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TCB 2019 (Miolo) (Sem Espelhar)

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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL VISCONDE DE CAIRU

Av. Professor Luciano Gualberto 908 - FEA5 Sala 14


São Paulo - SP

APOSTILA TCB 2019


Esta apostila é para uso exclusivo dos alunos do Cursinho FEAUSP.
Participaram da confecção:

Conteúdo e revisão:
Gabriel Moacir S. Franco Mariana Piancó Ferreira
Allan Yoshiki Aoki Gabriel Sousa Andreghetto Matheus V. de Barros
Ana Helena Kuznetzow Guilherme Garcia Osanai Maurício Hiroshi Kanashiro
Ana Paula Bastos Vilar Garcia Guilherme Limberg Milena de Freitas Silveira
Angelica Pastori de Araujo Gustavo Muniz Sidney Caetano Santos
Arnaldo Hiroyuki Hidani Igor Posiello Zenker Silvio Ganiko Higa
Dagoberto D. Teodoro Isabela Awdrey de Andrade Thomas Cogo Pires
Daniel Zungolo Teixeira Jeferson Santos da Silva Vivian Cristina Gusmão
Danielle Liu Krippner José Antonio de O. Filho Willy Massayuki Nakada
David Maurice Eskinazi José Ricardo Baroldi Yuly de Souza Oliveira
Débora K. M. de Oliveira Laura Mayumi Hirata
Fernanda Namie M. Hirai Mariana Gauer Correia Arte e diagramação:
Gabriel Barbosa Paganini Mariana Batista da Silva Carolina Tiemi
Sonhar é tudo. Sem sonhos não há vida, não há transformação. Acredito que é
isso que nos junta aqui: a possibilidade de sonhar. É normal nos perguntarmos se nos-
sos sonhos são possíveis, se as limitações são maiores e se realmente somos capazes de
fazê-los uma realidade. De fato, nem sempre achamos que nossos sonhos são viáveis,
mas isso não nos impede de sonhar. É diferente quando acreditamos em um sonho
e aproveitamos a ideia dele se tornar uma realidade. Acreditar que um sonho é viável
não é uma tarefa simples, exige de nós muita luta; exige que coloquemos em prática
aquilo que estamos idealizando; exige que pensemos sobre o que estamos praticando.
Sem contar que precisamos descobrir nossos limites, e, sobretudo, saber desafiá-los,
um trabalho que ninguém acha fácil. Todavia, aqui, precisamos acreditar que podem-
os fazer possíveis os sonhos que se parecem impossíveis. Sonhar é, também, se libertar.

Para muitos de nossos alunos que vieram de Escola Pública ou estão afastados dos
estudos há muito tempo, é difícil acompanhar os instrumentos de estudo oferecidos pelo
Cursinho e que são focados em preparar para o vestibular. Assim, entendemos a necessi-
dade da criação de uma Turma de Ciclo Básico, que busca fundamentar conceitos e conteú-
dos capazes de preencher as lacunas de ensino e compor uma base sólida na formação de
nossos alunos. Essa apostila foi feita para te acompanhar nos estudos e te ajudar a aprove-
itar mais seu esforço e dedicação. No final, ela só está tentando facilitar esse processo que
ao longo do tempo pode parecer difícil, mas ai de nós se falarmos que ele é impossível.

Além disso, boas dicas para isso são manter a atenção nas aulas; resolver, corri-
gir e revisar os exercícios; elaborar e resolver dúvidas; e sempre buscar conhecer mais.
Saiba também, que você não está sozinho nessa. Temos muitas pessoas que também
querem te ajudar na missão de fazer o sonho de ingressar em uma Universidade pos-
sível. Os Professores; Coordenadores; Plantonistas; e demais colaboradores do Cursin-
ho estão junto com você e querem te dar todo o suporte possível para todo o curso.

Diretoria Pedagógica

SUMÁRIO

7 PORTUGUÊS (FRENTE 1)
aula 1 O que é texto? 8
aula 2 Interpretando textos 18
aula 3 A leitura 29
aula 4 Texto literário I 35
aula 5 Texto literário II 44
aula 6 Texto e imagem 56
aula 7 Recursos textuais 65
aula 8 Intertextualidade 71
aula 9 Pressupostos e implícitos 78
aula 10 Escrevendo textos 83
aula 11 Analisando questões 88
SUMÁRIO

93 PORTUGUÊS (FRENTE 2)
aula 1 Conceitos básicos 94
aula 2 Fonética I 101 aula 7 Semântica 135
aula 3 Fonética II 108 aula 8 Estilística I 140
aula 4 Morfologia 115 aula 9 Estilística II 145
aula 5 Sintaxe I 122 aula 10 Revisão de estilística 152
aula 6 Sintaxe II 128 aula 11 Revisão geral 157

164 PORTUGUÊS (FRENTE 3)


aula 1 Produção textual 165
aula 2 Parágrafo 170 aula 6 Dissertação I 200
aula 3 Narração I 175 aula 7 Dissertação II 204
aula 4 Narração II 185 aula 8 Construindo significado 210
aula 5 Carta 194 aula 9 Revisão 216

224 MATEMÁTICA (FRENTE 1)


aula 1 Números inteiros 225
aula 2 Potenciação 232 aula 9 Equações especiais. 269
aula 3 Radiciação 239 aula 10 Problemas com equa. 274
aula 4 Equação do primeiro g. 244 aula 11 Sistemas de equações. 279
aula 5 Problemas com equa. 250 aula 12 A ideia de função 283
aula 6 Sistema de equações. 254 aula 13 Função do primeiro gr. 287
aula 7 Inequações do prime. 259 aula 14 Função do segundo gr. 292
aula 8 Equações do segund. 264 aula 15 Gráfico da função qua. 298

312 MATEMÁTICA (FRENTE 2)


aula 1 Números Racionais 305 aula 9 Unidades de medida 338
aula 2 MMC e MDC 310 aula 10 Introdução à geom. 341
aula 3 Números decimais 315 aula 11 Ângulos 345
aula 4 Números primos e c. 320 aula 12 Triângulos 349
aula 5 Regra de três 323 aula 13 Semelhança de tri. 353
aula 6 Porcentagem 328 aula 14 Trigonometria no tri. 357
aula 7 Juros Composto 332 aula 15 Polígonos I 361
aula 8 Fatoração 335 aula 16 Polígonos II 365
377 FÍSICA SUMÁRIO
aula 1 Trigonometria no triâng. 370
aula 2 Vetores 376
aula 3 Cinemática 387
aula 4 Grandesas físicas e not. 395
aula 5 Conversão de unidad. 397
aula 6 Análise dimensional e p. 402

414 QUÍMICA
aula 1 Introdução à química 407
aula 2 Evolução dos modelos atôm. 412
aula 3 Matéria e suas propriedades 419

434
aula 4 Introdução a reações quím. 422
BIOLOGIA
aula 1 Conceitos iniciais 427
aula 2 Vírus, procariontes, algas, p. 434
aula 3 Vegetais 445
aula 4 Animais 450
aula 5 Ecologia e saúde 459
aula 6 Genética básica 473

487 GEOGRAFIA (FRENTE 1)


aula 1 Introdução à geografia física 480
aula 2 Estudo de bases da geol. 483
aula 3 Estudo de bases da hidro. 495
aula 4 Estudo de bases da biogeo. 498

515 GEOGRAFIA (FRENTE 2)


aula 1 História do pensamento geo. 508
aula 2 Introdução de conceitos de e. 511
aula 3 Cartografia 513
aula 4 Continentes I 516
aula 5 Continentes II 522
aula 6 Brasil em regiões 528

542 HISTÓRIA
aula 1 Introdução ao estudo da h. I 535
aula 2 Introdução ao estudo da h. II 540
aula 3 História e tempo 543
aula 4 História geral 548
aula 5 História do Brasil 554
mudar é
difícil,
mas é
possível
PAULO FREIRE
PÁG 5

PORTUGUÊS
PORTUGUÊS
AULA 1
O que é texto?

Nesta unidade, conheceremos vários tipos de textos. Será o


nosso contato inicial, a ser aprofundado nas outras unidades.

1.0 Conceitos

"Um texto é uma ocorrência linguística, escrita ou falada de


qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal. É uma unidade de linguagem em uso."
(COSTA VAL, 1991).

A palavra texto provém do latim textum, que significa tecido,


entrelaçamento. A própria origem etimológica de texto remete a
tecido, pois assim como um tecido deve entretecer seus fios, os
textos devem conseguir juntar as diversas ideias, de modo que,
nos pontos em que essas ideias se tocam, estabeleça-se a coesão
textual.
A partir do conceito inicial podemos dizer que um texto,
para ser classificado como tal, deve ter uma organização inter-
na que represente um significado, ou seja, um sentido. Um texto
pode ser constituído de forma escrita ou oral e, em sentido mais
amplo, pode ser também não-verbal, como as fotografias e pin-
turas.

1.1 Tipos de textos

Existe uma série de textos que constituem um grande con-


junto de gêneros textuais. Há os que se constituem de maneira
cotidiana, os de maneira mais formal, institucionalizada e os artis-
ticamente compostos.

- Textos do cotidiano
Nesses textos a linguagem varia conforme a relação estabe-
lecida entre os interlocutores. Pode ser estritamente formal, como
em uma entrevista de emprego, instrucional, como a de uma re-
ceita culinária e informal, como a de um bilhete que fixamos com
um imã na porta da geladeira. Como exemplo, podemos falar dos
e-mails que possuem diversas finalidades, assim como o cartão, o
bilhete e o telegrama.

8
Nesses textos há o remetente, aquele que envia a men-
sagem, e o destinatário, aquele que recebe a mensagem enviada.
A linguagem varia conforme a situação estabelecida entre os interlocutores.
A linguagem formal segue a norma culta e é usada em situações formais, como
no momento em que nos comunicamos com uma autoridade.
A linguagem informal apresenta uma estrutura mais solta, em que é possível usar até
mesmo gírias e repetições; é usada em situações informais, como numa conversa en-
tre amigos.

- Textos de instrução
São produzidos com o intuito de ensinar o leitor. Como exemplo, temos receitas
culinárias, bulas de remédio, manuais para orientação do usuário a respeito do uso de
máquinas e aparelhos domésticos, prospectos de esclarecimentos sobre doenças, ses-
sões de teatro e etc. Exemplo de receita:

Ovo frito

Ingredientes
1 colher (chá) de manteiga ou margarina
1 ovo
Sal a gosto

Modo de preparo
1. Derreta a manteiga numa frigideira.
2. Dê uma batidinha na casca do ovo e quebre-o
sobre a manteiga.
3. Frite o ovo até que a borda fique ligeiramente
dourada e a gema cozida.
4. Salgue somente depois de pronto para que
não fiquem manchas brancas sobre a gema.

- Textos descritivos
São textos que visam fazer uma espécie de fotografia verbal para o leitor. Os
relatórios médicos, de engenharia, certos tipos de reportagem ou mesmo alguns mo-
mentos dentro de textos literários. Existem alguns elementos que são essenciais na
descrição, tais como:
identificar - dar existência ao elemento de que se fala (diferenças e semelhanças);
localizar/situar - determinar o lugar que o elemento ocupa no tempo e no espaço;
qualificar - testemunho do observador sobre os seres do mundo. Exemplo:

"Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos, pele
bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos".

- Textos informativos
Os textos informativos visam informar ou contextualizar um tema para o leitor.
São textos dessa ordem as notícias, as reportagens, os quadros informativos, gráficos,
legendas e entrevistas. Exemplo:

E quanto a sua carreira no cinema?

Fiz cinema também, 37 filmes hein? Tenho cinco para entrar, e


ninguém fala, é uma tortura. É só Sassá Mutema. Não que me
sinta injustiçado, não é o termo. Mas há uma falta de cuidado em
analisar a minha obra, sempre em nome de uma piada. Além de
"Depois Daquele Baile" e "Boleiros 2", vou estrear um do Manoel
de Oliveira.

(Entrevista de Lima Duarte concedida a Folha Online.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u59129.shtml)
9
- Textos jornalísticos

O texto jornalístico pode ser facilmente confundido com o informativo, uma vez
que também busca informar. No entanto, esse gênero é constituído no interior de re-
vistas, jornais, programas televisivos. Fazem parte desse gênero os editoriais, cartas dos
leitores, resenhas críticas e crônicas.
Os editoriais trazem a opinião do veículo que representam, ou seja, expressam o
pensamento do jornal ou revista. Exemplo de editorial:

As Universidades Federais atravessam, novamente, um perío-


do de turbulência e incertezas quanto ao futuro; atividades
são novamente paralisadas para chamar a atenção da so-
ciedade. Pode-se creditar à insensibilidade do atual governo
motivos para a deflagração da crise, mas atribuir a este toda
a responsabilidade, como transparece em algumas anális-
es, é simplificar em demasia a origem do problema. Neste
editorial argumentamos que algumas das motivações para
esta crise são anteriores, com origens na dependência exces-
siva das universidades em relação a diretrizes do estado e na
postura subserviente a valores culturais importados. As uni-
versidades brasileiras são de origem muito recente e muitas
foram criadas sem maiores vínculos com questões culturais,
científicas e técnicas, previamente discutidas com a socie-
dade…

(Quím. Nova vol.21 no. 3 São Paulo Mai. /Jun. 1998)

- Textos técnicos
São textos empregados, frequentemente, em comunicações oficiais dos mais
diversos órgãos, por exemplo, requerimentos, ofícios, memorandos, atas, currículos,
cartas comerciais. Modelo de requerimento:

Ilmo Sr. Superintendente de Educação Básica


Maria João Cunha, secretária do Departamento Pessoal da Universidade Católica, casa-
da, brasileira, residente na Rua Jututi, n.º 65, Jaçanã, vem requerer de V. Sa. Uma bolsa de
estudos no curso de enfermagem, tendo em vista sua aprovação no concurso vestibular.
Nestes termos
Pede deferimento
São Paulo, 18 de janeiro de 2003.
Maria João Cunha
Nos textos oficiais é preciso conter:

Invocação: cargo da pessoa a quem de destina.


Dados pessoais do requerente: identidade completa.
Motivo do pedido: caso necessário com exemplos e citações.
Fecho: que segue um padrão.
Data e assinatura.

10
- Textos persuasivos
São textos que possuem função apelativa muito
forte, ou seja, caracterizam pelo forte apelo ao leitor,
buscando chamar sua atenção, interferir em sua von-
tade e levá-lo a uma ação específica. O exemplo mais
conhecido de texto persuasivo é o anúncio publicitário.
Nesta propaganda, a empresa de refrigerante
apela para o lado solidário do consumidor, associando
o produto a instituições de caridade.

(www.bichodegoiaba.com.br)

- Textos narrativos
São textos que têm por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando
dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de acontecimentos, mesmo que
não mantenham relação de linearidade com o tempo real.
Os elementos constituintes de uma narrativa são: o enredo, conjunto de fatos
ligados entre si que fundamentam a ação de um texto narrativo; personagens, seres
criados para o texto; espaço, lugar onde a narrativa ocorre e tempo, que em uma narra-
tiva pode ser definido como a duração da ação. Exemplo:

"Um homem caminha a noite por uma estrada escura, seus olhos estão atentos ao
menor movimento, seus ouvidos ao menor ruído, ele está a muitos quilômetros de sua
casa e só conseguirá chegar até ela caminhando. A qualquer momento ele poderá
ser assaltado. Na rua não há mais ninguém. Caminha sozinho, tendo por testemunha
a luz da Lua e das estrelas.
Ele tem que chegar em sua casa, lá o esperam seus filhos e sua esposa. Todos já de-
vem estar preocupados com sua demora.
Súbito, ele escuta barulho de passos, seu coração descompassa. Começa a camin-
har mais rápido. O barulho dos passos aumenta. São passadas rápidas que parecem
quase correr...”
(Reinaldo Dias - Adaptado do livro Língua e Literatura - aa. Carlos Faraco e Francisco
Moura - editora Ática)

Enredo: Homem caminha sozinho pela estrada à noite, quando de repente escuta pas-
sos e começa a andar mais rápido.

Personagem: o homem.

Espaço: estrada escura.

Tempo: uma noite.

- Textos disertativos
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de uma determinada
ideia. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza, coerência, ob-
jetividade na exposição, um planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão.

11
Exemplo:

"A posição social da mulher de hoje.

Ao contrário de algumas teses predominantes até bem pouco tempo, a maioria


das sociedades de hoje já começam a reconhecer a não existência de distinção algu-
ma entre homens e mulheres. Não há diferença de caráter intelectual ou de qualquer
outro tipo que permita considerar aqueles superiores a estas.
Com efeito, o passar do tempo está a mostrar a participação ativa das mulheres
em inúmeras atividades. Até nas áreas antes exclusivamente masculinas, elas estão
presentes, inclusive em posições de comando. Estão no comércio, nas indústrias, pre-
dominam no magistério e destacam-se nas artes. No tocante à economia e à política,
a cada dia que passa, estão vencendo obstáculos, preconceitos e ocupando mais es-
paços.
Cabe ressaltar que essa participação não pode nem deve ser analisada apenas
pelo prisma quantitativo. Convém observar o progressivo crescimento da participação
feminina em detrimento aos muitos anos em que não tinham espaço na sociedade
brasileira e mundial.
Muitos preconceitos foram ultrapassados, mas muitos ainda perduram e emper-
ram essa revolução de costumes. A igualdade de oportunidades ainda não se efetivou
por completo, sobretudo no mercado de trabalho. Tomando-se por base o crescimento
qualitativo da representatividade feminina, é uma questão de tempo a conquista da
real equiparação entre os seres humanos, sem distinções de sexo."

A partir desse texto, percebemos que os textos dissertativos são elaborados a


partir de um tema principal e que a partir de uma seqüência lógica composta de intro-
dução, argumentação e conclusão expressam com clareza a ideia proposta.

- Textos literários
O texto literário não tem função de informar o leitor, ou seja, ele não possui,
obrigatoriamente, uma ligação com a realidade exterior. São textos que representam
manifestações artísticas, ou seja, procuram produzir um efeito estético, proporcionan-
do uma sensação de prazer e emoção no receptor. Os textos literários são representa-
dos por diversas formas:

Poesia: a poesia consiste no arranjo harmônico das palavras. Geralmente, um poema


organiza-se em versos, caracterizados pela escolha precisa das palavras em função de
seus valores semânticos e sonoros. É possível a ocorrência da rima, bem como a con-
strução em formas determinadas como o soneto.

Peças de teatro: textos baseados na dramatização, ou seja, na representação de narra-


tivas de ficção por atores encarnando personagens.

Ficção em prosa: são textos que se apresentam corridos, sem versificação. Podem ser
divididos em romances e contos; o primeiro constitui-se de uma narrativa longa em
que há uma concatenação de ações e o segundo é uma narrativa, em prosa, de menor
extensão, ainda que contenha os mesmos componentes do romance.

12
EXERCÍCIOS

1. Identifique qual é o tipo de texto que se apresenta e enumere algumas de suas prin-
cipais características.

a) Isabel Cristina Matos


Av. 5 de Outubro, nº XX
1050 Lisboa
Telefone: 21 XXX XX XX

Exmoº Senhor Director dos Recursos Humanos da Sociedade de Informática de Portu-


gal Rua das Avenidas, nº XX, 1200 Lisboa.

Acabo de receber o meu diploma de Informática, na Universidade Lusófona. Tenho


conhecimento de que a vossa empresa lidera o mercado neste ramo de atividade, o
que me dá garantias de ser o melhor local para poder desenvolver as competências
que adquiri na minha formação.
Gostaria de, numa entrevista pessoal, poder prestar outras informações que penso se-
rem de mútuo interesse.

Subscrevo-me, com a mais elevada consideração.


Isabel Cristina Matos

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b) Darcy Ribeiro. Um dos mais brilhantes cidadãos brasileiros, Darcy Ribeiro provou ao
mundo que um homem de nada mais precisa além da coragem e da força de vonta-
de para modificar aquilo que, por covardia, simplesmente ignoramos. Ouvi-lo, mesmo
que por alguns instantes, nos levava a conhecer sua sabedoria e simplicidade, era um
verdadeiro intelectual cuja convivência com os índios o fez adquirir invejável formação
humanística. Darcy tinha a pele clara, olhos negros e curiosos, lábios finos e trazia
em seu rosto marcas de quem já deixou sua marca na história, as quais harmoniosa-
mente faziam-lhe inspirar profunda confiança. Apesar de diabético e lutar contra dois
cânceres, não fez disso desculpa para o comodismo ante a seus ideais maiores, ele
sabia o que queria, e não mediu esforço para conseguir.

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13
c) Vai-se à barca do Anjo e diz:
Hou da barca! Houlá! Hou!
Haveis logo de partir?
ANJO: E onde queres tu ir?
ONZ.: Eu pera o Paraíso vou.
ANJO: Pois cant’eu mui fora estou
de te levar para lá.
Essa barca que lá está
vai pera quem te enganou.
ONZ.: Porquê?
ANJO: Porque esse bolsão
tomará todo o navio.
ONZ.: Juro a Deus que vai vazio!
ANJO: Não já no teu coração.
ONZ.: Lá me fica de ródão
minha fazenda e alhea.
ANJO: Ó onzena, como és fea
e filha de maldição! (Gil Vicente. Auto da Barca do Inferno)

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d) Instruções para cantar:


"Comece por romper os espelhos de sua casa, deixe cair os braços, olhe vagamente a
parede, esqueça-se. Cante uma só nota, escute por dentro. Se ouve (mas isto ocorrerá
muito depois) algo como uma paisagem sumida no medo, com fogueiras entre as
pedras, com silhuetas semi-nuas acocoradas, creio que estará bem encaminhado, e o
mesmo se ouve um rio por onde descem barcas pintadas de amarelo e negro, se ouve
um sabor pão, um tato de dedos, uma sombra de cavalo. Depois compre solfejos e um
fraque, e por favor não cante pelo nariz e deixe em paz a Schumann."
(Julio Cortazar. Instruções para cantar)

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e) IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
Novartis Biociências S.A.
CATAFLAM® diclofenaco potássico
FORMAS FARMACÊUTICAS E APRESENTAÇÕES
USO ADULTO
Via oral
Drágeas de 50 mg. Embalagens com 10 e 20 drágeas.
USO ADULTO E PARA CRIANÇAS ACIMA DE 14 ANOS
Cada drágea contém 50 mg de diclofenaco potássico. (http://bulario.bvs.br/)

14
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f)

Hoje você é uma uva.


Mas, cuidado, uva passa.

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GABARITO
1.
a) Técnico: “São textos empregados, frequentemente, em comunicações
oficiais dos mais diversos órgãos. Alguns exemplos são: requerimentos,
ofícios, memorandos, atas, currículos, cartas comerciais”.
Nos textos oficiais é preciso conter:
‐ Invocação: cargo da pessoa a quem de destina. “Exmo. Senhor (...) tele-
fone XXX”.
‐ Dados pessoais do requerente: identidade completa. “Isabel Cristina (...)
Lisboa”.
‐ Motivo do pedido: caso necessário com exemplos e citações. “Acabo de
receber (...) formação”.
‐ Fecho: que segue um padrão. “Subscrevo-me (...) consideração”.
‐ Data e assinatura. “Isabel Cristina Matos”

b) Descritivo. São textos que visam fazer uma espécie de fotografia ver-
15
GABARITO
bal para o leitor. Alguns exemplos são os relatórios médicos, certos tipos de
reportagem e mesmo alguns momentos dentro de textos literários. Existem
alguns elementos que são essenciais na descrição, tais como: identificar:
dar existência ao elemento que se fala (diferenças e semelhanças); localizar/
situar: determinar o lugar que o elemento ocupa no tempo e no espaço;
qualificar: testemunho do observador sobre os seres do mundo. 1º parágra-
fo. “Darcy tinha a pele clara (...) confiança” = caracterização do elemento.

c) Literário. São textos que representam manifestações artísticas, ou seja,


procuram produzir um efeito estético, proporcionando uma sensação de
prazer e emoção no receptor.

d) Texto híbrido: Instrutivo, Literário e Descritivo.


Instrutivo: no título.
Literário: “São textos que representam manifestações artísticas, ou seja,
procuram produzir um efeito estético, proporcionando uma sensação de
prazer e emoção no receptor”.
Descritivo: ... “onde descem barcas (...) sombra de cavalo”.

e) Instrutivo/ instrucional/ injuntivo:


“São produzidos com o intuito de ensinar o leitor. Como exemplo, temos re-
ceitas culinárias, bulas de remédio, manuais para orientação do usuário a re-
speito do uso de máquinas, prospectos de esclarecimentos sobre doenças,
sessões de teatro, etc.”

f) Persuasivo: “São textos que possuem função apelativa muito forte, ou seja,
caracterizam pelo forte apelo ao leitor, buscando ademais de chamar sua
atenção, interferir em sua vontade e levá-lo a uma ação específica. O exem-
plo mais conhecido de texto persuasivo é o anúncio publicitário

2.
a) Mãe, você viu a Ana hoje, porque eu ainda não a vi.
Problema: colocação pronominal.

b) Estou preocupado com a prova de terça-feira.


Problema: redução/coloquialidade.

c) Ele pagou dois milhões pelos bois.


Problema: Concordância nominal/uso do plural.

d) Passe-me o arroz, estou com fome.


Problema: Uso inadequado do imperativo/Colocação pronominal/
redução/coloquialismo

16
ANOTAÇÕES

17
PORTUGUÊS
AULA 2
Interpretando textos

2.0 Introdução

“Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o


que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para
começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, como
respirar, é nossa função essencial.”
(Uma história da leitura. Alberto Manguel)

A leitura e a escrita, em uma sociedade letrada, são a base


da comunicação. Entretanto, se pensarmos qual das duas usamos
mais, veremos que lemos mais do que escrevemos.
O ato de leitura, assim como diversas outras atividades, é
aperfeiçoado com a prática. Abaixo seguirão alguns passos adota-
dos toda vez que quisermos obter uma boa compreensão na leitu-
ra de um texto.

2.1 A Interpretação

- Identificar o tema do texto


Ao tomar-se contato com um texto a primeira pergunta a
ser feita deve ser: qual é o seu foco principal?
É preciso reconhecer o assunto em torno do qual as infor-
mações se organizarão. Se possível, é bom verificar o seu grau
de conhecimento do assunto mencionado, por exemplo, se você
conhece bem o tema retratado no texto. Isso permitirá avaliar bem
o que será dito; se não, aproveite para obter novas informações.

- Elaborar uma síntese do texto


Para elaborar uma síntese será preciso fazer uma seleção
dos elementos mais importantes que foram mencionados no tex-
to estabelecendo critérios de relevância.

- Organizar as próprias idéias com relação aos elementos rele-


vantes
As informações obtidas no texto exigirão um posicionamen-
to crítico do leitor. Esse posicionamento deve decorrer da avaliação
do que foi dito com base nos critérios que se resolveu adotar para
a elaboração da síntese.
Nesse instante, é importante verificar os conhecimentos
18
prévios que já se tem a respeito do tema. O conhecimento prévio permite adotar uma
posição em relação às novas informações. (Discorda delas? Concorda com elas? Por
quê?).

- Estabelecer relações entre os elementos relevantes e/ou entre eles e outras infor-
mações de que o leitor disponha
A tomada de posição em relação aos elementos relevantes selecionados deve
permitir que o leitor perceba, também, como esses elementos se relacionam (são
complementares (por quê?), opõem-se (por quê?), subordinam-se (de que maneira?)) e
também como pode relacioná-los às informações que já tinha sobre o tema.

- Demonstrar capacidade para interpretar os dados e fatos apresentados


Estabelecidas as relações, o leitor precisa agora dar um passo que vai começar a
viabilizar a construção de um sentido seu para o que está lendo.
Esse passo deve constituir a resposta para uma pergunta: que sentido faz o que
eu acabei de ler? Em outras palavras: consideradas todas as informações, qual é o sen-
tido fundamental a que se chega?

- Elaborar hipóteses explicativas para fundamentar sua análise das questões tema-
tizadas no texto
A conclusão do processo de leitura e a construção do sentido acontecem no
momento em que, após determinar as informações relevantes, relacioná-las e inter-
pretá-las, o leitor procura uma explicação para elas serem o que são. A elaboração de
hipóteses explicativas para um conjunto de dados obtidos por meio da leitura é, na
verdade, o passo final na “apropriação” do texto lido pelo leitor. Ao construir hipóteses
sobre o cenário delineado pelo texto, ele vai além do que foi dito pelo autor e constrói
um novo conhecimento acerca da questão tematizada.

EXERCÍCIOS
Leia o texto abaixo e responda as questões que se seguem:

Metade da população mundial viverá em metrópoles até 2008

19
Cerca de 3,3 bilhões de pessoas - metade da população mundial - viverão em
grandes cidades até 2008, segundo um relatório divulgado pela ONU.
Até 2030, as grandes metrópoles abrigarão cerca de 5 bilhões de pessoas, de
acordo com o documento elaborado pelo Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA).
Segundo a diretora da UNFPA, Thoraya Segundo citada pela Associated Press,
sem planejamento adequado, as grandes cidades enfrentarão ameaças como a super-
população, a falta de oportunidades para os jovens no mercado de trabalho e o ex-
tremismo religioso.
"Em 2008, metade da população mundial viverá em áreas urbanas, e não esta-
mos prontos para isso", afirmou Obaid. "É preciso investir em moradia e educação para
que se tenha um força econômica que possa trabalhar e trazer mais crescimento para
as cidades", disse.
De acordo com o relatório, enquanto a população das áreas rurais diminui, a das
cidades cresce de forma descontrolada, devido à migração do campo para as grandes
metrópoles. Segundo ela, o controle de natalidade poderia ajudar a prevenir o proble-
ma. "O crescimento urbano encoraja o controle da fertilidade, porque a população ur-
bana tem maior acesso à informação e aos serviços para planejar melhor suas famílias",
afirma Obaid.
Obaid afirma que as cidades de menor porte devem absorver o crescimento
populacional das megalópoles. "Nos concentramos nas cidades menores, com cerca
de 500 mil habitantes". Para ela, as cidades menores são mais flexíveis e adaptam suas
políticas mais facilmente.
A diretora da UNFPA alerta para os riscos de essa população excedente não ser
absorvida. "O extremismo é, em geral, a reação mais rápida para a sensação de ex-
clusão e injustiça, e as cidades podem se tornar uma base para isso caso não sejam
bem gerenciadas. O extremismo é um fenômeno tipicamente urbano", diz Obaid.

(27/06/2007 Folha Online http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94 u307602.


shtml)

1. Identifique o tema da reportagem.


_______________________________________________________________________________________

2. Faça uma síntese do texto.


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_______________________________________________________________________________________

3. Organize as próprias idéias em relação ao texto.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

4. Estabeleça relações entre as informações obtidas.


_______________________________________________________________________________________

5. Interprete os dados e os fatos


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. Elabore hipóteses explicativas


_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
20
Leia o texto abaixo e responda as questões 7, 8 e 9:

"Volta e meia a gente encontra alguém alfabetizado, mas que não sabe ler. Quer
dizer, até domina a técnica de juntar sílabas e é capaz de destinguir no vidro dianteiro
o itinerário de um ônibus. Mas passa longe de livro, revista, material impresso em geral.
Gente que diz que não curte ler. Esquisito mesmo. Sei lá, nesses casos, sempre acho
que é como a pessoa estivesse dizendo que não curte namorar. Talvez nunca tenha
parado para pensar que, se teve alguma experiência desastrosa em um namoro (ou
em uma leitura), isso não quer dizer que todas vão ser assim. É só trocar de namora-
do ou namorada. Ou de livro. De repente, pode descobrir delícias que nem imagina-
va, gostosuras fantásticas, prazeres incríveis. Ninguém devia ser obrigado a namorar
quem não quer. Ou ler o que não tem vontade. E todo mundo devia ter a oportunidade
de experimentar um bocado nessa área, até descobrir qual é a sua.
Durante 18 anos, eu tive uma livraria infantil. De vez em quando, chegavam
uns pais ou avós com a mesma queixa: "O Joãozinho não gosta de ler, o que é que eu
faço?”. Como eu acho que o ser humano é curioso por natureza e qualquer pessoa
alfabetizada fica doida para saber o segredo que tem dentro de um livro (desde que
ninguém esteja tentando lhe impingir essa leitura feito remédio amargo pela goela
abaixo), não acredito mesmo nessa história de criança não gostar de ler. Então, o que
eu dizia naqueles casos não variava muito. A primeira coisa era algo como "pára de
encher o saco do Joãzinho com essa história de que ele tem que ler". Geralmente em
termos mais delicados: "Por que você não experimenta aliviar a pressão em cima dele,
e passa uns seis meses sem dar conselhos de leitura?“
O passo seguinte era uma sugestão "Experimente deixar um livro como este ao
alcance do Joãzinho, num lugar onde ele possa ler escondido, sem parecer que está
fazendo a sua vontade. No banheiro, por exemplo". E o que eu chamava de um livro
como este, já na minha mão estendia em oferta um exemplar de O menino Maluquin-
ho, do Ziraldo, ou do Marcelo, Marmelo, Martelo, da Ruth Rocha ou de O gênio do
Crime, do João Carlos Marinho.
Havia vários outros títulos que também serviam. Mas o fato é que, em 18 anos de
experiências, NUNCA, nem uma única vez, apareceu depois um pai reclamando que
aquela sugestão não tinha dado certo. Pelo contrário, incontáveis vezes o encontro
seguinte já incluía um Joãozinho entusiasmado, comentando o livro lido e disposto a
fazer novas descobertas. Para adolescentes jovens, a coisa é um pouco mais compli-
cada. Não porque não haja livro bom assim como os que citei. Pelo contrário, tem um
montão. Eu seria capaz de encher páginas e páginas dando sugestões e comentando
cada uma delas. A quantidade chega até a atrapalhar a escolha, não é esse o problema.
Mas aí já entram em cena, muitas variáveis (...).
Nessa idade todo mundo gosta de criar sua tribo. Há quem goste de pagode,
quem se amarre em música sertaneja, quem só quer saber de rock. A turma que mad-
ruga para conciliar estudo e trabalho, o pessoal que discute política e faz manifestação,
a moçada que não está nem aí. Se eles não se vestem igual, não freqüentam os mes-
mo lugares, não se deslocam nos mesmos transportes, não curtem o mesmo tipo de
música, não falam a mesma gíria, como é que a gente vai encontrar um livro assim
como O Menino Maluquinho para jovens, capaz de atingir a todos, tão diferentes?

(Ana Maria Machado. Bom de ouvido. In.: Veríssimo, L. F. Comédias para se ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001)

7. Podemos afirmar que a autora conclui que há dois tipos de leitores.

21
a) Quais são eles?
_______________________________________________________________________________________

a) O que, segundo Ana Maria Machado, determinaria a existência desses dois tipos de
leitores?
_______________________________________________________________________________________

8. De que se vale a autora para comprovar que sua opinião sobre os motivos que levam
a essa diferenciação entre leitores está correta?

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

9. Ana Maria Machado afirma que transformar leitura em prazer, quando se trata de
adolescentes, é um pouco mais complicado.
a) Por quê?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Que outros motivos você acha que transformam a leitura em algo enfadonho ou
desprazeroso?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

Leia o texto, interprete-o e responda as questões de 10 à 15.

Uma diferença de 3.000 quilômetros e 32 anos de vida separa as margens do


abismo entre o Brasil que vive muito, e bem, e o Brasil que vive pouco, e mal. Esses
números, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, e pela
Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco, referem-se a duas cidades situadas em
pólos opostos do quadro social brasileiro. Num dos extremos está a cidade de Veranóp-
olis, encravada na Serra Gaúcha. As pessoas que nascem ali têm grandes possibilidades
de viver até os 70 anos de idade. Na outra ponta fica Juripiranga, uma pequena cidade
do sertão da Paraíba. Lá, chegar à velhice é privilégio de poucos. Segundo o IBGE,
quem nasce em Juripiranga tem a menor esperança de vida do país: apenas 38 anos.
A estatística revela o tamanho do abismo entre a cidade serrana e a sertaneja. Na
cidade gaúcha, 95% das pessoas são alfabetizadas, todas usam água tratada e comem,
em média, 2.800 calorias por dia. Os moradores de Juripiranga não têm a mesma
sorte. Só a metade deles recebe água tratada, os analfabetos são 40% da população e,
no item alimentação, o consumo médio de calorias por dia não passa de 650.
O Brasil está no meio do trajeto que liga a dramática situação de Juripiranga à
vida tranqüila dos veranenses. A média que aparece nas estatísticas internacionais dá
conta de que o brasileiro tem uma expectativa de vida de 66 anos.
Veranópolis, como é comum na Serra Gaúcha, é formada por pequenas proprie-
dades rurais em que se planta uva para a fabricação de vinhos. Tem um cenário verde-
jante. Seus moradores - na maioria descendentes de imigrantes europeus - plantam e
criam animais para o consumo da família. Na cidade paraibana, é óbvio, a realidade é
bem diferente. Os sertanejos vivem em cenário árido. Juripiranga não tem calçamen-
to e o esgoto corre entre as casas, a céu aberto. Não há hospitais. A economia gira em
torno da cana. Em época de entressafra, a maioria das pessoas fica sem trabalho.

22
No censo de 1980, os entrevistadores do IBGE perguntaram às mulheres de Juri-
piranga quantos de seus filhos nascidos vivos ainda sobreviviam. O índice geral de so-
breviventes foi de 55%. Na cidade gaúcha, o resultado foi bem diferente: a sobrevivên-
cia é de 93%. Contrastes como esses são comuns no país. A estrada entre o país rico e o
miserável está sedimentada por séculos de tradições e culturas econômicas diferentes.
Cobrir esse fosso custará muito tempo e trabalho.
(Revista Veja - 11/05/94 - pp. 86-7 - com adaptações)

10. Os 32 anos referidos no texto como um dos indicadores do abismo existente entre
as cidades de Veranópolis e Juripiranga corresponde à diferença entre:
(A) suas respectivas idades, considerando a época da fundação.
(B) as idades do morador mais velho e do mais jovem de cada cidade.
(C) as médias de idade de seus habitantes.
(D) a expectativa de vida das duas populações.
(E) os índices de sobrevivência dos bebês nascidos vivos.

11. Segundo o texto, Veranópolis e Juripiranga encontram-se em pólos opostos. Assi-


nale a única opção cujos elementos não caracterizam uma oposição entre essas duas
cidades:
(A) Norte x Sul
(B) Serra x Sertão
(C) Dramática x Tranqüila
(D) Verdejante x Árido
(E) Plantação x Consumo

12. Analise as afirmações abaixo e assinale V para as que, de acordo com o texto, con-
siderar verdadeiras e F para as falsas:
( ) A cidade paraibana não tem sequer a metade dos privilégios de que goza a cidade
gaúcha.
( ) O Brasil, como um todo,encontra-se numa posição intermediária entre as duas ci-
dades.
( ) Apesar de afastadas pelas estatísticas, Veranópolis e Juripiranga se unem pelas
tradições culturais.
( ) Embora com resultados diferentes, a base da economia das duas cidades é a agri-
cultura.
( ) De seus ancestrais europeus os sertanejos adquiriram as técnicas rurais.
A seqüência correta é:
(A) V-V-V-F-F
(B) F-F-V-F-V
(C) V-V-F-F-F
(D) F-F-V-V-V
(E) V-V-F-V-F

13. "Cobrir esse fosso custará muito tempo e trabalho." O fosso mencionado no texto
diz respeito ao (à):
(A) abismo entre as duas realidades
(B) esgoto que corre a céu aberto
(C) calçamento deficiente das estradas brasileiras
(D) falta de trabalho durante a entressafra
(E) distância geográfica entre os dois pólos

23
14. Numa análise geral do texto, podemos classificá-lo como predominantemente:
(A) descritivo
(B) persuasivo
(C) informativo
(D) narrativo
(E) sensacionalista

15. Em "a cidade de Veranópolis, encravada na Serra Gaúcha"... e "A estrada ... está sedi-
mentada por séculos...", os termos sublinhados alterariam o sentido do texto se fossem
substituídos, respectivamente, por:
(A) cravada e assentada
(B) enfiada e fixada
(C) fincada e estabilizada
(D) escavada e realçada
(E) encaixada e firmada

O texto abaixo corresponde as questões 16 à 21.

A ABOLIÇÃO DO TRÁFICO
A extinção do tráfico negreiro não foi um fato isolado na vida econômica do Bra-
sil; ao contrário, ela correspondeu às exigências da expansão industrial da Inglaterra.
Depois que esse país conseguiu dar o salto qualitativo - o da mecanização da produção
- não lhe interessava mais a existência da escravidão na América, pois, com a implan-
tação do capitalismo industrial, tornava-se necessária a ampliação de mercados consu-
midores. A escravidão passou, então, a ser um entrave aos interesses ingleses, visto que
os escravos estavam marginalizados do consumo. Com relação ao Brasil, a Inglaterra
usou mais do que a simples pressão: só reconheceu a independência daquele país me-
diante tratado, no qual o Brasil se comprometia a abolir o tráfico de negros.
Todavia, não foi tomada qualquer medida efetiva, o que levou a aprovação da Lei
de 1831 que, na prática, deveria acabar com o tráfico, pois estabelecia a liberdade de
todos os africanos que entrassem no país a partir daquela data.
Esta lei, contudo, ficou "para inglês ver". Ela serviu para refrear um pouco a
pressão britânica. Esta, porém, nunca cessou de todo e, em 1845, o Parlamento inglês
aprovou o "Bill Aberdeen", que concedia à marinha inglesa o direito de revistar os navi-
os suspeitos de tráfico e, mais ainda, permitia a prisão de navios acusados de praticar-
em pirataria e o julgamento dos traficantes por tribunais ingleses.
A partir daí, a pressão sobre o governo brasileiro tornou-se muito maior e a situ-
ação chegou a ficar insustentável, pois os navios brasileiros começaram a ser revista-
dos, embora navegassem ao longo da costa ou, ainda, quando ancorados nos portos.
Finalmente, em 1850, o Parlamento brasileiro aprovou a Lei Eusébio de Queirós,
que proibia, definitivamente, o tráfico negreiro para o Brasil.
(Ana Maria F. da Costa Monteiro e outros. História. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal
de Educação, 1988, p.181, com pequenas adaptações.)

16. A leitura dos dois primeiros parágrafos do texto nos permite concluir que:
(A) A Inglaterra necessitava da ampliação de mercado consumidor e, portanto, fo-
mentou o fim da escravidão na América.
(B) A escravidão na América foi resultado da mecanização da produção na Inglater-
ra.
(C) O capitalismo industrial gerou consumidores marginalizados: os escravos.

24
(D) O Brasil, ao mecanizar sua produção, definiu o fim do tráfico de es
cravos.
(E) A Inglaterra apoiava a escravidão na América porque necessitava dar um salto
qualitativo em sua economia.

17. A expressão "para inglês ver" significa que:


(A) A Inglaterra estava vigiando os navios negreiros
(B) O Brasil obedeceu ao Bill Alberdeen, do Parlamento inglês
(C) Os ingleses viram a Lei de 1831, que terminou com o tráfico negreiro
(D) A Lei de 1831, criada e anunciada aos ingleses, não foi cumprida
(E) Em 1831, a Inglaterra viu que a abolição do tráfico era uma realidade

18. A Lei de 1831 foi uma tentativa para extinguir o tráfico negreiro porque:
(A) Proibia a entrada de negros no país
(B) Permitia o confisco dos navios negreiros que aqui aportassem
(C) Dava aos negros o direito à liberdade, desde que a desejassem
(D) Considerava livres os negros que entrassem no Brasil após aquela data
(E) Não permitindo que os navios negreiros aportassem, gerava prejuízo aos trafi-
cantes

19. Assinale a afirmativa incorreta a respeito do fim do tráfico de escravos:


(A) Levou a economia brasileira ao caos
(B) Chegou a afetar a soberania brasileira
(C) Só ocorreu quando a pressão britânica chegou ao máximo
(D) Demorou dezenove anos para se efetivar, após a primeira tentativa em 1831
(E) Gerou alterações na economia brasileira

20. Após a leitura do texto, concluímos que o Brasil:


(A) Preocupado com sua independência em relação a Portugal, esquecia-se dos di-
reitos humanos
(B) Necessitava dos escravos como mão-de-obra assalariada na lavoura para fazer-se
independente
(C) Cedeu às pressões inglesas porque obedecia a instruções de Portugal, do qual
era colônia
(D) Só teria sua independência reconhecida pela Inglaterra se extinguisse o tráfico
negreiro
(E) Resistiu às pressões, pois o tráfico de escravos era fundamental para a sua
economia

21. (IBGE) Nos textos abaixo, os parágrafos foram colocados, de propósito, fora de sua
seqüência normal. Numere os parênteses de 1 a 5, de acordo com a ordem em que os
parágrafos devem aparecer para que o texto tenha sentido:
( ) "Não conseguindo fazer a reposição da energia física e mental, os trabalhadores de
baixa renda tornam-se as maiores vítimas de doenças, comprometendo até mesmo a
sua força de trabalho.
( ) Quando realizamos um trabalho, gastamos certa quantidade de energia física e
mental.
( ) E a situação torna-se ainda mais grave quando o trabalhador se vê forçado a pro-
longar sua jornada de trabalho a fim de aumentar seus rendimentos e atender às suas
necessidades.

25
( ) Portanto, quanto maior a jornada de trabalho, maior será seu desgaste físico e
mental, afetando, desse modo, ainda mais, a sua saúde.
( ) A energia despendida precisa ser reposta através de uma alimentação adequada,
do descanso em moradia ventilada e higiênica e outros fatores."
(Melhem Adas. Geografia. Vol. 2. São Paulo, Moderna, 1984, p. 33)

A seqüência correta é:
(A) 3-5-1-4–2
(B) 1-4-5-3-2
(C) 3-1-4-5-2
(D) 2-1-4-5-3
(E) 2-3-1-5-4

GABARITO
1. Os textos informativos visam informar ou contextualizar o leitor a re-
speito de um tema. São textos desta ordem as notícias, as reportagens,
os quadros informativos, gráficos, legendas e entrevistas. 1- Identifique o
tema da reportagem.
“Metade da população mundial viverá em metrópoles até 2008”.
Dica interessante: observar que tipo de texto está lendo: Texto informati-
vo.
Os textos informativos visam informar ou contextualizar o leitor a respeito
de um tema. São textos desta ordem: as notícias, as reportagens, os quad-
ros informativos, gráficos, legendas e entrevistas.

2. (resposta pessoal) O texto trata sobre o aumento população na área ur-


bana. Tal aumento poderá causar problemas de infraestrutura: moradia,
emprego, transporte, saúde. Uma solução seria o controle da natalidade.
Visto que, além de problemas estruturais, haveria o surgimento de grupos
extremistas.

3. (resposta pessoal)
- Aumento população urbana; (causa).
- Problemas de infraestrutura: moradia, emprego, transporte, saúde; (efei-
tos/ consequências).
- Controle da natalidade como solução; (proposta de solução para o prob-
lema).
- Surgimento de grupos extremistas. (consequência) caso a proposta an-
terior não foi estabelecida.

4. (resposta pessoal)
- São complementares [por quê?];
- Opõem-se [por quê?];
- Subordinam-se [de que maneira?];
- Como pode relacioná-los às informações que já tinha sobre o tema.
26
GABARITO
5. (resposta pessoal)
Responda as seguintes perguntas:
- Que sentido faz o que eu acabei de ler?
- Em outras palavras: consideradas todas as informações:
Qual é o sentido fundamental a que se chega?

6. (resposta pessoal)
Sugestão:
Coloque-se no lugar do problema apresentado. “E se fosse com você?”.
Imagine você vivendo em uma grande área urbana sem as infraestru-
turas básicas e sendo alvo de grupos extremistas e sob um controle es-
tatal rígido.
- Como você se sentiria?
- Como reagiria?
- O que faria?

7.
a) Os que são alfabetizados e leem por obrigação e os que leem por praz-
er.
b) Segundo a autora existem pessoas que não tiveram uma boa experiên-
cia ao ler um livro ou leram por imposição de alguém, ou escolheram o
livro inadequado.

8.
a) O leitor deveria experimentar, ler onde, quando e o que quisesse.
“Talvez nunca tenha parado para pensar que, se teve alguma experiência
desastrosa em um namoro (ou em uma leitura)”

9.
a) Segundo a autora é que na adolescência o jovem além de ter muitas
opções de títulos, ele também está se enturmando e o interesse pelo livro
fica em segundo plano.
b) (resposta pessoal)

10. D 16. A

11. C 17. D

12. V – V – F – V – F 18. D

13. A 19. A

14. C 20. E

15. D 21. C
27
ANOTAÇÕES

28
PORTUGUÊS
AULA 3
A leitura

3.0 O leitor e a leitura

Nós esperamos que todas as pessoas que sejam alfabetiza-


das te-nham a capacidade de interpretar um texto. Isto é, que ao
ler um artigo no jornal, consiga entender o que ele diz.
A partir do conceito inicial podemos dizer que um texto,
para ser classificado como tal, deve ter uma organização interna
que represente um significado, ou seja, um sentido. Um texto
pode ser constituído de forma escrita ou oral e, em sentido mais
amplo, pode ser também não-verbal, como por exemplo, as foto-
grafias e pinturas.
Veja o texto abaixo:

Paulo Coelho crava recorde no Guinness


da Folha Online

O escritor Paulo Coelho entrou para o Guinness Book 2008


como o autor que autografou mais traduções de uma obra, em
uma única sessão. A façanha foi realizada na Feira de Frankfurt,
na Alemanha.
Em 10 de outubro de 2003, o escritor assinou 53 edições de
"O Alquimista", cada uma traduz ida para uma língua diferente.
Paulo Coelho vendeu mais de 85 milhões de livros em todo
o mundo. Só do "O Alquim ista" foram 30 milhões. A versão 2008
do "L ivro dos Recordes" será lançada pela Ediouro e m outubro.
O escritor também vai ganhar uma biografia. O autor é o
jornalista Fernando Morais, que promete entregar os originais
para a edit ora em setembro. A previsão é que a biogra fia do
mago, a ser lançada pela editora Planeta, chegue às livrarias até o
fim do ano.
21/08/2007

Ao ler esse texto que coisas podemos dizer sobre ele?

- Onde foi publicado?


__________________________________________________________________

29
- Que tipo de texto é?
_______________________________________________________________________________________

- Qual é o assunto?
_______________________________________________________________________________________

- O texto expressa alguma opinião sobre o tema?


_______________________________________________________________________________________

- É possível escrever um texto sem expressar nenhuma opinião?


_______________________________________________________________________________________

Pelo texto tratar-se de uma notícia de jornal, em que simplesmente conta os


fatos, deve ter sido fácil encontrar respostas para as perguntas feitas. Contudo, as duas
últimas podem gerar um pouco de controvérsia. Será mesmo que é possível escrever
um texto sem nenhum tipo de opinião? A escolha do tema, a importância dada ao fato,
as palavras escolhidas, tudo isso pode representar uma opinião do autor.
Por exemplo, a expressão “...cravar recorde no Guinness” demonstra uma leitura
positiva do fato pelo autor.
Então, em um primeiro momento um leitor pode se ater somente aos “fatos” que
a noticia narra, e em um segundo momento começar a refletir sobre como esses “fa-
tos” estão sendo apresentados.
Um “bom leitor” é aquele que tira do texto a maior quantidade de interpretações
possíveis.

3.1 Colunas de opinião

Em jornais e em revistas, temos acesso a textos que são chamados de textos de


opinião, em que um autor é chamado para falar o que acha sobre determinado assun-
to de seu domínio. Por exemplo, chamar um ex-jogador de futebol para escrever sobre
esporte.
Essas colunas de opinião, diferentemente das noticias comuns, não são escritas
tendo em vista o caráter de isenção. O autor pode, e deve, dizer o que pensa.
Além dos textos de opinião, os jornais e as revistas publicam em seu interior uma colu-
na chamada de editorial, onde podemos acompanhar a opinião “oficial” daquele órgão
de imprensa.
O texto a seguir é o primeiro parágrafo de um editorial do Jornal Estado de São
Paulo, publicado no dia 21 de agosto de 2007.

“Ainda não é o julgamento do mensalão - e da "sofisticada organização crimino-


sa" a qual o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, atribuiu a sua
concepção e operação, para servir aos interesses do petismo no poder. Se o Supremo
Tribunal Federal (STF) instaurar esta semana o processo pedido pelo procurador há
17 meses contra os 40 denunciados por até oito crimes, o veredicto final tardará anos;
com toda a probabilidade, o titular do Planalto já não será Luiz Inácio Lula da Silva.
Em agosto de 2005, depois de muita relutância, ele se dirigiu ao País para dizer que se
sentia traído "por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento" - a com-
pra sistemática de deputados para votar ao gosto do governo -, embora, por isso, fos-
se ele, presidente da República, o beneficiário último da "quadrilha" identificada pelo
procurador-geral Antônio Fernado (...)"

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Podemos ver nesse trecho qual é a opinião do editor que escreveu o artigo. Você
poderia indicar no texto termos, ou passagens do texto que deixam explícita a opinião
do autor?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

3.2 Leitor crítico

Existe uma expressão que diz que “devemos ler nas entrelinhas”, ou seja, deve-
mos ler minuciosamente todos os textos. Pois, existem coisas que podem não aparecer
em uma leitura “superficial” da notícia.
Em geral todo veículo de comunicação já tem sua linha ideológica bem definida.
Cabe ao leitor, ao ler as informações contidas nessas publicações, o discernimento do
que está escrito.
Todos temos que ser leitores críticos, isto é, o leitor não pode ter uma relação
passiva quanto ao texto. Tem que usar sua percepção para entender não só o que está
sendo mostrado, mas como a informação é passada.

31
EXERCÍCIOS
Leia o texto a seguir para as questões de 1 a 5:

Presidente do povo. Por que não? (Mino Carta)

Lula parece acuado diante da mídia, derrotada no ano passado. E a maioria con-
tinua com ele, à espera de uma reação.
Um crítico musical observaria que o discurso à nação do presidente Lula, sexta
20, manteve de fio a pavio o andante poco mosso. Carta Capital entende que foi tardio
e sem a energia que a ocasião recomendava. Faltou a vibração do páthos, da pena, do
luto.
As medidas enfim previstas são esperadas, a não ser o projeto de construir um
novo aeroporto. É necessário? O anúncio não desfaz a verdade factual: por tempo
longo demais o governo foi omisso em relação ao lobby irresponsável das companhias
aéreas, à prepotência da Infraero e à leniência da Anac.
A substituição do ministro da Defesa demonstra apenas que alguém teve de
assumir o clássico papel do bode sacrificado. Waldir Pires é cidadão honrado e político
coerente. O currículo de Nelson Jobim não prima pela coerência. Teríamos de saber,
também, se ele será firme o bastante no inescapável confronto com a Aeronáutica,
pontual, e até agressiva, na pretensão de manter o controle do céu.
Os quepes costumam criar embaraço entre os paisanos, quando não o tem-
or. Reverencial. E falta nitidez quanto às idéias e aos sentimentos do presidente Lula.
Neste momento, ele parece acuado diante da enésima campanha midiática, de sorte a
animar este ou aquele articulista a zombar dele. Mas é inadmissível, no caso do primei-
ro mandatário, a prática do esporte preferido dos graúdos, o chute do cadáver.
Carta Capital declara sua perplexidade diante do comportamento presidencial,
ao considerar dois fatos que se entrelaçam. Embora a mídia atinja a chamada classe
média e os nababos, não chega ao povo. Os índices de popularidade do presidente são
estáveis entre os brasileiros distantes do privilégio. Ou seja, a separação entre os dois
Brasis se acentua, e bastaria a Lula ser presidente desta maioria para induzi-lo a uma
ação mais determinada em busca de um país melhor.
Está para ser lançado um livro de Raymundo Faoro. É a reedição de textos já
publicados, organizada e prefaciada por Fabio Konder Comparato. A República Inaca-
bada. Análise implacável e brilhante da tragédia de um país que se pretendeu liberal
sem sê-lo e pôs em prática a democracia sem povo. É o que os tradicionais donos do
poder pretendem até hoje, tão bem representados pela mídia a seu serviço.
Registra Faoro o que escrevia Hipólito José da Costa, em 1811, ao sair do prelo o
primeiro jornal brasileiro, Correio Braziliense, por ele fundado e impresso em Londres:
“Ninguém deseja mais do que nós as reformas úteis; mas ninguém aborrece mais do
que nós que estas reformas sejam feitas pelo povo; pois conhecemos as más conse-
qüências desse modo de reformar; desejamos as reformas, mas feitas pelo governo; e

32
urgimos que o governo as deve fazer enquanto é tempo, para que se evite que sejam
feitas pelo povo”.
Não é um primor de literatura. O entendimento, contudo, é cristalino, e continua
a basear o pensamento da minoria. Carta Capital tem a convicção de que a identifi-
cação entre o ex-metalúrgico e o povo é um dado da situação destinado a permanecer.
Pequenas oscilações nos humores populares talvez venham a ocorrer no decorrer do
período, não serão fatais, no entanto. O povo começa a ter vez.
Isso tudo teria de levar Lula a usar uma firmeza há tempo deixada de lado.
Apressar a aplicação do PAC, tomar decisões claras e enérgicas em relação a questões
pendentes, revisar o tom, para não repetir o andante poco mosso do discurso de sexta
20. Voltar aos timbres decididos e altivos dos últimos momentos da campanha da ree-
leição, insistir no papel de presidente do povo, e, portanto, dos pobres. E definir, de vez,
as prioridades do governo e do País.
Recorrer aos panos quentes, tais como agradar ao mercado, ou omitir-se, ou rec-
uar diante da Globo que não quer a classificação indicativa, não muda o preconceito
atávico, o ódio de classe do burguesote, contra o ex-metalúrgico protegido pelo desti-
no.

1. De que tipo de texto se trata?


_______________________________________________________________________________________

2. A pergunta feita no título do texto é respondida? Indique o trecho que comprove


sua resposta.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

3. Qual é o assunto do texto?


_______________________________________________________________________________________

4. Qual é a posição ideológica do autor com relação ao presidente? Copie uma parte
do texto que comprove a sua resposta.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

5. Qual a relação ideológica do autor com relação a rede Globo?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. Agora analise estas capas da revista Veja:


A primeira capa foi publicada em 14/11/01 e
a segunda em 13/03/02. Qual a “impressão”
que a primeira capa passa sobre Roseana?
Essa impressão é positiva ou negativa? E
na segunda capa, qual é a impressão que
temos? Aponte o quê nas duas capas pode
comprovar suas afirmações.

____________________________________________
____________________________________________
_______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
33
GABARITO

1. É um texto jornalístico do tipo opinativo.

2. A pergunta feita no título é respondida logo no início do texto:


... a maioria continua com ele...
... Os índices de popularidade do presidente
são estáveis entre os brasileiros distantes
de privilégio...

3. O assunto do texto é reflexão de Mino Carta a respeito do país ter pela


primeira vez um presidente que tem como origem as camadas populares
.
4. O autor é a favor de que o presidente continue no poder. Carta Capital
tem a convicção de que a identificação entre o ex-metalúrgico e o povo é
um dado da situação destinado a permanecer.

5. O autor é contra a Globo, observe como ele se refere a emissora. “recuar


diante da Globo que não quer a classificação indicativa, não muda o pre-
conceito atávico, o ódio de classe do burguesote, contra o ex-metalúrgico
protegido pelo destino”.

ANOTAÇÕES

34
PORTUGUÊS
AULA 4
Texto literário I

4.0 Introdução

Nesta unidade, introduziremos os principais conceitos de


texto literário, visando à proficiência neste gênero textual.

Tipologia dos textos literários


O texto literário se constitui cronologicamente nas pro-
duções humanas. Os gêneros são construídos e moldados durante
os períodos históricos, sendo importante o conhecimento prévio
do contexto no qual o gênero se consolidou.
A grosso modo, existem três gêneros literários mais conhe-
cidos: o Romance surgido, basicamente, na Idade Moderna, com a
publicação de Dom Quixote do espanhol Miguel de Cervantes no
século XVI. A poesia e o drama (textos escritos para serem encena-
dos), que já existiam na Antiguidade Clássica.
Esta unidade contemplará o gênero romanesco, dada a sua
primordial importância nos vestibulares de um modo geral.

4.1 Características

Todo texto literário possui elementos que são fundamentais


para a sua constituição. Aqui mencionaremos os principais:

Narrador
Do latim narrator, é o que conta algo. Narrar é relatar um
acontecimento, circunstâncias reais ou fictícias, decorrentes das
ações conflitantes e sucessivas, nas quais os personagens estão
internos.
Há dois tipos básicos de narrador: em primeira e em terceira
pessoa e estas se subdividem em outros tipos.
1. Narrador em primeira pessoa:
Como o próprio nome diz, o foco narrativo (ponto de vista
a partir do qual a história será contada) é em primeira pessoa, ou
seja, uma personagem interna a história relatará os acontecimen-
tos. Este narrador pode ser a personagem principal, como Bentin-
ho do romance Dom Casmurro de Machado de Assis ou uma per-
sonagem secundária, que contará uma história que testemunhou,
por exemplo, a personagem Zé Fernandes do romance As cidades
e as Serras de Eça de Queiroz, que narra os acontecimentos na
vida da personagem principal. 35
2. Narrador em terceira pessoa:
É o tipo de narrador mais encontrado nas narrativas. Está implícito a este foco
narrativo a distância do narrador dos acontecimentos, subdivide-se em dois grandes ti-
pos: narrador observador que relata os fatos sem adentrar ao íntimo das personagens,
limitando-se a acompanhar os acontecimentos com uma visão alheia e distante, que
reconstitui fatos, do modo mais preciso possível, por exemplo no seguinte excerto: “Ele
queria morrer em paz...a última febre vacilava em voltar. Rastejando-se, chega à varan-
da e observa as pinceladas do Criador na natureza. Respira mais livremente, ouve os
murmúrios do mar...”1.
O outro narrador em terceira pessoa é o onisciente, ele conhece tudo sobre os
personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo das personagens, conhece
suas emoções e pensamentos. Ele é capaz de revelar suas vozes interiores, seu fluxo de
consciência, em 1ª pessoa. Quando isso acontece o narrador faz uso do discurso indi-
reto livre. Assim o enredo se torna plenamente conhecido, os antecedentes das ações,
suas entrelinhas, seus pressupostos, seu futuro e suas consequências. Como exemplo,
temos o narrador de Vidas Secas de Graciliano Ramos.
OBSERVAÇÃO: Autor e narrador normalmente são confundidos. No entanto, repre-
sentam entidades diferentes na narrativa.

O enredo ou trama
O enredo é formado pelos fatos que se desenrolam durante a narrativa. Toda
história tem uma introdução, na qual o autor apresenta a ideia principal, os persona-
gens e o cenário. Um desenvolvimento, no qual o autor detalha o tema central e há
dois momentos distintos no desenvolvimento: a complicação (têm inícios os conflitos
entre os personagens) e o clímax (ponto culminante), no qual uma tensão fica latente
e um desfecho, que é a conclusão da narrativa.

O tempo
Pode ser dividido em: cronológico ou linear – que é marcado pelo relógio. É o
espaço de tempo em que os acontecimentos desenrolam e os personagens realizam
suas ações; e também, o psicológico ou alinear, não pode ser medido como o tempo
cronológico, pois se refere à vivência dos personagens, ao seu mundo interior.

O espaço
É o local onde a narrativa se desenvolve. Altamente marcado pelas descrições do
mesmo, dando o clima etc.

Os personagens
São os seres envolvidos nos fatos e que formam o enredo da história. Eles falam,
pensam, agem, sentem, têm emoções. Qualquer coisa pode ser transformada em per-
sonagem de uma narrativa.
Os personagens podem ser pessoas, animais, seres inanimados, seres que só
existem na crendice popular, seres abstratos ou ideais e outros. O protagonista é o per-
sonagem principal, aquele no qual se centraliza a narrativa. Pode haver mais de um na
narração. O antagonista é o personagem que se opõe ao principal. Há ainda, os per-
sonagens secundários, que são os que participam dos fatos, mas não se constituem o
centro de interesse da narração.

36 1 Maria José Zanini Tauil. Cumplicidade.


EXERCÍCIOS

1. Leia o texto de Moacyr Scliar:

Pausa
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banhei-
ro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, prepa-
rando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
— Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as so-
brancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma
sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
— Por que não vens almoçar?
— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o
chapéu: — Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem.
Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atraca-
das. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo
do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel
pequeno e sujo.
Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no
balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o
gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
— Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
— Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último an-
dar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
— Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposen-
to pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia
cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso
um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro,
tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente
quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os ol-
hos. Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis

37
buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão
carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um
índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas
colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às
duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os ol-
hos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança Esvaindo-se em sangue,
molhado de suor. Samuel tombou lentamente: ouviu o apito soturno de um vapor.
Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia,
lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma re-
vista.
— Já vai, seu Isidoro?
— Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
— Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.
— Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
— O senhor diz isto, mas volta sempre -observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guin-
dastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

Após a leitura responda as seguintes perguntas:


a) Qual o tipo de narrador existente no conto?
_______________________________________________________________________________________

b) Quem é o personagem protagonista?Descreva suas principais características.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

c) Há personagens secundárias? Quais?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

d) Em quanto tempo decorre a história?


_______________________________________________________________________________________

e) Com relação ao tempo, temos uma narrativa linear ou alinear? Justifique sua respos-
ta.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

f) Onde se passa a narrativa?


_______________________________________________________________________________________

g) Cites três momentos importantes do enredo.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

h) Marque a introdução, o desenvolvimento e o desfecho da narrativa.


_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
38
2. Leia o texto A Solidão das Mulheres Divorciadas:

"Aos fins-de-semana, quando não saio com a minha prima


Bé, fico em casa a ver televisão. Ver televisão quer dizer regar as
plantas da marquise, ler o meu horóscopo nas revistas, desfazer o
tricot do domingo anterior, mudar de canal de vinte em vinte se-
gundos a pensar em matar-me. O problema é que assim que me
levanto para tomar os lexotans todos de uma vez a minha mãe
telefona-me de Alcobaça a saber como estou, oiço-lhe os gritos no
atendedor de chamadas (a minha mãe, que tem um medo danado dos telefones, sem-
pre falou aos gritos) e como não é possível a gente suicidar-se e conversar com a mãe
ao mesmo tempo desisto das pastilhas e garanto-lhe que estou óptima, que não tenho
febre, que fumo no máximo três cigarros por dia, que como bem, que não emagreci
(-De certeza que não emagreceste?) que para a semana a visito em Alcobaça
sem falta e que qualquer dia, palavra, encontro um rapaz como deve ser.
(-Não acredito que não haja um rapaz como deve ser no teu emprego, filha) e
me torno a casar, e desligo o telefone com um tal cansaço e uma tal dor de cabeça que
a única coisa de que tenho vontade é de um Aspegic e silêncio, e deixei de ter ganas
de me suicidar visto que uma pessoa não consegue matar-se se estiver mal disposta.
Nos fins-de-semana em que saio com a minha prima Bé, vamos à Loja das Meias e à
Escada sonhar com blazers de cachemira
(-Pode ser que com o subsídio de Natal lá chegue) e casacos compridos, chatea-
mo-nos como nos peruas nos filmes de que os jornais gostam, encontramo-nos num
bar com colegas da escola dela que descobriram na semana passada, um restaurante
italiano baratíssimo em Alcântara, e já me sucedeu acordar, aos domingos de man-
hã num apartamento de Campo de Ourique ou do Beato ao lado de professores de
Matemática com iogurtes fora do prazo no congelador, um chinelo esquecido no bidé
e um cinzeiro de folha a transbordar beatas no soalho, junto de uma chávena de café
quebrada. Incapaz de tomar banho num chuveiro em que faltam sabonete e a água
para além de se achar ocupado por um montão de jornais velhos, volto a toque de
caixa para o Lumiar sem me despedir do barbudo que ressona de queixo na almofada
(- Não acredito que a Bé não conheça um rapaz como deve ser)
com um ombro fora do pijama descosido, e adormeço até que os gritos de Alcobaça
me acordam, de coração aos pulos para inquirirem, ansiosos, no atendedor de chama-
das, se tenho abusado dos fritos. Não abuso dos fritos, não abuso do tabaco, não abuso
do álcool, não abuso do sexo, não abuso de nada, mãe: oiço crescer o pêlo da alcatifa,
mudo de vinte em vinte segundos de canal e leio o meu horóscopo na penúltima pá-
gina dos magazines femininos, a seguir ao caderno da moda e a um artigo que expli-
ca como um cinto de ligas e uns sapatos vermelhos poderiam mudar a minha vida
afectiva. Com um cinto de ligas os iogurtes fora do desapareceriam do congelador.
Com sapatos vermelhos encontraria chuveiros sem jornais? O meu horóscopo para
esta semana, dividido como sempre em três partes, Saúde (cuidado com o fígado!),
Finanças (atenção às despesas excessivas!) e Amor, prevê para quarta-feira, no que
respeita às paixões, um encontro inesperado que me alterará para sempre a existência.
Quarta-feira foi ontem e o encontro inesperado que tive consistiu em esbarrar com o
meu ex-marido no metropolitano: deixou crescer o bigode, vinha acompanhado por
uma mulata com metade da idade dele e nem sequer me viu. Ter-me-á visto alguma
vez? Em todos os canais de televisão só passam novelas brasileiras. Oiço a chuva de
Outubro contra os vidros e o casal do andar de cima a gemer ao ritmo da cama. Se me
levantar para tomar os lexotans todos a minha mãe vai desatar aos gritos no atendedor

39
de chamadas, de modo que o melhor é ficar quietinha no sofá a olhar as plantas e o
retrato do meu sobrinho bebê sem pensar no suicídio. Para quê? Durante seis meses
poupo nos almoços (uma bica, um croissant e um pastel de bacalhau comidos em pé
ali no Centro) compro o blazer da Escada e uns sapatos vermelhos, a colega que vende
ouro no escritório prometeu baixar-me as prestações do anel, e passo o serão sozinha,
de blazer, sapatos e cachucho, lindíssima, a mudar de canal e a ouvir o pêlo da alcatifa
crescer."
(Antonio Lobo Antunes)

Após a leitura responda as seguintes perguntas:


a) Quais personagens participam dessa crônica?
_______________________________________________________________________________________

b) Qual o tempo decorrido da história?


_______________________________________________________________________________________

c) Local em que se passa a narrativa?


_______________________________________________________________________________________

d) Qual fato pode ser classificado como clímax?


_______________________________________________________________________________________

e) Como podemos qualificar o narrador?


_______________________________________________________________________________________

Textos para as questões de 3 a 8

Texto 1

Alexandre Saldanha Ribeiro. Desprezou o elevador e seguiu pela escada, apesar


da volumosa mala que carregava e do número de andares a serem vencidos. Dez.
Não demonstrava pressa, porém o seu rosto denunciava a segurança de uma res-
olução irrevogável. Já no décimo pavimento, meteu-se por um longo corredor, onde a
poeira e detritos emprestavam desagradável aspecto aos ladrilhos. Todas as salas en-
contravam-se fechadas e delas não escapava qualquer ruído que indicasse presença
humana.
(A armadilha. Murilo Rubião)

Texto 2

O sinal verde acendeu-se enfim, bruscamente os


carros arrancaram, mas logo se notou que não tinham
arrancado todos por igual. O primeiro da fila do meio
está parado, deve haver ali um problema mecânico
qualquer, o acelerador solto, a alavanca da caixa de
velocidades que se encravou, ou uma avaria do siste-
ma hidráulico, blocagem dos travões, falha do circuito
elétrico, se é que não se lhe acabou simplesmente a
gasolina, não seria a primeira vez que se dava o caso. O
novo ajuntamento de peões que está a formar-se nos

40
passeios vê o condutor do automóvel imobilizado a esbracejar por trás dos pára-brisas,
enquanto os carros atrás dele buzinam frenético. Alguns condutores já saltaram para
a rua, dispostos a empurrar o automóvel, empanado para onde não fique a estorvar o
trânsito, batem furiosamente nos vidros fechados, o homem que está lá dentro vira a
cabeça para eles, a um lado, a outro, vê-se que grita qualquer coisa, pelos movimentos
da boca percebe-se que repete um palavra, uma não, duas, assim é realmente, con-
soante se vai ficar a saber quando alguém, enfim, conseguir abrir uma porta, Estou
cego."
(Ensaio sobre a cegueira. José Saramago)

Consoante – conforme
Empanado – quebrado

3. Qual é o tempo das ações narradas no texto 1? Há alguma indicação específica sobre
o momento em que as ações ocorrem?
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_______________________________________________________________________________________

4. Qual é o tempo das ações narradas no texto 2?


_______________________________________________________________________________________

5. Em qual dos textos, há uma distância entre o momento em que o narrador conta os
fatos e o momento em que eles ocorreram?Justifique sua resposta.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. Qual seria a intenção do narrador do texto 2 ao alterar o tempo verbal que vinha uti-
lizando para descrever os acontecimentos?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

7. De que forma essa opção narrativa interfere na relação entre o leitor e os aconteci-
mentos apresentados?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

GABARITO
1. Texto 1
a) Narrador em 3ª pessoa observador

b) Samuel é o nome do personagem protagonista. Bem no começo do


texto tem-se a descrição dele. “Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as
sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda
no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura”. No
hotel ele era conhecido como Isidoro.
41
GABARITO
c) A mulher de Samuel, o gerente do hotel seu Raul, o índio do sonho, as
duas mulheres gordas e o jornaleiro gritando.

d) Em um domingo das 7h horas da manhã até as 19h.

e) Prevalece o tempo cronológico (linear), no entanto quando se descreve


o sonho temos o tempo psicológico (alinear).

f) Começa na casa de Samuel, depois a história se passa em um Hotel na


região portuária, existe o espaço psicológico referente ao sonho de Samu-
el.

g) 1º quando ele anuncia a mulher que vai sair em pleno domingo para ir
trabalhar no escritório.
2º quando Samuel (Isidoro) chega ao hotel.
3º quando Samuel sonha e depois de acordar ele tem a sensação de ter
sido esfaqueado pelo índio.

h) Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para


o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído.
Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu,
bocejando... Samuel se prepara para sair de casa; Samuel drive o carro;
Caminha duas quadras até chegar no hotel; Cumprimenta seu Raul; Vê as
duas mulheres gordas; tem o sonho com o índio; Samuel acorda; Samuel
se despede do gerente do Hotel e promete que não vai voltar mais; O ger-
ente não acredita; Samuel saiu do hotel e guiou o carro pelo cais, e depois
foi para casa.

2. Texto 2
a) Os personagens são: A narradora em 1ª pessoa; a prima Bé; a mãe da
narradora; o ex-marido.

b) Na narrativa de Antônio Lobo Antunes prevalece o tempo verbal no


passado. Convém lembrar que o tempo nessa narrativa está mais associa-
do ao tempo psicológico ou alinear, devido as diversas digressões.

c) O espaço nessa narrativa não está muito bem definido. Há indícios que
a narrativa se passa no apartamento da protagonista. Alcobaça é o local
mais definido, pois é a cidade onde a mãe da narradora mora.

d) A narradora protagonista sempre ao tentar ingerir comprimidos de


Lexotan, a mãe lhe telefonava, ou a narradora se lembrava de sua progen-
itora e desistia de dar cabo a própria vida.

e) O narrador está em 1ª pessoa – narrador participante ou protagonista –


porque o foco narrativo (ponto de vista a partir do qual a história será con-
42
GABARITO
tada) é em primeira pessoa, ou seja, uma personagem interna a história
relatará os acontecimentos.

3. O tempo no texto 1 tem ações totalmente concluídas no passado: As


indicações estão nos verbos escolhidos pelo narrador: Desprezou, seguiu,
carregava, demonstrava, denunciava, meteu-se, emprestavam, encontra-
vam-se, escapava e indicasse.

4. A 1ª parte da narrativa os verbos se encontram no passado: acendeu-se,


arrancaram, notou, tinham arrancado, encravou, acabou, seria (fut. do
pretérito) dava.

5. No texto 2 porque o autor quis dar mais veracidade aos fatos que ele
está narrando.

6. A intenção do autor ao alterar o tempo verbal é dar mais dinamismo a


narrativa

7. A interferência se dá porque o autor ao escolher narrar os fatos no pre-


sente aproxima o leitor da estória.

ANOTAÇÕES

43
PORTUGUÊS
AULA 5
Texto Literário II

5.0 Conceitos

Na unidade anterior trabalhamos o texto literário em forma


de narrativas, aqui veremos outra forma de literatura: a poesia e a
música.
Historicamente, esses dois gêneros eram tidos como um
único gênero, uma vez por exemplo, no período da antiguidade
grega, os homens que declamavam as poesias, os aedos, eram
acompanhados por cítaras ou outros instrumentos musicais.
Assim como as narrativas, que possuem elementos básicos,
a poesia também possui características que a classifica.

Versos
Os versos representam cada linha de uma poesia.

EXEMPLO:
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

44
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora
Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

Estrofe
São conjuntos de versos dispostos em uma configuração regular. As estrofes po-
dem ser classificadas como:

Classificação Número de versos na estrofe


Monóstico 1
Dístico 2
Terceto 3
Quarteto (ou quadra) 4
Quintilha 5
Sextilha 6
Sétima 7
Oitava 8
Nona 9
Décima 10

Métrica e Metrificação
Métrica é a medida do verso e metrificação a técnica para se medir um verso. Em
português, ela se apoia na tonicidade das palavras - é a escansão; contagem dos sons
dos versos. É importante observar que as sílabas métricas diferem das sílabas gramat-
icais, observando-se as seguintes regras.

45
Contagem das sílabas métricas
As sílabas gramaticais, formadoras das palavras que usamos na linguagem co-
mum, não são as mesmas que as sílabas métricas (ou poéticas), e por vezes, não coin-
cidem. Só contaremos até a última sílaba tônica (forte) de um verso.

Sílabas gramaticais Mi nha ter ra tem pal mei ras


Nº de sílabas 1 2 3 4 5 6 7 8
Sílabas gramaticais Mi nha ter ra tem pal mei* ras
Nº de sílabas 1 2 3 4 5 6 7 X

* sílaba poética tônica

Quanto ao número de sílabas poéticas os versos podem ser classificados da


seguinte maneira:

Uma sílaba Monossílabos


Duas sílabas Dissílabos
Três sílabas Trissílabos
Quatro sílabas Tetrassílabos
Cinco sílabas Pentassílabos ou redondilha menor (com acentos na 2ª e 5ª)
Seis sílabas Hexassílabos (com acentos na 2ª e 6ª sílabas)
Sete sílabas Heptassílabos ou redondilha maior (com acentos na 3ª e 5ª)
Oito sílabas Octossílabos ou sáficos (com acentos na 4ª e 8ª)
Nove sílabas Eneassílabos ou jâmbicos (com acentos na 3ª, 6ª e 9ª)
Dez sílabas Decassílabos (com acentos na 6ª e 10ª)
Onze sílabas Hendecassílabos ou datílicos (com acentos na 2ª, 5ª, 8ª e 11ª)
Doze sílabas Dodecassílabos ou alexandrinos (com acentos na 6ª e 12ª)
Mais de doze Bárbaros

Ritmo
É uma alternação uniforme de sílabas tônicas e não tônicas em cada verso de
um poema.
O ritmo de um poema está relacionado com a metrificação e a correspondência
sonora provocada pela rima. Todo esse conjunto de elementos determina o ritmo da
obra.
No verso livre (sem métrica) a sonoridade rítmica obedece a um padrão próprio,
não sendo governado por regras externas, derivadas da alternação uniforme de sílabas
tônicas ou de metrificação e rima, a essa modalidade dá-se o nome de Arritmia.

Rima
A rima é um dos elementos do verso, mas não é essencial ou obrigatório. É ap-
enas uma opção do autor para criar um vínculo de "melodia" e acentuar o final de um
verso. Este recurso passou a ser usado na Idade Média pelos trovadores. Atualmente,

46
existem composições poéticas em que as rimas não são usadas, que recebem o nome
de Poesia.
As rimas são classificadas quanto à disposição nas estrofes, e de acordo com as
classes gramaticais que a compõem. Veja alguns exemplos.

1 - Quanto à posição:
Emparelhada (ligando versos seguidos).
A (gramado)
A (afogado)
B (morto)
B (torto)

Cruzada (versos rimados se alternam).


A A (morte)
B ou B (paixão)
C A (sorte)
B B (corrimão)

Interpolada (liga o primeiro e último verso, quando existem três ou mais entre as li-
gações).
A A
B ou B
B C
B D
A A

Seguida (liga dois ou mais versos sucessivos).


A B
B ou B
B A

2 - Quanto ao valor:
Pobre – Formada por palavras da mesma classe gramatical.
Existe (verbo)
Teimoso (adjetivo)
Aviste (verbo)
Amoroso (adjetivo)

Rica – Formada por palavras de classes gramaticais diferentes.


Espero (verbo)
Vida (substantivo)
Sincero (adjetivo)
Querida (adjetivo)

Rara – Formada por palavras de pouca rima, difíceis de se encontrar.


Cisne (adjetivo)
Bosque (substantivo)
Tisne (verbo ou substantivo)
Quiosque (substantivo)

Preciosa – Formada por artifícios gramaticais, ou junção de palavras.


Amá-la De gala
Tranqüilo Por certo fi-lo
47
A poesia e o tempo
Já dissemos anteriormente que o gênero poético se constitui historicamente,
portanto, apresentaremos aqui, alguns exemplos de poesias que possuem grande
relevância na crítica literária.

– Século XIII
Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desd’aquel’di, ai!
Me for a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia
Pois eu, mia senhor, d´alfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia d’ua correa (Paio Soares de Taveirós)

Essa cantiga é considerada o primeiro texto poético, em língua portuguesa, já


produzido. Versa sobre um estilo pertencente ao trovadorismo português, muito próx-
imo do medievalismo em que a mulher era idealizada e o homem sofria da coita de
amor, ou seja, o sentimento de amor não era correspondido pela mulher amada.

– Século XIII
Balada dos enforcados
Homens irmãos, que a nós sobreviveis,
Não tenhais vosso peito calejado,
Porque, se algum pesar por nós haveis
Cedo, o perdão de Deus tereis ganhado.
Mais de um vedes, na corda, pendurado:
A carne que gozou, em demasia,
Foi devorada, podre, dia a dia,
E as ossadas em pó se mudarão.
De nosso padecer ninguém se ria.
E a Deus rogai nos dê o seu perdão!

Se de irmãos vos chamamos, não deveis


Mostrar desdém, embora justiçados
Com razão. E, no entanto, vós sabeis
Que nem todos são muito ajuizados;
Pedi por nós, agora, trespassados,
A Jesus Cristo, filho de Maria,
De sua graça venha a nós valia
Que nos livre da eterna perdição.

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A nós, mortos, poupai outra agonia.
E a Deus rogai nos dê o seu perdão!

Secos, negros, enfim, o sol nos fez,


A chuva nos gastou. Foram cavados
Os olhos pelos corvos, com avidez,
Sendo a barba e os sobrolhos arrancados.
Não podemos jamais ficar parados;

De cá pra lá, ao léu da ventania,


Pelas aves bicados, à porfia,
Como um dedal os corpos ficarão.
Não sejais, pois, de nossa confraria;
E a Deus rogai nos dê o seu perdão!

Senhor Jesus, que sois o nosso guia,


Não permitais do inferno a senhoria,
Nem lhe devamos soldo, sujeição.
Homens, aqui não calha zombaria;
E a Deus rogai nos dê o seu perdão! (François Villon)

Essa poesia pertence a François Villon, um dos maiores poetas franceses do sécu-
lo XV, em que é retratado, pelo olhar de um enforcado, o mundo que o rodeia. É impor-
tante marcar a riqueza de detalhes e a especificidade do vocabulário na referência ao
momento histórico francês.
O poema segue um padrão rítmico fixo em decassílabos rimados e é constituído
por três décimas e uma quintilha.
Chamamos atenção para o fato de que as poesias não necessariamente falem de
amor, mas de todos os temas inerentes ao ser humano.

– Século XIX
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;

Em cismar - sozinho, à noite -


Mais prazer encontro eu lá;

49
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. (Gonçalves Dias)

Essa poesia representa a escola literária romântica brasileira com todas as suas
especificidades, tais como a exuberância da natureza os sentimentalismos para com a
pátria e a linguagem que se queria nacional.

– Século XX
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode


é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste


se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer


mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo. (Carlos Drummond de Andrade)

50
O poema modernista, dos anos 30, de Carlos Drummond de Andrade, representa
o que a arte literária do século XX poderia fazer, tal como: a linguagem despojada, as
dúvidas para com o indivíduo que não se encontra e a liberdade de escrita.

(Augusto de Campos)

Essa poesia representa o que o grupo dos artistas concretistas brasileiros produz-
iram sobre arte, em que a poesia não apenas se fixa no texto, mas na imagem na qual
ela está inserida.

EXERCÍCIOS

Amor é fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? (Luís de Camões)

1. Faça a escansão dos versos, classifique quanto ao número de versos (explicitando


qual forma possui), estrofes e esquema rítmico.

______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
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2. Quanto ao valor, como podem ser classificadas as rimas do poema Eu de Florbela
Espanca que segue abaixo?

Eu sou a que no mundo anda perdida,


Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,


E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...


Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que


Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________

A música
As origens da música são muito diferentes, no que se refere à musicalidade em
união com a fala. Uma vez que ela se constrói de formas muito diversas e de acordo
com sua origem geográfica e mesmo de especificidades culturais.
Da concepção ocidental, partimos do pressuposto que desde a Grécia Antiga a
música estava diretamente ligada a poesia, constituindo um único gênero artístico e
que posteriormente ocorreu uma separação, formando gêneros diferentes, e mesmo
naquilo se pode cumprir num curso sobre textos.
Nesta unidade, trabalharemos com a música “cantada”, pois a música instru-
mental não se encaixa em tal definição.
É importante marcar que o texto cantado forma no interior da melodia mais um
elemento num conjunto, ou seja, como um instrumento que compõe a canção.
Muitas músicas possuem uma proximidade muito grande com a poesia, dado o tra-
balho com o sentido e a escolha lexical do texto.

Exemplo: Monte Castelo da Legião Urbana:


Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor, é só amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente

52
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse a língua dos homens...
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
Estou acordado e todos dormem
todos dormem todos dormem
Agora vejo em parte
Mas veremos face a face
É só o amor, é só amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria (Renato Russo)

Percebemos a importância que o autor da música dá ao texto, pois é marcante


no interior da canção, o trabalho com os sentidos, a escolha de vocabulário, que de-
manda do ouvinte um conhecimento de mundo anterior para que ocorra a com-
preensão plena da música.

2. Abaixo seguem dois textos. Uma canção de Chico Buarque e um poema de Carlos
Drummond de Andrade. Leia-os e em seguida, responda as questões.

Flor da Idade
A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor

Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família


A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor

Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua


A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada seminua
E continua

53
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor (Chico Buarque)
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história (Carlos Drummond de Andrade)

a) Pela leitura do texto e pelo conhecimento de mundo que temos, “Flor da idade”
pode sugerir idéias relacionadas à juventude. A letra da canção confirma ou refuta essa
sugestão?
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________

b) “Flor da idade” dialoga com “Quadrilha”. Chico Buarque deu a ele sua interpretação.
Quanto a estrutura do texto, em que medida Chico Buarque retoma Drummond? E
quanto ao tema?
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________

GABARITO
1. Como pode ver, o poema de Camões tem no total dez sílabas métricas
em todos os versos. Assim, o classificamos dedecassílabo. O poema possui
um esquema rímico clássico, formado por ABBA, ABBA, CDC, DCD. A = er;
B= ente; C = ade; D = or.
Rimas interpoladas (ou intercaladas) nos quartetos: Combinam-se numa
ordem oposta, seguindo o esquema ABBA.
Rimas alternadas (ou cruzadas) nos tercetos: Combinam-se alternada-
mente, seguindo o esquema CDC/ DCD.
A/ mor/ é/ fo/ go/ que'ar/ de/ sem/ se/ ver/,
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É/ fe/ ri/ da/ que/ dói/, e/ não/ se/ sen/ te


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É/ um/ con/ ten/ ta/ men/ to/ des/ con/ ten/ te,
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É/ dor/ que/ de/ sa/ ti/ na/ sem/ do/ er.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

54
GABARITO
2. Quanto ao valor das rimas o soneto de Florbela Espanca: Rima pobre:
quando as palavras rimadas são da mesma categoria gramatical (sub-
stantivo/substantivo; adjetivo/adjetivo). Veja:
perdida (adjetivo)
norte (substantivo)
sorte (substantivo)
dolorida (adjetivo)
Interpoladas nos quartetos e cruzadas (ou alternadas) nos tercetos.

3.
a) Pela leitura do texto pode-se afirmar que “flor da idade” sugere ideias
relacionadas às questões da juventude e do primeiro amor. A letra da
canção confirma a sugestão relacionada ao sentimento de juventude a
medida que reitera nos últimos versos de cada estrofe a ideia de algo que
aconteceu em primeiro lugar.
b) Em relação a estrutura o poema de Chico Buarque nos primeiros ver-
sos tem preocupação com a rima e nos últimos segue a mesma linha
do poema drummoniano, isto é, verso livres e ausência de rimas; já em
relação ao tema ambos os poemas falam
de amores que não realizaram e por conta de um desencontro entre o
que deseja e o aquele que é desejado.

ANOTAÇÕES

55
PORTUGUÊS
AULA 6
Texto e imagem

Quando pensamos em texto, imediatamente vem a nossa


cabeça uma página cheia de palavras. Entretanto, há um tipo es-
pecial de texto, cujo sentido é dado pela imagem que faz referên-
cia a algum fato: o texto imagético, que pode constituir um signifi-
cado estando sozinho ou associado a um texto escrito.
Os textos que fazem uso da imagem e das palavras estão
muito presentes em nosso cotidiano. Seguem alguns deles:

A charge
São textos cujo sentido é dado pela criação de uma imagem
que, ao mesmo tempo, é capaz de fazer referência a fatos atuais e
criticá-los.
Segundo o dicionário Houaiss, charge é um desenho humor-
ístico, com ou sem balão, geralmente veiculado pela imprensa e
tendo por tema algum acontecimento atual, que critica por meio
de caricatura uma ou mais personagens envolvidas.
A charge é um tipo de texto que depende inteiramente de
o leitor conhecer o contexto a que ela se refere. Sem tal conheci-
mento o sentido pode não ser completo. Por exemplo:

Para compreender essa charge, publicada em 17/12/2006 era


preciso saber que os deputados recebiam uma verba extra para
pagarem as passagens aéreas, até os que moravam em Brasília
recebiam a verba, mesmo não usando os aeroportos. Daí o efeito
de um avião carregar o Palácio do Planalto em suas asas.
Em alguns momentos da história do Brasil, a charge foi
usada como recurso de expressão e contestação política contra a
censura e o regime vigente. Henfil foi um dos marcos de resistên-
cia e crítica nos anos 70. O confronto com a ditadura era feito com
irreverência e deboche.

56
Histórias em quadrinhos (HQs)
Enquanto a charge transmite sua mensagem em uma única imagem, as históri-
as em quadrinhos são uma sequência de desenhos que narram uma história. As
histórias em quadrinho podem ou não ter efeitos humorísticos.
As HQs em geral envolvem várias técnicas narrativas por meio dos dois canais:
imagem e texto. Para compreender a mensagem, o leitor precisa relacionar os elemen-
tos de imagem (icônicos) com os do texto (lingüístico).

(Extraído de: http://www.monica.com.br/comics/garotas/pag2.htm)

Análise de gráficos
Outro tipo de linguagem muito importante é a dos gráficos. Sua leitura também
pode ser feita com segurança, desde que se procure reconhecer e analisar as infor-
mações apresentadas.
Vamos usar exemplos para demonstrar que basta identificar os dados perti-
nentes e, a partir de sua análise, formular hipóteses que os expliquem.

(ENEM). Para convencer a população local da ineficiência da Companhia Telefônica


Vilatel na expansão da oferta de linhas, um político publicou no jornal local o gráfico I,
abaixo representado. A Companhia Vilatel respondeu publicando dias depois o gráfico
II, onde pretende justificar um grande aumento na oferta de linhas. O fato é que, no
período considerado, foram instaladas, efetivamente, 200 novas linhas telefônicas.

Gráfico 1 Gráfico 2

57
a) o gráfico II representa um crescimento real maior do que o do gráfico I.
b) o gráfico I apresenta o crescimento real, sendo o II incorreto.
c) o gráfico II apresenta o crescimento real, sendo o gráfico I incorreto.
d) a aparente diferença de crescimento nos dois gráficos decorre da escolha das difer-
entes escalas.
e) os dois gráficos são incomparáveis, pois usam escalas diferentes.

Lendo atentamente o enunciado, percebemos que se faz ali uma afirmação mui-
to importante. Depois de informar que o político e a companhia telefônica publicaram
gráficos sobre o crescimento na oferta de linhas, o examinador declara: “O fato é que,
que no período considerado, foram instaladas, efetivamente, 200 novas linhas telefôni-
cas.”
Quando examinamos os gráficos, percebemos que a diferença entre eles é ap-
enas aparente. Ambos representam o crescimento na oferta de linhas entre os meses
de janeiro e dezembro. Nos dois casos, constata-se que o número inicial de linhas é
igual a 2.000, e o final, a 2.200. Portanto, como o enunciado já sugeria foram instaladas
200 novas linhas.
Verificando as alternativas, descobrimos que, à exceção a D (resposta correta)
e E, as outras interpretam a aparente diferença entre os gráficos, atribuindo-a a uma
suposta representação do crescimento real. Mas, como poderia haver diferença entre
os gráficos se os dados utilizados para originá-los são idênticos? A única resposta pos-
sível, nesse caso, é atribuir a diferença aparente à mudança de escala.
Depois de resolvida a questão é que percebemos como era simples, consistia
apenas em um exercício de leitura.

EXERCÍCIOS

1. (Enceja/MEC) O pintor Portinari representou em


seus quadros muitos problemas sociais do Brasil de
sua época. O quadro Café faz uma representação exa-
gerada dos pés e mãos dos trabalhadores. Tal exagero
cumpre a função de sugerir que os trabalhadores:
a) ganhavam pouco pelos serviços prestados.
b) usavam muita força física no trabalho rural.
c) plantavam e colhiam para seu próprio benefício.
d) eram solidários na divisão do trabalho.

2. "... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto


o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do al-
finete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; ..."
(Smith, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas Causas.
Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.)

58
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:
I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho à qual são submetidos os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produção artesanal.
III. Ambos contêm a idéia de que o produto da atividade industrial não depende do
conhecimento de todo o processo por parte do operário.
Dentre essas afirmações, apenas:
a) I está correta.
b) II está correta.
c) III está correta.
d) I e II estão corretas.
e) I e III estão corretas.

3. Observe a charge de Glauco e escreva uma inter-


pretação para a imagem.

___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

4. Qual o efeito de sentido provocado pela associação da imagem ao texto nas ima-
gens a seguir?

a) ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

b) ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

59
5. Abaixo há duas telas: uma de Diego Velázquez e outra de Pablo Picasso. Ambas
tratam do mesmo tema, embora de maneira bem diferente. Observe-as e em seguida
responda as questões:

(As meninas) (As meninas segundo Velázquez)

A partir da observação das telas responda:


a) Que elementos comprovam que elas dialogam entre si?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Qual delas, na sua opinião, é anterior a outra? Justifique.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. (FUVEST)

"Viajar virou sinônimo de relaxar. Principalmente


quando você tem à sua disposição uma poltrona
de design ergonômico com maior capacidade para
reclinar e 132 cm de espaço entre a sua poltrona e a
da frente. Além disso, você conta com mais de 300
salas VIP em aeroportos no mundo todo e pode
acumular e utilizar pontos no seu programa de mil-
hagens voando com qualquer linha aérea da aliança
oneworld. Business Intercontinental da Iberia. Sorria."

Neste anúncio, a imagem fotográfica associa-se mais diretamente à palavra sorria e à


expressão:
a) "mais de 300 salas VIP".
b) "acumular e utilizar pontos".
c) "Mais espaço entre as poltronas".
d)"aeroportos no mundo todo".
e) "programa de milhagens".

7. (FUVEST) No mesmo anúncio, a relação entre o texto verbal e a imagem fotográfi-


ca caracteriza-se principalmente:
a) pelo sarcasmo.
b) pelo humor. d) pelo sensacionalismo.

60 c) pelo sentimentalismo. e) pela incoerência.


8. Entre os recursos de persuasão empregados no texto verbal do anúncio, só NÃO
ocorre o uso de:
a) termos técnicos.
b) enumeração acumulativa de vantagens.
c) trocadilhos.
d) expressões em inglês.
e) apelo direto ao leitor.

6. Abaixo seguem tirinhas do cartunista Henfil. Extraia de cada uma seus respectivos
assuntos e tente associa-lo a um fato atual.

a) _______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

b) _______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________

c) __________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

d) ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

61
e) ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

f) De certa maneira, todas as tirinhas estão relacionadas. Como você explicaria textual-
mente tal relação? Dê exemplos.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

7. (ENEM 2010) Um estudo sobre o problema do desemprego na Grande São Paulo, no


período 1985-1996, realizado pelo SEADE-DIEESE, apresentou o seguinte gráfico sobre
taxa de desemprego.

Pela análise do gráfico, é correto afirmar que, no


período considerado:

a) a maior taxa de desemprego foi de 14%.


b) a taxa de desemprego no ano de 1995 foi a menor
do período.
c) a partir de 1992, a taxa de desemprego foi decres-
cente.
d) no período 1985-1996, a taxa de desemprego este-
ve entre 8% e 16%.
e) a taxa de desemprego foi crescente no período compreendido entre 1988 e 1991.

GABARITO
1. Resposta b

2. Resposta e

3. Uma interpretação possível para a charge de Glauco é que a cena faz


uma crítica aos constantes atrasos, cancelamentos dos voos nos aero-
portos do Brasil, que faz com os passageiros precisem esperar por longas
horas para embarcar.

62
GABARITO
4.
a) Interpretações possíveis:
Como arrumar um(a) coroa.
Como conquistar uma mulher mais velha/um homem mais velho.
Como conseguir um arranjo de flores para o seu funeral com um preço
mais em conta.
b) A charge faz uma crítica a cultura do uso da burka que obriga a mulher
a não mostrar seu rosto em público.

5.
a) Os elementos que comprovam que as duas telas de dialogam é porque
ambas abordam a questão do cotidiano da infância.
b) A tela mais velha é a de Diego Velazques porque Pablo Picasso foi um
pintor do século XX, enquanto Velasquez foi pintor do século XVI.

6. Resposta C.
Comentário: Os espaços (as “janelas”) entre os dentes do menino bangue-
la associam-se, comicamente, ao maior espaço que haveria entre as polt-
ronas dos aviões da companhia anunciante.

7. Resposta D.
Comentário: Há apenas humor na associação entre a imagem e o texto;
não há sarcasmo, pois não há qualquer sugestão negativa, pejorativa, no
emprego que se fez da foto do menino banguela.

8. Resposta B.
Comentário: Ocorrem no texto “termos técnicos” (“design ergonômico”,
“milhagens”), “apelo direto ao leitor” (“você”, “você”), “enumeração acu-
mulativa de vantagens” (nas poltronas, nas salas VIP, nos “pontos”) e
“expressões em inglês” (“business”, “design”, “oneworld”). Não ocorrem
trocadilhos.

9.
a) A crise econômica faz com algumas pessoas acabem na criminalidade.
b) A crise no sistema de saúde pública. A falta de médicos. Faz uma crítica
ao programa de governo: Médico de Família.
c) Desigualdade Social. Faz uma crítica ao governo que ainda não con-
seguiu erradicar a fome no país. A importância da merenda escolar para
alimentação de muitas crianças no país.
d) Combate à Fome.
e) Questão do menor infrator/ Redução da Maioridade Penal
f) Todas as tirinhas estão relacionadas por questões sociais

10. Resposta D.
Resolução passo a passo:

63
I. Neste exercício devemos ler cada opção e eliminar as erradas.
GABARITO
II. Na letra A, a afirmação é de o maior valor no gráfico estaria relacionado
com 14%. Procure no gráfico o ponto mais alto. Trace uma reta para baixo
ou coloque a caneta em cima do ponto para baixo. Perceba que ele está
relacionado com o ano 92. Volte ao ponto e trace uma reta para o lado
esquerdo ou coloque a caneta de lado. Esta reta está mais alta que 14% e
mais baixa que 16%. Se o ponto está mais alto que os 14%, logo, não pode
ser esta questão. Pode riscar.

III. A letra B afirma que a menor taxa foi no ano de 1995. Procure o ponto
mais baixo. Faça uma reta para baixo. Observe que ele está relacionado ao
ano 1989 e não 1995. Assim, esta opção está descartada.

IV. A letra C afirma que depois de 1992 a taxa foi crescente. Como esta
opção não diz o tempo final, entendemos que vai até o último ano, que é
1996. Vá até o ano 1992 e faça uma reta para cima. Você vai tocar no ponto
mais alto. Seguindo este ponto para a direita, perceba que
ele realmente cai em 93, cai em 94, cai em 95. Mas não podemos dizer
que a partir de 92 ele é decrescente, porque de 95 para 96 ele subiu. Esta
opção está eliminada. V. Na letra D, a afirmação é de que este gráfico teve
o menor valor em 8% e o maior em 16%. Vá até o ponto mais baixo e trace
uma reta para a esquerda. Confira que ele está acima de 8%. Vá até o pon-
to mais alto e trace uma reta para a esquerda. Confira que ele está abaixo
de 16%. Assim, realmente estes pontos estão entre 8 e 16%. Esta é a verda-
deira.

ANOTAÇÕES

64
PORTUGUÊS
AULA 7
Recursos textuais

7.0 Introdução

O que se espera de um bom leitor é que ele consiga, ao ler


um texto, distin-guir não só as mensagens literais expres-sas no
texto, mas também o que está im-plícito dentro da mensagem.
Ainda, é esperado que o leitor re-conheça dentro da leitura
os recursos lin-guísticos que o autor usou como, por exemplo, fig-
uras de linguagem e de estilo e as funções do próprio texto.
Neste capítulo vamos tentar exer-citar o entendimento de
tais recursos lin-guísticos e textuais, buscando “aguçar” a nossa
sensibilidade da leitura.

7.1 Funções da linguagem

Vários linguistas elaboraram teses sobre como classificar os


textos produzi-dos pela humanidade. A teoria das fun-ções da lin-
guagem, como o próprio no-me já diz, tenta dividir todos os textos
que existem em categorias, ou seja, gêne-ros textuais.
A linguagem humana teria seis ele-mentos:

- Destinador ou emissor: É quem transmite a mensagem. O autor,


repórter, personagem, comentarista, etc.

- Destinatário: A quem está desti-nada a mensagem. O leitor, ou-


vinte, interlocutor, etc.

- Código: O sistema no qual a men-sagem está expressa. No caso


des-te texto o código é o português.

- Contato ou canal: É o suporte que leva a mensagem. O rádio, o


telefone, o som da voz humana, o papel, etc.

- Referente: é o assunto sobre qual se fala, o tema em questão.

- Mensagem: é a adequação do texto ao contexto, é a preocupação


com o “como se diz”, que está preocupado mais com a estética
Quando um texto enfoca cada um desses elementos, dizemos que
o texto está apresentando uma função diferente, como mostra o
quadro a baixo. Então temos:
65
- Função expressiva ou emotiva: texto escrito em primeira pessoa, exprime as
emoções, opiniões e o ponto de vista do emissor.

- Função apelativa ou conativa: busca convencer o re-ceptor ou dar-lhe ordens.

- Função fática: preocupa-se com o canal de comunicação, em man-tê-lo aberto, veri-


ficar se a mensa-gem está chegando ao receptor, ou mesmo, a abertura do canal para
iniciar a comunicação.

- Função metalinguística: quando se utiliza o próprio código para definir-se.

- Função referencial ou denotativa: quando o texto tem caráter objetivo e a mensagem


dá importância aos fatos, a realidade. Diz-se que as palavras têm um sentido literal de
dicionário.

- Função poética: apesar de ser própria da literatura, a linguagem poética pode estar
presente em to-dos os textos, como propagandas e nas gírias. Ela busca a beleza, a
graça, o efeito chamativo no texto.

7.2 Mais características

A linguagem Denotativa tem um oposto, a linguagem Conotativa. Enquanto os


textos escritos denotativamente têm um sentido literal, os escritos conota-tivamente
têm um sentido subjetivo.
Exemplo: Antonio já estava morto no chão da sala quando a polícia chegou.
Antonio já estava morto de cansaço, se jogou no sofá da sala e dormiu.
Enquanto no primeiro exemplo a palavra “morto” está com sentido literal, no se-
gundo exemplo, só podemos enten-der a frase se entendermos que “morto de cansa-
do” é uma expressão subjetiva.
A função metalinguística também é muito usada em todas as artes, quando
lemos um conto em que um autor faz um comentário sobre como escrever, ou vemos
um filme que mostra os bastidores de um filme ou mesmo quando uma propa-ganda
mostra seus bastidores.
A obra de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, é consi-derada
metalinguística porque acompa-nhamos não só a história da personagem, mas acom-
panhamos o processo criativo de Brás ao escrever suas memórias.

66
EXERCÍCIOS

Texto para as questões de 01 a 03:

A explosão dos computadores pessoais, as "infovias", as grandes redes - a Inter-


net e a Word Wide Web - atropelaram o mundo. Tornaram as leis antiquadas, reformu-
laram a economia, reordenaram prioridades, redefiniram os locais de trabalho, desafi-
aram constituições, mudaram o conceito de realidade e obrigaram as pessoas a ficar
sentadas, durante longos períodos de tempo, diante de telas de computadores, en-
quando o CD-Rom trabalha. Não há dúvida de que vivemos a revolução da informação
e, diz o profes-sor do MIT, Nicholas Negroponte, revoluções não são sutis.

1. No texto, a expressão que sintetiza os efeitos da revolução da informática é:


a) "atropelaram o mundo".
b) "tornaram as leis antiquadas".
c) "reformularam a economia".
d) "redefiniram os locais de trabalho".
e) "desafiaram constituições".

2. A expressão "revoluções não são sutis" indica:


a) a natureza efêmera das revoluções.
b) a negação dos benefícios decorrentes das revoluções.
c) a natureza precária das revoluções.
d) o caráter radical das revoluções.
e) o traço progressista das revoluções.

3. As aspas foram usadas em "infovias" pela mesma razão por que foram usadas em:
a) Mesmo quando a punição foi confirmada, o "Alemão", seu apelido no Grêmio, não
esmoreceu.
b) ... fica fácil entender por que há cada vez mais pessoas preconizando a "fujorização"
do Brasil.
c) O Paralamas, que normalmente sai "carregado" de prêmios, só venceu em edição.
d) A renda média "per capita" da América latina baixou 25% em 1995.
e) A torcida gritava "olé" a cada toque de seus jogadores.

4. Encontre no texto abaixo as funções de linguagem presentes:

Minha querida amiga:


Sim, é para você mesma que estou escrevendo – você que naquela noite disse
que estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha e achava que não
valia a pena, e acabou me formulando uma pergunta ingênua:
– Como é que a gente faz para esquecer uma pessoa?
E logo depois me pediu que não pensasse nisso e esquecesse a pergunta, dizen-

67
do que achava que tinha bebido um ou dois uísques a mais...
Sei como você está sofrendo, e prefiro lhe responder assim pelas páginas de
uma revista – fazendo de conta que me dirijo a um destinatário suposto. Destinatário,
destinatária... Bonita palavra: não devia querer dizer apenas aquele ou aquela a quem
se destina uma carta, devia querer dizer também a pessoa que é dona do des-tino da
gente. Joana é minha destinatária.
Meu destino está em suas mãos; a ela se destinam meus pensamentos, minhas
lembranças, o que sinto e o que sou: todo esse complexo mais ou menos melancóli-co
e, todavia tão veemente de coisas que eu nasci e me tornei.
Se me derem para encher uma fórmula impressa ou uma ficha de hotel eu po-
derei escrever assim: Procedência – Cachoeiro de Itapemirim; Destino – Joana. Pois é
somente para ela que eu marcho. No táxi, no bonde, no avião, na rua, não interessa a
direção em que me movo, meu destino é Joana. Que importa saber que jamais chega-
rei ao meu destino?[...]'
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

5. E não há melhor resposta


que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina. (João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)

a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em a fábrica e se fabrica, um


substantivo e um verbo que têm o mesmo radical. Cite da estrofe outro exemplo desse
mesmo recurso expressivo.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) A expressividade dos seis últimos ver-sos decorre, em parte, do jogo de oposi-ções


entre palavras. Cite desse trecho um exemplo em que a oposição entre as pala-vras
seja de natureza semântica.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. Considere este trecho de um diálogo entre pai e filho (do romance Lavoura arcaica,
de Raduan Nassar):
— Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada.
— Misturo coisas quando falo, não des-conheço, são as palavras que me empur-ram,
mas estou lúcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, po-de até

68
parecer que exorbito, e se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito
grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo para o meu uso os fios do
que estou dizendo.

No trecho, ao qualificar o seu próprio discurso, o filho se vale tanto de linguagem de-
notativa quanto de linguagem conotativa.

a) A frase estou lúcido, pai, sei onde me contradigo é um exemplo de linguagem de


sentido denotativo ou conotativo? Justifique sua resposta.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Traduza em linguagem de sentido de-notativo o que está dito de forma figurada na


frase: se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro.
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_______________________________________________________________________________________

GABARITO
1. Resposta a.

2. Resposta d.

3. Resposta b.

4. No texto acima podemos identificar várias funções da linguagem:


• Função fática: "Sim, é para você mesma que estou escrevendo", pois o
narrador quer se certificar de que o canal está sendo mantido.
• Função metalinguística: "Destinatário, destinatária... Bonita palavra", em
que o narrador se detém sobre uma palavra, refletindo sobre seu signifi-
cado.
• Função emotiva ou expressiva: Nos dois últimos parágrafos o narrador
expressa seus sentimentos.
• Função poética: permeia todo o texto, pois é evidente a preocupação
estética de Rubem Braga ao escrever sua crônica.

5.
a) desfiar – verbo; fio – substantivo; explodida – particípio de valor adjetivo;
explosão – substantivo.
b) O jogo de oposições é dado pela possível grandeza de uma explosão
e a pequenez da vida severina. Nesse sentido, poderiam ser citados: ex-
plosão/franzina; pequena/explosão.

69
GABARITO
6.
a) A frase "estou lúcido, pai, sei onde me contradigo" é de sentido deno-
tativo, pois expressa de forma inequívoca um significado de base: a con-
sciência do filho da lucidez diante de seu discurso desconexo.
b) Uma tradução possível é: se no que eu digo pode haver alguma ob-
scuridade ou desconexão, tenha certeza, meu pai, de que muita coisa aí
contida também é coerente e muito bem pensada.

ANOTAÇÕES

70
PORTUGUÊS
AULA 8
Intertextualidade

8.0 Introdução

Você conhece as imagens abaixo?

É bem provável que não, contudo ao olhar


para essa imagem você deve ter se lembrado de
outra imagem bem parecida. Estas figuras nos
remetem a uma pintura que foi feita há muito
tempo atrás, mas que hoje ainda inspira muitos
criadores modernos.
O quadro de Leonardo da Vinci chamado
Mona Lisa ou La Gioconda foi pintado em 1503 e,
provavelmente, é o retrato mais famoso do mun-
do e está exposta atualmente no museu do Lou-
vre em Paris. Talvez nenhum outro quadro seja
tão elogiado, comentado, valioso e controverso.
Sendo assim, podemos encontrar referências à
essa obra, não só nas artes visuais como também
em outras manifestações artísticas, como, por exemplo, na música.

71
Mona Lisa, Mona Lisa (Ciúmes de Leonardo) (Jorge Ben Jor)
Mona Lisa, Mona Lisa
Você é tão Gioconda
Você é tão maliciosa
Você é tão diferente e bela
Você é tão misteriosa
Que nem uma chuva de ouro Seria tão atraente
Como você
Mon amour como você
Mona Lisa, Mona Lisa
Atrás desse sorriso
Tem coisas enigmáticas
Que só Leonardo da Vinci
Conseguiu descobrir
Por isso na calada da noite
Quando todos estiverem dormindo
Com seus amores
Eu escalarei o Louvre
E conquistarei você
Eu escalarei o Louvre
E dormirei com você
Mon amour, Mona Lisa
Mon cheri, Mona Lisa

Na música de Jorge Bem Jor temos o quadro de Leonardo da Vinci como tema. Além
da citação explicita do nome podemos ver que existem outras características que nos
remetem a obra de arte em questão. Você conseguiria apontar outras características?
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Podemos dizer que todos exemplos expostos anteriormente neste capitulo fo-
ram elaborados propositadamente pensando na Mona Lisa. Mas, e a canção a seguir?
Sorriso dela (Erasmo Carlos e Roberto Carlos )
Todo mundo, todo mundo está chegando
Só pra ver o sorriso dela
Milhares de pessoas na janela
Só pra ver o sorriso dela
E levante o dedo quem não gosta
Do sorriso dela
Do sorriso dela
Do sorriso dela
Velho dorminhoco acorde: também venha ver
O sorriso dela
Levante bem seus olhos, você tem que ver
O sorriso dela
Não tem povo mais feliz, do que o que tem
O sorriso dela
O sorriso dela
O sorriso dela ...

72
Não há a referência direta na letra da música ao quadro, porém, a questão cen-
tral da música é o sorriso de uma moça, que é também um dos aspectos mais contro-
versos da Mona Lisa. Além disso, podemos relacionar o fato de que na música todos
querem ver o sorriso da moça ao que o quadro de Da Vinci é a grande atração do mu-
seu parisiense.
Essas relações entre produções de linguagens diferentes ou não, são chamadas
de intertextualidade. Esse fenômeno pode se dar de várias formas: intencional do autor
na hora de produzir a obra, ou em decorrência das ligações que o próprio leitor da obra
executa.
É importante atentar que para o leitor - observador da obra - estabelecer as devi-
das relações é necessário que ele tenha o conhecimento necessário. Por exemplo, para
fazer a relação entre as figuras anteriores e a Monalisa é necessário, antes, conhecer o
quadro original.

8.1 Estabelecendo relações

- Versão
Desde a Grécia antiga os autores reescrevem os poemas uns dos outros tentan-
do “melhorar” essas obras, ou dar novas características a tais obras, ou simplesmente
atualizando as que são antigas, adaptando-as para uma nova realidade.

Meus oito anos


Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjas! (Casimiro de Abreu)

Temos no quadro anterior, do lado esquerdo, o poema de Casimiro de Abreu,


Meus oito anos publicado em 1859 e do lado direito temos a versão de Oswald de An-
drade que foi publicada em 1929.
Apesar do poema de Oswald ter partes iguais ao poema de Casimiro de Abreu, o
que eles carregam de diferente faz com que vejamos a diferença de mundo e de con-
cepção poética em que foram criados.

Meus oito anos


Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais

Eu tinha doces visões


Da cocaína da infância

73
Nos banhos de astro-rei
Do quintal de minha ânsia
A cidade progredia
Em roda de minha casa
Que os anos não trazem mais
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais

Aponte partes no texto que mostrem o contraste entre esses dois mundos:
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_______________________________________________________________________________________

Agora veja as figuras a baixo:

Caravaggio (pintura) Cindy Sherman (foto)

O fotografo Cindy Sherman tentou reproduzir fielmente a pintura do renascen-


tista Caravaggio. Podemos dizer que a fotografia é uma versão da pintura em que a
técnica usada para o trabalho é que foi diferente.

- Paródia
A paródia é uma versão de uma obra que busca a graça, o riso. Usando uma obra
já existente e conhecida, o autor troca as palavras ou figuras que compunham essa
obra para construir uma nova ideia.
Já sei Namorar (Tribalistas)
Já sei namorar,
já sei beijar de língua,
agora só me resta sonhar
Já sei onde ir,
já sei onde ficar
Agora só me falta sair.
Não tenho paciência pra televisão,
eu não sou audiência para solidão.
Eu sou de ninguém,
eu sou de todo mundo
e todo mundo me quer bem.
Eu sou de ninguém,
eu sou de todo mundo
e todo mundo é meu também.

74
Já sei bombardear (Os belicistas - W. Bush, Collin Powell)
Já sei bombardear,
Já sei armar o míssil
agora só me falta atirar
Já sei invadir
Já sei peitar a ONU
agora só me falta explodir
Não tenho paciência pra negociação
Eu tenho é mania de perseguição
Não ouço ninguém,
acuso todo mundo o Bin Laden e o Hussein
Não livro ninguém,
exploro todo mundo acho que o mundo é meu também

É importante ver que o autor da paródia mantém a estrutura original da canção.


Para que possamos reconhecer a obra que foi tomada como base.

- Sátira
A sátira também busca riso, porém, não se apegando a uma obra já existente,
mas sim a um conceito. Isto é, um autor ao fazer uma sátira em forma de canção, por
exemplo, não vai tomar como base uma canção já conhecida. Ele tem a liberdade de
criar uma obra nova.
Contudo, a sátira usa em geral uma referência a um contexto que também deve
ser conhecido dos leitores, para que sua mensagem seja entendida.

Na figura anterior temos uma charge política, que faz uma sátira com relação ao
caos aéreo e a posse do ministro das forças armadas. Porém, para entender totalmente
a mensagem, temos que conhecer outras coisas, como por exemplo, por que a minia-
tura de avião é feita com um abacaxi.

- Referência e citação
Durante a construção de um texto podemos citar ou fazer referência a outros
textos, ideias e fatos que possam dar mais credibilidade ao que estamos dizendo. li-
dade ao que estamos dizendo.
Podemos citar uma obra dentro de um texto de duas maneiras. A primeira seria
citar um trecho de um texto literalmente:
Exemplo: Como diz o filósofo Popper em seu livro a sociedade aberta: “Não só a con-
strução de instituições envolve importantes decisões pessoais, mas o funcionamento
até mesmo das melhores instituições (como o sistema democrático de controles e
equilíbrios) dependerá sempre, em considerável grau, das pessoas envolvidas. As insti-

75
tuições são como fortalezas. Devem ser bem ideadas e guarnecidas de homens.”
Percebam que quando citamos os dizeres de outro autor, literalmente, temos
que fazê-lo entre aspas, para marcar que o texto não é de nossa autoria.
A segunda maneira seria escrever com suas próprias palavras as ideias do autor.
Exemplo: Para este mestre antigo, a natureza do homem é racional, e, por consequên-
cia, na razão realiza o homem a sua humanidade: a ação racional realiza o sumo bem,
que é, ao mesmo tempo, felicidade e virtude. Hoje penso que as virtudes podem ser
muito mais ensinadas pelos exemplos do que pelos livros. Entretanto, esta natureza
racional do homem encontra no corpo não um instrumento, mas um obstáculo - que
Platão explica mediante um dualismo filosófico-religioso de alma e de corpo: o intelec-
to encontra um obstáculo nos sentidos, a vontade no impulso, e assim por diante. No
entanto, se todos pensamos em aprender, então somos alunos, os filósofos são alunos
(só os sábios são mestres), e alunos precisam de livros; é por isso que eles às vezes es-
crevem livros, quando os que têm à mão não os satisfazem ou sufocam.
(Jordan Augusto)

Nesse trecho o autor não coloca os dizeres de Platão, ele usa as ideias do filósofo
como base para construir a sua própria tese.

- Associação
Devemos atentar para o fato que não existem textos “puros”. Quando escreve-
mos trazemos conosco todo o conhecimento que tivemos contato, todos os textos que
já lemos e todo o contexto em que estamos inseridos. Com base nisso podemos, com
uma leitura atenta, estabelecer relações entre diferentes obras sem que uma não faça
nenhuma referência explícita à outra.

Nas figuras anteriores, não temos uma relação direta, mas mesmo assim temos
elementos comuns nas duas e que nos possibilitariam fazer uma associação. Você con-
seguiria dizer que associações são essas?
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_______________________________________________________________________________________
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76
GABARITO
1. Gioconda – Atrás desse sorriso – Leonardo da Vinci – escalarei o Louvre

2. Meus oito anos (Casimiro de Abreu) Meus oito anos (Oswald de Andrade)
Saudades da infância Saudades da infância
Zona rural Zona urbana
Tinha bananeira Tinha bananeira
Tinha laranjeira Não tinha laranjeira

3. Na 1ª imagem o índio é submisso em relação ao colonizador e aceita e


até venera sem questionamento a imposição cultural, linguística e religiosa
do colonizador europeu.
Na 2ª imagem o índio está questionando direitos que foram negados ou
estão sendo negligenciados em relação ao povo indígena.

ANOTAÇÕES

77
PORTUGUÊS
AULA 9
Pressupostos e implícitos

1.0 Os pressupostos

Podemos entender pressupos-


tos como uma circunstância ou um
fato considerado como anteced-
ente necessário de outro. Vejamos
um exemplo:
Observe bem a manchete uti-
lizada na capa reproduzida acima:
“Lula vai a César”. Se formos identi-
ficar as informações presentes nes-
sa manchete, seremos obrigados
a reconhecer que a tentativa da
revista é de fazer com que o idente
americano a de César.
Para que se compreenda, efetivamente, a mensagem que se
pretende divulgar, a revista parte do pressuposto que o leitor saiba
quem foi César.
A única “dica” dada pela revista que permite ao leitor asso-
ciá-lo ao romano é a roupa desenhada sob a figura de George W.
Bush.
Para que se entenda completamente a mensagem é preciso
saber que César foi um dos maiores líderes, militar e político, da
República Romana, ou seja, ao partir do pressuposto de que quem
lê a revista tenha essa informação, pode-se compreender que a
intenção era dizer que o presidente Lula foi se encontrar com o
maior líder político e militar do mundo.

1.1 Os implícitos

Implícito: algo que está envolvido em um contexto, mas não é rev-


elado, é deixado apenas subentendido, sugerido.

A compreensão de implícitos é essencial para se garantir


um bom nível de leitura. Em várias ocasiões, aquilo que não é dito,
mas apenas sugerido, importa muito mais que aquilo que é dito
abertamente. A incapacidade de compreensão de implícitos faz
com que o leitor fique preso ao nível literal do enunciado, aque-
le em que as palavras valem apenas pelo que são e não pelo que
78 sugerem ou podem dar a entende.
EXERCÍCIOS

1. Leia com atenção o texto a seguir:


“... tenho pastas e mais pastas de recortes – bom, recortes como este aqui, tirado de
um jornal de Portland, maine, intitulado, ‘Homem encontrado acorrentado à arvore de
novo’. Foi ‘de novo’ que chamou minha atenção, na verdade” (BRYSON, Bill. Esplêndi-
das irrelevâncias. In.:Crônicas de um país bem grande. São Paulo: Cia das Letras, 2001.).

a) Por que a expressão “de novo” chamou a atenção de Bill Bryon?


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b) “Foi ‘de novo’ que chamou minha atenção, na verdade”. Com essa afirmação, o autor
do texto revela que, ao ler o jornal, uma expressão fez com que ele adotasse um pro-
cedimento específico de leitura. Que procedimento é esse? Explique.
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_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

2. Atenção na conversa do casal:

a) Que história é considerada pela personagem como


irreal e ridícula? Procure identificar o contexto a que a
personagem se refere.
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b) A segunda fala revela dois pressupostos que são feitos


sobre os maridos em geral. Que pressupostos são estes?
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_________________________________________________________

c) Considerando os pressupostos adotados pela personagem, o que nós podemos


dizer sobre seu marido?
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_______________________________________________________________________________________

3. Leia a propaganda abaixo, anunciando um carro europeu, em seguida responda as


questões.

79
Não pare na faixa de pedestres, não fure
o sinal vermelho, não feche o cruzamento.
Você está num carro europeu.

a) É possível identificar um pressuposto sobre o motorista europeu? Qual é?


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b) A enumeração das atitudes que não devem ser tomadas pelo motorista, “porque
está num carro europeu”, permite-nos perceber um implícito sobre os motoristas bra-
sileiros. Que implícito é esse?
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4. “Um turista foi passear numa savana, na África e se perdeu dos seus colegas. Ele
estava sozinho e tentava voltar para perto de seus amigos quando encontrou um leão
faminto no caminho. Desesperado ele rogou a Deus que um espírito cristão domi-
nasse esse leão. Houve raios e trovões e uma grande luz desceu sobre o animal. Ime-
diatamente o leão se ajoelhou, levantou as mãos para céu e disse: - Oh Senhor, grande
Deus, maravilhoso, muito obrigado por mais uma refeição.”
Quais informações que estão subentendidas nesse pequeno fragmento?
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_______________________________________________________________________________________

5. Atenção na seguinte capa:

A manchete de capa diz: “Lula larga na pole”. Para que você


compreenda bem o enunciado, parte-se do pressuposto que
o leitor tenha o conhecimento prévio de determinado termo?
Que termo é este? E o que ele pretende dizer?

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6. A seguinte reportagem foi extraída do Jornal Folha de São Paulo:


"Franciscanos" do PMDB cobram mais "carinho e atenção" de Lula.
Gabriela Guerreiro da Folha Online, em Brasília

80
Os senadores do PMDB que se rebelaram contra o governo federal esta semana vão
cobrar mais "carinho e atenção" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o final de
seu segundo mandato. Os parlamentares reclamam que Lula está acostumado a di-
alogar somente com "cardeais" da legenda --como os senadores José Sarney (PMDB-
AP) e Romero Jucá (PMDB-RR)-- enquanto esquece dos "franciscanos" da legenda na
Casa.

a) Na reportagem aparecem os termos “franciscanos” e “cardeais” para se referir a


determinados políticos. Tais termos foram utilizados pensando que o leitor possui um
determinado conhecimento prévio no que se referem a estas expressões. O que pres-
supõe a pessoa que utilizou esses termos?
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b) Qual o efeito de sentido que se pretendia obter com os termos “franciscanos” e “car-
deais”?
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_______________________________________________________________________________________

GABARITO
1.
a) A expressão “de novo” chama a atenção de Bill Bryson porque ele
percebe que aquela situação acontecia costumeiramente, ou seja, se repe-
tia com certa regularidade.
b) O autor do texto começou a prestar atenção nos detalhes da história, ou
das ações das pessoa envolvidas com o fato.

2.
a) O homem acha a história irreal e ridícula porque ele não acredita que
em um casamento o homem espontaneamente tome a inciativa para levar
a esposa para jantar e muito menos que queira conversar com a compan-
heira sem interesse.
b) 1º pressuposto: que homem não é romântico;
2º pressuposto: que homem não é aberto ao diálogo
c) Que o marido do diálogo é um homem cético (descrente) que n]ao
acredita que as pessoas possam agir de modo diferente do que ele pensa
ou do padrão imposto pelas convenções sociais.

3.
a) É possível inferir que o motorista europeu dirige melhor e como maus
cuidado do que o brasileiro. Pode-se inferir também que o que é estrangei-
ro (importado sobretudo da Europa) tem melhor qualidade.

81
GABARITO
b) Os motoristas brasileiros são maus condutores e não respeitam a legis-
lação de trânsito.

4. O pedido foi atendido, mas de forma equivocada. O leão se valeu da


petição do turista que em vez de ser salvo acabou sendo devorado pelo
leão que estava faminto.

5. O termo “pole position” é uma expressão usada na corrida de Fórmula


01 para indicar o corredor que sai na primeira fila da largada, ou seja, que
sai a frente dos demais competidores.

6.
a) O leitor precisa ter conhecimento que “franciscano” é usado para des-
ignar alguém que é humilde, de hábitos simples, em contrapartida “car-
deal” tem a conotação de alguém que seria importante.
Nota de esclarecimento: Na Igreja Católica os franciscanos pertencem a
uma ordem que prega o voto de pobreza, portanto adotam a postura de
uma vida mais simples; enquanto os cardeais são comparados aos “prínc-
ipes” da igreja católica, portanto na hierarquia eclesiástica eles são mais
importantes.
b) Estabelecer uma hierarquia, isto é, os políticos associados aos francis-
canos são menos importantes do que os associados a imagem dos car-
deais.

ANOTAÇÕES

82
PORTUGUÊS
AULA 10
Escrevendo textos

Ao fazermos textos dissertativos, alguns problemas podem


passar despercebidos durante o processo de produção.
Comentaremos aqui os mais recorrentes, de maneira a criar
a reflexão crítica no momento da escrita, ou mesmo, em questões
dissertativas. Redigir uma redação exige o conhecimento de algu-
mas técnicas:

– JAMAIS faça o texto em um único parágrafo.


– Evite parágrafos que ultrapassem 6 linhas.
– O título deve possuir relação direta com o texto.
– No interior do texto não se pula linha.
– Coloque apenas palavras que se tenha certeza do significa-
do.
– Não faça uso de qualquer tipo de chavão de abertura de
parágrafo (Hoje em dia, na atualidade, nos dias de hoje) e de fe-
chamento (Concluímos que..., Enfim...).
– Prefira não começar os parágrafos subordinando-os.
(Desse modo..., Isso quer dizer...,).
– Evite utilizar argumentos recorrentes de religião: “Deus não
deu a vida para que o homem tire...”, “A violência é contra Deus”.
– Qualquer tipo de preconceito deve ser evitado. “Devemos
aceitar os homossexuais, essa gente também possui direitos”; “O
respeito pelos muçulmanos deve fazer parte da política mundial,
mesmo eles sendo atrasados e fanáticos religiosos”.
– Lugares comuns no texto devem ser evitados, pois não
acrescentam informação: "Se nos conscientizarmos o problema
da educação melhorará”; “Quando nos unirmos...”, “Se os políticos
tomarem consciência...”.
– A pontuação deve ser respeitada. Use vírgulas, ponto e vír-
gula e ponto final.
– Não se separa sujeito de predicado por vírgula.
– Grafia e acentuação devem ser respeitadas.
– Evite marcas de oralidade: “pra, vc, nóis, geite, pra mim fala,
as pessoa”.
– Atenção aos plurais e à flexão verbal: “Os político gosta de
mentir pro povo e nós não faz nada”.

83
- Vocabulário
Releia sempre seu período para evitar problemas de significado e construção.
Exemplo: "Era um belo sábado, uma noite muito agradável onde um lobo ruiva no alto
da colina dos Andes, demonstrando estar solidário ou anunciando sua solidão".

Nesse excerto, retirado de uma redação de vestibular, percebemos que a falta de leitu-
ra, após a escrita, pode atrapalhar o desenvolvimento do texto.

- E a globalização?
Cuidado ao utilizar o conceito de globalização na redação, pois a tendência dos
vestibulandos é colocar a globalização como sendo a grande causa dos problemas no
mundo.

Exemplo: Nos dias de hoje devido à globalização a violência não assusta mais, porque
as pessoas morrem e ninguém faz nada.

Lembremos o conceito:
1. ato ou efeito de globalizar(-se)
2. Rubrica: sociologia. Processo pelo qual a vida social e cultural nos diversos países do
mundo é cada vez mais afetada por influências internacionais em razão de injunções
políticas e econômicas
2.1 Rubrica: economia, política. intercâmbio econômico e cultural entre diversos
países, devido à informatização, ao desenvolvimento dos meios de comunicação e
transporte, à ação neocolonialista de empresas transnacionais e à pressão política no
sentido da abdicação de medidas protecionistas
2.2 Rubrica: economia, política. espécie de mercado financeiro mundial criado a par-
tir da união dos mercados de diferentes países e da quebra das fronteiras entre esses
mercados
Obs.: cf. capital volátil
2.3 Rubrica: economia, política. integração cada vez maior das empresas transnacio-
nais, num contexto mundial de livre-comércio e de diminuição da presença do Esta-
do, em que empresas podem operar simultaneamente em muitos países diferentes e
explorar em vantagem própria as variações nas condições locais
3 Rubrica: pedagogia. Processo de percepção e aquisição mais sintético do que
analítico, característico da estrutura mental ou psíquica da criança.
(Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa)
- E o capitalismo?
Capitalismo: substantivo masculino
1 Rubrica: economia.
sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita liber-
dade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro
2 Rubrica: economia, sociologia. sistema social em que o capital está em mãos de
empresas privadas ou indivíduos que contratam mão de obra em troca de salário
3 Derivação: por metonímia. conjunto de indivíduos, países etc. capitalistas
Ex.: <o c. mundial> <o c. integrante do G-7> (Dicionário Houaiss de Língua Portugue-
sa)
Cuidado ao utilizar o conceito de capitalismo na dissertação, pois é um termo
muito amplo e facilmente associado à falta de assunto do vestibulando.
Exemplo: As pessoas no Brasil sofrem hoje com a falta de emprego que o capitalismo
impõe. Elas não sabem mais se vão sair de casa e vão ter onde trabalhar.

84
- Gramática
Alguns erros gramaticais, visto que estamos falando de alunos do ensino médio,
já não podem mais ser cometidos. É preciso dominar algumas técnicas.

Por exemplo:
Grafia de certas palavras: Asim (assim), geito (jeito), maça (maçã), globalisação (glo-
balização), ese (esse), sitar (citar)...

Atenção à separação de sílabas no final de linha:


Exemplo: MO-CI-NHA EX-CE-ÇÃO SES-SÃO ER-RA-DO

EXERCÍCIOS

Agora que você já conhece algumas dicas para redigir textos corrija o texto a seguir e
aponte possíveis soluções. Segue a proposta da redação:

“Governar é construir estradas e conservá-las”


A precariedade das rodovias brasileiras é um grande problema para a popu-
lação, pois dificulta o transporte de mercadorias e é uma situação de risco para os
motoristas.
De acordo com dados, são necessários R$ 2 bilhões para recuperar as rodovias,

85
mas infelizmente esse dinheiro não será utilizado para da r segurança aos viajantes.
Sabemos que uma porcentagem do preço por litro dos combustíveis deveria ser desti-
nada à manutenção das estradas, porém, como outras verbas, é desviada.
Assim, a população tem que pagar os “famosos” pedágios para trafegar com
segurança.
Medidas eficazes deveriam ser tomadas para preservar as vias de trânsito, como
permitir apenas o tráfego de veículos de pequeno p orte pelas rodovias.
Caminhões com grande quantidade de mercadorias deveriam utilizar os trans-
portes ferroviários e hidroviários. Esses meios têm baixo custo de manutenção e iriam
trazer benefícios, principalmente para o setor de agroneg ócio que tem 3% de sua
safra perdida por causa das estradas mal conservadas.
Indubitavelmente, o número de acidentes ir ia diminuir. Apenas nas estradas
paulistas foram 35.141 ocorridos em quase seis meses do an o de 2005.
Será que o poder público não se preocupa com a segurança da população?
Portanto, o Ministério responsável pelos meios de transportes deveria destinar a
verba necessária para o recuperamento das rodovias e i nvestir no desenvolvimento
das ferrovias e hidrovias do país.
Meios de transporte são essenciais para a nossa atual sociedade brasileira. Re-
curso indispensável para o proletariado dar continuidade a sua vida.
Os ônibos são os principais meios de locomoção da classe média por isso merecem
mais atenção. O estado deveria intervir nos meios de locomoção (no caso os ônibus)
tomando posse e organizando de modo que haja um salário mais justo e um novo
valor nas taxas tantos de estudantes que por sua condição devem usufluir de taxas
mais baixas como aqueles que possuem uma condição financeira menor. Nossa atual
rede de ônibus é privada o que torna o preço das passagens altos pois devem satisfaz-
er o lucro de seus empreendedores, por isso o preço das passagens está aumentando
desenfreadamente.
O lucros dessas redes privadas é extremamente alto e mesmo que passes para
estudantes se tornassem gratuitos ainda esses empreendedores teriam lucro.
O fato é que a classe de menor condição financeira a que está isolada nos morros,
junto a classe mais baixa é quem arca ou seja paga as passagens da classe um pouco
mais favorecida a média. Por isso seria justo de a rede privada de ônibus deixasse de
pertencer a empresários e passasse ser totalmente do estado, afim que se fizesse a
classe que realmente necessita desse meio pudesse usufluir desse sem tantos custos.
Uma vez que classe alta não necessita de tais meios.
Se a população da classe médio quiser continuar a usufluir dos ônibus é bom
lutar para que essa rede de transporte se torne totalmente do estado, antes que os
empresários queiram continuar recheando seus bolsos e as pessoas tenham que tra-
balhar só para pagar seu transporte.
Numa sociedade as pessoas precisam em primeiro lugar ter alimento (subsistên-
cia), saúde, cultura e lazer. É inadmissível trabalhar para pagar o transporte que segun-
do lei é direito de todos o transporte público. Como vemos não é o que anda aconte-
cendo, quanto não fizermos nada para tornar a rede de transporte privado em pública
continuaremos nos submetendo a aumento de taxas absurdos e começaremos a
trabalhar apenas para pagar o transporte.

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ANOTAÇÕES

87
PORTUGUÊS
AULA 11
Analisando questões

11.0 Introdução

Nos últimos anos os vestibulares mais modernos têm elab-


orado questões que não cobram do candidato simples-mente o
conhecimento da informação, mas também o raciocínio e a com-
preensão da leitura.
Então, a interpretação de texto que ficava relegada a prova
de português está hoje em todas as áreas da prova, cobrando que
o candidato tenha um conhecimento mais completo do que sim-
plesmente ofe-recer respostas mecanicamente.
Neste capitulo trabalharemos com algumas questões
de outras matérias, mas que possam ser resolvidas como uma
questão de interpretação de texto.

EXERCÍCIOS
1. "Mais da metade do gênero humano jamais discou um número
de telefone. Há mais linhas telefônicas em Manhattan do que em
toda a África, ao sul do Saara".
(Mbeki, vice-presidente da África do Sul, 1995)
"Nos EUA, os brancos representam 88,6% dos utilizadores da Inter-
net e os negros, 1,3%, embora correspondam a 12% da população".
(Adap. Douzet: 1997)

Considerando-se o texto acima, assinale a alternativa correta:


a) o nível de vida das populações e o grau de desenvolvimento
tecnológico dos paí-ses explicam a desigual distribuição da rede
Internet.
b) a cibercultura é universal e constitui um instrumento de massi-
ficação de uma identidade cultural global.
c) os fluxos de informação telefônica não devem ser confundi-
dos com as infovias que têm uma distribuição mais igualitária no
mundo.

88
d) os custos da conexão virtual são mais elevados nos países ricos do que nos paí-ses
pobres, o que explica a sua desigual distribuição.
e) o centro mundial de fornecimento de serviços da rede Internet são os Estados Uni-
dos devido à grande quantidade de telefones disponíveis.

2. Em um artigo publicado em 1808, Gay-Lussac relatou que dois volumes de hidrogê-


nio reagem com um volume de oxigênio, produzindo dois volumes de vapor de água
(volumes medidos nas mesmas condições de pressão e tempera-tura). Em outro arti-
go, publicado em 1811, Avogadro afirmou que volumes iguais, de quaisquer gases, sob
as mesmas condições de pressão e temperatura, con-têm o mesmo número de moléc-
ulas. Dentre as representações abaixo, a que está de acordo com o exposto e com as
fórmulas moleculares atuais do hidro-gênio e do oxigênio é:

3. Decorridos mais de 50 anos do uso dos antibióticos, a tuberculose figura, neste final
de século, como uma das doenças mais letais; isso se deve ao fato de os ba-cilos terem
se tornado resistentes ao anti-biótico usado para combatê-los.
Considerando que a resistência de uma população de bactérias a um antibió-tico é
resultado de mutação ao acaso e que a taxa de mutação espontânea é muito baixa,
foi proposto o uso simultâneo de diferentes antibióticos para o tratamento de doentes
com tuberculose.
Com relação a esse procedimento, foram levantados os seguintes argumen-tos:
I. O tratamento não será efetivo para o paciente, uma vez que a resistência ao anti-
biótico não é reversível.
II. O tratamento terá alta chance de ser efetivo para o paciente, pois a proba-
bili-dade de que uma bactéria seja resistente a dois ou mais antibióticos é extrema-
mente baixa.
III. O tratamento poderá apresentar riscos para a população, pois poderá selecionar
linhagens bacterianas altamente resisten-tes a antibióticos.
Analisando as informações contidas no texto, pode-se concluir que apenas:
a) o argumento I é válido.
b) o argumento II é válido.
c) o argumento III é válido.
d) os argumentos I e III são válidos.
e) os argumentos II e III são válidos.

3. O tema “teoria da evolução” tem pro-vocado debates em certos locais dos Estados

89
Unidos da América, com algumas entidades contestando seu ensino nas es-colas. Nos
últimos tempos, a polêmica está centrada no termo teoria, que, no entanto, tem sig-
nificado bem definido para os cientistas. Sob o ponto de vista da ciência, teoria é:
a) sinônimo de lei científica, que descreve regularidades de fenômenos naturais, mas
não permite fazer previsões sobre eles.
b) sinônimo de hipótese, ou seja, uma suposição ainda sem comprovação experimen-
tal.
c) uma idéia sem base em observação e experimentação, que usa o senso comum para
explicar fatos do cotidiano.
d) uma idéia, apoiada pelo conhecimento científico, que tenta explicar fenômenos nat-
urais relacionados, permitindo fazer previsões sobre eles.
e) uma idéia, apoiada pelo conhecimento científico, que, de tão comprovada pelos
cientistas, já é considerada uma verdade incontestável.

5. "Os próprios céus, os planetas e este centro [a Terra]


Respeitam os graus, a precedência e as posições.
Como poderiam as sociedades,
Os graus nas escolas, as irmandades nas cidades,
O comércio pacífico entre praias separa-das,
A primogenitura e o direito de nascença,
Os privilégios da idade, as coroas, cetros, lauréis,
Manter-se em seu lugar certo - não fossem os graus?"
Estes versos de Shakespeare (da peça Troilo e Cressida) revelam uma visão de mundo.
a) moderna e liberal, ao tratarem das ci-dades, do comércio e, virtualmente, até do
novo continente.
b) medieval e aristocrática, ao defende-rem privilégios, graus e hierarquias como
decorrentes de uma ordem natural.
c) universal e democrática, ao se referi-rem a valores e concepções que ultrapas-sam
seu próprio tempo histórico.
d) clássica e monarquista, ao menciona-rem instituições, como a monarquia e o direito
de primogenitura, que eram carac-terísticas do mundo greco-romano.
e) particularista e elitista, ao expressarem hierarquias, valores e graus exclusivos da
Inglaterra do século XVI.

6. Em 1748, Benjamin Franklin escreveu os seguintes conselhos a jovens homens de


negócios:
"Lembra-te que o tempo é dinheiro... Lembra-te que o crédito é dinheiro... Lembra-te
que o dinheiro é produtivo e se multiplica... Lembra-te que, segundo o provérbio, um
bom pagador é senhor de todas as bolsas... A par da sobriedade e do trabalho, nada
é mais útil a um moço que pretende progredir no mundo que a pon-tualidade e a
retidão em todos os negócios".
Tendo em vista a rigorosa educação religiosa do autor, esses princípios econômicos
foram usados para exemplificar a ligação entre:
a) protestantismo e permissão da usura
b) anglicanismo e industrialização
c) ética protestante e capitalismo
d) catolicismo e mercantilismo
e) ética puritana e monetarismo.

7. Em seu livro de contos, O Sistema Pe-riódico, o escritor italiano Primo Levi descreve

90
características de elementos químicos e as relaciona a fatos de sua vida. Dois trechos
desse livro são destaca-dos a seguir:
I. "[Este metal] é mole como a cera...; reage com a água onde flutua (um metal que
flutua!), dançando freneticamente e produzindo hidrogênio."
II. "[Este outro] é um elemento singular: é o único capaz de ligar-se a si mesmo em
longas cadeias estáveis, sem grande desperdício de energia, e para a vida sobre a Terra
(a única que conhecemos até o momento) são necessárias exatamente as longas ca-
deias. Por isso, ... é o elemento-chave da substância viva."
O metal e o elemento referidos nos tre-chos (I) e (II) são, respectivamente,
a) mercúrio e oxigênio.
b) cobre e carbono.
c) alumínio e silício.
d) sódio e carbono.
e) potássio e oxigênio.

8. "Em verdade é maravilhoso refletir sobre a grandeza que Atenas alcançou no espaço
de cem anos depois de se livrar da tirania... Mas acima de tudo é ainda mais maravilho-
so observar a grandeza a que Roma chegou depois de se livrar de seus reis."
(Maquiavel, Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio).
Nessa afirmação, o autor:
a) critica a liberdade política e a participação dos cidadãos no governo.
b) celebra a democracia ateniense e a República romana.
c) condena as aristocracias ateniense e romana.
d) expressa uma concepção populista sobre a Antigüidade clássica.
e) defende a pólis grega e o Império romano.

9. "É praticamente impossível treinar to-dos os súditos de um [Estado] nas artes da


guerra e ao mesmo tempo mantê-los obe-dientes às leis e aos magistrados."
(Jean Bodin, teórico do absolutismo, em 1578)
Essa afirmação revela que a razão principal de as monarquias européias recorrerem ao
recrutamento de mercenários estrangeiros, em grande escala, devia-se à necessidade
de:
a) conseguir mais soldados provenientes da burguesia, a classe que apoiava o rei.
b) completar as fileiras dos exércitos com soldados profissionais mais eficientes.
c) desarmar a nobreza e impedir que esta liderasse as demais classes contra o rei.
d) manter desarmados camponeses e tra-balhadores urbanos e evitar revoltas.
e) desarmar a burguesia e controlar a luta de classes entre esta e a nobreza.

10. "Quando vim de minha terra,


se é que vim de minha terra
(não estou morto por lá?),
a correnteza do rio
me sussurrou vagamente
que eu havia de quedar
lá donde me despedia.
(…) Quando vim de minha terra
não vim, perdi-me no espaço
na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.”
Nesse poema, Carlos Drummond de Andrade

91
a) discute a permanente frustração do de-sejo de migrar do campo para a cidade.
b) reflete sobre o sentimento paradoxal do migrante em face de sua identidade region-
al.
c) expõe a tragédia familiar do migrante quando se desloca do interior para a cidade.
d) aborda o problema das migrações ori-ginárias das regiões ribeirinhas para as
grandes cidades.
e) comenta as expectativas e esperanças do migrante em relação ao lugar de destino.

GABARITO
1. Resposta a

2. Resposta b

3. Resposta e

4. Resposta d

5. Resposta b

6. Resposta c

7. Resposta c

8. Resposta b

9. Resposta d

10. Resposta b

ANOTAÇÕES

92
PÁG 91

PORTUGUÊS
PORTUGUÊS
AULA 1
Conceitos básicos

1.0 Introdução

Gramática (Sandra Peres e Luiz Tatit)


O substantivo
É o substituto do conteúdo
O adjetivo
É a nossa impressão sobre quase tudo
O diminutivo
É o que aperta o mundo
E deixa miúdo
O imperativo
É o que aperta os outros e deixa mudo
Um homem de letras
Dizendo idéias
Sempre se inflama
Um homem de idéias
Nem usa letras
Faz ideograma
Se altera as letras
E esconde o nome
Faz anagrama
Mas se mostro o nome
Com poucas letras
É um telegrama
Nosso verbo ser
É uma identidade
Mas sem projeto
E se temos verbo
Com objeto
É bem mais direto
No entanto falta
Ter um sujeito
Pra ter afeto
Mas se é um sujeito
Que se sujeita
Ainda é objeto
Já o idiotismo
É tudo que a língua
Não traduziu
94
Mas tem idiotismo
Também na fala
De um imbecil
Todo barbarismo
É o português
Que se repeliu
O neologismo
É uma palavra
Que não se ouviu

Em geral quando pensamos em estudar língua portuguesa, pensamos em es-


tudar gramática. Vemos o estudo das estruturas como um fim em si mesmo. Isto é,
parece que o estudo da gramática não tem uma finalidade prática fora do mundo es-
colar. Assim, quando um aluno aprende a identificar um objeto indireto, por exemplo,
isso muitas vezes não reflete em um conhecimento maior da linguagem.
Para mudar a visão que temos da gramática, devemos primeiramente saber a
sua finalidade.
Os primeiros estudos sobre um idioma surgem com a preocupação religiosa de
como manter a integridade dos textos sagrados através dos tempos. Esses primeiros
estudos se concentraram na forma que os textos deveriam ser ditos e escritos.
Com o advento da noção de Estado, a língua acabou se tornando um símbolo da
identidade nacional de um povo; e a importância que a língua escrita vem adquirindo
ao longo do tempo tornou necessária a criação de meios para o ensino do idioma. As-
sim, foi crescendo o número de materiais que tentavam descrever o funcionamento da
língua.
Durante a história foram sendo consolidadas algumas divisões nos estudos da
língua, que vão do estudo do som que a fala humana pode produzir até o significado
do que está dizendo.
A gramática é a tentativa do homem de descrever e entender como uma deter-
minada língua funciona.

Língua (Sandra Peres e Luiz Tatit)


Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala mangueira!
Fala!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
95
Esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Vamos na velô da dicção choo choo de Carmen Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homen Adoro nomes
Nomes em Ã
De coisas como Rã e Imã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon Chevalier
Glauco Matoso e Arrigo Barnabé e maria da Fé e Arrigo barnabé
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?
Incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corísco
Hollyood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo
Meu medo!
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria: tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba -rap, chic-left com banana
Será que ela está no Pão de Açúcar?
Tá craude brô você e tu lhe amo
Qué queu te faço, nego?
Bote ligeiro
Nós canto-falamos como que inveja negros
Que sofrem horrores no gueto do Harlem
Lívros, discos, vídeos à mancheia
E deixe que digam, que pensem e que falem

1.1 Troncos linguísticos

Na bíblia cristã existe um episódio que conta que na antiga Babilônia os homens
decidiram construir uma torre que fosse alta suficiente para poderem chegar aos céus

96
e falar com Deus. Como castigo pela ousadia, Ele fez com que todos os homens fal-
assem línguas diferentes, não podendo mais se comunicar, impossibilitando assim a
construção da torre. Dessa forma teriam surgido todas as línguas do mundo.
Os estudos linguísticos não identificaram a possibilidade de existir uma língua
única no início da humanidade, porém, perceberam ao comparar línguas diferentes,
que várias dessas línguas tinham muito em comum. Portanto deveriam ter origem,
possivelmente, de uma mesma língua. Essa “familiaridade” entre as línguas foi chama-
da de tronco linguístico.

O tronco linguístico que abrange uma região que vai da Europa a Índia é chama-
do de Indo-Europeu.
Porém as mudanças que uma determinada sociedade enfrenta, causa reflexos
na cultura e na língua de sociedade. O acúmulo dessas mudanças pode criar uma lín-
gua totalmente diferente dentro de alguns anos. As línguas chamadas de neo-latinas
são um exemplo disso.
A dominação de diferentes povos pelo Império Romano fez com que o latim en-
trasse em contato com outras línguas e culturas, isso resultou, lentamente, no apareci-
mento de uma nova língua, diferente do idioma imposto e do que havia antes.

1.2 O português

O Império Romano dominou quase toda Europa, o norte da África e parte da


Ásia próxima ao Mar Mediterrâneo. Junto com a dominação veio a imposição do uso do
Latim como língua oficial. Contudo, a maior parte da população das áreas dominadas
manteve características das línguas nativas. Com isso o latim falado pela população
do Império não falava o mesmo latim que os governantes romanos. Na própria Roma
a maioria do povo era analfabeto (latim vulgar) e não falava igual as pessoas letradas
(latim clássico).
Com a queda do Império Romano, foram surgindo diversas línguas que foram
chamadas de neo-latinas, ou seja, novo latim. Uma dessas línguas é o português.

97
O português por sua vez sofreu influências do grego e do árabe, além de diversas
outras de povos que já viviam na região da península Ibérica. Posteriormente, outras
línguas europeias como o inglês e o francês viriam a contribuir com o léxico do portu-
guês.
Nas colônias portuguesas, por sua vez, outras línguas também influenciaram
o idioma. No Brasil Colônia as principais influências foram dos índios e dos escravos
africanos. Mais tarde os imigrantes europeus também trouxeram sua contribuição.
A língua portuguesa falada no Brasil hoje é tão diferente da falada em Portugal que
algumas pessoas já consideram como se fossem línguas diferentes. Então existiria um
Português Brasileiro (PB) e um Português Europeu (PE).

1.3 Variedade e preconceito

Ai Se Sesse* (Zé da Luz )


Se um dia nós se gosta-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se
Se jutim nós dois mora-se
Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se
Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se

Mesmo no Brasil o português não é homogêneo, isto é, ele não é igual em todos
lugares. Contudo, essas diferenças não são o suficiente para dizermos que falamos
línguas diferentes. Por exemplo: na cidade de São Paulo temos o costume de falar “i”
no final de algumas palavras que na verdade terminam com “e”, em outras regiões se
mantém a pronuncia do “e”. Contudo, se uma pessoa fala “chocolati” ou “chocolate”
não causaria incompreensão na comunicação. Essa diferença na pronuncia, léxico ou

98
entonação dentro de uma mesma língua é chamada de variação linguística.
Mas, apesar de todas as variedades do português serem legítimas, por uma
questão de vivermos em uma sociedade, na qual a maioria das pessoas não tiveram
acesso a educação, formou-se uma separação entre um português popular e um out-
ro português dito “culto”. Ainda, a norma escolhida como “Padrão” não foi a variante
usada no cotidiano de nenhum falante do português. Por isso quando estudamos
gramática temos uma sensação de estranheza, como se estivéssemos estudando out-
ra língua.
É importante perceber que, apesar de nenhum falante usar a norma padrão todo
tempo, as pessoas que tiveram mais tempo de escolaridade podem usar essa variante
quando lhe convém. Ao contrário das pessoas com escolaridade menor, que invariavel-
mente são pessoas de classes mais pobres. Dessa forma, o poder de uso da norma pa-
drão traz consigo um prestígio, e as demais variantes mais populares acabam sofrendo
descriminação.
Nos últimos anos, alguns estudiosos vêm defendendo dentro do Brasil a ideia
de sermos “poliglotas” dentro de nossa própria língua. Isto é, sabermos conversar em
português, com pessoas que possuem diferentes variantes dependendo do contexto
que estejamos. Por exemplo, não devemos falar com nosso chefe dentro do ambiente
de trabalho do mesmo modo que falamos com um amigo em uma hora de lazer.

1.4 Divisões da gramática

A divisão clássica é dividida em:

Fonética Estudo do som que o ser humano consegue produzir,


independente da língua
Fonologia O estudo dos sons de uma determinada língua
Morfologia O estudo da formação da palavra e da classe em que elas
se enquadram
Sintaxe Estudo das relações entre as palavras que compõem
uma oração
Semântica O estudo do sentido da palavra ou da oração
Análise de texto O estudo da organização estrutural e sentidos que
compõem o texto

Assim se analisarmos uma oração: O velho esperou no corredor silencioso.

Analise sintática
Na analise sintática nós temos que observar qual a relação entre as palavras dentro da
oração. Exemplo: O velho = sujeito da oração

Análise Semântica
Na análise semântica observamos os significados das palavras e das orações dentro
de um determinado contexto. Exemplo: Na oração há duas possibilidades de análise
quanto a palavra “silencioso”. Você consegue indicar quais são?

________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
99
Análise Morfológica
Se fizermos a análise morfológica pegaríamos separadamente cada palavra da oração.
Por exemplo: velho = substantivo simples masculino singular.

ANOTAÇÕES

100
PORTUGUÊS
AULA 2
Fonética I

2.0 Letra e fonema

Fonemas são as unidades mínimas sonoras que constituem


as palavras que falamos. Essas unidades sonoras são representa-
das graficamente na escrita por meio das letras. Não se deve con-
fundir fonema com letra. Um é o elemento acústico, enquanto
o outro é um sinal gráfico, que representa o fonema segundo a
convenção da língua.
Nem sempre há uma correspondência entre letra e som.
Uma mesma letra pode representar sons diferenciados (próximo,
êxodo, caixão), existem letras diferentes correspondendo ao mes-
mo som (seco, cedo, laço, próximo), uma letra pode representar
mais de um som, a letra x, por exemplo. Há letra que não tem som
algum (hora) e certos sons ora são representados por uma só letra,
ora por duas (xícara/chinelo, gato/guitarra, rabo/carro).

Fonema = menor elemento sonoro capaz de estabelecer distinção


de significado. nata / pata / mata / rata.

2.1 Sílaba

Sílaba é o nome dado ao conjunto de um ou mais fonemas


pronunciados numa única emissão de voz. Na língua portuguesa,
o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não existe sílaba sem vo-
gal.
As sílabas, quando agrupadas, formam vocábulos. De acordo
com o número de sílabas que os formam, os vocábulos podem ser:

- monossílabos: formados por uma única sílaba: é, há, ás, cá, mar,
flor, quem, quão.

- dissílabos: apresentam duas sílabas: a-í, a-li, de-ver, cle-ro, i-ra,


sol-da, trans-por.

- trissílabos: apresentam três sílabas: ca-ma-da, O-da-ir, pers-pi-


caz, tungs-tê-nio, felds-pa-to.

- polissílabos: apresentam mais do que três sílabas: bra-si-lei-ro,


psi-co-lo-gia, a-ris-to-cra-cia, o-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta.
101
2.2 Divisão silábica

A divisão silábica gramatical obedece à algumas regras básicas. O conhecimen-


to das regras de divisão silábica é útil para a translineação das palavras, ou seja, para
separá-las no final das linhas. Quando houver necessidade da divisão, ela deve ser feita
de acordo com as regras abaixo. Por motivos estéticos e de clareza, devem-se evitar
vogais isoladas no final ou no início de linhas, como a-sa ou Urugua-i.

– ditongos e tritongos pertencem a uma única sílaba: au-tô-no-mo, ou-to-no, di-


nhei-ro, U-ru-guai, i-guais.
– os hiatos são separados em duas sílabas: du-e-to, a-mên-do-a, ca-a-tin-ga.
– os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu pertencem a uma única sílaba: chu-va, mo-lha,
es-ta-nho, guel-ra, a-que-la.
– as letras que formam os dígrafos rr, ss, sc, sç, xs, e xc devem ser separadas: bar-
ro, as-sun-to, des-cer, nas-ço, es-xu-dar, ex-ce-to.
– os encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas devem ser separa-
dos, exetuando-se aquelas que a segunda consoante é l ou r: con-vic-ção, a-pli-ca-ção,
as-tu-to, a-pre-sen-tar, ap-to, a-brir, cír-cu-lo, re-tra-to, ad-mi-tir, de-ca-tlo, ob-tu-rar. Os
grupos consonantais que iniciam palavras não são separáveis: gnós-ti-co, pneu-má-ti-
co, mne-mô-ni-co.

2.3 Silába tônica

É a sílaba proferida com mais intensidade que as outras. Esta possui o acento
tônico, também chamado acento de intensidade ou prosódico. Nem sempre a sílaba
tônica recebe acento gráfico.
Exemplos: café – papel – Paraná – lâmpada.
A classificação da tonicidade das palavras está relacionada com a posição da síla-
ba tônica no interior da palavra e pode se apresentar das seguintes maneiras:

Oxítonas: a sílaba tônica é a última sílaba da palavra.


Exemplos: ma-ra-cu-já, ca-fé, re-com-por.

Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra.


Exemplos: ca-dei-ra, ca-rá-ter, me-sa.

Proparoxítonas: a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra.


Exemplos: sí-la-ba, me-ta-fí-si-ca, lâm-pa-da.

Monossílabos: Os monossílabos são palavras constituídas de uma única sílaba, po-


dem ser classificados como:
– atonos: não possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com pouca
intensidade: o, lhe, e, se, a.
– tônicos: possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com muita in-
tensidade: lá, pá, mim, pôs, tu, lã.

102
EXERCÍCIOS

1. Observe o exemplo e complete o quadro, classificando as palavras quanto à sílaba


tônica.

2. Assinale a alternativa errada a respeito da palavra "churrasqueira”.


a) apresenta 13 letras e 10 fonemas
b) apresenta 3 dígrafos: ch, rr, qu
c) divisão silábica: chur-ras-quei-ra
d) é paroxítona e polissílaba, apresenta o tritongo: uei
e) a sílaba tônica é “chu”

3. Qual das alternativas abaixo possui palavras com mais letras do que fonemas?
a) Caderno
b) Chapéu
c) Flores
d) Livro
e) Disco

4. Assinale a melhor resposta. Em papagaio, temos:


a) um ditongo
b) um tritongo
c) um trissílabo
d) um oxítono
e) um proparoxítono

103
2.4 Ortografia

"A competência para grafar corretamente as palavras está diretamente ligada ao


contato íntimo com essas mesmas palavras. Isso significa que a frequência do uso é
que acaba trazendo a memorização da grafia correta. Além disso, deve-se criar o hábi-
to de esclarecer as dúvidas com as necessárias consultas ao dicionário. Trata-se de um
processo constante, que produz resultados a longo prazo."
(Pasquale Cipro Neto & Ulisses Infante, Gramática da Língua Portuguesa)
A palavra ortografia vem do grego ortho = correto e graphia = escrever, ou seja, é
a parte da gramática que ensina a escrever corretamente, respeitando os padrões da
norma culta.
Abaixo veremos as principais regras ortográficas.

1. Devemos empregar "ss" em todos os substantivos derivados de verbos termi-


nados em "gredir", "mitir", "ceder" e "cutir". Exemplos:
AGREDIR / AGRESSÃO PROGREDIR / PROGRESSÃO
REGREDIR / REGRESSÃO TRANSGREDIR / TRANSGRESSÃO

2. Devemos empregar "s" em todos os substantivos derivados de verbos termina-


dos em "ender", "verter" e "pelir". Exemplos:
APREENDER / APREENSÃO ASCENDER / ASCENSÃO
COMPREENDER / COMPREENSÃO DISTENDER / DISTENSÃO

3. Devemos empregar "ç" em todos os substantivos derivados dos verbos "TER" e


"TORCER", mais seus derivados. Exemplos:
ABSTER / ABSTENÇÃO ATER / ATENÇÃO DETER / DETENÇÃO
MANTER / MANUTENÇÃO RETER / RETENÇÃO TORCER / TORÇÃO
DISTORCER / DISTORÇÃO CONTORCER / CONTORÇÃO

Emprego do S ou do Z

1. Os sufixos "ês" e "esa" são empregados na formação de nomes que designam


profissão, títulos honoríficos de posição social, assim como em palavras que indicam
origem, nacionalidade. Exemplos: burguês, camponês, marquês, português, japonês,
francês, burguesa, camponesa, marquesa, princesa, portuguesa, japonesa, francesa
etc.

2. São grafadas com o sufixo "isa" as palavras que indicam ocupações femininas:
poetisa, profetisa, papisa, sacerdotisa, pitonisa, etc.

3. Os sufixos "ez" e "eza" são empregados para formar nomes abstratos que deri-
vam de adjetivos. Exemplos (ADJETIVOS / DERIVADOS):
agudo / agudez escasso / escassez estúpido / estupidez
límpido / limpidez gago / gaguez honra / honradez
inválido / invalidez intrépido / intrepidez macio / maciez
rígido / rigidez sensato / sensatez duro / dureza
esperto / esperteza justo / justeza nobre / nobreza
pobre / pobreza

4. Com "z", normalmente, são grafadas palavras derivadas de outras em que já

104
existe o "z", e verbos terminados pelo sufixo "izar", em cujos radicais das palavras que
lhes deram origem possuam ou não a letra z. Exemplos: balizado (baliza), arrazoado, ra-
zoável (razão), canalizar, finalizar, industrializar, organizar, utilizar, arborizar, dinamizar,
regularizar, cicatrizar (cicatriz), envernizar (verniz), enraizar (raiz), deslizar (deslize) etc.
Observação: Os verbos terminados em "isar", com "s" têm apenas como sufixo as letras
"ar", pois as letras "is", neste caso, fazem parte do radical da palavra que deu origem ao
verbo. Exemplos:
análise / analisar aviso / avisar improviso / improvisar pesquisa / pesquisar

5. Grafa-se com "s":


- Após ditongos. Exemplos: lousa, coisa, causa, Neusa, ausência, Eusébio, náusea.
- Nas formas dos verbos "pôr" (e derivados) e "querer"; Exemplos: pus, pusera, pu-
sesse, puséssemos; repus, repusera, repusesse, repuséssemos; quis, quisera, quisesse,
quiséssemos.

Emprego do C ou do QU

Existem palavras que podemos escrever com "c" e também com "qu". Exemplos:
catorze / quatorze, cociente / quociente, cota / quota, cotidiano / quotidiano, cotizar /
quotizar, dentre outras. Observação: As palavras a seguir, porém, possuem uma só gra-
fia: "cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona.”

Emprego do X ou do CH

Deve-se empregar o "x" após os ditongos (encontros vocálicos = vogal + semivo-


gal em uma mesma sílaba). Exemplos: ameixa, feixe, caixa, trouxa, frouxo, gueixa, peixe,
peixada, queixo, queixada, eixo, baixo, encaixar, paixão, rebaixar etc.
EXCEÇÃO: recauchutar (mais seus derivados) e caucho (espécie de árvore que produz o
látex).
Emprega-se também o x:
- Após as sílabas "en" e "me"; Exemplos: enxada, enxurrada, enxame, enxaqueca,
enxerido, enxovalho, enxugar, mexer, mexilhão, mexerico, mexerica, mexicano etc.
Observação: Palavras como "enchente, encharcar, enchiqueirar, enchapelar, enchu-
maçar", embora se iniciem pela sílaba "en", são grafadas com "ch", porque são palavras
formadas por prefixação, ou seja, pelo prefixo en + o radical de palavras que tenham o
ch (enchente, encher e seus derivados = prefixo en + radical de cheio; encharcar = en +
radical de charco; enchiqueirar = en + radical de chiqueiro; enchapelar = en + radical de
chapéu; enchu- maçar = en + radical de chumaço).
EXCEÇÃO: Em relação à regra da sílaba "me", uma exceção é o SUBSTANTIVO "mecha";
não confundir com a forma verbal "mexa" do verbo mexer que deve ser grafada com x.
Existem vários casos de palavras homófonas, isto é, palavras que possuem o mes-
mo som, mas a grafia diferente. Nelas a grafia se distingue pelo contraste entre o x e o
ch. Exemplos:
brocha (pequeno prego) broxa (pincel para caiação de paredes)
chá (tipo de bebida) xá (título do antigo soberano do Irã)
chalé (casa campestre de estilo suíço) xale (cobertura para os ombros)
chácara (propriedade rural) xácara (narrativa popular em versos)
cheque (ordem de pagamento) xeque (jogada do xadrez)
cocho (vasilha para alimentar animais) coxo (capenga, imperfeito)
tacha (mancha, defeito; pequeno prego) tachar": colocar defeito em algo ou alguém
taxa (imposto, tributo) "taxar": cobrar impostos.

105
Emprego do J ou do G

- Escreve-se com G nas palavras de origem grega ou árabe. Exemplo: tigela, gira-
fa, gesso.
- Estrangeirismo, cuja letra G é originária. Exemplo: sargento, gim.
- Nas terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas exceções). Exemp-
lo: imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
- Escreve-se com J nas palavras de origem latinas. Exemplo: jeito, majestade,
hoje.
- Nas palavras de origem árabe ou africana. Exemplo: alforje, jibóia, manjerona.
- Nas palavras terminada com aje. Exemplo: laje, ultraje

Emprego do -ISAR ou -IZAR

- Usamos ISAR nos verbos cuja palavra primitiva possui S. Exemplo: aviso – avisar
Cuidado: síntese - sintetizar/ catequese - catequizar/ batismo - batizar

EXERCÍCIOS

1. Assinalar a alternativa em que todas as palavras devem ser escritas com “j":
a) __irau, __ibóia, __egue
b) gor__eio, privilé__io, pa__em
c) ma__estoso, __esto, __enipapo
d) here__e, tre__eito, berin__ela

2. Assinalar a alternativa que apresenta um erro de ortografia:


a) enxofre, exceção, ascensão
b) abóbada, asterisco, assunção
c) despender, previlégio, economizar
d) adivinhar, prazerosamente, beneficente

3. Assinalar a alternativa que contém um erro de ortografia


a) beleza, duquesa, francesa
b) estrupar, pretensioso, deslizar
c) esplêndido, meteorologia, hesitar
d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira

4. Dê a palavra derivada acrescentando os sufixos ESA ou EZA:


Portugal:_____________________________ certo: ________________________________
limpo: _______________________________ bonito: _______________________________
pobre: ______________________________ magro: _______________________________

106
belo: ________________________________ gentil: ________________________________
duro:________________________________ lindo:_________________________________
China:_______________________________ frio:__________________________________
duque:______________________________ fraco:_________________________________
bravo:_______________________________ grande:_______________________________

5. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR:


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia é:


a) O experto disse que fora óleo em excesso.
b) O assessor chegou à exaustão.
c) A fartura e a escassez são problemáticas.
d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala.
e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu.

7. Preencha as lacunas segundo as normas ortográficas.

Instruções para dar corda no reló__io


Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo. Segure o relógio com uma mão,
pegue com dois dedos o pino da corda, pu__e-o suavemente. Agora se abre outro
pra___o, as árvores soltam suas folhas, os barcos co___em regata, o tempo como um
leque vai se em___endo de si mesmo e dele brotam o ar, as bri___as da terra, a som-
bra de uma mulher, o perfume do pão. Que mais quer, que mais quer? Ama___e-o
depre___a a seu pulso, deixe-o bater em liberdade, imite-o anelante. O medo enfe___
uja as âncoras, cada coisa que pôde ser alcançada e foi esque___ida come___a a corroer
as veias do relo___io, gangrenando o frio sangue de seus pequenos rubis. E lá no fundo
está a morte se não corremos, e chegamos antes e compreendemos que já não tem
importância.

ANOTAÇÕES

107
PORTUGUÊS
AULA 3
Fonética II

3.0 Acentuação

Vimos anteriormente que toda palavra da língua portuguesa


de duas ou mais sílabas possui uma sílaba tônica. Observe as síla-
bas tônicas das palavras arte, gentil, táxi e mocotó. Percebemos
que a tonicidade recai sobre a sílaba inicial em arte, a final em
gentil, a inicial em táxi e a final em mocotó. Além disso, é possív-
el notar que a sílaba tônica nem sempre recebe acento gráfico.
Portanto, todas as palavras com duas ou mais sílabas terão acento
tônico, mas nem sempre terão acento gráfico. A tonicidade está
para a oralidade (fala) assim como o acento gráfico está para a es-
crita (grafia).
São acentuadas as palavras oxítonas que terminam em A, E
e O abertos, e com acento circunflexo as que terminam em E e O

3.1 Oxítonas

Fechados, seguidos ou não de s:


-a já, cajá, vatapá
- as ás, ananás, mafuás
-e fé, café, jacaré
- es pés, pajés, pontapés
-o pó, cipó, mocotó
- os nós, sós, retrós
-e crê, dendê, vê
- es freguês, inglês, lês
-o avô, bordô, metrô
- os bisavôs, borderôs, propôs

Observação: Incluem-se nesta regra os infinitivos seguidos dos


pronomes oblíquos lo, la, los, las: dá-lo, matá-los, vendê-la, fê-las,
compô-lo, pô-los etc.

Acentuam-se sempre as oxítonas de duas ou mais sílabas


terminadas em -em e -ens: alguém, armazém, também, conténs,
parabéns, vinténs.

108
3.2 Paroxítonas

São acentuadas as paroxítonas terminadas em:


-i dândi, júri, táxi
- is lápis, tênis, Clóvis
- ã/ãs ímã, órfã, ímãs
- ão/ãos bênção, órfão, órgãos
- us bônus, ônus, vírus
-l amável, fácil, imóvel
- um/uns álbum, médium, álbuns
-n hífen, Nílton
- ps bíceps, fórceps, tríceps
-r César, mártir, revólver
-x fênix, látex, tórax

Observação: os prefixos anti-, inter-, semi- e super-, embora paroxítonos, não são acen-
tuados graficamente: anti-rábico, anti-séptico, inter-humano, inter-racial, semi-árido,
semi-selvagem, super-homem, super-requintado.

3.3 Proparoxítonas

Todas as proparoxítonas são acentuadas graficamente: abóbora, bússola, cânta-


ro, dúvida, líquido, mérito, nórdico, política, relâmpago, têmpora etc.

3.4 Acento diferencial

O acento diferencial é utilizado para distin-


guir uma palavra de outra que se grafa da mesma
maneira. Com o Novo Acordo Ortográfico, o acen-
to diferencial não é mais usado, com exceção de
alguns casos apresentados na tabela ao lado:

3.5 Outros casos

1- Não se acentuam mais os ditongos tônicos


abertos éi e ói das palavras paroxítonas. As pala-
vras oxítonas e monossílabos tônicos, no entanto,
continuam acentuados: boleia (não se acentua
mais), ideia (não se acentua mais), apoio (não se
acentua mais), herói (permanece acentuado),
caracóis (permanece acentuado) etc.

2- Acentuam-se sempre o i e o u tônicos dos hia-


tos, quando estes formam sílabas sozinhas ou são
seguidos de s: aí, balaústre, baú, egoísta, faísca, heroína, saída, saúde, viúvo etc.

3- Não se acentua mais com acento circunflexo o primeiro o do hiato ôo, seguido ou
não de s: abençôo, enjôo, corôo, perdôo, vôos etc.

109
3.6 Resumo geral

EXERCÍCIOS
1. Acentue as palavras se necessário:

110
2. Qual dentre as palavras abaixo deve ser necessariamente acentuada:
a) ai
b) pais
c) doida
d) sauva
e) saia

3. Num dos itens abaixo, a acentuação gráfica não está devidamente justificada. Assi-
nale este item:
a) círculo: vocábulo paroxítono
b) além: vocábulo oxítono terminado em -em
c) órgão: vocábulo paroxítono terminado em til
d) dócil: vocábulo paroxítono terminado em -l
e) pôde: acento diferencial

4. Das palavras abaixo, uma admite duas formas de justificar o acento gráfico:
a) combustível
b) está
c) três
d) países
e) veículos

5. Há erro de acentuação num dos conjuntos seguintes:


a) grátis, jiboia, juriti, altruísmo
b) aqui, Nobel, também, rubrica
c) apóio, item, espelho, tênue
d) avaro, íngreme, trégua, caráter
e) circuito, boêmia, ínterim, Nelson

6. Acentuação dos verbos: Singular Plural


Ele tem Eles têm
Ele lê Eles leem
Ele contém Eles contêm
Ele vem Eles vêm
Que ele dê Que eles deem
Ele obtém Eles obtêm
Ele crê Eles creem
Ele vê Eles veem
Passe para o plural:
a) Ele não crê naquilo que não vê. ___________________________________________
b) Ele não tem licença para entrar no clube. _________________________________
c) O fiscal vem amanhã. _____________________________________________________
d) Ela não crê na bondade do distinto. _______________________________________
e) Quero que você dê licença para ele. _______________________________________

7. (UFES) O acento gráfico de "três" justifica-se por ser o vocábulo:


a) Monossílabo átono terminado em ES.
b) Oxítono terminado em ES
c) Monossílabo tônico terminado em S
d) Oxítono terminado em S
e) Monossílabo tônico terminado em ES

111
8. (Med. /Itajubá) Nenhum vocábulo deve receber acento gráfico, exceto:
a) sururu
b) peteca
c) bainha
d) mosaico
e) beribéri

9. (PUC-Campinas) Assinale a alternativa de vocábulo corretamente acentuado:


a) hífen
b) ítem
c) ítens
d) rítmo
e) midia

10. Nas alternativas que seguem escreva C (certo) ou E (errado) ao lado das palavras. (
( ) hífens ( ) reféns ( ) itens ( ) vôo
( ) látex ( ) ibero ( ) rubrica ( ) lêvedo
( ) aereolito ( ) avaro ( ) mosaico ( ) degrau
( ) ínterim ( ) aziago ( ) álacre ( ) batavo
( ) filantropo ( ) obliqúe ( ) tranquilo ( ) saíram
( ) unguento ( ) pudico

11. Coloque o acento gráfico nas formas verbais, quando necessário, pois os acentos
foram omitidos.
a) "Quem ve cara não ve coração".
b) "Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lugar lhe vem".
c) "O homem que le vale mais”.
d) "Quem tem boca vai a Roma”.
e) "Depois da tempestade, vem bonança ".
f) "Há males que vem para bem”.
g) "Ela para trabalhar...”.

12. Estas revistas que eles.........., .......... artigos curtos e manchetes que todos ...........
a) leem-tem-vêem
b) lêm-têem-vêm-
c) leem-têm-veem
d) lêem-têm-vêm
e) lêm-tem-vêem

13. Abaixo, segue o texto Apelo de Dalton Trevisan, o qual foi retirado todos os acentos
gráficos. Acentue quando necessário.

Amanha faz um mes que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer
a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Nao
foi ausencia por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a
imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A noticia de sua perda veio
aos poucos: a pilha de jornais ali no chao, ninguem os guardou debaixo da escada.
Toda a casa era um corredor deserto, ate o canario ficou mudo. Nao dar parte de fraco,
ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava so, sem o

112
perdao de sua presença, ultima luz na varanda, a todas as afliçoes do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso e
saudade, Senhora? As suas violetas, na janela, nao lhes poupei agua e elas murcham.
Nao tenho botao na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nen-
hum de nos sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando.
Venha para casa, Senhora, por favor.

14. "À luz de seu magnífico ______ -de-sol ______ parece uma cidade ______ .
a) por, Itaguaí, tranquila
b) pôr, Itaguai, tranquila
c) por, Itaguaí, tranqüila
d) pôr, Itaguaí, tranquila
e) pôr, Itaguai, tranquila

15. (UE-CE) Têm a mesma classificação, quanto ao acento tônico, as palavras:


a) alivia, vizinho, insônia, chão
b) risquei, fósforo, tijolo, porque
c) zombaria, devagarinho, companhia
d) fôlego, estrela, tamborete
e) também, chaminé, temíveis, rádio

16. Assinale a alternativa em que todas as palavras estejam grafadas corretamente:


a) abóbada – bandeija – chuchu – exceção
b) cabelereiro – beje – redemoinho –privilégio
c) discreto – hojeriza – retrógado – tigela
d) vicissitude – verruga – hesitar – êxito
e) desinteria – gorjeta – holerite –meteorologia

17. (EFOA Alfenas-MG) "... Só sabem contar mesmo a última do papagaio." Consider-
ando a acentuação dos termos sublinhados na citação acima, podemos deduzir que
devem receber acento gráfico:
a) os monossílabos tônicos e as palavras paroxítonas;
b) as palavras oxítonas e as palavras proparoxítonas terminadas em a;
c) os monossílabos tônicos e as palavras proparoxítonas;
d) as palavras oxítonas e as palavras paroxítonas;
e) os monossílabos tônicos e as palavras paroxítonas terminadas em a.

18. (FUVEST-SP) Assinale a alternativa em que todas as palavras estejam corretamente


acentuadas:
a) Tietê, órgão, chapéuzinho, estrêla, advérbio;
b) fluido, geleia, Tatuí, armazém, caráter;
c) saúde, melância, gratuíto, amendoím, fluído;
d) inglês, cipó, cafèzinho, útil, Itú;
e) canôa, heroismo, crêem, Sergípe, bambú.

113
ANOTAÇÕES

114
PORTUGUÊS
AULA 4
Morfologia

4.0 O leitor e a leitura

Todas as palavras são divididas em elementos menores: os


elementos mórficos.
Esses elementos são os seguintes: o radical, a vogal temáti-
ca, o tema, as desinências, os afixos e as vogais e consoantes de
ligação.

- Radical
É o elemento que contem o significado básico da palavra e
não pode ser decomposto em unidades menores.
Exemplo: pedra – pedreiro – pedrada – pedregulho – pedrinha

ATENÇÃO
As palavras que apresentam o mesmo radical são classifica-
das de cognatas.

- Vogal temática (V.T.)


É a vogal que acrescida ao radical permite-o receber as
desinências e também, indicar a que conjugação pertence. Fica
localizada entre dois morfemas.
Exemplo: andar – beber – sorrir
Existe vogal temática em nomes e verbos.
Observação: nem todas as formas verbais possuem vogais temáti-
cas.
Exemplo: mato (radical + desinência)

- Tema
É o conjunto formado pelo radical acrescido da vogal temáti-
ca.
Exemplo: canta (V.T.)
Radical (parte da palavra que se repete)
Radical + Vogal temática = Tema

115
- As desinências

São os morfemas colocados no final das palavras para indicar flexões nominais
ou verbais, podem ser classificados em:
- Nominais: indicam gênero e número de nomes (adjetivos, substantivos, nume-
rais, pronomes). Ex. menino –meninos/ aluno- aluna.
- Verbais: indicam modo, número, pessoa e tempo. Ex. Nós perdemos – se eles
perdessem

- Afixos

São partículas que se juntam ao radical para formar novas palavras. Há dois tipos:
- Prefixos: partículas colocadas antes do radical. Ex. desfazer – infeliz
- Sufixos: partículas colocadas depois do radical. Ex. felizmente – lealdade
Principais sufixos:

- Vogais e consoantes de ligação

São elementos mórficos inseridos entre os morfemas para facilitar a pronúncia


de certas palavras.
Exemplo: paulada – cafeicultura

4.1 Processo de formação de palavras

As palavras estão sempre em processo de mudança. Algumas se tornam antigas


e devido a isso, deixam de serem usadas (arcaísmos), outras surgem (neologismos) e
com o passar do tempo muitas adquirem novos significados, ou seja, estamos em um
constante processo de formação de palavras.
Na Língua Portuguesa as palavras se estruturam de quatro formas:

1. primitivas: são palavras que não derivam de outras.


Exemplo: terra – porta –pedra

2. derivadas: palavras que surgem a partir de outras.


Exemplo: terreiro – porteiro – pedrada

116
3. simples: palavras que possuem um único radical.
Exemplo: flor – couve

4. compostas: palavras formadas por dois ou mais radicais.


Exemplo: passatempo – couve-flor

Quanto à composição de palavras, segue abaixo os processos existentes.

- Justaposição

Consiste na junção de palavras sem que ocorra perda ou alteração fonética.


Exemplo: girassol - passatempo – quinta–feira

- Aglutinação

Neste processo ao ocorrer a junção de palavras há alteração em, ao menos, uma


das palavras.
Exemplo: planalto (plano + alto) – pernalta (perna + alta)

- Processos de derivação

É o processo pelo qual surgem novas palavras, ou seja, palavras que derivam de
outras. Podem ocorrer das seguintes maneiras:
- Derivação prefixal: consiste na formação de uma nova palavra pelo acréscimo
de um prefixo. Exemplo: infeli – desleal
- Derivação sufixal: processo pelo qual o surgimento de uma nova palavra se dá
com o acréscimo de um sufixo. Exemplo: felizmente – livraria
- Derivação parassintética: processo de derivação pelo qual é acrescido um pre-
fixo e sufixo simultaneamente ao radical. Exemplo: entardecer - pernoitar

ATENÇÃO
Existem palavras que apresentam prefixo e sufixo, no entanto, seu processo de
formação não é parassintético. Para verificar tal derivação basta retirar o prefixo ou o
sufixo da palavra. Se a palavra deixar de ter sentido, então ela foi formada por derivação
parassintética. Caso a palavra continue a ter sentido, mesmo com a retirada do prefixo
ou do sufixo, ela terá sido formada por derivação prefixal e sufixal.

- Derivação regressiva: processo pelo qual são formados novos substantivos


através de verbos. Ex. O debate foi muito proveitoso. (debater).
- Derivação imprópria: consiste na mudança de classe gramatical sem que se
altere a grafia da palavra. Ex. O jantar estava delicioso

Ademais dos processos de composição e derivação de palavras, existem outros


que permitem o aparecimento de novos vocábulos:

- Abreviação ou redução: consiste na forma reduzida em que algumas palavras


se apresentam. Ex. Para esta receita são necessários dois quilos de açúcar. (quilos –
quilogramas)

117
- Hibridismo: são palavras que em sua constituição possuem elementos de
línguas diferentes. Ex. automóvel = auto (grego) + móvel (latim)/ burocracia = buro
(francês) + cracia (grego)

- Onomatopéia: palavras que representam uma imitação de algum som. Ex.


pingue-pongue – tic-tac

- Siglonimização: formação de siglas, utilizando as letras iniciais de uma seqüên-


cia de palavras. Ex. Universidade de São Paulo – USP

EXERCÍCIOS
1. Forme quatro palavras cognatas a partir de:
a) poeira: _____________________________________________________________________________
b) passageiro: ________________________________________________________________________

2. Todos os vocábulos são cognatos em:


a) dourado, auricular, ourives, áureo
b) amor, amável, amigo, inimigo
c) face, fácil, facilitar, difícil
d) mudança, mudar, emudecer, imutável
e) café, cafeteira, cafezinho, cafajeste

3. Qual alternativa contêm palavras formadas, apenas, por justaposição?


a) desagradável – complemente
b) vaga-lume - pé-de-cabra
c) encruzilhada - estremeceu
d) supersticiosa - valiosas
e) desatarraxou - estremeceu

4. (UFSCAR) Aponte a alternativa cujas palavras são respectivamente formadas por


justaposição, aglutinação e parassíntese:
a) varapau – girassol – enfaixar
b) pontapé – anoitecer – ajoelhar
c) maldizer – petróleo – embora
d) vaivém – pontiagudo – enfurece
e) penugem – plenilúdio – despedaça

5. (VUNESP) Em "... gordos irlandeses de rosto vermelho..." e "... deixa entrever o princí-
pio de uma tatuagem.", os termos grifados são formados, respectivamente, a partir de
processos de:
a) derivação prefixal e derivação sufixal
b) composição por aglutinação e derivação prefixal
c) derivação sufixal e composição por justaposição
d) derivação sufixal e derivação prefixal
e) derivação parassintética e derivação sufixal
118
6. (FUVEST) Nas palavras: atenuado, televisão, percurso temos, respectivamente, os
seguintes processos de formação das palavras:
a) parassíntese – hibridismo – prefixação
b) aglutinação – justaposição –sufixação
c) sufixação – aglutinação - justaposição
d) justaposição – prefixação - parassíntese
e) hibridismo – parassíntese –hibridismo

7. (PUC) Assinale a classificação errada do processo de formação indicado


a) o porquê - conversão ou derivação imprópria
b) desleal – derivação imprópria
c) impedimento – derivação parassintética
d) anoitecer – derivação parassintética
e) borboleta – primitivo

8. (FUVEST) Assinalar a alternativa em que a primeira palavra apresenta sufixo forma-


dor de advérbio e, a segunda, sufixo formador de substantivo:
a) perfeitamente - varrendo
b) provavelmente - erro
c) lentamente - explicação
d) atrevimento - ignorância
e) proveniente – furtado

9. (FUVEST) As palavras adivinhar -adivinho e adivinhação - têm a mesma raiz, por isso
são cognatas. Assinalar a alternativa em que não ocorrem três cognatos:
a) alguém - algo – algum
b) ler leitura lição
c) ensinar – ensino - ensinamento
d) candura - cândido -incadescência
e) viver – vida – vidente

10. (MACK) As palavras entardecer, desprestígio e oneroso são formadas, respectiva-


mente, por:
a) prefixação, sufixação e parassíntese
b) sufixação, prefixação e parassíntese
c) parassíntese, sufixação e prefixação
d) sufixação, parassíntese e prefixação
e) parassíntese, prefixação e sufixação

11. Leia os textos abaixo e responda qual o processo de formação das palavras destaca-
das e qual o seu efeito de sentido provocado no leitor.

a) “...O macróbio correu pra farmácia, comprou o remédio, mandou-se pra casa e caiu
na cama. Lá pras tantas o médico recebeu um telefonema do viagrado: "Doutor, tomei
a pílula e não me tá acontecendo nada" E o médico: "Como assim, não rolou nem uma
ereçãozinha?" E o impaciente paciente: "Rolar, rolou" E o discípulo de Hipócrates: "Ora,
aproveita enquanto dura: agarra a mulher!" E o viagrado: "Mulher? Eita pau, eu sabia eu
havia esquecido alguma coisa!"
(Jornal do Comércio – Caderno C, Recife, 06 de dez. 1998)
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119
b) “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai jantar com 150 peemedebistas, entre gov-
ernadores, ministros e parlamentares, na próxima quarta-feira”.
(O Estado de São Paulo. 05 de abr. 2007)
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12. Observe a tirinha:

Comente o processo de formação de


“simplesmente” e “lotados”.

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Texto para as questões 13, 14 e 15

Eiros
A leitora Elza Marques Marins me escreve uma carta divertida estranhando que
“brasileiro” seja o único adjetivo pátrio conhecido terminado em “eiro” que, segundo
ela, é um sufixo pouco nobre. Existem suecos, ingleses e brasileiros, como existem
médicos, terapeutas e curandeiros.(...) É a diferença entre jornalista e jornaleiro ou
entre músico ou musicista e roqueiro, timbaleiro ou seresteiro. Há o importador e há o
muambeiro. “Se você começou como padeiro, açougueiro ou carvoeiro” – escreve Elza
– “as chances são mínimas de acabar como advogado, empresário, grande investidor
ou latifundiário, a não ser que se dê o trabalho de ser político antes”. Aliás, há políticos e
politiqueiros.
(Luís Fernando Veríssimo. Jornal do Brasil, 7/10/95)

13. Segundo a leitora, alguns morfemas funcionam como indicadores de status. Quais
são eles? Justifique sua resposta.
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_______________________________________________________________________________________

14. Como a teoria da leitora ganharia força?


_______________________________________________________________________________________
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15. As palavras destacadas o são formadas por qual dos processos de formação estuda-
dos?
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120
ANOTAÇÕES

121
PORTUGUÊS
AULA 5
Sintaxe I

5.0 A oração

A primeira coisa, que devemos ter em mente, ao começar-


mos a estudar sintaxe, é que tal estudo não deve se basear em
decorar nomes e aprender a classificar os elementos das orações.
O mais importante é que tenhamos entendimento de como a lín-
gua funciona. É preciso entender como as palavras se estruturam
dentro das orações e como se relacionam entre si.
A segunda coisa que devemos considerar é a diferença entre, frase
e oração. Vejamos o exemplo a seguir.
- Oi.
- Oi. Tudo bem?
- Tudo
Cada fala do diálogo acima é considerada uma frase, pois
carrega um sentido completo, mesmo contendo uma palavra só e
sem verbos. Para ser considerado uma oração, devemos encontrar,
basicamente, três elementos.
S = sujeito
V= verbo
C= complemento
Vejamos a tira a seguir:

122
A mãe de Calvin diz: - Ele é um tigre.
S V C

É possível afirmar, que a frase anterior é também uma oração, pois podemos
identificar os seus elementos.
Ainda, devemos perceber que em geral os elementos dentro da oração têm ger-
almente a mesma ordem: sujeito, verbo e complemento. Essa sequência é chamada de
ordem oracional.

5.1 Sujeito e predicado

O centro da oração é sempre um verbo, é ele que faz a ligação de sentido entre o
sujeito e o complemento. Contudo a gramática divide a oração em sujeito e predicado.
Vamos tomar novamente um exemplo da tira de jornal de Calvin e Haroldo:
- Os tigres superam as notas normais!
Então para identificar os outros termos da oração temos que encontrar primeiro
o verbo. Devemos lembrar que cada oração tem apenas um verbo, ou locução verbal.
No caso o verbo é “superam”. Vemos que ele está conjugado na terceira pessoa do plu-
ral, em concordância com o sujeito.
Para encontrar o sujeito da oração é só perguntar quem executou a ação na
frase. Quem supera as notas normais? Os tigres.
Todo o resto da oração, ou seja, “superam as notas normais!” é chamado de
predicado. Então temos: - Os tigres superam as demais notas!
S V C
V + C = Predicado

5.2 Tipos de sujeito

- Sujeito determinado
O sujeito determinado pode ser formado por um ou mais núcleos, por exemplo,
podemos dizer:
Rafael e Paula se casaram.
Ou:
Eles se casaram.

Na primeira oração temos um sujeito determinado composto, pois, existem dois


agentes da ação expressos separadamente, “Rafael e Paula”, enquanto que na segun-
da oração temos um sujeito determinado simples, pois, está expresso por apenas um
elemento. Veja mais um exemplo:
Os tigres e os leões são felinos.

Podemos identificar facilmente que “Os tigres e os leões” são o sujeito da oração.
É possível afirmarmos ainda que, é um sujeito composto, pois temos dois agentes, ti-
gres e leões. Cada um desses agentes podemos chamar de núcleo do sujeito.
Os meninos de blusa amarela jogavam no time da escola.
O sujeito da oração acima é: “Os meninos de blusa amarela...”. Porém você
poderia indicar qual é, ou quais são os núcleos do sujeito? Podemos ver que o agente
da ação é “meninos”, portanto somente há um núcleo do sujeito.
Então, podemos definir sujeito determinado simples como o que apresenta so-
mente um núcleo e o composto que apresenta dois ou mais núcleos.

123
Outro tipo de sujeito determinado é o sujei-
to oculto ou elíptico, por exemplo:

Vemos no segundo quadrinho Calvin dizen-


do: “como sabemos...”. Ao perguntarmos quem é
o agente da ação, poderíamos dizer que existe um
pronome “nós” que não foi expresso na oração.
Pelo contexto também podemos identificar que
esse “nós” são o Calvin e o Haroldo. Portanto o
sujeito oculto é aquele que apesar de não apare-
cer expresso na oração, nós sabemos identificá-los.

- Sujeito indeterminado
Roubaram o carro do Pedro ontem à noite.
Na frase acima, ao perguntarmos quem roubou o carro, vemos que o sujeito da
oração não é conhecido. Quando não é possível dizer quem, ou o quê, é o sujeito da
oração dizemos que ele é indeterminado.

- Sujeito inexistente
No quadrinho anterior, Mafalda pergunta:
“se houver uma guerra a gente pode explodir?”. Se
fizermos a analise da oração temos:

- Se houver uma guerra a gente pode explodir?


S P

Se averiguarmos não existe um agente para


a ação de “haver” neste caso. Pois, o verbo esta na
sua forma impessoal. Quando isso ocorre dizemos
que o sujeito inexiste.

Os verbos são impessoais nos casos:

- Fenomênos da natureza
Choveu ontem à noite.
Venta forte na região Nordeste.
É primavera
Está um dia ensolarado
Parece que vai chover

- Haver indicando existência, acontecimento ou passagem de tempo.


Há pãezinhos em cima da mesa.
Houve uma confusão na reunião de ontem!

124
Há mais de trinta anos que não te via.

- Passar de
Já passa da hora de você ir dormir.

- Chega de... / Basta de....


Chega de impunidade! Basta de corrupção!

- É indicando data, horas e distância.


É primeiro de Abril.
É dois de maio.
São quatro e meia.
É um quilômetro daqui até lá.

Para datas o verbo ser pode aparecer no singular ou no plural:

5.3 Tipos de predicado

É 21 de Abril.
São 21 de Abril.

Existem três tipos de predicado: verbal, nominal e verbo nominal. Vamos ver essa
nomenclatura de modo superficial nesse primeiro momento.

- Predicado nominal

São orações em que o verbo usado é de ligação (ser, estar, permanecer e ficar).
Ela é baiana.
Ela = sujeito

Predicativo é um elemento da oração que qualifica o sujeito ou os objetos diretos


ou indiretos. No exemplo a cima o predicativo da uma qualidade ao sujeito.
é = Verbo de Ligação
baiana = predicativo

- Predicado verbal

O predicado verbal é formado por qualquer verbo que não seja de ligação.
Pavarotti morreu!
Mariana comprou um vaso.
João deu um presente para o professor.

- Predicado verbo nominal

É uma oração que não tem verbo de ligação, porém tem um predicativo dentro
da oração.
Maria saiu da igreja apressada.
Veja que a palavra “apressada” está dando uma qualidade ao sujeito da oração.
Mariana comprou o vaso antigo.
Agora antigo está qualificando o vaso. Quando isso ocorrer o predicado é verbo
nominal.

125
EXERCÍCIOS

1. Classifique os sujeitos dos verbos em negrito em: determinado (simples ou compos-


to), oculto, indeterminado ou inexistente.
a) João comprou um barco.
_______________________________________________________________________________________

b) Eles foram pescar.


_______________________________________________________________________________________

c) Quebraram a porta do banco


_______________________________________________________________________________________

d) É dia de finados.
_______________________________________________________________________________________

e) Apostei todo meu dinheiro.


_______________________________________________________________________________________

f) Mariana comprou um ingresso para o show de sua cantora favorita, tinha aguardado
por isso durante um ano inteiro.
_______________________________________________________________________________________

g) Huguinho, Zezinho e Luizinho são sobrinhos do Pato Donald.


_______________________________________________________________________________________

h) Há uma hora que te espero!


_______________________________________________________________________________________

i) Eles haviam acabado de chegar.


_______________________________________________________________________________________

j) Faz dez anos que não te vejo.


_______________________________________________________________________________________

2. Classifique os seguintes predicados.


a) Eu sou a tua sombra.
_______________________________________________________________________________________

b) Paulo riu despreocupado


_______________________________________________________________________________________

126
c) Perdoem o pobre tolo
_______________________________________________________________________________________

d) Ele não merece o premio.


_______________________________________________________________________________________

e) Amélia saiu da igreja muito fatigada.


_______________________________________________________________________________________

3. Coloque na ordem oracional.

a) Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante,


E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) De teu príncipe ali te respondiam As lembranças que na alma lhe moravam, Que
sempre ante seus olhos te traziam, Quando dos teus fermosos se apartavam; De noite,
em doces sonhos que mentiam, De dia, em pensamentos que voavam, E quanto enfim
cuidava e quanto via Eram tudo memórias de alegria.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

ANOTAÇÕES

127
PORTUGUÊS
AULA 6
Sintaxe II

6.0 Oração simples

Antes de entrarmos no conteúdo desta unidade, faremos


algumas observações que são importantes para o entendimento
completo desta lição.

- FRASE ou SENTENÇA: qualquer expressão falada ou escri-


ta que estabeleça comunicação completa entre duas pessoas. As
frases sem verbo são classificadas como frases nominais.
Exemplos: Socorro!
Cada louco com sua mania.

- ORAÇÃO: uma oração pode ser frase, desde que preencha


tal requisito: estabelecer comunicação completa entre duas pes-
soas e também, possuir um verbo em sua estrutura.
Exemplos: João comeu o chocolate.
Enquanto andava pela rua, vi uma senhora
sendo perseguida por um ladrão. – 3 Orações

- PERÍODO: segmento do texto que se inicia com letra


maiúscula, agregando em si orações. Pode ser subdividido em
duas grandes categorias: período simples e composto.

Focaremos aqui, o primeiro tipo de período.

- Período simples
É aquele que contem apenas uma oração, chamada absolu-
ta e construída em torno de um só verbo.
Exemplos: Ela aprecia música clássica.
Maria comprou um belo vestido.
OBSERVAÇÃO: As orações compostas por locuções verbais
também formam período simples.

Locução verbal é a reunião de dois ou mais verbos para ex-


primir uma só ação. O primeiro verbo é o auxiliar; o último é princi-
pal e está sempre no infinitivo, no gerúndio ou no particípio.

128
Exemplos: João vai fazer aniversário. auxiliar + infinitivo
Maria está fazendo as tarefas de casa. auxiliar + gerúndio

EXERCÍCIOS

1. Construa uma frase nominal (sem verbo) e uma frase verbal (que seja um período
simples).
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

2. Redija um período que contenha, no mínimo, três orações.


_______________________________________________________________________________________

3. Faça quatro orações utilizando locuções verbais, sendo que as duas primeiras devam
conter a estrutura auxiliar + infinitivo e as duas últimas auxiliar + gerúndio.
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_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

4. Sublinhe com um traço os verbos e com dois traços as locuções verbais.


a) A sessão começou calma e terminou agitada.
b) O mar estava calmo.
c) Vai ter festa de São João na igreja do bairro.
d) A polícia desses países não pôde prendê-los porque o governo brasileiro não fez o
pedido formal de captura.
e) As lavouras de trigo da Região Sul foram danificadas.
f) "...tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe es-
creviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que
saia delas, como num corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência
superiormente interessante, onde cada hora tinha seu encanto diferente, cada passo
conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"
(Eça de Queiroz. O primo Basílio)

129
Sintaxe II

6.1 Pontuação

Os sinais de pontuação servem para marcar pausas (a vírgula, o ponto-e-vírgula,


o ponto) ou a melodia da frase (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, etc.).
Normalmente, estão ligados à organização sintática dos termos na frase, eles são regi-
dos por regras sintática dos termos na frase.

- Vírgula ,
Marca uma pausa de curta duração e serve para separar os termos de uma
oração ou orações de um período. A ordem normal dos termos na frase é: sujeito, ver-
bo, complemento. Quando temos uma frase nessa ordem, não separamos seus termos
imediatos. Assim, não pode haver vírgula entre o sujeito e o verbo e seu complemento.
* Quando na ordem direta, houver um termo com vários núcleos, a vírgula será
utilizada para separá-los. Na fala de Madonna, a vírgula está separando vários núcleos
do predicado na segunda oração.
EXEMPLO: " A obscenidade existe e está bem diante de nossas caras. É o racismo, a
discriminação sexual, o ódio, a ignorância, a miséria. Tem coisa mais obscena do que a
guerra?"
* Utilizamos a vírgula quando a ordem direta é rompida. Isso ocorre basicamente
em dois casos:
quando intercalamos alguma palavra ou expressão entre os termos imediatos, que-
brando a seqüência natural da frase. EXEMPLO:
Os filhos, muitas vezes, mostraram suas razões para seus pais com muita sabedoria.
* Quando algum termo (sobretudo o complemento) vier deslocado de seu lugar
natural na frase.
EXEMPLO: Para os pais, os filhos mostraram suas razões com muita sabedoria.

- Ponto-e-vírgula ;
O ponto-e-vírgula marca uma pausa maior que a vírgula, porém menor que a do
ponto. Por ser intermediário entre a vírgula e o ponto, fica difícil sistematizar seu em-
prego. Entretanto, há algumas normas para sua utilização.
* Usamos ponto-e-vírgula para separar orações coordenadas que já apresentem
vírgula em seu interior;
* Nunca use ponto-e-vírgula dentro de uma oração. Lembre-se ele só pode sepa-
rar uma oração de outra. EXEMPLO:
Com razão, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensíveis burocratas,
porém, em tempo algum, deram atenção a elas.
* O ponto-e-vírgula também é utilizado para separar vários incisos de um artigo
de lei ou itens de uma lista.
EXEMPLO:
[...] considerando:
A) a alta taxa de juros;
B) a carência de mão-de-obra;
C) o alto valor de matéria-prima; [...]

130
- Dois pontos :
Os dois-pontos marcam uma sensível suspensão da melodia da frase. São uti-
lizados quando se vai iniciar uma seqüência que explica, identifica, discrimina ou de-
senvolve uma idéia anterior, ou quando se quer dar início à fala ou citação de outrem.
EXEMPLO: Descobri a grande razão da minha vida: você.

- Aspas " "


As aspas devem ser utilizadas para isolar citação textual colhida de outra pessoa,
falas ou pensamentos de personagens em textos narrativos, ou palavras ou expressões
que não pertençam à língua culta (gírias, estrangeirismos, neologismos, etc.).
EXEMPLO: O rapaz ficou "bolado" com o resultado da prova.
Morava em um apartamento onde havia "playground".

- Travessão –
O travessão serve para indicar que alguém fala de viva voz (discurso direto). Seu
emprego é constante em textos narrativos em que personagens dialogam.
EXEMPLO: – Olá
– Amigo, há quanto tempo, eu vou bem e você?
– Estou ótimo!
* Podemos usar dois travessões para substituir duas vírgulas que separam termos
intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes ênfase.
EXEMPLO: Pelé – o maior jogador de futebol de todos os tempos – hoje é um
bem-sucedido empresário.

- Reticências ...
As reticências marcam uma interrupção da seqüência lógica do enunciado, com
a conseqüente suspensão da melodia da frase. São utilizadas para permitir que o leitor
complemente o pensamento que ficou suspenso.
EXEMPLO: Gosto de chocolate, mas a Fernanda...
Observação: nas dissertações objetivas, evite reticências.

- Parenteses ( )
Os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários
acessórios. No caso de citações é referências bibliográficas, o nome do autor e as infor-
mações referentes à fonte também aparecem isolados por parênteses.
EXEMPLO: Injustiçada, recorri a um advogado (R$200,00 por hora trabalhada).

- Interrogação ?
É utilizado no final de enunciados interrogativos.
EXEMPLOS: – Alô?

- Exclamação !
O ponto de exclamação é utilizado no final dos enunciados exclamativos, deno-
tativos de espanto, admiração, surpresa e raiva.
EXEMPLO: "– Carol, é o Torquato.
– Quem?
– Não interessa! Escute aqui! Você está sendo cúmplice de um crime. Esse
telefone que você tem na mão, está me entendendo?Esse telefone que tem suas im-
pressões digitais. É meu! Esse salafrário roubou meu celular”.
(Luis Fernando Veríssimo. As mentiras que os homens contam)

131
EXERCÍCIOS

1. Seguem-se três trechos que devem ser pontuados. Reescreva-os:


a) esta manhã como eu pensasse na pessoa que terá sido mordida pela viúva veio a
própria viúva ter comigo achei-a na sala, com seu vestido preto de costume fi-la sentar
no canapé sentei-me na cadeira ao lado e esperei que falasse conselheiro disse ela que
acha que faça caso ou fico viúva nem uma coisa nem outra não zombe conselheiro
não zombo minha senhora. (Machado de Assis, Memorial de Aires)

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_______________________________________________________________________________________
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b) Não obstante o seu temperamento combativo e boêmio José do Patrocínio era pro-
fundamente religioso de regresso de Paris, trouxe ele um carro a vapor que seria o avô
do automóvel desembarcado o monstro o jornalista montou na boléia e tomba aqui
tropeça acolá foi encravá-lo inutilizado num buraco da Tijuca já sei por que foi disse
Patrocínio de repente batendo na testa é porque não o batizei estava pagão o miseráv-
el e penalizado qual sem religião e com estas ruas sem calçamento não há progresso
possível. (Humberto de Campos)
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c) certo dia morreu-lhe em casa uma pretinha sendo necessário para enterrá-la um
atesta-do médico distraído o romancista saiu e ao chegar à cidade encontrou-se com
o Barão de Capanema que lhe perguntou aonde ia Macedo contou-lhe o que ocorre-
ra em casa e a sua atrapalhação para o enterro agora o pior terminou o médico é um
médico para o atestado um médico perguntou Capanema espantado e sacudindo o
braço aqui está um e riram-se os dois. (Humberto de Campos)
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132
2. Use a vírgula, separando o termo intercalado nas orações abaixo:
a) "Toda a lei do mercado é por natureza flutuante."
b) "Os empregados iriam todos não havia por conseguinte necessidade de ficar escra-
vo nenhum em casa." (Aluísio Azevedo)
c) "Sofia era em casa melhor que no trem." (Machado de Assis)

3. Há inversões que devem ser assinaladas com vírgulas. Assinale-as:


a) Na praia de Jacaraípe houve um roubo... Em resumo houve um só caso digno de
confiança...
b) "O menino não o vi."
c) "A roupa guarda-a no corpo."
d) Vitória 30 de janeiro de 2000
e) "Naquela longínqua terra encontrei minha égua."

4. (CESCEM) assinale a alternativa em que não ocorre erro de pontuação.


a) cada livro, dele de parte, o estilo traz uma novidade.
b) cada livro dele, de parte o estilo traz, uma novidade.
c) cada livro, dele de parte, o estilo, traz uma novidade.
d) cada livro, dele, de parte, o estilo traz uma novidade.
e) cada livro dele, de parte o estilo, traz uma novidade.

5. (CESGRANRIO) Das seguintes redações abaixo, assinale a que não está pontuada
corretamente:
a) Os meninos, inquietos, esperavam o resultado do pedido.
b) Inquietos, os meninos esperavam o resultado do pedido.
c) Os meninos esperavam, inquietos, o resultado do pedido.
d) Os meninos inquietos esperavam o resultado do pedido.
e) Os meninos, esperavam inquietos, o resultado do pedido.

6. (FUVEST-SP) Aponte a alternativa pontuada corretamente:


a) Com as graças de Deus, vou indo mestre José Amaro.
b)Com as graças de Deus, vou indo mestre José Amaro.
c) Com as graças de Deus, vou indo, mestre José Amaro.
d) Com as graças de Deus, vou indo, mestre, José Amaro.
e) Com as graças, de Deus, vou indo mestre, José Amaro.

7. Pontue o período seguinte: “Irás voltarás não morrerás “


a) com sentido de que não vai morrer:
______________________________________________________________________________________

b) com sentido de que vai morrer:


______________________________________________________________________________________

8. Coloque vírgulas no período abaixo se for necessário.


"O diretor de Recursos Humanos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
declarou que não haverá demissões neste mês."

9. Marque C para certo e E para errado.


( ) Possuía lavouras, de trigo, linho, arroz e soja.
( ) Bem-vindo sejas aos campos dos tabajaras, senhores da aldeia.

133
( ) O aluno enlouquecido queria decorar todas as regras.
( ) Ganhamos pouco; devemos portanto economizar.
( ) O dinheiro, nós o trazíamos preso ao corpo.
( ) Amanhã de manhã o Presidente viajará para a Bósnia.
( ) A mocinha sorriu, piscou os olhinhos e entrou, mas não gostou do que viu.
( ) A noite não acabava, e a insônia a encompridou mais ainda.
( ) Embora estivesse agitado resolveu calmamente o problema.
( ) A riqueza que é flor belíssima causa luto e tristeza.
( ) Convinha a todos, que você partisse.
( ) Uns diziam que se matou; outros que fora para Goiás.
( ) No congresso, serão analisados os seguintes temas:
a) maior participação da comunidade,
b) descentralização econômico-cultural,
c) eleição de dirigentes comunitários,
d) cessão de lotes às fami1ias carentes.
( ) Duas coisas lhe davam superioridade, o saber e o prestígio
( ) A casa não caíra do céu por descuido fora construída pelo major.

10. (FUVEST) Assinale a alternativa em que o texto está pontuado corretamente:


a) Matias, cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão quando
começou o idílio psíquico.
b) Matias cônego honorário, e pregador efetivo estava compondo um sermão quando
começou o idílio psíquico.
c) Matias, cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão, quando
começou o idílio psíquico.
d) Matias cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão, quando
começou, o idílio psíquico.
e) Matias, cônego honorário e, pregador efetivo, estava compondo um sermão quando
começou o idílio psíquico.

ANOTAÇÕES

134
PORTUGUÊS
AULA 7
Semântica

6.0 Introdução

O termo semântica refere-se ao estudo do significado, em


todos os sentidos do termo. A semântica opõe-se com frequência
à sintaxe, caso em que a primeira ocupa-se do que algo significa,
enquanto a segunda, debruça-se sobre as estruturas ou padrões
formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, escritos
ou falados).
A semântica oferece vários recursos que nos permitem es-
crever melhor e interpretar textos de maneira mais objetiva.

- Polissemia
É a propriedade que uma palavra possui de apresentar difer-
entes sentidos sem que os mesmos sejam opostos ou excludentes.
Exemplos: Fui promovido a um alto posto.
Ele abasteceu o carro no posto da esquina.
A comida foi de graça.
O fiel agradeceu a graça recebida.

- Antonímia
É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais
que apresentam significados diferentes, contrários - ANTÔNIMOS.
Exemplos: Ele é mau.
Ele é bom.
José é feio.
Maria é bonita.

- Homônimos
São vocábulos que se pronunciam da mesma forma, e que
diferem no sentido. Podem ser classificados de duas maneiras.
- Perfeitos: vocábulos com pronúncia e grafia idênticas
(homófonos e homógrafos). Exemplo: Eles são legais. (3ª. pessoa do
plural) O menino está são. (sadio)
- Imperfeitos: vocábulos com pronúncia igual (homófonos),
mas com grafia diferente (heterógrafos).
Exemplo: Cessão: ato de ceder, cedência.
Seção ou secção: corte, subdivisão, parte de um todo.
Sessão: espaço de tempo em que de uma reunião.

135
Relação de alguns homônimos:
Acender – pôr fogo Ascender – subir
Acento – sinal gráfico Assento – tampo de cadeira, banco
Aço – metal Asso – verbo (1ª p. do singular, presente do indicativo)
Banco – assento Banco – estabelecimento de transações financeiras.
Cerrar – fechar Serrar – cortar
Cessão – ato de ceder Sessão – reunião Secção/seção - divisão
Cesto - cesta pequena Sexto – numeral ordinal
Concerto – sessão musical Conserto – reparo, ato ou efeito de consertar
Coser – costurar Cozer – cozinhar
Expiar – sofrer, padecer Espiar – espionar, observar
Estático – imóvel Extático – posto em êxtase, enlevado
Estrato – tipo de nuvem Extrato – trecho, fragmento, resumo
Incerto – indeterminado Inserto – introduzido, inserido
Xácara – narrativa popular Chácara – pequena propriedade campestre
Xeque – lance do xadrez Xeque – entre os árabes, chefe ou soberano
Cheque – ordem de pagamento

- Parônimos
Vocábulos ou expressões que apresentam semelhança de grafia e pronúncia,
mas que diferem no sentido.
Exemplo: Cavaleiro: homem a cavalo Cavalheiro: homem gentil

Relação de alguns paronimos:


Absolver – perdoar Absorver – sorver
Acostumar – habituar-se Costumar – ter por costume
Acurado – feito com cuidado Apurado – refinado
Afear – tornar feio Afiar – amolar
Amoral – indiferente à moral Imoral – contra a moral, devasso
Cavaleiro – que anda a cavalo Cavalheiro – homem educado
Comprimento – extensão Cumprimento – saudação
Deferir – atender Diferir – adiar, retardar
Delatar – denunciar Dilatar – estender, ampliar
Eminente – alto, excelente Iminente – que ameaça acontecer
Imergir – mergulhar Emergir – sair de onde estava mergulhado
Emigrar – deixar um país Imigrar – entrar num país
Estádio – praça de esporte Estágio – aprendizado
Flagrante – evidente Fragrante – perfumado
Acidente – desastre Incidente – circunstância acidental
Infração – violação Inflação – aumento geral de preços
Ótico – relativo ao ouvido Óptico – relativo à visão
Pião – brinquedo Peão – homem que anda a pé
Plaga – região, país Praga – maldição
Pleito – disputa eleitoral Preito – homenagem

- Polissemia
São vocábulos que possuem mais de um significado.
Exemplo: Estou com dor de cabeça.
Ele é o cabeça da quadrilha.

136
EXERCÍCIOS

1. Assinalar o par de palavras parônimas


( )céu - seu
( )paço - passo
( )eminente - evidente
( )descrição - discrição

2. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas do seguinte


período: “Em _____ plenária, estudou-se a _____ de terras a _____ japoneses”.
( ) seção - cessão - emigrantes
( ) cessão - sessão - imigrantes
( ) sessão - secção - emigrantes
( ) sessão - cessão – imigrantes

3. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São, portanto, palavras


homônimas. Associe as duas colunas:
1 – conserto ( )valor pago
2 – concerto ( ) juízo claro
3 – censo ( ) reparo
4 – senso ( ) estatística
5 – taxa ( ) pequeno prego
6 – tacha ( )apresentação musical

4. Preencha as lacunas com um dos termos entre parênteses:


a) Em tempos de crise, é necessário __________ a despensa de alimentos. (sortir - surtir)
b) Os direitos de cidadania do rapaz foram _________ pelo governo.(caçados - cassados)
c) O ________________ dos senadores é de oito anos. (mandado- mandato)
d) A Marechal Rondon estava coberta pela ____________________(cerração -serração)
e) César não teve ____________ de justiça. (censo - senso)
f) Todos os________________haviam sido ocupados. (acentos - assentos)
g) Devemos uma____________quantia ao banco. (vultosa - vultuosa)
h) A próxima____________ começará atrasada. (seção - sessão)
i) _________-se, mas havia hostilidade entre eles. (cumprimentaram - comprimentaram)
j) Na _______________das avenidas, houve uma colisão. (intersecção -intercessão)
k) O_______________no final do dia estava insuportável. (tráfego - tráfico)
l) O marido entrou vagarosamente e passou__________ (despercebido - desapercebido)
m) Não costumo __________ as leis. (infligir - infringir)
n) Após o bombardeio, o navio atingido ________________. (emergiu- imergiu)
o) ___________ japoneses chegaram a São Paulo no século XX. (emigrantes - imigrantes)
p) Não há ________________ de raças naquele país. (discriminação -descriminação)

137
q) Após anos de luta, consegui a ______________. (dispensa - despensa)
r) A chegada do diplomata era_________________ (eminente - iminente).
s) O corpo________________ era formado por doutores (docente - dicente)
t) Houve alguns_______________no Congresso. (acidentes - incidentes)
u) Fomos __________________pelos anfitriões. (destratados - distratados)
v) A __________ dos direitos da emissora foi uma das tarefas do governo. (seção - cessão)
x) Ali, na _____________ de eletrodomésticos, há uma grande liquidação. (seção - cessão)
z) É um senhor ___________(distinto -destinto)
a') Dei o ______ mate ao gerente, por causa do _________ sem fundos. (cheque - xeque)
b') A nuvem de gafanhotos _______________a plantação. (infestou - enfestou)
c') Quando Joana toca piano é mais um __________que um________ (conserto - concerto)
d') Todos eles.______________o prazer da bela melodia. (fruem - fluem)
e') Estava muito__________ para ver quanto custava aquele aparelho. (apreçar - apressar)
f') Nas festas de São João é comum ____________balões (ascender - acender)
g') As pessoas foram recolhidas a suas ______________ (celas - selas)
h') Segui a ______________médica, mas não obtive resultados. (proscrição - prescrição)
i') Algun modelos ______________ serão vendidos. (recreados - recriados)
j') A bandeira de São Paulo tem ___________ pretas. (listas - listras)
(apreender -aprender)
k') Para passar precisava ____________ mais das lições (aprender - apreender)
l') O réu _______________suas culpas. (expiará - espiará)
m') Encontrei uma carteira com ___________________ de cem dólares. (cédulas - sédulas)
n') Iremos à ________________medieval. (xácara - chácara)
o') Na hora da ________________, os mexicanos dormem. (cesta-sesta)
p') Ele ainda é meio ________, pois não tem prática de comércio. (incipiente - insipiente)

5. Leia o texto:
"Orgulho ferido
Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer sobre o futuro de Cuba acen-
deu uma polêmica com pesquisadores latino-americanos. O texto da revista suge-
riu que o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel Castro, que
sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do Leste Europeu após a queda de seus
regimes comunistas. E conclamou os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária
para os cubanos. De quebra, a publicação insinua que há dúvidas sobre a capaci-
dade do sistema de saúde cubano fazer frente a esse quadro. (...)"
Quatro ações são atribuídas, no primeiro parágrafo do texto, ao editorial da revista
britânica The Lancer: acender, sugerir, conclamar e insinuar. Considerando o contexto,
haveria prejuízo para o sentido se tivessem sido empregados, respectivamente:
a) ensejar – aventar – convocar –sugerir
b) instigar – propor – reiterar – infiltrar
c) dirimir – conceder – atribuir –insuflar
d) solapar – retificar – conceder –induzir
e) conduzir – insinuar – proclamar –confessar

6. A palavra canguru aparece diversas vezes no excerto abaixo, reescreva-o utilizando


sinônimos ou, se necessário, excluindo o termo em questão.
“... Os cangurus são perseguidos, porque os cangurus atacam as plantações e porque
os cangurus têm o pêlo aproveitado pelos homens. A caçada ao canguru não é muito
fácil: o canguru nada otimamente bem e até no mar o canguru se atira, na aflição de
escapar dos perseguidores.”

138
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

7. (UNICAMP-SP) Lendo a seguinte notícia, você poderá observar que, além de constar
da manchete, o verbo cobrar ocorre duas vezes no texto.
Defensor cobra investigações no DSP
O defensor publico E.C.K. da 9ª Vara Criminal levou ao juiz das execuções penais, pe-
tição cobrando investigação sobre as denúncias de corrupção envolvendo agentes
penitenciários. Um grupo de presos da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de-
nunciou que agentes do Departamento do Sistema Penitenciário estariam cobrando
CR$5.000,00 por uma vaga nos presídios da Capital. O diretor do DSP, P. Vinholi, disse
que ainda não está apurando as denúncias porque considera "impossível" ocorrer tal
tipo de transação. (Diário da Serra, Campo Grande, 26 e 27/9/93)
a) Transcreva os dois trechos em que ocorre aquele verbo, na mesma ordem.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Reescreva as duas sentenças usando sinônimos de cobrar.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

8. Veja no quadro abaixo os significados das diferentes


maneiras de se escrever a mesma palavra.

Sabendo dos diversos usos, redija frases com cada uma


das palavras em negrito destacadas no quadro.

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

ANOTAÇÕES

139
PORTUGUÊS
AULA 8
Estilística I

7.1 Denotação e conotação

Estes dois conceitos são muito fáceis de entender se lem-


brarmos que duas partes distintas, mas interdependentes, con-
stituem o signo linguístico: o significante ou plano da expressão
- uma parte perceptível, constituída de sons - e o significado ou
plano do conteúdo - a parte inteligível, o conceito. Por isto, numa
palavra que ouvimos, percebemos um conjunto de sons (o signifi-
cante), que nos faz lembrar de um conceito (o significado).
A denotação é justamente o resultado da união existente
entre o significante e o significado, ou entre o plano da expressão
e o plano do conteúdo.
A conotação resulta do acréscimo de outros significados
paralelos ao significado de base da palavra, isto é, um outro plano
de conteúdo pode ser combinado ao plano da expressão. Este
outro plano de conteúdo reveste-se de impressões, valores afetivos
e sociais, negativos ou positivos, reações psíquicas que um signo
evoca.
Desta maneira, podemos dizer que os sentidos das palavras
compreendem duas ordens: referencial ou denotativa e afetiva ou
conotativa.
A palavra tem valor referencial ou denotativo quando é
tomada no seu sentido usual ou literal, isto é, naquele que lhe
atribuem os dicionários; seu sentido é objetivo, explícito, con-
stante. Ela designa ou denota determinado objeto, referindo-se à
realidade palpável.

Denotação é a significação objetiva da palavra; é a palavra em "es-


tado de dicionário".

Além do sentido referencial, literal, cada palavra remete a


inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas
sugeridos, evocando outras ideias associadas, de ordem abstrata,
subjetiva.
Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a
palavra evoca outras realidades por associações que ela provoca.

140
O quadro abaixo sintetiza as diferenças fundamentais entre denotação e conotação:

Para exemplificar, de maneira simples e clara, estes dois conceitos, vamos tomar a
palavra cão: terá um sentido denotativo quando designar o animal mamífero quad-
rúpede canino; terá um sentido conotativo quando expressar o desprezo que desper-
ta em nós uma pessoa sem caráter ou extremamente servil.
(Otto M.Garcia, 1973)

- Exemplos de conotação e denotação (texto 1 e 2)


Nas receitas abaixo, as palavras têm, na primeira, um sentido objetivo, explícito,
constante; foram usadas denotativamente. Na segunda, apresentam múltiplos senti-
dos, foram usadas conotativamente. Observa-se que os verbos que ocorrem tanto em
uma quanto em outra - dissolver, cortar, juntar, servir, retirar, reservar - são aqueles que
costumam ocorrer nas receitas; entretanto, o que faz a diferença são as palavras com
as quais os verbos combinam, combinações esperadas no texto 1, combinações inusita-
das no texto 2.

141
- Texto denotativo (texto 3)
Os textos informativos (científicos e jornalísticos), por serem, em geral, objetivos,
prendem-se ao sentido denotativo das palavras. Vejamos o texto abaixo, em que a lin-
guagem está estruturada em expressões comuns, com um sentido único.

- Texto conotativo (texto 4)


Além dos poetas, os humoristas e os publicitários fazem um amplo uso das pala-
vras no seu sentido conotativo, o que contribui para que os anúncios despertem a at-
enção dos prováveis consumidores e para que o dito humorístico atinja o seu objetivo
de fazer rir, às vezes até com certa dose de ironia. Por exemplo, na propaganda de um
‘shopping’, foi usada a seguinte frase:

O anúncio tem aí um duplo sentido, pois transmite duas informações:


1. o Rio Design Center ganhou uma nova loja - PAVIMENTO SUPERIOR -onde estão
à venda pisos especiais;
2. nesta loja é possível encontrar o material para piso, importado da Holanda, que
se chama Marmoleum.
Na frase que fecha o anúncio, desfaz-se a ambiguidade: "Venha até a (ao invés de
o) Pavimento Superior e confira esta e outras novidades de revestimentos para pisos".
Mas a frase de abertura faz pensar em outros sentidos: o centro comercial ganhou um
novo andar, um novo pavimento, ou ganhou um revestimento novo em todo o seu
piso, em todo o seu chão.
Os provérbios ou ditos populares são também, outro exemplo de exploração
da linguagem no seu uso conotativo. Assim, "Quem está na chuva é para se molhar"
equivale a "/Quando alguém opta por uma determinada experiência, deve assumir to-
das as regras e consequências decorrentes dessa experiência". Do mesmo modo, "Casa
de ferreiro, espeto de pau" significa O que a pessoa faz fora de casa, para os outros, não
faz em casa, para si mesma.
A respeito de conotação, Othon M. Garcia (1973) observa: "Conotação implica,
portanto, em relação à coisa designada, um estado de espírito, uma opinião, um juízo,
um sentimento, que variam conforme a experiência, o temperamento, a sensibilidade,
a cultura e os hábitos do falante ou ouvinte, do autor ou leitor. Conotação é, assim, uma
espécie de emanação semântica, possível graças à faculdade que nos permite relacio-
nar coisas análogas ou semelhadas. Esse é, em essência, o traço característico do pro-
cesso metafórico, pois metaforização é conotação".

142
EXERCÍCIOS

1. Observe as imagens que seguem.


Elas representam expressões bem conhecidas do nosso
cotidiano.

a) Que título você daria para cada uma das fotografias


acima? O uso comum, cotidiano, dessas expressões dif-
ere do que está efetivamente representado nas fotos?
Por quê?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

b) A partir da leitura e dos exercícios acima, tente


definir o sentido denotativo do conotativo.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

2. Com base na leitura das imagens abaixo, responda: qual delas assemelha-se a textos
denotativos? Qual delas se aproxima de textos conotativos? Justifique.
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
(René Magrite, Le modèle rouge) (Walkers Evans, Floyd Burrough’s work shoes)

3. Veja a imagem e responda: Sob o ponto de vista da


denotação, como podemos entender a palavra engano?
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

143
4. Explique o efeito de sentido que a palavra pregado possui nas seguintes sentenças:
Há um desenho PREGADO no mural.
O menino ficou com os olhos PREGADOS na menina.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

5. Na canção de Samuel Rosa e Nando Reis, diversos termos são usados de manei-
ra conotativa. Destaque-os e explique o efeito de sentido que os autores pretendiam
causar.

O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão
O sol se põe se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão ...
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

ANOTAÇÕES

144
PORTUGUÊS
AULA 9
Estilística II

8.0 Introdução

O uso de figuras de linguagem é um dos recursos emprega-


dos pra valorizar um texto, tornando a linguagem mais expressiva.
É um recurso linguístico que permite expressar, de formas difer-
entes, experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade
ou poeticidade ao discurso.
A utilização de figuras revela muito da sensibilidade de
quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor.

8.1 Classificação

Alguns recursos tornam mais expressivas as mensagens.


Subdividindo as figuras em: figuras de som, figuras de construção,
figuras de pensamento e figuras de palavras.

8.2 Figuras de som

1. Aliteração: repetição ordenada de mesmos sons consonan-


tais. “Esperando, parada, pregada na pedra no porto".

2. Assonância: repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do lito-
ral”.

3. Paronomásia: aproximação de palavras com sons parecidos,


mas de significados distintos. “Eu que passo, penso e peço.”

8.3 Figuras de construção

1. Nesta unidade veremos as figuras de construção mais uti-


lizadas.

2. Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente iden-


tificável pelo contexto. “Na sala, apenas quatro ou cinco convida-
dos.” (omissão de “havia”)

145
3. Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou
elementos do período: “E sob as ondas ritmadas e sob as nuvens e os ventos e sob as
pontes e sob o sarcasmo e sob a gosma e sob o vômito (...)”.

4. Pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.


“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

8.4 Figuras de pensamento

1. Antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se


opõem pelo sentido. “Os jardins têm vida e morte.”

2. Ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obten-


do-se, com isso, efeito crítico ou humorístico. “A excelente Dona Inácia era mestra na
arte de judiar de crianças.”

3. Eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em


síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável. “Ele enriqueceu por mei-
os ilícitos.” (em vez de ele roubou)

4. Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática: “Estou mor-
rendo de sede.” (em vez de estou com muita sede)

5. Prosopopéia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predica-


tivos que são próprios de seres animados. “O jardim olhava as crianças sem dizer nada“

8.5 Figuras de palavras

1. Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habit-


ual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figu-
rado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica
subentendido. “Meu pensamento é um rio subterrâneo”.

2. Metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja,


uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro signifi-
cado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de
semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica
entre os termos. Observe: “Não tinha teto em que se abrigasse.” (teto em lugar de casa)
Tipos de metonímia:
- Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária
de Machado de Assis.)
- Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o
mundo.)
- Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da
religião).
- Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboro-
so charuto).
- Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno).
- Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo
e como o alimento que produzo).

146
- Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que
estava no cálice).
- Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores.
(= Os repórteres foram atrás dos jogadores).
- Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas
passavam apressadamente.)
- Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens
pensam e sofrem nesse mundo.)
- Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direi-
tos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.)
- Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte
que é da marca danone.)
- Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)
- Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. (= A justiça
ficará do teu lado.)

3. Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um


conceito, toma-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais
se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado. "O pé da mesa estava
quebrado. "

4. Antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão


que o identifique com facilidade: ...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beat-
les)

5. Sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por difer-


entes órgãos do sentido. "A luz crua da madrugada invadia meu quarto."

8.6 Vícios de linguagem

A gramática é um conjunto de regras que estabelecem um determinado uso da


língua, denominado norma culta ou língua padrão. Entretanto, as normas estabeleci-
das pela gramática normativa nem sempre são obedecidas pelo falante. Quando o fa-
lante se desvia do padrão para alcançar uma maior expressividade, ocorrem as figuras
de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não-conhecimento da norma culta, temos
os chamados vícios de linguagem.

1. Barbarismo: consiste em gravar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a


norma culta. "Pesquiza" (em vez de pesquisa); "Prototipo" (em vez de protótipo)

2. Ambiguidade: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente


mais de um sentido. "O guarda deteve o suspeito em sua casa." (na casa de quem: do
guarda ou do suspeito?)

3. Cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras. Paguei cinco
mil reais por cada.

4. Pleonasmo (vicioso): consiste na repetição desnecessária de uma idéia. "A brisa


matinal da manhã deixava-o satisfeito."

147
5. Neologismo: é a criação de novas palavras. "Segundo Mário Prata, se adolescente
é aquele que está entre a infância e a idade adulta, envelhescente é aquele que está
entre a idade adulta e a velhice."

6. Arcaísmo: consiste na utilização de palavras que já caíram em desuso. "Vossa


Mercê me permite falar?" (em vez de você).

EXERCÍCIOS

1. Preencha os parênteses utilizando A para ironia, B para eufemismo, C antítese, D par-


adoxo e F para gradação.
( ) “Na chuva de cores
Da tarde que explode
A lagoa brilha" (Carlos Drummond de Andrade)
( ) “Nasce o sol, e não dura mais que um dia.
Depois de luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura
Em contínuas tristezas, a alegria.” (Gregório de Matos)
( ) “Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais
que todas as vertidas desde Adão e Eva”. (Machado de Assis)
( ) “Todo sorriso é feito de mil prantos, toda vida se tece de mil mortes” (Carlos de Laet)
( ) “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)
( ) “Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.” (Olavo Bilac)
( ) “Quando a indesejada das gentes chegar.” (Manuel Bandeira)
( ) “Voando e não remando, lhe fugiram. “ (Camões)
( ) “O dinheiro é uma força tremenda, onipotente, assombrosa.” (Olavo Bilac)
( ) “Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor.”
(Mário de Andrade)

2. Identifique nos textos abaixo os tipos de recursos expressivos que ocorrem.


a) “Olha a bolha d’água no galho
Olha o orvalho!” (Cecília Meireles)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) “Bomba atômica que aterra!


Pomba atônita da paz!
Pomba tonta, bomba atômica.” (Vinícius de Morais)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

148
d) “Não quero amar,
Não quero ser amado,
Não quero combater
Não quero ser soldado.” (Manuel Bandeira)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

e) “Lá vem o vaqueiro, pelos atalhos, tangendo as reses para os currais... Blém... Blém...
blém... cantam os chocalhos dos tristes bodes patriarcais.” (Ascenso Ferreira).
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

f) “Dúvida sombra
Sem dúvida na sombra
Na dúvida, sem sombra.” (Haroldo de Campos)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

g) “E fria, fluente, frouxa claridade


Flutua como as brumas de um letargo...” (Cruz e Souza)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

h) “A onda anda
aonde anda
a onda?
a onde ainda
ainda onda
ainda onda
aonde?
aonde?
a onda a onda.” (Manuel Bandeira)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

3. Relacione as figuras de pensamento:


( ) “Parece que toda cidade precisava ter a) antítese
um louco na rua para chamar o povo à b) paradoxo
razão.” (José J Veiga) c) ironia
d) eufemismo
( )“E me beija com alma e fundo e) hipérbole
até minh’alma se sentir beijada...” f) gradação
(Chico Buarque) g) prosopopeia/personificação

( ) “Holanda defenderá a verdade de


vossos sacramentos. Holanda edificará
templos, Holanda levantará altares” (Vieira)

( )“As florestas ergueram os braços


peludos.” (Raul Bopp)

149
( ) “Colombo, fecha a porte dos teus
mares.” (Castro Alves)

( ) “Tendes a volúpia suprema da vaidade,


qu'é a vaidade da modéstia.”
(Machado de Assis)

( ) “Gente que nasceu, amou, sofreu aqui.”


(Fernando Brandt)

( ) “E pela paz derradeira que enfim vai


nos redimir. Deus lhe pague.”
(Chico Buarque)

4. A ambiguidade ocorre quando um período é mal construído e passa a apresentar


mais de um sentido. As frases que seguem são ambíguas. Explicite como se dá a am-
biguidade e a reescreva de modo a deixá-la com um único sentido.

a)

___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

b) Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais sadias.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

c) Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

d) Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

e) "O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novem-


bro passado na Arábia Saudita, onde comeu um peru fantasiado de marine no mesmo
bandejão em que era servido aos soldados americanos." (Veja, 09/01/91)
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

150
ANOTAÇÕES

151
PORTUGUÊS
AULA 10
Revisão de estilística

Denotação x Conotação

Leia com atenção a seguinte piada e reflita sobre seu humor:


“Como se faz para acordar em cima da hora?
R.: É só colocar o relógio embaixo do travesseiro e dormir.”

Conseguiu perceber onde está o humor dentro do texto? É


o fato de uma pessoa estar em cima da hora da verdade, ou seja,
dormir em cima de um relógio. A graça existe porque a expressão
“estar em cima da hora” normalmente não é utilizada em seu
sentido literal, ou, em outras palavras, no modo denotativo, mas
sim de maneira figurada como na frase “Cheguei em cima da hora
para a prova”, sendo que esse texto apresentado está no modo
conotativo.
Resumidamente:
Modo denotativo: a palavra ou expressão em primeiro sentido, ou
seja, em sentido literal;
Modo conotativo: a palavra ou expressão em sentido figurado.

Figuras de Linguagem

Figuras de linguagem são maneiras de tornar as expressões


vindas de um emissor, seja ele um locutor de rádio, um escritor de
livros ou até mesmo você, mais enfáticas e significativas. Existem
muitas delas, vamos dar uma olhada em algumas?

- Comparação: é a relação de semelhança entre duas partes.


Existem palavras explícitas que dão dicas da existência da com-
paração.
Exemplo: “Você é como uma flor”

- Metáfora: é empregada uma palavra no lugar de outra


graças a semelhança delas. Pode ser considerada uma com-
paração sem as palavras que dão pistas.
Exemplo: “Você é uma flor”

152
- Metonímia: é aquela chamada de “parte pelo todo”, quando uma palavra é sub-
stituída por outra muito próxima.
Exemplo: “Para se fazer brigadeiro são necessários: Leite Moça, Toddy e manteiga”
(“Leite Moça” substitui o leite condensado e “Toddy” substitui o achocolatado)

- Sinestesia: quando numa mesma frase há mistura de mais de uma dos cinco
sentidos humanos (audição, olfato, visão, tato, paladar).
Exemplo: “Meu perfume é doce” (há mistura de olfato no “perfume” e paladar no
“doce”)

- Pleonasmo: quando se usa repetição de maneira proposital, enfática, estilística.


Exemplo: “Vou te contar uma coisa para você”

- Hipérbato: é quando se inverte a ordem natural de uma oração (sujeito seguido


de predicado).
Exemplo: “De pinguins eu gosto muito”

- Hipérbole: é uma expressão exagerada.


Exemplo: “Já te disse um milhão de vezes!”

- Eufemismo: é uma expressão usada de maneira mais suave quando, muitas


vezes, se fala de algo ruim.
Exemplo: “Partiu dessa para melhor”

- Elipse: é quando se omite uma palavra ou expressão por já estar subentendida


no contexto.
Exemplo: “Eu gosto de amendoim, mas não de amêndoas”

- Aliteração: é a repetição de sons consonantais numa mesma frase.


Exemplo: “O rato roeu a roupa do rei de Roma”

- Assonância: é a repetição de sons vocálicos numa mesma frase.


Exemplo: “Berro pelo aterro, pelo desterro / Berro por seu berro, pelo seu erro”

- Anáfora: é a repetição de uma mesma palavra com uma certa regularidade.


“Pirulito que bate, bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ele
Quem gosta dela sou eu”

- Antítese: é o choque de dois termos que transmitem ideias opostas.


“Maria estava entre a vida e a morte”

- Paradoxo: uma contradição na mesma expressão, uma incoerência denotativa.


Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver”

- Personificação: é quando damos qualidades humanas a seres inanimados.


Exemplo: “O sol sorri a cada manhã”

- Onomatopeia: é o som de algum objeto ou ser retratado em letras e palavras.


Exemplo: “Toc toc” (som de uma pessoa batendo a porta)

153
- Paronomásia: é quando temos duas palavras com grafias muito similares mas
significados diferentes, não necessariamente opostos.
Exemplo: “Barulho do baralho sendo misturado me traz memórias da minha juven-
tude”

- Ironia: é quando uma frase é expressa mas a ideia que se espera transmitir é
exatamente o contrário.
Exemplo: “Nossa, caiu uma pena!” (Comentário de uma pessoa ao ouvir outra derrubar
algo que causou um enorme estrondo)

EXERCÍCIOS

1. No texto a seguir, encontre 2 palavras ou expressões que estejam no modo denotati-


vo e 2 palavras ou expressões que estejam no modo conotativo.

O labirinto dos manuais


Há alguns meses troquei meu celular. Um modelo lindo, pequeno, prático. Se-
gundo a vendedora, era capaz de tudo e mais um pouco. Fotografava, fazia vídeos,
recebia e-mails e até servia para telefonar. Abri o manual, entusiasmado. “Agora eu
aprendo”, decidi, folheando as 49 páginas. Já na primeira, tentei executar as funções.
Duas horas depois, eu estava prestes a roer o aparelho. O manual tentava prever todas
as possibilidades. Virou um labirinto de instruções!
Na semana seguinte, tentei baixar o som da campainha. Só aumentava. Buscava
o vibracall, não achava. Era só alguém me chamar e todo mundo em torno saía corren-
do, pensando que era o alarme de incêndio! Quem me salvou foi um motorista de táxi.
— Manual só confunde – disse didaticamente. – Dá uma de curioso.
Insisti e finalmente descobri que estava no vibracall há meses! O único problema é que
agora não consigo botar a campainha de volta!
Atualmente, estou de computador novo. Fiz o que toda pessoa minuciosa faria.
Comprei um livro. Na capa, a promessa: “Rápido e fácil” – um guia prático, simples e
colorido! Resolvi: “Vou seguir cada instrução, página por página. Do que adianta ter um
supercomputador se não sei usá-lo?”. Quando cheguei à página 20, minha cabeça late-
java. O livro tem 342! Cada vez que olho, dá vontade de chorar! Não seria melhor gastar
o tempo relendo Guerra e Paz?
Tudo foi criado para simplificar. Mas até o microndas ficou difícil. A não ser que
eu queira fazer pipoca, que possui sua tecla própria. Mas não posso me alimentar só de
pipoca! Ainda se emagrecesse... E o fax com secretária eletrônica? O anterior era sim-
ples. Eu apertava um botão e apagava as mensagens. O atual exige que eu toque em
um, depois em outro para confirmar, e de novo no primeiro! Outro dia, a luzinha estava
piscando. Tentei ouvir a mensagem. A secretária disparou todas as mensagens, desde
o início do ano!
Eu sei que para a garotada que está aí tudo parece muito simples. Mas o mundo
é para todos, não é? Talvez alguém dê aulas para entender manuais! Ou o jeito seria

154
aprender só aquilo de que tenho realmente necessidade, e não usar todas as funções.
É o que a maioria das pessoas acaba fazendo!

a) Palavras ou expressões que estejam no modo denotativo


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Palavras ou expressões que estejam no modo conotativo


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

2. Nas frases a seguir, identifique qual figura de linguagem está presente.

a) Não fosse sua carona, eu ainda estaria no meio do caminho. ____________


b) Juliana adora doces. Ela é uma formiga! ____________
c) Minha mochila está pesando uma tonelada. ____________
d) O céu estava chorando. ____________
e) Vou subir lá em cima. ____________
f) Burp! (Som de arroto) ____________
g) Bruno pula como um canguru. ____________
h) Zenaide faltou com respeito neste jantar.____________
i) Morte e vida Severina. ____________
j) Amo te. ____________
k) É pau, é pedra, é o fim do caminho. ____________
l) O cavaleiro foi um cavalheiro. ____________
m) Ouvi dizer que o tio é corinthiano roxo. ____________
n) Quem com ferro fere, com ferro será ferido. ____________
o) João tem paixão no coração. ____________
p) Ela é tão inteligente que errou todas as questões da prova. ____________
q) Você tem um Durex ai? ____________

GABARITO
1.
a) “celular”; “manual”.
b) “prestes a roer o aparelho”; “virou um labirinto de instruções”.

2.
a) Elipse g) Comparação m) Sinestesia
b) Metáfora h) Eufemismo n) Aliteração
c) Hipérbole i) Antítese o) Assonância
d) Personificação j) Hipérbato p) Ironia
e) Pleonasmo k) Anáfora q) Metonímia
f) Onomatopeia l) Paronomásia

155
ANOTAÇÕES

156
PORTUGUÊS
AULA 11
Revisão geral

Nesse momento do curso, após todos os conteúdos vistos,


pretende-se organizar o apreendido de maneira a trabalhar os
assuntos em exercícios de aprofundamen- to, ou seja, com caráter
mais complexo.

EXERCÍCIOS

1. Use -no, -na, -nos, -nas, nas frases a seguir:


Veja: Roubaram a carteirinha. Roubaram-na.

a) Levaram minha pasta. ______________________________________


b) Devolveram os documentos. ________________________________
c) Pediram a opinião . _________________________________________
d) Olhem os meninos . _________________________________________
e) Abriram o clube . ____________________________________________
f) Seguraram as bolsas . _______________________________________

2. Veja: aviso - avisar moderno - modernizar


análise - analisar civil - civilizar
Usamos ISAR nos verbos cuja palavra primitiva possui S.
Exemplo: aviso - avisar
CUIDADO: síntese - sintetizar catequese - catequizar
batismo - batizar

Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR:

a) análise:____________________________
b) pesquisa:__________________________

157
c) anarquia:___________________________
d) canal: ______________________________
e) civilização: _________________________
f) colônia: ____________________________
g) humano: ___________________________
h) suave: ______________________________
i) revisão: _____________________________
j) real: ________________________________
k) nacional: ___________________________
l) final: _______________________________
m) oficial: _____________________________
n) monopólio: ________________________

3. A palavra MENOS não deve ser modificada para o feminino.


Veja: Naquele instante não tive menos coragem do que antes.
Complete as frases com a palavra MENOS:
a) Conheço todos os Estados brasileiros, ________________ a Bahia.
b) Todos eram calmos, _____________ mamãe.
c) Quero levar ______________ sanduíches do que na semana passada.
d) Mamãe fazia doces e salgados __________________ tortas grandes.

4. A GENTE e AGENTE
- A gente = nós; o povo, as pessoas.
Veja: Nós vamos à praia este fim de semana.
A gente vai à praia este final de semana.
- Agente = indivíduo encarregado, responsável por determinada ação; aquele
que age. Observação: a expressão agente tem ainda outros significados.

Complete as frases com a gente ou agente:


a) Gosto de ver filmes de __________________________ secreto.
b) _____________________ daquela cidade não é hospitaleira.
c) A dor que ________________________sente, quando perde alguém muito querido, vai
passando com o tempo.
d) ______________________________ paranaense é dada, amiga e hospitaleira.
e) Quando ________________________ gosta, faz com prazer.
f) Meu pai é _______________________ de viagens da VARIG.
g)Quero estudar para ser ___________________ policial, para defender o povo.

5. MEIO / MEIA
Meio e meia - como numeral, concordam com o substantivo.
Exemplo: meio limão, meia laranja.
Meio - como advérbio, fica invariável.
Exemplos: A porta está meio aberta. Aquela flor é meio vermelha.
Complete corretamente com meio ou meia:
a) Desculpe-me, hoje estou __________________ nervosa.
b) A flor parece _____________ amarela.
c) Descobriu um tesouro ____________ enterrado.
d) A mim, basta ___________ porção de arroz.
e) Mamãe, quero ______________ maçã.
f) Já li cinqüenta páginas, exatamente __________ livro.

158
g) Só paguei ________________ entrada.
h) Estou __________________ assustada.
i) Quero_______________ dúzia de ovos.
j) Sua camisa está ___________ rasgada
l) Seus sapatos estão ___________ sujos.
m) A professora parece _____________ desconfiada.

6. Use por que , por quê , porque e porquê:


a) ________________ ninguém ri agora?
b) Eis __________________ ninguém ri.
c) Eis os princípios _____________ luto.
d) Ela não aprendeu ___________________?
e) Aproximei-me _________________ todos queriam me ouvir.
f) Você está assustado, ______________?
g) Eis o motivo ________________ errei.
h) Creio que vou melhorar _____________________estudei muito.
i) O ___________ é difícil de ser estudado.
j) __________________ os índios estão revoltados?
l) O caminho ________________ viemos era tortuoso.

7. Uso do S e Z
Complete as palavras com S ou Z. A seguir, copie as palavras na forma correta:
a) pou____ando: _____________________ n) a____a: ____________________________
b) pre____ença: ______________________ o) hori__.onte: _______________________
c) arte____.anato: ____________________ q) fra____e: _________________________
d) escravi____.ar: _____________________ r) intru____o:________________________
e) nature____.a: ______________________ s) de____ejamos:____________________
f) va____.o: ___________________________ t) po____itiva: _______________________
g) pre____.idente: ____________________ u) podero____o: _____________________
h) fa____.er: __________________________ v) de__envolvido: ____________________
i) Bra____.il: __________________________ w) surpre____a: ______________________
j) civili____ação: ______________________ x) va____.io: _________________________
k) pre____ente: ______________________ y) ca____o: __________________________
l) atra____ados: ______________________ z) coloni__.ação: ____________________
m) produ______irem: _________________

8. VIR / VIER
Vir - futuro do subjuntivo do verbo ver Vier - futuro do subjuntivo do verbo vir
Complete as frases usando vir ou vier:
a) Quando ela______, todos deverão levantar-se.
b) Se você ________ algum erro, deverá denunciá-lo.
c) Se você____________ a professora, chame-a.
d) Se ela______ isso, certamente chamará sua atenção.
e) Quem ________ à festa do dia 1ª de maio, não se esqueça de trazer um par.
f) Se o professor _______________você trabalhando desse modo, vai repreendê-lo.
g) Se o aluno________ só, não poderá entrar na escola.

9. (ACAFE-SC) Na frase "No restaurante, onde entrei arrastando os cascos como um


dromedário, resolvi-me ver livre das galochas", existem:
a) 2 ditongos, sendo 1 crescente e 1 decrescente

159
b) 3 ditongos, sendo 2 crescentes e 1 decrescente
c) 3 ditongos, sendo 1 crescente e 2 decrescentes
d) 4 ditongos, sendo 2 crescentes e 2 decrescentes
e) 4 ditongos, sendo 3 crescentes e 1 decrescente

10. (UM-SP) Na oração: "Em sua vida, nunca teve muito______, apresentava-se sempre
____ no____ de tarefas______ "; as palavras adequadas para o preenchimento das lacu-
nas são:
a) censo, lasso, cumprimento, eminentes
b) senso, laço, comprimento, iminentes
c) senso, lasso, cumprimento, iminentes
d) senso, lasso, cumprimento, eminentes
e) censo, lasso, comprimento, iminentes

11. (FUVEST-SP) No texto seguinte há palavras em que se omitiu o acento gráfico.


Destaque duas delas e justifique a acentuação.
“As pessoas presentes na assembleia receberam vários itens do programa e a incum-
bencia de analisa-los e difundi-los junto aos órgãos públicos."
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

12. (FUVEST-SP – 2ª fase) "A princesa Diana ja passou por poucas e boas. Tipo quando
seu ex-marido Charles teve um love affair com lady Camille revelado para Deus e o
mundo." (Folha de S. Paulo, 5/11/93.)
No texto acima, há expressões que fogem ao padrão culto da língua escrita.
a) Identifique-as.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Reescreva-as conforme o padrão culto.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

13. (UNICAMP-SP) Lendo a seguinte notícia, você poderá observar que, além de constar
da manchete, o verbo cobrar ocorre duas vezes no texto.
Defensor cobra investigações no DSP
O defensor publico E.C.K. da 9ª Vara Criminal levou ao juiz das execuções penais, pe-
tição cobrando investigação sobre as denúncias de corrupção envolvendo agentes
penitenciários. Um grupo de presos da Delega-cia Especializada de Roubos e Furtos
denunciou que agentes do Departamento do Sistema Penitenciário estariam cobran-
do CR$5.000,00 por uma vaga nos presídios da Capital. O diretor do DSP, P. Vinholi,
disse que ainda não está apurando as denúncias porque considera "impossível" ocor-
rer tal tipo de transação. (Diário da Serra, Campo Grande, 26 e 27/9/93)

a) Transcreva os dois trechos em que ocorre aquele verbo, na mesma ordem.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

160
b) Reescreva as duas sentenças usando sinônimos de cobrar.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

14. (FATEC-SP)
"Vozes veladas, veludosas vozes.
Volúpias dos violões, vozes veladas.
Vagam nos velhos vórtices velozes.
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."

Indique o recurso literário evidente no trecho de "Violões que choram", poema de Cruz
e Sousa.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

15. (UNICAMP-SP) O comentário seguinte faz parte de uma reportagem sobre o decre-
to assinado pelo presidente José Sarney, tornando eliminatórios os exames de língua
portuguesa e redação.
"Os estudantes que pretendem ingressar na UNICAMP, no próximo vestibular, con-
cordam com o decreto do governo. Estão reclamando, apenas, que a Universidade de
Campinas está exigindo a leitura de um livro que entrará no exame inexistente no Bra-
sil: A Confissão de Lúcio, Mário de Sá Carneiro." (Isto é Senhor, n 991, 14/9/88).

Conforme redigido, o texto contém uma passagem ambígua (que pode ter mais de
uma interpretação).
a) Identifique essa passagem, transcreva-a e explique por que ela é ambígua.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Em seguida, reescreva-a de forma a tomar clara a interpretação pretendida pela


revista.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

16. (FATEC-SP) Nas palavras poliglota, tecnocracia, acrópole, demagogo e geografia


encontramos elementos gregos que têm as seguintes significações, respectivamente:
a) garganta, ciência, cidade, conduzo, terra
b) língua, governo, civilização, enganar, terra
c) muitas, deus, alto, povo, planeta
d) língua, governo, alto, povo, terra
e) muita, poder, cidade, diabo, tratado

17. (CESGRANRIO-RJ) Assinale o período em que aparece uma forma verbal incorreta-
mente empregada com relação à norma culta da língua.
a) Se o compadre trouxesse a rabeca, a gente do ofício ficaria exultante.
b) Quando verem o Leonardo, ficarão surpresos com os trajes que usava

161
c) Leonardo propusera que se dançasse o minuete da corte.
d) Se o Leonardo quiser, a festa terá ares aristocráticos.
e) O Leonardo não interveio na decisão da escolha do padrinho do filho.

18. Nomeie as figuras de linguagem encontradas nas frases abaixo:


a) “Adeus: vamos para a frente, recuando de olhos acesos.” (Drummond)
_________________________________
b) “Plantava tudo que era verdura, que ficavam velhas no chão. “(José Lins do Rego)
_________________________________
c) “A igreja era grande e pobre. Os altares, humildes.” (Carlos Drummond de Andrade)
_________________________________
d) “Algumas janelas, aqui e ali, continuam acesas, esquecidas da noite que se foi.”
(Fernando Sabino)
_________________________________
d) “- Ninguém não vê nem um pé de cana.” (J. Lins do Rego)
_________________________________
e) "E o olhar estaria ansioso esperando e a cabeça ao saber da mágoa balançando e o
coração fugindo e o coração voltando e os minutos passando e os minutos assando.”
(Vinícius de Morais)
_________________________________
f) “E os sessenta milhões de brasileiros falamos e escrevemos de inúmeras maneiras a
língua que nos deu Portugal.” (Raquel de Queirós)
_________________________________
g) “Guardei na memória pedaços de conversas.” (Graciliano Ramos)
_________________________________
h) “Essas que ao vento vêm Belas chuvas de junho!” (Joaquim Cardoso)
_________________________________
i) “Foi por ti que num sonho de ventura a flor da mocidade consumi.”
_________________________________

19. Relacione as figuras de som: (A) aliteração (C) paronomásia


(B) assonância (D) onomatopéia
a) ( ) “Leis perfeitos seus peitos
direitos me olham assim
fino menino me inclino
pro lado do sim
rapte-me adapte-me capte-me coração.” (Caetano Veloso)

b) ( ) “Plunct, plact, zum, você não vai a lugar nenhum.” (Raul Seixas)

c) ( ) “Toda gente homenageia Januária na janela.” (Chico Buarque)

d) ( ) “Há um pinheiro estático e extático.” (Rubem Braga)

162
ANOTAÇÕES

163
PÁG 164

PORTUGUÊS
PORTUGUÊS
AULA 1
Produção textual

1.0 Introdução

Por uma aprendizagem natural da escrita


Sem professor. Sem aula. Sem provas. Sem notas.
Sem computad or. Sem dom. Sem queda. Sem inspiração.
Sem estresse!
Só tu.
Tu e tu. Tu e o texto. Tu e a folha em branco.
Que impassível espera ser preenchida, para entretecer contigo a
teia de palavras que liga todas as dimensões de tua existência,
nesta travessia de comunicação de ti para contigo, de ti para o
outro.
Sem.
Só tu.
Com teu ritmo. Com tua pulsação. Com paixão.
Na aventura do cotidiano. De resgatar a memória.
De fecundar o presente. De gestar o futuro. Anunciando espe-
ranças. Denunciando injustiças. In(en)formando o mundo com
tua-vida-toda-linguagem.
Sem!
Levanta tua voz: em meio às desfigurações da existência, da so-
ciedade, tu tens a palavra.
A tua palavra. Tua voz. E tua vez. (Gilberto Scarton)

A comunicação talvez seja a mais magnífica das nossas ha-


bilidades como humanos. Seria impossível pensar no desenvolvi-
mento do homem sem a capacidade de se expressar.
Durante a sua história, a humanidade desenvolveu e aper-
feiçoou suas habilidades comunicativas, principalmente a escrita.
A invenção desta provavelmente foi a maior descoberta humana.
Ela nos deu o poder de acumular conhecimentos e experiên-
cias, que até corriam o risco de serem perdidos. O próprio início
da história começa com a invenção da escrita. Desde então, o
homem aperfeiçoou as técnicas de se comunicar a partir das le-

165
tras. Hoje, a habilidade com que uma pessoa consegue se expressar pela escrita é uma
forte marca de prestigio e, devido a esta importância, a nota da redação em provas de
vestibular tem um peso elevado.
Alguns gêneros textuais se consolidaram nos meios acadêmicos. São eles: a car-
ta, a narração, a dissertação.

1.1 Gêneros escolares

Dentro da narração, por exemplo, podemos usar diversos recursos linguísticos,


como a descrição, a enumeração ou a linguagem poética. Nesta, pode ser necessário
descrever uma personagem, ou até, ao contar uma passagem da narrativa, utilizar
uma imagem mais poética. Porém, não é aceitável passar o texto inteiro descrevendo a
personagem, nem escrever uma poesia de fato.
A seguir, temos o exemplo de uma redação escolar que foi tirada da Internet, no
caso uma dissertação. Podemos ver partes em que a aluna descreve e outras que nar-
ra, mas ao mesmo tempo não é uma descrição nem uma narração. Você conseguiria
apontar o que faz desse texto uma dissertação?

Ordem e inclusão

As cenas de violência escancarada que se tem presenciado no país, até en-


tão atípicas, principalmente nos últimos meses, demonstram as falhas do Estado
e servem como base de indagações sobre o seu papel e sua forma de agir contra o
crime.
Essa situação de extrema violência e medo que a sociedade tem vivenciado dá
indicações de um Estado desorganizado e corrupto. Vive-se sob o domínio de um Es-
tado que não cumpre sua função de garantir a liberdade, o trabalho, a educação e a
saúde de seus cidadãos; sem isso, principalmente as classes menos favorecidas ficam
totalmente sem perspectivas e motivações então responsáveis pela disseminação da
violência como forma de sobrevivência (assaltos, seqüestros, etc.). O Estado erra nova-
mente na maneira de combater essa violência, fruto do seu mau gerenciamento, que
se resume à tentativa de apenas reprimir a criminalidade, como se a prisão dos
criminosos resolvesse todos os problemas, ou seja, trata a violência com mais violên-
cia ̶ o que é na maioria das vezes aprovado pelas classes mais favorecidas, interes-
sadas apenas na manutenção da ordem ̶ quando deveria combater as desigual-
dades sociais, a corrupção, a sonegação de impostos e proporcionar educação,
emprego, e com isso combater primeiramente o que gera a criminalidade.
Enquanto não se conseguir uma gestão organizada com atuações claras e ob-
jetivas a fim de restaurar a moral política e social, lutando contra o individualismo e
frisando a importância do exercício da cidadania e da inclusão social, continuar-se-á
a assistir cada vez mais à impunidade do Estado frente a facções criminosas e a viver
cenas de uma guerra civil.
Renata C. de Mello F. Delfino

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166
1.2 Tema

Em geral, as redações escolares têm um


tema, que, além de definir o assunto sobre
o qual devemos escrever, também define o
gênero do texto e qual é o recorte que deve-
mos ter do texto. Vejamos um exemplo de
proposta de redação no quadro ao lado.

1.3 Leitor

Veja que a proposta traz textos que


falam sobre o tema. Estes textos são dados
para ajudar o aluno a refletir sobre o assunto
proposto, não há obrigação de utilizá-los a
não ser que esteja especificado no “comando”
da redação.
O comando é a parte da proposta que
especifica, qual é o gênero que está sendo
pedido na prova e qual é o recorte que deve
ser dado no tema.
Identifique o comando da proposta
dada como exemplo.

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______________________________________________

Podemos pensar que todo texto escrito segue o seguinte esquema:

No caso do vestibular, poderíamos adaptar para o seguinte esquema:

Ao escrever o candidato deve ter em mente que sua redação será lida por um
corretor, que é um professor de português. E estará avaliando em primeiro lugar se o
candidato escreveu sobre o tema. A fuga do tema causa a anulação do texto. Por isso é
muito importante ler a proposta atentamente.

167
EXERCÍCIOS

1. Veja a redação a seguir. Qual é o gênero do texto? E o tema?

Água - elemento fundamental


Tamandaré, o equivalente indígena do Noé bíblico, poupou sua civilização da
extinção salvando-a da tempestade que alagou o território em que vivia. A mitificação
da água, elemento recorrente na mitologia indígena, decorre justamente da suma
importância que essa substância pura tem para as tribos brasileiras. Quando, há quase
quinhentos anos, os portugueses em terra tupiniquim aportaram, um dos aspectos
que mais os impressionaram foi a limpeza característica de todos os índios: homens
e mulheres tão limpos que não se intimidavam em mostrar suas "vergonhas". Provav-
elmente, essa cena remeteu os lusitanos à sua própria "civilização moderna", em que
banhos diários eram simplesmente inimagináveis.
Na idade contemporânea, os hábitos concernentes à higiene pessoal pouco hav-
iam evoluído. Apesar de já serem conhecidos os mecanismos de transpiração e a teoria
infeccionista, que mostraram a necessidade de práticas de higiene constantes, muitos
mitos que ligavam a água a aspectos fisiológicos, como a esterilidade feminina, ainda
eram levados a sério, o que não permitiu que a água fosse utilizada em "larga escala",
como bem atesta o escritor Alain Corbin, estudioso da vida privada a partir da Rev-
olução Francesa.
Muito antes que a civilização contemporânea fizesse asserções sobre a questão
da água, ela já se configurava em elemento indispensável à formação da própria civi-
lização urbana. A água foi condição "sine qua non" para o surgimento e estabelecimen-
to de grupos humanos cujo legado é, até hoje, alvo de estudos: as civilizações meso-
potâmica, egípcia e chinesa prosperaram devido ao uso inteligente de seus recursos
hídricos. Sabendo irrigar e tornar produtivo o solo, foram capazes de se firmar como as
primeiras grandes civilizações humanas.
Atualmente, no limiar do terceiro milênio, a água vem sendo o principal objeto
de reflexão. Tudo porque o homem de hoje, que já incorporou as noções de limpeza
como algo imprescindível para as relações interpessoais, foi capaz de conquistar o es-
paço, mas não soube - ou não foi conveniente que soubesse - como manter íntegro o
elemento "matriz de todas as coisas", segundo o filósofo Nietzsche. O desenvolvimento
industrial, que transformou radicalmente a sociedade, não considerou a questão da
água como prioritária para que, a longo prazo, pudesse usufruir de todas as benesses
tecnológicas. As indústrias passaram a despejar seus dejetos tóxicos em rios. A urban-
ização não foi acompanhada pela instalação de eficientes redes de esgoto. Nem os
produtos da evolução tecnológica deixam por menos: constantemente se vêem nos
noticiários catastróficos acidentes ambientais causados pelo derramamento de óleo
dos petroleiros.
As conseqüências de anos de descaso com a questão da água estão mais próx-
imas do que se imagina, levando a humanidade a uma visão pessimista e obscura do

168
futuro: derretimento da calota polar, causado pela emissão excessiva de gases que
destroem a camada de ozônio, deixando o caminho livre para os raios infravermelhos;
envenenamento de seres vivos com substâncias tóxicas nos mananciais, contaminados
por dejetos tóxicos; chuva ácida, formada a partir de gases originários da queima de
combustíveis fósseis; ou ainda, a mais cruel e, ao mesmo tempo, simples das conse-
qüências: a sede causada pelo fim da água potável.
A civilização humana evoluiu de forma descompassada e paradoxal: relegou,
por muito tempo, a um segundo plano a substância responsável pela sua existência.
O homem atual, obeso de tecnologia e informação, mas desnutrido de medidas que
permitissem a manutenção de suas obras tenta, agora, com muita dificuldade e gastos
altíssimos, reparar os erros que cometeu na relação ingrata que manteve com a água:
obteve muito dela sem que a recíproca ocorresse.
O relacionamento ser humano-água deve voltar a ser permeado pelo sensa-
cionalismo típico de Alberto Caeiro, faceta bucólica do escritor português modernista
Fernando Pessoa, o qual, já neste século, percebeu e registrou a água não como mero
fator natural necessário para a sobrevivência, mas também como indispensável nas
relações emotivas entre os homens e destes para com a natureza.
Os índios brasileiros sabem - ou, infelizmente, sabiam - o valor incalculável da
água. Cabe-nos voltar à mentalidade da civilização que foi uma das constituintes do
povo brasileiro, tratando-a como parceira para o desenvolvimento. E isso só será feito
com a união da consciência social-ecológica e do crescimento tecnológico para de-
spoluir e valorizar a água do planeta quase cinza, mas que ainda tem resquícios azuis.

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ANOTAÇÕES

169
PORTUGUÊS
AULA 2
Parágrafo

2.0 O parágrafo

Espera-se que todas as pessoas que tenham sido alfabe-


tizadas saibam reconhecer um parágrafo ao vê-lo. Contudo, é
necessário admitir que quando somos obrigados a escrever um
texto, às vezes se torna complicado saber organizar as ideias den-
tro dessa estrutura.
A primeira característica de um parágrafo é que em sua
primeira linha é ligeiramente afastada da margem esquerda da
folha. Seu tamanho será definido por sua unidade temática, isto é,
cada argumento ou ideia do texto deve representar um parágrafo.

O parágrafo deve ser coeso e coerente, isto é, devemos


prestar atenção se dentro de nosso texto não há nenhuma ideia
solta ou se não estamos nos contradizendo.
Em geral, a construção de um parágrafo é bem intuitiva e
não há uma regra fixa para sua construção, porém, existem algu-
mas noções que podem nos guiar na produção do texto.

2.1 O parágrafo padrão

Como dito anteriormente, apesar de não haver uma norma


fixa para construção de um parágrafo podemos definir que um
bom parágrafo dentro de um texto dissertativo deve ser dividido
em três partes: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão.

170
- Tópico frasal: é constituído de dois ou mais períodos e expressa, de modo sin-
tético, a ideia central do parágrafo.
- Desenvolvimento: tem o intuito de esclarecer ao leitor a sua ideia. Deve ser es-
crito com clareza, tentando demonstrar àquele que lê a validade da idéia em questão.
- Fechamento: não é encontrado em todo parágrafo, consiste na finalização do
raciocínio iniciado no tópico frasal.

É importante frisar que a ideia central de um parágrafo dentro de um texto dis-


sertativo deve ter ligação direta com as outras ideias presentes nos demais parágrafos.
Quando os parágrafos apresentam ideias desconexas entre si, dizemos que a redação
não está coesa.

2.2 Tipos de parágrafo

Não existe um número definido para a quantidade de parágrafos em um texto


dissertativo. Mas, em geral, as melhores redações têm em torno de 4 ou 5 parágrafos.
Também podemos considerar que uma redação para o vestibular deveria ter no míni-
mo 3 parágrafos, pois o candidato tem cerca de 34 linhas para desenvolver seu texto, e
todo texto deve ter introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução: O primeiro parágrafo da redação deve apresentar ao leitor o assun-
to que será tratado e qual o enfoque que será dado ao assunto.

Podemos ver nesse parágrafo introdutório qual é o tema da redação, ao mesmo


tempo que já podemos perceber qual é a posição da autora com relação ao tema.
- Desenvolvimento: Devemos desenvolver nosso texto a partir das idéias expostas
na introdução.

171
Podemos perceber claramente que a ideia desenvolvida nesse parágrafo está
contida no parágrafo anterior, desta maneira temos a sensação de continuidade na
redação. Outra coisa que podemos notar é que este parágrafo está ligado ao anterior
mesmo sendo independente.
- Conclusão: O último parágrafo da redação não deve trazer nenhuma ideia nova
a redação, deve trabalhar somente com os dados que já foram informados durante o
texto.

Podemos ver em nosso exemplo, que a autora retoma sua ideia principal e soma
esta, posteriormente, às demais ideias que foram expostas no corpo da redação e à
conclusão propriamente dita do texto.

EXERCÍCIOS

1. Desenvolva também estes tópicos frasais dissertativos:


a)A prática do esporte deve ser incentivada e amparada pelos órgãos públicos.
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b)O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho.
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c)A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser proibida.


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d)direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano


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2. Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os conectivos:


a) O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que
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172
b) As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social
epolítica de muitos países, no entanto
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c) Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização profissional de


umapessoa, mas
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d) Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco sua própri-
aexistência, porque
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e) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência que
existehoje em várias cidades; outras, porém
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f) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque


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f) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto


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h) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura,
pois
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i) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censur-
a,entretanto
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j) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, porque


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k) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, embora


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3. Faça o parágrafo seguinte para as introduções:

173
a) Cultura e sociedade
A importância da água tem sido notória ao longo da história da humanidade,
possibilitandodesde a fixação do homem à terra, às margens de rios e lagos, até o
desenvolvimento de grandes civilizações, através do aproveitamento do grande poten-
cial deste bem da natureza. A sociedade moderna, no entanto, tem se destacado pelo
uso irracional dos recursos hídricos, celebrando o desperdício desbaratado de água
potável, a poluição dos reservatórios naturais e a radical intervenção nos Ecossistemas
aquáticos, de forma a arriscar não só o equilíbrio biológico do planeta, mas a própria
natureza humana.
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b) A água como problema social


Historicamente, a água tem recebido diversas representações, significações e
valoraçõespelos povos no mundo. Há um ponto, contudo, em que não há divergência
entre eles: a importância essencial da água para a sobrevivência humana.
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ANOTAÇÕES

174
PORTUGUÊS
AULA 3
Narração I

3.0 Introdução

Nessa unidade trabalharemos as especificidades do gênero


narrativo.
Faremos um aprofundamento dos conceitos, uma vez que
em outro momento da apostila já nos foram apresentados alguns
processos narrativos.
Cabe lembrar que uma vez que estamos em outra frente
da apostila de Língua Portuguesa, o olhar também mudará, pois
agora se pensa em produzir textos e não em interpretá-los.

3.1 Especificidade do gênero

- Crônica
Um gênero da narrativa no qual podemos identificar a apre-
sentação de acontecimentos, sem que haja, ainda, a elaboração e
o aprofundamento encontrado em outros tipos de narrativa, é a
crônica.
A origem da palavra crônica é grega e vem de chronos (tem-
po). É por esse motivo que uma das características definidora
desse gênero é o seu caráter contemporâneo. De modo bastante
direto e simplificado, a crônica pode ser apresentada como um
texto no qual encontramos o relato de fatos atuais, a partir dos
quais um autor desenvolve reflexões mais genéricas sobre a
questão principal a eles associadas. Exemplo:

"Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer coisa, quase 41. No


dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais quente deste verão
que inaugura o século e o milênio. Cheguei ao Santos Dumont, o
voo estava atrasado, decidi engraxar os sapatos. Pelo menos aqui
no Rio, são raros esses engraxates, só existem nos aeroportos e
em poucos lugares avulsos. Sentei-me naquela espécie de cadei-
ra canônica, de coro de abadia pobre, que também pode parecer
o trono de um rei desolado de um reino desolante. O engraxate
era gordo e estava com calor — o que me pareceu óbvio. Elogiou
meussapatos, cromo italiano, fabricante ilustre, os Rosseti. Uso-o

175
pouco, em parte para poupá-lo, em parte porque quando posso estou sempre de tênis.
Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e começou seu ofício. Meio careca, o suor
encharcou-lhe a testa e a calva. Pegouaquele paninho que dá brilho final nossapatos
e com ele enxugou o próprio suor,que era abundante.Com o mesmo pano, executou
com maestria aqueles movimentos rápidos em torno dabiqueira, mas a todo instante
o usava para enxugar-se — caso contrário, o suor inundaria o meu cromo italiano. E
foi assim que a testa e a calva do valente filho do povo ficaram manchadas de graxa
e o meu sapato adquiriu um brilho de espelho à custa do suor alheio. Nunca tive sap-
atos tão brilhantes, tão dignamente suados. Na hora de pagar, alegando não ter nota
menor, deixei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado, retribuiu a gorjeta
me desejando em dobro tudo o que eu viesse aprecisar nos restos dos meus dias. Saí
daquela cadeira com um baita sentimento de culpa. Que diabo, meus sapatos não
estavam tão sujos assim, por míseros tostões, fizera um filho do povo suar para ganhar
seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele brilho humano, salgado como
lágrima."
(Carlos Heitor Cony - “Folha de São Paulo”2001)

O tom particular, quase confessional do autor exemplifica bem o gênero crônica.


Fixa-se em um único momento e em uma única personagem. Mostra-se então que a
crônica, indiferente ao seu tamanho, pode ser profunda, sentimental e marcante.

- Conto
Caracterizado por ser uma narrativa curta, o conto se define como um gênero
intermediário entre a crônica e o romance. Geralmente, ele se estabiliza sobre uma
personagem central em que o enredo se desenrola ao redor desse personagem, com
um número reduzido de personagens secundárias. Exemplo:

O Estripador
No sábado, pelas cinco da tarde, a moça voltava da Igreja Adventista Filhos de
Jesus. Pouco antes da casa da patroa, viu o tipo mal-encarado. Correndinha atravessou
a rua.
A casa tem muros altos e um pequeno corredor na entrada. Com a chave na
mão, diante da porta, foi alcançada pelo cara, que lhe encostou uma faca na cintura:
- Nem um pio. Que eu te furo!
Um dia frio, ela estava de jaqueta, mesmo assim doeu fininho. O cara apertou
mais a arma:
- É um assalto. Dá a bolsa.
Ela estendeu a pobre bolsa: sete reais em notas e moedas. O tipo achou pouco.
Graças a Deus, vinha um casal na sua direção.
- Bem quieta, você. Feche a bolsa.
Daí passou o caminhão do lixo. Ela tentou fazer um sinal. O cara percebeu, e
cutucando o punhal:
- Olha pra cá.
Disfarçando, ele acenou para o lixeiro, pendurado ali no estribo:
- Oi, tudo bem?
Em seguida surgiu um ônibus amarelão. Ele ignorou. À espera do seguinte, no
sentido bairro. Voz forte e grossa:
- Você vem comigo. Ou te sangro aqui mesmo!
Suplicante, ela retorcia as mãos:
- Sou a babá do menino. Ele está doentinho. Precisa de mim.

176
Girava no dedo o anel: confessar que era noiva?
Em pânico, obrigada a subir com ele no ônibus. Perna trêmula, abriu a boca para
gritar... E tinha perdido a voz. Da boca aberta nadinha de som.
Mas o seu coração dava berros.
Ficaram de pé. Ela sentia a faca ali furando a jaqueta nova de couro. No terceiro
ponto, ele tocou a campainha. Os dois desceram.
Andaram duas quadras. Ele viu o terreno baldio. Lá nos fundos, uma e outra casa.
Ainda era dia claro:
- Não. Aqui, não.
O tempo inteiro rezava muda. Todas as preces numa só palavra - Jesus. Entregou
a alma ao Filho e ao Pai.
Ele caminhava depressa. Agarrava-a com força pelo braço. Outro terreno vazio.
Só uma casa de porta e janelas fechadas. Assim que avançaram, a luz da varanda foi
acesa. Ele bateu em retirada.
Mais um terreno com pessoas nas casas. Ele continuou a busca.
Lá adiante:
- É aqui.
Tudo deserto. Noitinha. Um barraco sem ninguém.
Até então, fé e esperança haviam-na amparado. Caiu em desespero.
- Tire a roupa.
Ela não queria. Fechou bem as pernas. Ele ergueu a lâmina e rasgou a manga do
blusão.
- Pra mim, matar é fácil. Escolha.
A moça tremia toda. Chorava muito. De joelho e mão posta:
-Tenha dó. Em nome de Jesus Cristinho.Leve a bolsa e a jaqueta. Por favor. Só me
deixe ir.
Pensa que teve dó, o bruto? Daí ela foi obrigada. Tanta confusão, a pobre tinha
andado pra cá pra lá, sem parar. Assim cansada, onde as forças de lutar e se defender?
E fez com ela o que bem quis. Fez isso.
-Os dentes, não. Sem os dentes, sua...
Mais isso.
-Abra. Mais. Senão eu...
Rasgou e rebentou. Uma brasa viva entre as pernas. Mais aquilo.
-Se vire. Não. Assim.
Estripou. A coitada que, virgem, se guardavapara o noivo, cuja vida era de casa
para aigreja e da igreja para casa.
Só a deixou depois de toda ensangüentada.Foi de tal violência. Aproveitou o mais
quepôde. Uma carnificina.
Já era noite. Mas tinha gente passando ao longe. Um casal de conversa lá na rua.
Se ela gritasse, alguém devia escutar e acudir. O bandido adivinhou na hora:
-Nem pense nisso!
E espetando a maldita faca no peito nu:
-Quer ver sangue?
Sem ela esperar, começou tudo outra vez. Otipo se serviu bem direitinho. Ainda
mais ferida e machucada.
Um carro parou adiante na rua. Faróis apagados. Ele achou perigoso. Mandou
queela se vestisse.
Já arrumados, o cara bem sério:
-Abra o Livro no Salmo 130.
Tal o espanto, a moça ergueu os olhos. E primeira vez ela viu quem era: grandão,

177
meio gordo, bigodão negro.
Certo que abriu a Bíblia, mas você tem voz?Nem ela, ainda mais no escuro. Ele
entãobuscou a sua no bolso, pequena assim. Ao clarão da lua, movia os lábios, sem pa-
lavras - estava lendo ou sabia-o de cor?
Disse que também era evangélico. Abandonado em criança pela mãe. E, depois-
de casado, pela Maria - a única de quemgostou. O amor, essa coisa, sabe como é. Todas
as mulheres eram vagabundas. Ele disse outra palavra. Para se vingar, caçava as moças
na rua. Se não fosse ela, tinha sido outra. Às vezes, atacava duas no mesmo dia.
- Não tenho nada a perder.
Foram andando a par. Já não a tocava. Derepente:
- Agora vá.
Devia ficar contente por deixá-la viva. E agradecida ao Menino Jesus, podia ter
sido pior.
-Não olhe pra trás.
A pobrinha chegou em casa pelas onze e meia da noite. Arrastava os pés, toda
torta e gemente. Sangrando pelos nove orifícios do corpo.
Trazia o relógio de pulso e o anel de noiva. Por eles o tipo não se interessou. Só
pelo dinheiro. Achou pouco sete reais. Mas levou assim mesmo.
Foram umas três semanas até sarar das rupturas, lesões e remendos. Não sabe
ainda ar esposta do exame para aids e hepatite.
A patroa não a quis mais de babá. O noivo, esse? Sumiu. Está custoso achar novo
emprego. E nunca pôde reler o Salmo 130. Quando chega a sua vez, fecha os olhos e
salta a página.
Dá uivos, meu coração nu. Esse bigodão negro e a golfada de fel e cinza na boca.
Do Salmo 130 se livrou.
E como evitar a hora fatídica das cinco datarde? Que se repete, sem falta. O dia
inteirosão sempre cinco da tarde. Cinco horas paradas no seu reloginho de pulso.
Os ferimentos cicatrizaram, é verdade. Mas nunca ficou boa. E nunca mais foi a
mesma.
(Dalton Trevisan)

Fica claro no trabalho do autor a maior preocupação com a narrativa, no sentido


de trabalhar o enredo, no entorno da personagem principal.
A profundidade da história em si é maior que em uma crônica, porém, pela
questão do espaço e mesmo do gênero, não pode se deter em particularidades das
personagens secundárias, ou mesmo de momentos que não marquem de maneira
mais direta a história principal.

- Romance
Gênero mais popular de narrativa, sendo o mais antigo e de produção mais ex-
tensa. Assim como os outros gêneros anteriormente citados, tem em si elementos
próprios que o caracterizam, como narrador, enredo, personagem, tempo e espaço.
O que geralmente diferencia o romance dos estilos já mencionados é sua maior
extensão física, a profundidade de abordagem que demanda personagens construídos
de maneira mais completa, desde os protagonistas até os secundários.

- Drama
Os textos deste gênero foram escritos para serem encenados, ou seja, são textos
para teatro. Normalmente há uma caracterização dos personagens e sua dinâmica é a
de um diálogo. Exemplo:

178
PRIMEIRO EPISÓDIO
Numa estalagem da estrada

MACÁRIO (falando para fora)


Olá, mulher da venda! Ponham-me na sala uma garrafa de vinho, façam-me a cama
e mandem-me ceia: palavra de honra que estou com fome! Deem alguma ponta de
charuto ao burro que está suado como um frade bêbado! Sobretudo não esqueçam o
vinho!

UMA VOZ
Há aguardente unicamente, mas boa.

MACÁRIO
Aguardente! Pensas que sou algum jornaleiro? Andar seis léguas e sentir-se com a
goela seca. Ó mulher maldita! Aposto que também não tens água?

A MULHER
E pura, senhor! Corre ali embaixo uma fonte que limpa como o vidro e fria como uma
noite de geada. (Sai)

MACÁRIO
Eis ai o resultado das viagens. Um burro frouxo, uma garrafa vazia. (Tira uma garrafa do
bolso). Conhaque! És um belo companheiro de viagem. És silencioso como um vigário
em caminho, mas no silêncio que inspiras, como nas noites de luar, ergue-se às vezes
um canto misterioso que enleva! Conhaque! Não te ama quem não te entende! Não te
amam essas bocas femininas acostumadas ao mel enjoado da vida, que não anseiam
prazeres desconhecidos, sensações mais fortes! E eis-te aí vazia, minha garrafa! vazia
como mulher bela que morreu! Hei de fazer-te uma nênia...

Neste exemplo vemos como se constrói um texto dramático, em que há a ênfase


no diálogo, com pouca mediação de um narrador. As falas vêm diretamente do per-
sonagem.

- Biografias
Texto que falam da vida “real” de personalidades, contando acontecimentos da
pessoa em questão. Podem ser objetivas ou subjetivas, questão que irá variar conforme
a intenção do biógrafo.

3.2 Como fazer uma narrativa

Agora que já sabemos quais os principais tipos e aspectos de narrativas, elenca-


remos alguns passos para que se produza um texto narrativo com qualidade.
Comecemos pelo narrador. A afirmação mais óbvia que se pode fazer a respeito
desta categoria é a de que toda história precisa ser contada por “alguém”; esse “al-
guém” que conta a história em um texto narrativo é chamado de narrador.
Ao se dizer que é o narrador quem conta a história em um texto narrativo, afir-
ma-se que é através dele que tomamos conhecimento do enredo, das características
das personagens, da descrição dos cenários, entre outros.
Da mesma forma é igualmente importante atentar para as decorrências da

179
escolha de um narrador. Quer ele seja fixado previamente pela proposta da narrativa,
quer ele seja escolhido por você, há que se tomar muito cuidado com as consequên-
cias dessa determinação. Por exemplo, o grau de consciência que esse narrador pode
ter das características (no caso, de personagens ou de cenário), ações, motivações etc.,
envolvidas na trama. Como você já sabe, esse grau de consciência depende muito de
qual dos dois tipos de foco narrativo for adotado: narrador em 1ª ou 3ª pessoa. Se for em
1ª pessoa, o narrador faz parte da história, limitando o seu conhecimento geral dos ac-
ontecimentos. Já o narrador 3ª pessoa é uma testemunha dos fatos relatados, podendo
ou não saber todos os aspectos das personagens e da história.
Sobre as personagens, é muito importante pensar no que significa caracte-
rizá-las, de fato. Você certamente já imaginou fisicamente algumas delas (altura, cor
dos cabelos, dos olhos, etc.), mas uma boa caracterização de personagens não pode
levar em consideração apenas aspectos físicos. Elas têm de ser pensadas como rep-
resentações de pessoas, e por isso sua caracterização é bem mais complexa, devendo
levar em conta também aspectos psicológicos de tipos humanos.
E isso, por sua vez, deverá estar sempre presente na sua cabeça quando você for
trabalhar as ações das personagens dentro da trama que está criando, ou seja, como
acontece com as pessoas, o comportamento delas é em grande parte determinado
por tais características psicológicas. A presença obrigatória de elementos de cenário
dentro de um texto narrativo não tem função de testar a capacidade de produzir tre-
chos descritivos.
Na verdade, os cenários em uma narrativa devem ter uma função determinada
no texto, ou seja, devem manter com a trama uma relação significativa. Explicando: o
cenário não é apenas um palco onde as ações se desenrolam, mas deve integrar-se aos
demais elementos da narrativa, por exemplo, ao sustentar a presença de personagens,
ao motivar ações específicas, ao fornecer indícios (pistas) sobre determinados acontec-
imentos etc. Assim como as personagens representam pessoas e os cenários, espaços
físicos (naturais, ambientais, geográficos etc.), o tempo numa narrativa representa,
justamente o tempo.
Óbvio? Deveria ser, mas grande parte dos problemas de verossimilhança den-
tro de textos narrativos são derivados da maneira como frequentemente se lida com
essa categoria. É muito comum, nas redações, o autor perder de vista o fato de que ele
deveria estar, ficcionalmente, representando o transcurso de existência, de ações pos-
síveis, no tempo. E ações e existências “consomem” tempo, na vida real. Portanto, por
que não o fariam também no espaço ficcional? A orientação aqui, para se dar uma, é
bastante simples: atenção para amaneira como os fatos, acontecimentos e ações das
personagens se articulam noplano temporal, ou, em termos mais simples, atenção
para o fato de que acontecimentos e ações têm, necessariamente, uma duração.
Pulamos o enredo? Na verdade, não. Apenas deixamos para comentá-lo no final
– e de passagem –, por um lado porque é dele que você certamente tem a ideia mais
bem formada (o enredo é a própria história); por outro, porque ele simplesmente não
existe sem a caracterização e o desenvolvimento dos outros quatro elementos: o enre-
do é resultado da atuação das personagens em determinados cenários, durante certos
períodos de tempo, tudo isso contado, para o leitor, por um narrador.

180
EXERCÍCIOS

1. O rapaz varou a noite inteira conversando com os amigos pela Internet. O pai , quan-
do acordou às 6 horas, percebeu a porta do escritório fechada e a luz acesa. O filho
ainda estava no computador e não havia ido dormir. Sem que este percebesse, trancou
aporta por fora. Meia hora depois...
a) Desenvolva a ideia acima, colocando uma complicação, um clímax e um desfecho.
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b) Reescreva a narração, invertendo a ordem: coloque primeiro o desfecho e depois o


restante da narrativa.
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c) Reescreva novamente a narração, colocando o clímax como primeiro parágrafo.


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2. Na porta da igreja, a moça pegou o carro, bateu a porta e saiu acelerando.


Imagine as seguintes situações:
a) A cena se passa em 1930. Narre o fato que gerou essa ação e a reação das pessoas
que assistiram ao fato.
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b) A cena se passa em 2007. Narre o fatoque gerou essa ação e a reação das pessoas

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que assistiram ao fato.
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3. Lembre-se de uma experiência que já tenha vivido e que durou poucos minutos, por
exemplo, um acidente ou um incidente. Conte-o quebrando a ordem cronológica dos
fatos, introduzindo sentimentos, conflitos, reflexões, recordações.
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4. O céu se fechou em nuvens negras, relâmpagos iluminavam tudo. Começou a cho-


ver forte.
a) A cena ocorre no Nordeste, depois de 6 meses sem chuva. Descreva o ambiente e a
reação das pessoas diante do fato.
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b) A cena ocorre no Sul, onde chove sem parar há 15 dias. Descreva o ambiente e a
reação das pessoas diante do fato.
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5. Construindo diálogos.
a) Escolha uma pessoa que admira (escritor, político, artista) e crie um diálogo entre
vocês, trocando ideias sobre algum fato.
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b) Você acorda e seu cachorro está do lado da sua cama. Ele começa a falar. Narre o
diálogo entre vocês dois.
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6. (UNICAMP 2003) No século XXII, um cientista resolve criar o "homem perfeito". Para
tanto, desenvolve um "acelerador genético", capaz de realizar em pouco tempo um
processo que supostamente duraria milênios. Aplica o engenho a um pequeno núme-
ro de cobaias humanas que, à idade propícia, são inseridas na sociedade, para cum-
prirem seu "destino". Dessas cobaias, uma suicidou-se, outra tornou-se um criminoso,
outra, presidente da república. A quarta é você, a quem cabe atestar o êxito ou o fra-
casso do experimento.
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7. Componha uma narrativa em primeira pessoa que contenha


·ações que justifiquem o desfecho das histórias de seus companheiros;
·um desfecho inteiramente diferente para sua própria história.

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183
ANOTAÇÕES

184
PORTUGUÊS
ES
AULA 4
Narração II

A narrativa por ser um tipo importante de texto, merece ser


trabalhada ponto a ponto.
Nessa unidade aprofundaremos três aspectos importantes
na constituição de um texto narrativo. Lembrando sempre que o
propósito desta unidade é redigir textos.

4.0 Personagem
No que se refere à posição dos personagens no interior da
narrativa temos: Protagonista: é o personagem principal de uma
narrativa. Nas narrativas clássicas era comumente o herói. Por
exemplo: Brás Cubas de Memórias Póstumas de Brás Cubas de
Machado de Assis.
- Antagonista: a personagem que rivaliza com o protagon-
ista. Comumente conhecido por vilão. No entanto, o antagonista
também pode ter aspectos positivos.
- Coadjuvantes ou secundários: são as personagens em tor-
no do protagonista.

Quanto à complexidade os personagens podem ser:


- Personagens esféricas: Personagens com capacidade de
surpreender, mas de maneira convincente. Na literatura há uma
profusão de personagens esféricas, especialmente a partir do
romance, com complexidade psicológica muito grande como
Werther, Dom Casmurro, Julien Sorel e tantos outros. Personagens
planas: são personagens que não mudam com as circunstâncias,
sendo facilmente identificados. Por exemplo, Luisa de O primo
Basílio.
- Personagens tipo: representam um grupo social, com
características facilmente encontradas nos grupos a quem que-
rem se referir. Por exemplo: o judeu, representado na figura de um
personagem egoísta. Um romance conhecido por ter um grande
número de personagens tipo é Memórias de um Sargento de Milí-
cias de Manuel Antônio de Almeida.

4.1 Tempo
O tempo na narrativa, como já visto em outra unidades,
pode ser dividido em duas categorias: cronológico, que é o tempo

185
que respeita a linearidade dos acontecimentos, a grosso modo é o tempo do relógio,
por exemplo, o romance O crime do Padre Amaro de Eça de Queirós, no qual há a pro-
gressão cronológica dos acontecimentos na vida da personagem título; e o psicológico,
o qual não segue nenhum tipo de progressão externa à mente da personagem.
Os acontecimentos são mostrados na medida em que vão surgindo na cabeça
da personagem, como exemplo, podemos citar Em busca do tempo perdido de Marcel
Proust.

4.2 Espaço
Espaço ou Ambiente físico é o local que serve de cenário à ação, onde as perso-
nagens se movem, agem e fazem com que a narrativa se desenrole.
É importante marcar que o espaço engloba aspectos da sociedade na qual se
insere a personagem, tal como especificidades culturais inerentes à localidade.
Tal conceito não se esgota em questões meramente físicas, podendo abarcar
o espaço interior das personagens, como suas lembranças, vivências, pensamentos e
sentimentos.
O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acor-
do com espaço ou ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.

4.3 Foco narrativo


O foco narrativo pode se apresentar de duas maneiras: primeira e terceira pes-
soa.
Em primeira pessoa temos um narrador personagem (principal ou secundário), o im-
portante é marcar que esta personagem testemunhou os fatos os quais vai relatar.
Portanto, seu olhar é parcial.
Já em terceira pessoa, denota um narrador externo à história que pode conhecer
o interior das personagens (onisciente) ou apenas um acompanhante dos aconteci-
mentos de forma distante, que reconhece apenas as ações e não os sentimentos (ob-
servador).

4.4 Conceito de verossimilhança


É o componente da literatura que podia ser ou poderia acontecer no mundo. Ela
é interna quando acontece no interior da obra, conferida pela conformidade com seus
postulados hipotéticos e pela coerência de seus elementos estruturais: a motivação e
a causalidade das sequências narrativas, a equivalência dos atributos e das ações das
personagens; e é externa, quando é conferida pelo imaginário com respeito às regras
do bom senso e da opinião comum. Se faltar a verossimilhança interna, dizemos que a
obra está incoerente.

186
EXERCÍCIOS

1. Redija as propostas abaixo:


a) Um grande mistério acaba de ser desvendado: descobriram quem roubou o banco.
Escreva um pequeno texto em que você é o protagonista.
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b) Usando o mesmo fato narrado acima, narre um pequeno texto em que você é o an-
tagonista.
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c) Agora você é apenas um personagem secundário da ação acima. Narre-a.


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2. Leia atentamente o texto abaixo:

A SINA DE ALFO
Alfo era um ratinho muito prestativo que trabalhava para o Rei Leão. Era alegre,
brincalhão, amigo com o qual o rei podia contar vinte e quatro horas por dia.
Mas com o passar do tempo, Alfo foi ficando triste, pois vivia praticamente pre-
so às suas obrigações de ajudante-de-ordens, conselheiro, ombudsman, mão direita,
mensageiro, e não tinha tempo para mais nada. Por causa de sua índole alegre e ex-
pansiva, o ratinho gostava de viver livremente. Por isso, ultimamente, o seu emprego o
desgostava muito; sentia-se escravo do dever.
O ratinho Alfo tornava-se cada vez mais sério, mais taciturno; nem as mais en-
graçadas piadas do papagaio o faziam rir. Os bichos viviam fazendo-lhe graça para
tentar descontraí-lo e sugeriam com preocupação:
- Alfo, ria! Rir faz bem!
- Alfo, ria! Você está envelhecendo.
Mas quê! Alfo foi ficando cada vez mais calado, até que um dia resolveu falar com

187
o Rei.
- Senhor, não agüento mais o peso das obrigações. Sou um ratinho sagitariano,
quero viajar, ser livre e o excesso de dever está me matando. Nem rir mais eu rio! To-
dos vivem me pedindo: - Alfo, ria! Você está muito triste! - porque percebem que estou
ficando cada vez mais descontente!
- E o que você sugere, meu fiel amigo?
- Que o senhor me libere de servi-lo. Continuarei sendo seu melhor amigo, se
quiser, seu conselheiro, mas quero ser livre. Quero dormir de madrugada, acordar com
o sol no meu focinho, quero visitar novas florestas, mas trabalhando assim como tra-
balho, não posso fazer nada disso!
- É, meu caro ratinho, você tem razão.
- Sabe, majestade, se eu continuar trabalhando tanto, sem ter tempo para mim,
vou me tornar amargo . Por favor, liberte-me de minhas obrigações.
- Quem sou eu para ir contra a personalidade de alguém? Prefiro-o como um
amigo alegre a um fiel servidor triste. De hoje em diante, você está livre, Alfo.
Alfo ria sem parar. Estava realmente feliz e poderia fazer tudo aquilo que qui-
sesse.
E foi a partir dessa história, a história do ratinho Alfo que queria a libertação do
pesado jugo do trabalho, que nasceu a palavra alforria.

No seu caderno, identifique:


a) no enredo: a introdução, a complicação, o clímax e o desfecho.
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b) o tempo
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c) o espaço
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d) os personagens
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e) o narrador e tipo de foco narrativo


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3. Leia a notícia abaixo e transforme-a em um relato em que a sua imaginação vai in-
terferir. Use elementos descritivos para caracterizar os personagens.

Ontem, por volta das 23 horas, num bar defronte à Rodoviária, Janete de Tal, 25
anos, atacou João Trabuco, 29 anos, desferindo-lhe sombrinhadas na cabeça.
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4. Invente uma história, utilizando os elementos seguintes: um homem/ uma mulher/


barulho de pancadas/ sala sem luz/noite chuvosa. Use elementos descritivos.

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5. Amplie a seguinte idéia, criando um pequeno texto. Você poderá colocar elementos
descritivos, nomes para os personagens, especificar o local e data.

Um homem foi a sua fazenda e dando comida para as galinhas, perdeu a sua
aliança. Com medo da mulher, dirigiu-se à cidade e pediu para um joalheiro amigo
fazer-lhe uma nova aliança. Ao chegar em casa, disse à mulher que a sua aliança havia
entortado por causa de uma pancada na porteira da fazenda e que havia mandado
arrumar. Passada uma semana, a mulher mandou-lhe trazer um frango da fazenda e
qual não foi sua surpresa ao abrir sua moela, encontrou a aliança lá dentro.
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6. Mudança de foco narrativo: passe os textos abaixo para a terceira pessoa.


a) Eu morava numa casa pequena, com um grande quintal e um enorme pomar.
Apanhava laranja no pé, vivia em cima da goiabeira, comia fruta-do-conde apanhada
na hora, saboreava pitanga, amora, jambo, caju e brincava, brincava muito à sombra
das árvores. Um de meus passatempos preferidos era brincar de casinha. Pegava as
bonecas, panelinhas, roupinhas e até uma pequena mobília feita na Industrial e ficava
horas trocando minhas "filhinhas" e fazendo comidinha num fogão improvisado , feito
com dois tijolos. De vez em quando, eu pegava todas as minhas bonecas, colocava-as
sentadas em frente a uma lousa e ensinava a elas o beabá; acho que foi nesse tempo
que eu escolhi minha profissão.
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b) Nos fundos da minha casa havia um riozinho. Meu pai costumava improvisar um

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barco feito com uma bóia de câmara de ar com uma bacia de alumínio dentro, no qual
me colocava junto com meus amigos para passear pelas águas mansas do riacho. De
vez em quando, fazíamos piquenique no areião e ficávamos horas nos divertindo à bei-
ra do Jaú, ouvindo o barulho das águas limpas correndo na cachoeira.
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c) Duas épocas do ano eram ansiosamente esperadas por mim: o mês de junho e o
de dezembro. Em junho, havia uma grande festa junina na chácara do Seu Ferrari, um
bondoso professor da Industrial, amigo de minha família. Fazia muito frio e eu com
minha família e meus amigos ficávamos em volta de uma grande fogueira, bebendo
quentão, comendo churrasco, doces típicos e soltando balão. Quantos balões! Como
eu gostava de balões! O céu ficava iluminado tantos eles eram. Às vezes demoravam a
subir, ficavam balançando; de repente tomavam fôlego e subiam devagarinho. E sum-
iam na noite estrelada. Lembro que várias vezes a festa coincidiu com o aniversário da
Industrial; meu pai e seus colegas saíam no começo da noite para fazer a tradicional
serenata que terminava ali, em volta da fogueira.
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d) Em dezembro, havia o Natal. O tão esperado Natal, o Natal do vestido novo, do sapa-
to debaixo da árvore, dos pedidos, muitas vezes não atendidos, e do Papai-Noel. Meses
antes, minha mãe plantava um pinheirinho que depois era todo enfeitado com bolas
coloridas e um pisca-pisca. Eu acreditava em Papai-Noel (e em cegonha também) e
essa é uma das melhores lembranças que guardo da minha infância. Algumas vezes
ele mesmo veio trazer o meu presente. Eu me lembro que na noite do dia 24, eu não
queria ir dormir. Queria esperar o velhinho. Mas o sono vinha e eu acabava dormindo
sentada no sofá. - Acorde, o Papai-Noel chegou! - Você pediu uma boneca com cabelo
para pentear, não é? Está aqui! (Anos mais tarde fiquei sabendo que ele era um fun-
cionário da Loja Renascença).
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190
e) Muitas vezes não recebi pessoalmente do Papai-Noel o que havia pedido. Mas, ao
acordar, na manhã do Natal, era a maior alegria ver o meu presente e o do meu irmão
colocados ao lado de nosso melhor par de sapatos, sob a árvore.
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f) Essas são apenas algumas das muitas recordações alegres que guardo da minha
infância. Infância de pureza e ingenuidade, de bastante música, de inúmeras brinca-
deiras e de muitos amigos sinceros que me acompanham até hoje, cujos filhos são
amigos dos meus filhos. Eram tempos difíceis aqueles, tudo era conseguido com mui-
to sacrifício, mas todos tínhamos um grande tesouro que jamais será esquecido: tín-
hamos a felicidade!
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7. Mudança de foco narrativo: passe o textos abaixo para a primeira pessoa.


Era sua primeira viagem internacional. Tirou o passaporte, juntou dólar por dólar,
estudou roteiros, pesquisou agências e decidiu: Bariloche. Não parava de pensar como
seria bom viajar num grande Boeing bebericando um whiskinho e desembarcar em
outro país, com alguém lhe esperando com seu nome numa tabuleta. Era demais para
um simples mortal como ele. Mas... E a língua? Ele conhecia meia dúzia de palavras em
castelhano, como iria se virar? Segundo já ouvira diversas vezes, não haveria problema,
pois afinal português e castelhano são tão parecidos... Ele era muito esperto e com um
pouco de paciência seria fácil se fazer entender.
A viagem foi maravilhosa, tudo saiu como ele havia sonhado. O voo valeu mais
que várias aulas de Geografia e ele achou Bariloche muito mais bonita do que as fo-
tos das revistas; as paisagens, a cidade, as confeitarias... A noite se arrumou, colocou o
seu blaser de lã, suas luvas de antílope e foi exatamente aí que aconteceu o inespera-
do. Como ele não estava com muita fome, resolveu entrar numa das confeitarias que
achou simpática e pediu um lanche. O garçon, solícito lhe deu o cardápio. Ele, sem
olhá-lo - afinal não ia entender nada mesmo - disse pausadamente:
- Amigo, eu só quero um lanche! Quero apenas um "perro caliente".
- Como, señor?
- Eu quero um "perro caliente".
- O garçon balançou a cabeça negativamente; não entendera nada do que ele
tentava dizer. Mas ele insistiu:
- Um "perro caliente"!
E encolhendo seus braços, dobrou suas mãos para baixo em posição e cachor-
rinho equilibrista e começou a latir:
- Au, au! " Um perro caliente"! Au, au! Perro, perro!
Um brasileiro da mesa ao lado, observando-o e rindo de sua frase e de seus ges-
tos, disse:
- Garçon, ele quer um "pancho", um"pancho". E ele, meio sem graça, tentando
esconder a sua vergonha, falou:

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- Como é que eu ia adivinhar que cachorro-quente em castelhano é "pancho"?
Não tem nada a ver...

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192
ANOTAÇÕES

193
PORTUGUÊS
AULA 5
Carta

A carta é uma modalidade de texto. Ao escrevermos um


texto desse tipo, devemos nos preocupar com seu destinatário,
pois isso interferirá diretamente na maneira como vamos redigi-la.
Pensando assim, podemos classificá-la de duas maneiras.
O primeiro é a correspondência oficial e comercial, que nos
é enviada pelos poderes políticos ou por empresas privadas (co-
municações de multas de trânsito, mudanças de endereço e tele-
fone, propostas para renovar assinaturas de revistas, etc.). Este tipo
de carta caracteriza-se por seguir modelos prontos, em que o rem-
etente só altera alguns dados. Apresentam uma linguagem padro-
nizada (repare que elas são extremamente parecidas, começando
geralmente por "Vimos por meio desta...") e normalmente são
redigidas na linguagem formal culta. Nesse tipo de correspondên-
cia, mesmo que venha assinada por uma pessoa física, o emissor é
uma pessoa jurídica (órgão público ou empresa privada), no caso,
devidamente representada por um funcionário.
As cartas oficiais e comerciais devem conter os pronomes
de tratamento a quem se dirigem.

Outro tipo de correspondência é a carta pessoal, que


utilizamos para estabelecer contato com amigos, parentes,
namorado (a). Tais cartas, por serem mais informais que a cor-
respondência oficial e comercial, não segue modelos prontos,
caracterizando-se pela linguagem coloquial. Nesse caso o reme-
tente é a própria pessoa que assina a correspondência. Exemplo
de carta oficial:

194
Uma carta nunca pode deixar de conter os dados
do destinatário e o pronome de tratamento adequado.
Observação: As cartas oficiais podem ser concluídas de
duas maneiras:
- Respeitosamente, para todas as autoridades su-
periores, inclusive presidente
da República;
- Atenciosamente para autoridades de mesma hi-
erarquia ou hierarquia inferior.
A carta pessoal permite ao remetente escrever de
maneira mais descontraída e em linguagem coloquial.
Exemplo de carta pessoal ao lado:

195
EXERCÍCIOS

1. Segue um exemplo de uma carta oficial, destaque os procedimentos que a fazem


receber essa classificação.
Brasília, 26 de outubro de 2005.
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva e todo o povo
brasileiro,

As redes de organizações e movimentos sociais da sociedade civil abaixo-assina-


das dirigem-se à Vossa Excelência e publicamente vêm reafirmar posição contrária ao
projeto de transposição de águas do Rio São Francisco. Pelas razões a seguir expostas:
Vossa Excelência, durante campanha presidencial, explicitou a complexidade do
projeto e a necessidade de garantir um amplo debate e novos estudos sobre o assunto,
o que até agora não ocorreu satisfatoriamente. Pior, o governo se recusa a aceitar os
resultados dos poucos espaços de debates existentes, quando esses se mostram con-
trários ao projeto. Por exemplo, o governo de Vossa Excelência se recusa a aceitar as
condições estabelecidas pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF)
ou da I Conferência Nacional do Meio Ambiente que aprovou uma moção de repúdio
e uma deliberação de proibição da transposição de águas do Rio São Francisco. Igual-
mente com relação aos pareceres críticos da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência - SBPC e do Centro de Estudos e Projetos do Nordeste - CEPEN, resultados de
seminário ocorrido em Recife, em outubro de 2004.
Entidades Assinantes:
ABRANDH - Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos
ADITAL - Agência de Informação Tito de Alencar para América Latina;
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2. Seguem três propostas do vestibular da Universidade Estadual de Campinas. Sele-


cione duas e redija, em seu caderno, as cartas para os respectivos destinatários, organi-
zando os textos segundo a necessidade.

a) Escrever ao Papa, para demonstrar a necessidade de a Igreja Católica, em alguns


casos, rever sua postura frente ao aborto;
b) Escrever a um congressista procurando persuadi-lo a apresentar um anteprojeto
para a legalização do aborto no Brasil;
c) Escrever ao Roberto Carlos procurando persuadi-lo a incluir, em seu LP de final de
ano, uma música em favor da descriminação do aborto.
Carta 1
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196
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Carta 2
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3. Abaixo segue uma reportagem publicada na Folha Online no dia 12 de fevereiro de


2007, relacionada a uma manifestação a respeito da “Lei Cidade Limpa”.

Grupo realiza protesto na região central de São Paulo


Um grupo realiza um protesto, na manhã des-
ta segunda-feira, em frente à sede da prefeitura, no
viaduto do Chá (centro de São Paulo).
De acordo com a CET (Companhia de Engen-
haria de Tráfego), o grupo protesta contra a lei Ci-
dade Limpa, que proíbe a publicidade exterior nas
ruas da cidade, e ocupa a calçada.
Apesar de não haver interdição de via, a man-
ifestação causa transtornos ao motorista. Há len-
tidão nas proximidades do viaduto.

Após a leitura do texto redija uma carta destinada aos editores do jornal, posicionan-
do-se a favor ou contra a lei e a manifestação. Lembre-se de seguir as regras de pro-
dução desse gênero textual.
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4. Abaixo há excertos extraídos de cartas. Classifique como carta formal ou pessoal e


justifique sua resposta

197
a) Gosto muito de você, meu amor sempre foi visível, e muito verdadeiro...
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

b) Caro Roberto,
Escrevo-lhe movido de intensa inquietação, já que, depois de esperar você e sua família
na estação ferroviária durante horas, recebi a notícia que se desaveio com minha
alegria: o falecimento de sua sogra...
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

c) Temos a satisfação de recomendar o Sr. José da Silva, nosso funcionário durante dois
anos, para o emprego em questão...
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

5. Complete com o pronome de tratamento adequado:


a) _____________________ (rei) será recebida em nosso país da maneira mais respeitosa.
b) _____________________ (papa) veio ao Brasil este ano.
c) Nesta circunstância, _________________________ está enganada, Doutor Juiz.
d) "Vamos ouvir a palavra do __________ Senhor Presidente da República...".

6. Assinale o tratamento dado ao reitor de uma Universidade:


a) Vossa Senhoria
b) Vossa Santidade
c) Vossa Excelência
d) Vossa Magnificência
e) Vossa Paternidade

7. (UF-RJ) Numa das frases, está usado indevidamente um pronome de tratamento.


Assinale-a:
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de Vossa Magnificência.
b) Sua Excelência, o Senhor Ministro, não compareceu à reunião.
c) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que conclua a sua oração.
d) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade.
e) Procurei o chefe da repartição, mas Sua Senhoria se recusou a ouvir as minhas expli-
cações.

198
ANOTAÇÕES

199
PORTUGUÊS
AULA 6
Dissertação I

6.0 Dissertar X expor

A dissertação é um gênero misto, que traz dentro de si mui-


tos outros gêneros. Mas, tem como característica fundamental a
defesa de uma tese, ou seja, de uma ideia proposta pelo próprio
autor do texto, explicitando sua opinião sobre o tema tratado.
Muitas vezes os alunos ao tentarem fazer um texto dissertativo
acabam omitindo sua opinião, e acabam fazendo um texto que
simplesmente comenta o tema. Por exemplo, ao invés de dizer se
é contra ou a favor do aborto, a pessoa se detém em falar sobre
como esta questão é tratada no Brasil, sem fazer nenhuma pon-
deração crítica sobre o assunto.
A tradição acadêmica consagrou a dissertação como o
gênero científico por excelência. Isto é, todo trabalho cientifico fei-
to dentro da Universidade é escrito nessa “forma”. E por essa razão
a grande maioria dos vestibulares pede para que o candidato redi-
ja um texto dissertativo.

6.1 Tema, assunto e argumento

A prova de redação con-


siste basicamente em um tema
que deve ser desenvolvido pelo
candidato. Por exemplo:
TEMA: Pagam o preço do pro-
gresso aqueles que menos des-
frutam dele.
O tema acima foi dado
no vestibular da Universidade
Estadual de Londrina. A partir
do tema o candidato deve esco-
lher o assunto, ligado ao tema,
que vai tratar em seu texto. Isto
é, por qual ângulo o tema será
tratado.

200
Temos no esquema anterior duas possibilidades de trabalhar o tema. A úni-
ca coisa que limita a abordagem de mais de um assunto dentro de uma redação é a
questão de tempo/espaço. Ou seja, o tamanho da folha que o candidato tem para fazer
sua redação e o tempo que tem para terminar a prova. Por essa razão é recomendado
trabalhar somente um assunto, para que o texto não pareça superficial de mais.
A partir da escolha do assunto, devemos ter em mente qual a nossa opinião
frente a ele e a partir dessa opinião encontrar os argumentos que sustentam tal
posição. Por exemplo, se um candidato escolher falar sobre os povos que têm que
abandonar seu modo de vida em nome do progresso, ele pode abordar o assunto
mostrando o quão cruel considera isso. Contudo, somente expressar sua opinião não é
o suficiente, é preciso convencer o leitor que sua ideia é valida, para tal utiliza os argu-
mentos.
Um argumento possível para a visão que o abandono do modo de vida de al-
gumas populações por causa do progresso seja negativo, seja o processo que faz que
algumas culturas simplesmente desapareçam em nome de uma outra que é consid-
erada melhor, dessa forma a população se tornaria cada vez mais “massificada”.
Perceba que estamos tratando resumidamente quais argumentos poderiam ser
levantados para sustentar a opinião. E durante o desenvolvimento do texto devemos
tomar cuidado para não fugir do tema. Por exemplo, não podemos passar o resto do
texto falando sobre massificação esquecendo da questão das pessoas que pagam pelo
progresso e não usufruem.

6.2 Título

O título não é o tema, isto é, se o tema pede para falar sobre progresso, não se
deve colocar o título “O progresso”.

6.3 As partes

(Nacionalismo manipulado FUVEST 2003)


O título deve vir sempre centralizado, sem aspas ou traços em baixo. Pular uma
linha após o título é OPCIONAL por uma questão estética.
Outras características importantes do título é que deve trazer em si um “resumo”
da ideia principal do texto. Não há necessidade de se preocupar se o título ficou um
pouco vago, desde que lendo o texto saibamos o porquê dele. O título também serve
para despertar no leitor a curiosidade por ler o texto, por exemplo ao ver uma redação
chamada Macabéas e vândalos o leitor só saberá do que se trata se ler o texto aten-
tamente, além de já no inicio conter uma citação literária. Apesar da importância do
título o aluno pode abrir mão desse recurso caso não tenha nenhuma ideia boa para o
título ou tenha algum problema no número de linhas que necessita usar.
A redação é formada por três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
A introdução deve apresentar o tema, o assunto e os argumentos ao leitor, sem espe-

201
rar que o leitor já saiba qual tema será tratado. Essa apresentação deve ser breve de no
máximo um parágrafo.
O desenvolvimento deve trazer a argumentação propriamente dita. O candidato
deve provar que sua opinião sobre o assunto tem fundamento. Em geral, mais de dois
parágrafos.
A conclusão também deve ser de um parágrafo apenas e não deve trazer nenhu-
ma informação nova, o autor deve trabalhar somente com o que já foi dito.

EXERCÍCIOS

Observe o tema a seguir:

(FUVEST 1997) Redija uma DISSERTAÇÃO em prosa, relacionando os três textos abaixo.

Texto 1
Na prova de Redação dos vestibulares, talvez a verdadeira questão seja sempre a
mesma: "Conseguirei?". Cada candidato aplica-se às reflexões e às frases na difícil
tarefa de falar de um tema A proposto, com a preocupação em B – "Conseguirei?" –,
para convencer um leitor X.

Texto 2
Ao escrever "Lutar com palavras / é a luta mais vã. / Entanto lutamos / mal rompe a
manhã", Carlos Drummond de Andrade já era um poeta maior da nossa língua.

202
Texto 3
É difícil defender,
só com palavras, a vida (João Cabral de Melo Neto)

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203
PORTUGUÊS
AULA 7
Dissertação II

7.0 Critérios de avaliação

Pensando no caráter seletivo da prova de vestibular, deve-


mos ter em mente os critérios de avaliação que serão levados em
conta durante a correção de nossa prova.
O critério de avaliação não é um critério imutável e geral para
todos, apesar de ser baseada em critérios técnicos as valorizações
que se dá a cada item é subjetivo. Assim, uma banca de correção
pode dar um peso pequeno para erros gramaticais enquanto que
outra pode considerar os mesmos erros como sendo mais graves.
Contudo, hoje em dia existem alguns critérios que parecem con-
senso entre os corretores.

7.1 A aparência

Apesar de parecer um critério supérfluo, o vestibulando


começa a ganhar seu examinador pela aparência do texto. Um
texto com boa caligrafia,
bem organizado, com
parágrafos bem divididos
torna a leitura mais flu-
ente e agradável.
Seu corretor não
terá que se esforçar para
entender o que está escri-
to. Também devemos ter
em mente que algumas
regras que aprendemos
no ensino fundamental
ainda valem nos dias de
hoje, como fazer parágra-
fo e escrever até o final da
linha.

Veja o exemplo ao lado:

204
Mesmo sem conseguir ler o que está escrito podemos distinguir perfeitamente
título e os parágrafos. Também podemos perceber que o texto vai até o fim da linha
sem deixar espaços em branco. Isso é possível pelo uso da divisão silábica

7.2 A gramática

Muitos alunos ficam preocupados quanto aos erros gramaticais em seus textos.
Essa apreensão é válida em certa medida, pois os problemas gramaticais são descon-
tados da nota. Os avaliadores tentam distinguir o que é um simples deslize de um de-
sconhecimento da norma culta. Desta forma se a pessoa esquecer um acento agudo
em uma palavra, pode não ter sua nota alterada, contudo se isso for uma constante em
seu texto o corretor considerará que o vestibulando não sabe a regra de acentuação e
a nota sofrerá um desconto.

7.3 Pertinência à proposta

O examinador verificará se o vestibulando entendeu o tema e se as ideias conti-


das no texto examinado são pertinentes à proposta de redação. Assim, a banca exa-
minadora dará uma nota maior ao texto que tiver tratado do tema com maior profun-
didade, sem “fugir” da proposta nem ficar comentando o assunto superficialmente.

7.4 Estrutura

Será avaliado se o candidato fez a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.


Sempre verificando o êxito do em tento do candidato.
Quanto à coesão será verificado o trabalho do candidato dentro dos parágrafos
e entre eles. Isto é, ao retirar um parágrafo de seu texto, o leitor deve conseguir en-
tendê-lo individualmente, porém, ao ler o que sobrou da redação sem a parte retirada,
deve sentir que ali falta algo.
O candidato também deve ser coerente durante todo o texto, sem nunca entrar
em contradição. Por exemplo, ao defender a importância dos direitos humanos, não
pode posteriormente defender que exista a certas pessoas esses direitos não deveriam
ser aplicados.

7.5 Clareza e concição

As ideias e argumentos são avaliados, além do critério de coerência apresentado


anteriormente, quanto à clareza, isto é, se o argumento foi apresentado de maneira
simples e eficiente.
Ao contrário do que muitos pensam, um bom texto para o vestibular não é o que

205
fala difícil, mas o que torna uma ideia complexa fácil de se entender. Ou seja, de nada
serve um texto que o leitor não consegue ler, portanto devemos ter certezas que to-
dos os nossos argumentos estão sendo expostos de maneira clara. Por outro lado, não
devemos tentar “encher linguiça” ou tentar escrever algo com mais palavras do que o
necessário. Devemos ser concisos, falar apenas o necessário para o texto.

7.6 Quanto à linguagem

A redação deve estar escrita na “Norma Culta” evitando neologismos, coloquialis-


mos ou gírias. Também é necessário que o candidato apresente um bom vocabulário,
para que possa evitar a repetição de palavras durante o texto.
O uso de termos filosóficos pode somar pontos para a redação, contudo, o uso
de uma palavra muito difícil e específica pode acabar prejudicando a clareza do texto.
O ideal é que o examinador não tenha que recorrer a um dicionário para entender o
que o candidato quis dizer.

7.7 Mitos

Existem diversos mitos sobre a redação no vestibular, talvez o maior deles seja a
questão da criatividade. O vestibular não exige do candidato um “talento” literário, não
é isso que será avaliado. Sobre esse assunto a Folha de São Paulo publicou o seguinte
texto:

Alunos descumprem proposta de redação e desenham no vestibular


"Chuá! Piu-piu-piu! Chuá! Piu-piu-piu! Riinch! Chuá. Piu-piu-piu. Chuá. Piu-piu.
Riinch." A sequência de onomatopeias (palavras cuja pronúncia imitam o som natural
da coisa significada) na frase acima não é uma brincadeira, mas sim a reprodução do
trecho de uma redação para o vestibular da Unesp.
Há várias suposições para tentar justificar e entender a ousadia ou a ingenuidade
do vestibulando que, por desconhecimento do tema ou excesso de confiança, des-
cumpriu a proposta da redação do vestibular--que, no caso da Unesp, é realizar uma
dissertação.
Os responsáveis pelas provas de redação dos vestibulares da Unicamp, da USP e
da Unesp acreditam que o mito da criatividade e a certeza de que o vestibulando não
irá ser aprovado são as principais causas das redações apelidadas de "camicase" pelo
professor de língua portuguesa e literatura Rogério Chociay.
"Estudei as redações do vestibular da Unesp por quatro anos e é difícil entend-
er o motivo que leva o candidato a tomar uma atitude assim. Acho que o que falta no
aluno é fazer uma boa leitura dos enunciados, porque um erro desses o desclassifica
automaticamente", disse Chociay.
A professora de língua portuguesa da USP e vice-presidente do vestibular da
Fuvest, Maria Thereza Fraga Rocco, conta que os candidatos não devem acreditar nas
histórias de que as redações ousadas recebem nota máxima.
"Aquelas 'pérolas' sobre redações veiculadas pela internet são lendas. Não há
chances de o aluno ser aprovado se fizer uma redação fugindo da proposta", afirmou.
O diretor acadêmico da Vunesp, Fernando Dagnoni Prado, disse que todos os anos
acontecem as redações camicase. Segundo ele, num primeiro momento, os textos
chegam a chamar a atenção da banca examinadora, mas sempre são desclassificados.
"Todo ano isso acontece. A gente não sabe se o aluno está cansado, se está
desesperado ou se ele quer ser criativo e resolve arriscar. Existem casos em que os can-

206
didatos fazem contestações das provas, mas não sabemos exatamente o que os levou
a fazer isso."
Houve um caso, por exemplo, de um vestibulando que iniciou a redação de acor-
do com o tema proposto e depois passou a redigir desabafos, criticando o sistema de
ensino, os vestibulares e a cobrança da família. "Nós tentamos entender se o candidato
faz isso para desafiar os examinadores ou simplesmente pelo prazer de contestar algo."
A crença de que a criatividade é a solução para a redação é um dos motivos de anu-
lação das provas de redação da Unicamp. Na opinião da coordenadora da redação da
Unicamp, Meirelen Salviano Almeida Rodrigues, os candidatos buscam escrever "saca-
das", acreditando que isso é sinal de criatividade, mas acabam tendo a redação anula-
da.
"Geralmente os candidatos ignoram a coletânea de textos que são forneci-
dos para a redação. E o simples fato de ele não ler as instruções da prova pode des-
classificá-lo para a segunda fase, mesmo que ele tenha ido muito bem nas demais
questões."
Meirelen destacou que o número de desenhos feitos nas redações tem diminuí-
do. "Os candidatos estão começando a se conscientizar que, em nenhum vestibular,
essa postura funciona."

ANOTAÇÕES

207
EXERCÍCIOS

1. Observe o tema a seguir e posteriormente leia a redação que foi considerada uma
das melhores do ano dessa prova e busque nela características que a fazem ser uma
boa redação.

208
209
PORTUGUÊS
AULA 8
Construindo significados

Os grandes vestibulares do país apresentam sempre ao can-


didato uma série de textos.
Esses textos giram sempre em torno de um tema comum,
e têm por objetivo principal, fazer com que o aluno consiga esta-
belecer relação entre todos eles e retire alguns assuntos que lhe
permitam dissertar a respeito.
Nesta unidade serão apresentadas diversas coletâneas para
que possamos formar acuidade diante dos temas de redação, para
a partir de então, retirarmos uma tese e dissertarmos.
A coletânea que se segue foi apresentada no vestibular de
2007 na Universidade Federal da Bahia.

Os textos a seguir deverão servir de base para a sua Redação.

I. O solo, um dos mais importantes recursos naturais, é com-


posto por fragmentos de rocha, argilominerais formados pela
alteração química dos minerais da rocha-matriz e pela matéria
orgânica produzida por organismos que nele vivem.
A cor dos solos é variável, desde o vermelho e marrom inten-
so dos solos ricos em ferro até o preto de solos ricos em matéria
orgânica. Os solos também variam de textura.
Alguns são repletos de seixos e areia; outros são compostos
quase que inteiramente de argila. O solo, por ser uma parte essen-
cial do meio ambiente e da economia, tornou-se um campo de
estudo separado, a ciência do solo, desenvolvida no século.
Os cientistas do solo, bem como agrônomos, geólogos e
engenheiros, estudam a composição e a origem do solo, sua ap-
tidão para a agricultura e a construção seu valor como registro das
condições climáticas do passado.
(PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. Tradução Rualdo Men-
egat et al. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p.173-185. Adapta-
do.)

II. A Terra em que pisamos, habitamos, por onde andamos,


atravessamos, viajamos, no contato (roçar) com sua superfície,
produz uma poderosa sensação de abrigo, segurança, acolhida,
tal qual a proteção de um imenso colo de mãe. Não é à toa que a

210
Terra é mãe, em oposição ao desconhecido, enigmático e contraditório Céu. Ora é luz,
engravidando a Terra de vida, ora é escuro mistério do infinito insondável.
A vista aérea da Terra, por sua vez, ao nos arrancar do contato com a superfície
é, simultaneamente, encantadora e inquietante. Na mudança e escala do olhar, a pais-
agem da Terra — borbulhante nas formas e cores da natureza e acrescida pelas linhas,
vincos, estrias e configurações variadas das marcas do fazer humano — transforma-se
em uma espécie de planta-baixa, chapada, mas ao mesmo tempo tátil e multiforme.
(SANTAELLA, Lúcia. Cultura das mídias. São Paulo: Experimento, 1996. p. 256.)

III. TERRA
[...]
Eu estou apaixonado
por uma menina terra
Signo de elemento terra
do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza
terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guia
[...]
De onde nem tempo nem espaço,
que a força mãe dê coragem
Pra gente te dar carinho,
durante toda a viagem
Que realizas do nada,
através do qual carregas
o nome da tua carne
Terra, terra,
Por mais distante
o errante navegante
Quem jamais te esqueceria? (VELOSO, Caetano. Terra)

IV. CIO DA TERRA


Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo milagre do pão
e se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana
a doçura do mel,
se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação
De fecundar o chão (NASCIMENTO, Milton; BUARQUE, Chico. Cio da terra)

V. O RETIRANTE CHEGA À ZONA DA MATA, QUE O FAZ PENSAR, OUTRA VEZ EM IN-
TERROMPER A VIAGEM.
— Bem diziam que a terra
se faz mais branda e macia

211
quanto mais do litoral
a viagem se aproxima.
Agora afinal cheguei
nessa terra que diziam.
Como ela é uma terra doce
para os pés e para a vista.
Os rios que correm aqui
têm a água vitalícia.
Cacimbas por todo lado;
cavando o chão, água mina.
Vejo agora que é verdade
que pensei ser mentira.
Quem sabe se nesta terra
não plantarei minha sina?
Não tenho medo de terra
(cavei pedra toda a vida),
e para quem lutou a braço
contra a piçarra da Caatinga
será fácil amansar
esta aqui, tão feminina
Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto)

VI. ASSENTAMENTO
Quando eu morrer, que me enterrem na beira do chapadão
contente com minha terra
cansado de tanta guerra
crescido de coração
[...]
Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Chico Buarque
(SALGADO, Sebastião. Terra)

A UFBA oferece ao candidato a uma vaga uma coletânea que possui seis tex-
tos. Todos eles possuem como tema central a terra, seja ela entendida como solo ou
como o planeta, entretanto um traço comum a esses textos é a relação da terra com o
homem.
O exame vestibular espera que o aluno ao ler o conjunto de texto consiga estabe-
lecer a relação mencionada acima, ou seja, a relação existente entre o homem e a terra,
para, a partir de então, começar a redigir seu texto.
A coletânea serve de subsídio a que escreverá o texto, tem como função suscitar
a reflexão do candidato sobre o tema. Espera-se que ele articule sua experiência prévia
de vida, leitura e reflexão com o que é apresentado pela coletânea.

212
EXERCÍCIOS

1. Abaixo seguem duas propostas de redação. Após lê-las, tente aferir qual é o tema
central dos textos, anote que tipo de reflexão suscita cada excerto apresentado pela co-
letânea, para somente depois disso começar a redigir seu texto.

Tema I
(UNICAMP 2000) Água - elemento fundamental
I- Tamandaré, o equivalente indígena do Noé bíblico, poupou sua civilização
da extinção salvando-a da tempestade que alagou o território em que vivia. A miti-
ficação da água, elemento recorrente na mitologia indígena, decorre justamente da
suma importância que essa substância pura tem para as tribos brasileiras. Quando,
há quase quinhentos anos, os portugueses em terra tupiniquim aportaram, um dos
aspectos que mais os impressionaram foi a limpeza característica de todos os índios:
homens e mulheres tão limpos que não se intimidavam em mostrar suas "vergonhas".
Provavelmente, essa cena remeteu os lusitanos à sua própria "civilização moderna", em
que banhos diários eram simplesmente inimagináveis.
II- Na idade contemporânea, os hábitos concernentes à higiene pessoal pou-
co haviam evoluído. Apesar de já serem conhecidos os mecanismos de transpiração e
a teoria infeccionista, que mostraram a necessidade de práticas de higiene constantes,
muitos mitos que ligavam a água a aspectos fisiológicos, como a esterilidade feminina,
ainda eram levados a sério, o que não permitiu que a água fosse utilizada em "larga
escala", como bem atesta o escritor Alain Corbin, estudioso da vida privada a partir da
Revolução Francesa.
III- Muito antes que a civilização contemporânea fizesse asserções sobre a
questão da água, ela já se configurava em elemento indispensável à formação da
própria civilização urbana. A água foi condição "sine qua non" para o surgimento e
estabelecimento de grupos humanos cujo legado é, até hoje, alvo de estudos: as civ-
ilizações mesopotâmica, egípcia e chinesa prosperaram devido ao uso inteligente de
seus recursos hídricos. Sabendo irrigar e tornar produtivo o solo, foram capazes de se
firmar como as primeiras grandes civilizações humanas.
IV- Atualmente, no limiar do terceiro milênio, a água vem sendo o principal
objeto de reflexão. Tudo porque o homem de hoje, que já incorporou as noções de
limpeza como algo imprescindível para as relações interpessoais, foi capaz de conquis-
tar o espaço, mas não soube - ou não foi conveniente que soubesse - como manter
íntegro o elemento "matriz de todas as coisas", segundo o filósofo Nietzsche. O desen-
volvimento industrial, que transformou radicalmente a sociedade, não considerou a
questão da água como prioritária para que, a longo prazo, pudesse usufruir de todas
as benesses tecnológicas. As indústrias passaram a despejar seus dejetos tóxicos em
rios. A urbanização não foi acompanhada pela instalação de eficientes redes de esgo-
to. Nem os produtos da evolução tecnológica deixam por menos: constantemente se
veem nos noticiários catastróficos acidentes ambientais causados pelo derramamento
de óleo dos petroleiros.

213
V- As conseqüências de anos de descaso com a questão da água estão mais
próximas do que se imagina, levando a humanidade a uma visão pessimista e obscura
do futuro: derretimento da calota polar, causado pela emissão excessiva de gases que
destroem a camada de ozônio, deixando o caminho livre para os raios infravermelhos;
envenenamento de seres vivos com substâncias tóxicas nos mananciais, contaminados
por dejetos tóxicos; chuva ácida, formada a partir de gases originários da queima de
combustíveis fósseis; ou ainda, a mais cruel e, ao mesmo tempo, simples das conse-
qüências: a sede causada pelo fim da água potável.
VI- A civilização humana evoluiu de forma descompassada e paradoxal: rele-
gou, por muito tempo, a um segundo plano a substância responsável pela sua existên-
cia. O homem atual, obeso de tecnologia e informação, mas desnutrido de medidas
que permitissem a manutenção de suas obras tenta, agora, com muita dificuldade e
gastos altíssimos, reparar os erros que cometeu na relação ingrata que manteve com a
água: obteve muito dela sem que a recíproca ocorresse.
VII- O relacionamento ser humano-água deve voltar a ser permeado pelo sen-
sacionismo típico de Alberto Caeiro, faceta bucólica do escritor português modernista
Fernando Pessoa, o qual, já neste século, percebeu e registrou a água não como mero
fator natural necessário para a sobrevivência, mas também como indispensável nas
relações emotivas entre os homens e destes para com a natureza.
VIII- Os índios brasileiros sabem - ou, infelizmente, sabiam - o valor da água. Ca-
be-nos agora voltar à mentalidade da civilização que foi uma das constituintes do povo
brasileiro, tratando-a como parceira para o desenvolvimento. E isso só será feito com a
união da consciência social-ecológica e do crescimento tecnológico para despoluir e
valorizar a água do planeta quase cinza, mas que ainda tem resquícios azuis.

Tema II
(FUVEST 2002) Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B – SP), visando
proteger a identidade cultural da língua portuguesa, apresentou um projeto de lei que
prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeirismos. Mais que isso, declarou o
Deputado, interessa-lhe incentivar a criação de um "Movimento Nacional de Defesa da
Língua Portuguesa".
Leia alguns dos argumentos que ele apresenta para justificar o projeto, bem textosco-
mo os subsequentes, relacionados ao mesmo tema.
I- "A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre
outro se dá pela imposição da língua.(...)" "...estamos a assistir a uma verdadeira descar-
acterização da Língua Portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de es-
trangeirismos –como ‘holding’, ‘recall’, ‘franchise’, ‘coffee-break’, ‘self-service’ – (...). E isso
vem ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero supor que
estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a comunicação oral
e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às palavras e expressões
importadas, em geral do inglês norte-americano, que dominam o nosso cotidiano (...)"
"Como explicar esse fenômeno indesejável, ameaçador de um dos elementos mais vi-
tais do nosso patrimônio cultural – a língua materna –, que vem ocorrendo com inten-
sidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos?(...)"
"Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha complacência cul-
tural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em prol da língua pátria,
mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma espécie. (...)"
(Dep. Fed. Aldo Rebelo, 1999)
II- "Na realidade, o problema do empréstimo linguístico não se resolve com ati-
tudes reacionárias, com estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à entrada de

214
palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o
gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com
energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáti-
cos, à condição de mero usuário de criações alheias."
(Celso Cunha, 1968)
III- "Um país como a Alemanha, menos vulnerável à influência da colonização
da língua inglesa, discute hoje uma reforma ortográfica para ‘germanizar’ expressões
estrangeiras, o que já é regra na França. O risco de se cair no nacionalismo tosco e na
xenofobia é evidente. Não é preciso, porém, agir como Policarpo Quaresma, person-
agem de Lima Barreto, que queria transformar o tupi em língua oficial do Brasil para
recuperar o instinto de nacionalidade.
No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a usar, entre outros ex-
emplos, a palavra ‘entrega’ em vez de ‘delivery’."
(Folha de S. Paulo, 20/10/98)

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215
PORTUGUÊS
AULA 9
Revisão

Nesta unidade faremos uma pequena revisão dos conteú-


dos de produção de texto, visto que nos vestibulares, a construção
de textos está presente tanto na forma de redações quanto nas
respostas para exercícios dissertativos.
Dissertação: É o ato de discorrer sobre determinado assunto,
buscando sempre argumentações que levem a alguma conclusão.
Para elaborar uma dissertação de vestibular deve-se, antes de
começar a escrever, planejar cuidadosamente o texto.
O planejamento da dissertação deve seguir rigorosamente
os seguintes aspectos:
1) Ler atentamente o tema, buscando as mensagens que o
autor da frase quis passar ao leitor, ou seja, descobrir a intenção do
autor ao escrever a frase.
2) Reler o tema, anotando as palavras-chave-palavra que
encerra o significado global de um contexto, ou que o explica e
identifica-o,
3) lnterpretar o tema denotativamente: definir o sentido do
tema, ou seja, alcançar com a inteligência a intenção do autor,
buscando as mensagens que ele quis passar ao leitor, partindo
das palavras-chave e elaborando perguntas relacionadas ao tema.
4) Interpretar, se necessário, conotativamente o tema: com-
preender o significado das palavras usadas em sentido figurado.
5) Delimitar a ideia apresentada pelo tema: reestruturar o
tema com suas próprias palavras, de acordo com a interpretação
feita anteriormente, ou seja, escrever um pequeno parágrafo,
demonstrando o que você entendeu do tema.
6) Decidir qual será o objetivo final de seu texto, ou seja, qual
será a conclusão a que se quer chegar.
7) Refletir sobre os argumentos que poderão ser utilizados
para chegar à conclusão escolhida, selecionando aqueles que
mais condizem com o tema.
8) Elaborar a dissertação.

216
EXERCÍCIOS

1. Diálogo ultrarrápido
— Eu queria propor-lhe uma troca de idéias
— Deus me livre! (Mario Quintana)

No diálogo acima, a personagem que responde: — Deus me livre! cria um efeito de hu-
mor com o sentido implícito de sua frase fulminante.
a) Continue a frase — Deus me livre!, de modo que a personagem explicite o que esta-
va implícito nessa frase.
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b) Transforme o diálogo acima em um único período, usando apenas discurso indireto.


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2. "O que dói nem é a frase (Quem paga seu salário sou eu), mas a postura arrogante.
Você fala e o aluno nem presta atenção, como se você fosse uma empregada."
(Adaptado de entrevista dada por uma professora. Folha de S. Paulo, O3/O6/01)

a) A quem se refere o pronome você, tal como foi usado pela professora?
Esse uso é próprio de que variedade linguística?
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b) No trecho como se você fosse uma empregada, fica pressuposto algum tipo de dis-
criminação social? Justifique sua resposta.
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3. Observe este texto, criado para propaganda de embalagens:


Ao final do processo de reciclagem, aquele lixo de lata vira lata de luxo, embalando as
bebidas que todo mundo gosta, das marcas que todo mundo pode confiar.
a) Reescreva, corrigindo-os, os segmentos do texto que apresentem algum desvio em
relação à norma gramatical.
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b) Transcreva do texto um trecho em que apareça um recurso de estilo que tome a


mensagem mais expressiva. Explique em que consiste esse recurso.
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217
4. Capitulação
Delivery
Até pra telepizza
É um exagero.
Há quem negue?
Um povo com vergonha
Da própria língua
Já está entregue. (Luis Fernando Verissimo)

a) O título dado pelo autor está adequado, tendo em vista o conteúdo do poema? Jus-
tifique sua resposta.
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b) O exagero que o autor vê no emprego da


palavra "delivery" se aplicaria também a
"telepizza"? Justifique sua resposta.
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5. Verão excessivo
Eu sei que uma andorinha não faz verão, filosofou a andorinha-de-barriga-branca.
Está certo, mas agora nós somos tantas, no beiral, que faz um calor terrível, e eu não
aguento mais! (Carlos Drummond de Andrade — Contos plausíveis)

a) Com base na queixa da andorinha-de-barriga-branca, reformule o provérbio "Uma


andorinha não faz verão".
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b) Está adequado o emprego do verbo "filosofou", tendo em vista que ele se refere ao
provérbio citado no texto?Justifique sucintamente sua resposta.
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6. Leia o seguinte texto:


Os irmãos Villas Bôas não conseguiram criar, como queriam, outros parques indí-
genas em outras áreas. Mas o que criaram dura até hoje, neste país juncado de
ruínas novas.

a) Identifique o recurso expressivo de natureza semântica presente na expressão "rui-


nas novas".
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b) Que prática brasileira é criticada no trecho “país juncado (=coberto) de ruínas no-
vas”?
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7. BR. Contribuindo para o cinema brasileiro rodar cada vez melhor.

218
A Petrobras Distribuidora sempre investiu na cultura do País e acreditou no po-
tencial do cinema brasileiro. E a Mostra BR de Cinema é um exemplo disso. Sucesso de
público e crítica, hoje a Mostra já está na sua 26a. edição e sua qualidade é reconhecida
por cineastas do mundo todo. E você tem um papel muito importante nesta história:
toda vez que abastecer em um Posto BR estará contribuindo também para o cinema
brasileiro rodar cada vez mais.
(Adaptado do Catalogo da 26a. Mostra BR de Cinema — out/2002)
Considerando os elementos visuais e verbais que constituem este anúncio, identifique
no texto:
a) a palavra que estabelece de modo mais eficaz uma relação entre patrocinado e
patrocinador. Justifique sua resposta.
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b) Duas possíveis leituras da frase: "E você tem um papel muito importante nesta
história".
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8. Conta-me Claúdio Mello e Souza.


Estando em um café de Lisboa a conversar com dois amigos brasileiros, foram eles
interrompidos pelo garçom, que perguntou, intrigado:
Que raio de língua é essa que estão aí a falar, que eu percebo(*) tudo?
(*) percebo = compreendo (Rubem Braga)

a) A graça da fala do garçom reside num paradoxo. Destaque dessa fala as expressões
que constituem esse paradoxo. Justifique.
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b) Transponha a fala do garçom para o discurso indireto. Comece com: O garçom lhes
perguntou, intrigado, que raio de língua...
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9. Décadas atrás, vozes bem afinadas cantavam no rádio esta singela quadrinha de
propaganda:
As rosas desabrocham
Com a luz do sol,
E a beleza das mulheres
Com o creme Rugol.
Os versos nunca fizeram inveja a Camões,
mas eram bonitinhos.
E sabe-se lá quantas senhoras nao foram atrés do creme Rugol para se sentirem
novinhas em folha, rosas resplandecentes. (Quintino Miranda)
a) Reescreva o primeiro parágrafo do texto, substituindo "Décadas atrás" por "Ainda
hoje" e transpondo a forma verbal para a voz passiva. Faça as adaptações necessárias.
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b) Que expressões da quadrinha justificam o emprego de novinhas em folha e de res-


plandecentes, no comentário feito pelo autor do texto?

219
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10. A tua saudade corta


como aço de navaia...
coração fica aflito
Bate uma, a outra faia...
E os óio se enche d'água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai... (Fragmento de “Cuitelinho", canção folclórica)
a) Nos dois primeiros versos há uma comparação. Reconstrua esses versos numa frase
iniciada por "Assim como (...)", preservando os elementos comparados e o sentido da
comparação.
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b) Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada de acordo com a norma-padrão,


haveria prejuízo para o efeito de sonoridade explorado no final do último verso? Por
quê?
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11. OLeia atentamente os três textos abaixo.


Texto I
Está no dicionário Houaiss:
autoestima s.f. qualidade de quem se valoriza, se contenta com
seu modo de ser e demonstra, conseqüentemente, consagra em
seus atos e julgamentos.
A definição do dicionário parece limitar-se ao âmbito do
indivíduo, mas a palavra autoestima já há algum tempo é associa-
da a uma necessidade coletiva. Por exemplo: nós, brasileiros, pre-
cisamos fortalecer nossa autoestima. Neste caso, a satisfação com
nosso modo de ser, como povo, nos levaria é confiança em nossos
atos e julgamentos.
Mas talvez seja o caso de perguntar: não são os nossos atos e julgamentos que acabam
por fortalecer ou enfraquecer nossa autoestima, como indivíduos ou como povo?

Texto II
Estão num poema de Drummond, da década de vinte, os versos:
E a gente viajando na pátria sente saudades da pátria.
(...)
Aqui ao menos a gente sabe que é tudo uma canalha só.

Texto III
Está num artigo do jornalista Zuenir Ventura, de dois anos atrás: De um país em crise
e cheio de mazelas, onde, segundo o IBGE, quase um quarto da população ganha R$
4 por dia, o que se esperaria? Que fosse a morada de um povo infeliz, cético e pessi-
mista, não? Não. Por incrível que pareça, não. Os brasileiros não só consideram seu
país um lugar bom e ótimo para viver, como estão otimistas em relação a seu futuro
e acreditam que ele se transformará numa superpotência econômica em cinco anos.
Pelo menos essa é a conclusão de um levantamento sobre a “utopia brasileira” realiza-

220
do pelo Datafolha.

Com o apoio dos três textos apresentados, escreva uma dissertação em prosa, na qual
você deverá discutir manifestações concretas de afirmação ou de negação da autoes-
tima entre os brasileiros. Apresente argumentos que deem sustentação ao ponto de
vista que você adotou.

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221
222
ANOTAÇÕES

223
PÁG 224

MATEMÁTICA
MATEMÁTICA
AULA 1
Números inteiros

1.0 Introdução

No conjunto dos números naturais as operações de adição


e multiplicação dão co- mo resultado um número natural. Mas, na
subtração de dois números naturais, o resul- tado pode não ser
natural; por exemplo, 2 - 4 = -2, que não é um número natural. E
para superar tal deficiência, foi construído o con- junto dos númer-
os inteiros.
O conjunto dos números inteiros, que indicamos com Z, é
constituído pelos números naturais e, também, pelos inteiros neg-
ativos:
Z = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3,...}.
E, chama-se módulo de um número inteiro a distância do
ponto correspondente a esse número até o ponto de origem na
reta numérica.

- O módulo de +3 é 3 e indica-se: |+3| =3.


- O módulo de -4 é 4 e indica-se: |-4| = 4.

1.1 Operações com números inteiros e regra de sinais

- Adição
- Operação: (-3) + (-7)

225
Usando a reta numérica, verificamos que o deslocamento final foi de 10 unidades
no sentido negativo: -10.
Então: (-3) + (-7) = -10

- Operação: (-6) + (+4)

Então: (-6) + (+4) = -2

Se os números têm o mesmo sinal:


- Quando os dois números são positivos, a soma é a soma dos módulos com o
mes- mo sinal das parcelas. Exemplo: (+5) + (+3) = +8
- Quando os dois números são negativos, a soma é a soma dos módulos com o
mesmo sinal das parcelas. Exemplo: (-3) + (-7) = -10

Se os números têm sinais diferentes:


O módulo do resultado é igual à diferença positiva entre os módulos das parcelas
e sinal do resultado corresponde ao sinal do número que tiver o maior módulo. E- xem-
plo: (-7) + (+2) = -5

- Subtração
Para os naturais, a subtração é efetuada da seguinte maneira:
8 -3 = 5, pois 5 + 3 = 8.
Repetindo o mesmo procedimento para os números inteiros:
(+7) - (-4) = 11, pois (+11) + (-4) = +7
Note que esse resultado é o mesmo de (+7) + (+4) = +11.
Ou seja, (+7) - (-4) = (+7) + (+4).
Subtrair dois números inteiros é o mes mo que adicionar o primeiro com o opos-
to do segundo. Exemplo: (+3) – (-2) = (+3) + (+2) = 5

- Multiplicação
Considere a seguinte tabela de multiplicação:

Seguindo este mesmo raciocínio:

226
- A multiplicação de dois números positi- vos resulta em um número positivo. E-
xemplo: 2 x 3 = 6
- A multiplicação de um número positivo por um número negativo, resulta em
um número negativo. Exemplo: (-5) x 7 = -35
- A multiplicação de dois números nega- tivos resulta em um número positivo.
Exemplo: (-6) x (–8) = 56

- Divisão
Para os naturais, a divisão é efetuada da se- guinte maneira:
36: 9 = 4, pois 9 x 4 = 36
Lembrando que neste caso, o 36 é chamado dividendo, o 9 divisor e o 4 quo-
ciente. Repetindo o mesmo procedimento para os inteiros:
(-27): (-3) = +9 pois (-3) x (+9) = -27

Para efetuar a divisão de dois números diferentes de zero, calculamos o quo-


ciente dos módulos desses números:
- Se o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o quociente é um número positi-
vo.
- Se o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, o quociente é um número neg-
ativo.
E essa questão do sinal de um quociente é pensada da mesma forma como na
multiplicação.

1.2 Expressões numéricas

Para resolver expressões numéricas com parênteses, colchetes e chaves, deve-


mos seguir a ordem de resolução:
1º) Parênteses ( )
2º) Colchetes [ ]
3º) Chaves { }
E a ordem das operações:
1º) Multiplicações e divisões na ordem em que aparecem.
2º) Adições e subtrações na ordem em que aparecem.
Exemplo: [6 + (9: 3) x (2 + 2 + 16) - 1 x (40 : 8 -3)] : 1 – 2 =
[6 + 3 x (4 + 16) - 1 x (5 - 3)] : 1 - 2 =
[6 + 3 x (20) - 1 x 2] : 1 - 2 =
[6 + 60 - 2] : 1 - 2 =
64 : 1 - 2 =
64 - 2 = 62

227
EXERCÍCIOS

1. Calcular:
Exemplo: 7 + 3 x 5 = 7 + 15 = 22
a) 4 + 5 x 8 =
b) 7 + 2 x 6 =
c) 3 + 6 x 1 =
d) 11 + 4 x 3 =

2. Calcular:
Exemplo: 16 – 4 x 3 = 16 – 12 = 4
a) 31 – 15 x 2 =
b) 19 + 18 : 2 =
c) 27 – 32 : 4 =
d) 36 – 28 : 7 =

3. Calcular:
Exemplo: 7 x 5 – 18 : 2 = 35 – 9 = 26
a) 6 x 4 + 3 x 7 =
b) 18 : 6 – 14 : 7 =
c) 24 : 4 + 1 x 4 =
d) 8 x 6 – 72 : 8 =

4. Calcular:
Exemplo: 7 x (5 + 3) – 24 : 6 = 7 x 8 – 4 = 56 – 4 = 52
a) 5 x (7 + 4) + 3 x 2 =
b) 7 x (8 : 4) – 4 x 3 =
c) (8 - 3) x 4 + 18 : (5 - 2) =
d) (3 + 9) : 3 – 4 : (7 - 5) =

5. Efetuar:
Exemplo: (+3) x (+4) = +12
a) (+2) x (+5) =
b) (+1) x (+6) =
c) (+7) x (+3) =
d) (+4) x (+9) =

6. Efetuar:
Exemplo: (-3) x (+4) = -12
a) (-2) x (+3) =
b) (+3) x (-4) =

228
c) (-7) x (+4) =
d) (-1) x (+5) =

7. Efetuar:
Exemplo: (-3) x (-4) = +12
a) (-2) x (-3) =
b) (-3) x (-5) =
c) (-5) x (-7) =
d) (-1) x (-8) =

8. Efetuar:
Exemplo: (+8) : (+2) = +4
a) (+15) : (+3) =
b) (+24) : (+4) =
c) (+36) : (+12) =
d) (+18) : (+3) =

9. Efetuar:
Exemplo: (+12) : (-4) = -3
a) (+15) : (-3) =
b) (-12) : (+4) =
c) (-16) : (+8) =
d) (+3) : (-1) =

10. Efetuar:
Exemplo: (-12) : (-3) = +4
a) (-14) : (-7) =
b) (-26) : (-2) =
c) (-18) : (-9) =
d) (-7) : (-1) =

11. Efetuar:
Exemplo:
(+8) x (-3) : (+4) = (-24) : (+4) = -6
a) (+12) x (-4) : (-6) =
b) (-18) : (+9) x (+5) =
c) (-24) : (+8) x (-3) : (-1) =
d) (+7) x (-6) : (+14) x (-1) =

12. Efetuar:
Exemplo: -9 + [+2 - 1 + (-50 + 28)]=
-9 + [+2 - 1 + (-22)] =
-9 + [+2 - 1 – 22] =
-9 + [+2 – 23] =
-9 + [-21] =
-9 - 21 = -30

a) 133 - [(35 + 8) - (12 - 3)] - {(17 + 4) - [15 - (11- 9)]} =

229
13. A temperatura em Paris pela manhã era de -4ºC. À tarde, essa temperatura subiu 8
graus. Qual a temperatura de Paris, à tarde nesse dia?

14. Partindo do nível do mar, um submarino desceu 150m e, depois, desceu mais
250m. Dê a posição do submarino em relação ao nível do mar.

15. Um helicóptero voa a uma altitude de 14m em relação ao nível do mar, e um sub-
marino navega a 63m de profundidade, qual a distância entre eles?

16. Dois números inteiros, um positivo e outro negativo têm como produto -12 e como
soma +4. Quais são esses números?

17. Por qual número inteiro devemos substituir a letra a para que se tenha: a : (-11) = -4.

DESAFIO. Efetuar 5 + {3 – 2 x [32 + 2 x (9 + 1)] : (-16 + 3)} : (-11) – 3 =

230
GABARITO
1. a) 44 b) 19 c) 9 d) 23 2. a) 1 b) 28 c) 19 d) 32

3. a) 45 b) 1 c) 10 d) 39 4. a) 61 b) 2 c) 26 d) 2

5. a) +10 b) +6 c) +21 d) +36 6. a) -6 b) -12 c) -28 d) -5

7. a) +6 b) +15 c) +35 d) +8 8. a) +5 b) +6 c) +3 d) +6

9. a) -5 b) -3 c) -2 d) -3 10. a) +2 b) +13 c) +2 d) +7

11. a) +8 b) -10 c) -9 d) +3 12. 91

13. +4ºC 14. -400 m

15. 77 m 16. -2 e +6

17. +44 DESAFIO. 1

ANOTAÇÕES

231
MATEMÁTICA
AULA 2
Potenciação

2.0 Potenciação

Dados os números a e n, com n > 1, a expressão a n cha-


ma-se potência e representa uma multiplicação de n fatores
iguais ao número a, ou seja:

an = a x a x a x a x a x ... x a

n fatores

Observando alguns exemplos:


(+20)2 = (+20).(+20) = +400
2 fatores

Neste caso:
• 2 é o expoente
• (+20) é a base
• (+400) é o resultado da potência

Exemplos:

(-4)4 = (-4).(-4).(-4).(-4) = +64


(+5)5 = (+5).(+5).(+5).(+5).(+5) = +3125
(-7)3 = (-7).(-7).(-7) = -343
02 = 0.0 = 0

Temos que:
• Quando o expoente é um número par, a potência sempre é um
número positivo.
• Quando o expoente é um número ímpar, a potência tem o mes-
mo sinal da base.
• Para todo número a, temos a1 = a
• Base nula gera potência nula, se o expoente não é nulo. Pois: 00
não se define!

232
E é importante considerar a diferença entre as expressões (-6)2 e -62:

(-6)2 representa o quadrado do número -6, portanto (-6)2 = +36

-62 representa o oposto do quadrado do número 6, portanto -62 = -36

2.1 Propriedades da potenciação

Multiplicação de potências de mesma base


O produto de potências de mesma base é igual à outra potência com a mesma base
cujo expoente é a soma dos expoentes da multiplicação.

52.53 = (5.5).(5.5.5) = 5.5.5.5.5 = 55


Então, 52.53 = 52 + 3 = 55

Divisão de potências de mesma base


O quociente de potências de mesma base é igual à outra potência com a mesma base
cujo expoente é a diferença dos expoentes da divisão.

25:24 = 24 = 2.2.2.2.2 = 2 = 21
5

2 2.2.2.2

Então, 25:24 = 25-4 = 21

Potência de potência
A potência de uma potência é igual à outra de mesma base, cujo expoente é o produto
dos expoentes.
Seja a potência 310, podemos fazer:

310 = 35+5 = 35.35 = (35)2 ou


310 = 32+2+2+2+2 = 32. 32. 32. 32. 32 = (32)5

Então, (35)2 = (32)5 = 310

Potência de um produto
A potência de um produto é igual ao produto dos fatores elevados ao mesmo ex-
poente.

(2.3)2 = (2.3).(2.3) = 2.3.2.3 = 22.32

Então, (2.3)2 = 22.32

Potência de um quociente
A potência de uma divisão é igual à divisão do numerador e denominador elevados ao
mesmo expoente.

(20:4)2 = (20:4).(20:4) = 20.20 = 202 = 202:42


2

4 4 4
Então, (20:4)2 = 202:42

233
• Dados os números a, b e x ≠ 0, então:
xa.xb = xa+b

• Dados os números c, d e y ≠ 0, então:


yc:yd = yc-d

• Dados os números b, c e a ≠ 0, então:


(ab)c = (ac)b = abc

• Dadas as potências (a.b)m e (a:b)n, sendo a, b e n números não nulos, temos que:
(a.b)m = am.bm e
(a:b) = a :b
n n n

2 2
• E é importante notar a diferença entre (103) e 103
2 2
(103) representa o quadrado do número 103, portanto (103) = 106
2 2
103 representa o quadrado de 3 que é o expoente de 10, portanto 103 = 109

Expoente zero
Calculando 104:104 usando a mesma propriedade da divisao de potências de mesma
base, temos que:

104:104 = 104-4 = 100

Mas, 104:104 = 10 = 1
4

104
Então, 100 = 1

• Para todo número a ≠ 0, definimos a0 = 1.

2.2 Expoente negativo

Calculando 23:25 usando a mesma propriedade da divisao de potências de mesma base,


temos que:

23:25 = 23-5 = 2-2

Mas, 23:25 = 25 = 2.2.2 = 1 2


3

2 2.2.2.2.2 2

Então, 2-2 = 1 2= ( 1 )
2

2 2

• Sejam a, b ≠ 0, temos que a-n = 1 n= ( 1 ) E, portanto ( a ) = b


n -1

a a b a

234
EXERCÍCIOS

1. Calcular:
Exemplo: 34 = 3.3.3.3 = 81
a) 23 =
b) 32 =
c) 24 =
d) 72 =
e) 27 =
f) 102 =
g) 15 =
h) 103 =

2. Calcular:
Exemplo: (-2)4 = (-2).(-2).(-2).(-2) = +16
a) (-3)2 =
b) (-5)2 =
c) (-3)4 =
d) (-1)6 =

3. Calcular:
Exemplo: (-2)3 = (-2).(-2).(-2) = -8
a) (-2)5 =
b) (-3)3 =
c) (-5)3 =
d) (-1)7 =

4. Calcular:
Exemplo: 104 = 10.10.10.10 = 10000
a) 102 =
b) 103 =
c) 105 =
d) 106 =

5. Escrever em forma de potência de base 10:

5⏟
Exemplo: 100000 = 10.10.10.10.10 = 105
5⏟
zeros fatores iguais a 10

a) 1000000 =
b) 10000000 =
c) 100000000 =
d) 1000000000 =

235
6. Calcular:
Exemplo: -24 = -(2.2.2.2) = -16
a) -32 =
b) -23 =
c) -15 =
d) -16 =

7. Escrever na forma de uma só potência:


Exemplo: 37.35 = 37+5 = 312
a) (-10)2.(-10).(-10)5 =
b) 2,3.2,39 .2,32 =

c) (+ 3 ) . (+ 3 ) . (+ 3 ) =
2 5 7

4 4 4
d) x10.x12.x7 =

8. Escrever na forma de uma só potência:


Exemplo: (-7)20:(-7)17 = (-7)20=17 = (-7)3
a) 118:116 =
b) (-1,9)11 :(-1,9)5 =

c) (- 1 ) . (- 1 ) =
10 9

2 2
d) a100:a50 =

9. Escrever na forma de uma só potência:


Exemplo: (54)7 = 54.7 = 528
a) [(-2)8]2 =

b) [(- 7 ) ] =
5
4

10
c) (p12)5 =
d) 542 =

10. Transforme em um produto de potências:


Exemplo: (x-4 .y5)6 = (x-4 )6 .(y5)6 = x-24.y30
a) (x3 .y-1)-1 =
b) (7-1 .x2)-3 =
c) (a2.x-1.y-5)-2 =
d) (xy+1.x2-y)-2 =

11. Transforme em um quociente de potências:


Exemplo: (x2:y5)5 = (x2)5:(y5)5 = x10:y25
a) (x-2 :y3)7 =
b) (x-9.y-2)2 =

c) ( x7 ) =
6 8

y
d) ( x -2) =
4 3

236
12. Resolver:
Exemplo: 50 = 1
a) -50 =
b) (-5)0 =
c) -(-5)0 =

13. Resolver:
Exemplo: 12-2 = 1 2= 1
12 144
a) 10-1 =
b) (-5)-2 =
c) -2-7 =
d) -(-2)-5 =

14. Escrever na forma de potência com expoente negativo cada uma das seguintes
expressões:
Exemplo: 1 6= 2-6
2
a) 1 =
6
b) 13 =
7
c) 1 5 =
x
a) 1 4=
(a+b)

15. Resolver:

Exemplo: -(- 1 ) = -(-2)-6 = -(64) = -64


-6

2
a) -(- 7) =
-1

2
b) -(+ 2) =
-3

5
c) ( ) =
2 -3

3
d) (- 1) =
-4

16. O torneio de uma liga de basquete é disputada por 12 clubes. O número total de
jogos neste torneio é dado pela expressão x2 - x, na qual x representa o número de
equipes. Quantos jogos terá este torneio?

17. Qual a potência que representa a metade de 222?

18. Se x = (-2)4 . 4-2 - (-2)3 + 20, qual o valor de x?

DESAFIO. Identifique como V (verdadeira) ou F (falsa) cada uma das igualdades:

237
a) x : x2 = x-1
b) (n-1)-2 = n-2
c) (x5 . y10) = (x . y5)5
d) (x5 . y5) = (x . y)5
e) a-7 . a7 = a0
f) a. b-1 = (a-1 . b)-1

GABARITO
1. a) 8 b) 9 c) 16 d) 49 e) 128 f) 100 g) 1 h) 1000

2. a) +9 b) +25 c) +81 d) +1 3. a) -32 b) -27 c) -125 d) -1

4. a) 100 b) 1000 c) 100000 d) 1000000

5. a) 106 b) 107 c) 108 d) 109 6. a) -9 b) -8 c) -1 d) -1

7. a) (-10)8 b) 2,312 c) (+ 3 )
14
d) x29
4

8. a) 112 b) (-1,9)6 c) (- 1 ) ou (- 1 ) d) a50


1

2 2

9. a) (-2)16 b) (- 7 ) c) p60 d) 516


20

10

10. a) x-3 . y b) 73 . x-6 c) a-4 . x2 . y10 d) x-6

11. a) x-14 : y21 b) x-18 : y-4 c) x48 : y 56 d) x18

12. a) -1 b) 1 c) -1

13. a) 1 b) 1 c) - 1 d) 1 14. a) 6-1 b) 7-3 c) x-5 d) (a + b)-4


10 25 128 32

15. a) 2 b) - 125 c) 27 d) 16 16. 132 jogos


7 8 8
17. 2 21
18. x = 10

DESAFIO. a) V b) F c) F d) V e) V f) V

238 238
MATEMÁTICA
AULA 3
Radiciação

1.0 Introdução

Dados os números a e n ≠ 0. O número x é chamado de raiz


enésima de a se elevado ao expoente n reproduz a.

pressão √a. Onde:


A raiz enésima de um número é representado pela ex-
n

√ é o radical;
a é o radicando;
n e o índice da raiz.

Raiz quadrada

exemplo, √4 em lugar de √4
Por convenção, na raiz quadrada omite-se o índice. Escreve-se, por
2

Exemplo: Quais os números inteiros cujo quadrado é igual a 25?


A resposta é (+5) e (-5), pois (+5)2 = +25 e (-5)2 = +25

√25 = √5 . √5 = (√5)2 = 5 , então deve valer também para -5. Mas,


Pelo exemplo dado e levando em consideração que:

√25 = √(-5) . (-5) = √(-5) . √(-5) , o que é impossível, já que não existe
raiz de número negativo, pois ao elevarmos um número ao quad-
rado, sempre obtemos números positivos.

Portanto √25 = +5 . E esse fato se estende quando consideramos a


raiz quarta, raiz sexta, e assim por diante.

Assim, para determinar a raiz enéssima de um número inteiro a,


temos os dois casos a examinar:

1º caso: O índice n é par.

√625 = 5 , pois 5 . 5 . 5 . 5 . 5 = 54 = 625


4

√-64 não se define nos inteiros, pois ao elevarmos um número


6

inteiro a qualquer número par, nunca obtemos um número inteiro


negativo.

239
Veja: (+2)6 = +64

⏟ ⏟ ⏟
(-2)6 = (-2) . (-2) . (-2) . (-2) . (-2) . (-2) = +64
+4 +4 +4

√a é igual ao número positivo b, tal que bn = a


• Quando o número a é positivo e n é um número par diferente de zero, a expressão
n

√a não pode ser resolvida.


• Quando o número a é negativo e n é um número par diferente de zero, a expressão
n

2º caso: O índice n é ímpar.

√27 = 3 , pois 3 . 3 . 3 = 33 = 27
3

√-32 = -2 , pois (-2) . (-2) . (-2) . (-2) . (-2) = (-2)5 = -32


5

Dados os números a e n, com n ímpar, a expressão √a é o número b, tal que bn = a


n

E como vimos na aula anterior, base nula gera potência nula, se o expoente não é nulo.
Ou seja, zero elevado a qualquer número diferente de zero resulta em zero.

Sendo n ≠ 0 , define-se √0 = 0
n

É importante notar a diferença entre -√9 e √-9 :


-√9 = -3 , pois -√9 é o oposto de √9 . E √-9 não pode ser resolvida.

E a diferença entre √(-5)2 e √-52 :


√(-5)2 = +25 = 5
√-52 = -25 , não pode ser resolvida

Potência com expoente racional

Sabemos que 34 = 81 e 35 = 243 . Mas podemos pensar ainda que entre esses números,
existem outros tais que 3x = 90 , 3x = 100 , 3x = 240 , com x entre 4 e 5

Tomaremos por exemplo, x = 4,5 = 9


2
Seja 34,5 = y , então y2 = (34,5)2 = 39

Se y2 = 39 , então y = √39

Daí 39/2 = √39


2

• Dados a e m, n > 0, podemos escrever: am/n = √am


n

3.1 Propriedades da radiciação

Raiz de um produto

√2 . 5 = (2 . 5)1/2 = 21/2 . 51/2 = √2 . √5 Então, √2 . 5 = √2 . √5

240
Raiz de um quociente

√2 : 5 = (2 : 5)1/2 = 21/2 : 51/2 = √2 : √5 Então, √2 : 5 = √2 : √5

Potenciação

(√2)
5 2
= (21/5)2 = 22/5 = √2
5 2
Então, (√2)
5 2
= √2
5 2

Radiciação

√√2 = √21/5 = 2(1/5):2 = 21/10 = √2 Então, √√2 = √2


2 5 2 10 2 5 2.5

Multiplicando ou dividindo o expoente e o índice pelo mesmo número

Sejam as expressões 10√310 e √32. Temos que 10√310 = 3 e que √32 = 3 , então 10√310 = √32.
Mas, √32 = 10:5√310:5
Portanto, 10√310 =10:5√310:5

Dados a e b positivos, e n > 1, temos:

√a . b = √a . √b √a : b = √a : √b
n n n n n n
e

Dado m inteiro, temos:

(√a)
n m
= √a
n m

Dados a e b positivos, e n > 1, temos:

√√a = n.m√a , m natural


nm

Dados p ≠ 0 e p divisor comum de m e n:

√am = √amp , m inteiro e p natural.


n np

EXERCÍCIOS

Exemplo: √25 = √52 = 5


1. Calcular:

a) √4 = b) √9 =
c) √16 = d) √36 =
e) √49 = f) √81 =
g) √100 = h) √121 =
i) √144 = j) √169 =
k) √196 = l) √255 =

241
Exemplo: √8 = √23 = 2
2. Calcular:
3 3

a) √27 = b) √64 =
c) √125 = d) √1000 =
3 3

e) √115 = f) √(2ab)2 =
3 3

g) √(x h) 10√(5xy2)10 =
5

9
y) =
2 9

a) √-1 + √1 - √-1 + √1 = b) √-125 + √(-7)2 - √-8


3. Resolver:
7 9 11 15 3 3

nal, qual é o valor da expressão 1 - √xy ?


4. Sabendo que x = 24 e y = 25, utilizando o conceito de potencial com expoente racio-
3

5. Um número é expresso por √7 + √5 + √6 + √9. Qual é esse número?


3

6. Entre os números √9 , √22 , √37 , √49 , √81 , √90 , quais deles não representam númer-
os inteiros?

7. Dividindo-se o índice do radical e o expoente do radicando por um mesmo número

Exemplos √36 = √36:6 = √31 = 3


diferente de zero simplifique cada um dos seguintes radicais:
12 12:6 2

a) √73 = b) √26 =
15 10

c) √510 = d) √109 =
30 6

Exemplo: √108 = √104


8. Dê o valor de x em cada uma das seguintes igualdades:
14 x

a) √26 = √22 a) √6x = √6


x 3 10

Exemplo: √√10 = √√10 = √10 = √10


9. Escreva sob a forma de um único radical:
5 2 5 2.5 10

a) √√5 = b) √√√3 =
3 3 5

c) √√x = d) √√a3 =
4

e) √√3x = f) √√√b5 =
6 3

Exemplo: √7 . 13 = √7 . √13
10. Escreva cada uma das seguintes expressões na forma de um produto de radicais:

a) √25 . 7 = b) √23 . 3 . 5 =
c) √a3b = d) √a3x7

Exemplo: √2 . √11 = √5 . 11 = √55


11. Transforme em um único radical cada uma das multiplicações:

242
a) √3 . √13 = b) √2 . √17
5 5 4 4

c) √2 . √5 . √7 = d) √ab
6

12. Dadas as igualdades √√10 = √10 e √√2 = √2 , determine o valor de x + y.


x 6 24 10 y 20

√√a3 . √√b6
13. Sendo a, b > 0, escreva na sua forma mais simples possível o seguinte produto:
3 4 3

DESAFIO. Escreva a seguinte expressão sob a forma de uma única potência de a,


(a1/2.a1/3.a1/4)
sabendo que a é positivo: 8/13

3/8
(a.a1/3)

GABARITO
1. a) 2 b) 3 c) 4 d) 6 e) 7 f) 9 g) 10 h) 11 i) 12 j) 13 k) 14 l) 15

2. a) 3 b) 4 c) 5 d) 10 e) 11 f) 2ab g) x2y h) 5xy2

3. a) 2 b) 4 4. -7

5. 3 6. √22, √37 e √90

7. a) √7
5
b) √2
5 3
c) √5
3
d) √103 8. a) x = 9 b) x = 5

9. a) √5
9
b) 20√3 c) √x
8
d) √a
4 3
e) 18√3x f) √b
8 5

10. a) √2
9 5
. √7
9
b) √2
4 3
. √3
4
. √5
4

11. a) √39
5
b) √34
4
c) √70 d) √a
6
. √b
6
12. x = 4, y = 2 e x + y = 6

13. √ab DESAFIO. a1/6

243
243
MATEMÁTICA
AULA 4
Equações do primeiro grau

4.0 Resolvendo equações do primeiro grau

Toda equação de incógnita x, que se pode reduzir à forma:


ax + b = 0, com a ≠ 0 é chamada equação de primeiro grau.

Na resolução de equações do primeiro grau, existem dois


princípios que devem ser seguidos para chegar ao resultado:

• Somando a (ou subtraindo de) ambos os membros de uma


equação o mesmo valor, a igualdade não se altera.
• Multiplicando (ou dividindo) cada membro de uma equação por
um mesmo número (não nulo), a igualdade permanece inalterada.

Exemplo:

Resolver a equação 3(x - 3) - 3(3-x) = -3x , ou seja, encontrar o valor


de x:

Eliminando os parênteses
3(x - 3) - 3(3 - x) = -3x
3x - 9 - 9 + 3x = -3x

Somando 3x aos dois membros


3x - 9 - 9 + 3x + 3x = -3x + 3x
9x - 18 = 0

Somando 18 aos dois membros


9x - 18 + 18 = 0 + 18
9x = 18

Dividindo os dois membros por 9


9x = 18
9 9
x=2

4.1 Conjunto solução

244
Dada uma equação, o conjunto de valores que satisfazem essa equação é
chamado conjunto-verdade ou conjunto-solução da equação dada.

No exemplo anterior temos V= {2} ou S{2}.

É possível ainda verificar se este valor está correto, basta substituí-lo na equação
dada. Assim, obtendo uma igualdade verdadeira, o valor está de fato correto.

Fazendo a verificação do exemplo dado, basta substituir o valor encontrado na


equação inicial:

3(x - 3) - 3(3 - x) = -3x → 3(2 - 3) - 3(3 - 2) = -3.2

3(-1) - 3.1 = -6 → -3 - 3 = -6 → -6 = -6

Chegamos a uma igualdade verdadeira, portanto a resposta está correta.

Exemplo: Resolver 3x - 5(x - 2) = 4 MMC (2,5,10)= 10


10 2 5

Multiplicando os dois membros por 10


10.3x – 10.5(x – 2) = 10.4
10 2 5

3x - 25(x - 2) = 8 → 3x - 25x + 50 = 8 → -22x + 50 - 50 = 8 - 50


-22x = -42 → 22x = 42 → 22x = 42 → x = 42
22 22 22

x = 21 → S = {21}
11 11

Verificando: 3x - 5(x - 2) = 4
10 2 5
3 . 21 - 5(21 - 2) = 4
11 11
10 2 5

63 + 5 = 4 → 88 = 4 → 4=4
110 22 5 110 5 5 5

4.2 Equações fracionárias

Até agora, as incógnitas das equações apareceram sempre nos numeradores das
frações. Mas há casos em que a incógnita se encontra no denominador. Nesse caso
temos uma equação fracionária.

Na resolução de uma equação fracionária – visto que a incógnita aparece no denomi-


nador – a primeira preocupação deve ser buscar as condições de existência. Por exem-
plo, a equação 5 + 4 = 0 só tem sentido se x não assumir o valor -1 ou o valor 3,
2x + 2 x - 3

245
pois qualquer um deles anularia um denominador e não é possível uma divisão por
zero:

2x + 2 ≠ 0 → 2x ≠ -2 → x ≠ -1
x -3 ≠ 0 → x≠3

Desse modo, as condições de existência seriam x ≠ -1 e x ≠ 3, e o conjunto-univer-


so (conjunto dos valores que x poderia assumir) dessa equação é U = R - {-1,3}.

A resolução seria: 5 + 4 = 0 Mmc (2x + 2, x - 3) = (2x + 2)(x - 3)


2x + 2 x - 3

Multiplicando os dois membros por (2x + 2)(x - 3)

V = (7)
5(x - 3) + 4(2x + 2) = 0 → 5x - 15 + 8x + 8 = 0 → 13x - 7 = 0
13x - 7 + 7 = 7 → 13x = 7 → 13x = 7 → x=7 →
13 13 13 13
5 + 4

2( ) + 2 ( )-3
Fazendo a verificação: =0
7 7
13 13
5 + 4 =0 → 13 - 13 = 0 → 0=0
40 -32 8 8
13 13

Portanto, a resposta está correta.

4.3 Equações literais

Observe as seguintes equações: - 2ax = 3b - mx + 1 = 10


Você notou que nessas equações aparecem outras letras além da incógnita x?

Essas letras são constantes que representam números e podem aparecer para
que possamos estudar alguma condição especial. Equações desse tipo são chamadas
equações literais do 1º grau na incógnita x.

Exemplo 1: Para que a equação ax = 3 tenha solução, é necessário que a ≠ 0. Nessas


condições x seria 3
a

A resolução de uma equação literal do 1º grau na incógnita x é feita da mesma


maneira que qualquer equação do 1º grau.

Exemplo 2: Sendo x a incógnita, qual o conjunto solução de 7x + 10a = 4x + 22a ?

7x + 10a = 4x + 22a → 7x + 10a = 4x + 22a → 7x = 4x + 12a


7x - 4x = 12a → 3x = 4a → x = 12a → x = 4a
3
Portanto, S = {4a}

246
EXERCÍCIOS

1. Resolver:
Exemplo: 3x = 12 → x = 12 → x=4 → S = {4}
3
a) 4x = 20 b) 7x = -14
c) 6x = 10 d) 15x = -9

2. Resolver:
Exemplo: - 2x = 6 → (-1).(-2x) = (-1).(6) → 2x = -6
x = -6 → x = -3 → S = {-3}
2
a) -3x = 9 b) -7x = -14
c) -6x = 14 d) -5x = -15

3. Resolver:
Exemplo: 2x - 3 = 7 → 2x = 7 + 3 → 2x = 10 → x = 10
x=5 → S = {5} 2
a) 3x – 1 = 8 b) –x + 2 = 5
c) -2x + 4 = -5 d) 6x – 1 = 9

4. Resolver:
Exemplo: 3x-4 = x -2 → 3x- x = -2 + 4 → 2x = 2
x=2 → x=1 → S = {1}
2
a) 5x + 7 = 2x + 13 b) 4x – 5 = 5x – 1
c) 2x + 3 = 9 – x d) 4x + 11 = 7x +1

5. Resolver:
Exemplo: 2(x + 1) = 9 → 2x + 2 = 9 → 2x = 9 - 2 → 2x = 7
x=7 S = {7}
2 2
a) 3(x - 1) = 8 b) 5(1 - x) = 7
c) 2(4x - 3) = 6x – 1 d) -3(1 – 2x) = 12 – 3x

6. Resolver:
Exemplo: 2(x + 1) = 3(x - 1) → 2x + 2 = 3x - 3 → 2x - 3x = -3 - 2
-x = -5 → x=5 → S = {5}
a) 5(2x + 1) = 4(x - 1) b) 4(x - 1) = 3(x - 2)
c) 3(x + 2) = -(x + 1) d) 2(3 -x) = 3(2x + 1)

247
7. Resolver:
Exemplo: x - 1 = x + 1 → Mmc (2,3,6) = 6 → 6(x –1) = 6x + 6.1
2 3 6 2 3 6
Multiplicando os dois membros por 6
3(x -1) = 2x + 1 → 3x - 3 = 2x + 1 → 3x-2x =1 + 3
x=4 → S = {4}
a) x + 1 = x - 1 b) x + 1 = 2x + 1
2 6 6 4 2
c) 1 - x = x + 2 -1 d) 2x + 1 -1=x-3
2 3 4 6

8. Resolver:
Exemplo: x - 2 = 1 → Mmc (3,x) = 3x, x≠0 → 3x(x –2) = 3x . 1
2 3 x 3
Multiplicando os dois membros por 3x
3(x - 2) = x → 3x - 6 = x → 3x - x = 6 → 2x = 6
x=6 → x=3 → S = {3}
2
a) x +3 = 3 b) 2x - 1 = 7
2 2 3x 12
c) x - 1 = 4 d) x = 2
2x 3 7-x 5

9. Resolver:
Exemplo: 2 = 1 → Mmc (x - 1,x) = (x - 1)x → (x - 1)x . 2 = (x - 1)x . 1
x-1 x x-1 x
Multiplicando os dois membros por (x - 1)x
2x = x - 1 → 2x - x = -1 → x = -1 → S = {-1}
a) 3 = 2 b) 7 = 8
x-1 x 3x - 1 3x
c) 3 = 5 d) 2 = 3
x + 1 2x -1 x-3 x-4

10. Resolver em x:
Exemplo: ex = f → ex = f
e e
Dividindo os dois membros por e
x=f → S = {f} , e ≠ 0
e e
a) ax = b b) px = -q
c) -mx = n d) -cx = -d

11. Resolver em x:
Exemplo: px + q = s - rx
Isolando a incógnita x: px + q + rx = s – rx + rx
Somando rx nos dois membros: px + rx + q = s
Subtraindo q dos dois membros: px + q + rx - q = s – q → px + rx = s-q
Colocando x em evidência: x(p + r) = s – q
Dividindo os dois membros por (p + r): x(p + r) = s – q → x = s - q , com p ≠ - r
(p + r) (p + r) (p + r)

248
a) a + x = bx b) a + bx = ax + b
c) ax + b = 3 d) bx = a + 3

DESAFIO. Sabe-se que a + 2 - a - 1 = 1. Qual é o valor numérico da expressão algébrica


a2 + 2a + 1 ? 4 5

GABARITO
1. a) {5} b) {-2} c) {5} d) {-3} 2. a) {3} b) {2} c) {-7} d) 3
3 5 3

3. a) {3} b) {-3} c) {9} d) {5} 4. a) {2} b) {-4} c) {2} d) {10}


2 3 3

5. a) {11} b) {-2} c) {5} d) {5} 6. a) {-3} b) {-2} c) {-7} d) {3}


3 5 2 3 2 4 8

7. a) {-2} b) {2} c) {1} d) {3} 8. a) {6} b) {4} c) {-3} d) {2}


3 4 5

9. a) {-2} b) {8} c) {8} d) {1}


3

10. a) {b} , a ≠ 0 b) {-q} , p ≠ 0


a p

c) {-n} , m ≠ 0 d) {d} , c ≠ 0
m c

11. a) { -a } ou { a } , b ≠ 1 b) {1}
1-b b-1

c) {3 - b} ou {- b - 3} , a ≠ 0 d) {a + 3} , b ≠ 0
a a b

DESAFIO. 49

249
MATEMÁTICA
AULA 5
Problemas com equações de primeiro grau

5.0 Exemplos

250
251
EXERCÍCIOS

252
GABARITO
1. a) S = {-11}
3

2. Devem ser rodados 60 quilômetros

3. Havia 5 sócios.

4. Existem 14 triciclos.

5. Foram percorridos 21 quilômetros.

6. O número é 12.

7. Existe e é o número inteiro -1.

8. Foram comprados 8 livros.

9. Comprei 12 canetas e 16 lapiseiras.

10. a) S = {2c} , b ≠ 0
b

11. a) S = {1}

12. a) r = { S } , A ≠ 0

DESAFIO. Após 8 meses.

253
MATEMÁTICA
AULA 6
Sistema de equações de primeiro grau

6.0 Introdução

6.1 Métodos de solução

254
255
EXERCÍCIOS

256
257
GABARITO
1. {(4, 1)} e {(-2, 3)} 2. {(-2, 5)} e {(-7, 3)}

3. {(5, 1)} e {(-2, 3)} 4. {(4, -1)} e {(-1, 3)}

5. {(4, 3)} e {(- 1 , - 4)} 6. {(1, -2)} e {(-1, 3)}


3 3
7. Os números são 7 e 4. 8. 45 estudantes

9. 17 galinhas 10. a = 20, b = 20 e c = 25

11. Carlos: 72 kg / Andréa: 51 kg / Rodrigo: 15 kg

12. A diferença é de 14. 12. O frasco pesa 50 g.

DESAFIO. Alternativa e
258
MATEMÁTICA
AULA 7
Inequações de primeiro grau

7.0 Desigualdade

259
7.1 Inequações

EXERCÍCIOS

260
261
GABARITO

262
ANOTAÇÕES

263
MATEMÁTICA
AULA 8
Equações do segundo grau

8.0 Introdução

264
8.1 Resoluções de equações do segundo grau

265
8.2 Relação entre raízes e coeficientes

266
EXERCÍCIOS

267
GABARITO
1. a) -2x2 + 9x - 9 = 0 b) x2 - 9x + 8 = 0 c) 2x2 - 5x = 0 d) -2x2 + 9x - 9 = 0

2. -y2 - 8y +105 = 0 3. x2 - 4x - 21 = 0

4. a) {3,5} b) {-2,3} c) {-4,1} d) {-3, -2} 5. a) {3,5} b) {-5} c) {2} d) {-1}

6. a) ∅ a) ∅ a) ∅ a) ∅
3 2
7. a) {-1, 7} b) {-1,4}
3
8. a) 6 e -2 b) -1 9. a) 1 b) -1
3 2
10. a) 7 b) 7 11. 40
4 6 11
12. m = 3 DESAFIO. 0
268
268
MATEMÁTICA
AULA 9
Equações especiais

9.0 Equações incompletas

269
9.1 Equações biquadradas

270
EXERCÍCIOS

271
GABARITO

272
ANOTAÇÕES

273
MATEMÁTICA
AULA 10
Problemas com equações do segundo grau

10.0 Exemplos

274
275
EXERCÍCIOS

276
GABARITO

277
ANOTAÇÕES

278
MATEMÁTICA
AULA 11
Sistema de equações do segundo grau

11.0 Exemplos

279
EXERCÍCIOS

280
GABARITO

281
MATEMÁTICA
AULA 12
A ideia de função

12.0 Introdução e exemplos

282
EXERCÍCIOS

283
284
GABARITO

285
ANOTAÇÕES

286
MATEMÁTICA
AULA 13
Função do primeiro grau

13.0 Introdução

13.1 Gráfico da função do primeiro grau

287
288
13.2 Raízes da função do primeiro grau

EXERCÍCIOS

289
GABARITO

290
ANOTAÇÕES

291
MATEMÁTICA
AULA 14
Função do segundo grau

14.0 Introdução

14.1 Raízes da função quadrática

292
293
14.2 Concavidade da função quadrática

EXERCÍCIOS

294
295
GABARITO

296
ANOTAÇÕES

297
MATEMÁTICA
AULA 15
Gráfico da função quadrática

15.0 Gráfico

298
299
EXERCÍCIOS

300
301
GABARITO

302
ANOTAÇÕES

303
PÁG 304

MATEMÁTICA
MATEMÁTICA
AULA 1
Números racionais

1.0 Números racionais

1.1 Simplificação

1.2 Operações em Q

305
EXERCÍCIOS

306
307
GABARITO

308
ANOTAÇÕES

309
MATEMÁTICA
AULA 2
MMC e MDC

2.0 Mínimo múltiplo comum

2.1 Método para calcular o MMC

310
2.2 Adição e subtração de frações

2.3 Máximo divisor comum

311
2.4 Métodos para calcular o MDC

EXERCÍCIOS

312
GABARITO

313
ANOTAÇÕES

314
MATEMÁTICA
AULA 3
Números decimais

3.0 Representação decimal de uma fração

3.1 Formar fracionária de um número decimal

315
3.2 Dízimas periódicas

316
EXERCÍCIOS

317
GABARITO

318
318
ANOTAÇÕES

319
MATEMÁTICA
AULA 4
Números primos e compostos

4.0 Números Primos

4.1 Números primos entre si

4.2 Números Compostos

320
EXERCÍCIOS

321
GABARITO

ANOTAÇÕES

322
MATEMÁTICA
AULA 5
Regra de três

5.0 Grandezas proporcionais

5.1 Grandezas diretamente proporcionais

323
5.2 Grandezas inversamente proporcionais

5.3 Regra de três simples

5.4 Regra de três composta

324
EXERCÍCIOS

325
326
GABARITO
1. a) V b) F c) F d) V 2. A2 = 21,33 cm²

3. a) 4 b) 4 c) 5 4. R$12,48
4
5. 9 dias 6. 20 min

7. 5 dias 8. 9h

9. 60 min ou 1h 10. 30 cm

11. 420 páginas 12. 14 cm

13. 56 g 14. 41 m

15. 1, 5 g por litro 16. 14 dias

17. 60 km/h 18. 18 cm

19. 20 caminhões 20. 40 dias

21. 2h15min 22. 10 dias

23. 50 dias 24. 250L

25. 32 operários 26. 15 dias

27. 216 caixas

327
MATEMÁTICA
AULA 6
Porcentagem

6.0 Introdução

328
6.1 Juros simples

6.2 Juros compostos

329
EXERCÍCIOS

330
GABARITO

ANOTAÇÕES

331
MATEMÁTICA
AULA 7
Juros compostos

7.0 Introdução

Estudamos anteriormente o conceito de juros simples, no


qual é cobrado uma quantia fixa sobre a pessoa com base no valor
que ela tinha no início. Porém, no caso dos juros compostos, o val-
or que é cobrado é atualizado a cada novo período de modo a ser
modificado em cada conta feita. A idéia geral dos juros compos-
tos é sempre utilizar o valor anterior para calcular o próximo e não
sempre o primeiro valor constante como nos juros simples.
O cálculo de juros compostos pode ser feito de duas manei-
ras:
- Fórmula matemática: V = Vi ∙ (1 + i)n
na qual V é o valor futuro; Vi o valor inicial; i é a taxa de juros; n o
número de períodos (número de vezes que foram aplicados os
juros)
- “Na mão”: outra idéia é aplicar os juros a cada novo valor
adquirido anteriormente, repetindo essa operação até chegarmos
ao número final que queremos.
Vamos a um exemplo para colocar tudo isso em prática:

Exemplo 1: Gabriel adoraria comprar um carrinho de golfe para


andar estilosamente pela cidade universitária e pediu ajuda de
seus amigos do Cursinho FEA-USP para calcular o quanto pagará
de empréstimo ao banco. Ele tomou emprestado R$ 20.000,00 (Vi
= 20.000) para pagar o veículo com uma taxa de juros de 0,05% ao
mês (i = 0,05) segundo um regime de juros compostos. Depois de
24 meses (n = 24), qual valor ele irá pagar para o banco?

Usando a fórmula:
V = 20.000 ∙ (1 + 0,05)24 =
20.000 ∙ (1,05)24
20.000 ∙ 3,22
64.502 reais

Usando o método “na mão”:


V1 = 20.000 ∙ (1 + 0,05) =
20.000 ∙ 1,05 =
21.000

332
Esse é o valor para o primeiro mês. Agora devemos aplicar novamente os juros
sobre esse novo valor, até chegar em 24 meses:
V2 = 21.000 ∙ (1,05) = 22.050;
V3 = 22.050 ∙ (1,05) = 23.152 ... V24 = 61.430 ∙ (1,05) = 64.502 reais.

Percebemos que nesse caso aplicar a fórmula seria “mais direto”, pois seria
necessário apenas uma conta para se achar o resultado. O problema seria fazer essa
conta, que precisaria do uso de uma calculadora para ser feita. Porém, nem sempre
temos esse luxo e precisamos saber nos virar em outros casos, como no próximo exem-
plo:

Exemplo 2: Dani pegou emprestado R$100,00 (Vi = 100) do banco com uma taxa de
juros de 10% ao mês (i = 0,1), calculados como juros compostos. Depois de três meses (n
= 3), quanto ela deverá pagar ao banco?

Usando a fórmula: V = 100 ∙ (1 + 0,1)3 = 100 ∙ 1,331 = 133,10 reais

Calculando “na mão”: V1 = 100 ∙ (1,1) = 110 → V2 = 110 ∙ (1,1) = 121 → V3 = 121 ∙ (1,1) = 133,10 reais.

Perceba que ambos métodos são exatamente iguais, porém o método “na mão”
tenta passar uma idéia intuitiva de como fazer juros compostos. A idéia é sempre aplic-
ar juros novos sobre o valor anterior calculado, como se eles fossem “acumulando” a
cada mês. Queremos mostrar que esse conceito é muito próximo dos juros simples e
tem grande uso em nosso dia-a-dia, como em empréstimos bancários e parcelas de
compras. Agora, vamos a alguns exercícios para aplicar o conceito:

EXERCÍCIOS

1. Marcelo pegou emprestado no banco R$500,00 para comprar uma máquina de lavar
com taxas de juros compostos de 10% ao mês. Ele planeja pagar depois de 2 meses.
Qual o valor que ele pagará ao banco após o período?

2. Lui quer comprar um carro que custa R$ 30.000,00 e precisará pedir um emprésti-
mo no banco do valor total com uma taxa de juros compostos de 1% ao mês. Sabendo
que ele devolverá o valor após 3 meses, quanto Lui pagará ao banco?

3. Um banco planeja emprestar a um comerciante o valor de R$4.000,00 a uma taxa


de juros compostos de 20% ao mês para que ele reforme sua loja. Ele pensou que con-
seguiria pagar o empréstimo em 3 meses, mas ganhou menos no mês e adiou o paga-
mento para 4 meses. Qual o valor adicional que o comerciante pagará ao banco por ter
atrasado mais 1 mês no pagamento de sua dívida?

333
4. Gabriel queria um carrinho de golfe e para isso juntou R$12.000,00 em sua conta.
Porém, ao chegar na loja, descobriu que o veículo custava R$20.000,00. Assim, para
cobrir esse valor, Gabriel pediu um empréstimo para o banco do valor que lhe faltava,
de modo a ser cobrado dele uma taxa de juros de 5% ao mês, e disse que devolveria o
valor em 5 meses. Quanto Gabriel pagará ao banco pelo seu empréstimo?

5. Danielle pegou emprestado do banco R$ 1000,00 para comprar uma câmera fo-
tográfica profissional. Ela sabe que pagou ao banco R$ 1331,00 após 3 meses de em-
préstimo, porém não sabe o valor da taxa de juros compostos que o banco usou. Qual a
taxa de juros que Danielle pagou em seu empréstimo?

DESAFIO. Nelson aplicou R$13.182,567 em uma companhia de carros elétricos segun-


do sugestão de seu banco. Ele sabe que suas aplicações rendiam a uma taxa de juros
compostos de 13% ao ano e que, após um certo tempo, ele possuía R$45.000,00 em sua
conta devido às aplicações. Quantos anos se passaram até Nelson ganhar a quantia
descrita acima?
Dados: log 1,13 = 0,053 ; log 45 = 1,65 ; log 13.182,567 = 4,12
(sugestão: faça após aprender o conceito de logaritmos)

GABARITO
1. R$ 605,00 2. R$ 30.909,03 3. R$ 1382,40

4. R$ 10.210,2525 5. Juros de 10% ao mês DESAFIO. 10 anos

ANOTAÇÕES

334
MATEMÁTICA
AULA 8
Fatoração

8.0 Introdução

8.1 Técnicas de fatoração

8.2 Produtos notáveis

335
EXERCÍCIOS

336
ANOTAÇÕES

337
MATEMÁTICA
AULA 9
Unidades de medida

9.0 Introdução

9.1 Unidades de comprimento

9.2 Unidades de área

338
9.3 Unidades de volume

9.4 Unidades de massa

EXERCÍCIOS

339
GABARITO

ANOTAÇÕES

340
MATEMÁTICA
AULA 10
Introdução à geometria

10.0 Conceitos primitivos

10.1 Semirretas

10.2 Segmento

10.3 Ângulos

341
10.4 Medida de um ângulo

10.5 Classificação dos ângulos

342
EXERCÍCIOS

GABARITO

343
ANOTAÇÕES

344
MATEMÁTICA
AULA 11
Ângulos

11.0 Ângulos opostos pelo vértice (OPV)

11.1 Posições entre retas

345
11.2 Retas e ângulos

EXERCÍCIOS

346
GABARITO

347
ANOTAÇÕES

348
MATEMÁTICA
AULA 12
Triângulos

12.0 Introdução

12.1 Classificação dos triângulos

349
12.3 Relações nos triângulos

350
EXERCÍCIOS

351
GABARITO

ANOTAÇÕES

352
MATEMÁTICA
AULA 13
Semelhança de triângulos

13.0 Figuras semelhantes

13.1 Triângulos semelhantes

353
13.2 Critérios de semelhança

354
EXERCÍCIOS

355
GABARITO

ANOTAÇÕES

356
MATEMÁTICA
AULA 14
Trigonometria no triângulo retângulo

14.0 Introdução

14.1 Razões trigonométricas

357
14.2 Valores notáveis

358
EXERCÍCIOS

359
GABARITO

ANOTAÇÕES

360
MATEMÁTICA
AULA 15
Polígonos I

15.0 Introdução

15.1 Nomenclatura

361
15.2 Diagonais

15.3 Ângulos de um polígono

15.4 Polígonos regulares

362
EXERCÍCIOS

GABARITO

363
ANOTAÇÕES

364
MATEMÁTICA
AULA 16
Polígonos II

16.0 Quadriláteros notáveis

365
16.1 Áreas de polígonos

16.2 Circunferência

366
EXERCÍCIOS

367
GABARITO

ANOTAÇÕES

368
PÁG 369

FÍSICA
FÍSICA
AULA 1
Trigonometria no triângulo retângulo

1.0 Introdução

A Física é a disciplina científica preocupada com as proprie-


dades da matéria e da energia. Sendo assim, busca-se entender
como a natureza funciona e quais lei regem fenômenos físicos de
diversos tipos. Alguns ramos conhecidos da Física são a mecânica,
a termodinâmica e o eletromagnetismo. Nesses diversos contex-
tos, os comportamentos da matéria e da energia são utilizados
para entendermos a natureza ao nosso redor.
Tendo em vista a estreita relação entre Física e natureza,
é possível notar que a matemática será crucial no estudo dos
fenômenos. Por exemplo, queremos avaliar o comportamento
da energia em determinado fenômeno, mas quanta energia está
envolvida no mesmo? Para onde ela vai e de onde ela vem? Qual
caminho ela percorre e quanto tempo demora?
Devemos perceber que para estudar cientificamente um
fenômeno, diversos ramos da Matemática serão instrumentos
da Física. Conceitos relativos como “muito” ou “pouco”, “quente
ou “frio” serão evitados. Um dia de temperatura de 18ºC pode ser
muito frio para alguns, mas quente para outros.
É nesse contexto que um ramo da Matemática, em especial,
se torna evidentemente fundamental para a Física: a Geometria!
Ao nosso redor, estamos cercados de matéria organizada nos di-
versos objetos que observamos: o lápis com o qual escrevemos, a
cadeira onde sentamos e até essa apostila. Todos esses objetos es-
tão sujeitos às leis da natureza, às leis da Física e, ao mesmo tem-
po, cada um deles possui um determinado tamanho, volume, e
uma determinada massa. Logo, estudar fenômenos que envolvem
matéria, é estudar fenômenos que dependem da distribuição da
mesma no espaço e faz-se necessário o uso de ferramentas da
Geometria.
Muitas técnicas desse ramo da Matemática serão estuda-
das nas aulas específicas da disciplina. Contudo, alguns conceitos
serão necessários para prosseguirmos com nossa frente a partir da
próxima aula.

370
Triângulo

O triângulo é a figura mais simples e uma das mais importantes da Geometria.


Na figura abaixo, os pontos A, B e C são unidos por semirretas, a fim de criar o triângu-
lo.

Figura 1: triângulo genérico.

A primeira propriedade a se ter em mente sobre um triângulo é sobre a soma de


seus ângulos internos. Para qualquer triângulo:

Os triângulos podem ser classificados em vários tipos com relação aos tamanhos
dos seus lados ou com relação aos seus ângulos internos. Com relação aos tamanhos
das arestas (lados), o triângulo pode ser classificado como:
- Equilátero: todos lados possuem mesmo tamanho:
AB = BC = CA
- Isósceles: dois lados possuem tamanhos iguais:
AB = BC ou BC = CA ou CA = AB
- Escaleno: todos os lados são diferentes uns dos outros:
AB ≠ BC ≠ CA

Figura 2: classificação arestas.

Com relação aos seus ângulos internos, um triângulo pode ser classificado como:
- Acutângulo: possui os ângulos internos com medidas menores que 90º:

- Obtusângulo: possui um dos ângulos com medida maior que 90º:

371
- Retângulo: possui um ângulo com medida de 90º, chamado de ângulo reto:

Figura 3: classificação ângulos internos.

Conforme título da aula, trabalharemos, agora, especialmente com o triângulo


retângulo, pois este será crucial para avançarmos em nossos estudos nas próximas
aulas.

Triângulo Retângulo

Triângulo retângulo é todo triângulo que tem um ângulo reto (um ângulo de
90º). Na figura, é reto. Costumamos dizer que o triângulo ABC é retângulo em A.

Figura 4: um triângulo retângulo.

Em todo triângulo retângulo, os lados que formam o ângulo reto são denomina-
dos catetos, o lado oposto ao ângulo reto é chamado de hipotenusa, e os ângulos agu-
dos são denominados complementares.

Figura 4: nomenclatura

Portanto, seguindo a nomenclatura da figura 3, percebamos que:


- AB é um cateto;
- AC é um cateto;
- BC é a hipotenusa desse triângulo (aresta oposta ao ângulo reto).

Teorema de Pitágoras

Pitágoras foi um filósofo grego que viveu por volta do ano 500 A.C.. A ele, são
creditados diversos trabalhos em Matemática e diversas descobertas científicas.

372
Figura 5: representação de Pitágoras.

Um de seus mais conhecidos e famosos trabalhos foi com relação à geometria


de triângulos e conhecemos tais ideias pelo nome de Teorema de Pitágoras para triân-
gulos retângulos.
Em todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quad-
rado da medida da hipotenusa.

Em todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado
da medida da hipotenusa.

Observemos mais atentamente como funciona a aplicação de tal teorema. Na


figura, b e c são as medidas dos catetos; e a, a medida da hipotenusa. Daí, temos:

Figura 6: triângulo retângulo para Pitágoras.

Nessa figura, os catetos são e . Enquanto isso, o tamanho da hipotenusa é dado


por . Do enunciado do teorema, sabemos que a soma dos quadrados dos tamanhos
dos catetos deve ser igual ao quadrado da medida da hipotenusa. Logo, dizemos:

a2 = b2 + c2

e essa é a fórmula conhecida do Teorema de Pitágoras, válida para todo e qualquer


triângulo retângulo.

Figura 7: teorema de Pitágoras.

373
Relações Trigonométricas no Triângulo Retângulo

A Trigonometria é o ramo da Matemática que estuda as relações entre os com-


primentos e os ângulos em triângulos. Nesse caso, estudaremos apenas a Trigonome-
tria do triângulo retângulo.
No triângulo retângulo, a trigonometria fornecerá relações notáveis entre os ân-
gulos não retos, dessa figura geométrica, e seus catetos e hipotenusa.
i) Seno: Em todo triângulo retângulo, o seno de um ângulo agudo é a razão entre
a medida do cateto oposto a esse ângulo e a medida da hipotenusa.

ii) Cosseno: Em todo triângulo retângulo, o cosseno de um ângulo agudo é a


razão entre a medida do cateto adjacente a esse ângulo e a medida da hipotenusa.

iii) Tangente: Em todo triângulo retângulo, a tangente de um ângulo agudo é a


razão entre a medida do cateto oposto a esse ângulo e a medida do cateto adjacente a
esse ângulo.

Em um triângulo ABC, retângulo em A, vamos indicar por e as medidas dos ân-


gulos internos, respectivamente, de vértices B e C.

Figura 8: relações trigonométricas no triângulo retângulo.

Utilizamos as notações de seno, cosseno e tangente da forma:

374
Para um triângulo retângulo, como é o caso, observemos que:

Utilizando o quadrado e o triângulo equilátero, é possível construir uma tabela


com os valores do seno, do cosseno e da tangente dos ângulos 30°, 45° e 60°. Os valores
dos cálculos destes ângulos são evidenciados devido a grande recorrência em estudos
escolares. Esses ângulos são chamados Ângulos Notáveis, e os valores são apresenta-
dos a seguir.

Uma outra relação que surge naturalmente é que a tangente de um ângulo


qualquer é igual a razão do seno pelo cosseno:

Outras propriedades da Trigonometria serão ensinadas nas frente de Matemáti-


ca do curso.

ANOTAÇÕES

375
FÍSICA
AULA 2
Vetores

Introdução

Até o momento, no curso, já discutimos as diferenças entre


grandezas vetoriais e escalares. Portanto, podemos começar a tra-
balhar as propriedades do vetor em si. Quais operações podemos
realizar? Como trabalhar com esse objeto? Para que ele serve?
Portanto, em nossas próximas aulas, trabalharemos com os
vetores em sua formulação matemática e descobriremos como
realizar todo tipo de operações com esses objetos.

Grandezas Vetoriais

Para relembrarmos o quê são, de fato, grandezas vetoriais,


vamos à definição:

Definição
Uma grandeza é dita vetorial quando necessita, além de um
valor numérico e da unidade, de uma direção e de um sentido
para ficar totalmente determinada.

Isso significa que não basta dizer que um carro está andan-
do com determinada velocidade para caracterizar seu movimento.
Também não basta dizer que esse carro está andando sobre a Via
Anchieta, já que ele pode estar indo sentido interior ou sentido
litoral. A situação fica devidamente esclarecida quando é sabido
para onde o carro vai.
Para indicarmos que uma grandeza é vetorial, utiliza-se uma
seta sobre seu símbolo.

Considerações Iniciais
Já sabemos, que três características são necessárias para
determinar completamente um vetor ou uma grandeza vetorial:
valor, direção e sentido.
Sendo assim, vale a pena dedicarmos um pouco do nosso
tempo as definições de direção e sentido, já que estas nos acom-
panharão até o final do curso.

376
Definição
A Direção fica definida pelo conjunto de pontos sobre os quais retas paralelas
podem ser traçadas, ou seja, retas paralelas apresentam a mesma direção.

Figura 1: retas paralelas.

Na figura acima, as retas r, s, e t são paralelas, pois formam o mesmo ângulo com
a reta horizontal abaixo delas.
Dois segmentos de reta, AB e CD, têm a mesma direção se pertencem à mesma
reta ou a retas paralelas.

Figura 2: segmentos paralelos

Portanto, pode-se afirmar que retas que não são paralelas tem direções difer-
entes.

Figura 3: retas em diferentes direções.

Na imagem acima, perceba que as retas r, s e t formam ângulos diferentes com a


reta horizontal abaixo.
Pode-se, por fim, afirmar que retas paralelas tem a mesma direção já que nunca
se encontram. Enquanto isso, na figura 3, as retas definitivamente se encontram em
certo ponto do espaço, logo apresentam direções diferentes.
Agora, para o sentido, percebamos que o mesmo pode ser definido a partir de
uma direção que já foi descrita. Por exemplo, na linha associada à direção do horizon-
te, podemos definir os sentidos esquerda e direita. Perpendicularmente ao horizonte,
podemos definir outros dois sentidos: para cima e para baixo.
Portanto, vamos definir a ideia de sentido como:

Definição
O sentido é uma orientação sobre uma direção. Logo, para uma determinada
direção, há sempre dois sentidos diferentes.
Observamos as figuras abaixo:

377
Figura 4: direção horizontal

Ou, podemos definir, ainda, sentidos baseados em pontos localizados sobre as


retas que determinam nossa direção:

Figura 5: sentido de A para B

Agora, podemos perceber que as flechas, nas figuras acima, entre os pontos A e
B, C e D e F e E, possuem um valor associado (seu tamanho), uma direção (de acordo
com as retas definidas) e um sentido (direita para esquerda, esquerda para direita, de
A para B). Logo, tais flechas são descritas como vetores.

Vetor

Agora, já conhecemos tudo aquilo que é necessário para estudarmos vetores e


suas operações.
Ao estudarmos grandezas que são escalares, necessitamos de um certo conjun-
to de elemento para classificá-las: os números. Contudo, para as grandezas que são
vetoriais, que não podem ser caracterizadas apenas por um número, precisamos de
outro conjunto de objetos. Tais objetos são os vetores, capazes de apresentarem um
valor associado, chamado de módulo, uma direção e um sentido. Para representar um
vetor, utilizamos:

Figura 6: representação de um vetor

então dizemos que um vetor é a associação desses três atributos.


O vetor v é representado pelo segmento de reta orientado AB em que A é a

378
origem do vetor e B é sua extremidade. O módulo de é escrito como |v|.
Importante: observe que apenas três atributos são necessários para classificar um
vetor (módulo, direção e sentido). Portanto são iguais dois vetores que possuam tais
propriedades iguais, conforme figura abaixo:

Figura 7: vetores iguais

percebamos que como as retas r e s são paralelas (r//s), os segmentos de reta AB e CD


são de mesmo tamanho (AB = CD) e as direções das flechas são as mesmas (de baixo
para cima, da esquerda para direita), esses vetores são iguais em todas três proprie-
dades que os caracterizam. Portanto: x = y.
Logo, pode-se verificar que a posição do vetor no espaço não é relevante para
sua caracterização.
Pode-se, também, discutir outros casos de comparação entre dois vetores:

Figura 8: sentidos diferentes


No caso da figura 8, acima, os vetores possuem mesma direção (AB//CD), mesmo
tamanho ou módulo (|x| = |y|), mas direções diferentes. Vetorialmente, indicamos a
diferença entre os sentidos com um sinal de positivo ou negativo na frente, de acordo
com nosso referencial. Portanto, escrevemos que x = -y, já que são vetores idênticos,
com diferença de sentido.
Podemos, ainda, ter vetores que se diferenciam pela direção. Nesse caso, os vetores
são, por consequência, diferentes, também, em sentido! Vejamos:

Figura 9: vetores diferentes

e observemos que, neste caso, apesar dos vetores apresentarem módulos iguais, os
segmentos de retas AB e CD não são paralelos, pois seus prolongamentos se encon-
tram no ponto P. Logo, os vetores x e y não possuem a mesma direção, e, por conse-
quência, não possuem o mesmo sentido. Escrevemos x =/= y.
Por fim, podemos pensar em vetores cujos direções e sentidos são os mesmos,
porém com módulos são diferentes:

379
Figura 10: módulos diferentes
e, nessa hipótese, os vetores são, evidentemente, diferentes.

Decomposição de vetores
Já conhecemos as propriedades dos vetores e já sabemos como compará-los em
todas suas três características, módulo, direção e sentido. Também conhecemos, da
aula 1 dessa frente, propriedades trigonométricas básicas de um triângulo retângulo,
como seno, cosseno e tangente, além do Teorema de Pitágoras.
Todos esses conhecimentos sobre vetores e geometria serão utilizados nessa
seção, na qual trabalharemos com a decomposição desses vetores em suas compo-
nentes horizontal e vertical.
Para isso, iremos determinar dois eixos coordenados: um eixo horizontal (de-
nominado de x) e um eixo vertical (denominado y):

Figura 11: plano cartesiano

e essa dupla de eixos coordenados, com uma reta horizontal e outra vertical, é cham-
ada de plano cartesiano. Perceba que tais retas, x e y, são separadas de um ângulo
de 90º. O ponto O, na figura, representa o quê chamamos de origem, posicionada na
intersecção dos eixos coordenados.
Vejamos os mesmos eixos coordenados com vetores descritos no mesmo:

Figura 12: vetores no plano


380
Para fins do estudo que desejamos realizar, posicionemos nosso vetor na origem
do plano:

Figura 13: vetor v

na situação acima, o vetor v está posicionado de forma que sua direção é tal que for-
ma-se um ângulo entre ela e o eixo coordenado x, horizontal.
Para realizarmos a decomposição, devemos buscar as componentes do vetor,
em ambos eixos coordenados determinados, tal que:

Figura 14: decomposição

Da figura 14, pode-se observar que realizar a decomposição do vetor desejado, é,


simplesmente, projetá-lo nas retas dos eixos coordenados! Portanto, em cada decom-
posição, realizamos a separação do vetor em dois triângulos retângulos. Portanto, po-
demos usar todas as propriedades trigonométricas associadas ao triângulo retângulo
para determinar as componentes de um vetor!
No exemplo da figura anterior, podemos verificar o surgimento de dois triângu-
los retângulos: OAB e OAC. Nesse caso, esses triângulos são formados pelos cate-
tos e e pela hipotenusa . Então:
Na decomposição de um vetor, suas componentes, projetadas nos eixos co-
ordenados, são catetos de um triângulo retângulo. Enquanto isso, o próprio vetor é
hipotenusa do mesmo triângulo.
Ficamos com o triângulo:

Figura 15: triângulo retângulo formado

381
Da figura acima, podemos, então, descobrir todas propriedades das compo-
nentes em função do ângulo fornecido e do vetor original:

e do Teorema de Pitágoras:

Atenção: as relações trigonométricas acima só valem para um ângulo entre o


vetor e o eixo coordenado horizontal!

Operações com Vetores

A partir do momento que conhecemos os mecanismos e ideias por trás da de-


composição de vetores, podemos usar estratégias análogas para realizar operações
com vetores.
Assim como números, diversas são as possibilidades: adição, subtração, multi-
plicação, dentre outras. Porém, iremos aprender, neste material, apenas adição e sub-
tração, além de multiplicação entre vetor e escalar.

382
Vale a ressalva de que multiplicações e divisões com vetores são assunto tratados
apenas em nível superior. Além disso, técnicas avançadas de Trigonometria e Geome-
tria poderiam ser utilizadas para resolver os problemas que serão apresentados. Con-
tudo, deixaremos tais possibilidades para depois que tivermos aprendido mais sobre
esses assuntos das aulas de Matemática. Sendo assim, utilizaremos os conceitos já
aprendidos da decomposição nas próximas seções.

Vetor Resultante

Ao realizarmos uma operação de soma ou subtração de vetores, ou mesmo uma


multiplicação de um vetor por um escalar, iremos obter, como resultado um novo
vetor. Tal vetor, resultado da operação realizada, é chamado vetor resultante.
Nesse contexto, o vetor resultante irá se apresentar, para nós, tanto pela via ge-
ométrica, assim como os vetores, originalmente, quanto na forma analítica, através das
regras de decomposição.
Destaca-se que o vetor resultante pode ser resultado de operações entre muitos
vetores e a multiplicação, em diversas ordens, por diferentes escalares.

Adição vetorial (soma de vetores)

A operação de adição, em sua forma vetorial, será resultado do posicionamento


de vetores em sequência, conectando-se suas origens com as extremidades dos out-
ros. É necessário que sejam mantidas todas propriedades de todos vetores, incluindo
módulo, direção e sentido. Observe:

Figura 16: soma vetorial

Na figura 16, o vetor resultante é o vetor R, tal que podemos escrever R = a + b.


Novamente, percebemos que o vetor resultante, assim como os vetores originais, são
construções geométricas.
Usando a mesma estratégia para a figura 15, observemos que:

383
isto é, o vetor resultante é sempre igual à somatória de suas componentes.
Por esse motivo, podemos utilizar todas as ideias já aprendidas de decomposição de
vetores para realizar a operação de adição.
Portanto, voltando para a figura 16, podemos dizer que as componentes da re-
sultante são iguais às somatórias das componentes dos vetores originais! Veja:

Figura 17a e 17b: utilizando a decomposição de vetores para adição


Podemos, ainda, visualizar a somatória de vários vetores:

Figura 18: soma de muitos vetores


E, das figuras acima, pode-se verificar, ainda, que a soma vetorial é, assim como a
soma com números, comutativa!

Figura 19: comutatividade vetorial


isto é, a + b = b + a.
Portanto:
Para realizar a somatória de dois ou vários vetores, basta realizar a decom-
posição dos mesmos em suas componentes para, então, realizar a somatória das
componentes, duas a duas. Dessa maneira, encontrando as componentes result-
antes, encontra-se o vetor resultante, de fato.

384
Subtração vetorial (subtração de vetores)

Para entendermos a subtração vetorial, basta lembrarmos que a subtração é a


operação inversa da soma, ou seja, realizar a operação a – b é a mesma coisa que fazer
a + (–b). Logo, precisamos entender o significado de um vetor multiplicado por uma
unidade negativa: –b = (–1).b.
Nas operações vetoriais, um vetor de sinal negativo representa um vetor de sen-
tido contrário àquele original. Então são vetores de módulos e direções iguais, mas
sentidos diferentes. Observemos:

Figura 20: vetor negativo

Logo, vetores de mesmo módulo e direção, mas de sentidos opostos, são, sim-
plesmente, o múltiplo por uma unidade negativa (número -1) um do outro.
Então, utilizando o mesmo exemplo da somatória de vetores, encontramos, ge-
ometricamente, a subtração dos vetores da figura 16, a e b, simplesmente fazendo:

Figura 21: subtração vetorial


Para realizar a subtração de dois ou vários vetores, basta realizar a decomposição
dos mesmos em suas componentes para, então, realizar a subtração das componentes,
duas a duas. Analogamente à adição, encontraremos as componentes resultantes e,
então, o vetor resultante, de fato.

Multiplicação por escalar

Por fim, a última operação de precisamos aprender é a de multiplicação de um


vetor por um escalar. Lembre-se, um escalar é uma grandeza que pode ser totalmente
caracterizada por um número, apenas. Então, como é possível realizar uma multipli-
cação de duas coisas diferentes?
Na verdade, já utilizamos a multiplicação entre escalar e vetor, basta lembrarmos
da subtração vetorial. Para encontrar o vetor de sinal negativo, multiplica-se o original
por -1. Perceba que o -1 é, com certeza, um escalar.

385
Um vetor multiplicado por um escalar negativo sofre mudança de sentido.

Agora, queremos investigar outros casos de produto entre escalar e vetor, espe-
cialmente casos nos quais o módulo do escalar é diferente de 1. Para isso, é importante
ter em mente que o módulo de um vetor é um escalar! Portanto, ao realizarmos uma
multiplicação entre escalar e vetor, estamos, na verdade, realizando uma multiplicação
entre escalar e módulo do vetor. Vejamos:

Figura 22: vetor por escalar

Então, escreveremos a multiplicação de um vetor por um escalar k resultando


em outro vetor da forma:
y=k.x
tal que o vetor y, resultante dessa operação, tem as seguintes propriedades:
- direção: é a mesma de x;
- sentido: se k > 0 é o mesmo de x, e se k < 0 é contrário ao sentido de x;
- módulo: |y| = |k| . |x|,
por isso a multiplicação pela unidade negativa apresenta, apenas, mudança de senti-
do, mas não de módulo.

ANOTAÇÕES

386
FÍSICA
AULA 3
Cinemática

Introdução

A cinemática é o ramo da mecânica, uma área da física,


que estuda e está interessada em entender fenômenos relacio-
nados ao movimento através de ferramentas matemáticas, como
funções e gráficos. Neste estudo não nos preocupamos com o
porquê de um movimento ocorrer, queremos prever onde, com
que velocidade ou aceleração um corpo estará, num determina-
do instante, sobre uma trajetória previamente escolhida. Para tal,
precisaremos conhecer alguns conceitos apresentados ao longo
do curso.
Ressalta-se que, na maior parte do tempo, a questão veto-
rial, o caráter vetorial das grandezas com as quais trabalharemos,
será ignorada. Contudo, quando pertinente, estaremos relembran-
do e revelando como a natureza vetorial se aplica aos problemas.

Ponto material

Ao estudarmos um fenômeno físico, as dimensões de um


corpo podem ou não influenciar, isto é, podem ou não ser impor-
tantes para caracterizarmos o fenômeno e prevermos o comporta-
mento futuro do sistema.
Quando as dimensões não interferem no estudo, podem-
os considerá-lo um ponto material (ou partícula). Por exemplo: a
Terra, se comparada às dimensões do movimento em torno do Sol,
pode ser considerada um ponto material. No entanto, ela não será
mais um ponto material ao estudarmos o movimento de um carro
em sua superfície.

Referencial

É um sistema de coordenadas, para identificar a posição de


um corpo.
Na verdade, já trabalhamos com referencial previamente,
quando estávamos estudando vetores. Um referencial será defini-
do pela intersecção de eixos coordenados escolhidos, a origem.

387
Geralmente, usamos eixos coordenados nas direções vertical e horizontal, isto é, um
plano cartesiano:

Figura 1: plano cartesiano

Posição (s)

Definimos como posição a localização de um corpo, num determinado instante,


em relação à um referencial previamente estabelecido. Nesse sentido, a posição de
corpos, dentro de um espaço, é sempre relativa à origem do referencial estabelecido.

Movimento e repouso

Um corpo está em movimento quando sua posição muda em relação a um refer-


encial no decorrer do tempo e em repouso quando isso não ocorre. Portanto, podemos
concluir que a noção de movimento é relativa, um corpo pode estar em movimento
num referencial e em repouso noutro. Por exemplo: você, sentado na sua carteira, está
em repouso quando tomamos a Terra como referencial, mas estaria em movimento se
tomássemos o Sol como referencial, pois a Terra está em movimento ao redor do Sol.

Trajetória

Chamamos de trajetória o caminho formado por todos os pontos que repre-


sentam as posições de um corpo, em relação ao referencial adotado, durante seu movi-
mento. Quando a partícula está parada em relação ao referencial, sua trajetória é rep-
resentada por um ponto.

Posição inicial

Quando estudamos um movimento, ao dispararmos o cronômetro (t=0), a partíc-


ula ocupa uma determinada posição, chamada posição (ou espaço) inicial.

Deslocamento (ΔS)

Considerando um tempo inicial t0 e um tempo final t, o deslocamento, também


chamado de variação da posição ou variação do espaço, é a diferença entre a posição
do corpo assumida no tempo t e a posição assumida pelo corpo no tempo t0. Assim:
ΔS=S-S0

388
então, o deslocamento independe da trajetória assumida pelo corpo.

Figura 2: variação da posição

E, agora, verifiquemos a diferença entre trajetória e deslocamento:

Figura 3: trajetória e deslocamento

Portanto, nota-se como a trajetória é o conjunto dos pontos das posições do cor-
po ao longo do tempo.

Espaço percorrido

A medida descrita sobre a trajetória descrita no movimento de um corpo é


chamada de espaço (ou distância) percorrido. Então, a distância percorrida depende da
trajetória assumida pelo corpo.

389
Velocidade

Na imagem abaixo, obser vamos dois corpos, A e B, que se deslocaram entre S1 e


S2.

Figura 5: velocidade

Os dois corpos realizam o mesmo deslocamento escalar: ΔS=80 metros, contudo,


o corpo A levou um tempo ΔtA=10 s e B levou um tempo ΔtB=20 s, portanto, o corpo A
foi mais rápido nesse trajeto. Quando dizemos que um corpo é mais rápido que outro,
significa que sua velocidade, que é uma grandeza vetorial (precisamos de seu módulo,
direção e sentido para caracterizá-la), em módulo, é maior.

Velocidade escalar média

Chamamos de velocidade escalar média razão entre o deslocamento escalar


(ΔS) e o intervalo de tempo (Δt) em que o deslocamento ocorre. A unidade da veloci-
dade, consequentemente, será a razão entre uma unidade de deslocamento (metro,
quilômetro, milha, etc.) por uma de tempo (segundos, horas, minutos, anos etc.) Es-
crevemos da seguinte forma:
vm= ΔSΔt

Nos casos dos corpos A e B, acima, figura 5, temos:

vmA = 80 m = 8 m/s
10 s

vmB = 80 m = 4 m/s
20 s

Classificação de um movimento quanto à velocidade

A velocidade de um corpo pode ser positiva, negativa ou nula. A partir do sinal


da velocidade, podemos classificar o movimento de um corpo. Lembre-se que o sinal
associado a um vetor, nesse caso, velocidade, representa o sentido no qual o mesmo se
desloca em relação ao referencial estabelecido.

390
Movimento progressivo

Um movimento é progressivo quando um corpo se move no mesmo sentido em


que a trajetória está orientada. Assim, no movimento progressivo, a velocidade é positi-
va.

Figura 6: movimento progressivo

Movimento retrógrado

Um movimento é retrógrado quando um corpo se move no sentido oposto ao


que a trajetória está orientada. Assim, no movimento retrógrado, a velocidade é negati-
va.

Figura 7: movimento retrógrado

391
Movimento uniforme

Podemos observar movimento em toda a natureza, seja na migração dos ani-


mais, nos movimentos dos astros ou mesmo nas atividades humanas.
Estudaremos, agora, um tipo de movimento específico, o movimento uniforme (MU).
Uma partícula movimenta-se uniformemente quando o módulo de sua velocidade
permanece constante durante todo o movimento. Dizer que a velocidade de um corpo
em movimento é constante significa dizer que este corpo percorre distâncias iguais
em intervalos de tempo iguais.
v = constante
Se o movimento uniforme ocorre em linha reta, damos a ele o nome movimento
retilíneo uniforme (MRU).
Apesar de o movimento uniforme não ser muito comum na natureza, em diver-
sas situações podemos dizer que o movimento é aproximadamente uniforme, como
no caso de um metrô em linha reta entre duas estações distante, pois geralmente sua
velocidade quase não muda.

Equação horária do movimento no MRU

É possível estudar movimentos retilíneos uniformes utilizando uma expressão


matemática que descreve a posição de um corpo em função do tempo. Chamamos
essa expressão de função horária da posição (ou equação horária do movimento) e é
dada por:

S = S0 + v . t

onde: S0 é a posição inicial do corpo, v é a velocidade, t é o instante no tempo e S é a


posição do corpo no instante t, isto é, a posição final.
Podemos, ainda, verificar a relação da equação horária do MRU escalar (aci-
ma) com a questão vetorial do problema. Note que a equação está igualando o vetor
posição final à somatória de posição inicial com o produto de escalar por vetor entre
tempo e velocidade.

Figura 8: soma vetorial MRU

Para a cinemática, a equação horária do movimento é fundamental. Perceba que a


mesma é capaz de descrever a situação inicial de um corpo estudado, assim como
seu comportamento futuro. Para isso, essa equação relaciona posição, velocidade e
tempo.

Encontro

Para que ocorra o encontro (ou cruzamento) entre dois corpos numa determina-

392
da trajetória é necessário que estes corpos ocupem a mesma posição ao mesmo tem-
po, isto é, suas posições devem ser iguais.
SA = SB

tal que SA é a posição de A e SB é a posição de B em um mesmo instante.

393
ANOTAÇÕES

394
FÍSICA
AULA 4
Grandezas físicas e notação científica

Havia um grande matemático que viveu no século II a.C na


cidade de Siracusa na Grécia. Seu nome, Arquimedes, é conheci-
do até os dias de hoje devido as suas grandes contribuições para
o campo da hidrostática e da mecânica. Um dia, Hierão, rei de
Siracusa, conhecendo a grande inteligência de Arquimedes, conv-
idou-o para investigar uma coroa de ouro que ele havia encomen-
dado de seu artesão. O rei havia desconfiado que o artesão havia
substituído parte do ouro da coroa por prata, que assim como
hoje, era um metal com menor valor econômico agregado.
Dizem que Arquimedes resolveu este problema enquanto toma-
va banho, quando ele reparou que ao entrar na banheira cheia, a
água que submergia para fora correspondia exatamente ao vol-
ume do seu corpo que adentrava na banheira, e que a mesma coi-
sa aconteceria com qualquer corpo que adentrasse na água. Con-
ta-se que Arquimedes saiu nu pelas ruas de Siracusa e foi direto ao
rei gritando: - Eureka! Eureka! Que quer dizer em grego: -Descobri!
Descobri!

O método de Arquimedes para descobrir se o artesão falava


a verdade a respeito da coroa de ouro foi: mergulhar na água uma
porção de ouro puro que continha a mesma massa da coroa (utili-
zando uma simples balança era possível fazer essa comparação!).
Imergiu-se então em duas bacias separadas cheias de água, o
ouro puro e a coroa, observando que a coroa em comparação com
o ouro retirava um volume maior de água. Isso implica que a coroa
tinha um “volume extra” na sua constituição que não era propri-
amente de ouro, mas sim de um material menos denso. E assim,
Arquimedes chegou a conclusão junto ao rei que o artesão havia
de fato adulterado a sua coroa, levando-o a ser condenado.
É claro que hoje é bem raro encontrar um rei que deseja verific-
ar se a sua coroa é feita de ouro ou não, mas o mesmo princípio
se aplica aos motoristas que desejam verificar se a sua gasolina
foi adulterada. Na adulteração, é comum se adicionar compostos
orgânicos que contém uma densidade menor do que a gasolina,
e com isso, o combustível acaba ocupando um volume maior do
que o esperado para a sua quantidade de massa.

395
Grandezas físicas são todas grandezas que são possíveis de serem medidos na
natureza. Nas situações acima, a grandeza que se ressaltou foi a densidade dos corpos.
Dado que pode ser muito especial para identificar casos de adulteração de material, já
que cada material possui uma densidade conhecida. Existem outras grandezas como
a massa, comprimento, temperatura, energia, etc. todos esses são possíveis de serem
medidos com as suas respectivas unidades.
Unidade significa a dimensão unitária de uma grandeza física. O quadro abaixo rela-
ciona as principais unidades utilizadas com as grandezas do nosso cotidiano:

Você pode reparar que para cada grandeza existem diversas unidades possíveis
(observa a temperatura por exemplo!). Essa variação é aproveitada no nosso cotidiano
de acordo com o bom-senso (conveniência). Ao medir o comprimento de uma caneta
é conveniente se utilizar a unidade centímetros (cm), de uma pessoa o metro (m), de
uma rodovia o quilômetro (km), e assim por diante. Não há uma unidade mais certa do
que a outra. O que existe é uma unidade ser mais conveniente em um determinado
contexto pela sua escala de utilização.

No entanto, existe no meio científico o chamado Sistema Internacional de Uni-


dades (SI). Esse sistema determina unidades específicas a cada grandeza física inde-
pendentemente da sua conveniência e ela é muito útil para sistematizar a medição
física. A unidade no SI convencionada em 1960 para o comprimento, por exemplo, é
o metro (m), não importando se se trata de uma rodovia ou de uma caneta (todas as
unidades do SI estão em negrito no quadro das grandezas físicas).

Você pode me perguntar: -Mas não ficaremos com números muito grandes ao
se medir uma rodovia em metros e números muito pequenos ao medir uma caneta
em metros? A resposta é: Sim. Como contornar a situação? Através da especial notação
científica que você, caro aluno, encontrará no final deste capítulo!

396
FÍSICA
AULA 5
Conversão de unidades de uma dimensão:
múltiplos e submúltiplos

Situação A: Comprando frango no açougue

Quando estamos em um açougue é comum encontrarmos


o preço do quilo de frango em torno de 13,00 reais. No entanto,
não é sempre que desejamos comprar 1 Kg de frango, mas as
vezes optamos por comprar 500 gramas, 200 gramas, 100 gramas,
etc. porém, se o preço é por Kg de frango, como podemos calcular
o preço quando a massa se encontra em gramas? Fazendo uma
simples conversão de unidades.

Note que neste caso 1 kg corresponde a 1000 gramas. Por-


tanto quilograma (Kg) é um múltiplo de grama (g), e para convert-
er uma unidade em outra basta multiplicar por 1000.

Situação B: Fazendo uma viagem para a praia

Quando estamos viajando é comum repararmos no visor do


nosso carro que estamos, por exemplo, a uma velocidade de 120
km/h, que significa que demoramos 1 hora para viajar 120 km com
aquela rapidez. Com isso, é possível inferir quanto tempo se de-
moraria para chegar em Santos partindo de São Paulo mantendo
sempre aquela mesma rapidez em minutos. Supondo que a dis-
tância entre as duas cidades é de 75 Km. Temos:

397
Note que neste caso 1 hora corresponde a 60 minutos. Portanto, hora é um múlti-
plo de minuto, e para converter uma unidade em outra basta multiplicar por 60.
Através desses exemplos é possível perceber que conversão de unidades é algo
muito presente no nosso cotidiano, e vai desde a compra no açougue a fazer uma
viagem de São Paulo a Santos. No primeiro caso, a conversão presente foi de massa,
enquanto que no segundo foi de tempo. O quadro a seguir mostra a relação entre
cada uma das unidades em comprimento e massa:

Fica fácil através da tabela saber-se como converter unidades, já que a cada col-
una deslocada para direita multiplica-se por 10, e cada coluna deslocada para esquerda
divide-se por 10

398
EXERCÍCIOS

1. João costuma ir ao cursinho de bicicleta com uma velocidade de 36 km/h. Pede-se:


a) Quantos metros ele percorre em 1 hora?
b) Quantos quilômetros ele percorre em 1 segundo?
c) Qual a velocidade de João em metros/segundo?

2. Um hidrômetro especial marca o consumo total de água em uma indústria em m³.


No final do mês o marcador aponta para um montante de 35 m³. Pergunta-se:
a) Quantos litros de água a indústria consumiu?
b) Qual a ordem de grandeza desse consumo?
c) Se para cada litro consumido fosse cobrado 2 reais, qual seria a conta de água
no final do mês?
399
3. Uma residência possui apenas 3 lâmpadas, 1 televisão e 1 chuveiro. Pede-se:
a) Se no final do mês cada lâmpada consumiu 100 Kwh, cada televisão 200 Kwh e cada
chuveiro 400 Kwh de energia. Qual é o montante total de energia consumida em Kwh
(Kilowatts-hora)?
b) Calcule a quantidade de energia em Ws (Watts-segundo).

ANOTAÇÕES

400
Notação científica

A distância D entre o sol e a terra é de 149.600.000.000 metros.


O valor da constante eletrostática k que rege a força eletrostática entre corpos
carregados eletricamente vale 9.000.000.000 N.m²/C². A massa de um próton vale
0,0000000000000000000000000016 Kg.
Ok. Aonde eu quero chegar com isso? Que as grandezas físicas podem assum-
ir valores extremamente altos ou extremamente baixos no Sistema Internacional de
unidades tornando muitas vezes impraticável até de se escrever o seu valor no papel.
Como podemos contornar essa situação? Através do recurso da notação científica.
Ela vai nos salvar de escrevermos tantos zeros depois e antes da vírgula através de um
simples truque: escreveremos todos os números segundo este seguinte padrão:

E como a própria palavra nos diz, Notação científica será simplesmente uma ma-
neira de se escrever um número de maneira mais simples e direta. Animado? Vamos
transformar os números do texto que acabamos de ler em notação científica então:

a) Distância entre o sol e a terra:

149.600.000.000 ou 149,6 bilhões = (149,6) . 109 = (1,496 . 102) . 109 = 1,496. 1011 metros
X = 1,496 (entre 1 e 10. Bem melhor!)

O.G = 11

b) Constante eletrostática:

9.000.(...) = 9.109 N.m²/C² (9 casas antes da vírgula)


X = 9 (entre 1 e 10)

O.G = 10

c) Massa do próton:

0,000 (...) = 1,6. 10-27 Kg (27 casas depois de vírgula)


X = 1,6 (entre 1 e 10)

O.G = -27

401
FÍSICA
AULA 6
Análise Dimensional e previsão de fórmulas

A análise dimensional compreende o estudo das unidades


das grandezas físicas e tem como objetivo a verificação e previsão
de fórmulas. Através dela, é possível verificar a relação existente
entre grandezas físicas em um fenômeno. Embora muitos alunos
reclamem por perdas na pontuação de exercícios por esquecer-
em-se da unidade, ela pode ser de grande utilidade. Habitue-se,
sempre que terminar de resolver um exercício de física, a verificar
se as unidades das grandezas foram explicitadas.

Exemplo 0: Análise dimensional no dia a dia

Em um posto no qual o preço da gasolina é de reais por


litro, quanto será gasto para se encher completamente um tanque
com capacidade para litros?
Sendo o preço da gasolina medido em reais por litro, o valor

gasto medido em reais e o volume do tanque em litros, tem-se:


Todas as grandezas da física podem ser expressas em ter-
mos de sete unidades fundamentais:

402
Repare que a unidade da massa não é o grama (g), e sim um múltiplo dele, o
quilograma (kg).
Sendo G uma grandeza, indicamos sua unidade por [G]. Por exemplo, sendo a
massa de um corpo, medida em quilogramas, escrevemos [m] = kg.
Em mecânica, as grandezas fundamentais reduzem-se à massa, ao comprimen-
to e ao tempo, expressos respectivamente por M, L e T. Apenas com o uso dessas três
grandezas, podemos expressar outras grandezas mecânicas.
Sendo G uma grandeza da mecânica, podemos expressá-la em função da mas-
sa, do comprimento e do tempo, de forma que sua unidade será expressa em função
das unidades kg, m e s. Podemos escrever a chamada equação dimensional de G, que
expressa sua unidade no sistema MLT:

[G] = MaLbTy

Nessa equação, a, b e y são expoentes que podem ser determinados. Dizemos que es-
ses expoentes são as dimensões da grandeza G em relação a M, L e T, respectivamente.
Em outras palavras, a dimensão de uma grandeza é a sua expressão em termos do
produto de grandezas fundamentais, cada uma associada a uma potência.

Exemplo 1: A segunda lei de Newton

Um corpo de massa , sujeito à aplicação de um conjunto de forças cuja result-


ante é , adquire uma aceleração tal que:
Sendo a massa medida em quilogramas e a aceleração medida em metros por
segundo ao quadrado, tem-se:

Essa unidade recebe o nome newton (), em homenagem ao físico Isaac New-
ton. Observe que o nome do físico, sendo um substantivo próprio, é grafado com letra
maiúscula; a unidade, por outro lado, com letra minúscula. As exceções a essa regra
ocorrem para o grau Celsius e para o grau Fahrenheit, grafados com letra maiúscula.
Também é possível escrever essa equação dimensional com o sistema MLT:

[F] = kg . m = MLT-2
s2

Exemplo 2: O índice de refração de um meio

Sendo c a velocidade da luz no vácuo e v sua velocidade em um determinado


meio, define-se o índice de refração desse meio (n):

n=c
v

O índice de refração de um meio está relacionado à velocidade com que a luz se


propaga nele e explica, por exemplo, a formação do arco-íris. Sendo esse número ex-
presso pela razão entre duas velocidades, ambas medidas na mesma unidade, trata-se
de uma grandeza adimensional, isto é, que não possui unidade. O índice de refração
da água, por exemplo, vale n ~~ 1,3, sem unidade.

Um dos princípios da análise dimensional, o da homogeneidade, diz que os dois

403
membros de uma equação devem possuir a mesma unidade de medida. Em uma
equação como, por exemplo, A = B + C, os três termos, A, B e C, devem possuir a mes-
ma unidade. Esse princípio é utilizado para verificar a validade de uma equação. Caso
os dois membros de uma equação não possuam a mesma unidade, a equação é falsa.

Exemplo 3: A equação horária do espaço no movimento retilíneo uniforme

Sendo S0 a posição inicial de uma partícula, S sua posição final, v sua velocidade
e t o tempo, tem-se:

S = S0 + v . t

Sendo as posições inicial e final medidas em metros (m), a velocidade em metros


por segundo (m/s) e o tempo em segundos (s), a equação é homogênea, uma vez que
m=m+m.s
s

Observe que essa equação nunca poderia ser escrita como: S = S0 + v . t2


S = S0 . v + t

Algumas equações relacionam as grandezas físicas envolvidas no problema


através de uma constante. A unidade dessa constante, escrita em função das unidades
das grandezas envolvidas, permite a previsão da fórmula que as relaciona.

Exemplo 4: A equação de estado dos gases ideais

A equação de Clapeyron, também conhecida como equação de estado dos gas-


es ideais, relaciona a pressão p, o volume V, a temperatura T e o número de mols n de
um gás ideal. Nessa equação, está presente a constante universal dos gases ideais R,
de valor aproximado 0,082 atm.L/mol.K. Esse valor é medido fora do SI, com a pressão
em atmosferas, atm, o volume em litros, L, o número de mols em mol e a temperatura
em kelvin, K.
Através da análise dimensional, é possível determinar essa equação:

[R] = atm . L → [R] = [p] . [V] → R = p.V → pV = nRT


mol . K [n] . [T] n.T

Exemplo 5: A lei da gravitação universal

A lei da gravitação universal de Isaac Newton descreve a força fundamental da


gravidade, responsável pela atração entre massas e que rege o movimento dos plane-
tas ao redor de estrelas. Essa força pode ser calculada com base nas massas M e m dos
dois corpos que se atraem e da distância d entre eles.
Na fórmula que expressa essa lei, está presente a constante da gravitação univer-
sal G, de valor aproximado 6,67 . 10-11 N.m /kg2
2

Através da análise dimensional, é possível determinar essa equação:

[G] = N . m2 → [G] = [F] . [d]2 → G = F . d2 → F = GMm


kg2 [M] . [n] M.n d2

404
Observe que uma alternativa para a unidade seria considerar apenas uma das
duas massas elevada ao quadrado. No entanto, preferimos a primeira opção por ser
mais sensato que as duas massas sejam relevantes para o cálculo da força gravitacion-
al entre elas.

Exemplo 6: A equação do pêndulo simples

Uma massa presa a um fio, colocada para oscilar em um plano vertical com pe-
quena amplitude, na ausência de forças dissipativas, executa um movimento de perío-
do T. Através de experiências, infere-se que esse período depende da massa pendular
, do comprimento L do pêndulo e da aceleração da gravidade local g. Sabendo-se as
unidades em que tais grandezas são medidas e sendo k uma constante adimensional
(sem unidade), tem-se:

T = k . ma . Lb . gy → [T] = [m]a . [L]b . [g]y

s = kga . mb . (m)y → s = kga . mb+y


(s2)y s 2y

kg0 . m0 . s1 = kga . mb+y . s-2y

Para que essa equação seja homogênea, deve-se ter:

0=a a=0
0=b+y → b = 1/2
1 = -2 y y = -1/2

Assim, a equação que expressa o período de um pêndulo simples é:

T = k . m0 . L1/2 . g-1/2 → T = k . (L)1/2 → T = k .√ L


(g)1/2 g

Observe que o coeficiente ser nulo indica que o período do pêndulo não de-
pende da massa pendular. Isso pode soar um pouco contraintuitivo, mas é garantido
pela análise dimensional (e também experimentalmente). Através de considerações
teóricas, pode-se determinar a constante k = 2π, de forma que a equação final é:

T = 2πk .√ L
g

Observe que não é possível utilizar a análise dimensional para resolver qualquer
problema. No caso do pêndulo simples, por exemplo, a constante de proporcionalidade
não pode ser determinada por análise dimensional.

Sempre que resolver um exercício de física


Comece observando as unidades em que as grandezas foram indicadas e deci-
da se é necessário transformar as unidades de algumas delas. Ao utilizar uma fórmula
da física, é necessário que as grandezas estejam em unidades coerentes, garantindo a
homogeneidade da equação. Em exercícios nos quais é dada uma constante dimen-
sional, sua unidade indica em quais unidades as grandezas relacionadas devem ser
utilizadas, além de permitir a previsão da fórmula através da análise dimensional.
Finalize observando se sua resposta numérica está acompanhada da
unidade correspondente. 405
PÁG 414

QUÍMICA
QUÍMICA
AULA 1
Introdução à Química

1.0 Introdução

- É a ciência que trata das substâncias da natureza, dos


elementos que a constituem, de suas características, de suas pro-
priedades combinatórias, de processos de obtenção, de suas apli-
cações e de sua identificação;

- Descreve de qual maneira os elementos se juntam e


reagem entre si, bem como, a energia desprendida ou absorvida
durante estas transformações;

- A química é o estudo das transformações da matéria em


oposição à física que é o estudo de seus estados.

Mais tradicionalmente, a química pode ser dividida em três


modalidades:

Química Inorgânica: é o ramo da química que trata das proprie-


dades e das reações dos compostos inorgânicos.

Físico-Química ou Química Física: é o estudo dos fundamentos


físicos dos sistemas químicos e dos processos físicos. Em particu-
lar, a descrição energética das diversas transformações faz, por
exemplo, parte deste ramo da química. Nela encontram-se dis-
ciplinas importantes como a termodinâmica química e a termo-
química, a cinética química, a mecânica estatística, a espectrosco-
pia e a eletroquímica.

Química Orgânica: é a ciência da estrutura, das propriedades, da


composição e das reações químicas dos compostos orgânicos
que, em principio, são os compostos cujo elemento principal é o
carbono. O limite entre a química orgânica e a química inorgânica,
que segue, não é sempre nítido; por exemplo, o monóxido de car-
bono (CO) e o anidrido carbônico (CO2) não fazem parte da quími-
ca orgânica.

407
1.1 Alguns conceitos utilizados na química

- Transformação/Fenômeno Físico

Uma substância sofre transformação física, quando não há alteração na sua con-
stituição (ou natureza) atômica.
Exemplo: As mudanças de estado são transformações físicas. A dissolução do sal, ou
açúcar, na água, bem como a recuperação de ambos por evaporação da água, são ex-
emplos disso. A mudança da cor do ferro durante seu aquecimento ou a fragmentação
do giz, quando atritado no quadro-negro, também são fenômenos físicos.

- Mudanças de estado físico

As mudanças de estado físico dependem de dois fatores que são: temperatura e/


ou pressão.

1. Fusão: passagem do estado sólido para o líquido por aumento de temperatura


ou diminuição da pressão. Ex.: derretimento do gelo.
- Ponto de fusão: é a temperatura na qual ocorre a fusão. É numericamente
igual ao ponto de solidificação da mesma substância nas mesmas condições.

2. Solidificação: passagem do estado líquido para o sólido por diminuição de


temperatura ou aumento da pressão. Exemplo: formação das geleiras

3. Vaporização: passagem do líquido para o gasoso por aumento de temperatura


ou diminuição da pressão. A vaporização pode ocorrer de três formas distintas:
- Evaporação: é a vaporização lenta que ocorre a qualquer temperatura e
somente na superfície do líquido. Ex.: evaporação dos rios, lagos, mares, etc.
- Ebulição: é a vaporização rápida e tumultuada que ocorre somente a
uma dada temperatura (ponto de ebulição) e em todo o líquido ao mesmo tempo. Ex.:
água fervendo.
- Calefação: é a vaporização mais rápida e tumultuada que ocorre quando
uma pequena quantidade do líquido entra em contato com uma grande quantidade
de calor. Exemplo: pingo de água em uma chapa quente.
- Ponto de ebulição: é a temperatura que ocorre a ebulição. É numericamente
igual ao ponto de liquefação

4. Condensação ou liquefação: é a passagem do estado gasoso para o líquido por


abaixamento de temperatura ou elevação da pressão. Ocorre condensação quando um
vapor passa para líquido e usa-se liquefação quando um gás passa para líquido.
- Gás: é toda substância que ao natural é gasosa, ou seja, é uma substância
em que se encontra no estado gasoso. Ex.: oxigênio, hidrogênio e gás carbônico.
- Vapor: é uma substância em que se encontra no estado gasoso instável,

408
ou seja, ao natural é encontrada como sólido ou líquido e quando passa para gasoso re-
cebe o nome de vapor. Exemplo: vapor d'água e vapor de ferro.

5. Sublimação: é a passagem direta do estado gasoso para o sólido sem passar


pelo líquido e vice-versa. Ex.: naftalina, gelo-seco, iodo e enxofre.

- Transformação/Fenômeno químico

Uma substância sofre transformação química, quando há alteração na sua na-


tureza atômica, o que impede a recuperação da substância (por métodos elementar-
es);
Todos esses fenômenos recebem o nome de reações químicas (o produto é difer-
ente dos reagentes).
Exemplo: combustões, decomposições, digestões, cozimentos, etc.

2 H2 (g) + O2 (g) → 2 H2O (l)


REAGENTES → PRODUTOS

- Substância pura

É um conjunto de moléculas quimicamente iguais. Pode ser de dois tipos:


1. Substância pura simples: é aquela que apresenta um só elemento químico. Ex.:
O2, S8, C(grafite), O3, N2, P4, etc.
2. Substância pura composta: é aquela formada por mais de um elemento. Ex.:
H2O, CO2, H2SO4,C12H22O11, NaCl, etc.

- Elemento

Substância pura feita de apenas um tipo de átomo e que


não pode ser subdividida em substâncias mais simples através
de nenhum meio físico ou químico;
Um elemento pode ser representado através de um sím-
bolo (uma letra maiúscula ou uma letra maiúscula seguida de
uma minúscula).
Exemplo: Os símbolos H e Fe representam os elementos Hi-
drogênio e Ferro respectivamente.
- Alotropia: fenômeno através do qual um mesmo ele-
mento pode formar mais de uma substância pura simples diferente.
Exemplos:
O2 (oxigênio) e O3(ozônio);
P4fósforo branco e Pn(fósforo vermelho);
C(graf)(grafite), C(diam.) (carbono diamante) e C60 (carbono fulereno);
S(romb) (enxofre rômbico) e S(mon) (enxofremonoclínico).

409
- Composto

É definido como uma substância pura feita de dois ou mais tipos de elementos
(átomos) quimicamente combinados em uma proporção fixa, e que pode ser subdivid-
ido em substâncias mais simples somente através de meios químicos;
A molécula é a menor parte de um composto, cujas propriedades são as mesmas
que a do composto;
Um composto pode ser representado usando-se uma fórmula química.
Exemplo: As fórmulas químicas H2O e NaCl representam os compostos água e cloreto
de sódio respectivamente.

- Mistura

É definida como uma substância impura feita de dois ou mais tipos de elemen-
tos (átomos), compostos ou ambos mecanicamente misturados em qualquer pro-
porção. E que pode ser subdividida em substâncias mais simples através de meios
físicos (mecânicos);
Os constituintes de uma mistura retêm suas propriedades originais;
Existe 2 tipos de misturas: homogêneas e heterogêneas.
1. Mistura Homogênea: os constituintes estão uniformemente misturados
através da mistura. As propriedades e composição de uma mistura homogênea são as
mesmas através da mistura. Sistema monofásico (uma fase).
2. Mistura Heterogênea: os constituintes não estão uniformemente misturados
através da mistura. As propriedades e composição de uma mistura heterogênea não
são as mesmas através da mistura. Sistema polifásico (duas ou mais fases).
Exemplo: A água do mar é uma mistura homogênea. Já uma mistura de água e óleo é
de natureza heterogênea.

- Fase

É um aspecto macroscopicamente
homogêneo de um sistema, caracterizada
completamente pelas suas variáveis de es-
tado e pelas suas variáveis de composição.

EXERCÍCIOS

1. Das amostras seguintes, qual é uma substância pura?


a) aço b) leite em pó c) água destilada d) ar e) madeira

2. Pode-se citar como sistema heterogêneo a mistura de:


a) ferro em pó e álcool comum b) gás carbônico e água
c) nitrogênio e hidrogênio d) oxigênio e vapor d’água e) propano e butano

410
3. Dos elementos abaixo, qual pode formar duas substâncias simples diferentes?
a) hidrogênio b) nitrogênio c) hélio
d) flúor e) oxigênio

4. Os sistemas a seguir:
A: água + álcool etílico + óleo B: água do mar

Podem ser classificados, respectivamente, como:


a) homogêneo-trifásico e homogêneo- bifásico.
b) heterogêneo-bifásico e heterogêneo- bifásico.
c) homogêneo-monofásico e homogêneo- monofásico
d) heterogêneo-bifásico e homogêneo- monofásico
e) homogêneo- unifásico e heterogêneo- bifásico

5. Das seguintes amostras metálicas, qual pode ser representada por um símbolo
químico?
a) latão b) bronze c) aço
d) ouro e) ouro branco

6. Dentre as substâncias químicas: grafite, celulose, água oxigenada e ozônio, são for-
mados por um único elemento químico:
a) água oxigenada e ozônio
b) celulose e água oxigenada
c) grafite e ozônio
d) celulose e ozônio
e) grafite e celulose

7. No sistema representado pela figura a seguir, os


números de fases e componentes são respectivamente:
a) 2 e 2
b) 3 e 2
c) 2 e 3
d) 3 e 3
e) 3 e 4

GABARITO
1. C 2. A 3. E

4. D 5. D 6. C 7. B

411
QUÍMICA
AULA 2
Evolução dos modelos atômicos

Toda matéria, não importa o quão sólido ela pareça, é for-


mada por minúsculos blocos de montagem, sendo estes mes-
mos quase que totalmente constituídos de espaços vazios. Esses
minúsculos blocos são os átomos – que podem ser combinados
para formarem as substâncias que vemos ao nosso redor. A im-
portância dos átomos foi ressaltada pelo eminente físico Ri- chard
Feynman (agraciado com prêmio Nobel), ao afirmar que se algu-
ma tragédia de proporções astronômicas colocasse a perder todo
conhecimento científico acumulado até então, e apenas uma sen-
tença pudesse ser transmitida a uma futura geração, a afirmação
mais importante seria: “Todas as coisas são constituídas de átomos
– pequenas partículas que se movem permanen- temente, que se
atraem mutuamente quando estão pouco afastadas, mas que se
repelem quando são empurradas umas contra as outras”. Essa é a
hipótese atômica que fundamenta toda a ciência moderna.

A idéia de que a matéria é composta de átomos remonta


aos gregos do quinto século a.C. Leucipo viveu por volta de 450
a.C. e dizia que a matéria podia ser dividida em partículas cada vez
menores, até chegar-se a um limite. Demócrito, discípulo de Leu-
cipo, viveu por volta de 470 a 380 a.C. e afirmava que a matéria era
descontínua, isto é, a matéria era formada por minúsculas par- tíc-
ulas indivisíveis, as quais foram denominadas de átomos (que em
grego significa "indivisível"). Demócrito postulou que todos os ti-
pos de matéria eram formados a partir da combinação de átomos
de quatro elementos: os átomos de pedra, secos e pesados; os
de água, pesados e molhados; os de ar, frios e leves; e os de fogo,
quentes e escorregadios.

O solo era uma combinação de átomos de pedra e de água.


Uma planta crescendo no solo sob a influência dos raios solares
consistia de átomos de pedra e de água do solo e de átomos de
fogo do Sol. É por isso que os troncos de madeira seca, que teriam
perdido seus átomos de água, pegariam fogo, libertando átomos
de fogo (chama) e deixando átomos de pedra (cinzas). Quando
certos tipos de pedras, os minérios metáicos, eram colocados em
contato com chamas, os átomos de pedra se uniam aos de fogo,

412
formando os metais, brilhosos. Os metais baratos, como o ferro, continham pequena
quantidade de átomos de fogo, aparentando, assim, opacos. O ouro continha muito
mais quantidade de átomos de fogo, possuindo assim, maior brilho, tornando-o precio-
so.

O modelo da matéria descontínua foi rejeitado por um dos grandes filósofos da


época, Aristóteles, o qual afirmava que a matéria era contínua, isto é, a matéria vista
como um "todo inteiro" (contrastando com a idéia de que a matéria era constituída por
minúsculas partículas indivisíveis). Como os pensamentos Aristotélicos foram consider-
ados verdades absolutas durante séculos, a concepção atômica só foi ressuscitada no
início dos anos 1800 pelo químico inglês John Dalton. Em 1808, Dalton apresentou seu
modelo atômico: o átomo como uma minúscula esfera maciça, indivisível, impenetráv-
el e indestrutível. Para ele, todos os átomos de um mesmo elemento químico seriam
iguais, até mesmo as suas massas. Seu modelo atômico também é conhecido como
"modelo da bola de bilhar". Mas ele e outros da época não tinham evidências convin-
centes sobre a realidade dos átomos.

Fig. 1. Modelo Atômico de Dalton: "bola de bilhar".


O átomo seria uma partícula maciça e indivisível.

Em 1827, um botânico escocês, Robert Brown, notou algo muito estranho em seu
microscópio. Ele estava analisando grãos de pólen em suspensão na água e viu que os
grãos se moviam de forma aleatória, em trajetórias irregulares, como se saltassem. No
início ele pensou que os grãos fossem alguma forma de vida, porém, mais tarde, de-
scobriu que as partículas de poeira e pó de fuligem se comportavam da mesma forma.
Esse movimento desordenado, hoje conhecido como movimento Browniano, é o re-
sultado de colisões entre as partículas visíveis com os átomos, invisíveis, por serem pe-
quenos demais. Embora sem enxergar os átomos, era possível ver os seus efeitos sobre
as partículas que se podia enxergar. Os grãos de pólen movem-se porque há constan-
temente colisões entre os grãos e os átomos que formam as moléculas de água ao seu
redor.

A teoria atômica de Dalton não menciona nada sobre as estruturas que


compõem os átomos. Para a evolução da teoria atômica foi fundamental o desen-
volvimento do conceito de eletricidade. Pesquisando os raios catódicos, que são re-
sponsáveis pela formação de imagens nas telas dos aparelhos de televisão, o físico
inglês J. J. Thomson (1856-1940) demonstrou que os mesmos podiam ser interpretados
como sendo um feixe de partículas carregadas negativamente, pois quando se coloca-
va uma carga elétrica perto do tubo, o raio era desviado, ou curvado, aproxi- mando-se
da carga se ela fosse positiva, ou afastando-se dela se ela fosse negativa. Essas partí-
culas foram chamadas de elétrons. Utilizando campos magnéticos e elétricos, Thom-
son conseguiu determinar a relação entre a carga e a massa do elétron. Ele concluiu
que os elétrons (raios catódicos) deveriam ser constituinte de todo tipo de matéria,
pois observou que a relação carga/massa do elétron era a mesma para qualquer gás
que fosse colocado na Ampola de Crookes, tubo de vidro com gás rarefeito no qual se
faz descargas elétricas em campos elétricos e mag- néticos. Com base em suas con-
clusões, Thomson negou o modelo do átomo indivisível e apresentou seu modelo, con-
hecido também como o "modelo de pudim de passas":

413
Fig. 2. Modelo Atômico de Thomsom: "pudim de passas".

Fig. 3. Arranjo experimental de Thomson: a Ampola de Crookes.


A e B são as placas onde se aplicam os campos elétricos e magnéticos, e S é a tela de
fósforo.

O pudim é toda a esfera positiva e as passas são os elétrons, de carga negativa.


Era um modelo estático, onde supunha-se que os elétrons estivessem em repouso no
interior de um átomo, em certas posições de equilíbrio determinadas pelas forças de
repulsões eletrostáticas.
O modelo atômico de Rutherford (1911) é baseado nos resultados da experiência
que Rutherford e seus colaboradores realizaram: bombardeamento de uma lâmina
muito fina (delgada) de ouro com partículas alfa (núcleo do átomo de hélio), que eram
cargas positivas.

Fig. 4. Experimento da folha de ouro realizado por Rutherford.

Como as partículas alfa são milhares de vezes mais massivas do que os elétrons,
esperava-se que o fluxo de partículas alfa não seria praticamente desviado ao atraves-
sar o “pudim atômico”. Isso realmente foi observado. Rutherford verificou que, para
uma grande quantidade de partículas alfa que incidiam na lâmina de ouro, apenas
uma era desviada ou refletida. Essas partículas alfa deviam ter colidido com algo relati-
vamente massivo. Rutherford raciocinou que as partículas que praticamente não eram
desviadas tinham atravessado regiões da folha de ouro que eram espaço vazio, en-
quanto o pequeno número de partículas desviadas haviam sido repelidas por centros
extremamente densos e positivamente carregados. Cada átomo, então, deve conter
um desses centros espalhadores, aos quais ele denominou núcleos atômicos. Compa-

414
rando, se o núcleo de um átomo tivesse o tamanho de uma azeitona, o átomo teria o
tamanho do estádio do Morumbi.
Surgiu então em 1911, o modelo do átomo nucleado, conhecido como o mode-
lo planetário do átomo: o átomo é constituí- do por um núcleo central positivo, muito
pequeno em relação ao tamanho total do átomo, porém com grande massa e ao seu
redor, localizam-se os elétrons com carga negativa (compondo a "enorme" eletrosfera)
e com pequena massa, que neutraliza o átomo.

Fig. 5. Modelo atômico de Rutherford: modelo planetário do átomo.

Nota-se no modelo de Rutherford dois equívocos: uma carga negativa, colocada


em movimento ao redor de uma carga positiva estacionária, adquire movimento espi-
ralado em direção à carga positiva acabando por colidir com ela. Além disso, uma car-
ga negativa em movimento irradia (perde) energia constantemente, emitindo radia-
ção. Porém, sabe-se que o átomo em seu estado normal não emite radiação.
O físico dinamarquês Niels Bohr conseguiu "solucionar" os equívocos cometidos
por Rutherford baseando-se na seguinte idéia: um elétron num átomo adquire apenas
certas energias, e cada energia é representada por uma órbita definida. Se o elétron
recebe energia ele pula para outra órbita mais afastada do núcleo. Pode ocorrer no
elétron a perda de energia por irradia- ção, e sendo assim, o elétron cai para uma órbita
mais próxima do núcleo. Todavia o elétron não pode ficar entre duas órbitas definidas,
específicas, pois essa não seria uma órbita estável.
Conclui-se então que quanto maior a energia do elétron, mais afastado ele estará
do núcleo. Em outras palavras, um elétron só pode estar em movimento ao redor do
núcleo se estiver em órbitas específicas, definidas, e não se encontra em movimento
ao redor do núcleo em quaisquer órbitas. As órbitas permitidas constituem os níveis de
energia do átomo (camadas K, L, M, N, O, P e Q).
Um átomo normal é eletricamente neutro. Isso significa que a carga elétrica de
seu núcleo deve ser exatamente igual em valor à carga elé- trica negativa combinada
de seus elétrons. Por- tanto, as partículas positivamente carregadas, os prótons, devem
residir nos núcleos. Todos os prótons são idênticos. Embora se soubesse que o próton
é cerca de 2000 vezes mais massivo do que os elétrons, a carga de um único próton é
igual e oposta à carga de um único elétron.
A principal característica que distingue o átomo de um elemento, do átomo de outro
elemento, é o número de prótons dentro do núcleo. O átomo de hidrogênio é o mais
simples de to- dos. Ele consiste de um único próton com um único elétron girando
ao seu redor. O átomo de hélio é o próximo, contendo dois prótons e dois elétrons. O
átomo de lítio tem três prótons e três elétrons, e a lista continua com o átomo de cada
elemento sucessivo tendo um próton adicional no núcleo e um elétron adicional giran-
do ao redor do núcleo. Os núcleos também contêm partículas eletricamente neutras,

415
chamadas de nêutrons. O núcleo de hélio, por exemplo, tem carga duas vezes maior
do que a do núcleo de hidrogênio, mas quatro vezes mais massa. A massa adicional se
deve ao nêutron, que tem praticamente a mesma massa do próton, mas não possui
carga elétrica.
Enquanto que o número de prótons em um núcleo é exatamente igual ao
número de elétrons ao redor do núcleo de um átomo neutro, o número de prótons
nos núcleos não é necessariamente igual ao número de seus nêutrons. Por exemplo,
todos os átomos de hidrogênio possuem um único próton em seu núcleo, mas a maio-
ria deles não possui nêutron algum. Uma pequena porcentagem deles contém um
nêutron, e uma porcentagem ainda menor, dois nêutrons.
O átomo se comporta como se seus elétrons formassem camadas esféricas con-
cêntricas ao redor do núcleo. Existem até sete camadas e cada uma delas tem a sua
própria capacidade de ocupação por elétrons. A primeira e mais interna das camadas,
tem capacidade para acomodar dois elétrons, enquanto a sétima e mais externa, tem
capacidade para oito elétrons. O arranjo de elétrons em camadas estabelece proprie-
dades dos materiais como a resistência mecânica, densidade, temperaturas de mu-
danças de estados, cor, textura, etc. Os arranjos de elétrons literalmente dão cor e vida
ao mundo.
Os elementos são classificados de acordo com a quantidade de prótons que
seus átomos contém, o número atômico. O hidrogênio, contendo um próton por áto-
mo, tem número atômico 1; o hélio, com dois prótons por átomo, tem número atômico
2, e assim por diante até chegar ao elemento mais pesado que ocorre na natureza, o
urânio, com número atômico 92. O arranjo de elementos por seus números atômicos
constitui a tabela periódica de elementos.
Quando você lê a tabela da esquerda para a direita, cada elemento tem um
próton e um elétron a mais do que o elemento precedente.
Quando você a lê de cima para baixo, cada elemento tem uma camada a mais
de elétrons do que o elemento acima dele na tabela. As camadas mais internas são
preenchidas até suas capacidades, e a mais externa pode ou não estar cheia, depend-
endo de qual elemento se trata. Apenas os elementos situados na extremidade direita
da tabela possuem suas camadas mais externas preenchidas até sua capacidade. Rara-
mente tais elementos se combinam, e são conhecidos como os gases nobres – hélio,
neônio, ar- gônio, criptônio, xenônio e radônio.

Fig. 6. A tabela periódica dos elementos

416
EXERCÍCIOS

1. O que contribui mais para a massa de um átomo, os elétrons ou os prótons? E para o


volume de um átomo (seu tamanho)?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

2. O que faz as partículas de poeira e os minúsculos grãos de fuligem moverem-se em


movimento Browniano?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

3. Qual foi o destino da grande maioria das partículas alfa direcionadas contra a folha
de ouro no laboratório de Rutherford?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

4. Qual foi o destino de uma pequena fração das partículas alfa? Um destino que sur-
preendeu Rutherford?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

5. Que tipo de força impede os átomos de se interpenetrarem?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. Como a massa e a carga de um próton se comparam com a massa e a carga de um


elétron?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

7. O que o número atômico de um elemento nos informa sobre este?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

417
ANOTAÇÕES

418
QUÍMICA
AULA 3
Matéria e suas propriedades

Para introduzir a ideia de matéria e suas características va-


mos primeiros definir matéria.
Matéria é tudo aquilo que te massa e ocupa espaço. Isso
inclui desde os objetos dos nossos dia-a-dia, seres vivos até o mar,
formas de relevo e o próprio ar. Vale lembrar que o que chamamos
de ar é um conjunto de substâncias que formam uma mistura.
Só nao conseguimos a olho nu ver cada uma dessas substâncias
separadamente. Então matéria em geral tem duas características
fundamentais: 1 - tem massa 2 - ocupa espaço.
A matéria pode estar presente na forma sólida, líquida ou
gasosa. Esse são chamados estados da matéria.
Portanto, em uma definição mais formal, matéria é qualquer
aglomerado de partículas que compõe um corpo sólido líquido ou
gasoso.
Como vocês devem ter percebido, o conceito de matéria é
muito geral e abrange quase tudo que pensamos. Tudo isso, toda
forma de matéria está sujeita a algumas propriedades comuns, ou
seja características que toda matéria tem:
1. Inércia
2. Massa
3. Extensão
4. Impenetrabilidade
5. Divisibilidade
6. Compressibilidade e elasticidade
7. Descontinuidade

Vamos explicar um por um agora:

1. Inércia
É a caracteristica da matéria de se manter no seu estado de
movimento. Mas calma, o que é “estado de movimento”: é como
caracterizamos o movimento de algo. Temos dois possíveis esta-
dos de movimento básicos. Algo pode estar se movendo ou pode
estar parado. A característica comum a TODA matéria é tentar
manter esse estado de movimento, isso é inércia. Um exemplo
clássico: quando estamos andando de carro e o motorista freia

419
bruscamente. Os corpos do carro estavam em movimento, mesmo quando o carro
para, a tendencia desses corpos é de continuar em movimento (por que eles querem
manter seu estado de movimento) e por isso os corpos vão pra frente quando o carro
freia.

2. Massa
É quanto de matéria um corpo têm. Cuidado pra não confundir com peso! Peso
é uma força criada pela interação da massa com a gravidade. Toda matéria tem massa
independente de onde ela estiver por que massa é uma característica da matéria inde-
pendente do meio.

3. Extensão (ou volume)


É o espaço ocupado pela matéria. Como por definição a matéria ocupa espaço,
tudo que é matéria tem volume. Voltemos ao caso do ar. O ar é uma mistura de sub-
stâncias, e ,tendo massa e ocupando espaço, é matéria. Podemos pensar em calcular
partes do volume do ar quando enchemos um balão. O balão (cheio) tem no seu inte-
rior uma mistura, uma conjunto de substâncias na forma gasosa, e portanto matéria.
Toda matéria tem volume por que ocupa um espaço, as vezes esse espaço que ela
ocupa só é mais dificil de ser percebido, mas isso não significa que ele não existe.

4. Impenetrabilidade
É a propriedade da matéria de não permitir qualquer outra matéria de ocupar o
mesmo espaço ao mesmo tempo que é ocupado por ela. Pode parecer dificil entender
por essa frase mas vamos com calma: Um espaço qualquer, não pode ser ocupado por
mais de um corpo ao mesmo tempo. É o clássico dois corpos nao ocupam ao mesmo
tempo o mesmo lugar. Vamos pensar em uma piscina cheia de agua ate a borda. A
agua em forma liquida é matéria. Se colocarmos qualquer outra coisa no espaço onde
estava a agua, o nivel da agua vai subir e transbordar. As moléculas de água sao as que
estão ocupando aquele espaço. Se alguem entra ali, essa pessoa tem massa e volume
e vai fazer as moléculas de agua se moverem, a água se move e transborda.

5. Descontinuidade
A matéria é constituída de elementos menores. Podemos pensar no caso de
moléculas que formam uma substância. Essas moléculas tem um espaço entre si. Isso
nos mostra que matéria, tudo isso a nossa volta não é continuo. Não é uma massa úni-
ca que não pode ser maleada. Muito pelo contrário: esses espaços podem ser reduzi-
dos ou aumentados dando novos aspectos a matéria.

6. Divisibilidade
É a propriedade da matéria de poder ser dividida em partes menores.
De um modo geral porém, matéria pode ser dividida em partes menores. Se pen-
sarmos desde uma tábua de madeira que podemos quebrar ao meio, dividindo em
partes menores, até algum processo de remoção de moléculas usando equipamentos
muito caros e finos: matéria é divisível.
Em casos isso pode ser feito sem perder suas características mas só até certo
ponto: quando dividimos uma molécula, ela, ao perder átomos, perde característi-
cas e se torna outra coisa. Agora, mantendo a mesma composição, podemos dividir
a matéria várias vezes e ela continua sendo matéria com as mesmas características
quimicas.

420
7.1 Compressibilidade
É a propriedade da matéria de poder ser
comprimida. Vejam bem, isso não invalida o
conceito anterior: as moleculas de um determi-
nado corpo podem se aproximar ou se afastar.
Elas so nao podem estar no mesmo lugar que
as moleculas de outro corpo. Essa propriedade
justamente atesta que as moléculas podem
se espremer e tornar-se mais próximas. Nao é
dificil pegar um exemplo disso. Se tamparmos
uma seringa e pressionarmos, todo ar de dentro
do embolo vai se comprimir no canto. A matéria
pode ser comprimida em um espaço menor
que o prévio mas só até certo ponto.

7.2 Elasticidade
Toda matéria pode ser esticada. Isto é, toda
matéria pode ter o espaço entre suas moléculas au-
mentado. Podemos pensar em algum metal que
sobre calor elevado tem possibilidade de ser esticado.

O que tiramos dessas propriedades é que a matéria nao e um algo unico e con-
tinuo. Ela é formada por elementos menores. Esses elementos menores podem ter
espaço entre si e esse espaço pode ser aumentado ou reduzido. Matéria não é algo
rígido, totalmente cheio e contínuo. Na verdade, no geral ela é altamente modificável.
São essas modificações que deixam as coisas interessantes.

ANOTAÇÕES

421
QUÍMICA
AULA 4
Introdução a reações químicas

Primeiro, vamos relembrar alguns conceitos básicos de so-


bre os níveis de classificação quimica:
Átomo é uma amostra, uma partícula de um elemento. É o
menor nivel de classificação que vamos estudar aqui. Os átomos
são sempre de algum elemento. Elementos são a base da nossa
vidinha: eles são as estruturas diferentes entre si que compõe a
vida como conhecemos. Mas vamo com calma. Os elementos são
aqueles da tabela periódica e uma partícula desses elementos se
chama átomo. Os átomos se ligam em estruturas maiores cham-
adas moléculas. Os átomos são de um elemento e as moléculas
representam uma substância. Um exemplozinho pra entender
tudo: A água é uma substância. A molécula de água tem átomos
de hidrogênio e um átomo de oxigenio. Os átomos dao a carac-
teristica da moléula. A molécula de água H2O tem características
suas que são diferentes das características de uma outra substân-
cia que, naturalmente terá moléculas diferentes.
Em resumo, o conjunto de átomos de determinados ele-
mentos determinará a característica de uma molécula que dará o
aspecto da substância.
Mas a parte legal é que as substâncias interagem entre si.
Essa interação, quando rola chama-se reação química.
Temos inúmero exemplos de reação quimica, mas é inter-
essante descontruir alguns mitos sobre elas. As reações quimicas
tem alguns sinais que demonstram que elas de fato ocorreram.
Eu to falando isso por que duas substâncias podem simplesmente
não reagir entre si, não levando a ocorrência de uma reação quími-
ca.
Enfim, num processo de reação química, temos reagentes e
produtos:

- Reagentes: conjunto de substâncias originais que vão int-


eragir entre si. Ficam do lado esquerdo da representação (vamos
falar mais de representação de reações quimicas depois).

- Produtos: são o resultado da reação química. São as sub-


stâncias orginárias do processo de reação química. Na maioria dos
casos que vamos estudar, vão ser novas substâncias que não esta-
vam entre os reagentes.

422
- Como saber quando ocorreu uma reação química

Temos indicadores que ocorreu de fato uma reação química, isto é as substân-
cias reagiram entre si:
- Liberação de calor ou absorção de calor
- Mudança de cor
- Geração de novas substâncias

São os principais indicadores que uma reação química ocorreu. Nos casos em
que uma ocorre podemos perceber alguma diferença. Ou o frasco ficou mais quente
ou mais frio ou ele mudou de cor ou uma nova susbstância tá presente. Alguma mu-
dança em relação a situação original. Isso que marca uma reação química.
Bom, agora já sabemos mais ou menos do que se trata, vamos entender os tipos
de reação química.
Primeiro, caracterizamos elas entre endotérmicas e exotérmicas:

- REAÇÕES ENDOTÉRMICAS: durante a interação das substâncias, temos AB-


SORÇÃO DE CALOR. Isso significa que a reação absorve energia do meio para se con-
cretizar. Isso faz por exemplo o frasco do laboratório esfriar quando acontece.

- REAÇÕES EXOTÉRMICAS: Elas liberam energia. Elas mandam energia para o


meio. Imagina que louco usar essa energia pra algum processo do dia a dia. Isso é ex-
atamente o que é feito em alguns casos. O maior exemplo são as reações de combus-
tão. Elas liberam energia para o meio. As células fazem isso o tempo todo num proces-
so chamado respiração celular. Elas reagem o oxigênio com os açucares para gerarem
energia que as mantém vivas. Por consequência também te mantem vivo. UHUL EXO-
TERMICAS!!

Essa seria a classificação mais geral em dois tipos. Uma outra classificação seria
baseada em como se dá a reação. Em casos, a reação vai juntar duas substâncias dan-
do origem a outra, em outras situações uma única substância da origem a mais de
uma. O padrão observado geralmente ta intimamente ligado a quais tipos de substân-
cias estão reagindo. Vamos classificar todas aqui:

1. Reações de Síntese ou Adição (A+B → AB):


É o tipo de reação entre duas substâncias reagentes gerando uma mais complexa, por
exemplo: C + O2 → CO2.

2. Reações de Análise ou de Decomposição (AB → A+B)


É o tipo de reação na qual uma substância reagente se divide em duas ou mais sub-
stâncias simples, por exemplo: 2HGO → 2HG + O2. Essa decomposição pode ocorrer
de três maneiras: pirólise (decomposição do calor), fotólise (decomposição da luz) e
eletrólise (decomposição da eletricidade). Perceba que a decomposição tem a partici-
pação de alguma fonte de energia externa.

3. Reações de Deslocamento ou de Substituição ou de Simples Troca (AB+C → AC+B ou


AB+C → CB+A):
Corresponde a reação entre uma substância simples e outra composta, levando à
transformação da substância composta em simples, por exemplo: Fe + 2HCL → H2 +
FeCl2. É uma substituição de átomos na substância composta. Olhem vocês, no ex-

423
emplo, o ferro substitui o hidrogênio que tava ligado ao cloro. Percebam uma coisinha
porém. O cloro se liga ao ferro em dose dupla mas o cloro tava presente em dose única
no HCL. Isso que aqui ta demonstrado é uma das regras básicas de reações e equações
químicas. Nada é criado. Não tem mágica. Para a reação rolar precisamos de dois áto-
mos de cloro do lado dos reagentes. É por isso que tem um 2 na frente do HCl. Essa
reação so ocorre naquela proporção. Só quando 2 do HCl reage com 1 da susbtância
pura Fe.

4. Reações de Dupla-Troca ou de Dupla Substituição (AB+CD → AD+CB): correspondem


as reações entre duas substâncias compostas que vão trocar entre si os átomos de um
dos elementos que elas tem, gerando duas novas substâncias compostas, por exemp-
lo: NaCl + AgNO3 → AgCl + NaNO3

Vamo só falar mais um pouco sobre como representar as reações quimicas. A


gente usa uma paradinha chamada EQUAÇÃO QUIMICA. Nela, a gente poe os rea-
gentes do lado esquerdo (geralmente) e os produtos do lado direito (também geral-
mente). Com uma setinha a gente representa o sentido para qual a reação está indo. A
equação quimica vai ser o mapa de orientação pra entender qualquer reação química
então ela é MUITO IMPORTANTE RAPAZIADA. Vamos ao exemplo:

2H2 + O2 - > 2H2O

Essa de cara da pra notar que duas substâncias simples reagem entre si gerando
uma substância composta. Trata- se de uma reação de adição. Do lado esquerdo estão
os reagentes, as substâncias que vao reagir e do lado direito o produto. Numa equação
mais completa também teríamos o nivel de energia da reação que seria negativa caso
ela fosse exotermica por que a reação perde energia e positiva no caso endotérmica
por que ela ganha energia. Na frente das substâncias podemos perceber um coefi-
ciente. Um número. Ele nos indica quanto de cada substância seria necessário para
que a reação ocorra. Isso significa que o H2 não reage na mesma proporção que o O2.
Precisamos sempre do dobro de H2 para reagir com o O2 e isso dará origem a 2 vezes
a quantidade “base” de H2O. Essa reação sempre ocorrerá nessas proporções por mo-
tivos de que nunca se cria átomos de quaisquer elementos numa reação quimica. Eles
só são reorganizados.

Como já dizia o Heinsenberg de Breaking Bad:


A química é a ciência da matéria, mas é mais interessante olhar pra ela como
a ciência da transformação.

424
ANOTAÇÕES

425
PÁG 434

BIOLOGIA
BIOLOGIA
AULA 1
Conceitos iniciais

1.0 O que é biologia?

A Biologia, etimologicamente, do grego: bios = vida e logos =


estudo.
Biologia (biociência ou ciências biológicas) é a ciência que
tem por finalidade estudar a vida, os seres vivos, conhecer suas
características estruturais e de funcionamento, crescimento, re-
produção e hereditariedade, origem, processos evolutivos e es-
tratégias de adaptação e distribuição, organizar sua classificação,
além de entender suas relações com o meio ambiente e entre si.
Como ciência, a Biologia é dividida em áreas de estudo tais como:
biofísica e bioquímica, citologia, histologia, genética, zoologia,
botânica, ecologia, taxonomia, evolução, embriologia, microbio-
logia, biotecnologia entre muitas outras.

- Quais são as características que permitem identificar um ser


vivo?
Capacidade de reprodução, hereditariedade, organização
estrutural de unidade/ organização celular; composição química
complexa, metabolismo, crescimento, excitabilidade, adaptação,
mutação, movimento e regulação são algumas das características
que permitem reconhecer um ser vivo. Atualmente, a principal
delas é a capacidade de reprodução e geração de descendentes
também com capacidade reprodutiva.

- Quem são os seres vivos?


Quando observamos um ambiente, podemos identificar seres
vivos como vírus, bactérias, protistas, fungos, vegetais e animais,
além dos componentes não-vivos: água, solo e ar. Os seres vivos
são classificados em grupos para permitir seu estudo de forma
organizada. Um processo classificatório dos seres vivos parte do
conhecimento de suas características e da definição de critérios
para formação dos grupos.

1.1 Classificação biológica

Taxonomia (de grego táksis = classificação, arranjo + nómos


= regra, lei) é a parte da biologia que trata da descrição, nomen-
clatura e classificação dos seres vivos. Atualmente, a formação
de grupos biológicos conta com estudos de filogenia (grego file
427
= tribo, raça + genia = origem) que é a pesquisa da relação evolutiva entre grupos de
organismos. Desta forma, temos a sistemática que é tida como a ciência para descrever
e inventariar a biodiversidade (taxonomia) através da relação evolutiva dos organismos
(filogenia). Sendo que sistemas naturais de classificação levam em conta processos
evolutivos.
A nomenclatura das espécies segue as regras propostas por Carl von Linné
(Lineu), figura 1, no século 18, descritas abaixo.

Figura 1: Carl von Linné (Lineu) (1707-1778), botânico, zoólogo e médico sueco, criador da
nomenclatura binomial das espécies, sendo considerado assim, o "pai” da taxonomia
moderna.

Regras de nomenclatura das espécies:


- O nome da espécie deve ser binomial, isto é, composto por dois nomes (ex.:
Homo sapiens);
- Devem ser escritos em latim ou serem latinizados;
- O primeiro nome refere-se ao gênero e deve ter a inicial com letra maiúscula;
- O segundo nome é o epíteto específico e deve ser escrito normalmente com
inicial minúscula;
- Os dois juntos formam o nome da espécie (ex.: Homo sapiens, que é o nome da
espécie humana);
- Os nomes científicos devem ter grafia diferenciada no texto, escrito em itálico
ou cada nome sublinhado com traços separados (ex.: Homo sapiens ou Homo sapiens).

Em 1969 Robert Whittaker (figura 2) propôs a classificação em cinco reinos: Mon-


era, Protista, Fungi, Plantae e Animalia.

Figura 2: Whittaker (1920 - 1980), botânico e ecologista.

Dentro destas propostas, os seres vivos podem ser organizados didaticamente


dentro destes preceitos científicos, como descrito a seguir.

428
1.2 Principais Grupos de Seres Vivos

Em uma abordagem sucinta e didática, os seres vivos podem ser divididos em


dois grupos: acelulares e celulares (figura 3).
Os seres acelulares (desprovidos de células) a exemplo dos vírus apresentam uma
unidade de organização mais simples, com a presença de apenas um ácido nucléico
(DNA ou RNA). Vale ressaltar que há discussões científicas sobre considerar realmente
os vírus como seres vivos.
Os seres celulares apresentam unidade de organização mais complexa com a
presença de ambos os ácidos nucléicos (DNA e RNA). As bactérias, algas, protozoários,
fungos, vegetais e animais são seres celulares. Desta forma, os seres celulares são divid-
idos didaticamente nos cinco reinos de Whittaker.
Os seres celulares podem ser divididos de acordo com o critério específico de
ausência ou presença de núcleo celular individualizado e organelas membranosas, as-
sim denominados procariontes e eucariontes, respectivamente.
Os seres procariontes (anucleados) são incluídos no reino monera. Já os seres eucarion-
tes (nucleados) são incluídos nos reinos protista, fungi, vegetal e animal dependendo
de outros critérios. Vale ressaltar que a ciência da classificação dos seres é bastante
complexa, sendo apresentada de forma sucinta e didática aos estudantes do ensino
fundamental e médio objetivando um entendimento inicial do assunto.
Observe o esquema abaixo (fig.3) que mostra os principais critérios e grupos bási-
cos didáticos da classificação biológica.

Observação:
Acelular: a, não, falso, desprovido + celular: relativo à célula.
Procarionte: gr.: pro, anterior, primeiro, primitivo + karyon, noz ou amêndoa – núcleo.
Eucarionte: gr.: eu, verdadeiro + karyon, noz ou amêndoa – núcleo.

1.3 Níveis de classificação

A classificação científica biológica reúne os seres vivos em


níveis de organização (fig. 6): domínios, reinos, filos (ou divisões),
classes, ordens, famílias, gêneros e espécies.
Os domínios, reinos e filos são grupos mais abrangentes. Já
famílias, gêneros e espécies são menos abrangentes, por conse-
quência mais específicos.

Figura 6: Esquema dos níveis de classificação.

429
1.4 Domínios Bacteria, Archaea, Eukarya

Na década de 1970, Carl Woese (fig.7) e autores colaboradores, publicaram uma


nova ferramenta para usar dados moleculares na reconstrução de relações microbia-
nas, utilizando o RNA ribossômico. O artigo representou o nascimento da filogenia mo-
lecular. Um resultado dessa primeira análise foi a descoberta de um terceiro domínio
da vida - as Archaea (fig. 8) formada por procariontes anteriormente classificados com
bactérias.

Figura 7: Carl Woese

- Bacteria abrange procariontes como bactérias gram-positivas e gram-negati-


vas, sendo que todas apresentam peptidoglicano na parede celular.
- Archaea abrange procariontes termófilos, halófilos e metanogênicos entre out-
ras, adaptados a ambientes extremos, porém nunca apresentam peptidoglicanos em
sua parede celular.
- Eukarya abrange os seres eucariontes.

Figura 8: Seres vivos em três domínos (Lehninger Principles of Biochemistry. Fifth Ed.).

1.6 Evolução

Evolução é mudança ao longo do tempo. Charles Darwin, décadas após sua


viagem ao redor do mundo, publicou sua obra "A Origem das Espécies” onde elucida
que a partir de uma mesma ancestralidade, todas as linhagens resultam do acúmu-
lo de modificações ao longo do tempo, em resposta às pressões do meio. Diferente-
mente do criacionismo fixista religioso, onde seres imutáveis são criados, e dos pre-
ceitos de Jean-Baptiste Lamarck, para o qual caracteres adquiridos pela lei do uso e
desuso são transmitidos às gerações futuras, Darwin trouxe ao conhecimento que, a
partir de uma biodiversidade, os indivíduos com as características que permitem maior
adaptação ao meio e reprodução, conseguem sobreviver e transmitir tais característi-
cas aos seus descendentes, em detrimento dos que apresentam características des-

430
favoráveis. Posteriormente, a origem da diversidade foi descoberta como sendo por
mutações genéticas e permutações gênicas, caracterizando a teoria do NeoDarwinis-
mo.

Figura 9: Charles Robert Darwin (1809 – 1882) naturalista britânico.

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa que representa corretamente a relação evolutiva dos três


domínios de seres vivos.

Observe a tabela ao lado que mostra exemplos de


classificação de seres vivos e responda a questão 2.

2. Cite a partir de qual nível de classificação os seres


humanos se distinguem dos tigres.
________________________________________________

Observe a tabela abaixo e responda a questão 3.

3. As características (I), (II), (III) e (IV) correspondentes


aos seres vivos indicados na tabela acima são respec-
tivamente:
a) Celular, acelular, eucarionte e procarionte
b) Acelular, celular, procarionte e eucarionte
c) Acelular, celular, eucarionte e procarionte
d) Celular, acelular, procarionte e eucarionte
e) Anucleado, nucleado, procarionte e eucarionte

431
4. Julgue as sentenças a seguir e assinale a alternativa correta:

(I) Os vegetais são celulares eucariontes;


(II) Os fungos são eucariontes;
(III) Bactérias são procariontes;
(IV) Todo eucarionte possui núcleo individualizado por cariomembrana;
(V) Todo eucarionte é celular.

a) Todas estão erradas;


b) Todas estão corretas;
c) (II) é a única correta;
d) (I) e (III) são corretas;
e) (IV) é a única correta.

5. No esquema ao lado representativo dos pro-


cessos envolvidos na evolução os retângulos A e
B podem ser preenchidos por:

A: _____________________;

B: _____________________.

GABARITO
1. Resposta B 2. Ordem
3. Resposta B 4. Resposta B
5. Mutação e seleção natural, respectivamente

ANOTAÇÕES

432
ANOTAÇÕES

433
BIOLOGIA
AULA 2
Vírus, procariontes, algas,
protozoários e fungos

2.0 Vírus

- Estrutura do vírus
Os vírus são considerados seres vivos para a maioria dos
biólogos virologistas, sendo assim, são seres vivos acelulares, ou
seja, apresentam organização estrutural (Figura 1) desprovida de
células. São constituídos por um envoltório proteico denomina-
do capsídeo que contém o material genético. Sendo acelulares,
os vírus apresentam apenas um tipo de material genético. Assim,
possuem DNA ou RNA.
Observe a baixo um esquema geral da estrutura dos vírus.

Figura 1: estrutura básica de um vírus. Observe que a barra à es-


querda mostra o tamanho do vírus. O vírus mostrado normal-
mente apresenta um tamanho entre 18 e 60nm (nanômetros). O
nanômetro é a subunidade do metro, correspondente a 1×10−9
metro, ou seja, um milionésimo de milímetro.

Os vírus são classificados normalmente de acordo com o


tipo de material genético que apresentam. Alguns vírus podem
apresentar envoltórios além do capsídeo.

434
Observe a imagem abaixo (Figura 2) que esquematiza alguns tipos e formas de vírus.

Figura 2: tipos e diversidades de vírus.

Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Desta forma, para que um vírus
possa se reproduzir é necessário que ele parasite uma célula. Os vírus possuem células
alvo, ou seja, uma determinada célula ou tipo de célula que ele consegue parasitar e se
reproduzir. Por exemplo, o vírus HIV, causador da AIDS, tem como célula alvo um glób-
ulo branco específico de nosso sistema imunológico. Já o vírus do mosaico do tabaco
tem como alvo, as células do vegetal tabaco.

- Viroses (doenças causadas por vírus)


São a gripe, resfriado, AIDS, herpes, catapora (varicela), caxumba, poliomielite, rubéola,
sarampo, varíola (bexiga), dengue, febre amarela, raiva, HPV, hepatite infecciosa viral,
encefalite viral, ebola, conjuntivite viral, meningite viral, entre outras.

435
2.2 Reino Monera

O reino monera inclui seres procariontes unicelulares podendo ser coloniais.


Pertencem ao reino monera as bactérias (Figura 3) e as cianobactérias (Figura 4),
também chamadas de cianofíceas ou algas azuis.
Os procariontes, também chamados de anucleados, são seres cujas células não
possuem núcleo organizado (individualizado). Assim, o material genético fica disperso
na célula, sem estar contido em um compartimento nuclear.
Observe as imagens a seguir que mostram esquemas (Figura 3, 4 e 6) e fotogra-
fias (Figuras 5 e 7) de representantes do reino monera, bem como indicação das estru-
turas celulares.

Figura 3: Esquema de estrutura de uma bactéria


com indicação das partes que compõem sua
célula. Observe que o DNA (material genético)
está indicado na região denominada nucleóide.
O nucleóide não é um núcleo verdadeiro indi-
vidualizado, apenas é assim denominado, pois é
a região central da célula onde o DNA concen-
tra-se.

As bactérias apresentam diversas formas estruturais (Figura 4), entre elas: os co-
cos, bacilos, vibriões, espiroquetas.

Figura 4. Diversidades de formas de bactérias.

436
Figura 5. Fotografia de bactérias Escherichia coli, um tipo de bactéria bacilo presente
no intestino humano. Tais bactérias são também chamadas de coliformes fecais.

Existe uma grande variedade de bactérias e são encontradas em todos os am-


bientes. Muitas são patogênicas (causadoras de doenças), outras são decompositoras
(responsáveis pela reciclagem da matéria orgânica). De forma geral, existem bactéri-
as heterótrofas e autótrofas. Muitas vivem associadas a outros seres vivos em relação
ecológica (simbiose). Outras são fundamentais na transformação de compostos quími-
cos participando assim de ciclos biogeoquímicos.
Além das bactérias, o reino monera abrange as cianobactérias (Figura 6)
também chamadas de algas azuis ou cianofíceas. As cianobactérias são procariontes
autótrofos, (fabricam seu próprio alimento). Existem espécies que os indivíduos vivem
isolados e outras que formam colônia.
As cianobactérias são muito estudadas, pois algumas espécies produzem toxinas
chamadas cianotoxinas que podem causar intoxicação nos seres vivos.

Figura 6. Esquema de uma cianobactéria

Figura7. Fotografia de cianobactéria colonial.


437
- Bacterioses (doenças causadas por bactérias)
As principais bacterioses humanas são: tuberculose, pneumonia, meningite
bacteriana, tétano, cólera, sífilis, gonorreia, febre tifoide (tifo), hanseníase (lepra), lepto-
spirose, disenteria bacilar, botulismo, úlcera gastrointestinal bacteriana, coqueluche,
difteria, carbúnculo (antraz), entre outras.

2.3 Protozoários

Os protozoários são agrupados no reino protista, eucariontes e heterótrofos. São classi-


ficados basicamente pelo modo de locomoção, observe as Figuras 8, 9, 10 e 11:

- Protozooses (doenças causadas por protozoários)


As principais protozooses humanas são amebíase, doença de chagas, doença do
sono, tricomoníase, giardíase, leishmaniose (úlcera de bauru), malária (maleita), toxo-
plasmose, balantidiose entre outras.

2.4 Algas Eucariontes

Inclusas no reino protista.


Nas Figuras a seguir (Fig. 12 à 17) serão apresentados os principais grupos de al-
gas eucariontes e algumas de suas características principais.

Figura 12: Bacilariofíceas (crisofíceas ou algas douradas). Apresentam grande im-


portância ecológica na produção e liberação de gás oxigênio na atmosfera.

Figura 13: Dinoflagelados (pirofíceas - pirrofíceas ou algas de fogo). Algumas espécies


podem causar a chamada maré-vermelha.

438
Figura 14: Euglenofíceas. Euglena viridis apresenta a característica de ser mixtótrofa, ou
seja, possui a capacidade de alimentar-se de outros seres vivos e produzir seu próprio
alimento.

(A) (B)

Figura 15: Clorofíceas (algas verdes): (A): macroscópica e (B): microscópica.

Figura 16: Feofícea (alga parda ou marrom)


Utilizada na alimentação humana e produção de bebida alcoólica.

Figura 17: Rodofícea (alga vermelha) utilizada na obtenção de alimentos e medicamen-


tos.

439
2.5 Reino Fungi

Os fungos são eucariontes heterótrofos, apresentam parede celular de quitina e


além de glicogênio como material de reserva alimentar. Todos os fungos são aclorofila-
dos. Os fungos alimentam-se por digestão heterótrofa absortiva, ou seja, liberam en-
zimas digestivas no ambiente que digerem alimentos convertendo-os em nutrientes
que são absorvidos pelas células dos fungos.
Muitos fungos são decompositores (sapróvoros), apresentando grande importân-
cia na reciclagem da matéria orgânica.

Os principais grupos de fungos são:


1. Oomycota;
2. Mixomycota;
3. Zygomycota;
4. Deuteromycota;
5. Ascomycota;
6. Basidiomycota.

Os fungos reproduzem-se em sua maioria, pela produção e liberação de esporos.


Os esporos germinam e formam células. Nos pluricelulares, as células organizam-se
em hifas. O conjunto das hifas forma o tecido chamado micélio. (Figuras 18 e 19)

Figura 18: Estrutura de fungo pluricelular.

Figura 19: Ciclo reprodutivo de um fungo pluricelular basideomiceto.

440
Nas figuras a seguir serão apresentados alguns fungos e sua importância
econômica.

Figura 20: Células de Saccharomyces sp. Conhecido


também como levedura ou levedo. É utilizado como fermento
biológico na produção de pães, bolos e bebidas.

Figura 21: Penicillium sp com importância econômica na


produção de queijos e farmacêutica na produção do antibiótico
penicilina.

- Micoses – doenças causadas por fungos

As principais micoses humanas são Candidíase (sapinho); Tineas (tinhas) - de


couro cabeludo, frieiras, inguinal, negra (pano-preto); Onicomicoses (unhas); Pitiríase
(pano-branco, micose de praia) e Piedras, entre outras.

EXERCÍCIOS

1. Julgue as sentenças e assinale a alternativa correta.


(I) A célula protista é eucarionte;
(II) Todos os acelulares são procariontes;
(III) Os vírus contêm DNA e RNA;
(IV) As bactérias são eucariontes;
(V) Todas as algas apresentam a capacidade de nutrição autotrófica;
(VI) Fungos são aclorofilados autótrofos;
(VII) Todos do reino monera são procariontes;
(VIII) Todos os eucariontes são acelulares;
(IX) Todos os celulares são eucariontes.

a) Todas estão corretas;


b) Todas estão erradas;
c) (I), (II), (V) e (VII) são corretas;
d) (I), (V) e (VII) são corretas;
e) (I), (V), (VII) e (IX) são corretas.

441
2. No espaço abaixo, faça um desenho esquemático resumido de uma bactéria indi-
cando suas partes.

3. Assinale a alternativa que contenha apenas viroses ou bacterioses:


a) sarampo, AIDS, gripe, varíola, raiva;
b) tuberculose. AIDS, malária, raiva;
c) sarampo, doença de chagas, raiva;
d) micose, AIDS, varíola, tuberculose;
e) Nenhuma anterior está correta.

4. Assinale a alternativa que contenha apenas viroses ou protozooses:


a) sarampo, AIDS, sífilis, varíola, raiva;
b) tuberculose. AIDS, malária, raiva;
c) sarampo, doença de chagas, gonorreia;
d) micose, AIDS, varíola, tuberculose;
e) Nenhuma anterior está correta.

5. Assinale a alternativa que contenha apena bacterioses:


a) sarampo, AIDS, gripe, varíola, raiva;
b) tuberculose, tétano, sífilis, cólera;
c) sarampo, doença de chagas, raiva;
d) micose, AIDS, varíola, tuberculose;
e) tuberculose, tétano, sífilis, raiva.

6. Cite as características fundamentais dos protozoários, seus principais grupos e um


exemplo de cada grupo.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

7. Cite três grupos de algas eucariontes e uma importância econômica ou ecológica


de cada grupo citado.
_______________________________________________________________________________________

8. Qual a importância econômica do fungo Saccharomyces cerevisiae? Cite o processo


metabólico em questão.

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

442
9.Preencha a tabela a seguir:

GABARITO
1. Resposta D 2. Vide figura 3;
3. Resposta A 4. Resposta E 5. Resposta B

6. Protozoários são unicelulares eucariontes heterótrofos. Grupos e exem-


plos: Flagelados: tripanosoma; Ciliado: paramécio; Sarcodíneos: ameba e
Esporozoários: plasmódio.

7. Vide figuras 12 a 17.

8. O fungo é utilizado na produção de pães, bolos e bebidas alcoólicas,


pela sua capacidade metabólica de fermentação alcoólica que libera gás
carbônico (fazendo a massa dos pães crescer) e álcool etílico (presente
nas bebidas alcoólicas).

9.

443
ANOTAÇÕES

444
BIOLOGIA
AULA 3
Vegetais

3.0 Reino Vegetal

Os vegetais são estudados na botânica e são seres celulares


eucariontes e autótrofos, ou seja, produzem seu próprio alimen-
to através do processo de fotossíntese. Tal processo metabólico é
capaz de produzir matéria orgânica a partir de matéria inorgânica,
além de liberar gás oxigênio.
As plantas juntamente com outros seres capazes de produz-
ir matéria orgânica, são consideradas produtores e, por essa razão,
têm a importância ecológica fundamental de gerar alimentos
sustentando toda a vida no planeta. Os vegetais utilizam amido
como material de reserva alimentar e apresentam em suas células
parede celular celulósica e ciclo de vida que envolve alternância de
gerações, chamado de metagênese, onde a geração denominada
gametófito produz gametas que por fecundação produz a ger-
ação denominada esporófito que produz esporos que por desen-
volvimento gera os gametófitos.

- A célula vegetal
Observe o esquema abaixo que mostra as partes de uma
célula vegetal (Figura 1).

- O processo da fotossínteses
Os vegetais são seres autótrofos (do grego: autos, por si mes-
mo e trofos, nutrir-se), ou seja, são capazes de produzir seu próprio
alimento. A fotossíntese é um processo metabólico realizado pelos
vegetais e pode ser demonstrada pela equação química abaixo:

Perceba que são reagentes o gás carbônico e a água. Sendo


que na presença de luz, a clorofila (pigmento fotossintetizador) é
capaz de realizar a fotossíntese e gerar os produtos glicose, gás ox-
igênio e água. Para que tal processo ocorra, a energia luminosa é
fundamental e é a que está envolvida no processo. O gás oxigênio
gerado provém do reagente água.

445
Figura 1. Esquema de uma célula vegetal com indicações de suas partes. Observe que
a célula vegetal apresenta parede celular formada por celulose, além de cloroplastos
que são as organelas responsáveis pelo processo de fotossíntese.

3.2. Grupos Vegetais

No século XX as algas clorofíceas, feofíceas e rodofíceas eram incluídas no reino


vegetal, porém com o avanço das pesquisas, atualmente, muitos autores, incluem tais
algas no reino protista (tratado no módulo anterior).
Neste módulo trataremos dos vegetais briófitas, pteridófitas, gimnospermas e
angiospermas. A organização do reino vegetal apresenta grupos e subgrupos a seguir
descritos. Leia a Tabela 1 e Figura 2

- Criptógamos: (cripto, escondido + gamas, gamo, gamia, casamento), vegetais que


apresentam estruturas reprodutivas de “difícil visualização”, reproduzem-se por game-
tas dependentes de água para locomoção e não produzem sementes, nem flores ou
frutos.

- Fanerógamas: (phanerós, aparente; gamas, gamo, gamia, casamento), vegetais com


estruturas reprodutivas aparentes: os estróbilos reprodutivos: pinhas nas gimnosper-
mas e flores nas angiospermas. As fanerógamas também produzem grãos de pólen e
tubo polínico, sendo assim independentes de água para reprodução. Pelo fato de pro-
duzirem sementes, também são chamadas de espermatófitos (esperma, semente e
fita, planta).

- Avasculares: são os vegetais que não apresentam tecido especializado no transporte


de seivas. No caso das briófitas, por exemplo, o transporte de líquido ocorre por difusão
de célula a célula, por esse motivo, tais vegetais apresentam tamanho reduzido.

- Vasculares: são os vegetais que apresentam tecido especializado no transporte de


seivas, por esse fato, também são chamadas de traqueófitas. São os pteridófitos, gim-
nospermas e angiospermas. Os tecidos vasculares são de dois tipos:
1. Lenho ou xilema: responsável pelo transporte de seiva bruta com água e sais
minerais;
2. Líber ou floema: transporte de seiva elaborada que contêm água e matéria

446
orgânica, produtos da fotossíntese.

- Briófitas são representadas pelos musgos, hepáticas e antóceros.

- Pteridófitas agrupam as samambaias e avencas. Além das pteridófitas, são criptóga-


mas vasculares as Psilófitas (psilófitos), Licófitas (licopódios e selaginelas) e Artrófitas
(cavalinhas).

- Gimnospermas, de forma resumida, são as Cycas, Ginkgos, Coníferas como pinheiros,


cedros e ciprestes, além de outros como as Ephedras e Gnetum.

- Angiospermas envolvem a muitos vegetais, todos frutíferos, basicamente dividi-


dos em dois grupos, as monocotiledôneas (liliopsidas) como as gramíneas e as dico-
tiledôneas (magnoliopsidas) como as leguminosas.

Tabela 1: Resumo dos grupos vegetais

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa errada


a) plantas vasculares não dependem de água para reprodução;
b) briófitos e pteridófitos dependem de água para reprodução
c) fanerógamas são as gimnospermas e angiospermas;
d) apenas angiosperma são frutíferas;
e) pteridófitos, gimnospermas e angiospermas apresentam xilema ou lenho para
transporte de seiva bruta e floema ou líber para transporte de seiva elaborada.

2. Um cladograma é uma forma de demonstrar a relação evolutiva de grupos e as


características que dividem e servem de critério na formação dos grupos. Observe o
cladograma abaixo e responda à questão 2.

447
As características indicadas por (I), (II), (III) e (IV) respec-
tivamente são:
a) clorofila, vasos condutores, tubo polínico (ou inde-
pendência de água para reprodução) e fruto;
b) clorofila, vasos condutores, fruto e tubo polínico (ou
independência de água para reprodução);
c) vasos condutores, clorofila, fruto e tubo polínico (ou
independência de água para reprodução);
d) clorofila, fruto, vasos condutores e tubo polínico (ou
independência de água para reprodução);
e) clorofila, vasos condutores, flor e tubo polínico (ou
independência de água para reprodução).

3. Escolha um grupo vegetal e discorra a respeito dos critérios que levam à sua classifi-
cação, suas características principais e exemplificação.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

GABARITO
1. Resposta A, pois pteridófitas são vasculares e dependem de água para
reprodução

2. Resposta A 3. (resposta pessoal)

ANOTAÇÕES

448
ANOTAÇÕES

449
BIOLOGIA
AULA 4
Animais

4.0 Reino animal

Os animais são estudados dentro da Zoologia (zoo, animal


e logos "estudo") que objetiva conhecer estrutura, fisiologia, com-
portamento, evolução e classificação destes seres. São eucarion-
tes pluricelulares heterótrofos (hetero, outro e trofos, nutrir-se), ou
seja, alimentam-se de outros seres vivos, apresentam característi-
cas como capacidade de locomoção (em alguma fase da vida),
maior resposta aos estímulos ambientais, glicogênio como reserva
alimentar, além de características exclusivas como a presença da
proteína estrutural denominada colágeno e espermatozóide. Os
animais são divididos em dois grupos: invertebrados e cordados.

- A célula animal
Observe o esquema abaixo que mostra as partes de uma da
célula animal (Figura 3)

Figura 3. Esquema de uma célula animal com indicações de suas


partes. Observe que nas células animais não encontramos parede
celular nem cloroplastos.

450
4.1. Grupos Animais

Os animais são classificados


em filos, como mostrado na tabela
2 com exemplos e na Tabela 3 com
características.

Tabela 2: Principais filos de animais e alguns exemplos de seus representantes.


451
Observe a seguir, imagens que mostram esquemas representantes dos grupos
animais e suas principais caraterísticas. Os animais das figuras a seguir são representa-
dos em diferentes escalas de tamanho.

Figuras 4: (A) Filo dos Poríferos - esquema de esponja com indicações e de suas células
estruturas principais: coanócito - célula para digestão e espícula - proteção e
sustentação; (B): Detalhe de um coanócito.

Figura 5: (A) Filo dos Cnidários ou celenterados em suas formas básicas de vida (pólipo
e medusa) com indicações de suas estruturas; (B) Cnidoblasto, celular urticante dos
cnidários para defesa e captura de alimento.

Figura 6: Filo dos Platelmintos – corpo achatado. Classe dos Turbelários (A): planária
Classe dos Trematódeos (B): esquistossomo (Schistosoma mansoni)- causador da
esquistossomose, Classe dos Cestódeos (C e D): Tênias causadoras de teníase e
452 cisticercose.
Figura 7: Filo dos Nematelmintos – corpo cilíndrico: (A): Wuchereria bancrofti causador
da elefantíase; (B): Áscaris (Ascaris lumbricoides) - causador da ascaridíase (escala em
centímetros).

Figura 8: Filo dos Moluscos – corpo mole: Principais classes: (A) bivalve, (B) gastrópode
e (C) cefalópode. (Animais mostrados em diferentes escalas.

Figura 9: Filo dos Anelídeos – corpo segmentado: Classes: (A) Oligoqueto: minhoca, (B)
Poliqueta: Nereida e (C) Hirudíneo: sanguessuga.

Figura 10 Filo dos Artrópodes - apêndices articulados: Classe dos Insetos: pulga (A),
piolho, borboleta. Classe dos Quilópodes: centopeia (B). Classe dos Diplópodes: piol-
ho-de-cobra (C). Classe dos Aracnídeos: escorpião, aranha (D), ácaro, sarna. Classe dos
Crustáceos: camarão (E), tatuzinho-de-jardim, caranguejo, siri.

453
Figura 11: Filo dos Equinodermos – espinho na pele: (A) Grupos de equinodermos; (B)
estruturas de uma estrela-do-mar.

O filo dos cordados engloba animais com notocorda, fendas faríngeas e sistema
nervoso dorsal. É dividido em subfilo dos protocordados (notocorda por toda a vida) e
subfilo dos vertebrados (notocorda em alguma fase da vida que é substituída por colu-
na vertebral). A seguir, imagens que mostram esquemas e fotografias de cordados.

Figura 12: Subfilo dos protocordados: (A) Ascídia, (B) Anfioxo.

O subfilo dos vertebrados é dividido em superclasse dos peixes e superclasse dos


tetrápodes.

Figura 13: Superclasse dos peixes: Classe dos agnatos: (A): lampreia,
454 (B): boca circular da lampreia; Classe dos Condrícteis (C): tubarão. Classe dos Os-
teícteis (D): pintado.
A superclasse dos tetrápodes é dividida em classe dos anfíbios, répteis, aves e
mamíferos.

Figura 14: Classe dos anfíbios: ordem dos urodelos (A): salamandra, ordem dos gim-
nofionos (B): cobra-cega e ordem dos anuros (C): sapo.

Figura 15: Classe dos répteis: ordem dos crocodilianos (A): jacaré, ordem dos quelônios
(B): jabuti e ordem dos escamados serpentes e (C): lagarto.

Figura 16: Classe dos aves carinata (A): águia e ratita (B): ema.

Figura 17: Classe dos mamíferos: Prototérios, monotremos (A): ornitorrinco. Metatérios
marsupiais (B): gambá. Eutérios placentários verdadeiros (C): onça.

455
EXERCÍCIOS

1. Observe a tirinha (HQ) acima. Explique nas linhas abaixo, qual o erro classificatório
científico biológico cometido pelo menino mostrado na tirinha, que levou os animais a
concluírem que não existe vida inteligente fora do jardim.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

2. Julgue as sentenças e assinale a alternativa correta.


(I) Cordados apresentam notocorda, fendas faríngeas e sistema nervoso dorsal;
(II) Cordados são divididos em protocordados e vertebrados;
(III) Protocordados apresentam notocorda por toda a vida e ausência de crânio;
(IV) vertebrados apresentam notocorda em alguma fase da vida, porém a notocorda é
substituída pela coluna vertebral, além de apresentarem, crânio;
(V) Todo vertebrado é cordado;
(VI) Todo tetrápode é vertebrado;
(VII) Os vertebrados são divididos em peixes e tetrápodes;
a) todas as sentenças são verdadeiras;
b) todas as sentenças são falsas;
c) apenas (I) e (II) são verdadeiras;
d) apenas (III) e (IV) são verdadeiras;
e) apenas (VI) e (VII) são verdadeiras.

3. Julgue as sentenças e assinale a alternativa correta.


(I) Os poríferos apresentam células para digestão intracelular chamada de coanócitos e
não apresentam tecidos verdadeiros;
(II) Os cnidários ou celenterados apresentam duas formas de vida: pólipo e medusa e
AN
apresentam cavidade gastrovascular;
(III) Os platelmintos são vermes achatados acelomados com cefalização – centralização
do sistema nervoso;
(IV) Os nematelmintos são vermes cilíndricos pseudocelomados com tubo digestório
completo;
(VI) Cordados apresentam notocorda, fendas faríngeas e sistema nervoso dorsal;

456
a) Todas estão corretas;
b) (I) e (II) são corretas;
c) (III) e (IV) são corretas;
d) (II) e (VI) são corretas.
e) Todas são erradas

4. Na Tabela ao lado, os grupos (I), (II), (III), (IV) e


(V) que apresentam as características indicadas,
são respectivamente:

a) inseto, aracnídeo, crustáceo, quilópode e


diplópode;
a) aracnídeo, inseto, crustáceo, quilópode e
diplópode;
a) inseto, crustáceo, aracnídeo, quilópode e
diplópode;
a) inseto, aracnídeo, quilópode, crustáceo e
diplópode;
a) inseto, aracnídeo, crustáceo, diplópode e
quilópode

GABARITO
1. As aranhas pertencem ao filo dos artrópodes e à classe dos
aracnídeos e não são insetos.

2. Resposta a. 3. Resposta a. 4. Resposta a.

ANOTAÇÕES

457
ANOTAÇÕES

458
BIOLOGIA
AULA 5
Ecologia e saúde

5.0 Ecologia

Ecologia, do grego oikos, que significa casa, e logos, estudo.


Assim, é o estudo da “casa”, ou, de forma mais genérica, do lugar
onde os seres vivos moram, ou seja, o Planeta Terra.
Ecologia é a ciência que estuda as interações dos seres vi-
vos entre si e com o meio ambiente. É o estudo científico da dis-
tribuição e abundância dos seres vivos e das interações que deter-
minam a sua distribuição.
Foi o cientista alemão Ernst Haeckel (1834 —1919) (figura 1)
biólogo, naturalista alemão, filósofo, médico, professor e artista
que usou pela primeira vez o termo ecologia 1869 para designar
o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que
vivem.

Figura 1 Ernest Haeckel

- Níveis de organização crescente


(...), átomo, molécula, organela, célula, tecido, órgão, sistema, apa-
relho, indivíduo (espécime ou organismo), espécie, população,
comunidade, ecossistema, bioma, biosfera, planeta, sistema plan-
etário, (...);

- Indivíduo (espécime ou organismo)


Um representante de uma espécie;

- Espécie
É o nível de organização menos abrangente e mais específico que
reúne todos os indivíduos semelhantes entre si com capacidade
de reproduzirem-se gerando descendentes férteis. O estudo e a
determinação de uma espécie, atualmente, se dão por estudos de
suas características genéticas (genótipo), em especial, por exem-
459
plo, número de cromossomos, e não apenas pelas suas características morfológicas
(fenótipo);

- População
Conjunto de indivíduos da mesma espécie de um determinado local e época;

- Comunidade, biocenose, biota, comunidade biológica, fator biótico


Todos os seres vivos de um ecossistema;

- Ecótono
Zona de sobreposição de biocenoses. Região de transição e sobreposição limítrofe de
ecossistemas;

- Biótopo ou ecótopo
Por definição é o lugar onde existe vida. É uma região que apresenta regularidade
nas condições ambientais e, também podemos dizer, das condições biológicas. Cor-
responde à menor parcela de um habitat que é possível discernir geograficamente.
Apresenta os fatores abióticos como ar, água, solo, pressão, temperatura, etc;

- Habitat
É o local de vida de um espécime ou de uma população, é o ambiente, o meio ambi-
ente, o local aonde se iria para encontrar determinado ser vivo;

- Ecossistema
É o nível de organização ecológica que inclui os fatores abióticos e os bióticos; sistema
onde se vive; designa o conjunto formado pela comunidade de seres vivos integrada
que interagem em determinada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essa
comunidade neste local.

- Bioma
Conjunto de ecossistemas inter-relacionados;

- Biosfera
Conjunto de todos os ecossistemas do planeta; somatória de todos os locais aonde se
pode encontrar seres vivos;

- Nicho ecológico
É o conjunto das funções desempenhadas pelo indivíduo ou população, o conceito
reflete a dinâmica, ao funcionamento. Inclui funções reprodutivas, alimentares, etc, tais
como local de desova, local e horário de busca por alimento, etc;

- Cadeia e teia alimentar


Relação de transferência energético-alimentar por meio da nutrição. Composta por
produtores (P) (fotossintetizantes ou quimiossintetizantes), consumidores (C) (herbív-
oros, carnívoros ou onívoros) e decompositores (D) (fungos e bactérias sapróvoros). As
cadeias alimentares mostram uma relação simplificada ou direta onde observamos
os produtores (P) consumidos pelos consumidores primários ou de primeira ordem
(C1) - normalmente herbívoros que, por sua vez são consumidos pelos consumidores
secundários ou de segunda ordem (C2) – normalmente carnívoros e assim por diante.
De forma geral, todos quando morrem, são decompostos pelos decompositores. As

460
teias alimentares representam relações aonde um organismo pode ocupar mais de
um nível trófico, um onívoro, por exemplo. Este por sua vez, pode nutrir-se tanto de
produtores como de outros consumidores. Quando um onívoro alimenta-se tanto de P
como de C1 é classificado como C1,2. Nos esquemas representativos das cadeias e teias
alimentares, as setas indicam o sentido de transferência energético-alimentar;

Figura 2 Exemplo de teia alimentar.

- Pirâmides ecológicas
Forma representativa do fluxo de energia e matéria entre os níveis tróficos onde cada
retângulo (nível) da pirâmide representa a proporcionalidade do parâmetro analisa-
do. Pirâmide de número representa a quantidade de indivíduos de cada nível trófico.
Pirâmide de biomassa demostra a massa corpórea em gramas suas (ou subunidades)
transferida. Pirâmide de energia mostra a transferência de energia (joule, caloria etc.)
de um nível ao outro, bem como a dissipação na pela respiração e excreção, por exem-
plo, demonstrando assim, a eficiência ecológica (capacidade de aproveitamento en-
ergético dos níveis tróficos);

- Relações ecológicas
Definem o tipo de interação
entre os seres vivos. Podem ser
harmônicas ou positivas quando
não há prejuízo ou desarmônicas
ou negativas, onde um ou todos
os envolvidos são prejudicados.
Os símbolos (+) indica benefício,
(-) prejuízo e (0) sem benefício
nem prejuízo. São intraespecí-
ficas quando a relação envolve
indivíduos da mesma espécie e
interespecífica quando os envolv-
idos são de espécies diferentes.
Veja as tabelas a seguir:

Observação: Alguns exemplos de relações como a relação entre gado e ave anum
(ave alimenta-se dos carrapatos do gado) e a relação entre crocodilo africano e ave
palito (higiene bucal – ave alimenta-se dos parasitas da boca do réptil), podem ser
classificadas como diferentes tipos dependendo do grau de benefício obtido pelos
participantes e o reflexo desse benefício no número de indivíduos da população dos

461
envolvidos. Assim, caso não haja
aumento de população de gado e
de crocodilo, deve ser classificada
como: protocooperação quando
foca-se apenas a relação de deter-
minados indivíduos ambos bene-
ficiados; comensalismo quando o
foco volta-se às populações sem
impacto positivo significativo no
aumento da população de gado e
crocodilo.

Outros tipos de relações como a relação entre determinadas espécies de


formigas e pulgões podem ser classificadas dependendo do grau e foco de benefício
dos envolvidos. Quando é levado em consideração apenas o fato de as formigas “es-
cravizarem” os pulgões mantendo-os cativos, classifica-se como sinfilia. Caso ob-
serve-se benefício dos pulgões pelo fato de as formigas os protegerem das joaninhas
seus predadores, pode-se considerar uma protocooperação.

- Ciclos Biogeoquímicos
Estudo da transferência – movimentação de determinados elementos químicos e ou
substâncias entre meios ambientes e seres vivos. Ciclo da água: estado líquido (mares
lagos rios) passa para estado de vapor (atmosfera), condensa-se formando nuvens (es-
tado líquido em suspensão) precipita-se (chuva, granizo) solidifica-se (neve, granizo), é
incorporada ao organismo quando bebida. Ciclo do carbono: quando na forma de gás
carbônico, é liberado na respiração, queima e decomposição e absorvido na fotossín-
tese. Usado na síntese de compostos orgânicos como glicose. Participa da formação
de inorgânicos como grafite e diamante. Na fossilização, transformação de compostos
orgânicos (petróleo). Ciclo do oxigênio: quando na forma de gás oxigênio é absorvido
na respiração, participa da respiração celular, representa o gás comburente na queima,
Observado na formação de compostos orgânicos (amido) e inorgânicos (ozônio). Ciclo
do nitrogênio: presente na forma de gás nitrogênio atmosférico sofre fixação orgâni-

462
ca utilizado na formação de nitrato, fixação inorgânica, formação de amônia. A nitri-
ficação é a sequência de nitrosação (bactérias Nitrosamonas convertem amônia em ni-
trito) e nitratação (Nitrobacter convertem nitrito em nitrato), absorção de nitrato pelos
vegetais e posteriormente animais (formação de proteínas, ácidos nucléicos), excreção
liberação de amônia, uréia e ou ácido úrico, decomposição (bactérias decompositoras)
liberam gás nitrogênio;

- Densidade populacional
É a medida da quantidade de indivíduos de uma espécie por unidade de área em de-
terminado momento. Os fatores que interferem na densidade populacional são positi-
vo: aumento do número de indivíduos por natalidade (N) e ou imigração (I) e negativo,
redução por morte (M) e ou emigração (E). Assim, a densidade em crescimento quan-
do N + I > M + E. Densidade em declínio quando N + I < M + E. Levando-se em conta a
alteração da área de ocupação da população: redução da densidade quando há au-
mento da área ocupada pela população e aumento da densidade quando há redução
da área;

- Curva de crescimento populacional


Representação gráfica do número de indivíduos por tempo. A curva de crescimento
ou potencial biótico apresenta aumento interferido pela resistência ambiental até sua
estabilização devido à capacidade de suporte ambiental (limite máximo do meio);

- Sucessão ecológica
Modificação da ocupação do ambiente por diferentes espécies ao longo do tempo.
Interfere na forma e composição do substrato. Normalmente inicia-se pelos colo-
nizadores primários (líquens) sobre rochas que são por estes decompostas até solo,
ocupado por herbáceos, arbustivos e arbóreos sucessivamente. Suas fases são ecese
(nudação migração) formação de novo substrato ou sua modificação parcial por es-
pécies pioneiras; seres (concorrência e reação) pioneiros são substituídos por espécies
intermediárias propiciando implantação de espécies tardias e, clímax (estabilização)
ocupação definitiva das espécies de permanência. Ao longo do processo observa-se
redução da variação das condições ambientais e aumento da complexidade estrutural
e funcional do ecossistema. Nos estágios iniciais da sucessão a atividade autotrófi-
ca supera a heterotrófica, gerando assim reação de gás oxigênio atmosférico. Assim,
a produção bruta (P) supera a respiração (R) logo P/R > 1. Em comunidades clímax,
há equilíbrio entre produção primária e respiração (P/R = 1), assim, florestas como a
amazônica, não podem ser consideradas geradores de gás oxigênio atmosférico sig-
nificante para a sustentação da vida aeróbica. Tal liberação é feita principalmente por
algas aquáticas diatomáceas em especial.

- Eutrofização ou eutroficação
Fenômeno observado no ambiente aquático definido pelo aumento de nutrientes
disponíveis. Assim, um ambiente pode ser oligotrófico (poucos nutrientes disponíveis),
mesotrófico (aumento de disponibilidade nutricional) eutrófico (aumento maior de
disponibilidade de nutrientes) Fenômeno pode ser natural ao longo dos séculos-dé-
cadas, ou provocado por inserção de poluentes, em especial esgoto, o que transforma
o ambiente drasticamente. De forma geral, o esgoto contém nitrogênio e fósforo que
serve de alimento à algas. Desta forma, a proliferação ou floração de algas ocorre por
consequência, tornando o corpo d’água esverdeado;

463
- Poluição
Degradação ambiental resultante da interferência antrópica no meio por introdução
direta ou indireta de substâncias ou energia provocando desequilíbrio ambiental. Os
poluentes podem ser químicos (dejetos industriais e agrícolas), biológicos (inserção
ou proliferação de microorganismos, por exemplo, no despejo de esgoto. Atualmente
a inserção de genética tem sido considerada uma forma de poluição por muitos au-
tores, como na expansão de transgênicos) ou físicos (energia – luz, calor, radiação).
Tipos de poluição: atmosférica, hídrica, do solo, visual, auditiva, térmica, luminosa etc,
dependendo do agente poluidor e do ambiente inicialmente afetado. Os poluentes
mais prejudiciais ao sistema e seres são pesticidas, fungicidas, herbicidas, ascarel (óleo
isolante) benzenos (asfalto, diesel), dioxinas, e metais pesados como cádmio, chumbo
e mercúrio, além de material particulado liberado na atmosfera. Os efeitos globais da
poluição são aquecimento global, efeito estufa, chuvas ácidas, inversões térmicas (vide
aprofundamento);

- Reciclagem, reutilização, redução do uso de materiais, separação e coleta seletiva


Conceitos aceitos como necessários para a manutenção da saúde e qualidade ambien-
tal. Responsabilidade individual coletiva e governamental.

5.2 Saúde

Conceituação

- Saúde
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência
de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Porém,
muitos autores consideram tal definição incompleta e desatualizada, pois deixa de
aprofundar e inserir questões atuais e marcantes na vida do indivíduo e das sociedades
(vide aprofundamento);

- Higiene
Ramo de estudo das Ciências Biológicas, higiene é o conjunto de conhecimentos e
técnicas para evitar doenças infecciosas usando desinfecção, esterilização e outros
métodos de limpeza com o objetivo de conservar e fortificar a saúde. De origem gre-
ga hygieiné, téchne que significa hygeinos, ou o que é saudável. É derivada da deusa
grega da saúde, limpeza e sanitariedade, Hígia. Uso constante de elementos ou atos
que causem benefícios para os seres humanos, Sanitização advém de Sanidade que
em amplo sentido significa ordem perfeita de funcionamento. A higiene compreende
hábitos que visem preservar o estado original do ser, que é o bem-estar e a saúde per-
feita. Às técnicas de manutenção e preservação do bem-estar, saúde perfeita e harmo-
nia funcional do organismo damos o nome de hábitos sanitizantes, ou hábitos higiêni-
cos. Profundamente relacionada aos hábitos culturais dos povos. Há quatro tipos de
higiene: A pessoal, a coletiva, a mental e a ambiental das qualidades, acurácia, limpeza.
Pode ser pessoal, alimentar e ambiental.

- Saneamento básico
Rede fornecimento de água tratada e coleta de esgoto;

- Doença
Termo de origem latina dolentia que significa dor, padecimento. Em geral, doença é

464
a ausência de saúde. Todo e qualquer desequilíbrio físico, mental-emocional ou es-
piritual do indivíduo ou grupo (família, sociedade, etc). Diversas são as áreas da Ciên-
cia que estudam saúde e doença, entre elas, a medicina que se dedica à pesquisa e
tratamento dos estados de patologia, classificando-as em categorias, etc, organizadas
em dossiês científicos como o CID (Classificação Internacional das Doenças) pulicado
pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Na biologia, a patologia (clínica) estuda as
causas e consequências das doenças, bem como a pesquisa do indivíduo por meio da
análise de sangue, fezes, urina, etc, na busca de comprovação de estado patológico, ou
seja, na obtenção de um diagnóstico. A fitopatologia analisa as doenças que afetam as
plantas. A medicina veterinária estuda as manifestações patológicas nos animais assim
por diante.
O significado de saúde e doença é muito amplo e envolvem muitos fatores e
forma de abordagens como ao determinar definições, pode-se focar a homeostasia
(propriedade ou função de um sistema ou indivíduo de regular o seu ambiente inter-
no, frente ás variações e imposições ambientais, em manter uma condição estável,
mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico, controlados por mecanismos de
regulação inter-relacionados).
Doença pode ser definida como um conjunto de sinais e sintomas específicos
que afetam um ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde. Pode ser causada
por fatores exógenos (externos, do ambiente) ou endógenos (internos, do próprio or-
ganismo).
Doenças endógenas podem ser de origem genética hereditária (transmitida
geneticamente pelos pais), inflamações e desequilíbrios metabólicos etc. Doenças
exógenas podem ser por infecções parasitárias (contágio de vírus, bactérias, proto-
zoários, fungos, enfim, todo e qualquer agente causador e desencadeador de doença),
bem como por contato com fatores ambientais (físicos ou químicos) que venham a
provocar desequilíbrios. As doenças congênitas são as adquiridas na vida intrauteri-
na (alguns autores também incluem os primeiros meses de vida pós-nascimento). A
questão hereditária, atualmente, não é descartada na causa de um quadro patológico
congênito. Outras facetas envolvem definições complementares como enfermidade
que é considerado o quadro patológico danoso ao organismo estrutural ou funcional.
Classicamente uma doença ou quadro patológico exógeno parasitário envolve a
ocorrência de três fases: contágio (aquisição do parasita), incubação (desenvolvimento
inicial e fixação do parasita no organismo) e estado doentio ou doença (manifestação
da doença - quadro sintomatológico observado em decorrência da presença e ativi-
dade parasitária do agente causador).

- Agente causador
É o fator que provoca o estado de doença. Normalmente em patologias parasitárias,
chamado também de agente etiológico ou causador. O agente etiológico pode ser
como vírus, bactérias, protozoários, fungos, vermes;

- Antígeno
É o “corpo estranho” ao organismo e nele presente. Pode-se considerar como antígeno,
o próprio agente etiológico em si ou as substâncias por ele produzidas e liberadas no
organismo que desencadeiam o estado de doença ou enfermidade. Classicamente,
especificamente, considera-se antígeno principalmente as substâncias de origem
protéica por serem estas as reconhecidas pelo sistema imunológico na formação de
anticorpos;

465
- Agente transmissor
Também chamado de vetor é o meio que leva o agente etiológico ao contato com o
organismo. Classicamente, distingue-se: a) meios veiculadores de doenças como água
e alimentos contaminados, de b) vetores transmissores, insetos ou organismos, em
especial ectoparasitas como pernilongos, pulgas, barbeiros, etc, que quando contam-
inados pelo agente causador podem transmiti-lo ao organismo quando pela sua ação
parasitária como pernilongo contaminado pica a pessoa e passa o vírus, etc;

- Anticorpos
São as proteínas de defesa imunológicas produzidas por glóbulos brancos, em especial
os linfócitos T. Os anticorpos são específicos contra determinado antígeno;

- Profilaxia
Conjunto de medidas de prevenção (evitar contágio) e tratamento de doenças (revert-
er quadros doentios, curar);

- Parasita
Organismo que busca e ou necessita em seu ciclo de vida de desenvolver o parasitismo
(relação ecológica desarmônica com benefício do parasita e prejuízo do hospedeiro);

- Hospedeiro
Organismo que é parasitado, que hospeda o parasita e que por ele é prejudicado. Clas-
sicamente classificado como: a) hospedeiro intermediário: o organismo parasitado
(normalmente o vetor), no qual o parasita faz reprodução assexuada, b) hospedeiro
definitivo é o organismo parasitado onde o parasita faz reprodução sexuada;

- Defesas do corpo-organismos, linhas ou barreiras naturais do corpo


São as características anatomofisiológicas que promovem a defesa natural do cor-
po-organismo contra invasão ou possível lesão provocada por corpos estranhos. Dentre
elas, podemos ressaltar a pele, os pelos em geral, cílios, sobrancelhas, pelos nasais e
auriculares, bem como secreções como lágrimas,
saliva e ação do sistema imunológico em si, ou
seja, dos glóbulos brancos (leucócitos) por fagoci-
tose de microorganismos invasores e produção de
anticorpos, em especial;

- Imunização
Processo natural ou artificial de tornar o organis-
mo imune, defensível frente à invasão ou prolif-
eração de corpos estranhos, agentes etiológicos,
antígenos. Classicamente classificada como ativa
quando o próprio organismo desenvolve anticor-
pos e passiva quando o organismo recebe anticor-
pos de outro organismo. Vide tabela ao lado:

466
Observe a seguir tabela geral sobre algumas parasitoses humanas. Lembre-se
que nos módulos sobre seres vivos há informações equivalentes e complementares à
tabela apresentada a seguir:

467
EXERCÍCIOS

1. Observe o HQ a seguir e responda às questões:

A tirinha acima mostra uma relação ecológica entre um réptil e uma ave. Explique de
que forma tal relação ecológica pode ser classificada. Justifique.

2. Explique o que é ecossistema e quais são seus componentes.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

3. Julgue as sentenças abaixo e assinale a alternativa correta.


(I) População é o conjunto de espécies de um ecossistema;
(II) Espécime e espécie são conceitos similares e utilizados como sinônimos;
(III) As relações ecológicas harmônicas obrigatoriamente levam benefício a todos os
envolvidos;
(IV) Na cadeia alimentar todo consumidor é carnívoro ou herbívoro;
(V) Os produtores são fungos e bactérias sapróvoros.
a) todas estão corretas;
b) todas estão erradas;
c) (I) é correta;
d) apenas (I) é correta;
e) (II) e (III) são corretas.

4. Assinale a alternativa que mostra doenças transmitidas por picadas de insetos.


a) Dengue, febre amarela, elefantíase e doença de chagas
b) Dengue, febre amarela e elefantíase;
c) Amarelão, febre amarela e elefantíase;
d) alternativas (a), (b) e (c) estão corretas;
e) nenhuma alternativa está correta.

468
5. Assinale a alternativa que se refere ao dito popular “nadou, coçou, pegou”:
a) Ascaridíase;
b) Esquistossomose;
c) Amarelão;
d) Teníase;
e) Dengue

6. Os seguintes conceitos: (I) conjunto de ecossistemas inter-relacionados; (II) medida


da quantidade de indivíduos de uma espécie por unidade de área em determinado
momento e (III) conjunto de indivíduos da mesma espécie de um determinado local e
época, são respectivamente:
a) Bioma, densidade populacional e comunidade ecológica;
b) Bioma, densidade populacional e população;
b) Ecossistema, comunidade e população;
c) Ecossistema, densidade populacional e comunidade ecológica;
e) Ecossistema, densidade populacional e população.

7. Observe o quadro abaixo e assinale a alternativa correta.

a) A picada do animal 1 pode transmitir a doença de chagas;


b) O animal 2 pode transmitir dengue, febre amarela, zika e chikungunya;
c) O animal 3 não é vetor de patologia;
d) O animal 2 pode transmitir a dengue e o amarelão;
e) Todos os animais mostrados, quando contaminados, não transmitem doenças ao
picarem o ser humano.

8. Observe o quadro abaixo e assinale a alternativa correta.

469
a) O verme adulto nematelminto tênia causa a teníase e a cisticercose;
b) A larva cisticerco do animal mostrado pode causar cisticercose em decorrência da
ingestão de ovos do parasita;
c) A teníase é provocada pela ingestão de ovos do parasita;
d) A cisticercose é provocada pela ingestão de carne contaminada com cisticercos;
e). O verme adulto platelminto tênia causa a teníase e a cisticercose;

9. A fotografia abaixo mostra um verme chamado Ascaris lumbricoides (escala em


centímetros). Assinale a alternativa errada a respeito.

a) Trata-se de um nematelminto;
b) O contágio ocorre pela picada de inseto vetor;
c) Saneamento básico é uma das formas de prevenção;
d) O contágio ocorre pela ingestão de ovos do verme;
e) O agente etiológico mostrado causa a ascaridíase.

10. Elabore um esquema representativo de uma teia alimentar com diversos níveis
tróficos. Classifique os níveis mostrados.

470
GABARITO
1. Dependendo do grau de benefício populacional dos envolvidos, tal
relação ecológica pode ser classificada como comensalismo (quando
apenas uma das populações é beneficiada) ou protocooperação (quando
ambas as populações são beneficiadas).

2. Ecossistema é o nível de organização ecológica ou unidade de estu-


do em ecologia, que inclui os fatores abióticos mais os fatores bióticos.
Também designado pela comunidade seres vivos mais o ambiente onde
vivem, na totalidade de suas relações e interdependências.

3. Reposta b 4. Reposta b 5. Reposta b

6. Reposta b 7. Reposta b 8. Reposta b

9. Reposta b

10. Resposta similar ao mostrado na figura 2.

APROFUNDAMENTO
Poluentes:
GUIMARÃES Disruptores endócrinos no meio ambiente: um problema de saúde
pública e ocupacional. Biblioteca virtual do Ministério da Saúde
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/trabalhador/pdf/texto_disruptores.pdf

Saúde:
SEGRE e FERRAZ (1997) O conceito de saúde (artigo) São Paulo. Rev. Saúde Pública vol.
31 no. 5 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89101997000600016&script=sci_art-
text

Geral:
http://aparteboadainternet.blogspot.com.br/

471
ANOTAÇÕES

472
BIOLOGIA
AULA 6
Genética básica

6.1 Ácidos nucléicos e material genético

Ácidos nucléicos são compostos orgânicos de dois tipos


fundamentais: DNA (ácido desoxirribonucleico) e RNA (ácido ri-
bonucleico) formados por unidades denominadas nucleotídeos
conforme esquema da tabela 1.

Tabela 1: Detalhes estruturais de nucleotídeos (unidades) e ácidos


nuclíoecos (conjuntos)

Em 1953 Watson e Crick (fig. 2) decifraram a es-


trutura da molécula de DNA que se acredita rep-
resentar o componente formador do material
genético (genótipo) responsável por determinar
as características dos seres vivos (fenótipo). A
molécula de DNA apresenta partes denominadas
genes que contém as informações para fabri-
cação de proteínas para os organismos.

Figura 1: James Watson e Francis Crick em 1953


por ocasião da descoberta da estrutura da moléc-
ula de DNA.
473
6.2 Genética - Mendelismo

A Genética é a ciência, ramo da biologia, que es-


tuda os processos de determinação e transmissão das
características biológicas. O termo genética, do grego
genno; “fazer nascer”, “origem”, foi primeiramente apli-
cado para descrever o estudo da variação e hereditar-
iedade, pelo cientista Wiliam Batesson em 1908.
O monge Gregor Mendel em 1865 apresentou à
sociedade de História Natural de Brünn as chamadas
leis de hereditariedades deduzidas a partir de experi-
mentos com vegetais especialmente ervilhas.

Figura 2: Gregor Mendel (1822 – 1884)

- Primeira lei de Mendel ou segregação de fatores na formação de gametas


puros, concluída a partir do cruzamento de ervilhas cor de semente amarela pura (VV
- homozigota dominante) com ervilha cor de semente verde pura (vv - homozigota
recessiva), que resulta em 100% da descendência amarela híbrida (Vv – heterozigota =
híbrido), e do autocruzamente de ervilhas semente cor amarela híbrida (Vv), que resul-
ta na proporção fenotípica 3:1, ou seja, 3 amarelas para 1 verde, sendo a proporção gen-
otípica 25% amarela pura (VV); 50% amarela híbrida (Vv) e 25% verde pura (vv).

- Segunda lei de Mendel ou segregação independente de fatores, concluída a


partir do cruzamento de ervilhas com semente cor amarela e textura lisa pura (VVRR)
com ervilhas com semente cor verde e textura rugosa pura (vvrr), que resulta em am-
arela lisa diíbrida (VvRr), e do autocruzamento desta que resulta na proporção fenotípi-
ca 9:3:3:1, ou seja, 9 amarelas lisas (V_R_): 3 amarelas rugosas (V_ r r): 3 verdes lisas (vv
R_): 1 verde rugosa (vvrr).
Lembrando que a indicação (A_) significa duas opções possíveis: (AA) e (Aa).

6.3 Glossário em ordem didática

- DNA ou ADN: sigla de Ácido Desoxirribo Nucléico – um tipo de ácido nucléico;

- RNA ou ARN: sigla de Ácido Ribo Nucléico – um tipo de ácido nucléico;

- Genótipo: são as informações hereditárias de um organismo contidas em seu materi-


al genético. Ex.: “Aa”, “BB”, “XY”;

- Fenótipo: são as características observáveis ou caracteres de um organismo como,


morfologia, desenvolvimento, propriedades bioquímicas ou fisiológicas e compor-
tamento. O fenótipo resulta da expressão dos genes do organismo, da influência de
fatores ambientais;

- Fenocópia: quando um indivíduo cujo fenótipo, sob uma particular condição ambien-
tal, é idêntico ao de outro fenótipo. Ou seja, a fenocópia "mimetiza" o fenótipo produzi-
do por um gene. Por exemplo, a pele clara de um ser humano pode escurecer devido à
exposição solar. O cabelo tingido é um tipo de fenocópia;

474
- Cromossomo: cadeia de DNA organizada e disposta juntamente com proteínas;
Cromossomo homólogo: cromossomos que formam pares nos indivíduos diplóides;

- Cromátide Irmã: é o cromossomo duplicado ainda ligado ao cromossomo que o origi-


nou;

- Gene: porção do cromossomo (em especial do DNA) que pode ser transcrita para a
síntese de uma proteína;

- Genes alelos: são os genes dispostos em mesmas regiões de dois cromossomos


homólogos. Exemplo: num indivíduo diplóide podemos ter o genótipo “Aa” para uma
determinada característica. Dessa forma, o gene “A” é alelo ao gene “a”.

- Heredograma: também conhecido como genealogia ou árvore genealógica é a forma


de representar através de símbolos a relação de parentesco e características particu-
lares de cada indivíduo como mostrado na tabela 2

Tabela 2: Detalhes em heredograma.


475
- Leis de Mendel: vide texto item 6.2 Genética – Mendelismo

- Dominânmcia imcompleta: indivíduos heterozigotos expressam fenótipo inter-


mediário entre os fenótipos dos homozigotos. Ex.: cor da flor da planta boca-de-leão:
vermelha (VV) x branca (BB) = cor-de-rosa (VB) (forma-se uma terceira cor inter-
mediária);

- Co-dominância: expressão dos dois fenótipos parentais simultaneamente na geração


filial. Ex.: herança dos ti´pos sanguíneos em humanos, onde no cruzamento de in-
divíduo sangue tipo A (IAIA) que produz apenas proteína A, com indivíduo sangue tipo
B (IBIB), que produz apenas proteína B, resulta em indivíduos AB (IAIB), onde são pro-
duzidos simultaneamente as proteínas A e B.

- Alelos múltiplos: existência de mais de duas formas de alelos gênicos, como na deter-
minação do tipo sanguíneo humano do sistema AB0, onde há os alelos IA, IB e i.

- Interação entre genes não-alelos na formação de determinado caractere, como form-


ato crista de galináceos: as combinações entre diferentes alelos produz 4 tipos de
cristas: rosa, ervilha, noz e simples. Ex.: noz (EeRr) X simples (eerr) = 1 noz (EeRr) : 1 rosa
(eeRr) : 1 ervilha (Eerr) : 1 simples (eerr);

- Epistasia: alelos de um gene (epistático) inibem a ação dos alelos de um outro par de
genes (hipostático) que pode ou não estar no mesmo cromossomo. Epistasia recessiva
em coloração da pelagem de camundongos e epistasia dominante em plumagem de
galináceos.

- Herança quantitativa ou poligenia ocorre por efeito cumulativo da ação de diversos


genes, como na determinação da cor da pele humana, quanto mais genes dominantes
maior a produção de melanina.

- Pleiotropia ocorre quando um único gene afeta várias características, como em er-
vilha onde único par de genes afeta três fenótipos: cor de flor 9vermelha ou branca),
cor de semente (cinza ou parda) e manchas axilares nas folhas (presença ou ausência)
ligação gênica (linkage) quando genes estão ligados entre si na formação de um cro-
mossomo.

476
EXERCÍCIOS

1. (PUC-SP) A primeira lei de Mendel considera que:


a) os gametas são produzidos por um processo de divisão celular chamado meiose;
b) na mitose, os pares de fatores segregam-se independentemente;
c) os gametas são puros, ou seja, apresentam apenas um componente de cada par de
fatores considerado;
d) o gene recessivo se manifesta unicamente em homozigose,
e) a determinação do sexo se dá no momento da fecundação.

2. Considerando o cruzamento entre ervilhas de semente amarela heterozigota com


ervilha de semente verde, responda nos espaços:
a) Genótipo da ervilha amarela:__________
b) Proporção gamética produzida pela ervilha amarela: ____________________________
c) Genótipo da ervilha verde:____________
d) Proporção gamética produzida pela ervilha verde: ______________________________
e) Proporção fenotípica da geração F1 (primeiros descendentes) _________________
f) Proporção genotípica da geração F1 __________________________________

3. Como saber se uma ervilha com sementes amarelas é homozigota ou heterozigota?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

4. Qual a proporção fenotípica de descendentes por ocasião do cruzamento por auto-


fecundação de ervilha com semente amarela rugosa diíbridas?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

GABARITO
1. Resposta c

2. a) (Vv) b) 1:1 = 50% (V) e 50% (v)


c) (vv) d) 1 = 100% (v)
e) 1:1 = 50% amarela e 50% verde f) 1:1 = 50% (Vv) e 50% (vv)

3. Fazendo o cruzamento teste, ou seja, cruzando-a com verde (recessiva),


tendo descendentes verdes, a amarela parental será amarela heterozigota

4. 9 amarelas lisas (V_R_): 3 amarelas rugosas (V_ r r): 3 verdes lisas (vv R_):
1 verde rugosa (vvrr) 477
ANOTAÇÕES

478
PÁG 487

GEOGRAFIA
GEOGRAFIA
AULA 1
Introdução às bases da Geografia Física

1.0 Geografia - a ciência do onde

As ciências humanas estudam as necessidades não fisi-


ológica dos humanos e sua interação com o meio. A Geografia se
destaca por estudar os componentes que envolvem o Espaço, a
Sociedade e principalmente: a interação entre o ser-humano e o
meio onde vive. Essa ciência se divide em dois grandes campos
do conhecimento a Geografia Fisica (da Natureza) e a Geografia
Humana. Essas duas áreas são complementares, uma vez que a
natureza determina necessidades às pessoas (ex: os materiais usa-
dos em construções são escolhidos a partir do clima da região) ao
mesmo tempo que as sociedades transformam o espaço natural.

1. 1 Geografia Física - estudo das características naturais


dos espaços.

Para entender mais esse ramo dessa ciência é preciso en-


tender o que é espaço. Todos estamos familiarizados com o termo
“lugar”, conseguimos descrever um lugar, porém, não consegui-
mos descrever o que é um lugar, pois este é um conceito primi-
tivo, ou seja, não há definição. Os estudos de Geografia partem
do princípio de lugar, pois têm como objetivo a compreensão dos
fenômenos que ocorrem sobre um determinado lugar, sejam eles
de origem natural ou humana.
Antes do surgimento do ser-humano na Terra, todos os
lugares eram compostos apenas por elementos naturais (veg-
etação, água, rochas, e etc.), portanto, havia Natureza, havia
primário. Após o surgimento do ser-humano, este passou a desen-
volver técnicas de transformação da natureza ao seu favor, ad-
aptando-a ao seu modo de vida e transformando-a em um novo
lugar, agora, com elementos artificiais - criados pelo ser-humano,
como habitações, transportes, instrumentos e etc.- combinados
aos naturais (que já existiam antes do seu surgimento).
O Espaço é um produto desta transformação, na qual o
lugar é passivo pela ação humana. Ao modificar a natureza ao
seu favor - através do uso das técnicas-, o ser-humano está pro-
duzindo Espaço, portanto, o Espaço é um dos principais objetos de
análise da Geografia, pois é a combinação entre a sociedade e a

480 natureza que o faz surgir.


Agora que definimos espaço, é importante termos noção de como nos lo-
calizarmos nele,ou seja, veremos a seguir com funciona a localização espacial. Assim
como num gráfico, para localizarmos um ponto no planeta precisamos de um par or-
denado (dois valores). Um correspondente a Longitude, o outro a Latitude, com esses
dois valores localizamos qualquer ponto no espaço.
Longitude são as linhas imaginárias verticais que dividem o globo, também são
chamadas de meridianos, enquanto latitude são as linhas imaginárias que dividem o
globo na horizontal, também são chamadas de paralelos.
Além de auxiliar na localização, os paralelos também são usados na divisão das
zonas climáticas da Terra. E os meridianos são usados na determinação dos fusos
horários ao redor do globo.
Voltando à comparação com um gráfico, o eixo X seria o paralelo zero, mais con-
hecido como a Linha do Equador; já o eixo Y seria o meridiano zero, mais conhecido
como Meridiano de Greenwich. Contudo, enquanto na matemática usa-se os sinais de
positivo e negativo para determinar onde estão os números nos eixos cartesianos, em
geografia, os pontos usados para localização espacial, além de serem determinados
por dois números (latitude e longitude), precisam de mais uma informação para estar-
em completos. Assim como os sinais de positivo e negativo, os pontos cardeais, pontos
colaterais e pontos subcolaterais deixam as localizações espaciais mais precisas.

Imagem 1

Os pontos cardeais são: Norte, Sul, Leste, Oeste e na


maioria das vezes são representadas por suas iniciais,
algumas vezes, podemos nos deparar com suas iniciais
em inglês. (Norte = North; Sul = South; Leste = East; Oeste
= West)

Imagem 2

Os pontos colaterais estão entre os pontos cardeais e


suas posições e nomes são:
Entre N e O: NO - Noroeste
Entre N e L: NE - Nordeste
Entre S e O: SO - Sudoeste
Entre S e L: SE - Sudeste

Imagem 3

Os pontos subcolaterais estão entre os pontos colat-


erais e os cardeais seus nomes são uma junção do
ponto cardeal e do colateral que os cercam):
Entre N e NO: NNO - Nor-noroeste
Entre N e NNE: NNE - Nor-nordeste
Entre L e NE: ENE - És-nordeste
Entre L e SE: ESE - És-sudeste
Entre S e SE: SSE - Su-sudeste
Entre S e SO: SSO - Su-sudoeste
Entre O e SO: OSO - Oés-sudoeste
Entre O e NO: ONO - Oés-noroeste
481
A Rosa-dos-ventos é formada por todos esses pontos de localização que são usa-
dos para uma localização espacial mais precisa
Para um estudo e compreensão mais aprofundados, a Geografia física estuda os
seguintes aspectos acerca dos espaços: ,a composição dos solos, a formação dos relev-
os, as bacias hidrográficas, o clima, a fauna e a flora. Esses objetos de estudo serão mais
explorados nos próximos capítulos.

ANOTAÇÕES

482
GEOGRAFIA
AULA 2
Estudo de bases da Geologia (rochas), formas
de relevo e tipos de solos

2.0 Introdução: A Geografia Física como o Estudo do Plan-


eta Terra a partir da Lógica dos Sistemas

Um sistema pode ser definido de forma geral, por um


conjunto de fluxos de forças harmônicas com um determinado
propósito final. Sendo assim o nosso planeta pode ser consider-
ado como um grande conjunto de sistemas integrados - fluxos
que influenciam-se mutuamente - que favorecem à vida. Tendo
por partida as várias dinâmicas de produção de materiais e ener-
gia que ocorrem em cada um desses sistemas e sua relação com
as inúmeras formas de vida verificadas por aqui, muitas destas
formas de vida passaram por transformações até originarem as
comunidades humanas. Graças ao seu grau de evolução e con-
scientização sobre esses sistemas e sua integração, as comuni-
dades passaram – cada uma a sua maneira – a compreender e
sistematizar o conhecimento sobre essas dinâmicas, utilizando
este conhecimento para a sua existência e desenvolvimento. Dada
à forma do planeta lembrar uma esfera – algumas dessas comu-
nidades humanas em sua forma de compreender e sistematizar
este conhecimento – nomearam esses sistemas com nomes uti-
lizando a terminologia “osfera”, originando o que permanece uni-
versalmente conhecido como As Camadas da Terra:

Atmosfera – camada onde são verificados os sistemas re-


sponsáveis pelos fluxos de diversos gases que compõem o ar do
planeta, em camadas variadas desde a fronteira mais externa - o
espaço sideral - até a superfície da crosta terrestre;

Imagem 1: Atmosfera Terrestre


483
Imagem 2: Camadas da Atmosfera Terrestre

Litosfera – nesta camada são percebidos os sistemas de forças interiores da Terra que
originam e movimentam a crosta terrestre e sua superfície, marcada pelas formas de
relevo e tipos de solos resultantes da ação deste sistema de forças interiores, somado
ao sistema de forças externas modeladoras: atmosfera, hidrosfera, criosfera e biosfera;

Imagem 3: Litosfera e suas dinâmicas

Hidrosfera – camada onde se localizam os sistemas responsáveis pela dinâmica de


movimentação das grandes massas líquidas do planeta, tais como oceanos, mares e
aquíferos subterrâneos, além de sistemas responsáveis por dinâmicas de movimen-
tação de massas líquidas menores como lagos, lagoas, lagunas, rios e lençóis d’água
subterrâneos, com sistemas próprios de circulação de águas;

484
Imagem 4: Alguns componentes da Hidrosfera

Criosfera – nesta camada localizam-se os sistemas responsáveis pela dinâmica de ger-


ação de gelo e degelo, com maior concentraçãp na área das calotas polares da Terra,
porém também disposta nas altitudes mais elevadas da crosta terrestre na forma de
geleiras de montanha;

Imagem 5: Calota Polar Norte

Imagem 6: Calota Polar Sul

Biosfera – camada onde se encontram dispostos os sistemas de geração e reprodução


da vida e boa parte da origem da energia voltada para a vida, compreende as grandes
organizações de formas de vida existentes em todos os outros sistemas terrestres.

485
Imagem 7

Sendo a Terra um planeta com tal complexidade de sistemas integrados, a geo-


grafia física pode auxiliar a compreensão das dinâmicas que os compõem e no enten-
dimento de como ocorrem as interações entre eles.
Podemos tomar por exemplo deste auxílio: os solos do Camboja - país do sudeste
asiático – que apresentam como característica mais marcante as grandes plantações
de arroz em áreas saturadas de água. Este tipo de rizicultura praticado nesta região é
responsável pela maior parte da produção deste gênero de arroz no planeta. Se ana-
lisarmos este fato sob o olhar da geografia física e sob a lógica da Terra como um con-
junto de sistemas integrados, podemos verificar que este fato se dá pela associação dos
grandes rios da região (Mekong, Tonlé Sap e Bassak), abastecidos pela neve das mon-
tanhas no local de suas nascentes, a Cordilheira do Himalaia, abastecidos também pelo
clima densamente chuvoso das chamadas Monções Asiáticas e integrado ao relevo
montanhoso da região, originando os chamados solos hidromórficos ou encharcados,
ideais para este tipo de plantio agrícola nestas quantidades.

Imagens 8 e 9: Camboja Rizicultura

486 Imagem 10: Camboja Localização


De um modo mais esquemático podemos compreender este fato como result-
ante da integração dos sistemas terrestres desta forma:

Grandes Rios da Região do Sudeste Asiático Hidrosfera


Neve da Cordilheira do Himalaia Criosfera
Monções Asiáticas Atmosfera
Relevo Montanhoso e solos hidromórficos Litosfera

Uma vez compreendendo o nosso planeta como de grande complexidade de


sistemas e que suas dinâmicas integradas, favorecem a vida é possível fazer uso deste
conhecimento como útil às organizações humanas, na forma de produção voltada a
vida e garantindo sua existência e desenvolvimento sem abalar esses sitemas. Também
é possível compreender com mais clareza cada uma das camadas de maneira isolada
em suas dinâmicas próprias e integrada quando essas dinâmicas próprias são perce-
bidas como agindo em conjunto com outras dinâmicas de outras camadas originando
paisagens únicas no planeta. Quando atingimos esta compreensão é possível ver cada
localidade da Terra como possuidora de uma geografia única com origem e carac-
terísticas autênticas.

Estudos de Bases de Geologia: Rochas, Formas de Relevo e Solos.

Capítulo 1 – Litosfera ou Crosta Terrestre: Rochas e Formas de Relevo


Nesta camada são verificadas dinâmicas de movimento e geração de energia;
materiais rochosos e formas da superfície terrestre, variando desde as rochas e seus
fragmentos (ao alcance das mãos), até as grandes placas tectônicas que constituem
sua superfície sólida na forma de continentes e assoalhos de oceanos e mares (visív-
el somente em mapas e fotos de satélite). Também são verificadas variações desde
as colinas (que requerem disposição para subirmos a pé), até as grandes cordilheiras
montanhosas da Terra (que admiramos nas grandes paisagens naturais vistas em
navegadores de internet, programas de televisão, documentários e filmes).
Para o estudo dessas dinâmicas, materiais e formas é necessário entender todos
esses itens como ligados a camadas interiores à crosta – os chamados Agentes Inter-
nos, constituidores do relevo ou Agentes Endógenos e ligados também aos chamados
Agentes Externos, modeladores do relevo ou Agentes Exógenos.

Agentes Internos ou Agentes Endógenos


Podem ser compreendidos como um conjunto de forças poderosas que nos rem-
etem ao passado do planeta Terra. Em sua origem, nosso planeta é um dos mais com-
plexos do Sistema Solar do qual faz parte como um planeta sólido, que por sua proximi-
dade do Sol – estrela regente do sistema – adquiriu uma série de elementos químicos
agrupados de forma a gerar energia e materiais rochosos ou litológicos de dentro para
fora de sua unidade. Essa constituição, quando estudada por ciências como a Astrono-
mia, Geologia e Geofísica foi entendida e estruturada inicialmente desta forma:

Imagens 11 e 12 487
Camadas Geológicas do Planeta Terra
Entre essas camadas são encontrados materiais sólidos e gasosos diferenciados
em temperaturas muito elevadas, ou seja, materiais incandescentes. Esta riqueza em
elementos químicos resfria-se e endurece na superfície formando a crosta terrestre. As
temperaturas elevadas e a pressão dos gases rompem esta crosta em pedaços, mov-
imentando-os em direções variadas, são as placas tectônicas. As placas mais densas
em materiais são as chamadas Placas Tectônicas Continentais e constituem os conti-
nentes nas partes mais densas. As placas menos densas em materiais são as chama-
das Placas Tectônicas Oceânicas e constituem os assoalhos dos oceanos. Este conjunto
de forças responsável por estas dinâmicas é o tectonismo, um dos mais importantes
agentes endógenos formadores das rochas e do relevo terrestre.

Imagem 13: Crosta Terrestre e Placas Tectônicas, Ciclo Tectônico

O tectonismo origina outras reações na crosta terrestre além da movimentação


das placas tectônicas que constituem a superfície terrestre. Entre elas estão as falhas
geológicas o vulcanismo e os sismos ou terremotos.

Imagens 14, 15 e 16 falhas geológicas associadas a vulcanismo e sismos (terremotos)

Agentes Externos ou Exógenos


Conjunto de agentes modeladores do relevo, responsáveis por movimentos de
deslocamento e depósito de materiais da crosta terrestre e pelo desenho das formas
resultantes destes deslocamentos. Entre estes agentes destacam-se as intempéries,
conjuntos de processos químicos realizados a partir da combinação de elementos dos
sistemas contidos nas camadas atmosférica, hidrosférica e criosférica.
Intemperismo Físico é o conjunto de ações desencadeadas por ações específi-
cas de agentes climáticos que desagrega o material rochoso da superfície da crosta
terrestre, esses conjuntos podem ser associações entre variação de temperatura, seca
prolongada ou ausência de chuva, força da água de uma enxurrada, avanços e recuos
de uma geleira e são mais intensos nas áreas do planeta onde o clima é marcado por
este tipo de fenômeno como regiões, desérticas, tropicais com longos períodos de seca

488
contrastando com períodos de chuvas intensas, regiões montanhosas, frias, glaciais e
polares.

Intemperismo Químico
O conjunto de ações desencadeadas por ações específicas de agentes climáticos
que altera o material rochoso da superfície da crosta terrestre, as associações possíveis
a esses conjuntos são infiltração de águas de chuva ou degelo, chuvas ou degelo reti-
dos ou empoçados. Típicos em regiões de clima úmido e grandes amplitudes de tem-
peratura entre o verão e o inverno.
As rochas terrestres apresentam em sua dinâmica de formação, constitu-
ição e variações de tipos, relações diretas com esses conjuntos de forças internos
(endógenos) e externos (exógenos) em interação constante.

Rochas
São agregados de minerais com resistências variadas encontradas na crosta ter-
restre. São elas:
- Rochas magmáticas ou ígneas, constituídas por material magmático incan-
descente, originário da camada abaixo da crosta terrestre, chamada astenosfera. Este
material de acordo com a velocidade de sua solidificação pode formar dois subtipos de
rochas. Quando a solidificação do magma é lenta ao ponto dos cristais se arranjarem
em combinações mais resistentes, as resultantes são chamadas de rochas ígneas in-
trusivas ou cristalinas. Quando esta solidificação é rápida os materiais não se separam,
as rochas são chamadas extrusivas ou plutônicas.

Imagem 17: Rocha Intrusiva – Granito Imagem 18: Rocha Extrusiva-Basalto

- Rochas sedimentares, constituídas por materiais desagregados ou transporta-


dos por intemperismo, fluxo de rios, depósitos marinhos e outros agentes transforma-
dores do relevo.

Imagem 19 Calcário

- Rochas metamórficas, constituídas a partir de materiais anteriores (rochas


magmáticas, sedimentares ou até mesmo metamorfizadas mais de uma vez), que

489
sofrem pressões físicas da crosta terrestre por forças endógenas, formando-se novos
materiais.

Imagem 20 Calcário quando metamorfizado, torna-se mármore

Formas de Relevo
As rochas são compostas por variados minerais. A resistência desses tipos de
materiais é posta a prova pelos agentes endógenos e exógenos continua e integrada-
mente (ao mesmo tempo); seja quando ocorre o tectonismo, influenciando as dinâmi-
cas das placas tectônicas, seja quando chove após um longo período de seca, deslo-
cando grandes quantidades de materiais rochosos, seja quando um rio aumenta o
volume de suas águas por motivo de degelo de neve; temos a origem de montanhas
e a origem de deslocamento, transporte e deposição de materiais originando feições
na superfície da crosta terrestre. Essas feições são desenhadas ao longo de longas
sucessões de tempo – milhões de anos – em processos realizados por combinações
desses agentes. Esses processos são contínuos e fazem parte dos diferentes conjuntos
de dinâmicas dos sistemas naturais que compõem a Terra.
De acordo a resistência e reação dos materiais rochosos a estes processos, novas
formas vão sendo originadas e modeladas na superfície da crosta terrestre, grandes
volumes de materiais rochosos são originados, deslocados de um lugar para o outro e
depositados, alterando os contornos da superfície e transformando-os em uma mod-
elagem chamada relevo.
As formas de relevo, os processos de gênese e modelagem de formas incluindo
os materiais e suas resistências necessárias para o entendimento dessas formas são es-
tudados pela Geomorfologia e são classificadas inicialmente como unidades de relevo.
São elas:

Montanhas
São as feições ou formas da superfície terrestre que apresentam as maiores
elevações do planeta, encimadas por picos ou cristas contínuos e em maior parte pon-
tiagudos e originadas por fenômenos geológicos como o tectonismo e a dinâmica das
falhas geológicas, que impulsionam a ascensão de grandes quantidades de materiais
incandescentes (magmáticos) da camada abaixo da crosta terrestre (astenosfera) para
a superfície da crosta, originando inúmeras cadeias montanhosas que são agrupadas
por continente e denominadas cordilheiras.

Imagem 21: Cordilheira dos Andes Imagem 22: Aspecto da


Imagem de Satélite Cordilheira dos Andes no Chile

490
Planaltos
Estas feições ou formas são constituídas por elevações da crosta terrestre de
altitude menor em relação às montanhas, com superfície variando de plana a ondu-
lada, por vezes são verificados picos pontiagudos isolados; são divididas inicialmente
em dois grandes conjuntos: os planaltos cristalinos, originados a partir da modelagem
realizada por inúmeros processos de deslocamento de materiais sobre montanhas
antigas durante milhões de anos de desgaste e os planaltos sedimentares, resultantes
dos pacotes de sedimentos acumulados pelos mesmos processos de deslocamento de
materiais de outras localidades da superfície terrestre através dos trabalhos realizados
pelas intempéries e pelos rios.

Imagem 23: Imagem 24:


Chapada Diamantina, Bahia Serra da Mantiqueira, Minas Gerais

Planícies
São as feições do relevo terrestre mais aproximadas da forma plana, resultantes
de depósitos de sedimentos de rochas, podem ser fluviais (quando o depósito é realiza-
do por fios), lacustres (depósito realizado por lagos) ou costeiras (depósito de sedimen-
tos realizado por mares ou oceanos).

Imagem 25: planície fluvial Imagem 26: planície costeira

Depressões
São as feições da terra de maior rebaixamento do relevo, dispostas sempre en-
tre duas unidades de relevo mais elevadas, podem ser construídas por vales de rios ou
construídas por outros agentes naturais, podem também ter mares semi-abertos ou
fechados em seu interior; subdivididas em depressões periféricas – quando acima do
nível do mar e depressões absolutas, abaixo do nível do mar.

Imagem 27: tipos de depressão Imagem 28: depressão absoluta


Mar Cáspio
491
Capítulo 2 – Litosfera ou Crosta Terrestre: Solos

De acordo com a Pedologia, ciência que estuda os solos e alguns de seus au-
tores, solos são mantos de rocha alterada que distam da superfície da crosta até a
rocha mãe que o originou ou onde estão dispostos.
Os solos são o resultado dos processos de modelagem do relevo na forma de
pacotes de sedimentos na superfície do relevo da crosta terrestre. Podem apresentar
diversas profundidades, cores, texturas e composição química e são essenciais para
a existência de grande parte das espécies da biosfera, incluindo as comunidades hu-
manas quem neste componente da paisagem geográfica importante fonte de susten-
tação para sua existência.

Imagens 29 e 30: perfis de solos estudados por cientistas da Pedologia

O estudo dos solos está ligado principalmente ao uso deste componente. Para
as comunidades humanas um de seus principais usos é para as lavouras. Os sedimen-
tos empacotados que o compõem os solos podem apresentar características químicas
relacionadas aos minerais de rocha de onde foram deslocados quando dos processos
de modelagem de relevo, estas características somadas ao tempo de empacotamen-
to de sedimentos, número e peso de camadas empacotadas e às intempéries físicas
e químicas sofridas por esses empacotamentos originaram classificações de tipos de
solos. Quanto a coloração os solos podem ser classificados em:
- Negros – geralmente de elevado teor orgânico como os famosos solos tcher-
nozion da Ucrânia e boa parte da Rússia;
- Amarelos – geralmente de elevado teor de enxofre disposto em maior parte nos
países tropicais como o Brasil;

Imagem 31: Tchernosolo Imagem 32: perfil de solo amarelado

- Brancos: geralmente arenosos ou com grandes depósitos de calcário ou sal.


- Avermelhados: geralmente com grandes quantidades de ferro oxidado

492
Imagem 33: solos brancos salinizados Imagem 34: solos vermelhos

Os solos também podem ser classificados quanto à profundidade:


- Latosssolos, solos profundos, típicos de climas tropicais onde os processos de
transporte e deposição são mais intensos devido às longas estações de chuva, origi-
nando pacotes de sedimentos profundos.
- Litossolos, solos rasos típicos de climas secos; podem estar ligados ou não à for-
mações geológicas mais recentes onde não houveram processos de intempéries sufi-
cientes para gerar pacotes profundos de sedimentos.

Imagem 35: aspecto de latossolo Imagem 36: estudos de litossolos

Os processos pelos quais os solos passam também são estudados para melhor
compreensão de suas características, são os principais processos dinâmicos:
- Lixiviação, recorrentes em países tropicais úmidos nos quais as chuvas intensas
promovem deslocamento de nutrientes encosta a baixo até os terrenos mais rebaixa-
dos, restando solos com baixo teor de nutrientes, tendência à acidez e baixa produtivi-
dade para as lavouras voltadas ao sustento convencional das comunidades humanas.
- Laterização, ocorrência verificada em maior quantidade em países com climas
tropicais com maior estação seca, nas primeiras chuvas a evaporação modifica o teor
de ferro e o solo perde a sua capacidade de ligamento e podem originar sucessivas
fraturas chamadas de lateritas. Ao contrário do que é veiculado pela mídia este solo se
recupera com as chuvas que trazem à superfície o óxido de ferro que ainda se encon-
tra nas camadas mais profundas.

Imagem 37: solos lixiviados Imagem 38: solos lateríticos


493
- Salinização, solos que perdem sal por elevada taxa de evaporação da água, típi-
cos de regiões áridas, semidesérticas e desérticas, originam solos improdutivos para o
modelo convencional de produção de alimentos.
- Arenização, lavagem excessiva de solos anteriores esvaziam a sua capacidade
de troca de carga elétrica de elementos químicos como cátions e ânions; também po-
dem surgir como decorrência de excesso de salinização.

Imagem 39: solos salinizados Imagem 40: solos arenizados

- Permafrost, solos que sofrem congelamento no inverno, típico de países frios a


polares.
- Argilosos, com elevado teor de argila, típico de países tropicais.

Imagem 41: solo permafrost Imagem 42: aspecto de solo argiloso

ANOTAÇÕES

494
GEOGRAFIA
AULA 3
Estudo de bases da hidrografia e do clima

3.0 Hidrografia

As águas do planeta são vitais para entender a formação


dos espaços e a vida humana. Esse recurso natural pode ser en-
contrado em rios, mares, oceanos e no subsolo (lençóis freáticos
e aquíferos) e na atmosfera. A grande maioria da água do planeta
encontra-se nos oceanos e mares, a oceanografia é a ciência que
dedica-se ao estudo das águas salgadas; enquanto as águas con-
tinentais representam uma pequena porcentagem do total no
planeta, seu estudo é dividido entre a hidrologia que tem foco nas
água subterrâneas e a Hidrografia que é a ramificação da ciência
focada nos estudos das águas doces de superfície do planeta.
Essa reduzida parcela é vital para a vida na Terra e é amplamente
explorada pelas comunidades humanas. Além disso,os rios influ-
enciam nas formações naturais e determinam costumes sociais,
como no antigo Egito, sendo alvo de transformações artificiais
feitas pelas pessoas. Por serem fundamentais na configuração dos
espaços estudaremos a seguir um pouco mais sobre os rios.
Um rio, por definição, segundo o dicionário Priberam da Lín-
gua Portuguesa, é um grande curso de água natural, quase sem-
pre oriunda das montanhas, que recebe no trajeto águas de rega-
tos e ribeiros, e deságua em outro curso de água, num lago ou no
mar. Ou seja, é uma corrente de água que, devido à gravidade, se
move de um ponto mais alto para outro mais baixo que termina
em um outro rio ou no mar.

3.1 As partes de um rio

- Nascente é o início do rio, ocorre em


uma região mais elevada;
- Afluente é um curso de água menor
que deságua no rio principal;
- Subafluente é um curso de água
que deságua no afluente;
- Montante sentido oposto ao da cor-
renteza (da foz para a nascente)
- Jusante sentido da correnteza (na
nascente para a foz)
- Calha:parte rochosa e de solo por
onde a água passa; 495
- Leito é o caminho percorrido pelo rio (calha + água);
- Margem são as bordas do rio, são as partes visíveis de contato entre a calha e a su-
perfície;
- Foz final do rio, onde ele deságua;

A nascente pode ser de 2 tipos: nival, o rio tem início devido ao degelo da neve
encontrada em topos de montanhas, e pluvial, o curso de água forma-se a partir da
água da chuva armazenada no subsolo.
Os reservatórios no subsolo são formados em locais que tem na composição
de seus solos rochas porosas, que são permeáveis, quando chove a água penetra ne-
les, formando um reservatório. Se a reserva for pequena temos um lençol freático, se
for grande, temos um aquífero. Ou seja, aquíferos são grandes reservas de água doce
no subsolo. No Brasil estão localizados os maiores aquíferos de água do mundo, o da
Amazônia e o Guarani.
A foz também tem diferentes tipo: estuário, delta ou mista. Além da nascente
e da foz, é possível classificar a vertente, o tipo e o potencial dos rios. A vertente de
um rio relaciona-se com onde ele deságua , suas classificações são exorréico (rios que
deságuam no mar) ou endorréico (rios que deságuam em outros rios). Um rio pode ser
perene, rios que não secam ao longo do ano, ou intermitente, rios que secam durante
um período do ano. O potencial de um rio é a maneira que ele pode ser explorado. Um
rio de planície é adequado para a navegação, enquanto rios de planalto tem potenciais
geradores de energia hidroelétrica.

3.2 Clima

Assim como os rios o clima de um local é determinante na formação dos es-


paços. Antes de vermos os elementos formadores do clima é necessário entendermos
a diferença entre tempo e clima. Tempo é o objeto de estudo da meteorologia, se ref-
ere às condições atuais da atmosfera. Clima, estudado pela climatologia, é o conjunto
de tempos observados ao longo de um longo período, os elementos que caracterizam
um clima são a temperatura, o vento, a pressão atmosférica, a umidade e a pluviosi-
dade.
O clima de um lugar é determinado pelos fatores climáticos, amplitude térmica,
altitude, latitude, vento, precipitações, composição da superfície do local ou relevo, as
correntes marítimas e as massas de ar, o vento e a diferença de pressão atmosférica.
Um espaço está sujeito a processos de mudanças climáticas locais naturais.
Quando ele sofre muitas transformações artificiais, isto é causadas pelas comunidades
humanas, esses processos podem ser acentuados, acelerando a mudança climática.
Esses processos são:

- Ilhas de Calor
Aumento das temperaturas médias em grandes centros urbanos; Inversão Tér-
mica: processo natural, porém em áreas industrializadas e urbanizadas (com maior
poluição atmosférica) pode ser responsável pelo fenômeno conhecido como smog,
formação de uma névoa com grande composição de poluentes; Chuvas ácidas: apre-
sentam pH inferior a 4,5, ocorre por causa da poluição atmosférica;

- Aquecimento global
É o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera do
planeta causado pela intensificação do efeito estufa. É um grande debate na comuni-

496
dade científica se o aquecimento global é um evento totalmente natural ou se a ação
das comunidades humanas foi responsável por intensificá-lo.

- Buraco na camada de ozônio


Segundo o Ministério do Meio Ambiente“o ozônio (O3) é um dos gases que
compõe a atmosfera e cerca de 90% de suas moléculas se concentram entre 20 e 35
km de altitude, região denominada Camada de Ozônio. Sua importância está no fato
de ser o único gás que filtra a radiação ultravioleta do tipo B (UV-B), nociva aos seres
vivos.”

- El niño
Esse é um fenômeno natural que afeta o clima em uma escala global. Ocorre
ocorre irregularmente em intervalos de 2 a 7 anos. O El Niño causa o aquecimento
anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, principalmente na região do Equa-
dor. As anomalias climáticas associadas a ele provocam sérios prejuízos ambientais e
econômicos.
Alguns dos efeitos no mundo são a Índia, Austrália, Indonésia e África sofrem
com secas; a Colômbia (exceção da costa colombiana), Venezuela, Guiana, Guiana
Francesa e Suriname têm uma redução das chuvas; e no Peru, Equador e no meio
oeste dos Estados Unidos ocorrem enchentes.
Já no Brasil, o El Niño pode intensificar a seca no nordeste, aumentar as temper-
aturas no sudeste e sul, e aumentar as chuvas nessa última região, prejudicando plan-
tações.

ANOTAÇÕES

497
GEOGRAFIA
AULA 4
Estudo de bases da biogeografia
(formações vegetais e meio ambiente)

4.1 Formações vegetais

As formações vegetais são definidas de forma geral pela


paisagem e grupos de espécies que integram o seu conjunto.
Temos por exemplo para as florestas, grupo de espécies de ár-
vores como principal integrante da paisagem, e para os campos,
grupos de espécies de gramíneas. As formações vegetais se dis-
tribuem no globo de acordo com as condições climáticas, de rele-
vo e de solos presentes em determinada região, fato- res que afe-
tam diretamente o desenvolvimento dos vegetais e outros seres
vivos.
Podemos destacar 5 grandes formações vegetais que ocor-
rem em diversas partes do globo:

- Florestas tropicais e equatoriais:


Ocorrem em regiões de clima tropical ou equatorial, depen-
dendo de grandes volumes de chuva e temperaturas elevadas
com pouca variação ao longo do ano. Caracterizam-se por flores-
tas densas, com grande variedade de espécies, geralmente com
árvores altas e folhas perenes, ou seja, não há um período de des-
folhamento completo. Como exemplo, podemos citar a Mata At-
lântica, a floresta Amazônica e a as florestas do Congo.

- Florestas temperadas:
Ocorrem em regiões de clima temperado e sub-tropical,
resistentes à períodos com temperaturas baixas. São florestas de
menor densidade que as tropicais e equatoriais, com árvores de
tamanhos variados e média diversidade de espécies. São também
chamadas de florestas caducifólias, ou seja, florestas onde há
desfolhamento completo das árvores em determinado período
do ano, geralmente no outono e inverno. Temos como exemplo as
florestas temperadas no leste Norte- Americano, no centro-leste
europeu, na porção centro-oeste argentina e Japão.

- Florestas Boreais:
Também conhecida como Taiga ou floresta de coníferas, são
formações que ocorrem em regiões de clima frio ou de montanha,
com alta resistência para longos períodos de frio. São florestas
com predominância de pinheiros e pouca diversidade de espécies,
498
que podem ou não perder suas folhas nas estações de outono e inverno. Ocorrem no
Norte da América do Norte, Norte da Europa e Ásia.

- Savanas:
Formação que ocorrem em clima tropical, em regiões com período de seca mais
prolongados do que aquelas em que ocorrem as florestas tropicais. Caracteriza-se por
árvores esparsas e muitos arbustos e gramíneas, com grande diversidade de espécies.
Ocorre nos planaltos centrais da África e do Brasil, sendo que em nosso país, por se
tratar de uma formação específica, é chamada de Cerrado.

- Estepes:
Ocorre em latitudes médias e climas temperados ou semi-áridos, com vege-
tação predominante de gramíneas e quase ausência de árvores. Ocorre na região Sul
do Brasil (pampas gaúchos), na Ásia central e no Sahel africano.

- Vegetação Mediterrânea:
Formação especifica no entorno do Mar Mediterrâneo, se caracteriza por maquis
e garrigues, formas de arbustos encontrados nesta região, e algumas espécies de
gramíneas. Há poucas árvores, geralmente representadas por ciprestes e oliveiras.

- Deserto
Formação de climas áridos, com pouca diversidade de espécies, com ocorrência
de cactos e arbustos. Devido à escassez de água, as árvores são inexistentes, salvo raras
exceções como em regiões de oásis com ocorrência de palmeiras.

- Tundra
Ocorre em climas frios, em regiões próximas ao clima polar. Há inexistência de
árvores ou arbustos, predominando uma paisagem homogênea coberta por turfa, um
tipo de gramínea resistente à temperaturas muito baixas.

- Mangue
Formação complexa que ocorre na foz de rios que deságuam no mar, caracter-
izado por indivíduos típicos dos manguezais.

EXERCÍCIOS

1. O texto a seguir refere-se aos grandes conjuntos climatobotânicos.


A vegetação é reflexo das condições natu- rais, principalmente do solo e do cli-
ma do lugar onde ocorre. O Brasil, por contar com grande diversidade climática apre-
senta várias formações vegetais. Tem desde densas florestas latifoliadas tropicais, que
ocupam mais da metade do seu território, até forma- ções xerófitas, como a caatinga.
SENE, E. de e MOREIRA, J. C. “Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Glo-
balização”. São Paulo, Scipione, 1998. p 484

499
Correlacione as colunas, associando a vegetação aos tipos climáticos:
Coluna1 Coluna 2
1 – Floresta Amazônica ( ) Clima tropical típico
2 – Floresta de Araucária ( ) Clima equatorial úmido
3 – Floresta Atlântica ( ) Clima tropical litorâneo úmido
4 – Cerrado ( ) Clima subtropical
5 – Caatinga ( ) Clima tropical semi-árido

A seqüência correta que representa a correlação acima está na opção


a) 4, 1, 2, 3, 5 b) 4, 1, 3, 2, 5 c) 4, 1, 5, 2, 3
d) 1, 2, 3, 4, 5 e) 2, 1, 3, 4, 5

2. Bacia Hidrográfica é a área abrangida por um rio principal e sua rede de afluentes e
subafluentes.
Sobre as bacias hidrográficas brasileiras e sua utilização é correto afirmar:
a) o potencial hidrelétrico da Bacia do Paraná é o mais aproveitado do país em função
de sua proximidade com o Centro-Sul, área de maior demanda por energia elétrica.
b) a bacia Amazônica caracteriza-se pelo predomínio de rios de planalto e hidrografia
pouco densa; por isso, a navegação fluvial é inexpressiva na região.
c) a navegação na Bacia do Tocantins ocorre sazonalmente devido ao regime de inter-
mitência de seus rios.
d) a bacia do Uruguai possui a principal hidrovia que integra política e economica-
mente os países do Mercosul.
e) a bacia do São Francisco sofre grande impacto em função da transposição de seu rio
principal.

3. A África é um continente de contrastes. Um deles se refere à distribuição de sua po-


pulação. Ao lado de áreas totalmente desertas, aparecem verdadeiros “formigueiros
humanos” como:
a) o sopé dos montes Altas
b) as margens do rio Congo
c) o vale do rio Nilo
d) os limites da Savana
e) as regiões estépicas

4. Sobre análise de solos e os horizontes geológicos podemos afirmar que:


a) o horizonte O é sempre o mais ácido
b) o horizonte A é sempre o que contém material mais escuro
c) o horizonte B é sempre o que contém mais material claro
d) o horizonte O é sempre o que contém mais material orgânico
e) o horizonte A é sempre o que contém a rocha considerada matriz

GABARITO
1. Resposta B 2. Resposta A

500 3. Resposta C 4. Resposta D 508


4.2 Aquecimento global

A questão do aquecimento global tem gerado grande repercussão na mídia nos


últimos anos. Isso devido ao fato de que a temperatura do planeta tem se apresenta-
do acima da média nas últimas décadas. A causa de boa parte desse aquecimento
tem sido atribuída às ações antrópicas (realizadas pelo homem), como por exemplo a
poluição do ar causada por indústrias e os automóveis nos grandes centros urbanos,
que liberam na atmosfera os chamados gases estufa.
É importante sabermos que o efeito estufa é um fenômeno natural que ocorre
na atmosfera terrestre e que graças a esse fenômeno a vida humana no planeta tor-
na-se viável. Esse processo acontece da seguinte maneira: os raios solares que irradi-
am a superfície terrestre são, em boa parte, rebatidos de volta à atmosfera e só não
escapam todos para o espaço pois existe uma concentração de gases que retém essa
radiação próxima à superfície, fazendo desta maneira, com que o planeta se aqueça.
O principal gás responsável pela retenção de irradiação solar é o dióxido de carbono
(CO2). Esse gás resulta da queima de combustíveis fósseis como o petróleo ou é emiti-
do na atmosfera através de eventos naturais como as erupções vulcânicas.Outro gás
também responsável pelo efeito estufa é o metano (CH4). Sendo vinte vezes mais
potente que o dióxido de carbono, o metano é produzido pela ação de bactérias que se
encontram no intestino de animais ruminantes, além de aterros e arrozais.
Para tentar remediar essa questão, um grupo de países organizou um programa
denominado Protocolo de Kyoto, cuja intenção é fazer com que os países emissores de
gases estufa implementem políticas que impliquem na diminuição da emissão desses
gases gradualmente.
Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite poluentes no mundo, não
aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do
país. As conseqüências do aquecimento global são:
1. Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo,
está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas dos
oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas;
2. Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca
a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas.
Somado ao desmatamento que vem ocorrendo principalmente em florestas de países
tropicais (Brasil, países africanos), a tendência é aumentar cada vez mais as regiões
desérticas em nosso planeta;
3. Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com
que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos de
catástrofes climáticas.
4. Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas tem sofrido com as ondas
de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor,
provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.

4.3 Camada de ozônio

A camada de ozônio ou ozonosfera é uma "capa" de gás que envolve a Terra e


a protege de várias radiações, sendo que a principal delas, a radiação ultravioleta, é a
principal causadora de câncer de pele. Devido ao desenvolvimento industrial, passar-
am a ser utilizados produtos que emitem cloro-fluorcarbono, um gás que ao atingir a
camada de ozônio destrói as moléculas que a formam o ozônio, causando assim a de-
struição dessa camada da atmosfera. Sem essa camada, a incidência de raios ultravio-

501
letas nocivos à Terra fica sensivelmente maior, aumentando as chances do câncer. Nas
últimas décadas tentou-se evitar ao máximo a utilização do clorofluorcarbono e, mes-
mo assim, o buraco na camada de ozônio continua aumentando, preocupando a pop-
ulação mundial. Apesar de hoje a emissão de clorofluor-carbono ser pequena, houve
um longo período de produção do clorofluorcarbono, devido à dificuldade de se sub-
stituir esse gás, principalmente nos refrigeradores, o que criou um buraco alarmante-
mente grande.

4.4 Rio São Francisco

O Rio São Francisco, cuja nascente se localiza no


estado de Minas Gerais, deságua no mar entre os estados
de Sergipe e Alagoas e beneficia diretamente em seus 3
mil Km de extensão 20 milhões de brasileiros. A figura ao
lado mostra o curso atual do Rio São Francisco. Na es-
tação chuvosa, o rio transborda e fertiliza as suas margens
que na época de vazante servirão de local para atividades
ligadas à agricultura. Além disto, a população também
utiliza o rio como fonte de subsistência para consumo
(água potável), navegação e pesca. Nas últimas déca-
das, as plantações de eucaliptos, que utilizam venenos e
agrotóxicos, têm contribuído para aumentar a poluição do
rio juntamente com os resíduos de tintas das indústrias
têxteis.
A região é marcada pela forte ligação entre o poder político e o setor de empre-
sas privadas, e devido a isso, a população prejudicada por estes empreendimentos fica
sem força para exigir que tais empresas corrijam seus prejuízos ao meio ambiente.
Outro problema encontrado ao longo do Rio São Francisco é o cultivo de ma-
conha situado em regiões à oeste de Juazeiro. O “Polígono da Maconha”, assim de-
nominado, é conhecido por ser uma região de intensa disputa por áreas de cultivo
e tráfico, resultando num local cuja população, sentindo-se atemorizada, exerce um
silêncio opressivo e obedece a toques de recolher ao anoitecer.
A ideia de transposição do Rio São Francisco não é nova. Na época do Império já
se pensava em realizar algo semelhante à este projeto. Atualmente essa preocupação
encontra-se nas mãos do Ministério da Integração Nacional e tem apoio dos governa-
dores dos estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Mas nem
todos são a favor desta Transposição que contará com 2 canais principais: um denom-
inado Eixo Norte e o outro o Eixo Leste. O Consultor Ambiental, Washington Novaes,
se declara contra a Transposição pois, segundo ele, o problema do povo nordestino é a
concentração de renda e de terras na região e não a falta de recursos hídricos.
O Bispo Dom Cappio ficou conhecido no país ao decidir fazer uma greve de
fome caso a transposição se iniciasse. O missionário franciscano alega que a trans-
posição não beneficiará o povo do semi-árido nordestino, mas somente aqueles que
teriam condições de pagar pelo recebimento desta água transposta. O dinheiro pú-
blico utilizado na transposição beneficiaria somente os proprietários de fazendas de
frutas irrigadas voltadas para o mercado externo.

4.5 Preservação ambiental

Outro personagem importante que se coloca contra o processo é o geógrafo

502
ex-professor da USP, Aziz Nacib Ab’Saber. Esta respeitada figura no âmbito acadêmico
indicava, entre outros motivos, que a transposição causará diversos impactos negativos
ao meio ambiente tais como, aumento de processos erosivos, assoreamento dos rios
e diminuição da qualidade das águas, além de afirmar que os estudos relacionados a
possibilidade desta transposição ter sucesso ainda são escassos. Em diferentes lugares
do mundo, existem casos sobre transposições que não deram certo.
O histórico sobre preservação ambiental no mundo tem uma forte relação com a
internacionalização desta preocupação e apoiou-se na maneira como os países atentos
à questão encararam os problemas de destruição do meio ambiente.
As primeiras tentativas de Acordos Internacionais sobre preservação do meio
ambiente datam do início do século XX e fracassaram, pois poucos países respeitaram
as determinações. Os países inicialmente convocados para esses Tratados foram Ale-
manha, Bélgica, Portugal, França, Inglaterra e Itália.
ção do ambiente. Um destaque mereceu atenção: neste encontro foram elaboradas as
bases do conceito de Desenvolvimento Sustentável.
O Protocolo de Kyoto, associado à Conferência Rio+10, relaciona o conceito de
Desenvolvimento Sustentável aos processos de Globalização.

EXERCÍCIOS

1. O Protocolo de Kyoto – uma convenção das Nações Unidas que é o marco sobre
mudanças climáticas – estabelece que os países mais industrializados deveriam reduzir
até 2012 a emissão de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 5% em relação
aos níveis de 1990. Essa meta estabelecia valores superiores ao exigido para países em
desenvolvimento. Até 2001, mais de 120 países, incluindo nações industrializadas da Eu-
ropa e da Ásia, já haviam ratificado o protocolo. No entanto, nos EUA, o presidente Ge-
orge W. Bush anunciou que o país não ratificaria “Kyoto”, com o argumento de que os
custos prejudicariam a economia americana e que o acordo era pouco rigoroso com os
países em desenvolvimento. Na tabela encontram-se dados sobre a emissão de CO2.
Já em 1959, foi assinado o Tratado do Antártico. A relevância desse tratado de-
ve-se ao êxito das propostas nas quais tiveram como resultado o continente Antártico
sendo o 1º ambiente natural a ser preservado a partir de um Acordo Internacional. É
importante salientar que ainda nesta época a questão da influência política (já que
vivíamos o período da Guerra Fria) era mais visada pelos países do que a Questão Am-
biental.
A Conferência de Estocolmo, realizada no ano de 1972, foi considerada como sen-
do uma vitória aos grupos ambientalistas, pois foi o 1º tratado internacional que real-
mente tinha como preocupação a questão ambiental.
O Brasil se destacou na Conferência da Eco-92 onde diversas autoridades de
diferentes partes do mundo vieram ao país para discutir o fator social relacionado à
preservação.

503
Considerando os dados da tabela, assinale a alternativa que representa um argu-
mento que se contrapõe à justificativa dos Estados Unidos de que o acordo de Kyoto foi
pouco rigoroso com países em desenvolvimento.
a) a emissão acumulada da União Européia está próxima à dos Estados Unidos.
b) Nos países em desenvolvimento as emissões são equivalentes às dos Estados Uni-
dos.
c) A emissão per capita da Rússia assemelha-se à da União Européia
d) As emissões de CO2, nos países em desenvolvimento citados, são muito baixas.
e) A África do sul apresenta uma emissão anual per capita relativamente alta.

2. A biodiversidade diz respeito tanto a genes, espécies e ecossistemas, como a fun-


ções e coloca problemas de gestão muito diferenciados. É carregada de normas de
valor. Proteger a biodiversidade pode significar:
I) a eliminação da ação humana, como é a proposta da ecologia radical;
II) a proteção das populações cujos sistemas de produção e cultura repousam num
dado ecossistema;
III) a defesa dos interesses comerciais de firmas que utilizam a biodiversidade como
matéria-prima, para produzir mercadorias.

De acordo com o texto, no tratamento da questão da biodiversidade do planeta:


a) o principal desafio é conhecer todos os problemas dos ecossistemas, para conseguir
protegê-los da ação humana.
b) os direitos e os interesses comerciais dos produtores devem ser defendidos, inde-
pendentemente do equilíbrio ecológico.
c) deve-se valorizar o equilíbrio do meio ambiente, ignorando-se os conflitos gerados
pelo uso da terra e seus recursos.
d) o enfoque ecológico é mais importante do que o social, pois as necessidades das
populações não devem constituir preocupação para ninguém.
e) há diferentes visões em jogo, tanto as que só consideram aspectos ecológicos, quan-
to as que levam em conta aspectos sociais e econômicos.

3. Leia as afirmações a seguir sobre um dos paraísos ecológicos do Brasil, o Pantanal:


I) É uma região cercada por terras elevadas, fato que implica a convergência de grande
quantidade de rios que deságuam no Rio Paraguai.
II) Na época das secas, um pasto nativo floresce como resultante da fertilização das ter-
ras pela camada de húmus depositada na época da subida das águas.
III) A velocidade das águas é muito baixa e o Rio Paraná não consegue escoá-las com-
pletamente. Forma-se um ambiente alagado, salgado e bastante pobre em nutrientes.

Com base nas três assertivas, assinale a alternativa correta:

504
a) Apenas a I é verdadeira. b) Apenas a III é verdadeira.
c) Apenas I e II são verdadeiras. d) Apenas I e III são verdadeiras.
e) Apenas II e III são verdadeiras.

4. A ação humana tem provocado algumas alterações quantitativas e qualitativas da á-


gua:
I) Contaminação de lençóis freáticos.
II) Diminuição da umidade do solo.
III) Enchentes e inundações.
Pode-se afirmar que as principais ações humanas associadas às alterações I, II e III são,
respectivamente:
a) uso de fertilizantes e aterros sanitários, lançamento de gases poluentes e canaliza-
ção de córregos e rios.
b) lançamento de gases poluentes, lançamento de lixo nas ruas e construção de ater-
ros sanitários.
c) uso de fertilizantes e aterros sanitários, desmatamento e impermeabilização do solo
urbano.
d) lançamento de lixo nas ruas, uso de fertilizantes e construção de aterros sanitários.
e) construção de barragens, uso de fertilizantes e construção de aterros sanitários.

5. Os plásticos, por sua versatilidade e menor custo relativo, têm seu uso cada vez mais
crescente. Da produção anual brasileira de cerca de 2,5 milhões de toneladas, 40% des-
tinam-se à indústria de embalagens. Entretanto, este crescente aumento de produção
e consumo resulta em lixo que só se reintegra ao ciclo natural ao longo de décadas o
mesmo de séculos. Para minimizar esse problema uma ação possível e adequada é:
a) proibir a produção de plásticos e substituílos por materiais renováveis como os me-
tais.
b) incinerar o lixo de modo que o gás carbônico e outros produtos resultantes da com-
bustão voltem aos ciclos naturais.
c) queimar o lixo para que os aditivos contidos na composição dos plásticos, tóxicos e
não degradáveis sejam diluídos no ar.
d) estimular a produção de plásticos recicláveis para reduzir a demanda de matéria pri-
ma não renovável e o acúmulo de lixo.
e) reciclar o material para aumentar a qualidade do produto e facilitar a sua comerciali-
zação em larga escala.

6. Em um estudo feito pelo Instituto Florestal, foi possível acompanhar a evolução de


ecossistemas paulistas desde 1962. Desse estudo publicou-se
o Inventário Florestal de São Paulo, que mostrou resultados
de décadas de transformações da Mata Atlântica
Examinando o gráfico da área de vegetação natural rema-
nescente (em mil km2) pode-se inferir que:

a) a Mata Atlântica teve sua área devastada em 50% entre 1963


e 1973.
b) a vegetação natural da Mata Atlântica aumentou antes da
década de 60, mas reduziu nas décadas posteriores.
c) a devastação da Mata Atlântica remanescente vem sendo contida desde a década de
60.
d) em 2000-2001, a área de Mata Atlântica preservada em relação ao período de 1990-
1992 foi de 34,6%.
e) a área preservada da Mata Atlântica nos anos 2000 e 2001 é maior do que a
registrada no período de 1990-1992.
505
GABARITO
1. Resposta D 2. Resposta E 3. Resposta C

4. Resposta C 5. Resposta D 6. Resposta E

ANOTAÇÕES

506
PÁG 515

GEOGRAFIA
GEOGRAFIA
AULA 1
História do pensamento geográfico

1.0 Introdução sobre ciência

Primeiramente, é importante que fique evidente em nossas


mentes que Geografia Física e Geografia Humana não estão dis-
sociadas, pelo contrário, há necessidade de cada vez mais estarem
relacionadas pois ambas se relacionam, pensar nelas separadas
“serve apenas” para fins didáticos e até mesmo a certo ponto.
O campo do conhecimento algumas vezes é tratado como
um tabu, ou melhor dizendo, é destratado.
Antes, o conhecimento poderia estar baseado através do
empirismo (ou seja, era através de situações vividas na vida real
que se tirava conclusões). O conhecimento Ocidental passa a
ser apenas o que a ciência comprova ao explicar os fatores e as
reações de determinado fenômeno. Tal abordagem começou a se
desenvolver no século XVI com Copérnico, Galileu e Newton com
a revolução científica. Até o século XIX o modelo da racionalidade
era presente apenas nas Ciências Naturais e apenas a partir dessa
data que se desenvolve as ciências sociais.
A Ciência passa a tentar explicar de forma sistemática os
fenômenos que nos rodeiam, sendo assim, temos o desenvolvi-
mento/aprimoramento das tarefas humanas para que se possa
cada vez menos trabalharmos e utilizarmos as técnicas. Uma das
interpretações para tecnologia então seria um tipo de técnica de-
senvolvida pelo humano.
Mas não podemos menosprezar o conhecimento de outras
civilizações, pois a nossa teve de se basear em outros conheci-
mentos e os nossos próprios conhecimentos muitas vezes podem
não ser tão profundos como o de outros povos.
Outra questão é que há as ciências exatas que são precisas
e mais sistemáticas em seus estudos, as ciências biológicas que
estudam também os processos e reações e trabalham com com-
binações de eventos que podem acontecer dentro de certos lim-
ites e as ciências humanas que estudam a sociedade, essa que é
muito complexa e dinâmica, tornando-a específica demais e nos
possibilitando traçar padrões de comparação ou de organização,
mas tendo de estudar caso a caso para avaliar os agentes atuantes
e as consequências geradas.
Fazer ciência não é apenas buscar respostas, mas sim,
também, questionar as situações atuais para que se possa chegar
508 a um bem-estar a todas as pessoas.
1.1 Desenvolvimento da Geografia

A Geografia se desenvolve de diversas formas, a necessidade de um reconhe-


cimento do território é fundamental para que se pudesse desenvolver e protegê-lo,
a necessidade de um mapeamento ou até mesmo da representação para localizar e
orientação, o estudo sobre a sociedade que vive.
Com esse desenvolvimento algumas escolas, ou seja, vertentes de pensamento
perduraram e ainda estão presentes na Geografia. É interessante e relevante que haja
a compreensão sobre a origem da Geografia pois assim entenderemos melhor qual
seu objeto de estudos que muitas vezes pode ser distorcida ou simplesmente mal in-
terpretada.
Os mapas autênticos começam a surgir por volta de 6000 a.C. mas são asso-
ciados à Cartografia apenas no século XIX. Embora ao falarmos de Geografia e asso-
ciarmos automaticamente a mapas nem sempre houve essa correlação. A Geografia
surge de forma mais descritiva analisando o relevo, a cobertura vegetal, a população
que habita, os contornos, caso haja, do litoral, a hidrografia, a pluviosidade e outros
fatores que ajudam a imaginar como seria o ambiente na época, já que antigamente
não havia máquinas fotográficas, um expoente dessa fase é Humboldt ao explorar as
Américas; os mapas foram e ainda são importantes por sintetizar o real e tornar possív-
el a delimitação de territórios para manter seus controles

1.2 Escolas do Pensamento Geográfico

Ratzel está ligado com a Geopolítica, tem contexto do final do século XIX estuda
a relação entre Estados, o quão os fatores físicos podem influenciar de forma positiva,
ou seja, como o território pode obter vantagens por si. A grande problemática é que a
interpretação de suas obras deu-se início ao Determinismo, assim interpretam, de for-
ma errônea, porém muito difundida pela Geografia, e muito aceita pelo vestibular, que
o autor fala que o meio em que o ser humano vive é que determinará seu desenvolvi-
mento intelectual, por exemplo, vale ressaltar que a escola determinista afirma isso,
mas não o autor. Ratzel também é considerado o fundador da Geografia Humana por
ter sido o primeiro a relacionar a relação entre humano e natureza.
Vidal de La Blache é outro autor importante, os estudos sobre suas obras e os
pesquisadores que o admiram fundaram a escola possibilista, o Possibilismo afirma a
natureza e o ambiente onde o humano vive influencia em seu desenvolvimento, desta
forma, o desenvolvimento de suas técnicas estará relacionada com a disponibilidade
de recursos naturais, o quanto de inimigos têm ao redor e dentre outros fatores. Pode-
mos perceber que, de certa forma, no início da consolidação dos territórios houve essa
interferência mais forte, mas hoje já é mais difícil de associar o desenvolvimento sim-
plesmente com os recursos naturais. La Blache introduz o conceito dos “gêneros de
vida” (como as civilizações se desenvolvem, aprimoram suas técnicas e desenvolvem
relação com outros povos relacionados com a disponibilidade de recursos presentes
em seu território).
Outra escola do pensamento geográfico trabalha mais com dados quantitativos,
a Geografia Quantitativa trabalha com dados gerais relacionados ao território, há ex-
trema relevância em dados quantitativos pois assim pode-se comparar a situação de
certo país em relação a outro, mas que haja crítica sobre os dados poderem mascarar
a realidade ou mesmo excluir as particularidades regionais, cria-se a possibilidade da
obtenção de outros dados para mostrar as disparidades mais localizadas.
A Geografia Crítica, influenciada por Marx faz contraposição com a Geografia

509
Quantitativa, seu foco está na desigualdade social que é gerada pelo Capitalismo,
através de: conteúdos de segregação social, concentração de capital e terra, processo
histórico, alienação do capital e propriedade privada.

1.3 Objeto de estudo da Geografia

O que a Geografia estuda?


Muitas pessoas confundem que Geografia é fazer mapas enganam-se pois
quem faz isso é a Cartografia.
Geografia está relacionada com mapas pois esses são ótimos para sistematizar e
representar o real em escala menor.
Mas então qual o foco da Geografia?
A Geografia é uma ciência ampla, tenta buscar a relação entre humano e na-
tureza, assim, o espaço, a região e o lugar são fundamentais para a Geografia, tais con-
ceitos veremos em outro capítulo.
Já, a outros autores a Geografia estuda as consequências do sistema econômico
ou quais são os efeitos negativos que geram as desigualdades.
Outros ainda falam que a Geografia é uma ciência que estuda a relação huma-
no-natureza e humano-humano.

1.3 Crise da Geografia como Ciência

A alguns autores a Geografia não se pode dizer ciência pois não tem um objeto
definido, embora que atualmente pode-se afirmar com quase boa segurança que o
espaço é a base para os estudos geográficos.
Outra discussão que permaneceu por um tempo na academia é como a Geo-
grafia pode se manter como ciência se não tem nenhuma lei fixa para aplicar na reali-
dade.
Embora as ciências humanas não tenham como aplicar uma fórmula para de-
scobrir seu desenvolvimento, já que depende de muitas variáveis, dá para manter-se
relação e se fundamentar na distribuição espacial e seus diversos fatores.

ANOTAÇÕES

510
GEOGRAFIA
AULA 2
Introdução de conceitos de espaço e regionalização

2.0 Introdução

O objeto de estudo da Geografia, a alguns autores, é a


relação entre natureza-humano e humano-humano. Essa ideia é
importante para compreendermos, principalmente na Geogra-
fia Humana, pois a ocupação humana está relacionada com as-
pectos naturais (muito bem estudados pela Geografia Física), ou
seja, uma ferrovia, uma avenida, um túnel, um município, essas e
muitas outras infra estruturas estão localizadas por algum motivo
e geralmente são estudadas antes com uma finalidade, pode e
geralmente associadas à economia, ao ecológico, à facilidade do
transporte, dentre outros motivos.
Assim, regionalizar torna-se importante pois busca-se deter-
minados aspectos semelhantes para que se possa tanto ampliar
políticas de desenvolvimento regional e para suprir carências que
são geradas. Uma problemática que ocorre é a regionalização uti-
lizada para mascarar dados, por exemplo, ao falar que a renda no
Brasil aumentou significativamente nos últimos anos, mas a dis-
tância econômica entre as pessoas aumenta cada vez mais dentro
de uma região próspera. Então, é importante que haja estudos
aprofundados de cada regionalização para que uma realidade
mascarada seja passada.

2.1 Conceitos

Alguns conceitos que, algumas vezes, no dia a dia usamos


são muito utilizados e importantes para a Geografia. Embora, apa-
rentemente, parecer falar do mesmo objeto, não é.

- Paisagem: O que observamos e conseguimos identificar.


- Região: Configuração de uma área respeitando a variável deseja-
da.
- Configuração Territorial: Forma de um país, de um estado, de um
município ou de uma “região” administrativa e o que o compõe.
- Espaço: Configuração territorial, paisagem e sociedade; contínuo.
- Espacialização: Valor atribuído a cada fração da paisagem obser-
vada.
- Regionalização: Processo de seleção de uma ou algumas
variáveis para delimitar uma área em comum.
511
ANOTAÇÕES

512
GEOGRAFIA
AULA 3
Cartografia

3.1 Coordenadas geográficas

Com a finalidade de permitir a localização de qualquer obje-


to, veículo ou pessoa no planeta, foram criadas linhas imaginárias
no globo tanto na posição vertical (meridianos) quanto na posição
vertical (paralelos). A partir disto, foi-se convencionado as latitudes
e longitudes que dividem o globo em hemisfério norte e sul (a
partir da linha do Equador) e em hemisfério ocidental e oriental (a
partir do Meridiano de Greenwich).

3.2 Horário de verão

Horário de verão é normalmente adotado em estados


brasileiros que se localizam mais distantes do Equador, onde a
grande diferença de incidência dos raios solares faz com que a
duração dos dias e noites seja bastante desproporcional. No Brasil
o horário de verão é adotado com a intenção de diminuir o consu-
mo de energia elétrica, principalmente nos horários considerados
de pico. Na verdade, se comparada com o consumo total de en-
ergia, a economia é muito pequena, porém representa muito no
horário de pico.

3.3 Projeções Cartográficas

Quando pretendemos transpor as informações do globo


para um mapa no plano nos deparamos com um problema ain-
da insolúvel. Como transferir tais informações sem fazer com que
haja distorções? Nessa busca por mapas mais fiéis, diferentes tipos
de projeções foram elaborados ao longo dos séculos. Veja algumas
das principais projeções no esquema a seguir:

Projeção plana Projeção cilíndrica Projeção cônica

513
Apesar de todos os esforços, ainda não é possível produzir um mapa-múndi que
não apresente distorções, seja na área dos continentes, seja nos ângulos de latitudes e
longitudes.

EXERCÍCIOS

1. Entre os elementos básicos das representações cartográficas estão as coordenadas


geográficas. Sobre algumas de suas aplicações na cartografia está correto afirmar que:
a) são símbolos utilizados exclusivamente na confecção de mapas e cartas climáticas.
b) são sinais aplicados na delimitação de cotas altimétricas e barimétricas do relevo.
c) são referências gráficas que indicam áreas de mesma temperatura no globo terres-
tre.
d) servem para identificar zonas climáticas diferentes e constituem um sistema de ori-
entação.
e) servem para relacionar a distância real com a distância gráfica expressa nos mapas.

2. A cartografia pode ser entendida como uma disciplina que abrange o desenvolvi-
mento científico e a melhoria das técnicas usadas na comunicação dos dados relacio-
nados espacialmente.
Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) nas afirmações abaixo:
( ) O bom uso da linguagem cartográfica compreende a capacidade de entendimento
dos símbolos utilizados na representação dos fenômenos geográficos.
( ) A indicação da escala utilizada é indispensável para a leitura adequada de produtos
cartográficos.
( ) O traçado das curvas de nível, ou isoípsas, é um dos recursos cartográficos utilizados
para representar o relevo terrestre.
( ) Quanto menor a escala de uma representação cartográfica, maiores e mais visíveis
serão os detalhes de cada fenômeno representado

GABARITO
1. Resposta D

2. V - V - V - F

514
ANOTAÇÕES

515
GEOGRAFIA
AULA 4
Continentes I

O mundo é subdivido em 7 continentes (América do Norte,


América do Sul, Europa, África, Ásia, Oceania e Antártida), con-
forme representado no mapa-múndi a seguir. É importante lem-
brar que o Ártico não é um continente porque não passa de um
imenso bloco de gelo preso à América do Norte. Já a Antártida é
um continente pois tem por baixo do gelo uma enorme extensão
de terra sólida.

4.1 África

O continente africano possui em tor-


no de 30 milhões de km², cobrindo 20,3 %
da área total da terra firme do planeta e
mais de 800 milhões de habitantes em 54
países, representando cerca de um sétimo
da população do mundo. Para melhor com-
preensão deste continente, foram criadas
regiões que diferem de acordo com os di-
versos autores. No geral temos:
516
- África Setentrional: que corresponde à parte Norte do continente, também
chamada de “África Branca” devido à maioria da população de pele branca em
destaque ao restante do continente com maioria de pele negra. É a parte do conti-
nente mais próxima da Europa.
- África Subsaariana: que corresponde a todo o restante do continente africano,
abrangendo os demais países e formações naturais. Há maior povoamento nesta parte
do continente, com maioria negra.

O mapa acima mostra tal divisão.

1. Aspectos físicos
O continente situa-se no centro de uma placa tectônica, havendo limite de pla-
cas na sua porção centro-leste, onde existe uma falha que se estende desde o mar ver-
melho até os planaltos na Tanzânia. Os planaltos são predominantes na África, hav-
endo entre estes depressões, principalmente na região do Saara. Destacam-se como
formações recentes o Rift Valley (Vale da Fenda) na região correspondente à falha
tectônica no centro-leste e a Cordilheira do Atlas no extremo norte.
Os tipos climáticos variam do tropical equatorial e úmido na região equatorial, ao trop-
ical semiárido e ao clima árido. Quanto à formação vegetal, a maior parte do continen-
te é coberta por Savanas e Desertos, porém na região equatorial ocidental há florestas
tropicais e equatoriais.

2. População
Atualmente, a África tem população aproximada de 800 milhões de habitantes,
sendo os países mais populosos a Nigéria (120 milhões), o Egito (70 milhões), a Etiópia
(65 milhões) e a República do Congo (53 milhões). O crescimento vegetativo é o mais
alto do mundo (2,0% ao ano), com 4,0% de taxa de natalidade e 2,0% de taxa de morta-
lidade. A maior parte desta população, em torno de 60%, vive no campo.

3. Economia
A economia da maior parte dos paí- ses africanos é de subsistência, ou seja, a
produção é essencialmente de alimentos para próprio consumo. São poucos os países
industrializados no continente, se destacando somente a África do Sul, o Egito e a
Nigéria. Sem duvida, o setor da economia mais importante é a extração mineral, devi-
do às grandes jazidas existentes, destacando-se a extração de ouro, diamante, urânio,
platina e titânio. Na região próxima a Lagos, capital da Nigéria, e em todo o norte do
continente, encontram-se importantes jazidas de petróleo, que dinamizam a indústria
e economia destas regiões.

4. Política
O continente africano sofreu intenso processo de colonização, que se iniciou no
século XV com a chegada dos portugueses, e se expandiu fortemente no século XIX,
quando houve domínio principalmente da Inglaterra, França e Bélgica. A política de
colonização causou a partilha da África entre esses países, ou seja, foram criadas fron-
teiras e dividiu-se o continente sem levar em consideração os limites dos povos que ali
viviam.
Na metade do século XX, essas colônias se tornaram independentes, entretanto
as fronteiras continuavam as mesmas determinadas pelos europeus, o que causou na
maior parte dos lugares a separação de indivíduos de um mesmo povo, ou a junção de
diferentes povos num mesmo território. Essas condições geraram diversos problemas

517
políticos internos, tanto na questão da separação de povos com mesma cultura e re-
ligião, quanto na junção de povos inimigos, causando guerras civis na maior parte dos
países africanos, quase sempre envolvendo disputas de poder.

5. Sociedade
Na porção norte do continente, encontramos em praticamente toda a região o
predomínio da religião e cultura islâmica, trazida graças a expansão do império islâm-
ico no século XIII e que permanece até os dias atuais. Na porção da África Subsaaria-
na, há grande diversidade cultural, religiosa e lingüística, representada pelos diversos
povos tribais existentes, cada qual com seus costumes e línguas distintas. O continente
é o que possui menores índices de desenvolvimento humano (IDH) no mundo, sendo
considerado assim o continente mais pobre. Há escassez de água e alimentos, grande
parte devido à exploração externa e às constantes guerras civis, gerando grandes índi-
ces de fome, miséria e mortalidade.

4.2 Ásia

A Ásia forma a porção oriental da Eurásia, com uma área de cerca de 49.694. 700
km² e uma população de quase 3,8 bilhões de habitantes, ou mais de 60% da popu-
lação mundial. Este continente é marca-
do por ser o berço das mais antigas civi-
lizações do mundo, portanto possui
imensa diversidade cultural, lingüística
e religiosa. Pode-se dividir o continente
asiático em 6 grandes regiões, conforme
critério das Nações Unidas:
1. Ásia Setentrional
2. Oriente médio
3. Ásia Central
4. Ásia Meridional
5. Ásia Oriental
6. Sudeste da Ásia

1. Aspectos Naturais
Por ser um imenso continente, encontramos na Ásia as mais variadas paisa-
gens, formas de relevo e configurações climáticas. De forma geral, ao Sul e Sudeste, o
clima se apresenta tropical a equatorial, na porção central predomina o árido e o semi-
árido, e ao Norte clima de temperado à frio. Encontram-se todas as formações vegetais,
desde as florestas equatoriais ao sul e florestas temperadas no extremo oriente, aos de-
sertos do oriente médio, as estepes na porção central e coníferas nos planaltos siberia-
nos.

2. População
A Ásia se caracteriza por ser o conti- nente mais habitado do mundo, sendo que
somente Índia, China e Indonésia somam mais de 2,5 bilhões de pessoas, mais que 1/3
da população global. O índice de crescimento vegetativo é variável, porém no geral é
alto. A densidade populacional em determinados países é muito alta, principalmente
no Japão (nas grandes cidades, mais de 1000 hab/km²), em Cingapura, na Índia, na Chi-
na e na Indonésia.

518
3. Economia
Por apresentar países tão distintos, não é possível estabelecer um padrão eco-
nômico para a Ásia. Temos para os países do Oriente Médio o petróleo como elemento
principal, devido às grandes jazidas ali presentes. No extremo oriente e sudeste asiáti-
co, temos os chamados tigres asiáticos, grupo de países que a partir de políticas econô-
micas de incentivo ao desenvolvimento industrial, tecnológico e em educação ganham
importância no comércio mundial, com relevância para o setor terciário. Há grande
produção agrícola, principalmente de arroz e grãos.
Índia e China são os países que possuem maior crescimento do PIB no continente nos
últimos anos, com destaque na Índia para produção de produtos de informática de
ponta, e na China para produção industrial em geral a exportação, feita nas cidades de
economia aberta próximas ao litoral (ZEE’s – Zonas de Economia Especial).

4. Política
Devido à diversidade de povos e à longa história de ocupação do continente,
existem diversos conflitos políticos em andamento na atualidade. Sem dúvida, aqueles
que merecem maior destaque são: os conflitos existentes na Síria, que começaram a
partir da insurreição da Primavera Árabe (onda revolucionária de manifestações e pro-
testos no mundo árabe), mas hoje são caracterizados como uma Guerra Civil; a questão
Palestina, conflito que perdura séculos por razões religiosas e de identidade com o ter-
ritório (israelitas x palestinos); a Caxemira, região ao Norte da Índia disputada entre este
e o Paquistão, conflito gerado por questões econômicas e culturais; o Taiwan, exprovín-
cia chinesa que se auto proclamou independente na segunda metade do século XX,
gerando conflitos entre os dois países.

5. Sociedade
As sociedades asiáticas variam de acordo com a região da qual tratamos. Ob-
serva-se, no geral, imenso contingente populacional que sobrevive sob condições de
vida precárias no campo em grande parte dos países. A Índia tem a maior população
de famintos do mundo (mais de 300 milhões de pessoas, quase 2 vezes a população do
Brasil) e na China o sistema socialista garante certa estabilidade para os camponeses,
porém estes são pobres. Os melhores índices de desenvolvimento humano estão no
Japão, país mais desenvolvido industrialmente e tecnologicamente do continente. Em
relação à cultura, há grande diversidade de povos, línguas e religiões, sendo que todas
as grandes religiões atuais surgiram na Ásia: Cristianismo, Islamismo e Judaísmo no
Oriente Médio e Hinduísmo e Budismo na Índia.

EXERCÍCIOS

1. Sobre a população africana podemos afirmar que:


a) tem baixo crescimento vegetativo e é predominantemente rural.
b) tem baixa taxa de natalidade e é predominantemente urbana.
c) é predominantemente urbana.
d) tem alto crescimento vegetativo e é predominantemente rural.
e) tem alto crescimento vegetativo e é predominantemente urbana.
519
2. Sobre a população do continente asiático podemos afirmar que:
a) é a maior do mundo com mais de 60% do total mundial.
b) é a menor do mundo com menos de 60% do total mundial.
c) é a menor do mundo por ser uma civiliza- ção considerada recente.
d) é a segunda maior do mundo, só perdendo para o continente africano.
e) nenhuma das anteriores é correta.

3. Sobre a economia dos países asiáticos podemos afirmar que:


a) todos adotam o socialismo como sistema padrão.
b) todos adotam o capitalismo como sistema padrão.
c) todos enfrentam embargo econômico de- vido imposto por países capitalistas.
d) não é possível estabelecer um padrão e- conômico devido à presença de países mui-
to distintos.
e) nenhuma das anteriores é correta.

4. Sobre a economia da Oceania podemos afirmar que:


a) baseia-se na pesca, turismo e agricultura.
b) baseia-se no turismo, comércio e indústria.
c) baseia-se na pesca, caça e indústria.
d) baseia-se na tecnologia e pesca.
e) baseia-se na indústria logística e turismo.

5. A cidade do Cabo possui um ponto de grande importância mundial, principalmente


para os navios que não podem passar pelo Canal de Suez e são obrigados a fazer o pé-
riplo da África. Esta cidade se situa no se- guinte país:
a) República Sul Africana
b) Namíbia
c) Moçambique
d) Marrocos
e) Angola

6. Durante o Apartheid na África, o que ficou restrito à circulação?


a) pessoas brancas
b) drogas ilícitas
c) drogas do sertão
d) pessoas negras e mestiças
e) fumo e bebidas

7. Após o ano de 1948 a África teve desmantelado o sistema do Apartheid e podemos


inferir então que:
a) houve uma rápida transformação no continente e hoje não encontramos mais nen-
hum tipo de discriminação.
b) houve uma lenta transformação no continente e hoje não encontramos mais nen-
hum tipo de discriminação.
c) houve uma lenta transformação no continente e hoje encontramos ainda discrimi-
nação resultante deste sistema.
d) não houve nenhum tipo de transformação no continente, pois os fatos ainda são
muito recentes.
e) houve uma rápida transformação no continente devido às conscientes iniciativas
políticas.

520
GABARITO
1. Resposta D. 2. Resposta A.

3. Resposta D. 4. Resposta A.

5. Resposta A. 6. Resposta D. 7. Resposta C.

ANOTAÇÕES

521
GEOGRAFIA
AULA 5
Continentes II

5.1 Oceania

Oceania, que du-


rante a época das Grandes
Navegações foi chamada
de Novíssimo Mundo, é o
nome usado para variados
grupos de ilhas no Oceano
Pacífico, como a Polinésia
(incluindo a Nova Zelândia),
Melanésia (com a Nova Guiné) e a Micronésia, além da Austrália e
o arquipélago malaio. Embora as ilhas da Oceania não formem um
continente verdadeiro, a Oceania é associada com o continente da
Austrália, com o propósito de dividir o planeta em agrupamentos
continentais. É o menor "continente" em área e o segundo menor
(após a Antártica) em população.

1. Regionalização
Austrália e Nova Zelândia, Melanésia, Polinésia e Micronésia.

2. Política
Colonização européia, testes nucleares.

3. Economia
Turismo, pesca e agricultura.

4. Sociedade
Povos polinésios.

5.2 Europa

A Europa é a parte ocidental


do supercontinente euro-asiático.
Embora geograficamente seja con-
siderada uma península da Eurásia,
os povos da Europa têm carac-
terísticas culturais e uma história
específica, o que justifica que o
território europeu seja geralmente
522
considerado como um continente.
A parte continental é limitada a Norte pelo Oceano Glacial Ártico, a oeste pelo
Oceano Atlântico, a sul pelo Mar Mediterrâneo, pelo Mar Negro, pelas montanhas do
Cáucaso e pelo Mar Cáspio, e a Leste, onde a delimitação é mais artificial, pelos Mon-
tes Urais e pelo Rio Ural. A Europa inclui também as Ilhas Britânicas, a Islândia e várias
ilhas e arquipélagos menores, espalhados pelo Atlântico, Mediterrâneo e Ártico.

1. Clima
Os tipos de clima do continente europeu variam de acordo com sua classificação
de continente temperado, localizado nas latitudes 34º Norte e 75º Norte. Esta local-
ização latitudinal, sem contar com a interferência de outros fatores, determina meno-
res temperaturas ao norte do continente e maiores médias térmicas no sul. Porém
fatores como altitude, proximidade do mar, presença de dinâmicas como correntes
marítimas e de massas de ar, influenciam o comportamento do clima.
Predomina no continente as baixas altitudes. No sul onde as temperaturas são
amenas, existe a influência das elevações formadas pelos dobramentos modernos, que
criam zonas de climas frios, semelhantes ao encontrados no norte.
As zonas proximas ao litoral sofrem a ação da maritimidade, amenizando as
temperaturas e elevando a úmidade do ar. Já nas áreas interiores, existe o sofrimento
com a chamada continentalidade, onde as temperaturas são maiores e a úmidade do
ar é mais baixa.
A corrente marítima, chamada de Corrente do Golfo ou Gulf Stream, é uma cor-
rente quente, originada no golfo do México, e que atua no noroeste do continente
europeu. Isso evita o congelamento do litoral.
Existe a influência das massas de ar quente provenientes do Saara (ven-
to Simum), sobre a área mediterrânica, tornando o verão muito seco. Já as massas
provenientes dos pólos, que atuam principalmente ao norte durante o invcerno, de-
terminam baixas temperaturas nestas áreas. Esta massa fria não consegue penetrar
no continente devido a barreira natural de montanhas que barram parcialmente sua
passagem.
Após observações deste conjunto de fatores climáticos ao longo de dezenas de
anos, chegou-se a determinação de comportamentos médios atmosféricos definidos
nas regiões climáticas e tipos de climas que seguem:
- Subpolar e frio de montanha: Invernos frios e com mais de três meses de du-
ração, com temperaturas médias de -10ºC. Abrange o norte da Escandinávia e da
Russia, as áreas elevadas das cordilheiras Cantábricas, Alpes, Alpes Dináricos, Bálcãs e
Cárpatos. Nas áreas litorâneas do extremo norte o frio intenso provoca congelamento
dos mares, com exeção dos lugares atingidos pela corrente do Golfo.
- Temperado frio: Ocupa o interior da porção norte do continente, sendo muito
semelhante ao clima subpolar, com invernos rigorosos e médias mensais abaixo de
-10ºC.
- Temperado continental: Apresenta invernos rigorosos com abundante precip-
itação de neve, e temperaturas que acalçam -30ºC. Os verões são chuvosos com tem-
peraturas médias de 20ºC. É o clima predominante na Europa, sendo mais comum nas
áreas centrais e interiores do continente.
- Temperado Oceânico: Apresenta invernos menos rigorosos, com médias acima
de zero grau. Encontra-se em latitudes semelhantes do tipo de clima temperado con-
tinental, mas se diferencia por ser atingido pelas correntes do Golfo, que umidifica a
atmosfera das áreas proximas ao atlântico.
- Mediterrâneo: Apresenta verões quentes e secos, com médias térmicas de

523
30ºC. Geralmente os invernosconcentram as chuvas do ano e são mais amenos, com
médias de 10ºC. Este clima ocorre ao sul dos dobramentos modernos, abrangendo:
Portugal, Espanha, Itália, França, Grécia e Peninsula Balcânica.
- Semi-árido: Um tipo de clima que ocorre nas regiões margens dos mares Negro
e Cáspio, com baixas precipitações, o que dificulta a ocupação da região. O inverno é
frio com média de 5ºC, e o verão quente, com médias acima de 25ºC.

2. Relevo
Dentro do continente europeu, podemos encontrar diferentes formas de relevo.
As estruturas mais marcantes são os Alpes Escandinavos localizados na Europa Seten-
trional, as grandes extensões de planícies na região centro-ocidental, os Pirineus, Apen-
inos e Bálcãs na porção meridional. A porção centro-oriental, também conhecida como
Leste Europeu apresenta predominância de planícies ao norte e formações montanho-
sas recentes ao sul.

3. Economia
A quase totalidade do continente inclui-se no mundo desenvolvido. A agricultu-
ra, mecanizada, emprega em média apenas 10% da população economicamente ativa,
enquanto um terço desta é ocupado na indústria e a maior parte é absorvida pelo setor
terciário.

5.3 União Europeia

A União Européia (UE), compreendendo 27 estados


membros, é a maior e mais importante entidade política,
economica e cultural do mundo. A UE é também a maior
economia mundial com um PIB estimado em $15,85 tril-
hões ultrapassando largamente os EUA.

Bandeira-símbolo da UE
Uma das principais características desse Bloco Econômico é a adoção de uma
moeda única em quase todos os países: o euro. Dos países membros apenas Inglaterra,
País de Gales, Escócia e Irlanda ainda não aderiram ao euro, pois a Libra Esterlina ainda
é uma moeda mais forte. Na Inglaterra já foi realizado um plebiscito com a população
para decidir se o país aderia ao euro ou não. A maioria votou contra, com receio de ter a
estabilidade econômica do país abalada caso opte pela utilização de uma moeda co-
mum a quase toda a Europa.
A ideia do Bloco começou a se desenhar na década de 50 com poucos países,
quando foi criada a CECA, Comunidade Européia do Carvão e do Aço e foi se expandido
nas décadas seguintes, abrangendo novos membros. A soma dos países que não se as-
sociaram ainda a UE, mas realizam comércio com este bloco formam o chamado EEE
(Espaço Econômico Europeu).

5.4 Antártida

Diferentemente da calota de gelo no norte do globo conhecido como Ártico, a


Antártida é um continente situado no extremo do hemisfério meridional e, devido às
suas altas latitudes, apresenta-se com baixas temperaturas durante todo o ano.
Devido ao conhecimento da forma esférica do planeta, os navegadores e cienti-
stas, que já conheciam a região ártica, já imaginavam séculos antes da descoberta, a

524
existência de um continente gelado ao sul. Foi somente em 1821 que uma expedição
russa conseguiu avistar a abarcar neste continente.
Com seus 14 milhões de Km² (no verão pode chegar a 20 milhões de Km²), a
Antártida é quase duas vezes o território brasileiro e tem sido alvo de interesses prin-
cipalmente de países desenvolvidos que buscam nesse local, além de abastecimento
hídrico, explorar as jazidas de petróleo e carvão mineral.
Os ciclones que se formam principalmente no entorno da Antártida ao longo
da rápida e gelada corrente oceânica funcionam como uma barreira de proteção para
diminuir a troca de calor com as regiões mais quentes e desta forma, evitar um maior
descongelamento das calotas.

Quando uma calota de gelo que ultrapassa a superfície da rocha e expande so-
bre o oceano quebra, forma-se o que conhecemos como icebergs. Diferentemente do
hemisfério setentrional, os icebergs do hemisfério sul podem chegar a tamanhos como
os de um pequeno estado brasileiro.
Na corrida pela ocupação e, portanto, garantia de realização de pesquisas na
região, o Brasil instalou na Antártida a Estação Comandante Ferraz que fica na Ilha Rei
George. Desde então, cientistas brasileiros participam dos Encontros de Pesquisas para
trocar informações com pesquisadores de outras nações.

EXERCÍCIOS

1. Nos estudos de regionalização do espaço europeu, Islândia e Suíça apresentam em


comum a seguinte característica:
a) situam-se na zona de vegetação de tundra, sob a influência do clima polar
b) apresentam o PIB per capita mais alto da Europa Central
c) atingem os níveis mais elevados no quesito poder de compra
d) são membros fundadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN
e) integram e EFTA – associação de comércio livre – mas não fazem parte da união Eu-
ropéia

2. Em maio de 2004, a União Européia incluiu dez novos países, sendo que a maioria
pertencia ao antigo bloco socialista. Tal medida sepultou de vez a Cortina de Ferro e a
Guerra Fria. Entretanto, segundo os críticos, esta mudança não é motivo de comemo-
ração devido aos problemas que ela pode trazer.
Das alternativas abaixo, aquela que não pode ser considerada um problema para a
nova União Européia é:
a) os países do Leste Europeu podem se tornar pólos de atração para migrantes vin-
dos de regiões mais pobres da Europa
b) os hábitos de consumo deixados pela economia planificada podem dificultar a inte-
gração dos novos membros
c) a entrada de países do Leste Europeu na União pode ampliar as disparidades region-
ais

525
d) a existência de medidas restritivas à entrada de trabalhadores dos novos países po-
de transformá-los em cidadãos de segunda categoria
e) a inclusão dos novos países membros cria o maior mercado do mundo e põe fim a
chamada “Cortina de Ferro”

3. Boris Yeltsin, logo após o enfraquecimento político de Gorbatchev, assinou um Acor-


do que proclamava a extinção da URSS e criava a CEI. Porém, nem todos os países pas-
saram a integrar a CEI. Das alternativas abaixo qual representa esses países?
a) Letônia, Alemanha e Lituânia.
b) Curdistão, Belarus e Armênia.
c) Letônia, Estônia e Lituânia.
d) Belarus, Lituânia e Curdistão.
e) Bélgica, Estônia e Curdistão.

4. “Nas vastas planícies que dominam a paisagem, o inverno rigoroso sobre o solo com
uma capa de neve que, ao fundir-se na primavera, permite a germinação de uma vege-
tação herbácea extensiva que atinge seu desenvolvimento máximo no verão chuvoso,
quando intensa atividade biológica decompõe o capim morto do ano anterior, orig-
inando muito húmus e matéria orgânica, que conferem aos solos uma cor escura e
muita fertilidade.” A descrição refere-se
a) às tundras b) às estepes c) às savanas
d) ao sahel e) à taiga

5. A fragmentação das republicas soviéticas fez com que a grande parte da área
agrícola mais fértil, composta de enormes extensões de terras negras e responsável por
parte substancial da produção de trigo e de beterraba, passasse a pertencer à:
a) Rússia b) Geórgia c) Quirguízia
d) Ucrânia e) Armênia

6. A Chechênia constantemente aparece em grandes manchetes da grande imprensa,


devido à luta que trava com os russos para conquistar a sua independência. É verda-
deiro afirmar que essa área se localiza na:
a) Europa, ao sul da península Balcânica que, após um período de trégua sob a ação
efetiva da ONU, retorna ao conflito armado (maio) com danos para a população civil
b) Ásia, ao sul do Cáucaso, sendo uma das muitas áreas das etnias e culturas diversifi-
cadas que se opõem aos russos, enfrentando divergências internas que dificultam a
estabilização e a unificação política.
c) Europa, na região do Cáucaso, sendo uma das áreas de oposição aos russos, os quais
já conquistaram várias cidades e enfrentam resistência de guerrilheiros abrigados nas
montanhas.
d) Ásia, ao norte da península balcânica, onde a eliminação de uma força maior, rep-
resentada pela Rússia, provocou guerras separatistas de ordem religiosa, étnica e
econômica, com grandes perdas para a população civil.
e) Ásia, no Peloponeso, onde as lutas de ordem religiosa vêm sendo intensas, com fu-
gazes tréguas, nas quais famílias e crianças convivem permanentemente com a guer-
ra e com a morte.

526
GABARITO
1. Resposta E. 2. Resposta E.

3. Resposta C. 4. Resposta B.

5. Resposta D. 6. Resposta C.

ANOTAÇÕES

527
GEOGRAFIA
AULA 6
O Brasil em regiões

6.0 O Brasil em regioes

O território brasileiro é dividido politicamente (administra-


tivamente) em 5 macro-regiões de acordo com o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).

6.1 Região Norte

A região norte do país é caracterizada por apresentar um


relevo conhecido como Amazônico, onde em sua planície loca-
liza-se o rio com maior deságue no mar do mundo: o Amazonas e
sua gigantesca bacia.
A floresta, também conhecida como Hiléia Amazônica, con-
tinua sendo devastada e hoje já se reduziu a 8% do seu tamanho
original.
Também podemos dividi-lo em 3 complexos regionais de
528
acordo com suas características econômicas: a região Amazônica é caracterizada por
atividades extrativas tanto de origem animal, quanto vegetal e mineral; a região nor-
destina é caracterizada por ser uma região considerada como problemática; a região
centro-sul (com exceção do Vale do Jequitinhonha) apresenta-se como o pólo de de-
senvolvimento de ciência e tecnologia, além de concentrar os fluxos financeiros. Para
melhor estudarmos esse complexo regional que compõe o território brasileiro, neste
capítulo vamos nos debruçar somente sobre as 5 macro regiões propostas pelo IBGE.
Por se localizar na região equatorial, a temperatura é elevada e sua variação ao
longo do ano é baixa.
Durante todo o ano, devido ao processo de evapotranspiração, a umidade é altís-
sima e há ocorrência de chuvas em quase todos os dias. Em momentos que a massa
polar atinge a região ou que a massa de ar proveniente do Oceano Pacífico ultrapassa
os Andes, a região tem sua temperatura diminuída. Tal fenômeno é conhecido como
friagem.
A ocorrência de minerais como ouro faz da região um local atrativo para mão
de obra, principalmente proveniente do nordeste, que por não encontrar condições
de vida e trabalho no sertão semi-árido, migra para locais como por exemplo, a Serra
Pelada, que hoje se encontra completamente abandonada devido ao esgotamento das
jazidas que havia.
Das regiões fronteiriças mais conhecidas podemos citar: a cidade de Oiapoque,
localizada no Amapá (considerado o ponto extremo norte do país) que faz fronteira
com a Guiana Francesa. Alvo de mineradores na década de 60, atualmente, Oiapoque
serve principalmente de cidade-dormitório para uma população que vive entre os dois
países realizando comércios.
O estado do Acre, que foi comprado pelo Brasil em 1903 realizou, durante déca-
das, ligações com a Bolívia via Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e hoje, com a desati-
vação da ferrovia, as rodovias, mal conservadas, são o principal elo de ligação entre os
países.
O projeto Grande Carajás implementado na região, que explora os recursos mi-
nerais, e a Zona Franca de Manaus tentam trazer uma maior dinâmica econômica local

6.2 Região Nordeste

A região nordeste é considerada a mais problemática pelas autoridades brasilei-


ras. Os políticos afirmam que o fato do nordeste ter um alto índice de evapotranspira-
ção, que em muitos lugares excede em até 3 vezes o índice de pluviosidade, é o princi-
pal causador da miséria em que se encontra a população local.
O nordeste, de fato, apresenta uma região semi-árida – conhecida como Polígo-
no das secas – que castiga o povo sertanejo, porém o discurso político sobre a pro-
blemática da seca é na realidade uma estratégia das autoridades para manter a cha-
mada indústria da seca, que remete – e desvia – recursos financeiros à região.
O que se observa de fato, é que nesta área a relação entre recursos hídricos es-
cassos e o relativo subdesenvolvimento é falsa, pois o fator que resulta na pobreza do
sertanejo é, na verdade, a péssima distribuição de terras, de água e de recursos, além
da exploração quase escrava dos trabalhadores que não tem conhecimento de seus
direitos trabalhistas e não tem acesso à educação formal.
O principal rio que corta o Nordeste é o São Francisco. Tal rio, perene (aquele em
que há sempre água fluindo em seu leito), tem sua nascente na Serra da Canastra, em
Minas Gerais, e deságua no mar entre os estados de Sergipe e Alagoas. O Velho Chi-
co, como também é conhecido, serve de abastecimento para a subsistência da popu-
lação que vive às suas margens e fertiliza o solo em épocas de cheia.

529
6.3 Região Sudeste

Comportando por volta de 11% do território nacional, a região sudeste é cortada


pelo Trópico de Capricórnio, que a caracteriza por uma região de transição entre as zo-
nas temperada e tropical.
O clima desta região é caracterizado por apresentar um inverno seco e frio e o
verão quente e chuvoso, que resulta numa baixa fertilidade do solo devido ao processo
de lixiviação.
Decorrente do processo histórico de decadência do ouro, a região sudeste pas-
sou a destacar economicamente devido as grandes extensões de plantações de café
que, apesar de atravessar diversas crises, impulsionaram a industrialização desta
região.
Tal fato fez com que o sudeste despontasse sua indústria e as demais regiões
ficassem em defasagem com relação a ela. Nesse processo, o estado de São Paulo re-
cebeu maior destaque nas relações industriais e comerciais, e tal configuração perma-
nece até os dias atuais.
O crescimento populacional associado a oferta de emprego nas indústrias tor-
nou a região sudeste um pólo atrativo de contingentes e a cidade de São Paulo, hoje é
con- siderada uma megacidade, com mais de 10 milhões de habitantes.
Apesar da cidade de São Paulo ter um histórico de atração de imigrantes, o
que se observa atualmente é um processo inverso. Seguindo uma tendência mundi-
al de desconcentração industrial, diversas empresas estão migrando para fora de São
Paulo e da região sudeste em busca de locais com melhores condições de expansão
econômica, representados por isenções de taxas fiscais e mão de obra mais barata.

6.4 Região Sul

O clima da região sul é o mais diferenciado em relação ao restante do país. Si-


tuado majoritariamente abaixo do trópico de capricórnio, a região apresenta-se com
um tipo de clima considerado como subtropical.
Com relação à ocupação, podemos notar uma diferença quanto à extensão das
estruturas que se apresentam em pequenas e médias propriedades. Todas as outras
regiões são caracterizadas por grandes propriedades denominadas latifúndios.
É nestas pequenas e médias propriedades que é praticado, principalmente, o sistema
de policultura, ainda pouco abrangente no Brasil. Tal caracterização é resultado de
uma colonização diferenciada pela qual passou o sul do país.
Hoje, essas pequenas propriedades estão associadas a grandes cooperativas de
empresas e cultivam seus produtos com um destino final já certo e assegurado por
estas empresas.
É bastante comum, alguns autores afirmarem, a maioria com certa dose de pro-
vincianismo, que a região sul é o Brasil que deu certo. Tal afirmação revela-se impru-
dente ao analisarmos gráficos econômicos de trocas comerciais internas. Tais gráficos
apontam para uma forte dependência da região sul com o restante do país, principal-
mente com a região sudeste.

6.5 Região Centro-Oeste

A região do Centro Oeste vem apresentando destaque, nos últimos anos, em sua
produção agrícola, principalmente com produtos como soja, milho, arroz e feijão
A vegetação típica dessa região é o cerrado. Essa complexa cobertura vegetal

530
caracteriza-se por apresentar arbustos e árvores providos de raízes profundas e troncos
e galhos retorcidos cobertos por uma grossa casca que protege a planta de resseca-
mento e queimadas. O solo é considerado pobre, mas os avanços tecnológicos têm
permitido o enriquecimento e diminuição da acidez do solo para o plantio principal-
mente da soja.

EXERCÍCIOS

1. Sobre os aspectos sócio-econômicos de Santa Catarina, é correto afirmar que:


a) a estrutura agrária menos concentrada em Santa Catarina e a urbanização mais
equilibrada do que em alguns outros estados brasileiros impediram o surgimento de
conflitos decorrentes da concentração de renda e da modernização agrícola.
a) o Oeste de Santa Catarina é uma área de ocupação antiga, feita por luso-bra
sileiros, em áreas de floresta tropical, que se dedicaram ao cultivo do café em grandes
propriedades.
a) a estrutura viária conta com importantes rodovias federais – BR 101, BR 116, BR 280,
BR 282, e BR 470, o que garante ao estado uma malha viária de qualidade diferenciada
dentro do contexto brasileiro.
a) a atividade extrativista mineral é economicamente importante no contexto da pro-
dução catarinense. Entre as reservas minerais destacam-se as de argila cerâmica,
carvão mineral para siderurgia, fosfatados naturais, quartzo, fluorita e sílex.
a) aplicando-se a metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano à realidade
catarinense, nenhum município do estado é classificado como tendo IDH baixo (até
0,499 pontos numa escala de 0 até 1).

2. Sobre as regiões brasileiras, assinale a alternativa correta:


a) A Região Sul do Brasil mostra uma diversificação nas atividades produtivas, nos três
Estados que a compõem, superando as carências de espaço, com o fim da expansão
da fronteira agrícola. A diversificação revela arranjos próprios a cada um dos Estados.
Pode-se afirmar que, respectivamente, o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul
têm como atividades produtivas que os identificam, especialmente, cultivos de arroz e
de trigo, indústria de material elétrico e policultura.
b) Embora a maior parte da população indígena do Brasil viva na Região Norte, a int-
en- sidade dos conflitos agrários tem inviabilizado a demarcação das terras indígenas,
o que explica a sua maior concentração na Região Nordeste.
c) O desempenho econômico do Nordeste, nos últimos anos, tem contribuído para re-
duzir as disparidades características dessa região frente às mais desenvolvidas do País.
Esse desempenho positivo da economia nordestina pode ser atribuído especialmente
ao aumento do fluxo de migrantes para outras regiões, que refletiu na elevação da ren-
da média da população remanescente empregada nos setores primários.
d) A partir da década de oitenta do século XX, programas agrícolas promoveram o de-
senvolvimento da Região Centro-Oeste do Brasil. Isso foi realizado com grande aplica-

531
ção de capital e utilização de técnicas agrícolas avançadas. Nesses processos, a substi-
tuição das formações do cerrado pela agricultura mecanizada gerou poucos impactos
ambientais, tendo em vista a substituição de uma cobertura vegetal por outra.
e) A partir dos anos 60 do século XX, a forte concentração econômica no Sudeste bra-
sileiro vem apresentando tendência à reversão. Explicam este processo, entre outros,
a diversificação e modernização dos setores industriais extrativos e de transformação,
bem como do setor agrário das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, de acordo com
as vocações produtivas dessas regiões.

3. Entre as décadas de 50 e 70, as ações governamentais que tinham, entre seus obje-
tivos, a integração do território nacional, promoveram uma pequena redução nas fortes
desigualdades econômicas existentes no Brasil.
Entre as razões que permitiram a redução das desigualdades regionais, encontram-se
as relacionadas abaixo, exceto:
a) a criação de pólos de crescimento regional, como a Zona Franca de Manaus.
b) a concessão para a exploração da infraestrutura energética e de telecomunicações.
c) a política fiscal que oferecia incentivos aos investimentos feitos nas fronteira.
d) a construção, pelo Estado, de rodovias de integração inter-regional, como a Belém-
Brasília.
e) a atuação das superintendências de desenvolvimento regional, como a SUDENE.

4. A Campanha Gaúcha é área muito importante para a economia do Rio Grande do


Sul. Essa região caracteriza-se por:
a) predomínio extensivo da mata de Araucárias, possibilitando intensa atividade ma-
deireira.
b) domínio das coxilhas e planícies fluviais, recobertas por vegetação rasteira, onde do-
minam a atividade pastoril e as culturas irrigadas.
c) produzir 85% da produção total do trigo do Rio Grande do Sul.
d) ser área de solos profundos, propícios para intensa atividade agrícola com culturas
de soja e trigo, feitas em minifúndios, sob o sistema de jardinagem.
e) ser área de colonização italiana, dedicada à agricultura em minifúndios, sob o re-
gime altamente intensivo.

5. As grandes bacias leiteiras do Brasil sudeste estão localizadas no sul de Minas Ge-
rais, no Vale do Paraíba e na região de Campinas. Essa distribuição pode ser expli- cada:
a) pelas terras baratas deixadas pela passagem da cultura de café.
b) pela vegetação natural típica, de campos e pradarias, que extensivamente reco-
briam estas áreas.
c) pela grande extensão urbana e constituição de aglomerações metropolitanas, que
incentivaram a produção leiteira.
d) pelo incentivo fornecido pelo Governo Federal à criação do gado estabulado
e) pela necessidade de criar gado em estábulos, pois no inverno não há pastagens dis-
poníveis.

6. Quase 75% da produção de leite de vaca provêm de duas regiões brasileiras e 85%
do leite de cabra provêm de apenas uma região do país. As regiões citadas no texto são
res pectivamente:
a) sul / centro oeste e centro oeste b) nordeste / centro oeste e sudeste
c) nordeste / sul e sul d) nordeste / sul e nordeste
e) sudeste / nordeste e norte

532
GABARITO
1. Resposta D. 2. Resposta E.

3. Resposta B. 4. Resposta B.

5. Resposta C. 6. Resposta D.

ANOTAÇÕES

533
PÁG 542

HISTÓRIA
HISTÓRIA
AULA 1
Introdução ao Estudo da História I

1. O QUE É HISTÓRIA?

História é o estudo do homem através do tempo. A Historio-


grafia é a arte de escrever a História ou o estudo crítico da História.
Ela apresenta quatro momentos em sua evolução:

1. História-crônica: da Antiguidade aos cronistas medievais; é a


história heróica, das batalhas, dos reis; dava lições de moral, era a
mestra da vida.

2. História-ciência: a História científica do século XIX formula prob-


lemas e dá as respostas, usando método próprio, a análise doc-
umental, sendo o documento entendido como um objeto que
possua escrita; ganha assim um sentido pragmático, isto é, deve
compreender as transformações do passado e apontar diretrizes
para o futuro.

3. História-total: fortemente ligada às ciências sociais, procura


ultrapassar a aparência imediata dos fatos e atingir as explicações
mais profundas; tenta captar o sentido das mudanças, por isso
privilegia as rupturas emdetrimento da continuidade.

4. Nova História-social: movimento de oposição à história mais


interpretativa; valoriza a Histó ria da Cultura, das mentalidades, das
representações, dos mitos, do cotidiano.

1.1 PROCESSO HISTÓRICO

Os historiadores procuram hoje captar o processo histórico


manifesto em toda produção cultural, seja no relacionamento
do homem com a natureza, ou no dos indivíduos entre si. Captar
o processo histórico envolve procurar detectar o conjunto das
transformações desde o início da existência humana. As transfor-
mações podem ser:

535
1. Quantitativas: provocadas pelo aumento dos volumes e proporções, como o cresci-
mento da população, do número de cidades etc.;

2. Qualitativas: ocorridas devido ao surgimento de novas condições; são mudanças es-


senciais que se refletem imediatamente na totalidade da organização social.

A História apresenta uma continuidade de acontecimentos; com base neles, é


difícil dividir a História em períodos. Rupturas acontecem no nível das estruturas, não
dos acontecimentos. Só a partir de mudanças estruturais pode-se pensar numa divisão
em períodos, pois são essas mudanças que dão sentido aos acontecimentos.
As revoluções ocorrem quando fatos mais significativos acontecem próximos
uns dos outros. O tempo histórico se contrai e se aceleram as transformações. O fluxo
histórico se rompe, ganha novo sentido. É exatamente nas mudanças operadas nos
níveis dos acontecimentos e da estrutura que reside a própria natureza da História. Só
há História quando há mudança, pois se algo não teve transformação nem qualitativa e
nem quantitativa, logo, ele não tem mudança, portanto não tem história. Logicamente
que existe uma história da natureza, entretanto, é com os humanos que há mais mu-
danças nesses dois âmbitos. Por isso a história é uma ciência humana.

1.2 CONCEITOS BÁSICOS

Obviamente, aqui não estão todos os conceitos que podemos estudar em


história, mas alguns que ajudarão a entender a História que se verá nestas aulas e no
ano que vem.

Modo de produção
Elaborado pelos filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, no século XIX, ele
diz que se pode pensar o modo de organização da vida tendo a economia papel deter-
minante, ou seja, que determina as demais partes.
O modo de produção é formado por outros dois conceitos: as forças produtivas
(ou seja, os meios para produzir [ex.: escravo, moinho, máquina] e as maneiras com que
esses meios necessários à produção são apropriados pela sociedade [ex.: no modo de
produção capitalista, para uma pessoa ter várias máquinas, é preciso que muitas pes-
soas não tenham nenhuma]) e as relações de produção (ou seja, as relações entre os
homens surgidas a partir do lugar de cada indivíduo no processo produtivo). A maneira
como esses dois requisitos estão combinados determina um modo de produção espe-
cífico: primitivo, asiático, antigo, escravista, feudal, capitalista, socialista.

Sistema
A ideia consiste numa combinação de partes que mantêm relações necessárias
entre si. A mudança em uma delas atinge o conjunto e provoca uma rearticulação das
várias partes, há uma espécie de reação em cadeia. Muitas vezes a expressão regime
aparece no lugar de sistema: regime feudal, regime capitalista. É importante lembrar
que um sistema nunca se encontra em estado puro; sempre traz em si elementos do
sistema anterior e os germes do sistema futuro.

Estrutura
Forma pela qual se articulam as partes de um modo de produção. As estruturas
econômicas e sociais chamam-se infraestrutura; as instituições jurídico-políticas e as
formas de consciência social que correspondem à infraestrutura são chamadas su-

536
perestrutura. A superestrutura cultural diz respeito à visão de mundo que os agentes
sociais (classes, indivíduos) possuem sobre a sociedade em que vivem.

Conjuntura
É a palavra que designa mudanças momentâneas, enquanto estrutura designa
elementos mais estáveis. As curvas de conjuntura indicam fragmentos mensuráveis:
preços, salários, moeda, taxas demográficas, tipos de rendas. A análise estrutural é
sempre qualitativa. A conjuntural, sempre quantitativa. A combinação das duas resul-
ta em aprofundamento do conhecimento histórico, pois a análise conjuntural permite
adensar a qualitativa, única capaz de detectar mudanças estruturais.

1.3 CIÊNCIAS HUMANAS

A História abrange todas as atividades humanas, mas muitas vezes é dividida em


várias esferas: econômica, social, política, cultural; campos que se tornaram a especial-
ização de ciências, como Economia, Sociologia, Política, Antropologia etc. A divisão se
deve à complexidade da História e às limitações da inteligência humana, incapaz de
chegar ao fundo da ciência histórica.
As ciências tentam captar parcelas da realidade histórica, a partir das quais ex-
plicam o conjunto. A História não tem leis, não pode ser submetida à experimentação,
apenas à observação dos documentos históricos (escritos, imagens, objetos). Além
disso, historiadores são seres humanos, ligados ao processo histórico: podem ser influ-
enciados pelo projeto da própria análise.

EXERCÍCIOS

1. Qual a diferença entre História e Historiografia?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

2. O que é um modo de produção?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

3. O que se pode entender quando se afirma que “A História não tem leis”?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

537
4. Qual destas opções não se refere-se a um conceito da História?
a) Estrutura
b) Conjuntura
c) Joguete
d) Sistema
e) Modo de produção

5. Fala-se que o historiador pode “ser influencio pelo projeto da própria análise”. O que
isto significa?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

GABARITO
1. A História é o estudo do homem através do tempo e a historiografia é a
escrita da his- tória, não como ela “foi”, mas conforme o modo como cada
historiador a escreve.

2. É um conceito para classificar as socieda- des, articulando o nível de


desenvolvimento das forças produtivas, com os tipos de rela- ções sociais
e, finalmente, com certa forma de apropriação dos produtos excedentes
do trabalho.

3. Resposta elaborada com os alunos. 4. C

5. Resposta elaborada com os alunos.

ANOTAÇÕES

538
ANOTAÇÕES

539
HISTÓRIA
AULA 2
Introdução ao Estudo da História II

Periodização

Se concordarmos que a História é a ciência que estuda os


homens em sociedade através do tempo, a questão seguinte será:
o que é o tempo?
O tempo histórico não é regular e linear como o tempo físi-
co ou cronológico, mas formado por diferentes durações, já que
está vinculado às ações dos grupos humanos e aos conjuntos de
fenômenos (mentais, econômicos, sociais, políticos) que resultam
dessas ações. Por exemplo, para alguns historiadores, o século XIX
começa não em 1801, mas em 1789, e termina não em 1900, mas
em 1914, porque duas datas históricas (o início da Revolução Franc-
esa e o início da Primeira Guerra Mundial) delimitam um perío-
do em que eventos seguem em geral algumas linhas mestras e
respondem mais ou menos aos mesmos problemas humanos.
Assim, o século XIX é marcado por uma sequência de revoluções
contra a ordem estabelecida. Já o século XX teria se iniciado, en-
tão, em 1914 e encerrado em 1991, com o fim da União Soviética.
A periodização é o processo de indicar períodos com o intui-
to de demarcar o tempo histórico a partir de marcos significativos
e apontar seus elementos. Esse processo é arbitrário, pois a escol-
ha do ponto inicial da contagem e dos eventos mais importantes é
feita por algumas pessoas, segundo sua compreensão do mundo
e da existência humana, e seguida por outros, sem que necessari-
amente exista uma concordância de todos.
Cada período deve conter características específicas que
o diferencie dos outros. Porém em diferentes épocas é possível
observar aspectos similares (como por exemplo a Crise de 1929 e
a Crise de 2008, nos Estados Unidos, onde ambas causaram que-
da na bolsa de valores, aumento do desemprego e prejuízo para
investidores externos).
As periodizações e o tempo são também expressões da cul-
tura, ficando evidenciados os principais valores de uma determi-
nada sociedade ou civilização.
Um exemplo: há pouco tempo chegamos ao ano 2000,
mas os judeus já passaram dessa data há muito tempo (seu cal-
endário está sempre 3761 anos à frente do nosso) enquanto os
muçulmanos ainda não chegaram até ela (sua contagem se inicia
no ano 622 de nosso calendário). Afirmar que “chegamos ao ano
540
2000” significa que, para nós, os tempos começam a ser contados a partir de um even-
to ocorrido há dois mil anos, aproximadamente, que é o nascimento de Jesus Cristo.

Trabalho do Historiador

O historiador é um profissional responsável por estudar o passado humano e


analisar todos os aspectos que o cerca, seja ele econômico, social, cultural, entre out-
ros. Ele investiga e interpreta de forma crítica os acontecimentos em busca de resga-
tar a memória da humanidade para que obter uma compreensão maior da condição
humana.
Para realizar seu trabalho ele se utiliza de documentos (manuscritos, gravações,
impressos, objetos, filmes e fotos) para selecionar e classificar os elementos mais rel-
evantes para sua pesquisa. Comparando seus resultados com dados encontrados em
estudos arqueológicos, bibliotecas, entrevistas e arquivos, ele consegue datar o fato
ou objeto estudado, conferindo sua autenticidade e podendo assim analisar sua im-
portância para a história da humanidade.

Conceito de Civilização

Civilização é um estágio de desenvolvimento cultural de um povo, representa-


do pelo domínio das ciências, religião, artes, política, meios de expressão, refinamento
dos costumes e técnicas econômicas e científicas. Esse desenvolvimento ocorre lenta-
mente, por isso é considerado um processo.
Para o historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945) uma civilização só existe
quando três requisitos primordiais são preenchidos:
1. um grau de domínio da natureza física através de boas técnicas científicas e
industriais
2. equilíbrio entre progresso técnico e domínio do homem sobre a natureza físi-
ca, e um correspondente progresso moral e o domínio do homem sobre sua própria
natureza espiritual
3. existência de um ideal comum, como característica da feição espiritual de
uma época ou de um povo
Diversos fatores influenciam a maneira de como determinada civilização irá
se desenvolver. Por exemplo, a proximidade ao Rio Nilo possibilitou que a Civilização
Egípcia o utiliza-se como via de transporte de mercadorias e pessoas. Além disso as
águas do Rio eram utilizadas para consumo humano, para a pesca e fertilizavam as
margens (nas épocas de cheias) favorecendo a agricultura.

Conceito de Estado

Estado é uma instituição de caráter político, que detém o poder de governar so-
bre uma determinada população de um território definido e demarcado.
Seu conceito evoluiu desde a Antiguidade, onde havia na Grécia Antiga as ci-
dade-estado que se encontravam sob o território grego, porém funcionavam de forma
independente, com regime político e leis próprias. Era visível as diferenças de religião,
língua e literatura de uma pólis (como eram chamadas as cidade-estado na Grécia)
para a outra. Atualmente a cidade do Vaticano segue esse modelo, pois se localiza
dentro da cidade de Roma, mas é uma cidade eclesiástica, soberana e governada pelo
papa.
Foi a Itália que utilizou a palavra Stato pela primeira vez, mas seu significado

541
ainda não era muito bem definido. Na Inglaterra (no século XV) e posteriormente na
Alemanha e França (século XVI) o termo Estado foi utilizado para designar a ordem pú-
blica. Mas foi na obra “O príncipe” de Maquiavel (escrito em 1513) que a palavra foi final-
mente utilizada na literatura científica.
A formação de um Estado depende de três elementos:
1. Povo: os habitantes do território, independente do vínculo que elas têm com o
Estado.
2. Território: local onde há a imposição de ordenamento jurídico, onde o governo
exerce poder e valida suas normas jurídicas. Constitui-se do solo, subsolo, águas territo-
riais, ilhas, lagos, rios, portos, mar e espaço aéreo.
3. Soberania: é a autoridade máxima e não se limita a nenhum outro poder.

ANOTAÇÕES

542
HISTÓRIA
AULA 3
História e o tempo

3.0 Periodização da História

Se concordarmos que a História é a ciência que estuda os


homens em sociedade através do tempo, a questão seguinte será:
o que é o tempo?
O tempo histórico não é regular e linear como o tempo físi-
co ou cronológico, mas formado por diferentes durações, já que
está vinculado às ações dos grupos humanos e aos conjuntos de
fenômenos (mentais, econômicos, sociais, políticos) que resultam
dessas ações. Por exemplo, para alguns historiadores, o século XIX
começa não em 1801, mas em 1789, e termina não em 1900, mas
em 1914, porque duas datas históricas (o início da Revolução Fran-
cesa e o início da Primeira Guerra Mundial) delimitam um pe-
ríodo em que eventos seguem em geral algumas linhas mestras
e respondem mais ou menos aos mesmos problemas humanos.
Assim, o século XIX é marcado por uma sequência de revoluções
contra a ordem estabelecida. Já o século XX teria se iniciado, en-
tão, em 1914 e encerrado em 1991, com o fim da União Soviética.
Medir o tempo histórico e dividi-lo em partes ou períodos
(ou seja, periodizá-lo) são atos arbitrários, pois a escolha do ponto
inicial da contagem e dos eventos mais importantes é feita por
algumas é feita por pessoas, segundo sua compreensão do mun-
do e da existência humana, e seguida por outros, sem que neces-
sariamente exista uma concordância de todos. As periodizações e
o tempo são também expressões da cultura, ficando evidenciados
os principais valores de uma determinada sociedade ou civilização.
Um exemplo: há pouco tempo chegamos ao ano 2000, mas
os judeus já passaram dessa data há muito tempo (seu calen-
dário está sempre 3761 anos à frente do nosso) enquanto os
muçulmanos ainda não chegaram até ela (sua contagem se inicia
no ano 622 de nosso calendário). Afirmar que “chegamos ao ano
2000” significa que, para nós, os tempos começam a ser conta-
dos a partir de um evento ocorrido há dois mil anos, aproximada-
mente, que é o nascimento de Jesus Cristo.

543
3.1 Surgimento do calendário cristão

O tempo não começou a ser contado a partir do nascimento de Cristo, logo no


começo do cristianismo. Foi preciso antes que os cristãos tivessem se aproximando do
poder e ampliado sua capacidade de influenciar decisões, o que ocorreu tanto com a
conver-ão de milhares de pessoas ao cristianismo, quanto com a aproximação das li-
deranças cristãs aos imperadores de Roma.
Já após o fim do Império Romano do Ocidente, em 525 d.C., o abade de Roma,
Dionísio, o Exíguo, baseado na informação sobre a idade de Roma desde a sua funda-
ção e em detalhes históricos do período do nascimento de Cristo, estabeleceu o ano
em que isto teria acontecido.
Com esses dados, Dionísio definiu o ano 1 do calendário cristão como o ano 754
da fundação de Roma. Este calendário passou a ser usado pelos cristãos e ganhou
maior importância com a reforma empreendida pelo papa Gregório XIII, em 1582, moti-
vo pelo qual o Calendário Cristão Ocidental é chamado de Gregoriano.
Mas o importante a considerar é que, como este calendário foi adotado pelos povos
europeus, e como eles expandiram seu poder econômico e político por todo o globo,
tornou-se referência para vários outros povos. Os líderes chineses, por exemplo, ado-
taram o calendário gregoriano em 1912, por causa das relações comerciais com o Oci-
dente, mas entre o povo continua valendo o calendário tradicional que já é usado há
mais de 5 mil anos (embora não tenha um ano inicial, como o judaico, o muçulmano
ou o cristão). A festa do ano-novo chinês, por exemplo, ocorre no mês de fevereiro do
calendário gregoriano.
Podemos dizer que o fato de utilizarmos o calendário cristão resulta de um pro-
cesso que se originou na conquista da América pelos europeus. Subjugaram-se os
povos nativos e suas culturas, trouxeram e escravizaram diferentes povos africanos,
moldando novas sociedades marcadas por esses atos de violência e exploração. Des-
sa forma, podemos dizer que o tempo (o calendário, a periodização) que utilizamos é
também colonizado.
Esse calendário europeu é caracterizado da seguinte maneira:
- Pré-história: Período anterior à invenção da escrita;
- Idade Antiga: Da invenção da escrita, aproximadamente 4000 a.C., até a queda
do Império Romano do Ocidente, em 476 da era cristã;
- Idade Média: De 476 até a tomada de Constantinopla pelos turcos-otomanos,
em 1453;
- Idade Moderna: De 1453 até 1789, data da Revolução Francesa;
- Idade Contemporânea: De 1789 até os dias de hoje.

Se concordarmos, por exemplo, que Roma foi um grande império, mas cujo
domínio não se estendeu muito além das margens do mar Mediterrâneo, podemos
questionar a importância da queda desse império para os chineses ou para as civi-
lizações da América pré-colombiana, que não tinham contato nenhum com os ro-
manos. Ou ainda sobre a absoluta falta de sentido do termo “Idade Média” para os
muçulmanos, que durante esse período conheceram grandes momentos em sua ex-
pansão territorial, artes e ciências, ao contrário do que ocorria com o mundo cristão na
Europa, e assim por diante.
Resumindo, as periodizações são muito importantes para compreendermos a
história, desde que nos acautelemos com o seguinte fato: elas retratam determinados
poderes político, econômico e cultural, que se expressam nas datas e temas escolhi-
dos para serem estudados e ensinados, e esta é sua grande limitação. Não é possível

544
superar esse eurocentrismo, portanto, sem considerarmos que ele faz parte não só da
periodização que adotamos e dos temas que estudamos, mas de NÓS MESMOS, como
sociedade que nasceu da conquista e colonização por nações européias.
Se nós quisermos estudar História, é fundamental ter o domínio sobre o modo
tradicionalmente aceito de calcular o tempo, tendo como medida básica para nosso
interesse o ano.
Desse modo, cem anos constituem um século. Dez séculos ou 1000 anos for-
mam um milênio. Um período de 25 a 30 anos corresponde a uma geração, ou período
em que os indivíduos passam a constituir família e gerar filhos.
A aceitação da cronologia cristã fez com que os anos anteriores ao nascimento
de Cristo passassem a ser contados de trás para diante. Assim, 10 a.C. significa 10 anos
antes de Cristo; e 10 d.C. significa 10 anos depois de Cristo, isto é, depois do nascimen-
to de Cristo.
O tempo, quando tratado por séculos, vem sempre em algarismos romanos e
estes são o I (1), V (5), X (10), L (50), C (100) e M (1000). Não existe o 0 (zero) e os núme- ros
resultam da combinação desses elementos.

3.2 Como calcular o tempo

A seguir está a tradicional linha do tempo:

EXERCÍCIOS

1. Qual o calendário com o qual a História é trabalhada no Ocidente?


a) Muçulmano
b) Judaico
c) Indu
d) Cristão
e) Grego

2. Localize três termos referentes à contagem do tempo:


a) Ano, Século e Milênio.
b) Dia, hora, metro.
c) Ano, bodas, kilograma.
d) Minutos, segundos, centímetros.
e) Milênio, dezena, centena.

545
3. O que significam as letras “a.C.” e “d.C.” contidas na linha do tempo?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

4. Calcule o século referente a cada ano:


a) 476 b) 1502 c) 1348 d) 1789
e) 1498 f) 2 a.C. g) 1000 h) 2001
i) 1453 j) 27 a.C. l) 27 d.C. m) 4000 a.C.
n) 810 o) 1917 p) 1501 q) 622
r) 99 s) 100 t) 2578 u) 3002 a.C.
v) 109 x) 1800 z) 1601

5. Calcule o ano inicial e o final de cada sé- culo:


a) X. b) IV.
c) I a.C. d) LIII
e) VI f) XI
g) IX a.C. h) XXI
i) II j) XXIX a.C.

GABARITO
1. Resposta A

2. Resposta D

3. Antes de Cristo e depois de Cristo

4. Resposta elaborada com os alunos.

5. Resposta elaborada com os alunos.

546
ANOTAÇÕES

547
HISTÓRIA
AULA 4
História geral

4.0 História geral?

Assim como a linha do tempo tradicional pode ser criticada,


a idéia de “História Geral” também pode. Sempre quando se fala
em História Geral pensa-se na História do Mundo. Porém, ao ana-
lisarmos os fatos e processos, vemos que eles estão todos ligados
à Europa. Um exemplo disso: no período em que a Europa estava
fechada em si mesma e o mundo do Oriente é que se desenvolvia
cultural e economicamente, nós deixamos de analisar os últimos
e vemos apenas o continente europeu, através do feudalismo. Os
outros continentes do mundo (Ásia, América, Oceania, África) só
aparecem na “História Geral” conforme a Europa vai entrando em
contato com eles. Sabendo disso, podemos ver, então, quais as
principais características dos períodos contidos na linha do tempo
tradicional.

4.1 Idade Antiga

A existência da escrita faz uma diferença fundamental no


estudo de sociedades já extintas. Quando só dispomos de achados
arqueológicos não escritos, as nossas respostas sobre determina-
dos povos ficam mais limitadas. Já a existência de objetos em que
a escrita é preservada, em geral, permite um grande salto no con-
hecimento dos povos do passado. A partir de documentos escritos
que tenham produzido, é possível saber como pensavam, em que
acreditavam, como se estruturavam politicamente, como se or-
ganizava sua sociedade.
Neste período temporal verificamos que as chamadas civ-
ilizações antigas, que conhecem a escrita, coexistem com outras
civilizações, escrevendo sobre elas. Diversos
povos se desenvolveram na Idade Antiga: as civilizações de rega-
dio - ou civilizações hidráulicas - (Egito, Mesopotâmia, China), as
civilizações clássicas (Grécia e Roma), os Persas (primeiros a con-
stituir um grande império), os Hebreus (primeira civilização mo-
noteísta), os Fenícios (senhores do mar e do comércio), além dos
Celtas, Etruscos, Eslavos etc.
A Antiguidade foi uma era importantíssima, pois nessa
época tivemos a formação de Estados organizados e de estruturas
mais complexas do que as cidades e tribos isoladas que encon-
548
tramos antes desse período da história. Algumas religiões que ainda existem no mun-
do moderno tiveram origem nessa época, entre elas o cristianismo, o budismo, o con-
fucionismo e o judaísmo.
O próprio estudo da história começou nesse período com Heródoto e Tucídides,
gregos que começaram a questionar o mito, a lenda e a ficção do fato histórico, narran-
do as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso, respectivamente.

4.2 Idade Média

O período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado com ênfase em even-


tos políticos. Nesses termos, ele teria se iniciado com a desintegração do Império Ro-
mano do Ocidente, no século V (476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano
do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século XV (1453 d.C.) Ela é dividida em
duas partes: a Alta Idade Média (do século V a X), que consolida as estruturas medie-
vais e Baixa Idade Média (dos séculos XI a XV), quando ela começa a perder suas carac-
terísticas e o mundo moderno começa a surgir.
Sua vida social, política e econômica está baseada no sistema feudal (a unidade
base é o feudo). Com as invasões bárbaras e a desagregação do Império Romano a par-
tir do século V, a Europa inicia profunda reestruturação, marcada por descentralização
do poder, ruralização e emprego de mão-de-obra servil. O feudo constitui a unidade
territorial da economia feudal. Caracteriza-se pela autossuficiência econômica e pela
ausência quase total do comércio e de intercâmbios monetários. A produção é pre-
dominantemente agropastoril, voltada para a subsistência, e as trocas são feitas com
produtos, não com dinheiro.
Começa a haver uma mudança nessa estrutura a partir das Cruzadas. Elas são
tradicionalmente definidas como expedições de caráter "militar" organizadas pela Igre-
ja, para combaterem os inimigos do cristianismo e libertarem a Terra Santa (Jerusalém)
das mãos desses “infiéis”. Essas expedições têm um peso fundamental porque elas vão
reabrir o comércio do Mar Mediterrâneo para os eu-opeus.
de "revolução social" cuja base consiste na substituição do modo de produção feudal
pelo modo de produção capitalista.
O sistema da época moderna, também conhecido como Antigo Regime, com-
põe-se dos seguintes elementos: capitalismo comercial (economia), política econômica
mercantilista (economia), sistema colonial (economia), sociedade estamental (socie-
dade), Estado absolutista (política), reforma e intolerância religiosa (religião) e renasci-
mento e laicização cultural (cultura). Cada uma dessas características está ligada a um
determinado setor da vida em sociedade, como salientamos entre parênteses.
Ela começa a declinar a partir do século XVIII, principalmente através das idéias ilumi-
nistas, que tinham por princípio o uso da razão, e tinham como objetivo atacar todas as
características da Idade Moderna elencadas acima.
Além do impacto das Cruzadas, a Idade Média começa a acabar durante o sé-
culo XIV, devido a uma grave crise econômica e social que atingiu a vida do homem
medieval. Este processo de crise culminará definitivamente com a desagregação da
sociedade feudal, marcando a fase de transição da Idade Média à Idade Moderna.
Os fatores que desencadearam a grande crise do século XIV foram vários, dentre os
quais devemos destacar aqueles que, na opinião de muitos historiadores, compõem a
chamada "trilogia" da crise feudal: a fome, a peste e as guerras.

549
4.3 Idade Moderna

A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente. Ela se des-


taca das demais por ter sido um período de transição por excelência. Tradicionalmente
se aceita o início estabelecido pelos historiadores franceses, 1453, quando ocorreu a
tomada de Constantinopla pelos Turcos otomanos, e o término com a Revolução Fran-
cesa, em 1789. A época moderna pode ser considerada, exatamente, como uma época
de "revolução social" cuja base consiste na substituição do modo de produção feudal
pelo modo de produção capitalista.
O sistema da época moderna, também conhecido como Antigo Regime, com-
põe-se dos seguintes elementos: capitalismo comercial (economia), política econômica
mercantilista (economia), sistema colonial (economia), sociedade estamental (socieda-
de), Estado absolutista (política), reforma e intolerância religiosa (religião) e renasci-
mento e laicização cultural (cultura). Cada uma dessas características está ligada a um
determinado setor da vida em sociedade, como salientamos entre parênteses.
Ela começa a declinar a partir do século XVIII, principalmente através das idéias
iluministas, que tinham por princípio o uso da razão, e tinham como objetivo atacar
todas as características da Idade Moderna elencadas acima.

4.4 Idade Contemporânea

A idade contemporânea é o período específico atual da história do mundo oci-


dental, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789 d.C.).
O seu início foi bastante marcado pela corrente filosófica iluminista, que elevava
a importância da razão, como já foi dito. Havia um sentimento de que as ciências iriam
sempre descobrindo novas soluções para os problemas humanos e que a civilização
humana progredia a cada ano com os novos conhecimentos adquiridos.
A característica principal deste período é a consolidação da sociedade capitalis-
ta liberal burguesa. A Revolução Francesa será a base para as idéias políticas do século
XIX, enquanto a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra será a base da economia
deste século. Essas duas revoluções estruturam as características do mundo até a 1ª
Guerra Mundial, quando o poder europeu começa a cair e ascende de um lado do
globo o poder dos EUA, e de outro lado o poder da URSS, o primeiro país socialista do
mundo, montando o cenário do conflito ocorrido depois da segunda guerra mundial,
entre essas duas potências, tradicionalmente conhecido como Guerra Fria.
Com a queda da URSS, em 1991, o mundo tem uma grande potência, os EUA,
que pretende espalhar seu modelo imperialista também para o Oriente e no âmbi-
to econômico predomina a economia neoliberal globalizada, que influencia todos os
países, até mesmo aqueles poucos países que se mantêm socialistas.

550
EXERCÍCIOS

1. São civilizações da Antiguidade


a) Grécia, Arábia, Egito, Roma.
b) Inglaterra, Roma, Igreja, França.
c) Romênia, Grécia, Babilônia, Pérsia.
d) Grécia, Roma, Egito, Pérsia.
e) Grécia, Hebreus, Assíria, Afeganistão.

2. Qual era a estrutura econômica básica da Idade Média?


a) Campo
b) Manso senhorial
c) Feudo
d) Engenho
e) Casa de Purgar

3. Pode haver “História Geral”? Por quê?


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_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

4. No âmbito político, qual era o nome do regime de governo durante a Idade Moder-
na?
a) Absolutismo
b) Liberalismo
c) Mercantilismo
d) Comercialismo
e) Império

5. Pensando do mesmo modo da questão 3, pode haver “História do Brasil”?


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

6. Cite três características do mundo na Ida- de Moderna.


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
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551
7. Qual desses movimentos teve importância fundamental para a transição do mundo
moderno para o contemporâneo?
a) Queda do Império Romano.
b) Revolução Inglesa
c) Revolução Russa.
d) Revolução Francesa
e) Tomada de Constantinopla

8. Foi bastante falado que a História que es- tudamos é do ponto de vista europeu. Ao
mesmo tempo, muitas pessoas falam que “História não serve para nada”. A partir do
que foi discutido em sala de aula, escreva o que você pensa da pergunta: “Para que ser-
ve a História”?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

9. Como pode ser definido o mundo após 1789?


a) Em uma sociedade socialista igualitária.
b) Em uma sociedade com economia neoli- beral proletária
c) Em uma sociedade capitalista liberal bur- guesa.
d) Em uma sociedade burguesa mercantilista
e) Em uma sociedade comunista.

GABARITO
1. Resposta D

2. Resposta C

3. Resposta elaborada com os alunos

4. Resposta A

5. Resposta elaborada com os alunos

6. Absolutismo, capitalismo comercial e sociedade estamental

7. Resposta D

8. Resposta elaborada com os alunos

9. Resposta C

552
ANOTAÇÕES

553
HISTÓRIA
AULA 5
História do Brasil

5.0 Periodização

Para uma melhor compreensão do processo histórico, políti-


co, social e econômico do Brasil desde a época do seu “descobri-
mento” pelos portugueses até hoje, adotaremos algumas divisões
históricas.
O primeiro período é chamado de Colônia. Em seguida te-
mos o Império e logo após, a República. Nesta última fase temos
algumas subdivisões importantes como República Velha, Estado
Novo e Ditadura Militar.
É importante lembrarmos que esta divisão inicial é extrema-
mente simplificada e serve apenas como uma introdução ao
estudo da história do Brasil. Devido a isto, este capítulo não apre-
sentará os fatos com grandes detalhes e possivelmente estes nem
mesmo serão abordados neste momento.

5.1 Brasil Colônia

Os primeiros habitantes que Cabral encontrou ao chegar ao


Brasil foram os índios tupis. Tais índios não estavam acostumados
a comercializar seus excedentes, mas somente produziam o equi-
valente ao seu consumo. Isso foi um fator fundamental para o
início do grande massacre dos povos indígenas, que hoje não são
nem 10% do número de habitantes de 500 anos atrás.
No início, a atividade mais rentável que a metrópole encon-
trou no Brasil esteve ligada ao corte e comercialização do Pau-Bra-
sil. Posteriormente, a monocultura canavieira foi implementada
por aqui e os engenhos passavam a ser a unidade de produção
mais importante da época.
Nos engenhos se localizavam os canaviais, as plantações de
subsistência, a casa grande, a moenda e a senzala (que serviam de
dormitório aos escravos).

554
Devido à grande necessidade de mão de obra para os canaviais, o aprisiona-
mento e o comércio de negros africanos para o Brasil se tornaram atividades extrema-
mente lucrativas. Alguns autores chegam a afirmar que tal atividade econômica era
mais lucrativa que a própria produção de cana-de-açúcar nos engenhos.
Muitos escravos tentavam resistir a esta imposição e comumente eram castiga-
dos pelos capitães do mato, que eram os responsáveis pela ordem no engenho. No en-
tanto, alguns escravos conseguiam fugir e organizavam uma nova vida em pequenas
comunidades conhecidas como quilombos.
A partir do ano de 1808, o Brasil começa a tomar novos rumos, com a vinda da
família real portuguesa para cá. Tal mudança se deve ao fato de que, na época, as
tropas napoleônicas ganhavam bastante territórios na Europa e chegariam rapida-
mente a Portugal, cuja Corte foi obrigada a se transferir às pressas para o Brasil.
Esse período, conhecido como Governo Joanino no Brasil, foi o marco para as mu-
danças que ocorreriam nas relações comerciais e sociais.
A Abertura dos Portos às nações amigas e os Tratados de 1810, decretados por D.
João, trouxeram ao Brasil a possibilidade de realizar comércio com diferentes nações e
não mais somente com a metrópole portuguesa, como previsto no Pacto Colonial.
Além disso, o país também estaria autorizado a possuir indústrias e não depender mais
exclusivamente de produtos industrializados estrangeiros.
Napoleão Bonaparte foi derrotado na Batalha de Waterloo no ano de 1815 e as
nações européias passaram a se organizar para redividir o território, onde a corte por-
tuguesa, para ter direitos nessa redivisão, foi obrigada a elevar o Brasil à condição de
Reino Unido (unido à Portugal, logicamente).
Posteriormente, D. João foi convoca- do às pressas à Europa, e deixou seu filho,
D. Pedro I governando em seu nome. Esse período, conhecido como Regência de D.
Pedro I, durou pouco tempo (de 1821 a 1822).
Nesse período, dois partidos brigavam pelo poder: o Partido Português, que era
a favor da recolonização do Brasil, e o Partido Brasileiro, composto principalmente por
comerciantes, que buscavam a independência do país. Após uma onda de bajulação
realizada pelo povo brasileiro, D Pedro I resolveu ficar no Brasil e declarar a Indepen-
dência.

5.2 Brasil Império

O Primeiro Reinado brasileiro não durou muito tempo e só chegou ao ano de


1831. Isso porque, antes mesmo da Independência, o país vivia um período de crise fi-
nanceira que piorou com a existência da dívida externa.
Nesse período, D Pedro I outorga uma Constituição composta de 3 poderes democráti-
cos (legislativo, judiciário e executivo) e um outro conhecido como Moderador.
Apesar das mudanças efetivadas pelo Imperador, a crise e as pressões populares con-
tinuaram e em 1831, D Pedro I abdicou de seu cargo e voltou para Portugal, deixando
como Regente seu filho D. Pedro II, ainda menor de idade.
Durante os anos de 1831 e 1840, D. Pedro II foi regente do Brasil e sofreu forte
influência dos Partidos Políticos que realiza- vam campanhas para aumentar sua in-
fluência. Nesta época, nós tivemos um período conhecido como Avanço Liberal e em
seguida o chamado Regresso Conservador. Após intensas disputas por influências,
o Partido Liberal, com receio do poder que vinha ganhando o Partido Conservador,
planeja um golpe, nomeando D. Pedro II como imperador antes do tempo. Tal golpe
ficou conhecido como Golpe da Maioridade.
Já o II Império ficou conhecido por relativa calmaria e estabilidade política. D. Pe-

555
dro II, bastante astucioso, eliminou os mais radicais das principais revoltas do país e no
plano político alternou o poder entre liberais e conservadores de maneira que ambos
pudessem participar da vida política do país.
Porém, no ano de 1889, o país, que já havia se transformado muito, passa por
problemas econômicos devido ao aumento da dívida externa por conta da Guerra do
Paraguai. Além disto, o exército encontra-se fortalecido e uma nova classe econômica
passa a emergir no país: os cafeicultores.
Para piorar a situação da corte, o Imperador rompeu laços com a Igreja, que de
certa forma, justificava perante Deus o poder e a riqueza da aristocracia.

5.3 Brasil República

O primeiro período desta fase é conhecido como República da Espada, pois os


militares é que estavam sob o comando político do país.
Logo após a Proclamação da República, a família real é expulsa do Brasil e volta a
Portugal. Além disto, tivemos a separação entre a Igreja e o Estado bem como a trans-
formação das províncias em Estados.
No início do século XX, algumas revoltas populares ainda acometiam o país. Duas
receberam maior destaque: a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata. A partir disto, a
indústria brasileira passa a se desenvolver (lentamente até a década de 1950) até mes-
mo com incentivos do Governo Federal.
Este modelo de república era dominado pelos grandes fazendeiros e o poder
político revezava entre grandes proprietários de terras de São Paulo e de Minas. Esta
política foi chamada de “política do café-com-leite”.
Só houve uma mudança nessa estrutura com a revolução de 1930, quando Getú-
lio Vargas toma o poder no Brasil. Ele vai se manter até 1945, período conhecido como
Era Vargas. É neste período, durante 1937 até 1945, que ele vai implantar uma ditadura
no país, o Estado-Novo.
Devido às contradições decorrentes do apoio de Vargas (ditador) aos países de-
mocráticos durante a 2ª Guerra Mundial, ele sai do poder em 1945 e então começa out-
ro período denominado República Nova.
O Brasil começa a se desenvolver com capital externo, as pressões estrangeiras
contra qualquer tipo de nacionalização da economia vão se refletir tanto no suicídio de
Getúlio Vargas, em 1954, quanto no golpe militar de 1964, começando o período mais
violento da história do Brasil, a Ditadura militar, que dura até 1985.
A partir deste ano o Brasil começa o processo de “redemocratização” e volta a
votar apenas em 1989, entrando no contexto como conhecemos hoje, depois dos man-
datos de Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luis
Inácio Lula da Silva.

556
EXERCÍCIOS

1. Quais eram as características do sistema produtivo chamado Plantation?


a) Policultura, latifúndio e mão-de-obra escrava.
b) Monocultura, minifúndio e mão-de-obra assalariada.
c) Monocultura, latifúndio e mão-de-obra assalariada.
d) Policultura, minifúndio e mão-de-obra escrava.
e) Monocultura, latifúndio e mão-de-obra escrava.

2. Qual Tratado, realizado entre os portugue- ses e os espanhóis, que dividia o território
brasileiro ao meio?
a) Tratado de Madri
b) Tratado de Petrópolis
c) Tratado de Tordesilhas
d) Tratado de Barcelona
e) Tratado do Brasil

3. Depois do Pau-Brasil e da cana-de-açúcar, os portugueses encontraram no Brasil


um outro produto que foi importante no processo de independência. Qual era esse
produto?
a) Drogas do sertão, na região Amazônica.
b) Café, no oeste de São Paulo.
c) Borracha, na divisa com a Bolívia.
d) Ouro, no estado de Minas Gerais.
e) Ferro, no estado do Mato Grosso.

4. Qual fato ocorrido no Brasil no início do século XIX que teve como conseqüência a
ampliação e melhorias de estrutura da cidade do Rio de Janeiro e a abertura dos por-
tos às Nações Amigas?
a) Grito da Independência
b) Instalação do Período Regencial
c) Chegada da Família Real Portuguesa
d) Aumento da dívida externa
e) Comércio com os países da América Latina

5. A economia da colônia deve estar unicamente atrelada à economia da metrópole,


servindo para esta, como uma exclusiva fornecedora de matérias-primas não
existentes na metrópole (para que esta realize comércio comprando por um preço
muito baixo) e que também compre produtos industrializados somente da metrópole,
pagando um preço mais elevado do que o normal.
Esta estrutura comercial existente durante vários séculos na história brasileira, é conhe-
cido como:

557
a) Tratado de Tordesilhas
b) Plantation Colonial
c) Comércio de Especiarias
d) Encilhamento
e) Pacto Colonial

6. A abertura dos Portos às Nações Amigas, concedeu maiores privilégios sobre as


taxas alfandegárias à um país europeu. Dentre as alternativas abaixo, assinale a correta
sobre, qual é esse país e qual o motivo desses privilégios.
a) Inglaterra, que representava a Grã- Bretanha. O país obteve vantagens fiscais devido
à ajuda prestada à corte portuguesa para se transferir ao Brasil em razão do ultimato
dado pelo governo francês.
b) França, que representava os países do interior. O país obteve vantagens pois pre-
servou as instalações portuguesas no período em que a corte esteve no Brasil.
c) Noruega, que representava os países nórdicos. O país obteve vantagens fiscais, pois
fornecia produtos industrializados, que não eram produzidos no Brasil, à corte portu-
guesa por preços mais baixos.
d) Espanha, que representava os países ibéricos. O país obteve vantagens fiscais
porque assegurou no Parlamento Europeu a restituição do território português após a
derrota de Napoleão.
e) Holanda, que representava os países comercializadores de açúcar na Europa. Tal
país obteve maiores vantagens fiscais, pois deu continuidade ao comércio de açúcar
brasileiro na Europa, assegurando a concorrência com as Antilhas.

7. Na evolução econômica do Brasil, os produtos agrícolas e as matérias-primas (cana-


de-açúcar, ouro, café, etc.) foram sucedendo-se como base da economia brasileira, de
acordo com as tendências e necessidades do mercado externo. Alguns desses produ-
tos se mantiveram por mais tempo como principal fonte de divisas para o país e provo-
caram diversificações na paisagem rural e urbana, como o café e a cana-de-açúcar.
Outros tiveram influências meramente regionais, como o algodão e a borracha.”
Pode-se inferir do texto acima que:
a) a organização do espaço brasileiro é produto da combinação do desenvolvimento de
relações feudais de produção com relações capitalistas.
b) dentre os produtos agrícolas e matérias- primas que se sucederam na evolução eco-
nômica do Brasil, o pau-brasil foi responsável pela ocupação total de extensa faixa de
todo o litoral brasileiro.
c) os ciclos da economia brasileira estão ligados, fundamentalmente, a especificidades
naturais das diversas regiões do país.
d) a economia brasileira se organizou como uma economia colonial, fornecedora de
produtos industriais de que o mercado europeu não dispunha.
e) os processos econômico-sociais de valorização, ocupação e organização do território
brasileiro sempre estiveram ligados às necessidades de matérias-primas e alimentos
por parte dos países dominantes.

8. Através dos engenhos de produção de açúcar, Portugal conseguiu acumular riqueza


e ampliar os investimentos no Brasil. Contou ainda com financiamento dos holandeses.
As condições de vida, nos engenhos de cana-de-açúcar:
a) não privilegiavam nem mesmo os senhores, devido à sua falta de estrutura.
b) eram de luxo apenas para os representantes oficiais da Igreja Católica.
c) eram de muito luxo e ostentação para aqueles que trabalhavam como assalariados.

558
d) eram muito precárias nas senzalas, onde habitava a maior parcela dos escravos.
e) dependiam apenas dos senhores, que algumas vezes construíam pequenas moradi-
as para seus escravos.

9. No governo de D. Pedro I, a situação do Brasil:


a) assistia a dificuldades diplomáticas, devido à não aceitação da Inglaterra, de consid-
erar o Brasil como um país independente.
b) era de estabilidade política, em face do apoio da maior parte da população, e devido
ao fato de o imperador ter decidido permanecer no Brasil.
c) era de prosperidade econômica, com o crescimento da lavoura cafeeira na região de
São Paulo.
d) era alvo de constantes conflitos políticos provocado pelos adversários do imperador,
na defesa de mais liberdade.
e) era de estabilidade, depois da Constituição de 1824, com a defesa das idéias liberais.

10. O sistema de capitanias hereditárias:


a) deixou marcas na história do Brasil, pois estimulou povoamento e fez funcionar sa-
tisfatoriamente a produção e o comércio na colônia.
b) gerou uma administração política centralizada nas mãos dos capitães do mato e
desvinculada do governo português.
c) foi regulamentado por 2 documentos oficiais: A Carta de Doação, que estipulava os
direitos e deveres dos cidadãos, e a Carta foral, que definia as condições de possa da
Capitania.
d) foi adotado devido a presença de estrangeiros no litoral, à péssima situação econô-
mica de Portugal e ao sucesso do sistema, já utilizada nas ilhas do Atlântico
e) dava ao capitão donatário um poder limitado sobre sua capitania, uma vez que o Rei
ficava com a terra quando ocorresse sua morte.

11. Na verdade, o que Portugal queria para sua colônia americana é que fosse uma sim-
ples produtora e fornecedora dos gêneros úteis ao comércio metropolitano e que se
pudessem vender com grandes lucros no mercado europeu. Este Foi o objetivo da
política portuguesa até o fim da Era Colonial.
Pela leitura do texto podemos concluir que:
a) apesar de o Brasil ser uma colônia de exploração, os princípios mercantilistas não fo-
ram aplicados aqui com rigor, o que possibilitou o desenvolvimento de atividades que
visavam o crescimento da Colônia.
b) mesmo tendo a metrópole se afastado dos princípios econômicos do sistema colo-
nial, os seus objetivos foram plenamente alcançados.
c) apesar de a colonização atender os princípios mercantilistas, estes, em grande parte,
não foram respeitados, uma vez que a economia colonial se voltou mais para o comér-
cio interno.
d) a metrópole se interessava pelo desenvolvimento econômico da Colônia e, por isso,
preocupava-se em incentivar toda a atividade que explorasse os recursos que viessem
a beneficiar a terra.
e) a montagem da empresa colonial obedecia aos princípios do mercantilismo e, nesse
sentido, Lisboa preocupou-se em incentivar na Colônia as atividades complementares
à economia metropolitana.

12. Com relação a mineração, atividade econômica ocorrida no período colonial é cor-
reto afirmar que:

559
a) incentivou o sentimento nativista, ao introduzir no Brasil modificações econômicas,
sociais e administrativas bastante profundas.
b) a produção manufatureira concentrou-se principalmente na produção de instru-
mentos destinados às atividades mineradoras.
c) foi responsável, em grande parte, pelo desenvolvimento de uma civilização rica nas
Minas Gerais, graças a grande circulação de ouro com muito pouca fiscalização.
d) contribuiu para a criação de um órgão administrativo responsável pela aceleração
do processo de interiorização e alargamento territorial.
e) eliminou o sentimento nativista, uma vez que o conflito de interesses entre o Brasil e
a Metrópole era fruto de uma situação econômica ruim da classe dominante.

GABARITO
1. Resposta E

2. Resposta C

3. Resposta D

4. Resposta C

5. Resposta E

6. Resposta A

7. Resposta E

8. Resposta D

9. Resposta D

10. Resposta D

11. Resposta E

12. Resposta A

560
ANOTAÇÕES

561

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