Analise Dos Riscos Ambientais Relacionados As Enchentes e Deslizamentos Na Favela São José, João Pessoa - Pbjocelio - Araujo
Analise Dos Riscos Ambientais Relacionados As Enchentes e Deslizamentos Na Favela São José, João Pessoa - Pbjocelio - Araujo
Analise Dos Riscos Ambientais Relacionados As Enchentes e Deslizamentos Na Favela São José, João Pessoa - Pbjocelio - Araujo
João Pessoa/PB
Setembro de 2007
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João Pessoa/PB
Setembro de 2007
3
por
Aprovada por:
Setembro/2007
4
Dedico
5
AGRADECIMENTOS
Aos professores Dra Emília de Rodat, Dr.º Eduardo Viana, Dr.º Edson Leite, Dra
Doralice Maia com quem tive a oportunidade de trocar idéias em sala de aula e
que contribuíram para o enriquecimento teórico da pesquisa.
Aos Professores Dr.º Tarciso Cabral, Dr.º Marcelo Santos e Dra.Doralice Maia
pelo aceite em participar do exame de qualificação e tecerem seus comentários e
valiosas contribuições teórico–metodológicas a fim de melhorar o andamento da
pesquisa.
Aos geógrafos e amigos Victor Sousa, Yves de Sousa, Ismael Xavier, Ivonaldo
Medeiros, Edcarlos Mariano por me escutarem e propiciarem momentos de
descontração.
A geógrafa Elisangela Rosimere Curti Martins por ser minha mensageira, meu
muito obrigado pelo envio das obras vindas da Biblioteca da Geografia da
FFCHLA/USP
6
R E S U M O
A B S T R A C T
The focus of this research is the study of environmental risks in a slum area
located to the margins of the river Jaguaribe, in the city of João Pessoa (PB), and
it also subjects the floods risks hillslopes and landslides. In the same way, it
contemplates the structural and non–structural measures of controlling the
environmental risks executed by the current public policies, the actions and
measures developed by the population facing the risky situations and in the
critical events and finally it analyzes the cartography of the sceneries of the
favela São José that can suffer hillslope and landslides. In a first moment, a
theoretical referential is elaborated to show the process of historical formation of
the favela São José and the slumming of the city of João Pessoa (PB).
Furthermore a theoretical exhibition on environmental risks in an urban area:
spatial expression in the favela São José and in the city of João Pessoa. To reach
the proposed objective, the methodological procedures were: revision of the
bibliographical and cartographic material, reading and interpretation of aerial
photographies in scale 1:6.000 of the year of 1976, 1:8.000 of the year of 1998,
orthophotos in scale 1:2000 of the year of 2.000, plans of the favela São José in
the scale 1:5.000. To the accomplishment of the fieldwork they were used: plans
of the favela São José in the scale 1:5.000, aerial photographies and oblique
photographs of low altitude. The results point that the scenery susceptible to
provoke floods caused by the full of the river Jaguaribe in the favela São José,
face to the imminent risk is not very destructive. The floods happen with low
kinetic energy and low destructive power. On the other hand, we observed that
they reach dwellings of good and low constructive standard bass, e.g. those built
in masonry and the ones that also use wood/zinc. We observed that the "flood
culture" is present in the morphology of the houses located along the sides of the
river, and the inhabitants use constantly devices of simple protection, which
corroborates our conclusion. We consider that the risky conditions of the
hillslopes scenery as being preoccupying when we analyse the data and
presented, even if it is dangerous in the first moment we stare the scenery that
facilitates the permanence of more than 600 people, in hovel built with several
materials (it walls, masonry, wood or zinc) on the natural slopes, we did not find
presence of movement signs that indicated that the hillslope was in instability
process. On the other hand, we found a strong presence of the anthropic
influences, main cause of landslides.
S U M Á R I O
RESUMO . . . . . . . . . . 6
ABSTRACT . . . . . . . . . 7
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . 9
CAPÍTULO III - Análise dos cenários dos riscos ambientais na favela São José 79
1. Susceptibilidade à inundações . . . . . . . 80
2. Susceptibilidade a deslizamento . . . . 93
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . 108
9
Introdução
o período chuvoso abril–mail–junho não foi dos mais significativos, bem como os
registros de danos causados pelas fortes chuvas não apareceram na mídia
(Jornais escritos e Noticiários em Rádio e TV).
Para a realização do trabalho de campo foram utilizados: planta da favela
na escala de 1:5.000, fotografias aéreas e fotografias oblíquas de baixa altitude.
Com estes instrumentos realizamos no dia 14 de fevereiro de 2007 a
primeira parte do trabalho com o objetivo de verificar os danos causados pelas
chuvas, já que na capital paraibana, a precipitação da noite do dia 13 para o dia
14 foi em torno de 80 mm. Foi necessário percorrer todo o trecho da várzea do rio
Jaguaribe onde estão localizadas as moradias a fim de captarmos os danos
causados pela inundação no cotidiano dos moradores, bem como registrá–los a
partir de fotografias e escrita dos relatos de moradores sobre as perdas e danos
causados pelas chuvas. Também nesta etapa registramos até onde a lâmina d´
água chegou invadindo as casas. Na segunda parte, realizada no dia 18 de maio
de 2007, percorrendo desta vez a área da encosta, em busca de sinais de risco de
deslizamentos. Produzimos uma documentação fotográfica útil para a análise e
interpretação qualitativa das ocupações no sopé, patamares e topo da encosta. A
última fase do trabalho de campo foi realizada no dia 22 de agosto de 2007 com o
objetivo de coletar dados essenciais para a elaboração do mapa de
susceptibilidade a risco de inundação. Para este trabalho contamos com a
participação de topógrafos da Secretaria Municipal de Infra–estrutura-SEINFRA,
que realizaram o trabalho de planimetria e em seguida realizamos a marcação
dos pontos com GPS geodésico.
A elaboração do mapa de risco de deslizamento e inundação teve como base
os dados de planimetria e altimetria coletados no dia 22 de agosto do corrente
ano, digitalização em tela das ortofocartas que cobrem toda a favela São José –
folhas 91/54, 91/55, 91/64, 91/65, 91/74 – disponibilizadas pela Secretaria de
Planejamento do Município na escala 1:2.000 do ano de 2000.
Por fim, realizamos a análise e interpretação dos dados coletados, a análise
dos resultados produzidos na área de estudo e em seguida, a redação da
Dissertação.
16
Capítulo I
Atlântico
Município de João Pessoa
Divisão dos bairros
Oceano
B. do Ipês -7°05'57''
-34º49'56''
S. José
Manaíra
J. Agripino
-34° 50'49''
-7° 06'51''
Tambaú
Miramar
-34° 59'
-7° 15'
0 2 4 6 km
0 300 600 900m
renda média e alta. Os moradores mais antigos e pobres, por sua vez,
acabam por vender suas casas, quando proprietários, ou simplesmente a
abandonam, quando inquilinos, de modo que os novos serviços favorecem
aos novos moradores e não aos que já ocupavam tais áreas (BATISTA,
1984 p. 51).
Aos poucos a favela São José foi sendo conhecida pelos moradores das
redondezas que iam sendo expulsos pela questão da valorização do solo urbano,
outros vindo de outras áreas da cidade e até mesmo do interior do Estado, estes
últimos vindos das regiões semi-áridas, Borborema, Agreste e Sertão devido ao
problema da estiagem que periodicamente castiga essas regiões.
Assim, a favela São José foi sendo local de amparo para essas pessoas,
chegando carentes de emprego e de moradia. No entanto, os moradores ali já
estabelecidos apoiavam os novos ocupantes, quando se tratava de parentes e
20
.
Figura 4 – Rua da Barreira – Observamos que o padrão da rua é bastante
estreito e desprovido de infra-estrutura. Foto: Jocélio Araújo dos Santos,
fevereiro de 2007.
aterro do rio, os depósitos de lixo entre outros, (Figura 8), tudo isso para
conquistar um pedaço de chão que possibilite a construção da casa.
Cortez (1999 p. 124) realizou pesquisa direta na favela São José, visitando
1.960 domicílios, sendo que apenas 1.390 foram entrevistados. Extraiu–se desta
pesquisa somente o que foi considerado relevante para o presente estudo,
complementando com os dados obtidos desde o ano de 2004, resultantes da
vivência do autor enquanto funcionário da Secretaria de Desenvolvimento Social
que integra a Comissão Municipal de Defesa Civil.
Os moradores são de origens diversas, alguns de outros bairros ou favelas
da cidade João Pessoa, outros de áreas um pouco mais distantes, dos municípios
que compõem as mesorregiões Agreste, Borborema e Sertão, expulsos pela seca,
29
Por outro lado, a favela São José representa um recorte espacial de uma
totalidade, resultado do processo de crescimento urbano da cidade de João
Pessoa desde meados da década de 1960. Observa-se que o processo de
favelização da cidade de João Pessoa. foi se alastrando por toda a cidade,
dividindo espaço com habitações de mais alto padrão. Essas favelas se
expandiram, em sua grande maioria, nos espaços inóspitos rejeitados pela
especulação imobiliária, como os fundos dos vales e as encostas declivosas. Em
outras situações a força e resistência dos movimentos sociais conseguiram
encravar nas áreas planas dos tabuleiros costeiros.
31
Quadro 2 – Número de favelas por bairro da Cidade de João Pessoa, ano de 2000.
BAIRRO FAVELA POPULAÇÃO DOMICÍLIO
Porto do Capim 550 130
Frei Vital 370 88
Vila União I 200 50
Feira Mulungu 190 42
Vila Caiafu 180 40
VARADOURO Nassau/Praça XV de Novembro 160 36
Comunidade Nova II/ Trapiche 150 32
Sanhauá 140 30
Total das Favelas 1.940 448
Total do Bairro 481 154
Total Geral 4.121 602
Asa Branca 2.250 500
Favela do “S” 936 193
RÓGER Total das Favelas 3.186 693
Total do Bairro 7.029 1.777
Total Geral 10.215 2.470
Felipéia 205 41
Total das Favelas 205 41
TAMBIÁ
Total do Bairro 1.967 539
Total Geral 2.172 580
Santa Emília de Rodat / Cangote do
1.700 400
Urubu
Buraco da Gia 180 36
Tanque 780 156
ILHA DO BISPO
Redenção 650 125
Total das Favelas 3.520 759
Total do Bairro 4.180 1.084
Total Geral 7.700 1.843
Saturnino de Brito 2.100 500
Renascer I 1.700 400
TRINCHEIRAS Total das Favelas 3.800 900
Total do Bairro 4.965 1.343
Total Geral 8.765 2.243
Paulo Afonso II / Alta Tensão /
1.400 260
Jardim Paulo Afonso
JAGUARIBE Total das Favelas 1.400 260
Total do Bairro 12.968 3.545
Total Geral 14.368 3.805
São Geraldo 1.700 335
Paulo Afonso II 680 130
Paturi 170 38
VARJÃO
Total das Favelas 2.550 503
Total do Bairro 16.562 4.206
Total Geral 19.112 4.709
Ninho da Perua 1.700 380
Jardim Guaíba 1.600 350
Cabral Batista 1.300 270
Bola na Rede 850 190
OITIZEIRO
Independência 760 170
Total das Favelas 6.210 1.360
Total do Bairro 24.818 6.278
Total Geral 31.028 7.638
Baleado 1.600 350
Lagoa Antonio Lins 950 230
CRUZ DAS ARMAS Total das Favelas 2.550 580
Total do Bairro 23.444 5.971
Total Geral 25.994 6.551
Tito Silva/Comunidade Miramar 1.900 380
Travessa Yayá 200 40
MIRAMAR Total das Favelas 2.100 420
Total do Bairro 4.886 1.359
Total Geral 6.986 1.779
37
(Continuação)
BAIRRO FAVELA POPULAÇÃO DOMICÍLIO
Beira da Linha/ São Pedro 1.200 300
Jardim Mangueira 2.060 512
Porto de João Tota 2.500 600
Vem-Vem/Jardim Éster 880 176
Jardim Coqueiral 3.300 760
ALTO DO CÉU
Beira Molhada 1.400 300
Vila dos Teimosos 165 41
Total das Favelas 11.505 2.689
Total do Bairro 2.673 703
Total Geral 14.178 3.392
Padre Hildon Bandeira 1.450 280
Total das Favelas 1.450 280
TORRE
Total do Bairro 15.654 4.218
Total Geral 17.104 4.498
Brasília de Palha 800 190
Cafofo / Liberdade 200 40
EXPEDICIONÁRIOS Total das Favelas 1.000 230
Total do Bairro 2.384 683
Total Geral 3.384 913
Vila Tambauzinho 105 26
Total das Favelas 105 26
TAMBAUZINHO
Total do Bairro 4.361 1.120
Total Geral 4.466 1.146
Vila Japonesa 2.100 480
Riacho 950 210
João Galbino de Carvalho/Pé de
210 46
13 DE MAIO Moleque
Total das Favelas 3.260 736
Total do Bairro 4.590 1.237
Total Geral 7.850 1.973
Barreira do Cabo Branco 450 90
Total das Favelas 450 90
CABO BRANCO
Total do Bairro 4.989 1.486
Total Geral 5.439 1.576
Chatuba I 700 140
Chatuba II 250 50
Chatuba III 600 120
MANAÍRA
Total das Favelas 1.550 310
Total do Bairro 17.709 4.807
Total Geral 19.259 5.117
Boa Esperança 5.200 1.050
Jardim Bom Samaritano 3.200 600
Nova Horizonte 1.900 360
Pedra Branca 1.165 233
Paulo Afonso/Alta Tensão 1.100 210
Buraco da Gia I 980 190
CRISTO REDENTOR Riacho Doce ou CEASA 800 160
Cemitério 750 140
Abandonados 190 39
Invasão Monte das Oliveiras 370 92
Total das Favelas 15.705 3.074
Total do Bairro 21.835 6.174
Total Geral 37.540 9.248
Rua do Cano 2.400 600
Comn. Esperança 350 80
PADRE ZÉ Total das Favelas 2.750 680
Total do Bairro 4.653 1.030
Total Geral 7.403 1.710
São Rafael 1.800 345
Santa Clara 1.750 350
CASTELO BRANCO Total das Favelas 3.550 695
Total do Bairro 7.560 2.051
Total Geral 11.110 2.746
38
Continuação
BAIRRO FAVELA POPULAÇÃO DOMICÍLIO
Comunidade São Luis 245 49
Travessa Washington Luis 120 25
BESSA Total das Favelas 365 74
Total do Bairro 6.746 1.841
Total Geral 7.111 1.915
Área da Barreira 600 120
Área do Leito do rio Jaguaribe 1.300 260
BAIRRO SÃO JOSÉ Total das Favelas 1.900 380
Total do Bairro 6.023 1.679
Total Geral 7.923 2.059
Pirão D´Água ou
850 180
Vila Santa Bárbara
JARDIM CIDADE Eucalipto 700 140
UNIVERSITÁRIA Total das Favelas 1.550 320
Total do Bairro 9.558 2.868
Total Geral 11.108 3.188
Nova República 2.200 480
Citex / Boa Vista 2.700 600
JOÃO PAULO II Total das Favelas 4.900 1.080
Total do Bairro 5.012 1.322
Total Geral 9.912 2.402
Colibris II 1.000 250
Total das Favelas 1.000 250
CIDADE DOS COLIBRIS
Total do Bairro 802 209
Total Geral 1.802 459
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social- SEDES (2000).
Por outro lado, podemos observar no mapa que alguns bairros a leste da
cidade não possuem favelas por serem áreas distantes do centro da cidade com
pouquíssimos equipamentos urbanos e, que desde o inicio do século XXI, estão
sendo ocupadas por extrato de renda alta caracterizando uma nova periferia
urbana, a área de construção dos condomínios fechados. No entanto, por questões
de escala e mapeamento não conseguimos enxergar se estão ou não já ocupadas
por estratos de renda baixa, porém numa visita ao local é possível encontrar
pequenos lotes ocupados por famílias que praticam a agricultura familiar.
9219000
Oce
9216000
ano
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9213000
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9210000
9207000
9204000
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Legenda
Bairros Jardim Botânico 0 1500 3000 4500m
Favelas
Capítulo II
RISCOS AMBIENTAIS
Endógenos Exógenos
Ainda de acordo com Cerri & Amaral (op. cit), no grupo de riscos
tecnológicos, por exemplo, enquadram–se, aqueles acidentes ligados aos
vazamentos de produtos tóxicos ou contaminantes, acidentes nucleares etc. Já no
Grupo dos Riscos Naturais são observados os acidentes ligados aos fenômenos
naturais, como chuvas fortes, furacões, terremotos, movimentos de massa etc.
Finalmente, no grupo dos riscos sociais, encontram-se os problemas ligados aos
assaltos, atos terroristas, seqüestros, guerras, etc.
Sobre o risco ambiental, vale a pena ainda observar as contribuições do
geógrafo Cláudio Egler, que afirma:
· Inundações excepcionais;
· Inundações de grande magnitude;
· Inundações normais ou regulares;
· Inundações de pequena magnitude.
49
· Escorregamentos ou deslizamentos;
· Corridas de massa;
· Rastejos;
· Quedas, tombamentos e/ou rolamentos de rochas e/ou matacãos.
· Erosão laminar;
· Erosão linear, sulcos, ravinas e voçorocas;
· Subsidência do solo;
· Erosão marinha;
· Erosão fluvial, desbarrancamento de rios e fenômenos de terras
caídas;
· Soterramento por dunas.
50
As abordagens descritas por Santos são observadas na cidade, uma vez que
a repartição da população dentro da cidade reveste-se também de formas
diferentes. Por outro lado, não se pode esquecer que os espaços produzidos pelo
homem são frutos do trabalho, como descreve Santos:
possuem os mesmos meios para conter as ameaças dos riscos. Por isso, no interior
da cidade, a paisagem urbana para classes sociais distintas é diferente, como
afirma Santos:
O bairro dos ricos e da alta classe média, formando de casas isoladas ou
prédios de apartamentos contrastados com os “bidonvilles” ou favelas, é
uma constante em todas as cidades, constituindo um elemento bem
característico da paisagem urbana pela sua relativa homogeneidade,
enquanto os bairros de classe média e pobre são muito misturados. Mas,
a dosagem não é a mesma, as favelas podem-se apresentar
diferentemente, seja no seu aspecto externo, seja quando aos
equipamentos domésticos de que dispõem. (SANTOS, op. cit. p. 28).
Número no
Áreas de Risco Bairros
mapa
1 Asa Branca Roger
2 Favela do S Róger
3 Falésia do Cabo Branco Cabo Branco
4 Chatuba Manaíra
5 São José São José
6 Timbó Bancários
7 Maria de Nazaré Funcionários III
8 Novo Horizonte Cristo Redentor
9 Boa Esperança Cristo Redentor
10 Monte das Oliveiras Cristo Redentor
11 Santa Clara Castelo Branco
12 São Rafael Castelo Branco
13 Santa Emília de Rodat Ilha do Bispo
14 Citex João Paulo II
15 Porto do Capim Varadouro
16 São Judas Tadeu Alto do Mateus
17 Beira da Linha Alto do Mateus
18 Saturnino de Brito Trincheiras
19 Tito Silva Miramar
20 Filipéia Tambiá
21 Riachinho 13 de Maio
22 Jardim Mangueira Mandacaru
23 Condomínio Independência Valentina
24 Nossa Senhora das Neves Valentina
Fonte: Comissão Municipal de Defesa Civil-COMDEC (2007)
55
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Bairros Jardim Botânico 0 1500 3000 4500m
Áreas de Risco
As áreas de risco estão localizadas ao longo dos vales dos rios Jaguaribe,
Cuiá, Timbó e Sanhauá e de seus afluentes inseridos na malha urbana da cidade,
nas faixas de domínio de redes de alta tensão, em terrenos acidentados, morros e
encostas de barreiras sujeitas a deslizamentos.
Para a população de baixa–renda, o principal acesso à moradia tem sido
alcançado por intermédio da ocupação de terrenos, tanto de domínio público
quanto privado. Nesse caso, tornaram–se alvos dos ocupantes; as áreas
protegidas por lei, inadequadas à urbanização e sujeitas aos riscos ambientais, e
aquelas até então desocupadas por efeitos da especulação imobiliária. Em ambos
os casos, a falta de infra-estrutura urbana é característica marcante dessas
áreas, o que compromete severamente a qualidade de vida e a segurança social.
Os pobres são chamados de ocupantes. E os ricos? Quais adjetivos os
qualificam? Eles não necessitam ocupar terrenos públicos e/ou privados para
construírem suas casas, lojas comerciais, shopping centers, cinemas entre outros.
Possuem condições econômicas, realizam cortes nas encostas, aterram os fundos
dos vales, impermeabilizam o solo e, por estarem com mais acesso ao poder
público, conseguem que as redes de transmissão sejam prioritariamente
implantas nos locais onde constroem os empreendimentos, enfim, desenham a
“geografia” da cidade. Porém, o retorno ou resposta da natureza nem sempre é
previsto com antecedência. As áreas, em especial as de fragilidade ambiental
(encostas, fundo de vales, áreas ribeirinhas), não perdem o adjetivo de áreas de
riscos, caracterizado depois da fixação do homem sobre estas. Assevera Souza:
3. Degradação ambiental
Para reforçar estas leis surgem Constituições Estaduais, seguidas das Leis
Orgânicas dos Municípios e dos Planos Diretores.
59
A Lei 4.771, de 1965 (Código Florestal) no seu art. 2º, estabelece que:
também nas cidades onde os conflitos são mais acirrados e a luta pela
sobrevivência tem se tornado cada vez mais difícil, seja pela competitividade ou
pela falta de oportunidade” (BARROS et al, op. cit, p. 6).
4.1. As Enchentes
As cidades, não raro, nascem e crescem a partir de rios, por motivos óbvios,
quais sejam, além de poderem funcionar como canal de comunicação, os rios dão
suporte a serviços essenciais, que incluem o abastecimento de água potável e a
eliminação dos efluentes sanitários e industriais, geração de energia e o
desenvolvimento de atividades de lazer por, exemplo (ARAUJO, 2002, p. 3).
66
Não só na favela São José, mas em outras áreas da cidade de João Pessoa a
chuva intensa provoca pânico devido à presença de extensas áreas
impermeabilizadas que repercutem na capacidade de infiltração das águas no
solo, favorecendo o escoamento superficial, a concentração das enxurradas e a
ocorrência de ondas de cheias (Figura 24).
.
Figura 24 – Fevereiro de 2007, chuvas concentradas caíram sobre a
cidade nos dias 13 e 14, foram suficientes para que o rio Jaguaribe
transbordasse e a água tomasse parte da Av. Ministro José Américo de
Almeida (Beira Rio). Foto: Jocélio Araújo dos Santos, fevereiro de 2007.
68
Figura 25 – Crianças da favela São José felizes com a água que tomou
conta da viela transformando-a em espaço lúdico por algumas horas do
dia. Foto : Jocélio Araújo dos Santos, fevereiro de 2007.
A favela São José é afetada por um dos processos no qual faz referência o
autor para o ambiente urbano, com área de aproximadamente 327.492m2, é um
exemplo do caso de enchentes naturais em área ribeirinha, já que os moradores
construíram suas casas na área conhecida como leito maior do rio (Figura 26).
Não obstante, os deslizamentos são induzidos pelo mau uso e ocupação das
encostas, provocando erosões, uma vez que se criam possibilidades para fixar as
moradias e atividades econômicas no ambiente íngreme ou ondulado, gerando
futuras catástrofes ambientais. As metrópoles brasileiras convivem com
acentuada incidência de deslizamentos induzidos por cortes para implantação de
moradias e de estradas, desmatamentos, atividades de pedreiras, disposição final
do lixo e das águas servidas, com grandes danos associados (FERNANDES &
AMARAL op. cit. p. 125).
Por outro lado, acrescentamos que atividades também ligadas ao trabalho
dos moradores da favela São José contribuem para o aumento da vulnerabilidade
a deslizamentos como é o caso da construção dos criadouros de animais já no topo
da encosta, onde a vegetação é retirada, são realizados cortes com geometria
inadequada, o que favorece a sobrecarga nas encostas, acompanhado de
impermeabilização com cimento (Figura 28).
Estruturais
· Obras de contenção, drenagem, proteção superficial
· Reurbanização
· Relocação de moradias e população.
Não–estruturais
· Planejamento urbano
· Cartas geotécnicas e de risco
· Legislação
· Educação e capacitação
escoamento das águas pluviais oriundas dos bairros João Agripino, Jardim Luna
e Brisa Mar, que se localizam no topo aplainado do tabuleiro (Figura 30). No
tocante às não-estruturais a prefeitura atua somente com ações de planejamento
urbano e educação ambiental, incluídas nas metas a serem atingidas no Plano de
Contingência elaborado pela Comissão Municipal de Defesa Civil – COMDEC.
Capítulo III
1. Susceptibilidade às inundações
2. Susceptibilidade a deslizamento
Considerações finais
Referências