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AGRAVO DE INSTRUMENTO - ARTIGOS 1015 A 1020

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AGRAVO DE INSTRUMENTO –

ARTIGOS 1015 a 1020, CPC


• Agravo, em direito processual, é o recurso que se pode
interpor contra uma decisão tomada dita
interlocutória, isto é, uma decisão que não põe fim
ao processo.

• Agravo de instrumento é o recurso interposto, em


regra, contra decisões interlocutórias. Só
caberá agravo de instrumento, "quando se tratar de
decisão susceptível de causar à parte lesão grave e de
difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão
da apelação e nos relativos aos efeitos em que a
apelação é recebida".
• É recurso cabível contra as decisões interlocutórias que,
para fins de recorribilidade, é toda decisão que não se
enquadre na definição de sentença (art. 203, § 2º , do
CPC/2015).
• Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em
sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
• § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por
meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487,
põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução.
• § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial
de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.
• Como o CPC/2015 eliminou a figura do agravo retido, está-se hoje no
ordenamento diante de duas possibilidades:
• a) decisões interlocutórias recorríveis: as decisões interlocutórias de primeiro
grau recorríveis admitem agravo de instrumento que serão processados
diretamente no Tribunal (hipóteses do art. 1.015 e outras previstas ao longo do
CPC/2015, conforme se verá infra). A não interposição do recurso acarreta
preclusão;

• b) decisões interlocutórias irrecorríveis – a todas as demais hipóteses não cabem


agravo de instrumento (caberá à doutrina e jurisprudência verificar se o rol de
situações que desafiam o agravo é, de fato, exaustivo, ou se seria possível ampliar
o rol previsto no art. 1.015, especialmente em importantes hipóteses não
abarcadas, como a incompetência absoluta).
• Contudo, nesses casos, as decisões irrecorríveis não serão tidas como preclusas e
as matérias nelas versadas poderão ser devolvidas (independentemente de prévio
protesto) ao tribunal por meio da apelação desde que a parte expressamente a
requeira em preliminar desse recurso (art. 1.009, § 1º , do CPC/2015)
• Art. 1.009, CPC. Da sentença cabe apelação.
• § 1º As questões resolvidas na fase de
conhecimento, se a decisão a seu respeito
não comportar agravo de instrumento, não
são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.
• No tocante às decisões interlocutórias
recorríveis, o CPC estabeleceu em extenso rol
mais de dez hipóteses de cabimento de agravo
de instrumento (sem prejuízo de outras
previstas em legislação extravagante ou no
próprio CPC).
• Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

• I - tutelas provisórias;
• II - mérito do processo;
• III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
• IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
• V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
• VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
• VII - exclusão de litisconsorte;
• VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
• IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
• X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
• XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;
• XII - (VETADO);
• XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
• Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas
na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.
• I) Decisões proferidas em tutelas provisórias
• A mais importante hipótese de previsão. Seria inútil diferir a apreciação da questão sobre medidas de
urgência para outro momento, quando a situação exige análise imediata.

• II) Decisões interlocutórias que versem sobre o mérito da causa

• Aqui se resolve uma grande celeuma presente no antigo ordenamento: as decisões que versam sobre o
mérito da causa e possuem conteúdo previsto no art. 487 do CPC/2015 são sentenças parciais ou decisão
interlocutória com conteúdo de mérito?

• Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela
deles:
• I - mostrar-se incontroverso;
• II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 .
• § 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou
ilíquida.
• § 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar
parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto.
• § 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva.
• § 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados
em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
• § 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.
• III) Decisões sobre rejeição de convenção de arbitragem
• A arbitragem é alegada em preliminar de contestação (art. 337, X,
do CPC/2015). Assim, a decisão que rejeitar a alegação de
convenção de arbitragem desafiará o recurso de agravo para evitar
que o processo tenha percorrido um longo itinerário para se
verificar, a posteriori, que deve se fazer cumprir a cláusula arbitral.
• IV) Decisão que julgar incidente de desconsideração da
personalidade jurídica
• Nova modalidade de intervenção de terceiros. O sistema apenas
previa, no plano do direito material, o seu cabimento (CC, CDC,
CLT). – artigos 133 a 137, CPC).
• Coube ao CPC regulamentar procedimentalmente as situações em
que, dada a sua hipótese de incidência à luz do caso concreto, será
feita a desconsideração. Essa decisão, incidente, desafia agravo de
instrumento.
• V) Rejeição do pedido de gratuidade ou acolhimento de
seu pedido de revogação
• O CPC/2015 igualmente encerrou antiga polêmica sobre o
recurso cabível da decisão de pedido de gratuidade. Isso
porque o art. 17 da então Lei n. 1.060/50 falava em
recurso de apelação para as decisões proferidas em
consequência da aplicação dessa lei. Contudo, majoritária
doutrina e jurisprudência defendiam o uso do agravo. Uma
vez que a lei foi internalizada para o CPC/2015, coube a
este a missão de estabelecer o recurso cabível.
• VI) Exibição ou posse de documento ou coisa
• Exibição é meio de prova que pode ser requerido na fase
probatória ou por meio de tutela provisória.
• VII) Exclusão de litisconsorte

• Mais uma hipótese que deflagrava grandes dificuldades operacionais. A


despeito de não haver dúvidas de que a exclusão de um dos litisconsortes
desafiava o recurso de agravo de instrumento, remanescia o dissídio sobre
qual decisão se estava enfrentando (sentença ou decisão interlocutória
com conteúdo de sentença).

• VIII) Rejeição de pedido de limitação de litisconsórcio multitudinário

• O CPC pretendeu tornar expresso o que já vinha sendo admitido na


doutrina e jurisprudência: a decisão que rejeita o pedido de limitação do
litisconsórcio. A lei não se vale da locução “multitudinário” , mas o pedido
de limitação somente pode acontecer nessas hipóteses, pois o instituto do
litisconsórcio é previsto em lei (desde que preenchidas as hipóteses legais)
• IX) Admissão ou inadmissão de intervenção de
terceiros
• Outra questão em que não há dúvidas diz respeito à
decisão sobre o ingresso do terceiro ao processo. Uma
vez que a oposição se tornou procedimento especial,
as demais hipóteses hoje existentes no CPC
(assistência, denunciação da lide, chamamento ao
processo, amicus curiae e incidente de
desconsideração da personalidade jurídica) e as
previstas fora dele (intervenção nos alimentos [art.
1.698, CC]; intervenção anômala da União [Lei n.
9.657/96]) são meros incidentes.
• X) Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos
embargos à execução
• Da decisão que extingue sem resolução do mérito ou julga
improcedentes os embargos à execução cabe apelação. Contudo,
da decisão sobre os efeitos dos embargos (que serão dados ope
judicis, tal qual se verificava no regime anterior) caberá agravo de
instrumento.

• XI) Redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º


• O CPC/2015 contém expressa previsão de que o magistrado pode,
nos termos do mencionado artigo, redistribuir o ônus da prova,
desde que presentes as circunstâncias ali mencionadas. Na
hipótese, tratando-se de decisão que não versa sobre o mérito da
causa, o recurso cabível é o do agravo de instrumento.
• Art. 373. O ônus da prova incumbe:
• I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
• II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.
• § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas
à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos
do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o
juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir
do ônus que lhe foi atribuído.
• § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
• § 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção
das partes, salvo quando:
• I - recair sobre direito indisponível da parte;
• II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
• XII) Conversão da ação individual em ação coletiva
(vetado)
• XIII) Outros casos expressamente previstos em lei
• Além de todas as hipóteses constantes de lei esparsas,
além dos incisos em comento, o CPC/2015 enumera outras
situações nas quais o recurso cabível será o de agravo de
instrumento, a saber: (i) decisões interlocutórias proferidas
em liquidação de sentença; (ii) no processo de execução; e
(iii) no processo de inventário. O agravo de instrumento
possui uma peculiaridade que o difere de todos os demais
recursos do ordenamento: é o único recurso em que o
órgão do Poder Judiciário que procederá a sua apreciação
não terá à sua disposição todo o processo para a análise
em confronto com as razões recursais.
• No caso do agravo de instrumento, as razões recursais
serão levadas ao tribunal, mas o processo permanecerá em
primeira instância.
• Evidente que, para que o Tribunal tenha conhecimento da
causa a fim de proceder ao julgamento, a lei determina o
traslado de cópia de determinadas peças do processo para
que se forme, com as razões recursais, um instrumento,
que será remetido diretamente ao tribunal.
• Algumas peças são obrigatórias, outras facultativas. É
necessário que se apresentem no agravo o nome e o
endereço dos advogados do agravante e agravado. O nome
do advogado do agravado ficará dispensado quando o
agravo for interposto contra decisões liminares das quais o
réu ainda não tenha sido citado.
• Art. 1.016, CPC. O agravo de instrumento será
dirigido diretamente ao tribunal competente,
por meio de petição com os seguintes requisitos:
• I - os nomes das partes;
• II - a exposição do fato e do direito;
• III - as razões do pedido de reforma ou de
invalidação da decisão e o próprio pedido;
• IV - o nome e o endereço completo dos
advogados constantes do processo.
• O preparo dependerá da organização judiciária de cada
Estado.
• O agravo de instrumento possui, ao contrário da apelação,
apenas o efeito devolutivo como regra. É possível,
contudo, obter o efeito suspensivo ou ativo (antecipação
dos efeitos da tutela recursal).
• Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e
distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação
do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco)
dias:
• I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir,
em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a
pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
• Efeito Suspensivo
• Será requerido toda vez que o juiz der uma
decisão positiva apta a prejudicar os
interesses da parte a ser defendida. Há, na
decisão, uma determinação no sentido de que
algo seja cumprido; o magistrado concede
algo que lhe trará prejuízos. Efeito suspensivo
é requerido porque a outra parte pleiteou
algo e o juiz concedeu.
• Antecipação da Tutela Recursal (“efeito ativo”)

• Será requerida toda vez que o juiz der uma


decisão negativa apta a prejudicar os interesses
da parte a ser defendida. Há, na decisão, uma
denegação de algo que lhe é necessário; o juiz
nega algo que a parte por você defendida
precisa com urgência. O efeito ativo é concedido
porque a própria parte requereu algo que foi
negado.
• Estrutura básica do agravo de instrumento
• Requisitos : Arts. 1015 e ss. do CPC/2015.
• Interposição - Dirigida ao Desembargador Presidente do Tribunal Competente, por meio de petição que
deverá cumprir os requisitos dos arts. 1.016 e 1.017 do CPC/2015.
• Partes Tratamento: agravante e agravado. Decisões interlocutórias previstas no art. 1.015 e legislação
extravagante.
• Hipóteses de cabimento Exemplos: Arts. 17, 59, § 2º, e 100 da Lei n. 11.101/2005. Prazo: 15 dias.
• Fundamento legal : Art. 1.015 e ss. do CPC/2015.
• Efeitos : Devolutivo limitando-se à decisão agravada. De acordo com o art. 1.019, I, do CPC/2015, poderá o
agravante requerer efeito suspensivo para evitar lesão grave ou de difícil reparação ou a antecipação dos
efeitos da tutela recursal (“efeito ativo”) nos casos de provisão jurisdicional de urgência Verificar legislação
especial, como o art. 17, parágrafo único, da Lei n. 11.101/2005.
• Petição de interposição - Dirigida diretamente ao Tribunal competente. Desnecessário qualificar as
partes. Requerer o efeito pretendido, a intimação da parte contrária para apresentar contraminuta, se já
tiver sido citada, e a juntada das custas de preparo. Indicar nome e endereço dos advogados do agravante
e agravado.
• Minuta de agravo de instrumento - Alegar a tempestividade e o cabimento. Atacar a decisão com
fundamento na legislação pertinente. Justificar o pedido de efeito suspensivo ou da antecipação da tutela
recursal.
• Pedido - Conhecimento e provimento do recurso para reforma da decisão. Informar que irá cumprir o
disposto no art. 1.018 do CPC/2015. Indicar as peças obrigatórias e as facultativas que acompanham o
recurso (art. 1.017 do CPC/2015).
• CASO CONCRETO
• Aulo Agério moveu ação de reintegração de posse contra Numério
Negídio, em trâmite perante a 15ª Vara Cível de Santo André (Proc.
222/02), visando à recuperação da posse de imóvel que havia sido
dado em comodato ao Réu pelo falecido genitor do Autor. O
contrato de comodato foi celebrado há dois anos e seis meses e o
fundamento da ação é o término do prazo ali estabelecido, de dois
anos. A ação foi precedida da notificação de Numério Negídio para
desocupação voluntária do imóvel, que não foi cumprida. Proposta
a ação, foi indeferida a liminar pleiteada, sob o argumento de que a
posse exercida por Numério Negídio conta mais de ano e dia e, por
isso, o procedimento não comportaria essa providência. Essa
situação vem causando prejuízos irreparáveis a Aulo Agério, que
não possui outro lugar para morar. Questão: Na qualidade de
advogado de Aulo Agério, aja com a providência pertinente.

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