Aula 4
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Disciplina: Administrativo
Tema: Aula 04
Profª.: Fernanda Marinela
Data: 08 e 09/08/2007
Índice do material
1.Indicação Bibliográfica p.1
2. Leitura Obrigatória p.1
3. Jurisprudência referida em aula
3.1.ADIn nº 2310
3.1.1. Andamento processual p.1
3.2. ADIn nº 3678
3.2.1. Andamento processual p.2
3.2.2. Notícia do STF p.2
3.3. ADIn nº 1668-5-DF
3.3.1. Artigo correlato p.3
3.4. MS nº25888
3.4.1. Andamento p.7
3.4.2. Artigo Correlato p.7
1. Indicação Bibliográfica
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Ed. Lumen Juris.
MELO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Ed. Malheiros.
2. Leitura Obrigatória
(recomendada pela Professora)
2.1. Constituição Federal
2.2. Informativos do STF
2.3. Lei nº9784/99
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INTENSIVO REGULAR ROTATIVO
Disciplina: Administrativo
Tema: Aula 04
Profª.: Fernanda Marinela
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Medida Provisória sobre prorrogação de contratos temporários do poder Executivo até março de 2007 é
questionada no Supremo
O procurador afirma que o artigo 10 da MP fere a necessidade de realização de concurso público. Nesse
sentido, alega que a norma viola o artigo 37, incisos II e IX da Constituição Federal, que estabelece quais
são os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público. “O constituinte não deixou ao livre arbítrio do legislador ordinário a escolha das
hipóteses de contratação temporária”, afirmou o procurador.
O procurador pede liminar para suspender os efeitos dessa MP, e no mérito a declaração de
inconstitucionalidade do dispositivo questionado, que prevê a prorrogação de contratos temporários da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional do Cinema (Ancine), Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANSS), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Agência Nacional de
Tranportes Terrestres (ANTT), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Agência Nacional
de Águas (ANA) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
autênticas "tentativas de burlar o texto da Lei Fundamental" [01], especialmente para esta análise as
regras contidas no parágrafo único do art. 54 e nos arts. 55 a 58 da LGT, dispositivos estes que tiverem o
condão de inserir em nosso ordenamento jurídico, duas novas modalidades de licitação para a aquisição
de bens e serviços, a "consulta" e o "pregão".
O parágrafo único do art. 54 da LGT criou as duas novas modalidades de licitação, nos seguintes
termos:
"Art. 54. A contratação de obras e serviços de engenharia civil está sujeita ao procedimento das
licitações previsto em lei geral para a Administração Pública.
Parágrafo único. Para os casos não previstos no caput, a Agência poderá utilizar procedimentos
próprios de contratação, nas modalidades de consulta e pregão."
Os arts. 55 a 58 da LGT disciplinaram os procedimentos a serem observados quando da utilização
destas duas novas modalidades de licitação, ressaltando-se que tais modalidades licitatórias somente
podem ser utilizadas em certames destinados a aquisição de bens e serviços, pois o caput do dispositivo
legal transcrito acima remete os casos de obras e serviços de engenharia à égide da Lei nº. 8.666/93.
Em decisão liminar, confirmada posteriormente pelo plenário [02], o STF declarou a
constitucionalidade do parágrafo único do art. 54, bem como dos arts. 55 a 58 da LGT, que criaram as
modalidades de licitação de "consulta" e de "pregão", decisum este tomado por maioria da Corte Máxima,
vencidos os Ministros Marco Aurélio (Relator), Maurício Corrêa, Sepúlveda Pertence, Néri da Silveira e
o Presidente (Ministro Celso de Mello).
O Ministro Nelson Jobim, em sua primeira apreciação sobre o caso, em pedido de vista, aduziu
que:
"As regras da Lei nº. 8.666/93, chamada Lei Geral, como dispõe o art. 1º da mesma lei, se
destinaram a disciplinar as "... licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços,. ..
compras, alienações e locações. .."
Como disse acima, a Lei nº. 8.666/93 disciplinou as obras e serviços realizados e prestados por
terceiros, à administração pública. Disciplinou ainda as compras alienações e locações ajustadas com
terceiros.
Já a Lei Geral de Telecomunicações dispôs sobre matéria específica, decorrente da Emenda
Constitucional nº. 8/95, não tratada e não abrangida pela Lei nº. 8.666/93.
No entanto, mesmo que a matéria tivesse sido tratada pela Lei Geral de 1993 – lembro que tal não
era possível face ao monopólio – não haveria impedimento ao legislador federal de dispor, com regras
específicas, sobre o mesmo tema em outra lei.
A Lei Geral de 1993 não possui, em relação a outras leis federais, hierarquia especial e distinta.
Ela se encontra no mesmo patamar de qualquer outra lei federal. Não é ela lei complementar.
A Lei nº. 8.666/93 trata de contratos de prestação de serviços de terceiros para a União.
A Lei de Telecomunicações dispõe sobre os contratos entre a União e terceiros para a prestação
dos serviços de telecomunicações para a população.
São situações distintas.
Assim, a Lei Geral de Telecomunicações passou a dispor sobre matéria específica, decorrente da
Emenda Constitucional nº. 8/95, matéria essa não tratada e não abrangida pela Lei nº. 8.666/93, nem pela
Lei nº. 8.987/95." [03]
Já no seu voto, fora do pedido de vista, o ilustre Ministro supracitado consagrou o entendimento
de que nada impedia a Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel em inovar nos procedimentos de
licitação por ela deflagrados, sob o fundamento de que o disposto no inciso XXVII do art. 22 da
Constituição Federal [04] não obrigou a edição de lei única, nos seguintes termos:
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"o inciso XXVII do art. 22 da Constituição Federal não obriga a edição de lei única, mas atribui
competência privativa à União para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação em todas as
modalidades. Uma coisa é poder editar normas gerais sobre todas as modalidades, obrigatórias também
para Estados e Municípios. Outra coisa seria obrigar existir uma lei geral para todas modalidades." [05]
Destaque-se curiosa e crucialmente que o Ministro Nelson Jobim, in casu, pensou que tais
modalidades de licitação seriam aplicadas tão-somente nas "concorrências públicas" de concessão de
serviços de telecomunicações, como deixou claramente explícito em seu voto no caso em concreto:
"Evidente que é absolutamente inconsistente, para efeito de uma concorrência pública, no que diz
respeito à concessão de serviços de telecomunicações, outra modalidade que não o pregão. É um modelo
internacional, ou seja, modelos de pregão de forma de transmitir e de outorgar os serviços de
telecomunicações fora do pregão não funcionam, são absolutamente inconvenientes, até da perspectiva do
poder público."
De acordo com esta interpretação do STF, o disposto no § 8º do art. 22 da Lei nº. 8.666/93, que
vedava a criação de outras modalidades de licitação, foi efetivamente derrogado, não tendo mais eficácia
jurídica, pois, em consonância com o que foi decidido pelo plenário do STF nos autos da ADIN 1668-5-
DF, o disposto no inciso XXVII do art. 22 da Carta Magna "não exclui, evidentemente, a possibilidade de
determinados tipos de modalidades de licitações serem criadas em lei específica (...)" [06].
É de suma importância realçar que este entendimento foi fundamentado pelo Ministro Nelson
Jobim e corroborado pelos Ministros Moreira Alves, Sydney Sanches, Octavio Gallotti, Carlos Velloso e
Ilmar Galvão, ou seja, por seis dos onze Ministros da Suprema Corte.
De outra banda, o Ministro Relator Marco Aurélio Farias de Melo, defensor ferrenho da Lei
Maior, em fundamentação contrária, na qual concedia a liminar para suspender a eficácia do parágrafo
único do art. 54 e dos arts. 55 a 58 da LGT, sustentou a inconstitucionalidade dos referidos dispositivos
legais nos seguintes termos:
"(...) O objetivo maior da existência de uma lei geral outro não é senão diretrizes básicas que,
homenageando os princípios norteadores da Administração Pública – da legalidade, da impessoalidade,
da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa – sirvam a todo e qualquer
contrato, independentemente do objeto almejado. Neste primeiro exame, tenho que a Lei nº. 9.472/97, ao
dispor sobre as modalidades "consulta" e "pregão" acaba por esvaziar a razão de ser da existência de uma
norma geral, tal como prevista no inciso XXVII do art. 22 da Constituição Federal (...)".
No entanto, a Corte Máxima, repita-se, por maioria, seguindo o equivocado voto proferido pelo
Min. Nelson Jobim, decidiu ser constitucional a criação de procedimentos licitatórios distintos dos
previstos na Lei nº. 8.666/93.
Ilustre-se que o disposto no parágrafo único do art. 54 e nos arts. 55 a 58 da LGT foram
complementarmente regulamentados pela Resolução nº. 5/98 – Regulamento de Contratações da Anatel,
norma expedida pelo Conselho Diretor da Agência Reguladora em debate.
Importante dizer que as funções e utilidades da modalidade de licitação denominada "pregão",
criada pela Anatel, foram de extrema significância para o interesse público, traduzindo-se em celeridade,
transparência, economicidade, estímulo à competitividade e vantajosidade em todos os certames
realizados pela Administração Pública.
Isto especialmente pelo fato do pregão inverter as fases das licitações regidas pela Lei nº.
8.666/93, consistindo em analisar primeiramente as propostas de preços para posteriormente verificar as
condições de habilitação dos licitantes, e também por esta modalidade possibilitar a disputa dos preços
inicialmente propostos pelos interessados.
Posteriormente, a regulamentação da nova modalidade de licitação denominada "pregão" para
todas as esferas da Administração Pública foi introduzida em nosso ordenamento jurídico por meio da
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Medida Provisória nº. 2.026, de 4 de maio de 2000, que foi convertida na Lei nº. 10.520, de 17 de julho
de 2002.
A brilhante idéia do pregão foi abarcada de tal forma pelo Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão que a referida modalidade passou a ser realizada de forma eletrônica, tendo sido inicialmente
regulamentada pelo Decreto nº. 3.697, de 21 de dezembro de 2000, sendo atualmente regida pelo Decreto
nº. 5.450, de 31 de maio de 2005.
O Governo editou também o Decreto nº. 5.504, de 5 de agosto de 2005 que estabeleceu a
exigência de utilização do pregão, preferencialmente na forma eletrônica, para entes públicos ou privados,
nas contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de
recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios
públicos.
Frise-se que a economia obtida pela utilização da modalidade de licitação em comento chega ao
montante de 1,2 bilhões de reais. Ressalte-se que desde o dia 1º de julho de 2005, a utilização do pregão,
especialmente na modalidade eletrônica, passou a ser obrigatória na compra de bens e serviços da
administração pública federal. A estimativa do Governo é que de 70 a 80% de um montante de R$ 8
bilhões das compras governamentais passarão a serem feitas por licitação na modalidade de pregão.
Conclui-se, portanto, que a inovação implementada pela Anatel revolucionou salutarmente a
forma de aquisição de bens e serviços pela Administração Pública em todas as suas esferas, tendo a
referida modalidade de licitação sido considerada constitucional graças ao raciocínio equivocado, data
máxima vênia, do ilustre Ministro Nelson Jobim, ao fundamentar o seu voto no sentido de que a
"consulta" e o "pregão" seriam modalidades utilizadas tão-somente nas licitações relativas à concessão de
serviços de telecomunicações.
Contudo, como deixou claro o ilustre Min. Nelson Jobim, mesmo que a LGT tratasse de matéria
regida pela Lei nº. 8.666/93, que foi o caso, não haveria óbice constitucional pelo fato da Lei Geral de
1993 não possuir hierarquia especial e distinta, bem como por não tratar-se de lei complementar.
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Notas
01 Trecho da Petição Inicial da ADIN 1668-5-DF, em curso perante o STF.
02 Acórdão do Plenário do STF publicado no DJ de 16.04.2004.
03 Trecho do Voto Vista do Min. Nelson Jobim, nos autos da ADIN 1668-5-DF, em curso perante
o STF.
04 "Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia
mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 19, de 1998)
05 Trecho do Voto do Min. Nelson Jobim, nos autos da ADIN 1668-5-DF, em curso perante o
STF.
06 Trecho do voto proferido pelo Ministro Nelson Jobim, nos autos da ADIN 1668-5-DF.
3.4.1. ANDAMENTOS
A Petrobras impetrou Mandado de Segurança no Supremo (MS 25888), com pedido de liminar, contra ato
do Tribunal de Contas da União (TCU). O Tribunal determinou, em janeiro deste ano, que a Petrobras e
seus gestores se abstenham de aplicar o Regulamento de Procedimento Licitatório Simplificado.
O Procedimento Licitatório Simplificado foi aprovado por decreto do presidente da República (2745/98).
A proibição de aplicação do procedimento pelo TCU foi tomada, segundo aquela Corte, em razão da
Súmula 347, do Supremo Tribunal Federal, que conferiu ao TCU o poder de apreciar a
constitucionalidade das leis e atos do Poder Público.
No entanto, diz a Petrobras na ação, a Súmula 347 foi editada em 1963, quando tratava da aplicação do
artigo 77 da Constituição Federal de 1946. Nos moldes do artigo 71 da Constituição Federal de 1988, o
TCU auxilia o Congresso Nacional no exercício do controle externo relativo à fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e entidades da administração direta e
indireta.
Assim, sustenta a Petrobras, “não poderá o TCU se arvorar em um quarto poder da República ou assumir
a competência do poder Judiciário para se lançar contra o poder Legislativo”. Diz ainda que a
Constituição Federal é clara ao definir as competências dos três poderes por ela instituídos.
No caso, argumenta, a decisão do TCU faz com que a estatal não cumpra sua obrigação constitucional e
infraconstitucional de observar estritamente o princípio da legalidade e, em conseqüência, de aplicar o
Procedimento Regulatório Simplificado, “ato normativo vigente, válido e eficaz”. O ministro Gilmar
Mendes é o relator.
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