Relatório Final CRAS
Relatório Final CRAS
Relatório Final CRAS
1. Introdução
A Unidade de Estudo Psicologia Realidade Brasileira: Políticas Públicas, Ética
e Cidadania trabalhou conceitos na área de políticas públicas, possibilitando o
conhecimento das diversas ações do psicólogo nos serviços de saúde e
serviços de assistência social. Os Conselhos Federal e Regionais de Psicologia
e o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas e a
bibliografia da área permitem o embasamento de referencial teórico relativo ao
conhecimento da legislação e dos preceitos éticos da atuação do psicólogo em
políticas públicas. No entanto todo esse referencial permite um conhecimento
limitado e muitas vezes distante da realidade dos diferentes instrumentos
públicos de atuação profissional, visto que os diferentes programas são
desenvolvidos na instância municipal, apresentando realidades dispares quanto
aos seus dispositivos e funcionamento, muitas vezes associado ao tamanho
das cidades, aos recursos físicos e humanos que são disponibilizados em cada
comarca. Diante de cenários e contextos muito diversos foram propostas
entrevistas estruturadas com psicólogos que atuam em diferentes instrumentos
do Sistema Único de Saúde (SUS), Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), Fundação Casa, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) se fizeram
necessárias para que se possa ter a verdadeira noção da realidade encontrada
na saúde pública e as condições de trabalho dos psicólogos nos programas de
políticas públicas.
Historicamente a década de 70 foi marcada por diversas denúncias a
transgressões dos Direitos Humanos e problemas sociais de diversas
naturezas como anos de repressão, condições precárias de habitação,
trabalho, educação e saúde resultaram em manifestações para o
desenvolvimento de projeto reforma social. Em 1986 foi realizada a VIII
Conferência Nacional de Saúde, que estabelece diversas diretrizes para a
reorganização da Saúde no Brasil, para a garantir o direito universal à saúde e
efetivação dos princípios e diretrizes do SUS, respeitando a pluralidade social.
Nesse período ocorre o Movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que
visou alterar o paradigma psiquiátrico, muito voltados ao aprisionamento em
manicômios em decorrência de denúncias de violências ocorridas com os
pacientes de doenças mentais internos desses locais. Nessa época, como
dispositivo de Atenção Psicossocial, e forma de alternativa à internações
psiquiátricas havia o da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Nesse contexto
reformista houve a consolidação dos princípios do SUS e RAPS, que
contribuíram para a implantação de dispositivos de saúde pautados em
propostas interdisciplinares e psicossociais, contribuindo para o início da
atuação do psicólogo nos programas de políticas públicas, e até então a
participação da psicologia ainda era muito restrita no modelo clínico clássico
em psicoterapias individuais (FERRAZZA, 2016).
Ferrazza (2016) contextualiza que nos dias atuais o exercício do psicólogo está
pautado em discussões voltadas à violação de Direitos Humanos, ao
preconceito e discriminação étnico raciais, homossexualidade, Reforma
Psiquiátrica, sistema prisional, medidas socioeducativas e consolidação do
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2. Metodologia
3. Resultado
Marina tem 33 anos, formou-se em Psicologia na USP de Ribeirão Preto em
2011 e sempre trabalhou na Área de Psicologia Social. Atualmente trabalha no
CRAS de Pradópolis, município próximo a Ribeirão Preto, onde mora
atualmente.
Durante a sua graduação, ela não aprendeu sobre CRAS e CREAS, foi tomar
conhecimento do assunto somente quando foi aprovada em um concurso, e
aprendeu por conta própria e na prática, sobre o SUAS e suas vertentes. Fez
estágio em uma ONG de Ribeirão Preto, que lidava com jovens infratores, e ao
finalizar a sua graduação, fez um curso de aperfeiçoamento para trabalhar com
adolescentes infratores em conflito com a lei. Com o passar do tempo, Marina
foi prestando concurso, até que ela passou no da fundação casa em São
Carlos, onde trabalhou durante um ano, e logo após, entrou no CRAS que
trabalha atualmente.
Na opinião de Marina, a atuação da psicologia dentro do SUAS é muito nova,
quando ela entrou no CRAS, ainda não tinha uma rotina de trabalho
estruturada, o CRAS da região acabava fazendo apenas o serviço
assistencialista (entregas de cestas básicas, gás, etc). Como era uma área
nova em sua vida profissional, ela teve que aprender como funcionava o SUAS
e ao mesmo tempo começar a estruturar uma rotina de trabalho, já que ela foi a
primeira psicóloga do local.
Em sua cidade não tem CREAS, unidade pública da política de Assistência
Social onde são atendidas famílias e pessoas que estão em situação de risco
social ou tiveram seus direitos violados são atendidas e todos os casos nesse
contexto são mandados para o CRAS da cidade, ficando prejudicado os
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negligência devem ser prontamente denunciadas. Alguns casos ela nos contou
como o de agressão a crianças que ficavam sob tutela de uma tia, que batia
constantemente e foi denunciada por vizinhos, o Ministério Público solicita que
as crianças fossem devolvidas para a mãe, que estava se recuperando do vício
de drogas. A atuação dela nesse caso foi realizar a visita à mãe e perceber que
a mesma tinha condições de recebe-las de volta. Com isso podemos ver a
importância da percepção da psicologia ambiental trazendo subsídios para que
fosse dado um desfecho satisfatório ao caso.
4. Considerações Finais
Através da entrevista com a Marina, percebemos a dificuldade de trabalhar no
ambiente de políticas públicas, pois a demanda de trabalho é enorme, os
recursos são escassos e a equipe disponível para trabalhar é limitada. Porém,
mesmo com todas as dificuldades os profissionais entrevistados da área
mostraram muito interesse e força de vontade em seus trabalhos,
principalmente Marina, que é a única psicóloga da sua unidade, é responsável
por demandas do CRAS e do CREAS de Pradópolis, e mesmo assim tem muito
empenho e força de vontade para trabalhar.
Para nós foi essencial termos a oportunidade logo no início do curso de
entrevistar uma profissional dessa área e aprender sobre as políticas públicas
que é tão importante para a sociedade. Ficou ainda mais claro o quanto faz a
diferença essas políticas serem bem estruturadas e administradas. Com a
Marina, vimos o quanto a Psicologia pode ser abrangente e quantas áreas de
atuação existem, que nem imaginávamos.
Essa experiência de entrevista nos trouxe ainda uma motivação a mais, pois
vimos de forma aplicada o que foi estudado na teoria e o quanto é necessário a
ética, bom senso, discernimento e acima de tudo amor em realizar um trabalho
como esse de minimizar as diferenças sociais, promover situações que
devolvem as pessoas a sua dignidade e mostrando os seus direitos de
igualdade. Parece um trabalho onde se rema contra a maré, mas quando um
indivíduo tem a sua vida resgatada já vale a pena.
5. Referências
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
Referência técnica para atuação do(a) psicólogo(a) no CRAS/SUAS / Conselho
Federal de Psicologia (CFP). -- Brasília, CFP, 2007.