LEANDRO. Uma Análise Dos Efeitos Socioeconômicos Do Regime de Recuperação Fiscal No Estado Do Rio de Janeiro
LEANDRO. Uma Análise Dos Efeitos Socioeconômicos Do Regime de Recuperação Fiscal No Estado Do Rio de Janeiro
LEANDRO. Uma Análise Dos Efeitos Socioeconômicos Do Regime de Recuperação Fiscal No Estado Do Rio de Janeiro
Dissertação de Mestrado
Rio de Janeiro
Abril de 2018
Andreu Wilson Pereira Leandro
Ficha Catalográfica
CDD: 340
Agradecimentos
Por terem tornado este programa num espaço de conhecimento e amizade, faço os
merecidos elogios à coordenação programa, exercida pelos mais que queridos
Gisele Cittadino e Fábio Leite.
Aos queridos Pedro Rogério, Lu, Mary e Bernardo, vocês tornaram a estada muito
mais aprazível.
Ao meu amigo-irmão Bernardo Brauer, pela amizade e por ter sido o interlocutor
privilegiado durante esta grande aventura.
Aos meus pais pelo carinho, compreensão e apoio e ao meu irmão, Andersen
Fellipe, pela convivência e incentivo.
Leandro, Andreu Wilson Pereira; Pele, Ilié Antonio. Uma análise dos
Efeitos Socioeconômicos do Regime de Recuperação Fiscal no Estado
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2018. 134p. Dissertação de Mestrado -
Departamento de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.
Palavras-Chave
Keywords
1 Introdução 9
6 Conclusão 119
1
BARBOSA FILHO, Fernando de Holanda. A crise econômica de 2014/2017. Estud. av., São
Paulo, v. 31, n. 89, p. 51-60, Apr. 2017. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142017000100051&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 fev. 2018.
http://dx.doi.org/10.1590/s0103-40142017.31890006.
2
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Análise de Indicadores
Selecionados (2016). Disponível em:
https://www.dieese.org.br/anuario/2017/Livro0_AnaliseIndicadoresSelecionados.pdf Acesso em: 25
fev. 2018.
3
Disponível em: http://www.valor.com.br/politica/5116742/estados-estao-atrasando-salarios-de-
servidores-diz-fenafisco. Acesso em: 25 fev. 2018.
10
de modo a apreender se tal estado advém de uma mera escolha política das
elites dirigente ou se constitui, de outra sorte, traço indelével do próprio
neoliberalismo.
Superada a questão conceitual, quanto ao esclarecimento dos caracteres
ínsitos ao fenômeno neoliberal, passa-se à análise do paradoxo pastoral e do fim
da ideia de uma salvação coletiva, substituída pela prescindibilidade de parcelas
cada vez maiores da sociedade, cujo infortúnio, ao invés de ser visto como uma
falha da sociedade, progressivamente é compreendida como uma falta pessoal,
como a incapacidade destes indivíduos em salvarem-se a si mesmos.
Traço fundamental atribuído a tal proposta é a possibilidade de atuar no
âmbito “defensivo”, isto é, num cenário de improvável ampliação do acesso a
direitos, sobremodo daqueles mais carentes de recursos orçamentários para sua
efetivação, busca-se evitar que os recursos existentes sejam utilizados de modo
a privilegiar as camadas mais privilegiadas da sociedade, em detrimento das
populações mais necessitadas de prestações estatais.
Para tanto, o conceito de não-discriminação assume caráter fulcral,
possibilitando (ao menos teoricamente) a aferição sobre o caráter discriminatório
de políticas públicas formalmente isonômicas, mas capazes de afetar
desproporcionalmente certos segmentos da sociedade.
Com efeito, reconhecendo-se as limitações impostas pelo neoliberalismo
para a ampliação de receitas orçamentárias, bem como para a obtenção de
receitas não-orçamentárias (limitações legais ou autoimpostas à obtenção de
empréstimos e qualquer tipo de endividamento público) propõe-se a utilização de
nudges, conjuntamente com a elaboração de políticas públicas baseadas em
evidências para a realização de políticas públicas cujo público-alvo sejam os
grupos socialmente vulneráveis.
Baseados na ideia de recrudescimento do conflito distributivo em razão
da limitação orçamentária enfrentada em âmbito estadual, considera-se mais
provável que quaisquer medidas mitigadoras dos efeitos cruéis do ajuste fiscal
sobre essas populações marginais, dependeria da demonstração de sua alta
efetividade e baixo custo.
Como uma proposta de enfrentamento deste quadro de esmaecimento da
responsabilidade coletiva pelo infortúnio dos membros mais vulneráveis da
sociedade, esta dissertação divide-se em 4 (quatro) capítulos que abordam
diferentes aspectos da crise que aflige o Estado do Rio de Janeiro, culminando
numa proposta de utilização do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais como um mecanismo hígido de controle de políticas públicas.
11
4
Crise aqui é não é utilizada como uma expressão retórica, mas sim como o termo que descreve a
atual incapacidade estatal para o exercício de suas funções básicas em razão da inexistência de
fundos orçamentários para o pagamento de salários do funcionalismo, investimentos e custeio de
despesas ordinárias, tais como a manutenção da frota de carros utilizados pela Polícia Militar.
5
Lei n.º 7.514. Lei Orçamentária Anual. Volume I. Página 59 Disponível em:
http://www.rj.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=3a571122-6250-4905-a720-
ee20a44e62c6&groupId=91233 Acesso em: 23 set. 2018..
6
Fato que corrobora a situação excepcionalíssima do Estado do Rio de Janeiro foi a publicação do
Decreto n.º 9.288, de 16 de fevereiro de 2018, o qual determina a intervenção federal no Estado do
Rio de Janeiro com o objetivo de pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública.
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2018/decreto-9288-16-fevereiro-2018-
786175-publicacaooriginal-154875-pe.html Acesso em: 18 fev. 2018..
7
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, houve um aumento de 44% do número de
homicídios anuais entre os anos de 2012 e 2017. Disponível em:
http://www.ispdados.rj.gov.br/Arquivos/SeriesHistoricasLetalidadeViolenta.pdf. Acesso em: 25 fev.
2018.
8
Segundo o Rio Previdência, o pagamento do 13º salário dos servidores aposentados e dos
pensionistas referentes ao ano de 2016, somente ocorreu no dia 20 de dezembro de 2017.
Disponível em: https://www.rioprevidencia.rj.gov.br/RIOPREVIDENCIA/ListaNoticias/RP_019541
Acesso em: 18 fev. 2018.
14
incluso numa categoria ampla, sem que sejam feitas considerações quanto aos
distintos efeitos específicos sobre os díspares grupos sociais. Veja-se:
2.1
As Premissas Básicas no Estabelecimento de um Critério de Análise
9
Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro. p. 6 Disponível em:
http://tesouro.gov.br/documents/10180/602241/Plano+de+Recuperação+Fiscal/8fabd06f-10b0-
424d-845f-9fa833235a88. Acesso em: 18 fev. 2018
10
Entre os critérios de análise existentes, Michael Adler aduz que: “[...] Enquanto métricas de
desigualdade analisam a distribuição global de algum atributo relevante entre a população (renda,
riqueza, felicidade, longevidade, etc), com as métricas de pobreza focando na distribuição acima e
abaixo do referencial de pobreza, há uma terceira perspectiva para examinar disparidades entre
grupos sociais diferentes. Denomina-se tal perspectiva como “social gradiente”. Tal perspectiva é
utilizada, particularmente nos Estados Unidos, na análise de disparidades raciais. Quão séria é a
desigualdade racial em relação à renda, riqueza, longevidade, escolaridade, etc? Um diferente uso
do social gradient é atinente à análise de diferenças socioeconômicas, especialmente à correlação
entre um status socioeconômico e um indicador não-econômico, normalmente saúde. ADLER,
Michael D. Equity by Numbers: Measuring Poverty, Inequality, and Injustice. 66 Alabama Law
Review, 2015. p. 555 Disponível em: https://scholarship.law.duke.edu/faculty_scholarship/3064
Acesso em: 21 fev. 2018.
16
11
Para uma visão mais completa do tema, ver, entre outros: TAYLOR, Mathew M. O Judiciário e
as Políticas Públicas no Brasil. DADOS, Rio de Janeiro, Vol. 50, nº 2, 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-
52582007000200001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 21 fev. 2018.
http://dx.doi.org/10.1590/S0011-52582007000200001.
17
2.2
A Justificativa da Adoção da Perspectiva Orçamentária
12
Disponível em: http://mercadopopular.org/2017/06/restricoes-a-doacoes-de-sangue-preconceito-
ou-uma-medida-baseada-em-dados/ Acesso em: 20 fev. 2018.
13
Da mesma forma, Kasper Lippert-Rasmussen aponta que: “[...] a ideia de que nós deveríamos
estar mais preocupados com as desigualdades nos indicadores de saúde induzidos por
discriminação que em relação às desigualdades nos indicadores de saúde causados por
diferenças genéticas, não é baseado somente na noção de nós temos que acomodar outros
valores ou observar restrições de ordem prática. Vários escritores importantes têm indicado, de
fato, que são inclinados a favorecer algum tipo de medição baseada em grupos sociais ao menos
parcialmente sobre este fundamento. Asada e Thiomas Hedemann, por exemplo, comparam duas
populações com idêntica variação nos indicadores individuais de saúde. A primeira população teria
experimentado discriminação sistemática e há uma grande desigualdade nos indicadores de saúde
entre os grupos sociais. A segunda população não foi exposta à discriminação sistemática, sendo
livre da desigualdade entre os grupos sociais que caracteriza a primeira população, mas contém o
mesmo nível de desigualdade nos indicadores de saúde entre os seus membros. Asada e
Hedemann apontam que a perspectiva individualista iria considerar estas duas populações iguais
em termos de desigualdade na saúde e que, considerando que a maioria consideraria que a
primeira população conteria uma injusta desigualdade na saúde, a medida individual está
confinada a não perceber algumas importantes desigualdades.” In Lippert-Rasmussen, Kasper.
When Group Measures of Health Should Matter in EYAL, Nir; HUST, Samia; NORHEIM, Ole F.;
WIKLER, Daniel. (Org.). Inequalities in Health:Concepts, Measures, and Ethics. New York: Oxford
University Press, 2013. p. 59
19
14
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 8ª edição. São Paulo:
Saraiva, 2013. p. 350
15
Ibid. p.353
16
Temática esta a ser explorada detidamente na seção subsequente deste capítulo.
17
Cite-se como exemplos: DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya Gasparetto. Dimensões da
constitucionalização das políticas públicas. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v.
273, p. 237-267, set. 2016. ISSN 2238-5177. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/66662>. Acesso em: 24 set. 2017.
doi:http://dx.doi.org/10.12660/rda.v273.2016.66662. e TORRES, Ricardo Lobo. O Direito ao
Mínimo Existencial. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 2009.
20
cujos Poderes Legislativo e Executivo são mais aptos a tomarem uma decisão
ótima.
Inicialmente, o Judiciário não tem legitimidade democrática ou expertise
para resolver as questões decorrentes da efetiva coordenação social. A atuação
do Judiciária é muito efetiva para assegurar a uma pessoa determinada um
direito cujo gozo seja individual e, quando o faz, usualmente não considera
eventuais efeitos deletérios da sua conduta, isto é, a análise feita não leva em
conta considerações como a limitação orçamentária dos entes federativos ou se
a medida determinada é prejudicial a outros fins socialmente desejáveis.
Ademais, quanto mais sistemática a violação aos direitos humanos,
menor a eficácia do Judiciário. Se é indubitável que ao Judiciário é perfeitamente
possível a condenação de Estado ou Município à entrega de medicamentos ou a
imediata internação de um paciente grave, como o Judiciário pode garantir que
um certo grupo étnico ou minoria sexual tenha acesso médico equivalente à
média da população?
Neste sentido, apontam Holmes e Sunstein que o Judiciário não está bem
posicionado para rever o processo de eficiente alocação de recursos públicos,
conduzidos, com maior ou menos habilidade pelas agências executivas,
tampouco sendo capaz de rever as alocações inadequadamente feitas. Aos
juízes faltaria o adequado treinamento para exercer tal papel e eles operariam
com base em informação inadequada e tendenciosa18.
Além disso, quando juízes julgam, decidem um caso individual, sem
considerar limites de gastos orçamentários. Contrariamente ao Legislativo e o
Executivo, o Judiciário está limitado a analisar os casos individualmente, não
podendo perquirir o amplo conjunto de necessidades sociais e, sopesando tais
necessidades, decidir quanto alocar para o fornecimento de cada bem
socialmente valorizado. Assim, juízes são institucionalmente proibidos de
considerar as potenciais consequências distributivas de suas decisões19.
O fato mais relevante para que o Judiciário não seja o responsável por
resolver esses conflitos distributivos é que este Poder é o único que não é
responsabilizável perante a população, ou seja, o juiz não pode ser
responsabilizado politicamente (quer por censura ou remoção) pela correção ou
não da escolha alocativa que eventualmente tenha feito.
18
SUNSTEIN, Cass R.; HOLMES, Stephen. The Cost of Rights. New York: Norton & Company
Ltd., 1999. p. 95
19
Ibid.
21
“[...] A partir desse julgado no STF os tribunais de grau inferior passaram a sacar
diretamente do art. 196 da Constituição a fonte legitimadora da afirmação
positiva das prestações na área da saúde nos casos de omissão administrativa
ou legislativa. A nova posição do Judiciário brasileiro trouxe grande avanço para
a defesa do mínimo existencial e do direito à saúde. Mas, por outro lado,
provocou inúmeros exageros quanto à extensão do direito, que passou a
aquinhoar também os ricos e se aplicou até mesmo à garantia de tratamento
médico no estrangeiro, além de inovar no equacionamento jurídico de inúmeras
matérias ligadas ao orçamento.
O Superior Tribunal de Justiça garantiu o pagamento de despesas de tratamento
médico no exterior mediante a fixação de indenização “a posteriori”, o que
obviamente só beneficia os ricos.”23
20
SUNSTEIN, Cass R.; HOLMES, Stephen. The Cost of Rights. New York: Norton & Company
Ltd., 1999. p. 127
21
BARCELLOS, Ana Paula de. A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais: O Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana. 3ª Edição: Revista e Atualizada. Rio de Janeiro, Renovar, 2011. p.
324
22
CHILTON, Adam S.; VERSTEEG, Mila. Rights Without Resources: The Impact of Constitutional
Social Rights on Social Spending (October 26, 2016). Virginia Law and Economics Research Paper
No. 2016-20; University of Chicago Coase-Sandor Institute for Law & Economics Research Paper
No. 781; U of Chicago, Public Law Working Paper No. 598. Disponível em:
https://ssrn.com/abstract=2857731. Acesso em: 25 fev. 2018. p. 8
23
TORRES, Ricardo Lobo. O Direito ao mínimo existencial. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2009.
pp. 254-256
22
24
Disponível em: http://portal.tcu.gov.br/imprensa/noticias/aumentam-os-gastos-publicos-com-
judicializacao-da-saude.htm. Acesso em: 16 fev. 2018
25
Para uma discussão mais ampla sobre o tema, ver: BROCK, Dan W. Identified versus Statistical
Lives: Some Introdutory Issues and Arguments in COHEN, I. Glenn; DANIELS, Norman; EYAL, Nir.
Identified versus Statistical Lives: na Interdisciplinary Perspective. New York: Oxford University
Press, 2015 e Voorhoeve AE, et al. including Eyal N. Making Fair Choices on the Path to Universal
Health Coverage: Applying Principles to Difficult Cases. Health Systems & Reform. 2017.
Disponível em:
http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/23288604.2017.1324938?needAccess=true Acesso
em: 21 fev. 2018.
23
26
Segundo dados do Ministério das Cidades, no ano de 2014 o fornecimento de água potável e
saneamento básico era prestado por 975 órgãos da administração direta, 428 autarquias, 31
sociedades de economia mista, 5 empresas públicas, 72 empresas privadas e 2 Organizações-
Sociais. Ministério das Cidades. Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto – 2014 Disponível
em: http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/Diagnostico_AE2014.pdf. Acesso em: 21 fev. 2018.
25
27
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de Direito Internacional dos Direitos
Humanos. Volume 1. 2ª edição revista e atualizada. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor.
2003 p.475
28
Ibid. p. 480
26
29
Neste sentido a contribuição de Liam Murphy é extremamente relevante para a compreensão da
justificativa moral para a implementação de políticas que asseguram a fruição igualitária dos
direitos socioeconômicos e culturais: “[...] Há duas possíveis alternativas disponíveis para um
welfarista. A primeira, a que veio a ser chamada pelo não-inspirado nome de “visão prioritária”,
considera que as melhorias no bem-estar dos grupos mais vulneráveis são mais importantes que
melhorias no bem-estar dos grupos mais privilegiados. Isso acresce mais uma razão em favor da
redistribuição, dependendo do quão forte for a prioridade. Não é apenas que o dinheiro seja mais
benéfico em termos de utilidade agregada caso os pobres recebam os recursos, mas sim que a
melhoria do bem-estar dos pobres importa mais, do ponto de vista moral.” In MURPHY, Liam, Why
Does Inequality Matter? Reflections on the Political Morality of Piketty's Capital in the Twenty-First
Century (May 1, 2016). Tax Law Review, Vol. 68, No. 3, 2015; NYU Law and Economics Research
Paper No. 16-21; NYU School of Law, Public Law Research Paper No. 16-19. pp. 617-618
Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2769759 Acesso em: 21 fev. 2018.
30
No mesmo sentido, Michael Adler considera que o prioritarismo dá maior valor ao bem-estar dos
mais vulneráveis ou, em outras palavras, o prioritarismo enxerga os mais vulneráveis como
possuidores de pretensão maior ao bem-estar que as classes privilegiadas. ADLER. Michael D.
Future Generations: A Prioritarian View (October 22, 2009). George Washington Law Review, Vol.
77, p. 1478, 2009; U of Penn Law School, Public Law Research Paper No. 09-30; U of Penn, Inst
for Law & Econ Research Paper No. 09-39. Disponível em:
SSRN: https://ssrn.com/abstract=1492737 Acesso em: 21 fev. 2018.
31
PIOVESAN, Flavia. Direitos sociais, econômicos e culturais e direitos civis e políticos. Sur, Rev.
int. direitos human., São Paulo , v. 1, n. 1, p. 20-47, 2004 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
27
Essa visão tem o benefício de criar uma unicidade na análise dos direitos,
os quais não seriam distintos quanto à sua natureza, mas sim competiriam pelos
escassos recursos disponíveis para a sua efetivação.
Desta forma, não haveria uma diferença fundamental no direito de
propriedade ou à livre circulação quando comparados com o direito à educação
ou à saúde. Ambos os conjuntos de direitos dependem de uma série de
atuações estatais para sua proteção, atuação esta que demanda recursos
financeiros e de pessoal para assegurar a fruição do direito em questão.
No mesmo sentido aqui exposto, Cançado Trindade aduziu que, no plano
internacional, não se tardou para perceber que havia direitos sociais e
econômicos cuja implementação era similar àquela dos direitos civis e políticos,
o que, segundo Cançado Trindade, salientava a unidade fundamental da
concepção de direitos humanos37, o que corrobora o tratamento dado aos
direitos por Holmes e Sunstein.
Para Holmes e Sunstein, todos os direitos representariam requisições
sobre o tesouro público38. Aqui, num ponto que se aproxima de Joseph Raz,
entendem Sunstein e Holmes que um interesse (fim socialmente desejável) se
qualifica como direito quando um sistema legal efetivo usa recursos coletivos
para defendê-lo39.
Num ponto de conexão com estudiosos da dinâmica orçamentária e seu
vínculo com o orçamento público, defendem Sunstein e Holmes que os filósofos
morais deveriam ater-se mais detidamente sobre questões de tributação e gasto
público do que normalmente o fazem, já que não se pode explorar
completamente as dimensões morais da proteção dos direitos se não se
considerar adequadamente a questão da justiça distributiva40.
Isto porque recursos obtidos coletivamente são frequentemente, por
nenhuma boa razão, direcionados para assegurar direitos de alguns cidadãos
em detrimento de outros.
Algo causticamente, Holmes e Sunstein afirmam que um direito legal
existiria somente quando e se tivesse custos orçamentários. E tais custos são
impostos tanto aos particulares quanto ao orçamento público41.
Numa perspectiva aqui também adotada, Sunstein e Holmes aduzem os
benefícios do foco exclusivo no orçamento público como sendo a forma mais
37
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Op. cit. p. 451
38
SUNSTEIN, Cass R.; HOLMES, Stephen. Op. cit. p. 15
39
Ibid. p. 17
40
Ibid. p. 19
41
Ibid. pp. 19-21
29
42
Ibid. p. 22
43
SUNSTEIN, Cass R.; HOLMES, Stephen. Op. cit. p. 22
44
Ibid. p. 24
45
Ibid. p. 31.
46
Ibid. p. 48.
47
Ibid. p. 48.
48
Ibid. p. 78
30
49
SUNSTEIN, Cass R.; HOLMES, Stephen. Op. cit. p. 97
50
Ibid. p. 96
51
Ibid. p. 98
52
Ibid. p. 98
31
“[...]aqueles que descrevem os direitos como absolutos fazem com que seja
impossível perguntar uma questão de grande importância factual: quem decide o
nível de recursos necessários para financiar um conjunto de direitos básicos para
quem? Quão justo, quão prudente é o nosso atual sistema de alocação de
recursos escassos entre direitos concorrentes, inclusive direitos constitucionais?
E quem exatamente tem o poder de fazer tais decisões alocativas? Atenção aos
custos dos direitos nos leva não apenas a problemas de cálculo orçamentário,
mas também em questões filosóficas basilares de questões como justiça
distributiva e accountability democrática.”58
53
SUNSTEIN, Cass R.; HOLMES, Stephen. Op. cit. p. 117
54
Ibid. pp. 124-125
55
Ibid. pp. 125
56
Ibid. p. 127
57
CUNHA, José Ricardo. Os direitos sociais vistos de uma perspectiva humanística ou sobre por
que estamos diante de uma questão ética de primeira grandeza in. TOLEDO, Cláudia (Org.)
Direitos Sociais em Debate. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 124
58
SUNSTEIN, Cass R.; HOLMES, Stephen. Op. cit. p. 131
32
2.3
A Perspectiva Orçamentária e o Problema da Coordenação
59
Ibid. p. 131
60
CUNHA, José Ricardo. Os direitos sociais vistos de uma perspectiva humanística ou sobre por
que estamos diante de uma questão ética de primeira grandeza in. TOLEDO, Cláudia (Org.)
Direitos Sociais em Debate. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 123
61
Instituto de Segurança Pública. Letalidade violenta no ano de 2016. Disponível em:
http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/Letalidade.html. Acesso em: 24 set. 2017.
33
64
Ibid.
65
MURPHY, Liam; NAGEL, Thomas. O mito da propriedade: os impostos e a justiça. São Paulo:
Martins Fontes, 2005. p. 62
66
Ibid. p.101
67
Ibid. p. 108
68
Ibid. pp. 108-109
35
cabendo ao Estado perquirir qual a quantidade única desse bem que deve
fornecer a todos, e quanto deve cobrar, separadamente, de cada um69.
Caberia assim ao Estado operar emulando um monopólio com
discriminação de preços, devendo saber, de acordo com Murphy e Nagel:
“[...]Precisa saber o quanto o bem público vale para cada indivíduo e cobrar de
cada um esse tanto, financiando o custo total do bem com a soma dessas
avaliações desiguais e estabelecendo o nível de ação pública direta num ponto
em que para cada pessoa a avaliação de preço seja igual ou menor que o preço
de reserva da pessoa para aquele nível.”70
69
Ibid. p. 109
70
MURPHY, Liam; NAGEL, Thomas. O mito da propriedade: os impostos e a justiça. São Paulo:
Martins Fontes, 2005. p.110
71
Ibid.
72
Ibid. p. 114
73
Ibid. p. 114
74
Ibid. pp. 114-115
36
75
Ibid. p. 115
76
No original: “A major, if not the main, factor in establishing the legitimacy of political authorities is
their ability to secure coordination.” In RAZ, Joseph. Between Authority and Interpretation: On the
Theory of Law and Practical Reason (Locais do Kindle 2674-2675). Oxford University Press.
Edição do Kindle.
77
Ibid. Locais do Kindle 2686-2688.
78
Ibid. Locais do Kindle 5003-5004.
79
RAZ, Joseph. Op. cit. Locais do Kindle 5006-5007.
37
80
No original: “The law can help in securing social coordination and in bringing to people the
benefits of information that is not generally available. The ability to benefit from such information
and to secure social coordination is often advantageous or even necessary to achieve valuable
goals, and even for compliance with moral requirements.” RAZ, Joseph. Op. cit. Locais do Kindle
5995-5997.
81
No original: “The law can help in securing social coordination and in bringing to people the
benefits of information that is not generally available. The ability to benefit from such information
and to secure social coordination is often advantageous or even necessary to achieve valuable
goals, and even for compliance with moral requirements.” RAZ, Joseph. Op. cit. Locais do
Kindle.3360-3363.
3
O Estado do Rio de Janeiro e o Regime de Recuperação
Fiscal
3.1
O Liame entre Neoliberalismo e Austeridade Fiscal
82
HARVEY, David. O Neoliberalismo: história e implicações. Tradução de Adail Sobral e Maria
Stela Gonçalves. São Paulo: Editora Loyola, 2008. p. 2
83
MUDGE, Stephanie Lee. What is neo-liberalism? Socio-economic review, v. 6, n. 4. 2008. p. 715
Disponível em: https://doi.org/10.1093/ser/mwn016 Acesso em: 03 nov. 2017
84
Ibid.
85
LAVAL, Christian. FOUCAULT AND BOURDIEU: TO EACH HIS OWN
NEOLIBERALISM?.Sociol. Antropol., Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, p. 63-75, Apr. 2017 .
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2238-
38752017000100063&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 fev. 2018 .
http://dx.doi.org/10.1590/2238-38752017v713. pp. 71-72
86
Ibid. p. 718-719
41
3.1.1
A gênese da austeridade econômica
87
LAVAL, Christian. FOUCAULT AND BOURDIEU: TO EACH HIS OWN
NEOLIBERALISM?.Sociol. Antropol., Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, p. 63-75, Apr. 2017 .
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2238-
38752017000100063&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 fev. 2018 .
http://dx.doi.org/10.1590/2238-38752017v713. p. 719
88
WILLIAMSON, John. Democracy and the “Washington Consensus”. World Development, Vol. 21,
No. 8. 1993. p. 1330 Disponível em: https://ac.els-cdn.com/0305750X9390046C/1-s2.0-
0305750X9390046C-main.pdf?_tid=66a1788a-dac2-11e7-af88-
00000aacb362&acdnat=1512591594_8c48edbd918eca65e7f757265861556e Acesso em: 06 dez.
2017.
89
BIN, Daniel. Macroeconomic policies and economic democracy in neoliberal Brazil. Economia e
Sociedade 24, no. 3. 2015. p. 521 Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-
3533.2015v24n3art1 Acesso em: 10 nov. 2017.
90
Idem. p. 522
42
91
KONZELMANN, Suzanne J.; The economics of austerity. Centre for Business Research,
University of Cambridge Working Paper No. 434. 2012. p. 2 Disponível em:
http://ssrn.com/abstract=2127567 Acesso em: 02 nov. 2017
92
FOUCAULT, Michel. Segurança, Território, População. Curso dado no Collège de France (1977-
1978). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008. pp. 52-56
93 DIX, Gus. Ricardo’s discursive demarcations:a Foucauldian study of the formation of the
economy as an object of knowledge. Erasmus Journal for Philosophy and Economics, Volume 7,
Issue 2, Autumn 2014, pp. 1-29. Disponível em: http://ejpe.org/pdf/7-2-art-1.pdf. Acesso em: 24 fev.
2018. p.7
43
somente de uma forma notória de “fazer viver e deixar morrer”, mas também de
uma exposição desigual diante “à iminência de morte”, no qual o Estado abdica
de sua função pastoral, dividindo a população entre aqueles dignos de serem
salvos e aqueles que serão sacrificados94.
Assim, a morte passa a estar sobre o domínio do poder de modo geral,
global e estatístico, o que implica dizer que o poder deixa de ter domínio sobre a
morte, passando a atuar sobre a mortalidade95.
No nosso caso, são as populações mais vulneráveis que sofrem e devem
sofrer essa “morte” social96. Ou podem ser considerados como “vidas
abandonadas” seguindo a fórmula de Jean-Luc Nancy97.
Ponto que merece uma análise detida para a apreensão do fenômeno
neoliberal é que, ao invés de se buscar os complexos mecanismos coletivos que
levam a tal situação, qual seja, a existência de uma grande massa de
trabalhadores parcamente qualificados ou simplesmente não-empregáveis na
ordem capitalista, imputa-se o infortúnio a falhas individuais desses indivíduos,
que passam a ser vistos como dispensáveis ou indesejáveis.
Clara Mattei aduz um caráter original à discussão sobre austeridade
econômica, trazendo à lume o fato de que a própria concepção de austeridade
ser antecedente ao surgimento do neoliberalismo, localizando referida autora
suas bases nas conferências internacionais de Bruxelas (ocorrida em 1920) e de
Gênova (ocorrida em 1922), atribuindo à austeridade tanto uma base econômica
quanto moral98.
Assim, a austeridade econômica seria um consenso do stablishment
internacional econômico, surgido posteriormente à 1ª Guerra Mundial, atribuindo
responsabilidade pela crise vivida à época aos cidadãos, que teriam vivido além
de suas posses. Como resultado, caberia aos economistas ensinar os cidadãos
a terem ciência da necessidade de sacrifício pessoal para a recuperação da
economia nacional.
Num ponto de conexão entre a genealogia da austeridade, bem como de
seu laço com o pensamento tecnocrático, Clara Mattei conclui que ambos são
complementares e intrinsecamente inter-relacionados, visto que o clamor por
94
PELE, Antonio. Human dignity, Archaeology and Power. A Foucauldian Approach, 2018. p. 34
95 FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade: Curso no Collège de France: (1975-1976).
Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 295
96 Ver capítulo V, da história da sexualidade, 1 “Direito de morte e poder sobre a vida”. pp. 147-
176
97
NANCY, Jean-Luc. The birth of presence, Trans. Brian Holmes & Others. P. 44
98
MATTEI, Clara E. The Guardians of Capitalism: International Consensus and the Technocratic
Implementation of Austerity. Journal of Law and Society No. 44.1. 2017. p.20. Disponível em
http://dx.doi.org/10.1111/jols.12012. Acesso em: 01 dez. 2017.
44
99
MATTEI, Clara E. The Guardians of Capitalism: International Consensus and the Technocratic
Implementation of Austerity. Journal of Law and Society No. 44.1. 2017. p.30-31. Disponível em
http://dx.doi.org/10.1111/jols.12012. Acesso em: 01 dez. 2017.
100
Ibid. p.11.
101
LAZZARATO, Maurizio. The Making of the Indebted Man. An Esay on the Neoliberal Condition.
Traslated by Joshua David Jordan. Los Angeles: Semiotext(e), 2012. p. 103.
45
elites, que se beneficiam tanto dos cortes realizados quanto obtêm lucros com o
financiamento dos déficits públicos102.
Evidenciado assim que, na atual ordem neoliberal, a austeridade passou
a ser associada aos momentos recessivos, sendo apresentada como não
apenas uma necessidade política, mas também como uma obrigação moral
dotada de uma lógica “inafastável”, já que ter-se-ia vivido por muito tempo além
das possibilidades. Dado isso, a crise passa a representar um momento no qual
são necessárias a contenção e frugalidade.
A aplicação deste aspecto “moral” da austeridade é de difícil concepção
no Brasil, na qual parcela relevante da população vive em condições muito
precárias, estando sob a égide da desigualdade. Tal desigualdade é definida por
Silvana Tótora como o ponto de chegada e de partida, isto é, passou a
desigualdade a ser vista como valor, como móvel para recrudescer a
competição103.
Assim, tal valorização da desigualdade, implicaria uma forma de gestão
da desigualdade, confinando-se a população dos pobres nas periferias dos
centros urbanos e sujeitando-os a todo tipo de trabalho degradante,
humilhações, discriminação e violência do estatal por meio de seu braço
armado104.
No mesmo sentido, Trent Hamann aponta que todas as formas de
desigualdade social seriam invisíveis como fenômeno social no estado
neoliberal, já que a condição social de cada indivíduo seria imputável a ele,
sendo reflexo de suas escolhas e investimentos. Como resultado, cada indivíduo
deve ser não apenas capaz de cuidar de si próprio, mas também responsável
por esse cuidado, numa forma de eliminação de responsabilidade coletiva
(social) pelos perdedores do jogo neoliberal105.
Em relação à esta responsabilização dos pobres por seu próprio destino,
constataram Stephanie Duflo e Abhijit V. Banerjee que famílias pobres
buscariam oportunidades econômicas, mas que tendem a ser pouco qualificados
(para a atividade econômica). Assim, exerceriam atividades variadas, mas não
102
LAZZARATO, Maurizio. The Making of the Indebted Man. An Esay on the Neoliberal Condition.
Traslated by Joshua David Jordan. Los Angeles: Semiotext(e), 2012. p. 103
103
TÓTORA, Silvia. Foucalt: Biopolítica e Governamentabilidade Neoliberal. Revista de Estudos
Universitários. Volume 37, n.º 2. 2011. Disponível em:
http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/reu/article/view/646. Acesso em: 23 fev. 2018. pp. 97-98
104
Ibid. pp. 97-98
105
HAMANN, Trent H. Neoliberalismo, governamentalidade e ética. ECOPOLÍTICA, [S.l.], n. 3,
set. 2012. ISSN 2316-2600. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/ecopolitica/article/view/12910>. Acesso em: 23 fev. 2018. p.
109-111
46
3.1.2
A crise de 2007/2008
106
DUFLO, Stephanie; BANERJEE, Abhijit V. The Economic Lives of the Poor. (October, 2006)
Disponível em: https://economics.mit.edu/files/805. Acesso em: 22 fev. 2018. p. 12
107
KONZELMANN, Suzanne J.; The economics of austerity. Centre for Business Research,
University of Cambridge Working Paper No. 434. 2012. p. 27-28 Disponível em:
http://ssrn.com/abstract=2127567 Acesso em: 02 nov. 2017.
47
108
KONZELMANN, Suzanne J.; The economics of austerity. Centre for Business Research,
University of Cambridge Working Paper No. 434. 2012. p. 22. Disponível em:
http://ssrn.com/abstract=2127567 Acesso em: 02 nov. 2017.
109
Ibid. p. 2
48
110
ALESINA, Alberto; ARDAGNA, Silvia. Large changes in fiscal policy: taxes versus
spending. Tax policy and the economy 24, no. 1. 2010. p. 35-36. Disponível em
http://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/649828. Acesso em: 02 nov. 2017.
111
No mesmo sentido, Thomas Piketty aponta que ao longo do século XXI, a taxa de retorno
média do capital estará num patamar muito superior ao do crescimento, estimando a primeira entre
4% a 4,5% ao ano enquanto a segunda seria de parcos 1,5% ao ano in O Capital no Século XXI.
Tradução de Mônica Baumgarten de Bolle. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. p. 607
112
Ibid. p. 36.
49
113
Ibid. p. 37
114
Para uma crítica às conclusões verificadas por Alesina e Ardagna, entre outros BAKER,
Dean. The myth of expansionary fiscal austerity. No. 2010-23. Center for Economic and Policy
Research (CEPR), 2010.
50
3.2
As Características do Regime de Recuperação Fiscal
115
BLYTH, Mark. Austerity: The History of a Dangerous Idea. Oxford University Press, USA.
Edição do Kindle. Locais do Kindle 159-165
116
Esclarecimento feito no 1º capítulo da dissertação.
51
117
Em 07 de novembro de 2017, O Estado do Rio Grande do Sul apresentou o pré-acordo de
adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/rrf
Acesso em: 11 dez. 2017.
118
A dívida com a União e bancos públicos federais perfazia o percentual de 85, 57%, como
constante no Plano de Recuperação Fiscal. Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC200052
Acesso em: 27 out. 2017.
52
3.3
Enumeração das Medidas de Ajuste Fiscal no Estado do Rio de
Janeiro
119
O PRF do Rio Grande do Sul aponta que o triênio 2014-2016 foi o pior da história econômica do
Brasil desde a Era Vargas. p. 7-8 Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/rrf. Acesso em:
11 dez. 2017.
120
Valor atualizado até 30 de junho de 2017. Fonte:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC200052
Acesso em: 29 out. 2017.
121
“Art. 9o A União concederá redução extraordinária integral das prestações relativas aos
contratos de dívidas administrados pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda,
por prazo igual ou inferior ao estabelecido para a vigência do Regime de Recuperação Fiscal.
§ 1o A redução extraordinária de que trata o caput deste artigo não poderá ultrapassar o prazo de
36 (trinta e seis) meses.
o o o
§ 2 Na hipótese de prorrogação do Regime de Recuperação Fiscal, nos termos do § 2 do art. 2 ,
os pagamentos das prestações de que trata o caput deste artigo serão retomados de forma
progressiva e linear, até que seja atingido o valor integral da prestação ao término do prazo da
prorrogação.”
53
122
“Art. 5° Os recursos resultantes da operação de alienação das ações representativas do capital
social da Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE serão obrigatoriamente utilizados
para a quitação da operação de crédito de que trata o artigo 2°, não se aplicando o disposto no
artigo 2° da Lei Estadual n° 2.470, de 28 de novembro de 1995.
Parágrafo único. Observado o disposto no artigo 5°, o saldo do resultado da alienação será
destinado ao abatimento de dívidas, na seguinte ordem, observado o disposto no artigo 44 da Lei
Complementar n° 101, de 4 de maio de 2000:
I - dívidas refinanciadas com bancos federais garantidas pela União;
II - dívidas do Estado com a União.”
123
Anexo 35 do Plano de Recuperação Fiscal. Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC200052
Acessado em 29 de outubro de 2017.
54
124
Disponível em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/f25edae7e64db53b032564fe005262ef/351f497288c822cf832
5818b005cf117?OpenDocument&Highlight=0,176. Acesso em: 29 out. 2017.
125
Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC200052
Acesso em: 29 out. 2017.
55
3.4
Um Diagnóstico do Plano de Recuperação Fiscal
126
FMI. IMF POLICY PAPER FISCAL: POLICY AND INCOME INEQUALITY. p. 22 Disponível em:
https://www.imf.org/external/np/pp/eng/2014/012314.pdf. Acesso em: 06 dez. 2017
127
Idem. p. 24
57
3.5
Uma Síntese do Plano de Recuperação Fiscal
128
Lei Estadual n.º 4.056, de 30 de dezembro de 2002. Alterada pela Lei Complementar Estadual
n.º 167, de 28 de dezembro de 2015. Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/faces/oracle/webcenter/portalapp/pages/navigation-
renderer.jspx?_afrLoop=2670029761591327&datasource=UCMServer%23dDocName%3A98979&
_adf.ctrl-state=vzir1x20x_9 Acesso em: 01 dez. 2017
129
Plano de Recuperação Fiscal. p. 39 Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC200052.
Acesso em: 29 out. 2017.
58
130
GÓES, Carlos; KARPOWICZ. IMF Working Paper. Inequality in Brazil: A Regional Perspective.
Disponível em http://www.imf.org/en/Publications/WP/Issues/2017/10/31/Inequality-in-Brazil-A-
Regional-Perspective-45331 Acesso em: 17 nov. 2017
131
Plano de Recuperação Fiscal. p. 37 Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC200052
Acesso em: 29 out. 2017.
59
132
Ibid.
133
Ibid. p. 37
134
Ibid. Anexo 14. p. 4
60
135
Plano de Recuperação Fiscal. Anexo 29. p. 2 Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC200052
Acesso em: 29 out. 2017.
61
136
CLÈVE, Clèmerson Merlin .A eficácia dos direitos fundamentais sociais. Revista de Direito
Constitucional e Internacional, v. 54, p. 28-39, 2006. Disponível em:
http://clemersoncleve.adv.br/wp-content/uploads/2016/06/A-eficácia-dos-direitos-fundamentais-
sociais.pdf. Acesso em: 03 jan. 2018
137
OLIVEIRA, Fábio Souza. Eficácia positiva das normas programáticas. Revista Brasileira de
Direito, Passo Fundo, v. 11, n. 1, p. 34-45, ago. 2015. ISSN 2238-0604. Disponível em:
<https://seer.imed.edu.br/index.php/revistadedireito/article/view/860/958>. Acesso em: 03 jan.
2018. doi:https://doi.org/10.18256/2238-0604/revistadedireito.v11n1p34-45. p. 44
63
4.1
O Controle de Convencionalidade dos Tratados Internacionais de
Direitos Humanos
138
TORELLY, Marcelo. Controle de Convencionalidade: constitucionalismo regional dos direitos
humanos? Revista Direito e Práxis, Volume 8, n.º 1. 2017. DOI: 10.12957/dep.2017.23006.
Disponível em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/23006. Acesso
em: 29 dez. 2017. p. 323
139
Ibid. pp. 333-334
140
Ibid. p. 326.
141
RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional. 4ª
edição. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 294
65
142
ARAÚJO, Louise de. os direitos humanos como parâmetro de aplicação do controle de
convencionalidade das leis: Precedentes do Sistema Interamericano e o Caso Brasileiro.
Dissertação de mestrado. Universidade de Coimbra, Coimbra, 2015. p. 42
143
LOPES, Ana Maria D´Ávila; CHEHAB, Isabelle Maria Campos Vasconcelos. Bloco de
constitucionalidade e controle de convencionalidade: reforçando a proteção dos direitos humanos
no Brasil. Revista Brasileira de Direito, Passo Fundo, v. 12, n. 2, p. 82-94, dez. 2016. ISSN 2238-
0604. Disponível em: <https://seer.imed.edu.br/index.php/revistadedireito/article/view/1367/1053>.
Acesso em: 29 dez. 2017. doi:https://doi.org/10.18256/2238-0604/revistadedireito.v12n2p82-94. p.
91
144
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. O controle jurisdicional da convencionalidade das leis: o novo
modelo de controle da produção normativa doméstica sob a ótica do “diálogo das
fontes”. Argumenta Journal Law, Jacarezinho - PR, n. 15, p. 77-114, fev. 2013. ISSN 2317-3882.
Disponível em: <http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/200>. Acesso em: 31
dez. 2017. p. 21
145
Ibid. pp. 102-103
66
se dos tratados de direitos humanos aprovados com o rito próprio das emendas
constitucionais apenas por não servirem como padrão para o exercício do
controle concentrado de convencionalidade146.
Como modo de assegurar a efetividade dos direitos humanos, propõe
André de Carvalho Ramos que, ao menos nos casos da Corte Interamericana de
Direitos Humanos, seja criada uma secretaria ou um foro permanente dos quais
participem os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério
Público Federal, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, os
Conselhos Nacionais do Ministério Público e de Justiça como forma de incitar os
responsáveis pela implementação dos comandos internacionais a agir147.
Prossegue André de Carvalho Ramos realçando a importância da
invocação no contexto jurídico brasileiro da vedação ao retrocesso,
indivisibilidade, interdependência, eficácia horizontal dos direitos humanos, entre
outros.
Para o retromencionado autor, caberia ao Estado-Juiz agir em
substituição ao Estado-Administrador quando este fosse omisso no cumprimento
de seus compromissos internacionais, devendo ser assegurado em âmbito
doméstico o mesmo grau de proteção que os direitos humanos já alcançaram
internacionalmente, o que revolucionaria a atual interpretação desses direitos no
Brasil, revelando à maioria os pleitos não-atendidos das minorias148.
Como já exposto no capítulo primeiro, este trabalho reconhece as
limitações inerentes à preponderância do Poder Judiciário para o gozo dos
direitos humanos, sobretudo aqueles socioeconômicos e culturais, atribuindo ao
Judiciário um papel “defensivo”, isto é, ao Judiciário caberia analisar a existência
de efeitos discriminatórios na aplicação de certas políticas públicas,
independentemente de tal disparidade derivar de um ato deliberado ou não do
Estado-Administrador.
Assim, o Judiciário seria responsável essencialmente verificar se uma
política foi elaborada e é aplicada de acordo com o tratamento constitucional e
convencional dado à matéria, sem que seja usurpada a competência dos
Poderes Executivo e Legislativo de determinar a forma de efetivação de
determinado direito, o que é sempre condicionado pelas prioridades políticas, os
146
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. O controle jurisdicional da convencionalidade das leis: o novo
modelo de controle da produção normativa doméstica sob a ótica do “diálogo das
fontes”. Argumenta Journal Law, Jacarezinho - PR, n. 15, p. 77-114, fev. 2013. ISSN 2317-3882.
Disponível em: <http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/200>. Acesso em: 31
dez. 2017 p. 105
147
RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional. 4ª
edição. São Paulo: Saraiva, 2014. pp. 311-312
148
Ibid. p. 319
67
4.2
O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
de 1966 como Alternativa à Visão Tradicional das Normas
Programáticas
149
KONZEN, Lucas. A justiciabilidade dos direitos sociais: considerações a respeito da eficácia
jurídico-subjetiva dos direitos fundamentais. Espaço Jurídico Journal of Law [EJJL], [S.l.], v. 11, n.
1, p. 63-90, Dez. 2010. ISSN 2179-7943. Disponível em:
<http://editora.unoesc.edu.br/index.php/espacojuridico/article/view/1939>. Acesso em: 31 dez.
2017. pp. 77-78
150
Ibid. p. 78
151
Ibid. loc. cit.
152
Ibid. p. 79
153
Ibid. p. 81
69
154
KONZEN, Lucas. A justiciabilidade dos direitos sociais: considerações a respeito da eficácia
jurídico-subjetiva dos direitos fundamentais. Espaço Jurídico Journal of Law [EJJL], [S.l.], v. 11, n.
1, p. 63-90, Dez. 2010. ISSN 2179-7943. Disponível em:
<http://editora.unoesc.edu.br/index.php/espacojuridico/article/view/1939>. Acesso em: 31 dez.
2017. p. 82
155
RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional. 4ª
edição. São Paulo: Saraiva, 2014. pp. 233-234.
156
SOARES, João Batista Berthier Leite; TAVARES, Ana Lucia de Lyra. Normas constitucionais
programáticas Dissertação (mestrado)-Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Departamento de Direito, 1996. p. 50
157
Ibid. p. 51
158
Ibid. p. 77
159
Ibid. pp. 79-80
70
“ARTIGO 2º
2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a garantir que os
direitos nele enunciados e exercerão sem discriminação alguma por motivo
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer
outra situação.”161 (Grifou-se)
160
Para uma aplicação do conceito de rent-seeking em língua portuguesa, ver: RIBEIRO, Ricardo
Lodi. PEC 241: Austeridade seletiva ou rent-seeking. Disponível em:
http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/Ricardo-Lodi-Ribeiro/pec-241-austeridade-seletiva-
ou-rent-seeking Acesso em: 12 dez. 2016.
161
BRASIL. DECRETO N.º 591, de 06 de julho de 1992. Atos Internacionais. Pacto Internacional
sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Promulgação. D.O.U de 07 de julho de 1992.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0591.htm Acesso em: 03
jan. 2018.
71
4.3
Os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e o Controle de Políticas
Públicas
162
O'CONNELL, Rory; NOLAN, Aoife; HARVEY, Colin; DUTSCHKE, Mira; ROONEY,
Eoin. Applying an international human rights framework to state budget allocations: rights and
resources. Routledge, 2014. p. 61
163
Ibid. p. 62
164
Ibid. p. 65
165
Ibid. p. 66
166
Ibid. pp. 66-67
73
167 167
O'CONNELL, Rory; NOLAN, Aoife; HARVEY, Colin; DUTSCHKE, Mira; ROONEY,
Eoin. Applying an international human rights framework to state budget allocations: rights and
resources. Routledge, 2014. p. 66-67
168
Ibid. p. 67
169
Ibid. p. 68
170
Accountability pode ser definida como sendo relativa ao controle do exercício do poder, sendo
um conceito polissêmico e maleável. Para uma visão mais ampla do tema, ver:
74
175
Máximo disponível de recursos é definido por Ignacio Saiz como uma das funções
preponderantes da tributação, por gerar recursos para o financiamento de políticas públicas
relacionadas à efetivação dos direitos humanos, seu potencial para redistribuição de recursos para
reduzir as desigualdades sociais e seu papel para solidificar os laços de accountability entre o
Estado e a cidadania. SAIZ, Ignacio. Resourcing Rights: Combating Tax Injustice from a Human
Rights Perspective In O'CONNELL, Rory; NOLAN, Aoife; HARVEY, Colin. Human Rights and
Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 2143-2145). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
176
O'CONNELL, Rory; NOLAN, Aoife; HARVEY, Colin; DUTSCHKE, Mira; ROONEY, Eoin . op. cit.
p. 74
177
Ibid.
178
Ibid. p. 75
76
179
Nações Unidas. ComESCR, General Comment No. 14, on the Right to the Highest Attainable
Standard of Health, paragraph 12 (b). Disponível em :
http://docstore.ohchr.org/SelfServices/FilesHandler.ashx?enc=4slQ6QSmlBEDzFEovLCuW1AVC1
NkPsgUedPlF1vfPMJ2c7ey6PAz2qaojTzDJmC0y%2b9t%2bsAtGDNzdEqA6SuP2r0w%2f6sVBGT
pvTSCbiOr4XVFTqhQY65auTFbQRPWNDxL Acesso em: 05 jan. 2018.
180
Nações Unidas. ComESCR, General Comment No. 14, on the Right to the Highest Attainable
Standard of Health, paragraphs 19 and 20. Disponível em:
http://docstore.ohchr.org/SelfServices/FilesHandler.ashx?enc=4slQ6QSmlBEDzFEovLCuW1AVC1
NkPsgUedPlF1vfPMJ2c7ey6PAz2qaojTzDJmC0y%2b9t%2bsAtGDNzdEqA6SuP2r0w%2f6sVBGT
pvTSCbiOr4XVFTqhQY65auTFbQRPWNDxL. Acesso em: 05 jan. 2018.
77
4.4
A Vedação à Discriminação no pacto sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais e a Discriminação Indireta
181
O'CONNELL, Rory; NOLAN, Aoife; HARVEY, Colin; DUTSCHKE, Mira; ROONEY, Eoin . op. cit.
pp. 78-79
182
Medidas estas abordadas nos capítulos 1 e 2 desta dissertação.
78
183
Neste sentido, ver também: CUNHA, José Ricardo. Direito e Marxismo: é possível uma
emancipação pelo direito? / Law and Marxism: is it possible an emancipation by law?. Revista
Direito e Práxis, [S.l.], v. 5, n. 2, p. 422-461, dez. 2014. ISSN 2179-8966. Disponível em:
<http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/13867>. Acesso em: 25 fev.
2018.. doi:https://doi.org/10.12957/dep.2014.13867.
184
Nações Unidas. ComESCR, General Comment No. 20, Non-discrimination in economic, social
and cultural rights (art. 2, para. 2, of the International Covenant on Economic, Social and Cultural
Rights), paragraphs 1 and 2. Disponível em:
http://docstore.ohchr.org/SelfServices/FilesHandler.ashx?enc=4slQ6QSmlBEDzFEovLCuW1a0Sza
b0oXTdImnsJZZVQdqeXgncKnylFC%2blzJjLZGhsosnD23NsgR1Q1NNNgs2QltnHpLzG%2fBmxPj
JUVNxAedgozixcbEW9WMvnSFEiU%2fV. Acesso em: 05 jan. 2018.
79
185
Nações Unidas. ComESCR, General Comment No. 20, Non-discrimination in economic, social
and cultural rights (art. 2, para. 2, of the International Covenant on Economic, Social and Cultural
Rights), paragraphs 36, 37 e 41. Disponível em:
http://docstore.ohchr.org/SelfServices/FilesHandler.ashx?enc=4slQ6QSmlBEDzFEovLCuW1a0Sza
b0oXTdImnsJZZVQdqeXgncKnylFC%2blzJjLZGhsosnD23NsgR1Q1NNNgs2QltnHpLzG%2fBmxPj
JUVNxAedgozixcbEW9WMvnSFEiU%2fV. Acesso em: 05 jan. 2018.
186
SHIN, Patrick S. Treatment as an individual and the priority of persons over groups in
antidiscrimination law. Duke Journal of Constitutional Law & Public Policy. 1, 107, 2016. ISSN:
1937-9439. p. 112
187
RIOS, Roger Raupp. Direito da antidiscriminação. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p.
117
188
Aponta-se a crítica de Lauren B. Edelman, Aaron C. Smyth, e Asad Rahim sobre o alcance do
direito da antidiscriminação, apontando-se que: “[...] Nós temos alegado que as falhas do direito da
antidiscriminação são causadas precipuamente por causa de uma discrepante presunção entre as
civil rights law e a realidade das dinâmicas de raça e gênero no ambiente de trabalho. A filosofia do
direito tem assumido que a discriminação é resultado de atos abertos de discriminação
perpetrados por sujeitos identificáveis (...) No entanto a literatura de Teoria Crítica da Raça e
estudos empíricos sociojurídicos têm demonstrado que tais presunções são imprecisas. Ao
contrário, discriminação e desigualdade são construídas sobre uma estrutura organizacional e são
pervasivas na sociedade [...] in EDELMAN, LB; SMYTH, AC; RAHIM, A. Legal Discrimination:
80
Empirical Sociolegal and Critical Race Perspectives on Antidiscrimination Law. ANNUAL REVIEW
OF LAW AND SOCIAL SCIENCE, VOL 12. 12, 395-415, 2016. ISSN: 15503585. p. 15
189
Para uma visão concorrente à apontada por Roger Raupp Rios, ver: STARK, Barbara. How the
age of rights became the new Gilded Age: from international antidiscrimination law to global
inequality. Columbia Human Rights Law Review. 1, 151, 2015. ISSN: 0090-7944.
190
STARK, Barbara. How the age of rights became the new Gilded Age: from international
antidiscrimination law to global inequality. Columbia Human Rights Law Review. 1, 151, 2015.
ISSN: 0090-7944. p. 118
191
RIOS, Roger Raupp. op. cit. p. 121
192
Ibid. p. 130
193
Para um uso do disparate impact no direito à moradia, ver: ZASLOFF, Jonathan. THE PRICE
OF EQUALITY: FAIR HOUSING, LAND USE, AND DISPARATE IMPACT. Columbia Human Rights
Law Review. 48, 3, 98, 2017. ISSN: 00907944.
194
RIOS, Roger Raupp. op. cit pp. 131-132
81
195
Ibid. pp. 152-153
196
Nações Unidas. Human Rights Council. Working Group on the Universal Periodic Review.
Twenty-seventh session. Report of the Office of the United Nations High Commissioner for Human
Rights. Compilation on Brazil. Disponível em: https://documents-dds-
ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G17/045/78/PDF/G1704578.pdf?OpenElement. Acesso em: 05 jan.
2018. p. 2
197
Ibid. p, 6
198
Para uma visão interseccional da discriminação, veja-se em língua portuguesa: RIOS, Roger
Raupp; SILVA, Rodrigo da. Democracia e direito da antidiscriminação: interseccionalidade e
discriminação múltipla no direito brasileiro. Cienc. Cult., São Paulo , v. 69, n. 1, p. 44-49, Mar.
2017 . Available from <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252017000100016&lng=en&nrm=iso>. access on 12 Jan. 2018.
http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602017000100016 e CRENSHAW, Kimberle. "Documento para
o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero". Revista de
Estudos Feministas, v.7, n. 12, p. 177. 2002.
82
4.5
O Controle de Convencionalidade e o Dever de Não-Discriminação
199
FELLMETH, Aaron Xavier. Paradigms of International Human Rights Law. Oxford University
Press, 2016. p. 142
200
Ibid. pp. 159-160
83
201
Ibid. pp. 160-161
202
Ibid. p. 161
203
FELLMETH, Aaron Xavier. Paradigms of International Human Rights Law. Oxford University
Press, 2016. p 162
84
204
CALABRESI, Guido & BOBBIT, Philip. Tragic Choices. New York: Norton, 1978. p. 21
205
Ibid.pp. 44-45
206
Ibid. p. 48
207
Ibid. p. 18
208
Ibid. p. 19
209
Ibid. p. 19
210
Ibid. p. 22
88
detidamente sobre as questões distributivas, dado que não fizeram uma análise
apurada sobre os efeitos práticos advindos da concessão de um certo direito211.
Assim, especialmente no caso da saúde, o critério de alocação define
tanto as pessoas que serão alvo quanto aquelas que serão colhidas pelo
infortúnio212.
Deste modo, a discussão quanto à efetivação dos direitos
retromencionados depende da apropriada alocação dos recursos públicos para o
atendimento das necessidades socialmente determinadas.
Neste sentido, o dispêndio público pode ser aplicado privilegiando áreas
não-essenciais em detrimento de outras capazes de produzir um resultado
socialmente mais justo. Como exemplo, o Comitê sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais213 abordou em seus General Comments214 No. 13 e 14 as
abordam como as despesas atinentes à educação e à saúde deveriam privilegiar
tanto o gasto com o atendimento dos usuários quanto o aspecto universal dos
serviços prestados, ao invés de desvio dos recursos com gastos administrativos
Com efeito, a adoção das recomendações feitas no General Comment
No. 14, relativos ao orçamento dedicado à saúde, recomendam que o gasto seja
concentrado na atenção primária e preventiva em detrimento da atenção
terciária, bem como a prestação de serviços diretamente à população em
detrimento de atividades administrativas e não-essenciais215.
Da mesma forma, recomendou-se que gastos com educação fossem
prioritariamente investidos na educação primária, tal como estabelecido no
General Comment No. 13, no entanto, comumente os governos destinam
maiores fundos para a educação secundária e superior216.
Tais orientações são de extrema utilidade no caso brasileiro, sobretudo
considerando-se a atuação judicial na efetivação do direito à saúde217, atuação
211
AMARAL, Gustavo. Direito, Escassez & Escolha. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 177
212
Ibid. p. 181
213
O Comitê sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais é um órgão composto por 18
especialistas em direitos humanos que se reporta anualmente ao Conselho Econômico e Social
das Nações Unidas. Disponível em: http://www.ohchr.org/en/hrbodies/cescr/pages/cescrindex.aspx
Acesso em: 10 jan. 2018.
214
General Comments são comentários elaborados pelo Comitê sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais com o fito de esclarecer os deveres dos Estados-signatários em relação ao
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966. Disponível em:
http://docstore.ohchr.org/SelfServices/FilesHandler.ashx?enc=4slQ6QSmlBEDzFEovLCuW1a0Sza
b0oXTdImnsJZZVQcIMOuuG4TpS9jwIhCJcXiuZ1yrkMD%2fSj8YF%2bSXo4mYx7Y%2f3L3zvM2z
SUbw6ujlnCawQrJx3hlK8Odka6DUwG3Y Acesso em: 10 jan. 2018.
215
UNITED NATIONS HUMANS RIGHTS OFFICE OF THE HIGH COMMISIONER &
INTERNATIONAL BUDGET PARTNERSHIP. Realizing Human Rights Through Budget. New York
e Geneva: United Nations. 2017. p. 110
216
Ibid. p. 110
217
De nossa análise quanto à tentativa judicial de efetivação do direito à saúde, verificou-se que
apenas a União gastou no ano de 2015, aproximadamente R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de
89
5.1
As Iniciativas de Efetivação do Gasto Público
ano antecedente, por ao menos 3 (três) anos, sendo possível que não haja
aumento global real de despesas pelos próximos 6 (seis) anos218.
Neste caso, para lidar-se com uma óbvia e previsível restrição de
recursos orçamentários, há a necessidade de se estabelecer medidas
atenuadoras desta escassez intensificada por uma decisão do Legislativo
federal219.
Entre as medidas mais promissoras para atenuar os efeitos da crise
sobre a fruição dos direitos socioeconômicos e culturais estão 2 (duas)
iniciativas: The Behavioral Insights Team (“BIT”) e Rhode Island Innovative
Policy Lab (“RIIPL”)220.
Tais iniciativas, a primeira sendo uma companhia de propósito social da
qual o governo inglês é acionista, e a segunda um think tank associado à Brown
University e ao Office of Governor de Rhode Island, tem a intenção de utilizar o
“estado da arte” na área de ciências comportamentais e utilização de dados para
a elaboração de políticas públicas, já tendo apresentado contribuições
relevantes para incrementar a eficiência e foco das políticas públicas.
218
Lei Complementar Estadual n.º 176/RJ. Estabelece normas e diretrizes fiscais no âmbito do
Regime de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro. “Art. 1° - Ficam estabelecidas, para
cada exercício, normas e diretrizes para o crescimento das despesas obrigatórias do Orçamento
Fiscal e da Seguridade Social do Estado do Rio de Janeiro, abrangendo o Poder Executivo, o
Poder Judiciário, a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas, o Ministério Público e a
Defensoria Pública.
§ 1º - O limite máximo das despesas obrigatórias previstas no caput corresponderá:
I - Para o exercício de 2018, à despesa obrigatória liquidada no exercício de 2015, corrigida em
15,27% (quinze inteiros e vinte e sete por cento);
II- Para os exercícios subsequentes, ao valor do limite máximo fixado para o exercício
imediatamente anterior, corrigido na forma das alíneas “a” e “b” deste inciso, considerando-se
sempre a menor variação:
a) a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, publicado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, ou de outro índice que vier a substituí-lo, para o período de
doze meses encerrado em abril do exercício anterior ao que se refere a lei orçamentária;
b) a variação da Receita Corrente Líquida apurada no primeiro quadrimestre do exercício anterior a
que se refere a lei orçamentária em relação ao mesmo período do exercício imediatamente
anterior.
§ 2º - Se a variação resultante da aplicação do inciso II do parágrafo anterior for negativa, serão
repetidos os limites do exercício anterior ao que se refere a lei orçamentária.” Disponível em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/f25edae7e64db53b032564fe005262ef/351f497288c822cf832
5818b005cf117?OpenDocument&Highlight=0,lei,complementar. Acesso em:18 fev. 2018.
219
Lei Complementar n.º 159, de 19 de maio de 2017. Institui o Regime de Recuperação Fiscal
dos Estados e do Distrito Federal e altera as Leis Complementares no 101, de 4 de maio de 2000,
e no 156, de 28 de dezembro de 2016. Art. 8º São vedados ao Estado durante a vigência do
Regime de Recuperação Fiscal: (...)VIII - a adoção de medida que implique reajuste de despesa
obrigatória acima da variação anual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
ou de outro que vier a substituí-lo, ou da variação anual da receita corrente líquida apurada na
forma do inciso IV do caput do art. 2º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, o que
for menor;
220
Para uma discussão sobre os limites e possibilidades da utilização de aplicações fact-finding,
ver: SATTERTHWAITE, Margaret L; SIMEONE, Justin C. An Emerging Fact-Finding Discipline? A
Conceptual Roadmap for Social Science Methods in Human Rights Advocacy. Public Law & Legal
Theory Research Paper Series Working Paper No. 14-33 Disponível em:
http://ssrn.com/abstract=2468261. Acesso em: 05 fev. 2018..
91
221
UNITED NATIONS HUMANS RIGHTS OFFICE OF THE HIGH COMMISIONER &
INTERNATIONAL BUDGET PARTNERSHIP. Realizing Human Rights Through Budget. New York
e Geneva: United Nations. 2017 p. 114
92
222
Ibid.
223
FITCH, David J.; WASSENICH, Paul; FIELDS, Paul; SCHEUREN, Fritz; ASHER, Jana. Chapter
12: Statistics and the Millennium Development Goals in ASHER, Jana; BANKS, David;
SCHEUREN, Fritz J. (Org.) Statistical Methods for Human Rights. New York: Springer, 2008 p. 243
224
FITCH, David J.; WASSENICH, Paul; FIELDS, Paul; SCHEUREN, Fritz; ASHER, Jana. Chapter
12: Statistics and the Millennium Development Goals in ASHER, Jana; BANKS, David;
SCHEUREN, Fritz J. (Org.) Statistical Methods for Human Rights. New York: Springer, 2008 p. 249
93
5.2
Os Nudges como um Atenuador do Conflito Distributivo
225
FITCH, David J.; WASSENICH, Paul; FIELDS, Paul; SCHEUREN, Fritz; ASHER, Jana. Chapter
12: Statistics and the Millennium Development Goals in ASHER, Jana; BANKS, David;
SCHEUREN, Fritz J. (Org.) Statistical Methods for Human Rights. New York: Springer, 2008 p. 254
94
226
POSNER, Eric A. The Twilight of the Human Rights Law. New York: Oxford University Press,
2014. pp. 145-146
227
No mesmo sentido, ver também: HOFFMANN, Florian. Revolution or Regression? Retracing the
Turn to Rights in ?Law and Development?. Finnish Yearbook of International Law, v. 23, p. 45-72
95
228
HOFFMANN, Florian. Revolution or Regression? Retracing the Turn to Rights in Law and
Development?. Finnish Yearbook of International Law, v. 23, pp. 87-89
229
No ano de 2017, o orçamento do governo federal previa um gasto com Previdência Social R$
151.845.382.943,00 (cento e cinquenta e um bilhões, oitocentos e quarenta e cinco milhões,
trezentos e oitenta e dois mil e novecentos e quarenta e três reais) superior ao gasto somado com
Educação e Saúde. Disponível em: http://dapp.fgv.br/transparencia-orcamentaria/mosaico/ Acesso
em: 07 fev. 2018.
230
POSNER, Eric A. The Twilight of the Human Rights Law. New York: Oxford University Press,
2014. pp. 87-89
231
Ibid. pp. 87-89
232
Aqui, compartilha-se a percuciente crítica de Boaventura de Sousa Santos para quem: “[...]A
absorção da emancipação pela regulação – fruto da hipercientificização da emancipação
combinada com a hipermercadorização da regulação –, neutralizou eficazmente os receios outrora
associados à perspectiva de uma transformação social profunda e de futuros alternativos. Todavia,
produziu ao mesmo tempo uma nova sensação de insegurança, motivada pelo receio de
desenvolvimentos incontroláveis, que pudessem ocorrer aqui e agora, precisamente como
resultado da contingência e da convencionalidade generalizadas de práticas sociais e sectoriais. A
própria regulação desacreditou-se ideologicamente enquanto pilar da modernidade, devido às suas
96
235
Para uma verificação da disparidade educacional em Rhode Island pelos diversos níveis
educacionais, ver em: https://riipl.org/initiative-one-innovating-with-home-visiting-programs/ Acesso
em: 30 jan. 2018.
236
Para uma visão mais ampla da iniciativa, ver: https://riipl.org/initiative-two-employing-machine-
learning-to-lower-medicaid-costs/. Acesso em: 30 jan. 2018.
98
influência dos pares para suas decisões em colégios nos quais poucos
estudantes iam para universidades pertencentes ao Russell Group.
Assim, a partir de uma amostra de 11.104 (onze mil, cento e quatro)
alunos com bom desempenho acadêmico, foram enviadas cartas por estudantes
de universidades de elite provenientes do mesmo estrato social daquele objeto
da amostra. Como resultado, entre os estudantes que receberam cartas de dois
estudantes das universidades de elite, a inscrição para essas universidades de
elite (Russell Group237) cresceu 17% (dezessete por cento) comparada com
aqueles que não receberam quaisquer cartas238239.
Deste modo, houve um acréscimo de 222 (duzentos e vinte e dois)
estudantes de alto desempenho acadêmico, mas de famílias de baixa renda,
sendo aceitos nas melhores universidades do Reino Unido, isto ao custo de
aproximadamente £ 45.00 (quarenta e cinco libras-esterlinas) por estudante
adicional240.
O que esses exemplos trazem (e muitos outros estão disponíveis) é a
preocupação com a efetividade do gasto público, com o estabelecimento de
padrões de atuação, escolha minuciosa de público-alvo, de modo a obterem-se
resultados efetivos com baixo dispêndio de recursos públicos.
Esta forma de atuação, a qual pressupõe a escassez de recursos
orçamentários para a implementação das mais diversas políticas públicas, ou
seja, pressupõe que haverá dissenso quanto à fixação das prioridades e quanto
ao montante disponível para cada uma das políticas públicas é um meio que se
considera eficaz de minorar os previsíveis efeitos da implementação de políticas
de austeridade no Estado do Rio de Janeiro.
Não obstante, no plano estadual não se discutem quaisquer medidas que
diminuam o impacto das medidas efetivadas ou em fase de implementação em
razão do Plano de Recuperação Fiscal, tampouco os potenciais efeitos
discriminatórios advindos do ajuste fiscal.
237
Russel Group é o conjunto de 24 das mais prestigiadas universidades britânicas, conjunto este
que inclui as Universidades de Cambridge, Oxford e Imperial College London. Para mais
informações, veja: http://russellgroup.ac.uk/about/
238
The Behavioural Insights Team Update Report 2016-17. p. 19 Disponível em:
http://www.behaviouralinsights.co.uk/publications/the-behavioural-insights-team-update-report-
2016-17/ Acesso em: 30 jan. 2018.
239
Para uma visão mais ampla do estudo, ver: SANDERS, Michael; CHANDE, Raj e SELLEY,
Eliza. Encouraging People into University Research report March 2017. ISBN: 978-1-78105-719-3
Disponível em: http://38r8om2xjhhl25mw24492dir.wpengine.netdna-cdn.com/wp-
content/uploads/2017/03/Encouraging_people_into_university.pdf Acesso em: 31 jan. 2018.
240
SANDERS, Michael; CHANDE, Raj e SELLEY, Eliza. Encouraging People into University
Research report March 2017. ISBN: 978-1-78105-719-3 Disponível em:
http://38r8om2xjhhl25mw24492dir.wpengine.netdna-cdn.com/wp-
content/uploads/2017/03/Encouraging_people_into_university.pdf Acesso em: 31 jan. 2018. pp.
17-18.
99
241
UNITED NATIONS HUMANS RIGHTS OFFICE OF THE HIGH COMMISIONER &
INTERNATIONAL BUDGET PARTNERSHIP. Realizing Human Rights Through Budget. New York
e Geneva: United Nations. 2017. p. 102
242
Sobre os eventuais problemas decorrentes da utilização destas informações, ver: SALTZER;
William e ANDERSON; Margo; SELTZER, William. Using Population Data Systems to Target
Vulnerable Population Subgroups and Individuals: Issues and Incidents in ASHER, Jana; BANKS,
David; SCHEUREN, Fritz J. (Org.) Statistical Methods for Human Rights. New York: Springer,
2008.
100
5.3
Uma Proposta para o Estado do Rio de Janeiro
243 243
UNITED NATIONS HUMANS RIGHTS OFFICE OF THE HIGH COMMISIONER &
INTERNATIONAL BUDGET PARTNERSHIP. Realizing Human Rights Through Budget. New York
e Geneva: United Nations. 2017.pp. 67-68
244
Ibid. pp. 65-67
245
Ibid. pp. 69-70
246
Ibid. p. 72
101
247
UNITED NATIONS HUMANS RIGHTS OFFICE OF THE HIGH COMMISIONER &
INTERNATIONAL BUDGET PARTNERSHIP. Realizing Human Rights Through Budget. New York
e Geneva: United Nations. 2017. pp. 89-90
248
Ibid. p. 92
249
NERI, Marcelo Cortes et al. “Brasil” in Gasto Público em Servicios Sociales Básicos em América
Latina y el Caribe. Santiago: CEPAL. 1999 apud AMARAL, Gustavo. Direito, Escassez & Escolha.
Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 181
250
AMARAL, Gustavo. Direito, Escassez & Escolha. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. pp. 183-184
102
251
Disponível em: http://dados.gov.br. Acesso em: 03 fev. 2018.
252
Disponível em: http://dados.rs.gov.br. Acesso em: 03 fev. 2018.
253
Disponível em: http://www.governoaberto.sp.gov.br. Acesso em: 03 fev. 2018.
254
Disponível em: http://www.data.rio. Acesso em: 03 fev. 2018.
255
Disponível em: http://dados.prefeitura.sp.gov.br/dataset. Acesso em: 03 fev. 2018
103
reais e noventa centavos). Isto significa que um branco possuía renda per capita
117,00% (cento e dezessete por cento) maior que a renda de um negro.
Quanto à desigualdade educacional, aponta-se que enquanto somente
6,75% (seis vírgula setenta e cinco por cento) dos negros possuíam nível
superior, 21,89% (vinte e um vírgula oitenta e nove por cento) dos brancos
possuíam nível superior no ano de 2010256.
Esses indicadores, embora não tenham o condão de demonstrar que a
atuação do Estado do Rio de Janeiro seja diretamente discriminatória em relação
aos negros fluminenses, demonstra uma correlação entre a cor (preto) e uma
pior qualidade de vida, tendo menor escolaridade média, menor renda e sendo
mais provavelmente pobre ou miserável. Todas essas características quando
compiladas, são um forte indicativo de que haja discriminação indireta na
formulação das políticas públicas fluminenses.
A questão que este trabalho se propôs foi justamente modificar a forma
como tal desigualdade é percebida, deixando de ser vista meramente como uma
tragédia social e passando a considerá-la como uma violação do dever de não-
discriminação no gozo dos direitos socioeconômicos e sociais.
Assim, defende-se que o dispêndio público seja avaliado em termos de
distribuição de benefícios aos indivíduos e famílias. Deste modo, o cumprimento
do dever de não-discriminação consiste em alocar recursos públicos de modo a
não intensificar ou que falhem em beneficiar os grupos socialmente vulneráveis.
Exemplificativamente, os gastos públicos com saúde devem ser aplicados de
modo a suportar a realização dos direitos socioeconômicos e culturais, sendo
imperativa uma divisão mais equânime do dispêndio público257.
Embora considere-se que o dever de não-discriminação seja
imediatamente aplicável pelo governo fluminense, reconhece-se que uma
metamorfose como a proposta nesta dissertação possuiria muito mais
legitimidade se fosse assente em evidências quantitativas e qualitativas da
desigualdade.
Com isso, entende-se que deve ser analisada a relação tributação-
dispêndio para verificar como essas variáveis se comportam quando
desagregadas pelas categorias de discriminação interditadas, ou seja, precisa-se
256
Os indicadores sociais do Estado do Rio de Janeiro para o ano de 2010 estão disponíveis em:
http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_uf/rio-de-janeiro, Acesso em: 03 jan. 2018.
257
ELSON, Diane; BALAKRISHNAN, Radhika; HEINTZ, James. Public Finance, Maximum
Available Resources and Human Rights in NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin.
Human Rights and Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights
(Human Rights Law in Perspective) (Locais do Kindle 558-562). Bloomsbury Publishing. Edição do
Kindle.
104
258
MALCHER, Farah de Sousa; DELUCHEY, Jean-François . A origem biopolítica do direito tributário. Revista
Brasileira de História do Direito , v. 2, p. 39-59, 2016. DOI: 10.21902/2526-009X/2016.v2i2.1630. Acesso em:
04 fev. 2018.
259
Ibid.
260
Em São Paulo, a Lei orgânica do município prevê que o prefeito tem o dever de estabelecer em
90 dias um programa de metas com indicação das metas para os indicadores relevantes e
obrigatoriedade de divulgação anual dos resultados obtidos. Para uma visão mais completa da
questão, ver o artigo 69-A da Lei Orgânica. Disponível em:
http://www.tcm.sp.gov.br/legislacao/lomun/lom_t3.htm#lom_t3c2s2. Acesso em: 03 fev. 2018.
105
261
Ver em: http://www.ceperj.rj.gov.br/Institucionais/atribuicoes.html. Acesso em: 04 fev. 2018.
262
Para mais informações sobre o IFI, ver: https://www12.senado.leg.br/ifi/sobre. Acesso em: 04
fev. 2018
106
5.4
A Experiência Internacional na Efetivação dos Direitos
Socioeconômicos e Culturais
263
ROONEY, Eoin; HARVEY, Colin. Better on the Margins? A Critique of Mainstreaming Economic
and Social Rights in NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and
Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 3340). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
107
264
ROONEY, Eoin; HARVEY, Colin. Better on the Margins? A Critique of Mainstreaming Economic
and Social Rights in NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and
Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 3370-3375). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
265
Ibid. Locais do Kindle 3375-3376.
266
Ibid. Locais do Kindle 3387-3394.
267
Ibid. Locais do Kindle 3445-3446
108
268
THUKRAL, Enakshi Ganguly. Budget for Children in NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory;
HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic
and Social Rights (Human Rights Law in Perspective) (Locais do Kindle 3506-3511). Bloomsbury
Publishing. Edição do Kindle.
269
Ibid Locais do Kindle 3692.
270
Ibid Locais do Kindle 3693-3696.
271
Ibid. Locais do Kindle 3733-3735.
272
Ibid. Locais do Kindle 4078-4081.
109
uma forma geral, no qual parte do orçamento social tem o nível de investimento
mínimo constitucionalmente determinado).
Ainda assim mantém-se a importância da análise orçamentária, já que,
além de se conferir se o Estado cumpre os limites constitucionalmente
delimitados, há a necessidade de aferir-se se os gastos destinados aos grupos
socialmente vulneráveis não foram reduzidos, não obstante o gasto total tenha
se mantido estável.
Estratégia que tem se provado essencial para assegurar a fruição dos
direitos socioeconômicos e culturais é a de analisar o orçamento público pelo
prisma do gênero.
Por esta perspectiva, Sheila Quinn aborda que o orçamento é
tradicionalmente visto como um instrumento de gestão das finanças públicas,
beneficiando todos os membros da sociedade sem quaisquer distinções273.
No entanto, no caso estudado, qual seja, a Seção 75 do Ato da Irlanda do
Norte de 1998, vê-se a implementação de uma política cujo intento é assegurar a
equidade do dispêndio de recursos públicos quando analisado o orçamento em
função do gênero dos cidadãos.
Para Sheila Quinn, sob a perspectiva política, as verdadeiras prioridades
políticas de um Estado são o encontro entre as posições governamentais e a
correspondente alocação de recursos para efetivar tais posições políticas.
Salienta-se ainda que o orçamento tem uma dúplice função, tanto técnica quanto
política274.
Desta forma, a legislação norte-irlandesa estabeleceu que suas
autoridades públicas tinham o dever de promover a equidade de oportunidade
entre 9 (nove) categorias, bem como promover boas relações entre pessoas de
diferentes grupos religiosos, opiniões políticas ou grupos étnico-raciais. A
intenção deliberada desta política foi introduzir como parte fundamental da
formulação de todas as políticas públicas e prestação de serviço público a
preocupação com a equidade de oportunidade e o fomento a boas relações os
distintos grupos sociais norte-irlandeses275.
Igualmente, desde 2007 o Reino Unido tem uma política em relação à
equidade de gênero. Com base nesta legislação, a Fawcett Society recorreu ao
Judiciário em razão da falha do governo em aplicar as políticas atinentes à
273
QUINN, Sheila. Equality Proofing the Budget: Lessons from the Experiences of Gender
Budgeting? In NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and Public
Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 4376-4378). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
274
Ibid. Locais do Kindle 4406-4409.
275
Ibid. Locais do Kindle 4473-4478.
110
276
QUINN, Sheila. Equality Proofing the Budget: Lessons from the Experiences of Gender
Budgeting? In NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and Public
Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 4524.
277
Ibid. Locais do Kindle 4523-4529.
278
Gender mainstreaming tem como objetivo a elaboração e implementação de políticas que não
reiterem as atuais desigualdades entre os gêneros, ignorando que homens e mulheres tem
interesses e necessidades distintos; tais políticas seriam “gender-neutral”. Porém, frequentemente,
o que é percebido como “gender-neutral” é de fato “gender-blind”, o que significa que tais políticas
não consideram as diferenças entre homens e mulheres e, com efeito, podem aumentar as
desigualdades. De modo a serem efetivas, tais políticas deveriam ser “gender-sensitive”. Ser
“gender-sensitive” não significa favorecer um dos sexos ou ser parcial, mas sim ser cônscio das
especificas necessidades de homens e mulheres, meninos e meninas, bem como dos impactos
advindos de políticas e decisões sobre tais grupos específicos. Idealmente, as políticas intentariam
combates tais desigualdades de gênero, estereótipos de gênero e normas de gênero prejudiciais
[...] in Council of Europe; Handbook for Gender Equality Rapporteurs Gender Equality and Gender
Mainstreaming In Practice. p. 8 Disponível em: https://rm.coe.int/16806b942d. Acesso em: 09 fev.
2018.
279
QUINN, Sheila. Op.cit. (Locais do Kindle 4545-4556).
280
Para uma visão mais ampla sobre a aplicabilidade do gender mainstreaming, ver: Council of
Europe; Gender Mainstreaming. Policy Briefs and Council of Europe Activities 3 rd Update, June
2016. Disponível em: https://rm.coe.int/1680630394 Acesso em: 08 fev. 2018.
111
281
QUINN, Sheila. Equality Proofing the Budget: Lessons from the Experiences of Gender
Budgeting? In NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and
Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 4579-4602). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
282
Ibid.
283
Ibid.
112
284
QUINN, Sheila. Equality Proofing the Budget: Lessons from the Experiences of Gender
Budgeting? In NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and
Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 4603-4608). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
285
Ibid. Locais do Kindle 4603-4608.
286
Ibid. Locais do Kindle 4682-4684.
287
Ibid. Locais do Kindle 4684-4688.
113
288
QUINN, Sheila. Equality Proofing the Budget: Lessons from the Experiences of Gender
Budgeting? In NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and
Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 4900-4904). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
289
Ibid.
114
290
Ibid. Locais do Kindle 4914-4921.
291
QUINN, Sheila. Equality Proofing the Budget: Lessons from the Experiences of Gender
Budgeting? In NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and Public
Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 4930-4932). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
292
Ibid. Locais do Kindle 4943-4946
293
Ibid. Locais do Kindle 4969-4971
294
Ibid. Locais do Kindle 5189-5202.
115
295
QUINN, Sheila. Equality Proofing the Budget: Lessons from the Experiences of Gender
Budgeting? in NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY, Colin (Org.). Human Rights and
Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and Social Rights (Human Rights Law in
Perspective) (Locais do Kindle 5213-5219). Bloomsbury Publishing. Edição do Kindle.
296
HARRISON, James; STEPHENSON, Mary-Ann. Assessing the Impact of the Public Spending
Cuts: Taking Human Rights and Equality Seriously in NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY,
Colin (Org.). Human Rights and Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and
Social Rights (Human Rights Law in Perspective) (Locais do Kindle 5684-5685). Bloomsbury
Publishing. Edição do Kindle.
297
No original: Equality and human rights umact assessments (EHRIAs)
298
HARRISON, James; STEPHENSON, Mary-Ann. Op. cit. Locais do Kindle 5693-5696.
299
Ibid. Locais do Kindle 5702-5704.
116
300
HARRISON, James; STEPHENSON, Mary-Ann. Op. cit. Locais do Kindle 5736-5739.
301
HARRISON, James; STEPHENSON, Mary-Ann. Assessing the Impact of the Public Spending
Cuts: Taking Human Rights and Equality Seriously in NOLAN, Aoife; O’CONNELL, Rory; HARVEY,
Colin (Org.). Human Rights and Public Finance: Budgets and the Promotion of Economic and
Social Rights (Human Rights Law in Perspective) (Locais do Kindle 5713-5721). Bloomsbury
Publishing. Edição do Kindle.
302
Ibid. Locais do Kindle 5754-5757.
303
Ibid. Locais do Kindle 5787-5792.
304
Ibid. Locais do Kindle 5801-5804.
117
305
HARRISON, James; STEPHENSON, Mary-Ann. Op. cit. Locais do Kindle 5886-5891.
306
Ibid. Locais do Kindle 5952-5958.
307
149 Public sector equality duty
1) A autoridade pública deve, no cumprimento de suas funções, ter a devida consideração
com as seguintes necessidades:
a) Eliminação da discriminação, assédio, vitimização e qualquer outra conduta interditada
por meio deste Ato;
b) Promover a equidade de oportunidade de oportunidade entre pessoas que compartilhem uma
relevante característica protegida (i.e critério vedado de discriminação) e aqueles que não
possuem tal característica;
c) Fomentar boas relações entre aqueles que compartilhem uma relevante característica protegida
e aqueles que não possuem tal característica;
2) Uma pessoa que não seja uma autoridade pública, mas que excerça funções públicas deve, no
exercício destas funções, ter considerações com os deveres previstos na subseção 1;
3) Ter a devida consideração com a promoção da equidade de oportunidade entre aqueles que
compartilhem uma relevante característica protegida e aqueles que não possuem tal característica,
particularmente em relação necessidade de
a) remover ou minimizar as desvantagens sofridas pelas pessoas que compartilhem uma relevante
característica protegida ou que sejam a ela conectados;
b) tomada de medidas para atender as necessidades das pessoas que compartilhem uma
relevante característica protegida, as quais são diferentes das necessidades das pessoas que não
a compartilham;
c) Encorajar pessoas que compartilhem uma relevante característica protegida a participar da vida
pública ou em outra atividade em que a participação de pessoas possuidoras desta característica
seja desproporcionalmente baixa;
4) Os passos envolvidos no atendimento das necessidades das pessoas deficientes que são
diferentes das pessoas não-deficientes incluem, em particular, a progressiva consideração das
deficiências das pessoas deficientes
5) Ter a devida consideração pela necessidade de promover as boas relações entre as pessoas
que compartilhem uma relevante característica protegida e aqueles que não possuem tal
característica envolve a necessidade de lidar com o preconceito e promover o entendimento;
6) Cumprimento dos deveres previstos nesta seção envolve o tratamento mais favorável de
algumas pessoas em detrimento de outras; mas isso não deve ser considerado como um
permissivo para condutas que de outra maneira seriam vedadas por este Ato;
7) Os critérios interditados de discriminação são: idade, deficiência, redesignação de gênero,
gravidez e maternidade, raça, religião ou crença e orientação sexual;
8) Referência à conduta que é proibida pelos termos deste Ato envolve referência a:
descumprimento da cláusula equitativa ou ao descumprimento do dever de não-discriminação;
Disponível em: https://www.legislation.gov.uk/ukpga/2010/15/section/149 Acesso em: 11 fev.
2018.
118
308
AMARAL, Gustavo. Direito, Escassez & Escolha. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. pp. 223-25
6
Conclusão
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