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1 - Luxação Esternoclavicular

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LUXAÇÃO ESTERNOCLAVICULAR

Epidemiologia  Lesões raras, geralmente benignas


 Lesões da cintura escapular
o Glenoumeral 85%
o AC 12%
o EC 3%
 Atraumáticas: mulher, adulto jovem, frouxidão ligamentar
 Osteíte condensante da clavícula: mulher de meia-idade com luxação
anterior espontânea atraumática

Anatomia aplicada  Músculos posteriores a articulação EC: esterno-hioideo, esternotireoideo,


escaleno
 Estruturas posterior importantes: artéria e veia inominadas, nervos vago e
frênico, veia jugular interna, traqueia, esôfago, arco da aorta, veia cava
superior, artéria pulmonar direita, veia jugular anterior
- Articulação esternoclavicular:  Articulação esternoclavicular: única articulação verdadeira entre os
única articulação verdadeira esqueletos axial e apendicular
entre os esqueletos axial e  Articulação óssea é extremamente instável, por isso depende muito do
apendicular suporte ligamentar
 Ligamentos: intra-articular discoide, costoclavicular extra-articular (lig.
Romboide), capsular, interclavicular
 Lig. Intra-articular discoide: evita o desvio medial da clavícula;
 Lig. Costoclavicular (Lig. Romboide): 2 fascículos (anterior e posterior); fibras
anteriores evitam rotação para cima e desvio lateral, e fibras posteriores
rotação para baixo e desvio medial
 Lig. Interclavicular: conecta a parte superomedial das clavículas com o
ligamento capsular superior do esterno; pouca ação na translação
anterossuperior
 Lig. Capsular: espessamento da capsula articular; lig. Esternoclavicular mais
forte; previne o desvio superior
o A cápsula articular posterior é o mais importante estabilizador da
translação anteroposterior
 M. subclávio: estabilizador da EC; deve ser preservada nas vias cirúrgicas
 Epífise medial da clavícula: última a aparecer e a consolidar (20-25 anos)
Mecanismo de trauma  1. Acidente automobilístico; 2. Trauma esportivo
 Articulação muito estável; luxações ocorrem por mecanismo de muito alta
energia
 Trauma direto no aspecto anteromedial com desvio posterior
 Trauma indireto (mecanismo de trauma mais comum -75%): ombro rodando
para frente causa deslocamento posterior, para trás deslocamento anterior

Lesões associadas  Compressão traqueal, pneumotórax, lesão de grandes vasos mediastinais


(podem se manifestar como trombose), lesão esofágica, lesão do plexo
braquial
 Luxações bilaterais
 Luxação acromioclavicular: geralmente associadas a luxação anterior da EC
 Fratura da clavícula
 Luxação escapulotorácica:

Quadro clínico  Luxações posteriores são mais dolorosas do que as anteriores


 Tosse irritativa, rouquidão, dificuldade respiratória, sensação de
enforcamento, alteração circulatória do braço ipsilateral, dificuldade de
Diagnósticos diferenciais deglutição, neuropatia do plexo braquial
- Hiperostose esternoclavicular:  Sinais de Wynne-Davies para frouxidão ligamentar (3/5): polegar-antebraço;
japonês + lesões em palmas e hiperextensão MTC-F até paralelismo com antebraço; hiperextensão do
plantas cotovelo; hiperextensão do joelho; dorsiflexão do TNZ > 45º
- Doença de Friedrich: o Maior predisposição a subluxação anterior atraumática
osteonecrose da clavícula  Diagnósticos diferenciais: infecção (usuários de droga EV, imunossuprimidos,
medial portadores de cateteres subclávios); hiperostose esternoclavicular (japonês
com lesões típicas em palmas e plantas; osteíte condensante, osteoartrose,
doença de Friedrich (osteonecrose da clavícula medial)

Imagenologia  TC: indispensável; padrão-ouro diagnóstico


 RNM: avaliação de partes moles
 USG: avaliação intraop de redução ou de luxações posteriores
Incidência de Serendipity  AngioTC: suspeita de lesão vascular associada aguda ou crônica
 Incidência de Serendipity: tilt cefálico de 40º centrado no esterno

Incidência de Heining
 Incidência de Heining (perfil EC): paciente supino, colimador há 75cm da
articulação, raios tangentes a articulação e paralelos a clavícula contralateral
Incidência de Hobbs  Incidência de Hobbs
Classificação  Classificação AO
Classificação AO o Cintura escapular: 10
o Glenoumeral: A; acromioclavicular: B; esternoclavicular: C;
escapulotorácica: D
o Anterior: C1; posterior: C2; lateral C3; medial: C4; outras: C5
o LEC anterior: 10C1; LEC posterior: 10C2
Classificação anatômica  Classificação anatômica: anterior X posterior
Classificação etiológica  Classificação etiológica
o Atraumática: frouxidão ligamentar, osteíte condensante da clavícula
o Traumática: estiramento, subluxação, luxação aguda, luxação
crônica, lesão fisária aguda (a maioria das lesões até os 23-25 anos é
fisária, não LEC); lesão fisária crônica (7-10 dias após trauma)

Conduta  Luxação anterior atraumática em pacientes com hipermobilidade: treinar o


paciente a conviver com a lesão (“skillful neglect”)
 Subluxação anterior/posterior traumática: gelo, AINEs redução fechada,
tipoia, evitar novos traumas por 4-6 semanas
 Luxação anterior traumática: RI; enfaixamento em 8; em pacientes < 25 anos
geralmente é lesão fisária (SH 1 ou 2); nas lesões instáveis após redução não
há consenso quanto a cirúrgico x conservador
 Lesão fisária para anterior (< 25 anos): RI + enfaixamento em 8
 Luxação anterior crônica assintomática: treinar o paciente a conviver com a
lesão (“skillful neglect”)
 Luxação anterior crônica sintomática: artroplastia de excisão EC
 Luxação posterior atraumática: RI (em CC, com suporte de cirurgia
cardiotorácica, material para esternotomia, e para by-pass cardíaco)
 Lesão fisária posterior aguda: RI + enfaixamento em 8 por 3-4 semanas x RC
 Luxação posterior aguda: RI + enfaixamento em 8
 Luxação posterior crônica: artroplastia de ressecção
 Lesão fisária posterior crônica
o Assintomática: conservador com seguimento radiográfico seriado
de estruturas vasculares posteriores
o Sintomática/repercussão clínica: redução cirúrgica
 Degeneração do 1/3 medial da clavícula: ressecção
 Clavícula flutuante: LAC cirúrgico. LEC conservador (exceto se luxação
posterior irredutível)

Intacto Redução + tipóia em 8

Ligamento anterior tecido: ligamentos e


cápsula, transferência
tendínea
(subclávio/esternocleido
mastoideo), enxerto
Reconstrução
Lesado
ligamentar
estabilização: na 1ª
costela, no manúbrio,
na 1ª costela e no
manúbrio
Técnica de redução fechada  Luxação anterior: coxim interescapular + distração da clavícula + compressão
direta sobre a clavícula medial
Luxação posterior  Técnica da Abdução-Tração: paciente supino com ombro próximo a borda da
mesa e coxim interescapular, com o braço em abdução é aplicada tração, e
depois o braço é levado para extensão; um Backhaus pode ser usado para
auxiliar a redução
 Técnica de Buckerfield-Castle/adução tração: paciente supino com ombro
próximo a borda da mesa e coxim interescapular, com o braço em adução é
aplicada tração, e uma força para baixo é aplicada sobre o ombro
 Técnica de Redução direta com Backhaus
Técnica cirúrgica  Reconstrução: preservar ao máximo o ligamento anterior
o Tecido: ligamentos e cápsula, transferência tendínea
(subclávio/esternocleidomastoideo), enxerto
o Estabilização: na 1ª costela, no manúbrio, na 1ª costela e no
manúbrio
 Excisão + reparo ligamentar intramedular aberto
 Reconstrução em 8 com enxertia: aloenxerto/autoenxerto semitendineo
 Tenodese do subclávio (técnica de Burrows)
 Reconstrução do esternocleidomastoideo para clavícula e primeira costela
 Esternocleidomastoideo para clavícula e manúbrio
 Estabilização com placa
 Ressecção da extremidade medial da clavícula: 1cm em homens e 0,9mm em
mulheres; tamanho máximo da ressecção para preservar os ligamentos
costoclaviculares
o Se a clavícula ficar instável após ressecção, provavelmente houve
lesão da cápsula anterior durante a dissecção, passa a ser melhor
ressecar de 3 a 4 cm e fixar a clavícula a primeira costela com
dacron
 Artrodese: limita muito a ADM do ombro
 PO: limitação de 60º para abdução de flexão por 12 semanas. Após o período
ADM livre, mas está contraindicada alta demanda para a vida

Cuidados  A maioria das complicações corre nas luxações posteriores: laceração da


artéria pulmonar direita, transecção da artéria mamária interna, laceração
da veia braquiocefálica, pneumotórax, laceração da veia cava superior,
estenose traqueal, desconforto respiratório, congestão venosa do pescoço,
rotura esofágica com abscesso e OMC da clavícula, compressão aguda/tardia
da artéria subclávia, obstrução da veia subclávia, compressão e trombose da
veia braquiocefálica, aberrações de condução miocárdica, compressão da
artéria carótida comum, pseudoaneurisma da artéria subclávia direita,
compressão do plexo braquial, rouquidão, ronco, alteração da voz com
movimento do braço, fístula traqueoesofágica, compressão mediastinal,
síndrome do desfiladeiro torácico
 Evitar pinos lisos na fixação esternoclavicular: risco de migração
 Instabilidade residual: ressecção clavicular sem manutenção adequada de
estruturas ligamentares
o Claviculectomia total; flap hemipeitoral

Lesões da articulação esternoclavicular são extremamente raras e seu diagnóstico pode ser desafiador. São
incidências radiográficas específicas para avaliação dessa lesão: serendipity, Heining, Hobbs. O tratamento
de todas as lesões é conservador com seguimento radiográfico seriado para garantir manutenção da
redução. Nas luxações posteriores se falha da RI o tratamento cirúrgico deve ser realizado devido ao risco
de complicações tardias. Um ponto importante da anatomia esternoclavicular é que a fise medial da
clavícula é a última a se ossificar/fundir, fazendo com que muitas das lesões nessa topografia sejam na
verdade lesões fisárias.

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