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Agua

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Cristina Carapeto

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Características Físicas da Água

A água, também designada óxido de hidrogénio, cuja fórmula empírica é H2O, é um


composto químico fundamental para a vida na Terra.
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Ao conjunto dos recursos de água existentes no nosso planeta oceanos e mares, rios,
ribeiros e nascentes, lagos, gelo, a neve das regiões polares e os glaciares, a água contida
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nos solos superficiais e os lençóis de água subterrâneos dá-se o nome de hidrosfera.
De todos estes recursos cerca de 3% é água doce. Desta percentagem cerca de 2% está
aprisionada sob a forma de gelo, situado principalmente nas regiões polares ou em aquíferos
demasiado profundos e, portanto, não disponível para a nossa utilização. Os restantes 97%
são formados pela água do mar e gelos marítimos.

À evaporação anual da água a partir da hidrosfera e seu retorno como precipitação dá-se o
nome de ciclo hidrológico. Dentro do ciclo hidrológico existem dois sub-ciclos que dizem
respeito ao movimento da água efectuado pelos animais e pelas plantas. O conteúdo total de
água na atmosfera é de cerca 7 x 1012 m3. Esta água é substituída, em média, 37 vezes por
ano, já que o ciclo hidrológico comporta cerca de 260 x 1012 m3.

Devido às suas características físicas, a água é, muitas vezes, descrita como “solvente
universal”. De facto, ela tem uma capacidade única de dissolver, pelo menos uma pequena
quantidade de, virtualmente, qualquer substância. Além desta característica excepcional que
a torna de extrema importância para os processos vitais, a água é também importante para o
controle e distribuição do calor na Terra, dada a sua capacidade de absorver e libertar
energia.

Do ponto de vista químico, a água é constituída por átomos de oxigénio e átomos de


hidrogénio. A sua estrutura molecular está representada na figura 1. Cada átomo de
hidrogénio está ligado a um átomo de oxigénio formando uma molécula polar. O oxigénio
tem uma pequena carga negativa enquanto que a parte da molécula formada pelos
hidrogénios apresentam uma pequena carga positiva. À ligação entre dois átomos de
hidrogénio com o átomo de oxigénio dá-se o nome de ligações polares ou covalentes. Às
forças que se estabelecem entre as várias moléculas de água (a tracejado na figura) dá-se o
nome de ligações por pontes de hidrogénio. Estas ligações formam-se devido à grande
diferença de electronegatividade existente entre os átomos de oxigénio e os de hidrogénio.
Embora estas pontes de hidrogénio não sejam muito fortes, são elas que, em grande

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medida, servem para orientar as moléculas de água. São, elas também, que conferem à
água as propriedades físicas que lhe conhecemos.

H H

O
H
H H
O
O

H
H

Fig. 1 - Estrutura molecular da água

A água é uma das poucas substâncias químicas do nosso planeta que ocorre naturalmente
nos três estados: líquido, sólido e gasoso. No seu estado gasoso, a que de uma forma geral
se dá a denominação de vapor ou vapor de água, as moléculas apresentam uma distribuição
relativamente aleatória. Tal como em qualquer outro gás, o facto de as moléculas não
estarem arranjadas de uma forma compacta, faz com que uma determinada quantidade de
vapor de água não tenha um tamanho ou uma forma definida.
A fase líquida da água apresenta um arranjo mais ordenado das suas moléculas e na fase
sólida (gelo) esse arranjo é ainda mais ordenado. As transições entre os diferentes estados
físicos conseguem-se através de transferências de calor. As transferências de calor têm
como consequência a alteração da energia cinética média das partículas, ou seja,
influenciam a velocidade a que as partículas se movimentam. Para concretizar, imagine-se

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um bloco de gelo. As moléculas de água estão ordenadas numa estrutura semelhante à


apresentada na figura 2, devido às suas ligações de hidrogénio.

Uma característica importante deste tipo de estrutura é o seu elevado grau de porosidade.
No gelo, todas as moléculas de água formam o número máximo de ligações de hidrogénio
(quatro por molécula) formando grupos hexagonais. Isto só é possível porque o movimento
molecular é muito baixo, permitindo que as pontes de hidrogénio se mantenham estáveis. Ao
fornecer-se calor ao bloco de gelo, a energia cinética das partículas aumenta. Algumas
pontes de hidrogénio partem-se e as unidades estruturais ordenadas desagregam-se. Os
espaços vazios existentes na estrutura anterior e que lhe conferiam porosidade, são
preenchidos pelas unidades desagregadas, ou por moléculas individuais, e a água passa ao
estado líquido. Neste estado as ligações de hidrogénio estão constantemente a partirem-se e
a serem refeitas. Fornecendo ainda mais calor à água líquida, provoca-se, ainda mais, um
maior movimento das partículas (a energia térmica é transformada em energia cinética). As
partículas com um movimento mais acelerado ocupam mais espaço e por isso a água
expande-se quando aquecida. No seu estado de energia cinética máxima a água passa ao
estado de vapor e apenas as pontes de hidrogénio que formam as moléculas individuais se
mantêm. Neste estado a água é formada por moléculas individuais. A figura 2 mostra,
esquematicamente, as ligações existentes na água nos seus diferentes estados e o grau de
compactação das moléculas que acompanha cada um deles.

Sólida Líquid Gasosa

Figura 2 - Distribuição molecular nas diferentes fases da água

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O grau de compactação das moléculas pode ser expresso como densidade. Isto aplica-se a
qualquer substância e é definido como

Massa
Densidade = e geralmente exprime-se em g / cm3.
Volume

A densidade é uma propriedade intrínseca da matéria e, portanto, mantém-se constante


qualquer que seja a quantidade de matéria a ser medida. Esta propriedade, a densidade, dá-
nos informações importantes sobre o comportamento da substância em estudo. De uma
forma geral os sólidos são mais densos que os líquidos e os líquidos mais densos que os
gases. Também há líquidos mais densos que outros líquidos. Observações correntes
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permitem a constatação destes factos uma pedra afunda-se em água líquida porque a
sua densidade é superior; o óleo flutua na água porque tem uma densidade inferior a esta.
No entanto, a água apresenta um comportamento anómalo em relação a esta regra já que o
gelo (sólido) flutua na água líquida. Na realidade a densidade máxima da água pura verifica-
se a uma temperatura de 4 0C. Provocando uma subida ou uma descida de temperatura
provoca-se sempre uma diminuição da sua densidade. Mais uma vez são as ligações de
hidrogénio as responsáveis por este comportamento particular. A 4 0C a densidade da água
pura é exactamente 1 g / cm3. Se se aquecer esta água para 15 0C a sua densidade passará
para 0,9991 g / cm3 e a 20 0C será de 0,9982 g / cm3. Isto deve-se ao facto de a energia
cinética das partículas aumentar e, consequentemente, passarem a ocupar mais espaço. O
grau de compactação das moléculas diminui. Se arrefecermos a água de 4 0C para 0 0C a
sua densidade também diminui porque, ao diminuírem a sua energia cinética a um mínimo,
as moléculas de água permitem que se formem pontes de hidrogénio estáveis entre
moléculas vizinhas. Quando isto acontece a água também se expande (as ligações
intramoleculares são fixas) passando a existir mais espaços (moléculas menos
compactadas) que na água líquida. Por esta razão o gelo flutua na água.

Este comportamento “anómalo” da água tem grande importância para a sobrevivência dos
organismos aquáticos, principalmente em lagos situados em latitudes médias. À medida que
o Inverno se aproxima, a temperatura da água superficial vai diminuindo e, portanto, a sua
densidade vai aumentando. Como consequência, esta água superficial tornada mais densa
vai para o fundo do lago. Este processo verifica-se até que a temperatura das águas
superficiais desça abaixo dos 4 0C. Se a temperatura continuar a descer as águas

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superficiais tornam-se menos densas e mantêm-se à superfície do lago. Quando a


temperatura atmosférica atingir os 0 0C dá-se a formação de gelo à superfície. Este gelo irá
funcionar como uma camada isoladora, dificultando o arrefecimento da água em
profundidade, permitindo, assim, que os organismos aí existentes continuem vivos.
Naturalmente que se o Inverno for longo e rigoroso haverá tempo para que toda a água do
lago congele mas, geralmente, em latitudes médias o processo não tem tempo de se
completar.

Como ficou dito anteriormente, a água é denominada como solvente universal porque tem a
capacidade de dissolver pelo menos uma pequena quantidade de, virtualmente, qualquer
substância. Substâncias formadas por ligações iónicas polares dissolvem-se particularmente
bem na água. Na água do mar o sólido iónico que em maior quantidade se encontra
dissolvido é o cloreto de sódio. Aos sólidos iónicos também se dá o nome de sais e ao
cloreto de sódio, particularmente, chamamos, em linguagem corrente, sal. Em contrapartida,
substâncias não polares, como os hidrocarbonetos, dissolvem-se na água apenas em muito
pequenas quantidades e ao fazê-lo rompem, até certo ponto, o arranjo das unidades
estruturais da própria água. Se as substâncias dissolvidas são iónicas ou polares, as
moléculas de água arranjar-se-ão em torno delas, orientando os seus lados positivos e
negativos de forma oposta à electronegatividade e electropositividade da molécula
introduzida. É devido a esta atracção que a molécula de água exerce sobre os iões negativos
e positivos dos compostos iónicos que estes se separam para, em seguida, se ligarem à
molécula de água. Ficam dissolvidos ou hidratados.

A dissolução de substâncias na água pura altera-lhe as suas propriedades, pelo desarranjo


que provoca na sua estrutura. Por exemplo, a água do mar com uma salinidade de 35 partes
por mil (35 0/00) aumenta constantemente a sua densidade quando arrefecida, o que é um
comportamento muito diferente daquele que apresenta a água pura.

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