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Peça 05

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 3°VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE TAUBATÉ

PROCESSO Nº.:

Petrônio, devidamente qualificado nos


autos do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código de Processo
Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I – DOS FATOS

Consta na exordial que Petrônio teria,


no dia 10 de junho de 2021 volta das 22h00, no ponto de ônibus da Rua Almicar
de Castro, altura do número 2600, ele subtraiu importância em dinheiro
pertencente da Empresa de Ônibus Express.
Naquele momento o agente ordenou ao
motorista e cobrador entregarem o dinheiro, e utilizava um revólver.
O denunciado, na unidade policial,
negou autoria do crime, pois no dia estava bêbado e não recordar o ocorrido.
Portanto houve a regular citação, apresentação da Resposta à Acusação, que
informava a negativa da autoria e que os fatos seriam corroborados na instrução
criminal. Houve a designação de audiência de instrução, debates e julgamento.
Pois na data designada o motorista e o
cobrador informaram que não viram o rosto do acusado, pois este se utilizava de
uma toca ninja, que impedia a perfeita visualização e, por isso, não tinham
condições de reconhecê-lo em audiência, pelo qual, foi apresentadas as
testemunhas para o reconhecimento do autor.
Antônio e Jaime, ambas testemunhas,
reconheceram a assinatura nos autos de reconhecimentos, porém, informaram
ao r. Juízo, que referidos documentos foram apresentados e receberam a ordem
do Delegado para que assinassem, e na sequência foram dispensados, sem a
real visualização do arquivo fotográfico, bem como sem informar as
características do agente que iriam proceder ao reconhecimento pessoal.
No interrogatório o acusado negou os fatos e
informou que na época dos fatos apenas bebia muito e se utilizava de drogas, e
hoje estava em recuperação em uma clínica. O douto Juiz converteu os debates
para a apresentação de memorial.
O Promotor de Justiça pediu a condenação,
alegando que a materialidade estava provada e havia a confissão do acusado,
pelo que consta dos autos, havia prova suficiente de ser ele o autor do crime,
que as testemunhas se sentiam ameaçadas, por isso não reconheceram o
acusado, mas não havia dúvidas sobre a autoria.
O Ministério Público ofereceu Alegações Finais
por Memoriais, requerendo a procedência da pretensão punitiva do estado, na
pena do art. 157, § 2°, Inciso I, do Código Penal, tendo os autos sido remetidos
a defesa para apresentação das alegações finais.

II – DO DIREITO

DA ABSOLVIÇÃO PELO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


É cediço que o Direito Penal deve ocupar-se de
lesões relevantes aos bens jurídicos por ele tutelados. Com isso, tem-se que
todo crime deve ser punido com a sua pena devidamente prevista em lei. O
Princípio da Insignificância é medida de política-criminal, funciona como vetor
interpretativo restritivo do tipo penal, objetivando a exclusão da incidência do
Direito Penal perante as situações que resultem em ínfima lesão ao bem jurídico
tutelado.
Conforme demonstrado, o delito não produziu
outras consequências, pois o acusado apenas subtraiu o dinheiro porque estava
drogado, além disso, o valor é pequeno demais para ser tratado pelo Direito
Penal, que constitui ultima ratio em nosso ordenamento jurídico.
Conforme entendimento do Ilustre jurista Paulo
Queiroz: o princípio da insignificância constitui, conforme a doutrina e a própria
jurisprudência, uma excludente de tipicidade, visto que, embora formalmente
criminalizada, a conduta não traduz, em concreto, uma lesão digna de proteção
penal.
Restaram demonstrados, portanto, os
requisitos definidos pelo Supremo Tribunal Federal para a aplicação do princípio
da insignificância e consequente reconhecimento da atipicidade da conduta,
quais sejam, (a) mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma
periculosidade social da ação, (c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento e (d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Ademais, o fato imputado ao autor é irrelevante
perante as características econômicas da vítima, circunstâncias e
consequências do crime. Desta moda, deve-se vislumbrar um dos princípios
primordiais do Direito Penal, o princípio da fragmentariedade, este determina que
o direito penal é a ultima ratio, é a mão pesada do Estado, responsável por
proteger os bens jurídicos mais relevantes, e disciplinar as punições às suas
transgressões.
Ante o exposto, o acusado deve se absolvido
por considerar-se insignificante a conduta do acusado em face à ausência de
lesividade, diante dos fatos é aplicável o princípio da insignificância, nos termos
do artigo 386, inciso III, do CPP.
DA CONDIÇÃO DE USUÁRIO DE DROGAS
Em seu interrogatório, o denunciado explica o
motivo pelo qual realizou a conduta. Trata-se de usuário de drogas, e que no
momento do cometimento do crime estava sob o efeito de “drogas” e bedidas.
O acusado, dependente químico. agiu a todo
modo sob o efeito da referida substância, ou seja, totalmente desprovido da
vontade de lesionar a vítima.
Considerando o efeito de drogas no organismo
do Réu, certamente não houve a vontade livre e consciente de subtrair (dolo),
caso estivesse sóbrio, tal atitude não teria ocorrido, caso contrário teria melhor
compreensão da ilicitude do fato e certamente não cometeria o crime.
Neste aspecto, é preciso estabelecer se o
acusado tem certo grau de capacidade psíquica que lhe permite ter consciência
e vontade de lesionar (“animus furandi”). Deve-se, sobretudo, analisar sua
condição pessoal e sanidade mental.
Vejamos a inteligência do artigo 26 do Código
Penal:
“Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento”.
Vejamos também o disposto no art. 149, caput,
do Código de Processo Penal que diz:
“Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará,
de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do
ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a
exame médico-legal”.
Por isso, não se busca com fugir das
responsabilidades do Réu, mas sim a diminuição da pena, pois no momento da
abordagem dos agentes de fiscalização, o Réu ainda se encontrava sob efeito
de drogas, tendo em vista que antes do cometimento do delito o acusado fez uso
de substâncias ilícitas.
Nestes termos, a defesa requer com base no
art. 386, VI, do Código de Processo Penal, a absolvição do acusado com
fundamento na existência de circunstâncias que exclui o crime e isenta o réu de
pena, tendo em vista que o acusado cometeu
DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA.
Caso vossa Excelência entendo o contrário, a
pena deverá ser cumprida em regime inicial aberto, pois a réu é primário e
apresenta circunstâncias judiciais favoráveis, sendo que caso venha a ser
condenada, a pena máxima não ultrapassaria 4 (quatro) anos, o que, segundo o
teor art. 33, § 2º, alínea c, autoriza a fixação do regime inicial aberto.

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a defesa técnica requer à Vossa Excelência:


a) Que o réu seja absolvido pela aplicação do princípio da insignificância,
conforme artigo 17 do CP e art. 386, III, do CPP;
b) Que seja o acusado absolvido, de acordo com o art. 386, incisos VI, do
Código de Processo Penal, diante existência de circunstâncias que exclui
o crime e isenta o réu de pena;
c) Requer que seja aplicado o instituto da tentativa com a respectiva
dedução da pena do delito, previsto no art. 14, II, do CP;
d) Reconhecimento da confissão espontânea do acusado por ser uma
circunstância que permite a redução da pena, nos termos do art. 65, inciso
III, d, do CP;
e) Em caso de condenação, que sejam consideradas favoráveis todas as
circunstâncias judiciais da primeira fase da dosimetria (art. 59, CP),
devendo a pena ser fixada no mínimo legal;
f) Aplicação do regime inicial de cumprimento no aberto, nos termos do art.
33, § 2º, alénea c, do CP;
g) Seja concedido o direito de o acusado recorrer em liberdade;
h) Pela gratuidade de justiça, com isenção de dias-multa e custas
processuais, por se tratar de hipossuficiente nos termos da lei.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Loca, Data
Advogado....OAB

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