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O Período Regencial

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História

A Construção do Estado Imperial brasileiro

Resumo

O Primeiro Reinado (1822-1831)


A independência do Brasil ocorreu no contexto da Revolução Liberal do Porto, deflagrada em Portugal.
Com as exigências da população portuguesa pelo retorno D. João VI e a recolonização do ‘Brasil’, este acaba
por retornar à Lisboa. Como não era de interesse das elites brasileiras o retorno da dominação colonial,
ocorreu uma aliança com D. Pedro I para a Proclamação da Independência.
Após o ano de 1822, D. Pedro teve uma grande dificuldade em consolidar a independência do Brasil,
já que sofria grande oposição interna. O período de 1822 à 1831 foi marcado por uma grande turbulência
política e social que marcou o Primeiro Reinado no Brasil. As revoltas contra a independência do Brasil
começaram antes mesmo do 7 de setembro. No Norte e Nordeste, militares, políticos e civis portugueses não
reconheciam o governo independente chegando ao enfrentamento armado nas províncias do Grão Pará,
Maranhão, Piauí e Bahia.
Não bastava, no entanto, solucionar os desentendimentos provinciais. Para que o Brasil tivesse
condições de estabelecer um Estado autônomo e soberano, era fundamental que outras importantes nações
reconhecessem a sua independência. Em 1934, buscando cumprir sua política de aproximação com as outras
nações americanas, os Estados Unidos reconheceram a independência do Brasil.
Era fundamental, além disso, que Portugal, na condição de antiga metrópole, reconhecesse o
surgimento da nova nação. Nessa conjuntura, a Inglaterra apareceu como intermediadora diplomática que
viabilizou a assinatura de um acordo. Para tal, o Brasil assumiu o pagamento de uma indenização de dois
milhões de libras esterlinas para Portugal. Na prática, a dívida lusa com a Inglaterra foi transferida para o
Brasil.
Em 1823, convocou-se a Assembleia Constituinte para a elaboração de uma constituição.
Descontente com o projeto constitucional elaborado – que limitava seus poderes - o recém-coroado
Imperador dissolveu o plenário e convocou dez conselheiros próximos para a confecção da constituição. Esta
foi outorgada, ou seja, imposta, em 25 de março de 1824.
A constituição era autoritária. Além dos três poderes (legislativo, judiciário e executivo), D. Pedro I
criou um quarto poder, o Moderador, onde ele poderia intervir em todos os outros poderes e em qualquer
esfera. Esta constituição inseriu também o voto censitário: somente homens, maiores de vinte e cinco anos,
alfabetizados e livres. Para ser candidato à senador ou deputado era necessária a comprovação de renda
(400.000 réis por ano para deputado federal e 800.000 réis para senador). Os cargos de deputados eram
temporários e os de Senador e Conselheiros de Estado eram vitalícios. A constituição, além disso, instituía o
Catolicismo como religião oficial (tolerava os outros cultos desde que domésticos ou em templos
descaracterizados) e o padroado dava direito de o imperador nomear cargos eclesiásticos.

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História

Em 1824, eclodiu a Confederação do Equador, um movimento republicano separatista entre as


províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, profundamente insatisfeitas com as
políticas centralizadoras do imperador. O movimento era composto pela classe média urbana e pelos
fazendeiros locais, mas com o desenrolar dos eventos ganhou apoio popular. O movimento foi rapidamente
sufocado pelas tropas imperiais.
Na Guerra da Cisplatina D. Pedro teve uma derrota militar que, não bastasse isso, onerou os cofres
do país recém independente. A região reivindicava a sua autonomia, mas enfrentava a resistência do
imperador. D. Pedro I enviou tropas para a região, mas, sem sucesso, cedeu a independência em 1828.
Esse cenário – somado a crise econômica, com o declínio da economia açucareira - desgastou
imagem do imperador. Somado a isso, um dos grandes opositores do governo – o jornalista Libero Badaró –
foi assassinado, gerando desconfianças em relação a D. Pedro I. Além disso, a morte de D. João VI em
Portugal iniciou uma crise sucessória, visto que D. Pedro seria o herdeiro do trono. No retorno de uma viagem
a Minas Gerais para conseguir apoio dos fazendeiros, o imperador foi recebido por seus partidários
portugueses com uma festa no Palácio, os brasileiros insatisfeitos, iniciaram protestos violentos e chegaram
a arremessar garrafas contra D. Pedro. Esse episódio ficou conhecida como “Noite da Garrafadas”, o estopim
de crise política que levou a abdicação.
Sem nenhuma condição de continuar no trono devido ao desgaste de seus atos, o imperador abdicou
do governo, em 7 de abril de 1831 deixando seu filho Pedro de Alcântara como sucessor do trono Este,
contudo, tinha somente cinco anos, o que levou a nomeação de regentes para a administração do império
inaugurando o Período Regencial.

O Período Regencial (1831-1840)

O “avanço liberal” (1831-1837)


O período regencial pode ser considerado uma vitória liberal, visto que a abdicação durante o recesso
parlamentar pôs fim ao governo autoritário e centralizador de D. Pedro I. Esse “avanço liberal” foi marcado
por um caráter anti absolutista, pela volta do Ministério dos Brasileiros, a anistia a presos políticos, a
suspensão parcial do Poder Moderador e a criação do Ato Adicional de 1834 – uma reforma na Constituição
que, entre outros, deu mais autonomia às províncias ao criar Assembleias Legislativas Provinciais. Nesse
período foi criada também a Guarda Nacional (1831).

As revoltas regenciais
O período que se iniciou com a renúncia de D. Pedro I foi marcado por revoltas que colocaram em
risco a unidade territorial brasileira. Tivemos cinco revoltas principais: Cabanagem, Farroupilha, Malês,
Balaiada e Sabinada. Confira abaixo um pouquinho sobre cada uma dessas revoltas.

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História

Cabanagem
Desde a década de 20, a população do Pará tentava se separar do resto do Brasil. Com a política
repressora implementada pelo novo presidente de província, os cabanos (população pobre que habitava
choupanas na beira dos rios) se rebelaram contra o governo regencial. Os cabanos dominaram a província,
no entanto uma das direções do movimento traiu a rebelião aliando-se ás tropas imperiais o que resultou em
uma enorme repressão contra a Cabanagem.

Farroupilha
Quando as principais atividades econômicas do sul – criação de gado (estância) e produção de carne
seca (charque) – se viram ameaçadas pela concorrência platina que, por possuir baixas taxas alfandegárias
custava mais barato que o charque brasileiro, os sulistas se rebelaram contra o Estado imperial. Com caráter
separatista, os farrapos chegaram a fundar duas repúblicas na região sul: a primeira foi a República Rio-
Grandense (derrotada pela regência em 1836) e a segunda foi a República Juliana (ou Catarinense). O
movimento foi derrotado pelas tropas imperiais, mas os revoltosos foram anistiados e suas terras, que haviam
sido confiscadas, foram devolvidas pelo governo imperial.
No entanto, as tropas de ex-escravos foram traídas pelos generais farroupilhas anti-abolicionistas, o
império não poderia aceitar a existência de negros livres, armados e treinados, portanto houve uma traição
aos Lanceiros Negros por parte do general David Canabarro que os mandou desarmados para a região de
Porongos no Rio Grande do Sul onde foram massacrados pelas tropas imperiais. O episódio ainda é
investigado por diversos historiadores já que fora encoberto e esquecido pela historiografia oficial devido a
sua imensa covardia para as instituições envolvidas. Acredita-se que sobrevivera, cerca de cem lanceiros que
foram incorporados á corpos de cavalaria no Rio Grand do Sul.

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História

Revolta dos Malês


Foi um movimento liderado por escravos muçulmanos (malês) e alfabetizados em árabe que
pegaram em armas com o objetivo de libertar Salvador e o Recôncavo, para instituir uma espécie de califado
islâmico nessas regiões libertando os escravos baianos. O movimento acabou sendo delatado por uma liberta
e a rebelião foi logo reprimida. Os acusados foram fortemente reprimidos. Apesar da curta duração, o
movimento de Malês deixou um grande temor de novos levantes escravos no Brasil.

Sabinada
O nome da rebelião vem de seu principal líder, o jornalista e médico, Francisco Sabino. Foi um
movimento de classes médias contra a centralização política. Apesar de os rebeldes terem chegado a
declarar a independência da Bahia, as oscilações sobre o projeto adotado pelo movimento e a repressão
imperial fizeram com que fracassasse.

Balaiada
A balaiada surgiu de um confronto entre dois grupos rivais do Maranhão, os cabanos (conservadores)
e os bem-te-vis (liberais), que brigavam pelo controle político da região. No entanto, as classes populares se
atrelaram a esse conflito reivindicando melhores condições de vida. Portanto, não foi um movimento
unificado, pois congregava classes populares e médias. Com o crescimento da revolta popular, que conseguiu
tomar a cidade de Caxias, as classe médias recuaram facilitando a repressão do movimento pelas forças
imperiais.

O “regresso conservador” (1837-1840)


Diante da forte oposição dos conservadores e das inúmeras revoltas que eclodiram durante seu
mandato, o regente Feijó renunciou ao cargo e Araújo Lima foi eleito. Esse foi o início do “regresso
conservador”. Neste período foi revogada grande parte das medidas liberais. Foi criada a Lei interpretativa do
Ato Adicional que visava centralizar o poder, tirando a autonomia das províncias. Com esse regresso
conservador, os políticos progressistas pressionaram para a ascensão de Pedro de Alcântara. Realizado em
1840, o Golpe da Maioridade deu início ao Segundo Reinado.

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História

O Segundo Reinado (1840-1889)

O Golpe da Maioridade

Coroação de D. Pedro II

Com a persistência das revoltas (Balaiada e Farroupilha), as agitações políticas entre liberais e
conservadores e para tirar a regência conservadora do poder, os liberais no senado e na câmara se unificaram
e decidiram pôr fim a instabilidade causada pelas regências colocando o imperador, mesmo com catorze
anos de idade, no poder. Estes incitaram o povo para pressionar o senado conservador a aceitar a medida, e
em vinte e quatro de julho de 1840 foi aceita a antecipação, conhecida como “golpe da maioridade”.

O Segundo Reinado (1840-1889)


Em 1840 D. Pedro II criou o Conselho de Ministros, um parlamentarismo com o próprio imperador
presidindo o conselho. Esse modelo foi denominado mais tarde como “parlamentarismo às avessas” ou
“parlamento a brasileira” já que – ao contrário do modelo inglês - o imperador escolhia o chefe do poder
executivo e não o parlamento.
A política externa foi marcada pelo fim da “Questão do Prata”, onde o imperador usou de políticas
intervencionistas para afirmar seu poder na América do Sul. Na política interna, a afirmação de seu poder veio
com o fim da Guerra dos Farrapos, assim como combatendo a Revolução Praieira em 1850 e afirmando a
presença imperial no Nordeste.
No âmbito econômico, o Brasil era primário exportador com foco na produção de café, produzido
sobretudo na região do Vale do Paraíba fluminense (a primeira a entrar em declínio) e no oeste paulista. Ao
longo do Segundo Reinado, além disso, importantes medidas econômicas foram aprovadas, como a tarifa
Alves Branco, que aumentou as tarifas para produtos estrangeiros no país. Após sua aprovação, ocorreram
os primeiros surtos industriais no país, patrocinados pelo conhecido Barão de Mauá.
Nesse mesmo contexto, foi aprovada a Lei de Terras (1850), cujo objetivo era regulamentar o acesso
a terra no Brasil. Na prática, a legislação dificultou o acesso de imigrantes recém chegados as terras
devolutas, já que a transformava em mercadoria de alto custo. Desta forma, contribuiu para consolidar o
cenário de concentração fundiária presente no Brasil. A sua aprovação deve associarda a Lei Eusébio de

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História

Queirós (1850) já que, após a proibição da entrada de novos escravos no Brasil, sabia-se que haveria o
incentivo a entrada de mão de obra assalariada dos imigrantes europeus (a quem deveria-se dificultar o
acesso a terra).

Sociedade
A gradual libertação dos escravos e as campanhas para a entrada de imigrantes contribuiu para o
crescimento da população urbana e, em conjunto com o início da industrializaçã,o promoveu uma mudança
do centro da vida brasileira do campo para a cidade, isso ajudou no florescimento da cultura brasileira, com
o surgimento de movimentos literários como o Naturalismo e Realismo, com importantes nomes como
Aloisio de Azevedo e Machado de Assis.

Revolução Praieira
O segundo reinado foi marcado pela Revolta Praieira, que eclodiu em 1848 em Pernambuco e durou
até 1850. A revolta tinha o caráter liberal e separatista, a causa imediata do conflito foi a remoção de Chicorro
Gama da presidência da província, este como os revoltosos eram contra os grandes latifúndios e a elite ligada
a produção de açúcar, as condições miseráveis das classes mais baixas e o domínio do comércio varejista
pelos portugueses. As principais demandas dos revoltosos eram: voto livre, liberdade de imprensa completa,
comércio varejista como exclusividade brasileira, independência dos poderes e o fim do poder moderador. A
revolta recebeu grande apoio popular, mas foi suprimida com força por D. Pedro II que se afirmou no poder,
se seguiram as negociações de paz e os líderes foram anistiados em 1851 e voltaram a suas propriedades,
ao contrário dos combatentes das classes baixas que em sua maioria foram fuzilados.

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História

Exercícios

1. Ao proclamarem a sua independência, as colônias espanholas da América optaram pelo regime


republicano, seguindo o modelo norte-americano. O Brasil optou pelo regime monárquico:
a) pela grande popularidade desse sistema de governo entre os brasileiros.
b) porque a República traria forçosamente a abolição da escravidão, como ocorrera quando da
proclamação da independência dos Estados Unidos.
c) como consequência do processo político desencadeado pela instalação da corte portuguesa na
colônia.
d) pelo fascínio que a pompa e o luxo da corte monárquica exerciam sobre os colonos.
e) em oposição ao regime republicano português implantado pelas cortes.

2. A primeira Constituição Brasileira, outorgada em 1824, apresentava uma novidade em relação às


monarquias constitucionais existentes no Ocidente: a existência de um quarto poder, o Poder
Moderador, idealizado pelo pensador liberal suíço Henri-Benjamim Constant de Rebecque, mas que na
prática funcionava de maneira oposta à que ele havia concebido. Sobre as características do Poder
Moderador criado pela Constituição de 1824, é CORRETO afirmar que ele assegurava:
a) a liberdade de imprensa no país.
b) o equilíbrio entre os demais poderes.
c) a participação do povo nas eleições.
d) o controle dos órgãos do Estado pelo Imperador.
e) a igualdade de todos perante as leis.

3. A Confederação do Equador, movimento que eclodiu em Pernambuco em julho de 1824, caracterizou-


se por:
a) ser um movimento contrário às medidas da Corte Portuguesa, que visava favorecer o monopólio
do comércio.
b) uma oposição a medidas centralizadoras e absolutistas do Primeiro Reinado, sendo um
movimento republicano.
c) garantir a integridade do território brasileiro e a centralização administrativa.
d) ser um movimento contrário à maçonaria, clero e demais associações absolutistas.
e) levar seu principal líder, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, à liderança da Constituinte de 1824.

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4. "Nas Revoltas subsequentes à abdicação, o que aparecia era o desencadeamento das paixões, dos
instintos grosseiros da escória da população; era a luta da barbaridade contra os princípios regulares,
as conveniências e necessidades da civilização. Em 1842, pelo contrário, o que se via à frente do
movimento era a flor da sociedade brasileira, tudo que as províncias contavam de mais honroso e
eminente em ilustração, em moralidade e riqueza."
TIMANDRO. "O libelo do povo", 1849

O texto anterior estabelece uma comparação entre a composição social das rebeliões do início do
período regencial e da revolução liberal de 1842. Essa visão refletia as distorções do ponto de vista da
elite senhorial escravista ao julgar os movimentos populares. Historicamente, a CABANAGEM e a
BALAIADA são consideradas:
a) grandes revoltas de escravos, liberadas por Zumbi dos Palmares.
b) revoltas contra a dominação da metrópole portuguesa, no contexto da crise do antigo sistema
colonial.
c) revoltas de proprietários brancos, contrários à centralização política em torno da pessoa do
Imperador.
d) conflitos raciais e de classe, envolvendo índios, vaqueiros, negros livres e escravos.
e) rebeliões sociais que, com o apoio dos militares, pretendiam a proclamação da república e o fim
da monarquia.

5. Observe o seguinte depoimento:


"... Nasci e me criei no tempo da regência e nesse tempo o Brasil vivia, por assim dizer, muito mais na
praça pública do que mesmo no lar doméstico."
Justiniano José da Rocha
Partindo do comentário apresentado, é correto afirmar que:

a) a constante afluência às ruas resultava do crescimento comercial, registrado durante a Regência,


nas principais cidades do país.
b) a ociosidade da nobreza brasileira estimulava a valorização dos passeios constantes nas ruas e
praças do Rio de Janeiro.
c) o comércio ambulante, a cargo de escravos que eram transferidos do setor rural para as cidades,
complementava a renda de seus senhores de engenhos.
d) a influência italiana nos usos e costumes da sociedade do Rio de Janeiro modificou a tradição da
vida reclusa às residências.
e) a turbulência política desse período se fazia presente através das revoltas e manifestações
populares nas ruas da Capital do Brasil.

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História

6. Em 1838, o deputado Bernardo Pereira Vasconcelos escrevia: "Fui liberal, então a liberdade era nova
para o país, estava nas aspirações de todos, mas não nas leis, não nas ideias práticas; o poder era tudo,
fui liberal. Hoje, porém, é diverso o aspecto da sociedade; os princípios democráticos tudo ganharam e
muito comprometeram(...)"
O texto se reporta:

a) ao Ato Adicional, à instabilidade política dele decorrente e as constantes ameaças de


fragmentação do território.
b) ao Golpe da Maioridade, estratégia usada pelos liberais, que favoreceu o grupo de políticos
palacianos.
c) ao declínio do império, abalado pelas crises militar e da abolição.
d) à crise sucessória portuguesa e à consequente abdicação de Pedro I.
e) ao Ministério da Conciliação, marcado pela estabilidade econômica e pela aliança entre liberais e
conservadores.

7. O crescimento industrial na cidade de São Paulo foi especialmente favorecido por duas medidas de
grande repercussão econômica: a tarifa Alves Branco (1844) e a lei Eusébio de Queirós (1850). Elas
estabeleceram, respectivamente:
a) a fixação do preço mínimo da saca de café e a autorização para o funcionamento de manufaturas
em São Paulo.
b) a redução das taxas alfandegárias para os produtos importados da Inglaterra e a abertura dos
portos.
c) o subsídio governamental à produção de café no Vale do Paraíba e a instituição do sistema de
parceria.
d) o aumento dos impostos sobre os produtos estrangeiros importados e a extinção do tráfico
negreiro.
e) a isenção de tributos sobre artigos manufaturados e a concessão de terras para imigrantes
europeus

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8. “A 3 de setembro de 1825, partimos do Rio de Janeiro. Um vento fresco ajudou-nos a vencer, em 24


horas, a travessia de 70 léguas, até Santos, e isto significou dupla vantagem, porque a embarcação
conduzia, também, 65 negros novos, infeccionados por sarna da cabeça aos pés'. Assim começa o
mais vivo, completo e bem documentado relato da famosa Expedição de Langsdorff, que na sua
derradeira e longa etapa, entre 1825 e 1829, percorreu o vasto e ainda bravio interior do Brasil, por via
terrestre e fluvial - do Tietê ao Amazonas. Seu autor é um jovem francês de 21 anos, Hercules Florence,
no cargo de desenhista topográfico. Encantado com as maravilhas das terras brasileiras e com seu
povo hospitaleiro, Hercules Florence permaneceu aqui, ao término da expedição, escolhendo a então
Vila de São Carlos, como Campinas foi conhecida até 1842, para viver o resto de sua vida. Florence
morreu em 27 de março de 1879 (...)."
Revista: "Scientific American Brasil", n. 7, São Paulo: Ediouro, 2002. p. 60

O jovem francês partiu do Rio de Janeiro, em 1825, aventurou-se por várias regiões do Brasil, fixando
residência na Cidade de Campinas, até 1879. Considerando o triângulo percorrido pelo jovem - Rio de
Janeiro, Santos e Campinas - e os fatos históricos no período mencionado, pode-se afirmar que:
a) o Porto de Santos tornou-se conhecido, naquele contexto histórico, por ter sido o local escolhido
pelo governo brasileiro para o controle de toda a exportação do café, que era produzido tanto no
Vale do Paraíba como no Oeste Paulista.
b) o jovem francês partiu do Rio de Janeiro no momento em que a produção cafeeira no Vale do
Paraíba declinava, trazendo prejuízos incalculáveis aos fazendeiros que fizeram altos
investimentos com a compra de escravos.
c) Florence faleceu durante o período em que a cidade de Campinas registrava uma crise violenta da
economia cafeeira, recuperando-se apenas no final do século com a retomada do ciclo econômico
açucareiro.
d) o Porto de Santos teve um papel secundário no contexto de desenvolvimento econômico na
segunda metade do século XIX, pois o mesmo não atendia às normas de segurança determinadas
pelas exportadoras de café.
e) Florence esteve no Brasil durante o período da ascensão da produção cafeeira no Vale do Paraíba,
presenciando inclusive a crise e a ascensão desse produto na região do Oeste Paulista.

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História

9. “Sob os preceitos do Iluminismo (...) a Academia Francesa de Ciências assumiu a incumbência de criar
medições padronizadas. (...) A Academia convencionou que a unidade-padrão de comprimento seria a
décima milionésima parte da distância entre o Pólo Norte e o Equador. (...) Os padrões de massa e de
volume foram calculados a partir do metro, seguindo o mesmo princípio. O grama foi definido como a
massa de 1 decímetro cúbico de água pura a 4 °C, temperatura em que atinge a maior densidade. O
litro passou a equivaler ao volume de um cubo com 10 centímetros de lado (ou seja, 1 centímetro
cúbico). Foi uma mudança e tanto. (...) Apesar da revolução no pensamento e na concepção de mundo,
um fator não mudou: as medidas continuaram a ser usadas como instrumento de poder. (...) Na época,
dois impérios rivalizavam em equilíbrio de poder: o francês, sob o comando de Napoleão Bonaparte, e
o inglês. Por isso, a França e todos sob sua influência direta ou indireta adotaram o sistema métrico
decimal, como o Brasil, que, em 1862, por decreto de dom Pedro II, abandonou as medidas de varas,
braças, léguas e quintais para aderir ao metro."
Revista "Superinteressante", n. 186, São Paulo: Abril, 2003. p. 45-6

A sociedade imperial brasileira herdou várias influências europeias. Além do sistema métrico, no
Segundo Reinado adotou-se na prática o parlamentarismo no Brasil, por influência inglesa. No entanto,
este diferia do inglês, uma vez que o:
a) partido que detinha a maioria no Parlamento indicava o primeiro-ministro, que muitas vezes vetou
determinados projetos de lei provenientes do poder imperial.
b) o gabinete não dependia inteiramente do Parlamento mas, principalmente, do Poder Moderador.
c) poder legislativo tinha autonomia política para indicar os membros do gabinete ministerial e para
dissolvê-lo quando este fosse incompatível com o Senado.
d) parlamento brasileiro era mais democrático, pois previa a participação das mulheres nas eleições
provinciais.
e) imperador acumulava as funções de monarca e de primeiro-ministro, previsto inclusive na
Constituição de 1824

10. Comparando a atividade cafeeira com a atividade açucareira, no Brasil na primeira metade do século
XIX, pode-se afirmar que:
a) as duas atividades, pela sua localização, incrementaram o comércio, as cidades regionais, a
indústria nacional e a construção de ferrovias.
b) as duas atividades basearam-se na grande propriedade monocultora, na mão-de-obra escrava e
na utilização de recursos técnicos rudimentares.
c) a primeira concentrou-se inicialmente no oeste paulista, apesar de a região não possuir relevo e
solos adequados ao cultivo.
d) na segunda, por se tratar de uma cultura temporária, havia um custo menor de instalação desde o
plantio até a sua transformação.
e) a primeira usou as colônias de parceria como forma de suprir a escassez de mão-de-obra, desde
as primeiras áreas cultivadas no período colonial.

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Gabarito

1. C
A escolha pela monarquia se deu, primeiramente, pois foi o príncipe regente que proclamou a
independência. Além disso, havia o interesse das elittes em manter a ordem escravocrata, centralizadora
e unitária.

2. D
A criação do Poder Moderador permitia a D. Pedro poderia intervir nos poderes anulando a
interdependência entre eles.

3. B
A insatisfação com a falta de autonomia provincial foi um dos principais motivos do movimento, assim
como com o autoritarismo de D. Pedro II, que dissolveu a constituinte de 1823.

4. D
A participação de camadas populares nessas revoltas é fator fundamental para que entendamos a visão
disseminada pelas elites em relação a tais movimentos.

5. E
Este período foi marcado por revoltas nas áreas urbanas e rurais.

6. A
O ato adicional deu liberdade às províncias, o que incitou diversas revoltas. A posterior centralização
ocorre devido ao temor de que haja uma possível fragmentação territorial.

7. D
O aumento de impostos buscava favorecer o mercado interno; e o fim do tráfico negreiro, além de
influenciar na abolição, contribuiu para o início do incentivo a entrada de imigrantes no país.

8. E
A independência e a prosperidade do café nos primeiros anos de império atraiu diversos imigrantes que
ajudaram a documentar a vida das pessoas comuns.

9. B
O parlamentarismo às avessas era inspirado no britânico, mas executado ao contrário, uma vez que o
imperador possuía poderes acima do parlamento.

10. B
Antes da migração para o Oeste Paulista, o café não tinha um modo de produção inserido na lógica
capitalista. Utilizava-se majoritariamente mão de obra escrava e técnicas rudimentares, tal qual a
produção de cana de açúcar.

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