Avaliação de Riscos Na Obra de Reabilitação Do Solar de Arnóia
Avaliação de Riscos Na Obra de Reabilitação Do Solar de Arnóia
Avaliação de Riscos Na Obra de Reabilitação Do Solar de Arnóia
Arnoia.
Engenharia Civil
Júri
Presidente: Prof. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa
Outubro 2013
Agradecimentos
Gostaria de expressar o meu agradecimento a empresa Júlio Lemos Ferreira Unipessoal, Lda por
me ter permitido desenvolver este trabalho.
Ao Professor Pedro Manuel Gameiro Henriques, por ter orientado este trabalho, pela sua
compreensão e disponibilidade total, o meu sincero obrigado.
Aos meus Pais pelo apoio incondicional, paciência, carinho, amizade e acima de tudo por nunca
terem-me deixado desistir mesmo nos momentos mais difíceis deste meu percurso académico no
Instituto Superior Técnico. Estou-vos eternamente agradecida.
I
Resumo
Neste contexto, faz-se um levantamento dos perigos existentes no estaleiro do caso de estudo-
recolha de informação sobre tarefas/actividades, trabalhadores, equipamentos, legislação e normas,
observação in loco – e respectiva quantificação dos riscos recorrendo-se ao método da matriz
simplificada para a elaboração de uma avaliação de riscos. Realizada a avaliação de riscos propõe-
se um conjunto de medidas preventivas/correctivas dos riscos identificados. Complementarmente,
efectuou-se um inquérito aos intervenientes no processo de construção do caso de estudo. O seu
objectivo principal foi o de aferir o seu comportamento segundo as regras de segurança e higiene do
trabalho
A metodologia de avaliação de riscos revela que existe necessidade de melhoria de algumas das
condições de trabalho, sendo a sensibilização dos trabalhadores para a correcta utilização dos
equipamentos de protecção individual (EPI’s) a peça chave.
Palavra- chave: Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho; Sector da Construção Civil; Perigo;
Risco; Avaliação de Risco
III
Abstract
The following dissertation is developed in the ambit of the Safety, Hygiene and Health Protection in
the Workplace (SHHPW) in the Civil Engineering sector. Despite its significant slowdown in the recent
years due to the poor economic conditions found in Portugal, construction is still the economic activity
with the largest incidence of fatal accidents. Therefore, one of the main purposes of this study is to
reaffirm the importance of safety, hygiene and health in the construction sites, as well as identify risk
situations and establish guidelines for risk assessment.
In this context, this investigation includes a survey of the potential hazards in the construction site
of the case-study presented, through the information collection on the tasks/activities, work force,
equipment, legislation and standards, as well as on-site observation, and the subsequent risk
assessment to quantify the risks, suing the simplified matrix method. Complementarily, a
questionnaire was proposed to different personnel involved in the construction process of the case
study. The latter aimed at evaluating their behaviour according to the safety and hygiene rules in the
work site.
The risk assessment methodology implemented in this study reveals that certain labour conditions
need to be improved and it is pivotal to raise awareness amongst the workers regarding the
appropriate use of individual protection gear (IPG’s).
Key words: Safety, Hygiene and Health in the Workplace; Civil Engineering, Hazard; Risk; Risk
Assessment
V
Índice
Agradecimentos....................................................................................................................................... I
Resumo................................................................................................................................................. III
Abstract.................................................................................................................................................. V
Índice de Figuras.................................................................................................................................... X
Índice de Gráficos................................................................................................................................. XI
1. Introdução....................................................................................................................................... 1
1.1. Justificação............................................................................................................................. 1
1.2. Objectivos............................................................................................................................... 1
2.5.2.1. Ruído.................................................................................................................... 11
2.5.2.2. Vibrações.............................................................................................................. 12
2.5.2.3. Radiações............................................................................................................. 14
VII
2.5.2.5. Iluminação............................................................................................................. 15
VIII
3.3.1. Papel e domínios dos intervenientes............................................................................36
3.3.2. Instrumentos................................................................................................................. 39
4. Caso de Estudo............................................................................................................................ 43
5. Avaliação de Riscos..................................................................................................................... 57
6. Conclusões e Recomendações.................................................................................................... 79
7. Bibliografia.................................................................................................................................... 81
Enquadramento Legal.......................................................................................................................... 83
Glossário.............................................................................................................................................. 89
Anexos................................................................................................................................................. A1
IX
Índice de Figuras
X
Índice de Gráficos
XI
Índice de Tabelas
XII
Lista de Siglas
Empresa
XI
1. Introdução
1.1. Justificação
Até meados do século 20, as condições de trabalho nunca foram levadas em conta, sendo sim
importante a produtividade, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo a morte dos
trabalhadores. Para tal contribuíam dois factores, uma mentalidade em que o valor da vida humana
era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de leis que protegessem
o trabalhador.
1.2. Objectivos
Com este trabalho pretende-se abordar a área da Segurança, Higiene e Saúde no sector da
construção. Perceber que o sector da construção revela um conjunto vasto de especificidades, e por
isso necessita de uma intervenção por parte da Segurança, Higiene e Saúde diferente da maioria dos
outros sectores de actividade
O objectivo principal desta dissertação é identificar os riscos existentes no caso de estudo, avaliá-
los e elaborar uma avaliação de riscos pelo método da matriz simplificada, compreendendo a
importância da avaliação de riscos por exemplo para a diminuição da sinistralidade ou para a
melhoraria dos comportamentos dos intervenientes nas obras. É, também intenção deste trabalho
aferir os comportamentos dos trabalhadores e dos responsáveis da empresa executante da obra em
estudo em relação as práticas de Segurança, Higiene em Estaleiro.
Por outro lado, apresentar um conjunto de medidas preventivas para diminuir os acidentes de
trabalho e doenças profissionais, contribuindo, assim, para melhoria contínua das práticas de
Segurança e Saúde nos estaleiros das Pequenas e Médias Empresas (PME’s) do sector da
construção civil.
1
1.3. Metodologia de investigação
A Figura 1 mostra as principais etapas desta investigação. O primeiro passo consistiu numa
pesquisa e consequente análise da bibliografia relevante para a elaboração do fundamento teórico,
no qual esta dissertação se baseia. Simultaneamente foi-se tomando conhecimento e acompanhando
as práticas de Segurança, Higiene e Saúde na obra em estudo.
Por fim, desenvolveu-se uma avaliação de riscos com recurso ao método da matriz simplificada.
Pesquisa bibliográfica
2
1.4. Organização da dissertação
A organização desta dissertação reflecte a metodologia de investigação seguida, pelo que está
organizada em seis capítulos. Assim, a estrutura do trabalho é:
3
2. Enquadramento Teórico da Segurança, Higiene e
Saúde do Trabalho
2.1. A importância da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
É com base neste pressuposto que hoje em dia se fala cada vez mais na melhoria destas
condições. Esta temática tem registado na última década um importante desenvolvimento,
especialmente na produção de legislação e na criação de empresas de prestação de serviços nesta
área, facto a que não são alheias as imposições da Comunidade Europeia.
A Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho são fundamentais para uma empresa devido a um
número elevado de factores:
Portanto, as empresas que encaram a SHST como um investimento com retorno (e não como um
custo) verificam que, de tal atitude, decorre um conjunto vasto de benefícios:
5
5. redução de custos com prémios de seguro e dias de trabalho perdidos e com sistemas de
saúde, relativamente a despesas não cobertas pelas seguradoras;
6. redução de custos de substituição dos trabalhadores acidentados ou em situação de
doença profissional, muitas vezes, substituídos por outros com um potencial de trabalho
substancialmente inferior;
7. não ocorrência de custos de formação dos novos trabalhadores;
8. aumento da disponibilidade da empresa para a inovação;
9. redução de custos administrativos e sociais (Freitas, 2011)
A sua principal missão é desenvolver ao máximo a melhoria das condições de saúde de todo o ser
humano de qualquer parte do planeta. As acções da OMS prendem-se com o controlo de epidemias,
o emprego de medidas de quarentena, a estandardização de medicamentos, a regulamentação
sanitária, e o planeamento e a execução de campanhas de vacinação, rastreio e prevenção de
doenças, nomeadamente através da informação prestada às populações.
Desde a sua fundação a OMS, sempre associou parcelarmente a sua actividade à SST,
promovendo a protecção e promoção da segurança e saúde do trabalho, através do controlo dos
riscos no ambiente de trabalho e da promoção da saúde e da capacidade de trabalho dos
trabalhadores. (Freitas, 2011)
A Organização Internacional do Trabalho tem origem com o fim da Primeira Guerra Mundial. A
OIT, da qual Portugal é membro fundador, é criada através de um diploma constitutivo do Tratado de
Versalhes (artigo XIII do tratado). Estes instrumentos normativos internacionais requerem que, em
todos os estados-membros da OIT, seja constituído um sistema de inspecção do trabalho para
assegurar o respeito da legislação tendo em vista a protecção das pessoas empregadas (ACT, 2012)
A OIT está sediada em Genebra, na Suíça, sendo a única agência das Nações Unidas onde os
membros participativos são representantes dos Governos, empregadores e trabalhadores.
6
É por isso muito relevante o papel da OIT como grande fórum mundial de representação tripartida
a que se associaram 183 países, os quais reúnem anualmente para produzir normas, convenções e
recomendações que, ao serem ratificados, obrigam os países membros no sentido de garantir a sua
exequibilidade. As recomendações, não sendo obrigatórias, são complementares às disposições das
convenções.
De forma sucinta, poderemos afirmar que a actividade da OIT passa pelo estabelecimento de
mecanismos que estimulem os estados-membros no sentido de instituir órgãos especializados,
capazes de assumir a formulação de normas e regulamentos relacionados com o trabalho, bem a sua
actualização e aperfeiçoamento contínuos.
Para a promoção da melhoria das condições de trabalho, a ACT desenvolve as seguintes acções:
controla o cumprimento das normas em matéria laboral no âmbito das relações laborais
privadas;
promove políticas de prevenção dos riscos profissionais em todos os sectores de
actividade públicos ou privados. Esta linha de actuação tem por base os Princípios Gerais
da Prevenção;
controla o cumprimento da legislação relativa à segurança e saúde no trabalho em todos
os sectores de actividade e nos serviços e organismos de administração pública central,
directa e indirecta.
7
Estas acções são desenvolvidas por uma rede de inspectores de trabalho sediados em 32
serviços regionais, de forma a garantir uma cobertura adequada de todos os locais de trabalho
sujeitos à sua jurisprudência.
A prevenção dos riscos profissionais deve assentar numa correcta e permanente avaliação de
riscos e ser desenvolvida segundo princípios, políticas, normas e programas, que visem tomar as
medidas necessárias com base nos seguintes Princípios Gerias de Prevenção:
1. Evitar os riscos;
2. Avaliar os riscos que não possam ser evitados;
3. Combater os riscos na origem;
4. Adaptar o trabalho ao homem;
5. Ter em conta o estado da evolução técnica;
6. Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;
7. Planificar a prevenção com um sistema coerente;
8. Dar prioridade às medidas de protecção colectiva em relação às medidas de protecção
individual;
9. Assegurar a formação e informação dos trabalhadores.
As máquinas e equipamentos de trabalho podem causar acidentes de trabalho que podem resultar
em incapacidades parciais ou permanentes. Além de seleccionar a máquina adequada para a tarefa
em questão, os operários que trabalham com máquinas, equipamentos de trabalho e ferramentas
devem ser instruídos, seguindo um determinado plano de formação adequado às necessidades.
Paralelamente à instrução na sua utilização, os trabalhadores devem ser informados acerca das
medidas de prevenção que lhes permitam trabalhar sem risco para a sua segurança. A
implementação de planos de manutenção preventiva e verificações periódicas são imprescindíveis à
garantia do bom funcionamento e manutenção das condições de segurança.
8
Quanto aos riscos associados a Segurança do Trabalho dividem-se em dois grupos: riscos
mecânicos e riscos não mecânicos.
Os agentes ambientais agressivos que podem afectar a saúde dos trabalhadores são agentes
físicos, químicos e biológicos. Os contaminantes presentes no local de trabalho são responsáveis
pelo chamado “efeito prejudicial”, ou seja, as consequências que o organismo não pode recuperar,
rompendo-se o equilíbrio e desencadeando um conjunto de efeitos designados por doença.
9
Assim o objectivo final da Higiene do Trabalho é a eliminação, nos locais de trabalho de todos os
factores de risco ambientais
Os agentes biológicos que afectam o homem são distribuídos nas seguintes classes de risco:
1. classe de risco 1 (baixo risco individual e para a colectividade): inclui os agentes biológicos
conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios (ex.:
Lactobacillus sp.)
2. classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os
agentes biológicos que provocam infecções no homem, cujo potencial de propagação na
comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem
medidas terapêuticas eficazes (ex.: Schistosoma mansoni).
3. classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os
agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que
causam patologias, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de
tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no
meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa (ex: Bacillus anthracis).
4. classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos
com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida.
Até o momento não há nenhuma medida terapêutica eficaz contra infeções ocasionadas por
estes. Causam doenças humanas de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação
na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus (ex.: Vírus
Ébola) (Luzia, 2013).
Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, cuja determinada exposição pode causar doenças profissionais. Consideram-se todos
os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características físicas do meio
ambiente (Luzia, 2013).
10
2.5.2.1. Ruído
A intensidade das vibrações sonoras ou as variações que lhe estão associadas são denominadas
de pressão sonora e exprime-se em Pascal (N/mm 2). O ouvido não responde linearmente aos
estímulos provocados pelo ruído, mas sim logaritmicamente. Como é mais confortável trabalhar em
escalas lineares, e uma vez que com a pressão sonora teríamos que trabalhar em escala
logarítmicas, foi encontrado a unidade que permite esta conversão, que se chama decibel (dB). O
decibel é o logaritmo da razão entre o valor médio e o valor de referência padronizado e corresponde
à mais pequena variação de pressão sonora que o ouvido humano normal pode distinguir nas
condições normais de audição. Ressalve-se que uma pequena diferença na escala de decibel (Figura
2) não significa também uma pequena diferença de energia sonora efectiva. Uma diferença de
apenas 3 dB significa o dobro ou metade da energia (Gama, 2012).
1
A exposição a níveis de ruído elevados ou duradouros pode provocar:
O risco a que os trabalhadores estão sujeitos depende de: tempo de exposição (quanto mais
longo, maior é o risco), tipo de ruído (contínuo, intermitente ou súbito), distância da fonte do ruído
(quanto menor, maior é o risco), sensibilidade individual (varia com a idade e de indivíduo para
indivíduo) e danos na audição (lesões já existentes no aparelho do indivíduo). Assim, na identificação
das situações de risco deve caracterizar-se o ruído, as fontes e condições de propagação, bem como
as medidas de protecção colectiva e individual adoptadas.
2.5.2.2. Vibrações
No meio laboral, as vibrações constituem agentes físicos nocivos que afectam a saúde e
segurança dos trabalhadores e encontram-se presentes em quase todas as actividades,
nomeadamente em construção civil e obras públicas, indústrias extractivas, exploração florestal,
fundições e transportes.
Ao contrário de outros agentes aos quais o trabalhador está exposto de forma passiva (ex.: ruído),
no caso das vibrações existe sempre contacto entre o trabalhador (através das mãos, nádegas,
costas e pés) e o equipamento ou máquina que transmite a vibração. Esta energia vibratória é
absorvida pelo corpo, como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos.
O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma frequência externa coincide com a
frequência natural do sistema, ocorre a ressonância. A frequência de ressonância é a mais nociva
para o corpo humano, pois, quando o corpo entra em ressonância, amplifica a vibração que recebe.
12
Figura 3- Frequências de ressonância do corpo
tempo de exposição;
forma como a exposição se produz;
características físicas do meio;
modo de transmissão (a todo o corpo ou às mãos);
tipo de trabalho e tipo de postura (EspiralSoft, 2012)
As vibrações podem afectar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das
funções fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa.
1
2.5.2.3. Radiações
A radiação é por definição, a energia transmitida através do espaço sob a forma de ondas e
partículas. A intensidade da radiação depende do número de desintegrações assim como da energia
e do tipo de radiação emitida.
a) radiações ionizantes- incluem os raios alfa, beta, gama, raios X, neutrões e protões. Este
grupo de radiações tem a capacidade de produzir iões directa ou indirectamente.
b) radiações não ionizantes- caracterizam-se por não possuir energia suficientes para
ionizar os átomos ou moléculas com os quais interagem. Deste tipo de radiações fazem
partem as radiações ultravioletas (UV), visível, infravermelha (IV), laser, micro-ondas e
radiofrequências (EspiralSoft, 2012)
Frio ou calor em excesso, ou a brusca mudança de um ambiente quente para um ambiente frio ou
vice-versa, também são prejudiciais à saúde.
Nos ambientes onde há a necessidade do uso de fornos, maçaricos etc., ou pelo tipo de material
utilizado e características das construções (insuficiência de janelas, portas ou outras aberturas
necessárias a uma boa ventilação), toda essa combinação pode gerar alta temperatura prejudicial à
saúde do trabalhador.
14
Os ambientes térmicos podem ser classificados como :
Logicamente que as situações mais preocupantes ocorrem em ambientes térmicos frios e quentes,
ou sobretudo quando as duas possibilidades existem na mesma empresa ou no mesmo posto de
trabalho.
2.5.2.5. Iluminação
A iluminação contribui para um bom desempenho dos trabalhadores, quando esta é deficiente ou
desadequada ao local de trabalhador, pode causar problemas para a saúde de um trabalhador,
afectando também o seu rendimento e consequentes acidentes de trabalho. Considera-se que a
iluminação não é apropriada quando apresenta as seguintes características:
a) estado sólido- temos poeiras de origem animal, mineral e vegetal, como a poeira mineral
de sílica encontrada nas areias para moldes de fundição;
b) estado líquido- as substâncias apresentam-se sob a forma de solventes, tintas, vernizes
ou esmaltes;
c) estado gasoso- temos o GLP (gás liquefeito de petróleo), usado como combustível, ou
gases libertados nas queimas ou nos processos de transformação das matérias primas
(Gama, 2012)
Via respiratória: essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque
respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar acaba por passar nos pulmões.
1
Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram
muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas serão ingeridas
com o alimento, atingindo o estômago e podendo provocar sérios riscos à saúde.
Epiderme : essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador estiver desprotegido
e tiver contacto com substâncias químicas, havendo deposição no corpo, serão absorvidas
pela pele.
Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos olhos e
conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode ocorrer também pela
vista (Luzia, 2013).
As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são obtidas por meio de
aparelhos especiais que medem a concentração, ou seja, percentagem existente em relação ao ar
atmosférico. Os limites máximos de concentração de cada um dos produtos diferem de acordo com o
seu grau de perigo para a saúde
A Saúde no Trabalho é a actividade que tem por finalidade fomentar e manter o nível mais
elevado de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões, prevenir os
danos na sua saúde emergentes das condições do trabalhado, protegê-los contra os riscos para
segurança e saúde e colocar o trabalho em posto de trabalho compatível com as suas aptidões
psicológicas e fisiológicas.
16
ainda exercer medicina no trabalho os médicos a que foi reconhecida idoneidade para o
exercício de tais funções, nos termos legais;
enfermeiros- possuir uma licenciatura em enfermagem e uma especialização em saúde
pública.
Os requisitos para obtenção do CAP para exercício da profissão de TSST e de TST, encontram-se
resumidos na seguinte tabela
1
Técnico Superior de ST (Nível 6) Técnico de ST (Nível 4)
Para os profissionais que não hajam exercido durante, pelo menos, dois anos, deverão frequentar
acção de formação (considerada adequada pela entidade certificadora, ACT) com um mínimo de 100
horas para garantir a actualização de conhecimentos indispensável.
18
gerir o processo de utilização de recursos externos nas actividades de prevenção e de
protecção;
assegurar a organização da documentação necessária à gestão da prevenção na
empresa;
promover a informação e a formação dos trabalhadores e demais intervenientes nos locais
de trabalho;
promover a integração da prevenção nos sistemas de comunicação da empresa,
preparando e disponibilizando a necessária informação específica;
dinamizar processos de consulta e de participação dos trabalhadores;
desenvolver as relações da empresa com os organismos da Rede Nacional de Prevenção
de Riscos Profissionais. (Santo, 2011)
Os serviços podem ser organizados a nível interno, externo, comum ou trabalhador designado de
acordo com os limites estabelecidos no Decreto-Lei nº 102/2009 de 10 de Setembro.
Os serviços internos são criados pela empresa, abragendo exclusivamente os trabalhadores que
nela prestam serviço.
1
a) tenham pelo menos 30 trabalhadores que desenvolvam actividades de risco elevado tal como:
construção, escavação, movimentação de terras, de túneis, com risco elevado de altura ou
soterramento, demolições e intervenção em ferrovias, construção naval, trabalho hiperbárico,
com exposição a agentes cancerígenos mutagénicos ou tóxicos para a reprodução, que
envolvam a utilização ou armazenagem de quantidades significativas de produtos químicos
perigosos, que envolvam o contacto com correntes eléctricas de média e alta tensão, o
fabrico, transporte e utilização de explosivos e pirotecnia, que impliquem a exposição de
agentes biológicos.
b) com mais de 400 trabalhadores no mesmo estabelecimento;
c) conjunto de estabelecimentos situados num raio de 50 km a partir do de maior dimensão, seja
qual a actividade desenvolvida
São serviços contratados pela empresa a uma entidade externa, prestadora de serviços de
segurança e higiene no trabalho, os quais podem assumir várias modalidades, devendo conter os
requisitos determinados no nº1 do Artº 85 da Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro.
O serviço comum é instituído por acordo entre várias empresas, a maioria das quais com
estabelecimentos localizados na proximidade uns dos outros (por exemplo: parques industriais), cuja
dimensão, não havendo riscos graves, poderia não justificar a constituição de estrutura própria.
O serviço comum, é pois, criado por uma pluralidade de empresas ou estabelecimentos para a
utilização comum dos trabalhadores que neles exercem funções (Artº 82 da Lei nº102/2009, de 10 de
Setembro)
Esta solução organizacional, também designada por serviço interno simplificado, é válida apenas
para microempresas (até nove trabalhadores) e cuja actividade não seja de risco elevado. Depende
de autorização a conceder pela entidade gestora das condições de trabalho e da não verificação de
índices de incidência e gravidade superior à média do sector em dois anos consecutivos (EspiralSoft,
2011).
20
2.9. Avaliação de Riscos
Análise do risco
Estimação do risco
Avaliação do risco
Valoração do risco
Sim
Eliminação de perigos? Risco controlado
Não
Controlo de risco
A avaliação de riscos tem como principais objectivos quantificar a gravidade (ou seja, a
magnitude) que um risco pode ter na saúde e segurança dos trabalhadores, resultante das
circunstâncias em que o perigo ocorra e, assim, permitir que o empregador obtenha as informações
necessárias para que possa tomar uma decisão adequada no que toca ao tipo de medidas
preventivas a adoptar (Carneiro, 2011).
2
Associado à noção de Avaliação de Risco surgem dois conceitos, que importa diferenciar: o perigo
e o risco. De acordo com Lei nº102/2009, de 10 de Setembro
- perigo- fonte, situação, ou ato com potencial para o dano em termos de lesão ou afeção da
saúde, ou uma combinação destes;
Ainda segundo esta norma, a Avaliação de Risco pode ser encarada como uma ferramenta muito
útil à tomada de decisões, fazendo mesmo parte integral de qualquer sistema de gestão.
Em síntese, pensa-se que na prática a Avaliação de Risco deverá ser realizada periodicamente,
para que qualquer alteração, quer em termos de produto, quer em termos de processo, não
desencadeie novas situações de perigo, possibilitando, assim, um acompanhamento progressivo e
adequado dos mesmos.
22
Avaliação de Riscos
Análise de Risco
Valoração do
Risco
Neste sentido, a concretização da Avaliação de Risco deve compreender 3 etapas, como se pode
visualizar na:
A valoração do risco corresponde à fase final da Avaliação de Risco e visa comparar a magnitude
do risco com padrões de referência e estabelecer o grau de aceitabilidade do mesmo. Trata-se de um
processo de comparação entre o valor obtido na fase anterior (análise de risco) e um referencial de
risco aceitável (Roxo, 2003).
2
avaliar as medidas de controlo implementadas;
priorizar as necessidades de implementação de medidas de controlo;
definir as acções de prevenção/correcção a implementar.
Em suma, o resultado desta fase deve permitir a definição das acções de melhoria, que podem
assumir carácter de curto ou longo prazo.
Na identificação do perigo pretende-se verificar que perigos estão presentes numa dada situação
de trabalho e suas possíveis consequências, em termos dos danos sofridos pelos trabalhadores
sujeitos à exposição desses mesmos perigos.
Esta etapa é considerada como a mais crítica em todo o processo de uma avaliação de riscos, na
medida em que, um perigo não identificado é um perigo não avaliado e, consequentemente, não
controlado (Carvalho, 2007).
Quando a avaliação visa o Risco Social, a Gravidade ou Severidade vai depender do número de
pessoas que podem sofrer um determinado nível de dano.
24
De acordo com Carvalho, é importante considerar todas as pessoas que poderão estar expostas,
ou seja, não só os trabalhadores directamente afectos ao posto de trabalho em análise, mas também
todos os outros trabalhadores no espaço de trabalho. Importante ainda, é considerar também aqueles
que podem não estar sempre presentes.
Na estimativa de cada uma das variáveis (P) e (G), devem ser tidas em consideração as medidas
de segurança já implementadas (ex. sistemas de detecção e combate a incêndio, protecção de
segurança num determinado equipamento, procedimentos de segurança associados à realização de
determinada tarefa, entre outros), uma vez que estas irão interferir na magnitude do risco.
Ao longo do tempo, foram sendo criados, desenvolvidos e aperfeiçoados inúmeros métodos com
capacidade para identificar os perigos existentes no local de trabalho e efectuar uma análise racional
das consequências dos riscos associados, bem como as possíveis reduções dos danos, mediante a
adopção de diferentes medidas de controlo.
Estes métodos podem ser integrados em diferentes categorias de acordo com as suas
características específicas, os objectivos para que foram desenvolvidos, os meios utilizados e os
factores que relacionam. A título de exemplo, em função da importância relativa de cada uma das
suas componentes de “identificação” e de “quantificação” do risco, é habitual distingui-los como
métodos qualitativos, métodos quantitativos e métodos semi-quantitativos. Passamos a uma breve
descrição de cada uma destas categorias.
Descrevem ou esquematizam, sem chegar a uma quantificação dos riscos, os pontos perigosos de
um posto de trabalho ou instalação, bem como as medidas de segurança disponíveis, sejam estas
preventivas ou correctivas. Identificam também quais os acontecimentos com capacidade e
probabilidade de gerarem situações de perigo, bem como desencadeiam medidas para garantir que
não ocorram. O nível de segurança é normalmente determinado em função da conformidade da
instalação, dos processos e dos procedimentos com as normas e regulamentos de segurança
aplicáveis. Como exemplo de métodos qualitativos temos as “listas de verificação”. Este método é,
2
portanto, apropriado para avaliar situações simples, cujos perigos possam ser facilmente identificados
pela observação e comparados com princípios de boas práticas, existentes para circunstâncias
idênticas.
São métodos que visam obter uma resposta numérica da magnitude do risco, pelo que, o cálculo
da Probabilidade faz recurso a técnicas sofisticadas de cálculo que integram dados sobre o
comportamento das variáveis em análise. Permitem determinar um padrão de regularidade na
Frequência de determinados eventos. A quantificação da Gravidade recorre a modelos matemáticos
de consequências, de forma a simular o campo de acção de um dado agente agressivo e o cálculo da
capacidade agressiva em cada um dos pontos desse campo de acção, estimando então os danos
esperados (Roxo, 2003).
Este tipo de métodos é particularmente útil nos casos de risco elevado ou de maior complexidade
(ex.: na indústria nuclear, na indústria química, etc..). Para a aplicação de método quantitativo existe
uma variedade de metodologias e técnicas especiais que devem ser utilizadas na etapa da
identificação dos perigos. A especificidade destas metodologias e técnicas recomenda que não
devem ser utilizadas de modo indiscriminado para qualquer situação. Na opinião de Gadd et al.
(2003) as diversas metodologias e técnicas disponíveis apresentam diferentes níveis de robustez e
fragilidade.
Em seguida, na Figura 6 apresenta-se um esquema que pretende resumir o que foi exposto acima:
26
Figura 6- Métodos de avaliação de risco (adaptado de Carvalho, 2007)
Designa-se por gestão do risco o processo conjunto de controlo do risco e de avaliação do risco. O
processo de gestão do risco permite a monitorização e acompanhamento dos riscos durante a fase
de operação da tarefa.
Este processo aplicado a uma tarefa vai permitir proteger os trabalhadores dos perigos que lhe
estão associados, possibilitando o controlo dos riscos e mantendo essas tarefas com níveis de risco
aceitáveis. (Roxo, 2003)
2
2.11. Equipamentos de medição
Uma avaliação de riscos completa passa pelo uso de equipamentos de medição aos diferentes
parâmetros.
Parâmetro a Unidade de
Equipamentos de Medição Legislação
medir Medição
Sonómetro
(medição de
dB
postos de trabalho
fixos)
Decreto-Lei
Ruído 182/2006, 6 de
Setembro
Dosímetro
(medição de
dB
postos de trabalho
móveis)
Decreto-Lei
Vibração Acelerómetro m/s2
46/2006, 24 de
Fevereiro
Norma ISSO
Iluminância Luxímetro lux 8995.2002
28
Unidade de
Parâmetro a medir Equipamentos de Medição Legislação
Medição
Temperatura
Termómetro ºC ou ºF
do ar
Humidade do Psicrómetro
Ambiente % ISO
ar rotativo
térmico 7730:1994
Velocidade do
ar Anemómetro m/s
O sistema de protecção colectiva a empregar deve ser escolhido antes do início da obra. A
protecção colectiva eleita deve reunir um conjunto de características tais como:
2
deve ser fácil de adaptar aos diferentes tipos de estruturas existentes, podendo assim ser
utilizada em diferentes obras;
a sua correcta instalação deve ser verificada por uma pessoa competente.
30
2.12.2. Equipamentos de protecção individual
O Decreto- Lei nº 128/93, de Abril, define Equipamento de Protecção Individual (EPI) como:
“Qualquer dispositivo ou meio que se destine a ser envergado ou manejado por uma
pessoa com vista à sua protecção contra um ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a sua
saúde bem como a sua segurança.”
É regra fundamental que os equipamentos de protecção individual só devem ser utilizados quando
os riscos não puderem ser evitados ou suficientemente limitados por meios técnicos de protecção
colectiva ou por medidas, métodos ou processos de organização de trabalho.
Todo o equipamento de protecção individual deve estar conforme com as normas aplicáveis à sua
concepção e fabrico em matéria de segurança e saúde, ser adequado aos riscos a prevenir e às
condições existentes no local de trabalho, atender às exigências ergonómicas e de saúde do
trabalhador e ser adequado ao seu utilizador.
Para a selecção adequada dos equipamentos de protecção individual (EPI’s) deve ter-se em
consideração:
É da inteira responsabilidade da entidade empregadora a distribuição do EPI. Por outro lado, cabe
aos trabalhadores a responsabilidade pela correcta utilização e conservação dos EPI’s de acordo
com as instruções prestadas pela entidade empregadora.
A distribuição dos EPI’s aos trabalhadores e a sua responsabilização pela sua boa utilização e
manutenção do estado de conservação destes equipamentos será registada no impresso
“Distribuição de Equipamentos de Protecção Individual” segundo modelo que consta no Anexo I. Este
documento será preenchido no acto de entrega dos EPI’s aos trabalhadores, sendo posteriormente
integrado no arquivo de obra, onde se encontra centralizada toda a documentação relativa aos
colaboradores.
3
Segundo a Portaria 988/93, de 6 de Outubro, os EPI podem dividir-se em termos da zona do corpo
a proteger, nomeadamente:
Protectores
Ouvidos auriculares; Ruído.
Auscultadores.
Óculos de
protecção contra Partículas sólidas, líquidos
Olhos
projécteis corrosivos e irritantes e
Viseira de radiações.
protecção.
Máscaras
Dispositivos
Vias respiratórias Poeiras, gases e vapores.
filtrantes
32
3. Sector da Construção e a Segurança e Saúde do
Trabalho
3
3.1.1. Acidentes de Trabalho
grosso e retalho,
transformadoras
s
Comércio por
Alojamento e
reparação de
armazenagem
restauração
Construção
automóveis
Primário
Transportes
Indústrias
Indústrias
extractivas
o
veículos
Anos l
Total Total Total
ic
o
t
o
e
2000 234192 8881 141418 2475 86183 51561 76850 32095 9416 8545
2001 244936 8416 152634 2948 92071 56401 81966 34067 9767 8125
2002 248097 9147 150518 2854 89560 57083 86728 36009 10395 9087
2003 237222 9263 140022 2449 82537 53978 85216 35171 10293 8689
2004 234109 9316 132930 2328 75795 53957 89884 35599 9646 10434
2005 228884 8105 129431 2029 74593 51538 89509 34310 9430 9896
2006 237392 8545 129589 1960 74698 51790 98101 36916 10665 11496
2007 237409 7221 127913 2100 77423 47322 102116 37754 10451 11882
2008 240018 6137 128622 2034 76184 47024 105074 37544 10794 11893
2009 217393 7670 107657 1407 58235 45118 100837 34867 10163 11902
2010 215632 7005 106377 1674 57327 44304 101917 33942 10323 12172
Tabela 5-Acidentes de trabalho totais por sector de actividade económica (Fonte: PORDATA)
No que toca a sinistralidade mortal o sector da construção é o mais negro quando comparado com
outros sectores de actividade (Tabela 6)
armazenagem
Transportes e
Comércio por
Alojamento e
reparação de
restauração
Construção
automóveis
Primário
extractivas
Indústrias
Indústrias
Anos
veículos
34
Contudo, como podemos verificar na Tabela 7, entre 2008 e 2010 houve uma diminuição do
número de acidentes mortais no sector da construção, verificando-se assim, uma tendência
decrescente dos acidentes de trabalho em Portugal. Contudo, há que salientar que está diminuição
dá-se aquando do início da crise que se instalou no sector da construção, portanto há que ter uma
certa cautela sobre as conclusões e ter um certo espirito critico sobre os resultados. Não entendê-los
apenas como um melhoramento das condições de segurança e higiene do trabalho mas sim também
como um menor número de obras logo menor número postos de emprego e consequentemente
menor número de acidentes mortais
Número de
Anos
Acidentes Mortais
2000 102
2001 139
2002 109
2003 113
2004 110
2005 111
2006 83
2007 103
2008 78
2009 76
2010 67
Tabela 7- Acidentes de trabalho mortais, no sector da construção (2000-2010) (Fonte: PORDATA)
140
120
100
80
60
40
20
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Anos
3
A análise da sinistralidade efectuada pela Comissão Europeia permitiu constatar que os acidentes
mortais no sector têm a seguinte origem:
Trata-se de uma pessoa singular ou colectiva por conta de quem a obra é realizada. Os donos de
obra estão sujeitos ao cumprimento das obrigações do Artº 17 do Decreto- Lei nº 273/2003. Compete
ao dono de obra as seguintes funções:
36
comunicar à ACT a abertura do estaleiro;
elaborar ou mandar elaborar a compilação técnica;
no caso de intervenção de duas ou mais entidades executantes assegurar a designação
da entidade que deverá tomar as medidas necessárias para que o acesso ao estaleiro
esteja reservado apenas a pessoas autorizadas,
garantir o cumprimento das regras de gestão e organização geral do estaleiro incluídas no
PSS.
O autor do projecto, também conhecido como projectista, é a pessoa singular que elabora ou
participa na elaboração do projecto da obra.
Para além disso, sempre que solicitadas informações sobre aspectos relevantes dos riscos
associados à execução do projecto por parte dos restantes intervenientes (coordenador de segurança
em projecto e em obra, entidade executante e dono de obra) deve fornece-las.
A entidade executante é a pessoa singular ou colectiva que executa a totalidade ou parte da obra,
de acordo com o projecto aprovado. De seguida enumera-se as principais competências desta
entidade:
3
3.3.1.4. Coordenador de Segurança em Projecto (CSP)
o projecto for elaborado por mais de uma pessoa, desde que as opções arquitectónicas e
as escolhas técnicas evidenciem complexidade para a integração dos princípios gerais de
prevenção;
os trabalhos envolvam riscos especiais elencados na lei;
quando estiver prevista a intervenção na execução da obra de duas ou mais empresas.
(Freitas, 2011)
Compete ao CSP:
O coordenador de segurança em obra é a pessoa singular ou colectiva, que durante a obra, tem a
responsabilidade de desempenhar as tarefas de coordenação em matéria de segurança e saúde no
trabalho.
38
apoiar o dono de obra na elaboração e na actualização da comunicação prévia;
verificar o cumprimento e as alterações ao PSS;
analisar a adequabilidade das fichas de procedimentos de segurança e propor alteações;
promover a informação a todos os intervenientes, acerca dos riscos;
registar todas as actividades de coordenação de segurança no livro de obra ou de acordo
com um sistema próprio de registos;
garantir acesso ao estaleiro, controlado pela entidade executante, seja reservado a
pessoas autorizadas;
informar o dono de obra sobre o resultado da avaliação de segurança e as suas
responsabilidades;
analisar as causas dos acidentes.
3.3.2. Instrumentos
A Comunicação Prévia (CP) é obrigatória sempre que a execução dos trabalhos seja superior a 30
dias úteis e sempre que operem simultaneamente mais de 20 pessoas em qualquer momento, ou
sempre que seja espectável em média mais de 500 pessoas-dia qualquer que seja o número de
trabalhadores e o prazo de execução previsto para obra. A responsabilidade da elaboração deste
documento é do dono de obra antes do início dos trabalhos (incluído os trabalhos de montagem do
estaleiro) e deverá ser remetida à ACT (antiga Inspecção Geral do Trabalho), sendo obrigatório
afixar-se uma cópia em local bem visível.
3
a estimativa do número de empresas e de trabalhadores independentes a operar no estaleiro;
a identificação dos subempreiteiros já seleccionados (Alves Dias, 2009)
O Plano de Segurança e Saúde (PSS) é um documento que deve reunir todas as informações e
indicações em matéria de segurança e saúde que se mostrem necessárias para reduzir o risco de
ocorrência de acidentes de trabalho e de doenças profissionais nos estaleiros (fase de construção).
(Alves Dias, 2009). O PSS é, por isso, um instrumento de coordenação da segurança e saúde, da
responsabilidade do dono de obra, devendo ser assegurada através do coordenador SST, e é
obrigatório a sua existência sempre que exista projecto da obra, ou seja, obrigatória a comunicação
prévia.
Deve por isso, constar neste plano medidas de prevenção com o intuito de a minimizar o factor
risco e de protecção. Medidas essas que estão destinadas a atenuar os efeitos devidos aos
acidentes.
Preconiza-se assim uma estrutura do PSS constituída por um conjunto de elementos que se
poderão agrupar nas seguintes cinco partes principais:
1. Introdução;
2. Memória Descritiva;
3. Caracterização da Empreitada;
4. Acções para a prevenção de riscos;
5. Monitorização e acompanhamento (Alves Dias, 2009).
De acordo com o Decreto-Lei 273/2003, sempre que não seja exigível o Plano de Segurança e
Saúde (PSS) mas os trabalhos a executar sejam de risco especiais, a entidade executante deverá
elaborar as fichas de procedimento de segurança.
O dono de obra deve assegurar a elaboração de uma compilação técnica edificada (através do
coordenador de SST em projecto), que inclua os elementos úteis a atender na sua utilização, assim
40
como os trabalhos posteriores à sua conclusão, para assegurar a antecipação dos riscos para a
segurança e a saúde (utilização, manutenção, conservação e transformação) daqueles que nela
tenham que intervir (Freitas, 2011). Conclui-se, assim que a CT é um documento que contém toda a
“história” da obra.
1. Introdução;
2. Memória descritiva;
3. Caracterização da obra;
4. Acções para a prevenção de risco.
A Figura 7 pretende resumir sucintamente os instrumentos, assim como os papéis e domínios dos
intervenientes numa obra desde o projecto até a sua concepção:
CT PSS
CP
Entidade executante
Empregador
Subempreiteiro Serviços
Trabalhador independente de SST
4
3.4. Sinalização obrigatória em estaleiro
Deverão ser sinalizadas todas as situações perigosas (queda de objectos, por exemplo), com o
objectivo de alertar os trabalhadores e, eventualmente terceiros, da iminência de uma situação de
perigo e da consequente e urgente necessidade de actuar de forma determinada, sempre que não
possam ser evitados ou suficientemente limitados os riscos através da utilização de meios de
protecção colectiva ou medidas, métodos ou processos de organização do trabalho (Pinto, 2012).
No estaleiro da obra em estudo a sinalização encontra-se na entrada, num sítio bem visível.
42
4. Caso de Estudo
4.1. Caracterização da obra
O Solar de Arnoia é um conjunto edificado inserido numa quinta de produção vinícola, constituída
por portão armoriado, capela, jardim, casa senhorial, casas de caseiros, arrecadações agrícolas,
alpendres, espigueiros e moinho de água. A casa senhorial é um edifício de dois pisos de estrutura
mista de alvenaria de pedra /madeira, com paredes resistentes em alvenaria de granito e estrutura
dos pavimentos e cobertura em madeira.
4
Figura 10- Planta de Implantação da obra
Com esta reabilitação o dono de obra pretendeu adaptar os espaços disponíveis da casa principal,
tornando-os habitáveis. No piso térreo optou por preservar a adega já existente, no primeiro piso
acomodar a parte habitacional propriamente dita (sala, quartos, cozinha e etc) e transformar o sótão
num espaço multifuncional. O programa inclui também a construção de uma garagem (cave) com
ligação interior ao edifício, a recuperação da capela, portal armoriado e fonte. Contíguo ao edifício
senhorial, demoliu-se uma construção, uma vez que se considerou que descaracterizava o seu
esplendor.
De acordo com o exposto no capítulo 2, como na obra o número de trabalhadores é menor do que
30, a empresa executante recorreu a uma entidade externa para poder assegurar os serviços de
segurança, higiene e saúde do trabalho.
44
4.2. Recolha de Dados
Sendo o objectivo principal deste caso de estudo a realização de uma avaliação de riscos
recorreu-se à observação directa para recolha dos riscos que ocorrem na obra mencionada
anteriormente. A observação recaiu sobre as seguintes actividades que ocorreram na reabilitação do
Solar de Arnoia:
1. Demolições
4
Figura 12- Trabalhos de demolição do edifício contíguo ao edifício principal
2. Desmantelamento da cobertura
De seguida teve início o desmantelamento da cobertura que consistiu em retirar todo o material
cerâmico (telhas), assim como toda a estrutura de madeira da cobertura. Para a remoção da estrutura
de madeira utilizou-se a motosserra, para poder reduzir os elementos da estrutura de madeira em
elementos mais pequenos. Após amarrados em molhos pequenos e com ajuda de uma grua os
elementos de madeira foram retirados do cimo da cobertura.
3. Colocação da cobertura
46
comportamento a nível térmico aplicou-se o isolamento térmico (painel sandwich), e logo depois uma
camada impermeabilizante (subtelha). Por último, colocaram-se as telhas de aba e canudo e
respectivos acessórios (beirais, telhas de cumieira e telhas de ventilação).
4
5. Aplicação de reboco na fachada exterior da casa senhorial
Após a secagem da fachada, aplicou-se cal hidráulica pré-fabricada nas juntas. Por último,
aplicou-se uma primeira camada de argamassa de encasque à base de cal hidráulica a qual se
sobrepôs uma rede de fibra e passadas 24 horas aplicou-se a camada final de reboco.
Inicialmente colocou-se duas faces de muro em granito colocando no seu interior uma argamassa
à base de cimento. De seguida, aplicou-se uma argamassa a base de cal hidráulica nas juntas.
48
4.2.2. Metodologia da observação indirecta- Inquéritos
A maioria das perguntas são fechadas, ou seja, o inquirido apenas tem que seleccionar a resposta
que mais se aproxime da sua opinião, de entre as opções dadas. Deste modo, pretendeu-se facilitar e
estimular o preenchimento do questionário e também aumentar a objectividade na análise das
respostas.
Constatou-se que todos os indivíduos inquiridos são do sexo masculino. Pensa-se que este facto
fica-se a dever a grande exigência física dos trabalhos executados e daí a ausência do sexo feminino.
No que toca a escolaridade podemos verificar pelo Gráfico 2 que amostra é pouco escolarizada,
como é muito comum no sector da construção.
4
Escolaridade dos inquiridos
12
Número de trabalhadores
10
Relativamente às profissões dos trabalhadores podemos verificar pelo Gráfico 3 que estas são
variadas. É de notar um maior predomínio (mesmo que ligeiro) para a profissão de trolha (20%) e de
servente (16%).
50
Caracterização do contexto de trabalho
O estudo da temática da higiene e segurança do trabalho implica que alguns aspectos ligados ao
contexto de trabalho ou ambiente de trabalho sejam estudados e que passam, necessariamente, pela
análise de três factores: as vibrações, o ruído, e as condições atmosféricas
Relativamente à vibração e ao ruído 52% dos inquiridos considerou que a sua exposição a estes
agentes é fraca. Contudo, existe uma percentagem relevante (36%) que considera que a sua
exposição é elevada. Da análise dos inquéritos percebeu-se que os indivíduos que fazem esta
classificação (elevada) são sobretudo os carpinteiros e trolhas. Isto poderá justificar-se com tipo de
equipamentos que este tipo de indivíduos necessita de utilizar para desenvolver as suas funções
Vibrações Ruído
Classificação Frequência % Classificação Frequência %
Muito elevada 3 12 Muito elevado 3 12
Elevada 9 36 Elevado 9 36
Fraca 13 52 Fraco 13 52
Inexistente 0 0 Inexistente 0 0
Total 25 100 Total 25 100
Tabela 8-Exposição à vibração e ao ruído
De uma maneira geral, as condições atmosféricas são caracterizadas pela maioria dos trabalhadores da
empresa (68%) como razoáveis. No entanto, é possível verificar através da Tabela 9, que há um número
ainda considerável (6 trabalhadores) de trabalhadores que caracteriza as condições atmosféricas de más, o
que é perfeitamente explicável dadas as condições de calor, frio chuva e etc. a que estão sujeitos
Condições Atmosféricas
Classificação Frequência %
Excelentes 0 0
Boas 2 8
Razoáveis 17 68
Más 6 24
Tabela 9-Condições Atmosféricas
Total 25 100
De entre todos os riscos, aquele que os trabalhadores consideram estarem mais expostos é o
calor/frio com cerca de 19 respostas, seguido da queda em altura e queda de objectos, ambos com
11 respostas. O ruído vem logo depois reunindo 10 respostas.
5
Riscos
Frequência
de respostas
Vírus, Bactéria e Parasitas Calor/Frio
2
Ruído Vibrações Radiações 19
Produtos Químicos Queda em altura Queda
10 de
objectos Contactos eléctricos Entalamento
4
Atropelamento 1
Choque contra objectos 4
11
11
3
7
8
4
Tabela 10-Riscos a que os trabalhadores estão expostos
Equipamentos de protecção
Equipamentos de Frequência de %
Protecção Individual respostas
Colete 25 100
Botas de biqueira de
24 96
aço
Luvas de Protecção 20 80
Capacete 11 44
Máscaras/dispositivos 6 24
filtrantes
Vestuário adequado 6 24
Óculos de protecção 3 12
(com ou sem viseira)
Auriculares 1 4
Nenhum 0 0
Tabela 11- Equipamentos de protecção individual
De acordo com a Tabela 11, só 24% dos trabalhadores é que utiliza máscaras/dispositivos
filtrantes e apenas 12% admite uso de óculos de protecção. Estes dois últimos dados são
52
preocupantes já que podem afectar a saúde dos trabalhadores e provocam situações como as que
podemos verificar na Figura 18 que foram recolhidas na obra em estudo
É de notar que cerca de 72% admite que só utiliza os equipamentos de protecção individual pois é
norma na empresa, isto é, porque são obrigados a fazê-lo pelos responsáveis da segurança do
trabalho no estaleiro. Foi possível aferir em conversa com os trabalhadores que se não fosse
obrigatório raramente ou mesmo nunca usariam certos equipamentos de protecção individual como
por exemplo os capacetes ou máscaras de protecção. A razão mais apontada para a recusa na sua
utilização é o desconforto.
É, no entanto, curioso perceber que 100% dos inquiridos reconhece que se sente mais protegido
quando faz uso dos equipamentos de protecção.
De acordo com as respostas obtidas 88% dos inquiridos considera que a empresa tem
preocupações com as regras de segurança, higiene e saúde do trabalho, e cerca de 80% considera
estas preocupações por parte da empresa serem importantes para a sua produtividade.
Sinistralidade
Da análise dos inquéritos verificou-se que, desde que a obra teve início ocorreram 7 1 acidentes
ligeiros. Até à data da realização do inquérito, só um dos inquiridos tinha sofrido mais do que um
acidente (sofreu dois acidentes).
A par dos dados recolhidos pelos inquéritos foi possível consultar os registos de sinistralidade da
obra em estudo. Ao consultar estes registos foi possível calcular alguns índices estatísticos que
possibilitam a definição de prioridades e permitem estabelecer comparações com padrões de
referência da OIT.
1
Por consulta dos registos de sinistralidade percebeu-se que 4 ocorreram no ano de 2012 (de Janeiro a
Dezembro) e 3 no ano corrente (de Janeiro a Julho)
5
Os índices calculados foram os seguintes:
índice de frequência (IF)- é o número de acidentes com baixa ocorridos num dado período
em cada milhão de horas-homem trabalhadas no mesmo período, permitindo monitorizar o
controlo da sinistralidade na empresa através da comparação com períodos de referência
anteriores;
( )
()
( )
(⁄ )
2
De notar que estes valores são tidos como referência na maioria dos países europeus.
54
Classificação Índice de Frequência Índice de Gravidade
segundo a OIT Valores de referência Valores de referência
Muito Bom <20 <0,5
Bom 20 a 40 0,1 a 1
Média 40 a 60 1e2
Mau 60 a 100 >2
Tabela 13- Valores de referência dos índices de sinistralidade aferidos da normalidade segundo a classificação
da OIT
5
Tarefas observadas Riscos
Sobre-esforços ou posturas inadequadas
Incêndios e Explosões
III.Colocação de cobertura
Entaladela ou esmagamento por ou entre objectos
Colapso da grua
56
5. Avaliação de Riscos
No caso específico deste trabalho foi aplicado a metodologia simplificada de matrizes, visto que
esta metodologia permite, com poucos recursos, detectar muitas situações de risco profissional,
quantificar a magnitude dos riscos existentes e, em consequência, hierarquizar racionalmente a sua
correcção. Para isso:
5
A análise da magnitude do risco profissional é efectuada em função da probabilidade do risco
profissional e da gravidade esperada das lesões. Considera-se assim que a magnitude global é dada
pela seguinte fórmula:
NR= NP x NG
GRAVIDADE
NÍVEL DE RISCO
Leve (1) Moderada (2) Grave (3)
Frequente
Médio (3) Alto (6) Intolerável (9)
(3)
O nível de intervenção consiste na hierarquização dos valores obtidos na tabela do nível de risco
(Tabela 17). Os níveis de prioridade obtidos constituem uma orientação para a determinação das
prioridades de intervenção para o programa de melhoria das condições de trabalho.
58
O nível de prioridade está dividido em quatro níveis que se apresentam na tabela seguinte:
Situação crítica.
Intervenção imediata (máximo nas próximas 24 horas).
9 Intolerável Paragem imediata.
Isolar o perigo até serem adoptadas medidas de controlo
permanentes.
5
Tabela 19- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas
60
Tabela 20- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas
61
Tabela 21- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas
62
Tabela 22- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas
63
Tabela 23- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
64
Tabela 24- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
65
Tabela 25- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
66
Tabela 26- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
67
Tabela 27- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
68
Tabela 28- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
Máximo 15
Exposição ao ruído 1 3 3 • Utilização de auriculares. dias
69
Tabela 29- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
70
Tabela 30- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
71
Tabela 31- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
72
Tabela 32- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
73
Tabela 33- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
74
Tabela 34- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas
75
Apreciação da avaliação de riscos
Após a análise da avaliação de riscos podemos verificar que foram encontrados 49 riscos. A
Tabela 35 resume os riscos encontrados de acordo com os níveis de risco:
Nível de Risco
Aceitável 0
Baixo 6
Médio 19
Alto 24
Intolerável 0
Total 49
Tabela 35-Frequência dos níveis de risco
Assim a realização da avaliação de riscos demonstrou que 49% (Gráfico 4) dos riscos existentes
são de risco alto, prevendo-se deste modo que as medidas preventivas devem ser implementadas no
prazo máximo de 2 a 3 dias.
12%
49%
Baixo
39% Médio
Alto
Numa primeira análise, isto é sem fazer uma contextualização do sector em estudo e respectivas
tarefas analisadas, poderíamos considerar uma percentagem excessivamente elevada. É de notar
que um trabalhador da construção civil que necessita de executar tarefas em altura, como é o caso
desta obra, está exposto a um nível de risco muito superior que a de um trabalhador que por exemplo
trabalha num escritório. Por isso considera-se que este resultado até certo ponto era expectável.
Contudo, considera-se que se forem adoptadas todas as medidas preventivas/correctivas
apresentadas este resultado poderia baixar, principalmente no que se relaciona com os
equipamentos de protecção. A sensibilização dos trabalhadores, por parte dos responsáveis da
segurança em obra, é um ponto-chave.
Do Gráfico 4 verificou-se que só se registaram mais dois tipos de grau de riscos: o grau de risco
médio com 39% e baixo com 12%.
Entende-se que o facto de não se ter registado um grau de risco aceitável tenha mais uma vez a
ver com o sector em estudo e com as tarefas analisadas.
Em relação ao grau de risco intolerável há que enfatizar não se ter registado, já que se trata do
nível de risco mais gravoso e que poderá provocar a morte. Este grau de risco não foi considerado
uma vez que, tal como já foi referido, a altura a que os trabalhos estavam a ser executados não era
excessiva, e as medidas já adoptadas (utilização de guarda-corpos) reduziam em muito este risco.
77
6. Conclusões e Recomendações
Ao longo deste trabalho procurámos demonstrar, através da revisão bibliográfica e do caso de
estudo a importância da Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho. É notória uma maior preocupação
sobre esta temática por parte das empresas que têm que encarar a SHST como um investimento com
retorno e não como uma obrigação, sobretudo no sector da construção civil, área em estudo neste
trabalho. Há, por isso, que haver uma maior sensibilização dos responsáveis deste sector sobre as
suas especificidades e diferenças em relação aos outros sectores para que de uma vez por todas
deixe de ser o sector com maior sinistralidade mortal em Portugal.
Com esta dissertação pôde-se concluir que a avaliação de riscos, é por isso, fundamental no
processo de eliminação do risco ou se tal não for viável, a redução das suas consequências. Apesar
da avaliação de riscos constituir uma obrigação legal, não existem regras fixas sob a forma como esta
deve ser realizada.
Uma vez que o ruído e as vibrações são riscos a que os trabalhadores estão muito expostos,
devido a recorrente utilização de ferramentas mecânicas e de máquinas, recomenda-se, por isso, a
realização de medições com a utilização do dosímetro e acelerómetro, equipamentos de medição do
ruído e da vibração respectivamente, para que se possa ter a certeza que a exposição diária dos
funcionários não excede os valores legais.
79
informação dos trabalhadores e substituição das máquinas que produzem mais ruído e vibrações por
aquelas que tenham menores índices de ruído e vibração.
Contudo, recomenda-se que a empresa que faça uma análise de eficácia das medidas
preventivas/correctivas já aplicadas de forma a verificar se houve redução do risco. Caso não tenha
sido reduzido o nível de risco será necessária realizar uma análise das causas dos riscos de forma a
serem implementadas novas medidas com maior probabilidade de sucesso. De notar que no sector
da construção isto deverá ser feito com grande regularidade, uma vez que as tarefas são
normalmente com uma duração limitada no tempo.
80
7. Bibliografia
ALVES, Luís Manuel Dias; Documento de Apoio às aulas da disciplina de Qualidade, Segurança e
Ambiente na Construção, IST; Lisboa,2009.
CABRAL, Fernando; Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. 39ª Edição. Volume 1, Verlag
Dashöver. Lisboa (2010)
CARVALHO, Filipa; Avaliação de Risco- Estudo Comparativo entre Diferentes Métodos de Avaliação
de Risco, em Situação Real de Trabalho, Dissertação de Mestrado; Faculdade de Motricidade
Humana, Universidade Técnica de Lisboa; Lisboa, 2007.
CICCOPN, Segurança Higiene e Saúde do Trabalho da Construção Civil, Manual do Formando; 2005
81
ESPIRALSOFT; Manual do Módulo de Segurança do Trabalho; Curso de Técnico Superior de
Segurança e Higiene do Trabalho; Lisboa, 2012.
FREITAS, Luís; Manual de Segurança e Saúde do Trabalho; Edições Sílabo; Lisboa, 2011.
GAMA, Lídia; Avaliação de Riscos na Siemens S.A, Actividades de Escritório nas Instalações de
Alfragide; Tese de Final de Curso de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho;
EspiralSoft; Lisboa, 2012
LUZIA, Inês; Avaliação de Riscos na Empresa Ernesto Ribeiro, Lda; Tese de Final de Curso de
Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho; EspiralSoft; Lisboa, 2012
ROXO, Manuel; Segurança e Saúde do Trabalho: Avaliação e controlo de riscos; Edições Almedina;
Coimbra, 2003.
SANTOS, Ana Cristina; Avaliação e Controlo de Riscos na Obra de Construção do Hotel Ibis; Tese de
Final de Curso de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho; EspiralSoft; Lisboa, 2012.
Sites Consultados:
82
Enquadramento Legal
Acidentes de Trabalho
Agentes Biológicos
Agentes Químicos
Ambiente Térmico
83
Equipamentos de Protecção Individual
Decreto-Lei n.º 348/93, de 1 de Outubro – Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º
89/656/CEE, do Conselho, de 30 de Novembro, relativa às prescrições mínimas de segurança e de
saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de protecção individual.
Decreto-Lei n.º 139/95, de 14 de Junho – Altera diversa legislação dos requisitos de segurança e
identificação a que devem obedecer o fabrico e comercialização de determinados produtos e
equipamentos.
Portaria n.º 109/96, de 10 de Abril – Alteração dos anexos I, II, IV e V da Portaria n.º 1131/93, de
4 de Novembro.
Equipamentos de Trabalho
Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de Fevereiro – Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva
n.º 89/655/CEE, do conselho, de 30 de Novembro, alterada pela Directiva n.º 95/63/CE, do Conselho,
de 5 de Dezembro, e pela Directiva n.º 2001/45/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de
Junho, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos
trabalhadores de equipamentos de trabalho.
84
Decreto-Lei nº 113/93, de 10 de Abril- transpõe para o ordenamento jurídico interno a Directiva
do Concelho nº89/106/CEE, de 21 de Dezembro de 1988, relativa aos produtos de construção.
Lei do Trabalho
Lei n.º 23/2012, de 25 de Junho – Procede à alteração ao Código do Trabalho, aprovado pela Lei
n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, e alterado pelas Leis n os 105/2009, de 14 de Setembro, e 53/2011, de
14 de Outubro.
Lei n.º 47/2012, de 29 de Agosto – Procede à quarta alteração ao Código do Trabalho, aprovado
pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, por forma a adequá-lo à Lei n.º 85/2009, de 27 de agosto,
que estabelece o regime da escolaridade obrigatória para as crianças e jovens que se encontram em
idade escolar e consagra a universalidade da educação pré-escolar para as crianças a partir dos 5
anos de idade.
Medidas Preventivas
85
Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de Novembro – Princípios que visam promover a segurança,
higiene e saúde no trabalho.
Decreto-Lei n.º 133/99, de 21 de Abril – Transpôs para o direito interno a Directiva do Conselho
n.º 89/391/CEE, de 12 de Junho, relativa à aplicação de medidas destinadas a promover a melhoria
da segurança e da saúde dos trabalhadores no trabalho.
Sinalização de Segurança
86
Vibrações
87
Glossário
Acidente- Por acidente entende-se uma ocorrência inesperada, indesejada e grave que origina
danos pessoais, materiais, económicos e sociais.
Acidente Grave- Por acidente grave entende-se um acidente cujas consequências se traduzem
em danos pessoais, materiais, económicos e/ou sociais particularmente valorosos.
a) No trajecto de ida e de regresso para e do local de trabalho, nos termos em que vier a ser
definido em regulamentação posterior;
d) No local de trabalho, quando em frequência de curso de formação profissional ou, fora do local
de trabalho, quando exista autorização expressa da entidade empregadora para tal frequência;
e) Em actividade de procura de emprego durante o crédito de horas para tal concedido por lei aos
trabalhadores com processo de cessação de contrato de trabalho em curso;
Avaliação de Riscos- Processo de avaliar o risco para a saúde e segurança dos trabalhadores,
decorrente das circunstâncias em que o perigo ocorre no local de trabalho. Processo global de
estimativa da grandeza do risco e de decisão sobre a sua aceitabilidade (NP 4397).
89
homem - mundo exterior; interacções homem - ambiente de trabalho; interacções homem - local de
trabalho, etc.
Controlo de Riscos- Por controlo dos riscos entende-se o conjunto de disposições e medidas
adoptadas para minimizar a probabilidade de ocorrência de acontecimentos perigosos, através de
medidas preventivas, e, na impossibilidade de evitar que eles ocorram, garantir, dentro de
determinados parâmetros que as suas consequências sejam reduzidas pela adopção de medidas de
protecção adequadas
Incidente- Acontecimento súbito, ocasional e imprevisto com potencial para causar acidentes e
que pode determinar danos na propriedade, equipamentos, produtos e perdas de produção, sem
determinar lesões para a saúde. (Alguns autores incluem as lesões corporais que apenas necessitam
de primeiros socorros).
Perigo- Fonte ou situação com um potencial para o dano, em termos de lesões ou ferimentos para
o corpo humano ou danos para a saúde, para o património, para o ambiente do local de trabalho, ou
uma combinação destes (NP 4397). A propriedade ou a capacidade intrínseca de um componente do
trabalho (materiais, equipamentos, métodos e práticas de trabalho) potencialmente causadora de
danos (utilizo a forma verbal “Identificar”).
90
Tempo de Trabalho- Por “tempo de trabalho” deverá considerar-se não só o período normal de
trabalho, mas, também, o tempo despendido antes e depois desse período em actos de preparação e
conclusão do trabalho, actos esses de alguma forma relacionados com a execução do trabalho, bem
como as pausas normais no trabalho e as interrupções forçosas que tenham lugar no
desenvolvimento do trabalho.
Trabalho- Para o direito, o trabalho representa uma actividade que é prestada a outrem, através
de certos modelos contratuais. Estes modelos podem reconduzir-se a dois grandes tipos: trabalho
subordinado (ou por conta de outrem) e trabalho autónomo (ou por conta própria). Qualquer
actividade produtiva pode ser prestada num ou noutro regime (não é a natureza da actividade que
determina o modelo mas sim o modo com ela e executada).
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Anexos
Anexo I- Modelo de Ficha de Distribuição de EPI’s aos
Trabalhadores
Fonte: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.
Data: / Data: /
Ass.: Ass.:
Data: / Data: /
Ass.: Ass.:
Data: / Data: /
Ass.: Ass.:
Data: / Data: /
Ass.: Ass.:
Data: / Data: /
Ass.: Ass.:
Data: / Data: /
Ass.: Ass.:
(1) Indicar códigos de acordo com a tabela seguinte
(2) Assinatura do trabalhador
(3) Assinatura de quem recebe
RISCOS A PROTEGER
1 – Queda em altura 11 – Pancada na cabeça
2 – Queda ao mesmo nível 12 – Cortes
3 – Queda de objectos 13 – Estilhaços
4 – Queda por escorregamento 14 – Entalamentos
5 – Objectos pontiagudos ou cortantes 15 – Electrocussão
6 – Esmagamento do pé 16 -
7 – Torção de pé 17 - _
8 – Choque ao nível dos 18 - _
maléolos 9 – Choque ao nível do 19 - _
metatarso 10 – Choque ao nível 20 - _
da perna
DECLARAÇÃO
Declaro que recebi os equipamentos de Protecção Individual acima mencionados,
comprometendo-me a utilizá-los correctamente de acordo com as instruções recebidas, a conservá-
los e mantê-los em bom estado, e a participar todas as avarias ou deficiências que tenha
conhecimento.
Data: / / Assinatura:
A3
Anexo II- Modelo de Comunicação Prévia
A5
A6
A7
Anexo III- Inquérito
Inquérito nº
Este inquérito está inserido no âmbito académico e destina-se a fins científicos, daí a
total garantia de sigilo e anonimato das opiniões proferidas. Desde já agradeço muito a
sua participação.
1-Sexo:
Feminino Masculino
2-Idade 3- Nacionalidade
Não sabe ler nem escrever 3º ciclo do ensino básico (até 9ºano)
1º ciclo do ensino básico (até ao 4ºano) Ensino secundário (até 12º ano)
Carpinteiro Servente
Pedreiro Trolha
Canalizador Electricista
A9
6- Horário de trabalho praticado:
9.2- Quando procede a movimentação manual de cargas tem cuidados especiais com as posturas
que adopta?
Sim Não
A10
10- Na execução dos trabalhos é informado sobre os riscos a que está exposto?
Sim Não
11 – No seu local de trabalho, a que tipo de riscos pensa estar mais sujeito?
Ruído Vibrações
12- São-lhe transmitidas informações sobre as medidas de prevenção que visam eliminar ou
minimizar a ocorrência de riscos?
Sim Não
13- A empresa utiliza Equipamentos de Protecção Colectiva (EPC’s) tais como: guarda-corpos, redes
de segurança, entre outros?
Sim Não
14- Os Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s): capacete, luvas, botas, máscaras, entre outros,
foram concedidos pela empresa aquando da sua entrada na obra?
Sim Não
A1
1
Capacetes de segurança Auriculares/ auscultadores
16- Faz uso dos Equipamentos de Protecção Individual (capecte, colete, luvas e etc) só porque é
norma na empresa?
Sim Não
Sim Não
Sim Não
19- Quando faz uso de um equipamento de protecção sabe contra que tipo de risco se está a
proteger?
Sim Não
A12
20.1 – Se sim, quantos?
Apenas um Dois
Armazém Carpintaria
21- Na sua opinião acha que a empresa cumpre com as regras ao nível de segurança e higiene do
trabalho?
Sim Não
22- Do seu ponto de vista o cumprimento das regras e procedimentos de segurança e higiene são
benéficas para sua produtividade?
Sim Não
A1
3