PDP Desparasitação Externa
PDP Desparasitação Externa
PDP Desparasitação Externa
2022/2023
Este trabalho tem por base um estudo de coprologia de canídeos da zona de Arcos de
Valdevez, que pretende identificar a presença de possíveis parasitas.
Desta forma iremos abordar temas não só como os métodos utilizados para a realização
do estudo assim, os resultados obtidos, o tipo de vetores presentes nos nossos animais,
as medidas e os métodos para prevenir e controlar vetores e consequentemente a
prevenção de parasitas.
Desta forma no cuidado com os animais, especialmente na prevenção de doenças
parasitarias, encontra-se o uso de desparasitastes internos e externos. Este processo
consiste em eliminar parasitas presentes no animal, ou poderá ser usado de forma
preventiva, evitando que os mesmos se instalem. Sendo este último método o mais
utilizado nos tutores de animais de companhia.
Já no caso da desparasitação externa, existe um leque variado de produtos, que se
poderá diferenciar pelo tipo de aplicação, pelo tipo de vetores presentes ou pela
durabilidade do produto.
O controlo dos ectoparasitas desempenha um papel determinante na saúde e no bem-
estar dos animais de companhia uma vez que para além da infestação, podem originar
as seguintes situações: (Esccap, 2010)
− Ações de irritação, toxicidade e espoliação – esta última pode ser altamente lesiva,
pois uma grande carga parasitária pode levar a anemia;
− Transmissão de zoonoses
Pulgas:
Ciclo biológico:
Embora este vetor não seja efetivo de doenças, no entanto poderá servir como
hospedeiro intermediário para cestódeos como por exemplo Dipylidium caninum;
Hymenolepis nana; Bartonella henselae; Bartonella vinsonii, Rickettsia felis. (Global
Health , Divisão de Doenças Parasitárias e Malária, 2017) (Esccap, 2010)
Carraças:
Ciclo de vida:
Durante todo o seu ciclo de vida, a carraça parasita diferentes hospedeiros de acordo
com a fase do ciclo de vida em que se encontra. A fêmea coloca os ovos no meio
ambiente e morre, os ovos eclodem para larvas, estas larvas possuem seis patas e
alimentam-se num único hospedeiro, durante 2 a 3 dias, após isso regressão ao meio
ambiente para evoluir no ciclo, tornando-se desta forma numa ninfa de oito patas.
Passado entre 4 á 6 dias, tornam-se adultas e permanecem no solo para procurar um
novo hospedeiro para se alimentarem, normalmente um hospedeiro de grande tamanho
como o cão. (Esccap, 2010)
Mosquitos:
Ciclo de vida:
O seu ciclo de vida é dividido em quatro estádios, sendo estes: ovo; larva; pupa e inseto
adulto. Para a conclusão do seu ciclo de vida é necessário que seja realizado em dois
ambientes distintos, um meio aquático e um ambiente aéreo. (Esccap, 2010)
Após a alimentação de sangue a fêmea coloca os ovos diretamente sobre a água ou no
solo. Este tem a capacidade de sobreviver a condições de seca por alguns meses. Os
ovos eclodem na água, transformando-se numa larva. O tempo de eclosão depende da
temperatura da água, dos alimentos e da espécie de mosquito em si.
Esta vive na água assim como as fases do ciclo seguintes. Sendo que apenas o último
estágio, o adulto é que vive em ambiente aéreo. O seu ciclo poderá variar entre 4 dias
ou até um mês, dependendo das condições existentes no meio. (Carlos, 2021)
(Companion Vector-Borne Diseases, 2022)
Como anteriormente descrito, os mosquitos, assim como as carraças são dos vetores
mais eficientes na transmissão de bactérias, vírus, protozoários, entre outros. Como por
exemplo na transmissão de Dirofilaria immitis; Dirofilaria repens e Acanthocheilonema
spp. (Esccap, 2010)
Flebótomos:
Os flebótomos, são muitas vezes confundidos com os mosquitos, no entanto o seu ciclo
contrariamente aos dos mosquitos é completamente terrestre. No entanto a nível
alimentar apresentam algumas semelhanças, uma vez que ambos em alguma parte do
ciclo se alimentam de sangue – são hematófagos. (Instituto Nacional de Saúde Doutor
Ricardo Jorge, IP (INSA), 2019)
Além das parecenças estes distinguem-se não só biológica e morfologicamente assim
como taxonomicamente, sendo que estes pertencem à ordem Diptera, família
Psychodidae e à subfamília Phlebotominae e atualmente conhecem-se mais de
oitocentas espécies diferentes. (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP
(INSA), s.d.)
Em Portugal, as espécies predominantes são Phlebotomus perniciosus e Phlebotomus
ariasi. (Esccap, 2010)
Para o desenvolvimento de Flebótomos existem condições climatéricas especificas, é
necessário a existência de regiões quentes e húmidas, como é exemplo dos países com
climas tropicais. No entanto também é possível estarem presentes em climas mais
amenos, desde que as temperaturas sejam superiores a 15ºc, durante no mínimo três
meses por ano. Dado isto o pico de atividade destes vetores, ocorre especialmente ao
anoitecer, uma vez que é quando as temperaturas diminuem e a humidade aumenta.
(Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP (INSA), 2019)
Ciclo de vida:
O ciclo de vida dos Flebótomos desenvolve-se em ambiente terreste contrariamente ao
ciclo de vida dos mosquitos. Este é composto por quatro estádios: o ovo; larva ; ninfa e
imago ( adulto ). E poderá ter a duração de cerca de 40 a 50 dias. (Instituto Nacional de
Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP (INSA), s.d.) (Branco)
A fêmea como anteriormente referido necessita de uma refeição hematófaga para a
maturação dos ovos, após isso, estas depositam os ovos em matéria orgânica e é aqui
que há a metamorfose para os estágios seguintes até a idade adulta. Sendo que em
todos os estágios, exceto na ninfa, todos estes se alimentam de matéria orgânica. É
comum encontrar os flebótomos adultos em sítios escuros como estábulos ou sótãos
durante a noite, e durante o dia procuram um hospedeiro, no caso da fêmea, uma vez
que os machos se alimentam de néctares de plantas e não tem necessidade de ter uma
alimentação hematófaga. (Esccap, 2010)
Embora estes vetores tenham preferência por mamíferos, como os cães, é comum que
utilizem o hospedeiro que for encontrado mais depressa. (Esccap, 2010) (Branco)
Coleiras:
A coleira antiparasitária é um método de desparasitação externa que poderá ser usado
a partir das 7 semanas. Podem durar entre 6 á 12 meses e normalmente tem efeito
repelente contra pulgas, carraças, mosquitos e flebótomos.
Dependendo da marca as substâncias ativas presentes poderão ser diferentes. No
entanto algumas marcas conhecidas no mercado como a Seresto ou a Scalibor, tem
como substâncias ativas a Imidaclopride; Flumetrina ou a Delmatrina.
Este produto deverá sempre ser utilizado com atenção ao peso do animal.
Spot on (pipetas):
As pipetas - spot on dependendo da marca podem ter efeito repelente para todos os
vetores descritos anteriormente, ou em alguns casos apenas têm a capacidade de
prevenir as carraças e as pulgas.
O uso deste método é aconselhado a partir das 7 semanas de idade do animal.
Estas são colocadas na zona do pescoço do animal, o mais próximo possível da pele,
para facilitar a aproximação a pele é aconselhável a abertura de uma linha no pelo do
animal. O produto é absorvido pela pele e entra na corrente sanguínea chegando a
todas as partes do corpo.
Este método funciona como repelente numa primeira barreira, no entanto e no caso de
os parasitas conseguirem penetrar essa barreira, após a picada e a ingestão de sangue
acabam por morrem e seguidamente acabam por cair.
O uso deste método tem a duração de um mês e após isso deverá ser repetido de forma
continua, para garantir resultados.
Deverá ter-se em atenção o peso e a espécie indicados na pipeta, uma vez que o uso
do produto de forna inadequada poderá causar intoxicação.
Os princípios ativos presentes neste medicamento variam de marca para marca como
é por exemplo o caso da Advantix ou Frontline, no entanto o Fipronil; Metopreno;
Permetrina ou Imidaclopride são alguns dos princípios ativos utilizados.
Sprays:
Este método é o mais indicado em casos de infestação de parasitas. Devem ser sempre
colocados na direção oposta ao crescimento do pelo, e deverá ter-se em conta que
chega a todas as zonas do corpo do animal.
Este produto poderá ser utilizado a partir dos dois dias de idade e devera ser repetido o
seu uso mensalmente.
A marca Frontline é uma das marcas mais conhecidas neste tipo de desparasitante
externo e utiliza como substância ativa o fipronil.
Materiais e métodos:
Metodologia:
Procedimento:
Para o desenvolvimento deste método é necessário recolher uma amostra de fezes com
um tamanho aproximado de meia noz, num copo plástico colocar a amostra de fezes
com um pouco de solução saturada de NaCl, com o auxílio de uma vareta homogeneizar
bem a amostra. Colocar a amostra num suporte de tubos. Com a ajuda de um coador e
um funil colocar a solução num tubo de ensaio, enchendo até ao volume máximo. Caso
não seja possível encher ate ao limite com a amostra de fezes acrescentar apenas NaCl.
No topo do tubo de ensaio colocar uma lamela aguardar 10 min para que os ovos flutuem
até ao topo. Apos os 10 minutos retira-se a lamela do tubo sem arrastar e coloca-se
numa lamina de microscópio, colocando a assim no mesmo procedendo de seguida à
sua análise.
Material utilizado:
• Luvas;
• Massas fecais;
• Tabuleiro;
• Cronómetro;
• Lâminas;
• Lamelas;
• Funil;
• Coador;
• Espátula;
• Vareta de vidro;
• Copos de plástico;
• Proveta graduada;
• Suporte para tubos de ensaio;
• Tubos de ensaio;
• Solução saturada de NaCl;
• Microscópio ótico binocular;
• Bata.
Procedimento:
O primeiro passo é encher uma proveta com 18ml de NaCl e outra com a mesma
quantidade, mas de Sulfato de Zinco (ZnSO4). Com o auxílio de uma balança pesar 2g
da amostra para um copo Fill-Flotac e outras 2 para outro copo. Verter as soluções uma
para cada copo respetivamente, após este passo fecham se ambos os copos.
Homogeneizar o conteúdo, bombeado o coletor cónico para cima e baixo (10 Vezes),
para a esquerda e para a direita, fazer este processo nos dois copos. Encher as camaras
de flutuação através dos orifícios de enchimento até formar um menismo (cada copo
enche uma camara). Aguardar 10 minutos e rodar a chave no sentido dos ponteiros do
relógio, fazendo com que a mesa se solte colocando-a de lado. Colocar a Mini-Flotac
no microscópio e observar. As amostras estão prontas para a análise dos resultados.
Após este processo lavar todos os componentes com água e sabonete neutro.
(Laboratorio Federico II, s.d.)
Vantagens deste método:
Resultados:
Para este estudo foi utilizado fezes frescas de onze cães distintos e o objetivo como
anteriormente referido era a identificação e observação de parasitas.
As amostras usadas correspondem a um total de 11 cães, sendo destes: 3 fêmeas, 4
machos e 3 cães cujo nome não foi identificado. A maior parte das fezes foram
recolhidas de animais vindos do forro familiar ou amigos, e as três não identificadas
foram recolhidas de uma clínica veterinária de animais internados.
As fezes analisadas não nos permitiram encontrar qualquer tipo de parasita ou ovo,
assim como ser observado na seguinte tabela.
Tabela 1- Resultados do estudo de Coprologia
Discussão:
O nosso estudo consistiu na análise de onze amostras distintas de fezes de cães, estas
amostras foram retiradas de animais do nosso forro familiar e de uma clínica veterinária
que nos facilitou algumas amostras. No entanto, o nosso estudo não nos permitiu
verificar qualquer presença de parasitas ou de ovos.
Outros estudos em Portugal, como o de Maria Nunes (2009); Tânia Pirão (2018);
M.Silva,I.B Ferreira e D.Guerra (2012) e Maurício, Rosa e Crespo (2006) mostram
alguns resultados distintos com a presença de vários parasitas.
Nestes estudos foram encontrados essencialmente em grande número a presença de
Toxacara canis; dipylidium caninum; Trichuris vulpis; Ancylosoma spp.
A maior parte das amostras recolhidas nestes estudos foram feitas através de fezes
recolhidas em espaços públicos em centros urbanos.
O primeiro estudo analisado de Maria Nunes (2009) foi realizado em Beja,
essencialmente em espaços públicos da zona urbana, sendo usados vários métodos
dos quais o método de willis onde foram observados ovos de Uncinaria stenocephala e
o protozoário Giardia. (Nunes, 2014)