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Artigo Empreendedorismo Verde - para o Seminario I

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA - UNICURITIBA - VOLUME 1 - NÚMERO 23/2021 - CURITIBA/PR - PÁGINAS 303 A 319

EMPREENDEDORISMO VERDE: UMA ALTERNATIVA PARA NOVOS


NEGÓCIOS

GREEN ENTREPRENEURSHIP: AN ALTERNATIVE FOR NEW


BUSINESS

SAMANDA SILVA DA ROSA CORREIO


Possui graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Pelotas (2010),
graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande (2015).
Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande (2018).
Atualmente, cursa doutorado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul.Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia do
trabalho, Economia Regional, Empreendedorismo e Métodos Quantitativos.

RESUMO
A conscientização para a necessidade da preservação dos recursos e das características
naturais do meio ambiente é um tema amplamente discutido e divulgado atualmente para
incentivar uma mudança de comportamento das empresas para que realizem a gestão
dos recursos de maneira sustentável. Logo a adoção de práticas sustentáveis por parte
da organização pode trazer uma série de benefícios, tanto para o meio ambiente como
para as empresas. O presente artigo constitui-se de uma revisão bibliográfica cujo
objetivo geral consiste em investigar as principais características do empreendedorismo
verde. Os objetivos específicos, por sua vez, visam apresentar os aspectos que envolvem
o empreendedorismo; destacar a importância da gestão ambiental nas organizações; e
identificar os benefícios dos empreendimentos verdes. A realização do estudo justifica-
se pela abordagem de um assunto importante para as organizações contemporâneas
que se deparam com os contínuos desafios de competitividade no mercado, incluindo a
exigência cada vez maior dos consumidores no que tange a sustentabilidade empresarial.
Os resultados mostram que, através do empreendedorismo verde, é possível atrelar a
preservação do meio ambiente à melhoria dos resultados organizacionais, uma vez que
as empresas verdes são capazes de reduzir custos; melhorar o relacionamento com as
partes interessadas; fortalecer a sua marca; e assim, aumentar a sua competitividade no
mercado.

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo Verde. Gestão Ambiental. Ecoeficiência.


Sustentabilidade.

ABSTRACT
The awareness of the need to preserve resources and the natural characteristics of the
environment is a topic widely discussed and disseminated today to encourage a change
in the behavior of companies so that they manage resources in a sustainable manner.

Revista Administração de Empresas Unicuritiba.


[Received/Recebido: Março 06, 2021; Accepted/Aceito: Março 21, 2021]
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
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Therefore, the adoption of sustainable practices by the organization can bring a series of
benefits, both for the environment and for companies. This article consists of a
bibliographic review that aims to investigate the main characteristics of green
entrepreneurship. The specific objectives, in turn, aim to present the aspects that involve
entrepreneurship; highlight the importance of environmental management in
organizations; and identify the benefits of green ventures. The conduct of the study is
justified by the approach of an important issue for contemporary organizations that are
faced with the continuous challenges of competitiveness in the market, including the
increasing demand of consumers with regard to corporate sustainability. The results show
that, through green entrepreneurship, it is possible to link the preservation of the
environment to the improvement of organizational results, since green companies are able
to reduce costs; improve the relationship with stakeholders; strengthen your brand; and
thus, increase its competitiveness in the market.

KEYWORDS: Green Entrepreneurship. Environmental management. Eco-efficiency.


Sustainability.

1. INTRODUÇÃO

O povo brasileiro é mundialmente conhecido pelo natural capacidade criativa e


empreendedora. De acordo com o Sebrae (2019), a pesquisa anual realizada pela Global
Entrepreneurship Monitor (GEM) para monitorar o desenvolvimento do
empreendedorismo no mundo, constatou-se que em 2018, 38% dos brasileiros tinham
um empreendimento ou estavam envolvidos na criação de um. Logo, em razão desta
vocação empreendedora, até o primeiro semestre de 2020, o Brasil somou mais de 19
milhões de empresas em operação (SEBRAE, 2020).
Diante deste cenário, observa-se que a competitividade e os desafios do mundo
empresarial estão cada vez mais presentes no dia a dia das organizações brasileiras. Por
isso, elas precisam ser eficazes no desempenho da sua missão, realizando o diagnóstico
de situações, definindo estratégias, dimensionando e planejando a aplicação dos
recursos, a fim de solucionar problemas e gerar competitividade e inovação para a
organização (BOSQUETTI, 2016).
A conscientização para a necessidade da preservação dos recursos e das
características naturais do meio ambiente é um tema amplamente discutido e divulgado

Revista Administração de Empresas Unicuritiba.


[Received/Recebido: Março 06, 2021; Accepted/Aceito: Março 21, 2021]
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atualmente para incentivar uma mudança de comportamento das empresas para que
realizem a gestão dos recursos de maneira sustentável. Logo, diante da necessidade
emergente de as empresas demonstrarem a sua preocupação com o meio ambiente, e
de fato, prezarem por práticas sustentáveis, surge o conceito do empreendedorismo
verde, de modo que, possivelmente, no futuro, esta seja a única forma de empreender
negócios de maneira duradoura e lucrativa, conforme apontado por Tachizawa (2010).
Nesta conjuntura, o presente estudo visa esclarecer o seguinte problema de
pesquisa: Qual é a importância do empreendedorismo verde no contexto atual? O
objetivo principal deste estudo consiste em investigar as principais características do
empreendedorismo verde. Logo, os objetivos específicos visam apresentar os aspectos
que envolvem o empreendedorismo; destacar a importância da gestão ambiental nas
organizações; e identificar os benefícios dos empreendimentos verdes.
A realização do presente estudo justifica-se pela abordagem de um assunto
importante para as organizações contemporâneas que se deparam com os contínuos
desafios de competitividade no mercado, incluindo a exigência cada vez maior dos
consumidores no que tange à sustentabilidade empresarial. Entendendo o potencial da
gestão ambiental como uma força competitiva nas organizações, o estudo das
características do empreendedorismo é fator de extrema relevância.
Este artigo se constitui de uma pesquisa qualitativa com meios bibliográficos no
que tange ao levantamento dos dados. Assim, o estudo se utilizou de uma ampla gama
de livros e artigos científicos que forneceram o embasamento sobre o assunto, auxiliando
nas práticas desenvolvidas durante a pesquisa.

2. EMPREENDEDORISMO

O processo de empreender compreende, necessariamente, desenvolver coisas


novas, ou criar formas diferentes de fazer as coisas. Deste modo, quem empreende utiliza
toda a sua capacidade criativa para realizar alguma atividade ou bem que tenha valor

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para a sociedade, seja pela criação de um produto ou serviço, ou mesmo um projeto


social (BOSQUETTI, 2016).
Logo, é possível caracterizar os empreendedores como pessoas ousadas que
estimulam o progresso econômico através de novas e melhores formas realizar
determinadas atividades. Assim, além de determinação, dinamismo e entusiasmo, o
empreendedor de sucesso apresenta um complexo de habilidades e características que
abrange: assumir riscos; identificar oportunidades; ter capacidade de liderar e tomar
decisões; admitir a possibilidade de fracassar; aprender com os erros; e utilizar os
recursos disponíveis de forma consciente e criativa, transformando o ambiente social e
econômico onde atua, criando valor para a sociedade (STELZER, 2012).
Diante da globalização acelerada, a demanda por novas ideias, produtos e
serviços inovadores é constante; e neste cenário, o empreendedorismo tem sido a fonte
das várias transformações e invenções que revolucionaram e continuam revolucionando
o estilo de vida das pessoas. Por isso, a atitude empreendedora de criar e inovar é a
grande responsável pela evolução do mundo em que vivemos (DORNELAS, 2008).
Assim, no contexto do empreendedorismo, observa-se que existe uma forte
relação entre o empreendedorismo, a criatividade e a inovação. Para Stelzer (2012), a
inovação se refere a um movimento rumo à novidade, à mudança, alavancado pela
criatividade.
Inovação é um processo de aprendizagem organizacional. [...] um processo de
alavancar a criatividade, para gerar valor de novas maneiras, através de novos produtos,
serviços e negócios. [...] um processo estratégico, de reinvenção contínua, do próprio
negócio e da criação de novos conceitos de negócios (CNI, 2010, p. 11).
Schumpeter (1934 apud FIATES, 2014), um dos principais estudiosos acerca da
inovação, classifica a mesma em cinco tipos: i) Lançamento de um novo produto (ou
melhoria de qualidade de um produto existente); ii) Implementação de um novo método
de produção (inovação no processo); iii) Abertura de um novo mercado (um novo
mercado para exportação, por exemplo); iv) Aquisição de uma nova fonte de oferta de

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materiais (fornecimento); e finalmente, v) Criação de uma nova empresa (nova forma de


organização industrial).
Considerando os preceitos da inovação, entende-se que a cultura da inovação
representa uma nova forma de enxergar e melhorar os processos internos e externos de
uma empresa, e neste contexto, destaca-se o intraempreendedorismo, ou
empreendedorismo corporativo, como também é conhecido. Ele ocorre por meio da
inovação dos colaboradores dentro da empresa em que atuam, e envolve a criação e
aperfeiçoamento de produtos, serviços e processos, que de alguma forma, possam
contribuir para o desenvolvimento da organização ao passo que desenvolvem os próprios
indivíduos (BOSQUETTI, 2016).
Observa-se que as pressões sociais e comerciais têm causado uma grande
demanda por novos empreendimentos, e por isso, as empresas buscam por
empreendedores corporativos, colaboradores capazes de identificar oportunidades, gerar
ideias e colocá-las em prática. Logo, para estimular o intraempreendedorismo dentro da
organização, é preciso que a empresa esteja comprometida com a criação de um
ambiente organizacional apropriado, ofereça programas de treinamento aos potenciais
intraempreendedores, e que, de fato, incentive a criatividade e a inovação dentro da
organização (BOSQUETTI, 2016).
Além do intraempreendedorismo, certamente existem outras formas de
empreender. Bosquetti (2016), relata as seguintes possibilidades:
• Empreendedorismo no Setor de Serviços: A partir da observação das
tendências do mercado e das necessidades das pessoas e organizações, é possível
identificar oportunidades de negócio. Isso envolve criar serviços com a finalidade de
atender às demandas emergentes e que possam solucionar o problema de um público
ou facilitar a vida das pessoas. Também é possível melhorar serviços já existentes, por
meio das novas tecnologias e da percepção das necessidades do público que vão
surgindo. Neste setor, o empreendedor pode atuar de forma autônoma ou criar uma
empresa prestadora de serviços, dependendo do tipo de necessidade observada e
demanda esperada.

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• Empreendedorismo no Setor de Produtos: Como no setor de serviços, também


é possível empreender criando um novo produto ou inovando melhorando a qualidade,
características e aplicabilidade de um produto já existente. O importante é que a ideia
gerada possa, de fato, resolver um problema real enfrentado por um determinado grupo
de pessoas ou organizações.
• Modelo de Franquia: As franquias envolvem a concessão e a transferência de
marca, tecnologia, consultoria operacional e comercialização de produtos e serviços. É
uma boa oportunidade para quem quer ser dono do próprio negócio, investindo o capital
disponível em um negócio já formatado e aprovado pelo mercado. No entanto, caso o
indivíduo não tenha noções sobre como gerenciar o negócio ou não apresente um perfil
empreendedor, existe a possibilidade do insucesso.
• Empreendedorismo Social: O empreendedorismo social está diretamente
relacionado à geração de valor para a sociedade. Existem empreendedores que se
dedicam às iniciativas que não se referem necessariamente à criação de empresas com
fins lucrativos, mas que também geram grande valor para a sociedade; é o caso das
ONG’s e projetos sociais.
Independentemente da forma com que o indivíduo decide empreender, observa-
se que neste processo, inicialmente, o potencial empreendedor deve ser capaz de
identificar oportunidades de negócio e avaliar as suas ideias. Logo, a partir da
oportunidade identificada, é preciso planejar o empreendimento, desenvolvendo um
plano de negócios (BOSQUETTI, 2016).
Conforme Dornelas (2008), o plano de negócios é uma etapa fundamental para
aumentar as chances de sucesso da nova empresa, pois, apresenta o modelo de
negócios do empreendimento. A sua elaboração envolve um processo de aprendizagem
e autoconhecimento que permite ao empreendedor melhor se preparar para gerir sua
empresa, por isso, a sua importância é defendida por diversos autores acerca do tema.
Conforme Salim (2010), o plano de negócios envolve o exercício de planejar, o
que ajuda a estruturar o pensamento e as ideias do empreendedor; assim, o mesmo visa
responder questões-chave do empreendimento. Com a estruturação do plano, o

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empreendedor saberá exatamente quais recursos serão necessários para implantação e


manutenção do negócio, de forma com que as chances de sucesso passam a ser
maiores.
Entretanto, para que a ação empreendedora apesente impactos positivos para o
empresário e para a sociedade em geral, além da realização de um plano de negócios, é
fundamental que o negócio seja desenvolvido com responsabilidade. Neste aspecto,
inclui-se a adoção dos preceitos do denominado empreendedorismo verde, conforme
verifica-se no item a seguir.

2.1 EMPREENDEDORISMO VERDE

Conforme o Ministério do Meio Ambiente (2019), a sustentabilidade é o caminho


para o equilíbrio em que o social, o econômico e o ambiental se somam para construir
uma sociedade melhor para todos. Assim, a sustentabilidade representa o equilíbrio entre
o que precisamos da natureza e o que oferecemos em troca. Neste contexto, as
empresas exercem primordial responsabilidade, haja vista os prejuízos gerados ao meio
ambiente em decorrência das suas atividades.
Nesta conjuntura, surge a economia verde, caracterizada por uma mudança de
comportamento tanto dos consumidores como das empresas, visando a preservação do
meio ambiente. Entre as empresas, destaca-se o conceito de empreendedorismo verde,
caracterizado principalmente pela responsabilidade ambiental empresarial. Neste modelo
de gestão, as organizações se concentram em realizar ações, geralmente inovadoras,
que introduzem melhorias em prol da conservação ambiental e do desenvolvimento
sustentável da humanidade (BELLEN, 2015).
De acordo com Dias (2006), as referidas ações vão além das obrigações legais
e assumem um caráter voluntário. Logo, as organizações desenvolvem,
espontaneamente, iniciativas, programas e propostas que visam preservar o meio
ambiente, mantendo-o natural, livre de contaminação e saudável para que possa ser
usufruído pelas gerações futuras.

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Bellen (2015) destaca que as empresas verdes adotam um modelo sustentável


de gestão que defende a indústria positiva, extraindo todo o potencial das matérias-
primas e limitando o impacto ambiental da sua cadeia produtiva. Além disso,
comumentemente, estas empresas adotam práticas e ações que visam reduzir ou reparar
os dados causados, como a realização do reflorestamento e o tratamento de rios, por
exemplo.
Essas atitudes, entretanto, raramente surgem espontaneamente por parte das
organizações, conforme aponta Barbieri (2007). Ainda, segundo o autor, as
preocupações ambientais dos empresários são influenciadas pelo governo, pela
sociedade e pelo mercado. Na visão de Tachizawa (2010), a gestão ambiental é a
resposta genuína das empresas ao novo cliente em um contexto de economia verde: o
consumidor “verde” e ecologicamente correto. Logo, o empreendimento verde, através
das suas ações voltadas para a preservação ambiental, é sinônimo de bons negócios.
Reconhece-se que além de estar de acordo com as leis ambientais do país, é
dever da empresa desenvolver e aplicar políticas sustentáveis amparadas por um plano
ambiental consistente. Desta forma, busca-se promover a conscientização das partes
envolvidas em toda a cadeia de valor, e desta forma, limitar o impacto ambiental da sua
cadeia produtiva (BELLEN, 2015).
O desenvolvimento de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na organização
aparece como uma oportunidade para delinear as ações empresariais com vistas a
manter o equilíbrio entre o homem, a indústria e o meio ambiente. Assim, o SGA constitui
um conjunto de políticas e procedimentos que orientam uma organização para obtenção
de um melhor desempenho ambiental (TERA, 2014).
Através do SGA as empresas são capazes de reduzir os impactos ambientais
enquanto otimizam os recursos energéticos, materiais e humanos. Além disso, uma
empresa ambientalmente responsável, amparada por um SGA, tem a sua marca
fortalecida no mercado, transmitindo a imagem de uma “empresa verde”, o que tem
potencial para representar um diferencial estratégico frente ao contexto empresarial atual,
altamente competitivo e com clientes cada vez mais exigentes e conscientes

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ambientalmente (TERA, 2014).


A conscientização para a necessidade da preservação dos recursos e das
características naturais do planeta desperta para outro termo importante dentro do
empreendedorismo verde: a ecoeficiência. O conceito de ecoeficiência, que compreende
um modelo de gestão ambiental empresarial, surgiu em 1992, através da World Business
Council for Sustainable Development (WBCSD), uma coligação de 150 empresas
internacionais preocupadas com o desenvolvimento sustentável. Em 1993, em um
workshop foi definido que:

A ecoeficiência atinge-se através da oferta de bens e serviços a preços


competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades humanas e
contribuam para a qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o
impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de
vida, até́ atingirem um nível, que, pelo menos, respeite a capacidade de
sustentação estimada para o planeta Terra (WBCSD, 2000, p. 1).

De acordo com Barbieri (2007), a Organização para Cooperação e


Desenvolvimento Econômico (OCDE) entende a ecoeficiência como a eficiência através
da qual os recursos naturais são utilizados a serviço das necessidades humanas. Logo,
o órgão aponta a ecoeficiência como uma proposta promissora para as empresas,
governos e para a sociedade em geral.
Do mesmo modo, considerando a importância e os benefícios da ecoeficiência,
a European Environment Agency (Agência Europeia para o Ambiente) pretende utilizar
os indicadores da ecoeficiência para medir o progresso rumo à sustentabilidade em nível
macro. A agência define a ecoeficiência como mais bem-estar para a sociedade a partir
de menos natureza, o que é possível através da racionalização da utilização de recursos
e diminuição das descargas poluentes provenientes das atividades industriais (BELLEN,
2015).
Segundo o WBCSD (2000), existem diferentes maneiras que permitem a
melhoria da ecoeficiência nas empresas. Dentre as ações possíveis destacam-se: a
redução da intensidade material; a redução da intensidade energética; a redução da
dispersão de substâncias tóxicas; o aumento da reciclagem; a otimização do uso de

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materiais renováveis; o prolongamento do ciclo de vida dos produtos; e o aumento da


intensidade do serviço.
Além de servir como um modelo de gestão empresarial, a ecoeficiência é também
um modelo para toda a sociedade e demais organizações que partilham da mesma
consciência e responsabilidade com o desenvolvimento sustentável. Logo, o WBCSD
(2000) propõe ações, que se forem adotadas pelas empresas, contribuirão para que o
mundo avance na economia verde, como integrar a ecoeficiência na estratégia do
empreendimento, considerando as estratégias operacionais, de inovação do produto e
marketing; e apoiar as medidas políticas que recompensam a ecoeficiência.
Para Bellen (2015), a discussão sobre a preservação da natureza nunca teve um
alcance tão amplo. Assim, a consciência da preservação do meio ambiente transcende
os empreendimentos verdes e atinge todos os segmentos da sociedade. Nesta
conjuntura, surgiram os selos verdes instituídos pelas normas ISO 14000, desenvolvidos
com a intenção de certificar as empresas protetoras da natureza.
A ISO 14000 é um sistema de gestão ambiental reconhecido internacionalmente
que inclui regulamentos em prol da prevenção da poluição e da conservação dos recursos
naturais. A certificação tem caráter voluntário, de modo que nenhuma empresa está
obrigada a adotar este modelo de gestão. Logo, a adoção do modelo pode ser
considerada pelas empresas como um investimento, e não como um custo; pois, tal
medida gerará retorno a curto, médio ou longo prazo para a organização (MOREIRA,
2006).
Segundo Valle (2002), um dos pontos positivos do conjunto de normas ISO 14000
é a padronização dos procedimentos necessários para que uma empresa obtenha o
certificado do selo ambiental. A norma de série ISO 14000 que orienta para tal certificação
é a ISO 14001, definida como Sistema de Gestão Ambiental – Especificação e Diretrizes
para Uso.
A norma ISO 14001 apresenta os requisitos que podem ser auditados pela
certificadora para concessão do selo à empresa solicitante, sendo a única norma do
conjunto ISO 14000 que certifica ambientalmente uma organização. Assim, ela tem por

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objetivo, fornecer às organizações os requisitos e elementos necessários para a


construção de um Sistema de Gestão Ambiental eficaz (BELLEN, 2015).

2.1.1 BENEFÍCIOS DOS EMPREENDIMENTOS VERDES

Porter e Linde (1995) há 25 anos já enfatizavam que a responsabilidade


ambiental era uma fonte de vantagem competitiva para as empresas. Eles argumentavam
que inovar para atender as regulamentações, através de um melhor uso dos insumos, da
criação de melhores produtos, da redução de custos totais de produtos ou ainda do
aumento do valor, poderia trazer compensações vantajosas para as organizações.
Observa-se que, desde então, os consumidores têm se apresentado cada vez
mais conscientes e exigentes quanto à necessidade da ecoeficiência nas empresas.
Logo, muitos clientes passaram a exigir que as empresas atendessem a certos critérios
ambientais específicos. Neste sentido, a implementação de um sistema de gestão
ambiental reconhecido pela sociedade pode ser uma forma de atender a essas
expectativas específicas, melhorando a relação da empresa com seus clientes (BELLEN,
2015).
Do mesmo modo, as empresas podem se beneficiar quando os seus
fornecedores cumprem com metas de política ambiental. Por isso, as empresas também
podem passar a exigir que seus fornecedores apresentem garantias sobre o produto
fornecido, bem como o desempenho do sistema de gestão ambiental realizado
(HARRINGTON; KNIGHT, 2001).
Harrington e Knight (2001) concordam que normas de gestão ambiental podem
ser condições para se fazer um negócio. Com isso, as empresas verdes têm a
oportunidade de gerar novos negócios, o que por conseguinte, culmina no seu
crescimento e no aumento da competitividade. Os autores pontuam ainda que a adoção

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de práticas sustentáveis pode influenciar de forma positiva as demais decisões da


organização, bem como gerar maior estabilidade e maior confiança em torno da marca.
Através da adoção de condutas sustentáveis, as empresas são capazes de
promover melhorias ambientais que potenciam, paralelamente, benefícios econômicos.
Neste ponto, cabe destacar que os empreendimentos verdes podem reduzir os seus
custos e aumentar a receita através da eliminação do desperdício, considerando o uso
racional dos recursos como água, energia, matérias-primas e diminuição da produção de
resíduos e poluição (BELLEN, 2015).
À medida que as empresas se tornam mais responsáveis do ponto de vista
ambiental, elas fortalecem a sua imagem no mercado como empresas ambientalmente
corretas, melhorando a relação com as partes interessadas. Isso pode refletir, inclusive,
na melhoria da relação com os funcionários. Uma força de trabalho engajada e motivada
contribui para alavancagem dos resultados organizacionais, ao passo que a insatisfação
e altos níveis de rotatividade podem ser bastante onerosos para a empresa. Logo, o moral
dos funcionários aumenta quando eles se sentem orgulhosos de colaborarem com uma
empresa reconhecida pela sua preocupação ambiental (BELLEN, 2015).

2.1.2 MARKETING VERDE

Segundo Gonzaga (2005), o marketing verde, também conhecido como


marketing ambiental ou marketing ecológico, está associado ao empreendedorismo
verde, e é representado pelos esforços da empresa em transmitir para os seus públicos
a sua preocupação e comprometimento com as questões ambientais. Assim, conforme
Dalmoro, Venturini e Pereira (2009), ele se constitui de um instrumento mercadológico
utilizado pela organização para explorar os benefícios proporcionados pelas suas
práticas ambientais, facilitando a comercialização dos seus bens e serviços sustentáveis.
Assim, esta estratégia vincula o produto ou serviço à uma imagem ecologicamente
consciente, favorecendo o processo de venda.

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Para Bellen (2015), o marketing verde exige das empresas o estabelecimento de


novas estratégias que, efetivamente, abordem questões-chave relacionadas com o
desenvolvimento de processos sustentáveis para a concepção de produtos verdes, os
quais os consumidores apreciarão. Além disso, o marketing ambiental deve se preocupar
com a comunicação aos seus mercados, do empenho e das iniciativas sustentáveis da
empresa de forma que cause impacto e conceba credibilidade à organização no mercado.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste trabalho, considera-se que o objetivo principal proposto no início


da pesquisa foi atingido, uma vez que foi possível identificar as principais características
do empreendedorismo verde. Reconhece-se que diante da globalização acelerada, a
demanda por novas ideias, produtos e serviços inovadores é constante; e neste cenário,
o empreendedorismo tem sido a fonte das várias transformações e invenções que
revolucionaram e continuam revolucionando o estilo de vida das pessoas.
Entretanto, para que os impactos do empreendedorismo sejam, de fato, positivos
tanto para o empresário como para a sociedade, é essencial que o empreendedor
desenvolva suas atividades com consciência e responsabilidade no que tange à
utilização dos recursos, voltando-se para a necessidade da sustentabilidade ambiental
no contexto atual. Nesta conjuntura, destaca-se o conceito de empreendedorismo verde
como um modelo de gestão focado na preservação do meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável.
Logo, reconhece-se a importância da gestão ambiental nas empresas com
destaque para a ISO 14001. Neste sentido, considera-se fundamental que a empresa
esteja ciente da sua responsabilidade com o meio ambiente e desenvolva ações, bem
como adquira certificações ambientais que transmitam a sua preocupação e cuidado com
a natureza, que é percebida de forma positiva pelos seus públicos.
Deste modo, observa-se que a ecoeficiência, através da preservação dos
recursos naturais e menos poluição, oferece benefícios tanto para o meio ambiente como

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para a sociedade. No contexto empresarial, destaca-se que as organizações


ecoeficientes podem reduzir custos; melhorar o relacionamento com seus públicos;
fortalecer a sua marca no mercado como uma empresa sustentável; e com isso, aumentar
a sua competitividade no diante da concorrência.
O estudo se limitou a esclarecer sobre as características do empreendedorismo
verde; entretanto, o assunto não se encerra aqui. Os sistemas de gestão ambiental
empresarial envolvem uma série de fatores e requisitos que precisam ser observados
pelas empresas para conquistar a certificação ambiental. Neste sentido, futuras
pesquisas podem continuar aprofundando o tema, explorando as normas da ISO 14001,
por exemplo, buscando contribuir para a disseminação da importância da
sustentabilidade no contexto empresarial.

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