Hematologia II Final
Hematologia II Final
Hematologia II Final
HEMATOLOGIA II
Automatização em hematologia
1956 1980
1852 Contagem pela 1970 Contador 1990
tecnologia da citoquímico
Hemocitometria Técnica de Tecnologia VCS
impedância Tchnicon H-
de K. Vierordt scatter de Coulter STKS
elétrica; modelo 6000;
A de Coulter flowcytometry
1
Corina Luchian e Iara Fortunato
Histogramas
Este era o principal parâmetro usado antigamente para caracterizar todo o tipo de célula,
mas atualmente é usado principalmente para contar e dimensionar eritrócitos e plaquetas~
Histograma de RBC
Histograma de plaquetas
2
Corina Luchian e Iara Fortunato
- 0 – 2: bolhas de ar; pó
- 2 – 20: normal
MPV – 7-11 fL. Normalmente na presença de plaquetas gigantes, o valor do MPV é baixo.
Histograma de leucócitos
Nenhum histograma deve começar no eixo dos “y” – quando isto acontece significa que
há células de menores dimensões que não deviam lá estar.
Valores Críticos
Parâmetros Valores críticos
WBC (K/mm³) ≤1.0 or ≥30.0
HGB (g/dL) ≤6.5 or ≥19.0
HCT (%) ≤20.0 or ≥60.0
PLT (K/mm³) ≤30.0 or ≥1000
Por exemplo, quando a HGB é inferior ou igual a 6,5 deve se fazer uma transfusão sanguínea.
Acima de 19 podem ser provocadas embolias. Já nas plaquetas, PLT inferior ou igual a 30.000
pode causar hemorragias, sendo que valores superiores a 1000000 podem ser responsáveis
por trombos. Deste modo, nos valores superiores a 1000000, o doente deverá ser chamado,
tal como nos valores inferiores a 30000.
Linearidade
Parâmetro Linear Range do fabricante
3
Corina Luchian e Iara Fortunato
E se…
– Na contagem dos WBC sair 99.9, é necessário diluir a amostra com soro fisiológico. Imaginemos que
fizemos uma diluição de ½ e deu 80 – para obtermos o resultado real teremos que multiplicar pelo fator de
diluição que, neste caso, é 2. Sendo assim, o valor real seria 80 x 2 = 160.
Se na primeira diluição continuar a sair 99.9, continua-se a diluir, ou seja, o resultado tem que cair no
intervalo de 1,0 – 99.9.
– Na contagem das PLT sair menos que 10, é necessário proceder à contagem manual.
*exemplos
Interferências
(que podem causar resultados erróneos)
WBC RBC
– Eritrócitos anormais que resistem à lise (pouco – WBC muito elevado
frequente) – Concentração muito elevada de plaquetas muito
– RBC nucleados (eritroblastos): provoca um grandes
aumento considerável de glóbulos brancos para – RBCs aglutinados (relembrar que a distinção
além daquilo que é normal; pode dar impressão entre aglutinação e rouleaux pode fazer-se
errónea de ser uma leucemia. adicionando uma solução isotónica – no caso dos
– WBC fragmentados rouleaux haverá a separação dos eritrócitos, já em
– Partículas não lisadas maiores que 35 fL caso de aglutinação não haverá alteração)
– Plaquetas muito grandes ou agregadas – Eritrócitos com dimensão inferior a 36 fL
– Amostras que contêm fibrina, fragmentos de – Amostras que contêm fibrina, fragmentos de
células ou outros detritos; amostras pediátricas ou células ou outros detritos; amostras pediátricas ou
oncológicas oncológicas
HGB MCV
– WBC muito elevado – WBC muito elevado
– Lipemia severa: os lípidos aumentarão a turbidez – Concentração elevada de plaquetas muito
do meio, o que leva a um aumento da densidade grandes
ótica. No caso de a amostra conter grande – RBC aglutinados
quantidade de lípido, devemos fazer um branco – Fragmentos de eritrócitos com dimensões
usando o plasma da amostra (onde se encontram inferiores a 36 fL
os lípidos) – RBC rígidos (drepanócitos)
4
Corina Luchian e Iara Fortunato
– Heparina
– Determinados eritrócitos anormais que resistem
à lise
– Tudo o que aumenta a turbidez da amostra
– Níveis de triglicéridos
– Bilirrubina elevada
PLT RDW
– Eritrócitos muito pequenos no limite superior – WBC muito elevado
– Fragmentos celulares – Concentração muito elevada de plaquetas
– Plaquetas agregadas – RBCs com dimensões inferiores a 36 fL
– Detritos celulares no limite inferior: o que fazer – Populações dimórficas de eritrócitos
no aparelho para evitar este tipo de interferência? – RBC aglutinados
Fazer a contagem do próprio líquido diluidor, que – RBC rígidos
deverá dar 0,00 ou no máximo 0,04
Tecnologia VCS
O grau de dispersão da luz é proporcional ao tamanho da célula
Use of laminar flow using sheath fluid prevents cells from tumbling
Agrupamento mais preciso das células consoante o tamanho: contagem diferencial
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Coeficiente de variação
6
Corina Luchian e Iara Fortunato
Isto tudo com as células in vivo, ao contrário do que acontece com a técnica da
impedância onde as células sofriam o “encolhimento” – basicamente eram
destituídas de citoplasma
C – Neutrófilos
No fundo, a mancha dos neutrófilos camufla por detrás os eosinófilos
e os basófilos.
Corina Luchian e Iara Fortunato
DF2 C
DF3
Alarmes - WBC
Célula
grande
Normal Patológico
Normal Patológico
Alarmes – RBC
Tudo o que está acima desta linha são linfócitos, pelo que quando aparecem manchas abaixo da mesma desconfia-se
de plaquetas gigantes, agregados plaquetários ou eritroblastos
5 – Eritrócitos nucleados
Tecnologia ADVIA
A tecnologia mais rica para o estudo de anemias, no entanto também tem a contagem
diferencial em 5 populações
São medidos três parâmetros (tamanho, número e conteúdo) e a célula é avaliada a três
dimensões. Possui essencialmente 2 canais
Com citometria
de fluxo
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Corina Luchian e Iara Fortunato
O grupo heme é oxidado do ião ferroso para o ião férrico, sendo então combinado
com o cianeto no reagente ADVIA 120 HGB para formar o produto da reação
A leitura é obtida colorimetricamente a 546 nm
Nesta câmara é possível obter a Hemoglobina, através de uma medição direta, a Hemoglobina
Globular Média (MCH), através de um cálculo ((HGB ÷ RBC) x 10), e a Concentração de
Hemoglobina Globular Média (MCHC), através de um cálculo ((HGB ÷ [RBC x MCV]) x 1000).
Normocrómicos
Hipocrómicos
Hipercrómicos
Macrocíticos
Volume celular - MCV
120 fL
Microcíticos
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28 g/dL 41 g/dL
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Corina Luchian e Iara Fortunato
4-Cloro-1-naftol (44.8 mmol/L) serve como um substrato que permite que o peroxido
de hidrogénio (ADVIA 120 PEROX 3) forma um precipitado negro nos locais de
atividade do peroxidase nos grânulos dos glóbulos brancos
Dietilenoglicol, 99.2%
Estabilizador
Peróxido de Hidrogénio, 0.3%
3
14
2 4
6
Corina Luchian e Iara Fortunato
Esta metodologia é a que se aproxima mais das células in vivo, no entanto, as células
sofrem algum encolhimento, sendo que os neutrófilos, ao contrário dos monócitos,
resistem melhor ao tratamento.
Método Indireto
Contagem dos Glóbulos brancos PEROX (RawWBC x (PeroxCalFactor))
%NEUT (([100 x Neutrophil Count] + %HPX) ÷ PHA Cells)
#NEUT ((%NEUT ÷ 100) x WBC)
%LYMPH (([100 x Lymphocyte Count] ÷ PHA Cells) - %BASO)
#LYMPH ((%LYMPH ÷ 100) x WBC)
%MONO ((%LYMPH ÷ 100) x WBC)
#MONO ((%MONO ÷ 100) x WBC)
%EOS ((100 x Eosinophil Count) ÷ PHA Cells)
#EOS ((%EOS ÷ 100) x WBC)
%LUC ((100 x LUC Count) ÷ PHA Cells)
#LUC ((%LUC ÷ 100) x WBC)
Morfoloogy Flags
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Corina Luchian e Iara Fortunato
(1) Ruido
4
(2) Núcleo de blastos
(3) Mononucleados
Tamanho celular
Volume celular
(núcleos de monócitos e
linfócitos)
(4) Basófilos
7
(5) Suspeita de basófilos
2 3
(6) Saturação
(7) Polimorfonucleares
(núcleos de neutrófilos e
Obtido através do
eosinófilos)
pequeno ângulo
Os basófilos aparecem no gráfico como as maiores células, pois foram as únicas células que o
citoplasma não foi digerido, assim, o que temos na zona dos polimorfonucleares e
mononucleares são apenas os núcleos, sendo que quanto mais para a direita se anda no
gráfico, maior dispersão, ou seja, a população a cor de rosa tem uma maior dispersão de luz
do que a população a azul, uma vez que o núcleo é menos homogéneo. Deste modo, quando
maior a quantidade de lóbulos (quanto mais segmentado), menor a homogeneidade do núcleo
e maior a dispersão. Concluímos, assim, que o neutrófilo tem a maior dispersão.
Além disso, podemos ter a noção que na população cor de rosa, mais ou menos na zona do
círculo amarelo, encontram-se os neutrófilos, uma vez que estes têm um núcleo menos
homogéneo que os eosinófilos, encontrando-se, assim, mais para a direita no gráfico rosa. Por
outro lado, a população a azul apresenta uma a dispersão de luz muito pequena,
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Corina Luchian e Iara Fortunato
correspondendo aos glóbulos com uma forma redonda ou tendencialmente redonda, ou seja,
linfócitos (círculo azul) e monócitos (círculo amarelo), respetivamente.
Método Indireto
Contagem dos Glóbulos brancos BASO (RawWBC x (BasoCalFactor))
%BASO (100 x (BASO Count ÷ BASO PHA Cells))
# BASO ((%BASO ÷ 100) x WBCB)
%BLAST (100 x (Blasts ÷ BASO PHA Cells))
%MN (100 x (MN ÷ BASO PHA Cells))
%PMN (100 x (PMN ÷ BASO PHA Cells))
%BASO suspect (100 x (BASO Suspect ÷ BASO PHA Cells))
Morfoloogy Flags
Os 3 níveis de severidade são: +, ++, +++
BLAST – blastos: A presença de blastos é suspeitada.
LS – desvio à esquerda: A presença de neutrófilos não segmentados (banda) é
suspeitada.
Exemplo 2
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Com o citograma da Peroxidase conseguimos observar que existe uma proliferação exagerada
de células grandes não coradas, região LUC, e de células na zona monocítica.
Por fim, ao observar-se a lâmina, consegue-se concluir que temos presente uma grande
quantidade de blasto sem grânulos e de blastos com um número moderado de grânulos
primários. Neste caso será necessário utilizar outros mecanismos, tal como, citometria de
fluxo, para se conseguir diagnosticar corretamente, já que, neste caso, é difícil realizar um
diagnóstico através da observação morfológica.
Nota…
A presença de uma grande concentração de células mononucleadas no citograma da
Basolobularidade e de uma proliferação exagerada de células na zona dos LUC no citograma
da Peroxidase significa que estamos perante blastos da serie linfóide.
Infeção
bacteriana – Neutrófilos parasitária – Eosinófilos
vírica – Linfócitos Intoxicação por chumbo – Basófilos
Às vezes o aparelho coloca 2 parâmetro para a contagem dos glóbulos brancos, o WBCBaso
e o WBCPerox
Macrocitose
Microcitose e Hipocromia
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Lâmina - Eritrócitos mais pequenos que o núcleo do linfócito e halo superior a 1/3
Aglutininas frias
2º Hemograma
2º população desapareceu (o dedo
também)
MCHC e CHCM muito idênticos (como esperado).
Aglutininas ≠ Rouleaux
Adicionar soro fisiológico (entre lamina
e lamela), o os eritrócitos do Rouleaux
Drepanocitoseseparam-se, os das aglutininas não.
Anemia falciforme é uma doença hereditária que transforma os eritrócitos saudáveis em
glóbulos vermelhos anormais em forma de foice, o que pode causar oclusão das veias (o que
leva a enfartes pois aquela zona deixa de ser oxigenada), dores abdominais e nas articulações…
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Hemoglobina S
HbD
HbC
HbS
O estado desoxidado pode ser facilmente obtido se as células forem privadas de oxigénio ou se
for introduzido na solução um agente redutor que vai retirar esse mesmo oxigénio – método
do Dissulfito de Sódio, Ditionito de Sódio ou Bissulfito de Sódio. Assim, a HbS ao ser privada de
oxigénio vai polimerizar e alterar a membrana.
Complicações
Sequestração esplénica Pneumonia
Lesões cerebrais (devido aos pequenos vasos) Aumento de infeções
Falha renal Torrencefalia (nos homozigóticos)
Priapismo (ereção dolorosa)
Para além disso, as células falciformes podem causar danos aos vasos sanguíneos presentes no
globo ocular, especialmente nas hemoglobinopatias SC. Novos vasos sanguíneos mais fracos
podem se formar e romper, resultando em sangramento e pequenas necroses no olho.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Anemia
normocitica
normocrómica
Leucocitose (sobretudo a
custa dos neutrófilos)
Isto quer dizer que há células imaturas de glóbulos vermelhos em circulação. A cada 100
leucócitos são contados 36 eritroblastos, o que significa que o número total de glóbulos
brancos está inflacionado e que na realidade a máquina vai contar 136 leucócitos em vez de
100.
Testes Laboratoriais
A hemoglobina S tem 3 características importantes: é solúvel em oxigénio, sofre modificação
da mobilidade eletroforética comparativamente às outras hemoglobinas e tem a capacidade
de falciformizar na ausência de O2. As características enumeradas dão direito a três exames
laboratoriais
1º Teste da falciformação – onde é avaliada a capacidade de a membrana se alterar em
função da baixa tensão de oxigénio pela polimerização da HbS A Hb S é principalmente
determinada pelo estado de oxigenação do eritrócito. Ou seja, é revelada pela quantidade de
oxigénio em circulação. No caso de níveis baixos de oxigénio, o eritrócito perde a sua forma
em disco bi-concâvo e falciformiza – passando a ter forma de foice.
Hemoglobinopatias e -talassemias
Hemoglobinas normais
Cromossoma 11
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Este cromossoma apresenta dois genes responsáveis pela informação da formação das
cadeias , e , sendo que cada individuo normal possuí 4 genes (2 de cada cromossoma).
Além disso, este cromossoma também +e responsável pela cadeia .
Corina Luchian e Iara Fortunato
Hemoglobina A (α22)
95%
Hemoglobina A2 (α22)
Inferior a 3.5% (nunca pode superior a 3.5 num
individuo normal importante o doseamento
da A2 nas talassemias, mais especificamente,
nas -talassemia)
Hemoglobina Fetal (α22)
Este tipo corresponde a 75% da hemoglobina de um recém-nascido. Esta grande
quantidade de hemoglobina fetal ocorre por causa da ligação das cadeias α às
cadeias , que se encontram em elevada quantidade.
As cadeias vão posteriormente diminuir levando à diminuição da hemoglobina
fetal, sendo que esta vai diminuir até aos 5% por volta dos 6 meses. Esta
diminuição ocorre devido ao aumento de produção de cadeias , levando à ligação
destas com as cadeias α as cadeias α também irão ligar-se a algumas (muito
poucas) cadeias e .
Por fim, a hemoglobina fetal, na vida adulta, fica inferior a 1 %.
OU SEJA BETA TALASSEMIA POIS A DELEÇÃO DE CADEIAS BETA FAZ COM QUE HAJA
MUITA ALFA PARA SE LIGAR A OUTRAS CADEIAS NOMEADAMENTE A
É por volta dos 3 a 6 meses de vida que o valor percentual das hemoglobinas se
aproxima dos valores do adulto.
Hemoglobinopatias – Classificação
Alterações estruturais
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Afinidade O2
A alteração de um aminoácido por outro pode provocar grandes alterações, como por
exemplo ao nível da afinidade com o oxigénio, ou seja, existe hemoglobinas que
apresentam uma maior afinidade para o oxigénio do que outras, sendo que a afinidade
pode ser tão grande que não tenham facilidade de se libertarem do oxigénio.
Aumentada
Hb Chesapeake, Hb Jcapetown e Hb Zurich B63 Hist Arg
A hemoglobina absorve o oxigénio dos alvéolos, mas não o liberta nos tecidos
O rim devido à hipóxia liberta eritropoietina estimulando a eritropoiese
Diminuida
Hb Seattle, Hb Mobile, Hb Vancouver e Hb Kansas B102 Asn Thr
Não consegue ligar o oxigénio nos alvéolos, resultando na diminuição da
oxigenação
A percentagem não oxigenada (azul) se superior a 5 g/dL nos capilares é
responsável por cianose
Metahemoglobinémia Hb M
Substância que provoca a metahemoglobinemia ferricianeto de potássio
Transforma o ferro no estado Fe 2+ para Fe3+ sendo que existem alterações estruturais
das hemoglobinas que podem causar estas condições
Hb Hyde Park B92 His Tyr
Possuem baixa afinidade ao O2
Caracteriza-se por o ferro do heme se encontrar no estado férrico (+++) e não no
ferroso (++)
Causam cianose.
Devido à metahemoglobina ser um pigmento castanho o sangue fica castanho. (Hb
M)
Estabilidade Diminuída
Neste caso há desnaturação e criação dos corpusculos de Heinz. Os eritrocitos são
destruídos no baço.
(Hb Koln B 98 Val Met)
Solubilidade diminuída
Neste caso dá-se precipitação da hemoglobina anormal formando agregados
insolúveis, que alteram a forma do eritrocito. A presença de hemoglobina A e F
possuem um efeito protector contra esse facto. (Hb S, Hb C e Hb E)
α226Glu->Lys
Heterozigótico não tem tradução clínica
Homozigótico provoca uma anemia hemolítica crónica
Episódios de dor abdominal e articular
Surgem dianocitos e eritrocitos pequenos distorcidos.
Em solução hipertónica nos esfregaços do sangue podemos ver cristais de Hemoglobina C.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Hemoglobina S
Inicialmente faz se um hemograma e observa-se isto:
Presença de anisocitose eritrocitária
Teste do detionito
Reticulócitos
Tal como podemos observar, a hemoglobina C forma cristais retangulares. Além disso, outra
característica das hemoglobinopatias S e C (hemoglobinopatias) é a presença de target cells.
ainda existirS a hemoglobina SC,Hemoglobina
PodeHemoglobina que aconteceC quando um dos progenitores
Hemoglobina SC
apresenta
hemoglobina S e ou outro a hemoglobina C
Teste da falciformação: Uma gota de sangue e duas gotas de solução de metadissulfito de sódio
microscópio observar
Teste do Ditionito
Neste teste, é necessário uma solução de alta molaridade e um composto que promova a lise
dos eritrócitos, sendo este a saponina. A saponina dissolve os lípidos da membrana
eritrocitária, rompendo a membrana e libertando a hemoglobina. Para além disso, utiliza-se
ainda neste teste um agente redutor, o ditionito de sódio, que irá retirar o oxigénio existente
em solução. Caso exista hemoglobina S na solução, devido à ausência de oxigénio, esta irá
polimerizar, formando pseudocristais ou cristais cristaloides, turvando, assim, a solução.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Anel constituído
pela hemoglobina S
Hemoglobina A, que
que é insolúvel
S/S A/S se dissolve
Individuo homozigótico Individuo heterozigótico completamente
Só foi possível fazer esta separação de fases pois a solução é de alta molaridade.
Ou seja, através do teste de Ditionito é possível ter uma noção se o individuo e hétero ou
homozigótico sem fazer o teste definitivo, a eletroforese das hemoglobinas
Este tubo pode aparecer caso não exista hemoglobina S ou caso não se
coloque o ditionito de sódio uma vez que a hemoglobina S na presença de
oxigénio não se polimeriza, parecendo a hemoglobina S
Quer o teste da falciformação, quer o teste de ditionito são testes de rastreio, sendo o teste
definitivo a eletroforese de hemoglobinas.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
α-talassemias
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Corina Luchian e Iara Fortunato
H.
(1) níveis de Hemoglobina de Bart’s apenas detetado no recém-nascido (2) Inclusões (corpos de Heinz)
-talassemia
Classificação
A -talassemia é uma doença causada pelo défice da produção das cadeias de globina. Existe
duas variantes:
A diminuição da síntese das cadeias beta leva ao excesso de cadeias alfa que
precipitam/impedem a maturação dos eritroblastos. Assim, a diminuição das
cadeias beta provoca um aumento compensador das cadeias delta (HbA 2) ou
gama (HbF).
As cadeias alfa têm uma grande preferência pelas cadeias beta, esgotando todas estas
cadeias, sobrando poucas cadeias alfa para se juntar as cadeias gama e delta. Isto é o que
acontece em situações de produção normal das cadeias beta.
Se o nível de produção de cadeias beta for comprometido, haverá cadeias alfa em
excesso. As cadeias alfa, por sua vez, vão esgotar a totalidade das cadeias gama e delta,
produzindo deste modo hemoglobinas A2 e F – subida de HbA2 e HbF.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Portador silencioso: sem qualquer expressão clínica, sendo descoberto em estudos familiares
1. História Clínica
2. Hemograma
Anemia microcítica e hipocrómica; o RBC pode estar normal ou elevado; MCV muito reduzido,
fazendo diagnóstico diferencial com anemia ferropénica; RDW normal, exceto na β-Tal Major
em que está elevado devido à acentuada anisocitose.
3. Reticulócitos
Elevados devido à resposta medular à hemólise, podendo acontecer também nos portadores.
Quando baixos deve-se a uma eritropoiese ineficaz ou aplasia eritroide secundária a infeção a
parvovirus.
4. Química Clínica
O que nos interessa da química clínica são essencialmente o ferro sérico, importante para o
diagnóstico diferencial com anemia ferropénica que também é microcítica e hipocrómica, a
bilirrubina direta e indireta e o LDH, apresentando os dois últimos sempre valores
aumentados.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Separação das hemoglobinas e o seu doseamento para fazer diagnóstico diferencial entre a
minor e a major. Pode, portanto, ser feita eletroforese das Hb Cromatografia de troca iónica
em microcoluna, doseamento da HbA2 e cromatografia HPLC.
7. Mielogramas
8. Estudos das cadeias de globina – determina a razão entre as cadeias de globina (técnica
com radioisótopos)
9. Microscópio ótico - nos pacientes não tratados, há hipercelularidade com marcada
hiperplasia eritroide, dependendo da alteração genética
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Corina Luchian e Iara Fortunato
O doseamento da HbF pode ser feito através do teste de Kleihauer (da eluição ácida da
HbF) ou através do método de Betker modificado (desnaturação alcalina)
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Hb Fetal é muito mais resistente do que a HbA1 à desnaturação em meio alcalino. É de se realçar
que a Hb Barts, HbJ e Hb Rainer são ligeiramente resistentes
Portugal
Traço β-Talassémico α-Talassemia
É muito frequente no pais, sendo o seu despiste A sua frequência é menor relativamente ao traço.
facilitado pela análise do hemograma, Com a ajuda da biologia molecular estudam-se
nomeadamente dos seguintes parâmetros: VGM, famílias heterozigóticas para alfa-talassémia (com
MCH, RDW; ESP. Apesar disso, o diagnóstico microcitose e hipocromia, casos até então por
definitivo faz-se através de uma eletroforese das esclarecer).
hemoglobinas e doseamento das frações da
hemoglobina
Esferocitose Hereditária
Diagnose das anemias inclui história médica, história
familiar, exame físico e testes laboratoriais como o CBC,
contagem de reticulócitos e índice hemateméticos.
Inclui mean platelet volume, reticulócitos e red cell indicies (MCV, MCH, MCHC, RDW)
A esferocitose hereditária é uma das anemias hemolíticas hereditárias mais comuns depois das
hemoglobinopatias e da deficiência de G-6-PD, sendo também chamada de doença de
Minkowski-Chauffard. Os pacientes são, na sua maioria, ingleses, tendo uma distribuição
global, com incidência mais elevada no noroeste europeu. É das anemias hereditárias mais
frequentes nos caucasianos com uma prevalência muito variável entre as populações (1:500 a
1:1000 no Brasil, a 1:5000 no norte da Europa).
É uma doença autossómica dominante em 75% dos casos, levando a fragilidade osmótica da
célula. Casos de homozigotia são incompatíveis com a vida, já o estado autossómico
dominante leva a expressão nos heterozigóticos. EH autossómica recessiva raramente ocorre.
Vários casos são frequentemente encontrados na mesma família. Em 25% dos casos da EH,
ambos os pais não estão afetados o que pode ser resultante de uma mutação espontânea, da
forma recessiva da doença ou de uma reduzida penetração do gene dominante.
Esta pode, portanto, ser dividida em dois grupos: hereditária e adquirida, sendo uma condição
caracterizada pelo facto de ter maioritariamente esferócitos no sangue. A prevalência da
esferocitose em Portugal incide sobre a região Norte, sobretudo na cidade do Porto. Isto
acontece porque houve várias famílias inglesas que se instalaram nessa cidade e a prevalência
da condição nestes é muito elevada.
Esta doença é uma anemia hemolítica caracterizada por microesferócitos que resulta de
alterações quantitativas e/ou qualitativas das proteínas da membrana do eritrócito.
Cerca de 30 a 60% dos casos de EH é por defeito na anquirina, que é uma proteína específica
da membrana eritrocitária (semipermeável), que mantém a estrutura da membrana estável,
sendo, assim, uma das proteínas de “solda” da membrana plasmática, dando suporte ao
citoesqueleto da hemácia. Quando há défice desta proteína, sobretudo pela deleção do gene
no cromossoma 8, a membrana eritrocitária deixa de ser funcional. Para além desta proteína,
como causas de EH também podemos ter:
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Corina Luchian e Iara Fortunato
O aumento do metabolismo dos pigmentos biliares (ex.: bilirrubina) devido ao alto grau de
hemólise, pode causar "pedras" na vesícula, ou colelitíase. Embora seja rara complicações
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Para além disso, a retenção dos glóbulos anormais pelo baço provoca uma esplenomegália. No
caso da doença mais severa, o tempo médio de vida dos esferócitos é de cerca de 20 dias, o
que implica que o paciente esteja sempre em permanente anemia. Posto isto, pode chegar-se
a conclusão que o baço acaba por tirar o tempo média de vida, havendo, assim, uma resposta
favorável à esplenectomia. Esta produz cura satisfatória dos sintomas do paciente, uma vez
que a produção aumentada de eritrócitos pela medula óssea pode compensar a presença de
esferócitos, cuja sobrevida é menor que a dos eritrócitos normais.
Fatores de agravamento
◦ Condições de “stress” tais como infeções graves ou gravidez
◦ Crise aplástica decorrente de parvovirose
A gravidade do curso clínico da doença é variável, sendo tipicamente mais intensa nas crianças
e jovens, na forma recessiva e autossómica. Geralmente a EH manifesta-se antes dos 10 anos
de idade, mas em muitos casos pode não se manifestar até a fase adulta.
Investigação laboratorial
Hemograma: anemia normocitica “hipercrómica” Valor alto das constantes eritrocitárias MCH e
MCHC (há casos não anémicos descritos)
Prova da Autohemólise
As células são incubadas com o próprio plasma durante 48H, com e sem glucose medição
do grau de hemólise
No caso da esferocitose hereditária a hemólise está aumentada, sendo
menor da presença de glucose
Teste da fragilidade osmótica
H2O H2O
Osmose: entrada e saída de água da célula sem gasto de energia. O movimento será feito do
meio hipotónico para o meio hipertónico. Como a membrana dos eritrócitos é semipermeável,
o GV vai tentar igualar as concentrações recebendo água do meio hipotónico. Como um
eritrócito normal é bicôncavo tem a capacidade para se ir dilatando à medida que recebe água,
porém o mesmo não acontece com os esferócitos. Este últimos não apresentam essa
biconcavidade, pelo que irão ser lisados mais rapidamente.
Irão ser usados vários tubos contendo o mesmo volume de NaCl (5 mL) com diferentes
concentrações e a mesma quantidade de sangue total heparinizado (50 microlitros), que
devem ser homogeneizados e deixados durante 30 minutos para que ocorra a osmose e a
consequente lise (caso aplicável). Ao fim destes 30 minutos, os tubos são centrifugados. A
centrifugação serve para eliminar as hemácias que não sofreram lise e os restos celulares.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
O último tubo terá que ter 0% de NaCl, onde se garante que a % de hemólise é de 100%. No
primeiro, com 1% de NaCl, pode-se garantir, portanto, que há 0% de hemólise.
Imaginando que se parte de um frasco com 1% de NaCl – terá que se fazer diluições
diferentes para os diferentes tubos, diluições essas feitas com água destilada
Este indivíduo apresenta EH, uma vez que se pode verificar lise dos
eritrócitos mesmo no soro fisiológico (NaCl 0,85%) – fragilidade
osmótica aumentada e, portanto, a resistência osmótica diminuída
A técnica descrita acima é da fragilidade osmótica imediata, porém deve-se fazer sempre a de
24 h uma vez que com esta última conseguimos ter uma amplificação dos resultados.
Normalmente é feita uma fragilidade osmótica imediata e outra após 24h com incubação a 37ºC. Esta última
determina o diagnóstico mais corretamente. O anticoagulante usado para a fragilidade osmótica é a heparina de
lítio ou de potássio, mas mais frequentemente o primeiro. Ter em atenção que quando se há suspeita de
esferocitose hereditária, a colheita de sangue deve ser feita para três tubos, dois com heparina de lítio/potássio
para a fragilidade osmótica e outro para o hemograma.
41
Corina Luchian e Iara Fortunato
Perguntas…
4. Qual é o prazo para o teste após a colheita de sangue para o paciente e o controlo?
R: O teste deve ser realizado dentro de 2 horas após a colheita da amostra
R: Não se pode concluir nada acerca destes resultado. O teste deve ser repetido porque os
resultados do controlo não estão dentro da faixa normal para hemólise inicial e completa.
Os glóbulos vermelhos não devem lisar em solução salina isotónica (0,85%). Muitos fatores
afetam este teste, incluindo pH, temperatura e erros técnicos, como diluições imprecisas.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
R: Dado que o controlo está dentro do intervalo normal, podemos dizer que a fragilidade
osmótica do paciente B está aumentada.
b.1) Enumere duas patologias eritrocitárias ou condições que estão de acordo com estes
resultados
R: Esferocitose hereditária, estomatocitose hereditária
c.1) Enumere duas patologias eritrocitárias ou condições que estão de acordo com estes
resultados
R: Distúrbios que tenham a presença de target cells, assim como as Hg S ou C e talassémias
Tratamento
1. Solução tampão de stock de cloreto de sódio constituída por 180g de NaCl, 27.31g de
Na2HPO4 e de 4,86g de Na2H2PO4.2H2O diluídos até 2000ml com água destilada. Esta
solução é estável durante vários meses a temperatura ambiente
2. Solução tampão de cloreto de sódio a 1% que pode ser feita adicionando 180 ml água
destilada a 20 ml de solução tampão de cloreto de sódio de stock a 10%
Anemia Ferropénica
Anemias importantes para a nossa população: drepanocitose e talassemia
(hemoglobinopatias), esferocitose hereditária, anemia ferropénica, anemia megaloblástica,
deficiência em glucose-6-fosfato e em piruvato kinase (doenças de perturbação enzimática).
Nesta aula será falado da anemia ferropénica, que se apresenta como uma anemia microfítica
e hipocrómica, podendo esta ser confundida com as talassemias.
Introdução
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Corina Luchian e Iara Fortunato
O ferro é um mineral vital para a homeostase celular, contudo, é um elemento com atividades
paradoxais, dado que é essencial a diversas reações orgânicas (síntese de hemoglobina (Hb),
reações oxidação-redução e proliferação celular), porém, este também é potencialmente
tóxico ao reagir com o oxigénio, uma vez que forma radicais livres que lesionam as células.
O principal papel do ferro nos mamíferos é o transporte de oxigénio (O 2), fazendo parte da
hemoglobina. A quantidade total de ferro no organismo é cerca de 3 a 4 g, sendo que 2/3 do
ferro encontra ligada à hemoglobina. O restante encontra-se armazenado, em ferritina e
hemossiderina, e em circulação, sendo que neste caso, o ferro encontra-se ligado à
transferrina (Tf - glicoproteína de transporte)
Metabolismo do ferro
Existem duas fontes principais de ferro: a dieta e a reciclagem de hemácias senescentes, sendo
que o ferro é absorvido no intestino.
Numa dieta normal, a quantidade de ferro consumida é de 13 a 18 mg, sendo que são
absorvidos pelo epitélio duodenal cerca de 1 a 2mg por dia. Esta absorção é favorecida pela
acidez e a presença de agentes solubilizantes (açúcares) e é inibida pela diminuição da acidez
gástrica (antiácidos, bloqueadores H2, inibidores da bomba de protões), pela infeção por
Helicobacter pylori, pela ingestão de taninos (chá), por polifenóis (café, chás de ervas e bebidas
de cacau ingeridos 1 hora antes da refeição), por fitatos (leguminosas, grãos, arroz) e por cálcio
e fosfato.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Por outro lado, a proteína da hemocromatose (HFE) regula a absorção intestinal do ferro,
sendo que esta interage com o recetor da transferrina (TfR) e deteta o seu grau de saturação,
conseguindo, deste modo, sinalizar o enterócito se existe uma pequena ou elevada
necessidade de absorção do ferro no lúmen intestinal.
Caso um indivíduo apresente uma mutação no gene da HFE, este terá hemocromatose. Esta
doença é caracterizada pela acumulação de ferro no organismo, decorrente da contínua
absorção do ferro pelo intestino.
A transferrina transporta o ferro no plasma, solubilizando-o, o que facilita a sua libertação para
as células. Para além disso, a transferrina plasmática transporta até 12 mg de ferro, sendo que
30% está saturada com o ferro.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Armazenamento do ferro
O ferro fica armazenado nas células reticulo-endoteliais do fígado, baço e medula óssea, sob as
formas de ferritina e hemossiderina.
A ferritina é uma proteína citoplasmática que tem capacidade de armazenar até 4500 átomos
de ferro na forma de hidroxifosfato férrico na sua concha esférica. Além disso, ao contrário da
hemossiderina, este armazena os átomos de forma solúvel não permitindo a formação de
agregados tóxicos.
A hepcidina é um peptídeo circulante rico em cisteína, que atua como regulador negativo do
metabolismo do ferro, sendo a sua produção hepática é estimulada em situações de excesso
de ferro e na inflamação. Deste modo, este peptídeo inibe a absorção intestinal de ferro e a
libertação de ferro pelas células reticulo-endoteliais, sendo que:
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Ciclo do ferro
Ao fim de 120 dias de vida do glóbulo vermelho (eritrócito senescente), este será fagocitado
por um macrófago. No interior do macrófago, o ferro que se encontrava na hemoglobina será
transformado em ferritina, sendo que esta poderá seguir dois caminhos:
Esta, por sua vez pode voltar a entrar dentro de um precursor de eritrócitos.
Uma vez que volta a transformar-se em transferrina.
Um Homem saudável com 75kg apresenta: Caso os depósitos de ferro sejam de 0 mg:
1000 mg de depósitos de ferro A quantidade de ferro nos tecidos
500 mg de ferro nos tecidos permanecerá igual (500 mg), contudo, a
2300 mg de ferro nos glóbulos quantidade de ferro nos glóbulos vermelho
vermelhos diminuirá para 1500 mg, havendo um
Sendo que destes, 3 mg são renovados aumento da absorção (2-10 mg por dia),
através da absorção e da excreção, que, em sendo eu a excreção só altera dependendo
ambos os casos, pode ser < 1 a 2 mg por dia. da causa.
Conceito de anemia
Epidemiologia
Na atualidade, este tipo de anemia aumentou devido à introdução de novos hábitos na dieta
alimentar e de medicamentos que diminuem o pH gástrico, fazendo com que a anemia
ferropénica não seja tão infrequente quanto seria de desejar nos países desenvolvidos,
principalmente entre adolescentes e adultos jovens.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Além disso, existem alguns fatores fisiológicos e demográficos que predispõem à deficiência de
ferro, dos quais:
A anemia por deficiência de ferro é raramente uma causa direta de morte, sendo que uma
anemia ferropénica moderada ou severa pode provocar:
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Por outro lado, as crianças com deficiência de ferro podem exibir distúrbios comportamentais,
como défice de atenção, desempenho escolar reduzido, menor quociente de inteligência (QI) e
baixa taxa de crescimento, sendo que nos lactentes, pode estar comprometido o
desenvolvimento neurológico.
Inicialmente assintomático
Dores de cabeça
Palidez
Parestesias periféricas (formigueiro nas mãos e nos pés)
Fadiga
Glossite atrófica
Pica (vontade de comer gelo)
Suscetibilidade às infeções
Incapacidade para a concentração
Irritabilidade
Dores de causa neurológica
Unhas características (quebradiças, com estrias, a descamar)
Esófago raiado
Pálpebra descorada
Taquicardia (numa fase mais avançada)
Hemograma
Os níveis de hemoglobina das anemias ferroprivas mais graves chegam a valores baixíssimos,
na ordem dos 6 g/dL.
Estas pessoas apresentam normalmente um VGM inferior a 80 fL (76 fL), sendo que o VGM cai
proporcionalmente à queda de hemoglobina.
Nas -talassemias minor existe um VGM exageradamente baixo para um nível de hemoglobina
levemente diminuído (10 e 12g/dL).
A diferença entre ambas é que o metabolismo do ferro nas anemias ferropénicas é baixo e nas
-talassemias encontra-se normal.
Porque existe a ausência de ferro, sendo o ferro importante para constituir a hemoglobina.
Sem ferro não existe hemoglobina, logo existem glóbulos mais pequenos, com pouco
conteúdo hemoglobinico, ficando estes completamente descorados.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
3. RDW
No início da anemia é superior a 14,5 podendo atingir os 20% há anisocitose visível, ou seja,
existe muita diferença entre os tamanhos dos glóbulos. Contudo, se a anemia se instalar por
completo, o RDW será normal, pois os glóbulos ficaram todos microcíticos e hipocrómicos.
Por outro lado, existem inúmeras fórmulas matemáticas obtidas a partir de dados do
eritrograma automatizado que podem ser utilizadas para diferenciação entre a -talassemia
minor e a anemia ferropriva.
• VGM/RBC mm3)
resultado acima de 13 é sugestivo de anemia ferropriva. - RBC - 3.4*
Caso seja inferior a 13 é sugestivo de B-talassemia-minor.
• O hemograma vai documentar a gravidade da anemia.
• Na anemia ferropénica crónica os índices celulares mostram uma eritropoiese
microcítica e hipocrómica
* significa que estamos perante um método automático. Utilizamos 8.4 para métodos
manuais.
Em suma…
Se a contagem eritrocitária é obtida após uma perda sanguínea aguda, os índices celulares
não entram numa faixa anormal até que a maioria dos eritrócitos produzidos antes da
hemorragia sejam destruídos após completarem o seu tempo de vida (120 dias). Assim
sendo, após 120 dias os eritrócitos normais são substituídos por reticulócitos e, antes desse
período, encontra-se uma população dimórfica de eritrócitos com células normocíticas
produzidas antes da hemorragia e células microcíticas formadas depois da hemorragia. Isto
reflete-se no aumento do RDW (red blood cell distribution width) que é um índice que
indica a anisocitose (variação de tamanho) dos eritrócitos representando a percentagem de
variação dos volumes obtidos. Na anemia ferropénica este índice é normalmente superior a
14,5%.
4. Contagem leucocitária
5. Contagem plaquetária
Teremos uma contagem elevada, ou seja, superior ou igual a 450,000/μl. Esta ocorre como
resposta fisiológica a uma hemorragia crónica, sendo que normaliza com a terapia de
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Corina Luchian e Iara Fortunato
reposição de ferro. Um exemplo são as hemorroidas, que causam uma perca gradual de
sangue levando a uma anemia ferropénica.
Sangue periférico
Anemia normocítica ou levemente microcítica no início, porém com anisocitose precoce. Por
outro lado, é uma anemia tradicionalmente microcítica e hipocrómica, apresentando um
aumento do grau de anisocitose e poiquilócitose (formas), isto no início da doença, uma vez
que, por mais que o armazenamento de ferro acabe, os eritrócitos normais, ao possuir um
tempo de vida de 120 dias, conseguem ainda existir nesse intervalo de tempo.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Pode dar erros na contagem das plaquetas, ou seja, contar menos plaquetas do que
realmente existem. Deste modo, teremos uma contagem de plaquetas diminuída, porque
os agregados serão contados como uma plaqueta gigante.
Como se observa?
Estes são visíveis a olho nu, mas não no tubo, assim, é necessário colocar o sangue presente
no tudo dentro de uma caixa de petri e observa-se para ver se se encontra grumos
pequenos (microcoágulos)
Como não existe forma de dissolver os coágulos, deita-se a amostra para o lixo e realiza-se
uma nova colheita de amostra.
Isto pode acontecer pois existe pessoas que tem anticorpos anti-EDTA. Desta forma, para
estes indivíduos é necessário utilizar outro anticoagulante: o Citrato de Sódio, podendo ser
quer o da coagulação (1:10), quer o da velocidade de sedimentação (1:5). Neste caso, é
necessário acertar as contas no final devido à diluição que o anticoagulante apresenta.
Os depósitos de ferro encontram-se na medula óssea, sendo que, em última instância (quando
se tem dúvidas), o teste definitivo para a anemia ferropénica é um aspirado de medula óssea,
para se observar como se encontram os depósitos de ferro na mesma, através da coloração de
Perls. Caso se observasse a ausência de ferro corável na medula óssea através desta coloração,
poderíamos estabelecer o diagnóstico de deficiência de ferro sem necessidade de outros
exames laboratoriais. Contudo, este método é muito agressivo e francamente invasivo, dado
que obriga a uma punção medular e uma aspiração no esterno ou no ilíaco, sendo, por isso,
não indicado na suspeita de anemia ferropénica não complicada.
Uma medula óssea deficiente em ferro vai surgir hiperplásica precocemente na doença,
causando uma razão mielóide/eritróide (M:E) diminuída devido à eritropoiese aumentada. Por
outro lado, à medida que a anemia avança, surgirá um atraso na produção de hemácias,
invertendo-se a razão. Deste modo, na anemia ferropénica irá aparecer:
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Estes valores incluem a maioria dos casos de ferropenia, mas pode existir deficiência com
valores dentro da normalidade. No entanto, os níveis de ferritina podem estar aumentados
nos idosos, em pacientes com inflamação aguda ou crónica, na insuficiência renal ou hepática
e em doenças malignas.
2. Ferro sérico
Porém, este parâmetro de forma isolada tem pouco valor, visto que se encontra diminuído
também na anemia das doenças crónicas.
Este parâmetro mede a capacidade que a transferrina tem em ligar-se ao ferro, sendo que
estamos perante uma anemia ferropénica se a capacidade total de ligação do ferro for
superior a 450 μg/dl. Isto acontece uma vez que existe uma tentativa de aproveitamento de
todo o ferro disponível no organismo.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Em suma…
Apesar de ser sensível e não ser afetado pela inflamação como a ferritina sérica, este teste não
está amplamente disponível e a falta de estandardização impede a sua aplicabilidade clínica.
Este teste tem boa sensibilidade, mas a sua especificidade pode estar limitada pois a
protoporfirina de zinco também se encontra aumenta no contexto de inflamação,
envenenamento por chumbo, anemia das doenças crónicas e hemoglobinopatias
Este teste reflete a quantidade de ferro disponível para a medula óssea incorporar nos
eritrócitos recém-formados. Baseado no mesmo conceito, outro marcador da quantidade de
ferro é a percentagem de eritrócitos hipocrómicos. Ambos os
testes são úteis no diagnóstico de anemia ferropénica na
presença de inflamação e anemia das doenças crónicas
Diagnostico diferencial
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Teste especiais: Protoporfirinas e coloração de Perls Uma das principais causas da anemia ferropénica
(que tem ferrocianeto de potássio e ácido clorídrico) é a diminuição do aporte alimentar de ferro,
sendo este um problema do fast-food.
Anemia microcítica
(VGM <80)
*Ao começar a desconfiar de talassemias
faz-se o doseamento das hemoglobinas e
a eletroforese das hemoglobinas
Ferritina sérica
Anemia de doença crónica, ferropenia (considerar Talassemias*, hemoglobinopatias Talassemias, anemia sideroblástica
Examinação do FBC e do esfregaço de sangue periférico
situações que aumentam a ferritina) (S, C, D, E) (congénita/adquirida)
A B
Na B, pois já existe a presença de células normais, uma vez que já se começou a administrar a
terapêutica com ferro.
Vs
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Índice de Mentzer
Terapêutica marcial
Resposta
A terapêutica, habitualmente, são doses orais, na ordem dos 200-900 mg/d, de sulfato ferroso
ou gluconato ferroso, tendo como contra-indicações:
Fraca
Antiácidos inibidores de protões (exemplo: Omeprazol)
absorção
Tetraciclinas
Não pode ser tomado ao mesmo tempo com a
Vitamina E
terapêutica, uma vez que a terapêutica requer meio
ácido para absorção.
A correção da anemia requer 2-3 meses, por causa do tempo de vida dos eritrócitos
microcíticos e hipocrómicos (120 dias). Só passado este tempo é que conseguimos observar o
efeito da terapêutica. Contudo, após a correção da anemia é necessário 6 meses de
terapêutica marcial para repor os depósitos por completo (assumindo que não há mais percas
de sangue).
Leucograma
Avaliação leucocitária
Valores de referência
Cada pessoa tem o seu valor
3600 a 11000 /ul
Total de leucócitos normal, mantendo-se
(5000 a 10000/ul)
constante.
Absolutos
Relativos (%)
(Cél./micL)
Neutrófilos 1.500 a 7.000 40 a 70 Varia com a idade havendo
Linfócitos 1.000 a 4.000 20 a 50 predomínio de linfócitos na
Monócitos 100 a 1.000 2 a 10
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Corina Luchian e Iara Fortunato
O valor percentual da fórmula leucocitária não é um valor que se deve considerar para a
normalidade, dado que podemos ter valores relativos normais e uma quantidade total de
leucócitos total diminuída. Deste modo, o valor relativo só é valorizado quando o número total
de leucócitos se encontrar dentro dos valores de referência.
Leucocitose vs Leucopénia
Está associada a uma das populações, sendo que pode dever-se a uma
patologia/leucocitose benigna (resposta a uma doença) ou uma patologia/leucocitose
maligna.
Exemplos: Exemplo: Linfoma e leucemia
Bactérias aumentam os neutrófilos
Patologia Benigna
Eritropoiese e granulopoiese
(falta plaquetas, monócitos)
Serie mieloide
Neutrófilos
1. Neutrofilia
valores de referência
valor normal do doente
Doenças infeciosas
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Endocardite infeciosa
Meningites
Bacterianas (Meningococo) – neutrofilia com desvio esquerdo
Virais – Pode não ocorrer neutrofilia
Meningites
60
Corina Luchian e Iara Fortunato
Em suma…
2. Neutropénia
Na neutropenia é mais complicado entender o que se passa, uma vez que a esta está mais
ligada à subida dos linfócitos. Contudo, a neutropenia consiste na diminuição do número
absoluto de neutrófilos (< 1500), sendo que em situações com um número absoluto inferior a
1000 costuma corresponder doenças hematológicas.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Linfócitos
Diferenciação:
Linfócitos B
(5 a 20%) CD19+
Ovo estrelado
Cometa Halley (linfócito rodeado na imagem): possui o núcleo num dos lados da
célula, parecendo um plasmócito.
A de tipo III é maior e não parece um ovo, apresentando um núcleo mais retangular
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Eosinófilo
1. Eosinofilia (>200)
Nota:
Monócitos
A monocitose pode ser causada por uma endocardite subaguda (30 a 40% dos casos), sendo
que apresenta um número absoluto de monócitos superior a 2000, por tuberculose e
brucelose.
2. Monocitopénia
A monocitopénia pode ser causada devido a uma anemia aplástica, contudo, esta situação é
incomum acontecer.
Basófilos
1. Basofilia
2. Basopénia
Leucemia
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Definição
A leucemia mielóide crónica (LMC) é uma proliferação clonal, com origem numa célula mãe
pluripotencial comum às três series hematopoiéticas. Nesta leucemia existe a presença do
cromossoma Ph (Filadélfia) considerado como o marcador citogenético desta doença.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
A leucemia linfática crónica (LLC) é uma enfermidade própria do ancião, com certo predomínio
do homem sobre a mulher, que se caracteriza pela proliferação clonal maligna de linfócitos B
maduros. Além disso, esta é a mais frequente em pacientes adultos nos países ocidentais.
Síndromes Mieloproliferativos
Síndromes Mielodisplásicos
Doenças Mielodisplásicas/mieloproliferativas
Etiologia
Podem ser causadas por um acidente fortuito, por predisposição genética, por interferência de
retrovírus (infeções virais), pela ação de drogas anti-blásticas/drogas quimiterápicas, doenças
neoplásicas ou pela exposição a radiações ionizantes (irradiação).
Epidemiologia
Existe, aproximadamente cerca de 31.500 casos por ano nos Estados Unidos da América,
sendo que existe uma relação de 1.28/1 (H/M) entre o homem e a mulher. Além disso, existem
32% de casos de Leucemia Mielóide Aguda, 26% de casos de Leucemia Linfóide Crónica, 15%
de casos de Leucemia Mielóide Crónica, 11% de Leucemia Linfóide Aguda e 16% de casos não
classificados.
Características
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Corina Luchian e Iara Fortunato
66
Corina Luchian e Iara Fortunato
Mas como é que com uma contagem tão elevada de leucócitos se morre de infeções,
quando à partida as defesas estão elevadas?
Como eles são imaturos, não executam a tarefa em condições.
O que é pior? A aguda ou a crónica? A aguda. Na crónica existe uma maior sobrevida,
sendo que normalmente as crónicas terminam nas agudas.
Qual das leucemias, aguda ou crónica, se descobre mais rapidamente num laboratório?
Aguda.
E qual delas é que o doente se encontra sem sintomas e a leucemia é descoberta num
exame de rotina? Crónica, esta é descoberta normalmente me exames de rotina, sendo
que esta tem como perigo transformar-se numa leucemia aguda.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Para se fazer a estimativa de leucócitos costuma-se contar com uma objetiva de 40, contudo, neste
caso, é possível contar cerca de 20, num campo com uma objetiva de 100, assim:
20*3 = 60 células num campo de 40 (multiplicamos por 3 dado que de uma objetiva de 100 para uma
de 40 é como se triplicássemos o campo)
60*3000 = 180 000 glóbulos/uL (para a estimativa multiplica-se por 2000 ou 3000)
Típica de uma leucemia aguda. Estes indivíduos podem morrer de um momento para o
outro de uma infeção, dado que estas células não são funcionais.
Logo como se chega a conclusão que é uma leucemia mieloide ou linfoide aguda? Através de
uma coloração especifica.
Estes dois tipos de colorações têm três componentes: sensibilidade (à mínima parcela de
substância química ou enzimática, estas colorações conseguem contar), especificidade (é
exatamente contra o alvo desejado, o alvo químico ou enzimático) e reprodutibilidade (é
reprodutível, ou seja, obtemos os mesmo resultados se aplicarmos a mesma coloração à
mesma amostra)
Fixação, habitualmente feita com metanol ou formol, podendo ser também feita com
etanol (não tão comum)
Reação, pode ser de dupla natureza: química ou enzimática, sendo que produz sempre
cor, sendo que esta estará nos grânulos ou citoplasma das células, mas nunca no
núcleo, porque o núcleo irá corar sempre da cor que a contra coloração
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Colorações Citoquímicas
Estas colorações são a aplicação de corantes às células do sangue e medula óssea, de maneira
a refletir sua composição sem modificar apreciavelmente sua morfologia, sendo que estas são
auxiliares diagnósticos importantes em leucemias e noutras doenças hematológicas.
O princípio destas colorações consiste numa reação entre a substância química em estudo e o
reagente para da coloração a realizar, formando um composto insolúvel que se irá depositar
no citoplasma das células.
Perls
O único caso que não se utiliza o metanol como fixador é nos lípidos, dado que o metanol
tem a capacidade de dissolver os lípidos.
Perls
O ferro é transportado no sangue periférico pela ação da transferrina, uma -globina. Esta, ao
chegar á medula óssea, vai ligar-se aos recetores presentes nas membranas dos eritroblastos,
libertando o ferro para o interior do seu citoplasma. Este poder-se-á ligar ao grupo Heme, para
formar a hemoglobina (mitocôndria), ou armazenar-se sob a forma de ferritina que,
posteriormente, transformar-se-á em hemossiderina, ficando armazenado sob a forma de
ferro férrico.
Assim, através desta coloração, o ferro férrico, que, anteriormente, foi separados das
proteínas presentes no local de armazenamento, reage com o ferrocianeto de potássio
produzindo um composto azul esverdeado, que se depositará sob esses depósitos de ferro.
Reagentes
69
Corina Luchian e Iara Fortunato
Ácido clorídrico (HCl): desnatura as proteínas, permitindo a libertação do ferro férrico destas.
Metanol: fixador
Safranina: contra-coloração
Interpretação
Siderocitos
Intracelular Sideroblastos
Macrófagos
Artefactos
Extracelular
Rotura de macrófagos
Encontra-se:
Ausente
Ferro na medula óssea
Normal
Aumentado
Pequenas
Tamanho das partículas
Grandes
Tipo:
I
Distribuição dos grânulos
II
III
Sudão Negro B
Além disso, comparando o conteúdo lipídico dos eritrócitos, os leucócitos são muito mais ricos
em glicolípidos (400:1).
70
Corina Luchian e Iara Fortunato
Por outro lado, os leucócitos leucémicos, têm um teor de fosfolipídios mais elevado do que o
dos linfócitos normais.
Fundamento
Em suma…
Pas
2º etapa
Os dialdeídos formados são demonstrados usando-se o reagente de Schiff, que é o corante
fucsina básica.
A cor produzida varia entre o púrpura e o magenta, nos sítios onde se localizam
carboidratos oxidáveis (mono-, oligo- e polissacarídeos, glico- e mucoproteínas).
Resultado
71
Corina Luchian e Iara Fortunato
Além disso, as células blásticas granulocíticas quase não possuem glicogénio, sendo que é a
partir do promielócito, que o teor de glicogénio se torna evidente, demonstrável pelo PAS.
Descrição
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Corina Luchian e Iara Fortunato
A reação de PAS pode ser útil no diagnóstico de alguns casos de leucemia linfoblástica aguda e
alguns subtipos de leucemia mielóide aguda.
Colorações citoenzimáticas
Enzima Substrato
Enzima Substrato
H2O
Neste caso, temos que fornecer á célula substrato para reagir com o enzima que se encontra
na célula, formando o complexo enzima-substrato. De seguida, o enzima atua sobre o
substrato (hidrolisa) de forma a que este liberte uma molécula de água, deste modo o enzima
denomina-se de hidrólase (estas fazem com que os substratos percam uma molécula de agua e
dividam-se em dois subprodutos). Esta reção é sempre dependente do pH e da temperatura.
Fundamento
Deste modo, enzima irá hidrolisar o α-naftilfosfato de sódio (substrato), havendo libertação de
uma molécula de água e a formação de dois produtos: o naftol e o fosfato de sódio, contudo,
nenhum que nenhum destes produtos apresenta cor. Assim, deste modo, o Naftol irá juntar-se
a um composto diazóico (composto cromogénico), formando um produto insolúvel colorido
que irá precipitar na célula, no local da atividade enzimática.
Possíveis compostos diazóicos: Fast Blue BB, Azul de variamine, Naftol AS-Mx-fosfato
Interpretação
73
Corina Luchian e Iara Fortunato
Resultados
Fosfatase ácida
Fundamento
Resultados
Descrição
74
Corina Luchian e Iara Fortunato
A fosfotase ácida pode hidrolisar uma variedade de anilidas hidroxinaftóicos, libertando naftóis
insolúveis que eficientemente se juntam a sais diazóicos em pH ácido. O produto resultante
forma um precipitado colorido e oferece uma boa localização microscópica do enzima.
Mieloperoxidase
Fundamento
Positiva Negativa
Série granulocítica neutrofílica e eosinofílica: a partir
do estadio de promielócitos até as formas Eritrócitos;
segmentadas Presença de reação discreta em Linfócitos;
mieloblastos Megacariócitos;
Série granulocítica basofílica: reatividade até o estadio Basófilos maduros: reação
de metamielócito; negativa ou quase
Série monocítica: reação fraca com grânulos negativa.
dispersos.
Neoplasias hematológicas
75
Corina Luchian e Iara Fortunato
Descrição
Peroxidase é um enzima do grupo das oxidoreductases, sendo que quando encontrada nas
células mielóides chama-se mieloperoxidase. Por outro lado, as células mielóides podem
destruir microrganismos com a ajuda deste enzima.
O peroxidase está presente nos grânulos principais dos neutrófilos e nos grânulos dos
eosinófilos e monócitos, tornando a identificação deste enzima no citoplasma dos leucócitos
útil para a distinção entre leucemia mielóide aguda e leucemia linfocítica aguda, que, quando
positiva, diferencia leucemia mielóide de leucemia linfática aguda. No entanto, um resultado
negativo não exclui leucemia mieloblástica. Por outro lado, esta reação serve para detetar ou
confirmar diminuição de atividade de peroxidase em indivíduos com deficiência de
mieloperoxidase.
Esterases
76
Corina Luchian e Iara Fortunato
fazendo com que um naftol livre seja libertado do substrato. Este naftol é captado por um sal
de diazónio para formar um depósito colorido (negro) nos locais de atividade enzimática.
Por outro lado, as reações com estes substratos são similares à coloração do Sudão Black B e
da mieloperoxidase, no que diz respeito às células positivas, assim:
Descrição
A reação citoquímica para o esterase usando diferentes substratos permite a distinção entre
células de linhagem monocítica e células de linhagem neutrofílica.
Objetivos da Hemostase
77
Corina Luchian e Iara Fortunato
Hemostase primária
Resposta vascular
O vaso responde à lesão com a vasoconstrição, sendo esta uma resposta imediata e
transitória. Há uma redução do fluxo sanguíneo na área e manutenção das superfícies
endoteliais justapostas.
Quando ocorre a lesão das células endoteliais, há libertação de várias substâncias, tais como:
Fatores extravasculares também podem induzir uma resposta vascular como é o caso dos
tecidos localizados na periferia dos vasos, como é o caso da pele, tecido elástico e músculos e
dos efeitos físicos como tonicidade, consistência e elasticidade. Estas características físicas
permitem a vasoconstrição e, para além disso, impedem um grande movimento do rolhão
Oplaquetário.
endotélio vascular, quandovasculares,
Já nos fatores recuperado, produz
temos substâncias
as células vasodilatadoras,
endoteliais nomeadamente
com propriedades pró e
prostaglandinas
anticoagulantes. de 3 tipos: PGE 2 e PGI2 que induzem o relaxamento vascular e,
consequentemente, a vasodilatação e fosfolipase A2 que atua sobre os fosfolípidos das
membranas celulares.
As paredes dos vasos produzem outra substância vasodilatadora – a prostaciclina. Esta apresenta
uma forte ação inibidora da coagulação, sendo, também, um potente inibidor da agregação das
plaquetas.
78
Corina Luchian e Iara Fortunato
Plaquetas
Quando há lesão do vaso e a consequente destruição do endotélio, há exposição do subendotélio, aderindo, portanto, as
plaquetas às fibras de colagénio, dado que têm grande preferência pelas superfícies carregadas negativamente. Para que
ocorra a adesão plaquetária ao colagénio é necessário um intermediário – fator vonWillebrand. Este fator é uma proteína
que tem um recetor específico na plaqueta que vai fazer a ponte entre a plaqueta e o colagénio.
Hemofilia – não há produção do vWF, pelo que as plaquetas não conseguem fazer a adesão.
Isto implica que doentes com hemofilia tenham uma hemorragia primária muito mais ativa.
2. Secreção plaquetária
Ativação
A adesão de outrasrequerida
plaquetária plaquetas,para
modificando
a formaçãoa forma que passa
do rolhão de discoide
é reversível a esférica
até que e, posteriormente,
as plaquetas levando
libertem dos seus a
grânulos ADP,
formação de pseudópodes. Estes últimos servem para agregar uma maior quantidade de plaquetas
B-tromboglobina, Tromboxane A2, Serotonina (vasoconstritor e permite a ligação entre as plaquetas e o vaso) e PF3
(fosfolípidos plaquetários, tromboplastina plaquetária e tromboplastina parcial, que permitem a junção das plaquetas ao
sistema plasmático da coagulação)
É a chamada fase viscosa das plaquetas, em que há um aumento do diâmetro das plaquetas para cobrir mais efetivamente a
Fator plaquetário 3 – lipoproteínas. É libertado a superfície do rolhão, sendo
área injuriada.
Nota: A formação de ADP e tromboxano extremamente importante
A2 dá-se, no interior na ativação
da plaqueta, dosdo
através fatores
ciclo da
do coagulação. Para além
ácido araquidónico. disso,
Acontece
que o ácido acetil salicílico – aspirina – intervém neste ciclo, 79
carrega negativamente
interferindo, toda na
portanto, a superfície
formaçãododerolhão.
ADP e tromboxano A2.
Assim, a plaqueta não tem a capacidade de passar para a fase viscosa, de aumentar de diâmetro, etc. comprometendo quer
a 2, quer a 3 fase da hemostase primária. Assim, a toma da aspirina 15 dias antes de se fazer o teste de Ivy pode enviesar o
resultado, dando resultados falsamente positivos.
A agregação plaquetária leva a formação do tampão, passando a superfície viscosa para uma que permite a formação de um
coágulo resistente. As plaquetas ativadas exteriorizam a lipoproteína PF3 o que proporciona uma superfície carregada
negativamente ativadora da cascata de coagulação.
As três fases demoram, no total, cerca de 3 minutosCorina
a ocorrer. Contudo,
Luchian o rolhão formado na hemostase primária é muito
e Iara Fortunato
instável e solúvel, pelo que qualquer tipo de movimento brusco pode desfazê-lo. Para que o rolhão passe a ser estável, o
fibrinogénio entra em ação, envolvendo o rolhão e formando uma rede. Numa fase posterior, este é transformado em fibrina
através do processo da coagulação (fatores de coagulação). O rolhão plaquetário insolúvel, já com fibrina, fica por 72h até
que o endotélio se regenere. Passado este tempo, é necessário destruir o rolhão formado, uma vez que já houve
regeneração. O rolhão é, portanto, degradado, destruindo a rede de fibrina que o envolve – fibrinólise.
É de se realçar que as três fases da hemostase não ocorrem sequencialmente, mas sim em simultâneo. Contudo, em
determinadas circunstâncias, ocorrem em grandezas diferentes. Por exemplo, ocorre a fibrinólise com mais intensidade
quando o endotélio já regenerou e com menos intensidade no início da formação do rolhão.
Tempo de sangria tempo necessário para a cessação de uma hemorragia provocada por
uma pequena incisão. As dimensões da incisão são padronizadas, tendo em conta quer a
largura, quer a profundidade.
Encontra-se prolongado quando o número de
plaquetas é inferior a 100000/mm 3, há alteração do
estado funcional ou quando há interferência
medicamentosa
A.A.S – interfere na libertação de ADP e na biossíntese de TX A2.
Deste modo, altera as propriedades de agregação e adesão das
80
Corina Luchian e Iara Fortunato
Há serviços que utilizam o teste como rotina em todos os pré-operatórios e outros serviços que
não o realizam
Tempo de hemorragia
Podem ocorrer resultados falsamente positivos em pacientes com distúrbios cutâneos e pele
frágil. O tempo de hemorragia começa, geralmente, a prolongar com uma contagem plaquetária
<50.000 - 60.000/mm3 e nos pacientes com hematócrito diminuído (Nefropatias com Hct
próximo a 18%).
Concluindo…
81
Corina Luchian e Iara Fortunato
Trombocitopenia
Doença de Von Willebrand
Doença por armazenamento dos grânulos
Síndrome de Bernard Soulier
Sensibilidade à Aspirina
A direção do corte deve ser
paralela/perpendicular ao eixo longo do
Procedimento antebraço. Há preferência pelo modo
1. Colocar a braçadeira do esfigmomanómetro no braço (3 cm da paralelo, uma vez que este permite
dobra do cotovelo) minimizar a tensão na ferida (e a formação
2. Insuflar até 40mm/Hg. de cicatriz)
3. Com ajuda de uma lanceta ou bisturi, provocar uma ferida Nota: as lancetas pediátricas provocam
perfurocortante de comprimento (5 mm) e profundidade (1/2 cortes menores
mm) padronizados
1. Cronómetro digital
2. Esfigmomanómetro
3. Papel filtro tipo disco Whatman #1 ou equivalente
4. Lâmina descartável automática
4.1. Triplett – Dispositivo para T H. Reg. ANVISA 10230730066. Fabricante:
Fase analítica
HelenaLaboratories, Inc, Estados Unidos.
4.2. Surgicutt tm : Automated Incision Making Instrument. Fabricante: International
Technidyne Corp, Estados Unidos.
5. Álcool + algodão para antissepsia
6. Curativos adesivos tipo “borboleta
Fase pós analítica Intervalo de Referência – 2:30 a 9:30 minutos
82
Corina Luchian e Iara Fortunato
1. Extremos de temperatura podem afetar o teste, que deve ser realizado entre 22 a 25 graus
C de temperatura ambiente.
2. Selecionar o local da superfície volar lateral do antebraço que seja livre de pêlos, veias,
hematomas, edemas e cicatrizes e se localize cerca de 3 a 5 cm abaixo da dobra
antecubital.
3. Limpar a área com o algodão embebido em álcool.
4. Posicionar o esfigmomanômetro ao redor do braço aproximadamente 6 cm
5. Remover a trava de segurança do gatilho da lanceta e posicionar o dispositivo de incisão
no local exercendo pressão mínima, de forma que ambos os lados do dispositivo toquem a
pele. Não apertar com força.
6. Apertar o gatilho de forma a obter a incisão e remover o dispositivo.
7. Descartar o dispositivo no local apropriado ao descarte de perfurocortantes.
8. Dar partida no cronómetro e esgotar o sangue que se forma na lesão a cada 30 segundos,
com o papel de filtro. Não tocar a incisão com o papel de filtro.
9. Quando a hemorragia parar, anotar o tempo decorrido até os 30 segundos mais próximos.
10. Se a hemorragia não parar em 15 minutos, interromper a prova, pressionar o local e
reportar “> 15min”
Erros que levam a falsos positivos Erros que levam a falsos negativos
Manter pressão venosa elevada (>40mmHg.) Pressão sanguínea mantida muito baixa
Incisão muito profunda, devida à pressão (<40 mmHg)
excessiva sobre o dispositivo Incisão muito superficial
Perturbar a formação do coágulo com o papel
de filtro
Níveis reduzidos de fibrinogénio (<100 mg/dl) e
plaquetas (<100.000 /mm3)
Uso de medicamentos que afetam a função
plaquetária
83
Corina Luchian e Iara Fortunato
Coagulação
Resumidamente, a hemóstase está dividida em 3 partes:
Hemóstase primária
Objetivo final: formar o rolhão plaquetário (solúvel)
Contudo, para ele ficar insolúvel é preciso que o fibrinogénio seja convertido em
fibrina
Coagulação
Objetivo final: obter fibrina
Esta irá atuar sobre o rolhão plaquetário, formado na hemóstase primária,
originando um Rolhão Fibrino-Plaquetário insolúvel e estável durante, pelo menos,
72 horas. Ao fim das 72 horas existe a restauração do vaso/células endoteliais
Fibrinólise
Destruição da rede de fibrina para retirar o rolhão e obtermos novamente a
permeabilidade do vaso
Lesão Vascular
Rolhão Fibrino-Plaquetário
A via comum começa no fator X, no fator V, no cálcio, nas plaquetas e nos fosfolípidos
plaquetários (Fator plaquetário 3)
84
Corina Luchian e Iara Fortunato
Fatores de coagulação
Existem 15 fatores:
I - fibrinogénio IX - fator antihemofilico B
II - Protrombina X - fator de Stuart
III - factor tecidular XI - fator de Rosenthal
IV - iões de cálcio XII - fator de Hageman
V - pro-acelarina XIII - fator estabilizante da fibrina
VI PK prékalicraína (fator de Fletcher)
VII - proconvertina HMWK Kininogénio de alto peso
\
VIII - antihemofilico molecular (fator de Fitzgerald)
Fatores sublinhados são os mais importantes
Antigamente eram considerados fatores da coagulação, contudo,
atualmente não são, ou seja, não existe o fator II e o fator IV
Grande parte dos fatores são sintetizados no fígado, deste modo, na presença de uma
patologia hepática, irá ocorrer uma diminuição dos fatores, aumentando o tempo de
coagulação. Para além disso, o fator tecidual está contido nas células epiteliais.
Contudo, os fatores III e IV já não são referenciados como fatores da coagulação, uma vez que
o fator III encontra-se fora do sistema vascular (fator extrínseco) e o fator IV não é uma
proteína, mas sim um ião.
Além disso, todos os fatores que apresentarem um “a” significa que se encontram ativados.
Os fatores de contacto são o XI, o XII, o PK e o HMWK e, tal como o nome indica, estes
precisam de entrar em contacto com cargas negativas para serem ativados.
Deste modo, as cargas negativas são extremamente importantes para a via intrínseca.
85
Corina Luchian e Iara Fortunato
Os fatores II, VII, IX, X, XI, XII, PK são enzimas do tipo Proteases da Serina (atacam as
protéases)
Os fatores XIII são enzimas do tipo Aminotransferases (atacam as aminotransferases)
Os fatores V, VIII, HMWK são considerados Aceleradores
Teorias da coagulação
86
Corina Luchian e Iara Fortunato
Contudo, com base nesta teoria, em 1964, Macfarlane, Davie e Ratnoff desenvolveram a teoria
da cascata.
Formação da protrombinase
Macromolécula produzida pela via intrínseca ou extrínseca
Converte a protrombina em trombina
Formação da trombina
Formação da fibrina
Consiste na conversão em fibrinogénio em fibrina
Via intrínseca
O fator XII em XIIa, sendo que este irá ativar a o PK (pré-calicreína), convertendo-o em
K (calicreína). Para além disso, este último irá também ajudar na conversão do fator XII
em XIIa.
Assim, o fator XII é ativado por duas vias: pelo HMWK, em contacto com a carga
negativa) e pelo K, pela ativação do PK por parte do factor XIIa.
O fator XI em XIa, sendo que esta ativação também é conseguida pela ação do fator
XIIa.
Posteriormente, o fator XIa irá converter o fator IX em IXa, sendo que, juntamente com o fator
VIIIa, os Fosfolípidos Plaquetários 3 (que se encontram nas plaquetas logo isto tudo se
processa dentro do rolhão plaquetário) e os iões de cálcio (que se encontram em circulação),
irão formar uma macromolécula, também conhecida como tenase, que irá ativar o fator X,
convertendo-o em Xa.
87
Corina Luchian e Iara Fortunato
_ _ _
Fator de coagulação
K PK
XII XIIa
XI XIa
VIII
IX IXa
Ca2+
VIIIa Tenase
FP3 a
X Xa
Em suma…
Via extrínseca
Esta via apresenta apenas um fator, o fator VII, que será ativado através da ação do fator
tecidular. O fator VII vai ser convertido em VIIa, sendo que este irá atuar sobre o fator X, que,
posteriormente, será convertido e Xa, sem a formação da tenase.
88
Corina Luchian e Iara Fortunato
_ _ _
HMWK
XIIa
Fator K K
VII Tecidular
XII XIIa
VIIa
Fator
XI XIa VIII
Tecidular
Ca2+
IX IXa
Ca2+ mfnf
VIIIa
a
FP3
X Xa
Em suma…
O fator VII, o ião cálcio e o fator tecidual (lipoproteína ubiquitária presente nas
membranas celulares) formam um complexo que permite a ativação do fator VII.
O complexo FVIIa/FT/Ca2+ ativa, então, os seus substratos fisiológicos – os fatores IX e X.
Há evidência crescente de que esta via do fator VII está permanentemente ativa, sendo
determinante para a coagulação basal.
Via comum
Através da junção do fator Xa (obtido pela via intrínseca e extrínseca), do fator Va (acelarina),
o FP3 e os iões de cálcio, será formado uma macromolécula, denominada de protrombinase
nesta etapa é terminado a primeira fase da coagulação.
Este irá atuar sobre a protrombina, convertendo-a em
trombina segunda fase da coagulação.
VIII
X
V
VIIIa
Va
Xa
Ca2+
FP3
XIII
II IIa
XIIIa
Ca2+
Fibrina S
monómero Fibrina I
Fibrinogénio s polímero
monómero
s
Em suma…
Esta via inicia-se com a ativação do fator X pela ação de proteases geradas nas reações
anteriores.
Esta cascata culmina, então, na conversão de pró-trombina em trombina pelo fator Xa, na
presença de cálcio, do fator Va e de fosfolípidos pró-coagulantes (complexo pró-
trombinase ou ativados da pró-trombina).
Esta conversão da pró-trombina ocorre muito mais rapidamente na superfície de plaquetas
ativadas, apesar de poder ocorrer em várias membranas (naturais ou artificiais) ricas em
fosfolípidos.
Após a degradação do fibrinogénio pela trombina, libertam-se dois fibrinopeptídeos A e
dois fibrinopeptídeos B, dando origem à fibrina solúvel.
O fator XIII permite a formação de ligações covalentes entre os monómeros de fibrina,
conduzindo à formação de fibrina insolúvel (que é menos sensível à ação lítica da
plasmina).
90
Corina Luchian e Iara Fortunato
Existem diversos testes que permitem evidenciar a possíveis défices de fatores de coagulação.
Contudo, que é a amostra utilizada para estes testes?
Plasma, sendo que este é obtido através da centrifugação de sangue total com
citrato de sódio na proporção 1/10.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Tempo de Protrombina
O Teste de Quick foi o primeiro a ser introduzido e é atualmente o mais utilizado. Este consiste
na adição de uma tromboplastina completa (equivalente à tromboplastina tecidual) a plasma
citratado e na avaliação do tempo de coagulação após adição de cálcio.
ISI
Na tentativa de obviar a enorme discrepância entre os diferentes tipos de testes que avaliam o
PT, a Organização Mundial de Saúde propôs que as tromboplastinas fossem padronizadas
segundo uma preparação de referência internacional e criou o International Sensitivity Index
(ISI). Após a determinação do ISI da tromboplastina, os resultados podem ser referenciados
como International Normalized Ratio (INR), que concetualmente é a razão entre o PT do
paciente e o PT de referência, em segundos.
Indicações INR
Tromboembolismo venoso (inclui embolismo pulmunar) 2.0 – 3.0
Fibrilação atrial 2.0 – 3.0
Após enfarte do miocárdio 2.5 – 3.5
Válvulas mecânicas e bioprostéticas do coração 2.5 – 3.5
92
Corina Luchian e Iara Fortunato
Notas: Para um paciente que não tome varfarina, o perfil normal de coagulação é um INR de
1.0. Por outro lado, oINR nunca pode ser superior a 4. Caso seja, o doente entra em risco
hemorrágico (solução: fornecer vitamina K).
Ca2+
Tromboplastina
Plasma Normal
O reagente contém:
Normalmente são utilizados 100 uL de plasma e 100 uL de reagente (podendo variar entre 100
ul a 200 ul, dependendo da técnica)
93
Corina Luchian e Iara Fortunato
O aPTT avalia a via intrínseca da cascata da coagulação, pelo que testa a pré-calicreína, o
cininogénio de alto peso molecular e os fatores XII, XI, IX e VIII, e avalia também a via comum
(fatores X, V, II e I).
O ativador mais utilizado é o ácido elágico, superfície ativadora dos fatores XII e XI, é
adicionado à amostra de sangue, em seguida é acrescentado PF3 (ou cefalina) e
cronometrado o tempo de formação do coágulo.
Normalmente este tempo é menor que 35 segundos, podendo variar entre 25 e 39 segundos,
sendo que os resultados também podem ser expressos em tempo do doente-tempo controlo e
razão de tromboplastina parcial ativada (valor do doente sobre o controlo)
94
Corina Luchian e Iara Fortunato
Estes são diferentes, uma vez que o aPTT apresenta partículas de sílica, kaolino (caolino ou
caulino) e ácido elágico, ou seja, são partículas carregadas negativamente permite que o
teste seja ligeiramente mais rápido, uma vez que, com a presença das partículas negativas,
torna-se mais fácil ativar os fatores de contacto.
Ca2+
Fosfolípidos
Plasma Normal
Tal como o PT, para o teste de aPTT será necessário um banho-maria a 37ºC, no qual iremos
mergulhar, retirar e inclinar o tubo de hemólise até a observação da formação do coágulo.
Além disso será utilizado um cronometro para cronometrar o tempo desde a adição do
reagente até à formação do coágulo.
Este teste apenas está prolongado na presença de fibrinogénio alterado e dos produtos
fibrinolíticos e os valores normais estão situados entre 9 e 12 segundos (10 e 12 segundos).
95
Corina Luchian e Iara Fortunato
Ca2+
Trombina
O reagente contém iões de cálcio (para repor os iões retirados pelo anticoagulante) e
trombina, assim, com este teste apenas será testado o fator XIII e o fibrinogénio.
O Tempo de Reptilase não é afetado pela heparina, contudo, tal como Tempo de Trombina,
este teste é afetado pela presença de produtos de degradação de fibrina. Para além disso, o
valor normal para este teste é entre 14 e 21 segundos.
Veneno
Doseamento do Fibrinogénio
Neste teste é adicionado um excesso de trombina ao plasma diluído, fazendo com que o
tempo de coagulação dependa apenas da concentração de fibrinogénio. O valor é considerado
normal se estiver compreendido entre 200 a 450mg/L.
96
Corina Luchian e Iara Fortunato
Os níveis estão aumentados nas doenças inflamatórias, neoplásicas, infeções, gravidez e pós-
operatório, e a principal condição clínica em que os níveis plasmáticos sofrem queda aguda e
intensa é a CID.
Deste modo…
Em suma…
aPTT
PT
TT
Deste modo, iremos fazer dois testes de PT, dois de aPTT e dois de TT.
Exemplo 1
Comparando os resultados, podemos concluir que o problema é do fator VII, uma vez que a via
intrínseca e a via comum, testadas pelo aPTT, encontram-se normais.
Exemplo 2
Neste caso, conseguimos concluir que o problema está no fibrinogénio (principal suspeito) ou
no fator XIII, uma vez que o PT e o aPTT se encontram alterados, indicando que o problema se
encontra na via comum, além disso, podemos concluir se encontra no fibrinogénio ou no fator
XIII uma vez que o TT também se encontra alterado (apenas testa os fatores consecutivos à
trombina).
Para saber qual dos fatores se encontra em défice, é necessário realizar o doseamento destes
dois fatores (pesquisa de défice de fator XIII, por exemplo).
Anticoagulantes
Tal como referido anteriormente, existem 2 mecanismos de coagulação: o intrínseco e o
extrínseco.
98
Corina Luchian e Iara Fortunato
Fibrinólise
Plasminogénio
Fatores pró-coagulantes
A vitamina K é responsável pela síntese dos fatores plasmáticos da coagulação (II, VII, IX e X),
sendo que a sua absorção depende da flora intestinal intacta. Além disso, é utilizada
clinicamente na hemorragia do recém-nascido com défice em vitamina K.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
O ácido acetil salicílico (aas) inibe a síntese de tromboxano A2, sendo que a sua potência
antiagregante plaquetária é reduzida, por inibir a síntese de Prostaciclina.
Não existe medicação que reverta a ação destas medicações. Assim, no caso das cirurgias,
quando possível, suspender medicação de 7 a 14 dias antes do procedimento e, em casos de
intercorrência, é indicado uma transfusão de concentrado de plaquetas.
Anticoagulantes
Fármacos anticoagulantes
Anticoagulates orais
Dicumarinico
Varfarina
Este é um anticoagulante oral, com utilização in vivo, que apresenta risco de interações
medicamentosas e de promover necroses iniciais. Além disso, promove ação teratogénica e
apresenta uma eficacia comprovada na prevenção do tromboembolismo.
Protrombina
100
Corina Luchian e Iara Fortunato
Limitações do PT
Exemplo:
RP = TP plasma paciente
TP plasma controle
Introdução do ISI
A determinação do INR foi um dos fatores que adicionou grande segurança ao tratamento com
antiacoagulantes orais.
Cálculo do INR
Monitorização Da Anticoagulação
Tempo de Protrombina
101
Corina Luchian e Iara Fortunato
TP do paciente isi
INR = ( TP controlo )
ISI = Sensibilidade de tromboplastina utilizada
Sensibilidade da tromboplastina padrão
Exercícios:
Valores de referência
102
Corina Luchian e Iara Fortunato
Vida Morte
Epigenética
Professora Edna
A epigenética é uma área muito recente, sendo que começou a ser desenvolvida em 1940, por
Conrad Waddington (“pai” da epigenética). Ele entendeu que existiam alguns efeitos casuais
entre o fenótipo e o meio ambiente.
Atualmente, podemos considerar que o DNA não é o nosso destino, uma vez que existe
doenças genéticas e mutações que, por mais que exista a possibilidade de sequenciar o
genoma e descobrir a probabilidade de se ter uma determinado patologia, nem sempre
significa que a teremos, ou seja, não é garantida na maioria dos casos, uma vez que existem
outros fatores que condicionam o aparecimento dessas patologias.
O genoma das nossas células será sempre o mesmo, independentemente do tipo de célula.
Contudo, por mais que o genoma seja sempre o mesmo, existem diversos tipos de células,
uma vez que de célula para célula, existem genes que se encontram ativados e silenciados. Por
outros palavras, todos os indivíduos foram originados através da fusão de dois pró-nucleos (da
mãe e do pai), que , posteriormente, se multiplicaram, atingindo a fase do blastocisto, no qual,
todas as células já terão a informação estabelecida para formarem qualquer sistema presente
no organismo, sendo tudo isto possível através mecanismo epigenéticos. Assim:
103
Corina Luchian e Iara Fortunato
Em suma…
Na epigenética não existe alteração na sequência dos nucleótidos, o que existe são
marcas/códigos que são adicionados à cromatina, que induzem a expressão ou
silenciamento dos genes que permitem que um núcleo se diferencie em diferentes
células/tecidos.
DNA
104
Corina Luchian e Iara Fortunato
Os cromossomas no núcleo têm uma organização em domínios, sendo que estes são fixos,
logo, encontram-se sempre nos mesmo locais.
Esta organização está relacionada com a arquitetura nuclear e com as lâminas, que envolvem a
membrana nuclear e mantém estável o posicionamento dos cromossomas (têm territórios
discriminados).
Por outro lado, na interfase, os cromossomas estão todos descondensados, uma vez que é
necessário espaço para que a maquinaria transcricional consiga chegar aos genes que quer
transcrever. Contudo, os cromossomas não estarão descondensados todos da mesma maneira,
ou seja, existe zonas mais condensadas do que outras.
Zonas de heterocromatina – zonas mais escuras de cromatina mais densa; zonas muito
condensadas; baixa transcrição ativa, ou seja, menor atividade de transcrição
105
Corina Luchian e Iara Fortunato
As marcas epigenéticas:
Nesta aula será falado de três tipos de marcas epigenéticas, sendo que duas destas estão
associadas às histonas e a restante está associada ao DNA.
Histonas
Os nucleossomas apresentam umas caudas com uns aminoácidos, sendo que as marcas
epigenéticas são depositadas nestas caudas, que se encontram saídas das histonas, e não
dentro da proteína ou nucleossoma. Assim temos duas marcas:
1. Acetilação e Desacetilação
A acetilação de histonas é a adição de um grupo acetilo, sendo que esta adição vai abrir a
cromatina, tornando os genes daquele local mais acessíveis à maquinaria de transcrição. Por
outro lado, a desacetilação é a remoção de um grupo acetil, pela ação do histone desacetilase.
106
Corina Luchian e Iara Fortunato
Vídeo
Os processos epigenéticos são alterações genéticas que afetam a regulação génica, através
da alteração da conformação do DNA, sendo que estas são encontradas em várias células
tumorais diferentes. Uma destas alterações é a modificação de histonas e pode ser causada
pela sobreexpressão.
Os nucleossomas são feitos por 146 pares de bases de duas voltas superhelicais
(superhelical turns) de DNA enrolados no núcleo de oito histonas, sendo que as histonas
são responsáveis em manter a forma e a estrutura da cromatina.
Para um gene ser transcrito, tem de ficar fisicamente acessível para a maquinaria de
transcrição, assim, a acetilação das histonas pela HAT causa a descondensação do DNA e
abre a cromatina. Isto causa a que os genes comecem a estar acessíveis aos fatores de
transcrição, permitindo que ocorra a expressão genética e a formação de proteínas.
Por outro lado, a desacetilação das histonas pelo HDAC resulta na condensação do DNA e
fecha a cromatina.
2. Metilação
Na metilação existe a adição de um grupo metil num local específico de uma histona, sendo
que este mecanismo é regulado por histonas de transferência de grupos metilo. Por outro
lado, esta adição irá induzir ou reprimir a expressão génica dependendo da histona e da lisina
em que o grupo metil é adicionado.
Exemplo
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Na eucromatina temos H3K4me. Isto significa que a histona (H) 3 encontra-se metilada (me) na
lisina (K) 4. Caso fosse H3K4me3 significava que estava trimetilida nestes casos, existe uma
indução da expressão génica.
Por outro lado, se a mesma histona (H3) estiver metilada na lisina 9, em vez de na lisina 4, irá
ser reprimido a expressão génica.
Em suma…
Este processo é diferente da acetilação e da desacetilação, uma vez que sempre que se
acetila uma histona, induz-se a expressão, e sempre que se desacetila uma histona,
reprime-se a expressão.
DNA
Metilação
A metilação do DNA ocorre através da adição de um grupo metil no carbono 5 de uma citosina
(5MC). Este mecanismo está envolvido em muitos processos, como o silenciamento génico,
inativação de cromossomas, etc.
Além disso, esta metilação é dinâmica (adição e remoção de grupos metilo) podendo ser ativa
e passiva.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Vídeo
As caudas (tales of core histones) das histonas H3, H4, H2B e H2A podem ser alteradas
através de diferentes modificações, incluindo metilação da histona H3, acetilação da
histona H4 e fosforilação da histona H2B.
2. Regulação da eucromatina
3. Regulação da heterocromatina
Como só é preciso uma cópia, nas mulheres um dos cromossomas X encontram-se silenciado,
ficando apenas um cromossoma ativo, através duma hipermetilação de todo o cromossoma,
inibido a expressão de todos os genes daquele cromossoma. Assim, nenhuma proteína na
maquinaria de transcrição consegue acedê-lo Isto acontece na fase de blastocisto
Esta metilação permite uma remodelação da cromatina.
Esta inativação é bem observada nos gatos, uma vez que apenas as gatas podem ser
tricolores. Porquê?
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Corina Luchian e Iara Fortunato
modo, num local do corpo pode estar ativado o cromossoma X do pai e noutro o cromossoma
da mãe, permitindo uma mudança de fenótipo nesses locais, criando os padrões tricolores.
Esta caraterística não é observada nos seres humanos, uma vez que a cor da pele não se
encontra associado ao cromossoma X (é possível observar o cromossoma X inativo em MO -
bar body).
Vídeo
1. DNA review
A nossa informação genética é codificada pela dupla hélice de DNA. Quando o DNA é lido
ou transcrito, uma das cadeias da dupla hélice serve como cadeia modelo.
A ordem especifica das quatro bases codifica a informação genética e serve como o plano
para a nossa maquilhagem genética. Cada degrau das escadas de DNA é designado como
pares de bases, no total, o genoma humano consiste em cerca de 3 mil milhões de pares de
bases e codifica cerca de 30000 genes.
Nas nossas células, o DNA é enrolado à volta de proteínas, sendo esta estrutura
denominada de nucleossoma, que consiste na hélice do DNA fortemente enrolada à volta
das histonas.
2. Epigenetica e o cromossoma X
Por outro lado, a epigenética diz respeito a processos que instruem as nossas células de
como e quando ler o DNA.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
No início da fase embrionária, existe a interação dos dois cromossomas X’s, que originará a
inativação de um dos cromossomas de forma aleatória. Este processo é mediado pelo RNA
e algumas proteínas. Esta inativação estará completa quando existirem 100 células na fase
do desenvolvimento embrionário.
Além disso, é mantido uma hereditariedade genética, uma vez que, a partir do momento
que uma célula inativa um dos cromossomas, a informação que será passada, será sempre
com o mesmo cromossoma inativado, ou seja, o padrão é sempre mantido.
Globinas
As -globulinas apresentam uma baixa expressão, aumentando apenas a partir dos 3/6
meses pós-natal, formando hemoglobina A
No desenvolvimento embrionário, temos a expressão da -globulina, formando a
hemoglobina fetal.
Existe um elemento que controla a expressão dos genes distais, o LCR, sendo que, durante o
desenvolvimento embrionário, a cromatina esta organizada de forma a que este LCR seja distal
aos genes que expressão as -globulinas. Por outro lado, após os primeiros 6 meses de
nascimento, ocorre alterações epigenéticas que recrutam proteínas, originando uma
translocação do elemento regulatório, ficando, assim, distal ao gene da -globulina. Deste
modo, o gene da -globulinas fica silenciado, sendo que deixamos de expressar a hemoglobina
fetal, e passamos a expressar as -globulina, permitindo a formação da hemoglobina A.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
As -hemoglobinopatias são mais prevalentes em zonas endémicas de malária, uma vez que é
criado uma pressão seletiva positiva nas pessoas que têm estas patologias, por causa da
dificuldade que estas têm para se infetarem com Plasmodium sp. Desta forma, estas
patologias encontram-se predominantemente em África. Além disso, em Portugal, as zonas de
Lisboa e Setúbal são prevalentes para depranocitose e as zonas do Algarve e Alentejo são mais
prevalentes de talassemias.
Na depranocitose, existe a troca de uma adenina por uma timina, que, consequentemente irá
trocar esse aminoácido para uma valina, induzindo a formação da hemoglobina S. Esta
hemoglobina, quando se encontra com uma baixa de oxigénio, polimeriza, formando cristais
que alteraram a membrana, originado as células falciformes. Esta, por sua vez, podem entupir
pequenos vasos, provocar acidentes vasculares cerebrais, promovem a libertação de citocinas
e proteínas inflamatórias, provocar lesões do endotélio e provocar uma anemia falciforme,
podendo levar a hemólise.
Contudo, o único tratamento para esta patologia é um transplante de medula óssea, sendo
que, como abordagens terapêuticas, temos a terapia génica.
Por outro lado, através de estudos chegou-se à conclusão de que as pessoas que apresentam
anemia falciforme com melhor sintomatologia, também apresentam níveis elevado de
hemoglobina fetal. Assim, atualmente, o único medicamento utilizado para estas patologias e
para o aumento da hemoglobina fetal atua pela via de sinalização P38 (via de sinalização de
cinases), que induz a expressão da -globulina e, posteriormente, da hemoglobina fetal.
A proteína PCL11A é o principal responsável para que o gene da -globulina seja silenciado.
Este silenciamento ocorre através do recrutamento de diversas proteínas, por parte da
PCL11A, induzindo a alteração da conformação de fetal para adulto. Contudo, não se pode
bloquear o gene que codifica esta proteína, uma vez que esta encontra-se envolvida em outros
processos regulatórios, assim, se a bloqueássemos, deixaríamos de ter células sanguíneas.
Como tal, estudos têm sido realizados com o intuito de arranjar melhores soluções para este
problema:
Quando utilizamos estes compostos, que são puramente mecanismos de efeitos epigenéticos,
conseguimos obter um aumento da -globulina, ou seja, de um gene silenciado.
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Corina Luchian e Iara Fortunato
Problema?
Estas drogas não chegam aos países onde a depranocitose é prevalente, deste modo,
precisamos encontrar estes efeitos em nutrientes – nutriepigenétia. Alguns exemplos são o
chá verde, soja, uvas, etc.
Soja. Contém genisteína, ou seja, uma isoflavona que atua na acetilação e
desacetilação, atuando na mesma via de sinalização da que é ativada pela
hidroxiureia para produzir a expressão da hemoglobina fetal.
Chá verde. Contém GCG que atua nas desacetilações. Além disso também tem
catequinas que atuam nas acetilações e desacetilações e na metilação do DNA.
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