Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Teologia Sobre Ecumenismo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 26

1

Ecumenismo Religioso

É a tentativa de aproximar as grandes diferentes religiões do mundo. Essa


aproximação vai desde cooperação em missões e ação social e política, até união
e fusão de credos. A iniciativa tem sido principalmente de órgãos protestantes.
maior deles é o Concílio Mundial de Igrejas (CMI). A filosofia que permite o CMI
fazer esta tentativa é o pluralismo. Como o nome já indica, essa filosofia defende a
pluralidade da verdade, ou seja, que não existe uma verdade absoluta, mas sim
verdades diferentes para cada pessoa. Esse conceito é ambíguo, mas
definitivamente já faz parte integrante da nossa cultura presente. Ele acredita que
seja possível o relacionamento de pessoas com crenças e ideologias diferentes,
sem que um tenha de sujeitar suas convicções ao domínio do outro. A idéia de
converter alguém às suas próprias convicções é politicamente incorreto. A chave
está na valorização da negociação e da cooperação em lugar de se tentar provar
que se está certo ou errado.

O pluralismo religioso, por sua vez, prega o abandono da "arrogância" teológica do


cristianismo, nega que exista verdade religiosa absoluta, e exalta a experiência
religiosa individual como critério último para cada um. A idéia de cristãos tentarem
converter pessoas de outra fé ao cristianismo é absurda. O tema da salvação em
outras religiões foi discutido recentemente na Assembléia Geral do Concílio
Mundial de Igrejas. O relatório apresentado trouxe debate considerável. As
conversas se arrastam sem produzir qualquer progresso claro.

Uma consulta teológica sobre a salvação na Suíça patrocinada pelo CMI,


composta por 25 teólogos, trouxe as seguintes conclusões:

1) Através da história, pessoas tem encontrado a Deus no contexto de várias


religiões e culturas diferentes.

2) Todas as tradições religiosas são ambíguas (inclusive o cristianismo), isto é,


uma combinação do que é bom e do que é ruim.

3) É necessário progredir além de uma teologia que confina a salvação a um


compromisso pessoal explícito com Jesus Cristo.

Em algumas denominações o pluralismo tem sido proposto como filosofia oficial,


como na Igreja Metodista Unida, dos Estados Unidos.

No momento, o ecumenismo religioso não vai indo bem. No último encontro do


CMI, o assunto progrediu quase nada. O que agora estão pensando é cooperação
em áreas sociais apenas, enquanto que cada religião mantém sua individualidade.
Parece que o sonho de uma religião mundial única está acabando.

www.universidadedabiblia.com.br
2

Ecumenismo Cristão
Este tipo de ecumenismo tenta a aproximação entre os grandes ramos da
cristandade, ou seja, a Igreja Católica, a Igreja protestante, e a Ortodoxa, e entre
os diversos ramos protestantes entre si. Algum progresso existe. A liderança da
Igreja Episcopal e da Igreja luterana Evangélica na América concordou, depois de
duas décadas de negociar, darem comunhão entre si, reconhecer os cleros e
ordenar bispos em conjunto. Cada grupo retém sua autonomia. A liderança de oito
denominações protestantes alcançaram acordo preliminar sobre as suas igrejas,
formando uma "comunhão de convenção" na qual cada denominação iria, embora
ainda autônoma, aceitar os ministros e sacramentos dos outros.

Os católicos romanos continuam dialogando bilateralmente com luterano, líderes


da igreja Anglicana, e Ortodoxos em um esforço para achar solo teológico comum.
Até mesmo algumas igrejas Pentecostal que tendem a ser anti-ecumênico
parecem propensas para relações mais abertas. A Igreja Cristã (os Discípulos de
Cristo, denominação americana com mais de 1 milhão) entrou para a história
ecumênica de protestantes e católicos em sua Assembléia Geral em agosto
elegendo Monsenhor Philip Morris, padre católico romano, como membro votante
da sua Comissão Executiva.

Ecumenismo Evangélico

É a tentativa de aproximação entre igrejas evangélicas, a nível de cooperação em


atividades evangelísticas e sócio-políticas, e mesmo de fusão organizacional. Por
exemplo, a cooperação interdenominacional de igrejas e ministros--muitos dos
quais não estariam interessados no ecumenismo cristão ou religioso - que se
unem para patrocinar uma cruzada de Billy Graham. Vale lembrar que o número
de denominações diferentes chegou a 22.000 em 1985 e continua crescendo a
uma taxa de cinco novas todas as semanas. Muitas igrejas conservadoras
permanecem opostas a esforços ecumênicos por causa da teologia liberal e da
agenda de trabalho políticos dos conselhos nacionais e mundiais que geralmente
estão por detrás destes esforços.

Parte II
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VIII
Todos os não católicos do planeta foram representados pelos Sérvios Ortodoxos
da Croácia, cujos nomes estão escritos com letras maiúsculas na história da
Iugoslávia. Incluem-se também nessa avaliação os mártires do Tribunal do Santo
Ofício (Inquisição). Entre eles e os protestantes de hoje e de ontem há algo em
comum: rejeitamos a Igreja Católica como único caminho de salvação, como
detentora do monopólio da salvação, única e verdadeira Igreja de Cristo. Não se
trata de algum tipo de agressão, mas de um direito que temos de escolher. A
ICAR exerce o mesmo direito quando rejeita as comunidades protestantes,

www.universidadedabiblia.com.br
3

alegando que estas não são guardiãs da verdade cristã e que estão alijadas do
Corpo de Cristo. Esta formal e indisfarçável agressão aos “irmãos separados”
constitui um obstáculo insuperável à plena realização do ecumenismo cristão. O
esforço ecumênico poderá continuar por muitas décadas, apesar da Dominus
Iesus, apesar dos mártires. Porém, por unanimidade de opinião, os passos serão
sempre lentos, cautelosos e difíceis. (13.05.2003)

Parte III
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VII
INQUISIÇÃO NA CROÁCIA
É muito comum referirmo-nos aos dez séculos de Inquisição – a Idade das Trevas
- como a única e mais cruel máquina de extermínio de não católicos e de
conversão forçada, em que acatólicos foram perseguidos, torturados e mortos.
Recordemos que passados mais de duzentos anos do famigerado Santo Ofício
milhares de não católicos foram dizimados na Croácia – os Sérvios Ortodoxos –
sob a aquiescência e omissão da Hierarquia Católica. Ali esteve em operação o
espírito da Inquisição. “A magnitude da carnificina pode ser melhor avaliada pelo
fato de que dentro dos primeiros meses, de abril a junho de 1941, 120.000
pessoas pereceram. Proporcionalmente, à sua duração e a pequenez do território,
foi este o maior massacre já acontecido em qualquer lugar no ocidente,
antes, durante e após o maior cataclisma do século – a II Guerra Mundial (The
Vatican´s Holocaust – Avro Manhattan (1914-1990), 1986.

A ferocidade foi de tal monta que os “nazistas ficaram horrorizados”. A


bestialidade suplantou “tudo que fora experimentado na Alemanha de Hitler”.
Mônica Farrell, uma ex-católica romana, relata em seu livro Ravening Wolves
(Lobos Vorazes), citada por Mary Schultze, em “Conspiração Mundial”:

“Este é um registro das torturas e assassinatos cometidos na Europa entre


1941/43, pelo exército de ativistas católicos, conhecido como Ustashi [organização
terrorista], liderado por monges e padres e do qual até mesmo freiras participaram.
As vítimas sofreram e morreram por causa da liberdade de consciência. O mínimo
que podemos fazer é ler os registros de seus sofrimentos e guardar na lembrança
o que aconteceu, não na Idade Média, mas na nossa própria geração iluminada.
Ustashi é outro nome da Ação Católica”.

O novo Estado Independente da Croácia, agindo em conexão com o nazismo de


Hitler, da forma mais cruel e repugnante perseguiu, trucidou, torturou e matou
mais de um milhão de pessoas em pouco tempo.

A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA


Tudo começou no dia 10 de abril de 1941, quando foi proclamado o Estado
Independente da Croácia, como resultado do triunfo do exército alemão que já
havia entrado no país. Na verdade estava nascendo o Novo Estado Católico, sob

www.universidadedabiblia.com.br
4

a liderança espiritual do Arcebispo Stepinac. Diz Avro Manhattan:

“Naquele mesmo dia, os jornais de Zagreb [capital] veicularam anúncios com o


objetivo de que todos os residentes ortodoxos sérvios do novo Estado Católico
deveriam evacuar a cidade dentro de 12 horas; e qualquer que colaborasse com
um Ortodoxo seria imediatamente executado.
No dia 13 de abril, Ante Pavelic, governante do Novo Estado, chegou a Zagreb
procedente da Itália. No dia seguinte, o arcebispo Stepinac foi encontrá-lo
pessoalmente e o congratulou pelo cumprimento da obra de sua vida. Qual era a
obra da vida de Pavelic? A criação da tirania fascista mais impiedosa de todos os
tempos para desonrar a Europa”.

A História revela que a conexão Igreja-Estado sempre produziu uma máquina


poderosa, pronta para cercear a liberdade de consciência. Em 28.06.1941, o
Arcebispo Stepinac abençoou e aprovou o novo governo com as seguintes
palavras: “Enquanto o saudamos cordialmente como Chefe do Estado
Independente da Croácia, imploramos ao Senhor dos Astros que lhe dê as
bênçãos divinas como líder do nosso povo”. Pavelic, o novo líder, “era o mesmo
homem sentenciado à morte por assassinatos políticos; uma vez pelos tribunais
iugoslavos, pela morte do Rei Alexandre I, e outra, pelos franceses, pela morte do
Ministro Francês do Exterior, Barthou”.

O Vaticano ficou mais vinculado ainda ao Novo Estado Fascista quando membros
da Hierarquia Católica foram eleitos para o SABOR (parlamento totalitarista),
dentre eles o Arcebispo Stepinac. Avro Manhattan revela que “todos os oponentes
em potencial – comunistas, socialistas, liberais - foram banidos ou aprisionados.
Uniões comerciais foram abolidas, a imprensa foi paralisada, a liberdade da fala,
de expressão e pensamento tornaram-se coisa do passado. Todo esforço foi feito
no sentido de forçar a juventude a se filiar às formações para-militares, enquanto
as crianças eram moldadas pelos padres e freiras. O ensino católico, os objetivos
católicos, e os dogmas católicos tornaram-se compulsórios em todas as escolas.
O Catolicismo foi proclamado como religião oficial do Estado”.

A participação da Igreja Católica no novo Estado torna-se ainda mais evidente


quando sabemos que “o primeiro Comandante Ustashi no Distrito de Udbina foi o
frade franciscano Mate Mogus. No comício de 13.06.41, em Udbina, ele fez esta
homilia: `olhai, povo, para estes dezesseis bravos Ustashis, que têm 16.000 balas
e matarão 16.000 Sérvios...”; Em Dvor na Uni, o Pe. Anton Djuric, fez um diário de
suas atividades, como funcionário da Ustashi. O diário mostra que sob suas
ordens a Ustashi derrubou e incendiou a Vila de Segestin, onde 150 Sérvios foram
assassinados...”.

O plano diabólico aprovado por Pavelic, conforme declaração dos Ministros da


Ustashi, era o seguinte: “Todos os que entraram em nosso país há 300 anos atrás

www.universidadedabiblia.com.br
5

devem desaparecer... a nova Croácia se livrará de todos os Sérvios em seu meio,


a fim de se tornar cem por cento católica, dentro de dez anos...mataremos uma
parte dos sérvios, levaremos outra para fora e o resto será forçado a abraçar a
religião católica romana...o Estado Independente da Croácia não pode nem deseja
reconhecer a Igreja Ortodoxa Sérvia”

Não é válido defender Stepinac com a alegação de que ele pretendia defender a
Iugoslávia do comunismo, a julgar que o nazismo seria algo um pouco melhor.
Nada justifica o apoio irrestrito ao sanguinário governo de Pavelic.

CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO
Leiam o que está escrito em “O Holocausto do Vaticano”:

“Os representantes da única `Igreja verdadeira´ não apenas conheciam tais


horrores, como alguns deles eram autoridades nesses mesmos campos e até
haviam sido condecorados por Ante Pavelic. Como exemplo, temos o Pe. Zvonko
Brekalo, do campo de concentração de Jasenovac, que foi condecorado pelo
próprio líder com a “Ordem do Rei Zvonimir”. O Pe. Grge Blazevitch, assistente do
comandante do campo de Bozanski-Novi; o irmão Tugomire Soldo, organizador do
massacre dos Sérvios, em 1941. E outros mais”. Nesse tempo, estava no
comando da Igreja Católica o papa Pio XII (1876-1958), pontífice de 1939 a 1958.

Tais campos de concentração estavam sob a supervisão direta de Pavelic. Aos


ustashis cumpria enviar para os campos as pessoas não confiáveis, que eram
sumariamente liquidadas. Vejamos apenas uma pequena descrição dos horrores:

“Em março de 1943 os internos do campo de Djakovo foram propositadamente


infectados com tifo, causando a morte de 567 pessoas; em 15.09.41, a mesma
coisa aconteceu no campo de Jasenovac, chegando a 600/700 o número de
mortos; no campo de Stara Gradiska, 1.000 mulheres foram mortas; dos 5.000
Sérvios Ortodoxos levados para o campo de Jasenovic, no final de agosto de
1942, 2.000 foram mortos a caminho, os restantes transferidos para Gradina,
onde, em 28.08.41, foram mortos a marteladas; no campo de Krapje, em outubro
de 1941, 4.000 pessoas foram assassinadas, enquanto no campo de Brocice,em
novembro de 1941, 8.000 tiveram o mesmo destino; de dezembro de 1941 a
fevereiro de 1942, em Velika Kosutanica e Jasenovac, mais de 40.000 Sérvios
Ortodoxos trazidos dos vilarejos das fronteiras da Bósnia, foram exterminados,
inclusive 2.000 crianças; em 1942, havia cerca de 24.000 crianças, somente no
campo de Jasenovac, das quais 12.000 foram assassinadas a sangue frio. Uma
grande parte das restantes, tendo sido mais tarde liberada diante da pressão da
Cruz Vermelha Internacional, pereceu aos montes, de intensa debilidade física.
Em destas crianças, acima de 12 meses, morreram após saírem do campo por
causa de soda cáustica adicionada à alimentação; o Dr. Katicic, Presidente da
Cruz Vermelha, por haver denunciado ao mundo o extermínio em massa das

www.universidadedabiblia.com.br
6

crianças, foi internado no campo de concentração de Stara Gradiska, por ordem


de Pavelic; na primavera de 1942, no desejo de imitar os campos nazistas da
Alemanha e da Polônia, pessoas foram cremadas ainda vivas, simplesmente
empurrando-as para dentro dos fornos previamente aquecidos”.

BEATIFICAÇÃO
“Há dois anos [1998] João Paulo II beatificou o Arcebispo de Zagreb, Cardeal
Alojzije Stepinac, defensor da "limpeza étnica" implementada pelos católicos
croatas nos anos 40, e prepara-se para fazer o mesmo em relação a Pio XII, o
papa que pecou por omissão. Com a palavra Settimia Spizzichino, a única judia
romana que sobreviveu a Auschwitz, depois de ser cobaia de Joseph Mengele:

"Voltei sozinha de Auschwitz [Cidade da Polônia, na província de Bielsko-Biala.


Famosa por abrigar o maior campo de concentração nazista durante a segunda
guerra mundial]. Perdi minha mãe, duas irmãs, uma sobrinha e um irmão. Pio XII
poderia ter nos alertado para o que ia acontecer, poderíamos fugir de Roma e nos
juntar aos guerrilheiros. Ele nos jogou nas mãos dos alemães. Tudo aconteceu
debaixo de seu nariz. Quando dizem que o papa é como Jesus Cristo, sei que não
é verdade. Ele não salvou uma única criança. Não fez absolutamente nada." (O
Estado de S.Paulo, 26.03.2000).

Sobre o assunto, li na Internet: “Decerto que o Papa pode beatificar e canonizar


quem quiser, mas a beatificação de alguém com um passado no mínimo nebuloso
como o Cardeal Stepinac [elevado a cardeal em 1953] é um insulto à memória de
todos os que foram assassinados pela Ustasha e pelo nazismo”.

Com a derrocada de Hitler, caiu por terra o sonhado Estado Católico da Croácia.
Em 11 de outubro de 1946, a Suprema Corte em Zagreb condenou o Arcebispo
Stepinac a 16 anos prisão em trabalhos forçados. As principais acusações,
conforme consta do processo, foram: 1) colaboração política com o inimigo e seus
agentes; 2) convocação dos sacerdotes católicos para colaborarem com os
traidores, conforme circular distribuída em 28.04.1941; 3) como presidente da
Ação Católica e do congresso dos bispos influenciou a imprensa católica, que fez
propaganda do fascismo, elogiou Hitler e Pavelic, e deu cobertura a todo o
processo. Stepinac saiu da prisão antes do tempo previsto.

Não iremos descer aos detalhes das conversões forçadas de ortodoxos, que,
diante do poder da espada, temendo por sua vida e de seus familiares,
submetiam-se aos humilhantes ritos de iniciação ao catolicismo; também não
faremos referência às crianças órfãs, aos milhares, que foram expatriadas,
raptadas e levadas para outros países; colocadas em orfanatos dirigidos por
padres e freiras, rebatizadas com nomes católicos, crescendo sem o contato com
seu grupo étnico e religioso original; não falaremos do modo sanguinário, feroz e
cruel como muitos Sérvios foram torturados e mortos, enterrados vivos,

www.universidadedabiblia.com.br
7

sangrados, mutilados; das dezenas de templos ortodoxos que foram destruídos ou


transformados em salas destinadas às atividades ligadas ao catolicismo. Avro
Manhattan, em seu minucioso trabalho em The Vatican´s Holocaust, registra à
guisa de conclusão:

“Os massacres da Ustashi, todas as atrocidades cometidas por oficiais católicos,


padres ou monges, faziam parte de um esquema friamente calculado para a total
eliminação das massas ortodoxas, ativa e passivamente resistindo à sua absorção
pela Igreja Católica no sentido de se tornarem ovelhas do seu rebanho. De fato,
esta foi a política premeditada pela hierarquia católica, agindo em favor do seu
verdadeiro e único inspirador – o Vaticano”.

Parte IV
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VI
NOTA DA CNBB
“A Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, em comunhão com o Papa João Paulo II que, no dia 18 de
setembro de 2000, reiterou "ser irrevogável o empenho da Igreja Católica para
com o diálogo ecumênico", por motivo da recente Declaração Dominus Iesus da
Congregação para a Doutrina da Fé, deseja reafirmar o seu compromisso
ecumênico”.

“Manifesta a todos os cristãos a estima da Igreja Católica que os reconhece


justificados pela fé e incorporados a Cristo e os abraça com fraterna reverência e
amor como "irmãos no Senhor". Considera também que "suas igrejas de forma
alguma são destituídas de significação e importância no mistério da salvação" (Cf.
UR). Acredita que o movimento ecumênico, surgido entre os irmãos e irmãs de
outras igrejas para restaurar a unidade de todos os cristãos, é uma obra do
Espírito Santo” (Dom Jayme Henrique Chemello, Presidente; Dom Raymundo
Damasceno Assis, Secretário-Geral).

A CNBB, que tem compromissos assumidos com a liderança das demais igrejas,
com vistas a um diálogo fraterno, manifestou-se favorável à continuidade desse
entendimento. Destoando das afirmações exclusivistas da Dominus Iesus, trata os
fiéis das outras igrejas como “irmãos no Senhor”. Trata-se de um paradoxo: a
CNBB faz parte da Hierarquia Católica; representa, por dever, o pensamento do
Papa e segue as suas diretrizes. Consideremos, porém, que a CNBB ficou numa
situação desconfortável.

Mais uma nota fora do tom está na palavra ameaçadora do bispo Sinésio Bohn,
conforme notícia publicada no início dos anos 90:

“Espantado com o forte crescimento das “seitas” evangélicas no Brasil, os líderes


da Igreja Católica Romana têm ameaçado desencadear uma “guerra santa” contra

www.universidadedabiblia.com.br
8

os protestantes, a não ser que eles parem de tirar o povo do domínio católico...Na
31a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil...o bispo Sinésio Bohn disse que
os evangélicos são uma séria ameaça à influência do Vaticano neste país.
`Declaramos uma guerra santa, não duvidem´, anunciou ele. `A Igreja Católica –
disse o bispo – dispõe de uma poderosa estrutura e quando nos mexermos
esmagaremos qualquer um que se colocar em nossa frente...´ Conforme Bohn –
diz a nota – tal guerra santa pode ser evitada, desde que 13 grandes
denominações protestantes assinem um acordo...[o qual] requereria que os
protestantes cessassem com todos os esforços evangelísticos no Brasil. Ele disse
ainda que, em troca, os católicos concordariam em parar com todo tipo de
perseguição aos protestantes” (Revista Charisma, maio de 1994, citação de Dave
Hunt, A Mulher Montada na Besta (A Woman Rides the Beast) vol 1, 2001, p. 10,
tradução de Mary Schultze e Jarbas Aragão).

O mínimo que podemos dizer dessas palavras é que são arrogantes. Evangelizar,
para os evangélicos, é o mesmo que respirar. São trinta milhões de pregadores da
Palavra, noite e dia, por todo esse Brasil. Convidamos as pessoas para aceitarem
a Cristo Jesus como Senhor e suficiente Salvador. “As armas da nossa milícia não
são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Co
10.4).

O romanismo precisa entender que o tempo das conversões forçadas ficou para
trás. Esse tipo de conversão à força da espada só funciona nos governos
fascistas, quando clero e Estado entram em acordo para oprimir, exterminar, coagir
e impedir o livre exercício da liberdade religiosa. Essa força-tarefa
funcionou durante mais de mil anos com a famigerada Inquisição; funcionou nos
500 anos de perseguição sistemática aos judeus; obteve “êxito” na Iugoslávia
(Croácia), durante a Segunda Guerra Mundial, para deter o avanço da Igreja
Ortodoxa; neste massacre colossal, 400 sacerdotes ortodoxos foram enviados a
campos de concentração e 700 foram mortos; vinte e cinco por cento dos
mosteiros e igrejas ortodoxas foram destruídos; em quatro anos (1941/1945) de
massacre, 850.000 membros da Igreja Ortodoxa pereceram, além de 30.000
judeus e 40.000 ciganos; a mesma força-tarefa funcionou no esforço de catolizar o
Vietnã do Sul, quando da perseguição de milhares de budistas, a partir de 1963;
funcionou bem no Equador, em razão da Concordata de 1862, pela qual o
catolicismo romano se estabeleceu como religião estatal, proibido qualquer outro
tipo de crença; a força-tarefa funcionou em 1948 na Colômbia, tempo em que
muitos não católicos foram assassinados, centenas de igrejas evangélicas
queimadas e escolas protestantes fechadas.

Embora o espírito inquisitorial continue em atividade, já não surtem efeito no Brasil


as ameaças de excomunhão; a espada não pode ser usada e as beatificações não
conseguem evitar que os brasileiros ouçam a Palavra e busquem ao Deus vivo.

www.universidadedabiblia.com.br
9

O SANGUE DOS MÁRTIRES


Um dos obstáculos à concretização do sonho ecumênico, na amplitude desejada,
não reside apenas nas diferenças doutrinárias, nos descaminhos que se foram
somando ao longo dos séculos na Igreja Católica, na irreversibilidade das
decisões pontifícias e conciliares. Apesar dos tímidos pedidos de perdão, em face
de alguns erros cometidos por infalíveis papas, a Hierarquia Católica por muitos
séculos ainda, e até o fim dos tempos gastará muita tinta para minimizar os
estragos que sofreu em razão de seus erros.

Ocorre que o sangue os mártires produziu uma nódoa indelével na memória dos
povos. Embora haja perdão nos corações, a História não pode ser apagada.
Centenas de livros e artigos na internet e nas livrarias expõem a maldita chaga
das Cruzadas, da Inquisição na idade das trevas; da Inquisição na Croácia e no
Vietnã do Sul; dos acordos com governos fascistas. A Igreja Católica já foi julgada
pela História. O derradeiro julgamento, impossível de ser evitado, porque diante
dele todo joelho se dobrará, será o do Tribunal do Grande Trono Branco.

Parte V
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - V
Há apenas nove anos, no dia 29 de março de 1994, após exaustivo planejamento
e cuidadoso exame, líderes católicos e evangélicos americanos assinaram uma
declaração conjunta intitulada “Evangélicos e Católicos Unidos - A Missão Cristã
no Terceiro Milênio”. Foi um evento significativo na história da cristandade. Dave
Hunt, em “A Mulher Montada na Besta” , ressalta com propriedade que, apesar de
a declaração coletiva ter levado em conta algumas diferenças básicas entre
católicos e evangélicos, a mais importante não mereceu qualquer atenção, ou
seja, o que significa ser cristão nas duas crenças.

Bastaria colocar em pauta o conceito de cristão para que não houvesse qualquer
acordo. Como vimos nos pronunciamentos oficiais do catolicismo, cristão é o que
está filiado à Igreja Católica. Basta preencher a ficha de inscrição, ser batizado e
participar dos sacramentos. Agora, depois de quase uma década, o Vaticano
declara que esses irmãos separados, signatários da Declaração, não são igreja no
sentido próprio, e estão em situação de penúria diante de Deus. Ou seja, estão
desgraçados, sem a graça divina. Diz Dave Hunt:

“O elemento-chave por trás dessa histórica declaração conjunta é a anteriormente


inimaginável admissão, por parte dos líderes evangélicos, de que a participação
ativa da Igreja católica faz de alguém um cristão. Se esse realmente é o caso,
então a Reforma não passou de um erro trágico. Os milhões que foram
martirizados (durante dez séculos antes da Reforma e até os dias de hoje) por
rejeitar o catolicismo como um falso evangelho, terão morrido em vão. Se,
contudo, os reformadores tinham razão, então este acordo entre católicos e
evangélicos seria o golpe mais astuto e mortal contra o Evangelho de Cristo em

www.universidadedabiblia.com.br
10

toda a história da Igreja”.

“As diferenças teológicas entre católicos e protestantes já foram consideradas tão


grandes, que milhões morreram como mártires para não comprometê-las, e seus
executores católicos estavam igualmente convencidos da importância de tais
diferenças. Como podem essas diferenças ter desaparecido? O que levou os
líderes evangélicos a declarar que o evangelho do catolicismo, que os
reformadores denunciaram como herético, agora tornou-se bíblico? Esse
evangelho não mudou em nada. Será que a convicção foi comprometida a fim de
criar uma imensa coalizão entre os conservadores por uma ação social e política”?

Alguns imaginaram que esse acordo marcaria um passo decisivo rumo a um


entendimento e aceitação mútua. Enfim, a Igreja Católica iria aceitar os “hereges”
como verdadeiros irmãos. Engano. Estavam longe de imaginar que anos mais
tarde o Vaticano mostraria mais uma vez a sua face real.

Detectamos uma tremenda inversão de valores no trato de tais questões. Nós, que
primamos pela verdade bíblica, e que vemos unicamente em Jesus a possibilidade
de salvação, nós é que devemos refletir se podemos considerar como cristã uma
religião que se desfigurou ao longo do tempo como cristianismo autêntico.

A Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, em repúdio às declarações da


Dominus Iesus, inicia sua carta de 13.09.2000 à Igreja Católica, do seguinte modo:

“Vimos manifestar-lhe a nossa desilusão e tristeza ao ver que, passados trinta e


cinco anos da realização do Concílio Vaticano II, as mais altas figuras da Igreja
Católica Romana (ICR) ainda são capazes de produzir um documento como a
"Dominus Iesus" que, no mínimo, se reveste de uma grande insensibilidade
ecumênica. A Declaração nada traz de novo. Tudo o que ela contem já foi dito há
muitos anos e em muitos outros documentos. Neste sentido somos tentados a
dizer, como muitos, "Roma nunca muda"! Mas será que a participação activa, e
irreversível, da ICR no diálogo ecumênico durante as últimas décadas é
compatível com a inflexibilidade e o exclusivismo manifestados na "Dominus
Iesus"? Quando pensávamos que a "teoria do retorno" já havia desaparecido do
vocabulário ecumênico, constatamos que ela continua a orientar as relações da
ICR com as outras Igrejas Cristãs”.

Parte VI
ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - IV
"DOMINUS IESUS"
Vejamos fragmentos dessa Declaração assinada pelo Cardeal Joseph Ratzinger,
e referendada pelo Papa João Paulo II em 6.08.2000, que causou surpresa e
consternação a muitos. Abaixo dos tópicos fazemos alguns comentários. Os grifos
são nossos:

www.universidadedabiblia.com.br
11

“A Igreja Católica não rejeita absolutamente nada daquilo que há de verdadeiro e


santo nessas religiões. Considera com sincero respeito esses modos de agir e de
viver, esses preceitos e doutrinas que, embora em muitos pontos estejam em
discordância com aquilo que ela afirma e ensina, muitas vezes reflectem um raio
daquela Verdade que ilumina todos os homens».

Um modo elegante de introduzir o assunto, porém anunciando uma inverdade.


Como veremos a seguir, o Vaticano exclui a possibilidade de existir alguma coisa
santa e verdadeira nas outras religiões. Mais de uma vez o Documento fala desse
raio de Verdade, provinda da Igreja Católica, que alcança as demais religiões.
Para melhor compreensão, a Igreja de Roma se assemelha à Lua, que recebe luz
(a Verdade) diretamente do Sol (Jesus) e a repassa à Terra (demais religiões).
Ora, a Verdade não vem a nós via Igreja Católica. Recebemo-la diretamente do
nosso Salvador, fonte de Luz e de Vida Eterna.

“Este diálogo, que faz parte da missão evangelizadora da Igreja, comporta uma
atitude de compreensão e uma relação de recíproco conhecimento e de mútuo
enriquecimento, na obediência à verdade e no respeito da liberdade”.

São declarações que mais adiante ficam anuladas. Como a Igreja Católica poderia
se enriquecer num relacionamento com apóstatas, excomungados hereges,
alijados do Corpo de Cristo? “Respeito à liberdade” soa muito mal diante dos
fatos.

“No exercício e aprofundamento teórico do diálogo entre a fé cristã e as demais


tradições religiosas surgem novos problemas, que se tenta solucionar, seguindo
novas pistas... É por isso que a Declaração retoma a doutrina contida nos
anteriores documentos do Magistério, para reafirmar as verdades que constituem
o património de fé da Igreja”.

Em suma, diz o Documento que na Igreja Católica nada mudou. Continua a


mesma e continuam valendo documentos anteriores, pois que fazem parte do seu
patrimônio de fé. Afirmação desnecessária, pois sabemos todos que são
irrevogáveis as decisões dos “infalíveis” papas. O Vaticano desconfia que a
aproximação dos católicos com os protestantes, via ecumenismo, é prejudicial aos
seus objetivos, haja vista o real “perigo” decorrente dessa contínua familiaridade.

“O perene anúncio missionário da Igreja é hoje posto em causa por teorias de


índole relativista, que pretendem justificar o pluralismo religioso, não apenas de
facto, mas também de iure (ou de principio). Daí que se considerem superadas,
por exemplo, verdades como... a mediação salvífica universal da Igreja, a não
separação, embora com distinção, do Reino de Deus, Reino de Cristo e Igreja, a
subsistência na Igreja Católica da única Igreja de Cristo”.

www.universidadedabiblia.com.br
12

“Na raiz destas afirmações encontram-se certos pressupostos, de natureza tanto


filosófica como teológica, que dificultam a compreensão e a aceitação da verdade
revelada... a tendência, enfim, a ler e interpretar a Sagrada Escritura à margem da
Tradição e do Magistério da Igreja. E o mistério de Jesus Cristo e da Igreja
perdem o seu carácter de verdade absoluta e de universalidade salvífica”.

Em outras palavras, ninguém deve ler e interpretar a Bíblia sem a intermediação


do Magistério da ICAR. Revela-se aqui o cuidado para que os católicos, em atos
ecumênicos, não se disponham a examinar livremente as Escrituras sem levar em
conta a Tradição, colocada pela ICAR no mesmo nível de autoridade da Bíblia. É
um alerta ao perigo do contágio ecumênico, para evitar que o “vírus” da verdade
protestante e bíblica não se propague ainda mais.

“Nem sempre se tem presente essa distinção na reflexão hodierna, sendo


frequente identificar a fé teologal, que é aceitação da verdade revelada por Deus
Uno e Trino, com crença nas outras religiões, que é experiência religiosa ainda à
procura da verdade absoluta e ainda carecida do assentimento a Deus que
Se revela.”

À medida que a Declaração avança para o final, as palavras vão se tornando mais
duras, diretas e específicas. Se no começo foram ambíguas, certamente para não
causar constrangimentos imediatos, agora elas se revelam sem nenhum receio de
declarar o que a Igreja Católica pensa dos não católicos.

“Os fiéis são obrigados a professar que existe uma continuidade histórica —
radicada na sucessão apostólica — entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja
Católica: Esta é a única Igreja de Cristo”.

Se os não católicos desejam participar da Igreja de Cristo, então que reconheçam


e professem e declarem que a Igreja Católica é a verdadeira, a única instituída por
Cristo.

“Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste


[subsistit in] na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos
em comunhão com ele. Com a expressão « subsistit in », o Concílio Vaticano II
quis harmonizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de
Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na
Igreja Católica e, por outro, a de que existem numerosos elementos de
santificação e de verdade fora da sua composição, isto é, nas Igrejas e
Comunidades eclesiais que ainda não vivem em plena comunhão com a Igreja
Católica. Acerca destas, porém, deve afirmar-se que o seu valor deriva da mesma
plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja Católica”.

www.universidadedabiblia.com.br
13

“Existe portanto uma única Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja Católica,
governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. As
Igrejas que, embora não estando em perfeita comunhão com a Igreja Católica, se
mantêm unidas a esta por vínculos estreitíssimos, como são a sucessão
apostólica e uma válida Eucaristia, são verdadeiras Igrejas particulares... Por isso,
também nestas Igrejas está presente e actua a Igreja de Cristo, embora lhes falte
a plena comunhão com a Igreja católica, enquanto não aceitam a doutrina católica
do Primado que, por vontade de Deus, o Bispo de Roma objectivamente tem e
exerce sobre toda a Igreja”.

As demais igrejas possuem elementos de santificação, mas não plena, pois lhes
falta o vínculo à Igreja-Mãe, diz a Declaração. Dizer que existem elementos de
santificação e de verdade nas demais igrejas, deixa margem a dúvidas. É uma
ambigüidade. O que significa mesmo possuir elementos de santificação e verdade
e não ser Igreja de Cristo, não ser santa nem verdadeira? As igrejas que mantém
estreitíssimos laços com a “Depositária da Verdade” podem usufruir das benesses
da graça divina, porém derivada da graça revelada à Igreja de Roma. Os
acatólicos, diz o Documento, não podem obter graça sem a intermediação da
Igreja tronco, única e verdadeira.

“As Comunidades eclesiais, invés, que não conservaram um válido episcopado


e a genuína e íntegra substância do mistério eucarístico, não são Igrejas em
sentido próprio. Os que, porém, foram baptizados nestas Comunidades estão
pelo Baptismo incorporados em Cristo e, portanto, vivem numa certa comunhão,
se bem que imperfeita, com a Igreja”.

“Os fiéis não podem, por conseguinte, imaginar a Igreja de Cristo como se fosse
a soma — diferenciada e, de certo modo, também unitária — das Igrejas e
Comunidades eclesiais; a Eucaristia e da plena comunhão na Igreja”. Daí a
necessidade de manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade de
salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa
salvação...”.

Não somos igreja, mas podemos batizar, e os batizados são incorporados a


Cristo, porém há necessidade de ingressarem na Igreja Católica para serem
salvos. Mais ambigüidades. Somos ou não somos Corpo de Cristo. Somos ou não
somos cristãos. Somos ou não somos filhos de Deus. A declaração mais
estapafúrdia é a de que os homens precisam da Igreja Católica para salvação.

“Para aqueles que não são formal e visivelmente membros da Igreja, a salvação
de Cristo torna-se acessível em virtude de uma graça que, embora dotada de uma
misteriosa relação com a Igreja, todavia não os introduz formalmente nela, mas
ilumina convenientemente a sua situação interior...”

www.universidadedabiblia.com.br
14

“Seria obviamente contrário à fé católica considerar a Igreja como um caminho de


salvação ao lado dos constituídos pelas outras religiões, como se estes fossem
complementares à Igreja, ou até substancialmente equivalentes à mesma, embora
convergindo com ela para o Reino escatológico de Deus”.

Ecumenismo, para o catolicismo, representa incorporação, adesão. O Vaticano


não entende que nenhuma igreja é caminho de salvação. O Caminho é Jesus.
Aquele que nele crê será salvo, e passa a fazer parte da verdadeira Igreja de
Cristo. Em todo o Documento está nítida a crença de que a Igreja Católica é o
Caminho, e fora dela não há salvação. Ser batizado, participar dos Sacramentos e
pertencer à Igreja-Mãe são condições que levariam à salvação. Nada mais
contrário ao ensino das Sagradas Escrituras. O Corpo de Cristo é o somatório de
todos os salvos em Cristo, vivos ou mortos, de todas as épocas.

"Com efeito, algumas orações e ritos das outras religiões podem assumir um papel
de preparação ao Evangelho... Não se lhes pode porém atribuir a origem
divina nem a eficácia salvífica ex opere operato, própria dos sacramentos
cristãos. Se é verdade que os adeptos das outras religiões podem receber a graça
divina, também é verdade que objectivamente se encontram numa situação
gravemente deficitária, se comparada com a daqueles que na Igreja têm a
plenitude dos meios de salvação”.

As palavras do Vaticano se revelam aqui na plenitude de seu exclusivismo. Tudo


agora ficou bem claro. Não há salvação para os que estão fora do catolicismo. A
situação destes é grave e deficitária, pois só Roma tem a plenitude dos meios de
salvação. Os protestantes têm o único e verdadeiro caminho de salvação: JESUS
CRISTO.

“A paridade, que é um pressuposto do diálogo, refere-se à igual dignidade pessoal


das partes, não aos conteúdos doutrinais e muito menos a Jesus Cristo — que é o
próprio Deus feito Homem — em relação com os fundadores das outras religiões”.

O Documento esclarece que não pode haver igualdade no diálogo ecumênico. Os


católicos poderão dele participar, mas cientes de que estão em nível mais
elevado. Ora, a Igreja de Cristo representa a soma dos que nEle confiam e a Ele
consagram suas vidas. Realmente não se pode falar em paridade em relação aos
conteúdos doutrinais, pois a maioria dos dogmas da ICAR está em desacordo com
a Bíblia Sagrada.

“A Igreja, com efeito, movida pela caridade e pelo respeito da liberdade, deve
empenhar-se, antes de mais, em anunciar a todos os homens a verdade,
definitivamente revelada pelo Senhor, e em proclamar a necessidade da
conversão a Jesus Cristo e da adesão à Igreja através do Baptismo e dos
outros sacramentos, para participar de modo pleno na comunhão com Deus

www.universidadedabiblia.com.br
15

Pai, Filho e Espírito Santo”.

“Os Padres do Concílio Vaticano II, debruçando-se sobre o tema da


verdadeira religião, afirmaram: « Acreditamos que esta única verdadeira
religião se verifica na Igreja Católica e Apostólica...”.

O Vaticano não pode falar em “respeito da liberdade”, nem do respeito às crenças


dos não católicos sem antes fazer mea-culpa. Que primeiramente admita seus
erros e o fato de que a Igreja Católica tem contribuído para cercear essa
liberdade. O Documento deixa para o fim a declaração mais importante: somente
mediante adesão ao catolicismo, mediante batismo e participação dos
sacramentos o homem pode participar da plena comunhão com Deus. O que não
é verdade: “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Para
sermos recebidos como filhos de Deus, basta crer, confiar e obedecer: "Mas a
todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus; filhos nascidos não do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1.12,13).

Parte VII
ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - III
PALAVRA DA DIOCESE
A Diocese de Pelotas (RS) divulgou em sua Home Page algumas considerações
sobre o Ecumenismo.

Destacamos:

“Ecumenismo é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das


divisões entre as diferentes Igrejas Cristãs: os católicos, os ortodoxos, os
protestantes, os crentes, os evangélicos. É o caminho proposto por Jesus: "que
todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que eles estejam em
nós e o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21). Unidade não é a mesma
coisa que uniformidade; sermos diferentes pode ser, dentro de certos limites, uma
coisa muito enriquecedora”.

“O Ecumenismo significa: conversão de coração para reconhecer o que há de bom


nas outras Igrejas cristãs; procurar conhecer as outras Igrejas, sem preconceito e
sem ingenuidade; tratar as outras Igrejas como gostamos que a nossa seja
tratada”.

Estas notas soam dissonantes na orquestra ecumênica sob a batuta do Vaticano.


A afirmação “outras Igrejas cristãs” sai do tom exigido na Dominus Iesus, mais
adiante examinada. Se existem outras igrejas cristãs, então a Igreja Católica e as
demais formam uma unidade. Mas uma encíclica de 1994 diz que “as opiniões

www.universidadedabiblia.com.br
16

diferentes são irreconciliáveis com a unidade”. E a Dominus Iesus declara que “os
fiéis não podem, por conseguinte, imaginar a Igreja de Cristo como se fosse a
soma das Igrejas e Comunidades eclesiais”.

PALAVRAS DE D. ESTEVÃO BETTENCOURT

“O Ecumenismo é o movimento que visa a restabelecer a plena comunhão


entre a Igreja Católica e as demais denominações cristãs que no decorrer
dos séculos se foram separando do grande tronco católico: orientais
(nestorianos, dissidentes em 431; monofisitas em 451; ortodoxos em 1054),
protestantes separados em 1517, Velhos Católicos em 1870. O Ecumenismo é
algo inspirado pelo Espírito Santo em nosso século, quando se verifica
que as separações não têm mais as razões de ser que as suscitaram na
época da respectiva cisão. Em nossos dias há quase total identidade de
Credo entre católicos e cristãos orientais. Com o protestantismo o diálogo é
mais difícil [grifo nosso], dado o esfacelamento do bloco protestante, onde
as denominações mais recentes já perderam muito ou quase tudo do
patrimônio doutrinário genuinamente cristão, reduzindo o Cristianismo a
uma escola de bons costumes inspirados pela Bíblia sem referência explícita
aos sacramentos. Além das diferenças doutrinárias (ora mais, ora menos
apagadas), nota-se que uma das dificuldades para o bom entendimento entre
cristãos provém de questões de ordem histórica (as Cruzadas, por exemplo,
no Oriente...), cultural, nacionalista.... Aqueles que se dizem protestantes,
mas que não professam o verdadeiro Cristianismo estão alijados do Corpo
de Cristo, e, por conseguinte, não podem ser considerados cristãos”.

É evidente que não pertencem ao Corpo de Cristo os que não professam o


verdadeiro Cristianismo. Uma declaração nada mais do que óbvia. Nesse rol estão
católicos e evangélicos que não vivem o Cristianismo. Semelhantemente à
Dominus Iesus, como veremos a seguir, as palavras de D. Estevão longe estão de
admitir a paridade das igrejas cristãs. Como se vê, ser cristão, no entendimento do
Vaticano, não é pertencer a Cristo; é pertencer à Igreja de Roma. Não se pode
nivelar as igrejas evangélicas. Não cabe uma generalização com base em grupos
dissociados da verdade bíblica. Nas “questões de ordem histórica”, como citado,
poderiam ter sido mencionados a famigerada Inquisição, as conversões forçadas e
o extermínio recente de Sérvios ortodoxos, dentre outras.

COMENTÁRIOS DE UM PASTOR
Do pastor Addson Araújo Costa:

“Ademais, esta onda de ecumenismo de uma "união" religiosa está cheia de


hipocrisia, enquanto nas capitais do Brasil artistas padres propõem o conchavo, no
interior padres organizam abaixo-assinados para impedir a entrada de novas
igrejas naquelas cidades. A sua proposta de "amor" está condicionada à adesão,

www.universidadedabiblia.com.br
17

caso esta não ocorra eis a rejeição, o escrutínio pessoal dos líderes, depreciação
daquelas igrejas, a exclusão mental dos crentes e todo tipo de prejulgamentos”.
“Cabe agora aos evangélicos se irão querer uma nova inquisição travestida
de comunhão, ou seja estar dentro da barriga do leão. Ou se continuarão
avante, lutando teológica e biblicamente, por um evangelho autêntico que
transforma vidas; se continuarão afirmando que o único Cabeça da Igreja é
Cristo, e não um Papa, sabendo portanto que as igrejas e pastores são
independentes e autônomos diante de Deus, de conselhos e hierarquias
inventadas e portanto contrárias à Bíblia... A Igreja do Senhor Jesus não é
uma instituição em que se nasce nela, mas que se entra nela por meio da fé
em Cristo Jesus; ademais a verdadeira Igreja Universal de Cristo não é uma
instituição visível e humana e sim composta por todos os salvos desde o
Pentecostes até a vinda do Senhor.

CONSELHO DE IGREJAS

Vejamos alguns tópicos da declaração assinada pelo Pastor Walter Altmann,


Presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas - CLAI, entidade criada em
1978, e que representa 155 igrejas e organismos ecumênicos em todo o
continente latino-americano:

“Com grande surpresa e, mesmo, consternação, o CLAI (Conselho Latino-


Americano de Igrejas) tomou conhecimento da «Declaração “Dominus
Iesus” sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da
Igreja», firmada pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé do
Vaticano, Cardeal Joseph Ratzinger. O CLAI lamenta detectar nela um
obstáculo a mais ao ecumenismo, provindo do interior da Igreja Católica
Romana, de alto nível e referendada pelo Papa João Paulo II...

“Ao contrário, toma o ensejo para afirmar um exclusivismo católico-romano que


em nada pode contribuir para fazer avançar a causa ecumênica, abalando, ao
invés, a credibilidade do testemunho de Cristo que nos é comum”.

“Aliás, não é nem tanto na classificação das igrejas protestantes como “não-
igrejas” em sentido verdadeiro que reside a maior causa para o desapontamento
suscitado pela Declaração, mas sim em suas preocupantes omissões”.

A polêmica e surpreendente “Dominus Iesus” foi uma água fria na fervura do


ecumenismo cristão. Em poucas palavras colocou por terra anos de trabalho
em prol do diálogo. Essa declaração nasceu no seio da Sagrada
Congregação para a Doutrina da Fé, antes denominada Tribunal do Santo
Ofício (Inquisição) e Congregação do Santo Ofício. O espírito conservador,
exclusivista e totalitarista continua encarnado na pessoa do cardeal Joseph
Ratzinger, seu responsável.

www.universidadedabiblia.com.br
18

PALAVRA DA MÍDIA
Notícia do Jornal da Tarde, em 6.9.2000, sob o título “O mais duro golpe no
ecumenismo”:
“A divulgação de trechos do documento Dominus Jesus (Senhor Jesus, em latim)
provocou reações negativas entre líderes de outras igrejas cristãs. Em Paris, o
presidente da Federação Protestante da França, pastor Jean Arnold de Clermont,
disse que o documento era uma "triste surpresa". Para o presidente do Conselho
da Igreja Evangélica Alemã, reverendo Manfred Kock, foi um "revés". Na
Inglaterra, o chefe da Igreja Anglicana, George Carey, disse que o texto parece
ignorar 30 anos de diálogo ecumênico”.

Artigo publicado em “O Estado de S.Paulo, 28.09.2000, com o título “Um


retrocesso no ecumenismo religioso”, assinado pelo embaixador Antonio
Amaral De Sampaio, diplomata aposentado. Alguns trechos:

“A declaração formulada recentemente pela Congregação da Doutrina da Fé,


denominada Dominus Iesus, consagra surpreendente retrocesso na política da
Igreja Católica com referência ao ecumenismo religioso, a qual havia registrado
avanços durante o pontificado de João Paulo II.

Situação esta que agora incorre no risco de ser comprometida, caso seja mesmo
alçado a posição oficial do Vaticano o resultado das elucubrações orientadas e
dirigidas pelo cardeal Joseph Ratzinger, o principal guardião da doutrina católica.
O referido prelado é o tradicionalista prefeito da antiga Sagrada Congregação do
Santo-Ofício, que, se hoje ostenta outra denominação, mais consentânea com a
atualidade, ainda não logrou libertar-se do espírito do passado, que gerenciou a
Inquisição, perseguiu heréticos e fez perecer na fogueira milhares de inocentes
[grifo nosso], vítimas de superstições, da ignorância e maldade humanas, ou, mais
simplesmente, apenas fiéis de outras confissões, algumas tão respeitáveis quanto
aquela que tem sua sede política, administrativa e doutrinária em Roma. Significa
ela um verdadeiro salto para trás, ensaiado - o que para alguns se afigura
inquietante - no mesmo contexto temporal que trouxe a canonização de Pio IX
(Giovanni Maria Mastai-Ferretti). Esse papa do século 19, hoje mais conhecido
como o autor intelectual do Syllabus, foi também o formulador do dogma da
infalibilidade pontifícia.

A essência do dictum do cardeal Ratzinger estabelece que os indivíduos apenas


podem alcançar a salvação dos pecados por meio das graças espirituais da Igreja
Católica; que as demais confissões religiosas - incluindo os diversos ramos do
protestantismo - padecem de equívocos que colocam seus fiéis em situação de
deficiência na busca da salvação.

Não se compreende que tal se aplique no caso de outras denominações cristãs de

www.universidadedabiblia.com.br
19

consagrada respeitabilidade, assim como do judaísmo e do Islã.

O pontificado de João Paulo II aproxima-se de seu termo e o papa, avassalado


pela doença de Parkinson e outros achaques próprios de sua avançada idade,
agravados pelo atentado que sofreu, parece que deixou progressivamente de
exercer, sobre a hierarquia eclesiástica e o clero em geral, os poderes de
comando e controle que constituem uma de suas prerrogativas”. (No próximo
bloco, a Declaração Dominus Iesus).

Parte VIII
ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - II
Em 1 de novembro de 1215 iniciou-se o IV Concílio de Latrão convocado pelo
papa Inocêncio III através da Bula Vineam Domini Sabaoth, de 10 de abril de
1213. Nele, os hereges são apresentados como os que devem ser combatidos por
suas “doutrinas insensatas, fruto de uma cegueira provocada pelo pai da mentira.
Suas heresias estão dirigidas contra a fé santa, católica e ortodoxa, sendo um
perigo para a unidade da fé da cristandade” [grifo nosso]. Diz mais:

“Condenamos a todos os hereges sob qualquer denominação com que se


apresentem; embora seus rostos sejam diferentes, estes se encontram atados por
uma cola, pois a vaidade os une”.

“Assim como o diabo e os demônios, criados por Deus naturalmente bons, pela
vaidade foram expulsos do paraíso, também por causa da vaidade os hereges
devem ser expulsos do convívio social [grifo nosso]. Os condenados por heresia
devem ser entregues às autoridades seculares para serem castigados. No caso de
clérigos, deverão ser desligados de suas Ordens. Quanto aos bens, serão
confiscados [grifo nosso]”.

“Os que se armarem para dar caça aos hereges, gozarão da indulgência e do
santo privilégio concedidos aos que vão, em ajuda, à Terra Santa ".

ENCÍCLICAS SOBRE O ECUMENISMO


"Com o poder e autoridade sem os quais tal função seria ilusória, o Bispo de
Roma deve assegurar a comunhão de todas as Igrejas [grifo nosso]. Por este
título, ele é o primeiro entre os servidores da unidade. Tal primado é exercido a
vários níveis, que concernem à vigilância sobre a transmissão da Palavra, a
celebração sacramental e litúrgica, a missão, a disciplina, e a vida cristã. Compete
ao Sucessor de Pedro recordar as exigências do bem comum da Igreja, se alguém
for tentado a esquecê-lo em função dos próprios interesses [grifo nosso]. Tem o
dever de advertir, premunir e, às vezes, declarar inconciliável com a unidade da fé
esta ou aquela opinião que se difunde. Quando as circunstâncias o exigirem, fala
em nome de todos os Pastores em comunhão com ele. Pode ainda - em condições
bem precisas, esclarecidas pelo Concílio Vaticano I - declarar ex

www.universidadedabiblia.com.br
20

cathedra que uma doutrina pertence ao depósito da fé. Ao prestar este


testemunho à verdade, ele serve a unidade." (Encíclica Sobre o Empenho
Ecumênico. 1994).

“A comunhão de todas as Igrejas particulares com a Igreja de Roma: condição


necessária para a unidade. A Igreja Católica, tanto na sua praxis como nos textos
oficiais, sustenta que a comunhão das Igrejas particulares com a Igreja de Roma, e
dos seus Bispos com o Bispo de Roma, é um requisito essencial - no desígnio
de Deus - para a comunhão plena e visível. De facto, é necessário que a plena
comunhão, de que a Eucaristia é a suprema manifestação sacramental, tenha a
sua expressão visível num ministério em que todos os Bispos se reconheçam
unidos em Cristo, e todos os fiéis encontrem a confirmação da própria fé. A
primeira parte dos Actos dos Apóstolos apresenta Pedro como aquele que fala em
nome do grupo apostólico e serve a unidade da comunidade - e isto no respeito da
autoridade de Tiago, chefe da Igreja de Jerusalém. Esta função de Pedro deve
permanecer na Igreja [grifo nosso] para que, sob o seu único Chefe que é Cristo
Jesus, ela seja no mundo, visivelmente, a comunhão de todos os seus discípulos"
(Encíclica Sobre o Empenho Ecumênico. 1994).

Essas palavras são traduzidas da seguinte forma: É possível a aproximação


ecumênica, desde que reconhecida a supremacia da Igreja Católica, gerida pelo
Vigário de Cristo, o Papa, como sucessor de Pedro, a quem compete advertir e
avaliar as opiniões contrárias.

Da Encíclica Moratlium Ânimos, de 10.01.1928, do papa Pio XI, vejamos algumas


diretrizes do tópico “a única maneira de unir todos os cristãos”;
“Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca
permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é
lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno
dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo [grifo nosso], dado que outrora,
infelizmente, eles se apartaram dela”.

“Portanto, dado que o Corpo Místico de Cristo, isto é, a Igreja, é um só (1 Cor.


12,12), compacto e conexo (Ef. 4,15), à semelhança do seu corpo físico, seria
inépcia e estultícia afirmar alguém que ele pode constar de membros desunidos e
separados: quem pois não estiver unido com ele, não é membro seu, nem está
unido à cabeça, Cristo (Cfr. Ef. 5,30; 1,22). A Obediência ao Romano Pontífice -
Mas, ninguém está nesta única Igreja de Cristo e ninguém nela permanece a não
ser que, obedecendo, reconheça e acate o poder de Pedro e de seus sucessores
legítimos” [grifo nosso].

“Pois se, como repetem freqüentemente, desejam unir-se Conosco e com os


nossos, por que não se apressam em entrar na Igreja, "Mãe e Mestra de todos os
fiéis de Cristo" (Conc. Later 4, c.5)”?

www.universidadedabiblia.com.br
21

“Aproximem-se, portanto, os filhos dissidentes da Sé Apostólica, estabelecida


nesta cidade que os Príncipes dos Apóstolos Pedro e Paulo consagraram com o
seu sangue; daquela Sede, dizemos, que é "raiz e matriz da Igreja Católica" (S.
Cypr., ep. 48 ad Cornelium, 3), não com o objetivo e a esperança de que "a Igreja
do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade" (1 Tim 3,15) renuncie à
integridade da fé e tolere os próprios erros deles, mas, pelo contrário, para que se
entreguem a seu magistério e regime” [grifo nosso].

O “infalível” papa Pio XI não usou de meias palavras para expressar o


pensamento do Vaticano com relação aos não católicos. Em resumo, disse que só
fazem do Corpo de Cristo os que reconhecem e acatam o poder do Papa, como
legítimo sucessor de Pedro. Disse mais, de forma inequívoca, que a união dos
cristãos só será possível com o retorno dos irmãos separados ao catolicismo.
alguns avanços localizados, não há muito para comemorar em termos de
progresso do diálogo sincero e fraterno, da aceitação mútua, do entendimento
consensual entre o catolicismo e demais igrejas, da participação conjunta de
católicos e acatólicos em movimentos evangelísticos e sociais.

Estamos convictos de que barreiras intransponíveis impedem a plena realização


das propostas do ecumenismo cristão, que tenta a aproximação entre os ramos da
cristandade: a Igreja Católica, a Igreja Protestante, a Ortodoxa, e outras. Com o
objetivo de identificar tais óbices, divulgaremos neste trabalho diversos
pronunciamentos, decisões conciliares, palavra ex cathedra de “infalíveis” papas,
da hierarquia católica, de órgãos ligados ao movimento ecumênico, de jornalistas e
pesquisadores.

CONCÍLIO DE TRENTO
Convocado pelo papa Paulo III, o Concílio de Trento (1545-1563) condenou com
anátemas todas as teses reformistas dos protestantes acerca da Fé Católica e dos
Sacramentos. Vejamos alguns dos cânones.
“Cân. 13. Se alguém disser que para conseguir a remissão dos pecados é
necessário a todo homem crer certamente e sem hesitação alguma, mesmo em
vista da fraqueza e falta de preparação próprias, que os pecados lhe foram
perdoados — seja excomungado”.
Antes de prosseguirmos, convém esclarecer que tais decisões estão plenamente
em vigor. O Código de Direito Canônico, cânon 333, parágrafo 3, declara: “Não há
apelação ou recurso contra uma sentença ou decreto do pontífice romano”. A
desobediência ao Papa, “Vigário de Cristo”, continua sendo a maior das heresias.
O dogma da infalibilidade papal também impede sejam revogadas quaisquer
decisões anteriores.

“Cân. 1. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não foram todos
instituídos por Jesus Cristo Nosso Senhor, ou que são mais ou menos que sete, a

www.universidadedabiblia.com.br
22

saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e


Matrimônio; ou que algum destes sete não é verdadeira e propriamente
sacramento — seja excomungado”.

“Cân. 4. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não são necessários
para a salvação, mas supérfluos; e que sem eles ou sem o desejo deles, só pela
fé os homens alcançam de Deus a graça de justificação — ainda que nem todos
[os sacramentos], seja excomungado”.

“Cân. 6. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não encerram a graça
que significam; ou que não conferem a graça aos que lhes não opõem óbice,
como se fossem apenas sinais externos da graça ou justiça recebida pela fé, e
certos sinais da Religião cristã, com que entre os homens se distinguem os fiéis
dos infiéis — seja excomungado”.

“Cân. 8. Se alguém disser que pelos mesmos sacramentos da Nova Lei não se
confere a graça só pela sua recepção (ex opere operato), mas que para receber a
graça basta só a fé na promessa divina — seja excomungado”.
Cân. 10. Se alguém disser que todos os cristãos têm o poder de administrar a
palavra de Deus e todos os sacramentos — seja excomungado.

“Cân. 3. Se alguém disser que na Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, não
reside a verdadeira doutrina acerca do sacramento do Batismo — seja excomungado”.

“Cân. 12. Se alguém disser que ninguém deve ser batizado senão na idade em que Cristo se
deixou batizar, ou na hora da morte - seja excomungado”.
Como os “irmãos separados”, fiéis às doutrinas bíblicas, continuam pensando do mesmo
modo, ou seja, continuam desobedientes ao papa, estamos todos excomungados. Aqui
começam os primeiros óbices à pretensão ecumênica. Que conciliação pode haver entre
excomungantes e excomungados? Entre a “única Igreja verdadeira” e um bando de
“hereges” que resolveu aceitar Jesus como Senhor e Salvador pessoal?

No período das trevas, tempo em que as fogueiras da Inquisição queimavam


continuamente, a excomunhão – apartar o infiel da comunhão da Igreja - era uma arma
poderosa nas mãos do catolicismo. Diante dessa ameaça, até reis e príncipes tremiam e
temiam.

DOCUMENTO EPISCOPAL
Extraímos algumas passagens das explicações do Revmo. Antonio, Bispo de Campos, de
19.03.1966, ao comentar as decisões do Concílio Ecumênico Vaticano II:
“Eis que, como a propósito da adaptação, também sobre a falsa aplicação do ecumenismo
advertiu Papa os fiéis. Segundo despachos das agências telegráficas, teria o Santo Padre
observado, em uma de suas Alocuções nas audiências gerais, que o apostolado junto aos
irmãos separados não está isento de ilusões e perigos [grifo nosso]. Ilusões, por uma

www.universidadedabiblia.com.br
23

esperança sem fundamento, perigo pela possibilidade de, no desejo ardente de obter a
conversão do herege ou apóstata, falsear o sentido da verdade revelada, ou não expô-la na
sua integridade. O texto transmitido pelas agências telegráficas é o seguinte: “Há uma
tomada de posição, também por parte daqueles que demonstram demasiado entusiasmo,
como se os contactos com irmãos separados fossem fáceis e sem perigo....”[grifo nosso].
Os milhões que tiveram um encontro com a verdade ficaram muito felizes por saberem que
a salvação não é conseguida por pertencer a esta ou àquela denominação, mas por
consagrar suas vidas a Cristo Jesus.
“A primeira condição para um apostolado frutuoso junto aos nossos irmãos separados é
fugir a todos e quaisquer irenismo doutrinário [atitude conciliadora], ainda que implícito”.
“Entre os preceitos divinos, está a obrigação de ingressar na Igreja Católica [grifo nosso],
instituída por Jesus Cristo como meio único de salvação para todos os homens. Como
conseqüência, a condição do católico é essencialmente diferente da condição do não
católico. O católico, pelo fato de pertencer à Igreja verdadeira, não tem motivo algum para
duvidar de que esteja na posse da verdade. O não católico está em condição perfeitamente
inversa. Ele não está de posse da verdade [grifo nosso], de maneira que tem todo motivo
para duvidar de sua posição religiosa. E se estiver de boa fé, mais facilmente será levado a
perceber a falta de fundamento para suas convicções”.
“Estes pontos são pacíficos na teologia católica, e foram objeto de ensino autêntico do
Magistério Eclesiástico. A excelência da condição do católico com relação ao não católico,
com a conseqüente obrigação, foi definida pelo Concílio Vaticano I (cf. sess. III, cap. III e
can. 6).
“Dentro desses princípios, devemos levar o mais longe possível a nossa caridade com os
irmãos separados. Sem esquecer a condição de “separados”, isto é afastados da verdadeira
Igreja de Cristo [grifo nosso], devemos ter presente a todo momento sua prerrogativa de
“irmãos”, e esforçarmo-nos por utilizar os pontos que justificam o apelativo de “irmãos”,
para levá-los a uma reflexão mais profunda sobre as realidades cristãs que ainda possuem, a
fim de que as compreendam melhor, e percebam que elas só adquirem sua verdadeira
autenticidade na Igreja Católica”.
“Isso numa ação direta que a Providência poderá de nós exigir com nossos irmãos
separados, onde haja um desejo sincero de amar a verdade. Porquanto, com aqueles que se
fixaram na heresia, e a abraçam conscientemente, um diálogo frutuoso é praticamente
impossível [grifo nosso]. Podemos ainda e devemos nos compadecer deles, e com nossas
orações, penitências e outras boas obras, empenhar a misericórdia divina, que os ilumine e
lhes conceda a retidão de vontade, de que hão mister, para chegarem à unidade autêntica do
Cristianismo na Igreja Romana” [grifo nosso].
“O que devemos evitar – salvas as necessidades de uma justa e nobre polêmica imposta pelo
interesse das almas – são as expressões que possam, de qualquer forma, magoar a nossos
irmãos separados; isso ainda quando devamos suportar com paciência as
conseqüências de uma vontade que a heresia ou o cisma tornaram mais especialmente
ríspida conosco. Vale neste ponto o conselho de São Paulo: procura vencer o mal com o
bem (cf. Rom. 12, 21). Mesmo, porém, com os que estão de boa fé, convém evitar a
familiaridade [grifo nosso] consoante o prudente e hoje sobremodo oportuno conselho de S.
Tomás: “para que nossa familiaridade não dê aos outros ocasião de errar” (Quodlibetum 10,

www.universidadedabiblia.com.br
24

q. 7, a. 1 c).
Essas regras estão totalmente em conformidade com a Dominus Iesus editada no ano 2000.
Os princípios são os mesmos. Como já dissemos, a Igreja de Roma não muda e não pode
mudar. Os pronunciamentos de hoje devem guardar coerência com as práxis anteriores, por
força da infalibilidade que os papas atribuíram a si mesmos. Se constituímos uma ameaça e
perigo; se os católicos são orientados a não ter conosco qualquer tipo de familiaridade; se o
diálogo com os protestantes não os removerá de suas “heresias”; se não aceitamos o
reingresso na “Igreja Verdadeira”, então não há porque falar em ecumenismo.

www.universidadedabiblia.com.br

Você também pode gostar