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VOLUME 3

América: globalização O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção


de diversas formas. As ilustrações, os diagramas e

e integração regional _____ 2 as figuras contribuem para a construção correta


dos conceitos e estimulam um envolvimento
ativo com os temas de estudo. Sendo assim, fique
atento aos seguintes ícones:

Coloração artificial
África: regionalização _____ 18 Coloração semelhante à natural

Fora de proporção

Formas em proporção
África: características Imagem microscópica
naturais e culturas nativas _ 34 Escala numérica

Fora de escala numérica

Imagem ampliada

©S
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Representação artística
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op
ro
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ss
or
América:
globalização e
integração regional

América: blocos econômicos

João Miguel Alves Moreira


A globalização permite uma expansão das
relações comerciais entre nações de diferentes
regiões do mundo e, desse modo, intensifica
rapidamente os fluxos de pessoas, mercadorias,
capitais e informações em escala planetária. Ao
mesmo tempo, países vizinhos ou próximos se
conectam cada vez mais entre si, participando
de maneira conjunta em organizações multilate-
rais, isto é, compostas de vários países-membros.
Assim, estabelecem regras comuns e comparti-
lham instituições intergovernamentais, em um
processo de crescente integração regional.
Com isso, concomitantemente à globaliza-
ção, que facilita as conexões globais, ocorre um
processo de regionalização, que promove co-
nexões entre os lugares de uma mesma região.
Embora possam parecer tendências opostas, de
integração e fragmentação, são processos que
se reforçam de forma mútua. Ainda que pareça
incompatível, a criação de blocos econômicos
regionais determinados por meio de alianças
e acordos econômicos se tornou necessária
diante do aumento da concorrência comercial
internacional. Como exemplo dessa realidade
complexa, existe a tendência atual da forma-
ção de grandes blocos de países, a exemplo da
União Europeia, o principal deles, ou de diver-
sos outros existentes no continente americano. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 79.
Observe o mapa. Adaptação.

e s p aço de diálogo
O mapa apresenta alguns exemplos de blocos econômicos constituídos por países do continente ameri-
cano. Você já escutou ou viu alguma notícia em jornais, revistas ou na internet sobre algum bloco econômi-
co apresentado nesse mapa? Converse com o professor e os colegas.
1 Sugestão de abordagem do conteúdo.

2
o s
t iv
e ƒ Compreender a importância e a atuação dos blocos regionais e das organizações
O bj multilaterais na integração regional na América.
ƒ Analisar os principais problemas sociais da América e os desafios que se colocam
para o século XXI.
ƒ Compreender as consequências da hegemonia histórica dos EUA e a atual ascensão
chinesa.

Como vimos no volume anterior, a América pode ser regionalizada de diferentes formas. A regio-
nalização mais usada ao se analisarem aspectos populacionais, socioculturais e econômicos é a que
divide o continente entre América Latina e Caribe, por um lado, e América Anglo-Saxônica, por outro.
São temas importantes que foram estudados, assim como as principais problemáticas inerentes a
cada região, em se tratando das desigualdades sociais e econômicas de suas populações. Neste capí-
tulo, vamos estudar os processos de integração dos países americanos entre si e deles com o restante
do globo.
A integração regional é uma das formas encontradas pelos países de buscar o crescimento eco-
nômico e melhorias da qualidade de vida da população, principalmente por meio do fortalecimen-
to econômico mútuo, com incentivo ao comércio interno. Nesse sentido, os países andinos, que se
agrupam em um bloco, a Comunidade Andina, também fazem parte de outro mais abrangente, a
Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
Do mesmo modo, os países do cone sul compõem outro bloco, o Mercosul, mas, ao mesmo tem-
po, fazem parte da Aladi. Os países do Caribe também constituíram um agrupamento de livre-comér-
cio para estimular a produção interna, a Comunidade do Caribe (Caricom) ou Caribbean Community,
em inglês.
Assim como países formam blocos regionais que contam com aspectos históricos e socioculturais
semelhantes, existem exemplos como o do México, que pode se considerar uma exceção. O motivo
é que ele se agrupa com países bem mais ricos e com traços históricos e culturais muito distintos dos
dele, como o caso da formação do Nafta, ou USMCA, conforme veremos.
@Getty Images/AFP/Joaquim Sarmiento

A Organização dos Estados


Americanos (OEA), fundada em
1948, é o organismo regional que
congrega os 35 países da América
e constitui o principal fórum de
discussão diplomática entre eles.
Além dos países-membros, a OEA
ainda conta com 69 países que
participam como observadores
permanentes, além da União
Europeia. Suas ações têm como
pilares a democracia, os direitos
humanos, a segurança e o
desenvolvimento. Foi por meio da
OEA, por exemplo, que se criou o
sistema de denúncias contra países
que praticam violações de direitos
humanos.

Reunião da OEA em Medelín, Colômbia, 2019

3
Integração no continente americano
Entende-se por integração regional o processo dinâmico de aproximação e aprofundamento das relações
entre governos de Estados nacionais, levando à criação de formas de governança político-institucionais em âm-
bito regional. Na atualidade, as instituições multilaterais são importantes para realizar a cooperação mundial em
diferentes frentes, atuando em áreas como resolução de conflitos, muitas vezes com a utilização de força militar,
ajuda humanitária, assistência ao desenvolvimento, entre outros. Suas ações são fundamentais, no contexto
global, para a facilitação das trocas comerciais e a regulamentação dos mercados, como o Fundo Monetário
Internacional (FMI), o Banco Mundial ou a Organização Internacional do Trabalho (OIT), só para citar alguns.
Ao mesmo tempo que temos, principalmente a partir da segunda metade do século XX, essas organizações
multilaterais atuando em grande parte dos países do mundo, começam também a se constituir iniciativas re-
gionais de integração por todos os continentes. Em geral, a criação de tais organizações visa ao fortalecimento
econômico dos países que as compõem, incentivando o comércio entre os mercados internos, aumentando o
mercado consumidor e criando formas de ampliar a participação no comércio mundial.
©Pulsar Imagens/Ernesto Reghran

Atualmente, cidadãos brasileiros


e argentinos podem atravessar
de um país a outro apenas com a
carteira de identidade. Em virtude
dos acordos assinados no âmbito do
Mercosul, a exigência de passaporte
foi dispensada, contribuindo para
a desburocratização de viagens,
além de facilitar relacionamentos
pessoais e profissionais entre
cidadãos dos países, compatibilizar
legislações diversas, etc.

2 Sugestão de
abordagem do
conteúdo.

Fronteira entre Brasil e Argentina em Foz do Iguaçu, Paraná, 2015

Outro aspecto relevante da integração regional é que ela apresenta caráter multidimensional, ou seja, pode
envolver relações diplomáticas com cooperação em diversas áreas voltadas não apenas a aspectos econômi-
cos e políticos-institucionais, mas também ambientais, socioculturais e de segurança. No contexto da América
Latina, a criação de blocos econômicos é uma forma de buscar melhor produtividade e competitividade diante
do processo de globalização, como diminuir a dependência em relação a países com melhor desempenho
econômico. 3 Sugestão de abordagem do conteúdo.
Embora a formalização e a permanência dessas iniciativas de agrupamento tenham barreiras estruturais
que muitas vezes dificultam sua ascensão, a integração regional é relevante para a economia e a aproximação
diplomática entre os países vizinhos. Nas próximas páginas, vamos conhecer algumas iniciativas de integração
regional e seus desdobramentos econômicos, políticos e sociais.

4 8º. ano – volume 3


NAFTA/USMCA
A grande integração econômica entre os países que compõem a América do Norte levou à formação, no ano
de 1994, do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, do inglês North America Free Trade Agreement).
Em 2017, os países do bloco iniciaram as renegociações de um novo tratado para substituir o Nafta e, em 2019,
foi celebrado o acordo denominado Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), que
entrou em vigor em 2020.
4 Aprofundamento de conteúdo para o professor.
De maneira geral, esse bloco contém acordos comerciais entre os países-membros e trata das relações eco-
nômicas entre eles e outros países do mundo. O principal objetivo do bloco é facilitar a livre circulação de
produtos e de serviços ao eliminar as barreiras alfandegárias. Isso possibilita maior liberdade de organização
operacional das empresas e facilita a instalação de unidades produtivas de acordo com características locais que
minimizem seus custos de produção. Além de tais objetivos, a criação desse bloco também foi uma tentativa de
encarar a União Europeia e seu fortalecimento econômico advindo da integração regional.
Observe o mapa a seguir. Ele apresenta os principais fluxos de exportações e importações entre Canadá,
Estados Unidos e México. Os Estados Unidos formam a maior economia da América do Norte e do mundo, com
PIB de aproximadamente 20 trilhões de dólares. Conforme podemos observar no mapa, a influência desse país
sobre seus vizinhos é enorme. Esse fato gera temores quanto à dependência dessas economias em relação à
estadunidense.
América do Norte: principais fluxos de exportações e importações de mercadorias (2017)
Ângela D. Barbara

Fonte: THE ATLAS of Economic Complexity. Disponível em: <http://atlas.cid.harvard.edu/>. Acesso em: 2 set. 2019.
Os Estados Unidos apresentam um percentual relativamente baixo de trocas comerciais com Canadá e
México e ampliam suas relações comerciais com outros países, como China, Japão e alguns países europeus.
Enquanto isso, Canadá e México têm grande parte de suas importações e exportações altamente dependentes
da economia estadunidense. Para se ter uma ideia, sozinhos os Estados Unidos detêm mais de 85% do PIB total
do bloco, enquanto o Canadá e México juntos correspondem a menos de 15%. Trata-se, portanto, de uma inte-
gração regional assimétrica ou desigual.

geografia 5
A eliminação de barreiras alfandegárias possibilita maior liberdade de organização operacional das empresas
e facilita a instalação de unidades produtivas de acordo com características locais que minimizem seus custos
de produção. Por conta disso, um dos principais efeitos do acordo é a concentração de indústrias dos setores au-
tomobilístico, eletroeletrônico e de informática. Essas empresas, conhecidas como maquiladoras, usufruem da
mão de obra mexicana, relativamente barata, e do mercado consumidor estadunidense, vasto e diversificado.

Comunidade Andina
A Comunidade Andina (CAN) é um bloco econômico que tem entre os objetivos iniciais a promoção do de-
senvolvimento equilibrado entre os países-membros, a aceleração do crescimento econômico e da geração de
emprego e o aumento da qualidade de vida das populações abrangidas. O bloco busca fomentar a criação de
uma união aduaneira, ou seja, uma área de livre-comércio entre os países-membros, abolindo as taxas alfande-
gárias entre eles e criando uma tarifa externa comum dirigida aos países de fora do grupo. Além da integração
econômica, a livre circulação de pessoas também compõe uma de suas frentes.
Criado em 1969 com o Acordo de Cartagena, atualmente esse bloco é composto de Bolívia, Colômbia,
Equador e Peru, países que apresentam, como característica comum, parte de territórios localizada na
Cordilheira dos Andes. Chile e Venezuela também já integraram tal bloco, mas deixaram o grupo. Além dos paí-
ses-membros mencionados, em 2003 o Acordo de Cartagena foi alterado e, em 2005, Argentina, Brasil, Paraguai
e Uruguai passaram a ter o statuss de membros associados, o que lhes proporciona participação nas reuniões do
bloco, mas sem direito a voto.

©Getty Images/Cris Bouroncle

Da esquerda para a direita, presidentes de Equador, Bolívia, Peru e Colômbia


em celebração de 50 anos da Comunidade Andina, em Lima, Peru, 2019

Em 2019, os países-membros realizaram uma cúpula em Lima com o propósito de reforçar a integração e o
comércio entre os membros, além de eleger o novo presidente do bloco. Apesar do fortalecimento do comércio
intrarregional e da avançada estrutura institucional desse bloco, a CAN tem sua trajetória marcada por constan-
tes rivalidades políticas, reflexo da instabilidade governamental de seus membros ao longo do tempo. Por causa
desses percalços, o desenvolvimento e o maior fortalecimento da integração do bloco têm sido prejudicados.

6 8º. ano – volume 3


Mercosul
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um bloco econômico projetado para a criação de um espaço com-
partilhado que gerasse oportunidades comerciais e de investimentos englobando os três países da América
Platina (Argentina, Uruguai e Paraguai) mais o Brasil. Com a adesão desses quatro países, o bloco entrou em
funcionamento em 1991, por meio do Tratado de Assunção. Seus objetivos iniciais são:
ƒ possibilitar a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, por meio da eliminação
dos direitos alfandegários e não alfandegários;
ƒ estabelecer uma tarifa externa comum e adotar política comercial comum em relação a outros países ou
grupo de países;
ƒ coordenar uma política macroeconômica e setorial comum entre os países-membros, em áreas como co-
mércio exterior, agricultura, indústria, impostos, monetária, serviços, transportes, comunicação, entre outros.
5 Sugestão de abordagem do conteúdo.
Em 2012, a Venezuela passou a integrar o Mercosul, buscando fortalecer economicamente o bloco.
Entretanto, foi suspensa em dezembro de 2016, por não cumprir normas do Protocolo de Adesão, além de
divergências políticas com os demais países do bloco, em especial em torno do caráter autoritário do regime
venezuelano do presidente Nicolás Maduro. Além desses, o bloco ainda conta com cinco membros associados:
Bolívia, Chile (desde 1996), Peru (desde 2003), Equador e Colômbia (desde 2004). Desde 2015 está em trâmite o
ingresso da Bolívia como país-membro.
A criação do bloco proporcionou crescimento significativo do comércio entre os integrantes. De maneira
geral, além da eliminação das tarifas alfandegárias internas para comercialização de produtos entre os paí-
ses-membros, em 1995 o bloco iniciou um processo de se caracterizar como uma união aduaneira ao adotar
uma tarifa externa comum. Com isso, os países passaram a cobrar impostos e taxas alfandegárias iguais em
transações comerciais com outros países. Porém, passados mais de 20 anos, essa tarifa comum chega a 2020
abrangendo apenas 40% dos produtos comercializados.
Assim, apesar dos avanços, as diferenças políticas e econômicas têm comprometido o crescimento e a evo-
lução em todos os setores. As grandes desigualdades socioeconômicas entre os membros também impedem
o desenvolvimento de relações comerciais e diplomáticas equilibradas e simétricas. Observe a tabela a seguir,
com alguns indicadores socioeconômicos dos países-membros do Mercosul.

População Renda per capita PIB (em milhões


Índice de
aproximada IDH – 2017 (em dólares) – de dólares) –
Gini – 2017
(em milhões) – 2018 2017 2018

Argentina 44 0,825 42,4 18.461 518

Brasil 209 0,759 51,3 13.755 1.868

Paraguai 7 0,702 47,9 8.380 40

Uruguai 3 0,804 39,7 19.930 59

Fontes: THE WORD BANK. Disponível em: <https://data.worldbank.org>. Acesso em: 10 set. 2019.
UNDP. Disponível em: <http://hdr.undp.org/sites/default/files/2018_human_development_statistical_update.pdf>. Acesso
em: 10 set. 2019. Adaptação.

geografia 7
Nota-se que Brasil, principalmente, e Argentina, de forma secundária, têm posições de destaque, em es-
pecial em termos populacionais, territoriais e econômicos. No entanto, o Uruguai apresenta condições sociais
compatíveis em termos de IDH, desigualdade de renda (medida pelo Índice de Gini: quanto mais baixo, melhor)
e renda per capita.
Em 2019, após 20 anos de negociação, o Mercosul e a União Europeia firmaram um acordo de livre-comércio
em busca da eliminação de tarifas de importação para uma grande quantidade de produtos. O acordo, ainda
não ratificado, precisa ser aprovado pelo Parlamento europeu e também pelos países do Mercosul e da União
Europeia. Sua implantação deverá ser gradual e há expectativa de maior abertura do bloco para novos acordos
na próxima década. Essa nova fase poderá gerar grande impacto na economia regional. Para os consumidores
de ambos os blocos, por exemplo, o aumento na concorrência da oferta de produtos pode gerar maior varieda-
de e preços mais competitivos. Já as indústrias, ponto forte da União Europeia, e os produtores agropecuários,
ponto forte do Mercosul, poderão crescer com as oportunidades de exportação ou, caso não melhorem sua
produtividade, poderão fechar suas portas diante da concorrência.

BRICS
Além da participação do Brasil no Mercosul e em outras iniciativas de integração regional, desde 2006 o país
compõe um grupo de países emergentes que têm suas economias em destaque no cenário mundial, conhe-
cido como BRICS. Essa palavra é formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (do inglês,
South Africa).

©Getty Images/Alexei Nikolsky\

Presidentes e representantes de diversos países, entre membros e


convidados, em encontro do BRICS em Johanesburgo, África do Sul, 2018

Esses países têm em comum a destacada ascensão política e econômica alcançada nas últimas décadas,
representando, em conjunto, aproximadamente 23% do PIB mundial. Apesar disso, existem grandes diferenças
internas entre os membros, tanto em relação às desigualdades socioeconômicas da população quanto à re-
presentatividade do PIB de cada membro. Assim, enquanto o PIB da China representa cerca de 67% do PIB do
bloco, os PIBs de Índia, Brasil, Rússia e África do Sul correspondem respectivamente a 13%, 9%, 8% e 2%.
Ainda que os temas de interesse econômico sejam o destaque nas reuniões do BRICS, acordos de coopera-
ção em ciência, tecnologia e inovação também fazem parte da pauta de discussões. Como forma de financiar
projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, em 2015 foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento
(NBD), conhecido como “Banco do BRICS”. Iniciando ainda suas atividades, tem o intuito de ser complementar,
e ao mesmo tempo concorrente, aos esforços das instituições de financiamento multilaterais existentes, como
o FMI e o Banco Mundial.

8 8º. ano – volume 3


A t i vidades
1. A respeito da integração regional dos países da América Latina, leia o texto a seguir e assinale V para a(s) afirmativa(s)
verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

[...] é por meio da integração que eles buscam reverter a posição de dependência ao “criar um fato
para conseguir lidar com as transformações internacionais de maneira cooperativa, criando uma coa-
lizão. Por isso que a integração regional está associada com a cooperação, para identificar problemas
comuns e tentar fazer frente a esses desafios internacionais” [...].
Ao mesmo tempo, é exatamente essa condição de dependência que ainda cria algumas das maiores
barreiras para que os processos de integração na América Latina se aprofundem. Segundo [professor
Roberto Goulart] Menezes, nenhum país da região se dedica totalmente aos acordos internos, uma vez
que “eles procuram ter sempre estratégias que não apostam muito na integração entre si, e deixam uma
porta aberta para que possam, a qualquer momento, reforçar suas relações com o Norte [países ricos]”.

IANDOLI, Rafael. Por que os países se juntam em blocos: um olhar sobre a América Latina. Disponível em: <www.nexojornal.com.
br/expresso/2017/04/09/Por-que-os-pa%C3%ADses-se-juntam-em-blocos-um-olhar-sobre-a-Am%C3%A9rica-Latina>. Acesso
em: 13 set. 2019.

( V ) Integração regional é compreendida como o processo dinâmico de aproximação e aprofundamento


das relações entre governos de Estados nacionais, levando à criação de formas de governança políti-
co-institucionais em âmbito regional.
( F ) A criação de blocos econômicos entre os países da América Latina foi não mais que uma maneira de
diminuir a dependência em relação a países com melhor desempenho econômico.
( F ) As iniciativas de integração regional foram criadas para combater as ações das instituições multilate-
rais que atuam na América Latina.
( V ) A Comunidade Andina, o Mercosul e a Aladi são blocos econômicos compostos apenas de países
latino-americanos.
2. Observe novamente o mapa da página 5 e resolva as questões a seguir.
a) Compare o percentual das exportações canadenses destinadas aos Estados Unidos em relação ao total exportado pelo
país com as importações de produtos canadenses feitas pelos Estados Unidos em relação ao total de suas importações.
Depois, registre a conclusão a que você chegou. Faça o mesmo comparando o percentual das exportações mexicanas
destinadas aos Estados Unidos com as importações feitas por esse país de produtos mexicanos.
Do total das exportações canadenses, 74,26% são destinadas aos Estados Unidos. O total importado do Canadá pelos Estados
Unidos representa 13,5% de todas as importações do país. Já no caso das trocas comerciais com o México, 72,29% do total
das exportações mexicanas são destinados aos Estados Unidos, representando apenas 13,14% da pauta de importações dos
estadunidenses.

b) Qual é o peso dos Estados Unidos para a pauta das importações dos demais países norte-americanos? Justifique sua resposta.
Bastante grande. Observando os dados, percebemos que mais da metade das importações feitas pelo Canadá e pelo México é
proveniente dos Estados Unidos.

c) A que conclusão podemos chegar quanto à participação dos três países nas trocas comerciais nessa integração regional?
Concluímos que os Estados Unidos são responsáveis pela maior parte das importações do México e do Canadá, causando uma
dependência econômica destes em relação ao parceiro mais rico.

geografia 9
Principais problemas sociais da América e desafios para o século XXI

©Shutterstock/Leonard Zhukovsky
Os países americanos exibem inúmeras desi-
gualdades de ordem socioeconômica, acarretando
problemas sociais distintos em cada região do con-
tinente. Os países da América Anglo-Saxônica têm
elevada qualidade de vida, com alto poder de con-
sumo e acesso a bons serviços nas áreas de saúde,
educação, moradia, ciência e tecnologia. Ao longo
do tempo, EUA e Canadá alcançaram níveis de renda
per capita, PIB per capita e IDH bem mais elevados
que o restante do continente, embora o problema da
desigualdade, medido pelo Índice de Gini, por exem-
plo, apresente resultados por vezes preocupantes.
Já na América Central, além dos problemas clássi-
cos de países subdesenvolvidos, o problema da vio-
lência é o que mais se destaca, principalmente no
Triângulo Norte (Honduras, El Salvador e Guatemala).
Nesses locais, há décadas, as gangues denominadas
“maras” estão envolvidas com altos índices de homicí- Morador de rua recebe esmola em Nova Iorque, EUA, 2019
dios advindos do narcotráfico, do tráfico de pessoas e
No caso dos Estados Unidos, mesmo que
de outras atividades criminosas. A atuação dessas gan- em menor grau se comparado a outros países
gues impulsiona, inclusive, a atual onda de migração do continente, problemas de cunho social e
para os EUA e coloca tais países dentre os que apre- econômico têm crescido, como a desigualdade
de renda e estagnação dos salários.
sentam maiores taxas de homicídios em nível mundial.
Na América do Sul, os problemas relacionados a corrupção, concentração de renda, conflitos sociais entre
camadas populares e elites são recorrentes em praticamente todos os países, o que reflete nos indicadores e
nas condições de vida das populações. Veja a tabela a seguir, que apresenta a desigualdade entre os indicadores
socioeconômicos de alguns países do continente americano. 6 Sugestão de abordagem do conteúdo.
per capita Índice de Índice de Percepção da
IDH – 2017*
(em dólares) – 2017 Gini – 2017** Corrupção – 2018*

Estados Unidos 54.941 0,924 41,5 71

Canadá 43.433 0,926 34,0 81

Honduras 4.215 0,617 50,0 29

Brasil 13.755 0,759 51,3 35

Venezuela 10.672 0,761 46,9 18

Bolívia 6.714 0,693 44,6 29

* O IDH e o Índice de Percepção da Corrupção são indicadores que mostram valores mais altos para os resultados melhores.
** O Índice de Gini mede a desigualdade social e, quanto mais baixo o valor alcançado, menor o nível de desigualdade.

Fonte: UNDP. Human development indices and indicators. Disponível em: <http://hdr.undp.org/sites/default/files/2018_human_
development_statistical_update.pdf>. Acesso em: 18 set. 2019.

10 8º. ano – volume 3


Desigualdade e movimentos sociais na América Latina
A América Latina passou por intenso processo de urbanização sem planejamento adequado ao longo do
século passado, o que acarretou o crescimento desordenado das cidades. Por elas não terem estrutura suficien-
te para atender às demandas da população que chegava em busca de melhores condições de vida, as áreas
urbanas tiveram forte intensificação da pobreza.
No Brasil, temos uma sociedade com fortes desigualdades socioeconômicas, assim como a realidade de
outros países da América Latina e Caribe. Entre as várias iniciativas de reação a essas desigualdades, destaca-se
a constituição de movimentos sociais que reivindicam direitos básicos, como acesso a serviços de saúde, sanea-
mento básico, moradia, educação, alimentação, emprego e acesso à terra.
A desigualdade no espaço rural quanto à distribuição de terras contribuiu para o surgimento do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), criado na década de 1980 no Brasil. O objetivo dele é ocupar áreas
improdutivas para, posteriormente, negociar a legalização das famílias assentadas. Pela mobilização e pela orga-
nização crescente no país, o MST estimulou a criação de outros movimentos populares similares no Brasil e em
outros países latino-americanos. Exemplo disso é a Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Campesinas
(MCNOC), surgida no Paraguai em 1994, junção de várias iniciativas de movimentos populares campesinos.
Diante dessa realidade, surgiram movimentos sociais urbanos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto (MTST), que buscam fazer pressão sobre o poder público em torno da questão da moradia no país. Assim,
seus integrantes ocupam casas e prédios desocupados, muitas vezes em estado precário de manutenção, para
fornecer habitação a pessoas que, de outro modo, não teriam acesso à moradia urbana. Outros movimentos
populares que promovem mobilizações em prol da habitação podem ser encontrados na América Latina, como
o Movimento Urbano Popular (MUP), criado em 1981 no México.
©Shutterstock/Diego Gorzalczany

Buenos Aires, Argentina, 2019. Movimentos sociais argentinos celebram


o fim da ditadura que tomou conta do país entre 1976 e 1983.

Outros movimentos sociais também têm se difundido pelos países do continente, seja em prol da igualdade
de gênero, seja do protagonismo feminino, assim como os que combatem a desigualdade racial e lutam pela
valorização da diversidade étnica e cultural de seus povos. No Brasil, assim como nos EUA, por conta de suas
constituições históricas com forte base na escravidão de africanos e afrodescendentes, existem diversos movi-
mentos sociais afrodescendentes que combatem o racismo e a desigualdade racial.

geografia 1 1
Desenvolvimento tecnológico e trabalho
Outra característica marcante dos países da América Latina e Caribe é o baixo desenvolvimento científico
e tecnológico em relação aos Estados Unidos e ao Canadá. Os países da América Anglo-Saxônica investem,
historicamente, grandes quantias em educação e pesquisa científica em comparação aos países da América
Latina. Enquanto o Peru investe 0,4% do PIB em ciência e pesquisa, por exemplo, os Estados Unidos investem
2,7%. Parte dos países do continente tem reduzido ou defasado domínio tecnológico, enquanto outros detêm
o domínio das mais avançadas tecnologias, tanto no espaço rural quanto no espaço urbano.
7 Sugestão de abordagem do conteúdo.
TTall realidade
l d d faz
lid f com que os países com baixo desenvolvimento tecnológico precisem recorrer às impor-
tações para ter acesso aos produtos tecnologicamente avançados, como equipamentos eletrônicos, máquinas
e insumos agrícolas, medicamentos e máquinas industriais. Brasil, Argentina e México, países industrializados
considerados emergentes ou em desenvolvimento, têm domínio sobre alguns segmentos, mas não se desta-
cam como o Canadá e os Estados Unidos. Isso porque o domínio que aqueles países exercem se dá em setores
específicos, como agropecuária e mineração, mas não no campo do conhecimento e da produção científica de
modo mais amplo.
A falta de investimento na área da educação em muitos países americanos resulta em baixo nível de esco-
laridade. Grande parcela da população nesses países abandona a escola para trabalhar e ajudar no sustento
da família. Assim, os indivíduos geralmente não concluem o ensino básico e cresce o número de pessoas que
não dispõem de qualificação profissional suficiente para trabalhar em atividades especializadas e mais bem
remuneradas. Em vez disso, muitos trabalhadores ingressam no setor informal da economia e desenvolvem
atividades que exigem pouca capacitação.
Há grandes desigualdades no continente quanto à aplicação de tecnologia em diferentes frentes de traba-
lho, tanto no campo como na cidade. Por um lado, grande quantidade de pequenas propriedades está volta-
da para a subsistência e para o comércio local utilizando técnicas tradicionais; por outro, pequena parcela de
grandes produtores detém a maior parte das melhores terras e acesso a técnicas sofisticadas com emprego de
tecnologias modernas. Assim, tais produtores dispõem de máquinas colheitadeiras computadorizadas, semen-
tes selecionadas, equipamentos como droness utilizados para acompanhar o plantio, demarcar áreas a serem
plantadas e também na pulverização e, principalmente, crédito para realizar esses investimentos.
8 Aprofundamento de conteúdo para o professor.
Nas cidades,
N idd d o uso dde tecnologia
l avança-
©Folhapress/Mauro Zafalon

da também se faz presente, desde o próprio


uso de droness na prestação de serviços como
policiamento e monitoramento, como de
maquinários de ponta, internet 5G e a cria-
ção de inúmeros aplicativos para celulares
que transformam o cotidiano de parcela da
população. O desenvolvimento científico e
tecnológico, ao mesmo tempo que traz au-
mento da produtividade, reduz a necessidade
de empregar pessoas e aumenta a exigência
de melhor qualificação para se destacar no
acirrado mercado de trabalho. Por outro lado,
em muitos países, o avanço tecnológico tem
proporcionado a criação de novas profissões
e tende a transformar os tipos de trabalho
Dronee utilizado no monitoramento de lavoura de trigo na
que conhecemos atualmente. área agrícola do município de Carambeí, Paraná, 2017

12 8º. ano – volume 3


A t i vidades
1. Discorra sobre os principais problemas sociais da América Latina.
Os alunos poderão mencionar problemas relacionados ao empobrecimento de parte da população, que enfrenta desemprego ou já
vive em condições de pobreza. Além disso, há outros, como altos índices de violência, corrupção, concentração de renda, conflitos
sociais entre classes populares e elites, etc.

2. Leia o texto a seguir e responda:

Mais de 140 milhões de pessoas são pobres ou vivem com renda insuficiente para pagar suas contas
nos Estados Unidos, o que representa 43% da população do total do país, considerado um dos mais
ricos do mundo. [...] Quase a metade de nossa população é pobre e 73 milhões de mulheres e crianças
vivem em condições de pobreza.

MAIS DE 140 MILHÕES de pessoas são pobres nos EUA, denuncia ONG. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/mundo/
mais-de-140-milhoes-de-pessoas-sao-pobres-nos-estados-unidos-denuncia-ong>. Acesso em: 23 set. 2019.

a) Como se caracteriza a qualidade de vida nos países anglo-saxões?


De maneira geral, esses países apresentam elevada qualidade de vida, com alto poder de consumo e acesso a bons serviços nas
áreas de saúde, educação, moradia, ciência e tecnologia. Ao longo do tempo, EUA e Canadá alcançaram níveis de renda per capita,
PIB per capita e IDH bem mais elevados que o restante do continente, embora o problema da desigualdade, medido pelo Índice
de Gini, por exemplo, mostre resultados por vezes agravantes e preocupantes.

No caso dos Estados Unidos, mesmo que em menor grau se comparado a outros países do continente, problemas de cunho social
e econômico têm surgido, como o empobrecimento de parte da população, que enfrenta desemprego ou já vive em condições
de pobreza.

b) É correto afirmar que apenas os países da América Latina têm problemas relacionados ao empobrecimento da popula-
ção no continente americano? Justifique sua resposta.
Não, pois mesmo que em menor grau se comparados aos países da América Latina, Canadá e Estados Unidos também apresentam
parcela da população que vive em situação de pobreza, principalmente este último.

3. Observe novamente a tabela da página 10 e assinale as alternativas corretas.


( X ) A renda per capita nos países anglo-saxões é maior do que nos países da América Latina.
( ) A Venezuela tem o menor IDH dentre os países apresentados, o que reflete no Índice de Percepção
da Corrupção.
( X ) Entre os países listados, o Brasil é o que apresenta maior desigualdade de renda da população.
( X ) Honduras tem a menor renda per capita dentre os países listados.
4. Faça uma pesquisa em livros, revistas ou na internet sobre movimentos sociais na América Latina: ano de criação, onde
atuam, quais seus interesses, reivindicações e objetivos, além de outras informações que considerar importantes.
5. O desenvolvimento científico e tecnológico se dá de maneira igual em todo o continente americano? Justifique sua resposta.
Não, pois enquanto países como Canadá e Estados Unidos concentram parcela considerável de investimentos em educação, ciência e

tecnologia, outros países estão muito aquém nesses setores, necessitando importar deles e de outros países desenvolvidos.

4) Os alunos poderão escolher movimentos sociais relacionados às questões agrárias, de


moradia, de luta contra a discriminação racial e de gênero, entre outros.

geografia 1 3
Hegemonia estadunidense no cenário internacional
Os Estados Unidos são a potência mais rica e poderosa do mundo atual. A posição de destaque que esse país
ocupa no cenário internacional se dá em razão da forte influência econômica, política e militar que exerce pelo
planeta. Sua supremacia foi estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, quando parte do território de muitos
países da Europa foi significativamente destruída. A guerra não apenas dizimou milhões de pessoas como tam-
bém desestabilizou a infraestrutura industrial dos países desse continente.
Os Estados Unidos, relativamente pouco atingidos pelos danos causados nos combates em geral distantes
de seu território continental, puderam fortalecer sua influência com base em um grande programa de ajuda
à reconstrução dos países europeus. Denominado Plano Marshall, esse programa tinha por objetivo destinar
ajuda financeira à Europa Ocidental, capitalista, em contraste à expansão do socialismo na porção leste do
continente. Além disso, em meados do século XX, a atividade industrial estadunidense respondia por quase
metade da produção mundial, o que permitiu aos Estados Unidos serem o principal exportador de produtos
industrializados e agrícolas às nações esfaceladas pela guerra.

Descentralização da atividade industrial


A atividade industrial estadunidense é uma das mais avançadas e diversificadas do mundo. Os elevados in-
vestimentos em ciências e tecnologia, promovidos principalmente por empresas privadas e pelas universidades,
resultaram na formação de parques industriais modernos e variados espalhados pelo país. Na atualidade, a maior
parte das exportações estadunidenses é de produtos industrializados com emprego de tecnologias de ponta.
Nas últimas décadas, a distribuição das indústrias pelo território passou por uma reorganização espacial.
Muitas indústrias siderúrgicas e as automobilísticas, que tradicionalmente estavam instaladas na região nor-
deste do país, em cidades como Detroit, Chicago, Washington e Nova Iorque, realocaram-se para outras partes.
Assim, o processo de desindustrialização dessa região foi concomitante à industrialização de outras regiões do
país e do exterior. Localidades da costa oeste, como Los Angeles, San Diego, San Francisco e Seattle, e da região
sul, próximos à fronteira com o México, passaram por acentuada industrialização nas últimas décadas. No exte-
rior, a região norte do México, a China e países do Sudeste Asiático foram alguns dos destinos dessas indústrias.
A cidade de Detroit, por exem-
©Getty Images/Bloomberg/Luke Sharrett

plo, que já foi o principal polo da


indústria automobilística, perdeu
indústrias desse ramo para outras
regiões do país e do mundo, em
especial México e países asiáti-
cos. Entre alguns fatores que vêm
promovendo a descentralização
industrial nos Estados Unidos es-
tão a oferta de mão de obra, os
incentivos fiscais e as rígidas leis
antipoluição.

Fábrica de veículos em
Georgetown, EUA, 2017

14 8º. ano – volume 3


Hegemonia estadunidense e ascensão chinesa na geopolítica global
Os Estados Unidos se configuraram, a partir do século XX, como a nação mais influente do mundo atual
ao exercer forte poder de liderança nas principais negociações relacionadas à economia e à geopolítica glo-
bal. Além disso, esse país está no comando das principais instituições internacionais, como a ONU e o Banco
Mundial, e controla importantes fluxos internacionais de mercadorias e serviços. Por esses e por outros motivos,
o país desponta como uma superpotência global.
A economia dos Estados Unidos equivale a pouco menos de ¼ do PIB do mundo, segundo dados de 2018
fornecidos pelo Banco Mundial. Isso significa que a participação desse país na geração de riqueza mundial é
muito relevante. Em números absolutos, corresponde a cerca de 20 trilhões de dólares. Nas últimas décadas, en-
tretanto, o país tem ficado cada vez menos distante de seu maior concorrente atual, a China, que vem crescen-
do em ritmo constante e acelerado. Ela já ultrapassou Japão e Alemanha no início do século e, possivelmente,
ultrapassará os Estados Unidos dentro de alguns anos. Observe o gráfico.

Países com maior PIB* no mundo (1970-2018)


22
Trilhões de dólares

Estados Unidos
20.494
20

18

16

14

12

China
10 13.608

6
Japão
4.970
4

Alemanha
2 3.996

0
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2018

* Produto Interno Bruto, medida que equivale à somatória de todos os bens e serviços que são produzidos em um país em determinado período.

Fonte: THE WORLD BANK. GDP (current US$). Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.
CD?end=2018&start=1960&view=chart>. Acesso em: 27 set. 2019.

Apesar do clima de rivalidade geopolítica e econômica entre China e Estados Unidos, esses países mantêm
fortes relações comerciais. Com frequência, é possível encontrar produtos chineses no mercado estadunidense.
Da mesma maneira, inúmeras empresas dos Estados Unidos atuam na China, e o inverso também é verdadeiro.
Além do mais, o investimento direto comumente acontece entre esses dois países.
Nos últimos anos, contudo, a relação entre as duas maiores potências globais tem sido turbulenta. O presi-
dente dos EUA eleito em 2016, Donald Trump, iniciou uma “guerra comercial” com os rivais chineses, que con-
siste principalmente na imposição de tarifas mútuas para produtos importados do rival. Leia, na reportagem a
seguir, a análise crítica feita por uma importante autoridade estadunidense a respeito desse assunto.

geografia 1 5
c o n e x ões

Guerra comercial entre EUA e China pode levar mundo a nova recessão, diz ex-presi-
dente do Fed
Ben Bernanke avalia que o setor financeiro americano é mais sólido, mas situação geopolítica é o ponto mais
frágil da economia mundial
O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, afirmou nesta sex-
ta-feira [05/07/2019] que a guerra comercial entre EUA e China é o fator que pode levar o mundo a uma
nova recessão. Segundo o economista, que comandou o Fed durante a crise de 2008, embora a economia
americana esteja sólida e ele não enxergue a formação de bolhas, o risco geopolítico existe.
– Nós temos hoje nossa própria crise internacional, que é a guerra comercial entre os EUA e a China. É
uma coisa muito séria, porque não é apenas sobre a balança comercial, embora o presidente (Trump) foque
nesse ponto. Na verdade, é sobre como essas duas grandes economias vão coexistir daqui pra frente, se
vão trabalhar juntos ou não. Há muita incerteza sobre essas negociações. Poderia gerar uma recessão se a
guerra comercial ficar muito pior, criar muita incerteza a ponto de afetar a confiança dos mercados finan-
ceiros e das cadeias de suprimento – afirmou Bernanke [...].
Segundo Bernanke, considerado um dos maiores especialistas da Grande Depressão [de 1929], “estudar
crises é útil” e mostra que, historicamente, o desbalanceamento do setor financeiro é um dos fatores mais
importantes a provocá-las. Hoje, no entanto, ele considera os sistemas financeiro e bancário americanos
mais sólidos que há dez anos, após uma série de regulações implementadas após a recessão [de 2008 e
2009]. Apesar dos níveis recordes da Bolsa, ele tampouco considera elevado o risco de formação de bolhas,
seja no mercado imobiliário, seja no de tecnologia – que causaram as duas crises da década passada [em
2000 e 2008]. Por isso, a geopolítica é o ponto mais frágil.
[...] – Eu fui muito feliz porque, como presidente do Fed, atuei com dois presidentes, [George] Bush
e [Barack] Obama, que deixaram o órgão fazer seu trabalho. Os dois foram muito importantes. Agora, a
maneira como está ocorrendo hoje não é boa. Se o mercado passar a acreditar que o Fed não é indepen-
dente, isso é um problema. [Donald] Trump indicou [Jerome] Powell para o Fed, e é um sujeito de muita
integridade. Eu me sinto bem por saber que ele está lá. Mas não o invejo. Não é engraçado ter o presidente
falando no Twitter que você é um idiota, ou qualquer outra coisa – criticou.– Eu lamento que ele esteja
sendo criticado.

SETTI, Renan. Guerra comercial entre EUA e China pode levar mundo a nova recessão, diz ex-presidente do Fed. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/guerra-comercial-entre-eua-china-pode-levar-mundo-nova-recessao-diz-ex-presidente-do-
fed-23788340>. Acesso em: 2 out. 2019.

O que Aprendi
1. Marque CA para a Comunidade Andina, ME para o Mercosul e NA para o Nafta de acordo com o conteúdo das afirmações.
( NA ) É composto de países localizados na América do Norte.
( ME ) Entre seus objetivos, está a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países-membros.
( CA ) Criado em 1969, por meio do Acordo de Cartagena.
( NA ) Criado em 1994, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio foi substituído pela USMCA.
( ME ) Fazem parte do bloco os países platinos mais o Brasil e a Venezuela.
( CA ) A Venezuela deixou o bloco alegando insatisfação com a aproximação dos Estados Unidos.

16 8º. ano – volume 3


( ME ) Entrou em funcionamento em 1991, por meio do Tratado de Assunção.
( ME ) A Venezuela foi o último país a se associar ao bloco.
( CA ) Bolívia, Colômbia e Equador são alguns de seus países-membros.
2. O que é o BRICS? Pesquise em jornais, revistas e na internet notícias sobre esse grupo, como os principais assuntos abor-
dados nas reuniões de cúpula, qual o posicionamento do Brasil na discussão dos principais temas, como foi o ingresso da
África do Sul, entre outras informações que considerar relevantes.
Grupo de países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que têm suas economias em destaque no cenário mundial. Tais

países têm em comum a destacada ascensão política e econômica alcançada nas últimas décadas, representando, em conjunto, quase

23% do PIB mundial.

3. Observe os gráficos a seguir referentes às trocas comerciais brasileiras com outros blocos econômicos e países do mundo.
Em seguida, responda às questões.

Principais parceiros nas exportações Principais parceiros nas importações brasileiras em 2017
brasileiras em 2017
China
China 17%
22%

Outros países Outros países Europa


34% 26% 24%
Europa
19%

Mercosul
Mercosul Nafta 8% Nafta
10% 17% 25%

Fonte: THE ATLAS of Economic Complexity. Disponível em: Fonte: THE ATLAS of Economic Complexity. Disponível em:
<http://atlas.cid.harvard.edu>. Acesso em: 11 out. 2019. <http://atlas.cid.harvard.edu>. Acesso em: 11 out. 2019.

a) Quais são os principais mercados consumidores dos produtos brasileiros?


Os principais destinos das exportações brasileiras (e principais mercados consumidores) são China e Europa.

b) O que é possível concluir sobre as relações comerciais do Brasil com os países do Mercosul referente às exportações e às
importações?
As trocas comerciais brasileiras são mais intensas com outros países de fora do bloco do que propriamente com o Mercosul, bloco

econômico o qual o país é membro desde o seu surgimento e principal liderança.

4. Quais as principais características que tornam os Estados Unidos uma potência econômica mundial?
A influência econômica, política e militar que exercem pelo planeta e a liderança nas principais negociações relacionadas à economia

e à geopolítica global. Além disso, estão no comando das principais instituições internacionais, como a ONU e o Banco Mundial, e

controlam importantes fluxos internacionais de mercadorias e serviços.

5. Quais são as principais motivações para a intensificação da guerra comercial entre EUA e China?
A ascensão da China como potência global e o relacionamento futuro entre os dois países.

geografia 1 7
África:
regionalização

©Shutterstock/Marian Galovic
©Shutterstock/SvetlanaSF

Crianças em tribo de pigmeus


em Kibuye, Ruanda, 2016

©Shutterstock/Katiekk
Açougueiro em mercado
popular no Marrocos, 2013
©Shutterstock/UnsulliedBokeh

Jovens da etnia Masai jogam futebol


em Arucha, Tanzânia, 2019
©Shutterstock/Garreth Brown

Tráfego urbano na cidade portuária


de Lagos, Nigéria, 2016

Turistas observam manada de búfalos em safári


no Delta do Okavango, Botsuana, 2019

O continente africano é, muitas vezes, lembrado pela grande diferença socioeconômica e tam-
bém pelas paisagens – ora desérticas, ora cobertas por savanas ou florestas –, nas quais pastam
animais de grande porte. A diversidade existente no continente, contudo, vai muito além dessas
características.

e s p aço de diálogo
Durante o século XX, as guerras de independência e as instabilidades políticas e sociais criaram uma série
de entraves à maioria das nações africanas, impedindo o desenvolvimento mínimo necessário, como boas
condições de trabalho e de renda, primordiais para o desenvolvimento humano.
Com base nas imagens e em seus conhecimentos prévios, converse com os colegas e com o professor
sobre o que você sabe a respeito do continente africano.
1 Sugestão de abordagem do conteúdo.

18
o s
t iv
e ƒ Identificar diferentes manifestações culturais de minorias étnicas como forma de
O bj compreender a multiplicidade cultural na escala mundial.
ƒ Identificar e analisar as consequências dos usos de recursos naturais.
ƒ Interpretar mapas com informações geográficas da África.
ƒ Analisar os aspectos populacionais, econômicos e urbanos de grupos de países da
África.

Neste capítulo, vamos estudar o continente africano em seus aspectos gerais, incluindo os eco-
nômicos e os sociais, em suas diferentes regiões. Trata-se do terceiro maior continente do planeta em
extensão, com aproximadamente 30 milhões de km2 de área. Apresenta uma área costeira bastante
extensa e é banhado a oeste pelo Oceano Atlântico, a leste pelo Oceano Índico, ao norte pelo Mar
Mediterrâneo e a nordeste pelo Mar Vermelho. Além disso, por sua extensão latitudinal, é atravessado
pela Linha do Equador e também pelos trópicos de Câncer e de Capricórnio.
Com uma população de cerca de 1,3 bilhão de habitantes, na atualidade a África está dividida
em 54 estados independentes, reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Engloba
diferentes paisagens, as quais combinam grande diversidade natural e cultural, embora apresente
profundas desigualdades socioeconômicas e, muitas vezes, seja marcada pela pobreza.
Diversos estudos genéticos e arqueológicos comprovam a origem africana da humanidade.
Conforme os mais recentes desses estudos, a espécie Homo sapienss surgiu inicialmente na região
do Lago Vitória (na tríplice fronteira Quênia, Uganda e Tanzânia), ocupando, mais tarde, os demais
continentes. Na Etiópia, por exemplo, está localizado o Melka Kunture, sítio arqueológico em que foi
encontrada, em 1974, a antepassada mais antiga do ser humano, chamada Lucy, fóssil com cerca de
3,2 mi
3, milhhõe
õess de anoos.
s. 2 Su
Sug
Sug
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obbservam amm templ plo
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ar eolólógico em Lalibela,

Corbbis
Ettió
iópi
pia,
a, 201
0188

Cor

19
Território africano em regiões
Existem diversas formas de se regionalizar a África. A principal delas divide o continente em duas regiões:
uma fica ao norte do Deserto do Saara e é predominantemente muçulmana, a África Setentrional, e a outra
abrange toda a porção do continente ao sul do deserto, a África Subsaariana. Esta, por sua vez, bastante diversi-
ficada em termos de religiões e etnias, pode ser subdividida em quatro regiões menores: África Ocidental, África
Central, África Oriental e África Meridional. São, portanto, cinco regiões no continente, as quais estudaremos
melhor nas páginas a seguir.

África: divisão regional elaborada pela ONU


Monyra Guttervill Cubas

Fonte: UNITED NATIONS. Countries or areas. Disponível em: <https://unstats.un.org/unsd/methodology/m49/>. Acesso em: 18 out.
2019. Adaptação.

20 8º. ano – volume 3


África do Norte ou Setentrional
Região norte da África que abrange toda a faixa situada entre o litoral mediterrâneo e grande parte do
Deserto do Saara. É formada por países que, em geral, têm litoral com o Mar Mediterrâneo, com exceção do
Sudão, que não tem litoral, e do Saara Ocidental, cujo litoral se volta para o oceano aberto. A maior parte do
território do Saara Ocidental ainda se encontra ocupada e sob a governança do Marrocos, que não aceita ceder
a liberdade ao país, pois há interesse pelos recursos minerais disponíveis, como o fosfato. Um movimento inde-
pendentista é liderado há décadas pela Frente Polisário.
Com uma população de 233 milhões de habitantes (2017), essa porção do continente apresenta baixa den-
sidade demográfica (30 hab./km²), principalmente pelas condições climáticas. Além das características naturais,
aspectos de ordem humana também conferem unidade entre os países. Entre eles destacam-se a religiosidade
islâmica e o idioma árabe, aspectos culturais que se encontram difundidos por quase todos os lugares da região.
3 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

Mulheres e crianças marroquinas na Medina, ou cidade velha, de Fez, Marrocos, 2017 ©Shutterstock/Ariya J

Ainda que grande parte do continente mostre expressivos indicadores voltados à pobreza, em alguns países
dessa região a população apresenta condições médias de vida razoáveis, com IDHs classificados como elevados,
a exemplo de Argélia (0,754), Tunísia (0,735) e Líbia (0,706). O Egito se destaca como polo político e econômico,
sendo também o país mais populoso, com quase 100 milhões de habitantes, embora esse contingente esteja
praticamente todo concentrado às margens do Nilo.
Uma pequena parte da população vive no Deserto do Saara ainda sob o modo de vida seminômade, isto é,
vivendo temporariamente em locais distintos. É o caso, por exemplo, de numerosas comunidades tuaregues, povo
berbere que, por séculos, dominou as rotas que guiavam as caravanas de viajantes em penosas travessias. São
comerciantes e pastores que ainda hoje conservam antigas tradições. Outra pequena parte da população habita
os numerosos oásis existentes no Saara, nos quais podem desenvolver agricultura, comércio e receber turistas.
No contexto político, a região é caracterizada por regimes ditatoriais que governam, historicamente, de
modo autoritário, mas as populações têm dado sinais de esgotamento desse modelo. Em 2011, protestos
eclodiram pela região e derrubaram os governos da Tunísia, da Líbia e do Egito, no período conhecido como
Primavera Árabe. Embora a Líbia siga instável e o Egito tenha restaurado o autoritarismo 2 anos depois, a Tunísia
obteve êxito em abrir seu regime político. Em 2018, foi a vez de Argélia e Sudão terem sucessões de governos
sob forte pressão e mobilização popular em busca de maior abertura política.

geografia 21
África Ocidental
Com uma população de 371 milhões de habitantes e densidade populacional de 61 hab./km², é a segunda
região mais populosa da África. A população se concentra nas áreas costeiras e também na porção norte da
Nigéria. Trata-se de uma região de transição entre o Deserto do Saara e as florestas equatoriais, o que ajuda a
explicar essas condições.
Nessa região do continente se localiza, por exemplo, o Níger, país com o pior IDH do mundo (0,354), em
que grande parte da população vive em condições de pobreza extrema e se encontra entre os países de menor
renda per capita. Também por causa das precárias condições de vida, que incluem problemas no sistema de
saneamento e higiene, algumas epidemias ainda acometem de forma grave a população de parte dos países
dessa região, como o ebola, a AIDS e o cólera.
Estima-se que, entre 1500 e 1800, cerca de 15 milhões de pessoas foram escravizadas e comercializadas, a
maioria com destino ao continente americano. Foi principalmente do território onde hoje está a Nigéria que
muitos africanos foram trazidos para o Brasil na condição de escravizados.
Embora seja referência regional em indicadores econômicos, a Nigéria tem enfrentado constantes confli-
tos religiosos, como os provocados pelo grupo Boko Haram, criado em 2002 por fundamentalistas islâmicos.
Os objetivos desse grupo passam por combater os princípios da cultura ocidental no país e construir uma
república islâmica.
Os constantes ataques violentos a civis têm feito com que grandes volumes de migrantes busquem refúgio
em outros países, como o Níger. Além da Nigéria, Burkina Faso, Mali e Níger sofrem constantemente com aten-
tados terroristas por grupos ligados ao Estado Islâmico. Há também conflitos ligados a instabilidades políticas,
como na Guiné-Bissau.

©Shutterstock/RSnapshotPhotos

Nigerianos protestam contra o grupo terrorista Boko Haram em Alicante, Espanha, 2014

22 8º. ano – volume 3


África Central
Com uma população de 163 milhões de habitantes, apresenta a maior taxa de crescimento anual do con-
tinente (3,1%) e a maior taxa de fecundidade, com média de 5,9 nascimentos para cada mulher entre 15 e 49
anos. Nessa região, ao mesmo tempo que existem países como a República Democrática do Congo, um dos
mais populosos do continente e com imensa riqueza mineral, há também áreas pouco povoadas, por causa da
densa floresta tropical, como o vizinho de nome muito parecido, República do Congo.
A República Centro-Africana, um dos países mais pobres e menos desenvolvidos do mundo, tem uma das
menores rendas per capitaa – 870 dólares – e o segundo menor IDH (0,367), à frente apenas do Níger, país da
África Ocidental.
É nessa região que se encontra a segunda maior floresta equatorial do mundo, a Floresta do Congo, com
rica biodiversidade. Apesar de ser considerada pouco explorada em comparação a outras áreas florestais do
planeta, a crescente demanda por alimentos, madeira e carvão, somada à falta de oportunidades econômicas e
ao comércio ilegal de espécies da fauna e da flora locais, faz com que essa floresta esteja na mira de caçadores,
contrabandistas e até mesmo de grupos guerrilheiros.
Assim como na África Ocidental, os países da África Central também têm alta incidência de doenças, como
a AIDS e o ebola, em grande parte pelas precárias condições de saúde da população.
De acordo com a ONG Transparência Internacional, dos 20 países mais corruptos do mundo, 11 deles estão
no continente africano, incluindo Guiné Equatorial, Congo, Chade, Angola e República Democrática do Congo.
Observe a tabela.

República
Guiné Guiné- Sudão
País Democrática Angola Chade Congo Burundi Líbia
Equatorial -Bissau
Sudão
do Sul
Somália
do Congo
Índice de
Percepção 20 20 19 19 17 17 16 16 16 13 10
da Corrupção
(2018)
Fonte: TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL. Índice de Percepção da Corrupção. Disponível em: <https://ipc2018.transparenciainternacional.
org.br/>. Acesso em: 29 out. 2019.
©Fotoarena/Alamy

Outros atos contra os direitos


humanos acometem a popu-
lação na região, principalmen-
te mulheres e crianças, como
no caso da República Centro-
-Africana, em que famílias tive-
ram que fugir de suas casas em
virtude da violência das lutas en-
tre milícias em disputa por rotas
pecuárias e por riquezas minerais,
como diamantes, ouro e urânio.

Visão noturna dos prédios e avenida na


orla da praia em Luanda, Angola, 2014

geografia 23
África Oriental
Região mais populosa da África, com 422 milhões de habitantes, a África Oriental se estende por toda a
porção leste do continente, desde o sul do Deserto do Saara até as savanas tropicais mais ao sul do continen-
te. Além da população numerosa, outra característica é a heterogeneidade em termos étnicos e linguísticos.
Ademais, a heterogeneidade religiosa, especialmente entre cristãos e muçulmanos, por vezes gera conflitos.

©Shutterstock/Dereje
População em mercado de rua em Harar, quarta cidade muçulmana mais
sagrada do mundo, considerada como centro do islamismo na Etiópia, 2014

Assim como a África Ocidental, tal região também teve um volumoso contingente de africanos escravizados
levados para a Europa e para onde hoje se localiza o Oriente Médio. A África Oriental é bastante visada pelos
países árabes por ser ponto de contato da Península Arábica com o continente africano.
A região foi marcada por décadas pela instabilidade política em grande parte dos países, tendo como con-
sequência inúmeros conflitos armados e golpes de Estado. Tensões religiosas e disputas de poder de grupos
étnicos diferentes também fazem parte das causas de tantos outros conflitos. Um dos episódios de maior reper-
cussão nessa porção da África foi o genocídio ocorrido em Ruanda em 1994, quando cerca de 800 mil pessoas,
a maioria do grupo étnico tutsi, foram mortas por militantes do grupo étnico dos hutus.
Com inúmeros campos de refugiados, os países conhecidos como Chifre da África (Etiópia, Somália, Eritreia e
Djibuti) tiveram aumento significativo de pacientes com problemas de saúde mental. Percentual considerável da
população da África Oriental também é acometida por doenças como a AIDS, principalmente mulheres jovens.
A Etiópia, único país da região a resis-
©Getty Images/AFP/Eduardo Soteras

tir às tentativas de colonização por parte


de nações europeias no passado, ganhou
destaque internacional em 2019 por con-
ta do processo de paz conduzido pelo pri-
meiro-ministro do país, Abiy Ahmed, em
relação ao longo impasse no conflito que
se arrastava por décadas com a Eritreia.
Tal fato lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz
naquele ano.

Presidente da Eritreia (à esquerda) e primeiro-ministro da


Etiópia (à direita), com a intermediação do presidente da Somália
(ao centro), celebram a paz entre os países em 2018

24 8º. ano – volume 3


África Meridional
Menor região do continente em extensão territorial, tem uma população de cerca de 65 milhões de habi-
tantes e abarca os países localizados mais ao sul da África. Os países dessa região apresentam, em sua maioria,
IDH médio, ou seja, entre 0,555 e 0,699. As exceções são Botsuana, que se sobressai positivamente com IDH alto
(0,717), e Lesoto, com IDH baixo (0,520).
A África Meridional é a região mais próspera do continente. Botsuana tem se destacado nos últimos anos pela
estabilidade política. Em 2018, o país foi considerado o menos corrupto do continente pela ONG Transparência
Internacional, o que se reflete nas condições de vida da população e na qualidade dos serviços oferecidos pelo
Estado. Sua economia é voltada tanto para a mineração, principalmente diamantes, quanto para o desenvolvi-
mento do ecoturismo, que aproveitou a biodiversidade dos parques nacionais para atrair 1,5 bilhão de turistas
estrangeiros em 2015. Apesar dos indicadores relativamente bons, as cidades do interior do país ainda demandam
muitos investimentos em infraestrutura e oferta de empregos para melhoria da qualidade de vida da população.

©Shutterstock/Paco Como
Elefante africano andando
ao lado de veículo usado em
safári no Parque Nacional
Kruger, África do Sul, 2018

A África do Sul, país mais industrializado e polo político e econômico regional, ostenta o maior PIB do conti-
nente e alguns indicadores sociais relativamente bons. No entanto, apresenta-se ao mesmo tempo como o país
mais desigual do mundo, segundo o índice de Gini, e 19% da população vive abaixo da linha internacional da
pobreza (com menos de U$ 1,90 por dia).
A África do Sul também exerce forte influência política sobre os demais países, tanto por conta do peso
econômico e comercial quanto por conta de sua história de segregação racial que vigorou por décadas e foi
superada de forma democrática e pacífica. Veja a seção a esse respeito na página seguinte.
©Getty Images/Mlenny

Vista panorâmica
da Cidade do Cabo,
África do Sul, 2019

geografia 25
c o n e x ões
O apartheidd na África do Sul e os desafios do presente
Na África do Sul, na segunda metade do século XX, foi insti-

©Shutterstock/Mark reinstein
tuída uma política de segregação racial que se manteve por 46
anos, entre 1948 e 1994, conhecida como apartheid. Consistia
em dividir a população em quatro grupos: brancos (descen-
dentes de holandeses e ingleses), bantos (negros), mestiços e
asiáticos. A população branca, embora fosse minoria, governa-
va o país e estabeleceu leis que discriminavam a população de
acordo com a cor da pele. Algumas medidas foram impostas a
negros, mestiços e asiáticos, como não poderem ser proprie-
tários de terras nem abrir seus próprios negócios. Além disso,
deveriam viver em áreas residenciais específicas e não tinham
permissão para frequentar os mesmos lugares que as pessoas
brancas, entre outras.
O apartheidd chegou ao fim apenas no início da década de
1990, após forte pressão exercida sobre o governo sul-africano
por diversos países, com o apoio da ONU, para a realização de Em reconhecimento por sua luta contra a segregação
eleições em que os não brancos pudessem participar como elei- racial, Nelson Mandela foi homenageado com o Prêmio
Nobel da Paz em 1993, juntamente com Frederik de
tores e como candidatos. Nesse cenário, Nelson Mandela, um dos Klerk, ex-presidente do país que também atuou na
militantes que lutou pela igualdade racial no país, ficando preso transição. Falecido em 2013, ainda hoje Mandela é
por 27 anos, foi liberto em 1990. Nas eleições, foi eleito como pri- reconhecido como herói nacional pelos sul-africanos.
meiro presidente negro da África do Sul em 1993, dando fim ao
regime segregacionista no ano seguinte.
O fim do apartheidd é considerado uma
©Getty Images/Per-Anders Pettersson

transição exemplar para o restante do con-


tinente e do mundo inteiro. Isso porque
mudou radicalmente os grupos sociais que
ocupavam o poder político no país sem
causar guerras ou conflitos civis, como é re-
corrente em outras partes da África e além.
Desde então, o mesmo partido político, o
Congresso Nacional Africano (CNA), tem re-
vezado seus líderes no poder e as acusações
de corrupção têm sido frequentes. Em 2017,
houve a queda de Jacob Zuma por suspei-
tas de corrupção e em seu lugar ascendeu
Cyril Hamaphosa. No entanto, a populari-
dade do CNA foi abalada e grande parte da
sociedade sul-africana anseia na atualidade
pela ascensão de novos líderes ou grupos
políticos no país, sem retornar, é óbvio, ao
Visão aérea mostra contraste social entre sistema anterior, universalmente rejeitado.
bairros de Johanesburgo, África do Sul, 2018

26 8º. ano – volume 3


1. Fatores como a organização política e as dificuldades socioeconômicas levaram a população de
alguns países do norte da África a realizar manifestações e revoltas que pediam o fim dos regimes de
A t i vidades governos ditatoriais, os quais, havia muito tempo, dominavam as tomadas de decisões em seus respec-
tivos países. Os recentes movimentos de revolta das populações de países do norte da África ficaram
conhecidos como Primavera Árabe, uma alusão ao fato de, nesses países, estar ocorrendo uma espécie
de renascimento das relações políticas, que, durante várias décadas, foram controladas por apenas um
1. O que foi a Primavera Árabe? grupo político.
2. Quais os principais motivos dos conflitos existentes em território africano? Pesquise na internet reportagens a respeito
de algum conflito nesse continente e leve-as ppara a sala de aula. Em seguida, g , converse com os colegas g e o pprofessor
2. Durante o processo de colonização, os europeus delimitaram as fronteiras de países sem levar em conta os territórios
sobre o tema. de tribos que já existiam no continente. Muitas vezes, tribos rivais acabaram ficando no mesmo território nacional. Após
o processo de descolonização, esses conflitos permaneceram e se agravaram, tanto por disputas de quem governaria tais
3. Assinale a(s) afirmativa(s) d d i ( ) com V e a(s)
i ( ) verdadeira(s) l ( ) com FF. NNo caderno,
( ) ffalsa(s) d corrija
ij a(s)
( ) falsa(s).
fl ()
( V ) A maior parte da população da África do Norte professa a religião islâmica e apresenta outras influências culturais
dos povos árabes. territórios quanto suas novas delimitações baseadas nos confrontos entre diferentes etnias. Além disso, as di-
versas religiões que dominaram os territórios, incluindo cristãos e muçulmanos, também provocaram conflitos.
( V ) Foi principalmente do território onde hoje se localiza a Nigéria, na África Ocidental, que muitos africanos foram
trazidos para o Brasil na condição de escravizados. Durante a pesquisa, os alunos podem pesquisar conflitos em países mais
intensamente afetados, como Nigéria, Ruanda, Angola, Sudão, República
( V ) É na África Central que estão localizados os países com menor IDH do mundo. Democrática do Congo, Somália, Etiópia,
Djibuti, entre outros.
( F ) A região mais populosa do continente é a África Central.
( F ) A política segregacionista do apartheidd ocorreu em diversos países da África Meridional.

P E S QUISA
Você já percebeu como influências das culturas africanas estão presentes no dia a dia de muitos brasileiros? Os
povos africanos fizeram parte da formação do povo brasileiro e influenciaram profundamente a composição de
nossa cultura. Podemos identificar tais influências em diversas manifestações culturais, como nas músicas, no vo-
cabulário, nas festas, nas danças, na culinária, na religiosidade, etc. Realize uma pesquisa sobre as colaborações
da população africana para a formação da cultura neste país.
©Shutterstock/Kleber Cordeiro

A capoeira,
inicialmente
desenvolvida como
forma de defesa, hoje é
praticada por diversos
grupos no Brasil.
Essa prática envolve
a dança, o canto, os
instrumentos, o jogo e
os símbolos que foram
herdados das culturas
africanas e foram
recriados no país.

Capoeiristas praticam o esporte em Cabedelo, Paraíba, 2014

4 Orientação para a realização da atividade.

geografia 27
Dinâmica demográfica e fluxos migratórios
A população africana, segundo maior contingente populacional entre os continentes do globo, espalha-se
de modo bastante irregular. Enquanto nas vastas áreas desérticas predominam os espaços vazios, com menos
de 1 habitante por quilômetro quadrado (hab./km2) em média, nas áreas economicamente mais dinâmicas,
como a região do Delta do Rio Nilo, no Egito, a densidade ultrapassa 100 hab./km2. 5 Sugestão de abordagem
do conteúdo.
Observe o mapa de densidade demográfica no continente africano disponível no material de apoio. Como
é possível perceber, a população se concentra em áreas próximas ao litoral ocidental, às margens do Rio Nilo e
também nos centros urbanos maiores, como Cairo (Egito), Lagos (Nigéria), Cartum (Sudão), Kinshasa (República
Democrática do Congo), Abdjan (Costa do Marfim) e Johanesburgo (África do Sul).
Observe, na tabela a seguir, alguns indicadores voltados a aspectos populacionais das diferentes regiões
do continente. Uma característica marcante é a elevada taxa de crescimento demográfico, por conta das altas
taxas de fecundidade: a média de filhos por mulher em idade fértil no continente como um todo é de 4, mas
em alguns países, como Somália, Chade e Mali, a média chega a 6 filhos. Além disso, houve forte queda da taxa
de mortalidade infantil.
Fecundidade (média de
Taxa de crescimento Expectativa de vida ao
nascimentos para cada
anual (%) nascer (em anos)
mulher entre 15 e 49 anos)
África 2,6 4,7 60
África do Norte 1,9 3,3 71

África Oriental 2,8 4,9 61

África Central 3,1 5,9 57

África Ocidental 2,7 5,5 55

África Meridional 1,4 2,6 59

Fonte: UNITED NATIONS. World population 2017. Disponível em: <https://population.un.org/wpp/Publications/


Files/WPP2017_Wallchart.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2019.

Embora a taxa de crescimento populacional médio na África tenha diminuído nas últimas décadas, atual-
mente é de 2,6% ao ano, maior índice entre os continentes. Veja o gráfico a seguir, que apresenta a estimativa
de crescimento da população africana por regiões.

África: população total por subregião


Aguardar imagem.
5
África Oriental
África Central
4 Norte da África
África Meridional
África Ocidental
3
Bilhões

0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100

Fonte: UNITED NATIONS. World population 2017. Disponível em: <https://population.un.org/wpp/Publications/Files/WPP2017_


Wallchart.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2019.

28 8º. ano – volume 3


Segundo projeções de crescimento da população da ONU até 2050, a África será o continente de maior
crescimento populacional e, em 2100, será o continente mais populoso do mundo, abrigando cerca de 49%
da população global. Tais projeções estão representadas a seguir na forma de anamorfoses geográficas. Estas
são mapas distorcidos de maneira que a proporção entre os territórios dos países representem algum dado
estatístico específico, no caso a proporção da população continental em relação à população mundial. Observe:

Anamorfose: população mundial em 2018

Fotos: ©World Mapper


Anamorfose: população mundial em 2050

Anamorfose: população mundial em 2100

Fonte: WORLD MAPPER. Selected: population. Disponível em: <https://worldmapper.org/maps/?_sft_


product_cat=population>. Acesso em: 12 nov. 2019.
6 Sugestão de abordagem do conteúdo.

geografia 29
De maneira geral, os países africanos apresentam base da pirâmide etária larga, o que indica alta propor-
ção de crianças e jovens na população, e topo estreito, que significa proporção relativamente pequena de
adultos e idosos.
Porém, há países, como a Tunísia e a África do Sul, em que a estrutura da população vem se alterando, ao apre-
sentar estreitamento da base e alargamento do topo, reflexo também das condições materiais de vida melhores
que os demais. Compare, por exemplo, as pirâmides etárias abaixo, da Tunísia à esquerda e da Etiópia à direita.
7 Sugestão de abordagem do conteúdo.

Tunísia: pirâmide etária (em 2019) Etiópia: pirâmide etária (em 2019)
p

100
100
Masculino Feminino 90 Masculino Feminino
90

80 80

70 70

60 60

Idade
50 50
Idade

40 40

30 30

20 20

10 10

0
0
750 600 450 300 150 0 150 300 450 600 750 25 20 15 10 5 0 5 10 15 20 25

População (milhares) População (milhões)

Fonte: UNITED NATIONS. World population prospects 2019. Fonte: UNITED NATIONS. World population prospects 2019.
Disponível em: <https://population.un.org/wpp/Graphs/ Disponível em: <https://population.un.org/wpp/Graphs/
DemographicProfiles/Pyramid/788>. Acesso em: 12 nov. 2019. DemographicProfiles/Pyramid/231>. Acesso em: 12 nov. 2019.

África e a mobilidade espacial 8 Sugestão de abordagem do conteúdo.

©Shutterstock/Sadik Gulec
De acordo com o Alto Comissariado
das Nações Unidas para Refugiados
(ACNUR) – órgão da ONU que presta
auxílio a refugiados em todo o mundo
–, o continente africano tem milhões de
refugiados, que deixaram seus lares por
diversos fatores: violência dos conflitos
armados, baixa oferta de trabalho, falta
de alimentos e fatores naturais, como
estiagens prolongadas.

Campo de refugiados em
Mogadíscio, Somália, 2013

30 8º. ano – volume 3


Em 2017, mais de dois terços dos refugiados do mundo foram oriundos de apenas cinco países: Síria,
Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar e Somália.
Também há casos de pessoas diplomadas que buscam países de outros continentes que ofertem oportuni-
dades de trabalhos mais bem remunerados, fenômeno conhecido como “fuga de cérebros”.
Observe, no mapa a seguir, os principais fluxos migratórios da população africana entre os países do conti-
nente e para outros continentes no ano de 2010.

África: migrações internas e externas (2010)


Ângela D. Barbara

Fonte: SCIENCESPO. Migrations africaines, 2010. Disponível em: <http://cartotheque.sciences-po.fr/media/Migrations_


africaines_2010/1967/>. Acesso em: 13 nov. 2019. Adaptação.

geografia 31
Condições de vida da população africana
Outro fator que indica as condições precárias

©Getty Images/AFP/MUJAHID SAFODIEN


em que vive grande parte da população do con-
tinente africano são as doenças, como a tubercu-
lose, o cólera, a malária e a AIDS. Para se ter uma
ideia, o continente africano é a região do mundo
que concentra a maior quantidade de mortes
provocadas pela AIDS, com 70% dos casos.
9 Sugestão de abordagem do conteúdo.
A falta de informação, o saneamento básico
precário e a desnutrição, que assola grande parte
da população, são alguns dos fatores associados
à proliferação de doenças. Soma-se a esse quadro
Estudante de medicina dá instruções sobre prevenção contra o vírus
delicado a falta de recursos para a prevenção e o HIV, transmissor da AIDS, em Johanesburgo, África do Sul, 2018
tratamento, o que acaba por agravar ainda mais
a situação. Observe a tabela ao lado referente ao
percentual do PIB de alguns países investido em Despesas com Taxa de
saúde (% do analfabetismo
despesas com saúde. 10 Sugestão de abordagem
do conteúdo. PIB) (2016) (%) (2018)
Em termos educacionais, as altas taxas de Estados Unidos 17 --
analfabetismo em grande parte dos países da Suíça 12 --
África, como Níger e Chade, conforme você
pode observar na tabela, decorrem dos redu- Cuba 12 0,2

zidos investimentos destinados à educação. A Zimbábue 9 11,3


consequência disso, entre outras coisas, é a bai- África do Sul 8 5,6
xa qualificação da mão de obra. Assim, as chan-
Níger 6 84,5
ces de encontrar bons postos de trabalho, com
salários melhores, ficam mais distantes. Chade 4,5 77,7

República
O grande volume de pessoas desempregadas, Centro-Africana
4 63,2
de baixa renda ou mesmo que vivem abaixo da
linha internacional de pobreza (menos de US$ Fonte: THE WORLD BANK. Disponível em: <https://data.worldbank.
org/indicator/SH.XPD.CHEX. GD.ZS?most_recent_value_
1,90 por dia) na África explica, em partes, o ce- desc=false&view=map>. Acesso em: 15 nov. 2019
nário de pobreza e fome que está presente em PNUD. Índices e indicadores de desarrollo humano 2018. Disponível
algumas porções do continente. Em países como em: <http://hdr.undp.org/sites/default/files/2018_human_
development_statistical_update_es.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2019.
Chade, Burkina Faso, Etiópia, Níger, Somália e
Sudão do Sul, mais de 60% da população está em
Shutterstock/Victor Espadas Gonzalez

condições de pobreza extrema.


©Shutterstock/Victor

Países pobres, como grande parte da África,


recebem auxílio de inúmeros organismos
internacionais de ajuda humanitária, incluindo
a ONU, que desenvolvem programas voltados à
erradicação da fome, apoio à agricultura familiar,
combate às epidemias, entre outros.

Fila para receber ajuda humanitária


em Moçambique, 2019

32 8º. ano – volume 3


O que Aprendi

1. Analise a pirâmide etária ao lado e resolva as questões. Angola: pirâmide etária


Pirâmide etária (2019)
da Angola

a) Explique o perfil etário da população de Angola. 100


Masculino Feminino
A base da pirâmide etária é larga, ou seja, alto número de crianças 90

80
e jovens, e apresenta o topo estreito, o que significa que a proporção
70
da quantidade de adultos e idosos é relativamente pequena.
60

Idade
b) Qual é a tendência de crescimento populacional no conti- 50

nente africano? 40

Uma característica bastante marcante do continente é a alta taxa 30

20
de crescimento demográfico da maior parte dos países. Um dos
10
motivos são as altas taxas de fecundidade. Segundo projeções de
0
25 20 15 10 5 0 5 10 15 20 25
crescimento da população feitas pela ONU até 2050, a África
População (milhões)
continuará sendo o país com maior incremento na população
Fonte: UNITED NATIONS. World population prospects
2019. Disponível em: <https://population.un.org/
mundial. wpp/Graphs/DemographicProfiles/Pyramid/24>.
Acesso em: 15 nov. 2019.
2. Leia o texto e responda: 2. A violência dos conflitos armados, a baixa oferta de trabalho, a falta de alimentos e os fatores naturais,
como estiagens prolongadas. Também há casos de pessoas diplomadas que buscam países de outros con-
tinentes que ofertem oportunidades de trabalhos mais bem remunerados, fenômeno conhecido como
“fuga de cérebros”.
Com quase 20 milhões de pessoas deslocadas residentes na África subsaariana no final de 2016, a região
continua a acomodar a maior parcela das pessoas de interesse do ACNUR no mundo.
Cerca de 5,6 milhões de refugiados e solicitantes de refúgio, mais de 13 milhões de deslocados internos
e mais de 700 mil pessoas apátridas residem em países da região.

ÁFRICA. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/onde-estamos/africa/>. Acesso em: 16 nov. 2019.

ƒ Quais os principais motivos para que a África tenha milhões de refugiados?


3. Observe a tabela a seguir e assinale a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) a respeito das condições de vida da população africana.
( X ) A maior parte dos países localizados na
Renda per capita
África do Norte apresenta melhores condi- IDH
(em dólares)
ções de vida do que a maioria dos países do Burundi 740 0,417
continente.
Níger 1.030 0,354
( X ) Baixo IDH e baixa renda per capita, como Tanzânia 3.160 0,538
de Burundi, mostram que grande parte da
Angola 6.150 0,581
população vive em condições de pobreza
extrema. Egito 12.080 0,696

Tunísia 12.060 0,735


( ) Muitos países africanos apresentam altas ta-
xas de analfabetismo, mas essa condição não Fonte: THE WORLD BANK. Disponível em: <http://data.worldbank.
org/data-catalog/world-development-indicators http://hdr.undp.
interfere no nível de renda familiar. org/sites/default/files/2018_human_development_statistical_
update.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2019.

geografia 33
África:
características
naturais e culturas
nativas

©Sh tt t k/K ti kk kk
©Shutterstock/Katiekk
©Shutterstock/Allan Watson

Família masai em sua aldeia


Aldeões caminham em meio a em Arusha, Tanzânia, 2019
baobás em Madagascar, 2017

©Shutterstock/Catay
©Shutterstock/Juan Alberto Casado

Homem tuaregue com seus camelos no


Deserto do Saara em Agadez, África, 2016
Guarda florestal na República
Democrática do Congo, 2016

As paisagens do continente africano são compostas de uma variedade de elementos naturais e


culturais que as tornam únicas no mundo e, ao mesmo tempo, repletas de contrastes. Sua fauna e
sua flora, aliadas aos tipos de relevo diversificados e aos fatores climáticos e hidrológicos, permitem
que diferentes condições físicas sejam contempladas.
Além disso, outra característica marcante nas paisagens africanas que torna esse continente rico
em diversidade cultural são seus povos nativos. Observe as imagens anteriores.

e s p aço de diálogo
O continente africano conta com grande diversidade de paisagens, nas quais exuberantes florestas con-
e scom
trastam p aço
extensasdeáreas diálogo
desérticas. Além do mais, a rede multicultural formada por diversas etnias as
enriquece ainda mais.
Com base nas imagens, converse com os colegas e com o professor sobre o que você sabe a respeito dos
aspectos naturais do continente africano. O que você conhece acerca das culturas nativas desse continente
e suas paisagens naturais?

34
o s
t iv
e
O bj ƒ Conhecer as formas de relevo do continente africano e seus principais rios.
ƒ Identificar as formações vegetais e os climas que atuam no continente africano.
ƒ Compreender a relevância dos povos nativos do continente para a preservação am-
biental e a formação social dos países.

Neste capítulo, estudaremos as características físicas que também marcam as paisagens da África.
Quanto mais conhecemos as realidades africanas, mais descobrimos a diversidade e as riquezas na-
tural e cultural existentes nos territórios do continente.

Relevo e hidrografia da África


De maneira geral, no relevo africano prevalecem altitudes inferiores a mil metros. Há predomínio
de planaltos, constituídos por rochas antigas, com mais de 2 bilhões de anos. Por causa da prolongada
exposição aos agentes erosivos, o relevo apresenta feições desgastadas, com formas arredondadas. Ao
longo do tempo, os sedimentos foram depositados em áreas de menor altitude, principalmente ao
longo da costa, em áreas de planície, além das planícies fluviais, por onde correm extensos rios sinuosos.
Em algumas porções do continente, existem algumas cadeias de montanhas e terrenos mais elevados.
Observe o mapa físico do continente africano e leia com atenção o texto da página seguinte.
1 Sugestão de abordagem de conteúdo.

África: físico
Luciano Daniel Tulio

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro, 2009. p. 44. Adaptação.

35
c o n e x ões

O que é a Grande Muralha Verde da África


Parede de árvores terá importante impacto no ecossistema local e na vida das comunidades que dependem
do solo na África subsaariana
A Grande Muralha Verde da África está sendo construída na beirada do Saara com o objetivo de evitar
a degradação de terra e a desertificação. Quando estiver pronta, com seus mais de 7 500 quilômetros de
comprimento e 14,5 quilômetros de largura, será a maior estrutura viva existente no planeta, superior à
Grande Barreira de Coral australiana.
[...] Hoje são mais de 21 países do continente envolvidos na missão. A barreira cruzará 11 deles, indo
da capital senegalesa Dakar até o oeste do Djibouti, na costa do Oceano Índico. Cerca de 15% das árvores
foram plantadas até agora.
Críticas à iniciativa
Entre as incertezas depositadas no África: Grande Muralha Verde

Ângela D. Barbara
projeto, está a falta de financiamento e
de comprovações sobre seu real impacto.
Cientistas, por exemplo, chamaram aten-
ção para o fato de que boa parte da região
em que as árvores serão plantadas não é
habitada, o que impossibilita a manutenção
e aproveitamento do verde criado, apontou
a revista americana “Smithsonian”. [...]
O movimento inclui combater a erosão
do solo e o manuseio de água na Nigéria, o
desenvolvimento do agronegócio no Sene-
gal e a recuperação florestal no Mali. Alguns
Estados focaram na educação de comuni-
dades rurais, outros aumentaram os inves-
timentos em tecnologia. E essas ações, sem
dúvida, terão impacto na vida local. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro, 2009. p. 44.
Adaptação.
Por que a barreira é importante
Sabe-se que mais de 40% da área rural da região subsaariana está degradada devido à erosão do solo,
à atividade humana e às temperaturas elevadas. Segundo uma estimativa das Nações Unidas, em 2025,
dois terços das terras aráveis da África estarão cobertos de areia do deserto – o que as torna improdutivas.
A degradação ambiental da região já foi apontada inclusive como um dos fatores responsáveis pelo
crescimento de organizações extremistas, já que grupos como o Boko Haram e al-Qaeda aliciam jovens
desempregados e em más condições de vida, apontou o jornal britânico “Telegraph”. [...]
A linha de árvores com as demais iniciativas que impulsionou tem o potencial de proteger a herança
rural da região e aprimorar as condições de vida das populações locais, aumentando a renda das famílias que
dependem do solo para viver. Além disso, podem contribuir para mitigar os efeitos causados pela mudança
climática e promover a segurança alimentar da região.

MONTESANTI. Beatriz. O que é a grande Muralha Verde da África. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/
expresso/2016/09/06/O-que-%C3%A9-a-Grande-Muralha-Verde-da-%C3%81frica>. Acesso em: 18 nov. 2019.

36 8º. ano – volume 3


As formas do relevo africano
As formas de relevo do continente, em média, estão abaixo dos mil metros. No entanto, algumas cadeias
montanhosas antigas e áreas de planalto merecem destaque pelas suas altitudes.
No extremo noroeste do continente, está

©Fotoarena/Alamy
localizada a Cadeia do Atlas, cujo ponto mais
elevado é o Monte Tbukal, com 4 167 me-
tros. De origem antiga, essa cadeia tem re-
lação geológica com os Montes Apalaches,
localizados nos Estados Unidos. Isso porque
o processo de formação de ambas as cadeias
montanhosas ocorreu antes da fragmenta-
ção da Pangeia – há cerca de 225 milhões de
anos –, quando as massas continentais que
atualmente formam a África e a América do Monte Tbukal, ponto culminante da Cadeia do Atlas, Marrocos, 2014
Norte estavam unidas.
No extremo sul do conti-

©Shutterstock/Laeticia Klein
nente, está localizada a Cadeia
do Drakensberg, cujo ponto
culminante é o Monte Thabana
Ntlenyana, com 3 482 metros.
Essa cadeia é formada por dobra-
mentos antigos da Era Paleozoica.

O Monte Kilimanjaro, localizado no norte da Tanzânia,


próximo à fronteira com o Quênia, é o ponto mais elevado
do continente africano, com 5 892 metros de altitude.

Na porção oriental do continente se destacam os planaltos da Etiópia e dos Grandes Lagos e, na porção
ocidental, os Montes Adamaouá.
O Monte Kilimanjaro e outros picos com altitude superior a 5 mil metros, como o Monte Quênia, localiza-
dos na porção oriental do continente, são antigos vulcões que se formaram por sucessivos derrames de lava,
acumulando-se em áreas cobertas por rochas magmáticas. Estão localizados em maciços montanhosos que
se formaram de movimentos internos da Terra,
ocorridos na Era Paleozoica.
©Getty Images/DEA/C. SAPPA

As porções mais baixas do relevo africano es-


tão localizadas ao longo de praticamente todo o
litoral, com altitudes abaixo de 200 metros, e ao
longo de grande parte dos rios, como a Planície
do Congo.
O relevo africano também apresenta exten-
sas áreas de depressões, onde estão localizados
os desertos continentais e os maiores lagos afri-
canos, como o Tanganica e o Vitória. Depressão de Qattara no deserto ocidental do Egito, 2016

geografia 37
Ajuste o
A África ocupa uma única Placa Tectônica. Por isso, a maior parte do continente, localizada em áreas distan-
tes dos limites entre as Placas Tectônicas, é geologicamente estável. Apenas na porção nordeste, no limite com
a Ásia, onde se localiza o Mar Vermelho, e em uma faixa que segue para o sul, por uma série de lagos longos e
estreitos, como o Tanganica e o Malauí, a atividade tectônica é intensa. Nessas áreas há, inclusive, vulcões ativos.
Essa faixa corresponde ao Rift Valley, um sistema de falhas tectônicas, onde ocorreu e ainda ocorre a for-
mação de um grande vale de afundamento. Este é caracterizado pelo afastamento das bordas por conta de
movimentos tectônicos. Observe o mapa a seguir.

África: Rift Valley

Talita Kathy Bora

Fonte: USGS. Understanding plate motions. Disponível em: <https://pubs.usgs.


gov/gip/dynamic/East_Africa.html>. Acesso em: 18 nov. 2019. Adaptação.

Pesquisadores estimam que,


©Shutterstock/Fed Photography

se esse processo continuar man-


tendo as características de direção
do movimento, deverá ocorrer
uma separação da porção orien-
tal da África e a formação de um
novo mar em um período de até
15 milhões de anos. Trata-se de
um processo parecido com o que
originou o Oceano Atlântico há
milhões de anos, quando se deu
a separação geológica entre a
América do Sul e a África. Vista da paisagem pela manhã de trecho do Rift Valley no Quênia, 2018

38 8º. ano – volume 3


Principais rios da África
O continente africano tem uma rede hidrográfica composta de poucos rios e lagos e que estão distribuídos
de forma irregular. Uma característica relevante da rede hidrográfica africana é a existência de inúmeros rios
temporários. Observe novamente o mapa da página 35. Perceba que muitos rios se concentram na porção
central do continente. A seguir, vamos conhecer alguns deles.
O Rio Nilo, um dos mais extensos do mundo, nasce próximo ao Lago Vitória, em Uganda, segue em dire-
ção norte, recebe as águas do Nilo Azul, seu principal afluente, no Sudão, e deságua no litoral egípcio do Mar
Mediterrâneo. As planícies em seu percurso são utilizadas para cultivo desde tempos remotos, quando eram ir-
rigadas durante o período de cheias, proporcionando fertilidade aos solos. No século XX, diversas usinas hidrelé-
tricas foram instaladas ao longo de seu curso, o que resultou na alteração do período de cheias e vazantes. Com
isso, agricultores da região adotaram outros meios de irrigação, assim como empregaram fertilização artificial.
©Africa Portal/ICG

Barragem no Nilo Azul, Etiópia, 2019

O Rio Congo tem nascentes próximas à região do Riftt. Entretanto, sua direção de deslocamento é oeste e
sua foz está localizada no Oceano Atlântico. No território onde está a Bacia do Rio Congo residem cerca de 30
milhões de pessoas, e a maior parte da população depende sobremaneira da floresta para sua subsistência. Pelo
fato de o Congo ser um rio de planalto, são formadas as Cataratas de Inga, consideradas as maiores do mundo
em volume de água.
Outro importante rio afri-
©Getty Images/guenterguni

cano é o Níger. Sua nascente


está localizada no extremo
ocidental do continente e,
após rumar para o norte, faz
uma grande curva e deságua
no Atlântico. Suas águas são
utilizadas para irrigação de la-
vouras, pecuária e navegação.

Barco turístico realiza passeio no Rio


Congo, República do Congo, 2019

geografia 39
VoCê é O geÓgrAfo
Rio Okavango
O Rio Okavango, que percorre par-

©Shutterstock/Evenfh
te das regiões ocidental e meridional
do continente africano, atravessa três
países: Angola, Namíbia e Botsuana.
Ao longo do seu percurso, vários rios AB_NV20_EF2_GEO93_LA_F041
confluem em seu leito principal, que
corre em direção sudeste até se ra-
mificar novamente ao formar o Delta
do Okavango. Trata-se de um paraíso
ambiental e turístico famoso no mun-
do todo pelas paisagens exuberantes
que se formam durante o período das
chuvas, em geral entre os meses de Vista da paisagem do Delta de Okavango, Botsuana
novembro e março.
Fenômeno raro no mundo, o Okavango não desemboca no oceano, tampouco em outro rio que, por sua
vez, corre rumo ao litoral. Nesse caso, o rio termina no interior do continente, mais especificamente no Deserto
do Kalahari, em meio a manadas de animais que atravessam parte do continente em sua migração anual em
busca de água.
Esse rio contribui sobremaneira para a sobrevivência da população ribeirinha que desenvolve a pesca e a
agricultura em pequena escala. A região do delta é habitada por cinco grupos étnicos: Hambukushu Dceriku,
Wayeyi, Anikhwe, Bugakhwe e Anikwhe. O local é também um berço para o desenvolvimento de muitas espé-
cies de animais. Lá podem ser observadas a justaposição de um pântano em uma paisagem árida e a transfor-
mação de enormes depressões arenosas, secas e marrons pelas inundações do inverno.
Por causa de sua beleza e da importância de seu ecossistema, o Delta do Rio Okavango é considerado
Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 2014. Leia o texto a seguir sobre esse tema.

Uma das características exclusivas do sítio é que a inundação anual do Rio Okavango ocorre durante a
estação seca, o que resulta em ciclos biológicos sincronizados de plantas e animais nativos com as chuvas e
inundações sazonais. Esse é um exemplo excepcional de interação entre o clima e os processos hidrológicos
e biológicos. O Delta do Okavango é o lar de algumas das espécies de mamíferos de grande porte mais
ameaçadas de extinção do mundo, como a chita, o rinoceronte-branco, o rinoceronte-negro, o cachorro-
-selvagem-africano e o leão.

LISTA do Patrimônio Mundial atinge 1 000 sítios com a inscrição do Delta do Okavango em Botsuana. Disponível em: <http://www.
unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/world_heritage_list_reaches_1000_sites_with_inscription_of_o/>.
Acesso em 19 nov. 2019.
2 Sugestão de abordagem do conteúdo.

1. Realize uma pesquisa em livros, jornais, revistas ou na internet sobre a bacia hidrográfica do Rio Okavango. Registre no
caderno suas descobertas e depois as apresente aos colegas e ao professor.

40 8º. ano – volume 3


Climas e formações vegetais africanos
No continente africano, boa parte das terras está situada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio (Zona
Intertropical). Sendo assim, com exceção de áreas de maior altitude ou no extremo sul do continente, em es-
pecial na África do Sul, prevalecem climas com temperaturas elevadas durante todo o ano, principalmente em
virtude de sua localização.
Observe com atenção os mapas a seguir e, depois, compare-os. Com eles, é possível perceber que existe
alta correspondência entre os diferentes tipos de clima e as vegetações africanas. Nas páginas que seguem,
vamos conhecer melhor as paisagens naturais africanas, caracterizadas principalmente pela junção entre zonas
climáticas e vegetações, além dos animais que compõem a famosa fauna africana.
3 Sugestão de abordagem do conteúdo.

África: zonas climáticas África: vegetação


Talita Kathy Bora

Talita Kathy Bora

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016.
p. 58. Adaptação. p. 58. Adaptação.

Após comparar os mapas, escreva quais correspondências você pode encontrar entre os climas e as vegetações no conti-
nente africano.
Esperamos que os alunos apontem a correspondência entre clima e vegetação mediterrâneos e desérticos,

clima semiárido com estepes e pradarias, clima tropical com savanas e clima equatorial com florestas equatorial e tropical.

geografia 41
©Getty Images/John Seaton Callahan
Começando pelas extremidades norte
e sul do continente, as paisagens são carac-
terizadas pelo clima de tipo mediterrâneo
e vegetação de mesmo nome. São deno-
minadas dessa maneira por ocorrer larga-
mente nas costas do Mar Mediterrâneo,
entre África, Ásia (Oriente Médio) e Europa.
O clima mediterrâneo é caracterizado pelo
verão quente e seco, com inverno frio e
chuvoso. Assim, a vegetação mediterrâ-
nea apresenta adaptações para resistir ao
máximo aos períodos de baixa disponibili-
dade de água. Portanto, caracteriza-se pela
presença de arbustos baixos e resistentes
aos períodos de estiagem, formando bos-
ques cujo solo é coberto por gramíneas, o Vegetação mediterrânea em Tabarka, litoral da Tunísia, 2018
chamado chaparral.
Ainda nos extremos do con-

©Fotoarena/Alamy
tinente, em especial no entorno
dos desertos, há o clima semiárido,
sob o qual se desenvolvem princi-
palmente pradarias e estepes. São
vegetações campestres, isto é, pre-
dominantemente distribuídas em
campos com árvores esparsas e
gramíneas durante as épocas úmi-
das, em paisagens de transição en-
tre ambientes desérticos e aqueles
mais úmidos, tropicais.
4 Sugestão de abordagem do conteúdo.

Estepe semiárida na Namíbia, 2018

Próximo às áreas semiáridas ao norte e ao


©Shutterstock/Iulian Ursachi

sul do continente se desenvolvem grandes


desertos africanos. Nesses ambientes, semen-
tes podem passar anos no solo esperando por
chuva para germinar, desenvolver-se e produ-
zir flores e novas sementes. As plantas adapta-
das, como o cacto, contam com recursos para
tanto, como caules que armazenam água e fo-
lhas transformadas em espinhos, que reduzem
a perda de umidade por evapotranspiração.
Destacam-se o Deserto do Saara, maior deser-
to quente do planeta, com área superior à do
Brasil, e o Deserto da Namíbia, localizado no
sudoeste do continente.
5 Sugestão de abordagem do conteúdo. Paisagem desértica na região de Afar, Etiópia, 2019

42 8º. ano – volume 3


Os desertos se caracterizam pela quase ausência de vegetação e também de chuvas, exceto em raras oca-
siões de ocorrência completamente irregular. Além disso, a amplitude térmica varia muito ao longo do dia, ou
seja, as temperaturas podem chegar aos 50 °C durante o dia e cair para abaixo de 0 °C no período da noite. A
exceção fica por conta dos oásis, verdadeiros paraísos para os viajantes que se aventuram a atravessar tais áreas.

c uriosidade
O que são os oásis? 6 Sugestão de abordagem do conteúdo.

©Shutterstock/Sun_Shine
Os oásis são porções de terra com
a presença de vegetação e água
em meio a regiões desérticas.
Suas águas são provenientes de
camadas subterrâneas de rochas
impermeáveis que formam len-
çóis freáticos próximos ao solo. Ao
aflorar, esses lençóis subterrâneos
permitem o uso da água para ir-
rigação e manutenção da vida de
povos que lá habitam. Em alguns
casos, a captação de água é rea-
lizada por meio de técnicas como
Palmeiral no oásis de Siwa no Deserto do Saara, Egito, 2018
poços artesianos.

Próximo às áreas semiáridas e desérticas predominam o clima tropical, caracterizado por verões chuvosos
e invernos secos, quase sempre com altas temperaturas (em torno de 20 ºC), e a vegetação da savana. Esta se
assemelha ao Cerrado brasileiro, com árvores esparsas e florestas espalhadas na paisagem. Trata-se de uma
paisagem de transição entre áreas secas e florestas úmidas equatoriais.
equatoriais As savanas tropicais africanas abrigam
os mai
aior
aiores
ores mam
amíf
mífí er
eros
ros
os ter
erre
rreest
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res,
res, com
omoo os
o elefantes, os leões e as girafas. 7 Sugestão de abordagem do conteúdo.

©Shuutter
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Turistas em um veículo de safári


na savana africana do Parque
Masai Mara, Quênia, 2019

43
Por fim, nas áreas mais centrais do continente e no leste de Madagascar predomina o clima equatorial.
Nessas áreas, prevalecem temperaturas elevadas e a umidade é bem distribuída ao longo de todo o ano. As
florestas tropicais e equatoriais aparecem, principalmente, na porção central do continente. A maior parte se
estende da Bacia do Congo, alongando-se pela faixa litorânea, com algumas descontinuidades, até o Senegal.
Também ocorrem em porções da parte oriental do continente e da ilha de Madagascar.

©Getty Images/Yannick Tylle


Floresta equatorial na República
Democrática do Congo

A grande incidência de energia solar durante o ano e a elevada umidade favorecem o desenvolvimento
florestal, com árvores de grande porte. Trata-se de uma vegetação diversificada, que se desenvolve em vários
estratos, formando um dossel, o qual é habitado por diversos animais. Compõe-se, assim, um verdadeiro ecos-
sistema suspenso. Nesse ambiente, destaca-se a Floresta do Congo, segunda maior área de floresta tropical do
mundo, superada apenas pela Amazônia. 8 Sugestão de abordagem do conteúdo.
Além das paisagens descritas até aqui, o continente africano exibe, em porções menores e espalhadas, áreas
montanhosas com clima frio de montanha, como o Kilimanjaro, famoso monte africano coberto de neve per-
manentemente (ainda que em quantidade decrescente), embora se localize em baixa latitude. Apresenta ainda
clima temperado, que ocorre apenas no norte da Somália. Quanto às vegetações, o continente conta também
com
co m ma
manc
ncha
hass es
espa
palh
lhad
adas
as de flflor
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tass su
subt
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ropi
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Laeticia Kleeinn

Apesar de se localizar em área equatorial,


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o Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, apresenta


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neves, as quais se formam em virtude das


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características de relevo, com altitudes


superiores a 4 500 m.
©Shu

44
A t i vidades
1. Por que a maior parte do território do continente africano é geologicamente estável?
Porque está localizada em uma única Placa Tectônica (Placa Africana), distante dos limites entre as placas, que são áreas sujeitas a

atividades sísmicas e/ou vulcânicas.

2. Relacione as colunas de acordo com as características de cada clima predominante no continente africano.
a) Clima equatorial d) Clima mediterrâneo
b) Clima tropical e) Frio de montanha
c) Clima semiárido
( C ) Ocorre como uma faixa de transição dos climas mais úmidos, como o tropical, para o clima desértico.
( A ) Prevalecem temperatura elevada e umidade bem distribuída durante o ano. Sofre influência das massas de ar equa-
toriais e tropicais.
( E ) Está relacionado ao relevo, ocorrendo em áreas de altitude elevada.
( B ) Com temperaturas elevadas ao longo do ano, apresenta uma estação seca durante o inverno.
( D ) Ocorre nos extremos norte e sul do continente e apresenta alternância entre estações secas e úmidas.
3. Leia o texto a seguir e responda às questões.

A nascente do Congo situa-se nas montanhas do Rift. A principal extensão do rio atravessa a
República Democrática do Congo e, perto da sua foz, estabelece a fronteira com Angola. O seu re-
gime depende das chuvas equatoriais e quase toda a sua bacia é coberta por impenetráveis florestas
equatoriais. Estas florestas são o último refúgio para os gorilas, mas também para outras 400 espécies
de mamíferos, 1 000 espécies de aves e 10 000 espécies de plantas. Mas a Bacia do Congo também é
residência de 30 milhões de pessoas, divididas em 250 etnias, sendo a maioria da população profunda-
mente dependente das florestas para subsistir.

BACIA do Congo. Disponível em: <https://www.natureza-portugal.org/o_nosso_planeta/florestas/floresta_tropical/bacia_do_


congo/>. Acesso em: 20 nov. 2019.

a) A qual formação vegetal africana o texto se refere?


Florestas tropicais e equatoriais.

b) Quais as principais características dessa formação vegetal e do clima predominante?


A grande incidência de energia solar durante o ano e a elevada umidade favorecem o desenvolvimento florestal, com árvores de

grande porte. Trata-se de uma vegetação diversificada, que se desenvolve em vários estratos, formando um dossel, o qual é

habitado por diversos animais. Compõe-se, assim, um verdadeiro ecossistema suspenso. O clima predominante é equatorial,

quente e chuvoso.

geografia 45
Povos nativos e natureza africana
Assim como na América, que você estudou anteriormente, os nativos africanos apresentam
rica diversidade cultural, linguística e étnica, formando um mosaico cultural por todo o con-
lusófonos:
tinente. Grande parte dos países africanos também foi colonizada por países europeus e, por
aqueles
causa dessa influência histórica, conta com línguas europeias como seus idiomas oficiais. Em
que falam
países como Angola, Moçambique e Cabo Verde, entre outros, fala-se o português, por exem- português.
plo. Além desses e de outros países lusófonos, a maior parte dos países do continente tem o
inglês ou o francês como línguas oficiais. Alguns poucos países falam o idioma espanhol e, em
toda a porção norte, predomina o árabe.
Apesar disso, assim como ocorre no continente americano, no africano a maior parte dos países conta com
diversas línguas regionais ou locais, que chegam a mais de duas mil ao todo. Entre os exemplos mais significati-
vos estão iorubá, mandinga, zulu, suaíli e hauçá. As duas últimas, inclusive, são faladas por dezenas de milhões
de pessoas, e o suaíli é o idioma oficial (juntamente com o inglês) de três países: Quênia, Tanzânia e Uganda. O
caso mais emblemático, contudo, é com certeza o da África do Sul, país que tem 11 idiomas oficiais.
Na maior parte dos países africanos, é muito comum que as pessoas aprendam primeiramente o idioma
nativo de seus pais para apenas depois aprender a língua europeia oficial do país. Quando o pai e a mãe são pro-
venientes de etnias diferentes, o que não é raro, muitas vezes as crianças crescem aprendendo dois ou até mais
idiomas, antes de aprender o terceiro, oficial. Entre os mais velhos, inclusive, é comum que falem apenas um ou
mais de um idioma nativo, sem ter aprendido aquele que é considerado o oficial. Observe o mapa dos idiomas
oficiais africanos no material de apoio para compreender melhor como se dá essa distribuição pelo continente.
O cultivo da língua nativa pelos povos africanos é uma maneira de afirmar e valorizar suas culturas milenares
e a sabedoria herdadas dos mais antigos a respeito dos ambientes naturais em que vivem. A própria sobrevivên-
cia em meio aos biomas africanos exige adaptações engenhosas. Na região do Mali, por exemplo, as paisagens
são marcadas pelo emprego do barro como material de base e de acabamento nas moradias. A utilização de
tijolos de adobe, ou seja, feitos de lama pisada, complementados com esterco ou grama picada, apresenta ca-
racterísticas da relação da população com as condições naturais da região, de clima seco e vegetação escassa.
Nas manifestações cul-

©Shutterstock/Torsten Pursche
turais, a interação dos povos
nativos com a natureza se
faz presente, como a dan-
ça das máscaras do povo
Dogon, que vive na falésia
de Bandiagara, no Mali, con-
siderada patrimônio mundial
da Unesco. Durante o ritual,
cada máscara tem um signi-
ficado, representando o Sol, a
Terra e outros elementos do
Universo.

Celebração com máscara


tradicional de madeira do
povo Dogon no Mali

46 8º. ano – volume 3


Essa diversidade cultural tão presente no interior dos países africanos, contudo, gera conflitos e divergências
nem sempre pacíficos. O estabelecimento das colônias africanas e, posteriormente, dos países que herdariam os
territórios coloniais na segunda metade do século XX não levou em consideração as divisões étnicas entre os po-
vos que habitavam o continente. Com isso, povos que até então eram inimigos passaram a fazer parte de um só
país, com uma mesma administração e poder centralizado. Disputas por poder entre as etnias resultaram em guer-
ras civis que, muitas vezes, eram a continuação das guerras travadas anteriormente pela independência do país.
O exemplo mais marcante desse tipo de conflito é o genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994. Nele, a maioria
hutu, que compunha cerca de 80% da população, massacrou aproximadamente 800 mil tutsis, grupo minoritá-
rio que havia sido favorecido em décadas anteriores pelos colonizadores franceses. Esse favorecimento acabou
gerando entre os hutus forte ressentimento, que explodiu em revolta generalizada após um atentado derrubar
o avião que transportava o presidente do país.
O oposto também ocorreu, ou seja, populações de mesma etnia foram separadas em diversos territórios na-
cionais. Um exemplo é o do povo Masai, famoso por suas vestimentas em túnicas coloridas, pelo pastoreio e pela
tradição guerreira que os habilita a defender seu gado enfrentando até mesmo os temidos leões das Savanas.

©Shutterstock/Katiekk

Homem masai levando suas vacas para casa, em Arusha, Tanzânia, 2019

No continente africano, existem diversos parques nacionais, com o intuito de proteger a fauna e a flora
existentes no território. Mesmo com legislações que criam essas áreas protegidas e com o controle de órgãos
governamentais na gestão de tais parques, há inúmeros casos de apropriação de territórios nativos e outras
atividades ilegais acontecendo pelo continente. A caça sem autorização é um deles, por exemplo, para contra-
bando de chifres de rinoceronte a fim atender à demanda chinesa por produtos da medicina popular do país
e também das presas dos elefantes, cujo marfim tem alto valor comercial e é utilizado na fabricação de joias e
objetos decorativos. Além disso, caçadores pagam até 50 mil dólares para participar de safáris em que matam
leões, gnus e outros animais de grande porte. São ações ilegais que, inclusive, têm levado algumas espécies a
correr risco de extinção.

geografia 47
O que Aprendi
1. O fato de vários tipos climáticos serem atuantes no continente africano interfere na dinâmica de sua hidrografia? Justifique
sua resposta.
Sim, pois são nas áreas de clima equatorial e tropical, ou seja, com volume maior de chuvas, que se localizam os grandes rios do

continente. Já nas porções do território onde os climas secos predominam, os rios, quando existem, muitas vezes são intermitentes.

2. Observe a imagem abaixo e resolva as questões.


a) Identifique as principais características climáticas

©Fotoarena/Alamy
presentes na paisagem retratada e seu reflexo na ve-
getação.
O clima desértico tem como principal característica a baixa
precipitação durante todo o ano, podendo inclusive, em
alguns lugares, não ocorrer por períodos superiores a um
ano. Além disso, a amplitude térmica varia muito ao longo
do dia, ou seja, as temperaturas podem chegar a 50 °C du-
rante o dia e cair para abaixo de 0 °C no período da noite. A
vegetação se caracteriza por uma biodiversidade relativa-
mente menor do que a de outras formações vegetais. Isso
acontece, em especial, em razão da baixa disponibilidade
de água, característica dos climas áridos. Nesse sentido, a
flora e a fauna que habitam essa paisagem desenvolveram
grande capacidade de viver com pouca água.

b) O que são os oásis? Por que eles são importantes?


Oásis são porções de terra com a presença de vegetação e água em meio a regiões desérticas. Suas águas são provenientes de
camadas subterrâneas de rochas impermeáveis que formam lençóis freáticos próximos ao solo. Eles são importantes, pois a água
pode ser utilizada tanto para abastecer as comunidades que moram na região ou passam por ela quanto na irrigação de cultivos.
Além disso, eles servem de ponto de apoio e abastecimento para caravanas em rotas comerciais.

3. Leia a manchete a seguir e responda às questões.

Português é idioma oficial de Moçambique, mas 90% da população prefere outras línguas

BELÉM, Fábia. 21 fev. 2016. Disponível em: <http://br.rfi.fr/africa/20160221-portugues-e-idioma-oficial-de-mocambique-mas-90-da-


populacao-prefere-outras-linguas>. Acesso em: 20 nov. 2019.

a) Por que o continente africano pode ser considerado um mosaico cultural?


Porque apresenta grande diversidade cultural, com cerca de 800 etnias e mais de 2 mil idiomas.

b) Os grupos étnicos têm seus territórios delimitados pelas mesmas fronteiras dos Estados nacionais? Justifique sua resposta.
Não. Após a Conferência de Berlim em 1884, durante a divisão do território africano, as nações europeias não se importaram em
respeitar as divisões étnicas entre os povos que habitavam o continente. Com isso, povos que até então eram inimigos e dispu-
tavam porções de um mesmo território antes da chegada dos europeus passaram a ocupar uma mesma área, com uma mesma
administração e poder centralizado. O oposto também ocorreu: povos de mesma etnia que compartilhavam determinadas áreas,
por sua vez, acabaram sendo separados.

4. De acordo com o que você estudou, de que forma podemos perceber as pressões sobre a natureza africana e os consequen-
tes prejuízos para as populações nativas?
As pressões são evidenciadas pela necessidade crescente de proteção, por meio da criação de parques nacionais, e pelas atividades
ilegais que ocorrem no interior deles. Causam sérios prejuízos à biodiversidade, podendo levar à extinção de espécies e prejudicar
o turismo e a subsistência de povos nativos dos parques.

48 8º. ano – volume 3


a l i o
e ri a po geografia
at de
m
Capítulo 7 – Página 28

África: densidade demográfica


João Miguel Alves Moreira

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 70. Adaptação.

8º. ano – volume 3 1


2
África: línguas oficiais ou predominantes

Marilu de Souza
Capítulo 8 – página 46

8º. ano – volume 3


Fontes: PERTHES World Atlas. 2 ed. Gotha: Klett-Perthes Verlag, 2006. p. 50. Adaptação.
ATLAS National Geographic: África I. São Paulo: Abril, 2008. v. 9. Adaptação.
ATLAS National Geographic: África II. São Paulo: Abril, 2008. v. 10. Adaptação.

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