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo
14.6).
Pelo fato de que Jesus se identificou com Deus,
a fé salvadora não somente se torna uma questão de
abandonar o pecado, mas também de confiar no
Filho. É uma questão de crer que Jesus é o que ele
afirmou ser. Você pergunta: “Morrerei em meu
pecado, se eu não crer que Jesus é tudo que afirmou
ser?”. Sim, com certeza. Você tem de procurar saber
o que ele afirmou ser, pois Romanos 10.17 nos diz
que a fé vem por ouvir a mensagem sobre Cristo.
Você jamais poderá ter fé verdadeira se não ouvir a
verdade sobre Cristo. A fé verdadeira é o resultado
de ouvir e de crer, de todo o coração, que Jesus é o
que ele afirmou ser e que Deus confirmou isso por
ressuscitá-lo dentre os mortos (Rm 10.9).
Jesus promete a seus oponentes que eles
morrerão em seu pecado não perdoado, se não
crerem que ele é o que afirma ser — Deus em carne
humana. Não crer e rejeitar destrói a esperança e
deixa somente o presságio da infelicidade no
inferno.
Em certa ocasião, quando eu estava em um
avião, um homem me perguntou: “Como alguém se
torna um cristão?”, depois de descobrir que eu era
um ensinador da Bíblia. Compartilhei o evangelho
com ele, dizendo-lhe que ele tinha de crer que Jesus
é o que ele afirma ser: Deus em carne humana, o
Salvador que morreu por nossos pecados, e
ressuscitou. Uma pessoa pode ir para o inferno e
permanecer eternamente ali apenas por não crer
nessas poucas coisas. A fé em Cristo vem por ouvir
a mensagem sobre ele. E, se você ainda não ouviu o
suficiente, deve ler mais ou achar alguém que possa
falar-lhe sobre ele. Não há sentido em ir para o
inferno por algo que você deixou de fazer, pois não
crer é o mesmo que rejeitar: “Quem não é por mim
é contra mim” (Mt 12.30). Não seja como os
fariseus que deviam saber, mas continuaram a
zombar.
Por fim, chegamos à quarta maneira de morrer
em seus pecados.
SEJA PROPOSITADAMENTE IGNORANTE
Mateus 7.13-14
18 de maio de 1980
AS DUAS PORTAS
OS DOIS CAMINHOS
O CAMINHO ESPAÇOSO
Uma vez que você entra pela porta larga, o
viver é fácil. Não há precipícios. Há abundância de
espaço para se andar. Não há regras; nenhuma
moralidade é especialmente obrigatória. Há espaço
para diversas teologias. Há tolerância de todo
pecado imaginável, contanto que você “ame” a Jesus
e seja “religioso”. Não há limites — nem restrições.
Todos os desejos do coração caído são satisfeitos
nesse caminho. Não há necessidade de uma atitude
de bem-aventurança. Não há necessidade de
humildade. Não há necessidade de estudo da Palavra
de Deus. Não há necessidade de padrões morais
internos. Você pode viver com um tipo de
religiosidade mecânica que é nada mais do que
hipocrisia. O caminho espaçoso não exige que você
tenha caráter. Você pode ser como um peixe morto
flutuando correnteza abaixo: você apenas deixa a
correnteza fazer seu trabalho.
Efésios 2.2 chama esse caminho de “o curso
deste mundo”. Provérbios resume assim a tragédia
do caminho espaçoso: “Há caminho que ao homem
parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de
morte” (Pv 14.12). O caminho espaçoso não tem
padrões, exceto os padrões criados pelos homens
para acomodarem-se ao seu sistema agradável. Mas
Salmos 1.6 adverte: “O caminho dos ímpios
perecerá”.
Em contraste com o caminho espaçoso, há:
O CAMINHO ESTREITO
O versículo 14 diz que esse caminho é apertado
e confinado a uma vereda estreita em um precipício.
Essa é a razão por que Paulo disse: “Vede
prudentemente como andais” (Ef 5.15). Você tem
de andar com os olhos abertos; o caminho é estreito
e cercado de ambos os lados pela mão disciplinadora
de Deus. Se você sair fora, para um dos lados, será
disciplinado! As exigências são grandes, restritas e
bem definidas. Não há espaço para qualquer desvio
delas. O desejo de seu coração deve ser cumprir
essas exigências, sabendo que, se falhar, Deus o
disciplinará, o perdoará amorosamente e o firmará
outra vez.
Você diz: “Se é um caminho difícil, estreito e
rigoroso, pode ser algo que eu não queira”. No
entanto, a coisa maravilhosa sobre andar nesse
caminho é que a dificuldade de andar é levada pelo
próprio Cristo. Ele disse: “O meu jugo é suave, e o
meu fardo é leve” (Mt 11.30). Mas, apesar disso,
esteja consciente do que você está buscando, se
decide andar no caminho estreito.
Lucas 14.25-26 diz: “Grandes multidões o
acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes disse: Se
alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e
mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a
sua própria vida, não pode ser meu discípulo”.
Diga isso à próxima pessoa com quem você
compartilhar o evangelho! Jesus estava dizendo: “Se
você quer ser um cristão, aborreça seu pai, mãe,
irmão e irmã. Você terá de sair da multidão e dizer
adeus a todos que ama ou não pode ser meu
discípulo. Terá de tomar uma cruz e viver uma vida
crucificada”. Tente pregar isso em um avivamento e
veja quantas as pessoas se mostram dispostas a
aceitar a Cristo! Você sabe quem viria à frente? As
pessoas que deveriam vir — as pessoas que
desejavam fazer o tipo certo de compromisso.
Jesus continuou sua linha de pensamento com
algumas ilustrações. Ele disse: “Pois qual de vós,
pretendendo construir uma torre, não se assenta
primeiro para calcular a despesa?” (v. 28). Em
outras palavras, você não deve começar a edificar
algo sem analisar o que lhe custará. Jesus
acrescentou: “Ou qual é o rei que, indo para
combater outro rei, não se assenta primeiro para
calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o
que vem contra ele com vinte mil?... Assim, pois,
todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo
quanto tem não pode ser meu discípulo” (vv. 31,
33).
Jesus traçou uma linha árdua. Se você não está
disposto a dizer não a tudo e a andar nesse caminho
estreito, você não pode ser um discípulo de Cristo.
Se você andar no caminho estreito, lembre-se de
que é Deus quem o capacitará a fazer isso. Você não
poderá andar por si mesmo no caminho estreito,
mas Deus lhe dará graça e lhe outorgará poder em
sua fraqueza, para que você possa andar no caminho
estreito. Se você está disposto a andar no caminho
que Deus quer você ande, então, você virá a ele pelo
caminho certo. Lembre-se de que será perseguido e
enfrentará tribulações. Jesus disse aos seus
discípulos: “Vem a hora em que todo o que vos
matar julgará com isso tributar culto a Deus” (Jo
16.2). Você passará a sua vida fugindo daqueles que
desejam persegui-lo.
Não se pode andar no caminho estreito com
pés descalços — ele não é uma campina atraente. O
caminho é árduo. Jesus nunca apresentou o
cristianismo como uma opção agradável para os
abatidos. Você declara guerra ao inferno quando
passa pela porta estreita — e o inferno luta
severamente. Você tem de viver com uma atitude de
bem-aventurança: tem de combater constantemente
seu orgulho e desejos egoístas. Jesus disse a Pedro:
“Siga-me, mas isso lhe custará a vida” (cf. Jo 21.15-
19).
Você está vindo a Jesus nessas condições? O
caminho estreito é assim. É difícil, apertado,
confinado. Se você sair do caminho, Deus o
disciplinará. Você diz: “Mas parece tão difícil”. Não
é, porque Jesus carrega o fardo por você.
Quando você faz sua decisão sobre que
caminho deseja seguir, tenha em mente:
OS DOIS DESTINOS
AS DUAS MULTIDÕES
5 de dezembro de 1982
Mateus 19.16-22
29 de maio de 1983
BUSQUE DILIGENTEMENTE
VÁ À FONTE CERTA
Há muitas pessoas que procuram a vida eterna,
mas elas estão procurando no lugar errado. Satanás
tem falsas religiões em toda a face do planeta, para
que as pessoas procurem a coisa errada. Elas não
acharão a vida eterna ali, porém muitas pessoas
procuram diligentemente a vida eterna. Esse jovem
rico foi à fonte certa.
O apóstolo João disse: “E o testemunho é este:
que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no
seu Filho” (1 Jo 5.11). Disse também que Jesus
Cristo “é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (v. 20).
Jesus não é apenas a fonte da vida eterna. Ele é a
própria vida eterna.
O jovem rico talvez ouvira falar do poder de
Jesus. Sem dúvida, ele tinha ouvido falar dos
ensinos de Jesus, pois lhe disse: “Mestre” (no grego,
didaskale). Ele reconheceu Jesus como um mestre
da verdade divina. Marcos 10.17 e Lucas 18.18
indicam que ele chamou Jesus de “bom”. Há duas
palavras gregas que expressam a ideia de “bom”.
Kalos se refere ao que é bom em forma ou bom no
exterior. A palavra usada em Marcos e Lucas é
agathos, que significa “bom no interior”, “bom
moralmente” ou “bom em essência”. Ele reconheceu
Jesus como uma pessoa moralmente boa. Ele sabia
que Jesus ensinava a verdade divina e
provavelmente conhecia o segredo de obter a vida
eterna.
Não acho que o jovem rico sabia que Jesus era
Deus. Nem mesmo penso que ele pensava
especificamente que Jesus era o Messias, porque se
dirigiu a Jesus como um mestre moralmente bom.
Creio que ele ficou tão impressionado com o poder
do ensino de Jesus e o poder de sua vida, que
chegou a pensar que Jesus conhecia o segredo da
vida eterna e como ele poderia obtê-la.
Embora o jovem rico não soubesse quem Jesus
era no sentido pleno, ele foi indubitavelmente à
fonte certa. Atos 4.12 diz: “E não há salvação em
nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo
qual importa que sejamos salvos”.
SUBMETA-SE AO SENHOR
Jesus deu um passo além para esse jovem.
Jesus disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende os
teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu;
depois, vem e segue-me” (v. 21). O jovem rico
dissera que amava seu próximo como a si mesmo,
por isso Jesus lhe disse que desse tudo que tinha ao
seu próximo, como prova de seu amor. Jesus
colocou diante dele um teste pré-salvação. Jesus
estava dizendo: “Você vai fazer o que eu quero que
você faça? Quem governa a sua vida? Você ou eu?”
Ele dá ao jovem rico uma ordem. Creio que a
verdadeira salvação inclui a submissão para
obedecer ao Senhor.
Não creio que uma pessoa que vem a Cristo
tem um pleno entendimento de tudo que a
submissão ao senhorio de Cristo significa. Mas creio
que o Senhor quer que a pessoa esteja disposta a
confessar e submeter-se. Depois, Cristo revelará a
plenitude do que essas coisas significam.
Jesus confrontou o pecado de avareza do
jovem rico. Era um pecado de auto-satisfação e
materialismo. Ele era indiferente às pessoas pobres e
necessitadas. Por isso, Jesus lhe deu um teste
crucial: obedeceria ele o senhorio de Cristo?
Você tem de abandonar tudo que tem para ser
um cristão? Não. O Senhor não pediu isso de outras
pessoas. Mas, você tem de estar pronto a fazer tudo
que o Senhor pede? Sim. E o que ele pede depende
da pessoa a quem ele está pedindo. Neste caso, o
Senhor isolou o principal problema na vida desse
jovem. Jesus nos leva ao princípio afirmado em
Lucas 14.33: “Todo aquele que dentre vós não
renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu
discípulo”. Então, Jesus perguntou ao jovem rico:
“Você está disposto a fazer o que eu lhe digo? Estou
lhe pedindo que se livre de tudo que possui!” Ele
sabia o que era mais importante para aquele jovem.
A coisa mais importante para outras pessoas pode
ser uma mulher, uma carreira ou certo pecado no
qual elas querem deleitar-se. Mas, no caso desse
jovem, a coisa mais importante era seu dinheiro e
seus bens. E o Senhor queria que ele se mostrasse
disposto a renunciá-los.
A prontidão para renunciar o que temos me
lembra a história de um escravo e seu senhor. Um
dia o senhor perguntou: “Como posso ter o que você
tem?” O escravo disse: “Ponha a sua túnica branca,
desça aqui, no barro, e trabalhar conosco, escravos”.
O senhor replicou: “Eu nunca farei isso. Por que
tenho de fazer isso para ser um cristão?” O escravo
lhe respondeu: “Estou apenas lhe dizendo que você
tem de fazer isso”. O senhor retornou várias vezes
fazendo a mesma pergunta e recebendo a mesma
resposta. Por fim, o senhor disse: “Estou disposto a
fazer isso porque desejo ter o que você tem”. E o
escravo lhe respondeu: “Que bom! Você não tem de
fazer isso. Tem apenas de estar disposto a fazer
isso”. Jesus expôs o âmago da existência do jovem
rico. Estava dizendo-lhe: “A menos que eu seja a
prioridade número um de sua vida, não haverá
salvação para você”.
A salvação exige duas coisas: reconhecer sua
ofensa para com Deus, abandonar as suas
prioridades presentes e seguir os mandamentos de
Cristo, embora isso lhe custe as coisas mais
queridas. A salvação é um compromisso de
abandonar o pecado e seguir a Jesus Cristo — a
todo custo. Se você não está disposto a ser salvo
nesses termos, Jesus não o receberá.
A fé que não salva oferece aos homens algum
alívio psicológico para as ansiedades deles, mas não
exige o abandonar o pecado e uma afirmação do
senhorio de Cristo. Em Mateus 13.44-46, há duas
parábolas: a parábola do tesouro escondido e a
parábola da pérola de grande valor. Creio que ambas
se referem à salvação que é oferecida no reino. Um
homem vendeu tudo que tinha para comprar o
campo e possuir o tesouro. Outro homem vendeu
tudo que tinha para comprar a pérola. O que eles
queriam custou tudo que possuíam. Vir a Jesus
Cristo significa aceitá-lo como o supremo Senhor de
nossa vida. Ele se torna nossa primeira prioridade.
Não penso que as pessoas entendem todas as
implicações do senhorio de Cristo no momento em
que são salvas, mas penso realmente que a salvação
envolve um compromisso com o senhorio de Cristo.
Essa é a razão por que Romanos 10.9 afirma: “Se,
com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e,
em teu coração, creres que Deus o ressuscitou
dentre os mortos, serás salvo” (ênfase
acrescentada). Há um preço pela salvação — ela
custa tudo que você possui.
O jovem rico recebeu um teste porque se
apegava a tudo que possuía. Qual foi a reação dele?
Mateus 19.22 diz: “Tendo, porém, o jovem ouvido
esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de
muitas propriedades”. Por que ele se retirou? Suas
propriedades eram mais importantes para ele do que
Cristo. Ele não podia receber a salvação nesses
termos.
Por que Mateus indica que o jovem rico se
retirou triste? Havia alguma sinceridade em seu
coração. Ele queria realmente a vida eterna; só não
estava disposto a pagar o preço.
Na Escritura, há um exemplo de um homem
que reagiu de modo oposto. Lucas 19.1-6 diz:
“Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade.
Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos
publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus,
mas não podia, por causa da multidão, por ser ele
de pequena estatura. Então, correndo adiante,
subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque por ali
havia de passar. Quando Jesus chegou àquele
lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce
depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa.
Ele desceu a toda a pressa e o recebeu com
alegria”. Por quê? Ele também buscava a vida
eterna. Os coletores de impostos não perdem sua
dignidade por subirem em árvores para ver uma
multidão passando, mas Zaqueu fez isso porque era
um verdadeiro interessado na vida eterna.
Os versículos 7 e 8 registram o que aconteceu
como resultado daquela visita de Cristo: “Todos os
que viram isto murmuravam, dizendo que ele se
hospedara com homem pecador. Entrementes,
Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor,
resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e,
se nalguma coisa tenho defraudado alguém,
restituo quatro vezes mais”. Ele sabia que estivera
fazendo o mal e precisava acerta sua vida.
Compreendeu que tinha de devolver em 400% tudo
que extorquira dos pobres. Isso é, certamente, o
oposto da atitude do jovem rico. Jesus disse: “Hoje,
houve salvação nesta casa, pois que também este é
filho de Abraão” (v. 9). Zaqueu se tornou um
verdadeiro judeu. Por que a salvação o alcançou?
Porque ele pôde pensar em quão grande pecador ele
era. Zaqueu queria devolver todas as coisas que
tomara injustamente, mais a metade de tudo que ele
tinha. Portanto, Jesus disse: “O Filho do Homem
veio buscar e salvar o perdido” (v. 10).
A história do jovem rico, narrada em Mateus
19, é uma história triste. Ele não se mostrou disposto
a fazer o mesmo compromisso que Zaqueu fez. O
Senhor lhe mostrou que ele era um pecador, por
avaliá-lo à luz da lei de Deus, mas ele se recusou a
ver o seu pecado. O Senhor lhe deu uma ordem e
lhe pediu que o seguisse, mas o jovem rico não quis
fazer ambas as coisas. Ele não podia receber a
salvação porque não estava disposto a deixar o seu
pecado e afirmar o senhorio de Jesus Cristo em sua
vida. Repito o que Mateus disse: “Tendo, porém, o
jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser
dono de muitas propriedades” (Mt 19.22). Ele foi
até Jesus em busca da vida eterna e retirou-se sem a
vida eterna.
6
O PROPÓSITO DAS
PROVAÇÕES
Escrituras Selecionadas
8 de junho de 1986
AS PROVAÇÕES PRODUZEM
PERSEVERANÇA E VIGOR
Thomas Manton disse que, enquanto tudo está
quieto e confortável, vivemos pelo senso e não pela
fé. Mas o valor de um soldado não é conhecido em
tempos de paz. Um dos propósitos de Deus nas
provações é dar-nos maior vigor. Quando você passa
por uma provação, seus músculos espirituais (fé) são
exercitados e fortalecidos para a próxima provação.
Isso significa que você pode enfrentar inimigos
maiores e suportar maiores dificuldades, tornando-se
assim mais útil para o Senhor. E, quanto mais útil
você for, tanto mais cumprirá a vontade dele no
poder de seu Espírito, para a sua glória.
7
TORNANDO FÁCEIS
DECISÕES DIFÍCEIS
Escrituras Selecionadas
20 de julho de 1986
1 Pedro 2.21
26 de março de 1989
QUINZE PALAVRAS DE
ESPERANÇA
2 Coríntios 5.21
23 de abril de 1995
O BENFEITOR
O versículo diz: “Ele o fez”. Se você estuda a
Bíblia, a primeira pergunta que fará é esta: a quem
se refere a palavra “Ele”? A resposta se acha numa
palavra que está no final do versículo 20: “Deus”.
Deus é o antecedente. “Aquele que não conheceu
pecado, ele o fez pecado por nós.” O fato é este:
isto é plano de Deus. Ele é o benfeitor. Deus está
por trás do plano de reconciliação. Ele o elaborou.
Ele o realizou. Ele o traz à fruição. Essa é uma
perspectiva crucial. Não poderia haver reconciliação
se Deus não a iniciasse, não a operasse e não a
aplicasse. Ele teve de planejá-la e executá-la. A
reconciliação não poderia vir de nenhuma fonte
humana. Não há nada que o homem poderia ou
pode fazer para produzir a reconciliação com Deus.
Todos os esforços no âmbito religioso são
como trapos de imundície (cf. Is 64.4). O mundo
está cheio de religião. Mas toda religião, exceto o
cristianismo, é nada: é o homem produzindo, com a
ajuda de Satanás, um plano em que ele tenta obter a
reconciliação com Deus. Esse é o erro fatal de toda
religião do mundo, não importando o nome que elas
tenham.
Romanos 3.10-11 diz: “Não há justo, nem um
sequer, não há quem entenda, não há quem busque
a Deus”. Ora, poderíamos imaginar que, se existia
um grupo de pessoas que era capaz de elaborar um
plano de reconciliação e realizá-lo muito
competentemente, esse grupo era os judeus. Afinal
de contas, os judeus eram o povo do Deus
verdadeiro, Jeová. Deus lhes deu a lei, os profetas,
as alianças e a adoção (cf. Rm 9.4). Eles tinham a
revelação. Eles tinham o Antigo Testamento. Até a
salvação lhes foi dada — a salvação vem dos judeus;
e o Messias veio para eles. Se algum grupo de
pessoas podia ter planejado um sistema pelo qual
conseguiriam a reconciliação, esse grupo era os
judeus. Mas eles falharam.
Em Romanos 10.1, Paulo comenta o fracasso
dos judeus, ao dizer: “A boa vontade do meu
coração e a minha súplica a Deus a favor deles
são para que sejam salvos”. Com toda a sua
religiosidade e com tudo que receberam por meio da
revelação divina, eles não conseguiram a
reconciliação, porque acreditavam que, de alguma
maneira, a sua reconciliação com Deus dependia
deles mesmos. E, por isso, não eram salvos.
“Porque lhes dou testemunho”, diz Paulo, “de que
eles têm zelo por Deus, porém não com
entendimento. Porquanto, desconhecendo a justiça
de Deus e procurando estabelecer a sua própria,
não se sujeitaram à que vem de Deus” (vv. 2-3).
A falsa religião é isto: a religião de
empreendimento humano. Mas os pecadores nunca
podem realizar a reconciliação porque a única
maneira como a reconciliação podia acontecer era se
Deus viesse ao encontro dos pecadores. E ele fez
isso. Foi Deus quem tomou aquele “que não
conheceu pecado” e o “fez pecado por nós”. Foi
plano de Deus. Jesus foi à cruz não porque os
homens se voltaram contra ele, embora tenham feito
isso. Ele foi à cruz não porque espíritos enganadores
controlaram a mente dos líderes religiosos do
judaísmo, para que tramassem a sua morte, embora
tenham feito isso. Jesus foi à cruz não porque uma
multidão furiosa clamava por seu sangue, embora
tenham feito isso. Jesus foi à cruz porque Deus o
planejou. Deus o planejou como totalmente
necessário e o único meio pelo qual a reconciliação
poderia acontecer.
Foi por essa razão que Jesus disse: “Eu vim ao
mundo para fazer a vontade do Pai”. É também a
razão por que ele disse: “Não beberei, porventura,
o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). O cálice se
refere ao cálice da ira de Deus. Por isso, em
Hebreus 10.5-7, Jesus é citado como que dizendo:
“Um corpo me formaste... aqui estou... para fazer,
ó Deus, a tua vontade”. Também foi por isso que o
apóstolo Pedro disse, ao levantar-se no dia de
Pentecostes e pregar para a população de Jerusalém,
muitos dos quais haviam clamado pelo sangue de
Jesus e eram culpados de exigir sua execução:
“Sendo este entregue pelo determinado desígnio e
presciência de Deus, vós o [o Filho de Deus]
matastes, crucificando-o” (At 2.23). Eles
praticaram sua obra perversa, mas tudo estava no
plano do Pai.
Somente Deus podia chamar a segunda pessoa
da Trindade para se encarnar, vir ao mundo,
humilhar-se, assumir a forma humana e ser
obediente até à morte, e morte de cruz (Fp 2.7-8).
Somente Deus podia planejar a expiação pelo
pecado que satisfaria a sua justiça, porque somente
ele sabe o que é necessário para satisfazer a sua
justiça. Somente Deus sabe o que propicia a sua ira.
Nós não sabemos. Somente Deus podia decidir
como sua santidade infinita, seu intenso ódio pelo
pecado e sua justiça inflexível seriam perfeitamente
satisfeitos sem destruir o pecador. Somente Deus
podia saber o que seria necessário para tornar um
pecador aceitável a ele, de modo que o pecador
escapasse do inferno e vivesse eternamente na
presença de Deus, em sua própria casa. Somente
Deus podia determinar como a natureza espiritual, a
autoridade suprema e a perfeição imutável de sua
lei, que é santa, justa e boa, seria totalmente
satisfeita, e o transgressor, completamente
justificado, bem como correta e genuinamente
perdoado e aceito, embora caído, culpado e
depravado.
Somente Deus podia trazer todos esses
componentes à conciliação. Somente Deus sabia
como resolver o dilema. Somente ele sabia o que
satisfaria sua exigência justa. Somente Deus sabia
como poderia executar sua ira, de modo que ela
fosse consumada. Somente ele sabia o que
significava carregar o fardo do pecado e suportar a
punição de sua própria fúria. O mundo pode chamar
de loucura o evangelho e a obra de Jesus Cristo,
mas para aqueles que creem no evangelho, ele é a
sabedoria de Deus. Somente a mais pura e mais
profunda sabedoria do Deus infinitamente santo
podia elaborar um plano coerente com sua santidade
infinita para reconciliar com ele mesmo pecadores
totalmente ímpios. Portanto, Deus é o benfeitor —
aquele que fez o plano e o executa.
O plano de salvação flui desta grande realidade:
“Deus amou ao mundo de tal maneira que deu”
(Jo 3.16). Foi exatamente isso o que Paulo disse, em
palavras diferentes, em Romanos 5.8: “Deus prova
o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores”. Tudo resulta do amor de Deus.
“Quando inimigos”, disse Paulo, “fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho” (v. 10). Deus iniciou a reconciliação porque
nos amou. Efésios 2.4 diz: “Deus, sendo rico em
misericórdia, por causa do grande amor com que
nos amou”, nos deu a salvação. Deus ama
pecadores. Essa foi a razão por que o apóstolo Paulo
disse: “Dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à
parte que vos cabe da herança dos santos na luz”
(Cl 1.12). Somente Deus conhecia as idoneidades e
somente ele podia tornar-nos idôneos. Devemos dar
graças a Deus, porque ele “nos libertou do império
das trevas e nos transportou para o reino do Filho
do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão
dos pecados” (vv. 13-14).
Foi exatamente por isso que Paulo disse ao
cristãos de Éfeso: “Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com
toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele
antes da fundação do mundo” (Ef 1.3-4). Foi o Pai
quem “nos predestinou... para a adoção de filhos,
por meio de Jesus Cristo” (v. 5). Essa salvação tem
de resultar em “louvor da glória de sua graça, que
ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual
temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos
pecados” (vv. 6-7). Foi o Pai quem derramou
abundantemente sobre nós toda sabedoria,
prudência e todas as riquezas de sua graça (vv. 8-9).
Isto é muito diferente das religiões do mundo.
As religiões do mundo operam basicamente numa
premissa de medo. Elas veem a Deus como irado,
odioso ou indiferente, alguém que não pode se
preocupar com a prosperidade de seres que vivem
abaixo dele, neste mundo. O alvo da maioria das
religiões é apaziguar esse Deus hostil e irado. Por
isso, os homens têm de inventar um sistema que os
reconciliará com Deus, sem que ele destrua a vida
deles ou castigue-os eternamente. Esses sistemas de
apaziguamento envolve frequentemente certas
cerimônias religiosas, obrigações, ações ou boas
obras que podem ser seguidas para, de algum modo,
apaziguar essa deidade e deter sua fúria mortal.
Por outro lado, o cristianismo proclama um
Deus que ama, ama tanto que é um Salvador, “o
qual deseja que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm
2.4). Temos um Deus que não odeia, e sim que ama
pecadores e planejou um meio de ter comunhão
com eles para sempre. Não temos de apaziguar a
Deus. Em seu amor, Deus provê o sacrifício e
oferece, maravilhosa, graciosa e prontamente, o
dom do perdão. Isto é boas-novas — você não tem
de apaziguar a Deus; não tem de elaborar um plano
de reconciliação e desenvolver sua própria justiça.
As boas-novas são que Deus é o benfeitor. Ele sabe
o que satisfaz a sua justiça e a sua santidade. O
preço do pecado foi pago, e agora Deus oferece a
você perdão e reconciliação.
O que foi necessário para realizar esta
reconciliação? Morte foi necessária, porque Ezequiel
18.20 diz: “A alma que pecar, essa morrerá”.
Romanos 6.23 diz: “O salário do pecado é a
morte”. Deus sabia qual era a exigência — a
exigência era a morte. Deus deixou isso bastante
claro em toda a dispensação do Antigo Testamento,
porque os judeus gastavam maior parte de sua vida
ou indo para ou vindo de um sacrifício. Eles
mataram milhões de animais por causa de seus
pecados, o que era parte do plano de Deus para
mostrar às pessoas quão ímpias elas eram e como o
pecado exigia a morte. Aqueles animais não podiam
jamais remover pecado, mas os sacrifícios contínuos
demonstravam às pessoas que o salário do pecado é
a morte. Toda vez que alguém pecava, as pessoas
tinham de ir assistir a outra morte. As pessoas se
fatigavam disso e anelavam pelo Cordeiro final que,
de uma vez por todas, removeria o pecado do
mundo e acabaria com a morte de animais. Os
animais eram símbolo de que a lei de Deus podia ser
satisfeita apenas por meio da morte, e isso fazia as
pessoas anelarem, de todo o coração, por um
substituto final.
Bem, o Pai enviou Um. E ele não veio
relutantemente. Jesus disse: “Ninguém a [minha
vida] tira de mim; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a
entregar e também para reavê-la” (Jo 10.18). Jesus
não reteve voluntariosamente o que tinha direito de
reter, mas entregou a sua vida e condescendeu em
morrer (cf. 2.6-8).
O SUBSTITUTO
OS BENEFICIÁRIOS
O BENEFÍCIO
O fim de 2 Coríntios 5.21 nos mostra o
benefício: “Para que, nele, fôssemos feitos justiça
de Deus”. Qual é o benefício? Nós nos tornamos
justos diante de Deus. Isso é o que a justificação faz.
A justiça imputada a nós é a própria justiça de
Cristo. Paulo disse em Filipenses 3.9: “E ser
achado nele, não tendo justiça própria, que
procede de lei, senão a que é mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na
fé”. Uau! Jesus é santo, mas Deus lhe imputou o
pecado. Somos pecadores, mas Deus nos imputa
santidade.
A justiça que Deus exige para aceitar qualquer
pecador é a justiça que Deus mesmo provê. Quando
Deus olha para você, ele o vê coberto com a justiça
de Jesus Cristo. Essa é a razão por que todo o seu
pecado é automaticamente perdoado no sentido
eterno, porque Jesus já pagou a penalidade. Deus
não mais considera você responsável por seu
pecado, porque Jesus pagou a penalidade completa e
recebeu a fúria completa pelo pecado.
Você diz: “E os pecados que cometo depois de
me tornar cristão?” Cristo morreu também por esses
pecados. Você não era nem nascido quando ele
morreu — todos os seus pecados eram futuros. De
fato, Cristo é o cordeiro morto desde a fundação do
mundo, antes mesmo da criação. O plano era que
ele morresse por todos os pecados de todos os que
creriam nele.
Esta é a justiça sobre a qual Paulo fala em
Romanos 3. É a justiça de Deus sem a lei (v. 21). É
a justiça de Deus mediante a fé em Cristo Jesus para
todos os que creem (v. 22). Como você se beneficia
disso? Reconheça que você é um pecador; está em
situação desesperadora, alienado de Deus. Admita
que você não tem, de si mesmo, esperança de
reconciliação, que você viverá impiamente nesta
vida e sofrerá o tormento eterno na vida por vir.
Então, creia que Deus enviou seu Filho ao mundo,
na forma de um homem, para morrer como seu
substituto e que ele tomou sobre si mesmo toda a
fúria da ira de Deus. Creia que Deus confirmou que
sua justiça foi satisfeita quando ele ressuscitou Jesus
dentre os mortos. E, quando Deus ressuscitou Jesus
dentre os mortos, ele ficou satisfeito. Em seguida,
Deus exaltou a Jesus, assentando-o à sua direita, em
seu trono (Fp 2). Quando isso foi realizado, e
quando Jesus se ofereceu a si mesmo, satisfazendo a
justiça de Deus, Deus “lhe deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se
dobre todo joelho... e toda língua confesse que
Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”
(Fp 2.9-11). É nisso que você crê, e isso é o
evangelho.
Quando você crê no evangelho, pela fé, Deus
lhe imputa, em sua misericórdia, a justiça de Jesus
Cristo, porque seus pecados foram imputados a
Cristo, quando ele morreu na cruz. O Pai conhecia
você quando o Filho morreu. Seu nome foi escrito
no Livro da Vida do Cordeiro antes da fundação do
mundo, e a expiação que Cristo realizou foi por
você. Então, você chegou a crer e recebeu a justiça
imputada. Agora você vive esta vida na presença de
Deus e, por fim, viverá na eternidade, em perfeição
total. Isso é o evangelho.
O benfeitor é Deus: o plano é dele e resulta do
seu amor. O Substituto é Jesus Cristo, que tomou o
seu lugar, o perfeito Deus-Homem. Os beneficiários
somos todos nós, por quem ele morreu, aqueles que
creriam. E o benefício é que você recebe a justiça de
Deus imputada a você, como se você fosse igual a
Jesus Cristo em santidade. E um dia você será
tornado santo. Mas, até àquele dia, você está
coberto com a justiça de Deus em Cristo. E essa
justiça se torna sua tão-somente pela sua fé em Jesus
Cristo.
10
UMA PERSPECTIVA BÍBLICA
SOBRE A MORTE, O
TERRORISMO E O ORIENTE
MÉDIO
Escrituras Selecionadas
16 de setembro de 2001
A MOTIVAÇÃO NATURAL
Primeiramente, quero considerar uma categoria
com a qual precisamos começar: há uma razão
natural para isso. Os sociólogos e os psicólogos
modernos têm tentado convencer-nos de que o
homem é basicamente bom. Mas isso não é verdade.
O homem é basicamente mau; é basicamente ímpio.
Jeremias 17.9 diz: “Enganoso é o coração, mais do
que todas as coisas, e desesperadamente corrupto;
quem o conhecerá?” Em outras palavras, quem
pode descobrir o que está no coração? Ele é
desesperadamente corrupto.
Romanos 3 descreve o homem como uma
serpente venenosa (v. 13) e como um assassino
cujos pés são “velozes para derramar sangue” (v.
15). Precisamos apenas olhar para a história da
humanidade para acharmos evidência dessa verdade.
A história do mundo está cheia de derramamentos
de sangue. Isso é evidente não somente em atos
individuais de criminalidade, mas também em atos
de criminalidade nacionais e coletivos. O homem é,
por natureza, um assassino. Vemos isso nas guerras
do mundo. Vemos isso nas ações terroristas no
mundo hoje. Vemos isso nas sociedades tribais e nas
cidades modernas do mundo. O homem é um
assassino. O primeiro crime mencionado na Bíblia
está registrado em Gênesis 4.8. Caim matou seu
irmão e marcou a vida humana com esse começo
ignóbil.
Por que isso acontece? A epístola de Tiago nos
ajuda a chegarmos a uma resposta. Quando o
capítulo 4 dessa epístola começa, Tiago faz a mesma
pergunta que estamos fazendo, que nossa cultura
está fazendo e que nosso mundo está fazendo. O
capítulo começa assim: “De onde procedem
guerras e contendas que há entre vós?” (v. 1). Por
que essas coisas acontecem? Por que há assassinato?
Por que há guerra? Por que há contendas e conflitos
em todos os níveis?
A resposta é dada em seguida: “De onde,
senão dos prazeres que militam na vossa carne?”
(v. 1). “Carne” inclui a natureza física e espiritual
dos seres humanos. São os prazeres dentro de nós
que geram guerra. Qual é a fonte dos conflitos? A
palavra grega polemos (“guerras”) se refere a um
estado de conflito prolongado. Qual é a fonte de
conflitos? Mache (“conflito”) se refere a lutas
separadas, individuais. O que causa essas lutas e
conflitos separados?
Tudo se resume a nossos prazeres. Essa é a
palavra hedone no grego, da qual obtemos nossa
palavra hedonismo, que é o anseio do amor próprio,
o anseio de satisfazer o que alguém deseja. Um
hedonista é alguém que vive para a satisfação de seu
amor próprio — ele vive para satisfazer a si mesmo,
para conseguir o que deseja e ter o que satisfaz a si
mesmo. As guerras começam porque pessoas
querem coisas para si mesmas e alguém se interpõe
no caminho.
O versículo 2 desenvolve esta verdade:
“Cobiçais e nada tendes”. Esse é o problema. Você
tem essa compulsão hedonista, mas ela é errada. O
que você quer se torna uma guerra dentro de você;
isso é o quanto você o deseja. Mas alguém entra no
caminho da satisfação desse desejo, por isso Tiago
diz: “Matais” (v. 2). A razão natural por que
pessoas matam é a satisfação pessoal insatisfeita e
fora de controle. As pessoas não são basicamente
boas; são basicamente más. Se não tivéssemos leis e
a restrição que elas impõem, toda a humanidade
estaria matando a si mesma em todo o tempo. As
pessoas são impulsionadas por seus desejos egoístas
— por sua necessidade de satisfazer seu amor
próprio. São impulsionadas por um hedonismo
consumista. São impelidas pelo desejo por prazer,
satisfação e realização. Qualquer um que se coloque
no meio do caminho tem de ser sacrificado, para
que o desejo seja satisfeito.
Você tem de perguntar a si mesmo: “Por que
uma mãe afoga seus cinco filhos?” Porque esses
filhos estavam no caminho da realização e da
satisfação dela. Por que os Poloneses, em Jedwabne,
massacram em um único dia 1.600 judeus, durante a
Segunda Guerra Mundial? Eles tinham vivido juntos
por 300 anos; trabalhavam juntos e estudavam
juntos. Contudo, em um período de duas semanas,
os poloneses resolveram deixar de ser vizinhos para
se tornarem assassinos. Eles mataram todos os 1.600
em um mesmo dia. Por quê? Foi o ódio para com a
raça judia? Não, eles nunca haviam sido expostos à
propaganda anti-semita. O que aconteceu foi que os
alemães tomaram controle da cidade e disseram:
“Vocês podem matá-los, se quiserem, e apropriar-se
de suas terras, fazendas e bens” (Juan T. Gross,
Neighbors: The Destruction of the Jewish
Community in Jedwabne, Poland [Princeton, N.J.:
Princeton University, 2001]). E os Poloneses
fizeram isso. Dê ao coração humano permissão para
assassinar, e ele o fará.
Por que um jovem homem russo mata a sua
família em Sacramento? Porque achou que eles
permaneciam no meio do caminho de sua satisfação
e realização. Por que Hitler massacrou os judeus?
Ele os via como um obstáculo à sua supremacia
ariana. Por que Joseph Stalin massacrou outros
milhões? Ele pensava que tais pessoas se
interpunham no caminho de seu império mundial.
Pode ser tão amplo como isso ou tão simples como
uma mãe que mata seus filhos porque ela não pode
achar satisfação com eles no caminho.
Tiago prossegue, dizendo: “Invejais, e nada
podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada
tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis,
porque pedis mal, para esbanjardes em vossos
prazeres” (vv. 2-3).
Essa é a razão por que pessoas matam: elas
querem algo, e alguém se coloca no caminho. Quer
matem em ampla ou em pequena escala, os corações
ímpios de pessoas cobiçosas que não querem que
seu prazer seja negado matarão para ter seu prazer.
Essa é a patologia natural do coração humano caído.
Ele impele as pessoas a atos extremos de assassinato,
por paixões tão intensas que beiram à loucura.
A MOTIVAÇÃO HISTÓRICA
Há uma motivação natural e, em segundo
lugar, uma motivação histórica. Para compreender
isso, temos de retornar ao Oriente Médio, à Bíblia e
às origens das nações. E isso nos leva ao livro de
Gênesis.
Gênesis é o livro das origens. Gênesis significa
“começos”. Em Gênesis 10 e 11, temos o que os
eruditos bíblicos chamam de a tabela das nações.
Quando você examina todas as genealogias de
Gênesis 10, vê todos os tipos de nomes de pessoas,
famílias e nações. Começando em 11.10, você acha
mais genealogias de indivíduos que foram pais de
grupos de famílias e povos. Isso é um registro de
uma sociedade primitiva que se desenvolveu desde o
tempo de Noé. Você lembra que Deus inundou todo
o mundo, conforme registrado em Gênesis 6 a 9, e
salvou apenas oito pessoas: Noé, sua esposa, seus
três filhos e as esposas destes. Oito pessoas saíram
da arca e povoaram o mundo. O capítulo 10 alista as
gerações que resultaram de Noé por meio de seus
três filhos: Sem, Cam e Jafé.
Jafé, o mais velho dos filhos, foi o pai dos
povos que conhecemos pelo nome de indo-europeus
(Gn 10.2-5). De Jafé vieram aqueles que vivem na
Europa até à Índia, incluindo os que vivem na
Rússia e, talvez, aqueles que atravessaram o Mar de
Bering, para habitar as Américas do Norte e do Sul,
os povos nativos. Cam foi o pai das famílias que
habitam a África e o Extremo Oriente, incluindo o
mundo asiático, bem como regiões do Oriente
Médio (Gn 10.6-20). E, depois, do mais bem
conhecido dos filhos de Noé, Sem, vieram os povos
semitas do vale da Mesopotâmia, do Oriente Médio,
como o conhecemos, tanto os Judeus como os
Árabes (Gn 10.21-23). Os povos oriundos de Sem
viveram no Norte, no Sul e no Leste da terra de
Israel. Não queremos simplificar demais esta
discussão porque há complexidades e complicações
em entendermos a história, mas tentarei dar-lhe um
entendimento que seja bastante claro para que você
compreenda o que está acontecendo hoje.
Vamos voltar um pouco. Quando Deus criou a
humanidade, ele colocou Adão e Eva em um lugar
chamado Jardim do Éden. A Escritura indica que o
jardim era localizado nas adjacências do vale dos
rios Tigre e Eufrates, na região da Mesopotâmia —
o coração do Oriente Médio (Gn 2.14-15). Esse era
o paraíso original de Deus: o lugar em que Deus
passeava e falava com Adão na viração do dia, o
lugar em que Deus colocou a árvore da vida e a
árvore do conhecimento do bem e do mal (2.9).
Hoje esse lugar é o centro do mundo árabe-islâmico.
Ali foi construída a Torre de Babel, onde a religião
mundana começou (11.1-9). Posteriormente, a
cidade de Babilônia foi ali edificada; ali hoje é o
Iraque. Foi ali que Noé viveu e pregou antes do
Dilúvio. A região está cheia de história bíblica e
religiosa. Mas, quando Abraão entrou em cena,
Deus deu aquela terra a Abraão e à sua família.
Deus lhe deu toda a “terra, desde o rio do Egito até
ao grande rio Eufrates” (Gn 15.18).
Abraão era filho de um homem chamado Tera,
que era um adorador do deus lua. Essa era a forma
mais popular de idolatria nos dias de Abraão. Havia
dois grandes centros de adoração ao deus lua: um
desses centros era um lugar chamado Ur, que se
localizava no Golfo Pérsico, no que hoje é o
Kuwait. O outro lugar era Harã, que ficava na
região do Iraque moderno. Abraão nasceu em Ur,
em uma família de adoradores do deus lua.
Essa região histórica, a terra do Oriente Médio,
o vale da Mesopotâmia e a terra dos estados árabes,
foi o lugar em que começou a história da
humanidade. Essa mesma terra também será
importante no final da história humana. Os profetas
da Bíblia nos contam que o mundo chegará ao fim
em uma grande conflagração e uma grande batalha
nesse mesmo lugar. Exércitos imensos do Norte e do
Sul convergirão ao vale do Megido, que é uma parte
do Israel moderno (Ap 16-17). A Escritura diz que
sangue será derramado em toda a terra de Israel até
que Jesus volte, destrua todos os ímpios e estabeleça
o seu próprio reino, em paz e justiça. Aquela região
é uma parte muito importante da terra. Nenhuma é
mais estratégica.
Abraão deu origem ao povo judeu. Deus falou
a Abraão, na época conhecido como Abrão: “Sai da
tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e
vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma
grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra” (Gn 12.1-3).
Depois, Deus contou a Abraão os detalhes da
sua promessa quanto à terra: “Naquele mesmo dia,
fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua
descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até
ao grande rio Eufrates: o queneu, o quenezeu, o
cadmoneu, o heteu, o ferezeu, os refains, o
amorreu, o cananeu, o girgaseu e o jebuseu” (Gn
15.18-21). Deus deu a Abraão tudo desde a costa
no Mediterrâneo até ao Oriente Médio.
Em outras palavras, por direito divino,
procedente dos lábios de Deus mesmo, a região foi
dada a Abraão e à sua descendência. No tempo de
Abraão, todos os povos alistados nos versículos 19 a
21 ainda ocupavam a terra. Embora Deus houvesse
prometido a terra a Abraão, ela estava na posse
desses grupos.
Gênesis 10.21-31 registra a lista de grupos de
pessoas e de famílias, bem como tribos e nações,
que existiam como descendentes de Sem. Devia
haver um grande número deles naquela região.
Muitas tribos, famílias e grupos de povos viviam
naquela parte do mundo naquela época. Era, talvez,
a região mais densamente habitada do mundo. De
fato, em princípio ela foi a única parte habitada do
mundo, porque, depois que o Dilúvio terminou,
somente oito pessoas sobreviveram e começaram a
repovoar exatamente ali.
Em pouco tempo, o nome Mizraim, o nome
hebraico que representa o Egito, tornou-se
proeminente. Também, em pouco tempo, outras
nações poderosas como Harã e Assur (Síria e
Assíria) vieram à existência. Todas essas grandes
tribos, famílias e clãs eram idólatras e rejeitaram o
Deus vivo e verdadeiro, o Deus criador.
Quando Deus prometeu a Abraão que toda a
terra seria dele, Abraão e sua descendência foram
colocados em rota de conflito político e religioso.
Para que a terra pertencesse a Abraão e a seus
descendentes, Deus teria de tornar a terra acessível
para eles, e Abraão teria de ser leal a Deus. Se
Abraão fosse leal e obediente a Deus, Deus lhe daria
a terra. Mas, se os descendentes de Abraão fossem
desobedientes a Deus, eles enfrentariam batalhas
intermináveis tentando possuir o que Deus lhes dera.
Você pergunta: “Era apenas para julgar as
nações que possuíam a terra?” A resposta é sim,
porque Deus é justo em julgar a adoração de ídolos.
O primeiro mandamento diz: “Não terás outros
deuses diante de mim” (Êx 20.3). A idolatria será
julgada por Deus em toda época. Tirar aquela terra
preciosa das mãos dos que se haviam voltado contra
Deus e dá-la ao povo a quem ele mandara amá-lo e
servi-lo foi um julgamento justo. A região do
Oriente Médio é a terra mais rica da face da terra.
Há as riquezas litorâneas do vale de Sarom, em
Israel; as terras férteis que descem a região
montanhosa de Israel; as vastas riquezas minerais do
mar Morto; os grandes tesouros de petróleo na
península arábica; a valiosa madeira de lei que antes
cobria o Líbano. Acrescente ainda as planícies
férteis do vale do Jordão, a produtividade inigualável
e a incrível riqueza química no mar Morto. Deus
deu tudo isso a eles. Se fossem obedientes a ele,
teriam aquela terra.
O povo idólatra daquela terra foi colocado em
rota de colisão com Israel. A razão por que Israel
nunca foi capaz de possuir a terra que lhe foi dada é
que Israel não foi fiel a Deus. Mas um dia eles
“olharão para aquele a quem traspassaram;
pranteá-lo-ão como quem pranteia por um
unigênito e chorarão por ele como se chora
amargamente pelo primogênito” (Zc 12.10). Eles
aceitarão Jesus como seu Messias, chegarão à
salvação. E, no dia em que chegarem à salvação, o
próprio Messias lhes dará a terra. Nesse ínterim, eles
continuam a reivindicar o direito à terra e, enquanto
o fazem, o resto do mundo árabe é seu inimigo
declarado em um grau ou outro.
Abraão contribuiu para esse conflito. Deus lhe
deu a promessa e lhe pediu que cresse nele para ter
um filho. Nesse tempo, Abraão tinha quase cem
anos, e Sara tinha noventa anos, e não podiam ter
filhos (Gn 11.30; 17.15-17). Abraão deve ter se
perguntado como ele poderia ser pai de muitas
nações, se não podia ser pai de um único filho. Um
dia, a sua esposa, Sara, chegou até ele com este
plano: “O SENHOR me tem impedido de dar à luz
filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me
edificarei com filhos por meio dela” (Gn 16.2). Em
um ato de desconfiança para com Deus, Abraão
seguiu o plano de sua esposa. Hagar ficou grávida e
deu à luz um filho, cujo nome era Ismael, um filho
ilegítimo, não o filho que Deus prometera, não o
filho da aliança (Gn 16.4, 15). Deus lhe disse:
“Quanto a Ismael, eu te ouvi: abençoá-lo-ei, fá-lo-
ei fecundo e o multiplicarei extraordinariamente;
gerará doze príncipes, e dele farei uma grande
nação. A minha aliança, porém, estabelecê-la-ei
com Isaque, o qual Sara te dará à luz, neste mesmo
tempo, daqui a um ano” (17.20-21). Sara teve,
realmente, Isaque, e, por meio dele, o povo judeu
veio à existência. Mas, por meio de Ismael, surgiram
mais inimigos, doze tribos nômades que habitaram o
Norte da Arábia (25.13-16). Para tornar a situação
pior, Esaú, o filho de Isaque, foi rejeitado por seu
pai (27.30-40). De Esaú surgiram mais povos que
não pertenciam à aliança, produzindo mais inimigos.
O Oriente Médio está cheio de descendentes de
todos esses povos, que estão em conflito com o
direito de Israel quanto à promessa feita a Abraão.
Deus queria que Israel removesse aqueles povos
ímpios e adúlteros. Ele queria que Israel fizesse isso
quando os tirou do Egito, depois de haverem
permanecido 400 anos em cativeiro (Ex 23.23-33;
At 7.6). Deus levantou Moisés para liderá-los em
sair do Egito. Moisés os levou ao deserto, mas o
povo era incrédulo. Toda aquela geração morreu no
deserto, porque cometeram idolatria (1Co 10.10-
11). Quando uma nova geração se levantou, Deus os
levou à Terra Prometida, a terra de Canaã. Como
parte da promessa, eles precisavam destruir os
habitantes idólatras da terra (Js 1.1-9). Deus já tinha
demonstrado na história que ele destruiria os ímpios
— ele inundou o mundo com as águas do Dilúvio
(Gn 6). Agora, Israel, e não a água, deveria ser o
instrumento de Deus para limpar a terra da idolatria.
Eles viram a vitória sobre o Egito. Todo o
exército egípcio foi afogado, e as grandes pragas que
vieram sobre o Egito causaram uma quantidade
imensa de mortes (Ex 7-11). Eles conquistaram as
tribos da parte superior ao oriente do Jordão (Dt 3).
E ficaram prontos para entrar na terra de Canaã e
conquistar. Em vez disso, eles entraram na terra de
Canaã e foram derrotados. Em um lugar chamado
Ai, eles foram derrotados porque havia pecado no
acampamento (Js 7). Eles nunca fizeram o que Deus
lhes disse que deviam fazer. Nunca foram a espada
de Jeová. De modo que, agora eles estão no meio do
conflito, ameaçados incessantemente pelos vizinhos
ao seu redor.
No entanto, precisa haver uma advertência. A
aliança de Deus com Israel não foi quebrada; ainda é
verdadeiro o fato de que a nação que abençoa a
Israel é abençoada, e a nação que amaldiçoa a Israel
é amaldiçoada (Gn 12.3). Qualquer nação que
ameaça a existência de Israel ficará sob o julgamento
de Deus. Isso é repetido na Escritura em Salmos
121, 125, 129 e Isaías 43.
Portanto, a razão histórica da ação terrorista é
clara: o conflito retrocede a tensões entre os povos
árabes e a descendência de Abraão. Duzentos e
cinquenta milhões deles cercam os cinco milhões de
judeus. Os judeus creem que têm o direito divino de
possuir a terra, mas não podem tomar a terra porque
Deus não lhes quer dar até que eles se convertam de
seu pecado e recebam o seu Messias. No Oriente
Médio, todos estão contra Israel, até Satanás. Se
você duvida disso, leia Apocalipse 12 e ali achará
uma descrição de Satanás tentando destruir Israel.
Portanto, a Escritura diz que os descendentes
de Ismael habitarão fronteiros a “todos os seus
irmãos” (Gn 16.12). Todos esses povos estão
tentando coexistir no Oriente Médio, e lá está o
pequeno Israel, o povo da aliança, incrédulo,
apóstata, mas ainda, o povo da aliança, cercado por
povos que têm destruição em sua mente.
Nos tempos bíblicos, esses diversos grupos de
povos viviam separados. Isso ajudava naturalmente a
manter a paz. É um sistema de restrição e equilíbrio.
Quando todos tinham a mesma língua e a mesma
mente em batalha, Deus os espalhou, separou suas
línguas e os dispersou pelo mundo (Gn 11.9).
Quando pessoas ímpias se juntam, começa a existir
uma grande força de pessoas ímpias. Elas se tornam
uma grande força para o mal, abrangente e irrestrita.
Deus separou o mundo em nações porque isso
impede o mal gigantesco. É difícil saber quantos
países árabes estão no Oriente Médio, porque as
fronteiras têm sido anuladas, e as identidades
nacionais tem sido eliminadas por um grande poder,
ou seja, a religião islâmica, que predomina naquela
região do mundo.
O império árabe se tornou vasto por causa de
um homem chamado Maomé, cujo nome, em árabe,
significa “altamente louvado”. Ele nasceu na cidade
de Meca em 570 d.C., quase 500 anos depois de
Cristo. Ele afirmava ser um descendente direto de
Ismael. Isso é conveniente. Maomé se tornou a fonte
do Alcorão, que é o livro sagrado do islamismo. Em
622 d.C., ele fixou sua residência em Medina, e a
data se tornou a data oficial para o início do
calendário islâmico. Dentro de cem anos após a
morte de Maomé, o mundo árabe estava unificado
em um grau notável, visto que aquela parte do
mundo sucumbiu ao poder do islamismo, e a maior
parte dele sucumbiu pelo poder da espada. Uma
guerra cujo propósito é colocar os infiéis em
submissão ao islamismo é considerada jihad, uma
guerra santa. O próprio Maomé matou e roubou
infiéis em nome de Alá. “Converta-se ou morra” é o
instrumento mais persuasivo no arsenal missionário
islâmico. Essa tendência para morte ainda existe nos
segmentos radicais do islamismo. O islamismo
sempre conquistou pela espada. De fato, ele
conquistou a terra de Israel e dominou-a até 1948.
Vemos uma razão natural por que isso
acontece. Vemos uma razão histórica por que isso
acontece. Há uma animosidade profunda para com
Israel. Então, por que eles atacam os Estados
Unidos? Somos o principal apoiador e amigo de
Israel. Na literatura que consultei, os muçulmanos
radicais se referem a Israel como “o pequeno Satã” e
aos Estados Unidos, como “o grande Satã”. Somos
a maior força e, portanto, a maior ameaça enquanto
apoiamos Israel.
A MOTIVAÇÃO RELIGIOSA
Isso nos traz à terceira razão, que é a razão
religiosa. Vamos além do conflito de grupos de
pessoas para a própria religião. Há 1,2 bilhão de
muçulmanos no mundo hoje. Islã é uma palavra que
significa “render-se”, “submeter-se”. O islamismo
afirma ser totalmente rendido à vontade de Alá. E a
vontade de Alá, eles creem, foi revelada por meio de
seu profeta Maomé. E a revelação de Alá está
escrita no livro sagrado do islamismo, chamado
Alcorão.
Sem entrar em toda a teologia do islamismo,
permita-me apresentar-lhe algumas coisas sobre as
quais você pode pensar, assim entenderá a
sustentação teológica. Há seis artigos de fé básicos
no islamismo. Se tivéssemos de elaborar uma
declaração doutrinária do islamismo, ela seria assim:
A EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Apresentarei uma última razão — a razão
teológica. Por que todas aquelas pessoas morreram?
Elas morreram porque o salário do pecado é a morte
(Rm 6.3). “Aos homens está ordenado morrerem
uma só vez” (Hb 9.27). Nada aconteceu àquelas
pessoas na terça-feira que não iria acontecer em
algum momento. Todas elas morreriam, não naquele
dia, pensavam elas. Não há nada extraordinário em
pessoas morrerem. Você está pronto para isso?
Desde terça-feira, cinquenta mil americanos
morreram. Somente neste ano 2,5 milhões de
americanos morrerão. Por fim, todos morrerão.
Apenas nos sentimos mais tranquilos quando eles
morrem um por um. Não gostamos quando 250
pessoas morrem em um choque de um avião. Às
vezes, alguns milhares de pessoas morrem numa
inundação, ou terremoto, ou erupção vulcânica em
um país do terceiro mundo. Raramente, cinco ou
dez mil pessoas morrem, e nunca nos Estados
Unidos. Mas todos morrem. Cinquenta mil
americanos morrem cada semana. Os americanos
estão preocupados com isso? Não, a maioria de nós
não — apenas continuamos a viver nossa vida com
pouca consideração ao fato de que cinquenta mil
americanos morrem cada semana. Enquanto o nosso
mundo é tranquilo, e não temos de ver aviões
destroçados, trens despedaçados, edifícios em
ruínas, estamos bem. Isso mantém a morte a certa
distância.
As pessoas perguntam: “Por que Deus deixa
isso acontecer?” Acontece a todos. A grande
pergunta não é: por que Deus deixa isso acontecer?
A grande pergunta é: por que qualquer de nós
continua a viver? Devíamos todos ser mortos,
porque o salário do pecado é a morte: “A alma que
pecar, essa morrerá” (Ez 18.4). Vivemos sob
constante misericórdia, de tal modo que, ao revelar-
se a justiça, ficamos chocados. Estamos tão
acostumados com a graça, que não entendemos a
justiça. De vez em quando, Deus retém a sua graça,
um desastre terrível acontece, e ficamos chocados.
Nosso choque deveria ser que somos lembrados do
que merecemos.
As pessoas perguntam: “Então, o que Deus está
dizendo?” Ele está dizendo: “Vocês vão morrer e
não têm controle sobre isso. Isso é um lembrete de
que eu lhes dou vida, lhes dou amor, lhes dou
felicidade. Derramo graça comum para tornar a vida
rica e recompensadora para vocês. Sou paciente.
Sou misericordioso. Mas, de vez em quando, tenho
de dar-lhes uma ilustração impactante a respeito de
para onde vocês estão indo”.
As pessoas pensam que têm o direito de viver.
Acham que a chave para a vida é exercícios e dieta.
Mas não temos o direito de viver. É a graça de Deus
que nos dá vida. Quando Deus permite que uma
tragédia impressionante e dramática aconteça, não
questione a justiça de Deus. Em vez disso, agradeça-
lhe por sua graça.
Vejamos Lucas 13: “Naquela mesma ocasião,
chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos
galileus cujo sangue Pilatos misturara com os
sacrifícios que os mesmos realizavam” (v. 1).
Pilatos era o procurador romano, o governador
romano de Israel ocupado. Os romanos ocuparam
Israel. Os galileus eram judeus da parte norte de
Israel e faziam sacrifícios no templo. Esse era o
único lugar de Israel onde eles podiam fazer
sacrifícios. Por isso, algumas pessoas haviam
descido da Galileia. (Jesus era galileu, bem como
todos os apóstolos.) Alguns galileus foram ao templo
para oferecer seus sacrifícios. Eles era religiosos e
cumpridores de seu dever; faziam o que Deus tinha
revelado que eles deviam fazer. Mas Pilatos
misturou o sangue deles com os sacrifícios.
O que isso significa? Pilatos enviou homens ao
templo para matar essas pessoas religiosas. Jesus
“lhes disse: Pensais que esses galileus eram mais
pecadores do que todos os outros galileus, por terem
padecido estas coisas?” (v. 2). “Vocês acham que
Deus fez isso porque esses galileus eram piores do
que as outras pessoas?” A pergunta que ecoa na
mente das pessoas é: essas pessoas eram religiosas,
estavam fazendo o que deviam estar fazendo, por
que Deus permitiu que Pilatos entrasse lá e as
matasse de modo que o sangue delas fosse
misturado com os sacrifícios? A resposta humana
lógica é que elas deviam ser piores do que os
demais.
Jesus continuou: “Não eram, eu vo-lo afirmo;
se, porém, não vos arrependerdes, todos
igualmente perecereis” (v. 3). O que é isso? Isso é a
mensagem. Pessoas morrem. O fato de que elas
morrem não implica que são piores do que os
demais. Deus não estava julgando as pessoas que
trabalhavam no World Trade Center ou no
Pentágono ou aquelas que voavam nos aviões,
porque elas eram piores do que as outras pessoas.
Não. Elas não eram diferentes de ninguém. Deus
não permitiu que Pilatos enviasse seus soldados para
matar aquelas pessoas porque elas eram piores do
que os demais. O ensino é este: é melhor você se
arrepender para que não pereça, quando morrer. O
que Deus está dizendo à nossa nação? Está dizendo
que é melhor você se arrepender, porque você não
sabe quando vai morrer. E, se não está preparado,
você perecerá.
Em seguida, no versículo 4, Jesus deu um
exemplo mais vívido: “Ou cuidais que aqueles
dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os
matou eram mais culpados que todos os outros
habitantes de Jerusalém?” Agora, eles tinham outra
pergunta para responder. A torre de Siloé caiu um
dia. Não foi atingida por um avião, mas pode ter
sido vítima de uma construção mal feita ou talvez de
um terremoto. Dezoito pessoas estavam andando
pela rua; a torre caiu sobre elas e as matou. E a
pergunta na mente da pessoas era: por que isso
aconteceu com aquelas pessoas? Elas eram piores do
que as outras pessoas que moravam em Jerusalém?
Jesus respondeu: “Não eram, eu vo-lo afirmo;
mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente
perecereis” (v. 5). Pessoas que estavam no
Pentágono e pessoas que estavam no World Trade
Center pereceram. Tenho certeza de que alguns
deles eram crentes, alguns não. E aqueles que não
eram crentes pereceram e foram para o inferno, para
sempre, sem Deus, sem esperança. Não eram piores
do que os demais. E você perecerá, também, se não
se arrepender. Essa é a mensagem de Deus.
As diferenças entre as pessoas são medidas
apenas em graus; elas não são diferentes em tipo.
Todos somos pecadores. A morte e o julgamento são
certos para os pecadores. Mas você ainda não está
morto. Você não estava naqueles edifícios. Não
estava nos aviões. Você está vivo, e a mensagem de
Jesus é: arrependa-se de seu pecado e receba a
Cristo, para que, quando seu dia chegar, você não
pereça e, em vez disso, vá para a presença de Cristo.
Nos versículos 6 a 9, Jesus contou uma
história: “Certo homem tinha uma figueira
plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela,
não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três
anos venho procurar fruto nesta figueira e não
acho; podes cortá-la; para que está ela ainda
ocupando inutilmente a terra? Ele, porém,
respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que
eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se
vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-
la”.
Isso é bastante claro. As pessoas estão vivendo
em um tempo emprestado. Deus poderia dizer sobre
você: “Podes cortá-la”. Mas, em sua graça, ele diz
que esperará. Dará mais um tempo para ver se
haverá fruto. Assim é o coração de Deus. A
mensagem é: arrependa-se do seu pecado e receba o
dom do perdão e o dom da salvação em Cristo.
Dois milhões e meio de americanos morrerão
neste ano, e algum dia todos os americanos
morrerão. Este é o tempo encarar com mais
seriedade a morte e a vida, você não acha? Basta de
festas e jogos; é tempo de arrepender-se, clamar a
Deus para que salve você da eternidade no inferno.
Você está vivendo em um tempo emprestado. É
como se Cristo estivesse dizendo ao Pai: “Deixa-me
trabalhar nela por mais um ano”. É tempo de os
pregadores acabarem com o show, a tagarelice
psicológica, as histórias engraçadas e o
entretenimento trivial e falarem da vida e da morte,
em termos bíblicos, e resgatarem os que perecem e
cuidarem dos que estão morrendo. É tempo de você
fazer sua vida ser reputada como um testemunho
evangélico. O que mais importa?
Eis onde começar: mostre amor e apresente o
evangelho para um muçulmano. Eles precisam de
Cristo; eles não são seus inimigos, são o seu campo
missionário. Você deve ter uma atitude de
compaixão e amor para com pessoas que estão
enredadas numa religião de engano e condenação.
Se você conhece pessoas árabes, se conhece
muçulmanos, diga-lhes que existe um Salvador.
Diga-lhes que há perdão. Somos missionários, e
hoje acho que compreendemos que o mundo
adiante de nós não será igual ao mundo do qual
acabamos de sair. É tempo de sermos sérios quanto
à coisas eternas.
11
O PRINCIPIO INICIAL DO
DISCIPULADO
Lucas 9.23
3 de novembro de 2002
Mateus 18.15-20
6 de janeiro de 2008