Direito Penal - Furto
Direito Penal - Furto
Direito Penal - Furto
ª Carina Acioly
@carinaaciolycriminal
FURTO - Art. 155/CP
I) Sujeito ativo (AUTOR): Qualquer pessoa
capaz.
b) praticar furto com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (§ 4.º,
II) - : confiança é um sentimento interior de segurança em algo ou alguém; portanto, implica
credibilidade. O abuso é sempre um excesso, um exagero em regra condenável. Portanto,
aquele que viola a confiança, traindo-a, está abusando. A qualificadora que diz respeito ao
abuso de confiança pressupõe a existência prévia de credibilidade, rompida por aquele
que violou o sentimento de segurança anteriormente estabelecido. Ex.: uma empregada
doméstica que há anos goza da mais absoluta confiança dos patrões, que lhe entregam a
chave da casa e várias outras atividades pessoais (como o pagamento de contas), caso
pratique um furto, incidirá na figura qualificada.
A fraude é uma manobra enganosa destinada a iludir alguém, configurando, também, uma
forma de ludibriar a confiança que se estabelece naturalmente nas relações humanas. Assim,
o agente que criar uma situação especial, voltada a gerar na vítima um engano, tendo por
objetivo praticar uma subtração de coisa alheia móvel, incide na figura qualificada.
Escalar implica subir ou galgar, como regra. Portanto, torna-se fundamental que o sujeito
suba a algum ponto mais alto do que o seu caminho natural, ou seja, é o ingresso anormal de
alguém em algum lugar, fazendo supor acesso por aclive. Ex.: subir no telhado para,
removendo telhas, invadir uma casa.
A destreza é a agilidade ímpar dos movimentos de alguém, configurando uma especial
habilidade. O "batedor de carteira" é o melhor exemplo.
c) praticar o furto com emprego de chave falsa (§ 4.º, inciso III): chave falsa é o
instrumento destinado a abrir fechaduras ou fazer funcionar aparelhos. A chave
original, subtraída sub-repticiamente, não provoca a configuração da qualificadora.
d) praticar o furto em concurso de duas ou mais pessoas (§ 4.º, inciso IV) - O apoio
prestado, seja como coautor, seja como partícipe, segundo entendimento da
doutrina majoritária, pode servir para configurar a figura do inciso IV. O agente
que furta uma casa, enquanto o comparsa, na rua, vigia o local, está cometendo um
furto qualificado.
Sempre escolher uma delas – a mais grave (faixa de aplicação da pena mais elevada) – para
servir de alicerce ao juiz, quando começar o processo de individualização da pena. As
demais circunstâncias qualificadoras que “sobrarem”, devem ser utilizadas em outras fases
da aplicação da pena, em que melhor se encaixem: no art. 59 do CP (circunstâncias judiciais)
ou no arts. 61 e 62 do CP (agravantes).
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
Aqui materialmente, o bem jurídico tutelado não é lesionado. Ex.: furto de chocolate nas
Americanas
STJ: Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço
de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica. (STJ.
3ª Seção. REsp 1.524.450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo)
(Info 572).
Ministro tranca inquérito e manda soltar moradora de rua que furtou alimentos avaliados em R$
21,69. Com base no princípio da insignificância, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Joel Ilan Paciornik revogou a prisão de uma mulher desempregada que mora nas ruas de São
Paulo há mais de dez anos e furtou alimentos de um mercado, avaliados em R$ 21,69. Para o
relator, a lesão ínfima ao bem jurídico e o estado de necessidade da mulher não justificam o
prosseguimento do inquérito policial. A moradora de rua foi presa em flagrante após furtar dois
pacotes de macarrão instantâneo, dois refrigerantes e um refresco em pó. Ao converter a prisão
em preventiva, a magistrada considerou que, como a acusada já havia cometido outros crimes, a
reincidência impediria a aplicação do princípio da insignificância – também conhecido como
princípio da bagatela – e afastaria a possibilidade de liberdade provisória. (HC 699572) Fonte:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/13102021-Ministro-tranca-
inquerito-e-manda-soltar-moradora-de-rua-que-furtou-alimentos-avaliados-em-R--21-69.aspx
INDICAÇÃO DE LEITURA: https://www.conjur.com.br/2022-ago-21/agravamento-crise-
casos-furto-alimento-multiplicam .