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Psicooncologia Na Geriatria

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PSICO ONCOLOGIA

NA GERIATRIA
ONCOGERIATRIA
• É o trabalho em conjunto do oncologista com o geriatra. O oncologista
entra com toda sua expertise em câncer, prescrever o correto tratamento, e o
geriatra com a sua experiência em cuidar do idoso como um todo. A junção
das duas especialidades chamamos de oncogeriatria.

• A avaliação geriátrica, por si só, consegue identificar riscos e fragilidades do


paciente que poderiam atrapalhar o tratamento oncológico. Ela é muito
importante por conta disso. Para se ter uma ideia, muito paciente deixa de
fazer o tratamento do câncer porque caiu e fraturou um osso, por exemplo.

• Quando se avalia esse paciente vemos todas essas fragilidades, os riscos das
alterações que os próprios remédios podem trazer, etc, e também o suporte
social que ele tem, se ele terá condições de tomar os remédios, se terá esse
suporte familiar, etc.
IDADE E TRATAMENTO
• Embora o câncer seja uma doença que ocorre em todas as idades, está
fundamentalmente relacionado ao envelhecimento. Mais de 60% das doenças
oncológicas ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos, e 70% das mortes
por câncer ocorrem nessa faixa etária.

• A idade cronológica deixa de ser importante, em alguns casos. Temos pessoas


com 80 anos que são bastante saudáveis, que tomam poucos remédios e têm
poucas comorbidades e podem sim passar por um tratamento quimioterápico
sem problema algum. Agora, temos também outros mais acometidos que não
podem fazer o tratamento. Cada caso é um caso.
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
• A equipe oferece um atendimento amplo, integral e totalmente
individualizado ao idoso.

• A decisão do tratamento vai depender do tipo de tumor e, principalmente, da


avaliação global do paciente, que não se limita somente à idade
cronológica, mas a outros parâmetros, como funcionalidade, cognição e
síndromes geriátricas, o que inclui demência, delírio, quedas e fragilidade.
PSICOONCOLOGIA NA
GERIATRIA
• Em oncologia, a associação da Psicologia com a Geriatria se torna essencial
para controlar sintomas da quimioterapia e outros tratamentos em pacientes
idosos.

• Objetiva a diminuição dos sintomas de depressão, melhor adaptação ao


tratamento, reforço da rede de apoio, além da melhora da qualidade de vida,
em casos de remissão ou paliativos.
TSUNAMI PRATEADO
• Estudos multiprofissionais se tornam cada dia mais importantes devido ao
envelhecimento da população e ao aumento da incidência de câncer no Brasil.
Segundo uma projeção feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), um em cada quatro brasileiros será idoso até 2060. Isso
significa que o percentual de pessoas com mais de 65 anos deve saltar dos
atuais 9,2% para 25,5% nos próximos 40 anos.

• “Estamos entrando no que alguns pesquisadores chamam de silver tsunami.


Em 2015 teremos mais idosos do que jovens, e precisamos, enquanto
profissionais de saúde, estar treinados e sensibilizados para atendê-los com
mais qualidade no futuro”, afirma Lucíola de Barros Pontes, oncologista do
HCor Oncologia.
TSUNAMI PRATEADO
• Ainda de acordo com o Inca, 65% dos novos casos diagnosticados com
câncer ocorrem em pessoas acima de 65 anos. Além disso, os idosos
apresentam dez vezes mais risco de ter câncer e 15 vezes mais de
morrer em decorrência dele. Isso acontece por causa de algumas
alterações importantes do processo de senescência e da formação de radicais
livres, associados a uma menor atividade dos mecanismos de reparo do DNA.
Esses fatores podem alterar a estrutura e a função de genes importantes para
a gênese e a progressão de tumores.

• Até 2022, na população geral o câncer de pele não melanoma deve ter maior
incidência (177 mil), seguido pelos de mama e próstata (66 mil cada), cólon e
reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil), de acordo com o instituto.
AVALIAÇÃO GERIÁTRICA
AMPLA (AGA)
• Apesar de haver maior incidência de casos a partir dos 50 anos, especialistas
explicam que, quando se trata de paciente oncológico idoso, o mais
importante não é a idade, mas o grau de fragilidade, determinado por uma
série de fatores. Isso porque o paciente frágil apresenta maior taxa de mortalidade
e maior toxicidade aos tratamentos antineoplásicos.
• Medir esses fatores é o principal foco da Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), que
no paciente oncológico idoso tem o objetivo de detectar comorbidades que estejam
associadas com a diminuição da expectativa de vida e que, eventualmente podem
comprometer sua tolerância aos quimioterápicos, entre outros pontos. “Por
exemplo, pacientes com mieloma múltiplo normalmente usam doses de
corticoides, que têm como um dos efeitos a descompensação do diabetes.
Então, sabendo disso, eu tento compensar esse efeito, otimizo a medicação,
observo mais de perto o paciente. A terapia de privação hormonal, por sua
vez, usada no tratamento de câncer de próstata, pode causar problemas
cardiovasculares, há risco de osteoporose e, ciente disso, conseguimos
intervir com antecedência para minimizar os efeitos”, diz a oncologista Samara, do
Hospital Sírio-Libanês Brasília.
QUALIDADE DE VIDA
• Durante a última reunião anual da ASCO, o terceiro estudo sobre
oncogeriatria foi apresentado por um grupo da Austrália, que realizou um
estudo com 154 pacientes oncológicos com mais de 70 anos e indicação de
tratamento com quimioterapia, terapia-alvo ou imunoterapia. Na pesquisa,
intitulada “Integrated geriatric assessment and treatment (INTEGERATE) in
older people with cancer planned for systemic anticancer therapy”, os
pacientes foram separados entre os que receberam acompanhamento
geriátrico e os que tiveram a abordagem usual, apenas com a supervisão da
oncologia.
• O estudo mostrou que o grupo que recebeu tratamento integrado
teve menos ocorrências de hospitalizações não planejadas e
descontinuidade precoce do tratamento. Além disso, desde a primeira
etapa do tratamento, os pacientes com acompanhamento geriátrico
apresentaram melhores indicadores de qualidade de vida, tanto na avaliação
de habilidades físicas e mobilidade quanto nos aspectos psicológicos e
emocionais.
QUALIDADE DE VIDA
• Muitas vezes o diagnóstico é tão impactante que a família e o próprio paciente
começam a pensar que todos os sintomas anteriores eram, na verdade,
consequência do câncer, podendo desencadear um processo depressivo
causado pela notícia do câncer.

• Em suas conclusões, os pesquisadores australianos indicam que o


planejamento de intervenções em pacientes idosos diagnosticados
com câncer deve ser discutido com equipes da geriatria, a fim de
otimizar os resultados e cuidados clínicos.
FERRAMENTAS DE TRIAGEM
• Nos Estados Unidos, os serviços são parecidos com os do Brasil, onde os
idosos passam por uma triagem com outras equipes de saúde e apenas os
mais frágeis são avaliados e acompanhados pela geriatria.

• No Brasil, a falta de especialistas e o tempo reduzido das consultas são uma


realidade tanto da rede privada conveniada quanto da pública. “A gente sabe
que o acompanhamento do paciente idoso oncológico por um geriatra muda
desfechos, mas isso é factível do ponto de vista da saúde pública? A gente leva
de uma hora a uma hora e meia na consulta, e não temos hoje profissionais
suficientes especializados para que essa abordagem seja viável.” diz a
oncogeriatra Samara Morais.
COMUNICAÇÃO É A CHAVE
• Identificadas as possibilidades dentro do serviço e estabelecidas as
ferramentas adequadas para garantir um bom funcionamento e a
continuidade dos processos, é necessária a construção de um bom
diálogo com toda a equipe, que envolve profissionais da enfermagem,
nutrição, fisioterapia, psicologia, serviço social, entre outras especialidades.

• Outro ponto avaliado pelo geriatra é a rede de apoio ao idoso


durante o tratamento. Assim, é preciso entender se a família se envolve, se
os cuidadores se comunicam, se o paciente vive sozinho ou está
institucionalizado. Cada perfil exige uma abordagem e intervenções
adequadas, para garantir o cumprimento integral do tratamento. E só uma
boa comunicação com a rede de apoio pode mostrar a importância de cada
profissional e de cada intervenção.
FATORES EMOCIONAIS E
FUNÇÕES COGNITIVAS
• Os fatores emocionais estão entrelaçados com suas funções
cognitivas, havendo uma relação estrita entre o pensamento, a
emoção e o comportamento, que podem sofrer modificações com o
resultado e o decurso da doença. Com isso, transtornos psicológicos
podem ser desencadeados pelos pacientes, fazendo com que venham a
apresentar distorções cognitivas (SILVA; AQUINO; SANTOS, 2008).

• Segundo Knapp (2004 apud SILVA; AQUINO; SANTOS, 2008), as distorções


cognitivas podem apresentar diversos comportamentos, como:
catastrofização (pensar que o pior sempre vai acontecer), abstração
seletiva (pensar no problema apenas pelo lado negativo),
adivinhação (ter ideias negativas do futuro) e personalização (sentir-
se culpado pelo fato negativo). Esses pensamentos distorcidos são
desencadeados por eventos externos e internos que influenciam emoções e
comportamento dos pacientes.
FATORES EMOCIONAIS E
FUNÇÕES COGNITIVAS
• Na velhice, a doença vem se somar a necessidades muito próprias de
comunicação com o outro, agravando o sentimento de desesperança do idoso,
em lugar de propiciar tempo para um rito de passagem dos laços familiares e
uma busca pessoal de sentido. Em outras palavras, trata-se da
transcendência.

• A atuação do psicólogo hospitalar é de extrema importância para que o


paciente com câncer possa ser ouvido e acolhido em seu sofrimento com
relação às duas identidades concomitantes: velhice e doença grave.
O PROCESSO DE MORRER
• Conforme Cocentino e Viana (2011, p. 594) afirmam, “adoecer faz parte da
saúde, assim como a morte é parte integrante da vida”, e, embora sejam
processos naturais da existência humana, nem sempre são bem aceitos pelas
pessoas que os vivenciam.

• A morte é sempre uma vivência única, pessoal e intransferível, que desperta


sentimentos muito singulares, e tanto a percepção da morte quanto o medo de
morrer são experiências eminentemente individuais e, por isso, devem ser
consideradas as percepções de cada paciente.
CUIDADOS PALIATIVOS
• A terminalidade traz à tona impossibilidades e limites que envolvem a
equipe, o paciente e seus familiares. Entretanto, ao admitir que se esgotaram
as possibilidades e os recursos para o tratamento, não significa dizer que
nada mais poderá ser feito pelo paciente.

• Surgem, nesse cenário, novas possibilidades, seja para reduzir os sintomas de


dor e desconforto seja para manter, enquanto for possível, o seu lugar ativo,
sua autonomia, suas escolhas, permitindo-lhe chegar ao momento de morrer
dignamente. Não se trata de garantir mais dias de vida, mas sim dar
mais vida aos dias.
CUIDADOS PALIATIVOS
• No contexto oncológico, cerca de 50% dos pacientes apresentam dor
ao longo do seu processo de morte e apenas a metade recebe o
tratamento adequado. Na cultura ocidental, a proximidade da morte pode
causar sofrimento tanto para o paciente diagnosticado como terminal quanto
para todas as pessoas que convivem com ele, visto que, nessas sociedades, o
morrer é um dos pontos culminantes e críticos da existência humana, sendo
comumente relacionado à tristeza e ao sofrimento.
PESQUISA 1
• Warrén Stomberg (2009) realizou um estudo com nove pacientes terminais
com idades entre 71 e 76 anos, a fim de investigar aspectos físicos e psíquicos
considerados indispensáveis para o bem-estar desses pacientes.

• Os aspectos indispensáveis encontrados nesse estudo foram: o alívio da dor,


um ambiente hospitalar agradável, a importante visita dos parentes, o
recebimento do encorajamento da equipe, a capacidade de cuidar de si mesmo
e ter tempo para resolver questões pessoais. O estudo revela que, diante da
terminalidade, os pacientes costumaram estreitar as relações com os
familiares e amigos.
PESQUISA 2
• Alifrangis et al. (2011) realizaram um estudo com 125 pacientes idosos com
câncer cujo objetivo foi compreender melhor a visão dos pacientes envolvidos
em experiências de comunicação de prognóstico e tratamento e decisões sobre
o fim de vida. O estudo revelou que a maioria dos pacientes não deseja obter
informações mais detalhadas no que diz respeito ao prognóstico e os pacientes
que possuíam uma rede de apoio social diversificada e que podiam contar com
os familiares, amigos e profissionais de saúde conseguiam lidar melhor com o
diagnóstico.
PESQUISA 3
• Volker e Wu (2011) entrevistaram 20 pacientes com câncer avançado, nos
últimos dias de vida e com idade média de 62 anos. O estudo apontou que,
entre as principais preocupações em torno da terminalidade, estariam o
acesso aos serviços hospitalares, o medo da proximidade da morte, o medo de
perder o autocuidado, a preocupação em perder o contato com a equipe
responsável, o desejo de um tratamento que prolongue a vida e as crenças
espirituais conflituosas.
PESQUISA 4
• Hanratty et al. (2013) desenvolveram um estudo prospectivo que comparou as
experiências e preferências futuras de cuidados entre pacientes idosos. Foram
realizadas entrevistas qualitativas com 32 pacientes, com idade entre 70 e 95
anos, sendo que 20 dessas pessoas moravam sozinhas e a maioria era viúva.
Ter o diagnóstico de câncer e o fato de morar sozinho estava associado aos
piores índices de qualidade de vida, a níveis mais elevados de angústia e a um
risco maior de não morrer em casa.
CONSIDERAÇÕES
• A presença da dor intensa e de difícil controle, preocupações pessoais em
torno do processo de terminalidade que incluíam o medo da perda de
autonomia e dignidade e o medo de sobrecarregar os entes queridos estão
entre os aspectos mais relevantes nos artigos selecionados.

• Diante da terminalidade, o paciente idoso pode sentir a necessidade de


estreitar as relações com os familiares, aprofundar as relações sociais já
existentes e estar ao lado de amigos, mas também há a necessidade de
manter a autonomia, de ter tempo e privacidade para refletir sobre a própria
vida, de comunicar os seus pensamentos e expressar as suas preocupações, os
anseios, o amor e a gratidão aos seus familiares.
CONSIDERAÇÕES
• Diante de uma morte próxima e inevitável, o mais importante para o
idoso com câncer é estar ao lado dos entes queridos, mantendo sua
dignidade e autonomia, e poder vivenciar os últimos dias com
qualidade, conforto e, acima de tudo, carinho.

• A(o) psico oncologista inserido nesse contexto, cabe ofertar um espaço de


escuta e acolhimento, visando à qualidade de vida do paciente idoso diante da
morte e do morrer, facilitando o processo de elaboração da chegada da morte e
permitindo que esse paciente tenha mais vida em seus dias, diante da
impossibilidade de ter mais dias de vida.
REFERENCIAS
• Os tempos no hospital oncológico / Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva; Ana Beatriz Rocha Bernat, Fernando Lopes Tavares de Lima,
Luciana da Silva Alcântara, Mônica Marchese Swinerd (organizadores). – Rio de
Janeiro: INCA, 2015. 192 p. il.
• Langaro, Fabíola“Salva o Velho!”: Relato de Atendimento em Psicologia
Hospitalar e Cuidados Paliativos. Psicologia: Ciência e Profissão [online]. 2017, v.
37, n. 1 [Acessado 17 Agosto 2021] , pp. 224-235. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1982-3703000972014>. ISSN 1982-3703.
https://doi.org/10.1590/1982-3703000972014.
• Sgnaolin, Valéria, Sgnaolin, Vanessa e Schneider, Rodolfo HerbertoImplicações da
avaliação geriátrica ampla na qualidade de vida em pessoas idosas com câncer:
uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia [online].
2021, v. 24, n. 1 [Acessado 17 Agosto 2021] , e200297. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1981-22562021024.200297>. Epub 11 Jun 2021. ISSN
1981-2256. https://doi.org/10.1590/1981-22562021024.200297.
• http://revistaaptare.com.br/2021/03/05/oncologia-e-geriatria-uma-abordagem-
integrada/

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