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Acao Civil Publica - Concursos Docentes - Decisão

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 5026320-05.2014.404.

7100/RS
AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉU : LUIS DA CUNHA LAMB
ADVOGADO : FRANCIS CAMPOS BORDAS
RÉU : RENATO MARCHIORI BAKOS
ADVOGADO : FELIPE CHEMALE PREIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL -
RÉU :
UFRGS

DECISÃO (LIMINAR/ANTECIPAÇÃO DA TUTELA)

Trata-se de ação civil pública, com pedido de antecipação de tutela,


por meio da qual o Ministério Público Federal pede:

a) a fixação de regras para a realização de concursos para admissão


de professores pela Ufrgs;

b) a designação de Comissão de Servidores destinada a acompanhar


todas as etapas dos concursos para admissão de professores pela Ufrgs;

c) a abertura imediata de concursos para admissão de professores


em todos os casos em que houver cargo vago há mais de cento e oitenta dias;

d) a anulação dos concursos para os cargos de Professor Adjunto da


Faculdade de Medicina e de Professor Titular do Instituto de Informática, em que
foram aprovados os corréus Renato Marchiori Bakos e Luis da Cinha Lamb;

e) a condenação da Universidade ao pagamento de indenização por


danos morais coletivos.

Na inicial, o autor apontou irregularidades ocorridas nos concursos


para os cargos de Professor Adjunto da Faculdade de Medicina e de Professor
Titular do Instituto de Informática. Disse que, na avaliação das provas didáticas,
a Universidade atribui nota 'em bloco' para cada prova, sem especificar itens e
subitens que tenham sido objeto de avaliação. Afirmou que não há clareza e
transparência na indicação dos atos normativos que regulam os concursos.
Observou que não há limite de tempo para que uma vaga aberta seja preenchida,
havendo, inclusive, caso de vaga que ficou aberta por quinze anos. Asseverou
que não há regra 'que vede, por exemplo, a participação de pessoas com vínculos
profissionais prévios com os candidatos, como ex-orientadores de teses, ex-
alunos e ex-professores, na condição de integrantes da Banca Examinadora', o
que viola o princípio da impessoalidade. Aduziu que há a identificação das
provas dos candidatos, o que igualmente viola o princípio da impessoalidade.
Argumentou que não há previsão de recursos contra as notas dos candidatos, o
que viola o direito de defesa. Asseverou que somente é previsto 'recurso de
nulidade', no prazo de cinco dias, o que viola o prazo de dez dias previsto na Lei
nº 9.784/99.

A partir disso, o autor requereu o seguinte, a título de antecipação


de tutela:

a) Imediata designação de Comissão de Servidores destinada a acompanhar todas as etapas


(desde a publicação do edital até o julgamento final dos recursos e homologação) de todos os
concursos públicos em curso, ou a serem realizados, para provimento de cargo de professor
universitário, devendo essa informação constar do Edital de abertura do certame;

b) Apresentação, neste momento, e ao longo da instrução, sempre que se fizer necessário, de


listagem atualizada: b.1) dos concursos públicos para provimento de vagas de professor que
estiverem em andamento; b.2) de todos os cargos de professor abertos há mais de 180 (cento e
oitenta) dias;

c) Regulamentação, em um prazo de 90 (noventa) dias, dos concursos públicos para ingresso à


carreira do Magistério Superior, com a observância, mínima, dos seguintes critérios a
constarem dos Editais:

1. Indicação das Leis/normativos/regramentos vigentes que tratam do ingresso ao Magistério


Superior na Universidade Federal do Rio Grande do Sul;

2. Indicação da Comissão de Servidores destacada a acompanhar todas as etapas do concurso,


até homologação final;

3. Indicação do prazo para impugnação do edital e de que forma;

4. Indicação das datas e forma de realização das inscrições;

5. Indicação precisa dos locais, horários e procedimentos de inscrição;

6. Indicação do Departamento didático de lotação da vaga e Faculdade ao qual pertence;

7. Descrição das atribuições do cargo e área de conhecimento objeto do concurso;

8. Indicação da classe de ingresso na carreira do Magistério Superior;

9. Indicação do número de cargos a serem preenchidos;

10. Indicação do prazo para preenchimento dos cargos;

11. Enunciado preciso das disciplinas das provas;

12. Apresentação das etapas do concurso público, com indicação das respectivas fases
(escrita/didática, prática, títulos e/ou oral), indicando as de caráter eliminatório ou
classificatório;

13. Informação sobre eventual gravação das provas;


14. Indicação dos critérios objetivos a serem utilizados para estabelecimento da pontuação das
provas/fases do concurso (escritas/didáticas, prática, de títulos e oral) e explicação detalhada
da metodologia utilizada para classificação, de maneira a impedir a manipulação da contagem
das provas e, com isso, comprometer a seriedade do certame;
15. Indicação da forma de realização das provas escrita/didática, prática e oral e dos
instrumentos que vierem, eventualmente, a ser utilizados nessas formas de avaliação;

16. Informação sobre a ordem de realização das provas (escritas/didáticas, práticas e orais) e
ordem de participação dos candidatos nas provas;

17. Determinação de aplicação do princípio da impessoalidade nos casos de realização de


provas escritas, não permitindo a identificação dos candidatos;
18. Previsão de publicação do resultado final do concurso e das notas de todos os candidatos,
indicando a forma e local em que se dará tal decisão;

19. Previsão de período de vista das provas após a divulgação do resultado final do concurso,
para apresentação de recursos de revisão;

20. Previsão de recursos para as provas escritas/didáticas, práticas, orais e de títulos,


indicando-se forma e prazo;

21. Previsão para divulgação do resultado final;

22. Previsão de prazos para interposição de recursos e impugnações nunca inferiores a 10


(dez) dias, em razão do estipulado na Lei n.º 9.784/99, que regulamenta o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal;

23. Indicação do órgão recursal para análise dos recursos a serem interpostos;

24. Indicação dos integrantes da Banca ou Comissão Examinadora;

25. Previsão de critérios objetivos para a escolha e formação das Comissões Examinadoras dos
concursos, tanto no que diz respeito a professores vinculados à Universidade Federal, quanto a
professores vinculados a outras Instituições de Ensino;

26. Previsão de critérios objetivos para proibição de participação de Membros de Banca


Comissão Examinadora, a fim de que, em observância ao Princípio da Impessoalidade, sejam
vedadas participações de examinadores que tenham mantido contato prévio com candidatos
e/ou seus familiares, na condição de professores, orientadores, preceptores, colegas de
Departamento, coatores e/ou colaboradores em produção científica;

27. Estabelecimento de possibilidade de impugnação dos integrantes da Banca ou Comissão


Examinadora, indicando-se forma e prazo;

d) Abertura imediata de concursos públicos para provimento de vagas de professor


universitário vacantes há mais de 180 (cento e oitenta) dias, inclusive as novas vagas criadas,
após o cumprimento do requerido na alínea (c);

e) Imposição de pena de multa, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), em caso de não


cumprimento da decisão judicial.

Foi dado prazo para que os réus se manifestassem sobre o pedido de


antecipação de tutela, nos termos do artigo 2º da Lei nº 8.437/92.

Os réus Luis e Renato constituíram procuradores nos eventos 11 e


16, mas não se manifestaram sobre o pedido de antecipação de tutela..
A Ufrgs se manifestou no evento 14. Arguiu carência de ação, por
não ser cabível a propositura de ação civil pública para a defesa de interesses
individuais ou de determinados grupos. Sustentou que não é cabível a
antecipação de tutela, por ser vedado o esgotamento parcial do objeto da lide em
sede liminar. Defendeu a legalidade dos atos realizados nos concursos para os
cargos de Professor Adjunto da Faculdade de Medicina e de Professor Titular do
Instituto de Informática. Quanto ao prazo pelo qual as vagas permanecem
abertas, disse que, reconhecido, pela Administração Central da Ufrgs, o direito de
determinado Departamento à realização de concurso, o concurso sempre é
iniciado dentro do prazo de cento e oitenta dias. Quanto às normas que regem os
concursos, apontou que atualmente se aplicam as Decisões CONSUN nº 164/13 e
204/10, além do Decreto nº 644/09. Sustentou que é inviável a vedação à
participação, na banca do concurso, de pessoas com vínculos profissionais
prévios com os candidatos, pois 'dificilmente se terá, no âmbito acadêmico,
dentre os candidatos que ostentem titulação de doutorado ou mestrado, na área
específica do concurso, alguém que nunca teve qualquer artigo científico
publicado com professores, por vezes integrante da Banca'. Observou que já há
vedação à participação na banca de pessoas com vínculo de parentesco ou de
amizade ou inimizade com os candidatos. Asseverou que a identificação das
provas dos candidatos é necessária pelas características do concurso.
Argumentou que a possibilidade de recurso quanto a cada uma das notas
'implicaria na discussão do próprio mérito administrativo, em relação ao qual é
vedado até mesmo ao Poder Judiciário eventual incursão', e inviabilizaria o
concurso, 'na medida em que exigiria a mobilização, por longo e indeterminado
tempo, da Comissão Examinadora, inibindo, assim, a participação de docentes
de outras instituições'. Negou a necessidade criação de uma Comissão de
Servidores para fiscalizar os concursos, 'na medida em que já há instâncias
internas que exercem tal função'. Afirmou que diversos dos pontos exigidos pelo
autor já vêm sendo contemplados pelos editais da Universidade.

Foi dado prazo para que o autor se manifestasse (evento 19).

O autor se manifestou (evento 22).

Relatei. Decido.

1. Carência de ação

Diferentemente do que entende a Ufrgs, o interesse tutelado não


pertence somente a candidatos específicos, uma vez que toda a coletividade tem
interesse em que a Administração Pública siga os princípios constitucionais que
regem sua atuação. Trata-se, portanto, de inegável interesse difuso, razão pela
qual a ação civil pública se revela instrumento plenamente adequado para sua
tutela.
2. Vedação à antecipação de tutela: esgotamento do objeto da
lide

A ré invoca o artigo 1º, § 3º, da Lei nº 8.437/92, segundo o qual


'Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o
objeto da ação'.

Todavia, a argumentação da ré, nos termos em que apresentada,


implicaria a vedação a qualquer tipo de antecipação de tutela em face da Fazenda
Pública, o que iria de encontra às normas da Lei nº 7.347/85 e da própria Lei nº
8.437/92 que expressamente permitem a concessão de antecipação de tutela em
ação civil pública contra a Fazenda Pública.

Observo que o simples fato de o pedido formulado a título de


antecipação de tutela coincidir, no todo ou em parte, com o pedido principal não
significa que a concessão da antecipação de tutela acarrete o esgotamento do
objeto da lide. É da natureza da antecipação de tutela que o provimento por meio
dela requerido coincida com o provimento que a parte pretende ver confirmado
na sentença - até porque, do contrário, se estaria diante de pedido de natureza
cautelar, e não antecipatória. O que o artigo 1º, § 3º, da Lei nº 8.437/92 veda é a
concessão de medida liminar de natureza irreversível - ponto no qual apenas é
repetida, com outras palavras, a vedação feita pelo CPC, em seu artigo 273, § 2º,
para a concessão da antecipação de tutela nos casos em geral ('Não se concederá
a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do
provimento antecipado').

Neste sentido, em sede doutrinária, observa Teori Albino Zavascki,


que 'Ao estabelecer que 'não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou
em parte, o objeto da ação', o § 3º do art. 1º da Lei n. 8.437/92 está se referindo,
embora sem apuro técnico de linguagem, às liminares satisfativas irreversíveis,
ou seja, àquelas cuja execução produz resultado prático que inviabiliza o
retorno ao status quo ante, em caso de sua revogação' (Antecipação de tutela. 6
ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 208).

Sendo assim, o que se deve averiguar não é se o pedido de


antecipação de tutela coincide com o pedido principal, mas, isto sim, se, caso
concedida a antecipação de tutela, será possível sua reversão, caso rejeitado o
pedido ao final - mesma análise que deve ser feita no caso de qualquer pedido de
antecipação de tutela, independente de ter sido formulado em face da Fazenda
Pública, nos termos do já mencionado artigo 273, § 2º, do CPC.

Portanto, não há como acolher a argumentação da Ufrgs no sentido


de que o pedido de antecipação de tutela 'evidencia a pretensão de efetivo
adiantamento da maior parte do pedido inicial, de modo a esgotar, em
significativa extensão, o objeto da ação em comento (porquanto restaria, apenas,
a definição de anulação dos certames apontados e a fixação da multa por
suposto dano moral coletivo), em clara ofensa ao mencionado §3º do art. 1º da
Lei nº 8.437/92'. A ré não demonstrou - nem tentou demonstrar - que a concessão
da antecipação de tutela implicaria medida que posteriormente não poderia ser
revogada no caso de julgamento de improcedência do pedido.

Diante disso, rejeito a tese de impossibilidade de concessão da


antecipação de tutela, pois não vislumbro, dentre os pedidos antecipatórios
formulados pelo autor, algum que, por sua natureza, seja impossível de ser
revertido. Ressalvo, todavia, a possibilidade, ao apreciar especificamente cada
item do rol de requerimentos da inicial, ponderar a respeito de eventuais
prejuízos que possam ocorrer no caso de necessidade de reversão de algum
provimento.

3. Antecipação de tutela

Enfrentadas as questões preliminares, passo a apreciar, um a um, os


pedidos formulados a título de antecipação de tutela.

3.1 Designação de Comissão de Servidores

O autor pede a 'imediata designação de Comissão de Servidores


destinada a acompanhar todas as etapas (desde a publicação do edital até o
julgamento final dos recursos e homologação) de todos os concursos públicos
em curso, ou a serem realizados, para provimento de cargo de professor
universitário, devendo essa informação constar do Edital de abertura do
certame'.

Quanto a isto, a ré, em sua manifestação do evento 14, transcreveu


informações no sentido de que 'A Universidade não adota uma Comissão única
de servidores para acompanhar os concursos para docentes do magistério
superior, uma vez que este acompanhamento é feito par e passos pelas seguintes
instâncias: Colegiado do Departamento diretamente envolvido; Conselho
Superior da Unidade Acadêmica à qual se vincula o Departamento; a Divisão de
Concursos Públicos da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Câmara de
Graduação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Tais instâncias
promovem o acompanhamento e aferem a correta aplicação dos diplomas legais
durante as diversas fases de realização do concurso'.

Em sua manifestação do evento 22, o autor, a fim de sustentar a


necessidade de criação de uma comissão que fiscalize tais atos, afirmou que
'atualmente, as Faculdades, Institutos e Departamentos da Universidade Federal
selecionam professores sem que haja efetivo controle administrativo de seus
atos, criando situações insustentáveis que levam ao descrédito dos processos de
seleção da Instituição'.

Embora sejam relevantes os objetivos almejados pelo autor,


entendo que não ficou demonstrado de que modo a constituição de tal comissão
resultaria em um maior controle da legalidade dos atos realizados nos concursos
promovidos pela ré.

Como esclarecido pela Ufrgs, atualmente já há diversos órgãos que


acompanham a legalidade dos concursos. Ainda que se possa discutir, diante de
cada caso concreto, se tais órgãos realizam suas funções adequadamente, é certo
que a simples criação de mais um órgão para a tarefa não asseguraria, por si só,
que desta vez o controle de legalidade dos concursos seria realizado a contento.

Portanto, não verifico motivos que justifiquem a concessão de tal


provimento em sede de antecipação de tutela, sem prejuízo de que
posteriormente, diante de novos fatos e argumentos que possam ser trazidos aos
autos, se chegue a conclusão diversa.

3.2 Regulamentação dos concursos

O autor pede a 'Regulamentação, em um prazo de 90 (noventa)


dias, dos concursos públicos para ingresso à carreira do Magistério Superior,
com a observância, mínima, dos seguintes critérios a constarem dos Editais (...)'.

Passo a abordar cada um dos itens que o autor entende que carecem
de regulamentação:

3.2.1 Indicação das Leis/normativos/regramentos vigentes que


tratam do ingresso ao Magistério Superior na Ufrgs

Segundo o autor, 'Verifica-se, atualmente, a título exemplificativo,


que o regramento sobre a publicidade dos editais de concursos está previsto em
um normativo, sendo que outro existe sobre prazo, não havendo, no entanto,
nada que determine prazo para impugnação dos editais dos concursos, ficando
os candidatos sem segurança jurídica quanto aos procedimentos que virão a ser
estabelecidos e de quais regramentos poderão se valer em caso de ser necessária
impugnação de algum item do concurso, visto que, sobre eles, têm aplicação a
Portaria MCE n.º 243/2011, o Decreto Presidencial n.º 6944/2009 (que
estabelece medidas organizacionais para o aprimoramento da administração
pública federal direta, autárquica e funcional) e as decisões do CONSUN (que
são constantemente alteradas), sendo importante, portanto, que sejam
normatizadas de forma única, conjunta e sistemática'.

Segundo a ré (evento 14), 'pode-se verificar a existência, no que


tange ao regramento dos concursos, de duas normas atuais, quais sejam, as
Decisões CONSUN de nº 164/2013 (para concurso de ingresso na carreira de
magistério superior) e de nº 204/2010 (para concursos para Professor Titular,
esta última, porém pendendo de alterações em face da Lei nº 12.772/2012, como
adiante se verá)'. Em todos os casos, ainda segundo a ré, é também observado o
Decreto nº 6.944/09, que dispõe sobre normas gerais relativas a concursos
públicos no âmbito da Administração Pública Federal. Além disso, afirma que
em todos os editais são indicados os atos normativos que regulam o certame.

Em resposta, o autor afirmou que 'não é razoável a existência de


tantos normativos de modo esparso como se verifica, circunstância que foi
reconhecida pela própria UFRGS, nem aceitável que os candidatos a concursos
públicos tenham que se submeter a buscar todos esses normativos'.

Analisando a questão, concluo que o autor não logrou apontar


algum edital específico que tenha deixado de apontar as normas que regulam o
concurso. A questão da conveniência de o concurso ser regido por mais de uma
norma escapa ao controle jurisdicional.

Poder-se-ia discutir, em concreto, diante de editais específicos, se


há informações claras quanto aos diversos aspectos do concurso. Não há,
contudo, como taxar de ilegal a atuação da Administração simplesmente com
base no fato de haver mais de uma norma que regula o certame.

Diante disso, não vejo necessidade, ao menos em sede de


antecipação de tutela, de conceder o provimento postulado pelo autor.

3.2.2 Indicação de prazo e forma para impugnação do edital

O autor pede que seja determinado à ré que, em todos os concursos,


indique prazo e forma de impugnação do edital.

A ré (evento 14), por sua vez, transcreveu informações da


Administração, segundo as quais 'Não temos prazos para impugnação de Editais,
uma vez que seguimos a legislação vigente e que os Editais devem atender às
necessidades da Instituição. Desconhece-se, na legislação, exigência de tal
prazo'.

Em resposta (evento 22), o autor sustentou que 'a possibilidade de


impugnação do edital, com previsão de prazo compatível (nunca menor do que
dez dias, nos termos da Lei n.º 9.784/99) e órgão ao qual se deve recorrer, são
essenciais para que se garanta a lisura dos certames, e a possibilidade de
recorrer dos atos administrativos, em razão de possíveis irregularidades que
possam ser constatadas'.

Analisando a questão, constato que a ré, em princípio, tem razão


quanto à inexistência de norma expressa impondo a abertura de prazo para
impugnação do edital.

O já mencionado Decreto nº 6.944/09, em seu artigo 19, lista vinte


e um itens que devem constar obrigatoriamente dos editais de abertura de
concurso público, sem mencionar prazo para impugnação do próprio edital.
Ainda que se possa cogitar que a obrigatoriedade de prazo para
impugnação do edital decorra diretamente dos princípios constitucionais da
Administração Pública, não vejo no caso a urgência necessária para que tal
providência seja determinada em sede de antecipação de tutela.

A título exemplificativo, observo que o edital nº 5/13, da


Procuradoria Geral da República, que regulou o mais recente concurso para
ingresso na carreira de Procurador da República, não previa prazo para sua
impugnação. No mesmo sentido, a Resolução nº 135/12, do Conselho Superior
do Ministério Público Federal, que estabelece normas sobre o concurso para
ingresso na carreira do Ministério Público Federal, adotada como regulamento do
concurso, também não prevê prazo para impugnação do edital.

Ainda exemplificativamente, observo que o edital de abertura do


XVI concurso público para o cargo de Juiz Federal Substituto no âmbito do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, atualmente em andamento, também não
prevê prazo para sua impugnação, que também não é previsto na Resolução nº
46/14 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que regula o certame.

Como se vê, portanto, é, em princípio, possível realizar um


concurso com lisura sem que haja prazo para impugnação do edital. Sendo assim,
é melhor que a questão seja mais bem apreciada quando da prolação da sentença,
após o amadurecimento da discussão, razão pela qual não deve ser deferida a
antecipação de tutela neste ponto.

3.2.3 Indicação de datas e forma de realização das inscrições e


indicação precisa dos locais, horários e procedimentos de inscrição

Em sua manifestação (evento 14), a ré transcreveu informações


prestadas pela Administração, no sentido de que 'Todos os Editais de concursos
públicos docentes da UFRGS informam o período e a forma de realização de
inscrições para os concursos dos mesmos'. A título de exemplo, apontou o Edital
nº 13, de 28 de março de 2014, em que consta que as inscrições seriam realizadas
pelo site da Universidade, entre 07.04.2014 e 21.04.2014.

Em sua manifestação do evento 22, o autor não tratou do tema.

Diante de tal quadro, entendo, sem prejuízo de posterior produção


de prova em contrário, que, ao menos por ora, as informações trazidas pela ré são
suficientes para que se conclua que os editais têm sido corretamente redigidos
neste ponto, o que afasta a necessidade de concessão da antecipação de tutela.

3.2.4 Indicação do Departamento didático de lotação da vaga e


Faculdade ao qual pertence

Tal item deve constar obrigatoriamente de todos os editais de


abertura de concurso público no âmbito da Administração Pública Federal, pois
está previsto no artigo 19, I, do Decreto nº 6.944/09, que impõe que os editais
contenham 'identificação da instituição realizadora do certame e do órgão ou
entidade que o promove'.

Embora tenha formulado tal pedido, o autor não afirmou que a ré


venha realizando concursos sem indicar o Departamento e a Faculdade a que
pertence o cargo.

Logo, já havendo previsão normativa expressa nesse sentido e não


havendo notícia de que a ré alguma vez a tenha descumprido, não vejo
necessidade de determinar a adoção de tal medida em sede de antecipação de
tutela.

3.2.5 Atribuições do cargo e área de conhecimento

Na inicial, o autor pede que os editais contenham 'Descrição das


atribuições do cargo e área de conhecimento objeto do concurso'.

Quanto a isso, o Decreto nº 6.944/09 já prevê, em seu artigo 19,


VII, que os editais devem trazer 'descrição das atribuições do cargo ou emprego
público'.

Embora tenha formulado tal pedido, o autor não afirmou que a ré


venha realizando concursos sem indicar as atribuições do cargo e a área de
conhecimento.

Em sua manifestação (evento 14), a Ufrgs sustentou, novamente


com base no edital nº 13/14, que tais informações já constam de todos os editais.
A afirmação não foi questionada pelo autor no evento 22.

Logo, já havendo previsão normativa expressa nesse sentido e não


havendo notícia de que a ré a descumpra, não vejo necessidade de determinar a
adoção de tal medida em sede de antecipação de tutela.

3.2.6 Indicação da classe de ingresso na carreira do Magistério


Superior

As considerações feitas acima também se aplicam a este item. O


Decreto nº 6.944/09, em seu artigo 19, V, já impõe que os editais de concurso
público da Administração Pública Federal indiquem a 'denominação do cargo ou
emprego público, a classe de ingresso e a remuneração inicial, discriminando-se
as parcelas que a compõem'. Não há notícia de que a ré tenha publicado algum
edital sem tais informações. Portanto, não se justifica a imposição de tal medida
em sede de antecipação de tutela.

3.2.7 Indicação do número de cargos a serem preenchidos


Novamente, aplicam-se por inteiro as considerações feitas nos itens
anteriores. O Decreto nº 6.944/09, em seu artigo 19, III, já impõe que os editais
de concurso público da Administração Pública Federal indiquem o 'número de
cargos ou empregos públicos a serem providos'. Não há notícia de que a ré tenha
publicado algum edital sem tal informação. Portanto, não se justifica a imposição
de tal medida em sede de antecipação de tutela.

3.2.8 Indicação do prazo para preenchimento dos cargos

Novamente, aplicam-se por inteiro as considerações feitas nos itens


anteriores. O Decreto nº 6.944/09, em seu artigo 19, XX, já impõe que os editais
de concurso público da Administração Pública Federal indiquem 'fixação do
prazo de validade do concurso e da possibilidade de sua prorrogação'. Em sua
manifestação do evento 14, a ré transcreveu informações da Administração, no
sentido de que 'Os cargos para os quais são realizados os concursos, dentro do
número de vagas constantes no edital, são preenchidos dentro do prazo de
validade dos resultados dos mesmos'. Ou seja: havendo um prazo de validade do
concurso, o prazo para preenchimento dos cargos é o mesmo da validade do
concurso. Não há notícia de que a ré tenha publicado algum edital sem tal
informação. Portanto, não se justifica a imposição de tal medida em sede de
antecipação de tutela.

3.2.9 Enunciado preciso das disciplinas das provas

As partes controvertem quanto ao grau de especificidade necessário


na indicação das disciplinas que serão cobradas nas provas.

Em sua manifestação do evento 14, a ré transcreveu informações


prestadas pela Administração, no sentido de que 'Os programas e disposições das
provas de cada concurso encontram-se no endereço eletrônico indicado nos
respectivos Editais', e apontou como exemplo o já mencionado edital nº 13/14,
em cujo item 3, se lê que 'A divulgação do inteiro teor deste Edital, bem como as
informações referentes a estes Concursos, dar-se-ão através de Avisos,
Informativos, Editais ou Listas de Resultados, no endereço
eletrônico http://www.ufrgs.br'.

Em resposta (evento 22), o autor afirmou que não há nos editais


indicação precisa das disciplinas das provas. Segundo o autor, 'Pela análise do
Edital apresentado pela Universidade Federal, constata-se que há apenas
referência à Área do Conhecimento, mas não foi apresentado enunciado preciso
das disciplinas das provas'.

O referido edital nº 13/14 está disponível na internet no endereço


http://www.ufrgs.br/progesp/progesp-1/concursos-publicos/magisterio-
superior/concuros/2014/edital-13-2014/arquivos/edital-ai/ed-13-2014-adj-a-e-
ass-a-de-40h-20h, acessado em 10.06.2014.
Lendo o edital, vê-se que, como afirmado pelo autor, há nele
somente a indicação da área de conhecimento que será exigida, mas não há a
indicação pormenorizada dos temas que serão cobrados dentro de tal área de
conhecimento.

Por exemplo, para as vagas para o Departamento de Ciências


Administrativas, a área de conhecimento é 'Administração Pública e Social'; para
a vaga para o Departamento de Fitossanidade, a área de conhecimento é
'Fitopatologia, Subárea: Virologia Vegeral ou Nematologia Vegetal'; para a vaga
para o Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais, a área de conhecimento
é 'Contabilidade e Planejamento Tributário'.

Constata-se, assim, que, de fato, há, no referido edital, uma falta de


indicação precisa das disciplinas que serão exigidas, o que prejudica a preparação
dos candidatos. Tal situação, em princípio, implicaria violação ao já várias vezes
mencionado Decreto nº 6.944/09, que, em seu artigo 19, XIII, exige que o edital
contenha 'enunciação precisa das disciplinas das provas e dos eventuais
agrupamentos de provas'.

Na página de acompanhamento do concurso no site da Ufrgs


(http://www.ufrgs.br/progesp/progesp-1/concursos-publicos/magisterio-
superior/concuros/2014/edital-13-2014), todavia, há um link denominado
'orientações', para cada um dos cinco cargos disponíveis, em que são listados
pormenorizadamente cada um dos itens a serem cobrados nas provas. Apenas
exemplificativamente, para o cargo do Departamento de Ciências
Administrativas, é especificado que, na prova escrita, podem ser cobrados os
seguintes tópicos: Estado e sociedade; Administração e governo no Brasil;
Políticas públicas; Contribuições do pensamento social brasileiro para a
administração pública e social; Abordagens sobre o desenvolvimento; Gestão
financeira e orçamentária em organizações públicas; Planejamento estratégico em
organizações públicas e sociais; Abordagens teóricas sobre movimentos sociais;
Teorias e práticas de associativismo; Integração regional: impacto para a
administração pública e social. Já na prova didática, é especificado que podem
ser cobrados os seguintes tópicos: Abordagens recentes no aparelho de Estado e
suas consequências para a efetivação de direitos sociais; Reformas recentes no
aparelho de Estado e suas consequências para a efetivação de direitos sociais;
Adequação dos principais referenciais de análise de políticas públicas para o
contexto brasileiro; Contribuições de um autor da tradição do pensamento social
brasileiro selecionado pelo candidato para a administração pública e social;
Abordagens sobre desenvolvimento e seu significado para a atual política
brasileira; Gestão financeira e orçamentária em organizações públicas:
instrumentos e práticas voltadas para a transparência; Planejamento estratégico
em organizações públicas e sociais: referenciais que correspondam à
especificidade destas organizações; Adequação das abordagens teóricas sobre
movimentos sociais para sua análise no contexto brasileiro; Teorias e práticas de
associativismo: histórico e situação atual; Impacto dos acordos de integração
regional no âmbito da América Latina para a administração pública e social.
Tais informações são suficientes para que se tenha um enunciado
preciso das disciplinas a serem cobradas nas provas. Deste modo, mesmo se
reconhecendo as limitações decorrentes da análise por amostragem - a qual é
imposta pelo grau de generalidade com que a discussão foi posta pelas partes -, o
que se constata, ao menos no concurso analisado, é que é dada a devida
publicidade aos tópicos que serão cobrados em cada disciplina do concurso.

É verdade que o ideal talvez fosse a transcrição de tais informações


no próprio corpo do edital, e não no site da Universidade. Entretanto,
considerando que as informações são facilmente encontradas pela internet, bem
como que o edital, em seu item 6.1, expressamente remete as informações sobre
'métodos de aplicação, pontuação e avaliação de cada uma das provas' para
o site da Universidade, não verifico urgência que justifique que a medida seja
determinada em sede de antecipação de tutela, pois o que se constata é que, no
fim das contas, os candidatos têm acesso às disciplinas que serão cobradas no
concurso.

3.2.10 Apresentação das etapas do concurso

Na inicial, o autor pede que os editais tragam 'Apresentação das


etapas do concurso público, com indicação das respectivas fases
(escrita/didática, prática, títulos e/ou oral), indicando as de caráter eliminatório
ou classificatório'.

Em sua manifestação (evento 14), a ré transcreveu informações da


Administração, no sentido de que 'Os concursos são realizados em duas fases,
determinadas pela Decisão nº 164/2013-CONSUN/UFRGS, a qual é parte
integrante de todos os Editais de concursos públicos docentes, conforme é neles
informado'.

Em resposta (evento 22), o autor afirmou o seguinte: 'não houve,


pelos documentos trazidos pela UFRGS, apresentação das etapas do concurso
público, com indicação das respectivas fases (escrita/didática, prática, títulos
e/ou oral), indicando as de caráter eliminatório ou classificatório. Essa
definição prévia, contudo, das etapas de caráter eliminatório ou classificatório
era necessária, visto que se trata de questão de ordem e natureza objetivas, e
que visa à maior segurança dos candidatos e dos próprios certames. A prévia
indicação, por meio de normativo, das provas de caráter eliminatório ou
classificatório impedirá, ainda, que um determinado concurso adote o critério
que venha a favorecer determinado candidato. Assim, o quanto mais regrada for
a situação, tanto mais haverá segurança jurídica na condução do concurso'.

Fazendo análise novamente a partir do edital nº 14/13, vê que seu


item 6 dispõe o seguintes a respeito das provas:
6.1 Informações acerca dos métodos de aplicação, pontuação e avaliação de cada uma das
provas - Didática, Escrita, Prática (se houver), Defesa da Produção Intelectual e Exame de
Títulos e Trabalhos - encontram-se na Decisão nº 164/2013 do Conselho Universitário/UFRGS
(parte integrante deste Edital) e no endereço eletrônico http://www.ufrgs.br.

6.2 As Provas Escritas destes concursos terão a duração de 04 (quatro) horas, com consulta a
material bibliográfico durante a primeira hora de prova, e serão redigidas manuscritas e a
tinta.

6.3 É facultado à Comissão Examinadora, considerando as especificidades da área e o número


de candidatos presentes, decidir pela leitura silenciosa da Prova Escrita pelos membros da
Comissão Examinadora.

6.4 Os locais de realização das Provas serão divulgados no endereço eletrônico


http://www.ufrgs.br.

(...)

A remissão à Decisão CONSUN nº 164/13, embora não seja a


maneira mais clara de informar os interessados, não constitui ilegalidade, pois a
referida decisão está amplamente disponível no site da Universidade, inclusive
com link na página de acompanhamento do concurso.

Inclusive, exemplificativamente, pode-se novamente mencionar o


edital nº 5/13, do mais recente concurso para ingresso na carreira de Procurador
da República, e o edital de abertura do XVI concurso para o cargo de Juiz
Federal Substituto da 4º Região, os quais fazem remissão, respectivamente, à
Resolução nº 135/12 do Conselho Superior do Ministério Público Federal e à
Resolução nº 46/14 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que
regulamentam os concursos, sem que isso implique violação aos direitos dos
candidatos.

A questão a analisar, portanto, é se o regramento trazido na Decisão


CONSUN nº 164/13 é suficientemente claro para permitir que os candidatos
saibam quais serão as etapas do concurso.

Assim dispõe a Decisão, no que interessa:

CAPÍTULO IV

DAS MODALIDADES DE AVALIAÇÃO

Art. 14 - O Concurso abrangerá as seguintes fases e modalidades de avaliação:

I - Primeira Fase, composta por duas Modalidades de Avaliação, ambas eliminatórias: Prova
Escrita e Exame de Títulos e Trabalhos, às quais poderão se submeter todos os candidatos com
inscrição homologada, resguardado o que determina o Artigo 16;

II - Segunda Fase, à qual poderão se submeter somente os candidatos aprovados na Primeira


Fase, constante de:
a) Defesa da Produção Intelectual;

b) Provas de Conhecimento: Prova Didática, obrigatória, e Prova Prática, opcional, a critério


do Departamento.

§1º - A Defesa da Produção Intelectual, as Provas Escrita, Didática e, se aplicável, Prática,


serão realizadas em língua portuguesa, exceto deliberação em contrário por parte do
Departamento que realiza o Concurso, constando tal deliberação do Edital do Concurso.

§2º - As avaliações de que trata o inciso II deste Artigo serão realizadas na ordem estabelecida
pelo Departamento.

CAPÍTULO V

DA PRIMEIRA FASE DO CONCURSO

Art. 15 - A Primeira Fase terá os seguintes componentes, nesta ordem:

(i) Ato de Instalação do Concurso;

(ii) Realização da Prova Escrita;

(iii) Ato de Proclamação dos Resultados da Prova Escrita;

(iv) Realização do Exame de Títulos e Trabalhos;

(v) Ato de Proclamação dos Resultados do Exame de Títulos e Trabalhos;

(vi) Encerramento da Primeira Fase do Concurso e subsequente abertura da Segunda Fase do


Concurso.

Art. 16 - O Ato de Instalação do Concurso será presidido pelo Diretor da Unidade, seu
substituto legal ou pessoa designada pela Direção, na presença da Comissão Examinadora e
dos candidatos presentes, e constituir-se-á em:

I - investidura dos membros da Comissão Examinadora e de seu Presidente;

II - entrega, pelos candidatos, de cópia impressa de seu curriculum vitae documentado, do


título e resumo de sua Prova Didática e, caso o Concurso seja realizado para regime de
trabalho de Dedicação Exclusiva, de cópia impressa de seu Projeto de Pesquisa ou de
Extensão, cujas características serão divulgadas na página da UFRGS juntamente ao Edital do
Concurso;

III - organização das relações de pontos para a Prova Escrita e para a Prova Prática, se
houver, desmembrados dos Programas referidos no Art. 4º, inciso I, e não podendo ser
idênticos a esses, e sua apresentação aos candidatos;

IV - comunicação aos candidatos da decisão da Comissão Examinadora sobre a forma de


leitura da Prova Escrita;

V - oportunidade para manifestação, pelos candidatos, de objeções e reparos à relação de


pontos;
VI decisão soberana, pela Comissão Examinadora, sobre a reformulação da relação de pontos,
se couber;

VII - sorteio da ordem de apresentação dos candidatos nas provas públicas.

VIII - reformulação do cronograma da Primeira Fase em razão do número de candidatos


presentes, inclusive estabelecendo turnos de leitura da Prova Escrita se for o caso.

§1º - Não será permitida a participação, em quaisquer das fases do Concurso, de candidato que
não esteja presente no início do Ato de Instalação do Concurso.

§2º - O candidato que não entregar o curriculum vitae documentado, o título e resumo da
Prova Didática, bem como o Projeto de Pesquisa ou de Extensão (quando for o caso), no Ato
de Instalação do Concurso será excluído do certame; não será aceita complementação de
curriculum vitae ou anexação posterior de documentos comprobatórios.

§3º - O Ato de Instalação encerrar-se-á com leitura de ata pormenorizada, aprovada e


assinada pelos membros da Comissão Examinadora, que inclua observações e/ou
discordâncias manifestadas por escrito por qualquer membro da Comissão Examinadora e/ou
por qualquer candidato.

Art. 17 - A Prova Escrita será iniciada assim que for encerrado o Ato de Instalação ao qual
alude o Art. 16.

Art. 18 - A Prova Escrita será realizada obedecendo-se aos seguintes procedimentos:

I - da relação de pontos organizada pela Comissão Examinadora será sorteado um ponto único
para todos os candidatos, devendo o sorteio ser realizado de maneira pública;

II - a prova deverá ter início em um prazo não superior a 15 (quinze) minutos após o sorteio do
ponto e terá a duração de 4 (quatro) horas;

III - durante a primeira hora após o início da prova, será permitida a consulta a material
bibliográfico de domínio público, em papel, previamente aprovado pela Comissão
Examinadora;

IV - é facultado ao Departamento, considerando as especificidades da área, permitir a consulta


a material bibliográfico de domínio público, em papel, previamente aprovado pela Comissão
Examinadora, durante todo o período de realização da prova, devendo tal decisão constar
obrigatoriamente do Edital do Concurso;

V - no caso previsto no inciso III, as anotações efetuadas durante o período de consulta


poderão ser utilizadas no decorrer da prova, devendo ser feitas em papel rubricado pela
Comissão e anexadas ao texto final;

VI - a prova será redigida de forma manuscrita e à tinta ou em meio digital utilizando


equipamentos fornecidos pelo Departamento, a critério e por decisão desse Departamento,
devendo tal decisão constar obrigatoriamente do Edital do Concurso;

VII - as provas entregues pelos candidatos dentro do prazo estabelecido no inciso II serão
colocadas em envelopes individuais, lacrados e rubricados por todos os membros da Comissão
Examinadora e pelo respectivo candidato, permanecendo guardados sob a responsabilidade da
Direção da Unidade ou do Departamento que realiza o Concurso.
Parágrafo único - O horário de início e término da realização da Prova Escrita de cada
candidato deverá ser consignado em Ata.

Art. 19 - O julgamento da Prova Escrita pela Comissão Examinadora dar-se-á em sessão


pública para efeitos de sua avaliação e, para tanto, a Comissão Examinadora requisitará os
envelopes a quem os confiou, abrindo cada um a seu tempo, para que a prova seja
reprografada e dela seja fornecida uma cópia para cada um dos membros da Comissão
Examinadora, a fim de permitir o acompanhamento da leitura do texto.

Art. 20 - A leitura da prova Escrita será feita de forma sequencial pelos candidatos, um após o
outro, seguindo a ordem resultante do sorteio realizado no Ato de Instalação do Concurso,
conforme Art. 16, inciso VI.

§1º - A leitura da prova Escrita poderá ser organizada em turnos, sem prejuízo do disposto no
caput deste Artigo.

§2º - Os candidatos deverão estar presentes no início da sessão de leitura da Prova Escrita, ou
de seu respectivo turno de leitura se for o caso, conforme o cronograma estabelecido pela
Comissão Examinadora no Ato de Instalação do Concurso, conforme Art. 16, inciso VII; o
candidato deverá estar presente igualmente no momento de seu chamamento para proceder à
leitura de sua Prova Escrita.

§3º - Será atribuída a nota 0 (zero), na escala de 0 (zero) a 10 (dez), ao candidato ausente no
início da sessão de leitura da Prova Escrita, ou de seu respectivo turno de leitura se for o caso,
e ao candidato ausente no momento de seu chamamento para proceder à leitura de sua Prova
Escrita.

Art. 21 - É facultado à Comissão Examinadora, considerando as especificidades da área e o


número de candidatos presentes, decidir pela leitura silenciosa da Prova Escrita pelos
membros da Comissão Examinadora, devendo tal possibilidade constar obrigatoriamente do
Edital do Concurso.

Art. 22 - O horário de início e término da leitura da Prova Escrita de cada candidato deverá
ser consignado em Ata, mesmo que a leitura seja feita de forma silenciosa pela Comissão
Examinadora.

Parágrafo único - O horário de início e término da Prova Escrita deverá ser consignado em
Ata.

Art. 23 - Após a leitura da Prova Escrita de cada candidato, conforme estabelecido nos Artigos
19, 20, 21 e 22, cada examinador atribuirá o seu grau ao respectivo candidato, na escala de 0
(zero) a 10 (dez), na planilha Modelo A (Anexo I desta Decisão), datando-a, assinando-a e
colocando-a no envelope opaco previamente identificado com o nome do candidato e com a
modalidade de avaliação a que se refere; uma vez colocadas todas as planilhas no envelope,
este será lacrado e assinado pelos membros da Comissão Examinadora e pelo respectivo
candidato, de modo a assegurar o sigilo e a imutabilidade do grau atribuído.

Parágrafo único. Ficam assegurados o direito à presença do candidato e a comunicabilidade


entre os membros da Comissão Examinadora durante todo o processo de avaliação do
candidato nas provas a que se refere o caput deste Artigo.

Art. 24 - O Ato de Proclamação do Resultado da Prova Escrita ocorrerá em sessão pública


logo após a atribuição de graus da Prova Escrita do último candidato.
§1º - O Presidente da Comissão Examinadora procederá à abertura dos envelopes com as
planilhas Modelo A (Anexo I desta Decisão), solicitando que cada membro da Comissão
Examinadora proclame, em voz alta, cada grau conferido.

§2º - Os graus serão imediatamente lançados na planilha Modelo B (Anexo II desta Decisão),
para imediata realização dos cálculos pertinentes à nota final obtida pelo candidato.

§3º - A nota final de cada candidato será calculada pela média aritmética dos graus conferidos
pelos examinadores, calculada até a segunda decimal sem arredondamento.

§4º - A planilha Modelo B, previamente rubricada pelo Chefe do Departamento, deverá ser
assinada, após o cálculo da nota final, por todos os membros da Comissão Examinadora.

§5º - Os candidatos que não obtiverem nota igual ou superior a 7 (sete) serão eliminados do
certame e não participarão das demais modalidades de avaliação do concurso.

§6º - O Resultado da Prova Escrita será publicado no Mural de Avisos do Departamento logo
após o Ato de Proclamação do Resultado da Prova Escrita, para ciência dos candidatos.

Art. 25 - Será lavrada ata pormenorizada após o Ato de Proclamação do Resultado da Prova
Escrita, a qual especificará as horas de início e término do referido Ato.

Parágrafo único. O cronograma do Exame de Títulos e Trabalhos poderá ser readequado com
base na lista dos candidatos aprovados na Prova Escrita.

Art. 26 - O Exame de Títulos e Trabalhos será realizado em sessão não pública,


subsequentemente ao encerramento dos procedimentos de que trata o Art. 24.

Art. 27 - Admitir-se-ão como Títulos, conforme valores e indicadores listados no Anexo VII
destas Normas, o conjunto de documentos que demonstrem:

I - inserção na área de conhecimento do concurso, atividades administrativas e de atuação


profissional;

II - produção de conhecimento;

III - atividade acadêmica.

§1º - Os documentos comprobatórios de Mestrado e/ou de Doutorado obtidos em curso ou


programa nacional não credenciado ou estrangeiro deverão estar previamente revalidados ou
reconhecidos.

§2º - Cada membro da Comissão Examinadora preencherá, individualmente, a tabela de


Pontuação do Exame de Títulos e Trabalhos, datando-a e assinando-a.

§3º - Após a conclusão do Exame de Títulos e Trabalhos, cada examinador atribuirá o seu grau
a cada um dos candidatos, na escala de 0 (zero) a 10 (dez), na planilha Modelo C (Anexo III
desta Decisão), assinando-a e datando-a.

§4º - Após a atribuição dos graus, cada examinador colocará a planilha Modelo C, assinada e
datada, bem como as tabelas de Pontuação do Exame de Títulos e Trabalhos (Anexo VII desta
Decisão), assinadas e datadas, em envelope opaco a ser imediatamente identificado com o
nome do candidato e com a modalidade de avaliação a que se refere; uma vez colocadas todas
as planilhas no envelope, este será lacrado e assinado pelos membros da Comissão
Examinadora, de modo a assegurar o sigilo e a imutabilidade do grau atribuído.

Art. 28 - Será lavrada ata pormenorizada após o Exame de Títulos e Trabalhos, a qual
especificará as horas de início e término do referido Exame.

Art. 29 - O Ato de Proclamação do Resultado do Exame de Títulos e Trabalhos ocorrerá, em


sessão pública, conforme especificado no Cronograma do Concurso.

§1º - O Presidente da Comissão Examinadora procederá à abertura dos envelopes com as


planilhas Modelo C (Anexo III desta Decisão), solicitando que cada membro da Comissão
Examinadora proclame, em voz alta, cada grau conferido.

§2º - Os graus serão imediatamente lançados na planilha Modelo D (Anexo IV desta Decisão),
para imediata realização dos cálculos pertinentes à nota final obtida pelo candidato.

§3º - A nota final de cada candidato será calculada pela média aritmética dos graus conferidos
pelos examinadores, calculada até a segunda decimal sem arredondamento.

§4º - A planilha Modelo D, previamente rubricada pelo Chefe do Departamento, deverá ser
assinada, após o cálculo da nota final, por todos os membros da Comissão Examinadora.

Art. 30 - Considerar-se-ão aptos a progredirem à Segunda Fase do Concurso os candidatos que


tenham obtido nota final mínima 7 (sete), na escala de 0 (zero) a 10 (dez), na Prova Escrita e
no Exame de Títulos e Trabalhos.

§1º - Estarão eliminados do Concurso os candidatos que tenham obtido nota final menor do
que 7 (sete), na escala de 0 (zero) a 10 (dez) em qualquer uma das avaliações da Primeira Fase
(Prova Escrita e Exame de Títulos e Trabalhos).

§2º - A lista dos candidatos aptos a progredirem à Segunda Fase do Concurso será proclamada
pelo Presidente da Comissão Examinadora.

§3º - O cronograma da Segunda Fase do Concurso será imediatamente reformulado com base
na lista dos candidatos aptos a progredirem a esta Fase.

Art. 31 - A Primeira Fase do Concurso encerrar-se-á com leitura de ata pormenorizada,


aprovada e assinada pelos membros da Comissão Examinadora, que inclua observações e/ou
discordâncias manifestadas por escrito por qualquer membro da Comissão Examinadora e/ou
por qualquer candidato.

Parágrafo único. A lista dos candidatos aptos e o cronograma da Segunda Fase do Concurso,
ambos assinados por todos os membros da Comissão Examinadora, serão afixados no Mural de
Avisos do Departamento tão logo seja encerrado o Ato de Proclamação dos Resultados da
Primeira Fase do Concurso.

CAPÍTULO VI

DA SEGUNDA FASE DO CONCURSO

Art. 32 - A Segunda Fase do Concurso será realizada subsequentemente ao encerramento da


Primeira Fase à qual alude o Capítulo V destas Normas.
Parágrafo único. Será mantida a ordem dos candidatos resultante do sorteio a que se refere o
inciso VII do Art. 16 destas Normas, excluídos os candidatos não classificados na Primeira
Fase.

Art. 33 - A Defesa da Produção Intelectual, com duração máxima de 80 (oitenta) minutos,


realizar-se-á em sessão pública e será gravada para efeito de registro e avaliação, observado o
que segue:

I - exposição oral da produção intelectual do candidato e, se for o caso, de seu Projeto de


Pesquisa ou de Extensão, com duração máxima de 20 (vinte) minutos;

II - arguição de 10 (dez) minutos, no máximo, por examinador e tempo idêntico para a


manifestação do candidato.

§1º - A inobservância do tempo previsto no inciso I, para mais, afetará o grau a ser atribuído
ao candidato à razão de 0,10 (um décimo) ponto por minuto.

§2º - O horário de início e de término da Defesa da Produção Intelectual de cada candidato


deverá ser consignado em ata.

Art. 34 - A Prova Didática, em tema de livre escolha do candidato dentro do programa


estabelecido pelo Departamento, conforme inciso I do Artigo 4º destas Normas, será pública e
gravada para efeito de registro e avaliação, com duração de 45 (quarenta e cinco) a 55
(cinquenta e cinco) minutos.

§1º - A inobservância do tempo previsto no caput deste Artigo, para mais ou para menos,
afetará o grau a ser atribuído ao candidato à razão de 0,10 (um décimo) ponto por minuto.

§2º - O horário de início e de término da Prova Didática de cada candidato deverá ser
consignado em ata.

Art. 35 - A Prova Prática, quando houver, terá natureza, forma e duração estabelecidas pelo
Departamento e obedecerá ao disposto a seguir:

I - da relação de pontos específica organizada pela Comissão Examinadora será sorteado um


ponto para cada candidato, podendo haver reposição do ponto sorteado para sorteios
posteriores;

II - o tempo decorrido entre o sorteio do ponto e o início da prova deverá ser igual para todos
os candidatos;

III - se o Departamento assim o decidir, será dado um prazo de 30 (trinta) minutos para que
cada candidato redija um relatório escrito sobre o trabalho realizado;

IV - se a Prova Prática envolver apresentação oral, esta deverá ser gravada para efeito de
registro e avaliação.

Art. 36 - Após a conclusão de cada uma das Provas de Conhecimento e da Defesa de Produção
Intelectual de cada candidato, cada examinador atribuirá o seu grau ao respectivo candidato,
na escala de 0 (zero) a 10 (dez), na planilha Modelo E (Anexo V desta Decisão), datando-a,
assinando-a e colocando-a em envelope opaco a ser imediatamente identificado com o nome do
candidato e com a modalidade de avaliação a que se refere; uma vez colocadas todas as
planilhas no envelope, este será, lacrado e assinado pelos membros da Comissão Examinadora
e pelo respectivo candidato, de modo a assegurar o sigilo e a imutabilidade do grau atribuído.

Parágrafo único. Ficam assegurados o direito à presença do candidato e a comunicabilidade


entre os membros da comissão examinadora durante todo o processo de avaliação do
candidato nas provas a que se refere o caput deste Artigo.

Art. 37 - Após o encerramento de todos os procedimentos de cada uma das Provas de


Conhecimento e da Defesa da Produção Intelectual, será lavrada ata pormenorizada de todos
os fatos ocorridos durante a realização da Prova que inclua observações e/ou discordâncias
manifestadas por escrito por qualquer membro da Comissão Examinadora e/ou por qualquer
candidato, e que especifique as horas de início e término de cada Prova de cada candidato.

CAPÍTULO VII

DA HABILITAÇÃO

Art. 38 - Logo após a realização da última modalidade de avaliação da Segunda Fase do


Concurso, o Presidente da Comissão Examinadora procederá, em ato público, à abertura dos
envelopes com as planilhas Modelo E (Anexo V desta Decisão), solicitando que cada membro
da Comissão Examinadora proclame, em voz alta, o grau conferido.

§1º - Os graus da Segunda Fase serão lançados na planilha Modelo F (Anexo VI desta
Decisão), previamente rubricada pelo Chefe do Departamento, para imediata realização dos
cálculos pertinentes às notas finais obtidas pelos candidatos em cada uma das avaliações da
Segunda Fase.

§2º - Serão lançadas na planilha Modelo F (Anexo VI desta Decisão) também as notas finais
obtidas pelo candidato na Prova Escrita e no Exame de Títulos e Trabalhos (Primeira Fase).

§3º - Para cada uma das modalidades de avaliação abaixo especificadas, cada candidato terá
uma nota final, a qual será a média aritmética simples dos graus atribuídos pelos três
examinadores, calculada até a segunda decimal sem arredondamento:

I - Prova Escrita;

II - Exame de Títulos e Trabalhos;

III - Defesa da Produção Intelectual;

IV - Prova Didática;

V - Prova Prática, se houver.

§4º - A média final de cada candidato será calculada pela média aritmética das notas finais do
Exame de Títulos e Trabalhos, da Defesa da Produção Intelectual e das Provas referidas nos
incisos I, IV e V do §3º, calculada até a segunda decimal sem arredondamento.

§5º - Após o cálculo da média final, a planilha Modelo F (Anexo VI desta Decisão) deverá ser
assinada por todos os membros da Comissão Examinadora.
Art. 39 - Considerar-se-ão habilitados os candidatos que alcançarem média final mínima 7
(sete), na escala de 0 (zero) a 10 (dez), e não tiverem nota final 0 (zero) em nenhuma das
modalidades de avaliação realizadas.

Parágrafo único. Os candidatos que não comparecerem a uma ou mais das modalidades de
avaliação estarão automaticamente desclassificados, não sendo calculadas suas médias finais.

Art. 40 - Os candidatos habilitados serão classificados pela média final, em ordem decrescente,
de modo que o candidato com maior média ocupará o primeiro lugar.

A Decisão CONSUN nº 164/13 traz previsão pormenorizada das


diversas fases do concurso, a qual, somada às previsões constantes do edital,
permite, em princípio, que os candidatos tenham ciência do modo como
transcorrerá o certame.

Como se vê, os concursos compreendem uma primeira fase,


composta de prova escrita e de exame de títulos e trabalhos, e uma segunda fase,
composta de defesa da produção intelectual e de provas de conhecimento (estas
últimas englobando prova didática e, a critério do Departamento, prova prática)
(art. 14).

As provas da primeira fase são tanto classificatórias quanto


eliminatórias, sendo eliminados os candidatos com nota inferior a sete em
qualquer uma das avaliações (art. 30, § 1º).

O regramento da segunda fase não prevê nota mínima


especificamente para suas provas, mas o artigo 39 prevê que será eliminado o
candidato que receber nota zero em qualquer uma das provas, de modo que
também as provas da segunda fase são eliminatórias.

Por fim, também há a exigência de média final mínima de sete,


englobando todas as provas.

Entendo, a partir disso, que as informações prestadas aos


candidatos são suficientemente claras quanto às fases que compõem o concurso e
seu caráter classificatório e/ou eliminatório, de modo que não se justifica a
concessão da antecipação de tutela neste ponto.

3.2.11 Informações sobre eventual gravação das provas

Como já mencionado, os editais fazem remissão à Decisão


CONSUN nº 164/13, que regula os concursos para magistério superior da Ufrgs.
Conforme apontado pela Ufrgs no evento 14, tal decisão, em seus artigos 33, 34 e
35, IV, prevê expressamente que, nas provas que envolvem apresentação oral
(defesa de produção intelectual, prova didática e prova prática), haverá gravação,
'para efeito de registro e avaliação'. A afirmação não foi contestada pelo autor
no evento 22.
Logo, já havendo previsão expressa nesse sentido em ato normativo
da própria Ufrgs, e não havendo notícia de que a ré a descumpra, não vejo
necessidade de determinar a adoção de tal medida em sede de antecipação de
tutela.

3.2.12 Critérios de correção

Na inicial, o autor pede 'Indicação dos critérios objetivos a serem


utilizados para estabelecimento da pontuação das provas/fases do concurso
(escritas/didáticas, prática, de títulos e oral) e explicação detalhada da
metodologia utilizada para classificação, de maneira a impedir a manipulação
da contagem das provas e, com isso, comprometer a seriedade do certame'.

Quanto a isso, a ré, tratando do tema em conjunto com outras


questões suscitadas pelo autor, afirmou que 'As informações sobre as fases, as
provas e suas formas de realização, bem como a metodologia usada na
classificação encontram-se nos Editais e/ou na Decisão nº 164/2013 -
CONSUN/UFRGS' (evento 14).

Em resposta (evento 22), o autor afirmou que 'o regramento atual


não prevê a indicação dos critérios objetivos a serem utilizados para
estabelecimento da pontuação das provas/fases do concurso (escritas/didáticas,
prática, de títulos e oral) e explicação detalhada da metodologia utilizada para
classificação, de maneira a impedir a manipulação da contagem das provas e,
com isso, comprometer a seriedade do certame'.

Quanto à correção da prova escrita, a Decisão CONSUN nº


164/2013, em seu artigo 23, prevê que 'Após a leitura da Prova Escrita de cada
candidato, conforme estabelecido nos Artigos 19, 20, 21 e 22, cada examinador
atribuirá o seu grau ao respectivo candidato, na escala de 0 (zero) a 10 (dez), na
planilha Modelo A (Anexo I desta Decisão), datando-a, assinando-a e
colocando-a no envelope opaco previamente identificado com o nome do
candidato e com a modalidade de avaliação a que se refere; uma vez colocadas
todas as planilhas no envelope, este será lacrado e assinado pelos membros da
Comissão Examinadora e pelo respectivo candidato, de modo a assegurar o
sigilo e a imutabilidade do grau atribuído'. A referida planilha Modelo A, por
sua vez, apenas traz um campo denominado 'grau atribuído', sem
desmembramento de critérios.

Ao menos no várias vezes mencionado edital nº 13/14, não há


explicações adicionais sobre os critérios de correção da prova escrita. Pelo
contrário: o item 6.1 do edital prevê que 'Informações acerca dos métodos de
aplicação, pontuação e avaliação de cada uma das provas - Didática, Escrita,
Prática (se houver), Defesa da Produção Intelectual e Exame de Títulos e
Trabalhos - encontram-se na Decisão nº 164/2013 do Conselho Universitário
Ufrgs (parte integrante deste Edital) e no endereço eletrônico
http://www.ufrgs.br'.
Quanto à prova de títulos e trabalhos, a Decisão CONSUN nº
164/2013, em seu artigo 27, prevê que 'Cada membro da Comissão Examinadora
preencherá, individualmente, a tabela de Pontuação do Exame de Títulos e
Trabalhos, datando-a e assinando-a' e que 'Após a conclusão do Exame de
Títulos e Trabalhos, cada examinador atribuirá o seu grau a cada um dos
candidatos, na escala de 0 (zero) a 10 (dez), na planilha Modelo C (Anexo III
desta Decisão), assinando-a e datando-a'. A referida planilha Modelo C, assim
como a de Modelo A, apenas traz um campo, também denominado 'grau
atribuído'.

Quanto aos títulos que podem ser pontuados, o artigo 27, caput, faz
referência ao Anexo VII da decisão, que lista diversos títulos admitidos, sem,
todavia, especificar quantos pontos vale cada um. Segundo se lê no anexo VII, 'O
peso da tabela abaixo é atribuído pelo Departamento que está organizando o
Concurso Público'.

Analisando novamente a partir do edital nº 13/2014, vê-se que não


há, no corpo do edital, indicação da pontuação a ser atribuída a cada título.
Contudo, nas já referidas orientações que constam da página de acompanhamento
do concurso (tratadas no item 3.2.9), é informado com clareza quantos pontos
devem ser atribuídos a cada título e a cada trabalho.

Quanto à Defesa da Produção Intelectual, à Prova Didática e à


Prova Prática, a Decisão CONSUN nº 164/13 prevê, em seu artigo 36, que 'Após
a conclusão de cada uma das Provas de Conhecimento e da Defesa de Produção
Intelectual de cada candidato, cada examinador atribuirá o seu grau ao
respectivo candidato, na escala de 0 (zero) a 10 (dez), na planilha Modelo E
(Anexo V desta Decisão), datando-a, assinando-a e colocando-a em envelope
opaco a ser imediatamente identificado com o nome do candidato e com a
modalidade de avaliação a que se refere'. A referida planilha Modelo E, assim
como as de Modelo A e C, traz apenas um campo denominado 'grau atribuído'.

Como visto, portanto, não há - tanto na Decisão CONSUN nº


164/13 quanto nos atos específicos de cada concurso - previsão sobre os critérios
de avaliação da prova escrita e das três provas que compõem a segunda fase
(defesa de produção intelectual, prova didática e prova prática). Apenas a prova
de títulos e trabalhos tem os critérios de pontuação previamente especificados.

Diante de tal quadro, deve ser concedida a antecipação de tutela


neste ponto, uma vez que, conforme corretamente apontado pelo autor, o
estabelecimento de critérios objetivos para a correção das provas é de
fundamental importância para a garantia da lisura do concurso, pois permite que
haja efetivo controle da atuação da banca corretora.

3.2.13 Forma de realização das provas


Na inicial, o autor pede que os editais tragam 'Indicação da forma
de realização das provas escrita/didática, prática e oral e dos instrumentos que
vierem, eventualmente, a ser utilizados nessas formas de avaliação'.

Em sua manifestação (evento 14), tratando do tema junto com


outras questões suscitadas pelo autor, a Ufrgs afirmou que 'As informações sobre
as fases, as provas e suas formas de realização, bem como a metodologia usada
na classificação encontram-se nos Editais e/ou na Decisão nº 164/2013 -
CONSUN/UFRGS'.

O autor não tratou do tema em sua manifestação do evento 22.

Os termos em que o pedido foi formulado não deixam claro


exatamente qual informação o autor entende que estaria faltando nos editais dos
concursos. De todo modo, considerando que na acima transcrita Decisão
CONSUN nº 164/13 há regramento para realização das provas e que não há nos
autos informação de concurso que tenha sido realizado sem que os candidatos
pudessem saber a forma de realização das provas e os instrumentos de avaliação,
não vejo motivo para, em sede de antecipação de tutela, determinar a adoção da
medida pleiteada.

3.2.14 Ordem de realização das provas

O autor pede que os editais tragam 'Informação sobre a ordem de


realização das provas (escritas/didáticas, práticas e orais) e ordem de
participação dos candidatos nas provas'.

Em sua manifestação (evento 14), tratando do tema junto com


outras questões suscitadas pelo autor, a Ufrgs afirmou que 'As informações sobre
as fases, as provas e suas formas de realização, bem como a metodologia usada
na classificação encontram-se nos Editais e/ou na Decisão nº 164/2013 -
CONSUN/UFRGS'.

No evento 22, o autor, quanto à ordem de participação dos


candidatos, afirmou que 'não houve comprovação de regulamentação da ordem
de participação dos candidatos nas provas, de maneira que haja critério objetivo
a determinar quais candidatos serão submetidos a quais provas em qual
momento, o que é objeto de regulamentação em todos os concursos públicos,
desde aqueles de ingresso à Universidade, até os mais diversos concursos
públicos. Por outro lado, há determinação, pela Decisão Consun n.º 164/2013,
de utilização do critério do sorteio, quando a grande maioria dos concursos
públicos utiliza o critério alfabético, visto que estritamente objetivo'.

Quanto à ordem de realização das provas, conforme já visto acima,


há regramento claro na Decisão CONSUN nº 164/2013: há uma primeira fase,
composta de prova escrita e prova de títulos e trabalhos; e uma segunda fase,
composta de defesa de produção intelectual, prova didática e, se for o caso, prova
prática. É nesta ordem que as provas são realizadas.

Já quanto à ordem de participação dos candidatos nas provas, a


Decisão CONSUN nº 164/13 prevê 'sorteio da ordem de apresentação dos
candidatos nas provas públicas' (art. 16, VII).

Diferentemente do sustentado pelo autor, não verifico ilegalidade


na utilização de sorteio na definição da ordem de participação dos candidatos.
Primeiro, porque, ao menos à primeira vista, não se vislumbra vantagem ou
desvantagem em realizar a prova antes ou depois dos demais (o autor não indica
quais candidatos seriam beneficiados, se os primeiros ou os últimos). Segundo,
porque, supondo que haja alguma relevância na questão, a utilização de ordem
alfabética implicaria que os candidatos, a depender do nome, fossem sempre
beneficiados ou prejudicados, em todos concursos que realizassem.

Sendo assim, não tendo sido demonstrado que a ordem de


participação dos candidatos possa influenciar seu desempenho e não tendo sido
demonstrado que em algum momento a ré tenha manipulado os sorteios que
definem a ordem de participação, não vejo motivo, ao menos em sede de
antecipação de tutela, para determinar a adoção da providência pleiteada na
inicial.

3.2.15 Princípio da impessoalidade

O autor pede 'Determinação de aplicação do princípio da


impessoalidade nos casos de realização de provas escritas, não permitindo a
identificação dos candidatos'.

Em sua manifestação (evento 14), a ré afirmou que, 'em se tratando


de concurso para docente, o certame contém certas peculiaridades que o
diferenciam dos concursos em geral, que contemplam apenas provas objetivas e
dissertativas. Veja-se que, no concurso para docência, há provas, como a
Didática ou de Defesa da Produção Intelectual, cuja identificação é inevitável,
além da própria prova de Títulos e Trabalhos, que versa sobre documentos
pessoais. Ademais, a prova escrita, segundo o regulamento dos concursos (sendo
à época vigente a Resolução nº 439/09 e, atualmente, a Decisão nº 164/2013),
prevê sua leitura pelos próprios candidatos, o que também inviabiliza a não
identificação das provas (vide, a propósito, o art. 20, da Decisão CONSUN nº
164/2013)'. Apontou, ainda, que é assim que a maioria das instituições de ensino
procede em seus concursos.

Em resposta (evento 22), o autor disse que 'A prova escrita visa a
obter informações sobre a capacidade técnica do candidato em preencher os
requisitos necessários para o provimento da vaga de professor universitário, ou
seja, acessar seu conhecimento e, para tanto, não é necessária a exposição e
identificação dos titulares das provas escritas. A capacidade de falar em público,
em mostrar desenvoltura para dar aulas, por outro lado, pode ser aferida no
âmbito de uma prova oral, em uma prova de didática de aula, tornando, assim,
desnecessária a identificação do candidato que realiza a prova escrita. E, frise-
se, a garantia, o benefício será da própria Universidade Federal, dos
professores e alunos que estarão submetidos a um processo mais objetivo, mais
meritório, condizente com a envergadura da Instituição de Ensino'.

Analisando a questão, observo, inicialmente, que, quanto à prova


didática e à defesa de produção intelectual, não há controvérsia entre as partes,
pois o autor reconhece que tais provas, por sua natureza, implicam a
identificação dos candidatos.

A controvérsia se resume à prova escrita. Quanto a isso, de fato a


Decisão CONSUN nº 164/13 prevê que 'A leitura da prova Escrita será feita de
forma sequencial pelos candidatos, um após o outro, seguindo a ordem
resultante do sorteio realizado no Ato de Instalação do Concurso, conforme Art.
16, inciso VI' (art. 20, caput). Há ressalva, todavia, de que 'É facultado à
Comissão Examinadora, considerando as especificidades da área e o número de
candidatos presentes, decidir pela leitura silenciosa da Prova Escrita pelos
membros da Comissão Examinadora, devendo tal possibilidade constar
obrigatoriamente do Edital do Concurso' (art. 21).

Quanto a isso, entendo que não se sustenta a justificativa da


Universidade para impor a prévia identificação das provas escritas. Não foi
apontado pela Ufrgs qualquer motivo técnico que imponha a leitura das provas
pelos candidatos. Inclusive, como visto logo acima, a própria Decisão CONSUN
nº 164/13 permite que a comissão examinadora opte pela leitura silenciosa das
provas pelos próprios examinadores, o que permite concluir que, no que tange à
qualidade da correção, ambos os métodos são eficientes.

Além disso, o autor tem razão ao apontar que a capacidade de falar


em público dos candidatos é devidamente aferida na segunda fase do concurso,
que envolve defesa de produção intelectual, prova didática e prova prática. A
prova escrita, ao menos até onde se sabe, se destina a medir o conhecimento dos
candidatos sobre as disciplinas cobradas, para o que é irrelevante se a leitura é
feita em voz alta pelos candidatos ou em silêncio pelos membros da comissão.

Não há como acolher a argumentação da Ufrgs de que 'essa é a


forma pela qual a maioria das instituições procede em seus concursos. Mesmo
porque, em todas as outras provas os candidatos são identificados' (evento 14).
O fato de eventualmente outras instituições de ensino adotarem o mesmo
procedimento não torna o procedimento adotado pela Ufrgs imune ao controle de
sua legalidade pelo Poder Judiciário. Por sua vez, o fato de nas demais provas a
identificação ser inevitável não justifica que haja identificação também na prova
escrita, pois a impessoalidade deve ser assegurada na maior extensão possível,
somente sendo possível afastá-la no caso de a natureza da prova impor
absolutamente a identificação dos candidatos.
Portanto, a fim de assegurar a máxima observância possível do
princípio da impessoalidade, deverá ser assegurada pela Ufrgs a não identificação
das provas escritas dos candidatos. Para tanto, basta que a leitura das provas
escritas seja feita diretamente pelos membros da comissão examinadora,
conforme inclusive já é permitido pelo artigo 21 da Decisão CONSUN nº 164/13.

Sendo assim, deve ser concedida a antecipação de tutela neste


ponto.

3.2.16 Publicação do resultado final

Na inicial, o autor pede que os editais contenham 'Previsão de


publicação do resultado final do concurso e das notas de todos os candidatos,
indicando a forma e local em que se dará tal decisão'.

Em sua manifestação (evento 14), a ré afirmou que 'A indicação da


forma e do local em que serão divulgados os resultados dos concursos
encontram-se nos Editais dos Concursos e na Decisão nº 164/2013 -
CONSUN/UFRGS'. Para comprovar sua afirmação, transcreveu o item 9.6 do já
várias vezes mencionado edital nº 13/14, que prevê a publicação do resultado
final no Diário Oficial da União. Invocou também o artigo 43, § 4º, da Decisão
CONSUN nº 13/14, que prevê que 'Das decisões da Câmara de Graduação do
CEPE ou do Plenário do CEPE, quando for o caso, serão informados todos os
candidatos, através de Edital publicado no Diário Oficial da União e de
divulgação na página da Universidade'.

Em resposta (evento 22), o autor afirmou que 'não demonstrou a


UFRGS haver previsão de publicação do resultado final do concurso e das notas
de todos os candidatos, com indicação da forma e local em que se dará tal
decisão. Atualmente, há determinação de divulgação dos resultados, mas não há
indicação da forma como que se dará essa publicação, nem obrigatoriedade de
que sejam apresentadas as notas de todos os candidatos. A normatização
informa que haverá proclamação do resultado do concurso, situação que diverge
da publicação e divulgação dos resultados de todas as provas'.

Analisando a questão, constato que, como afirmado pelo autor, a ré


não demonstrou - e nem tentou demonstrar - que haja a publicação tanto do
resultado final quanto das notas de todos os candidatos. Além disso, pegando-se
por amostragem o concurso para Professor Adjunto A, na área de Odontologia,
regido pelo edital nº 09/13, vê-se que houve três inscrições homologadas, mas, na
divulgação do resultado da primeira fase, somente uma candidata foi considerada
aprovada. O ato que divulgou o resultado da primeira fase apenas trouxe o nome
da candidata aprovada, sem indicar sua nota e as notas dos candidatos
reprovados. Tais informações - que estão disponíveis na página de
acompanhamento do concurso no site da Universidade - corroboram as
afirmações do autor.
As notas de todos os candidatos devem ser divulgadas, em todas as
fases, tanto as dos que forem aprovados quanto as dos que forem reprovados, a
fim de permitir o controle da legalidade do certame pelos candidatos, pelo
Ministério Público e por outros eventuais interessados.

Portanto, deve ser concedida a antecipação de tutela neste ponto, a


fim de que a Ufrgs passe a divulgar as notas de todos os candidatos em todas as
fases do concurso.

Quanto ao meio de divulgação, a publicação em diário oficial e


no site da Universidade, conforme já vem sendo feito, parece, ao menos à
primeira vista, ser suficiente para assegurar a devida publicidade ao ato.

3.2.17 Recursos e vista das provas

Diversos itens do pedido de antecipação de tutela se imbricam,


razão pela qual passo a apreciá-los em conjunto.

Na inicial, o autor pede que os editais tragam 'Previsão de período


de vista das provas após a divulgação do resultado final do concurso, para
apresentação de recursos de revisão', 'Previsão de recursos para as provas
escritas/didáticas, práticas, orais e de títulos, indicando-se forma e
prazo', 'Previsão de prazos para interposição de recursos e impugnações nunca
inferiores a 10 (dez) dias, em razão do estipulado na Lei n.º 9.784/99, que
regulamenta o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal' e 'Indicação do órgão recursal para análise dos recursos a serem
interpostos'.

A primeira questão a ser resolvida é a do cabimento de recursos,


pois é prejudicial em relação às demais. Quanto a isso, a Decisão CONSUN nº
164/13, prevê, em seu artigo 44, que 'Das decisões da Câmara de Graduação do
CEPE caberá recurso, de parte legítima, somente ao Plenário do CEPE,
devendo ser interposto no prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar da publicação
do Edital de Resultado Final no Diário Oficial da União. O recurso terá efeito
suspensivo e deverá entrar em pauta para deliberação no Plenário no prazo
máximo de 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado, excepcionalmente, por
igual período'. Por sua vez, o artigo 45 prevê que 'Os Concursos de que tratam
estas Normas só ensejam recurso de nulidade'.

Não há indicação clara do que a Ufrgs entende que seria um


'recurso de nulidade'. Em princípio, qualquer ilegalidade praticada pela comissão
examinadora implicaria a nulidade do ato, de modo que a matéria a ser arguida
por meio de recurso seria tão ampla quanto possível. Não é isso, contudo, que
aparenta ocorrer na prática. Segundo informações prestadas pela Ufrgs no
inquérito civil público a partir do qual foi proposta a presente ação, 'não há
previsão de recurso de revisão das provas dos concursos' e 'não há previsão de
recursos para as provas didáticas, orais, práticas e escritas' (inicial, fl. 53).

Em sua manifestação (evento 14), a ré alegou inicialmente, que 'a


previsão de eventuais recursos, durante as outras fases do concurso, em especial
frente a provas didáticas ou de defesa de produção intelectual, por exemplo,
implicaria na discussão do próprio mérito administrativo, em relação ao qual é
vedado até mesmo ao Poder Judiciário eventual incursão, de modo que não se
trataria de permitir a discussão acerca de suposta ilegalidade, mas a mera
rediscussão de critérios de avaliação, já definidos previamente no edital'.

A argumentação não pode ser acolhida, pois a possibilidade de


interposição de recurso administrativo não implica avanço sobre as atribuições da
Administração. Pelo contrário: a possibilidade de interposição de recurso pelos
candidatos permite que a própria Administração reconheça e corrija eventual
equívoco, evitando a judicialização da questão.

Além disso, a ré também transcreveu informações da


Administração, no sentido de que 'A previsão de recurso durante a realização do
Concurso, após as provas escrita/didática/prática e avaliação de títulos,
inviabiliza a realização de qualquer Concurso docente. Isto porque tal
mecanismo implicará manter uma Comissão Examinadora altamente qualificada
imobilizada por tempo indeterminado exclusivamente para a análise do concurso
e no aguardo do desenlace de etapas intermediárias. Assinale-se que as
Comissões Examinadoras, majoritariamente externas à Universidade, obrigam
que os seus integrantes estejam apartados de suas atividades docentes e de
pesquisa em suas instituições de origem, o que é aceitável por tempo
determinado e finito. A perspectiva de verem-se imobilizados no decorrer de um
concurso docente, sem perspectiva concreta de tempo, será o suficiente para
inviabilizar - a curtíssimo prazo - a formação de Comissões Examinadoras para
concursos docentes nesta Universidade'.

De fato, os concursos para ingresso no magistério superior são


peculiares, pois a comissão examinadora é composta tanto por professores da
universidade que realiza o concurso quanto por professores convidados, de outras
universidades. Tal circunstância impõe que os atos do concurso sejam
concentrados, o que impede que se abra prazo para recurso entre uma fase e
outra. Isto, todavia, não é fundamento suficiente para que se cerceie o direito dos
candidatos a recorrerem das decisões da comissão examinadora.

Com efeito, o Decreto nº 6.944/09, em seu artigo 19, XXI, exige


que os editais de concursos contenham 'disposições sobre o processo de
elaboração, apresentação, julgamento, decisão e conhecimento do resultado de
recursos'. A norma não cria exceção para as universidades.

Portanto, cabe à Ufrgs providenciar uma maneira de assegurar o


direito à interposição de recurso contra as notas dos candidatos nas diversas
provas, compatibilizando-o com o procedimento peculiar dos concursos para
ingresso no magistério superior. Apenas ilustrativamente, é possível sugerir a
adoção de rito semelhante ao do pregão, regido pela Lei nº 10.520/02, que
também prevê a concentração de atos, com a possibilidade de manifestação
imediata do interesse em recorrer, com a posterior abertura de prazo para
apresentação de razões. Seria possível que o candidato reprovado na primeira
fase manifestasse sua intenção de recorrer, sendo-lhe permitido participar da
segunda fase, ficando o aproveitamento de sua nota na segunda fase
condicionado ao posterior acolhimento de seu recurso contra sua nota da primeira
fase. Tal sistemática, imagina-se, não causaria transtornos à Administração, até
porque o número de candidatos em tais concursos não costuma ser alto. Todavia,
é importante frisar que não se está aqui determinando que a Universidade
necessariamente proceda dessa forma. É possível que a ré pense em outra
maneira para garantir a possibilidade de interposição de recursos administrativos.
O que é ilegítimo é o cerceamento ao direito de recorrer administrativamente. Por
consequência, deve haver um órgão para julgar os recursos interpostos, ficando
sua definição a cargo da Ufrgs.

Assim como é necessário que a ré permita a interposição de


recursos, também é necessário, por consequência, que seja dada vista das provas
aos candidatos, para que possam elaborar suas razões recursais. Do contrário,
restaria igualmente violado o devido processo legal, pois as condições em que os
candidatos teriam de redigir seus recursos seriam tão adversas que o direito de
recorrer se tornaria verdadeiramente inócuo. A ré não se manifestou sobre o
ponto em sua petição do evento 14. Todavia, considerando que não há previsão
nesse sentido na Decisão CONSUN nº 164/13, imagina-se que a Ufrgs não adote
a prática de dar vista das provas aos candidatos, razão pela qual a antecipação de
tutela deve ser concedida neste ponto.

Quanto ao prazo para recursos, o autor entende que, à falta de


previsão legal em sentido contrário, deve ser de dez dias, nos termos do artigo 59
caput, da Lei nº 9.784/99 ('Salvo disposição legal específica, é de dez dias o
prazo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência
ou divulgação oficial da decisão recorrida').

A ré, por sua vez, defende a utilização do prazo de cinco dias úteis,
previsto no artigo 44 da Decisão CONSUN º 164/13 para o já mencionado
'recurso de nulidade'. Sustenta, ao tratar de concurso regido pela Decisão
CONSUN nº 439/09 (anterior à Decisão nº 164/13), que, 'no caso em comento, a
teor do contido no art. 19, XXI, do Decreto nº 6944/092, é remetido ao edital o
regramento de julgamento, decisão e recursos, havendo normatização do tema
pela então vigente Decisão CONSUN nº 439/2009, que tratava especificamente
dos concursos para provimento dos cargos de professor Auxiliar, Assistente e
Adjunto, na Universidade'.

Quanto a isso, independente da discussão a respeito da


possibilidade de edital de concurso prever prazo inferior ao do artigo 59 da Lei nº
9.784/99, entendo que a parte autora não demonstrou a presença da urgência
necessária para que a questão seja tratada em sede de antecipação de tutela.

Exemplificativamente, observo que a já várias vezes citada


Resolução nº 135/11, do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que
regeu o último concurso para ingresso na carreira de Procurador da República,
prevê prazo de três dias para interposição de recurso contra as diversas provas e
contra o resultado final (art. 60). Por sua vez, a Resolução nº 46/14, do TRF da 4ª
Região, que rege o atual concurso para ingresso na carreira de Juiz Federal
Substituto, prevê prazo ainda mais exíguo, de dois dias, para interposição de
recurso contra o resultado das diversas fases (art. 69).

Conclui-se, a partir disso, que, independente do acerto das teses


sustentadas por cada uma das partes, é certo que é possível realizar um concurso
com lisura estabelecendo prazo para recurso inferior a dez dias, razão pela qual
não há necessidade de o tema ser tratado em sede de antecipação de tutela.

Portanto, encerrando o tópico, deve ser concedida a antecipação de


tutela parcialmente neste ponto, para que a ré passe a assegurar aos candidatos o
direito a ter vista das provas e a interpor recursos contra o resultado das diversas
fases do concurso, a serem apreciados por órgão a ser definido pela
Universidade.

3.2.18 Previsão para divulgação do resultado final

Quanto a isso, a ré limitou-se a remeter aos artigos 42 e 43 da


Decisão CONSUN nº 164/13, que traz o cronograma de atos para divulgação dos
resultados, mas não impõe que o edital traga uma data prevista para que os
resultados sejam divulgados.

Constato, todavia, que não há obrigatoriedade de que o edital traga


uma data provável para a divulgação do resultado. O artigo 19 do Decreto nº
6.944/09 não traz tal exigência. Além disso, mesmo nos concursos que trazem tal
data, trata-se de mera previsão, pois não há como saber antecipadamente quanto
tempo transcorrerá entre cada ato.

Logo, considerando tanto a ausência de previsão legal quanto a não


demonstração de eventual risco de prejuízo a que os candidatos estejam sujeitos,
não vejo motivo para, ao menos em sede de antecipação de tutela, determinar a
adoção de tal medida.

3.2.19 Integrantes da banca examinadora

O autor pede que os editais tragam a indicação dos integrantes da


banca examinadora. Em sua manifestação (evento 14), a ré invocou o artigo 10
da Decisão CONSUN nº 164/13, segundo o qual 'A Pró-Reitoria de Gestão de
Pessoas dará conhecimento, mediante Edital, da composição da Comissão
Examinadora, tendo os candidatos devidamente inscritos o prazo de 5 (cinco)
dias úteis, a contar da data de publicação do Edital na página da Universidade,
para arguir o impedimento ou a suspeição de qualquer membro titular ou
suplente da Comissão Examinadora, ou a composição da mesma, se constituída
em desacordo com as normas deste Capítulo'.

Em resposta (evento 22), o autor disse que 'não houve


regulamentação quanto à prévia indicação dos integrantes da Banca ou
Comissão Examinadora, devendo, contudo, constar essa informação, desde a
publicação do edital, inclusive para possibilitar que eventuais impugnações
sejam apresentadas pelos candidatos e para averiguação de possível situação de
impedimento em relação aos integrantes da Banca e/ou participantes do
certame'.

Analisando-se por amostragem a partir do Edital nº 13/14, vê-se


que, conforme apontado pelo autor, de fato não há no edital indicação dos
componentes das bancas examinadoras para cada cargo. A informação, contudo,
foi posteriormente publicada na página de acompanhamento do concurso
no site da Universidade, em que foram publicados os editais que indicaram os
componentes de cada banca examinadora, com abertura de prazo para
impugnação.

Diante desse quadro, concluo que, embora talvez o ideal fosse que a
composição das bancas constasse do próprio edital do certame, é certo que foi
dada a devida publicidade à informação, antes da realização das provas, com a
possibilidade de impugnação da banca pelos candidatos.

Sendo assim, não verifico, ao menos em sede de antecipação de


tutela, necessidade de determinar que a Universidade passe a proceder de modo
diferente.

3.2.20 Critérios de escolha da comissão examinadora

O autor pede que a ré acrescente à regulamentação dos concursos


'Previsão de critérios objetivos para a escolha e formação das Comissões
Examinadoras dos concursos, tanto no que diz respeito a professores vinculados
à Universidade Federal, quanto a professores vinculados a outras Instituições de
Ensino'.

Em sua manifestação (evento 14), a ré invocou os artigos 5º e 6º da


Decisão CONSUN nº 164/13, que dispõem o seguinte a respeito do tema:

Art. 5º - A Comissão Examinadora do Concurso, designada pelo Reitor e escolhida pelo


Conselho da Unidade a partir de uma lista de cinco professores indicados pelo Departamento,
que possuam título de Doutor e experiência na área, será composta por 2 (dois) professores em
exercício no Magistério Superior, não vinculados à Universidade Federal do Rio Grande do
Sul ou, se pertinente à área do Concurso, pesquisadores da carreira de pesquisa em ciência e
tecnologia da administração federal direta definida pela Lei nº 8.691/93, e 1 (um) Professor
Titular ou Associado, que possua título de Doutor e experiência na área, vinculado ao
Departamento interessado, que presidirá a Comissão Examinadora.

§1º - No caso de haver impossibilidade de ser indicado pelo Departamento professor doutor em
exercício no Magistério Superior não vinculado à UFRGS, admitir-se-á sua substituição, desde
que fundamentada junto ao Conselho da Unidade e atendidas as demais exigências, por
professor doutor aposentado no Magistério Superior, não vinculado à UFRGS.

§2º - Na impossibilidade de ser indicado, pelo Departamento, Professor Titular ou Associado a


ele vinculado, admitir-se-á sua substituição, desde que fundamentada junto ao Conselho da
Unidade e guardando-se a ordem de preferência por:

I - Professor Titular ou Associado aposentado do Departamento interessado que possua título


de Doutor e experiência na área;

II - Professor Titular ou Associado em exercício lotado em outro Departamento da


Universidade, de área afim, detentor do título de Doutor.

Art. 6º - A Comissão Examinadora terá como suplentes:

I - 1 (um) professor doutor Titular ou Associado vinculado à UFRGS, para o caso de


substituição de membro titular vinculado à UFRGS, e 1 (um) professor doutor não vinculado,
para o caso de substituição de membro titular não vinculado à UFRGS.

Em resposta (evento 22), o autor afirmou que 'não demonstrou a


Universidade Federal do Rio Grande do Sul haver previsão de critérios objetivos
para a escolha e formação das Comissões Examinadoras dos concursos, tanto
no que diz respeito a professores vinculados à Universidade Federal, quanto a
professores vinculados a outras Instituições de Ensino, tendo, inclusive,
questionado esse ponto em sua manifestação'.

Entretanto, entendo, diferentemente do autor, que a normatização já


existente é suficiente no que tange aos requisitos para escolha dos componentes
da banca examinadora. A Decisão CONSUN nº 164/13, como visto acima, já traz
em seus artigos 5º e 6º, os requisitos para que um professor possa ser escolhido
para compor a banca examinadora.

É certo que não se trata de critérios objetivos no sentido de


permitirem que a composição da banca possa ser deduzida por meio de mero
raciocínio lógico, mas tal grau de objetividade aparenta ser impossível em tarefa
como essa, uma vez que, inevitavelmente, será levado em conta o grau de
prestígio que os possíveis componentes detém junto ao Conselho da Unidade e
ao Departamento (órgãos responsáveis pela escolha).

Caso entendesse ser possível a fixação de critérios objetivos para


escolha dos componentes das bancas, caberia ao autor informar quais critérios
seriam esses, a fim de que, eventualmente, seu pedido pudesse ser acolhido.
Todavia, não tendo o autor tomado tal providência, reputam-se suficientes os
critérios já estabelecidos pela Ufrgs, razão pela qual a antecipação de tutela deve
ser indeferida neste ponto.
3.2.21 Composição da banca e princípio da impessoalidade

O autor pede a 'Previsão de critérios objetivos para proibição de


participação de Membros de Banca Comissão Examinadora, a fim de que, em
observância ao Princípio da Impessoalidade, sejam vedadas participações de
examinadores que tenham mantido contato prévio com candidatos e/ou seus
familiares, na condição de professores, orientadores, preceptores, colegas de
Departamento, coatores e/ou colaboradores em produção científica'. Afirma que
'É bastante comum que ex-orientandos, ex-residentes (quando se tratar de curso
de Medicina), ex-monitores, venham a prestar concurso perante antigos
orientadores, preceptores ou professores, o que inviabiliza a aplicação do
principio da impessoalidade, visto que as relações pessoais estabelecidas
durante o período de formação dos candidatos ao concurso, perante integrante
de Banca Examinadora, são indeléveis e serão, inevitavelmente, consideradas
por ocasião do concurso que vier a ser realizado. Nessas circunstâncias, fatores
pessoais acabam por favorecer a uns, em detrimento de outros, inclusive criando
grupos restritos de candidatos da Instituição, o que acaba por impedir que
pessoas sem vínculos, sem amizades, sem 'pessoas conhecidas' no ambiente
universitário possam ter alguma chance de êxito ou sucesso nos concursos
públicos para magistério superior'.

Em sua manifestação, a Ufrgs apontou que o artigo 8 º da Decisão


CONSUN nº 164/13 já veda a indicação para integrar a comissão examinadora
'de pessoa que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos
candidatos ou com os respectivos cônjuges, companheiro(a)s, parentes e afins
até o 3º grau'. Afirmou que 'é consabido que num ambiente de convivência
profissional ou acadêmica, quer entre professores ou destes com seus alunos em
pós-graduação, é natural, por exemplo, a publicação de artigos científicos
conjuntos, sem que decorra de tal fato, eventual amizade íntima, em especial a
ponto de comprometer a lisura da avaliação, como sugere a Inicial, de modo
que, na ausência de comprovação específica acerca do comprometimento da
isenção, no caso concreto, é de ser afastada a vislumbrada ofensa ao princípio
da impessoalidade, no certame em apreço'. Alegou, ainda, que, o acolhimento do
entendimento do autor 'simplesmente inviabilizaria a realização de certames
seletivos de docentes de nível superior, eis que dificilmente se terá, no âmbito
acadêmico, dentre os candidatos que ostentem titulação de doutorado ou
mestrado, na área específica do concurso, alguém que nunca teve qualquer
artigo científico publicado com professores, por vezes integrante da Banca, o
que, com a devida vênia, não enseja comprometimento na lisura do avaliado'.

Em resposta (evento 22), o autor sustentou que 'o número de


profissionais com formação qualificada, nas mais variadas áreas do
conhecimento, vem aumentando significativamente, assim como as Instituições
de Ensino, não sendo crível que haja impossibilidade de composição de uma
Banca para seleção de concurso de professor da qual não constem pessoas com
prévias relações profissionais e/ou de amizade, ante a já referida prática e
possibilidade de convite e participação de Membros de outras Instituições de
Ensino'.

Entendo, contudo, que a afirmação do autor, ao menos neste


momento anterior à instrução, carece de comprovação empírica. Segundo afirma
a ré, em algumas áreas do conhecimento a quantidade de professores altamente
qualificados é pequena, o que dificulta que os integrantes da comissão
examinadora jamais tenham tido qualquer contato acadêmico com quaisquer dos
candidatos. A afirmação é verossímil, e precisaria de prova em sentido contrário
para ser afastada.

Não há como acolher a sugestão do autor de que 'É possível que a


Universidade mantenha contato com outras Instituições de Ensino de Porto
Alegre, do interior do Estado e de outros Estados, inclusive, como já ocorre para
escolha de Bancas, buscando soluções que vedem o subjetivismo e que permitam
que situações que a Constituição proíbe venham a ocorrer no ambiente
Universitário'. Tal medida possivelmente implicaria a realização do concurso
sem a participação, na comissão examinadora, de qualquer professor integrante
dos quadros da Ufrgs, uma vez que é altamente provável que algum ex-aluno
participe do concurso, o que não se afigura salutar, pois é interessante que haja
na comissão ao menos um integrante que conheça o dia-a-dia e as necessidades
do Departamento responsável pelo concurso - o qual, nos termos da Decisão
CONSUN nº 164/13, é o responsável por presidir a comissão. Seria até mesmo
temerário deixar-se a presidência da comissão a cargo de um professor estranho à
Ufrgs (e, provavelmente, estranho a todo o ambiente acadêmico do Estado do
Rio Grande do Sul), devido à evidente falta de intimidade com o regramento dos
concursos da Universidade.

A partir disso, concluo que se afigura suficiente o regramento do já


citado artigo 8º da Decisão CONSUN nº 164/13, que veda a indicação para
integrar a comissão examinadora 'de pessoa que tenha amizade íntima ou
inimizade notória com algum dos candidatos ou com os respectivos cônjuges,
companheiro(a)s, parentes e afins até o 3º grau'. Eventual amizade íntima entre
um integrante da comissão examinadora e um candidato - que não pode ser
presumida pelo simples fato de em algum momento do passado terem tido
contato acadêmico - pode ser arguida e demonstrada diante do caso concreto.

Sendo assim, ressalvando a possibilidade de, ao longo da instrução,


o autor demonstrar que é possível, sem comprometimento da qualidade e da
celeridade do certame, a composição de bancas formadas unicamente por
professores sem qualquer contato acadêmico prévio com os candidatos, entendo
que, ao menos em sede de antecipação de tutela, não é o caso de impor à ré a
medida pleiteada na petição inicial, sob pena de tornar demasiadamente difícil a
realização de concursos para a admissão de professores.

3.2.22 Impugnação dos membros da comissão


O autor pede que seja estabelecida 'possibilidade de impugnação
dos integrantes da Banca ou Comissão Examinadora, indicando-se forma e
prazo'.

Todavia, como já exposto anteriormente, o artigo 10 da Decisão


CONSUN nº 164/13 já dispõe que 'A Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas dará
conhecimento, mediante Edital, da composição da Comissão Examinadora,
tendo os candidatos devidamente inscritos o prazo de 5 (cinco) dias úteis, a
contar da data de publicação do Edital na página da Universidade, para arguir
o impedimento ou a suspeição de qualquer membro titular ou suplente da
Comissão Examinadora, ou a composição da mesma, se constituída em
desacordo com as normas deste Capítulo'.

O autor não afirmou que tal regulamentação esteja sendo


descumprida. Portanto, não há motivo para conceder a antecipação de tutela neste
ponto.

4. Conclusão

Ante o exposto, concedo em parte a antecipação de tutela e


determino à ré que altere as normas que regem seus concursos para admissão de
professores, a fim de incluir as seguintes disposições:

- impedimento da identificação dos candidatos nas provas escritas;

- estabelecimento de critérios objetivos para a correção da prova


escrita, da defesa de produção intelectual e das provas de conhecimento;

- possibilidade de interposição de recursos contra as notas de todas


as fases do concurso;

- disponibilização de vista das provas para os candidatos;

- publicação das notas de todos os candidatos e do resultado final.

Conforme requerido na inicial, concedo à ré o prazo de noventa


dias para providenciar a adequação de suas normas que regem os concursos. Para
o caso de descumprimento da tutela fixo desde já multa diária de R$200,00, que
incidirá imediatamente após o término do prazo de noventa dias, no caso de
comprovado descumprimento injustificado da tutela.

Ressalvo que, ao menos por ora, a antecipação de tutela concedida


se limita à determinação de regulamentação, sem atingir em concreto qualquer
concurso em andamento. Seria temerário ampliar demasiadamente o alcance da
decisão, pois não se tem informação nos autos a respeito de quantos concursos
estão em andamento e de em que fase eles estão.
O pedido de determinação de realização de concurso para as vagas
em aberto no prazo de cento e oitenta dias será apreciado posteriormente, após a
ré providenciar a nova regulamentação.

Conforme requerido no item b do rol de pedidos da inicial,


determino à ré que, no prazo da contestação, traga aos autos listagem atualizada
dos concursos públicos para provimento de vagas de professor que estiverem em
andamento e de todos os cargos de professor abertos há mais de cento e oitenta
dias.

Intimem-se as partes desta decisão, sendo a ré com urgência.

Sem prejuízo, citem-se a ré e os litisconsortes passivos.

Porto Alegre, 21 de julho de 2014.

Francisco Donizete Gomes


Juiz Federal Titular

Documento eletrônico assinado por Francisco Donizete Gomes, Juiz Federal Titular,
na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução
TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do
documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 11301649v14 e, se solicitado, do código CRC 451D07D1.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Francisco Donizete Gomes
Data e Hora: 21/07/2014 15:38

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