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RESUMO
Este artigo apresenta um estudo acústico realizado no auditório de uso múltiplo, localizado nas
Faculdades Integradas de Patos. No ambiente foram avaliados dois parâmetros acústicos, o tempo
de reverberação e a geometria do espaço, objetivando compreender o comportamento da reflexão do
som em seu interior. Utilizou-se o levantamento do coeficiente de absorção sonora, de cada material
das superfícies aparentes do auditório, para efeito dos cálculos de tempo de reverberação. Por fim,
desenvolveu-se uma proposta sustentável para melhoria da qualidade sonora do local.
Palavras chave: auditório; acústica; coeficiente de absorção sonora e tempo de reverberação.
ABSTRACT
This paper presents an acoustic study in an auditorium of multiple use, located in the Faculdades
Integradas de Patos. In the environment have been assessed two acoustic parameters, the
reverberation time and the geometry of space, aiming to understand of the sound reflection behavior
inside. We used the survey of the sound absorption coefficient, of each material of the apparent
surfaces of the auditorium, for the purposes of reverberation time calculations.
Keywords: auditorium; acoustic; sound absorption coefficiente and reverberation time.
1. INTRODUÇÃO
2. ACÚSTICA ARQUITETÔNICA
A Acústica é o ramo da física que estudo e analisa as ondas sonoras, a sua propagação em
meios tanto fluídos quanto sólidos e as suas relações com o ser humano, são necessários
três elementos fundamentais: uma fonte sonora, um receptor e um meio de propagação.
Segundo De Marco (1982), a onda se desloca com uma velocidade que depende das
características do meio, da pressão, da umidade e da temperatura, com isso, a frequência e
amplitude de oscilação não interferem na mesma. Para chegar até o ser humano, elas
atingem uma membrana chamada tímpano que passa a vibrar com a mesma frequência das
ondas, transmitindo ao cérebro, por impulsos elétricos, a sensação do som.
A frequência sonora, de acordo com Silva (2005), é determinada pelo número de oscilações
completas por segundo, ou seja, o número de idas e voltas completas de particulares
vibrantes. A frequência é medida em ciclos por segundos (C.P.S) ou em Hertz (Hz) e
caracterizada como grave quando a altura do som possui valores baixos e quando elevados
denomina-se de alto ou agudo. Apenas as vibrações dentro de certos limites de frequência é
que são audíveis pelo homem, que possuem um limite compreendido pelo órgão auditivo
entre 16 a 30000 Hz.
Cada material possui um coeficiente de absorção sonora, que na maioria das vezes é
diferente para cada frequência. Esta variável influencia diretamente no tempo de
reverberação local, e juntamente com o volume e a geometria local definem como o som se
comporta no ambiente.
Souza (2006) afirma que a boa acústica é obtida pelas formas irregulares e difusoras de
superfície e, principalmente pela aplicação balanceada de materiais de construção, de forma
que sua utilização e distribuição influenciam na reverberação do ambiente, ou seja, o tempo
de reverberação é inversamente proporcional à qualidade de materiais fonoabsorventes.
Portanto, a escolha dos materiais é de extrema importância para um projeto acústico.
Existem dois tipos de materiais, os fonorrefletores: que apresentam valores de absorção
próximos a zero e são impermeáveis, com pouca porosidade (pedras, madeiras, vidros) e os
fonoabsorventes com coeficiente de absorção próximo a 1,00 e com característica
predominante a absorção sonora, divididos em porosos, painéis e ressoadores. Porém, ao
contrário dos demais autores, De Marco (1982) diz que todo material é fonoabsorvente,
porém, alguns têm característica excelente de absorção sonora e outros, de péssima
absorção sonora.
Maia e Salgado (2005), assim como a NBR 10152 (ABNT 1987), afirmam que para atingir
um desempenho acústico de qualidade dentro das edificações deve existir um controle entre
os ruídos internos e externos em níveis adequados, do tempo de reverberação e da
geometria local. Contudo, esta pesquisa não analisará o isolamento acústico local, por efeito
de viabilidade de execução futura, foi estudado unicamente o tempo de reverberação e a
geometria local do auditório em conjunto com os parâmetros estabelecidos por norma.
Para impedir que os ruídos dessas fontes prejudiquem as atividades realizadas em um
auditório, deve-se levar em consideração a capacidade que os elementos presentes no local
possuem de isolar o som e refletir de acordo com a necessidade local. O coeficiente de
absorção de materiais expostos em ambiente consiste na quantidade de energia absorvida e
refletida pelos materiais, valores esses que variam de acordo com suas características
físicas de porosidade, rigidez e sua forma de instalação e os mesmos se alteram com as
frequências sonoras, e esses valores variam entre 0,00 a 1,00.
Em relação à geometria local de auditórios, Souza (2006), afirma que a forma retangular do
auditório gera melhorias na acústica do ambiente, porém junto a essa forma, vem o
problema do paralelismo das paredes, que causa grande reflexão sonora, gerando assim
grandes defeitos acústicos.
O tempo de reverberação relaciona o volume do ambiente e consiste em o tempo em
segundos que o som demora a extinguir-se, ou seja, o período de permanência do som no
ar, sendo necessário que o nível de pressão sonora decaia em 60 dB depois que a fonte
sonora interrompa a emissão. Segundo De Marco (1982) o tempo de reverberação ideal
para auditórios é de 0,72s. Com essas informações e com auxílio da fórmula de Sabine é
possível determinar o tempo de reverberação. O volume do ambiente, a superfície dos
materiais e seus devidos coeficientes de absorção definem o valor do tempo de
reverberação para cada frequência em estudo (Equação 01).
Onde:
T: Tempo de Reverberação;
V: Volume em m³;
A: Absorção em m²;
0,161: constante que torna o cálculo mais preciso.
3. OBJETO DE ESTUDO
(a) (b)
5. RESULTADOS
O presente tópico trata da descrição dos dados e discussão dos resultados obtidos a partir
da análise do comportamento acústico do auditório estudado. A tabela 1 descreve os
materiais que compõe o interior do auditório e demonstra os valores encontrados dos
coeficientes de absorção sonora, para as frequências de 125Hz, 500Hz e 2000Hz.
Frequências
MATERIAIS
ALTERADOS
500 Hz 125 Hz 2000 Hz
Cadeira estofada
0,15 0,13 0,07
com couro sintético
Porta de madeira
0,06 0,14 0,10
fechada
Tábua de madeira
0,10 0,10 0,08
2,1 cm
Parede de alvenaria
0,02 0,01 0,02
pintada
Porta de madeira
3 1,68 0,060 0,101 0,140 0,235 0,100 0,168
fechada
Parede de alvenaria
6 94,22 0,020 1,884 0,010 0,942 0,020 1,884
pintada
Tempo ótimo de
0,72 1,06 0,72
reverberação (s)
Tempo de reverberação
1,38 1,50 2,16
calculado (tr)
Fonte: (AUTORES, 2016)
Raios incidentes*
Raios refletidos*
*Na imagem os raios sonoros são refletidos com ângulos iguais aos raios de incidência
Através de um corte esquemático, simulando uma fonte sonora acima do palco é possível
observar o comportamento dos raios sonoros. “Considerando que raios sonoros, que
refletem nas diversas superfícies internas de um ambiente analisado” (SIMÕES et al 2011) e
também, que a direção das reflexões é determinada pela geometria do local, pode-se
afirmar que o auditório apesar de ter uma geometria retangular, que favorece a acústica
local, não apresenta nenhuma falta de paralelismo entre as paredes, o que também melhora
a acústica local. Estes fatores em conjunto com a escassez de materiais com alto
coeficiente de absorção sonora contribuíram para o baixo desempenho do auditório.
Para Simões et al (2011) A reflexão quando explorada arquitetônicamente, por meio de
formas e direcionamento apropriados de espelhos acústicos, é um excelente instrumento
para permitir o reforço e a distribuição sonora, aumentando a intensidade e homogeneidade
do som ambiente. Em auditórios, esse recurso deve ser muito utilizado, pois como o som
direto tende a perder sua intensidade, principalmente para os lugares mais afastados da
fonte, os espelhos acústicos colaboram na intensidade do nível sonoro, outro ponto que
deve ser observado no projeto.
Para amenizar a situação do local foi proposta a utilização de dois novos materiais. Em
todas as parede que contém janelas, assim como no palco, foi especificado o uso de
paredes grossas; e carpete de juta em todo o piso do auditório. A efeito dos cálculos usou-
se coeficientes de absorção com os valores indicados por norma (ABNT, 1992) de 0,4 para
a frequência de 500Hz; 0.25 para a frequência de 125Hz e 0,60 para 2000Hz.
Após a realização dos cálculos com as alterações indicadas, pôde-se observar que houve
algumas alterações que proporcionaram melhoria no tempo de reverberação e na absorção
do local. Na frequência de 500 Hz, o tempo de reverberação calculado foi de 0,78s, e a sua
absorção foi de 42,39. Para a frequência de 125 Hz, o novo tempo de reverberação
encontrado foi de 1,02s, e sua absorção sonora de 32,23. A frequência de 2000 Hz, foi a
que mais obteve mudanças, o atual tr decaiu 0,61s, devido a grande quantidade de material
poroso que isola ainda mais as frequências agudas (Tabela 3).
Tempo ótimo de
0,72 1,06 0,72
reverberação (s)
Tempo de reverberação
0,78 1,02 0,61
calculado (tr)
Fonte: (AUTORES, 2016).
As cortinas grossas quando fechadas, não isolam totalmente o som vindo da parte externa
do auditório, porém além de melhorarem o tempo de reverberação contribuem no
isolamento acústico, pois formam uma camada superficial extra à parede, ocasionando um
pouco de isolamento dos ruídos externos internos do auditório. Essas cortinas devem ter
uma espessura de pelo menos 5.08cm a 7.62cm, e terem uma média de peso entre 6.8kg a
9.07kg. O carpete de Juta é um material de baixo custo, de fácil manutenção e composto por
fibras biodegradáveis que não prejudicam o meio ambiente, além de não utilizar produtos
químicos em sua composição.
Como o objetivo principal dessa mudança é o baixo custo e a sustentabilidade, além de uma
reforma que gerasse poucos problemas para ser executada, a incrementação de poucos
materiais alcançou o almejado. Além de que os valores para as 03 (três) frequências
básicas estudadas estão mais equilibradas, chegando bem próximo ao tempo ótimo de
reverberação. O resultado final, com a inserção dos novos materiais, pode ser observado na
Figuras 3.
(a) (b)
6. CONCLUSÃO
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152 Níveis de ruídos para conforto
acústico. Rio de Janeiro, 1987.
DE MARCO, Conrado Silva. Elementos de acústica arquitetônica. São Paulo: Nobel, 1982.
MAIA, M.L.; SALGADO, M.S. Qualidade do projeto e desempenho do edificio: uma discussão
sobre o proceso do projeto. In: V Workshop Brasileiro de Gestão de Processo do Projeto na
Construção de Edifícios, 5º, 2005, Florianópolis. Anais…Florianópolis, SC, UFSC, 2005.
SILVA, P. Acústica arquitetônica e condicionamento de ar. 5. Ed. Belo Horizonte. EDTAL E.T.
Ltda, 2005.
SOUZA, L. C. L., AlMEIDA, M. G.; BRAGANÇA L. de. Bê-á-bá da acústica arquituitetônica. São
Carlos: EDUFSCAR, 2006.