09 - Começa em Você
09 - Começa em Você
09 - Começa em Você
“Harry!” gritou, chamando um de seus assistentes. “Troque as cabeças nos esquifes 2 e 3!”
Trata-se, claro, de uma anedota bastante tola. E, por sinal, horrível, não é? Mas nunca mais a
esquecemos. E essa historieta ilustra um fato que todos nós devemos guardar: A mudança sempre vem de
cima. Se a cabeça não mudar, mais cedo ou mais tarde haverá uma revolução embaixo que forçará a
mudança.
Para que uma família mude, é preciso que o homem da casa mude primeiro. Ele precisa crescer para
que a família cresça. É ele quem dá o exemplo. Uma mudança só pode ser considerada mudança depois que
mudar alguma coisa. A maioria das pessoas julga os outros pelo que estes fazem; mas julga a si mesma por
suas intenções. Ter a intenção de mudar não é mudar. Dizer que vai mudar, prometer mudar, tomar a
decisão de mudar – nada disso é mudar. Nada disso “conserta” uma família problemática. O chefe da casa
tem de mudar.
Muitos foram os gastos de milhões e milhões em esforços para se prevenir a delinquência juvenil. E
outros tantos milhões já foram gastos em programas de reabilitação de menores infratores, viciados, para
os que apresentam desvios emocionais ou que simplesmente são indisciplinados. Para as mulheres também
já existem livros e mais livros; são realizados diversos seminários, e há ainda vários outros tipos de orientação
ensinando-as a desempenhar bem sua função de esposa. Depois de tudo isso, mulheres e crianças voltam
para uma casa onde o homem ainda não mudou. Não se está dando orientação para os homens. E na maioria
dos casos são eles a causa básica dos problemas das esposas e filhos. Então tudo volta à estaca zero. Quando
uma mulher bem orientada ou um jovem reabilitado voltam para casa e encontram o mesmo marido e pai
de antes, sentem-se profundamente frustrados. O homem é o chefe da casa; a mudança tem de começar
por ele. Mais vale um grama de obediência do que uma tonelada de oração. Quem ora muito, mas não
obedece, torna nula toda a sua oração. Crença mais ação é igual a fé. A questão da hombridade não é mero
discurso; é um modo de viver.
Um dos conceitos surgidos nos anos 70 – a “década do eu” – foi o da “coragem para criar”. É claro
que não tinha nada de novo; novas eram apenas as palavras. Mas de repente começou-se a falar na coragem
de criar, um gesto de audácia por parte de alguns poucos indivíduos que se dispunham a produzir algo
original, em vez de limitar-se a reproduzir ou copiar o que outro já havia feito. Muitos escritores falam do
forte senso de desconforto que experimentam cada vez que colocam uma folha de papel em branco na
máquina de escrever. A cada folha nova eles têm de exercitar a coragem de criar. A coragem sempre foi um
requisito para quem exerce qualquer tipo de liderança. Uma expressão que aparece repetidas vezes nas
Escrituras é: “Sê forte e corajoso”. Os anjos por vezes utilizavam essas ordenanças como forma de saudação.
“Sê forte”, diziam. E: “Tem bom ânimo”, que na verdade significa “tenha coragem”. Basta ler a vida de
Abraão, Josué, Moisés, Davi, Paulo e outros heróis da fé mencionados na Bíblia. Os feitos desses homens
foram tão notáveis que as Escrituras afirmam que “o mundo não era digno” deles (Hb 11.38).
SER HOMEM BASTA
A igreja moderna não fala de coragem aos homens, nem a exige deles. Muitos pastores já
descobriram que é bem mais fácil pregar para mulheres, trabalhar com elas e com as organizações
femininas, do que com os homens. Aliás, há líderes que nem conseguem uma boa convivência com homens.
É por isso que em muitas igrejas hoje o número de mulheres é expressivamente maior do que o de homens.
Essa é também a razão por que a sociedade matriarcal vai assumindo o lugar da patriarcal. A coragem é a
virtude, qualidade ou atributo que capacita o homem a enfrentar a desaprovação de outros, a
perseguição, o medo, o fracasso e até a morte como verdadeiro homem. É preciso muita coragem para se
encarar a realidade. O apóstolo Pedro escreveu o seguinte: “Associai com a vossa fé a virtude” (2 Pe 1.5). E
a virtude aí significa grandeza moral, masculinidade e coragem. É preciso muita coragem para ser homem.
A Bíblia está repleta de indivíduos que associaram à sua fé a coragem: Neemias, Daniel, Josué, os três
jovens hebreus, e outros. João Batista associou à sua fé a coragem, repreendeu o rei e foi decapitado. Ele
conhecia um princípio que muitos outros depois dele também já aprenderam. Nesta vida existem certas
coisas que são mais importantes que a própria vida. Para cultivarmos atributos como verdade, honradez,
integridade e outras características do verdadeiro homem, é preciso ter coragem.
Certa vez, uma casa incendiou-se. Quando o dono percebeu que seu filho tinha ficado lá dentro,
atirou-se de volta nas chamas para salvá-lo. Os dois morreram. Para aquele homem, o filho era mais
importante que a própria vida. Mudança requer coragem. Hoje em dia, muitos homens estão prontos a
trocar de mulher, de filhos, de emprego, de tudo, mas não mostram disposição de mudar a si mesmos. Um
verdadeiro homem é capaz de encarar a realidade e efetuar mudanças pessoais. Muitos casais sentem que
precisam mudar alguma coisa. Mas em vez de buscar uma mudança de coração e mente, simplesmente
mudam de residência, e os problemas continuam. Meu irmão, você tem consciência de que precisa de uma
mudança? Você é o homem. Mude primeiro você, e depois toda a sua família mudará. Mude primeiro você
e depois seu emprego mudará.
A mudança começa por você.
O plano de Deus é que alguém assuma o comando. Homens, isso é com vocês! Em Efésios 5.23, a
Bíblia afirma que o homem é o cabeça da casa, e o compara a Cristo, o cabeça da igreja. Trata-se de uma
comparação com implicações muito sérias para os homens. A verdade é que, assim como Cristo é o Salvador
da igreja e é nele que seus membros encontram solução para os seus problemas, assim também é o homem
para a família. As soluções para os problemas da família devem vir dele. Milhões de homens cometem o
mesmo erro de ignorar esse princípio. Acham-se tão ocupados com sua atividade profissional que deixam
com a esposa a tarefa de “escutar os filhos”. E agir assim é abrir mão de uma faceta, de sua condição de
homem. São raríssimas as famílias, hoje em dia, em que o homem assume a liderança da casa na solução
dos problemas. O mundo está se tornando perito em jogar a responsabilidade em outros.
Um dos presidentes dos Estados Unidos, Harry Truman, acabou sendo uma figura bastante popular
no país, por haver colocado em sua escrivaninha, no “Salão Oval”, uma plaqueta bastante singular, com os
dizeres: “As transferências de culpa terminam aqui”. As transferências de culpa terminavam em sua mesa.
Ele entendera que a verdade, por mais dura que fosse, era uma das marcas do verdadeiro líder.
Jogar a culpa em outros é uma tentativa de nos justificarmos. O sentido básico de justificar-se é
tornar-se justo. Portanto, a autojustificação não passa de um recurso que utilizamos para ficar bem com
nós mesmos. A prática da autojustificação iniciou-se no Éden e continua até hoje. O ser humano não tolera
o sentimento de culpa. Ele é destrutivo. O peso da culpa nos amedronta e esmaga. Por isso, os homens
continuam a esconder-se. Tentam fugir. Fogem da realidade. Fogem de Deus. Fogem da responsabilidade.
Fogem através das drogas, da bebida alcoólica, dos prazeres, de filosofias e de muitos outros artifícios.
Contudo, lançar mão de qualquer um desses recursos para ficarmos livres da culpa, é uma tentativa de nos
sentirmos bem com nós mesmos. É autojustificação; transferência de culpa.
Vejamos como esse processo está enraizado no ser humano, através de um incidente corriqueiro que
pode ocorrer no café da manhã em qualquer casa. Pai e filho estão sentados à mesa, e a mãe foi buscar
alguma coisa na pia. Em dado momento, o menino vai pegar um pãozinho, esbarra na xícara e derrama café
SER HOMEM BASTA
com leite na mesa. Imediatamente olha para o pai. Este encara-o com raiva, dá um tapa na mão dele e diz:
“Quantas vezes já lhe falei para prestar atenção no que está fazendo?” É claro que o filho não responde
nada, e começa a chorar. A mãe pega um pano e limpa a mesa. Pois bem. Uma semana depois, temos o
mesmo cenário. Dessa vez é o pai que, ao pegar o pão, esbarra em sua xícara de café e derrama um pouco
na mesa. O garoto logo olha para ele, para ver o que vai acontecer. O homem fica irritado com a esposa e
lhe diz: “Quantas vezes eu já lhe disse para não colocar essa xícara aqui?” Ele se justifica transferindo a culpa
para outra pessoa. E assim, pelo exemplo, ensina o filho a fazer o mesmo. Essa trincheira comportamental
implantada profundamente no solo da alma humana, não lhe proporciona proteção e, sim, destruição. O
homem moderno joga a culpa de tudo nos outros, convencido de estar agindo certo. Está errado. Todo
homem terá de prestar contas de seus atos, e irá prestá-las somente a Deus. Daí a grande importância do
Calvário, onde Cristo morreu. Ele é o único para quem podemos transferir nosso pecado e receber o perdão
de Deus. O Calvário é o único lugar onde podemos ficar livres da culpa.
A sociedade está sofrendo as trágicas consequências do fato de os homens estarem tentando
encobrir seus erros, seus pecados e equívocos. Há muitos que preferem deixar seu casamento fracassar, a
confessar seu pecado e comunicar vida nova a seu relacionamento conjugal. Há outros que preferem deixar
sua firma falir, a reconhecer suas falhas e instilar nela vida nova. Há outros que preferem deixar os filhos
fugir de casa, frustrados, a assumir seus defeitos e tentar acertar seu relacionamento com eles. O homem
que se nega a confessar seus próprios pecados, que prefere omitir-se e acaba deixando que os problemas
destruam os membros de sua família, é um covarde. Há ocasiões em que o silêncio é de ouro; mas há outras
em que de ouro ele não tem nada. Deus quer que a família tenha uma liderança forte, e espera isso do
homem.
Para que os homens vejam sua família sob a perspectiva correta, primeiro têm de ver a si mesmos
como Deus os vê. Mas se as luzes estiverem apagadas, ninguém enxerga nada. Quem tenta caminhar num
aposento às escuras esbarra em muita coisa, e dificilmente sabe em que esbarrou. Então acendamos a luz,
e assim, com tudo claro, podemos caminhar em segurança em qualquer lugar. Aquele a quem falta luz
espiritual, não consegue enxergar um palmo adiante do nariz nas coisas espirituais. Jesus é a luz (Jo 8.12). E
nós podemos enxergar-nos à luz de sua Palavra. O Espírito Santo ilumina a verdade e a verdade nos liberta
(v. 32). A Palavra de Deus é a verdade, e seu Espírito é o Espírito da verdade. Nós somos o canal pelo qual
ele a abençoa. Nossa família busca soluções primeiro em nós. Quem tenta fugir a essa responsabilidade
está se escondendo de Deus. Quem se recusa a reconhecer a existência de problemas está fugindo da
realidade.
Meu irmão, Deus espera que você, como o homem da casa, assuma a liderança. Ele já lhe deu sua
Palavra. E através do seu próprio Espírito, ele o mune do melhor recurso que existe - a sabedoria divina. De
posse da Palavra e de sabedoria, ele espera que você encontre as soluções. Este é o desafio que agora lhe
proponho: conhecer a Deus, conhecer a si mesmo, conhecer sua família e fazer com que a transferência de
culpa termine em você.
..
ANOTAÇÕES:
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________