Condicionamento de Ar
Condicionamento de Ar
Condicionamento de Ar
A climatização constitui um processo semelhante ao condicionamento de ar, mas não inclui a função de
umidificação ou outras das funções daquele.[1]
Índice
História
Efeito entrópico
Aplicações do condicionamento de ar
Ar condicionado de conforto
Ar condicionado de processo
Funções dos sistemas de ar condicionado
Arrefecimento e desumidificação
Aquecimento
Umidificação
Ventilação
Filtragem
Circulação
Controlo automático
Consumo energético
Equipamentos de refrigeração do ar
Expansão direta
Expansão indireta
Sistemas com caraterísticas especiais
Ar condicionados de automóveis
Ar condicionados portáteis
Bombas de calor
Ver também
Referências
História
O condicionamento de ar era já aplicado na antiga Roma, onde a água de aquedutos era feita circular através
das paredes de certas casas, para as arrefecer.
O inventor chinês do século II Ding Huan inventou um ventilador rotativo para condicionamento de ar. Este
ventilador era constituído por sete rodas com 3 m de diâmetro e operado manualmente. Em 747, o Imperador
Xuanzong, da dinastia Tang mandou construir, no seu palácio, o Salão Fresco (Liang Tian) que é descrito
como tendo ventiladores, acionados a água, para condicionamento de ar, bem como esguichos de água a partir
de fontes. Durante a subsequente dinastia Song, as fontes escritas mencionam uma utilização crescente de
ventiladores rotativos de ar condicionado.[2]
No Egito medieval, foram inventados ventiladores, usados em muitas casas do Cairo. A maioria destes
ventiladores estavam orientados na direção da quibla, seguindo a orientação geral da cidade.[4]
Na década de 1600, o inventor holandês Cornelius Drebbel fez a demonstração "transformando o verão em
inverno", perante o Rei Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra, através da adição de sal à água.[5]
Em 1758, o norte-americano Benjamin Franklin e o britânico John Hadley conduziram uma experiência para
explorar o princípio da evaporação como meio de arrefecer rapidamente um objeto. Franklin e Hadley
confirmaram que a evaporação de líquidos altamente voláteis - como o álcool e o éter - poderiam ser usados
para diminuir a temperatura de um objeto até ser inferior ao ponto de congelação da água. Os dois conduziram
a sua experiência com o bolbo de um termómetro de mercúrio até aos 7 ºF (- 13,8 ºC), enquanto que a
temperatura ambiente se mantinha nos 65 °F (18,3 °C). Benjamin Franklin notou que, logo depois de se passar
o ponto de congelamento da água (32 °F / 0 °C), uma fina película de gelo formava-se à superfície do bolbo
do termómetro e que a massa de gelo tinha uma espessura como cerca de 6 mm quando a experiência era
parada ao atingir-se os 7 °F. Franklin concluiu que "Com esta experiência, pode-se ver a possibilidade de se
gelar um homem até à morte num dia quente de verão".[6]
Em 1820, o cientista britânico Michael Faraday descobriu que comprimir e liquefazer a amónia poderia resfriar
o ar, quando a amónia liquefeita fosse permitida evaporar.
Em 1842, o médico norte-americano John Gorrie usou a tecnologia de compressor para criar gelo, o qual
usava para arrefecer o ar para os pacientes do seu hospital em Apalachicola, Flórida. Ele esperava,
eventualmente, usar a sua máquina fazer gelo para regular a temperatura dentro dos edifícios. Ele até visionou
futuros sistemas de ar condicionado central que pudessem arrefecer cidades inteiras. Apesar de seu protótipo
ter vazamentos e funcionamento irregular, em 1851, foi concedida uma patente a Gorrie, pela sua máquina de
fazer gelo.[7][8]
A primeira unidade moderna de ar condicionado foi inventada em 1902 por Willis Carrier, em Buffalo, nos
EUA. Depois de se formar em engenharia mecânica na Universidade Cornell, Carrier foi trabalhar para a
empresa metalúrgica Buffalo Forge Company. Ali, Carrier iniciou experiências com o condicionamento de ar,
como forma de resolver um problema prático para a empresa gráfica Sackett-Wihelms Lithographing and
Publishing de Nova Iorque. A Sackett-Williams deparava-se com o seu trabalho prejudicado no verão, estação
em que o papel absorvia a umidade do ar e se dilatava. Por outro lado, as cores impressas nos dias úmidos não
se alinhavam nem se fixavam com as cores impressas em dias mais secos, o que gerava imagens borradas e
obscuras.
Carrier teorizou que poderia retirar a umidade da gráfica pelos resfriamento do ar. Segundo aquele princípio,
projetou e construiu o primeiro aparelho de ar condicionado, que iria iniciar a sua operação a 17 de julho de
1902. Projetado para melhorar o controlo do processo de produção na gráfica, a invenção de Carrier
controlava, não apenas a temperatura, mas também a umidade. Carrier usou o seu conhecimento em
aquecimento de objetos com vapor e reverteu o processo. Em vez de enviar ar através de serpentinas quentes,
enviou-o através de serpentinas frias, cheias com água fria. O ar, soprado através das serpentinas frias, era
arrefecido e podia-se assim controlar a quantidade de umidade nele contida. Por sua vez, a temperatura na sala
poderia ser também controlada. Os baixos níveis de calor e umidade destinavam-se a manter constantes as
dimensões do papel e do alinhamento da tinta. Mais tarde, a tecnologia de Carrier foi aplicada para aumentar a
produtividade nos postos de trabalho e a crescente procura daquela tecnologia levou à criação da empresa
Carrier Air Conditioning Company of America, hoje uma grande indústria de AVAC[9]. Com o passar do
tempo, o ar condicionado veio a ser usado também para o conforto interior em residências e em automóveis.
Na década de 1950, a utilização de ares condicionados domésticos expandiu-se de forma dramática.
Em 1906, outro norte-americano, Stuart W. Cramer, estava a explorar formas de adicionar umidade ao ar, na
sua fábrica têxtil. Cramer criou o termo "condicionamento de ar" - usando-o num pedido de patente efetuado
naquele ano - em analogia com o termo "condicionamento de água", então um bem conhecido processo para
tornar os têxteis mais fáceis de processar. Combinou a umidade com a ventilação para condicionar e alterar o
ar das fábricas, controlando a umidade tão necessária na indústria têxtil. Willis Carrier adotou também o termo
e incorporou-o no nome da sua empresa. Este tipo de evaporação de água no ar, para produzir um efeito de
arrefecimento, é agora conhecida como "arrefecimento evaporativo".
Os primeiros ares condicionados e frigoríficos empregavam gases tóxicos ou inflamáveis como a amónia, o
clorometano e o propano, o que poderia resultar em acidentes fatais se houvesse um vazamento. Para os
substituir, Thomas Midglev Junior criou o freon em 1928. O nome "freon" constitui uma marca comercial
detida pela multinacional DuPont, aplicando-se a qualquer refrigerante dos tipos clorofluorcarboneto (CFC),
CFC hidrogenado (HCFC) ou hidrofluorcarboneto (HFC). O nome específico de cada um indica a sua
composição molecular (ex.: R-11, R-12, R-22 e R-134A). A mistura mais utilizada no ar condicionado de
conforto de expansão direta é um HCFC conhecido como "clorodifluorometano" ou "R-22". Deverá deixar de
ser utilizado em equipamentos novos em 2010 e completamente descontinuado em 2020. O R-12 constituía
uma mistura muito utilizada em ares condicionados de automóveis, sendo substituído pelo R-134A. Têm se
desenvolvido vários tipos de refrigerantes menos prejudiciais para a camada de ozono - como o R-410A - aos
poucos substituindo os antigos refrigerantes mais nocivos.
A inovação em termos de tecnologia de ar condicionado têm vindo a continuar, agora com uma ênfase
colocada no aumento da eficiência energética e na melhoria da qualidade do ar interior. A redução do impacto
em termos de mudanças climáticas constitui uma importante área de inovação, uma vez que, além das emissões
de gás associadas ao uso de energia pelos sistemas de ar condicionado, os CFC, HCFC e HFC são, eles
próprios potentes gases de estufa, quando vazados para a atmosfera. Por exemplo, o R-22 (também conhecido
como "HCFC-22") tem um potencial de aquecimento global cerca de 1800 vezes superior ao do dióxido de
carbono (CO2). Como uma alternativa aos refrigerantes convencionais, têm sido propostas alternativas naturais
como o CO2 (R-744).[10][11]
Efeito entrópico
Apesar do ar condicionado contribuir eficientemente para o conforto das pessoas, isso só acontece num meio
ambiente como num escritório, numa sala, num hall, etc., mas por outro lado, no entorno do próprio meio
climatizado, a solução mostra-se conflitante com o primeiro e segundo princípio da termodinâmica. Sem
considerar o consumo excessivo da energia elétrica, consumida e dissipada na atmosfera, por ocasião do
processo de intercâmbio de calor do agente refrigerador, essas unidades quando instaladas em locais onde
possui pouca ventilação - tais como galerias de lojas, prismas de ventilação e etc - causam no mesmo ambiente
em que vivem pessoas o temido efeito entrópico, antes só previsto em teorias do caos, e, como sabem os
engenheiros, com o equilíbrio termodinâmico, não pode existir trabalho.
Para não poluir diretamente o meio ambiente onde circulam as pessoas, a solução encontrada pelos montadores
foi a instalação de condensadores remotos e torres de refrigeração no topo dos prédios, no entanto, mesmo
assim, metade da energia consumida com o trabalho de climatização continua sendo simplesmente lançada na
atmosfera sob a forma de calor, o que representa uma perda muito grande para o consumidor pagante e um
prejuízo sem retorno para o ecossistema, nesse sentido começam a ser elaborados, aparelhos de climatização
compactos que podem funcionar no mesmo ambiente climatizado e sem condensadores externos. Esses
aparelhos, que dispõem de uma câmara de condensação do agente refrigerante integrada no próprio corpo do
compressor, contam com a câmara resfriada com a própria água de consumo com a função de capturar o calor
do condensador e compressor, transferindo-o para o meio hídrico para uso posterior em banhos.
Alguns sistemas de refrigeração especiais, que usam água de subsolo como suporte de climatização, também
estão sendo desenvolvidos para uso em prédios antigos ou arquiteturas não voltadas para climatização
ambiental. O sistema integrado de condensação é um sistema semifechado que elimina a condensação remota
oferecendo, ao usuário, um mínimo de manutenção.
Aplicações do condicionamento de ar
Segundo as suas aplicações principais, o condicionamento de ar é dividido geralmente em ar condicionado de
conforto e de processo.
Em ambas as aplicações do ar condicionado, o objetivo poderá ser não apenas o controlo da temperatura, mas
também da humidade, da qualidade do ar e do movimento do ar de espaço para espaço.[12][13][14]
Ar condicionado de conforto
Ar condicionado de processo
1. Arrefecimento - no verão;
2. Desumidificação - no verão;
3. Aquecimento - no inverno
4. Umidificação - no inverno;
5. Ventilação - no verão e inverno;
6. Filtragem - no verão e inverno;
7. Circulação - no verão e inverno.[14]
1. Automaticamente;
2. Sem ruídos e vibrações incómodas;
3. Com o menor consumo energético possível.[14]
Unidades condensadoras exteriores na
fachada de edifício em Hong Kong.
Arrefecimento e desumidificação
Aquecimento
Umidificação
No inverno, se o ar for aquecido sem se lhe aumentar a umidade, a umidade relativa do mesmo diminui,
provocando a secagem das mucosas respiratórias, com os consequentes danos fisiológicos. A função de
umidificação de um ar condicionado é, pois, efetuada no inverno através de umidificadores, colocados a
jusante das baterias de aquecimento, uma vez que o ar mais quente absorve mais umidade.[12]
Existem dispositivos que evaporam a água contida num tabuleiro, por meio de uma resistência elétrica
blindada, a qual é controlada por um umidostato de ambiente e de condutas. Nos casos de grandes instalações,
recorre-se a baterias umidificadoras que introduzem no ar água pulverizada em pequenas gotículas. Estas
baterias, são também chamadas "lavadores de ar" uma vez que também cumprem essa função.[12]
Para aplicações de ar condicionado de conforto, salvo em caso de climas muito secos, a experiência demonstra
que não é necessário realizar a função de desumidificação, tendo em conta que as próprias pessoas
fornecessem uma certa quantidade de umidade ao ambiente. Na verdade, os equipamentos padrão de conforto
não trazem incorporados dispositivos de umidificação.
Ventilação
A função de ventilação consiste na entrada de ar novo exterior, com o fim de renovar permanentemente o ar
interior, nas proporções necessárias para se atingir e manter um adequado nível de pureza. Durante o processo
de respiração das pessoas, existe o consumo de oxigénio e a emissão de dióxido de carbono, sendo portanto
necessária a substituição do ar interior de um local fechado, para evitar que o mesmo fique viciado e com
odores.
O ar novo e o ar recirculado penetram numa câmara de mistura, onde são misturados, sendo posteriormente
tratados e introduzidos no local a ventilar. Alguns sistemas de ar condicionado não reaproveitam e recirculam o
ar extraído, usando apenas o ar novo.[12][13]
Filtragem
A função de filtragem é feita pelos filtros e pré-filtros existentes nas unidades de tratamento de ar. Consiste em
tratar o ar, através do uso de filtros adequados, com o fim de lhes retirar as poeiras, impurezas e outras
partículas em suspensão. O grau de filtragem necessário, dependerá do grau de qualidade do ar interior que se
quer obter e do grau de poluição do ar novo.
Para a limpeza do ar, empregam-se filtros, que normalmente são do tipo mecânico, os quais são compostos por
elementos porosos que obrigam o ar que passa por eles a lá deixar as partículas de poeira que leva em
suspensão.
Num sistema de circulação de ar condicionado, o primeiro elemento é sempre um filtro, uma vez que o mesmo
vai proteger não só o local climatizado, como os próprios equipamentos de ar condicionado.[13]
Circulação
A função de circulação é realizada pelo ventilador, uma vez que é necessário um certo movimento do ar nas
zonas de permanência, com o fim de evitar a sua estagnação, ao mesmo tempo evitando que se formem
correntes prejudiciais. A maioria das vezes, são usados ventiladores centrífugos, capazes de fazer circular os
caudais de ar necessários, vencendo as resistências de fricção, mantendo um nível baixo de ruídos e vibrações.
Controlo automático
Além disso, a optimização do consumo de cada uma das instalações em grandes edifícios, obriga adoção de
um sistema de gestão técnica centralizada integral, que possibilite a operação de toda a instalação e a regulação
do seu consumo energético, bem como uma diminuição dos custos de manutenção.
Assim, obtém-se o controlo direto de cada um dos parâmetros da instalação, proporcionando em tempo real a
informação de tudo o que se está a passar no edifício, podendo tomar-se decisões sobre elementos que levam à
poupança energética, tais como a seleção das condições interiores de conforto, a fixação de parâmetros de
funcionamento (set-points), a regulação da iluminação e o regime de funcionamento de bombas de água.[12]
Consumo energético
O custo que a energia elétrica tem vindo a representar cada vez mais, associado à contribuição que o consumo
energético tem para o aumento da poluição e do aquecimento global, faz com que esse consumo seja um
elemento de importância vital para os sistemas de ar condicionado, que se caraterizam por serem uma
tecnologia de grande consumo energético e onde a sua redução representa, por isso, uma das premissas básicas
nos critérios de projeto.
Para isso, existem numerosas tecnologias e meios de aplicação que se centram fundamentalmente no ajuste das
necessidades, na utilização de energias alternativas, no aumento da eficiência e da recuperação de energia e na
utilização de aparelhos de alto rendimento.
Um uso apropriado do isolamento térmico do edifício constitui um elemento importante, uma vez que permite
a utilização de aparelhos de ar condicionado de menor potência, levando a um consumo global de energia
inferior, durante toda a vida útil do edifício. Por sua vez, o isolamento térmico reduz oa mínimo ad perdas de
calor dos equipamentos, incluindo unidades de tratamento de ar, condutas e canalizações.
Por outro lado, é indispensável a adoção de soluções arquitetónicas que tenham em conta a necessidade de
redução do consumo energético. Essas soluções podem incluir o aproveitamento da radiação solar, proteção
contra essa radiação, ventilação natural e isolamento que reduza as infiltrações de frio ou calor.
É muito importante analisar a automatização dos circuitos de iluminação e o uso de lâmpadas de alto
rendimento, bem como de reguladores que ajustem o nível de iluminação em função das necessidade reais.
No decorrer de cada ano de funcionamento de um sistema de climatização, existem períodos de tempo nos
quais as caraterísticas do ambiente exterior do edifício são favoráveis para a climatização, o que poderá ser
feito utilizando o ar exterior num sistema economizador de arrefecimento gratuito (free cooling), especialmente
em meias estações.
Outro aspeto a considerar é o aumento da eficiência energética, mediante o fracionamento da potência dos
equipamentos, com o objetivo de adaptar o condicionamento de ar à procura de calor do sistema. Isso é feito,
parcializando as unidades de ar condicionado a fim de se conseguir, a cada instante, o regime de potência mais
próximo do rendimento máximo. É recomendável a utilização da bomba de calor para o aquecimento - em vez
de resistências elétricas - e a utilização do gás natural para arrefecimento com unidades refrigeradoras de água
operando com o ciclo de absorção.
Como forma de poupança de energia também se pode utilizar a recuperação do calor de condensação,
aproveitando o facto dos equipamentos frigoríficos gastarem grandes quantidades de calor no seu
funcionamento, o qual pode ser recuperado para ser empregue em outras utilizações. O armazenamento de
energia, através do congelamento da água nas horas noturnas quando a tarifa de energia elétrica é mais baixa,
permite evitar os picos de consumo ao longo do dia, levando, por acréscimo, à redução do tamanho dos
aparelhos de ar condicionado.[12][14]
Equipamentos de refrigeração do ar
Cada sistema de ar condicionado, inclui equipamentos de
refrigeração destinados a arrefecer e a desumidificar o ar a ser
tratado ou para resfriar a água que é enviada para as unidades de
tratamento de ar. Todos estes sistemas funcionam com base no
ciclo de refrigeração.
Expansão direta
Os sistemas multi split constituem uma variante dos sistemas split. Dispõem de uma única unidade de
condensação exterior, à qual se podem ligar duas ou mais unidades de evaporação interiores. Desenvolveram-
se equipamentos deste tipo que permitem colocar uma grande número de unidades de evaporação, mediante a
regulação do fluido refrigerante, as quais são conhecidas por "VRV (volume de refrigerante variável)".
Todos estes sistemas empregam ventiladores para fazerem circular o ar que arrefece o condensador e o ar que é
tratado e arrefecido para ser introduzido no interior. Também existem sistemas refrigerados a água, nos quais a
condensação do refrigerante é produzida mediante água em circulação através de bombas e tubagens,
empregando uma torre de arrefecimento.[12][14]
Expansão indireta
Este tipo de sistema utiliza unidades de produção de água refrigerada (chillers), água essa que é distribuída
pelos vários equipamentos de tratamento do ar, como as UTA, as UTAN ou os ventiloconvectores (fan-coils).
Nestes equipamentos, existe uma serpentina - por onde circula a água fria - que é atravessada pelo ar a tratar,
que em contacto com ela arrefece.[12][14]
Ar condicionados de automóveis
A Packard foi o primeiro fabricante de automóveis do mundo a introduzir ares condicionados nos seus carros,
a partir de 1939. Estes ares condicionados eram opcionais e podiam ser instalados através de um pagamento
adicional de 274 dólares (correspondendo a cerca de 4000 dólares ou 3000 euros atuais). O sistema ocupava
metade de todo o espaço da bagageira, não sendo muito eficiente, sem termostato nem mecanismo de
automático para desligar. A opção de ar condicionado foi descontinuada depois de 1941.
A maioria dos ares condicionados disponíveis para automóveis usavam um sistema de aquecimento separado e
um compressor montado no motor, acionado pela cambota através de uma correia, com um evaporador
instalado na bagageira para distribuir o ar refrigerado através de respiradouros na traseira e no teto do
habitáculo de passageiros. Na década de 1950, foram desenvolvidos sistemas de ares condicionados totalmente
montados na parte frontal dos automóveis.[16][17][18][19][20]
Funcionamento
O ciclo termodinâmico que ocorre no interior dos veículos começa com o fluido refrigerante no estado gasoso
a uma temperatura próxima de 0°C. O compressor, que está acoplado ao motor, comprime o fluido
rapidamente (compressão adiabática), fazendo com que a temperatura e a pressão aumentem; esta fica próxima
do ponto de saturação (ponto no qual o gás fica no limite de sofrer uma transformação de estado) e aquela se
eleva para aproximadamente 80°C. Após isso, o fluido, que está à alta temperatura e pressão, é levado ao
condensador, onde troca calor com o meio externo. Como as temperaturas externas não são superiores a
temperatura do fluido, este perde calor, liquefazendo-se. A seguir, o fluido sai do condensador no estado
liquido e à temperatura relativamente alta, deslocando-se para o dispositivo de expansão, que, como o próprio
nome já diz, expande o gás, fazendo com que a temperatura e a pressão sejam bruscamente reduzidas. A
temperatura muda para aproximadamente 0°C. Finalmente, o gás é levado ao evaporador, que se localiza
próximo ao painel do veículo, onde o fluido, por estar a uma temperatura inferior ao ambiente interno do
automóvel, retira calor deste, o que proporciona a evaporação do fluido e a redução da temperatura interna do
automóvel. Em seguida, o fluido volta para o compressor, repetindo o ciclo.[21][22]
Compressor
O compressor, por estar ligado ao motor do carro, “rouba” parte da energia proveniente da combustão do
combustível. Por esse motivo, o ar condicionado, mesmo não estando ligado, influencia no consumo de
combustível do automóvel, pois aumenta a carga sobre o motor. Obviamente, quando o compressor está ligado
(ar condicionado ligado) a influência é notoriamente maior. A potência dos veículos também é afetada,
principalmente em automóveis com menor número de cilindradas.
Condensador
O condensador é posicionado em local que possua bom fluxo de ar, pois o ar externo é o responsável pela
liquefação do fluido. Além disso, o condensador possui ventoinhas, que são acionadas em situações nas quais
o fluxo de ar não é suficiente para a transformação de fase do fluido: quando o carro está parado, por exemplo.
Os condensadores automotivos são providos de tubos metálicos nos quais o fluido refrigerante circula. O ar
externo que entra em contato com o condensador circula por aletas soldadas a esses tubos. Inicialmente, os
tubos eram feitos com ferro e cobre, contudo, devido a menor massa e à facilidade de reciclagem, o alumínio é
o material mais utilizado atualmente.
Dispositivos de expansão
Existem dois tipos mais comuns de dispositivos de expansão, a válvula de expansão termostática e os tubos de
orifício. Ambos produzem o mesmo resultado: reduzem a pressão e a temperatura do fluido (no estado
líquido) que sai do condensador, deixando-o nas condições ideais para se dirigir ao evaporador.
Evaporador
O evaporador é o local onde ocorre a evaporação do fluido refrigerante. Sua estrutura é bastante similar a do
condensador, pois ambos são trocadores de calor que recebem ar, que faz com que o fluido mude de estado
físico. A diferença é que o fluido no interior do evaporador está a uma temperatura muito menor. A
temperatura do fluido no evaporador é menor que a do interior do veículo, o que faz com que o calor flua para
o fluido, que se vaporizará.
Dispositivos auxiliares
O condicionador de ar automotivo e
a 2ª Lei da Termodinâmica
O calor liberado pelo veículo é, em um ciclo real, maior que a soma do trabalho e do calor retirado do interior
do automóvel, principalmente devido ao atrito no interior das tubulações, à influência da radiação solar,
etc.[21][22]
O fluido refrigerante
Inicialmente, o CFC-12 (um clorofluorocarboneto) foi amplamente utilizado nos sistemas de refrigeração,
todavia, devido a sua contribuição para a redução da camada de ozônio, foi substituído pelo HFC-134 (um
hidrofluorocarboneto), fluido não inflamável, nem tóxico, que é o mais utilizado atualmente.[21][22]
Ar condicionados portáteis
Um aparelho portátil de ar condicionado consiste num equipamento montado sobre rodas, o que lhe permite
ser facilmente deslocado de um lado para o outro, dentro de uma casa ou escritório. Existem atualmente
aparelhos portáteis com potências entre as 6000 e as 60 000 Btu/h (1800 - 18 000 W), que podem ou não
incluir resistências elétricas de aquecimento. Os ares condicionados portáteis podem ser refrigerativos ou
evaporativos.
Os aparelhos portáteis de ar condicionado refrigerativo podem
ser de dois tipos: de split ou de mangueira. Estes sistemas
funcionam com um refrigerante baseado num compressor, sendo
arrefecidos a ar, o que significa que usam o ar para a permuta de
calor, da mesma forma que um ar condicionado típico de um
automóvel ou doméstico. Um sistema desses desumidifica o ar ao
mesmo tempo que o arrefece. Recolhe a água condensada do ar
arrefecido e produz ar quente que deverá ser ventilado para fora
do espaço a climatizar. Ao fazer isso, transfere o calor do ar do
espaço climatizado para o ar exterior.
Unidade exterior de um ar condicionado
portátil, usado para climatizar uma tenda.
Um sistema split portátil inclui uma unidade interior assente sobre
rodas, ligada a uma unidade exterior - semelhante às unidades
exteriores dos sistemas split fixos - através de tubos flexíveis.
Nos sistemas baseados em mangueira - que podem ser ar-ar ou monobloco - o ar é ventilado com o exterior
através de uma conduta flexível em forma de mangueira. Nos sistemas monobloco, a água é recolhida num
balde ou tabuleiro que, quando cheio, provoca a paragem do sistema. No sistema ar-ar, a água é reevaporada e
descarregada através de um esgoto de condensados, o que lhe permite funcionar continuamente. Nos sistemas
de conduta única, o ar é retirado ao espaço climatizado para arrefecer o condensador, ventilando-o depois para
o exterior. Este ar é substituído por ar mais quente do exterior ou de outros espaços, reduzindo assim a
eficiência da climatização. Os aparelhos mais modernos, poderão ter um coeficiente de desempenho
("eficiência") de aproximadamente 3, ou seja, 1 kW de eletricidade irá produzir 3 kW de arrefecimento. Nos
sistemas de dupla conduta, o ar utilizado para arrefecimento do condensador é retirado ao exterior e não ao
espaço climatizado, existindo assim mais eficiência que nas unidades de conduta única.
Os sistemas evaporativos não dispõem de compressor nem de condensador. A água líquida é evaporada
através das serpentinas de arrefecimento, libertando vapor para o espaço climatizado. A água em evaporação
absorve uma quantidade significativa de calor (calor latente de evaporação), arrefecendo o ar. Este sistema é
semelhante ao mecanismo natural dos humanos e de outros animais, que se arrefecem através da transpiração.
As desvantagens deste sistema são que, a não ser que a umidade seja reduzida, o arrefecimento é limitado,
sendo o ar arrefecido bastante úmido, o que pode provocar a sensação de frio. A suas grandes vantagens são
os factos de não necessitarem de condutas de ventilação para o exterior, tornando-os verdadeiramente portáteis,
de terem uma instalação mais fácil e económica e de consumirem menos energia que os sistemas
refrigerativos.[23]
Bombas de calor
As bombas de calor são mais populares nas regiões com temperaturas moderadas (4 °C - 13 °C), uma vez que,
com temperaturas extremamente frias, se tornam ineficientes. Isto acontece devido à formação de gelo que
ocorre na serpentina exterior, que leva ao bloqueio do fluxo do ar através da mesma. Para compensar isto, um
sistema de bomba de calor terá que ser reinvertido para o modo de ciclo regular, tornando a serpentina exterior
a funcionar como condensadora para aquecer o gelo e descongelá-lo. Um sistema destes teria assim que estar
equipado com uma resistência elétrica de aquecimento interior, que seria ativada apenas quando o modo de
ciclo regular funcionasse, de modo a compensar e neutralizar a entrada de ar frio. O problema do
congelamento torna-se muito mais prevalecente com temperaturas exteriores mais baixas. Assim,
frequentemente, as bomas de calor são instaladas em série com sistemas mais convencionais de aquecimento,
como são o caso das caldeiras a gás natural, as quais podem ser usadas em substituição das bombas de calor,
durante as temperaturas mais severas de inverno. este caso, a bomba de calor é usada eficientemente durante as
temperaturas moderadas, sendo o sistema mudado para o aquecimento convencional nas temperaturas mais
baixas.
As bombas de calor de absorção são, na realidade, uma espécie de bombas de calor de fonte de ar, mas não
dependem da eletricidade para funcionar. Em vez disso, o o gás, a energia solar ou a água aquecida são usados
como fonte principal de energia. Além disso, não é usado nenhum refrigerante no processo. Para extrair calor,
uma bomba de aborção absorve amónia na água. A seguir, a mistura de água e amónia é pressurizada para se
induzir a ebulição da amónia.
Alguns aparelhos de ar condicionado de janela mais dispendiosos incluem a função de bomba de calor.
Contudo, uma unidade de janela com a função de aquecimento pode não estar necessariamente equipada com
uma bomba de calor e sim com uma resistência elétrica de aquecimento.[24]
Ver também
AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado)
Climatização
Glossário de AVAC
Motor Schukey
Referências
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