Introdução Ao Diagnóstico de Riscos
Introdução Ao Diagnóstico de Riscos
Introdução Ao Diagnóstico de Riscos
de Riscos de Segurança
Introdução ao Diagnóstico de Riscos
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Introdução ao Diagnóstico de Riscos
• A Segurança e a Urbanização
OBJETIVO
DE APRENDIZADO
• Entender como o processo de urbanização reflete na segurança, assim como nos conceitos
que podem ser aplicados no diagnóstico e análise de riscos.
UNIDADE Introdução ao Diagnóstico de Riscos
A Segurança e a Urbanização
Sem dúvida, o processo de urbanização é uma realidade não somente no Brasil, como
no mundo.
Inúmeros fatores fazem com que esta realidade seja um dos grandes problemas
sociais a serem enfrentados diante do crescimento das cidades e, consequentemente,
na formação de regiões metropolitanas que concentram um grande número de habi-
tantes; conjugada a esta expansão populacional tem-se a carência de infraestrutura,
planejamento urbano, equipamentos públicos e acessibilidade, tudo isto aliado à carên-
cia de garantias de direitos sociais, exigindo dos administradores públicos muito mais
preparo e capacitação constante para o enfretamento dos novos desafios, vejamos:
Note-se que a partir do censo dos anos de 1940 a nossa população rural correspon-
dia a 69% dos brasileiros, mas a cada década notamos que o percentual “rural” foi dimi-
nuindo em virtude da procura das pessoas pelos centros urbanos, na busca, sobretudo,
de trabalho e melhores condições de vida.
O que deixa nítida esta questão é o “salto” da população urbana na década de 1960,
que passou a ser de 45% de nossos habitantes, apresentando um aumento de cerca
de 50% em relação aos anos de 1940.
Mas foi nas décadas de 1970 e 1980 que as migrações do campo se acentuaram, na-
quilo que ficou conhecido como “êxodo rural”, pois a mecanização e tecnologia que passa-
ram a ser empregadas no campo fizeram crescer a procura do “homem do campo” pelos
centros urbanos, principalmente para a região mais industrializada do País, o Sudeste.
Agora, para ampliarmos nosso estudo para esta realidade, observemos o gráfico
a seguir, que tabula a pesquisa nacional por amostra de domicílio, realizada pelo Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2015:
8
Figura 2 – Pesquisa nacional por amostra de domicílio
Fonte: IBGE
Vistos estes dados, seguiremos evidenciando-os sob o foco das questões relacionadas
à segurança e sua relação com as cidades e os seus trechos urbanos.
Como entes federativos, as cidades no Brasil são denominadas municípios, tal como
indica o artigo 1º de nossa Constituição Federal:
Os municípios tidos como entes federativos possuem seus Poderes Executivo representa-
dos pela figura dos prefeitos e seu Poder Legislativo formado pelas “Câmaras Municipais”,
9
9
UNIDADE Introdução ao Diagnóstico de Riscos
não possuindo um Poder Judiciário, pois, por deliberação da Constituição, estes somente
foram previstos para a União e os Estados.
A ordem jurídica dos municípios é estabelecida por uma “lei orgânica”, a qual não
pode possuir qualquer conflito com a Constituição Estadual e com a Constituição Fe-
deral, nos moldes do artigo 29 desta última (grifo nosso):
10
Art. 29 O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos
membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os prin-
cípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
Estado e os seguintes preceitos.
Os distritos são centros populacionais mais afastados do ambiente urbano das cida-
des, mas inseridos na mesma geografia do município. Sobre os distritos, enfatiza José
dos Santos Carvalho Filho (2013, p. 3):
Vale destacar que as “cidades” podem ainda ser vistas sob dois aspectos: o primeiro
seria o perímetro urbano e o segundo, o rural.
Figura 3 – Perímetro
Fonte: Adaptada de Freepik
11
11
UNIDADE Introdução ao Diagnóstico de Riscos
O Urbanismo
Conhecendo sob alguns aspectos o que vem a ser uma “cidade” trataremos do
urbanismo.
Levando em consideração que o ser humano é um ser social, tal compreensão faz com
que denotemos que o convívio entre a população das cidades careça de instrumentos que
permitam a interação entre as pessoas, seja sob o ponto de vista social ou econômico;
para tanto, principalmente o espaço urbano das cidades deve ser dotado de núcleos de
comércio, bancos, serviços de saúde, escolas, moradias, templos religiosos etc.
Diante deste pensamento fica claro que a formação dos perímetros urbanos não tem
por escopo outro do que dar suporte social para a população.
O papel do Poder Público com relação ao que podemos denominar meio urbano é
fundamental, pois cabe a este poder a competência de disciplinar o bem-estar dos habi-
tantes sob um aspecto de cunho coletivo, não considerando interesses individuais, já que
o interesse público deverá ser a única direção do ente público em quaisquer dos entes
federativos dos poderes e de qualquer dos órgãos que os componham.
Neste contexto caberá ao mesmo Poder Público firmar condutas que delimitem e con-
trolem a ocupação do espaço urbano, atendendo ao interesse coletivo, vez que diante
da dicotomia de interesses entre os diversos grupos sociais que compõem o elemento
humano das cidades seria impossível tal organização.
Neste sentido, pode-se dizer que uma ocupação urbana necessita do Poder Público
com a competência legal de direcionar as suas posturas associadas à sociedade de ma-
neira a que se cumpra a concretude do “bem-estar dos habitantes”.
12
Neste contexto é relevante a menção que Hely Lopes Meirelles (1985, p. 379)
faz do engenheiro e grande urbanista Eiras Garcia: “Não se compreende urbanismo
isolado; não se realiza urbanismo particular; não se faz urbanismo por conta própria;
nem há imposições urbanísticas sem norma legal e geral que as determinem”.
Figura 4
Fonte: Reprodução
Fonte: https://bit.ly/3tGC1cJ
13
13
UNIDADE Introdução ao Diagnóstico de Riscos
Para dar concretude a estes impositivos legais às políticas urbanas surgiu em nosso
sistema jurídico a Lei 10.257, de 10/07/2001, mais conhecida como Estatuto da Cidade.
Neste instante cabe destacar que a citada norma manifesta com relação à participa-
ção conjunta do Poder Público e dos habitantes da cidade na promoção em conjunto
das políticas de planejamento urbano, como pode ser visto no artigo 2º da Lei, em seus
incisos II e III:
Art. 2º. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi-
mento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante
as seguintes diretrizes gerais:
[...]
II – gestão democrática por meio da participação da população e de
associações representativas dos vários segmentos da comunidade na for-
mulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos
de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da
sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social.
A busca do ambiente urbano faz com que as populações das cidades tendam a crescer
de forma desordenada, o que se alia à questão atinente à falta de qualquer planejamento
para garantir, de maneira satisfatória, a disponibilidade de serviços públicos, tais como
coleta de lixo, fornecimento de energia elétrica, acesso à internet, água potável, coleta
de esgoto, dentre outros; bem como a prestação de direitos fundamentais, tais como
saúde, educação, segurança e demais direitos sociais.
14
O crescimento das cidades sem o planejamento e a projeção de sustentabilidade
dos espaços dos serviços públicos e a satisfação de direitos sociais criam facilidades
para o crime, ampliando os índices estatísticos ligados à criminalidade.
Assim, percebe-se que o planejamento urbano é uma das principais ferramentas para
a minimização da criminalidade, pois não nos esqueçamos de uma frase muito antiga:
“a oportunidade faz o ladrão”.
Já passava das 18h quando o estudante André Reis seguia de carro para
a faculdade. Para escapar do trânsito, seguia as orientações de um aplica-
tivo no celular e, ao parar num semáforo perto do Parque do Ibirapuera,
ele tomou um grande susto.
“Meu vidro explodiu, voou um monte caco. Vi um braço entrando no
carro e puxando meu aparelho, né. Foi bastante assustador por estar de
noite e sozinho.”
Não muito longe dali, o motorista de aplicativo Raimundo Araújo viu
o celular ser violentamente levado em segundos quando foi deixar um
passageiro em Higienópolis, no centro. “Eu parei no farol atrás de um
caminhão e subiu um rapaz e me assaltou. A gente roda com medo, é
uma insegurança muito grande.”
Histórias como essas são frequentes na capital paulista e assustam os
motoristas.
15
15
UNIDADE Introdução ao Diagnóstico de Riscos
Figura 5
Fonte: omcradio.org
16
Figuras 6
Fonte: Pixabay
A ideia de risco está envolta à probabilidade de que um evento adverso, ou seja, não
desejado venha a ocorrer, dando causa a resultados igualmente indesejados.
Probabilidade
+ Resultados
Risco = de que um indesejados
evento adverso
Figura 7
Para a avaliação dos riscos em segurança, elemento essencial para qualquer diagnós-
tico, é fundamental a criação de uma equipe multidisciplinar, formada por pessoas que
detenham conhecimento e experiência em situações tidas como normais e em ocasiões
que extravasam a essa.
Deste modo, uma análise e um diagnóstico de risco seguro permitem dar origem a
registros precisos e eficazes, abrindo ao gestor público ou privado a capacidade de miti-
gar as incertezas, bem como dar lastro às melhores decisões.
17
17
UNIDADE Introdução ao Diagnóstico de Riscos
A maior experiência não somente levará a maior credibilidade, mas também o custo
dos profissionais envolvidos será menor.
Figura 8
Fonte: Reprodução
18
Na sequência há outra matéria abordando o mesmo furto, agora com o emprego de
equipamento para bloquear o comando do alarme e fechamento de veículo, fazendo
com que o proprietário imagine ter fechado e acionado o alarme do seu automóvel sem
saber que este comando fora bloqueado por meliante.
Fonte: https://bit.ly/3tJkkJm.
19
19
UNIDADE Introdução ao Diagnóstico de Riscos
Material Complementar
Leitura
Planejamento urbano e zoneamento municipal
https://bit.ly/2XkJTo3
O plano diretor é instrumento – e não solução para o uso e ocupação ordenada do solo urbano
https://bit.ly/3AkvpDa
Constituição Federal de 1988
https://bit.ly/3kcymQO
Estatuto da Cidade
https://bit.ly/3zaluyQ
20
Referências
AMARAL, F. Direito Civil: introdução. 10. ed. rev. mod. São Paulo: Saraiva Educação,
2018. (e-book)
ANTONOVZ, T.; MAZZAROPPI, M. Análise de riscos. [1. ed.] Porto Alegre: Sagah,
2018. (e-book)
CRUZ, T. Planejamento estratégico. [1. ed.] São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
FRAPORTI, S. Gerenciamento de riscos. [1. ed.] Porto Alegre: Sagah, 2018. (e-book).
MEIRELLES, H. L. Direito municipal brasileiro. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tri-
bunais, 1985.
MORAES, A. de. Direito Constitucional. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
SIRVINSKAS, L. P. Manual de Direito Ambiental. 16. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018. (e-book)
21
21