Toxicologia Ambiental
Toxicologia Ambiental
Toxicologia Ambiental
ambiental
Toxicologia ambiental
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Francisco Ferreira Martins Neto
Isabella Alice Gotti
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
ISBN 978-85-522-0201-1
CDD 571.95
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Convite ao estudo
Caro aluno,
Diálogo aberto
Caro aluno,
Nesta seção, iremos nos familiarizar com a história da toxicologia
ambiental, assim como com seus conceitos básicos. Desta forma,
você entenderá o papel de grande importância desta disciplina na
formação dos engenheiros ambientais, tendo em vista a crescente
exposição do ambiente e da população aos agentes tóxicos das mais
diversas origens.
Lembra-se que você foi contratado por uma empresa de
consultoria ambiental? Agora você incorpora uma equipe de
consultores solicitada para avaliar uma vasta área no município de
Barreiras com suspeita de contaminação antropogênica. Para dar
início ao trabalho, você e os demais consultores precisam assegurar
que o prefeito compreenda o tema. Muitas vezes os conceitos são
confundidos e aplicados de forma errada. Consequentemente,
decisões também são tomadas erroneamente. Assim, a primeira parte
do trabalho da sua equipe será orientar o prefeito sobre os conceitos
básicos da toxicologia, para que ele possa compreender o tema e
tomar as providências necessárias.
Algumas questões norteadoras deverão ser esclarecidas ao
prefeito. Será que a água de um rio poluído é sempre imprópria para
consumo? Como um agente tóxico interage com os organismos ali
viventes?
Que tal começar este trabalho agora? Você será acompanhado
neste processo! A seguir abordaremos os conceitos da toxicologia
ambiental e você entenderá a relação entre um agente tóxico e seu
mecanismo de atuação em um organismo.
Figura 1.1 | Papiro de Ebers, publicado em 1873 pelo egiptólogo alemão Georg
Ebers
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/51/EdSmPaPlateVIandVIIPrintsx.jpg/1280px-
EdSmPaPlateVIandVIIPrintsx.jpg>. Acesso em: 22 maio 2017.
Exemplificando
Na Antiguidade, os conhecimentos de Cleópatra (69-30 a.C.) em
compostos naturais tóxicos permitiu que ela os testasse em seus
escravos e, posteriormente, se suicidasse de forma rápida e sem dor.
A rainha do Egito teria ingerido uma mistura dos venenos extraídos de
plantas (ópio, cicuta e acônito) e morrido poucas horas depois.
Vocabulário
Teratogenicidade é a capacidade de um agente tóxico de provocar o
aparecimento de anomalias congênitas. O termo teratos tem origem do
grego, que significa monstro, devido às malformações anatômicas que a
substância causa. Entretanto, hoje, as consequências da ingestão desse
agente englobam outras anomalias, tais como distúrbios bioquímicos,
psicomotores etc.
Pesquise mais
O inseticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano ou DDT começou a ser
utilizado na Segunda Guerra Mundial para eliminar insetos transmissores
de doenças. Entretanto, ele elimina não só os insetos, como o resto
da fauna e flora ao redor. Foi banido em vários países na década de
1970 e no Brasil em 2009. Entre seus efeitos tóxicos, induz o câncer
em humanos e interfere em toda a cadeia alimentar do ambiente. Para
saber mais, leia Primavera silenciosa ou acesse o texto disponível em:
<https://educacao.uol.com.br/resenhas/primavera-silenciosa.htm>.
Acesso em: 22 maio 2017.
Contaminação × poluição
Reflita
Pense em um rio que você conheça em sua cidade. Você sabe dizer
se ele está contaminado e/ou poluído? Lembre-se que todo ambiente
contaminado está poluído, mas nem todo ambiente poluído está
contaminado!
Assimile
A intensidade da toxicidade de um agente tóxico depende dos fatores:
concentração do agente, duração, frequência e rota de exposição.
Reflita
Qualquer substância pode ser tóxica, dependendo da dose! É importante
relacionar a partir de qual quantidade a substância se torna perigosa. Os
medicamentos, por exemplo, são seguros somente se administrados
em doses corretas. Caso haja uma superdose, tornam-se tóxicos. Até
mesmo a água, se ingerida em excesso, pode gerar um desequilíbrio no
organismo e levar à intoxicação.
Exposição
Via pulmonar
Via gastrointestinal
Vocabulário
Lipofílico (adj.) refere-se à habilidade de um composto químico dissolver-
se em gorduras, óleos vegetais e lipídios em geral. Em outras palavras,
a substância dita lipofílica é a que tem afinidade e é solúvel em lipídios.
Via dérmica
Toxicocinética
Exemplificando
Após a exposição de animais ao chumbo, 50% da quantidade absorvida é
encontrada no fígado em apenas duas horas, e cerca de 30 dias depois,
90% do metal é encontrado nos ossos. Este metal é liberado lentamente,
tendo meia-vida de eliminação de 20-30 anos.
Toxicodinâmica
Figura 1.5 | Esquema resumido de uma interação entre um agente tóxico e seu
sítio de ação
Pesquise mais
Todos os conceitos abordados anteriormente são de extrema
importância para a compreensão da toxicologia ambiental. Porém,
lembre-se de que não são os únicos! Existem inúmeros princípios que
não foram explorados até aqui, mas nesta seção conseguimos entender
mais sobre esta ciência e sobre sua relevância durante o desenvolvimento
da humanidade.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Caro aluno,
Resolução da situação-problema
Diálogo aberto
Caro aluno,
Na seção anterior você se familiarizou com a história e com os
conceitos básicos da toxicologia ambiental e aprendeu como os
agentes tóxicos são absorvidos e interagem com os organismos
vivos. Além desses conhecimentos, é extremamente importante
conhecer os agentes tóxicos presentes no ambiente em que
vivemos. Entretanto, existem milhares de substâncias químicas em
todo o mundo! E como estudá-las uma a uma? Para que isso se
torne possível, as substâncias químicas são agrupadas em classes, de
acordo com suas características, o que facilita a compreensão dos
agentes tóxicos.
Lembra-se dos desafios de seu trabalho na empresa de consultoria?
Pois continuaremos trabalhando nessa jornada. Após a primeira etapa
do trabalho no município de Barreiras, o prefeito enviou à sua equipe
um relatório emitido por um laboratório de análises químicas contendo
os compostos químicos encontrados em uma água coletada no
Rio Grande, o receptor dos efluentes industriais. Dentre os diversos
compostos encontrados, o laboratório descreveu a presença de dois
metais, um hidrocarboneto, um composto orgânico altamente tóxico
e três compostos carcinogênicos
Para facilitar o entendimento, o prefeito organizou esses dados
em uma tabela. Veja:
Tabela 1.1 | Compostos químicos presentes nas amostras de água do Rio Grande
Concentra-
Concentra-
Agentes tóxicos encontrados ções encon-
ções limites1
tradas
Chumbo 0,005 mg/L 0,01 mg/
Reflita
Para você, o que é um veneno? Você já ouviu falar no postulado do
alquimista Philippus Paracelsus? “Todas as substâncias são venenos; não
há nenhuma que não seja um veneno. A dose certa diferencia o veneno
de um remédio."
Características tóxicas
Assimile
As CE50 e CL50 são mundialmente utilizadas, portanto vale a pena
relembrar esses conceitos. Não se esqueça: a CL50 considera o efeito
mortalidade, enquanto a CE50 considera algum outro efeito adverso
observado em 50% dos organismos expostos.
Peixes, crustáceos,
Toxicidade 1 < CE50 ou CL50 ≤ Tóxico para a vida
2 algas ou outras
aguda 10 mg/L aquática.
plantas aquáticas.
1
Classificação realizada pela Globally Harmonized System (GHS).
Fonte: NBR 14725 (ABNT, 2009) ; GHS ST/SG/AC.10/30 (2009).
Reflita
Lembre-se que a toxicidade é uma característica inerente das substâncias
químicas! Você já pensou que tudo ao seu redor possui uma toxicidade
inerente?
Efeitos toxicológicos
Reflita
Lembre-se: todo agente mutagênico é genotóxico, mas nem todo
agente genotóxico é mutagênico!
Exemplificando
O bisfenol A (BPA) é um desregulador endócrino semelhante ao
hormônio feminino estrógeno, e está presente em plásticos e na resina
epóxi, utilizada para revestir o interior de latas. Seus efeitos adversos estão
relacionados com o desenvolvimento precoce da puberdade feminina,
com a síndrome do ovário policístico e com a infertilidade entre homens
e mulheres. Desde 2012 está proibido o uso do BPA em bicos de
mamadeiras no Brasil. Além disso, recomenda-se reduzir o consumo
de alimentos enlatados e evitar o aquecimento de alimentos em
micro-ondas dentro de recipientes de plásticos. E é preciso ficar atento
na hora de comprar um produto: se o produto contém BPA, haverá o
número 7 no símbolo de reciclagem da embalagem.
Caro aluno,
Concentrações Concentrações
Agentes tóxicos encontrados Tipo de efeito
encontradas limites1
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Caro aluno,
Assimile
Lembra-se que após um agente tóxico ser absorvido pelo organismo,
na fase da toxicocinética, ele pode ser distribuído, biotransformado,
eliminado ou armazenado? O principal tecido-alvo desse armazenamento
é o adiposo.
Resolução da situação-problema
a) Alergizantes.
b) Desreguladores endócrinos.
c) Teratogênicos.
d) Neurotóxicos.
e) Carcinogênicos.
Caro aluno,
Com a evolução do desenvolvimento socioeconômico, a poluição
ambiental aumentou progressivamente. Após a Segunda Guerra
Mundial, no século XX, a produção de novas substâncias aumentou
drasticamente, e esse processo trouxe diversos problemas à saúde
dos humanos. O número de intoxicações era alto e diversos animais
começaram a morrer. Nesse momento, havia uma preocupação
mundial com a poluição desenfreada, e as legislações que instituíam
normas para a qualidade ambiental se tornaram mais rígidas. Esse foi
um momento importante para a toxicologia ambiental! Hoje, diversos
estudos ambientais são realizados por órgãos especializados em criar
e revisar as legislações ambientais.
Agora iremos retomar o seu trabalho na empresa de consultoria!
Lembre-se que você e seus colegas de trabalho auxiliaram o
prefeito de Barreiras a interpretar o relatório contendo os níveis dos
compostos químicos encontrados no Rio Grande. Para finalizar essa
primeira jornada do trabalho, o prefeito solicitou que você e os demais
consultores consultassem a legislação vigente e a aplicassem na área
em estudo de acordo com os problemas encontrados. Levando em
conta que as indústrias próximas à área em estudo emitem diversos
gases e lançam grandes volumes de efluentes nos corpos hídricos,
quais das principais legislações em vigência vocês recomendariam
ao prefeito?
Após o levantamento da legislação vigente, não deixe de organizar
suas ideias bem como os aspectos levantados nas seções anteriores
para finalizar sua análise da área contaminada e a identificação de
agentes tóxicos para o prefeito de Barreiras.
Para ajudá-lo, vamos abordar a seguir as principais leis, resoluções
e normas brasileiras vigentes para a toxicologia ambiental. Ao final da
seção, iremos treinar a aplicação dessas legislações em estudos de
caso.
Vamos lá?
Vocabulário
Poluidor: “Pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental."
Pesquise mais
A Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998)
dispõe sobre as sanções penais e administrativas aos poluidores
que causem ou possam causar danos à saúde humana e ambiental.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=320>. Acesso em: 23 maio 2017.
Reflita
Você já parou para pensar no ciclo de um produto desde sua origem até
o seu descarte? E como esse descarte é realizado?
Assimile
Algumas normas estaduais diferem das federais. Por exemplo, o Decreto
Estadual 8.468/76 e a Resolução CONAMA 357/05 diferem quanto
à classificação dos corpos de água e dos padrões de qualidade. A
Resolução CONAMA 430/2011, no art 3, prevê que o órgão ambiental
competente poderá “acrescentar outras condições e padrões para o
lançamento de efluentes, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as
condições do corpo receptor." (BRASIL, 2011, art. 3).
Essa observação é importante para você saiba que cada estado pode
estabelecer padrões próprios.
Vocabulário
Padrão Padrão
Emer-
Poluentes (µg/m3) secundá- primá- Atenção Alerta
gência
rio1 rio1
Partículas Inalávéis 2
50 50 250 420 500
Dióxido de enxofre 2
40 80 800 1600 2100
Ozônio 3
160 160 400 800 1000
1
Valores não devem ser excedidos mais de uma vez ao ano. 2 Valores diários.
3
Valores por hora. 4 Valores em 8 h.
Classes Características
Preservação do equilí-
brio natural das comu- X
nidades aquáticas
Aquicultura X
Pesca X X
Irrigação 1 X X X
Dessedentação de
X
animais
Navegação X
Harmonia paisagística X
Pesquise mais
Lembre-se: existem diferentes tipos de corpos de água! Para saber
sobre as classificações das águas salobras e salgadas, consulte a
Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>.
Acesso em: 24
maio 2017.
Classes Características
Estudos de caso
Caro aluno,
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
_____. NBR ISO 14725-2. Produtos químicos — Informações sobre segurança, saúde e
meio ambiente, parte 2: sistema de classificação de perigo, 2009.
_____. NBR ISO 14725-4. Produtos químicos — Informações sobre segurança, saúde
e meio ambiente, parte 4: ficha de informações de segurança de produtos químicos
(FISPQ), 2009.
_____. NBR ISO 14725-3. Produtos químicos — Informações sobre segurança, saúde e
meio ambiente, parte 3: rotulagem, 2012.
BRASIL. Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.. Dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>.
Acesso em: 24 maio 2017.
_____. Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais
e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>.
Acesso em: 24 maio 2017.
Agentes tóxicos
Convite ao estudo
Caro aluno,
Diálogo aberto
Caro aluno,
Nesta seção, iremos abordar a poluição ambiental e suas
respectivas fontes poluidoras. Como você aprendeu na Unidade 1,
o levantamento das fontes poluidoras é imprescindível durante um
inventário ou monitoramento ambiental. Milhares delas são delas
capazes de influenciar um mesmo local, principalmente quando
os agentes tóxicos atingem os recursos hídricos ou são lançados
na atmosfera. Lembra-se do caso dos esquimós no Polo Norte
contaminados com substâncias químicas lançadas em rios por
efluentes industriais? Existem diversos casos em que a poluição se
desloca por milhares de quilômetros de distância. Por exemplo,
o dióxido de enxofre emitido pela Termoelétrica da Candiota, no
Rio Grande do Sul, atinge o Uruguai (RÓTULO, 2003), assim como
a poluição atmosférica lançada na China atinge a cidade de Los
Angeles, nos Estados Unidos (LINA et al., 2014).
Voltando ao tema do seu trabalho na empresa de consultoria,
iniciaremos a primeira etapa desta unidade. Agora, você e seus colegas
irão analisar quais são os possíveis agentes tóxicos encontrados
nos arredores da área onde se encontra a indústria de produtos de
higiene e cuidados pessoais. Para isso, primeiramente, vocês devem
realizar a coleta de informações sobre os principais agentes tóxicos
presentes na área, embasando-se nas seguintes questões: quais são
os principais agentes tóxicos lançados diretamente por esta indústria?
Quais são os agentes tóxicos secundários? Existem diferentes fontes
de poluição nesta área?
A seguir, vamos ajudá-lo neste processo. Abordaremos algumas
fontes toxicológicas industriais, veiculares e naturais, e seus respectivos
agentes tóxicos lançados no ambiente. Contudo, lembre-se que
existem milhares delas! Construa sua análise crítica sobre este tema, e
esteja sempre atento às diferentes fontes de poluição características
do local analisado.
U2 - Agentes tóxicos 69
Não pode faltar
70 U2 - Agentes tóxicos
ambientes abertos são mais propensos aos efeitos adversos da
poluição. Todavia, dependendo da construção dos locais fechados,
o ar externo pode atravessar para o interior do prédio e atingir cerca
de 30 a 80% das concentrações dos poluentes externos. Portanto,
até mesmo ambientes fechados podem ser atingidos por diversas
fontes de poluição simultaneamente, e a localização destas fontes
é um processo imprescindível.
Assimile
A oxidação ocorre quando há perda de elétrons durante uma reação
por uma molécula, átomo ou íon. O processo contrário é chamado
de redução, ou seja, há ganho de elétrons durante a reação. Portanto,
um agente oxidante é capaz de oxidar outra molécula: sofre redução
U2 - Agentes tóxicos 71
ao ganhar elétrons de outra espécie química, enquanto a outra sofre
oxidação ao perder elétrons.
Reflita
A concentração de CO no interior de veículos em centros metropolitanos
atinge três vezes a concentração de áreas residenciais. Geralmente,
garagens subterrâneas e túneis são grandes acumuladores de CO. Você
já contou quantas horas do seu dia passa dentro de um automóvel ou
em áreas externas com grande fluxo de trânsito?
72 U2 - Agentes tóxicos
Material particulado (MP): é constituído por poeiras, fumaças
ou qualquer tipo de material sólido e líquido de pequena dimensão
(tamanho menor que 100 µm) presente na atmosfera. Os MPs
são formados, em grande parte, pelo processo de combustão
incompleta dos combustíveis fósseis de veículos e de diversas
atividades industriais, como de cimento, metalurgia e mineração.
A classificação dos MPs é realizada em função do tamanho das
partículas. Os de maior tamanho (diâmetro > 2,5 µm) são chamados
de grossos, sendo produzidos principalmente por fontes naturais,
como queimadas de florestas e erupções vulcânicas. Já aqueles de
menor tamanho (diâmetro < 2,5 µm) são chamados de finos, sendo
produzidos em maiores quantidades por fontes antropogênicas.
Essas partículas finas são absorvidas mais facilmente pelas vias
de exposição, principalmente pela via inalatória e, como efeitos
adversos, alteram a capacidade do sistema respiratório de remover
as partículas do ar inalado e induzem infecções, como faringites,
rinites, bronquites e pneumonia. Além disso, os MPs podem se
combinar com outras moléculas de metais, hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPA), sulfatos, entre outras substâncias,
e induzir efeitos adversos graves, como câncer, doenças
neurotóxicas (Alzheimer e Parkinson), cardíacas, pulmonares
emorte. Atualmente, o MP é considerado um importante indicador
de saúde ambiental.
U2 - Agentes tóxicos 73
um átomo de oxigênio, que reage com o O2 e forma o ozônio
(O3). Embora o O3 seja benéfico na estratosfera, onde é formada
a famosa camada de ozônio, protetora contra efeitos adversos da
radiação ultravioleta, ele é um agente oxidante altamente reativo,
que induz efeitos tóxicos quando presente na troposfera. Além de
ser o principal componente da névoa fotoquímica (efeito smog),
esta molécula provoca diversos problemas no sistema respiratório,
e é muito tóxica às plantas, podendo causar danos consideráveis
às espécies vegetais nativas e culturas agrícolas. A Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) estimou, em 2006,
perdas agrícolas anuais de 500 milhões de dólares devido aos
efeitos tóxicos do O3.
74 U2 - Agentes tóxicos
Exemplificando
As indústrias do polo petroquímico de Cubatão emitem toneladas de
SO2 na atmosfera. A chuva ácida formada pela emissão deste poluente
atinge cidades a mais de 100 km de distância.
Exemplificando
O HPA mais estudado é o benzo(a)pireno, composto por cinco anéis
aromáticos (Figura 2.1). Ele se forma pela combustão incompleta de
material orgânico, como a queima incompleta do carvão, do cigarro, da
gasolina e do diesel, e é associado ao aumento na incidência de diversos
tipos de câncer. Sua eliminação ocorre em cerca de uma hora após a
absorção por qualquer via de exposição.
U2 - Agentes tóxicos 75
Fluoretos (F-e HF): são encontrados na forma de gás ou
partículas, liberados por emissões atmosféricas ou em águas
residuais. Eles são altamente reativos, especialmente na forma
do ácido fluorídrico (HF), formados durante a combustão de
combustíveis fósseis e carvão, em indústrias farmacêuticas, de
praguicidas, de fertilizantes, de cerâmicas, de vidros e de alumínios.
Sua absorção pode causar náuseas, vômitos, parada cardíaca
a morte. Os fluoretos também são altamente fitotóxicos. Assim,
plantas da espécie Cordyline terminalis, vulgarmente conhecidas
como Dracena, são utilizadas como bioindicadoras de áreas
potencialmente afetadas por este poluente (Figura 2.2).
Fonte: <http://solo.cetesb.sp.gov.br/solo/programa-de-monitoramento/biomonitoramento/fluoretos-gasosos/>.
Acesso em: 24 jun. 2017.
76 U2 - Agentes tóxicos
o MP, NOx, SO2, CO e O3. Entretanto, o monitoramento da poluição
possui algumas limitações, como o alto custo e a complexidade da
medição devido à ampla diversidade dos poluentes.
Pesquise mais
Você sabe como funciona um catalizador antipoluente?
Ele converte os gases provindos da queima incompleta do combustível
fóssil em outros menos perigosos. Para saber mais, acesse: <http://
super.abril.com.br/comportamento/como-funcionam-os-catalisadores-
dos-automoveis/>.
1
Valores em mg/Nm3, exceto CO em ppm/Nm3, e dioxina e furano em ng/Nm3.
2
Valores em mg/L.
*Expresso em termos de sulfeto.
**Expresso em termos de benzeno.
U2 - Agentes tóxicos 77
Tóxicos nos recursos naturais
78 U2 - Agentes tóxicos
Sem medo de errar
Caro aluno,
U2 - Agentes tóxicos 79
Além destes compostos citados, há aqueles que são lançados
na atmosfera. Eles são, em maioria, os COV, devido aos diversos
solventes aplicados nas formulações dos produtos, além da
emissão de gases provindos de queima de combustíveis fósseis.
Avançando na prática
Indústria automotiva
Descrição da situação-problema
Caro aluno,
80 U2 - Agentes tóxicos
Resolução da situação-problema
Geração (kg/
Resíduos Fonte Tipologia Destinação
mês)
Cabine de
Tinta 12.600 Líquido Co-processamento
pintura
Preparação da
Solvente 40.000 Líquido Reciclagem
tinta
Preparação da Tratamento de
Óleo 20.000 Líquido
tinta efluentes
Preparação do
Pó de lixamento - Atmosférico Sem tratamento
veículo
Preparação do Tratamento de
PVC 1.330 Sólido
veículo resíduos
U2 - Agentes tóxicos 81
Faça valer a pena
82 U2 - Agentes tóxicos
3. “Os poluentes atmosféricos são geralmente classificados como primários
ou secundários. Poluentes primários são os contaminantes diretamente
emitidos pelas fontes para o ambiente, como no caso dos gases dos
automóveis (_______________, _______________ e _______________).
Já os poluentes secundários resultam de reações dos poluentes primários
com substâncias presentes na camada baixa da atmosfera e frações da
radiação solar, como, por exemplo, _______________, _______________
e _______________.” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE)
Os termos que melhor completam as sentenças, respectivamente, são:
a) CO; SO2, material particulado; O3, peróxido de hidrogênio; CO2
b) O3; peróxido de hidrogênio; aldeídos; CO2, NOx; aldeídos
c) O3, CO; NOx; CO2; hidrocarbonetos; SO2
d) CO2; SO2; material particulado; O3; CO; hidrocarbonetos
e) CO; SO2; material particulado; O3; peróxido de hidrogênio; ácido
sulfúrico
U2 - Agentes tóxicos 83
Seção 2.2
Toxicologia das plantas
Diálogo aberto
Caro aluno,
Nesta seção, iniciaremos os estudos das fontes toxicológicas
naturais: as plantas. Apesar do potencial tóxico da industrialização e
do desenvolvimento tecnológico para a saúde humana e ambiental,
outras fontes toxicológicas devem ser levadas em conta. As plantas
são grandes produtoras de toxinas para se defenderem de pragas
e predação. Entretanto, tais toxinas muitas vezes apresentam alta
toxicidade para outros organismos que não sejam alvos expostos.
Retomando o seu trabalho na empresa de consultoria, agora,
os desafios serão novos! Os trabalhadores do distrito industrial de
Barreiras não estão expostos somente às substâncias químicas
produzidas pelas indústrias, mas também às substâncias químicas
naturais. Por estarem distantes da cidade, muitas vezes, os
trabalhadores descansam em áreas de bosques e permanecem em
contato direto com as plantas locais. Há registros de dermatites e
alergias respiratórias. Durante o levantamento dos agentes tóxicos
que vocês realizaram, as informações sobre toxinas de plantas
presentes na área também são de grande importância, visto que se
trata de uma área afastada detentora de grande diversidade biológica.
Diante disso, quais informações vocês incluiriam no relatório técnico
ambiental e que recomendações vocês dariam aos trabalhadores
locais? Havendo contato com as plantas, a que sintomas eles devem
ficar atentos?
A seguir, vamos conhecer diversas plantas tóxicas e nos
familiarizar com as toxinas mais comuns no Brasil. Abordaremos as
principais plantas tóxicas, seus mecanismos de toxicidade e sintomas
de intoxicação. Contudo, vale ressaltar que existem milhares toxinas
com efeitos adversos específicos. Durante o levantamento dos
agentes tóxicos em áreas de estudo, é necessário identificar as plantas
presentes e verificar a toxicidade de cada uma delas.
84 U2 - Agentes tóxicos
Não pode faltar
Assimile
Lembre-se: a absorção de agentes tóxicos pode ocorrer por diferentes
vias de acesso: ingestão (via gastrintestinal), inalação (via pulmonar) e
topicamente (vias dérmicas, epidérmicas e/ou olhos).
U2 - Agentes tóxicos 85
serotonina e ácido fórmico. A resposta é caracterizada por dor
intensa e eritema, uma vermelhidão causada pela vasodilatação
dos capilares sanguíneos. Da mesma forma, a planta banana-
de-macaco (Philodendrom bipinnatifidum) (Figura 2.3 B) produz
resorcinóis nas folhas, caules e frutos, que são capazes de provocar
dermatites. Sua ingestão induz intensas irritações nas mucosas, e
doses elevadas provocam edemas na faringe a ponto de causar a
obstrução das vias respiratórias e morte. A hera venenosa (Rhus
radicans) (Figura 2.3 C) possui uma toxina chamada urushiol em
todas as partes da planta. Essas toxinas são compostas por catecóis
que, ao entrar em contato com a pele, são oxidados a quinonas e
reagem com as proteínas, induzindo à dermatite.
Figura 2.3 | Exemplares de (A) Urtica dioica, (B) Philodendrom bipinnatifidum e (C)
Rhus radicans
86 U2 - Agentes tóxicos
Figura 2.4 | Plantas ricas em látex: (A) copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica),
(B) chapéu-de-Napoleão (Thevetia neriifolia), (C) antúrio (Anthurium spp.), (D)
alamanda amarela (Allamanda cathartica), (E) coroa-de-cristo (Euphorbia milii),
(F) bico-de-papagaio (E. pulcherrima), (G) avelós (E. tirucalli), (H) jasmim-manga
(Plumeria rubra), (I) inhame (Alocasia spp.)
U2 - Agentes tóxicos 87
Figura 2.5 | Plantas ricas em capsaicinas: (A) pimenta caiena (Capsicum annuum) e
(B) pimenta chili (C. frutescens)
88 U2 - Agentes tóxicos
cálcio: copo-de-leite (Zantedeschia arthiopica), comigo-ninguém-
pode (Dieffenbachia picta), tinhorão (Caladium bicolor), taioba-
brava (Colocasia antiquorum) e banana-de-macaco (Philodendron
bipinatifidum) (Figura 2.7).
U2 - Agentes tóxicos 89
Fonte: <https://goo.gl/vdcSBz>; <https://goo.gl/iUKnkK>; <https://goo.gl/a4qzd3>; <https://goo.gl/MPV6rc>;
<https://goo.gl/8u1aM4>. Acesso em: 24 jun. 2017.
Figura 2.9 | Plantas ricas em alcaloides: (A) saia-branca (Datura suaveolens), (B)
saia-roxa (D. metel) e (C) lírios (Melia azedarach)
90 U2 - Agentes tóxicos
sinusoides. No Brasil, a flor-das-almas (Senecio brasiliensis) é a
planta mais conhecida pela produção de alcaloides pirrolizidínicos
(Figura 2.10).
Figura 2.10 | Flor-das-almas (Senecio brasiliensis), rica em alcaloides pirrolizidínicos
Figura 2.11 | Plantas neurotóxicas: (A) cicuta (Cicuta maculata) e (B) artemisia
(Arthemisia absinthium)
U2 - Agentes tóxicos 91
Quadro 2.3 | Plantas tóxicas representativas do Brasil
Geração (kg/
Resíduos Fonte Tipologia Destinação
mês)
• Sensibilidade
Hevea dérmica
Seringueira Látex Cascas
brasiliensis • Alergênico
dérmico
• Irritação
Capsicum
Pimentas caiena dérmica
annum Capsaicina Toda a planta
e chili • Irritação
C. frutescens
respiratória
• Irritação
Zantedeschia Oxalato gastrintestinal
Copo-de-leite Folha e caule
arthiopica de cálcio • Edemas, asfixia
e morte
• Irritação
Comigo-nin- Dieffenbachia Oxalato gastrintestinal
Toda a planta
guém-pode picta de cálcio • Edemas, asfixia
e morte
• Irritação
Ricinus
Mamona Toxalbumina Sementes gastrintestinal
communis
• Morte
• Arritmias
Nerium Glicosídeo cardíacas
Espirradeira Toda a planta
oleander cardioativo • Distúrbios
neurológicos
• Náuseas,
Chapéu-de-na- Thevetia Glicosídeo vômitos
Toda a planta
poleão peruviana cardioativo • Arritmias
cardíacas
• Taquicardia,
hipertermia
Saia-roxa e Datura metel • Dilatação das
Alcaloide Toda a planta
saia-branca D. suaveolens pupilas
• Alucinação e
morte
• Bradicardia,
hipotensão
Melia
Lírios Alcaloide Frutos e folhas • Arritmia cardíaca
azedarach
• Depressão do
SN
• Megalocitose,
Senecio Alcaloide
Flor-da-alma Folhas e flores necrose
brasiliensis pirrolizidíneo
• DVH
*Principais locais de produção. SN: sistema nervoso. DVH: Doença venoclusiva hepática.
Fonte: Brasil [s.d.].
92 U2 - Agentes tóxicos
obsoleto Reino Algae L. (1751). Atualmente, os grupos são formados
de acordo com desenvolvimento evolutivo. Por exemplo, as
cianobactérias (também chamadas de algas azuis e cianofíceas)
são organismos procariontes (sem membrana celular verdadeira)
do Reino Monera; os dinoflagelados e diatomáceas são eucariontes
primitivos do Reino Protista, e as algas verdes (clorófitas), vermelhas
(rodófitas), dentre outras, são eucariontes (com membrana celular
completa) do Reino Plantae. Duas espécies chamam a atenção
quanto à toxicidade das toxinas: cianobactérias e dinoflagelados.
Exemplificando
O controle de cianobactérias em águas de abastecimento no Brasil teve
início com a Portaria 1469, de 29 de dezembro de 2000, após a “tragédia
da hemodiálise” na cidade de Caruaru (PE) em 1996. A água captada para
o Instituto de Doenças Renais continha microcistinas de cianobactérias,
e cerca de 60 pacientes morreram após a hemodiálise com a água
contaminada. Atualmente, o valor máximo permitido de microcistina na
água é 1 µg/L, e este valor deve ser zero nas águas de abastecimento
para hemodiálise, pois a absorção via corrente sanguínea é altamente
tóxica.
U2 - Agentes tóxicos 93
fenômenos da maré vermelha. Essas toxinas provocaram a morte
de aproximadamente 50 toneladas de animais das mais diversas
espécies marinhas. Além disso, elas são conhecidas por seus
efeitos bioacumulativos em mariscos, ostras e outros crustáceos, e
por causarem efeitos tóxicos aos humanos que consumirem estes
organismos.
Reflita
Você sabe o que é o fenômeno da maré vermelha? A U.S. Integrated
Ocean Observing System® criou um método para prever e detectar
locais com florações de algas. O objetivo é proporcionar às comunidades
avisos de alertas para que todos se previnam contra contaminações e
doenças frente a este evento. Para saber mais, acesse o vídeo disponível
em: <http://oceanservice.noaa.gov/facts/redtide.html>. Acesso em: 24
jun. 2017.
Tratamento
Pesquise mais
A Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) disponibiliza um manual
de primeiros socorros em casos de acidente. Para saber mais, acesse
o manual, disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/
manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf>. Acesso em:
24 jun. 2017.
94 U2 - Agentes tóxicos
Finalizamos mais uma etapa desta jornada, na qual você se
familiarizou com agentes tóxicos originários de fontes naturais:
plantas. Na próxima seção, vamos abordar as toxinas de animais
peçonhentos, portanto, prepare-se e comece a examinar os
animais ao seu redor, de grandes a pequenos organismos. Você
verá que existem milhares deles distribuídos por todo o mundo e,
portanto, devemos ficar atentos às suas toxinas.
Caro aluno,
U2 - Agentes tóxicos 95
os primeiros socorros variam de acordo com a toxina: em alguns
casos, não é aconselhável provocar o vômito, e sim a ingestão de
água. Seja cuidadoso!
Avançando na prática
Toxinas em condomínios
Descrição da situação-problema
Caro aluno,
96 U2 - Agentes tóxicos
Resolução da situação-problema
Quadro 2.4 | Plantas tóxicas presentes no condomínio Vista Alegre (Goiás, GO)
Geração (kg/
Resíduos Fonte Tipologia Destinação
mês)
• Irritação
gastrintestinal
Comigo- Dieffenbachia
Oxalato de cálcio Toda a planta • Edemas
ninguém-pode picta
• Asfixia
• Morte
U2 - Agentes tóxicos 97
2. De acordo com as toxinas produzidas pelas plantas, os efeitos tóxicos
gerados no corpo humano podem ser extremamente perigosos.
Assinale a alternativa correta quanto ao nome popular da planta que, após
a ingestão, tem suas toxinas biotransformadas, gerando compostos que
podem levar à megalocitose.
a) Comigo-ninguém-pode.
b) Mamona.
c) Copo-de-leite.
d) Saia-branca.
e) Flor-da-alma.
98 U2 - Agentes tóxicos
Seção 2.3
Toxicologia dos animais
Diálogo aberto
Caro aluno,
Como vimos na seção anterior, os agentes tóxicos podem ser
produzidos por plantas tóxicas, e nesta seção daremos continuidade
aos estudos: animais peçonhentos. Existem dados epidemiológicos
de casos de acidentes por animais peçonhentos em todo o território
brasileiro, dentre eles escorpiões, serpentes, abelhas, aranhas, entre
outros. Devido ao desmatamento de grandes áreas e à urbanização
rápida e desenfreada, esses animais também se adaptaram a
ambientes em áreas urbanas, e passaram a habitar prédios residenciais
e comerciais.
Retomando o seu trabalho na empresa de consultoria, você e
seus colegas consultores darão continuidade aos desafios das fontes
toxicológicas naturais. Você se lembra de que os trabalhadores
do distrito industrial de Barreiras não estão expostos somente às
substâncias químicas produzidas pelas indústrias, mas também
a substâncias químicas naturais? Além dos registros de casos de
dermatites e alergias respiratórias devido ao contato com as plantas
locais, também foram registrados casos de trabalhadores intoxicados
por toxinas de animais, tais como picadas de aranha e abelhas. Por
se tratar de um local afastado da cidade e com grande diversidade
biológica, quais recomendações você e seus colegas incluiriam no
relatório técnico ambiental? Que sintomas indicam intoxicações por
toxinas animais? Os tratamentos devem ser iniciados imediatamente
ou é recomendado aguardar até que uma ambulância e/ou resgate
chegue ao local?
Para ajudá-lo, a seguir, conheceremos algumas das espécies de
animais peçonhentos mais relevantes para a saúde pública no Brasil,
e entenderemos sobre suas toxinas e seus efeitos adversos. Contudo,
é importante lembrar que, assim como existem milhares toxinas com
efeitos adversos específicos para plantas, a mesma regra vale para
toxinas de animais. Em geral, as toxinas de animais são misturas muito
complexas, e seus efeitos tóxicos podem variar.
Vamos lá?
U2 - Agentes tóxicos 99
Não pode faltar
Assimile
Atenção! Existem muitos gêneros que apresentam espécies peçonhentas
e não peçonhentas. Portanto, não é correto generalizar, por exemplo,
que todas as espécies de serpentes são peçonhentas. Muitas delas
não possuem o aparelho inoculador das toxinas, portanto são não
peçonhentas.
Reflita
Você sabe por que as abelhas atacam em enxames? Ao injetar toxinas
em um indivíduo, as primeiras abelhas liberam um feromônio para que
outras abelhas ataquem o mesmo alvo.
Figura 2.18 | Peixes peçonhentos: arraia (Potamotrygon sp.) (A), bagre (Cathorops
sp.) (B), peixe-escorpião (Scorpaena sp.) (C), niquim (Thalassophryne nattereri) (D)
Fonte: <http://imunorregulacaoibu.com.br/7-pesquisa/22-peixes-peconhentos/50-peixes-peconhentos>.
Acesso em: 24 jun. 2017.
Pesquise mais
Existem espécies de peixes venenosos, com toxinas na pele, músculos,
vísceras e/ou gônadas, cuja ingestão causa intoxicações. Ao contrário das
toxinas de peixes peçonhentos, estas não são termossensíveis, portanto
não são destruídas pelo calor. Para saber mais, acesse a apresentação
O fascinante mundo dos peixes peçonhentos e venenosos, de Gervaz
(2014),Disponível em: <https://prezi.com/xojipqw18vx5/o-fascinante-
mundo-dos-peixes-peconhentos-e-venenosos/> Acesso em: 24 jun.
2017.
Caro aluno,
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Caro aluno,
Resolução da situação-problema
AMERICAN CHEMICAL SOCIETY (ACS). CAS Assigns the 100 Millionth CAS Registry
Number® to a Substance Designed to Treat Acute Myeloid Leukemia. 2015. Disponível
em: <http://www.cas.org/news/media-releases/100-millionth-substance>. Acesso em:
24 jun. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Intoxicações por Plantas Tóxicas. Disponível em: <http://
www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/plantas/Intoxicacoes_por_
Plantas_Toxicas.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2017.
BROOKE, D.; RIBEIRO, D.; RODRIGUES, L.; CAMPOS, M.; MENDES, R. Algas e seus
impactos em sistemas de tratamento de águas para abastecimento: estudo de caso
sistema Guarapiranga. Microbiologia Aplicada a Operações e Processos de Engenharia
Sanitária e Ambiental. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária,
Universidade de São Paulo. p. 9, 2008.
KLAASSEN, C. D.; AMDUR, M. O.; DOULL, J. Casarett and Doull's toxicology: the basic
science of poisons. New York: McGraw-Hill, 1996, 5. ed. 1111 p.
SOR, J. L et al. Relatório piloto com aplicação da metodologia IPPS ao Estado do Rio
de Janeiro: uma estimativa do potencial de poluição industrial do ar. Rio de Janeiro:
IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 2008.
U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA) (2002) User’s Guide to MOBILE 6.0
–Mobile Source Emission Factor Model. EPA 420-R-02-001.
Tipos de toxicologia
Convite ao estudo
Caro aluno,
Diálogo aberto
Caro aluno,
Nesta seção nós iniciaremos nossos estudos sobre a toxicidade
dos metais, abordando as principais fontes de emissão industrial e
suas características toxicológicas. Você sabia que nós precisamos
de alguns metais para funções vitais do nosso organismo? Todavia, a
dose dos metais dita a indução de seus benefícios ou de seus efeitos
tóxicos.
Para começar esta nova fase, você e seus colegas consultores
terão um novo desafio: foram solicitados para levantar informações
sobre a contaminação do solo local pela Indústria de Fertilizantes
e Agrotóxicos. Esta indústria era a maior poluidora do Rio Grande,
mas após ser notificada pelo INEMA (Instituto de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos da Bahia), começou o tratamento correto de seus
efluentes. Entretanto, o prefeito recebeu uma denúncia anônima
sobre o descarte de resíduos de fertilizantes químicos no solo.
Imediatamente, ele ligou à sua equipe de consultores para contar o
caso. De acordo com as informações coletadas (Quadro 3.1), esta
indústria lança efluentes líquidos em solo sem revestimento.
Cadmio 0,7 3
Chumbo 56 150
Mercúrio 0,09 1
Níquel 18 70
Assimile
Apesar de os seres vivos necessitarem de pequenas quantidades de
alguns metais para a realização de funções vitais, níveis excessivos
podem ser extremamente tóxicos. Já os metais não essenciais não
possuem nenhuma função para os organismos e a sua acumulação
provoca doenças graves.
Letal
A B
Concentração Concentração
Exemplificando
As crianças são as mais vulneráveis aos efeitos tóxicos do Pb. Elas estão
expostas no útero devido à capacidade do Pb de atravessar a placenta e
de estar presente na amamentação com leite materno. Elas também se
expõem ao levarem à boca a mão suja com poeira ou tinta contendo
Pb. O intestino de crianças também absorve o Pb mais rápido do que o
de adultos. Além disso, o sistema nervoso é mais sensível e a sua taxa de
respiração é mais elevada, aumentando a exposição. Os efeitos tóxicos
induzem déficits cognitivos de aprendizagem e memória.
Pesquise mais
Nesta seção aprendemos sobre os metais e sua capacidade de produzir
efeitos tóxicos a organismos expostos, e conhecemos a utilização
dos principais metais. Para finalizarmos, que tal aprofundar mais os
Avançando na prática
Derramamento de chumbo
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Diálogo aberto
Caro aluno,
Nesta seção nós daremos continuidade aos estudos sobre os
agentes tóxicos com um novo tema: os hidrocarbonetos. Você sabe
o quanto está exposto aos hidrocarbonetos no seu dia a dia? Qual a
importância deles para a sociedade?
Os hidrocarbonetos estão distribuídos por todo o mundo! Eles
estão presentes no ar, em tintas, plásticos, esmaltes, combustíveis etc.,
e são considerados poluentes globais. Existem milhares de fontes de
hidrocarbonetos, e é impossível viver um dia sem estar exposto a eles.
Para dar início aos estudos, vamos retomar o trabalho na empresa
de consultoria? Lembra-se que você e seus colegas consultores estão
avaliando uma Indústria de Fertilizantes e Agrotóxicos no município de
Barreiras (BA). Devido aos problemas que esta indústria vem causando
ao ambiente, o prefeito pediu a vocês para analisarem os resíduos
produzidos durante a fabricação dos agrotóxicos em busca de novas
irregularidades. Durante o processo da produção industrial, vocês
observaram o uso de alguns solventes orgânicos, como o xileno e
o tolueno na produção dos agrotóxicos, e o tricloroetileno e hexano
para limpeza das maquinarias. Sabendo disso e ainda preocupado com
as questões ambientais, o prefeito questionou como os funcionários
são expostos aos solventes orgânicos. Eles devem se preocupar com
a exposição diária? Quais são as principais vias de exposição a estes
solventes? Qual a toxicidade que estes compostos possuem?
Para que você consiga resolver os problemas levantados pelo
prefeito, a seguir abordaremos os principais hidrocarbonetos e
solventes para a toxicologia ambiental. Que tal aprender sobre os
diferentes tipos de hidrocarbonetos e a aplicação industrial que
possuem? Você entenderá a importância das propriedades físico-
químicas destes compostos e a sua relação com a toxicidade. Vamos
lá?
Assimile
As propriedades físico-químicas dos hidrocarbonetos são essenciais
no estudo da toxicologia de cada composto. Os efeitos tóxicos variam
conforme o tipo de cadeia e tamanho da molécula, além da presença
de ligações covalentes simples, duplas ou triplas. A presença de
heteroátomos, como cloro, enxofre nitrogênio, oxigênio, dentre outros,
também altera a toxicidade.
Benzeno 1,2
Etilbenzeno 0,84
Clorofórmio 1,0
Tricloroeteno 1,0
Tolueno 1,2
Xileno 1,6
Caro aluno,
Agora voltaremos ao trabalho na empresa de consultoria. Lembra-
se de que o prefeito de Barreiras (BA) solicitou que você e seus colegas
consultores avaliassem a fábrica de fertilizantes e agrotóxicos? Esta
fábrica utiliza alguns solventes orgânicos, como o xileno e o tolueno
na produção dos agrotóxicos, além do tricloroetileno e do hexano
para limpeza das maquinarias. Decorrente disso, o prefeito incluiu a
análise dos solventes no relatório técnico. Algumas questões foram
levantadas: como os trabalhadores são expostos aos solventes? Que
toxicidade esses compostos possuem? Os trabalhadores devem se
preocupar com a exposição diária?
É importante lembrar que a principal via de exposição aos
solventes é a inalatória. Devido à volatilidade dos solventes orgânicos
Avançando na prática
Postos de gasolina
Descrição da situação-problema
Caro aluno,
A preocupação com contaminações por solventes orgânicos
tem aumentado em todo o país. A seguir, leia o trecho do artigo
Contaminação do subsolo por hidrocarbonetos do petróleo,
extraído da revista Ciências Exatas e Tecnológicas:
Resolução da situação-problema
Antes de iniciar os processos de remediação do local
contaminado com gasolina, é necessário que você sugira um
estudo detalhado da área para identificar os produtos presentes
no solo e compreender os danos causados, que podem ir além
de impactos locais. Por exemplo, além da saturação do solo local
com os BTEX adsorvidos às partículas, os solventes podem atingir
as águas subterrâneas, uma das principais preocupações quando
os aquíferos são utilizados para o abastecimento de consumo
humano. Verifique o índice pluviométrico do local, uma vez que
Diálogo aberto
Caro aluno,
Nesta seção nós abordaremos a classe dos agrotóxicos,
substâncias com elevada aplicabilidade em agriculturas e jardins,
em áreas urbanas, na saúde pública, dentre outras utilidades. Desde
2008, o Brasil ocupa a posição de maior consumidor de agrotóxicos
do mundo (ANVISA, 2012), o que vem ao encontro da preocupação
crescente relativa aos seus potenciais riscos à saúde humana e
ambiental.
Para finalizarmos mais esta etapa do seu trabalho na empresa
de consultoria, lembra-se da fábrica de fertilizantes e agrotóxicos na
área de estudo em Barreiras (BA)? O prefeito da cidade solicitou que
você e seus colegas consultores analisassem o herbicida à base de
glifosato, encontrado em amostras de água e solo locais. Sabe-se que
o glifosato atua sobre uma enzima produzida apenas pelas plantas,
e não por animais, o que o torna altamente eficiente e, por isso, é
comercializado em mais de 160 países. Entretanto, diversas notícias
têm relacionado este composto a problemas para a saúde ambiental e
humana. Como explicar ao prefeito essas informações contraditórias?
Pode-se afirmar que as populações da área em estudo expostas a
este herbicida estão livres de efeitos adversos? Quais recomendações
que poderiam ser sugeridas à indústria para que sejam diminuídos os
riscos de contaminação?
Estas e outras questões sobre os agrotóxicos serão discutidas
nesta seção. Você entenderá os conceitos e os principais usos dos
agrotóxicos, e quais os riscos que eles trazem à saúde das populações
expostas, bem como as medidas legais para garantir a segurança
alimentar no Brasil. Vamos lá?
Assimile
Outro termo bastante utilizado para se referir aos agrotóxicos é o
praguicida, devido à denominação de “pragas” aos seres vivos nocivos,
tais como insetos, larvas, fungos, carrapatos e algumas vegetações,
como as ervas daninhas.
500
400
300
200
100
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: <http://ibama.gov.br/phocadownload/qualidadeambiental/relatorios/2014/grafico_historico_
comercializacao_2000_2014.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2017.
Agrotóxicos
Piretroides Fumigantes
Molusquicidas
Exemplificando
O DDT é um inseticida clássico do grupo dos organoclorados. Ele
foi descoberto em 1939 pelo suíço Paul Müller, o que lhe rendeu o
Prêmio Nobel de Medicina pelo combate à malária, e teve seu auge
na década de 1940 com sua aplicação na agricultura. Em 1962, com o
lançamento do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson, iniciou-se
uma preocupação contra o uso do DDT e, na década de 1970, ele foi
banido de vários países, tendo sido proibido no Brasil em 2009 pela Lei
nº. 11.936, de 14 de maio de 2009.
Assimile
A quantificação da enzima AChE em organismos não-alvos é uma
ferramenta importante para o monitoramento de compostos
anticolinesterásicos no ambiente.
Segurança alimentar
A Anvisa tem a competência de avaliar os agrotóxicos e suas
toxicidades. Os resultados dos estudos toxicológicos são utilizados
para estabelecer a classificação toxicológica dos produtos, e para
calcular os parâmetros de referência aguda pela dose de referência
aguda (DRA) e crônico pela ingestão diária aceitável (IDA) de cada
ingrediente ativo. A Anvisa ainda estabelece o limite máximo de
resíduos (LMR) permitido nas culturas após a aplicação do agrotóxico,
e o intervalo de segurança entre a última aplicação do agrotóxico e a
colheita ou comercialização.
Segundo análises de amostras coletadas entre 2013 e 2015 pelo
Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA)
da Anvisa, 9.680 amostras (80,3%) estavam satisfatórias quanto à
presença de resíduos de agrotóxicos, sendo que em 5.062 (42,0%) não
foram detectados resíduos e 4.618 (38,3%) estavam com os resíduos
abaixo do LMR. As 2.371 amostras consideradas insatisfatórias (19,7%)
excederam o LMR ou utilizaram um agrotóxico sem autorização para
a cultura (Figura 3.17) (ANVISA, 2016). Nestes casos, uma avaliação
específica é efetuada para comparar a exposição esperada com
Pesquise mais
Caro aluno, finalizamos esta Unidade 3 com a abordagem sobre os
agrotóxicos. Mas não se esqueça de que existem milhares de agentes
tóxicos espalhados pelo mundo! Lembra-se que estamos diariamente
expostos a estes agentes? O documentário UNSAFE: The Truth Behind
Everyday Chemicals relaciona doenças atuais, como o autismo, a
infertilidade e o câncer com as substâncias químicas a que estamos
expostos diariamente no ar que respiramos, na água que bebemos, nos
alimentos que comemos, em todos os produtos de higiene e cuidados
pessoais, nos móveis, nos brinquedos, nos produtos de agricultura e
jardinagem. Assista ao vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=4VAUh9QtjDE>. Acesso em: 2 ago. 2017.
Caro aluno,
Nesta seção você se familiarizou com os efeitos tóxicos induzidos
pelos agrotóxicos. Vamos retomar o seu trabalho na empresa de
consultoria? Lembra-se de que o prefeito de Barreiras (BA) solicitou
Embalagens de agrotóxicos
Descrição da situação-problema
Em 2009, o Brasil registrou 11.484 casos de intoxicação por
agrotóxicos, sendo que 2.812 foram por uso doméstico e 5.204
por uso agrícola, e os demais por produtos veterinários e raticidas
(SINITOX, 2009). Levando em conta estes números alarmantes,
um empreendedor da cidade de Porto Nacional (TO) solicitou a
uma empresa de consultoria que analisasse as principais fontes
de contaminação ambiental pelos agrotóxicos. Você, como
consultor ambiental da empresa, fez um levantamento do destino
das embalagens vazias de agrotóxicos, e verificou que muitos
fabricantes não estavam cumprindo a logística reversa, na qual
as embalagens vazias devem ser retornadas até o fabricante (Lei
12.305/2010). Foram encontradas diversas embalagens em um
terreno baldio, sobre o solo sem revestimento. O empreendedor
que o contratou questionou se as águas subterrâneas poderiam
ter sido contaminadas, pois abastecem a cidade e seriam uma
grande fonte de intoxicação por agrotóxicos, e também perguntou
por quanto tempo aquele solo estaria contaminado. Que
procedimentos você deve realizar para esclarecer as dúvidas do
empreendedor?
Resolução da situação-problema
A contaminação de águas subterrâneas pela lixiviação de
agrotóxicos presentes no solo depende das características do
produto em questão. Por exemplo, os organoclorados são
lipossolúveis, o que facilita a adsorção ao solo e diminui a lixiviação
para as águas subterrâneas. Todavia, eles possuem alta estabilidade
e baixa biodegradação, tornando-os muito persistentes no
ambiente. Eventuais episódios naturais, como erosão e chuvas
fortes etc., ou outras atividades antrópicas no local, poderiam
facilitar a redistribuição dos organoclorados. Portanto, deve-
se realizar análises do solo local para verificar quais produtos o
contaminaram e quais são as características físico-químicas de
cada produto, com o propósito de analisar a persistência dos
agrotóxicos no ambiente e sua movimentação nos diferentes
compartimentos ambientais.
a) Somente I.
b) Somente I e II.
c) Somente II.
d) Somente II e III.
e) I, II e III.
______. Lei Federal nº. 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a
experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento,
a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o
destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção
e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htm>. Acesso em: 2.
ago. 2017.
______. Lei Federal nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.
htm>. Acesso em: 2 ago. 2017.
CRESSEY, D. A. Widely used herbicide linked to câncer. Nature News: Explainer. Disponível
em: <https://www.nature.com/news/widely-used-herbicide-linked-tocancer-1.17181>.
Acesso em: 2 ago. 2017.
KLAASSEN, C. D.; AMDUR, M. O.; DOULL, J. Casarett and Doull's Toxicology: the basic
Science of poisons. New York: McGraw-Hill, 1996, 5. ed. 1111 p.
LIMA, V. F.; MERÇON, F. Metais Pesados no Ensino de Química. Química Nova na Escola,
v. 37, n. 4, 2011.
LINK TV. Earth Focus Episode 59 - UNSAFE: The Truth Behind Everyday Chemicals.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4VAUh9QtjDE>. Acesso em: 26
set. 2017. (Vídeo do Youtube)
Indicadores e consequências
da toxicologia
Convite ao estudo
Caro aluno,
Vamos lá?
Seção 4.1
Segurança química
Diálogo aberto
A evolução na produção de substâncias químicas na sociedade
moderna implica na utilização de milhões de substâncias, de origem
natural ou antropogênica, com projeções de que aumentem
exponencialmente ao longo dos anos. Desta forma, a segurança
química tornou-se um conceito global, desenvolvido para assegurar a
proteção da saúde humana e ambiental frente aos riscos decorrentes
das atividades compreendidas no ciclo de vida.
Agora iremos retomar o seu trabalho na empresa de consultoria!
Lembra-se que você e seus colegas de trabalho auxiliaram o prefeito
de Barreiras (BA) a analisar algumas irregularidades da Indústria
de fertilizantes e agrotóxicos? Preocupado com a preservação
do cerrado do local e com a saúde pública da cidade, o prefeito
pretende solicitar com urgência que as indústrias locais se adequem
às legislações ambientais.
Nesta nova etapa da jornada, o prefeito solicitou a você e aos
demais consultores uma avaliação de risco de diversos produtos
químicos, para prevenir ou controlar os problemas ambientais
causados pelas indústrias do local. Ele desconfia que as indústrias
não estejam seguindo as recomendações contidas nos rótulos e nas
fichas de informações de segurança dos produtos químicos (FISPQ)
utilizados. Será que é possível investigar o risco se as recomendações
não são seguidas? Caso seja impossível prevenir uma substância
química de poluir o ambiente, é necessário bani-la?
Para que você possa concluir esta nova tarefa, nesta seção nós
iremos abordar os conceitos de segurança química, incluindo a
classificação de perigos, rotulagem e fichas de dados de segurança,
além de como realizar uma análise de risco com suas etapas de
avaliação, gerenciamento e comunicação de risco. Ao final, você
também entenderá como funciona a segurança química nacional.
Prepare-se e vamos lá!
Pesquise mais
A análise de risco também pode ser aplicada em atividades industriais
para a determinação do risco ocupacional. Para saber mais, acesse
a Norma Técnica P4.261/2011 da CETESB: Risco de Acidente de
Origem Tecnológica - Método para decisão e termos de referência.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/
sites/11/2013/11/P4261-revisada.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2017.
Figura 4.3 | Curva dose-resposta e estimativa dos valores de RfD, CL50, CENO e
CEO a partir de experimentos de mortalidade em testes in vitro ou em animais em
laboratório
CENO
RfD ou IDA =
FS1 ⋅ FS 2 ⋅ …⋅ FS n
Grupo Classificação
Grupo 1 Carcinogênico
Grupo 2A Provavelmente carcinogênico
Grupo 2B Possivelmente carcinogênico
Grupo 3 Não classificado
Grupo 4 Provavelmente não carcinogênico
Assimile
Exemplificando
O caso de surtos de botulismo no Brasil pela toxina botulínica presente em
palmitos teve a comunicação do risco iniciada logo após a identificação
do perigo. Ao confirmar o surto, os consumidores foram comunicados
em avisos nos rótulos dos produtos para ferverem os palmitos por 15
minutos antes do consumo, o que evitou que o surto aumentasse ainda
mais. Enquanto isso, análises foram realizadas para caracterizar o risco,
e o gerenciamento implementou novas legislações para a indústria de
palmitos.
Reflita
Chegamos ao fim de mais uma etapa! A análise de risco e segurança
química são fundamentais para proteger a saúde humana e ambiental,
mas você sabe como os órgãos regulamentadores atingem os resultados
finais dessas análises? Que espécies são utilizadas para realizar os testes
em animais em meio ao movimento mundial contra o uso de animais
em experimentação?
Na próxima seção iremos esclarecer essas dúvidas e muito mais para
você.
Bons estudos e nos vemos lá!
Caro aluno,
Agora que você compreendeu como a segurança química e a
análise de risco é realizada, vamos retomar o seu trabalho na empresa
de consultoria? Lembre-se de que o prefeito solicitou a você e aos
demais consultores uma avaliação de risco de diversos produtos
químicos, para prevenir ou controlar os problemas ambientais
causados pelas indústrias de Barreiras (BA). Ele desconfia que as
indústrias não estão seguindo à risca as recomendações contidas nos
rótulos e FISPQs dos produtos químicos. Será que é possível investigar
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
A análise de risco é uma ferramenta que pode complementar
o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Enquanto o EIA estuda a
viabilidade ambiental de um empreendimento por meio de análises
dos possíveis impactos associados à sua atividade antrópica, a
análise de risco quantifica os riscos das atividades. Partindo desta
informação, você foi contratado por um instituto municipal para
auxiliar na análise de risco das substâncias químicas de uma
empresa petrolífera que busca a renovação de seu licenciamento
ambiental. Ela atua na área dos gasodutos, na qual se transporta o
gás natural, essencialmente constituído de metano, etano propano
e hidrocarbonetos, por três cidades localizadas em uma região do
interior de São Paulo.
Que fatores devem ser levados em conta nesta análise de risco?
Assimile
A determinação periódica das concentrações de poluentes em diferentes
compartimentos ambientais é chamada de monitoramento ambiental.
Exemplificando
Os organismos devem ser selecionados de acordo com os objetivos do
monitoramento. Por exemplo, em um ambiente aquático, os organismos
sésseis (fixos) são indicados para monitorar o grau de poluição do local,
enquanto organismos planctônicos ou bentônicos são indicados para
monitorar o impacto dos poluentes. Já no compartimento terrestre,
as epífitas (orquídeas e bromélias) são indicadas para monitorar o grau
de poluição, enquanto que ovos e penas de aves são indicados para
monitorar a cadeia trófica.
Assimile
Você conhece o princípio dos 3Rs? Reduction, Refinement e
Replacement representam os 3Rs a serem seguidos nesta ordem durante
a utilização de animais em experimentação para melhorar a condução
ética de bem-estar animal. Reduction reflete o uso de menos animais
sem prejudicar os resultados, Refinement promove a minimização do
estresse ou sofrimento animal e Replacement estabelece o uso de
métodos alternativos sem a utilização de animais vertebrados.
Reflita
Segundo a Diretriz Europeia 2010/63/EU sobre a proteção dos animais
utilizados para fins científicos, as fases de vida iniciais dos animais não
são definidas como protegidas. Desta forma, o teste em embriões de
zebrafish (até quatro dias de vida) é considerado um método alternativo
Pesquise mais
Os resultados de todas as análises ecotoxicológicas servem de subsídios
para o gerenciamento dos riscos que os poluentes representam aos
diferentes compartimentos ambientais, uma ferramenta complementar
em estudos de impactos ambientais. E para finalizar mais uma etapa
dessa nossa jornada, que tal avançar um pouco mais? O texto A
toxicidade em ambientes aquáticos: discussão e métodos de avaliação
traz informações detalhadas sobre os processos de avaliação de
toxicidade. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v31n7/v31n7a38.
pdf>. Acesso em: 30 ago. 2017.
Biomonitoramento ambiental
Descrição da situação-problema
Caro aluno, agora você foi contratado para auxiliar em um
biomonitoramento ambiental. Ele será realizado em um trecho
do Rio São Francisco. Devido ao desenvolvimento industrial
dos últimos anos nas bacias hidrográficas na região Nordeste,
o avanço da poluição tornou-se um assunto preocupante. Para
prevenir impactos ambientais causados por indústrias ou diminuir
os que já ocorreram, o governador do estado solicitou um
biomonitoramento ambiental do trecho, esperando descobrir o
estado da saúde da biota local.
Como coordenador do projeto, você orientará a sua
equipe durante o trabalho. Uma reunião será realizada para
estabelecer as etapas do projeto que possibilitem ao final do
estudo o desenvolvimento de estratégias preventivas e medidas
mitigadoras de prováveis impactos. Quais etapas você sugeriria aos
organizadores do projeto para realizar o biomonitoramento?
Resolução da situação-problema
Na reunião descrita, você poderia sugerir as seguintes etapas
ao projeto:
- Identificar o trecho em estudo, seus fatores ambientais e as
fontes de poluição do local.
- Coletar amostras ambientais para identificação e quantificação
dos agentes tóxicos.
- Identificar a biota local e coletar amostras que reflitam o grau da
poluição na cadeia trófica.
- Realizar testes ecotoxicológicos em amostras ambientais para
avaliar a toxicidade.
Oriente sua equipe para o fato de que a escolha dos pontos de
amostragem e da frequência de coletas deve ser estabelecida de
acordo com o compartimento ambiental escolhido. Uma ótima
sugestão para analisar o perfil dos poluentes no trecho seria a
Diálogo aberto
Caro aluno,
Estamos chegando ao final da nossa jornada sobre toxicologia
ambiental! Nesta seção, você complementará seus conhecimentos
com diversos casos de acidentes ambientais ocorridos em todo o
mundo. Será que os avanços tecnológicos são suficientes para evitar
acidentes com substâncias químicas perigosas? E quem são os
maiores prejudicados com esses acidentes?
Agora, vamos dar continuidade à empresa de consultoria? Nesta
última etapa da consultoria ambiental, o prefeito solicitou a você e seus
colegas consultores a detecção dos reais problemas toxicológicos
gerados pelas indústrias do Distrito Industrial de Barreiras (BA). Essas
informações serão divulgadas para a comunidade local e utilizadas
em programas de educação ambiental.
Vendo que a resposta de vocês irá influenciar diretamente na
tomada de decisão do prefeito, vocês resolvem finalizar a avaliação
de risco para detectar os possíveis problemas toxicológicos do local.
Com os resultados dos testes ecotoxicológicos em mãos (Quadro
4.5), vocês precisarão advertir o prefeito sobre os possíveis riscos. Mas
algumas dúvidas ainda restam: existem populações mais ou menos
vulneráveis aos agentes tóxicos presentes na área? Quem priorizar no
programa de educação ambiental?
- Valores não determinados. 1 Valores em mg/L. 2 Valores em mg/kg. 3 Valores em µg/m3/h (NOx, CO, O3) e µg/m3/d
(SOx, MP). 3 Concentração encontrada no ambiente conforme apresentado em seções anteriores. 4 Valores fictícios.
Fonte: elaborado pela autora.
Reflita
Você já imaginou quantas substâncias químicas existem no mundo todo?
De acordo com a American Chemical Society (ACS), uma organização
norte-americana de substâncias, existem mais de 130 milhões de
substâncias químicas orgânicas e inorgânicas registradas apenas em sua
base de dados desde o ano de 1800 até os dias atuais. Diariamente, são
acrescentadas cerca de 15.000 novas substâncias, mas apenas 348.000
são regularizadas para comércio (ACS, 2017).
Assimile
De acordo com o levantamento do Ministério do Meio Ambiente,
o petróleo se destaca como um dos principais agentes químicos
envolvidos em acidentes com produtos químicos perigosos no Brasil,
sendo responsável por grandes impactos ambientais, muitas vezes em
escalas imensuráveis.
Pesquise mais
Os acidentes ambientais com substâncias químicas perigosas também
incluem aqueles “pequenos” casos em indústrias, hospitais, residências e
laboratórios, que são relacionados ao ambiente em que a população fica
sujeita a gases, vapores, líquidos e sólidos tóxicos, entre outras inúmeras
situações que podem gerar danos à saúde humana. No trabalho
Acidentes do trabalho com substâncias químicas entre os trabalhadores
de enfermagem, por exemplo, foram analisados os acidentes de trabalho
ocorridos com substâncias químicas, notificados e registrados, com
trabalhadores de enfermagem de um hospital público universitário. Para
saber mais, acesse o material disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
reben/v57n3/a02v57n3.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2017.
Exemplificando
Em 2002, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério da Saúde
solicitaram a avaliação de risco de diversos contaminantes presentes
no local da empresa Shell, em Paulínia, SP (1977-1995), posteriormente
ocupada pelas empresas Cyanamid e Basf. Após a análise de
aproximadamente 30 mil laudas referentes à exposição humana
e à contaminação ambiental, concluiu-se que a avaliação de risco
realizada pela contratante Shell, em 1995, não atendia às necessidades
metodológicas seguidas pelos órgãos ambientais, em pois eles
atestavam que não havia riscos para a saúde humana. A amostragem
de solo superficial, por exemplo, foi realizada apenas a um metro de
profundidade. Devido à baixa mobilidade vertical dos compostos
químicos, a amostragem deveria ter sido realizada a oito centímetros
de profundidade. Com o atraso na correta análise dos riscos, as
indenizações aos ex-trabalhadores foram realizadas apenas em 2013
(SILVA et al., 2005).
Caro aluno,
Nesta seção, você se familiarizou com diversos casos de
acidentes ambientais, tanto em âmbito nacional quanto internacional.
Aprendemos aqui que os acidentes não estão restritos aos países em
desenvolvimento e, mesmo com o avanço da tecnologia, as falhas
humanas, incluindo as negligências e a falta de manutenção, são as
principais responsáveis pelos acidentes.
Após você analisar diversos casos de acidentes ambientais com
substâncias químicas perigosas, é possível concluir que os danos
à saúde humana e ambiental poderiam ser evitados ou mitigados
com uma análise de risco rigorosa. Agora, voltaremos à empresa
de consultoria! Com os resultados dos testes ecotoxicológicos
em mãos, você e seus colegas consultores resolveram finalizar a
avaliação de risco para entregar ao prefeito de Barreiras (BA). Mas
algumas dúvidas ainda restavam ao prefeito: quais populações são
as mais expostas? Quem deve ser priorizado em um programa de
emergência ambiental?
As dúvidas do prefeito serão sanadas quando você e sua equipe
finalizar a avaliação de risco, verificando possíveis populações expostas
e orientando-o com relação ao gerenciamento de risco. Para isso,
vocês precisarão verificar o risco que os poluentes encontrados na área
oferecem ao ambiente. Simule a análise simplificada do Quociente de
Risco (QR) e utilize os dados dos agentes tóxicos levantados até aqui,
assim como os dados de CE50 obtidos nos testes ecotoxicológicos.
Depois, classifique o nível do risco. Ao final da avaliação, destaque as
populações mais vulneráveis da área estudada e peça para o prefeito
priorizá-las durante o gerenciamento e a comunicação do risco. Siga
as instruções a seguir. Use sua criatividade e mãos à obra!
1. Introdução: enfatize a importância da avaliação de risco.
2. Caracterização do local: adicione informações da localização,
área, geografia, população etc.
3. Identificação dos agentes tóxicos: inclua a identificação dos
poluentes dos recursos hídricos, da atmosfera e do solo com os
respectivos perigos. Estruture o conteúdo em forma de tabelas.
4. Identificação da flora e fauna: inclua a identificação da flora e
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Caro aluno, nesta seção vimos que os acidentes ambientais não
ocorrem somente em grandes escalas. Pequenos acidentes também
são capazes de induzir danos irreversíveis, dependendo da toxicidade
da substância química e da via de exposição. Agora, imagine que
você foi contratado para auxiliar em uma análise de risco. O caso
é de um laboratório de análises químicas localizado no interior de
São Paulo. Devido ao clima quente e seco, solventes orgânicos que
foram armazenados em galões em uma área descoberta começaram
a evaporar e causar um cheiro forte nos arredores do laboratório.
Para a etapa de avaliação de risco, que análises você sugeriria
que fossem realizadas? Se verificados os níveis elevados de
hidrocarbonetos no ambiente, que recomendações você daria ao
responsável pelo laboratório?
Resolução da situação-problema
Considerando que solventes orgânicos possuem elevada
volatilidade e estão armazenados de forma inadequada em uma área
não coberta, você poderia caracterizar este risco e sugerir análises de
REDAÇÃO TERRA. China: poluição deixa água de lago fluorescente. Terra, 2007.
Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI1988823-EI10496,00-
China+poluicao+deixa+agua+de+lago+fluorescente.html>. Acesso em: 31 ago. 2017.
SILVA, A. P.; SILVA, A. S.; ASMUS, C. I. R. F. Avaliação das informações sobre a exposição
dos trabalhadores das empresas Shell, Cyanamid e Basf a compostos químicos –
Paulínia/SP. Relatório Final 2005. Relatório elaborado por solicitação e financiamento
do Ministério da Saúde em atendimento ao pleito da Procuradoria-Geral do Trabalho.
Disponível em: <http://www.acpo.org.br/saudeambiental/CGVAM/02_Avaliacao_de_
Risco/06_shell_basf_paulinia_sp/avaliacao_de_risco_paul%EDnia.pdf>. Acesso em: 31
ago. 2017.