Trabalho - Penal - Atualizado
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DIREITO
5. Quais elementos precisam estar presentes para configurar uma ação justificada
pela “legítima defesa”? Lembrem de explicitar os elementos subjetivos, objetivos e
normativos (permissibilidade)!
R: A ação justificada de legítima defesa precisa conter elementos subjetivos, elementos
objetivos e, em casos especiais de legítima defesa com limitações ético -sociais, o
elemento normativo da permissibilidade da defesa.
Os elementos subjetivos da legítima defesa têm por objeto a situação justificante
(agressão injusta, atual ou iminente, a bem jurídico próprio ou de terceiros) e consistem
no conhecimento da situação justificante para a teoria dominante, ou no conhecimento
da situação justificante e na vontade de defesa para respeitável opinião minoritária. A
ausência do elemento subjetivo significa dolo não justificado de realização do injusto e
reduz a legítima defesa à existência objetiva da situação justificante.
Os elementos objetivos da ação justificada consistem no emprego moderado de meios
de defesa necessários contra o agressor, eventualmente examinados do ponto de vista da
permissibilidade da defesa. 1. A necessidade dos meios de defesa é definida pelo poder
de excluir a agressão com o menor dano possível no agressor: defesa protetora, em vez
de agressiva; ameaça de violência, em vez de violência; ferir, em vez de matar. 2. A
moderação no emprego de meios necessários é delimitada pela extensão da agressão:
enquanto persistir a agressão é moderado o uso dos meios necessários; após cessada a
agressão, a continuidade do uso de meios definidos como necessários torna-se
imoderada, configurando excesso de legítima defesa - que pode admitir exculpação, se
determinado por medo, susto ou perturbação.
O conceito de permissibilidade da defesa define limitações ético -sociais excludentes
ou restritivas do princípio social da afirmação do direito que fundamenta - com o
princípio individual da proteção de bens ou interesses - a legítima defesa. 1. Agressões
de incapazes (crianças, adolescentes, doentes mentais ou, mesmo, bêbados sem sentido)
criam para o agredido um leque de atitudes alternativas prévias, nas quais se
concretizam as limitações ético-sociais da legítima defesa, válidas para os demais casos:
primeiro, desviar a agressão; segundo, empregar defesas sem danos; terceiro, pedir
socorro aos pais, professores, polícia etc.; quarto, assumir o risco de pequenos danos;
quinto, se nada disso for possível, então - mas somente então - a defesa necessária pode,
também, ser permitida. 2. Agressões entre pessoas ligadas por relações de garantia
fundadas na afetividade, no parentesco ou na convivência (marido e mulher, pais e
filhos etc.), subordinam a legítima defesa às mesmas limitações ético-sociais
mencionadas e, em regra, excluem resultados de morte ou de lesões graves - exceto no
caso de risco de lesões sérias ou de maus tratos físicos duradouros ou continuados. 3.
Agressão provocada pelo agredido para agredir o agressor constitui agressão dolosa
injustificada contra o agressor e exclui a legítima defesa - mas para respeitável opinião
minoritária não exclui a legítima defesa, ou porque não afeta a antijuridicidade da
agressão66, ou porque o direito não pode criar situações sem saída, de renúncia à vida
ou integridade corporal, por um lado, e de punição, por outro lado. Entretanto, agressão
provocada pelo agredido sem finalidade de agredir o agressor condiciona a legítima
defesa às limitações ético -sociais indicadas, mas é preciso distinguir a qualidade da
provocação: se constitui comportamento antijurídico, como ocorre na maioria das
situações de injúria, vias de fato, violação de domicílio, dano etc., a legítima defesa é,
em princípio, excluída; se constitui comportamento situado ainda no terreno jurídico,
como ocorre com gozações, troças ou pilhérias lesivas de valores ético-sociais, mas de
antijuridicidade menor, indefinida ou inexistente, subsiste a legítima defesa com as
referidas limitações ético-sociais. 4. Agressões irrelevantes mediante contravenções,
delitos de bagatela, crimes de ação privada ou lesões de bens jurídicos sem proteção
penal também condicionam a legítima defesa às limitações ético-sociais referidas,
especialmente em relação à exclusão da morte ou de lesões graves no agressor, corolário
da necessidade de proteção da vida e de rejeição de desproporções extremas na
justificação. A legítima defesa em relação a coisas mostra a extensão do dissenso
ideológico na dogmática penal: para teóricos conservadores, como
SCHMIDHÀUSER70, nenhuma avaliação materialista de bens exclui a legítima defesa,
justificando a morte mesmo para proteger bagatelas; por outro lado, SCHROEDER
afirma que a ideia de proporcionalidade na legítima defesa exclui a morte ou lesões
graves na defesa de bagatelas ou de outras agressões irrelevantes.
13. Quais elementos precisam estar presentes para configurar uma ação justificada
pelo “estrito cumprimento de dever legal”?
R: Os elementos subjetivos do estrito cumprimento de dever legal consistem no
conhecimento da situação justificante (a existência de dever legal) ou no conhecimento
da situação justificante e vontade de cumprir o dever legal, como prender, coagir etc.
qualquer hipótese, com outros componentes psíquicos e emocionais, como medo,
perturbação etc.
16. Quais elementos precisam estar presentes para configurar uma ação justificada
pelo “exercício regular de direito”?
A ação justificada: autores como KUHL, OTTO e ROXIN afirmam ser suficiente o
conhecimento da situação justificante, embora com sentimentos de medo, raiva ou
vingança contra o agressor26; ao contrário, autores como WELZEL,
JESCHECK/WEIGEND e MAURACH/ZIPF exigem, além do conhecimento da
situação justificante, a vontade de defesa ou de proteção, também com sentimentos de
raiva ou vingança contra o agressor.
17. O que se entende por consentimento do titular do bem jurídico? Está previsto
em lei? Qual sua consequência jurídica?
O consentimento do titular do bem jurídico ou consentimento do ofendido constitui
causa supralegal de exclusão da antijuridicidade ou da própria tipicidade porque
consiste na renúncia à proteção penal de bens jurídicos disponíveis, ou seja, todos os
bens jurídicos individuais, inclusive a vida, em determinadas condições.
o consentimento do titular do bem jurídico é uma causa supralegal de exculpação, ou
seja, não se encontra previsto nas hipóteses da legislação penal brasileira
O consentimento do titular do bem jurídico, comumente chamado também
de consentimento da vítima ou do ofendido, define-se pela renúncia à proteção penal de
bens jurídicos disponíveis.