Macedo 9788538603832 01
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PACHECO, FJK. Introdução: o meio geográfico e sua influência no continente africano. In:
MACEDO, JR., org. Desvendando a história da África [online]. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
2008. Diversidades series, pp. 9-12. ISBN 978-85-386-0383-2. Available from: doi:
10.7476/9788538603832. Also available in ePUB from:
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INTRODUÇÃO:
O MEIO GEOGRÁFICO E SUA INFLUÊNCIA
NO CONTINENTE AFRICANO
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gramíneas, estepe, semideserto, gramíneas de montanhas, vegetação
do tipo mediterrânea e florestas de montanhas, dominadas pela tun-
dra. Ao norte e para o sul do Equador, a influência das chuvas e a
diminuição da pluviosidade, conforme as latitudes vão aumentado,
se constituem em fator decisivo para o clima do continente.
Uma das grandes e mais marcantes características geográficas
do Continente Africano são as bordas altas e as terras rebaixadas ao
centro. Esse fator é responsável por cerca de 53% dos rios do conti-
nente desaguarem em terras interiores.
Ao norte do continente, a paisagem é dominada pelo deserto
do Saara, de leste a oeste. Na região subsaariana, o semideserto, vin-
do logo após a floresta decidual de gramíneas a estepe, formam-se
longas faixas dominando o cenário desde a costa do Atlântico até o
Mar Vermelho. Nas bacias do Níger, Senegal, baixo Nilo e do Con-
go, abre-se a grande floresta decidual de savana de árvores, e a imen-
sa Floresta Tropical, regiões dos povos mais conhecidos do continente
e que tiveram influência direta na formação do povo brasileiro.
A savana toma conta de grande parte da paisagem do continen-
te também ao sul do Equador, e em manchas nas terras de maior alti-
tude, encontra-se a Tundra. No extremo sul do continente, vegeta-
ção do tipo mediterrânea ocupa espaço na paisagem com semideser-
tos e o deserto da Namíbia, a oeste, e com a savana e a estepe, a leste.
Mas qual é o papel que o meio geográfico desempenhou na
história do Continente Africano? O primeiro deles foi o isolamen-
to geográfico de seu interior. Protegido por dois oceanos a leste e
oeste, um imenso e fastigante deserto ao norte e um litoral total-
mente inóspito e de difícil acesso dificultaram, durante séculos, a
penetração de outros povos para o seu interior, mantendo o conti-
nente praticamente isolado.
A leste, o Oceano Índico representou o elo comercial das po-
pulações com a Península Arábica e o Oriente. A oeste, o Oceano
Atlântico, principalmente a partir do século XV, abriu as portas do
continente para a chegada e penetração do homem europeu. Mesmo
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assim, o europeu levou praticamente quase duzentos anos para efeti-
vamente colocar os pés no interior do continente.
Seu interior possuía imensos espaços disponíveis. A sua baixa
densidade populacional resultou na pouca valorização do solo, geran-
do, assim, uma conseqüência econômica, social e política. O traba-
lho humano era muito mais valorizado do que a terra.
Especialmente em relação ao grande deserto do Saara, algumas
características particulares tiveram influência decisiva na história do
Continente Africano. As alterações climáticas decorrentes dos perío-
dos de glaciação e aquecimento provocaram a dispersão das popula-
ções pelo continente. A mudança do regime hídrico levou enormes
contingentes populacionais a se deslocarem pelos espaços internos.
Isso gerou a miscigenação de povos Etipóides e Afro-Mediterrâneos
com populações de negros do tipo Sudanês.
O deserto do Saara desempenha uma importante via de co-
municação e comércio entre o Continente Africano e o Mediter-
râneo, a Península Arábica e o Oriente próximo, e constitui-se na
porta de entrada do mundo islâmico nas regiões litorâneas e inte-
riores do continente. Limitou a penetração e entrada de influên-
cias européias na arquitetura, na agricultura, no artesanato e na
cultura. O Saara teve o papel fundamental de manter o interior do
continente isolado durante vários séculos.
Em outras partes do continente africano, o solo, a chuva, o ca-
lor, a falta de água, as imensas florestas e a fauna exercem papel vi-
tal na história dos povos africanos, que, ao mesmo tempo que pro-
piciaram aos povos se desenvolverem, constituíram obstáculos na-
turais à entrada do europeu e à fixação humana. A secura e a vio-
lência das chuvas tropicais mantiveram a pobreza do solo e dificul-
taram a elaboração do húmus.
A escassez de água gera decisiva influência na vida migratória
dos povos do Continente Africano. No centro do continente, uma
imensa e gigantesca floresta densa, úmida e alta dificulta a penetra-
ção e a fixação do homem.
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Por outro lado, a exuberante riqueza nos três reinos naturais foi,
e ainda o é, motivo de cobiça ao continente. No subsolo, encontram-
se as maiores riquezas minerais do globo terrestre, como os diaman-
tes, o ouro, ferro e variados tipos de rochas e argila. O reino vegetal
sempre foi responsável por garantir aos povos os recursos alimenta-
res necessários para a sobrevivência humana, suas moradias e vesti-
mentas, o mesmo ocorrendo com o reino animal, com abundantes
reservas de caça e peixes e outros animais à disposição.
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