A Quantificação Do Dano Moral - Lucas Faccio 2020
A Quantificação Do Dano Moral - Lucas Faccio 2020
A Quantificação Do Dano Moral - Lucas Faccio 2020
Direção Editorial
Lucas Fontella Margoni
Comitê Científico
A quantificação do dano moral: o uso de tabelas no direito italiano e a sua viabilidade no direito brasileiro [recurso
eletrônico] / Lucas Girardello Faccio -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2020.
164 p.
ISBN - 978-65-5917-036-4
DOI - 10.22350/9786559170364
CDD: 340
Índices para catálogo sistemático:
1. Direito 340
Agradecimentos
Prefácio ............................................................................................................................ 11
Fábio Siebeneichler de Andrade
Apresentação .................................................................................................................... 13
Mauro Grondona
1 ........................................................................................................................................ 17
Introdução
2 ...................................................................................................................................... 20
Notas introdutórias acerca do dano moral
2.1 O desenvolvimento da noção de reparação do dano moral .................................................. 22
2.2 Enquadramento do dano moral no âmbito brasileiro .......................................................... 28
2.2.1 Os diferentes conceitos atribuídos ao dano moral .......................................................... 30
2.2.2 A lesão à moral e a proteção constitucional dos direitos da personalidade................. 34
2.2.3 As funções da reparação do dano moral: debates entorno da função punitiva .......... 37
2.2.4 O ônus probatório da lesão à moral ................................................................................. 47
2.3 O princípio da reparação integral e a sua aplicação na avaliação da lesão à moral .......... 50
2.3.1 Limitação legal à reparação integral ................................................................................. 56
2.4 O estado da arte da quantificação do dano moral ................................................................. 63
2.4.1 O arbitramento do dano moral pelo juiz e as circunstâncias do caso concreto que
devem ser analisadas................................................................................................................... 69
2.4.2 O método bifásico desenvolvido no âmbito do Superior Tribunal de Justiça ............. 82
3 ...................................................................................................................................... 88
A problemática da quantificação do dano moral no Brasil e na Itália
3.1 A construção da reparação do dano moral na Itália .............................................................. 89
3.1.1 Critérios de quantificação do dano moral no direito italiano........................................ 101
3.1.2 As “sentenze gemelle” como um marco central da mudança de posição das cortes
italianas ....................................................................................................................................... 104
3.1.3 O desenvolvimento da técnica do tabelamento no direito italiano ...............................111
3.2 As tentativas de tabelar a indenização por danos morais no Brasil .................................. 123
3.2.1 A Lei 13.467/2017e a introdução de um tabelamento legislativo para o direito do
trabalho ........................................................................................................................................137
3.2.2 A fixação do dano moral no direito brasileiro: o tabelamento italiano é compatível
com nosso ordenamento jurídico? .......................................................................................... 140
Referências..................................................................................................................... 150
Prefácio
1
Professor titular de Direito civil da PUC-RS/Professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/RS
12 | A quantificação do dano moral
Mauro Grondona 1
1
Professore ordinario di Istituzioni di diritto privato. Dipartimento di Giurisprudenza. Università di Genova
14 | A quantificação do dano moral
Introdução
1
“Com a noção de danos morais se remete a dor, às perturbações de ânimo, ao sofrimento espiritual, enquanto que
com o termo dano não pecuniário entende-se toda consequência pejorativa que não tolera, medida em critérios
objetivos, de mercado, uma rigorosa avaliação pecuniária. Com o termo danos morais refere-se, portanto, às
perturbações do estado de espírito do sujeito, injustamente causadas por um fato.” [traduziu-se] (MONATERI, Pier
Giuseppe. Le fonti delle obbligazioni: la responsabilità civile. Torino: UTET, 1998, v. 3, p. 296).
2
DELGADO, Rodrigo Mendes. O valor do dano moral: como chegar até ele. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: JH
Mizuno, 2011, p. 223.
Lucas Girardello Faccio | 21
3
FONTES, João Roberto Egydio Piza. Dano moral. In: STOCO, Rui (Org.). Doutrinas essenciais: dano moral. São
Paulo: Revista dos Tribunais, jul. 2015, v. 1, n. 322, p. 673-701. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 22
fev. 2019. Arquivo PDF.
4
RODRIGUES, Francisco Luciano Lima; VERAS, Gésio de Lima. Dimensão funcional do dano moral no direito civil
contemporâneo. Civilistica, Rio de Janeiro, a. 4, n. 2, p. 1-24, 2015. Disponível em: http://civilistica.com/dimensao-
funcional-do-dano-moral-no-direito-civil-contemporaneo/. Acesso em: 26 fev. 2019, p. 4.
5
MARTINS DA SILVA, Américo Luís. O dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005, p. 380.
22 | A quantificação do dano moral
6
MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática, do cabimento à fixação do quantum. 4. ed. rev., atual.
e aum. São Paulo: Atlas, 2012, p. 4.
Lucas Girardello Faccio | 23
7
PAULA, Alexandre Sturion de. Um prisma de sua admissão e da aferição de seu quantum sob a ótica da conotação
sancionatória. In: AUGUSTIN, Sérgio (Coord.). Dano moral e sua quantificação. Caxias do Sul: Plenum, 2004, p.
17.
8
PAULA, Alexandre Sturion de. Um prisma de sua admissão e da aferição de seu quantum sob a ótica da conotação
sancionatória. In: AUGUSTIN, Sérgio (Coord.). Dano moral e sua quantificação. Caxias do Sul: Plenum, 2004, p.
17-18.
9
SILVA, Wilson Melo da. O dano moral e sua reparação. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1969, p. 23.
10
ZENUN, Augusto. Dano moral e sua reparação. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 10.
24 | A quantificação do dano moral
11
CASTRO, Flávia de Almeira Viveiros de. O princípio da reparabilidade dos danos morais: análise de direito compa-
rado em um corte horizontal e vertical no estudo dos ordenamentos jurídicos. Revista de Direito Privado, São
Paulo, v. 15, n. 375, p. 189-200, jul./set. 2003. PDF. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 11 abr. 2019.
Arquivo PDF, p. 5.
12
MARTINS DA SILVA, Américo Luís. O dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005, p. 72.
13
BARBOSA, Jovi Vieira. Dano moral: o problema do quantum debeatur nas indenizações por dano moral. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 198.
Lucas Girardello Faccio | 25
lesão material. Já com a terceira teoria, defendida no Brasil por Clóvis Be-
vilacqua, por exemplo, o argumento de que seria impossível avaliar em
valores exatos o dano moral não consiste num impedimento a sua repara-
ção. A questão central seria utilizar critérios que permitissem uma
proporcionalidade mínima entre a lesão e a indenização14.
Com relação ao tema no direito brasileiro, tem-se uma divisão tem-
poral em dois momentos, antes e após o advento da Constituição Federal
de 1988. No momento anterior à promulgação havia forte resistência ju-
risprudencial quanto à condenação pecuniária por danos morais. A
questão problemática centrava-se no fato de se atribuir um valor monetá-
rio à lesão supostamente limitada ao âmbito extrapatrimonial. Atribuir um
valor pecuniário à lesão de cunho moral era visto negativamente naquele
contexto cultural, definia-se como algo inaceitável e imoral15. Entretanto,
sustentar a inviabilidade de reparação do dano moral como se fazia na-
quele período, é, consequentemente, afirmar que o ser humano se
relaciona somente por interesses materiais16.
A teoria negativista vigorou no Brasil no período anterior ao Código
Civil de 1916 e foi enfraquecendo ao longo do século XX. É reconhecido
pela doutrina como ponto crucial de rompimento entre a fase negativista
e a da reparabilidade restrita (primeira e segunda teorias) o Acórdão do
Recurso Extraordinário nº 59.940/SP julgado em 1966 pelo Supremo Tri-
bunal Federal, de relatoria do então Ministro Aliomar Baleeiro. Nesse
julgado, fora reconhecido o direito à indenização por danos morais aos
pais que perderam os filhos menores de idade em acidente cuja responsa-
bilidade foi atribuída a uma empresa de ônibus17.
Isso não significa que até o referido julgamento não haviam decisões
no sentido de conceder a indenização por dano moral, pelo contrário, até
14
BARBOSA, Jovi Vieira. Dano moral: o problema do quantum debeatur nas indenizações por dano moral. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 199-200.
15
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015, p. 81-
83.
16
ZANNONI, Eduardo A. El daño en la responsabilidad civil. 2. ed. Buenos Aires: Astrea, 1987, p. 307.
17
BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano moral: critérios de fixação de valor. Rio de Janeiro: Renovar, 2005,
p. 88-93.
26 | A quantificação do dano moral
18
MARTINS DA SILVA, Américo Luís. O dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005, p. 242.
19
“Art. 76. Para propor, ou contestar uma ação, é necessário ter legitimo interesse econômico, ou moral. Parágrafo
único. O interesse moral só autoriza a ação quando toque diretamente ao autor, ou á sua família.” (BRASIL. Lei n.
3.071, de 01 de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm. Acesso em: 20 mar. 2019).
20
“Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar pre-
juízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se
pelo disposto neste Código.” (BRASIL. Lei n. 3.071, de 01 de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do
Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm. Acesso em: 20 mar. 2019).
Lucas Girardello Faccio | 27
Assim, se é certo que o Código Civil se omitira quanto a inserir uma regra geral
de reparação do dano moral, não era menos certo que se referia a diversas
hipóteses em que o dano moral seria reparável (arts. 1.537, 1.538, 1.543, 1.547,
1.548, 1.549 e 1.550); tais hipóteses assim referidas estavam longe de constituir
simples exceção à regra de que só os danos patrimoniais deveriam ser ressar-
cidos; antes, pelo contrário, visando apenas disciplinar ‘a forma de liquidação
do dano’, prestam-se para confirmar que está ínsita na lei civil a ideia da re-
parabilidade do dano moral.23
21
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” (BRASIL. Lei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002.
Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 18
mar. 2019).
22
KINPARA, Lucas Kouji. Dano moral e a determinação do valor da indenização. In: STOCO, Rui (Org.). Doutrinas
essenciais: dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, jul. 2015, v. IV, p. 733.
23
CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 46.
28 | A quantificação do dano moral
24
BARBOSA, Jovi Vieira. Dano moral: o problema do quantum debeatur nas indenizações por dano moral. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 162.
25
MONATERI, P. G.; GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 121.
Lucas Girardello Faccio | 29
26
GHERSI, Carlos Alberto. Quantificación económica: daño moral y psicológico. Buenos Aires: Astrea, 2002, p. 126-
127.
27
GHERSI, Carlos Alberto. Quantificación económica: daño moral y psicológico. Buenos Aires: Astrea, 2002, p. 128.
28
Essa linha de entendimento também é adotada pela doutrina brasileira, como segue: “O dano moral não está ne-
cessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana sem
dor, vexame, sofrimento, assim como pode haver dor, vexame e sofrimento sem violação da dignidade. Dor, vexame,
sofrimento e humilhação podem ser consequências, e não causas. Assim como a febre é o efeito de uma agressão
orgânica, a reação psíquica da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver causa uma agressão à sua
dignidade.” (MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática, do cabimento à fixação do quantum. 4. ed.
rev., atual. e aum. São Paulo: Atlas, 2012, p. 83).
29
KAUFFMAN, Boris Padron. O dano moral e a fixação do valor indenizatório. In: AUGUSTIN, Sérgio (Coord.). Dano
moral e sua quantificação. Caxias do Sul: Plenum, 2004, p. 31.
30
MARTINS DA SILVA, Américo Luís. O dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005, p. 39.
30 | A quantificação do dano moral
31
DANO. In: Michaelis: dicionário escolar de língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos, 2008, p. 248.
32
MORAL. In: Michaelis: dicionário escolar de língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos, 2008, p. 568.
33
COUTO E SILVA, Clóvis V. O conceito de dano no direito brasileiro e comparado. Revista de Direito Civil Con-
temporâneo, São Paulo, v. 2, n. 2169, p. 333-348, jan./mar. 2015. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em:
04 mar. 2019. Arquivo PDF.
34
“Il danno morale va cioè inteso come sofferenza soggettiva in sé considerata senza ulterior connotazioni in termini
di durata. Si trata in sostanza del turbamento dell’animo, del dolore intimo sofferti che non degenerano in patologia
Lucas Girardello Faccio | 31
perché, in tal caso, si rientra nell’area della quantificazione del risarcimento. Va peraltro evidenziato che la sofferenza
fisica e il patema d’animo non esauriscono la figura morale, come comprovato dal fatto che tale danno viene ricono-
sciuto anche in favore delle persone giuridiche, che pur non possono provare sofferenza.” (MONATERI, P. G.;
GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 119).
35
MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática, do cabimento à fixação do quantum. 4. ed. rev., atual.
e aum. São Paulo: Atlas, 2012, p. 8.
36
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Segunda Seção. Súmula n. 227. Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2011_17_capSumula227.pdf. Acesso
em: 26 dez. 2019.
37
DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Justiça. Quarta Turma Cível. Apelação Civil n. 20140110530558. Relator: De-
sembargador Sérgio Rocha. Julgado em: 02 mar. 2016. Disponível em: https://tj-
df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/339740786/apelacao-civel-apc-20140110530558?ref=serp. Acesso em: 01 mar.
2019.
32 | A quantificação do dano moral
38
Acerca do conteúdo da ofensa à personalidade humana: “[…] a ofensa ao chamado direito de personalidade corres-
ponde a uma quebra da unidade da natureza humana. A pessoa é um substrato, uma figura, onde se reúne a
substância composta, a natureza do homem. Daí se dizer que a natureza humana é composta de espírito e matéria;
daí se dizer que o homem é feito de espírito e corpo. Essa unidade é que faz da pessoa um indivíduo, irrepetível e
sem igual. Essa unidade resulta de muitas partes que lhe são integrantes, formando um todo. Por isso o dano ao
chamado direito de personalidade é qualquer ofensa ao todo que compõem o ser humano, como unidade. É a quebra
da harmonia do todo.” (NERY, Rosa Maria Barreto Borriello de Andrade. Dano moral e Patrimonial: fixação do valor
indenizatório. In: STOCO, Rui (Org.). Doutrinas essenciais: dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v.
IV, p. 737).
39
MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civil-constitucional dos danos morais. Rio
de Janeiro: Renovar, 2003, p. 132.
40
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015, p. 117.
41
MORAES, Maria Celina Bodin de. Conceito, função e quantificação do dano moral. Revista IBERC, Minas Gerais, v.
1, n. 1, p. 01-24, nov./fev. 2019. Disponível em: www.responsabilidadecivil.org/revista-iberc. Acesso em: 01 mar.
2019.
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42
MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civil-constitucional dos danos morais. Rio
de Janeiro: Renovar, 2003, p. 156.
43
SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. Sexta Câmara de Direito Privado. Apelação Civil n. 089.944.4/3. Relator: De-
sembargador Munhoz Soares. Julgado em: 16 de março de 2000. Disponível em: https://esaj.tjsp.
jus.br/cjsg/getArquivo.do?conversationId=&cdAcordao=1386835&cdForo=0&uuidCaptcha=sajcap-
tcha_46a3fb5116194f2dbeb02aabd5b8d8e4&vlCaptcha=zeT&novoVlCaptcha=. Acesso em: 01 mar. 2019.
44
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Sétima Câmara Civil. Apelação Civil n. 70079105318. Relatora: De-
sembargadora Liselena Schifino Robles Ribeiro. Julgado em: 31 out. 2018. Disponível em: http://www.tjrs.jus.br/ .
Acesso em: 02 mar. 2019.
34 | A quantificação do dano moral
45
BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 4. ed., rev., aum. e mod. por Eduardo C. B. Bittar. São
Paulo: Saraiva, 2015, p. 45.
46
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015, p. 15-
16.
47
SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 2.
Lucas Girardello Faccio | 35
48
Nesse sentido: A excessiva proteção à propriedade privada e aos contratos tem sido apontada como uma das prin-
cipais características do direito civil oitocentista, cuja visão patrimonialista, com a prevalência da coisa sobre a pessoa,
teve como grande expoente o Código Civil francês de 1804, legislação que representava com muita força a pretensão
de completude do direito, na medida em que se compreendia constar naquela codificação todas as situações jurídicas
representativas do interesse da pessoa (RODRIGUES, Francisco Luciano Lima; VERAS, Gésio de Lima. Dimensão
funcional do dano moral no direito civil contemporâneo. Civilistica, Rio de Janeiro, a. 4, n. 2, p. 1-24, 2015. Disponível
em: http://civilistica.com/dimensao-funcional-do-dano-moral-no-direito-civil-contemporaneo/. Acesso em: 26 fev.
2019, p. 8).
49
SILVA, Fernando Moreira Freitas da. O dano moral em uma perspectiva civil-constitucional. In: CONGRESSO
NACIONAL DO CONPEDI – UFPB: a humanização do direito e a horizontalização da justiça no século XXI, XXIII., João
Pessoa, 2014. Anais […]. Florianópolis: CONPEDI, 2014, p. 205-220. (Direito Civil-constitucional II, coordenado por
Wladimir Alcibíades Marinho Falcão Cunha, Glauber Salomão Leite, Marcos Augusto de Albuquerque Ehrhardt Ju-
nior). Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/publicacao/ufpb/livro.php?gt=244. Acesos em: 15 mar.
2019.
50
Acerca da personalidade: “[…] constitui a personalidade a pré-condição – no dizer de Ferrara, ou o fundamento e
pressuposto para De Cupis – dos direitos e obrigações jurídicas. Costuma ser utilizada, em doutrina, a imagem da
ossatura: a personalidade seria uma ossatura destinada a ser revestida de direitos e obrigações. Direitos esses que
seriam os direitos subjetivos, entendidos como a possibilidade de fazer valer certas posições de proeminência, con-
feridos pelo ordenamento, relativamente a outras pessoas, através da manifestação de vontade.” (MONTEIRO FILHO,
Carlos Edison do Rêgo. Elementos de responsabilidade civil por dano moral. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p.
41).
36 | A quantificação do dano moral
51
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Danos morais e direitos da personalidade. Revista Trimestral de Direito Civil, Rio de
Janeiro, n. 6, p. 79-97, abr./jun. 2001.
52
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprie-
dade, nos termos seguintes: […]; V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem; […]; X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; […].” (BRASIL.
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 15 mar. 2019).
53
Ainda sobre o direito da personalidade no Brasil, elucida Fabio Siebeneichler de Andrade: “[...] na vigência do
Código Civil de 1916, os direitos da Personalidade haviam sido versados pela doutrina brasileira, e sido objeto de
tratamento pelo Anteprojeto de Código Civil de 1963, elaborado por Orlando Gomes. No entanto, a positivação dos
direitos da Personalidade no direito brasileiro ocorrerá somente mediante a Constituição de 1988. Em seu artigo 5º,
inciso X, faz-se clara menção à inviolabilidade de determinados direitos da personalidade.” (ANDRADE, Fabio Siebe-
neichler. A tutela dos direitos da personalidade no direito brasileiro em perspectiva atual. Revista de Derecho
Privado, Colômbia, n. 24, p. 81-111, ene./jun., 2013).
54
LUTZKY, Daniela Courtes. A reparação de danos imateriais como direito fundamental. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2012, p. 61.
55
LUTZKY, Daniela Courtes. A reparação de danos imateriais como direito fundamental. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2012, p. 63.
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56
LUTZKY, Daniela Courtes. A reparação de danos imateriais como direito fundamental. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2012, p. 76-77.
57
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 12. ed. rev., atual. e ampl. por Gustavo Tepedino. Rio de
Janeiro: Forense, 2018, p. 78.
58
Nesse sentido, “[…] a indenização em dinheiro não visa à restituição absoluta do status quo da vítima anterior ao
dano e nem à recomposição total da dor e da angústia por ele vivenciados. O seu escopo é o alívio, a amenização, a
diminuição dos sentimentos negativos suportados pelo lesado, sob uma perspectiva de ‘correspondência’ ou ‘propor-
cionalidade’, e não de ‘equivalência’, buscando ainda sancionar o lesante a fim de que ele não reitere a conduta
ofensiva. Assim, num contexto mais amplo, consiste o objetivo dessa reparação pecuniária na defesa dos valores
38 | A quantificação do dano moral
essenciais à preservação da personalidade humana e do convívio social, atribuindo à vítima algum tipo de compen-
sação, bem como lhe devolvendo, na medida do possível, sua integridade física, psicológica e emocional.” (GOUVÊA,
J. R. F.; SILVA, V. A. da. A quantificação dos danos morais pelo STJ. In: STOCO, Rui (Org.). Doutrinas essenciais:
dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. IV, p. 688).
59
NISHIYAMA, A. M.; TOLEDO, R. C. P. Dano moral: estudo constitucional e novo elemento de ponderação. Revista
dos Tribunais, São Paulo, v. 997, a. 107, p. 53-77, nov. 2018. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 04
mar. 2019. Arquivo PDF.
60
GHERSI, Carlos Alberto. Quantificación económica: daño moral y psicológico. Buenos Aires: Astrea, 2002, p. 130.
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61
ROSSETTI, Marco. Il danno non patrimoniale: cos’è, come si accerta e come si liquida. Milão: Giuffrè, 2010, p.
126.
62
ROSSETTI, Marco. Il danno non patrimoniale: cos’è, come si accerta e come si liquida. Milão: Giuffrè, 2010, p.
126-127.
63
ROSSETTI, Marco. Il danno non patrimoniale: cos’è, come si accerta e come si liquida. Milão: Giuffrè, 2010, p.
127.
64
Tradução livre: pode-se falar de uma verdadeira função satisfativa do ressarcimento somente quando for possível
encontrar em natura um substituto perfeito do bem lesado ou suprimido (ROSSETI, Marco. Il danno non patrimo-
niale: cos’è, come si accerta e come si liquida. Milano: Giuffrè, 2010, p. 127).
40 | A quantificação do dano moral
65
BOBBIO, Norberto. Da estrutura à função: novos estudos de teoria do direito. Barueri: Manole, 2007, p. 13.
66
RODRIGUES, Francisco Luciano Lima; VERAS, Gésio de Lima. Dimensão funcional do dano moral no direito civil
contemporâneo. Civilistica, Rio de Janeiro, a. 4, n. 2, p. 1-24, 2015. Disponível em: http://civilistica.com/dimensao-
funcional-do-dano-moral-no-direito-civil-contemporaneo/. Acesso em: 26 fev. 2019, p. 18.
67
MELO, Nehemias Domingos de. Por uma teoria renovada para quantificação da indenização por dano moral (teoria
da exemplaridade). Revista Síntese Direito Civil e Processual Civil, São Paulo, a. 22, n. 79, p. 63, set./out. 2012.
68
MELO, Nehemias Domingos de. Por uma teoria renovada para quantificação da indenização por dano moral (teoria
da exemplaridade). Revista Síntese Direito Civil e Processual Civil, São Paulo, a. 22, n. 79, p. 63-64, set./out. 2012.
Lucas Girardello Faccio | 41
69
RODRIGUES, Francisco Luciano Lima; VERAS, Gésio de Lima. Dimensão funcional do dano moral no direito civil
contemporâneo. Civilistica, Rio de Janeiro, a. 4, n. 2, p. 1-24, 2015. Disponível em: http://civilistica.com/dimensao-
funcional-do-dano-moral-no-direito-civil-contemporaneo/. Acesso em: 26 fev. 2019, p. 16.
70
RODRIGUES, Francisco Luciano Lima; VERAS, Gésio de Lima. Dimensão funcional do dano moral no direito civil
contemporâneo. Civilistica, Rio de Janeiro, a. 4, n. 2, p. 1-24, 2015. Disponível em: http://civilistica.com/dimensao-
funcional-do-dano-moral-no-direito-civil-contemporaneo/. Acesso em: 26 fev. 2019, p. 18.
71
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. Enunciado n. 446 da V Jornada de Direito Civil. Disponível em:
http://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/371. Acesso em: 07 mar. 2019.
42 | A quantificação do dano moral
É preciso, pois, distinguir: uma coisa é arbitrar-se indenização pelo dano mo-
ral que, fundada em critérios de ponderação axiológica, tenha caráter
compensatório à vítima, levando-se em consideração – para a fixação do mon-
tante – a concreta posição da vítima, a espécie de prejuízo causado e, inclusive,
a conveniência de dissuadir o ofensor em certos casos, podendo mesmo ser
uma indenização “alta” (desde que guarde proporcionalidade axiologicamente
estimada ao dano causado); outra coisa é adotar-se a doutrina dos punitive
72
FRANCO, Luiz Henrique Sapia. Notas sobre a responsabilidade civil na atualidade e a sua função punitiva. In:
STOCO, Rui (Org.). Doutrinas essenciais: dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, jul. 2015, v. IV, n. 20.984,
p. 605-638.
73
WALKER, M. P. ; SILVA, R. P. da; REINING, G. H. L. Punitive damages: características do instituto nos Estados
Unidos da América e transplante do modelo estrangeiro pela jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 115, n. 8.594, p. 169-204, jan./fev. 2018. Disponível em:
http://rtonline.com.br. Acesso em: 25 fev. 2019. Arquivo PDF, p. 4-6.
74
VIANNA, Tauanna Gonçalves. Indenização punitiva no Brasil: desafios e configuração. Revista de Direito Privado,
São Paulo, v. 57, n. 1488, p. 179-198, jan./mar. 2014. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 15 jul. 2018.
Arquivo PDF.
Lucas Girardello Faccio | 43
75
MARTINS-COSTA, J.; PARGENDLER, M. S. Usos e abusos da função punitiva. Revista CEJ, Brasília, v. 9, n. 28, p.
15-32, jan./mar. 2005. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/handle/2011/115058. Acesso em: 20 fev. 2019.
76
MARTINS-COSTA, J.; PARGENDLER, M. S. Usos e abusos da função punitiva. Revista CEJ, Brasília, v. 9, n. 28, p.
15-32, jan./mar. 2005. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/handle/2011/115058. Acesso em: 20 fev. 2019, p.
18-19.
44 | A quantificação do dano moral
77
BRASIL. Projeto de Lei do Senado n. 413, de 10 de junho de 2007. Acrescenta parágrafo ao art. 944 da Lei nº
10.406, de 2002, para incluir a previsão das funções compensatória, preventiva e punitiva da indenização. Disponível
em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/81887. Acesso em: 08 mar. 2019.
78
REIS, Clayton. Dano moral. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 168.
Lucas Girardello Faccio | 45
79
SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2013, p. 21.
80
ROSSETTI, Marco. Il danno non patrimoniale: cos’è, come si accerta e come si liquida. Milão: Giuffrè, 2010, p.
132.
81
GRONDONA, Mauro. La responsabilità civile tra libertà individuale e responsabilità sociale: contributo al di-
battito sui «risarcimenti punitivi». Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane, 2017, p. 117.
82
GRONDONA, Mauro. Le direzioni della responsabilità civile tra ordine pubblico e punitive damages (Commento a
CASS. CIV., sez. un., 5.7.2017, n. 16601). In: La nuova giurisprudenza civile commentata. Parma: CEDAM, 2017,
p. 1392.
46 | A quantificação do dano moral
83
GRONDONA, Mauro. Le direzioni della responsabilità civile tra ordine pubblico e punitive damages (Commento a
CASS. CIV., sez. un., 5.7.2017, n. 16601). In: La nuova giurisprudenza civile commentata. Parma: CEDAM, 2017,
p. 1397.
84
DELGADO, Rodrigo Mendes. O valor do dano moral: como chegar até ele. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: JH
Mizuno, 2011, p. 125.
85
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Quarta Turma. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n.
850273/BA. Relator: Ministro Honildo Amaral de Mello Castro. Julgado em: 03 ago. 2010. Disponível em:
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?processo=850273&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true.
Acesso em: 08 mar. 2019.
86
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Quarta Turma. Recurso Especial n. 1440721/GO. Relatora: Ministra Maria
Isabel Gallotti. Julgado em: 11 out. 2016. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/
toc.jsp?Processo=1440721&&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 08 mar. 2019.
87
Nesse sentido, ver SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 125.
Lucas Girardello Faccio | 47
O último ponto geral sobre o dano moral a ser analisado, mas não
menos importante, é a sua comprovação. Tal como os outros elementos
trabalhados até este momento, a prova da lesão à moral também é motivo
de debates entre doutrinadores e magistrados brasileiros por não existir
uma unanimidade acerca da divisão do ônus probatório nesses casos.
Como visto nos tópicos 2.2.1 e 2.2.2 deste trabalho, o dano moral con-
siste numa ofensa aos direitos da personalidade, ou seja, para que o dano
moral seja indenizável deve ocorrer uma conduta reconhecidamente ofen-
siva a esses direitos. Em que pese essa noção, a dificuldade que se tem em
mensurar a lesão à moral implica, também, dificuldades para sua compro-
vação, questiona-se como deve a parte demonstrar que sofreu uma lesão
imaterial.
Consequentemente, parte da doutrina passou a considerar qualquer
situação de dano moral como in re ipsa, sob o fundamento de que a partir
do momento em que se reconhece que esse tipo de dano está diretamente
relacionado com uma agressão aos preceitos da personalidade, como
honra, intimidade, entre outros, é desnecessário atribuir ao ofendido o
ônus de demonstrar que determinada ofensa repercutiu no seu interno.
Complementa Nehemias Domingos de Melo expondo que a ideia de que o
ordenamento jurídico deve “[…] se conformar com a presunção de que,
em razão de máximas de experiências, qualquer indivíduo de mediana
88
Sobre essa nova teoria: “[...] de lege ferenda, em hipóteses específicas, como foi dito, parece admissível a figura da
indenização punitiva quando se tratar de conduta ultrajante, em relação à consciência coletiva, ou quando houver
conduta dolosamente reiterada. O interesse protegido, o bem-estar da coletividade, justifica o remédio. Propugna-
se, ainda, pela admissão, considerado o bem jurídico tutelado, de indenização punitiva na reparação de dano moral
para situações potencialmente causadoras de lesões a um grande número de pessoas (por exemplo, uma política de
assédio moral institucionalizada), em relações de consumo e na responsabilidade ambiental. Requer-se, no entanto,
nesses casos a manifestação do legislador tanto para delinear adequadamente o instituto, quanto para estabelecer as
imprescindíveis garantias processuais.” (MORAES, Maria Celina Bodin de. Conceito, função e quantificação do dano
moral. Revista IBERC, Minas Gerais, v. 1, n. 1, p. 01-24, nov./fev. 2019. Disponível em: www.responsabilidadeci-
vil.org/revista-iberc. Acesso em: 01 mar. 2019, p. 10).
48 | A quantificação do dano moral
89
MELO, Nehemias Domingos de. Por uma teoria renovada para quantificação da indenização por dano moral (teoria
da exemplaridade). Revista Síntese Direito Civil e Processual Civil, São Paulo, a. 22, n. 79, p. 60, set./out. 2012.
90
STOCO, Rui. Responsabilidade civil no Código Civil francês e no Código Civil brasileiro (estudos em homenagem
ao bicentenário do Código Civil francês). Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 832, n. 130, p. 11-58, jan. 2005. Dis-
ponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 10 mar. 2019. Arquivo PDF.
Lucas Girardello Faccio | 49
91
MARTINS-COSTA, Judith. Dano moral à brasileira. Revista do Instituto de Direito Brasileiro, Lisboa, v. 3, n. 9,
p. 1-50, 2014. Disponível em: https://www.cidp. pt/publicacoes/revistas/ridb/2014/09/2014_09_07073_07122.pdf.
Acesso em: 14 nov. 2018.
92
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. Enunciado n. 159 da III Jornada de Direito Civil. Disponível em:
http://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/274. Acesso em: 10 mar. 2019.
93
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Segunda Seção. Súmula n. 385. Disponível em:
http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27385%27).sub.#TIT1TEMA0. Acesso
em: 10 mar. 2019.
50 | A quantificação do dano moral
94
MONATERI, P. G.; GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 306-307.
95
MONATERI, P. G.; GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 308.
96
O italiano Marco Rossetti, num ar crítico, dispõe que a teoria do dano extrapatrimonial in re ipsa “[…] se funda-
menta na afirmação, suposição de que o ‘dano jurídico’ consiste na mera lesão a um interesse protegido pelo
ordenamento.” [traduziu-se] (ROSSETTI, Marco. Il danno non patrimoniale: cos’è, come si accerta e come si li-
quida. Milão: Giuffrè, 2010, p. 105).
97
Há, em verdade, uma desvirtuação da reparação do dano moral em nome da proteção dos direitos da personalidade.
A fim de ilustrar essa visão, cita-se o acórdão nº 20192526, recentemente julgado pelo Tribunal de Justiça de Sergipe,
em que apesar de se reconhecer que a inscrição indevida tenha ocorrido por curto espaço de tempo e sem qualquer
demonstração da vítima de que tenha de fato sofrido algum abalo pela situação, a câmara decidiu por aumentar o
valor da indenização de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para R$ 8.000,00 (oito mil reais) (SERGIPE. Tribunal de Justiça.
Segunda Câmara Cível. Apelação Civil n. 201800836041. Relator: Desembargador Ricardo Múcio Santana de A.
Lima. Julgado em: 12 fev. 2019. Disponível em: http://www.tjse.jus.br/portal/consultas/jurisprudencia/judicial.
Acesso em: 10 mar. 2019).
Lucas Girardello Faccio | 51
98
REIS, Clayton. Dano moral. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 170.
99
Sobre a relação da reparação natural e os danos morais, Santana explica que: “[...] a reparação natural (in natura)
é considerada como a melhor forma de indenização e a que mais atende aos anseios de justiça no caso concreto. O
dano moral não comporta exclusivamente a reparação natural (in natura). Verificada qualquer violação dos direitos
da personalidade, nenhuma ação humana poderá ser realizada para o fim de restabelecer a vítima à situação anterior
(status quo ante). A título de exemplo, na divulgação equivocada pelo laboratório prestador do serviço de que deter-
minado consumidor é portador do vírus da AIDS, o dano moral está configurado e decorre da simples prova do fato
(in re ipsa), devendo a vítima ser indenizada pecuniariamente.” (SANTANA, Héctor Valverde. A fixação da indeniza-
ção por dano moral. Revista de Informação Legislativa, Brasília, a. 44, n. 175, p. 21-40, jul./set. 2007. Disponível
em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/139968. Acesso em: 11 mar. 2019).
100
MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática, do cabimento à fixação do quantum. 4. ed. rev., atual.
e aum. São Paulo: Atlas, 2012.
52 | A quantificação do dano moral
101
BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 4. ed., rev., aum. e mod. por Eduardo C. B. Bittar.
São Paulo: Saraiva, 2015, p. 107.
102
Acerca da Justiça Corretiva, conforme define Aristóteles: “[...] mas o justo transações privadas, embora seja o igual
num certo sentido (e o injusto, o desigual), não é o igual de acordo com a proporção geométrica, mas de acordo com
proporção aritmética, pois não faz qualquer diferença se um homem bom trapaceou um homem mau ou se este
trapaceou aquele, nem se foi um homem bom ou mau que cometeu adultério; a lei apenas considera a natureza do
dano, tratando as partes como iguais, limitando-se a indagar se alguém praticou injustiça enquanto o outro a sofreu
e se alguém praticou o dano e se o outro foi atingido.” (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Edson Bini.
São Paulo: Edipro, 2002, p. 143).
103
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 51.
104
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 62.
Lucas Girardello Faccio | 53
105
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 62.
106
SANDOVAL GUIARRIDO, Diego Alejandro. Reparación integral y responsabilidad civil: el concepto de reparación
integral y su vigencia en los daños extrapatrimoniales a la persona como garantía de los derechos de las víctimas.
Revista de Derecho Privado, Colombia, n. 25, p. 235-251, jul./dez. 2013. Disponível em: https://dialnet.uniri-
oja.es/servlet/articulo?codigo=4703910. Acesso em: 11 mar. 2019.
107
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 76.
108
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 266.
54 | A quantificação do dano moral
109
SEVERO, Sérgio. Os danos extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 202.
110
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 267.
111
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 269.
Lucas Girardello Faccio | 55
extensão dos prejuízos sem conteúdo econômico sofridos pela vítima. Nessa
perspectiva, mostra-se perfeitamente possível a utilização do princípio da
reparação integral como subsidio para quantificação da indenização dos danos
extrapatrimoniais à luz do postulado da razoabilidade.112
Já o quarto efeito:
112
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 269-270.
113
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 270.
114
GHERSI, Carlos Alberto. Quantificación económica: daño moral y psicológico. Buenos Aires: Astrea, 2002, p. 136.
115
FISCHER, Hans Albrecht. A reparação dos danos no direito civil. São Paulo: Livraria Acadêmica, 1938, p. 192.
56 | A quantificação do dano moral
116
“Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.” (BRASIL. Lei n. 10.406 de 10
de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/Leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 18 mar. 2019).
117
Conforme redação dos art. 44, IV do Código Federal Suíço das Obrigações: “Art. 44 Motivos de redução: 1. Se o
lesado concordou com o ato danoso, ou se circunstâncias, pelas quais deve ele responder, atuaram para criar ou
aumentar o dano ou agravaram, de outro modo, a situação do obrigado à indenização, poderá o juiz minorar a
obrigação de indenização ou, inteiramente, não a reconhecer. 2. Se o obrigado à indenização que não causou o dano
nem intencionalmente nem por negligência grave, ficar, pela prestação da indenização, reduzido a estado de neces-
sidade, poderá o juiz, também por esse motivo, minorar a obrigação de indenizar.” [traduziu-se] (SUÍÇA. Loi
fédérale complétant le Code Civil suisse. Disponível em: https://www.admin.ch/opc/fr/classified-compila-
tion/19110009/index.html?fbclid=IwAR29VV-JqydrglQ0cA6lmnJHOrhT0qXtefJo4s9o53aJ4S0NWRmIF4rKrYY.
Acesso em: 13 mar. 2019).
118
Dispõe o art. 494 do Código Civil Português: “[…] quando a responsabilidade se fundar na mera culpa, poderá a
indemnização ser fixada, equitativamente, em montante inferior ao que corresponderia aos danos causados, desde
que o grau de culpabilidade do agente, a situação económica deste e do lesado e as demais circunstâncias do caso o
justifiquem.” (PORTUGAL. Decreto-lei n. 47.344, 25 de novembro de 1966. Código Civil português. Disponível
Lucas Girardello Faccio | 57
em: https://www.igac.gov.pt/documents/20178/358682/C%C3%B3digo+Civil.pdf/2e6b36d8-876b-433c-88c1-
5b066 aa93991. Acesso em: 12 mar. 2019).
119
MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo. Art. 944 do Código Civil: o problema da mitigação do princípio da
reparação integral. Revista de Direito da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 63,
p. 69-94, 2008. Disponível em: https://www.pge.rj.gov.br/revista-de-direito/2008-volume-63. Acesso em: 12 mar.
2019.
120
MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral: problemática, do cabimento à fixação do quantum. 4. ed. rev., atual.
e aum. São Paulo: Atlas, 2012.
121
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015, p. 56.
58 | A quantificação do dano moral
122
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015, p. 57.
123
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 12. ed. rev., atual. e ampl. por Gustavo Tepedino. Rio de
Janeiro: Forense, 2018, p. 100s.
124
MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo. Art. 944 do Código Civil: o problema da mitigação do princípio da
reparação integral. Revista de Direito da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 63,
p. 69-94, 2008. Disponível em: https://www.pge.rj.gov.br/revista-de-direito/2008-volume-63. Acesso em: 12 mar.
2019, p. 78-80.
125
MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo. Art. 944 do Código Civil: o problema da mitigação do princípio da
reparação integral. Revista de Direito da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 63,
Lucas Girardello Faccio | 59
Ademais, tem-se que não apenas a extensão da lesão deve ser consi-
derada, mas também a sua natureza. Paulo de Tarso Vieira Sanseverino
expõe que se, por exemplo, o interesse lesado for apenas patrimonial,
como num acidente de trânsito causado por culpa leve, por uma distração
do motorista ele acaba batendo na traseira do outro veículo, mas sendo
esse outro um carro de colecionador muito valioso e o valor da reparação
do dano altíssimo, tem-se perfeita situação para aplicação da redução. To-
davia, se na situação descrita houver danos pessoais consideráveis, como
ofensa à dignidade da pessoa humana, defende a impossibilidade da redu-
ção, por conta da superioridade do valor da dignidade humana em
comparação com qualquer dano material, o que demonstra a importância
da análise da natureza da lesão126.
O segundo critério, a equidade, deve ser entendida como a “justiça do
caso concreto”, concepção que se atribui a Aristóteles. Na realidade, o filó-
sofo grego tratava a epieikeia como ferramenta para correção de erros
decorrentes da indevida aplicação da lei a certos casos, servindo ao magis-
trado naquelas situações em que a pura aplicação da lei se mostrava
simples para o caso concreto. Já no período do direito romano, a aequitas
representa significado próprio, saindo do alcance da Epieikeia grega, ao
ingressar no plano da prática jurídica. Contudo, com a grande diferença
que a aequitas não cria a norma, apenas adapta o jus ao caso concreto127.
Com o desenvolvimento do conceito de equidade, entende-se da obra
de Tomás de Aquino128 que “[…] a equidade não é contra o justo em si,
mas contra a norma geral (lei universal) cuja aplicação pura e simples ao
129
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 88.
130
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 90-91.
131
MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo. Art. 944 do Código Civil: o problema da mitigação do princípio da
reparação integral. Revista de Direito da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 63,
p. 69-94, 2008. Disponível em: https://www.pge.rj.gov.br/revista-de-direito/2008-volume-63. Acesso em: 12 mar.
2019, p. 80-81
Lucas Girardello Faccio | 61
132
SILVA, Luís Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 798, n. 235, p.
23-50, abr. 2012. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 18 mar. 2019. Arquivo PDF.
133
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010.
134
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: […]; III – a dignidade da pessoa
humana.” (BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 15 mar. 2019).
135
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na
perspectiva constitucional. 11. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p. 100.
62 | A quantificação do dano moral
defende-se que deve ser observado como principal tópico para interpretar-
se a regra do art. 944, parágrafo único, do CCB, numa concepção de exis-
tência digna, funcionado, segundo o autor, como postulado normativo,
inclusive, segundo o autor, considerando-se o âmbito da ordem econô-
mica, central no desenvolvimento das relações privadas136.
A condição econômica do ofensor, como visto, apesar de estar pre-
sente como critério da redução nas legislações que inspiraram o legislador
brasileiro, não consta na legislação civil nacional. Entretanto, sob o argu-
mento de que a regra da cláusula de redução proporciona ao magistrado
efetuar uma análise ancorada na equidade, isso abriria a possibilidade de
que elementos não previstos expressamente fossem analisados, como a
condição econômica do ofensor e os outros já trabalhados137. A questão
centra-se na relevância da indenização fixada para o patrimônio do ofen-
sor, no nível de afetação concreta que ocorrerá. Ressalta-se que o tema da
condição econômica do ofensor será abordado de maneira mais aprofun-
dada em ponto oportuno desse trabalho, quando se apresentar os critérios
de arbitramento do dano moral no Brasil.
Com isso, encerra-se esse ponto com a noção de que a finalidade da
cláusula de redução da indenização é “[…] evitar que a reparação integral
dos danos prive o ofensor do mínimo necessário à sua sobrevivência, em
prestígio dos princípios da dignidade humana e da solidariedade”138. As-
sim, o tema se mostra relevante para a problemática que envolve a
quantificação dos danos morais, a despeito de sua aplicação ser mitigada,
pois apresenta elementos a serem observados, inclusive a exceção de re-
dução equitativa do quantum, a fim de se alcançar um valor justo.
136
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 113.
137
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 120.
138
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015, p. 31.
Lucas Girardello Faccio | 63
139
Sobre a reparação do dano moral, Bittar complementa que sobre o direito a reparação e a sua caracterização “Com
efeito, sob o aspecto jurídico, a caracterização desse direito exige, de início, que haja interferência indevida de alguém
na esfera valorativa de outrem, trazendo-lhe lesão aos direitos mencionados; vale dizer: deve existir relação de cau-
salidade entre o dano experimentado e a ação alheia. Dessa forma, cumpre haver ação (comportamento positivo) ou
omissão (negativo) de outrem que, plasmada no mundo fático vem a alcançar e ferir, de modo injusto, componente
da esfera da moralidade do lesado. Há, em outros termos, um impulso físico ou psíquico de alguém no mundo exte-
rior – ou de outra pessoa ou coisa relacionada, nos casos indicados na lei - que lesiona a personalidade da vítima, ou
de pessoa ou coisa vinculada, obedecidos os pressupostos e os limites fixados no ordenamento jurídico. Em termos
simples, o agente faz algo que lhe não era permitido, ou deixa de realizar aquilo a que se comprometera juridicamente
atingindo a esfera alheia e causando-lhe prejuízo, seja por ações, gestos, insinuações, palavras, escritos ou por meio
de outros de comunicação possíveis.” (BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 4. ed., rev., aum.
e mod. por Eduardo C. B. Bittar. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 129).
140
Acerca do interesse, Zanoni dispõe que: “[…] acontece, no entanto, que na noção de interesse está o núcleo da
tutela legal jurídica, porque é através do reconhecimento de tal interesse humano que a pessoa legitima suas ações
para a realização, ou seja, a satisfação dos bens juridicamente protegidos.” [traudiziu-se] (ZANNONI, Eduardo A. El
daño en la responsabilidad civil. 2. ed. Buenos Aires: Astrea, 1987, p. 289).
141
REIS, Clayton. Dano moral. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 105-107.
64 | A quantificação do dano moral
142
“Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será
admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial; Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou
altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O
ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo; Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a subme-
ter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.” (BRASIL. Lei n. 10.406 de 10 de janeiro
de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 18 mar. 2019).
143
REIS, Clayton. Dano moral. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 108.
144
REIS, Clayton. Dano moral. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 109.
Lucas Girardello Faccio | 65
são englobadas, haja vista que dentro do capítulo dos direitos da persona-
lidade na legislação civil há dispositivos que tratam de aspectos físicos
como a disposição do corpo, ou a possibilidade de não ser submetido a
tratamento contra a vontade; e de aspectos mais subjetivos, abstratos,
imateriais, como a proteção do nome, da imagem, inclusive com relação
ao indivíduo já falecido145.
Ao lado da imaterialidade do conteúdo, essencial do objeto da repa-
ração nos casos de dano moral, outro motivo que dificulta a quantificação,
mas ao mesmo tempo também é consequência dessa imaterialidade, é a
ausência de previsão legislativa de critérios mínimos. Em que pese o
grande passo dado pela Constituição Federal extinguir qualquer remanes-
cente de dúvida quanto à legitimidade da reparação da lesão à moral, o
legislador constituinte não estabeleceu nenhum caminho a ser seguido
pelo intérprete para alcançar um valor justo. Nessa mesma omissão inci-
diu o legislador ordinário ao elaborar o atual Código Civil.
Antes da atual Carta Magna, existiam algumas leis que estabeleceram
critérios para tentar orientar o aplicador do direito nessa difícil tarefa,
como a Lei 5.250 de 1967, conhecida como Lei de Imprensa, e Lei 4.117 de
1962, o Código Brasileiro de Telecomunicações. Ocorre que os critérios in-
dicados não foram reproduzidos na legislação civil. Cumpre salientar que
essas leis não possuem mais validade e, por questões específicas, serão
analisadas nos próximos tópicos deste trabalho.
Em face dessa realidade, a Secretaria de Assuntos Legislativos do Mi-
nistério da Justiça a fim de analisar se estaria ocorrendo um abuso
excessivo da arbitrariedade dos magistrados na avaliação do dano moral,
encomendou pesquisa da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas de
São Paulo146. A pesquisa centrou-se em analisar acórdãos de tribunais de
justiça estaduais, tribunais federais e tribunais do trabalho no ano de
145
Cf. Capítulo II do Título I da Parte Geral do Código Civil Brasileiro (BRASIL. Lei n. 10.406 de 10 de janeiro de
2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm. Acesso
em: 18 mar. 2019).
146
PUSCHEL, Flavia Portela (Coord.). A quantificação do dano moral no Brasil: Justiça, segurança e eficiência.
Brasília: Ministério da Justiça, out. 2011. (Série Pensando o Direito, Brasília, n. 37). Disponível em: http://pen-
sando.mj.gov.br/wpcontent/uploads/2015 /07/37Pensan do_ Direito1.pdf. Acesso em: 19 mar. 2019.
66 | A quantificação do dano moral
147
PUSCHEL, Flavia Portela (Coord.). A quantificação do dano moral no Brasil: Justiça, segurança e eficiência. Bra-
sília: Ministério da Justiça, out. 2011. (Série Pensando o Direito, Brasília, n. 37). Disponível em:
http://pensando.mj.gov.br/wpcontent/uploads/2015 /07/37Pensan do_ Direito1.pdf. Acesso em: 19 mar. 2019.
148
PUSCHEL, Flavia Portela (Coord.). A quantificação do dano moral no Brasil: Justiça, segurança e eficiência.
Brasília: Ministério da Justiça, out. 2011. (Série Pensando o Direito, Brasília, n. 37). Disponível em: http://pen-
sando.mj.gov.br/wpcontent/uploads/2015 /07/37Pensan do_ Direito1.pdf. Acesso em: 19 mar. 2019.
Lucas Girardello Faccio | 67
149
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Segunda Turma. Recurso Especial n. 604801/RS. Relatora: Ministra Eliana
Calmon. Julgado em: 23 mar. 2004. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/
toc.jsp?processo=604801&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 19 mar. 2019.
150
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Segunda Turma. Recurso Especial n. 1024693/SP. Relatora: Ministra Eli-
ana Calmon. Julgado em: 06 ago. 2009. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/
toc.jsp?processo=1024693&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 19 mar. 2019.
68 | A quantificação do dano moral
151
MARTINS-COSTA, Judith. Dano moral à brasileira. Revista do Instituto de Direito Brasileiro, Lisboa, v. 3, n. 9,
p. 2, 2014. Disponível em: https://www.cidp. pt/publicacoes/revistas/ridb/2014/09/2014_09_07073_07122.pdf.
Acesso em: 14 nov. 2018.
Lucas Girardello Faccio | 69
152
“Art. 1.553. Nos casos não previstos neste Capítulo, se fixará por arbitramento a indenização.” (BRASIL. Lei n.
3.071, de 01 de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm. Acesso em: 20 mar. 2019).
153
“Art. 93. […]; IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
70 | A quantificação do dano moral
não prejudique o interesse público à informação.” (BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Fede-
rativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil03/Constituicao/Constituicao.htm.
Acesso em: 15 mar. 2019).
154
SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 131.
155
Nesse sentido é a crítica de Maria Celina Bodin de Moraes, ao dispor que: “A reparação do dano moral, expressa-
mente garantida no texto constitucional, revelou-se como um dos mais importantes mecanismos de concreta
proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana em nosso ordenamento jurídico. No entanto, este é também
o campo em que a arbitrariedade judicial se mostra mais desenvolta. O magistrado, na prática, recebe um cheque
em branco, para decidir o que bem entender: ele personifica o dano bem como sua valoração e não se exige – nem
se espera – que motive, do ponto de vista da racionalidade ou da quantificação, a sua decisão.” (MORAES, Maria
Celina Bodin de. Conceito, função e quantificação do dano moral. Revista IBERC, Minas Gerais, v. 1, n. 1, p. 01-24,
nov./fev. 2019. Disponível em: www.responsabilidadecivil.org/revista-iberc. Acesso em: 01 mar. 2019, p. 2).
156
SCHREIBER, Anderson. Arbitramento do dano moral no novo Código Civil. Revista Trimestral de Direito Civil,
Rio de Janeiro, v. 12, p. 3-25, out./dez. 2002, p. 8.
157
“Art. 84. Na estimação do dano moral, o Juiz terá em conta, notadamente, a posição social ou política do ofendido,
a situação econômica do ofensor, a intensidade do ânimo de ofender, a gravidade e repercussão da ofensa.” (BRASIL.
Lei n. 4.117, de 27 de agosto de 1962. Institui o Código Brasileiro de Telecomunicações. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L4117.htm. Acesso em: 20 mar. 2019).
Lucas Girardello Faccio | 71
158
“Art. 53. No arbitramento da indenização em reparação do dano moral, o juiz terá em conta, notadamente: I – a
intensidade do sofrimento do ofendido, a gravidade, a natureza e repercussão da ofensa e a posição social e política
do ofendido; II – a intensidade do dolo ou o grau da culpa do responsável, sua situação econômica e sua condenação
anterior em ação criminal ou cível fundada em abuso no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e
informação; III – a retratação espontânea e cabal, antes da propositura da ação penal ou cível, a publicação ou trans-
missão da resposta ou pedido de retificação, nos prazos previstos na lei e independentemente de intervenção judicial,
e a extensão da reparação por êsse meio obtida pelo ofendido.” (BRASIL. Lei n. 5.250, de 9 de fevereiro de 1967.
Regula a liberdade de manifestação do pensamento e de expressão. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L5250.htm. Acesso em: 20 mar. 2019).
159
PUSCHEL, Flavia Portela (Coord.). A quantificação do dano moral no Brasil: Justiça, segurança e eficiência. Bra-
sília: Ministério da Justiça, out. 2011. (Série Pensando o Direito, Brasília, n. 37). Disponível em:
http://pensando.mj.gov.br/wpcontent/uploads/2015 /07/37Pensan do_ Direito1.pdf. Acesso em: 19 mar. 2019.
72 | A quantificação do dano moral
160
SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 149.
161
SANTANA, Héctor Valverde. A fixação da indenização por dano moral. Revista de Informação Legislativa, Brasí-
lia, a. 44, n. 175, p. 21-40, jul./set. 2007. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/139968. Acesso
em: 11 mar. 2019, p. 10.
Lucas Girardello Faccio | 73
162
SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 149.
163
FRANÇA, Daniel Luiz do Nascimento. Dano moral – necessidade da prova do prejuízo para configuração da res-
ponsabilidade civil. In: STOCO, Rui (Org.). Doutrinas essenciais: dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015, v. IV, p. 1056.
74 | A quantificação do dano moral
164
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Décima Primeira Câmara Cível. Apelação Civil n. 70074407040.
Relator: Juiz convocado Alexandre Kreutz. Julgado em: 21 mar. 2018. Disponível em: http://www.tjrs.jus.br/. Acesso
em: 21 mar. 2019.
165
A título de exemplo, tem-se o recentes acórdão: RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Décima Primeira Câ-
mara Cível. Apelação Civil n. 70078360260. Relator: Desembargador Guinther Spode. Julgado em: 01 ago. 2018.
Disponível em: http://www.tjrs.jus.br/. Acesso em: 21 mar. 2019.
166
SILVA, Luís Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 798, n. 235, p.
23-50, abr. 2012. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 18 mar. 2019. Arquivo PDF.
167
TEIXEIRA MARTINS, Fabiane Parente. A aplicação do princípio da proporcionalidade ao direito ambiental. In:
Doutrinas Essenciais de Responsabilidade Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, out. 2011, v. 7, n. 224, p. 163-
179. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 11 mar. 2019. Arquivo PDF.
Lucas Girardello Faccio | 75
168
SILVA, Luís Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 798, n. 235, p.
23-50, abr. 2012. Disponível em: http://rtonline.com.br. Acesso em: 18 mar. 2019. Arquivo PDF.
169
BRANDÃO, Caio Rogério da Costa. Dano moral: valoração do quantum e razoabilidade objetiva. In: STOCO, Rui
(Org.). Doutrinas essenciais: dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. IV, p. 765.
170
Complementa esse raciocínio o exposto por Wesley de Oliveira Louzada Bernardo: “Desta forma, entendemos que
razoabilidade e proporcionalidade deverão nortear todos os julgamentos envolvendo dano moral. E, diga-se de pas-
sagem, não somente no que tange à segunda fase, ou seja, na apuração do quantum debeatur, mas também na
apuração do an debeatur, exercendo um duplo efeito: servir, de um lado, de instrumento hábil a possibilitar ao ma-
gistrado a verificação da existência do dano e, mantendo o mesmo critério, na fixação do valor reparatório; e, por
outro lado, possibilitar às partes a verificação da razoabilidade não somente do quantum, mas também das razões
expendidas para a obtenção de tal valor.” [grifos do autor] (BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano moral:
critérios de fixação de valor. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 192).
76 | A quantificação do dano moral
mínima noção de valores com base nos julgados anteriores, assim como as
chances de obter êxito ou não171.
É clara a necessidade de fundamentação adequada nas sentenças que
condenarem ao pagamento de indenizações por danos morais, decisões
vagas, sem a exposição dos fatores que levaram a certo valor servem ape-
nas para tumultuar tema já repleto de polemicas. Nesse sentido, elucida
Maria Celina Bodin de Moraes:
171
SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 152.
172
MORAES, Maria Celina Bodin de. Conceito, função e quantificação do dano moral. Revista IBERC, Minas Gerais,
v. 1, n. 1, p. 01-24, nov./fev. 2019. Disponível em: www.responsabilidadecivil.org/revista-iberc. Acesso em: 01 mar.
2019, p. 18.
173
MARTINS-COSTA, Judith. Dano moral à brasileira. Revista do Instituto de Direito Brasileiro, Lisboa, v. 3, n. 9,
p. 35, 2014. Disponível em: https://www.cidp. pt/publicacoes/revistas/ridb/2014/09/2014_09_07073_07122.pdf.
Acesso em: 14 nov. 2018.
Lucas Girardello Faccio | 77
174
BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano moral: critérios de fixação de valor. Rio de Janeiro: Renovar, 2005,
p. 170.
175
A título de curiosidade, cabe mencionar a análise um pouco diferenciada do tema presente na obra de Ronaldo
Alves. Inspirado na obra de Roberto Brebbia (BREBBIA, Roberto. El daño moral. Buenos Aires: Editorial Bibliográfica
Argentina, 1950), traz a ideia de que deve-se fazer uma análise objetiva da extensão do dano, ou seja, o julgador deve
analisar de que forma o dano do caso concreto se refletiria no homem médio de forma objetiva, não valorando os
aspectos subjetivos do ofendido no caso (ANDRADE, Ronaldo Alves de. Dano moral e sua valoração. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2011, p. 40).
176
MONATERI, Pier Giuseppe. Le fonti delle obbligazioni: la responsabilità civile. Torino: UTET, 1998, v. 3, p. 400.
177
Complementa a ideia: “[...] o exame do sofrimento da vítima guarda relação com a avaliação das consequências do
dano, ou seja, de que maneira o dano repercutiu na personalidade do ofendido. Sua importância não pode ser des-
considerada, pois ao levar-se em consideração o grau de sofrimento experimentado pela vítima está-se, em verdade,
destacando o papel satisfatório ou compensatório da indenização por danos extrapatrimoniais.” (BONATTO, Fer-
nanda Muraro. A quantificação da indenização por dano extrapatrimonial: análise dos critérios jurisprudenciais na
determinação do quantum debeatur. Direito & Justiça, Porto Alegre, v. 37, n. 2, p. 136-154, jul./dez. 2011).
78 | A quantificação do dano moral
178
Nesse sentido: “A duração da violação dos direitos da personalidade é considerada para efeito de aumentar ou
diminuir o valor da indenização do dano moral. Com efeito, conforme reiterado entendimento jurisprudencial, a
inscrição indevida do nome de consumidor em bancos de dados de ‘proteção ao crédito’ gera o dever de indenizar.
Entretanto, a inscrição indevida por um dia, com a imediata retirada do nome da vítima após a constatação do equí-
voco, deve ser valorada de forma diversa da situação em que o nome da vítima permanece negativado por mais de
um ano, mediante deliberado propósito (dolo) do agente ofensor, com as diversas e inerentes conseqüências restri-
tivas de acesso ao crédito.” (SANTANA, Héctor Valverde. A fixação da indenização por dano moral. Revista de
Informação Legislativa, Brasília, a. 44, n. 175, p. 21-40, jul./set. 2007. Disponível em: http://www2.se-
nado.leg.br/bdsf/handle/id/139968. Acesso em: 11 mar. 2019, p. 15).
179
MARTINS DA SILVA, Américo Luís. O dano moral e a sua reparação civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005, p. 386.
Lucas Girardello Faccio | 79
180
CAMARGO SILVA, Cícero. Aspectos relevantes do dano moral. In: AUGUSTIN, Sérgio (Coord.). Dano moral e sua
quantificação. Caxias do Sul: Plenum, 2004, p. 76.
181
SEVERO, Sérgio. Os danos extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 211.
182
ANDRADE, Ronaldo Alves de. Dano moral e sua valoração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 124.
183
BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano moral: critérios de fixação de valor. Rio de Janeiro: Renovar, 2005,
p. 182.
80 | A quantificação do dano moral
184
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 234.
185
DELGADO, Rodrigo Mendes. O valor do dano moral: como chegar até ele. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: JH
Mizuno, 2011, p. 426.
186
ANDRADE, Ronaldo Alves de. Dano moral e sua valoração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 41.
Lucas Girardello Faccio | 81
187
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 285.
188
“Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se
em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.” (BRASIL. Lei n. 10.406 de 10 de janeiro
de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm.
Acesso em: 18 mar. 2019).
82 | A quantificação do dano moral
189
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recurso Especial n. 959780/ES. Relator: Ministro Paulo
de Tarso Sanseverino. Julgado em: 26 abr. 2011. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/
jurisprudencia/toc.jsp?processo=959780&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 27 mar. 2019.
Lucas Girardello Faccio | 83
190
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recurso Especial n. 1152541/RS. Relator: Paulo de Tarso
Vieira Sanseverino. Julgado em: 13 set. 2011. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/
toc.jsp?livre=M%C9TODO+BIF%C1SICO&processo=1152541&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso
em: 27 mar. 2019.
191
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recurso Especial n. 710879/MG. Relatora: Ministra Nancy
Andrighi. Julgado em: 01 jun. 2006. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/
toc.jsp?processo=710879&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 27 mar. 2019.
192
MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao novo Código Civil: do inadimplemento das obrigações. Rio de Janeiro:
Forense, 2003, v. V, t. II, p. 351.
193
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. O princípio da reparação integral e o arbitramento equitativo da indeniza-
ção por dano moral no Código Civil. In: MARTINS-COSTA. Judith. Modelos de direito privado. São Paulo: Marcial
Pons, 2014, p. 446.
84 | A quantificação do dano moral
Visto isso, parte-se para o estudo das duas fases propostas por Paulo
de Tarso Vieira Sanseverino. Na primeira, o julgador analisa o interesse
jurídico ofendido e, com base nos precedentes de casos semelhantes, esta-
belece um valor inicial. Quando o magistrado atribui o valor inicial à lesão
respeitando os casos anteriores, segundo o autor, cumpre-se os preceitos
de justiça comutativa do princípio da reparação integral194.
Compreendida como um dos principais fundamentos do princípio da
reparação integral e da própria responsabilidade civil, a justiça comutativa
sustenta a ideia de que, à primeira vista, situações parecidas não devem
receber tratamento diverso. Acerca da necessidade de observar essa noção
para se alcançar uma devida valoração do dano moral, Carlos Alberto
Ghersi leciona que:
194
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 289.
195
“[…] cada juiz, em cada caso concreto, levando em consideração as circunstâncias do ato, a conduta do agente, a
situação existencial, individual e social, da vítima ou das vítimas etc., condena a reparação equitativamente (o que
não significa arbitrariamente, ou na ausência de normas legais, ou com base em seus sentimentos puros como
erroneamente acreditado), isto é, tentando fazer justiça à sentença comutativa.” [traduziu-se] (GHERSI, Carlos Al-
berto. Quantificación económica: daño moral y psicológico. Buenos Aires: Astrea, 2002, p. 138).
Lucas Girardello Faccio | 85
remete aos preceitos dos três últimos critérios gerais abordados anterior-
mente, com destaque aos ideais de segurança jurídica.
Já na segunda fase, tendo como ponto de partida o valor básico fixado
na primeira, cabe ao juiz determinar o valor final com a devida considera-
ção às circunstâncias particulares do caso, isto é, aqueles grupos de
critérios vistos no último tópico como a extensão da lesão, condições eco-
nômicas das partes, condições pessoais do ofendido, entre outros196.
Ante o exposto, diz-se que há um arbitramento equitativo197 e que
segue a noção de justiça comutativa do princípio da reparação integral,
pois respeita os julgamentos de casos semelhantes e permite que haja a
correta individualização na medida das suas particularidades. A equidade
aqui abordada é a disciplinada por Aristóteles, como visto, também cha-
mada de “justiça do caso concreto”. Salienta-se o entendimento de que a
equidade, para as indenizações por danos materiais, possui apenas o efeito
de limitar o valor final à extensão do dano ou de reduzir conforme a pro-
porção da gravidade da culpa. Todavia, para as reparações por danos
morais, a função é, essencialmente, garantir a justiça do quantum indeni-
zatório198.
Além do mais, nota-se uma boa aceitação do método bifásico pela ju-
risprudência do Superior Tribunal de Justiça. Seja desde 2006, com as
196
Sobre a importância do estudo dessas circunstâncias para uma quantificação justa do dano moral, complementa-
se: “[...] assumir como centro da análise a consequência danosa, e não o fato ou evento culposo, significa dar maior
relevo aos bens imateriais, distinguindo-os em diferentes ‘aspectos’ ou ‘situações’, o que permite, considerando ao
máximo possível as singularidades das vítimas, ressarcir com maior justiça e mais adequadamente o que se sofreu
(o que se perdeu) e contemplar as atividades que se terá que deixar de realizar. Assim, por exemplo, considera-se
especial o dano ao ouvido de um mergulhador que adora nadar, mesmo que o faça amadoristicamente, ou a perda
de um dedo da mão para quem se distrai a tocar piano.” (MORAES, Maria Celina Bodin de. Conceito, função e quan-
tificação do dano moral. Revista IBERC, Minas Gerais, v. 1, n. 1, p. 01-24, nov./fev. 2019. Disponível em:
www.responsabilidadecivil.org/revista-iberc. Acesso em: 01 mar. 2019, p. 20).
197
Quanto à equidade para Aristóteles, tem-se que: “[...] na realidade, Aristóteles considerava a Epieikeia como um
modo de corrigir equívocos da justiça legal, com a aplicação indevida da lei geral a casos concretos em que não se
mostrasse adequada a sua incidência, permitindo ao juiz com a sua utilização, retificar a excessiva simplicidade da
norma decorrente de sua generalidade. Ele a considerava ‘ainda melhor’ do que a sua concepção de justiça geral, que
se dirigia ao legislador na elaboração de normas gerais.” [grifos do autor] (SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira.
Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 85).
198
SANTANA, Héctor Valverde. A fixação da indenização por dano moral. Revista de Informação Legislativa,
Brasília, a. 44, n. 175, p. 21-40, jul./set. 2007. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/139968.
Acesso em: 11 mar. 2019, p. 26.
86 | A quantificação do dano moral
199
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Vigésima Segunda Câmara Cível. Apelação Cível n. 70077114288.
Relatora: Desembargadora Marilene Bonzanini. Julgado em: 30 maio 2018. Disponível em: http://www.tjrs.jus.br/ .
Acesso em: 28 mar. 2019.
200
SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Quarta Câmara de Direito Civil. Apelação Cível n.
050014422320138240008. Relator: Desembargador José Agenor de Aragão. Julgado em: 31 out. 2018. Disponível
em: http://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/buscaForm.do. Acesso em: 28 mar. 2019.
201
CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017, p.
176.
Lucas Girardello Faccio | 87
título de dano moral […] deve a autora emendar a inicial a fim de especi-
ficar os valores pretendidos […]”202.
Diante desse cenário, a ideia com a inversão sugerida é que, pelo fato
de agora a parte ao ingressar já ter de mensurar um valor e de que o ma-
gistrado não pode conceder algo além do pedido na inicial, a primeira fase
consistiria numa espécie de análise do valor pleiteado e das circunstâncias
particulares do caso, a fim de se estabelecer um valor base. Em seguida, os
precedentes jurisprudenciais funcionariam como uma ferramenta para
aumentar ou diminuir o valor, conforme o que se tem entendido em casos
semelhantes203.
Frisa-se que essa sugestão de inversão é muito recente, pouco discu-
tida e até o momento limitada ao ambiente acadêmico. Posto isso, o que
importa realmente é compreender a importância do método bifásico como
um instrumento de diminuir as subjetividades do processo de quantifica-
ção do dano moral.
Desse modo, encerra-se a primeira parte deste trabalho com um pa-
norama geral da situação do dano moral, sem qualquer pretensão de
exaurir o tema, com destaque ao seu desenvolvimento no Brasil e as for-
mas que têm sido utilizadas para sua mensuração. Na sequência, estuda-
se o tema no direito italiano, com ênfase para a técnica de tabelamento
desenvolvida para a quantificação de danos e as tentativas de tarifar o dano
moral no Brasil. Com isso, analisa-se a viabilidade da adoção no ordena-
mento jurídico brasileiro da técnica de tabelamento italiana como uma
solução para a problemática da quantificação do dano moral.
202
SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. Primeira Vara Cível do Foro de São Bernardo do Campo. Procedimento Comum
Cível n. 1000063-04.2019.8.26.0564. Juíza: Fabiana Feher Recasens. Disponível em: https://esaj.tjsp.
jus.br/cpopg/show.do?processo.co-
digo=FO000AOMW0000&processo.foro=564&uuidCaptcha=sajcaptcha_1e094e1d33714120a951a677df3adcbc.
Acesso em: 29 mar. 2019.
203
LEAL, Adisson. Danos morais e o novo CPC: proposta de inversão das etapas do método bifásico de arbitramento
da indenização. In: ROSENVALD, Nelson; MILAGRES, Marcelo (Coord.). Responsabilidade civil: novas tendências.
São Paulo: Foco Jurídico, 2017, p. 87-96.
3
A problemática da quantificação do
dano moral no Brasil e na Itália
patrimoniais, com ênfase nos morais, esteja pacificada na Itália, sem dis-
cussões, pelo contrário, assim como no Brasil, também é um tema que gera
debates e estudos constantemente.
Ao longo dos próximos tópicos procura-se trabalhar com dois pontos
principais. Num primeiro momento, a evolução desse tema na Itália, como
se sucedeu a construção doutrinária e jurisprudencial, a fim de proporci-
onar ao leitor uma melhor compreensão, inclusive por existir algumas
proximidades com o contexto brasileiro. Ao lado disso, aborda-se, especi-
ficamente, a técnica do tabelamento italiana, elaborada inicialmente para
os casos de danos biológicos, mas que tem sido utilizada também nos casos
de danos morais.
Já num segundo momento, retoma-se o estudo da situação brasileira,
com destaque para as tentativas de tabelamento do dano moral no país.
Para, com isso, analisar a viabilidade de importação da técnica italiana
para o ordenamento jurídico pátrio, se o uso dessa pelos juristas brasilei-
ros auxiliaria ou não a solucionar as incógnitas que aparecem ao se tratar
da reparação de uma lesão à moral.
1
Tradução livre: qualquer ato humano que acarrete dano a outrem obriga àquele culpado pelo acontecimento a res-
sarcir o dano (RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane.
2013, p. 48).
2
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 48.
3
Tradução livre: qualquer um é responsável pelo dano causado não apenas por um fato próprio, mas também pela
própria negligência ou imprudência (CURSI, Maria Floriana. Il danno non patrimoniale e i limiti storico-sistematici
dell’art. 2059 C.C. In: Modelli teorici e metodologici nella storia del diritto privato: obbligazioni e diritti reali.
Napoli: Jovene, 2003, p. 103-167).
4
CURSI, Maria Floriana. Il danno non patrimoniale e i limiti storico-sistematici dell’art. 2059 C.C. In: Modelli teorici
e metodologici nella storia del diritto privato: obbligazioni e diritti reali. Napoli: Jovene, 2003, p. 103-167.
Lucas Girardello Faccio | 91
durante vigência do Código “del Regno” é que houve uma divisão na dou-
trina e jurisprudência, pois num primeiro momento entendeu-se certa e
possível a reparação do dano moral, mas em pouco tempo passou a vigorar
a posição contrária5.
Evidenciam-se dois argumentos que fundamentavam a reparação do
dano moral na época reportada acima. O primeiro refere-se à literalidade
do artigo 1151 e decorre do enfrentamento do entendimento de que a re-
paração estava limitada aos danos materiais. O patrimônio jurídico do
indivíduo, ou seja, o interesse jurídico protegido deveria abranger lesões
de cunho exclusivamente moral, e não se poderia dizer que essas lesões
não seriam reparáveis. Sustentava-se que a interpretação do termo “da-
nos” deveria também englobar os morais pela mudança de
direcionamento proposto ao ordenamento jurídico da época, concen-
trando-se mais no sujeito do que no patrimônio6.
O segundo argumento admitia a valoração monetária das lesões de
cunho moral, entendendo que caberia ao juiz, equitativamente, fixar um
valor, e, desse argumento, destaca-se que a reparação do dano moral teria
função de substituir o “benefício perdido”7.
Por outro lado, há uma série de razões expostas pela doutrina que
justificavam o posicionamento contrário à reparação. A primeira consiste
numa retomada ao direito romano e embasa-se na ideia de que a tradição
herdada desse período é de que os danos não patrimoniais não seriam in-
denizáveis. Além disso, outra razão seria a dificuldade, pra não se falar em
impossibilidade, de se quantificar uma lesão à bens imateriais (argumento
também utilizado pelos autores brasileiros contrários à reparação dos da-
nos não patrimoniais)8.
Também merece ser apontado o argumento relacionado à concretude
do dano moral. Sustenta-se que todo bem jurídico tutelado que possa ser
5
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 8.
6
ASTONE, Maria. Il codice civile: commentario – danni non patrimoniali art. 2059. Milano:Giuffrè, 2012, p. 15.
7
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 50.
8
CURSI, Maria Floriana. Il danno non patrimoniale e i limiti storico-sistematici dell’art. 2059 C.C. In: Modelli teorici
e metodologici nella storia del diritto privato: obbligazioni e diritti reali. Napoli: Jovene, 2003, p. 103-167.
92 | A quantificação do dano moral
9
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 52.
10
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 10.
11
Articolo n. 185: 1. Ogni reato obbliga alle restituzioni, a norma delle leggi civili; 2. Ogni reato, che abbia cagionato
un danno patrimoniale o non patrimoniale, obbliga al risarcimento il colpevole e le persone che, a norma delle leggi
civili, debbono rispondere per il fatto di lui (ITÁLIA. Codice Penale. Disponível em: http://www.procuragene-
rale.trento.it/. Acesso em: 7 set. 2019).
12
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 53.
13
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 54.
Lucas Girardello Faccio | 93
14
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 11.
15
Artigo 2043: Qualunque fatto doloso o colposo, che cagiona ad altri un danno ingiusto, obbliga colui che ha com-
messo il fatto a risarcire il danno. Artigo 2059: Il danno non patrimoniale deve essere risarcito solo nei casi
determinati dalla legge (ITÁLIA. Codice Civile. Disponível em: https://www.brocardi.it/codice-civile/. Acesso em: 7
set. 2019).
16
Acerca da evolução entre o Código de 65 e o de 42, Findaca dispõe que: L’art. 2059 c.c. sancise expressis verbis il
principio di tipicità dei casi di risarcibilità del danno non patrimoniale così optando per um radicale mutamento di
prospettiva rispetto alla codificazione del 1865. Quest’ultima invero non disciplinava il risarcimento di pregiudizi
derivanti dalla lesione degli interessi non economici della persona sul pressupposto, secondo i più, dell’impossibilità
di delimitare i casi di riparazione, in termini monetari, di vulnera recati al patrimonio personale dell’individuo a
causa di un fatto illecito. Secondo la dottrina allora prevalente, infatti, era ovvio che l’offesa inferta agli interessi non
patrimoniali del soggetto, ed in primis alla salute ed alla reputazione, non potesse trovare nell’ordinamento giuridico
una compensazione inferiore rispetto a quella accordabile in caso di lesione di beni aventi natura patrimoniale e
perciò solo di ragno meno elevato (FIANDACA, Lucrezia. Il danno non patrimoniale: percorsi giurisprudenziali.
Milano: Giuffrè, 2009, p. 2).
17
SCOGNAMIGLIO, Renato. Il danno morale mezzo secolo dopo. Rivista Di Diritto Civile, Padova, v. 56, n. 5, pt. I,
p. 609-634, sett./ott. 2010.
94 | A quantificação do dano moral
18
FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p.
516.
19
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 12.
20
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 56.
21
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 58.
22
CURSI, Maria Floriana. Il danno non patrimoniale e i limiti storico-sistematici dell’art. 2059 C.C. In: Modelli teorici
e metodologici nella storia del diritto privato: obbligazioni e diritti reali. Napoli: Jovene, 2003, p. 103-167.
Lucas Girardello Faccio | 95
23
CURSI, Maria Floriana. Il danno non patrimoniale e i limiti storico-sistematici dell’art. 2059 C.C. In: Modelli teorici
e metodologici nella storia del diritto privato: obbligazioni e diritti reali. Napoli: Jovene, 2003, p. 103-167.
24
FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p. 5.
25
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 13.
96 | A quantificação do dano moral
26
FIANDACA, Lucrezia. Il danno non patrimoniale: percorsi giurisprudenziali. Milano: Giuffrè, 2009, p. 3.
27
MONATERI, P. G.; GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 113.
28
Tradução livre: o dano moral no sentido do art. 2059 do Código Civil, tradicionalmente ligado aos fatos decorrentes
de crimes, consiste, num sentido lato, a um sofrimento interno; uma perturbação da alma não necessariamente
transitória, uma vez que o efeito doloroso pode durar por um longo período. Trata-se, essencialmente, de uma per-
turbação à alma, de uma dor íntima sofrida, sem conotações adicionais em termos de duração, que não degeneram
em patologias porque, em tal caso, se enquadra na área do dano biológico. O dano moral – diferentemente do bioló-
gico que consiste numa lesão do corpo ou da psique - é, portanto, uma lesão à alma. À luz de uma nova aceitação
jurisprudencial o dano moral é entendido como uma lesão à dignidade ou integridade moral (TAMPIERI, Maura. Il
danno non patrimoniale: la lesione di valori costituzionalmente tutelati. Lavis: Wolters Kluwer, 2015, p. 7).
Lucas Girardello Faccio | 97
29
SCOGNAMIGLIO, Renato. Il danno morale mezzo secolo dopo. Rivista Di Diritto Civile, Padova, v. 56, n. 5, pt. I,
p. 609-634, sett./ott. 2010.
30
SCOGNAMIGLIO, Renato. Il danno morale mezzo secolo dopo. Rivista Di Diritto Civile, Padova, v. 56, n. 5, pt. I,
p. 609-634, sett./ott. 2010.
31
VISINTINI, Giovanna. I gradi orientamenti della giurisprudenza civile e commerciale: i fatti illiciti – causalità
e danno. Milano: CEDAM, 1999, v. III, p. 3.
98 | A quantificação do dano moral
32
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 93.
33
PELLEGRINI, Tommaso. Danno conseguenza e danno non patrimoniale: spunti di ricostruzione sistematica. Eu-
ropa e Diritto Privato, Milano, v. 2, p. 455-511, 2016.
34
PELLEGRINI, Tommaso. Danno conseguenza e danno non patrimoniale: spunti di ricostruzione sistematica. Eu-
ropa e Diritto Privato, Milano, v. 2, p. 455-511, 2016.
Lucas Girardello Faccio | 99
35
BENATTI, Francesca. La difficile quantificazione del danno non patrimoniale. Nuovo Diritto Civile, Roma, a. III, n.
2, p. 107-128, 2008.
36
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 262.
37
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 263.
38
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 263-
264.
100 | A quantificação do dano moral
39
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 264.
40
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 264.
41
CHINDEMI, Domenico. Il “nuovo” danno non patrimoniale. La Nuova Giurisprudenza Civile Commentata, Pa-
dova, n. 2, a. XXII, p. 128-143, feb. 2006. Disponível em http://www.tribunale.varese.it/files/File/
documenti/Il_nuovo_da nno_non_patrimoniale_NGCC.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
42
CHINDEMI, Domenico. Il “nuovo” danno non patrimoniale. La Nuova Giurisprudenza Civile Commentata, Pa-
dova, n. 2, a. XXII, p. 128-143, feb. 2006. Disponível em http://www.tribunale.varese.it/files/File/
documenti/Il_nuovo_da nno_non_patrimoniale_NGCC.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
Lucas Girardello Faccio | 101
43
CHINDEMI, Domenico. Il “nuovo” danno non patrimoniale. La Nuova Giurisprudenza Civile Commentata, Pa-
dova, n. 2, a. XXII, p. 128-143, feb. 2006. Disponível em http://www.tribunale.varese.it/files/
File/documenti/Il_nuovo_da nno_non_patrimoniale_NGCC.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
44
CHINDEMI, Domenico. Il “nuovo” danno non patrimoniale. La Nuova Giurisprudenza Civile Commentata, Pa-
dova, n. 2, a. XXII, p. 128-143, feb. 2006. Disponível em http://www.tribunale.varese.it/
files/File/documenti/Il_nuovo_da nno_non_patrimoniale_NGCC.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
102 | A quantificação do dano moral
45
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 325.
46
SELLA, Mauro. La responsabilità civile: i danni morali. Milano:UTET Giuridica, 2013, p. 42.
47
GRONDONA, Mauro. La responsabilità civile tra libertà individuale e responsabilità sociale: contributo al di-
battito sui «risarcimenti punitivi». Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane, 2017, p. 58.
48
Segue trecho da referida sentença: [...] la equitativi, tenendo conto della gravita del reato e del patema d’animo
subito dalla vittima; quando il giudice dia conto d’aver considerato questi fattori ed il giudizio sia congruente al caso,
la concreta determinazione dell’ammontare del danno non deve poi essere palesemente sproporzionata per difetto o
per eccesso (FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè,
2010, p. 630).
49
Segue trecho da referida sentença: [...]nella valutazione del danno morale contestuale alla lesione del diritto della
salute, la valutazione di tale voce, dotata di logica autonomia in relazione alla diversità del bene protetto, che pure
attiene ad un diritto inviolabile della persona, deve tener conto delle condizioni soggettive della persona umana e della
gravità del fatto, senza che possa considerarsi il valore della integrità morale una quota minore del danno alla salute
(RIZZO, Nicola. Danno morale e quantificazione del risarcimento attorno al pregiudizio considerato prevalente. Le
Nuove Leggi Civili Commentate, Milano, n. 11, ano XXVII, nov. 2011, p. 10).
Lucas Girardello Faccio | 103
50
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 326.
51
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 327.
52
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 328.
53
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 328.
104 | A quantificação do dano moral
54
FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p.
629.
55
Art. 2. La Repubblica riconosce e garantisce i diritti inviolabili dell’uomo, sia come singolo, sia nelle formazioni
sociali ove si svolge la sua personalita`, e richiede l’adempimento dei doveri inderogabili di solidarieta` politica,
economica e sociale (ITÁLIA. Constituição (1946). Costituzione della Repubblica Italiana. Disponível em:
https://www.senato.it/1024. Acesso em: 17 set. 2019).
56
Art. 32. La Repubblica tutela la salute come fondamentale diritto dell’individuo e interesse della collettivita`, e
garantisce cure gratuite agli indigenti. Nessuno puo` essere obbligato a un determinato trattamento sanitario se non
per disposizione di legge. La legge non puo` in nessun caso violare i limiti imposti dal rispetto della persona umana
(ITÁLIA. Constituição (1946). Costituzione della Repubblica Italiana. Disponível em: https://www.senato.it/1024.
Acesso em: 17 set. 2019).
Lucas Girardello Faccio | 105
57
Tradução livre: a pessoa humana com seus valores, com suas necessidades materiais e espirituais, revela a sua
finalidade: aquela de tutelar a pessoa integralmente em todos os seus modos de ser essencial (TAMPIERI, Maura. Il
danno non patrimoniale: la lesione di valori costituzionalmente tutelati. Lavis: Wolters Kluwer, 2015, p. 4).
58
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 79.
59
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 80.
60
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 80.
106 | A quantificação do dano moral
Lorenzo Ripa, através dessas sentenças o objetivo não foi alterar a inter-
pretação da tipicidade do art. 2059, que acabava por limitar o dano não
patrimonial reparável aos casos previstos na lei. Mas sim “rimodellare l’in-
tera categoria del danno non patrimoniale”, questionando-se o que seria o
dano não patrimonial e quando ele seria reparável61.
De modo bastante resumido, tem-se que o caso da sentença n. 8827
tratava de um processo em que os pais de uma criança pleitearam diferen-
tes tipos de reparações, inclusive por dano moral, por conta da negligência
médica durante o parto, de um erro de diagnóstico, que resultou em di-
versas sequelas para a criança que vive praticamente em estado vegetativo.
Já no caso da sentença n. 8828, trata-se da busca de reparação pela perda
da relação parental pela esposa devido à morte do seu marido num aci-
dente de trânsito62.
Devido à importância desses julgamentos, transcreve-se alguns dos
principais trechos. Inicia-se pela sentença n. 8827 de 31 de maio de 2003,
com destaque para o ponto que refere a tentativa, inclusive através de leis,
de prever mais casos de reparação de danos não patrimoniais como forma
de superar a restrição do art. 2059:
61
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 81-
82.
62
CASSANO, Giuseppe. Le prove e la liquidazione dei danni non patrimoniali dopo le S.U. Dogana: Maggioli,
2009, p. 357-370.
Lucas Girardello Faccio | 107
La questione cruciale riguarda il limite al quale l’articolo 2059 del codice del
1942 assoggetta il risarcimento del danno non patrimoniale: ritiene il collegio
che, venendo in considerazione valori personali di rilievo costituzionale, deve
escludersi che il risarcimento del danno non patrimoniale che ne consegua sia
soggetto al limite derivante dalla riserva di legge correlata all’articolo 185 c.p.
Una lettura della norma costituzionale orientata impone di ritenere inoperante
il detto limite se la lesione ha riguardato valori della persona costituzional-
mente garantiti. Occorre considerare, in fatti, che nel caso in cui la lesione
abbia inciso su un interesse costituzionalmente protetto la riparazione me-
diante indennizzo (ove non sia praticabile quella in forma specifica) costituisce
la forma minima di tutela, ed una tutela minima non é assoggettabile a speci-
fici limite, poiché ciò si risolve in rifiuto di tutela nei casi esclusi (...). D’altra
parte, il rinvio ai casi in cui la legge consente la riparazione del danno non
patrimoniale ben può essere riferito, dopo l’entrata in vigore della Costitu-
zione, anche alle previsioni della legge fondamentale, atteso che il
riconoscimento nella Costituzione dei diritti inviolabili inerenti alla persona
63
Tradução livre: a leitura restritiva tradicional do artigo 2059, em relação ao artigo 185 do Código Penal Italiano,
orientada a garantir proteção apenas a danos morais subjetivos, a sofrimentos contingentes, a perturbações da alma
transitória determinadas por um crime (interpretação baseada em trabalhos preparatórios do código de 1942 e am-
plamente seguido pela jurisprudência), não podem ser mais compartilhados. Na atual estrutura de ordens, na qual a
Constituição assume uma posição de destaque - que, no Artigo 2, reconhece e garante os direitos invioláveis do
homem - o dano não pecuniário deve ser entendido como uma categoria ampla, incluindo qualquer hipótese em que
um valor inerente à pessoa é prejudicado. (...) Na legislação que segue o código, há uma conspícua expansão dos
casos de reconhecimento expresso de indenização por danos não pecuniários, mesmo fora da hipótese de crime, em
relação ao comprometimento de valores pessoais (artigo 2 da Lei 117/1988: indenização também de danos não pecu-
niários decorrentes da privação de liberdade pessoal causada pelo exercício de funções judiciais; artigo 29, parágrafo
9, da lei 675/1996: uso de métodos ilegais na coleta de dados pessoais; artigo 44, parágrafo 7, do decreto legislativo
286q1998 de atos discriminatórios por razões raciais, étnicas ou religiosas; artigo 2 da lei 89/2001: descumprimento
do prazo razoável de duração do julgamento) (CASSANO, Giuseppe. Le prove e la liquidazione dei danni non
patrimoniali dopo le S.U. Dogana: Maggioli, 2009, p. 360-361).
108 | A quantificação do dano moral
64
Tradução livre: A questão crucial diz respeito ao limite a que o artigo 2059 do código de 1942 sujeita a indenização
por danos não-pecuniários: o conselho acredita que, levando em consideração valores pessoais de importância cons-
titucional, deve-se excluir que a indenização por danos não-pecuniários que se segue está sujeita ao limite decorrente
da reserva legal relacionada ao artigo 185 do código penal. Uma leitura da regra constitucional orientada exige que o
referido limite seja considerado inoperante se a lesão envolver valores constitucionalmente garantidos da pessoa.
Deve-se considerar, de fato, que, no caso de o dano ter afetado um interesse constitucionalmente protegido, o reparo
por meio de compensação (onde o específico não é praticável) constitui a forma mínima de proteção e uma proteção
mínima não está sujeita a limite, uma vez que isso resolve a recusa de proteção em casos excluídos (...). Por outro
lado, a referência a casos em que a lei permite a reparação de danos não pecuniários pode remeter, após a entrada
em vigor da Constituição, também às disposições da lei fundamental, uma vez que o reconhecimento na Constituição
de direitos invioláveis inerente à pessoa que não tem natureza econômica implicitamente, mas necessariamente,
exige sua proteção e, dessa forma, instaura um caso determinado por lei, no mais alto nível, para reparar danos não
pecuniários (CASSANO, Giuseppe. Le prove e la liquidazione dei danni non patrimoniali dopo le S.U. Dogana:
Maggioli, 2009, p. 372-373).
65
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 83.
66
CASSANO, Giuseppe. Le prove e la liquidazione dei danni non patrimoniali dopo le S.U. Dogana: Maggioli,
2009, p. 379.
67
FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p.
585.
Lucas Girardello Faccio | 109
68
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 105.
69
SCOGNAMIGLIO, Renato. Il danno morale mezzo secolo dopo. Rivista Di Diritto Civile, Padova, v. 56, n. 5, pt. I,
p. 609-634, sett./ott. 2010.
70
FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p.
531.
71
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 123.
110 | A quantificação do dano moral
72
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 128.
73
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 129.
74
FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p.
534.
75
TAMPIERI, Maura. Il danno non patrimoniale: la lesione di valori costituzionalmente tutelati. Lavis: Wolters Klu-
wer, 2015, p. 14.
Lucas Girardello Faccio | 111
76
IANNI, Vicenzo. Il danno morale. In: CENDON, Paolo. Responsabilità civile. v. 3. Milano: UTET Giuridica, 2017,
p. 5147.
77
RIPA, Lorenzo. Il danno non patrimoniale da inadempimento. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane. 2013, p. 85.
78
FIANDACA, Lucrezia. Il danno non patrimoniale: percorsi giurisprudenziali. Milano: Giuffrè, 2009, p. 21.
112 | A quantificação do dano moral
79
Art. 1226. Se il danno non può essere provato nel suo preciso ammontare, è liquidato dal giudice con valutazione
equitativa (ITÁLIA. Codice Civile. Disponível em: https://www.brocardi.it/codice-civile/. Acesso em: 7 set. 2019).
80
MONATERI, Pier Giuseppe. Le fonti delle obbligazioni: la responsabilità civile. Torino: UTET, 1998, v. 3, p. 527.
81
MONATERI, P. G.; GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 221.
82
MONATERI, P. G.; GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 221.
Lucas Girardello Faccio | 113
83
RIZZO, Nicola. Danno morale e quantificazione del risarcimento attorno al pregiudizio considerato prevalente. Le
Nuove Leggi Civili Commentate, Milano, n. 11, ano XXVII, nov. 2011, p. 9.
84
Tradução Livre: qualquer violação injusta à integridade psicofísica da pessoa, que modifique em sentido prejudicial
o seu modo de ser e que afete negativamente a esfera individual do sujeito nas suas manifestações de vida
(MONATERI, Pier Giuseppe. Le fonti delle obbligazioni: la responsabilità civile. Torino: UTET, 1998, v. 3, p. 584).
85
Art. 139. [...] per danno biologico si intende la lesione temporanea o permanente all’integrità psico-fisica della
persona, suscettibile di accertamento medico-legale, che esplica un’incidenza negativa sulle attività quotidiane e sugli
aspetti dinamico-relazionali della vita del danneggiato, indipendentemente da eventuali ripercussioni sulla sua capa-
cità di produrre reddito. Disponível em: https://www.altalex.com/documents/news/2014/10/20/
assicurazione-obbligatoria-per-i-veicoli-a-motore-e-i-natanti#titolo. Acesso em: 21 set. 2019.
86
FACCHINI NETO, Eugênio. A tutela aquiliana da pessoa humana: interesses protegidos – análise de direito compa-
rado. Revista da AJURIS, Porto Alegre, v. 39, n. 127, p. 157-195, set. 2012.
114 | A quantificação do dano moral
87
MONATERI, Pier Giuseppe. Le fonti delle obbligazioni: la responsabilità civile. Torino: UTET, 1998, v. 3, p. 480.
88
À primeira versão da tabela foram proferidas algumas críticas importantes, especialmente com relação aos valores,
como: os valores propostos aos casos de lesões chamadas “micropermanenti”, entenda-se aquelas de percentual de
invalidade até 10% e as de percentual entre 15-35%, eram muito baixos; o montante sugerido aos casos de invalidade
de 100% era excessivamente alto em comparação com outras tabelas; os valores estabelecidos na tabela considera-
vam o alto custo de vida em Milão, mas se mostravam desproporcionais com relação a outras cidades (SPERA,
Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 15).
89
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 14.
90
MONATERI, P. G.; GIANTI, D.; SILIQUINI, L. C. Danno e risarcimento. Torino: G. Giappichelli, 2013, p. 224.
Lucas Girardello Faccio | 115
Entretanto, alguns autores alertam que a sua aplicabilidade no que diz res-
peito à quantificação do dano moral é diferente91. A jurisprudência da
Corte de Cassação (n. 394, seção III, de 2 de janeiro de 2007) confirma a
possibilidade de se utilizar a técnica do tabelamento criada para valorar o
dano biológico, quando o juiz precisar quantificar o dano moral92.
Ocorre que, no ano de 2008, as Seções Unidas da Corte de Cassação
italiana por meio de alguns julgamentos (26.972, 26.973, 26.974 e 26.975),
especialmente do n. 26972, de onze de novembro, gerou uma nova posição
acerca dos danos não patrimoniais, o que exigiu uma mudança na forma
como as tabelas eram utilizadas.
Esse grupo de sentenças, também conhecido como as sentenças de
San Martino, emerge do uso indevido da viabilidade da reparação do dano
moral e, principalmente do dano existencial, após as famosas sentenças de
2003. O cenário era de abuso por parte de muitos advogados, pois bus-
cava-se reparação a título de dano existencial por situações cuja existência
de direito à reparação era até mesmo duvidosa. O problema é que os juízes
acolheram esses pleitos e concederam indenizações altíssimas para situa-
ções de pouca relevância, como, por exemplo, o rompimento do salto da
noiva durante a cerimônia do casamento.
Não obstante o tema do dano existencial fosse o centro da questão, os
julgamentos refletiram igualmente sobre os danos morais. As Seções Uni-
das firmaram posição no sentido de que o dano não patrimonial é
categoria geral, não passível de ser subdividido em subcategorias. Não se
reconhece, assim, a subcategoria de dano existencial93. Nesse contexto, as
diferentes denominações (dano biológico, moral, existencial, perdita del
rapporto parentale) assumiriam um caráter descritivo, mas não autônomo
de dano não patrimonial.
91
FRANZONI, Massimo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p.
626.
92
FIANDACA, Lucrezia. Il danno non patrimoniale: percorsi giurisprudenziali. Milano: Giuffrè, 2009, p. 52.
93
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 49.
116 | A quantificação do dano moral
94
SPERA, Damiano. Tecniche di liquidazione del danno non patrimoniale: equità e tabele. In: CONSIGLIO
SUPERIORE DELLA MAGISTRATURA. Nona Commissione. Tirocinio e Formazione Professionale. Incontro di Stu-
dio n. 5326 sul Tema: “le voci di danno e il loro computo nella materia contrattuale, extracontrattuale e lavoristica”.
Roma: [S.n.], 18-20 abr. 2011, p. 1-33, Disponível em: https://www.unipa.it/. Acesso em: 22 set. 2019.
95
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 48.
96
VIRGADAMO, Pietro. Danno non patrimoniale e “ingiustizia confermata”. Torino: G. Giappichelli, 2014, p. 66-
67.
97
GRASSO, Gianluca. Sul risarcimento del danno non patrimoniale, con particolare riguardo all’inadempimento con-
trattuale: la giurisprudenza è “unita” contro le “Sezioni Unite”? In: La discrezionalità del giudice: le esperienze in
Lucas Girardello Faccio | 117
para ser mais específico, esse valor de um quarto era extraído nos casos
das lesões “micropermanenti”, aquelas com percentual de invalidade entre
1-9% (um a nove por cento). Para os casos de invalidade superior a 10%
(dez por cento) o montante base retirado do valor do dano biológico era
aumentado até o máximo de 50% (cinquenta por cento) nos casos em que
o percentual de invalidade fosse superior a 33-34% (trinta e três a trinta
e quatro por cento)98.
Após as mudanças no entendimento da Corte de Cassação esse modo
de estabelecer um montante para o dano moral precisou ser readequado.
Com a unidade proposta aos danos não patrimoniais evidencia-se que “la
sofferenza morale, che non abbia dato luogo a degenerazioni patologiche,
qualora si accompagni al danno alla salute, va liquidata personalizzando il
danno biologico”99. O intuito, a princípio, era particularizar cada caso, mas
isso já era feito anteriormente, não se desconsiderava o diferencial de cada
situação, por isso alguns autores questionam-se se o dano moral não aca-
bou absorvido pelo dano biológico com essa nova interpretação100.
Costumava-se aceitar, no período anterior às sentenças de 2008, que
o dano moral também fosse avaliado de modo presumido pelo magistrado,
desde que realizada a devida individualização dos efeitos da lesão na ví-
tima. Chama atenção que essa valoração presuntiva do magistrado
também era admitida nos casos em que se utilizava o método tabelar como
Italia e Germania, spunti per una comparazione funzionale all’esercizio delle professioni giuridiche. Napoli: UNISOB,
15-16 out. de 2010, p. 1-23. Disponível em: https://www.unisob.na.it/ateneo/d003i.htm?vr=1. Acesso em: 22 set.
2019.
98
SPERA, Damiano. Tecniche di liquidazione del danno non patrimoniale: equità e tabele. In: CONSIGLIO
SUPERIORE DELLA MAGISTRATURA. Nona Commissione. Tirocinio e Formazione Professionale. Incontro di Stu-
dio n. 5326 sul Tema: “le voci di danno e il loro computo nella materia contrattuale, extracontrattuale e lavoristica”.
Roma: [S.n.], 18-20 abr. 2011, p. 1-33, Disponível em: https://www.unipa.it/. Acesso em: 22 set. 2019.
99
Tradução livre: o sofrimento moral, que não tenha dado lugar a uma degeneração patológica, se acompanhado do
dano à saúde, é liquidado pela personalização do dano biológico (GRASSO, Gianluca. Sul risarcimento del danno non
patrimoniale, con particolare riguardo all’inadempimento contrattuale: la giurisprudenza è “unita” contro le “Sezioni
Unite”? In: La discrezionalità del giudice: le esperienze in Italia e Germania, spunti per una comparazione funzio-
nale all’esercizio delle professioni giuridiche. Napoli: UNISOB, out. de 2010, p. 1-23. Disponível em:
https://www.unisob.na.it/ateneo/d003i.htm?vr=1. Acesso em: 22 set. 2019, p. 15-16).
100
GRASSO, Gianluca. Sul risarcimento del danno non patrimoniale, con particolare riguardo all’inadempimento con-
trattuale: la giurisprudenza è “unita” contro le “Sezioni Unite”? In: La discrezionalità del giudice: le esperienze in
Italia e Germania, spunti per una comparazione funzionale all’esercizio delle professioni giuridiche. Napoli: UNISOB,
out. de 2010, p. 1-23. Disponível em: https://www.unisob.na.it/ateneo/d003i.htm?vr=1. Acesso em: 22 set. 2019, p.
15-16.
118 | A quantificação do dano moral
101
NOZZETTI, Giovanna. Risarcimento del danno e tecniche di liquidazione nel giudizio civile e nel giudizio ammini-
strativo. Scuola Superiore della Magistratura, Roma, p. 1-54, 2016. Disponível em: https://www.giustizia-
amministrativa.it/atti-del-convegno-risarcimento-del-danno-e-tecniche-di-liquidazione-nel-giudizio-civile-e-nel-
giudizio-amministrativo. Acesso em 27 de ago. 2019.
102
Tradução livre: as tabelas da nova geração mudaram, eliminando a autonomia da voz singular (entenda-se de cada
dano não patrimonial) e aumentando a discricionariedade do juiz na indicação do valor no caso. FRANZONI, Mas-
simo. Trattatto della responsabilità civile: il danno risarcibile. 2. ed. Milano: Giuffrè, 2010, p. 627.
103
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 17.
Lucas Girardello Faccio | 119
104
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 18.
105
Segue o trecho da sentença que trata da questão: È stato anche chiarito che, in ipotesi di liquidazione equitativa
del danno non patrimoniale mediante applicazione delle ‘tabele’ predisposte dal tribunale di Milano, il giudice, nell’ef-
fetuare la necessaria personalizzazione di esso in base alle circostanze del caso concreto, può superare i limiti minimi
e massimi degli ordinari parametri previste dalle dette tabelle solo quando la specifica situazione presa in considera-
zione si caratterizzi per la presenza di circostanze di cui il parametro tabellare non passa aver già tenuto conto, in
quanto elaborato in astratto in base all’oscillazione ipotizzabile in ragione delle diverse situazioni orinariamente con-
figurabili secondo l’id quod plerumque accidit, dando adeguatamente conto in motivazione di tali circostanze e di
come esse siano state considerate (SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano:
Giuffrè, 2018, p. 20).
106
NOZZETTI, Giovanna. Risarcimento del danno e tecniche di liquidazione nel giudizio civile e nel giudizio ammini-
strativo. Scuola Superiore della Magistratura, Roma, p. 1-54, 2016. Disponível em: https://www.giustizia-
amministrativa.it/atti-del-convegno-risarcimento-del-danno-e-tecniche-di-liquidazione-nel-giudizio-civile-e-nel-
giudizio-amministrativo. Acesso em 27 de ago. 2019.
120 | A quantificação do dano moral
107
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, anexo XII.
Lucas Girardello Faccio | 121
108
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, anexo XLIX.
122 | A quantificação do dano moral
109
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, anexo XLIX.
110
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 50.
111
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 50.
Lucas Girardello Faccio | 123
112
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 50.
113
SPERA, Damiano. Tabelle milanesi 2018 e danno non patrimoniale. Milano: Giuffrè, 2018, p. 52.
124 | A quantificação do dano moral
114
Art. 1.538. No caso de ferimento ou outra ofensa à saúde, indenizará o ofensor ao ofendido as despesas do trata-
mento e os lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de lhe pagar a importância da multa no grão médio
da pena criminal correspondente. § 1º Esta soma será duplicada, se do ferimento resultar aleijão ou deformidade.;
Art. 1547. A indenização por injúria ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. Pará-
grafo único. Se este não puder provar prejuízo material, pagar-lhe-á o ofensor o dobro da multa no grão máximo da
pena criminal respectiva.; Art. 1.550. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das per-
das e danos que sobrevierem ao ofendido, e no de uma soma calculada nos termos do parágrafo único do art. 1.547.
(BRASIL. Lei n. 3.071, de 01 de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm. Acesso em: 20 mar. 2019).
115
ANDRADE, Ronaldo Alves de. Dano moral e sua valoração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 38.
116
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. O princípio da reparação integral e o arbitramento equitativo da indenização
por dano moral no Código Civil. In: MARTINS-COSTA. Judith. Modelos de direito privado. São Paulo: Marcial Pons,
2014, p. 438.
Lucas Girardello Faccio | 125
117
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. O princípio da reparação integral e o arbitramento equitativo da indenização
por dano moral no Código Civil. In: MARTINS-COSTA. Judith. Modelos de direito privado. São Paulo: Marcial Pons,
2014, p. 440.
118
BRASIL. Lei n. 4.117, de 27 de agosto de 1962. Institui o Código Brasileiro de Telecomunicações. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L4117.htm. Acesso em: 20 mar. 2019.
119
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. O princípio da reparação integral e o arbitramento equitativo da indenização
por dano moral no Código Civil. In: MARTINS-COSTA. Judith. Modelos de direito privado. São Paulo: Marcial Pons,
2014, p. 441.
126 | A quantificação do dano moral
120
DELGADO, Rodrigo Mendes. O valor do dano moral: como chegar até ele. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: JH
Mizuno, 2011, p. 298.
121
Texto da Súmula: A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa. BRASIL.
Superior Tribunal de Justiça. Segunda Seção. Súmula n. 281. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/docs_inter-
net/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2011_21_capSumula281.pdf. Acesso em: 30 set. 2019.
122
CORTIANO JUNIOR, Eroulths; RAMOS, André Luiz Arnt. Dano moral nas relações de trabalho: a limitação das
hipóteses de sua ocorrência e a tarifação da indenização pela reforma trabalhista. Civilistica, Rio de Janeiro, a. 7, n.
2, p. 1-23, 2018. Disponível em: http://civilistica.com/dano-moral-nasrelaco es-de-trabalho/. Acesso em: 01 out.
2019.
123
Complementa-se o ponto com o seguinte trecho do voto do Ministro Ricardo Lewandovski: É que a Constituição,
no art. 5º, V, assegura o "direito de resposta, proporcional ao agravo", vale dizer, trata-se de um direito que não pode
ser exercido arbitrariamente, devendo o seu exercício observar uma estrita correlação entre meios e fins. E disso
cuidará e tem cuidado o Judiciário. Ademais, o princípio da proporcionalidade, tal como explicitado no referido dis-
positivo constitucional, somente pode materializar-se em face de um caso concreto. Quer dizer, não enseja uma
disciplina legal apriorística, que leve em conta modelos abstratos de conduta, visto que o universo da comunicação
social constitui uma realidade dinâmica e multifacetada, em constante evolução. Em outras palavras, penso que não
se mostra possível ao legislador ordinário graduar de antemão, de forma minudente, os limites materiais do direito
de retorção, diante da miríade de expressões que podem apresentar, no dia-a-dia, os agravos veiculados pela mídia
em seus vários aspectos (CORTIANO JUNIOR, Eroulths; RAMOS, André Luiz Arnt. Dano moral nas relações de tra-
balho: a limitação das hipóteses de sua ocorrência e a tarifação da indenização pela reforma trabalhista. Civilistica,
Rio de Janeiro, a. 7, n. 2, p. 1-23, 2018. Disponível em: http://civilistica.com/dano-moral-nasrelaco es-de-trabalho/.
Acesso em: 01 out. 2019).
Lucas Girardello Faccio | 127
124
BRASIL. Projeto de Lei n. 150 de 1999. Dispõe sobre danos morais e sua reparação. Disponível em:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/1459. Acesso em: 01 out. 2019
125
BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano moral: critérios de fixação de valor. Rio de Janeiro: Renovar, 2005,
p. 147-148.
126
SCRAMIM, Umberto Cassiano Garcia. O dano moral e sua problemática: quantificação, função punitiva e os puni-
tive damages. Revista de Direito Privado, São Paulo, v. 60, a. 15, p. 195-217, out./dez. 2014. Disponível em:
http://rtonline.com.br. Acesso em: 01 out. 2019. Arquivo PDF.
127
CAMARGO SILVA, Cícero. Aspectos relevantes do dano moral. In: AUGUSTIN, Sérgio (Coord.). Dano moral e sua
quantificação. Caxias do Sul: Plenum, 2004, p. 67-85.
128 | A quantificação do dano moral
mais grave num Estado e em outro mais leve, o que implicaria uma dife-
rença considerável nos montantes indenizatórios e uma evidente
insegurança jurídica128.
Dentre as críticas que se fez ao projeto, destaca-se, pela sua relação
com o tema deste tópico, a limitação imposta pelo artigo 7º129. Tem-se que
o parágrafo 2º estabelecia alguns critérios de orientação pros magistrados,
algo de fato positivo. Já o parágrafo 3º demonstra a preocupação que já
havia na época de se evitar que o quantum indenizatório seja balizado sim-
plesmente pela condição econômica do ofensor, questão trabalhada no
capítulo anterior.
O problema do artigo está no disposto no seu parágrafo 1º, que apre-
senta dois erros graves segundo Jovi Barboza Vieira. O primeiro é com
relação a ausência de esclarecimento acerca do sentido dos termos “lesão
de natureza leve, média ou grave”. Restaria à subjetividade do Magistrado
definir o que seria uma lesão leve, média ou grave, situação que contribu-
iria para a desarmonia entre os julgamentos por diferentes tribunais
mencionada acima130.
O segundo é o que apresenta maior inadequação ao ordenamento ju-
rídico nacional, pois estabelece limites máximos e mínimos para o valor a
ser concedido a título de dano moral. Essa restrição representa uma ex-
pressa violação ao princípio da proporcionalidade constitucional, bem
128
CAMARGO SILVA, Cícero. Aspectos relevantes do dano moral. In: AUGUSTIN, Sérgio (Coord.). Dano moral e sua
quantificação. Caxias do Sul: Plenum, 2004, p. 67-85.
129
Art. 7º. Ao apreciar o pedido, o juiz considerará o teor do bem jurídico tutelado, os reflexos pessoais e sociais da
ação ou omissão, a possibilidade de superação física ou psicológica, assim como a extensão e duração dos efeitos da
ofensa. §1º Se julgar procedente o pedido, o juiz fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um
dos seguintes níveis: I – ofensa de natureza leve: até vinte mil reais; II – ofensa de natureza média: de vinte mil reais
a cento e oitenta mil reais; III – ofensa de natureza grave: de noventa mil reais a cento e oitenta mil reais; §2º Na
fixação do valor da indenização, o juiz levará em conta, ainda, a situação social, política e econômica das pessoas
envolvidas, as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral, a intensidade do sofrimento ou humilhação,
o grau de dolo ou culpa, a existência de retratação espontânea, o esforço efetivo para minimizar a ofensa ou lesão e
o perdão tácito ou expresso. §3º A capacidade financeira do causador do dano, por si só, não autoriza a fixação de
indenização em valor que propicie o enriquecimento sem causa, ou desproporcional da vítima ou de terceiro interes-
sado; §4º Na reincidência, ou diante da indiferença do ofensor, o juiz poderá elevar ao triplo o valor da indenização.
(BARBOSA, Jovi Vieira. Dano moral: o problema do quantum debeatur nas indenizações por dano moral. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 270).
130
BARBOSA, Jovi Vieira. Dano moral: o problema do quantum debeatur nas indenizações por dano moral. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 229.
Lucas Girardello Faccio | 129
131
BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano Moral: critérios de fixação de valor. Rio de Janeiro: Renovar, 2005,
p. 148.
132
BRASIL. Projeto de Lei n. 7.124 de 2002. Dispõe sobre danos morais e sua reparação. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=64880. Acesso em: 01 out. 2019
133
BRASIL. Projeto de Lei n. 1.433 de 2003. Estabelece critérios para a definição do dano moral. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=123920. Acesso em: 03 out. 2019
130 | A quantificação do dano moral
134
BRASIL. Projeto de Lei n. 1.433 de 2003. Estabelece critérios para a definição do dano moral. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=123920. Acesso em: 03 out. 2019
135
ANDRADE, Ronaldo Alves de. Dano moral e sua valoração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 35.
Lucas Girardello Faccio | 131
136
Complementa Delgado com: um segundo ponto, que deve ser analisado, com muito mais acuidade, e que, com
toda certeza, traduz uma possibilidade muito mais repulsiva, concerne à possibilidade de pretensos ofensores, assu-
mirem o ônus de produzir o evento lesivo, após procederem à uma análise do parâmetro custo-benefício (DELGADO,
Rodrigo Mendes. O valor do dano moral: como chegar até ele. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: JH Mizuno, 2011,
p. 295).
137
ALMEIDA, Andréia Fernandes de; ROCHA, Luiz Augusto Castello Branco de Lacerda Marca da; FILPO, Klever Paulo
Leal. O valor da causa nas ações compensatórias por dano moral: medida salutar de uma política judiciaria ou esva-
ziamento do direito à uma reparação justa e integral. Revista IBERC, Minas Gerais, v.1, n. 1, p. 01-31, nov./fev. 2019.
Disponível em: https://www.responsabilidadecivil.org/revista-iberc. Acesso em: 14 nov. 2018.
138
SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 133.
132 | A quantificação do dano moral
das funções da reparação do dano moral. Dentre estas funções, com rela-
ção à ideia de satisfação da vítima, de diminuição ou até mesmo exclusão
do sentimento negativo resultante da conduta ofensiva, sustenta-se que a
técnica discutida neste tópico é incapaz de proporcionar os fatores de ava-
liação necessários para se proporcionar a justiça necessária ao montante
indenizatório139.
As objeções expostas por Delgado e por Barboza convergem na ques-
tão das particularidades. A noção de que um evento danoso normalmente
não tem o mesmo efeito em pessoas diferentes, ou seja, a repercussão de
uma conduta lesiva geralmente é diferente, tanto que para um sujeito a
pode haver um grave sofrimento e para outro uma simples situação da
vida, algo que não chega a causar um verdadeiro dano. Neste ponto, a ideia
de uma previsão tabelar de valores, nas palavras de Delgado, seria “con-
traproducente, pois, a repercussão poderá exigir um valor maior ou menor
do que o previsto na tabela.”140.
Complementa essa ideia Barbosa com o seguinte trecho:
[...] para cada pessoa a indenização deve ser feita de uma maneira diferente,
por isto que o ‘tabelamento’ não pode ser considerado, tendo em vista que o
tratamento da igualdade não pode ser executado pelo valor. A igualdade deve
ser conduzida pelo mesmo processo, no sentido de se dar a mesma importân-
cia ao fato, mas com consequências diferenciadas, segundo a possibilidade ou
não, de se verificar o restabelecimento da integridade da pessoa humana.141
139
BARBOSA, Jovi Vieira. Dano moral: o problema do quantum debeatur nas indenizações por dano moral. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 163.
140
DELGADO, Rodrigo Mendes. O valor do dano moral: como chegar até ele. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: JH
Mizuno, 2011, p. 294.
141
BARBOSA, Jovi Vieira. Dano moral: o problema do quantum debeatur nas indenizações por dano moral. Curitiba:
Juruá, 2012, p. 172.
Lucas Girardello Faccio | 133
142
Nehemias Domingos de Melo. Dano Moral. Problemática. Do cabimento à fixação do quantum. 2 ed. Atlas. São
Paulo. 2011, p. 102.
143
SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 133-138.
144
Nesse ponto, vale recordar o exposto anteriormente acerca da obra de Sanseverino (SANSEVERINO, Paulo de
Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 76).
145
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação integral: indenização no Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 76.
134 | A quantificação do dano moral
146
Nehemias Domingos de Melo. Dano Moral. Problemática. Do cabimento à fixação do quantum. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2011, p. 101.
147
Nehemias Domingos de Melo. Dano Moral. Problemática. Do cabimento à fixação do quantum. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2011, p. 102.
148
ANDRADE, Ronaldo Alves de. Dano moral e sua valoração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 35.
Lucas Girardello Faccio | 135
149
A quantificação da indenização por dano moral levará em consideração, ainda que em decisão concisa, os critérios
a seguir, observadas a conduta do ofensor e as peculiaridades relevantes do caso concreto: I) dano moral leve - até
20 SM; II) dano moral médio - até 40 SM; III) dano moral grave - até 60 SM (BRASIL. Turmas Recursais da Justiça
Federal. Enunciado n. 8. Disponível em: https://www.jfrj.jus.br/conteudo/enunciados/enunciado-8. Acesso em: 7
out. 2019).
136 | A quantificação do dano moral
150
Indenização de R$ 100.000,00 (cem mil reais) pela amputação de três dedos. (BRASIL. Superior Tribunal de Jus-
tiça. Quarta Turma. Recurso Especial n. 799220/AM. Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior. Julgado em: 19
maio 2009. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=799220&b=ACOR&
thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 07 out. 2019).
151
Indenização de R$ 300.000,00 para o recém-nascido, de R$ 20.000,00 para cada um dos pais e de R$ 5.000,00
para o irmão, pela amputação de um dos braços do recém-nascido por erro médico (BRASIL. Superior Tribunal de
Justiça. Decisão Monocrática. Recurso Especial n. 910794/RJ. Relatora: Ministra Denise Arruda. Julgado em: 07
maio 2008. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. Acesso em: 07 out. 2019).
152
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Decisão Monocrática. Recurso Especial n. 1561931/SP. Relator: Ministro
Luis Felipe Salomão. Julgado em: 01 out. 2019. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/
SCON/decisoes/toc.jsp?livre=AMPUTA%C7%C3O+DE+DEDOS&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso
em: 07 out. 2019).
Lucas Girardello Faccio | 137
153
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Regras da Reforma Trabalhista sobre indenização por dano moral são questi-
onadas no STF. Notícias STF, Brasília, 22 jan. 2018. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/
cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=367459. Acesso em: 08 out. 2019.
138 | A quantificação do dano moral
154
BRASIL. Medida Provisória n. 808, de 14 de novembro de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho –
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_Ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.htm. Acesso em: 08 out. 2019.
155
CORTIANO JUNIOR, Eroulths; RAMOS, André Luiz Arnt. Dano moral nas relações de trabalho: a limitação das
hipóteses de sua ocorrência e a tarifação da indenização pela reforma trabalhista. Civilistica, Rio de Janeiro, a. 7, n.
2, p. 1-23, 2018. Disponível em: http://civilistica.com/dano-moral-nasrelaco es-de-trabalho/. Acesso em: 01 out.
2019.
156
Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: § 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indeni-
zação a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - ofensa de
natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o
último salário contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do
ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido (BRASIL.
Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de
24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 08 out. 2019).
Lucas Girardello Faccio | 139
mudanças sociais que a lei, por ser instrumento estático, não consegue
acompanhar sem a devida ação do legislador157.
A despeito dessa situação, o maior problema está realmente na siste-
mática de valoração adotada pela (nova) legislação trabalhista. Utilizar o
salário do empregado como parâmetro para a fixação do montante inde-
nizatório afronta um princípio em especial da Constituição Federal, o da
isonomia. A violação ao princípio da isonomia se dá tendo em vista que
vítimas em situações semelhantes, diga-se lesões parecidas, podem ter in-
denizações em valores muito distantes. Isso porque há uma clara
discriminação ao se estabelecer o salário contratual como base para fins
de mensuração do valor da ofensa à moral. Desse modo, o legislador está
afirmando que a dignidade e o patrimônio moral do trabalhador são pro-
porcionais ao seu valor no mercado de trabalho158.
Critica-se o critério utilizado pelo legislador para o cálculo do quan-
tum indenizatório, o salário ou contracheque do trabalhador não pode
servir de parâmetro. É evidente que esse critério configura uma afronta ao
princípio da dignidade humana, assim como à isonomia constitucional.
Acaba-se por valorar o número de dígitos do contracheque e não a digni-
dade do sujeito lesado159.Além do problema com relação ao parâmetro
utilizado para embasar a tarifação, tem-se um sério problema ao se tentar
estabelecer limites máximos e mínimos para os montantes indenizatórios.
Primeiro, porque o legislador não é capaz de acompanhar seja no
tempo, seja quanto à quantidade, as mudanças e evoluções sociais (idên-
tica crítica que se faz à tentativa de taxar as situações que ensejariam o
dano extrapatrimonial). O legislador, não consegue prever todos os casos
de lesões não patrimoniais passíveis de acontecer e seus eventuais valores
157
LIMA FILHO, Francisco das C.; LIMA, Paulo Henrique Costa; BARBOSA, Heitor Oliveira. O equívoco da tarifação
da indenização por danos extrapatrimoniais pela Lei nº 13.467/2017. Revista Fórum Justiça do Trabalho, Belo
Horizonte, a. 35, n. 410, p 11-33, fev. 2018.
158
CASAGRANDE, C. A reforma trabalhista e a inconstitucionalidade da tarifação do dano moral com base no salário
do empregado. Revista Jurídica da Escola Superior da Advocacia da OAB-PR, Curitiba, a. 2, n. 3, p. 91-103, dez.
2017.
159
LIMA FILHO, Francisco das C.; LIMA, Paulo Henrique Costa; BARBOSA, Heitor Oliveira. O equívoco da tarifação
da indenização por danos extrapatrimoniais pela Lei nº 13.467/2017. Revista Fórum Justiça do Trabalho, Belo
Horizonte, a. 35, n. 410, p 11-33, fev. 2018.
140 | A quantificação do dano moral
160
LIMA FILHO, Francisco das C.; LIMA, Paulo Henrique Costa; BARBOSA, Heitor Oliveira. O equívoco da tarifação
da indenização por danos extrapatrimoniais pela Lei nº 13.467/2017. Revista Fórum Justiça do Trabalho, Belo
Horizonte, a. 35, n. 410, p 11-33, fev. 2018.
161
SANTOS, Enoque Ribeiro dos. O dano extrapatrimonial na Lei n. 13.467/2007 [i.e] 2017, da reforma trabalhista.
Revista Eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, v. 7, n. 62, p. 62-69, set./out. 2017.
Lucas Girardello Faccio | 141
entre outros, são de importância ímpar, tanto que são utilizados inclusive
na Itália dentro do tabelamento. A análise desses critérios possibilita ao
juiz identificar o diferencial de cada caso, as circunstâncias que permitem
distinguir situações que, à primeira vista, ensejariam valores muito próxi-
mos devido a sua semelhança. Portanto, é fundamental compreender que
o que se propõe é uma complementação dos métodos de valoração do dano
moral disponíveis hoje e não uma substituição total.
Na doutrina, quando se tratou sobre o funcionamento da primeira
fase do método bifásico, houve críticas ao tabelamento e um alerta para
que os grupos de precedentes a serem usados na primeira fase não se
transformassem num tabelamento judicial de valores. Não obstante essa
posição, a formação pelos magistrados de grupos de casos semelhantes
pode servir como ponto de partida para a adoção da técnica tão criticada.
Direcionando-se para a solução da pergunta que constitui o título
acima, tem-se que a formação das tabelas italianas se deu pela união de
estudiosos, magistrados e peritos, ou seja, pessoas com formação, estudo
e vida profissional relacionadas com o direito. Já no Brasil, todas as tenta-
tivas de se estabelecer um tabelamento partiram do legislador que,
normalmente, não é alguém com formação jurídica ou amplo conheci-
mento da área. Cumpre salientar que, a despeito do fato de os
parlamentares brasileiros contarem com uma constante assessoria jurí-
dica, ainda assim parecem distantes da realidade, das verdadeiras
dificuldades enfrentadas pelos operadores do direito. Essa diferença é cru-
cial para identificar-se os fatores de sucesso da técnica na Itália e de total
fracasso no Brasil.
Diante desse contexto, o fato de a primeira fase do método bifásico
incentivar aos magistrados a criação de grupos de casos semelhantes, ou
melhor, a reunião de julgados sobre lesões semelhantes, proporcionando
um panorama de valores para as futuras decisões pode sim ser visto como
um novo começo para o tabelamento no país. Tendo em vista que os juízes,
pessoas com elevado nível de conhecimento jurídico, já estarão de certa
forma envolvidos com a formação de uma base de julgados próximos. Isso
Lucas Girardello Faccio | 143
não significa que apenas os juízes devem ser responsáveis pela elaboração
de uma eventual tabela de dano moral no Brasil, mas, assim como na Itália,
também se envolvam juristas, peritos e estudiosos.
Desse modo, com o afastamento do legislador e o envolvimento da-
queles que de fato podem ser chamados de operadores direito, pode-se
dizer que de certa forma o tabelamento italiano é compatível com o orde-
namento jurídico brasileiro. Diz-se de certa forma porque um dos maiores
erros ao se importar qualquer instituto estrangeiro é tentar aplica-lo sem
as devidas adaptações. Deve-se reconhecer que o contexto social, econô-
mico e até mesmo jurídico do país de origem do instituto dificilmente será
idêntico ao do que deseja importá-lo. Por isso a necessidade de se realizar
a devida modificação, adaptação o que pode, inclusive, resultar num aper-
feiçoamento do instituto162.
E com base nessa ideia de modificação, propõe-se algumas para via-
bilizar o uso efetivo da técnica tabelar italiana para a quantificação do dano
moral no Brasil. Para isso observa-se as críticas e apontamentos feitos pela
doutrina e pela jurisprudência italianas com destaque para dois pontos. A
primeira questão é com relação a própria origem das tabelas na Itália que,
como visto, surgiram para facilitar a valoração dos casos de danos biológi-
cos e, posteriormente, passou-se a utilizá-las também para se extrair um
valor para o dano moral sobre um percentual do valor já definido a título
de dano biológico.
Nesse sentido, os doutrinadores italianos têm debatido cada vez mais
acerca da ideia de separação, de independência do dano moral quanto ao
dano biológico, através de uma tabela autônoma somente para as lesões à
moral. Essa discussão alcançou a Corte de Cassação que, com o recente
julgamento n. 2788, em 31 de janeiro de 2019, a terceira seção expôs sua
posição de insatisfação com o modo como se realiza a valoração do dano
162
PEIXOTO, Ravi. A recepção legislativa e a sua utilização no direito processual civil pátrio: um diálogo com o orde-
namento jurídico português. Revista de Processo, São Paulo, v. 231, n. 1794, p. 301-320, maio 2014. Disponível em:
http://rtonline.com.br. Acesso em: 22 out. 2019. Arquivo PDF.
144 | A quantificação do dano moral
moral com base nos valores do dano biológico propostos na tabela mila-
nesa163. A nova posição é no sentido de que não se deve extrair o montante
indenizatório do dano moral da simples personalização do dano biológico,
ou seja, de um percentual sobre o valor já definido à título de dano bioló-
gico.
A ideia é que o dano moral seja valorado de modo autônomo, o que
não afasta a personalização do caso concreto, pelo contrário, exige do ma-
gistrado uma maior capacidade de analisar as particularidades do caso
para estabelecer um valor justo. Nesse sentido é o caso da tabela voltada
ao dano moral decorrente da difamação por meios de imprensa apresen-
tada nos tópicos anteriores. O tratamento individualizado que o
observatório de Milão tem dado a alguns casos de danos morais ou outras
espécies de danos não patrimoniais é um bom começo para essa separação
reparatória do dano moral e biológico.
Ao lado disso, propõe-se um melhor desenvolvimento da tabela de
Milão a fim de que se construa uma estrutura própria de valores e percen-
tuais para os casos de dano moral, assim como se tem para os danos
biológicos. Desse modo se realizaria uma valoração autônoma ade-
quada164. Com o uso da técnica no Brasil não haveria esse problema, pois
a proposta é para desenvolver diretamente uma tabela com valores para
casos de dano moral o que, certamente, não impede que seja também de-
senvolvida uma para os danos biológicos.
Já a segunda questão que merece destaque é a não obrigatoriedade
do uso da tabela para a quantificação seja do dano biológico, seja do dano
moral. Como fora exposto na parte destinada ao aprofundamento do tema
no direito italiano, as tabelas surgiram na Itália como uma alternativa aos
magistrados para proporcionar uma maior proximidade aos julgamentos
de casos semelhantes, ou seja, para evitar sentenças desiguais em casos
163
PONZANELLI, Giulio. Il nuovo statuto del danno alla persona è stato fissato, ma quali sono le tabelle giuste? ([nota
a sentenza] Corte Cass., III sez., 31.1.2019, n. 2788). La Nuova Giurisprudenza Civile Commentata, v. 35, a. 2019,
p. 277-285.
164
PONZANELLI, Giulio. Il nuovo statuto del danno alla persona è stato fissato, ma quali sono le tabelle giuste? ([nota
a sentenza] Corte Cass., III sez., 31.1.2019, n. 2788). La Nuova Giurisprudenza Civile Commentata, v. 35, a. 2019,
p. 277-285.
Lucas Girardello Faccio | 145
165
PINTO, Vitina. Quantificazione del danno secondo le tabelle milanesi e calcolo degli interessi compensativi – il
commento. ([nota a sentenza] Corte Cass., III sez., 20.4.17, n. 9950). Danno e Responsabilità, Itália, n. 2, a. 2018,
p. 207-218.
166
PINTO, Vitina. Quantificazione del danno secondo le tabelle milanesi e calcolo degli interessi compensativi – il
commento. ([nota a sentenza] Corte Cass., III sez., 20.4.17, n. 9950). Danno e Responsabilità, Itália, n. 2, a. 2018,
p. 207-218.
146 | A quantificação do dano moral
desse dano para se fixar o montante do dano moral. Também como sali-
entado na parte destinada ao direito italiano, há uma espécie de regra
informal de que a personalização do caso não deve ultrapassar o percen-
tual de 30% a 50% (trinta a cinquenta por cento) do valor do dano
biológico. Este tipo de limite não deve ser adotado por uma possível tabela
brasileira, por exemplo, pois, por mais completa que seja a tabela, não se
pode descartar a ocorrência de um caso excepcional ou apenas de algo não
previsto que exija uma valoração acima de qualquer limite já estipulado.
Em síntese, respondendo à pergunta formulada acima, ao se propor
a viabilidade da técnica tabelar no direito brasileiro algumas adaptações
são necessárias. Deve-se observar as críticas e sugestões da doutrina itali-
ana a fim de aprimorar o instituto, bem como há a necessidade de se
respeitar as diferenças do contexto social de cada país. Por isso sugere-se
a criação de uma tabela única para as situações de danos morais, uma re-
paração autônoma, como tem sido debatida pela jurisprudência italiana.
Há que se atentar, porém, que o uso da técnica não seja coercitivo aos jul-
gadores, mas sim um mecanismo a mais para se alcançar o fim de
proporcionar uma indenização justa seja ao ofendido, seja ao ofensor. E
para que isso seja de fato efetuado é imprescindível que o juiz realize a
devida personalização do caso, isto é, analise as particularidades de cada
caso sem a existência de uma limitação previamente imposta, a fim de que
as situações já conhecidas e as que ainda não foram vivenciadas possam
ser adequadamente reparadas.
Conclusão
ALMEIDA, Andréia Fernandes de; ROCHA, Luiz Augusto Castello Branco de Lacerda Marca
da; FILPO, Klever Paulo Leal. O valor da causa nas ações compensatórias por dano
moral: medida salutar de uma política judiciaria ou esvaziamento do direito à uma
reparação justa e integral. Revista IBERC, Minas Gerais, v.1, n. 1, p. 01-31, nov./fev.
2019. Disponível em: https://www.responsabilidadecivil.org/revista-iberc. Acesso
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