ARANHAS DO GÊNERO Loxosceles - CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE
ARANHAS DO GÊNERO Loxosceles - CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE
ARANHAS DO GÊNERO Loxosceles - CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE
CURITIBA
2001
i
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................................. v
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 1
1.1. Aspectos gerais........................................................................................ 1
1.2. O Gênero Loxosceles............................................................................... 2
1.2.1. Estudos Citogenéticos no Gênero Loxosceles........................... 7
2. OBJETIVOS..................................................................................................... 8
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 9
3.1. Coleta do Material..................................................................................... 9
3.2. Obtenção Cromossômica........................................................................ 9
3.3. Coloração Convencional.......................................................................... 10
3.4. Bandeamento C......................................................................................... 10
3.5. Análise do Material................................................................................... 11
3.6. Fotomicrografias....................................................................................... 11
4. RESULTADOS................................................................................................. 12
4.1. Loxosceles intermedia Mello-Leitão, 1934............................................. 13
4.1.1. Coloração convencional................................................................ 13
4.1.2. Bandeamento C............................................................................... 16
4.2. Loxosceles laeta Nicolet, 1849................................................................ 17
4.2.1. Coloração convencional................................................................ 17
4.2.2. Bandeamento C............................................................................... 19
5. DISCUSSÃO..................................................................................................... 22
6. CONCLUSÕES................................................................................................. 24
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 25
v
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
As aranhas estão incluídas na ordem Araneae, que é uma das mais amplas
dentro da classe Arachnida, pois inclui de 35 a 38.000 espécies conhecidas em nível
taxonômico (BARNES & RUPPERT, 1996). Provavelmente surgiram há 400 milhões
de anos atrás e no período Paleozóico alcançaram um grande desenvolvimento.
Habitam praticamente toda a Terra, incluindo algumas ilhas do Ártico, sendo
que no Brasil estão registradas cerca de 4.000 espécies, mas as estimativas
sugerem que esse número pode ser de 10.000 (BRESCOVIT, 1999).
Todas as aranhas conhecidas são predadoras e alimentam-se principalmente
de insetos, podendo capturar também pequenos vertebrados. O corpo é dividido em
duas partes: prossoma (cefalotórax), onde estão situadas quatro pares de pernas, e
opistossoma (abdome arredondado) (BARNES & RUPPERT, 1996). As aranhas são
muito importantes no ecossistema pois são predadoras capazes de regular a
população de outros artrópodes, principalmente insetos, que quando em grande
número, podem se tornar pragas.
A ordem Araneae divide-se em três subordens (Kaston, 1972; Pielou, 1979;
Coddington & Levi, 1991, apud OLIVEIRA, 1998): Araneomorphae, com 90 famílias,
possuindo 2.700 gêneros e 35.000 espécies, cujos representantes ocorrem em
quase todas as regiões biogeográficas; Mygalomorphae, com 15 famílias, incluindo
aproximadamente 260 gêneros e 2.200 espécies, sendo que a maioria dessas é da
Região Neotropical, Paleotropical e Australiana; Mesothelae, com uma única família,
Liphistiidae, contendo dois gêneros e cerca de 40 espécies, as quais ocorrem
principalmente na Região Paleártica e Oriental.
Em relação às aranhas de interesse médico, os primeiros relatos de acidentes
humanos causados por aranhas datam do século XVIII. O número conhecido de
espécies venenosas, em todo o mundo, não ultrapassa a 30 e estão distribuídas nos
gêneros Phoneutria (Ctenidae), conhecidas como aranha armadeira ou aranha das
bananas, Loxosceles (Sicariidae), denominadas popularmente como aranhas
marrons, Lycosa (Lycosidae), as aranhas de jardim, e Latrodectus (Theridiidae), as
viúvas-negras ou flamenguinhas. Espécies não pertencentes aos grupos citados
acima podem picar, porém geralmente a conseqüência é apenas uma dor local.
2
sendo que duas delas (L. intermedia e L. laeta) estão presentes em Curitiba e região
metropolitana.
Elas são denominadas popularmente de “aranha marrom” e, até meados da
década de 30, eram consideradas inofensivas ao homem. No entanto, o seu veneno
é considerado um dos mais ativos sobre o organismo humano, podendo provocar,
inclusive, morte em vítimas que apresentam um certo quadro de subnutrição ou que
demorem a serem medicadas.
No Peru, a espécie L. laeta é a causadora de inúmeros acidentes, muitas
vezes fatais (SCHENONE et al., 1989), ao passo que Curitiba está entre as cidades
com os maiores índices de acidentes loxoscélicos no Brasil, com um total de 100
casos em 1989 e mais de 1000 em 1992, conforme é mostrado na série Cadernos
de Saúde, da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (1993).
No aspecto epidemiológico, Curitiba destaca-se por apresentar ampla
disseminação de aranha-marrom com predominância intradomiciliar, pois são
encontradas freqüentemente sob tijolos, telhas, madeiras, entulhos, atrás de
quadros e fendas das paredes.
Os acidentes correspondem em maior número aos causados por L.
intermedia e, em menor freqüência, por L. laeta (RIBEIRO et al., 1991). A espécie L.
intermedia (Fig. 1) é caracterizada principalmente por apresentar coloração marrom-
avermelhada e abdome oval com tonalidade cinza-esverdeado (FISCHER, 1996). Já
L. laeta (Fig. 2) caracteriza-se por apresentar um cefalotórax de coloração marrom-
pálida, um pouco mais claro que o da outra espécie, sendo as características do
abdome idênticas às da espécie anterior. Para ambas, a reação da picada é indolor
e o acidente ocorre quando a aranha é comprimida contra o corpo do indivíduo. A
ação do veneno é proteolítica e hemolítica, causando necrose local, edema,
hemorragias, complicações renais e, raras vezes, podendo levar o indivíduo à morte.
No Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná estão
sendo desenvolvidos vários projetos visando compreender melhor não só a biologia,
como a biodiversidade de suas espécies e o comportamento destas aranhas, além
de verificarem os efeitos deste veneno para fins medicinais. Entre estes, destacam-
se o trabalho de SANTOS FILHO (2000) que sugere um efeito deletério sobre o
endotélio dos vasos sangüíneos e o de SOUZA et al. (1998), inferindo que este
veneno pode causar em suas vítimas, uma degradação parcial das moléculas de
entactina e uma atividade de rompimento da membrana basal, que são propostas
4
2. OBJETIVOS
3. MATERIAL E MÉTODOS
a) A partir de testículos:
b) A partir de embriões:
♦ Corar as lâminas com uma solução de Giemsa a 3%, em tampão fosfato (pH=
6,8), durante 7 minutos, à temperatura de 22°C aproximadamente;
♦ Lavar em água destilada e secar ao ar.
3.4. Bandeamento C
♦ Tratar a lâmina feita no dia, com solução de ácido clorídrico (0,2N) durante 2
minutos à temperatura de 43 a 45°C;
♦ Lavar com água destilada e secá-la ao ar;
♦ Colocar a lâmina, já seca, em solução de hidróxido de bário a 5% durante 15
segundos, à temperatura de 43 a 45°C;
♦ Lavar a lâmina em água destilada com jatos fortes;
♦ Colocar a lâmina em solução salina de 2XSSC, durante 15 minutos, à
temperatura de 60-65°C;
♦ Lavar a lâmina várias vezes com água destilada e secá-la;
♦ Submeter a lâmina à coloração com Giemsa conforme descrito no item anterior
com 7 minutos no corante.
3.6. Fotomicrografias
4. RESULTADOS
4.1.2. Bandeamento C
4.2.2. Bandeamento C
♂♂ ♀♀ (Diplóteno)
5. DISCUSSÃO
com subseqüente fusão cêntrica de um dos braços deste elemento com o X1,
originando o NeoX1 e fusão cêntrica do outro braço deste mesmo cromossomo
autossômico com o X2, originando o NeoX2. O homólogo do cromossomo
autossômico que sofreu fissão cêntrica, constituiria o NeoY, sendo seu tamanho
reduzido explicado pela ocorrência de heterocromizações seguidas de deleções.
Tanto em L. intermedia quanto em L. laeta, foram observados dez bivalentes
e um trivalente em células meióticas, confirmando o sistema cromossômico sexual
múltiplo como sendo do tipo X1X2Y nos machos e X1X1X2X2 nas fêmeas. Estes
dados coincidem com os achados de OLIVEIRA (1998) não só em relação às duas
espécies como também para L. gaucho.
A presença de blocos heterocromáticos conspícuos em poucos cromossomos
de L. intermedia e em todos os de L. laeta constitui-se em uma diferença citológica
importante que poderá ser útil na identificação taxonômica do grupo. Com relação ao
Y, em ambas este cromossomo é fortemente marcado. A morfologia idêntica –
metacêntrica –, seu tamanho reduzido, associados ao padrão de bandeamento C,
sugerem uma origem comum, ou seja, representam, possivelmente, um caráter
sinapomórfico na história evolutiva destas duas espécies.
Os dados referentes ao padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva
aqui apresentados são inéditos para o gênero tendo em vista o não relato destes
achados na literatura. Seria interessante que a análise do bandeamento C fosse
estendida às demais espécies do gênero, para verificar se há, de fato, uma
diferenciação cariotípica entre as espécies, o que contribuiria à uma melhor
caracterização taxonômica do grupo.
24
6. CONCLUSÕES
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARNES, R.D.; RUPPERT, E.E. Zoologia dos Invertebrados. São Paulo: Roca,
1996. 1029p.
BRESCOVIT, A.D. Araneae. In: Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil. Joly,
C.A. & C.E.M. Bicudo (orgs.). Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo, São Paulo, SP. Disponível em <http://
www.mma.gov.br/port/sbf/chm/biodiv/sinopinv.html > Acesso em: 29 jun. 2001.
OLIVEIRA, E.G.; CELLA, D.M.; BRESCOVITT, A.D.; BERTIN, C.R. The karyotype of
Loxosceles gaucho and Ctenus ornatus (Archnida, Araneae, Loxoscelidae,
Ctenidae). Braz. J. Genet. v. 19 (3) : 128 (supl.), 1996.
SANTOS FILHO, J.F. Avaliação dos efeitos do veneno da aranha marrom sobre a
matriz extracelular. In: VIII EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPR (2000 :
Curitiba). Anais do VIII Evento de Iniciação Científica da UFPR. Curitiba : UFPR,
Editora UFPR, 2000. p. 65.
SOUZA, G.A. de; RIBEIRO, A.S.; SANTOS, V.L.P.; VEIGA, S.S.; MANGILI, O.C.;
GREMSKI, W. Proteolytic effect of Loxosceles intermedia (brown spider) venom
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TUGMON, C.R.; BROW, J.D.; HORNER, N.V. Karyotype USA spider (Araneae,
Araneidae, Gnaphosedae, Loxoscelidae, Lycosidae, Oxyopidae, Philodromidae,
Salticidae and Therediidae). J. Arachnol. n. 18, p. 41-48, 1990.