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70080

Brazilian Journal of Development

Benefícios do tratamento fisioterapêutico em um paciente pós-operatório de


artroscopia em menisco medial: relato de caso

Benefits of physiotherapeutic treatment in a postoperative medial meniscus


arthroscopy patient: case report

DOI:10.34117/bjdv6n9-453

Recebimento dos originais: 08/08/2020


Aceitação para publicação: 18/09/2020

Andressa Kerssy Silva Barroso


Especialista em Fisioterapia Esportiva
Instituição: Instituto Brasileiro de Formação
Endereço: Rua Sá Sobrinho Travessa 4, Nº 196, Bairro: Centro - São João dos Patos-MA, 65.665-
000, Brasil.
E-mail: andressakerssyfisio@hotmail.com

Janderson da Silva Soares


Doutor em Terapia Intensiva
Instituto: Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Endereço: Rua Sete de Setembro, Nº 1544, Bairro: São Cristóvão – Floriano-PI, CEP: 64.800-850
E-mail: jandersonh2003@yahoo.com.br

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RESUMO
As lesões nos meniscos são causadas por uma força excessiva de compressão e cisalhamento sobre
os meniscos que estão normais ou degenerados. O estudo teve como objetivo principal apresentar
um relato de caso, descrevendo os benefícios do tratamento fisioterapêutico em um paciente pós-
operatório de artroscopia em menisco medial. Trata-se de uma paciente A.R.N.R.A. do sexo
feminino, 49 anos, após um exercício no crossfit, relatou dores no joelho, onde foi diagnosticada
com uma ruptura de menisco medial esquerdo, logo depois, realizou a artroscopia e com 9 dias após
a intervenção cirúrgica iniciou a fisioterapia pós-operatória. Na avaliação fisioterapêutica, foi
possível verificar dor ao movimento, presença de edema na região patelar, hipotrofia muscular em
quadríceps, redução da mobilidade da patela, diminuição da amplitude de movimento (ADM) do
joelho. Os resultados obtidos neste estudo mostrou a redução da dor de 6 para 0 (de acordo com a
escala de EVA), o ganho da amplitude de movimento de flexão de 70º para 140º e de extensão, de
10º para 0º, em relação ao edema de joelho, de 36 cm para 33 cm, a força muscula, evoluiu de grau
2 para 4 e a perimetria da coxa alcançou as medidas de 35 cm, 39,5 cm, 45,5 cm e 49,5 cm. Diante
dos resultados e levando em consideração a literatura descrita, fica evidente que a conduta
fisioterapêutica citado em relato alcançou o resultado esperado em 15 atendimentos. Na 3ª
avaliação, observou-se diminuição da dor e inflamação, redução do edema, melhora na mobilidade
patelar, ganho da ADM do joelho e aumento da força muscular. A paciente realizou a fisioterapia
pós-operatória imediata, sendo esses fatores essenciais para permitir a completa reabilitação
funcional. Portanto, sugere realização de novos estudos de caso com um número maior de pacientes,
com isso, torna-se mais possível comprar com os dados que foram adquiridos no estudo.

Palavras-Chave: Fisioterapia, Menisco Medial, Artroscopia, Reabilitação.

ABSTRACT
Meniscus injuries are caused by excessive compression and shearing force on menisci that are
normal or degenerate. The main objective of the study was to present a case report, describing the
benefits of physiotherapeutic treatment in a post-operative arthroscopic patient in the medial
meniscus. This is an A.R.N.R.A. female, 49 years old, after a crossfit exercise, reported knee pain,
where she was diagnosed with a rupture of the left medial meniscus, shortly afterwards, underwent
arthroscopy and 9 days after the surgical intervention, she started postoperative physiotherapy. In
the physiotherapeutic evaluation, it was possible to verify pain on movement, presence of edema in
the patellar region, muscle hypotrophy in the quadriceps, reduced patella mobility, decreased knee
range of motion (ROM). The results obtained in this study showed the reduction of pain from 6 to
0 (according to the VAS scale), the gain in the range of motion of flexion from 70º to 140º and of
extension, from 10º to 0º, in relation to the edema of knee, from 36 cm to 33 cm, the muscular
strength, evolved from grade 2 to 4 and the perimeter of the thigh reached the measurements of 35
cm, 39.5 cm, 45.5 cm and 49.5 cm. In view of the results and taking into account the described
literature, it is evident that the physical therapy conduct mentioned in the report achieved the
expected result in 15 visits. In the 3rd evaluation, there was a decrease in pain and inflammation,
reduction in edema, improvement in patellar mobility, gain in knee ROM and increase in muscle
strength. The patient underwent immediate postoperative physiotherapy, and these factors are
essential to allow complete functional rehabilitation. Therefore, it suggests carrying out new case
studies with a larger number of patients, with that, it becomes more possible to buy with the data
that were acquired in the study.

Keywords: Physiotherapy, Medial meniscos, Arthroscopy, Rehabilitation.

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1 INTRODUÇÃO
Segundo Ribas et al., (2012), o joelho é uma articulação móvel que tem como função a
sustentação do peso e sua estabilidade depende dos meniscos, ligamentos e dos músculos que estão
associado a estrutura. Essa articulação é importante para as atividades diárias como caminhar, ficar
na posição ortostática, subir e descer escadas. Ela também é essencial nos esportes que envolvem
salto, chute, corrida e mudança de direção. Para realizar essas atividades, o joelho precisa ser móvel,
portanto, essa mobilidade o faz se tornar mais suscetível à lesões.
Os meniscos são duas estruturas que ficam entre a tíbia e a fíbula, responsáveis pela
distribuição do peso do corpo, atuando como amortecedor entre os segmentos articulares, na qual
são fixados à tíbia aumentando a congruência. O menisco lateral é responsável pelo bloqueio desta
congruência máxima, direcionando os movimentos dos côndilos articulares do fêmur, já o menisco
medial, é mais espesso posteriormente. Eles absorvem os impactos que são originados na
deambulação tornando mais condizentes com as estruturas ósseas que se articulam, atuam, assim
também, na estabilidade da articulação e na transmissão de força (BARBOSA et al., 2014).
Bhagia e al., (2014), relata que as lesões nos meniscos são causadas por uma força excessiva
de compressão e cisalhamento sobre os meniscos que estão normais ou degenerados. Ainda são
desconhecidas a prevalência e incidência exata desta lesão, assim também, como não há uma relação
com a etnia. Acometem mais os jovens desportistas do sexo masculino e, por conseguinte, o pico
de incidência é observado no indivíduo com mais de 55 anos, devido o menisco degenerado ser mais
propício a lesões através de baixa energia.
Makris et al (2011) ressalta que essas lesões meniscais podem causar dor e incapacidade,
acelerando a progressão da osteoartrose do joelho. Chahla et al (2016) ressalta que o menisco medial
se torna mais suscetível a lesões devido a redução de sua mobilidade, principalmente em flexão
profunda e com trauma de rotação quando a pressão é aumentada no corno posterior do menisco
medial.
A correção dessas lesões meniscais é feito através da artroscopia, segundo Totes (2014), é
um procedimento cirúrgico comum onde a articulação (artro-) é visto por dentro (escopia),
utilizando uma pequena câmera e é muito eficaz nas cirurgias de joelho. Wolff (2006) ressalta que
utiliza instrumentos ópticos e pequenas pinças motorizadas ou cortantes, que tem como objetivo de
adentrar na articulação sem ter a necessidade de fazer grandes incisões cirúrgicas.
Conforme Frutos (2014) os pacientes submetidos à correção artroscópica, apresentam
algumas limitações na qual, a fisioterapia desempenha um excelente papel na recuperação destes

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pacientes. O principal objetivo do fisioterapeuta no pós-operatório de artroscopia é a reabilitação e
o retorno às funções normais.
Caillet (2001), diz que na reabilitação deve-se priorizar um protocolo com exercícios
isométricos evoluindo aos isotônicos, preservando assim, ângulos seguros e pouca extensão de
joelho, o ganho de amplitude de movimento e força muscular do quadríceps femoral e os
isquistibiais.
Diante disso, o trabalho tende a responder a seguinte pergunta: o tratamento fisioterapêutico
tem grandes resultados na reabilitação de pós-operatório de menisco medial?
O presente trabalho justifica-se de mostrar a importância do tratamento fisioterapêutico na
reabilitação de pós-operatório de menisco medial. Optou-se pelo tema, através de um atendimento
com o paciente pós-cirúrgico.
Que este trabalho sirva de base para os futuros trabalhos para que possa aprofundar mais
ainda sobre o assunto e mostrar a importância e os benefícios do tratamento fisioterapêutico desse
no pós-operatório de artroscopia de menisco.
Sendo assim, esse estudo teve como objetivo principal observar os benefícios do tratamento
fisioterapêutico em um paciente pós-operatório de artroscopia em menisco medial, e seus
específicos como descrever a avaliação e o protocolo de tratamento fisioterapêutico e avaliar a
evolução do paciente durante o tratamento.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho trata-se de um relado de caso de uma paciente A.R.N.R.A. do sexo
feminino, 49 anos, que após um exercício no crossfit, relatou dores no joelho, onde a mesma
procurou um médico e foi orientada para realizar uma ressonância magnética. Logo após, retornou
ao médico com o resultado do exame e foi diagnosticada com uma ruptura de menisco medial
esquerdo. No dia 17/10/2019 realizou a artroscopia no menisco lesionado e e ficou pra retirar os
pontos com 10 dias. Nove (9) dias após a intervenção cirúrgica iniciou a fisioterapia pós-operatória
domiciliar.
No primeiro atendimento foi realizada a avaliação fisioterapêutica com a ficha de anamnese,
onde a paciente relata hábitos de vida, história da doença atual e pregressa e sinais vitais.
Foram realizadas 3 avaliações: a primeira foi no dia 24/10/2019, primeiro dia de fisioterapia,
sendo o 9º dia de pós operatório (PO); a segunda avaliação dia 01/11/2019, 14º PO e a última
avaliação, dia 14/11/2019, 23º dia de PO, no final do tratamento.

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Na avaliação fisioterapêutica, A.R.N.R.A. relatou como queixa principal edema, dor ao
movimento e limitação de amplitude do movimento. Durante a inspeção e palpação foi possível
verificar a presença de edema na região patelar, hipotrofia muscular em quadríceps, além da redução
da mobilidade da patela.
No quadro álgico, foi utilizado a Escala Visual Analógica (EVA) da dor, sendo que a
paciente graduava sua dor numa escala numérica de 1 a 10. No 1º dia, a mesma relatou sentir dor
moderada.

Figura 1: a Escala Visual Analógica - EVA

Na avaliação, através do goniômetro, observou-se limitação na flexão e extensão,


diminuindo a amplitude de movimento (ADM) do joelho. Para realizar a goniometria no movimento
de flexão, a paciente posicionou em decúbito dorsal, com o joelho e quadril flexionado, para o
movimento em extensão, a paciente ficou em decúbito dorsal com o joelho em extensão. Para
ambos, o eixo do goniômetro foi colocado sobre a linha articular do joelho, o braço fixo do
goniômetro ficou paralelo a lateral do fêmur dirigindo ao trocanter maior e o braço móvel, foi
posicionado paralelo à face lateral da fíbula dirigindo ao maléolo lateral.
Na perimetria, com o auxílio de uma fita métrica, realizada no joelho, foi possível observar
3 cm de diferença do membro inferior direito. Foi obtido também a perimetria da coxa realizada 5
em 5 cm, a partir da tuberosidade da tíbia. As marcações foram iniciadas em 10 cm, 15 cm, 20 cm
e 25 cm acima desse ponto.
Para avaliar o grau de força muscular dos músculos flexores e extensores do joelho, foi
realizado o teste de força manual, que segundo Cutter et al (2000), é utilizado para graduar a força
muscular e é avaliada com base na tabela abaixo:

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Quadro 1: Graduação da Força Muscular
GRAU DA FORÇA MUSCULAR

0 Ausência de ação muscular palpável


1 Contração muscular palpável
2 Move o membro, mas com amplitude de movimento incompleta
3 Move o membro com amplitude completa de movimento contra a gravidade
4 Amplitude completa e força muscular contra alguma resistência
5 Amplitude completa e força muscular contra resistência total

Não foi possível aplicar testes articulares de joelho em decorrência do pós-operatório


recente, a fim de evitar o estresse no local da cirurgia.
A partir desta 1ª avaliação, foi elaborado diagnóstico fisioterapêutico, objetivos e condutas
referentes aos déficits encontrados na avaliação.
As condutas fisioterapêuticas realizadas foram:
• Crioterapia: 3 vezes ao dia por 20 minutos;
• Alongamento ativo de isquiostibiais e tríceps sural, em decúbito dorsal (DD) com o auxílio
do theraband;
• Alongamento passivo do quadríceps em decúbito lateral (DL);
• Mobilização da patela no sentido crânio-caudal e medial-lateral do joelho;
• Cinesioterapia – exercícios para o fortalecimento do membro inferior, com ênfase para
fortalecimento de quadríceps, respeitando a ADM segura (inicialmente com carga de 1 kg,
progredindo até 4 kg)
• Exercícios Isométricos para quadríceps: em decúbito dorsal, 3 séries de 10
repetições por 5 segundos, com a bola abaixo do joelho e fazendo força sob a bola;
• Exercício isométrico para quadríceps, sentado, 3 séries de 10 repetições,
sustentando o peso com extensão de joelho por 5 segundos;
• Exercício isométrico para adutores do quadril com auxílio de uma bola entre os
joelhos, em decúbito dorsal com flexão de quadril e joelhos. Paciente aperta a bola
e segura por 10 segundos, 3 séries de 10 repetições;
• Exercício isométrico para abdutores com auxilio de mini band, em decúbito lateral
(DL), paciente abduz e segura por 10 segundos em 2 séries de 5 repetições;
• Exercício isotônico para quadríceps: em DD, extensão de joelhos e quadril (com
mini band), e sentada, com flexão de joelhos e quadril (com caneleira), em 3 séries
de 10 repetições;

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• Exercício isotônico para abdutores com auxilio de mini band, em DD com flexão
de quadril e joelhos, 3 séries de 10 repetições;
• Exercício isotônico para adutores com auxilio de bola entre os joelhos, em DD com
flexão de quadril e joelhos, 3 séries de 10 repetições;
• Exercício isotônico com flexão de quadril e joelhos seguidos de extensão (exercício
de flexo-extensão), em DD, paciente com os pés em cima da bola suíça, 3 séries de
10 repetições;
• Exercício de dorsiflexão e flexão plantar com o theraband, 3 séries de 10
respetições;
• Treino de marcha em frente ao espelho;
• Exercício de propriocepção e equilíbrio, para melhorar o padrão de marcha, com
superfícies instáveis como disco proprioceptivo, bola suíça e jump (alguns
exercícios evoluindo para unipodal e com os olhos abertos para fechados) e
exercícios utilizando cones, caneleira e theraband.
• Ventosaterapia: 5 minutos;
• Dry Needling: 10 minutos;
• Liberação miofascial manual e instrumental da musculatura de quadríceps femoral,
isquiotibiais, panturrilha e na cicatriz;
• Ultrassom - modo pulsátil, com o tempo de 5 minutos nas regiões com dor e edema (na
ressonância, constatou-se inflamação na pata de ganso);
• Kinesio Taping (KT);
• Eletroterapia - TENS convencional: 25 a 30 minutos.
O atendimento fisioterapêutico foi realizado em sessões de cerca de 50 minutos a 1 hora, que
ocorreram 5 dias na semana, por um período de 15 dias, totalizando 15 atendimentos.

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Exercício Isométrico Exercício Isométrico Exercício Isotônico

Exercício Isotônico Exercício Isotônico Exercício Isotônico

Exercício de Propriocepção Exercício de Exercício de Propriocepção


e Equilíbrio Propriocepção e e Equilíbrio
Equilíbrio

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3 RESULTADOS
3.1 QUADRO ÁLGICO
Utilizou-se a Escala Analógica Visual (EVA) para mensurar a dor. Na primeira avaliação
realizada, a paciente graduou sua dor em 6,0, a mesma estava fazendo o uso de medicamento anti-
inflamatório. Na 2º avaliação, com 3,0 e na última avaliação a paciente relatou 0,0, ou seja, não
estava sentindo dor.

Gráfico 1: Escala Visual de Dor


7
6
6
5
4
3
3
2
1
0
0
1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação
(26/10/2019) (01/11/2019) (14/11/2019)

3.2 EDEMA
Na 1º avaliação, a perimetria do joelho esquerdo estava com 36 cm, comparando com o
direito (33 cm), estava com 3 cm de diferença. Na segunda avaliação, o joelho esquerdo apresentava-
se 33,5 cm. Na ultima avaliação, o joelho “E” estava com a mesma medida do direito, com 33 cm
de circunferência.

Gráfico 2: Edema
40

35

30

25

20
1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação
(26/10/2019) (01/11/2019) (14/11/2019)
Joelho Esquerdo 36 33,5 33
Joelho Direito 33 33 33

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3.3 AMPLITUDE DE MOVIMENTO
Observou-se ganho de ADM de 70º no movimento de flexão (70º - inicial e 140º - final)
nesses 15 dias de Fisioterapia (Gráfico 1). Na 1º semana de fisioterapia, a paciente conseguiu 110º
de flexão de joelho. Sendo que a paciente iniciou o tratamento no 9º dia de pós-operatório (PO), no
15º dia de PO a paciente estava com 120º de flexão. No final da segunda semana, a amplitude já
estava com 140º de flexão.
No movimento de extensão, o 1º de avaliação a paciente apresentou 10º, logo, na 2ª
avaliação, alcançou 0º de extensão.

Gráfico 3: Goniometria.

150 140

110
Flexão de Joelho (º)

100
70

50

0
1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação
(26/10/2019) (01/11/2019) (14/11/2019)

15
Extensão de Joelho (º)

10
10

0 0
0
1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação
(26/10/2019) (01/11/2019) (14/11/2019)

3.4 FORÇA MUSCULAR


Na início da avaliação, a paciente apresentava grau de força muscular 2 no quadríceps
(avaliado conforme a Graduação de Força de Cutter, 2000). Na última avaliação, apresentou grau

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4. A mesma foi direcionada para a academia de musculação para obter melhores resultados quanto
ao fortalecimento.

Gráfico 4: Força Muscular


4 4

3
2 2
2

0
1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação
(26/10/2019) (01/11/2019) (14/11/2019)

3.5 PERIMETRIA DA COXA


A perimetria foi realizada de 5 em 5 cm, iniciando a partir da tuberosidade da tíbia. As
marcações foram realizadas em 10 cm, 15 cm, 20 cm e 25 cm acima desse ponto. Com isso, o resulto
da perimetria da coxa esquerda foram respectivamente 33,5 cm, 37 cm, 43,5 cm e 47,5. E na coxa
direita: 35,5 cm, 40,5 cm, 46 cm e 50 cm. Na segunda avaliação, 34 cm, 38,5 cm, 44 cm e 48 cm.
Na terceira avaliação, 35 cm, 39,5 cm, 45,5 cm e 49,5 cm. Com isso, a mesma foi encaminhada para
a academia para ter um excelente fortalecimento da musculatura.

Gráfico 5: Perimetria da Coxa


49,5
47,5 48
47 45,5
43,5 44
42
39,5
38,5
37
37 35
33,5 34
32
10 cm 15 cm 20 cm 25 cm

1ª Avaliação 2ª Avaliação 3ª Avaliação

4 DISCUSSÃO
Segundo Halling (1993), na artroscopia de menisco, a fisioterapia é importante no pós-
operatório imediato, devido a cirurgia causar hipotonia do quadríceps, alterando a marcha e a
realização das atividades da vida diária, sendo que, muitos evitam realizar movimentos com o joelho
com receio e também por conta que a patela não tem uma boa mobilidade.

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O presente artigo mostrou que a paciente apresentava edema, dor, inflamação, limitação na
amplitude de movimento e fraqueza muscular.
De acordo com o trabalho de Janúario et al (2003), relata que o edema é uma das
complicações em pós-operatório de artroscopia. Inicialmente a fisioterapia foi focada na redução da
dor, edema e inflamação.
Para a redução da dor, edema e inflamação, utilizou-se recursos como US (Ultrassom),
TENS convencional, dry needling, técnica de ventosateriapa, kinesio taping e o uso da crioterapia.
De acordo com Ciena et al (2009) o ultrassom é usado com fins analgésico, assim também, deve ser
considerado como estimulação da síntese protéica, diminuição limiar da dor, regeneração do tecido,
e anti-inflamatório. O Ultrassom pulsátil é usado em lesões agudas.
Segundo Chang et al (2015), a Kinesio Taping (KT) é bastante utilizada como um recurso
para melhorar a estabilidade da articulação, tendo como vantagem de não limitar os movimentos
funcionais, além de auxiliar na diminuição do edema e do quadro álgico.
De acordo com Knight (2000), a crioterapia é um tratamento com frio usado na fase aguda
que benéfico no processo inflamatório no pós-operatório. A crioterapia promove uma
vasoconstricção, diminuindo assim, o fluxo do sangue local da aplicação, com isso, diminuindo a
dor e todos os componentes do processo inflamatório.
Morgan et al (2011), diz que a eletroterapia tem efeitos fisiológicos sobre o sistema neural e
musculo-esquelético como: estimulação muscular, analgesia, aumento do calibre do vaso,
diminuição da inibição reflexa, redução de edema e facilitação da cicatrização de lesões em tecidos
moles e fotalecimento.
A ventosaterapia, conforme relata Cao et al (2014), é uma técnica tradicional da medicina
chinesa (MTC), que é indicada para a redução da dor crônica. Consiste na aplicação de copos
(existem diferentes materiais), em um acuponto ou até mesmo na área de dor, mediante aparelhos
de vácuo ou calor.
Conforme ressalta Butts et al (2016), a técnica de Dry Needling ou agulhamento à seco (AS),
é utilizado no tratamento da dor miofascial, apesar de ser confundida com a acupuntura, é uma
técnica ocidental baseada em vários princípios neurofisiológicos.
Após o controle da dor, edema e inflamação, teve como foco, no ganho de amplitude de
movimento, conforme ressalta Araújo et al (2003), na reabilitação de joelho, a primeira preocupação
do fisioterapeuta é de recuperar a amplitude de movimento. Para o ganho de ADM, realizou-se
alongamentos, liberação miofascial, técnica de energia muscular e mobilização da patela.

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O alongamento é uma das técnicas que ajudam a reduzir a dor, permitindo uma maior
facilidade no recrutamento muscular. Já Menon et al (2017), ressalta que o alongamento produz uma
tensão nos sarcômeros, induzindo a pouca sobreposição dos filamentos contráteis.
A liberação miofascial, é uma técnica que atua mobilizando a fáscia, podendo ser manual
ou instrumental, com o objetivo de aliviar a dor, restaurar a mobilidade e função e corrigir as
sequelas de traumas emocionais e físicos. Ela ajuda a restaurar livre e desimpedidamente o
movimento de todos os tecidos moles, a ajustar o alinhamento muscular, e restabelecer a textura,
resistência e função dos tecidos moles (ARRUDA, 2010).
Hebert (1998), diz que a mobilização patelar é de suma importância, impedindo a rigidez,
tornando assim, mais fácil a reabilitação. As manobras que são exercidas na patela, são movimentos
passivo, através de deslizamento látero-medial, na qual esse movimento proporciona alongamento
nas estruturas laterais, e deslizamento crânio-caudal. A mobilização é realizada com a região tênar
da mão apoiada na borda medial da patela.
Em relação a força muscular, o paciente conseguiu grau 4 no musculo avaliado. Para o
fortalecimento, utilizou-se recursos como o FES e a cinesioterapia. Kisner et al (1998) diz que para
recuperar ou melhorar a força e o controle da musculatura do joelho, deve-se iniciar com exercícios
isométricos e progredindo para os exercícios isotônicos de baixa intensidade. O mesmo ressalta que
os exercícios isométricos, são exercícios na qual um músculo se contrai, sem alterar no seu
comprimento ou sem movimentar a articulação que está sendo trabalhada. Segundo Ellenbecker
(2002), diz que esses exercícios são bons e constitui o ritmo para progredir no programa de
fortalecimento.
Já os exercícios isotônicos, de acordo com Biasoli et al (2003), alteram seu movimento
articular, sendo eficaz no ganho de massa muscular e melhora na resistência. Tria (2002), diz que
esses exercícios proporcionam vários graus de resistência em toda sua amplitude de movimento
(ADM), ocasionando mais força, o que é bastante útil durante o tratamento pós-operatório.
No final do tratamento, foi incluso o treino de equilíbrio e propriocepção, na qual Baldaço
et al (2010), ressalta que os exercícios proprioceptivos exerce uma grande ação de prevenção e de
reabilitação nas lesões musculoesqueléticas, pois exigem, da modalidade sensorial, uma forma mais
competente para obtenção de informações relacionadas à sensação de movimento e posição da
articulação, com base em elementos de outras fontes que não são visual, auditiva ou cutânea
superficial.

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Delazeri (2005) em sua pesquisa, constataram que num período de 6 meses pós-operatório
os pacientes avaliados apresentaram grau 5 de força muscular nos flexores e extensores da
articulação do joelho.
No estudo de Correa et al (2018) observaram na avaliação de amplitude de movimento
(ADM), os movimentos de flexão e extensão de joelho apresentaram-se extremamente limitados.
No teste de Força Manual de membros inferiores (MMII), foi possível determinar fraqueza grau 4
nos músculos flexores extensores, abdutores, adutores de quadril direito, flexores e extensores de
joelho, eversores de tornozelo bilateralmente. Na perimetria realizada nos MMII a partir da borda
superior da patela de 5 em 5 cm, foi possível observar 2 cm de diferença do membro inferior direito.

5 CONCLUSÃO
Diante os resultados obtidos neste estudo e levando em consideração a literatura descrita,
fica evidente que a conduta fisioterapêutica citado em relato alcançou o resultado esperado em 15
atendimentos. Na 3ª avaliação, observou-se diminuição da dor e inflamação, redução do edema,
melhora na mobilidade patelar, ganho da ADM do joelho e aumento da força muscular.
Portanto, sugere realização de novos estudos de caso com um número maior de pacientes,
com isso, torna-se mais possível comprar com os dados que foram adquiridos no estudo.

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