Púrpura Trombocitopênica
Púrpura Trombocitopênica
Púrpura Trombocitopênica
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Clínica Integrada – CI II, Palestra
Púrpura trombocitopênica
A apresentação da PTI é diferente em crianças e adultos: • Medicamentos comumente envolvidos são quinidina,
heparina, antibióticos (linezolida, vancomicina, sulfonamidas,
• As crianças geralmente apresentam início súbito de rifampicina), inibidores plaquetários (tirofibana, abciximabe,
hematomas e petéquias decorrentes da trombocitopenia eptifibatida), cimetidina, ainti-inflamatórios não esteroidais
grave. (AINEs), diuréticos tiazídicos, agentes antirreumáticos (sais
de ouro, penicilamina) e agentes quimioterápicos
• Nos adultos, a apresentação é insidiosa; uma história de (ciclosporina), fludarabina, oxaliplatina).
púrpura prolongada pode estar presente; muitos pacientes
são diagnosticados incidentalmente com base em testes • Hiperesplenismo resultante de doença hepática.
laboratoriais automatizados que agora incluem
rotineiramente as contagens de plaquetas. • Distúrbios mielodisplásicos e linfoproliferativos.
• Pacientes com trombocitopenia grave podem apresentar • LES, púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), síndrome
petéquias, púrpura, epistaxe ou fezes heme-positivas devido hemolítico-urêmica.
a sangramento gastrointestinal. Sangramento com risco de
morte é incomum e geralmente está confinado a pacientes • Trombocitopenia congênita
com plaquetas < 10.000/mL. (p. ex., síndrome de Fanconi, anomalia de May-Hegglin,
síndrome de Bernard-Soulier).
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• Exames adicionais podem ser solicitados para excluir outras • Prednisona deve ser continuada até a contagem das
causas de trombocitopenia quando clinicamente indicado plaquetas estar normalizada e, a seguir, lentamente afunilado
(p. ex., HIV, anticorpo antinuclear [ANA], hormônio está indicado a adultos com contagem de
estimulante da tireoide [TSH] [hipotireoidismo e plaquetas < 20.000/mm3 e àqueles que apresentam
hipertireoidismo podem causar trombocitopenia], enzimas contagens < 50.000/mm3 e sangramento da membrana
hepáticas, Hep C ab). mucosa significativo. As taxas de resposta variam de 50% a
75%, e a maioria das respostas ocorre nas primeiras 3
• O ensaio direto para a medição de anticorpos ligados a semanas. Dexametasona oral na dose de 40 mg/dia por 4 dias
plaquetas exibe um valor preditivo positivo estimado de 80% consecutivos também foi relatada como indutora de alta taxa
a 83%. Um teste negativo não pode ser usado para descartar de resposta (85%). A continuação dos corticosteroides é
o diagnóstico. limitada por complicações em longo prazo associadas ao seu
uso (osteoporose, ganho de peso, infecções oportunistas,
• Aspiração e biópsia da medula óssea são recomendadas a labilidade emocional).
adultos com mais de 60 anos; evidência de células imaturas no
esfregaço de sangue periférico ou neutropenia persistente. • A imunoglobulina intravenosa (0,8 a 1 g/kg) é usada em
pacientes que não responderam aos corticosteroides e
Exames por imagem frequentemente em gestantes. Aumenta rapidamente a
contagem de plaquetas em quase 80% dos pacientes, mas seu
Tomografia computadorizada (TC) de abdome/pelve em efeito é transitório. A imunoglobulina (Ig) anti-D, um produto
pacientes com esplenomegalia para excluir outros distúrbios de IgG derivado do plasma de doadores negativos para Rh (D),
que causam trombocitopenia. também é eficaz. Pode ser administrada apenas a pacientes
com Rh (D) positivo e hemoglobina > 8 mg/dL, com uma dose
habitual de 50 a 75 mcg/kg.
Tratamento
• O rituximabe, um anticorpo monoclonal dirigido contra o
Terapia não farmacológica antígeno CD20, é usado como um agente de segunda linha. A
dose usual é de 375 mg/m2 por semana durante 4 semanas.
• Minimizar a atividade para evitar ferimentos ou contusões
(p. ex., esportes de contato devem ser evitados). • A esplenectomia é considerada o tratamento de segunda
linha e deve ser indicada a adultos com contagem
• Interromper qualquer medicação potencialmente ofensiva plaquetária < 20.000/mm3 após 6 semanas de tratamento ou
(veja “Etiologia”). Evitar medicamentos que aumentam o risco após 6 meses, se mais de 10 a 20 mg de prednisona por dia
de sangramento (p. ex., Aspirina® e outros AINEs). forem necessários para manter a contagem de
plaquetas > 30.000/mm3. Em crianças, a esplenectomia
Prescrição Geral De Condição Aguda geralmente fica reservada para trombocitopenia persistente
(> 1 ano) e sangramento clinicamente significativo.
• O tratamento varia de acordo com a contagem de plaquetas, Imunizações apropriadas (vacina pneumocócica em adultos e
a idade do paciente e o estado de sangramento crianças, vacina contra o Haemophilus influenzae, vacina
meningocócica em crianças) devem ser administradas antes
• Observação e monitoramento frequente da contagem de da esplenectomia.
plaquetas são necessários em pacientes assintomáticos com
contagem de plaquetas > 30.000/mm3. • Agentes de segunda linha adicionais constituem os agonistas
do receptor de trombopoietina, azatioprina, ciclosporina A,
ciclofosfamida, danazol, dapsona, micofenolato de mofetila e
alcaloides de Vinca. Romiplostim, uma proteína de fusão
recombinante, e o eltrombopag, agonista do receptor de
trombopoietina oral, são eficazes no aumento da contagem de
plaquetas em pacientes adultos com PTI crônica refratária
aos corticosteroides e/ou esplenectomia.
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• A PTT adquirida é uma desordem autoimune causada pela • Esfregaço periférico: eritrócitos gravemente fragmentados
inibição de autoanticorpos da atividade de ADAMTS13. A (esquistócitos). Mais de 4% de fragmentos de eritrócitos no
PTT hereditária (também denominada síndrome de Upshaw- sangue periférico.
Schulman) é causada por mutações homozigóticas ou
heterozigóticas compostas de ADAMTS13. • Nenhuma evidência laboratorial de CID (produto normal de
degradação da fibrina, fibrinogênio).
• Muitos fármacos, incluindo clopidogrel, penicilina,
antineoplásicos (gencitabina, mitomicina C, ciclosporina), • O diagnóstico de PTT hereditária requer documentação da
contraceptivos orais, quinino e ticlopidina, têm sido deficiência de ADAMTS13 e ausência de inibidor de
associados à PTT. Outras causas precipitadoras incluem autoanticorpos ADAMTS13, e a confirmação requer
agentes infecciosos, gestação, doenças malignas, transplante documentação de mutações em ADAMTS13. O critério
alogênico de medula óssea e distúrbios neurológicos. diagnóstico da PTT adquirida é a presença de anemia
hemolítica microangiopática e trombocitopenia sem outra
causa aparente. Um nível ADAMTS13 indicando menos de 10%
da atividade normal sustenta o diagnóstico clínico de PTT
adquirida.
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Tratamento
• Interromper os possíveis agentes causais. Iniciar a • A PTT recidivante pode ser tratada com troca de plasma.
reposição de ADAMTS13 por infusão de plasma em pacientes
com PTT hereditária. • A remissão de PTT crônica que não responde à terapia
convencional foi descrita após tratamento com
• A American Association of Blood Banks, a American Society ciclofosfamida e o anticorpo monoclonal rituximabe.
for Apheresis e o British Committee for Standards in
Haematology recomendam a troca plasmática diária com • Esplenectomia realizada enquanto os pacientes estão em
reposição de 1 a 1,5 vez o volume plasmático previsto do remissão tem sido usada em alguns centros para diminuir a
paciente como terapia padrão para a PTT. As diretrizes frequência de recidivas da PTT.
britânicas recomendam que a terapia de troca de plasma seja
continuada por, no mínimo, 2 dias após a contagem de
plaquetas retornar ao normal (> 150.000 células/m3).