Andre, Artigo 10
Andre, Artigo 10
Andre, Artigo 10
de 2019
Compreendendo o papel do
lúdico como mediador da
aprendizagem e da inclusão
na educação especial: uma
análise teórica
Resumo: O presente artigo tem como objetivo compreender o papel do lúdico como mediador da aprendizagem e da
inclusão na educação especial. É uma análise teórica, no qual, foi feita uma pesquisa metodológica bibliográfica,
analisando a posição de alguns autores. A igualdade no ensino é muito discutida em muitos países, isso reforçou o
Estado a proporcionar uma educação que abrangesse o público de pessoas com necessidades especiais. A inclusão
dessas pessoas vai muito além do que matricular, é acreditar também em uma superação social, afetiva, física e cultural,
de uma forma que não os desestimulem. Diante disso os autores visam à adaptação de métodos que promovem a
aprendizagem prazerosa e inclusiva de maneira significativa, e o lúdico tem esse papel. Ele é uma ferramenta
metodológica que pode contribuir para a inclusão escolar, e se caracteriza como um momento em que a criança usa
sua espontaneidade e consequentemente, a expressividade e a criatividade, pois não se trata de apenas brincar, mas é
brincar com intencionalidade pedagógica. O lúdico como prática diária trabalhada na escola, facilitará o processo
alfabetizador, sendo isso realizado de forma a obter resultados positivos. Enfim, mediante a pesquisa segue que a
ludicidade faz a diferenças na vida de todas as pessoas, em especial na criança com necessidades educacionais especiais
Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Viçosa (2006). Licenciatura em Letras Italiano (em
andamento-UFES) Especialista em Gestão Escolar integrada; Especialista em Ensino Médio Integrado a Educação
Profissional (IFES-2010) e Especialista em Geografia Urbana. Atualmente é Professor efetivo do IFES - Campos
Itapina. Tem experiência na área de Geografia e Licenciatura em Pedagogia. E-mail: danielcasteluber@yahoocom.br
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que possui suas dificuldades no processo de escolarização como qualquer outra criança. O lúdico faz com que essas
crianças conheçam a si mesma, nos seus desejos, limitações e as ensinam a se comunicarem com o mundo.
Palavras chaves: Lúdico; inclusão; educação especial; aprendizagem; mediador.
Abstract: The present article aims to explain the role of play as a method of learning and inclusion in special education.
It is a theoretical analysis, in which a bibliographic methodological research was done, analyzing the position of some
authors. Equality in education is much discussed in many countries. This has pushed the state to provide education
that covers the special needs population of children. The inclusion of these people goes far beyond enrolling them in
the educational program; it is also believing in a social, physical and cultural model of addressing their needs in ways
that do not discourage them. Therefore, the authors aim at adapting methods that promote enjoyable and inclusive
learning in a meaningful way, and the role of play can achieve this purpose. It is a methodological tool that can
contribute to school inclusion, and is characterized as a moment in which the child uses his spontaneity, and
consequently, his expressiveness and creativity, because it is not just play, but play with pedagogical intentionality. The
ludic as a daily practice worked in the school, will facilitate the literacy process, being done in order to obtain positive
results. Finally, through the research it follows that free play makes differences in the lives of all people, especially the
child with special educational needs who has difficulties in the schooling process like any other child. The process of
playing helps these children to know themselves better, and to understand their desires and limitations, while teaching
them to communicate with the world.
Keywords: Lúdic; inclusion; special education learning; mediator.
1 Introdução
Hoje matricular uma criança com necessidades específicas em uma escola regular de ensino
é um direito garantido por lei, como aponta, a Lei de Diretrizes e Base de Educação Nacional
(LDB), que em seu capítulo V, tratando da Educação Especial. Ela diz que as instituições não
podem negar o ingresso desses alunos no espaço escolar. A escola, os educadores e os mediadores
tem um grande desafio com a chegada desse público, visando a garantia da permanência e
aprendizagem, pois é a partir daí que se começa a inclusão escolar. Mediante isso, a escola e seu
corpo pedagógico precisam estar capacitados e adaptados para atender essas crianças e sempre
buscando metodologias para alcançar todos os públicos, pois não é a criança que se adapta a escola,
mas sim a escola que deve se transformar para atendê-la. Buscando se qualificar com métodos que
auxiliam a construção de um ambiente e um ensino que seja capaz de receber bem a qualquer
indivíduo com suas diferenças e possíveis limitações.
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No meio educacional a ludicidade é uma práxis que vem sofrendo uma repercussão
positiva, pois é uma ferramenta que promove de forma prazerosa a aprendizagem e a inclusão de
alunos na sua diversidade. Essa ferramenta utilizada como instrumento que media a aprendizagem
e a inclusão, objetiva uma prática pedagógica que proporciona mais prazer sendo muito agradável
e é eficaz na interação de alunos especiais em seu convívio social, contribuindo assim para um bom
desenvolvimento cognitivo, individual e inclusivo.
A sociedade em seu contexto, tem sofrido muitas transformações que tem sido motivos de
discussões e inseridas nas políticas públicas. Uma dessas mudanças é a inclusão de pessoas com
necessidades especiais nas escolas. Na nossa Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208, vem
previsto que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:[...]
atendimento educacional especializado as pessoas com necessidades especiais, preferencialmente
na rede regular de ensino”. Para Mantoam (2003), as políticas educacionais que visão a inclusão,
devem assegurar um atendimento a todos os níveis de ensino (...), a escola regular é o ambiente
mais apropriado para assegurar o relacionamento de alunos com ou sem deficiência. A igualdade
no ensino é muito discutida em muitos países, isso reforçou o Estado a proporcionar uma educação
que abrangesse o público de pessoas com necessidades especiais. Sendo essa discussão enfatizada
na Declaração de Salamanca (1994), segundo ela, é dever de todas as escolas receber todas as
crianças, não importando quais as suas deficiências ou necessidades, pois a
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instituição mais eficiente para segregar as pessoas, dividindo e as marginalizando com objetivo de
reproduzir a sociedade de classes”. No que diz Mantoam (2003) que a exclusão escolar se manifesta
de várias maneiras, e quase sempre visa a ignorância do aluno, própria do pensamento científico
moderno, não rompendo com o velho modelo escolar para produzir a reviravolta que a inclusão
impõe.
A escola, ao receber alunos com algum tipo de necessidades especiais, nem sempre se
encontram preparadas ou adaptadas para tal coisa ou até mesmo para atender suas limitações, tanto
estruturalmente, quanto na formação dos professores, nos seus currículos ou mesmo na
disponibilização de materiais pedagógicos. Sendo assim não conseguem proporcionar a esses
alunos a verdadeira inclusão para o seu processo educativo. No âmbito da educação especial a
LDB 9394/96 já havia previsto nos seus termos:
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para
atender às suas necessidades;
(…)
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns;
Segundo o RCNEI, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 1998),
um dos princípios que devem sustentar a qualidade das experiências ofertadas às crianças, levando
em conta suas especificidades cognitivas, afetivas, sociais e emocionais, “[...] é o direito das crianças
a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação social”. Ou
seja, o lúdico é colocado em uma posição de valor quanto se trata da educação da criança com ou
sem limitações. A ludicidade quando trabalhada pelo professor, possibilita o aluno com
necessidades especiais desenvolver seu lado social e cognitivo, fazendo assim com que os mesmos
potencializem sua aprendizagem de maneira alegre e prazerosa. “Através do jogo a inclusão social
será realizada, pois é uma fonte de prazer e aprendizagem” (SANTOS, 2000).
Piaget (1975) diz que o desenvolvimento infantil surge através da prática lúdica harmoniosa
por isso ela deve ser valorizada, diz que tal atividade propicia a expressão do imaginário, a aquisição
de regras e a apropriação do conhecimento. Kishimoto (2008) concorda com Piaget quando afirma
que “[...] ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível dos seus estágios cognitivos
e constrói conhecimentos.”
Essa discussão se faz necessária para que o docente busque uma formação voltada para atender
essa diversidade, sabendo que o processo educativo é muito complexo, principalmente porque cada
criança possui um jeito diferente. É de grande relevância que o discente busque aprender mais
sobre tal realidade e que se conscientize da necessidade do uso de várias técnicas de aprendizagem,
atendendo a um número maior de alunos, sobre isso Santos e Paulino (2008) afirmam que:
O lúdico na mediação da aprendizagem exige uma análise reflexiva, pois não se trata de
apenas brincar, mas é brincar buscando uma intencionalidade. O Educador é um formador de
opinião, alguém que com seu dom de ensinar pode transformar a sociedade. Dentre tantas outras
coisas, educar é lutar por uma escola inclusiva e social e “Ninguém luta contra forças que não
compreende cuja importância não mede cujas formas e contornos não discerne” (FREIRE, 1987).
O lúdico como prática diária trabalhada na escola, facilitará o processo alfabetizador, sendo
isso realizado de forma a obter resultados positivos. Para isso se faz necessário oportunizar o
conhecimento do aluno, dentro de sua realidade, trabalhando com as experiências vividas no seu
cotidiano. Isso fará com que o aluno tenha interesse em frequentar a escola, podendo ter
opotunidade de desenvolver suas potencialidades e melhorar seu conhecimento. Nesse contexto,
Kishimoto (1999) apresenta algumas potencialidade do trabalho lúdico, pois
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Como bem afirma Santos (2000): “Uma aula ludica não é, necessariamente, só aquela que ensina
conteúdos como jogos, mas aquela em que as características do brincar estão presentes”.
Segundo Piaget (1971), a brincadeira ajuda no crescimento intelectual da criança, por isso
ela precisa brincar para crescer e o lúdico proporciona esse desenvolvimento. Assim a ludicidade
pode contribuir no ensino e na aprendizagem, porque ele propõe através das brincadeiras situações
desafiadoras que auxiliam as crianças a desenvolverem o raciocínio lógico e a construírem
conceitos, de forma envolvente. Os professores precisam se envolver e aprender utilizar o lúdico
para trabalhar no processo de construção de conhecimento das crianças. O lúdico como
metodologia pedagógica, auxilia no desenvolvimento do raciocínio lógico, proporciona uma
inclusão social dos alunos, facilita a relação entre a teoria e a prática e favorece a construção de
novos conhecimentos.
Ainda segundo Piaget (1971), no brincar a criança assimila o mundo de acordo com seu
imaginário e seu simbolismo interagindo com o objeto. No faz de contas, a criança incorpora os
personagens sempre modificando a situação, usando sempre sua criação e fantasia. Ele ainda diz
que a brincadeira desenvolve a inteligência, trazendo assimilação e acomodação.
O jogo motiva as crianças a usar sua inteligência, pois querem jogar e jogar cada vez mais
e melhor, se esforçando e superando seus obstáculos, tanto emocionais quanto cognitivos, ficando
mentalmente mais ativos. Isso reforça o uso do lúdico no ensino da criança, se a mesma aprende
dessa forma o professor deve assim respeitar. Diante disso, Kishimoto (2011) diz:
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Assim, o lúdico faz o indivíduo mesmo diante de suas dificuldades a se soltarem do medo,
das ansiedades e isso é transformado em prazer. A criança com necessidades educacionais especiais
possui suas dificuldades no processo de escolarização como qualquer outra criança. O lúdico faz
com que essas crianças conheçam a si mesma, nos seus desejos, limitações e as ensinam a se
comunicarem com o mundo a sua volta. Dessa forma não tem como pensar a escola,
principalmente a inclusiva sem o “brincar”. É preciso inserir a criança nesse mundo escolar,
diferente. No que diz Santos (2008), “o brincar representa um fator de grande importância na
socialização da criança. Basicamente é o mais completo dos processos educativos, pois influencia
o intelecto, o emocional e o corpo da criança”.
4 Conclusões
O lúdico na mediação da aprendizagem exige uma análise reflexiva, pois entendemos que
não se trata apenas brincar, mas é brincar buscando uma intencionalidade. Temos conhecimento
de seu valor como atividade de lazer, seja praticando-o ou apenas assistindo a sua prática. A
atividade lúdica é valiosa porque reforça valores morais adequados e hábitos que valorizam a
qualidade de vida, quando aplicado de forma planejada e programada pelo educador.
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O jogo lúdico desenvolve no aluno com necessidades especiais uma nova percepção de
confiança em si mesmo. O praticante passa a conhecer seus potenciais e limites. A inclusão usada
com qualidade, faz com que as pessoas com ou sem deficiências gozem das mesmas oportunidades,
tanto nos seus direitos, quanto nos seus deveres. O convívio social também é estimulado, através
das brincadeiras lúdicas desenvolve a forma de lidar com o outro, seja parceiro, adversário,
professor ou mesmo torcedor. É preciso respeitar as preferências do aluno, entender a atividade
lúdica mais adequada e incentivar a prática em todas as necessidades adaptativas.
Por fim, o educador é responsável por encontrar uma melhor maneira para adentrar no
universo infantil e atender suas necessidades. E a para que isso aconteça, o lúdico se torna uma
peça de mediação importante, tanto para incluir, aproximar e evoluir para uma aprendizagem
prazerosa, significativa e de qualidade.
Referências
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PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e
representação. [tradução Álvaro Cabral e Christiano Monteiro Oiticica]. 4ª ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2013.
SANTOS, Mônica Pereira; PAULINO, Marcos Moreira. Inclusão em educação: culturas,
políticas e práticas – 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do Educador. 6ª ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1997.
SANTOS, Santa Marli Pires. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. In: Espaços lúdicos:
brinquedotecas. 3ª Ed. Vozes, Petrópolis, 2000
SANTOS, Santa Marli Pires. A ludicidade como ciência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
Recebido em 15/11/2018.
Aceito em 05/04/2019.
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