Cópia de Sebenta - M8 - A Cultura Da Gare
Cópia de Sebenta - M8 - A Cultura Da Gare
Cópia de Sebenta - M8 - A Cultura Da Gare
MÓDULO 8
A CULTURA DA GARE
SEBENTA - HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES - PARTE 6: Século XIX - M8: A Cultura da Gare
PALAVRAS-CHAVE:
GARE |
SÉCULO XIX
1. MÓDULO 8: A CULTURA DA GARE - TRONCO EM COMUM
APRESENTAÇÃO
A Gare é entendida como espaço-metáfora de uma nova rede de relações transnacionais,
possibilitada pelas inovações técnicas e geradora de novos sentidos de espaço/tempo,
onde se entrecruzam, em aparente contradição, sonhos e utopias.
TEMPO
1814-1915. Da batalha de Waterloo à Exposição dos Fauves.
ESPAÇO
A Europa das Linhas Férreas. Domínio das linhas férreas ligadas às indústrias.
BIOGRAFIA
O engenheiro Gustave Eiffel (1832-1923). A Ruptura do ferro proposta por Eiffel: o
pragmatismo e o simbólico.
LOCAL
A Gare. Espaço onde tudo afluia. Dela dependia agora a divulgação.
ACONTECIMENTO
A 1ª Exposição Universal (Londres, 1851). A apologia da máquina, do ferro e das novas
tecnologias. Recuam os saberes tradicionais.
SÍNTESE
O indivíduo e a natureza. A natureza é um refúgio privilegiado dos artistas.
CASOS PRÁTICOS
● 2º Caso prático: Italian family on ferry boat leaving Ellis Island (1905). Fotografia
de Lewis Hine (1874-1940). A captação de sensações óticas vai ser posteriormente
utilizada pelo realismo e impressionismo.
1.1. APRESENTAÇÃO
“Há 100 anos, os negócios estavam limitados a uma área geográfica; agora, são mundiais.”
- Frank McVey, Modern Industrialism, 1903.
Uma revolução científica no Ocidente cria a sensação que o mundo pode ser mais bem
entendido e explorado. O desenvolvimento de máquinas movidas a vapor encoraja o
crescimento da produção em massa em fábricas. O Rocket de Stephenson anuncia uma
nova forma de transporte, mais rápida e mais confiável. O Ocidente impõe-se ao resto do
globo, criando mercados globais interligados. A dependência das sociedades industriais de
combustíveis fósseis leva a uma tensão sobre o meio ambiente.
O Rocket de Stephenson foi a máquina a vapor da primeira ferrovia de passageiros do mundo, ligando Liverpool
a Manchester. Esta fotografia mostra-o no exterior da Direção de Patentes, em Londres.
1.2. TEMPO
BATALHA DE WATERLOO
Caixa de Curiosidade(s):
um líder do movimento. Disse que quis criar arte para e por prazer. Arte como decoração. O
uso de cores vivas tenta manter a serenidade da composição.
Como pintar fauvismo: selvagem, cor muito viva, colocação aleatória da cor, perspectiva
exagerada, formas simples, planos lisos, acabamento espontâneo, que permita uma leitura
fácil.
Quem são os Fauves - "FERAS": o pintor Gustave Moreau foi o professor que fez despertar
o movimento. Os líderes do movimento eram Henri Matisse e André Derain, alunos que
melhor entenderam Moreau.
1.3. BIOGRAFIA
Caixa de Curiosidade(s)
“Gustave Eiffel, mundialmente conhecido pela torre com o seu nome que domina Paris, teve na
cidade do Porto a sua primeira grande obra, que o projectou para uma notoriedade mundial que se
mantém 175 anos depois do seu nascimento, que se assinala sábado.
Alexandre Gustave Eiffel, que nasceu a 15 de Dezembro de 1832, em Dijon, teve na construção da
Ponte D. Maria, sobre o rio Douro, a primeira grande obra realizada pelo gabinete que criou em 1868.
O projecto, da autoria de Teophile Seyrig, sócio de Eiffel, destacou-se entre as propostas que se
apresentaram ao concurso internacional, não só por ser mais barato, mas principalmente por
introduzir novos conceitos para a travessia de um vão com 160 metros. A importância que Eiffel
atribuiu à obra justificou que se tivesse instalado em Portugal durante o tempo que demorou a
construção, para poder acompanhar de perto os trabalhos, que decorreram entre Janeiro de 1876 e
Outubro de 1877. Na altura, Eiffel anunciou a intenção de construir uma ponte "no limiar do
impossível" e a verdade é que a Ponte D. Maria veio a ser considerada uma obra revolucionária para
a época.
A construção num tempo recorde, aliada à dificuldade criada pela transposição de um vão de
grandes dimensões, deram a Gustave Eiffel uma projecção internacional. Esta travessia ferroviária
do rio Douro foi inaugurada a 04 de Novembro de 1877, numa altura em que Gustave Eiffel já estava
também envolvido na construção da ponte metálica de Viana do Castelo, um projecto da sua autoria.
A ponte, que a Ordem dos Engenheiros considerou como uma obra notável, é única em Portugal,
distinguindo-se pelos tabuleiros sobrepostos, mas também pelos `cotovelos` existentes nas duas
margens, à entrada do tabuleiro. A travessia rodoviária e ferroviária do rio Lima foi inaugurada a 30
de Junho de 1878.
A presença de Gustave Eiffel em Portugal passa também pelo Elevador de Santa Justa, em Lisboa,
construído com base num projecto do engenheiro Raul Mesnier Ponsard, discípulo de Eiffel.Trata-se
de um elevador vertical com 45 metros de altura, que possui duas cabinas com capacidade para
transportar 25 pessoas. Inaugurado a 10 de Julho de 1902, o elevador está classificado como
monumento nacional, tendo o passadiço que o liga à Rua Nova do Carmo como um dos seus
elementos mais importantes. Alguns anos antes da inauguração deste elevador na capital
portuguesa, Gustave Eiffel tinha perdido o concurso para a construção da Ponte D. Luís, sobre o
Douro, no Porto.
O gabinete de Eiffel apresentou um projecto que previa apenas um tabuleiro, ao nível das ribeiras do
Porto e de Gaia, com uma parte levadiça no centro, mas a proposta, que ganhou um prémio na
Exposição Universal de Paris de 1878, não foi aceite pelo governo português, que exigia uma ponte
com dois tabuleiros.
O novo concurso veio a ser ganho por um projecto da autoria de Teophile Seyrig, ex-sócio de Eiffel,
que, nessa altura, já se tinha separado do seu mentor e assinou como único responsável a
construção da Ponte D. Luís, inaugurada a 31 de Outubro de 1886.
Gustave Eiffel, cujo nome também ficou ligado à construção da Estátua da Liberdade, em Nova
Iorque, é apontado como um excelente construtor e empresário, que se soube rodear de bons
engenheiros. O seu principal mérito, segundo alguns estudiosos da sua obra, residia na capacidade
de gestão das construções e na precisão da sua execução, muito graças à técnica de pré-fabrico em
estaleiro, considerada avançada para a sua época.”
- artigo “"Pai" da Torre Eiffel realizou a sua primeira grande obra no Porto”,
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/pai-da-torre-eiffel-realizou-a-sua-primeira-grande-obra-no-porto_n163658
1.4. ACONTECIMENTO
2º CASO PRÁTICO: Italian family on ferry boat leaving Ellis Island (1905). Fotografia de
Lewis Hine (1874-1940). A captação de sensações óticas vai ser posteriormente utilizada
pelo realismo e impressionismo.
No final do século XIX, os fotógrafos John Thomson, Jacob Riis e Lewis Hine,
compreenderam que a fotografia como documento sociológico podia intervir na sociedade.
Casos de pobreza, miséria e de exploração, provocados pela industrialização e imigração
nos E.U.A. e Inglaterra, foram assim denunciados.
É com eles que nasce o conceito de realismo social associado à fotografia. Cada um deles
seguiu um percurso em áreas de intervenção diferentes. Estes fotógrafos contribuíram
assim para a denúncia de mundos sociais desconhecidos, que passavam despercebidos
aos olhos das classes mais favorecidas, despertando-lhes a consciência para as classes
mais pobres e dos seus problemas sociológicos.
MÚSICA
Subjetividade, genialidade e virtuosismo
ROMANTISMO: 1750-1830
1830 – Nova onda de revoluções liberais por toda a Europa (França, Bélgica, Holanda,
Portugal, etc.), embora no início do século XIX já muito compositores estivessem a cultivar
um novo estilo (como Beethoven, por exemplo)
1914 - Início da I Guerra Mundial, mas ocorre também a passagem de Schoenberg para o
atonalismo
O termo “romântico”: o adjetivo romântico deriva de romance, cujo sentido literário original
era o de uma narrativa ou poema medieval, escrito numa das línguas românticas (derivadas
do latim). Quando a palavra começou a ser utilizada em meados do século XVIII
(Iluminismo) associava-se a algo distante, lendário, fictício, fantástico, maravilhoso, um
mundo imaginário ou ideal, por oposição ao mundo real. Apesar de no Romantismo não
haver uma rutura da linguagem musical, dos géneros e da harmonia do Classicismo, ocorre
uma distorção do equilíbrio entre a razão e o sentimento. Predomina agora a expressão do
eu, o subjetivismo, a emoção e o dinamismo.
Este termo inicialmente designou um movimento literário, sendo aplicado à música quando
E. T. A. Hoffman (1776-1822), em 1810, designou Beethoven como sendo um compositor
“romântico”, nos seus ensaios em torno da 5a Sinfonia de Beethoven. De facto, dentro da
esfera sinfónica, será Beethoven quem irá nortear os compositores românticos.
O sentimento do artista é a sua lei. O sentir puro nunca pode ser contrário à natureza, sempre será
adequado à natureza. Nunca deve impor-se o sentimento de outrem como lei. A única fonte
verdadeira da arte é o nosso coração, a linguagem de um ânimo infantil puro. (...) Toda a obra de arte
autêntica se percebe em hora solene e nasce em feliz hora, muitas vezes sem que o artista esteja
consciente, partindo de um impulso interior do coração. Caspar David Friedrich
A arte é uma linguagem totalmente distinta da natureza; mas também dispõe de um poder
maravilhoso sobre o coração do homem por semelhantes caminhos secretos e obscuros. (...) Molda
o espiritual e o insensível nas figuras visíveis de um mundo, tão admirável e comovente, que todo o
nosso ser e tudo o que está em nós volta a agitar-se e treme desde o fundo. Wilhelm Heinrich
Wackenroder
Quando, indiferente a tudo o que é alheio, ignorando-o, a arte atua segundo esse sentimento interior,
próprio, único, independente, então, quer nasça do estado selvagem, quer de uma culta
sensibilidade, será vital, íntegra. E acontece em diferentes graus em nações e indivíduos isolados.
Quanto mais a alma se elevar ao sentimento das proporções, belas e eternas por si mesmas, cujos
acordes básicos podemos definir, cujos segredos só podem ser sentidos, no seio onde se agasalha
em venturosas melodias a solitária vida do génio; quanto mais penetre, acrescento, esta beleza na
essência do se espírito, de modo que pareça haver surgido com ela, até que nada a contente mais,
tanto mais feliz será, e mais firmemente inclinados estaremos nós, orando ao Ungido de Deus.
Johann Wolfgang von Goethe
Mas em nenhum lugar nos apercebemos melhor do que na música que é aquele espírito que torna
poéticos os objetos, as alterações da matéria, e que o belo, o objeto da arte, não nos é dado nem se
encontra no imediato. Todos os sons que a natureza nos oferece são brutos - e carentes de espírito -
e se por vezes parecem melódicos e com sentido o sussurro dos bosques, o assobio do vento, o
canto do rouxinol, o chapinhar do arroio, apenas o são para a alma musical. A natureza possui
instinto artístico - daí que toda a tentativa de diferenciar arte e natureza seja mero palavrório. Para o
poeta serão diferentes, em todo o caso, uma vez que tem uma conceção racional e não apaixonada,
diferenciando-se daquelas pessoas - que, por afeto, convertem a natureza e a arte em
representações involuntariamente musicais, poéticas ou, em si, interessantes. Novalis
Quando digo que amo Shakespeare, Goethe, as histórias antigas, isso significa que creio que todo o
dom benéfico provém de cima, de Deus, de um céu amoroso, claro, azul, e é recebido por benditas
mãos agradecidas, ornadas com as flores da Terra, enviado de novo para cima como uma ação de
graças de crianças boas. Raramente, porém, inocente e inconsciente, como cresce a pérola na ostra;
muitas vezes afogado e desfigurado, ou envenenado por aquilo que, na noite, semeia ervas daninhas
sob o trigo. Clemens Brentano
É belo e necessário entregar-se totalmente à impressão de um poema, deixar que o artista faça
connosco o que quiser, e apenas em pormenores confirmar o sentimento pela reflexão e elevá-lo a
pensamento, e determinar e acrescentar onde fosse possível duvidar ou revelar-se. Isto é o
primordial e fundamental. Friedrich Schlegel
● Predomínio de uma burguesia culta, que faz com que o consumo da música
aumente. Cultiva-se nesta época a música doméstica, de salão, para além das
grandes salas de concerto, dos teatros de ópera e das Igrejas.
● Diletantismo musical: a partir do início do século XIX a música doméstica (piano,
guitarra, flauta), difunde-se rapidamente junto da burguesia. Nesta difusão o piano
(símbolo do individualismo romântico) desempenhou um papel importante, devido à
sua possibilidade de ser usado tanto como solista ou como instrumento de
acompanhamento do canto ou de outros instrumentos, mas também funcionou como
apoio à orquestra nas transcrições a duas ou quatro mãos. Por toda a Europa se
assistiu a um crescimento extraordinário da produção de pianos, do mercado das
lições particulares e da edição musical. Surgem peças para piano ligeiras,
sentimentais e não muito difíceis, de forma a acompanhar este consumo.
● Passagem de um público musical relativamente pequeno, homogéneo e culto para
um público burguês, numeroso e diversificado. Deixam de existir mecenas, por isso,
os compositores tanto compõem obras grandiosas para as massas como obras mais
intimistas.
COMPOSITORES ROMÂNTICOS